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INVESTIMENTO-ANJO
MANUAL BÁSICO PARA
EMPREENDEDORES
1ª EDIÇÃO - ANO 2014
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
INTRODUÇÃO
Este e-book traz um panorama geral do mercado de
investimento-anjo e startups, além de apresentar mecanismos de
análise de empresas, técnicas de investimento, jargões do meio
e dicas fundamentais para empreendedores e investidores que
buscam atualização e conhecimento sobre a área.
Trata-se de um material claro e direto, onde o leitor poderá
encontrar informações sobre o ecossistema de startups.
Aproveite a leitura!
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O QUE É
INVESTIMENTO-ANJO?
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Nascido nos Estados Unidos no início do século passado, o investimentoanjo foi concebido para ser uma forma de financiamento de peças teatrais e
espetáculos. O investidor-anjo custeava parte da produção e participava dos
resultados a partir da venda de entradas e outras receitas. Este investidor,
muitas vezes, atuava também como um conselheiro ou mentor, contribuindo
também com suas experiências profissionais para o sucesso daquele
empreendimento.
Com o tempo esse tipo de investimento evoluiu e passou a ser feito por
mais pessoas e em uma diversidade maior de negócios. O empreendedor
que tinha uma boa ideia ou que possuía uma empresa que ainda estava
engatinhando recebia apoio financeiro e intelectual de empresários,
executivos bem-sucedidos e profissionais de diversas áreas com expertise,
bom network e recursos financeiros disponíveis para financiar o surgimento
ou amadurecimento desse novo negócio. É daí que vem a expressão “Smart
Money”, uma vez que o objetivo não era apenas a injeção de dinheiro no
negócio, mas a participação mais efetiva do dono do dinheiro nas decisões
estratégicas e na caminhada da nova empresa.
Por toda essa colaboração oferecida pelo investidor, ele passa a ser
também dono do novo negócio que ele ajudou a financiar. Geralmente o
investidor-anjo tem uma participação minoritária no negócio e não vivencia
o dia a dia da nova empresa. Porém, participa das decisões estratégicas e
opina em momentos chave, como mudanças de estratégia, busca por novos
sócios ou parceiros estratégicos, novas rodadas de investimento, etc.
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
O investidor-anjo tem um papel importante porque ele oferece condições
para que o negócio se desenvolva em uma velocidade maior e com isso se
torne rentável em um curto espaço de tempo. A rede de relacionamentos que
o investidor traz consigo também é outro ponto importante nesse processo, já
que ela pode ser fundamental para o sucesso do empreendimento através da
abertura de canais de distribuição de produtos ou serviços, compartilhamento
de base de clientes, fechamento de contratos, expansão de mercado, etc.
Os investimentos nessas empresas nascentes – hoje conhecidas como
startups – podem ser feitos de forma individual ou coletiva, modalidade em
que o risco do investimento é diluído e as chances de sucesso são maiores, já
que a experiência e a rede de relacionamento dos investidores se fundem em
prol do novo negócio.
Nesse caso, em investimentos realizados por mais de um investidor,
é normal que um deles assuma a liderança e seja o ponto de maior apoio e
contato com o empreendedor.
Os investimentos, como foi dito acima, são realizados em dinheiro ou
até mesmo em trabalho efetivo do investidor em prol da nova empresa.
Quando o apoio é realizado em dinheiro, costuma variar de R$ 50 mil a
R$ 400 mil, dependendo de cada tipo de negócio, suas projeções financeiras,
condições de mercado e escalabilidade.
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E QUAL É O PERFIL DO
INVESTIDOR-ANJO?
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
No Brasil os investidores anjo têm perfil parecido com o de outros países
onde este tipo de investimento já é um movimento consolidado, como Estados
Unidos, Israel e alguns países europeus.
Em sua maioria, os investidores anjo são homens, com índice bem
próximo dos 98%. Apesar do surgimento de algumas organizações para
realização de investimento-anjo por mulheres, ainda há um bom caminho a
ser percorrido.
Esses investidores possuem idade entre 23 e 70 anos, com a maior
parte se concentrando na faixa dos 40 anos, momento em que empresários,
executivos e profissionais atingem o ápice da sua maturidade corporativa.
