50 em preparação para aprender a arte da

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50 em preparação para aprender a arte da
7 - 20 Agosto 2000
Publicado quinzenalmente em tétum, inglês, português e bahasa indonésia e distribuído gratuitamente
Vol. I, No. 13
Não haverá impunidade para aqueles
que provocaram a violência: chefe
dos direitos humanos da ONU
Compilado a partir de fontes da ONU e de
agências noticiosas
comunidade internacional tem a responsabilidade de garantir que os que perpetraram a violência do ano passado em Timor
Leste não escapem à justiça, afirmou a Alta
Comissária das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, Mary Robinson, na conclusão da sua
recente visita, de três dias, ao território.
Falando durante uma conferência de
imprensa, a 7 de Agosto, em Díli, antes de partir
para Jacarta, a Sr.ª Robinson sublinhou que a
violência ocorreu enquanto Timor Leste se
encontrava sob a custódia das Nações Unidas, na
época da consulta popular de Agosto passado.
Isso significa que as Nações Unidas têm de
garantir que o processo judicial da Indonésia
seja credível, afirmou a Sr.ª Robinson. “O aspec-
Foto: OCPI-UNTAET
A
A Alta Comissária da ONU para os Direitos
Humanos, Mary Robinson (esquerda) num
encontro patrocinado pelo Clube de Imprensa de
Timor Leste durante a sua recente visita.
to mais importante é trazer os perpetradores
perante a justiça. Isso pode ser realizado tanto
pelos tribunais da Indonésia como pelos tribunais de Timor Leste. Ou, caso necessário, pode
ser feito por um tribunal internacional. Não
ponho de parte a necessidade - se chegarmos a
esse ponto - de um tribunal internacional”,
acrescentou.
Nesse mesmo dia, a Alta Comissária já
antes levantara a questão da responsabilidade,
ao discursar num seminário sobre direitos
humanos, onde afirmou que os autores das “violações graves” ocorridas em Timor Leste devem
prestar contas pelos seus actos.
“Nunca deverá haver impunidade para violações graves dos direitos humanos”, disse a Sr.ª
Robinson no seu discurso principal no seminário
sobre “Direitos Humanos e o Futuro de Timor
Leste”, organizado pela Unidade de Direitos
Humanos da UNTAET e pela Associação de
Advogados de Timor Leste (ANMEFTIL). “Já
antes referi a minha convicção de que as pessoas
deverão ser responsabilizadas e estou contente
por poder reafirmar esta posição, quando me
encontro em solo timorense”, acrescentou.
Durante a sua visita a Timor Leste, a Alta
Comissária deslocou-se também a Suai, o local
onde, no ano passado, ocorreu o massacre em que
perto de 200 pessoas foram mortas na igreja
local.
50 em preparação para aprender a arte da diplomcia numa altura
em que Timor Leste estabelece o ministério de negócios estrangeiros
Função Pública de Timor Leste. Para além da Sr.ª
inquenta aspirantes a diplomatas iniciaram
Albuquerque, faziam parte desse grupo Mário
C
recentemente a primeira fase das suas novas carCarrascalão, Mariano Lopes, Armindo Maia e
reiras, quando Timor Leste abriu um novo curso de
formação diplomática.
No seu discurso de boas-vindas, na cerimónia de
inauguração, a 30 de Julho, na Academia da Função
Pública, em Díli, o Chefe da Administração de
Transição, Sérgio Vieira de Mello, afirmou que a
diplomacia não era nada de novo para o povo de
Timor Leste. "Durante 25 anos, usaram a diplomacia
para conquistar a independência", afirmou, mantendo "viva a chama que obrigou a comunidade internacional a sair da sua indiferença".
Usando da palavra na conferência inaugural, o
Vice-Presidente do CNRT, José Ramos Horta, afirmou que, para um diplomata, o desafio consiste em
"encontrar o equilíbrio certo entre princípios, valores
e respeito pelos direitos humanos, e os nossos interesses nacionais".
O curso foi uma ideia do Sr. Ramos Horta,
durante anos o mais visível porta-voz de Timor Leste
no estrangeiro e a única presença do território nas
Nações Unidas. A formação diplomática é patrocinada pelos governos da Austrália, Estados Unidos,
Nova Zelândia, Portugal e Reino Unido.
