O Nascimento de Jesus Maria de Nazaré

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O Nascimento de Jesus Maria de Nazaré
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Ano V - Edição 27 - setembro/outubro 2013
Jesus,
a Vida!
Leia nesta edição:
O Nascimento de Jesus
Maria de Nazaré
EXPEDIENTE
Edição Bimestral. Tiragem de 600 exemplares distribuídos gratuitamente.
Presidente:
Dalmir Ferreira dos Santos
Rua Nelson Monteiro, 131
IBES, Vila Velha - ES.
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Vinculado ao Departamento
de Divulgação da CEC.
2
Dirigente do Departamento
de Divulgação:
Igor Mendonça Franzotti
Editor:
Igor Mendonça Franzotti
Conselho editorial e
doutrinário:
Carlos C. Ferreira, Egeu Antônio
Bisi, Ismael F. dos Santos, Marco
Antônio Chacur, Nivaldo Dalvi
Pesquisa, redação e
Fé em Cristo . janeiro/fevereiro 2013
edição de textos:
Giselda Rodrigues, Marcela
de Faro
Revisão gramatical:
Islene Servare dos Santos
Jornalista responsável:
Gisele Servare - MTB 657/96
Produção, distribuição e
logística:
Hugo dos Santos Mansur
Diagramação:
Pedro Jr Puppim e Bruna Pickert
Contato:
[email protected]
Os artigos aqui publicados são
de responsabilidade, única e
exclusivamente, de seus autores.
EDITORIAL
Velar com Jesus
“E voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos e disse a
Pedro: Então, nem uma hora pudeste velar comigo?”
(MATEUS, capítulo 26, versículo 40.)
Jesus veio à Terra acordar os homens para a vida maior.
É interessante lembrar, todavia, que, em sentindo a necessidade de alguém para acompanhá-lo no
supremo testemunho, não convidou seguidores tímídos ou beneficiados da véspera e, sim, os discípulos
conscientes das próprias obrigações. Entretanto, esses mesmos dormiram, intensificando a solidão do
Divino Enviado.
É indispensável rememoremos o texto evangélico para considerar que o Mestre continua em esforço
incessante e prossegue convocando cooperadores devotados à colaboração necessária. Claro que não
confia tarefas de importância fundamental a Espíritos inexperientes ou ignorantes; mas, é imperioso
reconhecer o reduzido número daqueles que não adormecem no mundo, enquanto Jesus aguarda resultados da incumbência que lhes foi cometida.
Olvidando o mandato de que são portadores, inquietam-se pela execução dos próprios desejos, a
observarem em grande conta os dias rápidos que o corpo físico lhes oferece. Esquecem-se de que a vida
é a eternidade e que a existência terrestre não passa simbolicamente de “uma hora”. Em vista disso, ao
despertarem na realidade espiritual, os obreiros distraídos choram sob o látego da consciência e anseiam
pelo reencontro da paz do Salvador, mas ecoam-lhes ao ouvido as palavras endereçadas a Pedro: Então,
nem por uma hora pudeste velar comigo?
E, em verdade, se ainda não podemos permanecer com o Cristo, ao menos uma hora, como pretendermos a divina união para a eternidade?
Livro "Caminho, Verdade e Vida", psicografado por F. C. Xavier, pelo Espírito Emmanuel
Capítulo 88, edição FEB.
SUMÁRIO
O Nascimento de Jesus
Ismael Ferreira dos Santos
Com a Palavra
Emmanuel - José da Galileia
Maria de Nazaré
Thiago Valadares
O Codificador
Giselda Rodrigues
Jesus, a Vida
Nivaldo Dalvi
Outras Vozes
Giselda Rodrigues
Por Ismael Ferreira dos Santos
O Nascimento
de Jesus
No capítulo 2 do Evangelho de Lucas encontramos a informação de que o imperador romano Augusto Cézar decretou que fosse feito um alistamento
de todo mundo, objetivando saber a quantidade de
contribuintes com os quais poderia contar e os bens
a eles pertencentes.
Roma, com suas legiões armadas, dominava o
Mundo e cobrava tributos de todos os povos que
estavam sob seu império, a fim de sustentar a sua
aristocracia.
O recenseamento obrigava todos a se deslocarem
para sua cidade natal.
