Relatorio_Vol_2_PT - Plataforma Odisseia
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Relatorio_Vol_2_PT - Plataforma Odisseia
http://www.adeit.uv.es/odlnetexperience Volume II Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e a Distância Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância ODL-NET EXPERIENCE Rede de Ensino Aberto e a Distância para Intercâmbio de Experiências Projecto n.- 110345-CP-1-2003-1-ES-MINERVA-MPP Volume II Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e a Distância Fundación Universidad-Empresa de Valencia – ADEIT Salvo indicação em contrário, a informação escrita constante no sítio Web do projecto ODL-NET Experience (http://www.adeit.uv.es/odlnetexperiece,) é propriedade da Fundación Universitat-Empresa de Valencia e dos parceiros do projecto, e é publicada para livre acesso aos utilizadores da Internet. Não é permitida a reprodução total ou parcial deste documento por qualquer meio, incluindo o ‘mirroring’ noutros servidores da Web, sem o consentimento prévio e por escrito do seu proprietário. A impressão de secções para referências pessoais de estudantes ou para a prática de aulas é permitida desde que a fonte seja devidamente indicada. As hiperligações para o sítio do projecto na Web assim como os contactos são bem-vindos. © Copyright 2005 – ODL-NET Experience partnership Socrates Programme – ODL-NET Experience project 3 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Equipa de trabalho e Autores Coordenadores do Projecto: Vicente L. Francés Francés & Amparo García Bonora - Fundación Universidad-Empresa de Valencia, ADEIT. Espanha ([email protected] – [email protected] ) Parceiros do Projecto: Charoula Angeli & Nicos Valanides - University of Cyprus - School of Education. Chipre ([email protected] - [email protected]) Jaroslava Mikulecka, Eva Milkova & Bohumil Jakoubek - University of Hradec Králové - Faculty of Informatics and Management. República Checa ([email protected] - [email protected] [email protected]) Pia Heikkinen & Tarja Tervola - University of Oulu - Learning and Research Services. Finlândia ([email protected] - [email protected]) Symeon Retalis & Athena Zampara - Centre of Higher Education in Theatre Studies. Grécia. ([email protected] - [email protected]) Timothy B. Hall & Fiona Concannon - University of Limerick - EMRC – Educational Media Research Centre. Irlanda ([email protected] [email protected]) Vitor Cardoso & José Bidarra - Universidade Aberta - Departamento de Ciências Exactas e Tecnológicas. Portugal ([email protected] [email protected]) Patrick Lynch & Simon Atkinson - The University of Hull - Centre for Learning Development - eLearning Team. Reino Unido ([email protected] - [email protected]) Editores Vicente L. Francés Francés & Amparo García Bonora, Fundación Universidad-Empresa de Valencia, ADEIT J. Charlotte Cryer, & Timothy. B. Hall, University of Limerick, EMRC ISBN da Obra Completa 84-96221-21-0 ISBN do Volume II 84-96221-23-7 Este projecto foi desenvolvido com o apoio financeiro da Comunidade Europeia no âmbito do Programa Sócrates. O conteúdo destes relatórios é da exclusiva responsabilidade dos seus autores, não tendo a Comissão qualquer responsabilidade advinda da utilização da informação aqui contida. 4 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 7 2 POLÍTICA EUROPEIA NO DOMÍNIO DO ENSINO ABERTO E A DISTÂNCIA E DAS TIC PARA A APRENDIZAGEM...................................................................... 9 3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 13 4 RELATÓRIOS DE ÁREAS DE TRABALHO ............................................................ 15 5 4.1 APOIO TUTORIAL A DISTÂNCIA E TRABALHO COLABORATIVO ....... 15 4.2 DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS......................................................... 19 4.3 AVALIAÇÃO DO CURSO ................................................................................... 27 4.4 ACREDITAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS ALUNOS............................................. 32 4.5 TECNOLOGIA ...................................................................................................... 36 4.6 GESTÃO ................................................................................................................. 42 REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA ........................................................................... 47 APÊNDICE ............................................................................................................................ 49 IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS EXPERIÊNCIAS/CASOS ................................................................................................. 49 Socrates Programme – ODL-NET Experience project 5 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 1 INTRODUÇÃO O projecto ODL Net Experience evoluiu de projectos anteriores enquadrados no âmbito do programa Europeu Sócrates. A Fundación Universidad-Empresa de Valencia, ADEIT, coordenou um projecto designado “NEPTUNO – Network of entities promoting Training in Universities with ODL” que desenvolveu um laboratório para fornecer recursos para a aprendizagem a distância através da Internet (http://www.adeit.uv.es/neptuno). Estes recursos foram avaliados em 1999 pelo projecto “TEST for ODL - Teachers’ and Students’ Training for Open and Distance Learning”. Duas recomendações-chave do relatório de resultados do TEST for ODL estiveram na origem do desenvolvimento do projecto ODL-NET Experience: • • A necessidade de provar aos professores os benefícios e vantagens da utilização das TIC. A necessidade de demonstrar aos professores estudos de caso desta aplicação no seu campo de conhecimento. Estas duas recomendações encaixam perfeitamente nos objectivos do programa: • • “Promover, entre os professores, alunos, decisores e o público em geral, um conhecimento melhor das implicações para a educação do Ensino Aberto e a Distância (EAD) e das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), assim como do uso crítico e responsável das TIC para fins educacionais ”. “Promover o acesso a recursos e a métodos educacionais de grande qualidade, e divulgar os resultados e os exemplos de boas práticas neste campo”. O projecto ODL-NET propôs-se cumprir estes objectivos focando-se na criação e consolidação de uma rede para analisar e trocar informações sobre as experiências realizadas e testadas (com sucesso ou não) na utilização da aprendizagem a distância através da Internet, sobretudo em instituições de ensino superior. O projecto visava aumentar o conhecimento e a especialização das organizações e dos actores que participam na educação a distância através da Internet, a partir da demonstração e da análise do boas práticas e apresentando exemplos ilustrativos. Os parceiros desta rede são maioritariamente de departamentos, unidades ou centros universitários; proporcionando recursos educacionais e/ou tecnológicos, com potencial para trabalhar com os professores, com os responsáveis pelas políticas e com os aprendentes no sentido de promover um conhecimento melhor do EAD através da Internet nas suas Instituições de Ensino Superior. Para atingir estas metas principais foram estabelecidos os seguintes objectivos: • • • • • Melhorar a qualidade do ensino on-line tirando partindo das novas abordagens educacionais e metodológicas. Manter a comunidade universitária a par dos desenvolvimentos tecnológicos relevantes para a educação através da Internet. Estabelecer contacto com todos os actores envolvidos na aprendizagem a distância (produtores, professores, utilizadores, tecnólogos) para promover a aprendizagem e a comunicação mútua. Explorar experiências positivas em benefício do resto da comunidade educacional envolvida na educação a distância. Fazer recomendações aos decisores e àqueles responsáveis pela implementação de políticas, nas acções a tomar para promover e incentivar o investimento no EAD. A metodologia adoptada pelo ODL-NET possibilitou a análise de áreas de particular interesse para a formação a distância através da Internet: Socrates Programme – ODL-NET Experience project 7 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância • • • • • • Tutoria a distância e trabalho colaborativo Desenvolvimento de conteúdos Diagnóstico do curso Acreditação e Avaliação Tecnologia Gestão Estas são as áreas onde a educação presencial e a distância mais diferem e as áreas mais abertas a inovações futuras nos sistemas educacionais formais e informais. O ODL NET tentou identificar as variáveis nestas áreas de interesse que afectam o sucesso ou insucesso do EAD através da Internet e ilustrar isso mesmo através de exemplos em benefício da comunidade Europeia de ensino superior. Um dos aspectos mais inovadores do ODL NET é a capacidade de oferecer recomendações, para auxiliar o planeamento e a revisão das iniciativas já existentes no EAD através da Internet, baseadas numa análise global da qualidade numa amostra sólida dos cursos estabelecidos. O ODL NET é um embrião de uma rede sustentável para o intercâmbio de experiências sobre boas práticas na educação e formação a distância através da Internet, tendo estabelecido uma ferramenta válida de informação para todos aqueles envolvidos na aprendizagem a distância: professores, especialistas em conteúdos, web developers, responsáveis pelas políticas e decisores, organizadores de acções de formação, avaliadores, etc. Adicionalmente, o projecto proporciona pontos de referência para a introdução e implementação da educação a distância como complemento do ensino presencial, inicialmente na Comunidade Universitária e posteriormente também em centros de educação para adultos, de aprendizagem ao longo da vida, na formação vocacional e ainda nas escolas primárias e secundárias. Oito instituições, de oito países Europeus, fizeram parte do projecto, garantindo a sua dimensão Europeia e fornecendo experiências a partir de diversas bases de educação e de formação. Aqueles que podem beneficiar directamente do ODL NET são os professores universitários e centros de ensino superior, organizadores de acções de formação, especialistas em conteúdos e decisores políticos e Web-based training (WBT) developers. Além disso, como a metodologia do Ensino Aberto e a Distância pode ser aplicada a outros tipos e a outros níveis de educação e formação, qualquer organização, centro, instituição ou empresa, cuja actividade primária seja providenciar ou desenvolver educação, pode beneficiar dos resultados do projecto. A metodologia do ODL NET pode ser aplicada em benefício de todos os educadores e formadores. 8 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 2 POLÍTICA EUROPEIA NO DOMÍNIO DO ENSINO ABERTO E A DISTÂNCIA E DAS TIC PARA A APRENDIZAGEM O elemento mais significativo da política Europeia no domínio da Educação Aberta e a Distância é o Artigo 126 do Tratado de Maastricht de 1992, onde os países membros acordaram em apoiar o futuro desenvolvimento da educação a distância. Este é um documento oficial sem igual, uma vez que não há nenhum outro acordo multilateral que crie uma política específica para melhorar qualquer outra forma de educação em todos os estados signatários (Baumeister, 1999). Uma iniciativa mais recente de relevo para a abertura da educação, foi a intenção expressa na Estratégia de Lisboa de fazer da Europa, até 2010, a economia mais competitiva do mundo e com preocupações sociais. No seguimento da agenda de Lisboa, a inclusão da educação e da formação como componentes-chave do Plano eEurope (eEurope Plan) foi imediatamente apreendida. Ao mesmo tempo, reconheceu-se que os sistemas de educação existentes, nos seus tradicionais papéis, não poderiam responder às novas exigências. Assim, pouco tempo depois, foi proposta a Iniciativa e-Learning (eLearning Initiative). No entanto, a UE tinha uma política para o EAD muito anterior a estas iniciativas mais recentes. Kay McKeogh documentou os desenvolvimentos mais relevantes da política Europeia neste domínio desde 1957, tal como referido no Quadro 1. Ela destaca, em particular, a primeira vez em que é reconhecida a importância do EAD para a Comunidade Europeia em 1987, através de uma resolução parlamentar baseada num relatório da deputada do Parlamento Europeu Winifred Ewing. No relatório eram referidas as quatro universidades abertas, funcionando exclusivamente a distância, estabelecidas na Europa, nomeadamente a UK Open University (com cerca de 257.000 estudantes), a Universidade Nacional Espanhola a Distância (UNED) (com cerca de 136.444 estudantes), a Universidade Alemã de Ensino a Distância (FernU) e a Universidade Aberta da Holanda (OUNL). Esta resolução, juntamente com a massa crítica de instituições educacionais a distância a um nível Europeu, nacional e transnacional, levou à elaboração de inúmeros relatórios sobre a aprendizagem a distância e ao Memorando sobre o Ensino Aberto e a Distância (Memorandum on Open and Distance Learning) em 1991. Depois do primordial Artigo 126 do Tratado de Maastricht em 1992, tornou-se explícita a referência a uma política de “encorajamento ao desenvolvimento da educação a distância” na UE. Quadro 1: Desenvolvimento da Política da U.E. no domínio do EAD. Fonte: (MacKeogh, 2004a, 2004b) 1957 Tratado de Roma – nenhuma medida para a educação 1971 proposta do Conselho Europeu para uma Universidade Europeia pela Televisão (European Television University) 1973 O Relatório Janne – mencionando o modelo de Universidade Aberta 1987 Relatório Ewing e a Resolução Parlamentar sobre uma Universidade Aberta Europeia 1991 O Memorando sobre o Ensino Aberto e a Distância (EAD) : CEC 1992 Artigo 126 do Tratado de Maastricht: A acção comunitária tem como objectivo: Encorajar o desenvolvimento da educação a distância 1990-1993 EUROFORM-NOW-HORIZON 1994 – ODL 1995-2005 Programa SÓCRATES Acção EAD 1995-1999 - €33m; 166 projectos Acção Minerva 2000-2003 - €31.65 m; 20% instituições EAD 1995-2005 Leonardo da Vinci 1996 Multimedia 1989-2006 Quadro dos programas de Investigação e Desenvolvimento (média de fundos €600k a €9m em FW6) 2002-2006 Iniciativa e-Learning 2007-2013 Nova Geração – Programa Integrado de Acção para Aprendizagem ao Longo da Vida (New Generation – Integrated Action Programme for Lifelong Learning)(com recurso a TIC) Socrates Programme – ODL-NET Experience project 9 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Depois de Maastricht, vários programas foram desenvolvidos para subsidiar iniciativas com o mesmo objectivo, nomeadamente a EUROFORM (1990), a ODL (1994) e o programa SÓCRATES (1995) incluindo a acção MINERVA, e também os programas Leonardo da Vinci, GRUNDVIG, LINGUA, ERASMUS e IST. Até mesmo em iniciativas Europeias tais como a EQUAL e também em Programas de Cooperação da União Europeia com outras partes do mundo, o e-Learning ganhou mais apoios devido a esta mobilização. Subsequentemente, o Conselho Europeu de Lisboa, em Março de 2000, delineou o estado da educação na União Europeia e teve implicações na política educacional do ensino tradicional universitário e no EAD (Hingel, 2001). A importância de uma aprendizagem ao longo da vida surgiu como um objectivo fundamental em oposição ao discurso educativo da “segunda oportunidade”. Em Lisboa, vários objectivos concretos foram explicitados, nomeadamente: reduzir para metade a percentagem de abandono escolar prematuro até 2010 e aumentar substancialmente o crescimento anual de gastos per capita em educação. O Plano de Acção e-Learning (eLearning Action Programme), 2004-2006 (UE, 2001) foi adoptado para melhorar a acessibilidade e a qualidade da educação Europeia e dos sistemas de formação através das TIC. Isto incluía especificamente a promoção da literacia digital e o apoio a uma maior integração da dimensão virtual no ensino superior, ao e-twinning de escolas (geminação de escolas em rede), formação de professores e acções transversais, como estudos, conferências, e monitorização de acções. O processo de Bolonha constitui uma oportunidade para uma integração mais vasta. O objectivo é estabelecer uma área de Educação do Ensino Superior (que inclui, mas é mais vasta que, a União Europeia) até 2010, que permita a livre circulação de discentes e docentes e o reconhecimento mútuo de qualificações. O Conselho Europeu de Barcelona (2002) veio acrescentar a este facto, entre outras coisas: gastos em Investigação e Desenvolvimento até 3% do Produto Interno Bruto em 2010 (dos quais 2/3 provêm do sector privado) e 1 computador com ligação à Internet por cada 15 alunos em 2003. O Conselho Europeu de Barcelona (2002) adoptou um programa exaustivo de trabalho, no que respeita aos objectivos para a educação e sistemas de formação na Europa. Este programa de trabalho baseava-se em 13 objectivos para a educação, acordados entre os estados membros. Contém a descrição dos instrumentos mais importantes para monitorizar a convergência das políticas nacionais de educação, em conformidade com aqueles objectivos, seguindo o processo de coordenação aberta de Lisboa. O Programa Integrado de Acção para uma Aprendizagem ao Longo da Vida (Integrated Action Programme for Lifelong Learning) para 2003-2007, irá proporcionar um novo nível de integração das inovações das TIC, pelo qual o e-Learning irá ser subsidiado lateralmente através de programas, em vez de beneficiar de fundos como actividade isolada. Este facto enfatiza ainda mais a necessidade do e-Learning ir para além da visão tecnocrática da tecnologia e da educação (Reding, 2003). A Prática do EAD na União Europeia Apesar da agenda política Europeia estar bem definida, na maior parte dos países e instituições Europeias o EAD ainda não se transformou numa actividade corrente. (Baumeister, 1999). As últimas estatísticas disponíveis sobre o número de alunos inscritos na educação a distância foram compiladas por Desmond Keegan em 1994, e referem um total de 2.249.810 alunos (Keegan, 1994). Uma vez mais estes números foram calculados no âmbito de um projecto sobre o Desenvolvimento do Conhecimento no Campo da Formação Vocacional a Distância na União Europeia (dirigido pela VOCTADE (Fritsch, Keegan, & Vertecchi, 1998)). O mesmo documento estima que na União Europeia existem 2.5 milhões de pessoas a estudar a distância para fins vocacionais. Este número exclui aqueles que optaram por formação interna (provavelmente outro número muito significativo) assim 10 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância como os estudantes de cursos de ocupação de tempos livres. O número total de inscrições em seis universidades abertas Europeias (Espanha [duas], Alemanha, Holanda, Portugal e Reino Unido) é calculado em 450.000, acrescentando a este um mínimo de mais 150.000 estudantes a distância matriculados em universidades convencionais (principalmente na Finlândia, França, Suécia e no Reino Unido). Estima-se que existem ainda mais cerca de 1.2 a 2 milhões de estudantes repartidos quase igualmente por organizações públicas e privadas no sector não-universitário. O documento de orientação do Comité Europeu de Coordenação do EAD (European ODL Liaison Committee) (2004) referia vários aspectos positivos em resultado da política Europeia tais como: Um efeito de mobilização inicial das autoridades nacionais, do ensino superior, da indústria e de muitos outros participantes, que se alcançou sobretudo nos anos 80 e no início dos anos 90; Uma actividade massiva de constituição de redes a nível Europeu, à medida que os projectos que continham elementos e-Learning iam sendo financiados; Uma contribuição substancial para a evolução do discurso do e-Learning no sentido de um maior enfoque no conteúdo, contexto, colaboração e nas comunidades aprendentes; Riqueza de novos resultados e progressos disponíveis na Investigação e Desenvolvimento, que conduziram à formação de uma comunidade cada vez mais profissionalizada; Uma visão mais alargada das pessoas responsáveis, o que levou à aceitação e integração de novas ideias e conceitos na agenda Europeia para o e-Learning; Uma disposição crucial para simplificar os regulamentos financeiros e os processos administrativos da UE; Vários problemas devem ser também assinalados: Todavia, algumas das fraquezas da política de promoção das transformações da educação através de actividades mediadas pelas TIC incluem: A falta de persistência e sustentabilidade no conceito e na prática da Iniciativa e-Learning; A quantidade reduzida de recursos atribuídos ao novo Programa e-Learning; Muitas pessoas envolvidas nos órgãos de decisão política ao nível da EU têm muito pouca experiência pessoal de e-Learning; Uma grande parte dos responsáveis pelas políticas, gestores e professores são resistentes ao discurso inicial do e-Learning, porque este continha visões simplificadas e afirmações demasiado optimistas sobre as virtudes das TIC na aprendizagem; A ausência de uma consulta sistemática pelos decisores ao meio profissional do EAD em diferentes níveis dos processos de criação de políticas; A falta de integração efectiva do discurso do e-Learning na agenda da Aprendizagem ao Longo da Vida, como se os dois “movimentos” fossem para ser mantidos separados; O desequilíbrio entre a ênfase dada à competitividade Europeia e a dada à equidade e inclusão; Demasiado enfoque na educação formal em oposição à aprendizagem pós-inicial, não formal e informal; Uma certa descontinuidade das acções subsidiadas pelos fundos Europeus, em parte devida aos princípios administrativos que desencorajam a continuidade dos subsídios da Comissão Europeia a essas mesmas iniciativas/actores/parceiros. Hans-Peter Baumeister (1999) também reconheceu que a actual provisão do sistema educativo de ensino a distância tem sofrido alterações desde meados dos anos 80, com uma distinção menos clara entre os estudantes universitários presenciais os restantes, notando uma tendência por parte dos primeiros para procurar uma abordagem híbrida, mista ou multimodal, suportada pelas TIC, devido às restrições impostas pela sua situação social. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 11 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Se a fusão entre o ensino presencial universitário e o EAD vai continuar com o aumento das instituições a funcionar em regime misto, como alguns previram (Bang, 2000), ou se o EAD se vai tornar numa actividade corrente em toda a União Europeia não é ainda ponto assente. Contudo, é claro que a integração não só da tecnologia, como dos sistemas nacionais e Europeus de acreditação, das estruturas de gestão e desenvolvimento das melhores práticas de tutoria, do desenvolvimento de conteúdos e da avaliação de programas é necessária para atingir o objectivo de criar programas sustentáveis para o ensino aberto e a distância para o futuro. 12 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 3 METODOLOGIA A metodologia da ODL NET Experience baseou-se numa contínua troca de informações entre parceiros, verticalmente, ao recolher informação sobre casos e experiências a um nível regional e nacional, e horizontalmente, pela análise de áreas de interesse em todas as experiências. A metodologia compreendia sete passos: • Cada parceiro identificou quatro ou cinco casos ou experiências potenciais nos seus países • Os parceiros reviram e aprovaram as propostas sobre o alcance e equilíbrio para o EAD da amostra • Os parceiros identificaram as áreas horizontais de interesse e formaram grupos de trabalho para definir cada área e desenvolver questões que conduzissem à discussão na entrevista • Foi desenvolvido um questionário aglutinador • As entrevistas em torno de cada caso ou experiência foram conduzidas de acordo com o questionário. Os dados das entrevistas foram arquivados. • Os resultados foram analisados para produzir relatórios nacionais (verticais) e áreas de interesse (horizontais) • Foram compilados os três Volumes de Relatórios do ODL NET. Inicialmente, os parceiros do projecto identificaram potenciais experiências no Ensino Aberto e a Distância nas suas regiões ou países, classificando-as de acordo com as seguintes características: • • • • • • • • • Dados do proprietário Introdução / historial Descrição e objectivos Meios técnicos / Plataforma usada Metodologia de aprendizagem Concepção de Conteúdos / Materiais Interactividade Resultados Avaliação e Conclusões No total, foram analisados 36 casos e experiências de oito países diferentes (Chipre, República Checa, Finlândia, Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Reino Unido). A informação sumária, mostrando as principais características, foi tabelada, ver Apêndice. Paralelamente, foram formados grupos de trabalho, constituídos por três ou quatro parceiros, para as áreas de maior relevância ou problemáticas no processo do EAD através da Internet; cada uma coordenada por um parceiro: Parceiro responsável País Área Tutoria a distância e University of Cyprus - School of Education Chipre trabalho colaborativo Desenvolvimento de University of Limerick - EMRC – Educational Irlanda conteúdos Media Research Centre Avaliação do Curso University of Hradec Kralove - Faculty of República Checa Informatics and Management Acreditação e The University of Hull - Centre for Learning Reino Unido Avaliação Development - e-Learning Team Tecnologia Universidade Aberta - Departamento de Ciências Portugal Exactas e Tecnológicas Gestão University of Oulu - Learning and Research Finlândia Services. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 13 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Foram desenvolvidas breves definições e descrições, aprovadas para cada área através de um processo iterativo de sugestão, inclusão, modificação, e melhoramento, contribuindo cada parceiro para o desenvolvimento de três ou quatro áreas. Foi elaborado um questionário exaustivo (para uma análise mais aprofundada) para ser utilizado nas entrevistas aos “proprietários” dos casos e experiências, baseado nos itens e nas características identificadas nas descrições da área de interesse. Foram então entrevistados todos os responsáveis pelas experiências e os resultados reflectiram-se nas respostas ao questionário. Foram recolhidos outros comentários e informações que pudessem contribuir para a análise final, delineando assim uma descrição detalhada de cada experiência, onde constem as principais características e itens das diferentes áreas de interesse, ou seja: • • • • • • • • Principais Características do Caso / Experiência Descrição do Caso / Experiência Gestão o Nível organizacional o Nível de experiência Desenvolvimento de Conteúdos o Questões pedagógicas o Questões de qualidade o Outras questões Tecnologia o Identificação das tecnologias o Acesso dos aprendentes o Dinâmica operacional o Factor de inovação o Facilidade e rapidez o Factores críticos Tutoria e Colaboração o Papel do e-Tutor o Meios de Comunicação / Colaboração o Comunicação on-line / colaboração / discussão o Tipo de Ferramentas / Interacção do Aprendente Avaliação o Plano de avaliação o Metas de avaliação e avaliadores o Método e programação da avaliação o Grupos-alvo o Medidas para aperfeiçoamento Acreditação e Avaliação o Política de acreditação o Prática de acreditação o Política de avaliação o Prática de avaliação O Volume III do Relatório do ODL Net Experience inclui estes dados detalhados e está disponível em formato digital no sítio na Internet do projecto. Finalmente, cada coordenador de área de interesse analisou os aspectos relevantes de todos os casos e experiências e identificou as lições e conclusões mais importantes resultantes dessa análise. Informação detalhada sobre os relatórios de cada uma das seis áreas analisadas pode ser consultada no Volume II – Áreas de Trabalho e Experiências no Ensino Aberto e a Distância. 14 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 4 RELATÓRIOS DE ÁREAS DE TRABALHO 4.1 APOIO TUTORIAL A DISTÂNCIA E TRABALHO COLABORATIVO Introdução Apoio tutorial a distância é o ensino e a aprendizagem que se desenrola qaundo o professor e o aprendente estão separados no espaço e normalmente no tempo. A colaboração ocorre on-line em contexto de comunicação síncrona e assíncrona. As comunicações primárias são ‘um-para-muitos’ (tutor para grupos de estudantes) e ‘um-para-um’ (entre o tutor e um estudante). As ferramentas de comunicação que permitem ao tutor apresentar informação vão desde o ‘post’ num boletim electrónico, a ferramentas de audio e videoconferência. Assim, o diagnóstico do apoio tutorial a distância e da colaboração foca-se sobretudo no exame de questões relacionadas com (a) o papel do tutor, (b) as ferramentas que tutores e estudantes utilizam para comunicar ou colaborar, (c) a qualidade da comunicação, (d) os tipos de ferramentas e recursos de aprendizagem utilizados pelos alunos, o objectivo e a frequência de utilização. De acordo com o foi exposto, os principais objectivos desta área são: 1. Examinar o papel dos e-tutors num ambiente de Ensino Aberto e a Distância (EAD). 2. Identificar os meios de comunicação e de colaboração. 3. Examinar a interacção para identificar os indicadores de uma colaboração real entre os aprendentes e entre os aprendentes e os e-tutors. 