Rede de Centros Culturais II

Transcrição

Rede de Centros Culturais II
Projetos em Rede
Projeto
em destaque
Handing Out Cultural First-Aid Kits at the CCE in Córdoba.
Estojos de Primeiros
Socorros Culturais
Durante a suspensão de atividades públicas na Argentina, provocada pela crise sanitária da gripe H1N1 no
passado julho, os Centros Culturais de Espanha em
Córdoba e Rosário decidiram atuar criativamente
para garantir o acesso da população aos bens culturais. Surgiu assim a idéia de distribuir os estojos de
primeiros socorros culturais, compostos de obras e
objetos feitos por artistas e indústrias locais. Diversos criadores, editores, empresários, organizações
sociais, particulares, instituições públicas, jornalistas e intelectuais somaram-se prontamente à
iniciativa numa rede espontânea de colaboração.
Os artistas cederam objetos e direitos de autor em
troca de uma verba simbólica. Numa semana foram
desenhados e produzidos milhares de estojos, distribuídos gratuitamente em espaços abertos por meio
de um “dispositivo sanitário teatral” onde os estojos
foram entregues aos cidadãos por atores, seguindo,
é claro, estritas normas assépticas.
Alguns projetos em rede centram-se em comunidades culturais como
o projeto En clave afrocaribe (“Em tom afrocaribe”), dirigido para a
conservação do patrimônio intangível ou imaterial na costa atlântica
centro-americana e o Caribe, ou De rasgos árabes (“De traços árabes”),
que reclama a herança árabe na diversidade cultural ibero-americana.
Também, se encontra a criação de um Centro de documentação de arte
contemporânea andina ou a realização da Expedição Paraná Ra'Angá
para recuperar a cultura fluvial entre Buenos Aires e Assunção. Outros
projetos estão dirigidos a setores culturais específicos. É o caso de Agita
el continente (“Agita o continente”), centrado na dinamização de espaços
cênicos, a conformação de uma Rede de programas de residências de
criação em Ibero-América, ou a celebração de ¡Afuera!, muestra de arte
periférica (“Fora!, mostra de arte periférica”).
Creative Commons: http://creativecommons.org/
Médicos do Mundo (Argentina): http://www.mdm.
org.ar/
n.º 25 /novembro 09
De rasgos árabes: http://www.derasgosarabes.org/
Red de residencias de creación: http://residenciasenred.blogspot.com/
Agita el continente: http://www.agitaelcontinente.org/ (em preparação)
Estados alterados: http://emergenciasperiodismocultural.blogspot.com/
Mirando al sur: http://mirandosur.org/wordpress/
Imagem do projeto Migrações:
Olhando para sul
© Andrea Aragón
CCE Rosario: http://www.ccpe.org.ar/
CULTURA+DESENVOLVIMENTO
Outros exemplos são os projetos centrados na profissionalização do jornalismo cultural -Mundo mutante e Estados Alterados-, que involucram cultura, tecnologia e inovação -Novos hábitos de consumo cultural e Modular +
Manos Libres (“Modular + Mãos Livres”)-, ou os que tratam as repercussões
sócio-culturais do fenômeno migratório: Mirando al sur (“Olhando para sul”)
e Arquitectura de las remesas (“Arquitetura das remessas”). Finalmente,
projetos como o dedicado ao fortalecimento institucional, a través de um
Sistema de informação Centro-americano, em sinergia com diversos organismos internacionais e dentro do processo de integração em referida região.
Os estojos para uso domiciliário continham um
filme, um livro, uma banda desenhada, um CD com
música, um DVD com curtas-metragens, um jogo de
tabuleiro e um vídeo-jogo criado sob licença Creative Commons. O processo de montagem destas
malas recebeu assessoria de Médicos do Mundo,
organização que conferiu uma caderneta de recomendações sanitárias incluída também nos estojos
junto com um pequeno sabonete. Os usuários foram
aconselhados para lavarem as mãos antes e depois
da utilização dos objetos. Nesta iniciativa, os Centros
Culturais em Rosário e Córdoba atuaram convencidos de que o direito à cultura também é saúde.
CCE Córdoba: http://ccec.org.ar/
+
CD
© Xoan García Huguet
© Paulo Jurgelenas
Muitos dos âmbitos em que atua a cooperação cultural ultrapassam a perspectiva nacional, precisando do trabalho conjunto. Daí desenvolvermos os
Projetos em Rede, que com caráter plurianual, e com múltiplas ações em
diferentes países, implicam como mínimo a três Centros Culturais.