Por isso, Maria, em adiantado estado de gestação,
que residia com José na cidade de Nazaré, foi obrigada,
como muitos outros, a se deslocar para a terra natal de
seu esposo porque “era da casa e família de Davi”.
Ao chegarem à periferia da cidade de Belém se viram obrigados a se acomodarem numa “manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem”.
A região fervilhava de gente e teria sido invadida
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Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
pelas diversas famílias que, como José e Maria, eram
originários daquela região e se viram contingenciadas
a retornar àquele local em função do decreto de Augusto Cézar, ao qual ninguém ousaria desobedecer
sob pena de sofrerem perseguição impiedosa do governador da Síria e representante do Império romano
Publio Sulpicio Quirino.
E, por ter chegado ao termo do período de gestação, Maria “deu à luz a seu filho primogênito”,
após desgastante viagem de aproximadamente 4
a cinco dias, provavelmente sobre o lombo de um
jumento, tendo em vista que esse era o meio de
transporte usado pelos habitantes pobres da região da Judeia, naquele tempo.
Descreve o evangelista Lucas, no versículo 8 e
seguintes, que nos campos próximos aquela comarca se encontravam pastores em vigília noturna
dos seus rebanhos quando foram tomados de espanto com a presença de espíritos angélicos que
anunciavam que “na cidade de Davi, vos nasceu
hoje o Salvador que é o Cristo, o Senhor”.
“E, no mesmo instante, apareceu com o anjo
uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a
Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na
terra, boa vontade para com os homens.”
E aqueles homens simples, pastores de ovelhas, confiantes na boa nova colhida naquele
intercâmbio mediúnico sem precedentes, se dispuseram a encontrar Jesus e o acharam junto a
Maria e José, deitado na humilde manjedoura,
envolto em panos, conforme lhes dissera o Espírito, considerado anjo nos apontamentos de Lucas.
Sinteticamente está descrito aqui o nascimento de Jesus, que os Cristãos comemoram no dia
25 de Dezembro.
Com Ele nasce também o clima de fraternidade, de boa vontade e esperança entre os Cristãos
e Jesus se torna mais próximo de nossos sentidos
grosseiros, incapazes que somos de percebê-lo de
uma forma mais sutil.
Apesar dos interpretadores dos textos bíblicos, os chamados Exegetas, divergirem quanto à
existência ou não do censo, se nasceu em Belém
ou Nazaré, se o ano do início do calendário é ou
não o que vigora até hoje e se dia 25 de dezembro
é a data correta do Natal, acredito que o mais
importante é saber o que Jesus é: "... o tipo mais
perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe
servir de guia e modelo", conforme asseguraram a
Kardec os espíritos responsáveis pela Codificação
na resposta dada à pergunta 625 de “O Livro dos
Espíritos”.
O certo é que os detalhes ou as dúvidas sobre
o seu nascimento no orbe terrestre, junto a Espíritos tão inferiores, são dispensáveis se nos concentrarmos no objetivo espiritual de sua missão.
Não é difícil perceber que, ao nascer, Jesus
veio trazer aos nossos sentimentos e corações
endurecidos uma nova ordem: As Leis do Amor.
E isso pode ser constatado em diversas passa-
gens de sua vida pública e um dos trechos que selecionamos é aquele no qual Jesus chama a atenção para a prática milenar da aplicação da Pena
de Talião, utilizada desde o Código de Hamurabi
(aproximadamente 1700 a.C.) que determinava o
conhecido “Olho por olho, e dente por dente.”
Jesus, então, que conhece desde sempre a dureza dos nossos corações, ordenou em um dos
trechos do Sermão do Monte: “Ouvistes o que
vos foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu,
porém, vos digo que não resistais ao mau; mas,
se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe
também a outra” (Mateus 5:38-39).
Ensinava Jesus que devemos perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, ou mais
precisamente, sempre. E desse procedimento deu
Ele a exemplificação máxima ao perdoar os seus
algozes no alto da cruz infamante.
E para finalizar nossa despretensiosa colaboração nesse artigo elegemos as palavras de Richard
Simonetti, contida no seu livro intitulado “Paz na
Terra”, quando afirma:
“...em qualquer tempo, sempre que nos detivermos na apreciação do nascimento de Jesus,
não importa saber se as informações de Lucas são
rigorosamente exatas; se Jesus nasceu em Belém
ou em Nazaré; se foi no ano um ou antes; se em
dezembro ou noutro mês.”
