RF MEMS para Conectividade Ubíqua Sem Fio: Parte 1
Transcrição
RF MEMS para Conectividade Ubíqua Sem Fio: Parte 1
RF MEMS para Conectividade Ubíqua Sem Fio: Parte 1 - Fabricação Héctor J. De Los Santos, Georg Fischer, Harrie A.C. Tilmans, and Joost T.M. van Beek aplicação da tecnologia de sistemas micro eletromecânicos (MEMS) em sistemas de radiofreqüência (RF)/ micro ondas está prestes a revolucionar a comunicação sem fio [1]. Realmente, o fato de que os MEMS de RF (RFMEMS) permitem dispositivos passivos superiores, tais como chaves, capacitores chaveados (dois estados), capacitores sintonizáveis (varactors), indutores, linhas de transmissão e ressonadores, fazem que esta tecnologia seja a principal candidata a permitir a grande quantidade de aparelhos com comunicação sem fio operando nas esferas doméstica, móvel, e espacial [2], tais como telefones, estações bases e satélites. As propriedades mais importantes destes sistemas são baixo consumo de potência e reconfigurabilidade. É por esta razão que os RF-MEMS são tidos como a tecnologia chave que permitirá a ubiqüidade da conectividade sem fio. Neste contexto, o objetivo deste artigo é expor o impacto e o status da aplicação RFMEMS como capacitores chaveados, varactors, e chaves em três elementos deste paradigma, particularmente, telefones, estações base e satélites. Em particular, serão apresentadas questões como motivação/justificativa em nível de sistema para RF-MEMS, requisitos dos dispositivos, fabricação em alto volume, empacotamento, confiabilidade e desempenho no estado da arte. A primeira parte deste artigo é focalizada nas técnicas de fabricação (micro usinagem de superfície e A Héctor J. De Los Santos ([email protected]) is with NanoMEMS Research, LLC Irvine, CA 92604 USA. Georg Fischer is with Lucent-Bell Labs Europe Nuremberg, Germany. Harrie A.C. Tilmans is with Inter-University Microelectronics Center (IMEC) Leuven, Belgium. Joost T.M. van Beek is with Philips Research Laboratories Eindhoven, The Netherlands. 36 IEEE microwave magazine 1527-3342/04/$20.00©2004 IEEE Dezembro 2004 de volume) e suas limitações, comparando os princípios físicos principais de atuação nos quais os dispositivos RF-MEMS estão baseados e no empacotamento no nível de dispositivo. A segunda parte, que seguirá diretamente a este artigo, focalizará no progresso e no impacto dos dispositivos RF-MEMS em sistemas sem fio, em particular, em telefones, estações base e aplicações espaciais. Fundamentos da Tecnologia de RF-MEMS Os RF-MEMS estão baseados em duas técnicas principais para conformarem a terceira dimensão, nominalmente, micro usinagem de superfície e micro usinagem de volume. Na micro usinagem de superfície, Figura 2(a), um material de filme fino é adicionado ou removido seletivamente da lâmina. Os filmes que são eventualmente removidos são chamados de materiais sacrificiais, enquanto que os que permanecem na lâmina são chamados de materiais estruturais. Por exemplo, um braço pode ser criada em uma lâmina de silício através da deposição de SiO2 como camada sacrificial, depositando polissilício como camada estrutural, definindo a configuração do braço na camada de polissilício, e finalmente dissolvendo a camada sacrificial sob ela. Este último passo é chamado liberação uma vez que a sua finalidade é resultar em uma Fabricação A tecnologia de fabricação de RF-MEMS está baseada nas técnicas bem estabelecidas de fabricação de circuitos integrados (CI). De fato, isto pode ser entendido tendo-se como referência o processo de fabricação de CI bidimensional (2D) convencional [1], Figura 1, o qual é baseado na fotolitografia e ataque químico e baseado nas seguintes etapas. 1) A lâmina é recoberta com uma camada de proteção (tipicamente SiO2 para um substrato de silício). (a) 2) A superfície é recoberta Fotorresiste(FR) com um material poliméSiO2 rico sensível à luz, chamaSi do de fotorresiste (FR). 3) Uma fotomáscara, placa de vidro quadrada com emulsão fotográfica ou um filme metálico depositado de um lado, é colocada sobre a lâmina e o FR é exposto atraMáscara (b) vés da máscara, à uma luz ultravioleta (UV) de alta inSiO2 tensidade nas regiões onde Si a máscara é transparente. O fotorresiste é revelado por FR Positivo FR Negativo meio de processo similar ao da revelação de filmes fotográficos podendo ser positivo ou negativo, resultando respectivamente nos seguintes resultados. 1) Quando a luz UV expõe um (c) FR positivo, ela enfraquece o SiO2 SiO2 polímero de maneira que quando a imagem é revelada, Si Si o FR exposto é removido, transferindo então a imagem positiva da máscara para a camada de FR. 2) Quando a luz UV expõe um FR negativo, ela reforça as o (d) polímero de maneira que SiO2 SiO2 quando a imagem é revelada, o FR que não é exposto ao Si Si UV é removido, transferindo a imagem negativa da máscara para a camada de FR. Figura 1. Diagrama simplificado da seqüência de fabricação de circuitos integrados. Dezembro 2004 IEEE microwave magazine 37 Figura 2. (a) Braço fabricado por micro usinagem de superfície. (b) cavidade fabricada por micro usinagem de volume. mesma lâmina com a eletrônica, torna possível a produção de sistemas altamente funcionais com novos níveis de desempenho não obtidos de outra maAlumínio Silício monocristalino EDP, TMAH, XeF2 neira, em particular, quando está relaAlumínio Fotorresiste Plasma de oxigênio cionado com o peso e o tamanho do sistema, consumo de potência, e custo. Cobre ou Níquel Cromo HF Estruturas MEMS 3-D em questão póPolyimida Alumínio Al etch (ácido fosfórico, dem ser ativadas através de uma varieacético e nítrico) dade de mecanismos de atuação, tais quais os derivados de forças eletrosPolissilício Dióxido de silício HF táticas, eletrotérmica, piezelétricas, e Fotorresiste Alumínio Al etch (ácido fosfórico, eletrodinâmicas. Entretanto, no âmago, acético e nítrico) do ponto de vista de sistema ou em nível funcional, e independente do meDióxido de silício Polissilício XeF2 canismo de atuação empregado, conNitreto de silício ou Polissilício não dopado KOH ou TMAH tém dois pares de eletrodos, especiPolissilício dopado com boro ficamente, um par através do