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Volume 1, número 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CAMPUS DE RIO PARANAÍBA
Rio Paranaíba - MG
Evolução e Conservação da Biodiversidade
I SIMPÓSIO DE BIODIVERSIDADE
O evento
Rio Paranaíba encontra-se em uma região privilegiada por apresentar em
suas proximidades biomas ricos em biodiversidade, como o Cerrado e a Mata
Atlântica. Além disso, situa-se no divisor de águas das nascentes do rio
Paranaíba (afluente formador do rio Paraná) e do rio Abaeté (afluente
importante do rio São Francisco). Com uma produção agropecuária altamente
tecnificada, a região tem sofrido por ter se tornado fronteira agrícola nos anos
70/80, com a destruição da vegetação nativa para dar lugar à plantações. Outra
atividade responsável pela degradação ambiental é a mineração, que ainda
existe especialmente nos afluentes do rio Abaeté. Hoje a região é um celeiro,
grande produtor de leite, café, cenoura, cebola e alho, entre outros cultivos.
Embora bastante explorada, restam ainda resquícios de cerrado e mata
atlântica que precisam ser restaurados e preservados. Neste âmbito foi criado o
curso de Ciências Biológicas, no Campus de Rio Paranaíba da Universidade
Federal de Viçosa.
2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade. É o momento para
reflexão sobre o que queremos do nosso planeta e como podemos ter um
desenvolvimento sustentável, que permita nossa sobrevivência mas também a
sobrevivência dos demais organismos vivos. Como seres pensantes temos a
responsabilidade de zelar por nosso ambiente. Assim, este evento foi pensado
no sentido de discutir as origens e a evolução da biodiversidade bem como em
refletir de que modo podemos preservá-la, através do manejo adequado, além
dos mecanismos que possibilitam que possamos usufruir desta riqueza sem
cometer os erros do passado.
20 a 22 de Maio de 2010
Local: Parque do Zarico, Rio Paranaíba – MG
i
Evolução e Conservação da Biodiversidade
PROMOÇÃO
Curso de Ciências Biológicas – Universidade Federal de Viçosa, Campus de Rio
Paranaíba.
APOIO FINANCEIRO
COMISSÃO ORGANIZADORA
Presidente
Rubens Pazza
Docentes
Jaqueline Dias Pereira
Luciano Bueno dos Reis
Marlon Correa Pereira
Karine Frehner Kavalco
Edmilson Amaral de Souza
Luciane Cristina de Oliveira Lisboa
Alunos
Denis Glauber da Silva Reis
Dinaíza Abadia Rocha Reis
Gabriel Lacerda Viana
Gabriella Dayer Oliveira Pessoa
Letícia Miranda
Matheus Loureiro Santos
Nívea Moreira Vieira
Paloma de Fátima Silva
Pierre Rafael Penteado
Rafael Henrique Fernandes
Rodrigo Desordi
Sabrina Alves da Silva
Thiago Oliveira Silva
ii
Evolução e Conservação da Biodiversidade
ÍNDICE DOS RESUMOS
TÍTULO
PÁGINA
ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DE PREDADORES EM TOMATEIRO. Leonardo
Franco Bernardes; Fernanda Freitas Souza; Flávio Lemes Fernandes; Marcelo
Coutinho Picanço; Bruno Monteiro da Silva; Ricardo Siqueira da Silva.
1
AMPLIFICAÇÃO CRUZADA DE MICROSSATÉLITES NO GÊNERO Astyanax:
OTIMIZANDO FERRAMENTA PARA ENTENDER A BIODIVERSIDADE. Pierre Rafael
Penteado; Sabrina Alves dos Santos; Karine Frehner Kavalco; Rubens Pazza.
2
ANATOMIA FOLIAR DE ESPÉCIES DE BROMELIACEAE EPÍFITAS DA TRILHA DO
MURIQUI, PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO, ARAPONGA, MG.
Jaqueline Dias-Pereira, Aristéa Alves Azevedo, Guilherme Carvalho Andrade,
Cleiton Faria Guimarães, Carla Regina Santin, Leonardo Domingues de
Figueiredo.
3
ARMADILHAS PARA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE ESPÉCIES EM
TOMATEIRO. José Antonio Borba Júnior, Flávio Lemes Fernandes, Maria Elisa de
Sena Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Filipe Gentil, Rodrigo Soares Ramos.
4
ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO SOB PASTAGEM INTENSIVA DE Cynodon
dacyton cv. VAQUERO E SOB CERRADO NATIVO. André Santana Andrade,
Fernando Couto de Araújo, Diego Tolentino de Lima, Fábio Martins Campos,
Marlon Correa Pereira, Luis César Dias Drumond.
5
AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE E DA ATIVIDADE MICROBIANA EM SOLOS DE MATA
DO CERRADO E EM CULTIVO DE Coffea arabica. Fernando Couto de Araújo, Diego
Tolentino de Lima, André Santana Andrade, Fábio Martins Campos, Marlon
Correa Pereira, Cláudio Pagotto Ronchi.
6
AVALIAÇÃO DA RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO CILIAR REALIZADA NO PROJETO
DE REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO DA VELHA EM LUZ – MG. Camila Amara
Ventura Tonaco; Tamires Daciane Teixeira Ferreira; Samuel Oliveira Giordani.
7
AVALIAÇÃO DE EFEITO ALELOPÁTICO DE DIVERSOS EXTRATOS DE MACAUBEIRA
[Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart] SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES
E DESENVOLVIMENTO DE Lactuta sativa L. Fernanda Rocha Braes; Luciano Bueno
dos Reis.
8
AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DE QUATRO POPULAÇÕES DE Astyanax
asuncionensis (Teleostei, Characiformes) DA BACIA DO RIO PARAGUAI. Rodrigo
Desordi; Denis Glauber da Silva Reis; Karine Frehner Kavalco; Rubens Pazza.
9
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRATÉGIAS DE DISPERSÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS
DE CERRADO SENSU STRICTO NO MUNICÍPIO DE PATROCÍNIO/MG. Mairla
Angelina Reis
10
DADOS CARIOTÍPICOS DE Hypostomus regani DE DUAS BACIAS DO ALTO DO RIO
PARANÁ (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) COM A OCORRÊNCIA DE TRIPLOIDIA
NATURAL. Viana, GL; Brandão, KO; Kavalco, KF; Almeida-Toledo, LF; Pazza, R.
11
iii
Evolução e Conservação da Biodiversidade
DADOS CROMOSSÔMICOS DE DUAS POPULAÇÕES DE Astyanax sp.B
PROVENIENTES DO CÓRREGO SANGÃO E CÓRREGO DO OESTE DA BACIA DO RIO
IGUAÇU. Paloma de Fátima Silva, Pierre Rafael Penteado, Lurdes Foresti de
Almeida-Toled, Karine Frehner Kavalco, Rubens Pazza.
12
DIVERSIDADE DA FLORA DANINHA EM LAVOURAS CAFEEIRAS FERTIRRIGADAS DO
ALTO PARANAÍBA-MG. Max Afonso Alves da Silva, Wellington Luiz de Almeida,
Jéssica Guimarães Ribeiro, Fernando Couto Araújo, Carlos Eduardo de Oliveira
Magalhães, Leonardo Guasti de Oliveira, Cláudio Pagotto Ronchi.
13
DIVERSIDADE DE ARTRÓPODES EM MONOCULTIVO DE PINHÃO MANSO. Aislann
de Oliveira Rosa, Flávio Lemes Fernandes, Elisângela Novais Lopes, Luis Antônio
dos Santos Dias, Madelaine Venzon, Angelo Pallini.
14
ECOLOGIA E DIVERSIDADE DE PREDADORES E PARASITÓIDES EM FEIJOEIRO.
Flávia Maria Alves, Flávio Lemes Fernandes, Paulo Cézar de Queiroz, Marcelo
Coutinho Picanço, Leonardo Franco Bernardes, Tarcísio Visintin da Silva Galdino.
15
ESTRUTURA POPULACIONAL DO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE Macrobrachium
amazonicum (Heller, 1862) (Crustácea: Decapoda: Palaemonidae), NO
RESERVATÓRIO DO RIO GRANDE, REGIÃO DE ÁGUA COMPRIDA-MG. Julio Celio
de Menezes Junior, José Carlos da Silva, Daniela Valle Rezende .
16
ESTUDO DE DINÂMICA DA POPULAÇÃO DE Xylopia aromatica (LAM.) MART.
(ANNONACEAE) EM UMA ÁREA DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL EM
UBERLÂNDIA, MG. Leila Rodrigues Carrijo, Ana Carolina Ferreira Martins, Ivan
Schiavini.
17
ESTUDO PRELIMINAR DE CARACTERIZAÇÃO DE BIOINDICADORES VEGETAIS
(FAMÍLIA POACEAE) E NÍVEL DE DEGRADAÇÃO NAS MARGENS DO CÓRREGO
PIMENTAS, MUNICÍPIO DE MATUTINA-MG. Vinícius Londe, José Carlos da Silva.
18
FONTES DE VARIABILIDADE GENÉTICA RESISTENTE A HERBÍVORO MINADOR EM
TOMATEIRO Solanum sp. Francisco Pinheiro Vieira, Maria Elisa de Sena
Fernandes, Derly José Henriques da Silva, Marcelo Coutinho Picanço, Flávio
Lemes Fernandes, George Gonçalves Resende Ferreira, Dário H.B. Oliveira.
19
IDENTIFICAÇÃO DE CONSTITUINTES QUÍMICOS EM DIFERENTES CULTIVARES DE
CAFÉ: INFORMAÇÃO IMPORTANTE NAS INTERAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE INSETO
E PLANTA. Luiz Otávio Duarte Silva, Flávio Lemes Fernandes, Maria Elisa de Sena
Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Ricardo Siqueira da Silva, Renan Batista
Queiroz.
20
IMPACTO DE ORGANOFOSFORADO NA BIODIVERSIDADE DE PREDADORES EM
CAFÉ Coffea arabica. Ramiro Teodoro Ferreira, Flávio Lemes Fernandes, Maria
Elisa de Sena Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Ricardo Siqueira da Silva,
Renan Batista Queiroz.
21
ÍNDICE DE APREENSÕES, SOLTURAS E ÓBITOS DO PÁSSARO Saltator similis
(Trinca-ferro-verdadeiro) NO CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES
CETAS/IBAMA DE MONTES CLAROS – MG REGISTRADOS DURANTE OS PERÍODOS
DE JANEIRO DE 2008 A DEZEMBRO DE 2009. Otávio Maquei de Oliveira Monção;
22
iv
Evolução e Conservação da Biodiversidade
Edson Lima Brito; João Cássio Lôpo Lopes.
INFLUÊNCIA DO USO DO SOLO NA QUANTIDADE E ATIVIDADE MICROBIANA SOB
CULTIVO COM CEBOLA COMPARADO COM MATA NATIVA DE CERRADO. Diego
Tolentino de Lima, André Santana Andrade, Fernando Couto de Araújo, Fábio
Martins Campos, Marlon Correa Pereira, Carlos Eduardo Magalhães dos Santos.
23
INSETOS BIOINDICADORES DE CONTAMINAÇÃO POR INSETICIDAS EM
TOMATEIRO Solanum sp. Juno Ferreira Silva Diniz, Flávio Lemes Fernandes, Maria
Elisa de Sena Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Ricardo Siqueira da Silva,
Renan Batista Queiroz.
24
INTERAÇÃO QUÍMICA ENTRE PLANTAS DE CAFÉ Coffea arabica, PRAGA E
DIVERSIDADE DE PREDADORES. Ana Cecília Gomes Luiz, Flávio Lemes Fernandes,
Marcelo Coutinho Picanço, Rodrigo Soares Ramos, Rogério Machado Pereira,
Silvério de Oliveira Campos.
25
INVENTÁRIO FLORÍSTICO DO PERÍMETRO URBANO DE SANTO ANTÔNIO DO
MONTE, MINAS GERAIS, BRASIL. Guilherme Henrique Rodrigues Rocha, Heide
Maria Rodrigues Rocha-Perdigão.
26
LEVANTAMENTO DA ENTOMOFAUNA DE IMPORTÂNCIA FORENSE NA REGIÃO DO
ALTO PARANAÍBA. Calil Gibran Iraiore Carvalho; Olavo Godoi Landgraf; Rodrigo
Ferreira Krüger; Rubens Pazza.
27
LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE
CARMO DO PARANAÍBA-MG. Gabriella Dayer Oliveira Pessoa, Luciano Bueno dos
Reis.
28
LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE
RIO PARANAÍBA – UM RESGATE DO “SABER POPULAR”. Juliana Resende; Luciano
Bueno dos Reis.
29
LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PLANTAS INFESTANTES DE
LAVOURA DE Coffea arabica L. NÃO IRRIGADA NO ALTO PARANAIBA- MG.
Wellington Luiz de Almeida, Cláudio Pagotto Ronchi, Max Afonso Alves da Silva,
Jéssica Guimarães Ribeiro, Leonardo Guasti de Oliveira, Carlos Eduardo de
Oliveira Magalhães, Fernando Couto de Araújo.
30
LEVANTAMENTO DE PESTICIDAS COM MAIORES POTENCIAIS DE INTERFERÊNCIA
NO EQUILÍBRIO DE COMUNIDADES HABITANTES DO SOLO NA REGIÃO DO PADAP.
André Santana Andrade, Diego Tolentino de Lima, Vagner Tebaldi de Queiroz,
Juliana Lourenço Nunes Guimarães.
31
OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS DO TIPO ZZ/ZW EM Kronichthys
heylandi (SILURIFORMES, LORICARIIDAE). Reis, DGS; Penteado, PR; Desordi, R;
Brandão, KO; Kavalco, KF; Almeida-Toledo, LF; Pazza, R.
32
ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM BANCO DE DNA, SUSPENSÃO CELULAR E
TECIDOS DE PEIXES NEOTROPICAIS NA UFV – CAMPUS DE RIO PARANAÍBA.
Dinaíza Abadia Rocha Reis, Gabriel Lacerda Viana, Sabrina Alves da Silva, Ana
Laura Lima Mulati, Wanessa Luzia de Souza, Rubens Pazza, Karine Frehner
Kavalco.
33
v
Evolução e Conservação da Biodiversidade
PARTICIPAÇÃO DE VARIÁVEIS BIOCLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE
ESPÉCIES DE RHODNIINI (HETEROPTERA: REDUVIIDAE: TRIATOMINAE) NA
REGIÃO NEOTROPICAL NO ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL, PERÍODO ATUAL E
FUTURO. Barreto C.R.A., Raimundo R.L.S., Galvão C., Paula A.S.
34
PRIMEIRO REGISTRO DE Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 (Reptilia,
Squamata, Tropiduridae) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL. Rodrigo de
Oliveira Lula Salles, Adriano Lima Silveira
35
QUEBRA DE DORMÊNCIA E UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS NA GERMINAÇÃO E
CRESCIMENTO DE MUDAS DE FAVA D’ANTA (Dimorphandra mollis Benth).
Roberta Aparecida Dias; Sebastião Ferreira de Lima; Lizandra Ferreira de Almeida
e Borges; Ana Paula Leite de Lima.
36
RECURSOS GENÉTICOS DE TOMATEIRO Solanum sp. DO BANCO DE
GERMOPLASMA DE HORTALIÇAS DA UFV. Guilherme Ribeiro Afonso Domingos,
Maria Elisa de Sena Fernandes, Derly José Henriques da Silva, Flávio Lemes
Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, George Gonçalves Resende Ferreira, Lílian
Cibele Ferreira Pimentel.
37
UTILIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO TOTAL DE ÁCIDOS GRAXOS NA CARACTERIZAÇÃO
DE FUNGOS MICORRÍZICOS DA ORQUÍDEA Epulorhiza spp. Marlon Corrêa Pereira,
Nívea Moreira Vieira, Sabrina Oliveira Feliciano, Fernanda Aparecida Rodrigues
Guimarães, Marcos Rogério Tótola, Maria Catarina Megumi kasuya.
38
vi
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DE PREDADORES EM TOMATEIRO.
Leonardo Franco Bernardes1; Fernanda Freitas Souza2; Flávio Lemes Fernandes1; Marcelo
Coutinho Picanço3; Bruno Monteiro da Silva1; Ricardo Siqueira da Silva3.
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa
3
Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade
Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: tomate, Solanaceae, mosca branca, ácaro vermelho.
