Cinco caminhos criativos para reconhecer óbvio

Transcrição

Cinco caminhos criativos para reconhecer óbvio
Cinco caminhos criativos para
reconhecer óbvio.
Post (0187)
Onde e como vamos descobrir o óbvio?- Aqui estão algumas
perguntas e exemplos que devem conduzir a sua imaginação
através dos caminhos óbvios.
1 . Não se impressione como as coisas sempre tenham sido
feitas ou como outras pessoas gostariam de fazê-las.
– O importante é questionar : qual a maneira mais simples de
fazê-las ?
– Esqueça todas as idéias, práticas, métodos, técnicas e
tradições já usadas. Pense como uma criança desarmada de
preconceitos analisaria o problema, o que será que ela faria ?
– A experiência da vida é valiosa – porem pode intimidar,
dificultar, complicar e afastar-nos do óbvio. É preciso pensar
de forma simples, nova, original e corajosa para simplificar
qualquer coisa.
– Existe uma maneira perfeita de simplificar um projeto ou uma
idéia. Registre cada faze num papel. À medida que você for
escrevendo, aplique a pergunta-teste : “Será que este item é
absolutamente necessário ?”
– É comum a gente descobrir ter começado no ponto em que os
outros pararam. Considerando que a maioria das idéias se
desenvolveram por acréscimo – o jeito de simplificar uma idéia
é começar novamente. A técnica é eliminar todas as partes
supérfluas. Vá ao cerne do problema. Pergunte a si mesmo : “O
que eu estou tentando fazer ? E por que ?”
– Um dos nossos maiores problemas é termos muitos métodos,
práticas, costumes e tradições profundamente arraigados.
Pensamos e planejamos construindo por cima das experiências e
hábitos acumulados através de gerações. Ao invés disto,
deveríamos começar do zero, como se a cada manhã, acordássemos
num novo mundo, ondenenhum dos problemas da vida e dos
negócios, das artes e das ciências, tivessem sido jamais
resolvidos.
2 . Imagine como seria divertido se tudo pudesse ser
completamente invertido.
– Nada abre mais a mente para um caminho novo do que fazer
esta corajosa consideração. O fato de uma coisa ter sido feita
de um certo jeito, por vários séculos, significa que chegou a
hora de questioná-la. Talvez o óbvio seja inverter as coisas
de algum modo.
– Tem a história de como R.J. Pigott, Diretor de Engenharia da
Gulf Oil desenvolveu um “dispositivo óbvio” para lubrificar
ferramentas de corte. Pigott estava olhando uma ferramenta
produzir rebarbas espirais de uma peça de aço, num torno. Um
fio de óleo caía do alto, enquanto a lâmina estava cortando
por baixo. Um pensamento lhe ocorreu : Como o óleo por cima
pode fazer um bom trabalho de lubrificar a ferramenta na parte
de baixo ? – Criou um jato de alta pressão, para dirigir o
óleo diretamente entre lâmina da ferramenta e o metal
torneado, de baixo para cima. O método não só permitiu maior
velocidade de corte como também aumentou a vida da ferramenta.
– Se o revolucionário Convair Sea Dart, um avião a jato que
pode decolar da água, chegar a fazer tudo o que promete, será
porque o criador do projeto, Ernest G. Stout, usou esta mesma
técnica de inversão. Apesar das muitas vantagens, e o fato de
4/5 da superfície terrestre serem cobertos de água o
hidroavião foi relegado ao esquecimento. Todos, menos Stout, e
um pequeno grupo de homens e engenheiros da Marinha Americana.
Por mais de quatro décadas, o hidroavião não passava de um
barco com asas, o que não é um bom desenho aerodinâmico. Stout
teve uma inspiração, ao invés de desenhar um barco que podia
voar, ele se dispôs a fazer um avião que pudesse flutuar.
3 . Será que você conta com a aprovação e com a participação
do público no seu projeto ?
– Nos negócios, muitas decisões são tomadas nos escritórios e
não nos lugares onde a ação realmente acontece.
