A Voz di Paz - Gbissau.com
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Janeiro de 2015 ECOda Voz di Paz Boletim Informativo FLAVIEN FAFALI KOUDAWO (1954-2015) ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Celebremos a Vida de Flavien Fafali KOUDAWO! (1954-2015) ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Fiansa torna kebra kudjer di tira Alinu más na larma tchur ku dur Falanu ke ku ditandau lantindam Aos Áfrika korda ku salus malgós Lunghada nega pasia moransa I POLON GARANDI KU DITA KALADU Kuinura karga lutu didia uam Osprindadi ditandadu sin stera Um dia sol na iardi na Áfrika DIA KU DIA TCHIGA NO NA TCHOMAU KANSARE Ai ndesan! Urdimunhu na nguli baluris fep Waiooooó... Kansarés na bai tudo pa kaba O nos tam eé kansa nam dja bantaba Lagartixa Npasmadu (André Mendes) Vermon, França, a 23/01/2015 ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Professor, investigador e politólogo, Flavien Fafali Koudawo nasceu a 15 de Maio de 1954 no Togo, onde se formou em História pela Universidade de Lomé. Concluiria os seus estudos superiores em Genebra, Suiça, onde permaceu dez anos, tendo-se doutorado em Ciências Políticas. No âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi trabalhar para a Guiné-Bissau nos anos de 1990, com um contrato inicial de dois anos, mas acabaria por fixar residência no país, impedido que estava de regressar ao Togo devido às suas convicções políticas. O seguinte excerto expressa bem o seu sentimento e revela-nos a sua experiência, por sinal dolorosa, de afastamento da sua terra natal: “A separação com a terra natal é sempre uma espécie de mutilação. Mesmo quando se trata de uma escolha livremente assumida, ela não deixa de comportar uma carga de dor. Esta permanece, lancinante, além da consecução do objectivo, material, intelectual, moral ou outro que motivou o afastamento, mesmo que temporário. ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Na verdade, nada apaga a dor da ferida original causada pela separação. A instalação ditosa num novo país pode fazer pensar que a chaga sarou. Mas subsiste a sua memória dolorosa, similar à lembrança física que o mutilado tem da parte ausente do seu corpo. Diz-se que uma pessoa amputada pode ter uma memória física tão forte do membro ausente que o sente mexer. Aquilo que já não existe materialmente não deixa de estar presente na memória com uma força que lhe dá uma nova existência. Mesmo imaterial, esta nova existência é concreta no cérebro. Ora, a dor da separação não é sentida através do cérebro. Ela tem uma sede ainda mais sensível: o coração... Este não pode sossegar quando a terra natal não dorme em paz. Não é, então, estranho que a paz no país natal seja um desejo bem forte da diáspora. Embora vivendo em terras, quiçá, mais clementes, o ausente vive com uma acuidade redobrada o desassossego no país de origem. Tais as ondas do mar turbulento, as notícias da infelicidade do lar original vêm bater à porta do lar de instalação e embater no seu ambiente mais tranquilo, provocando novas ondas mais fortes, amplificadas pela distância que dá um sentimento de impotência face ao inexorável.” FAFALI KOUDAIn, ECO da Voz di Paz Nº16, Editorial, 24 de Janeiro de 2013. Este excerto é-nos caro neste momento, pois Fafali Koudawo, director da ONG Voz di Paz, reitor da Universidade Colinas de Boé e director do jornal o “Kansaré”, partiu deste mundo na passada sexta-feira, dia 23 de Janeiro de 2015. Ironicamente, o excerto apresentado foi escrito no dia 23 de Janeiro de 2013, e publicado dia seguinte neste Boletim. “A dor da separação” é o sentimento de toda a equipa da Voz di Paz e seus colaboradores próximos neste momento. Pois como bem escreveu Koudawo, trata-se quase que de uma amputação para nós, o seu desaparecimento físico. Contudo, assim como o bom filho que a casa deixa, a ausência física de Koudawo far-se-á sentir nas nossas vidas e na vida da Voz di Paz. Simultaneamente, a sua presença encontra-se no seu legado para nós e para a Guiné-Bissau pelo serviço prestado. Participando activamente na construção e edificação desta sua nova pátria, a permanência de Fafali Koudawo na Guiné-Bissau permitiu-lhe desenhar os planos e sonhos que tinha para a sua própria terra. Num país politicamente instável como a Guiné, onde faz falta uma visão nacional da construção da nação que ECO da Voz di Paz Boletim Informativo seja abraçado por todos os seus filhos independemente das crenças e pertenças de cada um, a obra deixada por Fafali Koudawo, foi a possível neste cenário. Enquanto investigador sénior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa - INEP da Guiné-Bissau, participu em vários projectos e fez as seguintes publicações: - Pluralismo político na Guiné-Bissau: uma transição em curso (coord.). Bissau, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), 1996; - Pluralisme politique en Guinée-Bissau: une transition en cours (coord.). Bissau, INEP, 1996; - Cabo Verde Guiné-Bissau. Da democracia revolucionária à democracia liberal. Prefácio de Jorge Carlos Fonseca. Bissau, INEP, 2001; - “Educação e sociedade na África pré-colonial”, ”, in Soronda, Revista de Estudos Guineenses, 12, INEP, Bissau, 1991; - “A ajuda económica como instrumento político: uma perspectiva histórica”, in Soronda, Revista de Estudos Guineenses, 16, INEP, Bissau, 1993; - “Educação e teorias de desenvolvimento: o que há de novo?”, in Soronda, Revista de Estudos Guineenses, 19, INEP, Bissau, 1995; “A guerra desenhada”, in Soronda, Revista de Estudos Guineenses, Número Especial 7 de Junho, INEP, Bissau, 2000; Em 1994 funda, juntamente com Abdulay Sila e Teresa Montenegro, a KUSIMON Editora, com as iniciais dos ape-lidos de cada membro fundador. Os principais domínios de intervenção da editora são a literatura, com a publicação de romances, contos, ensaios, a tradição oral, através da recolha de contos, provérbios e adivinhas, mas também a linguística. ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Depois fundaria o jornal Kansaré, um semanário de informação geral sobre a actualidade guineense, que tem como lema “Kansaré Osa Bardadi” (O kansaré não tem medo da verdade), e como Koudawo defendia “é uma aposta na verdade, qualquer que seja o seu custo, desde que ela sirva o bem do povo.” “Kansaré Osa Bardadi!” No ano de 2003, juntamente com João José da Silva (Huco) Monteiro, funda aquela que seria a primeira universidade guineense, a Colinas de Boé. A Universidade Colinas de Boé é uma instituição de ensino superior privado, que teve o marco de alargar o panorama de ensino guineense, fomentando e valorizando a formação local. Citando Huco Monteiro “A Universidade Colinas de Boé nasceu num contexto muito adverso. O Governo de então estava resolutamente contra. Porém algumas pessoas acreditaram. Sem desprimor para ninguém cito alguns nomes: a juventude da Guiné, ávida de conhecimentos e de oportunidades de formação, os pais e encarregados da educação que foram em massa inscrever os seus filhos”. Em 2007 nasce a Voz di Paz - Iniciativa para a Consolidação da Paz, fruto de um projecto inicial do INEP. Juntamente com uma equipa que foi crescendo e consolidando o seu trabalho no terreno, a Voz di Paz é hoje em dia uma organização de reconhecida importância no país e juntos dos seus parceiros. Esta iniciativa apoia-se numa malha de entidades públicas, privadas e da sociedade civil, tendo como princípios fundamentais: - A inclusividade entendida como a garantia da não exclusão de nenhuma componente nacional, a fim de promover e assegurar a participação dos actores sociopolíticos e económicos chaves, das populações em geral, de todas as regiões, fazendo atenção à sua especificidade nos conflitos e na construção de soluções pacíficas; - A pesquisa participativa orientada para a resolução de conflitos, como base de um ECO da Voz di Paz Boletim Informativo processo de reflexão para a edificação de uma paz durável fundada no pleno conhecimento das causas, dos actores e das soluções adaptadas às realidades nacionais; - A apropriação nacional promovida como um processo de internalização da identificação dos problemas, da construção de soluções, da implementação das estratégias conducentes ao aprofundamento da cultura de paz. Estes princípios da construção da paz exigem uma visão abrangente que reconheça o papel específico e cada vez mais importante que desempenham os guineenses na diáspora em todas as vertentes da vida nacional. ECO da Voz di Paz Boletim Informativo “Homenagem a Dr. Fafali Koudawo” Voz di Paz e Dina Adão “Adeus pa sempre homi de ciência Bom bias homi de paz Aós! Um biblioteca fitcha. Aós! Um enciclopédia quema. Ai! Ali polon garandi cai. Fafali, ali Guiné na tchorau, Ké di nobu contratu social ku bu pidi ? Nundé civismo ku bu luta firmanta? Ai! Polon garande… bu cai. Bu dissa Cultura de Paz na djunda djunda pa firmanta conbersa! Fafali… Koudawo, Bu bim de lundju, na bambaram de togolês, Bu kudji guiné suma bu terra, Polon garandi, lí ki bu tchon Ali togo padi guineense, Bu sumia sabedoria ku limpu corçon na nós Nó mestre, nó na gardeciu Purssor! Nó amizade ki carinho pa bó, Ampus! Nó kana falau adeus, pabia homi garandi ka ta larga si moransa.” ECO da Voz di Paz Boletim Informativo «O homem sem medo tinha medo do tempo que comia os sonhos e a vida. E assim foi. O tempo venceu e o meu professor amigo faleceu, no ano de todas as concretizações.» Joacine Katar Moreira Editora do “ECO da Voz di Paz” (Doutoranda em Estudos Africanos) Eu não conheço a morte nem a dor que ela traz. Conheço a dor, as dores de uma vida normal, mas não o sofrimento ofegante da partida de um amigo próximo ou de um familiar. Disseram-me que é essa a dor que revela de que são constituídas as pessoas, e o mais indescretível de todos os sofrimentos por que passamos. Começo então por solidarizar-me e prestar as mais profundas condolências à família directa do Professor Doutor Fafali Koudawo, porque... se como sua amiga vejo o meu coração fora do corpo, não saberia como consolar sua mulher, seus filhos e seus irmãos neste momento de tamanha perda. As homenagens póstumas, as palavras póstumas e os sentimentos póstumos costumam ser bastante intensos, mas ao mesmo tempo, tendem a exaltar de forma quase extrema as quali- dades do sujeito de que são tema. Mas há pessoas, como o Professor Fafali Koudawo, de quem parece que temos pouco a dizer, porque foi tudo visto em vida. As cerimónias fúnebres com honras do Estado guineense, realizadas durante os dias 30 e 31 de Janeiro em Bissau, reuniram centenas de pessoas de várias idades e quadrantes da sociedade, demonstrando o quanto o Prof. Fafali Koudawo é amado e valorizado no país que ele acolheu depressa e que o acolhe agora mais tarde... Uma das coisas que me impressiona é o respeito que toda a gente nutre pela sua pessoa, mesmo os que não concordam com ele. Respeito esse que exige silêncio no minuto a seguir, e que só se consegue adquirir com trabalho e obra feita. Por isso mesmo, falar do Professor Koudawo implica ter em conta o processo da construção do Estado e da sociedade guineense em geral. Encontramo-lo na Educação, que é o alicerce de qualquer pretensão desenvolvimentista. Encontramo-lo na reflexão política, que é a base e o pólo dinamizador de todas as dinâmicas sociais na Guiné-Bissau. Encontramo-lo na Cultura, que é motor de união dos filhos de qualquer nação. Encontramo-lo na Promoção da Paz, paz que é a mãe que gera prosperidade. Encontramo-lo também no rosto de cada cidadão que luta, cada estudante que progride, cada político que supera o seu legado, cada filho que ama a sua terra e a protege de intempéries. Encontramo-lo no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa - INEP, na KUSIMON Editora, no jornal “Kansaré”, na Universidade Colinas de Boé, na Voz di Paz, enquanto a sua voz ecoa ECO da Voz di Paz nas rádios e nas salas de aulas vislumbrando o futuro de uma nova e promissora Guiné. Percebi que Fafali, como é tratado por todos, encontrava possibilidades em todos os rostos e a sua grandeza de espírito fazia com que ouvisse com atenção qualquer um que dele se aproximasse. A humildade que todos apontam como traço da sua personalidade, para mim sempre foi entendido como um sinal de grande autoconfiança! Porque só um homem que não tem medo do mundo, que não tem medo dos outros, e que é altamente consciente do seu valor e das suas capacidades, consegue rejeitar e não sucumbir à competição natural que percorre as mentes de cada ser humano quando é defrontado com os seus pares. O que mais gostava nele era a sua bondade e a capacidade