Segundo a coordenadora do curso, Nazaré
Albuquerque, o Galardoado com o Prémio Nobel da
Paz de 1996 acreditava que Timor Leste necessitava
de uma escola para formar os futuros membros da
diplomacia e dotá-los dos conhecimentos necessários
para desenvolverem políticas e promoverem e defenderem os interesses do território no estrangeiro.
"A criação de um Ministério dos Negócios
Estrangeiros eficaz é crucial para o desenvolvimento
e promoção dos interesses nacionais de Timor Leste
na sua marcha para a independência", acrescentou a
Sr.ª Albuquerque.
Entre cerca de 80 candidatos, foram seleccionados 50 por um grupo especial da Comissão para a
Mariano Sabino.
Profissionais internacionais foram convidados a
proferir conferências, durante o curso de quatro
semanas, sobre temas como diplomacia, questões
regionais, relações com a Indonésia e direitos
humanos. Aulas de inglês e português serão também
uma componente do curso, afirmou a Sr.ª
Albuquerque.
Após terminarem o curso, os candidatos serão
enviados para o estrangeiro, a fim de trabalharem
como estagiários nos ministérios dos negócios
estrangeiros dos países que patrocinaram a sua formação.
Quando regressarem a Timor Leste, serão
recrutados para o recém-formado Ministério dos
Negócios Estrangeiros do território.
Foto: OCPI-UNTAET
Foto: OCPI-UNTAET
O corpo do Cabo Abdul Aziz Miah, um membro do Batalhão de Engenharia do Bangladesh, a ser carregado num
avião com destino a Darwin, donde será enviado para Dacca. O militar, de 36 anos e pai de dois filhos, faleceu a
3 de Agosto, em consequência dos ferimentos recebidos quando da explosão acidental do que se suspeita ser
uma granada encontrada numa praia muito frequentada de Díli. O Cabo Miah encontrava-se com um grupo de 15
sapadores destacado para limpar a praia de munições que não haviam explodido, depois de uma explosão, a 1 de
Julho, na mesma zona ter ferido três soldados portugueses. A operação de limpeza foi suspensa e a zona irá ser
isolada com barreiras. Serão colocados diversos avisos em tétum, inglês e português. Foram iniciados vários
inquéritos ao acidente.
Xanana Gusmão, Presidente do CNRT, apresentando os 50
participantes do Curso de Treino do corpo Diplomático de
Timor Leste durante a cerimónia de inauguração em Díli.
contínua na página 4
Tais Timor é um serviço de informação da Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET)
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Tais Timor
Os problemas de poluição em Timor Leste são um desafio
N
realizar um estudo de amostras de edifícios de
Timor Leste, a fim de detectar a presença de
amianto.
A questão do amianto está subjacente a
dois objectivos principais das actividades da
EPU: garantir que as questões ambientais
sejam incluídas no processo de planeamento
Foto: OCPI-UNTAET
ão há fumo sem fogo, como mostram as
nuvens sufocantes provenientes das
queimadas realizadas em redor de Díli - nem
desenvolvimento económico sem custos ambientais.
É esse o problema que a Unidade de
Protecção Ambiental (EPU) da UNTAET
enfrenta, enquanto tenta assegurar-se de que,
à medida que as infra-estruturas são reconstruídas e a vida comercial ressuscita, o preço
em termos de poluição e degradação ambiental
não é demasiado alto nem para os indivíduos,
nem para a sociedade.
A Unidade, sujeita a uma enorme pressão,
tem de combater simultaneamente em várias
frentes - qualidade da água, resíduos urbanos,
danos dos solos, poluição petrolífera e, agora,
os perigos do envenenamento pelo amianto
existente nos escombros de muitos dos edifícios destruídos em Timor Leste.
O amianto é um exemplo da corda bamba
por onde a Unidade tem de se deslocar. Existe
uma pressão pública para que a reconstrução
seja rápida. Os planos são preparados, os programas são elaborados, o trabalho inicia-se.
De súbito, os activistas da saúde ambiental e
os sindicatos avisam de que os trabalhadores
da construção podem estar a correr riscos.
“Muitas pessoas não têm consciência do
perigo de estarem expostas a estes materiais”,
afirma Scott Cunliffe da La'o Hamutuk, uma
organização de vigilância baseada em Díli
implicada no acompanhamento e avaliação
das políticas. As fibras de amianto inaladas
permanecem dentro do corpo, e podem provocar o mesotelioma e outras doenças
incuráveis.
