A N R A S

Transcrição

A N R A S
SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
LAR FABIANO DE CRISTO
Rua dos Inválidos, 34 – 7o andar – Centro
20231-044 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Internet: http://www.lfc.org.br/sei
[email protected]
Sábado, 24/12/2005 - no 1969
REVIDE
D.Villela
evidar significa “vingar uma ofensa
ou agressão com outra ainda maior”,
e também “replicar, contradizer”.
Dada a nossa condição evolutiva, caracterizada, ainda, por afastamento freqüente do
equilíbrio e do alinhamento com as Leis
Divinas, a agressividade é experiência
comumente encontrada em nosso dia-a-dia,
podendo manifestar-se de forma física,
verbal ou mental, devendo reconhecer-se,
quanto à última, que nós mesmos a praticamos, quando, por exemplo, ao observar ou
tomar conhecimento de atitudes erradas,
dirigimos aos seus autores pensamentos
hostis, carregados de revolta e desejo de
punição. Individualidades amadurecidas,
em tais casos, mentalizam a necessidade de
mudança por meio da educação.
Posicionar-se diante do mal com discernimento, percebendo-o como manifestação de imaturidade ou doença do espírito
é a forma correta de contribuir para extingui-lo, de vez que o desforço agrava invariavelmente as causas que o produzem.
Agredir os violentos pode até, em alguns
casos, detê-los temporariamente e causarlhes sofrimento mas, certamente, adiciona
novas cargas de ódio e impulsividade aos
seus corações, sempre infelizes pela secura que padecem.
Na verdade, a única terapia efetiva para
o mal é o bem. É oportuno esclarecer, contudo, que a necessidade de não revidar não
implica a de não se defender. O próprio
Mestre nos mostrou isso (por exemplo, em
João, 7: 1 a 9), pois embora se submetesse à
autoridade humana, falível, que o condenou iniquamente, não ofereceu ensejo para
que os inimigos da Boa-Nova o molestassem ou até eliminassem, interrompendo prematuramente sua missão. Por outro lado,
deixando o nosso convívio direto, não entregou a Terra aos malfeitores, prosseguindo, vigilante, na proteção de nossos patrimônios morais e espirituais. É justo, portanto, aplicar regime de segregação àqueles que se constituem em risco para os demais pela criminalidade a que se inclinam,
R
sabendo-se, contudo, que se não receberem tratamento adequado, associando medidas pedagógicas e terapêuticas com tratamento humano, sairão das penitenciárias
como entraram ou em condições ainda piores. Sem esquecermos o erro maior nesse
terreno, representado pela pena de morte
quando, abdicando de sua obrigação de cuidar, em todas as circunstâncias, da educação moral de seus membros, a sociedade decide eliminar um deles num crime planejado
e executado sob o patrocínio do Estado.
Revidar é responder mal, erradamente,
a situações que nos molestam ou desagradam. Vemos, assim, que:
– a eutanásia é o revide contra alguém
cuja demora ao morrer nos incomoda e
prejudica;
– o aborto é o revide contra alguém
que se apresenta criando-nos problemas e
exigindo-nos mudanças;
– a pena de morte é o revide contra
quem viola gravemente padrões de conduta socialmente estabelecidos;
– o suicídio é a tentativa, profundamente infeliz, de revide contra o próprio Criador, que nos situa sempre junto a pessoas e
circunstâncias necessárias ao nosso progresso e não aceitas por nós.
Não revidar mas agir sempre construtivamente é uma aprendizagem que precisamos realizar, como tantas outras em nosso
processo evolutivo, devendo ter-se em mente que a agressividade começa em nosso
íntimo para depois exteriorizar-se em palavras e ações, pelo que Gandhi, na sua campanha de não-violência, insistia para que
não se pensasse nem se falasse mal dos
ingleses que ocupavam a Índia. E Jesus,
nosso Divino Mestre, nos recomendou – o
que ainda é difícil para nós mas absolutamente verdadeiro com vistas à nossa felicidade – que orássemos por nossos inimigos
e pelos que nos prejudicam.
N
∗
“O Evangelho segundo o Espiritismo”
(capítulo 12, itens 7 a 10).
