Junho de 2008 - res.ldschurch.eu
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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JUNHO DE 2008 HISTÓRIA DA CAPA: Não Se Deixar Levar pelo Ritmo Frenético, p. 20 10 Maneiras de Ajudar os Adolescentes a Liderar, p. 10 Por Que Não Experimentar? p. 26 Juntos para Sempre por causa de Hoje, p. A14 Junho de 2008 Vol. 61 Nº. 6 A LIAHONA 02286 059 Publicação oficial em português de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias A Primeira Presidência: Thomas S. Monson, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer, L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, David A. Bednar, Quentin L. Cook Editor: Jay E. Jensen Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi, Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway Diretor Gerente: David L. Frischknecht Diretor Editorial: Victor D. Cave Editor Sênior: Larry Hiller Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg Gerente Editorial: R. Val Johnson Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson Editor(a) Adjunto: Susan Barrett Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper, David A. Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Jennifer Maddy, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith M. Paller, Vivian Paulsen, Joshua J. Perkey, Kimberly Reid, Richard M. Romney, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell Secretário(a) Sênior: Laurel Teuscher Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki Diretor de Arte: Scott Van Kampen Gerente de Produção: Jane Ann Peters Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Ginny J. Nilson, Randall J. Pixton Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Randy J. Benson Pré-impressão: Jeff L. Martin Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Randy J. Benson A Liahona: Diretor Responsável: André B. Silveira Produção Gráfica: Eleonora Bahia Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) Tradução: Edson Lopes Assinaturas: Marco A. Vizaco © 2008 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. O texto e o material visual encontrados na revista A Liahona podem ser copiados para uso eventual, na Igreja ou no lar, não para uso comercial. O material visual não poderá ser copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA; e-mail: [email protected]. A Liahona pode ser encontrada na Internet, em vários idiomas, no site www.lds.org. Para vê-la em inglês, clique em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma, clique em “Languages”. REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº 1151-P209/73, de acordo com as normas em vigor. “A Liahona”, © 1977 de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, acha-se registrada sob o número 93 do Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de 9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol – Editora Gráfica – Avenida Papaiz, 581 – Jardim das Nações – Diadema – CEP 09931-610 – SP. ASSINATURAS: A assinatura deverá ser feita pelo telefone 0800-130331 (ligação gratuita); pelo e-mail [email protected]; pelo fax 0800-161441 (ligação gratuita); ou correspondência para a Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – São Paulo – SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: R$ 22,00. Preço do exemplar avulso em nossas lojas: R$ 2,00. Para Portugal Centro de Distribuição Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 - Miratejo, 2855-238 Corroios. 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(A periodicidade varia de um idioma para outro.) A LIAHONA, JUNHO DE 2008 P A R A O S A D U LT O S 2 Mensagem da Primeira Presidência: Segurança nos Conselhos Presidente Henry B. Eyring 8 Os Frutos do Livro de Mórmon Élder Richard G. Hinckley 10 Cuidar do Rebanho: Ensinar Técnicas de Liderança aos Jovens Presidente Dieter F. Uchtdorf e Élder M. Russell Ballard 20 Reservar Tempo para a Santificação Adam C. Olson 25 Mensagem das Professoras Visitantes: 39 Passar por uma Mudança no Coração O Evangelho de Jesus Cristo Ensina a Realidade da Nossa Existência Pré-Mortal 34 O Componente Espiritual da Cura Élder Alexander B. Morrison 39 Lições do Livro de Mórmon: Passar por uma Mudança no Coração Élder Keith K. Hilbig 44 Vozes da Igreja O Que Mais Aprecio na Igreja Isabelle Alpert Mais uma Semana até o Pagamento Julie C. Donaldson 20 Reservar Tempo para a Onde Encontrar Outro Livro de Santificação Mórmon? Curtis Kleinman A Oração dos Meus Filhos Virgínia Augusta de Pádua NA CAPA Fotografia: Adam C. Olson. Lima Pereira CAPA DE O AMIGO Ilustração: Brandon Dorman. IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR Estas idéias podem ajudá-lo a usar esta edição d’A Liahona para reforçar seu ensino tanto na sala de aula como em casa. Você pode adaptar estas idéias a sua família ou classe. Reservar Tempo para a Santificação, p. 20: Ensine a idéia de dar tempo às prioridades com a seguinte atividade: Mostre para sua família uma vasilha vazia, areia, pedrinhas e pedras um pouco maiores. Coloque a areia na vasilha, depois as pedrinhas e por último as pedras maiores. (Com antecedência, separe as quantidades de cada coisa de forma que as pedras maiores não caibam se deixadas por último.) Diga que é preciso planejar o momento em que faremos as coisas mais importantes. Esvazie a vasilha e encha-a novamente, começando pelas pedras maiores, depois colocando as pedrinhas e por último a areia, para preencher os espaços vazios. Utilizando o artigo conversem sobre o que seriam as “pedras maiores” ou as prioridades da nossa vida e o que podemos fazer para ter tempo para elas. Um Chamado para Crescer, p. 28: Leia em voz alta a seção “Uma Aula sobre o Testemunho”. Conversem sobre como o Élder Soares recebeu Enquanto procura pelo anel do CTR cambojano escondido nesta revista, pense em como escolher o que é certo pode ajudar você a preparar-se para ir ao templo. PA R A O S J O V E N S 16 26 28 Chaves para o Futuro Kimberly Reid Perguntas e Respostas: “Qual é o mal de beber ou fumar só uma vez para experimentar?” Um Chamado para Crescer Élder Ulisses Soares 32 Derrotar os Seus Golias 48 Você Sabia? O A M I G O : PA R A A S C R I A N Ç A S A2 A4 A6 A8 A11 A12 A13 A14 A16 Vinde Profeta Escutar: A Primeira Visão Presidente Dieter F. Uchtdorf Tempo de Compartilhar: Devo Preparar-me Desde Já Linda Christensen Da Vida do Profeta Joseph Smith: Joseph Recebe as Placas de Ouro Fé em Deus Presidência Geral da Primária Atividade: Ligue as Frases dos Meus Padrões do Evangelho Só para Divertir: Descubra as Figuras Roupas de Domingo no Brasil Nathan N. Waite Não Apenas por um Dia Wendy Ellison Página para Colorir 32 Derrotar os Seus Golias 16 Chaves para o Futuro A8 Fé em Deus A12 Só para Divertir TÓPICOS NESTA EDIÇÃO Passar por uma Mudança no Coração, p. 39: Em um coração de papel escreva “fé”, “retidão”, “amor” e “vencer o mundo” (ver a seção “As Bênçãos do Renascimento Espiritual”). Discutam como esses quatro princípios podem ajudar cada pessoa da família a passar por uma mudança no coração. Ilustre esse ponto contando a história de Ivan. No verso do coração de papel, faça uma lista do que sua família pode fazer para viver esses princípios. Fé em Deus, p. A8: Peça que as pessoas de sua família amarrem os sapatos com uma mão só. Conversem sobre porque isso é difícil. Depois, peça-lhes que amarrem os sapatos uns dos outros. Conversem sobre como a tarefa ficou mais fácil quando feita em conjunto. Leiam o artigo e discutam como sua fé em Deus se fortalecerá se vocês trabalharem juntos para concluir esse programa. Escolham uma atividade do livreto Fé em Deus, para fazerem em conjunto durante esta semana. Os números representam a primeira página de cada artigo. A=O Amigo Obediência, 2, 20, 26 Administração do tempo, 20 Obra missionária, 16, 39, 46 Caridade, 44, 45 Chamados, 10, 28 Oração, 47 Conversão, 39 Padrões, A11, A13 Cura, 34 Palavra de Sabedoria, 26 Davi e Golias, 32 Primária, A4, A8 Dia do Senhor, A13 Prioridades, 20 Ensino, 1, 10, 28 Programa Fé em Deus, A4, Existência premortal, 25 A8, A11 Expiação, 34 Roupas, 16, A13 Família, 10, A14 Sacerdócio, 16, 28, 34 Fé, 2, 20, 34 Sacramento, 44 Jesus Cristo, 25, 34 Santificação, 20 Jovens, 10, 28 Segurança, 2 Liderança, 10, 48 Smith, Joseph, A2, A6 Livre-Arbítrio, 26 Templos, A4, A14, A16 Livro de Mórmon, 8, Testemunho, 8, 28 46, A6 Vencer os desafios, 32, 47 A LIAHONA JUNHO DE 2008 1 MARGEM © CORBIS seu testemunho e de como esse testemunho o ajudou a viver de acordo com os padrões do evangelho. Faça uma lista do que podemos fazer para fortalecer nosso testemunho. Como o testemunho nos ajuda a viver o evangelho? MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA Segurança nos Conselhos PRESIDENTE HENRY B. EYRING Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência OUVI-O, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH. O Salvador sempre amparou aqueles que aceitam Sua proteção. Ele disse mais de uma vez: “Quantas vezes quis ajuntar-vos como a galinha ajunta os seus pintos e não quisestes” (3 Néfi 10:5; ver também, por exemplo, Mateus 23:27; D&C 29:2). O Senhor exprimiu o mesmo pesar em nossa dispensação depois de enumerar as muitas maneiras pelas quais procura conduzirnos à segurança: “Quantas vezes vos chamei pela boca de meus servos e pelo ministério de anjos e por minha própria voz; e pela voz de trovões e pela voz de relâmpagos e pela voz da tempestade; e pela voz dos terremotos e grandes chuvas de pedra; e pela voz da fome e pestilências de toda espécie; e pelo grande som de uma trombeta e pela voz do julgamento e pela voz da misericórdia, todo o dia; e pela voz da glória e honra e das riquezas da vida eterna quis salvar-vos com salvação eterna, mas vós não o quisestes!” (D&C 43:25.) O Salvador demonstra ter o eterno desejo de proteger-nos. Ele nos mostra o caminho com constância, embora use diferentes meios para alcançar os que estão dispostos a atender a Sua voz. Entre esses recursos, invariavelmente está o de enviar a mensagem por meio de Seus profetas, sempre que o povo estiver qualificado para ter profetas de Deus em seu meio. Esses servos autorizados têm o compromisso de admoestar o povo, mostrando-lhe o caminho seguro a seguir. O Alerta de um Profeta No outono de 1838, quando ocorreram muitas contendas no norte do Missouri, o Profeta Joseph Smith chamou todos os santos dos últimos dias para que se reunissem em Far West, pois lá estariam protegidos. Muitos deles viviam isolados em fazendas ou em comunidades dispersas. O Profeta deu esse conselho especificamente a Jacob Haun, fundador de uma pequena comunidade chamada “Haun’s Mill” (Moinho de Haun). Um relato daquela época diz o seguinte: “O irmão Joseph mandara um comunicado por meio de Jacob Haun, dono do moinho, instruindo os irmãos que lá viviam a saírem daquele lugar e irem para Far West, mas o senhor Haun não transmitiu a mensagem”.1 Mais tarde, o Profeta Joseph registrou em sua biografia: “Até hoje, Deus concedeu-me sabedoria para salvar as pessoas que aceitaram meus conselhos. Nenhum dos que acataram meus conselhos foi morto”.2 O Profeta, então, registrou a triste verdade de que vidas inocentes poderiam ter sido salvas em Haun’s Mill se tivessem recebido e seguido seu conselho. O Salvador demonstra ter o eterno desejo de protegernos. Ele nos mostra o caminho com constância, embora use diferentes meios para alcançar os que estão dispostos a atender a Sua voz. A LIAHONA JUNHO DE 2008 3 Em nossa própria época temos sido aconselhados a como encontrar proteção contra o pecado e a tristeza. Uma das principais maneiras de reconhecer esses conselhos é que eles se repetem. Por exemplo, em mais de uma conferência geral, vocês já ouviram nosso profeta dizer que citaria um profeta anterior e que seria, portanto, a segunda testemunha e talvez a terceira. Nós que tínhamos idade suficiente na época do Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985), o ouvimos aconselhar os santos sobre a importância da mãe no lar, depois ouvimos o Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) citá-lo e também ouvimos o Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) citar o que ambos disseram.3 O Apóstolo Paulo escreveu: “Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra” (II Coríntios 13:1). Uma das maneiras de sabermos que o conselho vem do Senhor é observar se foi evocada a lei das testemunhas, testemunhas autorizadas. Quando as palavras dos profetas parecerem repetitivas, devemos ficar atentos e com o coração repleto de gratidão por vivermos em uma época tão abençoada. Para quem tem uma fé vigorosa, faz todo o sentido seguir os conselhos dos profetas para encontrar o caminho que leva à segurança. Ao ouvirem um profeta falar, aqueles que não têm muita fé talvez pensem que se trata apenas de um homem sábio dando um bom conselho. Se o conselho for agradável, razoável e adequar-se ao que querem fazer, obedecem-no. Do contrário, consideram-no falho ou usam as circunstâncias em que se encontram como justificativa para não seguirem o conselho. Os que não têm fé talvez suponham que os homens que dão esses conselhos buscam exercer influência por alguma razão egoísta. Talvez zombem deles e os desprezem, como fez um homem chamado Corior, dizendo estas palavras que estão registradas no Livro de Mórmon: “E assim induzis este povo a acreditar nas tolas tradições de vossos pais e segundo vossos próprios desejos, conservando-os submissos, como se estivessem no cativeiro, para assim vos saciardes com o trabalho de suas mãos, de modo que não se atrevem a levantar a vista destemidamente nem a usufruir seus direitos e privilégios” (Alma 30:27). Corior argumentava enganosamente, como fizeram muitos homens e mulheres desde o início dos tempos, que acatar os conselhos dos servos de Deus significa renunciar aos direitos de independência concedidos por Deus. Esse argumento, porém, é falso, porque distorce a realidade. Quando rejeitamos um conselho vindo do 4 Senhor, o que fazemos não é escolher permanecer independentes das influências externas; escolhemos outro tipo de influência. Rejeitamos a proteção de um Pai Celestial amoroso, onipotente, onisciente, cujo único propósito, assim como o de Seu Filho Amado, é conceder-nos a vida eterna, dar-nos tudo o que tem e levar-nos de volta ao lar celestial como família para vivermos amparados por Seu amor. Ao rejeitar Seu conselho, escolhemos a influência de outro poder, que é movido pelo ódio e cujo propósito é o de tornar-nos infelizes. O livre-arbítrio que temos é um dom de Deus. Essa liberdade é o direito inalienável de nos submetermos ao poder que escolhermos, e não de ficarmos totalmente isentos de influências. Permanecer em Lugar Seguro Outra idéia errônea é acreditar que a decisão de aceitar ou não o conselho dos profetas nada mais é que decidir se aceitamos um bom conselho e recebemos seus benefícios ou se permanecemos na situação atual. Entretanto, a decisão de não atender aos conselhos dos profetas muda completamente a nossa situação: Passamos a correr mais perigo. Se não dermos ouvidos ao conselho do profeta hoje, nossa capacidade de acatar os conselhos inspirados no futuro será reduzida. O melhor momento para decidir ajudar Noé na construção da arca foi da primeira vez que ele pediu ajuda. Depois disso, cada vez que ele voltava a pedir e não era atendido, menor se tornava a sensibilidade das pessoas para ouvir o Espírito. E assim, o conselho de Noé parecia-lhes cada vez mais tolo, até que veio a chuva. Aí, já era tarde demais. Todas as vezes que decidi adiar a obediência a um conselho inspirado ou considerei-me uma exceção, acabei descobrindo que me colocara em terreno perigoso. Sempre que dei ouvidos aos conselhos dos profetas, senti a confirmação ao orar e, ao segui-los, percebi que havia caminhado em direção à segurança. Ao longo do percurso, percebi que o caminho fora preparado para mim e que os trechos acidentados haviam sido aplainados. Deus guiou-me em segurança por um caminho que já havia sido preparado carinhosamente, às vezes com grande antecedência. O relato do início do Livro de Mórmon refere-se a um profeta de Deus, Leí. Ele também era um chefe de família. Foi instruído por Deus a conduzir seus entes queridos para um lugar seguro. A experiência de Leí é um exemplo do que ocorre quando Deus dá conselhos por meio de Seus servos. Da família de Leí, apenas os que tinham fé e que receberam confirmação pessoal perceberam o perigo O POVO RIDICULARIZA A PREGAÇÃO DE NOÉ, DE HARRY ANDERSON, © IRI e também o caminho seguro a seguir. Para os que não tinham fé, a mudança para o deserto parecia não apenas tola, mas também perigosa. Assim como todos os profetas, Leí tentou, até a morte, mostrar a sua família onde ela ficaria em segurança. Ele sabia que o Salvador considera responsáveis aqueles a quem delega as chaves do sacerdócio. Junto com essas chaves, é concedido o poder para dar conselhos que nos mostrarão o caminho seguro. Aqueles que possuem as chaves têm a responsabilidade de advertir outros, mesmo que seus conselhos não sejam seguidos. As chaves são delegadas por meio de uma linha de autoridade que passa do profeta para outros líderes, responsáveis por grupos progressivamente menores de membros, até chegar às famílias e aos membros individualmente. Essa é uma das formas pelas quais o Senhor torna a estaca um lugar seguro. Por exemplo, tive a oportunidade de comparecer a uma reunião de pais marcada pelo nosso bispo para alertar-nos sobre os perigos espirituais enfrentados pelos nossos filhos. Ouvi mais do que a voz de um sábio amigo. Ouvi a voz de um servo de Jesus Cristo, portador de chaves do sacerdócio, que cumpria sua responsabilidade de aconselhar e que passava para nós, os pais, a tarefa de agir. Quando honramos as chaves da linha de autoridade do sacerdócio, procurando ouvir e dar atenção aos conselhos recebidos, atamo-nos a uma corda salva-vidas que não nos deixará em apuros nas tempestades. Nosso Pai Celestial nos ama. Ele enviou Seu Filho Unigênito para ser nosso Salvador. Sabia que enfrentaríamos sérios perigos na mortalidade, principalmente por causa das tentações de um inimigo terrível. Esse é um dos motivos pelos quais o Salvador concedeu aos homens as chaves do sacerdócio, de modo que aqueles que tiverem ouvidos para ouvir e fé para obedecer sejam conduzidos a lugares seguros. O melhor momento para decidir ajudar Noé na construção da arca foi da primeira vez que ele pediu ajuda. Depois disso, cada vez que ele voltava a pedir e não era atendido, menor se tornava a sensibilidade das pessoas para ouvir o Espírito. Ter Ouvidos para Ouvir Ter ouvidos para ouvir requer humildade. Lembrem-se da advertência do Senhor a Thomas B. Marsh, que era, na ocasião o Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos. O Senhor sabia que o Presidente Marsh e seus irmãos do Quórum dos Doze seriam provados. Ele fez uma admoestação referente à importância de darmos ouvidos aos A LIAHONA JUNHO DE 2008 5 LEÍ PREGA EM JERUSALÉM, DE DEL PARSON, © IRI A experiência de Leí é um exemplo do que ocorre quando Deus dá conselhos por meio de Seus servos. Da família de Leí, apenas os que tinham fé e que receberam confirmação pessoal perceberam o perigo e também o caminho seguro a seguir. 