CIDADANIA Aprendizado para a vida Escolas de música do SESI
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CIDADANIA Aprendizado para a vida Escolas de música do SESI
CIDADANIA Aprendizado para a vida Escolas de música do SESI formam profissionais-cidadãos prático e teórico da música tem proporcionado a crianças e jovens atendidos pelo SESI novas perspectivas sociais e, muitas vezes, profissionais. DÉCADA DE 70 Nos últimos 20 anos, Florêncio ocupou funções de destaque na Polônia, como a de regente do Grande Teatro da Ópera de Lodz e a direção musical da Ópera Estatal de Wiroclaw. Prestes a assumir o cargo de maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, Florêncio dá a exata dimensão da importância do aprendizado musical (veja entrevista nas páginas 10 e 11). “O visionário Thomas Pompeu de Souza Brasil Neto (ex-presidente da CNI) sabia algo que o Brasil até hoje não quer reconhecer plenamente: o estudo da música não tem de necessariamente formar artistas, mas, sim, cidadãos. Se dermos ao nosso povo a oportunidade de aprender música, o Brasil terá melhores bancários, médicos, enfermeiras, operários, professores”, acrescenta. É com base nessa filosofia que até hoje os dirigentes e professores do Centro ministram suas aulas. “Antes de sermos maestros, somos educadores”, diz Márcio Mendonça, professor e atual maestro da Banda de Música do SESI-CE. A maior parte dos alunos, revela, é proveniente de bairros pobres e de áreas consideradas de risco. “Trabalhamos a música como forma de mudança na comunidade da redondeza”, explica Mendonça, que também estudou no Centro. Mais disciplinadas, mais sensíveis e mais bem informadas, as crianças modifi- O regente Fermanian, o violinista Varujan (primeiro à esquerda) e a Orquestra de Cordas: com música no sangue SEBASTIÃO ALVES DE SOUZA O violinista cearense Vazken Varujan, de 15 anos, está apenas começando sua carreira de músico, mas já tem um ponto em comum com seu conterrâneo José Maria Florêncio, atual maestro da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Ambos iniciaram os estudos de música no Centro de Formação de Instrumentistas do SESI, em Fortaleza (CE). Varujan ganhou uma bolsa de estudos e está com viagem marcada para a Áustria. Florêncio volta da Polônia, depois de 20 anos, para assumir a regência da orquestra paulistana. Descobrir talentos, como o jovem violinista e o experiente maestro, é apenas uma conseqüência do trabalho desenvolvido por escolas de música, bandas e orquestras do SESI espalhadas por diversas partes do País. O estudo 7 sesi87A.indd 7 24/06/2006 02:15:48 CIDADANIA a música eu não seria nada”, diz o violinista, que se prepara para estudar na Europa. TALENTO JOVEM Em Minas Gerais, a Orquestra de Câmara do SESI completa 20 anos de atividades com 600 concertos no currículo e o status de ser uma das iniciativas mais importantes da entidade. Tradicionalmente, a orquestra cumpre parte da agenda promovendo concertos em festas e eventos de empresas no Estado. “Trouxemos a Orquestra SESIMinas na semana de prevenção de acidentes e foi um sucesso”, comemora Gilberto da Silva, técnico de Segurança do Trabalho da Riza Refratários, fábrica com 156 empregados. Uma das características desses concertos é a apresentação que o maestro faz, de forma descontraída e didática, de cada um dos instrumentos da orquestra. “No início, os trabalhadores ficam admirados e depois gostam muito do aprendizado”, explica. “A necessidade de formar músicos nos levou a criar a nossa escola de instrumentistas de corda”, diz Marco Antônio Maia Drumond, maestro das orquestras da entidade. A música tem revelado talentos e mudado o destino de muitos jovens. “Foi o violoncelo que me escolheu”, afirma Patrícia Pedrosa, de 17 anos, que começou a estudar, por acaso, há dois anos. Hoje, ela