Sertão Do Pajeú - SIT - Sistema de Informações Territoriais
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Sertão Do Pajeú - SIT - Sistema de Informações Territoriais
Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 2011 Governo Federal Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário Afonso Bandeira Florence Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário Márcia da Silva Quadrado Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Celso Lisboa de Lacerda Secretário Nacional de Desenvolvimento Territorial Jerônimo Rodrigues Souza Secretário Nacional de Agricultura Familiar Laudemir André Muller Secretário Nacional de Reordenamento Agrário Adhemar Lopes de Almeida Delegado Federal do MDA do Estado de Pernambuco Luiz Aroldo Lima Departamento de Ações Territoriais Fernanda Corezola Carlos Osório Articulador Regional da SDT Henrique Farias Articuladores Estaduais da SDT André Vasconcellos Ícaro Lôbo Colegiado do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú Núcleo Diretivo Representantes de Movimentos Sociais (MMTR-NE Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste, FETAPE - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco, MST – Movimento Sem Terra, FETRAF - Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Pernambuco), Representante dos Governos (Prefeitura de Afogados, PDHC – Projeto Dom Helder Câmara, IPA - Instituto Agronômico de Pernambuco), Representante dos Conselhos Municipais (CMDRS de Iguaraci), Representante das ONGs do Território (Diaconia) Núcleo Técnico DIACONIA, COOPAGEL - Cooperativas dos Profissionais em Atividades Gerais, Base de Apoio às Cooperativas de Crédito, CENTRASS – Central das Associações Rurais e Urbanas de Serra Talhada, CASA DA MULHER DO NORDESTE, IPA – Instituto Agronômico de Pernambuco Assessora Técnica Territorial Claudia Rejane Maciel de Souza Equipe Territorial José Adelmo dos Santos Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano -I ADH Conselho Gestor do IADH Silvana Parente, Tania Zapata e Zenaide Bezerra Coordenadora Técnica do Projeto IADH / SDT Jeanne Duarte Moderação das oficinas e elaboração da versão inicial do PTDRS Hélio Nunes Alencar, Paulo Pedro de Carvalho e Valéria Landim Qualificação final do PTDRS e elaboração do Resumo Executivo Jeanne Duarte e Nazaré Cavalcanti Edição e Revisão Textual Patrícia Paixão de Oliveira Leite e Mauro Rossiter Júnior Gerente Administrativo/Financeira do IADH Bevânia Nascimento Projeto Gráfico Via Design Fotos Edmar Melo Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Sumário LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................ 6 LISTA DE TABELAS .......................................................................................... 7 LISTA DE QUADROS ........................................................................................ 8 LISTA DE MAPAS .............................................................................................. 9 SIGLAS ............................................................................................................ 10 Apresentação ................................................................................................... 14 1. Caracterização Territorial ............................................................................. 19 1.1. AMBIENTE TERRITORIAL ................................................................. 19 1.2. ASPECTOS HISTÓRICOS ................................................................. 26 1.3. PROCESSO TERRITORIAL ............................................................... 27 1.3.1. Resgate do processo de elaboração do 1º PTDRS ...................... 27 1.3.2. Resgate do processo de requalificação do PTDRS 2009/2010 .... 29 1.3.3. Validação do PTDRS 2009/2010 .................................................. 34 2. Diagnóstico Territorial .................................................................................. 36 2.1. DIAGNÓSTICO INTERNO ..................................................................... 36 2.1.1. Dimensão Ambiental..................................................................... 38 2.1.2. Dimensão Sócio-Cultural .............................................................. 51 2.1.3. Dimensão Econômica ................................................................... 73 2.1.4. Dimensão Político-Institucional ..................................................... 90 2.2. DIAGNÓSTICO EXTERNO .................................................................... 93 2.2.1. Economia ...................................................................................... 93 2.2.2. Pobreza ........................................................................................ 94 2.2.3. Desigualdade ................................................................................ 95 2.2.4. Política de Desenvolvimento Rural ............................................... 95 3. Visão de Futuro ............................................................................................ 99 4. Objetivos Estratégicos ................................................................................ 101 5. Valores e Princípios ................................................................................... 103 6. Diretrizes Principais .................................................................................... 105 6.1. FORTALECER A ECONOMIA DA AGRICULTURA FAMILIAR ........... 105 6.2. CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO .................................................. 106 6.3. PROMOVER A EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA, EDUCAÇÃO NO CAMPO E PARA O CAMPO ....................................................................... 106 6.4. SUPERAÇÃO DA DESIGUALDADE.................................................... 106 7. Eixos de Desenvolvimento ......................................................................... 109 8. Programas e Projetos Estratégicos ............................................................ 124 8.1. PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DAS PRINCIPAIS CADEIAS PRODUTIVAS DO SERTÃO DO PAJEÚ .................................................... 124 8.2.1. Projeto Estratégico Revitalização de Microbacias Hidrográficas do Rio Pajeú e Moxotó ................................................................................. 125 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 8.2.2. Projeto Estratégico Manejo da Caatinga .................................... 126 8.2.3. Projeto Estratégico Segurança Hídrica ....................................... 127 9. Proposta de Gestão do Plano Territorial .................................................... 130 9.1. DINÂMICA DE GESTÂO E MONITORAMENTO DO PTDRS .............. 132 9.2. AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............................. 133 9.3. ESTRATÉGIAS PARA APRIMORAR A GESTÃO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL........................................................ 133 9.3.1. Fortalecimento do Colegiado e da integração com outras instâncias de controle social ..................................................................................... 133 9.3.2. Critérios de participação dos diferentes atores do Território ...... 135 9.3.3. Comunicação .............................................................................. 136 Divulgação do Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável ................. 138 Bibliografia Referencial .................................................................................. 140 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú LISTA DE GRÁFICOS Gráfico Gráfico 1 Gráfico 2 IDH-M de Educação, Longevidade e Rendano Território do Sertão do Pajeú, 2000 Taxa de Analfabetismo no Território do Sertão do Pajeú, 2000 Pág. 56 59 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú LISTA DE TABELAS Tabela Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16 Tabela 17 Tabela 18 Tabela 19 Tabela 20 Tabela 21 Tabela 22 Comunidades Pesquisadas por Município do Território do Sertão do Pajéu Número de Estabelecimentos Agropecuários por Sistema de Preparo do Solo – Cultivo Convencional Terras Degradadas ou inaproveitáveis no Território do Sertão do Pajeú Distribuição espacial da cobertura vegetal e outros usos População Territorial por Município - 2010 Estabelecimento e área da agricultura familiar por Município do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú – 2006 Número de Estabelecimentos de Ensino, Número de Matrículas e Número de Docentes no Território do Sertão do Pajeú por Município – 2009 Programa Brasil Alfabetizado Taxa Mortalidade Infantil, Território do Pajeú, 1991 - 2000 Esperança de Vida ao Nascer e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Longevidade, 1991 - 2000 Principais açudes no Território do Sertão do Pajeú Taxa trimestral de criminalidade violenta letal e intencional em Pernambuco, segundo regiões de desenvolvimento – 1º e 2º trimestres 2009 / 1º e 2º trimestres 2010 Empregos Gerados por Setor da Economia Aspectos Econômico e Rendimento Nominal Mensal Condição legal das terras dos produtores Utilização da Terra – Lavouras – Estabelecimentos Agropecuários Utilização de Terras Pastagens – Estabelecimentos Agropecuários Renda Per Capita Índice de Gini no Território e Municípios – 2000 e 2003 Evolução da Bolsa Família no Território do Sertão do Pajeú PE Principais Lavouras Permanentes do Território do Sertão do Pajeú Principais Lavouras Temporárias do Território do Sertão do Pajeú Pág. 37 41 42 46 52 53 58 57 63 63 65 72 75 76 77 78 79 80 81 83 87 87 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú LISTA DE QUADROS Quadro Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 Quadro 9 Quadro 10 Quadro 11 Quadro 12 Quadro 13 Quadro 14 Quadro 15 Quadro 16 Quadro 17 Quadro 18 Quadro 19 Quadro 20 Quadro 21 Organizações Presentes no Colegiado Territorial Composição do Núcleo Diretivo do Colegiado Territorial Composição do Núcleo Técnico do Colegiado Territorial Programação das Etapas do Processo de requalificação do PTDRS Programação1ª Oficina de Requalificação do PTDRS do Pajeú Roteiro para Realização das Oficinas nos CMDRS Programação da 2ª Oficina de Requalificação do PTDRS do Pajeú Atrativos Naturais, Artísticos e Culturais por Município Síntese da Atuação das Organizações no Território Eixos Estratégicos Eixo 1: Caprino / Ovinocultura Eixo 2: Apicultura Eixo 3: Cajucultura Eixo 4: Serviços Financeiros e Crédito Eixo 5: Organização Econômica e Associativa Eixo 6: Assessoria Técnica e Extensão Rural para o Desenvolvimento Sustentável Eixo 7: Provimento de Segurança Hídrica Eixo 8: Recuperação Conservação e Uso Sustentável dos Recursos Naturais Eixo 9: Educação para o Campo Eixo 10: Políticas Afirmativas de Gênero, Geração e Etnias Programas e Projetos Estratégicos Pág. 22 25 26 30 32 33 34 69 92 109 110 111 112 113 114 115 116 117 119 121 124 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú LISTA DE MAPAS Mapa Pág. Mapa 1 Localização do Território do Sertão do Pajeú no Estado de Pernambuco 19 Mapa 2 Mapa do Território do Sertão do Pajeú 20 Mapa 3 Declividades 39 Mapa 4 Geologia 40 Mapa 5 Hidrografia 44 Mapa 6 Vegetação Pedologia 46 Mapa 7 Mapa 8 Mapa 9 Mapa 10 IDH-M no Território, 2000 Número de Vítimas de Crime Violento Letal e Intencional por Município no Estado de Pernambuco Indigência no Território, 2000 50 55 73 82 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú SIGLAS ADAGRO ADESSU Agencia de Defesa Agropecuária de Pernambuco Associação do Desenvolvimento Rural Sustentável da Serra da Baixa Verde APA Área de Proteção Ambiental APLs Arranjos Produtivos Locais APOCCAPE Associação de Caprino Ovinocultores ATER Assistência Técnica e Extensão Rural BB Banco do Brasil BNB Banco do Nordeste do Brasil BPF Boas Práticas de Fabricação CAPACIT Centro de Formação Profissionalizante Social e Político CECOR Centro de Educação Comunitária Rural CEDRS Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável CEF Caixa Econômica Federal CENTRASS Central das Associações Rurais e Urbanas de Serra Talhada CNDRSS Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário CODEVASF 3º SR Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba COMDRUR Conselho de Desenvolvimento Rural e Urbano de Afogados da Ingazeira COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento CONAB Companhia Nacional de Abastecimento Condepe-Fidem Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco COOPAGEL Cooperativas dos Profissionais em Atividades Gerais COOPTECARA Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos de Assentamentos de Reforma Agrária CPRH Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos CPT Comissão Pastoral da Terra DATASUS Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil ECOSOL Araripe Cooperativa de Crédito Solidário do Araripe EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FETAPE Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú FETRAF FIDA FUNASA GERES GRE IBAMA / ICM IBGE IDH-M INCRA INSS FUNTEPE IPA IPEA MDA MMTR-NE MPA MPPE MST ODM ONGs PAA PDHC PIB PNAD PROINF PRONAT PRORURAL PTDRS RDs SARA SDT SEBRAE SECTMA SEDAR SICAB SINTRAF Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Pernambuco Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura Fundação Nacional de Saúde Gerencia Regional de Saúde Gerencia Regional de Educação Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/ Instituto Chico Mendes Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Instituto Nacional de Seguro Social Fundo de Terras de Pernambuco Instituto Agronômico de Pernambuco Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Ministério de Desenvolvimento Agrário Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste Movimento dos Pequenos Agricultores Ministério Público Federal Movimento dos Sem Terra Portal Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Organizações Não Governamentais Programa de Aquisição de Alimentos Projeto Dom Helder Câmara Produto Interno Bruto Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Pronaf-Infraestrutura Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável Regiões de Desenvolvimento Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária Secretaria de Desenvolvimento Territorial Serviço Brasileiro de Apoio a pequenas Empresa Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco Secretaria de Desenvolvimento e Articulação Regional do Estado de Pernambuco Sistema de informações das Comunidades Afrobrasileiras Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú SIT UFRPE Sistema de Informações Territoriais Universidade Federal Rural de Pernambuco Apresentação Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Apresentação O Governo Federal buscando a superação das desigualdades regionais elegeu como uma de suas prioridades a remontagem da estrutura de planejamento. É então que a Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) lança em 2003 o Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais – PRONAT, onde se propõe uma nova política de desenvolvimento sustentável para o meio rural, que tem como estratégia central a proposta de desenvolvimento territorial. A definição de Território rural proposta pela SDT é um espaço geograficamente definido, caracterizado por critérios multidimensionais tais como ambiente, economia, sociedade, cultura, política e instituições. Possui população formada por grupos sociais relativamente distintos que se interrelacionam interna e externamente por meio de processos caracterizados por um ou mais elementos que indicam identidade, coesão e sentido de pertencimento. Cabe considerar, nas palavras do Secretário de Desenvolvimento Territorial, Humberto Oliveira, que a concepção de Território rural adotada pela SDT ainda está em construção, tanto pelos que participam diretamente de sua prática, quanto pelos que a observam e contribuem, com críticas e sugestões, no seu aperfeiçoamento. Neste contexto o Território do Sertão do Pajeú emerge como um dos protagonistas desta proposta de desenvolvimento, pois reúne um conjunto de experiências da sociedade, em torno do desenvolvimento rural, construídas historicamente, que lhe confere uma dinâmica muito especial. O movimento sindical dos trabalhadores rurais, no Território do Pajeú, é forte e organizado. A atuação de diversas ONGs e dos movimentos sociais relacionados às lutas de trabalhadores (as) rurais e de agricultores (as) sem terra confere ao Território uma boa capacidade de mobilização e de articulação dos atores sociais e tem despontado na liderança de processos de organização social e mobilização em torno de questões relacionadas com a convivência com o semi-árido. O Projeto 14 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Dom Hélder Câmara - PDHC1 atua no Território desde 2002, realizando projetos produtivos e sociais, fortalecendo também a capacidade de articulação territorial dos atores sociais do Território, principalmente dos agricultores familiares. A abordagem territorial do desenvolvimento ganhou novo impulso no Pajeú a partir de 2003 com o desenho do PRONAT e início da atuação da SDT neste Território, configurado no fortalecimento de suas institucionalidades territoriais e materializada no 1º Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável - PTDRS, em 2007. A adoção do desenvolvimento territorial como estratégia de execução do Programa Territórios da Cidadania (fevereiro de 2008), componente fundamental da Agenda Social do Governo Federal, acarretou uma grande visibilidade ao programa de desenvolvimento territorial e acelerou o processo de articulação de políticas públicas, abreviando etapas de aprendizagem em gestão social, fortalecimento institucional e desenvolvimento de capital social. Este Programa alocou apenas no Território do Sertão do Pajeú em 2010 R$ 447.023.000,21 (quatrocentos e quarenta e sete milhões vinte e três mil e vinte e um centavos) em suas diversas linhas e tem constituído novo impulso para fortalecimento do desenvolvimento sob a perspectiva territorial. A concepção de desenvolvimento também assumiu muitos significados ao longo do tempo e para estabelecermos uma comunicação clara sobre o que está em pauta elaborou-se este conceito livremente no Colegiado Territorial do Pajeú em 2010 durante o processo de elaboração participativa do presente documento e vimos que esta elaboração refletiu com fidelidade o conceito construído e ratificado pela Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário2: 1 Projeto do Ministério do Desenvolvimento Agrário / Secretaria de Desenvolvimento Territorial (MDA/SDT), resulta de a partir de um acordo de empréstimo com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), cuja missão é a de criar referenciais para as políticas públicas de combate à pobreza em áreas de agricultura familiar e reforma agrária na região semiárida nordestina. Atende a 15 mil famílias agricultoras em 8 Territórios da Região Nordeste. No Território do Pajeú está presente todos os municípios do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú com exceção de Mirandiba e São José do Belmonte, em 74 comunidades e assentamentos rurais e atende a 1949 famílias. 2 A I Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário - CNDRSS foi realizada de 25 a 28 de junho de 2008, em Olinda/PE. A I CNDRSS representou a consolidação de um amplo processo de mobilização e participação social pela afirmação do 15 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Numa visão atualizada de desenvolvimento, destacam-se como elementos centrais a redução das desigualdades sociais e regionais, a soberania nacional, a ampliação da participação social, a universalização dos direitos fundamentais, a distribuição da renda, a soberania e a segurança alimentar e nutricional, a reforma agrária, a conservação da biodiversidade e convivência com biomas, a promoção da igualdade de gênero, raça e etnia, o respeito às pessoas com deficiências, o reconhecimento às diferentes formas de orientação sexual e religiosa, a visão ampliada e crítica sobre o rural, o caráter intersetorial do desenvolvimento, a abordagem territorial e o reconhecimento e garantia dos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais. (parágrafo 7 do Documento Final da Conferência). No Pajeú este conceito de desenvolvimento assume o recorte territorial, incluindo os diferentes segmentos de sua população, buscando um Território que supere as desigualdades, inclua, fortaleça seu espaço rural como um lugar de vida digna e produtiva, sem deixar de integrar seus centros urbanos na proposta de desenvolvimento, pois eles devem ser organizados e reunirem um conjunto de serviços de excelente qualidade para todos. A conservação da biodiversidade e convivência com os biomas assume o perfil da promoção da Convivência com o Semi-Árido e a recuperação e conservação da bacia do rio Pajeú. A gestão do desenvolvimento rural sustentável é realizada utilizando a estrutura organizacional da dinâmica territorial no Pajeú, constituída por um plenário amplo, denominado Colegiado do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú. Este fórum é um espaço aberto, dinâmico e que contém a participação dos segmentos da sociedade civil e do Estado e tem contribuído decisivamente para pautar o desenvolvimento territorial. O Colegiado vem apresentar com o presente documento seu PTDRS, revisto e aperfeiçoado, cujo objetivo maior é servir de instrumento de apoio ao desenvolvimento rural sustentável do Território, propiciar o desenvolvimento rural sustentável e solidário. Participaram desse processo mais de 30.000 pessoas envolvidas na realização de conferências (territoriais, intermunicipais, municipais), eventos temáticos e setoriais, e conferências estaduais nos 26 Estados e no Distrito Federal, nas quais foram discutidas e aprimoradas duas versões do documento-base, sempre com o objetivo maior de debater o tema da conferência: “Por um Brasil Rural com Gente: sustentabilidade, inclusão, diversidade, igualdade e solidariedade”. A Etapa Nacional da I CNDRSS contou com a participação de 1.572 pessoas, sendo 1.220 delegados (as) da sociedade civil e do poder público (federal, estadual e municipal), 115 observadores (as) e 237 convidados (as) nacionais e internacionais 16 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú desenvolvimento, fortalecimento e consolidação da agricultura familiar e de suas organizações através da explicitação de suas prioridades e proposição dos caminhos para atingir suas metas estratégicas. Mais que um conjunto de intenções e ações organizadas em um documento este Plano é um objeto que expressa o pacto de concertação social estabelecido neste Território. O PTDRS visa especificamente planificar ações, definir prioridades, e fomentar a mobilização e o diálogo entre os diversos setores sociais e públicos, de modo que seja um instrumento capaz de potencializar articulações e parcerias bem como a captação de recursos para apoiar as experiências em curso e as novas que surgirem em apoio à construção do desenvolvimento que se pretende para o Pajeú. 17 | P á g i n a Capítulo 1 Caracterização Territorial Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 1. Caracterização Territorial 1.1. AMBIENTE TERRITORIAL O Território do Pajeú situa-se no Sertão de Pernambuco. É constituído por 20 (vinte) municípios. Segundo o Colegiado estes municípios podem ser agregados por microrregião, tal como se segue: Microrregião São José do Egito: Itapetim, Tuparetama, São José do Egito, Santa Terezinha e Brejinho; Microrregião de Afogados: Afogados da Ingazeira, Tabira, Sertânia, Carnaíba, Quixaba, Iguaraci, Ingazeira e Solidão e Microrregião Serra Talhada: São José do Belmonte, Santa Cruz da Baixa Verde, Serra Talhada, Mirandiba, Flores, Triunfo e Calumbi. O Mapa 1 mostra a localização do Território do Sertão do Pajeú dentro do Estado de Pernambuco. Mapa 1 - Localização do Território do Sertão do Pajeú no Estado de Pernambuco Fonte: http://sit.mda.gov.br/images/mapas/tc/uf_026_tcs_pernambuco_jan_2009.jpg 19 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú O Território da Cidadania Sertão do Pajeú - PE abrange uma área de 13.350,30 Km². Mapa 2 - Mapa do Território do Sertão do Pajeú Fonte: http://sit.mda.gov.br/images/mapas/tc/tr_082_sertao_pajeu_pe_abr_2009.jpg O principal acesso ao Sertão do Pajeú se dá pela BR 232 e pelas PE320, que liga Serra Talhada a São José do Egito, via Calumbi - Flores, e PE-360, que liga Ibimirim a Floresta e a Petrolina, nas quais circula praticamente toda a produção e abastecimento. A média das distâncias entre os municípios e a capital é de 395,85 km, sendo Mirandiba o mais distante, a 476 km, e o mais próximo Sertânia, a 314 km de Recife. Os municípios que compõem o Território estão presentes na construção da proposta de desenvolvimento territorial promovida pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério do Desenvolvimento Agrário que vem, desde 2003, implementando o Programa Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais (PRONAT) buscando fortalecer cada vez mais o protagonismo dos atores sociais para a construção e governança do 20 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú desenvolvimento de seus Territórios. E, para isso, esta secretaria do MDA, embasada em experiências nacionais e internacionais de aprofundamento da democracia participativa, tem reforçado a necessidade de fortalecer a cultura da gestão social, a ampliação das redes sociais de cooperação, estimulando as iniciativas que reorientam as dinâmicas socioeconômicas a partir da articulação e coesão das diversas políticas públicas federais, estaduais e municipais. Entende-se que para haver uma efetiva participação e democratização do mundo rural brasileiro (desigual e em muitos casos pobre) é preciso chamar ao diálogo a sociedade civil e os poderes públicos, empoderando, sobretudo, os mais fragilizados, os quais, no caso do MDA e de outros parceiros, e aqui se inclui perfeitamente o Território do Pajeú, são: os agricultores e agricultoras familiares, assentados e assentadas da reforma e do reordenamento agrário, povos indígenas e oriundos dos quilombos, pescadores artesanais, trabalhadores e trabalhadoras extrativistas e temporários, mulheres e jovens, dentre outros. Ao mesmo tempo, é imprescindível essa articulação para com outros atores, sobretudo aqueles que partilham dos ideários do desenvolvimento sustentável, em especial os responsáveis pelas políticas públicas (gestores e gestoras municipais, estaduais e federais) de educação, saúde, cultura, segurança, seguridade social, infra-estrutura social e produtiva, dentre outros. Entende-se ainda que esse empoderamento requeira propostas e instrumentos adequados que facilitem os processos de conhecimento, negociação e concertação em torno das estratégias para o desenvolvimento sustentável, e esses rumos e instrumentos vêm sendo construídos a partir de um intenso esforço de planejamento territorial. A construção do Desenvolvimento Territorial no Sertão do Pajeú tem como principal instância o Colegiado Territorial composto por um conjunto de organizações integradas em plenária nos momentos de planejamento estratégico e gestão do plano de desenvolvimento territorial, bem como constituem também, por vezes, as parceiras de execução direta de muitas das ações e projetos planejados pelo Colegiado. O Colegiado Territorial é composto por 50 (cinqüenta) organizações da Sociedade Civil, 20 (vinte) representantes de Conselhos e Fóruns e 50 (cinqüenta) representantes do Poder Público, conforme apresentado no Quadro 1. 