A
◊
“Irmão, que ouves no Natal os ecos
suaves do cântico milagroso dos anjos,
recorda que o Mestre veio até nós para que
nos amemos uns aos outros.”
“Fonte Viva”
Emmanuel
A
O QUE O CRISTO ESPERA DE NÓS
Marlene Nobre
e há dois mil anos alguém espalhasse a notícia de que um menino, nascido em uma singela estrebaria, em
Belém, aportara ao mundo com a missão de
libertar os seres humanos do jugo da escravidão e da ignorância, certamente seria ridicularizado. A humildade que marcara esse
nascimento estava fora dos padrões estabelecidos para os grandes líderes. Aliás,
toda a vida de Jesus desenrolou-se fora
desses padrões. Criado em Nazaré, na
Galiléia, trabalhou nos serviços singelos da
carpintaria de seu pai e quando chamado
ao cumprimento da missão para a qual viera
– a da implantação do Reino de Deus na
Terra – não prescindiu da colaboração de
humildes pescadores da região em que vivia. Mas como é que algo de bom poderia
vir da Galiléia? Perguntavam-se os defensores das regras estabelecidas. Respondendo a Pilatos, durante o julgamento, que
o seu Reino não era deste mundo e que um
dia conheceríamos a Verdade e que ela nos
libertaria, Jesus, de forma clara e precisa,
esclarece a natureza de Sua missão, explicando-nos a razão pela qual o poder transitório do mundo não poderia compreendê-la.
Definitivamente, Jesus foi um líder diferente. Com a força do seu exemplo, inaugurou no mundo um novo padrão moral para
a libertação de consciências e corações do
jugo da ignorância. Na sua época, o pequeno grupo que formou tinha diante de si a
esmagadora maioria dos que viviam fossilizados nos padrões antigos, impregnados de orgulho e egoísmo. Ao longo da história humana, repete-se a mesma situação.
Muitos séculos transcorreram, desde
que a Estrela de Belém iluminou os céus da
Terra. Infelizmente, no transcurso do tempo, os ensinamentos do Mestre foram alterados, omitidos, deformados, ironizados ou
esquecidos. Somente as guerras ferozes e
sanguinolentas nunca cessaram. O fracasso, porém, de muitos povos que se confessam cristãos, mas não cultivam, na prática,
o amor e a fraternidade, não impede o su-
S
2
cesso crescente de minorias criativas que
procuram seguir fielmente ao Cristo, exemplificando Suas lições.
Realmente, não tem sido fácil aderir ao
programa de libertação que o Cristo propõe. Ensinou-nos Ele a amar a Deus sobre
todas as coisas, com todo amor e entendimento. A amar ao próximo como a nós mesmos. A combater o egoísmo que vem da
animalidade primitiva. A fazer o bem aos
que nos fazem mal. A abençoar aos que nos
perseguem e caluniam. A repartir os dons
que recebemos da vida com os menos afortunados e mais pobres do caminho. A levantar os caídos, auxiliando aos que se arrastam, incapazes de vencer as próprias
viciações. A combater a ignorância, sem
crítica, nem condenação, procurando compreender e perdoar sempre.
Nesta época do Natal, este é o compromisso primordial que devemos manter:
o de seguir esses ensinamentos que são
eternos. É o que o Cristo espera de nós.
Sobretudo nesta época, as lições do Evangelho incentivam-nos a cultivar o trabalho,
a manter fidelidade ao dever, lealdade aos
compromissos assumidos, no lar, na família. É a época do cultivo da alegria no reencontro com amigos e familiares; de reforçar
nossos laços de amor com nossa mãe, nosso pai, nossos irmãos, mesmo quando não
mais se encontrem conosco na crosta terrestre. Enfim, o Natal lembra-nos que é preciso cultivar a união entre todos para que a
cada novo ano possamos produzir mais e
melhor no campo do bem.
Somente assim reafirmaremos nossos
propósitos de fidelidade ao Reino de Deus
e ao Cristo na construção de um mundo
novo.
◊
“Com o Enviado Celeste, que surge
na Manjedoura, temos o Divino vencedor,
arrebanhando os fracos e os sofredores,
os pobres e os humildes para a revelação
do Bem Universal.”
“Segue-me!...”
