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Transcrição

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Ensaio
ZEZÉ
COMO ELE É
De bem com a vida e com seus 53 anos,
Zezé Di Camargo aproveita o sucesso
como cantor e empresário. E tenta
administrar seu pavio, que ainda é curto
por mariana gonzalez fotos maurício nahas
styling cuca ellias e lili garcia
Terno e camisa
Ricardo Almeida,
gravata Ralph Lauren,
relógio Van Cleef &
Arpels
Terno e camisa
Hugo Boss,
gravata Aramis
A
os 53 anos, Zezé Di Camargo parece estar à vontade com
a fama – e bem na própria pele, coisa que a maturidade
costuma trazer para algumas pessoas. E estar bem na
própria pele não tem a ver só com a segurança de saber
seu lugar no mundo, mas também com a forma física. É
fato: Zezé está com tudo em cima.
Mas que isso tudo não leve ninguém a pensar que ele é arrogante. Ao
contrário – mais gente como a gente, impossível. Tudo depende do approach, é preciso dizer. “Tem gente que acha que artista é Jesus Cristo, que
leva um tapa e tem de virar o rosto para levar outro”, diz , reconhecendo,
logo em seguida, que um de seus defeitos é sempre falar o que pensa. Ativo
nas redes sociais – e conhecido por seus rompantes –, Zezé conta que uma
das coisas que mais o irritam é que “quem está lá não é necessariamente
meu fã”. Segundo ele, a primeira coisa que faz antes de responder algum
post é entrar no Facebook ou no Instagram de quem postou. “Isso muda
minha maneira de falar com a pessoa”, diz. Mais cabeça quente em outros
tempos, ele agora garante seguir o conselho de um amigo advogado e nunca responde agressões de bate-pronto. “Espero uma hora ou duas. Agora,
sou muito mais light e, quando percebo que a intenção é agredir, apago antes de ler ou respondo com uma piada.”
Essa moderação também está presente quando se trata de abrir a carteira. “Eu era mais bobo e achava que chic era vestir grife da cabeça aos pés.
Hoje, vejo vídeos em que estava usando ternos enormes, sobrando nas
medidas, e acho um absurdo”, conta, lembrando-se de uma vez em que
entrou na loja da Versace, em Paris, e foi separando tudo o que ainda não
tinha no closet. Agora, ele revela que até compra coisas caras, mas que é
mais exigente e só leva o que realmente veste bem – e isso vale para roupas
de marca ou não. “Para você ter uma ideia, minhas camisas sociais são todas tamanho P da Zara, que servem muito bem em mim”, conta.
A fixação pelos relógios de luxo também ficou no passado. “Devo ter
uns 56 modelos de marcas top”, diz. E, por marcas top, entenda-se Rolex
e Cartier, além de um Parmigiani Fleurier e de um Franck Muller feitos
sob encomenda. Mas ele garante que faz pelo menos uns dez anos que não
compra relógios desse calibre. Os planos para a coleção surpreendem: “O
que eu quero mesmo é escolher uns dois ou três, leiloar os outros e doar o
que arrecadar para alguma instituição”.
Esse desapego alcançou, também, outra grande paixão: os carros. Se antes ele trocava o modelo a cada seis meses, hoje está com a mesma Mercedes desde 2008. Seu primeiro carro, um Escort comprado de segunda mão
antes da fama, o deixou tão entusiasmado que Zezé dormiu no banco de
trás três noites seguidas “para curtir o estofado”, lembra. Foi em um carro,
aliás, que ele gastou a primeira bolada que ganhou quando “É o Amor” estourou nas rádios, em 1991 – outro Escort, dessa vez um XR3, um dos mo-
HIT
PARADE
A dupla Zezé Di Camargo e Luciano já con-
tabiliza 24 anos de carreira, 40 milhões de
discos vendidos e cerca de 140 shows por
ano, o que representa mais de dez shows
por mês. E se, na música, os números impressionam, fora dos palcos Zezé também
conta cifras (bem) expressivas. É na Fazenda É o Amor (no município de Araguapaz, a
250 km de Goiânia) que ele cria gado de elite da raça nelore, que pode facilmente ultrapassar o valor de R$ 1 milhão por cabeça.
