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OGLOBO Irineu Marinho (1876-1925) SEGUNDA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2016 ANO XCI - Nº 30.156 (1904-2003) Roberto Marinho CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP SEGUNDO CADERNO Oscar 2016 ‘SPOTLIGHT’, DICAPRIO E QUESTÃO RACIAL RIO DE JANEIRO oglobo.com.br ESPORTES Equilibrado LÍDERES EMPATAM EM CLÁSSICO O Botafogo arrancou o empate do Vasco no fim da partida, fechando o jogo em 1 a 1, em São Januário. O Flamengo goleou o Resende por 5 a 0. Em noite marcada por ironias à falta de indicados negros, ‘‘Spotlight” levou o prêmio de melhor filme. Iñárritu e DiCaprio também venceram. O Brasil perdeu. ALTA MORTALIDADE CIDADE EM EVOLUÇÃO Rio registra a maior taxa de mortes no SUS desde 1984 CUSTODIO COIMBRA _ Em 2015, foram 6,57 óbitos por 100 mil habitantes contra média nacional de 4,2 Entre 2008 e o ano passado, índice cresceu 28% no país e 46,3% no estado, que lidera a estatística há três décadas; falta de explicação para número alto preocupa especialistas O Estado do Rio registrou, no ano passado, a maior taxa de mortalidade do país no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1984, quando se iniciou a série histórica. A maioria dos óbitos de 2008 a 2015, porém, não teve causa mortis definida. E não há explicação para o número alto, o que preocupa especialistas. A taxa de mortalidade no estado foi de 6,57 para cada 100 mil pessoas, contra uma média nacional de 4,2. Desde 2008, o índice cresceu 28% no Brasil, enquanto no Rio o crescimento foi de 46,3%. Depois do estado, que sempre teve as piores taxas do país, aparecem Rio Grande do Sul e São Paulo. Os menores índices ficam no Maranhão, no Pará e em Rondônia. PÁGINA 4 CHICO Bem na foto. Participantes de uma corrida na Praça Mauá fazem selfies diante do Veículo Leve sobre Trilhos: sistema de bondes modernos, previsto para ser inaugurado em abril, passou por testes ontem, percorrendo trecho entre a rodoviária e a Cinelândia VLT rumo à Zona Sul Marina da Glória aberta ao público A prefeitura anunciou ontem que vai licitar no fim do ano a expansão do VLT para a Zona Sul. Serão 23 quilômetros até a Gávea, passando por Humaitá e Jardim Botânico. PÁGINA 7 Revitalizada para receber as provas de vela durante os Jogos Olímpicos, a Marina da Glória será aberta ao público em abril. O espaço terá seis bares e restaurantes e calçadão com vista para a Baía. PÁGINA 5 Hillary e Trump podem decolar com Super Terça Agência do governo estuda reduzir diárias PÁGINA 16 PÁGINA 4 COLUNISTAS RICARDO NOBLAT Em que momento de sua história o PT se perdeu? PÁGINA 2 ANCELMO GOIS Orquestra Petrobras Sinfônica vai gravar pagode. PÁGINA 6 JOSÉ EDUARDO AGUALUSA Movidos por paixão, somos a Humanidade inteira. SEGUNDO CADERNO ...e na volta às aulas, pausa nas pilhérias: Chico Caruso tira férias! Tensão marca prévias do PSDB em São Paulo Ideia de mudar leis trabalhistas gera polêmica Brigas tumultuaram a escolha do candidato a prefeito de São Paulo, e a PM foi acionada. João Doria e Andrea Matarazzo irão a segundo turno. Líderes do partido defenderam prévias também para a eleição de 2018. PÁGINA 3 Defendida pelo presidente do TST, Ives Gandra Filho, a proposta de que a negociação se sobreponha à lei trabalhista tem apoio dos empresários, mas é criticada por trabalhadores e divide parlamentares. PÁGINA 14 3ª Edição - Preço deste exemplar no Estado do Rio de Janeiro R$ 4,00 - Circulam com esta edição: Segundo Caderno e caderno Esportes 2 l O GLOBO Segunda-feira 29 .2 .2016 Página 2 Conte algo que não sei [email protected] _ RICARDO NOBLAT ‘A gente superestima nossa relevância’ _ Michel Godet, economista Membro da Academia Francesa de Tecnologia, professor francês esteve no Rio para uma palestra na FGV ANA BRANCO “Sou francês, tenho quatro filhos. Já estive três vezes no Brasil e tenho muito interesse