“É necessário que se isolem as áreas que
se considera estarem contaminadas com
amianto”, afirma. “Esta questão tem de ser
resolvida de uma forma responsável”.
O Conselho dos Sindicatos Australianos
(ACTU) também se juntou ao alerta.
Em consequência desse facto, no início de
Agosto, a UNTAET criou um grupo de trabalho para estudar directrizes para o manuseamento, em segurança, de entulhos que contenham amianto. As directrizes, diz Andrew
Whitley, chefe do Gabinete do Representante
Especial Adjunto do Secretário-Geral, irão
“aconselhar os trabalhadores quanto ao modo
de se protegerem da contaminação, ao
limparem os locais onde se encontravam os
edifícios ou ao manusearem o entulho para
remoção”. O grupo irá recomendar também
medidas para o depósito do amianto em lixeiras em condições de segurança, bem como
analisar a oferta de um consultor para
mento.
“O manuseamento sem qualquer segurança dos óleos residuais constitui um problema actualmente porque, de momento, não
temos um bom mecanismo para os tratarmos”,
afirma o Sr. Mackay. Também este problema
terá de ser resolvido, antes que se torne
intratável, e não pode ser
resolvido apenas pela
administração. Afirma que
a Unidade está a analisar
a questão com os principais interesses da indústria petrolífera no país.
E, é claro, existem também os fogos, à medida que
a terra é limpa para o cultivo. “Se investigarmos
profundamente as formas
tradicionais de cultivo em
Timor Leste, verificamos
que o nosso povo era muito
consciencioso quanto aos
sei
ambiente”,
diz
Demétrio Amaral, uma
activista do ambiente e
membro
fundador
da
HABURAS, uma ONG
local. “Não aprovavam a
Fumo de um fogo começado por um agricultor em preparação para a época
destruição irreflectida das
de semeio.
florestas”.
desde a sua fase inicial (“institucionalizar o
Mas os agricultores têm de tirar o máximo
pensamento ambiental na administração”,
proveito dos seus recursos limitados e podem
segundo as palavras de Angus Mackay, da
inclusive ter de ir procurar madeira para cozEPU) e envolver o comércio e a indústria e as
inhar, a fim de pouparem dinheiro em petróleo
organizações não governamentais, bem como a
- do mesmo modo que os habitantes das
administração (“é importante que os que
cidades estão ansiosos por limparem os entulpoluem o ambiente sintam que, em certa medihos para reconstruírem as suas casas e lojas,
da, o processo de planeamento ambiental tamos agricultores querem usar adubos para
bém lhes pertence”).
aumentarem as suas produções, e as indúsO Sr. Mackay faz notar, por exemplo, que
trias precisam de se livrar dos resíduos que
embora a vida de praia em Díli só agora esteja
geram como parte da produção de bens. Todos
a restabelecer-se, a poluição da zona costeira já
eles querem o melhor para si e para os seus filé evidente sob a forma de garrafas: o plástico
hos. A Unidade tem de se certificar de que os
indestrutível é sempre um sinal precoce de
custos ambientais não excedem os benefícios
poluição. De igual modo, a Unidade está a
públicos.
vigiar de perto a poluição da água - “uma
Também tem de encontrar formas de
questão-chave para nós”. Em Manatuto, por
pagar a factura, porque um ambiente saudávexemplo, as autoridades estão a investigar a
el tem de ser pago. “Precisamos de recursos
possível degradação do lençol freático.
para gerir esta cidade, é um facto”, afirma
A poluição de origem agrícola, como a
Sandra Chestnutt, uma Funcionária de
provocada por adubos e pesticidas, e a falta de
Serviços Públicos da UNTAET. “Sem recursos,
um sistema de saneamento adequado coné difícil manter e sustentar os esforços de
stituem também questões que preocupam a
limpeza levados a cabo pela PKF ou por quem
Unidade, que é responsável por uma maior senquer que seja”, salienta, identificando o sissibilização para questões ambientais, pela
tema de drenagem e saneamento da cidade
determinação de políticas e do enquadramento
como outra área que precisa de atenção.
regulamentar e pelo controlo do seu cumpri-
Sugestões para proteger o ambiente
Uma nova publicação da Administração do Distrito de Díli - “Um Ambiente
Saudável Começa com a Sua Ajuda” - contém sugestões para a protecção
do ambiente. Entre as sugestões, incluem-se:
Abstenham-se de acender fogueiras, porque os fogos florestais podem
• destruir pequenas plantas, árvores novas, ervas, insectos, aves, roedores
e outra vida selvagem das florestas;
• conduzir à destruição pelas chamas das aldeias, causando perda de
bens e vidas;
• emitir muito fumo, provocando a poluição do ar;
• queimar ervas valiosas e plantas medicinais, ameaçando-as de extinção.
