Jornal A Cadeia Volume 26
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Jornal A Cadeia Volume 26
Informativo Eletrônico — ACCP Alimentos & Tecnologia Fortaleza, MARÇO DE 2012 Volume 26, ANO IV Saiba sobre uma técnica de processamento de alimentos, prática, fácil e moderna Página 5. Noni - um fruto que se popularizou rapidamente no Brasil com “propriedades medicinais”, seu consumo expande a cada dia. É confiável? Página 2. Saiba mais sobre o gerenciamento de projetos e suas implicações no sistema de gestão da qualidade e segurança alimentar - Página 3. Embutidos crus e curados - aprenda um pouco mais sobre um dos mais consumidos aperitivos - Página 4. PÁGINA 2 Noni, o fruto milagroso! Será? S Morinda citrifolia - fruto Supostos benefícios do Noni - A presença de ômega 6 e óxido nítrico dilataria os vasos, melhorando a oxigenação e, conseqüentemente, a memória; - A fruta contém betacaroteno, precursor da vitamina A, e acubina, que agrega propriedades antibióticas; - Contém escopoletina, substância antibacteriana, antifúngica e anti-inflamatória, que também ajuda a dilatar os vasos sangüíneos - o que faria baixar a pressão arterial; - A fruta é rica em vitamina Por Carlos Brasil eu nome é Morinha citrifolia, conhecido por noni é uma pequena árvore da família das rubiaceae. É originária do sudeste asiático difundida na Ásia Meridional, ilhas do Oceano Pacífico, Polinésia Francesa, Porto Rico e recentemente a República Dominicana. O Taiti é o local de maior cultivo. Pode crescer até 9 m e tem folhas finas simples, de coloração verde clara, com veias vincadas. Dá flores e frutos durante todo o ano. As flores são pequenas e brancas. O fruto contém muitas sementes e tem um forte odor quando colhida daí descrita como fruta de queijo ou fruta de vômito. O fruto é oval e atinge de 4 a 7 cm. Apresenta cor verde, mudando para amarela e por fim, quase branca, devido a altura em que o fruto é colhido. Apesar de seu odor desagradável, as pessoas alimentam-se deste, quer cru ou cozido. Moradores do Sudoeste da Ásia e os aborígenes da Austrália ingerem a fruta crua com sal, ou cozida com especiarias. As sementes são ingeridas depois de assadas. Popularmente em várias culturas, várias funções medicinais e terapêuticas lhe são atribuídas, usos seculares e até milenares tem sido dados ao fruto. Na China, Japão e Taiti, várias parte da árvore servem para tratamento da febre, dos olhos e problemas da pele, gengivite, constipação, dores de estômago, ou dificuldades respiratórias. Na Malásia, acredita-se que as flores aquecidas aplicadas no peito, curam a tosse, náuseas e cólicas. Nas Filipinas, é extraído do sumo das folhas como tratamento para a artrite. O fruto é também usada como xampu, no Brasil e na Malásia, onde se acredita que ajuda no combate aos piolhos. Na Indochina, o fruto aplica-se no tratamento da asma e disenteria. Para uso externo, o fruto é descascado, esmagado, misturado com sal e depois aplicado em fraturas. No Havaí, o fruto maduro é aplicado em furúnculos para extrair o pus. O extrato do fruto também pode regular a menstruação ou dificuldades urinárias. Apesar de todos os relatos populares, não há, na comunidade científica nenhuma publicação que comprove seus benefícios tão especulados. Na União Europeia, o sumo de noni está registrado como ingrediente alimentar e, segundo o documento da decisão, o comitê científico da alimentação humana, perante os dados que lhes foram fornecidos, concluiu que o sumo de noni não é superiormente benéfico para a saúde quando comparado a outros sumos de frutas. No Brasil, por insuficiência de estudos comprobatórios dos benefícios do noni e a possibilidade de provocar hepatite aguda, a ANVISA proibiu o uso e comercialização para fins medicinais. Isso não quer dizer que o noni não tenha propriedades benéficas. Significa apenas que ainda não existem provas consistentes do ponto de vista científico de que realmente cure ou previna males. Existem poucos estudos, e apenas com ratos. Esse fruto pode até vir a ser algo maravilhoso em termos de cura, mas