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Anestesiologia
Introdução
-Conceitos:
-Anestesiologia: termo utilizado para descrever o estudo dos fármacos e das
técnicas empregadas para a obtenção do estado anestésico.
-Anestesia: é a obtenção de um estado reversível de não-reconhecimento do
estímulo doloroso pelo córtex cerebral, podendo ser localizada ou geral em estado
inconsciente. Esta é produzida pelo uso de fármacos anestésicos que deprimem o
sistema nervoso central ou periférico.
-Anestésico: adjetivo que define o fármaco empregado para anestesiar o
paciente, os equipamentos e os aparelhos utilizados, bem como as demais condutas
clínicas relacionadas ao ato anestésico.
-Neurolepse (tranquilização): estado obtido com fármacos ou outras técnicas,
em que o paciente permanece consciente, embora calmo, sem responder
exageradamente à manipulação.
-Sedação: estado semelhante à tranquilização, embora com maior depressão do
sistema nervoso central, em que o animal está consciente e responde com menos
intensidade à manipulação.
-Hipnose: pode ser induzida farmacologicamente. Trata-se de um estado
característico da anestesia geral, pois o animal é induzido ao sono de forma artificial.
-Analgesia: consiste em perda da percepção e ausência de resposta ao estímulo
doloroso.
-Acinesia: consiste em perda do controle motor e ausência de movimento.
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-Neurolepto-Analgesia: termo que descreve o estado de narcose associado com
profunda analgesia.
-Catalepsia: é um estado característico produzido por anestésicos dissociativos
derivados da fenciclidina (quetamina e tiletamina). Ocorre rigidez muscular dos
membros locomotores, e o animal em geral não responde à estimulação ou à
manipulação.
-Anestesia Dissociativa: estado de anestesia geral em que o animal está
dissociado do ambiente. Ocorre a interrupção da neurotransmissão no nível talâmico,
embora a atividade do nível do córtex cerebral seja mantida.
-Vias de Administração dos Anestésicos:
-Intravenosa;
-Intramuscular;
-Inalatória;
-Subcutânea;
-Tópica;
-Epidural;
-Espinal (subaracnóide);
-Intraóssea;
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Avaliação Pré-Anestésica
-Objetivo: é diminuir a mortalidade e morbidade cirúrgica, obtenção do
consentimento esclarecido junto ao proprietário, as alternativas e possíveis
complicações, determinar a condição física do paciente, escolher o protocolo anestésico
e estimar o risco anestésico-cirúrgico do procedimento.
1-Identificação do Animal:
-Dados do paciente:
1.1-Espécie:
-Felinos:
-Glucuronização hepática limitada, fazendo com que os anestésicos
possuam efeito mais prolongado (Ex.: propofol);
-Laringe sensível (maior suscetibilidade ao laringospasmo);
-Maior susceptibilidade aos efeitos excitatórios dos opióides que cães;
-Maior susceptibilidade a hipotermia (relação superfície/massa corpórea
elevada);
-Caninos:
-Grande variedade de raças e temperamento, influenciando na resposta
aos anestésicos;
-Equinos:
-Maior índice morbidade e mortalidade no período perianestésico
(Johnston et al, 1995);
-Temperamento: reações violentas à dor;
-Maior susceptibilidade aos efeitos excitatórios dos opióides do que cães
e felinos;
-Maior susceptibilidade à depressão cardiopulmonar durante a anestesia
(peso das vísceras sobre grandes vasos e pulmõeS);
1.2-Raça
-Cães galgos apresentam recuperação prolongada após o emprego de tiopental
por apresentarem relação superfície corpórea/massa muscular e relação corpórea/massa
adiposa elevada. Também apresentam defeito na glicuronidação como os felinos.
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-Braquiocefálicos (Bulldog / Boxer): possuem excesso de tecidos moles na
região da faringe/laringe. Apresentam síndrome braquiocefálica das vias aéreas,
causando estenose dos orifícios nasais, palato mole prolongado e hipoplasia traqueal.
São sensíveis à sedação, a dose deve ser reduzida para ½ a ¼ da de outras raças.
Necessitam de cuidados intensivos, principalmente na fase de indução e recuperação.
*Acepromazina não deve-se ultrapassar 2mg totais.
-Boxer / Doberman: são raças predispostas à doenças cardíacas e morte súbita.
Deve-se fazer uma avaliação cardíaca completa (radiografia torácica, ECG e/ou
ecocardiografia) em animais idoso, com soprou ou com histórico de doença cardíaca
(apresentando intolerância ao exercício e síncope):
-Raças pequenas x Raças grandes: pinscher miniatura apresenta temperamento
nervoso, metabolismo elevado, necessitando de doses maiores de anestésicos/sedativos
e dog alemão apresenta temperamento dócil e menor taxa metabólica, necessitando
doses reduzidas de sedativos/anestésicos.
1.3-Temperamento:
-Animais agitados geralmente necessitam de doses maiores, enquanto animais
calmos, doses baixas já são suficientes para produzir o efeito desejado.
1.4-Idade
-Cães muito idosos ou muito jovens apresentam dificuldade de manter a
temperatura corporal, possuem maior dificuldade de metabolização de fármacos e
reserva cardíaca reduzida. Animais com menos de 8 semanas apresentam sistema
microssomal hepático e termorregulador imaturo e jejum rapidamente resulta em
hipoglicemia (aferir glicemia a cada 30 minutos).
-Doenças típicas em animais senis: diabetes mellitus, cardiomiopatia
degenerativa, insuficiência mitral e hipotireoidismo.
*Insuficiência Mitral Crônica (fisiopatologia):
-Murmúrio sistólico (fluxo retrógrado do ventrículo esquerdo para o átrio
esquerdo durante a sístole, causando uma queda no volume sistólico, levando a uma
ativação dos mecanismos compensatórios – renina/angiotensina/aldosterona).
-Tem-se aumento da pressão no átrio esquerdo, causando uma elevação na
pressão venosa pulmonar, levando a um edema pulmonar.
1.5-Sexo e estado reprodutivo
-Fêmeas no cio apresentam maior risco de hemorragia intra-operatória e
gestantes apresentam alterações fisiológicas que podem alterar as respostas anestésicas.
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1.6-Condição Corporal:
-Animais obesos: escolher fármacos pouco lipossolúveis.
*Cuidado com tiopental;
-Animais caquéticos: escolher fármacos com menor ligação à proteína
plasmática.
2-Anamnese:
-Recomenda-se jejum alimentar pré de 8 a 12 horas e hídrico de 4 horas;
*Pacientes em aleitamento o jejum não é recomendado por ser o esvaziamento gástrico
extremamente rápido.
-Pesquisar sobre os diversos sistemas:
-Sistema Respiratório: tosse, dispnéia e secreções;
-Sistema Endócrino: diabetes, hipotireoidismo e hipertireoidismo;
-SNC: convulsões e epilepsias;
-Sistema Gastrointestinal: vômitos e diarréia;
-Sistema Cardiovascular: tosse, cansaço fácil, ascite e síncopes;
-Sistema Hematológico: transfusões recentes e anemias;
-Utilização de fármacos de uso contínuo:
-Captopril e Enalapril: inibidores da ECA e estão associados à
vasodilatação periférica e à hipotensão na indução anestésica;
-Propanolol e Esmolol: β-bloqueadores e reduzem a reserva
cardíaca devido ao bloqueio do SN simpático;
-Vasodilatadores: a nitroglicerina e o nitroprussiato podem
prolongar o relaxamento muscular;
-Diuréticos: podem causar hipovolemia e hipocalemia, a alcalose
respiratória sobreposa à hipocalemia favorece arritmias cardíacas;
-Fenobarbital: barbitúrico e causam indução enzimática (CP450),
que pode persistir por 30 dias após sua suspensão. Pode aumentar a biotransformação de
anestésico inalatórios e sua toxicidade. Deve-se utilizar isoflurano e reduzir a dose entre
10 e 25%;
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-Antibióticos:
aminoglicosídeos
produzem
bloqueio
neuromuscular, ocorrendo potencialização dos bloqueadores neuromusculares e o
cloranfenicol reduz a biotransformação de alguns agentes;
-Cimetidina e Ranitinda: antagonistas H2 diminuem o fluxo
sanguíneo hepático e principalmente a cimetidina reduz o metabolismo de substâncias
com altas taxas de extração hepática;
-Aminofilina: há possibilidade de arritmias com o halotano.