6 conselhos, dizendo: “Sê humilde; e o Senhor teu Deus te conduzirá pela mão e dará resposta a tuas orações” (D&C 112:10). O Senhor acrescentou uma advertência que se aplica a qualquer pessoa que segue um profeta vivo: “Não vos exalteis; não vos rebeleis contra meu servo Joseph; pois em verdade vos digo que estou com ele e minha mão estará sobre ele; e as chaves que lhe dei, como também a vós, não serão tiradas dele até que eu venha” (D&C 112:15). Deus dá-nos conselhos não apenas para nossa própria segurança, mas para a segurança de outros de Seus filhos, a quem devemos amar. Há poucos consolos tão doces quanto saber que fomos instrumentos nas mãos de Deus para conduzir outras pessoas à segurança. Essa bênção geralmente exige que tenhamos fé para seguir os conselhos quando nos é difícil fazê-lo. Um exemplo desses na história da Igreja é o que aconteceu com Reddick Newton Allred. Ele fazia parte do grupo enviado por Brigham Young (1801–1877) para resgatar as companhias Martin e Willie de carrinhos de mão. À margem do rio Sweetwater, perto de South Pass, o Capitão George Grant pediu a Reddick Allred que permanecesse ali com alguns homens e carroções prontos para auxiliar os pioneiros de carrinhos de mão quando esses chegassem com o grupo de resgate. O grupo de resgate encontrou a companhia Willie presa na neve, sofrendo com frio e fome, e vários mortos. Parte do grupo de resgate continuou a procurar a companhia Martin, enquanto outros ajudavam a companhia Willie a vencer a exaustiva subida da serrania de Rocky Ridge. Logo que esse grupo assentou acampamento, Reddick Allred e seus homens chegaram com ajuda e suprimentos essenciais. Depois de cumprir essa tarefa, Allred esperou pelo retorno do Capitão Grant com a companhia Martin. Passaram-se semanas sem qualquer sinal deles. A nevasca uivava e o clima tornava-se cada vez mais ameaçador e dois dos homens decidiram que seria tolice permanecerem ali. Supuseram que a companhia Martin devia ter-se abrigado em algum lugar para passar o inverno ou que já havia perecido. Decidiram retornar ao Vale do Lago Salgado e tentaram persuadir os outros a fazerem o mesmo. Allred recusouse a sair de onde estava. Tinham sido enviados até ali por Brigham Young, e seu líder do sacerdócio havia-lhe pedido que esperasse naquele lugar. Os que decidiram voltar levaram vários carroções cheios de suprimentos necessários e puseram-se a caminho do Vale. O mais trágico é que fizeram voltar também 77 carroções que vinham do vale com mais ajuda. Alguns desses carroções percorreram grande parte do caminho de volta e já haviam chegado a Big Mountain quando os mensageiros enviados pelo Presidente Young os encontraram e mandaram que fizessem meia-volta e retornassem. Finalmente, três semanas após o resgate da companhia Willie, o Capitão Grant chegou com a companhia Martin. Os pioneiros dessa companhia estavam ainda mais carentes e dezenas deles haviam morrido. A equipe de resgate do Capitão Grant era pequena e tinha poucas provisões — e faltavam ainda 320 quilômetros para chegarem ao Vale do Lago Salgado. Mais uma vez, devido à fidelidade as suas responsabilidades, mesmo nas mais difíceis circunstâncias, Reddick Allred estava em condições de prestar ajuda e fornecer os suprimentos necessários para salvar a vida daqueles pioneiros.4 Estender a Mão a Outros Ouviremos e leremos conselhos inspirados dos profetas de Deus dizendo-nos para estender a mão aos membros novos da Igreja. Os que tiverem a mesma fé que possuía Reddick Newton Allred continuarão a oferecer sua amizade mesmo quando isso não parecer necessário ou aparentemente não surtir efeito; esses persistirão. Quando algum membro novo chegar ao ponto de exaustão espiritual, os membros de fé estarão por perto para oferecer palavras amáveis e amizade. Sentirão assim o mesmo reconhecimento divino que o irmão Allred sentiu ao ver os pioneiros chegando com tanta dificuldade sabendo que poderia oferecer-lhe segurança por ter seguido um conselho, mesmo em situação adversa. O relato não nos informa, mas estou certo de que o irmão Allred orou enquanto esperava. Creio firmemente que suas orações foram respondidas. Com isso ele soube que o conselho de permanecer firme naquele lugar viera de Deus. Precisamos orar para ter igual certeza. Prometolhes que suas fervorosas orações terão resposta. Algumas vezes recebemos conselhos que não compreendemos ou que parecem não se aplicar a nós, mesmo depois de meditarmos e orarmos fervorosamente. Não os rejeitem, mas mantenham esses conselhos na mente e no coração. Se alguém de confiança lhes entregasse um pacote que parecesse conter apenas areia e lhes fizesse a promessa de que havia ouro misturado, vocês sabiamente ficariam algum tempo com o pacote na mão e o balançariam delicadamente. Todas as vezes que fiz isso em relação ao conselho de um profeta, depois de algum tempo, os grãos de ouro começaram a aparecer e eu me senti grato. Somos abençoados por vivermos em uma época em que as chaves do sacerdócio estão sobre a Terra. Somos abençoados por sabermos onde procurar e como ouvir a voz que cumprirá a promessa do Senhor de nos reunir em um lugar seguro. Oro para que nosso coração seja humilde, para que ouçamos, oremos e esperemos a resposta do Senhor, que certamente virá, de acordo com a nossa fé. ■ NOTAS 1. Philo Dibble, “Early Scenes in Church History,” Four Faith Promoting Classics (1968), p. 90. 2. History of the Church, vol. 5, p. 137. 3. Ver, por exemplo, The Teachings of Spencer W. Kimball (1982), p. 327; “Aos Pais em Israel“, A Liahona, janeiro de 1988, p. 46; ”Mulheres da Igreja“, A Liahona, janeiro de 1997, p. 72. 4. Ver Rebecca Bartholomew e Leonard J. Arrington, Rescue of the 1856 Handcart Companies (1992), pp. 29, 33–34. I D É I A S PA R A O S M E S T R E S FAMILIARES Depois de se preparar em espírito de oração, dê esta mensagem, utilizando um método que incentive a participação daqueles a quem você ensina. Seguem-se alguns exemplos: 1. Leia o relato de como Reddick Allred foi firme e fiel. Pergunte aos membros da família o que teriam feito naquelas circunstâncias. Pergunte: De que maneira nos mantemos em segurança por seguir o profeta? Como a nossa própria obediência pode influenciar a segurança dos que estão a nosso redor? 2. Pergunte aos membros da família como podem reagir ao enfrentar uma questão a respeito da qual os profetas tenham dado algum conselho, como, por exemplo, a de vestir-nos com recato e de evitar os programas e materiais questionáveis nos meios de comunicação. O livreto Para o Vigor da Juventude (item n° 36550 059) traz conselhos em relação a muitas questões atuais. 3. Leiam juntos o segundo parágrafo sob o título “O Alerta de um Profeta”. Peça aos membros da família que relembrem alguns discursos da última conferência geral. Convide-os a falar dos princípios do evangelho que se lembram terem sido mencionados por mais de um orador. Preste testemunho de que somos abençoados por viver em uma época na qual o Senhor envia várias testemunhas de Sua palavra. A LIAHONA JUNHO DE 2008 7 Os Frutos do Livro de Mórmon É L D E R R I C H A R D G. H I N C K L E Y Dos Setenta Q Ponderar e aplicar as doutrinas de Cristo ensinadas no Livro de Mórmon produziu em mim uma “vigorosa mudança”. 8 uando leio o Livro de Mórmon, algo inevitavelmente acontece comigo. Meus fardos me parecem mais leves. A fé e a esperança substituem minhas preocupações, angústias e dúvidas. A vida fica mais radiante. Quando eu era um jovem missionário na Alemanha, depois de apenas um ou dois meses no campo, tive duas experiências parecidas que exerceram um profundo impacto sobre o meu testemunho do Livro de Mórmon. Certa manhã, ao fazermos contatos, eu e o meu companheiro batemos à porta do ministro de uma importante igreja. Ele nos convidou para entrar, sentou-se conosco à mesa e sem mais demora começou a atacar o Livro de Mórmon de modo extremamente exaltado e contundente. Entendi quase tudo o que ele disse, e o espírito de contenda que suas palavras deixavam transparecer era inegável, mas por não ser fluente em alemão, tive dificuldade para responder. O meu companheiro sênior, um missionário capaz e notável, simplesmente prestou um testemunho incisivo do livro, e pedimos licença e fomos embora. O meu coração batia acelerado. Acho que até estava trêmulo. Fiquei perturbado. Uma ou duas semanas depois, conhecemos um homem ao fazermos contatos de rua e ele aceitou nos receber. Marcamos a hora e a data e ele nos deu seu endereço em Bückeburg, pitoresco povoado a vários quilômetros da cidade que nos fora designada, Minden, mas que ainda estava situado nos limites da nossa área. Estávamos no inverno, e na manhã do domingo combinado, pegamos as bicicletas e pedalamos até Bückeburg, enfrentando um forte e gélido vento contrário. Com frio e ofegantes, tocamos o interfone do prédio do nosso pesquisador, e ele abriu a porta. Subimos as escadas até o apartamento e ele nos convidou para entrar. De imediato, reconhecemos o espírito de contenda que havia no local: o mesmo que sentíramos algumas semanas antes na casa do ministro. Nosso anfitrião não nos convidou para sentar. Em vez disso, retirou-se por alguns instantes. Voltou com várias edições da Bíblia nas mãos, pôs tudo na mesa e lançou em voz alta e com tom desafiador: “Então querem falar [de religião], não é mesmo?” Em seguida, apontando para a janela, gritou: “Muito bem, mas primeiro joguem o seu Livro de Mórmon no [Rio] Weser!” Algumas semanas tinham-se passado desde a nossa experiência com o ministro, e eu já conseguia dizer algumas frases em alemão. Tentei fazê-lo. Mais uma vez, o meu companheiro sênior simplesmente prestou um testemunho firme e sereno do Livro de L À DIREITA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER i, orei, refleti e ponderei. O Senhor acabou por coroar os meus esforços, e eu recebi um testemunho que permanece comigo até hoje e que só fortaleceu com o passar dos anos. Mórmon e agradeceu educadamente a atenção de nosso anfitrião e, então, pedimos licença e voltamos de bicicleta para Minden, mas dessa vez com o vento soprando a nosso favor. Eu tinha um testemunho da veracidade do Livro de Mórmon — ou pelo menos na época achava que sim. Contudo, tive o pesar de constatar após essas duas experiências ocorridas num curto intervalo de tempo que o meu testemunho não era sólido nem profundo. Fiquei inseguro em relação a mim mesmo e a minha capacidade de testificar do Livro de Mórmon de modo veemente e persuasivo. Dei-me conta de que, a fim de ter êxito na missão, precisaria garantir o vigor e sinceridade do meu testemunho do Livro de Mórmon. Comecei a me empenhar para isso; li, orei, refleti e ponderei. O Senhor acabou por coroar os meus esforços, e eu recebi um testemunho que permanece comigo até hoje e que só fortaleceu com o passar dos anos. Essas duas experiências ficaram gravadas na minha mente. Sou grato por aquele companheiro sensato e sóbrio e, de certa forma, também por aquele ministro irrefletido e por aquele fanático que, de modo figurado, me sacudiram e me impeliram a agir. Até hoje, muito mais de 40 anos depois, recordo o nome deles e os detalhes de nosso encontro. Quando penso neles, uma passagem grandiosa de 3 Néfi me vem à mente: “E segundo o que vos ordenei, assim batizareis; e não haverá disputas entre vós, como até agora tem havido; nem haverá disputas entre vós sobre os pontos de minha doutrina, como até agora tem havido. Pois em verdade, em verdade vos digo que aquele que tem o espírito de discórdia não é meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia e leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros. Eis que esta não é minha doutrina, levar a cólera ao coração dos homens, uns contra os outros; esta, porém, é minha doutrina: que estas coisas devem cessar” (3 Néfi 11:28–30). Penso também nas palavras inspiradas de Paulo aos gálatas: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gálatas 5:22). Esses são os frutos com os quais me deleito ao ler o Livro de Mórmon. Ao ler suas páginas, refletir sobre as doutrinas sublimes de Cristo que elas encerram e tentar aplicá-las na minha vida, produz-se na minha mente e alma uma “vigorosa mudança” (Mosias 5:2; Alma 5:14), algo que suscita em mim a resolução de progredir, ser mais bondoso, menos crítico, mais generoso e de partilhar com as pessoas as bênçãos maravilhosas que o Senhor me concedeu. Tais são os frutos do Espírito de Deus. Tais são os frutos do Livro de Mórmon. ■ Cuidar do Rebanho ENSINAR TÉCNICAS DE LIDERANÇA AOS JOVENS P De uma entrevista com o Presidente Dieter F. Uchtdorf, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, e com o Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos. 10 reparar a nova geração para formar uma família forte, liderar a Igreja e voltar à presença do Pai Celestial é uma responsabilidade importante — é responsabilidade dos líderes, professores e, acima de tudo, dos pais. “A responsabilidade de formar os líderes da Igreja recai sobre cada pai e mãe”, explica o Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos. “À medida que os jovens crescem e amadurecem no decorrer da adolescência e vão chegando à fase adulta, a Igreja passa a desempenhar um papel importante nesse processo de dar aos jovens a oportunidade de liderar, mas tudo começa em casa.” Aqui, o Élder Ballard e o Presidente Dieter F. Uchtdorf, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, também discorrem sobre dez princípios relacionados ao ensino de técnicas de liderança aos jovens, com base nas suas próprias observações e experiências. 1. Começar em Casa O ensino da liderança no lar pode ocorrer até na mais simples das circunstâncias, como quando o pai ou a mãe estiver preparando uma refeição ou consertando algo na casa, diz o Élder Ballard. “A meu ver, não há o que substitua o pai e a mãe mostrarem ao filho o que estão fazendo e como estão fazendo, mesmo que ele ainda seja bem pequeno. O simples fato de a criança estar por perto ajudando o pai ou a mãe faz com que ela aprenda muito mais da vida e de como agir; isso também a ajuda a sentir-se parte do processo decisório da família. Há situações em que os jovens não têm em casa o pai nem a mãe. Compreendemos isso, mas alguém os está criando, e essa pessoa deve ser a primeira a ensiná-los como proceder e liderar.” Os jovens podem aprender o evangelho no lar mesmo que os pais não sejam membros da Igreja, afirma o Presidente Uchtdorf. Os líderes da ala ou ramo podem convidar os pais — a despeito de serem ou não santos À DIREITA: ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE JUAN PABLO ARAGÓN; BACKGROUND © ARTBEATS Para alguns jovens, a idade adulta parece um futuro longínquo. Em breve, porém, essa nova geração terá a liderança do lar e da Igreja. O que podemos ensinar a esses jovens agora? T er a oportunidade de ensinar, mesmo em pequenos grupos, é essencial para os jovens. O ensino, ressalta o Presidente Uchtdorf, é a essência da liderança. dos últimos dias — a se envolverem nas atividades dos filhos na Igreja. Alguns dos melhores métodos são ferramentas já existentes. “Os líderes podem tirar proveito dos recursos já oferecidos pela Igreja, como o folheto Para o Vigor da Juventude e os programas Dever para com Deus e Progresso Pessoal. O Guia para Pais e Líderes dos Jovens explica como podemos ajudar nossos jovens a terem sucesso nesses programas e a desenvolverem habilidades de liderança”, lembra o Presidente Uchtdorf. “Levem essas ferramentas para o lar dos jovens. Instem os pais a ajudarem os filhos a cumprirem as metas e fazerem as tarefas e as outras coisas boas que lhes forem oferecidas. Isso exigirá um esforço especial da parte dos líderes, mas ajudará esses pais a identificarem o potencial de liderança na família e também mostrará a eles quem somos e o que é importante para nós. Eles verão que a Igreja une a família e apresenta valores maravilhosos — princípios que nos tornam mais semelhantes a Cristo. Esses pais perceberão que ‘falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo (...) para que nossos filhos saibam em que fonte procurar a remissão de seus pecados’ (2 Néfi 25:26). Se utilizarmos os recursos de que já dispomos, poderemos ajudar todos os nossos jovens a tornarem-se líderes.” 2. Ensinar num Ambiente de Conselho O Élder Ballard observa que não é incomum ver líderes adultos assumirem responsabilidades que na verdade cabem aos jovens. “A liderança entre os jovens cresce quando os líderes deliberam criteriosamente com sua organização”, garante ele. “Suponhamos, por exemplo, que um quórum de diáconos tenha cinco rapazes ativos e três que não são ativos. Quem é o responsável por reativar os três inativos? Há líderes demais que diriam que são os responsáveis.” 