O comportamento dos predadores no ambiente é extremamente relevante, uma vez que a sua
presença em cadeias alimentares pode ter efeitos inesperados em todo o sistema. Assim, o
conhecimento das espécies de presas alvo e o comportamento destes predadores podem
auxiliar no conhecimento das relações tróficas em uma cadeia. Sendo útil muitas vezes em
estudos de extinção de espécies, surgimento de novas espécies e mudança de status dentro de
uma cadeia alimentar. Dentre os inimigos naturais no tomateiro, tem-se o predador Orius
insidiosus (Hemiptera: Anthocoridae), Cycloneda sanguinea (Linnaeus) (Coleoptera:
Coccinellidae) e Chauliognathus flavipes (Coleoptera: Cantharidae) que se alimentam das pragas
Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleirodidae) e Tetranychus evansi (Acari: Tetranychidae). Pouco se
sabe sobre o comportamento de predação destes inimigos naturais no tomateiro. Assim,
objetivou-se avaliar atividades comportamentais de predação por meio de um etograma
comportamental dos predadores O. insidiosus, C. sanguinea e C. flavipes em tomateiro. O
experimento foi realizado no laboratório de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa.
Folíolos de tomateiro sem contaminação com inseticida foram acondicionadas em tubos de
ensaio de 2 cm de diâmetro por 15 cm de altura, que teve sua entrada vedada com algodão
hidrofóbico. Em cada tubo foi individualizado um adulto de O. insidiosus, C. sanguinea e C.
flavipes, constituindo-se assim a unidade experimental. Os tubos foram levados para estufa
incubadora à temperatura de 25 ± 0,5 oC e umidade relativa do ar 75 ± 5%. Os insetos ficaram
sem se alimentar por seis horas. Confeccionou-se uma arena de isopor com 2,5 cm de
espessura, 40 cm de diâmetro circundado com uma fita de cartolina branca de 10 cm de largura
posicionada verticalmente para evitar a fuga dos insetos pelas laterais desta arena. Esta arena
foi dividida em quatro quadrantes de tamanhos iguais, no centro de cada quadrante foram
liberados cinco ácaros vermelho (T. evansi) e cinco ninfas de mosca branca (B. tabaci) recém
mortos em geladeira a temperatura de -2 oC. No centro da arena foi liberado o inimigo natural e
finalmente, um etograma comportamental foi confeccionado para analisar a seqüência de
comportamentos de cada indivíduo de forma a determinar quais atividades comportamentais
seriam avaliadas. Calculou-se a frequência das principais atividades comportamentais e
selecionados aqueles com frequência acima de 20% para comparação do comportamento entre
as espécies. As comparações entre os tempos de cada comportamento selecionado foram feita
com base no intervado de confiança a 95% de cada espécie em cada tratamento. Os
comportamentos com freqüências acima de 20% foram: busca (procura de alimento), parado
(imóvel), mover (móvel), ambulatório (parado com movimento de qualquer membro do corpo),
se lamber (exceto para O. insidiosus) e alimentar (capturar a presa e comer). Estas categorias
comportamentais variaram entre as espécies.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES
1
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
AMPLIFICAÇÃO CRUZADA DE MICROSSATÉLITES NO GÊNERO Astyanax: OTIMIZANDO
FERRAMENTA PARA ENTENDER A BIODIVERSIDADE.
Pierre Rafael Penteado1; Sabrina Alves dos Santos1; Karine Frehner Kavalco1; Rubens Pazza1.
1
Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade
Federal de Viçosa
[email protected]
Palavras-chave: Astyanax, microssatélite, marcador molecular
O gênero Astyanax possui ampla distribuição, que vai desde o sul do Texas até o norte da
Patagônia, e no Brasil é popularmente conhecido como lambari ou piaba. Na família Characidae,
à qual pertence, destaca-se por ser um dos gêneros mais especiosos, contando com mais de 100
espécies descritas. Estudos recentes baseados em seqüências de DNA mitocondrial
demonstraram que algumas espécies são mais intimamente relacionadas: espécies
predominantemente do “rabo-vermelho”, espécies do “rabo-amarelo” e espécies que
pertencem à bacias de drenagens costeiras. Microssatélites (STR – simple tandem repeats) são
uma classe de marcadores moleculares co-dominantes e altamente polimórficos, que são
amplamente usados em estudos de parentesco, e também ecológicos, visando informações
sobre estrutura e diversidade populacional. Para a espécie Astyanax mexicanus, que é
considerada um modelo biológico e que ocorre ao norte da distribuição do gênero, foram
descritas uma dezena de loci de microssatélites, dois quais seis mostram-se polimórficos. Nesta
espécie, estudos populacionais bastante amplos foram realizados, inclusive filogeográficos.
Buscando novas ferramentas para auxiliar no estudo da biodiversidade, o objetivo do presente
trabalho foi avaliar a transferibilidade dos loci destes microssatélites em espécies do gênero
Astyanax encontradas na América do Sul, a fim de obter marcadores moleculares confiáveis
para avaliações populacionais neste complexo táxon. Para isso, foram usados exemplares de
espécies de distribuição costeira: A. hastatus, A. ribeirae, A. giton, intermedius e A. parahybae,
bem como as espécies A. fasciatus, A. altiparanae, A.scabripinnis A. bockmanni, A. lacustris, A.
spB, além de A. mexicanus como controle. As reações de amplificação seguiram as
especificações contidas na descrição dos microssatélites de A. mexicanus. A variação na
temperatura de anelamento foi verificada utilizando-se termociclador Palm Cycler (Corbett CG196), com gradiente de temperatura. As temperaturas variaram entre 53 e 57 oC. Os produtos de
PCR foram separados em gel de agarose 3% e corados com brometo de etídio. Em ambos os
grupos de espécies, os alelos obtidos variaram entre 350 e 100 pares de bases, sendo que para
os primers Ast1 e Ast13, a melhor temperatura de anelamento foi de 1ºC acima do indicado
para A. mexicanus. Os indivíduos testados da espécie A. hastatus não apresentaram
amplificação em nenhum dos primers testados, e amostras de A. scabripinnis também não
amplificaram no teste com o primer Ast9. Num primeiro teste, as reações envolvendo Ast10
com amostras de A. mexicanus não obtiveram sucesso. Os testes de amplificação constituem a
parte inicial de um trabalho que almeja usar os primers obtidos para aprofundar os
conhecimentos da estrutura populacional destas espécies, para melhor compreensão das
intricadas relações filogenéticas no gênero.
Apoio financeiro: CNPq/CAPES/FAPEMIG
2
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ANATOMIA FOLIAR DE ESPÉCIES DE BROMELIACEAE EPÍFITAS DA TRILHA DO MURIQUI,
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO, ARAPONGA, MG.
Jaqueline Dias-Pereira1; Aristéa Alves Azevedo2; Guilherme Carvalho Andrade2; Cleiton Faria
Guimarães2; Carla Regina Santin2; Leonardo Domingues de Figueiredo2.
1
Laboratório de Anatomia Vegetal, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
Laboratório de Anatomia Vegetal, Campus de Viçosa - Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: Bromeliaceae, epífitas, Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, anatomia foliar
As epífitas vasculares contribuem significativamente para a biodiversidade das florestas
tropicais, podendo ocupar locais variados ao longo do fuste e nas copas das árvores. Dentre as
epífitas, a família Bromeliaceae é notável pela diversidade ecológica e por suas características
adaptativas, comumente evidenciadas em suas folhas. Objetivou-se avaliar a anatomia foliar de
espécies de Bromeliaceae epífitas ocorrentes ao longo da estratificação vertical, em 10 forófitos
da Trilha do Muriqui, Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. Amostras de 0,5 cm2 das regiões
apical, mediana e basal das folhas mais internas, em contato com o tanque, (denominadas de I),
das medianas (M) e das mais externas (E) foram fixadas em FAA50, desidratadas em série etílica
crescente, incluídas em parafina ou resina. Cortes transversais e longitudinais, obtidos em
micrótomo rotativo de avanço automático, foram corados e montados, conforme metodologias
usuais. Algumas amostras foram processadas para estudos em microscopia eletrônica de
varredura. As espécies encontradas foram Vriesea heterostachys, V. longicaulis e Tillandsia
geminiflora. V. heterostachys foi a única que ocorreu em todos os forófitos, ao longo da
estratificação vertical. V. longicaulis ocorreu apenas no forófito 7, enquanto T. geminiflora
ocorreu no forófito 10. A epiderme das espécies é unisseriada e nas espécies de Vriesea ela
apresentou corpos silicosos e paredes lignificadas em forma de “U”. As folhas são
hipoestomáticas, com estômatos posicionados no mesmo nível das demais células da epiderme,
exceto em T. geminiflora que apresentou indivíduos com estômatos num nível inferior. As
espécies de Vriesea apresentaram células epidérmicas com paredes anticlinais de contorno
sinuoso, o que não ocorreu em T. geminiflora. As três espécies apresentaram escamas em
ambas as faces da folha, sendo imbricadas apenas em T. geminiflora. Internamente à epiderme,
da face adaxial e abaxial, foi observado o parênquima aquífero e no centro, parênquima
clorofiliano homogêneo. Os feixes vasculares se intercalam com parênquima braciforme
formando canais de ar conectados, em geral, às câmaras subestomáticas. T. geminiflora
apresentou mesofilo com menor espessura em relação às outras espécies, com 3-4 camadas de
parênquima aquífero sendo as células mais alongadas deste parênquima adjacentes à epiderme
da face adaxial. V. heterostachys apresentou a maior quantidade de indivíduos e foi a espécie
generalista, coletada em várias alturas do fuste. V. longicaulis só ocorreu à altura mediana do
forófito e apresentou características anatômicas muito semelhantes a V. heterostachys. Foram
visualizados cristais de oxalato de cálcio, na forma de ráfides nas três espécies. Os caracteres
xeromórficos observados na anatomia foliar das espécies estudadas estão relacionados ao
hábito epifítico.
Apoio financeiro: FAPEMIG/CAPES
3
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ARMADILHAS PARA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE ESPÉCIES EM TOMATEIRO.
José Antonio Borba Júnior1; Flávio Lemes Fernandes1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo
Coutinho Picanço3; Filipe Gentil1; Rodrigo Soares Ramos3
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa
3
Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade
Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: tomate, Solanaceae, mosca branca, ácaro vermelho
Os frutos de tomate Solanum spp. apresentam grandes contaminações com inseticidas. O
monitoramento de artrópodos pragas e inimigos naturais nas lavouras é útil como
bioindicador(es) destes inseticidas e uma forma de reduzir a aplicação destes compostos
tóxicos. Os inimigos naturais, tais como parasitóides confeccionam bons indicadores ambientais,
uma vez que são muito sensíveis a inseticidas, por se moverem muito na lavoura acabam se
expondo mais aos produtos químicos. Já as pragas, se monitoradas corretamente, pode não ser
necessário o uso de inseticidas. Com estas duas informações é possível preservar a
biodiversidade de espécies artrópodes nas áreas com hortaliças, principalmente o tomate. B.
tabaci tem se tornado uma das pragas mais importantes em tomateiro em casa de vegetação. A
atração de B. tabaci por diferentes cores de armadilhas tem sido estudada. Parasitóides de
mosca branca, Encarsia formosa (Hymenoptera: Aphelinidae), podem obter carboidratos a
partir de substâncias açucaradas exudadas pelos seus hospedeiros, extratos de flores e néctar
extrafloral. Com o intuito de determinar bioindicadores de qualidade ambiental e ao mesmo
tempo avaliar sistemas de manejo em cultivos agrícolas, desenvolveu-se uma armadilha para
ser usada como forma de indicador ambiental e que fosse usada para detectar a densidade
populacional de pragas, uma vez que nem sempre a densidade presente na lavoura causa
prejuízos ao produtor. Assim, este trabalho objetivou avaliar diferentes armadilhas para captura
do parasitóide E. formosa e da praga B. tabaci. Avaliou-se diferentes cores de armadilhas (flores
artificiais) para B. tabaci e o parasitóide E. formosa. Para tanto óleo mineral foi usado nas flores
artificiais em tomateiro comercial em casa de vegetação. Tanto a cor amarela como a verde
atraíram significativamente mais adultos de B. tabaci e o parasitóide E. formosa. Armadilhas
com flores amarelas têm potencial para o manejo integrado de mosca branca e para captura de
parasitóides.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES
4
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO SOB PASTAGEM INTENSIVA DE Cynodon dacyton cv.
VAQUERO E SOB CERRADO NATIVO.
André Santana Andrade1; Fernando Couto de Araújo1; Diego Tolentino de Lima1; Fábio Martins
Campos2; Marlon Correa Pereira3; Luis César Dias Drumond3
1
Graduando em Agronomia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
Técnico de Laboratório, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
3
Professor Adjunto, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: atributos biológicos, bactérias, fungos, respiração basal
As transformações microbianas do solo, devido às diferentes populações e reações químicas
nele existentes, podem ser alteradas sempre que esse ecossistema sofre algum tipo de
interferência. Diferentes tipos de manejo podem significar diferentes disponibilidades de
substrato, que podem em última instância, favorecer ou inibir o estabelecimento dos diferentes
grupos microbianos. Neste sentido, objetivou-se neste trabalho comparar a atividade
microbiana de um solo sob pastagem intensiva e sob cerrado nativo, visando obter subsídios
sobre atributos biológicos de qualidade do solo submetido ao cultivo com pastagem intensiva. O
experimento foi realizado em Rio Paranaíba-MG em Latossolo Vermelho-Amarelo próximo a
UFV-CRP, sendo constituído por dois tratamentos: uma área de Cerrado nativo e uma área
cultivada com pastagem de Cynodon dactylon cv. Vaquero, conduzida sob irrigação e altos níveis
de adubação desde setembro de 2009. As variáveis analisadas foram respiração basal do solo e
número de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) de fungos e bactérias. A respiração foi
determinada em campo, a partir do CO2 liberado em pontos isolados com recipiente, extraído
em solução de NaOH 0,5 mol.L-1 e titulado com HCl 0,25 mol.L-1, sendo as avaliações realizadas
em 27, 49, 72 e 89 horas após a instalação. O número de UFC foi determinado a partir do
plaqueamento de várias diluições de 1 g de solo oriundo de amostra composta coletada na
profundidade de 0-7 cm, sendo ágar nutriente o meio para bactérias e BDA com amoxilina para
fungos. As médias, oriundas de 3 repetições, foram comparadas pelo teste t a 5% de
probabilidade. Os resultados indicaram que a liberação de CO2 média de 0,380 g.m-2.hora-1
observada na pastagem, foi muito superior ao valor médio de 0,163 g.m -2.hora-1 observado no
cerrado, sendo os valores cumulativos de 9,50; 18,46; 27,58 e 33,77 g.m -2 para pastagem e 4,46;
7,85; 11,72 e 14,49 g.m-2 para o cerrado. Esses resultados corroboram com outros trabalhos
recentes, sendo citado por alguns autores respiração basal do solo sob pastagem cultivada
62,6% superior a de um solo sob cerrado nativo, fato explicado pelo aumento dos teores
naturais de nutrientes oriundos de adubações, principalmente fósforo e nitrogênio e do intenso
desenvolvimento radicular das gramíneas. Quanto as UFC, observou-se que não houve
diferença estatística entre os tratamentos para contagem de bactérias, sendo as médias em
torno de 2x105 UFC.g-1 de solo. Em relação à população de fungos, observou-se que esta é maior
no cerrado, com valor médio de 3,27x104 UFC.g-1 comparado a 2,57x104 UFC.g-1 de solo para a
pastagem, respectivamente, indicando que o cultivo com pastagem efetivamente inibiu o
crescimento deste grupo de microorganismos. Conclui-se que a respiração basal do solo é
incrementada, a população bacteriana é indiferente e a população de fungos é inibida pelo
cultivo do solo com pastagem intensiva.
Apoio: Universidade Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba
5
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE E DA ATIVIDADE MICROBIANA EM SOLOS DE MATA DO
CERRADO E EM CULTIVO DE Coffea arábica.
Fernando Couto de Araújo¹, Diego Tolentino de Lima1; André Santana Andrade1; Fábio Martins
Campos2; Marlon Correa Pereira3; Cláudio Pagotto Ronchi3
1
Graduando em Agronomia, Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba
Técnico de Laboratório, Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba
3
Professor Adjunto, Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba
[email protected]
2
Palavras-chave: Atributos biológicos, bactérias, fungos, respiração basal
Os microorganismos do solo desempenham, em grande parte, papel fundamental para a
manutenção e produtividade de vários agroecossistemas, pelo processo de transformação da
matéria orgânica. O uso do solo na agricultura, após retirada da vegetação natural, tem
freqüentemente mostrado alterações na população e na atividade microbiana, as quais são
dependentes das condições do solo, do clima, do tipo de cultura e das práticas culturais
adotadas. Objetivou-se neste trabalho avaliar as alterações na quantidade e na atividade
microbiana do solo, como possíveis indicadores das alterações na qualidade do solo devido às
práticas culturais adotadas no cultivo de café, em relação à mata de cerrado nativo. Para a
avaliação da atividade microbiana, foi montado em campo, no município de Rio Paranaíba-MG,
um sistema de respiração basal, determinada pelo CO2 evoluído em uma área de 187,2 cm2
isolada com um recipiente plástico, extraído com solução de NaOH 0,5 mol.L -1 e titulado com
HCl 0,25 mol.L-1, às 27, 49, 72 e 89 horas após a montagem em campo. Foram avaliadas três
repetições em cada tratamento: na linha de plantio de café sem irrigação e na mata do cerrado.
