© 2008 Guilherme Zanina Schelb Proibida a reprodução total ou

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© 2008 Guilherme Zanina Schelb Proibida a reprodução total ou
© 2008 Guilherme Zanina Schelb
Proibida a reprodução total ou parcial dos textos autorais
FICHA TÉCNICA
Revisão
O Autor
Capa
Victor Tagore
Impressão
Thesaurus Editora
Schelb, Guilherme Zanina
Viver é Coisa Perigosa: orientações para soluções de conflitos
Guilherme Zanina Schelb. – Brasília: [ed. do autor], 2008. 171 p.
1.Crime. 2. Conflitos. 3.Criminalidade. 4.Delinqüência Juvenil. 5.Prevenção
ao Crime. 6. Legislação. 7. Brasil. I. Título.
CDD 362.70981
ISBN: 978-85-9045-741-1
SUMÁRIO
Apresentação ...................................................................................... 15
Introdução .......................................................................................... 17
CAPÍTULO 1
Cortando os dedos para não entregar os anéis
Os conflitos cotidianos
1.1. Introdução .............................................................................
1.2. Conflitos de Comunicação ..................................................
1.3. Conflitos Emocionais ...........................................................
1.4. Conflitos Patológicos ...........................................................
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CAPÍTULO 2
A Vítima era o Agressor
Estratégias para solução de conflitos
2.1. Reconhecer o conflito e a sua participação .......................
2.2. Identificar as partes envolvidas .....................................
2.3. Identificar as causas emocionais ou familiares ................
2.4. Avaliar os aspectos jurídicos, sociais e econômicos .........
2.5. Priorizar as soluções amigáveis ..........................................
2.6. Ciladas sociais .......................................................................
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CAPÍTULO 3
Pai amigo, filho problema
Conflitos na famiília
3.1. Conflitos Conjugais .............................................................. 45
3.2. Conflitos com crianças e adolescentes ............................... 47
3.3. Conflitos com empregados domésticos ............................. 55
3.4. Um Caso Difícil .................................................................... 57
CAPÍTULO 4
A Corrupção Custa Caro
Riscos em negócios
4.1. Comerciante ou empresário? ..............................................
4.2. A Prevenção de conflitos nas empresas .............................
4.3. Conflitos Externos ................................................................
4.4. Conflitos Internos .................................................................
4.5. Reuniões ................................................................................
4.6. Advogado e Contador ..........................................................
4.7. Fornecedores .........................................................................
4.8. Sócios .....................................................................................
4.9. Governo .................................................................................
4.10. Golpes contra Empresários ...............................................
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CAPÍTULO 5
Cuidado com o que você fala aos amigos
Conflitos no trabalho
5.1. Amigos ou Colegas? .............................................................
5.2. Coloque-se no lugar do outro ...........................................
5.3. Como prevenir conflitos em seu trabalho .........................
5.4. Como ajudar as pessoas sem se prejudicar .......................
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CAPÍTULO 6
Quando você se achar forte, então você é fraco
Como prevenir conflitos
6.1. A verdade ...............................................................................
6.2. O Silêncio...............................................................................
6.3. Preserve sua Vida Pessoal ....................................................
6.4. Aconselhamento Estratégico .......................................
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6.5. Consulte seu advogado antes de qualquer decisão .......... 113
