Fisiologia da Dor

Transcrição

Fisiologia da Dor
Acupuntura e Fisiologia da Dor
CESAC 2012
Dr. Roberto Caron
Dor
•  Dor é uma sensação desprazerosa e uma
experiência emocional associada a uma
lesão real ou potencial, ou descrita em
termos de uma lesão.
–  International Association for the Study of
Pain, 1979
Sensibilidade
•  Exteroceptiva
–  Epicrítica
–  Protopática
•  Interoceptiva
–  Vísceral
–  Parietal
•  Proprioceptiva
–  Músculos, tendões, articulações e periósteo
Sensibilidade •  Epicrí0ca –  Tato fino, sensibilidade vibratória, pressão, posição, movimentos sobre a pele. –  Mecanorreceptores –  Rápida condução –  Fibras Ia, Ib, A beta –  Coluna dorsal (F. grácil e cuneiforme) –  Somatotopia precisa Sensibilidade •  Protopá0ca –  Tato grosseiro, dor, temperatura, prurido. –  Mecano, termo e quimioreceptores –  Lenta condução –  Fibras A delta e C –  Coluna ântero-­‐lateral (T. espinotalâmico e espinorre0cular) –  Somatotopia grosseira Sensibilidade Epicrí0ca •  N1°O = G. Espinal •  N2°O = N. coluna dorsal •  N3°O = N. ventral posterior do tálamo •  N4°O = Áreas somestésicas no giro pós-­‐central Sensibilidade Protopá0ca •  N1°O = G. espinhal •  N2°O = Corno dorsal •  N3° O = N. tronco e diencéfalo •  N4° O = N. tronco, diencéfalo e áreas cor0cais Sensibilidade •  Visceral (esplâncnica) –  Fibras sensoriais simpá0cas ou parasimpá0cas do 0po C –  Lesão isquêmica, química ou distensão. –  Mal localizada, em cólica –  Dor referida Sensibilidade •  Parietal (somá0ca) –  Inflamação do peritôneo parietal –  Bem localizada, aguda e severa. Fibras Nervosas
Fibras Aferentes
Fibra
Pele
Músculo
Terminação
Sensação
Grande
Mielinizada
Aα
-
Receptores Articulares
Propriocepção
Grande
Mielinizada
-
Iα
Iβ
Fusos Espirais
Nenhuma
Grande
Mielinizada
Aβ
II
Livres e Encapsuladas
Tato fino, pressão,
vibração
Média
Mielinizada
Aγ
II
Fusos Neuromusculares e
Terminações Encapsuladas
Amortecimento
Pequena
Mielinizada
Aδ
III
Livres
Tato grosseiro, dor,
temperatura
IV
Livres
Dor, temperatura
Pequena Não C
Mielinizada
Unidades Sensitivas Cutâneas
Categoria
Subcategoria
Receptor
Fibras
Mecanorreceptores
Grau de deslocamento
Merkel
Aαβ
Ruffini
Aαβ
Velocidade de
deslocamento
Meissner
Aαβ
Vibração
Paccini
Aαβ
Frio
Receptores de frio
Aαβ
Calor
Receptores de calor
Aδ, C
Mielinizados
Mielinizados
Aδ, Aαβ
Não-mielinizados
Não-mielinizados
C
Termorreceptores
Nociceptores
Fibras Nervosas
Fibras Aδ
–  Fibras mielinizadas finas (Ø = 2 a 6µ)
–  Sensação de agulhada
–  Dor inicial ou rápida
–  Velocidade = 6 a 30m/s
–  Glutamato
–  Trato neoespinotalâmico
Fibras Nervosas
Fibras C
–  Fibras finas e amielínicas (Ø < 2µ)
–  Dor crônica
–  Dor secundária ou lenta
–  Velocidade = 0.5 a 2m/s
–  Substância P
–  Trato paleoespinotalâmico
Nocicepção
•  Ocorrem 4 eventos relacionados a dor:
1. 
2. 
3. 
4. 
Transdução
Transmissão
Modulação
Percepção
Transdução
Transdução Transdução Transdução
•  Ativação dos nociceptores – substâncias algogênicas!
– 
– 
– 
– 
– 
– 
– 
– 
– 
– 
– 
– 
– 
Íons (H,K)
Cininas (bradicinina, kalidina)
Citocinas (IL1, IL6, IL8)
Prostanóides (PGE2, PGI2)
Lipoxigenases (leucotrienos)
Neurotrofinas (NGF, BDNF, NT-3)
Peptídeos (substância P)
Oxido nítrico (NO)
Histamina
Serotonina
Proteases
Glutamato
Aminoácidos excitatórios
Transdução
•  Estímulo nociceptivo gera atividade
elétrica nos nociceptores.