em visitar uma favela. Não gosto de prever o futuro. Prefiro me preparar para o que está por ocorrer. O maior impacto sobre o futuro vem das ações do presente. É preciso dar sentido aos nossos atos do presente.” | | “Se vocês entenderem que a manutenção do projeto corre risco, estarei com 72 anos e tesão de 30 para ser presidente.” Lula Basta! _ Em que momento de sua história o PT se perdeu? Foi quando Lula, depois de três derrotas consecutivas, achou que para vencer em 2002 deveria “jogar o jogo”? Foi quando, a governar com partidos, ele preferiu aliciar o apoio individual de deputados e senadores? Ou foi quando ele, uma vez superada a fogueira do mensalão, convidou o PMDB para ser o principal parceiro do PT no seu segundo governo? _ ENTREVISTA A: ROBERTO MALTCHIK [email protected] ANTONIO LUCENA Conte algo que não sei. Por definição, jornalista tem dificuldade para ver boas notícias. Vocês procuram o desconhecido, a informação surpreendente. Então, a primeira informação surpreendente é que a expectativa de vida cresce para todo mundo, inclusive para a África. Outra novidade: jamais houve tantos países democráticos como existem hoje, apesar de todo o noticiário. O percentual de crianças na escola também é inédito. Até o número de pessoas mortas em conflitos é menor. Vivemos no maior momento de paz desde a queda do Império Romano. l As novas tecnologias, em especial as novas ferramentas de comunicação, estão tornando nossa vida melhor? Acho que não. A gente tem cada vez mais acesso à informação, mas cada vez menos pessoas para debater sobre ela. Inclusive com nossos amigos, l é cada vez menor a chance de falar diretamente com as pessoas. Por isso, acredito que um dos principais mercados do futuro será o da solidão. As pessoas estão desaprendendo a dialogar? Hoje o debate se dá sobre informações rasas, com o tamanho de um post de Twitter. Nesta forma de diálogo não há espaço para o conhecimento. Informação e tecnologia nem sempre significam progresso. l O que leva ao progresso? A educação. Ao longo da História, os problemas e as pessoas são os mesmos. O que faz a diferença é a educação, agregada a valores. Por exemplo, o que ocorre agora no Brasil, com a Lava-Jato, até onde sei, é uma forma de educar e agregar valor à sociedade. Políticos e empresários estão sendo presos. Não só os pobres. Isso, de alguma forma, ajuda a mudar. l No caso da Europa, o que temos é a crise da imigração. O que é possível projetar? Antes de a crise ocorrer, os políticos não queriam discutir o problema. Esse é um assunto de suma importância na França, onde 40% dos nascimentos são de imigrantes. Nos subúrbios, este percentual vai a 80%. E eles não se integram à sociedade porque nós os deixamos aprisionados em guetos. Eles não criam identidade, e a única maneira de fazer a vida ter sentido é voltar às raízes. Então, se você considerar que a projeção indica um aumento brutal das populações da África, por exemplo, a manutenção desse fluxo de pessoas para a Europa se torna inviável. l Então, o que deve ser feito? Acredito que o correto é o que vem sendo feito na Austrália e no Canadá. Eles aceitam apenas uma proporção de pessoas, conforme as demandas l das duas sociedades. E não mais. Eu não sou responsável por crianças que nascem em outro país. De outra forma, você, enquanto país, vai desaparecer. Na Europa, há muita demagogia. Os políticos estão agindo pensando na próxima eleição. Eles agem para sobreviver politicamente. Não quero ver a Europa desaparecer. No que diz respeito às mudanças climáticas, o que podemos esperar? Costumo duvidar quando todos concordam com uma tese. O nível de gelo na Antártica está crescendo. Nossa parte nas mudanças climáticas é pequena. A Groenlândia já foi verdejante. Algo ocorreu e não foi por causa da ação do homem. A gente superestima nossa relevância. l Qual o grande tema atual? Acredito que a grande