– Uma rede de supermercados de Chicago decidiu lançar sua
própria marca de café. Os especialistas podiam recomendar as
misturas e tipos de torrefação. Mas o presidente da empresa
preferiu fazer com que os clientes escolhessem a mistura e o
ponto de torrefação que desejassem. Foram preparadas quatro
amostras com graus diferentes de torrefação, embaladas em sem
identificação. Cada uma representando uma diferente combinação
de misturas e torrefação. Foram distribuídos a centenas de
domicílios com um questionário para que indicassem a sua
preferência. Desse modo, a rede lançou o “Royal Jewel – o Café
que Chicago escolheu“. O sucesso do produto já estava
garantido, o público o havia escolhido.
– Sendo o público quem decide o sucesso ou fracasso de tudo
que tentamos fazer, parece óbvio pesquisar junto ao mercado,
antes de irmos adiante.
4 . Quantas oportunidades estão passando desapercebidas porque
ninguém se importou de examiná-las ?
– Em uma companhia de seguros, um homem ganhou um grande
prêmio por uma simples idéia na caixa de sugestões: “Procure
algo com que ainda ninguém se importou”.
– Existem milhares de idéias óbvias, em todos os negócios e
profissões, que até aqui ninguém se importou em examinar. São
lugar-comum não percebidos.
– No seu livro, Ray Giles conta a seguinte história.
“Há muitos anos atrás, o vendedor de uma mercearia estava
cortando queijo – quando pediam um pedaço, ele levantava a
tampa de vidro e cortava, calculando o peso. Enquanto isso o
queijo ficava descoberto, sujeito ao pó e às moscas. Se
tivesse pouca saída, o queijo esfarelava antes de terminar. A
única proteção era uma casca grossa que ia se formando, pela
qual se tinha de pagar, juntamente com o peso do queijo. Até
que vendedor teve a idéia – uma dessas bem óbvias que podia
ocorrer a qualquer um : por que não dividir o queijo em fatias
e acondicioná-las em embalagens individuais ?”
Esse vendedor chamava-se J.L. Kraft e toda vez que você comer
um queijo Kraft não se esqueça : uma idéia simples e óbvia
pode levar à fortuna.
– Benjamin Franklin, incomodado por ter de usar dois pares de
óculos – um para perto e outro para longe – desenvolveu as
lentes bifocais, uma benção para toda a humanidade. Nada
poderia ser mais óbvio. Esse caso sugere que a melhor técnica
para descobrir o óbvio é dar uma olhada bifocal em tudo o que
usamos, fazemos e precisamos. Examinar de perto para ver se um
detalhe pode ser melhorado – olhar de longe para ver se não há
uma forma diferente para atingir o mesmo fim.
5 . Quais são as necessidades específicas do caso ?
– Muitas vezes, a própria situação indica a oportunidade de
aperfeiçoamento, que ainda não foi considerada.
– Para exemplificar tem o caso dos Hartford Brothers, com suas
lojas tipo “Pegue e Pague” . Woolworth, com suas lojas de dois
mil réis. A caneta esferográfica que acabou com o tinteiro. A
Du Pont com suas fibras sintéticas que não amarrotam…
-Todas estas soluções foram criativamente óbvias. E também
atenderam aos desejos e necessidades do público, muitas vezes
não expressos e nem mesmo percebidas. Entretanto, no momento
em que alguém as transformou em soluções, ficou óbvio que
estas já existiam há muito tempo.
– O mundo está cheio de desejos, vontades e necessidades não
expressas, esperando que se faça o óbvio para resolver os
grandes problemas. Boa sorte !
Texto de Robert R. Updegraff – Resumido – NG Canela (0187) –
Agosto de 2012
Leia
mais
em
“Obvio”
http://www.obvio.ind.br/Adams%20Obvio.htm
Veja
também
“Mude”
http://ngcanela.blogspot.com/2011/12/mude.html
Recado ao senhor do número
903
Post (0139)
– Vizinho, aqui quem fala é o homem do 1003. Recebi outro dia,
consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em
que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento.
– Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser 24
horas – e a sua veemente reclamação verbal. Estou desolado com
tudo isso, e lhe dou inteira razão.
– O regulamento do prédio é explícito e, se não fosse, o
senhor ainda teria ao seu lado a Lei.Quem trabalha o dia
inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar
no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003.
– Ou melhor: É impossível ao 903 dormir quando o 1003 se
agita; pois não sei o seu nome. nem o senhor sabe o meu,
ficamos reduzidosa ser dois números, dois números empilhados
entre dezenas de outros.