12 Na verdade, o líder deve levar o assunto a um conselho formado pelos membros da presidência do quórum e perguntar: “O que faremos, como faremos e quem será responsável pelo quê?”, esclarece o Élder Ballard. “Se virem um bispo ou outro líder que cuida de tudo, que não envolve os demais e não organiza conselhos para aproveitar todos os recursos disponíveis, os jovens acharão que esse é o papel do líder. É trágico ver um bispo que pensa: ‘Esta é a minha ala e ela vai funcionar do meu jeito’, sem perceber que a ala é do Senhor. Devemos procurar saber o que Ele deseja que façamos e como Ele deseja que combinemos os recursos de que dispomos para fazer as coisas acontecerem.” 3. Proporcionar Oportunidades de Ensino no Lar e na Igreja Ter oportunidades de ensinar — mesmo as simples como prestar testemunho, dar um pensamento sobre uma escritura ou expor princípios do evangelho em discussões em pequenos grupos — é algo essencial para os jovens, ressalta o Presidente Uchtdorf, e acrescenta que ensinar é a essência da liderança. “Muitas vezes, nossos jovens são os únicos membros da Igreja na escola, assim precisam adquirir consciência de seu grande valor e de que conhecem sua religião. Têm de compreender que, a despeito do que façam, estão sempre ensinando. Se dermos aos nossos jovens diversas oportunidades de ensinar, incentivando-os a não se envergonharem do evangelho, vamos ajudá-los muito.” A organização da Igreja proporciona oportunidades não só para o crescimento espiritual, mas também para o desenvolvimento em outras áreas. O Presidente Uchtdorf diz o seguinte sobre a sua carreira na aviação: “Tudo o que contribuiu para as minhas conquistas profissionais, aprendi por meio da Igreja”. E conta que agora vê o mesmo acontecer em seu círculo familiar. “Meus netos são conhecidos como membros da Igreja e também como os melhores oradores da classe. Por quê? Porque aprenderam essa habilidade em casa e na Igreja. Eles nem percebem que estão aprendendo — acontece naturalmente.” ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: LAURENT LUCUIX 4. Ajudá-los a Vencer o Medo Quando o Élder Ballard estava com pouco menos de 30 anos, foi chamado para bispo. “Fiquei muito ansioso”, lembra. “Nunca servira como bispo antes. Cada um dos meus dois conselheiros tinha idade para ser meu pai. Pensei em todos os bispos que já tivera e tentei identificar em seu exemplo as coisas que admirava e julgava proveitosas. Porém, é fazer, é desempenhar a responsabilidade, seja ela qual for, o que, em última instância, nos ajuda a sobrepujar o medo.” O receio é algo inerente a qualquer nova responsabilidade, acrescenta o Élder Ballard. “Um rapaz de 12 anos chamado para presidente do quórum de diáconos sentirá certa apreensão. Pode ser que se pergunte: ‘Como se dirige uma reunião?’ Mas isso lhe é mostrado. Talvez ele hesite e tenha dificuldades, contudo, após dirigir algumas reuniões, ele verá que é capaz. Esse é um enorme passo à frente. Quando aprendemos a fazer algo, de repente, passamos liderar sem temor.” A autoconfiança também nasce da compreensão de quem somos, afirma o Presidente Uchtdorf. “Tomemos o exemplo de Moisés em Pérola de Grande Valor. Ele aprende que foi criado à semelhança de Deus e que Deus lhe confiou um trabalho. Quando se está a serviço do Senhor, é diferente. É por isso que nossos jovens precisam saber quem são e que o Senhor estará ao lado deles. Quando eu era adolescente, um missionário estava nos dando aula em nosso pequeno ramo. Algo que disse me marcou profundamente: ‘Se Deus estiver conosco, quem será contra nós?’ É essa autoconfiança que nos dá forças para agir mesmo que tenhamos medo ou que não nos sintamos à altura.” 5. Permitir que Aprendam Seus Deveres Alguns líderes têm a tendência de dirigir, providenciar a música ou orar num serão para os jovens e outras reuniões, mas na verdade deveriam ser “eminências pardas”, supervisionando nos bastidores os jovens que cumprem essas funções, esclarece o Presidente Uchtdorf. “Isso pode ser difícil para os pais e líderes, pois sabem que podem fazer essas coisas mais rápido ou melhor. É preciso paciência para deixar os jovens assumirem essas responsabilidades. Isso significa às vezes deixá-los tropeçar. As escrituras ensinam: ‘Para que meu povo seja ensinado mais perfeitamente e tenha experiência e conheça mais perfeitamente os seus deveres e as coisas que exijo de suas mãos’ (D&C 105:10; grifo do autor). Devemos dar o exemplo e permitir que eles aprendam. Vejamos o Salvador: Ele deixa que nós realizemos a Sua obra aqui em nossos diferentes chamados. Ele é paciente conosco. É isso que precisamos fazer com os nossos jovens.” O Élder Ballard dá como exemplo uma experiência que viveu com um neto ex-missionário que queria pendurar objetos nas paredes de seu apartamento. O Élder Ballard foi até lá para mostrar-lhe como perfurar a parede e pôr os suportes. “Fiz uma vez e depois lhe perguntei onde queria o furo seguinte. Ele me mostrou e eu disse: ‘Tudo bem, você coloca. Você me viu fazer, agora é a sua vez. Aqui está a furadeira’. E assim ele fez. E cuidou de todo o resto também. O ritmo foi lento, pois ele estava tenso. Eu teria feito tudo na metade do tempo, mas assim ele aprendeu. Isso aumentou sua confiança. Se ele quiser colocar mais alguma coisa na parede, virá apenas pegar a furadeira emprestada... e espero que a devolva!” 6. Dar uma Visão Global É importante explicar aos jovens que um dos motivos para pedirmos que obedeçam e sirvam é que liderarão a família e a Igreja no futuro. Mas a obediência e o serviço farão mais do que os preparar para responsabilidades futuras na família e na Igreja: também ajudarão cada um a cumprir sua própria missão na vida. Ter uma visão global é uma bênção não só para os jovens, mas também para os líderes, esclarece o Presidente Uchtdorf. “Acho que temos a tendência de dar demasiada atenção aos detalhes. Se nossos líderes adultos incutirem uma perspectiva abrangente de nosso propósito e potencial no coração e mente dos jovens, será fácil administrar os pormenores. Compreender os jovens e comunicar-se com eles com clareza e cordialidade também é crucial, acrescenta ele. “Quando eu tinha 13 anos de idade, fui chamado para presidente do quórum de diáconos. Nosso presidente de ramo teve o cuidado de, em vez de só falar comigo no corredor, encontrar uma sala para conversar e dizer-me o que eu precisava fazer. Foi excelente como ele me ensinou as coisas que tanto ele como o Senhor esperavam de mim. Sabem quantos diáconos tínhamos em nossa classe? Dois. Mas ainda assim ele se dava o trabalho de se preparar e de me preparar. Isso foi há 50 anos, e ainda me lembro de como isso me comoveu. Ele queria que eu me saísse bem. Dedicou-me tempo e atenção. Suas instruções eram dadas com bondade, mas também eram diretas, e ele fazia o acompanhamento.” 7. Responsabilidade e Prestação de Contas O Senhor não precisa de admiradores, mas de seguidores, afirma o Presidente Uchtdorf. “Aprendemos a ser líderes aprendendo primeiro a ser seguidores. As escrituras nos instam a ‘agir’, não a ‘receber a ação’ (ver 2 Néfi 2:26). O passo seguinte é o acompanhamento. É isso que aprendemos no templo — o princípio de voltar e prestar conta do que fizemos. Contudo, alguns de nossos líderes têm certo receio de orientar, dizer amavelmente, mas com toda a clareza o que esperam do jovem e, depois, fazer o acompanhamento. Nem tudo sairá perfeito, mas incentivem os jovens quando se empenharem — eles se lembrarão disso. Talvez não recordem as palavras exatas, mas não esquecerão o que sentiram.” ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: CHRISTINA SMITH 8. Saber que Têm Direito a Inspiração Quando o Élder Ballard era um jovem bispo, um menino indisciplinado de nove anos estava dando muito trabalho a sua professora da Primária. Depois de várias semanas de problemas, ela levou o menino até o bispado e anunciou: “Bispo, eis uma das ovelhas do seu rebanho. Apascente-a”. O Bispo Ballard não sabia bem o que fazer, mas naquele momento teve a impressão de que devia pedir ao menino que apresentasse um relato semanal de seu comportamento na Primária. O Bispo Ballard lançou o desafio, e isso mudou a atitude do menino. O garoto percebeu que poderia agir de outra forma. “Eu não tinha pensado nessa idéia de prestação de contas antes da chegada do menino a minha porta”, conta o Élder Ballard. “Mas o Senhor, pelo poder do Espírito, inspira os professores ou líderes dignos e justos quanto a como proceder e ao que dizer a fim de fazer aflorar o melhor em cada pessoa, principalmente nos jovens.” Aliás, aquele menino de nove anos teve um futuro brilhante, conta o Élder Ballard. Serviu como missionário, casou-se no templo e tornou-se um grande líder. A preparação espiritual necessária para receber inspiração exige empenho, diz o Presidente Uchtdorf, mas é essencial. Ele aprendeu algo semelhante durante sua carreira na aviação. Pilotar aviões 747 era divertido, conta ele, mas a preparação para fazê-los decolar dava muito trabalho. “Para um professor ou líder, o trabalho a ser feito previamente consiste em orar e inteirar-se das necessidades do rapaz ou da moça. Os líderes também devem tomar cuidado para que o programa dos jovens não seja apenas diversão, mas algo maravilhoso e cheio de vida que os ajude a progredir na mocidade e a atingir seu potencial.” 9. Mais uma Vez, a Família Acima de tudo, os líderes — principalmente os bispados — precisam cumprir sua responsabilidade de manter os pais informados do que se passa com os jovens da ala. Os bispos e presidentes de ramo não devem trair a confiança de ninguém nem divulgar confidências e assuntos pessoais, mas podem abordar coletivamente os problemas gerais. “Se eu fosse bispo hoje”, diz o Élder Ballard, “creio que não pensaria duas vezes antes de ir à aula conjunta do sacerdócio e Sociedade de Socorro no quinto domingo do mês para falar aos pais sobre algumas questões preocupantes com relação aos jovens. Diria: ‘As coisas que fiquei sabendo sobre os seus jovens por meio de entrevistas feitas ao longo dos anos ficam só entre mim e eles, e eles sabem disso. Não vou trair a confiança deles. Mas, de modo geral, temos um problema. Vocês pais precisam tomar conhecimento e lidar com tal e tal coisa...’. Alguns pais talvez preferissem não ouvir os verdadeiros problemas, mas precisam estar a par da situação”. E mbora o receio seja inerente a qualquer nova responsabilidade, afirma o Élder Ballard, quando a cumprimos fica mais fácil superar esse sentimento e passamos a ter confiança para prosseguir. 10. Visualizar o Potencial Eterno dos Jovens “Nos últimos anos, elevamos os padrões”, diz o Élder Ballard. “Mas não apenas para os jovens. Isso se aplica também aos pais, que são os principais responsáveis por ensinar princípios corretos aos filhos. Aplica-se também aos líderes, e, igualmente, aos professores. Todos nós temos que galgar um degrau a mais neste mundo que caminha a passos largos rumo ao caos.” “Vemos que eles amam o Senhor”, prossegue. “Lembrem-se de que Ele os ama. Dentro do pequeno corpo do rapaz ou da moça sob sua responsabilidade, há um espírito eterno. Esses jovens pertencem ao Pai Celestial, e Ele tem grande interesse pela vida de todos os Seus filhos. Devemos manter acesa neles a chama desse testemunho.” ■ A LIAHONA JUNHO DE 2008 15 Chaves para Este rapaz italiano sabe que exercer o sacerdócio ajuda a construir uma ponte para a felicidade. receber as bênçãos do templo. Para preparar-se para isso, ele cumpre os seus deveres do Sacerdócio Aarônico e vive de modo a estar à altura dessa responsabiliade sagrada. K I M B E R LY R E I D A Liahona E m Florença, na Itália, havia uma antiga tradição: os casais prendiam cadeados na Ponte Vecchio e jogavam as chaves no rio Arno, o que simbolizava que o seu amor estaria “cativo” para toda a eternidade. Criatividade Pura 16 Fogo Purificador Em 1497, um monge florentino convenceu os habitantes da cidade a queimarem quaisquer pertences que pudessem ser considerados mundanos ou indecorosos, como espelhos, roupas caras e obras de arte. Em 2008, a FOTOGRAFIAS: KIMBERLY REID Hoje em dia, é proibido pôr cadeados a fim de proteger a ponte histórica, que data da Idade Média. Contudo, Cristian Morelli, de 16 anos de idade, sabe que chaves reais existem desde muito antes da Ponte Vecchio — chaves eficazes do sacerdócio restauradas ao Profeta Joseph Smith em 1829, quando foram restaurados o Sacerdócio Aarônico e o Sacerdócio de Melquisedeque. Uma dessas chaves é o poder selador, e Cristian sabe que o amor de uma família pode de fato ser “selado” por toda a eternidade. Seus pais foram selados no templo por um portador dessa autoridade do sacerdócio, e um dia ele também pretende Florença é conhecida como o berço da Renascença, um período de florescimento na arte, literatura e pensamento científico. Assim como homens talentosos do Renascimento que o precederam, Cristian sabe que há muito de bom na música e nos livros. Toca contrabaixo há três anos e gosta de estudar Literatura Inglesa e Filosofia. Mas ele bem sabe que por vezes a “criatividade” se entrelaça com o pecado; e conhece alguns adolescentes que ouvem músicas impróprias ou cedem ao apelo da pornografia. Por lembrar-se do sacerdócio que possui, Cristian sabe que precisa ser diferente. o Futuro C ristian Morelli mora num povoado nos arredores de Florença, na Itália, cidade famosa por sua arte e arquitetura. Gosta de cultivar seus próprios talentos, como tocar contrabaixo. A LIAHONA JUNHO DE 2008 17 C ristian é grato pela visão espiritual que possui. Sabe que há um Deus, que Jesus é o Cristo e que as chaves do sacerdócio foram restauradas na Terra. Esse conhecimento molda sua maneira de viver. estratégia de Cristian é um pouco diferente: em vez de procurar purgar a sociedade a sua volta, ele busca o fogo do Espírito Santo para purificar sua própria vida. “Às vezes é difícil”, admite Cristian. Há apenas quatro alunos em sua classe do seminário, e eles não podem reunir-se diariamente por estarem espalhados numa área geográfica enorme. Muitas vezes ele se sente só, mas sabe que as provações podem ter um efeito santificador. Para buscar inspiração, mira-se no exemplo de outras pessoas que tenham enfrentado oposição. Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, passou por tribulações na terra natal de Cristian: foi preso em Roma e é provável que, ali, tenha morrido como mártir. Ainda hoje, com freqüência representa-se Pedro segurando grandes chaves que simbolizam a autoridade do sacerdócio. Assim como Pedro, Cristian quer ser um verdadeiro discípulo e permanecer comprometido com seus chamados do sacerdócio, custe o que custar. Outro dos heróis de Cristian é Néfi. “Néfi, tal qual Pedro, teve de enfrentar várias adversidades”, diz Cristian. “Esses reveses o ajudaram a forjar seu caráter.” A oração, o estudo das escrituras e o porto seguro que é o seu lar ajudaram a formar o caráter de Cristian e a torná-lo o que é: um santo dos últimos dias que assumiu o compromisso de honrar o sacerdócio, servir como missionário e um dia tornar-se um marido e pai justo. Imersão nas Diversões Essas metas distinguem Cristian de seus amigos. “Sinto o desejo de sair em missão desde a época da Primária”, conta. Infelizmente, seus amigos não se interessam por ouvir suas crenças nem nada de religião por “estarem totalmente imersos no estudo, nos esportes e nas diversões”. JESUS CURA O CEGO, DE CARL HEINRICH BLOCH, USADO COM PERMISSÃO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL EM HILLERØD, DINAMARCA, REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA DE JAMES E. FAUST: BUSATH PHOTOGRAPHY VIVER DE MODO DIFERENTE DAQUELE QUE VIVE O MUNDO Ele recorda experiências espirituais que teve ao distribuir o sacramento quando diácono e ao jejuar para um parente enfermo. Sente grande satisfação no ensino familiar ao “perceber a diferença entre antes e depois da visita”, quando as famílias visitadas por ele e seu pai “recebem consolo e demonstram gratidão pelas palavras proferidas”. Esses sentimentos e experiências são inconcebíveis para muitos dos amigos de Cristian. Às vezes ele se sente mal compreendido, mas a visão espiritual é uma bênção que ele não quer perder nunca. Assim como o cego curado pelo Salvador numa de suas histórias prediletas do Novo Testamento (ver João 9:1–11), Cristian enxerga nitidamente, ao passo que muitos de seus amigos ainda estão cegos para a alegria do evangelho. Partilhar a Visão Este é um dos motivos pelos quais ele anseia por servir como missionário: para ajudar as pessoas a verem realidades espirituais que ele já tem a bênção de compreender. Desde a infância, ele nutre uma forte amizade com os missionários e sente tristeza quando um deles é transferido. “Com o passar do tempo, posso esquecer o nome do missionário, mas nunca esqueço a experiência. Cada um deles deixou uma marca”, afirma. “Quero ser como os missionários que conheci até agora.” Cristian fica impressionado principalmente pela determinação que vê ao trabalhar voluntariamente com os missionários. Embora “muitas pessoas digam de modo “Como portadores do sacerdócio desta Igreja, parte do preço que precisamos pagar é viver de modo diferente daquele que o mundo vive. Somos portadores e guardiães desses poderes vigorosos que podem e farão retroceder o poder de Satanás na Terra. Peço-lhes do fundo do coração que nos ajudem a repelir o mundo.” Presidente James E. Faust (1920–2007), Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, “A Garganta do Diabo”, A Liahona, maio de 2003, p. 52. categórico: ‘Não estou interessado’ ou lhes batam a porta na cara, eles não desanimam”, admira-se Cristian. “Vão adiante e batem à porta seguinte e tentam levar o conhecimento do evangelho a outras pessoas.” Cristian se prepara para a sua própria missão não apenas se conservando puro e estudando o evangelho, mas também se vestindo de modo adequado, mas sem