21 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 1 - Organizações Presentes no Colegiado Territorial INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS – 50 representações Federal Banco do Nordeste Banco do Brasil Caixa Econômica Federal INCRA CODEVASF CHESF Projeto Dom Hélder Câmara - Secretaria de Desenvolvimento Territorial / MDA MDA CONAB IBAMA MPA - Ministério da Pesca e Aqüicultura Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres FUNASA - Fundação Nacional de Saúde Estadual SARA - Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária PRORURAL- Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural/SEDARSecretaria de Desenvolvimento e Articulação Regional do Estado de Pernambuco IPA – Instituto Agronômico de Pernambuco FUNTEPE – Fundo de Terra do Estado de Pernambuco GERE-Gerências Regionais de Educação UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco GERES - Gerência Regional de Saúde do Estado de Pernambuco – 2 representantes Secretaria Estadual de Educação e Cultura de Pernambuco CPRH -Agência Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos Municipais Prefeitura Municipal de São José do Belmonte Prefeitura Municipal de Mirandiba Prefeitura Municipal de Serra Talhada Prefeitura Municipal de Calumbi Prefeitura Municipal de Flores Prefeitura Municipal de Santa Cruz da Baixa Verde Prefeitura Municipal de Triunfo Prefeitura Municipal de Carnaíba Prefeitura Municipal de Quixaba Prefeitura Municipal de Afogados da Ingazeira Prefeitura Municipal de Tabira Prefeitura Municipal de Solidão Prefeitura Municipal de São José do Egito Prefeitura Municipal de Santa Terezinha Prefeitura Municipal de Brejinho Prefeitura Municipal de Itapetim Prefeitura Municipal de Tuparetama Prefeitura Municipal de Ingazeira Prefeitura Municipal de Iguaraci Prefeitura Municipal de Sertânia Continua 22 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 1 - Organizações Presentes no Colegiado Territorial (continuação) INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS – 50 representações Federal Câmara de Vereadores do município de Carnaíba Câmara de Vereadores do município de Quixaba Câmara de Vereadores do município de Serra Talhada Câmara de Vereadores do município de Solidão Câmara de Vereadores do município de Triunfo Câmara de Vereadores do município de Tuparetama CONSELHOS E FÓRUNS DE DESENVOLVIMENTO 20 representações – 10 da sociedade civil e 10 dos governos municipais CMDRS de Sertânia CMDRS – Carnaíba CMDRS - Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Ingazeira CMDRS - Conselho de Desenvolvimento de Santa Cruz da Baixa Verde COMDRUR- Conselho de Desenvolvimento Rural e Urbano de Afogados da Ingazeira CMDRS de Serra Talhada CMDRS de Brejinho CMDRS de Tabira CMDRS de Itapetim CMDRS Flores CMDRS de Santa Terezinha CMDRS de Tuparetama CMDRS de São José do Egito CMDRS de Iguaraci CMDRS de Triunfo CMDRS de Calumbi CMDRS de São Jose do Belmonte CMDRS de Mirandiba CMDRS de Quixaba CMDRS de Solidão INSTITUIÇÕES/ ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL – 50 representações Associações ADESSU – Associação do Desenvolvimento Rural Sustentável da Serra da Baixa Verde AASP APOMEL AAPAI APOCCAPE - Associação de Caprino Ovinocultores Cooperativas de ATER COOPAGEL CODECISA ASPEC COOPTECARA Cooperativas de Agricultores CCAAFAIL – Afogados da Ingazeira Base de Apoio às Cooperativas de Crédito Continua 23 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 1 - Organizações Presentes no Colegiado Territorial (continuação) INSTITUIÇÕES/ ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL – 50 representações STR- Sindicatos de Trabalhadores Rurais Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz da Baixa Verde Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Triunfo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carnaíba Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quixaba Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Afogados da Ingazeira Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tabira Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Solidão Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José do Egito Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Terezinha Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itapetim Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ingazeira Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguaraci Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sertânia SINTRAF- Sindicato de Trabalhadores na Agricultura Familiar SINTRAF de Brejinho SINTRAF de São José do Egito SINTRAF de Tabira SINTRAF de Flores SINTRAF de Mirandiba SINTRAF de São José do Belmonte ONG´s DIACONIA Casa da Mulher do Nordeste Centro de Desenvolvimento Agroecológico SABIÁ Grupo Mulher Maravilha CECOR ACAPE Movimentos Sociais e demais articulações de agricultores e agricultoras familiares Movimentos de Mulheres: MMTR-NE - Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste FETAPE - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco MST – Movimento Sem Terra FETRAF - Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Pernambuco CPT – Comissão Pastoral da Terra Igrejas – duas representações: → Católica → Evangélica Redes Territoriais – 2 representações: → Rede Mulheres Produtoras do Pajeú → Comissão de Assentados/as do Pajeú Representantes da Juventude – uma representação: → Comissão de Jovens do Estado de Pernambuco Representantes das Comunidades Quilombolas do Território – duas representações: → Comunidade de Abelha, município de Carnaíba → Comunidade do Leitão, município de Afogados da Ingazeira 24 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú O Colegiado para contribuir na operacionalização e gestão do PTDRS constituiu um Núcleo Diretivo e um Núcleo Técnico. Estes evoluíram de uma Coordenação provisória criada em novembro de 2004, que tinha os papéis de mobilizar, animar os atores sociais do Território, contribuindo para criar condições para a continuidade do processo e o de coordenar os encaminhamentos, ou seja, das ações imediatas deliberadas por ocasião das oficinas realizadas, para o fortalecimento do processo de desenvolvimento territorial. Hoje o Núcleo Diretivo, composto por representantes dos movimentos sociais (FETAPE, STRs, MST, MMTR e FETRAF), representantes dos programas governamentais incidentes sobre o Território (IPA, PDHC e prefeituras), representantes das ONGs do Território, dos CMDRS e de organizações de agricultores familiares, além do papel permanente de mobilização dos atores territoriais, tem o papel de gerir e implementar as ações e projetos planejados, a partir das diretrizes e prioridades estabelecidas em plenária. Quadro 2 – Composição do Núcleo Diretivo do Colegiado Territorial Critério de Entidade Representante Participação MMTR-NE - Movimento da Mulher Ivonete Martins Trabalhadora Rural do Nordeste Representantes FETAPE - Federação dos Trabalhadores José Carlos Leite Silva de Movimentos na Agricultura do Estado de Pernambuco MST – Movimento Sem Terra Ercílio Ferrari Sociais FETRAF - Federação dos Trabalhadores João Vianey Bezerra na Agricultura Familiar de Pernambuco Justo Augusto Severo Representante Prefeitura de Afogados Martins da Fonseca dos Governos José Adelmo dos (Federal, PDHC – Projeto Dom Helder Câmara Santos Estadual e IPA - Instituto Agronômico de Municipais) Osvaldo Ribeiro Pernambuco Representante dos Conselhos CMDRS de Iguaraci Inácio Nunes Moura Municipais Representante das ONGs do Diaconia Mário Farias Junior Território Facilitação : Claudia Rejane Maciel de Souza, Articuladora Territorial/MDA 25 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 3 – Composição do Núcleo Técnico do Colegiado Territorial Critério de Entidade Representante Participação Adilson Viana DIACONIA Técnicos Valberto Amaral da representantes das COOPAGEL - Cooperativas dos Silva organizações Profissionais em Atividades Gerais governamentais e não Base de Apoio às Cooperativas de Cida Maia governamentais do Crédito Território indicados em CENTRASS – Central das plenária para contribuir Ercílio Ferrari e Associações Rurais e Urbanas de na formulação de Serra Talhada projetos e demais Taysa Soares documentos propostos CASA DA MULHER DO NORDESTE pelo colegiado. IPA – Instituto Agronômico de Osvaldo Ribeiro Pernambuco As instituições dispõem de vários técnicos qualificados para contribuir com a formulação das propostas e projetos indicados pelo Colegiado e eventualmente outros profissionais se integra ao Núcleo Técnico, como Luciano Duque da Prefeitura de Serra Talhada. Com freqüência os integrantes do Núcleo Diretivo trabalham apoiando o Núcleo Técnico na elaboração dos documentos requeridos pelo Colegiado. 1.2. ASPECTOS HISTÓRICOS “O povoamento português no estado de Pernambuco, como no resto do país, se deu com o declínio do comércio português com as Índias. A partir de 1535, com a chegada do donatário Duarte Coelho em Pernambuco, a ocupação iniciou-se na capitania. Primeiramente, a ocupação seguiu toda a costa pernambucana e parte da zona da mata, pois estas duas áreas estavam voltadas para o comércio e produção de açúcar. Tanto o Agreste quanto o Sertão estavam aleijados do povoamento português, pois além de serem áreas de refúgio de indígenas, a vegetação, o clima e a distância, entre outras coisas, não eram favoráveis à exploração. A penetração do interior pernambucano se deu graças à atividade pecuarista, pois proibida a criação em toda área litorânea pelo Rei de Portugal em 1701, em favor da empresa canavieira, a atividade pecuarista teve que se deslocar para o Sertão. Esse deslocamento foi feito seguindo o rio São Francisco e adentrando 3 no Estado pelos afluentes pernambucanos” 3 Informações do portal da SECTMA – Secretaria Estadual Cultura, Tecnologia e Meio Ambiente. 26 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú A partir da atividade pecuária, ocorreu o povoamento português, trazendo consigo as pessoas da raça negra para realizar o trabalho escravo, já que os portugueses não conseguiram escravizar os povos indígenas que viviam na região ou em regiões próximas. A atividade pecuária ocupava (e ainda ocupa) grandes áreas de terra, conformando os latifúndios. A partir daí, os homens brancos de menor poder aquisitivo, e também de menor poder político, foram atraídos para a região para realizar atividades agrícolas a fim de suprir, de alimentos, as pessoas envolvidas com a atividade pecuária. Assim, surgia a pequena produção agrícola da região, ocupando as terras mais desvalorizadas e menores. Assim, organizou-se a estrutura fundiária e organizaram-se as relações de poder da região, tendo na figura do pecuarista a expressão do poder autoritário e paternalista da região. Houve também, em regiões do sertão do Pajeú, a presença de holandeses que se deslocaram para este sertão quando foram derrotados nas batalhas ocorridas no Recife e em Olinda. Certamente, toda essa mistura racial e cultural, ocorrida no sertão do Pajeú, influenciou os costumes das pessoas da região. O “pajeuzeiro” tem um sentimento forte de identidade com o seu Território. As pessoas valorizam e se identificam com vários elementos culturais e ambientais existentes no Território como a dança e música do forró, a poesia, a vegetação da caatinga, o Rio Pajeú, a força e resistência do sertanejo, as comidas de milho e de bode. Existem hoje no Território 15 (quinze) comunidades remanescentes de quilombos reconhecidas. O Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, em seu artigo 2º, considera os remanescentes das comunidades dos quilombos, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra, relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. 1.3. PROCESSO TERRITORIAL 1.3.1. Resgate do processo de elaboração do 1º PTDRS No processo de consolidação do Desenvolvimento Territorial como um 27 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú todo e em especial em seu início, foi considerado pela SDT que alguns fatores pedagógicos dão consistência e sustentação à relação entre aprendizagem e o significado do novo conhecimento no processo de transformação da realidade: a vivência; a participação; a autonomia; a confiança; solidariedade e cooperação; apoio e auto-organização; gestão e planejamento; e desenvolvimento das capacidades territoriais. A partir desta concepção, o processo da construção da gestão social do desenvolvimento territorial, na metodologia da SDT, a partir de 2003 envolveu a participação de instituições governamentais, organizações não governamentais e movimentos sociais. Ele foi composto de dois ciclos, o primeiro centrado em (1) Sensibilização, mobilização e Articulação e (2) Planejamento e Gestão do Desenvolvimento; o segundo ciclo focou-se em (1) Avaliação crítica do processo em curso, (2) Conformação de uma institucionalidade territorial e (3) Monitoramento do processo e aperfeiçoamento (aumentar a representatividade do Colegiado, com inserção de novos atores sociais, fortalecer a organização territorial e o processo de gestão, entre outros). Do ano de 2003 até outubro de 2005 foram realizadas 09 (nove) oficinas territoriais no Sertão do Pajeú criando efetivamente uma nova institucionalidade, construindo referências de planejamento e gestão. Três das Oficinas versaram sobre PRONAF Infra-estrutura e o Plano Safra e as restantes consolidação de referenciais para o desenvolvimento territorial no Pajeú. Participaram destas oficinas, atores sociais da sociedade civil como: sindicatos, associações de produtores, ONGs e cooperativas. Da esfera governamental participaram bancos, as prefeituras, o Governo do Estado, a SDT/MDA, e o Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC). As prefeituras tiveram uma participação mais significativa a partir do segundo semestre de 2004. O roteiro metodológico percorrido no Pajeú para a elaboração do PTDRS e para o fortalecimento do processo de Desenvolvimento Territorial foi: Sensibilização dos atores sociais para o processo de Desenvolvimento Territorial; Construção do Diagnóstico do Território; Identificação dos principais desafios; Definição dos principais eixos estratégicos e do propósito de atuação nos referidos eixos; 28 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Definição de atividades estratégicas para o atingimento dos propósitos de cada eixo; Definição das formas de avaliação e monitoramento do PTDRS e da dinâmica do desenvolvimento territorial. Ao cabo deste processo tinha se instalado uma coordenação provisória do Colegiado, uma dinâmica territorial com agenda definida e um documento básico de planejamento o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável, em sua primeira versão, lançada em 2007. 1.3.2. Resgate do processo de requalificação do PTDRS 2009/2010 Com a continuidade do processo de desenvolvimento territorial, uma avaliação da SDT ao final de 2008 do conjunto de PTDRS do País e sua adequação ao processo em curso, verificou que muitos destes planos poderiam ser aperfeiçoados, para (1) avançarem no detalhamento do pacto de concertação social, revisão de suas metas estratégicas e articulação de ações; (2) fortalecerem as institucionalidades, com compartilhamento de poder e responsabilidades e (3) descreverem e implementarem a Gestão e Monitoramento do Plano de forma clara e explícita, garantindo os mecanismos de controle social sobre as ações previstas. A proposta de requalificação e revisão do PTDRS realizada pela SDT no final de 2009 foi considerada no Território do Pajeú muito oportuna para revisar suas prioridades, qualificar o PTDRS anteriormente elaborado, e, principalmente, promover um processo de mobilização social e compartilhamento de responsabilidades e poder que garantam maior legitimidade do Plano enquanto expressão da vontade dos diversos atores sociais do Pajeú bem como fortalecer seu papel de instrumento do desenvolvimento territorial. Para isso os membros do Núcleo Técnico e Diretivo do Colegiado se mobilizaram para fortalecer a metodologia proposta logo no primeiro momento em que foi debatida a proposta, em reunião realizada em Afogados da Ingazeira a 27/10/2009. Nesta reunião, primeiro passo da proposta apresentada pelo IADH, entidade parceira da SDT, responsável pelo processo de requalificação do 29 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú PTDRS do Pajeú, desenhou-se as seguintes etapas no processo de requalificação do Plano: Oficina com os Conselhos Municipais Reunião com ND e NT 1ª Oficina Territorial 2ª Oficina Territorial A proposta de programação das 1ª e 2ª Oficina bem como o foco do debate nos CNDRS estavam desenhados como se segue: Quadro 4 – Programação das Etapas do Processo de requalificação do PTDRS 1ª OFICINA DE REVISÃO DO PTDRS 1º Dia: 2º Dia: 1) Sensibilização: O significado e a 5) Diagnóstico: Análise da realidade importância do PTDRS para o Técnica: apresentação dos principais novos Desenvolvimento Territorial; dados IBGE e dos dados sistematizados pela 2) Apresentação do PTDRS atual; comissão de revisão do PTDRS do Território, (sua estrutura geral, Visão de futuro, por tema, seguido de análise em plenária, por objetivos, eixos e ações) tema (potencialidades e fraquezas; 3) Avaliação da execução das ações oportunidades e ameaças). do PTDRS; 6) Encaminhamentos para a continuidade do 4) Identificação dos elementos que processo de revisão do PTDRS devem ser mudados / atualizados no Obs.: O diagnóstico produzido nesta primeira PTDRS oficina será discutido posteriormente nos municípios (conselhos municipais), podendo ser enriquecido nas referidas discussões municipais. 7) Encerramento OFICINAS COM OS CONSELHOS MUNICIPAIS DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL – CMDRS Com objetivo de socializar e a divulgar o processo de qualificação do PTDRS, bem como fortalecer a construção coletiva, o resultado da primeira oficina, ou seja, o diagnóstico, deve ser debatido em cada município do Território, podendo a discussão ocorrer nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável. Nesta discussão poderão ocorrer sugestões advindas dos municípios. As sugestões serão sistematizadas pela Comissão Territorial de Revisão e apresentadas na segunda oficina de revisão dos PTDRS. 30 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 4 – Programação das Etapas do Processo de requalificação do PTDRS 2ª OFICINA DE REVISÃO DO PTDRS 1º Dia: 2º Dia: 1) Apresentação das mudanças do Diagnóstico, 5) Revisão / construção dos sugeridas nos municípios. Programas e projetos; 2) Revisão da Visão de Futuro; 6) Discussão do significado da (Partir da apresentação / discussão da Visão de Gestão do PTDRS e definição Futuro que consta no PTDRS antigo e atualizá-la) de mecanismos de 3) Revisão/construção dos Objetivos Gerais. acompanhamento da execução (Partir da apresentação / discussão dos Objetivos do PTDRS; Gerais que constam no PTDRS antigo e atualizá7) Encaminhamentos; los) 4) Revisão/construção das Estratégias (Eixos Estratégicos). (Partir da apresentação / discussão dos Eixos Estratégicos que constam no PTDRS antigo e atualizá-los) Dada a importância atribuída a este processo e sua adequação ao Território do Sertão do Pajeú foi deliberado então mais um momento de sensibilização, com a realização de uma reunião ampliada do Núcleo Técnico e Diretivo para mobilizarem as organizações do Território para participação no processo de revisão do PTDRS e detalharem proposta metodológica para a etapa de debates nos Conselhos Municipais. Foi considerada a etapa de debate nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável - CMDRS essencial, com o objetivo de ampliar a mobilização e representatividade no Fórum Territorial, bem como fortalecer a participação de diferentes atores e atrizes do Território. Deliberado que na reunião ampliada dos Núcleos Técnicos e Diretivo deveriam compor metodologia para apoiar este debate. Esta reunião foi realizada a 24 de novembro de 2009. Ficou acordado que as entidades do Território representadas no Núcleo Técnico e Diretivo do Colegiado Territorial acompanhariam os debates em todos os Conselhos Municipais, assessorando em especial àqueles conselhos menos ativos, que necessitassem de apoio para se apropriarem do processo. A primeira Oficina de Requalificação do PTDRS realizou-se de 26 a 27 de janeiro de 2010. Sua metodologia inicialmente proposta era focada no processo de sensibilização e comprometimento do colegiado territorial com avanços substantivos na composição do diagnóstico do PTDRS. No entanto, para promover um debate mais amplo e significativo nos Conselhos Municipais, 31 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú que fosse além de aspectos diagnósticos e abordasse o que se pretende por desenvolvimento territorial deliberou-se que, ao avaliar o conjunto do PTDRS de 2007 se introduzisse uma breve apresentação da função de cada ponto da estrutura do documento (Diagnóstico, Visão de Futuro, Objetivos Gerais, Diretrizes, Estratégias (Eixos estratégicos), Programas e Projetos e Gestão do PTDRS, sistema de acompanhamento e avaliação), para permitir que nos debates nos Conselhos Municipais já se aprofundasse outros aspectos além da atualização do diagnóstico. Desta forma a 1ª Oficina de Requalificação do PTDRS do Pajeú assumiu a programação ilustrada no Quadro 5. Quadro 5 – Programação1ª Oficina de Requalificação do PTDRS do Pajeú PROGRAMAÇÃO 1º Dia 1) Abertura 2) Objetivo da Oficina 3) Apresentação dos Participantes 4) O significado e a importância do PTDRS para o Desenvolvimento Territorial 5) Apresentação do PTDRS atual 6) Debate sobre a função de cada ponto da estrutura do documento (Diagnóstico, Visão de Futuro, Objetivos Gerais, Diretrizes, Estratégias (Eixos estratégicos), Programas e Projetos e Gestão do PTDRS, sistema de acompanhamento e avaliação); 7) Identificação dos elementos que devem ser mudados / atualizados no PTDRS. 8) Encaminhamentos para a continuidade do processo de revisão do PTDRS 2º Dia 1) Composição de metodologia para fortalecer o debate e formulação do Desenvolvimento Territorial nos CMDRS 2) (Diagnóstico, Visão de Futuro, Objetivos Gerais, Diretrizes, Estratégias (Eixos estratégicos), Programas e Projetos e Gestão do PTDRS, sistema de acompanhamento e avaliação) 3) Avaliação da execução das ações do PTDRS – encaminhamentos quantos aos Projetos Infra-estrutura; 4) Consolidação dos Encaminhamentos 5) Encerramento. Os encaminhamentos da primeira oficina revelaram a vontade dos atores territoriais, pois foi estabelecido o acompanhamento com facilitação nas Oficinas dos Conselhos Municipais, nos 20 municípios integrantes do Território e reunião de Grupo de Trabalho formado com integrantes do Núcleo Técnico e Diretivo do Colegiado, para aperfeiçoamento da metodologia das reuniões dos CMRDS. Foram realizadas Oficinas facilitadas nos Conselhos Municipais em 40% dos municípios do Território. Um dos principais limitantes para realização em todos os municípios foi a coordenação de agendas dos integrantes dos Núcleos Técnico e Diretivo e Articuladora Territorial, estabelecidos como facilitadores 32 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú destas Oficinas, com as agendas das reuniões dos Conselhos Municipais. Cabe considerar que os técnicos indicados como facilitadores, além de ser integrantes do Colegiado indicados para esta tarefa, cumprem outra agenda nas suas organizações, as quais representam o que eventualmente contribuiu para o não atingimento do objetivo que era facilitar as reuniões dos Conselhos dos 20 municípios do Território do Pajeú. No entanto este ciclo de debate nos CMDRS, mesmo que limitado frente às metas propostas inicialmente, contribuiu para ampliar o debate no Território e esta instância de debate e formulação foi incorporado na proposta de gestão do PTDRS, como se verá no Capítulo 9 - Gestão e Monitoramento do Plano do presente documento. Estas Oficinas se inseriram no roteiro desenhado no Quadro 6. Quadro 6 – Roteiro para Realização das Oficinas nos CMDRS ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DAS OFICINAS NOS CMDRS ATUALIZAÇÃO PRELIMINAR DO DIAGNÓSTICO - atualizar os dados com Secretarias Municipais, IPA, ONGs, segundo um roteiro padrão para todos os municípios: 1 Produção, renda, estratégias de beneficiamento e comercialização; 2 Meio ambiente - lixo, desertificação, São Francisco e Pajeú; 3 Saúde, educação, turismo, Habitação/saneamento, acesso a terra e credito; 4 Recursos Hídricos. OFICINA NO CMDR I - TRABALHO EM GRUPO, com os representantes dos conselhos Fazer um Mapa do Município e pedir para participantes informar: 1 Produção (agrícola, pecuária); 2 Atrações turísticas, de lazer, festas tradicionais; 3 Renda, estratégias de beneficiamento e comercialização. II - TRABALHO DE GRUPO, 4 GRUPOS Grupo I - Visão de Futuro; Grupo II - Revisão dos eixos; Grupo III - Gestão Social do processo; Grupo IV - Estratégia de Comunicação para o Território. III - PLENÁRIA DA APRESENTAÇÃO DOS GRUPOS E DEBATE. Os materiais produzidos nas Oficinas com os CMDRS foram utilizados ao longo da 2ª Oficina de Requalificação do PTDRS, sempre de forma introdutória à elaboração coletiva de um determinado aspecto do PTDRS, como Visão de Futuro, revisão dos Eixos, etc. e permitiu um debate aprofundado que ilustrou o acúmulo promovido pelo processo. A programação da 2ª Oficina segue no Quadro 7, abaixo. 33 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 7- Programação da 2ª Oficina de Requalificação do PTDRS do Pajeú PROGRAMAÇÃO 1º Dia 2º Dia 1) Abertura 1) Ratificação da Visão de Futuro 2) Objetivo da Oficina 2) Objetivos Gerais 3) Apresentação dos Participantes 3) Verificação da revisão dos Eixos 4) Resgate dos passos iniciais do processo Programas e Projetos efetuados nas de Requalificação do PTDRS reuniões dos CMDRS e 5) Apresentação dos resultados das Oficinas complementos realizadas nos CMDRS do Território do 4) Desenho da Gestão e Pajeú – Visão de Futuro dos Municípios Monitoramento do PTDRS 6) Construção da Visão de Futuro do 5) Encaminhamentos Território do Pajeú 6) Encerramento. 