80 anos da Acipi

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80 anos da Acipi
ACIPI
80 anos
Copyright c Associação Comercial e Industrial de Piracicaba
1ª edição: 2013
Tiragem: 5.000
DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO:
Miriam Miranda - Impar Comunicação
REVISÃO:
Mariana Leite Ferraz Peron
COLABORAÇÃO:
Adriana Furlan Martin
Eliana Terci
Juliana Ferraz
Felipe Rodrigues (textos)
FOTOGRAFIAS:
Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP)
Acervo da Gazeta de Piracicaba
André Vidal
Bolly Vieira
Christiano Diehl Neto
Henrique Spavieri
Isa Spruck
IMPRESSÃO:
www.graficamundo.com.br
ACIPI
Associação Comercial e Industrial de Piracicaba
Rua do Rosário, nº 700 – Centro
13.400-183 – Piracicaba – SP
Tel.: 19 3417 - 1766
e-mail: [email protected]
Sumário
UMA HISTÓRIA DE SUCESSO ................................................................................... 15
O perfil da Acipi ao comemorar oito décadas e a gestão do presidente
Angelo Frias Neto (2012-2015).
PONTO DE PARTIDA ................................................................................................. 33
O comércio e a indústria a partir da fundação de Piracicaba, em 1767.
O ANO / 1933 ........................................................................................................... 69
Fundação da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), a atuação dos
presidentes ao longo dos anos, a modernização e os serviços prestados aos.
associados e à comunidade.
MODERNIZAÇÃO .................................................................................................... 107
A descentralização do comércio, a informatização e inovações que transformaram a
Acipi em uma respeitada entidade empresarial e prestadora de serviço por excelência.
SERVIÇOS ............................................................................................................... 139
A Acipi estimula a prática do empreendedorismo e capacita e qualifica profissionais
para atender à demanda do mercado.
INDÚSTRIA ............................................................................................................. 149
Das primeiras empresas às indústrias atuais, que conferem a Piracicaba posição de
destaque no desenvolvimento do estado e do país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 180
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Palavra do presidente
Acipi: 80 anos
de empreendedorismo e engajamento
Penso que um sentimento resume o que vivemos neste momento: orgulho.
Afinal de contas, não é todo dia que uma entidade chega aos 80 anos de
existência. Diante de nossos olhos, desfila uma história de luta, uma história
marcada pela união e pelo desejo de avançar, de fazer acontecer. O legado da
Acipi inspira a todos. Tanto, que entendemos que seria importante documentar
essa trajetória, resgatar e perpetuar o que a energia transformadora conseguiu
fazer. De tal desejo, nasceu este livro.
Curioso que a base de tudo vem de palavras muito modernas, mas de
conceituação milenar. O empreendedorismo e a livre iniciativa são elementos
fundamentais na construção de um país democrático, desenvolvido socialmente
e economicamente. Esses valores pautaram a origem das associações comerciais
e acompanham a trajetória dessas entidades desde os seus primórdios. Pautaram
a origem da nossa Acipi.
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Para nos situar nesse contexto, apelo para um breve passeio pela história,
para que possamos entender o quanto a origem e a trajetória dessas
organizações impactaram na própria história do nosso país. Tudo começa
com as primeiras Praças de Comércio, como foram denominadas as
precursoras das Associações Comerciais.
Elas surgiram no Brasil Colonial. Nelas, os comerciantes se reuniam com o
objetivo de fortalecer, dignificar e proteger os que viviam no entorno das áreas
comerciais, além de defender a liberdade e cidadania. A formação dessas praças
era, inclusive, estimulada pelos governos, que viam nelas um importante indutor
do desenvolvimento econômico.
O modelo evoluiu a partir de 1808, com a vinda da família real para o
Brasil. A transferência do centro do poder de Lisboa para o Rio de Janeiro
exigia adequações e, na primeira delas, D. João VI abriu os portos às nações
amigas, este o marco histórico da abertura comercial brasileira e seu
consequente crescimento econômico.
Três anos depois, o Brasil ganhava oficialmente sua primeira entidade
empresarial. Em 15 de julho de 1811, era fundada em Salvador a Associação
Comercial da Bahia, na época Praça de Comércio. A ideia frutificou. Em 1819,
foi fundada a Associação Comercial do Pará e, em 1820, a Associação Comercial
do Rio de Janeiro. Apesar de ser a terceira entidade a se instalar no Brasil, ela já
fazia parte dos anseios da sociedade fluminense, já que, em 1809, por meio de
alvará, o príncipe regente D. João VI oficializou a vontade de construir a Praça
do Comércio, cujas obras tiveram início apenas no ano de 1819.
Em meio à emancipação política do território brasileiro e à vigência do
segundo reinado do Império, a quarta entidade empresarial nasce no Nordeste
do país. Em 1839, é fundada a Associação Comercial de Pernambuco.
Três décadas depois, já em um período de intensa atividade portuária nos
litorais do Brasil, em 1870, é constituída a Associação Comercial de Santos,
primeira entidade empresarial paulista e a quinta no país.
Pouco mais à frente, em outro momento político, marcado pelas profundas
mudanças trazidas no fim do século 19 com a Abolição da Escravatura e a Proclamação
da República, e já no mandato do terceiro presidente civil do Brasil, Prudente
José de Moraes Barros, surge, em 1894, a Associação Comercial de São Paulo.
Formada por fazendeiros de café, empresários e homens ligados a todos os
tipos de atividades comerciais, é criada justamente para construir relações no
âmbito econômico necessárias aos novos modelos de administração pública.
Depois vieram as Associações Comerciais de Ribeirão Preto (1904), Lorena
(1917), São José do Rio Preto, Mogi das Cruzes e Campinas (1920), Sorocaba,
Rio Claro e Jaú (1922), Jundiaí e Araras (1923), Bariri e Botucatu (1924),
Presidente Prudente (1927), Araçatuba e São Miguel (1929), Catanduva e
Mirassol (1930).
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Já no regime do presidente Getúlio Vargas, as associações paulistas tiveram
papel relevante, inclusive na condução da Revolução Constitucionalista de 32
- que reclamava a promulgação de uma nova Constituição para o Brasil. Elas
cuidaram da captação de recursos e infraestrutura para os combatentes, o que
redundou no fortalecimento das entidades e do espírito associativista. Nesse
clima, surge a Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba), no dia 9
de julho de 1933, um ano após o histórico movimento cívico.
O nascimento de nossa entidade neste momento tão expressivo, na
comemoração do primeiro aniversário de uma revolução - que materializou o
descontentamento do povo paulista, por extensão do povo piracicabano, com
um regime de ditadura e censura -, marca a condução da nossa associação e sua
brilhante trajetória.
A Acipi se estabelece em ambiente e momento propícios à defesa da livre
iniciativa, liberdade de expressão e a luta voluntária pelo ideal da liberdade de
empreender.
A partir dessa perspectiva, empenha os esforços no incentivo ao
empreendedorismo e, nos últimos 80 anos, tem colhido os frutos das ações dos
principais protagonistas de sua história, associados dedicados e imbuídos em
fazer a cidade avançar.
A cultura progressista das associações comerciais ganha asas e invade todo
o país. Hoje, somos uma força porque descobrimos que, juntos, podemos mais.
Integramos uma rede nacional que reúne 2 milhões de empresários, ligados
a 2.300 associações comerciais reunidas em 27 federações estaduais, todas
representadas pela CACB (Confederação das Associações Comerciais e
Empresariais do Brasil). Essa entidade é presidida por José Paulo Dornelles
Cairoli (RS) e tem como 1º vice-presidente Rogério Amato (SP).
Isso quer dizer que, dos 5.564 municípios brasileiros (IBGE/2007), os
2.300 maiores contam com associações comerciais.
Em São Paulo, o Estado mais rico do país, responsável por 33% do PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro (Seade/2010), a Facesp (Federação das Associações
Comerciais do Estado de São Paulo), atualmente presidida por Rogério Amato,
reúne 420 associações comerciais, em um universo de 645 municípios.
Em Piracicaba - cidade do interior paulista que impulsiona a economia nos
âmbitos nacional e regional e é responsável pela geração de um PIB de pouco
mais de R$ 10,9 milhões –, nossa entidade, a Acipi, é positivamente reconhecida
por sua atuação junto aos seus 4.000 associados, dos setores da indústria,
comércio e prestação de serviços.
Com trabalho incansável, ganhamos o respeito e a credibilidade dos
piracicabanos, deixamos nossa marca em importantes conquistas e colaboramos
com a elaboração de políticas públicas, que têm contribuído com o
desenvolvimento de nossa cidade.
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Em 2013, no período em que celebramos os 80 anos de fundação da Acipi,
recebemos diversas manifestações em reconhecimento a nossa
representatividade. Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, no mês de
julho, o deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame compartilhou a
comemoração histórica em sessão da Casa.
No mesmo mês, em cerimônia que marcou o aniversário da entidade, na
sede da associação, tivemos a participação do empresário Francisco Munhoz,
102 anos - que presidiu a Acipi entre os anos de 1953 e 1955 –, que conosco
compartilhou inúmeros cumprimentos de autoridades, dos poderes constituídos
do município, da imprensa, de associados e de cidadãos piracicabanos. Neste
encontro, a entidade foi homenageada pelo vereador André Bandeira com
“Moção de Aplausos”.
Em agosto, por solicitação do deputado estadual Roberto Morais, nossa
entidade foi homenageada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
em sessão especialmente realizada no Plenário “Presidente Juscelino Kubitschek
de Oliveira”. No mesmo mês, durante sessão requerida pelo vereador Pedro
Luiz da Cruz, a Câmara de Vereadores de Piracicaba concedeu à Acipi o
“Diploma de Mérito” em reconhecimento a nossa atuação.
Pelas ações de incentivo ao empreendedorismo, homenagem também nos
foi prestada pela EsalqTec (Incubadora de Empresas de Tecnologia da Esalq),
em outubro, durante evento realizado nas dependências da Esalq/USP (Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”).
Para dar continuidade às comemorações alusivas aos 80 anos da Acipi e
garantir o registro histórico de uma data sem precedentes, temos a honra de
apresentar este livro.
Além de resgatar a trajetória bem-sucedida da entidade, em meio a tantas
mudanças no cenário nacional e ao desenvolvimento empresarial de nossa cidade,
este livro apresenta relatos sobre o posicionamento transparente que sempre
norteou nossa história, inclusive nossa proposta de ser ponte de aproximação
entre o empresariado, o mercado e as atividades que influenciam no desempenho
de seus negócios.
Nas páginas que se seguem, os leitores poderão conhecer os fatos que
construíram a reputação da nossa querida Acipi, entidade que, formada por
homens e mulheres comprometidos com o aprimoramento da atividade
empresarial, possui uma extensa folha de serviços prestados em benefício do
desenvolvimento socioeconômico de nossa cidade, um orgulho para todos
nós que fazemos parte dessa história.
Angelo Frias Neto
Neto, presidente da Acipi (Associação Comercial e Industrial
de Piracicaba)
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Foto: Luiz Prado
O significado do 9 de julho
No dia 9 de julho comemora-se o Movimento Constitucio-nalista que
São Paulo deflagrou, em 1932, para defender a autonomia do estado e a
reconstitucionalização do país.
As associações comerciais paulistas participaram ativamente desse
movimento, que lutava pela defesa dos valores que sempre nortearam nossas
entidades. Em manifesto divulgado em 17 de fevereiro de 1932 e lideradas
pela Associação Comercial de São Paulo, associações pediam “a restauração
do regime constitucional, mediante a decretação imediata de uma nova lei
eleitoral, que assegurasse a moralidade e a verdade do sufrágio e consequente
convocação de uma Constituinte em moldes liberais, de acordo com o
sentimento público, com as tradições nacionais e com o grau de adiantamento
da civilização brasileira”.
E foi exatamente num 9 de julho que a Acipi (Associação Comercial e
Industrial de Piracicaba) foi fundada, em 1933. Não há data mais propícia.
Com 80 anos de idade, a Acipi se consagra como uma entidade com
tradição, numa região estratégica e fundamental para o estado – e também
muito promissora.
Para quem é de fora, uma das referências sobre Piracicaba é o seu polo
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educacional, com universidades e centros de estudos de ponta e de alta
tecnologia. Também chamam a atenção a sua vocação agrícola e a imensidão
dos canaviais a se perder de vista.
Mas o município se destaca, também, em mais um quesito: tornou-se
um dos principais centros industriais da região. A sua população tem vocação
para o empreendedorismo - e tem o privilégio de contar com o apoio da
Acipi.
A entidade faz isso de forma inovadora, com criatividade, olhando para
a frente, com a realização de cursos, debates e palestras sobre temas de
interesse de seus quatro mil associados. E o faz em parceria com
universidades e entidades - como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas) - e prezando, sempre, pela troca de
experiências. Projetos como a Escola de Negócios e um memorial que conta
a história do empreendedorismo em Piracicaba são alguns dos exemplos de
sucesso das empreitadas da Acipi.
Diante de tudo isso, parabenizo a Acipi pelo trabalho em favor dos
empresários e consumidores piracicabanos, da livre iniciativa, do
desenvolvimento sustentável da economia de sua terra natal, do seu estado
e do seu país.
As associações comerciais têm a tradição de participar profundamente
da vida das nossas cidades, tanto no campo econômico, como nos planos
político e social. E com a Acipi não é diferente. A entidade pode contar
sempre conosco e com a Facesp (Federação das Associações do Estado de
São Paulo), pois juntos somos mais fortes.
Rogério Amato
Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo e da
Facesp.
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Apresentação
Acipi grandiosa
Ao mesmo tempo em que foi prazeroso, escrever a história dos 80 anos
da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi) foi uma
experiência enriquecedora, um mergulho apaixonante no passado de
Piracicaba na busca por memórias, fatos e ações de gerações que deixaram
um legado de ensinamentos, valores, tradições e costumes.
Este livro é resultado de vigorosas pesquisas em atas e documentos,
livros, jornais, entrevistas com pesquisadores, historiadores, economistas,
professores, presidentes e ex-presidentes da Acipi. Enfim, uma somatória
de importantes e ricas informações - muitas delas colhidas para a produção
do livro dos 75 anos da entidade - que me permitiram traçar não somente a
trajetória da associação, como também a do comércio e da indústria a partir
da fundação de Piracicaba, uma cidade que nasceu com o DNA do
empreendedorismo, que teve em sua história personalidades de grande
dimensão visionária que fizeram dela um importante município. Entre elas,
homens que cruzaram o oceano em busca de uma nova vida, que escolheram
para viver “o lugar onde o peixe para” (significado indígena de Piracicaba).
Aqui, transformaram a coragem, o conhecimento e a esperança que traziam
na bagagem em prósperos negócios que passaram a compor a paisagem da
cidade. Os imigrantes impulsionaram o desenvolvimento de Piracicaba.
O comércio crescia e as indústrias também. Empresários sentiram a
necessidade de se organizar para formar uma entidade que representasse a
classe. Nasce, então, a Acipi, que estende os braços para acolher a cidade,
defendendo as causas e necessidades de seus moradores, buscando soluções
para os problemas. Com o passar do tempo, a entidade foi se tornando uma
senhora madura e moderna, arrojada, eu diria, ousada. É assim que ela chega
aos 80 anos. Na vanguarda de seu tempo, acompanha as rápidas
transformações e se rejuvenesce para atender às demandas que lhe são
colocadas pelos associados.
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A realização deste trabalho foi possível graças à colaboração de muitas
pessoas, entidades e empresas. O meu agradecimento a todas. Agradeço
especialmente ao presidente Angelo Frias Neto e diretores por terem
confiado a mim essa importante tarefa de dimensionar a importância da
grandiosa Acipi, que sempre teve à frente homens que fizeram valer seus
ideais em defesa dos interesses do comércio e da indústria, com desempenhos
relevantes. Homens que fizeram e fazem ecoar as vozes de seus
representados, sempre confiantes no futuro.
O pulsar forte da veia jornalística, para a qual me rendo diariamente, e a
paixão que sinto pela história, tão importante para a compreensão do hoje,
compuseram o enredo dessa obra, a qual dedico aos meus pais (in memoriam),
aos meus irmãos e ao meu querido filho, Matheus.
Angela Furlan, jornalista e graduada em História.
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Uma história
de sucesso
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Acipi contemporânea
A
o longo de seus 80 anos, a Associação Comercial e Industrial de
Piracicaba (Acipi) transformou-se em uma das mais importantes
entidades empresariais do interior do Estado de São Paulo e
modelo para outras associações comerciais. A história mostra
que respeitando os princípios que nortearam a fundação da entidade, os
presidentes imprimiram seus ideais, apostando na eficiência da prestação de
serviço e de informações.
Com o passar do tempo, a entidade incorporou novos objetivos. Com as
exigências da sociedade moderna e as transformações no mercado de trabalho,
não bastava defender os interesses e expressar a opinião do empresariado do
comércio e da indústria. Era preciso participar, agir, realizar, formar, qualificar,
reinventar. “A Acipi tem esse papel, precisa estar atenta ao fato de termos
uma sociedade cada vez mais crítica. Vivemos um momento de mudanças
em que os clientes exigem mais e as atualizações devem ser constantes”,
observa o presidente Angelo Frias Neto, 56 anos, empresário do setor
imobiliário, ao falar do perfil arrojado da entidade, sempre atenta às demandas.
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A Acipi passou por transformações
importantes a partir de 2001, quando assume, com
mais ênfase, seu papel articulador na sociedade
piracicabana, contribuindo com ações para o
desenvolvimento da cidade e bem-estar dos
moradores. A formação e a atualização profissional
passaram a fazer parte dos planos dos presidentes.
Vieram os cursos, workshops, congressos e
palestras dirigidos a empresários, executivos e
funcionários. “Com o mundo globalizado e o
mercado de trabalho cada vez mais competitivo,
surge a necessidade de qualificar e preparar para
o futuro cada vez mais”, afirma Frias Neto.
Assim, a Acipi surpreende com a instalação
da Escola de Negócios, inaugurada em 2012 e
que coloca a entidade à frente de seu tempo.
Angelo Frias Neto, que assumiu a presidência
em julho do ano passado, tem o grande desafio de consolidar este e outros
projetos ousados. Em parceria com instituições de ensino renomadas, a Acipi
oferece cursos que auxiliam na preparação das pessoas para o trabalho.
“Educação é a base de tudo. Conhecimento é a maior riqueza do ser humano
e das empresas. Ao melhorarmos a capacitação técnica e intelectual mudase a forma com que vemos o mundo. Isso é uma grande necessidade das
empresas”, afirma.
Para Frias Neto, proprietário da Frias Neto Consultoria Imobiliária,
repensar o momento faz parte da filosofia da Acipi. “Não podemos nos
acomodar, precisamos buscar sempre algo a mais que trará benefícios para a
comunidade. Os seminários, cursos e palestras ajudam a preparar os executivos
para planejamentos estratégicos. É necessário sempre pensar na evolução da
sociedade. O país está passando por transformações. Apoiamos e precisamos
acompanhar”, disse, referindo-se às manifestações populares que tomam
conta das ruas das cidades e capitais.
Contemporânea, a Acipi atua para dar mais inteligência à área de gestão
das empresas, de forma a fomentar o empreendedorismo e a boa administração
dos mais diferentes negócios. Os tempos de hoje exigem agilidade e eficiência.
A evolução tem como uma das suas principais características a digitalização
e as oportunidades proporcionadas pela internet, um poderoso instrumento
de marketing e vendas. Por isso, a Acipi trabalha, também, para
disponibilização da plataforma web de negócios.
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Lançado em 2012, o Portal de Negócios permite que as empresas
associadas à Acipi veiculem seus serviços na rede social. “A internet tem
uma vantagem significativa, que é a expansão do espaço físico,
proporcionando maior visibilidade aos produtos”, avalia o presidente. Muitos
consumidores têm preferência pela compra digital, mesmo estando ao lado
da loja, pela comodidade e conforto desse tipo de compra. “A Acipi trabalha
para oferecer essa possibilidade a uma quantidade maior de empresários,
que em condições normais teriam uma série de dificuldades para
implementação da plataforma web”.
Os pequenos e médios associados também contam com o programa ISO
em Grupo, pelo qual podem ser certificados pela norma ISO 9001: 2008,
referência mundial para atestar a boa gestão de procedimentos de uma
determinada empresa. “Muitos fornecedores exigem ISO e, por meio do
programa da Acipi, fica mais em conta obter as normas”.
Voz ativa
A Acipi representa as vozes dos seus quatro mil associados ligados à
indústria, ao comércio e aos serviços, mas se consolidou como uma força
ativa da sociedade civil organizada do município na busca por melhorias
nas mais diferentes áreas. A entidade procura fomentar o desenvolvimento
de Piracicaba, que hoje conta com cerca de 385.287 habitantes, conforme
dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Assim, participa de várias ações que contribuem com o bem-estar da
cidade, tornando os cidadãos mais felizes. Campanhas para arrecadar
agasalhos, brinquedos, alimentos; para conscientizar sobre o câncer de mama;
pela duplicação da rodovia SP-304, que liga Piracicaba a São Pedro; por
melhor segurança. “Somos parceiros dos poderes constituídos (Executivo,
Legislativo, Judiciário) e da polícia, sempre lutando pela livre iniciativa e ao
lado da liberdade de expressão e pela justiça. Trabalhamos para dar uma
qualidade de vida melhor às pessoas”, afirma o presidente Frias Neto.
A Associação Comercial participou de projetos importantes para a dinâmica
da cidade, que fizeram a diferença, como o Cidade Limpa, que disciplina a
instalação de placas de publicidade nas fachadas dos estabelecimentos - o que
possibilitou a diminuição da poluição visual e o resgate da arquitetura dos
prédios comerciais -; do Centro Vivo, de revitalização da área comercial; e
da implementação da Zona Azul Digital, que passou a valer no final de 2011
e colocou um ponto final em uma série de reclamações relacionadas à falta
de vagas ou ao sistema de pagamento do estacionamento nas áreas centrais.
De acordo com Pesquisa de Opinião Pública, realizada pelo Centro Abril
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Pesquisas, um ano após a instalação dos parquímetros, 75,13% dos usuários
mostraram-se satisfeitos com o sistema. Implantada inicialmente na área central,
em 2013 a Zona Azul chegou aos bairros: Paulista, Bairro Alto e Vila Rezende.
A entidade esteve representada nas discussões e audiências públicas
sobre a instalação da Aglomeração Urbana de Piracicaba para o
desenvolvimento regional. “A Acipi acaba tendo um papel fomentador de
ações para o município. A aglomeração é um embrião de uma futura região
metropolitana de Piracicaba”, diz o presidente.
O comércio
Angelo Frias Neto vê o comércio piracicabano com otimismo. Aos
corredores comerciais da área central, como a rua Governador, rua do Rosário,
Alferes José Caetano, Benjamin Constant, somam-se novas ruas em regiões
como Santa Teresinha, Paulista, Paulicéia, Vila Rezende, avenidas Dois
Córregos, Rio das Pedras, Carlos Botelho, Cássio Paschoal Padovani,
Sandanha Marinho, Rui Brabosa e praça Takaki. “O comércio está
aumentando cada vez mais. Está distribuído pela cidade. Os corredores
comerciais se multiplicam, estão se espalhando por toda a extensão de
Piracicaba”.
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Com a correria do dia a dia e escassez de tempo, o consumidor busca
facilidades na hora da compra, optando, muitas vezes, pelas lojas que ficam
próximas às suas casas, dinamizando o comércio de bairro. “Na aquisição
de produtos, esse tipo de vantagem é bastante precioso, o que estimula o
desenvolvimento”.
Pelo crescimento do setor nas últimas décadas, o presidente não tem
dúvidas de que a cidade é um polo comercial regional. “Piracicaba tem esse
papel de liderança na região e isso acaba encontrando eco na questão
comercial. A cidade recebe pessoas das mais diferentes cidades localizadas
nas proximidades. Por isso os trabalhos de atualização precisam ser constantes,
a fim de reforçar essa vocação para o comércio e o empreendedorismo que a
população piracicabana carrega consigo”.
Gestão
Angelo Frias Neto assumiu a Acipi em solenidade realizada no dia 12
de julho de 2012 para uma gestão de três anos. Com o lema “Acipi lado a
lado com você”, Frias Neto quer estar mais perto dos empresários e atender
aos seus anseios. Tem como meta aumentar em 20% o número de associados
da Acipi e quer desenvolver parcerias com as associações comerciais das
cidades que integram o Aglomerado Urbano de Piracicaba, para o
fortalecimento do comércio e das indústrias, garantindo novos serviços aos
associados e ações para o crescimento dos empresários locais, com maior
facilidade de acesso ao conhecimento que a entidade vem buscando com a
Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Frias Neto quer, junto aos demais presidentes, elaborar uma agenda que
reflita os municípios e contribua para o desenvolvimento econômico, social
e ambiental da região.
A Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano destaca que a
Aglomeração Urbana de Piracicaba ocupa território de 6.998,15 quilômetros
quadrados. Abrange 22 municípios de uma das regiões mais desenvolvidas
do Estado de São Paulo. São cerca de 1,4 milhão de habitantes.
A aglomeração é polarizada por Piracicaba e, secundariamente, por
Limeira, Rio Claro e Araras, que possuem manchas urbanas interligadas
pelas rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Washington Luiz.
É constituída pelos municípios de Águas de São Pedro, Analândia, Araras,
Capivari, Charqueada, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Elias Fausto,
Ipeúna, Iracemápolis, Leme, Limeira, Mombuca, Piracicaba, Rafard, Rio Claro,
Rio das Pedras, Saltinho, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra e São Pedro.
Piracicaba, sede dessa unidade, polariza diretamente os municípios de
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Rio das Pedras, Saltinho, Águas de São Pedro, São Pedro, Charqueada,
Iracemápolis, Rafard, Mombuca e Capivari, com os quais tem ligação
funcional direta e um significativo processo de conurbação. Além disso,
mantém intensos fluxos econômicos e de pessoas com Limeira, Rio Claro e
Araras, cidades de porte médio na mesma unidade regional, Americana, Santa
Barbara D’Oeste e Campinas, na Região Metropolitana de Campinas, Tietê e
Sorocaba e, numa abrangência macrorregional, com as próprias Regiões
Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista.
A localização desse agrupamento, por suas características ambientais com a presença relevante de recursos hídricos estratégicos - e econômicas
- impulsionadas pelo transporte hidroviário em expansão e investimentos
no sistema viário e na área social -, demanda planejamento integrado e ações
conjuntas para um desenvolvimento econômico e social equilibrado.
Campanhas promocionais
A moderna gestão Frias Neto conjuga com ênfase o verbo interagir. Em
abril de 2013, o presidente anunciou o novo modelo de campanhas
promocionais, desenvolvidas nas principais datas comemorativas do comércio,
como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais e Dia das Crianças:
os concursos culturais. O objetivo é a interação com a população. “Queremos
marcar as datas comemorativas envolvendo as empresas associadas e a
população com foco no entretenimento e na criatividade. Gestos que
manifestam o apreço e a troca de presentes são também formas de declarar a
importância do outro em nossa vida”, dizia Frias Neto. Duas datas foram
incluídas no calendário de comemorações da Acipi: Mês do Associado, em
julho, e Dia do Cliente, em setembro.
O primeiro concurso cultural foi o Dia das Mães. O tema “Sua mãe bem
na foto” incentivava os filhos a fotografar suas mães, de forma a destacar as
suas qualidades. No Dia dos Namorados, os participantes responderam a
frase: “O meu amor por você vale...”, com até 10 palavras. No Dia dos Pais,
os filhos fotografaram os seus pais inspirados no tema: “Esse cara é meu
pai!”. No mês de outubro, as crianças de até 10 anos desenharam e pintaram
o tema “O mundo ideal para se viver”.
Os ganhadores dos concursos foram escolhidos por comissões integradas
por profissionais da área de comunicação e marketing, fotógrafos, educadores
e empresários.
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Comemoração
Os 80 anos da Acipi foram comemorados com programação especial,
que teve início em abril, com o lançamento do carimbo postal e o selo
personalizado, alusivos à data, e se estendeu até dezembro com homenagens,
jantar festivo e lançamento do livro comemorativo.
Em solenidade no dia 10 de abril, na sede da associação, o presidente
Angelo Frias Neto deu início às comemorações com o lançamento das peças
confeccionadas pelos Correios. O empresário realizou as primeiras
obliterações – ato de carimbação.
“Para a nossa entidade, trata-se de um dia muito especial e escolhemos
o selo e o carimbo para perpetuar esta efeméride. Por meio dessas marcas,
os 80 anos da associação serão divulgados por todo o país e o mundo”,
disse o presidente. O selo foi utilizado nas correspondências oficiais da
Acipi e o carimbo, durante o período de 10 de abril a 9 de maio de 2013, foi
impresso pelos Correios nas postagens enviadas para o Brasil e exterior.
O carimbo traz, no centro, o logo comemorativo, alusivo aos 80 anos
da associação, e os anos 1933 - 2013. Em cima está a sigla ACIPI e, embaixo,
a inscrição Correios - Piracicaba - SP - 10.04 a 09.05.2013.
O selo personalizado é composto por duas partes: na primeira, a bandeira
nacional, tremulando ao vento, compõe o plano secundário e emoldura o
mapa do Brasil, preenchido pelas flores do ipê amarelo, árvore símbolo
nacional. Na segunda parte, a peça apresenta o logo comemorativo dos 80
anos da associação.
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Aplausos à Acipi
No dia 10 de julho, cerca de 180 convidados participaram da solenidade
que marcou as oito décadas de fundação da Acipi. O presidente Angelo
Frias Neto prestou homenagem especial aos ex-presidentes, destacando a
importância do trabalho realizado em suas gestões. Francisco Munhoz, 102
anos, que presidiu a associação de 1953 a 1955, participou da reunião solene
e recebeu, de Frias Neto, um troféu. O público aplaudiu em pé.
Na ocasião, a Acipi recebeu Moção de Aplausos de autoria do vereador
André Bandeira e homenagens das entidades parceiras: Câmara de Dirigentes
Lojistas (CDL) e Sindicato do Comércio Varejista de Piracicaba (Sincomércio).
“Estar à frente da Acipi no ano em que a entidade completa o seu 80 o.
aniversário é um desafio, o qual pode ser mensurado pelo impacto da
associação ao longo das suas oito décadas de atuação nas questões importantes
para o desenvolvimento da classe empresarial, da
economia e da geração de empregos na cidade”.
Durante a cerimônia, os convidados assistiram, por
Frias Neto
meio de link, ao pronunciamento do deputado federal
recebe Moção
Antonio Carlos de Mendes Thame, em homenagem à
de Aplauso
entidade, na Câmara dos Deputados, em Brasília. “Deixo
do vereador
aqui registrado nos anais desta Casa,
André Bandeira
os quais, via de regra fazem o
importante papel de ‘arquivo nacional’,
parabéns pelo trabalho de todos da
Acipi nessa comemoração de 80 anos
de história”.
Mendes Thame lembrou que a
associação foi fundada em 9 de julho
de 1933, quatro anos após a grande
depressão de 1929. “Nesse cenário
desfavorável, nasceu a Associação
Comercial e Industrial de Piracicaba,
sob a égide da inovação e do
enfrentamento das dificuldades,
conceitos que nortearam as atividades
da Acipi até hoje. Inovação significa
criar algo que rompa ou supere os
padrões anteriores. Quando há este
rompimento, aliado à persistência e
trabalho inteligente, desenvolve-se o
23
poder de mudar a vidas das pessoas. E foi isso que aconteceu na cidade e
região a partir de uma atuação séria, crédula e com estratégias bem definidas,
descortinando oportunidades e sabendo aproveitar o que temos de melhor
em nossa região. Foi com o olhar sempre à frente que se consolidou esta
instituição. Por isso é enorme a nossa alegria ao celebrar oito décadas de
concretos avanços.”
Homenagem
na Câmara de
Vereadores de
Piracicaba
24
Homenagem de
Vladir Passini,
do Sincomércio
Antonio Pedro
Carvalho, da CDL,
entrega placa
alusiva aos 80 anos
25
Frias Neto e
Roberto Morais
na Assembleia
Legislativa
OUTRA HOMENAGEM - A Acipi foi homenageada também no Palácio
9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em
sessão solene prestigiada por diversas autoridades, entre elas o prefeito
Gabriel Ferrato. A iniciativa foi do deputado Roberto Morais (PPS). O
parlamentar destacou que a Acipi é parceira de Piracicaba. “A Acipi mantém
uma proposta de contribuição com a cidade, que é motivo de orgulho aos
piracicabanos”.
Angelo Frias Neto falou sobre a honraria. “Estendemos nossos
agradecimentos ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Samuel
Moreira (PSDB) e, por meio dessa solenidade, reforçamos o nosso papel de
entidade representante de classe, ao mesmo tempo em que mostramos nossa
sinergia com o Poder Público, na busca pelo desenvolvimento e crescimento
dos nossos segmentos e de nossa cidade”. Agradeceu ainda aos presidentes,
diretores, membros do conselho, equipe executiva e aos piracicabanos, que
“nos enobrecem pelo seu caráter receptivo e empreendedor”. “Estar à frente
da entidade, em 2013, ano do seu aniversário simbólico mais importante,
26
até aqui, é mesmo um desafio que exige força e determinação, características
que são essenciais para um empreendedor, a classe a qual representamos”,
disse.
O prefeito Gabriel Ferrato elogiou a participação da entidade no debate
político e nas ações de melhorias para a cidade. “Foi na Acipi que começaram
a surgir os primeiros debates sobre o Aglomerado Urbano de Piracicaba. A
entidade debate questões da cidade, ajuda a formular preposições. É um
importante espaço democrático, que ao mesmo tempo consegue se
diversificar e acompanhar o mundo moderno. A entidade chega aos 80
anos moderna, dinâmica e ágil”. O presidente do Legislativo, João Manoel
dos Santos, ressaltou a atuação social da associação empresarial e o vicepresidente da Região Administrativa (RA7), Jorge Aversa Jr., representando
a Federação das Associações do Estado de São Paulo, enfatizou o importante
papel da entidade no desenvolvimento do município.
No dia 6 de agosto, foi a vez da Câmara de Vereadores de Piracicaba
congratular-se com a associação, fazendo a entrega do Diploma de Mérito
ao presidente Angelo Frias Neto e ao vice Fernando José Nardotto Kroll. A
iniciativa foi do vereador Pedro Cruz (PSDB). “A associação é uma entidade
que representa muito bem a cidade em nível estadual e federal. Tem
participado muito das decisões e feito parte do desenvolvimento do
município”, disse.
Definiu a Acipi como sinônimo de credibilidade e inovação, referência
regional, estadual e nacional. Frias Neto agradeceu e se referiu à Câmara
como “parceira de discussões de temas importantes e dos problemas da
cidade, na busca pelo bem-estar comum e o desenvolvimento da
comunidade”. O empresário destacou que, ao longo desses anos, a Acipi
cresceu e se solidificou, sempre em transformação e inovando. O secretário
municipal de Trabalho e Renda, Sérgio Furtuoso, que é membro da
associação há 18 anos, ressaltou a importância da Acipi ao observar que
nela discutem-se os valores éticos e morais em benefício de todos.
Durante a sessão solene na Câmara, a Associação Comercial e Industrial
de Piracicaba foi homenageada também pela Unimed. Em nome de todos os
médicos cooperados, o presidente Carlos Alberto Joussef entregou uma
placa alusiva aos 80 anos ao presidente Frias Neto.
Em outubro, durante a entrega do prêmio Empreendetec, edição 2013,
na Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), às empresas que se
destacaram na consolidação de empreendimentos de inovação e tecnologia
em Piracicaba e região, a EsalqTec homenageou a Acipi pelos 80 anos com
uma placa comemorativa.
27
Jantar comemorativo
O jantar festivo em celebração aos 80 anos da Acipi ocorreu no dia 28
de setembro, no Clube de Campo, onde membros da Diretoria Executiva e
do Conselho Consultivo receberam associados, autoridades e convidados.
Na ocasião, o presidente Angelo Frias Neto falou sobre a data: “A Acipi
nasceu em ambiente e momento propícios à defesa da livre iniciativa,
liberdade de expressão e luta voluntária pelo ideal da liberdade de
empreender. É a partir dessa expectativa que empenhamos nossos esforços
no incentivo ao empreendedorismo e, nos últimos 80 anos, colhemos frutos
de ações dos principais protagonistas de nossa história”.
Naquela noite de festa, o livro comemorativo, que narra a história da
entidade, foi apresentado ao público.
28
ACIPI EM NÚMEROS
4.000
associados
comércio, indústria e prestação de serviço
2.400 comércio
400 indústrias
1.200 prestação de serviços
25 diretores
27 conselheiros
03 conselhos
da Mulher Empresária, do Jovem Empresário e de Ex-presidentes
26 presidentes ao longo nos 80 anos
03
parcerias
Unimep, ESPM e Boa Vista Serviços
01 regional, localizada no distrito de Santa Teresinha
29
Diretoria Executiva da Acipi
Angelo Frias Neto
Paulo Roberto Checoli
Fernando José Nardotto Kroll
Antonio José Miotto
Irandir Cardinalli
Doracy Piva Davanzo
Antonio Carlos Schievano
Ramon Rodrigues Vidal Netto
José Antonio de Godoy
Aldano Benetton Filho
Eliana Caneva Aguileira
Waldomiro Scarpari
Maurício Benato
Luiz Carlos Furtuoso
Luís Guilherme Schnor
Lourenço Jorge Tayar
Flávio Henrique Salles Camargo
Orlando José Berto
Marcelo Delfini Cançado
Luis Francisco Schievano Bonassi
Dairo Bicudo Piai
Luiz Andreello Filho
Luiz Carlos Calil
Sérgio Luiz Bazzanelli
Sueli Lopes Garcia
Presidente
1° Vice Presidente
2° Vice Presidente
3° Vice Presidente
1° Secretário
2ª Secretária
1° Diretor Financeiro
2° Diretor Financeiro
Diretor Administrativo
Diretor de Relações Públicas
Diretora de Eventos
Diretor de Patrimônio
Diretor de Promoções
Diretor de Gestão de Crédito e Conselho
Diretor da Escola de Negócios
Diretor de Gestão de Negócios
Diretor de T.I.