Para a amostragem do solo, classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, foram coletadas
cinco amostras simples de 0 a 7 cm para compor uma amostra composta por tratamento. Desta
foi retirado 1 g de solo e feito o plaqueamento de diferentes diluições em três repetições, sendo
ágar nutriente o meio para bactérias e BDA com amoxilina para fungos. A contagem de
unidades formadoras de colônias (UFC) de bactérias e fungos foi realizada 22 e 42 horas após,
respectivamente. A área com café apresentou 1,56x105 e 1,13x104 UFC/g de solo e o cerradão
apresentou 2,03x105 e 3,27x104 UFC/g de solo, respectivamente para bactérias e fungos,
mostrando significativa redução na microbiota do solo devido ao cultivo com café, pelo teste t;
P<0,05. Os maiores números de microorganismos na área de cerradão podem ser explicados
pelo ambiente mais estável, sem revolvimento do solo, com presença de cobertura vegetal na
superfície o ano todo, propiciando menor variação de temperatura e umidade. A respiração
acumulada dos microorganismos foi estatisticamente igual nos solos com café e cerradão (16,29
e 14,49 g de CO2/m2, respectivamente), pelo teste t; P>0,05. A relação da respiração por
biomassa microbiana foi maior no solo cultivado com café. Isso se deve ao ambiente com pH
mais favorável e com maior disponibilidade de nutrientes resultante da adubação química na
linha de plantio de café. Em contrapartida, a menor respiração por biomassa microbiana no
cerradão, indica economia na utilização da energia, refletindo um ambiente no seu estado de
equilíbrio. Conclui-se que a respiração basal do solo é indiferente e as populações bacterianas e
fúngicas são inibidas pelo cultivo do solo com café.
Apoio: Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba
6
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
AVALIAÇÃO DA RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO CILIAR REALIZADA NO PROJETO DE
REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO DA VELHA EM LUZ – MG.
Camila Amara Ventura Tonaco¹; Tamires Daciane Teixeira Ferreira¹; Samuel Oliveira Giordani².
¹Graduada em Ciências Biológicas, cursando Pós graduação em Conservação, manejo e avaliação
de flora e fauna em estudos ambientais, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto
São Francisco (FASF-UNISA), Luz-MG,Brasil.
²Graduado em Ciências Biológicas pela FASF/UNISA, Luz-MG, mestre em Fisiologia Vegetal pela
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) Diamantina-MG, Brasil.
[email protected]
Palavras-chave: Preservação Ambiental, Revitalização, Recomposição Ciliar, Conscientização
O mundo está em alerta devido ao uso irracional do homem sobre os recursos oferecidos pelo
ambiente. Com a retirada das matas ciliares, os rios ficam sem proteção para reter os
sedimentos que a chuva trás do solo, os barrancos caem dentro da água, assim o rio fica cada
vez mais largo e mais raso, impedindo a navegação prejudicando a economia do país e
populações ribeirinhas que tem sua economia voltada para a pesca e turismo. O estudo foi
realizado no mês de setembro com a aplicação de questionários para os fazendeiros na Área de
Preservação Ambiental do Córrego da Velha (APA) em LUZ-MG. O objetivo foi analisar a
recomposição das matas ciliares realizada no projeto de revitalização do Córrego da Velha
localizada em sua APA do Córrego da Velha, que é um afluente do Rio São Francisco. Os
resultados obtidos foram que não houve irrigação das mudas na época da seca, somente 4
proprietários disseram ter feito o coroamento das mudas; apenas 3 proprietários fizeram
combate a pragas e doenças; 8 disseram que a responsabilidade de cuidar das mudas era do
proprietário da fazenda. Sobre a freqüência com que a área é visitada por um técnico apenas
um proprietário disse ter sido realizada mensalmente, 5 disseram raramente e 4 nunca. Com
relação à freqüência que o fazendeiro visita a área, 2 disseram visitar a área diariamente, 2
afirmaram visitar mensalmente e 1 disse visitar raramente. Para a efetivação dos projetos e
efetiva conservação de água e solo, a ANA desenvolveu o Programa do Produtor de Águas,
trata-se de um programa voluntário de melhoria da qualidade da água dirigido propriamente a
bacias hidrográficas, onde serão feitos pagamentos a produtores que através de práticas e
manejos conservacionistas contribuem para a melhoria das condições dos recursos hídricos
superficiais. O produtor deverá apontar de forma comprovada benefícios ambientais ao
manancial de interesse, estes benefícios incluem o abatimento da sedimentação e o aumento
da infiltração de água no solo. O que antes para o produtor seria uma área “desperdiçada” sem
nenhuma utilização torna-se uma área útil, pois ele irá receber por suas boas ações. O ideal
seria um produtor consciente que não precisasse receber pra tal, porém na prática isto não
acontece. Através dos resultados obtidos pode-se concluir que as recomposições ciliares feitas
no projeto de revitalização do Córrego da Velha necessitam de um acompanhamento mais
freqüente de um técnico. Contudo, é importante salientar para o proprietário do local a
importância da conservação da área plantada.
7
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
AVALIAÇÃO DE EFEITO ALELOPÁTICO DE DIVERSOS EXTRATOS DE MACAUBEIRA [Acrocomia
aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart] SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES E DESENVOLVIMENTO
DE Lactuta sativa L.
Fernanda Rocha Braes¹; Luciano Bueno dos Reis²
1
Docente, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
Bolsista Bic-Júnior – Escola Estadual Dr. Adiron Gonçalves Boaventura
[email protected]
2
Palavras-chave: Alelopatia, macaúba, Arecaceae
A alelopatia é um importante mecanismo ecológico, definido como qualquer efeito direto ou
indireto, benéfico ou prejudicial, de uma planta sobre outra, mediante compostos químicos
liberados no meio. Apesar do grande potencial de produção de óleo, ainda há uma grande falta
de informações botânicas, ecológicas ou agronômicas sobre a macaúba (Acrocomia aculeata).
Nesse sentido, o presente trabalho objetivou verificar o potencial alelopático de extratos
obtidos de frutos de macaúba sobre a germinação e desenvolvimento da Lactuta sativa L.
(alface). Os frutos de macaúba utilizados no preparo do extrato foram coletados na cidade de
Rio Paranaíba, lavados e o extrato preparado na proporção de 1 ml de água destilada para 1g do
epicarpo dos frutos da macaúba, com auxílio de liquidificador, por 5 min, sendo então filtrado
(três camadas de gaze e nova filtragem em papel filtro). Para os testes utilizou-se sementes de
alface da variedade Crespa Repolhuda obtidas no comércio local, sendo 15 sementes colocadas
para germinar em placas de Petri com o fundo coberto por duas camadas de papel filtro
embebidas com 8 mL de extrato nas concentrações de 0, 10, 25, 50 e 100% (v/v). As placas
forma mantidas em B.O.D. a uma temperatura de 25°C, sendo cada tratamento composto por
duas repetições. As avaliações foram realizadas a cada 48h, em um total de três avaliações dos
seguintes parâmetros: comprimento da radícula, do hipocótilo e número de sementes
germinadas. O experimento foi repetido três vezes. A inibição da germinação foi percebida a
partir da concentração de 25%, sendo esta de aproximadamente 13,5% em relação ao controle
e nas concentrações superiores (50 e 100%), a inibição da germinação das sementes de alface
foi bastante acentuada. Também foi verificada a inibição no alongamento das raízes e
hipocótilos a partir da concentração de 25%; na concentração de 100% foi verificada necrose de
raízes, além da forte inibição do crescimento das raízes e hipocótilo. Contudo, na concentração
de 10% houve estímulo na germinação e desenvolvimento das plantas. Os resultados indicam
que o extrato de epicarpo de frutos de macaúba (Acrocomia aculeata) testado apresenta um
potencial alelopático dependente da concentração utilizada, podendo inibir (maiores
concentrações) ou estimular (menores concentrações) os parâmetros: germinação e
crescimento de raiz e hipocótilo. Dessa forma, novos experimentos devem ser realizados para
averiguação desses efeitos em outras espécies, o que poderá indicar possibilidades de consórcio
com outras culturas e espécies vegetais.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG
8
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DE QUATRO POPULAÇÕES DE Astyanax asuncionensis
(Teleostei, Characiformes) DA BACIA DO RIO PARAGUAI.
Rodrigo Desordi1; Denis Glauber da Silva Reis1; Karine Frehner Kavalco1; Rubens Pazza1
1
Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade
Federal de Viçosa
[email protected]
Palavras-chave: Astyanax, morfometria, isolamento de populações
O isolamento de populações de peixes nos diversos cursos d’água da região Neotropical é um
fator importante na diversificação deste grupo de vertebrados. Dentre os grupos mais diversos
na ordem Characiformes, destaca-se o gênero Astyanax, que compreende pequenos peixes
conhecidos popularmente como lambaris ou tetras e que habitam diferentes sistemas aquáticos
desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, muitos deles em pequenos riachos.
Astyanax asuncionensis por sua vez, faz parte de um grupo de espécies que apresentam como
característica marcante uma mancha ovalada na região humeral e encontram-se distribuídos
pela bacia do rio Paraguai (baixo Paraná). Exemplares de A. asuncionensis provenientes de
quatro populações alopátricas da bacia do rio Paraguai foram capturados e medidos utilizandose paquímetro digital com precisão de 0,01mm. Foram tomadas as seguintes medidas:
comprimento padrão, comprimento da cabeça, distância pré-dorsal, distância pré-pélvica,
distância pré-anal, altura da origem da dorsal, altura do pedúnculo caudal, comprimento da
base da anal, comprimento da base da dorsal, comprimento da base da pélvica, comprimento
da base da peitoral, altura da cabeça, comprimento do focinho, diâmetro do olho, distância
interorbital e comprimento do maxilar. Os dados foram submetidos a uma normalização para
eliminar as variações de tamanho intrapopulacionais (Size-free) e analisados utilizando-se CVA
(Análise de Variáveis Canônicas) e Neighbour-Joining com base na distância Euclidiana. Para as
análises estatísticas utilizou-se o software PAST v2.0. Os dois primeiros componentes
acumularam 98,5% da variação obtida. A CVA e a Neighbour-Joining evidenciaram a separação
das quatro populações como entidades distintas, sendo mais próximas as populações de
Dourados (rio Miranda) e Cáceres (rio Jauru), isolando a população de Coxim (rio Taquari). Os
resultados obtidos são congruentes com os dados referentes ao grupo Astyanax bimaculatus,
ao qual A. asuncionensis pertence, onde as populações apresentam-se bem estruturadas e
diferenciadas entre si. Por sua vez, os resultados sugerem que pelo menos a população de
Coxim possa se tratar de uma espécie diferente. Adicionalmente, corrobora-se o fato de que
populações mais distantes (no caso, Dourados e Cáceres) podem ser mais semelhantes entre si
do que populações mais próximas (Cáceres e Cuiabá, por exemplo) e sujeitas a uma
diferenciação comportamental. De qualquer modo, o isolamento destas populações foi
suficiente para que cada uma delas demonstrasse características próprias.
Apoio Financeiro: FAPEMIG
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Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRATÉGIAS DE DISPERSÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS DE CERRADO
SENSU STRICTO NO MUNICÍPIO DE PATROCÍNIO/MG.
Mairla Angelina Reis
Fazenda União no Município de Patrocínio/MG. Campus Centro Universitário do CerradoPatrocínio.
[email protected]
Palavras-chave: cerrado; levantamento florístico; estratégia de dispersão.
A necessidade de se conhecer a flora do bioma cerrado é de suma importância e torna-se cada
vez mais urgente, devido à destruição acelerada deste bioma. Conservar um bioma é garantir a
manutenção das espécies que nele se estabelecem. A dispersão de sementes é importante para
as plantas por ocorrer à distribuição em diferente habitat proporcionando a sua multiplicação.
O presente trabalho tem por objetivo descrever a composição florística e estratégias de
dispersão em espécies vegetais arbóreas e arbustivas num fragmento de cerrado sensu stricto
na Fazenda União no município de Patrocínio/MG. Para tal, fez-se um levantamento florítico no
ponto um da Fazenda União no período de março a outubro de 2009 em caminhadas
assistemáticas que permitem a realização de coleta do material vegetal, e classificou os frutos
de acordo com sua estratégia de dispersão, utilizando para identificação por meio de consultas
a bibliografia especializada e análise das exsicatas depositadas no herbário Patrocinenses.
Foram encontradas 64 espécies pertencentes a 58 gêneros, distribuídas em 33 famílias
botânicas. A família mais representativa foi a Fabaceae (12), seguida pelas famílias Myrtaceae
(05), Apocynaceae (04), Rubiaceae (04), Vochysiaceae (03), Malpighiaceae (03), Annonaceae
(02), Bignoniaceae (02), Clusiaceae (02), Lytraceae (02), Melastomataceae (02), Nyctaginaceae
(02). Outas 21 famílias foram representadas por uma única espécie. A estratégia de dispersão
zoocórica apresentou 40 espécies representando 62,5%, a dispersão anemocórica apresentou
19 espécies representando 29,7% e a dispersão autocórica apresentou 5 espécies
representando 7,8%. A área possui uma riqueza de espécies vegetais, e a estratégia de
dispersão mais encontrada foi a zoocórica, indicando que provavelmente há recursos
alimentares suficientes para manter a fauna deste fragmento no seu habitat natural.
Apoio financeiro: Bolsista do Projeto Unicerp e Alto Cafezal.
10
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
DADOS CARIOTÍPICOS DE Hypostomus regani DE DUAS BACIAS DO ALTO DO RIO PARANÁ
(SILURIFORMES, LORICARIIDAE) COM A OCORRÊNCIA DE TRIPLOIDIA NATURAL.
Viana, GL1; Brandão, KO1,2; Kavalco, KF1; Almeida-Toledo, LF2; Pazza, R¹;
1
Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal
de Viçosa
2
Laboratório de Ictiogenética, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP
[email protected]
Palavras-chave: triploidia, bandamento-C, evolução cariotípica, Siluriformes, Loricariidae.
Conhecidos popularmente como cascudos, os Loricariidae compreendem a segunda maior
família de peixes em número de espécies. São peixes neotropicais de pequeno porte, não
migratórios, de hábito alimentar iliófago, possuem habitats variados e facilidade de adaptação a
mudanças ambientais. Neste grupo, são conhecidas mais de 600 espécies, agrupadas em cerca
de 70 gêneros. O gênero de cascudos dominante nos rios brasileiros é o Hypostomus, que
apresenta uma série de particularidades cromossômicas próprias, sendo de grande interesse
para a citogenética de peixes, apesar de poucas espécies terem sido estudadas até o momento.
O objetivo deste estudo foi caracterizar citogeneticamente duas população Hypostomus regani
coletados na bacia do rio Pardo no município de Terra Roxa-PR e também no município de
Angatuba-SP bacia do rio Paranapanema. Foram usadas as técnicas de coloração convencional
com Giemsa e detecção de heterocromatina constitutiva através da banda-C. Ambas as
populações apresentaram 2n=72 (16M+20SM+12ST+24A). Adicionalmente, na população de
Terra Roxa foi encontrado um indivíduo triplóide (24M+30SM+18ST+36A). A heterocromatina
constitutiva distribui-se em quase todos os cromossomos do complemento, em regiões
teloméricas e pericentroméricas. O número diplóide e a distribuição da heterocromatina
constitutiva observados é semelhante ao já descrito para a espécie em outras localidades. A
ocorrência de casos de triploidia natural em peixes é restrito a poucos casos, principalmente em
espécies da ordem Characiformes.
Apoio financeiro: CNPq/FAPESP/FAPEMIG
11
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
DADOS CROMOSSÔMICOS DE DUAS POPULAÇÕES DE Astyanax sp.B PROVENIENTES DO
CÓRREGO SANGÃO E CÓRREGO DO OESTE DA BACIA DO RIO IGUAÇU.
Paloma de Fátima Silva¹; Pierre Rafael Penteado¹; Lurdes Foresti de Almeida-Toledo²; Karine
Frehner Kavalco1; Rubens Pazza¹.