4. Identificar os tipos de recursos de aprendizagem e ferramentas com que os estudantes interagem num curso on-line. Papel do e-tutor: que ferramentas on-line são utilizadas e que funções desempenham, p. ex. explicar os objectivos do curso e as responsabilidades dos estudantes, prestar aconselhamento geral e encorajar os estudantes a participar activamente em discussões on-line, dar feedback; como são transmitidas as descrições de tarefas de aprendizagem, e que estratégias são usadas para gerir o curso on-line. Meios de comunicação: identificar os meios de comunicação e de colaboração on-line entre estudantes e e-tutors, a sua frequência e com que objectivos. Mais concretamente, analisar a intensidade de utilização das discussões em foruns, chats, correio electrónico, telefone, correio normal, horas de expediente virtual, teleconferência, e áreas de trabalho colaborativas on-line. Interactividade e construção de comunidades: como é que o e-tutor comunica com os estudantes e como é que os estudantes comunicam entre eles e com o tutor. Que estratégias de comunicação é que os etutors utilizam para iniciar discussões on-line, como é que os e-tutors partilham a sua perspectiva pessoal, que estratégias utilizam para facilitar a discussão e encorajar a colaboração. Até que ponto é que os estudantes comunicam com os seus colegas e se empenham num diálogo construtivo e colaboram com outros para construir conhecimento. Identificar os recursos de aprendizagem e ferramentas: descobrir todos os instrumentos que os estudantes utilizam num curso on-line para aceder aos conteúdos, para comunicar e colaborar, a sua frequência de utilização e com que objectivo. Em particular, a intensidade de utilização dos livros, recursos multimédia, bibliotecas digitais, simulações, documentos/notas on-line, bases de dados e mapas Socrates Programme – ODL-NET Experience project 15 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância conceptuais. Examinar até que ponto são utilizadas ferramentas tais como o MS Word: Excel: Powerpoint, ferramentas de modelação e ferramentas para construção de mapas conceptuais. Resultados da análise Papel do e-Tutor Nalguns casos, o e-tutor é também o especialista nos conteúdos do curso e assume a responsabilidade pela produção do plano de estudos, material do curso e outros materiais de aprendizagem. O e-tutor é muitas vezes responsável pela concepção e moderação do ambiente de aprendizagem, já que é ele/ela que desenvolve a comunidade on-line. Num dos casos, verificou-se que o e-tutor introduzia os alunos no ambiente de aprendizagem produzindo exemplos que os familiarizasse com a comunicação on-line. A principal ferramenta de comunicação utilizada pelos e-tutors são as áreas de discussão, nas quais ele /ela também participa. O correio electrónico é regularmente utilizado para responder a perguntas, enviar avisos, ou responder a pedidos de apoio. Em ambos os casos, os e-tutors procuram “humanizar o sistema de ensino” ou “estabelecer uma boa atmosfera de ensino.” Apenas numa minoria dos casos, o etutor também se encontra pessoalmente com os estudantes ou estabelece contacto por telefone. O e-tutor também transmite expectativas sobre o curso delineando metas de aprendizagem para os estudantes. Adicionalmente, o e-tutor procura providenciar comunicação sobre as tarefas de aprendizagem: propõe trabalhos, estrutura actividades de aprendizagem, calendariza programas e envia comunicados. As estratégias educacionais referidas para o e-tutor não divergem muito das práticas tradicionais. Apesar de tudo, nalguns casos, o e-tutor empenha-se num jogo de papéis ou assume uma “personalidade simulada” que interage com os estudantes. O e-tutor pode tentar individualizar o curso de acordo com o perfil dos estudantes ou pode desempenhar um papel na motivação de aprendentes individuais. Em vários casos, é referido que o e-tutor incentiva a colaboração e o trabalho em grupo. Em casos excepcionais, ele/ela incentiva a aprendizagem pelo fazer, ou pela resolução de problemas. É comuns os e-tutors se empenharem activamente na avaliação dos estudantes nas diferentes fases do curso, e proporcionarem feedback formativo numa base individual. Num dos casos, o tutor também encorajava a análise e o feedback entre pares. Meios de Comunicação Os grupos de discussão são um dos principais canais de comunicação. As discussões encadeadas, em particular, foram referidas em vários casos como sendo utilizadas frequentemente. Tais discussões parecem servir sobretudo atribuir tarefas e responder a perguntas. O recurso ao correio electrónico como meio de comunicação é também frequentemente referido. Nalguns casos, o correio electrónico é essencialmente utilizado para assinalar datas e prazos, para motivar os participantes ou para responder a perguntas. Noutros, refere-se que tanto os estudantes como os e-tutors/coordenadores de curso recorrem à comunicação por correio electrónico. Os chats entre participantes também são mencionados como formas de comunicação. Os meios convencionais de comunicação também são referidos. A utilização do telefone é frequente entre aqueles estudantes que têm dificuldades, como a inabilidade no acesso a plataformas electrónicas de comunicação. O correio regular é também usado com alguma frequência para enviar material didáctico. Os encontros presenciais são por vezes promovidos para complementar os meios electrónicos de comunicação e para proporcionar tutoria ou para facilitar o trabalho em grupo. 16 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Foram mencionados outros meios de comunicação tais como a teleconferência, horas de expediente virtual e áreas de trabalho colaborativos partilhadas on-line. Comunicação On-line/Colaboração/Discussão Uma estratégia para desenvolver a comunicação entre estudantes é a promoção de discussões. Em vários casos, o curso é inteiramente baseado em discussões, “utilizando o diálogo para incrementar o desenvolvimento do conhecimento da comunidade”. A discussão é normalmente essencial para o cumprimento das tarefas do curso. Os grupos de discussão são utilizados numa base diária e/ou periodicamente quando são colocados temas para discussão em que todos podem contribuir. O tutor é quase sempre referido como iniciador da discussão. A contribuição do e-tutor é vista como crucial pelas diversas estratégias que ele/ela utiliza para facilitar a colaboração: sugestões, clarificação de tópicos, resposta a perguntas, elaboração de modelos, motivação, incentivo à reflexão, justificação de respostas, expressão de sentimentos, assim como no empenho nos processos meta-cognitivos ou no desempenho de outros papéis. Nalguns casos, surgem conflitos cognitivos que resultam na construção de conhecimento, já que os estudantes também apresentam a sua versão sobre um determinado tópico. Os temas que conduzem a um diálogo construtivo são: temas de interesse para os estudantes, temas apresentados de forma estimulante e temas que possam ser familiares a alguns estudantes. Quanto à partilha de pontos de vista e perspectivas pessoais, é referido que o e-tutor o faz sempre, apenas algumas vezes ou nunca o faz. Nalguns casos, os tutores comunicam através de mensagens pessoais num esforço para levantar questões, partilhar opiniões ou para aconselhar recursos aos estudantes. A comunicação entre os estudantes é também incentivada, particularmente entre grupos pequenos para que as observações pessoais e a reflexão seja praticável. Estes grupos partilham apontamentos e tarefas de trabalho. Num dos casos, foi referido que a interacção entre pares desenvolveu uma coesão social que não seria possível na presença do e-tutor. É digno de nota o facto de, em certos casos, a colaboração não ser especificamente encorajada ou exigida, nem acontecer informalmente. Tipos de ferramentas/Recursos de Aprendizagem para interacção com os aprendentes As ferramentas de produtividade como o MS Word: PowerPoint: Excel são as mais frequentemente utilizadas para a produção de conteúdos. Foram também referidas ferramentas de programação e ferramentas para apontamentos. Também foi largamente referida a oferta de ferramentas de acesso a informação tais como bibliotecas digitais, bases de dados, ferramentas de pesquisa na Web para recolha de dados, livros digitais e outros documentos on-line. Também são disponibilizados recursos rich-media, áudio, vídeo e gráficos. Finalmente, foi também referida a utilização de ferramentas tradicionais como os livros ou os glossários. Apesar de ser comum a utilização de ferramentas de comunicação como os grupos de discussão, correio electrónico ou chats, o recurso a ferramentas focadas nos modelos cognitivos não é tão frequente. Por vezes também se recorre a ferramentas para a construção de mapas conceptuais como o MindManager, ou aos próprios mapas conceptuais. Foram mencionadas actividades de aprendizagem interactivas, implementadas através do Flash, como exercícios de auto-avaliação, simulações e modelos. Num caso, é referido o recurso a diagnósticos de auto-avaliação (self-tests evaluation) através de questionários. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 17 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Conclusões Principais Foram retiradas as seguintes conclusões principais: 18 • Os e-tutors parecem ser os responsáveis por gerir os cursos on-line com tarefas que vão desde as comunicações oficiais ao incentivo à colaboração entre participantes num esforço para construir uma comunidade virtual. No entanto, as estratégias educacionais desenvolvidas não parecem divergir muito da prática tradicional. • Recorrendo a ferramentas como os fóruns de discussão e o correio electrónico, os e-tutors empenham-se numa avaliação formativa e em dar respostas rápidas espelhando as actividades similares do contexto escolar presencial. • Todos os participantes têm acesso a ferramentas de TIC concebidas para apoiar a comunicação: correio electrónico, fóruns de discussão, salas de chat que suprem as oportunidades mínimas de uma interacção presencial. Existem no entanto poucos dados que permitam concluir se estes mecanismos ajudam os participantes a trabalhar em conjunto ou se este tipo de ferramentas transformam a aprendizagem de alguma forma. • A colaboração é tida como relevante mas nem sempre é encorajada ou exigida. • O e-tutor é fundamental para estimular e manter a interacção e a colaboração utilizando estratégias tais como a clarificação de questões, elaboração de modelos, a introdução de discussões e o encorajamento à reflexão. • Há poucos testemunhos dos e-tutors procederem a alterações dos conteúdos de aprendizagem para os adequar às necessidades dos aprendentes, ou apoiarem a exploração ou desenvolverem a aprendizagem através da resolução de problemas. Na maioria dos casos, a ênfase é posta na distribuição de informação disponibilizando extensos corpos de conteúdos. Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 4.2 DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Introdução Esta secção sobre o “Desenvolvimento de Conteúdos” contém informação sobre os procedimentos e desafios referidos no processo de criação ou aquisição de conteúdos e-learning ou de recursos educacionais para o Ensino Aberto e a Distância (EAD). Aborda a forma como os conteúdos são desenvolvidos actualmente nos casos em estudo, e as questões que foram surgindo nomeadamente: o processo e a pedagogia de produção; as ferramentas de authoring (sistemas de autoria); procedimentos da qualidade; re-utilização; e direitos de autor. O desenvolvimento de conteúdos é uma área nuclear de actividade dos prestadores de EAD, por duas razões em particular. Em primeiro lugar, como o ensino a distância implica um estudo que não está sob a contínua, ou imediata supervisão dos tutores, está fortemente dependente da concepção didáctica dos materiais que tradicionalmente actuam como substitutos da interacção entre estudante e professor num contexto presencial. Em segundo lugar, a flexibilidade assegurada pela forma como o conteúdo do curso é estruturado, o local onde é disponibilizado, o modo, o meio ou a calendarização da sua entrega, o ritmo de progressão do estudante, todos estes factores contribuem para a “abertura” da aprendizagem tornando-a mais acessível aos estudantes. Estes têm sido os objectivos de sempre dos programas do ensino a distância. No entanto, o desenvolvimento, a utilização e o alojamento de conteúdos dos programas do EAD em formato digital ou em papel tem sido problemático. Graham Atwell (2005) observa em termos gerais o seguinte: “A inexistência de uma boa acessibilidade a conteúdos educacionais atractivos e convincentes é uma das maiores barreiras ao desenvolvimento e implementação do e-learning na Europa”. Isto também é válido para o domínio do EAD, já que os custos, o tempo e o esforço necessários para produzir conteúdos de qualidade nesta área são uma enorme barreira. As inovações nas Tecnologias da Informação e da Comunicação, TIC, têm permitido resolver alguns problemas como a distância e a abertura uma vez que possibilitam o acesso on-line aos recursos. No entanto, as questões relativas ao desenvolvimento de conteúdos já não se colocam tanto ao nível dos custos mas sim ao nível dos direitos de autor e à forma como estes materiais podem ser descritos, descobertos e utilizados em actividades pedagógicas. Por exemplo, o desenvolvimento de ferramentas de authoring e de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (VLEs) tem facilitado aos especialistas em matérias não-técnicas, e aos assistentes universitários criar directamente os seus próprios recursos de aprendizagem digitais, com diferentes níveis de sucesso. Contudo, muitos reconhecem a utilização generalizada de textos estáticos on-line que se resumem a pouco mais do que um mero virar de página digital. Por outro lado, alguns aprendentes queixam-se da falta de recursos em suporte papel onde possam proceder a anotações, a destaques e a uma leitura off-line. Por outro lado, não estão ainda acessíveis nem generalizados aparelhos de utilização amigável nos quais se possa interagir com actividades on-line, nem uma infra-estrutura de suporte de banda larga e de custo acessível. A distância geográfica para aqueles que empreenderam em programas de EAD já não constitui problema para aqueles que dispõem de acesso à Internet, mas eliminar a distância social tem-se revelado cada vez mais difícil. Tem vindo a aumentar a importância dada à concepção de actividades de aprendizagem colaborativas e participativas para promover e encorajar a discussão e a reflexão em torno do conteúdo do curso. A introdução de novas tecnologias tais como jogos, simulações, grupos de discussão, blogs, ePortfólios e ao Voice-Over-Internet Protocol, VOIP, tem-se traduzido na criação de espaços Socrates Programme – ODL-NET Experience project 19 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância virtuais onde é possível esse diálogo e essa partilha. No entanto, a criação de inovações pedagógicas com recurso a estes meios é ainda incipiente e reduz-se a iniciativas-piloto. Os avanços no domínio das TIC introduziram também progressos nas noções tradicionais de materiais concebidos pedagogicamente, à medida que os professores, tutores e aprendentes começam a criar novos materiais digitais ou a redireccionar aqueles que já existem, duma forma anteriormente impossível a um nível colectivo. Esta mudança foi também parcialmente possível graças ao potencial comunicativo das TIC que, ao permitir o diálogo síncrono e assíncrono, diminuíram a necessidade original de serem os recursos de conteúdos o principal suporte didáctico do EAD. Neste sentido, o Conteúdo Aberto (Open Content) é outra área que se encontra em expansão. O termo refere-se a qualquer tipo de trabalho criativo, incluindo artigos, fotografias, áudio, e vídeo, que seja publicado num formato que permita expressamente copiar essa informação. O conteúdo pode estar em domínio público ou sob uma licença da GNU Free Documentation License, ou da Creative Commons. Alguns comentadores, como Stephen Downes (2004), afirmam que isto oferece possibilidades intrigantes para a produção de conteúdos a partir de repositórios de conteúdo aberto, incluindo organizações de comunicação social e de património cultural: “A verdadeira ameaça para os conteúdos industriais (e nestes estão incluídos a música, o vídeo, o texto, o software e a educação) não é a pirataria, mas sim o facto de existirem conteúdos abertos de grande qualidade a serem distribuídos gratuitamente em competição com os produtos comerciais.” Estas questões relacionadas com o processo e a pedagogia da produção; as ferramentas de authoring; os procedimentos da qualidade; a reutilização; e os direitos de autor, serão abordadas na próxima secção. Resultados da análise O resultado desta área de trabalho é uma descrição das preocupações pedagógicas, do processo e das questões da qualidade no desenvolvimento de conteúdos, evidenciadas pelos trinta e seis casos distribuídos pelos países dos oito parceiros do projecto (i.e. Espanha, Portugal, República Checa, Irlanda, Grécia, Chipre e o Reino Unido). Para descobrir como diferentes organizações lidam com a questão do desenvolvimento de recursos educacionais para os cursos foram formuladas as seguintes perguntas: 1. Em que consiste o processo de desenvolvimento de conteúdos (concepção pedagógica)? 