qual uma polarização DC é aplicada para resultar em um estrutura mecânica móvel auto sustentada. Os materiais movimento, e outro par, os eletrodos ou contatos de empregados tipicamente na micro usinagem de superfície chaveamento, através do qual o sinal de RF a ser atuado estão listados na Tabela 1 [3]. existe. Quando estes dois pares são isolados entre si, a Quando um líquido é utilizado para dissolver a configuração é chamada de relê. Por outro lado, se o camada sacrificial, entretanto, deve ser assegurado que as sinal dc e o RF partilham as mesmas linhas de controle, a forças de mola da estrutura mecânica superem a tensão configuração é chamada de chave. Do ponto de vista de superficial do líquido. De outra maneira, a liberação da circuito, relês podem ser classificados como dispositivos estrutura não ocorrerá apropriadamente, e a estrutura de quatro terminais e as chaves como dispositivos de dois terminará presa ao substrato ou a estruturas vizinhas. terminais. Entretanto, é possível, quando os terminais de Este fenômeno de adesão pode também ocorrer a polarização e o de RF compartilham um terra comum, operação de dispositivos atuados eletrostaticamente, obter relês de três terminais. neste caso ele pode ser resultado do “pull-in” discutido Da perspectiva do projeto de circuitos, a natureza da abaixo [1],[3]-[5]. estrutura do dispositivo, ou seja, se é um relê ou uma Na micro usinagem de volume, estruturas mecânicas chave, é muito importante. Isto porque, embora o relê são criadas internamente à lâmina, Figura 2(b), pela possua uma isolação intrínseca entre os terminais de remoção seletiva do material do substrato através de polarização e de RF, a chave não possui. Portanto, quantécnicas de corrosão úmida ou seca, explorando as taxas do uma configuração de chave é empregada, deve ser de corrosão anisotrópica dos diferentes planos utilizada uma maneira de desacoplar a polarização do cristalográficos da lâmina. sinal de RF, por exemplo, através de um T de A aplicação de MEMS no contexto de sistemas polarização. Estes conceitos podem ser visualizados integrados é muito atrativa, pois ao integrar estruturas examinando-se a as estruturas RF-MEMS fundamentais mecânicas tridimensionais (3-D) livremente móveis na de chaves e relês, mostradas na Figura 3. 38 IEEE microwave magazine Dezembro 2004 Neste artigo, nós focalizaremos no progresso e impacto de três tipos de dispositivos RF-MEMS fabricados com técnicas de micro usinagem de superfície em sistemas sem fio, especificamente, capacitores chaveados (CC), varactors (capacitores variáveis/sintonizáveis) e chaves ôhmicas. A seguir, será apresentada uma comparação entre os vários mecanismos de atuação empregados em dispositivos RF-MEMS. Atuação Dispositivos RF-MEMS, como chaves, capacitores sintonizáveis e ressonados mecânicos, possuem partes móveis que são colocadas em movimento através de um microatuador. Um dispositivo de chaveamento RFMEMS, por exemplo, têm apenas dois estados estáveis, como chaves de RF semicondutoras. O chaveamento entre os dois estados é conseguido através de deslocamento mecânico de uma estrutura livremente móvel, chamada armadura. O deslocamento é induzido por um microa- tuador para o qual diversos mecanismos de atuação existem, incluindo eletrostático, termoelétrico, piezoelétrico e eletromagnético [6]. O princípio de operação destes quatro mecanismos é mostrado nas Figuras 4, 6, 7 e 8, respectivamente, e ilustrado por um dispositivo de chaveamento RF-MEMS do tipo braço flexível. As seções seguintes tratam de cada mecanismo de atuação. A maioria dos dispositivos de RF-MEMS usam atuação eletrostática [7], [8], ilustrada na Figura 4(a) para um dispositivo de chaveamento RF-MEMS. Atuação eletrostática é baseada na força de Coulomb atrativa Fel existente entre cargas opostas. A força atrativa eletrostática entre duas placas paralelas através das quais uma voltagem V é aplicada é dada por: = = (1) Figura 3. Configuração e polarização de estruturas de chaveamento e relê. (a) chave capacitiva de curto atuada eletrostaticamente (configuração lateral) implementada em uma linha de transmissão CPW. (b) relê ôhmico serial atuado eletrostaticamente implementado com um braço flexível (configuração lateral). (c) chave de curto capacitiva de três terminais autuada eletrostaticamente (em configuração lateral). (d) chave capacitiva serial atuada eletrostaticamente implementada em uma linha de transmissão CPW (configuração linear). (e) circuito de polarização de uma chave de curto. (f) circuito de polarização de uma chave serial. Dezembro 2004 IEEE microwave magazine 39 onde Q (= CV, com C = ε0A/d a capacitância) é a carga nas placas do capacitor, A é a área das placas, d a distância entre as placas, e ε0 a permissividade do meio. A força é inversamente proporcional ao quadrado do espaçamento entre as placas, como mostrado na equação (1). Esta relação não-linear acarreta instabilidade quando a voltagem ultrapassa a chamada voltagem de pull-in (ou snap-down) VPI. Em outras palavras, pull-in é a voltagem na qual o controle de um dispositivo atuado eletrostaticamente, uma haste por exemplo, é perdido devido a perda de equilíbrio entre as forças eletrostáticas e elásticas. Este fenômeno fica aparente a partir do exame da equação de equilíbrio entre as forças eletrostáticas e elásticas cuja solução dá o deslocamento de uma placa móvel de um capacitor paralelo, x(V), Figura 4(b). Esta equação é dada por maneira que (2) é eventualmente satisfeita. Para este ajuste em x ocorrer, o valor de V deve ser tal que o valor inicial de (2) é positivo. Neste caso, (2) tem raízes reais (físicas), x(V) > 0. A voltagem que delimita este regime é a qual a diferença entre as forças elásticas e eletrostáticas, contidas em (2) é mínima. Seu valor pode ser encontrado calculando a derivada de (2) e igualando-a a zero, isto é, − ( ) = 0. (3) Com a resolução simultânea das equações (2) e (3), obtêm-se = ≫ (4a) e − ( ) =0 e implica que, começando em V = 0+, x se auto ajusta de (2) = , (4b) onde VPI denota a voltagem de pull-in e x PI a distância na Figura 4. (a) Mecanismo de atuação eletrostática ilustrado em