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Volume 1, número 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CAMPUS DE RIO PARANAÍBA Rio Paranaíba - MG Evolução e Conservação da Biodiversidade I SIMPÓSIO DE BIODIVERSIDADE O evento Rio Paranaíba encontra-se em uma região privilegiada por apresentar em suas proximidades biomas ricos em biodiversidade, como o Cerrado e a Mata Atlântica. Além disso, situa-se no divisor de águas das nascentes do rio Paranaíba (afluente formador do rio Paraná) e do rio Abaeté (afluente importante do rio São Francisco). Com uma produção agropecuária altamente tecnificada, a região tem sofrido por ter se tornado fronteira agrícola nos anos 70/80, com a destruição da vegetação nativa para dar lugar à plantações. Outra atividade responsável pela degradação ambiental é a mineração, que ainda existe especialmente nos afluentes do rio Abaeté. Hoje a região é um celeiro, grande produtor de leite, café, cenoura, cebola e alho, entre outros cultivos. Embora bastante explorada, restam ainda resquícios de cerrado e mata atlântica que precisam ser restaurados e preservados. Neste âmbito foi criado o curso de Ciências Biológicas, no Campus de Rio Paranaíba da Universidade Federal de Viçosa. 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade. É o momento para reflexão sobre o que queremos do nosso planeta e como podemos ter um desenvolvimento sustentável, que permita nossa sobrevivência mas também a sobrevivência dos demais organismos vivos. Como seres pensantes temos a responsabilidade de zelar por nosso ambiente. Assim, este evento foi pensado no sentido de discutir as origens e a evolução da biodiversidade bem como em refletir de que modo podemos preservá-la, através do manejo adequado, além dos mecanismos que possibilitam que possamos usufruir desta riqueza sem cometer os erros do passado. 20 a 22 de Maio de 2010 Local: Parque do Zarico, Rio Paranaíba – MG i Evolução e Conservação da Biodiversidade PROMOÇÃO Curso de Ciências Biológicas – Universidade Federal de Viçosa, Campus de Rio Paranaíba. APOIO FINANCEIRO COMISSÃO ORGANIZADORA Presidente Rubens Pazza Docentes Jaqueline Dias Pereira Luciano Bueno dos Reis Marlon Correa Pereira Karine Frehner Kavalco Edmilson Amaral de Souza Luciane Cristina de Oliveira Lisboa Alunos Denis Glauber da Silva Reis Dinaíza Abadia Rocha Reis Gabriel Lacerda Viana Gabriella Dayer Oliveira Pessoa Letícia Miranda Matheus Loureiro Santos Nívea Moreira Vieira Paloma de Fátima Silva Pierre Rafael Penteado Rafael Henrique Fernandes Rodrigo Desordi Sabrina Alves da Silva Thiago Oliveira Silva ii Evolução e Conservação da Biodiversidade ÍNDICE DOS RESUMOS TÍTULO PÁGINA ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DE PREDADORES EM TOMATEIRO. Leonardo Franco Bernardes; Fernanda Freitas Souza; Flávio Lemes Fernandes; Marcelo Coutinho Picanço; Bruno Monteiro da Silva; Ricardo Siqueira da Silva. 1 AMPLIFICAÇÃO CRUZADA DE MICROSSATÉLITES NO GÊNERO Astyanax: OTIMIZANDO FERRAMENTA PARA ENTENDER A BIODIVERSIDADE. Pierre Rafael Penteado; Sabrina Alves dos Santos; Karine Frehner Kavalco; Rubens Pazza. 2 ANATOMIA FOLIAR DE ESPÉCIES DE BROMELIACEAE EPÍFITAS DA TRILHA DO MURIQUI, PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO, ARAPONGA, MG. Jaqueline Dias-Pereira, Aristéa Alves Azevedo, Guilherme Carvalho Andrade, Cleiton Faria Guimarães, Carla Regina Santin, Leonardo Domingues de Figueiredo. 3 ARMADILHAS PARA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE ESPÉCIES EM TOMATEIRO. José Antonio Borba Júnior, Flávio Lemes Fernandes, Maria Elisa de Sena Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Filipe Gentil, Rodrigo Soares Ramos. 4 ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO SOB PASTAGEM INTENSIVA DE Cynodon dacyton cv. VAQUERO E SOB CERRADO NATIVO. André Santana Andrade, Fernando Couto de Araújo, Diego Tolentino de Lima, Fábio Martins Campos, Marlon Correa Pereira, Luis César Dias Drumond. 5 AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE E DA ATIVIDADE MICROBIANA EM SOLOS DE MATA DO CERRADO E EM CULTIVO DE Coffea arabica. Fernando Couto de Araújo, Diego Tolentino de Lima, André Santana Andrade, Fábio Martins Campos, Marlon Correa Pereira, Cláudio Pagotto Ronchi. 6 AVALIAÇÃO DA RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO CILIAR REALIZADA NO PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO DA VELHA EM LUZ – MG. Camila Amara Ventura Tonaco; Tamires Daciane Teixeira Ferreira; Samuel Oliveira Giordani. 7 AVALIAÇÃO DE EFEITO ALELOPÁTICO DE DIVERSOS EXTRATOS DE MACAUBEIRA [Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart] SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES E DESENVOLVIMENTO DE Lactuta sativa L. Fernanda Rocha Braes; Luciano Bueno dos Reis. 8 AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DE QUATRO POPULAÇÕES DE Astyanax asuncionensis (Teleostei, Characiformes) DA BACIA DO RIO PARAGUAI. Rodrigo Desordi; Denis Glauber da Silva Reis; Karine Frehner Kavalco; Rubens Pazza. 9 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRATÉGIAS DE DISPERSÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS DE CERRADO SENSU STRICTO NO MUNICÍPIO DE PATROCÍNIO/MG. Mairla Angelina Reis 10 DADOS CARIOTÍPICOS DE Hypostomus regani DE DUAS BACIAS DO ALTO DO RIO PARANÁ (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) COM A OCORRÊNCIA DE TRIPLOIDIA NATURAL. Viana, GL; Brandão, KO; Kavalco, KF; Almeida-Toledo, LF; Pazza, R. 11 iii Evolução e Conservação da Biodiversidade DADOS CROMOSSÔMICOS DE DUAS POPULAÇÕES DE Astyanax sp.B PROVENIENTES DO CÓRREGO SANGÃO E CÓRREGO DO OESTE DA BACIA DO RIO IGUAÇU. Paloma de Fátima Silva, Pierre Rafael Penteado, Lurdes Foresti de Almeida-Toled, Karine Frehner Kavalco, Rubens Pazza. 12 DIVERSIDADE DA FLORA DANINHA EM LAVOURAS CAFEEIRAS FERTIRRIGADAS DO ALTO PARANAÍBA-MG. Max Afonso Alves da Silva, Wellington Luiz de Almeida, Jéssica Guimarães Ribeiro, Fernando Couto Araújo, Carlos Eduardo de Oliveira Magalhães, Leonardo Guasti de Oliveira, Cláudio Pagotto Ronchi. 13 DIVERSIDADE DE ARTRÓPODES EM MONOCULTIVO DE PINHÃO MANSO. Aislann de Oliveira Rosa, Flávio Lemes Fernandes, Elisângela Novais Lopes, Luis Antônio dos Santos Dias, Madelaine Venzon, Angelo Pallini. 14 ECOLOGIA E DIVERSIDADE DE PREDADORES E PARASITÓIDES EM FEIJOEIRO. Flávia Maria Alves, Flávio Lemes Fernandes, Paulo Cézar de Queiroz, Marcelo Coutinho Picanço, Leonardo Franco Bernardes, Tarcísio Visintin da Silva Galdino. 15 ESTRUTURA POPULACIONAL DO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) (Crustácea: Decapoda: Palaemonidae), NO RESERVATÓRIO DO RIO GRANDE, REGIÃO DE ÁGUA COMPRIDA-MG. Julio Celio de Menezes Junior, José Carlos da Silva, Daniela Valle Rezende . 16 ESTUDO DE DINÂMICA DA POPULAÇÃO DE Xylopia aromatica (LAM.) MART. (ANNONACEAE) EM UMA ÁREA DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL EM UBERLÂNDIA, MG. Leila Rodrigues Carrijo, Ana Carolina Ferreira Martins, Ivan Schiavini. 17 ESTUDO PRELIMINAR DE CARACTERIZAÇÃO DE BIOINDICADORES VEGETAIS (FAMÍLIA POACEAE) E NÍVEL DE DEGRADAÇÃO NAS MARGENS DO CÓRREGO PIMENTAS, MUNICÍPIO DE MATUTINA-MG. Vinícius Londe, José Carlos da Silva. 18 FONTES DE VARIABILIDADE GENÉTICA RESISTENTE A HERBÍVORO MINADOR EM TOMATEIRO Solanum sp. Francisco Pinheiro Vieira, Maria Elisa de Sena Fernandes, Derly José Henriques da Silva, Marcelo Coutinho Picanço, Flávio Lemes Fernandes, George Gonçalves Resende Ferreira, Dário H.B. Oliveira. 19 IDENTIFICAÇÃO DE CONSTITUINTES QUÍMICOS EM DIFERENTES CULTIVARES DE CAFÉ: INFORMAÇÃO IMPORTANTE NAS INTERAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE INSETO E PLANTA. Luiz Otávio Duarte Silva, Flávio Lemes Fernandes, Maria Elisa de Sena Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Ricardo Siqueira da Silva, Renan Batista Queiroz. 20 IMPACTO DE ORGANOFOSFORADO NA BIODIVERSIDADE DE PREDADORES EM CAFÉ Coffea arabica. Ramiro Teodoro Ferreira, Flávio Lemes Fernandes, Maria Elisa de Sena Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Ricardo Siqueira da Silva, Renan Batista Queiroz. 21 ÍNDICE DE APREENSÕES, SOLTURAS E ÓBITOS DO PÁSSARO Saltator similis (Trinca-ferro-verdadeiro) NO CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES CETAS/IBAMA DE MONTES CLAROS – MG REGISTRADOS DURANTE OS PERÍODOS DE JANEIRO DE 2008 A DEZEMBRO DE 2009. Otávio Maquei de Oliveira Monção; 22 iv Evolução e Conservação da Biodiversidade Edson Lima Brito; João Cássio Lôpo Lopes. INFLUÊNCIA DO USO DO SOLO NA QUANTIDADE E ATIVIDADE MICROBIANA SOB CULTIVO COM CEBOLA COMPARADO COM MATA NATIVA DE CERRADO. Diego Tolentino de Lima, André Santana Andrade, Fernando Couto de Araújo, Fábio Martins Campos, Marlon Correa Pereira, Carlos Eduardo Magalhães dos Santos. 23 INSETOS BIOINDICADORES DE CONTAMINAÇÃO POR INSETICIDAS EM TOMATEIRO Solanum sp. Juno Ferreira Silva Diniz, Flávio Lemes Fernandes, Maria Elisa de Sena Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Ricardo Siqueira da Silva, Renan Batista Queiroz. 24 INTERAÇÃO QUÍMICA ENTRE PLANTAS DE CAFÉ Coffea arabica, PRAGA E DIVERSIDADE DE PREDADORES. Ana Cecília Gomes Luiz, Flávio Lemes Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, Rodrigo Soares Ramos, Rogério Machado Pereira, Silvério de Oliveira Campos. 25 INVENTÁRIO FLORÍSTICO DO PERÍMETRO URBANO DE SANTO ANTÔNIO DO MONTE, MINAS GERAIS, BRASIL. Guilherme Henrique Rodrigues Rocha, Heide Maria Rodrigues Rocha-Perdigão. 26 LEVANTAMENTO DA ENTOMOFAUNA DE IMPORTÂNCIA FORENSE NA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA. Calil Gibran Iraiore Carvalho; Olavo Godoi Landgraf; Rodrigo Ferreira Krüger; Rubens Pazza. 27 LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE CARMO DO PARANAÍBA-MG. Gabriella Dayer Oliveira Pessoa, Luciano Bueno dos Reis. 28 LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE RIO PARANAÍBA – UM RESGATE DO “SABER POPULAR”. Juliana Resende; Luciano Bueno dos Reis. 29 LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PLANTAS INFESTANTES DE LAVOURA DE Coffea arabica L. NÃO IRRIGADA NO ALTO PARANAIBA- MG. Wellington Luiz de Almeida, Cláudio Pagotto Ronchi, Max Afonso Alves da Silva, Jéssica Guimarães Ribeiro, Leonardo Guasti de Oliveira, Carlos Eduardo de Oliveira Magalhães, Fernando Couto de Araújo. 30 LEVANTAMENTO DE PESTICIDAS COM MAIORES POTENCIAIS DE INTERFERÊNCIA NO EQUILÍBRIO DE COMUNIDADES HABITANTES DO SOLO NA REGIÃO DO PADAP. André Santana Andrade, Diego Tolentino de Lima, Vagner Tebaldi de Queiroz, Juliana Lourenço Nunes Guimarães. 31 OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS DO TIPO ZZ/ZW EM Kronichthys heylandi (SILURIFORMES, LORICARIIDAE). Reis, DGS; Penteado, PR; Desordi, R; Brandão, KO; Kavalco, KF; Almeida-Toledo, LF; Pazza, R. 32 ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM BANCO DE DNA, SUSPENSÃO CELULAR E TECIDOS DE PEIXES NEOTROPICAIS NA UFV – CAMPUS DE RIO PARANAÍBA. Dinaíza Abadia Rocha Reis, Gabriel Lacerda Viana, Sabrina Alves da Silva, Ana Laura Lima Mulati, Wanessa Luzia de Souza, Rubens Pazza, Karine Frehner Kavalco. 33 v Evolução e Conservação da Biodiversidade PARTICIPAÇÃO DE VARIÁVEIS BIOCLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE ESPÉCIES DE RHODNIINI (HETEROPTERA: REDUVIIDAE: TRIATOMINAE) NA REGIÃO NEOTROPICAL NO ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL, PERÍODO ATUAL E FUTURO. Barreto C.R.A., Raimundo R.L.S., Galvão C., Paula A.S. 34 PRIMEIRO REGISTRO DE Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 (Reptilia, Squamata, Tropiduridae) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL. Rodrigo de Oliveira Lula Salles, Adriano Lima Silveira 35 QUEBRA DE DORMÊNCIA E UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS NA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DE MUDAS DE FAVA D’ANTA (Dimorphandra mollis Benth). Roberta Aparecida Dias; Sebastião Ferreira de Lima; Lizandra Ferreira de Almeida e Borges; Ana Paula Leite de Lima. 36 RECURSOS GENÉTICOS DE TOMATEIRO Solanum sp. DO BANCO DE GERMOPLASMA DE HORTALIÇAS DA UFV. Guilherme Ribeiro Afonso Domingos, Maria Elisa de Sena Fernandes, Derly José Henriques da Silva, Flávio Lemes Fernandes, Marcelo Coutinho Picanço, George Gonçalves Resende Ferreira, Lílian Cibele Ferreira Pimentel. 37 UTILIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO TOTAL DE ÁCIDOS GRAXOS NA CARACTERIZAÇÃO DE FUNGOS MICORRÍZICOS DA ORQUÍDEA Epulorhiza spp. Marlon Corrêa Pereira, Nívea Moreira Vieira, Sabrina Oliveira Feliciano, Fernanda Aparecida Rodrigues Guimarães, Marcos Rogério Tótola, Maria Catarina Megumi kasuya. 38 vi Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DE PREDADORES EM TOMATEIRO. Leonardo Franco Bernardes1; Fernanda Freitas Souza2; Flávio Lemes Fernandes1; Marcelo Coutinho Picanço3; Bruno Monteiro da Silva1; Ricardo Siqueira da Silva3. 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa 3 Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: tomate, Solanaceae, mosca branca, ácaro vermelho. O comportamento dos predadores no ambiente é extremamente relevante, uma vez que a sua presença em cadeias alimentares pode ter efeitos inesperados em todo o sistema. Assim, o conhecimento das espécies de presas alvo e o comportamento destes predadores podem auxiliar no conhecimento das relações tróficas em uma cadeia. Sendo útil muitas vezes em estudos de extinção de espécies, surgimento de novas espécies e mudança de status dentro de uma cadeia alimentar. Dentre os inimigos naturais no tomateiro, tem-se o predador Orius insidiosus (Hemiptera: Anthocoridae), Cycloneda sanguinea (Linnaeus) (Coleoptera: Coccinellidae) e Chauliognathus flavipes (Coleoptera: Cantharidae) que se alimentam das pragas Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleirodidae) e Tetranychus evansi (Acari: Tetranychidae). Pouco se sabe sobre o comportamento de predação destes inimigos naturais no tomateiro. Assim, objetivou-se avaliar atividades comportamentais de predação por meio de um etograma comportamental dos predadores O. insidiosus, C. sanguinea e C. flavipes em tomateiro. O experimento foi realizado no laboratório de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa. Folíolos de tomateiro sem contaminação com inseticida foram acondicionadas em tubos de ensaio de 2 cm de diâmetro por 15 cm de altura, que teve sua entrada vedada com algodão hidrofóbico. Em cada tubo foi individualizado um adulto de O. insidiosus, C. sanguinea e C. flavipes, constituindo-se assim a unidade experimental. Os tubos foram levados para estufa incubadora à temperatura de 25 ± 0,5 oC e umidade relativa do ar 75 ± 5%. Os insetos ficaram sem se alimentar por seis horas. Confeccionou-se uma arena de isopor com 2,5 cm de espessura, 40 cm de diâmetro circundado com uma fita de cartolina branca de 10 cm de largura posicionada verticalmente para evitar a fuga dos insetos pelas laterais desta arena. Esta arena foi dividida em quatro quadrantes de tamanhos iguais, no centro de cada quadrante foram liberados cinco ácaros vermelho (T. evansi) e cinco ninfas de mosca branca (B. tabaci) recém mortos em geladeira a temperatura de -2 oC. No centro da arena foi liberado o inimigo natural e finalmente, um etograma comportamental foi confeccionado para analisar a seqüência de comportamentos de cada indivíduo de forma a determinar quais atividades comportamentais seriam avaliadas. Calculou-se a frequência das principais atividades comportamentais e selecionados aqueles com frequência acima de 20% para comparação do comportamento entre as espécies. As comparações entre os tempos de cada comportamento selecionado foram feita com base no intervado de confiança a 95% de cada espécie em cada tratamento. Os comportamentos com freqüências acima de 20% foram: busca (procura de alimento), parado (imóvel), mover (móvel), ambulatório (parado com movimento de qualquer membro do corpo), se lamber (exceto para O. insidiosus) e alimentar (capturar a presa e comer). Estas categorias comportamentais variaram entre as espécies. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES 1 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 AMPLIFICAÇÃO CRUZADA DE MICROSSATÉLITES NO GÊNERO Astyanax: OTIMIZANDO FERRAMENTA PARA ENTENDER A BIODIVERSIDADE. Pierre Rafael Penteado1; Sabrina Alves dos Santos1; Karine Frehner Kavalco1; Rubens Pazza1. 