OUTRAS RECOMENDAÇÕES:
• O corte de anéis de casca e/ou a retirada da casca dos troncos das
árvores conduz, em última instância, à morte da mesma. Não o façam.
• Parem de cortar árvores, em especial nas encostas, porque a falta de árvores
aumenta a erosão do solo e destrói o solo arável, do qual dependem as colheitas saudáveis.
• Ao cortar as ervas, não arranquem as raízes: isso provoca a erosão do solo
e destrói o solo arável.
• Não extraiam pedras, cascalho e areia das orlas das estradas, porque essa
prática provoca a erosão e os aluimentos de terras.
• Não retirem pedras, cascalho e areias das correntes de água - torna o leito
mais profundo e as margens mais íngremes, o que conduz a uma maior erosão
do solo.
• Não deixem o lixo espalhado por todo o lado, depositem todos os resíduos
que podem transformar-se em estrume numa fossa e enterrem-nos. Reciclem os
plásticos, latas e metais. Todos os restantes resíduos deveriam ser depositados
num ponto central. Por favor comuniquem ao Distrito de Díli onde se situa o
local central de recolha.
• Não deixem lixo junto ou perto de nascentes de água, dado que isso conduz
à contaminação da água.
• Não utilizem adubos e pesticidas químicos sem consultarem os funcionários
agrícolas.
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Dois membros das milícias foram mortos, na
sequência de um confronto com a Força de
Manutenção de Paz das Nações Unidas (UNPKF), em Maliana, a cerca de 10 quilómetros da
fronteira com Timor Ocidental. O batalhão australiano andara a investigar as actividades das
milícias, desde o dia anterior, com base em informações prestadas por timorenses residentes na
zona.
Às 12,30 do dia 2 de Agosto, os soldados da
UN-PKF encontraram um grupo formado por quatro ou cinco membros das milícias, a cerca de 5,5
quilómetros a nordeste de Maliana. O grupo estava
armado com espingardas e granadas. No incidente,
dois membros das milícias foram alvejados e mortos. Ambos envergavam uniformes das TNI e
transportavam munições. Os outros continuam a
monte. Não houve feridos entre os soldados da UNPKF.
“Isto é muito importante porque indica que as
milícias continuam activas”, afirmou o Chefe da
Administração de Transição, Sérgio Vieira de
Mello. “Mas trata-se também da primeira vez em
que conseguimos entrar em combate com um grupo
destes, a curta distância”. O incidente não reflecte
uma alteração de política, acrescentou. “As regras
de combate são as mesmas. Pedi apenas que fossem aplicadas ao longo da fronteira sem a menor
hesitação, de modo a evitar uma repetição da
tragédia da semana passada”.
“A Força de Manutenção de Paz não está em
Timor Leste com a finalidade de matar pessoas”,
afirmou o Comandante da Força, Tenente-General
Boonsrang Niumpradit. “O que os soldados da
Força de Manutenção de Paz fizeram hoje foi,
esperamos, mandar um sinal para o outro lado da
fronteira e fazer que outros membros das milícias
pensem duas vezes, antes de porem em risco outras
vidas humanas”.
Mohamed Chande Othman prestou juramento, a
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4 de Agosto, como Procurador-Geral de Timor
Leste. Desde 1996, o Sr. Othman desempenhou o
cargo de Procurador-Chefe no Gabinete do
Procurador-Geral
do
Tribunal
Criminal
Internacional para o Ruanda. Anteriormente, fora
Chefe de Delegação da Federação Internacional da
Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, no
Vietname e na Guiné. O Procurador-Geral tem dois
adjuntos, um para os crimes comuns e outro para os
crimes graves. “Isto significa que estamos a um
pequeno passo da criação, esperemos que pouco
depois da independência total, do Gabinete do
Procurador-Geral de Timor Leste”, afirmou Gita
Welch, Membro do Governo responsável pelos
Assuntos Judiciais.