•  Ocorre a transformação do estímulo físico
em corrente despolarizante.
•  O potencial de repouso torna-se potencial
de ação.
Transdução
•  Os nociceptores são quimiossensitivos!
•  O sistema nervoso simpático ativa as
fibras eferentes primárias.
Transmissão
Transmissão
•  Fibras Aδ e C
–  Responsáveis pelo estímulo nociceptivo
–  Transdução dos estímulos periféricos
–  Condução dos potenciais de ação ao SNC
–  Transmissão aos neurônios centrais
–  Abertura de canais de sódio desencadeia
potenciais de ação quando a membrana está
despolarizada.
Transmissão
•  Fibras Aδ e C
–  Neurônios de 1 ordem cujos corpos celulares
estão no gânglio da raiz dorsal
–  Prolongamento central se bifurca em Y (feixe
de Lissauer).
–  Sinapses com os neurônios secundários no
corno posterior da medula.
Transmissão
•  Duas categorias são responsáveis pela
transmissão do estímulo nociceptivo aos
neurônios medulares:
–  Aminoácidos excitatórios (glutamato e
aspartato).
–  Neuropeptídeos (SP, NKA, CCK, CGRP).
•  Os neuropeptídeos modulam o efeito dos
ácidos aminados excitatórios.
Lâminas de Rexed
Lâminas de Rexed
•  Fibras Aδ → lâminas I e II e região
reticulada da lâmina V
•  Fibras C → lâmina II (Substância
gelatinosa)
•  Fibras Aβ → lâminas III, IV e V
Sistema Nociceptivo
Ascendente
Sistema Nociceptivo Ascendente
•  6 tratos sensitivos ascendentes:
–  Trato espinotalâmico
–  Trato espinorreticular
–  Trato espinomesencefálico
–  Sistema pós sináptico da coluna dorsal
–  Trato espinocervical
–  Sistema ascendente multissináptico próprio
espinhal
Trato Espinotalâmico
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
É o maior feixe nociceptivo
Composto por 3 neurônios
Origem: lâminas I, V a VIII
Axônios decussam ao nível da entrada
TET lateral = temperatura e dor
TET anterior = tato protopático e pressão
Subdivide-se em 2 tratos
Trato Neo-espinotalâmico
•  Formado por fibras Aδ
–  Sistema discriminativo da dor
–  Dor bem localizada
–  Condução rápida
Trato Neo-espinotalâmico
•  Formado por fibras Aδ
–  Origem na lâmina I de Rexed
–  Decussa na medula
–  Ascende pela coluna ântero-lateral
Trato Neo-espinotalâmico
•  Formado por fibras Aδ
–  Termina no complexo ventro-basal do
tálamo - núcleo ventro-póstero-lateral do
tálamo
–  Giro pós-central
–  Distribuição cortical somatotópica
Trato Paleo-espinotalâmico
•  Formado por fibras C
–  Sem distribuição somatotópica
–  Dor difusa, mal localizada
–  Componente afetivo e motivacional da dor
–  Condução mais lenta
Trato Paleo-espinotalâmico
•  Formado por fibras C
–  Lâmina II e III de Rexed (Subst. Gelatinosa)
–  Lâmina V (projeção de fibras)
–  Decussa na medula
–  Ascende pela coluna ântero-lateral
Trato Paleo-espinotalâmico
•  Formado por fibras C
–  Sinapses difusas no TC
•  N. Reticulares
•  Área tectal
•  Substância cinzenta periaquedutal
–  Núcleos Intralaminares do tálamo
–  Hipotálamo
Sistema Re0cular •  Ação do sistema re0cular –  Inibição da transmissão álgica –  Modula o es`mulo doloroso crônico –  Media funções autônomas e motoras –  Elementos afe0vo-­‐emocionais da dor Sistema Re0cular •  Núcleo Re0cular Paragigantocelular –  Noradrenalina •  Núcleo Magno da Rafe –  Fibras serotoninérgicas •  Locus ceruleos/subceruleos –  Fibras noradrenérgicas Tálamo •  Núcleo ventro-­‐póstero-­‐
lateral –  Conexão com o trato neo-­‐
espinotalâmico •  Núcleo ventro-­‐póstero-­‐
medial –  Conexão com o trato paleo-­‐
espinotalâmico Tálamo
Tálamo
•  Conjunto de núcleos com dupla função:
–  Estação terminal de diferentes vias nervosas
–  Estação retransmissora dos sinais dolorosos
Mecanismos Nocicep0vos Supra-­‐Espinhais •  Percepção sensorial-­‐discrimina0va, afe0vo-­‐