1 Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa [email protected] Palavras-chave: Astyanax, microssatélite, marcador molecular O gênero Astyanax possui ampla distribuição, que vai desde o sul do Texas até o norte da Patagônia, e no Brasil é popularmente conhecido como lambari ou piaba. Na família Characidae, à qual pertence, destaca-se por ser um dos gêneros mais especiosos, contando com mais de 100 espécies descritas. Estudos recentes baseados em seqüências de DNA mitocondrial demonstraram que algumas espécies são mais intimamente relacionadas: espécies predominantemente do “rabo-vermelho”, espécies do “rabo-amarelo” e espécies que pertencem à bacias de drenagens costeiras. Microssatélites (STR – simple tandem repeats) são uma classe de marcadores moleculares co-dominantes e altamente polimórficos, que são amplamente usados em estudos de parentesco, e também ecológicos, visando informações sobre estrutura e diversidade populacional. Para a espécie Astyanax mexicanus, que é considerada um modelo biológico e que ocorre ao norte da distribuição do gênero, foram descritas uma dezena de loci de microssatélites, dois quais seis mostram-se polimórficos. Nesta espécie, estudos populacionais bastante amplos foram realizados, inclusive filogeográficos. Buscando novas ferramentas para auxiliar no estudo da biodiversidade, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a transferibilidade dos loci destes microssatélites em espécies do gênero Astyanax encontradas na América do Sul, a fim de obter marcadores moleculares confiáveis para avaliações populacionais neste complexo táxon. Para isso, foram usados exemplares de espécies de distribuição costeira: A. hastatus, A. ribeirae, A. giton, intermedius e A. parahybae, bem como as espécies A. fasciatus, A. altiparanae, A.scabripinnis A. bockmanni, A. lacustris, A. spB, além de A. mexicanus como controle. As reações de amplificação seguiram as especificações contidas na descrição dos microssatélites de A. mexicanus. A variação na temperatura de anelamento foi verificada utilizando-se termociclador Palm Cycler (Corbett CG196), com gradiente de temperatura. As temperaturas variaram entre 53 e 57 oC. Os produtos de PCR foram separados em gel de agarose 3% e corados com brometo de etídio. Em ambos os grupos de espécies, os alelos obtidos variaram entre 350 e 100 pares de bases, sendo que para os primers Ast1 e Ast13, a melhor temperatura de anelamento foi de 1ºC acima do indicado para A. mexicanus. Os indivíduos testados da espécie A. hastatus não apresentaram amplificação em nenhum dos primers testados, e amostras de A. scabripinnis também não amplificaram no teste com o primer Ast9. Num primeiro teste, as reações envolvendo Ast10 com amostras de A. mexicanus não obtiveram sucesso. Os testes de amplificação constituem a parte inicial de um trabalho que almeja usar os primers obtidos para aprofundar os conhecimentos da estrutura populacional destas espécies, para melhor compreensão das intricadas relações filogenéticas no gênero. Apoio financeiro: CNPq/CAPES/FAPEMIG 2 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ANATOMIA FOLIAR DE ESPÉCIES DE BROMELIACEAE EPÍFITAS DA TRILHA DO MURIQUI, PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO, ARAPONGA, MG. Jaqueline Dias-Pereira1; Aristéa Alves Azevedo2; Guilherme Carvalho Andrade2; Cleiton Faria Guimarães2; Carla Regina Santin2; Leonardo Domingues de Figueiredo2. 1 Laboratório de Anatomia Vegetal, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa Laboratório de Anatomia Vegetal, Campus de Viçosa - Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: Bromeliaceae, epífitas, Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, anatomia foliar As epífitas vasculares contribuem significativamente para a biodiversidade das florestas tropicais, podendo ocupar locais variados ao longo do fuste e nas copas das árvores. Dentre as epífitas, a família Bromeliaceae é notável pela diversidade ecológica e por suas características adaptativas, comumente evidenciadas em suas folhas. Objetivou-se avaliar a anatomia foliar de espécies de Bromeliaceae epífitas ocorrentes ao longo da estratificação vertical, em 10 forófitos da Trilha do Muriqui, Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. Amostras de 0,5 cm2 das regiões apical, mediana e basal das folhas mais internas, em contato com o tanque, (denominadas de I), das medianas (M) e das mais externas (E) foram fixadas em FAA50, desidratadas em série etílica crescente, incluídas em parafina ou resina. Cortes transversais e longitudinais, obtidos em micrótomo rotativo de avanço automático, foram corados e montados, conforme metodologias usuais. Algumas amostras foram processadas para estudos em microscopia eletrônica de varredura. As espécies encontradas foram Vriesea heterostachys, V. longicaulis e Tillandsia geminiflora. V. heterostachys foi a única que ocorreu em todos os forófitos, ao longo da estratificação vertical. V. longicaulis ocorreu apenas no forófito 7, enquanto T. geminiflora ocorreu no forófito 10. A epiderme das espécies é unisseriada e nas espécies de Vriesea ela apresentou corpos silicosos e paredes lignificadas em forma de “U”. As folhas são hipoestomáticas, com estômatos posicionados no mesmo nível das demais células da epiderme, exceto em T. geminiflora que apresentou indivíduos com estômatos num nível inferior. As espécies de Vriesea apresentaram células epidérmicas com paredes anticlinais de contorno sinuoso, o que não ocorreu em T. geminiflora. As três espécies apresentaram escamas em ambas as faces da folha, sendo imbricadas apenas em T. geminiflora. Internamente à epiderme, da face adaxial e abaxial, foi observado o parênquima aquífero e no centro, parênquima clorofiliano homogêneo. Os feixes vasculares se intercalam com parênquima braciforme formando canais de ar conectados, em geral, às câmaras subestomáticas. T. geminiflora apresentou mesofilo com menor espessura em relação às outras espécies, com 3-4 camadas de parênquima aquífero sendo as células mais alongadas deste parênquima adjacentes à epiderme da face adaxial. V. heterostachys apresentou a maior quantidade de indivíduos e foi a espécie generalista, coletada em várias alturas do fuste. V. longicaulis só ocorreu à altura mediana do forófito e apresentou características anatômicas muito semelhantes a V. heterostachys. Foram visualizados cristais de oxalato de cálcio, na forma de ráfides nas três espécies. Os caracteres xeromórficos observados na anatomia foliar das espécies estudadas estão relacionados ao hábito epifítico. Apoio financeiro: FAPEMIG/CAPES 3 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ARMADILHAS PARA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE ESPÉCIES EM TOMATEIRO. José Antonio Borba Júnior1; Flávio Lemes Fernandes1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo Coutinho Picanço3; Filipe Gentil1; Rodrigo Soares Ramos3 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa 3 Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: tomate, Solanaceae, mosca branca, ácaro vermelho Os frutos de tomate Solanum spp. apresentam grandes contaminações com inseticidas. O monitoramento de artrópodos pragas e inimigos naturais nas lavouras é útil como bioindicador(es) destes inseticidas e uma forma de reduzir a aplicação destes compostos tóxicos. Os inimigos naturais, tais como parasitóides confeccionam bons indicadores ambientais, uma vez que são muito sensíveis a inseticidas, por se moverem muito na lavoura acabam se expondo mais aos produtos químicos. Já as pragas, se monitoradas corretamente, pode não ser necessário o uso de inseticidas. Com estas duas informações é possível preservar a biodiversidade de espécies artrópodes nas áreas com hortaliças, principalmente o tomate. B. tabaci tem se tornado uma das pragas mais importantes em tomateiro em casa de vegetação. A atração de B. tabaci por diferentes cores de armadilhas tem sido estudada. Parasitóides de mosca branca, Encarsia formosa (Hymenoptera: Aphelinidae), podem obter carboidratos a partir de substâncias açucaradas exudadas pelos seus hospedeiros, extratos de flores e néctar extrafloral. Com o intuito de determinar bioindicadores de qualidade ambiental e ao mesmo tempo avaliar sistemas de manejo em cultivos agrícolas, desenvolveu-se uma armadilha para ser usada como forma de indicador ambiental e que fosse usada para detectar a densidade populacional de pragas, uma vez que nem sempre a densidade presente na lavoura causa prejuízos ao produtor. Assim, este trabalho objetivou avaliar diferentes armadilhas para captura do parasitóide E. formosa e da praga B. tabaci. Avaliou-se diferentes cores de armadilhas (flores artificiais) para B. tabaci e o parasitóide E. formosa. Para tanto óleo mineral foi usado nas flores artificiais em tomateiro comercial em casa de vegetação. Tanto a cor amarela como a verde atraíram significativamente mais adultos de B. tabaci e o parasitóide E. formosa. Armadilhas com flores amarelas têm potencial para o manejo integrado de mosca branca e para captura de parasitóides. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES 4 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO SOB PASTAGEM INTENSIVA DE Cynodon dacyton cv. VAQUERO E SOB CERRADO NATIVO. André Santana Andrade1; Fernando Couto de Araújo1; Diego Tolentino de Lima1; Fábio Martins Campos2; Marlon Correa Pereira3; Luis César Dias Drumond3 1 Graduando em Agronomia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa Técnico de Laboratório, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa 3 Professor Adjunto, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: atributos biológicos, bactérias, fungos, respiração basal As transformações microbianas do solo, devido às diferentes populações e reações químicas nele existentes, podem ser alteradas sempre que esse ecossistema sofre algum tipo de interferência. Diferentes tipos de manejo podem significar diferentes disponibilidades de substrato, que podem em última instância, favorecer ou inibir o estabelecimento dos diferentes grupos microbianos. Neste sentido, objetivou-se neste trabalho comparar a atividade microbiana de um solo sob pastagem intensiva e sob cerrado nativo, visando obter subsídios sobre atributos biológicos de qualidade do solo submetido ao cultivo com pastagem intensiva. O experimento foi realizado em Rio Paranaíba-MG em Latossolo Vermelho-Amarelo próximo a UFV-CRP, sendo constituído por dois tratamentos: uma área de Cerrado nativo e uma área cultivada com pastagem de Cynodon dactylon cv. Vaquero, conduzida sob irrigação e altos níveis de adubação desde setembro de 2009. As variáveis analisadas foram respiração basal do solo e número de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) de fungos e bactérias. A respiração foi determinada em campo, a partir do CO2 liberado em pontos isolados com recipiente, extraído em solução de NaOH 0,5 mol.L-1 e titulado com HCl 0,25 mol.L-1, sendo as avaliações realizadas em 27, 49, 72 e 89 horas após a instalação. O número de UFC foi determinado a partir do plaqueamento de várias diluições de 1 g de solo oriundo de amostra composta coletada na profundidade de 0-7 cm, sendo ágar nutriente o meio para bactérias e BDA com amoxilina para fungos. As médias, oriundas de 3 repetições, foram comparadas pelo teste t a 5% de probabilidade. Os resultados indicaram que a liberação de CO2 média de 0,380 g.m-2.hora-1 observada na pastagem, foi muito superior ao valor médio de 0,163 g.m -2.hora-1 observado no cerrado, sendo os valores cumulativos de 9,50; 18,46; 27,58 e 33,77 g.m -2 para pastagem e 4,46; 7,85; 11,72 e 14,49 g.m-2 para o cerrado. Esses resultados corroboram com outros trabalhos recentes, sendo citado por alguns autores respiração basal do solo sob pastagem cultivada 62,6% superior a de um solo sob cerrado nativo, fato explicado pelo aumento dos teores naturais de nutrientes oriundos de adubações, principalmente fósforo e nitrogênio e do intenso desenvolvimento radicular das gramíneas. Quanto as UFC, observou-se que não houve diferença estatística entre os tratamentos para contagem de bactérias, sendo as médias em torno de 2x105 UFC.g-1 de solo. Em relação à população de fungos, observou-se que esta é maior no cerrado, com valor médio de 3,27x104 UFC.g-1 comparado a 2,57x104 UFC.g-1 de solo para a pastagem, respectivamente, indicando que o cultivo com pastagem efetivamente inibiu o crescimento deste grupo de microorganismos. Conclui-se que a respiração basal do solo é incrementada, a população bacteriana é indiferente e a população de fungos é inibida pelo cultivo do solo com pastagem intensiva. Apoio: Universidade Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba 5 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE E DA ATIVIDADE MICROBIANA EM SOLOS DE MATA DO CERRADO E EM CULTIVO DE Coffea arábica. Fernando Couto de Araújo¹, Diego Tolentino de Lima1; André Santana Andrade1; Fábio Martins Campos2; Marlon Correa Pereira3; Cláudio Pagotto Ronchi3 1 Graduando em Agronomia, Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba Técnico de Laboratório, Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba 3 Professor Adjunto, Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba [email protected] 2 Palavras-chave: Atributos biológicos, bactérias, fungos, respiração basal Os microorganismos do solo desempenham, em grande parte, papel fundamental para a manutenção e produtividade de vários agroecossistemas, pelo processo de transformação da matéria orgânica. O uso do solo na agricultura, após retirada da vegetação natural, tem freqüentemente mostrado alterações na população e na atividade microbiana, as quais são dependentes das condições do solo, do clima, do tipo de cultura e das práticas culturais adotadas. Objetivou-se neste trabalho avaliar as alterações na quantidade e na atividade microbiana do solo, como possíveis indicadores das alterações na qualidade do solo devido às práticas culturais adotadas no cultivo de café, em relação à mata de cerrado nativo. Para a avaliação da atividade microbiana, foi montado em campo, no município de Rio Paranaíba-MG, um sistema de respiração basal, determinada pelo CO2 evoluído em uma área de 187,2 cm2 isolada com um recipiente plástico, extraído com solução de NaOH 0,5 mol.L -1 e titulado com HCl 0,25 mol.L-1, às 27, 49, 72 e 89 horas após a montagem em campo. Foram avaliadas três repetições em cada tratamento: na linha de plantio de café sem irrigação e na mata do cerrado. Para a amostragem do solo, classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, foram coletadas cinco amostras simples de 0 a 7 cm para compor uma amostra composta por tratamento. Desta foi retirado 1 g de solo e feito o plaqueamento de diferentes diluições em três repetições, sendo ágar nutriente o meio para bactérias e BDA com amoxilina para fungos. A contagem de unidades formadoras de colônias (UFC) de bactérias e fungos foi realizada 22 e 42 horas após, respectivamente. A área com café apresentou 1,56x105 e 1,13x104 UFC/g de solo e o cerradão apresentou 2,03x105 e 3,27x104 UFC/g de solo, respectivamente para bactérias e fungos, mostrando significativa redução na microbiota do solo devido ao cultivo com café, pelo teste t; P<0,05. Os maiores números de microorganismos na área de cerradão podem ser explicados pelo ambiente mais estável, sem revolvimento do solo, com presença de cobertura vegetal na superfície o ano todo, propiciando menor variação de temperatura e umidade. A respiração acumulada dos microorganismos foi estatisticamente igual nos solos com café e cerradão (16,29 e 14,49 g de CO2/m2, respectivamente), pelo teste t; P>0,05. A relação da respiração por biomassa microbiana foi maior no solo cultivado com café. Isso se deve ao ambiente com pH mais favorável e com maior disponibilidade de nutrientes resultante da adubação química na linha de plantio de café. Em contrapartida, a menor respiração por biomassa microbiana no cerradão, indica economia na utilização da energia, refletindo um ambiente no seu estado de equilíbrio. Conclui-se que a respiração basal do solo é indiferente e as populações bacterianas e fúngicas são inibidas pelo