“Devemos avaliar, isto sim, se já iniciamos uma
nova contagem do tempo em nossa vida. Se já
podemos comemorar o anno Domini, aquele ano
decisivo do nascimento de Jesus em nossos corações.”
“É fácil saber.”
“Considerando que sua mensagem sintetiza-se
no espírito de serviço em favor do bem comum,
basta avaliar quanto de nosso tempo fazemos um
tempo de servir.”
Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
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Por Thiago Valadares
Maria de Nazaré
Ainda não conseguimos compreender a magnitude
da missão desempenhada por Maria de Nazaré na Terra, pois os nossos sentidos ainda são muito limitados.
Nem mesmo divisar a extensão do seu testemunho, da
sua entrega e da sua fidelidade ao divino chamado.
O exemplo de Maria é tão marcante que é impossível não se sentir sensibilizado.
É o que ocorre, por exemplo, quando ouvimos as
preces-melodias escritas por Bach, Haendel, Schubert
ou Gounod. De alguma forma nos conectamos a esta
fonte de amor, de ternura e de fraternidade, e sentimos uma paz sem igual. É só fechar os olhos e ouvir a
música mentalmente. Tente isso por alguns segundos...
Maria!
Maria, ainda jovem, já demonstrava os predicados
espirituais que havia conquistado. Por certo se tratava, já há dois mil anos, de Espírito experimentado na
senda do aprendizado e da sublimação.
Contam as narrativas dos Evangelhos que Maria
recebeu a visita de um Mensageiro de Luz, de nome
Gabriel, que anunciou a vinda do Messias pelo seu
ventre de amor. Seguramente que a mensagem trazida por aquele Espírito Superior à Maria de Nazaré
apenas fez recordar uma missão antecipadamente
assumida no Plano Espiritual, quando os planos evolutivos do nosso orbe foram traçados em Assembleia
composta por Espíritos angélicos, da qual Maria certamente fez parte.
Diante do anúncio vindo da Espiritualidade, respondeu:
“Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim
segundo a tua palavra.” (Lucas 1:38)
A entrega de Maria foi total.
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Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
Não houve resistência, não houve obstáculo. Maria foi doce. E certamente os seus dilatados olhos espirituais enxergaram, desde aquele primeiro instante,
o desfecho de dor na cruz da condenação humana.
Que coração grande e fraterno é o seu, Maria, pois
capaz de suportar o holocausto do próprio Filho pela
transformação do homem no mundo.
Tal entrega apenas foi possível porque o amor de
Maria já era sublimado e já alcançava os patamares
da verdadeira fraternidade. Era o amor total por todos os filhos da Terra, e não por apenas um.
O seu amado filho Jesus materializava, entre nós,
a realeza espiritual. E Maria também abdicou de toda
realeza humana quando do nascimento daquele que
iluminaria o mundo para sempre, como narram os
Evangelhos:
“E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem.” (Lucas 2:7)
Trata-se de um testemunho de humildade. Quem
é o maior aos olhos de Deus?
A estalagem, naquela noite, tornou-se lugar maior
que todos os palácios já vistos na Terra. E a simples
manjedoura fez-se berço espetacular.
Por muito tempo buscou-se a vivência exterior,
das aparências ornadas com o verniz do orgulho e
do egoísmo. Todavia, Maria exemplificava a simplicidade, falando ao mundo que o amor familiar é que
não pode faltar. E hoje ainda vemos, nós mesmos, tão
priorizados com a festa material do nascimento, com
os presentes, com as lembranças, com os móveis,
mas, por outro lado, tornando o que é essencial em
ção, todavia, entendia que o homem ainda padecia
peça secundária.
Maria simboliza a figura da mãe que luta. Que na escuridão da ignorância.