de se colocar ao nível do seu interlocutor. Quis muito trabalhar com o Prof. Fafali, e ele encontrou forma de conseguir que isso fosse possível. Fico-lhe extremamente grata, porque só assim pude ganhar um professor, um amigo e um incentivador nato, do qual já chegava quase a depender para a validação das minhas análises e das minhas ópticas sobre as coisas. Acabaria por convidá-lo para ser meu orientador da tese de doutoramento, coisa que aceitou de imediato. Lembro-me bem desse diálogo: Janeiro de 2010, skype: – Queria pedir-lhe um favor Fafali... – Sim, pode dizer... – Pode ser meu co-orientador da tese? Trata-se de uma temática que conhece como ninguém, e para mais gostaria também de ter um orientador guineense... – Para mim é uma honra ser seu orientador. Não é nenhum favor, pelo contrário.. - parecia surpreendido - Muito obrigado pelo convite. Mas deixa-me lembrar que eu não sou guineense – deu uma gargalhada – mas se um togolês servir, tudo bem! – Não diz que o meu sotaque em crioulo faz com que se sinta mais guineense do que eu? brinquei - Para mim você é o único guineense que conheço que não tem nacionalidade! – Hahahaha! - Deu uma gargalhada - Na... ami també n´má bó guineense, Joacine! É bu kriol, hahahaha! – Só pan dau nha nacionalidade pon – brinquei. – Agora falando de coisas Boletim Informativo sérias. Tenho material para escrever pelo menos quatro livros. Vou precisar da tua ajuda. Não agora, que não quero atrapalhar os teus estudos, mas logo depois, vamos escrever bastante. Devido à distância tratávamos tudo através da internet e de vez em quando por telefone. Com o tempo descobrimos que havia uma coisa que nos ligava seriamente: sermos caixas proliferantes de ideias, e por isso fizemos planos de projectos de investigação, da escrita de livros, alguns dos quais chegámos até a dar títulos, da reabilitação de uma empresa de consultoria, a Concept Daí e falou-me do desejo de transformar o Kansaré numa revista mensal. Disse-me que queria também escrever um romance, não apenas coisas académicas e até já tinha começado um. Que a minha ajuda era valiosa em tudo o que pretendia fazer e que contava comigo como parceira profissional para a realização desses sonhos. Mas já numa passagem por Lisboa falou-me dos filhos e particularmente da menina mais nova e disse-me que tinha “medo do tempo”, de poder não estar presente quando os filhos mais precisassem e incentivou-me a não “esquecer-me de formar ECO da Voz di Paz uma família mais cedo”, caso eu tivesse esse desejo. Que o trabalho e a realização profissional “são importantes, mas são uma parte de nós apenas”. Neste último ano, 2014, a sua força de viver parecia que estava diminuindo, e o factor tempo começou a ser um tema constante de conversa. O homem sem medo tinha medo do tempo que comia os sonhos e a vida. E assim foi. O tempo venceu e o meu professor amigo faleceu, no ano de todas as concretizações. Lembro-me de falarmos sobre o seu percurso e de dizer-me que a minha forma directa de ser fazialhe recordar-se dos tempos da juventude revolucionária, onde deixou de assinar o seu primeiro nome, Flavien, porque não era originalmente africano e contoume que essa fase fez com que não pudesse regressar ao país de origem durante muito tempo. Lembro-me de ter-lhe respondido que a revolução ainda não tinha acabado e iniciámos a conversa mais elucidativa que alguma vez tive com alguém sobre a história do continente africano. Boletim Informativo Uma pessoa amiga disserame uma vez de que a única coisa que a intrigava no Professor Fafali era o facto dele não olhar nos olhos das pessoas enquanto dialogavam, que olhava sempre para o chão ou para o vazio. Quando ganhei a sua confiança perguntei-lhe sobre esse facto, ele sorriu e respondeu-me que, pela educação que lhe tinham dado, só se fazia isso em situação de confronto ou de manifestação de autoridade, e que escutar a pessoa sem olhá-la nos olhos, era sinal de respeito, consideração e de paz. Quando contei à pessoa, ela ficou emocionada e disse-me: “Realmente, nunca tinha pensado nisso. Já viste que forma bonita de demonstrar consideração por alguém?”. Fafali? Será que já sabia que não estaria aqui e foi-me apenas dando esperanças de um dia bom, de um ano melhor... Bem haja, meu querido amigo! Bem hajam todos os Seus, que sorte terem na sua vida uma alma tão grandiosa como a sua. Um dia antes da sua morte, tive o privilégio de poder despedir-me do Professor Fafali, apesar de não saber que era uma despedida. No final da conversa disse-me: – Este será um bom ano! Boas entradas Joacine! Continue.” Dia seguinte Fafali morreu, meu Deus! Que dor, que notícia desoladora. E as obras que íamos escrever, (24 de Janeiro de 2015) Num acto de quase desespero, procurei cada email, cada mensagem, cada trabalho, cada texto que trocámos e garanti que não os perderia jamais. Jamais te esquecerei meu mestre, meu professor e amigo! Celebrarei a tua vida, porque só assim farei um pouco de justiça ao teu legado. Obrigado por tudo! Gratidão é justiça! ECO da Voz di Paz Eng. Domingos Simões Pereira Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau Elogio fúnebre à memória de Fafali Koudawo: Este faz parte do rol de privilégios que todos certamente preferimos não ter, ou pelo menos não exercer… O de falar em despedida de um amigo e sobretudo de alguém com esta estatura e dimensão… Fafali Koudawo era grande em todos os domínios e competências. Enquanto homem, enquanto analista ou enquanto académico: cientista político, historiador ou sociólogo. Quem tinha a oportunidade de conversar com Fafali descobria tratar-se de uma mente ordenada e muito desenvolvida. Quem lê seus escritos e dissertações, certamente compreende uma linha de pensamento coerente e objectivo. Quem observou sua postura terá se surpreendido com a sua deslumbrante humildade, mesmo que guardando sempre uma impressionante verticalidade.Fafali era Boletim Informativo “Fafali Koudawo era grande em todos os domínios e competências. Enquanto homem, enquanto analista ou enquanto académico: cientista político, historiador ou sociólogo. (...) era intelectualmente honesto. Tinha convicções e as defendia de forma assumida e declarada.» intelectualmente honesto. Tinha convicções e as defendia de forma assumida e declarada. Mas tinha