Emmanuel
SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
Boletim Semanal
editado pelo
Lar Fabiano de Cristo
Diretor:
Cesar Soares dos Reis
Editores:
Danilo Carvalho Villela
Eloy Carvalho Villela
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Brasil
INTERNACIONAIS
ESTADOS UNIDOS
O Museu Metropolitano de Arte, em
Nova York, está exibindo uma série de fotografias de diferentes fotógrafos mostrando
médiuns de efeitos físicos em plena atividade. “The Perfect Medium: Photography and
the Occult” (O médium perfeito: fotografia e
o oculto) é o nome da exposição, que reúne
preciosidades fotográficas obtidas com a
colaboração da “Maison Européenne de la
Photographie” (Casa Européia da Fotografia), de Paris, onde a mostra esteve em cartaz de novembro de 2004 a fevereiro de 2005.
Do acervo fazem parte registros dos trabalhos de alguns conhecidos pesquisadores
da fenomenologia mediúnica, dentre os
quais Sir William Crookes. Uma das atrações
é a foto da aparição do presidente norteamericano Abraão Lincoln ao lado da esposa Mary Todd Lincoln.
Em Nova York, a exposição poderá ser
vista até o dia 31 de dezembro e mais informações a respeito podem ser obtidas na
página do “Metropolitan Museum of Art”:
www.metmuseum.org.
PORTUGAL
Uma edição especial da revista “Comunhão”, comemorativa ao Natal, está circulando, com artigos e mensagens sobre o 25
de dezembro. Um dos textos, assinado pela
benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, fala
sobre o mundo de antes e de depois da vinda de Jesus, e conclama o leitor a realizar um
“Natal de Ação”. “Comemora o Natal do
Cristo, repartindo amor e esperança, trabalho e fraternidade com as demais criaturas,
confirmando, dessa forma, que Ele já nasceu em ti, e age com a elevação que O caracterizou quando aqui esteve no passado” –
afirma.
“Comunhão” tem 24 páginas, 15x21cm
e circulação bimestral. Quem publica é a
Comunhão Espírita Cristã de Lisboa, cuja
sede fica na Calçada do Tojal, 95 – s/c –
1500-592 Lisboa – Portugal – telefone 217
647 441.
NOTAS DA GRANDE IMPRENSA
PENA DE MORTE:
UM GRAVE ERRO!
A execução de um condenado nos Estados
Unidos, no início do mês
de dezembro, por injeção letal, reacendeu os
debates no mundo sobre a chamada pena capital. Veterano de guerra do Vietnã, Kenneth
Lee Boyd tornou-se o
milésimo prisioneiro a
ser executado desde que a pena de morte
foi retomada no país, em 1976. Ele tinha 57
anos, um histórico de abuso de álcool e
estava preso desde 1988 acusado de assassinar a esposa e o sogro na frente dos
filhos. Parentes e amigos mais próximos, que
assistiram à execução, choraram bastante.
“Era um homem muito gentil, com um
bom coração” – disse Kathy Smith, nora de
Boyd, cujas últimas palavras, foram: “Que
Deus abençoe todos aqui”.
Do lado de fora da Prisão Central de
Raleigh, na capital da Carolina do Norte,
cerca de cem manifestantes contrários à
pena acenderam velas na calçada e leram
os nomes das outras 999 pessoas executadas desde 1976 no país.
“Essa milésima execução é um marco
histórico, um marco histórico de que todos
nós deveríamos nos envergonhar” – afirmou à imprensa Thomas Maher, advogado
de Boyd.
Hoje, dos 50 estados norte-americanos,
38 permitem a pena de morte. Apenas China, Vietnã e Irã ultrapassaram os Estados
Unidos no número de execuções em 2004,
segundo a Anistia Internacional.
∗
Emmanuel, no livro “Religião dos Espíritos”, psicografado por Chico Xavier e
publicado pela Federação Espírita Brasileira, dedica um capítulo inteiro ao tema “Pena
de morte”:
“Todos os fundadores das grandes
instituições religiosas, que ainda hoje influenciam ativamente a comunidade humana, partiram da Terra com a segurança do
trabalhador ao fim do dia.
Moisés, ancião, expira na eminência do
Nebo, contemplando a Canaã prometida.