Nesse universo, pouco mais de 50% dos investidores anjo são
empresários em busca de novas realizações através do investimento em
empresas nascentes. Cerca de 30% dos investidores anjo são executivos
com posição de liderança em empresas sólidas. Outros investidores, ainda,
são profissionais liberais e gestores, totalizando os 20% restantes desse
ecossistema.
O tempo desses investidores é dividido da seguinte forma: dedicam 23%
do seu dia para a busca por startups ou gestão dos investimentos realizados
e os outros 77% são dedicados às suas atividades principais.
A expectativa é de que cada investidor-anjo realize pelo menos dois
investimentos por ano, mas esse número pode chegar a cinco investimentos
em 12 meses.
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
O valor aportado em cada investimento varia de R$ 50 mil a R$ 400 mil,
mas os valores médios costumam ficar na casa dos R$ 200 mil.
Como já se sabe, a maioria dos investidores anjo seguem a tendência
do mercado em relação ao que mais se consome naquele espaço de tempo.
Hoje, os maiores investimentos estão concentrados em startups ligadas a TI,
mobile, saúde, biotecnologia, e-commerce e educação.
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A expectativa é de que cada investidor-anjo realize pelo
menos dois investimentos por ano, mas esse número
pode chegar a cinco investimentos em 12 meses.
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MAS AFINAL, O QUE É
UMA STARTUP?
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
O termo startup ficou mais conhecido no Brasil depois da chamada
“bolha da internet”, entre 1996 e 2001. Nos Estados Unidos esse termo já é
utilizado há décadas e identificava um grupo de pessoas que trabalhavam em
uma ideia diferente e que pudesse render algum dinheiro.
Sob a ótica dos investidores, uma startup é formada por um grupo de
pessoas que trabalham em cima de um novo modelo de negócio que possa
ser replicável e escalável em um curto espaço de tempo, mas sob um terreno
de grandes incertezas.
Esse pequeno conceito traz uma série de implicações que conferem
a empresa o caráter de startup:
a. Trabalhar em um terreno de grandes incertezas significa que não
há qualquer garantia de que essa nova ideia ou o novo modelo de
negócios dará certo. Seria o mesmo que afirmar, há 10 anos, que as
pessoas comprariam tênis pela internet, sem antes experimentá-los,
como fazem na NetShoes, ou que pediriam táxi pelo celular, como é
feito através do Easy Taxi.
b. O modelo de negócio precisa ser consistente, já que ele é a base onde
está fundamentada a entrada de dinheiro no negócio. Por exemplo: a
empresa de vendas online OLX cobra um valor determinado para que
o seu anúncio seja exibido primeiro nas pesquisas em relação àqueles
produtos que são anunciados gratuitamente. É através do modelo
de negócios que as franquias determinam a sua fonte de receita, em
outro exemplo, expandindo seus canais de venda, faturamento com
royalties, etc.
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c. A repetição na entrega do produto ou serviço também é fator
determinante para que uma empresa se enquadre no conceito de
startup. É o caso do NetFlix, serviço de assinatura de online de filmes e
séries, que possui 34 milhões de usuários em todo o mundo. Produzir
uma série inteira em DVD e comercializá-la gera uma operação enorme
que torna o processo caro, lento e difícil de ser repetido. No caso da
NetFlix, milhões de pessoas podem assistir à mesma série, ao mesmo
tempo, instantaneamente.
Ou seja, a repetição nessa experiência de entrega de produtos e serviços
deve ser praticamente ilimitada, pode ser replicada tantas vezes quantas
forem necessárias, sem prejuízos com logística, produção, etc.
d. A escalabilidade - fator de crescimento em larga escala - é um dos
pilares para que uma empresa nascente seja uma startup. Crescimento
rápido de receitas e número de clientes, com os custos crescendo em
marcha lenta. Isso faz com que as margens de lucro sejam cada vez
maiores e a empresa gere cada vez mais riqueza.
O melhor exemplo disso tudo - e que se encaixa perfeitamente em
todos os pontos - é o WhatsApp, que você deve ter utilizado pelo
menos umas 3 vezes durante a leitura deste e-book. São 100 milhões
de novos usuários a cada ano e o ritmo de crescimento será muito maior
agora, após a compra da empresa pelo Facebook. Para tocar uma
operação desse tamanho são necessários menos que 60 funcionários.