– Eu, o 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001,
ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo
1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números
são comportados e silenciosos; apenas eu e o mar fazemos algum
ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas
nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua.
– Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em
diante, um comportamento de manso lago azul.
– Quem vier me visitar será convidado a se retirar às 21:45, e
explicarei: O 903 precisa repousar das 22:00 às 7:00 pois às
8:15 deve tomar o linha 109 que o levará até o 527 de outra
rua, onde ele trabalha na sala 305.
– A vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só
pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número,
mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos.
Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
– Mas que me seja permitido sonhar com outra vida, em que um
homem batesse à porta do outro e dissesse:
– Vizinho, são 3:00 da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui
estou.
– Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui
estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é
curta e a lua é bela.
– E o homem trouxesse sua mulher, e ficasse entre amigos
entoando canções para agradecer o brilho das estrelas e o
murmúrio da brisa nas árvores, o dom da vida, a amizade entre
humanos, o amor e a paz.
Texto de Rubem Braga, resumido – Recado ao senhor 903. In:
para gostar de ler. Crônicas. 12 ed. São Paulo: Ática, 1989,
V.1.p 74 – 75 – NG Canela – Julho de 2011
O método científico e a
pseudociência ou O dragão na
minha garagem
Post (0100)+Vídeo
Um amigo lhe diz que descobriu um dragão na garagem da casa
dele.
“Uau, isso é incrível! Vamos lá vê-lo!” você diz entusiasmado,
já pensando nas manchetes dos jornais.
“Bem… isso não vai ser possível porque ele é invisível.”
“Você fala sério?!”, mas seu momentâneo desapontamento é logo
substituído por uma excitação ainda maior, afinal você sabe
que um dragão invisível é ainda mais incrível que um dragão
qualquer.”A gente joga tinta nele então. E depois tiramos umas
fotos.”
“Ahhh? Tinta? Bom… isso também não vai dar, pois este dragão é
incorpóreo.”
“Incorpóreo?!!”
“Sim, incorpóreo, tipo um fantasma ou um ectoplasma.”
“Mas este dragão solta fogo? Pelo menos isso?”
“Sim, soltar fogo ele solta! Se bem que o fogo é invisível
também.”
“Ta, não tem problema, a gente usa um visor de infravermelho
pra ver este fogo invisível.”
“Mas o fogo deste dragão é um fogo frio, que está à
temperatura ambiente, não vai dar pra sentir…”
“!!”
Você propõe mais uma dúzia de maneiras de detectar o dragão e
seu amigo refuta todas elas dizendo que com este dragão não
vai funcionar. Você começa a perder a paciência e, além de um
pouco preocupado com a sanidade do seu amigo, fica imaginando
qual a diferença entre um dragão que não pode ser detectado de
nenhuma maneira e dragão nenhum:
“Então como você sabe que há realmente um dragão lá?!”
Seu amigo responde a esta pergunta com explicações confusas
que misturam capacidade de se comunicar telepaticamente com o
dragão, técnicas ancestrais milenares de detecção de dragões,
instrumentos exóticos capazes de medir a “energia” de dragões,
uso da intuição, etc., e encara o seu ceticismo como mávontade em crer neste maravilhoso dragão-invisível-incorpóreoque-cospe-fogo-frio.
Esta história é uma adaptação livre de um trecho do livro “O
Mundo Assombrado pelos Demônios” de Carl Sagan e ilustra o
típico pensamento pseudocientífico. De fato você não precisa
ir muito mais longe para, usando a mesma analogia, imaginar
pessoas que buscam soluções inspirados por dragões
indetectáveis, ou que dizem curar usando a energia destes
seres. Estas pessoas provavelmente acusarão os cientistas que
não querem crer na existência de seus dragões de estreiteza de
pensamento ou dirão que eles se negam a encarar as evidências
porque temem que elas abalem sua forma ortodoxa de pensar.
A conclusão é que por mais que a ciência investigue o fenômeno
não há evidências, ordinárias nem extraordinárias, obtidas
através de um rigoroso método científico que suportem a
existência do Dragão Invisível. Por isso, para a ciência pelo
menos, ele é finalmente esquecido.
Texto de Widson Porto Reis, resumido – NG Canela – Maio de
2011

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