ainda não existem provas conclusivas, nem estudos populacionais que sirvam de base para afirmar isso hoje. Cuidado! No Brasil, o noni, ainda está em estudo, portanto, todo cuidado é pouco! Fonte: www.fda.gov, Food and Drug Administration, 29/02/2012 Leia mais em: www.fda.gov LIN, G, et al. Two novel glycosides from the fruits of Morinda citrifolia (Noni) inhibit AP-1 transactivation and cell transformation in the mouse epidermal JB6 cell line. Cancer Research, 2001, Aug; 1 (61): 5749-5756. VOLUME PÁGINA 3 26, ANO 4 Ge re nciame nto de Projet os na Ge st ão de Qualidade Por Vinicius Rodrigues . O gerenciamento de projetos é uma ferramenta muita utilizada pelos profissionais da área das ciências exatas, principalmente as Engenharias, com o objetivo de melhor acompanhar e garantir o andamento de grandes obras de construção civil. Profissionais e clientes que trabalham ou trabalharam com empresas de consultoria em Segurança Alimentar, já obtiveram resultados falhos ou incompletos, apesar da utilização de ferramentas reconhecidas de implantação e implementação de qualidade (PDCA, MASP, 5S e outros). Na maioria das vezes essa falha se dá a um acompanhamento errado ou incompleto do projeto de consultoria. De acordo com o PMBOK, o gerenciamento de projetos é dividido em nove áreas do conhecimento, onde a mesma pode ser aplicada como método de manter os riscos de fracasso em um nível tão baixo quanto necessário durante o ciclo de vida do projeto, potenciando, ao mesmo tempo, as oportunidades de ocorrência de eventos favoráveis do projeto. O risco de fracasso, decorrente da ocorrência de ameaças, aumenta de acordo com a presença de incerteza do evento, e da sua probabilidade de ocorrência, durante todos os estágios do projeto. A variação da probabilidade (P) de ocorrência dos riscos (sob a forma de ameaças ou oportunidades) diminui, ao longo do ciclo de vida do projeto, aumentando o impacto (I) da possível ocorrência do mesmo, na razão inversa, sem que seja, necessariamente, na mesma proporção. A relação entre estas duas variáveis (PxI), é designada, na gestão dos riscos do projeto, como valor esperado (Ve), e consiste numa medida de avaliação da importância e influência do risco, para alcançar o objetivo do projeto em causa. Um ponto-de-vista alternativo diz que gerenciamento de projetos é a disciplina de definir e alcançar objetivos ao mesmo tempo em que se otimiza o uso de recursos (tempo, dinheiro, pessoas, espaço, etc). Um projeto é desenvolvido pelo profissional denominado gerente de projeto. Este profissional raramente participa das atividades diretas do projeto que produzem os resultados. Sua função é gerenciar o progresso do empreendimento e através das variáveis (qualidade, custo, prazo e âmbito) e verificar seus desvios. Desta forma, seu objetivo geral é proporcionar que as falhas inerentes aos processos sejam minimizadas. Ele tem que determinar e executar as necessidades do cliente, baseado nos seus próprios conhecimentos. A habilidade de adaptar-se aos diversos procedimentos pode lhe proporcionar um melhor gerenciamento das variáveis e desta forma uma maior satisfação do cliente. Em campo, um gerente de projeto bem sucedido deve poder imaginar o projeto inteiro do seu começo ao seu término e desta forma assegurar que esta visão seja realizada. Projetos acompanhados e gerenciados com as ferramentas possuem uma maior probabilidade de sucesso. Fonte: WIKIPÉDIA e PMBOK Leia mais em: Um guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK) , site do PMI (http://www.pmi.org/ ) Processos e monitoramentos ÁREAS DE CONHECIMENTO EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS - Gerenciamento de integração do projeto; - Gerenciamento do escopo do projeto; - Gerenciamento de tempo do projeto; - Gerenciamento de custos do projeto; - Gerenciamento da qualidade do projeto; - Gerenciamento de recursos humanos do projeto; - Gerenciamento das comunicações do projeto; - Gerenciamento de riscos do projeto; - Gerenciamento de aquisições do projeto. PÁGINA 4 Embutidos crus curados - salame