Versão em PDF - Cocamar Jornal De Serviço

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Pá g . 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3
EXPANSÃO
Cocamar inaugura sua
unidade em Presidente Prudente (SP)
Evento no último dia 21 contou com a
presença de mais de 300 agropecuaristas
do município e região, além de
autoridades e outros convidados
Em um evento realizado
no último 21 no Restaurante Guaíba em Presidente
Prudente (SP), com a participação de mais de 300 pecuaristas e agricultores do
município e região, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial fez uma inauguração simbólica de sua unidade de atendimento na ci-
dade, situada na Av. Coronel José Soares Marcondes,
4.862, onde começou a operar no dia 24.
Na oportunidade, o presidente Luiz Lourenço, o vicepresidente José Fernandes
Jardim Júnior e o superintendente de Negócios, José Cícero Aderaldo, fizeram uma
Prestigiamento demonstra a boa
receptividade dos produtores em
relação a chegada da cooperativa
“Estamos muito confiantes ao
escolher Presidente Prudente como
a porta de entrada de nosso projeto
de expansão fora do Paraná.
A Cocamar chega para apoiar os
produtores, oferecendo produtos
agropecuários de alta qualidade
e a preços competitivos”
LUIZ LOURENÇO, presidente da Cocamar
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apresentação da cooperativa,
que está completando 50
anos em 2013. Segundo Lourenço, Presidente Prudente
foi escolhida para ser a porta
de entrada do projeto de expansão da cooperativa no
Estado de São Paulo. Com
54 unidades operacionais
nas reuniões Norte e Noroeste do Paraná, onde atende cerca de 12 mil produtores associados e 25 mil
clientes, a Cocamar está entre as principais organizações cooperativistas do país,
com faturamento estimado
em R$ 2,5 bilhões este ano.
PRODUTOS - Sob a gerência
de André Longen e uma
equipe de dez colaboradores,
a unidade opera na comercialização de insumos agropecuários - rações, produtos
veterinários, fertilizantes, sementes, defensivos, madeira
tratada, implementos, filtros,
pneus e lubrificantes. A
linha de néctares de frutas
“Purity”, produzidos pela cooperativa, também integram
o portfólio. “Queremos crescer em Presidente Prudente”, afirmou o presidente
da Cocamar, que é reconhecido no país como um dos
maiores defensores do sistema de integração lavoura,
pecuária e floresta (ILPF), o
qual considera “uma revolução sustentável do agronegócio”.
Ao evento do dia 21 compareceram o deputado estadual
Ed Thomas, o secretário de
Desenvolvimento Econômico
Aristeu Santos Penalva de
Oliveira, representantes da
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (Cati), coordenadores da Unoeste (instituição parceira da Cocamar),
e outros. Entre os pecuaristas, alguns já tradicionais
clientes da cooperativa, como
Antonio Renato Prata, Laudério Leonardo Bottigeli e Henrico Cesar Volpon.
“A presença da Cocamar em Presidente Prudente é uma
conquista e todos podem estar certos que a sua história
aqui será um grande sucesso”
ARISTEU SANTOS PENALVA DE OLIVEIRA, secretário de
Desenvolvimento Econômico do município
“Nossos cumprimentos aos diretores da Cocamar por escolherem
nossa cidade para sua incursão no Estado de São Paulo, um
lugar de grande potencial. Vocês escolheram certo”
ED THOMAS, deputado estadual
“Sou cliente da Cocamar há muitos anos. Aliás, sou um
propagandista da Cocamar e de seus produtos”
ANTONIO RENATO PRATA, agropecuarista
“Quem traz boas sementes para esta terra, só tem a colher.
Ficamos muito contentes com a presença da Cocamar”
LAUDÉRIO BOTTIGELI, empresário e agropecuarista
Ao lado, a fechada
da unidade, situada em
local de fácil acesso na
Avenida Coronel José
Soares Marcondes, 4.862.
Nas fotos acima,
personalidades presentes
ao evento e a equipe
de colaboradores
Jornal de Serviço Cocamar
J unho 2013 - Pág. 4
mercado
RETOMADA
“Atender à demanda nutricional por
alimentos projetada pela FAO é
uma missão impossível.”
ANTÔNIO LÍCIO, economista e consultor
Em recente relatório, o USDA diminuiu um pouco a sua
previsão para a produção mundial de soja, milho e trigo,
mas os cortes que fez foram considerados tímidos e, segundo entendidos, não ameaçam a perspectiva de crescimento em relação à última safra (2012/13).
Mais milho
De acordo com o órgão, a produção mundial de milho
pode chegar a 962,6 milhões de toneladas, uma redução
de 0,34% ante a estimativa divulgada em maio. A projeção para os estoques finais também caiu, 1,8%, para 151,8
milhões de toneladas. Ainda assim, trata-se de um aumento de 11,4% na produção e de 22,1% nos estoques,
quando comparados aos da safra anterior.
REDUÇÃO - O USDA reduziu em 0,95%, a 355,7 milhões
de toneladas, sua estimativa para a nova safra americana de milho. Ainda assim, o número indica um aumento de quase 30% ante a colheita anterior e 6,9%
sobre a produção recorde de 2011/12.
ESTOQUES - Os estoques americanos de milho somarão
49,52 milhões de toneladas ao fim da safra - 3% abaixo
da estimativa de maio, mas 153% maiores que o volume
remanescente da safra anterior.
Menos soja
O relatório do USDA foi praticamente neutro para a soja.
De acordo com o USDA, o mundo deve colher 285,3 milhões de toneladas no próximo ciclo, apenas 200 mil a
menos do que o previsto em maio. O volume representa,
porém, um crescimento de 6,6% ante a safra anterior.
CORTE - O USDA também reduziu, em 1,69%, para 73,69
milhões de toneladas, a projeção para os estoques finais
mundiais da safra 2013/14. O corte deveu-se a um ajuste
nos estoques remanescentes da safra passada, reduzidos
em 1,93%. Apesar disso, o volume ainda representa uma
alta de 20,4% ante o de 2012/13.
92,26 milhões de toneladas, é a projeção
85
para a produção americana.
milhões de toneladas é quanto o
Brasil deve produzir.
Oferta ainda está
aquém da demanda
Com a oferta global de alimentos crescendo em níveis
aquém da demanda, o papel de regular o consumo de
alimentos para uma parcela relevante da população
mundial será exercido pelos preços mais elevados. Esta
é a perspectiva de Antonio Lício, economista e consultor
do Fórum do Futuro, entidade ligada ao ex-ministro da
Agricultura Alysson Paolinelli. “Atender à demanda nutricional por alimentos projetada pela FAO [a Agência
para Agricultura e Alimentação da ONU] para essa década é uma missão impossível”, afirma Lício, referindose ao relatório em que a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a FAO estimam
que a produção global de alimentos teria de aumentar
20% até 2015 para atender à crescente demanda. O Brasil
teria de contribuir com 40% desse crescimento, projetava
o estudo em 2011.
Volumes de
grãos estão se
recompondo
no panorama
internacional,
o que arrefece
os preços
183
milhões de hectares
precisariam ser
incorporados ao
processo produtivo
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AMPLIAR - Pelas contas do economista, o mundo precisaria
ampliar a área plantada com os principais grãos – milho,
arroz, trigo e soja – em 183 milhões de hectares até 2020
para satisfazer a demanda. Esse avanço contempla, ainda,
um incremento de produtividade de 20%, conforme o modelo economométrico criado por Antonio Lício.
A questão é que, na avaliação do economista, os 183 milhões de hectares não serão alcançados, e muito menos com
um crescimento de produtividade da ordem de 20%, uma
vez que a curva de incremento de produtividade vem se
desacelerando nos últimos anos, segundo ele. A perspectiva
esmiuçada por Lício também leva em conta um argumento
histórico. “Nunca na história o mundo aumentou a área plantada com grãos em mais de 84 milhões de hectares em uma
década”, diz.
SALTO - No que diz respeito à produtividade, a estimativa
feita por Lício não é consensual. Em suas projeções, o De-
partamento de Agricultura dos EUA (USDA) prevê que a
produtividade do milho no país saltará 20,3% entre as safras2011/12 e 2020/21, de 9,35 toneladas por hectare para
11,25 toneladas por hectare.
Trata-se de um avanço significativo para uma agricultura
como a americana, que já atingiu níveis de produtividade
elevados. Para efeito de comparação, a Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab) prevê que o Brasil colherá 4,9 toneladas por hectare de milho na atual afra, a 2012/13.
POTENCIAL - Lício estima, ainda, que o Brasil tem potencial
para ampliar a área plantada em até 56 milhões de hectares,
mas apenas 20 milhões seriam acrescidos até 2020, dado o
atual ritmo de ampliação da área plantada. Do potencial
total, o economista diz que 20 milhões de hectares viriam
do aumento do plantio da safra de inverno, 21 milhões de
áreas que hoje são pastagens e apenas 6 milhões com a
abertura de novas áreas.
“Nunca na
história o mundo
aumentou a área
plantada com
grãos em mais
de 84 milhões
de hectares em
uma década”
Produtor tem mais recursos a juros controlados
Ao todo, os produtores rurais terão R$ 136 bilhões
para financiar o investimento, o custeio e a comercialização da produção
agropecuária em 2013/
2014, segundo prevê o
Plano Agrícola e Pecuário
anunciado pelo governo federal no início de junho. O
aumento é de R$ 21 bilhões,
ou 18%, em relação ao montante disponibilizado no ano
anterior.
O governo também ampliou a fatia dos recursos
com juros controlados. A
previsão é que R$ 115 bilhões sejam oferecidos com
juros de, no máximo, 5,5%
ao ano – estáveis em relação
ao ano anterior. Trata-se de
um acréscimo de R$ 22 bilhões, ou 34% em relação
aos R$ 93 bilhões do último
ano. Com isso, a participação dos financiamentos com
juros controlados no Plano
Safra cresceu de 80,7% para 85%.
O Plano Safra também viu
cresceu a fatia dos recursos
para investimentos em máquinas, irrigação e armazenagem. A previsão é que
sejam liberados R$ 38,4 bilhões para esse fim, R$ 10,1
bilhões ou 35,7% a mais do
que no plano anterior. Se
todo o dinheiro for empenhado, a participação do investimento no financiamento agrícola subirá de
24,6% para 28,2%.
Em relação ao Programa
ABC (Agricultura de Baixo
Carbono), o limite de financiamento passou de R$ 1
milhão para R$ 3 milhões
por produtor ao ano. O total
de recursos passou de R$
3,4 bilhões para R$ 4,5 bilhões.
R$ 700
milhões foram
reservados para o
seguro rural,
alta de 75% ante
os R$ 400 milhões
da safra passada
Foram oferecidos R$ 38,4 bilhões para
investimentos, 35,7% a mais que no plano anterior
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Laranja/greening
Eliminar as árvores doentes
Eventos realizados pelo governo do Estado
em Paranavaí e Londrina chamam atenção
para o rápido avanço da enfermidade
Região I Marly Aires - “Os citricultores paranaenses têm a
chance de aprender com o
erro dos outros.” A afirmação
foi feita pelo pesquisador do
Fundecitrus (Fundo de Defesa
da Citricultura), Renato Bassaneze, durante reuniões técnicas promovidas pelo governo do Estado em Paranavaí e Londrina, nos dias 14 e
20 de junho. O tema foi a pre-
venção ao greening, doença
que afeta 2% dos pomares de
laranja da região Noroeste do
Paraná, mas supera os 6,91%
no Estado de São Paulo.
Citando dados de pesquisas
realizadas pelo Fundecitrus
por dois anos com vários
tipos de “coquetéis” de nutrientes e podas em árvores
afetadas pelo greening, Re-
Controle regional em conjunto
O pesquisador do Fundecitrus também abordou a importância do monitoramento da doença e do psilídeo no pomar
e do controle regional feito pelos produtores de forma conjunta, prática já adotada pelos citricultores da região da Cocamar, com bons resultados. Sem um controle regional
conjunto, o psilídeo, que migra constantemente e a longas
distâncias, se desloca de um pomar para outro, encontrando áreas de refúgio e reinfestando os pomares, de
forma mais rápida, demandando controles cada vez mais
frequentes, aumentando os custos de produção.
De acordo com o especialista, é preciso monitorar o desenvolvimento vegetativo da planta e a presença do inseto
vetor usando principalmente as armadilhas adesivas,
entre os vários recursos disponíveis, colocando-as a cada
500 metros na periferia do pomar. As armadilhas devem
ser verificadas a cada sete dias e trocadas a cada 14 dias.
“É fundamental treinar bem os inspetores”, orientou.
nato disse que o resultado foi
zero: nenhum programa nutricional aumentou a produção de citros nestas plantas
ou eliminou a doença. “Não
há forma de controlar ou
matar a bactéria se já estiver
instalada dentro da planta”,
garante. Nos experimentos,
segundo ele, ficou constatada
a voracidade da doença:
mesmo com um controle de
85% a 90% do psilídeo [o inseto que propaga o greening],
a doença aumentou de 30% a
90% em 18 meses.
Em outro experimento, o
número de plantas doentes
saltou em média de 2% de
cada parcela para 8% em
dois anos, mesmo com o controle do inseto. No bloco em
que não se aplicou o inseticida, o aumento foi de 2%
para 14%. Na avaliação da severidade, o avanço foi de 2%
para 35%, ou seja: a doença
saiu de um ramo e tomou
cerca de um terço da planta.
Os eventos foram promovidos pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento
(Seab), por meio da Adapar,
Instituto Emater e Instituto
Agronômico do Paraná
(Iapar), com apoio das cooperativas Cocamar, Integrada e
Cocari, empresa Citri, Sistema Faep e Fundo de Defesa
da Citricultura (Fundecitrus).
“Coquetéis” não dão resultado
Adotar os “coquetéis” de nutrientes, que virou moda
entre produtores do Paraná e de São Paulo, ou apenas
podar as plantas doentes não vai resolver o problema,
alertou o engenheiro agrônomo e gerente de Produção
Agrícola da Cocamar, Leandro Cezar Teixeira. “A pesquisa mostra que quando aparece o sintoma na primeira
folha, 100% das raízes já estão contaminadas e 40% delas
já foram perdidas. Podar laranja só esconde os sintomas.
É difícil para o produtor eliminar a planta imediatamente,
mas se não fizer, vai inviabilizar a produção”, afirmou.
Leandro ressaltou que foi justamente esse o programa
adotado pelos citricultores no estado da Flórida (EUA),
além do controle químico do psilídeo, inseto transmissor
da bactéria que causa a doença. E lá, a doença já fugiu
ao controle. A produção caiu 43% desde 2004, quando a
enfermidade foi identificada, passando de 242 milhões
de caixas para 138 milhões em 2013.
Neste ano, a queda de frutos tem assustado. Normalmente fica entre 5% e 9%, devido às geadas ou furacões.
Mas em 2013, mesmo sem aqueles problemas, a queda
de frutos é de 18% em média, grande parte em função
do greening. Há propriedades com 30% de queda e talhões que chegam a 90% de perdas. “Todos dizem que
se fosse possível voltar atrás, a opção seria a erradicação
das plantas doentes”, afirmou o gerente.
A Cooperativa CPI, um dos poucos grupos nos Estados
Unidos que adotaram a erradicação e manejo próximo ao
da Cocamar, é que vem conseguindo conviver com o
grenning. Das 110 mil plantas eliminadas, somente 400
das replantadas voltaram a apresentar o problema, o que
mostra que o manejo está certo, ressaltou Leandro. “Os
produtores precisam entender que estamos no caminho
certo. O manejo adotado no Paraná deve se intensificar.
Quem adotar medidas paliativas, em dois ou três anos
vai ficar sem pomar”.
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café
A estufa é uma boa
Pequeno produtor de Terra Boa usa uma estrutura assim
para secar café, mantendo-o protegido; a ideia ele trouxe
de uma viagem que fez ao Norte do Estado
pio de Terra Boa, a 50km
de Maringá.
Os Sanches não apenas
conseguem sobreviver do
café como são uma referência no assunto. O produtor
José Aparecido, 50 anos,
conta com a ajuda da esposa Márcia, de uma filha e
da mãe para ajudá-lo a cuidar do cafezal, que é condu-
zido com técnicas atuais.
Eles possuem a propriedade desde 1982.
Desde o ano passado, o
café que antes ficava depositado num terreirão para a
chamada “seca”, passa por
um tanque e vai direto para
uma estufa, onde a secagem é feita de forma tranquila e sem imprevistos.
Em 2011, o café da família
foi eleito o terceiro melhor
no concurso Qualidade Café
Paraná, organizado pelo governo do Estado, categoria
pequena propriedade; em
2012, o produto ficou entre
os cinco primeiros. Por três
vezes, José Aparecido foi
buscar o troféu de primeiro
lugar no concurso de qualidade promovido pela Cocamar.
(Colaboração: Marcelo Empinotti, gerente da Cocamar/Terra Boa)
p
Terra Boa I Rogério Recco Há cafeicultores que, em
momentos de preços em
queda, praticamente desistem do produto, optando por
outros negócios. Mas há
também os que, mesmo enfrentando um período adverso, não entregam os
pontos. É o caso da família
Sanches, dona de um sítio
de seis hectares no municí-
“O produtor José
Aparecido Sanches
maneja grãos de café:
“A gente se vira do
jeito que pode”
Café sai quase de graça
São 14 mil pés no total, dos
quais apenas dois mil em
produção este ano. O restante
só vai dar colheita em 2014,
ano de safra grande no Brasil, quando a família sonha
alcançar a média de 35 sacas
por hectare. Se o tempo ajudar e tudo correr bem, os
Sanches calculam tirar da
roça o equivalente a 210
sacas beneficiadas. Se fosse
hoje, com a saca cotada a R$
276,00, a família faturaria
R$ 58 mil - média de R$ 4,8
mil ao longo de doze meses -, praticamente livres.
O custo da cafeicultura se
dilui porque é custeada por
uma criação de suínos que
eles mantêm no sítio. E também porque toda a mão de
obra é familiar. Se dependessem de trabalhadores
para a colheita e os serviços
manuais, pelo menos 40%
do lucro seriam comprometidos.
“A gente se vira do jeito que
pode”, diz José Aparecido,
que trabalha também como
pedreiro na cidade. Quando
ele está fora, o cafezal fica
por conta das mulheres. “A
gente sempre gostou do
café”, diz a esposa Márcia,
que acha tempo, em companhia da sogra, para produzir
pães caseiros e doces, vendidos sob encomenda.
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Curiosidade e técnicas simples
José Aparecido Sanches
se diz um produtor interessado em novidades
que o ajudem a aprimorar-se. Segundo ele, para
ter um cafezal produtivo
é preciso investir em
adubação correta, mantendo-o bem nutrido e
com práticas culturais
adequadas. O cafezal
mais jovem, por exem-
plo, ele conserva protegido do sol e da geada à
sombra de arbustos de
feijão guandu – leguminosa que mais tarde é incorporada ao solo.
A colheita é feita derrubando os grãos na peneira ou em um pano,
evitando o contato dos
mesmos com o solo.
A família mantém o café como a sua principal atividade: meta é obter
média equivalente a 35 sacas beneficiadas por hectare em 2014
Cuidado especial é dedicado principalmente à
fase de secagem dos
grãos, que são levados
para o terreiro e imersos
em um tanque água, para
separação dos chamados
“boias” – mal granados
ou já secos. Com isso, a
família trabalha com três
tipos de grãos colhidos:
os maduros, os ainda verdes e os “boias”, que secam em separado e com
manejos diferentes.
O diferencial dos Sanches é que, diferente da
grande maioria dos cafeicultores, eles utilizam
uma estufa para secar os
grãos. “Aqui a safra fica
protegida da chuva, do
sereno e dos animais”,
afirma José Aparecido. A
ideia ele trouxe de uma
viagem a Cornélio Procópio. “Solução simples, barata e eficaz”, resume.
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integração
O primeiro a acreditar na braquiária
que o agropecuarista Paulo explica. Ele conhece o areRoberto Guerra Carvalho nito há mais de 30 anos,
desistisse de um projeto dos quais quase a metade,
ambicioso. Observando que 13, trabalhando com um
a camada superficial de sistema inovador e sustenareia é sucedida por outra tável: a integração lavoura
mais argilosa, ele percebeu e pecuária.
que quando a água infiltra,
passa rapidamente pela
Preocupado com as conareia e escorre sobre a ar- sequências do manejo do
Cafeara I Marly Aires – Às gila, podendo carregar solo que fazia no passado,
margens do Rio Paranapa- areia. Por isso, o produtor Paulo lembra que estava
nema, a propriedade de 811 entendeu que “era preciso em busca de soluções
hectares, situada no muni- ter palha, cobertura para quando ouviu falar do tracípio de Cafeara, possui um segurar e proteger o solo”, balho com integração latipo de solo suscetível à
erosão: o arenito caiuá. E,
como qualquer outra na re“Era preciso ter palha,
gião, é castigada por altas
temperaturas no verão e o
cobertura para segurar
risco iminente de veranicos.
e proteger o solo”
O agropecuarista Paulo Roberto Guerra
Carvalho saiu na frente, há 13 anos,
quando foi orientado a utilizar
braquiária ruzizienses para fazer
integração lavoura e pecuária em
solo do arenito caiuá
O produtor insistiu
na busca de
uma solução
Mas nada disso fez com
voura e pecuária desenvolvido pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar)
desde 1996. E orgulha-se
de ter sido o primeiro
agropecuarista do Estado
a fazer a integração a partir do cultivo de braquiária, seguindo as orientações do engenheiro agrônomo Sérgio José Alves,
pesquisador daquela instituição.
“O preparo convencional
do solo é problemático.
Chuvas acima de 60 milímetros em um dia ou mais
de 20 dias de estiagem
podem causar um estrago
total sem o manejo correto
do solo e essas duas situações fazem parte do histórico da fazenda”, cita.
Cultivo de grãos e
números que dizem tudo
Atualmente a propriedade é um modelo em integração.
O mesmo número de bovinos que antes colocava em toda
a propriedade, é mantido em menos da metade da área,
com a vantagem do agropecuarista produzir mais de 12
mil sacas de soja por ano, em média, e engordar o gado
em um período em que normalmente faltariam pastagens, como o inverno.
Os rebanho nelore vem sendo substituído pelo cruzamento industrial (Bonsmara e Angus), e os números
falam por si: o intervalo de parto foi reduzido para menos
de um ano, houve aumento da taxa de natalidade para
83% e a mortalidade caiu para 1,5%. A estação de monta
é restrita a três meses, com inseminação artificial e indução do cio. Ele abate com menos de dois anos de idade,
quando a media regional é de três anos e meio. A taxa
de desfrute é de 30% em média, enquanto a do país é de
18%.
Para Paulo, o produtor tem que integrar as duas atividades (pecuária e produção de soja) e manter o solo coberto o ano todo. “Não consigo imaginar uma propriedade
no arenito sem integração. Lavoura e pecuária junto é
um sistema que nunca dá prejuízo”, assegura.
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Busca constante por melhores resultados
O produtor conta que está
sempre fazendo adequações
no sistema de integração, buscando o melhor resultado. Da
área total, atualmente, 65%
são ocupados com soja no verão e o restante com pasto. No
inverno é tudo pasto. As áreas
de soja e pastagem estão sempre em rotação. Cada duas colheitas de soja são intercaladas
com 30 meses de pastagem.
A partir desse ano começa a
reduzir a área de soja, mantendo a pastagem por 42 meses, visando aumentar o nível
de matéria orgânica no solo. “A
produtividade de soja no arenito está diretamente ligada
com a matéria orgânica colocada no solo”, afirma Paulo.
Quando deixava pastagem por
30 meses, não adubava. Como
vai aumentar para 42 meses,
ele vai ter que adubar no segundo ano para garantir sustentação ao pasto, que produz
em média 900 quilos de carne
no primeiro ano da pastagem
e 450 quilos no segundo, produtividade seis vezes maior
que a média do país.
“É preciso fazer um planejamento forrageiro para não explorar muito a braquiária no
inverno, mas deixar formar
palha para a soja, buscando
sempre o equilíbrio entre a
quantidade de boi e palha para
o solo no sistema”, comenta.
Por isso, no verão o produtor
coloca de 3,5 a 4 unidades animal (UA) por hectare e no inverno de 1,7 a 2,5 UA/ha,
fornecendo cana quando a estiagem é mais longa.
Na área de pastagem fixa,
Paulo opta por braquiária MG5,
que tem boa digestibilidade e é
mais tardia, produzindo pasto
por mais tempo, o suficiente
para que a braquiária ruzizienses chegue ao ponto, no inverno. Outras pastagens precoces param de crescer bem
antes. A MG5 ainda possui de
12% a 14% de proteína, permitindo que os animais engordem
de 650 a 700 gramas/dia.
Paulo diz que a disposição
dos piquetes de pastagem em
formato de pizza, não funciona.
Seus piquetes são quadrados,
e ele explica que a preocupação é sempre com o controle
de erosão.
O produtor coloca em média de 1,7 a 2,5 UA por hectare no inverno
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opiniões
“A orientação da Cocamar no sentido de parcelar
sua comercialização, tem permitido ao produtor
participar desses ganhos no momento”
JOSÉ CÍCERO ADERALDO, superintendente de Negócios da Cocamar.
A seu ver, se levar em conta a segurança em relação ao lucro,
o agricultor pode fazer neste momento a venda de ao menos uma
parcela de seu estoque que já tem um custo conhecido
“Quando iniciamos o trabalho com o primeiro núcleo
em Floresta, em 2005, o percentual de cooperadas
em toda a cooperativa era de 6%. Atualmente elas
são 13% e participam ativamente”
CECÍLIA ADRIANA DA SILVA, coordenadora de Relação com o
Cooperado, da Cocamar, falando sobre os núcleos femininos,
que envolvem atualmente 620 participantes
“Entre efeitos negativos e
positivos, o produtor brasileiro
deve ser beneficiado”
GERALDO BARROS, professor da Esalq/USP,
justificando que a alta do dólar vai se converter em
negócios um pouco mais lucrativos no momento
em que os valores dos produtos cotados na moeda
dos EUA forem convertidos em real
“Escolhemos Presidente
Prudente como a porta de
entrada de nossa expansão
no Estado de São Paulo”
LUIZ LOURENÇO, presidente da Cocamar,
quando da inauguração da unidade
no município, no dia 21/6
“O Brasil precisará aumentar investimento
para ter potencial de crescimento”
Henrique Meirelles afirmou que para o Brasil crescer de forma
sustentável é necessário melhorar os gargalhos na infraestrutura.
disse, ressaltando, no entanto, que o setor está, de fato, crescendo
a produtividade e esta fazendo isso de forma consistente.
