A N R A S
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SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES LAR FABIANO DE CRISTO Rua dos Inválidos, 34 – 7o andar – Centro 20231-044 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Internet: http://www.lfc.org.br/sei [email protected] Sábado, 24/12/2005 - no 1969 REVIDE D.Villela evidar significa “vingar uma ofensa ou agressão com outra ainda maior”, e também “replicar, contradizer”. Dada a nossa condição evolutiva, caracterizada, ainda, por afastamento freqüente do equilíbrio e do alinhamento com as Leis Divinas, a agressividade é experiência comumente encontrada em nosso dia-a-dia, podendo manifestar-se de forma física, verbal ou mental, devendo reconhecer-se, quanto à última, que nós mesmos a praticamos, quando, por exemplo, ao observar ou tomar conhecimento de atitudes erradas, dirigimos aos seus autores pensamentos hostis, carregados de revolta e desejo de punição. Individualidades amadurecidas, em tais casos, mentalizam a necessidade de mudança por meio da educação. Posicionar-se diante do mal com discernimento, percebendo-o como manifestação de imaturidade ou doença do espírito é a forma correta de contribuir para extingui-lo, de vez que o desforço agrava invariavelmente as causas que o produzem. Agredir os violentos pode até, em alguns casos, detê-los temporariamente e causarlhes sofrimento mas, certamente, adiciona novas cargas de ódio e impulsividade aos seus corações, sempre infelizes pela secura que padecem. Na verdade, a única terapia efetiva para o mal é o bem. É oportuno esclarecer, contudo, que a necessidade de não revidar não implica a de não se defender. O próprio Mestre nos mostrou isso (por exemplo, em João, 7: 1 a 9), pois embora se submetesse à autoridade humana, falível, que o condenou iniquamente, não ofereceu ensejo para que os inimigos da Boa-Nova o molestassem ou até eliminassem, interrompendo prematuramente sua missão. Por outro lado, deixando o nosso convívio direto, não entregou a Terra aos malfeitores, prosseguindo, vigilante, na proteção de nossos patrimônios morais e espirituais. É justo, portanto, aplicar regime de segregação àqueles que se constituem em risco para os demais pela criminalidade a que se inclinam, R sabendo-se, contudo, que se não receberem tratamento adequado, associando medidas pedagógicas e terapêuticas com tratamento humano, sairão das penitenciárias como entraram ou em condições ainda piores. Sem esquecermos o erro maior nesse terreno, representado pela pena de morte quando, abdicando de sua obrigação de cuidar, em todas as circunstâncias, da educação moral de seus membros, a sociedade decide eliminar um deles num crime planejado e executado sob o patrocínio do Estado. Revidar é responder mal, erradamente, a situações que nos molestam ou desagradam. Vemos, assim, que: – a eutanásia é o revide contra alguém cuja demora ao morrer nos incomoda e prejudica; – o aborto é o revide contra alguém que se apresenta criando-nos problemas e exigindo-nos mudanças; – a pena de morte é o revide contra quem viola gravemente padrões de conduta socialmente estabelecidos; – o suicídio é a tentativa, profundamente infeliz, de revide contra o próprio Criador, que nos situa sempre junto a pessoas e circunstâncias necessárias ao nosso progresso e não aceitas por nós. Não revidar mas agir sempre construtivamente é uma aprendizagem que precisamos realizar, como tantas outras em nosso processo evolutivo, devendo ter-se em mente que a agressividade começa em nosso íntimo para depois exteriorizar-se em palavras e ações, pelo que Gandhi, na sua campanha de não-violência, insistia para que não se pensasse nem se falasse mal dos ingleses que ocupavam a Índia. E Jesus, nosso Divino Mestre, nos recomendou – o que ainda é difícil para nós mas absolutamente verdadeiro com vistas à nossa felicidade – que orássemos por nossos inimigos e pelos que nos prejudicam. N ∗ “O Evangelho segundo o Espiritismo” (capítulo 12, itens 7 