Viver e celebrar a fé cristã
Transcrição
Viver e celebrar a fé cristã
14 de Fevereiro de 2008 14 Fevereiro 2008 SEMANÁRIO REGIONALISTA Director: ALBERTO GERALDES BATISTA Ano LXXX – N.º 3959 Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. DE00032008SNC/GSCCS PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS 2350-999 TORRES NOVAS TAXA PAGA Jesuíta, missionário, defensor dos direitos humanos, mestre insigne da língua portuguesa Preço 0,50 € c/ IVA Rumo à Páscoa Padre António Vieira nasceu, há 400 anos, em Lisboa As comemorações do IV centenário do nascimento do Padre António Vieira, que decorrem ao longo de todo o ano, arrancaram oficialmente no dia 6, na Academia das Ciências de Lisboa, com uma conferência de Eduardo Lourenço, um dos maiores pensadores portugueses vivos. A sessão,no dia em que se cumpriram 400 anos sobre o nascimento do jesuíta português, em Lisboa, contou com a presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e do cardeal-patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, bem como do presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Adriano Moreira, e do presidente da Comissão Organizadora de 2008 Ano Vieirino, o professor Manuel Cândido Pimentel. Na capela da Universidade de Coimbra, realizou-se um recital de órgão e pregação do Sermão de Quarta-feira de Cinzas, promovido pelo Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos e pelo Centro InterUniversitário de Estudos Camonianos daquela universidade. Também no dia 6, foi inaugurada Vencer as tentações na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, uma exposição iconográfica e bibliográfica do padre António Vieira, coordenada e organizada pelo professor Arnaldo do Espírito Santo, presidente da Comissão Científica de 2008 Ano Vieirino. Na capital, um eléctrico chamado Vieira, um dos que fazem a carreira número 28, que liga o Largo de Camões à Graça, fez a sua viagem inaugural no dia 6, às 15.00, transportando especialistas que falaram aos passageiros sobre a vida e obra do jesuíta do século XVII. Tratou-se de uma iniciativa do Centro Nacional de Cultura e da Carris, que se estendeu até 12 de Fevereiro. Também no dia 6, um memorial ao padre António Vieira, feito com azulejos da Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, foi descerrado na Rua do Correio Velho. De 4 a 11 de Maio de 2008 Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, da Cova da Iria, visita a cidade de Beja Preparação Na Quaresma e no Tempo Pascal: Assembleias Familiares Cristãs De 4 a 11 de Maio Viver e celebrar a fé cristã Visita da Imagem Peregrina a todas as paróquias, procissão de velas e vigília de Pentecostes, no dia 10, na Sé. Celebração da Festa do Pentecostes, com crismas, no Pavilhão Multiusos, do Parque de Feiras e Exposições de Beja. Festa dos Povos, com manifestações culturais do Alentejo e dos migrantes que vivem na Diocese de Beja. Página 7 A Quaresma é tempo de conversão e mudança de vida, é o grande retiro do Povo de Deus, é o preço da caminhada para uma Páscoa feliz e frutuosa. Através da meditação mais empenhada da Palavra de Deus, duma oração que repense a vida, do jejum do consumo exagerado e do pecado, da partilha de bens e serviços, o crente corrige o piloto automático” colocando-o na direcção certa de Deus e dos irmãos. Durante a Quaresma, o ser humano tem a oportunidade de avaliar a qualidade da sua vida humana e cristã, através das tentações de Cristo, que são parábolas das nossas próprias tentações nas três grandes frentes da nossa existência humana. A Tentação do Pão, manifesta a forma errada como nos relacionamos com as coisas materiais. O tentador queria que Jesus pusesse ao serviço de si mesmo, as capacidades que recebeu para enriquecer os outros. Toda a utilização egoísta dos bens é diabólica. Ninguém pode ser feliz sozinho. A Tentação dos milagres, manifesta a forma errada de nos relacionarmos com o próprio Deus: duvidando do Seu Amor e fidelidade, exigindo provas e descontos especiais para o nossos trabalhos e para o bem que fazemos. A Tentação do mundo com suas riquezas, manifesta a forma errada de nos relacionarmos com o nosso próximo. A escolha está entre dominar e servir, entre instrumentalizar e respeitar a dignidade e os direitos do seu semelhante. O que há a mudar nas nossas relações com Deus, com as coisas materiais e com os nossos semelhantes? Este é o tempo propício. Este é o tempo da salvação. O esforço feito na Quaresma tem maior efeito, vai mais depressa, chega mais longe. António Aparício “Notícias de Beja”: 80 anos ao serviço da Igreja, do Alentejo e do País IGREJA 2 – Notícias de Beja 14 de Fevereiro de 2008 Oásis no deserto Mais testemunho que uma crónica, aqui fica o meu depoimento sobre uma experiência em que fui protagonista. De qinta à noite a domingo pela noite dentro acompanhei muito de perto a cainhada interior de 12 homens. Fizeram em 3 dias o que os outros doze fizeram em três anos. Com uns e com outros estava Jesus, o Enviado do Pai para lhes revelar os segredos de Deus. No Centro Pastoral de Beja, os esparavam 12 irmãos que pensaram neles durante muito tempo, rezaram por eles e se preparararam espiri- tualmente para os acolher e acompanhar. Como puderam fizeram o mesmo que Jesus. “Naqueles dias, Ele foi á montanha para orar e passou a noite inteira em oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou chamou os discípulos e entre eles escolheu doze, aos quais deu o nome de Apóstolos ... “ (Lc 6,12) Então eram Pedro, Tiago, João e ou outros, vindos das diversas regiões da Palestina, com a predominância da Galileia. Agora, foram o Henrique Camacho,o Rui Cortes, o João Fialho, o João Costa, o Paulo Rodrigues, o Francisco Mendes,o Miguel Peres, o Zé Miguel, o António Lúcio, mo António Vilhena, o António Capa, o Francisco Fachadas, também eles vindos das diversas partes da Diocese com vantagem para Moura. Os doze da Palestina tinham o suporte duma equipa de apoio sediada na casa de Pedro. (Mt 8,14) Também a Equipa do 48º tinha uma forte retaguarda de apoio espiritual e a primorosa colaboração da Equipa do Exterior. Humanamente, estavam criadas as condições com a participação do Centro Pastoral Diocesano para uma experiência com a marca do divino, um encontro no mais íntimo consigo mesmo e com Deus, onde os outros também entravam. O 48º de Homens de Beja foi mais um acontecimento sentido e vivido de modo muito intenso. Decorreu como o próprio Pai o preparou. Eramos todos pródigos. O Pai Comum aguardava a chegada e tinha tudo a postos para a Festa. Foi criando laços de amizade com cada um das mais diversas maneiras. Serviu-se de todo o tipo de pessoas. O que é certo é que todos acabaram por concluir que o Senhor os tinha captivado, sem se terem apercebido muito bem disso. E o encanto foi tecidos com laços de amor . “Eu mesmo a seduzirei, vou conduzí-la ao deserto e falar-lhe ao coração... restitiur-lhe-ei as suas vinhas.. vai abrir-se uma porta de esperança.” (Os 2,16-17) Eu vi isto acontecer. Fui testemunha e também tive o privilégio de ser protagonista. De facto, também este curso, como tantos outros, foi um laboratório. Cada um dos participantes foi o ‘espaço’ das mais surpreendentes reacções. O re-agente para cada ‘produto’ era sempre o mesmo : o Espírito de Jesus, presente e activo no mais íntimo de cada fiel. O seu trabalho era acordar cada um e torná-lo consciente que é filho de Deus, que tem uma grande família de IRMÃOS que vai descobrindo e conhecendo de modo pessoal e afectivo e de quem acaba por se tornar um bom amigo. Espontãneamente se encontra a viver a fé em comunidade. Neste laboratório passa-se da solidão e do isolamento para a fraternidade e a participação. Descobre-se que sem um grupo se fica órfão. A experiência de estar e trabalhar em grupo abre novos horizontes e liberta do egoísmo. Aprende-se uns com os outros a ser corpo e a valorizar os diferentes dons de cada um. Passa-se do rosto carregado da sexta feira para o sorriso aberto do domingo. Pasa-se da morte para a vida. Acontece Páscoa, mesmo que se esteja no início da Quaresma! A estes homens, os novos apóstolos da Igreja Local de Beja, que viveram juntos uma experiência de transfiguração foi proposto o regresso à vida quotidiana, com a sua normalidade. Passaram para o 4º dia. Aos outros doze Jesus enviou-os e fez estas recomendações (que também são válidas para estes) : “não tomeis o caminho dos gentios, nem vivais mais de qualquer maneira (como antes) . Ide às ovelhas perdidas ...Dirigi-vos a elas e dizei-lhes o que vos aconteceu... curai os doentes, ressucitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios... Recebestes de graça, (A GRAÇA!) ... dai de graça também... Ide a casa... daqueles de quem eu estou à espera... ide com tempo .. dai-lhes a paz, a vossa e a minha ... se aceitarem estar e andar comigo , alegrai-vos, pois serei para eles, como fui para vós, a luz e a força; se esses não aceitarem procurai outros; há muitas ovelhas perdidas na casa de Israel Envio-vos como ovelhas entre lobos. Sede simples, mas também prudentes. ! ( Mt 10,5- 16) Ainda não entendi porque é que, no contexto alentejano, o presbitério, os Párocos não deram prioridade a este trabalho de nova evangelização, porque desperdiçam esta oferta de Deus, este dom com que o Espírito premeia quem acredita no poder da Graça de Deus. Com tanto homem por aí apto a ir fazer esta experiência de ‘ressurreição’, os mantemos no túmulo do esquecimento. Não será a hora de , como recomenda o Secretário da Conferência Episcopal, a gente parar e pensar no nosso tipo de pastoral? Que resultados temos com o investimento do nosso tempo e da nossa energia física e mental? Esta gente que passa pela experiência dum curso de cristandade é devolvida à família e à comunidade cristã nas condições ideais para entrar numa Equipa de Casais, numa Equipa de CPB ou de CPM e outras actividades paroquiais, além de ter ao seu dispor no próprio movimento meios para lhe possibilitar om prosseguimento da formação, do empenhamento apostólico e o exercício duma vida cristã sadia e equilibrada. Numa diocese desertificada em tantos aspectos, a aposta nesta possibilidade que envolve a Igreja toda e mobiliza de uma maneira admirável o laicado, pois o compromete e envolve de modo muito activo e consciente, seria uma maneira de evangelizar a cultura tradicional e proporcionar a frescura e a beleza dum oásis neste deserto humano e espiritual em que a maioria esmagadora dos alentejanos vive. O MCC continua vivo e revela-se actual, pelos resultados que obtém. Mas, embora sendo um movimento de leigos, não prescinde da colaboração e participação do presbítero. E isto tanto no curso, como Director Espiritual, como antes e depois, como estimulador e acompanhante. É função do Presbítero animar espiritualmente. O MCC oferece-lhe condições invejáveis para o fazer. Também depende dos padres que no nosso deserto haja oásis. Manuel Magalhães, Pároco de Santiago do Cacém II Domingo da Quaresma Ano A 17 de Fevereiro de 2008 Apesar de a humanidade ter esquecido o seu destino sobrenatural, que consistia em ser “amigo de Deus”, não destrói Deus o Seu projecto a respeito de cada um de nós. Tomando a iniciativa do diálogo, Deus vem ao seu encontro, revela-Se-lhe e deseja estabelecer com ele pessoais relações de amizade, tornar-Se seu “aliado”. A aliança feita com Abraão e todas aquelas, que se lhe seguiram, no decurso dos séculos, são preparação da Aliança definitiva, mas são também a expressão do desejo que Deus tem de entrar em comunhão com o homem. I Leitura Gen 12, 1-4a A primeira afirmação da nossa fé, em relação ao mundo, é que Deus nos chamou para sermos o seu Povo. Este chamamento está já nas origens, mas houve depois, ao longo da história da salvação, momentos especialmente significativos, e, destes, o primeiro e bem significativo foi, sem dúvida, o chamamento de Abraão. Leitura do Livro de Génesis Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma benção. Abençoarei a quem te abençoar, amaldiçoarei a quem te amaldiçoar; por ti serão abençoadas todas as nações da terra». Abrão partiu, como o Senhor lhe tinha ordenado.. Salmo Responsarial Salmo 32 (33) Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia. II Leitura 2 Tim 1, 8b-10 O chamamento de Deus chega até aos homens por seu Filho, Jesus Cristo, que, na leitura do Evangelho, o próprio Pai nos apresenta para que O escutemos. Por Ele se renova a Aliança entre Deus e os homens, e n’Ele já temos a garantia da vida e da imortalidade. É esta a fé da Igreja desde o princípio, como o Apóstolo o atesta. Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo ao Timóteo Caríssimo: Sofre comigo pelo Evangelho, apoiado na força de Deus. Ele salvou-nos e chamou à santidade, não em virtude das nossas obras, mas do seu próprio desígnio e da sua graça. Esta graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade, manifestou-se agora pelo aparecimento de Cristo Jesus, nosso Salvador, que destruiu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho. Evangelho Mt 17, 1-9 A Transfiguração é a revelação antecipada de Cristo glorioso, como a sua ressurreição, no fim da Quaresma, O há-de manifestar. Em Cristo transfigurado, se antevê, desde já, a vida e a imortalidade a que somos chamados, reconhecemos a glória do Filho de Deus que se há-de revelar em nós próprios e tomamos coragem para subirmos ao longo da Quaresma, até à transfiguração pascal, que Deus dará a quem escutar e seguir o seu Filho. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaramse brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O». Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito. Então Jesus aproximou-se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais». Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos». OPINIÃO 14 de Fevereiro de 2008 Notícias de Beja – 3 Com Sabedoria e Serenidade Tinha pensado noutro trema para este meu artigo mas, pareceu-me, que seria bom escolher o regicídio que ocorreu há um século, precisamente no dia 1 de Fevereiro de 1908. Não irei tratar, directamente, dos aspectos históricos e políticos do acontecimento, mas apresentar, tão só, algumas reflexões acerca deste facto. Há bastantes anos que Portugal se vinha transformando nas ideias e nas mentalidades, sob a influência de alguns dos países da Europa, transformação essa que provocou frequentes turbulências sóciopolíticas. Era visível a luta pelo poder, como poder, pois que o geral da população pouco progredia no acesso aos bens do património nacional. É certo que em vários sectores da vida do nosso país se introduziram melhoramentos, principalmente, nos transportes e comunicações, mas não se podia dizer que o país tivesse evoluído o suficiente na solução dos problemas do povo português. Acrescente-se que com esta evolução entraram em Portugal organizações que não se recusavam a recorrer à violência para mudar o regime político em Portugal. Em situações destas, por natureza complexas, o discernimento, tanto quanto possível, sereno e lúcido, era de uma importância indiscutível, embora tremendamente difícil. Só se chegaria lá por uma análise correcta da realidade, o que exigia uma informação objectiva e bastante completa e, depois, uma ponderação e decisão desapaixonadas. Repito, isto era extremamente difícil, pois se estava em cima do fogo. Apesar disso era indispensável tomar a sério os sintomas, não os julgando sem significado, nem os tomando logo apocalipticamente. Era preciso tomá-los muito a sério, o que, julgo não ter sido feito atempadamente e com o necessário rigor. Neste campo, os erros e as omissões pagam-se, a seu tempo, muito caro. Não se esqueça que o regicídio não é só ponto de partida é também ponto de chegada. É ponto de partida porque marcou os anos seguintes com instabilidade e violência quase constantes na vida nacional. É ponto de chegada porque veio na sequência das perturbações, lutas e omissões dos anos anteriores. Há que fazer uma séria meditação sobre o regicídio para daí extrair lições preciosas para o nosso presente e futuro. Embora esse trágico acontecimento seja um facto condenável a todos os títulos, não se pode absolver, sem mais, os detentores do poder desde o Rei, ao Parlamento, ao Governo, aos Partidos e a todas as demais Autoridades do País. Todos, de uma forma ou outra, numa monarquia constitucional, tinham responsabilidades e poder para, com antecipação terem atendido às legítimas reclamações do povo evitando assim a criação de um clima propício a todas as aventuras e desmandos. Uma segunda reflexão sublinha que, enquanto no plano dos prin- A Família Real, de Joseph Layraud, datada de 1876. O jovem príncipe D. Carlos, com uma espingarda na mão cípios, tem vindo a crescer a afirmação de que a vida é um valor inviolável, no dia a dia não deixa de aumentar o desrespeito pela mesma vida pelos meios mais sofisticados. Com efeito, as declarações internacionais afirmam que a vida humana é para apreciar, respeitar e defender e a opinião pública, cada vez mais, é contrária à guerra, ao terrorismo e às diferentes formas de criminalidade. Em cada início de ano é habitual perguntar aos cidadãos, na rua, o que mais desejam para o novo ano. Quase todos os intervistados declaram logo que o novo ano seja um ano de paz e que acabem as guerras e a morte de inocentes. A doutrina da Igreja vai neste sentido bem expresso na mensagem dos últimos papas para o primeiro dia do ano a insistir sempre sobre um dos aspectos da paz. Esta mensagem é dada a conhecer a todos os cristãos no mundo inteiro. Nota-se que há um crescimento na consciência do valor da vida e da paz a defender. Por outro lado, verifica-se que há cada vez mais capacidade para o crime organizado não apenas a plano local, mas mesmo internacionalmente. Todos conhecemos, pela comunicação social, essas formas requintadas de cometer crimes, os mais inadmissíveis. Não é só o atentado que provoca mortes, são as técnicas diabólicas de tortura e aviltamento da pessoa humana. Muitas dessas torturas, julgou-se, que tinham ficado no passado. Puro engano. São reais em muitos países mesmo entre os ditos mais civilizados É, como alguém dizia, uma verdadeira epidemia que se vai desenvolvendo sem parar. Mata-se por tudo e por nada. Entre nós não se têm dado mortes pelos mais banais motivos? Não alastrou pelo mundo a criminalidade, o terrorismo e outras formas de infligir a morte aos semelhantes? Sim, impressiona a desvalorização da vida na consciência de tantos… No regicídio recorreu-se à violência na sua expressão máxima para resolver problemas principalmente políticos e ideológicos. A vida entrou como moeda de troca. Liquidaram-se logo ali no trajecto do Terreiro do Paço várias vidas, a do Rei e a de seu Filho Herdeiro ao trono e as dos assassinos. Há que fazer uma profunda e esclarecida reflexão sobre a vida, o seu valor inestimável e a sua sacralidade. E, por fim, realço que não é com o mal que se anulam males. Não é matando, seja quem for, que se resolvem os problemas. Pode parecer que sim, temporariamente, mudados os tempos, porém, faz-se ouvir a voz da recta consciência ferida pelo desrespeito à verdade e à justiça que lutará por repô-las no lugar certo. Havia problemas graves em Portugal no fim do século XIX, é indiscutível. Com o regicídio e mudança de regime alcançou-se mais estabilidade, mais paz, mais respeito pelos direitos humanos, mais alegria no viver e mais unidade na acção? A história, bem lida, diz que não. Continuou a instabilidade e a confusão dos espíritos. O regicídio de há séculos faz pensar. Não recusemos fazê-lo com sabedoria e serenidade. João Alves, Bispo Emérito de Coimbra No centenário do Regicídio Esta celebração é um acto religioso. Apesar de se enquadrar na memória histórica de acontecimentos com intenso significado político, o que nos reúne aqui é a fé da Igreja na vida para além da morte e a certeza da nossa comunhão com aqueles que já morreram, para louvar com eles o Senhor, se foram admitidos à Sua presença ou merecer com as nossas preces a sua última purificação, se dela ainda precisarem. Mesmo na inevitável consideração de acontecimentos que marcaram profundamente a nossa história, deixar-nos-emos guiar pela Palavra de Deus que, para nós cristãos, é a luz a guiar-nos na busca do sentido profundo da história. Há 100 anos, a morte do Rei e do Príncipe herdeiro foi um acto de violência, de violência política. A violência continua a ser, no mundo de hoje, um dos principais males da humanidade. De certo modo, ela está ligada à experiência da própria morte, como ouvíamos no Livro da Sabedoria: “A sua saída deste mundo foi considerada uma desgraça e a sua partida do meio de nós um aniquilamento” (Sab. 3). O erradicar da violência será a maior vitória da civilização e a primeira manifestação da convivência democrática, baseada no respeito pela pessoa humana e suas legítimas diferenças. As celebrações centenárias dos acontecimentos que, há um século, marcaram o destino da nossa Nação, começam necessariamente, hoje: o Regicídio foi acontecimento decisivo na revolução que levou à mudança do regime político. Não foi, infelizmente, o último acto de violência. Durante todo o primeiro quartel do Século XX esta foi caminho justificado para impor ideias e políticas: foram suas vítimas homens políticos, pessoas e associações; foi sua vítima, como sabemos, a própria Igreja, na perseguição das pessoas, sobretudo de sacerdotes, na destruição de estruturas e instituições, na espoliação injusta de bens essenciais para o exercício da missão da Igreja. Oxalá as celebrações dos próximos anos sejam marcadas por uma denúncia da violência, que deve ser rejeitada e combatida por todos, em todas as frentes. A Igreja e os cristãos querem estar na primeira linha desse combate, perdoando as violências sofridas e dando testemunho de convivência, no amor, com todos, mesmo aqueles que não se identificam connosco. Só a convivência tolerante e fraterna nos levará a uma sociedade justa, humanizada, democrática. Católicos e não católicos, que ninguém ressuscite fantasmas antigos, porque cem anos significaram um caminho andado, e a celebração das grandes efemérides históricas só tem sentido se celebram o presente e se abrem a um futuro novo. Saibamos exorcizar todas as formas de violência, remindo pecados passados, de que a própria Igreja não foi isenta, contribuindo apaixonadamente para uma sociedade mais fraterna. D. José Policarpo (Passagens da homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa na Missa do Centenário do Regicídio) POLÍTICA 4 – Notícias de Beja Bispos espanhóis criticam “leis gravemente injustas” A Conferência Episcopal Espanhola (CEE) divulgou no dia 1 de Dezembro, uma nota pastoral sobre as eleições de Março, na qual critica várias leis «injustas» aprovadas pelo governo socialista. A nota, que sem fazer referências a partidos penaliza o Partido Socia- gramas políticos são compatíveis com a fé e as exigências da vida cristã, nem mesmo próximos e proporcionados aos objectivos e valores que os cristãos devem promover na vida pública». Para os bispos espanhóis, os católicos que queiram agir res- lista Operário Espanhol (PSOE, no poder), foi aprovada pela Comissão Permanente da CEE que pediu «liberdade e respeito» pelas suas opiniões, reivindicando o direito de renunciar e criticar as leis que consideraram não ser compatíveis com os seus princípios. Ao pedir um voto em consciência dos católicos, em função do apreço que cada líder político dá à dimensão moral da vida, a CEE insiste que não está a sugerir votos em nenhum dos partidos, afirmou o Bispo Auxiliar de Madrid e porta-voz da entidade, D. Juan Antonio Martínez Camino. Apesar disso, Martínez Camino recorda que «nem todos os pro- ponsavelmente têm que avaliar no momento do voto as várias ofertas políticas, «tendo em conta o apreço que cada partido, cada programa e cada dirigente dá à dimensão moral da vida». Martínez Camino reiterou que a Igreja tem «direito» a dizer que «em Espanha há leis gravemente injustas», posição reflectida na nota pastoral, na qual se evidenciam referências muito críticas a algumas das políticas mais polémicas do actual governo socialista. A nota volta a condenar os casamentos homossexuais, aprovados pelo governo PSOE, defende o voto em quem está contra e cita o Papa Bento XVI, que defende «uma família fundada no casamento», e critica «outras formas de união que contribuiriam para a destabilizar, obscurecendo o seu cariz peculiar e a sua insubstituível função social». No capítulo do aborto e eutanásia temas que figuram também no programa socialista - a CEE referese ainda ao «perigo de opções políticas e legislativas que contradizem valores fundamentais e princípios antropológicos e éticos arraigados na natureza do ser humano no que toca à defesa da vida humana em todas as suas etapas». A nota pastoral manifesta-se ainda contra a cadeira obrigatória de Educação para a Cidadania, rejeitada pelos sectores mais conservadores espanhóis, que para os bispos «lesiona o direito dos pais e da escola em colaboração com eles - de formar os seus filhos de acordo com a suas convicções religiosas e morais». Segundo os bispos, há «dificuldades crescentes para incorporar o estudo livre da religião católica nos currículos da escola pública». O texto destaca ainda a condenação do terrorismo, posicionando contra a negociação com a ETA sem nunca referir directamente a organização separatista basca. «Uma sociedade que queira ser livre e justa não pode reconhecer explicita nem implicitamente uma organização terrorista como representante político de nenhum sector da população, nem pode têia como interlocutor político», afirma a nota. Governo não agrada nem a católicos nem a laicistas Católicos e laicistas portugueses queixam-se, por diferentes motivos, da atitude do poder político em relação à Igreja, mas o Governo acredita que há em Portugal um clima de «absoluta normalidade» no relacionamento entre Estado e confissões religiosas. «Estou muito preocupado. Não podemos ignorar que a Igreja tem sido directa ou indirectamente promotora ou inspiradora do maior número de respostas sociais no país e parece-me que algumas medidas que estão a ser adoptadas, [embora] não sejam directamente de hostilização