E a sua missão até hoje continua.
mesmo no pouco, consegue transformar o ambiente
São diversos os relatos espirituais acerca da atuem que vive num templo de felicidade.
ação de Maria no Plano Espiritual
A amorosa Mãe acompaem ajuda a enfermos. Pela psiconhou Jesus durante toda a sua
Que coração
grafia de Yvonne do Amaral Pevida missionária.
grande e fraterno
reira, no Livro Memórias de Um
Assim como todas as mães, é o seu, Maria, pois
Suicida, o Espírito Camilo Castelo
Maria preocupou-se com a se- capaz de suportar o
Branco nos descreve a tarefa da
gurança e com a integridade
holocausto do próprio
Legião dos Servos de Maria, que
do seu filho amado, inclusive
Filho pela transformação
auxilia, em particular, os suicidas
interpelando-o docemente, na
desencarnados. Esse grupo de tavez em que Jesus, com apenas do homem no mundo."
refa é coordenado pela própria
12 anos, permanecera no TemMaria de Nazaré, que continua incansável no propóplo evangelizando os Doutores da Lei:
sito de amparar a todos os seus filhos ainda peque“E quando o viram, maravilharam-se, e disse- nos.
Maria, tu és constelação de virtudes. Onde esti-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para
conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procu- verdes, olhai por nós, filhos que ainda não compreendem por completo o divino roteiro.
rávamos.” (Lucas 2:48)
“Ave Maria! Senhora
Do amor que ampara e redime,
Certamente Maria não desconfiava de seu filho,
Ai do mundo se não fora
seja do seu caráter ou da sua bondade. Era o instinA vossa missão sublime!”
to protetor de mãe: coração que guarda e que vela.
Sabia que o corpo de seu filho, ainda na tenra idade,
[1] Parnaso de além-túmulo. [psicografado por]
amadurecia e se desenvolvia para a nobre missão de
Francisco Cândido Xavier. 18 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
exemplificar o máximo amor na Terra.
Poesia intitulada “Ave Maria”, p. 81.
Vê-se o caráter daquela nobre mulher. Sabia que
o filho não lhe pertencia, mas nem por isso deixou de
amá-lo em todas as circunstâncias daquela existência,
dando-lhe todo o carinho e suporte necessário ao fiel
cumprimento da sua missão.
A fortaleza espiritual e a sua fibra são impressionantes. Maria acompanhou o Cristo até o momento último da cruz, exemplo maior de coragem que
muitas vezes só é testificado pelo coração de mãe.
E seguiu-O, em espírito e trabalho, a partir de então.
Maria transformou-se em exemplo vivo da mensagem de amor na Terra, tornando-se mãe de toda a
humanidade. Poderia ter soprado gritos de reprova-
Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
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CAPA
por
Nivaldo Dalvi
Jesus, a vida
Em todas as situações que foram registradas
durante a presença física do Cristo junto a nós,
seus tutelados da Terra, verifica-se a incessante
preocupação dEle em nos alertar quanto às necessidades de agirmos o mais próximo possível
das recomendações do Amor Incondicional.
Alguns dos seus seguidores conseguiram
compreender com mais clareza e abrangência essas proposições espirituais, e assim procederam,
segundo as suas capacidades de entendimento e
de seus esforços individuais.
Quanto mais distantes do Cristo, no tempo e
no espaço, maiores dificuldades foram encontradas pelos Aprendizes do Evangelho para entender
e praticar a Mensagem Cristã em seus fundamentos de simplicidade e de pureza. Essa assimilação
incompleta decorreu de muitos e diversos fatores. Destacamos, em nossa modesta opinião, a
imaturidade daqueles que se arvoraram em porta-vozes do Evangelho, a propagarem a Boa Nova
e a conduzirem seus seguidores de acordo com
as interpretações - nem sempre iluminadas - das
diretrizes emanadas por Jesus.
É bom lembrar que, pela Lei da Reencarnação,
somos obrigados a incluirmo-nos nesse barco de
pretensos, e, portanto falsos, cristãos de outrora!
Após o surgimento da Revelação Espírita, entretanto, o Evangelho de Jesus-Cristo teve seu
entendimento adequadamente reforçado pelas
luzes da Verdade, e retornou à sua simplicidade
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Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
e clareza originais, restabelecendo sua grandeza
eterna e sua proposta espiritual para todas as
criaturas da Terra.
Dentro desse contexto de entendimento espírita-cristão, observamos que Jesus, em várias
ocasiões, se referiu à Vida Eterna, evidenciando
a existência de uma realidade para além desse
mundo físico onde atualmente estamos mergulhados.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu
conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida
eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as
arrebatará da minha mão. ( João 10:27-28)
Esse tipo de afirmativa era tido como algo um
pouco distante daquilo que os seres humanos experimentavam no dia a dia. A morte física era, e
ainda é, considerada um evento definitivo, sendo
duvidosa qualquer afirmativa em sentido inverso.