ostentação. A moda desempenha um papel de destaque em Florença, mas para Cristian as roupas caras não são importantes. Aos domingos, “uso camisa branca, paletó e gravata para demonstrar respeito pelo Dia do Senhor e por Ele”, diz Cristian. Ele sabe que isso o ajudará a manter o padrão de vestuário missionário. No restante da semana, veste o que quer. “Jamais gostei de seguir as regras da moda”, conta. “Não me importo com o que visto, contanto que esteja nos padrões” — não importa a marca da roupa. Chaves para a Felicidade Cristian mal pode esperar para receber o Sacerdócio de Melquisedeque, a investidura do templo, o chamado para a missão de tempo integral e, um dia, a oportunidade de “selar seu amor” à família eterna que constituirá. E Cristian anseia também pela Segunda Vinda de Jesus Cristo. “Traz-me consolo saber que, quando Ele regressar, os pecados do mundo e a tristeza deles decorrentes chegarão ao fim.” Até lá, Cristian honrará os portadores das chaves do sacerdócio e guardará os convênios que o aproximam do Salvador. Ele sabe que é a única maneira de alcançar segurança espiritual e felicidade eterna. ■ A LIAHONA JUNHO DE 2008 19 Reservar Tempo paraa Santificação A DA M C . O L S O N Revistas da Igreja O Ritmo Trepidante do Mundo Kathy e seus amigos sabem como é fácil se enredar no ritmo trepidante do mundo. Chow Shu Wai, de 28 anos de idade, é supervisor numa fábrica e trabalha 70 horas por semana. Yuen Lung 20 Sing, de 29 anos, trabalha mais de 50 horas por semana como engenheiro civil. Kathy, de 28 anos, também trabalha cerca de 50 horas por semana no serviço de vendas e atendimento aos clientes. Chan Misty Lai Ming, auxiliar de pesquisa de 27 anos, e Tsang Dick Hing Leung, engenheiro mecânico de 28 anos, trabalham ambos cerca de 45 horas. Ainda assim, esses jovens adultos fiéis aceitam responsabilidades adicionais ligadas a chamados na Igreja, que FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON, EXCETO QUANDO INDICADO N as ruas de Hong Kong, a vida segue um ritmo frenético. Noite e dia, multidões se deslocam de modo ordeiro, mas apressado. Entram no metrô e saem dele a caminho do trabalho, das compras ou da escola. Numa cultura que valoriza a industriosidade e o sucesso, parece que o dia não tem horas suficientes para se fazer tudo o que é necessário. “Preciso de mais tempo”, suspira Ng Kathy Ka-Lai, num momento de descontração com alguns amigos jovens adultos solteiros ao fim de um domingo atarefado. Eles estão aprendendo por experiência própria que o mundo pode ser tanto exigente quanto opressor. Pode impelir uma pessoa simultaneamente em várias direções diferentes e ocupar todo o tempo que lhe restar. As ocupações e apelos do mundo podem acabar por deixar pouco tempo para a espiritualidade. Se não tivermos cuidado, sem perceber estaremos à mercê do mundo, em vez de contar com a misericórdia de Deus. Yuen Lung Sing, de Hong Kong, sente que o ritmo acelerado do mundo pode impedir-nos de achar tempo para nos aproximarmos de Deus. em cada caso tomam de 5 a 15 horas por semana. Esse grupo inclui uma presidente das Moças da estaca, um conselheiro na presidência dos Rapazes da estaca, um conselheiro na presidência da Escola Dominical da ala, um presidente do conselho do instituto da região e um representante dos adultos solteiros da estaca. Para achar um tempo para renovação espiritual pessoal, esses amigos afirmam que é preciso planejamento. Isso significa às vezes usar de criatividade ou dormir menos, acordar mais cedo, deitar-se mais tarde e tirar proveito do tempo nos transportes coletivos e intervalos no trabalho. “Se tivermos o desejo de achar um tempo para coisas como o estudo das escrituras, então será fácil”, garante Dick. “É justamente quando não planejamos que temos a tendência de desperdiçar o tempo livre de que dispomos.” A LIAHONA JUNHO DE 2008 21 SEM TEMPO? “Teremos de fazer algumas escolhas difíceis sobre a maneira de usar o nosso tempo. Mas nunca deve haver a opção sistemática em nossa vida de relegar a espiritualidade ao segundo plano. Nunca. (...) (...) Ao pormos os desígnios de Deus em primeiro lugar, Ele nos concederá milagres. (...) (...) As paredes aparentes da prisão da ‘falta de tempo’ começarão a ruir, mesmo ao recebermos responsabilidades adicionais.” Presidente Henry B. Eyring, Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência, “Education for Real Life”, Ensign, outubro de 2002, pp.18, 20, 21. Isso acontece porque, quando o mundo não pede a sua atenção para o trabalho e outras responsabilidades, costuma oferecer outras formas de preencher o tempo. “Há muitas distrações no mundo”, diz Misty. Ela menciona, por exemplo, os aparelhos de MP3, que permitem às pessoas levar suas músicas favoritas a todos os lugares, mas que podem também impedi-las de se concentrarem. “Parei de usar o meu MP3 há quase um ano”, conta ela. “Era impossível me concentrar. Não consigo pensar ou ponderar ouvindo MP3.” Dick cita a televisão. “Se tenho tempo para a televisão, tenho também para as escrituras”, diz ele. “Precisamos achar um equilíbrio e fazer a coisa certa no momento certo.” Para esses jovens adultos, o problema não consiste em assistir a programas impróprios ou ouvir músicas inadequadas. O problema é deixar o entretenimento ocupar o pouquíssimo tempo que lhes resta para as coisas espirituais. Como disse o Élder Richard G. Scott, do Quórum dos Doze Apóstolos: “Quando as coisas do mundo se avolumam, com demasiada freqüência as coisas erradas assumem a maior prioridade. (...) Satanás conta com uma ferramenta eficaz para usar contra as pessoas boas. É a distração. Ele faz com que as pessoas preencham a vida de ‘coisas boas’ de modo a não deixar espaço para o que é essencial”.1 responsabilidade para proceder como o Senhor ordenou: “Portanto santificai-vos, e sede santos, (...)” (Levítico 20:7). Esses amigos indicaram como buscam a santificação. 1. Pela Fé “E no dia em que eles exercerem fé em mim, diz o Senhor, (...) [tornar-se-ão] santificados em mim, (...)” (Éter 4:7). A fé conduz à ação, e esses jovens adultos crêem que a fé em Jesus Cristo levará a ações condizentes com os ensinamentos de Cristo. Ao longo do dia, Dick tenta pensar em Jesus com a maior freqüência possível. “Ele é o nosso exemplo de santidade. O que Jesus fez? O que Ele disse?”, questiona-se. E ele tenta viver da mesma maneira. Em virtude da fé, esses amigos estudam as escrituras, freqüentam o instituto, trabalham com os missionários e servem no templo. Servem ao próximo e prestam testemunho quando possível. Demonstram também que estão dispostos a sacrificar seus desejos a fim de obedecerem ao Senhor. “A minha mente e os meus atos devem estar centrados em Jesus Cristo”, lembra Kathy. “Não posso dizer que quero ser mais paciente, sem fazer nada depois. Se creio e tenho fé no Senhor, posso tornar-me mais semelhante a Ele.” 2. Pelo Estudo Santificai-vos Ao tentarem esquivar-se do mundo, Dick, Kathy, Lung, Misty e Shun estão aprendendo 22 “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17). “Quando as aplicamos, as escrituras trazem FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE HONG KONG CHINA: CRAIG DIMOND Cuidado com as Distrações respostas para ajudar-nos a enfrentar e resolver nossos problemas na vida”, diz Dick sobre a sua experiência com o estudo das escrituras. Todos os amigos concordam. E cada um deles afirma tentar achar tempo para o estudo diário das escrituras, seja meia hora antes de ir trabalhar ou dormir ou durante o tempo que passam nos transportes coletivos. O estudo, acompanhado de reflexão fervorosa, nos torna sensíveis à inspiração, diz Lung, e pode até transformar nossa natureza.2 “As escrituras aprofundam minha compreensão do evangelho”, afirma Lung. “Sinto o Espírito e isso me aproxima de Deus.” 3. Pelo Sacrifício “Santificação essa resultante da entrega de seu coração a Deus” (Helamã 3:35). “O Salvador pede que nos prontifiquemos a sacrificar nossos próprios desejos para seguir a Deus”, diz Kathy. “Devemos estar dispostos a abrir mão das coisas do mundo”, concorda Misty. Lung cita o exemplo do jovem no Evangelho de Lucas que perguntou a Jesus o que precisaria fazer para herdar a vida eterna. O rapaz guardara os mandamentos desde pequeno, mas não estava disposto a abandonar suas Quando temos a impressão de não dispor de tempo para fazer tudo o que é necessário, devemos dar total prioridade a Deus, afirmam Tsang Dick Hing Leung, Ng Kathy Ka-Lai e Yuen Lung Sing. riquezas quando Jesus o convidou a vender tudo o que possuía para seguir o Salvador (ver Lucas 18:18–23). “Para seguir a Cristo, ele teria de sacrificar coisas às quais estava apegado”, explica Lung. “Todos nós temos coisas assim — não necessariamente riquezas — mas coisas que nos impedem de segui-Lo.” Um exemplo citado foi o pai do rei Lamôni, que se prontificou a abandonar todos os seus pecados para conhecer a Deus (ver Alma 22:18). “Deus deseja saber se temos fé para segui-Lo. Ele quer nosso coração”, afirma Misty. “Ele deseja saber o que mais amamos. É assim que nos tornamos Seus discípulos.” “Para alcançarmos a santidade, devemos sacrificar nossa vontade, nossos desejos”, acrescenta Shu. 4. Pela Obediência “O que é governado pela lei é também preservado pela lei e é por ela aperfeiçoado e santificado” (D&C 88:34). Sacrificar os nossos desejos constitui santificação quando o fazemos para cumprir a vontade do Senhor, guardar nossos convênios e obedecer aos mandamentos. A LIAHONA JUNHO DE 2008 23 A disposição de sacrificar as coisas do mundo para achar tempo para Deus traz bênçãos grandiosas, de acordo com Chow Shu Wai e Chan Misty Lai Ming. “Deus nos deu leis”, diz Dick. “A observância delas nos santifica.” “Receberíamos mais bênçãos se estivéssemos mais dispostos a obedecer”, afirma Kathy. “Podemos ser felizes cumprindo Sua lei.” 5. Pela Expiação “Temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez“ (Hebreus 10:10). “Para mim, ser santo significa ser digno de estar na presença de Deus, ser puro”, diz Lung. “Isso só é possível por meio da Expiação.” “Ele passou por todas as nossas dificuldades”, lembra Misty. “Os sentimentos que temos, Ele já vivenciou. Há um grande poder na Expiação que nos permite tornar-nos santos como Ele é santo” (ver Morôni 10:32–33). Kathy afirma que permitir a atuação da Expiação na nossa vida significa, em parte, “lembrar o que o Salvador fez” por nós. Dick garante sentir os efeitos da Expiação quando se arrepende e guarda os mandamentos no dia-a-dia, deixando o Senhor purificá-lo — um exemplo de como podemos santificar a nós mesmos a fim de que o Senhor 24 nos santifique (ver Levítico 20:7–8). Estar no Mundo sem Ser do Mundo Esses jovens adultos estão achando tempo para se santificarem e se absterem das coisas do mundo, pois o Senhor nos deu o seguinte mandamento: “que vos (...) organizeis e vos prepareis e vos santifiqueis; sim, purificai o coração e lavai as mãos e os pés perante mim (...)”. Contudo, compreender o motivo desse mandamento de santidade é tão importante quanto compreender a maneira de cumpri-lo. “(...) para que eu vos torne limpos; para que eu testifique a vosso Pai e vosso Deus e meu Deus, que estais limpos do sangue desta geração (...)” (D&C 88:74–75). “A vida às vezes é frenética”, diz Dick, olhando a agitação constante de Hong Kong à noite. “Quando achamos tempo para o Salvador na vida, podemos contar com Sua ajuda para vencer nossos desafios. Nada no mundo é mais importante para mim do que poder voltar à presença do Pai Celestial.” ■ NOTAS 1. “Primeiro o Mais Importante”, A Liahona, julho de 2001, p. 7. 2. Ver Boyd K. Packer, “Não Temais”, A Liahona, maio de 2004, p. 77. MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES Por Que É Essencial Que O Evangelho de Jesus Cristo Ensina a Realidade da Nossa Existência Pré-Mortal Ensine as escrituras e citações que atendam às necessidades das irmãs a quem visitar. Testifique da doutrina. Convide as irmãs visitadas a externarem o que sentiram e aprenderam. orientação para saber como viver. O plano de salvação de nosso Pai nesta vida, que inclui a oportunidade de voltar a Ele, chama-se evangelho de Jesus Cristo” (“A Verdade Restaurada”, A Liahona, novembro de 2005, pp. 78–79). O Que Nos É Ensinado sobre a Quórum dos Doze Apóstolos: Élder Joseph B. Wirthlin, do “Num Existência Pré-Mortal? Élder Richard G. Scott, do Quórum “Vivíamos em verdade na presença de Deus, nosso Santo Pai, e de Seu Filho Amado, Jesus Cristo, na nossa existência prémortal. (...) Assim nos disseram: ‘Faremos uma terra onde estes possam habitar; E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar; E os que guardarem seu primeiro estado [isso significa ser obediente na existência pré-mortal] receberão um acréscimo; (...) e os que guardarem seu segundo estado [isto é, ser obediente durante a vida mortal] terão um acréscimo de glória sobre sua cabeça para todo o sempre’ [Abraão 3:24–26]. (...) Fomos ensinados e preparados para as circunstâncias que cada um de nós encontraria na mortalidade. (...) Suas lembranças da vida pré-mortal seriam retiradas para garantir a validade do teste, mas você receberia O GRANDE CONSELHO: ROBERT T. BARRETT; MARGEM: DETALHE DE JESUS CRISTO, DE HARRY ANDERSON dos Doze Apóstolos: conselho pré-mortal ao qual todos estávamos presentes, [Jesus Cristo] aceitou o grandioso plano de felicidade do nosso Pai para Seus filhos e foi escolhido pelo Pai para pôr o plano em prática. Ele assumiu a dianteira das forças do bem contra as de Satanás e seus seguidores numa batalha pela alma dos homens que começou bem antes da formação deste mundo. Esse conflito continua hoje em dia. Naquele momento, estávamos todos ao lado de Jesus. E ao lado Dele prosseguimos hoje” (“Christians in Belief and Action”, Ensign, novembro de 1996, p. 71). Compreendamos a Existência Pré-Mortal? Julie B. Beck, presidente geral da Sociedade de Socorro: “As mulheres receberam papéis distintos desde antes da fundação do mundo. (...)Sabemos que no grande conflito pré-mortal, ficamos ao lado do Salvador Jesus Cristo para preservar nosso potencial de pertencermos a famílias eternas. Sabemos que somos filhas de Deus e que sabemos o que devemos fazer. (...)Acreditamos na formação de famílias eternas. (...)Sabemos que o mandamento de multiplicar e encher a Terra continua em vigor. (...)Temos fé que, com a ajuda do Senhor, podemos ser bemsucedidas na criação e no ensino dos filhos. Essas são responsabilidades vitais no plano de felicidade e quando as mulheres abraçam esses papéis de todo o coração, elas são felizes!” (“O Que as Mulheres da Igreja Fazem de Melhor: Permanecem Firmes e Inamovíveis”, A Liahona, novembro de 2007, p. 110). Presidente Spencer W. Kimball “Se considerássemos a vida mortal a totalidade da existência, então as dores, tristezas, fracassos e morte precoce seriam uma calamidade. Mas se encararmos a vida como algo que começou há muito no passado pré-mortal e vai prolongar-se por toda a eternidade, todas as coisas que nos acontecerem poderão ser compreendidas com a perspectiva correta” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball [2006], p. 16). Para aprofundar o estudo, ver Jeremias 1:4–5; D&C 138:55–56. ■ (1895–1985): A LIAHONA JUNHO DE 2008 25 Perguntas e Respostas r e b e b e d l a m o é l a u “Q z e v a m u ó ou fumar s ” ? r a t n e m i para exper A s escrituras ensinam que, para exercermos o arbítrio, deve haver oposição — o bem e o mal — no mundo e que devemos ser “[atraídos] por um ou por outro” (2 Néfi 2:16; grifo do autor). Você não precisa ceder ocasionalmente ao apelo das escolhas ruins para que o seu arbítrio seja genuíno. A capacidade de distinguir o certo do errado é o que importa. Não é necessário conhecer tanto o bem quanto o mal, mas saber distinguir o bem do mal — e depois escolher o bem. Talvez você ache que experimentar álcool e cigarro uma só vez não vá lhe fazer mal, mas fará. Trata-se de substâncias nocivas, e não se pode sentir o Espírito ao utilizá-las. Para algumas pessoas, essa única vez se transforma num vício para toda a vida. Não Existe “Uma Única Vez” Não, você não deve experimentar — nenhuma vez! Talvez você diga que nunca voltará a fazê-lo, mas o álcool e o cigarro podem criar dependência. Tenho uma amiga que experimentou álcool uma vez. Quando ela saiu de novo, o que aconteceu? Tornou a beber. Todos sabiam que ela bebera “só uma vez”, então se tornou “só mais uma vez”. Nós, membros, somos constantemente observados pelos não-membros. Não passamos uma boa imagem quando não seguimos nossos próprios padrões — sem falar na decepção causada aos nossos pais. Kaila W., 17 anos , Nova Gales do Sul, Austrália Os Mandamentos nos Mantêm em Segurança O Pai Celestial está a par de cada acontecimento na nossa vida e das respectivas conseqüências. É por isso que nos concedeu a Palavra de Sabedoria. Ele nos ama imensamente e quer proteger-nos do diabo. E os mandamentos são uma de Suas maneiras de nos manter em segurança. Você sabe que a abstenção de substâncias nocivas é um mandamento, então permaneça em terreno seguro. Ore para receber a orientação Dele a fim de ficar longe da tentação de experimentar coisas que você sabe não serem certas. Asenaca V., 18 anos, Suva, Fiji As respostas são auxílios e pontos de vista, e não pronunciamentos de doutrina da Igreja. 