7) Estabelecimento das prioridades 2010 para p Plano Territorial (formulação demanda para a ATER) 1.3.3. Validação do PTDRS 2009/2010 O atual PTDRS foi elaborado com forte participação dos atores do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú e a cada oficina realizada eram apresentado o processo e os resultados dos passos anteriores e se aferia e ratificava com os participantes as deliberações e elaborações coletivas. Desta forma considera-se que a validação foi realizada ao longo de todo o processo e as etapas de divulgação posteriores a elaboração do presente documento inclui apresentação e debate de seu conteúdo nas reuniões ordinárias dos CMDRS e lançamento territorial, estadual e nacional do Plano, divulgando-o e possibilitando fortalecê-lo ainda mais enquanto instrumento de promoção do desenvolvimento territorial. 34 | P á g i n a Capítulo 2 Diagnóstico Territorial 35 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 2. Diagnóstico Territorial 2.1. DIAGNÓSTICO INTERNO O Diagnóstico apresentado no PTDRS de 2007 mantém-se atual com raras exceções e foi em grande parte aproveitado no presente documento, em especial quanto aos dados socioeconômicos. Foram utilizadas as seguintes fontes de pesquisa: IBGE (2000), Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2000), Agencia CONDEPE/FIDEM (2003), Ministério da Educação e Cultura, Ministério da Saúde, Fundação Palmares – SICAB/Sistema de informações das Comunidades Afrobrasileiras e Comissão Estadual de Articulação das Comunidades Quilombolas de Pernambuco. Dados obtidos nas agências do Estado de Pernambuco se referem à Região de Desenvolvimento – RD do Pajeú que geograficamente difere do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú. Segundo o Governo do Estado de Pernambuco o Território do Pajeú pertence á Região de Desenvolvimento - RD do Pajeú e é composto por 17 dos 20 municípios, com Mirandiba e São José do Belmonte integrando a RD do Sertão Central e Sertânia à RD do Moxotó. A atualização destes dados foi realizada a partir de novas informações disponibilizadas no site do IBGE, em especial o Censo Agropecuário 2006, Censo Educacional 2009, Malha municipal digital do Brasil: situação em 2005; Assistência Médica Sanitária 2005 e; Produção da Pecuária Municipal 2008 bem como pesquisa no Sistema de Informações Territoriais – SIT do MDA e Programa Territórios da Cidadania. São informações e conclusões advindas do levantamento da realidade dos 20 municípios que compõem o Território. Quanto ao Diagnóstico Ambiental este foi composto usando duas fontes: o estudo Diagnóstico Ambiental da Área de Influência Direta 6-285, da Consolidação dos Estudos Ambientais do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional e estudos desenvolvidos na parceria do PDHC com a UFRPE no âmbito do Projeto Manejo Sustentável de Terras do Sertão- Projeto GEF/SERTÃO4. Esta última referência integra um projeto em curso a partir do final de 4 Projeto Manejo Sustentável de Terras no Sertão – Projeto Sertão – foi elaborado pelo PDHC com o objetivo de minimizar as causas e impactos negativos da degradação de terras sobre a integridade do ecossistema do bioma caatinga no nordeste do Brasil, por meio da implementação de sistemas de uso de terras. Conta com apoio do Fundo Global para o Meio Ambiente – GEF, fundo ligado à Organização das Nações Unidas e atende a 15% do 36 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 2009 que visa desenvolver estudos técnicos e diagnósticos participativo para identificação de áreas potencialmente degradáveis por erosão e salinização no Território do Pajeú, a fim de orientar manejo e conservação de solo e água, constituindo projetos piloto voltados para o manejo integrado em escala de bacia hidrográfica, contribuindo para a valoração das atividades locais em consonância com planos de conservação e fornecendo subsídios para implementação futura de política regional de pagamento por serviços ambientais. O trabalho em campo foi realizado em assentamentos e comunidades rurais de 10 dos 20 municípios do Território do Sertão do Pajeú, discriminados na Tabela 1. Tabela 1 – Comunidades Pesquisadas por Município do Território do Sertão do Pajéu Tipo Comunidade Assentamento Comunidade Comunidade Assentamento Comunidade Comunidade Comunidade Comunidade Comunidade Nome Cipó Ramada da Quixabeira Riacho da Onça Monte Alegre Queimada Nova Pintada Pajeú Mirim Riacho do Peixe Sítio Boqueirão Sítio Boqueirão Localidade Cipó Ramada da Quixabeira Riacho da Onça Monte Alegre Queimada Nova Pintada Pajeú Mirim Riacho do Peixe Açude do Boqueirão Sangradouro do açude do Boqueirão Comunidade Sítio Boqueirão Leito do Rio do Boqueirão Comunidade Sítio Boqueirão Açude Manoel Jacinto Assentamento Lagoa da Outra Banda Sangradouro do Rio Assentamento Lagoa da Outra Banda Área Sinalizada Assentamento Lagoa da Outra Banda Braço do rio Pajeú Assentamento Boa Vontade Erosão em área brocada Assentamento Boa Vontade Açude da Baixa da Fava Assentamento Boa Vontade Sangradouro do açude Baixa da Fava Comunidade Pintada Captação do rio Pajeú Comunidade Pintada Riacho da Onça Comunidade Pintada Açude do Riacho da Onça Comunidade Santo Antônio Ponto de Erosão Comunidade Passagem da Cobra Casa do Sr.Adalberto Comunidade Passagem da Cobra Açude Vermelho Comunidade Passagem da Cobra Área sinalizada Comunidade Poço do Serrote Poço do Serrote Assentamento Capim Barragem do capim Comunidade Poço do Serrote Cacimbão Comunidade Poço do Serrote Área de afloramento de sais Fonte: Projeto “Geração de Serviços Ambientais por Manejo de Microbacias Hidrológicos” UFRPE/Projeto GEF Sertão/PDHC, documento interno. Município Flores Iguaraci Afogados da Ingazeira Afogados da Ingazeira Sertânia Afogados da Ingazeira Tabira Carnaíba Tabira Tabira Tabira Tabira São José do Egito São José do Egito São José do Egito Santa Terezinha Santa Terezinha Santa Terezinha Afogados da Ingazeira Afogados da Ingazeira Afogados da Ingazeira Afogados da Ingazeira São José do Egito São José do Egito São José do Egito Serra Talhada Sertânia Serra Talhada Serra Talhada - Parâmetros Pedológicos e público beneficiário do PDHC, com prioridade para os Territórios que estejam enfrentando uma situação agroecológica e climática restritiva e contemplando diferentes situações de degradação de terras, ou seja, a existência de terras diversificadas em vários graus de comprometimento. 37 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 2.1.1. Dimensão Ambiental O Território do Pajeú constitui um aglomerado em uma área contígua, com semelhanças quanto ao relevo, solo, recursos hídricos e identidade, também em termos ecológicos e ambientais. Uma forte coesão territorial é dada pela presença do Rio Pajeú que tem uma importância integradora, e de potencial de geração de riquezas para a região. 2.1.1.1. Características Geomorfológicas O Sertão do Pajeú encontra-se na chamada Depressão Semi-Árida ou Sertaneja, uma das mais extensas de Pernambuco. A leste e ao sul seus limites são muitas vezes marcados pelos ressaltos criados através de grandes amplitudes altimétricas, que atingem até 800 m. Essa unidade de paisagem apresenta uma grande diversidade litológica, no conjunto das rochas cristalinas do médio pré-cambriano. Ocorrem ainda em pequenas áreas rochas sedimentares de diferentes idades (cretáceas, jurássicas e devonianas) e depósitos do Terciário e Quaternário. Nesse Território ocorrem processos intensos de intemperismo físico e remoção de detritos pelo escoamento difuso e concentrado; litologias e estruturas geológicas truncadas pela erosão, com o conseqüente desenvolvimento de superfícies pediplanadas. Pode-se observar no Mapa 3 o predomínio de áreas de baixa declividade, mais de 75% da área do Território tem de 0 a 2º e 2 a 4º de declive, o que favorece a atividade agropecuária e a mecanização. O Mapa 4 apresenta o retrato da Geologia no Território do Sertão do Pajeú. 38 | P á g i n a Mapa 3 - Declividades Fonte: PDHC, Geração de Serviços Ambientais pelo Manejo de Microbacias - Parâmetros Pedológicos e Hidrológicos – Fase 1, documento interno. Mapa 4 - Geologia Fonte: PDHC, Geração de Serviços Ambientais pelo Manejo de Microbacias - Parâmetros Pedológicos e Hidrológicos – Fase 1, documento interno. Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú A possibilidade de mecanização e a identificação, pensamento comum, compartilhado por amplo leque da sociedade, como os agentes locais do sistema financeiro, prefeituras e empresas de assistência técnica, que isto é uma característica da “modernização” da agricultura, leva ao predomínio de preparo de solo intensivo, como nos indica o Censo Agropecuário de 2006 retratado na Tabela 2. Tabela 2 – Número de Estabelecimentos Agropecuários por Sistema de Preparo do Solo – Cultivo Convencional Municípios Sistema de Preparo do Solo (Número de estabelecimentos) Aração mais Gradagem ou Gradagem Profunda Cultivo Mínimo (só gradagem) 1.157 318 522 947 966 853 142 610 357 523 25 108 302 781 1.869 236 240 879 338 130 Plantio Direto na Palha 19 26 14 3 48 5 1 6 1 59 25 1.595 1.888 57 1.466 336 248 475 944 786 14.215 162 458 1.069 346 9 126 169 234 967 794 9.242 5 2 17 154 2 119 2 9 16 3 511 Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Egito Serra Talhada Solidão Tabira Triunfo Tuparetama Mirandiba São José do Belmonte Sertânia TOTAL Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006 Isso tem repercussões, agudizadas pelo clima, como veremos adiante. 2.1.1.2. Características Geoclimáticas A região Nordeste está caracterizada por chuvas concentradas em um único período (3 a 5 meses), variando as médias anuais de 400 a 800 mm, com distribuição espacial e temporal muito irregular (Coeficiente de Variação = 30%), apresentando 41 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú algumas áreas com média de 250 mm e outras com médias superiores a 1.000 mm. As temperaturas médias anuais são elevadas (23 a 27ºC) e apresentam amplitudes térmicas diárias de 10ºC, mensais de 5 a 10ºC e anuais de 1 a 50ºC. A insolação apresenta média anual de 2.800 h/ano; a Umidade Relativa média anual é de 50%; e a Evaporação média anual é de 2.000 mm/ano. (MINTER, 1973). Pode-se se dizer que a evapotranspiração é muito intensa, consumindo até 2500 mm/ano, ou seja, duas a três vezes as alturas médias de precipitação de longo período, sendo o sol o maior consumidor das águas superficiais e, em parte, das águas subterrâneas. Outras características físicas da área, comparativamente aos outros domínios áridos e semi-áridos, é a ocorrência de substrato geológico rochoso subaflorante e, praticamente, impermeável com elevado coeficiente de escoamento superficial e com capacidade restrita de armazenar água subterrânea, resultando que os rios secam logo após o curto período de chuva. No Território do Pajeú, alguns municípios devido a sua altitude tem um clima mais ameno, surgem os chamados Brejos de Altitude, áreas situadas no perímetro das secas, marcado por um clima tropical úmido ou subúmido, em alguns casos até mesmo subtropical, que devido a altitude criam todas as condições necessárias ao desenvolvimento de uma flora que reúne tanto características da mata atlântica (floresta ombrófila densa) quanto da caatinga (savana estépica), contrastando com as áreas circundantes que possuem condições climáticas mais secas. O clima associado à topografia predominantemente plana (que permite acentuado processo de erosão eólica no período seco) contribui para acentuar processos crescentes de erosão e salinização dos solos, em especial dos baixios. O Censo Agropecuário de 2006 revela um número de 751 (setecentos e cinquenta e um) estabelecimentos agropecuários com áreas degradadas, que corresponde a uma área de 6.050 (seis mil e cinquenta) hectares. Somada às outras áreas impróprias para a agricultura e pecuária, como pedreiras, areais, entre outros, somam 28.880 (vinte e oito mil oitocentos e oitenta) hectares, como podemos acompanhar na Tabela 3. 42 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Tabela 3 - Terras Degradadas ou inaproveitáveis no Território do Sertão do Pajeú Municípios Terras Degradadas Erodidas, Terras Inaproveitáveis para Desertificadas, Salinizadas, Agricultura ou Pecuária Etc. (Pântanos, areais, pedreiras, Etc.) Estabelecimentos Área Estabelecimentos Área (und) (ha) (und) (ha) Afogados da Ingazeira 19 41 109 589 Brejinho 48 63 129 599 Calumbi 37 40 15 225 Carnaíba 8 99 145 1181 Flores 106 208 531 1974 Iguaraci 7 23 89 506 Ingazeira 7 31 15 27 Itapetim 21 78 454 1448 Quixaba 0 0 30 163 Santa Cruz da Baixa 6 5 51 97 Verde Santa Terezinha 9 69 253 1307 São José do Egito 26 129 247 3113 Serra Talhada 299 3599 333 2883 Solidão 6 36 20 48 Tabira 29 114 232 1546 Triunfo 7 16 157 519 Tuparetama 4 25 26 57 Mirandiba 37 923 194 2.692 São José do Belmonte 44 323 1.610 944 Sertânia 31 228 184 2.912 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006 2.1.1.3. Características Hidrológicas Os rios da Bacia do Pajeú são todos temporários, correndo num curto período de chuvas. Têm leitos largos e arenosos onde se formam lençóis de água subterrânea utilizados pela população sob a forma de cacimbas. Destaca-se que, esses rios apresentam planícies muito pequenas, nas quais ocorre uma intensa ocupação humana, face, principalmente, ao acúmulo de água. A ocupação intensa junto aos cursos d’água resulta na ausência ou rarefação das matas ciliares. Devido aos intensos processos erosivos presentes no Território o carreamento das terras resulta em calhas alargadas, instabilidade de suas margens e seus leitos assoreados. O Mapa 5 traz a hidrografia dos 20 (vinte) municípios do Território. 43 | P á g i n a Mapa 5 - Hidrografia Fonte: PDHC, Geração de Serviços Ambientais pelo Manejo de Microbacias - Parâmetros Pedológicos e Hidrológicos – Fase 1, documento interno. Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú O aqüífero no alto Pajeú é predominantemente cristalino. O Aqüífero do Cristalino se caracteriza por apresentar, nessa unidade de paisagem, fraturas conjugadas que deram origem a uma comunicação hidráulica que atuou de forma a aumentar a permeabilidade das rochas cristalinas, principalmente nos quartzitos e gnaisses. Esse aqüífero é profundamente dependente do grau de fraturamento. A sua alimentação ocorre por infiltração direta nas fraturas e é bastante fraca ou praticamente nula, devido às condições de aridez da área. Este fato leva a crer que a alimentação dos aqüíferos seja feita através dos rios, nos pontos de interseção de seus leitos com fraturas. A superfície piezométrica média é em torno dos 8,6 m, sendo também encontrados poços com nível estático maior que 60,0 m e poços jorrantes. O rio Pajeú, controlado por fraturas transversais, colabora significativamente na acumulação de água nesse aqüífero. Em termos de salinidade, a avaliação das análises químicas das águas de poços perfurados indica, a partir de uma classificação baseada no diagrama triangular, a presença dos seguintes tipos de água: cloretadas mistas (55,5%), cloretadas de sódio (18,7%) e bicarbonatadas mistas; essas águas apresentam 45 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú salinidade alta, com resíduo seco de cerca de 1.000 mg/l (raros) a 15.800 mg/l, dureza elevada e pH em torno de 6 a 8. A estimativa de reservas explotáveis nesse aqüífero é de aproximadamente 67,3 x 106 m3, somando com aluviões e aqüíferos sedimentares, que, no entanto, tem pouca expressão. 2.1.1.4. Características Vegetativas No Território do Pajeú ocorrem ainda muitas formações de caatinga nativa, como podemos ver na Tabela 4 e no Mapa 6. Tabela 4 – Distribuição espacial da cobertura vegetal e outros usos. Cobertura vegetal Área (%) Vegetação arbórea fechada 33,06 Vegetação arbustiva arbórea aberta 20,14 Vegetação arbustiva arbórea fechada 22,61 Mata ciliar 0,73 Área antropizada 22,34 Área urbana 0,40 Corpo d'água 0,72 Fonte: PDHC, Geração de Serviços Ambientais pelo Manejo de Microbacias - Parâmetros Pedológicos e Hidrológicos – Fase 1, documento interno. 46 | P á g i n a Mapa 6 - Vegetação Fonte: PDHC, Geração de Serviços Ambientais pelo Manejo de Microbacias - Parâmetros Pedológicos e Hidrológicos – Fase 1, documento interno. Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Nas feições encontradas da Caatinga observa-se uma grande freqüência de cactáceas. As espécies dominantes são pioneiras, como faveleira (Cnidosculus vitifolius), catingueira (Caesalpinia pyramidalis) e cactus, como o xique-xique (Pilosocereus gounellei), mandacaru (Cereus jamacaru) e coroa de frade (Melocactus bahiensis). Nas áreas com vegetação ciliar, encontra-se com freqüência a craibeira (Tabebuia aurea), que se desenvolve em solos mais profundos e próximos a rios e alagados. Uma visão geral da região apresentada no recente diagnóstico promovido pelo PDHC indica muitas que algumas áreas anteriormente vegetadas vêm progressivamente perdendo a capacidade produtiva, em virtude dos avanços da erosão e da salinização. Muitas formações arbóreas e arbustivas arbóreas exibem baixa diversidade e o impacto de extração de carvão, queimadas eventuais, e mesmo a agropecuária realizada sem a preocupação com a capacidade suporte do ecossistema tem contribuído para a redução da biodiversidade nativa e acentuação dos processos erosivos. Os relatos dos agricultores ressaltam e confirmam tal informação, com muitos exemplos, como um apontado no município de São José do Egito, mostrando ao realizar os estudos de campo, áreas onde em um período de dez anos atrás servia de pasto para gado e foi observado que ao longo do período o pasto foi perdendo a capacidade de rebrota e hoje se verifica que a área está afeada por sais impossibilitando o cultivo. 2.1.1.5. Características Edafológicas As variações pedológicas, por sua vez, são menores, talvez pela idade das rochas do Pré-Cambriano; normalmente, os solos são muito rasos e pedregosos. Uma grande característica dessa Unidade é a presença de muitos corpos rochosos aflorantes. Os solos do Sertão do Pajeú são amplamente dominados pelos solos Bruno Não Cálcicos, seguidos por Solos Litólicos, ocorrendo ainda Regossolos, Solonetz Solodizado, Areias Quartzosas, Podzólicos Vermelho-Amarelos, Cambissolos, Planossolos e Aluviais. As terras apresentam variadas limitações à agricultura irrigada, sendo que cerca de 40% do total mostram-se inaptos a pratica da irrigação e o 48 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú restante, em torno de 60% apresenta fortes restrições, relacionadas principalmente aos solos. O Mapa 7 representa os parâmetros pedológicos do Território. 49 | P á g i n a Mapa 7 - Pedologia Fonte: PDHC, Geração de Serviços Ambientais pelo Manejo de Microbacias - Parâmetros Pedológicos e Hidrológicos – Fase 1, documento interno. Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 2.1.2. Dimensão Sócio-Cultural 2.1.2.1. População A população total do Território da Cidadania, de acordo com o Censo 2010 é de 395.293 habitantes. Serra Talhada se destaca na região, com 79.241 habitantes, mais que o dobro da próxima cidade mais populosa, Afogados da Ingazeira, com 35.901 habitantes. População Rural e Urbana Em 2007 a população total do Território era 389.580 habitantes, 164.982 vivia na área rural, o que correspondia a 42,34%. O Censo 2010 mostra uma queda de 3,34% no número de habitantes que residiam na área rural (153.673 hab), correspondendo a 39% do total (Tabela 5). Segundo dados do Portal ODM, a urbanização em 2010 variava de 31,88% (Solidão) a 80,14% (Tuparetama). É preciso refletir, no entanto, sobre os critérios que o IBGE utiliza para definição do que é urbano e o que é rural. Segundo Maria Nazaré Wanderlei, em resenha do livro “Cidades Imaginárias” de José Eli da Veiga, as estatísticas oficiais brasileiras diferem completamente dos conceitos modernos, que permitem distinguir os espaços e seus habitantes urbanos e rurais. Com efeito, no Brasil, a distinção adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - considera como urbana toda sede municipal, independentemente do número de seus habitantes e das funções que esta aglomeração exerça efetivamente. É rural o espaço existente em torno deste núcleo, onde a população é dispersa ou se concentra em pequenos grupos de vizinhança. A adoção desta concepção tende a superdimensionar o que é urbano no País, e conseqüentemente, o processo de urbanização da sociedade brasileira, ao mesmo tempo em que tende a desqualificar e anular a importância do “rural”. Há que considerar que, à exceção de Serra Talhada, todos os municípios têm menos de 35.000 habitantes. Apesar de 16 (dezesseis) dos 20 (vinte) municípios que integram o Território apresentarem densidade demográfica inferior a 80hab/km², um município já apresenta uma densidade de 129,05 hab./km 2 (Santa Cruz da Baixa Verde), que é acima da média do Estado (89,62 hab./km 2), sendo que a média do Território fica em 44,81 hab./km². 51 | P á g i n a Tabela 5 – População Territorial por Município - 2010 Municípios População recenseada, por situação do domicílio e sexo Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Mirandiba Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Belmonte São José do Egito Serra Talhada Sertânia Solidão Tabira Triunfo Tuparetama Território do Pajeú Fonte: Censo Demográfico 2010 Total 35.901 7.307 5.651 18.585 22.171 11.780 4.496 13.882 14.308 6.735 11.769 10.991 32.620 31.838 79.241 33.723 5.744 26.430 15.006 7.925 395.293 Homens 16.790 3.608 2.723 9.170 10.939 5.915 2.290 6.852 7.116 3.322 5.812 5.385 16.243 15.522 37.831 16.480 2.902 12.969 7.180 3.852 192.901 Mulheres 18.301 3.699 2.928 9.415 11.232 5.865 2.206 7.030 7.192 3.413 5.957 5.606 16.377 16.316 41.410 17.243 2.842 13.461 7.826 4.073 202.392 Urbana 27.406 3.386 2.181 7.633 9.364 6.112 2.456 8.427 7.141 2.491 5.277 6.876 16.168 20.968 61.288 18.548 1.831 19.772 7.944 6.351 241.620 Rural 7.685 3.921 3.470 10.952 12.807 5.668 2.040 5.455 7.167 4.244 6.492 4.115 16.452 10.870 17.953 15.175 3.913 6.658 7.062 1.574 153.673 Área (Km2) 386 85,1 218,6 429,7 963,8 773,6 246,6 409,8 773,3 216,3 91,2 219,5 1.491,00 783,3 2.965,30 2.359,40 130,7 393,3 182,2 231,6 Densidade Demográfica 90,91 85,86 25,85 43,25 23,00 15,23 18,23 33,88 18,50 31,14 129,05 50,07 21,88 40,65 26,72 14,29 43,95 67,20 82,36 34,22 44,81 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Ainda segundo Wanderley é preciso assumir que o “rural” é uma qualidade, que decorre de sua dupla face, simultaneamente natural e social, visto que o “rural” se define, precisamente pelo predomínio dos espaços naturais e pelas relações sociais específicas, baseadas nos pequenos grupos (relações de interconhecimento). Como tal, é uma qualidade que interessa não só aos seus habitantes, mas ao conjunto da sociedade, devendo ser preservada e positivamente valorizada. Este posicionamento vê-se com clareza, expresso na fala do Colegiado do Território da Cidadania do Pajeú, ao construir o diagnóstico de seu presente bem como sua visão de futuro. Os dois maiores centros urbanos do Território são Serra Talhada e Afogados da Ingazeira. Serra Talhada é exemplo de uma contradição aparente: como é um município de área significativa, embora tenha a maior população do Território, 79.241 habitantes, sua densidade populacional é de apenas 26,72 hab./km², com vastos espaços rurais pouco ocupados, sendo o 13º na densidade demográfica entre os 20 (vinte) municípios do Território. População por Gênero A distribuição da população do Território por gênero é bastante equilibrada. As mulheres representam 51% da população enquanto que os homens representam 49 %. Este dado chama a atenção para a importância da participação das mulheres no processo de gestão social do Território e nas cadeias produtivas do Território. Demanda Social Para o Programa de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais do Ministério de Desenvolvimento Agrário a demanda social registra incidência de população caracterizada como agricultores familiares, famílias assentadas pela reforma agrária, ou grupos que postulam o acesso a terra. A agricultura familiar ocupa a maior parte dos estabelecimentos agrícolas, 29,5% contra 19,1% da agricultura não familiar e o tamanho médio das áreas da agricultura familiar é 12,65 ha, conforme se verifica na Tabela 6. 53 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Tabela 6 - Estabelecimento e área da agricultura familiar por Município do Território – 2006 Municípios Agricultura familiar - Lei nº Não familiar 1.326 Estabelecimentos Área (ha) Estabelecimentos Área (ha) Afogados da Ingazeira 1.404 13.841 207 6.810 Brejinho 731 5.903 85 3.463 Calumbi 1.105 9.174 33 1.288 Carnaíba 2.068 15.093 100 2.906 Flores 3.171 35.824 129 16.148 Iguaraci 1.335 24.089 148 32.633 Ingazeira 558 8.651 84 7.135 Itapetim 1.606 19.966 216 11.673 Quixaba 1.419 11.310 45 1.243 Mirandiba 1.084 22.176 178 14.440 Sta. Cruz da Baixa 1.329 6.318 138 15.407 Verde Santa Terezinha 906 10.332 49 3.806 São José do Egito 2.660 31.095 267 19.937 São José do Belmonte 2.635 51.828 299 31.442 Serra Talhada 4.221 86.579 294 66.251 Solidão 820 7.304 28 508 Tabira 1.731 16.719 110 5.147 Triunfo 1.938 9.956 120 4.572 Tuparetama 454 8.034 59 10.085 TOTAL 31.175 394.192 2.589 254.894 Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006. No Território existem 33.804 agricultores familiares, 1.810 famílias assentadas pelo INCRA. Juntos correspondem a 9,52% da população do Território. 2.1.2.2. Índice de Desenvolvimento Humano O índice de Desenvolvimento Humano foi criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998. Foi publicado pela primeira vez em 1990. Analisa as condições de vida de uma população, através das condições de renda, longevidade e educação. A longevidade utiliza números de expectativa de vida ao nascer. A educação é avaliada pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um. 54 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú IDH ate 0,499 – Desenvolvimento Humano Baixo IDH entre 0,500 e 0,799 – Desenvolvimento Humano Médio IDH acima de 0,800 – Desenvolvimento Humano Alto Evolução do IDH-Municipal do Território, 1991-2000 De um modo geral o Território apresentou um crescimento no IDH-M entre os anos de 1991 e 2000. Em 1991 todos os municípios do Território tinham apresentavam desenvolvimento humano baixo e em 2000 todos os municípios passaram a apresentar desenvolvimento humano médio. A média do Território era de 0,630 encontrando-se um pouco abaixo do IDH do Estado que em 2000 era de 0,692. No entanto os dados mais recentes disponíveis revelaram que o índice continua em ascensão, com a média do Território já alcançando 0,65 em 2007. Podemos ver pelo Mapa 8 que os menores índices são encontrados em Calumbi, Quixaba, Carnaíba e Solidão e os maiores em Serra Talhada, Triunfo, Afogados da Ingazeira e Tuparetama. Mapa 8 - IDH-M no Território, 2000 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000 55 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Índice de Desenvolvimento Humano de Educação, Longevidade e Renda. O Gráfico 1 mostra a dimensão Educação como a que mais contribuiu para o desenvolvimento, analisando o IDH-M, seguida da dimensão Longevidade e por fim a Renda. Gráfico 1 - IDH-M de Educação, Longevidade e Renda no Território do Sertão do Pajeú, 2000 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 IDHM-Renda, 2000 Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Mirandiba Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Belmonte São José do Egito Serra Talhada Sertânia Solidão Tabira Triunfo Tuparetama IDHM-Longevidade, 2000 IDHM-Educação, 2000 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000. Embora a educação, bem como serviços de saúde e a longevidade da população não esteja adequada segundo as expectativas da população do Território representada no Colegiado Territorial, pode-se perceber pelo gráfico acima, que a dimensão da renda é a mais crítica entre educação, longevidade e renda no estabelecimento do IDH-M no Território. 