Diretor Cultural
Diretor de Convênios
Diretor Jurídico
Diretor Adjunto
Diretor Adjunto
Diretor Adjunto
Diretor Adjunto
Diretora Adjunto
30
Conselho Consultivo
Jorge Aversa Junior
Euclides Baraldi Libardi
Nelson Roberto Quartarolo
Adenir José Graciani
Adilson Sartori
Anselmo Borges da Silva Filho
Carlos Eduardo Guidotti
César Lásaro Ferreira Costa
Cezário de Campos Ferrari
Cláudio Luiz Monte Bello
Cláudio Roberto Zambello
Flávio Luis Cópoli
Gabriel de Oliveira Duarte
Giácomo de Mattos Inforzato
João Carlos Antonio Rodrigues
Joaquim Mario Pires Ferreira
José Cione Filho
José Maria Saes Rosa
José Rosário Losso Neto
Mario Dresselt Dedini
Moacir José Lordello Beltrame
Pedro Isamu Mizutani
Pedro Luiz da Cruz
Reinaldo Lopes Belardin
Roberto Guerino Roncato
Sônia Luzia Gonsalves
Vera Lúcia de Almeida Pizzinatto
Presidente do Conselho
Vice-Presidente
Secretário do Conselho
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheiro
Conselheira
Conselheira
Rodrigo Mario dos Santos
Coordenador do CJE – Conselho do
Jovem Empresário
Coordenadora do CME – Conselho da
Mulher Empresária
Damaris Verderame
31
Funcionários da Acipi
Adenise de Oliveira Rosa
Adolfo João Sartini Libardi
Adriana Fernandes da Silva
Adriana Renata Rocha Ibanez
Ailton Sabino de Camargo
Antonio Marcos da Silveira
Bruno Bianchim Martim
Caiquy Wellington Santos de Souza
Carla Melina Forti de Oliveira
Caroline Cerignori Negri
Cleusa Faganello Caputo
Daiane Cristina Caldana
Daniele Correa de Godoy
Edirlei Carlos Rosa
Elisete de Fatima Sterzeck de Melo
Flavia Provenzano Coleta Buzatto
Hellen Silva dos Vales
João Visentim da Silva
Jonattan Felipe Morais Cação
José Reinaldo Bistaco
Joselaine Aparecida de Oliveira
Juliana de Fátima Lopes Barrios
Juliana Macário Ferraz Silva
Juliane Cardelli Gomes
Leandro Bettiol
Leila Aparecida dos Santos Leite
Letícia de Assis Moraes
Lucas Lopes Magioli
Luciana Gimenez
Margarete Batista de Lima
Patrícia de Oliveira Jarra
Rafael Salmazzi
Rodrigo Ribeiro Marioto
Salen Nascimento Silva
Samuel Oliveira Cardoso
Sandra de Castro Queiroz Cruz
Sergio Antonio Fortuoso
Simone de Souza Camargo
Talita de Oliveira Fortuoso
Tatiane dos Santos Fonseca
Vanessa Brugnaro Barbosa
Vânia da Silva Porta
Viviane Aparecida Ciriaco de Camargo
Washington José Pereira Marciano
32
O início
33
Ponto de partida
A
história na qual a Acipi está inserida há 80 anos teve início
quando Piracicaba era um simples povoado, uma parada do lado
direito do rio, que se encontrou com o desenvolvimento ao
vencer as águas, instalando-se do outro lado, no alto da colina.
De lá para cá, cruzaram essa história homens que atuaram de forma decisiva
para o progresso da cidade, entre eles Luiz de Queiroz, que instalou a primeira
fábrica de tecidos na cidade, e Estevão Ribeiro Souza, o Barão de Serra
Negra, um dos fundadores do Engenho Central.
E também os Krähenbühl, Diehl, Dedini, Martini, D’Abronzo, Chaddad,
Cury, Salum, Maluf, Morganti, Almeida, Müller, Becker, Carmignani,
Botene, Gobin e tantos outros imigrantes ou descendentes deles que,
atuando no comércio e nas indústrias, inovaram e ajudaram a fazer de
Piracicaba um dos municípios mais progressistas do Brasil.
34
De simples parada a centro urbano
A história do centro urbano de Piracicaba começa no período colonial,
quando o povoado é transferido para o lado esquerdo do rio e sobe a colina
para avizinhar-se da fronteira agrícola que avançava naquela direção nos
últimos anos do século XVIII. O projeto de fabricação de canoas, utilizando
as árvores que existiam ao longo do Piracicaba, que desde a fundação oficial
da cidade (1767) gerava riquezas e dava retaguarda para o Forte Iguatemi,
na fronteira do Paraguai, havia sucumbido.
As primeiras ruas começaram a ser delineadas em 1784. O terreno que o
capitão-povoador Antônio Corrêa Barbosa havia adquirido da sesmaria de
Felipe Cardoso, para torná-lo rocio da freguesia, ficava entre o rio Piracicaba
e o ribeirão Itapeva. Segundo o historiador Guilherme Vitti, do Instituto
Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), estudos mostram que nele
foram demarcados o pátio para a construção da matriz, duas ruas e duas
travessas, nas quais os habitantes ergueriam suas moradas.
O primeiro arruamento, propriamente dito, esboçado em 1808, consistia
em ruas, pátio da igreja e praça destinada para cadeia. O simples desenho
já revelava a preocupação com o sítio urbano. Eram cinco ruas e cinco
travessas que terminavam em terrenos que circundavam a área, mas apenas
uma delas chegava até o rio: a estrada do Picadão do Mato Grosso (hoje
rua Moraes Barros), também conhecida como Caminho do Oeste. Por ele
era feito o escoamento da produção da região - chá, café, algodão, açúcar
e milho – no final do século XVIII e início do século XIX. A carga era
levada em carroções de boi e lombo de animais até Itu e Porto Feliz e, de
lá, para São Paulo e Santos.
A terra roxa e fértil era um atrativo para os agricultores e proprietários
de engenhos. Iniciou-se a cultura da cana-de-açúcar e do chá e, por volta de
1850, chega o café. Surgiram as grandes fazendas. Em 1816, a Freguesia de
Piracicaba (desde 1774) somava dois mil habitantes, 18 engenhos, sendo 14
de açúcar, quatro de aguardente e muitas terras cultivadas.
Em 1822, Piracicaba era elevada à categoria Vila, sendo denominada de
Vila Nova da Constituição. Deu-se também a eleição da primeira Câmara de
Vereadores. A planta da cidade daquele ano não difere do projeto pioneiro,
de 1808, com exceção feita a detalhes, como prédios, objetos e símbolos.
Com a colaboração do projetista Menotti Lucchesi, no bicentenário de
Piracicaba, o historiador Guilherme Vitti montou uma maquete na qual se
identificam a matriz, o pelourinho - símbolo da independência administrativa -,
a rua, que mais tarde viria a ser rua do Commercio (João Pessoa e atual
Governador Pedro de Toledo), e as fazendas das sesmarias ao redor.
35
Vila Nova crescia, empurrando as propriedades para mais longe. Os
números da economia, referentes a 1837, revelam um lugarejo em pleno
desenvolvimento, com uma produção de 115.600 arrobas de açúcar e 17.078
canadas (antiga unidade de medida de capacidade de líquidos equivalente a
quatro quartilhos, ou seja, 2.622 litros – Aurélio - p. 331) de aguardente,
além de café, arroz, feijão, milho, fumo, algodão, porcos e gado. O excedente
era exportado para outras localidades.
A elite da Vila Nova da Constituição era formada pelo Juiz Municipal,
Promotor, Juiz de Paz, pelo Juiz de Órfãos, por 155 jurados, um advogado,
um tabelião, um escrivão, um vigário, um coletor, 93 comerciantes e 395
pessoas que sabiam ler e escrever (Manual de História Piracicabana, 1966).
Em 1843, o lugar já contava com o prédio da Câmara Municipal. Em
consequência do crescimento da Vila, foram elaboradas algumas leis para
disciplinar a convivência dos moradores. “O trânsito das tropas e boiadas
pelas ruas principais teve de ser regulamentado, ninguém podia falar palavrões
em voz alta em lugares públicos e particulares, os proprietários de prédios
eram obrigados a limpar e consertar as frentes nas ruas e os negociantes que
falseassem os pesos eram penalizados com multas que variavam de 6 a 12
mil réis, perda dos gêneros ou prisão de oito dias”, segundo Guilherme Vitti.
A população, diz o historiador, divertia-se frequentando quermesses e
assistindo a apresentações de teatro em um rancho construído ao lado do
sobradão da Câmara, que abrigava também a Guarda Civil e a cadeia. Em
um coreto, localizado próximo ao salto, a banda de música animava senhoras
e cavalheiros ao cair da tarde. No início de 1883, a Gazeta cobrava dos
vereadores a colocação de bancos e a arborização do local. Nessa época, o
jornal anunciava a realização de “corrida” de touros em Itu, Capivari e
Piracicaba: “Os emprezarios tem a honra de apresentar ao ilustrado publico
de Piracicaba, uma boiada escolhida ao capricho na fazenda do exmo. Sr.
Visconde do Pinhal, tendo contratado os muitos conhecidos artistas que tantos
applausos receberão nesta cidade”.
Vapores transportavam mercadorias
Desde o começo, a povoação era frequentada pelos sertanejos que
chegavam pelo rio. Vinham de Paranaíba, Botucatu, Jaú e Lençóis e traziam
seus gêneros. O historiador Guilherme Vitti ressalta que, na verdade, o
comércio da povoação, quando ainda situava-se à margem direita, foi
favorecido indiretamente com o desenvolvimento de Porto Feliz no rio Tietê,
ponto de passageiros e cargas para a capitania de Mato Grosso. O transporte
fluvial era alternativa à má situação das estradas. Pelo caminho das águas
36
O Picadão do Mato Grosso
A rua Moraes Barros, a mais antiga de Piracicaba, já
foi chamada de “Ladeira do Picadão” por ter
constituído o caminho terrestre para um centro
de mineração localizado em Cuiabá (Mato
Grosso). Esse caminho também atravessava os
sertões dos rios Tietê e Capivari e foi idealizado
por Rodrigo de Menezes, que, em 1721, chegou
ao Estado do Brasil para governar a capitania de
São Paulo. Sua incumbência era a abertura de
caminhos coloniais. O caminho foi completado
em 1724 e colaborou para que o porto do
Piracicaba se tornasse essencial para o
transporte, abastecimento de comboios,
hospedagem e todo tipo de assistência aos
viajantes. (Marly Therezinha Germano Perecin revista do IHGP - ano III, nº 3, 1994)
37
escoavam também a cana e o açúcar dos engenhos.
Todos os dias, os moradores ouviam o silvar alegre das “macchinas” no
rio. Chegavam mercadorias e passageiros. Em janeiro de 1886, por exemplo,
a Gazeta de Piracicaba anunciava “o animado movimento de cinco vapores,
os quais quatro chegaram de Lençóis...”.
Em 1873, criou-se a Companhia de Navegação Fluvial, que fazia o
trânsito de passageiros e mercadorias pelas águas do Piracicaba. A cidade
foi a segunda do Brasil a ter navegação oficializada pelo governo. Uma
outra notícia importante foi a chegada do vaporzinho “Explorador”, com o
objetivo de regularizar o transporte que era interrompido na época de seca.
Deu-se o início à navegação comercial pelo rio Piracicaba. Sob protesto, a
navegabilidade foi interrompida no início do século XX, retomada mais tarde,
para acabar de vez na década de 50.
Em 1877, o impulso ao desenvolvimento social e econômico da região
chegava pelos trilhos da Companhia Ituana de Estrada de Ferro. No dia 20
de fevereiro daquele ano, a cidade parou para acompanhar a chegada da
primeira locomotiva, que marcou a inauguração da estação instalada onde
hoje fica a Escola Estadual Dr. Alfredo Cardoso, no Bairro Alto. Em janeiro
de 1885, a estação foi transferida para a avenida Armando de Salles Oliveira.
Em 1922, acontecia a inauguração da Estação da Companhia Paulista,
“ligando Piracicaba aos caminhos do comércio”. A professora Eliana Terci,
da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), e a
pesquisadora colaboradora do Departamento de História da Unicamp, Maria
Beatriz Bilac, afirmam que a Ituana já era considerada ultrapassada para os
padrões modernos alcançados pela cidade, que reclamava da má administração,
atrasos constantes e greves dos funcionários da Cia. Ituana.
38
ATUALIDADE
O Porto de Piracicaba
Para incrementar a
logística do transporte das
riquezas piracicabanas está
O porto do Rio Piracicaba,
sendo implementado o
estabelecido ao pé do salto, era
projeto de ampliação da
referência geográfica nos anos de
navegabilidade da hidrovia
1723, especialmente para os
Tietê/Paraná, que inclui a
entradistas vindos de Itu, que se
construção da barragem de
utilizavam dos caminhos fluviais dos
Santa Maria e o redesenho do
rios Tietê e Paraná.
trecho navegável do rio
Marly Therezinha Perecin, no texto
Piracicaba, atualmente restrito
“Boca de Sertão: o Porto, a Paragem,
a embarcações de pequeno
a Sesmaria, a Povoação (1723porte. O consórcio contratado
1767)” (Revista do IHGP - ano III, nº
pelo Departamento Hidroviá3, 1994), afirma que o porto era
rio do Estado de São Paulo
“considerado um marco nas rotas de
para construir a barragem de
penetração aos Morros de Araraquara
Santa Maria da Serra iniciou
(São Pedro) onde a tradição
em 2012 os estudos geológicos
bandeirante dizia existir ouro”.
na área a ser inundada. A
construção da barragem e do
porto de Ártemis está orçada
em mais de R$ 400 milhões.
A barragem deve ter um
desnível de 13,5 metros. O Departamento Hidroviário calcula que a extensão
da navegação deverá triplicar o volume de cargas que passam pela hidrovia,
dos atuais sete milhões de toneladas para 21 milhões de toneladas ao ano. A
construção da barragem de Santa Maria da Serra, sonho antigo da região, vai
ampliar a navegação da hidrovia Tietê-Paraná em 55 Km até o distrito de
Ártemis.
39
Movimento do comércio atesta o progresso
Vinte e quatro de abril de 1856. Piracicaba é elevada à categoria de
cidade por lei provincial. Não houve festa nem fogos. Dois anos depois,
foi criada a Comarca. Até 1877, a cidade denominava-se Constituição, o
que não agradava a população. Por iniciativa de Prudente de Moraes, então
vereador, é restituído o nome – Piracicaba, que na língua indígena significa
lugar onde o peixe para. Desta vez, o povo comemorou.
A nova cidade tinha nove mil habitantes, sendo cinco mil escravos, e
1.600 casas. No município (zonas rural e urbana) somavam 22 mil pessoas.
“A preocupação central da edilidade residia na comercialização da produção
local com outras localidades, através de construção e melhorias de estradas,
da vinda de estrada de ferro e melhoria dos transportes fluviais”. (Marly
Therezinha Germano Perecin - Revista do IHGP).
Após visita em 1860, o Barão Tschudi, ministro suíço, ressaltou a
importância da cidade como entreposto, principalmente do sal, que vindo
de Santos era distribuído por todas as fazendas e vilas do interior do Estado
e muito usado para a salga dos peixes, apanhados por profissionais da pesca
nos rios Tietê e Piracicaba.
O ministro citou ainda uma fábrica de cal, perto da embocadura do
Corumbataí, como única indústria, quatro grandes fazendas de cana, 29 de
café, seis de chá e quatro de criar. Consta da descrição a localização do
cemitério no centro da cidade, na atual praça Tibiriçá, as péssimas condições
do teatro, a largura das ruas, a simetria das praças, a solidez e beleza de
algumas casas, estranhando, contudo, que a população se servisse de água
do rio (Guilherme Vitti – Manual de História Piracicabana).
A água era transportada do rio Piracicaba em carroças para ser vendida
aos moradores, situação regularizada em 1887. A cidade comemorou com
baile a inauguração do serviço de abastecimento de água. A praça foi tomada
pelos moradores que viram, pela primeira vez, a água jorrar a uma altura de
12 metros no chafariz em frente à matriz.
Desde 1883 o lixo era recolhido regularmente por carrocinhas, mesmo
aos domingos e dias santos. Em 1893, graças ao pioneirismo de Luiz de
Queiroz, a luz fraca dos lampiões alimentados com querosene, implantada
em 1874, começava a se apagar de vez com a inauguração oficial da iluminação
pública, com 120 lâmpadas sendo acesas. Ele também foi pioneiro ao instalar
o telefone na cidade. Em 1898, teve início o serviço de esgoto. Ainda nos
anos 80 e 90, surgiam as entidades representativas dos imigrantes italianos,
espanhóis, portugueses e árabes.
Artigo publicado na Gazeta de Piracicaba, em 20 de outubro de 1882,
40
Piracicaba
comemorou a
inauguração do
chafariz na
praça central
fazia referência ao progresso local: “Marchamos progressivamente, não há
duvida, e isto attesta-o o movimento de nosso commercio, os
emprehendimentos postos em pratica ultimamente, e constante entrada de
pessoas de fora, que vêm engrossar nossas fileiras”. Piracicaba gozava,
segundo o mesmo jornal dois meses depois, da denominação de “adiantada”,
sendo classificada como “a terceira da província, por seu desenvolvimento
constante e animador...”
Mas as ruas de terra batida irritavam moradores e visitantes. Na época
de seca o pó era tanto que um visitante fluminense escreveu, em 1886:
“Piracicaba, como todas as cidades assentes em chão de terra roxa, é de
tristonho aspecto, devido isso a cor dominante de roxo-terra, que não só
assombra todos os objectos exteriores, mas intromette-se pelas casas, pelos
moveis, dando-lhes a nuance terrena que tão desagradavelmente impressiona
os forasteiros visitantes” (Gazeta de Piracicaba – 22/5).
No ano seguinte, as ruas começaram a receber pedregulhos.
Ares de província
Nos anos 80, do século XIX, a dobradinha cana-café impulsionava o
desenvolvimento de Piracicaba, que aos poucos perdia o jeitão de boca do
41
Club
sertão para ganhar ares de núcleo urbano. O número
Piracicabano,
de residências aumentava, a praça da matriz recebia
lugar de
ajardinamento, a cidade ganhava um coreto e era feito
encontro
o primeiro calçamento da cidade, na rua da Quitanda,
da elite
(hoje, 15 de Novembro). A elite passava a contar com
o Club Piracicabano, que deu origem ao fidalgo
Coronel Barbosa, e as novidades tecnológicas ficavam por conta da instalação
de 21 telefones públicos na cidade.
As casas e ruas começaram a ser identificadas com placas. Os nomes
eram ligados ao cotidiano: da Praia (Rua do Porto), do Sabão (Antonio Correa
Barbosa), da Palma (rua Tiradentes), da Matriz (rua Boa Morte), das Flores
(13 de Maio), da Quitanda (15 de Novembro) e da Estrada para Mato Grosso
(Moraes Barros).
As lojas se concentravam principalmente na rua Commercio (hoje, a
Governador Pedro de Toledo), que no século XX foi símbolo de status ao
abrigar o comércio mais elegante de Piracicaba. Na antiga rua ficavam, entre
outras, a Loja do Sol, com seus “preços moderados” - anunciada como o
estabelecimento mais antigo da cidade -; À Porta Larga, sempre com
“explendorosas novidades”; Casa do Gottlob, com “preços commodos”;
Casas do Eugenio Rozo, que desejava “vender muito, porem só a dinheiro”;
e outras, como Dois Martelos, Duas Ancoras, Alfaiate a Tesoura D’Ouro, a
Thezoura Sem Rival e a Casa Krähenbühl, que, no final do século XIX,
anunciava o atendimento da clientela por “operarios habilissimos”. A oficina
construía carros, troles e carroças.
Na Loja dos Lavradores, à rua do Commercio, esquina com a rua da
42
43
Quitanda (15 de Novembro), encontravam-se chapéus, miudezas de
armarinhos e calçados. A poucos quarteirões dali, na rua dos Pescadores
(Prudente de Moraes), no Largo São Benedito, ficava a Loja da Gaiola, que,
contrário do que possa sugerir o nome, vendia “casemiros de cores, chitas,
lãns, colchas de malha, toalhas felpudas, flanellas, sabonetes em barra,
chinellos charlot e brinquedos para crianças”.
Na rua Direita (Moraes Barros) ficava Ao Rei dos Barateiros, que
dominava a praça no final do século XIX e início do século XX, mantendo
o estoque de fazendas, louças, ferramentas, calçados continuamente
renovados, e na rua dos Pescadores, a Loja do Carlos, de Carlos Aguiar, já
falava em pechincha dos preços.
Na alfaiataria Ao Chic Piracicabano, de Manoel dos Santos, no Largo do
Jardim, os fregueses podiam ter as últimas novidades em tecidos importados
trazidos do Rio de Janeiro e até comprar coroas para finados. O anúncio, no
Almanaque de 1900, lista os produtos, revelando o que ditava a moda: “...
casemirois inglezas de varias côres, diagonaes francezes e inglezes, tudo de
pura lã, (o que há de chic); córtes de fustão para colletes, puro linho, (mimosos
padrões); explendido sortimento de brins de linho e algodão; infinidade de
camisas de linho, brancas e de cores: ditas de meias; suspensórios para homens,
punhos e collarinhos de linho; lenços de seda, brancos e de côres; magnífico
sortimento de chapéus pretos e de cores, para homens; gravatas de plaston,
regatas, laços, etc. Sortimento completo de chapéus de palha para senhoras e
meninas, enfeitados a gosto do freguês; corôas para finados e para anjos, grinaldas
para noivas, fitas roxas, lettras douradas para dísticos em coroas...”
A padaria Nova América, de Jacob Bruner Filho, satisfazia o paladar
dos consumidores com biscoitos para chá, roscas de ovo e manteiga. Os
fregueses tinham a comodidade de receber os produtos em casa, por meio
dos quatro carrinhos que Bruner Filho mantinha circulando pela cidade. A
padaria vendia ainda velas, especiarias e açúcar refinado.
Para acabar com as “violentas” dores de ouvido ou de dentes nada melhor
do que as “Gottas verdes”, que integravam a lista dos “Preparados Chaves”,
na Pharmacia Central, à rua Direita (rua Moraes Barros), próximo ao Jardim.
O “Xarope peitoral” era recomendado como “calmante e expecctorante de proveito
incontestavel nas tosses simples, bronchites agudas e chronicas, rouquidão,
accessos asthmaticos etc.” e o “Collyrio amarello” era soberano “na cura de
ophtalmia ou conjunctivite catarrhal (vulgarmente dor d’olhos)”. As mulheres
interessadas em branquear o rosto e extinguir espinhas e sardas encontravam a
solução na “Água de Beleza” vendida no Salão Commercial, à rua Direita.
O movimento comercial e industrial, em 1885, era bastante ativo com
44
23 lojas de fazendas, calçados e armarinhos, 170 armazéns de secos e
molhados, cinco restaurantes e botequins, sete açougues, duas tipografias,
uma confeitaria, três padarias, seis farmácias, uma refinadora de açúcar, oito
sapatarias, três lojas de couros e arreios, uma chapelaria, cinco fábricas de
cerveja, três fábricas de torrar café e descascar arroz, uma fábrica de tecido,
um engenho central e uma fábrica de louça de barro. (Almanaque de 1900).
A imprensa cobrava a instalação de um gabinete de leitura, a reconstrução
do edifício da cadeia, o conserto do chafariz no córrego Itapeva, à rua Direita,
e as construções de um matadouro em local apropriado e de um mercado
municipal. Até então, os comerciantes contavam com “as casinhas”
construídas em 1858, destinadas à venda da produção agrícola.
“Em relação ao mercado, os beneficios que lhe advêm augmentando
sem dúvida a importação, em vista da facilidade e ordem estabelecidas para
a venda das mercadorias, demonstrando a differença no movimento
commercial”. (Gazeta de Piracicaba - 22 de setembro de 1882).
Os produtores efetuavam a venda de seus gêneros na praça, não
oferecendo aos compradores a vantagem da estabilidade de preços, que
resultaria o mercado.
“Aquelles que trazem as producções de sua lavoura para a cidade,
estacionam em quartos situados em diversos pontos, effectuam ahi as vendas
que podem, e outros sahem pelas ruas offerecendo os gêneros de casa em
casa, vendendo-os pelo maior preço que na occasião alcançam”.
O mercado era tido como um símbolo de progresso de uma localidade,
um termômetro das atividades comerciais. “O mercado é expressão viva e
característica do movimento da industria e do commercio, e, portanto, um
dos elementos de progresso material e moral das cidades populosas em que
a concorrência de nossas habilidades faz augmentar de dia em dia”. (Gazeta
12/08/1882). Apenas quatro anos depois, em janeiro de 1886, a Câmara de
Vereadores se sensibilizava e aprovava a construção do Mercado Municipal,
inaugurado em julho de 1888.
No início do século XX, todos os produtos originários de sítios eram
levados para o Mercado Municipal para vistoria e liberação, antes de serem
comercializados. A determinação constava em lei e o aval para as vendas
valia apenas para um dia. A única exceção era para os gêneros produzidos
destinados à exportação, que poderiam ser entregues diretamente na estação
de trens (Memorial de Piracicaba – julho/2002).
A administração do Mercado publicava na imprensa a tabela de preço
dos produtos comercializados.
45
Transporte da carne verde
“...acham-se desde 1º de outubro trabalhando com
perfeita regularidade, dois auto-caminhões “Federal”
com capacidade de transporte para 2 a 2 ½ toneladas,
montados com carrosserias apropriadas para 12 a 15
rezes, toda forrada com chapa de ferro galvanisado. O
pessoal necessario ao serviço é diminuto: além do
chauffeur, cada vehiculo tem um carregador, vestido de
capa impermeável, gastando-se apenas duas horas para
a carga e descarga de carne a ser distrubuida aos 32
açougues da cidade.” (Jornal de Piracicaba 11/01/1930)
Antes dos veículos, o transporte de carne verde em
Piracicaba era feito por meio de grandes carroções,
puxados por quatro a seis animais, conforme exigiam
as condições de conservação da estrada, já que o
Matadouro ficava a dois quilômetros do perímetro
urbano. A distribuição era morosa e a parte higiênica
deixava muito a desejar.
46
Caminhão de
transporte
de massas
Farmácia
Coração
de Maria
47
Mercado
Municipal,
inaugurado em
julho de 1888
Mercado é pura história
Por muita insistência, o vereador Manoel de
Moraes Barros conseguiu fazer com que a Câmara
Municipal aprovasse indicação para “a construção de um Mercado Público
em que se reúnam, com vantagem recíproca, todos os vendedores e os
compradores de gêneros alimentícios”.
A localização inicial seria o chamado Largo do Gavião (praça da
Pinacoteca), mas a necessidade de desapropriar e aterrar o terreno de
propriedade particular aumentaria o custo da obra. Optou-se, então, pela
área localizada na rua do Commercio (Governador Pedro de Toledo) com a
rua Esperança (Dom Pedro I).
O responsável pela construção do prédio foi o engenheiro Miguel
Asmussen, que o entregou pronto em março de 1887, mas o Mercado só
poderia ser aberto ao público após a regulamentação ser aprovada pela
Assembleia Provincial. Em maio, Prudente de Moraes apresentou à Câmara
o regulamento e a inauguração deu-se em 5 de julho de 1888, sem solenidade.
Para o coordenador do Banco de Dados Socioeconômicos da Unimep
(Universidade Metodista de Piracicaba), Francisco Constantino Crocomo, a
organização da comercialização de hortifrutigranjeiros em Piracicaba começa
a ser delimitada historicamente na fundação do Mercado. Entende-se por
48
organização a concentração e arrumação disciplinada dos produtos, em local
estratégico, não espalhado pela cidade. Até então, aponta o professor, as
principais vias da cidade - rua da Palma (Tiradentes) e rua dos Pescadores
(Prudente de Moraes) - eram as preferidas dos sitiantes, que levavam suas
mercadorias nos lombos dos burros para comercialização.
Havia também transações de porta em porta, uma espécie de mascateação,
considerado um sistema primitivo, sem estabilidade dos preços. Os problemas
constatados na época eram a falta de higiene na manipulação dos produtos,
monopólio de alguns produtores e fluxo de comerciantes que causava
transtornos à circulação nas ruas.
O Mercado passou a funcionar como centralizador das atividades de
abastecimento e comercialização. As feiras livres, apesar de regulamentadas
em 1923, só começaram a funcionar em 1957, o que fez do Mercado essencial
no varejo, por anos seguidos.
As vendas no atacado - que abasteciam as próprias feiras e quitandas da
cidade - só deixaram de ser feitas no local em 1974, quando a Prefeitura
montou um entreposto municipal em Santa Teresinha (bairro localizado a
cerca de oito quilômetros do Centro) para minorar o movimento intenso de
caminhões da praça em frente ao Mercado.
Em 1982, o poder público local implantou sistema de varejões e, três
anos após, foi criado o Ceasa (Centro de Abastecimento S/A), que por muito
tempo se ressentiu da atividade de atravessadores que continuavam
comercializando produtos em frente ao Mercado.
“Com o crescente movimento comercial, o Largo do Mercado se tornou
um atraente entreposto de mercadorias de primeira necessidade, facilitando
a presença de intermediários que exploravam os produtores sob a desculpa
de que permitiam que eles se livrassem das mercadorias bem cedo e voltassem
aos seus penates, para continuar sua jornada de trabalho”, salienta Maria
Thereza Miguel Peres, professora de Economia da Faculdade de Gestão e
Negócios da Unimep. Ela observa que os animais que circulavam livremente
pela cidade incomodavam mesmo no final dos anos 50 e que na área do
Mercado havia estrume por toda parte.
ATUALIDADE
O Mercado Municipal de Piracicaba é considerado referência histórica
por ser um dos mais antigos do Estado de São Paulo. O prédio do Mercadão,
como é chamado, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural
de Piracicaba (Codepac), em 1987, como Patrimônio Cultural. Alguns dos
boxes são, há décadas, administrados pelas mesmas famílias, passados de
49
geração para geração. Lá, o tradicional e o moderno se harmonizam.
O Mercadão, que completou em julho 125 anos, vem sofrendo uma série
de intervenções que tem garantido a ampliação e a modernização para atender
à exigência dos clientes. São 152 boxes, 62 permissionários que oferecem
verduras, frutas, massas, doces, condimentos, carnes, peixes e frios, material
de pesca, utensílios, flores, artesanato, entre outros produtos. Além de produtos
de boa qualidade, no Mercadão pode-se saborear um bom café, acompanhado
de pão de queijo, salgados, pastéis. O funcionamento é de segunda a sextafeira, das 6 às 17h30, aos sábados, das 6 às 13 horas, e aos domingos, das 6
às 12 horas. O mercado está localizado na praça Alfredo Cardoso, à rua
Governador Pedro de Toledo, 1.336.
A dinâmica do comércio
Piracicaba chega ao século XX como berço das principais figuras
republicanas do país, entre elas o primeiro presidente civil, Prudente de
Moraes, o senador Moraes Barros e o administrador público Paulo de Moraes
Barros. Com a abolição da escravatura (1888) e a Proclamação da República
(1889), a cidade passa por um processo de modernização intenso, resultando
na diversificação e crescimento das atividades comerciais.
Os republicanos disciplinam o espaço urbano, instituindo o passeio
público. Até então caminhavam pelas ruas os escravos que vendiam quitutes,
aqueles que haviam fugido e ficavam vadiando de um lado para outro, e
pessoas pobres. A República inaugura a cidade moderna. A rua não deveria
ser mais um lugar de aglomeração e de vendas, e sim de passagem, um
cartão de visita. A ordem era modernizar. “Tornar o Brasil moderno
significava romper com o atraso, a doença, a epidemia, a vadiagem, a
ignorância, as tradições, enfim, adotar os modos de vida e costumes
europeus”, observa a professora Eliana Terci.
A concepção do novo é colocada em Piracicaba pelos Moraes Barros, que
passam a nortear ações disciplinadoras e saneadoras. As consequências dessa
onda modernizante, segundo Eliana, podiam ser evidenciadas na alteração
total da paisagem urbana, principalmente nos grandes centros. Casarões foram
demolidos, população pobre e mendigos foram expulsos das ruas e das praças
centrais. “A mendicância nas ruas estava estreitamente relacionada ao processo
de formação do mercado de trabalho e à urbanização crescente que atraía a
população pobre para as cidades em busca de melhores oportunidades”
(Piracicaba – De Centro Policultor a Centro Canavieiro – 1930-1950).
Convulsionada pelas novas ideias, Piracicaba vai se tornando polo
de atração. A partir de 1915, o centro urbano já tinha dinâmica própria,
50
Luto pela morte do presidente
O comércio de Piracicaba não abriu as portas no dia 3 de
dezembro de 1902. A cidade amanheceu de luto pela morte de
Prudente de Moraes Barros, primeiro presidente civil da República.
Prudente faleceu a uma hora da madrugada e a notícia se espalhou
rapidamente. As bandeiras foram hasteadas a meio pau nas
Sociedades e em muitas casas comerciais.
As ruas ficaram vazias. Uma multidão se aglomerava em frente ao
casarão da Santo Antonio (hoje Museu Histórico), onde Prudente
residia. O Jornal de Piracicaba descreveu: “Só via aqui, ali, grupos
de homens que lastimavam o fato”. Milhares de pessoas
acompanharam o cortejo até a Matriz e dali para o cemitério da
Saudade, debaixo de muita chuva.
Uma semana depois, a cidade parou novamente para homenagear
a memória do ex-presidente. Representantes de várias entidades
de Piracicaba e região, Senado da Câmara e do Tribunal de Justiça,
prefeitos, estudantes, comerciantes, industriais, advogados e
outros profissionais participaram do cortejo que saiu da matriz em
direção ao jazigo da família Moraes Barros. “Todos os
estabelecimentos nas ruas por onde passou a romaria tinham as
portas cerradas e os postes electricos, de lampadas accesas,
estavam envoltos em crepes” – descreveu a Gazeta de Piracicaba.
No dia 19 de janeiro de 1903, Piracicaba participa de um novo
cortejo. Desta vez, a homenagem é para o senador Moraes Barros,
irmão de Prudente que havia falecido um mês antes. Além da
romaria ao cemitério da Saudade, houve missa e sessão cívica.
51
com prestações de serviços e de lazer implementadas pelos imigrantes
que não se adaptavam na lavoura e se incorporaram à vida urbana, dando
novo impulso ao comércio com barbearias, confeitarias, farmácias,
restaurantes, marcenarias, carpintarias, tabacarias, bares e padarias. A
cidade ganha ar cosmopolita.
A força dos imigrantes
Os imigrantes imprimiram suas marcas no comércio e indústria de
Piracicaba, introduzindo novos hábitos, costumes e padrões alimentares. Na
bagagem, eles traziam otimismo e o jeito europeu de fazer as coisas.
Eles atuaram em vários ramos de atividades. Os judeus, no comércio de
móveis e tapeçarias; os italianos, nas mercearias, pastifícios e panificadoras,
mas também no comércio de ferragens e comércio de aguardente; enquanto
os portugueses e os espanhóis, segundo texto do memorista Waldemar
Iglesias Fernandes, comercializavam frutas, hortaliças, ovos e frangos.
“Notáveis os ibéricos, precedendo dos japoneses, só chegados ao Brasil
em 1908. Eles penderam muito para as lavanderias, enquanto os chineses
foram para as pastelarias e restaurantes”, observa Fernandes. Os sírios
libaneses dedicavam-se ao comércio de tecidos e armarinhos, “constituindose, nos anos 30 e 40, na grande força da rua do Commercio”.
Os alemães, de acordo com o texto “Rua do Commercio” (Tribuna
Piracicabana 5/7/1978), de João Chiarini, comercializavam da rua 15 de Novembro
para o Mercado. Lá ficavam Mutschelle (selaria), Wolghemut (chapelaria e
relojoaria) e Müller (ferragens), mas publicidades da época apontavam a presença
de alemães e franceses também no ramo de padarias e confeitarias.
A primeira referência sobre a chegada dos alemães em Piracicaba é de
1853, com os médicos Hermann Kupper e Hermann Melchet. Mais tarde, os
Stipp se fixaram na povoação, abrindo uma venda em 1885.
Vieram ainda os Vollet, Ritter, Diehl, Fischer, Schmidt, Graner,
Krähenbühl, entre outros. Chegaram também os suíços franceses (Martin,
Gobeth e Gerdes), os italianos, espanhóis, portugueses, judeus, sírios e
libaneses, turcos, japoneses.
A partir de 1888, as notícias sobre a imigração eram mais frequentes. Em
fevereiro daquele ano, a imprensa anunciava a chegada de quatro famílias de
italianos, compostas por 18 pessoas. Até aquele mês, Piracicaba tinha recebido
1.600 imigrantes (Gazeta de Piracicaba). Faltavam braços para o trabalho na
lavoura. “Precisa-se de trabalhadores na fazenda de café do coronel Carlos
Botelho”, dizia o anúncio. Criou-se a hospedaria italiana especializada em
atender imigrantes, já que muitas fazendas não tinham casas de colonos.
52
Em 1889, a cidade já contava com farmácias,
confeitarias, relojoarias, cafés, alfaiatarias, fábricas
de calçados, chapelaria, oficina de serralheiro,
linguiçaria, fábrica de sabão, fábrica de massa que anunciava a venda a quilo ou em caixa -,
fábricas de cerveja. E também máquinas de
beneficiar arroz, torrar café e secadora de grãos.
Os estabelecimentos misturavam-se às residências,
aos hotéis, restaurantes e bares, principalmente nas
ruas do Commercio (Governador), da Direita
(Moraes Barros), dos Pescadores (Prudente de
Moraes), da Constituição (Alferes José Caetano),
da Palma (Tiradentes), Largo do Theatro, Largo da
Matriz e Largo de S. Benedito.
Crescia o número de armazéns de secos e
molhados, nos quais a população encontrava
alimentação, tecidos, produtos agrícolas e
pequenas ferramentas. Os estabelecimentos
vendiam produtos variados, a exemplo da Á
Napolitana, de Geraldo Lopes dos Santos, onde
se comercializava “musicas, instrumentos,
brinquedos, livros, tintas, armas de fogo e papel”.
A padaria Francesa anunciava uma novidade: a venda de “batatinhas brotadas
para plantação”.
DOCES CASEIROS - Jacques Wolf abriu em sua casa à rua dos
Pescadores, um negócio de venda de doces caseiros: “Doces para chá,
sobremesa em caldas, fructas crystalizadas para presentes, assados, e as
afamadas empadas de galinha e camarões” -, conforme anúncio na Gazeta
de Piracicaba, em 16 de janeiro de 1889. A casa de Wolf tinha o perfil das
rotisserias de hoje e recebia encomendas para festas. “Aceita-se encommendas
para soirées, baptisados e casamentos”. “Preparam-se assados de toda a
qualidade, com asseio e promptidão”. O proprietário observava que no preparo
dos doces não substituía “os ovos pelo carbonato de ammoniaco”.
Um ano depois, Wolf abriu um restaurante em sua casa. Recebia
pensionistas e enviava comida a casas particulares, fazendo o serviço de
pronta entrega, como atualmente. Negócio próspero. No mesmo ano,
inaugurou uma confeitaria no Largo do Theatro. Ele era o único
“depositário” da cerveja Antarctica na cidade.
53
Entre as lojas de tecidos e armarinhos, destacavam-se no período de
1887 a 1899: A Loja do Sol, da Gaiola, do Veado, da Lealdade, Au Bom
Marché, Empório das Novidades, dos Lavradores e do Moraes, Casa de
Modas Elegantes, do Barateiro, Notre Dame e A Porta Larga - a única que
resistiu ao tempo, cruzou o século. Foi fechada em 2006.
A partir de 1884, os comerciantes começaram a anunciar pelo jornal a
venda somente à vista e cobravam os devedores, a exemplo de Candido da
Cunha Nepomuceno, que publicou na Gazeta de Piracicaba: “O abaixoassinado, proprietário do Chalet Victorio, roga a todos os senhores que lhe
são devedores o obséquio de mandarem quanto antes saldar suas contas,
pelo que desde já agradece”.
