Deficiência na expressão de CCR4 reduz a capacidade supressora
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Deficiência na expressão de CCR4 reduz a capacidade supressora
Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Programa de Pós Graduação em Imunologia Básica e Aplicada THAÍS BARBOZA BERTOLINI Deficiência na expressão de CCR4 reduz a capacidade supressora de células CD4+Foxp3+ e aumenta a susceptibilidade na fase crônica da infecção por M. tuberculosis Ribeirão Preto 2015 THAÍS BARBOZA BERTOLINI Deficiência na expressão de CCR4 reduz a capacidade supressora de células CD4+Foxp3+ e aumenta a susceptibilidade na fase crônica da infecção por M. tuberculosis Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor. Área de Concentração: Imunologia Básica e Aplicada Orientadora: Profa. Dra. Vânia Luiza Deperon Bonato Ribeirão Preto 2015 Catalogação da Publicação Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP Bertolini, Thaís Barboza Deficiência na expressão de CCR4 reduz a capacidade supressora de células CD4+Foxp3+ e aumenta a susceptibilidade na fase crônica da infecção por M. tuberculosis Ribeirão Preto, 2015. 134 p. : Il. ; 30cm Tese de Doutorado. Apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo – FMRP-USP Área de Concentração: Imunologia Básica e Aplicada. Orientadora: Bonato, Vânia Luiza Deperon. 1. M. tuberculosis; 2. CCR4; 3. Células Tregs; 4. Receptor de Quimiocina. Nome: Thaís Barboza Bertolini Título: Deficiência na expressão de CCR4 reduz a capacidade supressora de células CD4+Foxp3+ e aumenta a susceptibilidade na fase crônica da infecção por M. tuberculosis Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor Aprovado em: Banca Examinadora: Prof. Dr. ______________________ Instituição: _______________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________ Prof. Dr. ______________________ Instituição: _______________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________ Prof. Dr. ______________________ Instituição: _______________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________ Prof. Dr. ______________________ Instituição: _______________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________ Prof. Dr. ______________________ Instituição: _______________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________ DEDICATÓRIA Dedico esta tese de Doutorado aos meus pais, Aércio (in memoriam) e Vanderly, pelo amor inesgotável, pelo exemplo de vida e pelo incentivo incessante. AGRADECIMENTOS o À Deus por sempre guiar meus passos. o À minha orientadora, Prof.ª Dra. Vânia Luiza Deperon Bonato, pela oportunidade, confiança, ensinamentos e amizade dentro e fora do laboratório. o Aos membros da banca examinadora pela disponibilidade e sugestões. o Aos professores, Dr. José Alves-Filho pela colaboração que fizemos para o desenvolvimento deste trabalho. o À Professores, Dr.ª Simone Gusmão Ramos pelo auxílio com a análise histopatológica. À técnica Elaine Medeiros Floriano pela preparação das lâminas histológicas. o Aos meus amigos e companheiros de laboratório, Ana Flávia, Annie Piñeros, Rafael Prado, Denise Fonseca, Amanda Goulart, Sandra Palma e José Seminate pelo apoio e amizade dentro e fora do laboratório. o Aos meus amigos e companheiros de laboratório vizinho Wendy Rios, Jeanne Molfeta, Izaíra Brandão e Ana Masson apoio e amizade dentro e fora do laboratório. o Aos meus amigos da pós-graduação Isabela Cardoso Fontoura, Elyara Soares, Mária Cláudia Silva, Marcela Davoli, Luana Soares, Thiago Malardo e Evérton Padilha pelos apoio e pelos agradáveis momentos vividos e um agradecimento especial à Manuela Pucca e Felipe Cerni, que me acompanham desde o mestrado e me ajudaram a fazer a figura de conclusão. o Aos meus pais Aércio (in memoriam) e Vanderly pela confiança, amor e dedicação inesgotável. o Ao meu noivo Diego Masson pelo amor, carinho, paciência, dedicação e compreensão nesse momento importante da minha vida. o À minha irmã Laura e aos meus primos Gabriela, Nayara, Loreta, Viviane, Verônica e João Miguel pelo amizade, apoio e incentivo incansável. o Aos professores e funcionários da Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada, pelos favores, auxílios e suporte acadêmico ao longo do doutorado. o Ao Biotério Central e ao Biotério de Animais Especiais da USP/RP, pelo fornecimento de animais de experimentação. o À Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, pela infraestrutura cedida. o À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pelo suporte financeiro. o E à todos, que de alguma forma, contribuíram para a realização desse trabalho. EPÍGRAFE “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê” (Arthur Schopenhauer) RESUMO RESUMO Bertolini, T.B. Deficiência na expressão de CCR4 reduz a capacidade supressora de células CD4+Foxp3+ e aumenta a susceptibilidade na fase crônica da infecção por M. tuberculosis. 2015. 134 p. Tese (Doutorado), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. A tuberculose (TB) é uma doença crônica causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis. A patogênese da TB é resultado da interação da persistência dos bacilos e dos mecanismos que conferem proteção contra a infecção. Nesse sentido, o controle de respostas efetoras é fundamental para limitar o dano tecidual do hospedeiro. Células T CD4+Foxp3+ desempenham essa função, porém estão associadas com a progressão da TB. Sabendo que o receptor de quimiocina CCR4 está envolvido na migração de células T CD4+Foxp3+ para o pulmão, nós usamos animais deficientes para CCR4 (CCR4-/-) para avaliar o papel das células T reguladoras (Treg) durante a fase crônica da infecção (70 dias). O animais CCR4-/- e WT (Wild Type) foram infectados com 1 x 105 bacilos pela via intratraqueal e avaliados aos 15, 30 e 70 dias após a infecção. A deficiência na expressão de CCR4 reduziu a migração de células Treg para o pulmão em todos os períodos avaliados, mas afetou diferencialmente a resistência à infecção. Após 15 dias de infeção, os animais CCR4-/- apresentaram maior resistência comparado com os animais WT e nenhuma diferença foi observada após 30 dias de infeção. Aos 70 dias de infeção observou-se um cenário diferente. Embora houvesse aumento de células CD4+Tbet+ e células CD4+ produtoras de IFN-γ (Th1) que, provavelmente, resultaram na maior inflamação pulmonar encontrada, os animais CCR4-/- foram mais susceptíveis. Além disso, as células Treg de animais CCR4-/- apresentam menor expressão das ectonucleotidases CD39 e CD73, prejudicando sua atividade supressora como observado in vitro pela menor capacidade em inibir proliferação de células T efetoras comparadas com as células Treg de animais WT. A transferência de células Foxp3-GFP+ para animais CCR4-/infectados reduziu os níveis de IFN-γ e a carga bacteriana no pulmão comparados com animais CCR4-/- que não receberam transferência celular. Esses resultados realçam a importância de vias regulação de respostas imunológicas, principalmente durante infecções crônicas como a TB. Nesse sentido, esse estudo mostra a necessidade de compreendermos o limiar entre resistência ao patógeno e tolerância ao dano na TB, para a possível manipulação de novas estratégias terapêuticas. ABSTRACT ABSTRACT Bertolini, T.B. CCR4 expression deficiency reduces the CD4+Foxp3+ suppressive ability and increases the susceptibility in the chronic phase of M. tuberculosis infection. 2015. 134 p. Thesis (PhD), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. Tuberculosis (TB) is a chronic disease caused by Mycobacterium tuberculosis. The pathogenesis of TB results from the interaction of the persistence of bacilli and the mechanisms that confer protection against infection. Accordingly, the control effector response is crucial to limit tissue damage host. CD4+Foxp3+ T cells perform this function, but are associated with the progression of TB. As it is already establish the involvement of CCR4 in the CD4+Foxp3+ T cells recruitment to the lung, we used CCR4 deficient mice (CCR4-/-) to evaluate the role of regulatory T (Treg) cells during the infection chronic phase (70 days). The CCR4-/- and WT (Wild Type) mice were infected with 1 x 105 bacilli by intratracheal route and evaluated at 15, 30 and 70 days after infection. The deficiency in CCR4 expression reduced Treg cell migration to the lung in all periods evaluated, but differentially affected the infection resistance. At 15 days of infection, CCR4-/- mice showed higher resistance compared to WT mice and there was no difference at 30 days of infection. At 70 days of infection was observed a different scenario. Although there was an increase of CD4+Tbet+ cells and IFN-γproducing CD4+ T cells (Th1), that probably resulted in increased lung inflammation found, the CCR4-/- mice were more susceptible. In addition, Treg cells from CCR4-/mice exhibit lower expression of ectonucleotidases CD39 and CD73, impairing their suppressive activity as observed, in vitro, by lower suppressive ability in inhibiting the proliferation of effector T cells compared with Treg cells from WT mice. The transfer of Foxp3-GFP+ cells to infected CCR4-/- mice reduced IFN-γ levels and the bacterial load in the lung compared to CCR4-/- mice without transfer. These results highlight the importance of pathways regulating immune responses, particularly during chronic infections such as TB. Thus, this study shows the need to understand the threshold between pathogen resistance and damage tolerance in TB, for possible manipulation of new therapeutic strategies. LISTA DE FIGURAS LISTA DE FIGURAS Figura 1. Expressão de CCR4, CCL17 e CCL22 no pulmão de animais WT, infectados ou não. ................................................................................................ 30 Figura 2. Avaliação do número de UFC no pulmão e baço em diferente tempos de infecção. ............................................................................................................... 31 Figura 3. Porcentagem e número total de células CD4+, CD4+CD25+ e CD4+Foxp3+. .............................................................................................................................. 33 Figura 4. Razão e Correlação entre células CD4+/CD4+CDFoxp3+ após 15, 30 e 70 dias de infecção. ................................................................................................... 35 Figura 5. Análise histopatológica do pulmão de animais WT e CCR4-/- infectados. . 37 Figura 6. Detecção de quimiocinas no homogenato pulmonar. .................................. 38 Figura 7. Porcentagem e número total de células dendríticas e macrófagos. ............. 40 Figura 8. Quantificação de genes associados com macrófagos M1 e M2. ................. 41 Figura 9. Porcentagem e número total de células NK1.1+CD3-. ................................ 42 Figura 10. Porcentagem e número total de células CD3+CD8+ e CD8+C107a+.......... 43 Figura 11. Porcentagem e número total de células CD4+ positivas para Tbet+, RORγt+ GATA-3+ e Foxp3+. ............................................................................................. 45 Figura 12. Quantificação da expressão gênica de CXCR3 e CCR5. .......................... 46 Figura 13. Detecção de citocinas no homogenato pulmonar. ..................................... 47 Figura 14. Detecção de produção de citocina intracelular no pulmão. ....................... 48 Figura 15. Correlações entre número de UFC, células CD4+IFN-γ+, CD4+Foxp3+, CD4+Tbet+............................................................................................................ 50 Figura 16. Avaliação da expressão de receptores de inibição CD39 e CD73 em células CD4+Foxp3+............................................................................................. 52 Figura 17. Análise da função supressora das células CD4+CD25+. ............................ 54 Figura 18. Número de CFU e quantificação IFN-γ e IL-10 no pulmão de animais infectados com M. tuberculosis após transferência de células Foxp3-GFP+. ...... 56 Figura 19. Esquema ilustrativo dos eventos imunológicos que sucedem na presença e ausência de CCR4 durante a TB experimental. ................................................... 66 LISTA DE TABELAS LISTA DE TABELAS Tabela 1. Descrição dos anticorpos monoclonais utilizados nos ensaios de citometria de fluxo. ............................................................................................................... 21 Tabela 2. Sequência de primers utilizados para quantificação de genes por PCR em tempo real. ........................................................................................................... 24 Tabela 3. Limite de detecção de cada kit imunoenzimático. ...................................... 24 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome AP1 - Activator Protein 1 Arg1 – Arginase 1 ATL – Adult T-cell Leukemia/lymphoma BAAR – bacilo álcool-ácido resistente BCG – Bacilo de Calmette-Guerín CCR ou CXCR – chemokine receptor CFP – proteína de filtrado de cultura CpG – oligodeoxinucleotideos CTL – Cutaneous T-cell Lymphomas CTLA-4 – Cytotoxic T-Lymphocyte-Associated Protein 4 ESAT-6 – Early Secreted Antigenic Target of 6 kDa ESX-1 – Early Secretory Antigenic target 6 system 1 GATA-3 – GATA biding protein 3 HE – Hematoxilina & Eosina HIV – Human Immunodeficiency Virus IDO – indoleamine 2,3-dioxygenase IFN-γ – Interferon-gamma IL – interleucina iNOS – Inducible Oxide Nitric Syntase IP-10 – Inducible Protein-10 JAK1 – Janus Kinase 1 LAM – lipoarabinomananas LAMP1 – Lysosomal Associated Membrane Protein 1 LTA4H – Leucotrieno A4 Hidrolase LTB4 – Leucotrieno B4 LXA4 – lipoxina A4 M1 – Macrófagos ativados classicamente M2 – Macrófagos ativados alternativamente MDC – Macrophage-Derived Chemokine MHC – Major Histocompatibility Complex MIG – Monócito induzido por IFN-γ NET – Neutrophil Extracellular Traps NK – Natural Killer LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS NKT – Natural Killer T NO – Nitric Oxide NOD – Nucleotide binding oligomerization-domain PAMPs – Pathogen-Associated Molecular Patterns PG – prostaglandinas PMA – Phorbol 12-Myristate 13 Acetate PPD – derivado de proteína purificada PRRs – Pathogen Recognition Receptors RANTES – Regulated on Activation Normal T Cell Expressed and Secreted RNI – intermediários reativos de nitrogênio RORγt – Retinoid-Acid Receptor-related Orphan Receptor gamma T ROS – Reactive Oxygen Species RT-PCR – Real time PCR SBF – Soro Bovino Fetal STAT1 – Signal Transducer and Activator of Transcription 1 TARC – Thymus Activated-Regulated Chemokine TB – Tuberculose Tbet – Th1 cell promoting transcription fator TCR – T Cell Receptor TGF-β – Transforming Growth Gactor beta Th – T helper TLR – Toll-Like Receptors TNF – Tumor Necrosis Factor Tr1 – T reguladoras do tipo 1 Treg – T reguladora UFC – Unidades Formadoras de Colônia WT – Wild Type PROTOCOLO PARA USO DE ANIMAIS EM EXPERIMENTAÇÃO SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1. Resposta imunológica na TB .......................................................................................... 2 1.2. Células T reguladoras ....................................................................................................... 6 1.3. Receptor de Quimiocina 4 (CCR4) ................................................................................ 9 1.3.1 Receptores de quimiocina na TB ........................................................................................ 12 2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 14 2.1. Objetivo geral ................................................................................................................... 14 2.2. Objetivos específicos ...................................................................................................... 14 3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 15 3.1. Animais ............................................................................................................................... 15 3.2. Preparação do inóculo de Mycobacterium tuberculosis ..................................... 15 3.3. Infecção intratraqueal ................................................................................................... 16 3.4. Digestão do tecido pulmonar ...................................................................................... 16 3.5. Ensaio de Unidades Formadoras de Colônia (UFC) ............................................. 17 3.5.1. Pulmão .......................................................................................................................................... 17 3.5.2. Baço ................................................................................................................................................ 17 3.6. Obtenção de células do pulmão, do baço e dos linfonodos ............................... 18 3.6.1. Pulmão .......................................................................................................................................... 18 3.6.2. Baço ................................................................................................................................................ 18 3.7. Cultura de células de pulmão ...................................................................................... 19 3.8. Quantificação de populações celulares no pulmão ............................................. 19 3.8.1. Marcação Extracelular ............................................................................................................ 19 3.8.2. Marcação intracelular ............................................................................................................. 20 3.8.3. Detecção intracelular de citocinas .................................................................................... 20 3.9. Avaliação da expressão gênica ................................................................................... 22 3.9.1. Extração de RNA ....................................................................................................................... 22 3.9.2. Preparação de cDNA ............................................................................................................... 22 3.9.3. Quantificação da expressão de genes por PCR em tempo real (RT-‐PCR) ........ 23 3.10. Ensaio imunoenzimático (ELISA) para a detecção de citocinas e quimiocinas ............................................................................................................................... 24 3.11. Separação de células T efetoras e Treg ................................................................. 25 3.12. Ensaio de supressão da proliferação celular pelas células Treg .................. 26 3.13. Isolamento e transferência de células Foxp3-‐GFP+ ........................................... 26 3.14. Análise histopatológica .............................................................................................. 27 3.15.Análise estatística .......................................................................................................... 27 4. RESULTADOS ............................................................................................................ 29 4.1. Avaliação da expressão de CCR4 e das quimiocinas CCL17 e CCL22 no pulmão de animais infectados ou não .............................................................................. 29 4.2. Avaliação do número de bacilos em diferentes tempos de infecção em animais WT e CCR4-‐/-‐ .............................................................................................................. 31 4.3. Avaliação de células Treg no pulmão de animais CCR4-‐/-‐ .................................. 32 4.4. Razão e correlação de células CD4+ e células CD4+Foxp3+ ................................ 34 4.5. Avaliação da inflamação pulmonar na ausência de CCR4 ................................. 36 4.6. Detecção dos ligantes de CCR4 no pulmão de animais CCR4-‐/-‐ ........................ 38 4.7. Quantificação de células dendríticas e macrófagos no pulmão ...................... 39 4.8. Quantificação da expressão de genes característicos de macrófagos M1 e M2 ....................................................................................................................................................... 41 4.9. Avaliação de células NK1.1+ em animais CCR4-‐/-‐ infectados ............................. 42 4.10. Quantificação de células CD8+ ativadas no pulmão de animais CCR4-‐/-‐ ..... 43 4.11. Análise da expressão dos diferentes fatores de transcrição ......................... 44 SUMÁRIO 4.12. Quantificação da expressão de genes de receptores de quimiocinas envolvidos no recrutamento de células Th1 .................................................................. 45 4.13. Quantificação de citocinas no pulmão ................................................................... 46 4.14. Avaliação de células CD4+ produtoras de IFN-‐γ, IL-‐4, IL-‐17 ou IL-‐10 .......... 48 4.15. Correlações entre número de UFC, células CD4+IFN-‐γ+, CD4+Foxp3+, CD4+Tbet+ ................................................................................................................................... 49 4.16. Análise da expressão de receptores de inibição nas células T CD4+Foxp3+ ....................................................................................................................................................... 50 4.17. Análise da função supressora das células CD4+CD25+ ..................................... 53 4.18. Análise da susceptibilidade de animais CCR4-‐/-‐ que receberam transferência de células Foxp3+ de animais WT ........................................................... 55 8. DISCUSSÃO ................................................................................................................ 58 9. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 68 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 69 8. ANEXO ......................................................................................................................... 