questão hoje é como limitar o número de pessoas na Terra. l Imagem da semana _ SORRISO A CAMINHO DA PRISÃO FOTO GERALDO BUBNIAK Marqueteiro de campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, João Santana e a mulher, Mônica Moura, são levados a Curitiba após terem a prisão decretada pelo juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro. Santana teria recebido US$ 7,5 milhões ilegalmente no exterior. “Não vou abaixar a cabeça”, disse Mônica, que sorriu para fotos. l Leia também _ Mundo Resultados parciais em eleições legislativas no Irã mostram reformistas à frente de conservadores PÁGINA 17 Economia Dinheiro que sobra no orçamento das famílias, após pagamento das despesas fixas, caiu à metade entre 2014 e 2015. Perda foi maior entre os mais pobres PÁGINA 13 Sociedade Número de ataques de tubarão bateu recorde em 2015: foram 98 casos no mundo, diz relatório Petroleiras vão ao Supremo contra leis que aumentam os impostos sobre o setor no Rio de Janeiro PÁGINA 18 Loterias O leitor deve checar os resultados em agências oficiais e no site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados. l MEGA-SENA 01 l 05 l 34 l 37 l 40 l 60 l Um vencedor 1.794 PÁGINA 14 LOTOMANIA 1.637 QUINA 01 l 05 l 10 l 11 l 13 l 15 l 36 l 37 l 48 l 49 l 52 l 59 l 64 l 65 l 66 l 67 l 70 l 76 l 88 l 98 l Acumulado em R$ 5,5 milhões 04 l 06 l 13 l 43 l 64 l Acumulado em R$ 6,9 milhões 4.020 ESCOLHA O momento que lhe pareça o mais significativo. Existem outros. O meu preferido é o primeiro — aquele de “jogar o jogo”. Dirão os pragmáticos inescrupulosos: sem jogar conforme as regras usuais, Lula e o PT jamais teriam chegado ao poder. Pergunto: valeu a pena ter chegado desprezando os valores e princípios que pareciam distingui-los de outros políticos e partidos? APENAS PARECIAM, como ficou demonstrado nos últimos 13 anos. Lula e o PT governaram sem dispor de ideias para o país. Favorecidos por uma conjuntura econômica mundial positiva, improvisaram o quanto deu. Quando não deu mais, viram no aparelhamento do Estado e na corrupção os únicos meios de se sustentar no poder. Deu no que vemos. O PT FOI inventado pela ala progressista da Igreja Católica. Para combater a influência dos partidos comunistas no meio operário, a Igreja imaginou reunir em um novo partido as demais correntes de esquerda. Conseguiu. E por muito tempo, as comunidades eclesiais de base, alimentadas pela teologia da libertação, funcionaram como células do PT. POR MAIS que tenha radicalizado seu discurso na tentativa de eleger Lula presidente em 1989, 1994 e 1998, o PT jamais foi criado para pregar a revolução social. É verdade: abriga tendências de esquerda sem compromissos com a democracia tal qual a conhecemos. Mas foi sempre o partido da ordem. “Nunca fui de esquerda”, uma vez comentou Lula. “Quando cedi às pressões dela, me dei mal”. LULA NÃO PASSA, nunca passou de um malandro esperto e carismático que concordou em ser cavalgado por parte da esquerda — e que acabou por cavalgá-la. Não foi muito difícil para ele e seus adeptos trocarem o discurso radical pelo discurso conciliador de 2002. Quem imaginou que Lula, para se eleger afinal, assinaria um documento como a “Carta aos Brasileiros”? MAIS ADEQUADO seria chamá-lo de “Carta aos Banqueiros e Empresários”. Ou “Carta ao Capitalismo Internacional”. Foi a garantia dada por Lula de que seu governo manteria a política econômica do governo do então presidente Fernando Henrique. Assinou e cumpriu. A Bolsa Família, mais tarde, em nada desautorizou a carta do pai dos pobres e mãe dos ricos. NAQUELE MOMENTO, deu-se a assimilação de Lula e do PT pelas elites, acusadas por eles, hoje, de aliadas do PSDB. De fato, aliaram-se a Lula e ao PT. E lucraram os tubos com isso. Se dependesse delas, e se não existisse a Lava-Jato, seguiriam apoiando o PT e torcendo pela volta de Lula em 2018. Como torceram há dois