Sidarta, o iluminado construtor do Budismo, depois de abençoada peregrinação
entre os homens, abandona o corpo físico,
num horto florido de Kuçinagara.
Confúcio, o sábio que plasmou todo
um sistema de princípios morais para a vida
chinesa, encontra a morte num leito pacífico, sob a vigilância de um neto afetuoso.
E, mais tarde, Maomé, o criador do
Islamismo, que consentiu em ser adorado
pelos discípulos, na categoria de imortal,
sucumbe em Medina, dentro de sólida madureza, atacado pela febre maligna.
Com Jesus, entretanto, a despedida é
diferente.
O divino fundador do Cristianismo, que
define a Religião Universal do Amor e da
Sabedoria, em plena vitalidade juvenil, é
detido pela perseguição gratuita e trancafiado no cárcere.
Ninguém lhe examina os antecedentes,
nem lhe promove recursos à defensiva.
Negado pelos melhores amigos, encontra-se sozinho, entre juizes astuciosos, qual
ovelha esquecida em meio de chacais.
Aliam-se o egoísmo e a crueldade para
sentenciá-lo ao sacrifício supremo.
Herodes, patrono da ordem pública,
chamado a pronunciar-se em seu caso, determina se lhe dê o tratamento cabível aos
histriões.
3
Pilatos, responsável pela justiça, abstém-se de conferir-lhe o direito natural.
E, entregue à multidão amotinada na
cegueira de espírito, é preferido a Barrabás,
o malfeitor, para sofrer a condenação insólita.
Decerto, para induzir-nos à compaixão,
aceitou Jesus padecer em silêncio os erros
da justiça terrestre, alinhando-se, na cruz,
entre os injuriados e as vítimas sem razão,
de todos os tempos da Humanidade.
Cristãos de todas as interpretações do
Evangelho e de todos os quadrantes do
mundo, atentos à exemplificação do Eterno
Benfeitor, apartai o criminoso do crime, como
aprendestes a separar o enfermo da enfermidade!
Educai o irmão transviado, quanto
curais o companheiro doente!
Desterrai, em definitivo, a espada e o
cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e o
fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás
dos quadros de vossa penologia, e oremos,
todos juntos, suplicando a Deus nos inspire paciência e misericórdia, uns para com
os outros, porque, ainda hoje, em todos os
nossos julgamentos, será possível ouvir, no
ádito da consciência, o aviso celestial do
nosso Divino Mestre, condenado à morte
sem culpa: – Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!”.
LIVRO É NOTÍCIA
ANUÁRIO ESPÍRITA 2006
Os fatos revelam que o
ano de 2005 foi muito
positivo para a divulgação do Espiritismo no
Brasil e no mundo.
Aconteceram inúmeros
eventos, entre congressos, seminários, oficinas de estudo. Reportagens, tanto na mídia
impressa quanto televisiva, trataram de
questões relacionadas à Doutrina. Novelas
veiculadas para todo o país e diversas outras partes do mundo, transmitidas em horário nobre, alcançaram altos índices de
audiência abordando reencarnação, obsessão, vidas passadas e comunicação com os
Espíritos. No mês de maio, a revista “Veja”,
uma das mais lidas no Brasil, em sua edição
1904, dedicou a matéria de capa ao tema
vida após a morte. No mês seguinte, em
Londres, o 1o Minicongresso Espírita Britânico era realizado pela “British Union of
Spiritist Societies” (União Britânica de Sociedades Espíritas), representando, apesar
do prefixo diminutivo que o evento trouxe à
frente do nome, mais um grande passo para
o fortalecimento do movimento espírita na
Europa. No campo da literatura, novas obras
doutrinárias foram lançadas e outras já existentes, demonstrando o sucesso obtido junto ao público, reeditadas. “O Evangelho
segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec,
ganhou a sua versão para o inglês, com o
título “The Gospel according to Spiritism”,
e para o italiano: “Il Vangelo secondo lo
Spiritismo”. O que também aconteceu com
os livros “Sinal Verde”, de André Luiz, traduzido para o inglês (Green Light), e “Uma
cidade no além” (Una Cittá nell’aldilá), para
o italiano, dentre outras obras.