da Igreja, ignoram este papel extremamente importante», disse à Lusa o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS). «Tem-se notado sobretudo em tudo aquilo que se refere a políticas sociais, que é onde a Igreja tem uma presença muito forte, na saúde, na educação, na acção social», considera o sacerdote. O prolongamento do horário das escolas do primeiro ciclo e a anunciada redução do financiamento público atribuído aos centros de Actividades de Tempos livres (ATL) abriu recentemente uma guerra entre o Governo e as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). Também o presidente do “Ponto de Apoio à Vida”, padre Duarte da Cunha, defende que «quando se começa a discutir se devem ou não existir crucifixos nas escolas, ou nos hospitais; quando se pretende que um capelão hospitalar seja obrigado a ter uma autorização escrita para assistir um doente estamos seguramente perante pormenores, mas pormenores que são reflexo dessa lacização crescente que se pretende impor na mentalidade dos homens». Na sua única referência directa ao executivo de José Sócrates, o padre Duarte da Cunha fala de uma estratégia ziguezagueante do Estado em matérias como a educação religiosa, as capelanias militares e hospitalares e apoio à acção social da Igreja junto de crianças, idosos e doentes. O padre Duarte da Cunha identifica como causa profunda dos atritos entre Estado e Igreja, a propagação de uma «mentalidade laicista, que tenta apagar todas as referências religiosas». O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, demarca-se desta perspectiva. «Em Portugal, satisfaz-se os requisitos de um Estado moderno quanto à liberdade e pluralismo religioso, pese embora ser sociologicamente evidente a influência de uma das confissões religiosas: o catolicismo. É um facto que o Governo, a opinião pública e instituições em geral reconhecem”, defende. Tal como o padre Duarte da Cunha, o deputado do Bloco de Esquerda, Fernando Rosas acredita que parte dos problemas actualmente existentes entre poder político e Igreja Católica resultam de ainda estar incompleto o processo de regulamentação da Concordata de 1940 - acordo revisto em 2004 pelo Estado Português e pela Santa Sé. 14 de Fevereiro de 2008 REGISTADO A ideologia do Governo À primeira vista, o Governo Sócrates carece de orientação ideológica. O socialismo saiu da gaveta para o baú do sótão e os recuos, cedências, compromissos e expedientes parecem revelar um pragmatismo isento de princípios. Mas no que realmente conta o actual Executivo tem seguido uma linha doutrinal férrea e impiedosa, escondendo a sua determinação clara debaixo de uma aparente bonomia. Isto revela-se em pequenos sinais que escapam à vigilância institucional. A nova ministra da Saúde antes da posse afirmou algo espantoso: “Sempre trabalhei no serviço público e é esse que eu defendo” (SIC, 29/Jan.). Ela assume à partida que, dos seus dois cargos - ministra de Portugal e gestora do Serviço Nacional de Saúde, já escolheu o segundo. A sua preocupação central será, como aliás os antecessores, a carreira dos médicos, não a saúde dos doentes. Esta frase descuidada vai ao centro do nosso drama actual. O Estado existe para servir a sociedade, mas se o aparelho cresce muito a partir de certa altura ele passa a ser o seu próprio objectivo. Quando os servidores públicos usam os seus poderes nacionais para se servirem a si mesmos, a perversão é total. A ideologia do Governo Sócrates esconde, debaixo de um ataque exterior às regalias extremas do funcionalismo, este propósito totalitário de estatização. Nisso o Governo é prudente e popular. Existe em Portugal um consenso paternalista que considera os serviços públicos, em si, bons e seguros. As empresas, tendo fins lucrativos, exploram os clientes enquanto os burocratas, com fins de carreira, são eficazes. O modelo até é capaz de funcionar com suecos, mas com lusitanos tem sido um desastroso fiasco há séculos. Apesar disso, os cidadãos apaticamente vão aceitando as múltiplas e minuciosas investidas de nacionalização. Parte-se da imagem que a saúde ou escola privadas são mais caras que as públicas, o que é evidentemente falso. Os custos dos serviços particulares são visíveis e pagos pelos utilizadores, enquanto os públicos, escondidos na confusão do Orçamento, são também pagos pelos mesmos contribuintes. Só que quando o pagador está a olhar, as coisas são diligentes e económicas, enquanto os desperdícios que a capa pública esconde são impossíveis de medir. No entanto os governos vêm usando os impostos que retiram aos contribuintes para criar serviços que competem com as escolhas dos mesmos contribuintes. Tudo é feito com o pretexto de virtuoso serviço à nação e com o aplauso de professores, médicos e outros funcionários, que preferem a segurança pública à maçada de ser julgados pelos resultados. De facto estar no mercado, depender da satisfação dos clientes e só receber quando se produz qualidade é um grande aborrecimento. Se é assim em todos os sectores, na Educação, cujo objecto directo é a ideologia, o propósito ganha novos contornos. Nas escolas trata- se de formar as consciências da juventude e o Estado não quer perder esse precioso instrumento de poder. O cerco que tem feito ao ensino privado e livre tem sido implacável e cruel. A retirada dos subsídios aos ATL, a construção de escolas do Estado junto a estabelecimentos privados e outras medidas têm este objectivo totalitário. Mas a ideia vai mais longe. O secretário de Estado da Educação defendeu-se de críticas recentes afirmando: “Todas as escolas têm um coordenador da educação para a saúde, na qual está envolvida a educação sexual” (RR, 31/Jan.). Reduzir o sexo a um problema sanitário é tão tonto como ver a Biologia dentro da Física ou a Literatura na Gramática. Mas esta frase não é tolice, é ideologia. Não se trata de um erro, são ordens. Neste campo, como tantos outros, a escola pública é veículo para as doutrinas das luminárias do regime que, na História como no Português, na Educação Sexual como na Economia, impõem como verdades estabelecidas o que não passa de preconceitos. O aparelho público usa os seus poderes para controlar, não para servir o público. O Governo Sócrates não é socialista, reformador ou sequer maçon. É só corporativo. João César das Neves, professor universitário “Diário de Notícias, 11.02.2008 SOCIEDADE 14 de Fevereiro de 2008 Mensagem do Papa a D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, na celebração de 25 anos de episcopado Ao mesmo tempo que, em união com tantos Pastores e Fiéis Cristãos nos entregamos à oração pela unidade de todos os que crêem em Cristo, recordamos também com profunda alegria a felicíssima celebração das Bodas de Prata da tua ordenação episcopal. Queremos aproveitar esta singular ocasião para te testemunhar o nosso especial afecto e te manifestar bem merecidos louvores. Uma vez concluídos, em conformidade com as normas canónicas, os estudos de filosofia e de teologia, foste ordenado presbítero do Patriarcado de Lisboa no dia 15 de Agosto de 1959 e logo em seguida celebraste a tua Primeira Missa. A seguir, exerceste o múnus de prefeito e também o de Vice-Reitor no Seminário de Almada. Mais tarde, foram-te confiados encargos pastorais na Basílica de Nossa Senhora da Lapa e a Presidência da Comissão Diocesana de Arte Sacra, cargos que desempenhaste com todo o empenho. Também colaboraste activamente no conselho pastoral de Lisboa. Dotado em alto grau dos predicados convenientes, foste escolhido, sem hesitações, pelo nosso venerável antecessor, Servo de Deus João Paulo II, para fazeres parte dos sucessores dos Apóstolos. Por isso, no dia 22 de Janeiro de 1983, foste sagrado Bispo titular de Iliberi e Auxiliar do Patriarca de Lisboa. Porém, em 1997, foste designado BISPO COADJUTOR da Sé de Coimbra. Passados quatro anos, foste constituído, de pleno direito, Ordinário da Diocese de Coimbra, cargo que tens vindo a desempenhar até hoje, sábia e fielmente. Sabemos que és um Pastor optimamente preparado e perito de modo particular no domínio da filosofia e das letras, dotado de profunda espiritualidade, piedoso, bondoso, activo e fervoroso, fiel ao Magistério da Igreja . Na Conferência Episcopal desempenhaste o múnus de Secretário Geral e presidiste à Comissão Episcopal das Actividades Pastorais, cargo em que muito de útil deste a toda a Igreja e ao teu País e te enriqueceste com muitos méritos diante do Senhor. Ao recordar, pois, por meio desta Carta a tua operosa acção pastoral, queremos congratular-nos contigo, como se estivéssemos presentes, juntamente com os Bispos, sacerdotes, religiosos de ambos os sexos, e todos os fiéis reunidos à tua volta, nesta faustosa celebração. Finalmente, queremos confiarte de todo o nosso coração à protecção maternal da Imaculada Virgem Maria, desejando-te a abundância da graça divina. Por fim, queremos confirmar-te os nossos votos de muitos êxitos com a Nossa Bênção Apostólica, a Ti, Venerável Irmão, em primeiro lugar dirigida, desejando torná-la extensiva a todos quantos vão partilhar contigo a alegria desta feliz celebração. Dada na nossa residência do Vaticano, aos vinte e dois dias do mês de Dezembro de 2007 (ano terceiro do Nosso Pontificado) REGISTADO O Estado passou a promover activamente o aborto até às dez semanas Aniversário de um logro Foi há um ano o segundo referendo sobre o aborto em Portugal. O Governo tinha maioria no Parlamento para fazer passar uma nova lei do aborto. Mas, tendo o “não” ganho o referendo de 1998 (com uma abstenção de quase 70 por cento, tornando não vinculativos os resultados), o PS entendeu, e bem, que politicamente não poderia dispensar um novo referendo. Embora a participação não tenha ultrapassado os 50 por cento necessários para tornar vinculativo o referendo, há um ano venceu claramente o “sim”. O que deu legitimidade política à mudança na lei. Reconheço-o sem dificuldade, tendo votado “não”. As críticas que faço ao que se passou não são uma manifestação de mau perder. Apenas protesto contra o logro a que muita gente foi levada. O grande argumento dos defensores do “sim” era a alegada necessidade de despenalizar a prática do aborto até às dez semanas de gravidez. Isto para evitar prisões (que aliás não existiam) de mulheres e a sua humilhação nos tribunais (que geralmente as absolviam). E também para reduzir o aborto clandestino, com todos os seus riscos. A pergunta do referendo, idêntica à de 1998, era ambígua: “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?” Esta formulação abria a porta, não à proclamada despenalização, mas à liberalização do aborto, feito a pedido, sem qualquer condicionante e pago pelos impostos de todos nós. Após o apuramento dos resultados do referendo e festejando a vitória do “sim”, o primeiro-ministro teve palavras que pareciam afastar esse risco, prometendo uma regulamentação sensata do aborto, seguindo as melhores práticas europeias. Infelizmente, o que se passou entretanto desmentiu tal ideia e confirmou os piores receios: o Estado passou a promover activamente o aborto até às dez semanas. A lei alemã, por exemplo, prevê um aconselhamento prévio à mulher que pretenda abortar, onde se encoraja a continuação da gravidez. Por cá, tal aconselhamento foi considerado uma intolerável violação da liberdade da mulher (fraca ideia têm do que é liberdade). Esta nem sequer é obrigatoriamente informada sobre o que se passa com o feto, através de ecografias, por exemplo. Mostrar que está ali um ser vivo poderia levar a mulher a não abortar... Os médicos objectores de consciência estão proibidos de participar na consulta prévia e no acompanhamento. E é facultativo o acompanhamento por técnicos do serviço social e psicólogos, que poderiam evitar o aborto encontrando outras soluções para a mulher. O que se pretende é incentivar o aborto, gratuito até às dez semanas, não sendo precisa qualquer justificação: pode ser realizado apenas porque não apetece à mulher ter a maçada de uma gravidez. E o aborto a pedido não paga qualquer taxa moderadora, ao contrário de tantas intervenções médicas indispensáveis à saúde das pessoas. O aborto a pedido beneficia, ainda, do apoio da Segurança Social, idêntico ao do aborto espontâneo (salário na íntegra, sem impostos, entre 14 e 30 dias). Em Novembro afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos que “hoje é mais fácil fazer uma IVG no Estado do que obter uma pílula contraceptiva gratuita”. Politicamente, é compreensível este empenho governamental na promoção do aborto no Serviço Nacional de Saúde. Criticado à esquerda pelas suas políticas económicas e financeiras “ortodoxas”, restam as “questões fracturantes” para o Governo e o PS tentarem demarcar-se da direita. Se o PS ganhar de novo as eleições, provavelmente virão o casamento homossexual, a adopção de crianças por gays e lésbicas, etc. Será bom que, antes da votação, o PS diga claramente o que pretende fazer nestas áreas. É que, para logro, já basta o aborto, em que enganaram os portugueses com uma alegada despenalização, quando afinal veio não só uma liberalização, como uma empenhada promoção do