cultivo do solo com café. Apoio: Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba 6 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 AVALIAÇÃO DA RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO CILIAR REALIZADA NO PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO DA VELHA EM LUZ – MG. Camila Amara Ventura Tonaco¹; Tamires Daciane Teixeira Ferreira¹; Samuel Oliveira Giordani². ¹Graduada em Ciências Biológicas, cursando Pós graduação em Conservação, manejo e avaliação de flora e fauna em estudos ambientais, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco (FASF-UNISA), Luz-MG,Brasil. ²Graduado em Ciências Biológicas pela FASF/UNISA, Luz-MG, mestre em Fisiologia Vegetal pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) Diamantina-MG, Brasil. [email protected] Palavras-chave: Preservação Ambiental, Revitalização, Recomposição Ciliar, Conscientização O mundo está em alerta devido ao uso irracional do homem sobre os recursos oferecidos pelo ambiente. Com a retirada das matas ciliares, os rios ficam sem proteção para reter os sedimentos que a chuva trás do solo, os barrancos caem dentro da água, assim o rio fica cada vez mais largo e mais raso, impedindo a navegação prejudicando a economia do país e populações ribeirinhas que tem sua economia voltada para a pesca e turismo. O estudo foi realizado no mês de setembro com a aplicação de questionários para os fazendeiros na Área de Preservação Ambiental do Córrego da Velha (APA) em LUZ-MG. O objetivo foi analisar a recomposição das matas ciliares realizada no projeto de revitalização do Córrego da Velha localizada em sua APA do Córrego da Velha, que é um afluente do Rio São Francisco. Os resultados obtidos foram que não houve irrigação das mudas na época da seca, somente 4 proprietários disseram ter feito o coroamento das mudas; apenas 3 proprietários fizeram combate a pragas e doenças; 8 disseram que a responsabilidade de cuidar das mudas era do proprietário da fazenda. Sobre a freqüência com que a área é visitada por um técnico apenas um proprietário disse ter sido realizada mensalmente, 5 disseram raramente e 4 nunca. Com relação à freqüência que o fazendeiro visita a área, 2 disseram visitar a área diariamente, 2 afirmaram visitar mensalmente e 1 disse visitar raramente. Para a efetivação dos projetos e efetiva conservação de água e solo, a ANA desenvolveu o Programa do Produtor de Águas, trata-se de um programa voluntário de melhoria da qualidade da água dirigido propriamente a bacias hidrográficas, onde serão feitos pagamentos a produtores que através de práticas e manejos conservacionistas contribuem para a melhoria das condições dos recursos hídricos superficiais. O produtor deverá apontar de forma comprovada benefícios ambientais ao manancial de interesse, estes benefícios incluem o abatimento da sedimentação e o aumento da infiltração de água no solo. O que antes para o produtor seria uma área “desperdiçada” sem nenhuma utilização torna-se uma área útil, pois ele irá receber por suas boas ações. O ideal seria um produtor consciente que não precisasse receber pra tal, porém na prática isto não acontece. Através dos resultados obtidos pode-se concluir que as recomposições ciliares feitas no projeto de revitalização do Córrego da Velha necessitam de um acompanhamento mais freqüente de um técnico. Contudo, é importante salientar para o proprietário do local a importância da conservação da área plantada. 7 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 AVALIAÇÃO DE EFEITO ALELOPÁTICO DE DIVERSOS EXTRATOS DE MACAUBEIRA [Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart] SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES E DESENVOLVIMENTO DE Lactuta sativa L. Fernanda Rocha Braes¹; Luciano Bueno dos Reis² 1 Docente, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa Bolsista Bic-Júnior – Escola Estadual Dr. Adiron Gonçalves Boaventura [email protected] 2 Palavras-chave: Alelopatia, macaúba, Arecaceae A alelopatia é um importante mecanismo ecológico, definido como qualquer efeito direto ou indireto, benéfico ou prejudicial, de uma planta sobre outra, mediante compostos químicos liberados no meio. Apesar do grande potencial de produção de óleo, ainda há uma grande falta de informações botânicas, ecológicas ou agronômicas sobre a macaúba (Acrocomia aculeata). Nesse sentido, o presente trabalho objetivou verificar o potencial alelopático de extratos obtidos de frutos de macaúba sobre a germinação e desenvolvimento da Lactuta sativa L. (alface). Os frutos de macaúba utilizados no preparo do extrato foram coletados na cidade de Rio Paranaíba, lavados e o extrato preparado na proporção de 1 ml de água destilada para 1g do epicarpo dos frutos da macaúba, com auxílio de liquidificador, por 5 min, sendo então filtrado (três camadas de gaze e nova filtragem em papel filtro). Para os testes utilizou-se sementes de alface da variedade Crespa Repolhuda obtidas no comércio local, sendo 15 sementes colocadas para germinar em placas de Petri com o fundo coberto por duas camadas de papel filtro embebidas com 8 mL de extrato nas concentrações de 0, 10, 25, 50 e 100% (v/v). As placas forma mantidas em B.O.D. a uma temperatura de 25°C, sendo cada tratamento composto por duas repetições. As avaliações foram realizadas a cada 48h, em um total de três avaliações dos seguintes parâmetros: comprimento da radícula, do hipocótilo e número de sementes germinadas. O experimento foi repetido três vezes. A inibição da germinação foi percebida a partir da concentração de 25%, sendo esta de aproximadamente 13,5% em relação ao controle e nas concentrações superiores (50 e 100%), a inibição da germinação das sementes de alface foi bastante acentuada. Também foi verificada a inibição no alongamento das raízes e hipocótilos a partir da concentração de 25%; na concentração de 100% foi verificada necrose de raízes, além da forte inibição do crescimento das raízes e hipocótilo. Contudo, na concentração de 10% houve estímulo na germinação e desenvolvimento das plantas. Os resultados indicam que o extrato de epicarpo de frutos de macaúba (Acrocomia aculeata) testado apresenta um potencial alelopático dependente da concentração utilizada, podendo inibir (maiores concentrações) ou estimular (menores concentrações) os parâmetros: germinação e crescimento de raiz e hipocótilo. Dessa forma, novos experimentos devem ser realizados para averiguação desses efeitos em outras espécies, o que poderá indicar possibilidades de consórcio com outras culturas e espécies vegetais. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG 8 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DE QUATRO POPULAÇÕES DE Astyanax asuncionensis (Teleostei, Characiformes) DA BACIA DO RIO PARAGUAI. Rodrigo Desordi1; Denis Glauber da Silva Reis1; Karine Frehner Kavalco1; Rubens Pazza1 1 Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa [email protected] Palavras-chave: Astyanax, morfometria, isolamento de populações O isolamento de populações de peixes nos diversos cursos d’água da região Neotropical é um fator importante na diversificação deste grupo de vertebrados. Dentre os grupos mais diversos na ordem Characiformes, destaca-se o gênero Astyanax, que compreende pequenos peixes conhecidos popularmente como lambaris ou tetras e que habitam diferentes sistemas aquáticos desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, muitos deles em pequenos riachos. Astyanax asuncionensis por sua vez, faz parte de um grupo de espécies que apresentam como característica marcante uma mancha ovalada na região humeral e encontram-se distribuídos pela bacia do rio Paraguai (baixo Paraná). Exemplares de A. asuncionensis provenientes de quatro populações alopátricas da bacia do rio Paraguai foram capturados e medidos utilizandose paquímetro digital com precisão de 0,01mm. Foram tomadas as seguintes medidas: comprimento padrão, comprimento da cabeça, distância pré-dorsal, distância pré-pélvica, distância pré-anal, altura da origem da dorsal, altura do pedúnculo caudal, comprimento da base da anal, comprimento da base da dorsal, comprimento da base da pélvica, comprimento da base da peitoral, altura da cabeça, comprimento do focinho, diâmetro do olho, distância interorbital e comprimento do maxilar. Os dados foram submetidos a uma normalização para eliminar as variações de tamanho intrapopulacionais (Size-free) e analisados utilizando-se CVA (Análise de Variáveis Canônicas) e Neighbour-Joining com base na distância Euclidiana. Para as análises estatísticas utilizou-se o software PAST v2.0. Os dois primeiros componentes acumularam 98,5% da variação obtida. A CVA e a Neighbour-Joining evidenciaram a separação das quatro populações como entidades distintas, sendo mais próximas as populações de Dourados (rio Miranda) e Cáceres (rio Jauru), isolando a população de Coxim (rio Taquari). Os resultados obtidos são congruentes com os dados referentes ao grupo Astyanax bimaculatus, ao qual A. asuncionensis pertence, onde as populações apresentam-se bem estruturadas e diferenciadas entre si. Por sua vez, os resultados sugerem que pelo menos a população de Coxim possa se tratar de uma espécie diferente. Adicionalmente, corrobora-se o fato de que populações mais distantes (no caso, Dourados e Cáceres) podem ser mais semelhantes entre si do que populações mais próximas (Cáceres e Cuiabá, por exemplo) e sujeitas a uma diferenciação comportamental. De qualquer modo, o isolamento destas populações foi suficiente para que cada uma delas demonstrasse características próprias. Apoio Financeiro: FAPEMIG 9 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRATÉGIAS DE DISPERSÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS DE CERRADO SENSU STRICTO NO MUNICÍPIO DE PATROCÍNIO/MG. Mairla Angelina Reis Fazenda União no Município de Patrocínio/MG. Campus Centro Universitário do CerradoPatrocínio. [email protected] Palavras-chave: cerrado; levantamento florístico; estratégia de dispersão. A necessidade de se conhecer a flora do bioma cerrado é de suma importância e torna-se cada vez mais urgente, devido à destruição acelerada deste bioma. Conservar um bioma é garantir a manutenção das espécies que nele se estabelecem. A dispersão de sementes é importante para as plantas por ocorrer à distribuição em diferente habitat proporcionando a sua multiplicação. O presente trabalho tem por objetivo descrever a composição florística e estratégias de dispersão em espécies vegetais arbóreas e arbustivas num fragmento de cerrado sensu stricto na Fazenda União no município de Patrocínio/MG. Para tal, fez-se um levantamento florítico no ponto um da Fazenda União no período de março a outubro de 2009 em caminhadas assistemáticas que permitem a realização de coleta do material vegetal, e classificou os frutos de acordo com sua estratégia de dispersão, utilizando para identificação por meio de consultas a bibliografia especializada e análise das exsicatas depositadas no herbário Patrocinenses. Foram encontradas 64 espécies pertencentes a 58 gêneros, distribuídas em 33 famílias botânicas. A família mais representativa foi a Fabaceae (12), seguida pelas famílias Myrtaceae (05), Apocynaceae (04), Rubiaceae (04), Vochysiaceae (03), Malpighiaceae (03), Annonaceae (02), Bignoniaceae (02), Clusiaceae (02), Lytraceae (02), Melastomataceae (02), Nyctaginaceae (02). Outas 21 famílias foram representadas por uma única espécie. A estratégia de dispersão zoocórica apresentou 40 espécies representando 62,5%, a dispersão anemocórica apresentou 19 espécies representando 29,7% e a dispersão autocórica apresentou 5 espécies representando 7,8%. A área possui uma riqueza de espécies vegetais, e a estratégia de dispersão mais encontrada foi a zoocórica, indicando que provavelmente há recursos alimentares suficientes para manter a fauna deste fragmento no seu habitat natural. Apoio financeiro: Bolsista do Projeto Unicerp e Alto Cafezal. 10 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 DADOS CARIOTÍPICOS DE Hypostomus regani DE DUAS BACIAS DO ALTO DO RIO PARANÁ (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) COM A OCORRÊNCIA DE TRIPLOIDIA NATURAL. Viana, GL1; Brandão, KO1,2; Kavalco, KF1; Almeida-Toledo, LF2; Pazza, R¹; 1 Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa 2 Laboratório de Ictiogenética, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP [email protected] Palavras-chave: triploidia, bandamento-C, evolução cariotípica, Siluriformes, Loricariidae. Conhecidos popularmente como cascudos, os Loricariidae compreendem a segunda maior família de peixes em número de espécies. São peixes neotropicais de pequeno porte, não migratórios, de hábito alimentar iliófago, possuem habitats variados e facilidade de adaptação a mudanças ambientais. Neste grupo, são conhecidas mais de 600 espécies, agrupadas em cerca de 70 gêneros. O gênero de cascudos dominante nos rios brasileiros é o Hypostomus, que apresenta uma série de particularidades cromossômicas próprias, sendo de grande interesse para a citogenética de peixes, apesar de poucas espécies terem sido estudadas até o momento. O objetivo deste estudo foi caracterizar citogeneticamente duas população Hypostomus regani coletados na bacia do rio Pardo no município de Terra Roxa-PR e também no município de Angatuba-SP bacia do rio Paranapanema. Foram usadas as técnicas de coloração convencional com Giemsa e detecção de heterocromatina constitutiva através da banda-C. Ambas as populações apresentaram 2n=72 (16M+20SM+12ST+24A). Adicionalmente, na população de Terra Roxa foi encontrado um indivíduo triplóide (24M+30SM+18ST+36A). A heterocromatina constitutiva distribui-se em quase todos os cromossomos do complemento, em regiões teloméricas e pericentroméricas. O número diplóide e a distribuição da heterocromatina constitutiva observados é semelhante ao já descrito para a espécie em outras localidades. A ocorrência de casos de triploidia natural em peixes é restrito a poucos casos, principalmente em espécies da ordem Characiformes. Apoio financeiro: CNPq/FAPESP/FAPEMIG 11 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 DADOS CROMOSSÔMICOS DE DUAS POPULAÇÕES DE Astyanax sp.B PROVENIENTES DO CÓRREGO SANGÃO E CÓRREGO DO OESTE DA BACIA DO RIO IGUAÇU. Paloma de Fátima Silva¹; Pierre Rafael Penteado¹; Lurdes Foresti de Almeida-Toledo²; Karine Frehner Kavalco1; Rubens Pazza¹. 1 Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa 2 Laboratório de Ictiogenética, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP Palavras chaves: Astyanax, cariótipo, citogenética O gênero Astyanax é um dos gêneros mais explorados no campo da citogenética dentro da família Characidae. O número diplóide do gênero varia entre 2n=36 e 2n=50 cromossomos, com o primeiro par cromossômico do tipo metacêntrico grande, caráter que compartilha com os demais Characiformes. O gênero atualmente se encontra em Incertae sedis, devido à sua provável origem polifilética. A Bacia do Rio Iguaçu, que percorre territórios do Paraná, Santa Catarina e também Argentina, representa um importante sistema hidrográfico do ponto de visto ecológico, devido à sua alta taxa de endemismo de peixes. Entre as espécies exclusivas dessa drenagem encontram-se seis tipos morfológicos de lambaris sem denominação específica, designados provisoriamente pelas letras A a F. Astyanax sp.B é o “lambari do rabo vermelho” do rio Iguaçu, sendo amplamente distribuído e muito freqüente em todas as amostragens ictiológicas feitas na bacia.A fim de contribuir para os estudos cariotípicos, foram estudadas duas populações de Astyanax sp.B isoladas geograficamente, sendo que uma das populações se situa no córrego Sangão e a outra população no córrego do Oeste, na região de Cascavel – PR. Foram usadas as técnicas de suspensão celular a partir da porção anterior do rim para extração dos cromossomos mitóticos, e posteriormente foi utilizado microscópio óptico para a análise dos cromossomos dos indivíduos. O número de cromossomos observado foi 2n=50, com a seguinte fórmula cariotípica: 10M+20SM+8ST+12A, havendo variações do número diplóide de 48 a 50. A análise foi de 28 metáfases por indivíduo, em média. Houve diferenças na fórmula cariotípica das populações estudadas, quando comparado com outros estudos realizados com a mesma espécie. Isto é relativamente comum no gênero, no qual uma espécie apresenta distintas fórmulas cariotípicas, bem como diferentes números diplóides. Apoio financeiro: CNPq/CAPES/FAPEMIG 12 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 DIVERSIDADE DA FLORA DANINHA EM LAVOURAS CAFEEIRAS FERTIRRIGADAS DO ALTO PARANAÍBA-MG. Max Afonso Alves da Silva¹; Wellington Luiz de Almeida1; Jéssica Guimarães Ribeiro 1; Fernando Couto Araújo1; Carlos Eduardo de Oliveira Magalhães1; Leonardo Guasti de Oliveira1; Cláudio Pagotto Ronchi2. 