26 Guarde a Palavra de Não Aprenda pela Dor Sabedoria Nossos líderes da Igreja não dizem “apenas uma vez”. Dizem não. Devemos simplesmente ter fé no que a Igreja nos ensina, em vez de aprender por nós mesmos com experiências dolorosas. Lembre também que, na entrevista de recomendação para o templo, os líderes do sacerdócio perguntam se você guarda a Palavra de Sabedoria. Tenha em mente que a Palavra de Sabedoria é um mandamento de Deus e por isso devemos observá-la à risca. Do contrário, estaremos pecando, e um pecado será sempre um pecado, ainda que praticado uma única vez. Não esqueça que os pecados sérios só acontecem caso cedamos primeiro a pequenas tentações, como experimentar álcool ou cigarro para ver como é. PRÓXIMA PERGUNTA “Alguns amigos meus da Igreja discutem com amigos não-membros sobre qual religião é verdadeira. Sei que é errado entrar em contendas, mas como posso mostrar aos meus amigos o que sinto pelo evangelho?” Mande a resposta até 15 de julho de 2008 para: Liahona, Questions & Answers 7/08 Lauren R., 15 anos, Maryland, 50 E. North Temple St., Rm. 2420 Estados Unidos Salt Lake City, UT 84150-3220, USA Ana M., 20 anos, Michoacán, México Ou pelo e-mail: [email protected] A Racionalização Pode levar ao Vício Todas as substâncias prejudiciais ingeridas pelo organismo são contrárias à Palavra de Sabedoria. Não as experimente! O uso dessas substâncias, mesmo em doses mínimas, pode levar a uma dependência destrutiva. Ao violarmos a Palavra de Sabedoria, abrimos mão de muitas bênçãos que poderíamos receber. Maculamos nosso espírito. As melhores armas para fazer frente à tentação são a oração, o jejum e o estudo das escrituras. O erro em dizer “é apenas uma vez” é o fato de tê-lo feito. Isso enfraquecerá a sua resistência diante de uma tentação semelhante no futuro. Racionalizar e dizer “é apenas uma vez” nos afasta do caminho estreito e apertado. Depois de iniciar nessa direção, talvez não seja fácil dar meia volta, pois você dirá: “É só mais uma vez e, além do mais, posso parar quando quiser”. Pode ser que você acabe dizendo: “Preciso de mais uma vez” ou “Não há mais esperança para mim”. Oleg P., 16 anos, Criméia, Ucrânia Adam H., 16 anos, Colúmbia Britânica, Resistir à Tentação O seu e-mail ou a sua carta devem conter as informações e a permissão a seguir: NOME COMPLETO DATA DE NASCIMENTO ALA (ou ramo) ESTACA (ou distrito) Dou permissão para a publicação da resposta e da fotografia: ASSINATURA ASSINATURA DOS PAIS (se você for menor de 18 anos) Canadá Uma Vez Só Faz Mal “Há alguns anos, um de nossos filhos me perguntou por que não era uma boa idéia experimentar álcool ou cigarro para ver como é. Ele conhecia a Palavra de Sabedoria e também os efeitos negativos dessas substâncias para a saúde, mas questionava por que não deveria experimentá-las por si mesmo. Respondi que, se quisesse experimentar algo, deveria ir ao curral e comer um pouco de estrume. Ele recuou, horrorizado. ‘Ah, que nojo!’, foi sua reação. ‘Que bom que pensa assim’, respondi, ‘mas por que não experimenta para saber por si próprio? Já que está sugerindo experimentar algo que você sabe ser ruim para si mesmo, por que não aplica esse mesmo princípio a outras substâncias?’ Essa ilustração do caráter absurdo de ‘experimentar por si mesmo’ revelou-se convincente para um jovem de 16 anos de idade.” ■ Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Sin and Suffering”, Tambuli, abril de 1994, p. 32. A LIAHONA JUNHO DE 2008 27 E u era o único diácono na ala, assim o bispo e eu andamos pelo bairro, visitando todos os rapazes do quórum e convidando-os a voltar para a Igreja. 28 UM CHAMADO PARA CRESCER ÉLDER ULISSES SOARES Dos Setenta ILUSTRAÇÕES: DOUG FAKKEL N asci no Brasil numa boa família de quatro meninos e pais maravilhosos. Quando nasci, meus pais não eram membros da Igreja. Filiaram-se à Igreja quando eu era pequeno, e fui batizado e confirmado aos oito anos de idade. Ao completar 12 anos, o bispo me chamou para uma entrevista. Nessa ocasião, explicou-me o que é o Sacerdócio Aarônico. Discorreu sobre as minhas responsabilidades ao portar o sacerdócio. Fui designado como presidente do quórum de diáconos, mas era o único membro ativo do quórum. Naquela época, meu ótimo bispo me ensinou uma lição importante sobre o serviço na Igreja. Um Convite Simples Certo domingo, estávamos na capela para a reunião do sacerdócio e ele se voltou para mim e perguntou: “Onde estão os outros rapazes? Onde estão os diáconos do seu quórum?” Respondi: “Estou aqui. Que eu sabia, sou o único”. “O que está fazendo para conhecer os membros do seu quórum?”, indagou ele. Repliquei: “Não sei o que fazer”. Então ele disse: “Vou-lhe mostrar o que fazer”. Logo após a reunião andamos pelo bairro visitando cada um dos rapazes da lista do quórum e convidando-os a voltar para Igreja. Vários deles retornaram após algumas visitas. Alguns serviram como missionários, constituíram uma boa família e se tornaram bispos e presidentes de estaca. Tudo isso começou com uma simples visita minha e do bispo. Ele estava atento a essa necessidade especial em nossa pequena ala, e sou muito grato por aprender uma lição que me marcou para sempre. No decorrer da minha vida, aprendi que as pessoas estão prontas para serem convidadas para voltar. É preciso ir até elas e convidá-las a voltar para a Igreja. Até mesmo um jovem como eu era, sem experiência no O meu bispo me confiou uma designação e ajudou-me a compreender como é bom servir na Igreja e fazer o testemunho crescer. A LIAHONA JUNHO DE 2008 29 Q uando tinha quase 16 anos de idade, o bispo me chamou para ensinar na Escola Dominical. Fiquei com medo e nervoso. Ao preparar a aula, ajoelhei-me e orei. No domingo seguinte, garanti aos alunos que o Pai Celestial responderia as suas orações caso tivessem fé. sacerdócio, pode fazer muito para ajudar o reino a crescer. Essa experiência como presidente do quórum de diáconos foi de grande valia para mim. O bispo foi muito sábio. Ele tinha visão do futuro. Confiou-me essa designação por saber que eu era um rapaz que precisava ser treinado e decidiu ser o treinador, assim dedicou o tempo necessário para me ajudar e apoiar, saindo comigo. Ele me ajudou a entender como é bom servir na Igreja e fazer o testemunho crescer. Foi maravilhoso. Serei eternamente grato a ele. Uma Aula sobre o Testemunho Quando eu tinha quase 16 anos de idade, esse mesmo bispo me designou para substituir temporariamente um professor dos jovens na Escola Dominical. Quando recebi esse cargo, fiquei com medo e nervoso. Achava que não tinha conhecimento suficiente para ensinar. 30 Pensei: “Como posso ensinar essa classe? É como um cego guiando outro”. Recordo que, em certa aula, tinha de falar sobre o testemunho de Jesus Cristo. Estávamos estudando no Livro de Mórmon sobre como adquirir um testemunho do evangelho. Eu sentia no coração que a Igreja é verdadeira e que Jesus é o Cristo. Contudo, nunca orara a respeito disso. Pensei: “Como é que vou ensinar a esses jovens que precisam orar para receber uma resposta se eu mesmo nunca fiz isso?” Desde que nasci fora-me ensinada a fé em Jesus Cristo. E quando me tornei membro da Igreja, tinha no peito um sentimento cálido em relação a Jesus Cristo, a meu Pai Celestial e à Igreja. Eu nunca duvidara que esta é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo; jamais orara a respeito porque os sentimentos já eram muito fortes. No entanto, ao me preparar para a aula naquela semana, resolvi orar para receber a confirmação da veracidade do evangelho. Ajoelhei-me no meu quarto e orei com todas as forças para que me fosse confirmado no coração que esta é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Eu não estava à espera de uma grande manifestação, da visita de um anjo ou de nada do gênero. Nem sequer sabia o que esperar como resposta. Quando me ajoelhei e perguntei ao Senhor se o evangelho é verdadeiro, tive um sentimento muito doce no coração e uma voz mansa me confirmou sua veracidade e que eu deveria continuar a segui-lo. Foi algo tão forte que eu jamais poderia negar, nem ignorar. Ainda que fosse uma voz mansa e delicada, o sentimento no coração foi arrebatador. Passei o dia inteiro sentindo tanta felicidade que não consegui pensar em nada negativo. Quando meus colegas na escola diziam coisas ruins, eu nem dava atenção. Era como se estivesse no céu, ponderando sobre aquele sublime sentimento no coração. No domingo seguinte, ao ensinar a classe dos jovens, pude prestar meu próprio testemunho e garantir-lhes que o Pai Celestial responderia as suas orações caso tivessem fé. Usei Tiago 1:5, a mesma escritura lida por Joseph Smith sobre pedir sabedoria a Deus. Todavia, o versículo seguinte esclarece que é preciso pedir com fé, “porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma parte para outra” (Tiago 1:6). Ensina também que uma pessoa não pode esperar receber uma resposta se não tiver confiança ao orar. Depois, eu disse a mim mesmo e a minha pequena classe que devemos perguntar com fé verdadeira, buscando uma resposta e então o Senhor responderá. A partir daquele momento, o meu testemunho me trouxe a convicção de que era preciso tomar boas decisões, principalmente em momentos de tribulação. Todos nós nos deparamos com desafios ao procurarmos guardar os padrões do evangelho, principalmente as pessoas que, como eu, eram os únicos membros da Igreja na escola. No entanto, o meu testemunho me ajudou a recordar que, embora eu sofresse pressão dos amigos para fazer coisas erradas, sabia que estava seguindo o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Depois dessa experiência, jamais poderia rejeitar esse testemunho. Aquele dia fez uma grande diferença na minha vida. A partir daquele momento continuei a me preparar para a missão com a ajuda do meu maravilhoso bispo e de minha família. Servi como missionário e, quando voltei me formei na universidade. Casei-me e constituí uma família. E tudo começou por causa daquela oração quando tinha apenas 16 anos de idade. Uma Vida de Crescimento Como já disse, sempre soube que o evangelho era verdadeiro, mas tive que perguntar e depois partilhar minha própria experiência com outras pessoas. Isso me ajudou também na missão, pois ao convidar os pesquisadores a orar, podia falar-lhes da minha própria experiência, mostrando que já passara por isso antes. Eu testificava que eles poderiam receber uma resposta se orassem com fé. Bênçãos grandiosas me foram concedidas porque tive a oportunidade de aprender, servir e crescer por meio de chamados e designações na Igreja. Oro para que, ao receberem essas oportunidades, vocês saibam aproveitá-las. É algo que pode fazer toda a diferença em sua vida. ■ A LIAHONA JUNHO DE 2008 31 O atirador colocava ambas as extremidades da funda na mão usada para o , enrolando às vezes uma das pontas em volta dos dedos e segurando a outra ponta entre o polegar e o indicador. Em geral, o atirador não girava a funda acima da cabeça, mas simplesmente a girava uma vez e, depois, com um movimento forte de arremesso (seja com as mãos acima da altura do ombro ou abaixo), soltava a extremidade entre o polegar e o indicador a fim de liberar a pedra. Davi devia ter, no máximo, uns 16 anos de idade quando lutou contra Golias e é descrito nas escrituras como “ruivo”, ou seja, com cabelo avermelhado e rosto rosado (jovial). As fundas antigas costumavam ser feitas com uma longa tira de lã ou linho trançado e uma espécie de bolsa no meio para segurar a pedra. Quanto mais longa a funda, maior o alcance. As fundas mais longas podem lançar uma pedra a bem mais de 250 metros de distância, com uma velocidade de 100 a 160 quilômetros por hora. As pedras redondas e pesadas eram as preferidas pelos atiradores, devido ao potencial de um percurso mais retilíneo. Em geral, as pedras usadas nas fundas tinham por volta de 5 centímetros de diâmetro (aproximadamente o tamanho de uma bola de golfe). DERROTAR OS SEUS GOLIAS “Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão (...) e toda a terra saberá que há Deus em Israel” (I Samuel 17:46). Tabela de basquetebol, 3 metros Golias, cerca de 2,7 metros Davi Um leão e um urso atacaram os rebanhos do pai de Davi, e Davi os combateu, o que lhe deu confiança para lutar contra Golias. FOTOGRAFIA DA FUNDA: CRAIG DIMOND; ilustrações: GREG NEWBOLD; ANIMAIS © GETTY IMAGES; MAPA © MOUNTAIN HIGH MAPS T odos nós enfrentamos alguns Golias na vida: provações, desafios e tentações que parecem difíceis demais para serem superados. Contudo, assim como Davi, podemos sobrepujá-los caso confiemos em Deus e façamos a nossa parte. O Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) ensinou: “Quando aparecer alguma tentação, chamem o monstro maldoso de ‘Golias’ e tratem-no como Davi tratou o filisteu de Gate” (“Derrotar A couraça de escamas de Golias tinha “cinco mil siclos de bronze”, o que equivale a um peso de 57 a 90 quilos. os Golias de Nossa Vida”, A Liahona, fevereiro de 2002, p. 5). Ao lermos I Samuel 17, o que aprendemos com a batalha de Davi e Golias? De que forma a confiança de Davi em Deus o ajudou? Como ele se preparou A haste da lança de Golias era como o “eixo do tecelão” e devia pesar cerca de 10 quilos; a ponta da lança pesava “seiscentos siclos de ferro” — de 7 a 11 quilos. para esse combate? Que impacto um adolescente pode ter na edificação do reino do Senhor? Turquia M AR Grécia EG Aqui vão alguns detalhes Síria U E para complementar o seu Líbano MAR M EDITE RRÂNE O estudo dessa história notável. Líbia Israel Jordânia Egito Tudo leva a crer que os filisteus O capacete de bronze de Golias eram originários da região em volta do Mar Egeu. É possível que Golias fosse descendente de um povo conhecido por ter pessoas altíssimas, “gigantes” (ver Deuteronômio 2:10–11; Josué 11:22). era feito provavelmente de estanho, cobre ou ferro. Talvez estivesse acoplado a um pequeno escudo, cujo objetivo era proteger as costas e o pescoço. 34 O Componente Espiritual da Cura ÉLDER ALEXANDER B. MORRISON Foi membro dos Setenta de 1987 a 2000 O s relatos das escrituras sobre a vida e os ensinamentos de Jesus estão repletos de referências a Seu poder incomparável de curar toda sorte de aflições. Os Evangelhos registram mais de 20 ocasiões em que Jesus curou enfermos: da cura do filho do nobre em Cafarnaum (ver João 4:46–53) à restauração da orelha cortada de Malco, servo do sumo sacerdote (ver Lucas 22:50–51; João 18:10). Os poderes de cura de Cristo se aplicavam a muito mais do que problemas físicos, abrangiam “todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mateus 4:23; grifo do autor; ver também Mosias 3:5; 3 Néfi 17:5–10). Jesus, em Sua infinita compaixão, curou não só as pessoas que sofriam de males físicos, mas também de distúrbios mentais e emocionais. Essas curas são um componente integral da Expiação de Jesus Cristo. Ela é tão poderosa — tão abrangente em sua extensão e alcance — que não apenas paga o preço do pecado, mas pode também curar todas as aflições mortais. Ele, que sofreu dores e aflições de toda sorte a fim de saber com perfeição como socorrer Seu povo (ver Alma 7:11–12), que suportou o peso dos pecados de todos os integrantes da família de Adão (ver 2 Néfi 9:21), oferece igualmente a todos os benefícios de Seu poder de cura, seja qual for a causa das aflições. “Pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5). O dom divino da cura manifesta-se em função das necessidades individuais dos beneficiários, determinadas por Aquele que as conhece melhor que ninguém por ser quem mais os ama. TANQUE DE BETESDA, DE CARL HEINRICH BLOCH, CORTESIA DO MUSEU DE ARTE DA UNIVERSIDADE BRIGHAM YOUNG A LIAHONA JUNHO DE 2008 35 A fé por parte da pessoa a ser curada é um pré-requisito primordial para a cura. Sem fé não pode ocorrer o milagre da cura. O Papel do Sacerdócio O Salvador, por meio de Seu poder divino, podia curar a todos, mas os homens mortais que exercem a autoridade do santo Sacerdócio de Melquisedeque estão sujeitos à vontade Dele. Às vezes, como a vontade de Deus é diferente, eles não conseguem curar as pessoas a quem ministram. Por exemplo, o apóstolo Paulo “três vezes [orou] ao Senhor” para retirar o “espinho na carne” não identificado que o atormentava (II Coríntios 12:7–8), mas o Senhor recusou-Se a fazê-lo, explicando: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (II Coríntios 12:9). Paulo entendia melhor do que ninguém que a tribulação e o sofrimento são, tanto um quanto o outro, partes necessárias e inevitáveis da vida. O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) compreendia como é sábio que haja limites para o poder de cura dos portadores do sacerdócio e observou: “O poder do sacerdócio é ilimitado, mas sabiamente Deus deu certas restrições a cada um de nós. (...) Sou grato pelo fato de que, mesmo com o sacerdócio, não posso curar todos os enfermos. Eu poderia ser tentado a curar pessoas que deveriam morrer. (...) Sinto que poderia frustrar os propósitos de Deus”.1 Há muitos anos, quando eu era um jovem e inexperiente presidente de ramo, um membro me pediu que participasse de uma bênção de saúde dada a sua esposa gravemente enferma. Percebi que ele queria que eu a abençoasse com o total restabelecimento da saúde. Essa era mesmo a minha intenção: tanto ele como a esposa eram pilares essenciais de nosso ramo titubeante. O marido ungiu a cabeça da esposa com óleo consagrado do modo recomendado, e eu me incumbi do selamento da unção (ver Tiago 5:14). Para minha surpresa, ouvi-me proferindo palavras que não pretendia dizer: aquela irmã estava “[designada] para morrer” (D&C 42:48). Ela não se recuperaria da doença, mas se retiraria de nosso meio em paz, amparada pelos braços amorosos do Salvador. A irmã morreu no dia seguinte e presidi seu funeral. Eu estava triste, mas também amadurecera com aquela lição. Aprendera algo extraordinário: quando ministramos aos enfermos, nosso lema deve ser: “não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42). Assim, o dom divino da cura manifesta-se de diferentes maneiras, em função das necessidades individuais dos beneficiários, determinadas por Aquele que as conhece melhor que ninguém por ser quem mais os ama. O poder de cura de Cristo pode pôr fim ao sofrimento corrigindo a disfunção de uma ou mais partes do organismo ou retirando o fardo pesado da aflição do coração angustiado; mas a paz, o repouso e o alívio tão ardentemente desejados pelas pessoas cuja carga parece por vezes insuportável podem não vir da cura no sentido médico, mas assumir a forma de um dom de maior força, compreensão, paciência e compaixão que lhes permita suportar as provações. Assim como Alma e seus irmãos, elas poderão então “carregar seus fardos com facilidade” e submeter-se “de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor” (Mosias 24:15). ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: DAVID STOKER que abordagens espirituais na psicoterapia da depressão, por exemplo, são pelo menos tão eficazes quanto as puramente seculares. Um número cada vez maior de médicos e psicoterapeutas agora usa métodos e intervenções ligados à espiritualidade para tratar pacientes com enfermidades físicas ou mentais. O Papel da Medicina O Papel da Fé Não devemos crer que todas as pessoas acometidas por doenças, sejam quais forem as causas, precisam apenas receber uma bênção do sacerdócio para que os fardos sejam retirados — talvez de modo permanente. Sou um grande advogado e defensor das bênçãos do sacerdócio. Sei, por meio de muitas experiências pessoais, que Jesus Cristo, e somente Ele, possui o precioso “bálsamo de Gileade” (ver Jeremias 8:22) necessário para a cura final e completa. Mas sei também que Deus nos concedeu conhecimentos maravilhosos que podem ser de valor inestimável para lidar com o sofrimento. Creio que devemos tirar o máximo proveito dessas informações oferecidas por Deus. Há pessoas que, quando estão doentes, depois de receber uma bênção do sacerdócio ou orar com fervor pedindo o alívio de seu fardo, julgam que buscar auxílio profissional para seus problemas seria demonstrar uma lamentável falta de fé. Em alguns casos, essas pessoas até param de tomar os remédios prescritos pelo médico, achando erroneamente que sua fé bastará e substituirá o tratamento. Esse tipo de raciocínio é simplesmente errôneo. Receber e seguir conselhos de profissionais não é incompatível com o exercício simultâneo da fé. De fato, a prática da fé pode exigir a observância das orientações de profissionais de saúde experientes. Os profissionais de saúde competentes — seja qual for sua formação ou orientação acadêmica e tanto no campo médico quanto psicológico — estão cada vez mais conscientes de que a espiritualidade é um elemento significativo entre seus recursos terapêuticos. Há apenas uma década, somente uma meia dúzia de faculdades de Medicina dos Estados Unidos oferecia cursos sobre espiritualidade e cura, mas agora mais da metade o faz. Principalmente no caso de pacientes religiosos, começam a surgir evidências de A fé por parte da pessoa a ser curada é um pré-requisito primordial para a cura (ver 2 Néfi 26:13; Mosias 8:18; D&C 35:9). A fé — “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreus 11:1) — é um dom do Espírito, concedido como recompensa pela retidão pessoal (ver I Coríntios 12:9; D&C 46:19–20). Sem fé não pode ocorrer o milagre da cura; “pois, se não houver fé entre os filhos dos homens, Deus não pode fazer milagres entre eles; portanto ele não apareceu senão depois que tiveram fé” (Éter 12:12). A cura completa, que leva em conta os aspectos espirituais, também exige uma compreensão de nossa natureza como filhos de Deus e de nosso relacionamento com Ele. As escrituras ensinam e os profetas modernos confirmam que os mortais são compostos de corpo e espírito — o primeiro é corruptível e o último, eterno — que, unidos, constituem uma alma vivente. O grande plano de A LIAHONA JUNHO DE 2008 37 A s manifestações maravilhosas do amor de Cristo por todos nós trazem esperança e alento para os que padecem de males de toda natureza. Seu amor está sempre presente e nunca falha. felicidade do Pai nos ensina que o corpo e o espírito separados pela morte que advém a todos os mortais serão, no devido tempo de Deus, reunidos, “e todos os homens tornarse-ão incorruptíveis e imortais e serão almas viventes, tendo um perfeito conhecimento” (2 Néfi 9:13; ver também Alma 11:42–45). A fé no Pai Celestial, que nos ama, e em Seu Filho, nosso Salvador — aliada à compreensão de que somos literalmente filhos de Deus, com a oportunidade divina de nos empenharmos para nos tornarmos como Ele e a consciência de que Seu amor por nós é eterno e imutável — traz paz à nossa vida. Essa paz persiste mesmo que as dimensões médicas, psicológicas ou sociais da doença — sejam elas de origem física ou mental — permaneçam como um “espinho na carne”. O Papel do Sofrimento Creio que a intensidade da nossa força espiritual está intimamente ligada ao quanto nossa alma é provada, mas não devemos buscar o sofrimento nem nos gloriar na tribulação. Não há valor intrínseco no sofrimento em si. O padecimento pode ferir e amargurar a alma da mesma forma que pode fortalecê-la e purificá-la. Algumas almas se fortalecem em reação ao sofrimento, ao passo que outras se curvam e fenecem. Como observou com perspicácia a autora Anne Morrow Lindbergh: “Se o sofrimento em si ensinasse, todos seriam sábios, pois todos no mundo sofrem”.2 Se quisermos comunhão com as aflições de Cristo (ver Filipenses 3:10), precisamos pagar o preço de nos empenharmos de todo o coração para conhecê-Lo e imitá-Lo. Esse preço pode de fato envolver sofrimento, mas a isso se devem somar a compaixão, a empatia, a paciência, a humildade e a disposição de sujeitar a nossa vontade à de Deus. As manifestações maravilhosas do amor de Cristo por todos nós trazem esperança e alento para os que padecem de males de toda natureza. Seu amor está sempre presente e nunca falha. Como testificou Paulo: “Quem nos separará do amor de Cristo? (...) Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:35, 38–39). Jesus, em Seu infinito amor e compaixão, conhece nossas provações e pesares, pois “se lembra de todos os povos, estejam na terra em que estiverem; sim, ele conta o seu povo e suas entranhas de misericórdia cobrem toda a Terra” (Alma 26:37). ■ NOTAS 1. Ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball (2006), p. 18. 2. “Lindbergh Nightmare”, Time, 5 de fevereiro de 1973, p. 35. 38 Passar por uma LIÇÕES DO LIVRO DE MÓRMON ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: CHRISTINA SMITH Todos nós poderemos vivenciar uma notável mudança no coração e um renascimento espiritual e, assim, receber as bênçãos prometidas de paz, amor, alegria verdadeira e a disposição de fazer o bem continuamente. MUDANÇA NO CORAÇÃO ÉLDER KEITH K. HILBIG Dos Setenta á alguns anos na Europa Oriental, vi um jovem élder levantar-se diante de outros missionários numa conferência de zona para relatar uma experiência que lhe moldara a vida. Ele e seu companheiro tinham ensinado um homem de meia idade chamado Ivan (nome verdadeiro omitido) numa cidade distante. Esse pesquisador tinha origens modestas — algo evidente devido a suas roupas gastas, H barba mal cuidada e comportamento hesitante. A vida tinha sido difícil e penosa para ele. Como nunca recebera ensinamentos religiosos, Ivan tinha muito a aprender e mudar. Precisava abandonar práticas incompatíveis com o evangelho restaurado e teria de aceitar e depois adotar novos princípios. Ivan tinha o desejo de aprender e se preparou com diligência para o batismo e a confirmação. Suas roupas continuaram surradas e a barba, mal cuidada, mas ele dera os A LIAHONA JUNHO DE 2008 39 A CONVERSÃO DE ALMA: GARY L. KAPP; BRIGHAM YOUNG: JOHN WILLARD CLAWSON A lma, o Filho, viveu pessoalmente a transformação de passar de inimigo de Deus a uma nova criatura, um ser convertido e, portanto, tornar-se comprometido com a edificação do reino. 40 primeiros passos. Pouco depois do batismo de Ivan, o missionário foi transferido. Ele esperava voltar a ver Ivan um dia. Seis meses depois, o presidente da missão designou o jovem élder para seu antigo ramo. Surpreso, mas ansioso para voltar, o élder chegou cedo com o novo companheiro à reunião sacramental no primeiro domingo de volta ao ramo. Os membros ficaram felizes ao reverem o missionário em seu meio. Receberam-no com largos sorrisos e saudações calorosas. O élder reconheceu quase todos na pequena congregação. Todavia, procurou em vão, em meio aos muitos rostos, o homem que ele e seu companheiro tinham ensinado e batizado seis meses antes. O élder sentiu decepção e tristeza. Será que Ivan retomara os hábitos nocivos? Será que não honrara o convênio batismal? Teria perdido as bênçãos prometidas pelo seu arrependimento? Os temores e reflexões do élder foram interrompidos pela chegada de um homem desconhecido que veio correndo abraçar o missionário. Esse homem estava bem barbeado, tinha um sorriso confiante e uma inegável bondade irradiava de seu semblante. Usava camisa branca, uma gravata com o nó bem feito e estava indo preparar o sacramento para o pequeno grupo reunido naquela manhã do domingo. Só quando o homem começou a falar é que o élder o reconheceu. Era o novo Ivan, não o velho Ivan que eles tinham ensinado e batizado! O élder viu personificado nesse amigo o milagre da fé, do arrependimento bem-intencionada que seja essa posição, não e do perdão; testemunhou a realidade da é correta. Expiação. O Novo Testamento traz numerosas refeNa conferência de zona, esse missionário rências ao conceito de nascer de novo, mas, disse aos outros que Ivan mudara e crescera O Presidente em sua tradução, nem sempre explica exataem todos os aspectos durante seus meses de Brigham Young ensimente como isso acontece. Por exemplo, o ausência do ramo. Ivan abraçara o evangelho, e nou que as pessoas Salvador (ver João 3:5–7), João Batista (ver isso lhe conferia uma nova luz. Ele passara por que passam por um Mateus 3:11) e Paulo (ver Romanos 6:2–6; II uma “mudança no coração” (Alma 5:26) forte o “novo nascimento” Coríntios 5:17; Gálatas 4:29; Efésios 4:24) probastante para impeli-lo ao batismo e à persevese dedicam “de clamam o princípio, mas não esclarecem seu rança no processo contínuo de conversão. modo (...) completo e significado. Estava-se preparando para receber o sacerdócabal ao Espírito da Por outro lado, o Livro de Mórmon é uma cio maior e as ordenanças do templo. Ivan de verdade e a Deus”. fonte maravilhosa de recursos para compreenfato vivera a experiência de “nascer de novo” der melhor o processo de passar por uma (Alma 7:14). vigorosa mudança no coração e nascer de Ao concluir, o missionário perguntou a si novo. Seus profetas oferecem uma descrição mesmo em voz alta: “Até que ponto eu passei doutrinária mais completa do processo. Ambos os conceipor uma ‘mudança no coração’ nos últimos seis meses?” tos são explorados de modo mais completo por Alma, o Continuando o auto-exame, perguntou: “Será que ‘nasci Filho, que fez três perguntas aos membros da Igreja: “Eis de novo’?” Essas são duas perguntas profundas que cada que vos pergunto, meus irmãos da igreja: Haveis nascido um de nós deve fazer a si mesmo continuamente. espiritualmente de Deus? Haveis recebido sua imagem em Nos anos que se seguiram, refleti sobre as palavras vosso semblante? Haveis experimentado esta poderosa do jovem missionário e as atitudes de Ivan. Ponderei mudança em vosso coração?” (Alma 5:14.) sobre o papel que essa “grande mudança” (Alma 5:12) Sabemos por meio das obras-padrão que o batismo em nosso coração e o nosso nascimento espiritual de por imersão permite que nos tornemos membros da Deus (Alma 5:14) desempenham no processo de abraçar Igreja, mas que a ordenança por si só não constitui o o evangelho restaurado. Concluí que são claramente renascimento espiritual que nos permite regressar à preuma parte importante da doutrina do Senhor, não apesença do Pai Celestial. Da mesma forma, quando somos nas experiências ocorridas uma única vez na mortaliconfirmados depois do batismo, passamos a ter direito dade. São oportunidades contínuas, que têm por à companhia constante do Espírito Santo. Entretanto, objetivo aprofundar o processo de conversão e aperfeisomente quando nos arrependemos verdadeiramente — çoamento pessoal. Preparam-nos mais plenamente para e assim recebemos de fato o Espírito Santo — é que a vida eterna. podemos ser santificados e portanto nascer de novo espiritualmente. Por conseguinte, as perguntas instiganOs Desafios do Renascimento Espiritual tes de Alma são válidas para cada um de nós repetidas Os desafios de nascer de novo e passar por uma vezes ao longo da vida. grande mudança no coração devem ser enfrentados por O Presidente Brigham Young (1801–1877) pregou o todos nós. Algumas pessoas na comunidade cristã crêem seguinte sobre o “novo nascimento”: “Pode ocorrer o nasque podem nascer de novo apenas reconhecendo Cristo cimento espiritual enquanto vivemos na carne; e quando como Salvador do mundo, a despeito de qualquer concompreendermos com mais perfeição a nossa própria duta pessoal anterior ou posterior. Há quem afirme que organização independente concedida por Deus, bem o simples fato de reconhecer o papel de Cristo, aliado à como o mundo espiritual e os princípios e poderes que simples expressão da crença em Cristo, bastará para agem neste organismo, aprenderemos que uma pessoa levar-nos de volta à presença do Pai e do Filho. Por mais A LIAHONA JUNHO DE 2008 41 e alivia a dor da transgressão (ver Mosias pode dedicar-se de modo tão completo e 27:29; Alma 36:19). cabal ao Espírito da verdade e a Deus e ficar tão envolta pelo Espírito que podemos, com propriedade, falar de um novo nascimento”.1 “Os membros da As Bênçãos do Renascimento Espiritual O Rei Benjamim, num sermão contunIgreja que de fato O Élder Bruce R. McConkie (1915–1985), dente dirigido a seu povo, aconselhou-o do Quórum dos Doze Apóstolos, lembrou nasceram de novo”, quanto à observância dos princípios do evan- disse o Élder Bruce R. que “os membros da Igreja que de fato nascegelho (ver Mosias 2–4). Em seguida, pergunram de novo encontram-se num estado abenMcConkie, “alcançatou audazmente se acreditavam em suas çoado e favorecido. Alcançaram sua posição ram sua posição não palavras. A resposta pungente constitui um não apenas se filiando à Igreja, mas por meio apenas se filiando à extraordinário exemplo: “E todos clamaram a Igreja, mas por meio da fé (I João 5:1), da retidão (I João 2:29), do uma só voz, dizendo: Sim, acreditamos em amor (I João 4:7) e da vitória sobre o mundo da fé, da retidão, do todas as palavras que nos disseste e também (I João 5:4)”.2 amor e da vitória sabemos que são certas e verdadeiras, por Alma, o Filho, viveu pessoalmente a transsobre o mundo”. causa do Espírito do Senhor Onipotente que formação de passar de inimigo de Deus a uma efetuou em nós, ou melhor, em nosso coranova criatura, um ser convertido e, portanto, ção, uma vigorosa mudança, de modo que tornar-se comprometido com a edificação do não temos mais disposição para praticar o reino: mal, mas, sim, de fazer o bem continua“Pois, disse ele, arrependi-me de meus mente” (Mosias 5:2). pecados e o Senhor redimiu-me; eis que nasci do Espírito. Disseram também: “E estamos dispostos a fazer um E o Senhor disse-me: Não te admires de que toda a convênio com nosso Deus, de cumprir a sua vontade e humanidade, sim, homens e mulheres, toda nação, línobedecer a seus mandamentos em todas as coisas que ele gua, tribo e povo tenham de nascer de novo; sim, nascer nos ordenar, para o resto de nossos dias” (Mosias 5:5; grifo de Deus, serem mudados de seu estado carnal e decaído do autor). para um estado de retidão, sendo redimidos por Deus, O Rei Benjamim explicou-lhes então o que acontecera e tornando-se seus filhos e filhas; com quais resultados, oferecendo uma excelente definição E tornam-se, assim, novas criaturas; e a menos que do que significa nascer de novo: façam isto, não poderão de modo algum herdar o reino de “Dissestes as palavras que eu desejava; e o convênio Deus” (Mosias 27:24–26; grifo do autor). que fizestes é um convênio justo. Como todas as pessoas precisam nascer de novo e pasE agora, por causa do convênio que fizestes, sereis chasar por uma mudança no coração, não importa se nascemados progênie de Cristo, filhos e filhas dele, porque eis mos na Igreja ou nos convertemos posteriormente quando que neste dia ele vos gerou espiritualmente; pois dizeis jovens ou adultos. Todos nós precisamos, em algum que vosso coração se transformou pela fé em seu nome; momento, passar por essa mudança no coração e esse portanto nascestes dele e vos tornastes seus filhos e suas renascimento espiritual ao longo de nosso processo de filhas” (Mosias 5:6–7). conversão. O processo de renascimento e mudança no Esses súditos do Rei Benjamim passaram nitidamente coração deve ser abrangente e estar ao alcance de todas as por uma transformação tal no coração que não tinham nações, ou seja, de todas as pessoas. mais disposição para fazer o mal; além disso, foram As escrituras contêm relatos de pessoas que nasceram visivelmente gerados em espírito, ou seja, nasceram de novo de modo notável, como Paulo (ver Atos 9:1–20) e de novo. Alma, o Filho (ver Mosias 27:8–37). Contudo, para a maioria Lembremos que nascer de novo não elimina a lemdas pessoas dos tempos bíblicos e da época do Livro de brança dos pecados passados, mas traz paz de consciência Mórmon, assim como da atualidade, essa mudança no 42 O REI BENJAMIM PREGA AOS NEFITAS: GARY L. KAPP S coração não é um evento único, mas na verdade um processo íntimo e gradual. O Élder McConkie, num discurso na conferência da Estaca Brigham Young University I, proferiu estas palavras reconfortantes e animadoras: “Para a maioria das pessoas, a conversão [o renascimento espiritual e a subseqüente remissão dos pecados] é um processo; ocorre passo a passo, grau por grau, nível por nível, de um estado inferior a um superior, de graça em graça, até a pessoa estar voltada totalmente à causa da retidão. Isso significa que as pessoas sobrepujam um pecado de cada vez. Aperfeiçoam sua vida numa área agora e em outra depois. E o processo de conversão continua até estar concluído, até nos tornarmos literalmente, como diz o Livro de Mórmon, santos de Deus em vez de homens naturais”.3 Pouco importa se o nosso renascimento espiritual é repentino ou, como na maioria dos casos, gradual. Embora o processo varie, os resultados serão semelhantes. Não há diferença na qualidade da conversão. Para cada pessoa, a experiência de viver uma mudança no coração manifesta-se em sensações de alegria e amor, e ambas eliminam a dor anterior resultante da desobediência (ver Alma 36:20–21). Como o nosso Pai Celestial é bondoso! Como a Expiação de Seu Filho é completa! Se seguirmos essas doutrinas verdadeiras, como no caso do missionário na Europa Oriental e seu pesquisador, todos poderemos beneficiar-nos de uma notável mudança no coração e um renascimento espiritual e, assim, receber as bênçãos prometidas de paz, amor, alegria verdadeira e a disposição de fazer o bem continuamente. ■ omos “gerados espiritualmente” por Cristo, ensinou o Rei Benjamim, quando nosso “coração se transforma pela fé em seu nome”. NOTAS 1. Deseret News, 2 de maio de 1860, p. 68. 