1
Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade
Federal de Viçosa
2
Laboratório de Ictiogenética, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP
Palavras chaves: Astyanax, cariótipo, citogenética
O gênero Astyanax é um dos gêneros mais explorados no campo da citogenética dentro da
família Characidae. O número diplóide do gênero varia entre 2n=36 e 2n=50 cromossomos, com
o primeiro par cromossômico do tipo metacêntrico grande, caráter que compartilha com os
demais Characiformes. O gênero atualmente se encontra em Incertae sedis, devido à sua
provável origem polifilética. A Bacia do Rio Iguaçu, que percorre territórios do Paraná, Santa
Catarina e também Argentina, representa um importante sistema hidrográfico do ponto de
visto ecológico, devido à sua alta taxa de endemismo de peixes. Entre as espécies exclusivas
dessa drenagem encontram-se seis tipos morfológicos de lambaris sem denominação específica,
designados provisoriamente pelas letras A a F. Astyanax sp.B é o “lambari do rabo vermelho” do
rio Iguaçu, sendo amplamente distribuído e muito freqüente em todas as amostragens
ictiológicas feitas na bacia.A fim de contribuir para os estudos cariotípicos, foram estudadas
duas populações de Astyanax sp.B isoladas geograficamente, sendo que uma das populações se
situa no córrego Sangão e a outra população no córrego do Oeste, na região de Cascavel – PR.
Foram usadas as técnicas de suspensão celular a partir da porção anterior do rim para extração
dos cromossomos mitóticos, e posteriormente foi utilizado microscópio óptico para a análise
dos cromossomos dos indivíduos. O número de cromossomos observado foi 2n=50, com a
seguinte fórmula cariotípica: 10M+20SM+8ST+12A, havendo variações do número diplóide de
48 a 50. A análise foi de 28 metáfases por indivíduo, em média. Houve diferenças na fórmula
cariotípica das populações estudadas, quando comparado com outros estudos realizados com a
mesma espécie. Isto é relativamente comum no gênero, no qual uma espécie apresenta
distintas fórmulas cariotípicas, bem como diferentes números diplóides.
Apoio financeiro: CNPq/CAPES/FAPEMIG
12
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
DIVERSIDADE DA FLORA DANINHA EM LAVOURAS CAFEEIRAS FERTIRRIGADAS DO ALTO
PARANAÍBA-MG.
Max Afonso Alves da Silva¹; Wellington Luiz de Almeida1; Jéssica Guimarães Ribeiro 1; Fernando
Couto Araújo1; Carlos Eduardo de Oliveira Magalhães1; Leonardo Guasti de Oliveira1; Cláudio
Pagotto Ronchi2.
1
2
Estudante de Agronomia, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa
Professor Adjunto, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
Palavras-chave: Coffea arabica,plantas daninhas, biodiversidade
O Café (Coffea arabica) é uma das principais culturas agrícolas do Brasil, ocupando lugar de
destaque na economia nacional, como um dos produtos agrícolas mais exportados. A
interferência das plantas daninhas no cafeeiro pode reduzir drasticamente a produção,
sobretudo pelos efeitos de competição por água, nutrientes, luz e CO2, e os efeitos alelopáticos.
A escolha do programa mais eficiente no manejo das plantas daninhas em lavouras cafeeiras,
com a indicação do(s) método(s) mais indicado(s), depende da identificação da biodiversidade
das espécies daninhas presentes nas áreas agrícolas. Objetivou-se identificar as principais
espécies daninhas que ocorrem em lavouras de café do Alto Paranaíba-MG, durante o período
de maior índice pluviométrico (setembro a abril). O experimento foi instalado na Fazenda
Transagro, município de Rio Paranaíba-MG, no delineamento em blocos casualizados, com
quatro tratamentos e oito repetições. A lavoura foi implantada em dezembro 2006, no
espaçamento 3,80 x 0,50 m. Foram feitas amostragens em quatro épocas (tratamentos),
durante o período de setembro(2008) a maio(2010): 25/10/08 (época 1), 24/12/08 (época 2),
13/03/09 (época 3) e 13/04/10 (época 4). As plantas daninhas foram coletadas aleatoriamente,
com um quadrado de ferro de 30 cm de lado (0,09 m 2), em oito pontos na lavoura, na
entrelinha, próximo à saia do cafeeiro, sendo separadas por espécies, identificadas e contadas.
Com os resultados obtidos foram calculados os seguintes parâmetros: Frequência (F), Densidade
(D), Abundância (A), Frequência Relativa (Fr,%), Densidade Relativa (Dr,%), Abundância Relativa
(Ar,%) e Índice de Valor de Importância (IVI,%). Foram encontrados um total de 26 espécies de
plantas daninhas nas quatro épocas de avaliação, sendo as principais espécies, de acordo com o
Índice de Valor de Importância, compostas por: Época 1: Bidens pilosa L. (61,30%), Eleusine
indica (L.) Gaerth (39,28%), Oxalis latifolia Kunth (32,57%) e Galinsoga parviflora Cav. (27,63%);
Época 2: Brachiaria plantaginea (link) Hitche (70,74%), Digitaria horizontalis Willd (40,38%),
Bidens pilosa L. (34,83%) e Amaranthus retroflexus L. (30,14%); Época 3: Leonurus sibiricus L.
(44,76%), Eleusine indica (L.) Gaerth (34,36%), Galinsoga parviflora Cav. (30,03%) e Sida
rhombifolia L. (28,36%); Época 4: Commelina benghalensis L. (64,08%), Oxalis latifolia Kunth
(49,98%), Lipidium Virginicum L. (38,15%) e Sida rhombifolia L. (34,90%). A flora infestante
apresentou grande variação durante o período experimental em função do manejo, e,
sobretudo devido à interação com os fatores edafoclimáticos, que provavelmente influenciaram
o potencial de competição intra e interespecífica da flora daninha durante o ano.
Apoio financeiro: CNPq/FUNARBIC/FAPEMIG
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Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
DIVERSIDADE DE ARTRÓPODES EM MONOCULTIVO DE PINHÃO MANSO.
Aislann de Oliveira Rosa1; Flávio Lemes Fernandes1; Elisângela Novais Lopes2,4; Luis Antônio dos
Santos Dias3; Madelaine Venzon2; Angelo Pallini4.
1
Departamento. de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa
Deptamento de Entomologia e Acarologia, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ/USP
3
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais- EPAMIG
4
Departamento de Biologia Animal, Entomologia - Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: tomate, mosca branca, Solanaceae, resistência, germoplasma
O Pinhão manso (Jatropha curcas L.), espécie nativa do Brasil, é considerado uma opção agrícola
para muitas regiões do mundo. Esta espécie possui alto conteúdo de óleo para biocombustível,
é tolerante a seca, com baixa exigência em nutrientes, alta adaptabilidade a diferentes tipos de
solo e emite baixos níveis de gases na atmosfera. Por esta razão, possui alto potencial para ser
cultivada em grande escala, em monocultivos no sistema convencional. Em monocultivos há
uma tendência de redução da diversidade de espécies uma vez que as aplicações de pesticidas e
a baixa diversidade de plantas favorecem tal fenômeno. Assim, este trabalho visa relacionar
algumas espécies pragas e inimigos naturais presentes nesta cultura. As coletas dos insetos
foram realizadas no ano de 2009, em um monocultivo de pinhão manso de 0,8 ha, com auxílio
de sugadores de mangueira e bandejas plásticas brancas os insetos eram coletados e
armazenados em álcool 70%. Posteriormente foram enviados a especialistas para identificação
das espécies. Os principais fitófagos encontrados foram: Diabrotica speciosa, Cerotoma arcuata,
Empoasca kraemeri, Myzus persicae e Frankliniella schultzei. Os principais predadores foram:
Araneidae, Camponotus spp., Chrysopa sp., Cycloneda sanguinea, Hippodamia spp., Psyllobora
vigintimaculata, Sciminus sp. e Syrphidae. Os principais parasitóides foram: Braconidae,
Encyrtidae e Eulophidae. Mais trabalhos com as interações entre estes organismos necessitam
ser realizados para estudos mais aprofundados das relações tróficas.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES
14
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ECOLOGIA E DIVERSIDADE DE PREDADORES E PARASITÓIDES EM FEIJOEIRO.
Flávia Maria Alves1; Flávio Lemes Fernandes1,2; Paulo Cézar de Queiroz1, Marcelo Coutinho
Picanço2; Leonardo Franco Bernardes1; Tarcísio Visintin da Silva Galdino2.
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa
Laboratório de Entomologia Agrícola, Instituto de Biociências, Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: inimigos naturais, competidores, biodiversidade, bioecologia
O feijoeiro é atacado por importantes insetos fitófagos. Seu controle é realizado com
inseticidas, que por sua vez encarece o cultivo, contamina o homem e o ambiente. Dessa forma,
o controle biológico torna-se essencial. Assim, objetivou-se por este trabalho avaliar o potencial
dos predadores e parasitóides para o controle biológico natural de insetos praga e as interações
ecológicas entre esses inimigos naturais e os fitófagos praga e não praga no feijoeiro. Aos 10,
20, 35, 50 e 60 dias após o plantio, avaliaram-se as densidades dos insetos fitófagos e inimigos
naturais, batendo-se os ponteiros das plantas de feijão em bandeja plástica. Os predadores mais
abundantes foram Solenopsis invicta, Araneae, Orius sp., Crematogaster sp., Anthicus spp.,
Franklinothrips sp. e Nabis sp. Os parasitóides mais abundantes foram Aphidius spp.,
Chrysocharis sp., Trissolcus spp., Telenomus spp., Trichogramma spp. As formigas decresceram
com a idade das plantas. A densidade de Araneae, A. spp. e O. sp. aumentaram no final do
cultivo; interações entre Empoasca kraemeri e Thrips tabaci com Araneae, A. spp., O. sp., F. sp.,
e Caliothrips brasiliensis com O. sp. e F. sp. apresentaram relação direta de crescimento.
Conclui-se então que os insetos fitófagos não pragas perfazem-se importantes presas e
hospedeiros necessários para manutenção da biodiversidade de predadores e parasitóides.
Além disso, a grande diversidade de inimigos naturais é de extrema importância para evitar que
ocorra erupção de pragas secundárias, ressurgência, aumentarem o nível de dano econômico e
potencial uso no controle biológico natural.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES
15
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ESTRUTURA POPULACIONAL DO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE Macrobrachium amazonicum
(Heller, 1862) (Crustácea: Decapoda: Palaemonidae), NO RESERVATÓRIO DO RIO GRANDE,
REGIÃO DE ÁGUA COMPRIDA-MG.
Julio Celio de Menezes Junior ¹; José Carlos da Silva ²; Daniela Valle Rezende ³.
[email protected]
Curso de Ciências Biológicas- Instituto de Ciências da Saúde, Centro Universitário do Planalto de
Araxá, Araxá, 2010.
Palavras- chave: Macrobrachium amazonicum, camarão de água doce, período reprodutivo.
O gênero Macrobrachium apresenta cerca de 120 espécies descritas, sendo que destas, 15
podem ser encontradas no território brasileiro, com distribuição na faixa tropical. O
Macrobrachium amazonicum é encontrado em rios, riachos e lagoas marginais com pouca
correnteza e pouca profundidade, em locais com vegetação como macrófitas, gramíneas,
troncos de árvores em decomposição. Os estudos mostram que a ocorrência do Macrobrachium
amazonicum pode ser distribuída por todo o território brasileiro, inclusive na América do Sul. A
presença desta espécie na Venezuela comprova sua amplitude de habitat. Conhecido
popularmente como Pitu, os camarões de água doce são capturados de modo artesanal por
populações ribeirinha, em vários pontos do território brasileiro, como nos açudes do nordeste
ou na maioria dos rios e riachos do Estado de São Paulo. Várias formas de ações antrópicas têm
sido intensificadas nos últimos anos, decorrentes da imprudência humana junto ao meio
ambiente. O estudo do camarão Macrobrachium amazonicum no Rio Grande será de suma
importância para o estudo reprodutivo desta espécie e através desses estudos sobre a biologia
comportamental destes animais podemos garantir a integridade e manutenção dos estoques
naturais permitindo a adequação tecnológica para utilização dos mesmos na aqüicultura,
principalmente como alimento vivo. Objetivou-se neste trabalho, conhecer a estrutura,
populacional do Macrobrachium amazonicum no Reservatório do Rio Grande, onde as coletas
foram realizadas no período de março/09 a julho/09, os camarões foram capturados as margens
do rio, no período noturno, com auxílio de uma peneira, com esforço de captura de duas
pessoas durante 20 minutos, após a coleta foi realizado a triagem, pesagem e
acondicionamento dos animais em álcool 70% até as analises em laboratório, onde foram
analisadas suas estruturas corpóreas (CT, CC e CPL) e o peso dos animais. Foram capturados
para M. amazonicum 610 indivíduos dos 350 eram fêmeas e 260 eram machos, havendo
presença de fêmeas ovígeras. Tendo como temperatura média da água diante desses cinco
meses de coleta 25,8º C. A análise estatística das amostras capturadas mostrou haver uma
diferença numérica expressiva com uma razão sexual de 0.72 machos: 1 fêmea entre as
populações. Machos de M. amazonicum apresentaram comprimento total (CT) de 6,4mm a
57,5mm, comprimento da carapaça (CC) de 2,1mm a 15,8mm, comprimento da pleura (CPL) de
1,1mm a 6,7mm, e seu peso (P) de 0,01g a 3,54g, as fêmeas apresentaram comprimento total
(CT) de 10,2mm a 51,1mm, comprimento da carapaça (CC) de 2,2mm a 14,2mm, comprimento
da pleura (CPL) de 1,2mm a 7,2mm, e seu peso (P) de 0,01g a 2,09grs. Importante ressaltar a
importância deste trabalho na região, para que no futuro possam ser desenvolvidos projetos de
cultivos sustentáveis e manejos ecológicos.
Apoio financeiro: PROBIC – UNIARAXÁ
16
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ESTUDO DE DINÂMICA DA POPULAÇÃO DE Xylopia aromatica (LAM.) MART. (ANNONACEAE)
EM UMA ÁREA DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL EM UBERLÂNDIA, MG.
Leila Rodrigues Carrijo1, Ana Carolina Ferreira Martins1, Ivan Schiavini2.
1
Graduandas do Curso de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Uberlândia
Docente do Instituto de Biologia – Universidade Federal de Uberlândia
2
Palavras chave: Xylopia aromatica, ecologia de populações, regeneração.
O Cerrado apresenta diversos tipos de formações vegetais, que vão desde formações
campestres até grandes formações florestais, tornando-se um dos mais ricos biomas brasileiros
em variedade de flora. Esta variação esta associada a vários fatores, entre eles a ocorrência de
formações florestais dependentes de cursos d’água e as que não estão relacionadas a este
recurso. Um exemplo deste último grupo é a floresta estacional semidecidual, que sofreu
grande perturbação antrópica ao longo dos anos, sendo reduzida a remanescentes esparsos,
por causa do rápido desenvolvimento econômico da agricultura e pecuária. Devido à
degradação destas áreas, que causou a perda da biodiversidade tanto faunística como florística,
estudos que visem a conservação e recuperação são essenciais para a manutenção das relações
ecológicas existentes neste tipo de formação. Nesse cenário, o estudo de dinâmica populacional
de uma espécie pode fornecer subsídios importantes para a análise do equilíbrio dinâmico de
componentes florestais, refletido nos processos de mortalidade, crescimento e regeneração
dentro da população; e são poucos os trabalhos realizados sobre dinâmica de populações nos
ecossistemas brasileiros. Sendo assim, buscou-se realizar o estudo de dinâmica da população de
Xylopia aromatica em um remanescente urbano de floresta estacional semidecidual na cidade
de Uberlândia, Minas Gerais. Este fragmento se encontra no Parque do Sabiá, que teve o
estrato regenerativo impactado por causa da limpeza do solo da mata, que era feita até o ano
de 1997 e hoje se encontra em fase de regeneração. O Parque é considerado uma das poucas
áreas públicas destinadas ao lazer no município de Uberlândia, mas também se caracteriza por
ser uma importante área de preservação ambiental na cidade. A espécie em questão pertence à
família Annonaceae, é pioneira, geralmente ocorre em áreas perturbadas como beiras de
estradas e clareiras, a dispersão das sementes é feita por pássaros e a polinização ocorre
principalmente por besouro. No Parque é possível encontrar Xylopia aromatica tanto na floresta
estacional semidecidual como nas áreas de cerradão. A coleta de dados para o estudo de
dinâmica foi realizada nos anos de 2008 e 2009, em 20 parcelas de 100 m 2, onde todos os
indivíduos com diâmetro inferior a 15 cm tiveram sua altura e diâmetro aferidos. Foram
marcados 111 indivíduos em 2008, e 92 em 2009, sendo que não houve recrutamento e o
número de mortos foi de 19 indivíduos no período, com uma taxa de mortalidade de 17,1%. De
acordo com o coeficiente de dispersão os indivíduos encontram-se distribuídos de forma
agrupada. E a taxa de mortalidade foi maior nos indivíduos jovens. Apesar de não ter ocorrido
recrutamento, não se pode concluir que esta população está em declínio, pois o tempo de
acompanhamento de um ano não é suficiente para diagnosticar um declínio constante para a
população da espécie na área de estudo.