a 10). A ◊ “Irmão, que ouves no Natal os ecos suaves do cântico milagroso dos anjos, recorda que o Mestre veio até nós para que nos amemos uns aos outros.” “Fonte Viva” Emmanuel A O QUE O CRISTO ESPERA DE NÓS Marlene Nobre e há dois mil anos alguém espalhasse a notícia de que um menino, nascido em uma singela estrebaria, em Belém, aportara ao mundo com a missão de libertar os seres humanos do jugo da escravidão e da ignorância, certamente seria ridicularizado. A humildade que marcara esse nascimento estava fora dos padrões estabelecidos para os grandes líderes. Aliás, toda a vida de Jesus desenrolou-se fora desses padrões. Criado em Nazaré, na Galiléia, trabalhou nos serviços singelos da carpintaria de seu pai e quando chamado ao cumprimento da missão para a qual viera – a da implantação do Reino de Deus na Terra – não prescindiu da colaboração de humildes pescadores da região em que vivia. Mas como é que algo de bom poderia vir da Galiléia? Perguntavam-se os defensores das regras estabelecidas. Respondendo a Pilatos, durante o julgamento, que o seu Reino não era deste mundo e que um dia conheceríamos a Verdade e que ela nos libertaria, Jesus, de forma clara e precisa, esclarece a natureza de Sua missão, explicando-nos a razão pela qual o poder transitório do mundo não poderia compreendê-la. Definitivamente, Jesus foi um líder diferente. Com a força do seu exemplo, inaugurou no mundo um novo padrão moral para a libertação de consciências e corações do jugo da ignorância. Na sua época, o pequeno grupo que formou tinha diante de si a esmagadora maioria dos que viviam fossilizados nos padrões antigos, impregnados de orgulho e egoísmo. Ao longo da história humana, repete-se a mesma situação. Muitos séculos transcorreram, desde que a Estrela de Belém iluminou os céus da Terra. Infelizmente, no transcurso do tempo, os ensinamentos do Mestre foram alterados, omitidos, deformados, ironizados ou esquecidos. Somente as guerras ferozes e sanguinolentas nunca cessaram. O fracasso, porém, de muitos povos que se confessam cristãos, mas não cultivam, na prática, o amor e a fraternidade, não impede o su- S 2 cesso crescente de minorias criativas que procuram seguir fielmente ao Cristo, exemplificando Suas lições. Realmente, não tem sido fácil aderir ao programa de libertação que o Cristo propõe. Ensinou-nos Ele a amar a Deus sobre todas as coisas, com todo amor e entendimento. A amar ao próximo como a nós mesmos. A combater o egoísmo que vem da animalidade primitiva. A fazer o bem aos que nos fazem mal. A abençoar aos que nos perseguem e caluniam. A repartir os dons que recebemos da vida com os menos afortunados e mais pobres do caminho. A levantar os caídos, auxiliando aos que se arrastam, incapazes de vencer as próprias viciações. A combater a ignorância, sem crítica, nem condenação, procurando compreender e perdoar sempre. Nesta época do Natal, este é o compromisso primordial que devemos manter: o de seguir esses ensinamentos que são eternos. É o que o Cristo espera de nós. Sobretudo nesta época, as lições do Evangelho incentivam-nos a cultivar o trabalho, a manter fidelidade ao dever, lealdade aos compromissos assumidos, no lar, na família. É a época do cultivo da alegria no reencontro com amigos e familiares; de reforçar nossos laços de amor com nossa mãe, nosso pai, nossos irmãos, mesmo quando não mais se encontrem conosco na crosta terrestre. Enfim, o Natal lembra-nos que é preciso cultivar a união entre todos para que a cada novo ano possamos produzir mais e melhor no campo do bem. Somente assim reafirmaremos nossos propósitos de fidelidade ao Reino de Deus e ao Cristo na construção de um mundo novo. ◊ “Com o Enviado Celeste, que surge na Manjedoura, temos o Divino vencedor, arrebanhando os fracos e os sofredores, os pobres e os humildes para a revelação do Bem Universal.” “Segue-me!...” Emmanuel SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES Boletim Semanal editado pelo Lar Fabiano de Cristo Diretor: Cesar Soares dos Reis Editores: Danilo Carvalho Villela Eloy Carvalho Villela Endereço: Rua dos Inválidos, 34 - 7o andar Centro - CEP 20231-044 Rio de Janeiro - RJ Tel. (21) 2242-8872 Fax (21) 3806-8649 Brasil INTERNACIONAIS ESTADOS UNIDOS O Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, está exibindo uma série de fotografias de diferentes fotógrafos mostrando médiuns de efeitos físicos em plena atividade. “The Perfect Medium: Photography and the Occult” (O médium perfeito: fotografia e o oculto) é o nome da exposição, que reúne preciosidades fotográficas obtidas com a colaboração da “Maison Européenne de la Photographie” (Casa Européia da Fotografia), de Paris, onde a mostra esteve em cartaz de novembro de 2004 a fevereiro de 2005. Do acervo fazem parte registros dos trabalhos de alguns conhecidos pesquisadores da fenomenologia mediúnica, dentre os quais Sir William Crookes. Uma das atrações é a foto da aparição do presidente norteamericano Abraão Lincoln ao lado da esposa Mary Todd Lincoln. Em Nova York, a exposição poderá ser vista até o dia 31 de dezembro e mais informações a respeito podem ser obtidas na página do “Metropolitan Museum of Art”: www.metmuseum.org. PORTUGAL Uma edição especial da revista “Comunhão”, comemorativa ao Natal, está circulando, com artigos e mensagens sobre o 25 de dezembro. Um dos textos, assinado pela benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, fala sobre o mundo de antes e de depois da vinda de Jesus, e conclama o leitor a realizar um “Natal de Ação”. “Comemora o Natal do Cristo, repartindo amor e esperança, trabalho e fraternidade com as demais criaturas, confirmando, dessa forma, que Ele já nasceu em ti, e age com a elevação que O caracterizou quando aqui esteve no passado” – afirma. “Comunhão” tem 24 páginas, 15x21cm e circulação bimestral. Quem publica é a Comunhão Espírita Cristã de Lisboa, cuja sede fica na Calçada do Tojal, 95 – s/c – 1500-592 Lisboa – Portugal – telefone 217 647 441. NOTAS DA GRANDE IMPRENSA PENA DE MORTE: UM GRAVE ERRO! A execução de um condenado nos Estados Unidos, no início do mês de dezembro, por injeção letal, reacendeu os debates no mundo sobre a chamada pena capital. Veterano de guerra do Vietnã, Kenneth Lee Boyd tornou-se o milésimo prisioneiro a ser executado desde que a pena de morte foi retomada no país, em 1976. Ele tinha 57 anos, um histórico de abuso de álcool e estava preso desde 1988 acusado de assassinar a esposa e o sogro na frente dos filhos. Parentes e amigos mais próximos, que assistiram à execução, choraram bastante. “Era um homem muito gentil, com um bom coração” – disse Kathy Smith, nora de Boyd, cujas últimas palavras, foram: “Que Deus abençoe todos aqui”. Do lado de fora da Prisão Central de Raleigh, na capital da Carolina do Norte, cerca de cem manifestantes contrários à pena acenderam velas na calçada e leram os nomes das outras 999 pessoas executadas desde 1976 no país. “Essa milésima execução é um marco histórico, um marco histórico de que todos nós deveríamos nos envergonhar” – afirmou à imprensa Thomas Maher, advogado de Boyd. Hoje, dos 50 estados norte-americanos, 38 permitem a pena de morte. Apenas China, Vietnã e Irã ultrapassaram os Estados Unidos no número de execuções em 2004, segundo a Anistia Internacional. ∗ Emmanuel, no livro “Religião dos Espíritos”, psicografado por Chico Xavier e publicado pela Federação Espírita Brasileira, dedica um capítulo inteiro ao tema “Pena de morte”: “Todos os fundadores das grandes instituições religiosas, que ainda hoje influenciam ativamente a comunidade humana, partiram da Terra com a segurança do trabalhador ao fim do dia. Moisés, ancião, expira na eminência do Nebo, contemplando a Canaã prometida. Sidarta, o iluminado construtor do Budismo, depois de abençoada peregrinação entre os homens, abandona o corpo físico, num horto florido de Kuçinagara. Confúcio, o sábio que plasmou todo um sistema de princípios morais para a vida chinesa, encontra a morte