“Pretendemos transformar o Paraná em um produtor
expressivo de borracha natural, atraindo indústrias
de beneficiamento e transformação que agreguem
maior valor ao produto”
NORBERTO ORTIGARA, secretário de Agricultura e do Abastecimento (Seab) do Estado
do Paraná, ao anunciar a novidade na Expoingá 2013. Ele informou que o governo
estadual vai subsidiar em 50% a aquisição de mudas aos produtores
Jornal de Serviço Cocamar
J unho 2013 - Pág. 14
geral
Detalhe do movimentado est ande da Cocamar na Expoingá 2013, uma das mais impor tantes exposições agr opecuárias do Sul do País, r ealizada de 9 a 19 de maio no
Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeir o, em Maringá
Na Expoingá, a Cocamar promoveu evento em parceria
com a Sociedade Rural de Maringá sobr e integração
lavoura, pecuária e flores ta
Presente na aber tura
oficial da feira, o
vice-presidente
da República, Michel
Temer, visia es tande
do Centro Nacional
de Pesquisa de Soja,
da Embrapa, onde
saboreia bebida a
base de soja “Purity”,
da Cocamar. Na foto,
em diálogo com o
pesquisador Amélio
Dallagnol.
Sicredi União PR homenageia Cocamar,
durante a Expoingá, pela passagem
de seus 50 anos. Na foto, a par tir da
esquer da: José Fernandes Jardim Júnior,
Divanir Higino da Silva e Luiz Lour enço,
respectivamente vice-presidente,
diretor-secretário e presidente da Cocamar,
ao lado de Wellington Fer reira, presidente
da cooperativa de crédito, e
Wilson de Mat os Silva Filho, pr esidente
da Sociedade Rural de Maringá
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 1 5
Governo do Estado vai subsidiar seringueira
O Governo do Estado, por
meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento,
vai subsidiar 50% do custo
da muda de seringueira
para incentivar o plantio
nas regiões Norte e Noroeste, onde a espécie é recomendada e pode gerar
mais renda para o produtor
com a exploração do látex.
O mercado para o produto
está aquecido. Só a Sumitomo, empresa japonesa de
pneus, que irá inaugurar
em outubro próximo uma
fábrica no município de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de
Curitiba, precisará de 15
mil hectares de seringueira
plantada para suprir a capacidade de produção da
unidade. A indústria foi
atraída para o Estado pelo
programa Paraná Competitivo.
PLANO - O Plano de Apoio
ao Plantio da Seringueira foi
anunciado pelo secretário
Norberto Ortigara, durante a
Expoingá em Maringá. A
iniciativa tem parceria da
Cocamar, que vai processar
a matéria-prima e oferecer a
borracha para as indústrias.
“É uma boa alternativa de
geração de renda e de desenvolvimento sustentável ao
pequeno e médio produtor”,
avalia Ortigara.
No prazo de 10 a 12 anos,
o projeto prevê o plantio de
35 mil hectares de seringueiras no Estado, para
atender a demanda que está
sendo gerada no Paraná e
estados como São Paulo e
Rio Grande do Sul. Há espaço ainda para exportação
porque o mercado mundial
está aberto para comprar a
borracha.
Na implantação da cultura, o produtor tem um custo avaliado em R$ 7 mil por
hectare. Deste total, 50% correspondem ao investimento em mudas. Entre o 6º ou
7º ano a árvore entra em processo de produção, e quando atinge 10 anos passa
a produzir de 600 a 800 gramas de látex, que proporciona uma renda média de
R$ 1.100,00 por hectare/mês. A seringueira é explorada durante 10 meses do ano
Pá g . 1 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3
socioambiental
Projeto Cultivar será ampliado para Rolândia
Doze colaboradores contratados
junto a APAE vão atuar na produção
de mudas de eucalipto
Região I Da Redação - Em
2006 foi criado em Maringá
um dos mais importantes e
premiados projetos de responsabilidade socioambiental da Cocamar, cujo objetivo é promover a inserção
social e atender as necessidades ambientais. Surgiu
de uma parceria entre a cooperativa, a APAE - Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais de Maringá e
o IAP – Instituto Ambiental
do Paraná, com a proposta
de produzir de mudas nativas para a recuperação da
mata ciliar.
A ideia se encaixa com o
modelo cooperativista,
pois é mais uma forma de
atender ao cooperado, auxiliando-se no reflorestamento de sua propriedade,
atendendo corretamente a
legislação. Outro ponto primordial é a possibilidade
da utilização da mão de
obra com deficiência intelectual, pois a APAE e a
Cocamar viram nesta parceria, além da possibilidade da cooperativa
atender a Lei de Cotas,
uma oportunidade de as
pessoas ingressarem no
mercado formal de trabalho.
Jaqueline Almagro Xander, 23, está no Projeto há 5
anos e conta que gosta do
que faz. “Acho muito bom, é
uma ótima iniciativa da Cocamar. Com meu salário já
comprei celular, computador, fui para praia e ainda
quero comprar um notebook e fazer vestibular para
cursar Agronomia” – contou
a colaboradora.
Há dois anos o Cultivar
tem o apoio da multinacional Bayer Cropscience, por
meio do Projeto Integração,
o que possibilita a aquisição
de uniformes e novos materiais. E, também, conta com
o serviço de uma assessoria
técnica especializada, a Flora Londrina, melhorando
gradativamente a qualidade
da produção das mudas.
Ainda em 2013, a iniciativa será ampliada para a cidade de Rolândia, onde
mais 12 colaboradores foram contratados para a produção de mudas de eucalipto. Assim, além da preservação, haverá a possibilidade de geração de renda
ao produtor. A ideia dessa
expansão veio da necessidade de levar um projeto de
responsabilidade social à
Região III da Cocamar, pois
sendo uma área nova da
cooperativa, ainda não é
contemplada com projetos
assim. (Colaboração: Raquel
Zavatin)
Parceria com a
APAE permitiu
o ingresso de
alunos da
instituição no
mercado de
trabalho
2006
É o ano de
fundação do
projeto, que tem
recebido vários
prêmios
Pá g . 1 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3
mulheres
Número de cooperadas subiu
de 6% para 13% em oito anos
Detalhe do encontro, que
reuniu representantes de
todas as regiões de atuação
da cooperativa
Cocamar sediou no dia 20, em Maringá, o Encontro Anual do Núcleo Feminino, com 480 participantes
Maringá I Marly Aires - Cada
vez mais inseridas na administração da propriedade rural e no dia a dia da Cocamar,
as mulheres têm marcado
presença em eventos técnicos
da cooperativa, sendo os núcleos femininos os principais
canais para estas atividades.
O que antes era incomum,
mulher em dia de campo,
agora virou rotina. Interessadas, elas perguntam, buscam informações e, quando
demandadas, mostram que
estão preparadas para o desafio.
CRESCIMENTO - “Só temos
motivos a comemorar”,
afirma a coordenadora de Relação com o Cooperado, Cecília Adriana da Silva, falando
da crescente participação feminina na Cocamar. “Quando
iniciamos o trabalho com o
primeiro núcleo em Floresta
[região de Maringá] em
2005, o percentual de cooperadas em toda a cooperativa
era de 6%. Atualmente elas já
somam 13% e participam ativamente”, destaca. Atual-
mente, os 25 núcleos mantidos em toda a região envolvem mais de 620 participantes.
No dia 20 de junho, cerca de
480 convidadas, entre cooperadas, esposas e filhas de
produtores associados, participaram em Maringá, na Associação Cocamar, do Encontro Anual do Núcleo Feminino. O evento visa intensificar o relacionamento entre
elas.
HOMENAGEM - Ao ressaltar
a importância da participação
feminina na gestão da propriedade e nos eventos da cooperativa, o presidente da
Cocamar, Luiz Lourenço,
citou como exemplo e prestou
uma homenagem à cooperada Maria de Lourdes Piazon, de Sabáudia, região de
Londrina.
Exemplos de participação
Começar a participar do núcleo feminino, em 2008, motivou
a produtora Ângela Cristina Gomes, de Floresta, a ingressar
como cooperada cerca de um ano após. Ela conta que ao se
envolver mais com as atividades da propriedade, viu a necessidade de participar da cooperativa e de buscar conhecimento nos dias de campo. “Antes não entendia porque meu
marido ia a tanto eventos da cooperativa e hoje participo de
todos com ele”, afirma.
Filha e esposa de cooperados, Giani Érica Gabriel Deganutti,
de São Jorge do Ivaí, tinha se associado há cerca de quatro
anos, mas reconhece que participava pouco. Foi a partir de
seu envolvimento com o núcleo feminino local, há três anos,
que passou a entender na prática o significado da palavra cooperação.
“Agora entendo mais sobre os negócios na propriedade e,
com meu marido, decidimos o que fazer”, diz a cooperada.
Com o tema “Anos Dourados”, alusivo ao cinquentenário da Cocamar, o encontro
contou com palestras, atividades de entretenimento, show
e sorteio de brindes.
Maria de Lourdes: homenagem
Giani: motivação
“Antes não
entendia porque
meu marido ia
a tanto eventos
da cooperativa
e hoje participo
de todos
com ele”
ÂNGELA CRISTINA
GOMES, de Floresta
Ângela: mais conhecimento
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 9
a imagem
Não bastam as pragas e as doenças.
Na agricultura, exposta
ao humores do clima,
cada dia pode ser uma história diferente
e o produtor nunca está tranquilo.
A lavoura vigorosa que hoje
promete uma boa safra,
amanhã pode estar no chão.
“Passou um vento forte e tudo se perdeu”,
lamenta José Rogério Volpato, de Ourizona.
E que vento! Precavido, ele havia feito seguro,
que vai cobrir pelo menos em parte
o custo de produção.
ponto de vista
Investir é preciso
Plano Safra prevê recursos
a taxas subsidiadas para
construção de armazéns
O cultivo de milho no inverno nos
legou uma condição, no mínimo, sem
precedentes. O produtor rural fez sua
parte, alcançou boas produtividades,
aumentou a produção do cereal, mas
não tem estrutura para armazená-la.
Para complicar, a produção de inverno
pode superar em 12% a de verão. As
duas colheitas produzem um volume
45% maior que o consumo doméstico
e cerca de 25 milhões de toneladas que
“sobram”, não são exportadas (sem espaço de mercado). Logo, vão para armazéns, mas há um dado assustador:
aproximadamente 35% da colheita de
época não têm abrigo!!
O Paraná precisa ampliar a sua capacidade de armazenamento em 30%. Os
armazéns são básicos, imprescindíveis.
Com o lançamento do Plano Safra
2013/2014, uma boa notícia: o governo
federal foca no tema e também no
médio produtor (com renda bruta anual
agropecuária de até 800 mil reais). Os
prazos podem chegar a até 15 anos,
com taxas médias anuais de 5,5% ao
ano.
Nesse contexto, os agentes financeiros têm um papel fundamental, destinando de forma rápida e segura os
recursos necessários. Em nosso município, na região norte do Paraná, já
temos projetos encaminhados ao Banco
do Brasil e outros em via de execução,
para financiamentos de armazéns/
silos, voltados ao médio produtor.
O crescimento da produção nacional
lança enormes desafios ligados à eficiência dos portos,infraestrutura e lo-
gística, fatores considerados problemáticos no País.
Investir é preciso... mas sustentar-se no
campo também é necessário!!!
JOELSON LUIZ MARQUES
Eng Agrôn.Unicampo/Sertanópolis (PR)
Jornal de Serviço Cocamar
J unho 2013 - Pág. 20
“Todos os anos trago minha
família. É muito gostoso.”
almanaque
MARCOS BARANDAS, produtor
Celebrando Santo Antônio há 60 anos
Homenagem ao popular santo casamenteiro
mantém a tradição de atrair grande
número de participantes
Ourizona I Cleber França Centenas de moradores de
Ourizona e região, no Noroeste do Estado, participam
todos os anos de uma festa
em louvor a Santo Antônio,
no salão da Capela Santo
Antônio, situada na comunidade que leva o mesmo
nome. A homenagem ao
santo casamenteiro é repetida há 60 anos consecutivos, mas desta vez só se
falou em São Pedro, que resolveu abrir as comportas
do céu. Choveu praticamente o dia todo. Mesmo
assim, ninguém arredou pé
da programação, que começou com missa.
Além de um churrasco,
assado em espetos de bambu, os participantes sabore-
aram leitoa e frango assados, nhoque de carne e
frango, salada, arroz e doces. Tudo do bom e do melhor. Depois do almoço, uma
dupla animou a festa, que
teve até um leilão de gado.
Os animais foram levados
em um caminhão ano 1951,
o mesmo desde as primeiras edições.
Nos bastidores, cerca de
60 voluntários trabalham no
preparo das comidas, o que
deu uma semana de serviço.
Toda a renda é revertida
para a paróquia. “Apenas a
cerveja e o refrigerante são
comprados; o restante é tudo doado pela comunidade”,
explicou um dos organizadores do evento, Gines Sanches Cavalcante.
No dia que antecede a
festa, a turma acorda por
volta das 3 horas da madrugada pra dar conta de tudo.
Para dona Maria Aparecida
Cavalcante, 66 anos, não é
nenhum sacrifício. “Ajudo a
preparar nhoque e outros
pratos já faz mais de 30
anos. É uma alegria contribuir para uma festa tão bonita e tão esperada”, disse,
completando: “Espero que
continue assim por muitos e
muitos anos”.
Se é bom para quem trabalha, imagine pra quem
vai festar. O agricultor Marcos Barandas, 42 anos, diz
que fica apetecido com a leitoa assada. “Todos os anos
trago minha família, é muito gostoso.” Já Valdir Dalosse, 53 anos, filho de um
dos pioneiros do município,
conta que se sente feliz ao
ver preservadas as raízes:
“A festa é mais antiga que a
própria cidade”.
Foi ali que seu Antônio
conheceu dona Laura
Comemorar Santo Antônio começou por iniciativa
dos pioneiros Manoel Nunes, Maria Martv Nunes,
Vergilio Dalosse, Zilda Nunes e Antônio Nunes, no
dia 13 de junho de 1953. Antônio Nunes, atualmente com 80 anos, lembra que mais de mil pessoas participaram. “Como naquele tempo era só
café por aqui, muitas famílias moravam nos sítios”.
Um toca discos animou o pessoal nas primeiras edições. “Como não tinha energia elétrica, um amigo
nosso de Maringá trazia um gerador. Depois vieram os cantores e tocadores ao vivo”.
Curiosamente, o santo casamenteiro agiu em
favor de seu Antônio. Nessa primeira festa ele conheceu sua futura esposa, dona Laura Bastida, hoje
com 79 anos. O santo casamenteiro começava a
atuar na localidade. Eles têm quatro filhas: Maria
de Lourdes, Sueli, Vera Lúcia e Elza. Todas casadas, deram nove netos aos pais.
Diversas famílias participaram das primeiras festas, entre as quais Leite, Rosada, Costa, Sanches,
Cavalcante, Bastida, Gazeta, Mulati, Mossato, Caruzo, Volpato, Crepaldi e Mantovani.
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 1
receita
Bolo três camadas
Gisele, esposa do cooperado Antonio Marcos Molina, de Paranacity, aprendeu a receita com mãe. A original tinha mais ovo e
um creme de suspiro, em vez de chantilly. Como nunca foi muito
fã de ovo, mas gostava do bolo, fez pequenas adaptações até
acertar a mão com essa delícia, que se tornou uma das sobremesas preferidas da família.
INGREDIENTES
Primeira camada
• 4 ovos
• 2 xícaras (chá) de açúcar
• 1 xícara (chá) de leite
• 1 colher (sopa) manteiga
• 2 ½ xícaras (chá) de
farinha de trigo
• 1 colher (sopa) de essência
de baunilha
• 1 colher (sopa) de fermento
em pó
Segunda camada
• 3 xícaras (chá) de leite
• 1 lata de leite condensado
• 3 colheres (sopa) de amido
de milho
• 2 gemas (opcional)
Terceira camada
• 1 caixa (200 g) de creme
tipo chantilly
• 1 lata de pêssego em calda
PREPARO
Bata os ovos com o açúcar, da primeira camada, até ficar uma
massa esbranquiçada. Ferva o leite com a manteiga e misture,
ainda quente, de forma alternada com a farinha. Acrescente a essência de baunilha e o fermento. Asse por 40 minutos a 200ºC.
Jogue toda a água do pêssego sobre o bolo ainda quente. Também pode esfarelar o bolo antes de molhar. Em uma panela, misture todos os ingredientes da segunda camada. Leve ao fogo
baixo mexendo sem parar até o creme engrossar. Retire do fogo
e jogue sobre o bolo. Faça o chantilly seguindo as instruções do
fabricante, deixando-o bem consistente. Espere o bolo esfriar e
cubra tudo com chantilly, decorando com o pêssego. Pode trocar
por morango, chocolate, coco ou outra fruta.
Cheia de histórias,
a velha venda resiste
Construída no início da
década de 1960, era uma
máquina de arroz. Depois,
quando o arroz foi deixando de ser cultivado nas
imediações, a estrutura
perdeu sua função. A freguesia, que nos tempos do
café era numerosa, também foi ficando escassa e
Seu Luiz, o dono,
já foi produtor
de café
o estabelecimento se tornou uma venda de beira
de estrada, bem próximo a
cidade de Terra Boa.
Quem cuida de tudo é o
seu Luiz, um ex-cafeicultor, que já foi cooperado
da Cocamar. Homem receptivo e bom de prosa,
que gosta de cultivar histórias, ele se recorda de
épocas de grande movimento, em que o povo
vivia nas propriedades ali
vizinhas.
A venda é repleta de uma
memória tão valiosa quanto os muitos objetos antigos ali guardados e importantes para resgatar a
história da agricultura paranaense.
Pá g . 2 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3
família do campo
Os Rossi escreveram sua história em Floraí
Atraídos pela oportunidade de fazerem um
pé de meia no Paraná, eles não pensaram
duas vezes em deixar o interior paulista,
no início da década de 1960, mesmo com
uma trinca de filhos pequenos
Floraí I Marly Aires - Vários
capões de mato ainda resistiam em Floraí, a 50km de
Maringá, quando Antonio
Rossi chegou ao município
em 1961. Mas o que encantava era a “floresta” de café
a perder de vista.
Atraídos pela possibilidade
de constituírem patrimônio,
Antonio e a esposa Aurora,
com cinco dos seus seis filhos, não pensaram duas vezes em partir para a nova
terra. A filha mais velha
tinha 12 anos e o mais novo
era recém-nascido.
“Disseram que eu não
tinha juízo por trazer filhos
pequenos para o interior do
Paraná, e que aqui era lugar de pistoleiro e assassino”, lembra Antonio. Em
Santa Cruz do Rio Pardo, região de Ourinhos, onde prestavam serviços como por-
centeiros em lavoura de café, o cafezal minguava.
“Aqui, a produção era três
vezes maior”, afirma.
Trabalhando como porcenteiros no sítio de um cunhado, Antonio e Aurora (falecida em 2007), tocavam
sozinhos seis mil covas de
café. E mesmo depois da
compra dos seus primeiros
10 alqueires em 1972, continuaram nesse ritmo. “Era
um tempo bom. Quem trabalhava duro, conseguia
comprar terra. Hoje está
muito mais difícil ganhar
dinheiro”, comenta o produtor.
O café foi mantido no sítio
até a geada de 1975. Outras
culturas vieram, a propriedade foi ampliada para 30
alqueires e Antonio ainda
possui outros cinco, onde
produz laranja.
Parte da família
reunida em uma
festividade no sítio
“Disseram que
eu não tinha
juízo por trazer
filhos pequenos
para o interior
do Paraná,
e que aqui
era lugar de
pistoleiro e
assassino“
Antonio e Aurora,
quando do casamento,
no interior de São Paulo,
onde trabalhavam
como porcenteiros em
lavouras de café
A turma toda
Dos seis filhos, os quatro homens - José Roberto,
Oscar, Caetano e Paulo (este o único que nasceu no
Paraná), continuam trabalhando com o pai e moram
na mesma propriedade. Já Ana Maria e Joana Eliza
casaram-se e seguiram seus destinos. Somando
tudo, Antônio tem 16 netos e nove bisnetos.
A rotina começava cedo
A rotina do casal começava antes do sol nascer. Enquanto a esposa preparava a comida para o dia, o marido
alimentava as criações de suínos, aves e gado e, ainda
na madrugada, as vacas eram ordenhadas.
Com a criançada, ambos desciam para a roça. Dona Aurora ia levando a cesta de comida na cabeça e, Antonio,
as ferramentas de trabalho. Os menores dormiam ou
brincavam debaixo dos cafés, enquanto os maiores tomavam conta ou ajudavam onde podiam. “Se alguém
conseguia segurar uma enxada, já começava a capinar”,
recorda-se o pai, que garante ele próprio ter começado a
trabalhar aos seis anos.
A esposa subia pouco antes de escurecer, para lavar a
roupa na mina, dar banho na criançada e fazer a janta,
assar pão, fazer queijo, linguiça e tudo o mais. Já o marido permanecia na labuta até quando conseguia enxergar alguma coisa. “Cansei de abanar café à luz do luar
ou com o lampião ao lado”, conta.
A mula “de 300 sacas”
Uma mula adquirida pela
família para puxar a carroça e ajudar no dia a dia
não estava entre as mais
bonitas, mas era boa como
poucas. “Não tinha melhor
para o trabalho”, diz Antonio Rossi. Esperta e dócil,
ela aprendeu fácil o serviço
e dispensava rédeas. O produtor só dava os comandos
e o animal obedecia. “Na
época, ela causa-va admiração na vizinhança e teve
gente que chegou a oferecer
300 sacas de café, mas en-
Bom de bola
jeitei”, conta.
Quando dona Aurora ia
embora mais cedo com as
crianças, subia com a carroça. Em casa, colocava a
mula de volta no carreador
e ela seguia sozinha até o
cafezal, onde Antonio a
aguardava. Um dia, distraído, o produtor deixou de
segurar a mula no carreador e o animal passou direto, só indo parar na
venda onde de vez em
quando o dono ia conversar
Apreciador de um jogo de futebol, Antonio Rossi não
dispensava uma partida de futebol nos finais de semana, sendo também um bom jogador. Seu apelido em
campo era “Jararaca”: era só a bola passar que ele dava
o bote.
Além disso, gostava muito de jogar bocha e baralho.
“Essa era a nossa diversão. Também tinha baile todo
final de semana, sempre em um sítio diferente”, recorda-se.
Antônio Rossi e parte da família:
trajetória é semelhante a de inúmeros
outros produtores que, oriundos de várias
regiões do país, ajudaram a desbravar
o sertão paranaense
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 3
com amigos, cinco quilômetros adiante.
A mula era também companheira na prestação de
serviço a terceiros, ajudando a arruar café. Na
época, o produtor desenvolveu um equipamento que
acoplou à “vaca” - espécie
de plaina usada para a
arruação, que permitia
fazer o serviço de três, cobrando mais por isso e
tendo demanda de sobra,
pela agilidade.
Encavalado
De cara com a onça
Antonio lembra que gostava de caçar quando sobrava
tempo, mas ser acossado por uma onça não foi das melhores experiências que já teve. Ele já havia observado muito
rastro e escutado o miado da bichana, o que era até normal.
Contudo, no dia que se viu frente a frente com a fera,
quando trabalhava sozinho no cafezal, o coração saltou à
boca.
Ao ver a dita cuja sair do mato e avançar em sua direção,
correu feito um doido por entre o cafezal, escondendo-se e
despistando o animal. Depois, lembra que ficou vários dias
bem assustado, colhendo o café
“com um olho na nuca”.
Em outra ocasião, enquanto trabalhava, escutou a algazarra dos
cachorros e, quando foi
espiar, acabou atropelado
por um veado que escapulia por entre o cafezal.
Na época em que ainda não contava
com a mula, era nas costas mesmo que
Antonio Rossi carregava as sacas “coronel”, de 120 litros de café. Um dia, pulando as perobas que ficavam jogadas
“de atravessado” no meio do cafezal com
uma saca com 100 litros de café nas costas, ele calculou errado a altura do
tronco e ficou “encavalado”. “Não ia para
frente, nem para trás. Tive que largar o
saco, passar ele primeiro e depois
pular”.
Pá g . 2 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3
registro
O MEMORIAL COCAMAR 50 ANOS, a ser inaugurado quando da celebração do aniversário de cinco décadas da cooperativa, foi idealizado
pelo muralista e artista plástico Antonio Rizzo e é fruto de parceria com o arquiteto Marcos Kenji. Natural de São José do Rio Preto (SP) e
radicado em Maringá, Rizzo, de 51 anos, já fez parte da equipe do legendário muralista paranaense Poty Lazarotto e é autor de vários
trabalhos na cidade - entre eles os murais da UniCesumar e do Tomazi Hotel –, diversos municípios do Paraná e de outros Estados.
CONHECER O ACERVO COCAMAR, repleto de objetos e documentos que ajudam a contar a trajetória de 50 anos da cooperativa, é uma
sugestão sempre bem acolhida por visitantes, estudantes e todos que desejam saber um pouco mais sobre a própria história da organização e
da agricultura regional. Seu coordenador é o artista plástico Reynaldo Costa, nascido em São Sebastião do Paraíso (MG), pioneiro de Maringá
(para onde foi trazido pela família em 1951) e desde meados da década de 70 integrante da equipe de colaboradores.
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 5
ambiente
De área degradada a modelo de conservação
A recuperação da mata já vem de longa data.