aborto. Mas os esforços governamentais parecem não estar a atingir os seus objectivos: o número de abortos voluntários nos hospitais públicos encontra-se a pouco mais de metade das previsões oficiais. Uma das mais baixas taxas do mundo, um caso excepcional, segundo o coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva (Diário de Notícias, 29.11.07). Ironias da história. Francisco Sarsfield Cabral, Público, 11.02.2008 Notícias de Beja – 5 Diálogo Igreja-mundo, difícil mas indispensável O Vaticano II também teve presente nos seus objectivos situar a Igreja numa relação positiva com a sociedade. A Igreja não podia encontrar-se consigo própria num projecto de renovação, se omitisse ou menosprezasse a relação com as pessoas, a natureza criada, os dinamismos sociais e culturais emergentes e influentes. Ela é para os cristãos, segundo o desígnio de Deus, um dom que, em Jesus Cristo, é feito aos homens e mulheres de todos os tempos, para que todos, pela sua fé, encontrem e usufruam caminhos de salvação, de felicidade e de paz. As comunidades cristãs sentiram-se assim, de modo discreto mas eficiente, um fermento novo no seio da comunidade humana, de que também eram membros. O seu modo de viver era contagiante e provocava, nas pessoas atentas às suas atitudes e compromissos de vida, sentiA novidade de Deus mentos novos, até ali impenentre os quais a vontade e dos seus dons sáveis, de seguir por igual caminho. revela-se no Olhar o mundo das pessoas, com um olhar positivo como Deus o confronto com as olha, acorda apelos e sentide responsabilidade. realidades que mentos Sempre foi para a Igreja um afectam, de modo caminho de renovação, de resposta válida e de presença positivo ou negativo, significativa, estar atenta e com os problemas das a vida das pessoas solidária pessoas, quer estes se traduzam concretas, em cada em alegrias ou tristezas, vitórias ou derrotas, certezas ou dútempo, lugar ou vidas. A novidade de Deus e dos seus dons revela-se no concondição. fronto com as realidades que afectam, de modo positivo ou negativo, a vida das pessoas concretas, em cada tempo, lugar ou condição. Quando a atitude da Igreja foi de serviço inquestionável ao mundo, pela sua vida, propostas e contributos dos seus membros e das suas comunidades, estimuladas por um poder que era serviço à maneira de Cristo, ainda que minoritária, ela tornou a mensagem evangélica, nas comunidades humanas com as quais coexistia, fermento de amor, reconciliação, justiça, verdade, liberdade e paz. Quando se identificou com o mundo e pensou que o ideal era que todo o mundo fosse Igreja, ela foi perdendo a força de ser luz que ilumina e sal que dá sabor. Quando entrou em competitividade com novos grupos humanos e dinamismos culturais que já não podia controlar, e os identificou, errada e apressadamente, como inimigos e concorrentes, ela caiu na tentação de ser também oposição e levantou muros que ainda hoje persistem e ganham nova virulência. Só quando tomou consciência de que o caminho a percorrer passa por um diálogo que respeita e sabe acolher, escuta e não impõe, mais que razões intelectuais tem força de vivência pessoal e comunitária, sobretudo mais uma proposta do que acredita e vive do que uma linguagem seca e hermética de princípios friamente enunciados, encontrou de novo o rumo de ser um dom e um serviço a todos. O contexto em que a Igreja viveu e educou os seus membros durante séculos não se pode apagar, nem esquecer. É um dado histórico que mostra que não é fácil, ainda hoje, percorrer um caminho com novos contornos e novas exigências, mesmo quando descoberto como o mais acertado e sintonizado com a vocação e missão da Igreja no Mundo. A reflexão conciliar sobre as relações Igreja com o mundo contemporâneo foi um salto qualitativo importante, pela visão que trouxe e pelas exigências de conversão que comporta. Um caminho permanente e consequente, que leva os membros da Igreja a um modo de ser, estar, ver e agir, ante as realidades humanas, cuja orientação a autonomia do mundo reivindica como direito e dever seu. Podem fazer-se coisas aparentemente novas, eivadas do espírito velho, que disfarça o poder em serviço. Esse não é o caminho conciliar. Igreja ao ritmo do Vaticano II deve repensar a sua relação com o mundo. António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro DIOCESE 6 – Notícias de Beja Novo Acólito na Diocese de Beja Na Eucaristia do I Domingo da Quaresma, na Sé, pelas 18h, o Senhor D. António Vitalino instituiu no Ministério de Acólito o Seminarista Nuno Miguel Rocha de Sousa, aluno finalista do Seminário de Beja, natural de Cuba. O Nuno está a estagiar nas Paróquias de Baleizão e Neves, faz parte da Equipa Diocesana da Pastoral Juvenil e trabalha neste momento na Tese que deverá defender, no presente Ano Académico, na Universidade Católica. Esta Celebração concluiu também uma tarde de reflexão e convívio da CIRP (Consagrados), que decorreu nas instalações do Seminário, por isso, a assembleia contou com a presença de algumas dezenas de Consagrados oriundos de toda a Diocese. Eram também visíveis na assembleia uma boa representação de cristãos de Cuba, com o seu Pároco, e das Paróquias onde o Nuno está a estagiar. Concelebrou também o Senhor D. Manuel Falcão. Estiveram presentes 9 sacerdotes, tendo acolitado os nossos outros 3 seminaristas. Na homilia, o Senhor Bispo agradeceu à família do Nuno, à Paróquia de Cuba e ao Seminário, o dom da sua vocação e fez um apelo para que mais jovens se deixem entusiasmar por este ideal de vida. 14 de Fevereiro de 2008 Bodas de Ouro Matrimoniais de Eliseu Cardoso e Adelina Almeida Manuel António, Reitor do Seminário de Beja Diocese de Beja celebrou Dia dos Consagrados Segundo a história do cristianismo, a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, 40 dias após o nascimento d’Ele, foi sempre vista sob o ponto de vista da Consagração. Com o passar do tempo, certamente, guiados “pelo mesmo Espírito”, religiosos de diversas partes do mundo tiveram a iniciativa de celebrar esta data, pondo, assim, em evidência a consagração na diversidade de carismas. VII Curso Bíblico em Beja Orientado pelo Padre Doutor Carreira das Neves 15 e 16 de Fevereiro de 2008 Seminário de Beja Tema: A Família na Bíblia Horário Dia 15: 20h30 às 23h00 Dia 16 - Manhã: 10h00 às 12h00 Tarde: 14h30 às 19h00 O memorável Papa João Paulo II instituiu, oficialmente, o dia 2 de Fevereiro como o Dia do Consagrado. Foi para viver esse dia que cerca de 60 Religiosos se reuniram no Centro Pastoral da Diocese de Beja. O Encontro iniciou-se com a apresentação do Secretariado Regional da CIRP de Beja: Presidente – Pe. Joaquim Martins Valente, SVD Secretario – Ir. José Domingos dos Santos Gomes, FISFA Tesoureira – Irª Silvina Rodrigues, FHIC Vogal – Irª. Maria Dolores Caldeira, CM Deu-se de seguida as boas vindas às Irmãs que estão este ano a iniciar trabalho pastoral na Diocese. As Irmãs do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus estiveram presentes com uma mensagem que nos transmitiram. Como sempre, acompanharam-nos na vanguarda, com a sua oração. Seguiu-se a oração em PowerPoint “Senhor, Tu tens Palavras de Vida” O Senhor Bispo falou-nos da visita Ad Limina e ao mesmo tempo felicitou-nos, encorajou-nos e falou da importância do trabalho dos Religiosos numa Diocese Missionária como é a nossa Diocese. O Presidente da CIRP apresentou o programa para 2008, salientando o Encontro de Religiosos das três Dioceses do sul a realizar no dia 25 de Abril em Beja, subordinado ao tema: “Consagrados ao serviço da família, partilha de solidariedade” Terminamos o encontro com a Eucaristia na Sé, presidida pelo Sr. Bispo. Irmão José Domingos Padre José Venâncio Depois de alguns dias de internamento no hospital de Beja, já se encontra em sua casa o pároco de Grândola, Padre José Venâncio. Desejamos-lhe rápidas melhoras. No dia 9 de Fevereiro, celebraram festivamente 50 anos de casamento o Senhor Eliseu Cardoso, funcionário público da Direcção de Estradas, aposentado, e chefe dos Serviços Administrativos do Notícias de Beja, e a Senhora D. Adelina Almeida, funcionária pública, na Escola Superior de Educação, aposentada. Naturais de Linhares da Beira, concelho de Celorico da Beira, onde casaram, em 9 de Fevereiro de 1958, o Senhor Eliseu Cardoso e a Senhora D. Adelina Almeida vivem em Beja, há 50 anos. Têm uma filha, Maria de Lurdes Cardoso, enfermeira-chefe, no Hospital Distrital de Beja, casada com o arquitecto Filomeno Transmontano, professor na Escola Secundária Diogo de Gouveia. Do programa da festa jubilar constou uma Missa, na igreja de Nossa Senhora do Monte Carmelo, em Beja (Bairro dos Falcões), presidida pelo nosso Bispo, D. António Vitalino, e concelebrada pelos Padres Alberto Batista, director do Notícias de Beja, Henrique Martins, pároco do Salvador, e José Roque, pároco da Sé. Na homilia, o nosso Bispo felicitou o casal em festa, exaltando as suas virtudes humanas e cristãs, bem como o serviço exemplar de apostolado que exercem nas paróquias e no serviço de voluntariado, no jornal da Diocese, no hospital e noutras actividades eclesiais. Os Padres Alberto, Henrique e Roque sublinharam as palavras do Senhor Bispo, realçando, em concreto, o trabalho pastoral que o casal realiza, no jornal e nas paróquias, apontando-o como modelo de família cristã e desejando-lhe as maiores bênçãos de Deus e muitos anos de vida. As leituras da Missa foram proclamadas pela Esposa e sua Filha. O Salmo responsorial foi cantado pelo Marido, director do grupo coral da igreja do Salvador, e a Oração dos Fiéis foi feita pelo Sobrinho, Carlos Alberto. No Hotel Bejaparque foi, de seguida, oferecido pelos aniversariantes um almoço de confraternização, em que participaram 40 pessoas, pretexto para uma tarde de saudável convívio entre todos, com entrega de prendas e um improvisado e afinado festival de cantares alentejanos, elemento indispensável e característico em todas as celebrações na Planície Heroica. Aos bons amigos, Senhor Eliseu Cardoso e Senhora D. Adelina Almeida renovamos os nossos votos ardentes de uma lua-de-mel continuada, por muitos anos, com os seus familiares e amigos, nestas terras do Alentejo, que, há meio século, adoptaram como suas. Que o seu exemplo de casal cristão e apostólico possa servir de referência a muitas outras famílias da Diocese de Beja. Alberto Batista DIOCESE 14 de Fevereiro de 2008 Notícias de Beja – 7 A Igreja de Beja em marcha Missão Católica em Beja Assembleia Geral da Cáritas 2008 A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima visitará a cidade de 4 a 11 de Maio do ano corrente, no encerramento da Missão na cidade de Beja. Como se vai processar esta missão? Durante a Quaresma e Tempo Pascal vão organizar-se nas várias ruas e zonas da cidade, em casas, garagens ou outros espaços oferecidos para este efeito, pequenas assembleias de temática cristã, nomeadamente o Credo, núcleo e resumo da nossa Fé cristã e também a mensagem de Fátima. Assembleias familiares cristãs As Assembleias Familiares Cristãs são grupos de 5 a 20 pessoas que se reúnem na casa de um vizinho ou pessoa amiga para viver em comum a aventura da Fé cristã e para conversar sobre assuntos de temática religiosa que levam a saber mais e a viver melhor. O Credo e a mensagem de Fátima são os temas principais destes encontros a realizar na Quaresma e Tempo Pascal, até à visita de Nossa Senhora peregrina, de 4 a 11 de Maio. Esta iniciativa manifesta um novo modo de ser Igreja: É a Igreja que vai ao encontro das pessoas que Deus ama. É a Igreja que se implanta na cidade dos homens. É humanizar a cidade, reforçando os laços de vizinhança, de amizade e familiares. É acordar e dar voz à Fé do nosso Baptismo. É tentar viver e voar com as asas da razão e da Fé. É reflectir em conjunto sobre as grandes questões que hoje se colocam à Igreja e à família. Qualquer pessoa pode organizar uma Assembleia em sua casa, comunicando e pedindo ajuda aos Párocos. Como se pode participar Abrindo a casa respectiva e convidando para ela os amigos, colegas de trabalho, familiares e vizinhos, em pequenos grupos de 5 a 20 pessoas. Caso seja possível, a assembleia será animada pelo anfitrião ou alguém da sua confiança. Se não for possível este caso deve ser comunicado aos Párocos para que possam providenciar a ida de um animador. Estando atento e perguntando se na sua rua há alguma assembleia constituída, para nela participar. Falando disto aos amigos e conhecidos. Reconhecendo que a melhor ma- neira de amar Nossa Senhora é conhecer, amar e servir mais a Jesus Cristo. Os Párocos de Beja Alberto Batista António Aparício António Cartageno Henrique Martins José Roque Presidida pelo nosso Bispo e com a presença do Vigário Geral, de 5 Párocos e 92 agentes da pastoral social, vindos de 24 Paróquias da nossa diocese, realizou-se, no dia 9 de Fevereiro, no Centro Pastoral em Beja, a Assembleia Geral da Cáritas. Na reflexão da oração da manhã, o Sr. Bispo relembrou a importância da dimensão da caridade na missão da Igreja. Deus é Amor e a essência da Igreja é o Amor. As pessoas necessitam de amar e de se sentirem