2.1.2.3. Educação Embora a educação tenha avançado nas últimas décadas, os atuais dados apresentados pela RD do Pajeú suscitam enormes preocupações, uma vez que os Índices Desenvolvimento Humano Municipal de Educação sinalizam o quanto os municípios que compõem o Território ainda estão atrasados neste quesito. Paradoxalmente, é importante considerar os avanços obtidos, pois se observa que fazendo uma comparação entre os anos de 1991 a 2000, houve uma mudança positiva 56 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú nesse índice, em que a média do Território pulou de 0,555 (1991) para 0,706 em 2000. Em 2000, o IDHM-Educação do Brasil era de 0,849, portanto a média do Território do Sertão do Pajeú estava 17,6% abaixo da média nacional. Dentre os municípios do Território, o de melhor valor era Santa Cruz da Baixa Verde, com 0,733, e o de pior valor era Calumbi, com 0,652. Por outro lado, o nível de desigualdade da educação no Território é ainda um fato de bastante relevância, envolvendo, sobretudo, as questões de gênero, raça e população rural. Gerando assim vários condicionantes que recaem sobre a qualidade do ensino Docência no Território e números de estabelecimentos de ensino A Tabela 8 apresenta o número de professores e de estabelecimentos de ensino existentes no Território do Pajeú, distribuídos por município. Observa-se que Serra Talhada, com um quadro de 1.010 professores, apresenta o maior número de docentes. Fato que se dá em virtude do município ser um dos maiores do Território e apresentar o maior número de estabelecimentos de ensino. No entanto foi uma pequena evolução, pois os dados apresentados no PTDRS de 2006 apontavam 986. Já Solidão apresenta o menor quadro de docentes, com 76 professores, 11 a menos que os que constavam em 2006. No Território do Sertão do Pajeú, em 2009, existiam 103.893 (cento e três mil oitocentos e noventa e três) pessoas matriculadas em 2.037 (dois mil e trinta e sete) estabelecimentos de ensino, sendo 71.081 (setenta e um mil e oitenta e uma) no Ensino Fundamental, 12.070 (doze mil e setenta) no Pré-Escolar e 20.742 (vinte mil setecentos e quarenta e duas) no Ensino Médio. Conforme pode se observar na Tabela 8 o município que tinha o maior número de pessoas matriculadas era Serra Talhada (20.372) e o que dispunha de maior número de estabelecimentos de ensino era Sertânia (455). Com relação ao número de estabelecimentos de ensino, observa-se que existe uma defasagem nos números de estabelecimentos, principalmente nas séries iniciais, onde tomando por referencial as crianças com idade de 06 anos, período em que ingressam na pré-escola, o número escolas não comporta a demanda. 57 | P á g i n a Tabela 7 – Número de Estabelecimentos de Ensino, Número de Matrículas e Número de Docentes no Território do Sertão do Pajeú por Município – 2009 Municípios Número de Estabelecimentos de Número de Matrículas Número de Docentes Ensino Fundamental Pré-escola Médio Fundamental Pré-escola Médio Fundamental Pré-escola Médio Afogados da 43 38 6 5.957 1.093 2.170 283 40 116 Ingazeira Brejinho 15 14 1 1.468 296 405 78 10 17 Calumbi 20 18 1 1.403 292 288 74 23 17 Carnaíba 23 21 2 3.278 550 1.031 159 19 49 Flores 56 53 3 3.886 674 839 207 30 46 Iguaraci 21 18 2 1.871 409 542 105 19 30 Ingazeira 13 12 1 781 172 305 57 14 19 Itapetim 33 30 1 2.317 482 554 141 19 25 Quixaba 16 14 2 1.825 270 403 98 10 28 Santa Cruz da Baixa 19 16 2 1.916 436 557 125 20 39 Verde Santa Terezinha 21 20 1 2.017 421 614 107 15 30 São José do Egito 29 26 5 5.287 742 2.057 306 39 105 Serra Talhada 108 82 13 13.931 1.941 4.500 662 87 261 Solidão 7 5 1 1.164 184 281 55 7 14 Tabira 27 24 4 4.709 819 1.050 241 33 80 Triunfo 22 16 3 2.854 463 843 153 27 62 Tuparetama 7 5 3 1.511 241 535 93 12 41 Mirandiba 154 21 47 2.849 457 851 154 21 47 São José do 312 34 71 6.385 878 1.457 312 34 71 Belmonte Sertânia 297 49 109 5.672 1.250 1.460 297 49 109 Fonte: IBGE@Cidades Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Em 2009, a população de 0 a 14 anos era de 65.293 pessoas. Considerando a freqüência a creche ou escola não chega a 10 % das pessoas desta faixa da população. Quanto à qualidade, entre os anos 1991-2000, houve no Território uma significativa melhora na escolaridade das crianças de 7 a 14 anos, onde sua taxa média de analfabetismo de 49,13%, em 1991, cai para 21%, em 2000. Verifica-se de modo geral que a educação tem evoluído inclusive com esforços para superação de atrasos históricos como podemos ver no tratamento dado ao analfabetismo. O nível educacional da população de jovens nos 20 (vinte) municípios que compõem o Território do Pajeú está retratado pelos indicadores de taxa de analfabetismo, demonstrando que no período de 1991 a 2000 estas taxa vem caindo entre a população de jovens, tendo sido reduzida em quase três vezes do percentual de analfabetismo da população de 15 a 17 anos e reduzida pela metade entre a população de 18 a 24 anos. Os dados existentes sobre os municípios que compõem o Território são os do Censo 2000. A taxa de analfabetismo era de 8,58 para pessoas de 15 a 17 anos e de 14,57% para pessoas de 18 a 24 anos, como pode se observar no Gráfico 2. Gráfico 2 - Taxa de Analfabetismo no Território do Sertão do Pajeú, 2000 30 25 20 Percentual de adolescentes de 15 a 17 anos analfabetas 15 Percentual de adolescentes de 18 a 24 anos analfabetas 10 5 0 1991 2000 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000. 59 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Esta tem sido uma tendência em quase todos os municípios do Território com destaque para os municípios de Triunfo, Afogados da Ingazeira, Santa Cruz da Baixa Verde e Tuparetama que apresentaram em 2000 índices de analfabetismo entre os jovens de 15 a 24 anos melhores que a média do Estado de Pernambuco. Este esforço é de especial importância dado os altos percentuais de analfabetismo observado no Território e tem sido continuado, como podemos ver na Tabela 8 apresentando o esforço de alfabetização do Programa Brasil Alfabetizado no Pajeú. Tabela 8 - Programa Brasil Alfabetizado Município 2003 2004 Afogados da Ingazeira 0 0 Brejinho 696 0 Calumbi 198 25 Carnaíba 173 54 Flores 603 334 Iguaraci 0 0 Ingazeira 0 0 Itapetim 0 0 Mirandiba 0 0 Quixaba 218 85 Santa Cruz da Baixa 0 0 Verde Santa Terezinha 0 0 São José do Belmonte 1.954 468 São José do Egito 0 0 Serra Talhada 0 0 Sertânia 0 0 Solidão 518 1 Tabira 0 0 Triunfo 0 0 Tuparetama 0 0 Total Território 4.360 967 Ano 2005 0 0 187 179 7.647 0 0 0 0 64 0 0 1.084 0 0 0 92 0 0 0 9.253 2006 0 96 178 173 739 0 0 0 0 0 0 0 512 0 0 0 0 0 0 0 1.698 Fonte:MEC/INEP (2007) De 2003 a 2006 foram alfabetizadas 16.278 pessoas dos municípios de Brejinho, Calumbi, Carnaíba, Flores, Quixaba, São José do Belmonte e Solidão, como nos informa o Programa Brasil Alfabetizado/ INEP/ MEC, 2007. A despeito das evoluções observadas é colocado claramente pelo diagnóstico realizado com o Colegiado Territorial que é necessário ampliar os investimentos na educação, assegurando melhoria na infra-estrutura das escolas, 60 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú incluindo espaço, ventilação, iluminação, energia elétrica, água potável, instalações sanitárias adequadas, mobiliário, biblioteca. Arca das Letras Apontam ainda a necessidade de se garantir transporte escolar adequado, pois há áreas rurais cuja distância e precariedade do transporte impossibilita o acesso a educação básica. Quanto aos docentes é demanda do Colegiado o estabelecimento de plano de cargos e carreiras para os professores da área rural. Sobretudo foi pautada a necessidade de se rever o currículo da educação básica, materiais didáticos pedagógicos e formação dos professores para que se possa promover a educação contextualizada, que fale a partir da realidade do semiárido, das múltiplas realidades locais, da convivência com o semiárido e a construção de uma vida digna também e, sobretudo no campo. 61 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 2.1.2.4. Saúde e Saneamento Os níveis de saúde da população são reflexos da organização social do País (Lei Orgânica da Saúde, nº 8080/90), pois para se ter uma vida saudável é necessária, antes de tudo, manter conjuntamente uma boa qualidade de vida nos aspectos de bem estar físico, mental e social. Dessa forma, a reflexão sobre a concepção de saúde, atualmente, é necessária, pois a saúde hoje tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. Mortalidade Infantil O indicador Taxa de mortalidade infantil mede a freqüência com que ocorrem os óbitos infantis (menores de um ano) em uma população, em relação ao número de nascidos vivos em determinado ano civil. Se expressa para cada mil crianças nascidas vivas. É o indicador que melhor expressa o padrão de saúde de uma população, estando estreitamente relacionada às condições ambientais em que residem as crianças, à oferta dos serviços de saúde, à educação e à renda, e, sobretudo, às deficiências nutricionais. Segundo Plano Regional de Inclusão social5, a taxa de mortalidade infantil do Território do Pajeú é a quinta mais elevada entre as RD’s e superior à de Pernambuco (47,31). De acordo, também, com dados levantados do PNUD, os municípios de Brejinho, Calumbi, Carnaíba, Iguaraci, Quixaba e Solidão (todos com 73,83 em 1.000 nascidos vivos) apresentavam, em 2000, os piores indicadores de mortalidade infantil (até 01 ano de idade). Triunfo (30,67), Serra Talhada (40,58), Afogados da Ingazeira (42,39) e Santa Cruz da Baixa Verde (42,56), por sua vez, detêm as melhores taxas do Território. 5 Documento Elaborado no âmbito do Programa Governo nos Municípios. Agência Condepe/Fidem. 62 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Tabela 9 – Taxa Mortalidade Infantil, Território do Pajeú, 1991 - 2000. Mortalidade até um ano de Mortalidade até cinco anos de Municípios idade idade 1991 2000 1991 2000 Brasil 48,72 34,04 65,72 44,42 Região Nordeste 69,54 47,79 100,67 69,90 Pernambuco 62,55 47,31 95,46 54,59 Média do Território 89,19 57,36 108,79 63,53 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000 Enfatiza-se que apesar dos dados apresentados, a taxa de mortalidade infantil no Território diminuiu nos últimos anos. Comparando o ano de 1991 ao ano de 2000, nota-se que houve avanços tanto na faixa etária de 0 a 01 ano de idade, quanto na faixa etária de 01 a 05 anos de idade. Dentre os municípios que compõem o Território os que alcançaram melhores resultados foram Tuparetama, com 36,27% de redução (71,61 para 45,63), Tabira, 28,56% (82,01 para 58,58), Flores, com 24,59% (69,97 para 52,76) e Santa Terezinha, 21,41% (93,69 para 73,63). A Tabela 10 referente à taxa de mortalidade infantil (TMI) também pontua que no Brasil, no Nordeste e no Estado de Pernambuco houve uma redução nesse indicador. No que se refere à faixa etária de 01 a 05 anos, observa-se que essas taxas de mortalidade são bastante altas. Apesar das reduções obtidas nos últimos anos, também comparando os resultados de 1991 com 2000. O Território ainda apresentar taxa de mortalidade de 63,53. Quase o dobro da taxa de mortalidade do Brasil que é de 44,42. A taxa do Território supera ainda, negativamente, as taxas apresentadas pelo Estado de Pernambuco (54,59) e Região Nordeste (69,90). Dados disponibilizados pelo Portal dos Objetivos do Milênio – ODM sobre a Mortalidade Infantil em 2009 mostra que a média territorial era de 19,2%, 04 (quatro) municípios apresentavam taxas abaixo de 10% Brejinho (7%), Ingazeira (0,0%), Itapetim (4,3%) e Solidão (9,9%). Os municípios que apresentavam maiores taxas eram Calumbi (36,4%), Mirandiba (39,5%) e São José do Belmonte (31,2%). Os indicadores de longevidade associam-se fortemente as políticas de saúde e saneamento. Por isso a implementação de programas que visam fortalecer o atendimento a saúde dos municípios repercutem diretamente na qualidade de vida da sua população, ocasionando, ainda, redução na severidade da desnutrição infantil e na incidência de doenças infecciosas e parasitárias, conseqüentemente, reduzindo as taxas de mortalidade. 63 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Tabela 10 – Esperança de Vida ao Nascer e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Longevidade, 1991 - 2000. Esperança de vida ao nascer IDH Municipal-Longevidade Municípios 1991 2000 1991 2000 Brasil 63,60 67,60 0,643 0,710 Região Nordeste 59,97 64,83 0,582 0,663 Pernambuco 62,04 67,32 0,617 0,705 Média do Território 60,16 65,34 0,586 0,672 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000 A partir da tabela acima, observa-se que houve um crescimento na taxa de longevidade do Brasil, que em 1991 apresentava taxa de 0,643 e em 2000, 0,710. Salienta-se que essa melhoria aconteceu no país como todo, onde para melhor ratificação dessa afirmação é possível analisar, a partir da tabela, os crescimentos obtidos na Região do Nordeste – que apresentava um dos piores indicadores – e no Estado de Pernambuco. No Território do Pajeú a taxa de longevidade subiu de 0,586, em 1991, para 0,672, em 2000. Uma vez que os indicadores de longevidade são reflexos das políticas de saúde, é importante enfatizar que a municipalização dos serviços de saúde e a implementação dos diversos programas de saúde no Território (Programas de Saúde da Família, Programas de Agentes Comunitários de Saúde, Programa de Saúde da Criança, da Mulher, dentre outros) ainda não possibilitaram ampliações significativas nos níveis de saúde da população, considerando também que muitos desses programas não dão cobertura a toda população. Acesso aos Serviços Sanitários Básicos O acesso da população Território aos serviços básicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário é bastante precário, especialmente na zona rural. No Território apenas 49,8% dos domicílios dispõem de água encanada, 23,2% da população urbana e 100% da população rural depositam seus dejetos a céu aberto. A partir destes dados já se pode perceber a dimensão do problema de doenças de veiculação hídrica no Território. É importante registrar que esse quadro é agravado principalmente nas comunidades rurais, as quais não contam, também com coleta de lixo, ocasionando 64 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú vários transtornos para a população e propiciando a propagação de várias doenças 6. A maior parte do lixo produzido é queimado ou jogado em terreno baldio. Doenças de veiculação hídrica Em grande parte dos municípios as doenças por veiculação hídrica continuam sendo uma endemia de significativa prevalência, produzindo forte impacto social por incapacitar, em sua fase avançada, pessoas em idade economicamente produtiva, além de gerar importantes custos hospitalares. As causas estão fortemente relacionadas a problemas na infra-estrutura hídrica, na falta de saneamento básico e na falta de conservação do meio ambiente. Segundo dados secundários, grande parte das habitações rurais não possuem sanitários e a destinação do lixo é realizada de forma inadequada, propiciando a proliferação de vetores que representam importantes veículos de contaminação de alimentos e da água de beber. No que diz respeito à captação e armazenamento d'água no Território existem 08 (oito) açudes com a capacidade de armazenar 137.492.182 m 3, conforme apresentado na Tabela 11. Tabela 11 - Principais açudes no Território do Sertão do Pajeú Município Açude Afogados da Ingazeira Brotas São José do Egito São José II Iguaraci Rosário Saco Cachoeira II Serra Talhada Serrinha Jazido Barra Sertânia Cachoeira I Total Capacidade (m³) 18.000.000 4.600.000 34.990.000 36.000.000 21.031.145 310.000.000 15.543.300 2.738.160 5.950.000 448.852.605 Fonte: Governo do Estado de Pernambuco - Agencia Condepe/Fidem, 2005 Desnutrição Fatores como a desnutrição infantil, certamente reduz a capacidade de aproveitamento de potencialidades existentes nos municípios. Tanto as de natureza econômica, pela própria pauperização da força de trabalho, quanto às de natureza 6 Melhor detalhamento no item Doenças de Veiculação Hídrica 65 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú social, ocasionando problemas, tais como repetência escolar, alta taxa de evasão e distorção idade série. É importante registrar que no plano biológico, os baixos percentuais de crianças recebendo aleitamento materno exclusivo, bem como as infecções por parasitas intestinais, transmitidas na maioria das vezes por veiculação hídrica, relacionam-se intimamente com a desnutrição infantil. Dados secundários confirmam elevado índice de desnutrição nos municípios que compõem o Território, inclusive causas de mortalidades apontam a existência de elevado índice de desnutrição (Óbitos - doenças - endócrinas, nutricionais e metabólicas). Um dos fatores que confirmam esses dados se observa a partir da informação de que o 4º (quarto) maior número de óbitos no Território se dá a partir desse diagnóstico. O Portal ODM (2010) aponta que o índice de desnutrição no Território em 2010, considerando 127.405 (cento e vinte e sete mil, quatrocentas e cinco) crianças pesadas era de 2,1%. Morbidade no Território O quadro de morbi-mortalidade do Território afigura-se como aquele comum às populações pobres, com alta incidência de doenças infecciosas e parasitárias, combinada com a crescente morbidade própria de áreas mais desenvolvidas (doenças do aparelho respiratório e circulatório). Segundo informações levantadas, através do Plano Regional de Inclusão Social (Programa Governo nos Municípios, Agência Condepe/Fidem, 2003), as maiores incidências de agravos na Região são dengue, leishmaniose americana e tuberculose. Onde nos municípios de Iguaraci, Tuparetama e Itapetim registram-se as maiores incidências de dengue; em Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde, as de leishmaniose americana; e em Serra Talhada, Triunfo e Tuparetama, as de tuberculose. Rede de Serviços de Saúde Em todo Território existem apenas 307 (trezentos e sete) estabelecimentos de saúde para atender uma população total de 395.293 (trezentos e noventa e cinco mil, duzentos e noventa e três) habitantes, em 2010. Do total de estabelecimentos de 66 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú saúde existentes, 213 (duzentos e treze) são públicos e 94 (noventa e quatro) são privados. De acordo com dados do IBGE (DATASUS, 2004), dentre os estabelecimentos de saúde existentes no Território, apenas 31 (trinta e um) apresentam estrutura física para internação, com disponibilidade de 1.528 (um mil, quinhentos e vinte oito) leitos. Os municípios de Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, São José do Egito e Sertânia apresentam o maior número de estabelecimentos de saúde do Território, com variação entre 25 (vinte e cinco) a 89 (oitenta e nove) unidades. Disponibilizando um total de 1.204 (um mil e duzentos e quatro) leitos para internação. A partir dessa informação é possível observar que praticamente toda a oferta de serviço de saúde do Território é coberta por esses 04 (quatro) municípios. Cobertura dos Programas de Atenção Básica Segundo dados levantados através do Plano Regional de Inclusão Social do Pajeú (Agência Condepe/Fidem, 2003), a Região de Desenvolvimento do Pajeú conta com 571 Agentes Comunitários de Saúde, para um teto de 745, o que representa 76,64% de cobertura. Em 2009, de acordo com dados do Datasus, o Programa de Agente Comunitário de Saúde – PACS apresentava a cobertura de 13,4% da população territorial. Este decréscimo se dá devido ao surgimento do Programa de Saúde da Família que incorpora o Agente Comunitário de Saúde. Por sua vez o Programa de Saúde da Família conta com 52 (cinqüenta e duas) equipes, para um teto de 122 (cento e vinte e duas), ou seja, menos de 50% das equipes necessárias. Entretanto, a situação de saúde é ainda mais precária nos municípios de Carnaíba, Itapetim e Quixaba, os quais não eram atendidos por esse Programa. Já em 2009 este Programa passa a apresentar uma cobertura de 86,5% da população do Território. Outro dado importante é que todos os municípios contam com Programa com percentuais variando de 45,5% (Calumbi) a 101,9% (Ingazeira). Fica evidenciada a partir das situações levantadas, a necessidade de ampliações de equipes e unidades de saúde, possibilitando assim melhor acompanhamento dos pacientes, uma vez que a cobertura dos programas ainda é insuficiente, produzindo um diferencial significativo entre o segmento da população assistida e o residual que ainda não o é. 67 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Estrutura de Assistência de Média e Alta Complexidade A partir dos dados levantados no Território do Pajeú, observa-se que a assistência médica de média e alta complexidade está muito longe de ser a ideal. Em virtude da pouca disponibilidade local de assistência médica de média e alta complexidade as maiorias dos pacientes realizam exames, consultas e tratamentos especializados em outros municípios pólos. Enfatiza-se que as questões referentes aos serviços de saúde para os municípios de pequenos portes são bastante complicadas, uma vez que as políticas de saúde são implementadas tendo como um dos critérios o número total de habitantes por município. Entretanto, a partir dessa lógica, alguns fatores importantes são desconsiderados, dentre eles, a distância territorial dos municípios e, conseqüentemente, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, principalmente para a população das comunidades rurais. Chama atenção ainda, a forma como são tratadas as questões da mulher, inclusive, a forma de atuação de alguns programas básicos de saúde, como por exemplo, o Programa Saúde da Mulher. Questiona-se a forma como são implementados alguns programas, sem que haja equipamentos básicos para desenvolvê-los. Para ratificar essa informação, vale salientar que dentre os municípios que compõem o Território, apenas Serra Talhada dispõem de 01 (um) mamógrafo com comando simples e Afogados da Ingazeira com 01 (um) mamógrafo com estereotaxia. Para concluir, ressalta-se que, na maioria desses municípios, a estrutura de Vigilância Sanitária é bastante deficitária, requerendo fortalecimento em nível de composição e da capacitação da equipe, como de equipamentos básicos para o seu funcionamento, incluindo a fiscalização e controle dos riscos laborais, ambientais e de consumo de produtos alimentares e medicamentosos. 2.1.2.5. Cultura e Lazer O turismo é um dos principais arranjos produtivos do Território e se desenvolve mais intensamente em Triunfo que integra o roteiro turístico “Circuito do Frio”. Este roteiro envolve municípios que apresentam baixa temperatura nos meses de julho e agosto. O roteiro envolve os municípios de Garanhuns, Gravatá, Pesqueira, Taquaritinga do Norte e Triunfo. Triunfo é a terceira cidade a receber o Circuito do Frio, quando acontece a tradicional Festa do Estudante. O clima varia entre 10° a 26° 68 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú durante o ano. Além disso, o Território apresenta vários atrativos turísticos naturais e culturais por município como se apresenta nas fotos abaixo e no Quadro 8. Cangaço – Serra Talhada Quadro 8 – Atrativos Naturais, Artísticos e Culturais por Município Atrativos Municípios Naturais Artísticos Serra do Giz, em cujas encostas, Balé Popular de Afogados da Ingazeira, encontram-se dezenas de desenhos Companhia Artística Pajeú de Dança, rupestres, Pedra do Dinossauro, Casa Grupo Aplausos de Teatro Amador; da Rocha (Carapuça), as inscrições Grupo de Reisado do Sítio São João rupestres no Sitio Leitão, a cachoeira (103 anos), Dança de Coco dos Negros e Negras e Banda de Pífanos do do Pinga e a barragem do Brotas. Leitão da Carapuça (remanescentes de quilombos), Fersan - Festival Afogados Regional da Sanfona (19 anos), da Ingazeira Encenação da Paixão de Cristo (20 anos), Tabaqueiros – figuras mascaradas tradicionais do Carnaval, Vivência dos ciclos junino e natalino, Missa e desfile dos vaqueiros, Afogareta – Carnaval fora de época, Trilhas Ecológicas (Grupos de Motociclistas e Jeepeiros). 69 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 8 – Atrativos Naturais, Artísticos e Culturais por Município (continuação) Municípios Brejinho Calumbi Carnaíba Atrativos Naturais Pedra Grande e a Gruta do Morcego, Pedra dos Índios Pedra do Letreiro, no Sítio Campos; a Serra dos Caititus, no Sítio Tamanduá; e a bela margem do Rio Pajeú, onde também se encontra uma casa antiga construída em 1928 A Serra da Matinha e a Serra do Cabeço das Quintas, Cruzeiro São João Maria de Vianney e o Santuário de Bom Jesus dos Remédios (Serra da Chichorra) Flores Iguaraci Mirandiba Pedra Comprida ou na Mangueira do Brejo Artísticos Maracatu, coco de roda, frevo, Artesanato de cerâmica Bacamarteiros, Xaxado, dança de São Gonçalo, Reinado, Pastoril, Banda de Pífano (maio, junho e julho), artesanato de bordado, crochê, trabalhos com cerâmica e pinturas Ciranda, cavalhada e do caboclinho; Companhia Municipal de Dança Otacílio, Artesanato de barro (foto), couro, crochê, tricô e o flandres Reinado (Dezembro e Janeiro) e dança de coco, peças bordadas, produção de móveis Samba de Coco Cidade natal de Luiz Gonzaga com forte tradição do forro pé de serra; Circuito do Vaqueiro de Ouro Cantores e poetas populares Serra do Cruzeiro, Pedra do Quixó, Serra da Colônia, Cachoeira do Inferno Serra da Panela Capital da Rapadura: Feira da Santa Cruz Rapadura; Bacamarteiros, artesanato da Baixa de barro, bordados, esculturas em mel Verde batido, trabalhos com cordas e palhas Cachoeira do Quati, barragens José Artesanato de madeira, serigrafias e Santa Antônio e Cascudo, engenhos de pintura em tela Terezinha cana nos sítios Fundões e José Antônio Encenação anual da peça "Pedra do Reino" de Ariano Suassuna e a São José do Cavalgada a Pedra do Reino Belmonte (percurso de 30 km), Circuito do Vaqueiro Capital da Poesia, cantorias, Festival de Cantadores e Poesia Popular na São José do Festa do Reino (1ª semana de janeiro), Egito Festa dos violeiros; Artesanato de barro e crochê Terra de Lampião onde está Xaxado localizado o Museu do Cangaço; Serra Serra do Caldeirão, Passeio pelas Talhada trilhas de Lampião e atrativos naturais do assentamento Poldrinho Sertânia Vaquejada Solidão Gruta Nossa Senhora de Lourdes Bacamarteiros Poetas (Missa do Poeta);Reinado Tabira (dezembro), artesanato de bordados, santos em cerâmica e madeira Quixaba 70 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 8 – Atrativos Naturais, Artísticos e Culturais por Município (continuação) Municípios Triunfo Tuparetama Atrativos Naturais Artísticos Na zona Urbana: Lagoa João Caretas (carnaval) Barbosa Sitônio, do acervo histórico do Museu do Cangaço, do Cine Teatro Guarany, da casa velha do doutor Assis Timóteo, da Igreja do Rosário, da Matriz Nossa Senhora das Dores, do Convento Boaventura Na zona Rural: 50 engenhos de cana de açúcar, o Pico do Papagaio (ponto mais alto do estado, com altitude medindo 1.260m), a Gruta de João Neco, a Furna da Laje e a Cachoeira do Grito, Cachoeira do Brocotó Cidade da Paz, Reisado, pastoril, ciranda, quadrilhas juninas, bumbameu-boi, o cavalo-marinho; Cia. de Danças Populares da cidade Fonte: Sertão Net- O portal do Sertão, agosto /2006 Portal dos Municípios - Governo do Estado de Pernambuco, agosto-2006 Artesanato em barro - Brejinho 71 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Pinturas Rupestres – Afogados da Ingazeira 2.1.2.6. Segurança A taxa de mortalidade por homicídio da Região do Sertão do Pajeú é das mais baixas do Estado, como podemos ver abaixo na Tabela 12 e no Mapa 9 comparando as diferentes regiões de desenvolvimento do Estado. 