Jesus claramente expõe sobre uma vida eterna,
definitiva, e certamente deveria ser recebido com
descrédito por muitos.
Como assim, dar a vida eterna?
Ficava difícil acreditar que isso fosse possível.
A grande surpresa, inclusive para os seus discípulos, aconteceu na Ressurreição, quando o
Cristo aparece aos seus seguidores após o drama
do Calvário, na sua morte pela crucificação. Ora,
esta foi a demonstração viva e objetiva de que as
afirmativas anteriores de Jesus eram verdadeiras.
CAPA
Ele vencera a morte! Realmente havia a Vida
Eterna, aquela que suplantava a morte física!
Suas aparições após a morte não eram diáfanas, imprecisas, duvidosas. Ele se apresentava
exatamente como havia sido conhecido durante sua vida física. Tanto que, após a notícia dada
por Maria de Madalena, que havia visto o Mestre
Ressuscitado ainda no sepulcro, Jesus se mostra
a seus discípulos, reunidos em um local fechado,
apresentando as mesmas condições físicas que
eles conheciam antes de sua morte. Diante do
ceticismo de Tomé, ausente nessa primeira aparição, pede ao mesmo que toque nas suas feridas,
a fim de se certificar da nova realidade, da imortalidade da sua alma que superara e vencera em
definitivo os grilhões da matéria.
Ficara patente aos discípulos, após aqueles
eventos tão transcendentes quanto sublimes,
que a Mensagem do Cristo era verdadeira em sua
totalidade.
A Vida Eterna existia! E Ele realmente a tinha!
Não se tratava mais da vida material, perecível
e mutável, sujeita a toda sorte de mazelas e dores.
Jesus lhes mostrara uma Vida isenta de todas essas
condições.
E Ele ensinara que, para alcançar aquela condição de Vida Eterna tão
bela e imune aos percalSuas aparições após
ços da vida física, havia
a morte não eram
a necessidade de auto-aplicação das diretrizes diáfanas, imprecisas
que lhes havia gravado duvidosas. Ele se
nas almas.
apresentava exatamante
Então, movidos pela como havia sido conhecido
certeza da Vida Eterna,
durante sua vida física."
e pela confiança plena
dada pelo exemplo vivo
do Mestre Amado, todos os momentos de suas
vidas passam a ser uma incessante aplicação dos
valores evangélicos em si mesmos, desassombradamente, diante de todos os desafios apresentados pelos humanos com que se relacionassem.
E nós aprendemos, com as vivências registradas pelos discípulos verdadeiros do Cristo ao longo dos séculos posteriores que, para alcançar essa
condição apresentada por Jesus, era necessária a
aplicação das recomendações do Amigo Inesquecível.
Um desses alertas, contidos nos Evangelhos, é:
E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. (Mateus 7:14)
Entendemos que esse “caminho apertado que
leva à vida” é o processo de espiritualização ao
qual todos estamos convidados a percorrer. Não
se trata de ações externas, mas de alterações que
devem ser efetivadas portas adentro de nossa
personalidade espiritual.
Como isso é feito? Como encontrar essa vida
prometida por Jesus?
Não se consegue modificar aquilo que não se
Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
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CAPA
conhece, correto?
Então a primeira providência para o interessado em cristianizar-se verdadeiramente é executar
continuamente a auto-observação. Em agindo
nesse sentido, cada um verá que em si mesmo
há uma série de atitudes, sentimentos, conceitos,
que têm que se harmonizar com as diretrizes de
Jesus.
Esse é o caminho.
E ao iniciar o percurso proposto pelo Mestre,
notaremos que se instala no íntimo uma desavença recorrente: nossa mente consciente percebe que nossos atos, todo o nosso ser, tende a
agir e a reagir conforme os padrões de comportamento que adquirimos ao longo de nossa vida.
São mecanismos testados e assumidos, que são
colocados em ação quase sempre sem que percebamos. São os “reflexos mentais condicionados”.
Como estamos decididos a alterar essa substância espiritual da qual somos compostos, temos que fazer um esforço repetitivo e continuado para ir aos poucos substituindo esses padrões
de comportamento, agora entendidos como inconciliáveis com o cristianismo, pelo modelo que
estamos principiando a assimilar e entender.