17
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ESTUDO PRELIMINAR DE CARACTERIZAÇÃO DE BIOINDICADORES VEGETAIS (FAMÍLIA
POACEAE) E NÍVEL DE DEGRADAÇÃO NAS MARGENS DO CÓRREGO PIMENTAS, MUNICÍPIO DE
MATUTINA-MG.
Vinícius Londe1; José Carlos da Silva1.
1
Curso de Ciências Biológicas - Centro Universitário do Planalto de Araxá - UNIARAXÁ
[email protected]
Palavras-chave: mata ciliar, degradação ambiental, bioindicadores, gramíneas.
As matas ciliares são formações vegetais do tipo florestal que ocorrem ao longo das margens
dos cursos d’água podendo se estender por dezenas de metros de largura. São muito
importantes, pois protegem os recursos hídricos, mantém a qualidade da água, atuam como
filtro natural de contaminantes, controlam os processos de erosão e assoreamento nos leitos,
além de atuarem na manutenção do ciclo hidrológico. Mas embora de grande importância, elas
têm sido alvo de diversos impactos antrópicos, estando hoje reduzidas a poucos fragmentos. Os
bioindicadores são organismos cuja presença, abundância e condições são indicativos biológicos
de determinada condição ambiental, expressam sintomas particulares ou respostas que indicam
mudanças no ambiente. Assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar espécies de gramíneas
como bioindicadores de degradação de mata ciliar do córrego Pimentas, município de MatutinaMG. Em um trecho de 2400 m2 no leito do córrego foram definidas duas áreas; Área AB e Área
CD, cada uma com 200 metros de comprimento em cada margem, subdivididos em 20
quadrantes de 10 metros cada. A largura delimitada foi de 3 metros em cada margem, também
subdividida em três menores de um metro cada, utilizada para constatar se as espécies de
gramíneas ocupariam distâncias distintas do córrego. A Área AB - margem esquerda, onde se
localiza um fragmento de mata ciliar preservada, foi tida como Local Referência para a
comparação de dados. As principais espécies de gramíneas encontradas foram Pennisetum
purpureum em 56,6% das áreas degradadas, Urochloa mutica (33,3%), Paspalum notatum
(30%), Brachiaria decumbens (23,3%) e Andropogon bicornis (5%). Quanto à localização, em
geral, as espécies estão em maior abundância à distância de 0 a 1 metro na encosta (37,3%).
Entretanto, quando se considera apenas a Área AB margem direita, com resquícios de mata na
encosta, há um distanciamento destes vegetais com maior concentração a 3 metros do córrego.
A concentração e o número de espécies de gramíneas são maiores onde há ausência de mata
ciliar. Os principais tipos de ação antrópica no local são o desmatamento para a formação de
pastagens (90%) e o acúmulo de lixo (38,3%). Pontos de assoreamento compreendem 15% nas
áreas degradadas, erosão 8,3% e vegetação exótica, entendida como gramíneas que crescem
dentro do rio, 6,7%. Não houve percepção de assoreamento, erosão e vegetação exótica no
Local Referência. A constatação de maior porcentagem de gramíneas na encosta do córrego,
nas áreas degradadas, comprova que o desmatamento proporciona condições ao crescimento
destas plantas, e que em ambientes perturbados estes vegetais mostram o nível de danos e
invasão, podendo ser, portanto, considerados bioindicadores de degradação. Estes não devem
ser vistos negativamente, mas como fatores de entendimento da ação antrópica e do nível de
degradação de uma área, fornecendo subsídios para seu manejo e recuperação.
18
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
FONTES DE VARIABILIDADE GENÉTICA RESISTENTE A HERBÍVORO MINADOR EM TOMATEIRO
Solanum sp.
Francisco Pinheiro Vieira1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Derly José Henriques da Silva3;
Marcelo Coutinho Picanço4; Flávio Lemes Fernandes1; George Gonçalves Resende Ferreira3;
Dário H.B. Oliveira1.
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa
3
Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa
4
Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade
Federal de Viçosa - [email protected]
2
Palavras-chave: resistência, germoplasma, tomate, mosca minadora
A variabilidade de determinadas espécies pode ser encontrada em unidades conservadoras,
denominadas Bancos de Germoplasmas. A Universidade Federal de Viçosa tem o Banco de
Germoplasma de Hortaliças que possui cerca de 6560 subamostras sendo 2900 pertencentes à
família Solanaceae. Dentre essas subamostras temos o tomateiro, onde se têm realizado
estudos na área de caracterização agronômica e resistência a doenças e pragas. Dentre as
pragas a mosca minadora Liriomyza trifolii (Diptera: Agromyzidae) constitui praga importante
dessa cultura. Os danos causados pelas larvas consistem na abertura de galerias serpenteadas
entre a epiderme superior e inferior das folhas, formando lesões esbranquiçadas, podendo
penetrar nas nervuras. Esses danos levam a uma redução significativa da área fotossintética,
murcha e queda prematura das folhas. O controle químico desse artrópode-praga é o principal
método de manejo empregado. Em programas de melhoramento de plantas é necessário que se
busquem fontes de resistência. Estas fontes de resistência estão presentes principalmente em
bancos de germoplasma. No processo de obtenção de variedades resistentes às pragas também
é de fundamental importância o conhecimento dos mecanismos e das causas da resistência. São
três os mecanismos que podem estar envolvidos na resistência de Solanum spp. aos artrópodes
praga: antixenose, antibiose e tolerância. Já as causas podem ser morfológicas, químicas e/ou
físicas. Assim o objetivo deste trabalho foi selecionar fontes de resistência a L. trifolii dentre 43
subamostras de tomateiro do Banco de Germoplasma de Hortaliças da Universidade Federal de
Viçosa. Para a avaliação da resistência foram estudadas 42 subamostras, além da cultivar Santa
Clara que foi utilizada como padrão de suscetibilidade. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado com três repetições. Para instalação do experimento foram liberados
na parte central da casa de vegetação cerca de 300 adultos de mosca minadora provenientes da
criação. As características avaliadas foram os números de folíolos minados/planta, minas/planta
e contagem do número de tricomas/0,04 cm2 de limbo foliar. Os dados de número de folíolos
minados, número de minas por planta e densidade de tricomas foram submetidos à análise de
variância e suas médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a p<0,05. Detectaram-se
diferenças significativas no número de folíolos minados, minas de L. trifolii e número de
tricomas. As subamostras BGHs-216, 813, 985, 987, 991, 992, 993, 1532, 1989, 1991, 2048,
2055, 2057, 2064, 2068, 2073, 2075, 2089, 2096 e 2097 foram selecionadas como fontes de
resistência L. trifolii. O mecanismo de resistência associado a essas subamostras foi a
antixenose. Além disso, a baixa densidade de tricomas pode ser uma das possíveis causas da
resistência à praga, o que pode ser de grande importância em programas de melhoramento,
uma vez auxiliam no estudo da resistência do tomateiro a L. trifolii.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES
19
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
IDENTIFICAÇÃO DE CONSTITUINTES QUÍMICOS EM DIFERENTES CULTIVARES DE CAFÉ:
INFORMAÇÃO IMPORTANTE NAS INTERAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE INSETO E PLANTA.
Luiz Otávio Duarte Silva1; Flávio Lemes Fernandes1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo
Coutinho Picanço3; Ricardo Siqueira da Silva2; Renan Batista Queiroz2.
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa
3
Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade
Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: pragas, cafeeiro, química ecológica, deterrentes
Todos os organismos ou conjunto de organismos (populações) que compartilham de um mesmo
local, no tempo e no espaço, estão sujeitos a interagirem entre si. Esta interação pode ocorrer
caso eles tenham recursos (comida, bebida, etc) ou condições (clima, inimigos naturais, etc) em
comum ou quando um é o recurso ou condição do outro. Se existe interação, esta pode ser
determinada em função do benefício (positivo ou negativo) que cada um tira desta interação.
Sendo assim podemos colocar em um gráfico as interações possíveis. Entre insetos e plantas são
possíveis todas estas interações, pelo menos em teoria, isto porque competição entre insetos e
plantas, apesar de teoricamente possível, é muito pouco provável de ser encontrada na
natureza. Tendo em vista as interações entre organismos e plantas, plantas podem produzir
compostos de repelência, atração, deterrência, supressão. As folhas e os frutos do cafeeiro
possuem vários compostos secundários diferentes. Esta miríade química pode ter importante
papel na suscetibilidade dos cafeeiros a insetos-praga. Assim este trabalho tem por objetivo
qualificar e identificar os compostos químicos presentes em folhas e frutos e em diferentes
cultivares de café e relacionar estes compostos com possíveis estudos em interações entre
inseto-planta. As amostras de café Coffea arabica (variedade catuaí amarelo e vermelho) foram
colhidas no estágio de maturação verde e cereja (maduro), e obtidos em uma lavoura de 50 ha
em Viçosa-MG. Já as folhas foram coletadas de plantas de café (catuaí vermelho) C. arabica em
fase de formação no ano de 2006 em Viçosa-MG. Foram amostradas 6 amostras compostas em
uma área de 30 ha. Utilizou-se para a identificação dos frutos cromatógrafo (CG-EM) e para a
qualificação e identificação das dos compostos nas folhas HPLC. Vários compostos foram
identificados nas diferentes variedades de café. Além disso, foi detectado uma série de
compostos químicos voláteis nos frutos do cafeeiro. Sendo que os frutos cereja do catuaí
amarelo encontrou-se maior número de picos. Nas folhas encontrou-se compostos deterrentes
para insetos.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES/PNP&D-CAFÉ
20
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
IMPACTO DE ORGANOFOSFORADO NA BIODIVERSIDADE DE PREDADORES EM CAFÉ Coffea
arabica.
Ramiro Teodoro Ferreira¹; Flávio Lemes Fernandes1,2; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo
Coutinho Picanço2; Ricardo Siqueira da Silva2; Renan Batista Queiroz2.
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa
Laboratório de Entomologia Agrícola, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal
de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: Vespidae, inseticidas, predadores, inimigos naturais
As vespas predadoras são importantes agentes de controle natural da praga do café Leucoptera
coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae), pois observa-se predação de 90% das lagartas desta praga.
Atualmente, os inseticidas organofosforados são os mais utilizados para controlar pragas em
café. No entanto, o seu uso intenso tem causado impacto negativo ao homem, ao ambiente e
reduzindo a biodiversidade de vespas predadoras nesta cultura. Apesar da importância de L.
coffeella e do potencial do controle biológico pelas vespas predadoras, existem poucos
trabalhos testando o impacto destes inseticidas a estas vespas em campo. Assim, objetivou-se
avaliar o impacto do inseticida organofosforado na biodiversidade de vespas predadoras no
cafeeiro. O trabalho foi realizado em Viçosa, entre maio e outubro de 2007. O experimento foi
instalado em um talhão com 5.000 plantas de café cultivar “Catuaí amarelo”. A área
experimental foi divida em duas áreas, ao qual recebeu os 2 tratamentos: área 1 (com
inseticida) e área 2 (sem inseticida). Para simular o efeito real no campo, utilizou-se o inseticida
Clorpirifós Fersol 480 EC na dose recomendada de 1,5 L/ha. Foi realizada uma aplicação do
inseticida no mês de agosto. Em cada tratamento marcou-se o total de 650 folhas no terço
mediano das plantas de café. Cada repetição foi constituída por 130 folhas. Inicialmente, as
folhas marcadas apresentavam minas ativas (com lagartas vivas). Semanalmente, foi realizado o
monitoramento das vespas. Para a coletar foram realizados caminhamentos em zigzag, com
paradas a cada 20 metros para observação. As observações foram realizadas nos horários mais
quentes, horário de maior movimentação das vespas. Os adultos de vespas encontrados no
cafeeiro foram coletados, armazenados em álcool (70%) e identificados no museu de insetos da
UFV. Durante o período experimental (antes e depois da aplicação do inseticida), monitorou-se
semanalmente a predação das vespas predadoras sobre essa praga. Os resultados foram
corrigidos em relação à mortalidade ocorrida na testemunha. Os resultados foram
transformados em arco seno (x/100)0,5 para realização de análise de variância e comparação
das médias pelo teste agrupamento de médias de Scott-Knott a 5% de significância. As espécies
e frequências de vespas predadoras encontradas foram: Protonectarina sylveirae (71,50%),
Brachigastra lecheguana (12,00%), Polybia sp. (7,00%) e Polistes versicolor (1,00%). Essas
espécies encontradas já foram apontadas por vários autores como as espécies predadoras de L.
coffeella mais importantes em cafeeiros. Detectou-se diferenças significativas entre o inseticida
e o contro na predação por Vespidae (F = 40.65, df = 2,58, P < 0.001). Além disso, houve
diferença significativa nas densidades de Vespidae predadores (F = 33,11, df = 5,53, P < 0,001)
ao longo do tempo. Estes resultados demonstram impacto de toxicidade à vespas predadoras,
contribuindo para redução da biodiversidade destes predadores.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/PNP&D-CAFÉ
21
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ÍNDICE DE APREENSÕES, SOLTURAS E ÓBITOS DO PÁSSARO Saltator similis (Trinca-ferroverdadeiro) NO CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES CETAS/IBAMA DE MONTES
CLAROS – MG REGISTRADOS DURANTE OS PERÍODOS DE JANEIRO DE 2008 A DEZEMBRO DE
2009.
Otávio Maquei de Oliveira Monção¹; Edson Lima Brito; João Cássio Lôpo Lopes.
Graduandos em Biologia. Faculdade de Saúde Ibituruna; Av: Nice, nº 99, Ibituruna, 39400-000,
Montes Claros – MG. E-mail: [email protected] ¹;
Palavras-chave: Saltator similis, CETAS/IBAMA, Bioma Cerrado e Caatinga e Comércio ilegal
Saltator similis é uma ave arborícola, de tamanho de 20 cm, é muito conhecida e valorizada,
possui uma dieta a base de insetos e frutos, bicos fortes e adaptados ao consumo de sementes
duras e possui uma calda avantajada. O S. similis pertence à ordem dos passeriformes,
atualmente é representante da família Cardinalidae, conhecido como Trinca-ferro-verdadeiro
ele também e encontrado no bioma Cerrado e no bioma Caatinga. O Brasil é um país que possui
uma das maiores riquezas em avifauna do planeta, o que torna o país um dos maiores e
importante em megadiversidade, ocupando hoje a segunda colocação em números de espécies
de aves do mundo. O país vem sofrendo forte pressão do tráfico de animais silvestres, sendo
esta a terceira atividade ilegal que mais movimenta dinheiro no mundo, perdendo apenas para
o tráfico de drogas e de armas. O trabalho de resgate e apreensão de animais silvestres pela
polícia ambiental e pelos fiscais do IBAMA do Norte de Minas Gerais são encaminhados para o
Centro de Triagem de Animais Silvestre (CETAS) de Montes Claros. Portanto, o presente
trabalho teve como objetivo analisar o índice de apreensões, solturas e óbitos do pássaro S.
similis no CETAS de Montes Claros. Foram feitas visitas mensais durante os anos de 2008 e
2009, no CETAS, sendo coletados dados das fichas que continham informações da ave estudada.
Foram separados os números de boletins de ocorrências e de fichas de doações espontâneas do
pássaro. Em seguida foram determinadas as médias dos termos de apreensões, solturas e
óbitos pelo teste de análise quantitativa através do programa Bioestat 5.0. Em um período de
dois anos, um total de 509 espécimes foram apreendidas ou coletadas pelos policiais e fiscais do
IBMA. Deste total 207 espécimes (40,66%) corresponderam ao ano de 2008 e 302 (59,33%) ao
ano de 2009. Já para as comparações das médias gerais analisadas pelo Bioestat, no ano de
2008 as apreensões foram de (M(geral) =17,25) e 2009 foram de (M(geral) =25,16), as solturas
em 2008 foram de (M(soltura) = 14,08) e 2009 de (M(soltura) = 18,17), já para os óbitos em
2008 a média foi de (M(óbito) = 3,17) e 2009 foi de (M(óbito) =7,00). Os resultados mostraram
que houve sim um aumento nos três termos analisados, aparentemente aumentou no ano de
2009 comparativamente ao ano de 2008. Esse aumento, no entanto, pode representar não
apenas um incremento no número de animais traficados como também pode ser atribuído a
uma intensa atividade de fiscalização no ano de 2009. Portanto, se o comércio ilegal continuar
dessa forma desenfreada, certamente diversas espécies de aves irão configurar na lista de
animais extintos na natureza, fazendo companhia a já extinta da natureza a Ararinha-azul,
Cyanopsitta spixii.
