O Processo de Definição de um Freight Forwarder
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O Processo de Definição de um Freight Forwarder
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE BACHARELADO ADMINISTRAÇÃO – LINHA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM COMÉRCIO EXTERIOR VANESSA LAUERMANN O PROCESSO DE DEFINIÇÃO DE UM FREIGHT FORWARDER NAS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO AÉREAS E MARÍTIMAS: ESTUDO DE CASO AGCO DO BRASIL UNIDADES DE CANOAS E SANTA ROSA SÃO LEOPOLDO 2011 VANESSA LAUERMANN O PROCESSO DE DEFINIÇÃO DE UM FREIGHT FORWARDER NAS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO AÉREAS E MARÍTIMAS: ESTUDO DE CASO AGCO DO BRASIL UNIDADES DE CANOAS E SANTA ROSA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração Linha de Formação Específica em Comércio Exterior, pelo Curso de Administração Linha de Formação Específica em Comércio Exterior da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Orientador: Prof. Ms. Rafael Vescovi Bassani SÃO LEOPOLDO 2011 Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo e Regina, que lutaram sempre ao meu lado para que este sonho se realizasse. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus por mais esta conquista em minha vida. Por ter me dado forças, garra, coragem para superar todos os obstáculos desta longa jornada, e ter colocado em minha vida pessoas tão especiais, que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos. Aos meus pais, Paulo e Regina, meu muito obrigada por tudo o que sempre fizeram por mim, pelo amor, dedicação, confiança e carinho. Vocês são meus maiores exemplos. À Zulma e Luiz, que, junto com meus pais, me ensinaram aquilo que os livros não ensinam, a ser uma grande pessoa, com ética e caráter. Ao meu orientador e amigo, Rafael Vescovi Bassani, muito obrigada por todo o auxílio, dedicação, profissionalismo e por todo o conhecimento transmitido ao longo da realização deste trabalho. Aos meus colegas da AGCO, meus sinceros agradecimentos pela contribuição na confecção do estudo. Aos meus amigos, por compreenderem minha ausência e me apoiarem para a concretização deste sonho. RESUMO A globalização trouxe inúmeras mudanças à estrutura das empresas, exigindo estratégias eficientes que as tornem competitivas frente à concorrência. Desta forma, muitas organizações optaram pela terceirização de determinadas atividades logísticas, com empresas especializadas, a fim de manter o foco em seu core business. Dentre os prestadores de serviço logístico, destaca-se o freight forwarder, responsável por todo o transporte internacional da carga, bem como peculiaridades na origem e destino. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar o processo de definição de um freight forwarder para as operações de importação aéreas e marítimas da AGCO do Brasil em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. O estudo teve caráter qualitativo, e o nível de pesquisa foi exploratório e explicativo. A coleta de dados foi feita através de observação participante, análise de documentos e entrevistas semiestruturadas com profissionais da empresa, visando à caracterização da organização, bem como a identificação das vantagens e desvantagens na contratação de um freight forwarder para a AGCO do Brasil; os atributos salientes, importantes e determinantes considerados pela empresa na contratação de um freight forwarder; e apresentação do processo atual desenvolvido pela companhia. Estes dados possibilitaram a proposição um roteiro para o processo de definição de um freight forwarder para a AGCO do Brasil em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. A fundamentação teórica aborda temas como importação, transporte, serviço, terceirização, prestador de serviço logístico, atributos, planejamento estratégico, negociação e gestão da cadeia de suprimentos. Desta forma, o presente trabalho propõe-se a auxiliar a AGCO do Brasil no processo de definição de um freight forwarder, bem como demonstrar aos agentes de carga quais são os atributos determinantes para contratação dos seus serviços. Palavras-chave: Logística. Importação. Terceirização. Freight forwarder. Atributos. ABSTRACT Many companies have changed their structure due to the effect that the globalization has caused in the international business. In order to keep themselves stronger than the competition and focus on its core business, many companies decided to implement efficient strategies, such as outsource their logistic activities. Considering the logistic service providers, one that stands out is the freight forwarder, responsible for the international logistic of the cargos, as well as the peculiarities of the origin and in the destination. The main idea of this research is to analyze the defining process for selecting a freight forwarder to the import operation of AGCO Brazil – its plant in Canoas and Santa Rosa. The study was qualitative, and the level of research was exploratory and explanatory. The data was gathered by participant observation, documents analyses and semistructured interviews with some company employees. All of them were focused on: the characteristic of the company; in the identification of the advantage and disadvantage for AGCO Brazil to hiring a freight forwarder; in the attributes considered salient, important and determinant to the business in order to hire a freight forwarder; the presentation of the current process developed by the company. These data allowed proposing a guideline to define the process of having a freight forwarder for AGCO Brazil’s plants in Canoas and Santa Rosa. The theoretical bases mentions some subjects such as import, transport, service, outsourcing, logistic service provider, attributes, strategic planning, negotiation and supply chain management. With all mentioned consideration, the current study not only supported AGCO do Brasil with the process of definition of a freight forwarder, but also showed the agents which attributes are determinants for selecting AGCO’s freight forwarder. Keywords: Logistics. Import. Outsourcing. Freight forwarder. Attributes. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Principais atividades do PSL .................................................................... 36 Figura 2 – Gestão da Cadeira de Suprimentos ......................................................... 44 Figura 3 – Metodologia de Pesquisa ......................................................................... 51 Figura 4 – Foto aérea da Unidade de Canoas/RS .................................................... 54 Figura 5 – Foto aérea Unidade de Santa Rosa/RS ................................................... 55 Figura 6 – Foto aérea Unidade de Mogi das Cruzes/SP ........................................... 55 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Incoterms 2010 ....................................................................................... 18 Quadro 2 – Agentes Intervenientes ........................................................................... 23 Quadro 3 – Entrevistados .......................................................................................... 49 Quadro 4 – Visão da AGCO ...................................................................................... 56 Quadro 5 – Missão da AGCO.................................................................................... 56 Quadro 6 – Valores da AGCO ................................................................................... 57 Quadro 7 – Vantagens da Utilização de um Freight Forwarder................................. 60 Quadro 8 – Desvantagens da Utilização de um Freight Forwarder ........................... 62 Quadro 9 – Atributos Relacionados: Entrevistado 1 .................................................. 64 Quadro 10 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 1 .......................................... 66 Quadro 11 – Atributos Relacionados: Entrevistado 2 ................................................ 67 Quadro 12 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 2 .......................................... 68 Quadro 13 – Atributos Relacionados: Entrevistado 3 ................................................ 69 Quadro 14 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 3 .......................................... 70 Quadro 15 – Atributos Relacionados: Entrevistado 4 ................................................ 71 Quadro 16 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 4 .......................................... 73 LISTA DE SIGLAS ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. APAT – Associação dos Transitários de Portugal. AWB – Air waybill. B/L – Bill of lading. CI – Comprovante de importação. CRT – Conhecimento de transporte rodoviário. DAC – Departamento de Aviação Civil. DI – Declaração de importação. DTA – Declaração de trânsito aduaneiro. FCL – Full container load ou carga total do container. I.I. – Imposto de importação. IATA – International Air Transport Association ou Associação Internacional de Transporte Aéreo. IPI – Imposto sobre produtos industrializados. LCL – Less than container load ou menos que uma carga de container. MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. MRP I – Material requirements planning ou planejamento de requerimento de materiais. MRP II – Manufacturing resource planning ou planejamento dos recursos de manufatura. PLs – Party logistics. PSL – Prestador de serviço logístico. RFB – Receita Federal do Brasil. SCM – Supply chain management ou gerenciamento da cadeia de suprimentos. Siscomex – Sistema integrado de comércio exterior. SRF – Secretaria da Receita Federal. TIF – Internacional de transporte ferroviário. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................. 13 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 14 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 14 1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 14 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 17 2.1 IMPORTAÇÃO .................................................................................................... 17 2.1.1 Incoterms ........................................................................................................ 18 2.1.2 Agentes Intervenientes .................................................................................. 21 2.1.3 Documentos .................................................................................................... 23 2.1.3.1 Fatura Pro Forma .......................................................................................... 23 2.13.2 Fatura Comercial ou Commercial Invoice....................................................... 24 2.1.3.3 Packing List / Romaneio ................................................................................ 24 2.1.3.4 Declaração de Importação (DI) ..................................................................... 25 2.1.3.5 Nota Fiscal .................................................................................................... 25 2.1.3.6 Conhecimento de Embarque ......................................................................... 26 2.1.3.7 Certificado de Origem.................................................................................... 27 2.2 TRANSPORTE .................................................................................................... 27 2.2.1 Transporte Aéreo ........................................................................................... 28 2.2.2 Transporte Marítimo ....................................................................................... 28 2.2.3 Transporte Rodoviário ................................................................................... 29 2.2.4 Transporte Ferroviário ................................................................................... 30 2.2.5 Transporte Dutoviário .................................................................................... 31 2.3 SERVIÇO ............................................................................................................ 32 2.3.1 Terceirização dos serviços logísticos .......................................................... 33 2.3.1.1 Prestador de Serviço Logístico (PSL)............................................................ 35 2.4 ATRIBUTOS ........................................................................................................ 37 2.5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..................................................................... 38 2.5.1 Estratégia Logística ....................................................................................... 39 2.6 NEGOCIAÇÃO .................................................................................................... 40 2.7 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ....................................... 42 2.7.1 MRP ................................................................................................................. 44 2.7.2 Gestão de Estoques ....................................................................................... 45 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS ......................................................................... 47 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................... 47 3.2 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE ............................................................ 48 3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS ................................................................. 49 3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS ................................................................ 50 3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO E ESTUDO ............................................................ 51 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................... 53 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................... 53 4.1.1 Missão, Visão e Valores ................................................................................. 56 4.2 VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DE UM FREIGHT FORWARDER ..................... 58 4.3 DESVANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DE UM FREIGHT FORWARDER ............. 61 4.4 ATRIBUTOS ........................................................................................................ 63 4.4.1 Atributos – Entrevistado 1 ............................................................................. 64 4.4.2 Atributos – Entrevistado 2 ............................................................................. 66 4.4.3 Atributos – Entrevistado 3 ............................................................................. 69 4.4.4 Atributos – Entrevistado 4 ............................................................................. 71 4.4.5 Comparação dos Resultados ........................................................................ 74 4.5 O PROCESSO ATUAL ........................................................................................ 74 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 77 5.1 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ....................................................... 79 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 80 GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 84 APÊNDICE A – Roteiro de entrevista ........................................................................ 85 ANEXO A – Formulário Cotação Bidding AGCO do Brasil: Frete aéreo ................... 86 ANEXO B – Formulário Cotação Bidding AGCO do Brasil: Frete marítimo (FCL) .... 87 ANEXO C – Formulário Cotação Bidding AGCO do Brasil: Frete marítimo (LCL) .... 88 12 1 INTRODUÇÃO O mundo globalizado trouxe inúmeras mudanças às estruturas das empresas, exigindo um posicionamento estratégico para vencer a concorrência. Dentro deste contexto, a preocupação com atividades logísticas é cada vez mais efetiva, pois estas serão determinantes para o desenvolvimento de empresas, regiões, e do país (BALLOU, 2009). Em um mercado tão competitivo, torna-se impossível manter-se em crescimento sem dar a devida atenção ao assunto, uma vez que a [...] logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes (BALLOU, 2009, p. 27). Para Dornier et al. (2000, p. 37), “logística e operações nunca antes desempenharam papel tão importante nas organizações” e o autor completa com a idéia de que “mudanças nas expectativas dos clientes ou na localização geográfica continuamente transformam a natureza dos mercados”. Segundo Brasil (2011), o mês de outubro de 2011 apresentou exportações de US$22,140 bilhões e importações de US$19,785 bilhões, com superávit de US$2,355 bilhões. No ano, as exportações brasileiras totalizam US$212,139 bilhões e as importações, US$186,749 bilhões, com saldo positivo de US$ 25,390 bilhões. Comparando janeiro a outubro de 2011 com o mesmo período de 2010, houve um acréscimo de 29,9% na média de exportações e de 25,5% nas importações. Ou seja, mesmo com todas as barreiras atribuídas às importações, pode-se verificar, nos números apresentados, que, atualmente, muitas organizações estão investindo na aquisição de produtos e serviços vindos de fora do país. Devido ao crescente cenário de trocas entre países, o transporte tornou-se fundamental para que as operações fossem bem sucedidas. A logística no Brasil ainda apresenta muitas deficiências, principalmente do que tange às questões de infraestrutura, que afetam tanto operações de importação quanto exportação (VIEIRA, G., 2009). Dentre os modais de transporte oferecidos, dois são de grande importância e largamente utilizados: aéreo e marítimo. Ambos possuem custos e características 13 operacionais (serviços, rotas, capacidade de transporte) bem diferenciadas, o que facilita o processo de decisão (RODRIGUES, 2010). Segundo Pozzo e Finger (2010), os agentes de carga tem grande importância neste processo, pois coordenam todo o transporte da mercadoria, desde a origem até o destino final, oferecendo os mais variados tipos de serviços, previamente acordados com o importador ou exportador. Desta forma, o presente estudo pretende compreender o processo de definição de um freight forwarder nas operações de importação, aéreas e marítimas da AGCO do Brasil, em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. A seguir serão apresentados a definição do problema, a questão de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos específicos. O trabalho segue com a fundamentação teórica e os métodos e procedimentos utilizados neste estudo. Posteriormente, apresenta-se a análise dos resultados obtidos e as conclusões da pesquisa. 