Novo sistema para avaliação do teste de Desenho da Figura
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Novo sistema para avaliação do teste de Desenho da Figura
1288 Novo sistema para avaliação do teste de Desenho da Figura Humana como instrumento projetivo V Mostra de Pesquisa da PósGraduação Gisele Vieira Ferreira, Maria Lucia Tiellet Nunes (orientador) Faculdade de Psicologia, PUCRS Resumo O Teste de Desenho da Figura Humana (DFH) avalia a cognição, e os estados emocionais (ou a personalidade), através da projeção. Com a Resolução 25/2001 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), o DFH, como teste projetivo só pode ser avaliado pelo sistema de correção de Buck (2003). Para oferecer outro sistema de avaliação, esse estudo analisou, através de análise de conteúdo (Bardin, 1977), quatro outros sistemas de avaliação do teste como instrumento projetivo. Os quatro sistemas somente podem ser usados para fins de pesquisa e não para avaliação psicológica porque não apresentam qualidades psicométricas para seu uso para amostras brasileiras. Foi concluído que se deve realizar estudos das qualidades psicométricas do DFH como teste projetivo pelo sistema proposto por Naglieri, McNeish & Bardos (1991) porque é o mais recente e há possibilidade de uma pesquisa em colaboração com docente do PPG de Psicologia da UNICAMP. Introdução Em 1926 Goodenough, estudiosa do DFH para avaliação cognitiva, afirmou que os desenhos poderiam ser utilizados como um recurso para avaliação da personalidade, pois apareciam muitos detalhes raros e com significados para aquele sujeito em particular e não associados a componentes intelectuais (Hammer, 1981). Entre as décadas de 30 e 40 surgiu o interesse pelo DFH projetivo (Hammer, 1981; Liporace, 1996); começou-se a verificar que crianças com dificuldades emocionais não conseguiam desenhar a figura humana conforme sua capacidade intelectual, problemas emocionais intervinham no desempenho. Metodologia Quatro sistemas de avaliação do DFH como teste projetivo foram analisados pela mestranda, através de análise de conteúdo, tendo a orientadora servido como juíza da discussão. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 1289 Resultados Machover (1949) propõe o DFH projetivo para avaliar características de personalidade e o conceito de imagem corporal, a partir dos desenhos de um homem e uma mulher. Comentários e perguntas realizadas antes e durante o desenho, o tempo de realização e a sequência das partes desenhadas devem ser anotados em uma folha separada. Caso o sujeito não consiga contar histórias sobre os desenhos, deve ser estimulado a falar através de perguntas sobre o desenho: idade, o que a pessoa está fazendo, sua escolaridade, dentre outras que podem fornecer mais dados sobre as figuras. Tais procedimentos e a história pessoal e clínica complementariam as informações obtidas com o DFH. Machover não desenvolveu uma forma padronizada de correção do DFH. Através da análise minuciosa destes itens e a integração dos vários indicadores, seria possível obter a expressão dos conflitos emocionais e o diagnóstico do sujeito (Machover, 1949), o que limita o instrumento à percepção do avaliador. Koppitz (1966) elaborou uma lista de indicadores emocionais que permitissem a detecção de tais problemas (Van Kolck, 1973; Azevedo, 2003). A administração do teste consiste em entregar à criança uma folha de papel, lápis e uma borracha, solicitando que desenhe uma pessoa de corpo inteiro. O tempo de execução dos desenhos é livre, assim como apagá-lo e mudá-lo, cabendo ao examinador observar e anotar esta conduta. Além disso, deve-se observar a sequência das partes desenhadas, as atitudes e os comentários da criança, enquanto desenha. São analisados os itens que caracterizam diferentes significados emocionais; a soma dos itens é transformada em um escore, que demonstra a dificuldade emocional da criança. Naglieri, McNeish & Bardos (1991) propõem um sistema para avaliar problemas emocionais ou distúrbios de comportamento em crianças e adolescentes; fornecem um sistema de pontuação do desenho da figura humana composto por itens que podem ser objetiva e facilmente pontuados para diferenciar a população clínica da não-clínica. A avaliação do teste analisa item por item dos desenhos da figura masculina, feminina e a de si mesmo; o que produz um escore total do DFH ao somar os escores dos três desenhos. Conclusão Para o sistema de Naglieri, McNeish & Bardos (1991) não há ainda estudos sobre suas qualidades psicométricas básicas: validade, fidedignidade, padronização, normatização (Nunes & Levenfus, 2002). Para oferecer esse sistema para uso no Brasil, será realizada, em V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 1290 cooperação com Solange Weschler, do PPG Psicologia da PUCCampinas, uma pesquisa de validação do teste. Num primeiro momento, os resultados do teste com dez crianças atestam a possibilidade de uso deste sistema. Referências BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edição 70. 1977. BUCK, J. N. HTP: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva de desenho: manual e guia de interpretação. São Paulo: Vetor. 2003. HAMMER, E. F. A projeção no contexto clínico. In E. F. Hammer. Aplicações clínicas dos desenhos projetivos. Rio de Janeiro: Interamericana. 1981. KOPPITZ, E.M. Emotional indicators on Human Figure Drawings of children: a validation study. Journal of Clinical Psychology, Vol. 22, Nº 3 (1966), pp. 313-315. KOPPITZ, E. M. El dibujo de la figura human en los niños. Buenos Aires: Guadalupe. 1982. NUNES, M. L. T. & LEVENFUS, R. S. O uso de testes psicológicos em orientação profissional. In: R. S. Levenfus, & D. H. P. Soares (Orgs.). Orientação vocacional ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto Alegre: Artmed. 2002. pp. 195-208. 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