Entretanto, os membros timorenses do poder
judicial irão frequentar três seminários de formação organizados por diferentes parceiros do gabinete de Assuntos Judiciais. O primeiro é organizado pelo Instituto Internacional de Direito do
Desenvolvimento (IDLI), e versa problemas e
questões básicos que surgem em casos cível relacionados com contratos. A segunda parte - a que
assistirão juízes, defensores públicos e agentes do
ministério público - irá centrar-se no direito penal.
Outro programa de formação, com a duração de
suas semanas, será organizado pelo Conselho
Federal de Justiça da Jurisdição Federal Brasileira
e realizar-se-á no Tribunal de Distrito de Díli.
Por outro lado, o Conselho Consultivo Nacional
introduziu alterações ao Regulamento N.º 1999/3. A
nova redacção do Parágrafo 8.2 do Artigo 8º sobre a
Criação de uma Comissão para o Serviço Judicial de
Transição é a seguinte: “A comissão receberá e
analisará candidaturas individuais de juristas
internacionais para nomeação para cargos na magistratura judicial ou do ministério público”, tendo
em vista a constituição de colectivos para o julgamento de delitos penais graves.
O primeiro funcionário público timorense
com contrato permanente, Libório Pereira, de
37 anos, prestou juramento para o exercício do
cargo na presença do Chefe da Administração de
Transição, Sérgio Vieira de Mello, numa cerimónia
Foto: OCPI-UNTAET
Tais Timor
realizada recentemente. O Sr. Pereira foi seleccionado a 20 de Julho, entre 32 candidatos, e será
Secretário da Comissão da Função Pública. Antes
desta nova nomeação, desempenhara funções temporárias como Funcionário Principal responsável
pelo Recrutamento no Departamento de
Governação e Administração Pública.
Terminou, em Timor Leste, a selecção de 3000
professores primários e foi decidida a sua colocação com base nos resultados do teste de recrutamento de 29 de Maio e do número de alunos por
distrito. Os funcionários distritais responsáveis
pela educação têm estado também a concluir a distribuição dos professores das escolas secundárias.
Deveriam ser escolhidos estudantes universitários
de diferentes cursos que já tenham concluído seis
ou mais semestres. Os estudantes universitários
que forem aceites para formação como professores
do ensino secundário irão frequentar um curso
básico de formação de cerca de cinco a seis semanas antes de começarem a ensinar.
Entretanto, o CNRT e a UNTAET irão acolher
o primeiro congresso nacional de professores, entre
10 e 12 de Agosto. Espera-se que cerca de 1000 professores do ensino primário e secundário discutam
questões relacionadas com o sistema educativo e a
situação de professores e alunos em Timor Leste,
tais como o currículo, as escalas de salários e o calendário do ano lectivo.
Tirando a medida de Dili Notícias Desportivas
A Unidade de Terras e Propriedades da UNTAET levou a cabo recentemente um exercício de mapeamento piloto
nos subúrbios de Motael, Caicoli e Colmera, em Díli, como parte de um processo para tentar restabelecer o registo de terras em Timor Leste.
“Esta não é somente uma boa oportunidade de formação para os funcionários timorenses como também nos
proporcionará a oportunidade de testar métdos antes de começarmos um extenso exercício de mapeamento”, disse
Gaspar Benevides, da Unidade de Terras e Propriedades. “É importante que as pessoas compreendam que este
processo irá eventualmente dar assistência a um mapeamento completo das áreas urbanas, mas que não estamos
a tentar determinar a quem pertencem as propriedades.”
Página 3
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Tais Timor
Tiu responde a perguntas sobre...
Os fogos florestais
C
aros leitores: Nos dias que correm, podemos
ver o fumo negro a erguer-se sobre todo o
território de Timor Leste. Os agricultores estão
a queimar a vegetação, para preparar a terra
para a semeadura. Diz-se que esta “agricultura
de queimadas” foi introduzida pela administração central, no território de Timor Lorosa'e,
no tempo dos Indonésios. Infelizmente, parece
que, em muitas partes do território, existe uma
grande dose de ignorância quanto aos efeitos
que as queimadas têm sobre o ambiente, em
especial, sobre as nossas florestas.