2. Quantas pessoas no total estão envolvidas no processo de desenvolvimento de conteúdos para cada curso? 3. Como é assegurada a garantia de qualidade do desenvolvimento de conteúdos? 4. É possível algum nível de reutilização de conteúdos? 5. A interoperabilidade de conteúdos é uma questão importante? 6. Como é que a organização lida com a questão dos direitos de autor dos conteúdos desenvolvidos? A análise foi processada retirando as respostas mais significativas a cada pergunta, e codificando os dados de acordo com os tipos de respostas, utilizando a aplicação NVivo e o SPSS quando apropriado. É necessário referir que a amostra da qual foram retirados os casos representa apenas trinta e seis experiências ao longo do contexto Europeu, e não incluem as maiores instituições a funcionar em regime único, a UK Open University, no Reino Unido, a Universidad Nacional de Educación a Distancia, UNED, em Espanha, FernUniversitat, Alemanha, ou a Open Universiteit, na Holanda. Por isso, caracterizam apenas um subconjunto de experiências possíveis o que deve ser tido em conta ao generalizar as descobertas para além da amostra estudada. 20 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância O Processo de Desenvolvimento de Conteúdos Uma análise às questões relacionadas com o processo de desenvolvimento de conteúdos em todos os casos mostra que existem semelhanças significativas no desenvolvimento dos currículos, mas também amplas divergências no processo de desenvolvimento de conteúdos. A maioria das instituições estabelece orientações gerais sobre o conteúdo do curso, que é depois aprovado pelos seus respectivos procedimentos institucionais para a qualidade. Nenhum dos casos mencionou o Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos de Curso, ECTS, embora não houvesse nenhuma pergunta directa sobre o assunto no questionário. Desde 1999, na Declaração de Bolonha, todos os países da União Europeia declararam a sua intenção de criar uma área Europeia do Ensino Superior até 2010. O principal objectivo é a criação de um sistema de graus transparentes e comparáveis através do sistema de número de créditos ECTS. Não ficou claro se este debate estava a decorrer nalgum dos casos. Actualmente, cada país e respectivos sectores educacionais desenvolveram os seus próprios sistemas de criação de cursos. No caso das nossas experiências, o processo envolve tipicamente o estabelecimento dos currículos durante a fase de concepção do curso, o qual é parte de um processo de aprovação pelos órgãos da direcção. Estes, por sua vez, pressionam os canais institucionais para obter a acreditação do curso. Alguns dos casos mais antigos informaram que procediam a uma revisão interna do currículo do curso por uma equipa constituída por directores de curso, gestores e assistentes universitários. No entanto, os programas diferem consideravelmente no processo de autoria de conteúdos digitais. Por exemplo: a. Em treze dos casos analisados, era o assistente universitário que desenvolvia sozinho os materiais e os recursos do curso, que eram geralmente publicados através de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (VLE). b. No entanto, vinte e um dos casos dispunham de uma equipa constituída por especialistas nas disciplinas do curso, especialistas técnicos e d multimédia, para colaborar neste processo. c. Adicionalmente, três dos programas contrataram serviços externos para o desenvolvimento dos conteúdos e dois programas apostaram em conteúdos gerados pelos estudantes (Fig. 4.2.1). The Process of Content Development 20 Frequency 10 0 u St t Au n de en tG ed at or e ur so er ut O m th au a Te as n g tio in uc r ho od Pr or ct ru st In d Figura 4.2.1: O Processo da Produção de Conteúdos A vantagem reconhecida pelos respondentes na adopção de um determinado modelo de desenvolvimento de conteúdos tem um interesse particular. Os casos com menos recursos e apoio Socrates Programme – ODL-NET Experience project 21 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância financeiro assinalaram as vantagens em serem os assistentes universitários a desenvolver os conteúdos ou a re-orientar recursos da Internet ou livros de texto, num processo rápido e flexível, muitas vezes entre curtos espaços de tempo, ou até numa base semanal, como é comum fazer-se nos cursos tradicionais presenciais. Todavia, nesses casos os direitos de propriedade individual não tinham sido bem definidos pelos administradores dos programas. Em contraste, os casos com maior apoio financeiro tinham recursos suficientes para constituir uma equipa formada por especialistas nas matérias do curso, pedagogos, editores electrónicos e pessoal técnico que revelaram estar satisfeitos com a qualidade dos materiais, apesar dos ciclos de revisão laboriosos entre cada uma das fases de produção. Nestes casos, os direitos de propriedade individual eram geralmente propriedade do programa, em vez de pertencer aos assistentes universitários ou ao especialista nas matérias do curso, e esta transferência de propriedade individual é assinalada por uma transação financeira. No entanto, a edição ou correcção de conteúdos, baseada na reacção dos aprendentes, não se fazia tão rápida e adequadamente como no modelo anterior de produção. O Ambiente de Autoria de Conteúdos A Plataforma do Ambiente Virtual de Aprendizagem, VLE, utilizada para criar e alojar os conteúdos tem um peso importante no desenvolvimento de conteúdos. O recurso a um VLE é uma questão fundamental para o processo de autoria, já que estes sistemas geralmente contêm funcionalidades de authoring e impõem um design para a navegação e para a visualização do material. Alguns têm restrições quanto ao tipo de material a ser importado e ao formato em que pode ser visualizado (i.e. o grau de compatibilidade com os padrões para objectos de aprendizagem, tais como IEEE Learning Object Metadata, IMS Content Packaging, IMS Simple Sequencing, e IMS Learning Design). A Figura 4.2.2 mostra que o WebCT é a plataforma mais utilizada para criar e fornecer conteúdos. A segunda plataforma mais utilizada é uma plataforma desenvolvida a nível institucional para o fornecimento de conteúdos. Isto demonstra que várias instituições optaram por desenvolver uma aplicação internamente, em vez de adquirir uma plataforma comercial, ou, em alternativa, adoptar uma plataforma Open Source. Este facto indica que nos casos em estudo estão disponíveis recursos e especialização para aplicar no desenvolvimento dos seus próprios Ambientes Virtuais de Aprendizagem. A sustentabilidade ou as vantagens desta abordagem em relação aos sistemas comerciais ou sistemas Open Source não foi explorada. Não houve referência em nenhum dos casos à utilização de outras ferramentas para produzir componentes audiovisuais individuais (p. ex. vídeos, animações, etc.). Consequentemente, não se produziram generalizações quanto ao grau de interactividade dos conteúdos produzidos. Virtual Learning Environment Platform 12 10 8 6 Frequency 4 2 0 WebCT Moodle IntraLearn Optima Own platform Top Class Synergo Other Figura 4.2.2: Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem utilizados pelos programas EAD 22 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Garantia de Qualidade Relativamente à garantia de qualidade, foram poucos os programas que apostaram numa garantia formal de qualidade anterior ao lançamento dos conteúdos. Todavia, a revisão feita pelos pares dos materiais produzidos é uma estratégia normalmente utilizada, em que o material é revisto por outros formadores do curso ou por tutores. Numa minoria de casos, a revisão dos recursos do curso foi feita por pedagogos. Geralmente existia uma fase-piloto referida para os casos investigados mais recentes. Os programas mais antigos e estabelecidos há mais tempo, geralmente apostam em recursos em suporte papel, não iniciando por isso uma fase-piloto quando introduzem actividades baseadas nas TIC, fazendo-o de forma faseada. Não houve qualquer menção à realização de testes de usabilidade para avaliar a experiência do utilizador dos sistemas on-line e esta é uma lacuna significativa. Contudo, vários casos referiram que quando alguma questão ou algum problema surgia no decorrer de um curso dispunham de meios para os identificar e resolver. Reutilização de Conteúdos Não foi assinalada qualquer reutilização de conteúdos em nenhum dos programas, embora esta possa existir informalmente. Também não foram referidos nenhum programa nem nenhuma estratégia para a reutilização. Curiosamente, alguns casos mencionaram existir, entre assistentes universitários e tutores, uma partilha informal dos materiais em suporte digital ou papel dentro das organizações, mas geralmente, tal ocorria por correio electrónico ou em contexto presencial. A utilização de conteúdos abertos não foi referida em nenhum dos casos, nem a reavaliação de recursos da Internet ou a utilização de repositórios digitais nacionais ou culturais. A interoperabilidade não é uma preocupação referida pelos entrevistados dos estudos de caso, o que pode estar relacionado com o facto de, para vários dos casos, ser pouco provável, a curto prazo, haver mudança de plataforma VLE (cf. Figura 4.2.2). Não foi mencionado nos casos nenhum processo formal sobre reutilização de conteúdos internos ou externos. No entanto, como a maioria dos respondentes ao questionário era constituída pelos gestores dos programas, esta falta de preocupação pode não ser partilhada pelos produtores de conteúdos, pelos tecnólogos ou ainda pelos especialistas em TIC. Note-se que as áreas disciplinares mais comuns nos casos são do universo técnico ou do domínio das TIC (p. ex. e-learning, TIC, Ciência de Computadores, Engenharia Electrónica, Gestão de Tecnologia), sugerindo que os cursos que utilizam as TIC reiteradamente como meio de apoio à aprendizagem são dominados por disciplinas técnicas (Tabela 4.2.1). Um total de 14% dos casos estava orientado para o ensino de disciplinas de ciência de computadores. Em 20% dos casos o e-Learning apresentava-se como o tópico nuclear dos módulos. Disciplinas relacionadas com negócio também se encontram representadas, assim como da área de Ciências. Nenhuma disciplina da área das humanidades, como Literatura ou História, era ensinada a distância com recurso às TIC, na amostra sob investigação. Tabela 4.2.1: A frequência de ensino das disciplinas nos 36 estudos de caso Disciplina Frequência Fisiologia Animal 1 Gestão de Empresas 1 Ciência dos Computadores 5 e-Learning 7 Engenharia Electrotécnica 1 Socrates Programme – ODL-NET Experience project Percentagem 2.8 2.8 13.9 19.4 2.8 23 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Ciência Equina Gestão Piscícola Medicina Legal Geomática Profissionais de Saúde TIC Aprendizagem de Línguas Direito Direito e Internet Matemática e Física Psicologia Gestão da Qualidade Estudos Rurais Ciência Ciência do Desporto Competências de Estudo Profissões Técnicas Gestão de Tecnologia Total 1 1 1 1 1 3 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 36 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 8.3 5.6 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 2.8 100.0 Como a amostra dos trinta e seis casos não foi seleccionada ao acaso, esta tendência pode apenas reflectir a rede de contactos de cada um dos parceiros do projecto, criando uma natural propensão em relação às disciplinas tecnológicas. Em alternativa, esta descoberta pode sugerir que há falta de cursos de EAD na Internet na áreas das humanidades. 14 12 10 8 6 Frequency 4 2 0 o pr f. ic bl pu n w no rs nk he U ac Te ity rs ve ni U te ua ad gr er ct nd Le .; of pr U ng ni ai Tr em ng ni ai Tr IS a gr er nd rs he ac Te l ve -le nd co Se te ua ad gr st Po s ee oy pl G U e/ at fic al er en ti er G C y e at ic ac tif Te er l; C ne on rs Pe m Ar Figura 4.2.3: Frequência das disciplinas ensinadas nos 36 estudos de caso A maioria dos programas destinavam-se a estudantes universitários (33% dos estudos de caso), como se pode constatar na Figura 4.2.4. A segunda maior categoria era constituída por programas desenvolvidos para os estudantes pós-graduados (25% dos estudos de caso), com apenas 8% dos casos dirigidos ao público em geral. Esta descoberta ilustra os grupos-alvo mais importantes para o EAD no Ensino Superior. 24 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 12 10 8 6 Frequency 4 2 0 U U U ty si n ow er e ch e t ra rs ec ;L g er s a Te . of . of at du pr ra rg g in l ve e at pr s er le d- g in n nk v ni n ai n ai e nd Tr Tr h ac n co ee oy du ra pl em nd U el lic ub e/ lp ra g st IS Te Se Po G e en at fic nn so e r Pe at f ic y m ti er ti er G C C Ar Figura 4.2.4: A frequência de programas para vários grupos-alvo nos 36 estudos de caso Licenciamento, direitos de propriedade e conteúdos abertos Geralmente, os direitos de autor pertencem à instituição, especialmente nos casos em que se esforçaram na criação de uma equipa de especialistas nas matérias do curso, tecnólogos, pedagogos e designers gráficos. Nos casos em que são os próprios assistentes ou tutores a desenvolver os conteúdos dos programas, os direitos de propriedade intelectual não eram claros nem bem definidos. Não houve referência à utilização de licenças Creative Commons ou GNU Free Documentation License para algum programa dos casos em estudo. Não ficou claro se os programas beneficiavam de materiais de outras fontes de desenvolvimento sob licenças de Open Content (p. ex. o MIT Open Courseware; e o Edusource, etc.). A utilização de materiais com direitos de autor nos cursos comporta custos elevados mas a sua omissão limita a eficácia dos materiais dos programas do curso Conclusões Principais • Existem semelhanças em todos os casos quanto à forma como os currículos são desenvolvidos o que tem sido objecto de revisão, mas o debate sobre a forma de os integrar no processo de Bolonha e no Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos de Curso, (European Credit Transfer System - ECTS), ainda está no início em muitos dos casos. • O próprio processo de desenvolvimento de conteúdos varia consideravelmente de caso para caso, muitas vezes dependendo apenas de um assistente universitário para o desenvolvimento de material, com ou sem uma equipa de apoio para facilitar este processo. • O authoring foi predominantemente efectuado através dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (Virtual Learning Environments – VLEs) comerciais, ou a partir de VLEs desenvolvidos internamente, também se recorrendo a plataformas Open Source. A dificuldade na utilização de ferramentas de produção de conteúdos ricos (vídeo, animação, gráficos) ainda constitui uma barreira para muitos autores de conteúdos. • A Garantia de Qualidade foi implementada quer através de uma revisão feita por colegas ou através de instrumentos formais concebidos para a revisão. Em nenhum dos casos se referiu a realização de testes de usabilidade para avaliar a experiência do utilizador dos sistemas on-line. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 25 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 26 • Não foi mencionada qualquer reutilização de conteúdos. Constatou-se que havia uma fraca percepção de padrões de ensino e de preocupações com a interoperabilidade, embora o questionário não investigasse especificamente estes assuntos. • Poucos casos demonstraram ter um claro entendimento sobre como, ou dos procedimentos para, tratar do licenciamento e dos direitos de propriedade. Alguns casos mencionaram custos adicionais elevados associados ao licenciamento dos direitos de autoria de materiais. Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 4.3 AVALIAÇÃO DO CURSO Introdução O diagnóstico do e-learning relaciona-se com três áreas diferentes: tecnologia, pedagogia e economia. Assim, a avaliação tem que corresponder aos diferentes requisitos de cada uma destas áreas. Quando se efectua numa perspectiva técnica os aspectos mais importantes são diferentes dos de uma perspectiva pedagógica, enquanto que uma visão económica irá sublinhar ainda outros. Verifica-se que, desde que a qualidade se tornou assunto prioritário, o número de abordagens para a qualidade que têm vindo a ser desenvolvidas para todos os sectores educacionais, a par com os inúmeros métodos de avaliação de programas (como listas de critérios, orientações, abordagens de gestão), aumentou substancialmente. O espectro das abordagens em competição para determinar ou melhorar a qualidade do e-Learning varia entre a avaliação interna de programas a certificações ou acreditações externas, fortemente influenciadas pelas metodologias institucionais, sectoriais, regionais e nacionais existentes e já profundamente enraizadas. O nosso objectivo era explorar o processo de avaliação dos programas nos estudos de caso analisados no âmbito do projecto ODL-NET. Antes do desenvolvimento do questionário, tentámos definir a problemática desta área com maior precisão, tendo em consideração as últimas acções de avaliação de programas publicadas em dissertações ou em documentos normalizados. Resultados da análise O Objectivo do Diagnóstico e Planos de Diagnóstico As instituições deviam empenhar-se num programa contínuo de auto-avaliação direccionado para melhorar os programas, optimizar o uso das tecnologias para melhorar a pedagogia, fomentar o progresso dos estudantes em relação aos resultados desejados, melhorar as taxas de retenção, o uso efectivo dos recursos, apresentando assim resultados positivos para a instituição, quer a nível interno, quer externo. A criação de um plano de avaliação dos programas implica que se tomem decisões tácticas sobre quem faz, quando e como. Tanto a avaliação dos progressos de um estudante como a avaliação global do programa têm adquirido importância crescente à medida que as novas técnicas evoluem. Por estes motivos, a instituição devia conduzir um inquérito sustentável e participativo, baseado nas evidências, para perceber se os programas de aprendizagem estão a atingir os objectivos. Os resultados desse inquérito deviam ser utilizados para orientar o processo de criação e concretização do currículo, a pedagogia e os processos educacionais, podendo vir a afectar as políticas futuras e os orçamentos e, talvez, também vir a ter implicações nos papéis e missões das instituições. O eLearning abriu inúmeras possibilidades de inovação nos métodos de avaliação de programas por se integrar num ambiente electrónico e automatizado. As novas técnicas electrónicas disponíveis incluem: • • • • • Inquéritos e questionários on-line Formulários de feedback disponíveis no écran Fórum de discussão para a qualidade do curso Grupos de opinião on-line Tracking (Registo) de acesso e navegação Socrates Programme – ODL-NET Experience project 27 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Eficácia geral do programa No geral, a eficácia do programa é determinada pelas seguintes medidas: • • • • • Até que ponto a aprendizagem do estudante corresponde aos resultados pretendidos Até que ponto são cumpridos os objectivos dos estudantes Taxas de retenção, incluindo variações no tempo Satisfação dos estudantes, medida através de inquéritos regulares Satisfação da instituição, medida através de inquéritos ou através de processos formais e informais de revisão pelos pares Até que ponto se está a proporcionar o acesso a estudantes que anteriormente não tinham essa possibilidade Até que ponto estão a ser adequadamente utilizadas as bibliotecas e os recursos de aprendizagem pelos estudantes dos programas Aptidões dos estudantes em competências fundamentais como a comunicação, a compreensão e a análise Análise custo/benefício para os estudantes do programa, em comparação com as alternativas presenciais • • • • Avaliação do curso A avaliação do curso denota a totalidade de medidas efectuadas de forma consistente e sistemática, de forma a garantir que um curso está conforme os requisitos de qualidade. Assim, a avaliação devia ser planeada e implementada de forma a garantir um retorno apropriado ao longo de todo o processo de aprendizagem. Os resultados de actividades de avaliação do curso fornecem dados para melhorar o planeamento e implementação de cursos futuros („lições aprendidas“). Para a avaliação de um curso, Ardito et al. (2004) sugere critérios, que relacionam os seguintes aspectos do curso: • • Apresentação – como o assistente planeia a vizualização das lições. Hipermedialidade (Hypermediality) – as ferramentas de hipermédia podem seguramente ser consideradas uma vantagem. Apesar de tudo, uma observação mais atenta mostra o risco de, em caso de má utilização, se tornarem numa desvantagem para o estudante em vez de serem um facilitador. Tal pode acontecer se os canais sensoriais estiveram sobrecarregados e também se o estudante não for especialista no domínio da aprendizagem. Acrescenta-se o facto de que não é boa prática incorporar demasiadas hiperligações, já que elas alteram aquilo que o estudante visualiza. Estas alterações podem ser a causa de um problema muito comum na web, i.e. “estar perdido no ciberespaço”. Proactividade da Aplicação – é uma mais-valia, a capacidade de ensinar e propor actividades adequadas para apoiar uma aprendizagem efectiva e eficiente. Um dos princípios da teoria sócio-construtivista é o de que a aprendizagem ocorre num ambiente em que as ferramentas reflectem o verdadeiro contexto do mundo real: o universo da aprendizagem deve ser introduzido sem simplificações excessivas (embora com os alicerces apropriados), o estudante “aprende fazendo” e errando. Actividade do Utilizador – o estudante pode precisar de fazer actividades que não estavam previstas. A personalização de canais media, a criação percursos pessoais ou a realização de testes são exemplos de algumas destas actividades. • • 28 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Avaliação do e-learning institucional Marshall (2004) sugere a aplicação das abordagens utilizadas no melhoramento de software no desenvolvimento do e-learning institucional. Ele identificou os seguintes processos a ter em consideração no diagnóstico: Aprendizagem: Processos com impacto directo nos aspectos pedagógicos do e-learning • • • • • • • • • • Os cursos são concebidos para que os estudantes se empenhem na análise, síntese e avaliação como parte integrante do seu curso e como requisito do programa. A interacção dos estudantes com a instituição e com outros estudantes é uma característica essencial e é facilitada de várias formas. A instituição transmite de forma clara como devem ser usados os canais de comunicação durante um curso ou programa. A instituição gere as expectativas dos estudantes quanto ao tipo e tempo de resposta aos seus contactos. O feedback aos trabalhos dos estudantes e às suas perguntas é construtivo e atempado. Os estudantes estão informados sobre os métodos mais adequados de investigação efectiva, incluindo a avaliação sobre a utilidade dos recursos. Os resultados da aprendizagem para cada curso estão resumidos numa declaração escrita num tom claro e conciso. A avaliação dos estudantes transmite grandes expectativas. O trabalho do estudante está sujeito a prazos e a horários bem definidos e claramente transmitidos. Os cursos são concebidos de modo a responderem a vários estilos de aprendizagem e a garantirem a acessibilidade. Desenvolvimento: Processos que rodeiam a criação e manutenção dos recursos e-Learning • • • • • • Orientações quanto aos padrões mínimos são usados no desenvolvimento, design e provisão dos cursos. A fiabilidade do sistema de distribuição de tecnologia deve garantir que este seja o mais possível à prova de falhas. Os resultados da aprendizagem, e não a tecnologia disponível, determinam que tecnologia a ser utilizada para fornecer os conteúdos do curso. A assistência técnica está disponível para o desenvolvimento do curso. Os docentes são incentivados a recorrer à assistência técnica quando (re)desenvolvem os cursos. Os docentes são apoiados no processo de transição da sala de aula para o ensino on-line. Coordenação e Apoio: Processos de gestão diária e de apoio à prestação de e-Learning • • • Um sistema centralizado fornece apoio para construir e manter as infra-estruturas de e-learning. Os estudantes têm acesso a recursos de biblioteca suficientes que podem incluir uma “biblioteca virtual” acessível pela WWW. Os docentes e os estudantes estão de acordo quanto às expectativas referentes ao tempo necessário para completar as tarefas de aprendizagem e quanto à respectiva resposta. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 29 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância • • • • • • • • Os estudantes têm acesso a uma formação e a uma informação práticas que os ajude a reunir material de fontes variadas relacionadas com a sua disciplina ou tema. Os estudantes têm acesso conveniente a assistência técnica ao longo do curso/programa. Os estudantes têm acesso a instruções detalhadas sobre os meios electrónicos utilizados num curso antes de o iniciar. Os estudantes podem treinar todas as tecnologias pertinentes antes de iniciar o curso. As questões colocadas aos serviços de apoio ao estudante obtêm resposta rápida e informativa. Existe um sistema estruturado para dar seguimento às reclamações dos estudantes. A formação e a assistência mantêm-se ao longo do curso on-line. Os docentes dispõem de recursos de apoio para resolver questões sobre a utilização da informação acessível electronicamente pelo estudante. Avaliação do Programa: Processos de avaliação e controlo da qualidade do e-learning ao longo do seu ciclo de vida. • • • • • • • A eficácia educacional do programa é avaliada, formativa e sumariamente, a partir de múltiplos padrões e de avaliação independente. O processo de ensino/aprendizagem é avaliado formativa e sumariamente, a partir de múltiplos padrões e de avaliação independente. Dados quantitativos tais como número de inscrições, taxas de sucesso, e custos são utilizados para medir a eficácia de um curso/programa. O sucesso da tecnologia/inovação é utilizado para medir a eficácia de um curso/programa. Os resultados de aprendizagem pretendidos são revistos regularmente para garantir clareza, utilidade e adequação. Os materiais didácticos são revistos periodicamente para garantir que estão de acordo com os objectivos do programa. A capacidade dos docentes para fazer a transição da sala de aula para o ensino on-line é também avaliada durante a formação. Organização: Processos relacionados com o planeamento e gestão institucional • • • • • • • • • 30 É usado um conjunto documentado de critérios formais para determinar o acesso ao financiamento e a outros recursos que apoiam o (re)desenvolvimento dos cursos e programas. Está operacional e em curso um plano tecnológico documentado para garantir a qualidade dos padrões de provisão. Está operacional e em curso um plano tecnológico documentado para garantir a integridade e a validade da informação distribuida, recolhida e armazenada. Antes de se iniciar um programa, os estudantes são informados sobre todos os requisitos especiais de forma a garantir que no início do programa todos possuam as capacidades pessoais e técnicas necessárias. Os estudantes têm acesso a informação complementar sobre o curso sintetizando os objectivos, ideias e conceitos do curso. Os estudantes têm acesso a informação complementar do curso que descreva os requisitos para admissão, tutoria, propinas, taxas e outras informações administrativas importantes. Os estudantes têm acesso a informação complementar do curso que descreva os requisitos para recursos adicionais como livros e outros materiais. Os estudantes têm acesso a informação complementar do curso que descreva os serviços de apoio aos estudantes. Antes de iniciar um programa, os estudantes são informados sobre qualquer requisito tecnológico específico desse programa, para garantir que têm acesso à tecnologia mínima exigida pelo curso. Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Conclusões Principais Para descobrir como as diferentes organizações lidam com a garantia de qualidade dos cursos formularam-se as seguintes perguntas aos respondentes: • • • • • • • • • A organização dispõe de um sistema/plano de avaliação dos programas / cursos? Quais são as metas da avaliação dos programas / cursos? Quem são os avaliadores? Como é feita a programação da avaliação dos programas / cursos? Quais são os grupos-alvo da avaliação dos programas / cursos? Que método de avaliação é utilizado? Qual a percentagem de participantes é envolvida na avaliação dos programas / cursos? Que método/ferramenta é utilizado para a análise estatística? Que medidas são tidas em consideração para introduzir melhoramentos? A análise das respostas conduziu às seguintes conclusões principais: • A maioria das organizações (60%+) dispunha de um plano de avaliação dos programas / cursos ou estava em vias de o introduzir. • O objectivo global do diagnóstico tinha sobretudo em consideração a qualidade da experiência de aprendizagem e a satisfação dos estudantes (60%), a qualidade da concepção do curso (20%) e, nalguns casos, a qualidade da facilitação on-line (13%). Raramente se diagnosticava a satisfação dos professores (4%). • Os responsáveis pela avaliação dos programas / cursos eram, na maioria dos casos (50%+), os estudantes e/ou professores e, ocasionalmente, organizações externas, investigadores, ou centros universitários de educação. • A avaliação dos programas / cursos realizava-se sobretudo no fim do curso, embora também fosse comum o diagnóstico durante o curso. • O grupo-alvo da avaliação era predominantemente formado pelos professores/tutores (90%). Algumas organizações avaliavam a administração do curso e o apoio técnico. Raramente era avaliada a qualidade dos conteúdos (4%). • Os métodos mais populares de avaliação dos programas / cursos foram os inquéritos em papel ou electrónicos (70%), o registo de utilização (tracking ) e a análise de dados do sistema (40%), ou as entrevistas e relatórios de feedback de utilizadores, por esta ordem. • Uma minoria de casos forneceu informação sobre o número de participantes na avaliação dos programas / cursos, mencionando que todos os participantes foram convidados e que a maioria acedeu. Apenas num dos casos se realizou o processamento estatístico da avaliação dos programas / cursos. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 31 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 4.4 ACREDITAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS ALUNOS Introdução A acreditação no âmbito deste projecto refere-se ao acto de acreditar, ou ao estado de estar acreditado, no que se relaciona com a atribuição de graus ou com a aprovação por uma instituição de ensino. A acreditação de uma instituição de ensino por um organismo oficial, de acordo com critérios específicos era um assunto que se esperava abordar nesta área de trabalho. O questionário considerava tanto as políticas para a acreditação como as práticas reais adoptadas. A avaliação dos alunos, no âmbito deste projecto, refere-se ao processo de medir ou demonstrar a aprendizagem obtida pelos participantes nos estudos de caso. O processo não está confinado aos estudos de caso em que é atribuído um grau final ou apenas à avaliação sumativa. Uma vez mais o questionário incitava os respondentes a considerarem tanto a política como a prática de avaliação. Quando se analisaram estas áreas a equipa esperava encontrar aspectos comuns entre os diversos programas, pois tinha muitas expectativas de encontrar indícios da reforma em curso de acordo com a Declaração de Lisboa. A “Reforma das universidades no âmbito da Estratégia de Lisboa” fez ressaltar um número de necessidades que incluem: • • • Garantir uma diversidade muito maior do que anteriormente no que respeita a grupos-alvo, modos de ensino, pontos de entrada e de saída, de combinação de disciplinas e de competências nos currículos, etc; Facilitar o processo de reconhecimento de graduações; Criar um quadro Europeu para as qualificações do ensino superior e uma rede de agências para a garantia de qualidade. Para além da Estratégia de Lisboa, também se esperava que o Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos (ECTS) figurasse consistentemente nos estudos de caso. A equipa tentou encontrar indícios destas reformas nos estudos de caso. Resultados da análise Muitas respostas continham referências à relação entre a avaliação formal dos programas e o processo de acreditação institucional . Detectou-se aqui a necessidade de unir esforços a nível Europeu para garantir que a terminologia referente à avaliação de programas / cursos, a acreditação institucional e a acreditação de graus específicos é compreendida. A harmonização está dependente da criação de um léxico acordado e partilhado. Numa maioria esmagadora, a acreditação de programas individuais é concedida pela própria instituição. Foram referidos alguns exemplos de provisão de concessões. Os graus não eram, na sua maioria, atribuídos por corpos profissionais mas sim em nome da instituição de ensino. Houve, no entanto, referências à necessidade de garantir que nas estruturas curriculares fossem mencionadas as normas profissionais nacionais para certas profissões. Houve também algumas, embora poucas, 32 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância referências a enquadramentos Europeus como o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas. Houve poucos dados para se poder concluir se nos estudos de caso havia ou não procedimentos de acreditação separados, revistos ou modificados para programas de EAD diferentes daqueles que a instituição dispunha para os todos os cursos da instituição em causa. Não foram citados quaisquer outros processos da garantia de qualidade para os aprendentes a distância. Foram amplamente referenciados os procedimentos internos para a qualidade, daí a sobreposição com a avaliação de cursos / programas, de tal forma que a referência à acreditação institucional de graus estava fortemente associada à reputação e ao prestígio da instituição como um todo. A maior parte dos enquadramentos nacionais permite que as instituições gozem de relativa autonomia para desenvolver e implementar programas, sem qualquer interferência, excepto ao nível mais vasto do currículo. As excepções são os programas para certas áreas profissionais, como o Ensino, que exigem aprovação prévia governamental e para os quais existem orientações curriculares claramente mais prescritivas. As orientações nacionais para o Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos (ECTS) também variam significativamente. Nem todos os estudos de caso se referiram a este sistema, que podia funcionar como parte essencial de um modelo Europeu de acreditação, e isto é digno de nota. Os enquadramentos nacionais para a acreditação foram largamente mencionados. Se por um lado, alguns estudos de caso procederam a uma descrição detalhada dos processos internos para a acreditação e validação de um programa, outros casos não fizeram qualquer referência ao assunto. A questão da acreditação, nos estudos de caso deste projecto, pode ser interpretada à luz dos recentes desenvolvimentos da UE no reconhecimento mútuo das molduras nacionais para a garantia da qualidade, já que parece que grande parte da acreditação institucional de graus depende da garantia da própria instituição e não da qualidade do estudo de caso individual. Houve poucas referências a orientações nacionais ou institucionais para a avaliação. A explicação deste facto pode ser porque não são elementos visíveis nos processos normais da garantia de qualidade nas instituições, ou simplesmente porque estão de facto ausentes. Nalguns casos estas orientações foram bastante detalhadas. A política de avaliação foi de maneira geral referida em termos da garantia da qualidade. As referências ao papel dos avaliadores externos foram frequentes nos estudos de caso. Notou-se que havia alguma informação sobre os enquadramentos Europeus para a avaliação, e reconhecimento da necessidade de assegurar a comparatividade da experiência na UE. Algumas respostas evidenciavam haver da parte do corpo docente o desejo de conservar o “controlo” total da avaliação. Isto pode ser interpretado como uma reacção conservadora à evolução dos modos de ensino, ou como um indicador de que o corpo docente reconhece a importância da avaliação para o desenvolvimento dos currículos e provisão da aprendizagem. Constatou-se, no entanto, que havia uma vasta e rica variedade de instrumentos de avaliação em utilização nas instituições e nos estudos de caso. Foram frequentes as referências à utilização de portfólios para a avaliação, mas surpreendentemente não em relação ao desenvolvimento de ePortfólios (uma área importante de desenvolvimento a nível Europeu). Vários estudos de caso sugeriram que era pouco ou mesmo nada necessário desenvolver práticas de avaliação diferentes para os programas em regime de EAD das práticas dos programas presenciais equivalentes. Isto sugere que a experiência de aprendizagem no EAD não é significativamente diferenciada, e consequentemente os recursos de aprendizagem e o apoio podem não estar adequados. Não obstante, outros sugeriram que os estudantes sentiam menos pressão numa avaliação on-line, já que Socrates Programme – ODL-NET Experience project 33 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância controlavam o tempo e o lugar da sua avaliação, e que o corpo docente necessitava de desenvolver a compreensão e funcionamento de modelos de avaliação alternativos. Se por um lado se mencionava frequentemente a avaliação contínua, verificaram-se extremos consideráveis na forma como os estudos de caso de EAD estão a ser avaliados. Os sistemas de avaliação variam entre aqueles em que o trabalho do curso é efectuado 100% on-line, até àqueles que exigem um exame final presencial (que vale 70% da avaliação). 4 3 Chipre Frequência Rep. Checa Espanha Finlândia 2 Grécia Irlanda Portugal Reino Unido 1 0 D ep C en de do in st ru to r on tri Po bu iç ão pa r a a di sc r tf us ól io sã Ta re fa Av a de eq ui p a lia çã Te st o po rp ar e es En t on lin e s re ga Pr o de tr a ba lh o on lin je ct Ex a o m e fi n al e o Figura 4.4.1 - Métodos de avaliação Foi mencionada uma grande variedade de práticas de avaliação que inclui: Portfólios (incluindo avaliação pelos pares); Discussões on-line (não foram dados exemplos de avaliação da participação, tendo sido no entanto transmitida a ideia de participação obrigatória); Trabalhos em grupo; Apresentação electrónica de Ensaios; Aprendizagem baseada na resolução de problemas; e o ‘tradicional’ exame escrito final. A figura 4.4.1 mostra que os portfólios são utilizados em metade dos países e que a avaliação pelos pares é utilizada com alguma regularidade nos países representados pelos estudos de caso. Existe ainda o requisito, num grande número de casos, de um tradicional exame final nas instalações das universidades. Exige alguma atenção, o número de casos que refere que a avaliação é da responsabilidade do formador. Uma das bases do Sistema de Transferência de Créditos, ECTS, devia ser um processo de avaliação transparente. As referências à avaliação de cursos / programas em respostas a questões sobre a avaliação sugerem a necessidade de uma terminologia partilhada. É importante, que se desenvolva uma concepção partilhada da avaliação da aprendizagem em oposição à avaliação das práticas de ensino. Foram feitas referências à importância do feedback na avaliação tanto do tutor como dos recursos de aprendizagem autónomos. Não ficou claro nos estudos de caso se consideravam que o e-feedback tinha vantagens visíveis sobre os modos de aprendizagem presenciais. 34 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância As menções frequentes a revisões da avaliação sugerem que esta é uma área em que a experiência vai conduzir rapidamente ao desenvolvimento, sugerindo um grau de conformidade às necessidades dos aprendentes. As respostas parecem sugerir que é necessário promover junto dos parceiros Europeus uma maior percepção do modelo do ECTS e do peso relativo da avaliação em diferentes níveis de estudo. Não foram feitas referências à avaliação de competências transferíveis, a competências de empregabilidade ou a competências gerais. Conclusões principais • Foram fornecidos poucos detalhes nas respostas às questões relacionadas com a política ou a prática da avaliação. Houve mais informação relacionada com a prática do que com a política. • Existem poucos sinais de harmonização na Europa. Os casos demonstraram que a terminologia relacionada com a avaliação de cursos / programas, com a acreditação institucional e com a acreditação de graus específicos não é partilhada, e que não se estão a utilizar os enquadramentos Europeus para a acreditação. As orientações nacionais relacionadas com o Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos de Curso, ECTS, também variam significativamente, nem todos os casos sequer mencionaram o sistema. • São raros os organismos profissionais de acreditação. • A política de avaliação foi geralmente descrita em termos de garantia da qualidade, não tendo sido citados quaisquer processos adicionais para os aprendentes a distância. Foram frequentes as referências ao papel dos avaliadores externos. Houve poucas referências a orientações institucionais ou nacionais para a avaliação. • Há uma grande e rica variedade de instrumentos de avaliação em utilização nas instituições e casos. Uma inclusão importante foi a da crescente utilização de portfólios. • Seria útil partilhar entre os parceiros Europeus um maior nível de entendimento do modelo do ECTS e da ponderação relativa da avaliação em diferentes níveis de estudo. • Não foram feitas quaisquer referências à avaliação de competências transferíveis, competências profissionais, ou de competências gerais. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 35 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 4.5 TECNOLOGIA Introdução: Qual a importância das TI? A importância das TI (Tecnologias da Informação) na vida moderna é normalmente assumida como um facto do senso comum, no entanto, no meio académico é já antigo o debate sobre a importância da tecnologia, tanto para a sociedade em geral como para campos mais restritos como para as corporações ou a educação. Robert Solow, um laureado com o prémio Nobel da economia em 1987, comenta o seguinte: “Vemos computadores por todo o lado menos nas estatísticas de produtividade." Num estudo de 1996 que envolvia 468 empresas internacionais, Paul Strassman mostrou como os Investimentos e os Lucros em TI não estão estatisticamente associados (Strassmann, 1996), era “O Paradoxo da Produtividade”. Na área da educação, como inúmeros investigadores observaram (p.ex., Reeves, 1998; Means et al., 1993; H. J. Becker, comunicação pessoal, 2001), “medir o impacto da utilização da tecnologia nos resultados dos estudantes comporta vários problemas” portanto, “não surpreende que o impacto da tecnologia na educação continue a ser debatido de igual forma pelos educadores e investigadores” (Ringstaff e Kelley, 2002). Seguindo esta linha de pensamento não é raro observar, eruditos e educadores, a diminuir publicamente a importância das Tecnologias da Informação, TI, favorecendo outros aspectos (pedagogia, conteúdos, processos, etc.) quer se estejam a referir à aprendizagem presencial ou ao Ensino Aberto e a Distância, EAD. Esta ideia é, de facto, bem aceite no campo da Educação. Não obstante, e apesar destas palavras de certa forma enganosas, a maioria dos oradores concordam que, embora não sendo o factor mais importante, a tecnologia é ainda uma componente muito importante do conjunto. Para além de tudo isto e na prática… “A Tecnologia na/e Educação” é um dos temas mais debatidos e investigados da actualidade. Num artigo de 2003 entitulado “IT Doesn't Matter” (Carr, 2003), embora não se dirigindo especificamente à educação, Nicholas G. Carr lançou um argumento novo e interessante a favor desta ideia “popular” contra o domínio das TI. Carr analisou a evolução das tecnologias da informação nas empresas e tentou mostrar que esta seguia um padrão com semelhanças impressionantes ao das tecnologias anteriores, como os caminhos-de-ferro e a energia eléctrica. “Por um breve período, à medida que estão a ser incorporadas nas infra-estruturas do comércio, estas ‘tecnologias infraestruturais’, como eu lhes chamo, abrem oportunidades para as empresas viradas para o futuro ganharem fortes vantagens competitivas. Mas, à medida que a sua disponibilidade aumenta e os seus custos diminuem – e se tornam ubíquas – transformam-se em simples mercadorias. De um ponto de vista estratégico, tornaram-se invisíveis; já não têm importância.” Dito de outra forma, Carr afirma que as tecnologias são (ou poderiam ser) elementos fundamentais nas primeiras fases de inovação quando somente alguns têm acesso (vantagem competitiva). Quando as inovações das TI se generalizam, o seu progresso estabiliza e se transformam em mercadorias comuns acessíveis a todas as pessoas (ubiquidade), então deixam de representar uma vantagem competitiva e as empresas têm de procurar outras formas para ganhar a batalha do mercado. O argumento de Carr é inovativo e poderoso pelas suas consequências: se ainda estivermos nas primeiras fases de inovação das TI “então as TI ainda são importantes”, caso contrário, a tecnologia perde o seu importante papel central (como “vantagem competitiva”) e torna-se invisível. Se nos atrevermos a transpor esta ideia para a Educação, não podemos evitar relacioná-la com um efeito frequentemente atribuído à utilização de TI: o aumento da motivação e do empenho do estudante. A estandardização das TI na educação, provocada pela utilização generalizada de sistemas estandardizados 36 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância de gestão da aprendizagem, LMSs (learning management systems), fez com que se tornassem “uma mercadoria comum a todas as instituições e cursos”, o que poderia comprometer o efeito da motivação do estudante! Para Carr nós já atingimos a fase tardia ubíqua da estandardização das TI, mas custa-nos aceitar este facto porque a realidade contradita-o, já que a tecnologia continua a evoluir rapidamente “em nosso redor”. No campo do EAD podemos observar RSS, blogs, webcasts, comunicações móveis, síncronas, etc., a correr numa rota de colisão rumo à nova geração do EAD. Portanto, de acordo com a lógica de Carr podíamos facilmente afirmar, embora contra ele, que a tecnologia ainda é importante! Mesmo que represente apenas um único componente de uma combinação complexa que envolve muitos outros como os agentes educacionais, conteúdos, estratégias pedagógicas, etc. Organização (Universidad e ou Outra) Tecnologias de Informação (LMS, P i ) Estudantes Educadores Figura 4.5.1 – As TI, como sistema de comunicação, ligam entre si Estudantes, Educadores e a Organização. No EAD moderno, a importância de ter acesso a tecnologia adequada, inovadora e robusta é inquestionável porque, embora passivo, é o sistema de comunicação que liga e conecta os estudantes, educadores e as organizações educacionais (Fig.4.5.1). Resultados da análise No presente sub-relatório sobre Tecnologia, os questionários, conforme referido na secção de Metodologia, relacionavam-se com seis aspectos principais: Identificação das tecnologias, Acesso dos aprendentes, Dinâmica operacional, Factor inovação, Velocidade da operação e Aspectos críticos. Identificação das tecnologias É importante referir, como base para a análise que se segue, que nos 36 cursos analisados neste relatório a distribuição entre aprendizagem on-line1 e mista (blended) é praticamente igual (Fig.4.5.2). 