72 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Tabela 12 – Taxa trimestral de criminalidade violenta letal e intencional em Pernambuco, segundo regiões de desenvolvimento – 1º e 2º trimestres 2009 / 1º e 2º trimestres 2010 Regiões de Taxa trimestral de criminalidade violenta letal e intencional Desenvolvimento (CVLI) (1) 2009 2010 1º Trim 2º Trim 1º Trim 2º Trim Metropolitana 16,14 13,82 13,00 12,30 Mata Norte 9,63 11,86 8,52 12,41 Mata Sul 14,43 12,52 12,77 11,89 Agreste Central 11,68 10,66 9,90 7,63 Agreste Meridional 7,69 9,92 8,60 8,27 Agreste Setentrional 8,66 11,45 10,76 8,94 Sertão Central 9,57 5,97 4,76 3,56 Sertão de Itaparica 12,19 8,35 11,26 14,96 Sertão do Araripe 10,54 9,19 6,51 7,14 Sertão do São Francisco 10,42 6,83 6,93 6,43 Sertão do Moxotó 9,76 9,73 11,57 9,13 Sertão do Pajeú 4,47 4,79 7,62 6,02 Fonte: SDS / Infopol. Elaboração: Agência CONDEPE/FIDEM (1) Em 100 mil habitantes. Mapa 9 - Número de Vítimas de Crime Violento Letal e Intencional por Município no Estado de Pernambuco. Fonte: Boletim Trimestral da Conjuntura Criminal em Pernambuco/Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco CONDEPE/FIDEM. v.3 n.2 (2010) 2.1.3. Dimensão Econômica A população economicamente ativa é de 125.240 habitantes, dos quais 112.381 estão ocupados nos seguintes setores produtivos: agropecuária (51,6%), 73 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú comércio e serviços (12,0%), administração pública (5,3%) e Educação (5,0%). Os demais 26,1% estão distribuídos em outros setores produtivos como indústria da transformação, construção civil, alojamento e alimentação, serviços domésticos, entre outros. A economia da Região do Desenvolvimento do Pajeú, de acordo com dados da Agencia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco - Condepe/Fidem (2009) está baseada na agropecuária, na indústria, no comércio/serviços e no turismo. Afogados da Ingazeira Serra Talhada despontando como líder na geração de empregos (5.207), como se pode ver na Tabela 13. Esse município destaca-se, também, na indústria da construção civil, gerando 8,7% de emprego, e no comércio e serviços médicos. Afogados da Ingazeira destaca-se no setor de vestuário, que gera 4% do emprego e São José do Egito nos serviços médicos, com 7,6%. O turismo se desenvolve mais intensamente em Triunfo, pelo seu micro-clima de altitude e acervo arquitetônico preservado. Ainda analisando os dados constantes na Tabela 13, percebe-se que o setor de comércio é que tem gerado o maior número de empregos formais no Território 74 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú (49,7%), seguido de serviços (30,8%) e da indústria (14,5%). O setor agropecuário teve um menor impacto na geração de emprego no Território (5%). Tabela 13 – Empregos Gerados por Setor da Economia - 2009 Município Indústria Comércio Serviços Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Mirandiba Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Belmonte São José do Egito Serra Talhada Sertânia Solidão Tabira Triunfo Tuparetama Total Território 485 5 3 14 19 6 3 1 13 2 55 171 571 133 139 20 1.640 646 11 20 60 68 32 17 55 87 1 27 47 245 483 2.939 309 8 301 180 76 5.612 Agropecuária 341 8 5 40 18 11 7 10 26 2 8 17 74 214 1.633 108 3 702 232 13 3.472 13 1 39 3 377 64 39 11 17 564 Fonte: Perfil Municipal, no site www.condepe/fidem.gov.br (2010) Segundo portal do Governo do Estado de Pernambuco a Região de Desenvolvimento do Pajeú responde por 1,8% do Produto Interno Bruto - PIB do Estado e tem PIB per capita de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais). Apesar do setor de Comércio superar o de Serviços na geração de emprego formal, observa-se que de acordo com os dados Condepe/Fidem (2009), constantes na Tabela 14, o setor de serviços é o responsável pela maior parte do PIB do Território, seguido pela indústria e por fim a agropecuária. No entanto a atividade agropecuária não é de maneira alguma de menor importância, pois ocupa a maior parte da população economicamente ativa do Território, concentra o maior número de estabelecimentos, com 96,67% do total de estabelecimentos e gera uma expressiva renda não monetária, pois a produção destinada ao autoconsumo muitas vezes é invisível nas estatísticas. 75 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Serra Talhada da mesma forma que na geração de empregos formais, destaca-se no PIB, é responsável por 28,6% do total do PIB do Território do Sertão do Pajeú, bem como nas receitas. Tabela 14 - Aspectos Econômico e Rendimento Nominal Mensal - 2009 Economia Produto Interno Bruto (R$ mil reais) (R$ mil reais) Municípios Despesas Receitas7 Agropecuária Indústria Serviços Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Mirandiba Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Belmonte Sâo José do Egito Serra Talhada Sertânia Solidâo Tabira Triunfo Tuparetama Território 36.888 9.851 9.558 20.408 24.756 13.277 287.963 15.953 13.690 2.172.177 59.219 13.441 31.280 58.849 24.522 37.224 10.303 23.769 18.108 13.068 2.894.304 66.941 12.898 17.604 40.042 48.806 25.916 15.198 32.037 27.434 18.047 26.361 24.846 60.315 59.563 120.319 67.988 17.397 48.613 35.546 25.530 791.401 9.886 2.995 1.375 5.691 9.652 7.091 4.562 5.469 7.187 3.560 2.956 3.396 10.980 16.901 23.206 21.701 1.640 8.421 5.068 3.982 155.719 27.751 112.081 1.904 19.044 1.818 16.592 4.802 44.664 5.689 52.723 3.291 30.418 1.369 12.561 3.520 32.057 3.719 34.618 1.699 17.643 2.533 27.241 2.714 25.614 11.845 81.761 10.704 95.367 56.459 357.765 12.648 94.870 1.325 14.564 9.313 69.591 4.520 39.789 2.996 25.339 170.619 1.204.302 Fonte: Perfil Municipal, no site www.condepe/fidem.gov.br (2010) 2.1.3.1. Estrutura fundiária De acordo com o Plano de Inclusão Social a Região de Desenvolvimento do Pajeú apresenta elevada concentração de pequenos produtores de base familiar (87%) e reúne 13 (treze) áreas de assentamento, sendo 09 (nove) desapropriadas pelo Governo Federal, 01 (uma) adquirida pelo Governo Estadual e 03 (três) áreas adquiridas pelo Projeto Cédula da Terra, somando 292 (duzentas e noventa e duas) famílias assentadas. O Censo Agropecuário 2006 aponta que no Território as terras próprias representavam 94,7% do total os 5,3% restantes das terras estavam distribuídos entre 7 Receitas Municipais + Receitas Correntes 76 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú terras arrendadas, em parceria e de assentados sem titulação definitiva, tendo esta última categoria um maior percentual, conforme se apresenta na Tabela 16. Tabela 15 - Condição legal das terras dos produtores Condição Legal Terras Próprias Área (ha) 740.576 Terras Arrendadas 12.740 Terras em Parceria 8.109 Terras de Assentados sem titulação definitiva Total 20.359 781.784 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 2006 A Tabela 15 e 16 mostra que a ocupação da terra que predomina no Território em área é a destinada a criação animal, com plantio de forrageiras para corte em 33.110 (trinta e três mil cento e dez) ha, pastagens naturais, que respondem por 185.031 (cento e oitenta e cinco mil e trinta e um) ha, pastagens degradadas em 12.795 (doze mil setecentos e noventa e cinco) ha e pastagens em boas condições 52.111 (cinquenta e dois mil cento e onze) ha. Na seqüência são as terras destinadas às lavouras: com 123.120 (cento e vinte e três mil e cento e vinte) ha de lavouras temporárias, e por fim 17.019 (dezessete mil e dezenove) ha de lavouras permanentes. 77 | P á g i n a Tabela 16 – Utilização da Terra – Lavouras – Estabelecimentos Agropecuários Municípios Lavouras Permanentes Lavouras Temporárias Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Egito Serra Talhada Solidão Tabira Triunfo Tuparetama Mirandiba São José do Belmonte Sertânia TOTAL Unidade Área (ha) Unidade Área (ha) Unidade Área (ha) 415 610 1.469 4.167 1.473 398 Área p/Cultivo de Flores (inclusive hidroponia e plasticultura), viveiro de mudas, estufas de plantas e casas de vegetação 1 577 54 543 542 71 58 331 114 362 813 57 786 807 62 342 469 108 2.632 734 803 1.979 3.181 1.146 508 1.627 1.323 1.290 1.219 2.279 4.867 11.961 4.145 1.389 4.527 3.186 15.209 760 850 1.980 3.197 1.186 527 1.671 1.327 1.290 397 201 295 2.750 2.804 190 1.766 81 74 0 0 0 1 2 0 1 0 0 336 266 258 63 118 1.217 62 164 667 627 572 837 66 222 2.265 170 901 2.926 594 2.186 3.750 658 1.481 1.489 324 1.126 2.430 1.400 6.720 26.127 192 4.701 5.072 1.345 3.642 14.265 647 2.301 3.787 664 1.518 1.518 381 1.139 2.469 260 2.514 939 147 1.985 321 927 739 1.953 1 1 1 0 2 2 0 1 3 460 6.678 1.747 17.019 2.640 30.738 6.707 123.120 2.876 31.561 14.369 33.110 1 17 FONTE: IBGE, Censo Agropecuário 2006 Área plantada c/forrageiras p/corte Tabela 17 - Utilização de Terras Pastagens – Estabelecimentos Agropecuários Municípios Pastagens Naturais 677 376 388 918 1.387 595 372 1.013 645 364 Área (ha) 5.033 1.933 2.235 5.841 12.892 9.626 4.356 8.000 3.267 1.429 510 1.345 1.444 309 780 260 344 413 1.121 1.885 5.067 16.190 32.878 1.283 4.900 1.963 5.635 9.492 22.175 30.836 Und Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Egito Serra Talhada Solidão Tabira Triunfo Tuparetama Mirandiba São José do Belmonte Sertânia FONTE: IBGE, Censo Agropecuário 2006 Pastagens e Plantas Degradadas 105 15 16 24 79 67 65 30 85 23 Área (ha) 408 15 52 170 1.319 651 458 220 236 51 65 49 327 24 72 115 57 32 173 194 182 466 2.037 53 623 578 544 247 2.751 1.734 Und Pastagens e Plantas em Boas Condições 303 71 240 338 597 382 245 223 276 408 Área (ha) 1.892 166 1.114 1.358 3.690 3.689 2.311 3.580 1.234 1.353 161 252 1.226 309 141 258 180 100 541 414 508 1.553 12.780 880 1.075 758 2.073 1.102 7.364 3.631 Und Matas e / ou Matas e /ou Florestas Florestas – Naturais a Naturais (Exclusive preservação Área de preservação Permanente ou permanente e as Reserva Legal s/sist. Agroflorestais) Área Área Und Und (ha) (ha) 97 1.259 396 3.971 371 249 0 3.354 15 182 335 3.469 27 219 250 1.903 157 3.252 586 6.999 245 5.850 484 20.612 36 894 123 3.124 248 2.524 385 3.918 130 931 287 2.765 30 80 86 265 42 104 380 72 222 81 32 64 186 416 697 2.578 7.781 765 2.754 704 2.257 3.289 3.534 7.939 227 575 1.606 392 184 177 196 275 813 914 2.792 8.734 53.862 3.328 2.607 1.599 3.901 10.610 18.587 38.599 Florestas plantadas com essências florestais Und 1 0 2 0 123 3 71 11 2 2 2 6 69 1 1 1 4 1 7 8 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 2.1.3.2. Renda, Pobreza e Desigualdade A renda per capita no Território teve um aumento expressivo entre as décadas de 90 e 2000 entre todos os municípios, no entanto a desigualdade na renda da população dos municípios do Território apresentou melhoras e pioras entre os municípios. Considerando que os dados são de 2000 e neste ano o salário mínimo era de R$151,00 (cento e cinquenta e um real), a renda per capita era inferior a um salário mínimo em todos os municípios do Território, como pode se verificar na Tabela 18. Tabela 18 - Renda Per Capita Município Renda Per Capita (1) Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Mirandiba Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Belmonte São José do Egito Serra Talhada Sertânia Solidão Tabira Triunfo Tuparetama Total Território (Médias) Fonte: Renda Média do Chefe de Família (2) 140,66 62,14 67,29 65,82 69,72 83,1 97,02 88,69 66,53 55,97 80,57 Renda de Rendimentos do Trabalho (1) 56,66 36,02 44,8 39,18 45,74 54,73 52,34 48,3 57,83 29,78 58,89 297,64 190,14 195,95 188,38 195,06 206,54 215,53 257,12 180,29 185,81 208,88 Renda de Transferências Governamentais (1) 23,44 27,56 27,19 23,67 30,86 24,94 24,43 27,48 28,14 26,09 25,41 75,51 82,27 97,28 126,98 101 55,21 82,95 113,13 109,04 86,04 47,86 60,87 50,6 61,16 47,96 40,18 50,78 50,98 48,09 49,14 196,66 226,5 280,17 328,88 300,31 176,24 249,11 300,5 312,03 234,58 23,83 24,99 27,03 22,59 29,74 27,3 25,14 28,07 29,54 26,37 (1) ADHB- Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. (2) IBGE - Censo Demográfico (2000) in www.sit.mda.gov.br A Tabela 19 traz o Índice de Gini, que expressa a desigualdade de renda no Território, em 2000 no Brasil, era de 0,65. No Território, a média era de 0,60 (2000), passando para 0,39 (2003). Nos municípios, em 2003, de acordo com os dados do IBGE, foi maior em Serra Talhada (0,45) e menor em Iguaraci (0,35). 80 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Tabela 19 – Índice de Gini no Território e Municípios – 2000 e 2003 Território e Municípios Anos 2000 0,60 Território (média) Afogados da Ingazeira 0,66 Brejinho 0,61 Calumbi 0,60 Carnaíba 0,60 Flores 0,54 Iguaraci 0,60 Ingazeira 0,58 Itapetim 0,60 Mirandiba 0,55 Quixaba 0,68 Santa Cruz da Baixa Verde 0,53 Santa Terezinha 0,55 São José do Belmonte 0,58 São José do Egito 0,59 Serra Talhada 0,59 Sertânia 0,62 Solidão 0,90 Tabira 0,60 Triunfo 0,60 Tuparetama 0,62 2003 0,39 0,41 0,38 0,40 0,40 0,38 0,35 0,39 0,39 0,39 0,38 0,40 0,37 0,40 0,40 0,45 0,43 0,36 0,39 0,37 0,38 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000 e http://www.ibge.gov.br/cidadesat. O Índice Gini no Território cresceu no período de 1991-2000, a exceção dos municípios de São José do Egito, Serra Talhada e Tabira onde o este índice diminuiu e a renda per capita aumentou evidenciando um processo de distribuição de renda na população. O maior crescimento da desigualdade no período de 1991-2000 registra-se nos municípios de Quixaba (0,55 e 0,68) e Afogados da Ingazeira (0,59 e 0,66). Rendimento mensal de chefes de domicílios A taxa de chefes de domicílios ganhando até um salário mínimo na Região de Desenvolvimento do Sertão do Pajeú (68,9%) é a segunda maior entre as RD’s e bem superior à de Pernambuco (51,7%). Todos os municípios da RD detêm taxas superiores a 60%. Brejinho (82,0%), Calumbi (80,6%), Quixaba (79,5%) e Flores (78,4%) encontram-se entre os 30 municípios com as piores taxas do Estado. 81 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Pobreza e Indigência De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2000), a Intensidade de Pobreza no País, indicador que mede a proporção de indivíduos com renda familiar per capta inferior a 50% do salário mínimo, era de 49,18% (1991) e de 49,68% (2000). No estado de Pernambuco em 1991 era 52,66 e em 2000 de 52,32. A intensidade de indigência no Brasil, o indicador que mede a proporção de indivíduos com renda familiar per capta inferior a ¼ de salário mínimo, era de 42,04 (1991) e 53,87 (2000). O número de indigentes no País cresceu na última década. Em 2000, o município que apresentava a menor intensidade de indigência era São José do Belmonte 43,43% e o município com maior intensidade era Quixaba com 73,66%, seguido de Brejinho com 70,66%. O Mapa 10 traz o índice de indigência em cada município. Mesmo os municípios com os melhores valores, a média de intensidade de indigentes no Território ainda é preocupante (57,34%), ou seja, um pouco mais da metade da população. Mapa 10 - Indigência no Território, 2000 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000. 82 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Renda proveniente de transferências governamentais As rendas provenientes de transferências governamentais se ampliaram no Território passando do atendimento de 38.339 (trinta e oito mil trezentas e trinta e nove) famílias beneficiadas em 2004 para 57.976 (cinquenta e sete mil novecentas e setenta e seis) em 2008, com evolução do montante de recursos de R$ 25.044.971(vinte e cinco milhões quarenta e quatro mil e novecentos e setenta e um reais) para R$ 60.444.603 (sessenta milhões quatrocentos e quarenta e quatro mil seiscentos e três reais) em 2008, com valor médio por família de R$ 1.050,00 (um mil e cinquenta reais) ao ano. A Tabela 20 mostra que houve um significativo aumento no número de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, bem como no repasse médio por família. Tabela 20 – Evolução da Bolsa Família no Território do Sertão do Pajeú PE Municípios Bolsa Família Afogados da Ingazeira Brejinho Calumbi Carnaíba Flores Iguaraci Ingazeira Itapetim Mirandiba Quixaba Santa Cruz da Baixa Verde Santa Terezinha São José do Belmonte São José do Egito Serra Talhada Sertânia Solidão Tabira Triunfo Tuparetama N.º de famílias beneficiadas 2004 2008 2.835 4.550 708 1.249 676 1.174 2.043 2.988 1.632 3.812 1.470 1.906 502 640 1.844 2.486 1.327 2.232 955 1.206 1.216 1.798 1.177 3.493 2.597 6.480 3.977 278 2.781 1.313 1.035 1.429 4.626 4.962 9.623 4.978 1.005 3.974 2.071 1.267 Repasse médio Repasse total (R$) por família 2004 2008 2004 2008 460,3 1.044,30 1.304.942 4.751.580 777,58 1.061,64 550.527 1.325.990 741,07 1.039,57 500.965 1.220.454 883,82 1.065,90 1.805.647 3.184.900 558,8 1.015,49 911.965 3.871.054 600,91 1.067,02 883.344 2.033.736 536,85 997,81 269.498 638.598 511,43 1.078,73 943.083 2.681.718 827,07 1.090,43 1.097.523 2.433.834 635,99 1.077,14 607.373 1.299.030 799,34 1.072,45 971.998 1.928.266 786,79 707,11 461,03 760,59 643,73 611,53 451,02 811,03 605,7 1.051,70 1.065,65 1.005,04 1.023,29 1.015,61 1.137,39 1.047,03 1.044,81 1.014,42 926.056 2.469.933 1.197.298 4.928.619 2.560.127 170.005 1.254.288 1.064.888 626.902 1.502.875 4.929.682 4.986.996 9.847.133 5.055.729 1.143.078 4.160.879 2.163.804 1.285.267 Fonte: SIT/MDA, 2010. 83 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú No cenário de pobreza encontrado e considerando que esta transferência está condicionada a participação de programas de educação básica e saúde pode-se considerar um avanço significativo na superação dos imensos desafios encontrados pela população do Pajeú, com destaque para redução das desigualdades sociais. 2.1.3.4. Agricultura e Pecuária Historicamente, o Pajeú já vivenciou ondas ou ciclos de culturas integradas em cadeias produtivas, hoje em decadência ou extintas: a mandioca, o tomate e a pinha até os anos 90, são alguns exemplos. Problemas ligados a insustentabilidade dos modelos de produção provocaram a decadência destes ciclos econômicos produtivos através da incidência de doenças e pragas nas culturas beneficiadas, assim como problemas de inserção dos produtos agrícolas nos mercados. Tradicionalmente, o milho e o feijão fazem parte do elenco de culturas da pequena produção familiar dentro ou fora das áreas de assentamento. Mas o que vem propiciando uma base de sustentação para os pequenos produtores rurais é a diversificação produtiva, através da pecuária de pequeno porte, especialmente, caprina e ovina e fruticultura. 84 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Avicultura A avicultura se destaca na produção e venda de ovos no Estado com 26.493 estabelecimentos no Território que contam com 4.291.809 cabeças, mais da metade em São José do Egito, segundo o Censo Agropecuário de 2006. A venda de ovos foi de R$ 95.523,00 (noventa e cinco mil quinhentos e vinte e três reais), despontando São José do Egito, com 96,52% deste volume, seguido por Serra Talhada com 2% do volume total das vendas. Caprino e Ovinocultura A caprinocultura é uma atividade tradicional no Pajeú, é praticada em todos os municípios e conta com 160.127 (cento e sessenta mil cento e vinte e sete) cabeças. Os municípios que se destacam são Sertânia (35,45%), Serra Talhada (22,49%), Mirandiba (10,82%) e Iguaraci (7,7%). Esta atividade vem ganhando importância ao longo dos últimos anos, porém o arranjo produtivo local ainda é incipiente, exigindo um esforço dos atores desta área do conhecimento para em diálogo com os produtores desenharem sistemas de maior rendimento econômico bem como que convivam com o meio ambiente de uma forma positiva. O freqüente sobrepastejo tem contribuído para a degradação da caatinga e exposição do solo à erosão. A ovinocultura tem crescido muitas vezes consorciada com a caprinocultura, e conta atualmente com R$ 143.450,00 (cento e quarenta e três mil quatrocentos e cinquenta) cabeças. Os municípios que se destacam são Serra Talhada (24,85%) Sertânia (19,31%), São José do Egito (8,9%), Iguaraci (8,8%) e São José do Belmonte (8,1%). Bovinocultura A bovinocultura conta com 211.188 (duzentas e dezoito mil cento e oitenta e oito) cabeças de gado no Território, 58,23% concentradas em cinco municípios: Serra Talhada (16,95%), Sertânia (9,75%); São José do Belmonte (8,96%); São José do Egito (8,69%); Flores (7%) e Iguaraci (6,7%). Foram produzidos 27.228.000 (vinte e sete milhões duzentos e vinte e oito mil) litros de leite, segundo o Censo Agropecuário de 2006, dos quais apenas R$ 1.098.000,00 (um milhão e noventa e oito mil) litros foram beneficiados. Porém foram comercializados 19.096.000 (dezenove milhões e noventa e seis mil) litros de leite cru, 85 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú movimentando um valor de R$ 10.849.000,00 (dez milhões oitocentos e quarenta e nove mil reais). Os três municípios que se destacaram na venda do leite foram Serra Talhada, seguida por São José do Egito e Itapetim. Lavouras Permanentes e Temporárias As culturas da banana e da goiaba têm forte expressão no Território como pode se observar na Tabela 21. Triunfo seguido por Mirandiba são os maiores produtores de banana. Novamente Triunfo, seguido por Flores são os maiores produtores de goiaba. 86 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Tabela 21 – Principais Lavouras Permanentes do Território do Sertão do Pajeú Cultura Produção Valor da Produção (R$ 1.000,00) Área plantada (ha) Banana 5.419 2.158 414 Toneladas Goiaba 9.676 1.794 495 Toneladas Castanha caju 1.789 1.560 2.371 Toneladas Coco 1.597 mil frutos 6661 151 Manga 1.154 497 235 Toneladas Fonte: Censo Agropecuário 2009. Nas lavouras temporárias, segundo dados do Censo Agropecuário de 2009, as que se destacaram foram o feijão, com valor de produção de R$ 25.153,00 (vinte e cinco mil cento e cinquenta e três reais) e 92.557 (noventa e dois quinhentos e cinquenta e sete) ha plantados, seguido pelo milho com R$ 22.991,00 (vinte e dois mil novecentos e noventa e um reais) e 86.350 (oitenta e seis mil trezentos e cinquenta) ha plantados. Na sequência vem tomate, mandioca e cana de açúcar respectivamente. Em 2006, segundo o Censo Agropecuário de 2006 o milho alcançou a melhor produção e valor de mercado, seguido pelo feijão fradinho, feijão de corda, cana e mandioca, conforme apresentado na Tabela 22. Tabela 22 – Principais Lavouras Temporárias do Território do Sertão do Pajeú Cultura Produção (T) Valor da Produção (R$ 1.000,00) Área plantada (ha) Feijão Milho Tomate Mandioca Cana 20.220 58.047 12.820 15.328 40.871 25.153 22.991 6.066 3.281 1.915 92.557 86.350 291 2.055 1.030 Fonte: Censo Agropecuário 2009. Embora venha se investindo na divulgação do sorgo como cultura mais apropriada para o Semiárido ela não é significativa ainda nas estatísticas. 2.1.3.5. Crédito O Crédito tem sido uma demanda histórica dos movimentos dos trabalhadores. No atual governo cresceu a oferta de crédito para a agricultura familiar através da ampliação do acesso ao PRONAF, porém persiste o desafio do crédito potencializar o desenvolvimento econômico no Pajeú. 