é integrante da Orquestra Jovem SESIMinas, outra iniciativa considerada como referência nacional na formação musical de jovens. Com 60 músicos, a orquestra vem aumentando sua agenda de apresentações, que já extrapolou os limites de Minas Gerais e começa a ser conhecida em outras regiões do SEBASTIÃO ALVES DE SOUZA FERNANDO FIUZA Orquestra Jovem: referência nacional e CD com obras de Ernst Mahle cam para melhor seus familiares. “Pais até deixam de bater nos filhos”, conta. Vazken Fermanian, maestro da Orquestra de Cordas desde sua criação, na década de 70, e avô do violinista Varujan, lembra que pelo menos 250 ex-alunos da instituição já passaram ou ainda atuam em orquestras brasileiras e do exterior. “Temos anualmente cerca de 240 alunos, dos quais entre 10 e 15 saem para o mercado de trabalho.” O jovem Varujan resolveu seguir os passos do avô e começou a estudar violino aos 8 anos. “Hoje, posso dizer que sem Orquestra de Câmara: em 20 anos de atividades, 600 concertos 8 sesi87A.indd 8 24/06/2006 02:15:49 DIVULGAÇÃO CERTIFICADO ABRE PORTAS No Rio Grande do Sul, 250 crianças e jovens são atendidos pela Escolinha e Orquestra Infanto-Juvenil, projeto iniciado em 1999, nos Centros de Atividades do SESI de Lajeado e de Estrela. A Orquestra apresentou-se nos últimos dois anos para um público estimado em 45 mil pessoas. “Muitos alunos deixam a escola com a possibilidade de obter uma renda com o que aprenderam aqui”, diz o maestro e professor Edson Wietholter. Mas o aprendizado vai muito além da música. “Trabalhamos a auto-estima, o conhecimento geográfico, a experiência de grupo e a sociabilização”, acrescenta. O maestro conta que os alunos ganham certificado ao final do curso, um diferencial na hora de conseguir um emprego. “Um aluno nosso foi contratado, superando outros candidatos, porque tinha esse certificado”, revela. Os profissionais de recursos humanos, explica, sabem que alunos com essa formação têm maior comprometimento e envolvimento com o trabalho. “Além da música, aprendi muito em relação a comportamento”, afirma. O SESI-RS ainda mantém uma orquestra de 15 músicos em parceria com a Fundação Municipal de Artes de Montenegro (Fundarte), cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. Com 320 concertos realizados em aproximadamente cem cidades, atraiu um público de 178 mil pessoas. Orquestra SESI/Fundarte: público de 178 mil pessoas De Marechal Deodoro para o Brasil No município de Marechal Deodoro, distante 36 quilômetros de Maceió (AL), filhos de pescadores têm a oportunidade de encontrar na música uma opção profissional. Promover a inserção social de crianças carentes é o objetivo primordial da Banda de Música do SESI (foto). Criada pelo maestro Manoel Alves de França, em 1966, depois de alguns anos a prefeitura assumiu o controle da banda até há dois anos, quando a administração da cidade decidiu desativá-la. O SESI então adotou a banda, salvando-a da extinção. “A maioria dos 50 integrantes é filho de pescador”, diz o atual maestro Antonio Tarciso Pereira, bacharel em música e trombonista. Outras 50 crianças, de 7 a 9 anos, estudam na Escola de Música do SESI, que as prepara para o possível ingresso na banda. Quem inicia a educação musical desses pequenos é o maestro Manoel Alves de França, agora aos 81 anos de idade. “Ele é o fundador da banda e, por amor ao trabalho, continua conosco até hoje”, diz o maestro Pereira. SESI/ALAGOAS País. A tendência é de os alunos da escola de instrumentistas serem aproveitados na orquestra. Patrícia diz que a música modificou sua vida. “Sou uma pessoa mais feliz”, garante. A musicista e futura técnica em administração tem planos de seguir carreira na área de gestão cultural. “Mas a música sempre estará na minha vida”, acrescenta. 9 sesi87A.indd 9 24/06/2006 02:15:51