um micro-relê. (b) diagrama de força ilustrado por um modelo simplificado paroximado de um atuador eletrostático. (c) deslocamento normalizado contra voltagem aplicada normalizada à voltagem de “pull-in” [3] 40 IEEE microwave magazine Dezembro 2004 qual ocorre o pull-in. A Figura 4c mostra um gráfico do deslocamento normalizado contra a voltagem aplicada, normalizada para a voltagem de pull-in, indicando que, em pull-in, o deslocamento torna-se imaginário e que o grau de curvatura da voltagem aplicada não controla mais o deslocamento. Abaixando a voltagem após pull-in ocorrer, a haste se solta a uma voltagem (muito) menor chamada voltagem de pull-out VPO. Assim, um atuador eletrostático possui histerese. A voltagem de pull-out é dada aproximadamente por = ≫ , (5) desenvolvidos. Em particular, a separação dos eletrodos de sinal e controle (assim chamado duplo-espaçamento) com respectivos espaçamentos eletrodo-placa superior d2 e d1 obedecendo a relação d1 ≤ d2/3, figura 5, resultou em faixa de sintonia (FS) expandida do valor teórico de 50% para mais de 400% [4]. Uma implementação mais recente de um varator de espaçamento duplo pir Rijks et.al., demonstrou uma FS de 1600% [5]. Um acionamento eletrostático oferece consumo de energia extremamente baixo, no qual força motriz é consumida apenas durante chaveamento (comparado à etapa de inversão digital). Outras vantagens do uso da atuação eletrostática é a relativa simplicidade da tecnologia de fabricação, o alto grau de compatibilidade com uma linha de CI’s, facilidade de integração com linhas de transmissão planares e microstrip, e rápida resposta (da ordem de microsegundos). A maior desvantagem do acionamento eletrostático é a alta voltagem de acionamento (12-60 V) associada à atuadores com grande espaçamento necessários em chaves RFMEMS. Neste caso, é difícil combinar baixa voltagem de atuação, com um bom isolamento de uma chave tipo serial (ou, alternativamente, baixa perda por inserção em uma chave tipo curto) e um dispositivo robusto que é extremamente resistente a impacto e vibração. Por outro lado, para altas freqüências (> 100MHZ) ressonadores mecânicos necessitam de pequenos espaçamentos para a obtenção de elevados fatores de acoplamento eletromecânico, ou, igualmente, uma pequena resistência de movimento. Perceba, entretanto que ressonadores mecânicos de alta freqüência são bastante rígidos, o que por sua vez implica em uma alta voltagem de polarização para obtenção de elevados fatores de acoplamento. Claramente, um compromisso no desenho deve ser feito. No caso da fonte de alimentação ser limitada, 3-5V como e são, respectivamente, a permissividade e espessura do dielétrico cobrindo o eletrodo inferior. No caso da ausência de dielétrico, = 1 and deve ser substituído por dR e d0 por (d0 - dR), onde dR denota o espaçamento de repouso após o fechamento. As expressões para as voltagens de pull-in e pull-out são exatas para um sistema aproximado mola-massa. Para um desenho típico de chave RF-MEMS, com d0 = 2.5 µm, dε = 0.2 µm, = 7, k = 10 N/m e A = 100 x 100 µm2, temos VPI ~ 23V e VPO ~ 0.7V. Devemos mencionar que a força eletrostática Fel não aumenta indefinidamente com o aumento da voltagem, mas é limitada pelo colapso do espaçamento de ar. O campo de colapso para espaçamento micrométricos é cerca de 3.108 V/m, acarretando em uma força máxima de ~4 mN para um eletrodo de 100x100 µm2. Para a obtenção de um campo de colapso através de um espaçamento de 1 µm, uma voltagem relativamente alta de 300V é necessária. Níveis de voltagens mais práticos ao redor de 10V resultam em uma força de ~0.004 mN, isto é, três ordens de grandeza menores que a força máxima. Como micro-relês com contatos de Au de baixa qualidade requerem forças de contato de pelo menos 500-100 µN para a obtenção de baixa e estável resistência de contato, a atuação eletrostática é considerada não muito atrativa a menos que a área de atuação seja muito grande (> 1x1 mm2) e/ou alta voltagem de atuação (>100V) sejam permitidas. A importância do pull-in não pode ser super enfatizada, pois atribui limitação no desempenho de um capacitor sintonizável do tipo placasparalelas. Como o pull-in ocorre à 1/3 do espaçamento, a faixa de sintonia é limitada a 150% (correspondendo à um a relação máxima de 2:1). Um número de métodos para Figura 5. Vista em corte de um Varactor MEMS [4]. Vctl denota a atuação ou a tensão de evitar o pull-in têm sido controle. Dezembro 2004 IEEE microwave magazine 41 no caso de telefones portáteis, geradores de alta tensão no circuito integrado, tais como circuitos multiplicadores de voltagem DC tipo Dickson seriam acrescentados. Isto é feito monoliticamente, “above-IC-processing” por exemplo, ou de forma híbrida, como recentemente demonstrado pela Motorola [10]. Atuação e deteção piezelétrica são baseadas efeito piezoelétrico inverso e direto, respectivamente [11]. Um material piezoelétrico proporciona sua própria polarização interna, devido ou à ausência de centro de simetria em material mono-cristalinos (por exemplo, nitreto de alumínio – AlN – ou óxido de zinco – ZnO) ou à uma polarização permanente no caso de materiais ferroelétricos como a família dos titanatos zirconatos de chumbo (PZT).O inverso do efeito piezoelétrico é manisfestado como uma deformação mecânica no material submetido à um campo elétrico. Ao aplicar-se uma voltagem V, a camada piezoelétrica, que é fixa no topo de um braço, como na Figura 6, um momento equivalente de flexão MPE será induzido na ponta. O momento de flexão causa o braço a flexionar como uma deflexão de δ = MPEl2/2EI, onde EI é a rigidez flexional equivalente do braço e l é o comprimento do braço. No caso de uma camada piezoelétrica muito mais fina que o braço, e ignorando o efeito mecânico do eletrodo, uma expressão simples para o momento de flexão piezoelétrica pode ser expressada como [12]: ≈ ℎ (ℎ ≪ ℎ ), (6) onde d31 é o coeficiente piezoelétrico da camada, Ep é o módulo de Young da camada piezoelétrica, b é a largura do braço,e hs e hp são as espessuras do braço e da camada peizoelétrica, respectivamente. A expressão acima indica que materiais com elevado