Em Pedro Leopoldo, terra Natal do saudoso médium Francisco Cândido Xavier,
surgiu a Fundação Cultural Chico Xavier,
com o propósito de oferecer à comunidade
espírita local e a visitantes um panorama da
vida e da obra do Mineiro do Século, através da criação de um centro de estudos e
de um roteiro contando os passos de Chico
naquela aprazível cidade do interior de
Minas Gerais.
Em julho de 2005, Divaldo Pereira
Franco realizava a sua primeira palestra na
Nova Zelândia, atraindo para o Centro Comunitário da Parnell, em Auckland, a maior
cidade do país, mais de cem pessoas, número cinco vezes maior do que o esperado
para ouvir o estudo sobre o tema “Do estresse e depressão para a consciência espiritual”.
Todas estas informações e muitas outras que ajudam a compor a História do Espiritismo em nível nacional e internacional
estão reunidas no “Anuário Espírita 2006”,
recém-lançado pelo Instituto de Difusão
Espírita (IDE), que há mais de 40 anos realiza este trabalho de compilação de expressivos fatos para o movimento espírita.
A publicação, com 13,5x18,5cm e 76 ilustrações, apresenta em suas 256 páginas as
já tradicionais seções “Estudos e comentários”; “Reportagens”; “Noticiário”; “Fatos
mediúnicos”; “Cinema/vídeo”; “Literatura”, com dois estudos “Espiritismo em Léon
Tolstoi” e “Reencarnação na obra dos grandes poetas”; “História”, com o estudo “Os
primeiros documentos sobre Espiritismo no
Brasil”; “Palavras do mais além”; “Esperanto” e “Informações”.
O “Anuário Espírita 2006” deve ser
solicitado diretamente ao IDE: Av. Otto
Barreto, 1.067 – Caixa Postal 110 – CEP
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BETINHO: UM SONHO DE NATAL
isitava um educandário para crianças
arrebatadas do corpo em formosa
instância de nosso plano, quando fui
convidada pela digna coordenadora, Meimei, a partilhar de inesquecível encontro
com um grupo de crianças ali assistidas.
Falou-me a poetisa da Imortalidade que
a característica predominante em todas elas
era o sonho de Natal não realizado, já que
quase todas eram crianças oriundas de famílias pobres, quando na Terra, onde o Natal
é apenas uma referência no calendário sem
a presença dos brinquedos nem da mesa
farta.
Elucidou-me Meimei que dentre o grupo que em breve conheceria, composto de
V
25 meninos e meninas, o caso de Betinho
era singular, pois além de pobre fora repudiado pela família terrena, que o lançara
muito cedo na vida de mendicância, esmolando de porta em porta, até o dia em que
um veículo pesado lhe esmagou o corpo
sujo e anêmico, devolvendo-o traumatizado
ao mundo espiritual.
Caminhando por alamedas floridas e
jardins bem cuidados, atingi um recanto
chamado de bosque dos sonhos, onde diversas casinhas acolhiam os meninos em
grupos não superiores a 25 crianças em
cada lar.
Adentrei-me em vasto salão e ali dentro a mestra conversava com eles, somente
parando por motivo de minha chegada, fazendo as apresentações necessárias.
Declinei meu nome para o grupo de infantes, sumariei nosso objetivo de aprender com todas elas e passei a conversar
descontraidamente com os pequenos, buscando conhecer em cada petiz o sonho que
se escondia por detrás do rosto infantil.
Rosa nos disse que a família de onde
era oriunda era muito pobre, mas o pai sempre dava um jeito de trazer um frango assado para a ceia natalina. Destacou que
essa era a única vez no ano que ela comia
frango.
Mateus falou que não podia percorrer
os shoppings de sua cidade porque era
negro e os seguranças daquele lugar não o
deixavam entrar.
Clarice disse, sorridente, que sempre ia
com a mãe e com a irmã assistir aos meninos cantores da prefeitura se apresentarem
na praça municipal, sonhando, quem sabe
um dia, igualmente em ser chamada para
fazer parte daquelas vozes infantis.
Luís Henrique contou-nos que aguardava sempre com ansiedade a chegada do
Papai Noel, que vinha na forma de um tio,
irmão de sua mãe, sendo que todos os anos
ele trazia alguma coisa, ora uma bola ora um
carrinho de plástico, até o dia em que não
veio mais e o Natal para ele deixou de ter
sentido.
