produtos do cerrado e seu uso sustantável

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produtos do cerrado e seu uso sustantável
PRODUTOS DO CERRADO E SEU USO SUSTANTÁVEL
Marcos S. Buckeridge e Marcos P.M. Aidar
Seção de Fisiologia e Bioquímica de Plantas
Instituto de Botânica
Durante o Workshop Cerrado: bases para a conservação e uso sustentável
das áreas de cerrado do Estado de São Paulo, realizado em 1995, dentre os
vários aspectos discutidos, foram propostas sugestões para o aproveitamento
econômico de espécies do nativas do cerrado paulista. O documento completo
pode ser acessado em
http://www.bdt.fat.org.br/sma/cerrado/ e
mais
especificamente sobre o aproveitamento econômico da flora, em
http://www.bdt.fat.org.br/sma/cerrado/flora
As principais sugestões, então, foram:
1) incentivar os estudos básicos de fisiologia e bioquímica (especialmente
triagens de compostos) e de biotecnologia (micropropagação e produção in
vitro de fármacos), para subsidiar estudos de cultivo em escala de campo,
visando utilização;
2) estimular a implantação de programa de cultivo, ou seja, uma política de
estímulo à produção em larga escala das espécies com potencial
econômico;
3) estimular o plantio e o cultivo das espécies indicadas em áreas de cerrado;
4) estimular trabalhos de levantamento de espécies promissoras do cerrado;
5) promover a integração do setor científico com o produtivo, visando o
aproveitamento das espécies nativas indicadas.
Com uma análise da situação atual, considerando o período de 7 anos
decorridos desde o referido Workshop, é possível indicar que algumas sugestões
foram acidental ou intencionalmente desenvolvidas e aprofundadas em diversos
aspectos. O advento do programa BIOTA-FAPESP, por exemplo, possibilitou o
financiamento de diversas linhas de pesquisas que vêm, desde 1998, produzindo
dados científicos e avançando rapidamente em alguns dos aspectos propostos.
Fora de São Paulo, onde há enormes áreas de cerrado, diversos grupos vêm
atuando de forma aumentar a compreensão sobre a ecofisiologia de plantas do
cerrado, trabalhos estes que contribuem de forma fundamental para subsidiar a
proposição do item 2 (veja o site do último Simpósio sobre o cerrado realizado
recentemente em Brasília http://www.unb.br/ib/ecl/ecocer21/).
O item 1 indicado acima, foi um dos temas que avançou significativamante,
pois alguns projetos avançaram no sentido de compreender como algumas
espécies do cerrado crescem, e quais os fatores que afetam seu desenvolvimento.
Paralelamente, grupos de pesquisa vêm levantando o potencial fitoquímico das
espécies do cerrado (veja o site http://www.biotasp.org.br ).
Não seria o momento de reavaliar o estado de conhecimento sobre o
cerrado no que ser refere aos 5 itens acima e propor novos
caminhos/prioridades/metas?
Devemos nos concentrar em algumas espécies promissoras para criar
um efeito demonstrativo e assim catalisar iniciativas semelhantes?
Sobre o item 2, não temos informações organizadas para saber com precisão
se houve ou não avanços. Um dos objetivos deste workshop, portanto, é tentar
reunir estas informações.
Sobre o item 3, ainda não é obviamente possível incentivar com segurança o
cultivo de espécies em conjunto, mas pode-se, com base em uma lista atualizada
em relação à tabela anexa (dados reunidos no workshop de 1995), construir uma
nova lista e avaliar se é ou não o momento de selecionar espécies que receberiam
incentivos de plantio.
O item 4, avançou consideravelmente, pois dentro e fora do âmbito do Biota,
diversos grupos de pesquisa vêm se dedicando ao levantamento e compilações
de espécies promissoras. A pergunta neste caso é: podemos construir uma lista
atualizada que compile o máximo de iniciativas possível para o Estado de
São Paulo?
O item 5 é estrategicamente crítico, pois exige que os itens 1 a 4 tenham sido
executados, pelo menos em parte, para que ele seja possível. Houve uma
iniciativa nesta área no âmbito do projeto da Prof. Marisa Dantas Bitencourt, mas
segundo a autora da tese (MSc. Renata Mendonça), os produtores ainda não têm
consciência do valor que o cerrado possa ter e de como fazer para explorá-lo de
forma sustentável e lucrativa.
Este workshop reúne, pesquisadores, funcionários públicos e empresários para
discutir se é ou não possível explorar o cerrado e ainda ter lucro econômico (o
ambiental é óbvio).

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