coeficientes piezoelétricos são vantajosos para uso em atuadores piezoelétricos. Valores típicos para coeficientes d31 variam de ~3 pC/N para AlN, ~5 pC/N para ZnO, e ~100 pC/N para materiais PZT. Contrário da atuação eletrostática, a atuação piezoelétrica não apresenta instabilidade mecânica, pull-in ou snapdown não ocorrem em atuadores piezoelétricos, por exemplo. Ao contrário, o atuador se fecha de maneira linear. A voltagem de limiar necessária para fechar o espaçamento, isto é, flexão da ponta igual ao espaçamento ( = ), é dada aproximadamente por Figura 6. Micro relê com mecanismo de atuação piezoelétrica 42 IEEE microwave magazine ≈ ℎ ≪ℎ , (7) onde a equação (6) é usada para o momento de flexão, e um braço prismático com seção retangular (b x hs, onde b é a largura do braço) é assumido. Para um atuador usando AlN como material piezoelétrico (Ep,AlN = 320GPa), alumínio como material do braço (Es,Al = 70 GPa), espaçamento d0 = 2.5 µm, e uma razão hs/l = 0.01, a voltagem de limiar é aproximadamente 6V. Substituindo AlN por PZT (Ep,PZT = 70GPa), a voltagem de limiar cai para menos de 1V. Em outras palavras, baixas voltagens de atuação combinadas com grande espaçamentos são possíveis, particularmente com a utilização de materiais piezoelétricos com alto coeficiente piezoelétrico. Usando mecânica básica, uma expressão para a força de contato Fc (=3MPE/2l-3d0EI/l3) pode ser obtida. Para o exemplo acima, a força de contato realizável para um atuador baseado em AlN é aproximadamente 3 µN para uma voltagem de 15V assumindo um braço com b=50µm. Para um atuador baseado em PZT, com as mesmas dimensões, a força de contato é aproximadamente 10µN para uma voltagem de 5V. Atuadores piezelétricos, em geral, possuem resposta rápida com consumo de energia razoável, mas o principal obstáculo é a tecnologia complexa. A última é o principal motivo pelo qual a atuação piezoelétrica não é muito usada. Apenas poucos exemplos de dispositivos de chaveamento piezoelétricos [13], capacitores sintonizáveis [14] e ressonados mecânicos [15] são conhecidos. Atuação eletrotérmica é baseada na expansão térmica, devido à elevação de temperatura, como resultado de geração de calor por uma corrente I em um resistor [16], [17]. Se o resistor R é localizado na parte de cima do braço, como na Figura 7, uma onda térmica propagando atenuadamente na direção da espessura é resultante. Isto, por sua vez, cria um momento flexional MTh, que é usado para atuar o braço. Uma aproximação “grosseira” do momento flexional térmico para o braço do atuador da Figura 7 é dado por [17]: ≈ R, (8) onde α é o coeficiente de expansão térmica do material do braço, l é o comprimento do braço, EY é o modulo de Figura 7. Micro relê com mecanismo de atuação eletrotérmica Dezembro 2004 Young do material do braço, λ é a condutividade térmicado material do braço, e I2R é a potência dissipada no resistor. Similar à atuadores piezoelétricos, pull-in ou snap-down não ocorrem. Em um ressonador mecânico, para evitar a duplicação de freqüência, uma voltagem ou corrente de polarização dc é sobreposta ao sinal de acionamento ac. Devido à irreversível conversão de energia elétrica em calor no transdutor térmico, deteção de movimento dever ser feita por outros métodos. Possíveis métodos que podem ser combinados com o acionamento eletrotérmico são a deteção capacitiva e piezoresistiva. Vantagens do acionamento eletrotérmico são a baixa voltagem de acionamento e a simplicidade de construção associado a um fluxo de processo simplificado. Obstáculos são a lenta resposta (da ordem de centenas de microsegundos) e alto consumo de energia (dissipação de calor e corrente elétrica contínua no estado acionado). Estas são as razões pelas quais relativamente poucos exemplos de chaves, capacitores sintonizáveis ou ressonados termoelétricos existem. Para evitar o consumo continuo de energia (dreno de corrente) do chave no down-state, outros métodos, tais como travamento eletrostático, podem ser implementados como demonstrado na chave desenvolvida pelo LETI [18]. O atuador eletromagnético (também chamado de atuador de resistência variável), mostrado na Figura 8, é o correspondente do atuador eletrostático. O atuador mostrado consiste em uma junção, braços móveis e uma bobina motriz com N voltas. Uma corrente I na bobina cria um fluxo magnético Φ na junção e espaçamento. A junção e parte do braço (ou o braço inteiro) consistem de um material altamente permeável (µr → ∞) e são separados por um espaço geralmente preenchido de ar. Conjuntamente, eles definem um circuito magnético através do qual o fluxo magnético Φ flui. A relutância total, definida como a razão entre a força magnetomotriz (FMM) NI e o fluxo passando pelo circuito magnético, é aproximadamente igual à relutância Rm do espaço de ar, dado por Rm=d/µ0A. Portanto, o valor do fluxo é controlado pelo espaçamento. A força magnética distribuída induzida no espaçamento proporciona a força de atuação Fm, que para um espaçamento paralelo é dada por = = ( ) →∞ , = →∞ , (10a) e = ( ) , (10b) onde d0 simboliza o espaçamento para fluxo zero, k é a rigidez efetiva do braço e dR o espaçamento de repouso depois do fechamento. Para uma chave desenhada com d0=2.5µm, dR=0.2 µm, k=10N/m, A=100x100 µm2, e N=100 voltas, segue-se que IPI =0.6 mA e IPO ~0.1 mA. Estes são valores de corrente plenamente aceitáveis, comparados com a voltagem de pull-in um tanto altas A aplicação da tecnologia MEMS aos sistemas de RF/microondas é a fronteira revolucionaria das comunicações sem fio. para uma chave similar acionada eletrostaticamente. Chamamos a atenção que a força magnética Fm não aumenta indefinidamente mas é limitada pela saturação do fluxo no material da junção, Φ sat=Bsat.Ac, onde Ac é a menor seção na direção do fluxo na junção. Níveis de saturação da indução magnética Bsat estão tipicamente na faixa de 0.5 a 1T para materiais ferromagnéticos como o permalloy (Ni80Fe20), proporcionando forças na faixa de 1-4mN para uma área A=Ac=100 x 100 µm2, conseguidas com níveis de corrente entre 4-8 mA em uma bobina com N = 100 voltas e espaçamento de 1 µm. Em outras palavras, a força máxima obtida