É apertado esse caminho, porque exige esforço para ser trilhado.
Esforço que não será compreendido pelo próximo. Ao contrário, esse movimento de mudança
terá que se manter aceso, apesar dos circunstantes. Leva o cristão a um tipo de isolamento, mesmo estando em uma multidão, pois se afasta do
modelo vigente e trilha um aprendizado silencioso, portas adentro do próprio coração.
Essa vida prometida por Jesus, por ser pura e
perfeita, vai exigir do aprendiz o exercício constante de pureza e de espiritualidade. Ou seja,
uma verdadeira e completa alteração dos hábitos
existentes. Não se consegue isso sem dor.
Pois dói abandonar as imperfeições!
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Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
Estamos há tantas eras repetindo as mesmas
viciações, que parece serem estas as coisas boas
da vida. E realmente no dia a dia nada há que infirme essa conclusão material. E gostamos muito
de manter aquele estilo de vida que aprendemos
ser adequado.
Agora, no entanto, ao ver com mais clareza o
que Jesus ensina, concluímos que temos que mudar!
Mudar é abandonar as posições ocupadas, ir
na direção do desconhecido, fazer do desconforto e da inadaptação uma constante.
Isso dói, e muito. É o caminho estreito, assim
entendemos.
E essa Vida Eterna, o que será?
É um jeito de viver totalmente fora dos parâmetros materiais, onde não existem mais as interferências do orgulho, do egoísmo, da vaidade,
e de todo o cortejo de consequências funestas
decorrentes dessas mazelas morais que tanto estimamos.
Essa vida eterna tem relação com a vida espiritual, sem dúvida.
Mas como já conhecemos um pouco da vida
após a morte, percebemos que há certa diferença
entre a vida espiritual da psicosfera terrestre mais
próxima da Crosta, e a Vida Eterna a que o Cristo
nos convida.
Como espíritas, sabemos que há o processo evolutivo, que rege
os destinos de
Mudar é
todos os seres.
abandonar as
No caso dos posições ocupadas, ir na
seres “inteligen- direção do desconhecido,
tes que povofazer do desconforto
am a criação”,
e da inadaptação
nosso destino
final é o retorno uma constante."
ao seio do Criador, a Casa Paterna de onde saímos por decisão
própria.
CAPA
Essa, na nossa humilde concepção, é a Vida
Eterna à qual o Cristo se referia.
A vida verdadeira, única.
Para alcançá-la podem ser precisas “muitas
eternidades”, conforme o grau de indecisão do
espírito.
Ou ela pode ser atingida mais brevemente,
caso assumamos a Redenção como nosso caminho mais imediato.
A redenção conduz então à “vida eterna prometida por Jesus”. E como nos esclarece o querido orientador Emmanuel1 ,
“No trabalho de nossa redenção individual ou
coletiva, a dor é sempre o elemento amigo e indispensável. E a redenção de um Espírito encarnado, na Terra, consiste no resgate de todas as
dívidas, com a consequente aquisição de valores morais passíveis de serem conquistados nas
lutas planetárias, situação essa que eleva a personalidade espiritual a novos e mais sublimes
horizontes na vida no Infinito.”
Em nossas palavras, conectando esse ensinamento com o “caminho estreito” citado por
Jesus, percebemos que a dor é parte inalienável
do processo de resgate e consequente evolução
moral a que todos estamos submetidos aqui na
Terra.
Ou seja, ao realizarmos esse processo, estaremos nos desligando desses laços ainda fortes
decorrentes das imperfeições que temos.
Emmanuel é claro ao informar que, na aquisição desse valores morais, estaremos nos elevando a novos e mais sublimes horizontes na vida
do infinito.
E nós podemos dizer, então, que atingido esse
patamar evolutivo, não estaremos mais submetidos à constrição da reencarnação na Terra, e estaremos agraciados com essa “Vida Eterna” a que
1
2
Jesus se refere.
Entenderemos, enfim, que ao chegar a essa
condição, teremos a prática das virtudes cristãs
como algo natural em nós. E entenderemos aquela expressão tão sublime emitida pelo Apóstolo
dos Gentios 2, em sua carta aos Gálatas:
Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim.
Essa a vida que nos aguarda, desde sempre. É
o próprio Cristo que nos aguarda.