num leito pacífico, sob a vigilância de um neto afetuoso. E, mais tarde, Maomé, o criador do Islamismo, que consentiu em ser adorado pelos discípulos, na categoria de imortal, sucumbe em Medina, dentro de sólida madureza, atacado pela febre maligna. Com Jesus, entretanto, a despedida é diferente. O divino fundador do Cristianismo, que define a Religião Universal do Amor e da Sabedoria, em plena vitalidade juvenil, é detido pela perseguição gratuita e trancafiado no cárcere. Ninguém lhe examina os antecedentes, nem lhe promove recursos à defensiva. Negado pelos melhores amigos, encontra-se sozinho, entre juizes astuciosos, qual ovelha esquecida em meio de chacais. Aliam-se o egoísmo e a crueldade para sentenciá-lo ao sacrifício supremo. Herodes, patrono da ordem pública, chamado a pronunciar-se em seu caso, determina se lhe dê o tratamento cabível aos histriões. 3 Pilatos, responsável pela justiça, abstém-se de conferir-lhe o direito natural. E, entregue à multidão amotinada na cegueira de espírito, é preferido a Barrabás, o malfeitor, para sofrer a condenação insólita. Decerto, para induzir-nos à compaixão, aceitou Jesus padecer em silêncio os erros da justiça terrestre, alinhando-se, na cruz, entre os injuriados e as vítimas sem razão, de todos os tempos da Humanidade. Cristãos de todas as interpretações do Evangelho e de todos os quadrantes do mundo, atentos à exemplificação do Eterno Benfeitor, apartai o criminoso do crime, como aprendestes a separar o enfermo da enfermidade! Educai o irmão transviado, quanto curais o companheiro doente! Desterrai, em definitivo, a espada e o cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás dos quadros de vossa penologia, e oremos, todos juntos, suplicando a Deus nos inspire paciência e misericórdia, uns para com os outros, porque, ainda hoje, em todos os nossos julgamentos, será possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso celestial do nosso Divino Mestre, condenado à morte sem culpa: – Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!”. LIVRO É NOTÍCIA ANUÁRIO ESPÍRITA 2006 Os fatos revelam que o ano de 2005 foi muito positivo para a divulgação do Espiritismo no Brasil e no mundo. Aconteceram inúmeros eventos, entre congressos, seminários, oficinas de estudo. Reportagens, tanto na mídia impressa quanto televisiva, trataram de questões relacionadas à Doutrina. Novelas veiculadas para todo o país e diversas outras partes do mundo, transmitidas em horário nobre, alcançaram altos índices de audiência abordando reencarnação, obsessão, vidas passadas e comunicação com os Espíritos. No mês de maio, a revista “Veja”, uma das mais lidas no Brasil, em sua edição 1904, dedicou a matéria de capa ao tema vida após a morte. No mês seguinte, em Londres, o 1o Minicongresso Espírita Britânico era realizado pela “British Union of Spiritist Societies” (União Britânica de Sociedades Espíritas), representando, apesar do prefixo diminutivo que o evento trouxe à frente do nome, mais um grande passo para o fortalecimento do movimento espírita na Europa. No campo da literatura, novas obras doutrinárias foram lançadas e outras já existentes, demonstrando o sucesso obtido junto ao público, reeditadas. “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, ganhou a sua versão para o inglês, com o título “The Gospel according to Spiritism”, e para o italiano: “Il Vangelo secondo lo Spiritismo”. O que também aconteceu com os livros “Sinal Verde”, de André Luiz, traduzido para o inglês (Green Light), e “Uma cidade no além” (Una Cittá nell’aldilá), para o italiano, dentre outras obras. Em Pedro Leopoldo, terra Natal do saudoso médium Francisco Cândido Xavier, surgiu a Fundação Cultural Chico Xavier, com o propósito de oferecer à comunidade espírita local e a visitantes um panorama da vida e da obra do Mineiro do Século, através da criação de um centro de estudos e de um roteiro contando os passos de Chico naquela aprazível cidade do interior de Minas Gerais. Em julho de 