O custo para o usuário final é baixíssimo e a empresa cresce a níveis
astronômicos sem alterar o modelo de negócios inicial.
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
E é por ter feito o dever de casa tão bem que o valor da venda da empresa
impressionou o mercado no início de 2014: US$ 16 bilhões de dólares.
As startups podem ser empresas de qualquer segmento, porém a
maioria delas é ligada a internet, já que é bem mais barato abrir uma empresa
nesse segmento do que desenvolver tecnologias e elaborar pesquisas em
áreas como saúde, agronegócio ou biotecnologia, por exemplo. Além do fato
de que a internet torna a expansão do negócio mais fácil, já que em um
clique milhares de pessoas passam a saber da sua existência. Mesmo assim,
desde que se tenha as características comentadas aqui, qualquer empresa de
qualquer segmento pode ser considerada uma startup.
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Uma startup é formada por um grupo de pessoas que
trabalham em cima de um novo modelo de negócio que
possa ser replicável e escalável em um curto espaço de
tempo, mas sob um terreno de grandes incertezas.
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COMO CHEGAR AO
VALOR DE MERCADO
DE UMA STARTUP?
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Não é fácil definir quanto vale uma startup. Em muitos momentos, ela
ainda não chegou ao modelo de negócio ideal ou ainda tem obstáculos a
superar no seu caminho até a estabilidade. Além do mais, não tem nenhum
histórico de receitas e muitas vezes estão abrindo um novo mercado, o que
torna a sua medida de valor ainda mais difícil.
Os especialistas no tema dizem que o valor de uma startup é encontrado
durante as negociações entre investidor e empreendedor, após ponderações
e avaliação de oportunidades. Mas é bom que o empreendedor já tenha uma
noção de quanto espera captar pelo negócio que fundou.
O empreendedor precisa se aprofundar no tema, buscar conhecimento
especifico sobre como encontrar o valuation da sua startup. Buscar a ajuda
de profissionais é outra saída, mas às vezes esse serviço custa caro.
Existem duas técnicas que são as mais comumente utilizadas para
se chegar ao valor aproximado de uma startup:
a. Técnica do FCD – Fluxo de Caixa Descontado: nesse modelo a
empresa projeta um futuro estimado de cinco anos e traz o fluxo de caixa
para o valor presente, determinando o retorno sobre o investimento e
considerando o custo de oportunidade do investidor. Trocando em
miúdos, este cálculo ajuda o investidor a entender que a startup que, de
acordo com as projeções futuras valerá X daqui à cinco anos, vale Y hoje.
Assim ele passa a ter uma base de comparação com outras opções de
investimento disponíveis.
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b. Técnica de múltiplos em diversas bases: para utilizar essa técnica
primeiro você precisa encontrar uma empresa de referência, que tenha
sido vendida, para comparar com sua startup. Pesquise reportagens
sobre o tema e descubra o valor da venda e o número de usuários dessa
empresa.
Vamos voltar ao exemplo do WhatsApp:
O valor da venda foi de US$ 16 bilhões de dólares e a empresa possuía
450 milhões de usuários. Ou seja, o Facebook pagou U$ 35,56 por
usuário.
Então, se você tem uma startup que faz o mesmo que o WhatsApp, é só
fazer a conta e descobrir o quanto pode valer o seu negócio.
“
O empreendedor precisa se aprofundar no tema,
buscar conhecimento especifico sobre como
encontrar o valuation da sua startup.
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FAÇAM TODOS BONS
NEGÓCIOS!
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Existem alguns mecanismos que auxiliam investidores e empreendedores
durante o período de negociação para captação de investimento para uma
startup. São documentos que dão segurança às duas partes e fazem com
que uma especulação transforme-se em um compromisso de intenções.
Em um processo de investimento, o Term Sheet é o primeiro documento
a ser assinado e apresenta os principais termos e as condições para que
a transação se efetive. A partir dele é que é preparada a documentação
da operação. Dessa forma, um Term Sheet robusto facilita e agiliza a
implementação do investimento, reduzindo as chances de aparecerem
questões novas a serem negociadas nos contratos definitivos. O Term Sheet
contribui, muitas vezes, para evitar frustrações na assinatura dos contratos
definitivos.