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA Com o intuito de assegurar um posicionamento competitivo no mercado, as empresas percebem a necessidade de criar alianças estratégicas com provedores especializados, a fim de obter êxito no transporte de suas mercadorias e a satisfação do cliente final, podendo concentrar seus esforços em sua real atividade (POZZO; FINGER, 2010). Segundo Porter (1990, p. 51), “inter-relações entre unidades empresariais podem ter uma influência poderosa sobre a vantagem competitiva, reduzindo o custo ou acentuando a diferenciação”. “Para importadores e exportadores, é praticamente inviável a realização de uma transação internacional sem a relação com outros agentes no processo” (POZZO; FINGER, 2010, p. 1). Surge, então, uma peça chave nas transações internacionais: os agentes de carga, também denominados freight forwarders ou International Freight Forwarders – IFF. Estes intermediários, contratados pelo importador ou pelo exportador, encarregam-se de todo o transporte da carga, da origem ao destino, oferecendo serviços que vão desde o transporte propriamente dito, até embalagem, etiquetagem e paletização. Além disso, quando solicitado pelo cliente, podem fazer parcerias em projetos de redução de custo, otimização de recursos, solucionando falhas e melhorando o desempenho dos processos (POZZO; FINGER, 2010). 14 As parcerias efetuadas com freight forwarders tem um determinado tempo de duração, normalmente estipulado pela empresa que está contratando o serviço. Vários fatores levam a consolidação de parcerias de longo prazo, como custo, qualidade de serviço e agilidade no atendimento (POZZO; FINGER, 2010). Grandes indústrias vêem, no processo de importação, oportunidades de desenvolvimento e diferenciação de seus produtos frente à concorrência. Além dos fornecedores de materiais produtivos, é fundamental que sejam firmadas parcerias com agentes de carga, que serão responsáveis desde a liberação da mercadoria na origem, até a chegada na fábrica no destino final (NOVAES, 2004). Este é o caso da AGCO do Brasil, a qual teve seu processo de definição de um freight forwarder aqui estudado. Diante disto, o presente estudo se propõe a responder a seguinte pergunta: Como ocorre o processo de definição de um freight forwarder nas operações de importação aéreas e marítimas da AGCO do Brasil nas unidades de Canoas e Santa Rosa? 1.2 OBJETIVOS A fim de responder a questão problema apresentada, propõem-se os seguintes objetivos. 1.2.1 Objetivo Geral Analisar o processo de definição de um freight forwarder para as operações de importação aéreas e marítimas da AGCO do Brasil em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. 1.2.2 Objetivos Específicos • Caracterizar a AGCO do Brasil; • Identificar as vantagens e desvantagens na contratação de um freight forwarder para a AGCO do Brasil, em suas unidades de Canoas e Santa Rosa; 15 • Identificar os atributos salientes, importantes e determinantes para a escolha do freight forwarder pela AGCO do Brasil em suas unidades de Canoas e Santa Rosa; • Apresentar o processo de escolha de um freight forwarder na AGCO do Brasil, nas unidades de Canoas e Santa Rosa; • Propor um roteiro para o processo de seleção de um freight forwarder para a AGCO do Brasil nas unidades de Canoas e Santa Rosa. 1.3 JUSTIFICATIVA O fenômeno da globalização, cada vez mais presente no dia a dia de todos, tornou a logística uma atividade essencial para o desenvolvimento das empresas, como é possível observar no texto de Rodrigues (2010, p.160): Atualmente o conceito de Logística integrada tem uma amplitude muito mais dinâmica e global, abrangendo não somente todas as tarefas pertinentes à gestão de materiais, como também a coordenação sobre os processos de manufatura, embalagens, manuseios e movimentações, processamento e monitoramento de pedidos, distribuição física e gerenciamento da informação. Todo o processo logístico envolve mão de obra de diferentes departamentos, países, e, também, empresas especializadas em serviços diferenciados, que venham agregar valor ao processo. Este é o caso dos agentes de carga ou freight forwarders, que oferecem diversos serviços ligados ao transporte das cargas internacionais, dependendo do que o cliente necessita. Esses intervenientes podem reduzir substancialmente o custo do processo e, ainda, tornar o produto ou serviço mais atrativo aos olhos do cliente final (POZZO; FINGER, 2010). Segundo Associação dos Transitários de Portugal – APAT (2010), o agente de carga é responsável pela coordenação e organização de todas as operações de transporte, tratando as mercadorias de seus clientes como se fossem suas. Os contratos firmados entre empresas e freight forwarders contam com: [...] serviços de qualquer tipo, relativos ao carregamento, consolidação, armazenagem, manuseio, embalagem ou distribuição das mercadorias, incluindo, mas não se limitando, a assuntos legais e fiscais, declarações de mercadorias para fins alfandegários e providências de seguro para as mercadorias (VIEIRA; PASA; AREHART, 2008, p. 4). 16 Desta forma, o presente trabalho descreve o processo de definição de um agente de carga nas operações de importação, com foco no estudo de caso da empresa AGCO do Brasil, em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. Sendo assim, tem importância para a empresa, uma vez que fornecerá informações, que poderão ser utilizadas a fim de rever e aperfeiçoar os processos existentes. Além disso, é relevante para a academia, que necessita de estudos com este caráter para aperfeiçoar o ensino, tratando temas atuais e que demonstram a realidade do mercado competitivo em que as empresas e os profissionais estão inseridos. O estudo é uma oportunidade para outras empresas importadoras, que poderão utilizar este material como modelo para desenvolvimento e avaliação da forma como definem seus agentes de carga. Em contrapartida, os freight forwarders poderão encontrar, neste estudo, os principais critérios observados na contratação dos serviços de agenciamento de cargas de importação da AGCO do Brasil. Este trabalho contribuiu para o desenvolvimento da pesquisadora, que pôde adquirir maior domínio e conhecimento do tema, além do processo corrente e das possíveis melhorias para a empresa AGCO do Brasil, onde a autora trabalha. Profissionalmente, a mesma observa chances de crescimento dentro da empresa, uma vez que as conclusões obtidas são estratégicas, influenciando as vendas e a satisfação do cliente final. A concepção do estudo contribuiu não apenas para o amadurecimento da pesquisadora na companhia e em seus processos, como também alicerçou o aprendizado concebido ao longo da vida acadêmica, confrontando a teoria com o estudo prático. A experiência e sabedoria conquistadas pela autora, desde o início até a conclusão do projeto, são alicerces que possibilitam a formação de um profissional diferenciado. O estudo se torna viável pela possibilidade de acesso as informações, através do vínculo da pesquisadora com a empresa e, também, pelo interesse demonstrado pela AGCO do Brasil em estudar, de forma mais aprofundada, o processo de definição do freight forwarder para as operações de importação aéreas e marítimas das suas plantas em Canoas e Santa Rosa. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo tem como objetivo apresentar conceitos como importação, transporte, serviço, atributos, planejamento estratégico, negociação e gerenciamento da cadeia de suprimentos. Para Roesch (2009), a apresentação dos autores que são referências, recorrendo às citações e principais conceitos por eles apresentados, fundamentam o estudo, além de servirem como base para discussão nas considerações finais. 2.1 IMPORTAÇÃO Este tópico aborda o tema importação, para entendimento do conceito e procedimentos. “Denomina-se importação a entrada de mercadorias em um país provenientes do exterior” (RATTI, 2009, p. 314). Segundo Vieira, A. (2010), o Brasil iniciou em 1988, o processo de inserção no mercado internacional, através de uma nova política de comércio exterior. Para as importações, muitas foram às alterações neste período, como eliminação de barreiras, redução de impostos, reduzindo, assim, o protecionismo à indústria nacional. As importações podem ser com cobertura cambial, onde é feito remessa de valores ao exterior, ou sem cobertura cambial, quando não existe contratação de câmbio (BIZELLI; BARBOSA, 2002). Segundo Bizelli e Barbosa (2002, p. 48-49), as importações podem ser definitivas ou não-definitivas: a) Definitivas: ocorre quando a mercadoria vinda do exterior é nacionalizada independente da existência de cobertura cambial, ou seja, integrá-la a massa de riquezas do país com a transferência de propriedade do bem para qualquer pessoa aqui estabelecida; b) Não-definitivas: mercadorias onde não ocorre nacionalização, como por exemplo, mercadorias para exposição em feiras. Tendo conceituado o tema importação, faz-se necessária a compreensão de alguns tópicos do processo, como Incoterms 2010, agentes intervenientes e documentos de importação. Esses assuntos serão tratados nos tópicos seguintes. 18 2.1.1 Incoterms Este item aborda o estudo dos Incoterms, sua conceituação, as alterações realizadas em 2010, bem como o esclarecimento de cada um dos termos vigentes. Segundo Keedi (2010), os Incoterms (International Commercial Terms) são os instrumentos mais importantes do comércio exterior, pois as regras ali descritas definem os direitos e as obrigações entre importador e exportador, tais como: o ponto de entrega da mercadoria (onde cessa a responsabilidade do vendedor e se inicia a do comprador), quem será responsável pelo pagamento do frete, e contratação do seguro. A última revisão dos Incoterms foi publicada em setembro de 2010, e entrou em vigor em 1° de janeiro de 2011. O número de regras foi reduzido de treze para onze. Foram excluídos os termos DAF – Delivered At Frontier (entrega na fronteira), DES – Delivered Ex-Ship (entrega a partir do navio), DEQ – Delivered Ex-Quay (entrega no cais), DDU – Delivered Duty Unpaid (entregue com direitos não pagos); e incluídos os termos DAT – Delivered At Terminal (entrega no terminal) e DAP – Delivered At Place (entrega no local). O DAT substituiu o DEQ, e o DAP substituiu o DAF, DES e o DDU (LUNARDI, 2011). O quadro 1 relaciona os onze termos apresentados na última revisão, Incoterms 2010, bem como suas siglas e descrição do significado de cada uma delas. Quadro 1 – Incoterms 2010 ! ! !! Segundo Lunardi ! " # ! " ! " ! $ Fonte: Elaborado pela autora. (2010), cada um dos onze termos peculiaridades. O autor caracteriza os termos conforme a listagem: possui suas 19 • EXW – Ex Works (na origem, local de entrega designado): os bens são entregues no domicílio do vendedor (origem), sem a efetivação do desembaraço para exportação e sem carregamento no veículo coletor. É o incoterm que representa a menor responsabilidade para o vendedor, ao contrário do DDP. Possui apenas um ponto crítico para transferência de riscos e custos. O EXW pode ser utilizado em qualquer tipo de modal, inclusive multimodal. Além disso, possui algumas restrições para a exportação brasileira. • FCA – Free Carrier (livre no transportador, local de entrega designado): os bens são entregues ao transportador, que deve ser nomeado pelo comprador, no local convencionado, e já desembaraçados para exportação. Se o local de entrega é o domicílio do vendedor, este é responsável pelo carregamento. Porém, se for outro local, o vendedor não responde pelo carregamento. Tem apenas um ponto crítico para transferência de riscos e custos. O FCA pode ser utilizado em qualquer tipo de modal, inclusive multimodal. • FAS – Free Alongside Ship (livre no costado do navio, porto de embarque designado): os bens são entregues ao longo do costado do navio (no cais ou numa barcaça), que deve ser nomeado pelo comprador, no porto de embarque designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador no mesmo local. Este incoterm é utilizado somente no transporte por água (marítimo e águas internas). • FOB – Free On Board (livre a bordo, porto de embarque designado): os bens são entregues, já desembaraçados para exportação, a bordo do navio nomeado pelo comprador, no porto de embarque designado. Neste incoterm, riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador no mesmo local. É utilizado somente no transporte por água (marítimo e águas internas). • CFR – Cost and Freight (custo e frete, porto de destino designado): os bens são entregues, desembaraçados para exportação, a bordo do navio. O vendedor deve contratar e pagar o frete e custos necessários para levar os bens até o porto de destino combinado entre as partes. O 20 local de entrega é diferente do local de destino designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador em locais diferentes. Este incoterm é utilizado somente no transporte por água (marítimo e águas internas). • CIF – Cost, Insurance and Freight (custo, seguro e frete, porto de destino designado): os bens são entregues e desembaraçados para exportação, efetivamente, a bordo do navio. O vendedor deve contratar e pagar o frete e custos necessários para levar os bens até o porto de destino combinado, além de contratar e pagar a cobertura de seguro contra o risco do comprador de perda ou dano aos bens durante o transporte. O local de entrega é diferente do local de destino designado, ou seja, os riscos e os custos transferem-se do vendedor para o comprador em locais diferentes. Utilizado somente no transporte por água (marítimo e águas internas). • CPT – Carriage Paid To (transporte pago até o local de destino designado): os bens são entregues, já desembaraçados para exportação, ao transportador, em um local combinado entre as partes, com transporte contratado e pago pelo vendedor até um local de destino combinado. Tem um ponto crítico para transferência de riscos e outro para transferência de custos. Pode ser utilizado em qualquer tipo de modal, inclusive multimodal. • CIP – Carriage and Insurance Paid (transporte e seguro pago até o local de destino designado): os bens são entregues, desembaraçados para exportação, ao transportador, em um local acordado, com transporte e seguro contratados e pagos pelo vendedor, até um local de destino combinado entre as partes. Tem um ponto crítico para transferência de riscos e outro para transferência de custos. Pode ser utilizado em qualquer tipo de modal, inclusive multimodal. • DAT – Delivered At Terminal (entregue no terminal no porto ou local de destino designado): os bens são entregues descarregados no terminal do porto ou local de destino designado, sendo que o vendedor assume os riscos. Entretanto, o vendedor não responde pelo desembaraço e nem pelo pagamento dos direitos aduaneiros de importação. Os custos e riscos são do vendedor, até o descarregamento do veículo 21 transportador. Como terminal, este incoterm admite qualquer local, coberto ou não, tais como um cais, um armazém, um terminal de container, um terminal aéreo ou rodoviário. Possui apenas um ponto crítico para riscos e custos, que é o local de destino designado. Pode ser utilizado em qualquer tipo de modal, inclusive multimodal. • DAP – Delivered At Place (entregue no local de destino designado): os bens são entregues ao comprador, no veículo transportador, chegando ao destino convencionado, prontos para o descarregamento. O vendedor deve arcar com todos os riscos e custos para levar os bens até aquele lugar, mas não é responsável pelo desembaraço, tampouco pelo pagamento dos direitos de importação. Tem apenas um ponto crítico para transferência de riscos e custos, que é o local de destino. Pode ser utilizado em qualquer tipo de modal, inclusive multimodal. • DDP – Delivered Duty Paid (entregue no destino designado, com direitos pagos): o vendedor entrega os bens no destino designado e, à exceção do descarregamento final, deve arcar com todos os custos e riscos até aquele local, inclusive os relativos ao desembaraço e pagamento dos direitos de importação. O local de destino designado é o ponto crítico para transferência de riscos e custos. Ao contrário do EXW, trata-se da maior responsabilidade para o vendedor. Pode ser utilizado em qualquer tipo de modal, inclusive multimodal. Possui algumas restrições para importação brasileira. O tema Incoterms 2010 apresentado neste tópico, de acordo com bibliografia pesquisada, deve ser pautado no momento das negociações internacionais, e sua compreensão, bem como dos termos nele publicados, é necessária a importadores e exportadores. 2.1.2 Agentes Intervenientes O processo de distribuição física internacional abrange uma série de intervenientes, a fim de que todas as normas e requisitos dos países envolvidos sejam respeitados e cumpridos (PORTO, 2000 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011). No processo de importação, pode-se destacar a atuação dos despachantes 22 aduaneiros, da Receita Federal, dos agentes de carga, do transportador, além de importador e exportador, os quais serão analisados neste estudo. Segundo Receita Federal do Brasil – RFB (2011b) o despachante aduaneiro trata-se de um prestador de serviços de extrema importância para importadores e exportadores. Sob sua responsabilidade está a confecção da declaração aduaneira de importação ou exportação, apresentando a destinação dos bens ou serviços submetidos ao controle aduaneiro, indicando o regime a que se aplica e os elementos exigidos pela aduana para aplicação deste regime. Para que o despachante aduaneiro possa atuar como representante legal de uma empresa, é necessário que ele esteja credenciado no Sistema Integrado de Comércio Exterior – Siscomex, como responsável legal pela pessoa jurídica. A Secretaria da Receita Federal também é um agente interveniente no processo, caracterizando-se conforme Faro, R. e Faro, F. (2007 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011, p. 48): A Secretaria da Receita Federal atua na fiscalização aduaneira das mercadorias, produtos e bens que ingressam no país ou que são enviados ao exterior, responsabilizando-se, ainda, pela cobrança dos direitos aduaneiros (tributos) porventura incidentes nessas operações. Segundo Porto e Silva (2000), o agente de carga, também denominado agente de transporte, tem a responsabilidade de contratar o transportador. São prestadores de serviços escolhidos pelo importador ou pelo exportador e, responsáveis por toda a movimentação da carga, tanto na origem como no destino, em observância as normas estabelecidas pelos países. Conforme Porto (2000 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011), o transportador, que pode ser a companhia aérea, marítima, ferroviária ou rodoviária, é o responsável pelo deslocamento físico da carga. “Importador é o indivíduo (pessoa física) ou empresa (pessoa jurídica) que compra mercadoria estrangeira para consumi-la ou comercializá-la no seu país” (WERNECK, 2011, p. 13). “Exportador é a pessoa (física ou jurídica) que vende mercadoria ao exterior para que lá a mercadoria seja consumida ou comercializada” (WERNECK, 2011, p. 13). O quadro 2 ilustra os intervenientes envolvidos no processo de importação: 23 Quadro 2 – Agentes Intervenientes Fonte: Elaborado pela autora. Este tópico abordou os agentes intervenientes no processo de distribuição física internacional de importação, bem como sua conceituação. 