-Deve-se também verificar se há histórico de anestesias prévias e
averiguar se houveram complicações;
3-Exame Físico:
-Peso;
-Coloração das mucosas;
-Grau de desidratação;
-Temperatura Retal:
Cão: 37,5 - 39,3ºC;
Gato: 37,8 - 39,3ºC;
-Freqüência Cardíaca:
Cão: 70-160bpm, pequenas raças até 180bpm, filhotes até 220bpm;
Gato: 120-240bpm;
-Pulso;
-Freqüência respiratória:
Cão: 10-30mpm
Gato: 20-40mpm
-Tempo de perfusão capilar (TPC);
*Na anestesia valores de freqüência cardíaca acima de 180bpm ou abaixo de 60bpm em
cães são indesejáveis. E valores de pressão arterial abaixo de 90mmHg (P.A. sistólica).
4-Exames Laboratoriais:
-Mínimo necessário: hematócrito (VG) e proteína plasmática;
*Hematócrito: Cão <35** (animal não entra em cirurgia);
Gato <28-30** (animal não entra em cirurgia);
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**Nestes casos requisitar hemograma completo para verificar se é anemia regenerativa
ou arregenerativa;
*Proteína Plasmática: 6-8mg/dL (verificar se paciente não está desidratado, o que
acarretaria num aumento da proteína plasmática);
-Hemograma completo;
-Hemogasometria: para avaliar oxigenação (PaO2 e ventilação do paciente
(PaCO2) e desequilíbrios eletrolíticos (Ex.: acidose na desidratação e alcalose na
piometra). Recomendado em animais com desidratação, choque, ASA IV e V;
*Hipercalemia (aumento de K+): pode ser verificado em obstrução uretral e ruptura de
bexiga. Animais anestesiados com potássio acima de 7,5 podem vir a óbito. Pode-se
fazer diagnóstico de hipercalemia pelo ECG (verifica-se ausência de onda P) ou pela
hemogasometria;
-Bioquímica Sérica:
-Uréia/Creatinina: em animais desidratados, idosos, piometra (pela
deposição de imunocomplexos no glomérulo) e pacientes nefropatas (com vômito,
poliúria e polidipsia);
-Função/Lesão Hepática: em animais idosos e hepatopatas (com
hipoproteinemia, edema/ascite e caquexia);
-Classificação de Risco Anestésico – ASA (American Society of Anesthesiologists)
ASA
Descrição
Exemplos
I
Paciente Hígido
Ausência
de
doença
sistêmica,
procedimentos
eletivos:
OSH,
orquiectomia e conchectomia.
II
Paciente com afecção sistêmica discreta
Pacientes neonatos e geriátricos,
gestantes,
obesos,
cardiopatas
compensados, infecções localizadas,
fraturas não complicadas.
III
Paciente com afecção sistêmica moderada
Desidratação moderada, hipovolemia,
anorexia, caquexia, anemia e fraturas
complicadas.
IV
Paciente com afecção sistêmica grave
Choque, uremia, toxemia, desidratação
grave, hipovolemia severa, anemia
grave,
síndrome
dilatação-torção
gástrica e doença cardíaca.
V
Sem expectativa de sobrevivência nas 24
horas
Falência múltipla de órgãos, choque em
fase terminal e traumatismo craniano.
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Medicação Pré Anestésica (M.P.A.)
-Objetivos:
-Sedação;
-Analgesia;
-Reduzir secreção em vias aéreas e salivação;
-Potencializar ação dos anestésicos;
-Diminuir reflexos autonômicos;
-Relaxamento muscular;
-Indução e recuperação suave;
-Reduzir o estresse;
-Minimizar os feitos colaterais de outros fármacos;
-Evitar o vômito e a regurgitação;
Grupos Farmacológicos:
01-Anticolinérgicos:
-Mecanismo de Ação: antagonistas competitivos de receptores muscarínicos
(antagonismo do sistema nervoso parassimpático). Os anticolinérgicos inibem o efeito
do nervo vago sobre as células dos nodos sinoatrial e atrioventricular, resultando em
aumento da freqüência cardíaca e da velocidade da condução do impulso elétrico dos
átrios para os ventrículos.
-Efeitos:
-Aumento do cronotropismo (FC) e dromotropismo (condução AV);
-Redução de secreções (diminuição da salivação e secreções das vias
aéreas);
-Broncodilatação (aumento do espaço morto anatômico e fisiológico –
melhora a ventilação);
-Inibição da motilidade intestinal;
-Midríase;
-Indicações:
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-Clinicamente são utilizados para reduzir a salivação e secreção
bronquial, bloquear os efeitos dos impulsos do nervo vago e bloquear os efeitos
produzidos por certos fármacos, que estimulam o sistema parassimpático.
-Tratamento de bradicardia ocasionadas por aumento do tônus vagal
durante a anestesia geral;
-Prevenção das bradicardias associadas aos opióides;
-Cuidados:
-Nunca usar atropina em ruminantes e eqüinos, pois há diminuição da
motilidade gastrointestinal, levando à cólica.
-A administração de atropina sem qualquer outra medicação, promoverá
taquicardia sinusal, diminuindo o tempo de enchimento ventricular, aumentando o
consumo de oxigênio pelo miocárdio (isquemia);
-Principais Fármacos:
01.1-Atropina:
-Características:
-Começa o efeito em no máximo 5 minutos após a administração;
-Causa taquicardia pouco exacerbada;
-Animal pode ter sinais de desorientação;
-Ultrapassa barreira hematocefálica e placenta (afeta fetos);
-Duração: 60 – 90 minutos
-Dose:
0,02 – 0,05mg/kg : SC, IM ou EV
0,04mg/kg em ressuscitação cardiorespiratória
01.3-Glicopirrolato:
-Características:
-Promove menos taquicardia que a atropina;
-Maior período de latência após o uso endovenoso;
-Duração: 2 – 4 horas;
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-Dose:
0,005 – 0,01mg/kg : SC, IM ou EV
02-Agonistas α2-adrenérgicos:
-Mecanismo de Ação: estimulação de receptores α2-adrenérgicos no sistema
nervoso central e periférico provoca: sedação, analgesia (principalmente visceral) e
relaxamento muscular.
-Receptores pós-sinápticos: causam vasoconstrição e hipertensão;
-Receptores pré-sinápticos:
neurotransmissores e hipotensão;
causam
bloqueio
da
liberação
de
-Efeitos:
-Cardiovasculares: causam hipertesão inicial pelo estímulo do receptor
α2-pós sináptico, redução tardia da pressão arterial pelo receptor α2-pré-sináptico e
bradicardia reflexa (via barorreceptores) diminuindo o débito cardíaco. Esta bradicardia
pode persistir mesmo após o final da sedação. Pode causar bloqueio atrioventricular de
2º grau ou bradicardia sinusal.
-Respiratório: diminuição da freqüência respiratória e do volumeminuto.
-Sistema Nervoso Central: sedação dose-dependente,
relaxamento muscular, ataxia e analgesia (principalmente visceral);
hipnose,
-Outros: prolapso peniano, ataxia, ptose labial, abaixamento de cabeça,
anorexia, glicosúria, diminuição da motilidade intestinal, redução do hematócrito
(devido a vasodilatação esplênica) e aumento da glicemia (por inibição da secreção de
insulina);
-Cuidados:
-Não utilizar em pacientes idosos e/ou cardiopatas;
-Evitar doses elevadas;
-Desaconselhável em pacientes diabéticos;
-Indicações:
-Utilizar com critério, pois provoca sedação/analgesia mais intensos,
recomendado para animais indóceis ou silvestres;
-Utilizar em animais sadios e jovens;
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-Fármacos:
02.1-Xilazina:
-Características:
-Eficiente sedativo em bovinos, já em eqüinos, o efeito é imprevisível;
-Em cães e gatos o vômito tem sido descrito como um efeito adverso;
-Em associação com opióides tem-se seus efeitos adversos minimizados.