22
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
INFLUÊNCIA DO USO DO SOLO NA QUANTIDADE E ATIVIDADE MICROBIANA SOB CULTIVO
COM CEBOLA COMPARADO COM MATA NATIVA DE CERRADO.
Diego Tolentino de Lima1; André Santana Andrade1; Fernando Couto de Araújo1; Fábio Martins
Campos2; Marlon Correa Pereira3; Carlos Eduardo Magalhães dos Santos3.
1
Graduando em Agronomia, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
Técnico de laboratório de Química e Biologia, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de
Viçosa
3
Professor Adjunto, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: cultivo de cebola, cerrado, bactéria, fungo, respiração basal
O preparo e uso do solo têm demonstrado influência sobre a microbiota por alterar condições
dos fatores abióticos do meio, como temperatura, umidade e aeração; contato entre resíduos
orgânicos e o solo; e distribuição e quantidade dos nutrientes. Objetivou-se neste trabalho
verificar, de forma geral, a interferência do cultivo intensivo de cebola sobre os
microorganismos do solo. A avaliação na cebola foi iniciada no 61° dia do ciclo da cultura, em
sistema com preparo convencional, utilizando canteiros e irrigação, correção de acidez e
adubação pesada; o controle de pragas e doenças foi intensivo, realizando manejo integrado. Já
no cerrado a avaliação foi realizada no interior da mata nativa. Ambos os ambientes, em áreas
bem próximas, têm o solo classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo. A atividade
microbiana foi estimada por um sistema de respiração basal, que mede a quantidade de CO 2
que é liberado em determinada área na superfície do solo isolada por um recipiente. O CO2
apreendido é retido pela solução de NaOH mol.L-1 dentro do sistema e é quantificado por
titulação com HCl 0,25 mol.L-1. No caso da cebola foi instalado entre as plantas na linha do
canteiro, e no cerrado em pontos no interior da mata, ambos em três repetições, as avaliações
foram realizadas 27, 49, 72 e 89 horas após a instalação. A respiração na cebola foi
praticamente o dobro da verificada no cerrado (teste t; P<0,05). Foram coletadas amostras
compostas de cinco amostras simples na camada de 0 a 7 cm do solo, sendo uma composta
representativa para cada repetição, das quais foi retirado 1 g para diluição e plaqueamento em
ambiente controlado e meios seletivos, agar nutriente para bactéria e BDA com amoxilina para
fungos, a contagem das unidades formadoras de colônia das bactérias foi realizada 22 e fungos
42 horas após a incubação. Observou-se que o número de bactéria total nos dois ambientes não
apresentou diferenças significativas (teste t; P>0,05), já fungo total foi cerca de 5 vezes maior no
cerrado do que na cebola (teste t; P<0,05). Apesar da umidade elevada e grande disponibilidade
de nutrientes na cebola, que propiciam maior atividade e multiplicação dos microorganismos,
foi encontrado menor número destes, especialmente fungos, fato provavelmente atribuído à
intensa aplicação de defensivos, principalmente fungicidas. E segundo a literatura, uma maior
biomassa microbiana com menor respiração, como no cerrado, indica economia energética e,
supostamente, reflete um ambiente mais estável ou mais próximo do estado de equilíbrio.
Valores elevados na respiração para uma menor biomassa microbiana, como na cebola, indicam
ecossistemas submetidos a condições de estresse ou de distúrbio. Portanto, o cultivo intensivo
de cebola aumenta a atividade microbiana como um todo, não interferindo na quantidade total
de bactérias, porém reduz significativamente a população de fungos.
Apoio financeiro: Universidade Federal de Viçosa - Campus Rio Paranaíba
23
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
INSETOS BIOINDICADORES DE CONTAMINAÇÃO POR INSETICIDAS EM TOMATEIRO Solanum
sp.
Juno Ferreira Silva Diniz¹; Flávio Lemes Fernandes1,2; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo
Coutinho Picanço2; Ricardo Siqueira da Silva2; Renan Batista Queiroz2
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa
Laboratório de Entomologia Agrícola, Departamento de biologia animal, Universidade Federal
de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: eficácia, seletividade, mosca branca, ácaro vermelho, predadores.
A cultura do tomate é uma das culturas que mais recebe a aplicação de inseticidas. Estima-se 36
aplicações inseticidas ao longo do período de cultivo. Estes inseticidas são importantes agentes
de redução da biodiversidade. Dentre os organismos bioindicadores de alteração no hábitat de
vida dos organismos se encontram os predadores. Na cultura do tomateiro os principais Dentre
os inimigos naturais, tem-se o predador Orius insidiosus (Hemiptera: Anthocoridae), Cycloneda
sanguinea (Linnaeus) (Coleoptera: Coccinellidae) e Chauliognathus flavipes (Coleoptera:
Cantharidae) se alimentam dessas pragas no tomateiro. Assim, objetivou-se avaliar o potencial
bioindicador de espécies predadoras de pragas no tomateiro. Uma das metodologias utilizadas
para avaliar o sucesso de um organismo como bioindicador é o uso dos níveis de seletividade
dos pesticidas. Os inseticidas utilizados foram os mais utilizados no controle das principais
pragas do tomateiro. Os tratamentos de toxicidade foram: T1: testemunha, T2: clorpirifós
(Pitcher) 450 CE (1,25 L/ha), T3: tiametoxam 100 WG (Actara) (1,00 L/ha), T4: teflubenzuron
(Nomolt) 150 SC (0,025 L/ha). Adultos de O. insidiosus, C. sanguinea e C. flavipes foram
capturados em cultivos de citros (Citrus sinensis) e milho (Zea mays) na estação experimental da
UFV, com aspirador de captura. Todos os espécimes de insetos foram estocados em frascos de 4
mL com álcool 70% e enviados a taxonomistas para a identificação. Da mesma forma, foram
aplicados aos inimigos naturais os mesmos tratamentos em DIC no esquema (4 tratamentos x 6
repetições x 3 espécies de predadores). A escolha dos inseticidas foi feita de forma a cobrir os
produtos registrados para o controle de mosca branca B. tabaci em tomateiro no Brasil e que
tem sido usado para controle de ácaro vermelho. Utilizou-se o espalhante adesivo N-dodecil
benzeno sulfonato de sódio 320 CE, na concentração de 30 mL/100 L de calda, em todos os
tratamentos. Na testemunha foi usada somente água e espalhante adesivo. As avaliações da
mortalidade dos insetos forma realizadas até 35 dias após a aplicação. Teflubenzuron foi
seletivo a C. sanguinea e C. flavipes. Já tiametoxam não foi seletivo a estes dois predadores.
Clorpirifós não foi seletivo a C. flavipes. Nenhum dos inseticidas foi seletivo a O. insidiosus.
Todos os inseticidas foram seletivos ou medianamente seletivos a partir do 21º dia após a
aplicação. A variabilidade nos diferentes níveis de seletividade mostra que as três espécies
predadoras apresentam diferentes níveis de sensibilidades aos vários tipos de produtos. Assim,
conclui-se que C. sanguinea, C. flavipes e O. insidiosus podem ser usados como importantes
bioindicadores de diversidade na cultura do tomateiro.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES
24
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
INTERAÇÃO QUÍMICA ENTRE PLANTAS DE CAFÉ Coffea arabica, PRAGA E DIVERSIDADE DE
PREDADORES.
Ana Cecília Gomes Luiz¹; Flávio Lemes Fernandes1,2; Marcelo Coutinho Picanço2; Rodrigo Soares
Ramos2; Rogério Machado Pereira2; Silvério de Oliveira Campos2.
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa
Laboratório de Entomologia Agrícola, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal
de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: biodiversidade, herbívoros, ecologia química, cafeína
Compostos secundários presentes nas folhas de plantas podem constituir importante fator a
influenciar a diversidade de insetos que usufruem deste nicho como forma de alimentação. As
folhas do cafeeiro possuem compostos como fenóis, terpenóides, flavonóides, alcalóides
(cafeína), aldeídos, hidrocarbonetos, ácidos clorogênicos, ácidos neoclorogênicos, ésteres,
cetonas, pirazinas e cumarinas os quais podem ter importante papel na suscetibilidade dos
cafeeiros aos insetos que dele se alimentam. Estudos têm sido realizados visando a identificação
de compostos químicos presentes no cafeeiro. Esses estudos tem sido feitos no sentido de
relacionar compostos químicos do cafeeiro com a resistência da planta à doenças ou visando a
melhoria da qualidade da bebida do café. Estudos que relacionem os compostos químicos do
cafeeiro com a diversidade de insetos pragas são incipientes. Tendo em vista a cochonilha verde
do cafeeiro Coccus viridis (Hemiptera: Coccidae) como importante fitófago nesta cultura, este
trabalho teve como objetivo identificar as principais substâncias químicas na cultura do café que
reduzem a diversidade de seus inimigos naturais. Este trabalho foi realizado em 2007 em café
Coffea arabica L. variedade Catuaí vermelho no campus da Universidade Federal de Viçosa,
Minas Gerais. Durante o período experimental, monitorou-se semanalmente a diversidade de
espécies de inimigos naturais, a densidade de ataque de C. viridis às folhas do cafeeiro, as taxas
de predação e as concentrações de fitoquímicos nas folhas das plantas. As folhas coletadas no
campo, levadas ao laboratório de MIP para extração química. Após extração, um grama de cada
material foi colocado separadamente em um erlemeyer de 125 mL de capacidade com três
repetições totalizando 18 erlemeyers com um grama cada. Para extração dos constituintes
químicos das folhas, cada erlemeyer recebeu 60 mL do solvente metanol e foi mantido em
banho-maria por quatro horas a 45 oC. O extrato obtido foi concentrado em evaporador rotativo
e armazenado em congelador à temperatura de -18 oC para posteriores análises
cromatográficas. As análises cromatográficas foram realizadas por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE), para identificação e quantificação dos compostos químicos presentes nessas
amostras de acordo com a comparação feita com padrões de cafeína, xantina, 3-metilxantina, 7metilxantina, ácido clorogênico, ácido cafeico, teofilina, teobromina, ácido alantóico e
alantoína. Verificou-se que os fitoquímicos cafeína, ácido clorogênico e ácido cafeico foram os
principais compostos químicos identificados nas folhas do cafeeiro. Correlações negativas foram
observadas entre a cafeína com as ninfas da cochonilha verde C. viridis (r=-0,68; p<0,001), além
disso, as avaliações no campo mostraram correlação positiva entre C. viridis e as densidades de
predadores (r=0,51; p<0,001). Assim, pode-se inferir que altas concentrações de cafeína na
folha podem reduzir a densidade de C. viridis e reduzir a quantidade de alimento para seus
predadores.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES/PNP&D-CAFÉ
25
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
INVENTÁRIO FLORÍSTICO DO PERÍMETRO URBANO DE SANTO ANTÔNIO DO MONTE, MINAS
GERAIS, BRASIL.
Guilherme Henrique Rodrigues Rocha¹,²; Heide Maria Rodrigues Rocha-Perdigão2.
1
Pós-graduando em Gestão Ambiental – Universidade Federal de Lavras
Pesquisador e Consultor [email protected]/[email protected]
2
Palavras-chave: Inventário florestal, arborização urbana, educação ambiental.
A preservação da paisagem nativa é um fator determinante para a conservação de espécies
vegetais e animais. A expansão urbana desordenada gera profundas transformações nas
características florestais nativas; sendo necessário realizar estudos que visem conhecer quais as
consequências desta transformação para que, os resultados possam ser utilizados em projetos
de recuperação, manejo e educação ambiental. O município de Santo Antônio do Monte está
inserido em uma região predominantemente de Cerrado, com variações na sua fitofisionomia. A
ampliação das áreas habitadas tem provocado alterações na paisagem natural, ainda existente
no perímetro urbano; onde são encontradas áreas remanescentes com essências arbustivas e
subarbustivas do Cerrado. Com o intuito de avaliar o estado de conservação destes
remanescentes e inventariar os indivíduos isolados, está sendo realizado o presente trabalho;
que objetiva fornecer subsídios para a conservação das áreas ainda preservadas e fornecer
informações para que trabalhos de educação ambiental sejam realizados posteriormente. O
inventário botânico será realizado após levantamento prévio das áreas a serem inventariadas
no município. Este levantamento permitiu realizar um zoneamento do município, que foi
dividido em cinco grandes áreas e pré listados os indivíduos isolados, que estão inseridos em
canteiros, praças, passeios e lotes sem edificação. No inventário serão selecionados exemplares
arbóreos e subarbustivos adultos, sem haver critério de seleção específica por se tratar de um
levantamento com objetivos de determinar a diversidade e conservação. O reconhecimento
inicial das áreas de estudo permitiu constatar a presença de essências nativas do Cerrado, no
entanto, esses remanescentes apresentam traços de profunda degradação, o que não
possibilita a interação entre os indivíduos dessas micro populações, diminuindo assim, a
variabilidade genética e deixando a população susceptível a pressões seletivas diversas. A partir
do inventário florístico das áreas pré listadas será possível propor ações para aumentar a
variabilidade genética das micro populações, por meio da introdução de novos indivíduos e
possibilidade de conexão entre os fragmentos próximos através da criação de parques
municipais, reconstituindo essas áreas e tornando-as ecologicamente dinâmicas e auto
sustentáveis.
26
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
LEVANTAMENTO DA ENTOMOFAUNA DE IMPORTÂNCIA FORENSE NA REGIÃO DO ALTO
PARANAÍBA.
Calil Gibran Iraiore Carvalho1; Olavo Godoi Landgraf1; Rodrigo Ferreira Krüger2; Rubens Pazza1.
1
Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Universidade Federal de Viçosa, Campus de Rio
Paranaíba.
2
Departamento de Microbiologia e Parasitologia Universidade Federal de Pelotas.
Palavras-chave: Biodiversidade, Entomofauna, Entomologia Forense, IPM.
A entomologia é a ciência que se preocupa em estudar os insetos e a sua interação com o meio.
A entomologia forense é uma ciência aplicada em resoluções de crimes, como maus tratos,
tráfico de entorpecente e assassinato, este ramo da entomologia, que se ocupa com a
criminalística, baseia-se na atividade biológica e taxonomia dos insetos para a determinação de
parâmetros que auxiliam a perícia criminal. Dados como o tipo de inseto, estágio de
desenvolvimento do inseto, tal como o padrão de sucessão de espécies na carcaça constitui
uma ferramenta pericial. Com base em dados entomológicos coletado no cadáver são possíveis
estimar a data do óbito pela estimativa do intervalo pós-mortem (IPM), tipo de morte e local da
morte. Intrinsecamente cada região possui sua entomofauna. Todavia, algumas espécies
brasileiras não ocorrem em países de clima temperado, e o contrário é verdadeiro, de modo
que para entomologia forense cada região precisa ser estudada tendo em vista que existem
diferenças quanto à cronologia de putrefação do cadáver e consequentemente a sucessão de
táxons colonizando este recurso. O conhecimento da biodiversidade de espécies necrófagas
constitui a consolidação de um modelo brasileiro para estimativa de IPM. O objetivo deste
trabalho foi fazer um levantamento da entomofauna necrófaga com importância forense, na
região do Alto Paranaíba, visando a conservação destas espécies para a solidificação da
entomologia forense na região. Para conhecer as espécies foram escolhidas áreas com
vegetação diferentes, duas áreas tipicamente de cerrado e um pomar. Em cada área foram
instaladas oito armadilhas contendo um cadáver cada uma. Foram utilizados 24 porcodomésticos natimortos no total, com massa corpórea entre 2,5 e 3,5 Kg. As carcaças distribuídas
em três parcelas (áreas) foram observadas em intervalos de 24 horas, sempre por volta das 8h
da manhã. Três armadilhas, diariamente, uma de cada parcela, foi retirada de sua respectiva
área e conduzida ao laboratório. Em laboratório foram retirados os adultos capturados
(visitantes ou necrófagos) e o solo colocado no interior da armadilha para a captura de insetos
necrófagos de solo foi removida e triada. Os adultos coletados na armadilha foram sacrificados
com acetato de etila. Foram identificadas 18 espécies necrófagas e 56 espécies de visitantes. Na
região do Alto Paranaíba é possível observar uma grande diversidade de insetos necrófagos,
abrindo margem para pesquisas mais avançadas em entomologia forense.
Apoio financeiro: CNPq / FUNARBE
27
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE CARMO DO
PARANAÍBA-MG.
Gabriella Dayer Oliveira Pessoa1, Luciano Bueno dos Reis2
1
Discente do Curso de Agronomia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
Docente, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: etnobotânica; Cerrado; saber popular.