sobretudo uma linha de análise bastante estruturada. Conhecia a história das coisas, ia à raiz das substâncias, tinha um rol de referências e sabia comparar as grandezas. Associava a esta elevação um pragmatismo que sempre nos surpreendia. Fafali era crente e cristão, e por isso se achava sempre limitado, mesmo naqueles tributos em que todos lhe reconheciam Excelência. Hoje, tudo parecerá claro e evidente… mas também terrivelmente tardio… Fomos muito infelizes ao retardar o direito do Fafali portar e exibir a nacionalidade. Ele conquistou e suplantou esse direito pela identificação com os valores mais nobres que seguimos perseguindo para a construção da nação prometida; seus feitos e factos sempre o colocaram no pedestal da representação do que a Guiné teve de mais nobre e mais culto. Hoje, o Conselho de Ministros acaba de outorgar a Fafali Koudawo, a título póstumo, o estatuto de cidadão nacional, com a esperança de redimir deste destino já fatal; cumprir o preceito de uma homenagem mais que merecida e nos justificarmos perante quem tem seu sangue e seu nome. Mas, visamos ainda, enquanto membros desta entidade do poder dos homens, estancar uma distorção hereditária e social, conferindo aos herdeiros de Fafali, a plenitude dos direitos legais que este país manda aplicar. O resto, julgamos saber, o Fafali já os legou pelos ensinamentos de que os não terá poupado. Fafali era um “Homem Grande” e estes normal- ECO da Voz di Paz Boletim Informativo mente não se circunscrevem a espaços, a momentos, nem às vontades. Estes limitam-se a existir e, na sua interação quotidiana com a realidade, vão deixando impressões e sinais que aqueles que os seguem, muitas gerações seguintes têm de decifrar, para de facto acederem aos ensinamentos de incalculável valor e pertinência assim deixados. Ellen G. White, numa dedicatoria no seu livro “o último trem” dizia: <a maior necessidade do mundo é de homens – homens que no intimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que nãoi temam chamar o pecado pelo seu nome exacto; homens cuja consciência seja tao fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é recto, ainda que caiam os céus. Sr. Primeiro Ministro, Eng. Domingos S. Pereira, durante as cerimónias fúnebres de Fafali Koudawo Flavien Fafali Koudawo, Professor, amigo, conterrâneo. Pai, marido, irmão, Camarada. Foste demasiado cedo para tantas tarefas que ainda cá tinhas. com a tua precisão e acutilância mas também com a tua neutralidade, o ponto de equilíbrio do nosso incessante debate político. Quem lerá os meus rabiscos sempre desordenados e com dois toques fazê-los textos. Eu próprio questiono: quem agora responderá às várias inquietudes e as interrogações que te dirigia; Quem poderá cuidar em teu lugar e à tua maneira do Colinas do Boé; Quem apontará Sim, arriscamos ficar de novo órfãos, apesar de que, 1973 já devia nos ter ensinado ser esta a sina de quem tem Homens tão grandes. Parece irem sempre mais cedo que o seu tempo. Que seja então porque Deus tem outras missões a lhe confiar e que estas incluam o olhar por nós, por este seu povo, repartida por vários quadrantes, da Guiné e do Togo, pela África e um pouco por todo o mundo. Até sempre Fafali! (Texto proferido durante as cerimónias fúnebres do Prof. Doutor Flavien Fafali Koudawo) ECO da Voz di Paz Dr. Jorge Carlos Fonseca Presidente da República de Cabo Verde Acabo de saber que faleceu Fafali Koudawo. Um grande amigo, um intelectual de gabarito, universitário e investigador, um grande admirador de Cabo Verde e estudioso do seu percurso histórico e político. Togolês de nascimento, tornou-se guineense por opção. Opção de amizade e de amor. Fafali escreveu, entre muitos outros trabalhos científicos de elevado nível, a obra mais bem conseguida que conheço sobre a transição democrática em Cabo Verde (e na GuinéBissau), intitulada «GuinéBissau e Cabo Verde - da democracia revolucionária à democracia liberal» (ed. do INEP, creio), obra que tive o prazer de prefaciar, um longo prefácio, redigido pouco tempo depois das presidenciais de 2001 em que fui candidato vencido. Boletim Informativo «Falámos muito e tornámo-nos amigos, parecia um caso de amizade à priimeira vista. Ele procurou explicar por que eu tinha perdido, e da maneira como perdera, as eleições em 2001. Curiosamente, num encontro posterior, saiu-se-me com esta : Zona, não sei quando mas vais ser Presidente de Cabo Verde» Conhecera-o na Praia, ele que tinha vindo para recolha de dados, conhecimento mais directo das realidades crioulas e para realizar algumas entrevistas. Fui um dos entrevistados. Falámos muito e tornámonos amigos, parecia um caso de amizade à priimeira vista. aceitar e hoje sei que fui privilegiado. Ele procurou explicar por que eu tinha perdido, e da maneira como perdera, as eleições em 2001. Curiosamente, num encontro posterior, saiu-se-me com esta: «Zona, não sei quando mas vais ser Presidente de Cabo Verde». Lembro-me de ter mudado de conversa após esboçar um sorriso de cumplicidade e de amizade. Encontrámo-nos depois umas poucas vezes, em Bissau e na Praia. Em Bissau, fui visitar a Universidade que ele quis criar, juntamente, creio eu, com Huco Monteiro, as instalações, conversei com alunos e professores. Fez questão que eu fosse à casa dele para me demonstrar a profunda amizade que nutria por mim e que era, aliás, recíproca. Encheu-me de prendas:livros, revistas, jornais guineenses, mas igualmente mangas, outras frutas e legumes que ele próprio produzia ao redor de sua casa. Quando me contactou para o prefácio, a obra estava já a ser impressa, mas Fafali insitiu comigo, ele aguardava o tempo que fosse necessário. Tive de Lembro-me ainda de me ter convidado para fazer uma palestra em Bissau, num dia 20 de Janeiro, às nove da manhã. Disse-lhe que era ou doido ou amigo da ECO da Voz di Paz Boletim Informativo onça, levar-me para encontro com jovens num feriado e tão cedo. A verdade é que lá estavam várias centenas de jovens guineenses, muitos dirigentes políticos, para conversar comigo sobre democracia em África e o caso espe- cial de Cabo Verde. Parecia um comício tanta a afluência de jovens. Era assim Fafali. Um entusiasta da ciência política, da investigação, um admirador e amigo de Cabo Verde, um humanista e um democrata muito