Fundação Casa Museu Amália Rodrigues Casa/Museu

Transcrição

Fundação Casa Museu Amália Rodrigues Casa/Museu
Fundação Casa Museu Amália Rodrigues
Amália continua "viva"
Amália Rodrigues não sabia ao certo a sua data de nascimento. Segundo a avó, a
diva terá nascido por "altura das cerejas" (Junho, Julho). Reza a tradição que,
como ela não queria ser do signo Caranguejo, escolheu o dia 23 de Julho (o
primeiro
de
Leão)
para
comemorar
o
aniversário.
E foi precisamente no dia 22 de Julho - quando passava mais um ano do seu
suposto nascimento que a Fundação Amália Rodrigues Casa-Museu abriu as suas
portas. Para o público em geral, quarta-feira às 10h00, iniciam-se as visitas
guiadas, até às 18h00, que custam cinco euros. Na porta de entrada do n.º 193 da
R. S. Bento, estão penduradas duas rosas. Nesta casa, que resistiu ao terramoto de
1755, Amália morou desde a década de 50 até à morte.
Em testamento, deixou expressa que era sua vontade que a casa fosse
transformada num museu com fins caritativos. Móveis e objetos permanecem, na
sua grande maioria, nos lugares onde Amália os deixou.
Casa/Museu
Subindo as escadas até ao primeiro piso, no hall, encontra-se um retrato a óleo da
diva, da autoria de Luís Pinto Coelho, sobre uma mesa de encostar dos fins do
século XVIII.
Amália respira-se e sente-se por todo o lado.
Pelas paredes estão espalhadas fotografias da cantora, em atuações, ou em poses
descontraídas.
Na sala de estar, o piano de meia cauda parece aguardar o momento de ser tocado
pela sua diva. Era nesta divisão que Amália passava os dias e os serões, tanto
sozinha como rodeada de amigos. Num dos sofás ainda permanecem um bandolim
e uma guitarra incrustada a granadas, turquesas e minas novas.
A esta sala, foi acrescentada uma mesa onde estão dispostas medalhas e
condecorações atribuídas à fadista entre 1968 e 2001, e onde foi colocada a GrãCruz da Ordem do Infante D. Henrique, concedida então pelo Presidente da
República, Jorge Sampaio, no dia da transladação dos restos mortais da fadista do
Cemitério dos Prazeres para o Panteão Nacional.
Na sala de jantar, a mesa está posta para oito pessoas, como se Amália estivesse à
espera
de
convidados
famosos
para
mais
uma
refeição.
Nas escadas que levam ao segundo piso, dois quadros de Amália decoram as
paredes.
O quarto de hóspedes, a antecâmara e o quarto da artista estão também em
exposição. Em cima da cama, repousam os seus óculos, três rosas e o livro de
versos editado antes da morte. Ao fundo da antecâmara, esconde-se um armário
que contém as roupas de Amália, sapatos, maquilhagem, malas, e a meio da
divisão, sobre uma mesa, estão dispostas as joias que um dia brilharam no corpo
de Amália.
A própria Amália desenhava todos os seus fatos e joias de espetáculo.
Informações
Preço dos bilhetes: 5 € por pessoa; preços especiais para grupos.
Entrada: grupos de 6 pessoas por hora
Visita: Durante uma hora o visitante será acompanhado por diversos fados de
Amália
Horário: Terça a Domingo, das 10.00h às 13.00h e das 14.00h às 18.00h.
Site: www.amaliarodrigues.pt
No seguinte site, é possível ouvir alguns dos seus fados, e algumas das letras:
http://amaliarodrigues.lisbon52.com/Fados/FadosMenue.htm
Amália Rodrigues
"Desde que existe a morte, imediatamente a vida é absurda. Sempre pensei assim."
Amália Rodrigues
Bibliografia
Amália da Piedade Rebordão Rodrigues (Lisboa, 23 de Julho ou 1 de Julho de
1920 — Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e atriz portuguesa,
considerada o exemplo máximo do fado. Está sepultada no Panteão Nacional, entre
os ilustres portugueses.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência,
devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi
considerada por muitos como uma das melhores embaixadoras do país. Aparecia
em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e
outras músicas de tradição popular portuguesa, como música de outras origens,
um exemplo; musica espanhola.
“Trova do vento que passa.”
Infância
Amália da Piedade Rodrigues, filha de um músico que para alimentar os seus
quatros filhos e a sua mulher tentou a sua sorte em Lisboa, terá nascido às cinco
horas de 23 de Julho de 1920 na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena.
Amália pretendia, no entanto, que o seu aniversário fosse celebrado a 1 de Julho
("no
tempo
das
cerejas"),
como
dizia
a
sua
avó.
Catorze meses depois o pai não arranjando trabalho, a família volta para o
Fundão
mas
Amália
fica
com
os
avós
na
capital.
A sua faceta de cantora cedo se revela. Amália era muito tímida, mas começa
cantando para o avô e os vizinhos que lhe pediam. Na infância e juventude,
cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam
para cantar.
Aos 9 anos, a avó analfabeta manda Amália para a escola, mas aos 12 anos tem que
interromper a sua escolaridade como era frequente nas casas pobre. Escolhe então
o ofício de bordadeira mas depressa muda para ir embrulhar bolos.
Aos 14 anos decide ir viver com os pais que regressaram entretanto a Lisboa. Mas
a vida não é tão boa como em casa dos avós, tinha que ajudar a mãe e aguentar o
irmão mais velho, autoritário.
Aos 15 anos, vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada
devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara
(nas festividades de Santo António de Lisboa) de 1936. O ensaiador da Marcha
insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos,
chamada Concurso da Primavera em que se disputava o título de Rainha do Fado.
Amália acabará por não participar, pois todas as outras concorrentes se
recusavam
a
competir
com
ela.
Conhece nessa altura o seu futuro marido Francisco da Cruz, um guitarrista
amador, com o qual casará em 1940.
Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da
Severa, mas Amália acaba por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, pois
só em 1939 irá cantar nessa casa.
“Ai lucidez que me dói”
Uma carreira que começa
Alcança tremendo êxito no Retiro da Severa (melhor casa de fados do pais na
altura), onde faz a sua estreia profissional e torna-se a vedeta do fado com uma
rapidez notável. Passa a atuar também no Solar da Alegria e no Café Luso. Sendo o
nome mais conhecido de todos os cantores de fado, faz com que por onde atuasse
as lotações se esgotem, fazendo o preço dos bilhetes subir.
Em poucos meses atinge tal reconhecimento e popularidade que o seu cachet é o
maior até então pago a fadistas.
Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atração da peça Ora Vai Tu, no
Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de
muitos dos seus fados.
Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano
atua pela primeira vez fora de Portugal, pois a convite do embaixador Pedro
Teotónio Pereira canta em Madrid.
Em 1944 consegue um papel muito importante, ao lado de Hermínia Silva, na
opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme de Frederico Valério.
Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de
Freitas para atuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos Amália tem já um
espetáculo concebido em exclusivo para ela. A receção é de tal forma entusiástica
que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a
repetir a tournée, acompanhada por bailarinos e músicos.
Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em
Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo
ano, é Fado, História de uma Cantadeira.
Amália é apoiada por artistas nacionalistas como Almada Negreiros e António
Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrère, e
a Londres no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o próprio organiza.
Canta em todo os cantos do mundo. Passa pelos Estados Unidos onde canta pela
primeira vez na televisão (na NBC), no programa do Eddie Fisher patrocinado
pela Coca-Cola, que teve que beber e que não gostara nada. Grava discos de fado e
de flamenco. Convidam-na para ficar mas não fica, por que não quer.
Amália dá ao fado um novo significado. Canta o repertório tradicional de uma
forma diferente. valorizando o que é rural e urbano.
O seu fado de Peniche é proibido por ser considerado um hino aos que se
encontram presos em Peniche, Amália escolhe também um poema de Pedro
Homem de Mello Povo que lavas no rio que ganha uma dimensão política
Em 1966, volta aos Estados Unidos. Em 1969, Amália é condecorada pelo novo
presidente do concelho Marcelo Caetano na Exposição Mundial de Bruxelas antes
de iniciar de uma grande digressão à antiga União Soviética.
“Podia ter sido muita coisa se não fosse aquilo que sou”
Amália após o 25 de Abril
Na chegada da democracia são-lhe prestadas grandes homenagens, é condecorada
com o grau de oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da
República Mário Soares. Ao mesmo tempo atravessa problemas financeiros que a
obrigam a desfazer-se de alguns dos seus bens.
Em 1990, em França depois de ter recebido a Ordem das Artes e das Letras receba
desta vez das mãos do presidente Mitterrand, a Légion d'Honneur.
Ao longo dos anos que passam vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o
seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido César Seabra com quem era
casada havia 36 anos.
Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o seu último álbum com gravações
inéditas realizadas entre 1965 e 1975 (Segredo). Amália publica um livro de
poemas (Versos). É-lhe feita uma homenagem nacional na Feira Mundial de
Lisboa (Expo 98).
A 6 de Outubro de 1999 Amália Rodrigues morre com 79 anos, pouco depois de
regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. No seu funeral centenas de
milhares de lisboetas descem à rua para lhe prestar uma última homenagem.
Sabe-se então que Amália, vista por muitos como um dos Fs da ditadura ("Fado,
Fátima e Futebol"), colaborara economicamente com o Partido Comunista
Português quando era clandestino.
Sepultada no Cemitério dos Prazeres, o seu corpo é posteriormente trasladado
para o Panteão Nacional, em Lisboa (após uma pressão dos seus admiradores e
uma modificação da lei que exigia um mínimo de 4 anos antes da trasladação),
onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da
nacionalidade.
Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio
Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio a Moscovo, da cidade do México a
Londres, de Madrid a Paris (onde atuou tantas vezes no prestigiosíssimo Olympia).
Propagou a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o Fado.
«QUANDO CANTO, ESCUTO-ME...»
Discografia
