6.6. Orientações para você não ser injusto com as pessoas .... 117
CAPÍTULO 7
Não Existe Jantar de Graça
Compotamentos de Risco
7.1. Piadas .....................................................................................
7.2. Comentários em Público .....................................................
7.3. Linguagem Relaxada ............................................................
7.4. Quem está te ouvindo? ........................................................
7.5. A Mentira...............................................................................
7.6. Não Seja Usado pelas Pessoas. ............................................
7.7. Assuntos Polêmicos ....................................................
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CAPÍTULO 8
Um péssimo acordo pode ser melhor que um excelente processo
Criando e eternizando conflitos
8.1. Criando conflitos de propósito ........................................... 135
8.2. Eternizando Conflitos .......................................................... 137
CAPÍTULO 9
Quem manda é a secretária
Ambientes de Conflito
9.1. Locais de Conflito .................................................................
9.2. Conflitos com autoridades ..................................................
9.3. Conflitos com Criminosos ..................................................
9.4. Orientação em caso difícil ...................................................
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CAPITULO 10
A Justiça Passo a Passo
Como emcaminhar situações supeitas para a
polícia e para o Ministério Público
10.1. Introdução ............................................................................ 159
10.2. O que fazer se tenho informações sobre um crime? ...... 159
10.3. Formas de Encaminhamento ............................................ 162
10.4. Casos perigosos .................................................................. 163
10.5. Influências nas Investigações. ........................................... 164
10.6. Orientação em Caso Difícil. .............................................. 166
CONCLUSÃO ......................................................................... 171
Apresentação
O
autor é Procurador da República, Mestre em Direito
Constitucional e especialista em segurança pública.
Foi responsável por investigações de repercussão nacional e
internacional, tais como: a operação Anaconda, a operação
Vampiro, o escândalo do Banco Marka, o escândalo dos aviões
da FAB, o escândalo do painel do Senado Federal e a operação
Guerrilha do Araguaia.
A partir da análise de mais de 10.000 horas de
interceptações telefônicas em investigações criminais, foram
identificadas centenas de situações de risco que podem ocorrer
com qualquer pessoa - empresários, donas de casa, estudantes,
advogados, professores, juízes, comerciantes ou trabalhadores.
É preciso saber que não basta ser honesto, mas também
evitar a aparência de desonesto! Com essa finalidade, o autor
propõe estratégias para identificar ambientes perigosos,
comportamentos suspeitos e relacionamentos de risco em sua
vida.
Introdução
O
objetivo desta obra é ajudar você a desenvolver a capacidade
de prevenir e resolver conflitos pessoais, profissionais e
familiares.
O principal elemento em um conflito não é a razão, mas a
emoção. É muito freqüente ouvir alguém dizer: “dou um boi para
não entrar em uma briga, mas, depois que entro, dou uma boiada
para não sair!” Ódio, inveja ou rejeição podem transformar conflitos
aparentemente sem importância em situações de grave perigo.
Não espere ser vítima de um crime para agir com prevenção em
sua vida.
Caso real – Humilhação e morte.
Os donos de uma empresa descobriram que o gerente estava
desviando produtos. Flagrado na prática do desvio, o gerente foi
demitido imediatamente. Além de o expulsarem da empresa aos
gritos, na presença de todos os demais empregados, registraram
uma ocorrência de furto na Polícia. No dia seguinte, o gerente
foi até a sede da empresa com um revólver, matou os donos
e em seguida cometeu suicídio. Descobriu-se, mais tarde,
que o gerente passava por uma crise emocional e familiar. A
humilhação e o registro da ocorrência policial provocaram a
reação explosiva!
As orientações e os casos reais deste livro servem para
que você desenvolva e aprimore suas estratégias pessoais de
VIVER É COISA PERIGOSA - GUILHERME SCHELB
segurança. Alguns princípios são universais. Mas a ação é sempre
individual e única. Não há uma receita pronta. Este livro vai
ajudar você a prevenir e enfrentar situações de risco.
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CAPÍTULO 1
Cortando os Dedos para
Não Entregar os Anéis
Os conflitos cotidianos
1.1. Introdução
E
ste é um livro sobre conflitos. Qualquer situação que
signifique uma frustração ou risco em sua vida é um conflito.
Um furto em sua casa, uma infidelidade no relacionamento ou
uma inimizade no trabalho, são alguns exemplos de conflitos.1
O principal resultado de um conflito são as frustrações.
O amadurecimento psicológico ocorre quando somos capazes
de digerir nossas próprias frustrações. É através desta digestão
que se aprende a reconhecer limites e a se adaptar à realidade.
A capacidade de conviver com insatisfações gera maturidade
pessoal. Esta habilidade também é chamada de inteligência
emocional.2
Caso real – O condenado que se libertou na prisão
Um policial honesto 3 praticou um crime de corrupção.
Condenado, cumpriu 4 anos na prisão. Sua mulher e seus
amigos o abandonaram. Durante esse período, porém, ele se
arrependeu do erro praticado, e não se abateu com a realidade.