Precisamos de decisão, de desassombro e coragem, de dar os passos nessa direção.
Seus braços estão abertos para nós; suas mãos
nos abençoam e nos protegem; seu coração bondoso nos envolve a natureza espiritual ainda endurecida.
Pacientemente, misteriosamente, mansamente Jesus nos guia pelos caminhos do Amor.
Se sofrermos algo, que seja pelo esforço de
sermos a cada dia espiritualmente melhores.
Não deixemos que a dúvida corrosiva se instale e permaneça em nosso campo mental. Esse estado negativo nos afasta de sua Divina Providência e nos distancia de nossos objetivos espirituais.
Amemo-nos como Espíritos Imortais que somos; olhemos nossa vida sob o ângulo de eternidade e atuemos em nossos caminhos tendo em
vista essa construção que enfim nos libertará definitivamente dos grihões da matéria.
Emmanuel, o livro ''O Consolador, questão 241 – Onde o maior auxílio para nossa redenção espiritual?''
Carta de Paulo aos Gálatas, 2:20
Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
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COM A PALAVRA
pelo espírito Emmanuel
José da Galileia
E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo:
- José, filho de David, não temas receber a Maria. (Mateus, 1:20).
Em geral, quando nos referimos aos vultos masculinos que se movimentam na tela gloriosa da missão de Jesus, atentamos para a precariedade dos seus
companheiros, fixando, quase sempre, somente os derradeiros quadros de sua
passagem no mundo.
É preciso, porém, observar que, a par de beneficiários ingratos, de ouvintes
indiferentes, de perseguidores cruéis e de discípulos vacilantes, houve um homem
integral que atendeu a Jesus, hipotecando-lhe o coração sem mácula e a consciência pura.
José da Galileia foi um homem tão profundamente espiritual que seu vulto
sublime escapa às análises limitadas de quem não pode prescindir do material
humano para um serviço de definições.
Já pensaste no cristianismo sem ele?
Quando se fala excessivamente em falência das criaturas, recordemos que
houve tempo em que Maria e o Cristo foram confiados pelas Forças Divinas a um
homem.
Entretanto, embora honrado pela solicitação de um anjo, nunca se vangloriou de dádiva tão alta.
Não obstante contemplar a sedução que Jesus exercia sobre os doutores, nunca abandonou a sua carpintaria.
O mundo não tem outras notícias de suas atividades senão aquelas de atender às ordenações humanas, cumprindo um édito de Cézar, e as que no-lo mostram no templo e no lar, entre a adoração e o trabalho.
Sem qualquer situação de evidência, deu a Jesus tudo quanto podia dar.
A ele deve o cristianismo a porta da primeira hora, mas José passou no mundo dentro do divino silêncio de Deus.
Psicografia de Francisco Candido Xavier
Do livro Levantar e Seguir – Editora Geem
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Fé em Cristo . setembro/outubro 2013
O CODIFICADOR
Rivail e a
Educação Infantil
Espelhando-se em seu mestre Pestalozzi, o
Professor Rivail procurou durante toda a sua
existência não apenas instruir seus alunos –
seus “amigos”, como os chamava –, mas educá-los sempre, intelectual e moralmente, visando
à construção de um mundo melhor.
O dedicado professor empenhava-se para
facilitar aos alunos o aprendizado principalmente daquelas matérias que causam cansaço
cerebral. Evitava as abstrações e aquilo que pudesse provocar confusão nas mentes infantis.
Em seus planejamentos de aula, criava métodos e processos especiais objetivando obter
maior rendimento dos alunos, com o menor
dispêndio intelectual para eles. Desejava evitar
que a criança pudesse, no futuro, vir a sofrer
complexos de inferioridade e trabalhava o conteúdo de tal sorte que desaparecesse a ojeriza
dos estudantes por certas disciplinas.
Ele entendia ser o professor um mero mediador na obra educativa, reconhecendo no
aluno um colaborador dessa obra.
Registram seus biógrafos Zêus Wantuil e
Francisco Thiesen¹ que “Rivail dirigiu críticas ao
método pelo qual se aprendia a História, em
que se dava demasiada importância a datas, a
filiações e a fatos políticos, salientando que o
verdadeiro objeto da História deve ser o ‘estudo dos usos e costumes, do progresso artístico
e científico das diversas épocas’.”¹
Objetivando alcançar melhor aproveitamento dos alunos, criou um habilidoso método de calcular, além de um quadro mnemônico da História da França, que permitia se
memorizassem, facilmente, datas e fatos relevantes, inclusive destacando as descobertas
que identificavam cada época.