anos. Lula e o PT as espancam por puro marketing. A OPÇÃO POR “jogar o jogo”, que empurrou Lula e o PT rampa acima do Palácio do Planalto, empurrará Dilma, Lula e o PT ladeira abaixo em 2018 — ou mesmo antes. Simplesmente, a maioria esmagadora dos brasileiros quer vê-los pelas costas. A incompetência e a corrupção exauriram o país. Ele não pode continuar mais se arrastando sem direção. Chega! Basta! www.oglobo.com.br/noblat www.twitter.com/blogdonoblat www.facebook.com/blogdonoblatoglobo Segunda-feira 29 .2 .2016 3ª Edição O GLOBO País l 3 CRISE POLÍTICA Uma prévia do clima eleitoral _ Após confusão entre militantes, Doria e Matarazzo vão a 2º turno para disputar Prefeitura de SP EDILSON DANTAS ANA PAULA RIBEIRO, MARIANA SANCHES E PAULO CELSO PEREIRA [email protected] -SÃO PAULO-. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu ontem a realização de prévias, ou eleições primárias, no processo de escolha de candidatos do partido, inclusive no pleito de 2018 para a Presidência da República. Para Alckmin, que disputa a vaga do partido na corrida presidencial daqui a dois anos, a realização de prévias amplia o debate, oxigena os partidos e permite o surgimento de novas lideranças. — Eu sou um fã das prévias. Mais até do que prévias, das primárias. Veja o modelo americano: é uma coisa fantástica, permite novas lideranças, oxigena o partido, tem debate, tem divergência, é muito positivo. Se não existissem as prévias, primárias, não existiria um estadista como Barack Obama — disse Alckmin, ao chegar ontem no local de votação nas prévias que o PSDB paulista realizou para a escolha do candidato do partido para a disputa da Prefeitura de São Paulo. Na madrugada de hoje, após um dia marcado por brigas e confusão entre militantes, o PSDB anunciou que o empresário João Doria Júnior e o vereador Andrea Matarazzo vão disputar o segundo turno das prévias. Doria recebeu 43,13% dos 6.216 votos, contra 32,89% de Matarazzo. O deputado federal Ricardo Tripoli, já fora da disputa, ficou com 22,31%. Há ainda 260 votos em aberto, sobre os quais o partido deliberará ainda hoje, mas eles não alteram a posição dos pré-candidatos. A defesa que Alckmin fez das prévias tem eco em boa parte da cúpula do PSDB. A opinião dos tucanos ouvidos pelo GLOBO, no entanto, é que o tema não deve ser tratado neste ano, seja por causa da grave crise política e econômica, seja por causa das eleições municipais. O presidente nacional da legenda Aécio Neves (PSDB-MG), que lidera hoje as pesquisas de intenção de voto da disputa presidencial, diz manter o entendimento que tinha em 2010 de que as prévias são o melhor caminho quando há mais de um nome. — Sempre acreditei que, em havendo mais de uma candidatura, as prévias são o instrumento mais adequado para que qualquer candidatura, em qualquer nível, seja legitimada pelas bases do partido. Mas a prioridade do PSDB neste momento são as eleições municipais — defendeu. O líder do partido na Câmara, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), é outro que acredita que as prévias podem ser importantes, mas pondera não ser este o momento de abordá-las. — É sempre positivo você fazer avaliações para uma decisão importante a ser tomada numa agremiação partidária, e as prévias fazem parte dessa lógica — defende. Membro da Executiva Nacional do partido, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) considera que as prévias, além de servirem para escolha do nome, trazem contribuição positiva para o partido: a ampliação do espaço cotidiano na mídia. Ele acredita ainda que o risco de rachar a legenda é pequeno. AGRESSÃO E ACUSAÇÕES RECÍPROCAS Em São Paulo, no entanto, Doria, Matarazzo e Tripoli travaram uma disputa que deixou evidente o racha no ninho tucano paulista. Houve intensa troca de acusações entre os candidatos ao longo da semana passada, e o clima tenso vivido pelo partido durante a