Há seis anos, o produtor iniciou um projeto
para transformar a área em espaço de lazer
e de conscientização à comunidade sobre
importância de preservação da natureza
Floraí I Marly Aires - O que
antes era uma área degradada, com voçorocas a perder de vista, o produtor
Lauro Fagan, morador em
Floraí, a 50km de Maringá,
transformou em um modelo
de conservação, com matas
recuperadas e uma trilha
ecológica usada para conscientizar a comunidade sobre a importância de preservar a natureza.
A voçoroca se formou numa
época em que não se fazia
curvas de nível e nenhum
qualquer trabalho de conser-
vação. Lauro conta que além
do solo ser arenoso, a propriedade fica numa espécie de
bacia, com água vindo de três
lados. “A que vinha da estrada, formou a maior cratera. O DER {Departamento
Estadual de Estradas de Rodagem} até fez barragem para
conter a água, mas não
aguentou”, conta. Depois que
foram criadas as microbacias
e construídas as curvas de
nível é que o problema foi,
enfim, resolvido.
A recuperação da mata já
vem de longa data, mas há
Onze alqueires de mata
Dos 53 alqueires da propriedade, 11 são ocupados com
mata, parte nativa e parte recomposta, ao redor da nascente do ribeirão Paranhos,
que deságua no Rio Ivaí.
“Considerando só a produção
de uma mina que existe aqui,
podemos dizer que somos responsáveis pela eletricidade,
gerada em Itaipu, correspon-
dente a 112 lâmpadas de 12
watts”, afirma Lauro, que conta com o apoio da esposa Sileze e dos filhos, Rafael e Honório no cuidado com o meio
ambiente.
O trabalho ainda vai longe.
Intercalando suas atividades
com a produção de soja, milho, cana de açúcar e um
seis anos começou o projeto
de transformar a área em
um espaço de contemplação
da natureza, lazer e conscientização para a comunidade. Com tudo devidamente
regularizado junto ao IAP, há
um ano e meio teve início a
organização da trilha ecológica. “Todos podem participar plantando flores e
árvores frutíferas, vindo visitar. A única condição é preservar, desfrutar de tudo
isso de forma sustentável”,
ressalta o produtor.
aviário, a família vai aos poucos aprimorando a trilha de
150 metros no meio da mata,
onde é possível ver exemplares de árvores nativas como a
peroba rosa e outras, e com
sorte, alguns animais.
duzindo cenas do dia a dia
na época, em madeira. A
trilha das borboletas e dos
pássaros, com flores e árvores frutíferas, além de pontos com ração e água, levam
até a cratera aberta pela erosão, que com o plantio de
bambuzais e outras árvores,
foi transformada em local
aprazível.
Na primeira estação foi
feita uma homenagem aos
pioneiros da região, repro-
Os Fagan: solo arenoso
facilitava a erosão,
que foi contida e
virou área aprazível
Além de uma homenagem à
Virgem Maria, de quem Lauro
é devoto, na última estação há
uma reprodução do rosário em
tamanho gigante, com mais de
250 metros de comprimento.
Neste foram montados cinco
cenários reproduzindo a Paixão de Cristo, a Santa Ceia, o
Primeiro Milagre, o Pentecostes e a Casa de Maria.
Pá g . 2 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3
produtividade
Boas médias de soja em Primeiro de Maio
Seguir todas as orientações técnicas
recomendadas pela cooperativa fez toda
a diferença, na opinião dos produtores
Da região - Com média de
148 sacas por alqueire, a unidade da Cocamar em Primeiro de Maio fechou a safra 2012/13 com uma produtividade bem superior a dos
anos anteriores, que girou
em torno de 123 sacas por alqueire. Na área de ação da
unidade são cultivados 19,8
mil hectares ou 8,182 mil alqueires.
Segundo o engenheiro agrônomo Rodrigo Zanqueta,
além do clima que favoreceu
a lavoura e da boa terra que
predomina na região, este
ano os produtores investiram
em tecnologia apostando nas
boas perspectivas de mercado
para o grão.
PACOTE - Um exemplo foi o
cooperado Carlos Bondezan,
que colheu 170 sacas de soja
de média em 52 alqueires
que cultiva. “Mas teve lote
que deu mais de 180 sacas”,
conta. E para este resultado,
segundo ele, pesou o uso de
todo o pacote tecnológico recomendado pela Cocamar,
desde as variedades escolhidas, VMax e Potência, passando pela aplicação de 500
quilos por alqueire de adubo
diferenciado (07x36x06) até a
adubação de cobertura e demais práticas.
“O máximo que já tinha colhido era a média de 160 sacas
por alqueire em 2011. Este
ano foram 178 sacas”, come-
mora o cooperado Valdemil
Gusmão Parada, que cultiva
78 alqueires em Primeiro de
Maio, na Fazenda Santa Leonilda. Para ele, seguir todas
as recomendações técnicas da
cooperativa foi fundamental.
Além da variedade VMax e
da adubação caprichada com
600 quilos por alqueire da
formulação 02 x 20 x 18, o
produtor destaca o tratamento completo de semente,
o uso de produto enraizador
e a adubação de cobertura,
entre outros cuidados.
Em Pitangueiras, pioneiro lembra os desafios
Não foi a geada de 1975 que
fez Nelson Cheron, de Pitangueiras, arrancar o cafezal e
introduzir outras culturas em
sua propriedade. Na verdade,
a forte geada que obrigou
inúmeros cafeicultores a erradicarem a lavoura, o pegou
no meio do caminho. Conforme fazia a colheita, Nelson
ia arrancando o cafezal quando chegou o frio cortante. Aí
não teve nem como mudar de
ideia.
Nélson Cheron, na foto em lavoura de milho, diz que
não teve dúvidas em largar o café e apostar na soja
Até então, todos os 21 alqueires da família eram tomados
pelo café, a única cultura que
sabia lidar. Isso, entretanto,
não o impediu de se lançar
no desafio da mecanização de
sua área. Por dois anos experimentou plantar algodão,
mas foi na soja que encontrou sua vocação.
Quando decidiu plantar, só
conhecia o pé de soja e a
sua fama de que seria a cultura do futuro. Na região,
essa lavoura só começou a
ganhar espaço a partir da
década de 1980, conta o produtor. Conversando com outros agricultores e buscando a orientação de agrônomos, ele lembra que decidiu “entrar de sola” no cultivo da oleaginosa, comprando todo o maquinário
necessário logo de cara,
sendo um dos pioneiros no
município.
Já havia outros produtores
que plantavam, mas eles
não tinham maquinários e
sofriam na hora da colheita,
perdendo o ponto e a produtividade. Por isso, Nelson resolveu investir em uma co-
A região foi uma
das mais produtivas
em toda a área de
atuação da Cocamar
lheitadeira, viabilizando seu
pagamento com a prestação
de serviço.
Depois, comprou um caminhão no mesmo esquema,
transportando sua safra e a
de outros produtores. “Eu
ganhava mais prestando
serviço do que com a minha
lavoura, porque a área era
pequena. Naquela época, se
a gente colhia 80 ou 90 sacas por alqueire, já era bom
negócio”, recorda-se.
Há 10 anos o produtor voltou a plantar café - 3 mil pés
em meio alqueire -, mas seu
negócio são os 30 alqueires
de soja. Aos 66 anos, é ele
quem planta, colhe e transporta, contando com a ajuda
dos genros só nos períodos
de pulverização.
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 9
As cooperativas foram estimuladas
pelo governo federal, por meio do antigo
Instituto Brasileiro do Café (IBC) para
organizarem a produção cafeeira, à época
muito grande. Só o Paraná respondia
por um quarto da safra mundial
O pioneiro Jinroku Kubota conhece a região que futuramente seria Maringá em 1938, vindo de Jafa, uma localidade do município de Garça, no Estado de São Paulo. Ele
desembarca em Apucarana e a viagem é completada a cavalo, pois não há estrada. Embora assustado com a mata
fechada e o primitivismo do lugar, Jinroku fica admirado
com a fertilidade das terras, próprias para o cultivo de café,
e o tamanho das árvores. Em 1940, encorajado pela Companhia de Terras, ele resolve trazer a família e tomar posse
de um lote de 20 alqueires no lugar onde hoje é a Venda
Duzentos. Para isso, abre uma clareira e constrói um rancho com palmito rachado, sem janelas e de chão batido. Ali,
os Kubota plantam café e progridem.
Nessa mesma época, um padre alemão de nome Michael
Emil Clement Scherer também já era dono de uma fazenda
onde hoje é a Cidade Alta. Fugido do nazismo, ele se refugiou na mata brasileira, onde foi também um dos primeiros
a investirem na cafeicultura, um negócio que marcou, em
grande estilo, o início da atividade agrícola regional.
No livro “Cocamar, sua história, sua gente”, escrito por Elpídio Serra em 1989, o pioneiro maringaense Edmundo Pereira Canto, que mais tarde viria a ser um dos fundadores
e diretor da Cocamar, lembra que ainda no início da década
de 50 “Maringá, que não tinha energia elétrica, era a cidade
mais iluminada de toda a região. As queimadas mantinham
os troncos das árvores acesos, ardendo em brasa durante
dias e noites seguidas e por isso as noites de Maringá eram
iluminadas. Quem passasse de avião sobre a cidade, tinha
a impressão que estava sobrevoando uma grande fogueira”.
Iniciando as safras, as cidades adquirem sua sustentação
econômica e se classificam como “ricas” ou como “pobres”
dependendo das condições das lavouras formadas em seus
domínios.
MUITO CAFÉ - No auge da cafeicultura, entre o final dos
anos 1950 e começo da década seguinte, o Paraná lidera a
produção nacional com praticamente metade de tudo que
é cultivado no Brasil e um quarto do volume mundial.
Dados do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC) indicam
que o Estado produziu em 1959/60 quase 21 milhões de
sacas das 44 milhões computadas pelo país.
Mas é na década de 50 e no início da de 60 que a cafeicultura tem a sua maior fase de expansão no Paraná,
quando a área chega a quintuplicar, passando dos quase
300 mil hectares em 1951 para 1,6 milhão de hectares em
1962. O principal motivo são os preços favoráveis que incentivam o aumento do plantio do café no Estado. O apogeu
do café é na safra de 1961/62, quando o Paraná colhe cerca
de 21,3 milhões de sacas de 60 quilos, 28% da safra mundial, a qual atingiu 76 milhões de sacas de 60 quilos.
Volumes grandes demais depreciavam os preços
do café e produtores ficavam endividados
Cooperativas surgem para
tentar organizar a produção
A fundação de grande número de cooperativas de cafeicultores no Estado do Paraná e no país, no início da década de
sessenta, resulta de medidas colocadas em
prática pelo governo federal para ajustar a
produção de café, na qual o Brasil é o líder
mundial, a um novo panorama internacional.
É uma época de expectativas e incertezas,
cujos estoques são vultosos. O Brasil atravessa um período de grandes mudanças,
com a transferência da capital federal para
Brasília, a surpreendente renúncia do presidente Jânio Quadros e a sequência de
fatos políticos que culminam com a dramática tomada do poder pelos militares em
1964.
A fundação de cooperativas, reunindo ca-
feicultores, é uma maneira de organizar o
setor produtivo nas diversas regiões e fazer
o processamento do produto, ao passo que,
de acordo com a nova conjuntura, o Instituto Brasileiro do Café (IBC) passa a ser dotado de estruturas armazenadoras para o
acondicionamento das safras nas zonas cafeeiras, principalmente no Paraná. Pretende-se que os grandes volumes a serem
estocados, certamente por vários anos, tenham um padrão de qualidade razoável.
Através de linhas de crédito disponibilizadas via Banco do Brasil, o governo estimula a criação e a estruturação de
cooperativas, entidades que serviriam para
proteger os cafeicultores da ação exploratória de intermediários, os quais detêm as informações de mercado e estabelecem, como
querem, os preços do produto.
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Foram várias reuniões
Conta o advogado Edmundo Pereira Canto, um dos fundadores da Cocamar: a ideia da fundação da cooperativa
foi amadurecendo e muitas reuniões aconteceram com a
sua participação e a presença “de pelo menos mais vinte
pessoas, todas ligadas à cafeicultura”. Os primeiros encontros nem tiveram registro em ata, providência que passou a ser tomada a partir do momento em que os planos
já estavam suficientemente definidos e muitas providências preliminares mais ou menos estabelecidas.
Promovem-se várias reuniões preliminares mas a primeira com caráter “oficial” para discutir a fundação da entidade é realizada no dia 27 de março de 1963, tendo como
local a agência do Banco do Brasil, instalada na esquina
das avenidas Duque de Caxias e XV de Novembro, no prédio denominado “João Tenório Cavalcanti”. Muitos produtores comparecem e o assunto evolui, do simples ato de
fundação para o nome que a entidade deve ter, sendo também discutido o capital social necessário, pelo menos para
o início das atividades da cooperativa.
Essa primeira reunião para discutir a fundação e para
as providências iniciais é presidida pelo cafeicultor Carlos
Eduardo Bueno Neto, presidente da Associação Rural de
Maringá e secretariada pelo também cafeicultor Luiz Alfredo. Está presente o gerente do Banco do Brasil, Milton
Mendes. Participam 30 produtores.
início, os mesmos das reuniões anteriores: agência do
Banco do Brasil, 20 horas.
No dia 14 de junho do mesmo ano, uma outra reunião é
realizada para dar andamento às decisões iniciadas no
Essa reunião tem, como novidade, mais gente particidia 27 de março. Na pauta dos trabalhos, a confirmação
do nome da entidade, a subscrição das quotas-partes, a pando e querendo fazer parte da cooperativa. Compareeleição da diretoria provisória e a elaboração dos Estatu- cem 46 produtores de café, 16 a mais que nas reuniões
anteriores. Considerando o interesse dos novos cafeicultos Sociais.
tores, a lista de adesão ao capital social continua em
Quanto ao nome, não há sugestão melhor e ele acaba aberto e com isso mais quotas são subscritas. Assim, o
sendo mesmo Cooperativa de Cafeicultores de Maringá capital social, que estava em 4 milhões e 325 mil cruLtda, com a sigla Cocamar. No que se refere às quotas- zeiros, é elevado para 5 milhões e 744 mil cruzeiros, enpartes, fica decidido que cada associado, necessariamente quanto o total de quotas-partes adquiridas passa de
produtor de café e proprietário da terra, pode subscrever 43.250 para 54.440.
quantas quotas quiser, desde que nunca menos de cem
quotas e nunca mais do que um terço do capital social es- Fundadores: Carlos Eduardo Bueno Neto (filho de Odwaldo Bueno Netto, que acabou assinando a ficha de nútabelecido, que é de um milhão de cruzeiros.
mero 1), Edmundo Pereira Canto, José Geraldo da Costa
Constituído o capital social, os sócios-fundadores passam Moreira, Domingos Salgueiro, Ivaldo Borges Horta, Hélio
a discutir a composição da diretoria provisória, incumbida Moreira, Antonio Manetti, Guerino Venturoso Fiorio, Erde elaborar o primeiro Estatuto e de tomar as primeiras melindo Bolfer, José Amando Ribas, Josué Moraes, Walprovidências práticas e legais para o início do funciona- demar Gomes da Cunha, Augusto Pinto Pereira, Orlando
mento da entidade. Os nomes indicados para a diretoria Alves Cyrino, Orélio Moreschi, Anatalino Boeira de
provisória são os dos cafeicultores Arthur Braga Rodri- Souza, Mário Pedretti Tilio, Juan Saldana Garcia, Joaquim
gues Pires, no cargo de diretor-presidente; Benedito Lara, Romero Fontes, Elias Izar, Benedito Lara, Joaquim de
diretor-secretário; Joaquim Romero Fontes, Aloysio Gomes Araujo, Diogo Martins Esteves, Antonio Martos Peres,
Carneiro e Luiz Alfredo, como membros do Conselho de Irineu Pozzobon, Luiz Alfredo, Ricarte Oliveiro de Freitas,
Administração; Domingos Salgueiro, Ivaldo Borges Horta Aloysio Gomes Carneiro, Arthur Braga Rodrigues Pires,
e Mario Pedretti Tilio, suplentes do Conselho de Adminis- José Alcindo Rittes, Ruy Itiberê da Cunha, Ney Infante
tração; Edmundo Pereira Canto, Waldemar Gomes da Vieira, Affonso Lopes Alves, José Freitas Cayres Filho,
Cunha e Irineu Pozzobon, membros do Conselho Fiscal. Hildebrando de Freitas Cayres, Manoel de Freitas Cayres,
Pedro Valias de Rezende, Francisco Valias de Rezende
A terceira e última reunião, para a discussão dos detal- Filho, Ângelo Dianese, Santo Pingo, Antonio Hubner,
hes visando a fundação e a instalação da cooperativa é Bertholdo Hubner, Gustavo Hubner, Divino Bortolotto e
convocada para o dia 17 de julho, tendo local e horário de Nercy Salermo Radominsku.
A reunião definitiva,
que constituiu a
Cocamar, ocorreu
no dia 17 de julho;
acima, a primeira
logomarca
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Máquina emprestada
foi a primeira sede
Como instalações não havia, por algum tempo a Cocamar se estabelece na máquina de café pertencente a um
de seus fundadores, Joaquim Romero Fontes, situada
na rua Caramuru, 152, Maringá Velho. Adquirida em
1951, essa máquina é mantida em boas condições de conservação até 2009, no mesmo endereço, quando o próprio Fontes, na época com mais de 90 anos, decide
doá-la ao Acervo Histórico da Cocamar.
A participação de Fontes para a arrancada da cooperativa é das mais importantes. Além de ter emprestado sua
estrutura sem qualquer custo, “apenas para a ideia não
ficasse no papel”, como costumava dizer, ele pediu que
vários parentes seus engrossassem a lista de fundadores
e, de quebra, foi quem subscreveu o maior número de
quotas-partes.
Chamado de “Seu Neno”, Benedito Lara, o primeiro diretor-secretário, tinha 32 anos quando deixou o cartório
de Valdomiro Planas, o primeiro de Maringá, para dedicar-se integralmente a sua função na cooperativa. Trabalhava nesse cartório desde 1954 e era um exímio
datilógrafo. Paulista de Piracicaba, viveu por alguns
anos em Marília com seus familiares antes da mudança
para o Paraná. Foi dono de dois sítios de café: um em
Campo Mourão, com 86 mil pés, e outro, com 22 mil cafeeiros, onde hoje é a Vila Esperança, em Maringá.
Sobre o início da Cocamar, ele ressalta que a maioria
dos produtores não tinha nenhuma informação sobre cooperativismo e acumulava dívidas: “Quase ninguém
sabia para que servia uma cooperativa. Apenas que era
Os primeiros funcionários
O primeiro funcionário da Cocamar foi Denizart
Mazalli Teske, indicado por Aloysio Gomes Carneiro e contratado por Benedito Lara. Coube a
Teske organizar o escritório, inicialmente bastante
modesto, nas instalações emprestadas pelo cooperado Joaquim Romero Fontes. Os primeiros auxiliares, que trabalharam ao lado de Denizar Teske,
foram Dorival Teixeira de Castro (mais tarde empresário do setor de insumos agrícolas), Almerindo
de Paulo Carvalho e Eduardo Hase, o “japonês”
(que depois virou relojoeiro). Benedito Lara lembra
detalhes dessa primeira turma: “O Denizart Teske
tinha uns 35 anos, era um homem fino, educado,
conciliador. Ele ensinou o pessoal a trabalhar. O Denizart era tão educado que, em Curitiba, chegou a
ganhar um prêmio, pois, à mesa, sabia comer com
muita elegância, bonito. Era tão correto e a diretoria tinha total confiança nele, chegando a assinar
documentos em branco”.
uma coisa boa para ele. O cafeicultor entregava a sua
safra lá. A cooperativa comunicava o Banco do Brasil e,
com esse café, o agricultor liquidava o que devia ao
banco. Pagava sua dívida e renovava o financiamento
que iria pagar com a safra do ano seguinte. Ou seja,
muitos deles ficavam outra vez endividados e sem maiores perspectivas, pois os preços eram ruins. Ele sobrevivia com os outros cultivos menores na propriedade,
Equipamentos rudimentares
Funcionários em
festividade no escritório
da rua Caramuru
Nessa época, além de uma máquina de escrever da marca Olivetti, Eduardo Hase se
recorda que usou calculadora Facit e uma Burroughs para os registros diários. Pouco
depois, o escritório foi servido de uma Divizuma, máquina elétrica utilizada para as
quatro operações. Mas ele cita ainda o mimeógrafo – para fazer reproduções de cópias.
Se por acaso datilografasse
uma palavra ou letra incorreta,
o único jeito era interromper o
serviço e aplicar esmalte de
unha para eliminar o erro
na matriz. “Às vezes o
esmalte demorava para secar” – acrescenta.
Depois apareceu um tal
stencil a álcool, mais
prático que o mimeógrafo.
Todas essas coisas, hoje em
dia, escapam ao entendimento dos jovens contabilistas, mas eram os únicos
recursos de que se dispunha
no início dos anos 60.
Novo endereço: um armazém
próprio na Av. Prudente de Moraes
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 3
Benedito Lara lembra que a cooperativa prosperou e passou a contar com seu primeiro imóvel próprio: “Foi comprado um armazém de alvenaria de um italiano importante
em Maringá, chamado Bruno Lessio. Nessa época havia
muitos estrangeiros por aqui. Esse italiano construiu o armazém. Então, a cooperativa se mudou para lá, comprando
também uma máquina nova de café. A administração instalou-se dentro desse armazém. Para isso foi levantada uma
estrutura de madeira e os funcionários administrativos ficaram no mezanino. Era um local barulhento. Além da poeira que vinha da rua, tinha a poeira das máquinas. Quando
fazia muito calor, era difícil de aguentar”.
PROBLEMAS - Não demora para a diretoria começar a enfrentar dificuldades por desconhecer a dinâmica de funcionamento de uma entidade desse tipo e por não ter com
quem discutir as muitas dúvidas que aparecem, considerando que na época são ainda bem poucas as cooperativas
de produtores rurais no Paraná.
Canto: “A diretoria era muito bem intencionada e, sem exceção, constituída de pessoas idôneas, que queriam o bem
Isso não prejudica tanto a cooperativa no seu primeiro da cooperativa e de seu corpo associativo. Essas qualidaano de funcionamento. Mas no segundo – 1964 – passa a des foram importantes nos primeiros meses, mas seria
atrapalhar bastante, na medida em que as operações da preciso muito mais no futuro, à medida que os desafios
entidade vão aumentando. Afirma o sr. Edmundo Pereira iam surgindo”.
O prédio foi
comprado em
1964
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Crise é inevitável
No decorrer de 1964, o pipocar de uma crise é inevitável,
uma vez que não se fez a devida separação dos cafés entregues pelos associados. Quer dizer: sem levar em conta
as diferenças de tipo ou de qualidade, que determinariam
esta ou aquela renda para o café, toda a produção que chegava das lavouras dos associados era misturada. Consumada a mistura, não é mais possível remunerar o produtor
conforme a qualidade do café que ele entregou, mas apenas
de acordo com a média do padrão de qualidade de toda a
produção entregue.
A crise estoura durante o processo de comercialização
da safra 1963/64, numa época em que os cafeicultores
estão muito preocupados com os efeitos das geadas de
1963. O frio intenso havia prejudicado seriamente as lavouras e os produtores dependem justamente do dinheiro
da comercialização do café entregue à cooperativa para
quitar compromissos bancários e investir na recuperação
dos cafeeiros danificados. O que a diretoria faz, no entanto, é suspender a comercialização da safra, incluindo
novos recebimentos de café e pagamentos de cafés já entregues, alegando a necessidade de conferir os estoques,
em função das muitas denúncias e irregularidades, consequência da mistura da produção armazenada.
PROTESTOS - A providência adotada pela diretoria, embora devidamente justificada, faz com que ela perca o crédito junto aos associados. Os protestos se generalizam e
a partir daí o Banco do Brasil e o Instituto Brasileiro do
Café passam a acompanhar de perto o que ocorre na cooperativa.
Com o agravamento da situação, a cooperativa passa a
não ter meios para manter qualquer compromisso em dia,
nem mesmo o pagamento de seus poucos funcionários. No
auge de todas as dificuldades, um fato novo acontece: o
Banco do Brasil alia-se ao IBC e decreta o que entrou na
história como uma “intervenção branca”.
Diretoria renuncia
O então diretor-secretário Benedito Lara explica que José Alcindo Rittes, à época ligado ao IBC e um dos fundadores da cooperativa, articulou para que houvesse a renúncia da diretoria liderada por Arthur Braga Rodrigues Pires.
Aloysio Gomes Carneiro, então diretor-gerente, admite que a sua saída “foi traumática”.
Mas ele credita grande parte dos problemas a uma campanha orquestrada pela concorrência, formada por maquinistas de café e empresas multinacionais, que não queriam a
presença de uma cooperativa. “Faziam muita oposição à cooperativa”, afirma.
INTERVENÇÃO - Ao se oficializar a renúncia da diretoria da cooperativa, o IBC designa como interventor o membro do Conselho de Administração, Edmundo Pereira
Canto. A escolha de Edmundo ocorre porque, além de associado e conselheiro, é experiente advogado, inclusive com mestrado em Direito feito nos Estados Unidos. Não
obstante, seu sogro, Alfredo dos Santos, é o maior credor da cooperativa e move
uma ação contra ela.
SALVAR OU MORRER - O gerente do Banco do Brasil, Milton Mendes, convida dois
profissionais de sua confiança e também do IBC para integrar o grupo, com o objetivo
de analisarem a possibilidade de a estrutura seguir em frente ou ser liquidada.
Ambos, muito jovens, atuavam como avaliadores para o BB: o engenheiro agrônomo
José Cassiano Gomes dos Reis Júnior, de 28 anos, e o advogado Constâncio Pereira
Dias, de 30.
A saída dos diretores, embora acontecendo em setembro, só se consuma no dia 16
de outubro de 1965 quando 85 associados se reúnem em Assembleia Geral. Em seguida, são confirmados como diretores eleitos os mesmos nomes que compunham
a junta. José Cassiano Gomes dos Reis Júnior assume o cargo de presidente; Constâncio Pereira Dias passa a exercer a função de diretor-gerente, e Edmundo Pereira
Canto, é o diretor-secretário.