Quatro anos depois, Francisco Arieta é mais enfático ao cobrar a freguesia.
Com o título “Liquidação forçada”, a nota dizia: “O abaixo assinado pede
aos seus devedores para Piracicaba: virem saldar sua conta no praso de 30
dias, integralmente, e avisa-os que no final d’esse tempo, contra os que não
o attenderem ver-se-á obrigado a proceder judicialmente, suspendendo
desde já as contas, vendas a praso, sem excepção de pessoa alguma”.
As liquidações eram feitas por 30 dias. No final dos anos 90, algumas
lojas liquidaram o estoque para fechar o estabelecimento. Motivos: problemas
de saúde, entrega do imóvel ao proprietário ou por que o comerciante estava
deixando a cidade, como Leopoldo Lagreca, que viajaria para a Itália. A
Casa da Lealdade associou o pavor e o pânico pelo fim do mundo na virada
do século com uma liquidação, em 1898: “Visite a Loja da Lealdade e
encontrareis a verdade”. Na porta, mantinha uma bandeira vermelha. No ano
seguinte, em outro anúncio, comunicava: “A Loja da Lealdade tendo que se
acabar, como tudo, na rua 15 de Novembro, resolveu fazê-lo antes do fim”.
OUTROS SETORES – Em 1894, a Casa Comercial de Cruzeiro do Sul
oferecia uma série de serviços à população, como compra e venda de imóveis,
móveis, fazendas, sítios e fazia cobranças “amigáveis”. No setor empresarial
estavam estabelecidos: Fábrica de Chapéus, de Henrique Wolghemut (rua 13
de Maio); Moderna Serraria Santa Rita, de Mendes & Comp. (rua da Glória
esquina com a Ypiranga); Fábrica de Fogos de Artifícios, de Gaspare Greco
(rua 15 de Novembro); Fábrica de Confeti Nacionais (rua do Commercio,
111); Fábrica de Malas, de Luiz Bion, (rua da Glória); Fábrica de Carros e
Oficina Mecânica, de João Krähenbühl & Irmão (rua do Commercio, 103);
Fábrica de Massas, de João Dati (rua Prudente de Moraes); Granja, Salles &
Comp; Serra a Vapor, de Jacob e Bento Diehl; Fábrica de Gelo; Fábrica de
Moveis a Vapor, de Bertholdo Graner (rua Prudente de Moraes); La Saison
54
Wolghemut
(chapelaria),
na antiga
rua do
Commercio
(oficina de costura); Oficina de Marceneiros e
Carpinteiros, de Claes & Com. (rua da Palma, esquina
com a São José); Olaria Espanhola, na Rua do Porto.
A partir de 1895 surgem novos profissionais: pedreiro, carpinteiro,
serralheiro, tintureiro e ferreiro. E são observados os anúncios de advogados,
cobradores, casas de empréstimos, comissários, fotógrafos, dentistas,
médicos, engenheiros civis, agrimensor, pessoas se oferecendo para vender
o imóvel de outro (corretores) e professores de música e piano.
Essas eram as características da sociedade piracicabana depois de um
século de existência.
Comerciantes criam a guarda-noturna
Desde o século 19, os comerciantes preocupavam-se com a
segurança. Tanto que, em fevereiro de 1900, segundo o historiador
Noedi Monteiro, organizaram a guarda noturna para vigiar as ruas
centrais da cidade. Manoel Gonçalves Lima, Pedro de Camargo (As
Duas Ancoras), João Batista de Camargo (A Porta Larga - 1887),
Domingos A. de Carvalho, Pinto de Almeida (Loja do Sol -1851), e
João de Brito & Filhos, comerciantes da Rua do Commercio,
transformavam-se em vigilantes, fazendo revezamento à noite. Ainda
de acordo com o historiador, em 1938, surge o Corpo de Vigilantes
Noturnos de Piracicaba, transformado em Guarda Municipal em
janeiro de 1969.
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O bonde e os chapéus
Artigo publicado no Jornal de Piracicaba em 9 de fevereiro de 1916, escrito
por uma mulher de iniciais LGW, aponta o chapéu como um artigo de luxo e
critica o não uso nos bondes e na cidade. Seguem alguns trechos:
“Ora, nós não vamos a qualquer das cidades mais adeantadas do Brasil, que
logo não nos salte agradavelmente a vista o uso do chapéu entre senhoras e
senhoritas de todas as edades, até entre as meninas que ainda são botões de
flores. No próprio cinema encontramos o attestado vivo indiscutível, das
cidades mais cultas do mundo inteiro: é o chapeu a servir de remate e
complemento indispensável de todo o seu próprio quadro. Não se trata
apenas de um artifício fantasia e esquipatico. O chapéu numa senhora bem
vestida é do bom tom, em passeio, é necessario como a moldura para um
quadro como um capital para uma columna. (...)
Entretanto, não sei porque minhas companheiras da elite picacicabana
crearam tamanha ogerisa contra o chapéu feminil! Será por economia? O
argumento traria desde logo a nota cômica do ridículo. (...). Em que é que vão
augmentar a despeza de um anno mais 3 ou 4 chapéus? (Está claro que
incluo até chapeus para meninas)
Em que?....Não compensamos taes despezas com a administração da
cozinha, da roupa, da dispenza? Não compensamos poupando diariamente
aquillo que um homem não seria capaz de fazer?
Bem se vê que não me refiro a um chapeu qualquer, isto é, a uma congene de
extravagâncias amontoadas, mas a chapeu moderno, elegante, discreto e
cujas cores e combinações não afugentem o espirito de seriedade que se
exige, não só em chapeu, mas em tudo mais.
Porque só em Piracicaba seremos japonezas?
Ora, no Japão, si as mulheres não fazem uso do chapeu, os homens também
não o fazem: os hábitos lá são outros. Se a tivessemos de imitar... os banhos
públicos diriam o resto.
Não somos japonezas, felizmente, por isso que repugna que só Piracicaba,
cidade que vive a fazer praça do seu adeantamento, repilla a instauração de
um habito moderníssimo, hygienico, indispensável para belleza da cútis,
necessario para a vista do clima em que vivemos, muitíssimo elegante,
quando mais não seja, revelador ao menos de bom gosto e de educação.
O luxo, disse Guilherme Ferraro, não é prova de decadência moral, ao
contrario - é uma das manifestações vivas de progresso. Onde já se viu
progresso sem embellezamento?”
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57
Porta Larga
A Portalarga foi uma das lojas que venceu o tempo como protagonista do
desenvolvimento do comércio local, consolidando-se como uma das
principais lojas de Departamentos de Piracicaba até 2006, quando suas
portas foram fechadas.
O nome Porta Larga (original) surgiu em fevereiro de 1884, quando Eduardo
de Paula Carvalho abriu uma sapataria na rua do Commercio (Governador)
canto com a rua Direita (Moraes Barros). O anúncio na Gazeta referia-se à loja
como Lê Grand Pschuttisme. O proprietário trazia as últimas novidades das
melhores lojas da Corte: calçados e também armarinho, chapéus de sol e
“lindíssimos artigos da moda”.
Em 10 de fevereiro de 1886, a mensagem era para os foliões: “Brevemente
chegará um grande sortimento de roupas, máscaras, bisnagas e muitos
outros objectos próprios para o carnaval. Em roupas vem o que foi
encontrado na Corte de mais chic e que se alugará por preços os mais
razoáveis possíveis. O proprietário desta casa avisa, portanto, a rapaziada do
bom gosto que espere o sortimento que mandar vir, afim de então munir-se
da roupa e mais objectos que possa precisar para os folguedos do pandego
Deus Momo.”
No final de 1887, Carvalho promove uma grande liquidação na loja. Durante
vários dias, anúncios de meia página na Gazeta convidavam o público a
aproveitar os preços baixos.
No mesmo ano, José Basílio (ou Baptista) de Camargo compra loja e participa
seus fregueses que estava mudando seu depósito de secos para o prédio
onde ficava a Porta Larga. O anúncio na imprensa comunicava: “Abriu-se o
grande deposito de seccos e molhados, por atacado e a varejo. Exposição
completa de vinhos, cervejas, licores, conservas, doces, kerozene, sal,
assucar, carne secca, presunto, salame, banha e formicida”.
Em 1895, a loja passa por reforma e o proprietário começa, também, a vender
ferragens e em 1921, quando foi comprada por Phelippe Zaidan Maluf, com a
ajuda de Elias Zaidan, Jorge e Hide Maluf, era uma loja de tecido. O novo
proprietário, ao longo dos anos, inova o setor, expande o estabelecimento e,
com o tempo, a A Porta Larga tornou-se o mais tradicional e elegante
magazine de Piracicaba. Em 2006, encerrou as suas atividades, deixando
saudades a muitas famílias piracicabanas.
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A Porta Larga
surgiu em
fevereiro
de 1884 e
encerrou as
atividades
em 2006
59
Mascates encurtavam distâncias
Sem experiência para lidar com a terra, os sírios e libaneses vieram para
Piracicaba com o firme propósito de se dedicar aos negócios. Estimularam
o comércio com as vendas de mercadorias nas ruas, sítios e fazendas. Com
a atividade de mascate, encurtaram distância entre as zonas urbana e rural,
facilitando a vida de quem morava longe da cidade. Levavam informações,
cultura, cartas e até o pão do café da manhã.
A história é contada pelo presidente honorário da Sociedade Beneficente
Sírio Libanesa, Elias Salum. “Os mascates entregavam as cartas de amor dos
namorados, que moravam em bairros diferentes e tinham hábito de acertar
casamento”, relembra.
Quando criança, ele acompanhava o pai, Issa Salum, que percorria os
sítios vendendo mercadorias. O dia começava muito cedo, por volta das 4
horas. Com a carroça carregada de mercadorias, Issa seguia em direção aos
bairros Boa Vista, Bela Vista, Batistada, Taquaral e outros. A viagem era
demorada, cerca de três horas.
No lento andar da carroça, o pai de Elias aproveitava para lhe ensinar
filosofia, orações e idioma árabes. Orientava-o a ser independente e criativo.
Os filhos acompanhavam os pais para anotar na caderneta as compras, uma
vez que eles não sabiam ler nem escrever.
Além de ser “correio sentimental” dos apaixonados dos sítios, o pai de
Elias Salum ainda oferecia a casa na cidade para as festas de casamento, de
batismo e de crisma dos filhos dos fregueses, e até para se recuperarem de
alguma cirurgia, que era realizada na Santa Casa. “Minha casa era o
prolongamento da casa deles”, conta. Desta forma, mantinha a fidelidade
dos consumidores.
Os mascates faziam a troca de mercadorias, como meias e tecidos por
galinhas e outros produtos, e levavam para a zona rural o saldo não vendido
dos estoques das lojas. “A carroça ia e voltava lotada”, conta Salum. Seu
pai comprava frangos, ovos, cabritos, cabras, galinhas e, na cidade, vendia
tudo para Fernando Gutierrez, que, por sua vez, revendia para comerciantes
de São Paulo.
CHEGADA – O primeiro grupo de libaneses chegou a Piracicaba em
1880. No início do século XX, em uma casa na rua 13 de Maio, é instalada
a Sociedade Síria para amparar os novos patrícios que viriam. “Era um lugar
onde eles podiam dizer: estamos na nossa casa”, comenta Elias. Mais tarde,
a entidade foi transformada em Sociedade Sírio-Libanesa, com sede, hoje,
na rua Governador Pedro de Toledo.
60
Em 1919, depois da Grande Guerra, chegavam outros árabes,
entusiasmados por virem morar na cidade do primeiro presidente civil da
República, Prudente de Moraes. Em 1938, Piracicaba recebeu novo grupo.
Os sírios e os libaneses concentravam-se próximo ao Grupo Escolar
Moraes Barros. As lojas ficavam nas ruas do Rosário, 13 de Maio, Alferes
José Caetano, percurso dos ônibus que vinham da zona rural. A saída e
chegada eram no Largo São Benedito. Eles esperavam os sitiantes descerem
dos ônibus e os convenciam a entrar em suas lojas. Quando o trajeto dos
ônibus foi transferido para a rua Governador Pedro de Toledo, eles
acompanharam e se instalaram ao longo daquela rua, com o comércio de
armarinhos e tecidos na Loja Central, Casa da Paz, Casa da Liberdade, Casa
da Confiança, Casa Vermelha, Casa Espéria, Estrela do Oriente, Loja Ingleza,
Loja da Lua.
“Na década de 20, cerca de 60% das lojas eram de árabes”, estima Elias
Salum, que escreveu a história da Sociedade e
de homens como Zaiden, Jumha, Cury, Hamot,
Primeiros
Nassin, Salum e tantos outros que participaram
diretores da
do desenvolvimento do comércio de Piracicaba.
Sociedade
Sírio-Libanesa
Fonte: Almanaque 2000
61
Krähenbühl inovou o transporte
O sonho de consumo das damas e dos cavalheiros da elite da então Vila
Nova da Constituição, pelos anos de 1870, era possuir uma das carroças
fabricadas pela família Krähenbühl numa oficina localizada na antiga rua do
Commercio (Governador Pedro de Toledo), onde também funcionava um
comércio de ferragens, a Casa Krähenbühl.
Os veículos movidos a tração animal eram conhecidos pela elegância,
leveza, estabilidade e segurança, item essencial, já que eram comuns as
derrapagens nas pedras e atolamentos na lama. Carroças e carros de praça,
por exemplo, tinham lanternas a carbureto, com capotas e assentos forrados
com couro russo.
Conhecida como a mais antiga oficina mecânica do Estado, a empresa
foi responsável pelos troles, charretes, jardineiras (ônibus puxados por
animais), carros fúnebres e carroções para o comércio e a lavoura.
Representou, ainda, uma importante opção de trabalho, criando mão de
obra especializada, especialmente quando se tornou fábrica. Com a Primeira
Guerra Mundial, a dependência externa acabou diminuindo e o produto
tornou-se totalmente nacional. A empresa já estava modernamente dividida
em setores: serralheria, estufa para maturação da madeira, seção mecânica,
ferraria, fundição para ferro e bronze, carpintaria, marcenaria e pintura, e
tinha à frente Peter Krähenbühl.
A família teria sido a primeira de origem suíça a morar na cidade,
aportando no Brasil em 1854 para fugir das más condições de vida da terra
natal e estimulada pelos movimentos de imigração. Peter atravessou a serra
de Santos e cortou a Província de São Paulo no lombo de um burro para
chegar à região.
Veio para trabalhar na lavoura, para dedicar-se à agricultura, mas ficou
decepcionado com o primitivismo da Vila. Também imigraram seus irmãos
Samuel, Christian e Nicolaus, que acabaram se mudando para a região de
Campinas. O mais novo, Ulrich, permaneceu na Suíça.
Em Piracicaba, Peter comprou uma área nas proximidades do riacho
Itapeva e fundou uma pequena oficina de fundição e serralheria, que viria a
dar origem à fábrica de troles Krähenbühl. Tornou-se amigo de Luiz de
Queiroz, com quem discutia ideias abolicionistas.
Em 1882, os filhos mais velhos de Peter, Frederico e João, compraram
parte da oficina, passando a administrá-la. Deram um novo impulso aos
negócios, tornando os veículos de tração animal Krähenbühl famosos também
fora do país. Peter faleceu em 1887, aos 63 anos.
Os trolleys conquistaram medalhas de ouro em exposições europeias
62
Trabalhadores
em frente à
oficina
Krähenbühl
nas cidades de Roma, Turim e outras, bem como
numa exposição realizada no Rio de Janeiro.
“Atravessaram fronteiras e levaram o nome de
Piracicaba para além-mar”. (Nizze Krähenbühl Ferraz de Moraes - Jornal de
Piracicaba de 11/4/1970). Em 1993, João vendeu a sua parte da oficina para
o irmão.
ATUALIDADE
A Krahenbuhl dos tempos modernos não só aboliu os tremas do
sobrenome da família, mas soube sobreviver aos altos e baixos da economia,
modificando seu ramo de atuação. Hoje, a Krahenbuhl S/A Comércio e
Importação dedica-se à distribuição de produtos para manutenção industrial,
atendendo especialmente empresas do setor sucroalcooleiro. Está instalada
na rua Santa Cruz, próxima ao Teatro Municipal Dr. Losso Netto. Na
administração, membros da quinta geração da família.
63
Em cena, os veículos motorizados
Trens, bondes, eletricidade, água encanada, telefones, automóvel.
Piracicaba do início do século XX oferecia conforto aos seus moradores. O
barulho dos motores é incorporado à rotina da cidade a partir de 1910,
quando os carros já circulavam pela cidade, segundo a historiadora Marly
Therezinha Perecin. Em 1913, como observa, podiam ser vistas marcas como
Rambler, Landaulet, Soower, Jackson, Ford e Motobloc.
Em 1916, a Gazeta de Piracicaba chamava atenção para “o perigo dos
autos”, noticiando um “abalroamento” entre dois veículos no cruzamento
das ruas Moraes Barros e Glória. “Ao desviar o carro, para evitar o grande
encontro que seria violento dado á marcha dos dois carros, bateu em um
poste telefonico. Nenhum dos choufeurs fez uso da corneta de aviso”.
Os moradores podiam alugar carros nas chamadas “garages” para viajar.
A Garage Esperança anunciava a redução de preço das viagens de automóveis
de Piracicaba para Limeira e Rio Claro, e a Piracicabana oferecia a linha
autojardineira com 12 lugares, diariamente, entre
Limeira e Piracicaba. Victorio Faganello oferecia
viagens até Rio Claro.
No início do século XX,
famílias abastadas já
exibiam seus carros
64
Ford, a primeira
agência de
veículos em
Piracicaba
Em 1920, a Ford realizou uma excursão de 8
horas e 40 minutos de São Paulo a Piracicaba,
passando por Barueri, Pirapora, Itu, Porto Feliz,
Boituva, Cerquilho e Tietê. Garages, como a
Müller (rua do Commercio) e a Brasil, de Esmeraldo Müller & Cia,
anunciavam nos jornais a venda e o aluguel de automóveis.
Em 20 de outubro de 1921, Piracicaba passa a contar com a primeira
agência de veículos: a Ford Piracicaba, de Loprete & Müller, aberta com
autorização da Ford Motor Company. Em 1927, Esmeraldo Müller era
proprietário da agência Chevrolet. A cidade, em 1928, tinha 647 veículos
circulando pelas ruas ao lado dos troles e outros carros de tração animal.
Um salto para o final dos anos 30 e década de 40. Surgem os pontos de
automóveis, que atendiam a qualquer hora do dia e da noite. Os números, em
1948, indicavam 561 automóveis, 638 caminhões, 531 carroças, três ônibus
e seis motocicletas (Memorial de Piracicaba - setembro/2002). Nos anos 50,
Piracicaba já contava com as concessionárias Ford, de Gerolamo Ometto;
Chevrolet, da família Petrocelli; GMC, de Luciano Guidotti; e Agência
Dodge, de Antonio Schavinatto. Nas ruas rodavam o Dodge, Fago, Jaguar
e o imponente Buick. Em 1959, no final do governo de Juscelino
Kubitschek, a Volkswagen lança o Fusca, que invade as ruas.
65
ATUALIDADE
Desde a Ford, primeira agência especializada na venda de carros, em
1921, até os dias atuais, o segmento tem crescido de forma significativa em
Piracicaba. O aquecimento do mercado automotivo local pode ser
verificado pela quantidade de concessionárias. São 50 estabelecimentos
que atuam no comércio a varejo e por atacado de veículos automotores,
de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais. Trabalham
na área 1.140 pessoas.
Boa parte dessas concessionárias está localizada na avenida Cássio
Paschoal Padovani - Stefanini (Fiat), West Motors (GM Chevrolet), Caminho
(Ford), Caoa (Hyundai), Aversa (Honda), Nippokar (Toyota), Sansul
(Nissan), Le Mans (Citroën), Pirasa (Mercedez Benz). Antes, nesta avenida,
ficavam o grupo Pirasa e diversas chácaras. Os terrenos muito largos e
fáceis de serem vistos ao longe atraíram as agências.
União Vecol (Volkswagen), Marché (Peugeot), Aversa (Kia) e Andreta
(Renault) são outras lojas presentes em outros pontos da cidade.
Espalhados por Piracicaba há, ainda, estacionamentos que vendem carros
usados e seminovos. A cidade conta hoje com uma frota de cerca de
268.223 veículos, incluindo carros, motos, ônibus, caminhões e outros.
Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo.
66
Voluntários
da Revolução
Constitucionalista
de 1932
O comércio e os conflitos
Uma multidão saiu às ruas para se despedir
do 1º Batalhão Patriótico que partiu, em trem da
Paulista, para a luta contra o governo Getúlio
Vargas, na Revolução de 1932. Durante os meses que durou o conflito, a
cidade se mobilizou realizando campanhas como “Tostão do Soldado” –
em que as mulheres recolhiam auxílio aos soldados constitucionalistas.
Piracicaba também aderiu à Cruzada do Ouro, para possibilitar que o
governo mantivesse as operações financeiras. Atendendo apelo da Cruz
Vermelha, os comerciantes doaram algodão, lenços, meias e suprimentos
que foram enviados para o campo de batalha. Comissão de “moças syrias”
conseguiu capas impermeáveis para os soldados.
No item consumo, algumas medidas atingiram os comerciantes,
principalmente os proprietários de padarias que se viram obrigados a fabricar
o “Pão de Guerra”, adicionando 10% de fubá à farinha de trigo tipo única e
15% à farinha tipo antigo. Preço máximo comercializado era de 900 réis o
quilo do tipo “panhoca” e de 1.300 réis o quilo para o tipo “filão”.
Em setembro de 1932, o prefeito Luiz Dias Gonzaga baixou decretos
autorizando a fabricação e venda de apenas um tipo de pão, o “pão typo
único”, redondo, fabricado com farinha de trigo, fubá e mandioca em três
67
tamanhos: 200, 400 e 1.000 gramas, vendido ao preço de $900 o quilo. A
fabricação do pão à tarde era permitida apenas às segundas-feiras.
Outra medida proibia a fabricação de macarrão e de qualquer tipo de
pão doce e pastelaria em geral, quando manipulados com a farinha de
trigo, “ficando os infratctores sujeitos ás penalidades estabelecidas pelos
decretos estaduaes que criaram commissão Pão de Guerra”. (Gazeta de
Piracicaba, setembro de 1932). A venda da farinha de trigo era autorizada
apenas para os depositários do produto com prévia autorização da Prefeitura.
A determinação publicada pela administração proibia aumento nos preços
dos produtos alimentícios e obrigava os comerciantes de colchões,
travesseiros e cama a seguirem tabela de preço máximo.
Durante a Primeira Grande Guerra (1914-1918), a preocupação era com o
consumo, já que a importação se tornava escassa e com custo muito elevado. Em
1915, a Alemanha era o único país que cumpria os compromissos comerciais
com o Brasil. Dois anos depois, era a hipótese de os EUA entrarem na guerra
que preocupava. Explica-se: o mercado europeu estava em dificuldades e muitos
produtos passaram a ser importados do país americano: carvão de pedra, cimento,
trilhos, canos, tubos, papel para impressão, aparelhos para eletricidade,
ferramentas, máquinas, locomotivas, medicamentos, gasolina, querosene e outros.
Entre 1914 e 1915, por exemplo, o carvão era quase em sua totalidade importado.
Dia 7 de agosto de 1924, Piracicaba acordou sem o pão nosso de cada
dia, por causa da greve dos padeiros. Eles reivindicavam aumento salarial e
outros benefícios, como o cumprimento à lei de férias e pagamento até o
dia 10 de cada mês, no máximo. Pararam os aprendizes, ajudantes e mestres
de mesa, entregadores, trabalhadores de “machinas” e forneiros. A
paralisação terminou no dia 12 de agosto.
Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial (1938-1945), notícia
alertava sobre a ameaça de Piracicaba ficar sem pão. Uma comissão de
padeiros solicitava providências para a escassez do sal e açúcar, cujas reservas
estavam no final. Reduziu-se a cota individual de açúcar à população para
750 gramas. A falta de transportes impossibilitava a vinda de novos
suprimentos do Norte.
68
O Ano | 1933
69
9 de Julho
O
ano transcorre num clima de incerteza e expectativa depois da
crise do café que atingiu profundamente o Brasil. O país está sob
o comando do governo provisório de Getúlio Vargas, após golpe
que derrubou Washington Luís, colocando fim na chamada
República Velha, e deixa sua vocação agrária para vislumbrar uma etapa
modernizadora voltada para a industrialização e desenvolvimento urbano.
São Paulo ainda tem à flor da pele os ideais liberais que mobilizaram 135
mil soldados e voluntários paulistas na Revolução Constitucionalista contra
o governo de Vargas e vive a agitação política com a convocação da
Assembleia Constituinte, principal causa do levante.
No mundo da literatura, o sociólogo Gilberto Freyre provoca críticas com a
obra “Casa Grande & Senzala”, que trata da formação cultural e racial do povo
brasileiro. Tarsila do Amaral pinta o quadro “Os Operários”, marcando o início
da pintura social no Brasil. Na moda, os vestidos justos valorizam as curvas das
mulheres que têm como modelo de beleza a atriz Greta Garbo. Nos rádios, as
vozes de Francisco Alves, Noel Rosa, Silvio Caldas e Carmem Miranda.
Piracicaba conta com cerca de 73 mil habitantes que se divertem no
70
Theatro Santo Estevam e nos dois cinemas, São José e Politeama. É grande
a expectativa para a exibição do filme Tarzan, com Johnny Weissmuller, “o
homem mais perfeito do mundo”.
A cidade cresce. A economia reage bem à depressão de 29. Os produtores
se beneficiam do fato de não terem trocado totalmente a cana pelo café,
optando pela dupla cultura. O perfil monocultor do município começa a ser
delineado. Piracicaba conta com 361 estabelecimentos ligados à área industrial,
entre eles as fábricas de açúcar, de aguardente e de calçados, ferrarias, serrarias
e carpintarias, na pesquisa da economista e professora Eliana Terci, da Esalq/
USP. No comércio, são 1.211 negócios, destacando-se armazéns de secos
e molhados, botequins, barbearias, sapatarias, padarias, açougues e bombas
de gasolina.
Trabalhadores das indústrias e do comércio movimentam-se na formação
de sindicatos e associações.
Neste cenário, no dia 9 de julho de 1933, em reunião no Theatro Santo
Estevam, na praça 7 de Setembro (hoje praça José Bonifácio), nascia a
Associação Commercial de Piracicaba para defender os interesses e expressar
a opinião do empresariado do comércio e da indústria. Uma entidade que
chega aos 80 anos moderna, arrojada, pontuando o fortalecimento da classe e
crescimento da cidade, promovendo a integração de empresas e comunidade
e destacando-se pela excelência dos serviços prestados.
Theatro Santo
Estevam, onde
foi fundada
a Acipi
71
Nasce a Acipi
Cento e seis pessoas atenderam à convocação feita pela imprensa e
compareceram ao Theatro Santo Estevam para a reunião que efetivou a
fundação da Associação Commercial de Piracicaba, naquela tarde de 9 de
julho de 1933. A entidade nascia com fôlego: 230 comerciantes e industriais
já estavam inscritos para integrar o quadro de sócios.
A assembleia foi presidida pelo comerciante de café Luiz Coury, que
expôs a necessidade de organizar a associação com “presteza e segurança”,
nos moldes das existentes em outras localidades do estado e do país.
Integraram a mesa diretora dos trabalhos Luiz Delfine, Elias Daibes, Henrique
Nehring, Luiz Dias Gonzaga e Joaquim Rodrigues de Almeida – membros
da comissão responsável pelos preparativos da assembleia. Também fizeram
parte, como convidados, Moacyr Amaral Santos e João de Oliveira Bueno,
que não integravam a classe, mas colaboraram para a efetivação da meta dos
comerciantes e industriais.
Foi o advogado Moacyr Amaral Santos, diretor do jornal O Momento,
que delineou os objetivos das associações congêneres, justificando o
anteprojeto de Estatutos que havia redigido a pedido de alguns membros da
comissão. Luiz Coury passou a presidência a Amaral Santos. Este acentuou
que se deveria nomear ou eleger uma comissão ou uma diretoria que desse
os fundamentos à Associação e que a mesma seria aclamada. Proposta
aprovada. A dúvida era sobre o número de integrantes. Após muito debate
e sugestões apresentadas por Egydio Stolf, Elias Maluf, Esmeraldo Müller,
Luiz Gonzaga de Lima, Atílio Barrilli, Luiz Dias Gonzaga, Henrique Nehring,
Elias Daibes, venceu a proposta de nove membros.
A reunião foi suspensa por 15 minutos para a definição da diretoria
provisória que se encarregaria de traçar os primeiros fundamentos da entidade.
Reaberta a sessão, o presidente propôs que prestassem homenagem aos
“soldados que tombaram no campo de luta, na revolução constitucionalista,
com um minuto de silêncio, permanecendo por espaço de um minuto a
assembléia toda de pé, em silencio.”
72
Primeiros
diretores
da Acipi
Em seguida, foram anunciados os nomes dos primeiros
dirigentes da Associação Comercial, indicados pela assembleia: Luiz Dias
Gonzaga, Luiz Coury, Vicente Rando, Henrique Nehring, Justo Moretti,
Luiz Delfini, Elias Maluf, Esmeraldo Müller e Moacyr do Amaral Santos. A
diretoria provisória teve prazo de um mês para concluir o trabalho de
organização da entidade e eleição da diretoria definitiva pelo voto secreto.
VOTAÇÃO – A eleição da diretoria e conselho consultivo da Associação
Comercial de Piracicaba aconteceu no dia 30 de julho daquele ano, na sede
da Sociedade Beneficente Syria, à rua João Pessoa (Governador Pedro de
Toledo).
A sessão foi aberta às 14 horas sob a presidência de Terênzio Gallese,
com colaboração de Antonio Toledo Godinho (secretário), Joaquim
Rodrigues de Almeida, Jorge Daibes e Octavio Amaral Gurgel (mesários).
Dois “gabinetes indevassáveis” estavam preparados para o pleito. Foram
92 votantes. Às 18h10, o último votante depositou a cédula na urna. Era
Manoel Silveira.
73
Os primeiros diretores
Luiz Dias Gonzaga
Agricultor, comerciante,
exportador de café,
primeiro presidente da
Associação, reeleito
cinco vezes. Foi prefeito
de Piracicaba e era uma
das maiores forças
políticas da região.
Terênzio Gallese
Possuía a Casa
Gallese, de comércio
em geral, e também
uma das mais
destacadas agências
bancárias da região,
que funcionava na rua
Prudente de Moraes.
Vice-presidente da
primeira diretoria.
Luiz Coury
Comerciante de café.
Por indicação da
Associação, integrava
o Conselho Consultivo
Municipal. Eleito
presidente da entidade
em 1938.
Coronel Manoel
Ignácio da Motta
Pacheco
Era proprietário de
uma farmácia na
Vila Rezende, foi
vereador e figurou
no Conselho
Consultivo
Municipal,
representando a
Associação. Era tido
como um dos
homens mais
dinâmicos e
influentes da época.
André Ferraz
Sampaio
Teve efetiva
participação na
Associação,
ocupando o cargo
de presidente de
1939 a 1940. Teve
destacada influência
na política.
Foi vereador.
74
Luiz Gonzaga de
Lima
Comerciante,
proprietário de uma
loja de tecidos na rua
do Commercio
(Governador Pedro
de Toledo). Foi
vereador e atuou
como secretário em
várias gestões.
Ermelindo Del Nero
Proprietário de um
depósito de bebidas,
situado à rua Boa
Morte. Foi presidente
da Associação no
período de 1940 a
1944.
Elias Daibes
Comerciante,
proprietário da Casa
Daibes, que
trabalhava com secos
e molhados. Seu
armazém ficava na
rua do Commercio.
Participou
ativamente da
fundação da
Associação, atuando
como tesoureiro.
Esmeraldo Müller
Proprietário de posto
de gasolina, oficina
mecânica, agência de
automóveis, relojoaria,
restaurante “O Ponto”
e escritório de
contabilidade.
Acompanhou a
Associação desde a
fundação, exercendo a
função de secretário
executivo de 1938 a
1964.
Mário Lordello
Comerciante, tinha
uma loja na rua
Moraes Barros,
antigamente chamada
de rua Direita.
Participou ativamente
na política dos anos
30. Foi vereador. Na
Associação, ocupou o
cargo de tesoureiro.
Henrique Nehring
Formado em
agronomia pela Esalq,
trabalhava no ramo da
agricultura. Colaborou
muito com a parte
burocrática da
Associação. Ocupou o
cargo de 1º secretário.
Fonte: Revista da ACIPI – agosto de 1979
75
Para apuração dos votos,
constituíram-se duas juntas. A primeira
integrada por Terênzio Gallese, Octavio
Amaral Gurgel, Joaquim Rodrigues de
Almeida, Luciano Guidotti e Manoel
Silveira. A outra era formada por
Antonio Toledo Godinho, Jorge
Daibes, José Guerra, Aurélio Spotto e
Phelippe Maluf.
Os 10 nomes mais votados para a
diretoria foram Luiz Dias Gonzaga, com
97 votos; Elias Daibes (87); Luiz Coury
(85); Terênzio Gallese (84); Henrique
Nehring (83); Vicente Rando (74);
Luiz Dias Gonzaga,
Esmeraldo Müller (65); Manoel Ignácio
primeiro presidente
da Motta Pacheco (47); André Ferraz
Sampaio (45); e Primo Falzoni (41).
Para o Conselho Consultivo, os 11 mais votados foram: Elias Maluf,
com 88 votos; Ermelindo Del Nero (79); Antonio Toledo Godinho (72);
Luiz Gonzaga de Lima (72); Luiz Delfini (66); Joaquim Rodrigues de
Almeida (63); Luciano Guidotti Almeida (63); Phelippe Maluf (62); Luciano
Guidotti (62); José Monteiro (58). Com 57 votos ficaram Sebastião Ferraz
de Barros e Nathan Mitelman.
A posse dos eleitos deu-se no dia 6 de agosto de 1933, em assembleia
geral. A primeira diretoria da Associação ficou assim constituída: Luiz Dias
Gonzaga (presidente), Luiz Coury (1º vice-presidente), Henrique Nehring
(1º secretário), Luiz Gonzaga de Lima (2º secretário), Vicente Rando (1º
tesoureiro), Elias Daibes (2º tesoureiro).
76
No dia da Revolução de 32
Não há referência nas atas sobre a fundação da Acipi no dia 9 de
julho com a comemoração da Revolução Constitucionalista, a
chamada Guerra Paulista, mas para o presidente Angelo Frias
Neto a data não foi escolhida por acaso. O sentimento de
patriotismo tomava conta do Estado de São Paulo, que lutou pela
liberdade e por um Brasil melhor no ano anterior, em 1932.
“Simboliza a posição contrária dos comerciantes e empresários
locais à censura, a favor da liberdade de se expressar e
empreender”, afirma.
O anteprojeto da associação foi elaborado pelo advogado Moacyr
Amaral Santos, diretor do jornal O Momento, de 1931 a 1936, a
pedido da comissão responsável pela organização da entidade.
Moacyr Amaral, com menos de 30 anos, era um dos
conspiradores contra o governo de Getúlio Vargas e quando
eclodiu a revolta foi um dos primeiros a se alistar e partir para
frente de batalha. Jurista respeitado, em 1967, assumiu o
ministério do Supremo Tribunal Federal. Amaral também foi
professor das universidades Mackenzie e São Francisco/USP
(Universidade de São Paulo).
A história mostra que os comerciantes e a comunidade de
Piracicaba se engajaram na luta, dando suporte aos seus
combatentes. Em São Paulo, a Associação Comercial teve intensa
participação na Revolução contra o governo de Vargas. Em sua
sede, meses antes, eram realizadas as reuniões pela elite
financeira e intelectual paulistana. Após a guerra, todos os
integrantes da diretoria da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP) foram exilados pelo governo federal. Por decreto, Vargas
tentou acabar com a associação. Sem sucesso, acabou
importando o modelo italiano sindical corporativista.
77
A trajetória
Desde o começo de sua fundação, a Associação Comercial de Piracicaba
se tornou um fórum de discussão dos problemas dos comerciantes, dos
industriais e da sociedade piracicabana. Participou de decisões importantes
para o município, como a elaboração do Orçamento Municipal, sendo, em
1933, representada no Conselho Consultivo da Câmara por Manoel Ignácio
da Motta Pacheco. Chamada a se posicionar frente a problemas que
interferiam na rotina da cidade, não se intimidou: denunciou, cobrou, agiu
em favor do bem-estar de seus associados e dos moradores, como no
movimento contra o abusivo preço cobrado pela empresa responsável pelo
fornecimento de energia elétrica, que marcou o mandato do primeiro
presidente da entidade, o agricultor, comerciante e exportador de café Luiz
Dias Gonzaga , reeleito cinco vezes para o cargo. Ele foi prefeito de
Piracicaba em quatro mandatos.
Nem bem a diretoria assumiu e já recebeu uma enxurrada de reclamações
e reivindicações. Os comerciantes queriam da prefeitura ação contra os
ambulantes e atravessadores de negócios; Luiz Coury pedia solução para o
“imposto capitalista” que havia sido aprovado naquele ano; os comerciantes
de ovos reclamavam da cobrança de impostos
sociais e outros reivindicavam medidas enérgicas
Vista geral da
e imediatas que coibissem a vinda de
praça central,
“forasteiros”, que prejudicavam o comércio local
tendo ao fundo
o Theatro Santo
Estevam
78
com a realização de leilões. Os varejistas denunciavam a falta de fiscalização
municipal; Vicente Rando expunha o prejuízo que vinha acarretando ao
comércio a proibição do prefeito, coronel Joaquim Norberto Toledo, de
transportar pequenos volumes de compras nas jardineiras. Em 1933, a
segurança já preocupava: donos de lojas queriam aumento no número de
guardas noturnos em “virtude dos últimos roubos”.
Mas a gritaria maior era contra os preços exorbitantes da energia elétrica
fixados pela The Southern Brasil Electric Company Limited. Por meio de
documentos, industriais solicitavam que a Associação intercedesse para obter
“modificação nos preços”, para que “as indústrias não desaparecessem em
virtude das taxas exorbitantes que eram cobradas”. A diretoria nomeou uma
comissão para se “entender” com o gerente da empresa. O resultado do
encontro foi uma redução nos preços enquanto perdurasse a crise.
ANO SEGUINTE - No segundo mandato de Luiz Dias Gonzaga, reeleito
à presidência com nove votos, contra um obtido pelo coronel Manoel Ignácio
Motta Pacheco, a reclamação contra a empresa Electric continuava. A diretoria
- integrada por Luiz Coury (1º vice-presidente), Terênzio Gallese (2º vice),
Henrique Nehring (1º secretário), Luiz Gonzaga de Lima (2º secretário),
Elias Daibes (1º tesoureiro) e Ermelindo Del Nero (2º tesoureiro) - intensifica
o movimento para “suavizar” as taxas que estavam levando as indústrias a fechar.