Depois de assumidos os compromissos, é hora de conhecer a fundo
a startup que receberá o investimento. Este processo é chamado de Due
Diligence, que nada mais é do que uma investigação a cerca das condições
financeiras, contábeis e legais da startup, informações sobre os sócios,
pesquisa de mercado e outros pontos importantes sobre o produto ou serviço
que a startup oferece.
É uma espécie de “pente fino”, onde tudo o que acontece na startup
passa a ser conhecido pelo investidor antes da concretização do negócio e
realização do investimento.
Depois de feita eswa análise e não sendo detectada nenhuma situação
desconhecida anteriormente que impeça a efetivação do negócio e havendo
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
acordo sobre a redação final dos contratos, o investimento é efetivado de
acordo com o que foi pactuado no Term Sheet.
Estes trâmites são muito importantes para que a negociação entre
investidor e empreendedor seja saudável para ambos e não deve ser
encarada como burocracia ou perda de tempo. São etapas que precisam ser
superadas para que o negócio decole e traga excelentes resultados a todos
os envolvidos.
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Term Sheet é o primeiro documento a ser assinado e
apresenta os principais termos e as condições para
que a transação se efetive.
Due Diligence, é uma investigação a cerca das
condições financeiras, contábeis e legais da
startup, informações sobre os sócios, pesquisa
de mercado e outros pontos importantes sobre o
produto ou serviço que a startup oferece.
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INVESTIDOR
EMPREENDEDOR
AS PRINCIPAIS DICAS
PARA TER SUCESSO
COM UMA STARTUP
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Conhecimento, além de dinheiro: toda startup precisa de dinheiro
para se desenvolver, mas o conhecimento do novo sócio pode
ser fundamental para o sucesso do negócio. Então, ao buscar
investimento, dê prioridade para investidores que se interessem
realmente pelo seu negócio e que tenham tempo disponível para
partilhar experiências e relacionamento.
Clareza e transparência: durante a apresentação do projeto
o empreendedor deve ser o mais claro e transparente possível.
Primeiro porque o investidor não tem muito tempo disponível e
segundo porque é importante que o que está sendo vendido é
aquilo que será entregue. A falta de confiança e credibilidade
nessa fase do processo pode fazer com que a negociação não
evolua.
Olhe longe: existe um mar de oportunidades de investimento em
startups no Brasil. Há excelentes projetos em todas as regiões do
país e por isso é importante “olhar para fora da caixa” e buscar
boas opções de investimento em polos como Manaus, Recife,
Salvador e tantos outros.
Paciência é a alma do negócio: para cada “sim”, uma startup
recebe pelo menos 10 “nãos”. E essas negativas não significam
que o negócio seja ruim. Talvez ele precise apenas de mais
desenvolvimento ou talvez não tenha encontrado ainda o investidor
certo. A ordem é seguir em frente sempre atento aos ajustes de
leme que forem necessários durante o trajeto.
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Mostre algo concreto: é muito mais seguro para investidores
e empreendedores que a negociação pelo investimento seja
feita sob coisas palpáveis, ou seja, é importante que já exista o
software ou produto – ou pelo menos o protótipo deles – durante
as negociações. Isso estreita o relacionamento e faz com que haja
mais conforto para as duas partes seguirem adiante.
Seja realista: ao apresentar projeções de mercado, planilhas com
expectativa de faturamento e escala de crescimento da empresa
tente imprimir nos dados a percepção real do mercado. Não seja
muito otimista e também não se desvalorize. Seja apenas realista
e coerente com o que você tem e com o que pode ter daqui
a algum tempo. Forçar um número apenas para impressionar o
investidor pode ser um tiro no pé se as coisas não se confirmarem
lá na frente. Não crie expectativas, prefira minhocas!
Seja confiante: se nem você acredita na sua startup, como espera
convencer o investidor? Os investidores procuram empreendedores
que tenham brilho nos olhos, que sejam apaixonados por aquilo
que fazem e que, por isso, não medirão esforços para que o
negócio dê certo. Para ter confiança, é preciso ter conhecimento,
dominar o assunto e se posicionar em relação a suas convicções.
É este o perfil que o investidor espera que tenha o comandante
deste barco!
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Mostre que você é capaz: tanto para investidores e
empreendedores é importante ter um histórico positivo de
sucesso e trabalho. Manter contato com pessoas que sabem que
você é capaz de cumprir o que promete é fundamental para o
sucesso da negociação. Traduza, em experiências passadas, a
sua capacidade de execução, de entregar aquilo que promete.