2.1.3 Documentos Os principais documentos utilizados no processo de importação podem ser resumidos em: fatura pro forma, fatura comercial, packing list / romaneio, declaração de importação (DI), nota fiscal, conhecimento de embarque e certificado de origem. A seguir é apresentada a descrição de cada um deles, conforme literatura consultada. 2.1.3.1 Fatura Pro Forma A fatura pro forma é um documento emitido pelo exportador, e é de grande importância, pois será a base dos demais documentos, principalmente da fatura comercial (VIEIRA, A., 2010). Segundo Vieira, A. (2010, p. 145-146), uma fatura pro forma completa contém os seguintes dados: • • • • • • • • • • • • Local de venda; Nome do exportador e importador; Descrição da mercadoria; Quantidade e peso; Tipo de embalagem; Moeda estrangeira negociada; Prazo; Modalidade de pagamento; Banco através do qual se realizará a operação; Validade da fatura pro forma (cotação); Incoterm; Volumes mínimos e máximos; 24 • • • • • Meio de transporte; Seguro internacional; Preço do produto; Prazo de entrega; Documentos exigidos pelo importador. 2.13.2 Fatura Comercial ou Commercial Invoice A fatura comercial, também conhecida como commercial invoice, é o documento oficial que será utilizado para o desembaraço da mercadoria na alfândega. Seu preenchimento deverá ter como base a fatura pro forma, sem rasuras ou erros, e é executado pelo exportador (VIEIRA, A., 2010). Segundo Rodrigues (2010, p. 140), a fatura comercial é o “documento que comprova os procedimentos de compra e venda da mercadoria objeto do transporte”. Conforme Vieira, A. (2010, p.147), a fatura comercial deverá conter, no mínimo, os elementos abaixo: • • • • • • • • • • • • • • Local e data de emissão; Número seqüencial; Nome e endereço do exportador e importador; Número do pedido de compra; Modalidade de pagamento; Meio de transporte; Porto e local de destino; Número e data do conhecimento de embarque; Nome da embarcação; Nome da companhia transportadora; Quantidade e descrição detalhada da mercadoria; Peso líquido e bruto; Incoterm utilizado; Assinatura do exportador. 2.1.3.3 Packing List / Romaneio Segundo Vieira, A. (2010), o packing list ou romaneio é um documento emitido pelo exportador, que tem por principal objetivo facilitar a identificação e localização dos produtos dentro de um lote, além de facilitar a conferência da carga no embarque e desembaraço. É imprescindível que nele estejam descritos: identificação dos volumes, espécie da embalagem, peso líquido e bruto, quantidade e dimensão dos volumes, e deve conter assinatura do exportador (VIEIRA, A., 2010). 25 2.1.3.4 Declaração de Importação (DI) Para Bizelli e Barbosa (2002, p. 163), O despacho aduaneiro tem por base a declaração formulada pelo importador, ou por seu representante, no Siscomex, devendo nela constar informações gerais (importador, básicas, transporte, carga, pagamento) e informações específicas – adição (fornecedor, mercadoria, valor aduaneiro e métodos, Incoterms, tributos – I.I. /IPI/ Anti-dumping e compensatórios – e câmbio). De acordo com Receita Federal do Brasil – RFB (2011a), a DI é formulada pelo importador ou seu representante legal, no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), e consiste na prestação das informações constantes do anexo único da instrução normativa SRF nº 680/06, de acordo com o tipo de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro. Informa também, que os documentos que servem de base para as informações contidas na DI são: a) via original do conhecimento de carga ou documento equivalente; b) via original da fatura comercial, assinada pelo exportador; c) romaneio de carga (packing list), quando aplicável; e d) outros, exigidos em decorrência de acordos internacionais ou de legislação específica. Ainda segundo RFB (2011a), os documentos de instrução da DI devem ser entregues à fiscalização da Secretaria da Receita Federal (SRF) sempre que solicitados e, por essa razão, o importador deve mantê-los pelo prazo previsto na legislação, que pode variar conforme o caso, mas nunca é inferior a 5 anos. 2.1.3.5 Nota Fiscal Segundo Aduaneiras (2011), a nota fiscal emitida na importação, também chamada de nota fiscal de entrada, “é uma espécie de documento fiscal, utilizado para registrar a entrada dos bens estrangeiros em estabelecimento de contribuinte, no caso do importador”. Segundo Werneck (2001), a nota fiscal de importação é um documento de entrada de mercadorias ou serviços, e deve ser emitida em cada operação de aquisição do exterior. De posse do extrato da declaração de importação (DI) e do 26 comprovante de importação (CI), o importador efetua o pagamento da armazenagem e emite a nota fiscal de entrada, para, então, retirar a mercadoria. É um documento exigido pela legislação da maioria dos Estados, no transporte interno das mercadorias importadas e desembaraçadas, até o estabelecimento do emitente. Um erro na emissão da nota fiscal ou tentativa de fraude ao fisco pode ocasionar retenção ou apreensão da carga (ADUANEIRAS, 2011). 2.1.3.6 Conhecimento de Embarque Segundo Vieira, G. (2009, p.45), “o conhecimento de embarque é o principal documento utilizado na formalização de um contrato de transporte”. Já para Rodrigues (2010, p.102), trata-se do: documento comercial referente ao contrato de transporte entre o proprietário da carga e a empresa operadora, ficando esta obrigada a conduzir a mercadoria até o destino designado, mediante pagamento do frete ajustado. Para Vieira, G. (2009), as funções básicas do documento de embarque são: • Servir como recibo de entrega da carga; • Evidenciar um contrato de transporte entre o proprietário da carga e a empresa operadora. No modal marítimo, o conhecimento de embarque é também chamado de bill of lading (B/L), e possui, ainda, a função de representar o título de propriedade da mercadoria, sendo transferível e negociável (VIEIRA, G., 2009). Já no modal aéreo, o conhecimento de embarque é conhecido como air waybill (AWB) e, ao contrário dos conhecimentos de outros modais, é um documento não negociável (VIEIRA, G., 2009). O modal rodoviário apresenta, como principal documento utilizado no transporte internacional, o conhecimento de transporte rodoviário – CRT, de emissão obrigatória, em três vias originais, sendo a primeira negociável, destinada ao exportador. Além disso, o documento funciona como contrato de transporte rodoviário, como recibo de entrega da mercadoria e como título de crédito (VIEIRA, G., 2009). 27 Segundo Vieira, G. (2009) o internacional de transporte ferroviário (TIF) e declaração de trânsito aduaneiro (DTA) são os conhecimentos emitidos para o transporte ferroviário. 2.1.3.7 Certificado de Origem Conforme Vieira, A. (2010, p. 151) : O certificado de origem é um documento utilizado nas operações de comércio internacional, emitido pelos órgãos devidamente autorizados, tendo como função básica a de atestar a origem da mercadoria que está sendo exportada, garantindo, assim, acesso preferencial a determinados países, cumprindo as normas pactuadas em acordos comerciais. Para Vieira, A. (2010), este documento traz benefícios comerciais ao exportador, que consegue oferecer produtos com custo inferior e maior margem de lucro, fazendo com que o cliente final seja beneficiado, e também ele obtenha um maior retorno. Este tópico abordou os principais documentos utilizados no processo de importação, os conceituado, de modo a facilitar a compreensão dos temas. 2.2 TRANSPORTE O presente capítulo aborda a conceituação de transporte, bem como de cada um dos modais: aéreo, marítimo, rodoviário, ferroviário e dutoviário. Conforme Rodrigues (2010, p. 15), transporte “é o deslocamento de pessoas e pesos de um local para outro”. Vieira, G. (2009), conceitua transporte como o deslocamento de mercadorias de um local para o outro, e está intimamente relacionado com atividades comerciais. Desta forma, o desenvolvimento das regiões depende de meios de transporte eficientes a um custo razoável. O desenvolvimento da civilização e o crescimento econômico estão intimamente ligados ao transporte. No primeiro, é a atividade que integra o funcionamento da sociedade; no segundo, viabiliza a troca de mercadorias entre regiões produtoras e consumidoras em todo o mundo (RODRIGUES, 2010). O transporte representa uma grande parcela do custo logístico, influindo, assim, na competitividade dos produtos vendidos. Este fato deve ser observado nos 28 planos de marketing internacional, já que seus custos, por vezes, tornam inviáveis operações de comércio exterior (VIEIRA, G., 2009). A seguir será aprofundado o estudo dos cinco modais de transporte: aéreo, marítimo, rodoviário, ferroviário e dutoviário. 2.2.1 Transporte Aéreo O transporte aéreo caracteriza-se pela movimentação de cargas realizada através de aeronaves. No Brasil, o teve inicio em 1927, com a fundação da Varig (RODRIGUES, 2010). O órgão regulamentador, no âmbito internacional, é a Iata (International Air Transport Association), reunindo empresas e agentes do mundo inteiro. No Brasil, a aviação é regulada pelo Governo Federal, através do Ministério da Aeronáutica, do Departamento de Aviação Civil (DAC), e da Infraero (RODRIGUES, 2010). Conforme Vieira, G. (2009), algumas vantagens da utilização deste modal estão na sua rapidez de entrega e na segurança dada às mercadorias. Em relação ao transporte marítimo, completa comparando o custo do transporte terrestre, que normalmente é inferior, uma vez que os aeroportos são mais centralizados que os portos. Para Rodrigues (2010), o modal ainda proporciona altos giros de estoque, reduzindo custo para as empresas, além de atingir regiões em que outros modais não atingem. Apresenta algumas desvantagens, sendo o principal o alto custo do frete para cargas com peso ou volume superiores (RODRIGUES, 2010). O autor ainda cita a capacidade reduzida em peso e volume de cargas, o não atendimento de cargas a granel, e as restrições muito fortes para cargas perigosas. 2.2.2 Transporte Marítimo É o transporte realizado por mares e oceanos, utilizando, como veículo, os navios dos mais variados tipos, tamanhos e características. No comércio exterior brasileiro é o mais utilizado, com cerca de 90% das cargas na importação e exportação (KEEDI, 2010). Conforme Novaes (2004), o transporte marítimo pode ser dividido em transporte marítimo de longo curso, e navegação de cabotagem. O transporte de 29 longo curso caracteriza-se pela ligação entre o Brasil e países mais distantes, enquanto a navegação de cabotagem cobre a costa brasileira. Neste modal, verificamos três grandes grupos de cargas: granéis líquidos (petróleo, produtos petrolíferos, gases líquidos), granéis sólidos (mineral de ferro, carvão, grãos, açúcar, etc.) e carga geral (produtos alimentícios, máquinas, etc.) (VIEIRA, G., 2009). Em geral, as cargas são transportadas em contêineres, que são grandes caixas, comumente feitas de aço, que, por sua padronização, permitem organização dentro do navio para posterior transporte (KEEDI, 2010). A principal vantagem do transporte marítimo está na economia de escala para grandes lotes à longa distância, onde o valor do frete se torna inferior comparado a outros modais, como o aéreo (RODRIGUES, 2010). Como desvantagens, pode-se pontuar a lentidão do serviço oferecido, necessitando de muito planejamento antecipado, a fim de que os produtos sejam recebidos no tempo desejado. Também é um modal que oferece maior propensão a avarias nas cargas, devido aos manuseios realizados (RODRIGUES, 2010). 2.2.3 Transporte Rodoviário Segundo Keedi (2010), este modal é concretizado nas estradas de rodagem, e pode ser tanto nacional quanto internacional. O autor afirma que a representatividade no comércio exterior brasileiro é muito baixa, porém, é fundamental para o transporte interno das cargas. Para Vieira, G. (2009), este modal é indicado para curtas e médias distâncias, e cargas de maior valor agregado. Para o autor, a grande vantagem está na flexibilidade de rotas e eliminação de transportes complementares. É o único modal capaz de realizar um transporte porta a porta totalmente sozinho, sem interferência de outros modos (KEEDI, 2010). Para Rodrigues (2010), o transporte rodoviário é um dos mais simples e mais eficientes, dentre os modais oferecidos. A única premissa para que ele seja realizado é a existência de rodovias. Conforme Keedi (2010), o transporte rodoviário é fundamental à multimodalidade e intermodalidade, operações estas que seriam impossíveis de se realizar sem a sua existência. 30 Este modal possibilita embarques com muitos tipos diferentes de veículos, dentre os quais: caminhão, carreta, treminhão, bitrem, trailers ou plataformas (KEEDI, 2010). Como vantagens, pode-se destacar a maior disponibilidade de vias de acesso; possibilidade de serviços fracionados, porta a porta, mesmo em regiões de difícil acesso; maior flexibilidade de rotas, com embarques e partidas mais rápidos; facilidade de substituição do veículo em caso de dano; maior rapidez de entrega, principalmente em curtas distâncias (RODRIGUES, 2010) Entre as desvantagens, estão: alto custo operacional; menor capacidade de carga por veículo; congestionamentos, principalmente em regiões de infraestrutura precária; desgaste prematuro causado na malha rodoviária (RODRIGUES, 2010). 2.2.4 Transporte Ferroviário O transporte ferroviário no Brasil remonta o ano de 1845, quando foi construída a primeira ferrovia no país, conhecida como Estrada de Ferro Mauá. Com o advento das rodovias, de implantação mais rápida e barata, e a necessidade de consolidação do mercado interno, as ferrovias acabaram não recebendo os investimentos necessários. Apenas a partir de julho de 1996, com o início das privatizações do sistema rodoviário, este cenário começou, ainda que muito lentamente, a ser alterado (RODRIGUES, 2010). Conforme Keedi (2010), este modal caracteriza-se pelo transporte em veículos ferroviários, que se agrupam através de locomotivas e vagões, para os mais diversos tipos de cargas, trafegando em vias férreas. Segundo Rodrigues (2010), apesar do elevado custo fixo de implantação, os custos operacionais deste modal são consideravelmente inferiores, além da eficiência energética, quando totalmente eletrificado. Para Keedi (2010), o modal ferroviário é adequado para grandes distâncias, em contrapartida ao rodoviário, que é indicado para percursos mais curtos. Considera-se apropriado o transporte de mercadorias a granel, caracterizados por grandes volumes e baixos valores agregados. Porém, é notório o aumento da conteinerização, por meio do transporte combinado, o que gera um aumento no transporte de mercadorias de alto valor agregado (VIEIRA, G., 2009). 31 Dentre as principais vantagens do transporte ferroviário, é possível citar: capacidade de transporte de grandes lotes de mercadorias; fretes baixos, crescentes de acordo com o volume a ser transportado; baixo consumo energético (RODRIGUES, 2010). As desvantagens incluem: longo período de trânsito da mercadoria; custo elevado quando necessária a realização de transbordo; baixa flexibilidade de rotas (RODRIGUES, 2010). 2.2.5 Transporte Dutoviário Conforme Rodrigues (2010), o transporte dutoviário é aquele realizado através de dutos, que são projetados de forma adequada à finalidade a que são destinados. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT (2011), esta modalidade de transporte é uma das formas mais econômicas para transporte de grandes volumes, principalmente de óleo, gás natural e derivados. Para Rodrigues (2010), os principais dutos existentes no Brasil são: oleodutos, gasodutos e minerodutos. Os oleodutos destinam-se ao transporte de petróleo bruto ou seus derivados, dos terminais portuários e marítimos às refinarias ou centros de distribuição, através de sistemas de bombeamento (RODRIGUES, 2010). Os gasodutos são utilizados no transporte de gases entre centros produtores e consumidores (RODRIGUES, 2010). Os minérios são transportados através de minerodutos, das regiões produtoras até as usinas siderúrgicas ou terminais portuários. Funcionam através da impulsão por um jato de água contínuo, submetido à forte pressão (RODRIGUES, 2010). Este capítulo conceituou o tema transporte, e apresentou uma visão de cada um dos cinco modais: aéreo, marítimo, rodoviário, ferroviário e dutoviário. 32 2.3 SERVIÇO Anteriormente ao estudo da terceirização de serviços logísticos, e seu aprofundamento no estudo do prestador de serviços logísticos, faz-se necessário o entendimento do tema serviço para compreensão de sua conceituação. Lovelock e Wright (2009) expressam a complexidade de entender e conceituar serviços, tamanha a sua diversidade, além da intangibilidade dos produtos e insumos. Conforme Kotler e Keller (2006, p. 397), “serviço é qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada. A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um produto concreto”. Segundo Lovelock e Wright (2009, p.5): Serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte à outra. Embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum dos fatores de produção. Além disso, Lovelock e Wright (2009, p. 5) completam com a idéia de que “serviços são atividades econômicas que criam valor e fornecem benefícios para clientes em tempos e lugares específicos, como decorrência da realização de uma mudança desejada no – ou em nome do – destinatário do serviço”. Segundo Bowersox e Closs (2010), o desempenho apropriado dos serviços logísticos é determinado pelas estratégias de marketing. Para Kotler e Keller (2006), existem quatro características inerentes aos serviços, são elas: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. A intangibilidade está relacionada à incapacidade de avaliar o serviço antes de contratá-lo. A inseparabilidade evidencia que os serviços são produzidos e consumidos simultaneamente, enquanto os bens materiais são fabricados, estocados, distribuídos, e, depois consumidos. A variabilidade demonstra que os serviços podem ter variedade na qualidade e rapidez, uma vez que são executados por pessoas, em períodos diferentes. Essa característica é minimizada com a padronização dos processos. Quanto à perecibilidade, os serviços não podem ser estocados, são consumidos no exato momento em que são produzidos (KOTLER; KELLER, 2006). 