Uma das associações mais freqüentes é o emprego da xilazina juntamente com
butorfanol (dose: 0,2 – 0,4mg/kg) para obtenção de sedação e analgesia para pequenas
manipulações que cursem com dor;
-Doses:
0,2 - 1mg/kg : IM ou EV (pequenos animais)
0,05 – 1mg/kg (bovinos)
0,4mg/kg + opióide
02.2-Medetomidina:
-Características:
-Promove alterações cardiovasculares dose-dependentes;
-Efeitos respiratórios discretos;
-Baixa ocorrência de vômitos em comparação com a xilazina;
-Redução da temperatura corporal;
-Doses:
10μg/kg : IM ou EV (cães)
30μg/kg : IM ou EV (gatos)
02.3-Dexmedetomidina:
-Características:
-Possui poucos efeitos colaterais.
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-Possui rápido efeito (máximo 20 minutos) e é geralmente utilizado em
associação com opióides;
-Dose:
2 – 3 μg/kg : IM ou EV
02.4-Romifidina:
-Características:
-Não utilizado para pequenos animais, geralmente utilizado em eqüinos;
-Em cães e gatos seus efeitos são semelhantes àqueles promovidos pela
xilazina, mas de maior duração de ação;
-Doses:
10 - 120 μg/kg : IM ou EV (cães)
02.5-Detomidina:
-Características:
-Amplamente empregado em eqüinos;
-Mais potente que xilazina;
5 - 20 μg/kg : EV (eqüinos)
40 μg/kg : IM (eqüinos)
02.6-Antagosnistas α2-adrenérgicos:
-Fármacos:
02.6.1-Atipamezol:
-O mais puro antagonista;
-Dose:
50 - 100 μg/kg : EV (para reverter a xilazina)
02.6.2-Ioimbina:
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-Dose:
0,5 – 1mg/kg : EV
03-Fenotiazínicos:
-Mecanismo de Ação:
-Atuam seletivamente em algumas regiões do SNC: núcleos talâmicos,
hipotálamo, vias aferentes sensitivas, estruturas límbicas e sistema motor. Induzem
alterações no funcionamento da neurotransmissão dopaminérgica (bloqueio do receptor
pós-sináptico e pré-sinápticos, D1 e D2).
-Bloqueiam receptores noradrenérgicos e serotoninérgicos centrais e
periféricos.
-Exercem efeitos
serotoninérgico e anticolinérgico.
α-adrenolítico,
anti-histaminérgicos
H2,
anti-
-Agem no sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos). Causam
hipotensão principalmente pro bloqueio α-adrenérgico periférico e central também,
levando a uma taquicardia reflexa. Promovem uma queda da temperatura corpórea
*Não se deve usar em animais epiléticos, pois o limiar é diminuído.
-São classificados como antipiscicóticos ou neurolépticos e promovem
tranquilização leve, sem que ocorra desligamento do animal ao ambiente;
-O incremento nas doses não aumenta o grau de tranquilização, apenas os
efeitos adversos, portanto, quando se almeja uma tranquilização mais intensa, devem-se
associar os agentes fenotiazínicos a outra classe de agentes como os opióides, agonistas
α2-adrenérgicos, entre outros.
-Efeitos:
-Efeitos extra-piramidais (movimentos involuntários).
-Hipotensão (bloqueio α-adrenérgico)
-Sedação mais leve que α2-agonístas
-Potencialização dos anestésicos gerais;
-Efeito anti-emético (receptor 5-HT3);
-Efeito anti-histamínico (receptor H2);
-Efeito atropina-like (redução de secreções);
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-Outros: aumento de prolactina, hipotermia e efeitos anticolinérgicos.
-Efeitos Cardiovasculares: hipotensão, bradicardia sinusal, taquicardia
sinusal reflexa. Efeitos anti-arritimogênico (em doses baixas), efeito inotrópico e a
contratilidade é ou não afetada podendo reduzir o débito cardíaco e o volume sistólico.
-Efeitos Respiratórios: depressão respiratória.
-Efeitos Gastrointestinais: motilidade diminuída, supressão da êmese
(bloqueio dos receptores dopaminérgicos na zona disparadora quimio-receptoras).
-Efeitos no Sangue: hematócrito diminuído (seqüestro de hemácias pelo
baço).
-Efeitos Metabólicos: diminuição da temperatura corporal (vasodilatação,
depressão do centro termo-regulador).
-Usos Terapêuticos:
São usados principalmente como medicação pré-anestésica,
potencializadores da analgesia (neuroleptoanalgesia) e como anti-eméticos. E também
reduzem a incidência de arritmias cardíacas causadas pela sensibilização do miocárdio
às catecolaminas.
-Contra-Indicações:
-Não usar em animais predispostos a convulsões.
-Não utilizar em animais que apresentam problemas com distonia
(congelamento dos movimentos durante uma ação).
-Cautela ao usar conjuntamente com outros hipotensores.
-Não utilizar em pacientes debilitados com hipotermia e desidratados.
-Cuidado em cães de raças braquiocefálicas, pois são sensíveis aos
fenotiazínicos, os quais podem causar obstrução das vias aéreas superiores. Deve-se
diminuir a dose do fármaco.
-Não utilizar em garanhões (prolapso peniano);
-Fármacos:
03.1-Acepromazina (Acepram 0,2% - VETNIL®)
-Características:
-Mais potente que clorpromazina e levomepromazina;
-Possui maior duração de ação: 4 – 6 horas;
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-Doses:
0,05 a 0,1 mg/Kg : EV lento (pequenos animais)
Até 0,2 mg/kg : IM ou SC
NÃO ultrapassar 3mg (dose total)
*Braquiocefálicos: dose baixa (0,05mg/kg IM)
**Associação: acepromazina (0,05mg/kg) + morfina (0,5mg/kg)
03.2-Levomepromazina:
-Características:
-Duração: 1 – 2 horas;
-Dose:
0,5 – 1mg/kg : IM ou EV
03.3-Clorpromazina:
-Características:
-Efeito anti-emético potente;
-Duração: 1 – 2 horas;
-Dose:
0,5 – 1mg/kg : IM ou EV
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04-Opióides:
-São compostos semelhantes à morfina, que se ligam aos receptores opióides
-Mecanismo de Ação: receptores , , σ e δ. Os opióides promovem a abertura
de canais de potássio e inibem canais de cálcio. Causa uma diminuição da excitabilidade
da membrana e diminuição da liberação de neurotransmissores. Porém os opióides
aumentam a atividade de algumas vias neuronais (disparo de interneurônios inibitórios).
E possui efeitos sobre a via nociceptiva em nível espinhal, inibindo a transmissão de
impulsos nociceptivos através do corno posterior e suprime reflexos nociceptivos
espinhais.
-Tipos de ação: agonistas, agonistas parciais, antagonistas-agonistas e
antagonistas.
-Receptores:
-Receptor mi (): analgesia, sedação, euforia, depressa respiratória e dependência;
-Receptor kappa (): analgesia e sedação;
-Receptor sigma (σ): atividade psicomimética, alucinação, estimulação vasomotora e
respiratória;
-Receptor delta (δ): efeitos pouco conhecidos;
-Efeitos Principais:
-Analgesia: eficaz em dor aguda e crônica. Reduz o componente afetivo da dor, ação
supraespinhal ao nível do sistema límbico;
-Euforia: causa sensação intensa de contentamento e bem-estar (geralmente observado
em eqüinos e felinos);
-Depressão respiratória: mediada pelos receptores µ e o efeito depressor está associado
com uma diminuição na sensibilidade no centro respiratório bulbar a CO2;
-Náusea e vômito: ocorrem até 40% dos pacientes quando fazem o uso da morfina pela
1ª vez;
-Constrição pupilar: estimulação do núcleo oculomotor mediada pelos receptores µ e κ;
-Efeitos Viscerais: diminuição da motilidade, espasmo de esfíncter (animais não
conseguem urinar) e náusea/vômito;
-Metabolismo: o metabolismo hepático é o principal modo de inativação,
geralmente conjugado com o ácido glicurônico. Então são eliminados pela urina e pelo
intestino (excreção biliar) onde a morfina é reabsorvida.