82 INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO Após mais de 100 anos da descoberta do agente etiológico da tuberculose (TB), Mycobacterium tuberculosis, pelo pesquisador Robert Koch, a infecção provocada por esse patógeno ainda acarreta as maiores taxas de morbidade e mortalidade no mundo, perdendo apenas para as infecções com o vírus da imunodeficiência humana (HIV, Human Immunodeficiency Virus). O bacilo M. tuberculosis é uma bactéria aeróbica que apresenta capacidade de multiplicação em ambientes com baixa tensão de oxigênio. É considerada uma bactéria Gram+ por possuir apenas uma membrana plasmática, mas sua parede apresenta características bem peculiares devido a presença de 60% de lipídeos, incluindo lipoarabinomananas (LAM) e ácidos micólicos. Essa constituição da parede celular do M. tuberculosis faz com que quando essas micobactérias são coradas por coloração Gram não ocorra a descoloração se álcool-ácido for adicionado, caracterizando-o como um bacilo álcoolácido resistente (BAAR) (1-3). As formas clínicas da TB podem ser divididas em pulmonares e extrapulmonares. O bacilo M. tuberculosis pode disseminar para órgãos sem ser o pulmão, incluindo linfonodos, ossos e meninges, causando doença extrapulmonar. Porém, a forma clínica predominante é a pulmonar acometendo 70% dos casos de TB (4, 5). A maioria dos indivíduos infectados com M. tuberculosis desenvolve resposta imunológica eficiente, com inibição do crescimento do bacilo, resultando em infecção latente, com a bactéria persistindo em estado de dormência (6). Estima-se que um terço da população mundial possui infecção latente e aproximadamente 5 a 10% dessas pessoas desenvolverão a doença ativa (7). O risco de desenvolver TB é bem maior em indivíduos portadores de outras imunodeficiências, como a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome) e em condições que afetam o sistema imunológico, como diabetes e desnutrição, o que indica que a imunidade atua de forma a suprimir a infecção por M. tuberculosis (6). Além disso, as últimas estimativas apontam que houve 9 milhões de novos casos de TB em 2013 e 1,5 milhões de mortes pela doença no mundo (8). No Brasil, foram notificados 83.310 mil novos casos de TB em 2013. Entretanto esse número deve ser maior, pois existe uma porcentagem de casos não notificados (8). O controle global da TB tem sido prejudicado pela falta de vacina efetiva, pelo surgimento de cepas resistente à drogas e pela falta de diagnóstico rápido e sensível 1 INTRODUÇÃO (9, 10). O método mais comum para o diagnóstico da TB é a microscopia de escarro e a vacina utilizada é a BCG (Bacilo de Camette-Guérin), que previne a doença na infância, porém, é ineficaz para combater a forma pulmonar em adultos. O tratamento da doença, que consiste na utilização de um coquetel de drogas por, no mínimo, 6 meses (8) é frequentemente abandonado pelos pacientes. Além disso, mesmo quando o tratamento não é abandonado, muitos pacientes apresentam prejuízo respiratório permanente, apesar de terem sido curados da infeção (11, 12). Dessa forma, torna-se clara a necessidade de avanço em nosso conhecimento sobre a doença, sobre os fatores envolvidos na interação do patógeno com o hospedeiro, e sobre a biologia do bacilo com a finalidade de desenvolver terapias direcionadas ao hospedeiro. 1.1. Resposta imunológica na TB A infecção por M. tuberculosis é adquirida pela inalação de aerossóis contendo bacilos expelidos durante espirros ou tosse de pacientes com TB pulmonar ativa. Cada pessoa infectada que desenvolve a doença e não é tratada pode transmitila para cerca de 10 a 14 pessoas por ano (5). A resposta imunológica inata mediada por macrófagos alveolares residentes dirige os eventos iniciais da infecção por M. tuberculosis, o que resulta na ativação de inflamassoma, produção de citocinas e início de mecanismos de defesa incluindo produção de peptídeos antimicrobianos e espécies reativas de oxigênio (ROS – Reactive Oxygen Species) (13, 14). Células dendríticas, neutrófilos, células epiteliais, células natural killer (NK), NKT e células Tγδ do sistema imunológico também participam dessa resposta (15-17). Para alguns indivíduos, que apresentam teste de pele negativo para tuberculina, apesar da exposição prolongada ao bacilo M. tuberculosis, a resposta imunológica inata pode ser suficiente para prevenir a infecção (18). Entretanto, na maioria dos casos, a resposta inata não é suficiente para controlar a infecção, a qual deve ser contida pela resposta imunológica adaptativa. Os macrófagos e as células dendríticas identificam os bacilos por meio de receptores de reconhecimento de padrões (PRRs, Pathogen Recognition Receptors), como TLR (Toll-Like Receptors) 2, TLR9, NOD (Nucleotide binding Oligomerization-Domain) 2 que interagem com padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs – Pathogen-Associated Molecular Patterns) (15, 19-23). O 2 INTRODUÇÃO reconhecimento dos respectivos ligantes por TLR e NOD promove a transcrição de genes que codificam as citocinas proinflamatórias IL(interleucina)-1, IL-6, TNF (Tumor necrosis factor), quimiocinas, além da secreção de IL-12. Leucócitos circulantes, dentre eles, neutrófilos e monócitos, são recrutados em decorrência da resposta inflamatória, aumentando o aporte de células da imunidade inata, e consequentemente, suas funções (5). Neutrófilos auxiliam na resposta por meio da produção da proteína S100 e da transferência de grânulos, contendo agentes antimicrobianos, para endossomos de macrófagos, onde se encontram as micobactérias (24, 25). Citocinas são importantes mediadores solúveis apresentando diferentes funções durante a resposta imunológica na TB. Enquanto IL-12, IL-1β, IL-6, TNF e IFN-γ (interferon-gamma) estão mais relacionadas ao controle da infecção (26-31). IL-4, IL-10 e TGF-β (transforming growth factor beta) estão associadas com a progressão da mesma (2, 32, 33). O papel das citocinas IL-23/IL-17, IL-22 e IFNs do tipo I (IFN-α/β) ainda não está totalmente entendido (34-36). Outros mediadores solúveis que participam da resposta imunológica durante a TB são as PG (prostaglandinas) E2 e LXA4 (lipoxina A4). A indução de morte celular por necrose por LXA4, causa lise celular e está relacionada com a disseminação do bacilo, enquanto que a indução de apoptose por PGE2, está associada com a diminuição da viabilidade do patógeno e aumento da resposta imunológica (37). A ativação da imunidade inata é acompanhada pela migração de células dendríticas para os linfonodos da região do mediastino e indução da imunidade adaptativa. O balanço de citocinas pro e anti-inflamatórias produzidas por macrófagos e células dendríticas no início da infecção depende de diversos fatores, como o número de bacilos infectantes, o background genético do hospedeiro, polimorfismos genéticos, populações de macrófagos e células dendríticas, densidade de PRRs nas células e PAMPs em M. tuberculosis. Todos esses fatores, provavelmente, interferem no estabelecimento da infecção latente ou crônica e são determinantes na indução da resposta Th (T helper) 1 ou Th17, na magnitude dessa resposta e na presença ou não de acentuada resposta de células Th2 e de células Treg (T reguladoras). A resposta de células Th1 ocorre pela produção de IFN-γ e quimiocinas como CCL5 (ou RANTES – Regulated on Activation Normal T Cell Expressed and Secreted) e CXCL10 (ou IP-10 – Inducible Protein-10) que facilitam o recrutamento 3 INTRODUÇÃO dessas células para o pulmão via CCR5 e CXCR3, respectivamente (38-40). O IFN-γ desencadeia mecanismos antibacterianos em macrófagos por meio da ativação de JAK1 (Janus Kinase 1), fosforilação de STAT1 (Signal Transducer and Activator of Transcription 1) e produção de ROS (41). Geralmente, a produção de IFN-γ é mais intensa no início da infecção, sendo modulada negativamente com a progressão da doença (20, 42, 43). A importância da resposta via IFN-γ torna-se evidente em indivíduos com mutação no gene do receptor dessa citocina, o que acarreta susceptibilidade à infecção por M. tuberculosis e outros patógenos intracelulares (44). Além disso, a produção de IFN-γ pelas células CD4+ Th1 induz a diferenciação de macrófagos ativados classicamente (M1) que exercem funções microbicidas pela produção de enzimas proteolíticas, ROS e intermediários reativos de nitrogênio (45). Ao contrário, macrófagos ativados alternativamente, também descritos como M2, diferenciam-se na presença das citocinas IL-4 e IL-13 (46). Eles atuam no controle da inflamação, por reduzirem a produção de citocinas proinflamatórias, como IL-1β, e promoverem reparo tecidual (47). A IL-4 é capaz de aumentar a expressão da enzima arginase-I nos macrófagos, a qual compete com a enzima iNOS (Inducible Oxide Syntase) pela arginina, impedindo a produção de NO (Nitric Oxide). Dessa forma, macrófagos M2 prejudicam a imunidade contra patógenos intracelulares, como M. tuberculosis (48-50), mas protegem o hospedeiro do dano tecidual. Nesse contexto, as células T CD4+ de padrão Th2, que secretam IL-4, IL-5 e IL-13, são associadas com suscetibilidade e encontram-se exacerbadas em pacientes com TB ativa (51-53). Infecções por helmintos, caracterizadas por respostas Th2, representam fator associado ao desenvolvimento e exacerbação da TB em países em desenvolvimento (54). A IL-4 também inibe a secreção das citocinas IL-1α e IL-18 e a autofagia (55) que é um mecanismo, atualmente, associado à proteção na infecção experimental (56). Além disso, a IL-4 é classicamente descrita como mediador que regula negativamente a resposta Th1 (53). Assim, as células do padrão Th2 estão relacionadas com a modulação negativa da resposta celular protetora contra M. tuberculosis. As células Th17 contribuem para o recrutamento de linfócitos T CD4+ do padrão Th1 para o pulmão de animais infectados com M. tuberculosis (57) e, portanto, parecem estar associadas com proteção na infecção. Resultados do nosso grupo também sugerem que as células Th17 apresentam papel protetor na TB. A 4 INTRODUÇÃO proteção conferida pela imunização heteróloga com BCG-CFP/CpG (proteína de filtrado de cultura/oligodeoxinucleotideos) foi associada com altos níveis de IFN-γ e IL-17 e reduzida produção de IL-4 (58). Porém, em excesso, as células Th17 podem induzir lesão tecidual em decorrência do acúmulo de neutrófilos e células Th1, produção de ROS, NO, enzimas proteolíticas e indução de necrose (59). Enquanto os linfócitos T CD4+ possuem uma função bem estabelecida, o papel do linfócito B no controle da infecção é controverso. Existe relato de que as células B facilitam a disseminação da bactéria para outros órgãos, sem afetar a carga bacilar (60), assim como, reduzem a imunopatologia e o influxo de neutrófilo favorecendo o bacilo (61). Por outro lado, a produção de anticorpos contra polissacarídeos, como o LAM, podem favorecer o reconhecimento do bacilo e aumentar a proteção na TB (62). Diante desses resultados contraditórios, não é possível determinar um papel para as células B na resposta imunológica durante a TB. Da mesma forma, pouco se sabe sobre a função mediada por linfócitos Tγδ e células NKT na resposta imunológica contra M. tuberculosis (61, 63-65). A TB é caracterizada como doença que cursa com estimulação crônica da resposta imune decorrente da persistência antigênica. Nesse contexto, a interação contínua das populações de linfócitos com macrófagos e células dendríticas resulta na formação de granulomas. O granuloma humano é constituído por área central de macrófagos infectados que se diferenciam em células gigantes multinucleadas, células epitelióides, além dos macrófagos espumosos, rodeados por linfócitos recrutados com a participação de citocinas, quimiocinas e moléculas de adesão (16, 17, 66, 67). Além dos leucócitos, fibroblastos constituem uma cápsula fibrótica externa, característica dos granulomas (68). Essa estrutura não se apresenta tão bem definida no pulmão de camundongos infectados. Esses animais formam estruturas que se assemelham aos granulomas humanos, porém, sem necrose caseosa. São estruturas mais relacionadas com a formação de infiltrados ao redor de brônquios e vasos. O granuloma limita o ambiente tóxico, protegendo o tecido alveolar ao redor, ao mesmo tempo que dificulta a disseminação da bactéria para o restante do pulmão (69). Por outro lado, os mediadores inflamatórios produzidos no granuloma destroem o tecido adjacente e podem levar à necrose da região central, o que acarreta na formação de cavidade com perda funcional. Dessa forma, dois papéis contraditórios são atribuídos ao granuloma: 5 INTRODUÇÃO proteção ou disseminação da infecção extracelular com concomitante dano pulmonar (66, 67). Apesar dos mecanismos efetores relacionados com eliminação ou restrição da carga bacteriana, o bacilo evade da resposta imunológica por meio do bloqueio da fusão e acidificação do fagolisossoma, produção de compostos que tornam ROS e RNI menos tóxicos, e inibição parcial da produção IFN-γ por macrófagos infectados (70, 71). Para evitar o dano tecidual extenso como consequência da infecção persistente, mecanismos reguladores são imprescindíveis. van der Wel 1.2. Células T reguladoras Durante a resposta imunológica contra patógenos vários mecanismo de regulação são desencadeados com a finalidade de conter o patógeno causando o menor dano possível para o hospedeiro. O próprio antígeno por si só regula o sistema imunológico pela sua permanência, quantidade, natureza e via de entrada no organismo. A habilidade do antígeno em estimular células apresentadoras de antígenos (APCs – Antigen-Presenting Cell) interfere na forma com que essas células irão apresenta-los para as células T. Expressão de poucos coestimuladores como B7 e CD40, na superfície das APCs prejudica a ativação via CD28 e CD40L, respectivamente, das células T (72-74). Por outro lado, os receptores da superfície de APCs ativadas podem induzir vias de sinalização como o CTLA-4 (Cytotoxic TLymphocyte Antigen 4)/B7 e PD (Programmed Death 1)-1/PD-1L levando à inibição de respostas imunológicas (75, 76). Além disso, a resposta de diferentes subtipos de células T podem regular uma a outra por meio da produção de citocinas, por exemplo, o IFN-γ produzido pelas células Th1 inibe o desenvolvimento de células Th2 (77-79). Um grande avanço no entendimento do sistema imunológico foi a descoberta de células T reguladoras (Treg), com fenótipo CD4+Foxp3+, como um grupo distinto de células T que apresentam funções supressoras (80, 81). O fator de transcrição Foxp3 é a assinatura definitiva das células Treg em camundongos (82), mas sua expressão pode ser transitória células T humanas. Além disso, as células Treg expressam constitutivamente a cadeia α do receptor da IL-2 (CD25), caracterizando essa molécula como um marcador dessas células (82). Células Treg também expressam CTLA-4, PD-1, GITR (glucocorticoid-induced TNFR family-related 6 INTRODUÇÃO protein), ICOS (Inducible Coestimulator), OX40, CD39 e CD73 (82, 83). Entretanto, essas moléculas não são marcadores específicos das células Treg. As células Treg podem inibir respostas imunológicas por meio da produção de citocinas como IL-10 e TGF-β (84, 85) e por contato direto com outras células. A interação dos receptores de inibição expressos nas células Treg como o CTLA-4, PD1, GITR e ICOS com seus respectivos ligantes em células alvo, induz a supressão e/ou morte da células (72-74, 76, 86, 87). Além das células Treg CD4+CD25+Foxp3+, que são as mais conhecidas e estudadas, existem outras populações de células Treg denominadas reguladoras do tipo 1 (Tr1) e Th3. Essas células secretam IL-10 e TGF-β, respectivamente, após interação com o antígeno, sendo capazes de inibir as respostas Th1 e Th2 (88-90). Elas ainda, se diferenciam em in vivo e in vitro após estimulação repetida e na presença de células dendríticas tolerogênicas (91-94). As células Treg desempenham funções dicotômicas. Enquanto elas limitam a magnitude de respostas efetoras, que pode facilitar a replicação e persistência do patógeno, elas também limitam o dano tecidual causado pela vigorosa resposta imunológica contra o patógeno (95). Células Treg apresentam um papel crucial em infecções crônicas, nas quais as células Treg são necessárias para regular a constante resposta imunológica gerada pelo hospedeiro e prevenir inflamação excessiva. Isso foi evidenciado em modelo experimental de infecção com Pneumocystis pneumonia, no qual as células Treg limitaram a inflamação e lesão pulmonar (96). Células Treg também previnem o dano tecidual do fígado em infecção crônica com Schistosoma mansoni (97). Apesar da TB ser uma doença crônica, as células Treg estão mais associadas com aumento da persistência do patógeno (98, 99), porém seu papel em limitar o dano tecidual durante a TB não está totalmente claro. Em 2006, dois grupos mostraram aumento na frequência de células Treg CD4+CD25+ ou CD4+Foxp3+ no sangue periférico de pacientes com TB (100, 101). Logo em seguida, foi demonstrado que durante a resposta imunológica contra M. tuberculosis as células T CD4+CD25+Foxp3+ suprimem a produção de IFN-γ pelas células Th1 ex vivo (102). Um estudo demonstrou que crianças infectadas com TB apresentam altas quantidades de células T CD4+Foxp3+ na lesão de granuloma e existiu uma correlação inversa entre as células T CD4+Foxp3+ e células T CD8+ (103). As mesmo tempo, estudos em camundongos demonstraram que as células T CD4+Foxp3+ previnem o eficiente controle do bacilo M. tuberculosis (99). Além 7 INTRODUÇÃO disso, foi demonstrado a presença de células Treg no granuloma em modelo experimental de TB, além de acúmulo dessas células nos linfonodos drenantes do pulmão e dentro do próprio órgão em uma taxa similar à de células T efetoras. A depleção dessas células nos camundongos resultou em menor número de bacilos no pulmão (104). A expansão das células Treg após a infecção com M. tuberculosis requer a expressão de PD-1 e seu ligante, PD-L1, em células dendríticas. Essa interação induz a sinalização por meio da molécula CISH (Cytokine Inducible SH2containing protein), que por sua vez, induz a expansão de células Treg CCR4+ (105). Uma vez que houve a expansão das células Treg, a migração de células T CD4+ e T CD8+ efetoras para o pulmão é atrasada, o que prolonga a fase inicial da expansão bacteriana (106). Esses relatos de acúmulo de células Treg no pulmão sugerem que as células Treg atuam localmente suprimindo a ativação da resposta imunológica e favorecem a sobrevivência da bactéria. No entanto, estratégias de depleção de células Treg na clínica precisam ser avaliadas cuidadosamente, pois a depleção de células Treg por meio da administração de anticorpo anti-CD25 melhora a resposta protetora das células Th1, mas não demonstra efeito na eliminação do patógeno (107, 108). Nosso grupo também demonstrou que as células Treg podem representar fator de susceptibilidade na TB, pois camundongos BALB/c infectados exibiram menor magnitude de resposta Th1 e Th17, maior número de bacilos no pulmão e células Treg mais supressoras quando comparados aos camundongos C57BL/6 (43). Recentemente, Shafiani e colaboradores demonstraram que o M. tuberculosis induz expansão robusta de células Treg antígeno-específicas no início da infeção (3 semanas), mas, em seguida, as células Treg são eliminadas, em parte pela indução de IL-12 dependente da expressão intrínseca de Tbet (Th1 cell promoting transcription fector) nessas células. No entanto, a indução da resposta Th1 não resultou em diminuição da carga bacilar (109). Se as vias que induzem a expansão inicial de células Treg forem compreendida, novas intervenções farmacológicas para indivíduos recém-expostos ao bacilo M. tuberculosis podem ser desenvolvidas para acelerar a resposta de células T efetoras no início da infecção, proporcionando melhor controle da infecção pelo hospedeiro. Por outro lado, células Treg apresentam uma função importante em limitar respostas inflamatórias, uma vez que respostas de células T não controladas podem ser prejudiciais em infecções crônica como a TB (95). Animais deficientes para PD-1 8 INTRODUÇÃO (PD-1-/-) exibem elevados número de células T CD4+ específicas para M. tuberculosis e aumento na produção de IFN-γ, TNF, IL-1, IL-6, mas isso não foi suficiente para controlar a infecção, visto que os animais PD-1-/- foram mais susceptíveis à infecção por M. tuberculosis. A depleção de células T CD4 reduziu a carga bacteriana observada nos animais PD-1-/- (110). Além disso, as células Treg estão elevadas em animais resistentes, C57BL/6 e BALB/c, comparados com animais susceptíveis, DBA/2 (111). Em síntese, o equilíbrio entre número e frequência de células Treg e células T efetoras deve ser determinante para controlar tanto a replicação da carga bacteriana quanto a magnitude da inflamação e o dano pulmonar. Isso também pode ser ilustrado com os trabalhos que investigaram a indução de células Treg em esquemas de imunização. Tais estudos mostram que a indução de células Treg como consequência de esquemas de imunização reduzia a função efetora de células T e a eficácia de proteção vacinal (112-115). Isso também foi descrito para a vacinação experimental com BCG (116). Nosso grupo também mostrou que a eficácia protetora de diferentes vacinas testadas contra a TB experimental dependia da razão de células CD4+/CD4+Foxp3+ (117). É nesse contexto que o equilíbrio entre populações de linfócitos T CD4+ revela-se determinante para estimular mecanismos microbicidas e também para regular a resposta inflamatória, simultaneamente. Esse é um ponto crucial para se compreender melhor a resposta imunológica e a inflamação na TB: o limiar da resposta protetora versus resposta deletéria decorrente da ativação crônica de macrófagos M1 e linfócitos Th1 e Th17. Pacientes imunocompetentes que desenvolvem TB ativa elaboram excessiva resposta inflamatória, caracterizada por reação de hipersensibilidade do tipo IV e formação de granulomas. Porém, dependendo dos mediadores produzidos nos granulomas e da magnitude da resposta inflamatória, os mesmos podem facilitar a expansão da infecção em decorrência da lesão do parênquima pulmonar e liberação de bacilos no meio extracelular (66). 