Impresso em papel de origem atestada e seguindo critérios de
gestão florestal sustentável.
Rede de Centros Culturais II
Se o primeiro boletim dedicado à Rede de Centros Culturais esteve
centrado nas linhas gerais sobre as que baseia o seu trabalho, neste
segundo vamos salientar o papel da Rede como agente da Cooperação
Espanhola e os serviços com os que conta para efetivar seus objetivos.
A Rede carateriza-se pela sua implicação no meio sócio-cultural de
cada país e pela forte relação com as contrapartes. Desde este reconhecimento os CCE atuam em diversos âmbitos.
Em primeiro lugar, fomentam e gerem projetos de cooperação
ao desenvolvimento, que incorporam a potencialidade da
cultura na melhora das condições de vida da população, na
luta contra a pobreza e a iniqüidade. Neste âmbito, em coordenação com as oficinas Técnicas de Cooperación (OTC,
gabinetes técnicos de cooperação), identificam projetos no
terreno, informam sobre os subsídios da Convocatoria Abierta y Permanente (CAP, convocatória aberta e permanente) e
colaboram no seu seguimento e avaliação. Do mesmo modo,
supervisam as Subvenciones de Estado (subsídios de estado)
em projetos de cooperação ligados à cultura.
Em segundo lugar, os CCE fortalecem a interlocução no contexto ou realidade mais próxima, tornando suas propostas
acessíveis à cidadania e alentando para uma maior articulação com as sociedades civis dos países sócios. Assim,
intervêm mais alargadamente em dinâmicas transnacionais,
em regiões geopolíticas ou em processos de integração territorial. Os receptores da ajuda são os protagonistas da programação dos CCE e isto, além de ter um impacto direto
na economia local através do desenvolvimento de indústrias
culturais, tem efeitos indiretos como a recuperação do espaço
público, o apoio à criatividade local, a aparição de redes de
criadores e profissionais ou a conservação do patrimônio.
Em terceiro lugar, promovem o intercambio e circulação de atores culturais entre os diferentes países, facilitando o conhecimento do outro e a ação partilhada como uma estratégia de cooperação cultural. Neste sentido, os CCE dinamizam a projeção da
diversidade e pluralidade cultural por meio de ações de difusão
e informação, interagindo com as manifestações culturais locais.
Este intercambio é estimulado na medida em que é percebido
que as políticas que reconhecem as identidades culturais e o
intercambio desde o respeito, geram sociedades com coesão e
constroem melhores condições para o desenvolvimento.
Dado tudo isto, e, para finalizar, a Rede oferece uma série
de serviços, que abrangem desde os mais habituais, como
bibliotecas, mediatecas, aulas educativas, salas de exposições ou auditórios, até os mais inovadores, como ateliês de
criação audiovisual, rádios on-line e assessoria a projetos de
cooperação cultural ao desenvolvimento.
Projeto Alas Abiertas, de achegamento à dança a crianças com incapacidade.
CCE Paraguai
Envio de sugestões Cultura + Desenvolvimento
[email protected]
w w w. a e c i d . e s
o fomento da leitura
As bibliotecas públicas devem passar a ser espaços privilegiados para
a leitura. O objetivo é que as bibliotecas não estejam necessariamente subordinadas à escola, senão que sejam transformadas num espaço
público à disposição de todos aqueles que podem alargar as margens da
cultura, tanto crianças e jovens como o resto dos cidadãos, tal e como
estabelece o programa Format, programa de apoio e estímulo a projetos
e intervenções no Campo das relações entre Cultura e Educação.
Mulheres no caminho. Projeto de denúncia e sensibilização sobre as mulheres migrantes centroamericanas. Foto do CCE México
Entre os objetivos da Rede de
Centros Culturais no Exterior se
encontra a identificação e assessoria a projetos orientados para
a cooperação cultural. Uma vez
identificados os referidos projetos, os Centros trabalham com
os seus promotores oferecendo o
apoio necessário em sua formulação, assim como no posterior
financiamento a través das Convocatórias Abertas e Permanentes (CAP). Contudo, as tarefas da
Cooperação Espanhola não ficam
por aqui, a metodologia de trabalho dos Centros implica a realização
de um seguimento dos projetos
em todas suas etapas. Isto implica
um especial interesse nas fases de
execução e avaliação, ajudando a
clarificar sua efetividade.
capital humano
A Rede de Centros Culturais e os Centros de Formação da Cooperação
Espanhola contam com serviços de Biblioteca, Mediateca e Hemeroteca
como elementos estratégicos fundamentais para o desenvolvimento
do direito à informação, como suporte básico do exercício de cidadania e elemento dinamizador e multiplicador das políticas educativas dos
países sócios.