As florestas desempenham um papel central no nosso ecossistema, retendo águia e
nutrientes e limpando o ar, bem como produzindo madeira. A madeira é um recurso natural
valioso que se esvai em fumo quando as pessoas
fazem queimadas extensas. Vamos acompanhar
a conversa que tive com alguns agricultores das
zonas suburbanas de Díli.
Tiu: Olá rapazes, que belo fogo que ai têm,
apanha quase toda a encosta.
Agricultores: Olá, Tiu. Estamos a preparar a
terra para o cultivo. É um trabalho difícil.
Tiu: Oiçam, amigos, não percebem que o que
estão a fazer é prejudicial e potencialmente
perigoso?
Apeu: Que queres dizer, Tio?
Tiu: O que quero dizer é que é bom vocês
estarem a cultivar aqui mas, ao queimarem a
encosta tal como estão a fazer, estão a destruir
um recurso precioso, a degradar o ambiente e a
provocar poluição atmosférica.
Maria: Qual é a alternativa? Temos de cultivar
a terra.
Tiu: Não é uma questão de alternativas, mas
sim de terem plena consciência do que estão a
fazer. Quando queimam a terra e matam e cortam as árvores nas encostas das montanhas,
estão a provocar um dano real à floresta. Estão a
destruir pequenas plantas, árvores novas, insectos, aves e outra vida selvagem da floresta, bem
como a criar uma erosão grave, com o correr do
tempo.
Além disso, quando queimam áreas extensas, criam uma grande quantidade de poluição
atmosférica que pode pôr em perigo a saúde das
pessoas. Podem inclusive provocar a perda de
bens ou de vidas, se as coisas ficarem verdadeiramente descontroladas. E, ainda por cima,
os fogos também queimam ervas e plantas medicinais valiosas, que são usadas para a preparação
de remédios tradicionais, em Timor Lorosa'e.
Jo'e: Bem, estou a ver o que queres dizer. A
modos que estamos a dar tiros no pé. Mas
ninguém nos tinha prevenido.
Tiu: É por isso que vos estou a dizer isto agora. E
fiquem atentos em relação à UNTAET, que está
a trabalhar nesta questão em colaboração muito
estreita com organizações não governamentais
(ONG) locais, como a Haburas. Querem certificar-se de que as zonas protegidas não sofrerão
mais destruição.
O Distrito de Díli iniciou também uma campanha chamada “Um Ambiente Saudável
Começa com a Sua Ajuda”, que incentiva todos os
Timorenses a participarem na protecção do
ambiente.
Mariano: Tiu, penso que nos deste alguns conselhos sábios. Não é correcto nós, Timorenses,
estarmos a prejudicar indiscriminadamente os
nossos recursos naturais. Não se trata apenas
das árvores com o desflorestamento e a erosão do
solo; estão a roubar recursos como o coral do mar
Notícias Desportivas…continuação pág. 3
UNITED NATIONS
NATIONS UNIES
UNTAET
Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste
Gabinete de Infra-estrutura
A ENERGIA É PRECIOSA
DESLIGUE:
• Sistemas de Ar Condicionado (quando
não em uso)
• Luzes (quando sair)
• Computadores e aparelhagens
• Televisores (quando não estiver a ver)
• Cozinhe a gás ou com madeira
CONSERVE-A
Comunicação Pública
RADIO
UNTAET
99FM
O Ajax Amsterdam recebeu o Torneio da Master Coup
para celebrar o centenário do clube holandês. Lazio
(Itália), Arsenal (Inglaterra) e Barcelona (Espanha) foram
os convidados, tendo a Taça ficado na mão dos espanhóis, depois de estes haverem empatado por 3-3 com a
Lazio, na final. O Barça ganhou o seu jogo de abertura
contra o Arsenal por 2-1, e o anfitrião, Ajax, também derrotou os “Gunners” por 2-0.
O terceiro gigante do futebol a celebrar o seu primeiro
centenário, o alemão Bayern de Munique, convidou o
Real Madrid, o Manchester United (Inglaterra) e o
Galatasaray (Turquia) para o seu torneio. No jogo de
abertura, os alemães bateram o Galatasaray por 3-1,
enquanto o Manchester United vingava uma derrota
anterior contra o Real Madrid com uma vitória por 1-0,
graças a um golo do “super sub” Ole Gunnar Solksjaer.