1 2 Estudante de Agronomia, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa Professor Adjunto, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa Palavras-chave: Coffea arabica,plantas daninhas, biodiversidade O Café (Coffea arabica) é uma das principais culturas agrícolas do Brasil, ocupando lugar de destaque na economia nacional, como um dos produtos agrícolas mais exportados. A interferência das plantas daninhas no cafeeiro pode reduzir drasticamente a produção, sobretudo pelos efeitos de competição por água, nutrientes, luz e CO2, e os efeitos alelopáticos. A escolha do programa mais eficiente no manejo das plantas daninhas em lavouras cafeeiras, com a indicação do(s) método(s) mais indicado(s), depende da identificação da biodiversidade das espécies daninhas presentes nas áreas agrícolas. Objetivou-se identificar as principais espécies daninhas que ocorrem em lavouras de café do Alto Paranaíba-MG, durante o período de maior índice pluviométrico (setembro a abril). O experimento foi instalado na Fazenda Transagro, município de Rio Paranaíba-MG, no delineamento em blocos casualizados, com quatro tratamentos e oito repetições. A lavoura foi implantada em dezembro 2006, no espaçamento 3,80 x 0,50 m. Foram feitas amostragens em quatro épocas (tratamentos), durante o período de setembro(2008) a maio(2010): 25/10/08 (época 1), 24/12/08 (época 2), 13/03/09 (época 3) e 13/04/10 (época 4). As plantas daninhas foram coletadas aleatoriamente, com um quadrado de ferro de 30 cm de lado (0,09 m 2), em oito pontos na lavoura, na entrelinha, próximo à saia do cafeeiro, sendo separadas por espécies, identificadas e contadas. Com os resultados obtidos foram calculados os seguintes parâmetros: Frequência (F), Densidade (D), Abundância (A), Frequência Relativa (Fr,%), Densidade Relativa (Dr,%), Abundância Relativa (Ar,%) e Índice de Valor de Importância (IVI,%). Foram encontrados um total de 26 espécies de plantas daninhas nas quatro épocas de avaliação, sendo as principais espécies, de acordo com o Índice de Valor de Importância, compostas por: Época 1: Bidens pilosa L. (61,30%), Eleusine indica (L.) Gaerth (39,28%), Oxalis latifolia Kunth (32,57%) e Galinsoga parviflora Cav. (27,63%); Época 2: Brachiaria plantaginea (link) Hitche (70,74%), Digitaria horizontalis Willd (40,38%), Bidens pilosa L. (34,83%) e Amaranthus retroflexus L. (30,14%); Época 3: Leonurus sibiricus L. (44,76%), Eleusine indica (L.) Gaerth (34,36%), Galinsoga parviflora Cav. (30,03%) e Sida rhombifolia L. (28,36%); Época 4: Commelina benghalensis L. (64,08%), Oxalis latifolia Kunth (49,98%), Lipidium Virginicum L. (38,15%) e Sida rhombifolia L. (34,90%). A flora infestante apresentou grande variação durante o período experimental em função do manejo, e, sobretudo devido à interação com os fatores edafoclimáticos, que provavelmente influenciaram o potencial de competição intra e interespecífica da flora daninha durante o ano. Apoio financeiro: CNPq/FUNARBIC/FAPEMIG 13 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 DIVERSIDADE DE ARTRÓPODES EM MONOCULTIVO DE PINHÃO MANSO. Aislann de Oliveira Rosa1; Flávio Lemes Fernandes1; Elisângela Novais Lopes2,4; Luis Antônio dos Santos Dias3; Madelaine Venzon2; Angelo Pallini4. 1 Departamento. de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa Deptamento de Entomologia e Acarologia, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ/USP 3 Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais- EPAMIG 4 Departamento de Biologia Animal, Entomologia - Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: tomate, mosca branca, Solanaceae, resistência, germoplasma O Pinhão manso (Jatropha curcas L.), espécie nativa do Brasil, é considerado uma opção agrícola para muitas regiões do mundo. Esta espécie possui alto conteúdo de óleo para biocombustível, é tolerante a seca, com baixa exigência em nutrientes, alta adaptabilidade a diferentes tipos de solo e emite baixos níveis de gases na atmosfera. Por esta razão, possui alto potencial para ser cultivada em grande escala, em monocultivos no sistema convencional. Em monocultivos há uma tendência de redução da diversidade de espécies uma vez que as aplicações de pesticidas e a baixa diversidade de plantas favorecem tal fenômeno. Assim, este trabalho visa relacionar algumas espécies pragas e inimigos naturais presentes nesta cultura. As coletas dos insetos foram realizadas no ano de 2009, em um monocultivo de pinhão manso de 0,8 ha, com auxílio de sugadores de mangueira e bandejas plásticas brancas os insetos eram coletados e armazenados em álcool 70%. Posteriormente foram enviados a especialistas para identificação das espécies. Os principais fitófagos encontrados foram: Diabrotica speciosa, Cerotoma arcuata, Empoasca kraemeri, Myzus persicae e Frankliniella schultzei. Os principais predadores foram: Araneidae, Camponotus spp., Chrysopa sp., Cycloneda sanguinea, Hippodamia spp., Psyllobora vigintimaculata, Sciminus sp. e Syrphidae. Os principais parasitóides foram: Braconidae, Encyrtidae e Eulophidae. Mais trabalhos com as interações entre estes organismos necessitam ser realizados para estudos mais aprofundados das relações tróficas. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES 14 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ECOLOGIA E DIVERSIDADE DE PREDADORES E PARASITÓIDES EM FEIJOEIRO. Flávia Maria Alves1; Flávio Lemes Fernandes1,2; Paulo Cézar de Queiroz1, Marcelo Coutinho Picanço2; Leonardo Franco Bernardes1; Tarcísio Visintin da Silva Galdino2. 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa Laboratório de Entomologia Agrícola, Instituto de Biociências, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: inimigos naturais, competidores, biodiversidade, bioecologia O feijoeiro é atacado por importantes insetos fitófagos. Seu controle é realizado com inseticidas, que por sua vez encarece o cultivo, contamina o homem e o ambiente. Dessa forma, o controle biológico torna-se essencial. Assim, objetivou-se por este trabalho avaliar o potencial dos predadores e parasitóides para o controle biológico natural de insetos praga e as interações ecológicas entre esses inimigos naturais e os fitófagos praga e não praga no feijoeiro. Aos 10, 20, 35, 50 e 60 dias após o plantio, avaliaram-se as densidades dos insetos fitófagos e inimigos naturais, batendo-se os ponteiros das plantas de feijão em bandeja plástica. Os predadores mais abundantes foram Solenopsis invicta, Araneae, Orius sp., Crematogaster sp., Anthicus spp., Franklinothrips sp. e Nabis sp. Os parasitóides mais abundantes foram Aphidius spp., Chrysocharis sp., Trissolcus spp., Telenomus spp., Trichogramma spp. As formigas decresceram com a idade das plantas. A densidade de Araneae, A. spp. e O. sp. aumentaram no final do cultivo; interações entre Empoasca kraemeri e Thrips tabaci com Araneae, A. spp., O. sp., F. sp., e Caliothrips brasiliensis com O. sp. e F. sp. apresentaram relação direta de crescimento. Conclui-se então que os insetos fitófagos não pragas perfazem-se importantes presas e hospedeiros necessários para manutenção da biodiversidade de predadores e parasitóides. Além disso, a grande diversidade de inimigos naturais é de extrema importância para evitar que ocorra erupção de pragas secundárias, ressurgência, aumentarem o nível de dano econômico e potencial uso no controle biológico natural. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES 15 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ESTRUTURA POPULACIONAL DO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) (Crustácea: Decapoda: Palaemonidae), NO RESERVATÓRIO DO RIO GRANDE, REGIÃO DE ÁGUA COMPRIDA-MG. Julio Celio de Menezes Junior ¹; José Carlos da Silva ²; Daniela Valle Rezende ³. [email protected] Curso de Ciências Biológicas- Instituto de Ciências da Saúde, Centro Universitário do Planalto de Araxá, Araxá, 2010. Palavras- chave: Macrobrachium amazonicum, camarão de água doce, período reprodutivo. O gênero Macrobrachium apresenta cerca de 120 espécies descritas, sendo que destas, 15 podem ser encontradas no território brasileiro, com distribuição na faixa tropical. O Macrobrachium amazonicum é encontrado em rios, riachos e lagoas marginais com pouca correnteza e pouca profundidade, em locais com vegetação como macrófitas, gramíneas, troncos de árvores em decomposição. Os estudos mostram que a ocorrência do Macrobrachium amazonicum pode ser distribuída por todo o território brasileiro, inclusive na América do Sul. A presença desta espécie na Venezuela comprova sua amplitude de habitat. Conhecido popularmente como Pitu, os camarões de água doce são capturados de modo artesanal por populações ribeirinha, em vários pontos do território brasileiro, como nos açudes do nordeste ou na maioria dos rios e riachos do Estado de São Paulo. Várias formas de ações antrópicas têm sido intensificadas nos últimos anos, decorrentes da imprudência humana junto ao meio ambiente. O estudo do camarão Macrobrachium amazonicum no Rio Grande será de suma importância para o estudo reprodutivo desta espécie e através desses estudos sobre a biologia comportamental destes animais podemos garantir a integridade e manutenção dos estoques naturais permitindo a adequação tecnológica para utilização dos mesmos na aqüicultura, principalmente como alimento vivo. Objetivou-se neste trabalho, conhecer a estrutura, populacional do Macrobrachium amazonicum no Reservatório do Rio Grande, onde as coletas foram realizadas no período de março/09 a julho/09, os camarões foram capturados as margens do rio, no período noturno, com auxílio de uma peneira, com esforço de captura de duas pessoas durante 20 minutos, após a coleta foi realizado a triagem, pesagem e acondicionamento dos animais em álcool 70% até as analises em laboratório, onde foram analisadas suas estruturas corpóreas (CT, CC e CPL) e o peso dos animais. Foram capturados para M. amazonicum 610 indivíduos dos 350 eram fêmeas e 260 eram machos, havendo presença de fêmeas ovígeras. Tendo como temperatura média da água diante desses cinco meses de coleta 25,8º C. A análise estatística das amostras capturadas mostrou haver uma diferença numérica expressiva com uma razão sexual de 0.72 machos: 1 fêmea entre as populações. Machos de M. amazonicum apresentaram comprimento total (CT) de 6,4mm a 57,5mm, comprimento da carapaça (CC) de 2,1mm a 15,8mm, comprimento da pleura (CPL) de 1,1mm a 6,7mm, e seu peso (P) de 0,01g a 3,54g, as fêmeas apresentaram comprimento total (CT) de 10,2mm a 51,1mm, comprimento da carapaça (CC) de 2,2mm a 14,2mm, comprimento da pleura (CPL) de 1,2mm a 7,2mm, e seu peso (P) de 0,01g a 2,09grs. Importante ressaltar a importância deste trabalho na região, para que no futuro possam ser desenvolvidos projetos de cultivos sustentáveis e manejos ecológicos. Apoio financeiro: PROBIC – UNIARAXÁ 16 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ESTUDO DE DINÂMICA DA POPULAÇÃO DE Xylopia aromatica (LAM.) MART. (ANNONACEAE) EM UMA ÁREA DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL EM UBERLÂNDIA, MG. Leila Rodrigues Carrijo1, Ana Carolina Ferreira Martins1, Ivan Schiavini2. 1 Graduandas do Curso de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Uberlândia Docente do Instituto de Biologia – Universidade Federal de Uberlândia 2 Palavras chave: Xylopia aromatica, ecologia de populações, regeneração. O Cerrado apresenta diversos tipos de formações vegetais, que vão desde formações campestres até grandes formações florestais, tornando-se um dos mais ricos biomas brasileiros em variedade de flora. Esta variação esta associada a vários fatores, entre eles a ocorrência de formações florestais dependentes de cursos d’água e as que não estão relacionadas a este recurso. Um exemplo deste último grupo é a floresta estacional semidecidual, que sofreu grande perturbação antrópica ao longo dos anos, sendo reduzida a remanescentes esparsos, por causa do rápido desenvolvimento econômico da agricultura e pecuária. Devido à degradação destas áreas, que causou a perda da biodiversidade tanto faunística como florística, estudos que visem a conservação e recuperação são essenciais para a manutenção das relações ecológicas existentes neste tipo de formação. Nesse cenário, o estudo de dinâmica populacional de uma espécie pode fornecer subsídios importantes para a análise do equilíbrio dinâmico de componentes florestais, refletido nos processos de mortalidade, crescimento e regeneração dentro da população; e são poucos os trabalhos realizados sobre dinâmica de populações nos ecossistemas brasileiros. Sendo assim, buscou-se realizar o estudo de dinâmica da população de Xylopia aromatica em um remanescente urbano de floresta estacional semidecidual na cidade de Uberlândia, Minas Gerais. Este fragmento se encontra no Parque do Sabiá, que teve o estrato regenerativo impactado por causa da limpeza do solo da mata, que era feita até o ano de 1997 e hoje se encontra em fase de regeneração. O Parque é considerado uma das poucas áreas públicas destinadas ao lazer no município de Uberlândia, mas também se caracteriza por ser uma importante área de preservação ambiental na cidade. A espécie em questão pertence à família Annonaceae, é pioneira, geralmente ocorre em áreas perturbadas como beiras de estradas e clareiras, a dispersão das sementes é feita por pássaros e a polinização ocorre principalmente por besouro. No Parque é possível encontrar Xylopia aromatica tanto na floresta estacional semidecidual como nas áreas de cerradão. A coleta de dados para o estudo de dinâmica foi realizada nos anos de 2008 e 2009, em 20 parcelas de 100 m 2, onde todos os indivíduos com diâmetro inferior a 15 cm tiveram sua altura e diâmetro aferidos. Foram marcados 111 indivíduos em 2008, e 92 em 2009, sendo que não houve recrutamento e o número de mortos foi de 19 indivíduos no período, com uma taxa de mortalidade de 17,1%. De acordo com o coeficiente de dispersão os indivíduos encontram-se distribuídos de forma agrupada. E a taxa de mortalidade foi maior nos indivíduos jovens. Apesar de não ter ocorrido recrutamento, não se pode concluir que esta população está em declínio, pois o tempo de acompanhamento de um ano não é suficiente para diagnosticar um declínio constante para a população da espécie na área de estudo. 17 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ESTUDO PRELIMINAR DE CARACTERIZAÇÃO DE BIOINDICADORES VEGETAIS (FAMÍLIA POACEAE) E NÍVEL DE DEGRADAÇÃO NAS MARGENS DO CÓRREGO PIMENTAS, MUNICÍPIO DE MATUTINA-MG. Vinícius Londe1; José Carlos da Silva1. 