87 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Com mais da metade da população economicamente ativa ganhando menos que um salário mínimo e o sistema financeiro exigindo garantias reais como na concessão das demais linhas de crédito, este ainda não tem chegado adequadamente aos agricultores familiares do Pajeú. Linhas mais recentes como PRONAF Jovem e Mulher, Agroecologia, Convivência com o Semiárido, Eco e Floresta praticamente ainda não são acessadas e o modelo que ainda rege a concessão do crédito para os agentes locais de crédito ainda é o da modernização da agricultura, a despeito da sua inviabilidade econômica a médio e longo prazo e os ônus sociais e ambientais que acarreta. Um dos problemas–chave que afetam o PRONAF é a submissão de propostas padronizadas que não levem em conta as necessidades e nem a capacidade dos tomadores. Essa prática é gerada pelo fato de que o Banco do Nordeste do Brasil BNB paga 5% do valor aprovado para o empréstimo aos consultores que preparam a proposta de investimento, independente do desempenho do empréstimo em si. Isso repercute em uma proporção maior de inadimplência. Em estudo publicado em agosto de 2006 com os assentados do Pajeú, articulados na Comissão Territorial dos Assentados do Sertão do Pajeú, o debate sobre o crédito revelou que há uma grande burocracia na liberação dos créditos, e esta impede que os recursos cheguem às mãos dos assentados no período correto da safra. Destaca a pouca autonomia para decidir detalhes da aplicação, e consideram que como os projetos elaborados para crédito são feitos de forma individual e não pelas Associações, reforça a cultura do individualismo nos assentamentos. Para os demais agricultores familiares a situação ainda é mais crítica, pois a grande maioria das comunidades não é provida pelos serviços de ATER e muitas sequer participam deste debate, com exceção das áreas atendidas pelo PDHC e por eventuais contratos de assessoria técnica estabelecidos pelas ONGs e instituições locais via editais da Secretaria de Agricultura familiar/MDA. Esta herança e a situação ainda atual da baixa cobertura das comunidades rurais pelos serviços de ATER continuada e qualificada desperta a desconfiança quanto ao acesso e aplicabilidade do crédito tanto para agricultores quanto para algumas ONGs do Território que lhes assessoram. Uma alternativa para se relacionar com aplicação de recurso nos sistemas produtivos se deu através do Projeto Dom Helder Câmara que atende a 1.949 (mil novecentos e quarenta e nove) famílias distribuídas em 38 (trinta e oito) comunidades e 88 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 36 (trinta e seis) assentamentos em 18 (dezoito) municípios do Sertão do Pajeú. Um dos seus principais instrumentos de fortalecimento da agricultura familiar consiste no provimento de assessoria técnica continuada, executada em parceria com entidades da sociedade civil. Fazem parte do desenho da assessoria técnica, pequenos projetos produtivos acessados pelas associações dos assentados e comunidades. Desde 2002 foi aplicado no Território R$ 1.489.897,00 (um milhão quatrocentos e oitenta e nove mil oitocentos e noventa e sete reais) em Projetos Sociais e Produtivos e R$ 710.916,12 (setecentos e dez mil novecentos e dezesseis reais e doze centavos) em unidades demonstrativas. Muitas vezes estes pequenos projetos são precursores do acesso ao crédito PRONAF pelas comunidades e geram de todo modo exemplos que contribuem para qualificar o debate do crédito e assistência técnica em apoio ao desenvolvimento do Território. Estudo recente, de novembro de 2010, destaca que na área atendida pelo PDHC o montante de empréstimos do BNB é o dobro em comparação aos empréstimos concedidos a clientes sem assessoria do PDHC. Cabe apontar, no entanto, que mesmo considerando o apoio a organização dos agricultores familiares, articulações junto ao sistema financeiro e ATER continuada, no âmbito atendido pelo PDHC de 15.000 (quinze mil) famílias na Região Nordeste, de 2002 a outubro de 2009, o BNB desembolsou R$ 43.000.000,00 (quarenta e três milhões de reais), em 9.780 (nove mil setecentas e oitenta) operações de crédito PRONAF apoiadas pelo PDHC, número inferior a meta de 17.000 (dezessete mil) operações e US$ 40 milhões (quarenta milhões de dólares) estimados inicialmente. A causa principal foi a inadimplência entre os beneficiários do PDHC, especialmente os assentados da reforma agrária que participaram no programa de acesso a terra Crédito Fundiário e aqueles que acessaram os empréstimos do PRONAF antes de 2002. Organizações de crédito da agricultura familiar consistem em alternativas que tornam mais acessíveis a viabilização do crédito, a exemplo da ECOSOL. A ECOSOL tinha em abril/maio de 2010 um capital de R$ 165.477,00 (cento e sessenta e cinco mil quatrocentos e setenta e sete reais), contas de poupança de R$ 103.081.000,00 (cento e três mil e oitenta e um reais) e um portfólio de empréstimos baseados em fundos próprios de R$ 345.000,00 (trezentos e quarenta e cinco mil reais), com taxas de juros mais próximas às do mercado que os empréstimos do PRONAF e com atrasos (final-2009) de menos que 5%, com apenas 2% do contrato requerendo renegociação. ECOSOL também gerencia um portfólio PRONAF-B 89 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú (microfinanças) de R$ 123.600,00 (cento e vinte e três mil e seiscentos reais), com atrasos de cerca de 30% e absorção de perda pelo Estado. Com base na sua abordagem voltada para gênero, qualifica-se para a canalização de empréstimos de PRONAF- Mulher para suas clientes. No entanto diante do conjunto de agricultores familiares do Território do Pajeú verifica-se que o acesso ao crédito ainda é muito baixo. 2.1.4. Dimensão Político-Institucional 2.1.4.1. Organizações O Sertão do Pajeú tem um bom nível de organização social. O movimento sindical consegue mobilizar e ter uma intervenção que vem fortalecendo o segmento dos agricultores familiares, e se insere de maneira participativa nas dinâmicas de construção do desenvolvimento territorial. O Pajeú também é uma referência pela existência de um grande número de ONGs no Território e cooperativas de assistência técnica, de crédito, e de agricultores. É exemplo a ECOSOL; Casa da Mulher do Nordeste; Associação dos Apicultores; DIACONIA; COOPAGEL; Centro Sabiá; CECOR; ADESSU; oito Associações de Apicultores. Os movimentos sociais são atuantes como o Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais – MMTR, a FETAPE; ADS – CUT e CPT, mais recentemente a FETRAF. Todas estas organizações contribuem para pautar o debate sobre desenvolvimento e inclusão social a partir de suas diversas contribuições e experiências concretas e qualificam o processo do desenvolvimento territorial. Por outro lado este conjunto variado e atuante exige um processo de articulação e concertação e não apenas entre elas, mas também com os representantes dos poderes e instituições públicas federais, estaduais e municipais e este é um desafio permanente para o Colegiado do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú. O Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC) é um programa piloto governamental que atua no Território desde 2002 gerando referenciais para políticas públicas, desenvolvendo ações de fortalecimento à reforma agrária e à agricultura familiar, buscando a qualidade de vida e inserção competitiva, não-subordinada e o empoderamento de atores e atrizes no desenvolvimento local e nas políticas públicas. 90 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Através do Comitê territorial, do qual participam a sociedade civil com 50% de representantes das famílias beneficiárias, 25% de organizações da sociedade civil e 25% de representações governamentais que atuam no Território, o PDHC tem contribuindo muito para exercício do protagonismo pelas famílias agricultoras e seus representantes bem como fortalecer a articulação dos atores e atrizes do Território e o sentimento de pertencimento e a coesão social. A Comissão Territorial dos Assentados do Sertão do Pajeú contribui para a integração e articulação dos pequenos agricultores assentados e constitui um fórum aguerrido e questionador. No município de Afogados da Ingazeira existe uma experiência interessante de controle social de políticas públicas, trata-se do CONDRUR – Conselho de Desenvolvimento Rural e Urbano. É um conselho multi-setorial que atua no sentido da integração das políticas públicas do município. Há também Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável bastante atuante, que através do Colegiado, tem se disposto a colaborar com outros municípios na dinamização destes fóruns municipais. As prefeituras do Território, a partir das últimas eleições municipais passaram a ter também um maior envolvimento e participação nas dinâmicas de desenvolvimento territorial. O Governo do Estado, através do Projeto Renascer, e a Secretaria Estadual de Produção Rural e Reforma Agrária tem apoiado o desenvolvimento territorial, embora nem sempre tenha acompanhado as reuniões do Colegiado. Cabe considerar que a agenda do conjunto de organizações do Território é densa o que, muitas vezes, diante de eventuais imprevistos ou eventos de grande importância estratégica e política pautados pelo governo estadual ou federal, torna extremamente desafiador a recomposição e divulgação de uma nova agenda comum, prejudicando a participação de algumas instâncias, em especial as que não tem um posto no Território. A despeito do perfil até então desenhado ele coexiste com culturas políticas corporativistas ou municipalistas, uma forte tradição assistencialista por parte das igrejas e também políticos. Há avanços nas organizações populares locais, porém muitas ainda são frágeis. A ação de ONGs, ainda que referenciais e projetos piloto atendam sempre uma parcela diminuta da população e há um grande número de comunidades e 91 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú assentamentos de baixo grau de organização que permanecem com acesso precário a diversas políticas públicas. A participação das organizações públicas na formulação do desenvolvimento territorial ainda é minoritária diante da representação da sociedade civil organizada. No entanto isto é percebido como uma debilidade pelo Colegiado e estão investindo esforços para mobilização dos poderes públicos, em especial as prefeituras municipais, inicialmente através dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável, mas também procurando fortalecer a participação direta das Secretarias Municipais. Outros atores do Território precisam ser mobilizados para participar do colegiado, ainda hoje se faz pouco presente os setores ligados a educação e saúde e aos serviços urbanos. Estes são entendidos como serviços localizados nas sedes dos municípios, porém ofertados a todos, inclusive às populações rurais e o desenvolvimento proposto pelo Colegiado não exclui a melhoria do espaço urbano e de sua oferta de serviços à população. Quadro 9 - Síntese da Atuação das Organizações no Território Organizações Não Governamentais Áreas de atuação Organização Atores envolvidos Agricultores (as) familiares, associações e empreendimentos auto-gestionários, Ecosol Crédito ADS/CUT, STR´s, PDHC, COOPAGEL, DIACONIA, Associações Rurais ONG’s, PDHC, STR’s, Comissões de Casa da Mulher do mulheres agricultoras, associações rurais, Nordeste cooperativas Movimento das Gênero e Produção MMTR-NE, FETAPE, STR’s, ONG’s, Órgãos Mulheres públicos, PDHC Trabalhadoras Rurais Agricultores (as) familiares, CECOR, STR de Oito Associações de Afogados da Ingazeira, AAPAI, DED, Apicultores na Produção e Renda Coopagel, COMDRUR, Casa da Mulher do Agricultura Familiar Nordeste, Diaconia, ECOSOL Pajeú, ADS/PE Desenvolvimento Sustentável Agricultores (as), Associações, STR’s, ONG’s, SABIÁ E ADESSU Agricultura ASA, COMDESTRI. Agroflorestal Desenvolvimento Sustentável STR’s, Prefeituras, ONG’s, Organizações dos COOPAGEL Agricultura Familiar agricultores, SEBRAE. Reforma Agrária Comissão Pastoral da Terra-CPT Remanescentes de quilombo e famílias semterra, famílias assentadas. 92 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Áreas de atuação Desenvolvimento Sustentável Reforma Agrária e fortalecimento da Agricultura Familiar Organizações Governamentais Organização Atores envolvidos Projeto Dom Hélder Câmara - PDHC ECOSOL, Grupo Mulher Maravilha, Coopagel, Diaconia, SABIÁ, CECOR, FETAPE, STR’s, Casa da Mulher do Nordeste 2.2. DIAGNÓSTICO EXTERNO 2.2.1. Economia A taxa média de crescimento do PIB brasileiro, per capita, durante o período 1985 -1992 foram de menos 0,54% e alta inflação. No começo da década 90, o Brasil iniciou um processo de liberalização do comércio e reformas estruturais, com ênfase na reforma administrativa, alívio da miséria, a reestruturação da segurança social, privatização de companhias estaduais e de utilidades, e reformas tributárias. Após a eleição de Luiz Inácio da Silva, o Lula, como presidente do Brasil, no final de 2002, os objetivos de crescimento e estabilidade econômicos foram combinados com a expansão dos programas nacionais de desenvolvimento social e redução da pobreza. Lula priorizou o desenvolvimento rural, em termos da provisão de infra-estrutura, serviços sociais e melhoria de emprego e de renda, especialmente na agricultura familiar. De maneira geral, durante a década de 1998 a 2008, o crescimento econômico anual do Brasil foi em média de 3,3%, e o PIB, per capita, cresceu em média 2% ao ano. Durante esse período, a produção agrícola cresceu em 4,4% e as exportações em 9,1%. Na medida em que a renda da população carente cresceu em 8% ao ano, entre 2000 e 2007, os indicadores sociais melhoraram rapidamente do que em outros países com níveis de renda semelhantes. Brasil, agora, está perto de alcançar a educação básica universal. Além de uma expansão maciça nas matrículas escolares (de 80% em 1980 para mais de 98% em 2008), a mortalidade infantil caiu de 49 para menos de 20, por 1.000 nascimentos vivos, entre 1990 e 2008. Os programas de transferência de renda contribuíram decisivamente para a diminuição da desigualdade no país. O número de famílias que participaram no programa Bolsa Família em junho de 2010 foi mais de 12 milhões. Dados disponíveis da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2006 mostram que 41% dos domicílios rurais no Brasil estão 93 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú cadastrados nos Programas Sociais da Transferência de Renda, que inclui Bolsa Família, o Benefício de Assistência Continuada e o Programa de Erradicação Trabalho Infantil. Paralelo aos programas de transferência de renda houve o aumento real do salário mínimo, saindo de R$ 151,00 (cento e cinquenta e um reais) em 2000 para R$ 510,00 (quinhentos e dez reais) em 2010. A Agricultura é uma componente chave da economia brasileira. A produção agrícola foi responsável por 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2008. A cadeia de abastecimento associada (produção agrícola, beneficiamento e distribuição) atende 28% do PIB do Brasil, quase 27% do total das exportações e emprega 18 milhões de pessoas, equivalente a 37% da mão de obra. Durante a última década, Brasil tem consolidado sua posição como importante produtor de agroalimentos e grande fornecedor para mercados internacionais: hoje é o maior exportador mundial de açúcar, etanol, carne bovina, carne de aves, café, suco de laranja, e tabaco. Apesar da concentração na propriedade das terras, a espinha dorsal do setor agrícola no Brasil é constituída por 4,4 milhões de propriedades agrícolas familiares. Essas representam 84,4% do setor agrícola brasileiro, produzem mais de 50% das fontes brasileiras de alimentos e empregam 75% da mão de obra rural. Embora a agricultura familiar ocupe menos de um quarto de todas as terras agrícolas, essas propriedades são responsáveis por 38% das receitas nacionais do setor agrícola. As condições variam nos estabelecimentos familiares, mas há uma prevalência da agricultura familiar cuja renda é menor que o custo de oportunidade da força de trabalho, carecendo ainda de especialização e inserção no mercado. O Censo de agricultura de 2006 mostra que agricultores familiares são responsáveis por: 87% da produção total de mandioca; 70% da produção nacional de feijão; 46% de toda a produção de milho no Brasil; 38% da produção do café brasileiro; 34% da produção de arroz; 58% da produção de leite; 59% da produção de todos os porcos criados no país; 50% da produção de aves; 30% da produção de proteína animal oriunda de bovinos; 21% da produção de trigo brasileira; e 16% da produção de soja. 2.2.2. Pobreza Conforme o levantamento nacional mais recente (2002 - Levantamento Domiciliar Nacional), o índice de pobreza medido através da aplicação da linha de 94 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú pobreza extrema de um dólar/dia, foi de 8,5%. Isso aumentou para 21,2%, se considerado o padrão de dois dólares/dia. Nas áreas rurais, a taxa de miséria situa-se acima de 20%, e aumenta para 66%, se considerada a linha de pobreza superior. A maioria da população pobre se concentra no Nordeste, onde a porcentagem de pessoas pobres, vivendo na área rural, atinge 30%, e aumenta para 76%, se considerada a linha de pobreza superior. A maior parte dos carentes na área rural é constituída por lares de famílias agricultoras localizados em áreas remotas e de baixa produtividade, para os quais a agricultura familiar e o trabalho agrícola representam aproximadamente 70% da renda doméstica total. Outras estimativas mais recentes sobre a pobreza brasileira disponíveis no IPEA mostram que no Brasil, 31% dos indivíduos vivem em domicílios com uma renda per capita abaixo de metade do salário mínimo. Essa porcentagem aumenta para 52% no Nordeste. Com base nesses dados, entre 1998 e 2005, a pobreza rural caiu de 56 para 46%. Esse último valor é duas vezes mais alto que o índice global de pobreza no Brasil. 2.2.3. Desigualdade No final da década 80, o Brasil foi o segundo país mais desigual do mundo. Após esse pico, o Gini do Brasil se estabilizou em torno de 0,6 entre 1993 e 1997, e vem caindo desde então. Entre 2001 e 2005, a desigualdade caiu 1,2% por ano. Não obstante, permanece como um dos países mais desiguais do mundo: os 1% dos mais ricos (2 milhões de pessoas) detêm cerca de 13% de toda a receita domiciliar, uma porcentagem semelhante aquela dos 50% mais pobres (80 milhões de pessoas). O País continua se caracterizando pelos altos níveis de concentração de posse da terra. Nas áreas rurais, grandes proprietários e fazendeiros coexistem com milhões de agricultores familiares, e com trabalhadores rurais e sem-terra que vivem nas condições mais precárias. O índice Gini para propriedade/posse da terra subiu de 0,827 em 1960 para 0,856 tomando-se como base os dados do Censo Agropecuário 2006 2.2.4. Política de Desenvolvimento Rural A política de desenvolvimento rural no Brasil é distribuída entre distintas entidades governamentais inclusive ministérios e secretarias federais, além dos 95 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú governos estaduais e municipais. Os seguintes programas federais são diretamente focados na redução da pobreza rural: O Programa Fome Zero foi lançado em Janeiro de 2003. Originalmente pretendia enfocar as necessidades alimentares e a erradicação da fome, mais tarde evoluiu para se tornar um programa guarda-chuva para o combate da pobreza, com mais de 30 programas distintos, inclusive o grande programa de transferência condicional de dinheiro Bolsa Família. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), criado em 1996, é um programa maciço de crédito agrícola subsidiado; O Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) é um programa de governo para obtenção de alimentos de agricultura familiar via a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB); O programa de acesso a terra consiste de três enfoques: (i) desapropriação de fazendas abandonadas ou ineficientes através do programa Assentamentos Sustentáveis para Trabalhadores Rurais; (ii) empréstimos subsidiados para a aquisição de terra pelo programa de Crédito Fundiário; e (iii) apoio aos Assentamentos de Reforma Agrária através do programa Desenvolvimento Sustentável da Reforma Agrária; Iniciativas para infra-estrutura rural tais como: Saneamento Rural, Infra-estrutura Próágua, Infra-estrutura PRONAF, Conviver, Agricultura Irrigada, Pró-bacias, Proteção de Terras Indígenas; e Outras ações, tais como, o programa para a documentação de mulheres trabalhadoras agrícolas, seguro por preço agrícola, entre outras. Desenvolvimento Territorial Em 2003, o descontentamento pelas abordagens setoriais tradicionais com o desenvolvimento rural levou ao amadurecimento de uma nova abordagem territorial integradora, instituída pelo governo Lula. Essa abordagem foi proposta pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) que começou a implementação do programa de Desenvolvimento Territorial e foi endossada pelo novo Ministério de Integração Nacional, pelo Ministério de Desenvolvimento Social que iniciou o programa Fome Zero vinculado a uma abordagem territorial, e por fim pelo Programa Territórios da Cidadania, que articula os diversos Ministérios, Programas e Projetos em uma abordagem territorial. O Programa Territórios da Cidadania. Incluiu 120 Territórios 96 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú (dos quais 77 foram no Nordeste) através da sua nova Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT). Síntese Houve considerável avanço na oferta de políticas públicas a agricultura familiar, mas ainda é necessária a integração entre ATER e crédito, a universalização dos serviços de ATER para os agricultores e agricultoras familiares, a concertação entre a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico, entre a oferta de serviços de saúde de qualidade e a educação sanitária e nutricional e o provimento de infra-estrutura básica de água e saneamento. Há uma necessidade urgente de uma educação contextualizada, que não só valorize a vida no campo no Sertão do Pajeú, quanto valorize a convivência com o semiárido e não a sua domesticação O mecanismo de concertação entre as diversas institucionalidades em especial as que ficam além do Território, como as estaduais e federais, é um desafio que precisa ser compartilhada com estas instâncias e o colegiado requer do Ministério do Desenvolvimento Agrário apoio para estabelecer melhores caminhos de diálogo e cooperação. É necessário, sobretudo, fortalecer a institucionalidade territorial para favorecer o diálogo e a cooperação entre as diversas institucionalidades e criar mecanismos funcionais para a viabilização das ações e monitoramento de sua execução pela sociedade do Território. 97 | P á g i n a Capítulo 3 Visão de Futuro Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 3. Visão de Futuro “Esperamos consolidar o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar agroecológica, do comércio e da indústria local, ampliando os níveis de emprego, trabalho, geração de renda e inclusão social, por meio da efetivação dos direitos sociais e de cidadania.” Assim, nossa visão de futuro se concretiza com mudanças planejadas para serem alcançadas durante está década e nas seguintes dimensões. O Território do Pajeú vê seu futuro com o espaço rural fortalecido, apoiado por programas de educação contextualizada e convivência com o Semiárido que sejam referência no Brasil. Um lugar capaz de gerar emprego e renda a partir de atividades agrícolas e não agrícolas e dar horizontes para seus jovens que ali permanecem e criam novas ricas e produtivas formas de viver. A produção agrícola e pecuária está fortalecida, bem integrada a estratégias de beneficiamento e comercialização; o espaço rural é rico e dinâmico, recebe as pessoas através turismo rural, que valoriza o conhecimento tradicional de seu povo e sua cultura, promovendo oportunidades de geração de renda e, sobretudo, oportunidades das pessoas se encontrarem e fortalecerem vínculos de alegria e solidariedade. O espaço urbano do Território é um modelo, com centros urbanos organizados e dinâmicos, com oferta de ensino de qualidade e múltiplas opções de formação profissional; o atendimento à saúde em todos os municípios do Território é de excelente qualidade com profissionais competentes e hospitais bem equipados, um sistema de saúde que investe na prevenção de doenças e no cuidado com as famílias. O Pajeú dedica especial atenção à redução de desigualdades, à proteção integral das crianças, à criação de oportunidades de inclusão dos idosos e das pessoas portadoras de necessidades especiais, fortalecendo a cultura do cuidado e respeito mútuo. O meio ambiente do Território foi recuperado, seus solos férteis e água limpos de quaisquer resíduos, e as florestas emolduram o Rio Pajeú e seus afluentes, que voltam a ter água disponível para a população. 99 | P á g i n a Capítulo 4 Objetivos Estratégicos Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 4. Objetivos Estratégicos Os objetivos estratégicos são os globais e amplos do PTDRS, definidos no longo prazo, isto é, entre dois a cinco anos, estabelecendo desta forma graus de importância e prioridade para evitar possíveis conflitos e criar condições de sinergia entre os objetivos. O Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú tem como objetivo maior servir de instrumento de apoio ao desenvolvimento rural sustentável do Território, propiciar o desenvolvimento, fortalecimento e consolidação da agricultura familiar e de suas organizações. Visa especificamente planificar ações, definir prioridades, e fomentar a mobilização e o diálogo entre os diversos setores sociais e públicos, de modo que seja um instrumento capaz de potencializar articulações e parcerias bem como a captação de recursos para apoiar as experiências em curso e as novas que surgirem em apoio à construção da Visão de Futuro almejada. 101 | P á g i n a Capítulo 5 Valores e Princípios Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 5. Valores e Princípios Os Valores e Princípios são os pilares que servem de sustentação na orientação e balizamento para decisões e comportamentos no Território, em que Princípios referem-se ao “modo de ser” e Valores ao “modo de estar”. O Colegiado Territorial da Bacia Leiteira trouxe para o PTDRS os Princípios e Valores de forma integrada enquanto um conjunto de posturas inegociáveis, imutável e inflexível. A superação da desigualdade, a oportunidade de se manter no campo com vida digna e a valorização da identidade e modo de ser do povo do Pajeú é o que motiva o Colegiado Territorial e contribui decisivamente para a eleição de suas diretrizes para o desenvolvimento territorial. Em todas as diretrizes e eixos estratégicos devem-se priorizar as pessoas e comunidades mais vulneráveis socialmente, seja devido a pobreza ou quaisquer outras circunstâncias que as fragilizem. 103 | P á g i n a Capítulo 6 Diretrizes Principais Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 6. Diretrizes Principais Diretriz é uma linha, orientação de um caminho, procedimento, negócio, política. As Diretrizes principais são os temas fundamentas para se atingir a Visão de Futuro constituem, portanto, a trilha orientadora. Nas diretrizes formuladas há elementos transversais que aparece em mais de uma diretriz e o primeiro elemento que se destaca é a superação da desigualdade, pois esta intenção permeia o foco da primeira diretriz Fortalecimento da Economia da Agricultura Familiar, está relacionada às prioridades na promoção da segurança hídrica, expressa na segunda diretriz Convivência com o Semiárido e surge explícita na diretriz Superação da Desigualdade, onde se detém nos segmentos da população do Pajeú que requerem cuidados especiais. O segundo grande destaque é a valorização do modo de ser do Sertão do Pajeú, pois integra a valorização dos aspectos culturais de seu povo a uma educação que valorize e respeite o modo de vida das famílias agricultoras, na diretriz Promoção da Educação Contextualizada; integra ainda o meio ambiente, intencionando desenvolver e consolidar uma relação harmoniosa com a terra e os recursos naturais, que se expressa na diretriz Convivência com o Semiárido, na intenção de recuperar a bacia do rio Pajeú, símbolo de sua identidade. 6.1. FORTALECER A ECONOMIA DA AGRICULTURA FAMILIAR Fortalecer a economia da agricultura através da garantia da oferta e acesso a ATER qualificada e crédito, para todos os agricultores e agricultoras familiares do Território, para promoção e desenvolvimento de agroecossistemas produtivos e sustentáveis, adaptados ao semiárido, capazes de gerar múltiplos bens e serviços, agrícolas e não agrícolas. Apoiar os processos de organização da produção; beneficiamento e comercialização da produção; a inserção qualificada nos mercados, através do investimento na qualificação dos atores e infra-estrutura e fortalecimento das organizações dos agricultores e agricultoras familiares, associações, cooperativas e estratégias de negócios focadas no associativismo e cooperativismo. 