Pense grande, pense global: já virou clichê dizer que hoje com
a internet e a globalização não existem mais fronteiras, mas é
sempre bom reforçar. Pensar grande e pensar pequeno gera o
mesmo esforço, então pense no seu negócio lá na frente.
Veja 10 dicas através dos infográficos:
- Para Empreendedor
- Para Investidor
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RUIM PRA UNS,
EXCELENTE
PARA OUTROS!
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Uma característica que diferencia o investimento em startups de qualquer
outro tipo de investimento é a subjetividade na hora de fazer o julgamento
sobre a viabilidade de um negócio. Na Bolsa de Valores, por exemplo, o
investidor busca os índices que trazem maior retorno, não importando se são
da Petrobras, da Vale ou da OGX. O que o investidor busca é o mesmo que
os demais, uma taxa de retorno superior às outras tantas oportunidades de
investimento listadas ali naquele cenário.
Já no mercado de startups isso é bem diferente. Uma startup que tenha
um software que meça o número de passos que um boi dá durante o dia
pode não interessar a 99,9% dos investidores que o analisarem, mas ela pode
valer ouro nas mãos de uma empresa frigorífica gigante que está de olho em
cada grama perdida pelos bois durante o período de confinamento.
E esta subjetividade leva muitos investidores anjo a realizarem negócios
com startups impulsionados por outro fator importante, que é o network. Todo
mundo sabe que é muito importante manter uma boa rede de relacionamentos.
Mas principalmente no mercado de startups, muitas oportunidades de negócio
surgem porque dentro dessa rede há parceiros que têm a capacidade de
transformar, por exemplo, o software que conta os passos do boi citado acima
no maior sistema de monitoramento de rebanhos bovinos do país, através
de download gratuito em um grande portal de internet que é gerido por um
membro da rede de contatos do investidor, através de pontos de venda em
cooperativas e casas agrícolas que são presididas por alguém com quem o
investidor fez negócios no passado, etc.
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Resumindo, uma boa rede de relacionamento que venha de carona com
o investidor pode dar a startup o combustível que falta para que ela alcance
uma larga escala de crescimento em um curto espaço de tempo. É ter o olhar
voltado para as oportunidades disfarças que talvez estejam presentes em
muitos novos negócios.
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ENTENDA O QUE
VOCÊ OUVE!
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Cada indústria tem sua lista de jargões. No mundo do empreendedorismo
são vários os termos que você vai encontrar pela frente ao longo de sua
jornada. Como empreendedor, é importante que você esteja familiarizado
com eles. Conheça uma lista com 25 termos que todo empreendedor precisa
saber:
Aceleradora: é o nome “moderno” para as incubadoras. Enquanto
as incubadoras estão mais ligadas a universidades e a projetos
governamentais, as aceleradoras são financiadas com capital privado e
apoiam startups, empresas de alto potencial de crescimento. A aceleração
pode incluir apoio financeiro, mas está baseada principalmente no suporte
à criação e ao desenvolvimento do negócio, com sessões de coaching e
mentoria durante um período.
Break-even: em português, um “ponto de equilíbrio”. É quando os custos
da empresa são iguais às suas receitas. Como tudo que a empresa
recebe paga somente as despesas, o lucro (ou resultado do período),
acaba sendo 0, nesse caso.
Capital de giro: são os recursos financeiros utilizados para cobrir os
custos do dia a dia da empresa e para sustentá-la entre o pagamento de
despesas e o recebimento da receita de clientes.
Captação de recursos: obter investimentos, o que pode ser feito
por meio de empréstimos bancários, agências de fomento, fundos de
investimentos ou investidores-anjos.
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Co-working: espaço de trabalho compartilhado por diversas
empresas, que passam a poder se relacionar e a trocar conhecimentos.
Crowdfunding: obtenção de capital através de financiamento
coletivo, em geral de pessoas físicas interessadas na iniciativa.
Existem plataformas on-line especializadas nisso.
Crowdsourcing: forma de conseguir serviços/ajuda de forma
colaborativa para geração de conteúdos, solução de problemas,
desenvolvimento de novas tecnologias, geração de fluxo de
informação e afins.