1 São raros os cursos prestados 100% online. É muito comum a integração de uma componente muito pequena off-line (apoio, encontros, diagnóstico, etc.) nos cursos que se classificam on-line mas isso não os coloca na categoria de cursos mistos, já que na sua essência mantêm-se “cursos on-line”. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 37 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 7 6 5 4 3 47% 53% 2 >90% online Blended 1 0 Figura 4.5.2 – Natureza dos cursos analisados Já que os cursos on-line exigem um nível maior de exigência em relação a soluções de TI mais estáveis e com provas dadas aos decisores (e também educadores), não surpreende que 33 (~92%) dos casos utilizem LMSs (Fig.4.5.3), muitos deles (25 casos, ~69%) de marcas comerciais conhecidas (WebCT, Topclass, Learning Space, Intralearn, …), eme 6 (~17%) dos casos de Universidades/instituições desenvolveram os seus próprios LMSs (Merlin, Odisseia,) e que 5 cursos (~14%) estão a utilizar sistemas LMS open source (Moodle). Apesar dos sistemas LMS dominarem em 92% dos cursos, nos restantes 8% foram desenvolvidos outros sistemas de TI como tecnologias clássicas de servidores web, ou sistemas/aplicações de TI desenvolvidas especificamente para os cursos. 8% Usam LMS Outro 92% Figura 4.5.3 – Percentagem de cursos que utilizam Sistemas de Gestão da Aprendizagem (LMS). É também importante referir que um curso que utilize um sistema LMS como ferramenta “oficial”, recorre em alternativa a outros sistemas/ferramentas como complemento ou noutras situações em que as soluções dos sistemas LMS não sejam as mais adequadas Um exemplo do que acabámos de referir, é a substituição, em certas plataformas, da funcionalidade do chat, considerada “pobre”, por outros “messengers” mais populares. Outro aspecto a mencionar é a “mudança de plataforma” de uma edição de um curso para outra (conforme referido nalguns dos cursos irlandeses analisados) motivada pela insatisfação ou pelo custo. Os preços elevados dos sistemas LMS comerciais estão a estimular a adopção de plataformas open source, o que confirma que os custos também são importantes! Nalguns casos, esta mudança redundou na insatisfação dos utilizadores com as limitações da nova plataforma, pelo que as decisões de gestão para alteração da plataforma devem ser cuidadosamente planeadas e devem ser tidos em conta os aspectos pedagógicos e os hábitos dos utilizadores. 38 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Em relação ao servidor, a maioria dos respondentes forneceu respostas vagas sobre se o sistema operativo usado pelo servidor LMS era Unix/Linux/Windows, já que a maioria dos administradores da área LMS só lidavam com o sistema através do Interface Web2 não tendo acesso ao nível inferior do adminstrador do servidor (normalmente controlado pelo centro de TI da instituição). Quanto ao cliente, o Microsoft Windows/Internet Explorer domina em absoluto apenas com uma pequena penetração do Linux/OSS Web Browser como alternativa. As normas do e-Learning (SCORM, IMS, etc.) são referidas nalgumas respostas, mas em nenhum dos cursos eram consideradas aspectos importantes, embora estejam indirectamente presentes através dos sistemas LMS, já que muitas delas suportam as normas de design, e muitos educadores estão conscientes desse facto. Acesso dos aprendentes Um computador pessoal multimédia com uma ligação à Internet é o equipamento mínimo necessário que os estudantes precisam para seguir uma componente on-line do seu curso. Qualquer computador pessoal moderno razoável satisfaz os requisitos multimédia necessários, mas restam dúvidas sobre se uma ligação por dial-up é adequada. O facto da maioria dos cursos utilizarem tecnologia assíncrona3 (Fig.4.5.4) explica o facto das especificações serem tão baixas. 36% Assíncrona 64% Mista Figura 4.5.4 – Cursos que utilizam essencialmente tecnologias assíncronas ou mistas Por outro lado, cada vez mais estudantes beneficiam da disponibilidade generalizada de frequências de banda larga por toda a Europa, o que facilita o acesso a cursos ricos em conteúdos multimédia (vídeo/áudio) e àqueles que utilizam comunicação síncrona. Na maioria dos casos, o estudante deve dispor de algumas aplicações (MS Word, PowerPoint, plug-ins de média, etc.) para visualizar os conteúdos digitais, mas estes programas estão generalizados e alguns deles são gratuitos ou têm versões gratuitas. Podemos então concluir facilmente que o acesso dos aprendentes é facilitado e razoavelmente garantido no universo dos cursos estudados. Dinâmica Operacional Provavelmente devido a muitas vezes os educadores temerem falhas nos sistemas de TI, a robustez técnica destes sistemas é um dos aspectos positivos mais apontados e por este motivo é razoável afirmar que os sistemas TI/LMS actualmente em utilização nos cursos são fiáveis. 2 Por outro lado, os sistemas LMS mais utilizados nestes cursos (WebCT) podem correr em vários Sistemas Operativos, como o Unix/Linux/Windows, desde que tenham o Servidor Apache Web instalado. 3 É muito difícil marcar uma linha de separação. Neste relatório, quando as tecnologias síncronas foram consideradas ausentes ou sem importância considerámos o curso como assíncrono. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 39 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância O segundo factor operacional invocado é o da experiência do utilizador, se tem uma experiência “longa” ou prévia na utilização daquela plataforma específica LMS. Isto pode levar-nos a concluir que, a não ser que ocorram circunstâncias especiais, a plataforma irá manter-se nas edições futuras do curso. O terceiro aspecto referido como positivo é o apoio técnico para as TI. A garantia de apoio técnico para as TI é um factor muito importante na decisão de criar, ou manter operacional um curso EAD através da Internet. Factor Inovação Como a maioria dos cursos correm sobre uma plataforma LMS, os respondentes tendem a assumir que a inovação vai ser automaticamente implementada na próxima versão da plataforma de aprendizagem. Este pode ser um aspecto negativo da utilização de plataformas de aprendizagem, pois a inovação pode ser ignorada pelo sistema LMS e o curso não pode progredir para além daqueles limites. Felizmente, os respondentes referiram que alguma inovação está a decorrer através dos conteúdos do curso (rich media, 3D, etc.) ou através de aplicações complementares adquiridas especificamente para áreas de comunicação inovadoras (web conferencing, sistemas síncronos, salas de aula virtuais, etc.) Rapidez de operação Para além da confusão de termos manifestada por alguns respondentes entre rapidez técnica e rapidez organizacional (mais lenta) podemos afirmar, a partir dos dados disponíveis, que na maioria dos sistemas actuais LMS a criação de novos cursos é tecnicamente rápida e não é complicada. Aspectos críticos A figura 4.5.5 representa a visão dos respondentes dos aspectos críticos e da sua importância relativa. 1 0,9 30 27 25 0,8 0,7 20 0,6 14 0,5 15 0,4 10 8 0,3 6 0,2 6 5 0,1 1 0 0 Problemas de Utilizadores problemas no LMS Outros técnicos Internet/ Ligação Custo Político Figura 4.5.5 – Aspectos críticos mencionados (1 por curso, embora um curso possa mencionar vários tipos de problemas) Portanto, os três aspectos críticos mais importantes são: os problemas dos utilizadores, os problemas dos LMS e os custos. Os problemas dos utilizadores são de longe os mais significativos. Dos 36 cursos estudados 27 (~75%) referiram-se a problemas dos utilizadores. Nestes estão incluídos os problemas e dificuldades experimentados pelos tutores (principalmente) e pelos estudantes quando lidam com o sistema on-line 40 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância (normalmente um sistema LMS). As limitações dos sistemas LMS, técnicas ou pedagógicas, são o segundo maior problema, mencionado em ~40% dos casos. Estes dois aspectos críticos estão relacionados entre si e revelam um grave problema técnico de usabilidade! O terceiro problema mencionado refere-se aos custos elevados de alguns sistemas comerciais LMS; o que está a provocar uma mudança rápida para soluções LMS gratuitos e/ou open source. Esta mudança, se não for bem planeada, se for demasiado abrupta ou se não tiver em devida conta os aspectos pedagógicos pode vir a ter um efeito negativo na satisfação, nos hábitos e no desempenho dos utilizadores, um efeito mencionado por alguns respondentes. Outros aspectos críticos são os problemas técnicos do sistema (interrupções, firewalls, segurança, etc.) e problemas com as ligações à Internet. Um dos cursos referiu-se a problemas políticos. Tratava-se de um curso EAD para estudantes de países africanos, neste caso em Angola que enfrentava problemas políticos na altura em que o curso decorria, e que não podendo contornar áreas como as condições cruciais de trabalho, incapacidade de acesso à Internet que acabaram por redundar no fracasso do curso. Conclusões Principais Este sub-relatório para a análise do suporte tecnológico dos cursos de EAD através da Internet revela o seguinte: • Em todos os casos, a tecnologia oferece uma solução, mas é também (ainda) o problema. • A adopção generalizada de Sistemas de Gestão da Aprendizagem (Learning Management Systems LMS), robustos e fiáveis (alguns até gratuitos), para alojar cursos de EAD, tornou viável e fácil a montagem desses cursos, mesmo em instituições ou em Universidades sem qualquer experiência prévia em cursos on-line. • Há um grande problema de usabilidade associado à implementação e à utilização de sistemas LMS para o EAD, evidenciados pelo elevado número de problemas comunicados pelos utilizadores e pelas limitações destes sistemas. • O conflito que existe entre as promessas dos LMS e os problemas dos utilizadores tem que ser seriamente encarado e resolvido. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 41 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 4.6 GESTÃO Introdução A penetração das TIC pode ser simplificada em três fases, em primeiro lugar a tecnológica, em segundo a fase pedagógica e por último o desenvolvimento organizacional. As instituições educacionais são confrontadas com as oportunidades introduzidas pelas inovações das TIC, mas quando as TIC deixam de ser ferramentas utilizadas para o ensino a nível individual e progridem para o nível institucional mais vasto, então desafiam as organizações a todos os níveis. A primeira utilização das TIC no ensino e na aprendizagem por uma instituição educacional é muitas vezes introduzida através de projectos-piloto. Estes projectos-piloto nascem do entusiasmo de indivíduos visionários e terminam quando cessam os subsídios ou quando esses pioneiros começam a perseguir outras visões. Desta forma, o impacto geral na instituição é mínimo e desorganizado, mas fornece um importante indicador do potencial das TIC aplicadas ao ensino e à aprendizagem. Para usufruir totalmente das vantagens deste potencial no processo educacional, as TIC devem ser utilizadas em todas as actividades, incluindo os mecanismos de planeamento, as tomadas de decisão e processos de direcção, e a todos os níveis entre todos os agentes do grupo. Este caminho conduz ao aperfeiçoamento das competências reais e à maturidade da organização. O termo gestão pode ser interpretado de várias formas. Naquilo que nos diz respeito, é visto como um processo de: estabelecimento de objectivos, organização, tomada de decisões, direcção da administração, manutenção de processos de aperfeiçoamento contínuo e planeamento de programas educacionais para o futuro. Nesta área de trabalho, a gestão é vista como um termo muito abrangente. O objectivo é descobrir como os casos estão organizados de um ponto de vista institucional e de sistemas, e avaliar a sustentabilidade e a maturidade na utilização das TIC. Os casos estudados de EAD através da Internet pertencem a organizações que predominantemente prestam outras formas de educação, e onde as práticas de gestão não foram criadas para o EAD. Assim, um dos objectivos é descobrir que tipo de influências exercem os casos nas suas organizações e como podem afectar uma mudança sustentável. Todavia, para cumprir estes objectivos, apenas dispomos da informação obtida através dos estudos de caso. Resultados da análise O objectivo da área de gestão era descobrir que medidas organizacionais contribuem (de forma positiva) para o desenvolvimento de programas de e-learning. Porque existem diferenças nas experiências educacionais disponíveis nas diferentes organizações estudadas. Achámos sensato considerar os casos tanto numa base organizacional como individual. Nível organizacional Quando o enfoque é ao nível organizacional, o e-learning devia ser visto como um elemento estratégico e integrado na estratégia global da organização. Uma organização que tenha ou uma estratégia independente de e-learning, ou uma estratégia de e-learning integrada no seu Plano de Desenvolvimento Educacional atingiu um nível de maturidade em que o e-learning é visto como uma forma de melhorar a competência da organização. Para tanto é necessário obter o patrocínio executivo e o compromisso de investimento em projectos específicos, no desenvolvimento de uma