Em vez de se revoltar e lamentar, perguntou a si próprio: “o
que posso aprender de bom, aqui nesta prisão?”. Não foi fácil!
Transformando o sofrimento em estímulo, conseguiu algo
1. Ver capítulo 9, página 145.
2. Inteligência emocional é a capacidade de encontrar paz e equilíbrio interior em situações
de conflito.
3. Esta pessoa teve uma conduta honesta e irrepreensível como policial, por mais de 15 anos.
Não se sabe as razões que o levaram a se corromper.
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VIVER É COISA PERIGOSA - GUILHERME SCHELB
extraordinário: escreveu um livro, contando sua experiência
como policial e a sua vida na cadeia. Ao sair da prisão, vendeu
os direitos autorais do livro para uma editora por mais de
2 milhões de reais. O livro fez tanto sucesso, que se tornou
palestrante em universidades e empresas. Tornou-se um homem
rico em poucos anos.
Nem sempre é possível mudar a realidade. Mas você
sempre pode mudar a atitude mental diante dos problemas! A
inteligência emocional permite criar um ambiente mental em
que a dificuldade enfrentada produz um sentimento positivo
ou, até mesmo, um estímulo para a vida!
1.2. Conflitos de Comunicação
Os conflitos de comunicação são os mais freqüentes. As
principais causas são:
a) forma de falar equivocada - agressividade, palavras
inapropriadas, gestos bruscos;
b) momento emocional inadequado para falar - tristeza,
raiva;
c) temas sensíveis ou emocionais - assuntos polêmicos,
intimidade, sentimentos.
1.2.1. Orientações para a prevenção
Apresentamos quatro estratégias básicas para evitar
conflitos de comunicação:
a) Fale com estratégia.
b) Escolha o momento certo para falar.
c) Não enfatize as divergências.
d) Não fale, seja ouvido!
a) Fale com Estratégia
A forma de falar é mais importante do que o conteúdo
do que você fala! Se você for estratégico ao falar pode
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CAPÍTULO 1 – CORTANDO OS DEDOS PARA NÃO ENTREGAR OS ANÉIS
conseguir coisas que, de outro modo, jamais conseguiria.
Pode ser uma proibição ou até uma reclamação. O que
realmente importa é o modo de falar - palavras escolhidas,
entonação da voz, modo de se expressar, etc.
Caso real – A mãe que espancava os filhos
A mãe tinha 3 filhos pequenos e todos os dias dava uma surra
neles, por qualquer motivo. Uma vizinha presenciava tudo e
não sabia o que fazer. Ela pensava em dizer diretamente para
a mãe “se você continuar batendo em seus filhos desse jeito, vou
denunciar à polícia!”
Ao saber do caso, orientei a vizinha a agir com outra estratégia.
Em vez de denunciar a mãe para a polícia, a vizinha deveria
dizer o seguinte: “minha amiga, não faça isso com seus filhos.
Alguém pode te denunciar para a polícia e você vai ser presa. Já
imaginou a vergonha e o sofrimento que vai passar na prisão?
Você sabe como as mães abusadoras são tratadas pelas outras
detentas? Vão fazer muita maldade com você!”
Após essa conversa, a mãe nunca mais espancou os filhos e
começou a ouvir os conselhos da vizinha!
A vizinha tinha duas possibilidades:
a) repreender a mãe diretamente; ou
b) transmitir a repreensão indiretamente.
Observe que nas duas formas de agir o conteúdo da fala
é o mesmo, mas o resultado é totalmente diferente. A primeira
forma, produz uma rixa entre as vizinhas: “vou te denunciar
para a policia!”. Na outra, pode até haver uma aproximação
amigável entre as partes: “pare de fazer isto, amiga. Você pode
ser presa, e vai sofrer muito!”