Vinte bibliotecas/mediatecas, dezoito na América Latina e duas na Guiné
Equatorial, constituem uma rede com um importante acervo bibliográfico, coleções de CD musicais e DVD de conteúdo artístico. Oferecem
um amplo horário de consulta, com serviço de empréstimo domiciliário,
internet e serviço de reprografia. São unidades dinâmicas de projeção
social, abertas à comunidade, para facilitar também o acesso à leitura
aos coletivos mais necessitados com inventivas e imaginativas propostas, colaborando, além disso, ativamente com as instituições culturais
locais, bibliotecas e escolas.
© Lucía Menéndez
Uma das experiências mais exitosas, dentro desta linha de trabalho da Rede, tem sido a do Centro
Cultural no México, onde ao longo
dos últimos anos se têm baseado
um importante número de projetos. De entre todos eles queremos
salientar os que tem efetivado
Musicalia na península do Iucatão.
Consiste numa escola de formação
artística nascida em 2006 que,
graças ao financiamento de AECID
e ao apoio do CCE do México, tem
realizado quatro projetos centrados
na inserção cultural a través das
artes, em comunidades desfavorecidas de Mérida.
Dia do Livro e a Rosa no Cerrito del Carmen. Cidade de Guatemala
Laboratório do CCE em Santo
Domingo. Foto do CCE da República Dominicana
Uma das linhas de trabalho que melhor exemplifica a cooperação e a
ação cultural para o desenvolvimento realizada pelos Centros Culturais,
é o estimulo dado aos criadores. Com o objetivo de facilitar ferramentas
e equipamentos de tecnologia digital, assim como de dotar de capacidades e habilidades relacionadas com os novos formatos de criação
artísticas, nossos Centros estão incorporando diversos serviços como
laboratórios de criação digital, musical, audiovisual e rádio pela net.
É na República Dominicana onde esta iniciativa funciona há mais tempo.
O seu Laboratório é utilizado por criadores de disciplinas e expressões artísticas emergentes e/ou minoritárias. Também está destinado
a organizações não governamentais, interessadas em alcançar uma
maior visibilidade para seus projetos de cooperação ao desenvolvimento através das novas tecnologias (curtas documentais, reclamos publicitários para rádio e TV). A apresentação de projetos e idéias de criação
digital é realizada através de uma convocatória pública na página web
do Centro (http://www.ccesd.org/), que oferece assessoria artística e de
empreendimento cultural, apoio à produção artística, formação cênica especializada, empréstimos de equipamentos, salas e unidades de
produção, além da difusão dos produtos elaborados.
Com o objetivo de facilitar processos que contribuam para a criação e melhora de agentes e
profissionais no setor cultural, assim como potenciar a autonomia dos mesmos na gestão das diferentes dimensões da vida cultural com incidência
no desenvolvimento. AECID incorpora entre suas
linhas de trabalho a formação especializada no
âmbito cultural. Por isso, desde as necessidades específicas identificadas em cada país, são
implementadas mediante os Centros Culturais
programas formativos de âmbito local ou regional, recorrendo nesse caso à própria Rede de
Centros Culturais ou aos Centros de Formación
(CIF, centros de formação) da Agencia, localizados
em Montevidéu, Cartagena de Indias, La Antigua e
Santa Cruz da Serra.
Estes espaços docentes assentam e atualizam
conhecimentos, e também constituem contextos
privilegiados para a geração do necessário intercambio de experiências entre os profissionais. Além
disso, são uma oportunidade para que sejam estabelecidas e reforçadas ligações e alianças no setor.
A consolidação deste programa de ação é complementado através de sinergias com Programas já
existentes como são o Programa de Patrimonio
para el Desarrollo (P>D, programa de patrimônio
para o desenvolvimento) e as Escuelas Taller (escolas ateliê), o Programa de Becas MAEC-AECID ou
o programa de Cooperação Interuniversitaria.