abordagem estratégica, organização 42 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância e infra-estrutura. Para garantir que a estratégia de e-learning é implementada esta devia ser supervisionada, e monitorizado o seu progresso relativamente aos objectivos, por um indivíduo ou grupo com poder real. Um objectivo central para qualquer estratégia de e-learning é tornar os processos das acções de e-learning mais fluentes através da identificação dos seus elementos, da sua descrição em termos organizacionais e pela atribuição de responsabilidades de implementação. Apesar de tudo, a análise das experiências do projecto ODL NET revelaram um significativo desvio deste ideal. Alguns respondentes tiveram dificuldades em responder a questões sobre gestão; houve imensa informação omissa. Constatou-se uma enorme discrepância nas estratégias de e-learning e nos sistemas de gestão. O significado de “estratégia de e-learning” era vago e confuso nalguns casos. A seguinte amostra de respostas às perguntas sobre a estratégia de e-learning da organização, mostra que alguns respondentes tinham dificuldades em separar o nível organizacional do nível de experiência e que a estratégia era conotada como algo com impacto negativo. • O Mestrado foi criado por uma questão de necessidade, não por uma questão de estratégia. • A principal estratégia para correr o curso on-line a partir da formação tradicional foi adaptar o conteúdo às ferramentas utilizadas, e também adaptar os testes de avaliação do programa. • Não há nenhumas estratégias para ensinar porque a essência da educação é ministrar conhecimento através da rede. Algumas organizações, ver abaixo amostra de respostas, tinham objectivos claros e, ou uma estratégia separada para o e-learning, ou integrando-o no seu plano estratégico global. Estas organizações tinham nomeado pessoas ou departamentos responsáveis por coordenar, desenvolver e apoiar o e-learning a um nível organizacional. • • • • A estratégia de e-learning na Universidade de Hradec Kralove faz parte do plano estratégico da organização. No departamento das Ciências da Educação, existe uma estratégia de e-learning baseada na estratégia global de elearning da Universidade de Oulu A Campus Futurus, uma organização leve em rede na Universidade de Oulu coordena os financiamentos e as actividades apoiadas pela Universidade Virtual Finlandesa; e é também responsável pela actualização e monitorização da implementação da estratégia de e-learning. O ISTEC tem uma estratégia independente para o e-learning coordenada pelo Departamento de E-Learning. Se o e-learning se encontra numa fase inicial de utilização, a gestão de projectos ainda não progrediu para uma acção sistemática. É mais uma actividade ad hoc, dependente de indivíduos (director do curso e professor). A importância de um sistema de gestão raramente é reconhecida. Alguns países estão na primeira fase de implementação das TIC na aprendizagem, enquanto que outros têm já estabelecidos procedimentos e estratégias para explorar o e-learning a múltiplos níveis (p.ex. país, universidade, faculdade/unidade ….). Apoio Organizacional para projectos e-Learning Recursos e serviços: Se o e-Learning está incluído numa estratégia organizacional, essa organização deve fornecer recursos e serviços (tais como um sistema LMS, produção de material digital ou mesmo a utilização de videoconferência) para apoiar os projectos e-Learning. Recursos humanos: É importante saber quantas pessoas trabalham num projecto e-learning, quais são as especificações das suas tarefas e o tempo que dedicam ao projecto. Apoio financeiro: o financiamento é necessário para apoiar áreas como o desenvolvimento da produção e a I&D e para a manutenção e actualização dos equipamentos e infra-estruturas. Em muitos casos as universidades fornecem, a um nível organizacional, um ou dois sistemas LMS e oferecem outras facilidades como serviços de computador, videoconferência, produção de material Socrates Programme – ODL-NET Experience project 43 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância digital e apoio metodológico. Nas instituições em que e-learning está menos desenvolvido os meios organizacionais variam e não são planeados. Nível de experiência O objectivo do questionamento sobre o nível de experiência era a identificação dos recursos necessários para implementar os casos e as experiências estudados e descrever o ciclo de vida das experiências desde o planeamento à implementação. Adicionalmente, era importante descobrir se as experiências eram como projectos (decorrem uma só vez) ou como processos (realizados mais que uma vez). Comparativamente, as respostas às questões relativas aos recursos utilizados nas experiências forneceram poucos detalhes, parecendo especialmente difíceis de especificar os recursos humanos. Os recursos ao nível da experiência foram divididos em três áreas: 1. 2. 3. Recursos Humanos. Quantas pessoas e quais as especificações das suas tarefas. (Por exemplo: o gestor de projecto que responde pelo orçamento e coordenação da experiência, tarefa a tempo inteiro) Aparentemente a coordenação de projectos e-learning é fragmentária e o papel da gestão nesta área não é reconhecido. O corpo docente e o apoio técnico foram identificados, mas as especificações das suas tarefas eram omissas. Recursos Financeiros. Definição do financiamento: Baseado num orçamento, financiamento externo (nacional/UE/outro). Não havia qualquer informação disponível sobre muitas das experiências e em alguns casos pensa-se que não havia nenhum tipo de financiamento específico (seria porque os respondentes não eram os responsáveis pelas finanças?). A maioria das experiências analisadas recebeu financiamento das suas próprias organizações. O financiamento externo vinha sobretudo dos Ministérios da Educação nacionais. Havia também algumas experiências financiadas pela UE e outras suportadas exclusivamente pelas propinas dos estudantes. Instalações e Equipamentos. Que tipo de ferramentas/equipamentos e instalações foram necessárias durante o curso? (por exemplo: sistemas LMS, salas de computadores, sistemas de videoconferência.). Praticamente todos os casos recorriam a algum tipo de sistemas LMS, sendo o WebCT o mais popular dos sistemas comerciais LMS e o Moodle o favorito na oferta de sistemas OpenSource. Em muitos dos casos, o apoio infra-estrutural tinha atingido um bom nível. Nas instalações universitárias, as salas de computadores estavam acessíveis para utilização dos estudantes e ainda dispunham de computadores nas residências de estudantes. Nalguns países eram disponibilizadas ligações à Internet gratuitas. Os aprendentes a distância não eram tão apoiados, tendo que se basear nos seus próprios computadores pessoais e locais de estudo e usar as ligações que lhes eram acessíveis. Gestão e processos das experiências Já que a maior parte das experiências se realizaram mais de uma vez, devia ser possível considerá-las como processos e identificar os elementos-chave do sistema de gestão, p.ex. progresso da carga de trabalho, métodos para a garantia de qualidade e procedimentos de documentação. É evidente que a primeira implementação de um curso requer recursos significativos dedicados ao planeamento, produção do material do curso e desenvolvimento do modelo operativo. Nas edições subsequentes, a carga de trabalho da fase de planeamento diminui e o enfoque passa a ser no ensino e tutoria, especialmente se o número de participantes aumenta. 44 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância O método mais popular para a garantia da qualidade era o feedback dos estudantes, professores e tutores. Os outros métodos mencionados foram a avaliação formal e a concepção educacional. Foi fornecida documentação comprovativa pelos relatórios dos projectos, relatórios anuais e feedbacks recolhidos, enquanto que os cursos baseados na Web funcionam eles próprios como documentação das actividades do curso. Conclusões Principais • O nível de integração das TIC no ensino varia consideravelmente, tanto entre instituições como de país para país. Alguns países estão ainda na primeira fase, enquanto que outros estabeleceram já procedimentos e estratégias a diferentes níveis para explorar o e-learning: país, universidade, faculdade/unidade, etc. • As organizações que têm objectivos claros para o e-learning a nível organizacional, ou têm uma estratégia específica para o e-learning, ou este encontra-se integrado no plano global estratégico da organização • Se o e-learning se encontra numa fase inicial, as actividades de gestão são ainda fragmentárias e relacionam-se apenas com cursos individuais, e os serviços centrais de apoio estão subdesenvolvidos ou nem sequer foram criados. • Em muitos casos, a gestão de projectos de e-learning não evoluiu para uma acção sistemática a nível organizacional. É uma actividade ad hoc dependente dos indivíduos envolvidos no projecto, por exemplo do coordenador do curso e do professor. Raramente é reconhecida a importância de um sistema institucional de gestão de projectos. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 45 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 5 REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA Política Europeia para o Ensino Aberto e a Distância e das TIC para a aprendizagem • • • • • • • • • • Bang, J. (2000). Open and Distance Learning in Higher Education- Educational Perspectives. In Oscail (Ed.), Report on Symposium on Open and Distance Learning (pp. 5-13). Hodson Bay Hotel, Athlone, Ireland: Higher Education Authority. Baumeister, H.-P. (1999). Western Europe. In K. Harry (Ed.), Higher Education Through Open and Distance Learning: World review of distance education and open learning. New York: Routledge. EC. (2001). The eLearning Action Plan. from http://europa.eu.int/eurlex/en/com/cnc/2001/com2001_0172en01.pdf. European ODL Liaison Committee. (2004). 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Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância APÊNDICE IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS EXPERIÊNCIAS/CASOS 1. Misto/on-line: Indica a percentagem de aprendizagem mista/on-line p.ex.- 100% on-line; 10% presencial, 90% on-line… 2. Duração do curso – Período de tempo (em meses) e duração (em horas – especificando se são ECTS ou horas de ensino/aprendizagem) p.ex. – período de 2 meses e 65 horas de ensino equivalentes a 125 ECTS 3. Grupo-alvo – indica o perfil e o número de participantes p.ex. – público em geral, profissionais, desempregados, deficientes… e 45 aprendentes/estudantes 4. Instituído/piloto – Indica se o curso em análise está numa fase piloto ou se está já instituído e se a análise é durante ou após o curso. p.ex. – 1ª edição em progresso; 1ª edição terminada; 5ª edição em progresso; 5ª edição terminada 5. Avaliação do curso – Indica se o curso foi avaliado, com que periodicidade, e os objectivos da avaliação. p.ex. – Pré-testes (indicam os interesses e expectativas dos aprendentes), avaliações durante o curso (no fim de cada módulo), avaliação global do curso (no final). Formativo (de forma a aperfeiçoar o curso), sumativo. 6. Avaliação dos aprendentes – Indica a forma como a aquisição de aprendizagem é analisada. p.ex. – 30% testes, 20% contribuições em fóruns, 10% elaboração de uma dissertação, 40% exame final presencial. 7. Acreditação – Indica se o curso é ou não acreditado, e se a acreditação é académica ou comercial, quem são as entidades acreditadoras da aprendizagem, e que tipo de certificado é atribuído. p.ex. – Acreditação privada pela Microsoft com diploma de participação. Acreditação oficial pela Universidade e incluído num plano de estudos de carreira. 8. Orientação – Indica se existe um tutor do curso e, em caso afirmativo, se a tutoria é proactiva (o tutor dirige) ou reactiva (o estudante inicia). p.ex. – Tutor reactivo (responde a questões e a dúvidas dos estudantes). Tutor proactivo (o tutor propõe actividades, debates, segue os progressos…). 9. Temas/áreas de conteúdos – Indica a disciplina principal do curso. p.ex. – Matemática aplicada a questões ambientais, Medicina legal… 10. Plataforma/tecnologia – Indica se a plataforma é desenvolvida internamente, se é comercial ou open source. Nome da plataforma. Indica as tecnologias adicionais utilizadas no curso. p.ex. – Plataforma comercial WebCT com suporte de videoconferência; desenvolvida na nossa universidade com possibilidade de envio de SMS; plataforma open source Moodle com acesso a uma biblioteca virtual. 11. Nível de estudo – Indica o nível de estudo do curso. p.ex. – Mestrado, licenciatura integrada em estudos oficiais, curso obrigatório, doutoramento, disciplina opcional, certificado de participação… 12. Unidade de Gestão/organização – Indica se existe uma unidade de gestão específica para tratar dos aspectos administrativos do curso, diferente da dos professores, tutores… p.ex. – Gerido pelo departamento de pós-graduação da Universidade; Gerido pelo departamento de ciência biológica na Universidade… 13. Processos de admissão – Indica se existem pré-requisitos para aceder ao curso e se há um limite do número de aprendentes. p.ex. – Tem que ser licenciado em Economia ou em Direito com bons conhecimentos de Francês, máx. 50 estudantes. Socrates Programme – ODL-NET Experience project 49 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 50 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Socrates Programme – ODL-NET Experience project 51 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 52 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Socrates Programme – ODL-NET Experience project 53 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 54 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Socrates Programme – ODL-NET Experience project 55 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância 56 Programa Sócrates – Projecto ODL-NET Experience Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância Socrates Programme – ODL-NET Experience project 57 Volume II - Relatório de Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e à Distância RELATÓRIOS DO PROJECTO ODL-NET EXPERIENCE Volume I Relatório Sumário: Experiências e Áreas de Trabalho no Ensino Aberto e a Distância Este volume contém uma introdução, o contexto Europeu do EAD, a descrição da metodologia, e as conclusões principais da análise das áreas de interesse e experiências. Também é fornecida uma breve lista das experiências. (Este volume está disponível em formato impresso e digital) Volume II Relatório de Áreas de Trabalho e Experiências no Ensino Aberto e a Distância Este volume contém a informação primária do Volume I, seguida de relatórios detalhados de cada área de trabalho onde consta uma breve descrição da área, os resultados da análise e as conclusões principais. O Apêndice contém um quadro com as principais características de todos os casos e experiências. (Este volume está disponível em formato impresso e digital) Volume III Casos e Experiências no Ensino Aberto e a Distância. Este Volume contém uma breve narrativa de nível nacional para cada país dos parceiros e informação detalhada de todas as experiências. (Apenas disponível em formato digital) Todos os Volumes podem ser obtidos em formato digital em: http://www.adeit.uv.es/odlnetexperience Socrates Programme – ODL-NET Experience project 59