Uma comissão vai a São Paulo cobrar maior controle do interventor
federal, Armando de Salles Oliveira, nomeado após a Revolução de 1932.
Em Piracicaba, as associações de classe são convocadas para um debate e
estudo da revisão do contrato da empresa Electric. No encontro, Luiz Coury
ressalta a importância da união em torno do mesmo ideal, uma vez que a
Assembleia Constituinte havia aprovado a extinção da taxa e a revisão dos
contratos das usinas hidroelétricas. O médico Paulo de Moraes Barros é
convidado a defender os interesses de Piracicaba, como delegado, na Comissão
de Estudos dos Contratos da empresa Electric, nomeada pelo estado.
Naquele ano, a Associação Comercial sugere ao prefeito coronel
Joaquim Norberto de Toledo a doação de um terreno para a construção do
prédio da Agência de Correios, a exemplo de outras cidades, como
Campinas. Solicita a nomeação de uma pessoa estranha ao corpo fiscal para
que o fechamento do comércio nos feriados fosse fiscalizado com rigor e
maior atenção às instalações de depósitos de inflamáveis localizados no
perímetro urbano, mesmo com a proibição da lei.
Na cidade, a atenção estava voltada à Assembleia Nacional Constituinte,
que discutia a elaboração da nova Constituição, um dos ideiais da Revolução
79
de 1932, que substituiria a de 1891. A promulgação foi em julho de 1934 e
ao receber a notícia, em Piracicaba, estabelecimentos estaduais e municipais
suspenderam o expediente às 15 horas e hastearam a Bandeira Nacional.
Nessa mesma hora, as aulas foram suspensas e, à noite, no coreto da praça
José Bonifácio, a Corporação Musical Luiz Dutra tocou por determinação
da prefeitura. Por iniciativa dos partidos políticos e terceiros, “espocaram
no ar muitos foguetes”.
Em fevereiro de 1935, a reclamação era sobre o mau funcionamento do
serviço telefônico. Iniciava-se a discussão para a criação de uma “pequena
corporação para extinção de incêndios”. No mesmo mês, a Associação recebe
abaixo-assinado dos moradores da Rua do Porto e do Porto João Alfredo,
solicitando energia elétrica.
Em meados daquele ano, estudantes da escola de Agronomia,
chamados agricolões, esperavam o bonde na rua Moraes Barros, esquina
com o largo da Matriz (praça José Bonifácio), quando ficaram sabendo
da morte do ex-governador Pedro de Toledo pelos jornais de São Paulo.
Virgílio Lopes Fagundes, que sempre se referia à atual rua Governador
como rua do Commercio, por entender que o paraibano João Pessoa, que
dava nome à via, não tinha nada a ver com Piracicaba, teve a ideia de
homenagear Pedro de Toledo.
Contou com a ajuda dos colegas, confeccionou as placas de identificação
utilizando tábuas de caixa de querosene e nanquim. Às 11 horas da noite,
ele e um grupo de nove amigos se reuniram em uma república de
estudantes, que ficava na rua São José, esquina com o Largo da Santa
Cruz, onde definiram a ação.
Virgílio e mais dois amigos se encarregaram de substituir todas as placas
no trecho entre o Mercado Municipal e a estação da Paulista; os demais
ficaram de fazer o mesmo nos quarteirões centrais. Trabalharam noite adentro
e a rua amanheceu com outro nome: Governador Pedro de Toledo.
A iniciativa foi bem recebida. Ninguém reclamou, nem protestou. A
Câmara Municipal demorou para votar a mudança, mas acabou confirmando
a nova denominação.
HORÁRIO DO COMÉRCIO - Em agosto de 1935, Luis Dias Gonzaga é,
novamente, reeleito. O Conselho Consultivo Municipal propõe à Associação
Comercial patrocinar um plebiscito a fim de solucionar de vez a questão do
fechamento das casas comerciais aos domingos. A consulta popular foi realizada
no dia 7 de setembro. Tiveram direito ao voto os negociantes atingidos pela
lei do fechamento do comércio, sócios ou não da Associação. Foram 222
80
Rua Governador
Pedro de Toledo
na década
de 1940
votantes. A votação secreta apontou 112 a favor
do fechamento e 110 contra.
Foi solicitada à prefeitura outra denominação
ao bairro Corumbatay, a fim de evitar confusão na distribuição das
correspondências pelos Correios, com outra localidade de mesmo nome. O
bairro passa, então, a se chamar Santa Teresinha. Uma outra conquista da
entidade refere-se à suspensão da carta de habilitação para os condutores de
veículos a tração animal.
O trabalho da diretoria prossegue. A visita do governador Armando de
Salles Oliveira - que estava na condição de interventor federal no Estado de
São Paulo -, em 13 de março de 1936, é uma oportunidade para acabar com
os abusos da empresa responsável pela energia elétrica. O porta-voz da
associação, Luiz Coury, em solenidade na sede da associação, à rua João
Pessoa, saudou o visitante pela “larga visão administrativa, a energia e a
firmeza de atitudes e coragem e audacia de emprehendimentos, homem de
ação”. Chamando o chefe de Estado de “defensor do povo piracicabano”,
cobrou solução para o problema da energia elétrica, revelando a preocupação
da entidade com a grave situação que se arrastava há anos, com reflexos
negativos à economia da cidade.
Em julho de 1936, Luiz Dias Gonzaga é eleito para mais um ano de
mandato como presidente, ficando Luiz Coury com a vice-presidência, Cel.
Manoel Ignácio da Motta Pacheco, 1º secretário; Henrique Nehring, 2º
secretário; Esmeraldo Müller, 1º tesoureiro; e Mário Lordello, 2º tesoureiro.
81
Luiz Coury cobra posição de governador
“Senhor governador: antes de entrar neste recinto, V.Exa. visitou o célebre salto que
constitui a beleza, a riqueza, o orgulho da Noiva da Colina; ali tem, admirado a
grandiosa cachoeira capaz de gerar milhões de kilowats de energia elétrica. Pois bem,
sr. governador, este salto, capital inestimável no coração da cidade, foi em 1927
entregue, mediante um contrato infeliz, a uma Empresa, para explorá-lo durante 30
anos, fornecendo força e luz à população por preços excessivos e intoleráveis. Povo:
um motor de 25HP, antes do contrato, era taxado à razão de 250$000 mensalmente,
com o direito de trabalhar dia e noite. Hoje, o mesmo motor, funcionando 10 horas
diárias apenas, gasta no fim do mês 1:200$000. Resultado: o preço decuplicou.
E, portanto, os municípios vizinhos, como Limeira, Rio Claro e Campinas, possuem
taxas muito mais baixas. Desde aquela época, as conseqüências foram desastrosas: o
povo vive murmurando e protestando, tendo, latente, uma injustificável revolta contra
este estado de coisas. A indústria, que era o fator de progresso de Piracicaba,
paralisou-se consideravelmente. Algumas pararam, outras abandonaram a força
elétrica para substituí-la, por motores a óleo e vapor. E desde 1927, nenhuma
indústria nova surgiu por pequena que seja. Em conseqüência, a cidade foi perdendo
aos poucos centenas de operários, que demandaram para outros centros para os
seus sustentos, e assim, a população foi decrescendo. E o comércio foi o principal
prejudicado. Diante desse quadro sombrio, a Associação Comercial, fundada em
1933, patrocinou a causa do Comércio, da Indústria e do povo, em geral, apelando
para a boa vontade da Empresa, a fim de suavizar os preços da luz da força
principalmente: mas foi em vão, alegando a empresa que as cláusulas contratuais
eram intangíveis.
Fracassada esta tentativa conciliatória, apareceu o decreto federal, nº 29.501, de 27
de novembro de 1933, anulando a cláusula ouro e prometendo a revisão dos
contratos imediatamente, o povo piracicabano exultou, certo então, que o peso lhe
seria aliviado, esperando melhores dias. Mas, uma amarga decepção não tardou a
invadir a sua alma, causada pelo despacho do sr. secretário da Interventoria, em 29
de janeiro de 1934, estabelecendo um acordo provisório que perdura até hoje. Foi
justamente um mês depois, que a Associação Comercial de Piracicaba levou ao
conhecimento de V. Excia., as reivindicações da população piracicabana, apelando
para o espírito esclarecido e o critério judicioso de V. Excia., a fim de solucionar com
equidade e justiça o problema da força e da luz, de cuja solução dependiam como
dependem ainda o progresso e o bem estar de Piracicaba. V.Excia. manifestou boa
vontade para atender à solicitação, criando em seguida uma comissão especializada
para fazer a revisão dos contratos: mas até hoje, a comissão encarregada não se
pronuncia a respeito do contrato de Piracicaba. Por isso, aproveitando a presença de
V. Excia. nesta casa, a Associação Comercial, por minha vez, reitera o seu pedido
feito em 27 de janeiro, no Palácio do Governo, depositando nas mãos de V. Excia.,
esse problema de vida e de morte para Piracicaba, constituindo V. Excia. o melhor
defensor do povo piracicabano, desse povo que, com a maior espontaneidade
acorreu ontem para receber V. Excia. com vivas entusiásticas”.
(Discurso de Luiz Coury durante visita a Piracicaba do governador Armando de Salles Oliveira)
82
Naquele ano ainda, ofícios do Conselho Consultivo Municipal e do
prefeito Joaquim Norberto de Toledo informavam a redução do imposto de
licença de 10% para 7%, conforme havia sido solicitado pela associação. O
prefeito também anunciava, pela imprensa, sua preocupação com a rede de
esgoto projetada há quatro décadas.
Carta de Luiz Abrahão pedia interferência da entidade contra guardas
civis que estavam fiscalizando as estradas e multando lavradores por não
possuírem carteiras de habilitação, exigência que havia sido suspensa pela
prefeitura. Abrahão comenta ainda sobre a solenidade de instalação da Câmara
Municipal “a se reunir em breves dias” e a sugestão do prefeito para o
fechamento do comércio às 12 horas naquele dia. Luiz Coury é encarregado
de “saudar a nova edilidade”.
A diretoria decide oficiar à administração municipal a inexatidão de preços
da tabela do Mercado Municipal e solicitar a intervenção à empresa elétrica
em virtude do mau funcionamento dos aparelhos de rádio, os principais meios
de comunicação que sofriam interferências da corrente elétrica “muito variável”.
É nomeada uma comissão para elaborar projeto sobre redução dos preços de
energia elétrica. A diretoria congratula-se com o presidente Luiz Gonzaga,
que se tornará prefeito, e com Jorge Pacheco Chaves, presidente da Câmara.
Os açougueiros da cidade também recorreram à associação para obter a
elevação do preço da carne. Os diretores da entidade reclamaram na prefeitura
contra manutenção do gado, sem condições de ser consumido e comercializado
no Matadouro Municipal. Eles solicitaram a criação de cargo de veterinário
para fiscalizar e orientar o abate.
Em setembro daquele ano, a diretoria envia ofício à prefeitura solicitando
a criação de um “pequeno” CB (Corpo de Bombeiros) ou a “disponibilização
de materiais destinados a facilitar a extinção de incendios”. E ainda: exigiu
esclarecimentos sobre cobrança de taxa sanitária em ruas sem redes de esgoto.
O diretor Henrique Nehring reivindica aos “illustres vereadores”,
presentes à reunião da diretoria, que representem a Associação Comercial de
Piracicaba, apresentando projeto que autorizasse o prefeito a desapropriar os
terrenos necessários para a ampliação do campo de aviação já existente, na
ocasião, em frente à Escola Agrícola (atual Esalq/USP). A aviação comercial,
segundo ele, estava “fadada grande perspectiva”, e diversas cidades do
interior, “menos importantes que Piracicaba, cogitavam a construção de campo
de aterrisagem”.
VIGILANTES NOTURNOS - Em abril de 1937, Luiz Dias Gonzaga pede
afastamento de seu cargo na associação para assumir a prefeitura de Piracicaba.
83
Combater a elevada
taxa da energia
elétrica foi uma das
lutas da Acipi
Responde pela presidência o comerciante de café
Luiz Coury. Na eleição de julho, Dias Gonzaga,
mesmo exercendo o cargo de prefeito, é
escolhido para a presidência. Solicita, mais uma vez, afastamento e, Coury,
primeiro vice-presidente, assume novamente. Ele reassume em 6 de julho de
1938.
Em reunião extraordinária os comerciantes e industriais deliberaram sobre
uma representação assinada por 25 sócios, solicitando a intervenção da entidade
para impedir que a Coletoria Estadual local fizesse revisão em grande escala
dos impostos de indústrias e profissões, elevando consideravelmente as taxas.
Coury ressaltava que “o comércio piracicabano, sabidamente pobre, não
suportaria o aumento”, projetado entre 50% a 200% sobre os impostos em
vigor. Nomeou-se uma comissão para ir a São Paulo solicitar ao diretor geral
da Receita Federal e ao secretário da Fazenda a sustação da cobrança da
majoração dos impostos até o término das negociações.
Nova eleição e, em agosto de 1938, Luiz Coury é reconduzido à
presidência da associação. Na primeira reunião, comunica aos diretores sobre
a organização de um Corpo de Vigilantes Noturnos, uma iniciativa do Chefe
do Executivo, que solicitava apoio para a compra de fardas e munições. Ângelo
Palma foi indicado para compor a diretoria e Esmeraldo Müller para a secretaria.
A corporação foi extinta em 1956 com a criação da Guarda Municipal.
84
O presidente participava de reuniões promovidas pelo Delegado de
Polícia para a elaboração de um plano para melhoria do trânsito na cidade.
Este plano foi aprovado conforme ofício da Associação Comercial enviado
ao prefeito, sugerindo a criação de mão de direção para os veículos que
trafegavam pela rua Governador Pedro de Toledo, subindo em direção à
Paulista, a partir da rua São José até o Largo do Mercado, e descendo a rua
Boa Morte até a São José.
Dois meses depois de assumir a presidência, Coury comunica sua
impossibilidade de continuar à frente da entidade. O 1º vice-presidente, André
Ferraz Sampaio, fundador da Casa Krähenbühl na rua do Commercio, assume o
cargo e uma de suas primeiras medidas foi solicitar à prefeitura providência para
coibir o abuso de vendedores ambulantes sem licença, que percorriam a cidade
e, especialmente, a zona rural “em prejuízo do comércio legalmente estabelecido”.
O problema da taxa elevada da luz persistia, conforme protesto de
Henrique Nehring, do ramo da agricultura: “Piracicaba nunca poderá ser um
município industrial devido à taxa elevada de energia elétrica. São ironias do
destino: Piracicaba com um salto em sua coluna vertebral e ter que se curvar
à inércia e à inaptidão”.
Pautando-se em uma administração transparente, Ferraz Sampaio determina
à secretaria da associação a elaboração de boletim mensal, a ser distribuído
aos sócios e demais interessados com as notícias e indicações de interesse da
classe comercial e industrial, a exemplo de outras associações comerciais.
No mesmo mês, a diretoria constitui uma comissão para representar a
entidade dos festejos de 3 de dezembro, quando o interventor Adhemar de
Barros estaria na cidade. Ficou decidido que seria entregue ofício ao visitante,
solicitando a instalação de uma Escola Profissional em Piracicaba. Na ocasião,
os diretores manifestaram-se: “A Associação Comercial, como é sabido,
não é uma agremiação política. Pelo seu estatuto, se poderá notar que a sua
esfera de ação se limita apenas aos interesses das classes comercial e industrial.
No entanto, está ela imbuída de cooperar com os poderes constituídos, em
prol das boas e justas causas. De fato, a criação e instalação da Escola
Profissional é uma aspiração antiga dos piracicabanos”.
O ano seguinte começa com a nomeação de mais uma comissão para
“se entender” com o prefeito Ricardo Ferraz de Arruda Pinto sobre a nova
taxa de conservação das estradas municipais e o fornecimento de energia
elétrica. O problema das estradas volta à tona no meio do ano, quando o
prefeito é cobrado pelo mau estado das vias, que causava prejuízo aos
comerciantes. Outra reclamação era relativa aos serviços dos Correios e
Telégrafos: apenas três carteiros atendiam os moradores.
85
De bonde, os
piracicabanos iam
até a Vila Rezende
A pacata Piracicaba
Década de 40. A economia da cidade era
ritmada pelo Engenho Central, a Fábrica
Arethuzina Boyes, o Grupo Dedini e a Usina
Monte Alegre, além de várias usinas de açúcar. Os limites da cidade eram a
Estação Paulista, Rua do Porto e Cemitério da Saudade. As ruas eram de terra.
Paralelepípedos apenas em algumas vias centrais.
O menino de nove anos, Jayme Rosenthal, conhecia essa cidade como
ninguém. Era ele que no dia de pagamento das empresas percorria as
residências para receber as prestações feitas pelos trabalhadores na Casa
Rosenthal - de móveis e roupas feitas, situada à rua Governador Pedro de
Toledo, ao lado da Igreja Metodista.
Rosenthal, hoje com 80 anos, proprietário da Rosenthal Veículos, lembra
que seu pai, Pedro, comprava estopa na Arethusina para fazer colchões.
“Ele forrava a armação de mola, com estopa, algodão piolho (tecido de
terceira categoria), uma manta de algodão limpo e a revestia com tecido”,
conta. Como as casas eram pequenas, sempre alguém da família dormia na sala
e, os colchões, que serviam de cama à noite, durante o dia viravam sofás.
A relação entre os proprietários de lojas e os fregueses era de pura
confiança. Não havia crediário, carnês ou promissórias. Sequer um papel
assinado. O pai sabia quando as empresas realizavam o pagamento. Assim,
todos os dias 13 Jayme ia até a Vila, onde moravam os funcionários da
Boyes, para receber. “O caminho até lá era pelo mato, não existiam casas
naquela região. Onde está o Clube de Campo ficava a Chácara do Conde
86
Lara, que, como o meu pai, tinha os cavalos mais bem cuidados da cidade”relembra. Dia 16 de cada mês, de bonde, o menino ia receber dos
trabalhadores da empresa Dedini, na Vila Rezende. “Cerca de 70% dos
moradores da Vila trabalhavam ou prestavam algum tipo de serviço para a
Dedini”, observa. Dias 25, ele batia nas portas dos fregueses do bairro Monte
Alegre.
No bolso, levava um cartão com o nome e o valor da compra. “Às vezes
eu chegava lá e a pessoa dizia que não tinha dinheiro naquele mês”. Na Vila
Rezende, a maioria dos proprietários de lojas de móveis era judeus,
“introdutores das vendas à prestação no país”. Ele conta que o primeiro
judeu chegou a Piracicaba por volta de 1896. Chamava-se José Kardonski. A
dificuldade na pronúncia levou-o a pedir mudança do sobrenome para Cardoso
e ficou conhecido como José Cardoso.
Em 1912, Piracicaba recebeu os proprietários da casa Nova York: Natan
(que emprestava dinheiro a juros menores que os bancos), Salomão e Kraner.
Dois anos depois, David Becker abria a Casa Inglesa. Pedro Rosenthal,
acompanhado da esposa Ana e seis filhos, veio de Barretos, em 1940.
Transporte era uma dificuldade. Em 1946, Atílio Gianetti inaugurou a
linha Piracicaba-São Paulo. A viagem, uma aventura que durava cerca de
quatro horas, era feita em uma perua Ford, com carroceria de madeira. Os
passageiros vestiam guarda-pó para se proteger da poeira.
O único meio de transporte eficiente era o trem, pelo qual chegavam de
São Paulo as mercadorias das lojas e seguiam as compras dos moradores de
Charqueada, São Pedro e Rio das Pedras. Na cidade, o carreto era feito por
caminhão ou carrinho de tração animal. A Estação da Paulista era ponto dos
carroceiros.
A casa de Rosenthal fazia a entrega das compras num Ford 36. “Meu
pai cortava a parte de trás do carro, a partir da porta traseira, e adaptava uma
carroceria”, conta.
Na Acipi, a movimentação era para a nova eleição. No final de julho de
1940, Ferraz Sampaio é reeleito para mais um ano de mandato. Atende à
solicitação dos moradores para dar fim ao problema das jardineiras e
autocaminhão que permaneciam estacionados na rua Governador Pedro de
Toledo, entre as ruas São José e Prudente de Moraes, dificultando o trânsito
naquele trecho. Com aprovação da diretoria, indica Antonio Corazza para
resolver o caso com o delegado de Polícia.
Para cumprir a lei federal 1.402, de 5 de julho de 1939, que tratava da
organização de sindicatos pelas categorias patronais, o presidente tomou as
87
primeiras medidas para a constituição da Associação Profissional dos
Comerciantes Varejistas de Piracicaba, registrada no Departamento Estadual
do Trabalho em 2 de abril de 1941 e, depois, transformada em Sindicato do
Comércio Varejista, atual Sindicato do Comércio (Sincomércio). Ferraz
Sampaio indica um grupo de diretores para coletar assinaturas dos comerciantes
varejistas para a organização da nova entidade e o encaminhamento do processo
de fundação. Posteriormente, seriam formados outros grupos, como de
Turismo e Hospitalidade da Indústria da Alimentação.
A resposta à consulta do prefeito Ricardo Ferraz de Arruda Pinto sobre
abertura do comércio indicava que não havia consenso sobre o funcionamento
das lojas aos domingos até as 12 horas. Parte era de opinião que continuasse
em vigor o fechamento total, mas com referência aos dias de feriados e dias
santos de guarda, a totalidade era contra o fechamento o dia todo, porém
deveria ser respeitada a relação de dias do governo federal, decretados para
todo o país.
Em agosto de 1941, é a vez de Ermelindo Del Nero assumir a presidência.
Continuava em evidência o deficiente serviço de distribuição de energia
elétrica, que tanto prejudicava o comércio e a indústria. Esgotadas as
tentativas de se resolver o problema com a companhia, deliberou-se oficiar
ao interventor federal para apelar por providências.
Em setembro do mesmo ano, os moradores do Bairro Alto queriam
mudança no plantão das farmácias, para que todo domingo ficasse uma aberta.
E mais: pediam melhor iluminação na rua Governador Pedro de Toledo.
Del Nero recebe ofício da Secretaria da Interventoria Federal no Estado
informando sobre a decisão do Conselho Nacional de Águas e Energia
Elétrica de autorizar a Light and Power a fornecer energia elétrica à empresa
local para suprir a falta em virtude da prolongada seca.
No ano seguinte, em 1942, a presidência da associação local pede à
Associação Comercial de São Paulo que interceda junto ao governo estadual
para autorizar o Centro de Saúde local a conceder maiores prazos para os
comerciantes revestirem com azulejos as paredes internas dos armazéns,
padarias e outros estabelecimentos.
Em maio, a prefeitura comunica que as modificações no trânsito já
estavam valendo: os automóveis deveriam parar de um só lado das ruas de
maior movimento, alternando de acordo com os dias pares e ímpares. Era
permitida a parada de carga e descarga.
O presidente Del Nero não se acomoda diante da falta de gasolina, ocasionada
pelo racionamento imposto pelo governo durante a Segunda Grande Guerra,
que prejudicava o transporte da safra de algodão, laranjas e cereais. Telegrafa
88
Modificações do estatuto
No dia 30 de abril de 1944, numa reunião extraordinária
presidida por Del Nero, optou-se pela reforma dos estatutos
sociais da entidade, que deixou de ser Associação Comercial
de Piracicaba para se tornar Associação Comercial, Industrial e
Agrícola de Piracicaba. O quadro de sócios passou a contar
também com invernistas, criadores, barqueiros, proprietários,
corretores, agentes comerciais, capitalistas, empresas
mercantis e industriais, os que exerciam profissões dirigidas às
atividades econômicas, associações de classe ou
representativas de atividades econômicas e ex-diretores de
associações.
Só em 14 de outubro de 1966 apareceu a sigla Aciap, pelo
menos em ata. Em 26 de maio de 1967, o termo “Agrícola” foi
retirado do nome da Associação e excluídos todos os sócios
que haviam ingressado na entidade quando de sua inclusão
(invernistas, criadores, etc). A justificativa era de que a classe
estava amparada na cidade por órgãos específicos. Foi
aprovada a aceitação de profissionais liberais. Em 14 de junho
do mesmo ano, a denominação Acipi aparece nos documentos
da entidade.
89
para o Conselho Nacional do Petróleo sugerindo permissão para as usinas locais
venderem o álcool comum desnaturado, que gozava de isenção de imposto
para abastecimento de veículos.
Em 1943, a entidade recebe ofício da Associação Comercial de São
Paulo comunicando o controle do sal e pedindo a indicação de um nome de
diretor para compor a comissão local, que regularia o fornecimento na cidade.
Em 1944, a exemplo de outras localidades, a cidade vivia a escassez de
produtos como o sal, o açúcar e o trigo. As panificadoras alertavam para o
risco da falta de pão. Os estoques estavam baixos e as indústrias paradas,
com grande dano para a economia da cidade. Essa situação aflitiva levou Del
Nero a telegrafar para a Federação das Indústrias e à Comissão de
Abastecimento, sendo informado que o problema estava na falta de transporte
para escoamento de produtos. O setor vivia um colapso.
A sede própria já era preocupação. A presidência manteve contato com
proprietários da usina Monte Alegre, por intermédio do empresário Mario
Dedini, para conseguir, por compra ou doação, terreno localizado na praça
José Bonifácio para construir o prédio da sede da associação.
Da Cia Paulista de Estradas de Ferro cobrava providências aos constantes e
persistentes roubos de mercadorias verificados nos despachos. O presidente
Ermelindo Del Nero permaneceu no cargo até julho de 1944, quando foi eleito
Calvet Guariglia, que era ligado à Estação Ferroviária Sorocabana. Também
reeleito, permaneceu à frente da entidade até julho de 1948.
De olho no bem da saúde pública, a àssociação posicionava-se contra a
venda de carne verde ou carne de vaca pelo sistema contrabando
generalizado na cidade e reivindicava enérgica e necessária fiscalização da
prefeitura. Outubro daquele ano foi marcado pela falta de
leite para a população.
Estação
Ferroviária
Sorocabana
90
POSTO ELEITORAL - O presidente Calvet Guariglia insiste com a Cia
Paulista de Estradas de Ferro sobre a aflitiva situação do exportador em
função do acúmulo dos produtos na Estação da Sorocabana pela falta de
vagões. Cerca de 18 mil sacas estariam acumuladas, em decomposição,
situação exposta ao diretor da estação e ao chefe de tráfego.
Em maio de 1945, pede ao delegado de polícia tabelamento de serviços
de carreto de carroças de aluguel e intervenção na empresa de ônibus
responsável pelo serviço de transporte à Santa Casa e ao cemitério, que
vinha prejudicando os usuários pela “inobservância de horários e, algumas
vezes, interrompendo o serviço sem qualquer aviso à população que se serve
desse único meio de transporte”.
Em agosto, a Associação pleiteia à Companhia Telefônica Brasileira
(CTB), concessionária dos serviços locais, a remodelação do seu atendimento
em Piracicaba, com a instalação de aparelhos automáticos. No mesmo mês,
a diretoria opta por instalar um ponto de alistamento eleitoral na sede, sem
qualquer caráter partidário.
No ano seguinte, Henrique Nehring, representando a Associação, participa
da reunião extraordinária do Conselho das Associações filiadas à Associação
Comercial de São Paulo, que decidiu pleitear ao governo federal a plena
liberdade de comércio e extinção de todas as restrições então em vigor,
principalmente o racionamento, estabelecimento de preços de gêneros
alimentícios e utilidades de primeira necessidade.
Em 1948, assume a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de
Piracicaba (Aciap), Cássio Paschoal Padovani, proprietário da padaria
Aliança. Naquele ano, uma solenidade marcou a inauguração do abrigo de
bondes atrás da Catedral. Reeleito em 1949, Padovani permanece à frente
da entidade até julho de 1950. Durante a sua gestão, cedeu uma sala ao
Departamento do Estado do Trabalho para o funcionamento de um posto
para emissão de carteiras profissionais, registro de livro de empregados e
outros serviços atinentes às Leis do Trabalho. Com apoio do Jornal Diário
de Piracicaba e do Rotary Club, constituiu uma comissão para levantar fundo
para sinalização do trânsito local, considerado precário.
TELEFÔNICA PIRACICABA - Em julho de 1951, eleição aponta o
diretor da Telefônica Piracicaba Ltda., Laymert Garcia dos Santos Neto como
vencedor. Laymert é reeleito em 52. Seu trabalho, considerado muito
importante, foi o empenho para melhorar o serviço telefônico na cidade.
Trouxe para Piracicaba o engenheiro técnico da Secretaria da Viação e um
diretor da Companhia Ericson do Brasil para tratar da reforma dos serviços
91
Lei institui a Semana Inglesa
A Semana Inglesa foi instituída em Piracicaba, em 1949, pela Lei nº 48,
assinada pelo prefeito Luiz Dias Gonzaga no dia 1º de outubro. Os artigos 1º e
2º estabeleciam o horário de funcionamento do comércio aos sábados, das 8
às 14 horas, com exceção aos salões de barbeiro, cabeleireiros, institutos de
beleza e estabecimentos congêneres. Estes, de acordo com a lei, fechariam às
18 horas, enquanto as farmácias funcionariam
em regime de plantão.
A lei foi resultado de um movimento na cidade, liderado por Álvaro Azevedo,
Francisco Silva Caldeira, Abelardo Libório e Elias Salum. Álvaro Azevedo, 79
anos, explica que, como na prática esse horário não dava certo por causa da
hora do almoço, conseguiram antecipar o fechamento para as 12 horas.
O movimento rendeu muita discussão entre os comerciantes, uns contra,
outros a favor. Em outubro de 1945, Antonio Romero e um grupo de
comerciantes solicitavam à prefeitura, através de abaixo-assinado, apoio à
proposta. O prefeito decidiu consultar a Associação Comercial, que, por sua
vez, foi ouvir a classe. Em novembro já tinha o
resultado: uma lista com 100 nomes a favor e outra com 141, contrários.
Em reunião de diretoria, o presidente Calvet Guariglia dizia que, apesar de
pessoalmente ter manifestado simpatia à comissão de comerciários próSemana, empenhava-se junto ao prefeito municipal para que nada fosse
resolvido sem que fossem ouvidas as associações de classe e os mais
interessados na questão, que eram “os comerciantes varejistas e os
consumidores, especialmente os lavradores”.
O movimento continuava. Antonio Stolf buscava esclarecimentos sobre a
ação da associação, uma vez que, em ofício lido em sessão da Câmara
Municipal, a entidade manifestava-se contra a adoção da Semana Inglesa. Um
grande número de associados solicitava interferência da entidade para que a
proposta não fosse aprovada, pois traria muitos prejuízos. Assim, convenceuse de que a maioria absoluta era contrária à inovação. O projeto de lei
“Semana Inglesa” acabou sendo rejeitado pela Câmara em 9 de setembro de
1948, mas, no ano seguinte, os vereadores aprovaram a proposta.
Aos poucos os comerciantes foram se adaptando ao novo horário de
atendimento. Em 18 de setembro de 1962, um comunicado publicado no
Jornal de Piracicaba informava “amigos e fregueses”, que, a partir do dia 22,
o expediente no comércio encerraria às 12 horas. Assinavam o documento 32
lojistas.
92
telefônicos. Sua proposta era a instalação dos telefones automáticos, uma
vez que havia constatado que a Companhia Telefônica Brasileira não poderia
fazer qualquer coisa em benefício dos serviços. Seu empenho resultou no
surgimento da Telefônica Piracicaba Ltda, transformada em Sociedade
Anônima e, que poucos anos depois, contava com 1.800 acionistas.
Em 6 de novembro de 1951, a diretoria recebe uma notícia importante:
a promulgação da lei nº 1.266, declarando de utilidade pública estadual a
Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Piracicaba. A lei foi publicada
no Diário Oficial do Estado em 8 de novembro de 1951. Durante a gestão
de Laymert, foram aprovadas mudanças no estatuto da entidade. A duração
do mandato da diretoria passou para dois anos e pequenos comerciantes e
industriais eram isentos da taxa de inscrição.
O primeiro presidente a ter mandato de dois anos foi comerciante
Francisco Munhoz, proprietário da Casa Munhoz - secos e molhados, eleito
em julho de 1953. Quando assumiu o cargo, a entidade contava com apenas
70 sócios. Por isso, seu principal trabalho foi organizar uma campanha para
aumentar o número de associados. Mapeou a cidade e atribuiu aos diretores
a responsabilidade de conseguir um determinado número de novos sócios.
Deixou a diretoria com 700.
Munhoz não aceitou concorrer à reeleição porque estava se mudando
para São Paulo. Assim, em 9 de julho de 1955, é eleito Eduardo Fernandes
Filho, gerente da Usina Monte Alegre e proprietário da Casa Mercantil. Ele
movimentou o comércio ao solicitar aos lojistas que ornamentassem as vitrines
com bandeiras, flâmulas e bandeirolas para as festividades dos 188 anos de
Piracicaba. Para “maior brilhantismo”, enviou ofício ao Departamento de
Água e Energia Elétrica pedindo a suspensão do racionamento de energia
durante a semana do aniversário, de 30 de julho a 6 de agosto.
Premiou com medalhas os melhores indicados por uma comissão
integrada por artistas da cidade: Elmo Magazine e Mercantil Piracicaba
ficaram com prata, e A Nacional, Casa Maracanã e Caruso, com bronze.
Fernandes Filho hipotecou integral apoio à campanha lançada pelo Diário
de Piracicaba, para dotar a cidade de um Corpo de Bombeiros. Em ofício
encaminhado aos Irmãos Munhoz, lamentou o incêndio que destruiu o
armazém, localizado na avenida Armando de Salles Oliveira, e garantiu
esforços da Associação para aparelhar a cidade com equipamentos contra
fogo. Em 1º de agosto de 1956, na gestão de Luciano Guidotti, aconteceu
a inauguração do primeiro Corpo de Bombeiros de Piracicaba, instalado na
avenida Dr. Paulo de Moraes, na Paulista. Naquele dia, a cidade festejava o
189o. aniversário.
93
Professoras analisam o comércio
Análise sobre o comportamento do comércio entre 1930 e 1950,
elaborada pelas professoras Eliana Terci e Maria Beatriz Bilac, indica
um crescimento considerável de estabelecimentos que
comercializavam produtos de primeira necessidade nesse período.
A população crescia e os armazéns secos e molhados também.
“Eram pequenos e atendiam praticamente a todas as necessidades
básicas da população”. Neles, a população urbana e rural encontrava
desde alimentação, tecidos, produtos agrícolas até aguardente e
pequenas ferramentas.
As professoras citam outros gêneros de comércio: venda de
produtos alimentícios, bebidas, cigarros, fumo e artigos de tabacaria,
que “teve participação crescente no setor em número de
estabelecimentos”, comércio de tecidos - artigos de vestuário - e de
armarinho, comércio de móveis, artigos de colchoaria e tapeçaria,
comércio de artigos diversos, que incluem artefatos de borracha e de
plásticos.
Neste último item, elas agruparam os estabelecimentos que
comercializavam aparelhos elétricos, areia, bebida, bicicleta para
aluguel, cinema, depósito de materiais, gramofone, licores, pianos,
serraria, torrefação, laticínios e farmácias.
Outros gêneros comerciais elencados pelas professoras: o comércio
de ferragens, produtos metalúrgicos, material de construção, artigos
sanitários, artigos de cerâmicas, vidros e louças. Elas destacam
também o ramo de farmácia. No período estudado, Piracicaba
contava com a Farmácia Popular, São Paulo, Nossa Senhora das
Graças, Coração de Maria e Farmácia do Povo (Drogal S/A).
94
A crise de energia elétrica persiste e leva uma comissão até o escritório
da Companhia de Energia Elétrica, em outubro, para protestar contra o
racionamento. Fernandes Filho, acompanhado do prefeito, presidentes de
Lions Club, Rotary e representantes da imprensa, ouviu do gerente que a
situação era resultado da falta de chuva na região e no Estado.
Outra medida foi solicitar aos Correios e Telégrafos a construção da
Agência Postal no terreno cedido pela municipalidade, no Largo São Benedito.
A Telefônica Piracicaba inaugura na cidade os serviços telefônicos
automáticos.
Em janeiro de 1956, Fernandes Filho pede licença do cargo por tempo
indeterminado, porque estava transferindo residência para São Paulo. Assumiu
o 1º vice-presidente, Lineu Siqueira, que saiu em defesa da cidade e apoiou
a campanha do Diário contra a supressão do ramal da Sorocabana, São PedroÁrtemis. A extinção foi denunciada pelo vereador Antonio Stolf.
O comerciante Lineu Siqueira, proprietário da Casa Siqueira, foi eleito
em 30 de junho de 1957 e se ausentou do cargo durante os três meses em que
esteve viajando pela Europa, e não pode acompanhar, em agosto daquele
ano, a inauguração do Museu Prudente de Moraes, instalado no casarão em
que residiu o primeiro presidente civil da República. Em sua ausência
respondeu pela presidência Álvaro Azevedo Ribeiro. De volta ao cargo,
coube a Siqueira preparar as comemorações dos 25 anos da Aciap. Durante
o seu mandato, fez um trabalho intenso de divulgação dos serviços prestados
pela entidade.
PROTEÇÃO AO CRÉDITO - Em 4 de agosto de 1959, foi a vez de
Fued Helou Kraide , da Kraide Magazine e Confecções, assumir a
responsabilidade de dirigir a associação. Ele se dedica a reestruturar o quadro
social, dividindo os sócios em categorias de pagamento de mensalidades.
Kraide deu início ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ao solicitar às
firmas locais que enviassem à Aciap a relação de seus fregueses negativos.
Ele também desenvolveu campanha para conseguir das empresas e comércio
bancos para serem colocados nos jardins públicos da cidade.
Reeleito para o biênio 61/63, abre o “Livro de Ouro” para angariar
fundos para a aquisição da sede própria. Em 18 de maio de 1962, em reunião
geral, os sócios deliberaram sobre a compra de um prédio. Em julho, durante
assembleia extraordinária na sede da rua 15 de Novembro, no.744, também
ficou deliberada a venda de títulos de propriedade da futura sede social.
Sócios contribuiriam com donativos ou compra desses títulos, com valor e
número variáveis, pagos à vista ou em prestações, transferíveis de um sócio
95
para outro, mediante notificação por carta à associação. Poderiam ser
resgatados pela entidade, após o quinto ano de construção ou aquisição da
sede, por meio de doação ou compra, a preço nunca inferior ao seu valor
nominal. Proposta aprovada: fixar em 400 o número de títulos, valendo
Cr$25mil pagáveis em 25 prestações iguais.
Durante a sua gestão, Kraide requereu do governador do Estado a
execução imediata do Plano Bandeirante, elaborado para ampliar os serviços
telefônicos no interior do Estado.
Solicitou ao prefeito providências para facilitar o trânsito no centro da
cidade, determinando que o estacionamento de motocicleta, lambreta e
bicicletas fosse do lado oposto ao estacionamento dos automóveis. Ao prefeito,
ainda, reivindicou maior rigor na fiscalização do funcionamento do comércio
fora das horas regulamentares, principalmente aos domingos, e redução de
40% do adicional criado sobre o imposto de Indústria e Profissões e 5%
sobre o de licença. Do governo do Estado cobrou a demora nas obras de
pavimentação das estradas Piracicaba-Tietê.