campanha se traduziu em pancadaria entre militantes apoiadores de Tripoli e um grupo pró Doria, durante votação no diretório do PSDB, no Tatuapé, na Zona Leste da capital. Cerca de 30 pessoas se envolveram na confusão, que terminou com a urna eletrônica quebrada. Parte dos envolvidos foi encaminhada à 30ª DP, onde a polícia tenta identificar quem quebrou o computador que armazenava os votos. Neste diretório, a votação foi encerrada mais cedo. No fim da noite, a Secretaria de Segurança Pública abriu inquérito policial para investigar os crimes de ameaça, lesão corporal, dano e roubo. Confronto. Tumulto envolvendo militantes marca as prévias do PSDB para escolha do candidato à prefeitura, disputada por Andrea Matarazzo, João Doria e Ricardo Tripoli EDILSON DANTAS ELIÁRIA ANDRADE /22-4-2013 Na disputa. O empresário João Doria : acusação de abuso do poder econômico durante campanha Em campo. O vereador Andrea Matarazzo, um dos candidatos na disputa: racha no ninho tucano — Mais grave do que os cavaletes (da minha campanha) é a agressão contra cinco pessoas. Foi uma agressão contra a minha campanha. O pessoal ligado ao Tripoli apareceu ali (no diretório) com arma de fogo, mas a memória do computador foi salva, é um ato pontual que não atrapalha a festa — afirmou o candidato Doria Júnior, ao chegar à Câmara dos vereadores de São Paulo, no final da tarde, onde ocorreria a apuração dos votos. Os cavaletes a que se referiu foram espalhados pela cidade com propaganda a seu favor e causaram intensa reação dos adversários, que o acusaram de abusar do poder econômico. — Quem está perdendo a eleição reclama de tudo — ironizou o empresário. Essa tensão entre os candidatos se estendeu além da votação. Na Câmara, grupos a favor de Doria e de Matarazzo ameaçaram confronto físico na sala ao lado de onde a Executiva do PSDB se reúne. Houve provocação de parte a parte, com gritos de “Doria guerreiro do povo com dinheiro” e respostas de “vai pro PSD”. Militantes tiveram que ser contidos, e a polícia da Câmara dos Vereadores precisou intervir. A apuração dos votos, marcada para às 17h, começou com duas horas de atraso. Houve urnas que demoraram a chegar e uma intensa discussão da executiva do partido sobre filiados que não estavam registrados e foram votar. Por volta das 20h, o presidente do Instituto Teotônio Vilela José Aníbal e o ex-vice governador Alberto Goldman, respectivamente aliados de Ricardo Tripoli e Andrea Matarazzo, entregaram uma petição ao PSDB em que pedem “o cancelamento da inscrição do pré-candidato João Doria Jr”, além de sanções ao filiado, que pode até mesmo ser expulso caso seja condenado. Eles acusam Doria de abuso de poder econômico, de propaganda ilegal e infração da Lei Cidade Limpa. Ambos afirmam que na véspera da votação, dia 27, o empresário distribuiu cavaletes pela cidade e, no dia das prévias, teria cometido “condutas ilegais, como boca de urna na fila de votação, panfletagem, utilização de camisetas e coletes nos locais de votação e de um carro de som em frente à Câmara”. l U ELEIÇÃO INTERNA UMA ESCOLHA SEM TRADIÇÃO NO PSDB Essa é segunda vez que o PSDB decide levar adiante a realização de prévias para escolher um candidato. Em 2012, o senador José Serra venceu a disputa interna em São Paulo, mas foi derrotado pelo candidato do PT à prefeitura, Fernando Haddad. Para as últimas eleições presidenciais, em 2014, tucanos chegaram a cogitar a hipótese de formalizar esse tipo de escolha, com eleição entre filiados. Em 2013, o então vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, defendeu o estabelecimento de regras para que Aécio Neves e José Serra pudessem disputar a vaga de candidato ao Planalto. Em seguida, o próprio Aécio, que tinha apoio maior entre os tucanos, se disse favorável às prévias. O consenso interno de que era “a vez de um candidato de Minas”, entretanto, prevaleceu. As candidaturas