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04.1-Agonistas  totais:
-Exemplos: morfina, metadona, meperidina (petidina), fentanil, oximorfona e
hidromofona;
-Efeitos:
-Analgesia potente;
-Sem efeito teto, então conforme o aumento da dose tem-se aumento do
efeito;
-Efeitos colaterais clássicos;
-Sistema
cardiovascular:
causam
pequena
alteração
contratilidade/débito cardíaco, bradicardia e redução da pressão arterial;
na
-Sistema respiratório: causam depressão respiratória e inibição da tosse;
-Sistema urinário: retenção urinária (por espasmo do esfíncter);
*É recomendado sondar pacientes que receberam algum  total.
-Sistema gastrointestinal: aumento do tônus dos esfíncteres (tem-se
defecação inicial) e inibição da motilidade propulsiva. Tem-se vômito também.
04.1.1-Morfina:
-Características:
-Causa depressão do centro respiratório medular;
-Pequeno efeito cardiovascular;
-Liberação de histamina com
administrada rapidamente pela via endovenosa;
vasodilatação
-Estimula o centro do vômito;
-Causa defecação;
-Duração: entre 2 a 4 horas e até 16 horas (epidural)
-Dose:
Cães: 0,1 – 1,0 mg/kg SC, IM ou EV lento
Gatos: 0,1 – 0,3 mg/kg SC, IM ou EV lento
Epidural: 0,1 mg/kg
Intra-articular: 0,1 mg/kg
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periférica
quando
04.1.2-Metadona:
-Características:
-Estimula freqüência respiratória;
-Observa-se perda do controle postural em cães;
-Duração: entre 2 a 4 horas;
-Salivação e defecação;
-Disforia;
-Possui os mesmos efeitos colaterais da morfina, exceto o vômito;
-Dose:
0,5 mg/kg IM
04.1.3-Meperidina (Petidina):
-Características:
-Duração: 1 hora
-Efeito espasmótico;
-Normalmente não produz vômito ou defecação;
-Pode causar liberação de histamina quando administrada pela via
endovenosa;
-Não produz uma boa analgesia, mas tem-se bom efeito sedativo;
-Dose:
Cães: 5 – 10 mg/kg IM
Gatos: 2 – 5 mg/kg IM
04.1.4-Fentanil:
-Características:
-Não é comumente utilizado como M.P.A;
-Utilização: neuroleptoanalgesia, analgesia trans-operatória e analgesia
pós-operatória;
-250 vezes mais potente que a morfina;
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-Duração: entre 20 e 30 minutos e leva cerca de 1 minuto para exercer
seu efeito;
-Causa depressão respiratória (dose-dependente) severa, por isso deve ser
usada no centro cirúrgico, pois o animal pode entrar em apnéia;
-Reduz drasticamente a concentração (CAM) dos anestésicos inalatórios,
em até 60%;
-Pequeno efeito na contratilidade do miocárdio e bradicardia (facilmente
reversível com Atropina);
-Salivação e defecação;
-Dose:
M.P.A.: 5 – 10 μg/kg : EV ou IM (0,1mL/kg)
I.C. na anestesia: 20 – 45 μg/kg/hora
I.C. pós operatória: 3 – 6 μg/kg/hora
04.2-Agonistas μ parciais:
-Exemplos: buprenorfina
-Efeitos:
-Analgesia menos profunda do que agonistas μ totais;
-Possui efeito teto (o aumento da dose não aumenta a analgesia);
-Desloca agonistas μ totais dos receptores e reduz a analgesia;
-Possui período de latência longo (muito tempo para começar o efeito);
-Alta afinidade pelo receptor, causando uma longa duração (entre 6 e 8
horas);
04.2.1-Buprenorfina:
-Características:
-33 vezes mais potente que a morfina;
-Longo período de latência (cerca de 30 minutos);
-Causa depressão cardiorespiratória insignificante;
-Dose:
5 – 20 μg/kg : EV e IM
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*Pode se aplicar via transmucosa (abaixo da língua);
04.3-Agonista κ e Antagonistas μ:
-Exemplos: butorfanol
-Efeitos:
-Menos efeitos colaterais (disforia e depressão respiratória);
-Analgesia menos intensa (ação nos receptores κ) do que agonistas totais
μ;
04.3.1-Butorfanol:
-Características:
-5 vezes mais potente que a morfina;
-Duração: entre 1 e 2 horas;
-Discreta alteração cardiovascular;
-Reduz a CAM dos anestésicos inalatórios;
-Pequeno efeito sobre a respiração e motilidade intestinal;
-Reverte o efeito sedativo e respiratório de agonistas μ puros, resultando
em analgesia residual;
-Dose:
Cães: 0,2 – 0,4mg/kg : EV, IM ou SC
Gatos: até 0,6mg/kg : EV, IM ou SC
04.4-Antagonista:
-Exemplo: naloxona
04.4.1-Naloxona:
-Características:
-Reverte o efeito sedativo e depressor respiratório de agonistas puros;
-Deve-se fazer a titulação de doses baixas a cada 2 minutos para evitar
reverter a reversão da analgesia;
-Dose:
Titulação em doses baixas: 1 μg/kg/2minutos
1 – 4 μg/kg
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04.5-Tramadol:
-Características:
-Análogo sintético da codeína;
-Mecanismo de ação: misto (opióide e não opióide). Possui alta
seletividade por receptores μ, porém baixa afinidade e também age inibindo a
recaptação de noradrenalina e serotonina;
-Metabolismo: hepático por desmetilação, originando o desmetiltramadol;
-Um dos poucos opióides que não interferem na pupila (o tramadol
causa pouca miose), sendo muito utilizado em procedimentos oftálmicos;
-Dose:
Cães: 4 - 8 mg/kg : EV, SC ou IM
Gatos: 2 – 4 mg/kg : EV, SC ou IM
Cães: 6 - 8 mg/kg : VO
Gatos: 6 – 10 mg/kg : VO
*Não utilizar tramadol quando se há administração prévia de ondansetrona (bloqueio de
receptores de serotonina);
05-Benzodiazepínicos:
-Mecanismo de Ação: depressores do sistema límbico (septum, hipocampo,
amígdala, formação reticular) e aumentam a liberação de GABA (quando um
benzodiazepínico liga-se ao seu receptor, modifica-se a conformação pelo receptor
GABAA, proporcionando maior afinidade ao GABA), os benzodiazepínicos inibem a
neurotransmissão e causam hiperpolarização da membrana (aumento da condutância ao
cloro).
-Efeitos:
-Miorrelaxante: atuação depressora sobre reflexos supra-espinhais;
-Anticonvulsivante;
-Efeito ansiolítico: ocorre em conseqüência da atuação sobre o sistema
reticular (que mantém o estado de alerta), sobre o sistema límbico (evocador da
ansiedade) e sobre o hipotálamo (organiza as respostas fisiológicas).
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-Efeitos Respiratórios: depressão da ventilação quando administrado com
outros depressores (barbitúricos ou opióides). Mas é indicado utilizar em pacientes com
instabilidade hemodinâmica;
-Hipnótico;
-Sedativos;
-Aumentam o limiar convulsivo;
-Promovem sono semelhante ao fisiológico;
-Efeito sedativo mínimo em animais normais;
-Alguns animais em alerta normal podem apresentar agitação e excitação;
-Atravessam barreira placentária e aumentam a chance de anomalias
congênitas e complicações neonatais;
-Se ligam à proteínas plasmáticas e em casos de hipoproteinemia podem
elevar os efeitos farmacológicos;
-Metabolismo: sofrem metabolização no fígado e a eliminação se dá pela urina
em forma de metabólitos conjugados com o ácido glicurônico (inativos). O diazepam
produz metabólitos ativos (desmetildiazepam e oxazepam).