1 Curso de Ciências Biológicas - Centro Universitário do Planalto de Araxá - UNIARAXÁ [email protected] Palavras-chave: mata ciliar, degradação ambiental, bioindicadores, gramíneas. As matas ciliares são formações vegetais do tipo florestal que ocorrem ao longo das margens dos cursos d’água podendo se estender por dezenas de metros de largura. São muito importantes, pois protegem os recursos hídricos, mantém a qualidade da água, atuam como filtro natural de contaminantes, controlam os processos de erosão e assoreamento nos leitos, além de atuarem na manutenção do ciclo hidrológico. Mas embora de grande importância, elas têm sido alvo de diversos impactos antrópicos, estando hoje reduzidas a poucos fragmentos. Os bioindicadores são organismos cuja presença, abundância e condições são indicativos biológicos de determinada condição ambiental, expressam sintomas particulares ou respostas que indicam mudanças no ambiente. Assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar espécies de gramíneas como bioindicadores de degradação de mata ciliar do córrego Pimentas, município de MatutinaMG. Em um trecho de 2400 m2 no leito do córrego foram definidas duas áreas; Área AB e Área CD, cada uma com 200 metros de comprimento em cada margem, subdivididos em 20 quadrantes de 10 metros cada. A largura delimitada foi de 3 metros em cada margem, também subdividida em três menores de um metro cada, utilizada para constatar se as espécies de gramíneas ocupariam distâncias distintas do córrego. A Área AB - margem esquerda, onde se localiza um fragmento de mata ciliar preservada, foi tida como Local Referência para a comparação de dados. As principais espécies de gramíneas encontradas foram Pennisetum purpureum em 56,6% das áreas degradadas, Urochloa mutica (33,3%), Paspalum notatum (30%), Brachiaria decumbens (23,3%) e Andropogon bicornis (5%). Quanto à localização, em geral, as espécies estão em maior abundância à distância de 0 a 1 metro na encosta (37,3%). Entretanto, quando se considera apenas a Área AB margem direita, com resquícios de mata na encosta, há um distanciamento destes vegetais com maior concentração a 3 metros do córrego. A concentração e o número de espécies de gramíneas são maiores onde há ausência de mata ciliar. Os principais tipos de ação antrópica no local são o desmatamento para a formação de pastagens (90%) e o acúmulo de lixo (38,3%). Pontos de assoreamento compreendem 15% nas áreas degradadas, erosão 8,3% e vegetação exótica, entendida como gramíneas que crescem dentro do rio, 6,7%. Não houve percepção de assoreamento, erosão e vegetação exótica no Local Referência. A constatação de maior porcentagem de gramíneas na encosta do córrego, nas áreas degradadas, comprova que o desmatamento proporciona condições ao crescimento destas plantas, e que em ambientes perturbados estes vegetais mostram o nível de danos e invasão, podendo ser, portanto, considerados bioindicadores de degradação. Estes não devem ser vistos negativamente, mas como fatores de entendimento da ação antrópica e do nível de degradação de uma área, fornecendo subsídios para seu manejo e recuperação. 18 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 FONTES DE VARIABILIDADE GENÉTICA RESISTENTE A HERBÍVORO MINADOR EM TOMATEIRO Solanum sp. Francisco Pinheiro Vieira1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Derly José Henriques da Silva3; Marcelo Coutinho Picanço4; Flávio Lemes Fernandes1; George Gonçalves Resende Ferreira3; Dário H.B. Oliveira1. 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa 3 Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa 4 Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa - [email protected] 2 Palavras-chave: resistência, germoplasma, tomate, mosca minadora A variabilidade de determinadas espécies pode ser encontrada em unidades conservadoras, denominadas Bancos de Germoplasmas. A Universidade Federal de Viçosa tem o Banco de Germoplasma de Hortaliças que possui cerca de 6560 subamostras sendo 2900 pertencentes à família Solanaceae. Dentre essas subamostras temos o tomateiro, onde se têm realizado estudos na área de caracterização agronômica e resistência a doenças e pragas. Dentre as pragas a mosca minadora Liriomyza trifolii (Diptera: Agromyzidae) constitui praga importante dessa cultura. Os danos causados pelas larvas consistem na abertura de galerias serpenteadas entre a epiderme superior e inferior das folhas, formando lesões esbranquiçadas, podendo penetrar nas nervuras. Esses danos levam a uma redução significativa da área fotossintética, murcha e queda prematura das folhas. O controle químico desse artrópode-praga é o principal método de manejo empregado. Em programas de melhoramento de plantas é necessário que se busquem fontes de resistência. Estas fontes de resistência estão presentes principalmente em bancos de germoplasma. No processo de obtenção de variedades resistentes às pragas também é de fundamental importância o conhecimento dos mecanismos e das causas da resistência. São três os mecanismos que podem estar envolvidos na resistência de Solanum spp. aos artrópodes praga: antixenose, antibiose e tolerância. Já as causas podem ser morfológicas, químicas e/ou físicas. Assim o objetivo deste trabalho foi selecionar fontes de resistência a L. trifolii dentre 43 subamostras de tomateiro do Banco de Germoplasma de Hortaliças da Universidade Federal de Viçosa. Para a avaliação da resistência foram estudadas 42 subamostras, além da cultivar Santa Clara que foi utilizada como padrão de suscetibilidade. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições. Para instalação do experimento foram liberados na parte central da casa de vegetação cerca de 300 adultos de mosca minadora provenientes da criação. As características avaliadas foram os números de folíolos minados/planta, minas/planta e contagem do número de tricomas/0,04 cm2 de limbo foliar. Os dados de número de folíolos minados, número de minas por planta e densidade de tricomas foram submetidos à análise de variância e suas médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a p<0,05. Detectaram-se diferenças significativas no número de folíolos minados, minas de L. trifolii e número de tricomas. As subamostras BGHs-216, 813, 985, 987, 991, 992, 993, 1532, 1989, 1991, 2048, 2055, 2057, 2064, 2068, 2073, 2075, 2089, 2096 e 2097 foram selecionadas como fontes de resistência L. trifolii. O mecanismo de resistência associado a essas subamostras foi a antixenose. Além disso, a baixa densidade de tricomas pode ser uma das possíveis causas da resistência à praga, o que pode ser de grande importância em programas de melhoramento, uma vez auxiliam no estudo da resistência do tomateiro a L. trifolii. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES 19 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 IDENTIFICAÇÃO DE CONSTITUINTES QUÍMICOS EM DIFERENTES CULTIVARES DE CAFÉ: INFORMAÇÃO IMPORTANTE NAS INTERAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE INSETO E PLANTA. Luiz Otávio Duarte Silva1; Flávio Lemes Fernandes1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo Coutinho Picanço3; Ricardo Siqueira da Silva2; Renan Batista Queiroz2. 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa 3 Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: pragas, cafeeiro, química ecológica, deterrentes Todos os organismos ou conjunto de organismos (populações) que compartilham de um mesmo local, no tempo e no espaço, estão sujeitos a interagirem entre si. Esta interação pode ocorrer caso eles tenham recursos (comida, bebida, etc) ou condições (clima, inimigos naturais, etc) em comum ou quando um é o recurso ou condição do outro. Se existe interação, esta pode ser determinada em função do benefício (positivo ou negativo) que cada um tira desta interação. Sendo assim podemos colocar em um gráfico as interações possíveis. Entre insetos e plantas são possíveis todas estas interações, pelo menos em teoria, isto porque competição entre insetos e plantas, apesar de teoricamente possível, é muito pouco provável de ser encontrada na natureza. Tendo em vista as interações entre organismos e plantas, plantas podem produzir compostos de repelência, atração, deterrência, supressão. As folhas e os frutos do cafeeiro possuem vários compostos secundários diferentes. Esta miríade química pode ter importante papel na suscetibilidade dos cafeeiros a insetos-praga. Assim este trabalho tem por objetivo qualificar e identificar os compostos químicos presentes em folhas e frutos e em diferentes cultivares de café e relacionar estes compostos com possíveis estudos em interações entre inseto-planta. As amostras de café Coffea arabica (variedade catuaí amarelo e vermelho) foram colhidas no estágio de maturação verde e cereja (maduro), e obtidos em uma lavoura de 50 ha em Viçosa-MG. Já as folhas foram coletadas de plantas de café (catuaí vermelho) C. arabica em fase de formação no ano de 2006 em Viçosa-MG. Foram amostradas 6 amostras compostas em uma área de 30 ha. Utilizou-se para a identificação dos frutos cromatógrafo (CG-EM) e para a qualificação e identificação das dos compostos nas folhas HPLC. Vários compostos foram identificados nas diferentes variedades de café. Além disso, foi detectado uma série de compostos químicos voláteis nos frutos do cafeeiro. Sendo que os frutos cereja do catuaí amarelo encontrou-se maior número de picos. Nas folhas encontrou-se compostos deterrentes para insetos. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES/PNP&D-CAFÉ 20 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 IMPACTO DE ORGANOFOSFORADO NA BIODIVERSIDADE DE PREDADORES EM CAFÉ Coffea arabica. Ramiro Teodoro Ferreira¹; Flávio Lemes Fernandes1,2; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo Coutinho Picanço2; Ricardo Siqueira da Silva2; Renan Batista Queiroz2. 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa Laboratório de Entomologia Agrícola, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: Vespidae, inseticidas, predadores, inimigos naturais As vespas predadoras são importantes agentes de controle natural da praga do café Leucoptera coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae), pois observa-se predação de 90% das lagartas desta praga. Atualmente, os inseticidas organofosforados são os mais utilizados para controlar pragas em café. No entanto, o seu uso intenso tem causado impacto negativo ao homem, ao ambiente e reduzindo a biodiversidade de vespas predadoras nesta cultura. Apesar da importância de L. coffeella e do potencial do controle biológico pelas vespas predadoras, existem poucos trabalhos testando o impacto destes inseticidas a estas vespas em campo. Assim, objetivou-se avaliar o impacto do inseticida organofosforado na biodiversidade de vespas predadoras no cafeeiro. O trabalho foi realizado em Viçosa, entre maio e outubro de 2007. O experimento foi instalado em um talhão com 5.000 plantas de café cultivar “Catuaí amarelo”. A área experimental foi divida em duas áreas, ao qual recebeu os 2 tratamentos: área 1 (com inseticida) e área 2 (sem inseticida). Para simular o efeito real no campo, utilizou-se o inseticida Clorpirifós Fersol 480 EC na dose recomendada de 1,5 L/ha. Foi realizada uma aplicação do inseticida no mês de agosto. Em cada tratamento marcou-se o total de 650 folhas no terço mediano das plantas de café. Cada repetição foi constituída por 130 folhas. Inicialmente, as folhas marcadas apresentavam minas ativas (com lagartas vivas). Semanalmente, foi realizado o monitoramento das vespas. Para a coletar foram realizados caminhamentos em zigzag, com paradas a cada 20 metros para observação. As observações foram realizadas nos horários mais quentes, horário de maior movimentação das vespas. Os adultos de vespas encontrados no cafeeiro foram coletados, armazenados em álcool (70%) e identificados no museu de insetos da UFV. Durante o período experimental (antes e depois da aplicação do inseticida), monitorou-se semanalmente a predação das vespas predadoras sobre essa praga. Os resultados foram corrigidos em relação à mortalidade ocorrida na testemunha. Os resultados foram transformados em arco seno (x/100)0,5 para realização de análise de variância e comparação das médias pelo teste agrupamento de médias de Scott-Knott a 5% de significância. As espécies e frequências de vespas predadoras encontradas foram: Protonectarina sylveirae (71,50%), Brachigastra lecheguana (12,00%), Polybia sp. (7,00%) e Polistes versicolor (1,00%). Essas espécies encontradas já foram apontadas por vários autores como as espécies predadoras de L. coffeella mais importantes em cafeeiros. Detectou-se diferenças significativas entre o inseticida e o contro na predação por Vespidae (F = 40.65, df = 2,58, P < 0.001). Além disso, houve diferença significativa nas densidades de Vespidae predadores (F = 33,11, df = 5,53, P < 0,001) ao longo do tempo. Estes resultados demonstram impacto de toxicidade à vespas predadoras, contribuindo para redução da biodiversidade destes predadores. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/PNP&D-CAFÉ 21 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ÍNDICE DE APREENSÕES, SOLTURAS E ÓBITOS DO PÁSSARO Saltator similis (Trinca-ferroverdadeiro) NO CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES CETAS/IBAMA DE MONTES CLAROS – MG REGISTRADOS DURANTE OS PERÍODOS DE JANEIRO DE 2008 A DEZEMBRO DE 2009. Otávio Maquei de Oliveira Monção¹; Edson Lima Brito; João Cássio Lôpo Lopes. Graduandos em Biologia. Faculdade de Saúde Ibituruna; Av: Nice, nº 99, Ibituruna, 39400-000, Montes Claros – MG. E-mail: [email protected] ¹; Palavras-chave: Saltator similis, CETAS/IBAMA, Bioma Cerrado e Caatinga e Comércio ilegal Saltator similis é uma ave arborícola, de tamanho de 20 cm, é muito conhecida e valorizada, possui uma dieta a base de insetos e frutos, bicos fortes e adaptados ao consumo de sementes duras e possui uma calda avantajada. O S. similis pertence à ordem dos passeriformes, atualmente é representante da família Cardinalidae, conhecido como Trinca-ferro-verdadeiro ele também e encontrado no bioma Cerrado e no bioma Caatinga. O Brasil é um país que possui uma das maiores riquezas em avifauna do planeta, o que torna o país um dos maiores e importante em megadiversidade, ocupando hoje a segunda colocação em números de espécies de aves do mundo. O país vem sofrendo forte pressão do tráfico de animais silvestres, sendo esta a terceira atividade ilegal que mais movimenta dinheiro no mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. O trabalho de resgate e apreensão de animais silvestres pela polícia ambiental e pelos fiscais do IBAMA do Norte de Minas Gerais são encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestre (CETAS) de Montes Claros. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo analisar o índice de apreensões, solturas e óbitos do pássaro S. similis no CETAS de Montes Claros. Foram feitas visitas mensais durante os anos de 2008 e 2009, no CETAS, sendo coletados dados das fichas que continham informações da ave estudada. Foram separados os números de boletins de ocorrências e de fichas de doações espontâneas do pássaro. Em seguida foram determinadas as médias dos termos de apreensões, solturas e óbitos pelo teste de análise quantitativa através do programa Bioestat 5.0. Em um período de dois anos, um total de 509 espécimes foram apreendidas ou coletadas pelos policiais e fiscais do IBMA. Deste total 207 espécimes (40,66%) corresponderam ao ano de 2008 e 302 (59,33%) ao ano de 2009. Já para as comparações das médias gerais analisadas pelo Bioestat, no ano de 2008 as apreensões foram de (M(geral) =17,25) e 2009 foram de (M(geral) =25,16), as solturas em 2008 foram de (M(soltura) = 14,08) e 2009 de (M(soltura) = 18,17), já para os óbitos em 2008 a média foi de (M(óbito) = 3,17) e 2009 foi de (M(óbito) =7,00). Os resultados mostraram que houve sim um aumento nos três termos analisados, aparentemente aumentou no ano de 2009 comparativamente ao ano de 2008. Esse aumento, no entanto, pode representar não apenas um incremento no número de animais traficados como também pode ser atribuído a uma intensa atividade de fiscalização no ano de 2009. Portanto, se o comércio ilegal continuar dessa forma desenfreada, certamente diversas espécies de aves irão configurar na lista de animais extintos na natureza, fazendo companhia a já extinta da natureza a Ararinha-azul, Cyanopsitta spixii. 22 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 INFLUÊNCIA DO USO DO SOLO NA QUANTIDADE E ATIVIDADE MICROBIANA SOB CULTIVO COM CEBOLA COMPARADO COM MATA NATIVA DE CERRADO. Diego Tolentino de Lima1; André Santana Andrade1; Fernando Couto de Araújo1; Fábio Martins Campos2; Marlon Correa Pereira3; Carlos Eduardo Magalhães dos Santos3. 