Formação de capital humano:
Ciclo Instrumentos Solos, no CCE de Buenos Aires
© Guido Bonfiglio
Assessoria
de Projetos
Apoio à CRIATIVIDADE local Formação de
As bibliotecas da Rede de CEE:
o fomento da leitura
As bibliotecas públicas devem passar a ser espaços privilegiados para
a leitura. O objetivo é que as bibliotecas não estejam necessariamente subordinadas à escola, senão que sejam transformadas num espaço
público à disposição de todos aqueles que podem alargar as margens da
cultura, tanto crianças e jovens como o resto dos cidadãos, tal e como
estabelece o programa Format, programa de apoio e estímulo a projetos
e intervenções no Campo das relações entre Cultura e Educação.
Mulheres no caminho. Projeto de denúncia e sensibilização sobre as mulheres migrantes centroamericanas. Foto do CCE México
Entre os objetivos da Rede de
Centros Culturais no Exterior se
encontra a identificação e assessoria a projetos orientados para
a cooperação cultural. Uma vez
identificados os referidos projetos, os Centros trabalham com
os seus promotores oferecendo o
apoio necessário em sua formulação, assim como no posterior
financiamento a través das Convocatórias Abertas e Permanentes (CAP). Contudo, as tarefas da
Cooperação Espanhola não ficam
por aqui, a metodologia de trabalho dos Centros implica a realização
de um seguimento dos projetos
em todas suas etapas. Isto implica
um especial interesse nas fases de
execução e avaliação, ajudando a
clarificar sua efetividade.
capital humano
A Rede de Centros Culturais e os Centros de Formação da Cooperação
Espanhola contam com serviços de Biblioteca, Mediateca e Hemeroteca
como elementos estratégicos fundamentais para o desenvolvimento
do direito à informação, como suporte básico do exercício de cidadania e elemento dinamizador e multiplicador das políticas educativas dos
países sócios.
Vinte bibliotecas/mediatecas, dezoito na América Latina e duas na Guiné
Equatorial, constituem uma rede com um importante acervo bibliográfico, coleções de CD musicais e DVD de conteúdo artístico. Oferecem
um amplo horário de consulta, com serviço de empréstimo domiciliário,
internet e serviço de reprografia. São unidades dinâmicas de projeção
social, abertas à comunidade, para facilitar também o acesso à leitura
aos coletivos mais necessitados com inventivas e imaginativas propostas, colaborando, além disso, ativamente com as instituições culturais
locais, bibliotecas e escolas.
© Lucía Menéndez
Uma das experiências mais exitosas, dentro desta linha de trabalho da Rede, tem sido a do Centro
Cultural no México, onde ao longo
dos últimos anos se têm baseado
um importante número de projetos. De entre todos eles queremos
salientar os que tem efetivado
Musicalia na península do Iucatão.
Consiste numa escola de formação
artística nascida em 2006 que,
graças ao financiamento de AECID
e ao apoio do CCE do México, tem
realizado quatro projetos centrados
na inserção cultural a través das
artes, em comunidades desfavorecidas de Mérida.
Dia do Livro e a Rosa no Cerrito del Carmen. Cidade de Guatemala
Laboratório do CCE em Santo
Domingo. Foto do CCE da República Dominicana
Uma das linhas de trabalho que melhor exemplifica a cooperação e a
ação cultural para o desenvolvimento realizada pelos Centros Culturais,
é o estimulo dado aos criadores. Com o objetivo de facilitar ferramentas
e equipamentos de tecnologia digital, assim como de dotar de capacidades e habilidades relacionadas com os novos formatos de criação
artísticas, nossos Centros estão incorporando diversos serviços como
laboratórios de criação digital, musical, audiovisual e rádio pela net.
É na República Dominicana onde esta iniciativa funciona há mais tempo.
O seu Laboratório é utilizado por criadores de disciplinas e expressões artísticas emergentes e/ou minoritárias. Também está destinado
a organizações não governamentais, interessadas em alcançar uma
maior visibilidade para seus projetos de cooperação ao desenvolvimento através das novas tecnologias (curtas documentais, reclamos publicitários para rádio e TV). A apresentação de projetos e idéias de criação
digital é realizada através de uma convocatória pública na página web
do Centro (http://www.ccesd.org/), que oferece assessoria artística e de
empreendimento cultural, apoio à produção artística, formação cênica especializada, empréstimos de equipamentos, salas e unidades de
produção, além da difusão dos produtos elaborados.