por um atuador eletromagnético, com níveis de corrente aceitáveis na faixa de mA, é três ordens de grandeza maior que a força obtida em atuadores eletrostáticos com níveis de voltagem aceitáveis na faixa abaixo de 10V. (9) onde A é área da junção junto ao espaço de ar, d é o espaçamento de ar e µ0 é a permeabilidade do espaço livre. Note a correspondência com a força eletrostática dada por (1). A FMM NI substitui a força eletromotriz (FEM) V. Também neste caso, devido à não-linearidade entre Fm e a distância d, instabilidade ocorre quando a FMM excede a assim chamada pull-in FMM NIPI. Ao baixar a corrente, depois da ocorrência de pull-in, o braço solta-se à uma FMM (bem) mais baixa chamada de FMM de pull-out Dezembro 2004 NIPO. Dessa maneira, um atuador eletromagnético possui histerese, Figura 8. Mecanismo de acionamento eletromagnético ilustrado em um micro-relê IEEE microwave magazine 43 Outro tipo de atuador magnético explora a força de Lorentz agindo em um fio com corrente elétrica colocado em um campo magnético. Este tipo de acionamento é chamado de acionamento eletrodinâmico, nome dado pela história aos atuadores de voz do tipo bobina, melhores conhecidos como alto-falantes. O princípio de operação do atuador eletrodinâmico é mostrado na figura 9(a), e uma implementação específica em um atuador tipo braço é mostrado na Figura 9(b). A força de Lorentz FL, agindo na corrente I é dada por fio de 100 µm de comprimento, carrega uma corrente de 1 mA quando colocado em um campo de 1T. Para a obtenção de forças de 100 µN, como necessárias para contatos Au-Au, uma corrente elétrica um tanto alta de 1A é necessária. É digno de notar que, contrária à atuação eletromagnética (como na Figura 8), instabilidade não ocorre para o acionamento eletrodinâmico. Deteção do movimento do braço baseia-se na mudança de acoplamento do fluxo do circuito de corrente quando o braço se movimenta, induzindo, portanto, uma voltagem induzida, produzindo um sinal de deteção [6]. = , (11) Como tanto o acionamento eletromagnético ou eletrodinâmico essencialmente baseia-se em corrente motriz, a onde l é a seção transversal do fio colocado no campo voltagem pode ser bem baixa. Isto torna o acionamento magnético. A expressão acima prediz que uma força de eletromagnético atraente, como demonstrado por alguns Lorentz relativamente pequena de 0.1 µN agindo em um exemplos de micro-relês movidos eletromagneticamente [19], [20]. Os obstáculos, entretanto, são o consumo contínuo de energia (dreno de corrente) quando do estado acionado, e a tecnologia de fabricação mais complexa (bobina integrada, materiais ferromagnéticos, por exemplo). Para diminuir o problema do consumo de energia, travamento magnético, usando um imã permanente, foi implementado em um relê Figura 9. Ilustração do acionamento eletrodinâmico. (a) princípio mostrando um fio desenvolvido pela Mafusion [20]. carregando uma corrente e em um campo magnético, experimentando a força de Lorentz FL. (b) implementação em um micro-relê Entretanto, isto com sacrifício de Figura 10. Empacotamento a nível zero: (a) usando uma cápsula de filme fino; a foto SEM mostra um ressonador MEM selado, mostrado após a remoção proposital da cápsula de filme fino [23]. (b) usando uma cápsula com circuito colado. 44 IEEE microwave magazine Dezembro 2004 de uma tecnologia de fabricação e empacotamento mais complexas. Empacotamento Dispositivos MEMS, ao contrário de CI’s, possuem partes móveis frágeis que precisam sem empacotadas em um ambiente limpo e estável. O encapsulamento de dispositivos MEMS é possível utilizando encapsulamento cerâmico nível-um ou metálico, mas o custo é alto e a tecnologia complexa. Por exemplo, não é possível usar o corte de wafers padrão, pois isso destruiria MEMS móveis. Isto significa que o encapsulamento deve ser efetuado preferencialmente durante o processamento dos wafers, antes da divisão dos chips individuais. Esta etapa de encapsulamento é conhecida como encapsulamento nível-zero e cria um invólucro no wafer (ou uma cavidade selada) em volta do dispositivo MEMS que funciona como uma primeira camada de proteção. Existem duas abordagens gerais, aqui referidas como “fechamento por filmes finos” (thin-film capping) e “fechamento de pastilha” (chip-capping), ilustradas na Figura 10(a) e (b), respectivamente [21]. Em ambos os casos, além do custo baixo, o encapsulamento deve satisfazer alguns requerimentos técnicos específicos para aplicações, tais como: contra manuseio e ambiente hostil durante a montagem e a operação barreira/blindagem contra campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos (luz) alta resistência (ao corte, à deformação e hidrostática) ambiente da cavidade controlado (pressão e composição gasosa) selagem da cavidade (quase) hermética alimentação elétrica DC, RF, e de microondas de baixa perda impacto mínimo nas características de rendimento dos dispositivos processo de baixa temperatura (ex., < 350°C) boa troca de calor (dissipação térmica) stress térmico mínimo devido ao descasamento do coeficiente de expansão térmica (CTE) fácil integração com processos MEMS front-end. Encapsulamento por filmes finos exige microusinagem superficial e tem sido implementado em diversos dispositivos MEMS tais como transdutores de pressão [22], ressonadores MEM [23], e acelerômetros [24]. Na preparação do encapsulamento por filmes finos planeja-se um acesso ou um canal na parede da cavidade [ver Figura 10(a)]. O elemento corrosivo da camada sacrifical, por ex., uma solução tampão HF se for utilizado oxido de silício como a camada sacrifical, entra por este canal. Após a remoção da camada sacrifical, o canal é selado utilizando, por exemplo, uma camada conforme de nitreto por deposição de vapor químico em baixa pressão (LPCVD) [23], uma camada de oxido através deposição de vapor químico por plasma (PECVD) [24], ou deposição de metal [25]. Até esta data, não existem na literatura exemplos de fechamento por filmes finos para chaves metálicas RF-MEMS ou capacitores sintonizáveis. Em parte, isto é devido ao fato que os RF-MEMS metálicos Figura 11. Chave RF-MEMS encapsulada em nível-zero utilizando