105 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 6.2. CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO Garantir a segurança hídrica das famílias agricultoras, com água de boa qualidade para o consumo e para a produção agropecuária, através do investimento em estruturas para captação e armazenamento de água destinada às famílias agricultoras, como cisternas, barragens subterrâneas e poços e promoção do saneamento básico urbano e rural. Contribuir para a recuperação da capacidade de infiltração de água nos solos e sua fertilidade através da recuperação de áreas degradadas, controle da erosão e assoreamento dos rios, reflorestamento de nascentes e matas ciliares e desenvolvimento de formas sustentáveis de produção tendo em vista alicerçar o desenvolvimento territorial sustentável a médio e longo prazo, através da qualificação da ATER, e, desenvolvimento e fortalecimento de iniciativas piloto de recuperação e uso sustentável dos recursos naturais. 6.3. PROMOVER A EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA, EDUCAÇÃO NO CAMPO E PARA O CAMPO Promover um processo de transformação da educação básica universalizada desenvolvida junto ás populações rurais, de modo a garantir que ela se fundamente nas práticas sociais constitutivas dessas populações, seus sentimentos, valores, modo de ser e produzir, formas de compartilhar a vida e, que leve em consideração as especificidades de cada comunidade e município. Que este processo seja desenvolvido mobilizando e envolvendo os diversos atores num processo de gestão participativa compromissada com a melhoria de qualidade de vida e a valorização do modo de ser do Sertão do Pajeú. 6.4. SUPERAÇÃO DA DESIGUALDADE Consolidar uma proposta de desenvolvimento territorial que inclua e valorize as mulheres, jovens, negros, idosos, quilombolas, crianças e todas as pessoas vulneráveis socialmente devido à pobreza através do desenvolvimento de políticas afirmativas, criando e fortalecendo espaços de formação, de lazer, de garantia de sua segurança e saúde, fortalecer a inserção destas pessoas no mercado e principalmente criar e fortalecer mecanismos de diálogo e construção 106 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú participativa que contribua para o protagonismo destes segmentos da população do Território do Sertão do Pajeú. 107 | P á g i n a Capítulo 7 Eixos de Desenvolvimento Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 7. Eixos de Desenvolvimento Os Eixos Estratégicos definidos representam caminhos para a construção do futuro desejado e refletem como os atores presentes no colegiado visualizam o desenvolvimento do Território do Pajeú. Cabe considerar que há correlação direta entre os Eixos Estratégicos desenhados e as Diretrizes desenhadas para implementar a Visão de Futuro e que, ainda que a Visão de Futuro tenha sido re-elaborada em 2010, os Eixos Estratégicos refletem intenções claras e coesas, que permanecem com pouquíssimas alterações quanto a seu conteúdo em relação aos Eixos Estratégicos elaborados na primeira versão do PTDRS do Pajeú, em 2006. Por outro lado há interfaces entre os eixos, elementos transversais, que reafirmados em diferentes eixos expressam a importância destes elementos nos diversos focos estratégicos, destacando-se a geração de renda e acesso ao crédito por diferentes segmentos da população, organização e articulação dos atores envolvidos bem como o provimento e aperfeiçoamento da infra-estrutura necessária para o adequado alcance dos objetivos formulados no eixo estratégico. O Quadro 10 apresenta os Eixos Estratégicos a partir de cada Diretriz Estratégica definida pelo Colegiado Territorial. Quadro 10 – Eixos Estratégicos Diretrizes Eixos estratégicos 1. Caprinovinocultura 2. Apicultura Fortalecer a economia da 3. Cajucultura agricultura familiar 4. Serviços financeiros e crédito 5. Organização econômica e associativa 6. Assessoria técnica e extensão rural para o desenvolvimento sustentável Promover a convivência com o 7. Segurança hídrica semiárido 8. Recuperação e conservação dos recursos naturais Promover a educação 9. Educação para o campo contextualizada Superação da desigualdade 10. Políticas afirmativas de gênero, geração e etnias Do Quadro 11 ao 20 estão os Eixos associados aos seus Propósitos, Parceiros potenciais e Estratégias. 109 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 11 – Eixo 1: Caprino / Ovinocultura PROPÓSITO DESENVOLVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DA CAPRINO / OVINOCULTURA, COM OS (AS) AGRICULTORES FAMILIARE OBJETIVANDO DESENVOLVER AGROECOSSISTEMAS SUSTENTÀVEIS E MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA E A RENDA NA AGRICULTURA FAMILIAR PARCEIROS POTENCIAIS PDHC, STRs, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, SENAR, FEDERAIS SENAC SEBRAE. SARA – Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária, IPA, ESTADUAIS PRORURAL Prefeituras, Conselhos Municipais, Associações, Igrejas; MUNICIPAIS Secretarias OUTROS COOPAGEL; FETAPE, Conviver no Sertão (ONG); ADS / CUT; PARCEIROS CECOR; ASSOCENE ESTRATÉGIAS Atualizar as informações existentes; Atualizar levantamento dos rebanhos existentes; Realizar diagnóstico dos sistemas de criação por município; Atualização do mapeamento das estruturas existentes no município; Sensibilizar os trabalhadores (as) sobre os potenciais sociais e econômicos na cadeia produtiva; Organizar grupos produtivos com interesse de atuar na cadeia produtiva da caprino / ovinocultura ; Estruturar as unidades familiares para desenvolvimento da caprino/ovinocultura; Promover uma integração dos segmentos que trabalham na cadeia produtiva para discutir atividades e amadurecer estratégias; Elaborar planos estratégicos e de negócios dos grupos produtivos; Discutir estratégias de comercialização e marketing, dos produtos da caprino/ovinocultura; Organizar os trabalhadores (as) da caprino/ovinocultura em entidades cooperativas /associativas Desenvolver arranjos produtivos territoriais na caprino/ovinocultura; Capacitar (voltada para a prática) em manejo produtivo e reprodutivo e alimentação animal; Realizar intercâmbios; Buscar integração com outros Territórios em Pernambuco. Desenvolver experiências de manejo sustentável da caatinga; 110 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 12 – Eixo 2: Apicultura PROPÓSITO CONSOLIDAR A CADEIA PRODUTIVA APÍCOLA NO PAJEÚ ATRAVÉS DO FORTALECIMENTO DA APICULTURA NA REGIÃO DO PAJEÚ COM PRESERVAÇÃO DO MEIO-AMBIENTE E AUMENTO DA RENDA DAS FAMÍLIAS ENVOLVIDAS PARCEIROS POTENCIAIS CODEVASF, Ministério do Desenvolvimento Agrário – SDT, FEDERAIS Projeto Dom Helder Câmara, Banco do Nordeste, Banco do Brasil ESTADUAIS PRORURAL, IPA MUNICIPAIS STR’s, CMDRS, Prefeituras Municipais AASC, CECOR, AAPAI, FETAPE, COOPAGEL, Visão Mundial, OUTROS DED, ECOSOL Pajeú, Grupo de Apicultura de São José, PARCEIROS DIACONIA, SABIÁ, CMNE ESTRATÉGIAS Atualizar Estudo do Potencial Apícola do Território; Atualizar levantamento /cadastramento das pessoas interessadas na apicultura; Atualizar levantamento dos produtores existentes nos município do Território; Atualizar diagnóstico por município /comunidade; Formação de novos grupos de interesses; Capacitação dos interessados; Formação de uma entidade apícola na região; Ampliar os recursos para estruturação da cadeia, com construções de Casa do Mel, Entrepostos de mel (entre outros); Estabelecer sintonia e integração do trabalho das parcerias; Apoio aos grupos de interesses e consolidação das que já iniciaram em apicultura; Fazer o diagnóstico/levantamento e entidades que atuam no município na assistência técnica a apicultura; Articular instituições e organizações referenciais de modo a garantir a promoção de ATER especializada para toda cadeia produtiva. Desenvolver arranjos produtivos dentro da cadeia (organizar a cadeia). 111 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 13 – Eixo 3: Cajucultura PROPÓSITO DESENVOLVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DA CAJUCULTURA COM OS (AS) AGRICULTORES FAMILIARE OBJETIVANDO DESENVOLVER AGROECOSSISTEMAS SUSTENTÀVEIS E MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA E A RENDA NA AGRICULTURA FAMILIAR PARCEIROS POTENCIAIS Ministério do Desenvolvimento Agrário, SDT, Projeto Dom Helder FEDERAIS Câmara, CODEVASF, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, SENAR, SENAC, SEBRAE. ESTADUAIS IPA, PRORURAL MUNICIPAIS Prefeituras Municipais, CMDRS, Associações, Igrejas. COOPAGEL; FETAPE, Conviver no Sertão (ONG); ADS / CUT; OUTROS CECOR; AASC, AAPAI, FETAPE, Visão Mundial, ECOSOL Pajeú, PARCEIROS DIACONIA, SABIÁ, CMNE. ESTRATÉGIAS Atualizar as informações existentes no desenvolvimento da cadeia produtiva Realizar diagnóstico dos sistemas de cultivo, beneficiamento e comercialização por município; Desenvolver experiências de cajucultura associadas ao manejo sustentável da caatinga. Mapear as estruturas de beneficiamento e comercialização relacionadas à cadeia produtiva no Território. Ampliar a estruturação no Território da cadeia da cajucultura, em especial nas suas fases finais (estruturas de beneficiamento familiares integradas coletivamente ou estruturas coletivas e estruturas de apoio à comercialização coletiva) Sensibilizar os trabalhadores (as) sobre os potenciais sociais e econômicos na cadeia produtiva; Organizar grupos produtivos com interesse de atuar na cadeia produtiva da cajucultura. Promover uma integração dos segmentos que trabalham na cadeia produtiva para discutir atividades e amadurecer estratégias; Discutir estratégias de comercialização e marketing, dos produtos da cajucultura; Organizar os trabalhadores (as) da cajucultura em entidades cooperativas /associativas Desenvolver arranjos produtivos territoriais na cajucultura; Capacitar (voltada para a prática) em manejo produtivo voltado ao desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis Realizar intercâmbios; Buscar integração com outros Territórios em Pernambuco. 112 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 14 – Eixo 4: Serviços Financeiros e Crédito PROPÓSITO CRIAR MAIS OPORTUNIDADES DE ACESSO AO CRÉDITO AOS AGRICULTORES FAMILIARES: CRÉDITO COM VALORIZAÇÃO HUMANA COM OFERTA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA PERMANENTE E ADEQUADA AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, PROMOVENDO O PROTAGONISMO DOS AGRICULTORES FAMILIARES PARCEIROS POTENCIAIS Projeto Dom Helder Câmara, Banco do Nordeste, Banco do Brasil; FEDERAIS MDA/SAF ESTADUAIS PRORURAL MUNICIPAIS Prefeituras, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais Visão Mundial, COOPAGEL, CECOR; Casa da Mulher do NE; OUTROS Grupo Mulher; Mulher Maravilha; Sabiá, DIACONIA; MMTR- NE, PARCEIROS ADS-CUT; CONTAG; FETAPE ESTRATÉGIAS Aprofundar a temática de acesso ao crédito (no Território) para o desenvolvimento sustentável; Seminários anuais para divulgar / discutir o PRONAF/ FNE, identificar restrições para o efetivo acesso ao crédito e desenhar estratégias para superação das restrições observadas. Melhorar a aplicação do crédito com a orientação da assistência técnica e o acompanhamento na execução do projeto, para evitar a inadimplência. Apoio às cooperativas de crédito, capacitação e gerenciamento do crédito e da produção; Parcerias entre cooperativas de crédito e Sindicatos de Trabalhadores Rurais no Território; Realizar reuniões constantes entre os parceiros; Repasse do PRONAF pelas Cooperativas de Crédito; Ampliar e fortalecer as estratégias do cooperativismo de crédito no Território. 113 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 15 – Eixo 5: Organização Econômica e Associativa PROPÓSITO PROMOVER GRAUS CRESCENTES DE ORGANIZAÇÃO PARA AS FAMÍLIAS AGRICULTORAS, FORTALECENDO O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO, FORMAÇÃO E FORTALECIMENTO DE ASSOCIAÇÕES DE PRODUTORES, DE COOPERATIVAS DE PRODUTORES, DE CRÉDITO E PRESTADORES DE SERVIÇOS DE ATER PARCEIROS POTENCIAIS FEDERAIS Projeto Dom Helder Câmara, MDA / SDT, UNICAFES. ESTADUAIS PRORURAL, Fórum de Economia Solidária de Pernambuco MUNICIPAIS STR’s, Prefeituras Municipais. FETAPE, Visão Mundial, COOPAGEL, CECOR; Casa da Mulher do OUTROS NE; Grupo Mulher Maravilha; Sabiá, DIACONIA; MMTR- NE, ADSPARCEIROS CUT; CONTAG; ASSOCENE, ECOSOL. ESTRATÉGIAS Buscar apoio para a infra-estrutura das organizações e maior articulação das várias experiências. Fortalecer e desenvolver capacidades dos agricultores e suas organizações (associações, cooperativas), para aprimorar a gestão da propriedade de modo articulado aos mercados disponíveis Estimular a organização crescente e planejamento participativo dos aspectos da gestão das ações que envolvem coletivos de agricultores familiares, tais como gerenciamento do trabalho e de equipamentos de uso coletivo, comercialização conjunta, agro-industrialização e outros processos que os apóiem em seu desenvolvimento. Identificar as experiências organizativas de agricultores familiares referenciais do Território e promover a visibilização e debate sobre estas nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável. Estimular a participação dos representantes das organizações dos agricultores familiares no Colegiado Territorial e em outros espaços qualificados de articulação política. 114 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 16 – Eixo 6: Assessoria Técnica e Extensão Rural para o Desenvolvimento Sustentável PROPÓSITO IMPLEMENTAR UM PLANO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA PERMANENTE E DE CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO DE MODO A GARANTIR QUE AS FAMÍLIAS AGRICULTORAS DO TERRITÓRIO TENHAM ATER DE BOA QUALIDADE, DE ACORDO COM A REALIDADE DO TERRITÓRIO, DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO E DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS E PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS PARCEIROS POTENCIAIS SAF/MDA, Projeto Dom Hélder Câmara, INCRA, EMBRAPA, FEDERAIS UFRPE, CODEVASF, Banco do Nordeste. ESTADUAIS IPA, CDS – PE, ITERPE. Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Prefeituras Municipais, MUNICIPAIS CMDRS. FETAPE e Organizações Governamentais e Não Governamentais OUTROS de Assessoria Técnica rural e ONGs- DIACONIA, ASSOCENE, PARCEIROS COOPAGEL, SABIÁ; Casa da Mulher, CECOR ESTRATÉGIAS GARANTIR ASSESSORIA TÉCNICA PERMANENTE (ATER) QUALIFICADA E PARA TODOS OS AGRICULTORES FAMILIARES DO TERRITÓRIO - PRIORIZAR AS PESSOAS E COMUNIDADES MAIS VULNERÁVEIS SOCIALMENTE. Buscar parcerias comprometidas Sensibilizar os governos envolvendo as três esferas para estruturar as Secretarias de Agricultura e criá-las nos municípios que não as possuem. Articular / envolver os atores sociais e entidades visando a ampliação da experiência de ATER do Projeto Dom Helder Câmara, com a replicação da proposta por outras instituições de ATER a nível estadual e federal. Integrar as ações das entidades de ATER do Território; Elaborar de forma participativa de um modelo de ATER e de uma estratégia de implementação, envolvendo os poderes públicos e a sociedade civil (Construção do Plano Territorial); Promover seminários para elaboração do Plano de Trabalho Territorial de ATER Garantir que as entidades prestadoras de serviços de ater apóiem o desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis, diversificados e pautados pela agroecologia e convivência com o semiárido. Garantir a ATER integrada ao Crédito para o desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis (crédito agroflorestal, crédito transição agroecológica, PRONAF florestal e outras linhas compatíveis) Engajar a ATER ativamente na promoção da recuperação de áreas degradadas Controle de erosão nos sistemas produtivos e estradas vicinais e intermunicipais, recuperação da fertilidade dos solos. 115 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 17 – Eixo 7: Provimento de Segurança Hídrica PROPÓSITO GARANTIA DE SEGURANÇA HÍDRICA: Assegurar água de boa qualidade para os diversos consumos PARCEIROS POTENCIAIS Ministério do Desenvolvimento Social, CODEVASF, Projeto Dom FEDERAIS Hélder Câmara, Ministério Publico, INCRA. CPRH, Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária, PRORURAL, ESTADUAIS SECTMA, ITERPE. Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Prefeituras, Conselhos MUNICIPAIS Municipais OUTROS DIACONIA; COOPAGEL; SABIÁ; CUT; CECOR, Casa da Mulher do Nordeste, ASA (P1MC e P1+2), FETAPE. PARCEIROS ESTRATÉGIAS PROMOÇÃO DA SEGURANÇA HÍDRICA Atualizar demanda por estruturas de captação e armazenamento de água do Território Levantar o número de casas com menos de 50m² para colocar cisternas; Levantar o número de barragens subterrâneas; Provocar uma discussão dos segmentos políticos, sindicais, ONGs e sociedade civil para acelerar o P1MC (Programa um milhão de Cisternas) e o P1+2 Construir barragens subterrâneas, poços e cisternas; Planejar o abastecimento na zona rural com água tratada encanada, onde for viável Identificar os programas governamentais que repercutem no Território para potencializar suas ações. 116 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 18 – Eixo 8: Recuperação Conservação e Uso Sustentável dos Recursos Naturais PROPÓSITO RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, DA CAPACIDADE DO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NOS SOLOS, SANEAMENTO E RECUPERAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA PARCEIROS POTENCIAIS FEDERAIS Projeto PDHC, Ministério Publico, INCRA, EMBRAPA, IBAMA ESTADUAIS SECTMA, CPRH. Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Prefeituras, Conselhos MUNICIPAIS Municipais Empresas de Assistências técnica rural, ONGs, Instituições OUTROS Financeiras, Meios de Comunicação, DIACONIA; COOPAGEL; PARCEIROS SABIÁ; CUT; CECOR; Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú. ESTRATÉGIAS REVITALIZAÇÃO DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS Priorizar as bacias do Pajeú e Moxotó; A) PROMOVER CAMPANHAS DE MOBILIZAÇÃO: Mobilização dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural - CMDRS. Mobilização e capacitação das populações ribeirinhas B) PROMOVER ESTUDOS E DIAGNÓSTICOS Promover Estudos das bacias de sedimentação; Atualizar o diagnóstico e propostas para controle da erosão e assoreamento Apoiar a Realização do zoneamento agro ecológico dos municípios ainda não abrangidos. C) REFLORESTAMENTO/RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Recuperação da cobertura vegetal de áreas críticas quanto à erosão e assoreamento (reflorestamento das nascentes, rios e mananciais, conservação/reflorestamento das matas ciliares e de áreas em avançado estagio de degradação). META: CRIAÇÃO DE VIVEIROS DE PLANTAS NATIVAS (UM POR MUNICÍPIO) D) PROVIMENTO DE SANEAMENTO BÁSICO RURAL E URBANO. ÁREA RURAL: Construção de banheiros com fossas sépticas na zona rural; Coleta do lixo na zona rural; Coleta seletiva de lixo; Tratamento de água para o consumo; Rede de esgoto na zona rural; E) GERENCIAMENTO PARTICIPATIVO Gerenciamento / comitê de bacias e Conselho de Usuários; Desenvolver projeto político pedagógico elaborado coletivamente e de forma contextualizada voltada para o desenvolvimento sustentável do Território Continua 117 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 18 – Eixo 8: Recuperação Conservação e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (continuação) ESTRATÉGIAS F) APOIAR A ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE ENTIDADES LIGADAS A GESTÃO AMBIENTAL, DO GOVERNO E DA SOCIEDADE CIVIL. Articulações com MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) Articular junto a CODEVASF /MIN a presença dos programas desse órgão no Território; Atrair o MMA e IBAMA para maior atuação na região Criação de uma unidade do IBAMA no Território do Pajeú. Articulação com os CMDRS e Prefeituras Municipais do Território. USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS Identificar as iniciativas existentes de sistemas produtivos sustentáveis e recuperação de áreas degradadas. Divulgação/ Difusão das tecnologias de preservação, conservação e recuperação ambiental. Mobilização e sensibilização dos atores sociais: desenvolver campanha para debater com a sociedade os problemas do Território e possíveis soluções. Sensibilização das instituições financeiras para análise e aprovação de projetos de uso sustentável ou recuperação de áreas degradadas (Crédito agroflorestal, crédito transição agroecológica, PRONAF florestal e outras linhas compatíveis). Estabelecer projetos demonstrativos de recuperação de áreas degradadas em (1) áreas inapropriadas para produção agropecuária e (2) áreas produtivas. Elaborar PLANO DE MANEJO SUSTENTÁVEL DA CAATINGA PARA O TERRITÓRIO. 118 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 19 – Eixo 9: Educação para o Campo PROPÓSITO UNIVERSALIZAR O ATENDIMENTO DE TODA A CLIENTELA DE EDUCAÇÃO BÁSICA, GARANTINDO O ACESSO E A PERMANÊNCIA DE TODAS AS CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS DO MEIO RURAL NA ESCOLA, DESENVOLVENDO UM MODELO DE EDUCAÇÃO PARA O CAMPO REFERENCIADO NA REALIDADE SÓCIO-CULTURAL, ECONÔMICA, AMBIENTAL E POLÍTICA DO TERRITÓRIO DO SERTÃO DO PAJEÚ, QUE LEVE EM CONSIDERAÇÃO AS ESPECIFICIDADES DE CADA COMUNIDADE E MUNICÍPIOS, MOBILIZANDO E ENVOLVENDO OS DIVERSOS ATORES NUM PROCESSO DE GESTÃO PARTICIPATIVA E MELHORIA DE QUALIDADE DE VIDA PARCEIROS POTENCIAIS Ministério de Desenvolvimento Agrário-MDA, Ministério do Meio FEDERAIS Ambiente-MMA, IBAMA, Projeto Dom Helder Câmara, MEC, UFRPE. ESTADUAIS Secretaria Estadual de Educação, SECTMA, CPRH, SEBRAE Prefeituras (Secretarias de Educação e Cultura/ Saúde/ Ação Social/ Agricultura), Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural, MUNICIPAIS Igrejas, Bancos, Associações Comunitárias, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais OUTROS FETAPE, CONTAG, CUT, SERTA PARCEIROS ESTRATÉGIAS ASSEGURAR A MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE INFRA-ESTRUTURA DAS ESCOLAS incluindo: a) Espaço, iluminação, insolação, ventilação, água potável, rede elétrica, segurança e temperatura ambiente; b) Instalações sanitárias e para higiene; c) Espaço para esporte, recreação, biblioteca e serviço de merenda escolar; d) atualização e ampliação do acervo das bibliotecas; e) Mobiliários, equipamentos e materiais pedagógicos de qualidade; f) Adaptação de sala para atender crianças especiais. PROVER DE TRANSPORTE ESCOLAR as zonas rurais e para localidades que não tem transporte promovendo a escolarização e acesso para alunos e professores das zonas rurais; CAPACITAÇÃO PARA OS MOTORISTAS DO TRANSPORTE ESCOLAR e monitor para cuidar das crianças. NUCLEAR AS ESCOLAS RURAIS de acordo com as necessidades e possibilidades de expansão do ensino fundamental II, ensino médio e implantação do EJA; CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES PARA ATENDER CRIANÇAS ESPECIAIS. PLANO DE CARGOS E CARREIRAS PARA PROFESSORES DA ZONA RURAL; PROMOVER FORMAS MAIS FLEXÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESCOLAR PARA A ZONA RURAL, bem como a adequada formação de professores; PROMOVER CURSOS BÁSICOS PARA O APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL, voltados para a melhoria do nível técnico das práticas agrícolas e da preservação ambiental dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável; Continua 119 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 19 – Eixo 9: Educação para o Campo (continuação) ESTRATÉGIAS PROMOVER CURSOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA que possibilite um melhor desempenho de professores no processo ensino / aprendizagem tendo por base a realidade das comunidades e a vivência de um Projeto Político Pedagógico que promova o desenvolvimento sustentável local; DISSEMINAÇÃO DE PROPOSTAS DE AÇÃO E PARTICIPAÇÃO DOS DOCENTES NAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELAS ONGS E SMES. DESENVOLVER ATIVIDADES CURRICULARES E PEDAGÓGICAS DIRECIONADAS AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS COMUNIDADES RURAIS; DESENVOLVER E FORTALECER PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM A REDE FORMAL DE ENSINO E COM AS COMUNIDADES. IMPLANTAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS EXITOSAS NO TERRITÓRIO, COMO AS EFAS E CFRS, possibilitando uma formação de qualidade para o / a jovem, junto à família. ACOMPANHAR E CONTRIBUIR PARA QUALIFICAÇÃO DOS CURSOS TÉCNICOS AGRÍCOLA NAS ESCOLAS DE SERRA TALHADA E SERTÂNIA. ACOMPANHAR E CONTRIBUIR PARA QUALIFICAÇÃO DOS CURSOS TÉCNICOS AGRÍCOLA NAS ESCOLAS DE SERRA TALHADA E SERTÂNIA. AMPLIAÇÃO DO PROJETO APRENDER A VIDA NO SEMI-ÁRIDO para os municípios do Território. Promover intercâmbio com o município de Tuparetama, que possui escola com experiência referencial no Território. INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS ENTRE ESCOLAS QUE TRABALHAM COM EDUCAÇÃO NO CAMPO; INCLUIR NOS DEBATES AS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO E OS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CAMPO. REALIZAÇÃO DE EVENTOS SÓCIO-CULTURAIS QUE CONTEMPLEM A DIVERSIDADE das comunidades dos municípios do Território, NOS ASPECTOS SOCIAIS, ARTÍSTICOS, POLÍTICOS, ECONÔMICOS, POLÍTICOS, DE GERAÇÃO, GÊNERO E ETNIA; DESENVOLVIMENTO DE EXPERIÊNCIAS EDUCATIVAS NA REDE FORMAL DE ENSINO QUE FAVOREÇAM O PROTAGONISMO DE CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS, fortalecendo os vínculos afetivos entre sujeito-famillía-comunidade, na construção da qualidade social de vida no Território ; ESPECIFICAR A RELAÇÃO DE CADA UM DOS PONTOS ACIMA DENTRO DAS DIRETRIZES OPERACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO NO CAMPO. APOIAR A ADOÇÃO PELOS PODERES MUNICIPAIS E ESTADUAIS DA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO POLÍTICA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO DO PAJEÚ. 