Com o objetivo de facilitar processos que contribuam para a criação e melhora de agentes e
profissionais no setor cultural, assim como potenciar a autonomia dos mesmos na gestão das diferentes dimensões da vida cultural com incidência
no desenvolvimento. AECID incorpora entre suas
linhas de trabalho a formação especializada no
âmbito cultural. Por isso, desde as necessidades específicas identificadas em cada país, são
implementadas mediante os Centros Culturais
programas formativos de âmbito local ou regional, recorrendo nesse caso à própria Rede de
Centros Culturais ou aos Centros de Formación
(CIF, centros de formação) da Agencia, localizados
em Montevidéu, Cartagena de Indias, La Antigua e
Santa Cruz da Serra.
Estes espaços docentes assentam e atualizam
conhecimentos, e também constituem contextos
privilegiados para a geração do necessário intercambio de experiências entre os profissionais. Além
disso, são uma oportunidade para que sejam estabelecidas e reforçadas ligações e alianças no setor.
A consolidação deste programa de ação é complementado através de sinergias com Programas já
existentes como são o Programa de Patrimonio
para el Desarrollo (P>D, programa de patrimônio
para o desenvolvimento) e as Escuelas Taller (escolas ateliê), o Programa de Becas MAEC-AECID ou
o programa de Cooperação Interuniversitaria.
Formação de capital humano:
Ciclo Instrumentos Solos, no CCE de Buenos Aires
© Guido Bonfiglio
Assessoria
de Projetos
Apoio à CRIATIVIDADE local Formação de
As bibliotecas da Rede de CEE:
Projetos em Rede
Projeto
em destaque
Handing Out Cultural First-Aid Kits at the CCE in Córdoba.
Estojos de Primeiros
Socorros Culturais
Durante a suspensão de atividades públicas na Argentina, provocada pela crise sanitária da gripe H1N1 no
passado julho, os Centros Culturais de Espanha em
Córdoba e Rosário decidiram atuar criativamente
para garantir o acesso da população aos bens culturais. Surgiu assim a idéia de distribuir os estojos de
primeiros socorros culturais, compostos de obras e
objetos feitos por artistas e indústrias locais. Diversos criadores, editores, empresários, organizações
sociais, particulares, instituições públicas, jornalistas e intelectuais somaram-se prontamente à
iniciativa numa rede espontânea de colaboração.
Os artistas cederam objetos e direitos de autor em
troca de uma verba simbólica. Numa semana foram
desenhados e produzidos milhares de estojos, distribuídos gratuitamente em espaços abertos por meio
de um “dispositivo sanitário teatral” onde os estojos
foram entregues aos cidadãos por atores, seguindo,
é claro, estritas normas assépticas.
Alguns projetos em rede centram-se em comunidades culturais como
o projeto En clave afrocaribe (“Em tom afrocaribe”), dirigido para a
conservação do patrimônio intangível ou imaterial na costa atlântica
centro-americana e o Caribe, ou De rasgos árabes (“De traços árabes”),
que reclama a herança árabe na diversidade cultural ibero-americana.
Também, se encontra a criação de um Centro de documentação de arte
contemporânea andina ou a realização da Expedição Paraná Ra'Angá
para recuperar a cultura fluvial entre Buenos Aires e Assunção. Outros
projetos estão dirigidos a setores culturais específicos. É o caso de Agita
el continente (“Agita o continente”), centrado na dinamização de espaços
cênicos, a conformação de uma Rede de programas de residências de
criação em Ibero-América, ou a celebração de ¡Afuera!, muestra de arte
periférica (“Fora!, mostra de arte periférica”).
Creative Commons: http://creativecommons.org/
Médicos do Mundo (Argentina): http://www.mdm.
org.ar/
n.º 25 /novembro 09
De rasgos árabes: http://www.derasgosarabes.org/
Red de residencias de creación: http://residenciasenred.blogspot.com/
Agita el continente: http://www.agitaelcontinente.org/ (em preparação)
Estados alterados: http://emergenciasperiodismocultural.blogspot.com/
Mirando al sur: http://mirandosur.org/wordpress/
Imagem do projeto Migrações:
Olhando para sul
© Andrea Aragón
CCE Rosario: http://www.ccpe.org.ar/
CULTURA+DESENVOLVIMENTO
Outros exemplos são os projetos centrados na profissionalização do jornalismo cultural -Mundo mutante e Estados Alterados-, que involucram cultura, tecnologia e inovação -Novos hábitos de consumo cultural e Modular +
Manos Libres (“Modular + Mãos Livres”)-, ou os que tratam as repercussões
sócio-culturais do fenômeno migratório: Mirando al sur (“Olhando para sul”)
e Arquitectura de las remesas (“Arquitetura das remessas”). Finalmente,
projetos como o dedicado ao fortalecimento institucional, a través de um
Sistema de informação Centro-americano, em sinergia com diversos organismos internacionais e dentro do processo de integração em referida região.