convicto. E não são estas palavras de ocasião, de ocasião particular de tristeza e pena. Que tristeza esta a minha, meu caro Fafali! (23 de Janeiro de 2015) «Academicamente Fafali estava entre os melhores cientistas políticos com que eu me cruzei no mundo. (...) A Guine Bissau hoje ficou mais pobre, mas também a ciência política. » Doutora Elisabete Azevedo Harman Professora de ciência política na Univ. Católica de Portugal e Moçambique e Investigadora na Chatham House Acabo de saber do falecimento do colega e amigo Prof Doutor Fafali Koudawo. Conhecemo-nos por volta de 2002 ou 2003 em Bissau. Desde daí mesmo que não falássemos com frequência íamos sabendo um do outro. Academicamente Fafali estava entre os melhores cientistas políticos com que eu me cruzei no mundo. A primeira vez que o conheci eu era uma estudante de mestrado meia perdida sobre como estudar África. Cheguei a Bissau para ‘trabalho de campo’ e sabia a teoria mas não sabia como fazer a tal ‘investigação’. Ele já professor recebeu-me com o mesmo respeito e paciência como se eu fosse uma conceituada professora doutorada. Recordo que primeiro falámos num gabinete. Formais. Aproximavase a hora de almoço e ele convidou-me para almoçar. Com um sorriso de teste perguntou--me se eu e queria almoçar onde almoçam os investigadores europeus ou onde o povo almoça. Lá fomos a uma tasca no meio dum dos bairros pobres. Acho que esta minha escolha foi um teste que passei com sucesso. A conversa entre nós ia desde de lições elaboradas de ciência política a discussões com humor sobre o que se passava á nossa volta. Durante essas semanas em Bissau deu-me conselhos e livros e encontrámo-nos varias vezes. Num dos encontros-aula disse-me sempre meio seguro e tímido que íamos a casa dele. Lá fomos. Era uma casa-escola improvisada. Dr. Fafali era do Togo mas adoptou a Guine Bissau como o seu país com muito carinho. A casa dele nessa altura estava cheia ECO da Voz di Paz de crianças. Percebi a casa mesmo sem mesas e cadeiras era uma escola. As crianças do bairro ali estudavam e ele que podia ser professor em qualquer das melhores universidades do mundo ensinava o ‘A e B’ com a mesma dignidade e respeito como se estivesse a dar uma aula em Harvard. Sem vaidade mostrou-me a ‘escola’. Passei ali um dia e o tempo voou. Depois foram anos e anos de correspondência. Uma das vezes veio à Europa e conversámos. Nos corredores duma universidade europeia era um distinto Professor, mas sempre modesto. A última vez que o vi foi no dia do golpe de estado em Bissau, em Abril de 2012. Eu tinha passado a tarde com ele na universidade onde ele era agora o Reitor. Com o mesmo entusiasmo da casa-escola de há anos atrás mostrou- me e apresentou-me alunos. Depois fizemos uma sessão de trabalho para escrevermos um livro em conjunto. Discutimos ideias e ideias. Combinámos reunir nos dias seguintes. Saí do encontro e estava a passar na rua da casa do primeiro-ministro quando as bazucas rebentaram. o golpe de estado tinha começado. Confusão, medo, pessoas a gritar, soldados e a incerteza. O Prof. Fafali calculou pelo percurso que eu tinha sido apanhada na confusão. Nesse dia não conseguimos falar. No dia seguinte falámos ao telefone e como sempre aconselhou-me a ficar quieta e acalmoume. Tinha ficado preocupado comigo, mas disse que sabia que estava bem. Eu queria voltar a ir ter com ele... ele disse que não. Nestas alturas quanto menos movimento melhor, disse. E no final do telefonema riu-se e disse teremos mui- Boletim Informativo tas oportunidades para falar e trabalhar... não tivemos. Morreu hoje. Perdi um dos acadêmicos por quem tinha mais respeito. A imagem e o entusiasmo dele naquele dia na pobre casa que era também escola improvisada foi sempre a minha imagem dele. O melhor livro sobre a transição política em Cabo Verde e na Guiné-Bissau é da sua autoria. A Guiné Bissau hoje ficou mais pobre, mas também a ciência política. Eu queria estar em Bissau para apresentar os meus pêsames à família e amigos. (23 de Janeiro de 2015) ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Cerimónias fúnebres de Flavien Fafali Koudawo em Bissau 30 e 31 de Janeiro de 2015 Com Honras do Estado Guineense Nota: Fotografias da Voz di Paz e do Jornal “O Democrata”. ECO da Voz di Paz Boletim Informativo A Voz di Paz, Iniciativa para a Consolidação de Paz, tem o doloroso dever de comunicar que faleceu, na tarde do dia 23/01/2015, o seu ilustre Director, Professor Doutor Fafali Koudawo, vitima de doença. Por este motivo, a direcção da Voz di Paz informa a suas estruturas regionais (Espaços Regionais de Diálogo), amigos e todo o povo guineense de que as cerimónias fúnebres do malogrado (Fafali Koudawo) terão lugar no sábado, 31/01/2015, no Cemitério Municipal de Bissau e, com honras de Estado. A Voz di Paz informa que o cortejo fúnebre terá o seguinte percurso: Dia 30/01/2013, sexta-feira: tI"VSOBGVOFSÈSJBFTUBSÈOB6OJWFSTJEBEF$PMJOBTEF#PÏQBSBIPNFOBHFNF testemunhos por parte de estudantes e amigos; tI.JTTBEPTÏUJNPEJBOBJHSFKBEB4BHSBEB'BNÓMJB2VFMFMÏ t"QBSUJSEBTI7FMØSJPFNDÉNBSBBSEFOUFOBDBTBEPNBMPHSBEP OPCBJSSPEF2VFMFMÏQSØYJNPEBFTDPMB#È#JBHVÐ O momento será alargado para homenagens e testemunhos; %JBTÈCBEPEFIoIPSBT t.JTTBEPDPSQPQSFTFOUFOBTVBDBTB t6NBCSFWFQBTTBHFNQPSFEJGÓDJPEF4JUFD QBSBQSFTUBSBPNBMPHSBEPNJOVUPTEFTJMÐODJP t6NBCSFWFQBTTBHFNQPS6$# QBSBQSFTUBSBPNBMPHSBEPNJOVUPTEFTJMÐODJP t)PNFOBHFNQPSQBSUFEP(PWFSOPOPTBMÍPOPCSFEP.JOJTUÏSJPEB+VTUJÎBIPOSBTEF Estado; t&OUFSSPOP$FNJUÏSJP.VOJDJQBMMFJUVSBEFCJPHSBåBEPNBMPHSBEPFUFTUFNVOIPT por parte de amigos). A Voz di Paz aproveita esta oportunidade para agradecer a todos os que neste momento EFUSJTUF[BNBOJGFTUBSBNBTVBTPMJEBSJFEBEFDPNFMBFQBSBDPNBGBNÓMJBEP'BGBMJ #JTTBV A direcção ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Papa, Hier, Notre vie était chaque jour remplie de toi Par jour, papa, tu nous envoyais d’ici tes pensées mille fois Dans l’espoir qu’elles nous atteignent là-bas en joie Aujourd’hui, Désormais, tu es loin, très très loin... Bien loin, papa, mais à jamais, tout nous ramènera toujours à toi... Demain, Nous affronterons l’avenir sans toi papa, toi notre unique soutien Non pas comme des enfants orphelins Mais avec bravoure et remplis de ton calme olympien Car, La PAIX que tu as de toute ta vie tant prônée La PAIX, tout