Por Vinicius Rodrigues O s embutidos crus curados também conhecidos como fermentados são produtos nos quais ocorre uma fermentação microbiana ocasionado em um acúmulo de ácido láctico, ou seja, queda de pH, este fator é relevante, pois regula o crescimento microbiano e as reações bioquímicas que ocorrem durante o processo de maturação. Estão incluídos neste grupo salames, algumas lingüiças e chouriço. Entende-se por Salame, o produto cárneo industrializado obtido de carne suína ou suína e bovina, adicionado de toucinho, ingredientes, embutido em envoltórios naturais e/ou artificiais, curado, fermentado, maturado, defumado ou não e dessecado. Embutidos crus curados Diferença entre os tipos de salame: O Salame Hamburguês é originário de Hamburgo, na Alemanha, e possui um sabor muito característico, marcado pela pimenta preta em grãos. Ele tem calibre maior, textura macia e moagem fina, perfeito para montar tábuas de frios, sanduíches e também pratos rápidos. O Salame Milano possui tempero suave e textura macia. Pode ser servido como aperitivo ou como entrada no pão italiano, além dar um toque especial nas mais variadas preparações. O Salame Tipo Italiano é uma das variedades da Linha de Salame, muito usada como ingrediente no preparo de receitas, tábuas de frios e sanduíches. Ele é condimentado com um buquê perfumado de pimentas e tem textura firme. Para a produção de salames deve-se dar preferência as carnes de coloração mais acentuada de animais mais velhos, visto que a carne de animais jovens apresenta uma coloração um pouco mais clara, comprometendo assim a aparência do produto final, visto que a coloração característica do salame é vermelho fechado. O salame deve ser produzido com matéria-prima maturada com baixo valor de pH (5,4 e 5,8) amadurecida durante três dias a 2ºC. Se a matéria-prima tiver baixo pH, ela apresentará uma estrutura muscular aberta e encolhimento das fibras musculares devido a uma redução no teor de umidade. A estrutura aberta facilita a penetração dos agentes de cura (nitrato e nitrito) e do sal acelerando o processo de cura. Além de promover uma secagem mais completa. A moagem ou trituração da matéria-prima pode ser feita em um cutter ou em um picador de carne com lâminas bem afiadas para evitar qualquer aquecimento desnecessário no produto. A adição dos ingredientes pode ser realizada no próprio cutter ou em misturadeira. Após a moagem, a massa é misturada e modelada em forma de bola para remover qualquer presença de ar do interior da massa. O processo de embutimento consiste em introduzir a massa já preparada na tripa previamente selecionada e disposta para este fim em equipamentos chamados embutideiras ou embutidoras. As tripas utilizadas podem ser naturais ou artificiais. A maturação, devido à alta possibilidade da massa estragar, é a etapa mais sensível durante o processamento do salame. Durante a maturação ocorre a formação de cor, desenvolvimento de liga da massa e desenvolvimento de aroma. A maturação dura em media de três dias a uma semana, dependendo dos aditivos adicionados. O produto deverá ser embalado com materiais adequados para as condições de armazenamento e que lhe confiram uma proteção apropriada contra a contaminação. O produto poderá ser exposto no ponto de venda em temperatura ambiente quando fechado. No caso de subdivisão ou embalagens á vácuo de produtos fatiados, este deve ser mantido em temperatura de refrigeração. Fonte: Redação da ACCP Alimentos & Tecnologia Leia mais em: MONTEIRO e TERRA. Processamento do presunto “cook-in” de cordeiros. Ciência Rural, Santa Maria, v. 29, n. 4, p. 721-725, 1999 VOLUME PÁGINA 5 26, ANO 4 Os M ist é rios do SOU S VIDE Por Tiago Vasques V ocê já ouviu no, sous vide (lê-se, “su vid”)? Provavelmente você já consumiu. Bom, calma que não é remédio. O termo vem do francês, quer dizer “sob vácuo”. Esta é uma técnica de preparação de alimentos muito utilizada hoje em grandes redes hoteleiras, restaurantes, cozinhas de alimentação coletiva, supermercados e etc. Está técnica basicamente consiste em