*Evitar usar benzodiazepínicos isoladamente, pois podem causar efeito paradoxal
(efeito contrário: levando a excitação);
05.1-Diazepam:
-Características:
-Oleoso com solubilizante propileno glicol, causando uma absorção lenta
e dolorosa quando aplicada via intramuscular (evitar IM);
-Dose:
0,25 – 0,5 mg/kg : EV
05.2-Midazolam:
-Características:
-Hidrossolúvel, pode ser aplicado via intramuscular;
-Duração de ação mais curta que o diazepam;
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-Causa diminuição da pressão arterial pois diminui a resistência vascular
periférica;
-Dose:
0,25 – 0,5 mg/kg : EV e IM
-Associações:
-Com Cetamina: utilizado para procedimentos diagnósticos e em MPA de
animais indóceis;
-Dose:
Midazolan/Diazezepam: 0,1 – 0,2 mg/kg + Cetamina: 5 – 10mg/kg
-Com Cetamina (Quetamina - VETNIL®) e Tramadol: (CEMTRA) para felinos
Cetamina: 8 mg/kg + Midazolan 0,5 mg/kg + Tramadol: 3mg/kg
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05.3-Antagonista Benzodiazepínico (Flumazenil):
-Características:
-Período de latência: entre 2 a 4 minutos;
-Duração: cerca de 60 minutos;
-Dose:
0,02 – 0,1 mg/kg
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Agentes Indutores
-Fármacos:
-Barbitúricos;
-Alquil-fenóis;
-Compostos imidazólicos;
-Dissociativos;
-Inalatórios;
01-Barbitúricos:
-Introdução:
São derivados do ácido barbitúrico, que é a combinação entre o ácido
malônico e uréia.
-Classificação:
-Oxibarbitúricos (O2 no C2);
-Tiobarbitúricos (S no C2);
Duração
Fármaco
Latência
Longa
Fenobarbital
12 minutos
Curta
Pentobarbital
30 – 60 segundos
Ultracurta
Tiopental
15 – 30 segundos
-Mecanismo de Ação: no GABA, os barbitúricos incrementam sua capacidade de
induzir o aumento da condutância aos íons cloreto, causando hiperpolarização da
membrana e conseqüente redução da atividade elétrica do SNC. Com
relação
à
+
+
++
condutância dos demais íons (Na , K e Ca ), os barbitúricos a reduzem através da
membrana plasmática, o que resulta em depressão seletiva do sistema reticular.
Perifericamente, os barbitúricos diminuem a ligação e seletividade da ACh na
membrana pós-sináptica, o que ocasiona excelente relaxamente muscular. O sistema
reticular mesencefálico é especialmente sensível aos efeitos depressores destes agentes.
Os centros medulares (centro termorregulador, vagal, centro respiratório e vasomotor)
também são deprimidos.
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-Farmacocinética:
-Ligação protéica: 70 – 85%;
*Deve-se ter cuidado em pacientes com hipoproteinemia;
-Medicamentos competidores: AAS e sulfonamidas (deve-se reduzir a
dose administrada);
*Não deve ser usado com concomitantemente com cloranfenicol (inibição enzimática
microssomal, assim desencadeando um maior período de ação dos barbitúricos).
-Possui efeito cumulativo (é o retardamento da recuperação anestésica
envolvendo todas as características indesejáveis: hipotermina, bradicardia e excitação,
pela administração de doses repetidas, uma prosseguida da outra);
-Metabolismo: hepático;
-Efeitos:
-Não possui efeito analgésico;
-Sistema Nervoso Central: potencializa ação do GABA e indução pode
causar delírio e excitação (quando administrado lentamente e sem MPA);
-Cardíaco: causa depressão dose-dependente, bloqueio vagal inicial,
inotropismo negativo e sensibiliza o miocárdio à catecolaminas
-Respiratório: reduze a freqüência respiratória e o volume/minuto;
-Diminuem a pressão intra-craniana (indicado para pacientes vítimas de
trauma craniano);
*A administração dos barbitúricos geralmente é precedida de medicação pré-anestésica
(M.P.A.), que pode ser realizada com fenotiazínicos, agentes agonistas α2-adrenérgicos.
Esta medicação pré-anestésica contribui para que a indução e a recuperação sejam
destituídas dos fenômenos excitatórios observados quando os barbitúricos são
empregados como agentes únicos.
Contra-indicações:
-Não utilizar em pacientes cardiopatas, hipotensos, desidratados, com
hipoproteinemia, nefropatas, em gestantes (para cesariana), obesos e em hepatopatas;
-Dose:
5 – 12,5 mg/kg EV com MPA
15 mg/kg EV sem MPA
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02-Compostos Imidazólicos (Etomidato):
-Mecanismo de Ação: não foi completamente elucidado, pode modular a
transmissão GABAérgica, prolonga o tempo de abertura dos canais de Cl-, e parece
aumentar o número de receptores GABA disponíveis (deslocando inibidores
endógenos);
-Farmacocinética:
-Rápido início de ação e curto período de recuperação;
-Tempo de anestesia: entre 10 e 15 minutos;
-Ligação à proteínas é cerca de 75%;
-Efeitos:
-Não possui efeito cumulativo e analgésico;
-Sistema Nervoso Central: causa diminuição da pressão intra-craniana,
diminuição do metabolismo e do fluxo sanguíneo cerebral e mantém pressão arterial
sistêmica (melhor perfusão cerebral em comparação ao tiopental e propofol);
-Cardiovascular: não causa alterações na função cardiovascular;
*Anestésico de escolha para pacientes cardiopatas;
-Respiratório: depressão dose dependente discreta;
-Outros: inibição temporária da síntese de esteróides pela adrenal;
-Dor à injeção, mioclonias, excitação e vômitos após a administração
isolada. Deve-se associar à benzodiazepínicos e opióides.
-Dose:
1 – 2 mg/kg : EV + benzodiazepínico
0,5 – 4 mg/kg EV
*I.C: 0,02 – 0,3 mg/kg/h EV
*Infusão Contínua: cuidado com tempo, administrações acima de 1 hora podem causar hemólise;
03-Alqui-Fenóis (Propofol)
-Mecanismo de Ação: mecanismo exato ainda não esclarecido, mas é semelhante
aos dos barbitúricos e benzodiazepínicos potencializando GABA.
-Farmacocinética:
-Curta duração: 15 a 20 minutos (cães) e 30 minutos (gatos);
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-Metabolismo: hepático e extra-hepático
-Efeitos:
-Dor à injeção;
-Não possui efeito cumulativo;
-Não apresenta efeito analgésico;
-Respiratório: depressão respiratória (semelhante ao tiopental), apnéia
transitória, diminuição do volume/minuto, diminuição da freqüência, aumento da
PaCO2 e diminuição da PaO2 (efeitos proporcionais a dose, velocidade de administração
e MPA utilizada);
-Cardiovascular: hipotensão sistêmica e diminuição do débito cardíaco
(efeitos proporcionais a dose, velocidade de administração e MPA utilizada);
-Sistema Nervoso Central: diminuição do metabolismo cerebral,
diminuição da pressão intra-craniana, diminuição da pressão interna ocular;
*Pode usar em cesarianas. As doses habituais não causam depressão fetal;
-Dose:
2 – 5 mg/kg
*I.C: 0,2 – 0,4 mg/kg/min
*Bom associar com outros fármacos
04-Dissociativos (Cetamina / Tiletamina)
-Dissociativos: induz anestesia por interrupção do fluxo de informações para o
córtex sensitivo.
04.1-Cetamina (Quetamina - VETNIL®)
-Mecanismo de Ação:
-Inibição do NMDA (causa analgesia somática);
-Antagonista colinérgico central (causa taquicardia);
-Agonista opióide (causa analgesia);
-Potencializa receptores serotoninérgicos e dopaminérgicos;
-Diminui atividade GABAérgica;
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-Ativação do sistema límbico (causa hiperexcitabilidade);
-Metabolismo: hepático (cerca de 50%) e o restante é eliminado pela urina sem
alteração.