Perseguição (1945)
Tendinha (1945)
Fado do Ciúme (1945)
Ai Mouraria (1945)
Maria da Cruz (1945)
Ai Mouraria, 1951/52
Sabe-se Lá, 1951/52
Novo Fado da Severa (1953)
Uma Casa Portuguesa (1953)
Primavera (1954)
Tudo Isto é Fado (1955)
Foi Deus (1956)
Amália no Olympia (1957)
Povo que Lavas no Rio (1963)
Estranha Forma de Vida (1964)
Amália Canta Luís de Camões (1965)
Formiga Bossa Nossa (1969)
Amália e Vinicius (1970)
Com que Voz (1970)
Fado Português (1970)
Oiça Lá ó Senhor Vinho (1971)
Amália no Japão (1971)
Cheira a Lisboa (1972)
Amália no Canecão (1976)
Cantigas da Boa Gente (1976)
Lágrima (1983)
Amália na Broadway (1984)
O Melhor de Amália - Estranha Forma de Vida (1985)
O Melhor de Amália volume 2 - Tudo Isto é Fado (1985)
Obsessão (1990)
Abbey Road 1952 (1992)
Segredo (1997
“Porque o fado não se canta, acontece”
Amália Rodrigues, 1920-1999

Documentos relacionados

48 kb - La France au Portugal

48 kb - La France au Portugal a incentivaram a acompanhá-los. No Coliseu dos Recreios, em Outubro de 2000, apresenta-se pela primeira vez como cantora de Fado, por ocasião de um concerto de homenagem a Amália Rodrigues. A sua i...

Leia mais