1.3. Receptor de Quimiocina 4 (CCR4) As quimiocinas representam uma família de mediadores de baixo peso molecular, classificadas em 4 subfamílias baseadas na região N-terminal de motivos conservados de cisteína: CXC, CC, C e CX3C. São conhecidas, pelo menos, 44 9 INTRODUÇÃO quimiocinas para seres humanos. Dentre os receptores de quimiocinas conhecidos, todos apresentam uma estrutura de sete α hélices transmembrana (hepta-helicoidal) (40, 118, 119). A função primária das quimiocinas e seus receptores é regular a migração celular em condições fisiológicas ou patológicas, como migração de linfócitos durante a homeostase, processos inflamatórios, reparo tecidual, angiogênese e câncer (40, 118). A interação das quimiocinas aos respectivos receptores não é altamente específica. O receptor de quimiocina 4 (CCR4) reconhece duas quimiocinas: CCL17 (ou TARC – Thymus Activated-Regulated Chemokine) e CCL22 (ou MDC – Macrophage-Derived Chemokine), ambas envolvidas com o desenvolvimento de células T e recrutamento dessas células para sítios inflamatórios (120, 121). Células T naive não expressam CCR4. Inicialmente, CCR4 foi relatado como marcador de células Th2, sendo, posteriormente, descrito em plaquetas, células NK, NKT, macrófagos, basófilos, eosinófilos e células dendríticas (122). A expressão de CCR4 é importante para a migração de células T para o pulmão. Células T deficientes para a expressão CCR4 (CCR4-/-) falharam em migrar para o pulmão e proteger contra infecção por influenza (123). Como foi descrita a expressão predominante de CCR4 nas células Th2 e seu papel na migração celular para o pulmão, esse receptor foi estudado em doenças alérgicas experimentais, como asma, dermatite atópica e na pneumonia eosinofílica (124-129). Vários trabalhos indicam elevadas concentrações de CCL17 e CCL22 no sangue de pacientes com doenças alérgicas, como dermatite atópica, asma e rinite alérgica (130-133). Além disso, o bloqueio das quimiocinas CCL17 e CCL22 por anticorpos específicos resultou na prevenção da hiper-reatrividade das vias aéreas e atenuação da eosinofilia (134, 135). Atualmente, CCL17 é considerado biomarcador disponível para monitorar atividade da doença durante a terapia da dermatite atópica (136). Além das células Th2, a expressão de CCR4 também está associada com recrutamento de células Treg, especialmente para o pulmão (123, 126). Em 2001, foi demonstrado que, em condições homeostáticas, células Treg CD4+CD25+ do sangue periférico expressavam especificamente CCR4 e CCR8 (137). Células dendríticas maduras parecem atrair preferencialmente as células Treg por meio da produção de CCL17 e CCL22 (105, 137). Esses resultados sugerem que CCR4 pode guiar células 10 INTRODUÇÃO Treg para os órgãos linfoides secundários e tecidos inflamados para atenuar ativação de células T (137). Posteriormente, foi descrito que aproximadamente 20% da população de células T CD4+CCR4+ apresentavam fenótipo de células Treg (CD4+CD25+CCR4+) (138). Em estudo recente, Faustino et al. mostraram que CCR4 era necessário para a migração de células Treg para o pulmão em modelo de alergia experimental. Animais deficientes para a expressão de CCR4-/- apresentaram aumento da inflamação Th2 nas vias aéreas comparados com animais WT, sendo a transferência de células T CD4+CD25+CCR4+ associada com atenuação da resposta Th2 (126). Além de contribuir significativamente para a migração das células Treg, CCR4 parece participar da função dessas células. Em 2009, foi demonstrado que a ausência de CCR4 estava associada com redução da expressão da enzima IDO (indoleamine 2,3-dioxygenase) nas células dendríticas do linfonodo mesentérico, resultante de falha na interação de CTLA-4 com B7, como consequência da migração deficiente de células Treg (139). A questão que permanece é se CCR4 participa equivalentemente da migração de células Th2 e células Treg. Em modelo de osteólise inflamatória desencadeada por infecção com Aggregatibacter actinomycetemcomitans, animais CCR4-/- apresentaram discreta redução da migração de células Th2, com redução mais acentuada da migração de células Treg, A transferência adotiva de células Treg CCR4+ para esses animais reverteu a gravidade da doença (140). Por outro lado, a expressão de CCR4 em células Treg está associado com progressão de tumor em diferentes tipos de câncer como melanoma e carcinoma de pulmão, proporcionando perspectivas para terapias alternativas utilizando pequenas moléculas antagonistas de CCR4 (138, 141-145). Pacientes com carcinomas ovariano apresentam redução na resposta antitumoral, mediada por células Treg Foxp3+CCR4+, recrutadas para o tumor como resultado da produção de CCL17 e CCL22 (146). Além disso, já está bem estabelecido a associação negativa de CCR4 em neoplasmas como linfoma/leucemia de células T em adultos (ATL - adult T-cell leukemia/lymphoma) e linfomas de célula T cutâneo (CTL - cutaneous T-cell lymphomas) (147, 148), devido a migração de células Treg para o local favorecendo o crescimento tumoral. Na clínica tem sido testado o uso de um anticorpo monoclonal contra CCR4, o KW0761 ou Mogamulizumab. Entretanto, seu uso causa duplo efeito, enquanto aumenta a atividade antitumoral, ele pode também aumentar o risco de efeitos 11 INTRODUÇÃO adversos imunomediados, como o desenvolvimento de Síndrome de Steven Johnson, devido a ausência de células Treg CCR4+ (149-151). Isso aumenta a preocupação da aplicação de Mogamulizumab em doenças alérgicas, porém, mesmo assim, existe um estudo clínico em fase I do uso de Mogamulizumab para asma no Estados Unidos (152). 1.3.1 Receptores de quimiocina na TB Após a infecção por M. tuberculosis ocorre rápida expressão dos receptores de quimiocinas CCR4, CCR5 e CXCR3, detectáveis 2 horas após a infecção (153). Dentre os receptores de quimiocinas estudados na TB, já está descrito que o CCR2 tem papel essencial no início da resposta imunológica e no controle da infecção por M. tuberculosis. Animais deficientes para CCR2 (CCR2-/-) sucumbiram poucos dias após a infecção e apresentaram elevada carga bacteriana no pulmão comparado aos animais WT. Além disso, os animais CCR2-/- exibiram defeito inicial no recrutamento de macrófagos e defeito tardio no recrutamento de células dendríticas e células T para o pulmão (154, 155). A formação do granuloma logo após infecção por M. tuberculosis em animais deficientes para CXCR3 ou em animais selvagens tratados com anti-CXCL9 (ou MIG - Monócito Induzido por IFN-γ), um dos ligantes desse receptor, foi fortemente reduzida em termos de número de células, tamanho e densidade quando comparados aos animais WT. Esse atraso na formação do granuloma ocorria, principalmente, devido à diminuição do recrutamento de neutrófilos. Porém, não havia diferença na carga bacteriana entre os animais (156). Em modelo de infeção com Mycobaterium marinum em zebrafish, a ausência de CXCR3 limitou a disseminação da micobactéria mediada por macrófagos (157). O ligante de CXCR5, a quimiocina CXCL13, é constitutivamente expressa em órgão linfoides secundários, direcionando células B CXCR5+ e células T CXCR5+ dentro dos folículos linfoides (158). Células T CD4+CXCR5+ apresentam um papel protetor na TB, como indicado pelo maior número de bacilo recuperado a partir do pulmão de animais deficientes para CXCR5 (159). A expressão de CCR5 durante a TB está associada com mecanismo de evasão induzido pelo M. tuberculosis. Após a infecção, os macrófagos aumentam a expressão de CCR5 e induzem a produção de IL-10, que prejudica a apresentação de antígeno 12 INTRODUÇÃO por reduzir a expressão de MHC (major histocompatibility complex) II. O silenciamento de CCR5 por meio de RNA de interferência, bloqueia esses eventos de imunossupressão e restaura a resposta imunológica contra M. tuberculosis (160). Durante a resposta imunológica na TB, a expressão de CCR4 é aumentada (153), porém seu papel nessa patologia ainda não foi avaliado. Sabe-se que em modelo de sensibilização com Mycobacterium bovis e desafio com PPD (derivado de proteína purificada) mais adjuvante completo de Freund, animais CCR4-/- apresentam redução no tamanho do granuloma pulmonar e diminuição nos níveis de IFN-γ, atribuindo um requerimento da expressão de CCR4 para sustentar resposta do tipo Th1 à antígenos micobacterianos. Porém, a transferência de células T CD4+CCR4+ para esses animais falharam em reconstituir formação normal do granuloma, sugerindo o envolvimento de outras populações celulares expressando CCR4+ (161). Além disso, foi demonstrado que CCR4 é requerido para ativação ótima de células NK em modelo de infecção com M. bovis. A ausência da expressão de CCR4 não afetou o recrutamento das células NK1.1+, mas diminuiu a produção de IFN-γ por essas células, diminuindo o controle do crescimento do bacilo na fase inicial da infecção. Durante a fase tardia da infecção (50 dias) por M. bovis, animais CCR4-/apresentaram redução de células T CD4+ produtoras de IFN-γ e IL-17 comparado com animais WT, sugerindo que CCR4 sustenta resposta de células Th1 e Th17 no pulmão (162). Embora os trabalhos descritos acima avaliaram o papel de CCR4 em células Th1 e NK, já está bem estabelecido a necessidade da produção de CCL17 e CCL22 no recrutamento de células Treg para o pulmão, via receptor CCR4. Sabendo disso nós utilizamos animais CCR4-/- para avaliar o papel das células Treg durante a fase crônica da infecção (70 dias). Como células Treg estão associados com progressão da TB por atrasem a chegada de células T efetoras no pulmão (106), nossa hipótese inicial era que a deficiência de CCR4 reduziria o recrutamento de células Treg para o pulmão dos animais infectados com M. tuberculosis, permitindo o aumento de respostas de células T efetoras, incluindo Th1, com maior produção de IFN-γ e controle do crescimento bacteriano. 13 OBJETIVOS 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Avaliar a influência do receptor de quimiocina CCR4 na migração e função de células Treg em animais infectados com M. tuberculosis e sua consequência no desenvolvimento da doença. 2.2. Objetivos específicos o Avaliar o papel de CCR4 em resposta imunológicas inatas e adaptativas durante a TB; o Avaliar capacidade supressora de células Treg que não expressam CCR4; o Avaliar se a transferência de células Treg competentes para animais CCR4-/influência o desenvolvimento da TB nesses animais. 14 MATERIAIS E MÉTODOS 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Animais Camundongos fêmeas, SPF (Specific Pathogen Free) C57BL/6, deficientes para a expressão do receptor CCR4 (CCR4-/-), com background genético C57BL/6, com idade entre 6-8 semanas foram fornecidos pelo Biotério de Animais Isogênicos e pelo Centro de Criação de Camundongos Especiais da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Os animais transgênicos Foxp3-GFP+, também com background genético C57BL/6, foram gentilmente cedidos pelo laboratório do Dr. Alexander Rudensky (163). Os animais infectados com Mycobacterium tuberculosis foram mantidos dentro de isoladores em laboratório nível III de biossegurança, adequado para a manipulação de animais infectados com esta micobactéria, com livre acesso à água e ração. Todos os procedimentos realizados foram aprovados pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Protocolo nº 135/2012). 3.2. Preparação do inóculo de Mycobacterium tuberculosis A preparação do inóculo de M. tuberculosis H37Rv (ATCC 27294) para infecção foi realizada a partir de uma alíquota de micobactérias congelada à -70ºC (com viabilidade superior a 85%). Mil microlitros (µL) dessa alíquota foram distribuídos em 2,5 mL de meio Middlebrook 7H9 (BD Bioscience, Franklin Lakes, NJ, USA) enriquecido com 10% de OADCTM (BD Bioscience, Franklin Lakes, NJ, USA), seguindo-se incubação por 10 dias, a 37ºC. A suspensão de micobactérias obtida foi centrifugada a 3220 x g por 20 minutos. O sedimento foi ressuspenso em 1 mL de PBS estéril/livre de endotoxinas e agitado vigorosamente por 4 vezes, durante 20 segundos, em tubo contendo pérolas de vidro, até adquirir aspecto homogêneo. A viabilidade da cultura foi verificada incubando-se 100 µL desta suspensão de bactérias com 100 µL de diacetato de fluoresceína (2 µg/mL – Acros Organics, Geel, Bélgica) e 100 µL de brometo de etídio (10 mg/mL – Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA) por 10 minutos a 37ºC. Após incubação, a viabilidade foi determinada com 15 MATERIAIS E MÉTODOS auxílio de microscópio de fluorescência modelo Aristoplan (Leica Microsystems GmbH, Wetzlar, Germany). As bactérias viáveis apresentavam coloração verde enquanto as bactérias mortas coravam-se com a solução de brometo e apresentavam coloração avermelhada. Suspensões celulares com viabilidade igual ou superior a 85% foram diluídas para determinar sua concentração utilizando como padrão a Escala de McFarland, como descrito previamente (164, 165). Para controle da concentração do inóculo, uma alíquota de 100 µL da suspensão de bactérias foi utilizada para realizar diluição seriada de 100, 1000, 10.000 e 100.000 vezes. Um volume igual a 100 µL de cada uma das diluições foi distribuído em meio 7H11 (DIFCO Laboratories, Detroit, MI, USA). As placas foram vedadas e incubadas por 28 dias a 37°C. Após esse período as unidades formadoras de colônia (UFC) foram contadas com auxílio lupa ZOOM 2000 (Leica Microsystems GmbH, Wetzlar, Germany). e os números de colônias obtidos foram corrigidos pelo fator de diluição. 3.3. Infecção intratraqueal Uma suspensão de M. tuberculosis contendo 1 x 106 bacilos/mL foi usada para infecção dos camundongos WT e CCR4-/-. Os animais foram previamente anestesiados com Ketamina Agener 10% (União Química Farmacêutica, SP, Brasil) e Dopaser (Laboratório Calier S. A., Barcelona, Espanha) a 10% em PBS estéril/livre de endotoxinas, por via intraperitoneal. Após anestesia, foi realizado procedimento cirúrgico para exposição da traqueia e cada animal foi infectado por meio da administração de 100 µL da suspensão inicial, contendo então 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis, utilizando seringa de 1 mL (BD Ind. Cirúr, Curitiba, PR, Brasil). Os animais foram observados até a volta da anestesia. A eutanásia dos animais para a realização de procedimentos experimentais foi realizada quinze, trinta e setenta dias após a infecção. 3.4. Digestão do tecido pulmonar Os lóbulos medianos e inferiores do pulmão direito de cada animal foram pesados, cortados em pequenos fragmentos e transferidos para tubo cônico de 50 mL (BD Bioscience, Franklin Lakes, NJ, USA) contendo 15 mL de solução de meio de 16 MATERIAIS E MÉTODOS cultura RPMI-1640 contendo 0.5 µg/mL de Liberase (Liberase Blendzyme – Roche, Indianapolis, IN, USA) e 25 U/mL de deoxiribonuclease (DNAse) I de pâncreas bovino (Sigma-Aldrich, MO, USA). Em seguida, os tubos foram incubados a 37ºC sob agitação constante de 250 rpm, durante 30 minutos. Após a digestão, as células foram dispersas com auxílio de uma seringa de 10 mL (BD Ind. Cirúr, Curitiba, PR, Brasil) e centrifugadas por 10 minutos a 453 x g a 4ºC. O sedimento celular foi ressuspenso em 1 mL de RPMI-1640 complementado com 10% de SBF (Soro Bovino Fetal - Gibco – Invitrogen, Grand Island, NY, USA) para inibir atividade da enzima liberase. 3.5. Ensaio de Unidades Formadoras de Colônia (UFC) 3.5.1. Pulmão Para determinar o número de unidades formadoras de colônia, uma alíquota de 100 µL da suspensão celular descrita no item 3.4 foi retirada para realização do ensaio de UFC. Essa alíquota foi utilizada para realizar diluições seriadas em PBS estéril de 10, 100, 1.000, 10.000 e 100.000 vezes. Um volume igual a 100 µL das diluições 100, 1.000, 10.000 e 100.000 vezes foi plaqueado em meio sólido 7H11. As placas foram vedadas e incubadas a 37oC por 28 dias. Decorrido o período de incubação, as colônias de micobactérias foram contadas com auxílio de lupa ZOOM 2000 (Leica Microsystems GmbH, Wetzlar, Germany). O número de colônias foi corrigido de acordo com as diluições e expresso em Log10 do número de UFC por pulmão. 3.5.2. Baço O baço foi coletado e transferido para placa de Petri de 22 mm de diâmetro (Corning, NY, USA) estéril, contendo 2 mL de meio RPMI-1640 incompleto (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA). Com o auxílio do êmbolo de seringa estéril, o órgão foi macerado para obtenção de suspensão celular homogênea. Uma alíquota de 100 µL dessa suspensão foi utilizada para realizar diluições seriadas em PBS estéril de 10, 100, 1.000 e 10.000 vezes. Um volume igual a 100 µL de cada diluição foi plaqueado em meio sólido 7H11. As placas foram vedadas e incubadas a 37oC por 28 dias. Decorrido o período de incubação, as colônias de micobactérias foram contadas com auxílio de lupa ZOOM 2000 (Leica Microsystems GmbH, Wetzlar, Germany). O 17 MATERIAIS E MÉTODOS número de colônias foi corrigido de acordo com as diluições e expresso em Log10 do número de UFC por baço. 3.6. Obtenção de células do pulmão, do baço e dos linfonodos 3.6.1. Pulmão Após a realização do ensaio de UFC descrito acima, 4 mL de meio RPMI contendo 10% de SBF foram acrescentados às suspensões pulmonares. As células obtidas foram separadas dos fragmentos de pulmão utilizando um filtro de 100 µm (Cell Strainer, BD Biosciences, San Jose, California), o qual, posteriormente, foi lavado com 5 mL de meio RPMI incompleto. O filtrado obtido foi centrifugado a 453 x g, por 10 minutos a 4°C. O sedimento celular resultante foi submetido ao protocolo de lise de hemácias, adicionando 2 mL de tampão ACK (0,15M de NH4CL, 10 mM de KHCO3, 0,1Mm de EDTA diluídos em H2O) por 2 minutos, seguido de lavagem com 10 mL de PBS e centrifugação a 453 x g, por 10 minutos a 4°C. Posteriormente, o sedimento celular foi ressuspenso em 1 mL de meio RPMI incompleto. A contagem total de células foi realizada utilizando contador automático Countess™ (Automated Cell Counter – Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA) em uma diluição de 1:10. A suspensão celular obtida a partir da digestão dos pulmões foi destinadas a diferentes procedimentos, descritos abaixo. 3.6.2. Baço Após obtenção da alíquota para realização do ensaio de UFC, a suspensão celular do baço foi centrifugada a 453 x g, por 10 minutos a 4°C. O sedimento celular resultante foi submetido ao protocolo de lise de hemácias, adicionando 3 mL de tampão ACK por 3 minutos, seguindo-se lavagem com 10 mL de PBS, e centrifugação a 453 x g, por 10 minutos a 4°C. Posteriormente, o sedimento celular foi ressuspenso em 3 mL de meio RPMI incompleto. A contagem total de células foi realizada utilizando contador automático Countess™ em uma diluição de 1:100. As células do baço de animais WT e CCR4-/- foram destinadas ao protocolo de separação de células T efetoras e reguladoras (item 3.11) e as células do baço de animais Foxp3GFP+ foram destinadas ao protocolo de isolamento e transferência de células Tregs (item 3.13). 18 MATERIAIS E MÉTODOS 3.7. Cultura de células de pulmão Em placa de 96 poços (BD, Franklin Lakes, NJ, USA), 5 x 105 células, obtidas a partir da digestão dos pulmões, foram cultivadas em meio RPMI 1640 contendo 10% de SBF, 10.000 U/mL de penicilina (Gibco, New York, USA), 10.000 µg/mL de estreptomicina (Gibco, New York, USA) e 10 mg/mL de gentamicina (Gibco, New York, USA), e foram estimuladas com 100 ng/mL de PMA (Phorbol 12Myristate 13 Acetate - Sigma-Aldrich, Saint Louis, Missouri, EUA) e 500 ng/mL de ionomicina (Sigma-Aldrich, Saint Louis, Missouri, EUA). Como controle negativo, as células foram cultivadas apenas em presença de meio de cultura. Monensina, um inibidor do transporte de proteína (0,6 µL/mL de GolgiStop™ - BD Biosciences, Franklin Lakes, New Jersey, EUA) foi adicionada concomitantemente aos estímulos. As culturas de células de pulmões foram incubadas por 6 horas, a 37ºC em 5% de CO2. 3.8. Quantificação de populações celulares no pulmão 3.8.1. Marcação Extracelular Para a realização da fenotipagem das populações de linfócitos T, células dendríticas, macrófagos e células NK no pulmão, 1 x 106 células foram incubadas a 4°C por 40 minutos com sobrenadante de cultura de células 2.4G2 (contendo anticorpos anti-FcγRII/III), diluído 1:1. Em seguida, as células foram incubadas com os anticorpos monoclonais (tabela 1), durante 30 minutos a 4°C, no escuro. Após a incubação, as células foram lavadas com 2 mL de tampão PBS contendo 2% SBF, seguindo-se fixação com solução tamponada contendo 1% de formol. As amostras foram adquiridas no citômetro FACSCantoTMII (BD, San José, CA, USA), no qual foram coletados, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. As células foram avaliadas por tamanho (FSC), granularidade (SSC) e intensidade de fluorescência. Inicialmente foi selecionada uma região para exclusão as células aderidas entre si, processo conhecido como exclusão de doublets. Para isso, as células foram selecionadas pelos parâmetros de FSC-A (área) e FSC-H (altura). Uma vez excluídos os doublets, foram utilizados os parâmetros de FSC-A e SSC-A, para selecionar região correspondente às células mieloides, (células dendríticas e macrófagos) ou linfoides (linfócitos T e células NK). As células presentes em cada região delimitada foram utilizadas para avaliar a expressão de diferentes moléculas utilizando os anticorpos monoclonais 19 MATERIAIS E MÉTODOS descritos na tabela 1. Os dados foram analisados utilizando-se o software FlowJoTM 7.6.1 (Tree Star, Inc. Ashland, Oregon, USA). Todos os anticorpos foram adquiridos da BD Bioscience Pharmingen ou e-Bioscience e utilizados de acordo com as instruções do fabricante. O número absoluto dos diferentes tipos celulares analisados foi obtido correlacionando a porcentagem dos mesmos nos diferentes órgãos analisados em relação ao número de células totais contadas em contador automático Countess™. 100% ––––––––––––––––––– Nº de células totais X % de células obtidas na citometria ––––––––––––––––––– nº de células de interesse 3.8.2. Marcação intracelular Após a marcação das moléculas de superfície, 250 µL do tampão Foxp3 fixation/permeabilization foram adicionados por tubo, seguindo-se agitação vigorosa, e incubação por 18 horas, a 4ºC no escuro, dando início à marcação intracelular do fator de transcrição Foxp3 (Staining Buffer Set, eBioscience, San Diego, CA, USA) e demais fatores de transcrição. Após o período de incubação, sem etapa prévia de lavagem, 500 µL de Permeabilization Buffer 1x foram adicionados a cada tudo, procedendo-se agitação e centrifugação a 453 x g, por 5 minutos a 4°C. O procedimento foi repetido, e após a última centrifugação, as células foram ressuspensas em 100 µL de Permeabilization Buffer 1x e incubadas com os anticorpos de monoclonais de interesse (tabela 1) durante 30 minutos, a temperatura ambiente, no escuro. Em seguida, as células foram lavadas com 1 mL de Permeabilization Buffer 1x e ressuspensas em 100 µL de PBS. As amostras foram adquiridas em FACSCantoTMII e analisadas utilizando-se o software FlowJoTM 7.6.1, como descrito no anteriormente. 