*Cuidado na administração em gatos obstruídos;
-Efeitos:
-Sistema Nervoso Central: analgesia e anestesia dose-dependente, pode
causar convulsões e rigidez (quando usada isoladamente) e aumento da pressão intracraniana
-Cardiovascular: único anestésico que estimula o sistema cardiovascular,
tem-se vasodilatação, inotropismo positivo, aumento da freqüência cardíaca, aumento
da pressão arterial e do débito cardíaco.
-Respiratório: não deprime a função respiratória e doses elevadas podem
produzir um padrão apnêustico (menor volume corrente e maior freqüência
respiratória), reflexos faríngeos e laríngeos são mantidos (maior dificuldade na
intubação orotraqueal);
-Outros: hipertonicidade muscular (deve-se fazer uso de relaxantes
musculares) e aumento da pressão intra ocular.
-Contra-indicações: não administrar em pacientes epiléticos;
-Dose:
0,5 – 1 mg/kg : IM ou SC (analgesia)
5 – 10 mg/kg IM (anestesia)
1 – 4 mg/kg EV (anestesia)
*Associar com benzodiazepínicos para se ter miorrelaxamento;
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04.2-Tiletamina
-Associada com Zolazepam;
-Efeitos: semelhantes a cetamina;
-Cães: tem-se efeitos excitatórios pois o efeito do zolazepam acaba antes
da tiletamina;
-Gatos: ocorre ao contrário dos cães;
-Dose:
2 – 5 mg/kg EV
Associações de Indutores
01-Etomidato:
Etomidato + Lidocaína (sem vasoconstritor)
1 - 2 mg/kg + 1 – 1,5 mg/kg
-Efeitos: diminuição da hipertensão, taquicardia, analgesia e prevenção
de arritmias;
Etomidato + Benzodiazepínico
1 - 2 mg/kg + 0,25 – 0,5 mg/kg
-Efeitos: melhora miorrelaxamento e diminui tremores musculares;
02-Propofol:
Propofol + Lidocaína (sem vasoconstritor)
2 mg/kg + 1 – 1,5 mg/kg
-Efeitos: redução na depressão cardiorespiratória, prevenção de arritmias
e diminuição da dor no local da injeção;
Propofol + Benzodiazepínico
2 mg/kg + 0,25 – 0,5 mg/kg
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Propofol + Cetamina
2 mg/kg + 1 mg/kg
-Efeitos: diminuição da estimulação cardiovascular e aumento das
secreções das vias aéreas;
Indutores Inalatórios
-Executado com máscaras ou câmaras;
-Ausência de efeitos renais ou hepáticos;
-Indicado para debilitados (animais hígidos são difíceis de induzir);
-Intubação deve ser rápida;
Estágios e Planos Anestésicos
-Planos de Guedel:
-Verifica-se através dos reflexos oculopalpebral (reflexo palpebral
medial, reflexo palpebral lateral, reflexo corneal e reflexo pupilar), reflexo interdigital e
digital e reflexo anal. E também por alterações cardiopulmonares (anestesia superficial
tem-se freqüência respiratória e cardíaca normais ou elevadas e anestesia profunda temse diminuição destas);
-Estágio I: analgesia e excitação voluntária. Compreende o período que vai do
início da indução anestésica até a inconsciência. Nesta fase tem-se liberação de
catecolaminas (epinefrina), as quais elevam a freqüência cardíaca e respiratória e podese ter também arritmias, salivação e micção.
-Estágio II: excitação involuntária e delírio. Compreende o período que vai do
início da perda da consciência até a inconsciência completa. Este estágio deve ser
evitado e geralmente ocorre quando são usados barbitúricos ou benzodiazepínicos em
doses inadequadas.
-Estágio III: anestesia geral. Dividida em 4 planos:
-Plano I (anestesia superficial): caracteriza-se por movimentos
respiratórios rítmicos e aumento do volume corrente pulmonar. No plano 1, os animais
ainda mantêm alguns reflexos protetores, o reflexo podal e o palpebral está diminuído.
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-Plano II (anestesia cirúrgica): a depressão respiratória pode ser
acentuada, resultando em apnéia. O reflexo palpebral desaparece, o corneal está
diminuído ou ausente em pequenos animais e o reflexo pupilar está presente (pupila
constricta). O globo ocular é rotado em posição rostromedial e a esclera está visível. O
paciente está apto ao procedimento cirúrgico.
-Plano III (anestesia profunda): caracteriza-se pelo início da paralisia dos
músculos intercostais. A freqüência e volume respiratório estão diminuídos, a pressão
arterial também e a pupila encontra-se dilatada com globo ocular centralizado.
-Plano IV (coma anestésico): caracteriza-se pela paralisia dos músculos
intercostais com conseqüente parada respiratória. Mucosas pálidas, globo ocular bem
centralizado e midríase quase completa com reflexos oculares ausentes.
-Estágio IV: depressão bulbar. Ocorre parada respiratória seguida de parada
cardíaca e depressão profunda do SNC.
Anestesia Inalatória
-Vantagens:
-Fácil controle;
-Idade não é um fator limitante;
-Eliminação rápida;
-Baixa taxa de biotransformação;
-Ausência de excitação (com MPA);
-Recuperação rápida e suave;
-Desvantagens:
-Poluição;
-Circuitos Anestésicos (dependente do tamanho do paciente):
-Aberto;
-Semi-Aberto;
-Fechado;
-Semi-Fechado;
-Equipamentos Necessários:
-Laringoscópio,
abre-bocas,
sondas
endotraqueais,
seringas,
intermediários (entre circuito e sonda), máscara facial (geralmente para pacientes
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idosos), lidocaína (spray ou gel 10%) e estilete (auxilia a colocação da sonda
endotraqueal):
-Aparelho de Anestesia:
-Fonte de gás diluente (02, N20 e ar comprimido);
-Válvulas redutoras de pressão;
-Extensões (chicotes);
-Rotâmetro (possui escala milimetrada – maior precisão);
-Fluxômetro (escala L/min);
-Circuitos anestésicos (abeto, semi-fechado e fechado);
-Vaporizadores (universal e calibrado);
-Manômetro (mede pressão do gás):
Circuitos
01-Circuito Aberto:
-Equipamentos:
-Câmaras de indução anestésica;
-Máscara anestésica;
-Fluxo:
5 – 7 L/kg/min
-Características:
-Os gases expirados são diluídos pelo fluxo de O2 e liberados na
atmosfera.