anteriores dos tucanos foram as de José Serra (2002 e 2010) e a de Geraldo Alckmin (2006), todas do PSDB paulista e consolidadas pela cúpula do partido. Fundamental em alguns países, como os Estados Unidos, o instituto das prévias nunca foi popular no Brasil. Em todos os anos em que o PSDB cogitou fazer a escolha para uma candidatura à Presidência, a ideia de que as prévias poderiam dividir o partido ou criar inimizades prevaleceu. CRÍTICA E SARCASMO -SÃO PAULO E RIO- U m dia depois do discurso do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva no palco de comemoração dos 36 anos do PT, no Rio, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ironizou a situação de Lula, investigado por sua relação com um sítio em Atibaia e um tríplex no Guarujá. O ex-presidente, no discurso, mandou recado à oposição, afirmando que não será mais “paz e amor”. — O Lula está sitiado — disse Alckmin, fazendo um trocadilho com o caso envolvendo o ex-presidente e o sítio. Na festa dos petistas, Lula admitiu que espera para hoje a quebra dos seus sigilos fiscal e bancário. Irritado e com a voz rouca, o ex-presidente ironizou as investigações sobre o seu envolvimento com empreiteiras Alckmin usa trocadilho para alfinetar Lula: ‘está sitiado’ Ex-presidente ironiza investigações sobre o seu envolvimento com empreiteiras do escândalo da Operação Lava-Jato: — Se puderem, vão exumar até minha mãe. Se é o preço a pagar, que o façam. A única coisa que quero, depois da investigação, é que me deem um atestado de idoneidade. Duvido que tenha alguém deles mais honesto do que eu. Em sua defesa, Lula alegou que o sítio de Atibaia foi uma surpresa oferecida pelo exprefeito de Campinas Jacó Bittar. Um espaço para guardar os presentes que havia ganha- do quando era presidente. Garantiu que não sabia de nada até o dia 15 de janeiro de 2011, quando já havia deixado a Presidência. Duas semanas antes, no entanto, a imprensa noticiava a transferência de parte de sua mudança para o sítio. O ex-presidente contou ainda que a propriedade foi paga com um cheque administrativo passado por Jacó para o filho, Fernando. Lula garantiu à militância petista que as suspei- tas levantadas pelas investigações seriam, na verdade, uma tentativa de boicotar o projeto político do PT. Apontou a mídia e setores do Ministério Público e do Judiciário, que “temem as manchetes”, como os maiores responsáveis pelo que considera uma campanha para denegrir a sua história. Lula disse aos presentes à festa petista que não há razão para ficar com medo e com a cabeça baixa. — É importante eles saberem, olhando na nossa casa, que, se quiserem voltar ao poder, terão de aprender a ser democráticos, disputar o poder. Fazer sacanagem, não aceitamos. Se quiser, preparem-se para 2018. Ele disse que está no jogo: — Se for necessário, se vocês entenderem que a manutenção do projeto corre risco, estarei com 72 anos e tesão de 30 para ser presidente da República l 4 l O GLOBO l País l Rio tem a maior taxa de mortes no SUS em 3 décadas Entre 2008 e 2015, período em que o índice foi mais alto, a maioria dos óbitos não teve diagnóstico 2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016 OS REGISTROS EM SEIS ESTADOS NÚMEROS ESTÃO REPRESENTADOS EM DUAS SÉRIES HISTÓRICAS: 1984/2007 E 2008/2015 TAXA DE MORTALIDADE De 2008 para cá, o crescimento médio do índice no Brasil foi de 28%. O do Rio foi de 46,3% (Por 100 mil habitantes) 1ª SÉRIE HISTÓRICA 2ª SÉRIE HISTÓRICA 6,57 6 Minas Gerais Rio Grande do Sul São Paulo Alagoas Rio de Janeiro Bahia 5 4,99 4,8 4,47 4 4,18 3,52 3,79 3 2,21 EDUARDO BARRETTO [email protected] -BRASÍLIA - Em 2015, o estado do Rio teve a maior taxa de mortalidade registrada no Sistema Único de Saúde desde 1984, início da série histórica do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Num período de 31 anos, o estado liderou as indesejáveis estatísticas por 