comme “FAFALI” ton prénom, Ta paix, très cher Papa adorable, Veillera toujours sur nous tes enfants et Résidera à jamais dans nos cœurs Au revoir papa! Tes enfants si loin, si proche de toi Séliné & Daivio, Evy, Semeté e Daiane ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo POLON KAI Simentu ku plantadu na Togo, polon kirci ramus ponta pa tudu ladu di Áfrika.... Raízis lagua, i lagua i kamba Europa, Ásia ku Ámerika..... ku si sombra itadja mandjuandadi di farinha di malgueta.... Balenti kata tchoradu..... POLON KAI... Balenti kata tchoradu, Papé di 5 fidjus ku mas utrus guiguis.... Pastor di rebanhus i labradur di Paz, Guiné-Bissau i tistimunhu di bu bondadi Koudawo..... Bu bai ta kudanu ma nô ka ripindi, Profeta kata muri i nin ikata cetadu na si tchon.... JAZ Koudawo..... Polon kai Limarias di kasa, di matu tudu na tchorau..... Pabia ena bin sinti bu falta.... Balenti kata tchora, Omis mata bu esforço ma Guiné lantandal na dia 23 di Janeiro de 2015, ku coroa di Paz nô na n`terau bu palabra na nô boka ina sedu hinu di Paz..... Ma kin ku na cupa ês buracu??? Pa Deus dau kil ku bu mereci..... JAZ Koudawo Adelina Barros +PSOBMJTUBEPKPSOBMi/Ù1JOUDIBw Formada pela Universidade Colinas de Boé ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Homenagem a Fafali Koudawo Volvida pela triste perda, mas, com o coração repleto de gratidão, àquele que me guiou além das teorias, expresso o meu maior e profundo respeito. Quando deveria ser simplesmente um Reitor e Professor, foi amigo e em sua amizade, responsabilidade e companheirismo conquistou o meu respeito e admiração. Só devo aqui dizer, que reconheço a figura de um grande e verdadeiro homem que fazia com que todos se sintam grandes. Nunca encontrarei uma resposta que amenize a profunda dor que sinto, apesar disso, tento, sinceramente, confiar nos desígnios de Deus que o chamou para a sua morada. “ Louvado sejas, ó meu senhor, pela nossa irmã a morte corporal, à qual nenhum homem vivente pode escapar. Ai daqueles que morrem em pecado mortal! Bem-aventurados aqueles que cumpriram a tua santíssima vontade, porque a segunda morte não lhes fará mal.” São Francisco de Assis. As palavras nunca serão suficientes para expressar a gratidão. Eternas saudades! Nilza Sona Mané ECO da Voz di Paz Boletim Informativo ECO da Voz di Paz Boletim Informativo EUCLIDES HORTA GUINÉ-BISSAU: BU PIRDI BU FIDJU KI BU KA MAMANTA, MA KI GOSTA DE BO MAS DE KILIS KI BU MAMANTA. Fafali Koudawo, és e serás para sempre a ESTRELA que ilumina a alma dos Guineenses. És um promotor da Educação, Justiça e Paz Social de todos os Guineenses, sem excepção. Nos momentos difíceis e conturbantes da Guiné, soubeste afirmar e implementar a prática de sabedoria e diálogo na busca das soluções para um desenvolvi- mento sustentável e duradouro da Guiné-Bissau. Formaste, educaste e instruíste muitos Guineenses, e em particular, jovens que neste momento estão a exercer funções-chave na praça de Bissau e eu não sou disso excepção. Lembro-me dos nossos encontros tardios no teu gabinete pacato (no INEP), logo no pôr de sol, porque durante o dia tínhamos compromissos com a sociedade, num ambiente de silêncio total, ouvindo uma voz mansa, vinda de uma pessoa mansa, voz de conselheiro, voz de sabedoria, voz de instruções de vida, voz de motivação, voz de determinação, enfim... mentos e de formas variadas, colocando à disposição a sua sabedoria. Fê-lo duma forma humilde, uma característica que lhe é peculiar, e incondicionalmente, respeitando sempre o ´modus vivendi´ do povo. o ser humano como o centro de todas as atenções e para quem todos tinham o direito de opinar e ser ouvido com atenção e respeito. Uma característica reservada a grandes homens. Um muito obrigado do fundo do coração, e tirote o chapéu pelo o que fizeste por mim e pela minha pátria que adoptaste de corpo e alma! És um visionário! BEM HAJA FAFALI KOUDAWO, PA BU ALMA PROTEGI GUINÉ-BISSAU SUMA KI SEDO BU DISIDJU. Descanse em Paz ESTRELA... NELSON LOPES O rio Geba mimoseia-nos com a sua singularidade ímpar, pois ele é uma mistura de água doce e salgada, que corre no nosso ´Pindjiguiti di tchon malgós´. Esta Guiné que teve o privilégio de ser iluminada, numa das fases mais importantes do processo de construção dum Estado de direito democrático, por um ilustre guineense, que nasceu no Togo, de nome Flavien Fafali Koudawo. Este distinto senhor ajudou, responsável e inteligentemente, a fortificar o pilar do Estado guineense em diferentes mo- Uma refêrencia obrigatória e de excelência para muitos, Doutor Fafali faz parte de um grupo restrito da elite pensante guineense e que contribuiu positivamente na formação de muitos jovens. Um homem que considerava O Prof. Dr. Fafali Koudawo, deixou raízes e multiplicou ramificações que está em cada um de nos. Ele não morreu, não! Ele esta no INEP. Ele está nas Colinas de Boé. Ele esta nas associações juvenis guineense. Ele está no diálogo para a paz na Guiné-Bissau. Ele está no futuro da África! ECO da Voz di Paz Boletim Informativo FERNANDO CASIMIRO Nunca é tarde Sr. Primeiro-ministro, ainda que seja a título póstumo, o reconhecimento de figuras como o nosso irmão Fafali Koudawo. É certo que todo este reconhecimento póstumo teria sido uma honra ao falecido se, concedido em vida, mas o que importa daqui para a frente é que Fafali Koudawo também contribuiu, depois da sua morte, para a consciencialização das autoridades guineenses sobre o valor dos Homens e Mulheres que fazendo a diferença pela Positiva, em prol do nosso país e das populações, merecem, em vida, não por reivindicações próprias, mas por gratidão nacional, um Reconhecimento Nacional nas suas múltiplas formas. Obrigado Sr. Primeiro-ministro pela coragem em assumir em nome do país, a infelicidade e a injustiça de se ter recusado a concessão da nacionalidade guineense ao nosso irmão Fafali, em vida, infelicidade e injustiça agora corrigidas a título póstumo. Obrigado igualmente pela profundidade das suas palavras em jeito de reconhecimento/homenagem ao Prof. Doutor Fafali Koudawo. Isto é importante para daqui em diante passarmos a ser mais humanos, mais fraternos e dignos com o próximo. Isto é importante para aprendermos que estamos todos de passagem por este nosso mundo e, por isso, importa vivermos em