2005, Divaldo Pereira Franco realizava a sua primeira palestra na Nova Zelândia, atraindo para o Centro Comunitário da Parnell, em Auckland, a maior cidade do país, mais de cem pessoas, número cinco vezes maior do que o esperado para ouvir o estudo sobre o tema “Do estresse e depressão para a consciência espiritual”. Todas estas informações e muitas outras que ajudam a compor a História do Espiritismo em nível nacional e internacional estão reunidas no “Anuário Espírita 2006”, recém-lançado pelo Instituto de Difusão Espírita (IDE), que há mais de 40 anos realiza este trabalho de compilação de expressivos fatos para o movimento espírita. A publicação, com 13,5x18,5cm e 76 ilustrações, apresenta em suas 256 páginas as já tradicionais seções “Estudos e comentários”; “Reportagens”; “Noticiário”; “Fatos mediúnicos”; “Cinema/vídeo”; “Literatura”, com dois estudos “Espiritismo em Léon Tolstoi” e “Reencarnação na obra dos grandes poetas”; “História”, com o estudo “Os primeiros documentos sobre Espiritismo no Brasil”; “Palavras do mais além”; “Esperanto” e “Informações”. O “Anuário Espírita 2006” deve ser solicitado diretamente ao IDE: Av. Otto Barreto, 1.067 – Caixa Postal 110 – CEP 13602-970 Araras, SP – telefone (19) 35410077 e internet www.ide.org.br. Preço: R$13,00. BETINHO: UM SONHO DE NATAL isitava um educandário para crianças arrebatadas do corpo em formosa instância de nosso plano, quando fui convidada pela digna coordenadora, Meimei, a partilhar de inesquecível encontro com um grupo de crianças ali assistidas. Falou-me a poetisa da Imortalidade que a característica predominante em todas elas era o sonho de Natal não realizado, já que quase todas eram crianças oriundas de famílias pobres, quando na Terra, onde o Natal é apenas uma referência no calendário sem a presença dos brinquedos nem da mesa farta. Elucidou-me Meimei que dentre o grupo que em breve conheceria, composto de V 25 meninos e meninas, o caso de Betinho era singular, pois além de pobre fora repudiado pela família terrena, que o lançara muito cedo na vida de mendicância, esmolando de porta em porta, até o dia em que um veículo pesado lhe esmagou o corpo sujo e anêmico, devolvendo-o traumatizado ao mundo espiritual. Caminhando por alamedas floridas e jardins bem cuidados, atingi um recanto chamado de bosque dos sonhos, onde diversas casinhas acolhiam os meninos em grupos não superiores a 25 crianças em cada lar. Adentrei-me em vasto salão e ali dentro a mestra conversava com eles, somente parando por motivo de minha chegada, fazendo as apresentações necessárias. Declinei meu nome para o grupo de infantes, sumariei nosso objetivo de aprender com todas elas e passei a conversar descontraidamente com os pequenos, buscando conhecer em cada petiz o sonho que se escondia por detrás do rosto infantil. Rosa nos disse que a família de onde era oriunda era muito pobre, mas o pai sempre dava um jeito de trazer um frango assado para a ceia natalina. Destacou que essa era a única vez no ano que ela comia frango. Mateus falou que não podia percorrer os shoppings de sua cidade porque era negro e os seguranças daquele lugar não o deixavam entrar. Clarice disse, sorridente, que sempre ia com a mãe e com a irmã assistir aos meninos cantores da prefeitura se apresentarem na praça municipal, sonhando, quem sabe um dia, igualmente em ser chamada para fazer parte daquelas vozes infantis. Luís Henrique contou-nos que aguardava sempre com ansiedade a chegada do Papai Noel, que vinha na forma de um tio, irmão de sua mãe, sendo que todos os anos ele trazia alguma coisa, ora uma bola ora um carrinho de plástico, até o dia em que não veio mais e o Natal para ele deixou de ter sentido. Olívia lembrou que seu Natal era sempre em família, sendo que todos se reuniam na igreja evangélica onde cantavam e oravam ao menino aniversariante, rumando após para casa, onde se recolhiam em paz, sem festas ou árvores coloridas por falta de dinheiro. E assim diversas histórias desfilaram diante dos meus olhos, todas elas marcadas pela dor e pela saudade, carregadas de emoção e tingidas pela amargura posta naqueles olhinhos miúdos. Propositalmente, deixei Betinho por último e já no final da reunião perguntei ao mesmo qual era seu sonho de Natal. O pequeno ouvinte, que permanecera em silêncio até ali, por mim provocado, começou narrando timidamente que fora menino de rua e sempre que chegava o Natal buscava se acercar de padarias e armazéns, na esperança de conseguir um pedaço de bolo ou um pão dormido, ou quem sabe uma bola de assopro (1). 