emocional e cogni0vo-­‐avalia0va da dor –  Tálamo •  Reconhece a dor –  Hipotálamo •  Afeto, mo0vação –  Sistema límbico •  Agressividade, fuga –  Córtex frontal •  Cognição Córtex Cerebral •  O es`mulo é reconhecido e descriminado: –  Giro pós-­‐central = homúnculo de Penfield Modulação da Dor •  Pep`deos Opióides Endógenos –  Encefalinas = SCPA, NMR e CPM. –  Dinorfinas = hipotálamo, SCPA, formação re0cular mesencefálica e CPM. –  Beta-­‐endorfinas = hipotálamo. Encefalina •  Regula a nocicepção. •  Produzida logo após o agulhamento. Dinorfina • 
• 
• 
• 
Controle do ape0te. Modulação da dor. 6 a 10 X mais potente do que a morfina. Pode induzir dor por aumentar a p38 mitogen-­‐
ac0vated protein kinase (MAPK), no corno posterior. Β-­‐Endorfina •  Modulação da dor. •  Os níveis no LCR aumentam após 20 minutos de agulhamento. •  Também secretado na corrente sangüínea pela pituitária. •  Len0fica o crescimento de células neoplásicas. •  Promove sensação de bem estar. •  Aumenta o relaxamento. •  Es0mula o sistema imunológico. Neuromodulação Peptídeo
Sítio
Principal
Receptor
Bloqueio por
Naloxona
Freqüência
em EA
Β-endorfina
Mesencéfalo
SCPA
Pituitária
µeδ
Baixa dose
Baixa (2 – 4)
Encefalina
Corno dorsal
µeδ
Baixa dose
Baixa (2 – 4)
Dinorfina
Tronco
cerebral
Medula
κ
Alta dose
Alta (50 –
100)
Modulação da Dor •  Pep`deos Não Opióides –  Substância P –  Colecistoquinina (CCK) Substância P • 
• 
• 
• 
Inflamação neurogênica Vasodilatação Nocicepção Broncoconstrição Colecistocinina (CCK) •  Antagonista dos pep`deos opióides. •  Relaciona-­‐se com aumento da percepção da dor. •  Pacientes ansiosos possuem aumento dos níveis de CCK. •  Es0mulação acupuntural por mais de 2 horas libera CCK. Modulação da Dor Modulação
Modulação
•  Segmentar.
•  Heterossegmentar.
•  Supra-segmentar.
Modulação Segmentar Gate Control
Modulação Heterossegmentar
•  Ocorre por meio dos neurônios próprio-­‐
espinhais, que originam-­‐se e terminam no corno dorsal da medula, sendo eles a0vados por es0mulação aferente ou por via supra-­‐
segmentar descendente. •  Estes neurônios atuam como uma espécie de s i s t e m a a n 0 n o c i c e p 0 v o e n d ó g e n o , juntamente com as inibições segmentar e supra-­‐segmentar descendente. Modulação Suprasegmentar •  Sistemas Moduladores Descendentes –  Noradrenérgico –  Serotoninérgico Sistema Serotoninérgico •  De qi → Fibras Aδ → Trato espinotalâmico lateral → Mesencéfalo → NVPL do tálamo → Córtex Sensi0vo + Córtex Pré-­‐frontal → Hipotálamo + Hipófise → Substância Cinzenta Periaquedutal → Núcleo Magno da Rafe → Fibras serotoninérgicas → A0va interneurônio em corno posterior → Liberação de Encefalina → Es`mulos das fibras C não a0ngem as células AVD → Inibição da dor Modulação da Dor SCPA NMR CPME Sistema Noradrenérgico •  De qi → Fibras Aδ → Trato espinotalâmico lateral → Mesencéfalo → NVPL do tálamo → Córtex Sensi0vo + Córtex Pré-­‐frontal → Hipotálamo + Hipófise → locus cerúleos → Fibras noradrenérgicas → Liberação de noradrenalina difusamente em todo o corno dorsal → Es`mulos das fibras C não a0ngem as células AVD → Inibição da dor Terminologia •  Alodínea – Dor ocasionada por um es`mulo que, habitualmente, não provoca dor. •  Hiperalgesia – Resposta exacerbada a es`mulo doloroso. •  Parestesia – Sensação anormal, seja espontânea ou evocada. •  Disestesia – Sensação anormal desagradável, espontânea ou evocada. •  Hiperestesia – Sensibilidade aumentada a es`mulos, excluindo sensações específicas. Terminologia •  Hiperpa0a – Síndrome dolorosa, caracterizada por reação exacerbada a um es`mulo, sobretudo se repe00vo, bem como por limiar elevado. Referências 1.  Dor – o que todo médico deve saber. Drummond, J. P. Atheneu, 2006. 2.  Dor crônica – inves0gação, diagnós0co e tratamento. Lemos, A. I. Atheneu, 2008. 

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