BCB (empacotamento Tampa-wafer)[29]. Dezembro 2004 IEEE microwave magazine 45 Figura 12. Implementações possíveis para ligação de RF em uma chave RF-MEMS com um encapsulamento nível-zero. (a) Alimentação de RF horizontal planar, (b) Alimantação de RF horizontal enterrada. (c) RF via substrato. (d) RF via Tampa. Figura 13. Encapsulamento nível-zero com Linha CPW (25/100/25µm, 2,3mm de comprimento, 3 µm de espessura em Cu) implementando uma alimentação de RF horizontal [34]. (a) Vista lateral e de topo. (b) S21 medido em substrato AF45 fechado com uma tampa de LRSi (1-10 Ωcm, h= 85 µm) e tampa de HRSi (>4000 Ωcm) com a altura da cavidade variável. fabricados hoje utilizam alumínio ou ouro e, portanto, não podem ser expostos às altas temperaturas (>400°C) usadas para os processos de deposição e selagem das tampas de filmes finos. Alem do mais, selagem em pressão reduzida (como, por exemplo, para nitretos LPCVD) não é desejada em quanto as chaves e os capacitores devem funcionar em pressão “padrão” num ambiente inerte para um 46 IEEE microwave magazine desempenho confiável sem instabilidade dos contatos ou tempos estendidos de estabelecimento (devidos à ausência de damping). Do ponto de vista do orçamento térmico, o encapsulamento metálico por filmes finos é uma possibilidade, mas o método descrito em [25] conduz a um encapsulamento em vácuo. Por outro lado, o fechamento de pastilha possui a van- Dezembro 2004 tagem de grande flexibilidade em temperaturas de processo e controle ambiental. No fechamento por pastilha, é pratica comum soldar uma pastilha de fechamento diretamente no wafer de dispositivos MEMS, como é ilustrado na Figura 10(b). O anel de adesão e vedação possui tipicamente 50-300µm de largura. A adesão deve ser efetuada em temperaturas suficientemente baixas (geralmente abaixo de 350°C) para que a metalização e outros materiais do dispositivo RF-MEMS não sejam afetados. As técnicas de adesão que podem ser utilizadas para este propósito incluem adesão por solda, adesão por termocompressão ouro-ouro, e adesão utilizando vidros de baixa temperatura (“frita” de vidro), selagens epóxi ou adesivos poliméricos. A adesão caracteriza-se pela sua resistência (corte e deformação) e pela hermeticidade da selagem. O desempenho do dispositivo pode ser fortemente afetado pelas condições ambientais. Por exemplo, forças capilares devidas à absorção de uma camada líquida (umidade) ou qualquer contaminante ou depósito orgânico, podem “colar” as superfícies de contato umas com as outras. Os metais podem ser corroídos pela umidade interna à cavidade. Além disso, o fator-Q dos ressonadores MEMS depende profundamente da pressão ambiental [23]. Portanto, um projeto confiável deve assegurar que um encapsulamento hermético nível-zero impeça que a umidade e outros contaminantes orgânicos possam migrar nas regiões ativas do dispositivo. A maioria dos polímeros sofre de grave absorção de umidade. As melhores selagens (impermeáveis) continuam sendo vidro, nitreto de silicio, cerâmicas e metais. Um método alternativo e muito promissor emprega aquecimento localizado no qual a dissipação térmica é confinada a uma pequena região em volta da adesão [26]. Isto permite conseguir temperaturas de adesão razoavelmente altas (até 800 °C), oferecendo um controle de temperatura melhor e mais rápido, melhor qualidade na O empacotamento em um único nível fornece proteção ambiental e mecânica aos dispositivos, mas não sem degradar o desempenho elétrico. adesão e uma escolha mais ampla de materiais que podem ser aderidos possuindo propriedades selantes melhores do que aquelas de materiais de baixa temperatura. Outra consideração importante do encapsulamento MEMS nívelzero refere-se aos volumes extremamente pequenos das cavidades (centenas de nanolitros). Para manter uma pressão estável no interior de uma cavidade requerem-se taxas de vazamento muito baixas (melhor que 10-15 mbar.l/s [27]) e, além disso, o “outgassing” dos gases atmosféricos e dos vapores originários do material de Figura 14. Exemplos de encapsulamento nível-um em dispositivos (RF-)MEMS. Dezembro 2004 IEEE microwave magazine 47 encapsulamento saindo das superfícies da cavidade ocasiona rapidamente uma mudança significante de pressão. A inclusão de materiais absorvedores (getter), tais quais Pd, Pt, Ti ou Zr-Al-Fe, no interior do encapsulamento RF-MEMS, utilizados para absorver umidade e outros gases, é considerada uma solução viável para controlar o ambiente da cavidade [28]. Desde o início do desenvolvimento de chaves RFMEMS, muitos grupos de pesquisa têm negligenciado o encapsulamento destes dispositivos. Freqüentemente, os dispositivos eram desenvolvidos independentemente do O fato que RF MEMS comporta dispositivos passivos excelentes tornao um candidato principal para produzir uma pletora de utensílios sem fio atuando no âmbito doméstico/terrestre, móvel e espacial. encapsulamento, até recentemente, quando apareceram as primeiras publicações sobre chaves RF-MEMS com encapsulamento nível-zero [29]-[31]. Para o encapsulamento nível-zero das chaves RF-MEMS desenvolvidas no IMEC, são investigados dois métodos diferentes de adesão para a blindagem de chips. Um deles depende da soldagem [19], [32], e o outro em Benzociclobuteno (BCB) [27], [29] como camada de adesão e de selagem. Um exemplo de chave RF-MEMS capacitiva com encapsulamento nível-zero, desenvolvida em conjunto com a Alcatel Microelectronics (hoje AMIS), é ilustrado na Figura 11 [30]. BCB é utilizado como material de adesão e selagem. O BCB possui excelentes propriedades de RF além de degaseificação (outgassing) mínima e baixa absorção de umidade. As tampas de selagem são fabricadas de vidro borosilicato de baixa perda (AF45). Montagem chip-on-wafer usando uma alinhadora e fixadora flip-chip foi utilizada para tampar as chaves individuais. Tem sido obtidas ligações muito fortes, apresentando resistências superiores a 10MPa. Vazamentos brutos (taxas de vazamento >10-4 mbar l/seg) não foram observados, indicando que os MEMS encontram-se bem protegidos durante o manuseio e os processos de back-end (ex., corte final dos wafers). Por outro