4 Mas era sempre enxotado pelos adultos, porque diziam que ele era um pivete, menino de rua, trombadinha, e que para ele Natal não existia, sendo que invariavelmente as pessoas que se sentiam incomodadas com sua presença chamavam a Polícia e o obrigavam a correr, sob ameaça de apanhar. Fugindo sempre, seu Natal era percorrer as ruas em busca de abrigo e vasculhar as latas de lixo à cata do que comer. Esclareceu que a fome era sua principal companhia diária e à noite as estrelas eram as únicas luzes que piscavam para ele sem o ameaçar. Rematou sua história ao dizer que um dia, ao atravessar uma rua movimentada, fora colhido por um ônibus, caindo em pesado sono após o impacto e de nada mais se lembrava, a não ser que acordara naquele educandário. Em torno de todos nós caiu pesado silêncio e o pranto sereno era a manifestação mais eloqüente entre os demais ouvintes. Finalizando seu comovente depoimento, disse Betinho: – Tia Marta, não posso acreditar nesse Natal feito pelos homens. Jesus nele não está e como eu também dele não participa, já que Ele é o grande menino de rua, a recolher em cada esquina os pobres e desvalidos, os miseráveis e os esquecidos, reconfortando-os ante a certeza de que haverá um grande Natal após a peregrinação pela Terra, já que em algum lugar do Céu deve haver um Natal sem exclusão de espécie alguma. Após findar sua história, Betinho tinha lágrimas a descerem copiosas pelo rosto triste. Todos tínhamos. Era véspera de Natal. ∗ A página é do Espírito Marta e foi psicografada pelo médium Marcel Mariano, em 4 de novembro, em Belo Horizonte. (1) balão de látex usado em aniversários. MOVIMENTO ESPÍRITA DESCONTOS PROGRESSIVOS Como promoção de Natal e final de ano, as Organizações Candeia estão oferecendo descontos especiais sobre os seus mais de 11 mil títulos. Os descontos podem chegar a 25% do valor normal da publicação. Nas compras até R$20,00, o desconto é de 10%; nas de R$20,01 a R$40,00, de 15%; nas de R$40,01 a R$80,00, de 20%; nas de R$80,01 a R$120,00, de 23%; e nas compras acima de R$120,00, de 25%. A promoção se encerra no dia 31 de dezembro, mas outros descontos devem permanecer até janeiro de 2006. O catálogo completo das obras da “Candeia” e mais informações sobre as promoções da distribuidora estão disponíveis na página www.candeianet.com.br ou pelo correio eletrônico [email protected]. “FIDELIDADESPÍRITA” HOMENAGEM A CHICO XAVIER A “Revista FidelidadEspírita”, em sua edição de dezembro, traz um interessante estudo sobre o H5N1, o vírus causador da gripe aviária, considerada mortal. Apresenta, em seis páginas, a visão do Espiritismo sobre o tema, desmistificando a idéia de que o vírus poderia ser um castigo divino. “Quando a natureza é abalada em seu equilíbrio, surgem os problemas ambientais, biológicos, etc. Parece ser mais um abuso do homem do que um castigo divino. É a Lei de Causa e Efeito ensinando-nos a respeitar e não interferir tanto no equilíbrio do mundo” – explica o artigo. A revista também trata da questão do aborto, bastante discutida nos últimos dias devido ao Substitutivo do Projeto de Lei 1.135/91, que tramita na Câmara dos Deputados buscando legalizar essa prática a qualquer tempo da gestação, de forma indiscriminada. Também comenta, em suas 28 páginas, a passagem do Natal, com o artigo “Ordem do Mestre”, tratando do verdadeiro significado da vinda de Jesus à Terra. E apresenta, ainda, outras