02-Circuito Semi-Aberto (utilizado para animais até 7kg)
-Equipamento:
-Chicote de Baraka (duplo ‘T’) – utilizado em pacientes de 3 a 5kg
-Chicote de Bain – utilizado em pacientes entre 5 e 7kg
-Chicote de Magil (semelhante ao Bain, mas com válvula pop-off);
-Fluxo:
180 – 300*ml/kg/min
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*300ml/kg/min: utilizar nos primeiros 15 minutos de anestesia;
-Características:
-Animal entra em hipotermia mais facilmente, pois há muita perda de
calor pela respiração, com exceção do circuito de Bain (há menor dissipação de calor);
-Deve-se ter atenção máxima a distensão do balão reservatório, pois,
como os volumes são pequenos (do balão e dos pulmões) e o fluxo é alto, pode ocorrer
facilmente excesso de pressão no sistema acarretando ruptura pulmonar;
03-Circuito Semi-Fechado (reinalação parcial de gases)
-Equipamento:
-Traquéias corrugadas, tubo plástico flexível, conectado a um ‘Y’ e ao
canister (contendo cal sodada no interior);
-Válvulas unidirecionais;
-Válvula de alívio de pressão e exaustão;
-Balão reservatório;
-Fluxo:
50 - 100ml/kg/min
-Características:
-Utiliza-se filtro circular com válvulas unidirecionais e válvula de alívio
de pressão (pop-off). A saída comum de gases é conectada à válvula inspiratória;
-Sistema mais econômico que o semi-aberto;
04-Sistema Fechado (circuito circular valvular)
-Equipamentos: mesmos equipamentos do sistema semi-fechado;
-Fluxo:
10 - 15ml/kg/min
-Características:
-Válvula de alívio (pop-off) mantém-se fechada;
-Deve-se usar um capnógrafo (medição do CO2 expirado);
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-Tem-se menor perda de temperatura do paciente, menor gastos e não há
poluição;
*Cal sodada: sofre reação química, liberando água, calor e carbonato de cálcio (o qual
não quebra) e fica com a coloração roxa;
**Sempre testar aparelhos antes de utilizá-los
Vaporizador
01-Vaporizador Universal:
-Pode-se usar qualquer agente halogenado (exceto desflurano);
-Não possui compensação de fluxo, temperatura e pressão (sofre variações
externas);
-Não permite cálculo de quantidade administrada, a concentração administrada
varia de acordo com o borbulhamento (quanto maior o número de bolhas maior a V%);
02-Calibrado:
-É agente específico;
-Possui compensação de fluxo, temperatura e pressão (não sofre variações
externas);
-Permite o ajuste imediato da concentração;
-A volatização máxima é de 5 volumes de concentração;
-Alto custo;
-Manutenção regular (deve ser feita a cada 6 meses);
CAM (Concentração Alveolar Mínima)
-Definição: é a concentração alveolar de um anestésico volátil que evita a
resposta ao estímulo doloroso em 50% dos pacientes;
1 CAM : produz anestesia leve
1,5 CAM : produz anestesia moderada (anestesia cirúrgica)
2 CAM : anestesia profunda
-Não é alterada por:
-Duração da anestesia;
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-Sexo;
-PaCO2 (15 – 95mmHg);
-PaO2 (maior que 40mmHg);
-Anticolinérgicos;
-Pode ser aumentada por:
-Hipertermina;
-Fármacos que excitam o SNC (anfetamina, doxapram e efedrina);
-Pode ser reduzida por:
-Hipotermina;
-Gestação;
-PaCO2 (acima de 95mmHg – paciente em apnéia);
-PaO2 (menor que 40mmHg);
-Pressão arterial (menor que 50mmHg);
-Animais idosos;
-Fármacos que causam depressão do SNC;
Efeitos Farmacológicos de Agentes Inalatórios
01-Sistema Respiratório:
-Depressão
volume/minuto);
dose-dependente
(diminuição
da
freqüência
respiratória
e
-Hipercapnia e acidose respiratória (aumento da concentração de CO2);
-Depressão do centro respiratório (bulbo – centro apnêustico);
-Depressão dos reflexos faríngeo e laríngeo;
02-Sistema Cardiovascular:
-Depressão dose-dependente (depressão do miocárdio, diminuição do volume
sistólico, do débito cardíaco e da pressão arterial), com exceção do halotano, o qual
pode aumentar a freqüência cardíaca e predispõe ao aparecimento de CVP (quando
houver essa condição, deve-se trocar o anestésico inalatório);
-Depressão do centro vasomotor;
-Isoflurano, sevoflurano e desflurano são menos arritmogênicos;
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03-Outros:
-Diminuição do fluxo sanguíneo hepático e renal;
-Diminuição da motilidade gastrointestinal;
-Diminuição da motilidade uterina;
-Depressão fetal;
-Miorrelaxamento;
-Hipotermia (perda de calor via respiração);
Toxicidade
-1,3 a 2 vezes maior incidência de câncer;
-Aumento de 30% do risco de aborto;
-1,2 vezes a incidência de anomalias;
-Repetições sucessivas de anestesia inalatória deve-se utilizar intervalos de 15
dias, dependendo do agente utilizado;
Agente
Metabolização (%)
Metoxiflurano
50
Halotano
10 a 20
Sevoflurano
3
Enflurano
2,4
Isoflurano
0,17
Desflurano
0,02
Óxido nitroso
0,004
Agente
Coef. Solubilidades sangue-gás*
CAM
Metoxiflurano
1,3
0,2 – 1,0
Halotano
2,3
08 – 1,2
Sevoflurano
0,6
2,3
Enflurano
1,9
2 a 3 (2,2)
Isoflurano
1,4
1 a 3 (1,2)
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Desflurano
0,42
6 a 9 (7)
Eter
12,1
3
*Quanto maior o coeficiente de solubilidade sangue-gás maior a combinação (ligação) com proteínas e
lipídeos no organismo.
Gases Anestésicos
01-Óxido Nitroso (N2O):
-Efeitos:
-Sistema Nervoso Central: analgésico fraco que produz depressão do
córtex cerebral;
-Cardiovascular: não produz depressão cardiovascular;
-Respiratório: não é irritante para as vias respiratórias e não deprime a
ventilação;
-Uterinos: atravessa a barreira placentária rapidamente, mas não deprime
o feto de forma significativa;
-Concentração de utilização:
2 : 1 (66% de N2O e 33% de O2) no início da anestesia
1 : 1 (50% de N2O e 50% de O2) após estabilização do paciente
*Sempre associar a algum terceiro gás anestésico;
02-Halotano:
-Efeitos:
-Sistema Nervoso Central: produz depressão acentuada do SNC dosedependente, incluindo os centros termorreguladores (causando hipotermia);
-Respiratório: depressão acentuada da respiração podendo haver apnéia.
Mais pronunciado em ruminantes. Não é irritante;
-Cardiovascular: depressão cardiovascular, vasodilatação periférica e
redução da freqüência cardíaca. Sensibiliza à catecolaminas (produzindo arritmias.
-Gastrointestinal: leve diminuição de motilidade. A biotransformação
hepática leva a formação de componentes hepatotóxicos (não usar em hepatopatas);
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-Renais: nefrotoxicidade ocorre se houver desenvolvimento de
hipotensão acentuada (P.A.M inferior a 70mmHg);
03-Isoflurano:
-Efeitos:
-Sistema Nervoso Central: depressão generalizada;
-Respiratórios: depressão respiratória mais profunda que halotano, pode
levar a apnéia. O volume/minuto e a freqüência diminuem.
-Cardiovascular: pouca depressão (menor que halotano). Não se tem
desenvolvimento de arritmias cardíacas e a força de contração do miocárdio é mantida.
*Anestésico volátil de escolha para cardiopatas;
-Renais: não ocorre alteração da função renal;
-Gastrointestinal: reduz a motilidade e não produz hepatotoxicidade pois
é minimamente metabolizado (< 0,25%);
04-Sevoflurano:
-Efeitos:
-Sistema Nervoso Central: depressão generalizada e atinge o SNC mais
rapidamente que isoflurano e halotano (devido ao seu baixo coeficiente de solubilidade
sangue-gás);
-Respiratórios: indução rápida com máscara (agente de escolha para
indução com máscara) e causa depressão profunda do sistema respiratório;
-Cardiovasculares: efeito semelhante ao do isoflurano, a contração
miocárdica e o débito cardíaco se mantém;
-Gastrointestinais: não ocorre hepatotoxicidade;
-Renais: pode ter efeito tóxico renal pela produção de olefinas;
-Musculoesqueléticos: excelente miorrelaxamento;
-Uterinos: não produz depressão fetal importante;
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Anestesia Local e Regional
-Introdução:
-Química dos anestésicos locais:
-Anel aromático (parte lipofílica): porção absorvível, determinando
potência, grau de ionização e tempo de início;
-Amida e Éster: responsáveis pela potência e toxicidade;
*Ácido para-aminobenzóico: alergênico (presente na procaína e tetracaína);
-Ionização:
-Forma ionizada: parte que faz efeito dentro da célula;
-Forma não ionizada: necessária para fazer a penetração do fármaco na
célula;
**Em tecidos inflamados tem-se a predominância da forma ionizada e pouca quantidade
da forma não ionizada. Não há penetração do anestésico para exercer seu efeito. A
forma não-ionizada é a única que rapidamente produz efeito clínico, devido a sua
penetração e difusão rápidas nas membranas celulares.