2. Mormon Doctrine, 2ª edição (1966), p. 101; ver também Tradução de Joseph Smith, I João 3:9. 3. Be Ye Converted, Brigham Young University Speeches of the Year (11 de fevereiro de 1968), p. 12. A LIAHONA JUNHO DE 2008 43 VOZES DA IGREJA O Que Mais Aprecio na Igreja R ecentemente, eu e meu marido saímos para jantar com amigos. A certa altura, o assunto se voltou para a religião, e um amigo menos ativo na Igreja começou a me dizer por que a Igreja não era verdadeira. Ao explicar-se, ficou exaltado, hostil e furioso. O tempo inteiro, apenas ouvi. No início, tive vontade de chorar, mas depois senti raiva e quis repreendê-lo. Entretanto, a voz mansa e delicada me instou a ficar em silêncio. Nosso amigo só terminou seus ataques depois de acabarmos de jantar e pagar a conta. Por fim, fez uma pausa, como que esperando minha réplica. E u disse a nosso amigo menos ativo que estava indignado que o que mais aprecio ao ir à Igreja é tomar o sacramento. Continuei sentada por alguns instantes, em oração silenciosa. Então, com a voz serena, perguntei calmamente: “Sabe o que mais aprecio ao ir à Igreja domingo? O sacramento. É para mim a oportunidade de curvar serenamente a cabeça e orar ao Pai Celestial. Digo-Lhe tudo o que eu poderia ter feito de modo diferente na semana anterior e busco maneiras de melhorar”. Prossegui: “Penso em todas as pessoas que tentei abençoar no decorrer da semana e peço ao Pai Celestial que me ajude a achar mais pessoas para abençoar na semana seguinte. Sou grata por ter tempo durante a reunião sacramental a cada semana para fazer isso e me tornar a melhor pessoa possível”. Nosso amigo me olhou e não disse nada. Saímos do restaurante e caminhamos até o carro. Depois, perguntei se ele se lembrava de todos os livros de auto-ajuda que eu tinha em casa na estante. Ele respondeu afirmativamente. John Elks que, desde o meu batismo na Igreja, nunca mais lera um livro de auto-ajuda e que agora o único livro do qual obtenho respostas é o Livro de Mórmon. Alguns dias depois, ele telefonou para pedir desculpas. “Vinde a Cristo (...) e [amai] a Deus com todo o vosso poder, mente e força” (Morôni 10:32), exorta-nos Morôni. Ao tentar ILUSTRAÇÕES: DANIEL LEWIS Isabelle Alpert seguir esse conselho, meu amor aos filhos de Deus aumentou — mesmo os que se predispõem a ser meus inimigos. ■ Mais uma Semana até o Pagamento Julie C. Donaldson C om certa dificuldade, eu e o meu marido, carregando nossos dois filhos pequenos, achamos uma mesa vazia no enorme refeitório da faculdade. Ao pegarmos nossos sanduíches caseiros, conversamos sobre a nossa difícil situação financeira. Estávamos sem dinheiro e ainda faltava uma semana para o pagamento seguinte. Nenhum dos dois queria pedir ajuda aos pais. Tínhamos cartões de crédito, mas se começássemos a usá-los, como conseguiríamos parar? Pagávamos fielmente o dízimo e esperávamos que o Pai Celestial nos abençoasse. Ao pensarmos nas opções, vi um homem sorrindo para nós a várias mesas de distância. Por causa dos nossos filhos traquinas e barulhentos, eu estava acostumada a olhares reprovadores. Assim, nem dei muita atenção antes de ele vir até nós. Ele pôs uma folha dobrada na mesa, deu um tapinha nas costas do meu marido e disse com um sorriso: “Parece que trabalho é o que não falta para vocês”. Em seguida, foi embora e logo desapareceu na multidão. O desconhecido veio em nossa direção, colocou uma folha dobrada na mesa e deu um tapinha nas costas do meu marido. Ao desdobrarmos o papel, lemos: “Boa sorte! Parece que vocês estão se saindo bem até agora”. E dentro havia dinheiro suficiente para as nossas despesas da semana seguinte e ainda um pouco mais. Com lágrimas nos olhos, senti pelo Espírito a certeza serena de que se tratava de uma resposta as nossas orações e uma bênção resultante da nossa obediência à lei do dízimo. Naquele momento, soube que o Pai Celestial conhecia intimamente a nossa pequena família e não nos abandonaria. Guardei esse bilhete e o li muitas vezes nos últimos anos. Tenho certeza de que o generoso desconhecido nem compreendia plenamente o impacto de sua ação. No entanto, para a nossa família, essa experiência foi um marco — rumo a uma maior obediência, fé e gratidão. Um sussurro do Espírito, um desconhecido generoso disposto a agir e um bilhete abençoaram eternamente a minha família. ■ A LIAHONA JUNHO DE 2008 45 A o aproximar-se do livro no chão, Favio reconheceu as letras douradas. Era a resposta do Pai Celestial. Onde Encontrar Outro Livro de Mórmon? Curtis Kleinman E u e o meu companheiro estávamos chegando ao fim de um dia longo e infrutífero de contatos porta a porta em Buenos Aires, Argentina. Ao sentar-nos para esperar o ônibus, mergulhei numa espiral de autocomiseração. Eu servira naquela área durante três meses sem sucesso algum. Senti que decepcionara o Senhor. Só então vi um homem ao longe que corria de bicicleta em nossa direção. Estava gritando e acenando. Na esperança de evitar esse homem que parecia furioso, nos apressamos para pegar o ônibus que chegava. Estava escurecendo e nos encontrávamos numa parte perigosa da nossa área. Esperávamos entrar no ônibus antes de o homem se aproximar de nós. 46 “Tenho uma pergunta para vocês”, gritou ele. O ônibus chegou e entramos às pressas. Foi aí que ouvi a pergunta do ciclista: “O que aconteceu com as placas de ouro depois que Joseph Smith as traduziu?” Fiquei boquiaberto. Tive vontade de saltar do ônibus, que a essa altura já se distanciava. Em vez disso, gritei: “Onde você mora?” e anotei apressadamente o endereço. Fomos à casa dele no dia seguinte. Chamava-se Favio. Contou-nos que, um mês antes, um amigo lhe emprestara um Livro de Mórmon. “Sempre me interessei por Jesus Cristo, mas nunca tinha ouvido falar de outro testamento de Sua vida”, disse Favio. “Só tinha conhecimento da Bíblia e do ministério de Cristo no Oriente. Ninguém jamais me dissera que Cristo viera à América! Vibrei ao aprender mais.” Algumas semanas depois, Favio teve que devolver o livro. “Não sabia onde conseguir outro exemplar”, relatou. “Eu queria, mais do que tudo, saber se o livro era verdadeiro. Ajoelhei-me e pedi ajuda ao Pai Celestial. Disse: ‘Pai, se o Livro de Mórmon for verdadeiro, por favor permita que outro exemplar caia nas minhas mãos para eu continuar a estudá-lo’.” Certo dia, Favio estava na estação ferroviária. De soslaio, viu o que parecia um livro azul jogado na calçada. Ao se aproximar, reconheceu as letras douradas. Era a resposta do Pai Celestial. Semanas depois de achar o Livro de Mórmon, Favio nos viu no ponto de ônibus. A essa altura, já sabia que o livro era verdadeiro. Nas semanas que se seguiram, ensinamos a Favio os princípios básicos do evangelho e o incentivamos a continuar a leitura. A cada vez que perguntávamos se ele se comprometeria a cumprir um novo princípio do evangelho, respondia: “Não me atrevo a não o fazer”. Pouco tempo depois, entrou nas águas do batismo. Agora, sempre que tenho um dia difícil, em vez de sentir pena de mim mesmo, penso no Favio, sua pergunta a dois missionários desanimados e seu comprometimento para com o Senhor depois de receber uma resposta. ■ A Oração dos Meus Filhos Virgínia Augusta de Pádua Lima Pereira A perguntar: “Mesmo? Está bem?” o atender o telefone da nossa “Estou”, respondi. Fiquei em silêncapela em Viseu, Portugal, cio no restante do trajeto. nem fazia idéia de quem Ao chegarmos ao hospital, enconpoderia estar do outro lado da linha. trei minha filha de quatro anos consFiquei surpresa ao ouvir a voz trêciente e apenas com ferimentos leves. mula do meu filho de oito anos. Depois de tranqüilizá-la, não conseguia “Mãe, a Viviana foi atropelada”, parar de pensar na paz que sentira. disse ele. “Ela está viva, mas com a A Viviana voltou para casa depois de cabeça sangrando! Está indo para o somente um dia de internação. Ao hospital.” falar sobre o acidente, a irmã que ficara Quase desmaiei. O que deveria cuidando das crianças disse: “Ontem, fazer? Felizmente, havia familiares por depois que a ambulância perto: duas das minhas irmãs estapartiu, a Vanessa e o vam comigo. Uma delas me acompaVasco entraram em nhou ao hospital e a outra foi até casa e oraram juntos”. minha casa para cuidar dos meus Fiquei emociooutros três filhos e consolá-los, pois nada ao saber que, estavam aflitos. Em meio a tanta angústia, tive vontade de orar, mas só conseesmo com guia chorar. Porém, a caminho todo o do hospital, fui envolvida por temor que uma sensação repentina de paz e estavam sentindo, segurança. Senti que não precimeus filhos se lemsava me preocupar, pois tudo braram do que terminaria bem. tinham aprendido Minha irmã se deu conta da em casa e na mudança e perguntou: “Você Primária. está bem?” Concordei com a cabeça. Sem acreditar, tornou a M mesmo com todo o temor que estavam sentindo, meus filhos se lembraram do que tinham aprendido em casa e na Primária. Com apenas seis e sete anos de idade, já tinham fé no poder da oração. Sabiam que o Pai Celestial podia ajudar a irmãzinha. Pensei a tarde inteira na fé que eles tinham demonstrado. Então, uma pergunta me veio à mente: quando eu começara a sentir paz? Depois de calcular quanto tempo eu levara para chegar ao hospital, percebi que a sensação de paz me adviera por volta do momento em que a Vanessa e o Vasco tinham orado. Sei que o Pai Celestial ouviu aquelas doces vozes e não só abençoou a minha filha com saúde, como também me concedeu paz. Nunca me esquecerei do que aprendi naquele dia com os meus filhos: temos um Pai amoroso que ouve as nossas orações e quernos dar a “bênção de [sentirmos] seu consolo e proteção” (“Sê Humilde”, Hinos, nº 74). ■ Você Sabia? Minha Escritura Favorita “Em verdade assim diz o Senhor: Acontecerá que toda alma que abandonar seus pecados e vier a mim e invocar meu nome e obedecer a minha voz e guardar meus mandamentos verá minha face e saberá que eu sou” (D&C 93:1). Esse versículo trata de todas as coisas que é preciso fazer para vermos o Salvador. Quero dedicar-me a elas em minha vida para atingir essa meta. Ole I., 16 anos, Buskerud, Noruega Diga-nos qual é a sua escritura predileta e por quê. Mande um e-mail para [email protected]. Escreva na linha de assunto: “Favorite Scripture”. Dica para Discursos Caso tenha recebido o convite para discursar na Igreja, não se preocupe — prepare-se. Lembre-se da promessa do Senhor: “Se estiverdes preparados, não temereis” (D&C 38:30). Ao preparar e organizar o seu discurso, pense em incluir uma experiência pessoal positiva que ilustre a atuação do princípio do evangelho em questão na sua vida e como ele o aproxima de Jesus Cristo. Líderes em Retidão ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: MATTHEW REIER; FOTOGRAFIA DE MICROFONE: CHRISTINA SMITH; FOTOGRAFIA DAS ESCRITURAS: NATHAN CAMPBELL; FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE COCHABAMBA BOLÍVIA: JAMIE CARDONA, REPRODUÇÃO PROIBIDA “O Presidente Gordon B. Hinckley disse a respeito de vocês: [Vocês são] ‘a melhor e [mais forte] geração de jovens da história desta Igreja’. Creio que vocês foram preparadas e reservadas para estar na Terra, nesta época, quando os desafios e oportunidades são maiores. Creio que o Senhor conta com vocês para serem líderes em retidão e servirem de testemunhas ‘em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares’ (Mosias 18:9). Realmente podemos dizer que vocês são ‘a radiante esperança do futuro’.” Elaine S. Dalton, Primeira Conselheira na Presidência Geral das Moças, “Teu Rosto Revela”, A Liahona, maio de 2006, p. 109. 48 Números 3.500.000: Exemplares do Livro de Mórmon impressos em 2006. A Igreja na (...) Bolívia Alguns missionários chamados para a Missão dos Andes chegaram à Bolívia em novembro de 1964. Em dezembro do mesmo ano, batizaram e confirmaram o primeiro converso. O primeiro boliviano a servir como missionário da Igreja foi Desiderio Arce Cano em 1967. Deixou para trás a carreira de cantor na Argentina para pregar o evangelho em seu país natal. Posteriormente, tornou-se presidente de estaca e presidente de missão. O número de membros da Igreja na Bolívia mais que dobrou nos últimos dez anos. NÚMERO DE MEMBROS ESTACAS E DISTRITOS 153.674 34 MISSÕES 3 TEMPLOS 1 CENTROS DE HISTÓRIA DA FAMÍLIA 31 PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U N H O D E 2 0 0 8 OAmigo VINDE AO PROFETA ESCUTAR A Primeira Visão P R E S I D E N T E D I E T E R F. U C H T D O R F Eu sentia um espírito especial ao contemplar a bela cena do vitral. Via a imagem de um menino de fé, em um bosque a minha infância e adolescência na sagrado, que tomou a decisão corajosa de Alemanha, freqüentei a Igreja em orar sinceramente ao Pai Celestial, que o muitos lugares e situações diferenouviu e respondeu com amor. tes: em humildes salões nos fundos de Ali estava eu, um menino na Alemanha alguma casa, em mansões imponentes e logo após a Segunda Guerra Mundial, em capelas bastante funcionais e modermorando numa cidade em ruínas, a milhanas. Todos esses edifícios tinham um res de quilômetros de Palmyra, na América importante fator em comum: o Espírito O Presidente do Norte, e mais de cem anos depois do de Deus estava presente; podia-se sentir Uchtdorf presta ocorrido. Pelo poder universal do Espírito o amor do Salvador no ramo ou na ala testemunho da Santo, porém, senti no coração e na mente quando nos reuníamos, como uma família. Primeira Visão de que era verdade: Joseph Smith vira Deus e A capela de Zwickau tinha um antigo Joseph Smith. Jesus Cristo e ouvira a voz Deles. órgão de tubos. Todos os domingos, um O Espírito de Deus confortou-me a alma rapaz era encarregado de elevar e abaixar a em minha juventude com a certeza da realidade daquele pesada alavanca que movimentava os foles que faziam o momento sagrado, que resultou no início de um moviórgão funcionar. Algumas vezes tive o grande privilégio mento mundial destinado a “[rolar] até encher toda a de ajudar nessa importante tarefa. Terra” (D&C 65:2). Acreditei no testemunho de Joseph Enquanto a congregação cantava os nossos amados Smith dessa gloriosa experiência no Bosque Sagrado, e hinos da Restauração, eu bombeava com toda a força essa convicção me acompanha até hoje. Deus falou para que o órgão não parasse. A pessoa que movimennovamente à humanidade! ● tava os foles se sentava num local com uma ótima visão Extraído de um discurso da conferência geral de abril de 2005. do vitral que embelezava a frente da capela. Era uma representação da Primeira Visão, com Joseph Smith ajoelhado no Bosque Sagrado, olhando para o céu e COISAS EM QUE PENSAR para uma coluna de luz. Durante os hinos da congregação e até mesmo 1. A aparência do prédio onde nossa Igreja se reúne durante os discursos e testemunhos dos membros, é importante? O que realmente importa? muitas vezes eu ficava a olhar aquela ilustração de um 2. A seu ver, o que é o “poder universal do Espírito dos momentos mais sagrados da história do mundo. Santo”? Qual pode ser a relação entre isso e as muitas Mentalmente, via Joseph recebendo conhecimento, tespessoas que estão entrando para a Igreja no mundo temunho e instruções divinas enquanto se tornava um inteiro? instrumento abençoado nas mãos do Pai Celestial. 3. Você tem um testemunho da Primeira Visão de Segundo Conselheiro na Primeira Presidência Joseph Smith? O que pode fazer para adquirir um? A2 À DIREITA: ILUSTRAÇÃO: BEN SOWARDS; FOTOGRAFIA: CORTESIA DA FAMÍLIA UCHTDORF N Seguirei o plano do Pai Celestial para mim. Lembrarei do meu convênio batismal e ouvirei o Espírito Santo. Manterei o corpo e a mente sagrados e puros e não comerei nem beberei coisas que sejam prejudiciais a mim. Irei vestir-me com recato para demonstrar respeito pelo Pai Celestial e por mim mesmo. Escolherei o que é certo. Sei que posso me arrepender quando cometer um erro. Serei honesto com o Pai Celestial, com as outras pessoas e comigo mesmo. Lerei e assistirei apenas coisas que sejam agradáveis ao Pai Celestial. Ouvirei somente músicas que sejam agradáveis ao Pai Celestial. Usarei o nome do Pai Celestial e de Jesus Cristo com reverência. Não direi palavrões. No Dia do Senhor farei coisas que ajudem a me sentir mais perto do Pai Celestial e de Jesus Cristo. Procurarei ter bons amigos e tratar os outros com gentileza. Viverei agora de modo a ser digno de ir ao templo e de fazer a minha parte para ter uma família eterna. A4 Nota: Se não quiser tirar páginas da revista, copie esta atividade ou imprima-a da Internet em www.lds.org. Para o inglês, clique em “Gospel Library”. Para os demais idiomas, clique em “Languages”. ILUSTRAÇÃO: DAVID W. MEIKLE Honrarei meus pais e farei minha parte para fortalecer minha família. TEMPO DE COMPARTILHAR Devo Preparar-me Desde Já “Que essa casa seja construída ao meu nome, a fim Idéias para o Tempo de Compartilhar de que nela eu revele minhas ordenanças a meu 1. Faça um desenho simples de um templo. Recorte o desenho em 12 retângulos para representar tijolos. Numere as peças de 1 a 12. Recorte uma folha de papel em 12 seções e escreva em cada uma delas um dos 12 verbos existentes em Meus Padrões do Evangelho. (Verbos: seguir, lembrar, escolher, ser, usar, fazer, honrar, manter, vestir, ler e assistir, ouvir, procurar e viver.) Dobre os papéis de modo que o verbo fique escondido. Distribua exemplares do livreto Fé em Deus. Pegue o jogo de construção de templos. Comece lendo D&C 124:40. Escreva no quadro-negro: “Que essa casa seja construída”. Convide uma criança para escolher um papel e ler o verbo. Peça às crianças que procurem esse verbo em Meus Padrões do Evangelho. Quando acharem, leiam juntos o padrão em questão. Peça à criança ou à classe que pense numa maneira de viver esse padrão. Em seguida, peça à criança ou à classe que ache o tijolo 1 e o ponha no quadro-negro. Continue até terminar o templo. Ressalte que todos os padrões do evangelho são coisas que as crianças podem fazer para ter uma família eterna. 