A forma estratégica ao falar demonstrou uma preocupação
pela mãe. Mas ao mesmo tempo o conteúdo principal foi
transmitido: “você pode ser presa, envergonhada, e sofrer pela
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VIVER É COISA PERIGOSA - GUILHERME SCHELB
violência que pratica contra seus filhos.” Em outras palavras:
“pare de espancar os seus filhos, senão você vai ser presa!” Sem
criar nenhum conflito com a mãe violenta, ela ajudou a proteger
as crianças, e não se colocou em situação de risco pessoal.
b) Escolha o momento certo para falar
É muito importante escolher o momento emocional
adequado para falar. Até uma criança sabe que nada vai
conseguir dos pais, se pedir algo logo após uma discussão. Por
isso, além de conhecer a pessoa com quem você vai conversar, é
preciso saber o ambiente emocional em que ela se encontra.
As suas palavras são sementes, e o momento emocional da
pessoa que te ouve é o solo. De que adianta ter boas sementes estratégia, conhecimento - se o terreno onde você as lançar for
inapropriado?
Você deve sempre escolher as sementes adequadas para
cada solo!! Muitos conflitos em sua vida surgem porque você
não está atento para as circunstâncias emocionais da pessoa com
quem você está conversando.
Caso real - A professora sábia
A professora enviou uma carta convidando a mãe de um
aluno para uma reunião na escola. O aluno era muito
indisciplinado. Não respeitava os professores e estava
muito agressivo.
No dia marcado, a mãe compareceu à escola.
Completamente embriagada e andando com dificuldade,
a mãe perguntou: “o que é que esse vagabundo aprontou
agora, professora?”
A professora não hesitou e disse: “convidamos para lhe
dizer que seu filho é maravilhoso, e que a senhora está
de parabéns!”
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CAPÍTULO 1 – CORTANDO OS DEDOS PARA NÃO ENTREGAR OS ANÉIS
O que mais a professora poderia dizer?
Alguém que experimenta uma separação conjugal, uma
doença grave na família ou um trauma da violência está em um
momento emocional inapropriado para certos assuntos. Esse
ambiente emocional exige mudanças em sua estratégia.
As prioridades e interesses das pessoas estão subordinadas
ao momento - emocional, social ou político - que vivem.
Caso real – Prisão preventiva no Natal.
Um empresário havia cometido fraudes na administração
de um consórcio de veículos. Mais de 1.000 pessoas foram
prejudicadas. Faltavam duas semanas para o Natal. A
Procuradoria da República pediu ao juiz a prisão preventiva
dessa pessoa, pois além do prejuízo causado, continuava a
formar grupos de consorciados ilegalmente. O juiz negou o
pedido de prisão do fraudador, alegando que não havia motivo
suficiente.
No final de ano é mais difícil obter prisão preventiva para
certos crimes de média gravidade (fraudes, falsificações, etc.).
Alguns juízes ficam mais sensíveis, em virtude do Natal!
Caso real – O momento estabelece a prioridade.
Em 2000 instaurei, na Procuradoria da República, uma
investigação sobre as máfias de brasileiros no exterior.
O crime organizado explorava a prostituição, o trabalho
ilegal, e o tráfico de drogas. Convidei várias autoridades
públicas para participar das atividades em defesa dos
emigrantes brasileiros. Somente o Ministro da Justiça da
época, Dr. Miguel Reale Júnior, demonstrou interesse pela
causa. No meio político nenhum parlamentar se interessou
pelo tema. Quatro anos depois, quando a novela América,
da Rede Globo, abordou esse assunto, dezenas de políticos
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VIVER É COISA PERIGOSA - GUILHERME SCHELB
se interessaram pelo tema. Só nesse momento o assunto se
tornou prioridade.
O momento é fundamental para que um tema ou questão
se torne prioridade. Não há como fugir dessa realidade! Esteja
atento para identificar quais são as prioridades do momento em
sua vida.
c) Não enfatize as divergências
Ao conversar com as pessoas procure, primeiro, identificar
os pontos comuns de opinião. Nunca diga para alguém em uma
conversa “discordo de você!”, “não concordo com você!” ou
ainda “você está errado!”. Exclua essas frases do seu vocabulário.
Não enfatize as divergências. No momento em que diz “você está
errado!” a pessoa vai se sentir seu adversário, e nem vai ouvir o que
você tem a dizer!
Mesmo que discorde totalmente do que alguém disse, não
expresse isso diretamente. Use uma forma conciliatória para se
expressar, como por exemplo: “Entendi o que você falou, mas...”