Á esquerda, o primeiro
presidente, Arthur Braga
Rodrigues Pires, acima,
o diretor-gerente, Aloysio
Gomes Carneiro, em
foto atual
Cassiano e Constâncio:
bom entendimento
Segundo Cassiano, havia forte afinidade entre ele e
Constâncio: “Formamos um grupo bom e homogêneo,
não havia chefe e nenhum queria ser melhor que o
outro”. E lembra que um acordo entre os três definiu
logo, antes da Assembleia, que Cassiano ocuparia a
presidência, por ter mais aptidão política, enquanto o
diretor-gerente Constâncio responderia pelas áreas comercial e administrativa, com as quais melhor se
identificava.
O fato de os interventores serem eleitos diretores
evita a perda de tempo com a transferência de comando da entidade, com entrosamentos e outras situações deste tipo. Todos estão adaptados à problemática da cooperativa e cientes das dificuldades
que precisam ser enfrentadas. Por outro lado, entre o
quadro associativo já há o consenso de que a recuperação é praticamente impossível, dado o alto volume
das dívidas e o descrédito generalizado da entidade
entre os cafeicultores de toda a região.
INSISTIR - A diretoria tem em mãos a difícil tarefa
de resolver o que fazer com a cooperativa, de decidir
o seu destino. Mas enquanto não apagasse a “última
luz no fim do túnel”, poderia haver esperança e por
isso os diretores chegam ao consenso de que não
devem tomar nenhuma decisão precipitada, embora
contem com a autorização do quadro associativo para
liquidar a sociedade, caso não haja uma solução.
Diálogo franco com os cooperados
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Paralelamente às medidas tomadas quando entrou, a diretoria adota um relacionamento franco e aberto com os cooperados. Afirmou, a propósito, Edmundo Pereira Canto: “A
nossa postura não era esconder nada do associado. Informávamos a eles tudo o que sabíamos, sem esconder qualquer
detalhe. Quando o associado não vinha até nós, íamos até ele
mostrar todos os problemas que a cooperativa estava enfrentando e ouvir sugestões. Esse comportamento ajudou a reconquistar confiança na cooperativa, ajudou a despertar no
associado a esperança de que nem tudo estava perdido”.
Outra atitude fundamental para a sobrevivência da cooperativa é tomada por Cassiano e Constâncio: viajar ao
Rio de Janeiro para uma visita ao principal credor, Alfredo dos Santos, sogro de Edmundo Pereira Canto. A
ele, pedem um voto de confiança. Santos, que tem fazendas no Paraná e trabalha no ramo de hotéis no Rio, mostra-se sensível à argumentação de que se a entidade for
liquidada, todos vão perder, e diz ter gostado de ver a
vontade e a determinação demonstrada pelos novos diretores.
Algum tempo antes, a diretoria havia convidado o
então ministro da Agricultura, Hugo de Almeida
Leme (que tinha sido professor do presidente José Cassiano na Esalq em Piracicaba), para uma visita a Maringá. Não demora e o ministro atende ao convite,
chegando à cidade em meio
a uma recepção calorosa,
preparada pela Cocamar. A
visita de Hugo Leme não
apenas ajuda a fortalecer
ainda mais a diretoria junto
aos produtores e a comunidade, como facilita na abertura de algumas portas e
leva a um homem de grande importância para a reviravolta econômica da entidade: o presidente do Banco
Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), José Pires de
Almeida, diretamente subordinado ao ministro. Pires, por sinal amigo do pai
de Cassiano, era um entu-
apertada agenda do ministro.
José Pires de Almeida entra em cena
siasta do cooperativismo.
Ele dizia que a dissolução
da cooperativa, caso fosse
efetivada, representaria
“um desastre para o cooperativismo do norte do Paraná”.
Pires promete realizar esforços junto aos órgãos federais, principalmente o
BNCC, para tentar a liberação de recursos e assim resolver a situação. Cita que
há ainda a possibilidade de
a cooperativa ser ajudada
pelo IBC, pois o instituto
tem dinheiro para apoiar
aquelas que quiserem diversificar seus negócios e
depender menos da cafeicultura. Mas deixa claro: a
única pessoa realmente em
condições de ajudar é um
dos homens mais poderosos
do país: o ministro da Fazenda Roberto Campos. Por
fim, Pires se compromete a
pleitear uma audiência na
COM O MINISTRO - Tempos
depois, Pires cumpre o prometido, informando o dia e
a hora do encontro tão esperado e decisivo para o futuro da cooperativa. Segundo Constâncio, o agendamento foi possível graças,
também, ao empenho pessoal de José Agostinho
Trigo Drumond Gonçalves,
diretor da Companhia de Financiamento da Produção
(CFP). Semanas seguiram-se
com incontida ansiedade
mas chega, enfim, o momento da audiência: José
Cassiano e Constâncio,
acompanhados do presidente do BNCC, são colocados frente a frente com o
poderoso Roberto Campos.
Os dirigentes expõem os
problemas enfrentados pela
cooperativa mas, logo depois, a conversa é interrom-
Pires de Almeida
surgiu como um
“salvador da Pátria”
para a cooperatiba
pida por um chamado urgente, ao telefone, do presidente Castelo Branco.
Quando Campos retorna à
reunião, após alguns minutos, os problemas e os pleitos daquela pequena cooperativa de Maringá, representada pelos dois moços,
são infinitamente menor
que as grandes questões nacionais a que está acostumado e que certamente havia tratado com o presidente. Para abreviar o en-
contro, ordena ao seu chefe
de gabinete, Milcíades Mário Sá Freire de Souza, o Sá
Freire, ali presente, que
“providencie ajuda aos meninos”.
Através de Sá Freire, revestido de toda a autoridade
que lhe havia sido conferida
pelo ministro Roberto Campos, a cooperativa tem acesso a um empréstimo de 300
milhões de cruzeiros junto
ao IBC,
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No caminho
do algodão
A diretoria da Cocamar conta em 1967, ainda que indiretamente, com a ajuda do clima para achar uma
saída e reverter a situação da cooperativa. O governo
federal, por meio do Gerca, financiava a erradicação
e a renovação das lavouras, através do plantio de um
pé de café para cada três eliminados. E, por causa da
geada de 1966, o IBC lança um programa de financiamento de máquinas de beneficiamento de algodão, visando a diversificar a economia das regiões cafeeiras
e torná-la menos vulnerável às intempéries.
Examinando a possibilidade de financiar os equipamentos, a diretoria conclui que os mesmos eram
muito caros e podem representar um pesado ônus.
Porém, conversando com Paulo Carneiro Ribeiro, diretor do IBC, Cassiano, Constâncio e Luiz Alfredo – cooperado que substituiu a Edmundo Pereira Canto na
função de diretor-secretário, são estimulados a entrar
nesse setor.
Porém, em vez de comprar máquinas novas, a solução é bem mais simples e barata: adquirir uma estrutura usada, conforme sugeriu Primo Artiolli, o
gerente operacional e também um expert em beneficiamento.
Pires ajuda
mais uma vez
Precisando de dinheiro para a empreitada, os diretores não têm outra alternativa senão recorrer novamente a José Pires de Almeida, que ainda preside o
BNCC. Desta vez, Cassiano e Constâncio viajam acompanhados de Artiolli. Na reunião, os dirigentes expõem a possibilidade e também o pedido de um
financiamento, mas percebem que há uma certa resistência por parte de Pires, o qual, por fim, indaga: “alguém na cooperativa entende de algodão?” Constâncio,
então, pede a Primo Artiolli que mostre a carteira de
trabalho trazida propositalmente, comprovando ao
presidente do BNCC a sua larga experiência no ramo.
Ele havia trabalhado 20 anos como gerente da Esteve
e mais 7 na gerência da Volkart, na época as maiores
compradoras de algodão do país. Com um pouco de
ajuda, certamente, a Cocamar poderia trabalhar com
algodão sem maiores dificuldades.
O presidente do BNCC coloca à disposição da Cocamar um crédito de 230 milhões de cruzeiros, a prazo
curto, com o fim específico de a cooperativa adquirir
uma máquina de algodão. Com tal quantia de dinheiro, a máquina teria mesmo que ser de segunda
mão, pois uma nova custa em torno de 900 milhões
de cruzeiros.
A compra de uma
velha máquina
Com o dinheiro na mão, resta à diretoria
encontrar a máquina de algodão, o que é
tarefa difícil. O Brasil ainda não fabrica
esses equipamentos, há muitas dificuldades de importação, e não se imagina como
encontrar alguém disposto a vender máquina usada. Mas a máquina teria que ser
encontrada e dentro do tempo mais curto
possível, considerando que o financiamento
havia saído e o prazo de pagamento já está
correndo.
Começa, então, uma verdadeira peregrinação para encontrar a máquina. Paraná,
São Paulo, Rio de Janeiro, onde tem máquina funcionando lá está alguém em nome
da Cocamar para tentar negociar a dita
cuja. Até que na cidade de Inhumas, em
Goiás, uma é encontrada pelo gerente operacional Primo Artiolli.
DEU CERTO - A máquina adquirida no
final de 1967 começa a funcionar no início
de 1968. Na metade do ano, com a ajuda do
Banco do Brasil, os tempos parecem estar
melhorando em todos os sentidos. Principalmente porque os associados, antes distantes e receosos, agora já voltam a confiar.
O ano de 1968 termina com muito otimismo, justificado pela boa rentabilidade
proporcionada pela máquina. O trabalho é
árduo e a equipe do gerente Primo Artiolli
trabalha dia e noite para dar conta de tanto
algodão que chega na cooperativa. Os tem-
Estrutura entrou
em operação
em 1968
pos são realmente outros.
Em 1969, o otimismo é ainda maior, confirmando que o caminho da recuperação
havia sido descoberto. Na agricultura, o algodão é cultivado cada vez mais e os agricultores também conseguem altos lucros,
compensando a pouca rentabilidade financeira proporcionada pelo café.
Na nova fase, inaugurada com a máquina de beneficiamento de algodão, a Cocamar não deixa de trabalhar com o café.
Apenas procurou dividir as atenções entre
dois setores, um em ascensão e outro bastante decadente, mas em torno do qual
muitos associados continuam ligados em
razão, principalmente, dos elevados investimentos que fizeram ao longo dos anos,
constituídos de terreiro, tulha, colônias de
empregados e outras benfeitorias. É uma
estrutura que havia sido construída com
dificuldades, usando recursos próprios, e
que não pode ser abandonada de uma
hora para outra. Solidária com a situação
dos associados produtores de café, a cooperativa não pretendia deixar essa atividade e voltar-se exclusivamente para o
algodão, embora esse produto representasse sua base econômica. É preciso continuar trabalhando com café, sempre
torcendo para que algum fato novo venha
melhorar a situação dos produtores, por
sinal bastante crítica.
“Menina
dos olhos”
O algodão passa a ser
considerado “a menina
dos olhos” da cooperativa. A diretoria, respirando aliviada, sem a
pressão dos credores, já
tem condições de pensar
em adequar as instalações. Afinal, o tempo
permite que o velho projeto de construir uma
sede para a cooperativa
seja retirado da gaveta.
A administração, afinal,
ainda funciona na parte
superior do armazém
onde está a máquina de
café. O barulho da máquina e a poeira dificultam muito os trabalhos
administrativos e é preciso pensar seriamente
nisso. Nesse ano de 1971
são dados os primeiros
passos para a construção
da sede administrativa
da Cocamar.
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 7
O ministro vem e faz um alerta
Em 1971, o ministro da Agricultura,
Cirne Lima, vem a Maringá participar
da inauguração da segunda máquina
de algodão. Na cidade, a Cocamar prepara uma recepção calorosa ao ministro, organizando um jantar no Maringá
Clube.
No Rio Grande do Sul os diretores da
Cocamar são orientados a conversar
com Fernando Craidy, um engenheiro
civil de Porto Alegre, especializado em
projetos de armazéns graneleiros.
Craidy acaba contratado para projetar
e acompanhar a obra, executada pela
empresa Pila Guarita.
PENSAR NO FUTURO - Nessa oportuniAs obras do graneleiro, iniciadas em
dade o ministro faz um alerta aos diremeados de 1971, são concluídas a
tores da cooperativa. Diz ele que o
tempo de receber a safra colhida no
algodão é um bom negócio, mas se deve
início de 1972. A construção funciona
pensar um pouco além. Sua preocupaO armazém grameleiro, 1º
como
elemento catalizador, na definição é que, empolgada com o produto, a
do Paraná com fundo em V
ção de uma nova alternativa econôcooperativa não se aperceba de uma
mica aos produtores rurais, conforme
outra alternativa econômica que poderia
entrar para valer a qualquer momento no Norte do Paraná: registrou no livro de Elpídio Serra, na década de 1980,
a soja. A propósito disso, o ex-presidente Cassiano lembrou: o então diretor Oswaldo de Moraes Corrêa:
“O ministro elogiou a iniciativa de termos construído duas
usinas de beneficiamento de algodão, mas sugeriu que co- “O graneleiro e todo o restante da estrutura que a Cocameçássemos a pensar seriamente na soja, até àquela altura mar implantou para trabalhar com soja, entusiasmou a
cultivada em pequenas quantidades no Estado, mas cuja todos. Os agricultores já estavam desanimados com o café
tendência era dominar grandes áreas em um período rela- e torciam por uma nova alternativa de lavouras e aderitivamente curto. O medo do ministro era que a soja, assim ram maciçamente ao plantio de soja, aproveitando a esque entrasse no Paraná, caísse nas mãos das empresas trutura montada pela cooperativa e todos os mecanismos
multinacionais e aí as cooperativas estariam privadas de paralelos, principalmente de comercialização, que foram
criados”.
uma extraordinária base de sustentação”.
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Só homens
Nessa época, são ainda poucos funcionários no escritório, todos homens. Além do gerente geral Primo Celeste Artioli, do contador Leodi Castanheira, do chefe
de pessoal Nelson Sillas de Souza e dele próprio, estão
lá o chefe de escritório João Bezerra da Silva, o caixa
Messias Gomes Fuentes, o arquivista José Antonio e
um profissional de agronomia chamado Roberto Pedrini.
Uma das primeiras mulheres a ser admitida para o
quadro de funcionários foi Rosa Maria Marques de
Souza, no dia 6 de março de 1972, poucos meses antes
da inauguração da nova sede. Contratada pelo contador
João Bezerra da Silva, ela lembra que participou de um
teste seletivo e se destaca, principalmente, em razão da
bonita caligrafia. Conta:
“Só trabalhavam homens, até então,
na cooperativa. O prédio da nova sede
estava em fase final de acabamento e fui
encaminhada para fazer o preenchimento
de nota fiscal no antigo escritório,
em cima da máquina, no armazém.
Como tinha uma letra bonita, era a
pessoa para a função certa. Ficava
o tempo todo preenchendo nota fiscal”.
Rosa se recorda que trabalhavam ali, entre outros, os
engenheiros agrônomos José Roberto Gomes e Osmar
Fernandes Dias – este último, recém-formado, ficou
pouco tempo e estava de saída, vislumbrando novas
perspectivas profissionais. A área técnica conta, ainda,
com o engenheiro agrônomo Aury Ribas Santos.
As estruturas
armazenadoras de
grãos estavam
situadas em meio
aos cafezais
João Bezerra está subordinado ao gerente geral Primo
Artioli, que tem Luiz Lourenço como auxiliar na parte
comercial. Lourenço havia sido admitido a 1º de janeiro
de 1972, como auxiliar operacional.
O primeiro agrônomo
vem lidar com sementes
Vindo de Adamantina (SP), o engenheiro agrônomo José Roberto Gomes é
contratado em agosto de 1971 para um
período de três meses de experiência,
sendo efetivado em outubro. Quando isto
acontece, está havendo uma reunião
entre a diretoria e cooperados, na sede,
e ele é apresentado aos presentes: “Nessa
reunião é que a cooperativa foi autorizada a construir o primeiro armazém
graneleiro”.
Cocamar decide ingressar no recebimento de grãos, construindo para isso
um armazém graneleiro, investe também
na instalação de uma estrutura própria
para a produção de sementes. Naquela
época, não se pretendia ficar na dependência do insumo trazido do Rio Grande
do Sul. Entre os poucos fornecedores por
aqui, ainda em pequena escala, estão os
produtores Conselvan e Brunetta.
Segundo ele, o laboratório de análise de
Gomes, chegou a Maringá em 1968 e, sementes da Cocamar é o primeiro a ser
no início de 1971, o presidente Cassiano credenciado na região norte do Estado.
o convida para organizar a produção de Por falta de outro lugar, fica provisoriasementes na cooperativa e implantar um mente no interior do prédio onde funsetor de assistência técnica aos produto- ciona o escritório e a balança do futuro
res. Gomes chama atenção para um fato armazém graneleiro. Ali, faz o controle
que nem sempre é lembrado: quando a de qualidade.
A nova sede
Nesse mesmo ano de 1972, o ministro Cirne Lima,
considerado um grande incentivador da cooperativa, participa no mês de maio da inauguração da
nova sede, construída em dois pavimentos e com
instalações amplas, no próprio terreno onde a administração está instalada desde meados da última
década, só que agora de frente para a Avenida Prudente de Moraes.
José Cassiano deixa
a presidência
Quando da presença do ministro Cirne Lima em Maringá, este insinua a vontade de contar com o dinamismo
do presidente José Cassiano em sua equipe. À época, José
Cassiano aproveita para indicar ao ministro os préstimos
de um homem de grande capacidade e conhecimento
que, sem dúvida, seria de grande utilidade ao Ministério:
ninguém menos que o ex-presidente do BNCC, o bom
amigo José Pires de Almeida. Colocado em contato com
Cirne Lima, Pires torna-se seu secretário particular. Não
muito tempo depois, seria a vez de José Cassiano seguir
para Brasília. Durante uma assembleia na cooperativa,
ele comunica aos associados seu afastamento definitivo:
vai assumir a presidência da Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento), cargo no qual permanece por
cerca de um ano e meio.
José Cassiano deixa a presidência da Cibrazem em
1973, acompanhando a saída de Cirne Lima, do Ministério da Agricultura:
“Ele divergiu de Antonio Delfim Netto,
então poderoso ministro da Fazenda,
rompendo em seguida como presidente
Médici, fato inédito no regime militar”.
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 3 9
José Cassiano deixa a
presidência para comandar
a Cibrazem em Brasília,
sendo sucessido por
Constâncio Pereira Dias (ao lado)
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Diversificar os negócios,
a estratégia para crescer
Cooperativa se fortaleceu com o algodão
e decidiu apostar também nas culturas
mecanizadas de grãos, ainda incipientes
no norte e noroeste do Paraná.
Como tudo aconteceu muito rápido,
isto acelerou também um projeto
extremamente audacioso para
a época: a industrialização
Com a saída de José Cassiano em 1971, o cargo de presidente
foi ocupado por Constâncio Pereira Dias, até então diretor-gerente, o qual, por sua vez, deixou sua função para Luiz Alfredo. Aberta, então, a vaga deixada por Alfredo, o cargo de
diretor-secretário foi preenchido por Oswaldo de Moraes Corrêa, antigo integrante do Conselho de Administração.
Constâncio, logo no início, falava em ampliar propostas para
a diversificação das atividades dos produtores da região e
também dos próprios negócios da cooperativa. A entidade
havia se estruturado com unidade armazenadora em Maringá mas o objetivo era construir outros graneleiros pela região. Afinal, as primeiras safras já haviam tomado toda a
capacidade de armazenamento.
Luiz Lourenço se recorda que entre 1973 e 1974, quando ele
já era gerente geral, a Cocamar começou a debutar no mercado de exportação de soja. O problema, segundo Lourenço,
é que ninguém na cooperativa sabia fazer os cálculos referentes aos custos, como as taxas incidentes, Funrural, despesas com fretes, despachantes etc. “A batata quente passou
para vários gerentes e chegou às minhas mãos. Como eu
sempre tive familiaridade com números, acabei assumindo
essa função.”
Ao aprofundar-se nessa área comercial, que exigia muito
conhecimento e especialização, ele acabou indo naturalmente
para a gerência comercial, uma área que precisava ser estruturada para garantir o devido suporte à cooperativa que,
agora, teria que aprender a lidar com a Bolsa de Chicago e o
mundo.
A soja impulsionou ainda mais o crescimento da cooperativa
Democratizar a informação, que só poucos tinham acesso
Lourenço explica que, sem saber, a Cocamar estava contribuindo naquele momento para democratizar a informação referente ao mercado de produtos agrícolas na região. Para isso,
importara um equipamento chamado “Stock Máster” e conseguia,
por meio dele, acessar as cotações da oleaginosa em Chicago –
que serviam de base para a elaboração dos preços do produto na
cooperativa.
Até então, observa, as informações eram guardadas a sete chaves
pelas multinacionais. Para ele, “a democratização da informação
foi uma das grandes conquistas do cooperativismo” e aconteceu,
segundo ele, numa época em que as comunicações ainda eram precárias na região, sendo difícil completar uma ligação interurbana.
“Só depois é que apareceu o telex e outros meios, para facilitar o
acesso a informação”, conta.
A formação
da área técnica
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 4 1
O departamento técnico da Cocamar foi instalado
em 1975 e o seu primeiro gerente o engenheiro
agrônomo José Assumpção Filho. Faziam parte da
primeira equipe técnica da cooperativa, entre outros
profissionais, os engenheiros agrônomos José Roberto Gomes, José Carlos Menon e Aury Ribas Santos. Pouco depois, a equipe seria acrescida dos
engenheiros agrônomos Ramael Lázaro Luiz, Marino Hideo Akabane e Gerson Kato. O técnico agrícola Luiz Carlos Lollis está, também, entre os
primeiros em sua categoria, ao lado de José Augusto Corrêa da Silva, Antonio Roberto de Souza (o
“Betinho”), Joaquim de Almeida e Carlos Alberto da
Silva Bianchi.
A essa equipe, entre outros profissionais, se juntaria no ano de 1978 o recém-formado engenheiro agrônomo Paulo Fernando Figueiredo Santos e Marchese.
Genro do cooperado Eduardo Figueiredo Lima, ele
passou a prestar assistência técnica aos produtores
de café.
Os mosqueteiros
Um time formado por quatro aguerridos técnicos
agrícolas merece um lugar especial na história da
cooperativa. Em vez de o agricultor ir atrás de orientação técnica, o que não era seu costume fazer, esses
profissionais é que iam de propriedade em propriedade, ao encalço do produtor, enfrentando toda a
sorte de obstáculos e até perigos para executar o seu
trabalho e divulgar o cooperativismo.
Foi uma novidade experimentada, na raça, pelos
cobaias José Augusto Corrêa da Silva, Antonio Roberto de Souza (o “Betinho”), Joaquim de Almeida e
Carlos Alberto da Silva Bianchi.
Ao implantar o inédito sistema de assistência técnica no campo, a Cocamar não imaginava o quanto
difícil seria chegar até os cooperados, em seus sítios.
Para isso, dividiu a região em quatro áreas, ficando
uma para cada técnico.
O problema não era só enfrentar estradas intransitáveis por causa do barro, da intensa poeira ou dos
buracos. Quando eles deixavam seus veículos para
percorrer sofríveis carreadores a pé, estavam sujeitos a tudo: desde cachorros ferozes a bois e bodes
prontos para o ataque. Sem falar da hostilidade de
muitos agricultores, parte dos quais não entendia a
diferença entre a cooperativa e uma empresa cerealista.
Os primeiros
entrepostos
A diretoria começou a planejar a implantação dos primeiros entrepostos e,
pela primeira vez na nova fase, discutiu
a viabilidade de uma indústria. O produto a ser industrializado não poderia
ser outro: soja, a base na sustentação da
cooperativa.
A primeira unidade da Cocamar fora de
Maringá foi instalada no município de
Paiçandu, vizinho a Maringá. Ocupava
as instalações que pertenciam ao Instituto Brasileiro do Café (IBC). Mais parecia um depósito, segundo alguns, com
31.824 metros quadrados.
O primeiro responsável, Jamil Jaloto,
permaneceu um tempo na função, confiada depois ao português José Maria
Leal Pessoa Paula Soares, um profissional especializado em armazenagem e
conservação de grãos, que havia chegado de Moçambique um ano antes. José
Maria assumiu a gerência dessa unidade, ficando Jamil Jaloto na subgerência.
A cooperativa
começou a implantar
unidades na região;
acima, a primeira,
na avenida Colombo
Depois de Maringá e Paiçandu, a cooperativa passou a contar com instalações próprias para o recebimento da
produção em outros municípios da região. Os de São Jorge do Ivaí e Jussara
ficaram prontos com 1976 com capacidade, respectivamente, para 33 mil e 12
mil toneladas. Em 1977, mais dois: Doutor Camargo e Floresta, para 25 mil toneladas cada.
Nessa época, a Cocamar compreendia
22 municípios, com um total de 541.399
hectares. Eram cerca de 4,5 mil cooperados e setenta por cento das propriedades tinham entre 12 e 24 hectares. Os
municípios integrantes da região da cooperativa: Atalaia, Cianorte, Cruzeiro do
Sul, Doutor Camargo, Floraí, Inajá, Indianópolis, Ivatuba, Japurá, Jussara,
Mandaguaçu, Maringá, Nova Esperança, Ourizona, Paiçandu, Paranacity,
Presidente Castelo Branco, São Jorge do
Ivaí, São Tomé, Terra Boa e Uniflor. Até
o final de 1977 a capacidade de armazenagem chegaria a 332.150 toneladas.
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Em 1975, a pior
geada do século
Na manhã daquele fatídico 18 de julho de 1975, sem
nenhum secretário ou assessor a acompanhá-lo, o governador Jaime Canet Júnior entra pela porta da frente na
sede da Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda.,
na Av. Prudente de Moraes, em Maringá, onde um grupo
de produtores conversava sobre a geada. Eles sabiam
que o estrago tinha sido grande, mas poucos ainda conseguiam perceber, pelo menos até aquele momento, a dimensão do desastre e do que ele representaria para a
economia do Estado.