amadas. É importante partilhar os nossos bens com aqueles que menos têm, mas essa dádiva tem de partir do coração, senão estaremos a humilhar o nosso irmão. É necessário que nas paróquias existam estruturas organizadas de apoio aos mais carenciados, sejam Grupo Cáritas, Vicentinos ou outros. Para além da apresentação pelos técnicos responsáveis das diversas valências da Cáritas, das actividades realizadas ao longo do ano, estiveram connosco duas Voluntárias do Grupo de Visitadores de Idosos da Paróquia do Campo Grande, a Dra. Maria Clara e a Dra Teresa, para partilhar a suas experiências. Ficámos a conhecer como está organizada esta pastoral e a sua extrema importância. Os voluntários visitadores vão minorar um pouco a tristeza e o abandono de muitos idosos. Muitas vezes são os únicos elos de ligação com o mundo exterior. Esta é sem dúvida uma Pastoral essencial nos nossos dias, pois o número de idosos está a aumentar e as respostas para colmatar o seu isolamento são muito deficientes. Após o almoço, houve espaço para debate, tendo os participantes colocado diversas questões às nossas convidadas no que se refere à organização e actuação dos Grupos de Visitadores. De seguida, representantes das diversas Paróquias deram a conhecer as suas actividades. Foi referenciado os benefícios do trabalho em rede, a necessidade de melhorar a comunicação entre os agentes da Pastoral social na nossa diocese e estreitar o contacto com a Caritas Diocesana. Maria Teresa Chaves Presidente da Cáritas Diocesana 48º Cursilho de Cristandade da Diocese de Beja De 7 a 10 do corrente mês de Fevereiro, no Centro Pastoral Diocesano, realizou-se o 48º Curso de Cristandade da Diocese de Beja, , com a participação de 12 novos cursistas, sendo 6 de Moura, 2 de S. Domingos da Serra, 1 de Almodôvar, 1 de Beja, 1 de Alfundão e 1 de S. Matias. A equipa responsável teve Francisco Rocha Dias como Reitor, Lúcio de Sousa como Vice-Reitor e José Neves (Santiago do Cacém), Manuel Fachadas (Moura), José Grosso (Grândola), Jaime Cruz ( Mina do Lousal), Francisco Pires e Alberto Amaro (Porto Covo) e Aníbal Mateus (Santana, Portel). A equipa espiritual foi constituída pelos Padres Aparício, Magalhães e Malvar. A centena e meia de testemunhas presentes na ultreia de encerra- mento tiveram a enorme alegria espiritual de acolher festivamente os novos irmãos que a Igreja Diocesana gerou para uma vida nova, para uma família mais consistente, para uma comunidade cristã mais enriquecida, para uma vida mais humana e feliz. O Movimento dos Cursos de Cristandade é uma mais valia ao serviço da Nova Evangelização, um espaço de descoberta da dignidade humana, uma constatação de que o homem só pode voar e ser feliz com as asas da razão e da fé. Como testemunha presencial, quero proclamar bem alto que fora deste contexto ou outro semelhante é praticamente impossível a conversão. Só uma Igreja testemunhal e querigmática, só um anúncio segundo a pedagogia do herói, em ambiente de oração e de alegria, pode levar à mudança, a aceitar como essencial o que se julgava supérfluo, a experimentar um novo modo de ser, de agir e viver. Um Curso de Cristandade é um laboratório da parceria do homem com Deus uma experiência exultante de que o transcendente se torna uma fonte de fé, de amor e de festa. Por ele e nele a esperança volta a morar no coração humano. E as vidas tornam-se mais felizes. Ao terminar, quero testemunhar que a ultreia de encerramento foi das mais concorridas a que já assistimos. Alegramo-nos por isso e damos os parabéns às equipas que dentro e fora do Curso tornaram possível este grande acontecimento eclesial. António Aparício Aniversário de Luíza Andaluz Há 131 anos nascia em Santarém , Luíza , filha dos Viscondes de Andaluz. Cresceu, e o seu grande amor a Deus e à Igreja cresceu com ela. Mulher forte, corajosa audaz, lutou sempre pela causa do Reino. Assim entrega-se de corpo e alma ao serviço dos mais pobres, fundando a sua primeira obra para albergar as crianças órfãs ou carenciadas de ambiente familiar . Hoje esta Obra continua ainda em Santarém com o seu nome - Fundação Luíza Andaluz. Em 1923 funda uma Congregação Religiosa - Servas de Nª Sª de Fátima, para concretizar aquilo que ela dizia ser vontade de Deus. Consagrar-se a Deus , trabalhar em Igreja e para a Igreja . O seu grande desejo , repetia muitas vezes , era atrair todos ao coração do seu Divino Mestre. Com um Carisma enraizado em Cristo Sacerdote, concretiza o seu projecto em Igreja ao serviço dos irmãos. As Servas der Nª Sª de Fátima , suas continuadoras , querendo seguir as pegadas da sua Fundadora , formaram várias comunidades , umas em Portugal, outras em diversos países , onde se dedicam às mais variadas actividades pastorais . As Servas de Nossa Senhora de Fátima, de Beja Curso de Formação Litúrgica para fotografos No próximo dia 01 de Março ( sábado ), o Arciprestado de Santiago do Cacém, vai promover pela terceira vez, um mini-curso de formação litúrgica para Fotógrafos e Operadores de Câmara. Este mini-curso será dado no Centro Paroquial de Alvalade. Tem uma inscrição de 10,00€ ( não inclui almoço ). Terá início pelas 10h00, devendo terminar pelas 13h00. As inscrições deverão ser feitas até ao dia 25 de Fevereiro para: Padre Dário Pestka, Apartado 23 - 7566-909 Alvalade. Poderá também pedir informações ao responsável pelo curso (Padre Dário) pelo telefone: 968278133. PATRIMÓNIO 8 – Notícias de Beja PEDRA ANGULAR 14 de Fevereiro de 2008 PÁGINA DO DEPARTAMENTO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA O Clavicórdio no Mundo Mediterrânico Beja recebe recital comentado do Prof. Bernard Brauchli, um dos mais importantes mestres dos instrumentos de tecla A igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, jóia do Barroco português, recebe no dia 23 de Fevereiro de 2008 um dos momentos altos da 4.ª edição do Festival Terras sem Sombra de Música. Brauchli, músico suíço reconhecido como um dos supremos intérpretes do clavicórdio, glosa um repertório de primeira escolha, organizado em torno da espiritualidade da área mediterrânica. Às 21h30, um momento mágico a não perder. Bernard Brauchli, sumo-sacerdote do clavicórdio Desde o seu primeiro recital de clavicórdio em Fribourg (Suiça) em 1972, que Bernard Brauchli se dedica exclusivamente a interpretação, estudo e renascimento dos instrumentos de tecla antigos. Actuando em concertos e fazendo conferências na Europa, Estados Unidos da América e Canadá, tem vindo a dar a conhecer estes instrumentos e a sua interpretação histórica a um público cada vez mais numeroso. Entre as instituções onde fez os seus estudos musicais destacam-se a Academia de Música de Viena e o Conservatório de Nova Inglaterra, em Boston. Estudou também em Lisboa com o eminente musicólogo Macario Santiago Kastner, com quem Bernard Brauchli se especializou em música hispano-portuguesa para teclado. Entre outros, Bernard Brauchli participou nos seguintes festivais: Boston Early Music Festival, Shrine to Music Concert Series (Dakota do Sul, Estados Unidos da América), de Santander e de San Sebastián (Espanha), do Algarve (Portugal), de Salzburg (Áustria), Internationale Musikwochen de Millstadt (Áustria), International de l’Orgue Ancien de Valère (Suiça), Corso Internazionale di Musica Antica (Urbino, Itália), dei Saraceni (Pamparato, Itália). Com frequência faz gravações para a WGBH National Public Radio Network de Boston, France-Culture, Radio Nacional y Televisión Española, Radio Nacional y Televisión de Venezuela, Radio Difusão Portuguesa e Radio Suisse Romande. Gravou seis álbuns e onze CD (Titanic Records, EMI, STRADIVARIUS, DARGIL e MAM) em instrumentos antigos ou cópias. Na sequência das investigações que realizou, Bernard Brauchli tem vindo a publicar inúmeros artigos em revistas da especialidade nos dois lados do Atlântico. O seu livro The Clavichord foi publicado pela Cambridge University Press, em 1998 (2.ª edição em 2000, 3.ª em 2005), e recebeu o Nicolas Bessaraboff Prize da American Musical Instrument Society em 2001. Em 1993, foi distinguido com o Julius Adams Stratton Prize for Cultural Achievement. De 1978 a 1982, deu cursos de música antiga no Museum of Fine Prof. Bernard Brauchli. Arts de Boston, e de 1983 a 1992 no New England Conservatory of Music da mesma cidade. De volta à Europa, as suas actividades pedagógicas têm continuado, particularmente com os Corsi di Musica Antica a Magnano (Itália), que iniciou em 1987. Bernard Brauchli é membro honorário vitalício da Midwestern Historical Keyboard Society (Estados Unidos da América) e membro da Clavichord Genootschap (Holanda). Faz parte do Comité Artístico do Festival International de l’Orgue Ancien de Valère (Suiça), e foi presidente e director artístico da Cambridge Society for Early Music durante largos anos. Criou, ainda, a série de concertos Chamber Music by Candlelight. Fundou e preside ao Festival Musica Antica a Magnano. Em 1995, fundou a Société Suisse du Clavicorde, de que é presidente. Com Christopher Hogwood, fundou, em 1996, o International Centre for Clavichord Studies in Magnano (Piemonte). Um programa internacional que faz justiça à música peninsular PIERRE ATTAINGNANT (?-1552) foi o primeiro a imprimir música. Provavelmente, era também compositor. “Bone Jesu” é uma intavolatura, ou seja, uma transcrição de uma ópera vocal, um moteto de Matthieu Gascongne. O texto do moteto diz: “Bone Jesu dolcissime! O Jesu clementissimie! Regem nostrum et regnum tu conserva, salva, difende, et guberna, guberna!” Era uma oração para o regresso do rei D. Francisco I de França, prisioneiro em Espanha. ANDREA GABRIELI (cerca de 1510-1586), nascido em Veneza, era tio de Giovanni Gabrieli, e o primeiro representante da escola veneziana, depois do predomínio musical flamengo. Após alguns anos passados na Alemanha ao serviço do duque Alberto V da Baviera, foi nomeado organista da catedral de São Marcos em 1566 e rapidamente reconhecido como um dos principais compositores da cidade. Nos últimos anos da sua vida tronou-se famoso como professor. ANTONIO VALENTE (século XVI) era cego de nascença e foi organista em Nápoles. A sua Intavolatura de címbalo é uma das primeiras obras da escola napolitana. ANTONIO DE CABEZÓN (15101566), o maior compositor espanhol do século XVI, foi organista e clavicordista da imperatriz D. Isabel, esposa de D. Carlos V, e mais tarde do seu filho, o rei D. Filipe II. Cego de nascença, Cabezón viajou ao serviço de D. Filipe II, quando o acompanhava nas visitas ao Sul da Alemanha, ao Norte da Itália, ao Luxemburgo, à Inglaterra e à Flandres. Entrou assim em contacto com os músicos mais importantes do tempo em que viveu. A sua música apresenta um contraste evidente com a dos compositores italianos ou ingleses contemporâneos: reflecte a vida austera e profundamente religiosa de D. Filipe, muito diferente da atmosfera mais cortesã e festiva que se encontra nas composições dos colegas. Himno a tres é uma obra muito espiritual que respira uma intensa serenidade. Começa com as vozes superior e média, seguidas de uma secção final com as três vozes juntas. PABLO BRUNA (1617-1679) faz parte de uma longa série de organistas cegos, que tem início com C. Paumann, A. de Cabezón, etc. Chamado o “ciego da Daroca”, é um dos maiores compositores espanhóis de música para órgão do século XVII. DOMENICO SCARLATTI (16851756). Em 2006 celebrou-se o 250.º aniversário da sua morte. Nasceu em Nápoles no mesmo ano que Johann Sebastian Bach e Haendel e era filho de Alessandro. Recebeu os primeiros ensinamentos musicais do pai, sendo nomeado “organista e compositor de música” da capela real em 1701. Após várias estadias em Roma e Veneza, em 1720 foi viver para Lisboa para a corte de D. João V, desempenhando também as funções de mestre de capela da catedral. Em 1729 seguiu a sua aluna, a infanta D. Maria Bárbara (filha de D. João V), após o casamento desta com o princípe Fernando de Espanha, para Sevilha, onde então a corte residia. Para ela escreveu mais de 550 sonatas. Morreu em Madrid em 1757. Tal como influenciou os compositores ibéricos do seu tempo, ele próprio sofreu também a influência da linguagem destes e do disucrso idiomático do folclore de Espanha e de Portugal. DOMENICO CIMAROSA (17491801), outra figura central da ópera do século XVIII, é mais um representante da escola napolitana. Para além da sua actividade como compositor, exerceu ainda a função de organista da capela real de Nápoles. De 1787 a 1793 ausentou-se da cidade, estando primeiro na corte de São Petersburgo e depois na de Viena. Escreveu numerosas sonatas para instrumentos de teclas. Esta Sinfonia para órgão da Opera degli Orazii e Curiazii del Maestro Don Cimarosa é uma transcrição da Abertura da mesma ópera, executada durante o Carnaval no Teatro La Fenice de Veneza em 1797. ANTONIO SOLER (1729-1781), natural de Olot, na Catalunha, viveu a maior parte da sua vida no palácio real do Escorial, perto de Madrid. Compôs entre 130 e 200 sonatas para os infantes reais. Estas obras devem ser consideradas no contexto da arte surgida no fim do Barroco, ou seja, no estilo galante, um estilo que serve de ponte entre o Barroco e o Classicismo vienense de Haydn e Mozart. O musicólogo e hispanista Macario Santiago Kastner exprimiu muito bem a arte de Antonio Soler: “Hoje, o seu poder de abstracção parece quase incrível, como também o facto de que no interior da austeridade do granito do Escorial ele possa ter criado uma música totalmente livre de reflexões espirituais, radiante de alegria, maliciosa e feliz, frívola e graciosa. É simplesmente uma música sem problemas, um espelho fiel e autêntico do Rococó espanhol vaporoso que, no entanto, possui também o aroma das ervas de montanha e das flores dos campos”. Programa Pierre Attaingnant (século XVI) Bone Jesu Dulcissime (Moteto de Mathieu Gascongne), de Treze Motets (1531) Gaillarde, de Quatorze Gaillardes (1531) Andrea Gabrieli (1520-1586) Intonatione de primo tono, de Intabolatura Nova (1551) António Valente (século XVI) La Romanesca con cinque mutanze, de Intavolatura de Cimbalo (Napoli, 1575) Antonio de Cabezón (1510-1566) Pavana Italiana Pablo Bruna (1617-1679) Tiento lleno de 4. tono Domenico Scarlatti (1685-1757) Sonata K.238 em fá menor (Andante) Sonata K.239 em fá menor (Allegro) Domenico Cimarosa (1749-1801) Sonata n.