acondicionar alimentos sob vácuo (à vácuo, como queiram) em sacos plásticos apropriados e cozinhá-los sob temperaturas moderadas, geralmente entre 40°C e 90°C. Comumente chamam este modo de cocção de “baixa temperatura”. Esta técnica porém, pode utilizar-se de vários métodos de cocção e meios de transmissão de calor: como o por vapor, calor seco, calor combinado, calor por imersão. Mas o método mais utilizado mesmo é o pochê com temperaturas controladas (cozinhar o alimento através de um meio líquido, neste caso água pura, com temperaturas inferiores a 90°C). Para realizar este processo, utiliza-se vários equipamentos, desde especiais para isso, como os mais comuns, como panelas e panelões ou mesmo um “bain Marie” (banho Maria) para cozinhar os alimentos. Existem hoje vários materiais sobre o assunto disponíveis na internet, um deles é o do Professor Douglas E. Baldwin dos Estados Unidos, com tradução para o português feita pelo Gastronomy Lab. Estes materiais disponíveis, explicam bem o processo e até possuem algumas receitas, mas o grande segredo do sous vide é o tempero a ser colocado no alimento. Como o alimento vai ser embalado a vácuo e cozinhado lentamente durante um longo período de tempo, podendo a chegar até mesmo a alguns dias, o tempero tem que ser bem controlado. Não é a mesma coisa que temperar uma carne que vai ser preparada por qualquer outro método de cocção, pois devido a pressão exercida no alimento pelo vácuo (no caso do alimento cru) este tempero penetra mais rápido no interior do alimento ou seja, “pega mais” e claro o fator tempo também influencia em muito o tempero final do alimento. Pra citar um exemplo, ao se deixar uma carne marinando na geladeira, convencionalmente, pedimos no mínimo umas 2 horas para que o sabor do marinado “pegue” na carne, já quando colocamos na embalagem a vácuo o tempo reduz drasticamente para alguns minutos, devido a pressão exercida. A vantagem de se utilizar a técnica sous vide é a riqueza de sabores e textura que ganha o alimento. O alimento é cozido por igual e a aparência, no caso de carnes, o centro fica com a mesma coloração que as bordas, exceto a parte exterior que provavelmente irá passar rapidamente pela grelha ou forno pra pegar uma coloração de carne assada (reação de Maillard, browning). Existem também equipamentos como o forno CVap, que realiza a mesma “cocção” que o sous vide, entretanto não sendo necessário a utilização das embalagens plásticas, porém o mesmo resultado. Utilizar o sous vide para cozinhar alimento é uma ótima e até mesmo saudável opção para sua alimentação. Aventure-se e descubra os benefícios da técnica. Fonte: Gastronomy Lab Leia mais em: Principios básicos que governam o sous vide (http://www.sousvide.net.br/Sous_Vide_by_Gastronomy_Lab/Sous_Vide.html ) Filé bovino preparado com SOUS VIDE Etapas de Preparação do Sous Vide 1. Recepção da matéria-prima; 2. Pré-preparo/Condimentação; 3. Porcionamento/ Embalamento a Vácuo; 4. Cocção (40° a 90° C); 5. Resfriamento (0 a 5°C); 6. Armazenagem (0 a 5°C); 7. Transporte (0 a 5°C)*; 8. Armazenagem (0 a 5°C)*; 9. Regeneração/Aquecimento; 10.Montagem 11.Servir Fonte: Gastronomy Lab Assessoria e Consultoria em Cadeia Produtiva de Alimentos & Tecnologia PROGRAMAÇÃO DE CURSOS BPF - Boas Práticas de Fabricação - 20h Turma 1: 26 a 30 de março / 18:30h às 22:00h Turma 2: Sábados 24/03 à 14/04 - 08:00h às 13:00h Instrutor: Vinicius Rodrigues, MSc. Investimento: R$ 90,00 - 2x R$ 45,00 APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle 20h Turma 1: 09 a 13 de abril / 18:30h às 22:00h Turma 2: Sábados 21/04 à 12/05 - 08:00h às 13:00h Instrutor: Tiago Vasques, Esp. Investimento: R$ 120,00 - 3x R$ 40,00 CORPO EDITORIAL: CONTATO: Carlos Brasil — Técnico em Qualidade; Carlos Brasil Frederico Lemos — Eng. de Alimentos, Esp. Frederico Lemos Tiago Bastos Vasques — Eng. de Pesca, Esp. Tiago Vasques EDITOR CHEFE: Vinicius Rodrigues Vinicius Rodrigues — Médico Veterinário, MSc. E-mail: [email protected] PARCEIROS: UFC (85) 9146.9660 (85) 9146.9201 (85) 9146.3707 (85) 9146.3052