33 Embora as empresas concordem com a importância do serviço logístico, poucas conseguem descrever exatamente o que é e no que consiste. O que se pode afirmar é que, um excelente desempenho de prestação de serviço ao cliente deve adicionar valor a todos os membros da cadeia, mesmo que a mensuração dos serviços prestados não seja uma tarefa fácil de ser realizada. O desempenho deve ser monitorado, para que sejam atingidas as metas colocadas no momento da contratação dos serviços (BOWERSOX; CLOSS, 2010). 2.3.1 Terceirização dos serviços logísticos Este tópico apresenta o conceito de terceirização, e como este influencia as atividades logísticas das empresas. Terceirização nada mais é que a confiança depositada por uma determinada empresa em uma fonte externa, seja ela de produtos ou serviços (LEI; HITT, 1995 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011). Segundo Queiroz (1998), no processo de terceirização ocorre à transferência de algumas atividades para fornecedores capacitados e especializados, que detenham tecnologia própria à atividade terceirizada, com sua atividade final, liberando a contratante para concentrar esforços no negócio em que atua. O resultado seria a evolução da qualidade e produtividade, além da redução de custos logísticos e ganho de competitividade. Para Dornier et al. (2000), há um rápido crescimento nas empresas que oferecem serviços logísticos, reflexo do aumento da competitividade gerado aos clientes que contratam este tipo de serviço. O movimento é crescente para terceirização das atividades logísticas. Segundo Novaes (2004), isto se dá, principalmente, pelas grandes mudanças econômicas e estruturais ocorridas no final da década de 1970 e início dos anos 1980, como o desenvolvimento da Tecnologia da Informação e Comunicação, e do aumento da concorrência, que passou a se dar em um nível global. No transporte internacional, percebe-se uma série de intermediários preparados para assessorar compradores e vendedores, que necessitam deste meio para recebimento e entrega de suas cargas. Dentre eles, podemos destacar despachantes aduaneiros, agentes de carga, agências de corretores, departamentos bancários internacionais, entre outros, que prestam os mais diversos tipos de 34 serviços a seus contratantes, que vão muito além do transporte das cargas (BALLOU, 2009). Segundo Jiang e Qureshi (2006 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011), os principais fatores que levam as empresas a optarem pela terceirização das atividades logísticas são: • Competição global: a empresa compra e vende produtos nos mais diversos países; • Redução dos custos fixos, uma vez que na terceirização os custos são apenas aqueles intrínsecos a realização da operação; • Core competence: a empresa contratante dos serviços aumenta o foco nas atividades inerentes ao seu produto final; • Flexibilidade: o prestador de serviços pode ser alterado, caso seja um desejo ou necessidade da empresa; • Planejamento, através do estabelecimento de prazos, metas e responsabilidades entre as partes. Segundo Costa (2007), os Party Logistics (PLs) são subdivididos em 1PL, 2PL, 3PL, 4PL e 5PL. Lu e Su (2002 apud COSTA, 2007) definem o 1PL como empresas que são responsáveis por toda a sua logística, sem envolvimento de terceiros. Essas empresas, porém, podem enfrentar problemas com expansão comercial ou com o aumento da complexidade de sua logística. A partir da expansão geográfica dos negócios, e o crescimento das fronteiras logísticas, surge à atuação do 2PL, que poderá ser uma empresa de caminhões ou um operador de armazéns, terceirizando, assim, atividades que antes eram executadas pela empresa (LU; SU, 2002 apud COSTA, 2007). Bask (2001 apud COSTA, 2007), define o 3PL como um agente da cadeia de suprimentos, que dispõe de recursos e oferece soluções customizadas a seus clientes, gerando colaboração entre o 3PL e a empresa contratante, cujo contrato firmado incorpora tanto a operação como a gestão das atividades. O 4PL é descrito como um agente integrador e gestor da cadeia de suprimentos, que pode desenvolver, gerir, e operar uma rede de prestadores de serviços logísticos, sendo eles 3PLs ou 2PLs (KRAKOVICS, 2004 apud COSTA, 2007). 35 Apesar de muito recente e ainda escasso na literatura, o conceito de 5PL surge como um agente integrador, com foco em prover soluções logísticas para toda a cadeira de suprimentos, gerenciando recursos, capacidade e tecnologia das organizações (BADE; MUELLER, 1999 apud COSTA, 2007). A seguir será apresentado o estudo dos prestadores de serviços logísticos (PSL), com a finalidade de compreender o papel do freight forwarder dentro das organizações. 2.3.1.1 Prestador de Serviço Logístico (PSL) A fim de conquistar um sistema logístico eficaz, as empresas dependem do recebimento de informações precisas, relevantes e atualizadas sobre o desempenho das atividades ou funções (BALLOU, 2009). Um dos responsáveis por estas atualizações são os prestadores de serviços logísticos (PSL). Segundo Novaes (2004), muitas definições são dadas ao conceito de prestador de serviço logístico. O autor observa que as operações prestadas por estes agentes são denominadas third-party logistics ou logistics providers, sendo responsáveis por todo tipo de atividade logística, da mais simples a mais complexa, não necessariamente relacionadas à gestão da cadeia de suprimentos. Novaes (2004, p. 328) completa, conceituando o operador de serviço logístico: Operador logístico, de acordo com definição mais específica, é o prestador de serviços logísticos que tem competência reconhecida em atividades logísticas, desempenhando funções que podem englobar todo o processo logístico de uma empresa-cliente, ou somente parte dele. Para Rodrigues (2010), muitos intervenientes estão envolvidos no transporte internacional de cargas, e cada movimento feito por eles é determinante para que o comprador receba seus produtos sem avarias ou extravios. Colin e Fabbe-Costes (1995 apud NOVAES, 2004) assim classificam as atividades dos prestadores de serviço logístico: • Transporte nacional e internacional em todos os seus modais; • Armazenamento dos produtos; • Manipulação de produtos, tais como embalagens, identificação de mercadorias, etc.; 36 • Operações industriais (testes no produto, montagem) e operações comerciais (recebimento de pedidos, pagamentos); • Serviços informacionais, tais como rastreamento de veículos; e • Consultas em processos de engenharia e administração logística. A figura 1 identifica as principais atividades logísticas desenvolvidas pelo PSL. Figura 1 – Principais atividades do PSL ! " # $ % Fonte: Adaptado de Bassani e Lazzarotto (2011). Dentre os prestadores de serviços logísticos conhecidos, este trabalho visa apresentar os international freight forwarders, ou simplesmente freight forwarders. Para Vieira, G. (2009, p. 24), os “freight forwarders são organizadores do transporte internacional”. De acordo com Vieira, G. (2009, p. 24-25), as principais funções desenvolvidas pelos freight forwarders são: • • • • Contratar o transporte, atuando como intermediário entre usuário e a empresa transportadora; Recepção das mercadorias no porto e sua entrega ao transportador terrestre; Cumprimento de formalidades administrativas; Consolidação e desconsolidação de cargas. Para Dornier et al. (2000), o uso de um prestador de serviço logístico traz algumas vantagens, como: • Penetrar em novos mercados; 37 • Reduzir o risco associado à aquisição de ativos logísticos, como caminhões e armazéns; • Coordenação passa a ter caráter global (produtores e distribuidores); • Ter acesso a novas tecnologias e soluções logísticas, através do prestador de serviços. Este capítulo expôs a conceituação de serviço, para posterior compreensão do item terceirização de serviços logísticos e, consequentemente, do prestador de serviços logísticos. Dentre os PSLs, destaca-se o freight forwarder, cuja definição, como prestador de serviço logístico para a AGCO do Brasil, é o objeto de estudo desta pesquisa. 2.4 ATRIBUTOS Visto que o presente trabalho tem o objetivo de analisar o processo de contratação de um freight forwarder para as operações de importação aéreas e marítimas da AGCO do Brasil, em suas unidades de Canoas e Santa Rosa, torna-se necessário o aprofundamento do tema atributos. Segundo Alpert (1971 apud BASSANI, 2006), o estudo dos atributos é de fundamental importância para as organizações, uma vez que este conhecimento fornece informações preciosas sobre o comportamento do consumidor perante a escolha de compra dos produtos e serviços. A empresa que domina os atributos de seus produtos e serviços toma decisões mais assertivas e estratégicas, pois conhece a necessidade de seu cliente (BASSANI, 2006). Para Alpert (1971 apud BASSANI, 2006), os atributos podem ser classificados em salientes, importantes e determinantes. Os atributos salientes são facilmente identificados pelo consumidor quando diante do produto, porém não tem influência categórica sobre a decisão de compra. O segundo refere-se às características que são consideradas realmente importantes em determinados produtos ou serviços, porém também não interferem na decisão da compra. Por último, os atributos determinantes, que são imprescindíveis na escolha de um produto, serviço ou marca, possuindo assim, força total sobre a decisão de compra. Já para Peter e Olson (2009), os atributos podem ser abstratos ou concretos. Os abstratos estão relacionados a características intangíveis, tais como qualidade e 38 nível de serviço. Já os concretos são representações cognitivas das características físicas do produto ou serviço. São exemplos de atributos concretos nos produtos: a cor, o tamanho, a forma. Já nos serviços, o atributo concreto que mais se destaca é o preço. Nowlis e Simonson (1997) apresentam a classificação dos atributos em duas formas distintas: comparáveis e enriquecidos. Os primeiros são facilmente analisados pelo consumidor de forma clara e objetiva. Como exemplo de atributo comparável, podemos citar o preço. Os atributos enriquecidos não possibilitam este comparativo claro, mas sua análise, de forma separada, tem mais significado para o cliente. Como exemplo, tem-se a marca. Segundo Bassani (2006), o prestador de serviço precisa trabalhar de forma a atender o que o cliente deseja, oferecendo a ele preço, prazo e qualidade, a um custo compatível com o praticado no mercado. Completa, ainda, enfatizando a importância de oferecer, na proposta de serviços, todas as alternativas oferecidas pelo operador logístico, de forma que o cliente tenha a oportunidade de escolher aquela que mais se enquadra dentro dos atributos por ele considerados importantes. Através da análise da literatura aqui apresentada, pode-se compreender o quão significativo é, para as empresas de um modo geral, a compreensão dos atributos, e o entendimento daqueles que são fundamentais na decisão de compra. De acordo com a literatura, para os freight forwarders, este entendimento poderá se tornar um diferencial competitivo frente à concorrência. 2.5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Esta seção discorre sobre o planejamento estratégico, e como a criação de metas claras e bem definidas são determinantes para o sucesso das empresas. Segundo Porter (2004), cada empresa que compete em um ramo de atividade possui uma estratégia, seja ela explícita ou implícita, ou seja, a estratégia pode ter se desenvolvido por meio de um processo explícito de planejamento, ou então ter evoluído implicitamente a partir das metas dos departamentos funcionais da organização. O problema das estratégias implícitas está no conflito gerado entre os departamentos funcionais, uma vez que cada um utilizará os métodos ditados pela sua orientação profissional ou pelo incentivo de seus gestores. Sendo assim, a soma das metas departamentais raramente surtirá na melhor estratégia. Com isto, 39 percebe-se a importância do desenvolvimento de um planejamento estratégico, através de um processo explicito de formulação de estratégias, onde ao menos as políticas dos departamentos funcionais sejam orientadas e conduzidas com o objetivo de atingir metas comuns. O Planejamento Estratégico de uma organização inicia com a definição concreta dos objetivos os quais se pretende atingir. Esta é a tarefa mais importante e que deve ser colocada em primeiro lugar pelos gestores da empresa (BALLOU, 2009). Além da relevância para alavancagem do negócio, as metas são fundamentais para um aproveitamento adequado dos recursos humanos, cada vez mais escassos no mercado, e não permitir que profissionais altamente qualificados trabalhem resolvendo problemas quotidianos e sem um foco, sem um objetivo a ser alcançado (BOWERSOX; CLOSS, 2010). Tendo em mãos a definição dos objetivos, é necessário que todos os envolvidos tomem conhecimento dos principais, tais como: realização de lucros, retorno do investimento, participação de mercado ou crescimento. O próximo passo será o estabelecimento das metas da visão, que levará em consideração pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades, avaliando macro e microambiente. A estratégia corporativa será responsável pela impulsão das estratégias funcionais, tais como estabelecimento de metas na aérea de Produção, Marketing, Finanças e Logística (BALLOU, 2009). No próximo tópico será tratada a estratégia logística e como esta pode ser um diferencial para a empresa junto ao mercado. 2.5.1 Estratégia Logística “A escolha de uma boa estratégia logística exige o emprego de grande parte dos mesmos processos criativos inerentes ao desenvolvimento de uma boa estratégia corporativa” (BALLOU, 2009, p. 50). Para Novaes (2004), satisfazer às necessidades dos clientes e preferências dos consumidores finais deve ser o objetivo principal da estratégia logística. Segundo Ballou (2009), os pilares de uma estratégia logística são: redução de custos, redução de capital e melhoria dos serviços. A redução de custos está relacionada com a diminuição de valores gastos com fretes e armazenagem. A 40 redução de capital visa minimizar o custo nos sistemas logísticos, que pode ocorrer embarcando diretamente ao cliente, evitando armazenamento, adotando estratégias de just-in-time, terceirizando parte do processo. A melhoria de serviços admite que os lucros estejam relacionados à qualidade dos serviços logísticos oferecidos. Novaes (2004, p. 37-38) afirma que a Logística moderna passa a considerar: • • • • • Prazos previamente acertados e cumpridos integralmente, ao longo de toda a cadeia de suprimentos; Integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da empresa; Integração efetiva e estreitam com fornecedores e clientes; Busca da otimização global, envolvendo a racionalização dos processos e a redução de custos em toda a cadeia de suprimentos; Satisfação plena do cliente, mantendo o nível de serviço preestabelecido e adequado. Analisando da base conceitual apresentada, podemos concluir o quão lucrativo para as empresas se torna uma estratégia logística bem estabelecida. O processo, como um todo, une diversas as áreas da empresa, de modo que o cliente efetivamente tenha satisfação na aquisição dos produtos e serviços, atendendo às necessidades de compra. 2.6 NEGOCIAÇÃO Este tópico busca esclarecer o conceito de negociação, fazendo confronto entre idéias de alguns autores, além de demonstrar quais as variáveis envolvidas em um processo. Primeiramente, se faz necessária a compreensão do que é negociação. Para Junqueira (2003 apud ANDRADE; ALYRIO; MACEDO, 2008, p. 4): Negociação é o processo de buscar a aceitação de idéias, propósitos ou interesses, visando ao melhor resultado possível, de tal modo que as partes envolvidas terminem a negociação conscientes de que foram ouvidas, tiveram oportunidades de apresentar toda a sua argumentação e que o produto final seja maior que a soma das contribuições individuais. Já para Burbridge et al. (2006, p. 8) Negociação é o processo pelo qual duas ou mais pessoas se comunicam, buscando chegar a algum acordo sobre valores escassos e/ou ações controladas, total ou parcialmente, por ambas as partes, ou ainda por qualquer das partes envolvidas. 41 Segundo Lempereur, Colson e Duzert (2009) existem três circunstâncias cruciais em uma negociação: • As pessoas, ou seja, os responsáveis pela negociação. São necessárias, no mínimo, duas pessoas; • O problema, que relaciona o que está sendo negociado pelas pessoas. É o objeto da negociação; e • O processo, em referência a forma como se negocia. É a estrutura e o gerenciamento feito pelas pessoas que estão negociando. Compradores e fornecedores possuem poder de negociação, cada um deles com suas peculiaridades (PORTER, 2004). Segundo Porter (2004) o poder de negociação dos compradores força os preços para baixo, e, para gerar rentabilidade, os compradores barganham melhor qualidade ou mais serviços, forçando a concorrência. Para ele, o comprador adquire poder quando: • Seu volume de compras é significativo em relação ao volume de vendas do vendedor; • Os produtos que estão sendo negociados representam uma fração significativa dos custos da organização ou de compras; • Os produtos a serem adquiridos são padronizados, ou seja, os compradores tem conhecimento de que podem encontrar fornecedores alternativos; • A empresa tem poucos custos de mudança de fornecedor do produto ou serviço que está sendo negociado; • Os lucros da empresa são baixos, criando grandes incentivos para reduzir os custos das compras; • Ameaça de integração para trás, ou seja, existe a possibilidade de produção interna total ou parcial dos produtos que estão sendo negociados, e o comprador utiliza isso como forma de ameaça aos fornecedores, caso não se atinja o desejado; • O produto ou serviço que está em negociação não é importante para a qualidade dos produtos ou serviços do comprador; • O comprador tem total informação, dominando itens como: demanda, preços reais de mercado e custo dos fornecedores. 