fisiologia vegetal aplicada à cana-de-açúcar
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fisiologia vegetal aplicada à cana-de-açúcar
VOANDO COM RIPER Aspectos fisiológicos da maturação da cana-de-açúcar Prof. Dr. Paulo Figueiredo Engenheiro Agrônomo Unesp - Universidade Estadual Paulista - “Júlio de Mesquita Filho” FCAT – Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas de Dracena Barra Bonita – SP Fevereiro de 2016 2 “No corpo vegetal, a todo instante, estão ocorrendo infinitas combinações de síntese e degradação de compostos orgânicos e inorgânicos, que de maneira extremamente ordenada, culminam no crescimento e desenvolvimento das plantas.” 3 “O conjunto de reações químicas que acontecem internamente nos órgãos vegetais, na verdade, começam a ser processadas ao nível celular.” 4 FL = FB - R 5 QUAL A IMPORTÂNCIA DA FASE DE ESTABELECIMENTO? Produtividade Agroindustrial Longevidade Futuro de uma unidade sucroenergética QUE É IAF E SUA IMPORTÂNCIA ? 7 IAF – ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR 8 Casagrande (1991) “Em média, a cana-de-açúcar produz, por dia, 18g de matéria seca por 2 m de solo.” Rostron, 1974 Qual a importância fisiológica da Fotossíntese? FOTOSSÍNTESE RESPIRAÇÃO CELULAR 14 Maturação fisiológica Maturação Fisiológica da Cana A maturação da cana-de-açúcar é o armazenamento do excesso de sacarose. Alexander (1973) A cana-de-açúcar para acumular sacarose tem que retardar seu crescimento vegetativo, sem alterar significativamente o processo fotossintético. Buenaventura (1986) 17 Por que uma planta C4 é eficiente? Maturação Fisiológica da Cana Cana-de-açúcar planta C4 Alta taxa fotossintética Primeiro com posto estável na fase bioquímica – Malato 4C Baixa perda de CO2 Baixa taxa de Fotorrespiração Baixo consumo de água por unidade de matéria seca produzida Alto acúmulo de sacarose Magalhães in Gheller (2012) 19 A cana-de-açúcar deve ser explorada em terrenos ou locais que possuam, entre outras vantagens, uma considerável exposição à luz, devido ao seu potencial genético e aparato fotossintético melhor preparado. Há efeito interativo entre luz solar, temperatura, ocorrência de chuvas e variedades de cana-deaçúcar em resposta ao processo de maturação. Temperaturas em torno de 17-18ºC são favoráveis para o acúmulo de altos níveis de sacarose. No entanto, baixas temperaturas levam a um rápido declínio na eficiência fotossintética, afetando o desenvolvimento do colmo, o transporte de açúcar e seu armazenamento. (Leite, 2005) 21 Nas plantas C3 a Eficiência do Uso da Água (EUA) é de 3 g.CO2/kgH2O, enquanto que nas C4 é de 5 g.CO2/.kgH2O MESOFILO FIXAÇÃO DO CO2 CÉLULAS DA BAINHA VASCULAR DESCARBOXILAÇÃO DO CO2 CICLO DE CALVIN “Geralmente, nas plantas C4, as células do mesofilo estão, no máximo, a 2 ou 3 células de distância das células da bainha mais próximas.” (Taiz e Zeiger, 2004) As C4 possuem maior quantidade de Rubisco, Ribulose Bifosfato Carboxilase Oxigenase, uma das enzimas mais abundantes no planeta... Sob temperaturas na faixa entre 30 a 40o C, as plantas C4 apresentam taxa fotossintética de duas a três vezes maiores do que as plantas C3, em função da estabilidade de enzimas. Isso é importante para a construção do aparato de acúmulo das reservas. A máxima atividade da enzima Pepcase, (C4) ocorre entre 30 a o 35 C, enquanto que a Rubisco em torno de dez graus abaixo... “Seus cloroplastos armazenam pouco amido e são mais adaptados ao processo fotossintético, por possuírem maiores grana, estruturas de armazenamento de clorofila.” FASE FOTOQUÍMICA FASE BIOQUÍMICA 30 As plantas C4 possuem células com paredes espessas e pouco permeáveis à CO2 e H2O O investimento em FOTORRESPIRAÇÃO intefere na produção de açúcares na Fotossíntese... Nas plantas C4 a Fotorrespiração é baixa, devido ao maior suprimento interno de CO2. O QUE É FOTORRESPIRAÇÃO? FOTORRESPIRAÇÃO PEPCASE? CICLO 2C 35 “A síntese de sacarose é de fundamental importância para o enriquecimento dos entrenós do colmo.” FOLHAS LANCEOLADAS Síntese de amido e de sacarose, processos competitivos que ocorrem em diferentes compartimentos celulares. Triose fosfato: síntese de amido no CLOROPLASTO OU Triose fosfato: síntese de sacarose no CITOSSOL Sacarose e amido inibem a formação de um ao outro. Sacarose Floema Parênquima do colmo Células parenquimáticas Vacúolo celular Transporte de fotoassimilados O movimento da sacarose ocorre contra um gradiente de concentração com gasto de energia - ATP. 41 transpiração 42 “As células parenquimáticas ou associadas ao sistema vascular possuem uma extensa rede de plasmodesmos, facilitando a ocorrência de uma rota para o fluxo de metabólitos.” (Taiz e Zeiger, 2004) 43 Folha de uma C4 demostrando as pontuações com plasmodesmos nas células da bainha vascular pelos quais os metabólitos do ciclo do carbono são transportados 46 Armazenamento de açúcares ARMAZENAMENTO DA SACAROSE ● CONDIÇÕES FAVORÁVEIS AO CRESCIMENTO – ● OS FOTOSSINTATOS SÃO TEMPORARIAMENTE ACUMULADOS NOS VACÚOLOS PARA REDISTRIBUIÇÃO PELA A PLANTA CONDIÇÕES DESFAVORÁVEIS AO CRESCIMENTO – OS FOTOSSINTATOS SÃO ACUMULADOS NO VACÚOLO E NÃO SÃO REDISTRIBUIDOS, SENDO PORTANTO ARMAZENADOS => INTENSIFICA A MATURAÇÃO DO COLMO A sacarose, produto final da fotossíntese, desloca-se através do floema e transforma-se no vacúolo das células de armazenamento no parênquima. O processo de armazenamento envolve a síntese e acúmulo de sacarose no vacúolo, assim como a inversão da sacarose em glicose e frutose para deixar o vacúolo novamente para ser utilizado na Respiração. 