º 11 em si bemol maior Sonata n.º 13 em sol menor Sonata n.º 17 em si bemol maior Antonio Soler (1729-1781) Sonata n.º 52 em mi menor e no.116 em sol maior COMUNICAÇÃO SOCIAL 14 de Fevereiro de 2008 Sacristia e igreja A sacristia e a igreja, embora essejam contíguas e entrelaçadas, diferem no aspecto físico e no simbolismo moral. Enquanto aquela sem uma pequena porta que, praticamente, só dá entrada ao abade e ao sacristão, a igreja dispõe da porta mais ampla da freguesia, por onde podem entrar todos os cristãos, sejam praticantes ou não. Depois do sacrário, da pia batismal e dos altares com os seus patronos e ornamentos artísticos, consagrados na história, a monumental “porta de entrada” é, para mim, o objecto mais importante da igreja, pelo seu simbolismo. Só é pena que, por motivos óbvios, não possa estar aberta todo o dia. A igreja dispõe de amplas janelas a olhar o mundo e a refrescar o ambiente; os postigos da sacristia pouca luz e ar deixam passar. Por isso, enquanto a igreja cheira ao perfume inebriante das flores que ornamentam os altares, a sacristia cheira a água-benta, a pingos de cera e ao mofo dos paramentos velhos. Quer uma, quer outra, podem também ser símbolos morais da nossa religiosidade. Nós tanto podemos fazer “reuniões de sacristia”, insensíveis aos problemas do mundo actual, como “evangelização de Igreja” aberta ao presente e ao futuro. A nossa prática religiosa tanto pode cheirar a mofo bafiento, sem actualização e indiferente aos problemas do mundo, como pode comungar e irradiar o ar puro da palavra de Deus, sobre as necessidades modernas. E isso, porque as palavras de Cristo são «palavras de vida eterna», tanto para os tempos passados, como para o presente e futuro, ouvindo e cumprindo, em todas as épocas, a mensagem do Salvador. Por isso, sem deteriorar o seu sentido e respeitando a ortodoxia doutrinal, essas palavras têm de ser explicadas e aplicadas aos costumes do presente, através da evangelização da Igreja. Não podemos ficar eternamente a olhar para o camelo no deserto, cuja velocidade e largura de espaço não permitem choques sangrentos, mas temos de causticar a vertigem de andamentos suicidas e homicidas dos alienados e alcoolizados de hoje, que espalham a morte nas estradas portuguesas. Para corresponder ao apelo do Papa, que pede actualização e novas mentalidades, temos de aproveitar todos os meios de Notícias de Beja – 9 Mais apoios ao Notícias de Beja apostolado, sem lesar a unidade da Igreja. Entre todos, para mim, a comunicação social é o mais eficaz. Felizmente, que todas as dioceses portuguesas dispõem de jornais, revistas e, em nível mais alargado, de rádios e televisões, ao seu serviço. Alguns desses meios até são órgãos oficiais das respectivas dioceses. Por isso, embora a pesado custo, devem ser conservados, pois a abrangência do seu impacto na população pode valer por muitas homilias e decretos. Mas têm de ser órgãos da Igreja adaptada aos tempos de hoje e não órgãos desgastados de sacristia. Devem responder aos problemas que actualmente apoquentam a Igreja e não estar presos apenas a rituais e acontecimentos do passado. No momento, em vez do poço de Jacob, temos de falar em «sede de justiça», em vez de Madalenas arrependidas, devemos causticar o aumento da prostituição; sem esquecer os Santos Inocentes, temos de condenar a nova legislação do aborto; ao recordar o horto bíblico onde Cristo rezou, não podemos esquecer a fome e a miséria espalhadas pelo mundo; ao reviver o Calvário onde Cristo sofreu e morreu, temos de lamentar tantas guerras sangrentas, espalhadas por várias partes do mundo. Isto é, respeitando o passado, temos de, tratar do presente e acautelar o futuro. Com a mudança pedida pelo Papa, chamaremos mais juventude à Igreja; de outra forma, ficaremos com o “ramerrão” dos velhos rituais que fizeram a sua época, mas agora não entusiasmam a gente nova. Por isso, a recomendação de Bento XVI, pedindo a reforma das mentalidades, é não só bem-vinda, como necessária. Carlindo Vieira Desde a data do octogésimo aniversário do nosso jornal, ocorrido em 18 de Janeiro, temos recebido uma avalanche de cartas a testemunhar apreço por quanto se escreve no Notícias de Beja com palavras simpáticas de amizade e estímulo a quem está ao leme deste barco e aos seus colaboradores. E, com as bonitas palavras, vêm sempre uns generosos euros a mais para que o jornal “viva por muitos anos como está”, segundo nos dizia um bom amigo. Na impossibilidade de publicar todas as mensagens recebidas, aqui ficam excertos de algumas cartas chegadas esta semana, que agradecemos, e que, de algum modo, suavisam as desilusões e os sofrimentos de quem, há 26 anos, dirige o Notícias de Beja, com fé e espírito de missão, em regime de voluntariado. “Com cumprimentos amigos, venho, através de cheque, liquidar a assinatura de Notícias de Beja, jornal que muito admiro, para os anos de 2008 e 2009. Ainda bem que temos imprensa que não se conforma com o facilitismo e “deixa correr”. Bem hajam... Parabéns a todos os colaboradores, particularmente os Senhores Padres Alberto Batista e Manuel Magalhães. Um abraço.” Padre José Campos (Pároco de Negrilhos - Barcelos) “Venho pagar a minha assinatura de 2008, do Notícias de Beja. Dou-lhe muitos parabéns, pela sua sabedoria, capacidades e esforço, por ter conduzido até aos 80 anos essa grande voz da querida diocese de Beja.” Padre Dr. Manuel Marques (Loures) “Serve esta minha mensagem no sentido de renovar a assinatura anual do jornal Notícias de Beja. Este ano é um ano especial, devido à comemoração dos 80 anos da sua existência deste mesmo jornal. Assim sendo, e porque é um jornal que gosto muito de ler, não só por tudo o que faz pela Igreja, sobretudo a nível diocesano, assim como também, por tudo o que transmite a nível informativo e cultural, a todos os seus colaboradores, os meus sinceros parabéns, por tudo isso, e os meus votos de muitos anos da sua existência e continuidade ao serviço da Igreja e da sociedade.” António Feliciano dos Santos (Vila Nova de Santo André) “Junto envio cheque no valor de 60 euros para pagamento de dois anos de assinatura do nosso jornal. O resto é para ajuda das dificuldades surgidas. Leio com agrado o vosso jornal. Coragem na continuação de espalhar a verdade. Padre Armindo Sousa, Colégio Salesiano (Poiares) “Aprecio e gosto dos artigos do vosso Notícias de Beja e quero contribuir com 100 euros para os portes de correio, embora o jornal me seja enviado como oferta. P. Dr. António Marques, Pároco de Oriz (Vila Verde) “Suponho que o jornal vive com dificuldades financeiras. Por isso, quero pagar a assinatura com 40 euros, esperando que outros façam o mesmo”. José Rodrigues Palma (Mértola) “Pago a minha assinatura e mais outra, por algum esquecido...” Padre Afonso Prata (Beja) Novas tecnologias A evangelização multimédia Em Travassô, na Diocese de Aveiro, todos os sábados o padre Júlio celebra uma missa que chega a qualquer parte do mundo através da Internet. Em Monte Real, na diocese de Leiria, os fiéis seguem as leituras e os cânticos litúrgicos através de um sistema de powerpoint e karaoke adaptado pelo padre José Alves. É a tecnologia ao serviço da evangelização. Pioneiro na internet A missa online, pegando nas palavras do padre Júlio, é o último «produto de um kit completo» que este sacerdote coloca ao serviço da evangelização. O padre Júlio Grangeia é pioneiro, na Igreja, no uso da internet. Desde 1997 que tem um site na rede mundial. Em www. padrejulio.net dá-se a conhecer e conhece aqueles que utilizam este meio de comunicação. «A Igreja tem de estar onde se movimentam as pessoas», afirma. Reconhece que nem tudo são rosas neste mundo do ciberespaço. «A internet não é boa nem é má. É tal e qual o mundo. É um amplificador do que se passa no mundo.» Para expressar este binómio, no topo da página inicial do padre Júlio podemos encontrar um anjo e um demónio. Mas visitar a página pessoal do padre Grangeia na internet é muito mais do que uma visita ao trabalho pastoral que desenvolve nas suas três paróquias: Travassô, Óis da Ribeira e Espinhel. Para além das notícias que tenta actualizar sempre que pode, com a ajuda de uma colaboradora dos jornais locais, o padre Júlio é um sacerdote interactivo na internet. Utiliza todos os canais para conhecer e dar-se a conhecer na rede: desde os chats (salas de conversação) passando pelo Hi5, Netlog e YouTube. «Hoje em dia procura-se tudo na internet, vai-se ao Google e pesquisa-se tudo. Porque não procurar um padre?», interroga-se o padre Júlio Grangeia. E têm sido muitos aqueles que o procuram. Pessoas que estão na Igreja, que se afastaram da Igreja ou que nunca se aproximaram. «Encontro de tudo», afirma. O padre Júlio faz esta confissão já na sua residência paroquial a poucos metros da igreja de Travassô. Um local amplo repleto de secretárias e computadores. É daqui que o padre Júlio gere o seu portal na internet. Uma câmara em frente ao computador permite-lhe gravar os inúmeros vídeos que vai colocando no YouTube. Diz que o YouTube é «a menina dos seus olhos» porque as pessoas «estão pouco viradas» para a leitura e ali coloca pequenos vídeos que convidam o cibernauta a uma reflexão ou são apenas excertos do seu dia-a-dia ou do trabalho que desenvolve nas paróquias. Dos bares para a igreja O padre José Alves entrou em contacto com o mundo da informática ainda seminarista. Não apenas numa óptica de utilizador mas também na perspectiva de saber como funcionava esta nova maravilha da técnica. Hoje, aos 41 anos, o padre José Alves é o sacerdote que teve a coragem de ir ao mundo do divertimento buscar o sistema de karaoke e colocá-lo, imaginem, dentro de uma igreja. Viu o sistema nos bares onde jovens cantavam as músicas da moda e imaginou o sistema aplicado aos cânticos na sua igreja. Pensou no coro, no ensaiador do coro, Rui Lavos, e nos seus conhecimentos de informática. Hoje a igreja paroquial de Monte Real, na diocese de Leiria, não deixa de ser uma igreja curiosa. Dois ecrãs virados para a assembleia ladeiam o altar e um terceiro, mais escondido, está voltado para os celebrantes. Numa consola, projectada pelo padre José Alves e colocada do lado oposto ao ambão, reside o cérebro do sistema. A consola acolhe dois computadores: um que detém um sistema de powerpoint onde são colocados os textos das leituras e outro com os cânticos da celebração editados em karaoke. SOCIEDADE 10 – Notícias de Beja 14 de Fevereiro de 2008 No 4.