O cantor não revela faturamento, mas a seleção da raça na fazenda conta com mais de
500 cabeças, que produzem cerca de 400
embriões por ano. Apesar de rentável, a
atuação dos Camargo na agropecuária não
representa mais do que 5% da renda da família. O setor imobiliário também faz parte
dos negócios: o clã administra uma incorporadora e uma empresa de logística que,
juntas, somam 65% da renda.
poder joyce pascowitch 63
“Eu era mais
bobo e achava
que chic era
vestir grifes da
cabeça aos pés”
Camisa
Ermenegildo
Zegna, relógio
Baume & Mercier
poder 8 anos
“Inspiração em grandes conquistas e busca pela excelência
são valores perseguidos pela Rolex que também buscamos em nossos
parceiros. A PODER é definitivamente um exemplo desse
compromisso com qualidade, inovação e reputação.”
Stephan Meili, presidente da Rolex no Brasil
Terno Hugo Boss, camisa
Ralph Lauren, gravata
Ricardo Almeida
Beleza:
João Vecker
Assistentes de fotografia:
Caio Toledo, Charles Willy
e Vitor Garcia
“Assumi responsabilidades
muito cedo. Mas não me
queixo. O que eu seria se
não fosse o Zezé?”
delos mais luxuosos – e desejados – da época. Hoje em
dia, ele só não abre mão da blindagem. “E não porque
sou o Zezé, mas porque o trânsito está muito violento”, explica, completando que os carros dos três filhos
(Wanessa, Camilla e Igor) e de Graciele Lacerda, sua
namorada, também são blindados.
DE DENTRO PARA FORA
Depois de 24 anos de carreira ao lado do irmão Luciano e de mais de 40 milhões de cópias vendidas, as
coisas estão bem diferentes. Zezé só continua o mesmo
nos palcos. “Cantar, hoje, me faz sentir a mesma coisa
que eu sentia quando cantava aos 15 anos. É uma coisa
natural para mim”, conta. Percebemos: durante o ensaio fotográfico para PODER, ele começou tímido. Alguns minutos depois já estava soltando a voz enquanto
fazia as fotos – e não só com suas músicas, mas também com “Te Voglio Bene Assai”, sucesso na voz do italiano Andrea Bocelli. “Não gosto de chegar chegando,
me solto aos poucos”, revela. Coisa de quem valoriza
a postura e a concentração em qualquer situação, dos
palcos aos estádios de futebol. “Está aí a diferença entre o Brasil e a Alemanha. Os brasileiros entraram em
campo usando fones de ouvido, batucando, brincando.
Os alemães entraram em fila, concentrados”, destaca
Zezé, que é são-paulino. Para ele, essa postura é de tal
importância que receber pessoas no camarim antes
do show é complicado. Ele explica: “Não me desagrada ver os fãs e os jornalistas, de jeito nenhum, mas lá
fora esses encontros acontecem depois do show. Ou
seja, artista não perde a concentração e ainda tem mais
tempo para os fãs”.
Olhar para si e se preocupar com o próprio bem-estar são
hábitos que surgiram há pouco tempo na vida de Zezé. Isso
porque, aos 14 anos, ele já trabalhava para ajudar os pais a
pagar o aluguel e, aos 19, estava casado com Zilú, que esperava a primeira filha dos dois, a cantora Wanessa Camargo.
“Eu não tive adolescência, assumi responsabilidades muito cedo. Quando passei dos 40, notei que só tinha vivido
para os outros”, conta. Mas se engana quem pensa se tratar
de uma queixa. Quando perguntamos o que ele seria se não
fosse o Zezé, a resposta foi imediata: “Frustrado”. n