96
A cidade se renova
Nos tempos do rock and roll, vestidos e saias rodadas, rabos-de-cavalo
e penteados fixados com laquê, Piracicaba ganha cara nova com a intervenção
urbanística do prefeito Luciano Guidotti. Nos anos 50 e 60, a cidade se
renova, os prédios antigos dão lugar aos de fachadas modernas. “Devido ao
alargamento da Praça 7 de Setembro (atual praça José Bonifácio), várias
lojas foram desapropriadas e tiveram que se mudar, como a Luzitana e a
Casa Bonilha” (Jornal de Piracicaba, em março de 1950).
“As demolições e as construções vão imprimindo expressões grandiosas
na arquitetura da cidade, instituindo novas memórias, destruindo espaços
que foram marcos de referência, alterando a planta física da cidade”, afirma
a professora Maria Theresa Miguel Perez. A preocupação do prefeito Guidotti
com o espaço urbano incluía largas avenidas, pavimentação asfáltica e
construção de edifícios, a exemplo do conjunto arquitetônico na praça, o
mais importante empreendimento da renovação da cidade. A construção foi
assumida pela Comurba (Companhia de Melhoramentos Urbanos S/A).
Piracicaba dá a largada para o crescimento vertical com a inauguração,
em 1958, do edifício Georgete Dias Brasil, de sete andares, abrigando no
térreo ampla galeria, conhecida como Galeria Brasil. Ganha fonte luminosa,
modernas construções e as avenidas Armando de Salles Oliveira,
Independência e Saldanha Marinho. “Com Guidotti acontecia a primeira
grande transformação urbana de Piracicaba”, observa Maria Theresa. A
cobertura do Itapeva, riacho genuinamente piracicabano, conforme define
o historiador Guilherme Vitti, é concluída e anunciada pela imprensa como
“a maior obra urbanística de Piracicaba”.
Nas ruas, as moças da sociedade desfilavam as últimas novidades da
moda na “calçadinha de ouro”, localizada entre as ruas São José e Moraes
Barros, na praça José Bonifácio, onde hoje fica o Banco Bradesco.
José Passarella abriu, em 1935, a primeira bonbonnière da cidade, que
viveu o seu auge na década de 50. Era ponto de encontro dos estudantes da
escola do Commercio, que funcionava ao lado.
Nos anos 40, a cidade contava com as concessionárias Ford, Agência
Chevrolet. Em 1959, Jayme Rosenthal e Ibrahim Daibes decidiram abrir
uma loja de automóveis na parte de baixo da Rádio Difusora, então PRD-6,
com apenas três carros – Simca Chambord, Gordini e Fusca. Com o sucesso,
acabaram transferindo o negócio para um espaço maior, na rua Governador,
onde hoje está instalada a Demanos. Naquele quarteirão ficavam a padaria
Inca - ponto de encontro dos jovens, Supermercado Brasil, Relojoaria Gatti,
Bazar Modelo, entre outras. “Nossa loja virou atração”, relembra Rosenthal.
97
No comércio, a revolução ficava por conta da roupa em série (prêt-àporter - pronto para vestir), que popularizou a moda, principalmente nos
anos 60/70, preocupando os alfaiates e costureiras que executavam os
pedidos dos clientes. Piracicaba contava com o Rei das Roupas Feitas,
Popular Magazine, Metidieri, Camisaria Carbon, A Nacional, Casa Neusa,
Kraide Magazine. A exemplo da Portalarga, com o tempo, muitas lojas
deixaram de vender tecidos para comercializar roupas feitas.
Nas ruas, vestidos tubinhos, saias evasés, calças saint-tropez que já
deixavam os umbigos à mostra. Botas de cano longo acompanhavam a
minissaia, que reinava e arrancava assovios a partir de 1964.
Nas tardes de domingos, a Jovem Guarda, sob o comando de Roberto
Carlos, era assistida nas televisões em preto e branco. Cabelos lisos, olhos
evidenciados por rímel e delineador. Ainda na década de 60, o jeans - as
chamadas calças Lee – sinônimo de liberdade, era a novidade vendida com
exclusividade na loja Ao Zequita. Mais tarde era encontrada também na loja
Germano.
Na área de serviços, Lélio Ferrari, que desde 1936 mantinha um empório
na rua Governador, transforma o negócio na primeira loja pegue-pague no
interior de São Paulo, inaugurando no coração de Piracicaba, em 1962, o
Supermercado Brasil.
Curiosidade
A “jupe-culotte”
Em maio de 1911, uma senhora foi vaiada,
aplaudida e fotografada ao desfilar na cidade
trajando “jupe-culotte” (saia-calça que realçava as
formas femininas). A mulher percorreu diversas
ruas, passou pela Matriz e pelo jardim que estava
lotado. “Durante todo o tempo que permaneceu
naquelle local a arrojada modista, grande numero
de rapazes prorompiam em palmas e acclamações
vibrantes”.(Gazeta de Piracicaba - 23/5/1911)
98
Sistema pegue-pague
Empreendedor e audacioso, o
empresário Lélio Ferrari surpreendeu
a cidade, deixando os pessimistas de
plantão de queixo caído, com a
inauguração, em 1962, do primeiro
supermercado do sistema peguepague no interior de São Paulo.
Muita gente dizia que não daria certo
por acreditar que Piracicaba não
comportaria um estabelecimento
daquele porte.
Lélio começou, em 1934,
montando uma torrefação de café.
Dois anos depois, abriu um empório
na rua Governador Pedro de Toledo
e, em 1957, já formava uma
sociedade com os irmãos Oswaldo
e Orlando, denominada Lélio Ferrari
e Irmãos, que chegou a instalar 10 lojas em Piracicaba, uma em Limeira e
uma em São Pedro.
Em São Paulo, Lélio conheceu alguns americanos interessados em
implantar na capital uma rede de lojas de autosserviço, know-how já conhecido
dos americanos. Informou-se sobre a novidade e acabou transformando o
empório em um moderno e arrojado supermercado - o Supermercado Brasil.
O novo sistema tirou de cena as velhas cadernetas de compras, substituindoas pelas caixas registradoras, sem, no entanto, prejudicar a filosofia dos irmãos
de sempre “servir bem os nossos clientes”. Acreditavam que o consumidor
gostava de ser atendido “por quem manda” e “faziam relações públicas junto
aos check-outs todos os sábados pela manhã”. (Revista de Promoção de Vendas
e Merchandising do Comércio Varejista - fevereiro/ 74).
Reportagem de capa, intitulada “Uma lição para sair do vermelho”,
relatava como, após dois anos trabalhando no prejuízo, os irmãos deram a
volta por cima graças a uma reestruturação administrativa.
Em 1974, Piracicaba já contava com cinco lojas da Rede de
Supermercados Brasil S/A, que serviam, segundo estimativa de Lélio Ferrari
na época, a 40% dos 160 mil habitantes da cidade. Sem contar os
consumidores que vinham das cidades da região.
Os estabelecimentos ficavam no Centro, Bairro Alto, Paulista, Vila
99
Rezende e São Dimas. Esta última, a menina dos olhos dos Ferrari, era ampla,
contava com uma grande área frigorificada e uma inovação: uma butique.
A grande preocupação era com a arrumação das lojas. Mantinham uma
seção de frutas e verduras - o chamariz para a venda de outros produtos -,
laticínios, importados, massas, latarias, frios em geral e outras, chegando a
um total de quase oito mil itens.
Nem mesmo a chegada da concorrente Eletroradiobraz, “a baleia de
Piracicaba”, que se instalou no Bairro Alto com uma loja que ocupava um
quarteirão, intimidou os Ferrari. Quando Lélio faleceu, em agosto de 1974,
empregava cerca de 160 pessoas nos cinco estabelecimentos. A Rede continuou
a crescer e foi ao encontro dos consumidores de outros bairros, com a
instalação de supermercados menores, chegando a 10.
No início dos anos 80, a Rede de Supermercados Brasil foi vendida para
a Rede Catarinense.
ATUALIDADE
Em 1965, Piracicaba era servida também pelo supermercado Serv-Só,
o primeiro do Estado com panificadora, segundo anúncio que destacava:
“Nossos preços são marcados uma só vez, preço justo, preço real, honesto
acima de tudo. A comunidade não merece ser iludida. Para não aumentar a
inflação”. Em 1973, os piracicabanos tinham como opção de compra os
supermercados Brasil, Guerra, Pão de Açúcar, Jumbo, Vendero e Moral.
Atualmente, grandes redes e pequenos mercados de bairro formam uma
cadeia de abastecimento que compreende a totalidade da área urbana do
município. São 172 mercados, além de 154 rotisserias, 37 estabelecimentos
ligados ao comércio de hortifrutigranjeiros, 62 açougues e peixes, com 40
mercados sem predomínio de produtos alimentícios, os populares armazéns.
Entre as grandes redes presentes em Piracicaba estão o Pão de Açúcar,
Carrefour, Extra, Delta, Beira Rio, Walmart e Jaú. Os mercados de bairros
são menores, mas essenciais para o consumo de famílias que estão em
localidades mais afastadas do centro. Há, ainda, os estabelecimentos
atacadistas, entre os quais estão o Atacado Munhoz, Makro e o Atacadão.
100
SEDE PRÓPRIA - Na eleição da Acipi, de julho de 1963, Lélio Ferrari
e Arnaldo Ricciardi obtiveram quatro votos cada um. Prevaleceu a
determinação do Estatuto da época: no caso de empates, na composição dos
cargos, a decisão seria pelo critério da idade. Assumiu Lélio Ferrari, o mais
idoso. Como primeira medida, nomeia uma comissão para planejar e executar
o projeto da sede própria. Já em agosto, assembleia geral aprovava
empréstimo bancário de seis milhões de cruzeiros para a construção. Reunião
no dia 6 de dezembro decide pela venda do terreno na rua Alferes José
Caetano, 1.112. A partir de março de 1964, a sede da associação é transferida
para a praça da Catedral, 1.023, no Edifício Gianetti.
Em 1964, a Aciap protestava contra a pretensão do governo de liberar a
importação de equipamentos para usinas de açúcar, visto ser Piracicaba o
grande centro produtor. É sugerida à prefeitura modificação do serviço de
trânsito na parte central, a fim de permitir estacionamento de veículos em
ambos os lados das ruas.
Outra crítica era dirigida à Companhia Telefônica Brasileira em razão
do deficitário serviço interurbano. Ao governo do Estado, à Secretaria da
Fazenda, ao deputado Domingos Aldrovandi e a Luiz Guidotti, presidente do
diretório do PSP, reivindicava a instalação da Delegacia Regional de Fazenda
e Instituto Adolfo Lutz, já criados por lei.
Naquele ano, no dia 9 de abril, o comércio e as indústrias de Piracicaba
suspenderam as atividades às 15 horas para engrossar a Marcha da Família
com Deus e pela Liberdade. O movimento marcou “repúdio ao comunismo,
reafirmando inequivocadamente sua vocação democrática”, conforme noticiou
o Jornal de Piracicaba no dia seguinte. Foi a maior concentração popular
realizada, até então, na cidade. “Piracicaba mostrou ao Brasil que é digna de
guardar em seu seio o mausoléu do grande primeiro presidente civil da
República, Prudente de Moraes”, destacava a imprensa.
A concentração foi na Estação da Paulista. Uma multidão tomou conta da
rua Boa Morte, descendo até a praça da Catedral. Nas faixas, os apelos: “São
Paulo de pé, pela Lei”, “A mulher cristã, pela Liberdade”, “Conservemos
sem macula nossa herança democrática”, “Salve Caxias, patrono do Exército”,
“Uma nação não subsiste sem fé”, “Antes morrer que viver escravo”.
As fanfarras da Escola Industrial Cel. Fernando Febeliano da Costa e
do Colégio D. Bosco marcavam um ritmo marcial à passeata, enquanto as
corporações musicais, União Operária e Pedro Sérgio Morganti davam o
tom mais alegre, tocando dobrados e marchas. A marcha terminou na praça
central, onde muitas pessoas discursaram exaltando a democracia e a “vocação
cristã dos brasileiros”.
101
O imponente
Comurba ficava
na praça José
Bonifácio
E foi na mesma praça que aconteceu uma das
maiores tragédias da cidade. Naquela época, o setor
imobiliário delirava com a febre da renovação que,
nos anos 50 e 60, modernizava Piracicaba, uma das
cinco cidades mais progressistas do Brasil, segundo
concurso da revista O Cruzeiro, em 1958. O centro urbano passava por uma
verdadeira revolução arquitetônica com o novo substituindo prédios antigos.
A cidade se orgulhava de ver, na praça central, o mais importante conjunto
arquitetônico do interior do Estado de São Paulo - o Comurba -, que acabou
se transformando em um amontoado de entulhos e ferros retorcidos.
Era 6 de novembro de 1964. O início de tarde estava tranquilo quando,
às 13h40, parte do prédio voltada para a rua Prudente de Moraes desabou.
Uma densa nuvem de poeira tomou a área central. Correria, gritos, gemidos.
Pessoas se aglomeravam. Os bombeiros isolaram a área e com ajuda de
voluntários iniciaram o trabalho de resgate aos feridos. Formou-se uma
corrente de solidariedade, envolvendo indústrias, comércio, entidades,
voluntários e prefeitura.
As indústrias enviavam máquinas para remover os escombros e os
operários faziam fila para doar sangue. A cidade fornecia alimentos para
que fossem preparados para soldados, bombeiros e voluntários que
trabalhavam incansavelmente na busca por sobreviventes. O socorro vinha,
também, de várias cidades da região. Os comerciantes lamentavam as mortes,
entre elas, a família do dono da Casa Portuguesa, Francisco Candeias Coroa,
soterrado na casa onde morava.
102
O edifício contava com escritórios, clube e galeria de lojas, apartamentos,
cinema e garagem no subsolo. Estava em fase final de construção, mas o
cinema - Plaza – já havia sido inaugurado. O prédio ocupava 22 mil metros
quadrados em área desapropriada na administração de Samuel Neves para
reforma da praça. Comurba era a sigla da Companhia de Melhoramentos
Urbanísticos, integrada por 100 acionistas e formada para construir o
monumento denominado “Luiz de Queiroz”, personagem considerado pela
elite local como “o maior benfeitor de todos os tempos”. (Piracicaba - A
Aventura Desenvolvimentista 1950-1970 – Eliana Terci e Beatriz Bilac).
Inicialmente, o prédio foi projetado para 12 andares, mas chegou a 15.
Durante anos, enquanto se apurava a responsabilidade do acidente, parte
do prédio que restou em pé, com as lajes penduradas, não deixava os
piracicabanos esquecerem da tragédia. Em 21 de novembro de 1965, a
Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Piracicaba solicitava à
Secretaria de Segurança Pública providências para o problema Comurba,
“que vem se tornando quase insolúvel”. A cidade pedia providências e a
construção foi derrubada à picareta por homens contratados na administração
Cássio Paschoal Padovani. O trabalho foi concluído em novembro de 1971 e
os culpados nunca apareceram.
Segundo as professoras Eliana e Beatriz, o laudo pericial do Instituto de
Polícia Técnica indicou que o “desabamento aconteceu por deficiência do
projeto de reforço para aumento de três andares...”. Reportagem publicada
no Jornal de Piracicaba, em 8 de outubro 1996, afirma que “a queda provocou
na cidade um verdadeiro hiato em seu crescimento”. A construção civil
ficou estagnada nos anos seguintes. Na época, a construtora de Virgílio
Fagundes estava concluindo o edifício D. Mimi Lopes Fagundes, na esquina
da rua Governador Pedro de Toledo com a São José. Dos 46 interessados
na compra de apartamentos, apenas um acabou confirmando.
103
Novas mudanças no Estatuto
DENOMINAÇÃO ACIPI
O comerciante Salim Phelippe
Maluf , um dos proprietários da
Em 1967, a diretoria passa a concorrer
Porta Larga, chega à presidência
através de chapas, não mais
da Associação em julho de 1965,
individualmente, que deveriam ser
dois meses antes da inauguração
registradas para poder participar do pleito.
do Estádio Barão de Serra Negra.
Cada chapa teria 15 nomes (não mais 12)
Durante a sua gestão, foram
e cinco suplentes. Em caso de empate, era
realizadas importantes mudanças
convocada nova assembleia. Os cargos
.
.
.
no estatuto da entidade e
são: presidente, 1° , 2° e 3° vicecampanha de apoio às entidades
presidentes; 1°. e 2°. secretários, 1°. e
.
assistenciais, para evitar a doação
2° tesoureiros; um diretor e um vicede esmolas aos pedintes.
diretor do Serviço de Proteção ao
Em agosto de 1965,
Crédito, um diretor de Relações Públicas
acontecia o primeiro jantar de
e quatro diretores sem pasta. Também
confraternização entre diretores,
passou a contar com 15 membros, o
conselheiros da entidade,
Conselho Consultivo.
representantes da imprensa,
vereadores, comerciantes, convidados e um grupo da classe
farmacêutica. A finalidade da reunião era demonstrar o trabalho que a
Associação Comercial vinha realizando para o progresso da Noiva da Colina.
Outras deliberações durante a sua gestão: pedido de emplacamento
de ruas da periferia e numeração de casas; alerta sobre o comportamento
de estudantes estrangeiros que, depois de formados na Escola de
Agricultura Luiz de Queiroz, efetuavam suas compras e desapareciam,
dando avultados prejuízos às lojas. Outra preocupação era com o grande
número de cheques sem fundos emitidos à praça. Em contato com os
bancos, solicitou medidas “acauteladoras”, especialmente no que se
referia à entrega e emissão de talões, à Câmara de Compensação do Banco
do Brasil, a relação de contas de clientes canceladas a fim de se evitar
mais prejuízos.
A educação também era preocupação da entidade. Por isso, solicitou ao
governador Laudo Natel a instalação da Faculdade de Engenharia de Piracicaba,
que iniciou suas atividades em 1969 com o curso de Engenharia Civil. Foi
ele quem propôs a mudança no nome da entidade para Associação Comercial
e Industrial de Piracicaba (Acipi). Para isso, o estatuto passou por nova reforma.
104
DIRETORIA POR CHAPA – Em 1967, ano em que a prefeitura
municipal criava, por decreto, a Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba
(Fumep), na Acipi era eleita a primeira diretoria constituída por meio de
chapa - a II Centenário, uma homenagem a Piracicaba, que completava 200
anos de fundação. Chapa única, dos 60 votos depositados na urna obteve
59. Um foi voto em branco. Encabeçava a chapa Pedro Pereira dos Santos
Júnior, da Elmo Magazine, que assumiu a presidência.
Em agosto de 1967, Pedro Pereira propõe a transformação do SPC em
Departamento de Proteção ao Crédito. Justificativa: propiciar o bom
funcionamento do serviço com maior amparo da Acipi.
Em janeiro de 1968, passa a integrar o Conselho Municipal de Trânsito,
órgão criado pelo prefeito para estudar a organização e disciplinar o trânsito
de Piracicaba. Durante reunião de diretoria, o vice Salim Maluf comentou
sobre as deficiências do Corpo de Bombeiros e dos planos para colocar na
área comercial dispositivos de emergência para combate a incêndios, que
poderiam ser acionados por populares. Diversas firmas instalaram mangueiras
por conta própria. Ficou acertado, também, reivindicar à prefeitura melhor
serviço de limpeza das ruas centrais.
A Acipi colaborou para a criação da Delegacia Regional da Fiesp/Ciesp
e ampliou o serviço telefônico para maior eficiência dos trabalhos do
Departamento de Proteção ao Crédito. Apoiou a campanha do Lions de
exaltação à Pátria.
Em agosto de 1968, Guerino Morini & Cia. Ltda. ganha um distintivo
de ouro como o sócio de número mil. O sorteio foi realizado entre os
últimos 23 inscritos.
Em dezembro, uma comissão integrada por membros da Acipi esteve em
São Paulo em audiência com o secretário dos Transportes para solicitar a
construção de uma rodovia ligando Piracicaba-Capivari, Salto e estrada D’Oeste.
Em julho de 1969, Pedro Pereira foi reeleito para os anos 1969 a 1971, com
o total de votos colocados na urna: 39. A chapa Expansão foi a única a concorrer.
Durante a sua gestão, foi realizada a campanha de limpeza das ruas, uma vez
que os próprios comerciantes deixavam suja a frente de suas lojas, e elaborada
uma pesquisa sobre abertura do comércio às sextas-feiras à noite, que apontou 54
contrários e 27 favoráveis. A diretoria discutia também a realização de campanha
para esclarecer os consumidores sobre o Departamento de Proteção ao Crédito.
Em 1970, solicitou ao Banco Central providências para que o comércio
fosse abastecido de moedas. A população reclamava que por causa da falta
de troco as tarifas dos transportes coletivos urbanos, que eram NCr$ 0,18,
acabavam custando NCr$ 0,20 ao usuário.
105
106
Modernização
107
Anos 70/80
N
o final da década de 70, os jovens curtiam “Os Embalos de Sábado
à Noite”, com John Travolta, que usava calça boca-de-sino e
muita brilhantina nos cabelos. Estampas psicodélicas davam tom
à moda. Também as saias muito curtas e maxissaias, jeans surrados,
túnicas, camisetas coloridas. Nas sapatarias, a procura era pelos saltos
plataforma. Tempo das discotecas, sandálias de salto alto com meias, de
preferência com brilho, influência da novela Dancing Days, da Rede Globo.
Na Acipi, em outubro de 1970, Pedro Pereira licencia-se da presidência,
que é ocupada por Salim Maluf, segundo vice-presidente, uma vez que o
primeiro vice, Cássio Paschoal Padovani, era prefeito do município. Em
janeiro de 1971, Pereira apresenta ofício pedindo demissão e, Salim Maluf,
impossibilitado de assumir, é substituído pelo advogado Nelson de Oliveira
Bueno, prestador de serviços nas áreas de direito e contábil, que permanece
no cargo até julho, quando ocorre nova eleição.
A chapa única, Situação, encabeçada por José Luz Júnior, conseguiu 73
votos de um total de 75. Sua administração modernizou a Acipi com a
108
aquisição de máquinas de escrever elétricas. Luz Júnior havia adquirido de
Cássio Padovani a padaria Aliança.
Em dezembro de 1971, o Departamento de Proteção ao Crédito fornece
mais de 20 mil informações. Os bancos começam a usufruir do serviço para
aberturas de contas e de créditos. Para tornar a rua Governador mais atrativa à
noite, Francisco Raya apelava aos comerciantes para que deixassem as vitrines
das lojas acesas aos sábados, domingos e feriados.
A Acipi já se preocupava com o mercado de trabalho, oferecendo
seminários e cursos, como o de análise de balanço e administração de
empresas, de aperfeiçoamento de mão de obra destinado ao pessoal das
panificadoras - psicologia, técnicas de vendas e administração comercial.
Em agosto de 1972, é realizada pela primeira vez, em Piracicaba, a Convenção
das Associações do Estado de São Paulo e instalada a Feira Exposição Expo-7,
com a participação de empresas locais e de todo o Estado. Outra preocupação
era com o fato de as indústrias estarem se transferindo para outras cidades,
por falta de apoio da municipalidade.
De 28 de fevereiro a 3 de maio, responde pela presidência o primeiro
vice-presidente, Jorge Perina, da Casa Standard. Luz Júnior retorna à
presidência no dia 4.
CURSO INTENSIVO - O ano de 1973 é marcado com a inauguração,
no Bairro Alto, da Eletroradiobraz, “A Baleia de Piracicaba”, instalada em
12 mil metros quadrados, divulgada como “um dos maiores centros de compras
da região”. O anúncio dizia ainda que o novo empreendimento englobava
“todas áreas de comercialização, supermercados, eletrodomésticos, centro
de moda, lanchonete e veículos, móveis e lazer de variedades”.
A Acipi também estava em festa com a posse do comerciante José Macluf,
da Woltzmac Art. Cimento Ltda., no dia 9 de julho, após pleito com chapa
única. A associação do presidente Macluf realizou campanha para ajudar o
jovem Lélio Marcos Lacerda a viajar para os Estados Unidos, onde participou
do Campeonato Internacional de Damas. Foram arrecadados cinco mil
cruzeiros. Lacerda conquistou o sétimo lugar.
O presidente solicitou à Empresa de Correios e Telégrafos autorização
para o uso de um carimbo comemorativo dos 40 anos de fundação da entidade
e providências à prefeitura para a regulamentação do estacionamento de
veículos no centro. Em 1974, a Associação Comercial firmou parceria com a
Escola Superior de Administração de Negócios para o desenvolvimento do
curso intensivo de aperfeiçoamento em Administração de Empresas (Gestão
Global de Empresas). Objetivo: preparar mão de obra especializada, atender
109
e promover os interesses do comércio. À Telesp, reivindicou a instalação
do Sistema DDD (Discagem Direta a Distância).
No final de 1973, a empresa de telefonia havia inaugurado novo Posto
Público, considerado o mais moderno do Estado, com sete cabines para
ligações interurbanas e dois aparelhos do tipo “moedeiro” para ligações
locais. Em agosto de 1974, a cidade soltava o riso com a realização do 1º
Salão Internacional de Humor de Piracicaba e, na Acipi, José Macluf
intensificava discussão em torno da construção da sede própria da associação.
Em 1975, quando Piracicaba recebe a notícia da criação da Universidade
Metodista de Piracicaba (Unimep), ele é reeleito. Neste ano aconteceu também
a inauguração do atual prédio da Câmara e da rodovia do Açúcar. No ano
seguinte, os comerciantes estavam bem atentos: eleito, o prefeito João
Herrmann Neto tinha em mãos um plano para reformulação total da área
central da cidade. Em julho de 1977, Macluf é substituído por Telmo Otero,
proprietário da Casa Triângulo, materiais de construção.
A descentralização do comércio
O comércio de Piracicaba se fortaleceu e expandiu para vários bairros,
tornando-se novas alternativas para os consumidores. A rua Governador Pedro
de Toledo, que concentrava o maior número de lojas da cidade, considerada o
coração do setor, começou a sentir mudanças a partir de 1975 com os empresários
locais negociando a venda de seus pontos e chegada de empresas de fora.
A descentralização do comércio ocorreu da década de 80 para cá. O
empresário Luiz Carlos Furtuoso conta que a rua Governador deixou de ser
referência única e o tímido comércio de bairro foi turbinado com novos
investimentos, lojas, serviços e diversidades de produtos, conquistando e
fidelizando os clientes. Destacam-se os corredores comerciais da Vila Rezende,
rua do Rosário, avenida São Paulo, Bairro Alto, Dois Córregos e Santa Terezinha.
Também contam com comércio rua Benjamim, São Dimas e Vila Sônia. O
Shopping Piracicaba, inaugurado em 1987, trouxe a proposta de descentralização.
O setor continua se expandido, pulverizado em vários pontos da cidade
com pequenos centros comerciais e o comércio de Piracicaba tornou-se
referência na região. Os empresários acompanham as tendências do mercado
e oferecem aos clientes as últimas novidades, comodidade, produtos de
qualidade e preços competitivos. O piracicabano conta também com lojas
de grandes redes para fazer as suas compras.
A história mostra que os primeiros corredores comerciais surgiram na
Vila Rezende, na Paulista e no Bairro Alto. O interesse maior de alguns
comerciantes em se estabelecerem na Vila Rezende teve início em 1916,
110
quando o bairro começa a receber benfeitorias, como a chegada da linha do
bonde e a inauguração da empresa Dedini, na década de 20. Miguel Tacla e
Célio Cardinali são dois exemplos: o primeiro se estabeleceu na avenida Rui
Barbosa, vendendo armarinhos e tecidos, enquanto Cardinali montou uma
padaria, que com o tempo foi transformada no Bar do Gustinho, ponto de
encontro dos moradores da Vila e de bairros rurais. Vendiam sorvetes de
frutas, doces e lanches.
A memória de Irandir Cardinali, 82 anos, revela uma Vila pacata, com
poucas lojas na avenida Rui Barbosa, onde hoje se concentra um comércio
pujante e diversificado. Destacavam-se o Restaurante Papini, Casa Valler,
Armazém Giovanetti, Bazar Santos, Móveis Zanin, Loja do Valdomiro
Scarpari, Loja do Lala, Loja do Bertine - que confeccionava ternos e vendia
tecidos - e uma farmácia.
Irandir Cardinali era criança e já ajudava o pai, Augusto, a atender a
freguesia. “Para fazer os sorvetes a gente pegava milho verde na roça, o
abacaxi era descascado na hora e o coco ralado pelo Martini”, conta. O Bar
do Gustinho vendia sanduíches e doces. Mário Dedini encomendava os lanches
que servia aos funcionários que faziam hora extra.
Por volta de 1949, a família abriu uma casa de presentes ao lado do bar.
Dois anos depois instalou uma filial na rua Governador, no quarteirão em
que se encontra atualmente, entre as ruas São José e Prudente de Moraes.
Com o tempo, o bar e a loja na Vila foram fechados.
Atualmente, o comércio da Vila Rezende é pujante, com maior
concentração na avenida Rui Barbosa.
BAIRRO ALTO - No alto da rua Moraes Barros, o barbeiro José Ortiz
Sobrinho instalava, no final da década de 40, a primeira loja do comércio do
Bairro Alto. Era a Ao Zequita, que nasceu dentro da barbearia Bom Jesus.
José Ortiz enfrentava longas jornadas diárias de trabalho, que começavam
às 6 horas – quando os sinos da igreja Bom Jesus tocavam a Ave Maria - e
se prolongavam até a madrugada. Ele tinha muitos fregueses e montou uma
pequena perfumaria na barbearia e, com o tempo, incluiu armarinhos. Era
ele quem preparava as loções de barbear.
Em 1949, vendeu a barbearia e comprou o terreno onde construiu o
primeiro prédio de Ao Zequita. A rua era de paralelepípedo e existiam apenas
farmácia, açougue, padaria, alfaiataria e bares.
Ao Zequita (nome originado do apelido Zé) diversificou sua venda com
brinquedos, eletrodomésticos e roupas, conquistando os consumidores e
transformando a loja em uma das mais tradicionais daquela região e da cidade.
111
A freguesia encontrava desde uma agulha até geladeira em sua loja. Foi a
primeira a vender televisão Empire e as calças jeans, as conhecidas Lee
importadas, que viraram febre da juventude nos anos 60.
No início de 1979, sob a direção de Luiz Carlos Furtuoso, passou por
uma reestruturação. A loja ganhou novo perfil com confecções, presentes
e perfumaria. Com o tempo, especializou-se em confecções e se expandiu.
O atual endereço é um moderno prédio, à rua Moraes Barros, esquina com
a São João. A loja, hoje, dedica-se à venda de cosméticos.
A cinco quarteirões dali fica a loja São Luiz, de Itacir Nozella, a segunda
instalada no comércio do Bairro Alto. O proprietário conta que o bar de seu
pai, na esquina da rua Moraes Barros com a Manoel Ferraz de Arruda Campos,
foi o embrião da loja de tecidos de seu irmão Antonio Nozella.
Por volta de 1962, Itacir e o cunhado Carraro decidiram também entrar
no comércio, abrindo uma loja de artigos para presentes, roupas, tecidos e
brinquedos em um pequeno salão. Três anos depois, Itacir comprou a parte
da sociedade e, em 1966, adquiriu a loja do irmão. Ele se recorda: “O
relacionamento dos comerciantes e fregueses naquela época era de fidelidade.
Compravam a mãe, o pai e os filhos. Algumas famílias faziam suas compras
duas vezes ao ano, no inverno e verão”.
Hoje, o comércio da rua Moraes Barros é bastante
diversificado.
Ao Zequita, a
primeira loja
comercial
instalada no
Bairro Alto
112
PAULISTA – A Estação da Paulista impulsionou o crescimento do bairro
e atraiu para suas imediações a elite da época, que construiu “as casas mais
modernas e suntuosas” de Piracicaba dos anos 20, conforme estudos da
professora Eliana Terci. Vislumbrando bons negócios, comerciantes se
instalaram na rua do Rosário, atualmente um importante corredor comercial
da cidade.
A comerciante Antonietta Valverde, proprietária da butique Antonietta,
instalada no bairro há 52 anos, comenta: “O comércio se resumia em um
açougue, um bar, um homem que fazia garapa, um circo e a Casa dos Presentes.
De anos para cá, este trecho virou centro comercial, onde o consumidor
encontra de tudo para satisfazer as suas necessidades”.
113
Shopping
Piracicaba,
inaugurado em
outubro de 1987
Shopping chega no final dos anos 80
A inauguração do Shopping Piracicaba, à margem direita do rio
Piracicaba, em outubro de 1987, foi um acontecimento que alvoroçou a
cidade e região. Até então, o piracicabano frequentava os shoppings de
Campinas e São Paulo. Isso mudou. O Shopping Piracicaba conta com 145
lojas, que formam um mix bem equilibrado de grifes consagradas, entre
elas: Fórum, Zoomp, Lacoste, Ópera Rock, M.Officer, TNG, Guaraná Brasil,
World Tennis, Levi’s, Hering Family Store e Lojas Marisa. A praça de
alimentação conta com Mc Donald’s, Pizza Hut, Bob’s, Via Canova e outras
marcas conhecidas.
Instalado em 27.248 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL),
o empreendimento possui ainda cinco salas de cinema, área de lazer e lojas
de serviços. Está ancorado pelas Casas Bahia, C&A, Centauro, Dicico, Lojas
Americanas, Marisa, Nobel Mega Store, Ponto Frio e Renner. Cerca de
600 mil consumidores passam pelo centro comercial mensalmente, sendo
70% dos frequentadores das classes A e B. Pesquisa realizada pela
administração indica predominância do sexo feminino, com 63%, e a faixa
etária dos frequentadores entre 24 e 45 anos. Constatou-se ainda que a maioria
vai ao shopping pelo menos duas vezes por semana.
114
Atualmente, o Shopping Piracicaba passa por obras de expansão e em
abril de 2014 entregará aos seus clientes mais 103 novas lojas, novos
restaurantes, mais uma sala de cinema, com tecnologia inovadora, além de
ampliação do estacionamento, que contará com vagas cobertas. A ABL
passará para 43.220 metros quadrados.
De acordo com a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce),
o primeiro shopping foi inaugurado no País na década de 60 e houve um
boom entre meados das décadas de 80 e 90, com concentração nas metrópoles,
que detinham maior poder aquisitivo.
NOVO EMPREENDIMENTO - A construção do segundo shopping em
Piracicaba está no início, mas já começa a gerar impactos na região. O Praça
Taquaral Shopping Center - resultado da sociedade entre a 5R Shopping Centers
e a THCM - faz projeções sobre a área de influência que, de acordo com a
administração, é de cerca 539 mil pessoas. Após a inauguração, o Praça
Taquaral deve gerar dois mil empregos diretos e 2.300 indiretos.
O shopping está sendo construído em um terreno de 70 mil metros
quadrados e contará com 176 lojas. São oito âncoras, um hipermercado, um
home center, duas semiâncoras, um complexo de cinema com seis salas
totalmente digitais e outro de lazer infantil, 136 lojas satélites, além de praça
de alimentação com dois restaurantes e 21 operações de fastfood. A ABL
será de 30.100 metros quadrados. O estacionamento terá capacidade para
2.200 vagas, sendo 1.300 cobertas. O empreendimento é âncora do projeto
multiuso - Park Unimep Taquaral, que inclui a construção de hotel,
residenciais planejados, centro de convenções e edifícios corporativos em
um único lugar.
O Praça Taquaral traz no projeto arquitetônico uma essência
genuinamente piracicabana. Por meio de uma análise detalhada do terreno,
de um estudo aprofundado das referências históricas e culturais do lugar e
um longo processo de criação nasceu o conceito arquitetônico inspirado no
nome da cidade, cujo significado “o lugar onde o peixe para” permitiu a
ligação com outras referências, tais como o salto do rio, as rochas, o peixe.
115
Boicotes e protestos
Em Piracicaba, a década de 80 começou com as donas de casa liderando
um boicote à carne, movimento que teve repercussão em todo o Brasil e foi
notícia no New York Times com título “Brazilian Boycott Fightes Meat
Prices”. Pelo telefone, as mulheres ligavam umas às outras solicitando que
deixassem de comprar o produto até que os preços fossem reduzidos.
Em 1985, os panificadores de Piracicaba desafiaram a Superintendência
Nacional de Abastecimento (Sunab) e reajustaram o preço do pão. A população
reclamava e as donas de casa colocavam em prática, mais uma vez, a tática
infalível: boicotaram o pão, fazendo o produto em casa. O governo, por sua
vez, agiu com rigor tabelando o preço do pão em Piracicaba.
O país convivia com uma inflação de 255%. O presidente José Sarney
anunciou, em 1986, o Plano Cruzado. Substituiu o cruzeiro pelo cruzado e
congelou os preços e salários. Os brasileiros viveram um clima de guerra
contra a inflação, com as donas de casa transformando-se em verdadeiras
“fiscais do Sarney”.
Remarcação de preço era caso de polícia. O momento era de muita euforia. O
consumo aumentou, as mercadorias desapareceram das prateleiras e o ágio
apareceu, fazendo voltar a inflação. Para combatê-la, é lançado o Cruzado II,
que instituiu o Cruzado Novo e congelou, novamente, preços e salários.
Não deu certo.
Em 1988, a Acipi apelava aos empresários que fortalecessem o pacto
social vigente para evitar um processo hiperinflacionário. Telmo Otero
observava: “No momento é, talvez, a única alternativa para se dar um mínimo
de estabilidade política e econômica ao país”.
Preocupação justificada. Em 1989, com a inflação fora de controle, é
anunciado o Plano Verão. Em Piracicaba, o comércio tentava incentivar os
consumidores a irem às compras com a 1ª Grande Liquidação, promovida
pela Acipi e Clube dos Diretores Lojistas (CDL). Participaram lojas da Cidade
Alta e do Shopping Center. Consumidores concorreram a prêmios.
Em 1990, mais um impacto na economia: o Plano Collor congelava
temporariamente os preços e salários e surpreendia com o confisco
monetário. Naquele ano, outra grande preocupação era com a insegurança
na cidade. O comércio protestou fechando as suas portas em 13 de março.
Foi uma decisão inédita que envolveu lojistas do Centro, da Paulista, Vila
Rezende e dos shoppings Piracicaba, Ziliat e Cidade Alta. As indústrias
acionaram as sirenes e as igrejas repicaram os sinos. Telmo Otero ressaltava
à imprensa: “As forças vivas de Piracicaba estão se levantando para exigir
do governo algo a que temos direito: a segurança pública”.
116
COBRANÇA ILEGAL - Telmo Otero presidiu a Acipi de 1977 a 1991.
Foram 14 anos de dedicação que contribuíram para o amadurecimento da
entidade que manifestava, de maneira contundente, sua posição diante de
medidas contrárias aos interesses da classe e da população. Um exemplo era
a cobrança ilegal do Imposto Predial e Territorial, em 1978, na administração
de João Herrmann Neto. “O prefeito elevou o imposto sem a publicação no
Diário Oficial do Município, do decreto que regulamentava o aumento”,
denunciou a Acipi. O assunto ganhou manchetes nos jornais locais. Respaldada
por um estudo elaborado por uma comissão de advogados - José Gorga,
Paulo Checoli e José Roberto Caldari -, a Acipi, em defesa dos associados
e da comunidade, entrou na Justiça contra a Prefeitura Municipal. O resultado
foi o cancelamento de duas parcelas do imposto.