º centenário do nascimento do Padre António Vieira António Vieira nasceu a 6 de Fevereiro de 1608 em Lisboa, filho de Cristóvão Vieira Ravasco e da mestiça Maria de Azevedo. Aos seus anos, o pequeno António vai para a Baía, no Brasil, aos 15 entra no noviciado jesuíta e, um ano depois, é encarregue de escrever o relátório anual da missão para o geral da Companhia de Jesus. Ordenado padre em 1633, com 25 anos, já dois anos antes começara a fazer sermões. Desde cedo reproduz, na sua pregação, as causas em que se empenhava: a defesa dos índios e dos judeus, os vícios da pátria - a inveja nacional era violentamente criticada -, a oposição à escravatura (tema que hesita por vezes). Autor de 203 sermões (204, incluindo um texto que alguns consideram apenas um comentário) e 700 cartas, muitas das quais relativas a missões diplomáticas, Vieira vê-se perseguido pela Inquisição por defender os judeus. Em 1649, o Santo Ofício quer expulsá-lo dos jesuítas. O apoio do rei D. João IV, que pedira ao missionário ajuda dilomática na causa da restauração da independência, adia os intentos dos inquisidores. Em 1660, depois a morte de D. João e com pretexto da publicação de Esperanças de Portugal, V Império do Mundo, é instaurado um processo ao padre jesuíta: Vieira é “escandaloso”, “ofensivo”, “Fátuo com sacor a heresita e injurioso para a Igreja”, acusam. Interrogado em 1662, é preso no domicílio a partir de 1662. A sentença inquisitorial mandava que fosse “privado para sempre da voz activa e do poder de pregar”. Em 1668, com a subida de D. Pedro ao trono, Vieira é libertado e iniciai uma batalha pela supressão da Inquisição em Portugal. Argumenta portugueses? “Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande”. Arnaldo Espírito Santo diz que “a organização dos Sermões evidencia o grande homem que foi Vieira: ele tem o objectivo de levar o evangelho a todos os povos do mundo, mas também critica o país”, ele foi ainda”o homem que sofreu, deito às ordens da Inquisição, maltratado por muitos”. Com uma ponta de vaidade que não seria estranha ao seu feitio, Vieira nota também os momentos de glória a que alguns dos sermões correspondiam: “Pregado em Roma na língua italiana à sereníssima rainha da Suécia”; “Assistiam a Sua majestade no coro com muitos dos senhores cardeais, e na Igreja mais ilustre, e escolhido daquele primeiro teatro do mundo” - uma possível alusão ao Papa. A inveja e a pátria ingrata junto do Papa Clemente X que a instituição portuguesa é mais violenta que a espanhola. Consegue a suspensão por alguns anos, até que Clemente XI permite a restauração. Os peixes grandes A vida de missionário, viajante incansável, combatente feroz da Inquisição, diplomata, estratego político ou defensor dos mais desprotegidos, está presente ao longo dos sermões de Vieira. Um dos mais notórios temas pessoais, recorda Arnaldo Espírito Santo, está referido logo na rubrica (a introdução) do Sermão de Santo António aos Peixes, de 1652: “Este sermão ( que todo é alegórico) pregou o autor três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino, a procurar o remédio da salvação dos índios, pelas causas que se apontam no sermão” da Sexagésima. E que dizia ele nessa célebre pregação “aos peixes” sobre o grande que come o pequeno, feita no Maranhão perante os colonos Na organização dos Sermões, Vieira preocupa-se em escolher textos significativos para o início e o fim de cada volume. Assim é o Sermão da Sexagésima, que abre a colecção, para falar sobre o modo de pregar. O último de todos é o Sermão de Santo António, que Vieira terá escrito em 1682. Esse foi o ano em que, depois de ter defendido mais uma vez os judeus, uma efígie de Vieira fora queimada em Coimbra. O agastamento com a pátria era pordemais evidente e disso dá conta o texto, estabelecendo um paralelismo entre o que sucedera a Santo António e a vida do próprio Vieira: “Aquelas obras, que o evangelho recomenda a S. António, ele as não havia de fazer, nem as podia fazer na sua pátria, e não por falta de virtude no santo, senão por defeito, ou esterilidade natural da terra, em que nasceu.” Mais à frente critica de novo a inveja portuguesa, de que se sente vítima: “Oh Pátria tão naturalmente amada, como naturalmente incrédula! Que filhos tão grandes, e tão ilustres terias, se assim como nascem de ti, não nascera juntamente de ti, e com eles a inveja, que os afoga no mesmo nascimento, e os não deixa luzir, nem crescer!” Numa carta posterior, referindo ainda o mesmo sermão, escreve Vieira: “Também no de Santo António em Roma cuidaram aqui os revisores que as ingratidões da pátria do mesmo Santo, sem lhe mudar o nome, se podiam aplicar às que eu tenho experimentado. “E, sobre o Sermão de S. Roque, dirá: “Foi pregado na Capela Real, e parece que em profecia dos desenganos que agora experimento.” No Sermão de Santo António, de 1670, Vieira dizia que “sem sair de Portugal ninguém pode ser grande”. E acrescentava: “Nascer pequeno, e morrer grande, é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento e tantas terras para a sepultura. Para nascer, pouca terra: para morrer, toda a terra: para nascer, Portugal: para morrer, o mundo”. Assim foi, A 18 de Julho de 1697, na Baía, morrei Vieira no mundo. Tinha 89 anos e uma vida cheia. Num sermão de 1678, dizia: “Se servistes à pátria, que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma”. Padre António Vieira vai ter estátua em Lisboa Uma estátua do Padre António Vieira será colocada no Largo de São Roque, em Lisboa, numa iniciativa da Santa Casa da Misericórdia destinada a homenagear o jesuíta português, cujo quarto centenário do nascimento se assinalou no dia 6 de Fevereiro. O anúncio foi feito pelo presidente da Comissão Organizadora de 2008 Ano Vieirino, Manuel Cândido Pimentel, na sessão solene de abertura das comemorações do IV centenário do nascimento de Viei- ra, realizada na Academia das Ciências de Lisboa, na presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e do Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Em data ainda a determinar - indicou o responsável -, a colocação da estátua do homem que ficou para a história como orador, missionário, diplomata e um dos maiores prosadores da língua portuguesa insere-se no projecto de requalificação daquele largo, já aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa. O Padre António Vieira, o «Imperador da Língua Portuguesa», como lhe chamou Fernando Pessoa, nasceu em Lisboa no dia 6 de Fevereiro de 1608. 2008 Ano Vieirino é uma iniciativa da Universidade de Lisboa, da Universidade Católica Portuguesa e da Província Portuguesa da Companhia de Jesus para recordar «o inexcedível escritor, orador e pensador Padre António Vieira, glória da cultura nacional, desta pátria Fumo passivo aumenta o risco cardiovascular Victor Gil, Director do Serviço de Cardiologia do Hospital AmadoraSintra indica que “há vários estudos recentes sobre os malefícios de exposições passivas a doses baixas e por períodos curtos, bem como a rapidez com que os eventos cardiovasculares subsequentes podem ocorrer”. Entre os múltiplos efeitos biológicos demonstrados para o tabagismo passivo, contam-se o deficiente funcionamento das artérias, a agregação das plaquetas sanguíneas, a activação da aterosclerose, uma doen- ça degenerativa das artérias e os efeitos negativos sobre as gorduras do sangue, como a diminuição do “bom colesterol”. “Além disso, o fumo tabaco, mesmo que inalado passivamente, promove a libertação de radicais livres e diminui os níveis dos antioxidantes, expondo as artérias aos efeitos negativos do chamado “stress” oxidativo”, explica Victor Gil. O especialista refere ainda que o risco de doença das coronárias relacionada com a exposição passiva ao fumo do tabaco tem sido, até agora, subes- timado e é provavelmente muito mais aproximado do dos fumadores activos, pelo que a aplicação da legislação do tabaco tem sido saudada pelos não fumadores, sistematicamente agredidos pelo fumo dos outros. “Numa sociedade aberta, as opções individuais têm que ser respeitadas, mesmo quando daí resulte um assumido e consciente prejuízo pessoal, todavia é evidente que a liberdade individual não pode ser exercida em detrimento da liberdade e da saúde dos outros. No futuro, fumar terá de, provavelmente, ser um prazer íntimo.”, finalizaVictor Gil. de muitas pátrias que, pela sua vida, acção e obra ultrapassou as fronteiras de Portugal e se avantajou no mundo», sublinhou Manuel Cândido Pimentel. Por ter sido, no século XVII, aquilo que actualmente se designa como um “globetrotter”, a efeméride será igualmente celebrada em Itália, Brasil, Espanha, França e Bélgica. Em Portugal, foi agora dado o primeiro contributo para criar uma rede internacional de universidades para o estudo da obra de Vieira, com o lançamento do Tomo I da edição nacional crítica dos Sermões do Padre António Vieira (Imprensa Nacional - Casa da Moeda e CEFi Centro de Estudos de Filosofia). O programa completo das comemorações, que se estendem ao longo de todo o ano e incluem diversas áreas de actividade, será divulgado em Março, precisou o presidente da Comissão Organizadora de 2008 Ano Vieirino. REGIONAL 14 de Fevereiro de 2008 Notícias de Beja – 11 Grândola Beja Moura Câmara Municipal de Grândola devolve à Comunidade Edifício Ocupado pelo PCP Obras no Castelo de Beja Cidade há 20 anos O PCP ocupa desde 1983, a troco do pagamento de uma renda mensal de 7,48€ (1500$00), todas as instalações dos antigos Paços do Concelho, Tribunal e Cadeia, numa área útil de cerca de 500 m2, com 14 salas, num Edifício que é propriedade da Autarquia e que constitui um Património Histórico da Comunidade Grandolense. Desde 2003 que o Município de Grândola manifestou ao PCP em diversas ocasiões, o interesse e o desejo de que este património fosse devolvido à Comunidade. No entanto, e não obstante as insistências, não só nunca houve uma resposta concreta por parte do PCP como inclusivamente, pasme-se, este Par-tido, considera que solução para a sua saída do Edifício é uma “obrigação da Câmara”. Deste modo, tendo em conta o interesse do Município e da Comunidade Grandolense, tendo ainda em conta o estado de degradação do Edifício, o seu valor Histórico e Patrimonial e fazendo uso das prerrogativas que a Lei lhe concede, o Município aprovou na reunião da Câmara Municipal do dia 31 de Janeiro, com os votos contra dos eleitos do PCP/CDU, a denúncia do Contrato de Arrendamento celebrado entre a Autarquia e o Centro de Trabalho do PCP, devendo nos termos da Lei, o prédio ser desocupado no prazo de 120 dias, sendo o Partido Comunista indemnizado no montante previsto na Lei. Mértola Novo Lar de Terceira Idade A construção do Lar das Cinco Freguesias vai avançar no concelho de Mértola depois do parecer positivo dado pelo Conselho Local de Acção Social (CLAS). O equipamento, cujo projecto está a ser liderado pela Misericórdia de Mértola, vai servir as freguesias de Espírito Santo, S. Miguel do Pinheiro, S. Pedro de Sólis, S. Sebastião dos Carros e S. João dos Caldeireiros. Ao mesmo tempo, o CLAS do Concelho de Mértola já aprovou os Planos de Desenvolvimento Social 2008/2009 e de Acção 2008, documentos considerados “fundamentais para a concretização dos objectivos da Rede Social”. Respostas às questões da última página 1. Tem 24 arestas. 2. Nasceu em Lisboa, em 1608. 3. São Paulo A Câmara Municipal de Beja iniciou na sexta-feira, dia 1 de Fevereiro, a empreitada de Remodelação da Casa do Governador, no Castelo de Beja. A empreitada está orçamentada em cerca de 250 mil euros, tem um período de execução de seis meses e será executada pela empresa Alvenobra, Lda. Os trabalhos compreendem a recuperação integral do edifício, dotando-o das condições ideais para albergar no rés-do-chão um Posto de Turismo e uma Cafetaria e, no 2º andar, ficará sedeado o Museu Militar, onde será possível visitar uma colecção das décadas de 30 e 40, muito heterogénea, composta por diversos artigos do foro militar. De entre o espólio existente, contam-se várias armas de origem africana, fardamentos, imagens alusivas à passagem do regimento de infantaria pela cidade de Beja e, ainda, variados artigos da colecção particular do Major Brito Pais, um dos pioneiros na travessia aérea entre Lisboa e Macau. Devido ao processo de remodelação deste espaço, a Câmara Municipal de Beja informa a população que o Castelo estará encerrado para visitas entre os meses de Fevereiro e Julho de 2008. Moura, na margem esquerda do Guadiana, com cerca de 10 mil habitantes, celebrou no sábado, dia 9 de Fevereiro, 20 anos de elevação a cidade. Um debate com o actual executivo e os ex-presidentes da Câmara Municipal sobre o balanço de 20 anos como cidade e a apresentação do programa municipal à integração social foram algumas das iniciativas realizadas. Transferência de aviões A esquadra 601 da Força Aérea Portuguesa, composta po aviões “Lcckeed P-3P Orion” - de patrulhamento marítimo, guerra antisuperfície e anti-submarina - está a ser transferida da Base Aérea do Montijo para a de Beja. Dois dos “P-3P” já foram transferidos, aguar- dando-se para 2009 a transferência de outros cinco que vão ser modernizados. A base do Montijo vai acolher a nova esquadra de 12 aeronaves “Eads casa c-295M”, que vai substituir os antigos Aviocar “c212-100”. China quer fazer grandes investimentos em Beja O grupo chinês Shangai Union Technology Co, Ltd, pretende investir em Beja, 200 milhões de euros, na instalação de uma unidade de produção pilhas alcalinas que poderá vir a empregar quase 600 trabalhadores. Uma delegação do grupo de Xangai liderada por Mei Shen Bao, deslocou-se, há dias, à Câmara Municipal de Beja para discutir com o seu presidente, Francisco Santos, pormenores relativos à instalação de uma unidade produção de pilhas alcalinas. O grupo chinês tem já outras unidades industriais instaladas na China, Japão, Coreia do Sul, Alemanha e Reino Unido. O autarca referiu que “há fortes possibilidades” de a empresa iniciar a sua actividade em Beja, ainda em 2008, com a instalação da primeira fase do projecto, que dará trabalho a cerca de 80 trabalhadores portugueses. A unidade industrial será instalada em três fases e vai ocupar uma área com seis hectares no Parque Industrial de Beja. A capacidade de produção prevista poderá atingir 100 milhões de pilhas/ano, inteiramente destinadas à exportação. Mei Shen Bao, ao justificar o interesse do seu grupo por Beja, frisou que este projecto se enquadra numa acção mais vasta. Surge depois da luz verde dada pelo Governo chinês ao autorizar a instalação no estrangeiro de 50 plataformas industriais. Cerca de 50 por cento do investimento previsto para a capital baixo-alentejana “são cobertos pelo Governo chinês”, salientou depois o autarca Francisco Santos. A delegação chinesa deverá voltar a Beja no mês de Fevereiro, e o autarca admite que poderá ser a reunião decisiva para consumar a instalação de uma fábrica de pilhas alcalinas no Alentejo. Interesse por Sines Para além da unidade aeroportuária em Beja, com a qual os investidores contarão para escoar a sua produção, os chineses têm revelado uma particular apetência pelas potencialidades oferecidas pelo porto de Sines. A este propósito, Basílio Horta, presidente da Agência Portuguesa para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep), disse, durante o último certame da Feira Internacional de Macau, realizada no passado mês de Outubro, que a unidade portuária do litoral alentejano “pode ser um entreposto muito importante em todo o relacionamento entre a China e a África”. Relativamente a Portugal, Basílio Horta manifestou a sua convicção de que “a China só estará em Portugal se for útil para as empresas chinesas”, frisando que, ao longo dos próximos cinco anos, a China prevê investir no estrangeiro 25 mil milhões de dólares. E é tomando em linha de conta esta premissa que o presidente do Aicep lança o desafio: “Nós temos que encontrar os sítios onde os chineses se sintam confortáveis”. A Fundição de Sinos de Braga SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO & FILHOS, LDA Sede & Secção de órgãos: Praceta Padre Diamantino Martins, n.