Early stage: são consideradas empresas em early stage (estágio
inicial) as que possuem até três anos de existência.
Elevator
pitch:
apresentação
da
ideia
do
negócio
em
aproximadamente 30 segundos (o tempo que uma pessoa passaria
no elevador).
Escalabilidade: capacidade de replicar o produto/serviço com
facilidade atendendo a um grande público ou abrangendo um grande
mercado consumidor.
Incubadora: as incubadoras têm um perfil mais adequado para
quem precisa de tempo e muito conhecimento para estruturar seu
negócio. Depende de subsídios governamentais e provavelmente vai
precisar de uma quantidade relativamente grande de investimentos
para acontecer.
Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Investidor-anjo: os angels são profissionais experientes que têm
capital disponível para investir em novos empreendimentos. Em troca
desse capital, esperam um percentual da empresa investida.
MEI: sigla para “Micro Empreendedor Individual”, é a pessoa que
trabalha por conta própria e se legaliza como empresário.
Mergers and Acquisitions (M&A): termo em inglês para “Fusões
e Aquisições” (abreviado M&A), é tanto um aspecto da estratégia
corporativa e finanças corporativas quanto compra, venda, divisão e
combinação de diferentes empresas.
Networking: ter ou estabelecer uma rede de contatos. “Fazer
networking”, como é empregado, costuma ser uma ótima forma de
ampliar a qualidade de seus relacionamentos e transformá-los em
benefício mútuo no meio profissional.
PME: é a sigla para pequenas e médias empresas. Uma pequena
empresa possui de dez a 49 funcionários. Já uma empresa de médio
porte possui entre 50 e 249 funcionários.
ROI: sigla da tradução de “Retorno sobre Investimento”, corresponde
a um percentual da quantidade de dinheiro ganho em relação à
quantidade de dinheiro investido.
Seed capital: capital “semente”, aquele capital que se capta quando o
negócio está em sua fase inicial, para que ele possa dar seus primeiros
passos no mercado.
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
Spin-off: criação de uma nova empresa de produtos ou serviços
inovadores, criados inicialmente a partir de um projeto em uma
“empresa-mãe”. Geralmente, os empreendedores do novo negócio
trabalharam antes no desenvolvimento desse projeto na empresamãe, que gerou o spin-off.
Stakeholders: são todos os impactados pelo negócio, sejam eles
sócios, acionistas, funcionários, clientes ou segmentos da sociedade.
Startups: uma empresa projetada desde o início para ser grande! Eric
Ries, autor do livro “Lean startup”, define startup como “um grupo de
pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável,
trabalhando em condições de extrema incerteza”.
Validação: ter alguém validando sua ideia, ou seja, se tornando um
cliente, usuário, ou estando engajado de qualquer forma ativa em seu
negócio, é o sinal verde de que ele pode dar certo. Mas a validação é
um exercício constante, um processo que exige flexibilidade, agilidade
e resiliência para recomeçar diversas vezes e não desistir.
VC (Venture Capital): traduzido como “capital de risco”, os VCs
apoiam empresas de pequeno e médio porte já estabelecidas e
com potencial de crescimento. Com duração média de 5 a 7 anos,
os recursos investidos financiam as primeiras expansões, levando o
negócio a novos patamares no mercado.
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Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores
AUTOR:
Junior Borneli
VP de Negócios e Relacionamento do Angels Club
Junior Borneli, 32 anos, é empreendedor há mais de
10 anos, co-fundador do Angels Club e investidoranjo de algumas startups. Possui larga experiência
na gestão de empresas de diversos segmentos e
realiza palestras sobre o ecossistema de startups
em todo Brasil. Ocupa a Vice-Presidência de
Negócios e Relacionamento do Angels Club.
O Angels Club nasceu com o objetivo de
democratizar o acesso dos empreendedores a
investidores potenciais. Com a missão de apoiar
pessoas que têm o poder de movimentar a
sociedade, gerar empregos e fortalecer a economia,
o Angels Club é um clube privado de investidores
dispostos a fomentar novos projetos, ideias ou
startups cadastrados em sua plataforma.
Fazer parte do Angels Club é ser parte da
transformação.
www.angelsclub.com
Referências:
Organização Anjos do Brasil
Endeavor Brasil
ABS - Associação Brasileira de Startups
Startup Brasil
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