No balcão, onde trabalhava na liquidação de safras,
Maria Ester Marques Brito lembra que o governador
apresentou-se aos produtores e só depois foi reconhecido
pelos funcionários. Ela conta:
“Ele chegou e disse: ‘sou o governador do Estado e também cafeicultor’. Ele tinha lavoura em Bela Vista do Paraíso. Todo mundo ficou surpreso. Quando avisaram um
diretor que o governador estava no saguão da cooperativa, ele não acreditou. Mas foi conferir e comprovou: era
mesmo o governador”.
Foi um ano em que as baixas temperaturas encantaram
os curitibanos com a neve, mas a geada assombrou os
cafeicultores.
O emblemático ano de 1975 foi um divisor de águas na
economia estadual com o advento da devastadora geada
negra. Era o golpe de misericórdia para uma atividade
cujo ciclo dava sinais claros de esgotamento. Ao mesmo
tempo, a destruição dos cafezais, que começaram a ser
erradicados e a minguar em todas as regiões, representou o sinal verde para o avanço em definitivo das lavouras mecanizadas de grãos, puxadas pela soja.
Ninguém esperava tanto
A soja deu um susto na Cocamar. A cooperativa estruturava-se para receber o grão, sabia que as lavouras dessa cultura iriam expandir-se nos anos
seguintes mas ninguém tinha uma noção exata acerca
da velocidade com que as coisas aconteceriam.
Rosa Maria Marques de Souza, que começou em
1972 preenchendo notas fiscais, passou para o setor
fiscal e tornou-se mais tarde uma profissional polivalente, conta: “No ano em que a grande geada arruinou
os cafezais, muita gente plantou soja em toda a região
e a gente só foi perceber isto quando os caminhões começaram a chegar, no início do ano seguinte. Vinha
caminhão de todo lado, mesmo de municípios distantes, formando enormes filas. Foi um estouro, ninguém
esperava tanto. Foi um rebuliço. Não havia funcionários suficientes, todos precisavam trabalhar dia e
noite. Funcionários de outras áreas foram chamados
a colaborar, inclusive aos sábados e domingos”.
Com armazéns
para grãos, ficou
mais fácil reagir
Como a Cocamar tinha saído na frente
ao construir armazéns graneleiros para
acondicionar essas safras, os produtores
se sentiram encorajados a substituir o
cultivo perene do café por plantios temporários, que ofereciam maior possibilidade de sucesso. Com um detalhe: “o”
soja, como alguns agricultores preferiam
chamar, despontava como uma cultura
de liquidez sem igual, cuja expansão contínua da oferta fazia frente a uma demanda internacional crescente.
Não fazia mais sentido, portanto, que
a cafeicultura continuasse ocupando terras tão nobres e valiosas. Dessa forma, a soja e o trigo, que demandavam
pouca mão de obra, espalharam-se e tomaram conta das superfícies mais férteis, as famosas terras roxas, enquanto
o algodão foi migrando do norte para
ficar mais perto dos cafezais, que faziam da região noroeste o seu reduto,
Produtores faziam
longas filas para
entregar a safra,
mas valia a pena
onde a disponibilidade de trabalhadores
ainda era farta.
Luiz Lourenço lembra que a soja acabou deslocando o café e algodão. A soja,
segundo ele, foi a “redenção da agricultura”, pela sua praticidade e também
pela liquidez. Já o cultivo do algodão era
bastante complexo, exigindo principalmente um controle permanente de pragas e doenças, sem falar da grande
dependência de mão de obra. E a cafeicultura foi, em seu início, uma atividade
exploratória:
“O café sugou o solo e
não houve reposição de
nutrientes, os agricultores
faziam um manejo errado,
nem sequer adubavam”.
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Região ganha estruturas para algodão
A soja era o caminho,
mas não se poderia descuidar das culturas com as
quais a cooperativa trabalhava tradicionalmente,
caso do algodão, que tinha
assumido um papel de
grande importância em
seu faturamento, e do café.
Mesmo com a redução gradativa dos cafezais, a atividade ainda se mantinha
em algumas regiões,
sendo a principal fonte de
renda de muitas propriedades.
Em dezembro de 1975, a
Cocamar passa a contar
com os préstimos daquele
que foi um de seus colaboradores mais queridos e
populares: João da Costa
Patrão. Profundo conhecedor de algodão, ele atuou
A Cocamar fortaleceu ainda mais sua atuação
no recebimento e beneficiamento de algosão
por 25 anos na Esteve Irmãos e dedicaria outros 25
a serviço cooperativa.
Expandindo sua operação
na área, a Cocamar implanta uma unidade de beneficiamento em Cianorte,
ocupando instalações que
haviam sido abandonadas
pela Sanbra. Outros municípios da área de atuação
da cooperativa também foram recebendo unidades de
beneficiamento: Paranacity
e Iporã.
Pá g . 4 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3
A industrialização, uma ideia arrojada
A ideia de implantar uma indústria de óleo e farelo de
soja começou a ser trabalhada em 1974. Foi durante uma
reunião da diretoria que o assunto entrou em discussão
e começou a ganhar corpo. No mesmo ano, no dia 27 de
setembro, a diretoria convocou uma Assembleia Geral
Extrordinária de associados para decidir sobre a implantação da indústria, que viria inaugurar uma nova fase
da cooperativa, em que deixaria de apenas repassar produtos “in natura” recebidos dos associados e começaria
a industrializar a produção agrícola a ela entregue.
A Cocamar estava sendo a primeira cooperativa do Paraná a entrar na era do esmagamento de soja e os diretores não tinham, pelo menos em nível de Estado, com
quem trocar ideias ou discutir planos e programas.
Esse pioneirismo, de certa forma, contribuiu para retardar o andamento das negociações visando o início das
obras. Sendo a implantação da indústria aprovada em
1974, só em 1977 é que os trabalhos tiveram início para
que a indústria começasse a funcionar em outubro de
1978, em sua fase experimental, e em 1979 a todo vapor.
ÓLEO E FARELO - Mas em 1979, com o advento da indústria, quando a cooperativa, além de soja em grão, começou a debutar no concorrido mercado internacional
ao oferecer, também, óleo bruto e farelo de soja, foi preciso sofisticar ainda mais o departamento comercial,
para fazer frente a essa nova demanda. Foi nessa época
que Luiz Lourenço passou de gerente geral ao cargo de
diretor adjunto, sendo a área comercial uma de suas
principais atribuições.
Quando a Cocamar começou a aumentar o recebimento
de soja e a industrializar o produto, a área comercial
Pires e Paolinelli
Segundo deixou registrado Constâncio Pereira Dias,
nesta fase, mais uma vez José Pires de Almeida,
então secretário do ministro Alysson Paolinelli, conseguiu deste último que usasse a força de seu ministério para obter um financiamento do programa de
agroindústria. “Foram precisos também, nessa hora,
a colaboração de Reinaldo Dias de Moraes Silva e
Fernando Craidy. O primeiro através de sua empresa
Ateai – com o projeto agroindustrial, e o segundo executando a obra.”
As condições de financiamento representaram para
a Cocamar, na época, o que poderia ser considerado
um excelente negócio, como já se disse. Algumas condições do contrato: juros baixos, pré-fixados, sem correção monetária; alguns anos de carência e muitos
anos de prazo para pagar. Conforme afirmou Oswaldo
Corrêa: “no final, com a inflação alta, as prestações não
cobriam o preço de um pneu de trator”.
ficou ainda mais importante para a cooperativa, pois lidava com milhões de dólares em um único dia. Os negócios eram feitos por telefone e telex, mas a Cocamar
montou um departamento bastante sofisticado para a
época e parecia coisa de outro mundo
Detalhe da construção
da indústria de óleo
e farelo de soja
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 4 5
De cara, um problema
Problemas iniciais eram inevitáveis, mas, apesar
deles a indústria entrou em funcionamento e quando
tudo parecia bem, que estava dando certo, um fato
inesperado acabou acontecendo: o governo federal
baixou instrução proibindo o consumo de derivado
de petróleo na produção de vapor industrial. O país
enfrentava sérias dificuldades na importação de petróleo e para diminuir o consumo interno procurou
direcionar o uso de combustível para a movimentação da frota de veículos e para o atendimento a alguns setores que não pudessem contar com alguma
fonte energética alternativa. As indústrias, de um
modo geral, podiam dispor de fontes alternativas e,
portanto, estavam impedidas de continuarem consumindo derivado de petróleo. A Cocamar foi então
obrigada a abandonar suas caldeiras de poucos
meses de uso, acionadas a BPF (óleo combustível) e
encomendar novas caldeiras para a queima da
lenha.
Indústria
recebe
ampliação
No final de 1980, mais depressa do que havia previsto, a Cocamar se vê
obrigada a ampliar a capacidade de processamento de
sua fábrica, de 1.100 para
1.600 toneladas de soja/dia.
Nesse ano, foram processados 255,6 mil toneladas,
29% a mais que em 1979.
A indústria estava indo
tão bem, descortinando novos mercados para a cooperativa, que a diretoria se
animou a apostar na expansão do parque industrial.
Surgiria, então, em 1980, a
segunda planta, ao lado da
primeira, e igualmente para
fabricação de óleo comestível, mas processando caroço de algodão, girassol e
amendoim.
Pá g . 4 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3
Incorporação de cooperativas
A estrutura de armazenagem, no que refere à sua
distribuição regional, levou em conta, num primeiro
plano, o espaço pioneiro de atuação da cooperativa, ou
seja, aquele em que ela se manteve desde a fundação,
em 1963; num segundo plano, levou em conta dois outros espaços, incorporados a partir de sua consolidação como empresa cooperativa, entre o final da década
de 70 e o início da de 80.
Em 1979, a Cocamar foi solicitada a anexar cooperativas que estavam à beira da liquidação. Os primeiros
contatos, nesse sentido, foram mantidos tendo em
vista a incorporação da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores – Coac, que atuava na região de Umuarama. Não deram certo. Pouco tempo depois, uma
nova oportunidade, com a Cooperativa Regional de Perola (Coopérola), que atuava nos municípios de Pérola,
Altônia, São Jorge do Patrocínio, Iporã, Francisco
Alves e Xambrê, no extremo noroeste do Estado. Desta
vez, o resultado foi positivo e a Cocamar ampliou, pela
primeira vez, seu espaço de atuação exclusiva. Absorveria também, em 1982, a Cooperativa Agrária de Cafeicultores (Coaca), de Paranavaí.
Outra conquista, a fiação
Por outro lado, o esforço desencadeado
em várias frentes para derrubar a proibição federal e implantar no Paraná a
primeira fiação de algodão de uma cooperativa, surtira efeito. No dia 17 de outubro de 1981, Constâncio, ao lado dos
demais diretores, presidiu uma solenidade para o lançamento da pedra fundamental no parque industrial, à qual
participaram autoridades e convidados.
A fiação, com projeto de viabilidade devidamente aprovado, teria capacidade
para absorver 30% da produção de algodão dos cooperados, produzindo fios cardados para os mercados nacional e
internacional.
No dia 22 de outubro, data em que foi
concluída a construção civil, o presidente
mandou organizar outra solenidade, para
a qual foram convidadas várias lideranças e autoridades. Nesse dia, Constâncio
fez questão de homenagear as pessoas
que ajudaram a cooperativa nesse empreendimento: o governador Ney Braga, o
presidente do Banco Central, José Kleber
Leite Castro, o presidente do Banco do
Brasil, Aléssio Vaz Primo, o presidente do
Banco Regional de Desenvolvimento do
Extremo Sul (BRDE), Mário Saporite, o secretário estadual de Indústria e Comércio,
Fernando Fontana, e o prefeito municipal
João Paulino Vieira Filho.
No extremo
noroeste, o apoio a
produtores de café
(foto) e algodão
Enfim, na era do computador
O crescimento da cooperativa impunha mudanças
nos sistemas de controles, mas os avanços tecnológicos, em matéria de administração, ainda eram
tímidos. Passar parte do serviço para o computador
representou uma grande comodidade para os funcionários e também segurança para a organização,
conforme detalha Rubens Jacinto da Silva, o Rubinho, chefe contábil que foi responsável por essa
transição: “Nos finais de ano, quando era preciso
pagar rateio aos cooperados, a gente gastava vários dias para preencher uma infinidade de cheques, coisa de 2 mil a 3 mil”.
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Quadro associativo
cresce rápido
No ano que comemora seu 20º aniversário de fundação,
a cooperativa registra o ingresso de seu cooperado de número 20.000, aliás, uma cooperada: Mara Rúbia Zandonadi, moradora em Maringá. O crescimento do quadro
associativo é vertiginoso, lembrando que em 31 de dezembro de 1982 o número totalizava 13.995.
Em 1983, a Cocamar mantinha a posição de cooperativa
singular com maior quadro associativo do Paraná, conquistada ainda em 1981, quando tinha fechado o ano com
10.092 associados.
INDÚSTRIAS - O forte crescimento da Cocamar durante
a década de 70 é, mesmo, impressionante. De frágil cooperativa no final dos anos 60, ela transforma-se em uma
grande organização econômica em pouco mais de dez
anos e com muito combustível, ainda para continuar expandindo-se. Isto, tanto em número de produtores associados quanto na área industrial.
tempo depois, chega enfim às prateleiras dos supermercados de Maringá e região.
Em 1983, o parque industrial já conta com duas unidades de produção de óleos (uma de soja e outra de caroço
de algodão), uma fiação de algodão, uma usina-piloto de
álcool anidro e uma estrutura para refino e desodorização
acoplada a uma área de envase com fabricação própria
de frascos em PVC biorientado.
Claro que com o grande avanço das culturas mecanizadas, sobra pouco espaço para a cafeicultura na região,
mas esta ainda resiste em especial nos minifúndios dos
municípios de Altônia, Iporã, Pérola e São Jorge do Patrocínio.
O óleo com a marca Cocamar começa a ser consumido
primeiramente pelos cooperados e funcionários, com as
vendas, restritas aos entrepostos da cooperativa. Pouco
Grandes volumes de algodão seguiam para os entrepostos, funcionando em Paranavaí, Paranacity e Cianorte,
sem contar os da região de Umuarama.
No “Fundão”,
muita pujança
Devido a sua localização geográfica, no extremo-noroeste do Estado, a região incorporada pela Cocamar
junto a Coopérola, que inclui os municípios de Iporã,
Altônia, Pérola e São Jorge do Patrocínio, é por muitos chamada de “Fundão”. Em 1983, ao assumir a gerência da unidade de Altônia, José Eduardo Bassan,
na cooperativa desde 1976, lembra que ficou bem impressionado com o que encontrou. “Era um modelo
bem sucedido de ocupação da terra”, conta, explicando que a grande maioria dos proprietários rurais
residia com suas famílias em áreas pequenas, de 7
alqueires em média. A cada 100 metros havia um carreador que levava a um novo lote e todos viviam
bem, invariavelmente com uma Brasília ou um Passat na garagem, símbolos locais de prosperidade na
época. Nas manhãs de sábado, dia reservado para as
compras, a cidade se enchia de carros, caminhões e
carroças. Independente dos altos e baixos da cafeicultura, essa atividade ainda era muito forte na economia de Altônia e região, fazendo dali o seu
principal reduto no Estado.
Por alguns anos
as assembléias da
cooperativa foram
realizadas no Ginásio
de esportes
Chico Neto
Cocamar faz os primeiros
experimentos com biodiesel
O engenheiro Germano Ottmann, o segundo gerente industrial da Cocamar, ocupou essa função entre 1979 e 1983. Ele
conta que na segunda indústria, em que se
produzia óleo de caroço de algodão, lidavase com uma indesejável quantidade de
borra resultante do refino desse óleo. O que
fazer com a substância era um desafio que
acabou suscitando uma ideia arrojada: por
que não aproveitá-la como matéria-prima
para a produção de biodiesel?
Há alguns anos, ao estimular o cultivo
de eucalipto para substituir o óleo BPF utilizado nas caldeiras de seu parque industrial, a Cocamar demonstrava interesse
em buscar alternativas para substituir o
produto importado, e que fossem menos
poluentes. Nesse sentido, o biodiesel obtido a partir da borra de óleo de caroço de
algodão e também de óleo de soja refinado poderia ser interessante.
‘‘O biodiesel tem fluidez mais leve que o
diesel. Com biodiesel, o motor tem durabilidade quatro vezes maior do que com
o uso de diesel’’, afirmou na época o químico Richard Fontana. Além disso, não
havia necessidade de troca de lubrificante.
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Parque Industrial vira um canteiro de obras
Com indústrias, instalações e estruturas de apoio sendo
levantadas rapidamente ou ampliadas, o Parque Industrial
chegava ao ano de 1984 repleto de obras.
Um novo armazém graneleiro estava sendo instalado
para 52 mil toneladas, um armazém sementeiro para comportar 4.500 sacas era erguido, implantava-se um novo
conjunto com seis armazéns para café e a própria máquina
de café era ampliada. Por outro lado, estava pronto o projeto da fiação de seda, que teria 3.600 metros quadrados
de área construída, incluindo setores de meadeiras, fiandeiras, tinturaria e outras áreas de apoio, depósitos, salas
sanitárias etc. Não bastasse, a Cocamar anunciava a construção de uma segunda fiação de algodão, anexa à primeira, para mais 2,7 mil toneladas/ano, elevando assim
a sua capacidade para 6 mil toneladas/ano.
Tudo isso sem falar, ainda, do envase de óleo em sistema
de PVC biorientado, conforme já mencionado antes, com
a construção de um espaço de 3.600 metros quadrados
para comportar as máquinas. E, também, de várias outras
obras e melhorias nos entrepostos.
A estrutura de refino, desodorização e envase de óleos
vegetais foi inaugurada no dia 10 de maio de 1985, com
capacidade inicial para 60 mil garrafas de 900 ml, utilizando, como já dito, uma tecnologia francesa ainda desconhecida no Brasil.
Ao ingressar no setor da seda, cooperativa contemplou do recebimento à industrialização
Projeto Laranja é lançado
Com a presença do secretário estadual da Agricultura,
Claus Germer, um evento de âmbito regional reúne lideranças na tarde do dia 29 de junho de 1984 no Country Club de
Maringá, para o lançamento do Projeto Laranja. A iniciativa
do governo do Estado, com apoio de prefeitos de diversos
municípios da região noroeste e a participação da Cocamar,
tem o objetivo de questionar as barreiras impostas pela Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico (Canecc).
Segundo elas, o noroeste, que lutava pela viabilização de
novas alternativas para fortalecer a sua economia, estava
impedido de fazer o plantio de pomares comerciais de laranja, o que soava como “um absurdo” para as lideranças.
Nessa época, o Paraná precisava comprar de outros Estados
nada menos que 96,4% das frutas que consumia, a maior
parte delas do gênero cítrico. Remover tais dificuldades, portanto, era um novo desafio que contava com o empenho da
Cocamar. Durante o lançamento, o presidente Constâncio Pereira Dias declarou que cooperativa poderia incentivar essa
cultura entre os produtores e, inclusive, instalar uma indústria para processamento da matéria-prima.
No ano seguinte, esse evento ganharia dimensões ainda
maiores. Intitulado “Novo Noroeste”, teve a Cocamar entre
suas principais articuladoras, reunindo no Country Club
mais de 100 prefeitos de municípios polarizados por Maringá, Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama. Era a terceira edição consecutiva de um movimento que, em 1983,
havia sido iniciado pela agência de Maringá do Banco No-
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roeste, cujo gerente era Nélson Gaburo. Desta vez, o que se
reivindicava era liberdade para o Estado plantar pomares
comerciais de laranja e, com eles, ensejar novas perspectivas para uma região em visível empobrecimento; recursos
para a renovação de cafezais, tentando-se recuperar uma
cultura em declínio e, ao mesmo tempo, assegurar opção de
renda a um grande número de produtores que tentava se
manter na atividade; por fim, apoio também à sericicultura,
um setor agora abraçado pela Cocamar, considerado importantíssimo para a fixação, ao campo, de inúmeros pequenos
proprietários.
Cocamar chamou
para si o
empreendimento e
contou com apoio
do governo
do Estado
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Os primeiros passos
Eram 514 pés de tangerina ponkan, 2.427 de laranja pêra
e 383 de limão tahiti: o primeiro pomar experimental de
frutas cítricas implantado no Paraná estava localizado em
15 hectares da Fazenda Cocamar em Iguatemi, município
de Maringá. A iniciativa contou com o apoio da Secretaria
da Agricultura e o projeto vinha sendo desenvolvido desde
meados de 1985. Para isso, foi necessário que os vizinhos
em um raio de até 1,5 quilômetro das margens da área utilizada pela Cocamar erradicassem toda e qualquer árvore
cítrica.
Até então, há mais de 20 anos o Paraná estava impedido
de plantar frutas cítricas em pomares comerciais, em nome
do combate ao cancro cítrico. Há pouco tempo, o Estado
tinha vencido uma luta de vários anos para a liberação de
suas áreas, mas para que essa liberação fosse definitiva,
sem restrições, era necessário que ficasse suficientemente
provado que a doença não constituiria empecilho.
Quando do “Projeto Laranja”, a Cocamar havia se comprometido a participar da luta pela liberação do noroeste
do Paraná para a citricultura, e daria todo o respaldo
necessário.
Após trinta anos,
a reconquista
Depois de trinta anos impedido por uma legislação do
Ministério da Agricultura, o Paraná tinha finalmente a
chance de produzir laranja. A oportunidade, aliás, havia
surgido três anos antes, com a mudança na legislação
que impedia o Estado de efetuar o plantio por ser portador do cancro cítrico. A lei determinava que a cada foco
de cancro detectado fosse interditado todo o município.
Pressões de lideranças paranaenses, somadas ao aparecimento de focos da doença, resultaram na modificação
do artigo por parte do Ministério da Agricultura, fazendo
com que somente as propriedades infectadas fossem in-
Microbacias
terditadas e não mais o município todo. Foi o início do
Projeto Laranja que viabilizou a citricultura na região
noroeste, como uma opção de diversificação.
O projeto de citricultura do Paraná era considerado de
porte médio por Edilberto José Alves, diretor técnico da
Cocamar e coordenador estadual do programa. A meta
era produzir 20 milhões de caixas (48,8 kg por caixa)
destinadas à produção de suco e outras 2 milhões de
caixas para comercialização “in natura”. No longo prazo,
30 mil hectares deveriam ser ocupados por pomares.
Produtores apostaram
no projeto implantando
pomares de laranja
na região noroeste
A região da Cocamar está entre as primeiras, no Estado, a implementar o programa de microbacias hidrográficas, a partir de 1985, que deixou para trás o
flagelo da erosão, até essa época um grande problema
da agricultura paranaense.
Em 1985, uma das primeiras bacias hidrográficas do
Paraná é viabilizada no município de Paiçandu, vizinho a Maringá, onde havia grandes valas causadas
por erosão. A iniciativa da Acarpa local conta com o
apoio da Cocamar e da antiga cooperativa Sul Brasil.
O município de
Ivatuba, na região
de Maringá, se
tornou referência
internacional
Até o final daquela década, Ivatuba, também na região da Cocamar, seria considerado um município modelo em relação a essa prática sustentável, no país. Foi
o primeiro a fechar toda a área municipal com microbacias, sendo uma referência para técnicos e produtores de outras regiões do Estado e do país.
Oswaldo sucede Constâncio
Constâncio Pereira Dias,
que participou de todas as
diretorias da Cocamar
desde 1965, sendo desde
1971 o diretor-presidente,
pede seu afastamento em
caráter irrevogável no
início de julho de 1986.
Seu sucessor, Oswaldo de
Moraes Corrêa, havia ocupado cargo na cooperativa, pela primeira vez, em
1969, quando integrou o
Conselho Fiscal. Já no ano
seguinte, foi eleito diretorsecretário, ocupando desde então cargo em todas
as diretorias. Nos últimos
anos, era o diretor de Comunicações e Serviços Sociais.
Constâncio deixava a cooperativa com tranquili-
A cooperativa surgiu como um braço financeiro
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dade, em um momento
em que a organização estava sólida e organizada,
embora vivendo um momento conturbado, considerando que sua missão
chegara ao fim. Pouco
tempo depois, ele transferia residência para sua cidade natal, Guaranésia
(MG), ficando mais perto
de seus negócios.
Com a saúde fragilizada, Constâncio deixa
o comando para Oswaldo de Moraes Corrêa
Fundada a Credimar
Fundada em 1986 pela Cocamar, entrava em fase de operações regulares a
Credimar – Cooperativa de Crédito Rural
de Maringá Ltda [que no futuro seria a
Sicredi União PR, uma das maiores em
seu setor no país]. Tratava-se praticamente, segundo o diretor de produção da
Cocamar, Edilberto José Alves, de um
banco rural, cuja finalidade principal era
reter no setor pelo menos um pouco mais
dos recursos gerados no campo. “Tradicionalmente a agricultura transfere ao
sistema financeiro quase todas as riquezas que gera, e o que é pior: depois depois retoma esses mesmos recursos a
custos elevados”, dizia Edilberto, que
exercia a função de diretor-secretário daquela cooperativa.
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A comemoração dos 25 anos
Em 1988, nas festividades comemorativas aos 25 anos da Cocamar,
foi prestada uma homenagem a um grupo de associados pioneiros, formado por Odwaldo Bueno Netto, Joaquim Romero Fontes, Luiz Alfredo.
- Ivaldo Borges Horta, Irineu Pozzobon, Ermelindo Bolfer, Anatalino
Boeira de Souza, Carlos Eduardo Bueno Netto, José Armando Ribas,
Josué Moraes e Orlando Alves Cyrino.