120 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 20 – Eixo 10: Políticas Afirmativas de Gênero, Geração e Etnias PROPÓSITO GARANTIR A INCLUSÃO DE MULHERES, JOVENS, NEGROS, IDOSOS, QUILOMBOLAS E CRIANÇAS DENTRO DO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL PARCEIROS POTENCIAIS FEDERAIS Ministério Público, Projeto Dom Helder Câmara, SAF / MDA ESTADUAIS PRORURAL, Secretaria Estadual de Políticas para a Juventude. MUNICIPAIS STR’s, Prefeituras Municipais OUTROS Casa da Mulher do Nordeste, Grupo Mulher Maravilha, MMTR, FETAPE, DIACONIA, SABIÁ, CECOR, COOPAGEL. PARCEIROS ESTRATÉGIAS ADAPTAR A METODOLOGIA TRABALHADA NAS POLÍTICAS AFIRMATIVAS DE FORMA QUE SE ADEQUEM A REALIDADE E CULTURAS LOCAIS. PROMOVER A INSERÇÃO NOS PROCESSOS PRODUTIVOS, GERAÇÃO E GESTÃO DA RENDA PARA JOVENS E MULHERES Ampliar e fortalecer as unidades produtivas em agroecologia no Território e nestas valorizar a participação das mulheres, jovens e idosos Estimular a participação de jovens e mulheres em especial nas atividades de beneficiamento e comercialização da produção familiar. Ampliar a oferta de capacitações e cursos profissionalizantes nas áreas de interesse de jovens e mulheres: Promoção da Inclusão digital PRO-JOVENS rurais, com capacitações e cursos profissionalizantes. Identificação e desenvolvimento das iniciativas de artesanato existentes no Território Cursos de pintura em tecido corte e costura artesanato. Ampliar o acesso de jovens e mulheres nos programas de crédito existentes; GARANTIR CONDIÇÕES APROPRIADAS DE MORADIA E ACESSO NAS ÁREAS RURAIS Construção de casas populares para as famílias rurais; Construção de passagens molhadas na zona rural; PROMOVER E PROPORCIONAR A GERAÇÃO DE CRIAÇÃO DE UMA REDE PARA DISCUTIR POLÍTICAS DE JUVENTUDE PARA O TERRITÓRIO DEBATER NO COLEGIADO TERRITORIAL UMA POLÍTICA DE COTAS para favorecer a inclusão de jovens, mulheres e negros em projetos produtivos (em substituição de: Garantir uma cota para jovens, mulheres, negros nos projetos produtivos) CRIAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE CONSELHOS MUNICIPAIS DA JUVENTUDE NOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO. PONTO DE ACOLHIMENTO PARA JOVENS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DAS DROGAS MELHORAR O ATENDIMENTO AS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA; Casas abrigos para as mulheres vítimas da violência Secretaria da mulher com ouvidoria: espaço de lazer, (Espaço sócio recreativos). Continua 121 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Quadro 20 – Eixo 10: Políticas Afirmativas de Gênero, Geração e Etnias (continuação) ESTRATÉGIAS ESTABELECER PARCERIAS COM AS SECRETARIAS E CONSELHOS DE SAÚDE para promoção de programas de saúde específicos: Programa de Acompanhamento de saúde para mulheres, idosos, índios, quilombolas e pessoas vulneráveis socialmente (pobreza absoluta) Programa de conscientização da saúde do homem. POPULAÇÕES TRADICIONAIS E ETNIAS Valorização da inclusão das populações tradicionais como quilombolas e indígenas através de incentivos culturais, através do apoio e visibilização de suas manifestações culturais próprias e valorizar dentro dos meios culturais e espaços de comunicação existentes no Território a diversidade e a multiculturalidade do Território Informar e capacitar os quilombolas das políticas especiais POPULAÇÕES TRADICIONAIS E ETNIAS Valorização da inclusão das populações tradicionais como quilombolas e indígenas através de incentivos culturais, através do apoio e visibilização de suas manifestações culturais próprias e valorizar dentro dos meios culturais e espaços de comunicação existentes no Território a diversidade e a multiculturalidade do Território Informar e capacitar os quilombolas das políticas especiais INCLUSÃO DOS IDOSOS Funcionamento do conselho do idoso e fazer cumprir as leis do estatuto do idoso. Criação de espaços sócio-educativo onde seja trabalhado lazer, palestras e atividades recreativas. Academia popular para idosos nas áreas rurais: criar entretenimentos para os idosos rurais e ampliar as iniciativas existentes Buscar mecanismos de melhorar o atendimento aos idosos nas repartições públicas: INSS, Hospitais e Bancos. ACESSO APROPRIADO PRA DEFICIENTES DIFERENCIADO PARA PESSOAS ESPECIAIS. FÍSICOS, ATENDIMENTO 122 | P á g i n a Capítulo 8 Programas e Projetos Estratégicos Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 8. Programas e Projetos Estratégicos Os Programas Estratégicos priorizados para o triênio 2010-2012 estão apresentados no Quadro 19, alguns programas tem Projetos Estratégicos definidos. Quadro 21 – Programas e Projetos Estratégicos Programa Foco Fortalecimento das principais Cadeias produtivas da Cadeias Produtivas do Apicultura, Caprinocultura e Sertão do Pajeú Fruticultura Convivência com o Desenvolver, fortalecer e Semiárido como referencial ampliar o uso sustentável e para o desenvolvimento recuperação dos recursos produtivo do Território naturais Fortalecimento da Gestão dos Agricultores Familiares e suas Organizações Educação Contextualizada Projetos Estratégicos Revitalização de Microbacias Hidrográficas do Rio Pajeú e Moxotó Manejo da Caatinga Segurança Hídrica Agricultores, suas organizações e organizações que lhes prestam assessoria Escolas públicas municipais e estaduais em parceria com ONGs e projetos referenciais 8.1. PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DAS PRINCIPAIS CADEIAS PRODUTIVAS DO SERTÃO DO PAJEÚ Foco: Cadeias produtivas da apicultura, caprinocultura e fruticultura i. Garantir ATER qualificada para as cadeias produtivas da apicultura, caprinocultura e fruticultura, incluindo desde os aspectos iniciais da produção e manejo, até os aspectos finais das cadeias, especificamente o beneficiamento da produção e apoio à inserção qualificada nos mercados disponíveis. ii. Ampliar os investimentos em infra-estrutura para produção nas propriedades dos agricultores e suas associações (apriscos, salas de ordenha, casas de mel, entrepostos de mel com CIF, etc.). iii. Garantir a acessibilidade ao crédito para aperfeiçoamento dos sistemas produtivos dos agricultores familiares. 124 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú iv. Apoiar a adoção e desenvolvimento de modelos sustentáveis de produção baseados de manejo da caatinga para garantir suporte forrageiro, pasto apícola e recuperação da fertilidade do solo. 8.2. PROGRAMA DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO COMO REFERENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO TERRITÓRIO Foco: Desenvolver, fortalecer e ampliar o uso sustentável e recuperação dos recursos naturais i. Garantir ATER qualificada, em acordo com os princípios agroecológicos e de convivência com o Semiárido. ii. Universalizar as estruturas para captação e armazenamento de água em especial para uso produtivo, tais como, cisternas calçadão e barragens subterrâneas. iii. Promover a recuperação de áreas degradadas e recuperação da fertilidade das terras cultivadas. iv. Promover o manejo sustentável da caatinga para múltiplos fins como exemplo de uso sustentável dos recursos naturais em sistemas produtivos eficientes e econômicos. v. Recuperar e perenizar os rios do Território, com recomposição das matas ciliares e da capacidade de infiltração de água no solo, promoção da adequada disposição de lixo e saneamento básico urbano e rural. 8.2.1. Projeto Estratégico Revitalização de Microbacias Hidrográficas do Rio Pajeú e Moxotó Promover a recuperação das bacias do rio Pajeú e Moxotó envolvendo ativamente a população através de: (1) campanhas de mobilização e fortalecimento dos espaços de gestão e controle social, em especial Os CMDRS e o Comitê da Bacia do Rio Pajeú; (2) promovendo estudos e diagnósticos especializados quando necessário, e zoneamento agroecológico dos municípios; (3) ampliar o investimento no saneamento básico rural e urbano no Território; (4) estabelecer projetos piloto municipais referenciais de saneamento e utilizá-los para fortalecer o debate com a população; 125 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú (5) estabelecer projetos piloto referenciais de recomposição de mata ciliar e usá-los para fortalecer o debate, mobilização e parceria da população na iniciativa; (6) desenvolver e inserir na política pública municipal planos para recuperação das microbacias, com promoção da recuperação de áreas degradadas e reflorestamento das matas ciliares e nascentes em parceria com as prefeituras municipais, CMDRS e entidades da sociedade civil: estabelecimento de metas claras (tenha um viveiro de mudas nativas por município, campanhas anuais de plantio, metas em hectares de mata ciliar recomposta por ano). 8.2.2. Projeto Estratégico Manejo da Caatinga Qualificar os projetos de Manejo da Caatinga existentes no Território, estabelecendo ou fortalecendo parcerias existentes com Universidades e ONGs referenciais no tema. Mobilização e sensibilização dos atores sociais: (1) Campanhas de conscientização: desenvolver campanha para divulgação dos projetos de manejo da caatinga como opção de uso sustentável, economicamente viável; (2) Realização de intercâmbios para conhecer experiências de unidades de manejo sustentado da caatinga em comunidades e assentamentos do território assistidos pelo Projeto Dom Helder Câmara, na perspectiva de disseminação do projeto no território. (3) Disseminação e debate de seus modelos técnicos e de seus resultados: produção de materiais de divulgação das tecnologias, promoção de seminários, encontros, debates e capacitações práticas em parceria com as prefeituras, CMDRS, Universidades, instituições de pesquisa e ONGs e projetos referenciais; (4) Fortalecimento de parcerias com as prefeituras municipais, ONGs e projetos referenciais para estabelecimento de unidades demonstrativas em todos os municípios do Território; (5) Implementação de projetos piloto de manejo da caatinga, em parceria com entidades da sociedade civil, instituições de pesquisa e prefeituras municipais; (6) sensibilização das instituições financeiras para uma parceria ativa, com apoio de seus agentes de crédito para análise e aprovação de projetos de uso sustentável ou 126 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú recuperação de áreas degradadas (Crédito agroflorestal, crédito transição agroecológica, PRONAF florestal e outras linhas compatíveis). 8.2.3. Projeto Estratégico Segurança Hídrica A segurança hídrica no Território do Pajeú avançou consideravelmente na última década, no entanto, se mantém como projeto estratégico visando universalizar as estruturas para captação e armazenamento de água para consumo humano e também para uso produtivo, tais como cisternas calçadão e barragens subterrâneas. Para isso propõe-se: (1) Atualização da demanda por estruturas de captação e armazenamento de água do Território: levantamento de casas com menos de 50m² para colocar cisternas, levantamento de barragens subterrâneas; (2) Provocar uma discussão dos segmentos políticos, sindicais, ONGs e sociedade civil para acelerar o P1MC (Programa um milhão de Cisternas) e o P1+2; (3) Construção de barragens subterrâneas, poços e cisternas em parcerias com os poderes municipais, estaduais, federais e ONGs referencias do Território; (4) Estabelecer projetos piloto de oferta de água encanada tratada na área rural. 8.3. PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES E SUAS ORGANIZAÇÕES Foco: agricultores, suas organizações e organizações que lhes prestam assessoria. i. Garantir ATER qualificada para fortalecer e desenvolver capacidades com os agricultores e suas as organizações (associações e cooperativas) focadas no aprimoramento da gestão da propriedade e gestão das ações que envolvem coletivos de agricultores, tais como gerenciamento do trabalho na família e em grupos associativos, gerenciamento de equipamentos de uso coletivo, comercialização coletiva e beneficiamento da produção. ii. Apoiar a estruturação de empreendimentos associativos e cooperativos. iii. Oportunizar a participação de agricultores e suas organizações em fóruns de debates e formulação de políticas públicas. iv. Apoiar a qualificação das entidades de ATER em aspectos de: (1) suporte a gestão do trabalho e de negócios; 127 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú (2) uso sustentável e recuperação dos recursos naturais - em sistemas produtivos e em áreas degradadas 8.4. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA Foco: escolas públicas municipais e estaduais em parceria com ONGs e projetos referenciais. Promover um processo de transformação da educação básica promovendo: i. ii. Intercâmbio com as experiências em curso de educação contextualizada; Implantação de experiências piloto de Educação do Campo e Educação Ambiental em parceria com as secretarias municipais de educação, ONGs referenciais e movimentos sociais, apoiando o exercício e a adoção pelos poderes municipais e estaduais das propostas de Educação Ambiental proposta desenvolvida pelo Projeto Dom Helder Câmara, experiência em fase de sistematização e de Educação do Campo como política pública nos municípios do Território do Sertão do Pajeú. 128 | P á g i n a Capítulo 9 Proposta de Gestão Territorial Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 9. Proposta de Gestão do Plano Territorial A Gestão do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável é realizada utilizando a estrutura organizacional da dinâmica territorial no Pajeú, a saber, um plenário amplo, denominado Colegiado do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú e um Núcleo Técnico e Diretivo do processo de desenvolvimento territorial. Eventualmente podem se formar Grupos de Trabalho em atendimento a demandas específicas encaminhadas pelo plenário. O Colegiado é composto de todos os participantes das Oficinas Territoriais realizadas. Ele é um plenário, um espaço aberto, dinâmico e que contém a participação dos segmentos da sociedade civil e do Estado presentes nas Oficinas. Hoje predomina as organizações da sociedade civil e representações dos movimentos sociais relacionados mais diretamente ao desenvolvimento rural, porém o colegiado tem elaborado estratégias para ampliar sua representatividade, em especial fortalecendo e ampliando a participação dos atores públicos no processo de Desenvolvimento Territorial. O Núcleo Técnico e o Diretivo evoluíram de uma Coordenação provisória criada em novembro de 2004, que tinha os papéis de mobilizar, animar os atores sociais do Território, contribuindo para criar condições para a continuidade do processo e o de coordenar os encaminhamentos, ou seja, das ações imediatas deliberadas por ocasião das oficinas realizadas, para o fortalecimento do processo de desenvolvimento territorial. Hoje o Núcleo Diretivo, composto por representantes dos movimentos sociais (FETAPE, STRs, MST, MMTR e FETRAF), representantes dos programas governamentais incidentes sobre o Território (IPA, PDHC e prefeituras), representantes das ONGs do Território e dos CMDRS além do papel permanente de mobilização dos atores territoriais, tem o papel de gerir e implementar as ações e projetos planejados, a partir das diretrizes e prioridades estabelecidas em plenária. O Núcleo Técnico é composto por um conjunto de representantes de perfil técnico das ONGs e programas governamentais do Território - Diaconia, Casa da Mulher do Nordeste, COOPAGEL, Base de Apoio às Cooperativas de Crédito, 130 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, CENTRASS - Central das Associações Rurais e Urbanas de Serra Talhada e IPA e tem por função contribuir na formulação e elaboração de propostas e projetos, a partir das diretrizes e prioridades estabelecidas em plenária. A plenária é o espaço onde efetivamente se constrói o processo de desenvolvimento territorial. Este processo é dinâmico e iniciativas que chegam a sua conclusão abrem imediatamente perspectivas de novos desafios. Mudanças conjunturais e estruturais repercutem nas ações em curso, exigindo ajustes e novas proposições. Deste modo o monitoramento e avaliação das ações e projetos em curso ocorrem simultânea e coordenadamente à priorização e elaboração de novas propostas e iniciativas. Papéis do Colegiado Territorial Aprovação de agendas de prioridades Selecionar os projetos específicos e indicação de entidades ou pessoas responsáveis pela sua elaboração e implantação; Elaboração, análise e aprovação dos Planos Territoriais de Desenvolvimento Rural Sustentável; Apreciação de relatórios de acompanhamento e avaliação de programas e projetos em curso; Decidir sobre medidas de aperfeiçoamento das ações e projetos em andamento. Monitorar para que os recursos dos projetos aprovados no Território depois de destinado a entidade de gestão pública, não seja apropriado por interesses diversos daqueles que motivaram sua formulação e priorização no fórum territorial O processo da gestão social que ocorre no Território do Sertão do Pajeú é bem ilustrado pelo diagrama abaixo, com o destaque de que cada macro processo, como sensibilização e mobilização ou planejamento, organização, gestão, monitoramento e avaliação são permanentes e realizados em diferentes níveis e incorporam ao longo do tempo os acúmulos proporcionados pela aprendizagem do próprio processo de planejamento e execução das propostas de desenvolvimento territorial. 131 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 9.1. DINÂMICA DE GESTÂO E MONITORAMENTO DO PTDRS Realização de quatro Reuniões Ordinárias do Colegiado durante o ano As pautas são variadas, por vezes destinadas à elaboração de um produto específico, tal como a priorização de projetos para o Programa Territórios da Cidadania ou PRONAF infra-estrutura, ou desenvolver uma estratégia para fortalecimento da gestão compartilhada, por exemplo. Independente de qual for a pauta central da reunião do Colegiado, sistematicamente se reserva um momento do encontro territorial para monitoramento da execução do cronograma de projetos com encaminhamentos imediatos para ajustar e aperfeiçoar sua implementação. A depender da demanda por ajustes nas ações em andamento podem ser convocadas reuniões extraordinárias do Colegiado Territorial. Reunião Trimestral do Núcleo Diretivo e Técnico para Avaliação da execução dos trabalhos Informes trimestrais do Núcleo Técnico e Diretivo para Conselhos Municipais com o balanço da execução do PTDRS e seus Projetos. 132 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 9.2. AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Reformulação periódica do plano de desenvolvimento territorial: Anualmente - avaliação da execução do conjunto de Programas e projetos do PTDRS Planejamento Estratégico trienal, com reavaliação do PTDRS do Plano e aprofundamento da reflexão sobre os caminhos adotados. O presente momento de revisão estratégica de Desenvolvimento Territorial permitiu aprofundar a reflexão e a formulação de metas estratégicas, enumeradas abaixo, para que se fortaleça o controle social e o comprometimento com as ações pactuadas. 9.3. ESTRATÉGIAS PARA APRIMORAR DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL A GESTÃO DO PLANO DE 9.3.1. Fortalecimento do Colegiado e da integração com outras instâncias de controle social 1. Promover maior integração (articulação) com o Poder Público Municipal e Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável; 2. Criar em cada município arranjos (articulações) para execução do Plano e seu acompanhamento; 3. Garantir a integração entre o poder público municipal e as organizações da sociedade civil para execução mais apropriada dos projetos, inclusive aqueles de infra-estrutura, quando a acompanhamento técnico e execução de propostas daquela natureza é de domínio das organizações sediadas no Território; 4. Discussão do andamento dos Programas e respectivos projetos definidos dentro do fórum territorial nos Conselhos Municipais, analisando seu impacto e funcionamento; 5. Ampliar as institucionalidades hoje existentes no Território, fortalecer que ONGs, cooperativas de agricultores e técnicos possam gerenciar recursos e apoiar legalmente o processo de desenvolvimento territorial; 133 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 6. Especificar o raio de atuação do projeto específico a ser instalado quando de sua formulação, construindo os mecanismos para integração entre os diferentes acúmulos dos diferentes atores territoriais e/ou no momento da priorização de recursos no colegiado territorial para determinados projetos; 7. Priorizar as institucionalidades locais, as prefeituras, como parceiras na execução dos projetos de infra-estrutura, usando dos acúmulos existentes entre as organizações que integram o colegiado para capacitar as prefeituras e demais organizações sobre os aspectos legais, de transparência (alimentação do SICONV), etc. para criar/fortalecer esta via no Território; 8. Usar dos mecanismos do SICONV para garantir que a execução dos projetos (infra-estrutura e serviços) estabelecendo que toda entidade responsável por execução de projetos seja inscrita no SICONV e que seus serviços sejam realizados com a qualidade e cumprimento dos objetivos previstos nos projetos em sua execução; 9. Levar o debate sobre o desenvolvimento territorial e os meios e desafios de sua implementação para fóruns mais amplos que possam contribuir para o desenvolvimento territorial (exemplo ASA, reuniões dos Consórcios dos Municípios...); 10. Focar a prioridade de projetos de abrangência regional e micro-regional; 11. Definir o caráter de gestão do Colegiado Territorial sobre o projeto; 12. Definir e aprimorar os mecanismos em parceria com as institucionalidades hoje existentes que encaminham os projetos, que o fórum territorial pode criar (inclusive jurídicos) para assegurar que os projetos desenhados no escopo do Desenvolvimento Territorial para promover processos locais micro-regionais ou territoriais cumpram esta finalidade ou venham a cumprir esta finalidade; 13. Apoiar que o grupo de trabalho existente em cada conselho municipal anime nos Conselhos Municipais o debate do Desenvolvimento Territorial com criação de estratégias e rotinas para levantar e atualizar novas demandas das associações para atualização constante do PTDRS, para integrá-las no Plano a cada ano, quando de seu balanço anual. 134 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 14. Promover uma campanha anual com as Associações levantando suas demandas e os Conselhos ordenam priorizam e encaminham ao fórum territorial. (Contribuir para garantir a autonomia da base, o protagonismo das associações); 15. Criar instrumentos para que o coletivo extenso que é beneficiário de determinado projeto ou ação, realize a co-gestão, identificando os impactos, as insuficiências, os desdobramentos e sua continuidade e se fazendo representar no Colegiado; 16. Apoiar a regulação das representações no Colegiado Territorial na instância dos Conselhos Municipais, debatendo os critérios formulados no Colegiado e estimulando a transparência e a efetiva participação bem como fortalecendo a co-gestão com os beneficiários diretos de cada ação e/ou projeto. 9.3.2. Critérios de participação dos diferentes atores do Território 1. Estabelecer/revisar critérios no colegiado territorial para assegurar a participação das diversas representações e sua legitimidade; 2. Qualificação da representação pela participação efetiva na elaboração, execução e monitoramento do PTDRS; 3. A organização que faltar a duas reuniões consecutivas do colegiado, cujas ausências não possuírem justificativas formais, ficará desligada do colegiado; 4. Criar instrumentos para que o coletivo extenso que é beneficiário de determinado projeto ou ação, realize a co-gestão, identificando os impactos, as insuficiências, os desdobramentos e sua continuidade; 5. Regular coletivo de debate e aprovação na base sobre a legitimidade da representação física e/ou jurídica que está encaminhando ações e projetos para aquela comunidade; 6. Apoiar a regulação das representações na instância dos Conselhos Municipais, debatendo os critérios formulados no Colegiado e estimulando a transparência e a efetiva participação. 135 | P á g i n a Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú 9.3.3. Comunicação 1. O compromisso para divulgação das reuniões do colegiado deve contar com os vários parceiros do fórum para efetivamente fazer circular a agenda e a confirmação da presença das diferentes representações do Território. 2. É necessária a criação de uma política de comunicação, email, fax protocolado, e ligações, estabelecendo um ou mais responsáveis por município, de acordo com o perfil de cada município e suas relações. 3. Criar de fato o compartilhamento de responsabilidades, para fazer a proposta de Desenvolvimento Territorial acontecer, não é apenas uma política de comunicação, mas de mobilização constante do coletivo, efetivada de forma compartilhada pelas várias representações integrantes do Colegiado. 136 | P á g i n a Divulgação do PTDRS Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Divulgação do Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável A divulgação do PTDRS do Pajeú é considerada uma estratégia chave para buscar maior governança nos acordos e negociações com parceiros e atores nas diversas esferas de concertação possíveis da União. O presente documento apresenta os desafios considerados prioritários e formas de superá-los e, portanto, deve embasar as negociações internas e externas visando o fortalecimento da participação de atores pouco presentes hoje no fórum, articulação, mobilização e atração de novos parceiros e recursos (financeiros, humanos e materiais) e políticas públicas. Para isto é proposto: i. Lançamento Federal, Estadual, Territorial e Municipal do PTDRS em eventos que alcancem grande divulgação e projeção política; ii. Organizar uma campanha para apresentação e debate do atual PTDRS nas Reuniões Ordinárias de todos os CMDRS, procurando promover a articulação destes espaços e sua parceria ativa com o Colegiado Territorial, como detalhado na proposta de gestão do PTDRS; iii. Empreender uma articulação com o CIMPAJEÚ - Consorcio Intermunicipal do Pajeú, onde estão representadas as prefeituras de 14 dos 20 municípios do Território do Pajeú, normalmente na figura de seu respectivo prefeito municipal, através de entrega e apresentação do Resumo Executivo do PTDRS em reunião formal do Conselho e articulação de ações integradas; iv. Fortalecer a participação e empreender uma articulação com o Comitê da Bacia do Pajeú - O comitê do rio Pajeú foi criado no ano de 1998, mas estava desativado há alguns anos e está em processo de reativação em 2010, através do convênio do Ministério do Meio Ambiente e SRH/PE. O convênio prevê a reativação de seis conselhos gestores de açudes (sendo cinco deles na região do Pajeú e um no Moxotó) e o fortalecimento das unidades já existentes. Pela natureza das prioridades elencadas pelo Colegiado do Pajeú a dinamização deste espaço bem como o debate e formulação de ações e projetos em parceria pode constituir uma boa estratégia para fortalecer o Projeto Estratégico Revitalização de Microbacias Hidrográficas do Rio Pajeú e Moxotó. 138 | P á g i n a Bibliografia Referencial Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do Pajeú Bibliografia Referencial AQUINO, J.R. e TEIXEIRA, O.A. Agricultura Familiar, crédito e mediação institucional: a experiência do PRONAF em São Miguel no Nordeste Brasileiro, Cuadernos de Desarrolo Rural, Nº 054, Pontifficia Universidad Javeriana, Bogotá, Colombia, pp61-85, janeiro 2005. FIDA, 2010, “O Projeto de Desenvolvimento Sustentável para Assentamentos de Reforma Agrária no Semiárido do Nordeste, o Projeto Dom Helder Camara” Rascunho do Relatório Principal de Avaliação, novembro 2010, documento em trabalho. ADH - Relatório da Reunião sobre a moderação das oficinas de qualificação dos PTDRS, agosto 2010. IADH – Relatório da Oficina Regional de Socialização Metodológica para o Desenvolvimento da Estratégia de Qualificação e Divulgação dos PTDRS, maio 2009. IADH – Relatório 1ª Oficina Territorial Requalificação PTDRS do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú, Recife, julho 2010. IADH – Relatório 2ª Oficina Territorial Requalificação PTDRS do Território da Cidadania do Sertão do Pajeú, Recife, agosto 2010. IBAMA. Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional Consolidação dos Estudos Ambientais - Diagnóstico Ambiental da Área de Influência Direta 6-285. 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