***A adição de NaHCO3 aos anestésicos locais produz um efeito mais rápido, pois o
aumento do pH da solução faz com que a concentração de fármaco não-ionizado
aumente.
-Mecanismo de Ação:
-Atuam em membrana celular, bloqueando ou obstruindo canais de sódio,
impedindo que ocorra o estímulo.
*Fibras mielinizadas são bloqueadas antes (margem de segurança menor);
-Vasoconstritor: (adrenalina/epinefrina)
-Necessário para diminuir a velocidade de absorção, aumentar o período de
latência (tempo que leva para fazer efeito) e diminuir o risco de toxicidade.
*Usa-se na epidural anestésicos locais com vasoconstritor pois é uma região altamente
vascularizada;
**Cuidado em extremidades, bordas, orelhas, patas e outros, pode-se ter isquemia e
posteriormente necrose com a aplicação de anestésico local com vasoconstritor;
-Metabolismo e Excreção:
-Hidrólise metabólica: os ésteres são metabolizados no plasma e as aminas são
hidrolisadas mais lentamente ou não são.
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-Conjugação com ácido glicurônico: a bupivacaína é metabolizada quando se
conjuga ao ácido glicurônico no fígado;
-Dealquilação: outra forma de metabolismo dos anestésicos locais;
*Os metabólitos ou droga-mãe são excretados por via renal;
-Toxicidade:
-Causas: administração endovenonsa, retirada precoce do torniquete e
sobredose;
Fármacos Anestésicos Locais
01-Tetracaína:
-Características:
-Utilizada como anestésico tópico: solução oftálmica 0,5% e para
mucosas 1 a 2%;
02-Lidocaína:
-Características:
-Efeito ambivalente (baixas doses causam depressão e altas doses
tremores);
-Potência e duração moderadas;
-Dose tóxica:
7mg/kg sem vasoconstritor (EV)
9mg/kg com vasoconstritor (EV)
03-Bupivacaína:
-Características:
-3 a 4 vezes mais potente que a lidocaína;
-Tempo de bloqueio mais prolongado;
-Cardiotóxica (não aplicar EV);
-Em baixas doses tem-se somente o bloqueio sensitivo e não motor;
-Dose tóxica:
1 – 2mg/kg sem vasoconstritor
3 – 4mg/kg com vasoconstritor
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04-Ropivacaína:
-Características:
-Analgesia com bloqueio motor mínimo;
Técnicas
Tipos:
-Superficial;
-Infiltrativa;
-Perineural;
01-Superficial (tópica):
-Oftálmica:
Tetracaína 0,5%
-Mucosa:
Tetracaína 2% ou Lidocaína 4%/10%
*Em gatos e cães pequenos não usar spray (pouca precisão e risco de intoxicação);
-Pele: prilocaína 2,5% com lidocaína 2,5%
Prilocaína 2,5% com Lidocaína 2,5%
02-Infiltrativa:
-Tipos:
-Intradérmica;
-Subcutânea (mais utilizada): injeção subcutânea de 0,5mL de lidocaína 12% pode ser utilizada para infiltrar vários pontos da região de incisão cirúrgica,
produzindo bloqueio para intervenções como mastectomias ou laparotomias;
**Caso necessite diluir a solução anestésica, deve-se usar no máximo 1:2 (1 parte de
anestésico para 2 de diluente – solução fisiológica);
-Muscular;
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Lidocaína 0,5 a 2% ou Bupivacaína 0,5 a 0,75%
*Não usar anestésicos locais com vasoconstritor em regiões periféricas;
03-Perineural:
03.1-Bloqueio Oftálmico:
03.1.1-Retrobulbar:
-Indicação: indicado para enucleação.
-Técnica: deve-se inserir a agulha no canto lateral e progredir até o fundo da órbita.
*Utilizar anestésico local com vasoconstritor;
-Complicações: hemorragia, injeção endovenosa, estímulo reflexo oculocardíaco e lesão
do nervo óptico;
03.1.2-Peribulbar:
-Indicações:cirurgias oftálmicas (Ex.: cataratas). Técnica mais segura.
-Infrapalpebral lateral e suprapalpebral medial;
03.2-Bloqueio Odontológico:
-Nervo infraorbitário: causando bloqueio do teto da cavidade nasal, lábio
superior, focinho e pele;
-Nervo maxilar: causando bloqueio da maxila, dentes superiores, focinho
e lábio superior;
-Nervo mandibular: causando bloqueio da mandíbula, dentes inferiores,
mucosa regional, lábio inferior e pele;
-Nervo mentoniano: causando bloqueio dentes caninos, incisivos
inferiores e mandíbula.
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-Indicações: cirurgias bucais (limpeza de cálculo dentário, extrações e outros) e faciais;
Fonte: Fantoni, 2002.
03.3-Bloqueio Intercostal:
*Não recomendado para cães ou gatos com doença pulmonar;
-Indicação: toracotomias;
-Técnica: injeção do anestésico local no espaço subcostal, logo abaixo do músculo
intercostal, com acesso pela borda caudal da costela (próximo ao forame intervertebral).
5 nervos devem ser bloqueados, um no local da incisão, 2 craniais e 2 caudais.
-Dose e agente: 0,25 – 1ml de bupivucaína em cada ponto. Com esse agente, obtêm-se
alivio efetivo da dor pós-toracotomia por 3 a 6 horas.
03.4-Epidural:
-Indicações: procedimentos cirúrgicos abdominais, pélvicos ou de membros posteriores;
-Local: espaço lombossacro (L7 – S1) entre a duramater e o periósteo. A agulha deve
ultrapassar a pele, o subcutâneo, o ligamento supra-espinhoso, o ligamento
inververtebral e o ligamento amarelo (criptante);
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*Diminuir em 20 a 30% a dose em casos de idosos e obesos, devido ao ingurgitamento
de vasos epidurais e diminuição do espaço epidural (causando maior absorção);
*Caso ultrapasse este local (duramater e periósteo) entrará no espaço subaracnoideo
(ráqui) e tem-se presença de líquido;
-Mecanismo de ação: bloqueio das raízes nervosas;
-Dose:
0,13ml/kg Lidocaína C/V + 0,13ml/kg Bupivacaína C/V + 0,1mg/kg Morfina
0,26ml/kg Lidocaína C/V + 0,1mg/kg Morfina
03.5-Bloqueio do Plexo Braquial:
-Indicações: procedimentos cirúrgicos em membro anterior;
-Localização: o plexo é delimitado caudalmente pela borda cranial da primeira costela
na junção costocondral, ventralmente pelo manúbrio do esterno, dorsalmente pelo
músculo escaleno e cranialmente pela fáscia e vazio torácico.
-Formas de localização:
-Obstrução de fluxo sanguíneo;
-Estimulador de nervos periféricos;
Técnica por obstrução
de fluxo sanguíneo
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03.6-Anestesia Intravenosa de Bier:
-Indicações: para anestesia regional de extremidades.
-Técnica: deve-se fazer a bandagem do membro com a finalidade de diminuir o volume
de sangue, então um torniquete de borracha é colocado ao redor do membro na porção
proximal à bandagem. Após a retirada da bandagem deve-se retirar uma quantidade de
sangue correspondente ao volume que será injetado de anestésico, cerca de 5mL de
lidocaína 1% devem ser injetados.
-Duração: 60 a 90 minutos;
*Depois do término do procedimento, deve-se liberar o torniquete aos poucos, para não
haver excesso de liberação de lidocaína no organismo.
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Referências Bibliográficas
NATALINI C.C. Teoria e Técnicas em Anestesiologia Veterinária. 1ed. São Paulo:
Artmed, 2007.
FANTONI D.T., CORTOPASSI S.R. Anestesia em Cães e Gatos. 1ed. São Paulo:
Editora Roca, 2002.
SPINOSA, Helenice de Souza, et al. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária.
4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MARK P. G. Manual Saunders: Terapêutico Veterinário. 2. Ed. São Paulo: Editora
MedVet, 2009.
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