42 Ao tratar do poder de negociação dos fornecedores, Porter (2004) afirma que eles exercem poder ao ameaçar elevar preços ou reduzir a qualidade dos bens e serviços fornecidos. As condições que tornam os fornecedores poderosos são: • O fornecedor tem suas vendas mais fragmentadas, não permitindo que estejam concentradas em poucos clientes; • O fornecedor produz itens diferenciados, não sendo obrigado a concorrer com substitutos ao realizar suas vendas; • O produto ou serviço do fornecedor é um insumo importante para o negócio do comprador; • O comprador possui altos custos de mudança; • O fornecedor é uma ameaça de integração para frente, representando uma verificação em relação à capacidade de aprimoramento das condições de compra. De acordo com a base teórica estudada, foi possível apresentar, nesta seção, o conceito de negociação, as circunstâncias para uma negociação, bem como o poder que compradores e vendedores tem no momento em que se colocam neste processo. 2.7 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Neste tópico será apresentado o conceito de cadeia de suprimentos, a fim de compreender o alinhamento deste com o planejamento estratégico das organizações. Para Simchi-Levi, D., Kaminsky e Simchi-Levi, E. (2003), alguns fatores como a alta competição nos mercados globais, a introdução de novos produtos com ciclos de vida reduzidos e o aumento da expectativa dos clientes, obrigaram as empresas a aprimorar e focar seus esforços na melhoria da cadeia de suprimentos. Segundo o Fórum de SCM (1998 apud NOVAES, 2004) o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, também conhecido como Supply Chain Management (SCM), parte do consumidor final, chegando aos fornecedores iniciais, gerando, assim, uma integração das atividades industriais e comerciais, e agregando valor aos produtos e serviços oferecidos ao cliente. Chopra e Meindl (2006, p. 3) apresentam uma definição ainda mais ampla conforme segue: 43 Uma cadeia de suprimento engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimento não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. Dentro de cada organização, como por exemplo, de uma fábrica, a cadeia de suprimento inclui todas as funções envolvidas no pedido do cliente, como desenvolvimento de novos produtos, marketing, operações, distribuição, finanças e o serviço de atendimento ao cliente, entre outras. Simchi-Levi, D., Kaminsky e Simchi-Levi E. (2003, p. 27), conceituam a gestão da cadeia de suprimentos como: A gestão de cadeias de suprimentos é um conjunto de abordagens utilizadas para integrar eficientemente fornecedores, fabricantes, depósitos e armazéns, de forma que a mercadoria seja produzida e distribuída na quantidade certa, para a localização certa e no tempo certo, de forma a minimizar os custos globais do sistema ao mesmo tempo em que atinge o nível de serviço desejado. Ballou (2009) enfatiza a importância da logística para o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, que, junto de marketing e produção, interagem entre si, gerando oportunidades de redução de custos, melhoria de serviços e qualidade ao cliente. Conforme Simchi-Levi, D., Kaminsky e Simchi-Levi E. (2003) em uma cadeia de suprimentos, as matérias-primas são adquiridas, a produção dos itens ocorre em uma ou mais fábricas, estes itens são transportados para depósitos, onde serão temporariamente armazenados, e, por fim, entregues aos varejistas ou aos clientes finais. A redução de custos e o aumento da qualidade dos serviços surgirão de estratégias eficazes que considerem todas as interações, nos mais variados níveis da cadeia. A dinâmica da cadeia de suprimentos pode ser visualizada na figura 2, onde fornecedores, fabricantes e centros de distribuição e armazenagem interagem para a entrega dos bens ao cliente final. Cada uma das interações acarreta em custos, que também podem ser observados na figura 2. 44 Figura 2 – Gestão da Cadeira de Suprimentos Fonte: Simchi-Levi, D., Kaminsky e Simchi-Levi, E. (2003, p. 28). Segundo Bassani e Lazzarotto (2011, p. 71) os principais objetivos da gestão da cadeira de suprimentos são: • • • Focalizar na satisfação dos clientes; Formular e implementar estratégias baseadas na obtenção e retenção de clientes finais; Gerenciar a cadeia de maneira eficaz e eficiente. A seguir será apresentada a conceituação de MRP e gestão de estoques, itens que fazem parte do supply chain management. 2.7.1 MRP Este tópico abrange as definições de MRP I e II. Sua conceituação possui relevância para entendimento das necessidades de produção. Segundo Bassani e Lazzarotto (2011), o MRP I tem origem na década de 60, e significa Material Requirements Planning (planejamento de requerimento de materiais). Para os autores, o MRP I trata-se de um sistema que auxilia as empresas nos cálculos de volume e tempo, tendo alto grau de complexidade. 45 “Para calcular qual a quantidade de material necessária e em que momento, o MRP utiliza-se dos pedidos em carteira, além da previsão dos possíveis pedidos que serão recebidos pela empresa (BASSANI; LAZZAROTTO, 2011, p. 73)”. Já o MRP II surge nas décadas de 1980 e 1990, e significa Manufacturing Resource Planning (planejamento dos recursos de manufatura). Neste sistema, além da avaliação das necessidades de materiais, é possível analisar as implicações da demanda futura da empresa, nas áreas de finanças e engenharia. (BASSANI; LAZZAROTTO, 2011). Segundo Gaither e Frazier (2004), o Material Requirement Planning ou MRP II é um plano de necessidades de materiais, e também uma ferramenta de gerenciamento de estoques e compras, cuja utilização pretende atender essa necessidade das organizações. Para os autores, o MRP II trata-se de um sistema informatizado, que executa cálculos de projeções de estoque e necessidades de compra, com base em um plano de produção geral. Ainda, destacam que o MRP II converte o volume de produtos a serem fabricados em quantidade de matéria-prima, peças, subconjuntos e conjuntos, para o produto final, em um horizonte de tempo determinado, descontados os estoques existentes, auxiliando, assim, na compra das matérias-primas necessárias até mesmo para os produtos mais complexos. 2.7.2 Gestão de Estoques Este tópico visa apresentar o conceito de gestão de estoques, relacionando com a gestão da cadeia de suprimentos. Conforme Chopra e Meindl (2006, p. 52), “o estoque existe na cadeia de suprimento devido a uma inadequação entre suprimento e demanda”. Bowersox e Closs (2010) relatam o quanto os estoques impactam em diferentes áreas da empresa: a falta pode gerar perdas de vendas e insatisfação dos clientes, afetando a atividade de marketing, além de gerar custos de paradas de linha e alterações de programação para a produção. Para os autores, o estoque excessivo causa problemas como: aumento de custos e redução da lucratividade da empresa, por provocar período mais longo de armazenagem; imobilização do capital de giro; deterioração das peças; custos de seguro e obsolescência. Segundo Rodrigues (2010), a quantidade de estoque é determinada por três fatores básicos: 46 • O tamanho da empresa; • O volume de operações da empresa; • A extensão do mercado que atende a empresa. Os estoques fazem parte do ativo circulante da empresa, sendo assim, absorvem capital e alteram a rentabilidade da organização. Técnicas eficazes de gestão de estoques sinalizam a redução no nível do mesmo (RODRIGUES, 2010). Segundo Lacerda (2009 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011) inúmeros motivos levam as organizações a buscarem a redução de estoques, tais como: a diversidade de produtos, fazendo com que a rede logística seja mais dinâmica e flexível; o elevado custo de oportunidade de capital; e o foco na redução do capital circulante. Para Rodrigues (2010), é de responsabilidade da Gestão da Cadeia de Suprimentos trabalhar de forma a reduzir os custos de manutenção de estoques e não correr o risco de faltar estoque para produção. “A rotatividade do estoque (razão entre o total de vendas e o estoque médio) é um coeficiente que tradicionalmente indica se os estoques estão ou não dentro de limites de risco (RODRIGUES, 2010, p. 178)”. Segundo Chopra e Meindl (2006), a decisão relacionada a estoque se dá entre a responsividade e a eficiência. O aumento dos estoques torna a cadeia de suprimentos mais responsiva às necessidades do cliente, porém, menos eficiente. Para o autor, o gerente da cadeia de suprimentos deve utilizar o estoque como forma de atingir a responsividade e a eficiência adequada à estratégia competitiva da empresa. Este capítulo descreveu o processo de supply chain management, bem como a sua importância para as indústrias, conceituando MRP e a gestão de estoques. A revisão bibliográfica aqui apresentada proveu toda a fundamentação para a pesquisa realizada. Além disso, foi utilizada no confronto com os resultados obtidos na análise e interpretação dos dados coletados, de modo a conectar o assunto estudado e a bibliografia existente. 47 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS Um projeto de pesquisa nada mais é que uma sequência lógica, responsável pela conexão de dados empíricos a objetivos de pesquisa apresentadas inicialmente no estudo, a fim de que se chegue a determinadas conclusões. O estudo somente terá êxito se todas as etapas, incluindo coleta e análise de dados, forem bem conduzidas pelo pesquisador (YIN, 2005). Este capítulo visa apresentar o método de pesquisa adotado no presente estudo. Para tanto, foi divido em delineamento da pesquisa, definição da unidade de análise, técnicas de coleta de dados, técnicas de análise de dados, e limitações do estudo. 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA Segundo Gil (2010), a qualidade dos resultados de uma pesquisa está diretamente relacionada com a forma com que os dados foram obtidos, bem como os procedimentos adotados na análise. A pesquisa desenvolvida foi de caráter qualitativo, pois a pretensão era entender a forma como a AGCO do Brasil conduz os seus processos de definição de freight forwarder nas operações de importação aéreas e marítimas em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. Para Roesch (2009), a pesquisa qualitativa é adequada para avaliação formativa, a fim de melhorar a efetividade de um programa ou plano, e até mesmo propor novas metas a um plano existente. O nível de pesquisa aplicado neste trabalho é classificado como exploratório e explicativo. Para Gil (2010), as pesquisas exploratórias tem o propósito de criar maior familiaridade com o problema, e seu planejamento tende a ser bastante flexível. Segundo Yin (2005), os estudos exploratórios devem ser sustentados em fundamentos lógicos e direcionamento. Já as pesquisas explicativas tem, como principal objetivo, identificar quais são os fatores que contribuem para a ocorrência de determinados fenômenos. São as pesquisas que mais aprofundam o conhecimento da realidade, pois buscam as razões para os acontecimentos (GIL, 2010). 48 Como estratégia de pesquisa, utilizou-se o estudo de caso da empresa AGCO do Brasil. Segundo Gil (2010), o estudo de caso tem como característica o aprofundamento em um ou poucos objetos, e é de grande valia por explorar situações reais sem limites definidos, além de explicar determinados acontecimentos e suas variáveis em situações em que levantamentos e experimentos não seriam aplicáveis. Nesta pesquisa foi utilizado um estudo de caso único. Para Yin (2005), a relevância está em representar e testar definitivamente uma teoria significativa. 3.2 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE Para Gil (2010, p. 118), “a unidade-caso refere-se a um indivíduo num contexto definido”. A definição da unidade de análise depende do que se busca entender e desenvolver através da pesquisa, portanto, é importante que estejam bem definidos os casos e a população-alvo que fornecerão os dados (GIL, 2010). Esta pesquisa foi desenvolvida junto à empresa AGCO do Brasil, e está relacionada às áreas de Compras e Importação. Para tanto, foram realizadas entrevistas com profissionais destes departamentos, a fim de obter maiores informações sobre o processo de escolha de um freight forwarder para cargas de importação. As entrevistas foram realizadas com o Supervisor de Comércio Exterior, com dois Analistas de Comércio Exterior, atuantes na Importação, e com o Comprador de Serviços. Desta forma, obteve-se uma visão ampla do processo, ouvindo todas as áreas que possuem envolvimento com o agente de carga definido. As entrevistas ocorreram dos dias 25 de agosto de 2011, data em que o Entrevistado 1 respondeu aos questionamentos, até o dia 30 de agosto de 2011, data em que o Entrevistado 4 foi interrogado. Todas as entrevistas foram realizadas nas dependências da AGCO do Brasil, e foram gravadas, de modo que a análise dos dados obtidos tivesse maior qualidade. O quadro 3 relaciona os entrevistados na pesquisa qualitativa. 49 Quadro 3 – Entrevistados ! & & & Fonte: Elaborado pela autora. 3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS A coleta de dados se deu por meio técnicas de observação participante e de entrevistas em profundidade, com questionário semiestruturado, contendo perguntas abertas. Segundo Roesch (2009), a técnica de pesquisa em profundidade é fundamental na pesquisa qualitativa, pois ela fornecerá informações chaves, quando bem desenvolvidas pelo entrevistador. É importante a utilização de uma semiestrutura das questões, pois isto irá auxiliar o pesquisador a não perder o foco deixando o entrevistado falar livremente. A técnica de observação participante também fornece informações importantes ao pesquisador. Ao observar o comportamento e as condições do ambiente de análise, podem surgir evidências que responderão as questões de pesquisa (YIN, 2005). Também foram utilizados documentos, que possibilitam o conhecimento do passado pela obtenção de dados históricos. Para Gil (2010), é imprescindível que sejam realizadas consultas documentais em um estudo de caso. Ainda completa, enfatizando que as informações obtidas através da análise dos documentos podem, inclusive, auxiliar na elaboração da pauta da entrevista, além do que, informações disponíveis em dados não necessitam ser interrogadas, ao menos que seja de desejo do pesquisador confrontá-los. 50 3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS Para Gil (2010), a análise de dados, em um estudo de caso, começa simultaneamente à coleta de dados, pois o pesquisador já inicia a verificação desde a primeira entrevista, a primeira observação ou a primeira leitura de um documento. Para Roesch (2009, p.170), alguns passos podem ser considerados no momento da análise de um estudo de caso: • • • • • • • Definir unidades de análise (palavra, sentença, tema, parágrafo ou texto completo); Definir as categorias; Utilizando as categorias como base, cria-se uma codificação para uma parte do texto, que conforme testados podem levar a revisões no sistema de classificação adotado; Codificar todo o texto; Havendo muitos casos, é necessário estratificar as respostas, elaborando comparações entre grupos; Apresentar os dados de forma criativa como em quadros comparativos; e Confrontar os dados com teorias conhecidas, ou procurando levantar hipóteses. A análise do material coletado com as entrevistas foi feita por meio da classificação das palavras em categorias de conteúdo, buscando ordenar as respostas e obter os dados desejados. Na fonte documental, foram analisados os materiais encontrados e disponibilizados para esta pesquisa, tais como arquivos históricos e registros estatísticos. Todos os materiais de fonte documental disponibilizados pela empresa serão pré-analisados, selecionados e, por fim, sofrem um tratamento de dados, de modo a obter informações concisas e relevantes para a pesquisa. A figura 3 ilustra o fluxograma da metodologia de pesquisa utilizada neste estudo. 51 Figura 3 – Metodologia de Pesquisa Fonte: Elaborado pela autora. 3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO E ESTUDO Segundo Vergara (2010), a metodologia utilizada sempre implicará em algumas limitações. Este tópico visa apresentar as limitações deste estudo. Se tratando de um estudo de caso, o processo de expansão dos resultados obtidos pode não surtir o mesmo resultado em outras empresas, uma vez que o caso estudado possui características diferentes de outras instituições. A análise de 52 um único caso acaba fornecendo uma base muito frágil para a generalização (GIL, 2010). Esta pesquisa comporta o lado do contratante de serviços de um freight forwarder. As percepções do prestador de serviços devem ser tratadas em outro estudo. 53 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Este capítulo visa apresentar o resultado da pesquisa feita na empresa AGCO do Brasil, relativo à definição de um freight forwarder para as cargas aéreas e marítimas, das unidades de Canoas e Santa Rosa. Inicialmente, é apresentada a caracterização da empresa, abordando assuntos como participação de mercado, visão, missão e valores. O resultado da pesquisa está subdivido em tópicos concernentes às questões realizadas com os entrevistados, tendo como objetivos: identificar as vantagens e desvantagens da contratação de um freight forwarder para a empresa; identificar os atributos salientes, importantes e determinantes observados no momento da escolha do freight forwarder; apresentar o processo de escolha que é feito atualmente pela empresa; e propor um roteiro para o processo de definição de um freight forwarder para a AGCO do Brasil em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A AGCO é uma fabricante e distribuidora global de equipamentos agrícolas, com sede em Duluth, no Estado da Geórgia, Estados Unidos. A empresa oferece uma linha completa de produtos agrícolas, incluindo tratores, colheitadeiras, equipamentos para fenação e forragem, pulverizadores, equipamentos para preparo de solo, implementos e peças de reposição. É detentora de grandes marcas como Massey Ferguson, Fendt, Challenger, Valtra, Gleaner, Hesston, RoGator, SpraCoupe, TerraGator, Willmar, White Planters, Sunflower, Sfil, AGCO Allis, Maxion, MF Industrial entre outras. A AGCO é uma multinacional, com foco no desenvolvimento e comercialização de produtos de alta tecnologia para agroindústria, atuando no mercado nacional e internacional, incluindo, aproximadamente 2.800 concessionárias independentes e presente em mais de 140 países. A Empresa é considerada no setor de máquinas agrícolas, como uma empresa de grande porte, com uma participação global de mercado de 53,4%, de janeiro a julho de 2011. No ano de 2010, a AGCO obteve uma receita líquida de vendas de US$ 6,9 bilhões. 