49 Qual a relação entre Respiração Celular e Maturação da cana-de-açúcar FASE FOTOQUÍMICA Planta sob estresse? 53 Controle enzimático e maturação da cana-de-açúcar “A enzima invertase ácida é responsável pela hidrólise da sacarose em glicose e frutose. Portanto, existe uma estreita relação entre o a atividade da invertase ácida e crescimento da cana de açúcar.” 56 “O conteúdo de água apresenta correlação negativa com a atividade da sacarose sintetase, que forma sacarose. Na fase de maturação, menor quantidade de água induz à mais sacarose.” 57 Curva de maturação CURVA DE MATURAÇÃO CENTRO SUL Composição da matéria prima Caldo O caldo é composto por água e sólidos solúveis, que são açúcares e não açúcares. 63 COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA PRIMA Umidade da cana A umidade decresce durante a maturação. Um teor da ordem de 70 % é típico de colmos em adiantado estádio de maturação. Valores menores do que 68 % denotam chochamento, sendo mais crítico quanto menor for o teor de umidade. (Mutton e Mutton, 1992) 65 Aspectos fisiológicos da cana bisada A cana bisada deve exibir uma alta produtividade agrícola? Sim, em função da maior idade cronológica... A qualidade da matéria prima pode deixar a desejar? Sim, as lavouras, que já se encontravam em ponto de maturação, voltam a crescer e se desenvolver... PARTICULARIDADES DA CANA BISADA Há maior facilidade no tombamento das plantas? Células e tecidos mais pesados, pois o canavial bisado recebe mais água, por passar novamente por um período de chuvas. O intenso crescimento e desenvolvimento exige a presença de grande quantidade de água para promoção do metabolismo vegetal. PARTICULARIDADES DA CANA BISADA Índice de florescimento é acentuado no canavial bisado? Sim, a maior possibilidade de florescimento é decorrente do suporte fisiológico que a cana bisada apresenta por ocasião do período indutivo... Existe também uma acirrada competição intraespecífica, que faz com que as plantas, de forma mais frequente, transformem o meristema apical de caule para posterior emissão do eixo floral. Evitar o risco do florescimento. QUAL A RELAÇÃO ENTRE FLORESCIMENTO E ARMAZENAMENTO DE AÇÚCARES? PARTICULARIDADES DA CANA BISADA Há maior predisposição à isoporização dos colmos? PARÊNQUIMA – TECIDO DE ARMAZENAMENTO DE SACAROSE 75 Como a isoporização se manifesta ao nível celular? Feixes condutores longitudinais Parênquima PARTICULARIDADES DA CANA BISADA Qual o problema da alta incidência de brotação, inclusive lateral; e enraizamento aéreo dos colmos? “A síntese de amido revela imaturidade da cana de açúcar.” Plantas jovens, a região apical do colmo, bem como plantas que perderam a dominância apical por manejo inadequado ou por fatores ambientais desfavoráveis, são ricas em amido.” 80 PARTICULARIDADES DA CANA BISADA PROCESSO DE BROTAÇÃO Os órgãos da gema estão em estado latente e, havendo condições favoráveis, passam para o estado ativo de crescimento e desenvolvimento devido às mudanças das reservas nutritivas pela atividade de enzimas e reguladores de crescimento. (DILLEWIJN, 1952) 83 Segato et al. (2006) complementam afirmando que a brotação inicial, provém de energia originária da degradação de reservas do tolete, onde a planta utiliza O2 para quebrar os carboidratos, lipídeos e proteínas, e produzir a energia necessária à biossíntese. 84 PARTICULARIDADES DA CANA BISADA Susceptibilidade ao ataque de pragas e doenças 86 O ataque de pragas e doenças aumenta a taxa respiratória e o consumo de ATP... 40 As plantas contêm água e nutrientes, combinação perfeita para a proliferação celular. Com objetivo único de protegê-las, podem ocorrer reações bioquímicas que desdobram os açúcares nas plantas, a fim de produzir lignina, polissacarídeos e compostos fenólicos, que em excesso podem atuar como inibidores do metabolismo das leveduras, refletindo em significativas perdas de rendimento na produção de álcool pela indústria. 88 PARTICULARIDADES DA CANA BISADA Alto teor de impurezas vegetais e minerais PARTICULARIDADES DA CANA BISADA Elevada presença de fibras Um elevado teor de fibra intensifica a reabsorção do caldo pelo bagaço durante o processo de moagem, reduzindo a eficiência da extração do material esmagado. A utilização de água na embebição pode minimizar as perdas, no entanto, resulta em um bagaço mais úmido e com maior dificuldade de ser queimado nas caldeiras. Parênquima Feixes vasculares Page 94 Uso da ferramenta Maturador, a fim de potencializar o processo de maturação e melhorar as características da matéria prima. CONSIDERAÇÕES FINAIS [email protected] 96