Dessa forma você expõe sua idéia ou pensamento, mesmo
que totalmente contrário ao que ela disse, mas sem criar um
confronto. Salientar as diferenças com as pessoas provoca
muitos conflitos.
d) Não fale, seja ouvido!
As pessoas podem ter duas estratégias ao expressar suas
opiniões: falar ou ser ouvido.
Quem quer falar deseja chamar a atenção para si. Não
observa e não leva em consideração quem são os ouvintes. O
seu maior interesse é expor as suas idéias e pensamentos. Esse
é o estilo das pessoas autoritárias, desatentas ou egoístas.
Quem quer ser ouvido deseja influenciar as pessoas.
Ouve primeiro, depois fala. Leva em consideração quem são as
pessoas com quem está conversando e quais os seus interesses.
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CAPÍTULO 1 – CORTANDO OS DEDOS PARA NÃO ENTREGAR OS ANÉIS
Está disposto a adaptar seu estilo de falar, para que sua mensagem
seja compreendida. É o estilo das pessoas influentes, humildes
ou sábias.
O crime organizado já aprendeu isso. Veja o caso real
abaixo.
Caso real – Conhecendo o juiz
Em interceptações telefônicas flagramos criminosos pesquisando a
vida de autoridades, para saber a melhor forma de influenciá-las.
Em muitos casos, as informações obtidas serviram para que os
criminosos adequassem suas teses de defesa ao perfil psicológico da
autoridade. De fato, conforme a sua história de vida, toda pessoa
está sujeita a influências individuais.
Muitas pessoas criticam a justiça porque em casos
semelhantes há decisões diferentes. Por exemplo, em um crime
de roubo o réu é condenado a 4 anos de prisão; e em outro caso
idêntico, a punição é de 6 anos de reclusão. Muitas vezes, isso
ocorre porque o juiz que aplicou a pena maior já foi vítima de
roubo. Quem foi vítima de violência tende a ser mais rigoroso.
Caso real – Conhecendo o adversário
Nos EUA os advogados têm uma formação muito forte em
criminologia, ou seja, no estudo das características pessoais, sociais
e psicológicas dos autores de crimes. Esse mesmo conhecimento
é utilizado para analisar adversários. Quando se conhece a
personalidade e o caráter de alguém, podemos escolher estratégias
de atuação mais eficientes para influenciá-la.
1.3. Conflitos Emocionais
O conflito se torna emocional quando as partes têm por
objetivo apenas satisfazer um sentimento de orgulho ou de
vaidade.
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VIVER É COISA PERIGOSA - GUILHERME SCHELB
A emotividade torna as pessoas cegas para a realidade. As
partes em conflito podem até ter um objetivo comum, mas o
sentimento impede a conciliação. Na maioria das vezes, a causa
emocional está encoberta.
Sempre que estamos insatisfeitos nossa tendência é criar
um sentimento negativo contra quem nos desagradou. Isso é
natural! Mas nos conflitos emocionais, as pessoas sacrificam o
seu próprio direito para prejudicar a outra parte. Pensam assim:
posso não conseguir o que quero, mas meu adversário também
não vai ganhar nada!
Caso real – Cortando os dedos para não entregar os
anéis
A mulher propôs uma ação de alimentos contra o ex-marido,
para o sustento da filha. Inconformado, o marido pediu
demissão do trabalho. Preferiu sacrificar o seu sustento, a ter
que cumprir sua obrigação de alimentos com a filha!
Quando você considera o prejuízo da parte contrária
mais importante do que o benefício que pode alcançar, então
você está em um conflito emocional!
1.4. Conflitos Patológicos
Os conflitos patológicos são aqueles em que uma das partes
está motivada por um sentimento de ódio, inveja ou rejeição.
Você já deve ter ouvido alguém dizer: dou um boi para
não entrar em uma briga e uma boiada para não sair dela. Essa
atitude é muito comum em conflitos patológicos.
Muitos conflitos em separações conjugais são patológicos,
especialmente em caso de infidelidade. As pessoas podem agir
exclusivamente com base no sentimento de ódio ou rejeição
decorrente da traição. Nessas circunstâncias, nenhum acordo
é aconselhável. Quando esses sentimentos estão aguçados, as
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