3.8.3. Detecção intracelular de citocinas Após a realização de cultura de células de pulmão (item 3.7.), as células foram coletadas e fixadas com 4% de formoldeído (Synth – Diadema, SP, Brasil) diluído em PBS, para volume final de 120 µL. As células foram agitadas vigorosamente e incubadas por 11 minutos à temperatura ambiente. Em seguida, foi adicionado 1 mL de PBS e a suspensão celular foi incubada por 18 horas a 4ºC. Após a incubação, as 20 MATERIAIS E MÉTODOS células foram centrifugadas a 453 x g, por 10 minutos a 4°C e lavada com 1 mL de PBS. Para a permeabilização, a suspensão celular foi ressuspensa em tampão de permeabilização contendo 1% de SBF e 0,2% de saponina (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) diluídos em PBS para volume final de 1 mL por tubo. A suspensão celular foi agitada vigorosamente e centrifugada a 453 x g, por 10 minutos a 4°C. Posteriormente, as células foram ressuspensas em 50 µL de tampão de permeabilização contendo sobrenadante de cultura de células 2.4G2, diluído 1:1 e incubadas por 20 minutos, a 4ºC. Após o bloqueio, as células foram incubadas com os anticorpos monoclonais (tabela 1), durante 30 minutos, a 4°C, no escuro. Em seguida, as células foram lavadas com 1 mL de tampão de permeabilização e lavadas novamente com 1 mL de PBS. Por fim, as células foram ressuspendidas em 100 µL de PBS. As amostras foram adquiridas em FACSCantoTMII e analisadas utilizando-se o software FlowJoTM 7.6.1, como descrito no anteriormente. Tabela 1. Descrição dos anticorpos monoclonais utilizados nos ensaios de citometria de fluxo. Fenótipo Linfócitos Anticorpos Clone Fabricante CD3 145-2C11 BD Bioscience, EUA CD8 53-6.7 BD Bioscience, EUA CD107a 1D4B BD Bioscience, EUA CD4 RM4-5 BD Bioscience, EUA CCR4 2G12 Biolegend CD25 PC61 BD Bioscience, EUA Foxp3 MF23 BD Bioscience, EUA Tbet O4-46 BD Bioscience, EUA ROR γt AFKJS-9 eBioscience, EUA GATA3 L50-823 BD Bioscience, EUA Ki-67 SolA15 eBioscience, EUA IFN-γ XMG1.2 BD Bioscience, EUA IL-4 11B11 Biolegend IL-10 JES5-16E3 BD Bioscience, EUA IL-17 TC11-18H10 BD Bioscience, EUA 21 MATERIAIS E MÉTODOS Células NK Células dendríticas Macrófagos CD39 Duha59 Biolegend CD73 TY/11.8 Biolegend NK1.1 PK136 BD Bioscience, EUA CD11c HL3 BD Bioscience, EUA CD11b M1/70 BD Bioscience, EUA CD103 M290 BD Bioscience, EUA F4/80 BM8 eBioscience, EUA 3.9. Avaliação da expressão gênica 3.9.1. Extração de RNA Para a extração de RNA mensageiro (mRNA), os lóbulos esquerdos foram coletados em 1 mL de solução de lise RA1 do kit de purificação de RNA (RNAspin mini, GE Health Care, Little Chalfont, Buckinghamshire, Reino Unido) e homogeneizados com o auxílio de homogeneizador S10NG IKA® T10 basic (IKA® Werke GMHB & Co. KG, Staufen-Alemanha). O RNA foi extraído conforme instruções do fabricante do kit RNAspin mini. O RNA obtido foi quantificado utilizando Nanodrop e o programa ND1000V37.1 (Thermo Fisher Scientific, Wilmington, DE, USA). As leituras de absorbância foram realizadas no comprimento de onda 260 nm. 3.9.2. Preparação de cDNA Para preparar o DNA complementar (cDNA), 1 µg do RNA extraído foi tratado com DNAse I 10x (Invitrogen by life BiotechnologiesTM, Carlsbad, CA, USA) durante 15 minutos a 25 °C. Posteriormente, as amostras foram incubadas com 1 µL de EDTA 25mM (Invitrogen by life BiotechnologiesTM, Carlsbad, CA, USA), a 65 °C, durante 15 minutos, para interromper a ação da enzima. A fim de iniciar a síntese de cDNA, o RNA tratado com DNAse foi incubado durante 2 minutos, a 42°C, com 1 µL de dNTPs 10 mM e 1 µL de OligodT 0.5 µg/µL (Invitrogen by life BiotechnologiesTM, Carlsbad, CA, USA), 2.5 µL de Buffer 5x, 2.0 µL de DTT 0.1M (Invitrogen by life BiotechnologiesTM, Carlsbad, CA, USA), 0.5 µL de MgCl2 25 mM e 2 µL de água ultrapura (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA). Em seguida, 1 µL da enzima Reverse transcriptase SuperScriptTM II (Invitrogen by life BiotechnologiesTM, 22 MATERIAIS E MÉTODOS Carlsbad, CA, USA) foi acrescentado às amostras, que foram incubadas durante 50 minutos a 42°C. Posteriormente, as amostras foram incubadas a 70°C, durante 15 minutos, seguindo-se incubação a 4°C por 10 minutos. O cDNA obtido foi quantificado utilizando Nanodrop e o programa ND1000V37.1 (Thermo Fisher Scientific, Wilmington, DE, USA). As leituras de absorbância foram realizadas no comprimento de onda 260 nm. As amostras de cDNA foram diluídas em água livre de RNAse até atingir a concentração 100 ng/µl. O cDNA diluído foi armazenado a -70°C até a avaliação da expressão de genes por PCR em tempo real. 3.9.3. Quantificação da expressão de genes por PCR em tempo real (RT-PCR) Para a quantificação de genes por RT-PCR, 3 µl do cDNA diluído foram acrescentados a 6.5 µL de Maxima SYBR Green/ROX qPCR Master Mix (2x) (Thermo Fisher Scientific, Inc. Waltham, MA, USA), 0.5 µL de cada par de primer (10µM- Invitrogen by life BiotechnologiesTM, Carlsbad, CA, USA) e 2.5 µL de água livre de nucleases. As condições para amplificação dos genes de interesse compreendem uma fase inicial de incubação do cDNA a 50°C, durante 2 minutos. Posteriormente, as amostras foram submetidas a um processo de desnaturação a 95 °C, durante 10 minutos. Após esse período, as amostras passaram por 40 ciclos contendo fase de desnaturação a 95°C, durante 15 segundos, seguida de fase de anelamento a 58°C, por 30 segundos e, finalmente, uma fase de extensão da fita de DNA a 72°C, por 30 segundos. As reações e análises foram realizadas no aparelho StepOnePlusTM Real-Time PCR Systems (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA). Os resultados foram analisados com base no valor de CT (Cicle Threshold – ou ciclo limiar). O CT é o ponto que indica o número de ciclos onde a amplificação atinge um dado limiar que permite a análise quantitativa da expressão do fator avaliado. A fórmula utilizada para análise dos resultados foi 2-(ΔΔCt), na qual ΔΔCt = ΔCt amostra - ΔCt controle, sendo que ΔCt = CT gene alvo – CT β-Actina (gene de referência endógeno). As sequências dos primers avaliados encontram-se na tabela 2. 23 MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 2. Sequência de primers utilizados para quantificação de genes por PCR em tempo real. GENE TIPO DE PRIMER SEQUÊNCIA 5' --> 3' β-Actina CCR4 CCL17 CCL22 CXCR3 CCR5 NOS2 Sense CCC TAG GCA CCA GGG TGT GA Antisense GCC ATG TTC AAT GGG GTA CTT C Sense CGA TTC CAA AGA TGA ATG CCA Antisense TCC CCA AAT GCC TTG ATA CC Sense GAA GTC CCT GTT CCC TTT TTT Antisense TGT GTT CGC CTG TAG TGC ATA Sense ATG GTG CCA ATG TGG AAG A Antisense TAAAGC TGA TGG CAG AGG GT Sense AAC GTC AAG TGC TAG ATG CCT Antisense TCT CGT TTT CCC CAT AAT CG Sense TGC ACA AAG AGA CTT GAG GCA Antisense AGT GGT TCT TCC CTG TTG GCA Sense TGC TGT TCT CAG CCC AAC AAT A GTC CAG GGA TTC TGG AAC ATT CT Arginase 1 Sense CAA AAG GAC AGC CTC GAG GAG Antisense CCC GTG GTC TCT CAC GTC AT 3.10. Ensaio imunoenzimático (ELISA) para a detecção de citocinas e quimiocinas Para a detecção de citocinas e quimiocinas no homogenato pulmonar foram utilizados os kits imunoenzimáticos BD OptEIA TM Set (BD Biosciences, San Diego, CA, USA) e DuoSet® ELISA Development System (R&D Systems, Minneapolis, MN, USA). As especificações de cada kit estão descritas na tabela 3. Todos os ensaios foram realizados de acordo com as instruções dos fabricantes. Tabela 3. Limite de detecção de cada kit imunoenzimático. Kit IFN-γ 24 Limites de Detecção Número de Catálogo Fabricante 31,3 – 2000 pg/mL 55138 BD MATERIAIS E MÉTODOS IL-10 31,3 – 2000 pg/mL 555252 BD IL-4 7,8 – 500 pg/mL 55232 BD IL-17 15,6 – 1000 pg/mL DY421 RD IL-12 62,5 – 8000 pg/mL 555256 BD TGF-β 15,6 – 1000 pg/mL DY1679 RD IL-1β 15,6 – 1000 pg/mL DY401 RD IL-23 39 – 2500 pg/mL DY1887 RD CCL17 31,3 – 2000 pg/mL DY529 RD CCL22 7,8 – 500 pg/mL DY439 RD 3.11. Separação de células T efetoras e Treg As células T efetoras (CD4+CD25-), foram isoladas a partir da população de células totais do baço de animais WT não infectados. Células Treg, (CD4+CD25+), foram isoladas a partir da população de células de animais WT e CCR4-/- infectados ou não. As duas populações foram purificadas utilizando MACS CD4+CD25+ Regulatory T cells Isolation Kit (Miltenyi Biotec, Bergisch Gladbach, Germany) de acordo com as instruções do fabricante. Primeiramente, foi realizada a seleção negativa das células T CD4, seguida da marcação para CD25, como descrito a seguir. Após a obtenção de células do baço dos animais (item 3.6.2), a suspensão foi centrifugada a 453 x g, por 10 minutos a 4°C. Para cada 1 x 107 células, foram adicionados 40 µL de tampão de beads contendo 0,5% de albumina bovina fração V (BSA- Inlab, São Paulo, SP, Brasil) e 2 mM de EDTA (Invitrogen by life BiotechnologiesTM, Carlsbad, CA, USA) diluídos em PBS pH 7.2. Em seguida, adicionou-se 10 µL de Biotin-Antibody Cocktail e então a suspensão foi agitada vigorosamente e incubada por 10 minutos, a 4ºC. Posteriormente, foram adicionados à suspensão 30 µL de tampão de beads e 20µL de Anti-Biotin MicroBeads, seguindo-se a homogeneização e incubação por 15 minutos, a 4ºC. Dois mL de tampão de beads foram adicionados para lavar a suspensão. O sedimento celular foi ressuspenso em 500 µL de tampão de beads. As colunas magnéticas de depleção LD (Miltenyi Biotec, Bergisch Gladbach, Germany) foram preparadas em MACS Separator, e, então, a suspensão celular foi aplicada. Após a passagem na coluna, as células não marcadas (células T CD4+) que passaram pela 25 MATERIAIS E MÉTODOS coluna, foram coletadas e centrifugadas a 453 x g, por 10 minutos, a 4°C. Para cada 1 x 107 células, foram adicionados 70 µL de tampão de beads e 10 µL de CD25-PE. As células foram agitada vigorosamente e incubadas por 15 minutos, a 4ºC, no escuro. Após a incubação, as células foram lavadas com 2 mL de tampão de beads. Após centrifugação, 90 µL de tampão de beads e 10 µL de esferas magnéticas marcadas com anticorpos contra PE (Anti-PE Microbeads) foram adicionados. A suspensão foi homogeneizada e incubada por 15 minutos, a 4ºC, no escuro. A suspensão foi lavada com tampão de beads e ressuspensa em 500 µL do mesmo tampão. Colunas magnéticas LS (Miltenyi Biotec, Bergisch Gladbach, Germany), para seleção positiva de células Tregs (CD4+CD25+), foram preparadas em campo MACS Separator. A suspensão celular foi aplicada e devidamente lavada na coluna LS. As células que passaram pela coluna são as células CD4+CD25- e as células que ficaram retidas na coluna são as células CD4+CD25+. A coluna foi removida do separador e com auxílio do êmbolo as células Treg foram obtidas. A contagem total de células efetoras e Treg foi realizada utilizando contador automático Countess™. 3.12. Ensaio de supressão da proliferação celular pelas células Treg Após a separação de células Tregs e células T efetoras, as concentrações celulares foram ajustadas para as proporções de células reguladoras : efetoras = 1:4 (0,25 x 105 : 1 x 105). As células foram distribuídas em placas de 96 poços de fundo em U (BD, Franklin Lakes, NJ, USA) e estimuladas com 40 µg/mL de Concavalina A (ConA- Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA). Como controle positivo, foi realizada a cultura de células T efetoras estimuladas com ConA, na ausência de células Treg. Como controle negativo, células T efetoras foram cultivadas apenas com meio de cultura. As culturas foram incubadas por 96 horas, a 37ºC em 5% de CO2. Após o período de incubação, as células foram coletadas e submetidas ao protocolo de marcação intracelular para avaliação da expressão de Ki-67. 3.13. Isolamento e transferência de células Foxp3-GFP+ Células Treg foram isoladas de animais transgênicos Foxp3-GFP+ normais. Células totais do baço foram purificadas de acordo com a expressão de Foxp3-GFP utilizando FACSAriaTM III Cell Sorter (BD, San Jose, CA, USA). Após a separação, a 26 MATERIAIS E MÉTODOS contagem total de células Foxp3-GFP+ foi realizada através de contador automático Countess™. Concentrações de 5 x 105 células foram ajustadas para volume final de 50 µL em salina estéril e, então, transferidas pela via intratraqueal para animais WT e CCR4-/- com 60 dias de infecção. Dez dias após a transferência, os pulmões foram coletados e submetidos ao ensaio de UFC. 3.14. Análise histopatológica Para a análise histopatológica, o lóbulo direito superior foi armazenado em tampão de fosfato, contendo 37% de formaldeído (pH=7.0). Posteriormente, foi realizada a inclusão em parafina e confecção das lâminas. Os cortes histológicos do pulmão foram corados com Hematoxilina e Eosina (H&E) para a visualização do infiltrado celular. Todos os procedimentos de montagens das lâminas foram realizados no laboratório da patologista Prof.ª. Dr.ª Simone Gusmão Ramos (Departamento de Patologia FMRP-USP). As imagens coradas com H&E foram capturadas utilizando aumento de 200x em microscópio Olympus BX50 acoplado à câmera Olympus DP71 (Olympus Corporation, Japan). 3.15.Análise estatística Para a realização da análise estatística entre dois grupos experimentais foi utilizado o programa Prism 5.0 (GraphPad Software, Inc., San Diego CA, USA). Inicialmente, foi realizado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Os experimentos, cujos dados foram positivos para o teste de normalidade, foram analisados aplicando teste t não pareado (two tailed). Os dados que não passaram no teste de normalidade foram analisados utilizando o teste não paramétrico de Mann Whitney. Para a realização da análise estatística em experimentos com mais de dois grupos foi utilizado o programa StatSoft, Inc. (2004) STATISTICA (data analysis software system), version 7, (Tulsa, OK, USA). Os dados de experimentos com mais de dois grupos, foram submetidos ao teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov e ao teste de igualdade de variâncias Levene’s. Os experimentos cujos dados passaram nos dois testes foram analisados utilizando análise de variância de uma via (ANOVA), aplicando One-way analysis of variance com pós teste de Tukey. Os dados que não 27 MATERIAIS E MÉTODOS passaram em nenhum dos testes anteriores foram transformados utilizando a função log10 e analisados novamente. Para os dados transformados que não passaram em um dos dois testes foi aplicado o teste não paramétrico Kruskall Wallis com análise de médias. Os valores com p<0.05 foram considerados estatisticamente significativos. 28 RESULTADOS 4. RESULTADOS 4.1. Avaliação da expressão de CCR4 e das quimiocinas CCL17 e CCL22 no pulmão de animais infectados ou não Inicialmente, nós nos propusemos a avaliar a expressão de CCR4 e de seus ligantes, CCL17 e CCL22, no pulmão de animais com infecção crônica (grupo TB) comparando à expressão pulmonar basal, ou seja, no pulmão de animais não infectados (grupo CT, controle). No pulmão de animais infectados foi detectado aumento significativo na expressão de CCR4. Porém, não observamos diferença entre animais infectados ou não na expressão relativa dos transcritos de mRNA para CCL17 e CCL22 (Figura 1A). No entanto, a quantificação proteica revelou aumento significativo na produção de CCL17 (Figura 1B) e CCL22 (Figura 1C) no pulmão de animais infectados. Além da análise da expressão gênica para CCR4, quantificamos a população de células T CD4+ do pulmão que expressavam CCR4 e a população de células CD4+Foxp3+ que expressavam CCR4 (Figura 1D). Encontramos aumento significativo na porcentagem e no número total de células CD4+CCR4+ (Figura 1E, F) e células CD4+Foxp3+CCR4+ (Figura 1G, H) nos animais infectados comparado com os animais não infectados. 29 RESULTADOS Figura 1. Expressão de CCR4, CCL17 e CCL22 no pulmão de animais WT, infectados ou não. Animais C57BL/6 foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e separados para diferentes protocolos. Os lóbulos superior e inferior esquerdo foram homogeneizados para quantificação CCR4, CCL17 e CCL22 por RTPCR (A). A expressão relativa do gene de interesse foi determinada em relação à expressão do gene endógeno β-Actina (ΔCt) e em relação à expressão do gene de interesse no grupo WT não infectado (ΔΔCt). Os mesmos lóbulos também foram homogeneizados e utilizados para a quantificação de citocinas por ELISA. Foi avaliado a produção de CCL17 (B) e CCL22 (C). Os limites de detecção do experimento foram: CCL17 = 31,2 a 4000 pg/mL; CCL22 = 15,6 a 1000 pg/mL. Os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos e suspensões celulares foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC), e também de acordo com a marcação positiva para CD4. Dentro dessa última população a expressão de CCR4 e Foxp3 foi avaliada por dot plot (D). A partir da porcentagem de expressão de CD4+CCR4+ (E) e Foxp3+CCR4+ (G), obtivemos o número total das respectivas células (F, H). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 2 experimento independentes (n = 5-12). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 30 RESULTADOS 4.2. Avaliação do número de bacilos em diferentes tempos de infecção em animais WT e CCR4-/Embora a participação de CCR4 na fase inicial da infecção com M. bovis tenha sido descrita (162), não existe relato sobre o papel deste receptor na infecção por M. tuberculosis. Para estudar o papel de CCR4, considerando o recrutamento de células Treg e progressão da doença, como previamente descrito, utilizamos animais deficientes para a expressão do receptor (CCR4-/-) comparando-os aos animais WT. Apesar de nosso interesse na fase crônica, julgamos ser importante avaliar em qual período da infecção CCR4 poderia afetar a resistência ou susceptibilidade dos animais. Nesse contexto, aos quinze, trinta e setenta dias de infecção, o número de Unidades Fomadoras de Colônia (UFC) no pulmão e baço foram avaliados. Aos quinze dias de infecção, pudemos observar diminuição no número de UFC no pulmão (Figura 2A) dos animais CCR4-/- infectados comparados aos animais WT infectados. No entanto, nesse período, não observamos diferença no número de UFC no baço entre os grupos avaliados (Figura 2B). Aos trinta dias de infecção, não observamos diferença no número de UFC no pulmão nem no baço de animais CCR4-/- e WT infectados (Figura 2A, B). Aos setenta dias de infecção, aumento significativo no número de UFC foi observado no pulmão e baço de animais CCR4-/- infectados comparados aos animais WT com mesmo período de infecção (Figura 2A, B). Esses resultados sugerem que na fase inicial (15 dias), a ausência de CCR4 favorece a resistência à infecção, enquanto na fase crônica (70 dias), promove susceptibilidade. Figura 2. Avaliação do número de UFC no pulmão e baço em diferente tempos de infecção. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Quinze, trinta e setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e separados para diferentes protocolos. Os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram diluídas em série para 31 RESULTADOS realização do ensaio de UFC/pulmão (A). O baço também foi coletado, processado e diluído em série para a realização de ensaio de UFC (B). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 1 experimento repetidos 2-4 vezes (n = 3-9). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.3. Avaliação de células Treg no pulmão de animais CCR4-/Sabendo que CCR4 participa do recrutamento de células Treg para o pulmão, quantificamos a população de células CD4+CD25+ e células CD4+Foxp3+, além da população total de linfócitos T CD4+ nos animais CCR4-/- e WT aos 15, 30 e 70 dias de infecção. A Figura 3A mostra a análise representativa usada para avaliar as populações mencionadas. Não houve diferença na porcentagem de células CD4+ (Figura 3B) entre os grupos infectados em nenhum das fases avaliadas. Porém, a análise do número total de linfócitos T CD4+ mostra aumento significativo dessa população no pulmão de animais CCR4-/- comparado com os animais WT em 15 e 70 dias após a infecção (Figura 3E). Quanto às células Treg, a análise representativa e as representações gráficas referentes às frequências e números totais de células CD4+CD25+ e CD4+Foxp3+, mostram diminuição significativa das células Treg em animais CCR4-/- comparados aos animais WT, especialmente em 15 e 70 dias após a infecção (Figura 3A, C-F, DG). 32 RESULTADOS Figura 3. Porcentagem e número total de células CD4 , CD4 CD25 e CD4+Foxp3+. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Quinze, trinta e setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). As populações de células CD4+, CD4+CD25+ e CD4+CDFoxp3+ foram delimitadas. Como podemos observar no representativo (A), a porcentagem e o número total de células CD4+ (B, E), células CD4+CD25+ (C, F) e células CD4+CDFoxp3+ (D, G) foram obtidas. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 2-3 experimento independentes (n = 8-20). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. + + + 33 RESULTADOS 4.4. Razão e correlação de células CD4+ e células CD4+Foxp3+ Como os animais CCR4-/- apresentaram aumento no número de células CD4+ e, em contrapartida, diminuição na população de células CD4+Foxp3+, avaliamos a razão entre essa células. Houve aumento na razão tanto na frequência como no número de células CD4+/CD4+Foxp3+ nos animais CCR4-/- comparado com os animais WT em 15, 30 e 70 dias após a infeção (Figura 4A, B). Para validar os resultados descritos acima, também realizamos a correlação das populações CD4+ e CD4+Foxp3+. Não encontramos correlação entre a porcentagem de células CD4+ e CD4+Foxp3+ de animais WT infectados em nenhum dos tempos avaliados (Figura 4C, D, E). Entretanto, houve significativa correlação inversa apenas na frequência de células CD4+ e células CD4+Foxp3+ de animais CCR4-/- após 70 dias de infecção (Figura 4F, G, H). Esses resultados sugerem que, durante a fase crônica da infecção, o aumento de células T CD4+ observado nos animais CCR4-/- está associado ao aumento de outras subpopulações de células T, sem ser as células Treg, podendo ser células Th1, Th2 ou Th17. 34 RESULTADOS + + + Figura 4. Razão e Correlação entre células CD4 /CD4 CDFoxp3 após 15, 30 e 70 dias de infecção. Razão entre a porcentagem (A) e o número total (B) de células CD4+ e células CD4+Foxp3+ de animais WT e CCR4-/-. Correlação da porcentagem de células CD4+ em função de porcentagem de células CD4+Foxp3+ analisadas no pulmão de animais WT (C, D, E) e CCR4-/- (F, G, H) infectados com M. tuberculosis. Os dados são representativos de 2-3 experimentos independentes (n = 10-22). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. Para análise estatística da correlação, foi aplicado o teste de Pearson (R). Valores de P < 0,05 foram considerados significativos. Os números de R e P foram indicados apenas quando houve diferença estatística. 35 RESULTADOS 4.5. Avaliação da inflamação pulmonar na ausência de CCR4 Mecanismos de regulação da resposta imune são determinantes para reduzir a magnitude de processos inflamatórios e a extensão de dano tecidual. Porém, a redução da inflamação pode refletir também em redução de mecanismos efetores e, exatamente por isso, as células Treg podem contribuir para a progressão de infecções crônicas. Como os animais estavam mais susceptíveis na fase crônica e apresentaram diminuição na frequência e número de células Treg, avaliamos a inflamação pulmonar. Aos 15 dias de infecção, os animais CCR4-/- apresentam uma discreta redução no comprometimento do parênquima pulmonar comparado com os animais WT (Figura 5A). Aos 30 dias de infecção, o comprometimento do parênquima pulmonar é similar entre os animais CCR4-/- e WT (Figura 5A). Aos 70 dias de infecção, o maior comprometimento do parênquima pulmonar de animais CCR4-/- foi evidente em relação aos animais WT. Além disso, nesse período de infecção, os animais WT contêm melhor o crescimento do bacilo como observado pela formação de estrutura como granuloma, o que não observamos no pulmão dos animais CCR4-/- (Figura 5A). Os resultados apresentados até o momento mostram que a ausência na expressão de CCR4 afetou a capacidade de controlar a carga bacteriana, tornando-os mais susceptíveis à infecção. O aumento da susceptibilidade foi associado com redução no número e frequência de células CD4+Foxp3+ e aumento na inflamação pulmonar. 36 RESULTADOS Figura 5. Análise histopatológica do pulmão de animais WT e CCR4-/infectados. Animais WT e CCR4-/- foram infectados ou não (CT) com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Quinze, trinta e setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados. O lóbulo superior direito foi utilizado para a análise histopatológica do pulmão. As fotomicrografias de secções de pulmões corados com Hematixilina e Eosina são mostradas em aumento de 200x (A). Os dados são representativos de, no mínimo, 3 experimento independentes. 37 RESULTADOS 4.6. Detecção dos ligantes de CCR4 no pulmão de animais CCR4-/Nossa hipótese de estudo está embasada no fato de que a infecção progride porque os bacilos causam desequilíbrio entre mecanismos efetores/inflamatórios e anti-inflamatórios. O número de células Treg aumenta em pacientes com TB e no pulmão de animais infectados (42, 100, 101). As células Treg, recrutadas a partir dos 15 dias de infecção para pulmão de animais infectados com M. tuberculosis (106), favorecem a multiplicação de bacilos nos hospedeiros infectados (43, 104). Além disso, CCR4 está envolvido com a migração de células Treg para o pulmão (123). Nesse contexto, acreditamos que as células Treg não tenham papel crítico na fase inicial, mas que tenham papel crucial na fase crônica da infecção. Por isso, focamos nosso estudo na fase crônica da infecção experimental com M. tuberculosis. Realizamos uma análise de diversos parâmetros que estão envolvidos na resposta imune contra M. tuberculosis, os quais são descritos a seguir, comparando os animais CCR4-/- e WT com 70 dias de infecção. Inicialmente, detectamos a produção de CCL17 e CCL22 no pulmão dos animais WT e CCR4-/- infectados. Enquanto a produção de CCL17 foi significativamente reduzida nos animais CCR4-/- (Figura 6A), a produção de CCL22 foi similar entre os grupos estudados (Figura 6B). Figura 6. Detecção de quimiocinas no homogenato pulmonar. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos superior e inferior esquerdo foram homogeneizados para a quantificação de citocinas por ELISA. Foi avaliado a produção de CCL17 (A) e CCL22 (B). Os limites de detecção do experimento foram: CCL17 = 31,2 a 4000 pg/mL; CCL22 = 15,6 a 1000 pg/mL. 38 RESULTADOS Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 3 experimento independentes (n = 9-12). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.7. Quantificação de células dendríticas e macrófagos no pulmão Em seguida, quantificamos leucócitos da imunidade inata que participam da resposta contra M. tuberculosis. Nós mostramos, recentemente, que as células CD11c+CD103+, mas não as células CD11c+CD11b+, do pulmão de animais C57BL/6 infectados com M. tuberculosis induzem maior frequência de células CD4+ produtoras de INF-γ ou IL-17 (166). Estabelecemos a caracterização geral de células dendríticas e macrófagos através da marcação de CD11c, CD11b e CD103 para células dendríticas e F4/80 para macrófagos alveolares, de acordo com a análise representativa ilustrada na Figura 7A. Houve uma diminuição na porcentagem de células CD11c+ (Figura 7B) nos animais CCR4-/- comparados com os animais WT, mas não houve diferença no número absoluto dessas células (Figura 7F). Observamos aumento na porcentagem (Figura 7C) e no número total (Figura 7G) de células de células dendríticas CD11c+CD11b+CD103-, associadas com perfil de susceptibilidade. Enquanto, houve uma diminuição na porcentagem, mas não no número, de células CD11c+CD11bCD103+ (Figura 7D,H), relacionadas com resistência á infecção por induzirem produção de IFN- γ pelas células T CD4+. Nenhuma diferença foi observada na porcentagem (Figura 7E) ou no número (Figura 7I) de células F4/80+ entre os grupos. 39 RESULTADOS Figura 7. Porcentagem e número total de células dendríticas e macrófagos. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de células dendríticas e macrófagos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). Após delimitarmos as populações de interesse (A) obtivemos a porcentagem e o número total de células dendríticas CD11c+ (B, F), CD11c+CD11c+CD103- (C, G), CD11c+CD11c-CD103+ (D, H) e macrófagos F4/80+ (E, I). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 2-3 experimentos independentes (n = 10-19) para células dendríticas. Para macrófagos os dados são representativos de 1 experimento repetidos 2 vezes (n = 4-6). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 40 RESULTADOS 4.8. Quantificação da expressão de genes característicos de macrófagos M1 e M2 Macrófagos M2 produzem CCL17 e CCL22, podendo contribuir para o recrutamento de células que expressam CCR4 (46). Desse modo, o aumento na expressão de genes associados com macrófagos M2 pode estar associado com recrutamento de células Treg nos animais WT. Por isso, avaliamos a expressão de NOS2, um dos marcadores que caracteriza a população de macrófagos M1, e a expressão de Arg1, que caracteriza macrófagos M2 no pulmão de animais CCR4-/- e WT infectados (45, 46, 50). Não houve diferença na expressão gênica para NOS2 entre os grupos (Figura 8A). Os animais CCR4-/- apresentaram expressão de Arg1 significativamente reduzida no pulmão quando comparados com animais WT (Figura 8B). Esses resultados sugerem que a redução de células Treg pode ter relação com a diminuição na expressão gênica de Arg1 encontrada nos animais CCR4-/-. Figura 8. Quantificação de genes associados com macrófagos M1 e M2. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos superior e inferior esquerdo foram homogeneizados para a quantificação de mRNA para NOS2 (A) e Arg1 (B) por RT-PCR. A expressão relativa do gene de interesse foi determinada em relação à expressão do gene endógeno β-Actina (ΔCt) e em relação à expressão do gene de interesse no grupo WT infectado (ΔΔCt). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 2 experimentos independentes (n = 5-9). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 41 RESULTADOS 4.9. Avaliação de células NK1.1+ em animais CCR4-/- infectados CCR4 é necessário para o desenvolvimento de resposta efetora de células NK e controle da infecção com M. bovis (162). Dessa forma, a ausência de CCR4 pode interferir no desenvolvimento de células NK, comprometendo a resposta imunológica contra M. tuberculosis. Para avaliar essa população celular, nós realizamos a marcação com anticorpos contra NK1.1 e CD3. Foram caracterizadas como NK, as células que expressavam NK1.1, mas não CD3 (NK1.1+CD3-), conforme análise representativa (Figura 9A). Houve diminuição na porcentagem de células NK1.1+CD3- no pulmão de animais CCR4-/- comparados com os animais WT (Figura 9B). Nenhuma diferença foi observada no número total dessas células (Figura 9C). + - Figura 9. Porcentagem e número total de células NK1.1 CD3 . Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). A população de células NK1.1+CD3- foi delimitada. Como podemos observar no representativo (A), a porcentagem (B) e o número total (C) de células NK1.1+CD3- 42 RESULTADOS foram obtidas. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 2 experimentos independentes (n = 11-13). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.10. Quantificação de células CD8+ ativadas no pulmão de animais CCR4-/Iniciamos a avaliação do perfil de ativação dos linfócitos T por meio da análise de células CD8+, pois a quantificação de células CD4+ e CD4+Foxp3+ foi previamente determinada considerando o papel de CCR4 no recrutamento de células Treg para o pulmão (123). A análise representativa ilustrada na Figura 10A mostra como foi avaliada a expressão do marcador de citotoxicidade CD107a. Verificamos aumento na porcentagem (Figura 10B) e número total (Figura 10C) de células T CD3+CD8+ no pulmão de animais CCR4-/- infectados comparado com os animais WT. Devido ao aumento em linfócitos T CD8+ e o aumento da inflamação observado na análise histopatológica, avaliamos o perfil de ativação dessas células através da expressão do marcador de citotoxicidade CD107a. A frequência (Figura 10D) e o número (Figura 10E) de células CD8+ que expressavam CD107a estavam aumentadas significativamente no pulmão dos animais CCR4-/-. + + + + Figura 10. Porcentagem e número total de células CD3 CD8 e CD8 C107a . Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram 43 RESULTADOS submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). As populações de células CD3+CD8+ e CD8+CD107a+ foram delimitadas. Como podemos observar no representativo (A), a porcentagem e o número total de células CD3+CD8+ (B, C) e células CD8+CD107a+ (D, E) foram obtidas. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados da analise de CD3+CD8+ são representativos de 3 experimento independentes (n = 14-20), enquanto os dados da análise de CD8+CD107a+ são representativos de 1 experimento (n = 5-7). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.11. Análise da expressão dos diferentes fatores de transcrição Sabendo que a deficiência na expressão de CCR4 reduz o influxo de células CD4+Foxp3+ para o pulmão, o aumento de células T CD4+ observado nos animais CCR4-/- deveria estar associado com outras populações de células T, como Th1, Th2 ou Th17. Avaliamos, então, a expressão de Tbet (Th1 cell promoting transcription factor), RORγt (Retinoid-Acid Receptor-related Orphan Receptor gamma T) e GATA-3 (GATA biding protein 3) nas células CD4+ do pulmão. A Figura 11A mostra a análise representativa dos fatores de transcrição avaliados. Nos pulmões de animais CCR4-/- houve aumento na frequência e número total de células CD4+Tbet+, e redução significativa de células CD4+RORγt+ e células CD4+GATA-3+ comparados com animais WT (Figura 11B, 11C). Em adição, confirmamos a redução significativa na população CD4+Foxp3+ nos animais CCR4-/infectados, como previamente descrito (Figura 3F). Esses resultados sugerem que o aumento observado em células T CD4+ está associado com aumento de células CD4+Tbet+, ou seja, com aumento de células efetoras Th1. 44 RESULTADOS + + Figura 11. Porcentagem e número total de células CD4 positivas para Tbet , RORγt+ GATA-3+ e Foxp3+. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). As populações de células CD4+Tbet+, CD4+RORγt+, CD4+GATA-3+ e CD4+CDFoxp3+ foram delimitadas. Como podemos observar no representativo (A), a porcentagem (B) e o número total (C) de células que expressam os diferentes fatores de transcrição foram obtidas. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 3 experimento independentes (n = 12-14). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.12. Quantificação da expressão de genes de receptores de quimiocinas envolvidos no recrutamento de células Th1 Os receptores de quimiocina CXCR3 e CCR5 estão envolvidos no recrutamento de células Th1 para locais inflamados (39, 40). Como observamos que o 45 RESULTADOS aumento de células T CD4+ em animais CCR4-/- estava associado com aumento de células Th1, nós avaliamos a expressão gênica de CXCR3 e CCR5 no pulmão de animais CCR4-/- e WT infectados. Os animais CCR4-/- apresentaram expressão de CXCR3 e CCR5 significativamente aumentada no pulmão quando comparados com animais WT (Figura 12A, B). Esses resultados sugerem que o aumento da expressão dos receptores de quimiocina CXCR3 e CCR5 induziu o aumenta de células Th1 para o pulmão de animais CCR4-/- infectados. Figura 12. Quantificação da expressão gênica de CXCR3 e CCR5. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos superior e inferior esquerdo foram homogeneizados para a quantificação de mRNA para CXCR3 (A) e CCR5 (B) por RT-PCR. A expressão relativa do gene de interesse foi determinada em relação à expressão do gene endógeno β-Actina (ΔCt) e em relação à expressão do gene de interesse no grupo WT infectado (ΔΔCt). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 3 experimentos independentes (n = 8-13). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.13. Quantificação de citocinas no pulmão A próxima etapa foi avaliar a produção de citocinas associadas com a função efetora de células Th1, Th2, Th17 e Treg no pulmão. Houve aumento significativo na produção de IFN-γ (Figura 13A) detectada nos pulmões de animais CCR4-/-. A produção de IL-4 foi similar entre animais CCR4/- e WT (Figura 13B). Houve redução significativa na secreção de IL-17 no pulmão 46 RESULTADOS de animais CCR4-/- (Figura 13C). A produção de IL-10 estava significativamente aumentada nos animais CCR4-/- comparados aos animais WT (Figura 13D). Porém, não houve diferença na produção de TGF-β entre os grupos CCR4-/- e WT (Figura 13E). Determinamos também as concentrações de citocinas secretadas por leucócitos da imunidade inata, que contribuem para a diferenciação dos perfis de populações de células CD4+. Apesar de observarmos aumento de células Th1, não encontramos diferença na produção de IL-12 entre os grupos CCR4-/- e WT (Figura 13F). Além disso, embora a produção de IL-17 estivesse reduzida, as concentrações de IL-1 e IL-23 aumentaram de modo significativo no pulmão de animais CCR4-/(Figura 13G, H). Esses resultados sugerem a existência de perfil pro-inflamatório Th1, mas não Th17, no pulmão de animais CCR4-/- infectados com M. tuberculosis. - Figura 13. Detecção de citocinas no homogenato pulmonar. Animais WT e CCR4 /foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos superior e inferior esquerdo foram homogeneizados para a quantificação de citocinas por ELISA. Foi avaliado a produção de IFN-γ (A), IL-4 (B), IL-17 (C), IL-10 (D), TGF-β (E), IL-12 (F), IL-1β (G) e IL-23 (H). Os limites de detecção do experimento foram: INF-γ = 7,8 a 2000 pg/mL; IL-4 = 15,6 a 1000 pg/mL; IL-17 = 7,8 a 1000 pg/mL; IL10 = 31,2 a 4000 pg/mL; TGF- β = 7,8 a 2000 pg/mL; IL-12 = 125 a 8000 pg/mL; IL1β = 31,2 a 1000 pg/mL; IL-23 = 39 a 1250 pg/mL. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 1-4 experimento independentes (n = 8-21). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 47 RESULTADOS 4.14. Avaliação de células CD4+ produtoras de IFN-γ, IL-4, IL-17 ou IL-10 A avaliação de citocinas em homogenatos de pulmão por ensaio imunoenzimático ELISA fornece a quantificação ex vivo dos mediadores. Contudo, não é possível determinar a população celular produtora de citocinas. Desse modo, procedemos a análise de células CD4+ produtoras de IFN- γ, IL-4, IL-17 e IL-10. A Figura 14A ilustra a análise representativa usada para determinar as populações de células CD4+ produtoras de citocinas. Confirmando os resultados que mostraram aumento de células CD4+ que expressavam Tbet, encontramos aumento significativo de células CD4+ produtoras de IFN-γ (Figura 14B). Enquanto as populações de células CD4+IL-17+, CD4+IL-4+ e CD4+IL-10+ foram semelhantes entre animais CCR4-/- e WT (Figura 14B). Esses resultados confirmam o aumento de células de perfil Th1, caracterizadas pela produção de IFN-γ, no pulmão de animais que não expressam CCR4. Figura 14. Detecção de produção de citocina intracelular no pulmão. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). De acordo com o representativo (A), a porcentagem (B) de 48 RESULTADOS células CD4+ produtoras de IFN-γ+, IL-17+, IL-4+ e IL-10+ foram obtidas. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 2-3 experimento independentes (n = 7-15). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.15. Correlações entre número de UFC, células CD4+IFN-γ+, CD4+Foxp3+, CD4+Tbet+ Com intuito de tentar associar diretamente a carga bacteriana com as células CD4+ produtoras de IFN-γ e com as células CD4+Foxp3+, estabelecemos correlações entre tais parâmetros avaliados em animais WT e CCR4-/-. Análise mostra a correlação positiva significativa do número de UFC e células CD4+IFN-γ+ (r = 0.7886; p = 0.0008) avaliados no pulmão de animais WT (Figura 15A). Esses animais apresentaram ainda correlação positiva significativa do número de UFC e células CD4+Foxp3+ (r = 0.7001; p = 0.0006) (Figura 15B). Finalmente, também encontramos correlação positiva entre células CD4+Tbet+ e células CD4+Foxp3+ (r = 0.8409; p = 0.045) (Figura 15C). Quando os mesmos parâmetros foram usados para estabelecer correlações nos animais CCR4-/-, encontramos também correlação positiva significativa do número de UFC e células CD4+IFN-γ+ (r = 0.5687; p = 0.0215) (Figura 15D). Entretanto, não houve correlação de número de células CD4+Foxp3+ com número de UFC (Figura 15E), enquanto as células CD4+Tbet+ e CD4+Foxp3+ foram correlacionadas positivamente (r = 0.9045; p = 0.0003) (Figura 15F). Esses resultados sugerem que nos animais WT, tanto o aumento da função efetora de células Th1 como o aumento na frequência de células Treg favorecem a multiplicação da carga bacteriana no hospedeiro infectado. No entanto, nos animais CCR4-/-, o excesso de ativação de células produtoras de IFN-γ parece favorecer o aumento da carga bacteriana na fase crônica da infecção. 49 RESULTADOS Figura 15. Correlações entre número de UFC, células CD4+IFN-γ +, CD4+Foxp3+, CD4+Tbet+. Realizamos análise de correlação da porcentagem de células CD4+INFγ+ e número de UFC (A, D), porcentagem de células CD4+Foxp3+ e número de UFC (B, E) e porcentagem de células CD4+Foxp3+ e porcentagem de células CD4+Tbet+ (C, F) a partir do pulmão de animais WT e CCR4-/- infectados com M. tuberculosis. O teste de Pearson (R) foi aplicado para a realização da análise estatística. Os dados são representativos de 2-3 experimentos independente (n = 7-20). Valores de P < 0,05 foram considerados significativos. O número de R e P foram indicados apenas quando houve diferença estatística. 4.16. Análise da expressão de receptores de inibição nas células T CD4+Foxp3+ A deficiência na expressão de CCR4 afetou o influxo de células CD4+CD25+ e CD4+Foxp3+ para o pulmão de animais infectados com M. tuberculosis. Além disso, a ausência deste receptor foi associada ao aumento da inflamação pulmonar, da produção de IFN-γ e de células CD4+ produtoras de IFN-γ. Nós nos questionamos se CCR4 poderia alterar a função supressora das células Treg. As ectonucleotidases CD39 (ENTPD1; ectonucleoside triphosphate diphosphohydrolase 1) e CD73 (ecto-5′-nucleotidase), responsáveis por converter ADP/ATP em adenosina, medeiam atividade supressora de células Treg (83, 167). Para avaliar a função supressora de células Treg, analisamos a expressão de CD39 e CD73 nessas células. Encontramos diminuição na frequência e número total de células CD4+Foxp3+CD39+ (Figura 16A, B) e células CD4+Foxp3+CD73+ (Figura 50 RESULTADOS 16D, E) no pulmão de animais CCR4-/- comparados aos animais WT. Não houve diferença na intensidade mediana de fluorescência (MIF) para nenhuma ectonucleotidase avaliada no pulmão (Figura 16C, F). Devido ao pequeno número de células T CD4+Foxp3+ encontrado no pulmão, para o experimento de proliferação foram utilizadas células Treg do baço. Por isso, nós também avaliamos as populações de células CD4+Foxp3+CD39+ e células CD4+Foxp3+CD73+ no baço de animais CCR4-/- e WT infectados. Não houve diferença na frequência de células CD4+Foxp3+CD39+ (Figura 16G), mas observamos, assim como no pulmão, diminuição no número total de células CD4+Foxp3+CD39+ (Figura 16H) e na frequência e número total de células CD4+Foxp3+CD73+ (Figura 16J, K). Além disso, a intensidade mediana de fluorescência de CD39 e CD73 em células CD4+Foxp3+ estava reduzida em animais CCR4-/- comparada aos animais WT (Figura 16I, L). Avaliamos também populações de células CD4+Foxp3+CTLA-4+, CD4+Foxp3+PD-1+ e CD4+Foxp3+GITR+, porém não encontramos diferenças significativas entre os grupos estudados (dados não mostrados). 51 RESULTADOS Figura 16. Avaliação da expressão de receptores de inibição CD39 e CD73 em células CD4+Foxp3+. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, os pulmões foram coletados e os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). A partir de células CD4+, obtivemos a frequência e número total de células CD4+Foxp3+CD39+ (A-B, G-H) e células CD4+Foxp3+CD73+ (D-E, J-K), assim como a intensidade mediana de fluorescência (MIF) de CD39 (C, I) e CD73 (F, L) em células CD4+Foxp3+ do pulmão e baço de animais infectados. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 1 experimento repetidos 2 52 RESULTADOS vezes (n = 4-5). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.17. Análise da função supressora das células CD4+CD25+ A diminuição das populações celulares CD4+Foxp3+CD39+ e CD4+Foxp3+CD73+, assim como a reduzida intensidade mediana de fluorescência de CD39 e CD73 em células CD4+Foxp3+ nos animais CCR4-/-, sugere que as células Treg apresentam função supressora prejudicada. Realizamos ensaio de proliferação para avaliar da atividade funcional das células Treg. Para isto, células T efetoras (CD4+CD25-) do baço de animais WT normais foram co-cultivadas com células Treg (CD4+CD25+), purificadas do baço de animais WT ou CCR4-/-, infectados ou não, como representado na Figura 17A. A Figura 17B, D mostra a estratégia de gate utilizada para quantificar a proliferação de células efetoras CD4+CD25- de acordo com a expressão de Ki-67. Além disso, quantificamos a expressão de Foxp3 em células CD4+CD25+ e células CD4+CD25+ (Figura 17D). Apenas 25% das células CD4+CD25- expressaram Foxp3, contra 80% de expressão de Foxp3 entre as células CD4+CD25+ utilizadas na cultura. As células Treg de animais WT, infectados ou não, inibiram a proliferação de células T efetoras. No entanto, as células Treg de animais CCR4-/- não infectados demonstraram menor capacidade de suprimir a proliferação de células T efetoras quando comparadas com as células Treg de animais WT. Além disso, as células Treg purificadas de animais CCR4-/- infectados com M. tuberculosis perderam totalmente a capacidade de supressão, visto que a proliferação das células efetoras co-cultivadas com Treg de animais CCR4-/- infectados foi similar à proliferação de células efetoras cultivadas na ausência de células Treg (Figura 17E). Esses resultados sugerem que a ausência de CCR4 nas células Treg prejudica sua atividade funcional, devido a menor expressão das ectonucleotidases CD39 e CD73 nessas células. A menor capacidade supressora de células Treg de animais CCR4-/- pode estar diretamente associada ao aumento da magnitude da inflamação pulmonar. 53 RESULTADOS + + Figura 17. Análise da função supressora das células CD4 CD25 . Animais WT e CCR4-/- foram infectados, ou não, com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Setenta dias após a infecção, células CD4+CD25- e CD4+CD25+ do baço foram purificadas através de seleção magnética. Após a separação foi realizada uma co-cultura de 0,25 x 105 células Tregs (CD4+CD25+) com 1 x 105 células T efetoras (CD4+CD25-) (proporção 1:4). A co-cultura foi estimulada com ConA (40 µg/mL) por 96 horas à 37ºC em 5% CO2 (A). Como controle positivo células T efetoras foram 54 RESULTADOS estimuladas com ConA na ausência de células Treg (barra cinza). Após o período de incubação as células foram submetidas ao protocolo de citometria de fluxo. Foram adquiridos, no mínimo, 100.000 eventos por amostra. A análise foi realizada a partir da exclusão prévia de células não viáveis (doublets), utilizando os parâmetros FSC-H e FSC-A. Posteriormente, foi feita uma seleção na população de linfócitos de acordo com parâmetros de tamanho (FSC) e granuladidade (SSC). As populações de células CD4+CD25- foram delimitadas (B) e a expressão de Ki-67 foi avaliada (C). Quantificação de Foxp3 entre as células CD4+CD25- e as células CD4+CD25+ (D). A porcentagem de proliferação, de acordo com a marcação para Ki-67, das células CD4+CD25- nas diferentes condições, foram avaliadas (E). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 1 experimento repetido 2 vezes (n = 3). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 4.18. Análise da susceptibilidade de animais CCR4-/- que receberam transferência de células Foxp3+ de animais WT Diante da alteração na atividade supressora de células Treg in vitro obtidas de animais deficientes para a expressão de CCR4, nosso próximo passo foi determinar a função supressora dessas células in vivo. Para isto, 5 x 105 células Foxp3-GFP+ de animais não infectados foram transferidas por via intratraqueal para animais WT ou CCR4-/- com 60 dias de infecção. Dez dias após a transferência de células Foxp3GFP+, os pulmões foram coletados para realização do ensaio de UFC (Figura 18A). A transferência de células Foxp3-GFP+ para animais CCR4-/- infectados causou diminuição significativa no número de UFC no pulmão (Figura 18B, C) comparado com o número de UFC recuperadas do pulmão de animais CCR4-/infectados que não receberam células Foxp3-GFP+. Não houve diferença no número de UFC no pulmão comparando animais WT infectados que receberam ou não células Foxp3-GFP+ (Figura 18B, C). Esses resultados sugerem que o aumento da susceptibilidade na fase crônica da infecção com M. tuberculosis observado nos animais CCR4-/-, pode ser decorrente de falha na regulação da resposta inflamatória, mediada por células CD4+Foxp3+. Para avaliar se a transferência de células Treg modificava a produção de IFNγ, cujas concentrações estavam significativamente aumentadas no pulmão de animais CCR4-/- infectados (Figuras 12 e 13), determinamos a produção tanto de IFN-γ como de IL-10 após a transferência de células Foxp3-GFP+. No pulmão de animais CCR4-/infectados que receberam células Foxp3-GFP+ foi detectada menor produção de IFNγ comparada com a produção detectada em animais CCR4-/- apenas infectados, que 55 RESULTADOS não receberam células Treg. Não houve diferença na produção de IFN-γ entre animais WT que receberam ou não células Foxp3-GFP+. No entanto, animais CCR4-/- que receberam células Foxp3-GFP+ tiveram níveis de IFN-γ significativamente menores que aqueles detectados em animais WT que também receberam células Foxp3-GFP+ (Figura 18D). Nenhuma diferença foi observada na produção da citocina IL-10 (Figura 18E). Esses resultados confirmam que o aumento da resposta inflamatória mediada por IFN-γ na ausência de CCR4, é resultante de falha no recrutamento de células CD4+Foxp3+ e na capacidade reguladora dessas células. Figura 18. Número de CFU e quantificação IFN-γ e IL-10 no pulmão de animais infectados com M. tuberculosis após transferência de células Foxp3GFP+. Animais WT e CCR4-/- foram infectados com 1 x 105 bacilos de M. tuberculosis por via intratraqueal. Sessenta dias após a infecção, os animais 56 RESULTADOS receberam 5 x 105 células Foxp3-GFP+ pela via intratraqueal. Seguidos 10 dias os animais foram sacrificados e ensaio de UFC foi realizado (A). Os lóbulos mediano e inferior direito foram digeridos. Suspensões celulares foram diluídas em série para realização do ensaio de UFC/pulmão do experimento 1 (B) e experimento 2 (C). Os lóbulos superior e inferior esquerdo foram homogeneizados para a quantificação de citocinas por ELISA. Foi avaliado a produção de IFN-γ (C) e IL10 (D). Os limites de detecção do experimento foram: INF-γ = 7,8 a 2000 pg/mL; IL-10 = 31,2 a 4000 pg/mL. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. Os dados são representativos de 2 experimento independente (n = 6-9). Barras horizontais demonstram a diferença (P < 0,05) entre os grupos. 57 DISCUSSÃO 8. DISCUSSÃO Nesse estudo nós investigamos a participação de CCR4 na migração de células CD4+Foxp3+ para o pulmão de animais infectados com M. tuberculosis, e também se este receptor afeta a função supressora das células Treg. Sabendo que CCR4 é um dos receptores que promove influxo de células T reguladoras para o pulmão (123, 126), formulamos a hipótese de que a deficiência na expressão de CCR4 diminuiria o recrutamento de células CD4+Foxp3+ para o pulmão, e consequentemente, a resposta efetora proinflamatória atuaria de forma mais eficiente no controle da carga bacteriana. Nossos resultados mostram que a hipótese estava parcialmente correta, pois houve diminuição na migração de células CD4+Foxp3+ para o pulmão, e também diminuição no influxo de células CD4+GATA-3+ (Th2), acompanhada de aumento de células CD4+Tbet+ e células CD4+ produtoras de IFN-γ (Th1). Comparado com animais WT, animais CCR4-/- exibiram maior expressão de CXCR3 e CCR5, que provavelmente auxiliou no maior recrutamento de células Th1 para o pulmão desses animais (39, 40). No entanto, o aumento na magnitude da resposta mediada por IFN-γ não foi suficiente para controlar a progressão da infecção. Animais CCR4-/- foram mais susceptíveis na fase crônica (70 dias) da infecção por M. tuberculosis, mas resistentes na fase inicial (15 dias de infecção) e apresentaram aumento na inflamação pulmonar Estudo prévio de nosso grupo mostrou o aumento na produção de IL-10 e na frequência de células Foxp3+ no pulmão na fase crônica da infecção quando comparada à fase mais inicial (30 dias de infecção) (32, 43). Esses resultados corroboram com dados da literatura que atribuem às células Foxp3+ um papel deletério na TB (104, 109), e sugerem que as células Treg podem representar fator de susceptibilidade dependendo do background genético do hospedeiro. Desse modo, considerando resultados prévios de nosso grupo sobre as células Treg na TB e os resultados da literatura, em princípio, foi surpreendente constatar nos animais CCR4-/- a incapacidade de controlar a carga bacteriana na fase crônica, acompanhada por redução na frequência e número de células CD4+Foxp3+. Uma questão relevante a ser discutida é o impacto da ausência de CCR4 em diferentes períodos da infecção: fase inicial (15 e 30 dias) e fase crônica (70 dias). Nossos resultados mostram que a deficiência na expressão de CCR4 afeta 58 DISCUSSÃO diferencialmente a resistência à infecção. Durante a fase inicial (15 dias), a ausência de CCR4 aumentou a resistência à infecção, mas não teve efeito aos 30 dias de infecção. Na fase tardia, observamos um cenário diferente, pois a deficiência na expressão de CCR4 aumentou a susceptibilidade. Acreditamos que as células CD4+Foxp3+ afetam de modo distinto a cinética que acompanha a progressão da infecção. As células Treg sofrem expansão na fase inicial da infecção e atrasam a migração e ativação de células T CD4+ e T CD8+ favorecendo a tolerância ao patógeno (98, 106). Dessa forma, reduzir o influxo de células Treg já no início da infecção, como ocorreu nos animais CCR4-/-, pode remediar o atraso na indução da resposta adaptativa, já descrito na TB (20, 109), e melhorar o controle da replicação do patógeno no pulmão. Aos 30 dias, de acordo com estudos de nosso grupo e também dados da literatura (43, 166, 168-170), os animais C57BL/6 geram forte resposta celular dependente de IFN-γ, porém, não controlam a infecção. Portanto, reduzir ou não o influxo de células CD4+Foxp3+ neste período da infecção, não exerce efeito evidente no controle da mesma, e parece alterar o perfil da inflamação, embora a magnitude seja similar entre animais WT e CCR4-/-. Aos 70 dias, ou seja, na fase crônica, o desequilíbrio no influxo de células CD4+Foxp3+, que proporciona aumento na função efetora de linfócitos T, é deletério. Esses resultados nos levam a concluir que as células CD4+Foxp3+ apresentam funções tempo-dependente na TB. Imunoterapias que tenham como alvo esse tipo celular precisam levar em consideração a fase da doença, e possivelmente, estabelecer medidas para avaliar o grau da resposta inflamatória. Assim, de acordo com nossa hipótese inicial, esperávamos recuperar menor número de bacilos do pulmão de animais CCR4-/- que àquele encontrado em animais WT, aos 70 dias de infecção. Como esses animais tiveram redução na frequência e número de células CD4+Foxp3+ e aumento de IFN-γ, e as células Treg podem exercer papel dual na fase crônica da infecção, impedindo a resistência contra o patógeno ou promovendo a tolerância contra o dano pulmonar, nós focamos nosso estudo na fase crônica, mais complexa do ponto de vista de regulação da resposta imune por parte do hospedeiro, cujo desequilíbrio culmina com progressão da infecção. O potencial da resposta inflamatória em comprometer o controle da multiplicação dos bacilos na TB é questionado desde estudos histológicos em humanos na era pré-droga (171). Assim, embora antigo, o conceito das reações 59 DISCUSSÃO imunopatológicas ou doenças imunomediadas tem recebido destaque ultimamente. A proteção que leva ao controle da carga do patógeno pode vir dissociada da tolerância contra o dano tecidual que preza pela preservação da arquitetura tecidual e função do órgão-alvo da doença (172-176). Nesse contexto, estudos elegantes mostram que a resposta patológica na TB, mediada por reação de hipersensibilidade do tipo IV, necessita ser equilibrada por mecanismos reguladores. Relatos clínicos tem observado que apesar de indivíduos HIV positivos coinfectados com M. tuberculosis apresentarem alta carga bacteriana e extensiva disseminação, a capacidade de transmissão do bacilo é muito menor quando comparados à indivíduos imunocompetentes (177-179). Isso ocorre devido a inabilidade do M. tuberculosis em gerar granuloma com necrose central e cavitação em indivíduos coinfectados, prejudicando o transporte do bacilo para as vias aéreas e sua subsequente transmissão. Em modelo experimental de infecção com M. marinum, polimorfismo no gene do LTA4H (Leucotrieno A4 Hidrolase) induzindo produção deficiente do mediador proinflamatório LTB4 (Leucotrieno B4) e aumento na produção de LXA4 (Lipoxina A4), mediador anti-inflamatório, gerou resposta inflamatória inadequada, que resultou em susceptibilidade à infecção por M. marinum e permitiu o crescimento do bacilo dentro de macrófagos. Polimorfismo no mesmo gene, mas que resulta em alta produção de LTB4 e inflamação excessiva, também foi associado com aumento da susceptibilidade como consequência do aumento da necrose de macrófagos e subsequente crescimento extracelular da bactéria (180). Além disso, terapia adicional com corticoides tem alcançado sucesso em pacientes com tuberculose que apresentam alta atividade de LTA4H (180). O mecanismo pelo qual os corticoides exercem seus efeitos benéficos ainda não está claro, mas um estudo com pacientes HIV positivo associou o melhor controle bacteriano induzido pelo tratamento com corticoide à redução dos níveis de TNF (181). Shaler e colaboradores mostraram que inflamação excessiva, induzida por elevados níveis de IFN-γ, contribui para lesão pulmonar e disseminação da infecção (66). Dessa forma, baixos ou altos níveis de inflamação são deletérios para o hospedeiro infectado com M. tuberculosis. Nesse sentido, nosso estudo mostra que a frequência de células CD4+Foxp3+ estava positivamente correlacionada com a frequência de células efetoras e também com o número de bacilos nos animais WT, sugerindo a importância do balanço entre células efetoras e Treg para o controle da infecção. Assim, parece que quanto mais células efetoras, maior a necessidade de se recrutar células reguladoras para balancear 60 DISCUSSÃO carga bacteriana e dano tecidual. Esses dados são reforçados pela ausência de correlação entre células CD4+Foxp3+ e número de bacilos nos animais CCR4-/-, e pela correlação positiva entre células CD4+ produtoras de IFN-γ e número de bacilos também nesses animais, sugerindo que a falha em mecanismo regulador, relacionada com deficiência na migração de células CD4+Foxp3+, aumenta a susceptibilidade, como consequência de excesso de inflamação. Um dos fatores ligados à magnitude da inflamação na TB é resposta imune celular mediada por IFN-γ, que confere proteção contra a multiplicação dos bacilos. O papel do IFN-γ no controle da infecção experimental é clássico (26). No entanto, apenas IFN-γ não é capaz de erradicar os bacilos, e seu uso na clínica requer cautela (182). O primeiro teste clínico para uso terapêutico de IFN-γ em pacientes com TB foi bem sucedido. Cinco pacientes que apresentavam resistência a múltiplas drogas receberam 500 µg de IFN-γ três vezes na semana por um mês. Após o tratamento, os pacientes apresentaram resultados negativos para a baciloscopia e o número de UFC demonstrava tendência à diminuição (183). No entanto, outro teste clínico com 8 pacientes utilizando IFN-γ por seis meses não foi capaz de reproduzir os resultados do estudo anterior (184). Pacientes com TB ativa têm elevada expressão de transcritos induzidos por IFN-γ e IFN-tipo I comparado com pacientes com infecção latente (185-189). Essa assinatura inflamatória também é observada em crianças com TB e, atualmente, a análise da expressão dos níveis de RNA para IFN-γ e IFN-tipo I está sendo utilizada como diagnóstico de TB em crianças da África (190). Além disso, recentemente, foi descrito que M. tuberculosis explora a produção de IFN-γ para induzir macrófagos humanos a liberarem DNA formando armadilhas extracelulares, como as NET (Neutrophil Extracellular Traps) produzidas por neutrófilos, além da indução de agregação de micobactérias. Esses processos são dependentes do sistema de secreção ESX-1 (Early secretory antigenic target 6 system 1). Em adição, IFN-γ também amplifica a indução de necrose de macrófagos mediada pelo sistema de secreção ESX-1 (191). Tais processos facilitam a replicação de M. tuberculosis, prejudicando o hospedeiro. Esse efeito não foi observado em macrófagos murinos. Assim, IFN-γ induz resposta protetora contra a infecção, e, simultaneamente, M. tuberculosis utiliza essa citocina para favorecer sua sobrevivência. Na incapacidade do sistema imune do hospedeiro erradicar por definitivo a infecção, há persistência antigênica, havendo a necessidade de redes reguladoras que controlam a inflamação, 61 DISCUSSÃO com a finalidade de manter a integridade do tecido. É nesse contexto que nos deparamos com o paradoxo da TB: resposta protetora versus dano tecidual. Embora o recrutamento de células CD4+Foxp3+ para o pulmão possa ser mediado por outros receptores que não o CCR4, nossos resultados sugerem a participação deste receptor no influxo das células Treg, pois houve aumento na expressão gênica de CCR4 e na população de células CD4+Foxp3+CCR4+ no pulmão de animais infectados comparado com animais não infectados. Além da expressão do CCR4, também encontramos aumento das quimiocinas CCL17 e CCL22, ligantes de CCR4, nos animais infectados. O aumento na expressão de CCR4 já havia sido descrito na TB (153, 192). Porém, o papel de CCR4 na patologia da TB ainda não foi elucidado. Freeman e colaboradores, em 2006, avaliaram a participação de CCR4 em modelo de granuloma pulmonar mediado por células Th1. Os autores desafiaram com derivado de proteína purificada (PPD) em presença de adjuvante completo de Freund por via intravenosa, animais sensibilizados com M. bovis. Animais CCR4-/apresentaram redução no tamanho do granuloma pulmonar e diminuição nos níveis de IFN-γ. Porém, a transferência de células T CD4+CCR4+ para esses animais falhou em reconstituir formação normal do granuloma (161). Em infecção com M. bovis, CCR4 mostrou ser essencial para a ativação de células NK, uma vez que a ausência desse receptor diminuiu a produção de IFN-γ pelas células, reduzindo o controle do bacilo na fase inicial da doença (162). Além disso, esse mesmo trabalho sugeriu que CCR4 é importante para sustentar resposta de células Th1 e Th17 durante a fase tardia da infecção com M. bovis, devido a diminuição de células CD4+ produtoras de IFN-γ e IL-17 (162). Mas atualmente sabemos que CCR4 é requerido principalmente para o recrutamento de células Treg. Além da análise quantitativa de células Treg, nós nos questionamos se a deficiência na expressão de CCR4 poderia afetar também a função dessas células. Experimentos de transferência de células Treg CD4+CD25+ de animais WT e CCR4-/demonstraram o requerimento de CCR4 para a atividade supressora dessas células (126, 193). Enquanto a transferência de células Treg CCR4+/+ protege contra o desenvolvimento de colite, a transferência de células Treg CCR4-/- falham em prevenir o desenvolvimento da doença (193). Resultado similar foi observado em modelo experimental de asma alérgica, no qual a transferência de células Treg 62 DISCUSSÃO CCR4+/+, mas não Treg CCR4-/-, causou a atenuação dos parâmetros imunológicos da asma como eosinofilia, produção de IL-4 e IL-5 e inflamação das vias aéreas (126). Confirmamos in vitro que as células CD4+CD25+ purificadas do baço de animais CCR4-/- suprimem menos a resposta proliferativa de células CD4+ ativadas quando comparadas com as células CD4+CD25+ de animais WT. Para confirmar a redução da função supressora in vivo, mostramos que a transferência de células Foxp3-GFP+ para animais CCR4-/- infectados foi associada com redução nos níveis de IFN-γ e na carga bacteriana no pulmão quando comparadas com animais CCR4-/- que não receberam transferência celular. Então, além de CCR4 participar do recrutamento de células CD4+Foxp3+ para o pulmão, ele também participa da função efetora dessa população celular. Para tentar compreender como CCR4 afeta a capacidade supressora das células Treg, nós avaliamos moléculas relacionadas com função celular, como CTLA4, CD39, CD73, PD-1, GITR (72, 73, 76, 83, 86, 87). Animais CCR4-/- apresentaram diminuição na população de células CD4+Foxp3+CD39+ e CD4+Foxp3+CD73+ no pulmão comparados aos animais WT, assim como reduzida intensidade mediana de fluorescência para CD39 e CD73, indicando menor expressão desses receptores na superfície de células Treg CCR4-/-. Nenhuma diferença significativa foi observada para expressão de CTLA-4, PD-1 e GITR. Devido aos altos níveis de expressão das ectonucleotidases CD39 e CD73 em sua superfície (83, 167), as células Treg são capazes de converter ADP e ATP extracelular em adenosina, que medeia as propriedades supressoras dessas células. De acordo com o fato de que Foxp3 induz a expressão de CD39 (194), animais deficientes para CD39 perdem a capacidade de suprimir a proliferação de células CD4+CD25-. Efeito que foi convertido pela adição da forma solúvel de CD39 (83). Uma vez gerada, adenosina media as propriedades supressoras das células Treg por se ligar em seu receptor A2A nas células T efetoras e inibir a sinalização mediada pelo TCR (T Cell Receptor), prevenindo a fosforilação de ZAP70 e ativação do fator de transcrição AP1 (Activator Protein 1). A diminuição na sinalização do TCR reduz a produção de IL-2 e expressão de CD25 resultando em menor proliferação de células T efetoras (195). Em adição, as células Treg também expressam o receptor A2A e sua ativação induz a expressão de Foxp3 nessas células (196). Dessa forma, nosso resultados sugerem que a ausência da expressão de CCR4 63 DISCUSSÃO em células Treg afeta sua função supressora por diminuir a expressão das ectonucleotidases CD39 e CD73. Nossos resultados para IL-10 ainda são inconclusivos, pois houve aumento na produção ex vivo de IL-10 nos animais CCR4-/- comparado aos animais WT, mas, por outro lado, a produção dessa citocina não foi associada com aumento do controle do bacilo observado nos animais CCR4-/- que receberam células Foxp3-GFP+. Para confirmar o papel de IL-10, será necessário avaliar a produção desta citocina por células CD4+Fopx3+ de animais CCR4-/- e por células CD4+Fopx3+CCR4+ de animais WT. A complementação de nosso estudo seguiu por meio da análise fenotípica de células da imunidade inata e adaptativa. Já estava descrito que células dendríticas expressam CCR4 (197, 198), produzem CCL17 e CCL22 durante processos de homeostase e inflamação (199, 200). O papel das células dendríticas CCR4+ ou produtoras de CCL17/CCL22 não está claro na TB. No entanto, sabe-se que células dendríticas produtoras de CCL17 atraem células T ativadas para o local da inflamação (201), como o pulmão. As células T parecem migrar para o pulmão como consequência das células dendríticas induzirem a expressão de CCR4 em linfócitos T, sendo a deficiência na expressão de CCR4 apontada como falha para a migração das mesmas (123). No entanto, este estudo não avaliou se havia expressão diferencial de CCR4 nas populações de células CD4+. Esse é um ponto de interesse na continuidade de nosso estudo: avaliar se as células CD4+Foxp3+ expressam quantitativamente mais CCR4 que as células Th1, Th2 e Th17. Observamos diminuição na frequência de células dendríticas CD11c+CD103+ e aumento na população CD11c+CD11b+, além de diminuição na produção de CCL17 no pulmão de animais CCR4-/- comparado com animais WT. Não sabemos se as células CD11c+CD103+ seriam produtoras de CCL17 no pulmão de animais infectados. Entretanto, recentemente, nós mostramos que as células CD11c+CD103+ de animais C57BL/6, mas não as células CD11c+CD11b+, induziam maior frequência de CD4+ produtoras de IFN-γ e IL-17 (166). No presente estudo, mostramos que a ausência de CCR4-/- interfere nas populações de células dendríticas. Porém, esperávamos que houvesse maior população de células CD11c+CD103+ no pulmão, considerando nosso estudo prévio, uma vez que os animais CCR4-/- infectados 64 DISCUSSÃO apresentaram maior produção de IFN-γ. Essa questão permanece para ser mais bem explorada. Macrófagos M2 representam fonte adicional de quimiocinas ligantes de CCR4. As citocinas IL-4 e IL-13 estimulam a diferenciação e ativação de macrófagos M2, que expressam CCL17 e CCL22, e contribuem para o recrutamento de células Treg e Th2 (202, 203). A deficiência na expressão de CCR4 foi associada com redução na expressão gênica para Arg1, marcador de macrófagos M2 (45), sugerindo que o aumento na resposta inflamatória pode, em parte, estar relacionado com esse achado. Com relação às respostas adaptativas, verificamos que além das células T CD4+, as células T CD8+ também estavam aumentadas no pulmão dos animais CCR4/- infectados. Células T CD8+CCR4+ são predominantemente células de memória imaturas, que não expressam perforina nem granzima (204). O uso de antagonistas de CCR4 combinado com vacinas anti-tumorais induz aumento de células T CD8+ efetoras que controlaram o crescimento tumoral (205). Em adição, a depleção de células T CCR4+ induziu o aumento, in vitro, de células T CD8+ específicas para antígenos tumorais em pacientes com melanoma (206). Esses resultados sugerem que a ausência de CCR4, com consequente diminuição de células Treg, possibilita a proliferação e ativação de células T CD8+ específicas ao antígeno. Esses dados corroboram com nossos achados de aumento no número de células T CD8+ ativadas em camundongos deficientes de CCR4. Isso foi confirmado pela marcação da molécula CD107a, também conhecida como LAMP1 (Lysosomal Associated Membrane Protein 1), um marcador da atividade citotóxica de células T CD8 que é expresso durante a liberação dos grânulos citotóxicos dessas células (207-209). Sugerimos que o aumento de células T CD8+ efetoras contribuiu para o aumento da inflamação observado em animais CCR4-/-, mas não foi eficiente em controlar o crescimento dos bacilos. Os resultados deste estudo confirmam a importância das vias de regulação da resposta inflamatória durante a infecção por M. tuberculosis. O excesso de resposta inflamatória observada nos animais CCR4-/- gera aumento da imunopatologia, e esses eventos estão associados com redução no número e na função reguladora das células CD4+Foxp3+. 65 DISCUSSÃO Nossos resultados reforçam a importância de se compreender o limiar entre resistência ao patógeno e tolerância ao dano na TB, para a possível manipulação de novas estratégias terapêuticas. Considerando nossos resultados e os dados da literatura, elaboramos esquema para ilustrar os eventos imunológicos que ocorrem na presença e ausência de CCR4 na TB experimental. Figura 19. Esquema ilustrativo dos eventos imunológicos que sucedem na presença e ausência de CCR4 durante a TB experimental. Após a infecção com 66 DISCUSSÃO M. tuberculosis, células dendríticas migram para o linfonodo drenantes e induzem a diferenciação de células T efetoras, como as células CD4+ de padrão Th1 e T CD8+, que migram para o pulmão. As quimiocinas CXCL9, CXCL10, CCL4 e CCL5, produzidas no pulmão, atraem células Th1 via receptores CXCR3 e CCR5. Concomitantemente, as células Treg migram para o pulmão via CCR4 de acordo com o ambiente quimiotático induzido por CCL17 e CCL22. No pulmão, ocorre o balanço de respostas reguladoras e respostas efetoras. As células dendríticas e macrófagos também participam dessa resposta. Macrófagos M0 se diferenciam em células gigantes multinucleadas, células epitelióides e macrófagos espumosos, enquanto macrófagos M2 auxiliam no reparo tecidual. Linfócitos Th1 ativados produzem IFNγ, que ativam macrófagos M1 a desencadearem suas atividades microbicidas, auxiliando no controle da multiplicação de bacilos. Células Treg expressam as ectonucleotidases CD39 e CD73 que convertem ADP/ATP em adenosina, um dos mediadores das propriedades supressoras dessas células (a). Durante a infecção com M. tuberculosis na ausência de CCR4, células Th1 exibem aumento na expressão de CXCR3 e CCR5 e migram para o pulmão. No pulmão, estas células em maior frequência, produzem mais IFN-γ, que associado com o aumento de células T CD8 ativadas, causam maior inflamação pulmonar. Em contrapartida, a ausência de CCR4 afeta a migração de células Treg para o pulmão e induz menor expressão de CD39 e CD73, o que, possivelmente, contribui para a geração de menores níveis de adenosina, e consequentemente, menor função supressora. O reparo tecidual induzido por macrófagos M2 também se encontra prejudicado. A diminuição de respostas reguladoras e no reparo tecidual, acompanhada de aumento da magnitude da resposta inflamatória, causam a expansão da infecção e, provavelmente a liberação extracelular de bacilos, como pode ser observado pelo aumento da susceptibilidade de animais CCR4-/- infectados com M. tuberculosis (b). 