Por outro lado, não faltaram a Rivail oportunidades de demonstrar suas inegáveis qualidades de educador emérito. Desta forma,
quando se falava acerca da alteração da lei
de ensino, ele se pronunciava expondo suas
ideias, seus planos e projetos, impulsionado
pelo amor e pelo interesse em servir à obra da
educação.
Dentre as obras que publicou, foi posta à
venda, em 1848, o “Cathécisme grammatical
de la langue française.”, de 108 páginas, destinado às crianças do primeiro ciclo primário,
destacando-se a clareza e simplicidade dessa obra. Publicou ainda “Dictées du premier
âge”(Ditados do primeiro ano), “Dictées du second age” (Ditados do segundo ano), ambos
para serem utilizados nos estudos primários e
como introdução aos “Dictées normales dês
examens” (Ditados comuns dos exames). Inúmeras outras obras, artigos e trabalhos escreveu o professor Hippolyte Denizard Rivail direcionados ao ensino dos educandos nos cursos
primário e secundário superior.
¹Fonte: WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco, in “Allan Kardec”, vol. I. Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro,
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OUTRAS VOZES
Edgar Cayce
Edgar Evans Cayce (Hopkinsville, 18 de Março de 1877 – Virginia
Beach, 3 de Janeiro de 1945) era filho de agricultores americanos.
Suas habilidades psíquicas começaram desde a infância. Dizia-se
que Edgar Cayce poderia ver e falar com o espírito de seu avô, dentre outros espíritos, e ainda criança conseguia memorizar livros dormindo sobre eles. Também se referia aos “amiguinhos” com os quais
dizia brincar. Esse evento desapareceu depois.
Considerado um paranormal, teria canalizado respostas para
questões que tratam sobre espiritualidade, imortalidade, reencarnação, saúde, dentre outras.
Tido como um dos maiores clarividentes da história, predizia
eventos futuros e prescrevia medicamentos com os olhos fechados.
Era chamado, por esse motivo, pela mídia norte-americana, de “O
profeta adormecido”. O nome provinha do fato de Cayce deitar-se
sobre um divã, em posição de relaxamento, tendo uma taquígrafa
Edgar Cayce
ao lado que anotava o que ele dizia num estado de transe. Nesse estado, consultado sobre enfermidades de várias pessoas, ele não apenas informava acerca do mal, como também
receitava o medicamento correspondente.
Um grupo de médicos decidiu submetê-lo a vários testes a fim de explorarem seus poderes psíquicos, tendo
entretanto, por um acidente lamentável, prejudicado sua saúde.
Dentre suas mais famosas previsões estão o início e o fim da 1ª e 2ª Guerras Mundiais, o aparecimento do
Nazismo, os conflitos raciais nos EUA, a extinção da Liga das Nações (que antecedeu à ONU), a Grande Depressão Econômica dos EUA, o fim do comunismo na Rússia e o surgimento da China como grande potência
mundial. Outras previsões não se realizaram. Edgar Cayce realizou previsões também na área da saúde, como o
aparecimento de doenças modernas, como stress, tensão arterial alterada e o aumento de doenças cardíacas.
Sua esposa contraiu tuberculose, diagnosticada incurável. Inconformado, Cayce decidiu realizar uma “leitura”
da doença da esposa e recomendou que Gertrude tomasse um determinado preparado e descongestionasse
os pulmões inalando os vapores emanados de um pequeno barril de madeira parcialmente cheio de conhaque
de maçã. Os médicos acharam o remédio inútil, no entanto ao cabo de alguns meses, Gertrude recuperou-se
totalmente.
De onde provinha o saber comunicado nas “leituras”? Cayce o adquiria de duas formas distintas: contatando a mente daquele que solicitava as leituras; e recorrendo ao que chamava de “o livro da memória de Deus”,
arquivos completos de todas as almas desde sua criação, inscritos nas coordenadas espaço-tempo. Com acesso
às fontes universais de conhecimento, Cayce dissertava acerca de qualquer assunto. Esse era o seu entendimento
sobre os fatos.
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