54 No Brasil, a companhia iniciou sua atuação em 1994, com a aquisição mundial da Massey Ferguson, aumentando sua participação no mercado brasileiro em 2003, quando a empresa adquiriu o controle mundial da Valtra. A produção brasileira de tratores, colheitadeiras e implementos é comercializada para mais de 80 países, com destaque para os mercados dos Estados Unidos, Argentina, Venezuela, Chile e África do Sul. As plantas da AGCO, no Brasil, estão localizadas nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. A unidade de Canoas tem 60,46 mil metros quadrados de área construída, e capacidade anual de produção de 28.800 tratores, onde são fabricados tratores agrícolas das marcas Massey Ferguson, AGCO Allis, Challenger e tratores industriais (retroescavadeiras) das marcas Maxion e MF Industrial. A figura 4 mostra uma visão aérea da unidade de Canoas, no estado do Rio Grande do Sul. Figura 4 – Foto aérea da Unidade de Canoas/RS Fonte: AGCO do Brasil (2011). Outra planta está localizada em Santa Rosa, com área construída de 35,5 mil metros quadrados e capacidade de produção anual de 3 mil colheitadeiras, onde são produzidas colheitadeiras da marca Massey Ferguson e AGCO Allis. A figura 5 apresenta uma visão aérea da unidade de Santa Rosa, no estado do Rio Grande do Sul. 55 Figura 5 – Foto aérea Unidade de Santa Rosa/RS Fonte: AGCO do Brasil (2011). A fábrica em São Paulo está localizada em Mogi das Cruzes, e produz 17 mil máquinas por ano. Possui 56 mil metros quadrados de área construída. Nesta unidade são produzidos tratores da marca Valtra. A figura 6 demonstra uma visão aérea da unidade de Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo. Figura 6 – Foto aérea Unidade de Mogi das Cruzes/SP Fonte: AGCO do Brasil (2011). Além de Canoas e Santa Rosa, a AGCO possui outra fábrica no Rio Grade do Sul, situada em Ibirubá, onde são produzidos 5 mil implementos agrícolas da marca Sfil anualmente, em uma área de 12,7 mil metros quadrados. Todas as informações divulgadas na caracterização da empresa são provenientes de pesquisa documental, nos arquivos disponibilizados pela AGCO do Brasil ao pesquisador, bem como no site da AGCO do Brasil, e na intranet, recurso este disponível aos funcionários e também a pesquisadora. 56 4.1.1 Missão, Visão e Valores Neste tópico serão apresentados a missão, a visão e os valores da AGCO, expondo, assim, os fundamentos de atuação da companhia. A visão de uma empresa proporciona sentido e orientação consistentes para o futuro. De forma clara, significa aonde a empresa quer chegar (DAYCHOUM, 2007). No quadro 4 pode-se observar a visão da AGCO: Quadro 4 – Visão da AGCO !" # $ % & & $ $ '$ ( ($ )# Fonte: Adaptado de AGCO do Brasil (2011). ( Sendo assim, a AGCO pretende fornecer a seus clientes (produtores rurais), produtos de alta tecnologia, que serão utilizados em suas atividades. Já a missão de uma empresa é a razão de sua existência, ou o motivo de sua criação, e a função fundamental que se espera dela (DAYCHOUM, 2007). O quadro 5 ilustra a missão da AGCO: Quadro 5 – Missão da AGCO * #! ( !" $ + , ( '$ (& ( ( $& )# Fonte: Adaptado de AGCO do Brasil (2011). - Sendo assim, a AGCO espera crescer de forma sustentável, atendendo seus clientes com inovação, qualidade e comprometimento superiores. Os valores de uma organização espelham os compromissos e princípios éticos nos quais ela baseia sua conduta (DAYCHOUM, 2007). No quadro 6 encontram-se os valores da AGCO: 57 Quadro 6 – Valores da AGCO !" # * + , ) ( ' ! ( ( ) & * * - ( - ( * ) , 1 0 * + , - , 1 0 - , 1 ( ( # ( 2 ) * , % * + - * & /, * $ , , /, * & + % , * + * - + ( . + . % ( * / * / % ) & ! 3 " - + & * * 3 " ) 2 ( Fonte: Adaptado de AGCO do Brasil (2011). Observa-se a preocupação da empresa com todos aqueles envolvidos por seus processos, desde o cliente, passando pelos funcionários, concessionários e distribuidores, até os seus acionistas. 58 As informações relativas à missão, visão e valores foram extraídas do site da AGCO do Brasil. 4.2 VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DE UM FREIGHT FORWARDER Este tópico apresenta os pontos levantados por cada um dos entrevistados, quando questionados a respeito das vantagens encontradas na utilização dos serviços de um freight forwarder para a AGCO do Brasil, unidades de Canoas e Santa Rosa. O Entrevistado 1 percebe, como principais vantagens, o aproveitamento da expertise do freight forwarder no trato com as cargas no exterior, uma vez que, normalmente, ele possui escritórios em todos os países, e conhece bem os procedimentos na origem. Também o freight forwarder dá toda a tratativa, não somente da carga, mas também toda a tratativa legal, evitando que o cliente aqui no Brasil se envolva com este tipo de questão no exterior. Segundo Vieira, G. (2009), este processo, na origem, cuidando do transporte, formalidades administrativas, consolidação e desconsolidação das cargas, estão entre as principais funções do freight forwarder. O Entrevistado 2 vê, como maiores vantagens, o poder de negociação que a empresa possui junto ao freight forwarder, que não seria o mesmo caso a negociação fosse feita diretamente com o armador ou com a companhia aérea. Para o mesmo, a AGCO tem maior participação no faturamento de um freight forwarder do que de um armador ou de uma companhia aérea, e este fato é crucial no momento da negociação. Este ponto é levantado por Porter (2004), quando relaciona os poderes do comprador, sendo um deles, justamente, o poder que exerce o comprador sobre o vendedor quando suas compras são representativas no faturamento da empresa. Além disso, o Entrevistado 2 cita, também, o aproveitamento da experiência e do conhecimento que o agente de carga possui junto ao transporte das cargas em todo o mundo. Esta vantagem também é citada por Dornier et al. (2000). O Entrevistado 3 destacou como vantagens o follow up das cargas, onde o controle é maior do que se não houvesse o intermediário no processo. A parceria 59 criada entre a empresa e o agente de carga também é destacada como um ponto positivo, com um serviço diferenciado, comprometimento e responsabilidade sobre as cargas. Este conjunto de serviços prestados, que agregam valor ao processo, está em concordância com a definição de operador de serviço logístico, apresentada por Novaes (2004). O entrevistado ainda destaca o fato de a empresa exercer poder sobre o freight forwarder e os serviços prestados por ele, poder este que não teria caso as importações fossem realizadas sem o intermediário. Este ponto é descrito por Jiang e Qureshi (2006 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011), quando evidenciam que uma das vantagens da terceirização de serviços logísticos é o planejamento, estabelecendo metas, prazos e responsabilidades entre as partes. O Entrevistado 4 percebe como vantagem o gerenciamento das cargas. O freight forwarder oferece serviços, como transporte na origem e no destino, consolidação de cargas na origem, estufagem de contêiner, pessoal dedicado apenas para o processo da empresa, desova de contêiner, follow up do material desde o momento da coleta até a entrega na fábrica. Caso a opção fosse retirar o agente de carga do processo, a empresa teria que subcontratar uma série de outros intervenientes para realizar estes serviços. Novaes (2004) descreve esse conjunto de atividades como aquelas realizadas pelo prestador de serviço logístico (PSL). Comercialmente falando, o Entrevistado 4 destaca que, para o volume e freqüência das cargas da AGCO, os freight forwarders oferecem tarifas inferiores do que contratando diretamente o armador ou a companhia aérea. Esta vantagem da terceirização é citada por Queiroz (1998), quando diz que o resultado da contratação de um prestador de serviço é a evolução da qualidade e produtividade, a redução de custos logísticos e o ganho de competitividade. O quadro 7 ilustra os principais pontos levantados pelos entrevistados como vantagens da utilização de um freight forwarder. 60 Quadro 7 – Vantagens da Utilização de um Freight Forwarder " 4 6 % % . 5 % ( + . 7 + , 3 ( () 3 " Fonte: Elaborado pela autora. Os quatro entrevistados enfatizaram a complexidade de realizar as importações da AGCO do Brasil sem o auxílio de um freight forwarder, uma vez que a empresa obteve ganhos com o prestador de serviços no processo. Este fato é citado por Dornier et al. (2000), onde ele expõe que o rápido crescimento nas empresas que oferecem serviços logísticos é reflexo do aumento da competitividade entre as empresas. O Entrevistado 1 afirmou que o freight forwarder não seria uma questão de vantagens para a empresa, mas sim, uma questão de necessidade. Se a empresa não possui volumes importantes, expressivos, é inviável realizar uma operação adequada sem o intermédio de um agente de carga. O mesmo ainda afirma que, para uma operação de suprimento rotineiro, como ocorre na AGCO do Brasil, com importações de diversos países, a empresa acaba forçadamente necessitando de um representante no exterior. Ballou (2009) confirma, ao apresentar a importância do recebimento de informações atualizadas dos processos para as estratégias logísticas das empresas, ou seja, o freight forwarder é inserido em procedimentos crucias das organizações. O Entrevistado 2 ressalta que, se a AGCO do Brasil não utilizasse o serviço de um freight forwarder, seria necessário criar um grupo interno que ficaria responsável por todos os tramites hoje realizados pelo agente. O Entrevistado 4 também realça a impossibilidade de exclusão do freight forwarder dentro da realidade das importações da AGCO do Brasil, fazendo o mesmo comentário do 61 Entrevistado 2, que seria necessário a criação de um departamento com pessoas dedicadas unicamente aos tramites de embarque das cargas, uma vez que deixariam de terceirizar este tipo de serviço. Relacionando com as vantagens da terceirização descritas por Jiang e Qureshi (2006 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011), a contratação do intermediário reduz os custos fixos do cliente, uma vez que sua despesa se resume apenas aqueles intrínsecos à realização da operação. O Entrevistado 3 acredita ser inexequível realizar as importações da AGCO do Brasil sem o freight forwarder, uma vez que a empresa possui grande volume de embarques, porém pouco volume de cargas, para negociar boas condições junto aos armadores e companhias aéreas. Porter (2004) diz que o fornecedor exerce poder quando suas vendas são fragmentadas, ou seja, não concentradas em um único cliente. Neste caso, fica evidente que as cargas da AGCO do Brasil não exercem expressiva influencia no faturamento da companhia aérea ou do armador, necessitando da contratação do terceiro, sobre o qual a empresa exerce o poder de comprador, também citado por Porter (2004). 4.3 DESVANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DE UM FREIGHT FORWARDER Este tópico apresentada os pontos levantados por cada um dos entrevistados, quando questionados a respeito das desvantagens encontradas na utilização dos serviços de um freight forwarder para a AGCO do Brasil, unidades de Canoas e Santa Rosa. O Entrevistado 1 compreende que o custo seja uma desvantagem, uma vez que o freight forwarder cobra pelos serviços prestados e, neste ponto, a empresa poderia reduzir gastos contratando diretamente o armador ou a companhia aérea. Para desenvolver todas as funções, segundo Vieira, G. (2009), o freight forwarder cobra um tarifário. Porém, conforme Queiroz (1998) e Dornier et al. (2000), o terceiro gera aumento de competitividade, o que pode ser benéfico para o cliente. O Entrevistado 1 também cita como desvantagem a impessoalidade do serviço, uma vez que o contato com parte dos prestadores de serviços da cadeia de suprimentos é perdida. O contato da empresa acaba resumindo-se ao freight forwarder, sendo que a carga passa por vários prestadores de serviços. A empresa não conhece os prestadores e os prestadores também não conhecem a empresa, o contato deles também é o freight forwarder. Em concordância com o exposto pelo Entrevistado 1, 62 Bask (2001 apud COSTA, 2007) relata que o 3PL é um agente da cadeia de suprimentos, e o contrato firmado com seus clientes incorpora tanto a operação como a gestão das atividades. Pode-se observar que a empresa realmente tende a perder o contato com uma parte da cadeia, contato que será feito pelo agente de carga, a partir do momento de sua contratação. O Entrevistado 1 ainda cita o fato de a empresa não conseguir auditar o serviço, faz-se necessária confiança nas informações passadas pelo agente de carga. Desta forma, uma negociação bem feita com o freight forwarder é crucial, uma vez que será entregue a ele parte da operação da empresa. A afirmação está em concordância com o relatado por Lei e Hitt (1995 apud BASSANI; LAZZAROTTO, 2011), quando conceituam a terceirização como sendo a confiança depositada por uma empresa em uma fonte externa. Os Entrevistados 2, 3 e 4 citaram o processo de negociação, quando não é bem conduzido, como uma desvantagem em ter o freight forwarder intermediando as cargas da AGCO do Brasil. Burbridge et al. (2006) afirma que, no processo de negociação, ambos precisam obter resultados positivos, expressando aquilo que desejam obter no final da negociação. Os mesmos entrevistados citaram a importância dada ao custo, para a empresa. Desta forma, se a AGCO tentar reduzir muito o custo, eventualmente não obterá o serviço desejado, uma vez que o freight forwarder fará aquilo que estiver ao seu alcance, também obtendo lucro com sua contratação. No quadro 8 é possível observar os pontos levantados como desvantagens da utilização de um freight forwarder pelos entrevistados. Quadro 8 – Desvantagens da Utilização de um Freight Forwarder " 4 6 8 % 5 8 % 7 8 % Fonte: Elaborado pela autora. O Entrevistado 2 cita o problema da estrutura da empresa muito fragmentada, cada departamento tem metas próprias, que, por vezes, entram em conflito com as 63 metas de outros departamentos. Como o processo de definição inicia em Compras, a meta é obter o serviço adequado pelo menor custo possível. Porém, quando se iniciam as operações com o agente de carga, o serviço fica limitado em função da negociação feita. Este ponto é exposto por Ballou (2009), quando diz que uma estratégia logística deve ser tão bem planejada quanto uma estratégia corporativa. Os departamentos participantes do processo precisam se unir, e demonstrar suas necessidades, de forma que o serviço contratado preencha os desejos de todos. O Entrevistado 3 afirma que, como a empresa negocia todo o seu volume com um ou dois agentes de cargas, inicialmente o atendimento é de qualidade e dentro do que a empresa necessita. Porém, como o freight forwarder permanece no mínimo dois anos prestando serviços, o comodismo e a falta de concorrência levam a uma perda de qualidade no serviço prestado. Por este motivo, Bowersox e Closs (2010), afirmam a que o desempenho deve ser monitorado, a fim de atingir as metas impostas no momento da contratação. O Entrevistado 4 avalia que a desvantagem advém da escolha. Quando se opta por um freight forwarder de grande porte, o atendimento para a AGCO não é tão diferenciado quanto se a opção fosse agente de médio porte. A desvantagem que o entrevistado percebe é realmente saber escolher quem vai valorizar o processo tanto aqui no destino quanto os responsáveis na origem, por isso ele sempre questiona, nas apresentações de agentes, quanto a AGCO representará no faturamento da empresa. Este ponto, citado pelo Entrevistado 4, vai diretamente de encontro ao descrito por Porter (2004), quando fala que uma das formas do comprador exercer poder sobre o vendedor, ocorre quando suas compras são representativas no volume de vendas do mesmo. 4.4 ATRIBUTOS Neste tópico serão apresentados os atributos salientes, importantes e determinantes para a AGCO do Brasil no processo de definição de um freight forwarder, de acordo com as respostas das entrevistas. Primeiramente, foi solicitado que os entrevistados listassem quais atributos deve possuir um freight forwarder para ser escolhido pela AGCO do Brasil, fazendo uma breve explicação do que representava para a empresa cada um dos tópicos. Posteriormente, foi apresentada a classificação dos atributos feita por Alpert (1971 64 apud BASSANI, 2006) e foi solicitado que, dentre os atributos listados, fosse feita a disposição. Segundo Alpert (1971 apud BASSANI, 2006) os atributos podem ser classificados em salientes, importantes e determinantes. O resultado da pesquisa está descrito nos próximos tópicos. 4.4.1 Atributos – Entrevistado 1 Neste tópico é apresentado o resultado obtido com os questionamentos feitos ao Entrevistado 1. O quadro 9 relaciona os atributos listados pelo Entrevistado 1 quando questionado sobre quais atributos deve possuir um freight forwarder para prestar serviços para a AGCO do Brasil, unidades de Canoas e Santa Rosa. Quadro 9 – Atributos Relacionados: Entrevistado 1 ./ " , " 2 9 2 ( % ( % " :;;4 81 % 1 ( & ! < Fonte: Elaborado pela autora. = O Entrevistado 1 fez uma breve explicação do que cada um dos pontos listados no quadro 9 significava para ele. O item custo adequado, para o Entrevistado 1, refere-se aos valores propostos pelo freight forwarder, uma vez que o escolhido deve possuir um tarifário apropriado ao que a empresa se dispõe a desembolsar, e também deve ser competitivo em relação aos concorrentes. Para Peter e Olson (2009), o atributo concreto que mais se destaca é o preço. Segundo o Entrevistado 1, os escritórios próprios nas origens e destino, facilitam a comunicação e melhoram o processo em todos os pontos da cadeia. É importante que o freight forwarder possua estrutura com profissionais qualificados e que tenham conhecimento das peculiaridades de cada local. A estrutura oferecida pelo prestador de serviço ao cliente é frisada por Dornier et al. (2000). O autor cita 65 que uma das vantagens de sua contratação é o acesso a tecnologias e soluções logísticas. Saúde financeira foi citada pelo Entrevistado 1 como um atributo inerente a qualquer fornecedor da AGCO do Brasil, e com o freight forwarder não seria diferente. Como a AGCO possui um grande volume de embarques, a fim de minimizar o erro causado pelas trocas de e-mails, é importante que o freight forwarder escolhido ofereça uma ferramenta de comunicação apropriada, tornando claro ao Analista de Comércio Exterior os eventos que ocorrem no embarque, como aprovação de embarque, coleta do material (pick up), booking e presença de carga. Ballou (2009) enfatiza o apresentado pelo entrevistado, expondo que o cliente busca informações atualizadas e precisas no momento da contratação de um PSL. Para a AGCO do Brasil, a certificação ISO 9001 demonstra maior confiabilidade nos procedimentos do freight forwarder, uma vez que trata de um processo de qualidade estabelecido e certificado ao fornecedor. Desta forma, é oportuno que o escolhido preencha este atributo. O nível de serviço reconhecido, para o Entrevistado 1, é indiscutível, pois é a forma que a AGCO do Brasil tem de medir o serviço antes de efetuar a contratação. Kotler e Keller (2006) descrevem a intangibilidade do serviço, o que não impossibilita saber, de forma concreta, o que se está adquirindo no momento da compra. Para o Entrevistado 1, as informações de mercado, através de contato ou benchmarking com outras empresas, que forneçam indicadores positivos quanto ao serviço prestado pelo agente de carga, é um atributo utilizado no processo decisório. Em função da AGCO do Brasil realizar importações de diversas localidades, e estar em constante desenvolvimento de fornecedores nas mais variadas origens, faz-se necessário que o freight forwarder tenha representação em todos os países, para que consiga prestar um serviço de qualidade, dentro dos padrões da empresa. Neste contexto, Lovelock e Wright (2009) afirmam que o serviço deve criar valor e fornecer benefícios ao cliente. Também é necessário que o freight forwarder possua infraestrutura para atender os processos da AGCO, como centros de consolidação nas principais origens ou pontos estratégicos, e escritórios próprios. Para o Entrevistado 1, o pessoal técnico especializado, onde o freight forwarder oferece uma equipe de suporte, tanto na origem quanto no destino, com 66 conhecimento logístico e das necessidades da AGCO do Brasil, que ofereça atendimento de qualidade, é um grande diferencial no momento da escolha do prestador de serviços. Vieira, G. (2009) descreve isto como uma das principais funções do freight forwarder. Após a apresentação da escala de Alpert (1971 apud BASSANI, 2006) para os atributos, o Entrevistado 1 relacionou como salientes, importantes e determinantes os atributos apresentados no quadro 9. O quadro 10 demonstra a classificação feita. " Quadro 10 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 1 * , 9 ( 81 & ! < = * 0" 2 2 % ( % " :;;4 ( 1 % 1 Fonte: Elaborado pela autora. Segundo o Entrevistado 1, são determinantes no momento da escolha do freight forwarder os atributos: custo adequado, saúde financeira, nível de serviço reconhecido, pessoal técnico especializado (suporte). Como atributos importantes, o mesmo relacionou: escritórios próprios nas origens e destino, ferramenta de comunicação apropriada, certificação ISO 9001 e infraestrutura. Por fim, como atributo saliente foi pautado o atributo: representação em todos os países. 