A gestão de Telmo Otero começa com a discussão sobre a abertura do
comércio à noite. Reuniões na Câmara, na prefeitura, na Acipi. Os vereadores
aprovaram projeto de lei de Elias Domingos da Silva, regulamentando o
horário do funcionamento do comércio das 8 horas às 18 horas. Apesar de
ter recebido manifestações favoráveis de comerciários e comerciantes, não
faltou polêmica, já que inviabilizava a proposta do hipermercado
Eletroradiobrás de atender à noite. Pelo projeto também não poderia abrir
aos domingos e feriados. Em janeiro do mesmo ano, a lei nº 2.111 é revogada,
restabelecendo o funcionamento noturno dos supermercados e similares.
Protesto. Em 1977, a Acipi e o CDL (Clube dos Diretores Lojistas)
organizaram um movimento contra o desinteresse, “da parte de quem de
direito”, em solucionar o problema de estacionamento de veículos no centro
da cidade. Dia 31 de outubro daquele ano, o comércio protestava fechando
suas portas às 17 horas.
Os comerciantes prestigiaram, em 1978, palestra do diretor do Instituto
de Economia “Gastão Vidigal”, da Associação Comercial de São Paulo,
sobre “Preços, etiquetagem e visualização de preços em vitrines – conceitos
de marcação em mercadorias”. Na época, Lei Federal obrigava a colocação
de etiquetas visíveis nos preços à vista e a prazo nos produtos. A palestra
aconteceu na Câmara de Vereadores.
Em 1978, como parte da programação dos 45 anos de fundação da Acipi,
foi realizado o I Seminário de Apoio à Exportação, que reuniu em Piracicaba
dirigentes da Carteira de Comércio Exterior e representantes dos governos
estadual e federal, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo. O encontro abordou vários temas, entre eles o “Engajamento do
Comércio no Processo de Exportação”, “Incentivos e Formação de Preços”
e “Canais de Comercialização”. Um dos pontos destacados foi o fato de o
117
encontro ter tirado dos grandes centros a discussão sobre o tema
“exportação”. Participaram empresários de Piracicaba e região.
Para despertar a consciência da classe em defesa de interesses comuns,
a Acipi constituiu, em 1979, o Conselho de Apoio a Pequenas e Médias
Empresas da Região de Piracicaba. A Secretaria Estadual dos Negócios da
Fazenda sugeriu a criação de um fundo especial para empréstimo, a juros
módicos, aos pequenos e médios empresários que não tivessem condições
de pagar o ICM (Imposto de Circulação de Mercadorias).
A entidade lançou ainda uma campanha milionária para promover o
comércio local. O objetivo era incentivar os consumidores a comprar em
Piracicaba, com sorteios de carros, televisores, geladeiras, entre outros objetos.
A campanha Contribuinte do Futuro movimentou o comércio e premiou,
com cadernetas de poupança especiais, crianças de 10 a 14 anos. “Vamos
Construir Juntos” contou com a participação de mais de 300 trabalhos sobre
impostos, apresentados por estudantes das quartas e quintas séries das escolas
de Piracicaba.
118
AUTOMAÇÃO - Em setembro de 1987, a Acipi iniciava luta pela volta
do horário antigo dos bancos – das 9 horas às 16 horas - em nome da “classe
econômica e do povo em geral”. Depois de quatro anos de discussão e
estudos, em outubro, assembléia geral aprovava a automação na Associação.
A implantação do sistema de informática custaria à entidade CZ$ 7 milhões.
Os motivos que levaram à efetivação do programa foram a construção do
Shopping Center Piracicaba e o aumento das consultas no Serviço de Proteção
ao Crédito (SPC). Com a informatização, o tempo para obter informações
seria reduzido para 30 segundos. Até então demorava um minuto e 20
segundos.
Na época eram atendidas 60 mil consultas e a previsão era de aumento
para 80 mil com a vinda do shopping. O sistema de fichas, manipuladas por
12 funcionários, seria substituído por 14 terminais de computadores. Dia 10
de novembro, a Acipi assinava contratos com as empresas SID e PDI fornecedoras dos equipamentos e programas ao SPC. “É um momento
histórico para a Acipi e para Piracicaba. É um novo tempo”, dizia Telmo
Otero. A inauguração do sistema deu-se em abril de 1988, fornecendo, em
poucos segundos, informações sobre cheques sem fundos, crédito na praça e
protestos de pessoas jurídicas.
Em outubro de 1990, novo serviço é implantado na Associação, depois
de quase dois anos de testes: o Telecheques, um cadastro em nível nacional
de emitentes de cheques sem fundos ou com contas encerradas, tanto de
pessoas físicas como jurídicas. Por este sistema, o lojista pode ter informações
de cheques roubados ou extraviados.
CHAPA OPOSIÇÃO - Pela primeira vez na história da Acipi, em 1991,
mais de uma chapa disputava a presidência. A eleição foi realizada no dia 27
de junho, na nova sede da entidade, “uma boa ocasião para mostrar aos
associados onde o dinheiro foi gasto”, conforme observou à imprensa
Osvaldo Palma, um dos candidatos. A chapa de oposição “Acipi Viva”,
encabeçada por Mário Antônio Sturion venceu as eleições por 241 votos
contra 191.
No dia da posse, em 10 de julho de 1991, antes de transmitir o cargo,
Telmo Otero descerrou a placa inaugural do prédio com os dizeres: “Querer
é poder. A obra perpetua no tempo os que quiseram”.
Em novembro daquele ano, a Acipi entrou na Justiça contra o Finsocial. A
notícia era de que a entidade coordenaria a entrada de uma ação coletiva na
Justiça Federal, em São Paulo, contra a cobrança do Fundo, criado no início da
década de 30, com alíquota de 0,5%, sobre o faturamento de estabelecimentos
119
comerciais e industriais e folha de pagamento das empresas prestadoras de
serviços. A reclamação era contra o aumento no índice para 2%.
Pela imprensa, a diretoria repudiava a forma pela qual a Prefeitura
Municipal desencadeou a campanha Fiscalização do ICMS, “taxando todo
comerciante de sonegador”. Apoiou vários eventos, entre eles a Feira de
Exposição, realizada pelas empresas Morales Promoções e Montagens, o
novo traçado da rodovia dos Bandeirantes, passando perto de Piracicaba, o
Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e a Feira de Saldos. Em reunião
com o prefeito José Machado e secretário de Planejamento, Eduardo Gianetti,
o presidente Sturion reivindicou a troca da iluminação pública no centro da
cidade de vapor de mercúrio para vapor de sódio.
A Zona Azul foi outro assunto muito discutido a partir daquele ano. Os
jornais publicavam: “Acipi quer explorar a Zona Azul”; “Acipi quer ser
responsável pela organização e reestruturação da Zona Azul”; “Acipi cobra
solução para a Zona Azul”.
A discussão em torno do problema se arrastou até dezembro de 1992,
quando a prefeitura abriu concorrência para o gerenciamento do serviço. Em
contato com a presidência do Sindicato dos Motoristas, Sturion tenta
sensibilizá-la no sentido de que o momento não era oportuno para a greve
que estava sendo cogitada. Na reunião de 10 de fevereiro de 1992, Luiz
Carlos Furtuoso sugere que a Acipi faça um convite aos supermercados para
um pacto na cesta básica, com congelamento de preços por tempo determinado.
Ele participava do Fórum de Combate à Crise e à Recessão e conseguiu que
alguns supermercados mantivessem o preço inalterado por uma semana. A
inflação naquele ano ultrapassou os 1.000%, segundo o IGPM (Índice Geral
de Preços do Mercado).
Em abril, a campanha RaspACIPI envolveu 230 lojas, que distribuíram
mais de 90 mil raspadinhas. Durante 15 dias, o consumidor que atingisse
certo valor de compra concorria a prêmios.
Outros trabalhos: lançamento da campanha Telecheque; associação da
Acipi a Sophus faz surgir a ACIPI&Sophus Informática, um novo departamento
para criação de software e comercialização; homenagem à Sociedade
Beneficente Sírio-Libanesa pelos seus 90 anos de fundação; apresentação da
nova sede a representantes de entidades de classe, universidades e prestadoras
de serviço; envio de ofício à Polícia Militar para reclamar da falta de segurança
no centro da cidade. Em 1993, Piracicaba se engajava no movimento nacional
contra o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira). Mário
Sturion, que presidia a Acipi, questionava a legalidade do imposto e clamava
pela união das entidades. “O país não suporta mais tributações” - dizia. Vigoravam
120
58 impostos. A inflação brasileira bateu recorde naquele ano: ultrapassou a
2.400%. O presidente Itamar Franco criticava o movimento de empresários
e trabalhadores dizendo que a intenção era a de prolongar a crise econômica.
Mário Sturion não terminou o seu mandato e deixou a presidência da
Acipi em abril de 1993.. Ricardo Caruso, proprietário das Joias Caruso, assumiu.
VINDA DO SEBRAE - Em 9 de julho de 1993, a nova diretoria toma
posse em reunião festiva que comemorou os 60 anos de fundação da entidade
no clube de Campo de Piracicaba. Assumiu a presidência Oswaldo Palma,
da Palmaq e loja Palma Computadores, para mandato até 1997.
Uma das primeiras medidas tomadas pelo novo presidente foi reivindicar
a instalação do escritório do Sebrae em Piracicaba. A inauguração aconteceu
no início de 1994. No mesmo ano, dia 18 de outubro, oficializou a mudança
da Acipi para a sede própria, à rua do Rosário, 700. E mais: inaugurou a
cozinha e o refeitório da Associação; promoveu palestra para as esposas
dos diretores sobre o Dia Internacional da Mulher - tema abordado por
Eliana Zocoli; doou ao Centro de Reabilitação um sistema telefônico; realizou
o seminário de Modernização de SPC’s, com apoio da Itautec e participação
das Associações Comerciais do Estado de São Paulo; reivindicou um posto
de atendimento da Unimed na Acipi; e colaborou com a campanha do
Conselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba doando dois
hidrantes para serem instalados na cidade. Oswaldo Palma fez parceria com
o Sebrae para a realização de dois cursos: “Qualidade no Atendimento” e
“Custos na Indústria”; promoveu a campanha “Presentão pro Meu Paizão”
para alavancar as vendas no Dia dos Pais; doou máquina fotográfica ao 1º
Distrito Policial; abriu espaço para o artista Eduardo Borges Araújo expor
“Retratos de Piracicaba” no hall do auditório “Antonio Perecin”.
Em conjunto com o Sebrae e Ciesp, Palma realizou o I Fórum Empresarial
sobre Hidrovia; lançou o Acipi-Seguros, acordo operacional com a Finasa Seguradora e a SAG - Corretora; e discutiu o traçado da rodovia dos
Bandeirantes, passando próximo de Piracicaba. Atendendo ao pedido de
Barjas Negri, do Ministério da Educação, Acipi doou ao Fundo Nacional
de Educação um vídeo, uma TV e antenas, no valor de R$ 1.500,00.
Palma inaugurou a galeria dos ex-presidentes.
INFORMATIZAÇÃO - Há mais de 30 anos, Paulo Checoli, da Advocacia
Checoli, participa como membro da Diretoria ou do Conselho Consultivo
da Acipi. Em 1997, por insistência de alguns amigos, dentre eles Telmo
Otero e Oswaldo Palma, acabou aceitando candidatar-se a presidente da
121
Atualmente,
todos os
departamentos
da Acipi estão
informatizados
Acipi, cargo que exerceu por dois mandatos: 1997/
1999 e 1999/2001.
À frente da entidade,, Paulo Checoli inaugurou
a Unidade de Resposta Audível (URA) para as
consultas dos associados ao SCPC. Marcou, assim, o início da era da
informatização da Associação. O presidente inaugurou também o auditório
“Antonio Perecin” e delegou atribuições aos diretores, imprimindo uma
gestão descentralizadora. Por sua iniciativa, a Acipi passou a contar com a
“transparência diretiva”, com o registro em Cartório de Títulos e Documentos
das atas das reuniões plenárias da diretoria, o que possibilitou ao associado
ou não sócio obter, oficialmente, tudo o que fosse aprovado pelos diretores
da entidade.
Com a aprovação unânime da diretoria, ele deu ênfase à participação
em programas e atividades sociais da comunidade. Dessa deliberação,
resultou a criação do Conselho da Mulher Empresária (CME) e intensificou
a realização de cursos, palestras e seminários. Em setembro de 1998, o
gerente administrativo Oswaldo Palma sugeriu a distribuição de folhetos
para incentivar a população a votar em candidatos de Piracicaba e orientá-la
a fazer cola dos números dos candidatos. Foi lançada a campanha Vote por
Piracicaba, com apoio da CDL e Sindicato do Comércio Varejista de
Piracicaba (Sicovapi).
122
No período 1999/2001, registrou-se a participação de 6.209 pessoas
nas atividades promovidas pela entidade, sendo 3.244 em palestras. No
primeiro semestre de 2001, a entidade promoveu, no Teatro Municipal,
palestra com o professor Luiz Marins, assistida por 676 pessoas, enquanto
200 ficaram em “fila de espera”.
Durante mandato de Checoli, houve a formalização de convênio com a
Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo para a
centralização das informações e consultas do SCPC. O número total de
649.615 ligações em 1999 passou para 818.412 em 2000, com acréscimo
de 26% “graças à eficiência dos serviços e aumento no número de
associados”. O quadro associativo cresceu de 1.320 associados em julho
de 1997 para 1.756 em junho de 2001 (acréscimo de 33% no quadriênio).
A Acipi participou de várias campanhas, como a do Alimento e Piracicaba
Contra a Fome e o Frio. Foi a primeira Associação Comercial do Brasil a
receber o diploma “Empresa Amiga da Criança” e teve uma efetiva
participação nas comemorações dos 500 anos do Brasil.
No quadriênio 1997/2000, a Acipi registrou um superávit financeiro
de R$ 822.416,17, o que proporcionou investimentos em construções,
móveis, utensílios e equipamentos. Um exemplo é o auditório, com
capacidade para 201 pessoas, confortavelmente sentadas e com bom espaço
entre as poltronas, com mesa retrátil em cada uma delas e, ainda, com duas
cabines para tradução simultânea, além de equipamentos de ar condicionado
e de projeção.
A inauguração oficial do atual prédio da Acipi, à rua do Rosário, deuse no mandato de Checoli. Durante a sua gestão, foi indicado o diretor
Orlando José Berto como secretário da Indústria e Comércio. A indicação
foi uma conquista das entidades empresariais. Paulo Checoli deixou a
presidência em 2001, quando assumiu o cargo Luiz Carlos Furtuoso, da
A&Z ao Zequita.
INOVAÇÕES - A gestão de Luiz Carlos Furtuoso, iniciada em julho
de 2001, foi marcada por inovações. As diretorias passaram a contar com
dotação orçamentária anual, iniciativa que dinamizou as respectivas áreas
de atuação dos diretores, e investiu na qualificação dos funcionários da
Acipi, oferecendo-lhes bolsa de estudo de 50% do valor do curso técnico
ou superior nas áreas de interesse da entidade. Pela primeira vez, em 2005
concedeu abono especial aos funcionários.
Foram criados departamentos de Estágios, Cultural, Comércio
Internacional e Gestão de Sócios. Destacam-se a ligação em rede do sistema
123
Luiz Carlos
Furtuoso
priorizou a
atualização
profissional
administrativo e de informações e a
mudança de todo o sistema de telefonia
para digital.
Nos quatro anos da atuação de
Furtuoso, duas áreas ganharam grande impulso: comunicação e treinamento.
Pautado em uma administração transparente, também criou o Departamento
de Comunicação para estreitar o relacionamento com os associados, meios
de comunicação e a comunidade. Uma das iniciativas foi a publicação do
informativo da Acipi com a tiragem de três mil exemplares.
O Departamento de Comunicação é responsável também pela “Coluna da
Acipi”, publicada semanalmente no Jornal de Piracicaba, Gazeta de Piracicaba
e pela “TV Acipi” no programa “Piracicaba em Destaque”, apresentado pelo
jornalista César Costa, na TV Beira Rio.
A formação e atualização profissional foram pontos fortes de sua
presidência, por meio do Departamento de Cursos e Formações. Em quatro
anos, cerca de 12.850 pessoas - empresários, executivos e funcionários passaram por cursos, palestras, congressos e workshops, nas diversas
atividades realizadas na sede da Acipi e em outros espaços da cidade.
Apresentaram-se nos eventos nomes como Arnaldo Jabor, Alfredo Rocha,
Marcos Cintra, Dorothea Werneck, Leila Navarro, J. R. Gretz, Maria Carolina
de Souza, Gianmarco Basaglia, João Bassi, Ludivico Novaes e Silva, Tarso
Genro, Aylza Munhoz, Hamid Charad Bdine Júnior, Waldez Ludwig, Paulo
Checoli, Clarisse Leal, David Mendonça, Paulo Botelho, Professor Marins,
Roberto Shinyashiki, Joelmir Beting, Sérgio Azevedo e J. D. Zanco.
As atividades do departamento incluíram ainda videotreinamentos com
124
objetivo de qualificar funcionários dos associados da Acipi. Os temas são
voltados à gestão empresarial, motivação, venda, atendimento e relações
humanas. As turmas são formadas de acordo com as necessidades das empresas.
Em parceria pioneira de uma associação comercial com uma
universidade, em abril de 2003, teve início o curso Sequencial Superior de
Complementação de Estudos em Administração no Varejo, realizado pela
Acipi/Unimep. Empresários, sucessores e gerentes são o público-alvo.
Outra parceria desenvolvida com a Unimep permitiu a implantação do
curso Tecnologia em Administração de Marketing no Varejo. O Curso de
Ciências Contábeis, também da Unimep, iniciou consultoria para empresas
associadas em março daquele ano. Com a Fundação Getúlio Vargas (FGV),
a Acipi implantou a pós-graduação em Administração FGV - Júnior a partir
de julho de 2003 e lançou, em 2005, o curso de MBA em Gestão Empresarial.
Também ofereceu, em 2005, curso gratuito voltado para afrodescendentes
sobre Gestão Sistêmica Baseada em Valores Humanos.
Iniciativa de vanguarda, o 1º Congresso Empresarial realizado em abril
de 2003, no Teatro Municipal Dr. Losso Netto, com a presença de convidados
de renome que integraram os associados e a comunidade num contexto de
reflexão, analisou assuntos importantes do mercado e economia. O 2º
Congresso reuniu, em abril de 2004, cerca de 300 empresários de Piracicaba
e região, também no Teatro Municipal. Em abril de 2005, a Acipi sediou o
3º Congresso Empresarial, com a presença dos palestrantes professor Marins,
Sérgio Azevedo e J. D. Zanco, e técnicos do Sebrae-SP, que ministraram
atividades complementares.
O Curso Sequencial e o Congresso foram incluídos no programa de
atividades em comemoração dos 70 anos da Acipi, completados em julho
de 2003. Constaram ainda lançamento do carimbo comemorativo,
homenagens aos ex-presidentes, à Diretoria Executiva, ao Conselho
Consultivo e ao Conselho da Mulher Empresária (CME), realização de
sessões solenes na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa de São
Paulo, propostas pela então vereadora Cida Abe e pelo deputado estadual
Roberto Morais. As comemorações foram encerradas com um jantar e posse
da nova diretoria e conselho eleitos para o biênio 2003/2005.
Com a criação do Departamento Cultural, a Acipi promoveu, nesse
período, várias atividades culturais aos associados, incluindo exibições de
filmes, apresentações de dança e de música, exposições de arte, passeios
culturais, espetáculos teatrais e o I Encontro de Arte no Cotidiano. A
Associação adquiriu um piano de cauda, estreado em abril de 2005, com
apresentação de Cecília Bellato e Cidinha Mahle.
125
Campanhas
Para incentivar os consumidores de Piracicaba e região a comprar no
comércio local, a associação realizou, no final de 2002 e durante 2003, a
campanha de vendas “O Comércio de Piracicaba tem tudo o que você
procura”. No mesmo ano promoveu a campanha “Um sonho de Natal”.
Foram 650 mil cupons preenchidos pelos compradores que participaram de
sorteios de inúmeros prêmios, incluindo um carro zero quilômetro, uma
Motocicleta Honda BIZ e viagens para Natal.
Com o sucesso da promoção, repetiu-se a campanha em 2004, desta
vez com o slogan “O seu melhor Natal é aqui”. Foram sorteados um carro
Honda Civic Sedan, uma Motocicleta Honda CG Titan, um computador e
mais 13 prêmios. No ano seguinte, a campanha teve o slogan “Ano
Premiado Acipi 2005 – Uma campanha daqui!!!”, contemplando as
principais datas comemorativas do comércio: Dia das Mães, dos Pais, dos
Namorados, das Crianças e Natal. A campanha teve apoio da CDL,
Sincomércio e Prefeitura Municipal.
Potencial exportador
Levantamento feito pelo Departamento de Comércio Internacional (DCI),
em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e
Equipamentos (Abimaq), constatou em 2004, a partir de consultas a 1,6 mil
empresas do comércio, indústria e prestação de serviços, a existência de 84
empresas de vários ramos de atividades exportando regularmente ou que já
haviam exportado, e outras 173 interessadas no mercado externo.
Potencialmente, seriam 257 empresas dos setores metal-mecânico,
equipamentos hidráulicos, máquinas agrícolas, artigos funerários, produtos
químicos, construção civil, confecção têxtil, móveis, biotecnologia,
aguardente, alimentos, autopeças, gráfica, artigos em madeira, equipamentos
eletrônicos, cerâmicas, pisos e revestimentos, em condições de participarem
de um programa voltado à conquista do mercado externo.
O DCI presta orientações gratuitas às empresas que se interessam pela
inserção no mercado externo. Informa sobre legislação e emite documento
indispensável para ingresso em outros países, o Certificado de Origem.
Em 2003 e 2004 foram realizados vários eventos importantes, como:
palestra com a presidente da Apex (Agência de Promoção de Exportações),
Dorothea Werneck; seminário “Exportar para Crescer – Novos Caminhos
para o Mercado Externo”; projeto “Pool de Comércio Exterior”; Workshop
de Comércio Exterior e Rodada de Negócios Internacionais.
Em abril, a Acipi movimentou diversos setores da cidade com o 77º
126
Encomex (Encontro de Comércio Exterior), que levou 900 pessoas ao
Teatro da Unimep. Sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o evento teve como meta estimular
a cultura exportadora em Piracicaba e região. O secretário de Comércio
Exterior, Ivan Ramalho, recebeu das entidades locais documento
expressando a preocupação com a logística de exportação. “Face ao notável
crescimento das exportações brasileiras, aliado ao fato de que o nosso país
não está preparado para um escoamento tão grande de mercadorias destinadas
ao mercado exterior, nota-se que as estradas, portas e aeroportos não estão
adaptados para tal demanda”, destacava o texto. O encontro foi realizado
pela Acipi, em parceria com diversas instituições e órgãos municipais e
estaduais. Foram parceiros: Abimaq, Banco do Brasil, Caixa Econômica
Federal, Câmara Italiana, Câmara Temática de Negócios Internacionais de
Piracicaba, Caterpillar Brasil, Correios, Fiesp/Ciesp, Tecnologia,
Desenvolvimento Econômico e Turismo e Estado de São Paulo, Semic,
Simespi, Simtec e Unimep.
Para melhorar o desempenho empresarial e abrir o mercado de trabalho
para estudantes, criou-se também o Departamento de Estágios, ligando
empresas e o conhecimento técnico-científico das universidades. No ano
de 2005, foi constituída a diretoria de Gestão de Negócios com o objetivo
de estabelecer, coordenar, controlar e promover a gestão de negócios dos
serviços prestados pela associação e a captação de novos associados. O
número de sócios foi elevado de 1.750 para 2.693.
Na presidência de Furtuoso, o Serviço Central de Proteção ao Crédito
(SCPC) foi agilizado com a implantação de terminais de consultas portáteis
nas lojas, consultas pela internet e investimentos na área de informática,
sistemas e equipamentos. A Acipi conta com a Rede de Informação e Proteção
a Crédito (RIPC), o mais completo banco de dados em âmbitos estadual e
nacional, criado pela Federação das Associações Comerciais do Estado de
São Paulo (Facesp). Essa sofisticação contribui para a redução de um dos
maiores vilões da atividade econômica: a inadimplência.
127
Acipi participativa
A Acipi teve participação importante nas eleições de 2002, quando
realizou, em parceria com o Jornal de Piracicaba, a campanha “Eleitores
Unidos pela Região de Piracicaba”, incentivando eleitores a votar nos
candidatos da cidade. Promoveu encontros com os candidatos a deputado
estadual e federal, distribuiu cartazes, adesivos, faixas, banners e materiais
informativos sobre como votar.
Foram realizadas simulações de voto nos terminais de ônibus e na
prefeitura e a associação disponibilizou orientadores para a utilização das
urnas eletrônicas, que seriam novidade para muitos eleitores. Foram eleitos
o deputado estadual Roberto Morais e dois federais – João Herrmann Netto
e Antonio Carlos de Mendes Thame. A Acipi recebeu moção de aplausos da
Câmara de Vereadores.
128
SEGURANÇA - José Antonio de Godoy, da Perecin Godoy Auditores
Independentes S/C Ltda., assumiu a presidência em julho de 2005 e durante
a sua gestão deu ênfase ao treinamento dos associados e funcionários;
iniciou o convênio com o Curso de Ciências Contábeis, da Unimep, para
fazer diagnóstico gratuito para associados da Acipi; participou do processo
de instalação do Fundo de Segurança (Funseg) na cidade; iniciou e
concluiu a construção do Anexo Salim Maluf; implantou a Cooperativa
de Economia e Crédito Mútuo dos Empresários de Piracicaba (Coopcred),
que já vinha em estudo, junto ao Banco Central, nas gestões anteriores;
deu prosseguimento à modernização administrativa da entidade e apoiou
a requalificação da praça José Bonifácio.
Godoy destaca que o Sicoob Coopcred é uma cooperativa de crédito
para o desenvolvimento dos negócios dos empresários ligados à Acipi. O
objetivo é gerar mais trabalho e renda para Piracicaba e microrregião. A
Coopcred iniciou as suas atividades no dia 1º de março de 2007. Podem
associar-se à cooperativa todas as pessoas físicas que estejam na plenitude
de sua capacidade civil, concordem com o Estatuto da Cooperativa,
preencham as condições nela estabelecidas e pertençam às categorias de
empresários nas áreas de comércio, indústria ou prestação de serviços,
previstas no estatuto.
O Fundo de Segurança de Piracicaba (Funseg) foi um trabalho de
destaque de sua gestão. O órgão foi criado em 2006 com a participação da
Acipi, Ciesp/Regional Piracicaba, Câmara de Dirigentes Lojistas de Piracicaba
(CDL), Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico,
Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras
(Simespi), Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo
(Coplacana) e Sindicato do Comércio Varejista de Piracicaba (Sincomércio).
A proposta do Funseg é arrecadar, por meio de doações de pessoas físicas
e jurídicas, recursos financeiros, materiais, produtos e serviços para serem
aplicados na manutenção, aquisição de equipamentos, veículos, dentre outras
necessidades apresentadas pela Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de
Bombeiros, Guarda Civil e Polícia Federal. As doações são feitas de forma
voluntária. As necessidades de cada corporação são apresentadas e analisadas
pelo Funseg. Os diretores estão sempre em contato com os responsáveis e
com os comandantes da polícia de Piracicaba. O Funseg também realiza
pesquisas para identificar quais áreas necessitam de maior atenção.
O Fundo participa no desenvolvimento de campanhas e ações educativas
e oferece treinamentos educativos e motivacionais às corporações.
Foi no mandato de Godoy que o viaduto localizado no quilômetro 134
129
da rodovia dos Bandeirantes (SP-348), entroncamento com a rodovia SP304, em Santa Bárbara D’Oeste, passa a se chamar viaduto “Acipi Piracicaba”.
O governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB), promulgou no
dia 19 de maio a lei nº 1405/07, proposta pelo deputado estadual Roberto
Morais (PPS). O descerramento da placa fez parte das festividades dos 75
anos da entidade, em 2008.
Segundo justificativa do projeto de lei, o nome foi escolhido porque a
associação tem demonstrado ao logo de sua história ser “peça de grande
importância no desenvolvimento econômico de Piracicaba e região”. A
honraria foi um reconhecimento pelo fato de a Acipi, nos seus 75 anos de
existência, ter sido parceira da sociedade paulista na busca de soluções que
auxiliam o desenvolvimento econômico do Estado, sem perder, nem por
um único instante, o senso aguçado de responsabilidade social.
Sob gestão de José Antonio de Godoy, a Acipi participou do processo
de revitalização da praça José Bonifácio, entregue no final de 2005. Foram
feitas aberturas de acessos, renovação do paisagismo e reurbanização da
área para melhorar o trânsito de pedestres e motoristas. O projeto contemplou
também a pavimentação asfáltica de ruas, abertura e
pavimentação de acessos, construção de rotatória,
José Antônio
de Godoy ficou
à frente da Acipi
de 2005 a 2009
godoy
130
modernização da iluminação, implantação de estacionamentos, reforma dos
sanitários, coreto e fonte luminosa, recuperação do paisagismo e sinalização
(vertical e horizontal).
Desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba
(Ipplap), com apoio da população e das entidades ligadas ao comércio, o
projeto criou 100 vagas de estacionamento e delimitou espaço para os
deficientes físicos e idosos. Agências bancárias investiram na modernização
da iluminação para melhorar a segurança dos frequentadores e proporcionar
um ambiente mais moderno. Houve a troca de aproximadamente 120 lâmpadas
de vapor de sódio pelas modernas de vapor metálico.
DINAMISMO - Foi a marca da gestão do empresário Jorge Aversa
Junior, da Aversa Automóveis, que assumiu a Acipi em julho de 2009, para
um mandato de três anos, após permanecer oito anos na vice-presidência.
Sua missão: implantar a ISO 9001-2008, normas técnicas que estabelecem
modelo de gestão de qualidade e conferem às empresas maior organização,
produtividade e credibilidade. Sua meta: transformar a Acipi em uma grande
escola para formar e reciclar líderes, atendendo às necessidades das empresas.
Para isso, manteve parceria com duas instituições renomadas de ensino: Escola
Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Universidade Metodista de
Piracicaba (Unimep). Dessa união nasceu a Escola de Negócios Acipi, que
tem como objetivo qualificar empresários e profissionais de Piracicaba e região.
Outro projeto desenvolvido na gestão de Aversa Jr. e que coloca a
associação na vanguarda é o Memorial do Empreendedorismo. O espaço
resgata a história de Piracicaba e de homens que contribuíram com o seu
desenvolvimento, empreendedores que colocaram a Noiva da Colina em
destaque no cenário estadual e nacional. “Não existe futuro sem passado,
não tem como a sociedade se desenvolver sem respeitar o passado. A realidade
é resultado do trabalho de grandes homens”, enfatiza Aversa Jr. A trajetória
desses personagens da história de Piracicaba é contada de forma interativa
no Memorial, que tem um caráter didático e educacional.
Desafios não faltaram em sua gestão. Entre eles, a implantação dos projetos
Cidade Limpa e de Requalificação do Centro, de autoria do Executivo. A ação
redescobriu a história arquitetônica da cidade e tornou a rua Governador Pedro
de Toledo e o comércio mais atraentes. “Era um anseio antigo da população e
conseguimos fazer com que o prefeito entendesse a importância. A Governador
foi planejada para andar com carros de bois e, hoje, temos uma via estreita e
com muitos carros”, observa. Com a intervenção, as esquinas tiveram as
calçadas alargadas e ganharam espaços de convivência, onde vasos e bancos
131
enfeitam e servem de descanso para população. A acessibilidade foi garantida
com a construção de rampas em todos os cruzamentos e sinalização tátil.
O Cidade Limpa veio evidenciar o novo perfil da rua Governador. O
projeto disciplina a colocação dos letreiros, outdoors e placas luminosas
em frente a estabelecimentos comerciais. Antes, a poluição visual confundia
o consumidor e escondia parte da história da cidade. Atualmente, com um
visual mais leve, pode-se observar a beleza da arquitetura de alguns prédios
do século 19. Ir às compras no centro tornou-se mais agradável.
Reivindicação antiga dos piracicabanos e pauta da maioria dos
presidentes da Acipi, o estacionamento na área central ganhou atenção
especial de Aversa Jr. A implantação do parquímetro eletrônico, no qual o
usuário usa dinheiro ou cartão, colocou fim à falta de vagas e abordagem
constrangedora e abusiva dos guardadores de carros, chamados de
“flanelinhas”. “Nosso objetivo foi o de melhorar a eficiência das áreas
demarcadas pela Zona Azul e minimizar os desgastes gerados com as multas”,
comenta.
Até chegar à instalação do
sistema foram realizadas reuniões
com associações, sindicatos,
igrejas, prefeitura. Temia-se o
problema social que poderia ser
gerado com os guardadores de
carros que atuavam na área da Zona
Azul, o que não ocorreu. O
controle do estacionamento, antes
feito com talões de papel, deu
lugar ao sistema eletrônico e as
reclamações praticamente acabaram.
O sistema oferece a facilidade da
compra do tíquete pela internet e
celular.
Jorge Aversa Junior
idealizou o Memorial
do Empreendedorismo
132
Zona Azul digital
foi implantada no
final de 2011
Ao lado de outras unidades de classe
espalhadas pelo País, a Acipi participa de
movimentos importantes, como a luta contra a cobrança abusiva de impostos
em todas as esferas. No dia 13 de setembro de 2011, em frente à sede da
entidade, Aversa Jr. comandou um apitaço contra os impostos abusivos.
“Somos veementemente contra a sonegação. A exemplo do que acontece
em outros países, queremos saber o destino de tudo o que pagamos. Cerca
de 70% do volume de R$ 1 trilhão fica em Brasília. E os municípios, onde
as coisas de fato acontecem?”, disse na ocasião.
O manifesto reuniu várias lideranças e empresários. Foram distribuídos
bandeirinhas verde e amarelo e panfletos destacando a força da união no sentido
de lutar contra o excesso de impostos. No Feirão do Imposto, o piracicabano
podia observar os impostos pagos sobre vários produtos usados no dia a dia.
Na gestão Aversa Jr., a Acipi, em parceria com a Diretoria Regional de
Ensino e as Secretarias Municipais de Educação e do Governo, lançou a
cartilha “Administre Bem seu Orçamento Doméstico”, a fim de orientar o
piracicabano sobre a forma correta de gerir as finanças pessoais e domésticas.
Os 50 mil exemplares foram distribuídos em escolas, empresas, centros
comunitários e residências.
A Acipi participou da campanha pela duplicação da SP-304, trecho que
133
liga Piracicaba a Águas de São Pedro, realizada pela Gazeta de Piracicaba e
Rádio Onda Livre FM. Foram reunidas cerca de 42 mil assinaturas entregues
pelas lideranças da cidade ao governador José Serra em dezembro de 2007.
Aversa Jr., então vice-presidente da Acipi, representou a entidade. A
duplicação foi autorizada em 2012 pelo governador Geraldo Alckmin, com
previsão de início em 2013.
Em 2009, em parceria com a Prefeitura, lançou o projeto Luz & Arte,
que todo final de ano, no mês do Natal, transforma Piracicaba na cidade-luz.
A ideia é resgatar o espírito de Natal. Em 2012, já na gestão de Frias Neto,
mais de um milhão de lâmpadas do tipo led enfeitaram lugares
representativos de Piracicaba. A iluminação da passarela pênsil e das árvores
que ficam em sua entrada, na avenida Beira Rio, foi o pontapé inicial para
iluminar a frondosa Sapucaia, a fonte da praça José Bonifácio, o
estacionamento da Estação da Paulista, armazéns do Engenho Central, Centro
Cívico, Casa do Povoador e o Casarão do Turismo.
Uma série de atrações culturais reforça o clima natalino com o que há
de melhor na cultura local, incluindo corais, teatro, música, dança. As lojas,
com promoções e ações voltadas para a data, têm no projeto Luz & Arte
uma oportunidade de incremento das vendas naquele que é o período em
que há a maior procura por presentes.
Aversa preside a RA-7
Em 2013, Jorge Aversa Junior assumiu a presidência da Região
Administrativa de Campinas (RA-7), a maior das 20 regiões que compõem
a Federação do Estado de São Paulo (Facesp). A RA-7 é integrada por 38
cidades e considerada a mais importante, inclusive com o maior PIB paulista.
É a primeira vez na história da Federação que um piracicabano assume o
cargo. Aversa Junior, empresário do ramo automobilístico, foi eleito por
unanimidade. “Isso é gratificante, mas de uma grande responsabilidade”, disse.
Na presidência, Aversa pauta o seu trabalho em dois pilares: no
associativismo e coletivismo. Desenvolvendo uma “gestão compartilhada”,
o empresário disse que, junto aos presidentes das entidades ligadas à regional,
buscará recursos para capacitar, orientar e trazer novos produtos para o
comércio, indústria e serviços da região.
134
Conselho do Jovem Empresário
Eles são dinâmicos, movidos pelo desafio, vislumbram o sucesso e
dominam a tecnologia. É neles, nos jovens empreendedores, que a Acipi
está focada. São o futuro, a renovação, a inovação. “Nossa proposta é
despertar o empreendedorismo e o interesse dos jovens para a sucessão da
empresa familiar”, observa Rodrigo Santos, coordenador do Conselho do
Jovem Empresário (CJE). O Conselho tem esse papel de agregar à Acipi o
espírito do jovem empreendedor.
Criado em 2002, o Conselho realiza reuniões e palestras para discutir
sobre a gestão, incentivar o empreendedorismo, despertar lideranças e
promover a troca de experiências. O CJE está sendo reformulado para tornar
ainda mais eficaz na proposta de ser o canal da associação com os jovens,
filhos de empresários que se preparam ou já assumiram os negócios, ao
lado dos pais. O coordenador diz que os trabalhos serão retomados em um
novo formato, que vai envolver os jovens em conversas com empresários e
profissionais de diversas áreas. Novos temas devem ser incluídos nos debates
como a livre iniciativa, democracia, gastômetro, entre outros. A ideia é
proporcionar informações.
Há quatro anos, o desenvolvimento sustentável passou a ser um dos
focos do CJE, que inseriu a Associação Comercial e Industrial na luta por
um mundo mais limpo, de respeito à natureza. O meio ambiente ganhou um
aliado em potencial. “Nós, jovens, temos a obrigação de fazer alguma coisa
para mudar, reverter esse quadro de degradação que nosso planeta está
vivendo. Aqui é a nossa casa e temos que cuidar bem dela”, diz Rodrigo.