67 CONCLUSÕES 9. CONCLUSÕES o A ausência da expressão CCR4 alterou o perfil de resposta imunológica inata, induzindo aumento de células dendríticas CD11c+CD11b+CD103- que estão associadas com fenótipo de susceptibilidade a TB. Assim como reduziu a frequência de células NK no pulmão de animais CCR4-/- comparado com WT. o A ausência da expressão de CCR4 também modificou o perfil de resposta adaptativa, aumentou as respostas efetoras de células T CD8+CD107a+ e células Th1, assim como induziu um perfil de resposta inflamatória com aumento na produção de IFN-γ e IL-1β. o Em contrapartida, a ausência da expressão de CCR4 diminuiu a migração de células Treg para o pulmão e prejudicou a função supressora dessas células, impedindo o desenvolvimento de mecanismos de regulação. o A influência de CCR4 em todos esses eventos induziu o aumento de imunopatologia, gerando a quebra de tolerância a doença, o que aumentou a susceptibilidade dos animais CCR4-/-. A transferência de células Treg competentes para os animais deficientes restaurou sua capacidade em controlar o crescimento do bacilo de forma similar aos animais WT infectados com M. tuberculosis. 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 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ANEXO Title: Decreased number and low suppressor function of CD4+Foxp3+ cells as consequence of CCR4 deficiency increase the Th1 cell-mediated inflammation and the susceptibility to M. tuberculosis chronic infection Short title: deficiency in Foxp3+ cells induces higher Th1 inflammation and tuberculosis progression Thais B. Bertolini1, Annie R. Piñeros1, Rafael Q. Prado1, Ana Flávia Gembre1, Simone Gusmão Ramos2, José Carlos Alves-Filho3, Vânia L. D. Bonato1 1-‐ Department of Biochemistry and Immunology, Medicine School of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil. 2-‐ Department of Pathology, Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo, Ribeirão Preto, Brazil 3-‐ Department of Pharmacology, Medicine School of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil Correspondence: Dr. Vânia L. D. Bonato, Medical School of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo. Av. Bandeirantes, 3900, Ribeirão Preto, São Paulo. 14049-900, Brazil. E-mail: [email protected] Key Words: tuberculosis, CCR4, CD4+Foxp3+ cell, IFN-gamma, inflammation. 82 ANEXO ABSTRACT The pathogenesis of Mycobacterium tuberculosis infection results from the interaction of the bacillus persistence and the inflammatory response. Accordingly, the balanced control of the effector mechanisms is crucial to limit pulmonary damage. CD4+Foxp3+ cells, which control tissue damage, are associated with the progression of tuberculosis. Because CCR4 participates of the recruitment of regulatory T cells to the lung, we used CCR4 deficient mice (CCR4-/-) to evaluate the role of regulatory T cells both in the susceptibility and in the magnitude of effector and inflammatory response during the chronic phase of the M. tuberculosis infection. The deficiency in CCR4 expression reduced the recruitment of CD4+Foxp3+ cells to the lung at 15, 30 and 70 days of infection. However, Day15-infected CCR4-/- mice were resistant while Day 70-infected CCR4-/- mice were susceptible to infection compared to respective counterparts. Increased susceptibility of infected CCR4-/- mice was associated with a higher frequency of CD4+Tbet+ cells, IFN-γ-producing CD4+ cells, and IFN-γ levels in lung homogenates. These animals also exhibited a greater extension of lung inflammation. Regulatory T cells from infected CCR4-/- mice lose their suppressor function compared to infected WT or non-infected CCR4-/- counterparts, probably by a mechanism dependent on CD39 and CD73 ectonucleotidases. Foxp3-GFP+ cell transfer increased the resistance of infected CCR4-/- mice and this was associated with reduction of lung IFN-γ levels compared to infected CCR4-/- mice that did not undergo cell transfer. Our findings suggest that CD4+Foxp3+ cells play timedependent functions in tuberculosis and highlight that the use of CD4+Foxp3+ cells as a target for immunotherapy would take into account the phase of the disease and the level of inflammatory response of the infected host, considering all forms of M. tuberculosis infection. 83 ANEXO INTRODUCTION Despite the innumerous progress in the understanding of Mycobacterium tuberculosis and host relation, it still remains to be defined the exact mechanisms that allow individuals with latent infection do not develop the disease. We refer to disease the inability to control the pathogen replication and also to minimize pulmonary tissue damage. In this scenario, tuberculosis (TB) remains the second leading cause of mortality worldwide when infectious diseases are considered (1). M. tuberculosis infection induces both IFN- γ -producing CD4+ and CD8+ cells. IFN- γ is the hallmark of a protective cellular immune response because this cytokine stimulates the antimicrobial potential of macrophages, the main niche of bacillus multiplication (2). However, M. tuberculosis also induces IL-10 production by macrophages and dendritic cells and the differentiation of Th2 and regulatory T cells which contribute to inhibit innate and adaptive effector mechanisms, such as lymphocyte proliferation, Th1 and Th17 differentiation, antigen presentation, NO production (3, 4). It is supposed that the imbalance between effector and regulatory cells and their respective mediators causes TB progression (5). Therefore, to understand the balance between effector and regulatory mechanisms preventing the suppression of the cellular immune response is essential to develop new vaccines and targets for immunotherapies. On the other side, the deficiency in the regulatory mechanisms may also be detrimental to the host because promotes exacerbation of inflammation and dissemination of the infection as a consequence of the tissue damage (6, 7). Approximately half of the patients cured with current TB drugs remain with tissue damage generated by excessive inflammation and experience side effects such as breathlessness and cough (8, 9). 84 ANEXO In this context, regulatory mechanisms driven by regulatory T cells are critical to encompass uncontrolled effector responses. (10). The increase in the frequency of CD4+CD25+ or CD4+Foxp3+ regulatory T cells in the peripheral blood of patients with TB is associated with down regulation of IFN-γ production, benefiting the pathogen (11, 12). Is has been described that regulatory T cells proliferate in the pulmonary lymph nodes (pLNs), change their cell surface phenotype, and accumulate in the pLNs and lung at a rate parallel to the accumulation of effector T cells (13). In the M. tuberculosis-infected lung, regulatory T cells accumulate in high numbers in all sites where CD4+ T cells are found, including perivascular/peribronchiolar regions and within lymphoid aggregates of granulomas. When regulatory T cells were depleted before aerosol infection with M. tuberculosis, there was a significant decrease in the Colony-Forming Units (CFU) in the lung (13). Pathogen-specific regulatory T cells are capable of delaying the priming of effector CD4+ and CD8+ T cells in the pLNs and their subsequent accumulation in the lung. The delay in the activation of adaptive immune response mediated by regulatory T cells prolongs the initial phase of bacterial expansion (14). These collective data show that regulatory T cells are detrimental for the control of M. tuberculosis infection. However, theses studies did not focus on the magnitude of inflammation. Our group has found that regulatory T cells may represent a susceptibility factor in TB, since infected BALB/c mice produced lower levels of IFN-γ and IL-17, exhibited higher number of bacilli in the lung and a higher suppressor activity regulatory T cells compared to C57BL/6 mice at the chronic phase of the infection (15). Our study highlight that regulatory T cells may be beneficial or detrimental depending on magnitude of inflammatory response of the host. 85 ANEXO The adequate recruitment and function of regulatory T cells to the lung is driven by chemokine receptor 4 (CCR4) (16-18). Although it has been described an increase in the expression of CCR4 and its ligands, CCL17 and CCL22, during the infection with M. tuberculosis (19, 20), the role of these receptor in TB has not been addressed. Moreover, regulatory T cells may affect differently in a time-dependent manner the M. tuberculosis infection. We aimed to study the magnitude of the lung inflammation and its association with the infection control by assessing the migration and function of regulatory T cells in M. tuberculosis infected CCR4-deficient (CCR4-/-) mice. We found that the absence of CCR4 impaired the recruitment of regulatory T cells in the early, initial and chronic phase of the infection, although it had increased lung histopathology and the susceptibility only at the chronic phase of infection. Moreover, CCR4 deficiency decreased the suppressor function of regulatory T cells and promoted a higher activation and migration of IFN-γ producing CD4+ cells to the lung. Adoptive transfer of Foxp3+ cells restored the resistance of infected CCR4-/- mice likewise to infected WT mice. 86 ANEXO METHODS Animals. Specific pathogen free female C57BL/6 (WT) and CCR4 deficient (CCR4-/) mice, 6-8 weeks old, were obtained from the local breeding facility of the Medical School of Ribeirão Preto, University of São Paulo (FMRP-USP), Brazil. Transgenic Foxp3-GFP+ mice were provided by the laboratory of Dr. Alexander Rudensky (21). All animals were maintained under barrier conditions in a level III biosafety laboratory with free access to sterile food and water. All procedures were performed according to the local research ethics committee of FMRP-USP (protocol number 135/2012). Bacteria and infection. The H37Rv M. tuberculosis (American Type Culture Collection 27294, Rockville, MD) was grown in 7H9 Middlebrook Broth (DIFCO Laboratories, Detroit, MI, USA) for 7 days, at 37ºC. The culture was harvested as previously described (22). The bacterial suspension was diluted in PBS (phosphate buffered saline) and adjusted according to the number 1 McFarland scale (22). Mice were anaesthetized by intraperitoneal injection of 100 µL of a saline solution containing 20% Ketamine (Ketamina Agener, Embu-Guaçu, SP, Brasil) and 10% Xylazine (Dopazer® Laboratorios Calier S.A., Barcelona, Espanha). Followed by administration of 1 x 105 bacilli by the intratracheal route (23). The lungs were evaluated 15, 30 or 70 days after infection as indicated in each experiment. Colony Forming Units assay and processing of lung cells. The lower and middle right lobes of the lungs and the spleen were washed with sterile PBS, and each was placed in a Petri dish containing incomplete RPMI-1640 (Sigma, St. Louis, MO, USA) medium and processed as previously reported (24). For Colony Forming Unit (CFU) determination, serial dilutions (100, 1000, 10.000 and 100.000) of digested lungs and serial dilutions (10, 100, 1000, and 10.000) of digested spleen were plated 87 ANEXO on supplemented 7H11 agar media (Difco, Becton, Dickinson and Company, Le Pont de Chaix, France). The CFU number was counted 28 days after incubation at 37ºC, and results are expressed as the Log10 of CFU/lung and Log10 of CFU/spleen. For the cell culture experiments, lungs and spleen were digested as described above and then passed through a 100 µm Cell Strainer (BD Biosciences, Becton Circle, Durham, NC, USA), pelleted by centrifugation for 10 minutes at 400 x g and resuspended in complete RPMI-1640 medium (10% FBS, 10 µg/mL of gentamicin, 100 U/mL of penicillin and 100 µg/mL of streptomycin). Total cell counts were determined in a Countess™ automated cell counter (Invitrogen Eugene, Oregon, USA). Flow cytometry. Lung cells were initially incubated for 40 minutes at 4ºC with Fc Block (1 µg / 1 x 106 cells; BD Biosciences, San Jose, CA, USA) followed by incubation with monoclonal antibodies (0.5 µg / 1 x 106 cells) for 30 minutes at 4ºC in total darkness. To characterize lymphocytes populations, the following monoclonal antibodies were used: anti-CD3 (clone 145-2C11), anti-CD4 (clone L3T4), anti-CD25 (clone PC61), anti-CCR4 (2G12), anti-CD39 (clone Duha59), anti-CD73 (clone TY/11.8). After staining for cell surface molecules, Foxp3 (clone MF23), T-bet (clone: O4-46), Rorγ-t (clone: AFKJS-9), GATA-3 (clone: L50-823) and anti-Ki-67 (clone SolA15) (BD Biosciences, San Jose, CA, USA, eBioscience, San Diego, CA, USA or Biolegend, San Diego, CA, USA) were stained using a Foxp3/Transcription Factor Staining Buffer Set (eBioscience, San Diego, CA, USA) based on the manufacturer’s instructions. For intracellular detection of cytokines, cells were fixed with 4% formaldehyde diluted in PBS and incubated for 11 minutes. Then, 1 mL of PBS was added to the cell suspension, which was incubated for 18 hours at 4ºC. For permeabilization, the cell suspension was centrifuged at 350 x g at 4ºC for 10 minutes and washed with 88 ANEXO PBS containing 1% FBS and 0.2% saponin. After washing, cells were incubated for 20 minutes at 4ºC with 10% rabbit serum to block the Fc receptor, followed by incubation with anti-CD4 (clone L3T4), anti-IFN-γ (clone XMG1.2), anti-IL-17 (clone TC11-18H10), anti-IL-4 (clone 11B11) and anti-IL-10 (clone JES5-16E3) for 30 minutes at 4º C in total darkness. Data on cells were acquired by flow cytometry using BD FACSCanto II (BD Bioscience, Franklin Lakes, NJ, USA). One hundred thousand events per sample were collected and analyzed according to size, granularity and fluorescence intensity using FlowJo 7.6.1 TM Software (Tree Star, Inc., Ashland, Oregon, USA). Polymerase chain reaction (PCR) in real time. Total RNA was isolated and purified from lung using an illustra RNAspin Mini RNA Isolation Kit (GE Healthcare, Little Chalfont, Buckinghamshire, UK) according to the manufacturer's instructions. The RNA was quantified in a NanoDropTM 1000 spectrophotometer (Thermo Fisher Scientific, Inc. Waltham, MA, USA), and cDNA synthesis was performed using Reverse Transcriptase SuperScriptTM II (Invitrogen, Life BiotechnologiesTM, Carlsbad, CA, USA). Real-time PCR was performed using Maxima SYBR Green/ROX qPCR Master Mix (2x) (Thermo Fisher Scientific, Inc. Waltham, MA, USA) in the StepOnePlusTM Real-Time PCR System (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA). The samples were amplified using the following conditions: initial denaturation at 95°C for 10 minutes, followed by 40 cycles at 95°C for 15 seconds, an annealing phase at 58°C for 30 seconds and an extension phase at 72°C for 30 seconds. The samples were analyzed using the Ct (Threshold Cycle) method. Gene expression was calculated as 2-(ΔΔCt), which ΔΔCt = ΔCt (sample) – ΔCt (calibrator) and ΔCt (sample) = Ct (target gene) – Ct (normalizer = β-Actin). The following primer sequences were used: CCR4 (sense: CGA TTC CAA AGA TGA 89 ANEXO ATG CCA, anti-sense: TCC CCA AAT GCC TTG ATA CC), CCL17 (sense: GAA GTC CCT GTT CCC TTT TTT, anti-sense: TGT GTT CGC CTG TAG TGC ATA), CCL22 (sense: ATG GTG CCA ATG TGG AAG A, anti-sense: TAAAGC TGA TGG CAG AGG GT), and β-Actin (sense: CCC TAG GCA CCA GGG TGT GA, anti-sense: GCC ATG TTC AAT GGG GTA CTT C) CXCR3 (sense: AAC GTC AAG TGC TAG ATG CCT, anti-sense: TCT CGT TTT CCC CAT AAT CG) e CCR5 (sense: TGC ACA AAG AGA CTT GAG GCA, anti-sense: AGT GGT TCT TCC CTG TTG GCA) . The primers for CCR4, CCL17, CCL22, CXCR3 e CCR5 were kindly provided by Dr. João Santana da Silva (FMRP-USP). Cytokine production. Concentrations of IFN-γ, IL-17, IL-4 and IL-10 were determined in the left lung lobe homogenates by ELISA using the immunoassay kit BD OptEIA TM Set (BD Biosciences, San Diego, CA, USA) and DuoSet® ELISA Development System (R&D Systems, Minneapolis, MN, USA) according to the manufacturer’s instructions. Isolation of spleen CD4+CD25- and CD4+CD25+ cells. CD4+CD25+ and CD4+CD25- cells were isolation from the total splenic cell population using a MACS CD4+CD25+ Regulatory T cells Isolation Kit (Miltenyi Biotec, Bergisch Gladbach, Germany) according to the manufacturer’s instructions. Proliferation analyses. After the isolation spleen cells, 1 x 105 CD4+CD25- cells and 0,25 x 105 CD4+CD25+ cells (ratio of 1:4) were co-cultured in 96 wells plate (BD, Franklin Lakes, NJ, USA). The co-culture was stimulated with concavalin A (ConA 40 µg/mL) at 37°C and 5% CO2 for 96 hours. As a positive control, alone CD4+CD25cells were stimulated and as a negative control, CD4+CD25- cells were left nonstimulated. The proliferation was evaluated by Ki-67 expression. 90 ANEXO Transfer of Foxp3-GFP+ cells. Foxp3-GFP+ Treg cells were isolated from the spleens of uninfected mice by sorted according to GFP fluorescence using FACSAria™ Cell Sorter (BD, San Jose, CA, USA). Next, mice with 60 days of infection were inoculated intratracheally with 50 µL containing 5 x 105 Foxp3-GFP+ Treg cells. At 10 days after the transfer a CFU assay was performed. Histopathology. The upper right lobes of the lungs were fixed in 3.7% of formaldehyde, embedded in paraffin blocks and then sectioned for light microscopy. For the histopathological analyses sections of 5 mm were stained with hematoxylin and eosin (HE) to characterize the cellular infiltrate. The images were analyzed using ImageI software (NIH Image, Bethesda, MD, USA). Statistical analysis. The data were analyzed with PRISM 5.0 software (GraphPad Software, Inc., San Diego CA, USA). First, the data normality was evaluated by Kolmogorov-Smirnov test. Next, the statistical significance between two groups was estimated using a two-tailed t test for parametric data and a Mann-Whitney U-test for non-parametric data. The data from experiments with three or more groups were analyzed using one-way ANOVA with the Tukey test for parametric data and Kruskal-Wallis test for non-parametric data. The data are expressed as the mean ± standard error of mean (SEM). Values of P ˂ 0.05 were considered significant. The correlation analyses were determined by Pearson’s correlation coefficient. 91 ANEXO RESULTS Increase of the CCL17 and CCL22 production and migration of CD4+CCR4+ and CD4+Foxp3+CCR4+ cells within the lungs of M. tuberculosis-infected mice Although CCR4 induces the recruitment of regulatory T cells to the lungs, it also participates in the recruitment of Th2 cells. We have previously shown that during in M. tuberculosis chronic infection there is an increase of IL-4 and IL-10 production and regulatory T cells in the lung of infected BALB/c mice (15, 25). Therefore, we first assess the expression of CCR4 and its ligands at 70 days of infection. We found a significant increase of CCR4 gene expression in the lungs of infected mice (Figure 1a) as well as an increase in the CCL17 and CCL22 production in the lung homogenates compared to uninfected mice (Figure 1b, c). In addition, infected mice showed a higher frequency and number of CD4+CCR4+ and CD4+CCR4+Foxp3+ cells (Figure 1d-h). These results show that M. tuberculosis infection stimulates the migration of CCR4-expressing CD4+ cells and CCR4expressing regulatory T cells as well as the production of its ligands at the site of infection. CCR4 affects in a time-dependent manner the M. tuberculosis infection and it is associated with a decreased influx of regulatory T cells To address the role of CCR4 on M. tuberculosis infection, we first recovered the bacilli from the lungs of WT and CCR4-/- infected mice at early, initial and chronic phases of infection (15, 30 and 70 days, respectively). At 15 days of infection, the deficiency in the CCR4 expression improved the resistance of animals compared to the WT counterpart (Figure 2a), although there was no difference in the bacillus number quantified in the spleens of CCR4-/- and WT mice (Figure 2b). At 30 days of 92 ANEXO infection, there was no difference in the CFU counts either in lungs or spleens (Figure 2a, b). During the chronic phase, infected CCR4-/- mice were more susceptible to M. tuberculosis infection compared to WT counterpart, as observed the significant CFU recovery in the lungs and spleens (Figure 2a, b). Next, we quantified frequency and total cell CD4+ and CD4+Foxp3+ cellular infiltrate in the lungs. The frequency of CD4+ cells was similar between infected CCR4-/- group and WT counterpart compared 15, 30 and 70 days of infection, respectively (Figure 2c). However, a significant increase in the number of CD4+ cells was obtained in the lungs of infected CCR4-/- animals at 15 and 70 days of infection (Figure 2d). As expected, a decrease in the frequency of CD4+Foxp3+ cells was found in the lungs of infected CCR4-/- mice in each period evaluated compared to the WT countepart (Figure 2e, g). The analysis of total CD4+Foxp3+ cells revealed a significant decrease at 15 and 70 days of infection in the lungs of infected CCR4-/mice compared to WT mice (Figure 2f). We observed a significant inverse correlation in the frequency of CD4+ and CD4+Foxp3+ cells evaluated in the lungs of infected CCR4-/- mice at 70 days of infection (Figure 2n), while there was no correlation of these cell populations for infected CCR4-/- groups at 15 and 30 days of infection or infected WT mice in all evaluated times (Figure 2h, j, m, i, l). Absence of CCR4 increases the magnitude of the lung inflammation at the chronic phase of M. tuberculosis-infection Because CCR4-/- mice were more susceptible at the chronic phase of infection and showed a decrease in the frequency and number of regulatory T cells, we evaluated lung inflammation. 