4.4.2 Atributos – Entrevistado 2 Este tópico apresenta os resultados obtidos através dos questionamentos feitos ao Entrevistado 2. 67 O quadro 11 ilustra a relação feita pelo Entrevistado 2, quando questionado sobre os atributos que a AGCO do Brasil avalia no momento da contratação de um freight forwarder. Quadro 11 – Atributos Relacionados: Entrevistado 2 " ./ " % " # > / / & * , 8 Fonte: Elaborado pela autora. Para o Entrevistado 2, cada um dos pontos apresentado no quadro 11 tem os significados a seguir descritos. O poder de negociação com os armadores e com a companhia aérea é um atributo significativo para a AGCO do Brasil, uma vez que o freight forwarder precisa ser competitivo no mercado, apresentando serviços diferenciados, a um custo adequado. O poder de negociação com armadores e companhias aéreas proporciona esta flexibilidade aos embarques da empresa, tanto em custo como em serviço. Porter (2004) relata as principais formas de o comprador exercer poder sobre o vendedor. De acordo com o relatado na entrevista, pode-se observar que a AGCO do Brasil necessita de um prestador de serviços que, como cliente, tenha poder sobre os transportadores que ele contrata. Para o Entrevistado 2, o conhecimento do processo na origem é fundamental. Como o freight forwarder está operando no mercado, nas mais variadas origens, com diversos armadores e companhias aéreas, ele precisa transmitir para a AGCO quais são as suas experiências, através de histórico de acontecimentos passados, para que a empresa consiga tomar decisões embasadas em fatos concretos. Em função de o freight forwarder estar presente na origem, ele tem este conhecimento e é necessário que se transmita ao cliente. Assim como citado por Vieira, G. (2009) quando relata que os agentes de carga são os organizadores do transporte internacional, conhecendo o processo. Para a AGCO do Brasil, é essencial que exista qualidade no serviço prestado pelo freight forwarder. Segundo o Entrevistado 2, este ponto dificilmente é 68 mensurável no momento da escolha, porém, é imprescindível para que se mantenha uma parceria com o agente de carga. Bowersox e Closs (2010) relatam que um excelente desempenho de serviço ao cliente adiciona valor a todos os membros da cadeia, ou seja, uma prestação de serviço de qualidade será benéfica também ao agente de carga. Também foi citado o atributo opções variadas de serviço, rotas, etc. O Entrevistado 2 considera que o freight forwarder deve planejar a logística juntamente com a AGCO do Brasil, trazendo melhorias no processo de transporte das importações da empresa. Por este motivo, é necessário que o agente ofereça serviços diferenciados para análise e processo decisório da empresa. Esta é uma das principais funções do freight forwarder, confirmada por Vieira, G. (2009). O preço adequado é citado como indispensável pelo Entrevistado 2. O freight forwarder escolhido certamente terá que apresentar tarifas competitivas em relação aos concorrentes. Nowlis e Simonson (1997) relacionam este como um atributo comparável, ou seja, facilmente analisado pelo consumidor. O Entrevistado 2 citou o atributo nome no mercado, expondo que, para a AGCO do Brasil, é importante que o agente de carga escolhido tenha representatividade e seja reconhecido no mercado, pois esta é uma das poucas formas de medir (mesmo sem precisão) o serviço prestado, antes da contratação. Confirma-se a intangibilidade do serviço citada por Kotler e Keller (2006). O quadro 12 demonstra a classificação feita pelo Entrevistado 2 dos atributos apresentados no quadro 11. Os atributos foram classificados de acordo com a escala de Alpert (1971 apud BASSANI, 2006) em salientes, importantes e determinantes. " Quadro 12 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 2 * , * 0" % " # > / / * 1 8 Fonte: Elaborado pela autora. & 69 Segundo o Entrevistado 2, são determinantes no momento da escolha do freight forwarder os atributos: qualidade do serviço e preço adequado. Como atributos importantes, o mesmo relacionou: poder de negociação com armadores / companhia aérea, conhecimento do processo na origem e opções variadas de serviço, rotas, etc. Por fim, como atributo saliente, foi pautado o nome no mercado. 4.4.3 Atributos – Entrevistado 3 Neste tópico são apresentados os resultados obtidos através dos questionamentos feitos ao Entrevistado 3, sobre o tema atributos. Quando questionado em alusão aos atributos que são considerados no momento da contratação do freight forwarder pela AGCO do Brasil, o Entrevistado 3 fez a listagem demonstrada pelo quadro 13. Quadro 13 – Atributos Relacionados: Entrevistado 3 " ./ " + ( & % Fonte: Elaborado pela autora. Cada um dos pontos relacionados no quadro 13 possui um significado ao Entrevistado 3, os quais estão expostos no decorrer deste texto. O comprometimento, para o Entrevistado 3, é um atributo avaliado pela AGCO do Brasil no momento da escolha do freight forwarder, pois este precisa entender que o material que ele está coletando e transportando é o que garante a produção e venda da AGCO do Brasil, e comprometer-se com o processo. Segundo o Entrevistado 3, também se faz necessário que o freight forwarder tenha responsabilidade com o processo da empresa e com as cargas da AGCO do Brasil, uma vez que as peças importadas são utilizadas no processo produtivo. No que tange os atributos comprometimento e responsabilidade, citados pelo Entrevistado 3, é importante expor isso de forma clara ao agente de carga no 70 momento da contratação, como diz Queiroz (1998), uma vez que o processo de terceirização, segundo o autor, transfere atividades da empresa para fornecedores externos, capacitados e especializados. Outro ponto levantado foi a proatividade. Para a AGCO do Brasil, é importante que o freight forwarder não fique aguardando que o cliente questione, ele precisa vir com as informações atualizadas e corretas. Ballou (2009) cita que um sistema logístico eficaz, depende do recebimento preciso das informações. Para o Entrevistado 3, o atributo serviço diferenciado de follow up é avaliado constantemente, uma vez que, uma das maiores necessidades de quem trabalha diretamente com logística, é receber as informações de forma clara, com agilidade. Ballou (2009) confirma essa preocupação, para que se obtenha eficácia no processo logístico. Sobre o item parceria, o Entrevistado 3 citou a importância de trabalhar em conjunto, empresa e freight forwarder, para que surjam melhorias no processo logístico. Bowersox e Closs (2010) confirmam que o desempenho logístico de qualidade agrega valor a todos os membros da cadeia. Para o Entrevistado 3, o item custo é avaliado pela AGCO do Brasil. O tarifário apresentado pelo freight forwarder é decisivo para a empresa no momento da escolha. Bassani (2006) confirma a necessidade do serviço de qualidade ter, em contrapartida, um custo adequado ao cliente. O quadro 14 demonstra a classificação feita pelo Entrevistado 3 dos atributos apresentados no quadro 13. Os atributos foram classificados de acordo com a escala de Alpert (1971 apud BASSANI, 2006) em salientes, importantes e determinantes. " Quadro 14 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 3 * ( & % * 0" 1 + Fonte: Elaborado pela autora. 71 Segundo o Entrevistado 3, são determinantes no momento da escolha do freight forwarder os atributos: serviço diferenciado de follow up e custo. Como atributo importante, o mesmo relacionou a parceria. Por fim, como atributos salientes foram pautados: comprometimento, responsabilidade e proatividade. 4.4.4 Atributos – Entrevistado 4 Este tópico apresenta os resultados obtidos através dos questionamentos feitos ao Entrevistado 4, quando interrogado sobre o tema atributos. O quadro 15 ilustra os pontos relacionados pelo Entrevistado 4, quando questionado sobre os atributos avaliados pela AGCO do Brasil em um freight forwarder. Quadro 15 – Atributos Relacionados: Entrevistado 4 " ./ " < . = # > < = ! > & >? % Fonte: Elaborado pela autora. A definição de cada um dos itens do quadro 15, para o Entrevistado 4, está colocada no transcorrer do texto. O atributo preço (vigência), para o Entrevistado 4, é fundamentalmente o custo, a proposta apresentada à AGCO do Brasil. No momento da escolha do freight forwarder, este ponto sempre é relacionado com a vigência das tarifas que o agente de carga apresenta, evitando que seja necessário trocar o prestador de serviços em pouco tempo, por ele ter um aumento brusco no tarifário. O Entrevistado 4 expôs que a empresa procura manter um relacionamento com o agente de carga, que tem a preocupação de optar por aquele que oferece o menor custo, por um período maior de tempo. O custo adequado é salientado por Bassani (2006). Para o Entrevistado 4, o transit time e as rotas diretas irão influenciar em dois fatores. Primeiramente, é importante para a Logística que as cargas cheguem ao 72 destino o mais breve possível. Segundo, como a grande maioria das cargas de importação da AGCO do Brasil são EXW e FOB, todo o período de trânsito da mercadoria impacta no estoque da empresa, item que atualmente está sendo bastante trabalhado para redução. Rodrigues (2010) discorre sobre o tema estoques, afirmando que técnicas eficazes de gestão sinalizam a redução no nível do mesmo, uma vez que alteram a rentabilidade da empresa. Para o Entrevistado 4, o atributo prazo pagamento poderia ser melhor explorado pela AGCO do Brasil, mas, devido aos processos internos, a empresa não aproveita os prazos que os agentes nos oferecem, e pagam com maior antecedência. De qualquer forma, este item é pauta de negociação, pois a AGCO do Brasil percebe, neste processo, uma oportunidade de redução de custos. Durante a entrevista, o mesmo expõe sobre o atributo spread, que ele traduz como o percentual cobrado pelos agentes de carga sobre a taxa Ptax, no momento da conversão da moeda para o real brasileiro. A AGCO do Brasil negocia muito para que este valor seja o menor possível, pois um tarifário de frete muito bom pode acabar não significando tanto no momento do pagamento, se este item não for bem discutido. O Entrevistado 4 também discorre, em um dos pontos, que a AGCO do Brasil exige que o agente de carga informe qual o armador e a companhia aérea estão sendo utilizados nas cotações, uma vez que este atributo é bem significativo no processo decisório. Bassani (2006) afirma que uma proposta logística deve contemplar todas as alternativas de serviços, de modo que a escolha seja do cliente, dentro daquilo que ele considera importante. A AGCO do Brasil também exige do freight forwarder um sistema adequado de trabalho, pois a troca de informações por e-mail pode gerar conflitos e prejudicar o processo. Para o Entrevistado 4, o ideal para a empresa e o freight forwarder é trabalharem com uma plataforma online, onde a empresa e o agente de carga (tanto na origem como no destino) tenham a possibilidade de acessar as informações e atualizar os dados, deixando todos os envolvidos cientes do que está ocorrendo, no mesmo momento. Dornier et al. (2000) relata como vantagem do prestador de serviço logístico, o acesso a tecnologia. O atributo estrutura, na origem e no Brasil, também é rigorosamente inspecionado pela AGCO do Brasil. O freight forwarder escolhido para prestar serviços à empresa deve possuir estrutura capaz de atender todo o volume de 73 importação das unidades de Canoas e Santa Rosa. A estrutura na origem, como escritórios próprios e armazéns bem localizados, é fundamental, uma vez que o processo, na origem, é de total conhecimento e responsabilidade do agente de carga, não existem pessoas da AGCO para inspecionar. Ele é quem conhece a cultura do país, aspectos relacionados à legislação e documentação. No destino, também se faz necessário que o prestador de serviço ofereça à empresa um escritório próprio, com profissionais qualificados e que entendam dos processos inerentes à aduana brasileira. Uma das vantagens do PSL, citada por Dornier et al. (2000), é justamente a coordenação logística, que passa a ter caráter global. A AGCO do Brasil está considerando o tópico terminal de atracação, para todas as cargas com destino final Santos. Para a área comercial, esta informação relaciona custos com armazenagem, que podem variar muito entre os terminais deste porto específico. Desta forma, a empresa tenta negociar com o freight forwarder a utilização de armadores mais competitivos, no quesito terminal de atracação, uma vez que os mesmos possuem parceiros em Santos e descarregam com frequência no mesmo terminal. Após a apresentação da escala de Alpert (1971 apud BASSANI, 2006) para os atributos, o Entrevistado 4 relacionou como salientes, importantes e determinantes os atributos apresentados no quadro 15. O quadro 16 demonstra a classificação feita. " Quadro 16 – Classificação dos Atributos: Entrevistado 4 * < . = # > < = * 0" > & >? % 1 ! Fonte: Elaborado pela autora. Para o Entrevistado 4, são determinantes, no momento da escolha do freight forwarder, os atributos: preço (vigência), transit time / rotas (direto) e spread. Como 74 atributos importantes, o mesmo relacionou: armador / companhia aérea, estrutura na origem / Brasil e terminal de atracação. Por fim, como atributos salientes foram pautados: prazo de pagamento e sistema. 4.4.5 Comparação dos Resultados Diversos atributos foram relacionados pelos entrevistados. Este tópico apresenta a relação entre as classificações dos quatro entrevistados, buscando demonstrar os itens em comum obtidos nas respostas. Para Bassani (2006), o prestador de serviços precisa entender o que o cliente deseja, de forma que consiga atendê-lo da melhor maneira possível. Para Alpert (1971 apud BASSANI, 2006), o estudo dos atributos é uma forma de chegar a estas conclusões. Os Entrevistados 1, 2 e 3 elencaram como determinante o serviço prestado pelo freight forwarder. Este item não foi levantado como determinante pelo Entrevistado 4, possivelmente por não ter envolvimento com o processo logístico, envolvendo-se apenas com a negociação e definição do prestador de serviços. O item preço foi classificado como determinante por todos os entrevistados. Este resultado tem relação com o exposto por Bassani (2006), ao afirmar que o serviço de qualidade precisa ser acompanhado de um preço adequado, para que o agente de carga seja escolhido. Na classificação de atributo importante, os Entrevistados 1 e 4 concordaram no item estrutura do agente de carga, tanto na origem como no destino. Os demais itens classificados pelos entrevistados como atributos importantes não são comuns. Todos os atributos classificados pelos quatro entrevistados como salientes não tiveram relação entre eles. 4.5 O PROCESSO ATUAL O processo atual também foi questionado no momento da entrevista, devido à sua importância para compreensão do estudo. Neste tópico, é apresentado o resultado obtido no momento em que os quatro entrevistados foram questionados sobre a forma como a AGCO do Brasil define o seu freight forwarder para as cargas de importação, aéreas e marítimas, das suas unidades de Canoas e Santa Rosa. 75 Todos os quatro entrevistados reconheceram que esse processo se dá por meio de um bidding, ministrado pelo Departamento de Compras. Também foi unânime, entre os entrevistados, a importância que a empresa dá ao atributo custo. Observa-se, ainda, que os profissionais da área de Importação, representados pelos Entrevistados 1, 2 e 3, dizem desconhecer exatamente a forma como ocorre o bidding. Ambos citaram que o Departamento de Compras recebe os tarifários e avalia o que melhor se enquadra aos interesses da empresa, mas não souberam descrever, de forma clara, as etapas do processo. O Entrevistado 1 cita que, os atributos que ele enquadrou como determinantes, importantes e salientes, talvez não sejam elencados da mesma forma por quem toma a decisão de escolha do freight forwarder. Além disso, ele acredita que a empresa não deixa claro, no processo de bidding, quais são os atributos realmente determinantes para a companhia. Desta forma, a comparação das propostas é desestruturada, uma vez que cada agente de carga apresenta aquilo que tem de melhor. O Entrevistado 3 cita a importância de um benchmarking em outras empresas. Apesar de afirmar desconhecer as etapas do processo na AGCO, o mesmo acredita que entender a forma como outras organizações trabalham poderia dar mais qualidade e confiabilidade à decisão do Departamento de Compras. O Entrevistado 4, envolvido diretamente no processo do bidding, afirma que o mesmo ocorre com periodicidade de dois anos, porém, em origens como Ásia, é feito um levantamento de custos de quinze em quinze dias, para saber se os valores estão realmente dentro do que o mercado está apresentando. Ele afirma que o processo de bidding possui quatro etapas: 1. Primeira Etapa: Abertura do bidding, e notificação às empresas que a AGCO do Brasil deseja receber as propostas. Para tanto, é enviado um formulário padrão que contempla todas as despesas possíveis de cada origem. Este formulário de cotações do bidding se encontra nos anexos A, B, e C deste estudo, sendo, o Anexo A, o formulário de cotação bidding para o modal aéreo, o Anexo B, o formulário de cotação bidding para o modal marítimo (FCL), e o Anexo C, o formulário de cotação bidding para o modal marítimo (LCL). O freight forwarder que receber o convite e desejar participar, deve preencher estes formulários com suas propostas, e enviar ao Comprador da AGCO do Brasil dentro do prazo estabelecido. 