Funcionários também foram homenageados: Abel Pereira de Campos
(admitido em 1971, maquinista em Doutor Camargo), Romildo Carvalho
Vanderlei (admitido em 1971, titular da Liquidação de Safras), José Antônio Bassan (de 1971, separador de tulhas na máquina de algodão),
Enzo Palandri (italiano de Florença, onde nasceu em 9/11/19. Formado
em Topografia, foi admitido em 1971 e respondia pela assessoria de
Projetos), José Roberto Gomes (agrônomo admitido em 1971, ocupava
a gerência geral noroeste), Arlindo Cechella (de 1972, foi o primeiro
motorista da Cocamar), Antonio Jorge dos Santos (ingressou em 1972,
era chefe de padronização de algodão), Rosa Maria Marques de Souza
(de 1972, era assistente tributária na Assessoria Jurídica), Rubens Jacinto da Silva (admitido em 1972, respondia pela gerência administrativa da Unidade Maringá), Lourenço Gonçalves (de 1972, era assistente
de operação), Oswaldo da Silva Santos (admitido em 1968, era chefe
de produção e manutenção na Dixon [estrutura arrendada pela cooperativa]), Aparecido de Oliveira (admitido em 1972, tirador de amostras),
Jonas Moureira (ingressou em 1968, respondia pela manutenção e operação da máquina de algodão), Vandenir Nogueira de Matos (de 1972,
atuava na escrituração fiscal), José Lustoza de Alencar (de 1967, tendo
ocupado várias funções no setor operacional) e José Joaquim da Silva
(admitido em 1967 na função de balanceiro).
• Associados: 25.000
• Colaboradores: 4.000
• Produtos: soja, milho, trigo, algodão, café, feijão,
arroz, mamona, girassol, casulos de seda,
farinha de mandioca e aveia.
Injeção do envase produzia
milhões de tampas
O setor de injeção da unidade de envasamento de óleo da Cocamar
produzia, em meados de 1987, 2 milhões de tampas e 2 milhões de
sobretampas por mês. Equipamentos automáticos transformavam
o polietileno (derivado do petróleo) por meio do processo de injeção,
moldados na forma definitiva. Segundo o gerente da fábrica, Érico
Amorim Alves, a tampa exibia um dispositivo prático para se retirar
a sobretampa. E esta permitia a vedação do vasilhame durante o
consumo, sem necessidade de furar o frasco, a exemplo do que acontecia com a lata. O óleo de soja Cocamar já estava presente em 80%
dos pontos de venda da região.
O primeiro encontro de mulheres cooperativistas
Apesar do dia chuvoso,
500 participantes foram
registrados no 1º Encontro Feminino organizado
pela Cocamar, no mês de
dezembro de 1987. Pronunciando-se na oportunidade, o gerente regional
João da Costa Patrão
disse que “a mulher rural
ocupa uma posição de
vital importância no sen-
tido de oferecer suporte
ao desenvolvimento de
suas famílias, e seu interesse em participar das
realizações da cooperativa, demonstra que procura uma evolução, um
melhoramento”.
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Construindo o equivalente Transcocamar profissionaliza
o setor de transportes
a um alqueire por ano
O Departamento de Projetos e Obras da Cocamar era
o termômetro do crescimento da cooperativa. Responsável por todas as edificações, do projeto à execução,
construía uma média anual de 20 mil a 25 mil metros
quadrados. As unidades industriais, os entrepostos,
os armazéns graneleiros estavam entre as principais
obras realizadas.
A partir do início de 1989, com a
fundação da Transcocamar Transportes Ltda., a Cocamar passou a contar
com uma empresa própria para os
serviços de transportes, levando sua
produção industrializada para os diversos destinos e, ao mesmo tempo,
fazendo o transbordo, para Maringá,
das safras entregues pelos agriculto-
res nos entrepostos. Até então, a frota
própria da cooperativa era composta
de 63 veículos, que atendiam apenas
40% da demanda da cooperativa. O
restante era preenchido por transportadoras locais. Em breve, a Transcocamar absorveria também a frota de
veículos pequenos usados pelos colaboradores da Cocamar.
Enfim, o café “Cocamar”
A cooperativa investiu na implantação de um
torrador para ter, ainda em 1989, o café em pó “Cocamar”. O investimento era uma complementação do
complexo café: o produto era exportado, fornecido às
torrefações e agora, finalmente, ia chegar aos consumidores da região. O torrefador estava sendo implantado numa área de 700 metros quadrados
dentro do parque industrial.
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Renovação no Conselho de Administração
leva Lourenço à presidência
O momento do país não era bom, com uma sucessão
de planos econômicos mal-sucedidos, que prejudicavam
as finanças e impediam o planejamento de empresas
de todos os tamanhos. A inflação sempre voltava com
força, após as medidas de combate, desafiando o governo. Com sua estrutura, a Cocamar necessitava de
um grande projeto de reestruturação para se adequar
aos novos tempos, sob pena de entrar em dificuldades.
A Cocamar tinha duas chapas para con- correr ao Conselho de Administração na eleição de dezembro de
1989. Uma, “União com Segurança”, liderada pelo então
presidente Oswaldo de Moraes Corrêa, e outra, “Renovação com Segurança”, pelo diretor de comercialização
Luiz Lourenço.
No dia da Assembleia Geral Ordinária, realizada a
23 de dezembro, 4.123 cooperados se dirigem ao local,
o amplo armazém sementeiro da cooperativa em Maringá. Os representantes de ambas as alas haviam firmado acordo no sentido de que a eleição acontecesse
por voto secreto – uma novidade na história da cooperativa. Animados pelo fato de poderem escolher livremente a chapa de sua preferência. O pleito começou por
volta das 15:30h e o resultado foi conhecido duas horas
depois: Luiz Lourenço é eleito presidente com 3.087
votos, o equivalente a 77% do total. Ele sucede a Oswaldo de Moraes Corrêa, no cargo desde 1986, tornando-se o quinto comandante da cooperativa. A
diretoria passou a ser composta também por Edilberto
José Alves e João Cardnes Marques.
Em síntese, cinco compromissos foram assumidos
pelo novo Conselho de Administração junto aos produtores:
1) Com o cooperativismo – praticar a igualdade na utilização da estrutura, dos recursos financeiros e serviços;
2) Com o objetivo principal – promover prioritariamente
o melhor resultado econômico-social ao produtor;
3) Com a estabilidade – manter a estrutura sólida e bem
estruturada para proporcionar maior segurança aos
seus associados e às regiões;
4) Com a confiança – trabalhar de modo ético, profissional e transparente;
5) Com o desenvolvimento – evitar o comodismo e com
responsabilidade, dedicação e competência, promover
o desenvolvimento econômico e social de seus associados e de sua região, na busca de diversificação de atividades.
Entre as principais propostas da nova administração,
reorganizar o quadro social, de maneira a aproximar e
integrar os cooperados e a cooperativa; a realização de
reuniões pré-assembleia nas cidades onde há entrepostos, para que se tenha mais tempo de debater os assuntos; redução do número de diretorias de sete para três;
desburocratizar, simplificar e racionalizar a estrutura
administrativa; estruturar a administração por produto
– criando divisões responsáveis para cada atividade;
adotar o profissionalismo na administração, orçamento
para todos os atos, planejar investimentos e, por fim,
promover uma reforma estatutária para contemplar as
mudanças.
Detalhe da assembléia
histórica ocorrida
no final de 1989;
embaixo, os diretores
com o secretário
de Agricultura
Osmar Dias
A reestruturação
administrativa
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Ao assumir, a nova diretoria colocou em prática um
plano de austeridade e começou a cumprir suas promessas de campanha, visando a reconduzir a Cocamar a
uma realidade mais adequada para suportar os tempos
de dificuldades enfrentados pela economia nacional.
Os cargos na diretoria foram reduzidos de sete para
três; houve redução do número de funcionários, enxugamento de gerências e departamentos e iniciado um
amplo trabalho de profissionalização das equipes; o quadro de cooperados começou a passar por um rigoroso
processo de selecionamento, visando a premiar a qualidade da participação. “Aqueles cooperados não atuantes
e que vêm somente gerando custos para a cooperativa,
serão convidados a regularizar sua situação. Já os associados devedores, que não cumpriram com seus compromissos nos prazos estabelecidos, estão sendo
executados e excluídos sumariamente da sociedade”, comentou Luiz Lourenço, acrescentando: “dentro dos objetivos que norteiam o espírito cooperativista, os
produtores atuantes e participativos, fiéis ao sistema,
terão, a partir de agora, um tratamento digno que privilegie sua dedicação”.
Em pauta, a terceirização de serviços
Era dado início em 1991 a um intenso processo de terceirização de serviços na Cocamar,
com o objetivo de desvincular a cooperativa de atividades que não estavam ligadas ao seu
objetivo. O primeiro departamento a ser terceirizado foi o da área de transportes rodoviários,
que se tornou autônomo, com a já criada Transcocamar. Também os setores de zeladoria
foram terceirizados e a programação para 1992 previa ampliar o leque. O gerente Político
Social, José Fernandes Jardim Júnior, explicou que essa iniciativa deixaria a estrutura da
cooperativa mais leve “para atender melhor ao quadro de associados”.
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Governador assume
e vem à Cocamar
Pouco mais de 24 horas depois de tomar posse no
Palácio Iguaçu, em Curitiba, o governador Roberto Requião vem a Maringá onde, em solenidade realizada
na Associação Cocamar, reconduz ao cargo de secretário da Agricultura e do Abastecimento, o engenheiro
agrônomo Osmar Dias. O evento, considerado “inédito”
pelo próprio secretário, que ocupou a mesma pasta durante o governo anterior, chefiado pelo seu irmão Álvaro Dias, foi prestigiado por aproximadamente 2 mil
convidados, entre dirigentes de cooperativas e caravanas de agricultores de todo o Estado.
Cooperativa divulga superadensamento de café entre cooperados
A Cocamar é a primeira cooperativa do Paraná a divulgar o sistema de adensamento e superadensamento
de café. E, sem perda de tempo, pleiteava recursos junto
às autoridades, em março de 1992, para viabilizar o
plantio de pequenas áreas de café com esse sistema na
sua região de abrangência. A cooperativa descobrira propriedades com cultivo adensado e superadensado em Ribeirão Claro e Cambará, no Paraná, e promovia visitas
de cooperados de regiões onde a atividade estava acabando. Na fazenda Santa Júlia, de Luiz Marcos Suplicy
Haffers, considerada a principal referência, os visitantes
viram cafezais produzindo dez vezes mais que a média
paranaense, que mal chegava às oito sacas beneficiadas
por hectare. Haffers tinha 140 hectares, dos quais 20
pelo sistema adensado. Desses, cinco estavam em plena
produção aos 3,5 anos de plantio. Era nessa pequena
área que o agricultor provava o gosto suave de um negócio que muitos julgavam esgotado. Com 8,4 mil plantas por hectare, a lavoura plantada no espaçamento de
1,20m x 1,0m, chegava à inacreditável média de 60 sacas
beneficiadas por hectare em 1991. Mas no ano seguinte,
a carga dos pés indicava não menos que 100 sacas/hectare – um espanto para muitos cafeicultores tradicionais.
“Meu primeiro conselho, como cafeicultor, é deixar de
lado o cálculo por mil pés e partir para valores em hectares”, pontuou o proprietário.
O café voltava a ser
uma opção econômica
graças ao novo
sistema de produção
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Trazida pela Cocamar, canola é cultivada na região
Oleaginosa bastante conhecida na Argentina e outros países da América do Norte até então, a canola despontava
como uma interessante novidade para o período de inverno
de 1992 na região da Cocamar. O Estado teria cerca de 3
mil hectares plantados com essa cultura de origem canadense, cujas sementes foram introduzidas no Brasil, vindas
do país vizinho. A ideia de trazer a nova opção de cutivo ao
Estado partia da Cocamar, que esperava semear 800 hectares, pelo menos, em sua área de ação. Não havia nenhum
tipo de financiamento para a cultura, mas a cooperativa
criou uma linha especial para apoiar os produtores, abrindo
créditos destinados à aquisição dos insumos. A canola apresentava vantagens sobre o trigo: o preço de 160 dólares a
tonelada, superior aos 140 dólares daquele cereal.
CONHECER – Meses antes, uma equipe de técnicos da cooperativa tinha ido à Argentina para ver de perto a canola,
uma cultura derivada da colza. Detalhe: os grãos de canola
apresentavam 40% de teor de óleo – simplesmente o dobro
da soja.
ÓLEO – A Cocamar tinha tanta certeza do êxito em relação
ao cultivo de canola na região, que investia em esforços
para colocar a cooperativa na disputa por uma faixa do
mercado de óleo. No Brasil havia, ainda, apenas uma
marca lançada pela Olvebra. A estratégia da cooperativa
para ingressar nesse segmento ainda em 1992 era a
mesma do concorrente: apresentar o produto como o mais
saudável para o consumo humano. O óleo da Cocamar, cujo
nome seria Suavit, era o único produzido no Brasil – visto
que o produto da Olvebra provinha da Argentina.
Produto era recebido
e industrializado
pela cooperativa
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30 anos e grandes desafios pela frente
Ao completar três décadas de existência em 1993, a Cocamar contava com 10.040 produtores cooperados,
atuando no recebimento de soja, milho, trigo, café, canola,
algodão, casulos do bicho-da-seda, arroz, feijão, triticale,
girassol, aveia, amendoim em casca, cana-de-açúcar, mandioca para fécula, laranja e leite “in natura”.
tuado na PR-317, que abriga a fiação de seda e várias estruturas de apoio. O clima é festivo, também, ante o recebimento de uma safra recorde de soja, de 322 mil toneladas.
São 38 entrepostos, 3.118 funcionários e um parque industrial com várias unidades: extração de óleo e farelo de
soja, extração de óleo e torta de algodão, refinaria de óleo
de soja, envase de óleo refinado de soja, indústria de fios
de algodão, indústria de fios de seda, torrefação e moagem
de café, destilaria de álcool e fecularia de mandioca.
Com capacidade para armazenar 725 mil toneladas de
grãos, a cooperativa apresenta faturamento de US$ 204,8
milhões em 1992, dos quais US$ 32,8 milhões oriundos de
exportação.
Como parte da programação de aniversário, a diretoria inaugura o Parque Industrial “Constâncio Pereira Dias”, si-
Na indústria, embalagem
pet toma o lugar do PVC
O gerente da fábrica de óleo da Cocamar, engenheiro
mecânico Bassim Chamseddine, justificava que a utilização de embalagens de polietileno tareftalato (PET) expandia-se rapidamente pelo mundo. Segundo ele, o
sistema de latas e PVC (plástico) somente era comum,
ainda, nos países da América Latina, lembrando que
foi a Cocamar, no início dos anos oitenta, que introduziu
o envasamento em PVC no Brasil, a partir de tecnologia
francesa. Falando da substituição do PVC pelo PET, que
era uma tendência natural, Bassim explicou que ambos
os produtos eram derivados do petróleo. A unidade de
envasamento de óleos da cooperativa, em operação
desde 1982, tinha capacidade para 150 mil embalagens/dia.
Pomares de
laranja avançam
A expectativa da Citrocoop Citros Concentrados (empresa formada por Cocamar e Copagra) é de que a
safra de laranja de 1993 totalize 530 mil caixas, multiplicando por cinco a quantidade obtida em 1992. É a
segunda produção comercial dos pomares da região
noroeste.
A região, aliás, vive uma nova fase com a consolidação da citricultura, apresentada como uma das melhores opções para a diversificação das propriedades.
A entrada no segmento da cana
Depois de absorver a estrutura da Cooperativa Agroindustrial de Produtores
de Cana de São Tomé (Coamto), a Cocamar partia firme para o plantio da safra
que seria colhida a partir de maio de 1993. A previsão era plantar, até o final
de 1992, cerca de 1,5 mil hectares na região de São Tomé, município localizado
a 70km de Maringá. A destilaria da Coamto, parada há dois anos, seria reformulada para produzir 30 milhões de litros de álcool em 1993. A decisão de incorporar aquela cooperativa havia sido ratificada pelos associados em
assembleia no mês de junho de 1992.
Inaugurado o “packing house”
O projeto Citrocoop completava mais
uma etapa com a inauguração, em
agosto de 1992, do “packing house”,
uma unidade de recepção e preparo de
frutas “in natura”. Na oportunidade, os
diretores da Cocamar, Edilberto José
Alves, e João Cardnes Marques, o presidente da Copagra (a outra cooperativa
associada ao projeto), Olivier Grendene,
e o prefeito de Paranavaí, Rubens Felippe, recepcionam o secretário Osmar
Dias. Essa unidade passa a receber
toda a produção de laranjas para efetuar o processo de preparo, que consta
de classificação, lavagem e polimento
das frutas antes de acondicioná-las em
embalagens comerciais – colocadas no
mercado com a marca “Avaí”.
Lourenço alerta:
é o fim do algodão
Ao tomar conhecimento do plano safra que acabava de
ser anunciado pelo governo, o presidente da Cocamar,
Luiz Lourenço, reagiu. Ele diz a jornalistas que o produtor de algodão é a grande vítima do descaso das autoridades, que autorizavam a livre importação do similar
estrangeiro, criando um quadro de concorrência interna
na qual ele não tem a menor chance. “O produto importado, que tem subsídios na origem, chega às indústrias
em condições tais que aviltam o mercado do algodão
para o produtor brasileiro, tornando inviável a exploração da cultura”.
Lourenço queixa-se diretamente ao ministro da Agricultura, Barros Munhoz, mas a responsabilidade é atribuída ao ministro da Indústria, Comércio e Turismo, o
paranaense José Eduardo de Andrade Vieira, que estaria
trabalhando em defesa do segmento industrial têxtil – o
único beneficiado com as importações.
Diante de tal cenário, o momento da cotonicultura é especialmente crítico no Paraná, o principal produtor nacional. Na safra 1991/92, tinham sido cultivados 704,4
mil hectares, área que encolheu para 363 mil hectares
no período seguinte e caiu mais ainda no ciclo 1993/94,
para menos de 300 mil. A expectativa é que 400 mil trabalhadores fiquem sem função.
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“Suavit” vence
O empresário Aparecido Silva Machado, de Maringá, vence o concurso para a escolha do nome do
óleo de canola a ser produzido pela Cocamar. Sua sugestão, “Suavit”, foi eleita entre mais de 20 mil participações. O óleo chegaria depois aos supermercados,
fazendo sucesso. É o primeiro com matéria prima produzida no país.
Alternativas
regionais
O 1º Encontro de Diversificação e Novas Tecnologias
para o Noroeste do Paraná, em Cianorte, no mês de
maio, reúne 650 produtores. A iniciativa da Cocamar
apresenta propostas que, em síntese, oferecem opções
para pequenas propriedades, caso do café cultivado
em sistema superadensado. Um dos palestrantes mais
aguardados é o cafeicultor Luiz Haffers, dono da Fazenda Jamaica em Ribeirão Claro (PR), considerada
uma referência nesse novo modelo.
Celular, novidade
para o campo
A Cocamar tem sua
história ligada ao
vôlei, com a revelação
de grandes craques,
como Giba (foto)
e Ricardinho
O gerente regional da Telepar em Maringá, Darcy
Pedro Thomas, anuncia a boa nova: a partir de julho
(1993) o sistema de telefonia celular começa a funcionar na região de Maringá. Para isso, uma antena ligada a satélite, com alcance para captar e transmitir
num raio de 20 quilômetros, vai cobrir a cidade e as
imediações. O produtor Eizo Kuroda é um dos primeiros a adquirir um aparelho celular: “O fixo já não dava
conta”, anima-se.
Antecipar compras,
uma nova mentalidade
ao cooperado
Embora pudesse parecer muito cedo para se pensar
sobre a próxima safra de verão, o presidente Luiz Lourenço orienta cooperados para que utilizem recursos obtidos com a boa safra para antecipar a compra de seus
insumos. O objetivo é criar uma nova mentalidade, de
maneira a depender menos de bancos e de outras modalidades de financiamento, como o “troca-troca” (em que o
produtor retira insumos na cooperativa para pagar com
a produção). Lourenço argumenta: os custos dos financiamentos bancários “são insuportáveis”.
Vôlei campeão
A Cocamar/Cyanamid vence o Frigorífico
Chapecó por 3 a 0, em Maringá, e fica com
o titulo da Copa Sul de Clubes, organizado
pela Confederação Brasileira de Voleibol
(CBV). Participaram também do torneio a
Sogipa e a Frangosul, ambas do Rio
Grande do Sul. Ainda em 1993, o time conquista a Copa Brasil de Clubes Campeões
disputada em São Luis (MA).
A equipe, que inicia preparativos para
a temporada 1994/95, anuncia reforços:
Paulão, meio de rede titular da seleção
brasileira e um dos titulares do time na
conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona. A resposta da torcida é o ginásio Chico Neto lotado. O
vôlei vira mania na cidade. Além dele,
chegam Douglas, Giba e Ricardinho,
sendo que os dois últimos jogadores vão
figurar, no futuro, entre os melhores do
mundo.
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Plano Real: muita expectativa e grandes estragos na agricultura
No ano de 1994 o governo do presidente Itamar
Franco consegue, enfim, organizar e implementar um programa de estabilização econômica com
resultados duradouros, iniciado oficialmente no
dia 27 de fevereiro. A Medida Provisória 434 institui a Unidade Real de Valor (URV), estabelecendo regras de conversão e uso de valores
monetários, iniciando a desindexação da economia e determinando o lançamento de uma nova
moeda, o Real.
Bom para o país, que dava um basta nos períodos turbulentos e de desordem de sua economia,
o Plano Real revela uma face sinistra, em que a
agricultura sofre o maior encargo. É ela que vai
pagar a conta nesse primeiro ano, transformando-se em uma espécie de “âncora verde”. Entende-se por “âncora verde” a decisiva
contribuição dos preços dos alimentos no controle
dos índices inflacionários. Ou seja, o governo se
apoia na atividade agropecuária para baixar os
preços reais dos alimentos.
No entanto, apesar da grande importância que
a agropecuária exerce na implantação do Plano
Real, o setor é duplamente esbulhado, pois suas
dívidas continuam a ser corrigidas por meio da
TR, a Taxa Referencial, que faz um enorme estrago em curto período de tempo, levando muitos
produtores à insolvência.
INSOLVÊNCIA - No mês de outubro, a Folha de
Londrina publica artigo assinado pelo jornalista
Oswaldo Petrin que elucida bem a situação: “Há
um ano o pagamento de uma parcela do financiamento equivalia a 500 sacas de milho. Hoje,
segundo a Federação da Agricultura do Estado
do Paraná (Faep), a mesma parcela tem valor proporcional a 1.100 sacas do mesmo produto. Apesar da estabilização da economia, em programas
como o Finame Rural, uma linha de crédito operada pelo BNDES para a compra de máquinas e
equipamentos agrícolas, foi mantida a correção
monetária pela TR (Taxa Referencial), acrescida
de juros que chegam a 12% ao ano, o que configura um descasamento entre o crédito e os preços
dos produtos agrícolas”. Em seu artigo, o jornalista alerta para ‘o risco de uma nova onda de insolvência no setor rural, uma vez que com os
preços mínimos fixos e correção monetária em
vigor, muitos agricultores não terão como honrar
as dívidas’. O maior problema está nos contratos
assinados antes de junho de 1993 em que o tomador foi prejudicado devido à correção da TR
plena e não pró-rata. Isto significa que, por exemplo, o agricultor que tomou seu dinheiro emprestado em 28 de abril de 1993, em vez de seu
débito ser corrigido desta data até o final do mês
em 2,5%, foi atualizado com a TR plena do mês:
28,22%. Apesar do BNDES assumir o compromisso de estornar ou devolver a diferença entre
a TR pró-rata e a TR plena cobrada indevidamente, nada disso foi feito, ficando o campo com
os prejuízos agravados pelo descasamento provocado pelo Plano Real.
O produtor está desnorteado e, apesar da gritaria geral do setor, o governo parece surdo. É a
transição do mandato do presidente Itamar
Franco para Fernando Henrique Cardoso.
Para complicar ainda mais, o governo libera
apenas uma pequena parte dos recursos da
ordem de R$ 5,6 bilhões que prometera para a
safra de verão 1994/95. Desse total, cerca de 18%,
o equivalente a R$ 1 bilhão, seriam do Paraná.
Nesse mesmo ano, segundo a Ocepar, 40 mil
produtores paranaenses deixariam a atividade.
A dívida do campo, segundo a entidade, já chegava a R$ 7 bilhões e não havia solução à vista.
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Uma demonstração de prestígio
Um evento dos mais importantes da
história da cooperativa aconteceu no dia
19 de abril de 1996, em Maringá, quando
a diretoria reuniu autoridades, ex-governadores, ex-ministros, ex-dirigentes e
personalidades que, ao longo de seus 33
anos, emprestaram-lhe decisiva contribuição. Era um jantar na Associação Cocamar para lembrar os 33 anos da
cooperativa. O presidente Luiz Lourenço,
ao lado dos ex-presidentes José Cassiano
Gomes dos Reis Júnior (1965-1971) e
Constâncio Pereira Dias (1971-1986), recepcionaram os ex-governadores Ney
Braga (também ex-ministro da Agricultura), José Richa, José Hosken de Novaes, Octávio Cesário, Jayme Canet Júnior
e Álvaro Dias, os ex-ministros Ivo Arzua
(Agricultura) e Roberto Costa de Abreu
Sodré (Relações Exteriores e também exgovernador de São Paulo), senador
Osmar Dias, os deputados federais Ricardo Barros e Valdomiro Megger, os deputados estaduais Marcos Alves e Joel
Coimbra, prefeito de Maringá Said Felício Ferreira, ex-prefeitos Adriano José
Valente e João Paulino Vieira Filho), presidente da Faep, Ágide Meneguette, presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski,
presidente do Senar/PR, Luiz Antônio
Fayet, presidente da Associação Comercial e Industrial de Maringá (Acim),
Hélio Costa Curta, presidente do Sindicato Rural de Maringá, Anníbal Bianchini da Rocha, entre outros. Marcante,
também, foi a presença do ex-presidente
do Banco Nacional de Crédito Cooperativo
(BNCC), José Pires de Almeida, que teve
um papel decisivo, em várias oportunidades nos anos 1960, evitando a dissolução
da cooperativa e oferecendo alternativas
ao desenvolvimento de várias áreas.
“Esse foi um
acontecimento
inesquecível na
história da Cocamar”
LUIZ LOURENÇO
Envase de óleos
A Cocamar negocia com a Engepack Embalagens
S/A., da Bahia, a terceirização do setor de envasamento de óleos vegetais, que começaria a ser feito em
embalagens PET para derivados de canola e soja. A
Engepack se comprometeu a investir US$ 5 milhões
para instalar uma moderna unidade.