93 ANEXO At 15 days of infection, infected CCR4-/- mice showed a slight reduction in the impairment of lung parenchyma compared with infected WT mice (Figure 3a). After 30 days of infection, the involvement of the pulmonary parenchyma is similar between infected WT and CCR4-/- mice (Figure 3a). After 70 days of infection, the highest commitment of the pulmonary parenchyma in infected CCR4-/- mice was evident compared to WT animals. In addition, infected WT mice better contain the growth of the bacilli as noted by the formation of structure granuloma, which it was no observed in the lung of infected CCR4-/- mice (Figure 3a). Susceptibility of Mycobacterium tuberculosis-infected CCR4 deficient mice is associated with a balance between Th1 cells and regulatory Foxp3+ T cells Our findings show that the deficiency in the CCR4 expression affects differentially the resistance to M. tuberculosis infection (Figure 2a), while decreases the migration of CD4+Foxp3+ cells and increases the influx of CD4+ cells to the lungs (Figure 2d-f). Considering that the chronic phase of the infection reflects better the progression of the infection and the dichotomy: magnitude of the inflammation and infection control, we focused our study on 70 days of infection. Firstly, we quantified the ratio CD4+ cells and CD4+Foxp3+ cells in both groups WT and CCR4-/-. Infected CCR4-/- mice exhibited a significant increase in the ratio CD4+ / CD4+Foxp3+ cells compare to infected WT mice (Figure 4a). Next, to address the participation of CD4+ populations, we determined the frequency of Th1, Th17 and Th2 based on the analysis of transcription factors. The Figure 4b shows the representative analysis of the evaluated transcription factors. In the lungs of infected CCR4-/- mice there was a significant increase in the frequency of 94 ANEXO CD4+Tbet+ cells and reduction in both CD4+RORγt+ cells and CD4+GATA-3+ cells compared to infected WT mice (Figure 4c). In an attempt to associate directly the bacterial load and CD4+Foxp3+ cells, CD4+Foxp3+ cells and CD4+Tbet+ cells, we established correlations in the infected CCR4-/- and WT mice. A significant positive correlation between CFU number and CD4+Foxp3+ cells (r = 0.7001, p = 0.0006) was found for WT mice, but not for CCR4-/- mice (Figure 4d, e). A significant correlation between CD4+Foxp3+ cells and CD4+Tbet+ cells was found for the WT (r = 0.8409, p = 0.045) (Figure 4f) and CCR4/- mice (r = 0.9045, p = 0.0003) (Figure 4g). These results show that M. tuberculosis infection stimulates the migration of both CD4+ and CD4+Foxp3+ cells to the lungs. However, while the frequency of CD4+Foxp3+ cells was positively correlated with CFU counts in WT mice, this correlation was not observed for CCR4-/- mice, which exhibited a significant reduction of regulatory T cells in the lungs and higher CFU counts. Infected CCR4-/- mice exhibit higher IFN-γ levels and IFN-γ-producing CD4+ cells To confirm the exacerbated recruitment of Th1 cells, characterized by the presence of high frequency of CD4+Tbet+ cells into the lungs of infected CCR4-/mice, we first evaluated the production of cytokines, which are hallmark of different CD4+ cell populations in the lung homogenates. Significant concentrations of IFN-γ were detected in the CCR4-/- group compared to WT group (Figure 5a). In addition, a reduction in the IL-17 levels (Figure 5b), similar IL-4 levels (Figure 5c) and increase of IL-10 (Figure 5d) levels were obtained for CCR4-/- animals compared to WT mice. We also evaluated the frequency of IFN-γ-, IL-4-, IL-17 and IL-10-producing CD4+ 95 ANEXO cells in the lungs of both groups. The Figure 5e illustrates the representative analysis of cytokine-producing CD4+ cells. Infected CCR4-/- mice exhibited a significant higher frequency of IFN-γ-producing CD4+ cells, while there was no difference in the IL-17, or IL-4-, or IL-10-producing CD4+ cells (Figure 5f). The correlation of CD4+IFN-γ+ cells and CFU number was positive and significant for both groups (WT: r = 0.7886, p = 0.0008; CCR4-/-: r = 0.5687; p = 0.021) (Figure 5g, h). These collective findings suggest that in the M. tuberculosis-infected WT mice, an increase of regulatory T cells is detrimental for bacterial control. However, the absence of CCR4, which clearly reduces the recruitment of regulatory Foxp3+ cells, favors an exacerbated augment of IFN-γ-producing CD4+ cells at the site of infection that also impairs bacterial control. Therefore, we quantified CCL17 and CCL22 levels and observed that in the absence of CCR4, CCL17, but not CCL22, was reduced in the lung homogenates (Figure 6a, b). Next, we evaluated the gene expression of chemokine receptors involved in the recruitment of Th1 cells. Either CXCR3 or CCR5 gene expression was increased in the lungs of infected CCR4-/mice (Figure 6 c, d). Deficiency of CCR4 in regulatory T cells impairs their suppressive function Besides to participate of regulatory T cell influx to the lungs, CCR4 also plays a role in the function of this cell population (16, 26). Before to addressing the suppressor function of regulatory T cells, we first analyzed the phenotype of CD4+Foxp3+ cells based on the expression of CD39 and CD73. CD39 (ENTPD1; ectonucleoside triphosphate diphosphohydrolase 1) and CD73 (ecto-5'-nucleotidase) are enzymes responsible for converting ADP/ATP to adenosine, which mediate suppressive activity of regulatory T cells (27, 28). There was no difference in the frequency of 96 ANEXO CD4+Foxp3+CD39+ cells (Figure 7a), but there was a reduction in the total number of CD4+Foxp3+CD39+ cells (Figure 7b) and in the frequency and total number of CD4+Foxp3+CD73+ cells (Figure 7d, e). Furthermore, the median fluorescence intensity (MIF) of CD39 and CD73 in the CD4+Foxp3+ cells was reduced in the infected CCR4-/- mice compared to infected WT mice (Figure 7c, f). We also assessed the expression of CTLA-4, PD-1 and GITR in CD4+Foxp3+ cells, but we found no significant differences between groups (data not shown). Next, we evaluated the suppressor function of regulatory T cells obtained from WT and CCR4-/- mice in vitro. CD4+CD25- spleen cells obtained from uninfected WT mice were co-cultured with CD4+CD25+ spleen cells, purified from infected or noninfected WT or CCR4-/- mice as depicted in the Figure 7g. The Figure 7h-j shows the gate strategy used to confirm that CD4+CD25- cells were Foxp3- and CD4+CD25+ cells were Foxp3+ regulatory cells and to quantify the proliferation of effector CD4+CD25- cells according to the expression of Ki-67. Regulatory T cells purified from infected or non-infected WT mice inhibited the proliferation of effector T cells. However, regulatory T cells purified from non-infected CCR4-/- mice showed a lower suppressor function compared with regulatory T cells of non-infected WT mice. In addition, regulatory T cells purified from infected CCR4-/- mice lost their suppressor capacity, as the proliferation of CD4+CD25- cells co-cultured with regulatory T cells from infected CCR4-/- mice was comparable to the proliferation of effector cells cultured only with polyclonal stimulation, in the absence of regulatory T cells (Figure 7k). These results suggest that in the absence of CCR4 in the Treg cells affect its functional activity, possibly due to lower expression of CD39 and CD73 ectonucleotidases by these cells. 97 ANEXO Foxp3-GFP+ cell transfer renders CCR4-/- mice more resistant to M. tuberculosis infection Considering the change in the suppressor activity of regulatory T cells of infected CCR4-/- mice evaluated in vitro, we next evaluated the suppressor function of these cells in vivo. Foxp3-GFP+ cells (5 x 105) were sorted from non-infected mice and intratracheally transferred to WT or CCR4-/- mice at 60 days infection. On Day 70 post infection, the lungs were collected for the quantification of CFU number and IFN-γ and IL-10 levels (Figure 8a). The transfer of Foxp3-GFP+ cells to infected CCR4-/-, but not to infected WT mice, caused a significant decrease in the number of CFU in the lungs (Figure 8b, c) compared with the number of CFU recovered from the lung of infected CCR4-/- mice that did not undergo cell transfer. No difference in the number of CFU was found in the lungs of infected WT mice, independent on Foxp3-GFP+ cell transfer (Figure 8b, c). We also observed that the Foxp3-GFP cell transfer to infected CCR4-/- mice was associated with reduction in the IFN-γ levels (Figure 8d), although it had no effect in the IL-10 levels (Figure 8e). These results suggest that the increase in susceptibility of CCR4-/- mice at the chronic phase of M. tuberculosis-infection may be due to failure in the CD4+Foxp3+ cell-mediated regulation. 98 ANEXO DISCUSSION The differentiation and activation of regulatory T cells in the infectious diseases may play a dual role: contributing for the pathogen multiplication or balancing the tissue damage (10, 29). In TB, regulatory T cells have been described as deleterious for the host immune response because they are associated with progression of the infection and down-modulation of IFN-γ production (13, 14, 30). However, improved treatments to treat M. tuberculosis infection need to consider the early activation of adaptive immune response that could promote macrophage effector functions and could prevent mechanisms that induce lung inflammation and damage. In this study, to address the role of CD4+Foxp3+ cells during M. tuberculosis infection considering both susceptibility and lung inflammation, we used CCR4-/- animals because this chemokine receptor induces the recruitment of regulatory T cells into the lung (16, 17). Our initial hypothesis was that the deficiency in the CCR4 expression would increase the resistance of infected mice because it would be directly associated with the reduction in the recruitment of regulatory T cells to the site of the infection and indirectly associated a higher and effective proinflammatory response. Our collective findings show an increase in gene expression of CCR4 and in the population of CD4+Foxp3+CCR4+ cells, besides higher levels of CCL17 and CCL22 in the lungs of infected mice compared to non-infected mice. The CCR4 deficiency was associated with a lower migration of CD4+Foxp3+ to the lung in the early (15), initial (30) and chronic (70) phase of the M. tuberculosis infection. These results confirm the participation of CCR4 in the recruitment of regulatory T cells to the lungs. However, the absence of CCR4 affected differentially the resistence to M. tuberculosis infection because it rendered Day15-infected mice more resistent and Day 70-infected mice 99 ANEXO more susceptible in controlling lung bacterial replication. Previous study showed that CD4+Foxp3+ cells expand in the initial phase of M. tuberculosis infection and delay the migration of effector CD4+ e CD8+ cells (14, 31). In this context, a reduction in the influx of regulatory T cells at the beginning of the infection, as observed in the infected CCR4-/- mice, could minimize the delay in the induction of adaptive immune response, already described in TB (32, 33). At 30 days of infection, in accordance to results obtained by our group and others (15, 24, 34-36), C57BL/6 animals generate a strong cellular immune response dependent on IFN-γ. However, they did not control the infection. Therefore, a reduction in the influx of CD4+Foxp3+ cells at 30 days of infection did not play an evident role in controlling pathogen replication. At 70 days of infection, an imbalance in the recruitment of CD4+Foxp3+ cells, that was associated with the augment of the effector function of CD4+ cells, was deleterious. Therefore, considering the beginning of the infection, our results confirm previous studies that attribute a deleterious role to Foxp3+ cells in TB (32, 37). However, our results also suggest that CD4+Foxp3+ cells play time-dependent functions in TB. Besides the lower frequency and number of CD4+Foxp3+ cells comparative to infected WT mice, Day 70-infected CCR4-/- mice had an increase of IFN-γ levels, Tbet-expressing CD4+ cells and IFN-γ-producing CD4+ cells. Chronic infection is complex because it is followed with an excessive inflammation and suppressor immune mechanisms. Therefore, we focused at 70 days of infection to address how the lower number of regulatory T cells could increase both the susceptibility and the magnitude of the inflammation. We show that the frequency of CD4+Foxp3+ cells was positively correlated with the frequency of effector cells, suggesting the importance of balancing effector and regulatory T cells for infection control. Moreover, higher CD4+Foxp3+ cells were 100 ANEXO positively correlated with higher CFU counts in infected WT animals. These data are supported by the lack of correlation between CD4+Foxp3+ cells and number of bacilli in the infected CCR4-/- mice, and a positive correlation between IFN-γ-producing CD4+ cells and number of bacilli also observed in infected CCR4-/- mice, suggesting that the failure of the regulatory mechanisms, associated with the impairment in the recruitment of CD4+Foxp3+ cells, increases the susceptibility, as a result of excessive effector function and pulmonary inflammation, as observed by lung histoplathology. In addition, we question whether the deficiency of CCR4 expression in CD4+Foxp3+ cells could also affect the function of these cells. Cell transfer experiments with CD4+CD25+ Treg cells from WT or CCR4-/- mice showed the requirement of CCR4 for the suppressive activity of these cells (16, 26). While the transfer of CCR4+ regulatory T cells protected against the development of colitis, the transfer of CCR4- regulatory T cells failed to prevent the development of disease (26). Similar result was observed in experimental allergic asthma, where the transfer of CCR4+ regulatory T cells, but not CCR4- regulatory T cells, attenuated eosinophilia, IL-4 and IL-5 production, and airway inflammation (16). We confirm, in vitro, that spleen CD4+CD25+ regulatory T cells purified from infected CCR4-/- mice loose their suppressor function compared to CD4+CD25+ regulatory T cells from non-infected CCR4-/- or infected WT mice. Therefore, CCR4- regulatory T cells are lesser suppressor than CCR4+ regulatory T cells. During M. tuberculosis infection, CCR4regulatory T cells even loose their suppressor function. It will be important to decipher the microenvironment factors during the M. tuberculosis infection that direct or indirectly interfere in the suppressor function of CD4+CD25+Foxp3+ cells. Our results raised a possible mechanism by which the suppressor function of regulatory T cells was impaired in CCR4-/- mice. We found a lower expression of CD39 and CD73 101 ANEXO ectonucleotidades in lung CD4+Foxp3+ cells from infected CCR4-/- mice compared to infected WT mice. Regulatory T cells express high levels of surface CD39 and CD73 (27, 28) which convert ADP/ATP extracellular to adenosine, one of the mediators of suppressor properties of these cells (38). Foxp3 induces CD39 expression (39), and CD39 deficient mice loose their ability to suppress proliferation of effector CD4+CD25- cells, while soluble form of CD39 reverts this effect (27). The reduction in the recruitment and function of CD4+Foxp3+ cells was associated with increased frequency of IFN-γ-producing CD4+ cells and increased IFN-γ levels. Eexcessive inflammation, induced high levels of IFN-γ, contribute to lung injury and infection spreading (7). Recently, it was demonstrated that IFN-γ stimulates the formation of extracellular traps and bacterial aggregation by macrophages during M. tuberculosis-infection. Both IFN-γ–inducible events, require the ESX-1 secretion system. In addition, IFN-γ is found to enhance ESX-1–mediated macrophage necrosis (40). Therefore, IFN-γ induces protective responses against infection (2, 41, 42) and, simultaneously, M. tuberculosis uses this cytokine to promote their survival. This evidence show that low or high levels of inflammation are deleterious to the host infected with M. tuberculosis, and address the importance of the regulatory pathways of the inflammatory response during M. tuberculosis infection. Excessive inflammatory response as consequence of the reduction in the number and function of regulatory T cells, observed in infected CCR4-/- mice, generates increased of immunopathology. We confirm, in vivo, by transfer of Foxp3-GFP+ cells to infected CCR4-/- mice, that during the chronic infection, regulatory T cells contribute for the control of pathogen multiplication, possibly because they balance IFN-γ-mediated inflammation. Our findings highlight that the use of CD4+Foxp3+ cells as a target for immunotherapy would take into account the phase of the disease, and also the 102 ANEXO definition of parameters to evaluate the level of inflammatory response of the infected host, considering all forms of M. tuberculosis infection. 103 ANEXO LEGENDS Figure 1. Infected mice show a higher expression of CCR4, CCL17 and CCL22 in the lung than uninfected mice. WT mice were infected (black bars) with 1 x 105 M. tuberculosis bacilli by the intra-tracheal route or left uninfected (white bars). Seventy days after infection the lung were collected. Analyze by Real-Time PCR of CCR4, CCL17 and CCL22 relative expression (a). Production of CCL17 (b) and CCL22 (c) by ELISA. Representative analysis showing the frequency of CD4+CCR4+ cells and CD4+Foxp3+CCR4+ cells (d) is showed. Frequency and total number of CD4+CCR4+ cells (e, f) and CD4+Foxp3+CCR4+ cells (g, h). Data are presented as the mean ± SEM. Data are representative of two independent experiments (n = 5-12). Bars show the difference (P < 0.05) between the groups. Figure 2. Absence CCR4 expression impact of time-dependent manner during M. tuberculosis infection. WT (white bars) and CCR4-/- (black bars) mice were infected with 1 x 105 M. tuberculosis bacilli by the intra-tracheal route. Followed fifteen, thirty and seventy days of infection the lung were collected. CFU number from the lung (a) and spleen (b). Frequency and total number of CD4+ cells (c, d) and CD4+Foxp3+ cells (e, f). Representative analysis showing the frequency of CD4+ and CD4+Foxp3+ cells (g). Correlation between CD4+Foxp3+ and CD4+ cells from lung of infected WT and CCR4-/- mice infected at 15 (h, i), 30 (j, l) and 70 (m, n) days. Data are presented as the mean ± SEM. Data are representative of one experiments repeated twice or thrice (n = 3-9) for CFU number and three independent experiments (n = 14-20) for cytometry and correlation analyses. Bars show the difference (P < 0.05) between the groups. To statistic analyze of correlation, Pearson 104 ANEXO (R) test was applied. Values of R and P were indicated when there was significant difference. Figure 3. Infected CCR4-/- mice show a higher pulmonary immunopathology than infected WT mice. WT (white bars) and CCR4-/- (black bars) mice were infected with M. tuberculosis as described in Figure 2. Followed fifteen, thirty and seventy days of infection the lung sections were stained with HE and photographed at 200x magnification are showed (a). Data are representative of 6 independent experiments (n = 4-12). Figure 4. Infected CCR4-/- mice exhibit higher populations of CD4+Tbet+ cells in consequence of the higher CXCR3 and CCR5 expression. WT (white bars) and CCR4-/- (black bars) mice were infected with M. tuberculosis as described in Figure 2. Followed seventy days of infection the lung were collected. Ratio between frequency (a) and total number (b) of CD4+ cells and CD4+Foxp3+ cells from lung of infected WT and CCR4-/- mice. Representative analyses showing the frequency of CD4+Tbet+, CD4+RORt+ and CD4+GATA-3+ cells is showed (c). Frequency of CD4+Tbet+, CD4+RORγt+ and CD4+GATA-3+ cells (d). Correlation between CD4+Foxp3+ versus CFU/lung (e, f) and CD4+Foxp3+ cells versus CD4+Tbet+ cells (g, h) from lung of infected WT and CCR4-/- mice. Data are presented as the mean ± SEM. Data are representative of three independent experiments (n = 7-24). Bars show the difference (P < 0.05) between the groups. Figure 5. Infected CCR4-/- mice induce a Th1 cell-mediated immune response at a higher magnitude than infected WT mice. WT (white bars) and CCR4-/- (black 105 ANEXO bars) mice were infected with M. tuberculosis as described in Figure 2. Followed seventy days of infection the lung were collected. Production of IFN-γ (a), IL-17 (b), IL-4 (c) and IL-10 (d) by ELISA. Lung cells were first previously gated on CD4+ cells for subsequent analyze. Representative analyses showing populations of CD4+IFN-γ+, CD4+IL-4+, CD4+IL-17+ and CD4+IL-10+ cells (e). Frequency of CD4+IFN-γ+, CD4+IL-4+, CD4+IL-17+ and CD4+IL-10+ cells (f). Correlation between CD4+IFN-γ+ cells and CFU number from lung of infected WT (g) and CCR4-/- (h) mice. Data are presented as the mean ± SEM. Data are representative of two-three independent experiments (n = 7-15). Bars show the difference (P < 0.05) between the groups. Figure 6. Infected CCR4-/- mice exhibit lower levels of CCL17, CXCR3 and CCR5. WT (white bars) and CCR4-/- (black bars) mice were infected with M. tuberculosis as described in Figure 2. Followed seventy days of infection the lung were collected. Production of CCL17 (a) and CCL22 (b) by ELISA. Analyze by RealTime PCR of CXCR3 (c) and CCR5 (d) relative expression. Data are presented as the mean ± SEM. Data are representative of two-three independent experiments (n = 812). Bars show the difference (P < 0.05) between the groups. Figure 7. CCR4- Treg cells show impaired suppressive function. WT (white bars) and CCR4-/- (black bars) mice were infected with M. tuberculosis as described in Figure 2 or left uninfected. Followed seventy days of infection the spleen was collected. Frequency, total number and median intensity fluorescence of CD4+Foxp3+CD39+ cells (a, b, c) and CD4+Foxp3+CD73+ cells (d, e, f) were evaluated. To co-culture, CD4+CD25- (effector) cells from spleen of uninfected WT 106 ANEXO mice and CD4+CD25+ (regulatory) cells from spleen of uninfected or infected WT or CCR4-/- mice were purified by magnetic column. Next, 1 x 105 CD4+CD25- cells were co-cultered with 0,25 x 105 CD4+CD25+ cells (1:4 ratio) and stimulated or not with ConA (40µg/mL) (g). As a positive control, alone CD4+CD25- cells were stimulated with ConA (gray bar). After 96 hours of co-culture, the cells were stained with antiCD4, anti-CD25, and anti-Ki-67 for proliferation analyses. The populations of CD4+CD25- cells were defined (h) and the expression of Ki-67 was evaluated (i). Determination of the expression of Foxp3 in CD4+CD25- cells and CD4+CD25+ cells (j). The percentage of proliferation in accordance with the staining for Ki-67 into CD4+CD25- cells, in the different conditions, was evaluated (k). Data are presented as the mean ± SEM. Data are representative of one experiments repeated twice (n = 3-5). Bars show the difference (P < 0.05) between the groups. Figure 8. Transfer of functional Treg cells improved ability of infected CCR4-/mice in bacilli control. WT (white bars) and CCR4-/- (black bars) mice were infected with M. tuberculosis as described in Figure 2. On sixty day after infection, spleen 5 x 105 Foxp3-GFP+ cells were transferred to infected WT or CCR4-/- mice by intratraqueal route. As negative control, infected mice were left without transfer. Followed ten days, lungs were collected (a). Lung CFU number from two experiments (b, c). Production of IFN-γ (d) and IL-10 (e) by ELISA. Data are presented as the mean ± SEM. Data are representative of one experiments repeated twice (n = 4-8). Bars show the difference (P < 0.05) between the groups. 107 ANEXO REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. WHO. Global Tuberculosis Report. 2014. Flynn JL, Chan J, Triebold KJ, Dalton DK, Stewart TA, Bloom BR. An essential role for interferon gamma in resistance to Mycobacterium tuberculosis infection. J Exp Med. 1993;178(6):2249-54. Redford PS, Murray PJ, O'Garra A. The role of IL-10 in immune regulation during M. tuberculosis infection. Mucosal Immunol. 2011;4(3):261-70. O'Garra A, Redford PS, McNab FW, Bloom CI, Wilkinson RJ, Berry MP. The immune response in tuberculosis. Annu Rev Immunol. 2013;31:475-527. Orme IM, Robinson RT, Cooper AM. 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