lado, não se pode esperar hermeticidade total de um polímero como o BCB. Os primeiros testes têm indicado taxas de vazamento para cavidades seladas com BCB da ordem de 10-7-10-8 mbar l/seg para anéis de vedação com ~100µm de largura. Para encapsular uma chave RF-MEMS (ou qualquer outro tipo de dispositivo RF-MEMS), o próprio encapsulamento deverá ter o mínimo efeito possível no desempenho do dispositivo. Num encapsulamento ideal, as características RF, antes e depois da selagem, deveriam ser as mesmas. Isto requer transições RF de baixa perda assim como perda induzida e dessintonização mínimas das linhas de transmissão causadas pelo acoplamento de proximidade à tampa. Quatro possíveis implementações de transições 48 IEEE microwave magazine RF podem ser concebidas, como é ilustrado na Figura 12 [33]: 1) alimentação horizontal coplanar, ver Figura 12(a) [29], [34] 2) alimentação horizontal embutida, ver Figura 12(b) [32] 3) vias verticais através do substrato, ver Fig. 12(c) [30], [31] 4) vias verticais através do chip de fechamento, ver Figura 12(d). A implementação por meio de vias verticais apresenta uma solução mais compacta do que a concepção por meio da alimentação horizontal, mas o processo é mais complexo, já que é necessário corroer furos através do wafer. Em termos de desempenho RF, espera-se um comportamento semelhante para os quatro tipos de implementação, observando-se que para a alimentação embutida são necessárias larguras de linhas sempre menores para maiores freqüências, por exemplo, acima de 30 GHz, resultando num aumento de perdas. A alimentação horizontal coplanar, realizada como nas chaves da Figura 11, é a mais simples em termos de projeto e processo. A utilização de materiais selantes de baixa perda e alta resistividade e uma tampa com altura de cavidade suficiente irão conter amplamente a influência degradadora devida à presença da tampa [34]. Isto é ilustrado na Figura 13, que mostra um exemplo do desempenho RF de um alimentador coplanar [como na figura 12(a)] utilizando BCB como dielétrico (e camada de adesão e seladora) medido numa linha de guia de onda de travessia coplanar (CPW). Encontra-se que o impacto nas características RF de um dispositivo RF-MEMS manufaturado numa linha CPW de 50-Ω com espaçamento solo-solo de 150 µm, é mantido insignificante utilizando chips de fechamento feitos de silício de alta resistência e com uma altura de cavidade que excede 45 µm, i.e., ~1/3 do espaçamento solo-solo [34]. A alimentação horizontal coplanar, realizada como nas chaves da Figura 11, é a mais simples em termos de projeto e processo. A utilização de materiais selantes de baixa perda e alta resistividade e uma tampa com altura de cavidade suficiente irão conter amplamente a influência degradadora devida à presença da tampa [34]. Isto é ilustrado na Figura 13, que mostra um exemplo do desempenho RF de um alimentador coplanar [como na figura 12(a)] utilizando BCB como dielétrico (e camada de adesão e seladora) medido numa linha de guia de onda de travessia coplanar (CPW). Encontra-se que o impacto nas características RF de um dispositivo RF-MEMS manufaturado numa linha CPW de 50-Ω com espaçamento solo-solo de 150 µm, é mantido insignificante utilizando chips de fechamento feitos de silício de alta resistência e com uma altura de cavidade que excede 45 µm, i.e., ~1/3 do espaçamento solo-solo [34]. Uma vez encapsulados com nível-zero, os wafers MEMS podem ser manuseados como wafers IC e podem ser serrados sem grandes perigos de quebrar o dispositivo MEMS. Após o corte, os dispositivos encapsulados em nível-zero são tratados como pastilhas individuais que Dezembro 2004 podem ser posteriormente encapsuladas em nível-um, por exemplo, montadas num encapsulamento cerâmico [Figura 14(a)] ou num encapsulamento moldado em plástico [Figura 14(b)][19], [30]. Adicionalmente, utilizando tecnologias de encapsulamento mais avançadas, a montagem pode ser tratada como encapsulamento chipscale (CSP) e ligada diretamente a uma placa de circuito impresso [Fig. 14(c)] ou a uma chapa matriz Ball-grid (BGA) [Figura. 14(d)]. O encapsulamento nível-um fornece proteção mecânica e ambiental aos dispositivos nele contidos, mas não sem degradar o desempenho elétrico. Em freqüências de microondas (e maiores) o impacto do encapsulamento no desempenho elétrico torna-se um elemento importante a ser considerado no projeto do dispositivo [35]. O encapsulamento plástico [Figura 14(b)] é a solução mais comum aplicável para freqüências abaixo de alguns gigahertzs. Uma escolha cuidadosa do material plástico de moldagem com o projeto RF dos contatos permite a utilização até 10 GHz. Para o uso em freqüências maiores, encapsulamentos cerâmicos baseados em tecnologias cerâmicas multicamada de queima conjunta em baixa temperatura (LTCC) ou em alta temperatura (HTCC), que utilizam dielétricos de baixa perda combinados com montagem do dispositivo tipo flip-chip para conexões curtas, exibem potencial para um bom desempenho no regime de ondas milimétricas (até 80 GHz) [36]. Conclusões Apresentaram-se os fundamentos da tecnologia RF-MEMS. Em especifico, foram abordados tópicos de técnicas de fabricação (microusinagem superficial e de bulk) e suas limitações, mecanismos chave de atuação física sobre os quais dispositivos RF-MEMS são fundados, e encapsulamento de dispositivos por níveis. A segunda parte deste artigo encontra-se a seguir e trata do progresso e do impacto de três tipos de dispositivos RFMEMS de usinagem superficial, sendo eles capacitores comutáveis (SC), varactors (capacitores variáveis/sintonizáveis) e chaves ohmicas em aparelhos, estações de base e satélites. Mais especificamente, serão apresentados temas como motivação/justificativa de nível de sistema para RF-MEMS, requisitos de dispositivos, manufatura em larga escala, encapsulamento, e estado-daarte em desempenho e confiabilidade. Referências [1] H.J. De Los Santos, Introduction to Microelectromechanical (MEM) Microwave Systems. Norwood, MA: Artech House, 1999. [2] H.J. De Los Santos, “MEMS—A wireless vision,” in Proc. Int. MEMS Workshop, Singapore, 2001, pp. 35–42. [3] H.J. De Los Santos, Introduction