30. Além de ter os índices de mortalidade mais altos do país catalogados pelo SUS, o Rio não sabe, ou não deixa saber, o que determinou esses óbitos: de 2008 a 2015 — período em que as taxas no estado tiveram a alta mais acentuada —, a categoria de diagnóstico com maior proporção entre mortes e internações foi a que não tem causa mortis definida. Durante toda a série histórica do estado, as agressões — que incluem homicídio de qualquer tipo — são as causas externas com maior proporção entre mortes e internações. Praticamente todas as pessoas que procuram hospitais em situação de emergência vão para o SUS. É o destino de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou do Corpo de Bombeiros, no caso do Rio. Além disso, a rede pública faz procedimentos que não são cobertos pelos convênios. O Datasus tem duas séries históricas : uma que vai de 1984 a 2007; e outra de 2008 a 2015. As taxas representam mortes a cada cem mil pessoas e são enviadas ao Ministério da Saúde por estados e municípios. Nas últimas três décadas, o movimento de todas as unidades da federação foi de alta, mas nunca a diferença da taxa de mortalidade no SUS no estado do Rio foi tão grande se comparada à média nacional: em 2015 foi de 2,37 — 6,57 do Rio contra 4,20 nacional. De 2008 para cá, o crescimento médio do índice no Brasil foi de 28%; o do Rio de 46,3%. Os estados com as maiores taxas são Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul. Maranhão, Pará e Rondônia registram as menores. ACIDENTES E HOMICÍDIOS Para a professora Carla Pintas, do departamento médico de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB), o padrão de mortalidade nacional se deve a uma “tripla carga de doenças” no Brasil. — Primeiro, ainda não conseguimos acabar com as doenças infecto-parasitárias, como dengue, malária e zika. São aquelas de que nós falamos: não precisamos morrer disso porque temos tecnologia. Depois, vêm as chamadas doenças da modernidade, como infarto e derrame cerebral. E há as causas exter- 2 2,2 1,95 1,91 1,53 1 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: Datasus nas, como acidentes e homicídios — lista Carla. A professora diz que esses números são característicos de países emergentes, que, mesmo com tecnologia avançada à disposição, não conseguem erradicar doenças que se combatem com saneamento, prevenção, vacina e educação: — Brasil, China, Índia e África do Sul têm esse padrão. A Índia, por exemplo, é um dos maiores produtores de vacina do mundo, mas ainda tem gente morrendo de diarreia lá. O principal problema, conta a médica, são as mortes devido a causas externas, que atingem principalmente a população economicamente ativa. Homens jovens negros são os mais afetados, diz a professora: — O que oscila é a morte por causa externa. Essa é a grande preocupação da saúde pública. De 2008 a 2015, a classificação mais constante das mortes pelo SUS no Rio foi uma genérica, que atestava ser impossível identificá-las de fato. Isto é, a categoria com maior Editoria de Arte proporção de mortes por internação teve diagnóstico indeterminado. Quem registra a causa da morte é o médico. Quando o óbito vem de causas externas (acidentes, agressões, homicídios), o responsável é um médico legista, no Instituto Médico-Legal (IML). A Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID), um catálogo de doenças e problemas de saúde que os médicos têm à mão, detalha possíveis causas da morte. Entretanto, um item abarca a impossibilidade da exceção: quando é impossível identificá-la. SECRETARIA FAZ PONDERAÇÕES Segundo o capítulo 18 do CID, os sintomas, sinais e achados são definidos como “anormais”. Além disso, o tópico ressalta que são “afecções menos bem definidas que, sem que tenha havido o necessário estudo do caso para se estabelecer um diagnóstico final, podem conduzir com igual possibilidade a duas ou mais doenças diferentes