76 2. Segunda Etapa: O Departamento de Compras da AGCO do Brasil analisa as propostas recebidas e seleciona três candidatos, que seguirão até o momento da decisão. Os participantes são notificados e os três escolhidos são convidados a fazer uma apresentação de suas empresas na AGCO do Brasil. 3. Terceira Etapa: São realizadas as apresentações. Neste momento, o Departamento de Importação também é notificado e convidado a participar. São feitas as últimas negociações de valores. 4. Quarta Etapa: É tomada a decisão, pelo Departamento de Compras, com participação do Departamento de Importação. O freight forwarder vencedor é notificado. O Entrevistado 4 ainda afirma que, na segunda etapa, quando são analisados os custos, pode-se perder um freight forwarder que tenha qualidade no atendimento e um serviço de follow up diferenciado se os critérios preço, transit time e rota não atenderem às expectativas da empresa. Sobre o processo que é realizado hoje, ele afirma que, a cada novo bidding, são desenvolvidas novas e melhores técnicas de análise, afirmado que, ainda não existe um procedimento estruturado. Este tópico apresentou o processo atual de definição de um freight forwarder para as operações de importação aéreas e marítimas da AGCO do Brasil, em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. A compreensão do processo vigente se faz necessário para que possam ser desenvolvidas melhorias e proposições de um roteiro mais eficiente de trabalho. 77 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em um mercado altamente competitivo, as empresas vêem a necessidade de desenvolver estratégias efetivas, que garantam sua manutenção e crescimento frente à concorrência. Neste cenário, a terceirização de atividades logísticas vem sendo uma das estratégias utilizadas por organizações de todo o mundo, uma vez que a contratante entrega parte dos seus processos a um terceiro especializado, enquanto pode focar todos os seus esforços em seu core business. A necessidade dos prestadores de serviços logísticos fez com que surgisse a figura do freight forwarder, responsável pelo agenciamento das cargas internacionalmente, além dos processos pertinentes na origem e no destino. Dentre as ofertas de agentes de carga no mercado, tornou-se crucial que a empresa encontrasse aquele que se adéqua aos atributos necessários ao prestador de serviço para a organização. Este estudo analisou a forma como a AGCO do Brasil realiza o processo de definição de um freight forwarder nas operações de importação, aéreas e marítimas, em suas plantas de Canoas e Santa Rosa. Primeiramente, através de pesquisa documental e no site da empresa, podese caracterizar devidamente a AGCO do Brasil, entendendo o quanto a empresa busca o crescimento de suas marcas. A melhoria de processos torna-se um dos fatores essências ao desenvolvimento dos produtos, à agilidade no atendimento, à qualidade dos equipamentos e à satisfação dos clientes. Através das pesquisas feitas com os quatro entrevistados, pode-se comprovar que, mais do que ser uma vantagem para a empresa ter o intermediário no processo, o agente de carga tornou-se uma necessidade, pela forma como ocorrem as importações da AGCO do Brasil. Segundo os entrevistados, o volume de embarques é grande, porém, o volume de cargas é irrisório para um armador ou uma companhia aérea, que, desta forma, não daria o mesmo trato e importância que um freight forwarder dedica aos processos da empresa. Além disso, as entrevistas também apontaram que, alguns serviços prestados pelo agente de carga, como consolidação na origem, coleta do material no exportador, desconsolidação da carga no destino, não são ofertados pelos armadores e companhias aéreas, e são cruciais ao processo da AGCO do Brasil. Desta forma, constata-se a necessidade real do freight forwarder para as operações de importação aéreas e marítimas da empresa. 78 O objetivo de identificar as principais vantagens e desvantagens na contratação de um freight forwarder para a AGCO do Brasil, em suas unidades de Canoas e Santa Rosa, foi alcançado através das entrevistas realizadas com os profissionais da empresa. Como vantagens foram pontuadas: expertise, tratativas relacionadas à carga e tratativas legais, poder de negociação da empresa com o freight forwarder, experiência e conhecimento que o agente possui do processo, follow up, parceria, serviço diferenciado, comprometimento e responsabilidade que o freight forwarder tem sobre as cargas, exigências que a AGCO do Brasil pode fazer quanto ao serviço prestado, gerenciamento das cargas, tarifário atrativo para o volume de cargas da empresa. Como desvantagens, foram levantados pontos como: custo, impessoalidade e negociação com o agente de carga. Este último foi citado por três dos quatro entrevistados, concluindo-se que, quando mal conduzida, a contratação pode não gerar as vantagens citadas anteriormente. É importante que a empresa tenha claro o que deseja obter com a contratação do freight forwarder, e exponha estes pontos no momento da negociação. No que tange o estudo de atributos, o objetivo de identificar os atributos salientes, importantes e determinantes, de acordo com a classificação feita por Alpert (1971 apud BASSANI, 2006), foi alcançado pela pesquisa. Os resultados apontam, claramente, a preocupação da empresa com o atributo custo, item este citado pelos quatro entrevistados como determinante para a definição do freight forwarder. Na classificação de atributos importantes, pode-se relacionar apenas o citado pelos Entrevistados 1 e 4, quando pontuaram escritórios próprios na origem e destino, e estrutura na origem e no Brasil. Neste caso, ambos classificaram a estrutura como importante, apenas o Entrevistado 4 foi mais abrangente, pois, além dos escritórios, ele também avalia armazéns e toda a estrutura oferecida pelo agente de carga. Todos os atributos classificados como salientes, e os demais pontuados como atributos importantes, foram distintos entre os entrevistados. A conclusão a ser feita, a partir deste cenário, é que o processo de definição de um freight forwarder nas operações de importação aéreas e marítimas da AGCO do Brasil é focado no atributo custo, mas existe pouca ou nenhuma definição do que é relevante para a empresa, além deste item. O processo de definição atualmente realizado pela empresa foi apresentado e o objetivo alcançado. O que pode ser observado nas entrevistas é que não há um procedimento estruturado em toda a organização. O Entrevistado 4, que é 79 responsável pelo processo, tem conhecimento e soube descrever todos os passos, porém, os demais entrevistados pouco souberam informar, apenas declararam saber da existência de um bidding, mas não conseguiram descrever as etapas, e deixaram claro que o Departamento de Importação não participa ativamente do processo, sendo o processo decisório responsabilidade do Departamento de Compras. O roteiro ideal para a AGCO do Brasil iniciaria com uma definição clara, entre os Departamentos de Importação e Compras, de quais são os atributos salientes, importantes e determinantes para o processo da empresa. Desta forma, a definição do freight forwarder observaria e respeitaria aquilo que todos os envolvidos tem como objetivo para a contratação de um agente de carga. Com os atributos nitidamente apurados, começar-se-ia o bidding. É fundamental que seja esclarecido, junto aos freight forwarders, quais são as reais necessidades da empresa, para que as propostas sejam condizentes com aquilo que a AGCO do Brasil busca. Com isto, é feita uma avaliação de preços, juntamente com a avaliação dos atributos previamente acordados. Definidos os três agentes de carga mais competitivos, realizam-se as apresentações e, posteriormente, é tomada a decisão. Importante salientar que a área de Importação deve participar ativamente deste processo, inclusive no momento da definição do freight forwarder. O objetivo geral desta pesquisa foi atingido, uma vez que foi realizada a análise do processo de definição de um freight forwarder para as cargas aéreas e marítimas da AGCO do Brasil, em suas unidades de Canoas e Santa Rosa. 5.1 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS Sugere-se, para estudos futuros, realizar a comparação dos resultados obtidos neste estudo com o processo de outras organizações. Recomenda-se, ainda, uma análise quantitativa do processo de definição de um freight forwarder, que abrangeria um número maior de empresas e generalizaria os resultados obtidos. Também poderia ser feita uma pesquisa de campo, com um número maior de empresas, de um mesmo ramo de atividade, focando, assim, o processo e os atributos deste segmento. Além disso, pode-se fazer uma pesquisa analisando a forma como os freight forwarders analisam a parceria e a participação em processos de seleção realizados pelas empresas. 80 REFERÊNCIAS ADUANEIRAS. Nota Fiscal de Entrada. 2011. Texto postado no Hiperlink noticias, link: Sem Fronteiras. Disponível em: <http://www.aduaneiras.com.br/noticias/semfronteiras/default.asp?m=2&artigoid=350 8>. Acesso: 13 jun. 2011 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT. Transporte dutoviário. 2011. Texto postado no hiperlink Transporte de cargas. 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Disponível em: < http://logisticatotal.com.br/files/articles/20c7579adcbdde2397ce25f4d34cca61.pdf>. Acesso em: 15 out. 2010. WERNECK, Paulo. Comércio exterior & despacho aduaneiro. 3. ed. atual. Curitiba: Juruá, 2001. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 84 GLOSSÁRIO Anti-dumping: medidas tomadas com objetivo de neutralizar os efeitos do dumping a indústria nacional. Benchmarking: busca de melhores práticas por meio da comparação dos processos com outras empresas. Bidding: também chamado de BID. Designação para cotação de preços junto a diversos prestadores de serviço. Booking: reserva de espaço para o transporte de mercadorias. Commercial Invoice: fatura comercial. Contêiner: grande caixa comumente feita de aço que permite a organização dentro do navio para posterior transporte. Core business: função estratégica da empresa. Core competence: competência principal da empresa. Expertise: experiência. Follow up: acompanhamento. Freight forwarder, International Freight Forwarder ou IFF: agente de carga. Intermodalidade: operação de transporte com dois ou mais modais e um documento para cada modo de transporte. Incoterms: International Commercial Terms ou Termos Internacionais de Comércio. ISO 9001: norma da série de sistemas de gestão da qualidade. Just-in-time: atender o cliente no momento exato de sua necessidade, com as quantidades necessárias para a operação. Logistics providers: prestadores de serviços logísticos. Multimodalidade: operação de transporte com dois ou mais modais e um único documento de transporte para toda a operação. Packing List: romaneio de carga. Pick up: coleta do material. Spread: diferença entre o preço de compra e venda de uma ação, título ou transação monetária. Superávit: diferença positiva entre uma despesa e uma receita. Third-party logistics: operadores logísticos terceirizados. Transit time: tempo de trânsito das cargas. 85 APÊNDICE A – Roteiro de entrevista 1. Quais as vantagens percebidas a AGCO do Brasil ao contratar os serviços de um freight forwarder? 2. Em sua opinião, quais são as desvantagens a AGCO do Brasil ao contratar um freight forwarder? 3. Peço que liste quais atributos que deve possuir um freight forwarder para ser escolhido pela AGCO do Brasil. 4. Um dos objetivos deste estudo é entender quais são os atributos salientes, importantes e determinantes para a AGCO do Brasil. Sendo assim, irei descrever cada um deles de forma que entendam a escala: Os atributos salientes são facilmente identificados pelo consumidor quando estão diante do produto, serviço ou marca. Porém não tem influência decisiva sobre a compra. Os atributos importantes são aqueles que são realmente importantes para o consumidor, independente do número de atributos percebidos no produto, serviço ou marca, porém também não interferem de forma decisiva no momento da decisão de compra. Os atributos determinantes são aqueles fundamentais, imprescindíveis para o consumidor escolher a marca, o produto ou o serviço. Possuem assim força total sobre a decisão de compra. Conhecendo e entendo a classificação, peço que, dentro dos atributos listados anteriormente, identifique os atributos salientes, os importantes e os determinantes para a AGCO do Brasil, na escolha de um freight forwarder 5. Como é realizado o processo de escolha de um freight forwarder na AGCO do Brasil atualmente? 86 ANEXO A – Formulário Cotação Bidding AGCO do Brasil: Frete aéreo Proposta Bidding AIR Freight Forwarder (Bidder):_____________________________________________ VALIDITY: ___/___/______ Incoterm: _______________________________________________________________ Supplier (name / address / ZIP):______________________________________________ Airport at origin:___________________________________________________________ Airport at destination:______________________________________________________ Carrier:_________________________________________________________________ Frequency:______________________________________________________________ Route:__________________________________________________________________ Transit time:_____________________________________________________________ Currency: _______________________________________________________________ Inland Charges PICK UP MINIMUM PICK CHARGES UP 1-300 KGS PICK UP CHARGES 301-500 KGS PICK UP CHARGES 501-1000 KGS PICK UP PICK UP CHARGES CHARGES 1001-2000 KGS 2001 KGS - UP AIR FREIGHT 46 - 100 KGS AIR FREIGHT 101 - 300 KGS AIR FREIGHT 301 - 500 KGS THC (TON/M³) EXPORT HANDLING CHARGES PER PER SHIPMENT SHIPMENT Freight Charges MINIMUM FREIGHT AIR FREIGHT < 45 KGS AIR FREIGHT AIR FREIGHT 501 - 1000 KGS 1001 KGS - UP Other Charges FSC PER KGS (vatos) SSC PER KGS (vatos) ISPS REMARKS:___________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________ DESTINATION LOCAL CHARGES THC DESOVA DESCONSOLID HBL / HAWB ATION FEE FEE MINIMUM DEMURRAGE COLLECT FEE COLLECT FEE FREETIME CADASTRO MERCANTE ISPS DELIVERY FEE DEMURRAGE (VALUE) REMARKS:___________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________ 87 ANEXO B – Formulário Cotação Bidding AGCO do Brasil: Frete marítimo (FCL) Proposta Bidding SEA - FCL Freight Forwarder (Bidder):_____________________________________________ VALIDITY: ___/___/______ Incoterm: _______________________________________________________________ Supplier (name / address / ZIP):______________________________________________ Port of loading:___________________________________________________________ Port of discharge:_________________________________________________________ Carrier:_________________________________________________________________ Frequency:______________________________________________________________ Route:__________________________________________________________________ Transit time:_______________________Direct or transhipment:_____________________ Currency: _______________________________________________________________ Inland Charges (fuel included) PICK UP / INLAND CHARGES (Fuel Included) Per container Freight Charges FREIGHT (Per TEU) 20' FREIGHT (Per TEU) 40' Other Charges BAF (Per TEU) 20' BAF (Per TEU) 40' GRI / PSS 20'/ 40' THC (Per container) EXPORT HANDLING PER ISPS CHARGES PER SHIPMENT SHIPMENT REMARKS:________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________ DESTINATION LOCAL CHARGES THC (Per TEU) COLLECT FEE DESOVA (Per TEU) DESCONSOLID HBL / HAWB ATION FEE FEE CADASTRO MERCANTE ISPS (Per TEU) DELIVERY FEE MINIMUM COLLECT FEE DEMURRAGE FREETIME CAPATAZIAS (Per TEU) SISCARGA (Per TEU) DEMURRAGE (VALUE) REMARKS:________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________ 88 ANEXO C – Formulário Cotação Bidding AGCO do Brasil: Frete marítimo (LCL) Proposta Bidding SEA - LCL Freight Forwarder (Bidder):_____________________________________________ VALIDITY: ___/___/______ Incoterm: _______________________________________________________________ Supplier (name / address / ZIP):______________________________________________ Port of loading:___________________________________________________________ Port of discharge:_________________________________________________________ Carrier:_________________________________________________________________ Frequency:______________________________________________________________ Route:__________________________________________________________________ Transit time:_______________________Direct or transhipment:_____________________ Currency: _______________________________________________________________ Inland Charges (fuel included) PICK UP MINIMUM PICK CHARGES UP 1-300 KGS PICK UP PICK UP PICK UP PICK UP CHARGES 301- CHARGES 501- CHARGES CHARGES 500 KGS 1000 KGS 1001-2000 KGS 2001 KGS - UP Freight Charges MINIMUM FREIGHT FREIGHT (TON/M³) Other Charges BAF (TON/M³) GRI / PSS THC (TON/M³) EXPORT HANDLING PER ISPS CHARGES PER SHIPMENT SHIPMENT REMARKS:________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________ DESTINATION LOCAL CHARGES THC (TON/M³) COLLECT FEE DESOVA (TON/M³) DESCONSOLID HBL / HAWB ATION FEE FEE CADASTRO MERCANTE ISPS (TON/M³) MINIMUM COLLECT FEE DEMURRAGE FREETIME CAPATAZIAS (TON/M³) SISCARGA (TON/M³) DEMURRAGE (VALUE) DELIVERY FEE REMARKS:________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________