2. Segure uma sacola que contenha escrituras. Dê várias pistas para ajudar as crianças a adivinharem o que está lá dentro. Quando adivinharem, abra Malaquias 3:10 e leia as palavras: “Trazei todos os dízimos”. Pergunte às crianças qual mandamento é mencionado nessa passagem. Leiam o versículo juntos, atentando para a promessa: “derramar sobre vós uma bênção”. Peça às crianças que citem algumas bênçãos que receberam do Pai Celestial e faça uma lista no quadro-negro. Dê uma folha a cada criança. Peça-lhes que desenhem ou escrevam nela uma bênção. Quando terminarem, peça que façam uma bola de papel com a folha. Coloque tudo na sacola. Peça a um líder do sacerdócio que fique com as mãos estendidas para pegar as bolas. Despeje-as nas mãos dele e veja-as transbordar e cair no chão. Leia a promessa: “derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar para suficiente para a recolherdes”. Ajude as crianças a entenderem que, ao obedecermos à lei do dízimo, o Pai Celestial nos concede tantas bênçãos que nem sequer temos espaço para recebê-las. Explique-lhes que o dinheiro do dízimo ajuda a construir templos. ● povo” (D&C 124:40). L I N DA C H R I S T E N S E N Os templos são uma bênção para você e sua família. Há mais de 120 templos em todo o mundo. Sabe o nome do templo mais próximo a você? Há uma fotografia de templo na sua casa? Alguém da sua família já foi ao templo para fazer convênios sagrados? A música da Primária “Eu Gosto de Ver o Templo” (Músicas para Crianças, nº. 99) ensina que o templo é “a Casa do Senhor, lugar santificado”. Fala também que o templo é um local sagrado “onde as famílias podem se selar”. Na próxima vez que cantar essa música, preste atenção às palavras “Ali eu entrarei”. É uma promessa que você está fazendo a si mesmo e ao Pai Celestial de que será digno de entrar em Sua santa casa. § Atividade Retire a página A4 e cole-a em cartolina. Recorte o templo nas linhas inteiras, dobre nas pontilhadas e cole as pontas no interior das paredes para formar uma caixa. Recorte os cartões dos Meus Padrões do Evangelho (p. A4) e ponha-os dentro da caixa do templo. Escolha um padrão do evangelho na caixa, leia-o e decida o que pode fazer para guardá-lo. Na noite familiar, mostre como a obediência a esse padrão pode preparar você para um dia entrar no templo. Coloque a caixa do templo e os cartões dos Meus Padrões do Evangelho num lugar especial, como lembrete para fazer boas escolhas. Ao ler um padrão do evangelho e decidir como aplicá-lo, lembre-se das seguintes palavras de “Eu Gosto de Ver o Templo”: “Devo preparar-me desde já — é meu dever sagrado”. O AMIGO JUNHO DE 2008 A5 DA VIDA DO PROFETA JOSEPH SMITH Joseph Recebe as Placas de Ouro Certa noite, Joseph orou para saber o que o Pai Celestial desejava que fizesse. Durante a oração, uma luz encheu o quarto, e apareceu um ser chamado Morôni. Era um anjo enviado pelo Pai Celestial. Ele falou a Joseph de um registro antigo gravado em placas de outro. A visão durou a noite inteira. No dia seguinte, Joseph não conseguiu trabalhar por estar muito cansado. É melhor voltar para casa e descansar, filho. No caminho de casa, Morôni apareceu a Joseph e repetiu o que dissera na noite anterior. Em seguida, disse para Joseph contar as visões ao pai. A visão é de Deus, Joseph. Faça o que o anjo mandar. A6 Joseph foi ao Monte Cumora. Ao levantar uma grande pedra, viu as placas de ouro, o Urim e Tumim e um peitoral enterrados numa caixa de pedra. Morôni o instruiu a voltar anualmente durante quatro anos. Nesse período, Joseph recebeu muitas revelações. Contou-as à família. Joseph, você está falando de povos que viveram antigamente neste continente. Fala como se tivesse passado toda a sua vida no meio deles! No ano seguinte, Joseph voltou à colina. Tirou as placas da caixa e as pôs no chão por alguns instantes e, quando ia pegá-las, tinham desaparecido! É porque o Senhor os mostrou a mim. Por que as placas me foram tiradas? Morôni apareceu e disse-lhe que ainda não poderia ficar com as placas, pois precisava aprender a ser mais obediente. Você recebeu a ordem de não soltar as placas antes de chegar em casa. Joseph aprendeu a ser mais obediente e cuidadoso. Em 22 de setembro de 1827, Joseph e a esposa, Emma, foram até o Monte Cumora à meia-noite. Emma ficou esperando na carroça enquanto Joseph subia a colina. ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI Ao voltarem na manhã seguinte, a mãe de Joseph muito se alegrou. Finalmente tenho as placas! Mas esqueceu e foi desobediente! Adaptado de Lucy Mack Smith, History of Joseph Smith, ed. Preston Nibley (1979), pp. 108, 112, 121–122; ver também Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (2007), pp. 7, 59, 441. Rendamos graças a Deus! Passei a noite inteira orando. O AMIGO JUNHO DE 2008 A7 Fé em Deus À ESQUERDA: ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: CHRISTINA SMITH; À DIREITA: FOTOGRAFIAS: BUSATH PHOTOGRAPHY; ILUSTRAÇÕES: STEPHANIE CALL numa carta: “É nosso desejo que meninos e meninas desenvolvam mais fé e coragem aprendendo e vivendo o evangelho, servindo ao próximo e cultivando seus talentos” (Carta da Primeira Presidência, 2 de abril de 2003). No mundo de hoje, você precisará de grande fé e coragem. Pode desenvolver essas qualidades orando todos os dias, lendo as escrituras Acima (a partir da esquerda): Margaret S. Lifferth, primeira conselheira; Cheryl C. Lant, presidente; e Vicki F. Matsumori, segunda conselheira. PRESIDÊNCIA GERAL DA PRIMÁRIA S helby, de nove anos, fez a oração de abertura na noite familiar. “Shelby”, disse a mãe, “acho que você quase concluiu uma das atividades do programa Fé em Deus. Fez a oração de encerramento na noite familiar há algumas semanas. Agora precisa externar seus sentimentos sobre como a oração nos protege e nos ajuda a ficar perto do Pai Celestial e do Salvador.” Shelby saiu da sala e voltou com seu diário. Leu que alguns dias antes tinha orado na traseira do carro da família pedindo ajuda quando o motor não queria pegar. Quase imediatamente, aparecera um vizinho para ajudar a resolver o problema. Ela se lembrara de orar porque vinha pensando sobre a atividade do programa Fé em Deus. Como várias crianças em todo o mundo, Shelby descobriu que Fé em Deus é mais do que um programa. É uma forma de fortalecer a fé ao praticar o evangelho de Jesus Cristo. Quando o programa Fé em Deus foi apresentado em 2003, o Presidente Gordon B. Hinckley, o Presidente Thomas S. Monson e o Presidente James E. Faust disseram FÉ EM DEUS PARA MENINAS “Que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” João 17:3 regularmente e guardando os mandamentos. Essas e outras maneiras de viver o evangelho fazem parte dos requisitos básicos alistados no guia. Ao fazer oito anos de idade, você receberá o guia Fé em Deus. Em algumas áreas do mundo, as crianças se reúnem duas vezes por mês com uma líder dos dias de atividade para fazer amizades, pôr o O A M I G O JUNHO DE 2008 A9 evangelho em prática e se divertir. Nas partes do mundo com número reduzido de membros da Igreja ou grande distância entre eles, as crianças devem participar do programa Fé em Deus com a família ou sozinhos. Seja qual for a sua situação, o mais importante é encontrar uma maneira de pôr em prática o evangelho de Jesus Cristo. As líderes da Primária podem ajudá-lo. Os membros da presidência da Primária podem incentivá-lo e dar-lhe a oportunidade de fazer um relato das atividades realizadas. Os professores podem ajudá-lo a memorizar as Regras de Fé. Para os meninos que residirem nos Estados Unidos e Canadá, os líderes de Lobinhos podem coordenar as atividades do escotismo com as metas do programa Fé em Deus. O programa Fé em Deus também é uma forma de fortalecer a família. Lindsey acabara de fazer oito anos e recebera seu guia Fé em Deus. Os pais estudaram o livreto com ela. Lindsey se prontificou a dar a aula na noite familiar. Escolheu um dos tópicos do guia Fé em Deus. Com a ajuda da família, Lindsey deu aula na noite familiar e também concluiu uma atividade. Outras famílias também usam o programa Fé em Deus para ajudá-las na noite familiar. Certa família escolhe a cada semana uma regra de fé diferente para estudar e memorizar. Outra família deixa as crianças escolherem uma atividade do guia quando chega sua vez de dar aula. A10 Para um projeto de serviço pais e filhos (ver o guia, p. 9), a família de Michael decidiu fazer tortas de maçã que cada membro da família poderia levar para alguém. Michael perguntou se poderia oferecer sua torta a uma família que tinha sido antipática. Embora a mãe tenha se mostrado reticente, Michael estará mais preparado para receber o Sacerdócio Aarônico ou tornar-se uma jovem virtuosa. Terá formado hábitos de retidão e tido oportunidades de viver o evangelho, servir ao próximo e desenvolver seus talentos. E o mais importante: terá fortalecido seu testemunho de Jesus Cristo. ● FÉ EM DEUS PARA MENINOS “Que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” João 17:3 insistiu. A família de Michael ofereceu a torta. Assim, descobriram que a família estava passando por momentos difíceis e que a hostilidade não se dirigia a eles. As duas famílias iniciaram uma forte amizade, tudo porque Michael tinha o desejo de viver o evangelho de Jesus Cristo. Ao cumprir os requisitos, você receberá o certificado que fica no fim do guia. A sua presidente da Primária e o bispo ou presidente de ramo o assinarão. Mas a maior bênção é que você terá praticado coisas que podem ajudá-lo a viver o evangelho e ser forte e corajoso. Ao cumprir os requisitos do programa Fé em Deus, você também Atividade: Ligue as Frases dos Meus Padrões do Evangelho BORDA © CORBIS Trace uma linha para ligar a primeira parte de cada frase ao final correspondente. Consulte o verso do seu guia Fé em Deus em busca de ajuda. Seguirei direi palavrões. Lembrarei do meu convênio batismal e farei minha parte para fortalecer minha família. Escolherei o que é certo. Sei não comerei nem beberei coisas que sejam prejudiciais a mim. Serei honesto com sejam agradáveis ao Pai Celestial. Usarei o nome do Pai Celestial e de Jesus Cristo com reverência. Não tratar os outros com gentileza. No Dia do Senhor farei coisas que o plano do Pai Celestial para mim. Honrarei meus pais e ajudem a me sentir mais perto do Pai Celestial e de Jesus Cristo. Manterei o corpo e a mente sagrados e puros e agradáveis ao Pai Celestial. Irei vestir-me com recato para de fazer a minha parte para ter uma família eterna. Lerei e assistirei apenas coisas que ouvirei o Espírito Santo. Ouvirei somente músicas que sejam demonstrar respeito pelo Pai Celestial e por mim mesmo. Procurarei ter bons amigos e o Pai Celestial, com as outras pessoas e comigo mesmo. Viverei agora de modo a ser digno de ir ao templo e que posso me arrepender quando cometer um erro. O A M I G O JUNHO DE 2008 A11 SÓ PARA DIVERTIR Descubra as Figuras che os seguintes objetos que Jill pode ter usado ao conquistar o prêmio Fé em Deus: as escrituras, uma caneta, uma moeda, uma colher, um garfo, uma espátula, uma botinha, um cesto de piquenique, um rastelo, um piano, um pincel, uma casa de passarinho, uma bola de beisebol, um bastão de beisebol, uma corda para pular, uma capela da Igreja, um pente, uma escova de dentes e uma maçã. Como Jill pode ter usado cada um desses objetos para ganhar seu prêmio? ILUSTRAÇÃO: ADAM KOFORD A A12 Roupas de Domingo no “Guarda o dia de sábado, para o santificar” (Deuteronômio 5:12). N AT H A N N . WA I T E m Minas Gerais, Brasil, não há inverno. As únicas estações são a seca e a época das chuvas. Às vezes faz calor e há muita umidade! As crianças da Primária do Ramo de Conselheiro Lafaiete aprenderam as bênçãos resultantes de vestir suas melhores roupas nas reuniões da Igreja, mesmo no calor. A irmã Patrícia da Costa servia como presidente da Primária quando começou a se preocupar com os padrões de vestuário das crianças do ramo. “É difícil para as crianças usarem roupas sociais por causa do calor”, explica ela. “Além do mais, ninguém dava muita atenção a isso antes.” Embora o uso de roupas de domingo pareça algo sem grande importância, a irmã Patrícia sabia que isso ajudaria as crianças da Primária a mostrar respeito pelo Pai Celestial. E elas criariam bons hábitos para o futuro. A Primária traçou metas. As famílias receberam roupas sociais para as crianças que não as tinham. Até foi feito um “desfile” na Primária para mostrar as roupas adequadas para as reuniões dominicais. Não foi fácil, mas atingiram a meta. “No dia da apresentação da Primária na reunião sacramental, todos estavam vestidos de acordo com os padrões”, conta a irmã Patrícia. “Foi maravilhoso!” Muitos membros do ramo notaram a diferença. As crianças estão mais reverentes e agora se arrumam no domingo por iniciativa própria, sem precisar receber ordens dos pais. E houve mais uma bênção inesperada: os pais menos ativos começaram a voltar para a Igreja, graças ao exemplo dos filhos. ● ILUSTRAÇÃO: JOHN ZAMUDIO E Brasil O A M I G O JUNHO DE 2008 A13 Não Apenas por um Dia W E N DY E L L I S O N Inspirado numa história verídica “E conclamou todo o povo (...) a reunir-se para ir ao templo” (Mosias 1:18). O sábado começou como um dia qualquer. O sol nasceu sobre as montanhas perto da casa de Kolin, e a luz entrou suavemente pela janela do seu quarto. Se fosse outro dia, talvez ele tentasse se refugiar sob os cobertores e ficar mais um pouco na cama, mas Kolin bocejou, se espreguiçou e por fim criou coragem e se levantou, pois algo especial ia acontecer, e era preciso se arrumar. Em geral, o sábado era o dia de brincar com os amigos, ajudar no quintal ou ir visitar o avô e a avó depois das tarefas. Ele normalmente usaria roupas confortáveis que pudesse sujar sem problemas em atividades físicas. Dessa vez, vestiu seus trajes domingueiros que a mãe lavara e passara para ele. Abotoou a camisa branca e a pôs com cuidado por dentro da calça. Calçou as meias e os sapatos e colocou a gravata no pescoço — seu pai ia ajudá-lo a dar o nó. Quando a mãe anunciou: “Está na hora de ir”, ele estava pronto. Com toda a família no carro e todos com o cinto de segurança, o pai dirigiu rua abaixo e fez uma curva logo à frente. Kolin sorriu quando chegaram ao templo. Viu a superfície lisa do edifício brilhar ao sol e os vitrais coloridos que se estendiam até a torre com o anjo Morôni. Kolin vira o templo várias vezes. Até já entrara num templo antes: uma vez quando foi selado aos pais aos seis meses de idade e outra quando seus pais adotaram seu irmão mais novo, Kaden. Kolin era novo demais para se lembrar dessas duas ocasiões, mas ao crescer aprendeu que o que fizeram ali era de grande A14 importância. Ele também compreendeu que, após essa visita especial no sábado, sua irmãzinha adotiva Shayla passaria a fazer parte da família para sempre, assim como ele e o irmão. Em outros dias, Kolin gostava de rir e falar, mas ao passar pelas grandes portas do templo com a família, tentou deixar as gargalhadas e travessuras do lado de fora. Sabia que estava num lugar sagrado. Afáveis oficiantes do templo levaram Kolin, Kaden e Shayla a uma sala destinada às crianças, e lá eles foram vestidos com roupas brancas e permaneceram até a hora de ir à sala de selamento, onde o pai e a mãe os aguardavam. Na sala de selamento, Kolin viu seu avô, sua avó, tios, amigos da família e alguns membros da ala. Era um dia de alegria, embora algumas pessoas estivessem com lágrimas nos olhos. O selador do templo cumprimentou os meninos com um aperto de mão firme e um sorriso. Elogiou-os e disse que estavam lindos nos trajes brancos. Incentivou-os a sempre fazerem boas escolhas a fim de se prepararem para a missão e para voltar ao templo. Em seguida, lembrou-lhes a importância do que estava prestes a acontecer. Depois disso, começou a ordenança do selamento. Ao fim do selamento, Kolin e sua família se levantaram e olharam os espelhos em ambos os lados da sala. Ele se viu com o pai, a mãe, o irmão e a irmãzinha. Os reflexos eram infinitos, assim como sua família eterna. Kolin sabia que, por causa do templo, sua família poderia permanecer unida não apenas naquele dia, mas para sempre. ● FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN ília rmar uma fam “Devemos fo tano templo, es e ser selados cionamentos belecendo rela or e alegria, e cheios de am eternamente.” que perdurem son, do ell M. Nel , Élder Russ Apóstolos e oz D s Quórum do 2004, de o ai m Liahona, Ramos”, A “Raízes e p. 29. PÁGINA PARA COLORIR O TEMPLO É UMA BÊNÇÃO PARA MIM E MINHA FAMÍLIA “E em verdade vos digo: Que essa casa seja construída ao meu nome, a fim de que nela eu revele minhas ordenanças a meu povo” (D&C 124:40). A16 ILUSTRAÇÕES: APRYL STOTT Faça um desenho de você na frente de um templo. Esse entalhe em madeira ilustra a história contada em Jacó 5, no Livro de Mórmon. Nessa passagem, Jacó cita a alegoria do profeta Zenos, da oliveira boa e da oliveira brava, que representam a história e o destino da casa de Israel. Jacó disse: “Esta é a minha profecia — que as coisas que este profeta Zenos disse referentes à casa de Israel (...) seguramente acontecerão” (Jacó 6:1). A Alegoria da Oliveira, Brad Teare 4 02022 86059 PORTUGUESE 2
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