to Microelectromechanical (MEM) Microwave Systems, 2nd ed. Norwood, MA: Artech House, 2004. [4] T. Tsang, M. El-Gamal, S. Best, and H.J. De Los Santos, “Wide tun-ing range RF-MEMS varactors fabricated using the PolyMUMPs Foundry,” Microw. J., pp. 22–44, Aug. 2003. [5] Th.G.S.M. Rijks, J.T.M. van Beek, P.G. Steeneken, M.J.E. Ulenaers, J. De Coster, and R. Puers, “RF MEMS tunable capacitors with large tuning ratio,” in Proc. MEMS 2004 Dig, 2004, pp. 777–780. [6] H.A.C. Tilmans and S. Bouwstra, “Excitation and detection of sil-icon-based micromechanical resonators,” Sens. Mater., vol. 9, pp. 521–540, Aug. 1997. [7] J.J. Yao, “Topical review: RF MEMS from a device perspective,” J. Micromech. Microeng., vol. 10, no. 4, pp. R9–R38, Dec. 2000. [8] G.M. Rebeiz, RF-MEMS Theory, Design, and Technology. New York: Wiley, 2003. Dezembro 2004 [9] S. Pamidighantam, R. Puers, K. Baert, and H.A.C. Tilmans, “Pull-in voltage analysis of electrostatically actuated beam structures with fixed-fixed and fixed-free end conditions,” J. Micromech. Microeng., vol. 12, pp. 458–464, 2002. [10] A.P. DeSilva, C. Vaughan, D. Frear, L. Liu, S.M. Kuo, J. Foerstner, J. Drye, J. Abrokwah, H. Hughes, C. Amrine, C. Butler, S. Markgraf, H. Denton, and S. Springer, “Motorola MEMS switch technology for high frequency applications,” in Proc. MEMS Conf., Berkeley, CA, 2001, pp. 22–24. [11] T. Ikeda, Fundamentals of Piezoelectricity, New York: Oxford Univ. Press, 1989. [12] J.G. Smits and W. Choi, “The constituent equations of piezoelectric heterogenous bimorphs,” IEEE Trans. Ultrason., Ferroelect. Freq. Contr., vol. 38, no. 3, pp. 256–270, 1991. [13] S.J. Gross, S. Tadigadapa, T.N. Jackson, S. Trolier-McKinstry, and Q.Q. Zhang, “Lead-zirconate-titanate-based piezoelectric micro-machined switch,” Appl. Physi. Lett., vol. 83, no. 1, pp. 174–176, July 2003. [14] J.Y. Park, Y.J. Yee, H.J. Nam, and J.U. Bu, “Micromachined RF MEMS tunable capacitors using piezoelectric actuators,” in Proc. IEEE MTT-S, Phoenix, AZ, 2001, pp. 2111–2114. [15] G. Piazza, R. Abdolvand, G.K. Ho, and F. Ayazi, “Voltage-tunable piezoelectrically-transduced single-crystal silicon micro-mechanical resonators,” Sens. Actuators A, Phys., vol. 111, pp. 71–78, no. 1, 2004. [16] R.J. Wilfinger, P.H. Bardell, and D.S. Chhabra, “The resonistor: A frequency selective device utilizing the mechanical resonance of a silicon substrate,” IBM J. Res. Develop., vol. 12, pp. 113–118, 1968. [17] T.S.J. Lammerink, M. Elwenspoek, R.H. van Ouwerkerk, S. Bouwstra, and J.H.J. Fluitman, “Performance of thermally excit-ed resonators,” Sens. Actuators, vol. A21–A23, no. 1–3, pp. 352–356, 1990. [18] D. Saias, P. Robert, S. Boret, C. Billard, G. Bouche, D. Belot, and P. Ancey, “An above IC MEMS RF switch,” IEEE J. Solid-State Circuits, vol. 38, pp. 2318–2324, Dec. 2003. [19] H.A.C. Tilmans, E. Fullin, H. Ziad, M. Van de Peer, J. Kesters, E. Van Geffen, J. Bergqvist, M. Pantus, E. Beyne, K. Baert, and F. Naso, “A fullypackaged electromagnetic microrelay,” in Proc.MEMS ‘99, Orlando, FL., pp. 25–30. [20] M. Ruan, J. Shen, and C.B. Wheeler, “Latching micromagnetic relays,” J. MEMS, vol. 10, no. 4, pp. 511–517, 2001. [21] K. Najafi, “Micropackaging technologies for integrated microsys-tems: Applications to MEMS and MOEMS,” Proc. SPIE, vol. 4979, pp. 1–19, 2003. [22] H. Guckel and D.W. Burns, “A technology for integrated transducers,” in Proc. Transducers’85, Philadelphia, PA, pp. 90–92. [23] R. Legtenberg and H.A.C. Tilmans, “Electrostatically driven vacuum encapsulated polysilicon resonators, Part I: Design and fabrication,” Sens. Actuators A, Phys., vol. 45, no. 1, pp. 57–66, 1994. [24] H. Stahl, A. Hoechst, F. Fischer, L. Metzger, R. Reichenbach, F. Laermer, S. Kronmueller, K. Breitschwerdt, R. Gunn, R. Watcham, C. Rusu, and A. Witvrouw, “Thin film encapsulation of acceleration sensors using polysilicon sacrificial layers,” in Proc. Transducers’03, Boston, MA, pp. 1899–1902. [25] B.H. Stark and K. Najafi, “An ultra-thin hermetic package utilizing electroplated gold,” in Proc. Transducers’01, Munich, Germany, pp. 194–197. [26] L. Lin, “MEMS post-packaging by localized heating,” IEEE Trans. Adv. Pack., vol. 23, no. 4, pp. 608–616, 2000. [27] A. Jourdain, P. De Moor, S. Pamidighantam, and H.A.C. Tilmans, “Investigation of the hermeticity of BCB-sealed cavities for housing (RF)MEMS devices,” in Proc. MEMS 2002, Las Vegas, NV, pp. 677–680. [28] K. Gilleo and S. Corbett, “Getters-molecular scavengers for packaging,” HDI, pp. 26–29, Jan. 2001. [29] H.A.C. Tilmans, H. Ziad, H. Jansen, O. Di Monaco, A. Jourdain, W. De Raedt, X. Rottenberg, E. De Backer, A. De Caussemaeker, and K. Baert, “Wafer-level packaged RF-MEMS switches fabricated in a CMOS fab,” in Proc. IEDM 2001, Washington, DC, pp. 921–924. [30] M. Fujii, I. Kimura, T. Satoh, and K. Imanaka, “RF MEMS switch with wafer level package utilizing frit glass bonding,” in Proc. 32nd European Microwave Conf., Milan, Italy, 2002, vol. 1, pp. 279–281. [31] A. Margomenos, D. Peroulis, K.J. Herrick, and L.P.B. Katehi, “Silicon micromachined packages for RF MEMS switches,” in Proc. 31st European Microwave Conf., London, UK, 2001, vol. 1, pp. 271–274. [32] A. Jourdain, S. Brebels, W. De Raedt, and H.A.C. Tilmans, “The influence of 0-level packaging on the performance of RF-MEMS devices,” in Proc. 31st European Microwave Conf., London, UK, 2001, vol. 419, pp. 403–406. [33] H.A.C. Tilmans, “MEMS components for wireless communications,” [CDROM] in Proc. EUROSENSORS XVI, Prague, Czech Republic, 2002, pp. 1– 34. [34] A. Jourdain, X. Rottenberg, G. Carchon, and H.A.C. Tilmans, “Optimization of 0-level packaging for RF MEMS devices,” in Proc. Transducers’03, Boston, MA, pp. 1915–1918. [35] A. Chandrasekhar, S. Brebels, S. Stoukatch, E. Beyne, W. De Raedt, and B. Nauwelaers, “The influence of packaging materials on RF performance,” Microelectronics Reliability, vol. 43, no. 3, pp. 351–357, 2003. [36] M. Ito, K. Maruhashi, N. Senba, N. Takahashi, and K. Ohata, “Low cost multi-layer ceramic package for flip-chip MMIC up to W-band,” in 2000 IEEE MTT-S Dig., 2000, pp. 57–60. IEEE microwave magazine 47