harmonia e respeito. Que a humildade seja o peso de equilíbrio nas decisões e acções dos nossos governantes. Que a alma do nosso irmão Fafali Koudawo descanse em paz! Bem-haja! LIGA GUINEENSE DOS DIREITOS HUMANOS Condolências da LGDH: Prof. Fafali Koudawo 01/26/2015 Comunicados, Notícias Bissau (LGDH, 25 de Janeiro de 2015) – A Liga Guineense dos Direitos Humanos registou com bastante tristeza e consternação as informações que dão conta do desaparecimento físico do Professor Doutor Fafali Koudawo Director da ONG Voz di Paz e Reitor da Universidade Colinas do Boé, no passado dia 23 de Janeiro 2013. Ao longo da sua vida profissional, Fafali Koudawo destacou-se como uma das figuras incontornáveis e que mais têm contribuído para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, em diversos domínios, nomeadamente, na arquitetura do ensino superior, na projeção de investigação científica, na promoção da cultura da paz e no relançamento do processo de dialogo e de reconciliação nacional. Enquanto ativista da paz e académico de reconhecida competência e integridade, Professor Doutor Fafali Koudawo fez da Guiné-Bissau uma verdadeira pátria por ter dedicado toda a sua vida às nobres causas da pátria de Cabral sem reservas e condicionalismos. Por este legado de alta demonstração de patriotismo, a LGDH rende uma justa homenagem a esta grande referência nacional, endereçando as suas mais sentidas condolências à família enlutada. Que a sua alma descanse em paz e na gloria para sempre! Feito em Bissau, aos 26 dias do mês de Janeiro 2015 A Direção Nacional ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Stewart Jacksom I was very sorry to learn that Fafali had passed away. He was such a calm and dignified person. Please pass on my condolences to his wife and family (and to the rest of the Voz di Paz team) Monique Quelle triste nouvelle. Je présente mes condoléances à sa famille et à toute la famille de Voz di Paz et aussi la famille Interpeace. Les mots me manque devant cette triste nouvelle. Que son âme repose en Paix et que la terre lui soit légère. Ses interventions sur RFI vont nous manquer. Sincères condoléances Edem, Comlan Quelle triste nouvelle! La disparition de Fafali est une immense perte pour nous tous. Je n’aurai malheureusement pas eu le temps de le rencontrer, ni de travailler avec lui. Je garderai néanmoins de lui, tous les éloges que j’ai pu entendre, à savoir qu’il était quelqu’un de très brillant, subtile, mais en même temps, d’une grande humilité, un infatigable apôtre de la paix. En ces moments de grande tristesse, je me joins à toi pour présenter mes condoléances à sa famille et à tous nos collègues de Voz di Paz qui, j’en suis persuadé, trouveront en eux, les ressources indispensables pour poursuivre l’œuvre entreprise ensemble avec ce grand homme. Sina La disparition de Fafali est une énorme perte et nous remplit avec grande tristesse. Il était une source inépuisable d’inspiration, de positivisme, d’humour et de sagesse, et il continuera de vivre ainsi dans nos coeurs. Nos pensées sont avec vous tous, sa famille et ses proches. Que Fafali repose en paix ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Anne Chère équipe de Voz di Paz, C’est avec une immense tristesse et une profonde émotion que nous avons été informés de la disparation de Fafali en ce jour. Son humilité, sa tolérance, sens de l’humour et son vif esprit resteront une source d’inspiration pour tous ceux qui le connaissaient et travaillaient avec lui. Ce qui m’a de suite frappé chez Fafali était la passion avec laquelle il était engagé en Guinée-Bissau et pour la paix et comment bien informé, articulé mais aussi ingénieusement subtile il pouvait être sur sa lecture des dynamiques et les développements socio-politiques complexes du pays. Sa disparition représente une perte inestimable pour non seulement Voz di Paz et la famille d’Interpeace avec qui il a été tellement engagé, mais également la Guinée Bissau tout entière, qui perd aujourd’hui un de ces plus fervents et engagés citoyens. Alors que nous pleurons sa perte, sa mémoire continuera de vivre dans nos cœurs. Toutes nos pensées sont auprès de vous, de sa famille et de la Guinée Bissau. Scott Dear colleagues, It is with the greatest sadness that I must inform you that our dear colleague and friend Flavien “Fafali” Koudawo passed away this evening. To all those who had the chance to work with him, Fafali was an inspiring person and a true peacebuilder, full of wisdom, and humility. His impressive intellect and eloquence helped others understand the complex challenges that Guinea-Bissau continues to face. His regular radio program made him a celebrity at the local level all around the country and a reassuring voice of peace. In so many ways, he and his colleagues were truly Voz di Paz. And to that grim, coup-afflicted and often frustrating country, Fafali brought a sense of humor that charmed us all into keeping his faith that things could change and - with enough effort and determination - would change for the better. While a citizen of Togo, Fafali had long ago made Guinea-Bissau his adoptive country. He wouldn’t want us to give up on it now. I will miss him very, very much. He was a special person and his death will leave a hole in our hearts and in the Interpeace family. ECO da Voz di Paz Boletim Informativo JORNAL “O DEMOCRATA” Editorial: ADEUS PROFESSOR DOUTOR KOUDAWO! 