Olívia lembrou que seu Natal era sempre em família, sendo que todos se reuniam
na igreja evangélica onde cantavam e oravam ao menino aniversariante, rumando
após para casa, onde se recolhiam em paz,
sem festas ou árvores coloridas por falta de
dinheiro.
E assim diversas histórias desfilaram
diante dos meus olhos, todas elas marcadas
pela dor e pela saudade, carregadas de emoção e tingidas pela amargura posta naqueles olhinhos miúdos.
Propositalmente, deixei Betinho por último e já no final da reunião perguntei ao
mesmo qual era seu sonho de Natal.
O pequeno ouvinte, que permanecera
em silêncio até ali, por mim provocado, começou narrando timidamente que fora menino de rua e sempre que chegava o Natal
buscava se acercar de padarias e armazéns,
na esperança de conseguir um pedaço de
bolo ou um pão dormido, ou quem sabe uma
bola de assopro (1).
4
Mas era sempre enxotado pelos adultos, porque diziam que ele era um pivete,
menino de rua, trombadinha, e que para ele
Natal não existia, sendo que invariavelmente as pessoas que se sentiam incomodadas
com sua presença chamavam a Polícia e o
obrigavam a correr, sob ameaça de apanhar.
Fugindo sempre, seu Natal era percorrer as ruas em busca de abrigo e vasculhar
as latas de lixo à cata do que comer.
Esclareceu que a fome era sua principal companhia diária e à noite as estrelas
eram as únicas luzes que piscavam para ele
sem o ameaçar. Rematou sua história ao dizer que um dia, ao atravessar uma rua movimentada, fora colhido por um ônibus, caindo em pesado sono após o impacto e de
nada mais se lembrava, a não ser que acordara naquele educandário.
Em torno de todos nós caiu pesado silêncio e o pranto sereno era a manifestação
mais eloqüente entre os demais ouvintes.
Finalizando seu comovente depoimento, disse Betinho:
– Tia Marta, não posso acreditar nesse Natal feito pelos homens. Jesus nele não
está e como eu também dele não participa,
já que Ele é o grande menino de rua, a recolher em cada esquina os pobres e desvalidos, os miseráveis e os esquecidos, reconfortando-os ante a certeza de que haverá
um grande Natal após a peregrinação pela
Terra, já que em algum lugar do Céu deve
haver um Natal sem exclusão de espécie
alguma.
Após findar sua história, Betinho tinha lágrimas a descerem copiosas pelo rosto triste.
Todos tínhamos.
Era véspera de Natal.
∗
A página é do Espírito Marta e foi
psicografada pelo médium Marcel Mariano,
em 4 de novembro, em Belo Horizonte.
(1) balão de látex usado em aniversários.
MOVIMENTO ESPÍRITA
DESCONTOS PROGRESSIVOS
Como promoção de Natal e final de ano,
as Organizações Candeia estão oferecendo descontos especiais sobre os seus mais
de 11 mil títulos. Os descontos podem chegar a 25% do valor normal da publicação.
Nas compras até R$20,00, o desconto é de
10%; nas de R$20,01 a R$40,00, de 15%;
nas de R$40,01 a R$80,00, de 20%; nas de
R$80,01 a R$120,00, de 23%; e nas compras
acima de R$120,00, de 25%.
A promoção se encerra no dia 31 de
dezembro, mas outros descontos devem
permanecer até janeiro de 2006. O catálogo
completo das obras da “Candeia” e mais
informações sobre as promoções da distribuidora estão disponíveis na página
www.candeianet.com.br ou pelo correio eletrônico [email protected].
“FIDELIDADESPÍRITA”
HOMENAGEM A CHICO XAVIER
A “Revista FidelidadEspírita”, em sua
edição de dezembro, traz um interessante
estudo sobre o H5N1, o vírus causador da
gripe aviária, considerada mortal. Apresenta, em seis páginas, a visão do Espiritismo
sobre o tema, desmistificando a idéia de que
o vírus poderia ser um castigo divino.
“Quando a natureza é abalada em seu
equilíbrio, surgem os problemas ambientais,
biológicos, etc. Parece ser mais um abuso
do homem do que um castigo divino. É a
Lei de Causa e Efeito ensinando-nos a respeitar e não interferir tanto no equilíbrio do
mundo” – explica o artigo.