É com essa filosofia que o CJE firmou parceria com várias entidades e
empresas da cidade para elaborar a série de cartilhas “Meio ambiente, cuidando
ele fica inteiro” com os temas: resíduos sólidos, água, solo e ar. É um guia
para a indústria, agricultura, prestação de serviço e cidadãos piracicabanos
entregue nas escolas, entidades, bibliotecas, empresas. “Precisamos
despertar para a questão ambiental. Ações simples no dia a dia fazem a
diferença”, observa o coordenador.
A Acipi, por intermédio do CJE, também orienta a população sobre o
destino correto de resíduos por meio de panfletos que ensinam o que fazer
com óleo de frituras, material de construção civil, pilhas, baterias, lâmpadas
fluorescentes e pneus. “Dessa forma, estamos cumprindo nosso papel de
responsabilidade social e ambiental”, afirma Rodrigo Santos.
O primeiro coordenador do CJE foi o empresário Giacomo Inforzato.
135
Conselho das Mulheres
O Conselho da Mulher Empresária (CME) reúne profissionais e mulheres
que vivenciam a rotina de negócios para discutir temas do universo
empresarial e proporcionar a ampliação da rede de relacionamentos.
A Acipi foi uma das primeiras associações a integrar o projeto do
Conselho das Mulheres Empresárias, idealizado pela Federação das
Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). Criado em 2000,
o CME nasceu com caráter filantrópico e com a evolução das atividades o
foco passou a ser a integração das mulheres empresárias com a realização de
encontros e palestras. O diretor de Conselhos, Luiz Carlos Furtuoso, explica:
“Com o passar dos anos, o Conselho tomou dimensão maior. Além do social,
ainda presente na realização dos encontros com a arrecadação de donativos
para entidades assistenciais, a atualização das mulheres tornou-se a
preocupação central do CME. Os temas das palestras passaram a ser
direcionados não apenas às mulheres que possuem uma empresa, mas também
às suas colaboradoras ou àquelas que vivenciam o empreendedorismo, pois
a família é de empreendedores”, afirma Furtuoso.
Os encontros promovidos pelo CME ganharam um novo formato para
melhor interação com as mulheres. A nova concepção traz espaço maior para
discussão e troca de ideias, e também proporciona maior amplitude aos temas
apresentados.
Dispostos em uma “sala de visitas”, dois profissionais convidados,
na presença de uma conselheira mediadora, opinam sobre assuntos do
universo empresarial, como economia, recrutamento e seleção, finanças,
empreendedorismo.
A coordenadora do CME, Damaris Verderame, ressalta que o Conselho
conta com um time de conselheiras experientes, conhecedoras do mercado
e das tendências para uma mulher de negócios.
O CME já teve como coordenadora: Ivone Maluf, Marcia Dedini, Cristina
Amalfi e Damaris Verderame.
136
Uma sede moderna e funcional
A Associação Comercial e Industrial de Piracicaba está instalada em um
moderno prédio, localizado bem no centro da cidade, na rua do Rosário, de
onde testemunha o crescimento da Noiva da Colina, hoje com 385.287
habitantes e um dos principais municípios do Estado de São Paulo. Funcional,
o prédio foi construído dentro de um conceito que possibilita a extrema
mobilidade na ocupação do espaço, que corresponde a 3.653,74 metros
quadrados de área construída.
A construção teve início em abril de 1985 e o projeto de Luis Egidio
Simoni e Renata Leme contemplou a funcionalidade, favorecendo o layout
interno. Em 1991, Telmo Otero inaugurava parte do prédio. Quando a obra
foi concluída, com 2.536,41 metros quadrados, uma segunda inauguração
aconteceu na gestão de Paulo Checoli e, em 18 de outubro de 1994, foi
oficializado o novo endereço da Acipi: rua do Rosário, 700.
Um jardim e o espelho d’água contrastam com a estrutura do prédio e
levam o visitante até a porta de vidro escuro da entrada. No térreo fica o
atendimento ao público, consulta ao Serviço Central de Proteção ao Crédito
(SCPC) gratuita ao consumidor, certificação digital, estágios (CIEE), emissão
de guias pela Unimed e o setor administrativo.
No subsolo, cujo acesso pode ser pelas escadas ou elevador, fica o
auditório para 201 pessoas, com sala de projeção e programação de tradução
simultânea para quatro idiomas. A acústica foi estudada pelo engenheiro
russo Igor Sresnewsky. O espaço foi equipado com revestimento acústico,
sistemas de áudio e vídeo, internet wi-fi e hall para coffes e coquetéis.
As instalações da Acipi foram ampliadas em 1.117,33 metros quadrados
com a construção do anexo, onde ficam a Cooperativa de Economia e Crédito
Mútuo dos Empresários de Piracicaba (Coopcred), Escola de Negócios e
seis salas para aulas e reuniões, sendo uma com capacidade para 50 pessoas,
com sistema de som, iluminação e lousa digital, onde são realizadas as
plenárias da diretoria e dos Conselhos. No anexo fica também a sala da
presidência, o Memorial do Empreendedorismo e Região Administrativa
de Campinas (RA-7), da Federação das Associações Comerciais do Estado
de São Paulo.
A Acipi adquiriu também uma área para estacionamento com vagas para
25 carros.
137
Auditório
Antônio
Perecin
Hall do
auditório
Recepção
da Acipi
138
Serviços
139
Memorial do
Empreendedorismo
A
voz portentosa de Cid Moreira dá as boas-vindas aos visitantes
do Memorial do Empreendedorismo, inaugurado em 2012 pela
Associação Comercial e Industrial de Piracicaba. Logo na entrada,
o locutor global explica, em um vídeo, o intuito do projeto, que
resgata a história dos empreendedores do município, a partir do povoador
Antonio Corrêa Barbosa, passando por séculos de história até chegar a
empreendimentos que acabaram de se instalar no município, como a montadora
coreana Hyundai.
Ao adentrar-se no espaço, as águas projetadas ao chão criam a ilusão de
que o rio Piracicaba passa por ali. Peixes nadam e encantam os visitantes.
No auditório localizado em uma das laterais do memorial, um vídeo com
duração de oito minutos resume a proposta do Memorial. Nele, Jorge Aversa
Junior, idealizador do projeto, e a historiadora Marly Therezinha Germano
Perecin, que coordenou os trabalhos, destacam o fato de Corrêa Barbosa ter
iniciado, assim que a cidade foi fundada, à margem direita do rio, uma fábrica
de canoas, aproveitando a madeira das árvores então existentes. Nascia ali o
140
espírito empreendedor que acompanha Piracicaba até os dias atuais.
Cerca de 90% do acervo do memorial é virtual. Painéis com a linha do
tempo traçam, de forma resumida e didática, a história do empreendedorismo
de Piracicaba. Revelam fatos importantes, como a instalação da cidade em 1767
ao lado direito do rio, a chegada dos imigrantes, a vinda de grandes empresas,
pontuando os principais acontecimentos que contribuíram para o
desenvolvimento da cidade e apresentando o contexto da história geral do país.
Personalidades da história local, entre elas, Mário Dedini, Luciano
Guidotti, Luiz de Queiroz e o Barão de Rezende, são evidenciadas. Em
telas de vídeos disponibilizadas nas paredes, é possível ouvir, utilizando os
fones, explicações mais detalhadas sobre momentos emblemáticos para a
história local. Monitores com telas sensíveis ao toque permitem o acesso a
arquivos digitais de páginas de jornais com história do município e da Acipi,
que surgiu em 1933 e, desde então, tem auxiliado o comércio local na
adoção de medidas empreendedoras, em busca da inovação.
O Memorial do Empreendedorismo, que integrou a programação da
Semana Nacional de Museus 2013, tem o caráter pedagógico. Grupos de
estudantes fazem visitas monitoradas e conhecem não só a história dos
empreendedores como também as transformações
geográficas que mudaram a paisagem da cidade ao longo
O acervo do
Memorial da
Acip é virtual
141
de seus 246 anos. Ao fundo, o som de uma viola torna o ambiente lúdico,
genuinamente piracicabano.
BLOG - Em agosto de 2013, o presidente Angelo Frias Neto lançou o
blog oficial do Memorial do Empreendedorismo. “Acreditamos que a
disseminação desse conteúdo na internet ajudará a estimular as práticas do
empreendedorismo e possibilitará ao internauta conhecer mais sobre a nossa
história”. Pelo endereço memorialacipi.wordpress.com pode-se consultar
detalhes e registros sobre o desenvolvimento econômico e social da cidade,
além de informações sobre a associação.
O site tem espaço para repercussão e discussão que fazem parte da
rotina da entidade e de Piracicaba.
142
Portal de Negócios
Uma oportunidade de negócio com apenas um clique no computador.
Assim pode ser resumida a filosofia do Portal de Negócios da Associação
Comercial e Industrial de Piracicaba, lançado em 2012, com informações
das cerca de quatro mil empresas associadas à entidade. Este foi o primeiro
passo para que o empresariado local veicule, de forma gratuita, seus serviços
na rede virtual. O objetivo é fazer com que as empresas recebam treinamentos
e possam realizar operações de venda por meio do site.
Para a Acipi, o lançamento busca alcançar todos os perfis de empresas.
Dos micros aos grandes empreendedores. O objetivo é disponibilizar nova
ferramenta, principalmente aos pequenos e médios empresários que ainda
não têm um portal na rede, como o E-commerce, modalidade de vendas
online. Por meio da internet, elas ganham visibilidade com o site e podem
vislumbrar, a um curto prazo, um volume de venda maior. Essas empresas
podem ganhar mais competitividade. Os associados de grandes empresas
que já tiverem o sistema E-commerce poderão postar um link no Portal de
Negócios da Acipi.
“Nós queríamos oferecer uma ferramenta que quebrasse qualquer
resistência em relação ao E-commerce, que é uma tendência mundial.
Traçamos então um caminho para aqueles que não sabiam como resolver
essa dificuldade sozinhos”, afirmou Jorge Aversa Junior.
A parceira no desenvolvimento do serviço, Balaminut, disse que a
segurança foi o item que demandou mais tempo na elaboração do portal.
Foram dois anos de trabalho para o desenvolvimento de site que ofereça
total segurança aos seus associados.
O volume de vendas online vem crescendo e, hoje, o Brasil é o quinto
país no mundo com o maior número de navegantes virtuais. No total, são
cerca de 80 milhões. Uma realidade que o Portal de Negócios ajuda a
disseminar.
143
Escola de Negócios
A busca constante pelo aperfeiçoamento, o foco na capacitação e a
necessidade da qualificação da gestão empresarial levaram a Acipi a criar a
Escola de Negócios, em parceria com a Universidade Metodista de Piracicaba
(Unimep) e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), que
passaram a oferecer cursos de capacitação.
A direção da Escola é do professor Clóvis Pinto de Castro, profissional
com longa experiência na área de gestão educacional e que ocupou cargos de
relevância em instituições de ensino renomado, entre eles, a vice-reitoria
da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e a reitoria da Unimep.
Segundo ele, a meta é fazer da Escola de Negócios a principal referência
regional na formação de líderes com competências e habilidades para inovar
e enfrentar as mudanças geradas por uma sociedade complexa e globalizada.
“Queremos fortalecer a área de capacitação e qualificação profissional,
que sempre foi uma demanda da instituição”, observa o diretor. Para atingir
o objetivo, Clóvis Castro conta com a credibilidade da marca Acipi, com
uma excelente infraestrutura física e a qualidade da atual equipe para projetar
um futuro promissor.
As aulas acontecem em oito salas de aula instaladas no primeiro andar
do prédio da Acipi, com capacidade para receber entre 40 a 80 alunos, cada
uma. O projeto atende a um dos pilares da entidade comercial, que é a
capacitação. A Acipi sentiu necessidade de uma nova demanda por uma
escola que tivesse como objetivo a gestão, não só para o empresário, mas
também para os seus sucessores. E aproveita um nicho de mercado para
consolidar o novo empreendimento, apostando na qualidade e inovação. Entre
os primeiros cursos estão um MBA em Varejo e Serviços, que é oferecido
pela Unimep, e uma pós-graduação em Gestão de Negócios com Ênfase em
Marketing, por parte da ESPM. O público-alvo: empreendedores, gestores
e colaboradores dos setores do comércio, indústria e prestação de serviços.
Outros cursos de curta duração e também na modalidade in company são
oferecidos pela escola. O diretor diz que estuda, junto à direção da Acipi, a
ampliação dos cursos de lato sensu, de curta duração, ensino a distância.
A Escola de Negócios nasceu com um conceito inovador na capacitação
de empresários e demais profissionais. O foco na qualificação proporciona a
oportunidade de atualização e conhecimento em diversas áreas de gestão e
desenvolvimento humano por meio de cursos. Na Acipi, o aluno tem acesso
a uma variedade de temas exclusivos com o melhor custo, benefício e
localização.
Há anos, a Acipi desenvolve projetos e parcerias com o objetivo de
144
A Escola de
Negócios tem
foco na
qualificação
e formação
de líderes
preparar as empresas para os desafios do mercado, cada
vez mais competitivo. A Escola de Negócios vem
consolidar o compromisso da entidade com o
desenvolvimento de Piracicaba e região, tendo como
principal ferramenta o ensino. Um dos objetivos traçados é o fortalecimento
das atuais parcerias e a busca de outras que ofereçam cursos, tecnologias ou
serviços que ampliem a possibilidade de atuação da escola, especialmente
por meio da Educação a Distância (EAD), em níveis nacional e internacional.
145
Posto da Jucesp
A Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) inaugurou em
junho de 2012 um novo posto de serviços em Piracicaba.
A unidade, que era administrada em convênio com a Associação
Comercial e Industrial de Piracicaba, foi transferida para a Prefeitura
Municipal dentro do Programa Via Rápida Empresarial, implantado pelo
governo estadual em maio de 2013, que possibilita a abertura de empresas
em até cinco dias úteis pelo Sistema Integrado de Licenciamento (SIL).
Trata-se do 72º posto da Junta Comercial no Estado.
Vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia do Estado de São Paulo, a Jucesp é responsável pelo registro
público de empresas mercantis e atividades afins, dando garantia, publicidade,
segurança e eficácia aos atos jurídicos submetidos a registro. A Junta
Comercial efetua ainda a autenticação de livros contábeis e a matrícula de
armazéns gerais, leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais. Conta
com 5,6 milhões de empresas registradas atualmente.
Compete ao posto de serviços da Jucesp receber, protocolar e devolver
documentos; informar sobre a existência de nomes empresariais idênticos ou
semelhantes; emitir ficha cadastral das empresas registradas; encaminhar
aos escritórios regionais ou à Junta Comercial os documentos para análise
singular e os requerimentos de certidão simplificada; encaminhar à Jucesp
os documentos para análise colegiada e os requerimentos de fotocópia, certidão
específica e Ficha de Breve Relato.
Proteção ao crédito
Um dos principais serviços oferecidos pela Acipi é o Serviço Central de
Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços, e que
possibilita a consulta no maior banco de dados de inadimplentes do Brasil,
uma vez que armazena registros de débito em nível nacional, oferecendo
maior segurança nas operações de crédito.
O serviço permite obter informações relevantes para avaliação e
concessão de crédito e previne a ação de golpistas e falsificações de
documentos, contribuindo para a redução da inadimplência. As consultas
ao SCPC são usadas como indicador de consumo pela entidade. O serviço
foi criado há 54 anos, em 1959, com o objetivo de proteger o comerciante
de pessoas que recebiam o crédito e não cumpriam seus compromissos para
quitar a dívida. O sistema da Acipi é integrado à Rede Nacional de
Informações Comerciais (Renic), que conta com banco de dados de 150
milhões de informações sobre negócios efetuados a crédito.
146
A população pode consultar gratuitamente o SCPC na rua do Rosário,
700. A consulta é feita mediante apresentação de documentos (CPF e RG)
e o serviço é feito somente para o próprio solicitante. Não são autorizadas
consultas em nome de terceiros.
Coopcred
A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empresários de
Piracicaba (Coopcred) existe desde 2007 quando 29 entusiastas se uniram
para abrir a instituição, com apoio do Sistema de Cooperativas de Crédito do
Brasil (Sicoob). Seis anos depois, mais de 400 sócios usufruem das vantagens
de ser um cooperado: facilidade de acesso ao crédito e juros reduzidos. Na
moderna sede, prédio anexo à Acipi, eles são atendidos com conforto e
segurança. O prédio facilita a acessibilidade com rampas e banheiros para
deficientes físicos e tem porta giratória com detector de metais e câmeras.
Os clientes contam com três caixas, sala de reunião e guarita de orientação
e monitoramento.
O objetivo da Coopcred é oferecer oportunidades de crédito aos
empresários do comércio, indústria e serviço do município, especialmente
pequenos e médios, ligados à Acipi e ao Simespi (Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e
Fundições de Piracicaba). Fiscalizada e autorizada pelo Banco Central, a
Cooperativa possui todos os serviços regularmente oferecidos pelas demais
147
instituições financeiras tradicionais, como conta corrente, aplicações
financeiras, seguros, cobrança bancária manual e automatizada, descontos
de cheques e duplicatas, cartões de crédito e débito e empréstimos com
taxas de juros diferenciadas das praticadas no mercado. Convênio firmado
com a Prefeitura Municipal permite também o recolhimento de receita e
tributos municipais.
No sistema cooperativista o voto é igualitário e atua de forma organizada
e coletiva. As taxas são mais baixas nas operações, comparadas às do mercado.
Índice de Confiança do Varejo
A Acipi e a Ejea (Esalq Jr. Economia e Administração) firmaram, em
setembro de 2013, parceria para divulgação do ICV-P (Índice de Confiança
do Varejo de Piracicaba) aos empresários, ao setor público e à sociedade. O
índice mede as expectativas dos lojistas em relação à economia, ao segmento
em que atuam e as suas próprias empresas. O indicador é importante para
verificar a confiabilidade deles em novos negócios, possibilitando a definição
de estratégicas para alavancar as vendas. Em datas comemorativas como Dia
das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, a
Acipi realiza, em parceria com a CW7 Pesquisas, pesquisas de intenção de
compra e venda para subsdiar os empresários com dados gerados pela
economia local.
O ICV-P é tido como um termômetro do comércio da cidade. Os dados
são coletados todo final do mês com os comerciantes e divulgados no início
do mês seguinte. A partir dessas informações, os empresários poderão planejar
o melhor momento para fazer investimentos ou conter despesas.
“Ao associarmos nossa entidade à divulgação do ICV-P, cumprimos
com nossa missão de promover o fortalecimento do comércio, fornecendo
conhecimento e tecnologia sustentável aos nossos associados”, afirma o
presidente Angelo Frias Neto.
148
Indústria
149
Produção de canoas
A
produção de canoas nos arredores do rio, fabricadas com as
frondosas árvores tamboril, símbolo de Piracicaba, é considerada
o marco inicial da industrialização da cidade. A presença de
estaleiros, desde o início da povoação, tornava a cidade um dos
escoadouros dos produtos agrícolas da região. A importância dessa atividade
era tamanha que, em 1873, o Barão de Rezende criou uma companhia de
navegação fluvial para disciplinar as operações.
Até as primeiras décadas do século XX, o movimento de embarcações e
vapores foi intenso, transportando principalmente café e madeira vindos do
porto de João Alfredo (atualmente, Ártemis). Enquanto o café era embarcado
na estrada de ferro com destino ao porto de Santos, a madeira era entregue
nas serrarias.
A energia fornecida pelo salto do rio Piracicaba também facilitou e
estimulou o desenvolvimento das atividades urbanas industriais,
especialmente dos engenhos e das primeiras fábricas, como a de tecidos
Santa Francisca – fundada em 1876 por Luiz de Queiroz, à margem esquerda
150
do rio, e que alterou a planta da cidade com o fechamento de algumas ruas,
despertando resistência da população.
Também pode ser citada a Empresa de Luz Elétrica, outra que teve
Queiroz à frente: ele conseguiu um contrato com o poder público local,
válido de julho de 1891 a setembro de 1928, para o fornecimento de energia
elétrica destinada à iluminação pública e particular.
As atividades manufatureiras já existiam em Piracicaba desde o final do
século XIX, constituindo uma pequena produção mercantil com fortes
características de empreendimentos familiares, segundo a professora Maria
Thereza Miguel Peres. “Diferenciam-se apenas a Companhia Agrícola e
Industrial Boyes e as duas grandes usinas - Engenho Central e Monte Alegre
- que já representavam grande potencialidade de expansão comercial”, afirma.
Exemplar
da árvore
Tamboril
151
Primeira grande indústria
A fábrica de tecidos Santa Francisca, que posteriormente ganhou o nome
de Arethusina e, mais tarde, Boyes, é considerada como o primeiro grande
estabelecimento industrial de Piracicaba e dos maiores do interior paulista.
Nas suas atividades de fiação e tecelagem, ela chegou a empregar 420 pessoas
ainda no início do século passado, número expressivo para a ocasião.
A Santa Francisca foi criada por Luiz de Queiroz em 1876, com 50
teares e 70 operários. Os mais especializados eram todos europeus. A produção
anual de 600 a 700 mil metros de algodão era enviada para São Paulo, Rio de
Janeiro e Paraná. A matéria-prima era buscada em Santa Bárbara D‘Oeste,
Sorocaba, Tietê e Tatuí, enquanto Queiroz tentava incrementar o cultivo do
algodão na própria cidade.
De acordo com o economista e pesquisador Renato Maluf, desde 1898 a
Santa Francisca esteve hipotecada ao Banco do Brasil, Buarque de Macedo. Este
vendeu o estabelecimento para Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda, que o batizou
de Arethusina em homenagem à sua mulher, Arethusa Pompéia de Miranda.
Em 1918, a fábrica passou para as mãos da empresa Boyes Irmãos e Cia,
dirigida pelos ingleses Herbert James Boyes e Alfred Simenson Boyes. Nessa
época, atingiu o número de 2,5 mil funcionários,
o que representava 6% do operariado do setor têxtil
Fábrica de Tecido
do Estado.
Arethusina, à
margem esquerda
do rio Piracicaba
152
Visita à Arethusina
Em julho de 1903, a fábrica de Tecidos Arethusina, à margem esquerda do
Piracicaba, empregava 250 pessoas, homens e mulheres, e produzia mais ou menos
5600 metros de tecidos, ou 900 quilos. A empresa apresentava edificações
espaçosas, sólidas, bem iluminadas e ventiladas.
Em uma visita que redatores do Jornal de Piracicaba fizeram à fábrica dia primeiro
daquele mês, observaram o espírito republicano e o bom relacionamento do
industrial Rodolpho Miranda com os empregados. Seguem trechos do relato da
visita: “À margem esquerda do nosso deslumbrante e encantado Salto, funcciona a
Fabrica de Tecidos Arethusina, que é um incontestavel elemento de prosperidade para
Piracicaba.
Visitamos hontem aquelle estabelecimento em companhia do seu hábil guarda-livros
sr. capitão Octaviano Pinto César. Um belo jardim acaba de ser construido na frente
do edifício da fabrica, não tendo deixado o sr Rodolfpho Miranda, os seus conhecidos
sentimentos de patriotismo e de religião, pois à entrada principal do mesmo edifício
acham-se inscriptas estas palavras: “Deus, Pátria e Familia – Tudo pela Republica”.
Em tudo, como já dissemos, que o visitante alli vê, nota-se que o espírito dirigente da
Fabrica de Tecidos Arethusina, que é um estabelecimento que honra Piracicaba e a
industria nacional – é atilado e observador, procurando unir as coisas úteis, tudo
quanto é agradável aos olhos e à commodidade.
Há entre os operários dalli a maior cordialidade e admirável disciplina, correndo o
serviço em boa ordem.
Cada operário tem consigo um regulamento empresso e nesse folheto,
criteriosamente redigido tem um artigo, que é o que trata da liberdade do voto
operário. É livre o pensamento do operário da Fabrica de Tecidos Arethusina. Cada
um deles, é um eleitor livre, que sem prejuízo absolutamente de seus interesses e dos
de seu patrão votará em quem bem lhe parecer.
O edifício principal foi construido especialmente para o fabrico de tecidos de algodão,
com fiação própria. Em seu interior são movimentadas as secções de fiação, cardas,
tecelagem e preparação por perfeitas machinas de Plat & Brothers.
Ao fundo, nos baixos deste edifício, vêm-se, de um lado, a grande turbina de fiação,
e, de outro, completa officina mechanica, dividida com o assentamento de um novo
dynamo com capacidade para 100 ampers.
Ligado ao edifício principal, por uma ponte, vê-se o magnífico predio da tinturaria
com alta torre em que descança grande caixa d’ágúa elevada por bomba hydraulica –
funcionando, no pavimento superior, duas engommadeiras e três machinas
remettentes de rolos, e, no pavimento térreo, com machinismos e todos os
acessórios apropriados.
Destacadamente está o edificio dos descaroçadores onde tambem funccionam uma
possante machina de transformar estopa com 6 tambores, e ao fundo a carpintaria,
iluminação electrica em todo o edifício.”
153
Patrimônio histórico
O Engenho Central de Piracicaba, que hoje é um dos pontos turísticos
e culturais mais relevantes do município, foi uma das principais indústrias
situadas às margens do salto do rio Piracicaba, junto à antiga fábrica
Arethusina. Líder no processamento de cana-de-açúcar durante sua
existência, impulsionou o desenvolvimento industrial da cidade e foi um
grande gerador de empregos diretos e indiretos, especialmente para
trabalhadores das fazendas que forneciam matéria-prima.
O Engenho foi fundado em 19 de janeiro de 1881 por Estevão Ribeiro
de Souza Rezende, conhecido como Barão de Rezende, e empresários que
se mobilizaram para formação do empreendimento, que “mal chegou a
funcionar devido às más condições do mercado e pela dificuldade de matériaprima” (Jornal de Piracicaba 24/11/1983).
O próprio Barão de Rezende comprou o estabelecimento dez anos depois,
dando-lhe o nome de Companhia Niagara Paulista. Em julho de 1899, no
entanto, acabou vendendo-a para a empresa Societé Sucrèries de Piracicaba,
que conseguiu um salto na produção, conquistando o primeiro lugar no Estado.
Em dezembro de 1907, com a incorporação de seis
usinas - Piracicaba, Vila Raffard, Porto Feliz e Lorena,
Engenho Central,
em São Paulo; Cupim e Paraíso, no Rio de Janeiro -,
patrimônio
transformou-se em Societé Sucrèries Brésiliennes.
histórico de
A prosperidade não durou muito: fortes geadas
Piracicaba
154
no ano de 1918 causaram prejuízos. Além disso, o crescimento da Vila Rezende
foi dificultando cada vez mais as operações do engenho. Ao longo dos anos
foi se tornando um inconveniente, já que os caminhões de cana tinham de
atravessar a cidade dividindo espaço com automóveis, caminhões, ônibus e
bondes. Paulatinamente, as leis de urbanização foram impondo limites para as
atividades e não havia como concorrer com outras unidades produtoras.
Em novembro de 1970, o Engenho foi vendido para as Usinas
Brasileiras de Açúcar S/A (Ubasa), do empresário paulista José Adolfo da
Silva Gordo, que o desativou quatro anos depois. Quase todas as fazendas
que compunham a propriedade foram loteadas e vendidas, restando apenas
o próprio Engenho, devido a um acordo com a prefeitura.
Em março de 1982, o então prefeito João Herrmann Neto declarou o
Engenho como de utilidade pública para fins de desapropriação, processo
concluído em 1989, durante a gestão José Machado. O tombamento veio em
11 de agosto daquele ano e, em 1º de maio de 1990, o local foi aberto ao
público com uma festa em homenagem ao Dia do Trabalho.
Reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, em 22 de
novembro de 1990, classificava a criação do Engenho Central como um
projeto ousado: “O Brasil nem conhecia as estradas de ferro e a Lei Áurea
só viria em 1888”, registrou.
De acordo com o texto, o objetivo do empreendimento foi o de mecanizar
o processo de fabricação do açúcar e substituir o trabalho escravo pelo
assalariado. Teria contribuído para o fracasso da ideia a falta de mão de obra
especializada e os custos com a reposição de peças, que tinham de ser
importadas uma vez que o maquinário era francês.
Para os profissionais do setor da construção civil, os 12 mil metros quadrados
de área construída do engenho, sem similar no País, os cerca de 80 mil metros
quadrados de área verde e, principalmente, o fato de os prédios terem sido
erguidos com tijolos de barro, sem uma única peça de concreto, provocam
curiosidade e admiração. São os antigos armazéns e residências dos empregados.
O barulho das moendas engolindo a cana, o apito que anunciava o começo
e fim da jornada e o cheiro da cana no ar viraram lembranças e histórias do
tempo em que a água do Piracicaba era utilizada para resfriar as colunas de
destilação, acionar as turbinas de geração elétrica e encaminhar o restilo.
O Engenho Central foi transformado em um espaço cultural que sedia
eventos de projeção nacional e internacional, como a Festa das Nações,
Paixão de Cristo, Salão Internacional de Humor, Simpósio Internacional e
Mostra de Tecnologia e Energia Canavieira (Simtec). Nele, está localizado
o Teatro Municipal Erotídes de Campos.
155
Italianos empresários
Quase 50% dos empresários que operavam de forma regular em
Piracicaba, entre 1889 a 1930, eram italianos, de acordo com estudo realizado
a partir de uma amostragem de 69 empresas de capital totalmente nacional.
Na distribuição dos empresários de acordo com a origem étnica, a pesquisa
mostra ainda que 13% eram brasileiros, 1,5% austríaco, 1,5% espanhol,
1,5% tiroles e 1,5% alemão. Não foi apurada a proporção das demais
nacionalidades.
A professora Ana Maria Romano Carrão, do Centro de Estudo e
Pesquisa em Administração da Unimep (Universidade Metodista de
Piracicaba), realizou o trabalho em parceria com a pesquisadora colaboradora
da Unicamp, Maria Beatriz Bianchini Billac. Ela acredita que esse número
pode chegar a 86% se forem considerados os sobrenomes que, embora
supostamente italianos, não puderam ser confirmados como tais.
As empresas dos imigrantes se caracterizavam pelo pequeno porte.
Juntas, elas empregavam aproximadamente 8% da mão de obra, seguidas
pelas Oficinas Dedini (6%), a Refinadora Paulista, Monte Alegre (39%),
Companhia Industrial e Agrícola Boyes (34%) e Societé Sucrèries
Brésiliennes, Engenho Central (12%).
O período de mais acentuado crescimento no número de empresas foi
de 1921 a 1930, com destaque para os anos de 1924 (quando foram abertas
12), 1926 (nove) e 1930 (oito firmas novas). Das 12 instaladas em 1924,
nove eram destinadas à produção e comercialização de açúcar e aguardente,
com predominância para as italianas.
Sobre as áreas de atuação nas quais os imigrantes das diversas origens
atuaram e os locais em que eles acabaram se instalando na cidade, a
professora Ana Maria disse que há somente indícios de que os imigrantes
estiveram fortemente ligados às áreas de alimentação (açúcar, aguardente,
pães, beneficiamento de fubá e arroz), vestuário (ternos e chapéus) e
produção de calçados.
Descendentes
Estima-se em torno de 55% a 65% os descendentes de italianos em
Piracicaba, segundo o Memorial do Imigrante. Seus antepassados viram na
imigração para o Brasil a solução para a onda de desemprego que assolava a
Itália. Os fazendeiros brasileiros, por sua vez, tiveram de buscar alternativas
a partir de 1850, quando a Lei Eusébio de Queiroz passou a proibir o tráfico
negreiro e os preços dos escravos subiram muito.
O governo colaborou na atração de imigrantes ao criar, em 1871, uma
156
Società Italiana
Mútuo Di
Soccorso,
fundada em
novembro
de 1887
lei que permitia a emissão de apólices de dinheiro para
ajudar a pagar a passagem e instalação das famílias.
As sociedades de mútuo socorro foram sendo
organizadas pelos italianos que já estavam instalados
no país para garantir a subsistência, orientação e união
dos conterrâneos recém-chegados. Em Piracicaba, foi criada, em 13 de
novembro de 1887, a Società Italiana Di Mútuo Soccorso.
Os estrangeiros que chegaram com conhecimentos tecnológicos ou
algum capital investiram em pequenos comércios e nas primeiras indústrias,
sempre voltadas para a agricultura canavieira, de acordo com Evaristo
Marzabal Neves (Revista do IHGP - novembro/1999). Grande contingente
deles, no entanto, permaneceu por muito tempo trabalhando duramente no
campo como empregado, especialmente a partir do século XX. Não foi só
essa a dificuldade para os
imigrantes. No início da
SOCIEDADES BENEFICENTES EM ATIVIDADE
década de 40, por exemplo,
cidadãos de origem alemã e
• Societá Italiana di Mútuo Soccorso - 1887
italiana eram atacados nas ruas.
• Sociedade Beneficente Espanhola - 1898
No Jornal de Piracicaba
• Sociedade Sírio Libanesa - 1902
de 23 de setembro de 1942, a
• A Sociedade Beneficente 13 de Maio, 1901,
Associação Comercial de
que surgiu nos mesmos moldes das
imigratórias, mas prestando assistência
157
aos negros contra a repressão.
Piracicaba comunicava que os “súditos” alemães, italianos ou japoneses
que tivessem ou fossem sócios de empresas tinham de comunicar à Junta
Comercial ou ao Cartório de Registro Geral qual o gênero do negócio ou
objeto de comércio, o capital ou parte dele que detivessem, o nome e a
nacionalidade de pessoas físicas e jurídicas estrangeiras, seus sócios ou
acionistas e o número e valor das quotas e ações. A medida tinha uma
explicação: o mundo vivia a Segunda Guerra e todo cuidado com eventuais
“traidores da Nação” era considerado essencial.
Quatro anos depois, ainda no Jornal, era citado o texto de Geraldo
Rezende, um representante das classes patronais brasileiras na Conferência
Internacional do Trabalho em Paris (França), que destacava o “quão vantajoso
era dispor da mão de obra europeia naquele momento de fragilidade do
Velho Mundo”.
Além de conseguir braços para a lavoura, na opinião do articulista, o
Brasil baratearia seu custo de vida e ganharia projeção mundial “enorme”
caso conseguisse “dar de comer ao mundo”. Na Europa, segundo ele, faltava
adubo, as colheitas eram muito pequenas e, comparada à sua extensão territorial,
a população de 45 milhões de pessoas era insignificante para a época.
O próprio Jornal de Piracicaba noticiava, dias depois, que estrangeiros
“imbuídos de ideias políticas” eram indesejáveis e que os demais deveriam
vir aos poucos e ser escolhidos “a dedo”. Além de apresentarem uma conduta
que não perturbasse “a ordem vigente e a harmonia”, os estrangeiros não
poderiam estar acometidos dos flagelos causados pela guerra e pela miséria.
OUTRA VISÃO - O fato de o mercado de trabalho não ter se
desestabilizado com a vinda dos imigrantes fez com que, já nos anos 50,
passassem a ser vistos pela população local de uma outra maneira.
De acordo com a professora da Unimep Maria Thereza Miguel Peres,
as crônicas demonstravam admiração por eles ajudarem a cidade a prosperar
e a projetar-se no Estado como importante centro de progresso agroindustrial.
Nesse período, segundo ela, surgiram os comendadores, quase todos
de famílias italianas, bem-sucedidos e ricos: Mário Dedini, Morganti, Antonio
Romano, Almeida, entre outros. O título, inicialmente, era distribuído pela
Igreja Católica aos que se destacavam nas obras assistenciais e similares.
No Memorial dos Imigrantes, com sede em São Paulo, é extensa a lista
com os nomes de italianos relacionados a Piracicaba. Entre os empresários
estão Pedro Morganti e o império industrial que construiu; Vincenzo
Orlando, Carlo Carmignani, DeI Nero e Cia. e Pasquale D’Ambrosio, com
fábrica de cerveja; Emilio Bertozzi e Cia. e Giovanni Batista Cardinali, com
158
fábrica de macarrão; Giuseppe Petrin, com fábrica de doces; Antonio
Monaco, Cesare Bortolazzo, Umberto Cosentino, Fratelli Negri, Giuseppe
Schiavinato, Alessandro Balistiero, Luigi Sangelmie, Mario Dedini, com
fábrica de construção e reparação de carroças. Vittorio L. Furlan, Alfonso
Senofonte Pecorari, Pasquale Guerrini, com serraria e fábrica de móveis;
Alcibiade Bottene, Dino Corazza, Fratelli Paterniani e Guerino Bottene, com
oficina mecânica; Abramo Manfrinato, Antonio Nardi e Figli, e Fratelli
Sansigolo, Giuseppe Simoni, Margherita Zarac Vincenzo Mauro e Fratelli,
com fábrica de móveis; Antonio Bellini, com fabbrica di colchões; Cesare
Brozzi, Delmo Brozzi e Fratello, com fábrica de sabonetes; Settimo Giustic e
Figli, com fábrica de meias; Luigi Leonardi, com marmoraria; Emilio Adamoli
e Figli e Fratelli Peresin, con fabbriche di vassouras de palha; Carlo Cossa e
Figli, com fábrica de couro; Augusto Baldo e L. Bottene, com fábricas de
artigos de couro; Nicola Labate e Spoto e Cia, com fábrica de calçados.
Como comerciantes ou negociantes, os italianos lembram Olimpio
Consolmagno, Mazzonetto e Cia, Domenico Vizioli, Giuseppe Appezzato,
Antonio Testa, Enrico Umberto, Olimpio Barsotti, Natale Boldrini, Vincenzo
Rondo, Giuseppe Dommarco, Vincenzo Rigitano, Primo Falzoni, Francesco
Maiolino, Giuseppe Fasanaro, Michele Zilio, Antonio Cardinali, Umberto Al
drovandi, Antonio Bcrgamini, Aldo Benatti, Francesco Mitidieri, Giulio Scalanari,
Francesco Nucci, Fratelli Cofani, Luigi Verderesi, Pasquale Gatti, Pietro Chiarini,
Battista Signorelli, Giuseppe Testa, Pasquale Casale, Giocondo Bandiera, Agostino
Antonucci, Giovanni Moretti, Giuseppe Rosário Losso, Ermínia Lagato, Raffaele
ltali, Pucci e Fratelli, Frediano Giovannetti, Santo Belloni, Ludovico Pevatelli,
Antonio Botti, Antonio Sciarantola, Vincenzo Nardi. Como profissionais, os
italianos lembram Rosário Averna Saccà, Lucia Manica, Inês Fraschini e
Maria Testa, Enrico Trotta, Ottavio Dalla Libera e Mario Schraider.
Entre as famílias de italianos que contribuíram para o crescimento de
Piracicaba estão os Martini, com os “Doces Martini”, e os Orlando, com a
tradicional Gengi-birra. As histórias são marcadas pelo trabalho árduo e
persistente da italianada.
De volta ao tempo, na pacata Piracicaba daquela época, o som da Ave
Maria anunciava a aproximação da ximbica do Neguinho que adoçava a vida
dos moradores diariamente. O Neguinho era o italiano Agostinho Martini
Neto, proprietário da indústria de “Doces Martini”, que teve início muitos
anos antes, no fundo de quintal de sua casa, onde sua mãe fazia, em um
tacho, as cocadas que ele vendia pela cidade, quando menino. Com uma
cesta debaixo do braço, ele percorria as casas e conquistava a freguesia.