A utilização das plantas medicinais é um hábito bastante difundido. A eficácia dessas plantas
vem sendo demonstradas por inúmeros trabalhos científicos e o seu uso tem sido incentivado
por políticas governamentais. Diversos estudos envolvendo etnobotânica e plantas medicinais
vem sendo realizados no Brasil, contudo, há carência desses trabalhos no domínio do cerrado, o
qual é um dos hot spots de biodiversidade do planeta. Assim como a conservação das espécies
do Cerrado, a preservação do saber popular relacionado à utilização medicinal das plantas desse
bioma também deve ser uma preocupação da comunidade científica. Neste sentido, o presente
trabalho tem por objetivo o resgate do “saber popular” sobre plantas medicinais, buscando
identificar na comunidade pessoas com reconhecido saber prático sobre o assunto. O trabalho
vem sendo realizado na cidade de Carmo do Paranaíba (MG), localizada na região do Alto
Paranaíba, no bioma Cerrado. A partir de entrevistas informais foram identificadas duas pessoas
cujo conhecimento prático é reconhecido na comunidade. Foi feito o contato com essas pessoas
e, até o momento, uma delas foi entrevistada. A entrevista semi-estruturada foi realizada no
sentido de obter informações sobre a forma de obtenção das plantas mais comumente
utilizadas, bem como o uso e forma de utilização das mesmas, se há alguma noção de
conservação e cuidado com o meio ambiente, e as espécies que não são mais encontradas ou
estão se tornando de difícil obtenção. O entrevistado obtém muitas das plantas em áreas de
Cerrado, na periferia da cidade. Ele nos conduziu em uma coleta em uma dessas áreas. No local
foram coletadas 11 plantas de um total de 24 plantas diferentes identificadas por ele no local.
Nas entrevistas ele citou um total de 40 plantas diferentes, com diversos usos. Para metade
dessas plantas, a parte utilizada é a raiz. Tal dado é relevante, visto que a coleta das raízes em
geral leva à morte da planta. Novas coletas estão previstas em áreas próximas ao município.
Todo o material coletado será processado, identificado e classificado, sendo toda informação
fornecida comparada com a literatura pertinente e os dados, após esta sistematização, serão
divulgados para a comunidade, no intuito de não somente esclarecer e divulgar o correto uso
das plantas medicinais, mas também o de valorizar o conhecimento popular e alertar sobre a
necessidade de preservação desse conhecimento e das espécies vegetais do Cerrado Mineiro.
28
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE RIO
PARANAÍBA – UM RESGATE DO “SABER POPULAR”.
Juliana Resende¹; Luciano Bueno dos Reis²
¹Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba
²Bolsista Bic-Júnior – Escola Estadual Dr. Adiron Gonçalves Boaventura
[email protected]
Palavras chave: Fitoterapia; etnobotânica
A fitoterapia, que é a utilização de plantas com propriedades medicinais para a recuperação da
saúde, tem sido muito empregada pela população de Rio Paranaíba segundo a pesquisa feita
para identificar as plantas utilizadas e suas respectivas ações terapêuticas. Com o objetivo de
resgatar o conhecimento tradicional das pessoas sobre o uso de fitoterápicos foi feita essa
pesquisa. Um saber que é resgatado no decorrer do projeto. Foi realizada a entrevista semiestruturada com um total de seis pessoas, sendo cinco do sexo feminino e uma do sexo
masculino. O critério adotado para a escolha dessas pessoas foi principalmente as mais idosas
de origem rural que utilizam os fitoterápicos e possuem grande conhecimento tradicional sobre
as plantas medicinais e suas respectivas ações terapêuticas. Os entrevistados estão na faixa
etária de 58 a 76 anos de idade, sendo cinco pessoas de origem rural e uma de origem urbana.
Atualmente duas dessas pessoas residem na zona rural do município de Rio Paranaíba e quatro
na zona urbana. Todos os entrevistados possuem o ensino fundamental incompleto. Foram
citadas ao todo 78 plantas medicinais, dentre elas 55 são cultivadas nos quintais dos
entrevistados ou estão nas proximidades de suas residências, seja na zona rural ou urbana.
Foram encontradas também 11 plantas do cerrado. O restante, 12 plantas medicinais ainda não
foram encontradas. As formas de preparo empregadas para a maioria das plantas citadas são os
chás, seja por infusão, decocção ou maceração. Já as partes mais utilizadas das plantas para o
preparo dos remédios caseiros são as folhas e as raízes, sendo também citadas a utilização de
frutos, látex e sumo. Segundo os entrevistados, para prevenção ou cura de enfermidades os
fitoterápicos são empregados principalmente para as ações expectorante (18,9%), antibiótica
(10,4%), diurética (10,4%), calmante (8,49%) e digestiva (8,49%). As plantas citadas com maior
frequência foram o alecrim (Rosmarinus officinalis L.), hortelã (Mentha x villosa Huds.) e
carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.). Os entrevistados relataram que quando adoecem
utilizam plantas medicinais antes de irem ao médico. Eles recomendam o uso de plantas
medicinais a outras pessoas, principalmente para casos menos graves. Um dos entrevistados
relatou que utiliza as plantas medicinais como um complemento aos medicamentos vendidos
nas farmácias a fim de obter melhores resultados. O presente estudo permitiu verificar que o
uso de plantas medicinais é bastante difundido na cidade de Rio Paranaíba – MG e que as
plantas mais utilizadas são cultivadas ou encontradas próximas às residências. Apesar do grande
número de plantas citadas e de a cidade encontrar-se em uma região onde predomina o
Cerrado, poucas plantas desse bioma foram citadas pelos entrevistados.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG
29
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PLANTAS INFESTANTES DE LAVOURA DE Coffea
arabica L. NÃO IRRIGADA NO ALTO PARANAIBA- MG.
Wellington Luiz de Almeida1; Cláudio Pagotto Ronchi1; Max Afonso Alves da Silva1; Jéssica
Guimarães Ribeiro1; Leonardo Guasti de Oliveira1; Carlos Eduardo de Oliveira Magalhães1;
Fernando Couto de Araújo1
1
Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa ([email protected])
Palavras chave: biodiversidade, plantas daninhas, cafeicultura
A ciência das plantas daninhas é uma ciência “jovem” e pouco conhecida, mas de grande
importância uma vez que está associada à maioria das culturas, e, consequentemente, à
produção mundial de alimentos. Esta ciência requer pesquisas que visem o aperfeiçoamento e
aprimoramento das diversas técnicas de controle, de maneira sustentável, minimizando os
impactos no meio ambiente. Nesse sentido, é preciso conhecer a composição da flora daninha
presente em determinada área, uma vez que existe uma enorme diversidade de plantas
infestantes, que se diferem morfológica e fisiologicamente. Objetivou-se com esse trabalho
identificar e quantificar as principais espécies de plantas daninhas presentes em lavoura recém
transplantada de café arábica (Coffea arabica L.) na região do alto Paranaíba-MG. O
levantamento foi realizado na fazenda Olhos D’água, município de Rio Paranaíba, sendo
utilizado para isso um quadrado com área interna de 0,25 m² (0,50 x 0,50 m) lançada
aleatoriamente na lavoura, em 16 pontos de amostragem por época de avaliação. O
transplantio foi realizado em dezembro de 2008. As amostragens foram feitas em três épocas
diferentes: 19/03/09 - 3° mês após o transplantio (Época 1), 20/05/09 - 5° mês após o
transplantio (Época 2) e 19/04/10 16° mês após o transplantio (Época 3). Em cada época, as
plantas daninhas presentes no espaço delimitado pelo quadrado foram coletadas, separadas
por espécie, identificadas, quantificadas e secas em estufa para determinação da matéria seca.
Com os dados obtidos foram calculados matéria seca ( em relação ao total amostrado) e as
seguintes variáveis: frequência; densidade; abundância; frequência relativa, densidade relativa
e abundância relativa; sendo que o somatório dessas três últimas variáveis resultaram no Indice
de Valor de Importância de uma dada espécie. As principais espécies encontradas, seus índices
de valor de importância (com IVI superior a 40%), e suas matérias secas, foram respectivamente
em ordem crescente de (IVI): Época 1: Brachiaria decumbens (55,17%; 49,69%);
Acanthospermum hispidinum (41,79%; 2,10%); Época 2: Richardia brasiliensis (57,63% 4,94%);
Sida rhombifolia (57,62%; 0,88%); Ageratum conyzoides (53,49%; 2,26%); Sida glaziovii (43,53%;
1,33%); Época 3: Brachiaria decumbens (54,57%; 36,70%); Sida rhombifolia (57,62%; 12,73%);
Spermacoce latifolia (42,58%; 17,63%). Através dos dados foi possível constatar alta dinâmica
da população de plantas infestantes na área, que sofreu alterações em sua composição
(variação do Índice de Valor de Importância, durante as épocas de avaliação). Isso mostra a
interação de determinadas espécies com fatores que podem variar com o tempo como, por
exemplo: disponibilidade hídrica e de nutrientes, luminosidade,e temperatura, que contribuem
para aumentar ou diminuir o potencial competitivo de determinadas espécies ao longo do ciclo
da cultura.
Apoio financeiro: FAPEMIG
30
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
LEVANTAMENTO DE PESTICIDAS COM MAIORES POTENCIAIS DE INTERFERÊNCIA NO
EQUILÍBRIO DE COMUNIDADES HABITANTES DO SOLO NA REGIÃO DO PADAP1.
André Santana Andrade2; Diego Tolentino de Lima2; Vagner Tebaldi de Queiroz3; Juliana
Lourenço Nunes Guimarães2
1
Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba
Curso de Agronomia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa
3
Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito
Santo
[email protected]
2
Palavras-chave: agricultura intensiva, defensivos agrícolas, microorganismos do solo
Entre o início dos anos 90 e meados dos anos 2000, o uso de pesticidas no Brasil, teve aumento
de 291%, comparado ao aumento de 101% na produção de grãos, sendo que a incorporação e
intensificação da agricultura em áreas de cerrado, como no Programa de Assentamento Dirigido
do Alto Paranaíba (PADAP) é apontada como um dos principais responsáveis por esses
aumentos. A finalidade de uso de pesticidas é o controle de organismos nocivos as lavouras, no
entanto, a utilização inadequada destes produtos pode comprometer o equilíbrio de
organismos habitantes do solo e, ou, da água de áreas cultivadas ou próximas a elas. A literatura
cita que a presença de pesticidas no solo causa diferentes efeitos nos organismos, podendo
estimular ou inibir o crescimento, dependendo do tipo de solo, organismo e pesticida, mas é
certo que há desequilíbrios nas comunidades, principalmente de fungos e bactérias e em geral,
de forma temporária, dependendo de características dos princípios ativos (PA), principalmente
tempo de meia vida no solo. A classificação toxicológica e ambiental dos produtos formulados
(PF) também pode indicar aqueles mais prejudiciais. O objetivo deste trabalho foi obter e reunir
informações dos pesticidas mais utilizados em lavouras do PADAP, visando indicar pesticidas
que tem maior potencial de alterar o equilíbrio de comunidades habitantes do solo. O
levantamento dos PF mais utilizados foi realizado mediante aplicação de questionários semiestruturados a agricultores, lojas e cooperativas agrícolas. A classificação toxicológica e
ambiental e os PA contidos nos PF foram obtidos mediante consulta ao sítio AGROFIT. A meia
vida no solo dos PA foi obtida mediante consulta ao sítio FOOTPRINT. Os resultados indicaram
que 59 dos PA têm uso intensivo nas áreas agrícolas do PADAP. Destes, observou-se que
Atrazina, Azoxistrobina, Cipermetrina, Clorfluazurom, Clorpirifós, Endossulfam, Fomesafem,
Gama-cialotrina, Imazetapir, Mancozebe, Novaluron, Teflubenzurom e Tiametoxam
apresentaram tempo de meia vida no solo superior a 50 dias, enquanto que Dicloreto de
Paraquate os fungicidas Ciproconazol, Epoxiconazol, Flutriafol, Propiconazol e Tebuconazol da
classe química dos Triazois apresentaram tempo de meia vida no solo superior a 114 dias,
atingindo até 1358 dias para Flutriafol, indicando que estes PA têm alto potencial de causar
desequilíbrio nas comunidades habitantes do solo, por serem mais persistentes e interferir por
mais tempo no crescimento normal das populações, principalmente de bactérias e fungos.
Quanto à classificação toxicológica, observou-se que 39,65% dos PF mais utilizados se
enquadraram nas classes I e II (extremamente e altamente toxico, respectivamente) e quanto à
classificação ambiental observou-se que 70,18% foram enquadrados como altamente perigoso
ao meio ambiente e muito perigoso ao meio ambiente (classes I e II, respectivamente). Esses
resultados enfatizam a necessidade de estudos de impacto ecológico na região devido a
pesticidas e representam a etapa inicial de implantação dos mesmos.
Apoio financeiro: CNPq
31
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS DO TIPO ZZ/ZW EM Kronichthys heylandi
(SILURIFORMES, LORICARIIDAE).
Reis, DGS¹; Penteado, Desordi, R¹; PR¹; Brandão, KO1,2; Kavalco, KF1; Almeida-Toledo, LF2; Pazza,
R¹
1
Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal
de Viçosa
2
Laboratório de Ictiogenética, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP
[email protected]
Palavras-chave: evolução cariotípica, sistema cromossômico sexual, Kronichthys, ZZ/ZW,
Loricariidae
Com um número estimado de aproximadamente 700 espécies de peixes descritas, a família
Loricariidae é considerada uma das maiores família de peixes de água doce do mundo, sendo
conhecidos popularmente como cascudos ou em algumas regiões como bodós. O número
diplóide na família é bastante diversificado, variando desde 2n = 36 para uma população de
Rineloricaria latirostris até 2n = 96 de Hemipsilichthys gobio (descrito como Upsilodus sp.). A sua
distribuição ocorre em a toda região neotropical, ocupando habitats muito variados, o que
demonstra sua capacidade adaptativa. O gênero Kronichthys apresenta 3 espécies, K. heylandi,
K. lacerta e K. subteres e possui poucos dados citogenéticos disponíveis na literatura. Neste
trabalho foi estudado uma população de K. heylandi, provenientes da comunidade Serra d’água,
Angra dos Reis, RJ, através de coloração convencional por Giemsa e identificação de
heterocromatina constitutiva através da técnica de banda-C. Foi verificado para essa população
2n = 54 (42M/SM, 12ST), para ambos machos e fêmeas. Porém, as fêmeas possuem um par
heteromórfico subtelocêntrico, enquanto o mesmo par é idêntico nos machos, evidenciando a
ocorrência de sistema sexual cromossômico do tipo ZZ/ZW . A heterocromatina constitutiva
está distribuída na região telomérica de um par de cromossomos M/SM e também no braço
maior de um par de cromossomos M/SM. Na família Loricariidae já foram identificados sistema
cromossômico sexual do tipo ZZ/ZW nas espécies Hypostomus sp. G, Microlepdogaster
leucofrenatus e Loricariichtys platymetopon. O gênero Hypostomus também apresenta
cromossomos sexuais do tipo XX/XY, na espécie H. Macrops. Os dados obtidos auxiliam na
compreensão do gênero, ainda pouco conhecido, e apontam caminhos para futuros estudos
que busquem maiores caracteres de diagnóstico do par cromossômico sexual.
Apoio financeiro: CNPq/FAPESP/FAPEMIG
32
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM BANCO DE DNA, SUSPENSÃO CELULAR E TECIDOS DE
PEIXES NEOTROPICAIS NA UFV – CAMPUS DE RIO PARANAÍBA.
Dinaíza Abadia Rocha Reis; Gabriel Lacerda Viana; Sabrina Alves da Silva; Ana Laura Lima Mulati;
Wanessa Luzia de Souza; Rubens Pazza; Karine Frehner Kavalco.
Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal
de Viçosa
Palavras-chave: biodiversidade, banco de DNA, conservação
A palavra Biodiversidade pode ser entendida resumidamente como a diversidade de organismos
vivos presentes no planeta. Essa diversidade sempre foi alvo de estudos de cientistas, mas
atualmente, desperta o interesse de milhares de pessoas. O principal fator de perda da
biodiversidade é a destruição dos habitat naturais pelo homem, evidenciada pelo diagnóstico
das regiões mais ricas e ameaçadas do mundo, os hotspots. A preocupação, então, está
relacionada com as possíveis formas de conservação desses ecossistemas. Há duas opções de
conservação: a in situ que conserva o organismo em seu habitat natural; e a ex situ que o
conserva em um habitat diferente do seu natural, diferente de sua origem. O desenvolvimento
de técnicas da biologia molecular auxilia a criação e manutenção de Bancos de DNA, formas de
conservação ex situ e que são reservatórios de informações genéticas. Seu objetivo é preservar
genomas artificialmente para permitir aplicações genéticas da conservação, sistemática e
evolução, e para isso, aproveita todo tipo de material biológico para que se tornem possíveis
pesquisas genéticas próprias de cada espécie. Uma grande vantagem dos bancos de DNA é o
número de amostras, pois não depende da coleta de material vivo e podem ser usadas partes
do organismo descartadas por trabalhos para inventários. Porém, há uma limitação: a não
preservação da estrutura celular original, o que impede, talvez, a reconstrução genômica
(clonagem) de espécies em extinção. Foi realizado no Laboratório de Genética Ecológica e
Evolutiva (LAGEVO – UFV/CRP) o levantamento e organização das amostras pertencentes ao
laboratório, das quais 59,25% correspondem à obtenção de tecidos conservados em etanol,
26,62% de suspensões celulares mantidas em um fixador (Metanol 3: Ácido Acético 1) e 14,13%
correspondem a DNAs genômicos conservados em TE, totalizando 2761 amostras. Esses
materiais correspondem, na maioria, a peixes Characiformes e Siluriformes, mas também há
Perciformes no Banco. Todos são decorrentes de diversas pesquisas, inclusive com a
cooperação de outras instituições. Neste banco de informações genéticas constam dados dos
pontos de coleta dos espécimes, inclusive com a marcação por GPS (Global Positioning System).
Apesar de já ser comum em muitos países, a utilização de análises de DNA para preservação da
biodiversidade ainda é uma idéia ousada, mas de grande potencial. O uso de bancos de DNA
garante que não ocorra grande perda de informações gênicas quando comparado com
depreciação por fatores naturais. Essa é uma ferramenta criada pelo homem que possui
aplicação direta na conservação de genomas existentes, visto que com o passar do tempo as
espécies tendem a se modificar, uma vez que a evolução não pára.
Apoio Financeiro: FAPEMIG e CNPq.
33
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
PARTICIPAÇÃO DE VARIÁVEIS BIOCLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE ESPÉCIES DE
RHODNIINI (HETEROPTERA: REDUVIIDAE: TRIATOMINAE) NA REGIÃO NEOTROPICAL NO
ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL, PERÍODO ATUAL E FUTURO.
Barreto C.R.A.1, Raimundo R.L.S.1, Galvão C.2, Paula A.S.1
1
Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente/UFOP
Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
[email protected]
2
Palavras chave: Rhodniini, distribuição potencial, Maxent, variáveis bioclimáticas
A tribo Rhodniini compreende dois gêneros e 20 espécies nominais distribuídas na região
Neotropical. Estudos de distribuição potencial de espécies da tribo foram realizados para
Rhodnius neglectus e espécies do gênero Psammolestes. Neste estudo foram analisadas as
distribuições potenciais de 12 espécies da tribo que apresentaram no mínimo três registros de
localidades. Os dados de distribuição formam obtidos de exemplares das coleções Herman Lent
e Rodolfo Carcavallo, ambas depositadas no IOC/FIOCRUZ, assim como de trabalhos de revisão.
As distribuições potenciais foram obtidas utilizando 19 variáveis bioclimáticas do WorldClim,
compreendendo camadas da região Neotropical entre as longitudes – 120 W e – 30 E, e
latitudes 40 N e – 60 S. A simulação da distribuição potencial de espécies de Rhodniini foi
realizada com o programa Maxent 3.3.1, utilizando o comando jackknife ativado para mensurar
a importância de cada uma das 19 variáveis bioclimáticas na distribuição destas espécies. As
variáveis utilizadas foram referentes ao Último Máximo Glacial (LGM), aproximadamente 21.000
anos atrás, e os períodos atuais (~1950-2000) e futuro (2050). As variáveis bioclimáticas por
períodos foram comparadas pelo teste de Kruskal-Wallis e de Friedman para evidenciar
diferenças entre períodos. Não foram evidenciadas diferenças significativas entre os três
períodos avaliados (Kruskal-Wallis=0.56526436, P=0.7538; Friedman=4.7929687; P=0.09104). As
variáveis que contribuíram para mais de 50% da explicação da distribuição no período atual
foram BIO3 para R. ecuadoriensis (60.3%); BIO4 para R. robustus (76.5%) e R. prolixus (53.3%);
BIO6 para R. pictipes (63.7%); BIO18 para R. nasutus (52.1%); BIO19 para R. brethesi (70.7%). No
LGM foram BIO4 para R. robustus (63.9%) e R. prolixus (56.6%); BIO8 para R. stali (64.7%). Na
projeção futura foram BIO3 para Rhodnius ecuadoriensis (67,8%); BIO4 para Rhodnius prolixus
(66,8%) e Rhodnius robustus (70,5%); BIO6 para Rhodnius pictipes (65,8%); BIO8 para Rhodnius
stali (53,0%); BIO19 para Rhodnius brethesi (66,2%). A variável BIO4 foi explicativa para a
distribuição potencial de R. robustus e R. prolixus em todos os períodos. Esta variável pode ser
considerada nos estudos de distribuição de R. prolixus, que é o principal transmissor da doença
de Chagas na América Central e norte da América do Sul.
Apoio Financeiro: CNPQ/FAPEMIG
34
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
PRIMEIRO REGISTRO DE Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 (Reptilia, Squamata,
Tropiduridae) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL.
Rodrigo de Oliveira Lula Salles*; Adriano Lima Silveira
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Departamento de Vertebrados, Setor
de Herpetologia. Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, CEP 20940-040, Rio de Janeiro – RJ, Brasil
*E-mail: [email protected]
Palavra Chave: Strobilurus torquatus, lagarto, Rio de Janeiro, distribuição geográfica
Strobilurus é um gênero monotípico, sendo representado por Strobilurus torquatus Wiegmann,
1834. S. torquatus é um lagarto heliófilo que ocorre na Mata Atlântica, já tendo sido registrados
para os estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia além de um registro duvidoso para o
Estado do Espírito Santo. A espécie, apesar de estar bem definida é considerada rara, com
poucos registros em coleções zoológicas. No presente trabalho é apresentado o primeiro
registro no Estado do Rio de Janeiro. Durante o mês de fevereiro de 2010 foram analisados os
espécimes de S. torquatus depositados na coleção de répteis do Museu Nacional / Universidade
Federal do Rio de Janeiro (MNRJ). Ao todo foram encontrados depositados na referida coleção
13 espécimes, coligidos nos estados de Alagoas, Bahia e na divisa entre o Espírito Santo e Rio de
Janeiro (Pedra do Garrafão). A população de S. torquatus localizada na Pedra do Garrafão
constitui o limite sul para a espécie, sendo esse o primeiro registro da espécie para o Estado do
Rio de Janeiro. Com esse registro, passam a ser conhecidas para o Estado do Rio de Janeiro 32
espécies de lagartos, sendo este o quarto da família Tropiduridae, onde já eram conhecidos:
Liolaemus lutzae Mertens, 1938, Tropidurus torquatus (Wied-Neuwied, 1820) e Tropidurus
hispidus Spix, 1825.
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Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
QUEBRA DE DORMÊNCIA E UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS NA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO
DE MUDAS DE FAVA D’ANTA (Dimorphandra mollis Benth).
Roberta Aparecida Dias1; Sebastião Ferreira de Lima2; Lizandra Ferreira de Almeida e Borges3;
Ana Paula Leite de Lima4
1
Aluna do curso de Ciências Biológicas do Unicerp – Centro Universitário do Cerrado Patrocínio,
MG, [email protected];
2
Doutor em Fitotecnia, Eng.Agrônomo UFMS, [email protected];
3
Profa. Dra. do Unicerp, [email protected];
4
Doutora em Ciências Florestais, UFMS, [email protected]
Palavras-chave: Dormência. Substrato. Cerrado. Dimorphandra mollis. Germinação. Faveiro.
Com a expansão da fronteira agrícola nas regiões do Cerrado, muitas espécies arbóreas
encontram-se ameaçadas de extinção, dentre elas, a fava d´anta, devido ao seu tipo de
exploração, que é altamente extrativista. Sua multiplicação até o momento tem sido feito
exclusivamente por sementes que geralmente trazem fungos que prejudicam sua germinação
ou causam a morte de mudas logo após a emergência. Também é uma espécie que necessita de
quebra de dormência para atingir produções adequadas de mudas de qualidade. Esse trabalho
teve o objetivo de avaliar o efeito de quebra de dormência e uso de diferentes substratos na
produção de mudas de fava d´anta. O experimento foi realizado em Patrocínio-MG, iniciado em
agosto de 2009, sendo conduzido em casa de vegetação do Centro Universitário do Cerrado
Patrocínio – UNICERP. Os tratamentos consistiram em 4 formas de avaliação de dormência:
testemunha, água quente, escarificação química com ácido sulfúrico 98% por 10 minutos e por
20 minutos combinados com quatro substratos: esterco bovino; dejetos de suínos de
biodigestor; dejetos de suínos; Fertilizantes NPK (8-28-16) e apenas solo. O delineamento
experimental utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 5 x 4, com 3 repetições.
Foram avaliados a germinação, altura, diâmetro do caule e número de folhas por planta. A
melhor germinação da fava d´anta ocorreu com o uso de solo x ácido sulfúrico por 20 minutos,
com 66,7%. Isoladamente o substrato solo propiciou a germinação de 50% das plantas,
enquanto o uso do ácido sulfúrico por 20 minutos resultou em 46,7% de germinação. Quando se
usa solo, a quebra de dormência com ácido sulfúrico por 10 e 20 minutos e sem quebra de
dormência apresentam os mesmos resultados para germinação. Quando se utiliza o ácido
sulfúrico por 20 minutos, o uso dos substratos solo; solo + NPK e dejetos suínos apresentam os
mesmos resultados para germinação. O maior diâmetro de caule foi obtido com o uso do
substrato solo + NPK e com a quebra de dormência por ácido sulfúrico por 20 minutos. Para
altura de plantas, a melhor média foi obtida com os substratos solo + NPK e solo + dejetos
suínos, sem quebra de dormência. O maior número de folhas foi observado com o substrato
dejetos de suínos e para a testemunha, ou seja, sem quebra de dormência.
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Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
RECURSOS GENÉTICOS DE TOMATEIRO Solanum sp. DO BANCO DE GERMOPLASMA DE
HORTALIÇAS DA UFV.
Guilherme Ribeiro Afonso Domingos1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Derly José Henriques
da Silva3; Flávio Lemes Fernandes1; Marcelo Coutinho Picanço4; George Gonçalves Resende
Ferreira3; Lílian Cibele Ferreira Pimentel1.
1
Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa
3
Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa
4
Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade
Federal de Viçosa
[email protected]
2
Palavras-chave: tomate, mosca branca, Solanaceae, germoplasma
Com o crescente aumento da erosão dos recursos genéticos vegetais, a preocupação principal é
a diminuição ou perda da variabilidade genética de espécies cultivadas gerando o estreitamento
da base genética. A vulnerabilidade resultante do estreitamento da base genética só pode ser
evitada com variabilidade, a qual depende dos recursos genéticos disponíveis, ou seja, do
germoplasma da espécie. Esta diversidade de espécies pode ser encontrada em unidades
conservadoras de material genéticos denominados Bancos de Germoplasmas. A Universidade
Federal de Viçosa tem o Banco de Germoplasma de Hortaliças que possui cerca de 2900
subamostras de Solanaceae diferentes. Dentre essas subamostras temos o tomateiro, onde se
têm realizado estudos na área de caracterização agronômica e resistência a doenças e pragas.
Dentre as pragas a mosca branca Bemisia tabaci (Gennadius) (Hemiptera: Aleyrodidae) constitui
importante agente causador de perdas nesta cultura. Os danos causados pelos adultos e pelas
ninfas de mosca branca consistem na sucção de seiva e injeção de toxinas, que influenciam no
desenvolvimento da planta, afetam seu crescimento, sua capacidade de produção e a qualidade
do produto final. O principal método de controle do biótipo B de B. tabaci é feito por meio de
inseticidas. Porém, muitas vezes estes inseticidas não são eficazes. Além da baixa eficácia, os
inseticidas podem poluir o ambiente, reduzir a densidade de inimigos naturais e selecionar
biótipos resistentes. A busca por alternativa de controle de B. tabaci pode se aplicar ao uso de
cultivares resistentes a este inseto praga. Assim os bancos de germoplasma representam uma
fonte de variabilidade genética de plantas resistentes a insetos pragas. No entanto, ainda
existem poucos trabalhos com subamostras de bancos de germoplasma na busca de fontes
resistentes à mosca branca. Assim o objetivo deste trabalho foi selecionar novas fontes de
resistência a B. tabaci dentre 34 subamostras de tomateiro do Banco de Germoplasma de
Hortaliças da Universidade Federal de Viçosa. Para determinar o mecanismo e a causa de
resistência avaliaram-se os números de adultos/planta, ovos/planta, ninfas/planta e o número
de tricomas/0,04 cm2. Detectaram-se diferenças significativas no número de adultos, ovos,
ninfas/planta e tricomas/0,04 cm2 do limbo foliar dentre as subamostras. Os BGHs-166, 616,
850, 990, 2102 e 2125 com menor número de adultos, ovos e ninfas/planta, tiveram menor
densidade de tricomas/0,04 cm2. O mecanismo de resistência associado a estes BGHs foi
antixenose. Além disso, identificou-se a densidade de tricomas como possível causa da
resistência dessas subamostras a esta praga.
Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES
37
Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1
UTILIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO TOTAL DE ÁCIDOS GRAXOS NA CARACTERIZAÇÃO DE FUNGOS
MICORRÍZICOS DA ORQUÍDEA Epulorhiza spp.
Marlon Corrêa Pereira1, Nívea Moreira Vieira2, Sabrina Oliveira Feliciano3, Fernanda Aparecida
Rodrigues Guimarães3, Marcos Rogério Tótola2, Maria Catarina Megumi kasuya3
1
Laboratório de microbiologia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa – MG
Laboratório de Biotecnologia Ambiental e Biodiversidade, Departamento de Microbiologia,
Universidade Federal de Viçosa – MG
3
Laboratório de Associações Micorrízicas, Departamento de Microbiologia, Universidade Federal
de Viçosa – MG
[email protected]
2
Palavras-chave: FAME, fungos rizoctonióides, ITS-rDNA.
Os fungos rizoctonióides são os principais fungos micorrízicos de orquídeas. A identificação e a
análise de diversidade desses fungos têm sido realizadas pela análise de características
morfológicas e moleculares. Entretanto, a composição de ácidos graxos, que é uma técnica
molecular utilizada no estudo de fungos rizoctonióides fitopatogênicos, não tem sido
empregada em fungos micorrízicos de orquídea. O objetivo deste trabalho foi caracterizar e
agrupar os fungos rizoctonióides micorrízicos de orquídeas com base na composição de ácidos
graxos, bem como comparar esse agrupamento com a análise da seqüência da região ITS do
rDNA. Foram selecionados seis isolados de fungos rizoctonióides. Cinco isolados são micorrízicos
de orquídea: três isolados de Epidendrum secundum, previamente identificados como
Epulorhiza sp., e dois de Epidendrum denticulatum. O sexto é um isolado de fungo
fitopatogênico Ceratorhiza sp. AGC. Os isolados foram crescidos em tubos contendo 1 mL do
meio BD (batata dextrose – Acumedia), a 28 °C. Após 4 dias, o micélio foi congelado e liofilizado.
Os ésteres metílicos de ácidos graxos, extraídos conforme o protocolo do método MIDI
(Microbial Identification System), foram identificados e quantificados em cromatografia gasosa
utilizando o software Sherlock (MIDI Inc., versão 4.5). Para amplificação da região ITS, o DNA
total dos fungos foi extraído e a reação de PCR conduzida utilizando o par de oligonucleotídeos
iniciadores ITS1/ ITS4. Os agrupamentos gerados com base na composição dos ácidos graxos
possibilitaram a distinção entre o isolado Ceratorhiza sp. AGC e os isolados de Epulorhiza spp.,
assim como entre as duas espécies Epulorhiza spp. estudadas. O mesmo foi observado na
análise da seqüência da região ITS dos isolados pelo método Neighbor-Joining e o modelo
Kimura 2-Parameter. A análise da composição de ácidos graxos pela distância de Mahalanobis
distinguiu claramente os isolados de E. denticulatum dos dois isolados de Epulorhiza sp.1
obtidos de E. secundum, sugerindo que a essa distância gera agrupamentos com melhor
resolução. A análise da composição de ácidos graxos é uma ferramenta útil na caracterização,
identificação e análise da diversidade de fungos micorrízicos rizoctonióides.
Apoio financeiro: CNPq/ FAPEMIG
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