Os estojos para uso domiciliário continham um
filme, um livro, uma banda desenhada, um CD com
música, um DVD com curtas-metragens, um jogo de
tabuleiro e um vídeo-jogo criado sob licença Creative Commons. O processo de montagem destas
malas recebeu assessoria de Médicos do Mundo,
organização que conferiu uma caderneta de recomendações sanitárias incluída também nos estojos
junto com um pequeno sabonete. Os usuários foram
aconselhados para lavarem as mãos antes e depois
da utilização dos objetos. Nesta iniciativa, os Centros
Culturais em Rosário e Córdoba atuaram convencidos de que o direito à cultura também é saúde.
CCE Córdoba: http://ccec.org.ar/
+
CD
© Xoan García Huguet
© Paulo Jurgelenas
Muitos dos âmbitos em que atua a cooperação cultural ultrapassam a perspectiva nacional, precisando do trabalho conjunto. Daí desenvolvermos os
Projetos em Rede, que com caráter plurianual, e com múltiplas ações em
diferentes países, implicam como mínimo a três Centros Culturais.
Impresso em papel de origem atestada e seguindo critérios de
gestão florestal sustentável.
Rede de Centros Culturais II
Se o primeiro boletim dedicado à Rede de Centros Culturais esteve
centrado nas linhas gerais sobre as que baseia o seu trabalho, neste
segundo vamos salientar o papel da Rede como agente da Cooperação
Espanhola e os serviços com os que conta para efetivar seus objetivos.
A Rede carateriza-se pela sua implicação no meio sócio-cultural de
cada país e pela forte relação com as contrapartes. Desde este reconhecimento os CCE atuam em diversos âmbitos.
Em primeiro lugar, fomentam e gerem projetos de cooperação
ao desenvolvimento, que incorporam a potencialidade da
cultura na melhora das condições de vida da população, na
luta contra a pobreza e a iniqüidade. Neste âmbito, em coordenação com as oficinas Técnicas de Cooperación (OTC,
gabinetes técnicos de cooperação), identificam projetos no
terreno, informam sobre os subsídios da Convocatoria Abierta y Permanente (CAP, convocatória aberta e permanente) e
colaboram no seu seguimento e avaliação. Do mesmo modo,
supervisam as Subvenciones de Estado (subsídios de estado)
em projetos de cooperação ligados à cultura.
Em segundo lugar, os CCE fortalecem a interlocução no contexto ou realidade mais próxima, tornando suas propostas
acessíveis à cidadania e alentando para uma maior articulação com as sociedades civis dos países sócios. Assim,
intervêm mais alargadamente em dinâmicas transnacionais,
em regiões geopolíticas ou em processos de integração territorial. Os receptores da ajuda são os protagonistas da programação dos CCE e isto, além de ter um impacto direto
na economia local através do desenvolvimento de indústrias
culturais, tem efeitos indiretos como a recuperação do espaço
público, o apoio à criatividade local, a aparição de redes de
criadores e profissionais ou a conservação do patrimônio.
Em terceiro lugar, promovem o intercambio e circulação de atores culturais entre os diferentes países, facilitando o conhecimento do outro e a ação partilhada como uma estratégia de cooperação cultural. Neste sentido, os CCE dinamizam a projeção da
diversidade e pluralidade cultural por meio de ações de difusão
e informação, interagindo com as manifestações culturais locais.
Este intercambio é estimulado na medida em que é percebido
que as políticas que reconhecem as identidades culturais e o
intercambio desde o respeito, geram sociedades com coesão e
constroem melhores condições para o desenvolvimento.
Dado tudo isto, e, para finalizar, a Rede oferece uma série
de serviços, que abrangem desde os mais habituais, como
bibliotecas, mediatecas, aulas educativas, salas de exposições ou auditórios, até os mais inovadores, como ateliês de
criação audiovisual, rádios on-line e assessoria a projetos de
cooperação cultural ao desenvolvimento.
Projeto Alas Abiertas, de achegamento à dança a crianças com incapacidade.
CCE Paraguai
Envio de sugestões Cultura + Desenvolvimento
[email protected]
w w w. a e c i d . e s

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