A revista também trata da questão do
aborto, bastante discutida nos últimos dias
devido ao Substitutivo do Projeto de Lei
1.135/91, que tramita na Câmara dos Deputados buscando legalizar essa prática a qualquer tempo da gestação, de forma indiscriminada. Também comenta, em suas 28 páginas, a passagem do Natal, com o artigo
“Ordem do Mestre”, tratando do verdadeiro significado da vinda de Jesus à Terra. E
apresenta, ainda, outras curiosidades, como
a narrativa da articulista Teddy Nilson sobre “O gato espírita”, propondo reflexões
acerca da necessidade de se vivenciar, com
o coração, a fé abraçada.
“FidelidadEspírita” é toda ilustrada com
fotografias, tem bela apresentação gráfica
e 28 páginas em papel cuchê. Sua assinatura anual custa R$45,00 e é uma publicação
do Centro de Estudos Espíritas Nosso Lar
(Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta – CEP
13042-010 Campinas, SP – telefone (19) 32335596 – [email protected]).
Praça Francisco Cândido Xavier. É
como passou a chamar-se o logradouro localizado na Estrada do Boiúna, 1.239, no
bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. A homenagem ao médium mineiro foi oficializada através do decreto no 26087, assinado pelo prefeito do
Rio, César Maia, e publicado em 9 de dezembro no “Diário Oficial do Município do
Rio de Janeiro”.
CARAVANA MEIMEI DO AMOR
Há alguns natais as crianças das comunidades carentes de Novo Horizonte,
Manancial e Retiro Poético, em Cantagalo,
no Estado do Rio de Janeiro, têm recebido
brinquedos, roupas, alimentos, entre outros
utensílios doados por espíritas, imbuídos
do propósito de levar um pouco mais de
alegria a esses lares sofridos. O trabalho
cresceu e a Caravana Meimei de Natal, como
era chamada, conquistou personalidade jurídica, tornando-se a instituição Caravana
Meimei do Amor. Também mudou a forma
de se realizar a iniciativa, que agora acontece não só no Natal mas durante todo o ano.
Presidida por Adésio Alves Machado, possui hoje 63 assistidos, entre crianças e adultos, alguns da Apae de Cordeiro, cidade próxima. A Caravana também repassa aos familiares dessas pessoas berços, camas, armários, que costuma receber como doação.
Quem quiser participar deste trabalho,
deve encaminhar suas doações para a Caravana Meimei do Amor: Rua Roque de Oliveira Cardoso, 74 – térreo – Centro – CEP
28500-000 Cantagalo, RJ. Contribuições financeiras podem ser feitas pela conta-corrente 7651-1, da agência 2038-9 do Bradesco.
Mais informações, pelos telefones (22) 25554753 e 2555-1580.
A MEDIUNIDADE NA HISTÓRIA
As bibliotecas espíritas ganharam um
valioso presente de Natal: o lançamento da
coleção “A mediunidade na História humana”. São cinco volumes mostrando como a
mediunidade sempre esteve presente em
inúmeros fatos ao longo dos tempos.
“Mediunidade na Antigüidade e Idade Média”, “Mediunidade na Idade Moderna e
Contemporânea”, “Surgimento do Espiritismo e os pesquisadores da mediunidade” e
“Os primeiros anos do Espiritismo e a Mediunidade no Brasil” são os títulos que compõem a coleção, sendo o penúltimo deles
desmembrado em dois tomos.
A coleção, fruto de pesquisas em fontes espíritas e não-espíritas, é de autoria de
Licurgo Soares de Lacerda Filho e possui
ao todo 1.024 páginas, no formato 14x21cm.
A responsável pelo lançamento é a Minas
Editora, que atende a pedidos na Rua
Wenceslau Brás, 276 – Centro – CEP 38440216 Araguari, MG; pelo televendas (34)
3241-3557; correio eletrônico atendimento
@minaseditora.com ou em sua página na
internet: www.minaseditora.com. A coleção
completa custa R$130,00 e os volumes,
R$26,00 cada.
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desenvolver planos previdenciários acessíveis para todos os níveis de renda. Com
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