6 de fevereiro de 2015 A morte é, sinceramente, é um enigma. Enquanto peregrinos na terra, seguramente nunca descobriremos a resposta a este mistério fatal. A filosofia humana já tentou várias interpretações sobre a relação entre a vida e a morte, a correlação entre viver e morrer… a verdade é que como homens somos sempre surpreendidos com interrupções inesperadas que a vida provoca através da sua sentença máxima – a morte. Seja como for, a morte associada à incerteza que a involve, não deixa de ser um rico ensinamento que permanentemente retrata a nossa condição de interinidade por este “vale de lágrimas”. Fafali Koudawo, durante a tua trajetória terrena soubeste incarnar os valores de humanismo, humildade, solidariedade e saber, apesar de numerosos obstáculos que inundam esta sociedade guiada pelo culto de prazeres e de egoísmo. O teu desaparecimento físico em 23 de Janeiro, à semelhança do último espisódio do líder Amilcar Cabral em 20 de Janeiro 1973, provocou choque, tristeza e frustrações. No ar, pairam hoje incertezas dos seus discíplos, quanto ao futuro sem o mestre pedagogo. Fafali, para esta viagem quão precipitada, deixaste um enorme vazio no caminho da construção do nosso progresso colectivo através do domínio da ciência, a segunda religião que consumiu a maior parte do teu tempo cá na terra. Acreditaste desde sempre que era possível formar localmente quadros na base da realidade social, cultural do país. A Universidade Colinas de Boé é, hoje, apesar de vários desafios que ainda enfrenta, símbolo do sucesso e prova de que eras um homem de convicções enraizadas. Fafali, investigador apaixonado e voluntário, foste um grande intérprete da célebre frase de um dos mais brilhantes pensadores africanos de todos os tempos, o senegalês, Cheik Anta Diop, quando dizia que “A nossa intelectualidade não serve para nada se não formos capazes de colocâ-la ao serviço do bem-estar da comunidade”. Fafali foste um intelectual engajado e construtor determinado da cidadania, como ingrediente essencial da emancipação completa dos povos africanos. Soubeste conciliar o rigor no trabalho e o amor aos teus conterrâneos. Uma mágna obra que se traduziu em várias acções de educação cívica na Voz di Paz através da linda parceria com a Rádio Sol Mansi na qual ficará para sempre recordada a voz do sonhador Koudawo. Visionário e arquiteto da revolução pacífica cultural na Guiné-Bissau e em África através da apropriação sem preconceito nem medo das vantagens da Ciência. Nos últimos anos, Fafali tornaste no expoente incontornável na procura da paz, estabilidade através de diagnóstico científico profundo assente numa abordagem participativa inclusiva. Percorreste todos os cantos da Guiné-Bissau na busca de respostas às variadíssimas equações que o presente nos impõem. Durante todo o percurso, foste sempre um homem optimista ao futuro radioso para a Guiné-Bissau e para os Guineenses ao lado dos seus irmãos africanos. Adeus Professor Doutor, mestre da simplicidade e perigrino incansável da causa comum. O teu apreço aos ideais africanistas não morrerá nunca, pois no chão onde doravante descansa existem seivas para dar vida a obra que iniciaste. Os teus seguidores terão a força suficiente para continuar o combate até a vitória final. Adeus! Por: Redação ECO da Voz di Paz Boletim Informativo Mais testemunhos: EPIFANIO MANGO 28/01/2015 at 11:32 O Prof. Dr. Fafali KOUDAWO é uma perda inesquecivel para os guineenses e em particular para os estudantes e investigadores. Devido à sua contribuição ao longo dos anos, no que diz respeito a Educação, Investigação cientifica e muito mais. Que a sua alma descanse em PAZ!!!!!!!!!!!!! ANTONIO ABIPINTE TE 01/02/2015 at 00:41 Surpreendido com a morte deste grande intelectual, o professor Fafali. Se ele não estivesse morto daqui a 5 anos ia acontecer algo de muito bom. Que Deus escolha outros homens na Guiné como Fafali. LIDELZITO JOSE QUADE 24/01/2015 at 10:47 O senhor Fafali Koudawo é um super-homem para nós, independentemente de ser o Reitor, Professor da nossa Universidade. Ele é super inteligente, e como dizem os mais velhos, quando desaparece uma pessoa deste género, é como se o conhecimento se perdesse para nós. Porque aquilo que nos ensinou não é nada tendo em conta o que restava para ensinar-nos ainda… Descanse em paz. JOSIANE TAVARES 24/01/2015 at 01:41 É com grande tristeza e dor, neste momento que os guineeses perdem uma biblioteca, que é o Professor Dr. Fafali... que a sua alma descanse em paz. ADÃO OPÉNHY GOMES 29/01/2015 at 13:30 Descanse em paz saudoso Reitor!! Como foi bom ter aprendido com você enquanto nosso professor, guia, enfim, foi uma grande oportunidade!! choramos pelo seu desaparecimento físico e alegramo-nos pela continuidade da sua obra!!! ISNA GABRIEL SIA 24/01/2015 at 14:06 Meus pêsames…É uma perda irreparável tanto para os guineenses como para os togoleses… Convém que façamos dele um exemplo… Minhas condolências à família enlutada… ECO da Voz di Paz Boletim Informativo EUSÉBIO DJÚ 24/01/2015 at 04:32 Quando eu conheci Prof. Dr. Fafali Koudawo fiquei encantado com a sua explanação. Isso foi durante o período da auscultação da “Voz de paz” na Guiné- Bissau. Eu era seminarista franciscano e passei a olhá-lo como uma pessoa de referência no âmbito da luta pelo bem-estar do povo guineense. Depois desse encontro que tivemos nunca mais conseguimos falar, só ouvia-lhe falar pelas rádios, caso da “rádio sol mansi” (Guiné-Bissau). Eu recebi a notícia do seu falecimento, parei durante duas horas de tempo olhando para céu e desacreditei na notícia. As lágrimas estão chovendo, o batimento do meu coração aumenta cada vez mais e o peso da vida acadêmica entra nos entraves. Afirmo que a Guiné-Bissau está de luto, por causa do falecimento do seu prezado filho, prof. Dr. Fafali Koudawo. As minhas condolências à família guineense que está de luto, e em particular, aos seus familiares de Togo. Que Deus lhe conceda uma glória eterna e que a sua alma descanse em paz! DESEJADO JOSE MENDES 30/01/2015 at 09:35 O Prof. Dr. Fafali Koudawo faleceu, e eu, na qualidade de estudante da universidade Colinas de Boé, lamento a nossa perda, e essa perda é irrecuperavel… que Deus lhe receba. Esmael Abdou Manafá Clube De Ouvintes Da Rádio Jovem Bissau. Morreu o Doutor FAFALI KOUDAWO. Foi um símbolo da luta pela paz definitiva na Guiné-Bissau. Alguns o consideram como uma "prenda" que Deus deu à Guiné, atendendo ao seu inestimável contributo para o desenvolvimento cultural e científico do nosso país. Era casado com uma cidadã guineense, Katia Horta e pai de cinco filhos. Deixe a sua mensagem, pois este senhor merece e muito mais. Passou todos esses anos a lutar arduamente em prol da Guiné. Que_Deus_lhe_acompanhe. AD Colbert 23/1 às 19:11 Rezamos todos para que a sua alma descanse em paz... Um homem como FK, é como uma agulha no palheiro... Portanto, rendemo-lo uma justa e merecida homenagem e... Sobretudo, sejamos honestos e tenhamos coragem de reconhecer o valor e as contribuições inumeráveis que este "cidadão do mundo" tem representado para a Guiné-Bissau em particular e a África em geral... R.I.P. my "uncfather".... AD