Primeiro módulo da
indústria de sucos
é inaugurado
A Citrocoop inaugura no dia 16 de setembro em Paranavaí, o primeiro módulo de sua fábrica de sucos
concentrados. A unidade foi construída para absorver
a produção de laranja da região noroeste paranaense.
O governador do Estado, Mário Pereira, presidiu a solenidade, que reuniu cerca de 500 convidados, entre
autoridades, lideranças e produtores. Antes da inauguração, o ex-governador Alvaro Dias e o ex-secretário
da Agricultura, Osmar Fernandes Dias, tinham visitado a indústria. Poucas semanas depois, a Cocamar
anunciava o embarque do primeiro lote de exportação
de suco para a Europa.
A partir da esquerda: João Paulino Vieira Filho (ex-prefeito de Maringá), José Osken de Novaes (ex-governador), senadores Osmar Dias e Álvaro Dias,
Anníbal Bianchini da Rocha (ex-diretor da Cocamar e ex-secretário estadual da Agricultura), Roberto Costa Abreu Sodré (ex-governador de São Paulo e
ex-ministro das Relações Exteriores), Constâncio Pereira Dias (ex-presidente da Cocamar), Jayme Canet Júnior (ex-governador do Paraná), Ney Braga
(ex-governador do Paraná e ex-ministro da Agricultura), Ricardo Barros (então prefeito de Maringá), Luiz Lourenço (presidente da Cocamar), Ivo Arzua
(ex-ministro da Agricultura), Octávio Cesário Pereira Neto (ex-governador do Paraná), Oripes Rodrigues Gomes (ex-presidente da Cocari), José Cassiano
Gomes dos Reis Júnior, ex-presidente da Cocamar e ex-secretário estadual da Agricultura), José Richa (ex-governador), Adriano José Valente (ex-prefeito
de Maringá), Said Felício Ferreira (ex-prefeito de Maringá) e José Pires de Almeida (ex-presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo-BNCC)
Purity
Nessa época, a Cocamar introduzia no mercado o
óleo de soja “Purity”, marca idealizada pelo então gerente da divisão comercial, Nelson Sillas de Souza.
“Um produto diferenciado em relação aos óleos já conhecidos”, explica o então assessor da área comercial,
Roberto Kaminski. Era lançado, também, um café em
versão cappuccino.
Pesquisa do Instituto Bonilha, de Curitiba, apontava
a Cocamar, em outubro de 1996, como a sexta marca
mais lembrada do Paraná, só atrás de Volvo, Copel,
Prosdócimo, Bamerindus e Viação Garcia.
Em suas unidades industriais, a cooperativa produzia 35 mil caixas/dia de óleos de soja e canola, 130
toneladas/dia de óleo bruto de caroço de algodão,
1,250 quilos/dia de fios de algodão, 600 quilos/dia
de fios de seda, 36 milhões de litros de álcool/ano,
9,7 mil toneladas de fécula de mandioca/ano e proporcionava 1.934 postos de trabalho.
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Região de Umuarama, a nova fronteira da soja
Nos 32 municípios que
integram a Amerios (Associação dos Municípios do
Vale do Piquiri), importante região do noroeste
paranaense, um dado alarmante vinha tirando o
sono das autoridades. Por
causa da pecuária extensiva e da falta de manejo
adequado, já havia pelo
menos 1 milhão de hectares em estado de degradação. O empobrecimento da
terra era consequência natural de décadas seguidas
que marcaram a atividade
pecuária na região, conduzida, em sua maior parte,
com baixo profissionalismo, resultando em bai-
xa ocupação. Mas como reverter essa situação? A solução, segundo o prefeito
de Umuarama, Fernando
Scanavaca, estava na necessidade de promover
uma verdadeira revolução
no campo. Em lugar de
pastagens improdutivas e
à mercê da erosão, ele
queria ver lavouras de
soja, cultivadas segundo
um apropriado padrão tecnológico – o mesmo que
viabiliza a cultura nos cerrados. O secretário de
Agricultura do município,
Edson Assis Bastos (in
memoriam), avisava: “não
estamos delirando” e, segundo ele, o primeiro pas-
so era viabilizar o arrendamento das terras. Interessados não faltariam,
mas o problema estava
em convencer os pecuaristas.
REVOLUÇÃO - Sem imaginar, o prefeito estava
mesmo começando uma
revolução na agropecuária, que hoje tem nome e
está consolidada: integração lavoura, pecuária e
floresta. Um modelo sustentável e avançado, visto
atualmente como a solução para o Brasil multiplicar a produção de alimentos a partir do aproveitamento de pastagens
degradadas. O pioneirismo
das autoridades de Umuarama, considerado até então um “delírio” ou “loucura” por muita gente, encantou de imediato a Cocamar, que enxergou aí uma
grande oportunidade para
o combalido noroeste do
Paraná e para o seu próprio fortalecimento. Nos
anos seguintes, como veremos ao longo desse livro, a cooperativa investiria em estruturas para
apoiar os produtores e seria uma parceira de primeira hora do Instituto
Agronômico do Paraná
(Iapar) no desenvolvimento de pesquisas.
Alianças estratégicas na industrialização
Com as alianças e acordos operacionais no setor de oleaginosas, o
Parque Industrial operaria com
100% de sua capacidade instalada
em 1998. Nessa área, uma das principais parcerias foi com a Coamo,
para a qual passou a industrializar
soja, visando a extração de óleo de-
gomado e farelo, refino e envase,
além da compra de caroço de algodão e sementes, e uso do seu terminal portuário em Paranaguá, para
o embarque de farelo de soja e outros itens. Para a Cocari, a Cocamar
prestou serviços na industrialização
de soja e, para a Cotrefal, refino e
envase de óleo degomado de soja,
mesmo trabalho que executava
para a Camil. Com a Caramuru,
atuou na troca de óleos especiais,
fornecendo óleo de canola em troca
do similar de milho. Com a Inpal,
fez o processamento de mandioca
com fornecimento de fécula e, com
A Cocamar viu na
integração lavourapecuária uma forma
de fortalecer a
economia da região
noroeste e desde
1997 passou a
apoiá-la com
prioridade
a Engepack, produção de embalagens PET para óleos. Com a Toepfer, fornecimento de farelo de soja
para exportação, caracterizando
uma linha de crédito rotativo, e com
a Cargill e a ADM, pagamentos antecipados na aquisição de soja e
trigo.
Fábrica opera com
capacidade total
J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 6 7
A fábrica de óleos vegetais da Cocamar teve sua capacidade de esmagamento ampliada em 50%, passando de
1.500 para 2.250 toneladas/dia, o que foi necessário
diante do aumento do recebimento de soja e da parceria
realizada para a prestação de serviços com várias cooperativas e empresas. A indústria trabalhava à plena carga,
situação diferente de alguns anos, quando a ociosidade
chegava a 40%.
20 ANOS – O Parque Industrial, que começou a ser construído em meados da década de 1970 e teve a sua primeira unidade – a fábrica de óleo e farelo de soja –
inaugurada em 1979, completava duas décadas. A linha
de produtos ao varejo era formada por 5 tipos de óleos
de grande aceitação, dos quais dois de soja: o tradicional
“Cocamar” e “Purity”. Os outros três – derivados de canola,
girassol e milho, todos com a marca “Suavit”. A esses
óleos somavam-se, nas gôndolas, os cafés “Maringá” e
“Cocamar”, o cappuccino “Cocamar” e o álcool “Cocamar”.
TECNOLOGIA – De acordo com o gerente industrial Sidney Leal, a Cocamar nunca descuidou do processo de modernização de suas indústrias, lembrando que a
automatização e o constante aperfeiçoamento estão pre-
sentes em todos os setores. Esses fatores, ligados à ocupação máxima de sua estrutura, faz da fábrica de óleo um
modelo em produtividade. Em 1994, segundo Leal, eram
500 funcionários, ao passo que em 1998, mesmo com a
ampliação da capacidade de esmagamento de 1.500 para
2.250 toneladas de soja/dia, o efetivo não passava de 180
trabalhadores.
Cocamar priorizou
o varejo e suas
indústrias prestavam
serviço para outras
cooperativas e empresas
Pá g . 6 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3
Suco recebe selo
do mercado solidário
No apagar das luzes de 1998, o suco concentrado e
congelado produzido pela Paraná Citrus, empresa da
Cocamar em Paranavaí, foi selecionado pela organização não governamental europeia Fairtrade Labelling Organization International (Flo), que atua no
mercado solidário internacional. A partir de então, o
produto vendido ao consumidor europeu receberia
um selo de garantia de qualidade e também que o
processo de produção não envolvia mão de obra infantil. Por conta disso, para cada tonelada de suco
comprado pela Ong, havia um prêmio de US$ 100 dólares para ser convertido à realização de projetos sociais, envolvendo trabalhadores e suas famílias.
CERTIFICAÇÃO – A qualidade do suco, a propósito,
passaria a ser comprovada pela conquista da certificação internacional de qualidade ISSO 9001, outorgada pela empresa alemã Gesellschast Zur Zertifizienung.
O melhor ano
O ano de 2001 terminava como o melhor da história
da Cocamar até então, registrando um volume recorde de 440 mil toneladas de soja (contra 330 mil
do ano anterior) – das quais 15% oriundas da região
do arenito – e um faturamento de R$ 602 milhões,
28% acima dos R$ 482 milhões do ano anterior.
O recebimento de soja em grão, de 440 mil toneladas, vinha também em escala crescente na comparação com os anos anteriores, e o esmagamento do
produto no parque industrial da cooperativa saltava
de 421 mil toneladas em 2000 para 541 mil em 2001
– um avanço de 29%. O crescimento se observava,
ainda, nas vendas de varejo e insumos agropecuários, de R$ 141 milhões no último ano para R$ 170
milhões em 2001.
* em milhões de reais
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A denominação passa a ser Cocamar Cooperativa Agroindustrial
Assembleia Geral Extraordinária realizada no mês
de outubro de 2002 autorizou a mudança da denominação de Cocamar Cooperativa de Cafeicultores e
Agropecuaristas de Maringá Ltda., para Cocamar Cooperativa Agroindustrial. A alteração era necessária,
segundo o então superintendente administrativo e financeiro, Divanir Higino da Silva, para eliminar dificuldades impostas às sociedades limitadas pela
legislação de alguns Estados. “A Cocamar está em expansão e isto vinha sendo um obstáculo. Não somos
mais uma cooperativa que vende seus produtos apenas para a região, o nosso foco agora é o Brasil, acrescentou.
Era a segunda mudança de nome em pouco menos
de 20 anos. O primeiro, ao ser fundada em 1963, era
Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda, sigla
Cocamar”.
Chegar logo a R$ 1 bilhão
O Grupo Cocamar chegava ao final de 2002 com R$ 775 milhões
de faturamento – 29% a mais que os R$ 602 milhões do ano anterior. O objetivo agora era crescer mais 25% e atingir a almejada
marca de R$ 1 bilhão. Nesse ano, a cooperativa havia recepcionado
463 mil toneladas de soja, 5% a mais que as 440 mil toneladas de
2001 – e pelo menos 10% dessa quantidade eram provenientes dos
solos arenosos do noroeste. Por outro lado, mostrando que investir
no varejo tinha sido um bom negócio, as vendas desse setor totalizavam R$ 133 milhões, 56% a mais que os R$ 85 milhões de um
ano antes.
Pá g . 7 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3
Presidente inaugura as novas indústrias
Cumprindo promessa feita aos dirigentes da Cocamar
quando ainda era candidato, o presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, esteve em Maringá no dia 12 de
abril de 2003 especialmente para inaugurar as novas indústrias da cooperativa. Era a terceira visita de Lula à Cocamar em menos de um ano. Ao lado de três ministros
(Roberto Rodrigues, da Agricultura, Luiz Fernando Furlan,
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), e José
Graziano da Silva (da Segurança Alimentar e Combate à
Fome), ele agradeceu a atenção com que foi recebido nas
vezes anteriores e reafirmou o compromisso de promover
o desenvolvimento do cooperativismo no País.
Durante a solenidade, o presidente começou seu discurso
falando da Cocamar. Ele lembrou que havia estado na cooperativa duas vezes em 2002: “Fomos tratados pela diretoria de uma forma muito digna”, enfatizando que tudo o que
aprendeu sobre cooperativismo, foi na Cocamar.
Após os pronunciamentos, foi feito no próprio palanque o
descerramento da placa que marcou a inauguração das fábricas. Em seguida, o presidente e o governador puxaram
a fila de autoridades em direção às fábricas. No caminho,
Lula avistou quatro caminhões com doações feitas pelas cooperatias Cocamar, Coamo, Cooperval e Copagra para o Programa Fome Zero.
Depois de percorrer as instalações do novo conjunto
industrial, o presidente saiu para a rua onde estava sendo
aguardado pelos veículos oficiais. Fugindo do protocolo,
dirigiu-se a um ponto de ônibus quase em frente para
cumprimentar e abraçar algumas pessoas. Finalmente, na
Avenida Constâncio Pereira Dias, Lula cumpriu a parte
final da visita à Cocamar, plantando um ipê-roxo. Por
volta das 13h, retornou ao Aeroporto Regional, onde embarcou rumo a Londrina para visitar a Exposição da cidade.
Presidente Lula
visitou a Cocamar
em quatro
oportunidades
“O campo é o maior negócio do País”
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Ao assumir o Ministério da Agricultura, o cooperativista
Roberto Rodrigues declarou que “o campo é o maior negócio do País”, responsável por 21% do PIB, 40% das exportações, 25% da produção e 37% dos empregos gerados em
território nacional.
Rodrigues lembrou que, na década anterior, o agronegócio
foi submetido a uma tripla colisão: estabilização, falência
das políticas públicas e abertura comercial. “A crise foi brutal e destruiu a renda no campo, levando a uma enorme
exclusão social. Mas também exigiu a modernização. Não
tínhamos conhecimento das verdadeiras forças que se moviam na direção da oferta e procura dos alimentos. Essa é
a grande diferença de hoje em relação aos outros tempos”,
disse o ministro que, por várias vezes, visitou a Cocamar.
Falando sobre a cooperativa, Rodrigues salientou: “A Cocamar tem uma atuação que transcende a região. Na região
ela é mais do que conhecida, ela é a locomotiva do cluster
da localidade”.
Por sua vez, em seu discurso de posse, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva destacou a importância do setor agropecuário e prometeu incrementar a agricultura familiar e
o cooperativismo, sem descuidar do vigoroso apoio à pecuária e à agricultura empresarial, à agroindústria e ao
agronegócio.
Rodrigues: “a Cocamar
tem uma atuação que
transcende a região”
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Varejo cresce e aparece
O presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, recebeu
homenagem na feira supermercadista Apras 2004,
justificada pelo forte crescimento da cooperativa na
área de varejo. No evento foram apresentados as
novas embalagens dos óleos de soja, milho, girassol
e canola, produzidos com as marcas Cocamar, Purity
e Suavit. A propósito, as vendas de óleo de soja e bebidas à base de soja surpreendiam no interior paulista, segundo a 32ª pesquisa nacional sobre
reconhecimento de marca, realizada pela revista Supermercado Moderno, o que era confirmado pela empresa de pesquisa ACNielsen.
A cooperativa começava a fazer história, também,
com participação assídua na maior feira do setor no
país, a APAS, sempre no mês de maio em São Paulo.
E, em 2005, pela primeira vez, contou com um estande na feira de Anuga, na Alemanha.
Prêmio importante
A Cocamar foi o grande destaque do Prêmio OCB 2005,
realizado pelo segundo ano pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e revista Globo Rural. A cooperativa venceu em três das oito categorias da premiação,
considerada a mais importante do setor no país: responsabilidade social, meio ambiente e marketing. A Cocamar
figurava também na lista das 5 empresas “Grandes Líderes do Sul” do setor agropecuário, segundo estudo feito
pela revista Amanhã, de Porto Alegre. Considerando as
200 maiores, ocupava a 51ª posição.
LOURENÇO – Em 2006, o presidente da Cocamar, Luiz
Lourenço, foi homenageado pelo Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), com a láurea
Honra ao Mérito, concedido anualmente a representantes
de destaque do setor industrial paranaense. A propósito,
no mês de dezembro, o jornal Valor Econômico incluiu o
nome do presidente da Cocamar entre os que estavam
sendo cogitados para assumir o Ministério da Agricultura, em lugar de Roberto Rodrigues. “Foi uma surpresa”,
reagiu Lourenço, que descartou qualquer possibilidade
de aceitar o cargo. No início de 2007, ele proferiu palestra
sobre o tema “biocombustível” na Harvard Business
School em Boston (EUA), uma das mais importantes universidades em todo o mundo.
A Cocamar
participa desde
2004 da APAS
em São Paulo
“Escola no Campo”
Em parceria com a Syngenta, foi realizada em
2005 a primeira edição do projeto “Escola no
Campo”, iniciativa que atingiu 1.086 alunos de 11 a
12 anos, de dez estabelecimentos de ensino, situados em seis municípios da região da cooperativa.
Objetivo é conscientizar sobre práticas de preservação do meio ambiente e para que conheçam o sistema cooperativista.
MULHERES – Cooperadas e esposas de produtores
associados da Cocamar em Floresta, região de Maringá, se mobilizaram e promoveram em julho de
2005 o primeiro Encontro de Mulheres Rurais,
evento que contou com o apoio da cooperativa, por
meio do gerente José Eduardo Bassan. Essa iniciativa fez surgir núcleos femininos em praticamente
toda a região, voltados a debater assuntos relacionados ao agronegócio e ao cooperativismo.
Uma das principais
marcas do Estado
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A revista econômica Expressão, que circula nos
três Estados do Sul, divulgou de abril de 2003 o resultado de uma pesquisa Top Of Mind, realizada no
final de fevereiro com 2.001 entrevistados, em que
a Cocamar aparecia isolada como a principal marca
do Paraná. A Cocamar detinha 9% das citações, contra 6% da segunda colocada, a Copel, e 5% da terceira, a Coca-Cola. Abordadas na rua, as pessoas
eram inquiridas sobre o que consideravam ser a
principal grande marca paranaense. O resultado tirava a liderança da Copel, há anos no primeiro lugar
do ranking estadual.
BILHÃO – Em 2003 a Cocamar alcançou uma marca
histórica: o faturamento de R$ 1 bilhão, registrando crescimento de 29% sobre o montante do ano anterior. No
ano seguinte, foram R$ 1,154 bilhão, 15% a mais.
A visita de Ziraldo
O consagrado cartunista e escritor Ziraldo, autor
de personagens infantis como Menino Maluquinho
e a Turma do Pererê, visitou a Cocamar em maio de
2003, atendendo convite feito pela cooperativa. Ele
conheceu as novas fábricas, a Unidade Maringá e a
fiação de seda. “Sou fascinado pelo cooperativismo”,
declarou.
Para Prêmio Nobel, século 21
será da agricultura brasileira
No início de 2004 em Umuarama,
onde visitou a estação experimental do
Iapar, o cientista Norman Borlaug, considerado uma das lendas da agronomia
mundial, disse que nos próximos 30
anos uma nova revolução estará em
curso na agricultura do planeta. Segundo ele, se o século 20 foi fundamental para a lavoura norte-americana, o
século 21 terá importância crucial para
a inserção do Brasil na economia mundial a partir de agricultura. Norman
Borlaug afirmou que o Brasil terá papel
central não apenas na produção de alimentos mas, sobretudo, na disseminação de tecnologia capaz de aprimorar e
ampliar um legado do próprio Borlaug.
Pai da chamada “revolução verde”, o
cientista ganhou em 1970 o Prêmio
Nobel da Paz.
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“Integração, o grande diferencial”
O ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli,
disse a uma plateia formada por cerca de 700 agricultores e pecuaristas, no mês de maio de 2007 em Maringá, durante a Expoingá, que a integração lavoura,
pecuária e floresta desponta “como o grande diferencial” de competitividade do agronegócio brasileiro. Segundo ele, esse é o instrumento que vai fazer com que
a agropecuária do país seja imbatível no cenário internacional. Paolinelli esteve na Expoingá a convite
da Cocamar.
Para ele, houve uma grande evolução do setor agropecuário desde a época em que foi ministro, mas a integração foi apontada “como o caminho natural e
definitivo” para fazer do Brasil a maior potência agrícola do planeta.
Consórcio milho e braquiária
é difundido entre cooperados
Uma tecnologia que já
dava o que falar. Na região da Cocamar, eram
várias as experiências de
produtores que, orientados pela cooperativa, começavam a fazer o consórcio de milho de inverno com capim braquiária, com resultados
surpreendentes. Por esse
sistema, o milho é semeado normalmente e, 15
dias após a emergência, a
pastagem é semeada com
uma plantadeira adaptada ou com a adubação
de cobertura. O objetivo é
que, na colheita do milho,
a outra cultura tenha começado a se desenvolver,
o que adianta o tempo de
cultivo e possibilita a cobertura do solo para protegê-lo com palhada durante o verão. Além
disso, a braquiária serve
de alimento para o gado
no inverno, suprindo o
pecuarista numa época
em que normalmente há
falta de pastos. A Cocamar propunha o consórcio como uma das estratégias de integração lavoura, pecuária e floresta, de forma a produzir grãos e carne de
forma sustentável. Esse
trabalho tinha o acompanhamento técnico de Gessi
Ceccon, especialista da
Embrapa Gado de Corte,
sediada em Campo Grande (MS).
Paolinelli: “Brasil,
potência agrícola”
Um capim a serviço
da natureza
Em uma região onde, nos meses quentes, a temperatura
do solo exposto ao sol pode chegar a 60 graus centígrados, não há agricultura que aguente.
O calor forte, somado a períodos de estiagens, ocasiona
quebras de produtividade que, segundo os técnicos, poderiam ser menores com uma boa cobertura de solo. Ou, em
linguagem simples, fazer apenas o que a própria natureza
pede. Afinal, solo desprotegido é também um campo
aberto para outro tipo de problema: a erosão. A “vestimenta” do solo atende pelo nome de capim braquiária.
Para o especialista em solos da Universidade Estadual
de Maringá, Cássio Tormena, “a braquiária é um recurso
excepcional”.
O capim braquiária
viabiliza a integração
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Cooperado valoriza a segurança oferecida pela cooperativa
A segurança proporcionada pela Cocamar foi, no final
de 2009, o benefício mais valorizado por 88% dos cooperados. Este sentimento foi evidenciado durante a realização de entrevistas com 240 produtores na sede e
nas unidades, quando foi possível fazer uma amostragem sobre a opinião deles em relação a vários pontos
no relacionamento com a cooperativa. Depois da segurança, o item mais citado foi a qualidade do atendimento prestado pelos colaboradores, com 51%, e as
orientações que eles recebem para a condução de seus
negócios, com 25%. Em seguida, rateio (23%), estruturas (21%) e crédito (7%).
O levantamento é realizado periodicamente e faz parte
da política da administração. Para o presidente Luiz
Lourenço, a segurança é fundamental para que o cooperado seja participativo e, segundo ele, o índice de
88%, que considera elevado, “mais do que demonstrar
o grau de confiabilidade, espelha também o nível de satisfação dos produtores com a sua cooperativa”.
Confiança e segurança na
cooperativa é um dos
pontos fortes na relação
com os cooperados
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Uma usina de cogeração
própria de energia elétrica
No mês de setembro de 2009 a Cocamar colocou em
funcionamento uma unidade de cogeração de energia
elétrica, com capacidade para 13 megawatts, podendo
atender toda a demanda do parque industrial. Além de
fornecer energia elétrica, vai atuar também na produção de vapor – 85 toneladas/hora, a uma temperatura
de 520ºC. A unidade foi projetado para consumir 240
mil toneladas/ano de bagaço de cana, uma matériaprima adquirida de usinas da região. A usina custou
R$ 36 milhões, sendo 90% desses recursos financiados
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) e 10% de recursos próprios.
Enquanto em outras regiões brasileiras projetos de
construção de unidades termelétricas contemplam abastecimento a base de carvão, gás ou óleo BPF (derivado
de petróleo), a cooperativa deu preferência por uma
fonte renovável. Para o consultor da ATA (Ativos Técnicos e Ambientais), Rafael Molina, “a iniciativa da Cocamar de gerar a sua própria energia a partir de fontes
renováveis, demonstra sua preocupação em minimizar
o impacto de suas atividades ao meio ambiente, e segue
o caminho de grandes empresas de todo o mundo ao
diminuir a dependência em relação aos combustíveis
fósseis”.
Trata-se de uma estrutura estratégica para a Cocamar,
cuja intensidade do fornecimento vai depender do custo
da energia adquirida da rede oficial. É uma forma, também, de evitar que o parque industrial sofra paralisações em razão de blecautes e apagões – um problema
que tem preocupado o segmento industrial em razão
das deficiências de infraestrutura no País.
A usina de cogeração de energia consome bagaço de cana e é estratégica
Citrix, um prêmio mundial para a Cocamar
A mais importante premiação da história da Cocamar,
o Citrix, oferecido pela companhia do mesmo nome –
líder mundial em tecnologia de informação - era obtida
no dia 21 de maio de 2008 em Houston, nos Estados
Unidos – e correspondeu à conquista de uma Copa do
Mundo. Selecionada entre 42 “cases” de países de vários
continentes, a cooperativa foi vencendo etapas seletivas
até chegar a uma grande final, quando concorreu com
duas gigantes norte-americanas. A revelação do ganhador, diante de 4 mil pessoas, lembrou uma festa do
Oscar.
Essa história surpreendente começou quando, no segundo semestre de 2007, a Cocamar investiu R$ 800
mil na compra de 400 aplicativos para aperfeiçoar e tornar mais ágil o sistema de informações referentes ao
recebimento das safras.