A fábrica propriamente dita teve início em 1930, na rua Moraes Barros,
159
Agostino, ao
lado da ximbica,
uma relíquia da
família Martini
em uma casa que existia em frente a um bosque que
ficava onde hoje é o estádio Barão da Serra Negra.
Dois anos depois, foi transferida para a rua Boa Morte, na esquina com a rua
Gomes Carneiro. Os negócios prosperavam e a família decidiu comprar
uma chácara na rua Ipiranga, onde até hoje está instalada a indústria que
ganhou expressão nacional.
Os doces eram feitos em tachos e mexidos com espátulas de madeira.
Não havia água encanada e luz. No início as vendas eram feitas de charrete,
mas, em 1939, melhorou com o Fordinho 28, comprado de Lélio Ferrari, que
o havia transformado em um furgão. Agostinho chamava o veículo de ximbica,
uma relíquia da família até hoje.
As vendas cresciam e a ximbica logo foi substituída por uma frota de
furgões que permitiu a venda dos doces para fora de Piracicaba. A primeira
cidade foi Iracemápolis. Na empresa, a família exibe, com orgulho, um dos
carros utilizados na entrega dos doces e os três tachos do início da indústria.
Os doces Martini são vendidos para todo o Estado de São Paulo. São
cocadas, pés-de-moleque, queijadinhas, paçocas, doces de mamão, doces
de batata-doce, doces sírios de goma, além de compotas e geleias.
160
Dupla irresistível
Espumoso e com gostinho de limão, aquele refrigerante incolor caiu
no gosto do povo, principalmente das crianças, logo que foi lançado no início
do século XX. Na verdade, a gengi-birra surgiu em São Paulo, em 1870, e foi
trazida a Piracicaba 28 anos depois, em 1898, pela família Andrade. Mas foi
há 100 anos, com Vicente Orlando e sua família, que o refresco gasoso passou
a ser a bebida da família piracicabana a partir de 1913, quando teve início a
produção numa fábrica de bebidas instalada no Bairro Alto, à rua 15 de
Novembro, onde permaneceu dois anos, antes de ser transferida para a rua
Benjamin, antiga rua da Glória. Em 1920, os Orlando iniciaram a produção da
etubaína, à base de banana, pêssego, morango e pera.
No começo, a gengi-birra e a etubaína chegavam aos bares e residências
em carroça ou carrinho de mão. Os entregadores enfrentavam as ruas de
terra batida. Em 1937, Vicente e os filhos Caetano e José compraram um
caminhão Chevrolet para atender Piracicaba, que se expandia, e levar os
sabores da marca até cidades vizinhas.
Eram vendidas cerca de 100 dúzias de gengi-birra por dia, mas no final
do ano, durante as festas, a procura aumentava muito. Para não deixar os
Rótulo de identificação
da Gengi-birra
161
fregueses na mão, os funcionários produziam durante o ano todo para estocar.
Aquele refresco fermentado à base de gengibre, açúcar e limão cortado
com casca ganhou tanta fama que em muitas residências, antigamente, os
domingos eram dias de macarronada, frango e gengi-birra. A etubaína também
dava sabor especial às reuniões das famílias. O auge foi nos anos 60 e 70,
época de boas vendas. Com o surgimento das marcas famosas, os bares e
restaurantes deixaram de vender apenas os refrigerantes regionais.
Em 1987, as máquinas da fábrica Orlando silenciaram. Findou-se a fabricação
própria, mas a força da marca Orlando, sob a administração de Renato e seus
filhos Maria Elisa e Eduardo Orlando, resistiu aos tempos e completa 100
anos, mantendo o sabor inigualável da dupla etubaína e gengi-birra.
Dedini consolida perfil açucareiro
A empresa Dedini é um capítulo à parte na história de Piracicaba. Nos
anos 50, por exemplo, a cidade era considerada rica por causa do dinamismo
da indústria Dedini. Tudo começou em 1920, quando Mário Dedini instalou
uma modesta oficina de carpintaria e ferraria para
consertos de carroças e charretes. Paulatinamente,
passou a fazer reparos em engenhos nos períodos
Complexo
de entressafras da cana-de-açúcar.
metalúrgico
Em 1929, com a crise do café e o crash na
Dedini, na Vila
Rezende, na
década de 50
162
Bolsa de Valores de Nova York, o que dificultou a importação de
equipamentos, os irmãos Armando e Mário Dedini passaram a produzir peças,
aceitando os engenhos usados como forma de pagamento.
Para ter acesso à tecnologia importada, Mario Dedini desmontou um
engenho que havia adquirido no Rio de Janeiro, transportou-o em lombo
de boi até Piracicaba, onde estudou a tecnologia utilizada no processo de
montagem. A partir daí, os empresários brasileiros não precisaram mais
comprar, no exterior, equipamentos para o complexo canavieiro.
A empresa começou a se destacar, também, na fabricação de moendas e
caldeiras e a pequena oficina se tornou decisiva no desenvolvimento da
indústria sucroalcooleira da cidade e acabou resultando na criação da M.
Dedini S/A Metalúrgica. A partir de então, o grupo amplia o mercado de
atuação, diversifica os produtos e instala novas unidades.
Em seu livro Concentração e Desconcentração Industrial em São Paulo
(1880-1990), o economista Barjas Negri afirma que a “Dedini foi
fundamental na formação de um proletariado local fundamentalmente
metalúrgico”. Sua afirmação demonstra a relevância da empresa no aspecto
da organização industrial do município.
Economia doce
A cana-de-açúcar sempre esteve presente na economia de Piracicaba,
mesmo quando o café se tornou a principal cultura do país, transformandose em riqueza nacional e enriquecendo muitos fazendeiros. Ao lado de Jundiaí,
Mogi das Cruzes e Sorocaba, Piracicaba integrava o chamado “quadrilátero
do açúcar”, que se tornou o maior centro produtor de açúcar do Estado de
São Paulo e foi desfigurado com a chegada do café.
O economista Pedro Ramos conta que os municípios, com exceção
de Piracicaba, abdicam-se da cana, substituindo-a totalmente pela planta
de aroma e sabor inconfundíveis. Precavidos, os fazendeiros locais
aderem à euforia do café, sem, no entanto, abandonar de vez a cana-deaçúcar, promovendo a convivência das duas culturas no período entre
1850 a 1880. Depois disso, segundo Ramos, as atividades ligadas à cana
voltam a predominar.
A importância e o impacto da introdução e da concentração da produção
açucareira em Piracicaba e áreas mais próximas são avaliados pelo economista
com base no número de engenhos existentes: em 1798 havia apenas três;
um ano depois, nove; e em 1816 eram 18 engenhos e mais 12 em construção.
Já em 1836, a então Vila Nova da Constituição destacava-se como uma
das principais produtoras de açúcar para exportação no Estado de São Paulo,
163
Engenho
Monte Alegre
foi fundado
em 1887
com 78 engenhos. Proliferam-se as oficinas mecânicas
para consertos dos engenhos, até a chegada dos Dedini,
no século XX, que viria a ser “a matriz geradora da
indústria local”, como define a professora Eliana Terci.
Segundo ela, a dupla cana-café teve uma convivência saudável no
município, que entrou na contramão do contexto da época, quando o café
estava em alta, modernizando a produção açucareira com a fundação do
Engenho Central (1881) e do engenho de Monte Alegre (1887),
fundamentais para a economia local. Com a quebra do café, em 1929, a cana
toma conta das terras de Piracicaba, consolidando o perfil canavieiro que se
mantém em destaque até os anos 40. Em 1926, o prefeito Luiz Dias Gonzaga
já reclamava, em entrevista ao Jornal de Piracicaba, da compra crescente de
terras por proprietários de engenhos.
As usinas, consideradas os embriões da indústria atual em Piracicaba
até a década de 30, produziram açúcar num ritmo superior ao do estado.
Segundo trabalho coordenado pelo economista Renato Maluf, relacionado
ao desenvolvimento do mercado e trabalho no município, é a partir de 1930
que a região e a cidade vão viver singular processo de desenvolvimento
capitalista, incrementado pelas usinas.
A partir da segunda metade da década de 40, Piracicaba alcançava
164
significativa posição na expansão da produção
açucareira e canavieira nacional, que
representou “o início de um processo
irreversível de transferência de hegemonia da
região nordestina para a região Centro Sul, com
destaque para a posição que o Estado ocuparia”,
afirma a professora Maria Thereza Miguel Peres.
Das décadas de 40 a 60, Piracicaba registra
o gradativo desaparecimento das chamadas
engenhocas. As unidades que processavam a
cana tiveram de se transformar em usinas e, as
que não se adaptaram, acabaram fechando as
portas. Os produtores de alambiques, que
também eram muitos, não resistiram à
modernidade. Para se ter ideia das modificações,
nos anos 30, em São Paulo, 79% do açúcar era
proveniente de usinas e 21% de engenhos. Em
1940, esses números foram para 85% e 15%,
respectivamente.
Em 1950, quando Juscelino Kubitschek
promove a industrialização e a modernização
da economia do país, Piracicaba está embalada
no dinamismo da indústria Dedini, que tinha
sua atividade voltada para o complexo
canavieiro. Em novembro de 1950, o Jornal de
Piracicaba referia-se à cidade como o maior
município açucareiro do Estado, destacando a
produção de aguardente pela família
D´Abronzo, com a empresa Tatuzinho. Foi o
jingle da empresa que deu a Piracicaba a fama
de terra da pinga boa.
O recenseamento de 1953 constatou que
Piracicaba era de fato o maior município produtor
de cana do Estado, com cerca de 16% do total
produzido. Na produção nacional, ficou somente
atrás de estados como São Paulo, Pernambuco,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
Ao lado do açúcar, destacava-se a produção
de álcool, aguardente, tecidos de algodão,
165
tijolos e telhas. Em 1958, o editorial do Jornal declarava a cidade como
“Capital açucareira do Brasil”.
O Proálcool impulsiona a economia
Não há como falar da economia piracicabana sem mencionar o Proálcool
(Programa Nacional do Álcool), criado pelo Governo Federal na década de
70, quando o mundo vivia a crise do petróleo, com redução da produção e
elevação dos preços. O programa teve duas fases: de 1975 a 1979, quando o
álcool anidro era misturado com a gasolina; e de 1980 a 1985, de consolidação,
quando o álcool hidratado passou a substituí-la. O carro a álcool foi lançado
em 1979. Cinco anos depois, quase 95% da frota nacional era movida por
este combustível, que se tornou alternativa às oscilações do preço do petróleo.
Na primeira fase do Proálcool, a indústria açucareira passava por uma
crise provocada pela queda acentuada nos preços internacionais do produto,
perda de mercados preferenciais, expansão da produção de açúcar de beterraba
por outros países e pelo processo de substituição do açúcar de cana por
outros adoçantes.
A solução para os usineiros foi anexar destilarias de álcool às unidades
produtoras de açúcar, o que permitiu ao setor livrar-se da crise.
A segunda fase privilegia a instalação de destilarias autônomas. Estimase que o programa tenha gerado 600 mil empregos diretos e indiretos, dois
166
Primeiro carro a álcool
Na década de 30, o piracicabano João Bottene, chamado de “gênio
mecânico”, percorreu cerca de oito quilômetros de terra batida, que
ligavam a cidade à usina de açúcar, no bairro Monte Alegre, com um
Fordinho 29 movido a álcool.
Bottene teria iniciado suas experiências com o uso de álcool em
motores de explosão estacionários e em seu Fordinho, numa oficina
mecânica que ficava na rua 13 de Maio com o córrego Itapeva, hoje
avenida Armando de Salles Oliveira. Segundo o seu filho Artemio, na
primeira metade do século o pai utilizava o seu carro com êxito. Ele
chegou a ir a São Paulo com o seu Fordinho movido a álcool.
Informações levantadas por Artemio indicam que o veículo resistiu por
muitos anos, superando o gasogênio de 1942.
Ainda na década de 30, na Usina Monte Alegre, de propriedade de
Pedro Morganti, que o contratou como gerente técnico da oficina de
manutenção de equipamentos, João Bottene prosseguiu com suas
experiências adaptando os motores dos automóveis e caminhões para
o consumo do álcool. E não parou aí: construiu barcaças fluviais para o
transporte de cana, acionadas por motores de caminhão também
transformados para o uso de álcool e chegou a realizar testes com o
seu avião Piper Club PP-TXT, utilizando o álcool com combustível.
Em 1980, o ex-folclorista e advogado João Chiarini publicou, no Diário
de Piracicaba, que as companhias americanas, fornecedoras de
gasolina, “boicotaram e bloquearam o nascedouro do empreendimento
que se antecipara 47 anos aos modelos contemporâneos de carros a
álcool”. Ele escreveu ainda que José Vizziolli, graduado pela Escola de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e pela Universidade de Cornell,
nos Estados Unidos, criou o motor a álcool e que João Bottene
condicionou o veículo ao combustível.
167
terços no Estado e, grande parte, durante a crise que durou de 1981 a 1983.
Entre as safras de 1975/76 e 1979/80, a produção no interior cresceu sete
vezes, representando 70% da produção nacional.
Economistas afirmam que o Programa Nacional do Álcool impulsionou
as atividades das indústrias de equipamentos para agroindústria canavieira.
“O município pode ser considerado o grande centro de produção nacional
de destilarias, já que nele estão localizadas as duas principais empresas
produtoras - a Codistil S/A e a Conger”, afirma Eliana Terci, citando ainda o
Grupo Dedini e a Zanini como as duas indústrias beneficiadas pelo Proálcool.
Em 1983, tem início o declínio do programa. Em 1989, há crise de
abastecimento e, nove anos depois, o Proálcool foi abandonado pelo
governo, culminando, em 1999, com uma crise aguda: sobra de álcool,
excedente de açúcar, baixos preços e restrições à queimada de cana. Naquele
ano ocorreu a desregulamentação do setor por parte do governo.
Piracicaba torna-se cidade industrial
Nos anos 40, Piracicaba já apresentava aspectos socioeconômicos que
expressavam de forma mais definida “a imagem de uma cidade industrial
com amplas disposições para o progresso”. A avaliação é da professora
Maria Thereza Miguel Perez.
Após a Segunda Guerra, segundo ela, ocorreram transformações que
suscitaram imagens veiculadas pela imprensa de cidade moderna, em
consonância com o que ocorria no país. Os indicadores dessa modernidade
eram a produção industrial, a redefinição e ampliação de áreas residenciais e
comerciais com ruas largas e avenidas, os arranha-céus, o automóvel, a
televisão e o telefone.
Na relação dos municípios mais populosos do estado, em 1950, Piracicaba
aparece em sétimo lugar, com 87.835 habitantes, tendo somente Sorocaba e
Ribeirão Preto à sua frente no interior. Apenas 22 dos 369 municípios, na ocasião,
tinham mais de 50 mil habitantes e somente quatro mais de 100 mil. Além da
evolução populacional, a taxa de urbanização e a densidade demográfica eram
significativas, próximas à tendência geral do estado. Em termos comparativos,
na década de 40/50, a taxa média anual de crescimento em Piracicaba foi 0,68%.
No estado, 2,71%. De 50 para 60, cresceu para 4,05% na cidade e 3,84% no
Estado. Os cálculos são do economista Renato Maluf.
Entre 1936 e 1956, as rendas federais de Piracicaba aumentaram 5.001%,
revelando percentuais significativos de progresso que conferiu à cidade,
em 1954, 38o. lugar entre as cidades brasileiras de maior renda. Entre as
paulistas, ela ficou em 15o.". (Jornal de Piracicaba – 10/04/1957).
168
A cidade ganha nova
cara com o alargamento
das avenidas Armando
de Salles e Centenário
Para “coroar” o boom da
expansão industrial, verificado
entre 1950 e 1960, em 1957 o
prefeito Luciano Guidotti recebeu,
do então presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira, o prêmio
“Município mais Progressista do
Brasil”, conferido pelo concurso de grande repercussão política nacional,
promovido pela revista O Cruzeiro e pelo Instituto Brasileiro de
Administração Municipal (Ibam).
Na época, o governo estadual de Jânio Quadros dava total apoio a
Piracicaba. O Brasil estava inserido no contexto internacional monitorado
pela ideologia do nacional desenvolvimentismo, iniciada nos anos 40 com
Getúlio Vargas e que marcaria a gestão de JK.
Guidotti, apesar de descrito por historiadores como “inculto e
semialfabetizado”, tornou-se um empresário rico e de sucesso com uma
concessão da General Motors. Foi na sua época, como prefeito, que a cidade
viveu uma grande transformação urbanística, com alargamento de avenidas,
asfaltamentos, construções de edifícios e loteamentos em bairros distantes.
169
CONCENTRAÇÃO - Perto da década de 40, as indústrias apresentavam
tendência para se concentrar nas proximidades da Estação Sorocabana. Na
região ficavam as serrarias Guerrini e Kock, a fábrica de filtros e a fundição
do Doutor Otavio Teixeira Mendes, a fábrica de ladrilhos Carracedo, os
“estabelecimentos de João Bottene” de fabricação dos pregos dos trilhos e
de consertos das locomotivas e a fábrica de balas Nechar.
“Para muitos empreendedores, lá estava o local ideal para a expansão
industrial. Mas, a partir de 1941, com a construção da Estação Sorocabana, a
seção de reparos e consertos da empresa foi transferida para Sorocaba, deixando
ocioso o prédio recém-construído e a indústria foi-se expandindo no
sentido horizontal da cidade, pela Cidade Alta ao longo da rua Santa Cruz,
esvaziando tal expansão junto à estação”. (Jornal de Piracicaba – 1/5/1957)
As atividades comerciais e parte das industriais ainda se mantinham na
área urbana, próximas às ruas centrais, e já desencadeavam problemas pelo
movimento de chegada e saída dos veículos nas fábricas, dificultando a circulação
dos demais veículos e pessoas nessas ruas. Os ruídos, a fumaça e a poeira
industrial obrigaram a revisão no zoneamento da cidade.
Na Vila Rezende estava a segunda concentração industrial, com a
presença específica de atividades mecânicas e metalúrgicas expandidas a
partir da iniciativa do Grupo Dedini, ou seja, a siderúrgica, a Codistil e a
Metalúrgica Dedini.
Parque industrial
A monocultura da cana predominava na economia de Piracicaba na década
de 70, mais precisamente em 1973, quando o então prefeito Adilson Maluf
criou o primeiro distrito industrial de Piracicaba - o Unileste, instalado às
margens da rodovia SP-304. Na época, estudos apontavam as terras próximas
de Anhembi, consideradas impróprias para a cultura agrícola, como local
ideal para a instalação de um Distrito Industrial.
Sem dar ouvidos àqueles que, segundo o jornalista Cecílio Elias Neto,
alertavam para os problemas imediatos que a “industrialização desorganizada”
poderia trazer, como o “acréscimo excessivo da população, falta de empregos,
de habitação, de escola, com o consequente processo de favelização, aumento
de criminalidade, insegurança etc”, Maluf anunciava a vinda da Caterpillar
e, pouco tempo depois, da Phillips do Brasil.
Uma reportagem no jornal O Estado de São Paulo de 1º de agosto de
1974, intitulada “Piracicaba opta pelas indústrias”, revelava um pouco da
euforia que a ampliação do setor industrial causava. Só a Caterpillar, que
estava em fase de instalação no Unileste, geraria cinco mil empregos.
170
Unileste, às
margens da
rodovia SP-304
“Desde a criação do distrito Unileste, a Prefeitura
vem investindo maciçamente no desenvolvimento
industrial, ao mesmo tempo em que procura atrair
grandes empresas nacionais e estrangeiras”, afirmava
O Estado. Especificamente sobre o distrito, o jornal registrou que a Prefeitura
preparava a área, dotando-a de infraestrutura para a implantação de cinco grandes
empresas que haviam tido seus projetos aprovados.
Quarenta anos depois de sua criação, o Unileste conta com cerca de
120 empresas, entre elas, companhias tradicionais e algumas das maiores
fontes de arrecadação de impostos para a cidade, como Caterpillar Brasil,
Case, Delphi, Bom Peixe, Café Morro Grande, Candura, Elring Klinger,
Transportadora Rodomeu, Weidmann, Fundiart, Stork. São em torno de 15
a 20 mil funcionários.
O Distrito Unileste foi o precursor de todos os conceitos de
empreendedorismo e de geração de empregos, nas últimas décadas, para
Piracicaba. Foi a partir da construção do núcleo industrial que as projeções
de outros distritos foram intensificadas.
171
Distrito Industrial
Uninorte foi criado
em 1998
UNINORTE – Criado em 1998, somente em 2009
a Prefeitura concedeu alvará para o distrito industrial
Uninorte. O loteamento também recebeu licença de
instalação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
Atualmente, são cerca de 75 empresas associadas em quase um milhão de
metros quadrados estrategicamente localizados. O Uninorte fica próximo ao
anel viário e de várias rodovias importantes que margeiam a cidade, o que facilita
o escoamento dos produtos, além de transformar o distrito em ponto econômico
estratégico. O Distrito dispõe de pavimentação asfáltica de alta qualidade e estação
autônoma para tratamento de esgoto e de redes de água e energia elétrica
adequadas. No Uninorte, estão empreendimentos como Dedini, Acemil,
Faromar, Ananda Metais, Aroma Biocombustíveis, Biocane, Rezentrac,
Unimil, Supricel Logística, Puma Tambores e Transportadora Courier.
O último dos distritos industriais é o Uninoroeste. Criado pela Lei
Complementar nº 175 de 2 de agosto de 2005, o Distrito Industrial localizado
na região noroeste de Piracicaba possui cinco milhões de metros quadrados.
Lá estão instaladas as empresas CJ do Brasil e Biomim Brasil Nutrição Animal.
Em 2012, teve início em Piracicaba uma das iniciativas mais arrojadas
das últimas décadas com a chegada do Parque Automotivo. A Hyundai passou
a fabricar, em Piracicaba, o HB20, mudando de maneira radical o perfil
industrial do município.
172
O total de colaboradores na planta brasileira da Hyundai fica em torno de
2,7 mil pessoas. Além dos funcionários que estão na montadora de veículos, há
os trabalhadores que atuam nos fornecedores automotivos coreanos, que também
estabeleceram unidades produtivas no Distrito. Isso representa mais três mil
empregos diretos para economia local. O Parque Automotivo em Piracicaba
gera mais de cinco mil empregos diretos e outros 22 mil indiretos.
Do total de funcionários da montadora coreana, cerca de 80% é de Piracicaba
e região. Isso se deve à preocupação da empresa de estimular a economia local,
com aquecimento na quantidade de empregos com alto grau de qualificação, o
que também diversifica o ambiente econômico de toda a região.
A montadora coreana fabrica cerca de 150 mil veículos por ano, capacidade
da planta industrial de Piracicaba. O valor do investimento da unidade chega a
US$ 600 milhões, além de outros US$ 300 milhões na construção das empresas
fornecedoras. O HB20 representa a chegada da montadora coreana à fatia do
mercado automobilístico, maior e mais competitiva, responsável por 60% das
vendas: os compactos. O modelo tem como principais concorrentes carros como
o Novo Gol, Novo Palio, Novo Uno e o Fox.
Indústrias diversificadas
Falar sobre a indústria em Piracicaba é relembrar uma história marcada
pelo empreendedorismo e inovação. De empreendimentos como a fábrica
de canoas de Antonio Corrêa Barbosa no século XVIII, passando pelo
Engenho Central e Arethusina, até a chegada das grandes multinacionais na
metade do século XX, a cidade modernizou seu parque industrial, tornandose referência em desenvolvimento e tecnologia.
O parque industrial de Piracicaba conta com 1.219 empreendimentos
que atuam e recolhem tributos no município e que respondem pelos seguidos
superávits na balança comercial de Piracicaba. São mais de 40 mil pessoas
empregadas na área industrial local. Os dados são do Ministério do Trabalho.
O setor de produção de açúcar e álcool representa um capítulo à parte
na economia de Piracicaba. A vocação para este mercado está ligada à história
do município com as grandes propriedades de terra e os engenhos que
marcaram o desenvolvimento do município. Desde o início de sua história,
a cidade se destacou pelas grandes marcas na produção de aguardente, como
Tatuzinho e a Cavalinho.
Atualmente, as atividades ligadas ao setor são realizadas em usinas,
refinarias e terminais portuários. O Grupo Raízen, um dos mais importantes
do país, é uma joint venture criada a partir da fusão de negócios da Shell e
Cosan, em junho de 2011, para impulsionar o desenvolvimento sustentável
173
no mercado de energia, para fazer do etanol uma commodity, sem perder de
vista o compromisso com o meio ambiente e com a qualidade de vida das
pessoas. São cerca de 40 mil funcionários. Com 24 unidades, a Raízen produz
dois bilhões de litros de etanol por ano, quatro milhões de toneladas de
açúcar, gera 940 MW de energia elétrica a partir do bagaço da cana-deaçúcar e comercializa 22 bilhões de litros de combustíveis em todo o país.
Atualmente, o conglomerado Raízen atua nos mercados de distribuição de
combustíveis, produção de açúcar, etanol e bioeletricidade e trading.
Além das unidades produtoras de álcool e etanol, o setor conta com a
força dos produtores agrícolas ligados à Cooperativa dos Plantadores de
Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), referência para quem vive do
plantio da cana e da agricultura. Presidida por Arnaldo Bortoletto, a entidade
de 65 anos conta com cerca de nove mil produtores associados, que contam
com serviços de assistência e assessoria agronômica e veterinária de altíssima
qualidade. Além de acompanhar o desenvolvimento dos produtores rurais
e incrementar a diversificação de culturas, a entidade tem o compromisso
de subsidiar as demandas sazonais e lutar por política justa. A Coplacana
oferece mais de 12 mil itens utilizados na agricultura. O atendimento é feito
nas lojas na matriz e nas 21 filiais espalhadas pelo Brasil.
O crescimento na produção de açúcar e álcool fez o município se tornar
referência no setor sucroalcooleiro, com o surgimento da agroindústria. A
nomenclatura abrange não só as usinas de açúcar e álcool, mas evidencia a
existência de empresas com produção relacionada à cadeia produtiva do
açúcar e, principalmente, do álcool utilizado como combustível – o etanol.
O Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla) foi criado para intensificar
a expressão mercadológica das empresas piracicabanas do setor em um
contexto internacional. O Apla reúne destilarias, indústrias, instituições e
centros de pesquisa. A articulação do arranjo integra o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, governo do Estado de
São Paulo e a Prefeitura de Piracicaba.
O Arranjo discute alternativas da cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro,
com diminuição dos custos de produção e aumento da competitividade. Entre
os parceiros estão a Associação Comercial e Industrial de Piracicaba, Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, o Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC), sindicatos e empresas relacionadas ao setor sucroalcooleiro.
No bairro Santo Antonio, próximo ao Monte Alegre, está o Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC), criado em 2004 quando a então Coopersucar
abriu o seu capital e deixou de ser a mantenedora dos programas de pesquisas.
Foram 25 anos de atuação do Centro de Tecnologia Coopersucar, que ficou
reconhecido internacionalmente como referência em tecnologia da
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agroindústria da cana-de-açúcar. Com a reestruturação, tornou-se uma
associação civil de direito privado, formada por produtores de cana, açúcar
e álcool do Brasil, com o objetivo de investir no desenvolvimento de
variedades de cana mais produtivas e agregar qualidade à produção de açúcar
e álcool. O CTC tornou-se o principal centro mundial de desenvolvimento
e integração de tecnologias da indústria sucroenergética. Em 2011, foi
transformado em Sociedade Anônima (S.A).
Para se manter na vanguarda das pesquisas ligadas ao setor canavieiro,
Piracicaba conta com o Parque Tecnológico, que tem como objetivo
incentivar a pesquisa de biocombustíveis e bioenergia, com a integração
entre educação e mercado. Lá estão instados a Faculdade de Tecnologia de
Piracicaba (Fatec), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de São Paulo (IFSP), a Esalqtec, incubadora de tecnologia da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz, o Centro de Apoio ao Negócio (CAN) central administrativa da Raízen, o Arranjo Produtivo do Álcool (Apla). Há
ainda uma série de empreendimentos paralelos, particulares, como condomínios,
hotéis e centros de convenções em andamento.
A iniciativa do Parque Tecnológico é uma parceria entre a prefeitura e a
Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São
Paulo.
Caterpillar Brasil
foi instalada em
Piracicaba na
década de 70
175
Outras empresas
Apesar da vocação para os setores açúcar e álcool, agroindústria e
máquinas, o parque industrial de Piracicaba conta com grandes e importantes
empresas. Instalada em Piracicaba desde a década de 70, a Caterpillar Brasil
vem investindo em alta tecnologia, adotando modernos conceitos para
flexibilizar suas operações e oferecer produtos e serviços da mais alta
qualidade. Esses investimentos permitiram-lhe desenvolver forte perfil
exportador de produtos, como escavadeiras hidráulicas, compactadores,
carregadeiras de rodas, motoniveladoras, retroescavadeiras e tratores de esteiras.
Em novembro de 2013, a Caterpillar inaugurou uma unidade no Distrito
Unileste: a fábrica de Remanufatura & Mangueiras.
A indústria de base em Piracicaba se destaca no parque industrial local,
com a participação de empresas como a Dedini, NG Metalúrgica, Femaq,
Mausa e a ArcelorMittal. O conceito desse tipo de empreendimento é simples:
toda indústria que produz matéria-prima para outra empresa é classificada como
indústria de base. O segmento industrial também é conhecido como indústria
de bens de produção (ou indústria pesada) e diz respeito principalmente aos
ramos siderúrgico, metalúrgico, petroquímico e de cimento.
A NG Metalúrgica planeja projetos para os segmentos de papel e celulose,
química e petroquímica, alimentos e equipamentos para produção submarina
de petróleo. A empresa também atua na fabricação de peças e equipamentos
sob desenho para diversos segmentos da cadeia de bens de capital.
A Mausa S/A Equipamentos Industriais, fundada por João Bottene e
Romeu de Souza Carvalho para construir centrífugas para açúcar e filtros
rotativos a vácuo, fornece equipamentos para diversos setores, como
sucroalcooleiro, alimentício, químico, farmacêutico, papel e celulose,
mineração, siderúrgico, hidroelétrico. Sua linha de fabricação é composta
principalmente por centrífugas automáticas, contínuas, filtradoras e
separadoras; filtros rotativos a vácuo, de pressão, autofiltros e filtros prensa;
bombas de vácuo e pontes e pórticos rolantes.
A Femaq tem como clientes empresas dos ramos da indústria
automobilística, geração de energia, indústria de papel e celulose, naval
(offshore), petrolífera, alimentícia, entre outros.
A Dedini S/A Indústrias de Base é um dos mais importantes grupos
empresariais do país, que se destaca como líder mundial no fornecimento
de equipamentos e plantas completas para o setor sucroalcooleiro.
Atualmente, possui fábricas em Piracicaba, Sertãozinho e Maceió. Outra
empresa do grupo é a Codistil Nordeste, localizada em Recife. A empresa
mantém comércio na América do Sul, América do Norte, América Central,
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Caribe, Ásia, Oceania e Sudeste Asiático.
A Dedini surgiu há 93 anos, por iniciativa de Mário e Armando César
Dedini, em uma pequena oficina instalada na Vila Rezende. Sua forte atuação
contribuiu para consolidar o perfil açucareiro de Piracicaba. Em 1943, foi
fundada a Codistil (Construtora de Destilarias Dedini), que iniciou suas
atividades reformando alambiques e, posteriormente, especializou-se na
produção e instalação de destilarias de álcool e aguardente. Em 1955, é criada
a Dedini S/A Siderúrgica, hoje ArcelorMittal.
A ArcelorMittal, antigas Belgo e siderúrgica Dedini, foi constituída em
2006 pela fusão da Mittal Steel e da Arcelor. A empresa tornou-se a maior
siderúrgica do mundo, com aproximadamente 300 mil empregados em 61
países e produção de 1032,3 milhões de toneladas de aço (dados de 2009). A
unidade de Piracicaba dedica-se à produção de vergalhões para a construção
civil, utilizando sucata metálica como principal insumo em sua aciaria elétrica.
A diversidade da indústria local engloba também o ramo de papel e celulose.
A Oji Papéis Corporation, fábrica de papéis especiais e líder mundial no
segmento, está localizada no tradicional bairro Monte Alegre, cuja história
teve início em 1804, quando o latifundiário padre Joaquim Amaral Gurgel
fundou a fazenda de mesmo nome. O Engenho Monte Alegre foi criado
com a união das fazendas Taquaral e Monte Alegre, em 1824, sendo
desativado em 1980.
Italiano da província de Lucca, região da Toscana, Pedro Morganti entra
para a história do bairro em 1910. Ele comprou Monte Alegre e, anos depois,
em 1924, instalou a Refinadora Paulista. Sua trajetória de vida revela que ele
chegou ao Brasil pobre, mas que graças à sua visão empreendedora construiu
um dos maiores patrimônios de Piracicaba ao ingressar para a indústria
açucareira, numa época em que o setor vivia uma fase de ouro. Ele constituiu
a “família montealegrina”, segundo a doutora em História, professora Maria
Thereza Miguel Peres. Seus estudos sobre Pedro Morganti constataram que
para seus ex-empregados e os descendentes deles, o usineiro ainda ocupa o
espaço similar ao de um pai. Envolvia-se nos variados aspetos das vidas das
famílias que trabalhavam para ele. A comunidade organizada pelo italiano
chegou a ter cinco mil pessoas, que contavam com padaria, armazém, farmácia,
barbearia, ambulatório médico, bar e até cinema.
Com os filhos de Morganti, o tradicional bairro viu surgir, em outubro
de 1953, a fábrica de papel e celulose utilizando o bagaço da cana. Com o
passar dos anos, vieram as vendas das usinas, fábrica, fazendas. A Refinadora
Paulista foi vendida para a família Silva Gordo em 1971 e, nove anos depois,
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surge a Indústria de Papel Piracicaba (IPP), sob o comando do Grupo Simão.
Em 1992, a unidade é incorporada pela Votorantim Celulose e Papel (VCP).
Nova negociação e da fusão da VCP com a Aracruz Celulose S/A surge a
Fibria Celulose S/A, em setembro de 2009. Após dois anos, em 30 de setembro
de 2011, a fábrica é adquirida pela Oji Papéis, que ajuda a preservar e a difundir
a história do bairro Monte Alegre. As construções históricas do lugar, muitas
em ruínas, são testemunhas da grandeza do império construído por Morganti.
Os mais antigos relembram, saudosos, dos tempos em que Monte Alegre
pulsava forte, como uma verdadeira cidade. Agora, o empresário Wilson
Guidotti Junior, o Balu, quer que o bairro renasça como polo turístico e
cultural. Ele está recuperando as casas da antiga Vila Heloisa.
Ainda no ramo de papel e celulose, a unidade da Klabin de Piracicaba foi
incorporada em 1967 com a aquisição da Cia. Manufatura de Papel Embalagens,
do grupo Dedini. A unidade de Piracicaba é recicladora de papéis do Brasil,
além de ser considerada a mais moderna unidade produtora de papéis reciclados
da companhia, com fornecimento de matéria-prima para a confecção de caixas
de papelão ondulado.
O setor industrial de alimentação é desenvolvido em Piracicaba com
empresas de destaque não só no Brasil, mas também em nível internacional.
Localizada no distrito industrial Unileste, o Café Morro Grande trabalha
intensamente para levar aos consumidores uma bebida que proporcione
benefícios ao corpo e à mente. O objetivo da empresa é oferecer produtos
com padrão internacional de qualidade.
A história do Café Morro Grande começou a ser escrita em 1930 e, até
hoje, mantém-se atualizada, sempre acrescida de novos capítulos que detalham
conquistas como a modernização fabril, as certificações de qualidade e as
ações de responsabilidade social.
Desde 1981, a Bom Peixe Indústria e Comércio atua no mercado de
atacado de pescados e frutos do mar, oferecendo uma ampla variedade de
produtos e atendendo todo o território nacional. Atualmente, a Bom Peixe é
uma empresa de marca forte, que conquistou a confiança de clientes e
consumidores. Com instalações industriais de última geração, as máquinas e
equipamentos proporcionam maior segurança e qualidade desde a manipulação,
congelamento, embalagem e armazenamento dos produtos.
Outra empresa conhecida pela fabricação de alimentos industrializados é
a Mondeléz Internacional, antiga Kraft Foods, localizada na avenida Cássio
Paschoal Padovani. A marca Kraft, presente no Brasil desde 1993, ano em
que adquiriu a Q-Refreski, foi substituída em outubro de 2012, com a cisão
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do negócio norte-americano. Em Piracicaba, a Kraft havia adquirido a Nabisco
em julho de 2000 e se tornado a segunda maior empresa de alimentos do
mundo e a primeira em lucratividade. A fábrica Nabisco funcionou muitos
anos no Bairro Alto, onde eram produzidos o macarrão Aurora e as famosas
bolachas Júpter.
Construção civil
O setor imobiliário vive um momento de plena expansão. A cidade
cresce por todos os lados. São obras residenciais, comerciais e industriais.
Na zona rural e área urbana, surgem os condomínios horizontais e
verticais. São empreendimentos para atender todas as classes sociais,
construções de alto padrão, menores e mais populares. Atualmente, estão
em construção, em Piracicaba, cerca de 20 mil unidades habitacionais. A
Prefeitura Municipal tem, por meio de convênio com a Caixa Econômica
Federal e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU),
incentivado a habitação popular com a entrega de casas, reduzindo o déficit
habitacional estimado, em 2013, em cerca de seis mil moradias para famílias
de baixa renda.
Preocupado em reordenar e planejar o crescimento da cidade, a partir
de 2014, o Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba (Ipplap)
começa a escrever o novo Plano Diretor do município, que vem sendo
discutido e delineado em fórum aberto com a sociedade e lideranças de
vários setores. A proposta é criar “regiões satélites” para dar autonomia aos
bairros distantes do centro, que terão acesso à mobilidade, às escolas, às
compras, ao trabalho e lazer. O objetivo é o desenvolvimento ordenado e
sustentável de Piracicaba.
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O Diário de Piracicaba (coleção)
Jornal de Piracicaba (coleção)
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Perfil Piracicaba - Publicação da Diehl Editora, 2011
Revista de Promoção de Vendas e Merchandising do Comércio Varejista - fevereiro 71
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba - coleção
Revista Raízen - Ano 3 no. 1o. abril a junho 2013
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www.femq.com.br
Assessorias:
Alfapress Comunicações
Assessoria de Imprensa da Bom Peixe
Assessoria de Imprensa da Cosan
Assessoria de Imprensa do Governo do Estado de São Paulo
Assessoria de Imprensa da Femaq
Assessoria de Imprensa da ArcelorMittal
Assessoria de Imprensa da Oji Papéis
Assessoria de Imprensa da Raízen
Centro de Comunicação Social da Prefeitura de Piracicaba
De Castro Assessoria de Imprensa
Departamento de Comunicação da Acipi
Emdhap - Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba
In Press Porter Noveli
Ipplap - Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba
GWA Comunicação Integrada
MBM Escritório de Ideias
Memorial dos Imigrantes de São Paulo
Ozônio Propaganda
Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano do Estado de São Paulo
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Livro de Ouro
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