curiosidades, como a narrativa da articulista Teddy Nilson sobre “O gato espírita”, propondo reflexões acerca da necessidade de se vivenciar, com o coração, a fé abraçada. “FidelidadEspírita” é toda ilustrada com fotografias, tem bela apresentação gráfica e 28 páginas em papel cuchê. Sua assinatura anual custa R$45,00 e é uma publicação do Centro de Estudos Espíritas Nosso Lar (Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta – CEP 13042-010 Campinas, SP – telefone (19) 32335596 – [email protected]). Praça Francisco Cândido Xavier. É como passou a chamar-se o logradouro localizado na Estrada do Boiúna, 1.239, no bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. A homenagem ao médium mineiro foi oficializada através do decreto no 26087, assinado pelo prefeito do Rio, César Maia, e publicado em 9 de dezembro no “Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro”. CARAVANA MEIMEI DO AMOR Há alguns natais as crianças das comunidades carentes de Novo Horizonte, Manancial e Retiro Poético, em Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro, têm recebido brinquedos, roupas, alimentos, entre outros utensílios doados por espíritas, imbuídos do propósito de levar um pouco mais de alegria a esses lares sofridos. O trabalho cresceu e a Caravana Meimei de Natal, como era chamada, conquistou personalidade jurídica, tornando-se a instituição Caravana Meimei do Amor. Também mudou a forma de se realizar a iniciativa, que agora acontece não só no Natal mas durante todo o ano. Presidida por Adésio Alves Machado, possui hoje 63 assistidos, entre crianças e adultos, alguns da Apae de Cordeiro, cidade próxima. A Caravana também repassa aos familiares dessas pessoas berços, camas, armários, que costuma receber como doação. Quem quiser participar deste trabalho, deve encaminhar suas doações para a Caravana Meimei do Amor: Rua Roque de Oliveira Cardoso, 74 – térreo – Centro – CEP 28500-000 Cantagalo, RJ. Contribuições financeiras podem ser feitas pela conta-corrente 7651-1, da agência 2038-9 do Bradesco. Mais informações, pelos telefones (22) 25554753 e 2555-1580. A MEDIUNIDADE NA HISTÓRIA As bibliotecas espíritas ganharam um valioso presente de Natal: o lançamento da coleção “A mediunidade na História humana”. São cinco volumes mostrando como a mediunidade sempre esteve presente em inúmeros fatos ao longo dos tempos. “Mediunidade na Antigüidade e Idade Média”, “Mediunidade na Idade Moderna e Contemporânea”, “Surgimento do Espiritismo e os pesquisadores da mediunidade” e “Os primeiros anos do Espiritismo e a Mediunidade no Brasil” são os títulos que compõem a coleção, sendo o penúltimo deles desmembrado em dois tomos. A coleção, fruto de pesquisas em fontes espíritas e não-espíritas, é de autoria de Licurgo Soares de Lacerda Filho e possui ao todo 1.024 páginas, no formato 14x21cm. A responsável pelo lançamento é a Minas Editora, que atende a pedidos na Rua Wenceslau Brás, 276 – Centro – CEP 38440216 Araguari, MG; pelo televendas (34) 3241-3557; correio eletrônico atendimento @minaseditora.com ou em sua página na internet: www.minaseditora.com. A coleção completa custa R$130,00 e os volumes, R$26,00 cada. CAPEMI A CAPEMI sempre se preocupou em desenvolver planos previdenciários acessíveis para todos os níveis de renda. Com isso, a família de todos os trabalhadores pode ser protegida com os pecúlios da CAPEMI. Se você é servente, pedreiro, porteiro, auxiliar de escritório, recepcionista, trabalhador autônomo, engenheiro, médico, advogado, pode procurar a CAPEMI para proteger o futuro de quem você ama. Com uma pequena quantia mensal, todos podem deixar a família bem e em condições de enfrentar a vida caso um infortúnio aconteça. Na CAPEMI pessoas com idade de 14 a 80 anos podem fazer um plano MAIS VIDA para proteção de sua família. O pecúlio é um produto de extrema necessidade, pois apóia a família no seu momento mais difícil. Ligue ALÔ CAPEMI 0800 723 3030 De seg. a sexta-feira, das 8 às 17 horas Ligação gratuita