O Bayern ganhou a Taça após vencer o Manchester
United por 3-1, na final. A final foi uma desforra da
espantosa vitória do United na final do ano passado da
taça dos Campeões, no Camp Nou, em que os campeões
derrotaram o Bayern com golos marcados, no tempo de
descontos, por Teddy Sheringham e Solksjaer.
para vender a turistas e outros estrangeiros.
São necessárias leis ou regulamentos que proporcionem uma melhor protecção. Não existem
de momento, pois não, Tiu?
Tiu: Bem, meus amigos, a verdade é que, de
momento, não temos muitas leis ou regulamentos relacionados com estas matérias. Mas a
questão não se resume a existir ou não uma lei.
A acção pessoal é verdadeiramente importante;
o que interessa é a nossa participação, e a da
comunidade. Precisamos de discutir o assunto e,
colectivamente, concebermos formas de proteger as nossas florestas e outros recursos,
nomeadamente a água.
Martinho: Parece um enorme desafio.
Tiu: Não é fácil, meu amigo, é certo. Falar é
fácil, como aquele velho provérbio indonésio que
diz que uma “vasilha vazia faz muito barulho”.
Precisamos que as nossas palavras sejam acompanhadas por actos: parar com as queimadas
indiscriminadas, parar com o corte de árvores
para obter lenha, fazer que os nossos vizinhos e
amigos pensem nas consequências dos seus
actos.
Agricultores: Tens razão, Tiu. Não nos devemos limitar a esperar, vamos fazer também
Tiu: O espírito é esse! Bem, rapazes, tenho de
me ir embora, mas esta questão é importante e
vamos encontrar-nos em breve e falar mais
longamente sobre ela.
Bem, meus caros leitores e meus caros amigos agricultores, por favor, não voltem a fazer
queimadas nas encostas porque estarão a pôr
em perigo as nossas florestas e o nosso ambiente. Espero que a conversa os ajude a verem a
importância de amarmos adequadamente a
nossa terra. Cabe-nos gozá-la, cabe-nos protegêla.
Adeus!
Não haverá impunidade ...continuação pág. 1
A Sr.ª Robinson disse à multidão que comunicaria os nomes dos responsáveis pelo massacre
ao Governo indonésio, com um pedido de acção
rápida. Caso não houvesse um processo credível
para trazer os piores perpetradores perante a
justiça, afirmou, talvez tivesse de se criar um
tribunal internacional em Timor Leste.
“Estou convicta de que é urgente trazer os perpetradores perante a justiça”, disse a Alta
Comissária. “Eles sabem quem é responsável
pelo massacre. Estamos a um mês do primeiro
aniversário e já é tempo de os perpetradores
serem detidos e indiciados, e é essa a mensagem
que levarei comigo para Jacarta”.
24 HORAS
NÚMERO DE
CIVPOL
• Notícias em inglês às 6 da manhã, 11 da manhã e às 5 da tarde.
• Notícias em tetum as 7 da manhã, meio dia e às 6 da tarde.
• Notícias em português às 8 da manhã e às 7 da tarde.
• Notícias em indonésio às 8:30 da manhã e às 7:30 da tarde.
EMERGÊNCIA DE DILI
ONU 0408039978
Para as últimas notícias e
informação sobre Timor
Leste, por favor sintonize a
Rádio UNTAET
O nome Tais Timor conjura a image do cuidadoso e laboroso processo envolvido na tecelagem do tecido tradicional Timorense usado em todas as ocasiões especiais. Os diferentes “ingredientes” que constituem
Timor Leste unem-se durante o tempo de transição para a recontrução do país. Tais Timor tem como objectivo documentar e reflectir todos aqueles eventos que tecem a beleza da tapeçaria que é Timor Lorosa’e.
Um serviço público de informação bi-semanal publicado pela Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET). Publicado em tetum, indonésio, português e inglês. Escrito, editado e
desenhado pelo Gabinete de Comunicação e Informação Pública. Circulação 75,000.
UNTAET-OCPI c/ - PO Box 2436 Darwin, NT 0801 Austrália Telefone: +61-8-8942-2203 Fax +61-8-8981-5157 e-mail [email protected]
Este não é um documento oficial. Apenas para informação.
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