A implantação dos novos sistemas se deu entre o final
de 2007 e início de 2008, totalizando 45 dias. Mas o que
parecia ser algo corriqueiro para a cooperativa, encantou a Citrix: primeiro, pela rapidez da implantação; segundo, por ser uma cooperativa de produtores rurais;
terceiro, pelas características de uso dos computadores
(em meio a um ambiente hostil, com poeira, calor e vibração, o que é mortal para outros tipos de equipamentos); e, quarto, os benefícios gerados com o uso dos
produtos. Era o fim da problemática manutenção, sem
falar da fluidez das informações, o que contribuiu para
reduzir as filas de caminhões.
A Citrix ficou tão empolgada com a história que procurou a Cocamar para que esse “case” da cooperativa fosse
inscrito no prêmio internacional. Logo em seguida, uma
produtora de vídeo dos Estados Unidos veio a Maringá
especialmente para fazer um filme sobre a cooperativa.
O resultado do vencedor aconteceu durante um congresso programático em que os participantes viram os
filmes, avaliaram os “cases” e deram os seus votos.
UDTs difundem novos conhecimentos
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Os resultados obtidos na
região do arenito demonstram a oportunidade de integrar lavoura e pecuária. A
introdução do cultivo de
grãos recupera o pasto e o
capim plantado no inverno
favorece a cultura de verão
Dia de campo na
UDT em Floresta,
no início de 2013
ao deixar a cobertura de
palha no solo.
Para levar mais informações aos produtores sobre a
integração e outras culturas,
a Cocamar implantou Unidades de Difusão Tecnológicas
(UDTs) em Iporã (próximo a
Umuarama) e Guairaçá (na
região de Umuarama). Sem
contar que, desde 2006,
mantém uma área na Fazenda Flor Roxa, de propriedade da família Vellini, em
Jardim Olinda (na área de
ação da unidade de Paranacity). E sem considerar,
ainda, a UDT em Floresta
(próximo a Maringá), especificamente para trabalhos direcionados ao latossolo, onde
acontecem desde 2010 os
Dias de Campo de Verão e de
Inverno.
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O incentivo à
mecanização do café
Plantar e conduzir café como antigamente não é mais
possível. Nas últimas duas décadas, mudou-se o modelo
de cultivo para o adensado e foi apresentada uma série
de práticas e manejos para garantir mais produtividade
e qualidade aos grãos, como poda periódica, adubação
equilibrada, cobertura verde, colheita no pano e um efetivo controle de pragas e doenças.
Mas as novidades não param. Tecnologias consagradas
em outras atividades, como a mecanização e a irrigação,
tornaram-se uma tendência irreversível para o setor, segundo os especialistas. A produtividade de 30 sacas beneficiadas por hectare, tida como uma boa média, pode
saltar para 60 com a irrigação e demais tecnologias.
Por outro lado, além de escassa, a mão de obra é cara:
representa praticamente metade do custo de produção.
O caminho é o uso de máquinas em todas as etapas do
processo produtivo, o que permite ao produtor ampliar
sua lavoura e reduzir custos.
Em 2010, pela primeira vez, a Cocamar trouxe de
Minas Gerais uma máquina colhedora de café para uma
demonstração junto aos produtores do noroeste do Estado. E promoveu uma viagem com cafeicultores e técnicos para as principais regiões produtoras de Minas, a
fim de conhecerem de perto uma cafeicultura mantida
em condições mais modernas.
Mecanizar lavouras
tem a orientação
da cooperativa
PAPS, para aumentar a produtividade da soja
Para incentivar a melhoria da rentabilidade dos produtores de soja, a Cocamar implantou na safra
2009/10 o PAPS (Programa de Aumento de Produtividade de Soja), realizando experimentos em pequenas
áreas de propriedades de cooperados, na região. A proposta é aprimorar o nível tecnológico e produzir mais,
a partir de iniciativas como adubação com base em
análise de solo, tratamento de sementes para o controle de pragas iniciais e melhora do enraizamento,
além de aplicação de micronutrientes, manejo de solo
correto e controle da densidade das plantas. Operações
como a aplicação de herbicidas e fungicidas têm o
acompanhamento de técnicos da cooperativa. A dosagem e o horário são definidos com base na infestação
e nas condições climáticas.
“Ainda somos muito acanhados”, afirma o pesquisador Antonio Luiz Fancelli, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
Fancelli observa que os produtores brasileiros evoluíram bastante nos últimos anos, “mas ainda tem
muito chão para crescer”. Para o pesquisador, o importante não é o tamanho das vagens e nem o número
delas por planta, mas a quantidade de vagens por
área. Para isso a receita, segundo ele, é equilibrar genética, nutrição e manejo. “O solo precisa ser saudável”, acrescenta Fancelli, frisando que a soja não
dispensa nitrogênio. Ele chama atenção para a qualidade e o tratamento da semente, a regulagem da máquina usada para semear e a velocidade com que a
semeadura é feita. “No Paraná, o Paraná semeia muito
rápido, até parece que está apostando corrida com o
vizinho”, brinca.
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Na Cocamar, presidente exalta o cooperativismo
No dia 23 de setembro de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva
esteve pela quarta vez na Cocamar, sendo duas como chefe
do governo. Depois de reunir-se com dirigentes de cooperativas , ele participou de almoço organizado pelo Partido
dos Trabalhadores na Associação Cocamar, com a presença
de 300 convidados.
Lula tinha vindo a Maringá para cumprir alguns compromissos e quis passar pela cooperativa a qual já havia visitado duas vezes no final de 2002, às vésperas de ser eleito
presidente da República, e em abril do ano seguinte, para
inaugurar um conjunto de indústrias, acompanhado de
quatro ministros. Nessas ocasiões, ele percorreu o parque
industrial e, por duas vezes, discursou aos cooperados.
Em sua visita, Lula exaltou as realizações do cooperativismo, os progressos conquistados pela agricultura em seu
governo e afirmou que a busca pelo mercado externo diversificou as exportações. Disse muito mais: “Nunca na história deste país um presidente visitou tantas vezes uma
cooperativa”, lembrando ensinamentos do ex-ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues: “a cooperativa tem que
nascer debaixo para cima. Não adianta impor. Precisa de
gente comprometida, senão pode não dar certo. No nosso
governo, a gente incentivou muito”. Em outro trecho:
“Quando a gente ocupa um cargo público ou está na vitrine,
que nem o Neymar, só leva canelada. Todo mundo gosta
de bater”. E mais: “Pra mim não tem que dividir agricultura
familiar e agronegócio. É tudo a mesma coisa. O Brasil precisa das duas”.
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A Cocamar ingressa em 24 municípios do norte do Paraná
A partir de julho de 2010, e de uma só vez, a Cocamar
passou a manter atendimento em 24 municípios do norte
do Paraná, praticamente dobrando em tamanho a sua área
de atuação, que compreendia basicamente o noroeste, sua
área tradicional, onde conta com uma rede de 30 unidades.
Esse avanço foi possível com a efetivação de arrendamento,
por 15 anos, das estruturas operacionais da cooperativa
Corol, de Rolândia, que tornou públicas suas dificuldades
financeiras.
Para referendar a decisão, a diretoria da Cocamar buscou
a autorização dos associados, promovendo 19 reuniões preliminares e uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE)
durante o mês de junho. Nessas oportunidades, o assunto
foi debatido e apresentado um painel com informações básicas da Cocamar e da Corol, demonstrando que ambas
apresentavam afinidade histórica e sinergia visando uma
possível fusão. Na safra de verão 2009/10, a Cocamar já
havia garantido o fornecimento de insumos aos cooperados
daquela cooperativa e, em seguida, adquiriu toda a safra
de soja entregue por seus produtores.
Segundo o vice-presidente José Fernandes Jardim Júnior,
estar presente no norte do Estado “é uma oportunidade
para crescer”.
Os municípios são: Rolândia, Pitangueiras, Sabáudia, Apucarana, Jaguapitã, Alvorada do Sul, Primeiro de Maio, Bela
Vista do Paraíso, Londrina, Warta (município de Londrina),
Serrinha (município de Londrina), Cambé, Arapongas, Rancho Alegre, Primeiro de Maio, Sertanópolis, Tamarana, Sertaneja, Assaí, Santa Cecília do Pavão, São Jerônimo da
Serra, Congoinhas, São Sebastião da Amoreira, Santa Mariana e Carlópolis.
Uma linha de suplemento mineral próprio
Desde 2007, quando começou a produzir em Maringá a própria linha de
suplementos minerais, a
Cocamar vem conquistando espaço no mercado
regional, conforme pontua
o coordenador comercial
de Insumos, Clóvis Aparecido Domingues. Ao lado
do zootecnista Joel Murakami, ele credita o sucesso do produto a uma
série de fatores, come-
çando pela qualidade das
matérias primas, que provêm de fontes credenciadas.
kami, é o fato de a Cocamar poder fazer a rastreabilidade do produto pelo
número de lote. “Isto proporciona
segurança”,
Um dos diferenciais im- acentua o zootecnista, ciportantes, segundo Mura- tando ainda que o fosfato
A cooperativa
expandiu fortemente
sua atuação
se apresenta na forma microgranulada, ou seja,
com vantagem em relação
ao similar em pó que, ao
ser depositado no cocho,
pode perder-se com o
vento.
Faturamento passa
de R$ 2 bilhões
Um ano melhor que o outro para a Cocamar. Em
2011, a cooperativa continuou batendo recordes, a começar pelo faturamento, que saiu de R$ 1,6 bilhão
para R$ 2,010 bilhões, um crescimento de 25%. O recebimento de produtos, que em 2010 já havia sido o
maior de todos os tempos, continuou se superando.
Com soja, foram 950 mil toneladas, enquanto as entregas de milho totalizaram 510 mil e, de laranja, 6,8
milhões de caixas. De café foram 290 mil sacas beneficadas e, trigo, 65 mil toneladas.
Para o presidente Luiz Lourenço, o crescimento é
consequência da própria realidade da Cocamar, que
recebe 70% das safras em sua região tradicional (um
dos índices mais altos do cooperativismo estadual), o
que, a seu ver, permite medir a confiança dos cooperados. “Estamos crescendo de forma sustentável, com
os pés no chão e absoluta segurança”, comentou o presidente.
Cooperativa recebe
70% da safra regional
de soja, no noroeste
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Capacidade é de quase
1 milhão de toneladas
Com a conclusão de oito novos silos metálicos verticais
no parque industrial, a capacidade de armazenagem de
grãos da cooperativa passou a ser de quase 1 milhão
de toneladas. Os novos silos, construídos ao lado de outros oito idênticos, têm espaço total para 48 mil toneladas, aproximadamente 100 mil sacas.
O gerente de Operações Wilson Roberto Matera informa que foram construídos R$ 8 milhões na construção dos novos silos. “Com a entrega dessas estruturas,
a Cocamar aumenta sua capacidade de armazenagem,
agiliza o recebimento e a segregação (separação) dos
produtos”, destaca.
Segundo Matera, como os silos são independentes,
isto facilita muito a armazenagem. Para se ter ideia, a
separação de milho por tipo ficou bem mais simples.
Só o sistema de armazenagem do parque industrial
tem capacidade para 345 mil toneladas. Se incluídas
todas as unidades na região noroeste, o número sobe
para 680 mil toneladas. Com as 270 mil da região de
Londrina, o total chea a 950 mil toneladas.
Um plano logístico para crescer
A Cocamar passou por uma reformulação em seus processos logísticos
entre 2010 e 2011 com a implantação
do projeto PDL (Plano Diretor Logístico). As mudanças prepararam a cooperativa para a conquista de
melhores resultados e uma estrutura
competitiva.
Uma das melhorias mais importantes diz respeito à redução das filas de
caminhões em vias públicas próximas
aos principais acessos da Cocamar. A
diminuição foi possível com a otimização e o aumento da eficiência dos
processos, assim como com a criação
de um centro de triagem de mercadorias e de dois pontos de movimentação de cargas.
Foi construído um pátio de triagem
de veículos pesados, deslocando o
trânsito para uma região de baixa mo-
vimentação pública. Por outro lado,
foram criados dois pontos de movimentação de cargas, separadas entre
varejo e commodities.
TRÁFEGO INTENSO – Em época de
colheita de grãos, cerca de mil caminhões trafegam por dia, em média, no
parque industrial da Cocamar. Só de
cooperados do município e também os
veículos da Transcocamar (que fazem
o transbordo para Maringá da produção depositada nas unidades operacionais), são 600 caminhões. O
movimento fica ainda mais intenso
com o vai e vem de 70 caminhões, em
média, transportando produtos de varejo, e de 80 que circulam com farelo
de soja. A esse número são acrescidos
outros 100 que carregam produtos diversos, como café, polpas de frutas,
bagaço de cana para suprir a unidade
de cogeração e insumos.
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Reuniões periódicas asseguram transparência
Em reuniões regulares de
prestação de contas e para a
tomada de decisões estratégicas com os produtores, realizadas em seus municípios,
eles são informados sobre os
números referentes ao des-
empenho da cooperativa,
entre vários outros assuntos,
e têm a oportunidade de dialogar diretamente com a diretoria, tirando dúvidas e
fazendo seus comentários. A
transparência, a participação
democrática e a abertura
para que todos os cooperados
possam pronunciar-se livremente, são princípios da prática cooperativista adotados
com prioridade na Cocamar.
Os produtores têm, também,
a oportunidade de emitir
suas opiniões em pesquisas
que são promovidas regularmente nos entrepostos, analisando-se, por exemplo, a
qualidade do atendimento a
eles oferecido. Cada opinião
recolhida é analisada criteriosamente. Com isso, o produtor se sente mais tranquilo,
seguro e valorizado em seu
relacionamento com a organização da qual, como cooperado, é dono.
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A TV Cooperado traz
mais informações
Associados se habituaram ao conteúdo de informações veiculadas em aparelhos de televisão instalados nos entrepostos da cooperativa. É a TV
Cooperado, que democratiza a informação e permite ao produtor acompanhar, em tempo real, cada
movimento das bolsas internacionais, a variação
do câmbio, a previsão meteorológica, enfim. Até algumas décadas, a grande maioria deles simplesmente desconhecia a existência das bolsas de
Chicago, Nova York e BM&F, o que fazia com que
a informação sobre a realidade do mercado fosse
um privilégio de empresas mercantis. A TV Cooperado se consolida, assim, como uma preciosa fonte
de informações ao produtor que tem seus negócios
com a Cocamar.
Entre as mais inovadoras Portal amplia facilidades e cooperado
até vende a safra pelo celular
No final de 2011, a estratégia agressiva da Cocamar
em trazer para dentro de casa inovações constantes
na área de tecnologia de informação (TI), rendeu à
cooperativa um grande salto no ranking das 100 empresas mais inovadoras do país, segundo a revista
especializada InformationWeek de setembro daquele
ano. A escalada foi radical: a Cocamar saiu da 123ª
posição em 2010 para o 37ª lugar em 2011, integrando um grupo seleto de conglomerados do qual
participam Petrobras, Rhodia, Votorantim, Grupo
Abril, Yara Brasil, Ford Motor, Coca-Cola e outros. Se
considerado apenas o segmento agropecuário, a Cocamar aparecia entre as três primeiras, abaixo apenas de Citrovita e Tortuga.
O portal Cocamar passou a oferecer ainda
mais informações aos cooperados que se
habituaram a consultar suas contas pela internet. Com isso, eles deixaram de se deslocar pessoalmente até a unidade,
economizando tempo e dinheiro. O portal
oferece dados mais completos, incluindo diversas outras opções de consulta, como o
detalhamento da conta-corrente, vizualização das notas fiscais, entregas e fixações,
e o resumo de toda a movimentação finan-
ceira, que pode ser utilizada na declaração
do imposto de renda.
No final de 2011, começou a ser oferecido
um novo serviço aos cooperados: o uso do
aparelho celular para autorizar a fixação
de um produto. O objetivo, oferecer a facilidade de o produtor, sem precisar ir até a
cooperativa, aproveitar uma boa oportunidade e concretizar a venda por meio de seu
aparelho celular.
A inédita mistura café e
bebida à base de soja
Durante a APAS 2011 – a maior feira do segmento supermercadista o país – a Cocamar apresentou uma novidade em matéria de produtos de varejo: uma linha de
cafés adicionados a bebida à base de soja, prontos para
beber. Com a marca Talento, bebidas premium incluíam
o produto torrado e moído envasado a vácuo, um gourmet e três sabores de cappuccinos (café com leite, tradicional e com canela). Em outra frente, as marcas Purity
e Talento se associaram para a concepção de três variedades de bebidas quentes, prontas para o consumo e
vendidas em embalagens cartonadas, sendo que a inovação está na mistura de soja e café (sabores café com
soja, cappuccino tradicional com soja e cappuccino com
canela e soja). Para completar, os cafés Cocamar e Maringá ganharam novas embalagens, ressaltando a cor
vermelha para o produto extra-forte e o amarelo para
o tradicional.
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Cocamar se une a empresas para apoiar integração
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) firmou no final de novembro de 2011 uma parceria com o Banco do Brasil, Bunge, John Deere, Syngenta
e Cocamar para divulgar as tecnologias desenvolvidas
para integração entre lavoura, pecuária e floresta. A solenidade de assinatura da parceria público privada foi
realizada no Ministério da Agricultura, em Brasília. Na
oportunidade, o então presidente da Embrapa, Pedro
Arraes, afirmou que outras empresas poderão se incorporar à Rede de Fomento da Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (iLPF), que conta com recursos delas para
realizar ações como demonstrações de campo e formação de profissionais destinados à prestação de assistência técnica aos produtores. Arraes disse que, utilizando
a tecnologia, “o Brasil pode duplicar a produção de grãos
e carnes sem derrubar nenhuma árvore”.
SURPRESA – Foi mais do que os participantes esperavam. Um dia de campo sobre integração lavoura, pecuária e floresta promovido pela Cocamar e parceiros na
Fazenda Santa Felicidade em Maria Helena (PR), região
de Umuarama, surpreendeu pelo que se viu. Com 150
alqueires, a propriedade é considerada um referencial
de sucesso, mantendo produção de soja no verão, pastagem com capim braquiária no inverno, plantio de euca-
lipto em áreas fracas e produção leiteira. Na safra de
verão 2010/11, foram obtidas 142 sacas de soja por alqueire e, no inverno, durante três meses, os pastos suportaram 10 cabeças de gado por alqueire,
registrando-se um quilo de engorda por cabeça, em
média, por dia. Ganhos assim não são comuns para a
realidade do noroeste do Paraná.
Segundo a própria Cocamar, a média de produtividade
das lavouras de soja nos últimos cinco anos, dos cooperados de sua região, ficou em 115 sacas/alqueire. Na
safra 2010/11, para quem alcançou esse volume, o custo
estimado girou entre 55 e 60 sacas/alqueire. Por sua
vez, o cenário típico da região aponta para perdas no inverno, com o gado passando fome, o que se vê principalmente quando os pastos são prejudicados por secas
e geadas.
“Investimos desde o início de 2000 em integração lavoura e pecuária”, afirmou o proprietário da fazenda,
Antonio César Pacheco Formighieri, médico-veterinário.
Segundo ele, as terras da propriedade estavam degradadas e o retorno era incipiente. Com o acompanhamento técnico da Cocamar, o produtor disse que investiu
em experimentações “até achar o caminho”.
Luiz Lourenço,
presidente da Cocamar
e diretor da Abag
(Associação Brasileira
de Agronegócios), é
um dos principais
defensores do sistema
de integração lavoura,
pecuária e floresta,
no País
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“Quem faz integração
não quebra nunca”
O pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná
(Iapar), Sérgio José Alves, garante: mesmo se houver
clima ruim, como o registrado no ciclo 2011/12, o produtor não enfrenta o risco de quebrar. Diferente do que
acontece quando ele opta, por exemplo, apenas por soja
ou boi. Alves destaca: as terras do arenito caiuá, no noroeste paranaense, são apropriadas para a integração.
Além de mecanizáveis, são mais baratas que as de outras regiões e apresentam alto potencial de produtividade. As limitações seriam, principalmente, a baixa
fertilidade natural e o alto risco de erosão, desafios que
podem ser superados com o uso de práticas adequadas.
“Integrar é um bom negócio, pois estamos falando de
produtos de alta demanda, caso da soja e da carne, sem
falar de outros que podem ser adicoionados a esse sistema, como lenha, madeira, leite, café e seringueira”,
afirma.
“As metas da integração lavoura, pecuária e floresta
para um futuro próximo no Paraná, segundo Alves, são
atingir uma média de produtividade de 50 sacas por
hectare, consolidar uma produção de bovinos com abate
em tempo inferior a dois anos e incluir outras atividades. “É a produção de comida de forma sustentável”, salienta.
Segundo ele, um experimento desenvolvido pelo Iapar
em sua estação no município de Xambrê, perto de
Umuarama, alcançou em 2011 uma produtividade de
soja de 45,8 sacas por hectare e um ganho de peso diário de 800 gramas por bovino. “Estamos conseguindo
produzir de dez a 15 arrobas por hectare”, afirma.
O pesquisador observa que nenhuma vez a integração
deu prejuízo, mas houve ano em que proporcionou alta
lucratividade.
2012, o Ano Internacional Incentivar a agricultura de precisão
das Cooperativas
Consagrado pela Organização das Nações Unidas (ONU)
como o Ano Internacional das Cooperativas, 2012 foi um
difusor do sistema pelo mundo, onde congrega mais de
um bilhão de pessoas em mais de 100 países, segundo
dados da Aliança Cooperativa Internacional.
Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, “os olhares estiveram voltados para essa alternativa socioeconômica
que se sustenta na união e na valorização do capital humano”. Segundo ele, “é um reconhecimento que ressalta
o papel que o segmento tem na geração de trabalho e
renda e, consequentemente, na redução da pobreza”.
A Cocamar começou a desenvolver
em sua região uma série de ações com
o objetivo de estimular os produtores a
conhecerem mais sobre os benefícios
oferecidos pela agricultura de precisão.
A cooperativa possui um projeto em andamento nessa área desde 2007 e pretende intensificá-lo entre seus
cooperados. Para isso, entre outras medidas, foi contratado o especialista Fabrício Pinheiro Pouv, coordenador de
pesquisa da Fundação ABC, de Castro
(PR), para ser seu consultor, e selecionou 28 cooperados em cujas proprieda-
des vai fazer a aplicação de toda a tecnologia.
Segundo o agrônomo Leonardo Kami,
do departamento de Produção Agrícola
e coordenador desse trabalho, embora a
tecnologia esteja disponível, a grande
maioria dos produtores da região ainda
não a utiliza. “Estamos bastante atrasados, por exemplo, relação aos agricultores da vizinha Argentina, onde a
agricultura de precisão se encontra bastante difundida”, diz.
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Cocamar sedia Fórum Nacional da Abag
Com mais de 500 participantes, entre lideranças,
autoridades, pesquisadores e produtores, o 23º Fórum
“Integração Lavoura, Pecuária e Floresta” aconteceu
no dia 18 de maio de 2012 em Maringá, no recinto da
40ª Expoingá. A iniciativa da Associação Brasileira
do Agronegócio (Abag) e a Cocamar foi mais uma
etapa no esforço para a disseminação do sistema que
é apontado como o futuro da agropecuária no país.
O pesquisador da Embrapa, João Klutchoski, conhecido como “João K”, deu o tom do evento ao afirmar:
“Quando o mundo precisar de mais alimentos, informe ao Brasil com dois anos de antecedência.
Somos o único país preparado com tecnologia e
grande estoque de terras para ampliar a produção de
forma sustentável”. Ele se referiu à integração, lavoura e floresta, um modelo que transforma a fazenda em uma “fábrica de comida”, como definiu, com
atividades o ano inteiro. A produção de soja no inverno se integra à pecuária de corte no inverno utilizando um elemento em comum: o cultivo de capim
braquiária, que possui dupla aptidão. Tanto serve
para alimentar o gado na época fria – em que há falta
de pastagens – quanto, após ser dessecado, se transformar em um verdadeiro cobertor de palha no verão,
mantendo o solo em condições propícias para o desenvolvimento da soja.
Segundo ele, um dos grandes negócios do Brasil é
fazer “pecuária verde”. “Somos um país quase continental e temos 100 milhões de hectares de pastagens
ruins. Mas não vemos isto como um problema e, sim,
como uma grande oportunidade”, ressaltou.
Detalhe do evento,
que reuniu mais de
500 participantes
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A nova linha de
néctares “Bem Caseiro”
Sabe aquele saboroso suco de laranja caseiro, espremido na hora, que você certamente se acostumou a tomar desde criança?
A Cocamar apresentou um produto assim no
28º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados, a Apas 2012, em São Paulo. É a
nova linha “Bem Caseiro”. Com a marca Purity
e envasado em embalagem cartonada de 1
litro, o néctar de laranja foi concebido para
manter o sabor natural e o seu conteúdo inclui
até mesmo os “gominhos” de quando se espreme a fruta. Embaixo, parte da linha de varejo da cooperativa, que é comercializada em
vários estados.
Solidariedade abre a
programação dos 50 anos
A edição do Solidariedade Futebol Clube
2012, com partidas da seleção brasileira
de masters em Rolândia e Maringá, no início de dezembro, abriu oficialmente a programação comemorativa dos 50 anos da
Cocamar. Os jogos movimentaram milhares de pessoas e renderam 6 toneladas de
alimentos para entidades assistenciais. Foi
também o encerramento da Campanha Solidária, que totalizou R$ 2 milhões em do-
ações. A festividade foi completada com a
realização da Copa Cocamar em Maringá,
ao qual participaram 3 mil cooperados e
familiares – dos quais 850 competidores,
arrecadando 15 mil litros de leite.
Cinco famílias de cooperados, representando cada qual uma década, participaram
da montagem de um painel com a logo dos
50 anos - idealizada por Reynaldo Costa.
“Época” põe a Cocamar
entre as melhores
Na primeira edição do Anuário Negócios 360º, publicado em setembro pela Revista Época, da Editora
Globo, que analisou as 200 melhores empresas do
país, a Cocamar apareceu na 65ª posição – sendo a
melhor classificada do segmento de cooperativas. O
levantamento foi assinado pela Fundação Dom Cabral, considerada uma das melhores escolas de negócios do Brasil. A Cocamar ficou também em 1º lugar
no item “Visão de Futuro” e 2º em Recursos Humanos, no setor do agronegócio.

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