º 9 4700-438 Braga Telefone 253 605 770 Fax 253 065 779 Fábrica: Rua Cidade do Porto, Ferreiros, 4705-084 Braga Dr. Rui Miguel Conduto CARDIOLOGISTA CONSULTAS: Sábados Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175 Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486 Quartas-Feiras e Sextas-Feiras UNIMED Campo Grande, 46-A - Telefone 217 952 997 Lisboa Pretendendo ir ao encontro de muitos Assinantes que nos têm pedido o NIB da conta bancária de “Notícias de Beja” para facilitar o pagamento da assinatura, aqui o deixamos a quem possa interessar: NIB 001000003641821000130 Nota importante: Se optar por esta modalidade, envie por favor um comprovativo por fax, email ou telefone, indicando o valor, data, o nome da conta e o nome do Assinante a quem se destina o pagamento. Caso contrário, recebemos o dinheiro e, na sua ficha, a assinatura continua em dívida... 14 Fevereiro P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a Contribuinte Nº 501 182 446 Director: Alberto Geraldes Batista Redacção e Administração: Rua Abel Viana, 2 - Apartado 95 - 7800-440 Beja Tel. 284 322 268 Fax: 284 322 386 E-mail: [email protected] http://www.diocese-beja.pt Assinatura 23 Euros anuais c/IVA NIB 001000003641821000130 Composição e Impressão: Gráfica Almondina - Torres Novas Tel. 249 830 130 - Zona Industrial - Torres Novas 2008 Registo N.º 102 028 Depósito Legal N.º 1961/83 Editado em Portugal Tiragem 3.000 ÚLTIMA PÁGINA 14 de Fevereiro de 2008 Ditos e Feitos Deste Mundo e do Outro Papa não vai ao Congresso no Canádá Bento XVI não irá marcar presença no Congresso Eucarístico Internacional marcado para o próximo mês de Junho, no Quebec, Canadá. Segundo o Arcebispo local, Cardeal Marc Ouellet, a ausência deve-se ao “excesso de compromissos” do Papa, já com 80 anos. O Secretário de Estado do Vaticano, Tarcísio Bertone, informou que o Papa, “lamentando muito”, não poderá realizar esta visita, devido a “uma agenda muito carregada”. O Congresso coincide com a comemoração do CD aniversário da fundação do Quebec pelo explorador francês Samuel de Champlain. O encontro decorre 15 e 22 de Junho de 2008.0 tema central do XLIX Congresso Eucarístico Internacional, aprovado por Bento XVI, é “A Eucaristia, dom de Deus para a vida do mundo” Burocracia A GlaxoSmithKline (GSK) vai deixar de fazer ensaios clínicos em Portugal, avança o Diário Económico, explicando que a segunda maior farmacêutica do mundo desistiu de fazer investigação clínica em Portugal devido à burocracia e à morosidade dos processos de autorização. E temos nós o Simplex!... Violência O fenómeno de violência contra idosos tem vindo a aumentar em Portugal. Os mais recentes números conhecidos revelam que, nos últimos cinco anos, os registos deste tipo de violência triplicaram, dos mais de oito mil casos para os quase 25 mil. As receitas brutas Dos nove casinos a funcionar em Portugal atingiram, em 2007, 385 milhões de euros, mais 30 milhões do que em 2006 e mais do dobro do que há dez anos (155 milhões em 1997). Baixas a avós A Alemanha pretende atribuir, ainda este ano, uma baixa de maternidade aos avós de crianças com pais menores, para ajudarem na educação dos netos. Até agora, os avós apenas podiam socorrerse de uma baixa para educar as crianças em circunstâncias excepcionais, como a morte de um dos pais. O objectivo é que os pais das crianças se mantenham na escola e possam continuar a viver com os progenitores. Em 2006, 0,9% dos bebés na Alemanha eram filhos de pais menores. Faleceu sacerdote com 110 anos de idade O Padre Kao Shi Qian (Nicolau de baptismo), faleceu aos 110 anos de idade, e era, até à sua morte, o mais idoso sacerdote do mundo. Foi um dos grandes apóstolos da mensagem de Fátima, responsável pela fundação de vários Santuários de Nossa Senhora de Fátima na China. Era religioso trapista e rezava diariamente, “várias vezes”, a oração do Rosário. Esteve em Fátima em Julho de 1981. Fundou vários santuários marianos com a designação de Senhora de Fátima: o primeiro surgiu 1945, em Fuchow, na China continental, e em 13 de Outubro de 1949, edificou o primeiro Santuário de Fátima em Taiwan. cm Taipei, e em 1967 uma grande igreja em honra de Nossa Senhora de Fátima, na localidade de Kaosiung. Passou depois à Malásia, onde ergueu outro santuário em Sihu, em 13 de Outubro de 1969. Em 1979 é erigido o Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Lantao e, em 1980, outro em Tounan, na Formosa. Exerceu serviço pastoral nas missões em Taiwan, Malásia Singapura e Tailândia durante quatro décadas. Depois de 39 anos de sacerdócio, uniu-se aos trapistas na comunidade de Hong Kong em 1972, com 75 anos. Aos 100 anos, em 1997, emitiu seus votos perpétuos. Padeiro paga multa à BT com moedas Um padeiro de Algoz, concelho de Silves, pagou no dia 6, à Brigada de Trânsito de Albufeira, uma multa de 120 euros em moedas de um e dois euros, bem como de 50, 20 e 10 cêntimos (em dois sacos). O Padeiro, que procedia à distribuição de pão, foi detectado por uma patrulha da BT a circular em excesso de velocidade na EN 269, na zona de Algoz, pelo que foi autuado. Pagou imediatamente a multa, no local, com o dinheiro que trazia na viatura. A.B. Ciência e Fé Apresentamos mais nomes de grandes vultos da ciência que foram também crentes em Deus: Charles Darwin, famoso autor da teoria da evolução: “Nunca neguei a existência de Deus. Creio que a teoria da evolução é plenamente conciliável com a fé em Deus. A impossibilidade de provar e compreender que o grandioso e imenso universo, assim como o homem, tiveram origem por acaso pareceme ser o argumento principal para a existência de Deus”. J. V. Uexküll (1864 - 1944), biólogo alemão: “Quem reconhece um plano, um objectivo, uma finalidade e uma intenção na Natureza, reconhece também a existência do Criador”. Prof. Allan Sandage, durante toda a sua vida se aplicou à pesquisa dos astros: “Foi a minha ciência que me levou à conclusão de que, o universo é demasiado complexo para poder ser explicado pela ciência. É somente por meio do sobrenatural que posso compreender o mistério da existência”. Prof. John Palingharne, físico na Universidade de Cambridge, e que se tornou presbítero anglicano em 1982: “Se alguém toma consciência de que as leis da natureza devem ser incrivelmente certeiras para produzir o universo que vemos, verifica que o universo não teve origem por acaso, mas deve haver um projecto a regê-lo”. Jocelyn Bell Burnell, astrónoma, pesquisadora das estrelas ditas pulsars. Trabalha na Universidade Aberta da Inglaterra: “A falta de fé nos deixa sós e apavorados diante do futuro”. “A minha fé não me impede de cultivar a ciência em toda a amplidão dos horizontes científicos”. Edward Mitchell, astronauta da Apoio 14, um dos primeiros homens a pisar na Lua, afirmou: “O Universo é a verdadeira revelação da divindade, uma prova da ordem universal da existência de uma inteligência acima de tudo o que podemos compreender”. Calendário agrícola Fevereiro é o mês de semear: alface para transplantar em Março -Abril, couves, nabos, nabiças, pimentos, alho-porro, repolho, feijões e tomate. Plantar batatas nos lugares abrigados e pouco sujeitos a geadas. Iniciar a sementeira do milho de sequeiro. Semear em «camas quentes» melões, melancias, pimentos, tomates, pepinos e aipo branco. Os melões, melancias e pepinos devem ser semeados em vasos de plástico ou barro. Plantar ainda cebolas, morangueiros, espargos, alcachofras e couves diversas. Durante o mês, iniciar a colheita dos nabos semeados em Dezembro. Todos os trabalhos indicados para o mês de Janeiro podem ainda ser feitos, mas não devem ser adiados por muito tempo. Semear todas as flores anuais e cóleos, crisântemos, ervilhas-decheiro, relva, gipsófila, malvaíscos, manjericos, paciências e sécias. Continuar a plantação de árvores e arbustos ornamentais. destes: a depressão e outras doenças, o abuso de drogas e álcool, antecedentes familiares, contextos socioeconómicos e educacionais pobres ou uma saúde física frágil. Mas há que tentar valorizar a vida. E as campanhas contra a vida são muitas. Dizem os jornais que alguns Governos, como o da Austrália, estão preocupados, com tanta propaganda ao suicídio na Internet. Tentam pôr freio a tanto “zelo” na ajuda a gente quase sempre vulnerável e frágil, a que terminem com a vida. As religiões também aqui podem e devem ter um papel positivo. Quem fala assim Suicídio A percentagem de casos de suicídios em todo o mundo aumentou 60% nos últimos 50 anos. Em comunicado divulgado no “Dia Mundial da Prevenção do Suicídio”, a Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que cerca de 3.000 pessoas se suicidam todos os dias no mundo. Isto representa um suicídio cada trinta segundos, o que diz bem que este problema social atinge actualmente “índices extremamente elevados”. O comunicado daquela organização indica que a percentagem de suicídios no mundo nos últimos 50 anos aumentou em 60 por cento sobretudo nos países em desenvolvimento - e que o suicídio constitui actualmente “a terceira causa de mortalidade na faixa etária dos 15 aos 34 anos”. Para lutar contra o suicídio, que, segundo a OMS, afecta «todos independentemente da idade», é necessário que se criem estratégias de prevenção e que «o suicídio não seja considerado um tabu ou o resultado de crises pessoais ou sociais, e sim um indicador de saúde que evidencia os riscos psicossociais, culturais e meio ambientais susceptíveis de prevenção», segundo a OMS. A OMS sublinhou a importância de reforçar programas para identificar e prevenir o comportamento suicida, afirmando que a maioria dos mais de 1,1 milhões de suicídios por ano poderiam ser evitados, se fossem adoptadas medidas adequadas que garantissem tratamento adequado às pessoas que sofrem de distúrbios mentais ou medidas que dificultassem o acesso dos potenciais suicidas a métodos para pôr fim à vida. São muitas as causas que podem levar alguém a cometer um acto “Homens de havemos de fazer nunca farão nada”. Padre António Vieira “Caminhe-se para a liberdade através da liberdade”. António Sérgio “Melhor é padecer pela verdade do que receber mercês pela lisonja”. Santo Agostinho Veja se sabe 1. Quantas arestas tem um prisma com uma base de oito lados? - 8, 16 ou 24. 2. Onde e em que ano nasceu o Padre António Vieira? - Em Simtra, em 1598. Em cascais, em 1600 ou em Lisboa, em 1608. 3. Quem é o patrono dos caminheiros do Corpo Nacional de Escutas? - São Paulo, São Pedro ou S. Jorge. Respostas na penúltima página Humor Na recepção do hotel: - Olha lá, rapaz! Quem seria o burro que me levou o chapéu? - Não sei, Senhor, mas uma coisa é certa: quem o levou deve ter uma cabeça igual à sua. Entre vizinhas - Que tal é a Isabel? - Olha, é uma daquelas mulheres que gostam de ter duas amigas: uma com quem falar, e outra de quem falar. Entre amigos - Então, recebes o António em tua casa? Deves saber que ele tem uma língua de víbora! - Claro que sei. Mas, enquanto ele estiver na minha presença, não diz mal de mim. Alberto Batista
Documentos relacionados
(formato pdf) da Edição nº 4118 de 21.07.2011
24 de Julho de 2011 A forma de rezar, de maneira agradável, ao Senhor desde sempre preocupou o homem. Fazer-se ouvir junto de Deus e ser atendido é a grande aspiração do homem que reza. Uma espécie...
Leia mais(formato pdf) da Edição nº 4092 de 13.01.2011
16 de Janeiro de 2011 Deus no Seu amor pelos homens, foi-Se-lhes manifestando progressivamente, ao longo dos séculos, para lhes descobrir quem Ele era e quais os desígnios da Sua vontade. Essa reve...
Leia mais