1 Graduando em Agronomia, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa Técnico de laboratório de Química e Biologia, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa 3 Professor Adjunto, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: cultivo de cebola, cerrado, bactéria, fungo, respiração basal O preparo e uso do solo têm demonstrado influência sobre a microbiota por alterar condições dos fatores abióticos do meio, como temperatura, umidade e aeração; contato entre resíduos orgânicos e o solo; e distribuição e quantidade dos nutrientes. Objetivou-se neste trabalho verificar, de forma geral, a interferência do cultivo intensivo de cebola sobre os microorganismos do solo. A avaliação na cebola foi iniciada no 61° dia do ciclo da cultura, em sistema com preparo convencional, utilizando canteiros e irrigação, correção de acidez e adubação pesada; o controle de pragas e doenças foi intensivo, realizando manejo integrado. Já no cerrado a avaliação foi realizada no interior da mata nativa. Ambos os ambientes, em áreas bem próximas, têm o solo classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo. A atividade microbiana foi estimada por um sistema de respiração basal, que mede a quantidade de CO 2 que é liberado em determinada área na superfície do solo isolada por um recipiente. O CO2 apreendido é retido pela solução de NaOH mol.L-1 dentro do sistema e é quantificado por titulação com HCl 0,25 mol.L-1. No caso da cebola foi instalado entre as plantas na linha do canteiro, e no cerrado em pontos no interior da mata, ambos em três repetições, as avaliações foram realizadas 27, 49, 72 e 89 horas após a instalação. A respiração na cebola foi praticamente o dobro da verificada no cerrado (teste t; P<0,05). Foram coletadas amostras compostas de cinco amostras simples na camada de 0 a 7 cm do solo, sendo uma composta representativa para cada repetição, das quais foi retirado 1 g para diluição e plaqueamento em ambiente controlado e meios seletivos, agar nutriente para bactéria e BDA com amoxilina para fungos, a contagem das unidades formadoras de colônia das bactérias foi realizada 22 e fungos 42 horas após a incubação. Observou-se que o número de bactéria total nos dois ambientes não apresentou diferenças significativas (teste t; P>0,05), já fungo total foi cerca de 5 vezes maior no cerrado do que na cebola (teste t; P<0,05). Apesar da umidade elevada e grande disponibilidade de nutrientes na cebola, que propiciam maior atividade e multiplicação dos microorganismos, foi encontrado menor número destes, especialmente fungos, fato provavelmente atribuído à intensa aplicação de defensivos, principalmente fungicidas. E segundo a literatura, uma maior biomassa microbiana com menor respiração, como no cerrado, indica economia energética e, supostamente, reflete um ambiente mais estável ou mais próximo do estado de equilíbrio. Valores elevados na respiração para uma menor biomassa microbiana, como na cebola, indicam ecossistemas submetidos a condições de estresse ou de distúrbio. Portanto, o cultivo intensivo de cebola aumenta a atividade microbiana como um todo, não interferindo na quantidade total de bactérias, porém reduz significativamente a população de fungos. Apoio financeiro: Universidade Federal de Viçosa - Campus Rio Paranaíba 23 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 INSETOS BIOINDICADORES DE CONTAMINAÇÃO POR INSETICIDAS EM TOMATEIRO Solanum sp. Juno Ferreira Silva Diniz¹; Flávio Lemes Fernandes1,2; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Marcelo Coutinho Picanço2; Ricardo Siqueira da Silva2; Renan Batista Queiroz2 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa Laboratório de Entomologia Agrícola, Departamento de biologia animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: eficácia, seletividade, mosca branca, ácaro vermelho, predadores. A cultura do tomate é uma das culturas que mais recebe a aplicação de inseticidas. Estima-se 36 aplicações inseticidas ao longo do período de cultivo. Estes inseticidas são importantes agentes de redução da biodiversidade. Dentre os organismos bioindicadores de alteração no hábitat de vida dos organismos se encontram os predadores. Na cultura do tomateiro os principais Dentre os inimigos naturais, tem-se o predador Orius insidiosus (Hemiptera: Anthocoridae), Cycloneda sanguinea (Linnaeus) (Coleoptera: Coccinellidae) e Chauliognathus flavipes (Coleoptera: Cantharidae) se alimentam dessas pragas no tomateiro. Assim, objetivou-se avaliar o potencial bioindicador de espécies predadoras de pragas no tomateiro. Uma das metodologias utilizadas para avaliar o sucesso de um organismo como bioindicador é o uso dos níveis de seletividade dos pesticidas. Os inseticidas utilizados foram os mais utilizados no controle das principais pragas do tomateiro. Os tratamentos de toxicidade foram: T1: testemunha, T2: clorpirifós (Pitcher) 450 CE (1,25 L/ha), T3: tiametoxam 100 WG (Actara) (1,00 L/ha), T4: teflubenzuron (Nomolt) 150 SC (0,025 L/ha). Adultos de O. insidiosus, C. sanguinea e C. flavipes foram capturados em cultivos de citros (Citrus sinensis) e milho (Zea mays) na estação experimental da UFV, com aspirador de captura. Todos os espécimes de insetos foram estocados em frascos de 4 mL com álcool 70% e enviados a taxonomistas para a identificação. Da mesma forma, foram aplicados aos inimigos naturais os mesmos tratamentos em DIC no esquema (4 tratamentos x 6 repetições x 3 espécies de predadores). A escolha dos inseticidas foi feita de forma a cobrir os produtos registrados para o controle de mosca branca B. tabaci em tomateiro no Brasil e que tem sido usado para controle de ácaro vermelho. Utilizou-se o espalhante adesivo N-dodecil benzeno sulfonato de sódio 320 CE, na concentração de 30 mL/100 L de calda, em todos os tratamentos. Na testemunha foi usada somente água e espalhante adesivo. As avaliações da mortalidade dos insetos forma realizadas até 35 dias após a aplicação. Teflubenzuron foi seletivo a C. sanguinea e C. flavipes. Já tiametoxam não foi seletivo a estes dois predadores. Clorpirifós não foi seletivo a C. flavipes. Nenhum dos inseticidas foi seletivo a O. insidiosus. Todos os inseticidas foram seletivos ou medianamente seletivos a partir do 21º dia após a aplicação. A variabilidade nos diferentes níveis de seletividade mostra que as três espécies predadoras apresentam diferentes níveis de sensibilidades aos vários tipos de produtos. Assim, conclui-se que C. sanguinea, C. flavipes e O. insidiosus podem ser usados como importantes bioindicadores de diversidade na cultura do tomateiro. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES 24 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 INTERAÇÃO QUÍMICA ENTRE PLANTAS DE CAFÉ Coffea arabica, PRAGA E DIVERSIDADE DE PREDADORES. Ana Cecília Gomes Luiz¹; Flávio Lemes Fernandes1,2; Marcelo Coutinho Picanço2; Rodrigo Soares Ramos2; Rogério Machado Pereira2; Silvério de Oliveira Campos2. 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba - Universidade Federal de Viçosa Laboratório de Entomologia Agrícola, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: biodiversidade, herbívoros, ecologia química, cafeína Compostos secundários presentes nas folhas de plantas podem constituir importante fator a influenciar a diversidade de insetos que usufruem deste nicho como forma de alimentação. As folhas do cafeeiro possuem compostos como fenóis, terpenóides, flavonóides, alcalóides (cafeína), aldeídos, hidrocarbonetos, ácidos clorogênicos, ácidos neoclorogênicos, ésteres, cetonas, pirazinas e cumarinas os quais podem ter importante papel na suscetibilidade dos cafeeiros aos insetos que dele se alimentam. Estudos têm sido realizados visando a identificação de compostos químicos presentes no cafeeiro. Esses estudos tem sido feitos no sentido de relacionar compostos químicos do cafeeiro com a resistência da planta à doenças ou visando a melhoria da qualidade da bebida do café. Estudos que relacionem os compostos químicos do cafeeiro com a diversidade de insetos pragas são incipientes. Tendo em vista a cochonilha verde do cafeeiro Coccus viridis (Hemiptera: Coccidae) como importante fitófago nesta cultura, este trabalho teve como objetivo identificar as principais substâncias químicas na cultura do café que reduzem a diversidade de seus inimigos naturais. Este trabalho foi realizado em 2007 em café Coffea arabica L. variedade Catuaí vermelho no campus da Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. Durante o período experimental, monitorou-se semanalmente a diversidade de espécies de inimigos naturais, a densidade de ataque de C. viridis às folhas do cafeeiro, as taxas de predação e as concentrações de fitoquímicos nas folhas das plantas. As folhas coletadas no campo, levadas ao laboratório de MIP para extração química. Após extração, um grama de cada material foi colocado separadamente em um erlemeyer de 125 mL de capacidade com três repetições totalizando 18 erlemeyers com um grama cada. Para extração dos constituintes químicos das folhas, cada erlemeyer recebeu 60 mL do solvente metanol e foi mantido em banho-maria por quatro horas a 45 oC. O extrato obtido foi concentrado em evaporador rotativo e armazenado em congelador à temperatura de -18 oC para posteriores análises cromatográficas. As análises cromatográficas foram realizadas por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), para identificação e quantificação dos compostos químicos presentes nessas amostras de acordo com a comparação feita com padrões de cafeína, xantina, 3-metilxantina, 7metilxantina, ácido clorogênico, ácido cafeico, teofilina, teobromina, ácido alantóico e alantoína. Verificou-se que os fitoquímicos cafeína, ácido clorogênico e ácido cafeico foram os principais compostos químicos identificados nas folhas do cafeeiro. Correlações negativas foram observadas entre a cafeína com as ninfas da cochonilha verde C. viridis (r=-0,68; p<0,001), além disso, as avaliações no campo mostraram correlação positiva entre C. viridis e as densidades de predadores (r=0,51; p<0,001). Assim, pode-se inferir que altas concentrações de cafeína na folha podem reduzir a densidade de C. viridis e reduzir a quantidade de alimento para seus predadores. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES/PNP&D-CAFÉ 25 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 INVENTÁRIO FLORÍSTICO DO PERÍMETRO URBANO DE SANTO ANTÔNIO DO MONTE, MINAS GERAIS, BRASIL. Guilherme Henrique Rodrigues Rocha¹,²; Heide Maria Rodrigues Rocha-Perdigão2. 1 Pós-graduando em Gestão Ambiental – Universidade Federal de Lavras Pesquisador e Consultor [email protected]/[email protected] 2 Palavras-chave: Inventário florestal, arborização urbana, educação ambiental. A preservação da paisagem nativa é um fator determinante para a conservação de espécies vegetais e animais. A expansão urbana desordenada gera profundas transformações nas características florestais nativas; sendo necessário realizar estudos que visem conhecer quais as consequências desta transformação para que, os resultados possam ser utilizados em projetos de recuperação, manejo e educação ambiental. O município de Santo Antônio do Monte está inserido em uma região predominantemente de Cerrado, com variações na sua fitofisionomia. A ampliação das áreas habitadas tem provocado alterações na paisagem natural, ainda existente no perímetro urbano; onde são encontradas áreas remanescentes com essências arbustivas e subarbustivas do Cerrado. Com o intuito de avaliar o estado de conservação destes remanescentes e inventariar os indivíduos isolados, está sendo realizado o presente trabalho; que objetiva fornecer subsídios para a conservação das áreas ainda preservadas e fornecer informações para que trabalhos de educação ambiental sejam realizados posteriormente. O inventário botânico será realizado após levantamento prévio das áreas a serem inventariadas no município. Este levantamento permitiu realizar um zoneamento do município, que foi dividido em cinco grandes áreas e pré listados os indivíduos isolados, que estão inseridos em canteiros, praças, passeios e lotes sem edificação. No inventário serão selecionados exemplares arbóreos e subarbustivos adultos, sem haver critério de seleção específica por se tratar de um levantamento com objetivos de determinar a diversidade e conservação. O reconhecimento inicial das áreas de estudo permitiu constatar a presença de essências nativas do Cerrado, no entanto, esses remanescentes apresentam traços de profunda degradação, o que não possibilita a interação entre os indivíduos dessas micro populações, diminuindo assim, a variabilidade genética e deixando a população susceptível a pressões seletivas diversas. A partir do inventário florístico das áreas pré listadas será possível propor ações para aumentar a variabilidade genética das micro populações, por meio da introdução de novos indivíduos e possibilidade de conexão entre os fragmentos próximos através da criação de parques municipais, reconstituindo essas áreas e tornando-as ecologicamente dinâmicas e auto sustentáveis. 26 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 LEVANTAMENTO DA ENTOMOFAUNA DE IMPORTÂNCIA FORENSE NA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA. Calil Gibran Iraiore Carvalho1; Olavo Godoi Landgraf1; Rodrigo Ferreira Krüger2; Rubens Pazza1. 1 Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Universidade Federal de Viçosa, Campus de Rio Paranaíba. 2 Departamento de Microbiologia e Parasitologia Universidade Federal de Pelotas. Palavras-chave: Biodiversidade, Entomofauna, Entomologia Forense, IPM. A entomologia é a ciência que se preocupa em estudar os insetos e a sua interação com o meio. A entomologia forense é uma ciência aplicada em resoluções de crimes, como maus tratos, tráfico de entorpecente e assassinato, este ramo da entomologia, que se ocupa com a criminalística, baseia-se na atividade biológica e taxonomia dos insetos para a determinação de parâmetros que auxiliam a perícia criminal. Dados como o tipo de inseto, estágio de desenvolvimento do inseto, tal como o padrão de sucessão de espécies na carcaça constitui uma ferramenta pericial. Com base em dados entomológicos coletado no cadáver são possíveis estimar a data do óbito pela estimativa do intervalo pós-mortem (IPM), tipo de morte e local da morte. Intrinsecamente cada região possui sua entomofauna. Todavia, algumas espécies brasileiras não ocorrem em países de clima temperado, e o contrário é verdadeiro, de modo que para entomologia forense cada região precisa ser estudada tendo em vista que existem diferenças quanto à cronologia de putrefação do cadáver e consequentemente a sucessão de táxons colonizando este recurso. O conhecimento da biodiversidade de espécies necrófagas constitui a consolidação de um modelo brasileiro para estimativa de IPM. O objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento da entomofauna necrófaga com importância forense, na região do Alto Paranaíba, visando a conservação destas espécies para a solidificação da entomologia forense na região. Para conhecer as espécies foram escolhidas áreas com vegetação diferentes, duas áreas tipicamente de cerrado e um pomar. Em cada área foram instaladas oito armadilhas contendo um cadáver cada uma. Foram utilizados 24 porcodomésticos natimortos no total, com massa corpórea entre 2,5 e 3,5 Kg. As carcaças distribuídas em três parcelas (áreas) foram observadas em intervalos de 24 horas, sempre por volta das 8h da manhã. Três armadilhas, diariamente, uma de cada parcela, foi retirada de sua respectiva área e conduzida ao laboratório. Em laboratório foram retirados os adultos capturados (visitantes ou necrófagos) e o solo colocado no interior da armadilha para a captura de insetos necrófagos de solo foi removida e triada. Os adultos coletados na armadilha foram sacrificados com acetato de etila. Foram identificadas 18 espécies necrófagas e 56 espécies de visitantes. Na região do Alto Paranaíba é possível observar uma grande diversidade de insetos necrófagos, abrindo margem para pesquisas mais avançadas em entomologia forense. Apoio financeiro: CNPq / FUNARBE 27 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE CARMO DO PARANAÍBA-MG. Gabriella Dayer Oliveira Pessoa1, Luciano Bueno dos Reis2 1 Discente do Curso de Agronomia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa Docente, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: etnobotânica; Cerrado; saber popular. A utilização das plantas medicinais é um hábito bastante difundido. A eficácia dessas plantas vem sendo demonstradas por inúmeros trabalhos científicos e o seu uso tem sido incentivado por políticas governamentais. Diversos estudos envolvendo etnobotânica e plantas medicinais vem sendo realizados no Brasil, contudo, há carência desses trabalhos no domínio do cerrado, o qual é um dos hot spots de biodiversidade do planeta. Assim como a conservação das espécies do Cerrado, a preservação do saber popular relacionado à utilização medicinal das plantas desse bioma também deve ser uma preocupação da comunidade científica. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo o resgate do “saber popular” sobre plantas medicinais, buscando identificar na comunidade pessoas com reconhecido saber prático sobre o assunto. O trabalho vem sendo realizado na cidade de Carmo do Paranaíba (MG), localizada na região do Alto Paranaíba, no bioma Cerrado. A partir de entrevistas informais foram identificadas duas pessoas cujo conhecimento prático é reconhecido na comunidade. Foi feito o contato com essas pessoas e, até o momento, uma delas foi entrevistada. A entrevista semi-estruturada foi realizada no sentido de obter informações sobre a forma de obtenção das plantas mais comumente utilizadas, bem como o uso e forma de utilização das mesmas, se há alguma noção de conservação e cuidado com o meio ambiente, e as espécies que não são mais encontradas ou estão se tornando de difícil obtenção. O entrevistado obtém muitas das plantas em áreas de Cerrado, na periferia da cidade. Ele nos conduziu em uma coleta em uma dessas áreas. No local foram coletadas 11 plantas de um total de 24 plantas diferentes identificadas por ele no local. Nas entrevistas ele citou um total de 40 plantas diferentes, com diversos usos. Para metade dessas plantas, a parte utilizada é a raiz. Tal dado é relevante, visto que a coleta das raízes em geral leva à morte da planta. Novas coletas estão previstas em áreas próximas ao município. Todo o material coletado será processado, identificado e classificado, sendo toda informação fornecida comparada com a literatura pertinente e os dados, após esta sistematização, serão divulgados para a comunidade, no intuito de não somente esclarecer e divulgar o correto uso das plantas medicinais, mas também o de valorizar o conhecimento popular e alertar sobre a necessidade de preservação desse conhecimento e das espécies vegetais do Cerrado Mineiro. 28 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DE RIO PARANAÍBA – UM RESGATE DO “SABER POPULAR”. Juliana Resende¹; Luciano Bueno dos Reis² ¹Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba ²Bolsista Bic-Júnior – Escola Estadual Dr. Adiron Gonçalves Boaventura [email protected] Palavras chave: Fitoterapia; etnobotânica A fitoterapia, que é a utilização de plantas com propriedades medicinais para a recuperação da saúde, tem sido muito empregada pela população de Rio Paranaíba segundo a pesquisa feita para identificar as plantas utilizadas e suas respectivas ações terapêuticas. Com o objetivo de resgatar o conhecimento tradicional das pessoas sobre o uso de fitoterápicos foi feita essa pesquisa. Um saber que é resgatado no decorrer do projeto. Foi realizada a entrevista semiestruturada com um total de seis pessoas, sendo cinco do sexo feminino e uma do sexo masculino. O critério adotado para a escolha dessas pessoas foi principalmente as mais idosas de origem rural que utilizam os fitoterápicos e possuem grande conhecimento tradicional sobre as plantas medicinais e suas respectivas ações terapêuticas. Os entrevistados estão na faixa etária de 58 a 76 anos de idade, sendo cinco pessoas de origem rural e uma de origem urbana. Atualmente duas dessas pessoas residem na zona rural do município de Rio Paranaíba e quatro na zona urbana. Todos os entrevistados possuem o ensino fundamental incompleto. Foram citadas ao todo 78 plantas medicinais, dentre elas 55 são cultivadas nos quintais dos entrevistados ou estão nas proximidades de suas residências, seja na zona rural ou urbana. Foram encontradas também 11 plantas do cerrado. O restante, 12 plantas medicinais ainda não foram encontradas. As formas de preparo empregadas para a maioria das plantas citadas são os chás, seja por infusão, decocção ou maceração. Já as partes mais utilizadas das plantas para o preparo dos remédios caseiros são as folhas e as raízes, sendo também citadas a utilização de frutos, látex e sumo. Segundo os entrevistados, para prevenção ou cura de enfermidades os fitoterápicos são empregados principalmente para as ações expectorante (18,9%), antibiótica (10,4%), diurética (10,4%), calmante (8,49%) e digestiva (8,49%). As plantas citadas com maior frequência foram o alecrim (Rosmarinus officinalis L.), hortelã (Mentha x villosa Huds.) e carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.). Os entrevistados relataram que quando adoecem utilizam plantas medicinais antes de irem ao médico. Eles recomendam o uso de plantas medicinais a outras pessoas, principalmente para casos menos graves. Um dos entrevistados relatou que utiliza as plantas medicinais como um complemento aos medicamentos vendidos nas farmácias a fim de obter melhores resultados. O presente estudo permitiu verificar que o uso de plantas medicinais é bastante difundido na cidade de Rio Paranaíba – MG e que as plantas mais utilizadas são cultivadas ou encontradas próximas às residências. Apesar do grande número de plantas citadas e de a cidade encontrar-se em uma região onde predomina o Cerrado, poucas plantas desse bioma foram citadas pelos entrevistados. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG 29 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PLANTAS INFESTANTES DE LAVOURA DE Coffea arabica L. NÃO IRRIGADA NO ALTO PARANAIBA- MG. Wellington Luiz de Almeida1; Cláudio Pagotto Ronchi1; Max Afonso Alves da Silva1; Jéssica Guimarães Ribeiro1; Leonardo Guasti de Oliveira1; Carlos Eduardo de Oliveira Magalhães1; Fernando Couto de Araújo1 1 Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa ([email protected]) Palavras chave: biodiversidade, plantas daninhas, cafeicultura A ciência das plantas daninhas é uma ciência “jovem” e pouco conhecida, mas de grande importância uma vez que está associada à maioria das culturas, e, consequentemente, à produção mundial de alimentos. Esta ciência requer pesquisas que visem o aperfeiçoamento e aprimoramento das diversas técnicas de controle, de maneira sustentável, minimizando os impactos no meio ambiente. Nesse sentido, é preciso conhecer a composição da flora daninha presente em determinada área, uma vez que existe uma enorme diversidade de plantas infestantes, que se diferem morfológica e fisiologicamente. Objetivou-se com esse trabalho identificar e quantificar as principais espécies de plantas daninhas presentes em lavoura recém transplantada de café arábica (Coffea arabica L.) na região do alto Paranaíba-MG. O levantamento foi realizado na fazenda Olhos D’água, município de Rio Paranaíba, sendo utilizado para isso um quadrado com área interna de 0,25 m² (0,50 x 0,50 m) lançada aleatoriamente na lavoura, em 16 pontos de amostragem por época de avaliação. O transplantio foi realizado em dezembro de 2008. As amostragens foram feitas em três épocas diferentes: 19/03/09 - 3° mês após o transplantio (Época 1), 20/05/09 - 5° mês após o transplantio (Época 2) e 19/04/10 16° mês após o transplantio (Época 3). Em cada época, as plantas daninhas presentes no espaço delimitado pelo quadrado foram coletadas, separadas por espécie, identificadas, quantificadas e secas em estufa para determinação da matéria seca. Com os dados obtidos foram calculados matéria seca ( em relação ao total amostrado) e as seguintes variáveis: frequência; densidade; abundância; frequência relativa, densidade relativa e abundância relativa; sendo que o somatório dessas três últimas variáveis resultaram no Indice de Valor de Importância de uma dada espécie. As principais espécies encontradas, seus índices de valor de importância (com IVI superior a 40%), e suas matérias secas, foram respectivamente em ordem crescente de (IVI): Época 1: Brachiaria decumbens (55,17%; 49,69%); Acanthospermum hispidinum (41,79%; 2,10%); Época 2: Richardia brasiliensis (57,63% 4,94%); Sida rhombifolia (57,62%; 0,88%); Ageratum conyzoides (53,49%; 2,26%); Sida glaziovii (43,53%; 1,33%); Época 3: Brachiaria decumbens (54,57%; 36,70%); Sida rhombifolia (57,62%; 12,73%); Spermacoce latifolia (42,58%; 17,63%). Através dos dados foi possível constatar alta dinâmica da população de plantas infestantes na área, que sofreu alterações em sua composição (variação do Índice de Valor de Importância, durante as épocas de avaliação). Isso mostra a interação de determinadas espécies com fatores que podem variar com o tempo como, por exemplo: disponibilidade hídrica e de nutrientes, luminosidade,e temperatura, que contribuem para aumentar ou diminuir o potencial competitivo de determinadas espécies ao longo do ciclo da cultura. Apoio financeiro: FAPEMIG 30 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 LEVANTAMENTO DE PESTICIDAS COM MAIORES POTENCIAIS DE INTERFERÊNCIA NO EQUILÍBRIO DE COMUNIDADES HABITANTES DO SOLO NA REGIÃO DO PADAP1. André Santana Andrade2; Diego Tolentino de Lima2; Vagner Tebaldi de Queiroz3; Juliana Lourenço Nunes Guimarães2 1 Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba Curso de Agronomia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa 3 Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo [email protected] 2 Palavras-chave: agricultura intensiva, defensivos agrícolas, microorganismos do solo Entre o início dos anos 90 e meados dos anos 2000, o uso de pesticidas no Brasil, teve aumento de 291%, comparado ao aumento de 101% na produção de grãos, sendo que a incorporação e intensificação da agricultura em áreas de cerrado, como no Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP) é apontada como um dos principais responsáveis por esses aumentos. A finalidade de uso de pesticidas é o controle de organismos nocivos as lavouras, no entanto, a utilização inadequada destes produtos pode comprometer o equilíbrio de organismos habitantes do solo e, ou, da água de áreas cultivadas ou próximas a elas. A literatura cita que a presença de pesticidas no solo causa diferentes efeitos nos organismos, podendo estimular ou inibir o crescimento, dependendo do tipo de solo, organismo e pesticida, mas é certo que há desequilíbrios nas comunidades, principalmente de fungos e bactérias e em geral, de forma temporária, dependendo de características dos princípios ativos (PA), principalmente tempo de meia vida no solo. A classificação toxicológica e ambiental dos produtos formulados (PF) também pode indicar aqueles mais prejudiciais. O objetivo deste trabalho foi obter e reunir informações dos pesticidas mais utilizados em lavouras do PADAP, visando indicar pesticidas que tem maior potencial de alterar o equilíbrio de comunidades habitantes do solo. O levantamento dos PF mais utilizados foi realizado mediante aplicação de questionários semiestruturados a agricultores, lojas e cooperativas agrícolas. A classificação toxicológica e ambiental e os PA contidos nos PF foram obtidos mediante consulta ao sítio AGROFIT. A meia vida no solo dos PA foi obtida mediante consulta ao sítio FOOTPRINT. Os resultados indicaram que 59 dos PA têm uso intensivo nas áreas agrícolas do PADAP. Destes, observou-se que Atrazina, Azoxistrobina, Cipermetrina, Clorfluazurom, Clorpirifós, Endossulfam, Fomesafem, Gama-cialotrina, Imazetapir, Mancozebe, Novaluron, Teflubenzurom e Tiametoxam apresentaram tempo de meia vida no solo superior a 50 dias, enquanto que Dicloreto de Paraquate os fungicidas Ciproconazol, Epoxiconazol, Flutriafol, Propiconazol e Tebuconazol da classe química dos Triazois apresentaram tempo de meia vida no solo superior a 114 dias, atingindo até 1358 dias para Flutriafol, indicando que estes PA têm alto potencial de causar desequilíbrio nas comunidades habitantes do solo, por serem mais persistentes e interferir por mais tempo no crescimento normal das populações, principalmente de bactérias e fungos. Quanto à classificação toxicológica, observou-se que 39,65% dos PF mais utilizados se enquadraram nas classes I e II (extremamente e altamente toxico, respectivamente) e quanto à classificação ambiental observou-se que 70,18% foram enquadrados como altamente perigoso ao meio ambiente e muito perigoso ao meio ambiente (classes I e II, respectivamente). Esses resultados enfatizam a necessidade de estudos de impacto ecológico na região devido a pesticidas e representam a etapa inicial de implantação dos mesmos. Apoio financeiro: CNPq 31 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS DO TIPO ZZ/ZW EM Kronichthys heylandi (SILURIFORMES, LORICARIIDAE). Reis, DGS¹; Penteado, Desordi, R¹; PR¹; Brandão, KO1,2; Kavalco, KF1; Almeida-Toledo, LF2; Pazza, R¹ 1 Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa 2 Laboratório de Ictiogenética, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP [email protected] Palavras-chave: evolução cariotípica, sistema cromossômico sexual, Kronichthys, ZZ/ZW, Loricariidae Com um número estimado de aproximadamente 700 espécies de peixes descritas, a família Loricariidae é considerada uma das maiores família de peixes de água doce do mundo, sendo conhecidos popularmente como cascudos ou em algumas regiões como bodós. O número diplóide na família é bastante diversificado, variando desde 2n = 36 para uma população de Rineloricaria latirostris até 2n = 96 de Hemipsilichthys gobio (descrito como Upsilodus sp.). A sua distribuição ocorre em a toda região neotropical, ocupando habitats muito variados, o que demonstra sua capacidade adaptativa. O gênero Kronichthys apresenta 3 espécies, K. heylandi, K. lacerta e K. subteres e possui poucos dados citogenéticos disponíveis na literatura. Neste trabalho foi estudado uma população de K. heylandi, provenientes da comunidade Serra d’água, Angra dos Reis, RJ, através de coloração convencional por Giemsa e identificação de heterocromatina constitutiva através da técnica de banda-C. Foi verificado para essa população 2n = 54 (42M/SM, 12ST), para ambos machos e fêmeas. Porém, as fêmeas possuem um par heteromórfico subtelocêntrico, enquanto o mesmo par é idêntico nos machos, evidenciando a ocorrência de sistema sexual cromossômico do tipo ZZ/ZW . A heterocromatina constitutiva está distribuída na região telomérica de um par de cromossomos M/SM e também no braço maior de um par de cromossomos M/SM. Na família Loricariidae já foram identificados sistema cromossômico sexual do tipo ZZ/ZW nas espécies Hypostomus sp. G, Microlepdogaster leucofrenatus e Loricariichtys platymetopon. O gênero Hypostomus também apresenta cromossomos sexuais do tipo XX/XY, na espécie H. Macrops. Os dados obtidos auxiliam na compreensão do gênero, ainda pouco conhecido, e apontam caminhos para futuros estudos que busquem maiores caracteres de diagnóstico do par cromossômico sexual. Apoio financeiro: CNPq/FAPESP/FAPEMIG 32 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM BANCO DE DNA, SUSPENSÃO CELULAR E TECIDOS DE PEIXES NEOTROPICAIS NA UFV – CAMPUS DE RIO PARANAÍBA. Dinaíza Abadia Rocha Reis; Gabriel Lacerda Viana; Sabrina Alves da Silva; Ana Laura Lima Mulati; Wanessa Luzia de Souza; Rubens Pazza; Karine Frehner Kavalco. Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa Palavras-chave: biodiversidade, banco de DNA, conservação A palavra Biodiversidade pode ser entendida resumidamente como a diversidade de organismos vivos presentes no planeta. Essa diversidade sempre foi alvo de estudos de cientistas, mas atualmente, desperta o interesse de milhares de pessoas. O principal fator de perda da biodiversidade é a destruição dos habitat naturais pelo homem, evidenciada pelo diagnóstico das regiões mais ricas e ameaçadas do mundo, os hotspots. A preocupação, então, está relacionada com as possíveis formas de conservação desses ecossistemas. Há duas opções de conservação: a in situ que conserva o organismo em seu habitat natural; e a ex situ que o conserva em um habitat diferente do seu natural, diferente de sua origem. O desenvolvimento de técnicas da biologia molecular auxilia a criação e manutenção de Bancos de DNA, formas de conservação ex situ e que são reservatórios de informações genéticas. Seu objetivo é preservar genomas artificialmente para permitir aplicações genéticas da conservação, sistemática e evolução, e para isso, aproveita todo tipo de material biológico para que se tornem possíveis pesquisas genéticas próprias de cada espécie. Uma grande vantagem dos bancos de DNA é o número de amostras, pois não depende da coleta de material vivo e podem ser usadas partes do organismo descartadas por trabalhos para inventários. Porém, há uma limitação: a não preservação da estrutura celular original, o que impede, talvez, a reconstrução genômica (clonagem) de espécies em extinção. Foi realizado no Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva (LAGEVO – UFV/CRP) o levantamento e organização das amostras pertencentes ao laboratório, das quais 59,25% correspondem à obtenção de tecidos conservados em etanol, 26,62% de suspensões celulares mantidas em um fixador (Metanol 3: Ácido Acético 1) e 14,13% correspondem a DNAs genômicos conservados em TE, totalizando 2761 amostras. Esses materiais correspondem, na maioria, a peixes Characiformes e Siluriformes, mas também há Perciformes no Banco. Todos são decorrentes de diversas pesquisas, inclusive com a cooperação de outras instituições. Neste banco de informações genéticas constam dados dos pontos de coleta dos espécimes, inclusive com a marcação por GPS (Global Positioning System). Apesar de já ser comum em muitos países, a utilização de análises de DNA para preservação da biodiversidade ainda é uma idéia ousada, mas de grande potencial. O uso de bancos de DNA garante que não ocorra grande perda de informações gênicas quando comparado com depreciação por fatores naturais. Essa é uma ferramenta criada pelo homem que possui aplicação direta na conservação de genomas existentes, visto que com o passar do tempo as espécies tendem a se modificar, uma vez que a evolução não pára. Apoio Financeiro: FAPEMIG e CNPq. 33 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 PARTICIPAÇÃO DE VARIÁVEIS BIOCLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE ESPÉCIES DE RHODNIINI (HETEROPTERA: REDUVIIDAE: TRIATOMINAE) NA REGIÃO NEOTROPICAL NO ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL, PERÍODO ATUAL E FUTURO. Barreto C.R.A.1, Raimundo R.L.S.1, Galvão C.2, Paula A.S.1 1 Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente/UFOP Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ [email protected] 2 Palavras chave: Rhodniini, distribuição potencial, Maxent, variáveis bioclimáticas A tribo Rhodniini compreende dois gêneros e 20 espécies nominais distribuídas na região Neotropical. Estudos de distribuição potencial de espécies da tribo foram realizados para Rhodnius neglectus e espécies do gênero Psammolestes. Neste estudo foram analisadas as distribuições potenciais de 12 espécies da tribo que apresentaram no mínimo três registros de localidades. Os dados de distribuição formam obtidos de exemplares das coleções Herman Lent e Rodolfo Carcavallo, ambas depositadas no IOC/FIOCRUZ, assim como de trabalhos de revisão. As distribuições potenciais foram obtidas utilizando 19 variáveis bioclimáticas do WorldClim, compreendendo camadas da região Neotropical entre as longitudes – 120 W e – 30 E, e latitudes 40 N e – 60 S. A simulação da distribuição potencial de espécies de Rhodniini foi realizada com o programa Maxent 3.3.1, utilizando o comando jackknife ativado para mensurar a importância de cada uma das 19 variáveis bioclimáticas na distribuição destas espécies. As variáveis utilizadas foram referentes ao Último Máximo Glacial (LGM), aproximadamente 21.000 anos atrás, e os períodos atuais (~1950-2000) e futuro (2050). As variáveis bioclimáticas por períodos foram comparadas pelo teste de Kruskal-Wallis e de Friedman para evidenciar diferenças entre períodos. Não foram evidenciadas diferenças significativas entre os três períodos avaliados (Kruskal-Wallis=0.56526436, P=0.7538; Friedman=4.7929687; P=0.09104). As variáveis que contribuíram para mais de 50% da explicação da distribuição no período atual foram BIO3 para R. ecuadoriensis (60.3%); BIO4 para R. robustus (76.5%) e R. prolixus (53.3%); BIO6 para R. pictipes (63.7%); BIO18 para R. nasutus (52.1%); BIO19 para R. brethesi (70.7%). No LGM foram BIO4 para R. robustus (63.9%) e R. prolixus (56.6%); BIO8 para R. stali (64.7%). Na projeção futura foram BIO3 para Rhodnius ecuadoriensis (67,8%); BIO4 para Rhodnius prolixus (66,8%) e Rhodnius robustus (70,5%); BIO6 para Rhodnius pictipes (65,8%); BIO8 para Rhodnius stali (53,0%); BIO19 para Rhodnius brethesi (66,2%). A variável BIO4 foi explicativa para a distribuição potencial de R. robustus e R. prolixus em todos os períodos. Esta variável pode ser considerada nos estudos de distribuição de R. prolixus, que é o principal transmissor da doença de Chagas na América Central e norte da América do Sul. Apoio Financeiro: CNPQ/FAPEMIG 34 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 PRIMEIRO REGISTRO DE Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 (Reptilia, Squamata, Tropiduridae) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL. Rodrigo de Oliveira Lula Salles*; Adriano Lima Silveira Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Departamento de Vertebrados, Setor de Herpetologia. Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, CEP 20940-040, Rio de Janeiro – RJ, Brasil *E-mail: [email protected] Palavra Chave: Strobilurus torquatus, lagarto, Rio de Janeiro, distribuição geográfica Strobilurus é um gênero monotípico, sendo representado por Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834. S. torquatus é um lagarto heliófilo que ocorre na Mata Atlântica, já tendo sido registrados para os estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia além de um registro duvidoso para o Estado do Espírito Santo. A espécie, apesar de estar bem definida é considerada rara, com poucos registros em coleções zoológicas. No presente trabalho é apresentado o primeiro registro no Estado do Rio de Janeiro. Durante o mês de fevereiro de 2010 foram analisados os espécimes de S. torquatus depositados na coleção de répteis do Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ). Ao todo foram encontrados depositados na referida coleção 13 espécimes, coligidos nos estados de Alagoas, Bahia e na divisa entre o Espírito Santo e Rio de Janeiro (Pedra do Garrafão). A população de S. torquatus localizada na Pedra do Garrafão constitui o limite sul para a espécie, sendo esse o primeiro registro da espécie para o Estado do Rio de Janeiro. Com esse registro, passam a ser conhecidas para o Estado do Rio de Janeiro 32 espécies de lagartos, sendo este o quarto da família Tropiduridae, onde já eram conhecidos: Liolaemus lutzae Mertens, 1938, Tropidurus torquatus (Wied-Neuwied, 1820) e Tropidurus hispidus Spix, 1825. 35 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 QUEBRA DE DORMÊNCIA E UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS NA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DE MUDAS DE FAVA D’ANTA (Dimorphandra mollis Benth). Roberta Aparecida Dias1; Sebastião Ferreira de Lima2; Lizandra Ferreira de Almeida e Borges3; Ana Paula Leite de Lima4 1 Aluna do curso de Ciências Biológicas do Unicerp – Centro Universitário do Cerrado Patrocínio, MG, [email protected]; 2 Doutor em Fitotecnia, Eng.Agrônomo UFMS, [email protected]; 3 Profa. Dra. do Unicerp, [email protected]; 4 Doutora em Ciências Florestais, UFMS, [email protected] Palavras-chave: Dormência. Substrato. Cerrado. Dimorphandra mollis. Germinação. Faveiro. Com a expansão da fronteira agrícola nas regiões do Cerrado, muitas espécies arbóreas encontram-se ameaçadas de extinção, dentre elas, a fava d´anta, devido ao seu tipo de exploração, que é altamente extrativista. Sua multiplicação até o momento tem sido feito exclusivamente por sementes que geralmente trazem fungos que prejudicam sua germinação ou causam a morte de mudas logo após a emergência. Também é uma espécie que necessita de quebra de dormência para atingir produções adequadas de mudas de qualidade. Esse trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito de quebra de dormência e uso de diferentes substratos na produção de mudas de fava d´anta. O experimento foi realizado em Patrocínio-MG, iniciado em agosto de 2009, sendo conduzido em casa de vegetação do Centro Universitário do Cerrado Patrocínio – UNICERP. Os tratamentos consistiram em 4 formas de avaliação de dormência: testemunha, água quente, escarificação química com ácido sulfúrico 98% por 10 minutos e por 20 minutos combinados com quatro substratos: esterco bovino; dejetos de suínos de biodigestor; dejetos de suínos; Fertilizantes NPK (8-28-16) e apenas solo. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 5 x 4, com 3 repetições. Foram avaliados a germinação, altura, diâmetro do caule e número de folhas por planta. A melhor germinação da fava d´anta ocorreu com o uso de solo x ácido sulfúrico por 20 minutos, com 66,7%. Isoladamente o substrato solo propiciou a germinação de 50% das plantas, enquanto o uso do ácido sulfúrico por 20 minutos resultou em 46,7% de germinação. Quando se usa solo, a quebra de dormência com ácido sulfúrico por 10 e 20 minutos e sem quebra de dormência apresentam os mesmos resultados para germinação. Quando se utiliza o ácido sulfúrico por 20 minutos, o uso dos substratos solo; solo + NPK e dejetos suínos apresentam os mesmos resultados para germinação. O maior diâmetro de caule foi obtido com o uso do substrato solo + NPK e com a quebra de dormência por ácido sulfúrico por 20 minutos. Para altura de plantas, a melhor média foi obtida com os substratos solo + NPK e solo + dejetos suínos, sem quebra de dormência. O maior número de folhas foi observado com o substrato dejetos de suínos e para a testemunha, ou seja, sem quebra de dormência. 36 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 RECURSOS GENÉTICOS DE TOMATEIRO Solanum sp. DO BANCO DE GERMOPLASMA DE HORTALIÇAS DA UFV. Guilherme Ribeiro Afonso Domingos1; Maria Elisa de Sena Fernandes2; Derly José Henriques da Silva3; Flávio Lemes Fernandes1; Marcelo Coutinho Picanço4; George Gonçalves Resende Ferreira3; Lílian Cibele Ferreira Pimentel1. 1 Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Rio Paranaíba-Universidade Federal de Viçosa Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa 3 Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa 4 Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 Palavras-chave: tomate, mosca branca, Solanaceae, germoplasma Com o crescente aumento da erosão dos recursos genéticos vegetais, a preocupação principal é a diminuição ou perda da variabilidade genética de espécies cultivadas gerando o estreitamento da base genética. A vulnerabilidade resultante do estreitamento da base genética só pode ser evitada com variabilidade, a qual depende dos recursos genéticos disponíveis, ou seja, do germoplasma da espécie. Esta diversidade de espécies pode ser encontrada em unidades conservadoras de material genéticos denominados Bancos de Germoplasmas. A Universidade Federal de Viçosa tem o Banco de Germoplasma de Hortaliças que possui cerca de 2900 subamostras de Solanaceae diferentes. Dentre essas subamostras temos o tomateiro, onde se têm realizado estudos na área de caracterização agronômica e resistência a doenças e pragas. Dentre as pragas a mosca branca Bemisia tabaci (Gennadius) (Hemiptera: Aleyrodidae) constitui importante agente causador de perdas nesta cultura. Os danos causados pelos adultos e pelas ninfas de mosca branca consistem na sucção de seiva e injeção de toxinas, que influenciam no desenvolvimento da planta, afetam seu crescimento, sua capacidade de produção e a qualidade do produto final. O principal método de controle do biótipo B de B. tabaci é feito por meio de inseticidas. Porém, muitas vezes estes inseticidas não são eficazes. Além da baixa eficácia, os inseticidas podem poluir o ambiente, reduzir a densidade de inimigos naturais e selecionar biótipos resistentes. A busca por alternativa de controle de B. tabaci pode se aplicar ao uso de cultivares resistentes a este inseto praga. Assim os bancos de germoplasma representam uma fonte de variabilidade genética de plantas resistentes a insetos pragas. No entanto, ainda existem poucos trabalhos com subamostras de bancos de germoplasma na busca de fontes resistentes à mosca branca. Assim o objetivo deste trabalho foi selecionar novas fontes de resistência a B. tabaci dentre 34 subamostras de tomateiro do Banco de Germoplasma de Hortaliças da Universidade Federal de Viçosa. Para determinar o mecanismo e a causa de resistência avaliaram-se os números de adultos/planta, ovos/planta, ninfas/planta e o número de tricomas/0,04 cm2. Detectaram-se diferenças significativas no número de adultos, ovos, ninfas/planta e tricomas/0,04 cm2 do limbo foliar dentre as subamostras. Os BGHs-166, 616, 850, 990, 2102 e 2125 com menor número de adultos, ovos e ninfas/planta, tiveram menor densidade de tricomas/0,04 cm2. O mecanismo de resistência associado a estes BGHs foi antixenose. Além disso, identificou-se a densidade de tricomas como possível causa da resistência dessas subamostras a esta praga. Apoio financeiro: CNPq/FAPEMIG/CAPES 37 Evolução e Conservação da Biodiversidade – Volume 1, número 1 UTILIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO TOTAL DE ÁCIDOS GRAXOS NA CARACTERIZAÇÃO DE FUNGOS MICORRÍZICOS DA ORQUÍDEA Epulorhiza spp. Marlon Corrêa Pereira1, Nívea Moreira Vieira2, Sabrina Oliveira Feliciano3, Fernanda Aparecida Rodrigues Guimarães3, Marcos Rogério Tótola2, Maria Catarina Megumi kasuya3 1 Laboratório de microbiologia, Campus de Rio Paranaíba – Universidade Federal de Viçosa – MG Laboratório de Biotecnologia Ambiental e Biodiversidade, Departamento de Microbiologia, Universidade Federal de Viçosa – MG 3 Laboratório de Associações Micorrízicas, Departamento de Microbiologia, Universidade Federal de Viçosa – MG [email protected] 2 Palavras-chave: FAME, fungos rizoctonióides, ITS-rDNA. Os fungos rizoctonióides são os principais fungos micorrízicos de orquídeas. A identificação e a análise de diversidade desses fungos têm sido realizadas pela análise de características morfológicas e moleculares. Entretanto, a composição de ácidos graxos, que é uma técnica molecular utilizada no estudo de fungos rizoctonióides fitopatogênicos, não tem sido empregada em fungos micorrízicos de orquídea. O objetivo deste trabalho foi caracterizar e agrupar os fungos rizoctonióides micorrízicos de orquídeas com base na composição de ácidos graxos, bem como comparar esse agrupamento com a análise da seqüência da região ITS do rDNA. Foram selecionados seis isolados de fungos rizoctonióides. Cinco isolados são micorrízicos de orquídea: três isolados de Epidendrum secundum, previamente identificados como Epulorhiza sp., e dois de Epidendrum denticulatum. O sexto é um isolado de fungo fitopatogênico Ceratorhiza sp. AGC. Os isolados foram crescidos em tubos contendo 1 mL do meio BD (batata dextrose – Acumedia), a 28 °C. Após 4 dias, o micélio foi congelado e liofilizado. Os ésteres metílicos de ácidos graxos, extraídos conforme o protocolo do método MIDI (Microbial Identification System), foram identificados e quantificados em cromatografia gasosa utilizando o software Sherlock (MIDI Inc., versão 4.5). Para amplificação da região ITS, o DNA total dos fungos foi extraído e a reação de PCR conduzida utilizando o par de oligonucleotídeos iniciadores ITS1/ ITS4. Os agrupamentos gerados com base na composição dos ácidos graxos possibilitaram a distinção entre o isolado Ceratorhiza sp. AGC e os isolados de Epulorhiza spp., assim como entre as duas espécies Epulorhiza spp. estudadas. O mesmo foi observado na análise da seqüência da região ITS dos isolados pelo método Neighbor-Joining e o modelo Kimura 2-Parameter. A análise da composição de ácidos graxos pela distância de Mahalanobis distinguiu claramente os isolados de E. denticulatum dos dois isolados de Epulorhiza sp.1 obtidos de E. secundum, sugerindo que a essa distância gera agrupamentos com melhor resolução. A análise da composição de ácidos graxos é uma ferramenta útil na caracterização, identificação e análise da diversidade de fungos micorrízicos rizoctonióides. Apoio financeiro: CNPq/ FAPEMIG 38