ou a dois ou mais apa- relhos do corpo” . — Para a estatística, esses óbitos não querem dizer nada. Temos encontrado muitos preenchimentos inadequados da declaração de óbito. É uma responsabilidade do médico, e esse índice costuma ser alto nacionalmente. Como eu vou saber do que está morrendo a população? Não dá para saber — avalia Carla Pintas. O capítulo 18, no Rio de Janeiro, teve uma taxa de 12,76, a mais alta por categoria no estado. Em seguida, vem o capítulo 1, denominado de “algumas doenças infecciosas e parasitárias”, com índice de 12,09. Ele inclui poliomielite, tuberculose e caxumba, por exemplo. Em seguida vem o capítulo 4: “doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas”, com taxa de 11,76, que abrange desnutrição, diabetes mellitus e transtornos metabólicos. Óbitos por tumores e por doenças do aparelho circulatório completam a lista das cinco maiores causas de mortes no SUS no estado do Rio desde 2008. A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro afir- mou em nota que “no período relatado, o crescimento da taxa acompanha a tendência de aumento no âmbito nacional”. Declarou ainda que a taxa, isoladamente, não representa a qualidade da atenção hospitalar no estado. E afirmou que o Rio tem a segunda maior população idosa do País. “Não é apropriado comparar dados de 1984 a 1995 com os de 1996 em diante, já que utilizam classificações diferentes”, enfatizou a secretaria. Entretanto, teve acesso à mesma compilação feita pelo GLOBO e não se opôs a uma análise contínua dos dados. AVANÇOS HISTÓRICOS Em nota, o Ministério da Saúde ressaltou as mudanças que o Brasil teve nas últimas décadas, como estrutura etária e um maior acesso a serviços públicos de saúde, “que cresceram anualmente, inclusive por faixa etária, e a melhoria da notificação”. A pasta afirma que se os “avanços históricos” não forem levados em conta, podem aparecer “interpretações equivocadas”. l Agência estatal estuda reduzir valor de diárias em viagens Medida acontece após ABDI dobrar custos e permitir voos em classe executiva VINICIUS SASSINE [email protected] -BRASÍLIA- Depois de dobrar o valor das diárias para viagens internacionais de diretores e funcionários, apesar do ajuste fiscal promovido pelo governo federal, a diretoria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) decidiu revisar os procedimentos adotados para essas viagens, o que pode levar à anulação dos reajustes e ao fim da permissão de classe executiva nos voos. Caso o valor das diárias volte a patamares antigos, será um recuo da própria diretoria executiva, que autorizou o reajuste meses atrás. Por meio de uma resolução sigilosa editada em junho de 2015, o presidente da ABDI, Alessandro Golombiewski Teixeira, e os dois diretores do órgão reajustaram o valor das diárias de US$ 400 para US$ 700, no continente americano, e de € 320 para € 700 nos demais continentes. A medida ocorreu num momento em que o governo já se via obrigado a cortar gastos diante da forte crise econômica e da queda generalizada da arrecadação. O GLOBO revelou ontem que a ABDI virou reduto para um grupo de militantes da campanha à reeleição da presidente Dilma. Vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a agência está praticamente oculta do Urologia - Sexologia Dr. Rodolpho Ottoni - CRM 52.11303.0 • Próstata sem cirurgia • DST • DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino) ou Hipogonadismo • Reposição hormonal • Disfunções Sexuais Laboratório Próprio Av. N. Sra. Copacabana, 195/809 (garagem) Tels.: 2247-4995 / Telefax: 2247-1109 Classificados do Rio. Achou de verdade. classificadosdorio.com.br 2534-4333 Ministério de Minas e Energia AVISO DE LICITAÇÃO PE.GCM.A.00003.2016 1. FURNAS Centrais Elétricas S.A. torna público que realizará Pregão Eletrônico para contratação da prestação de serviços de gestão do benefício alimentação dos empregados de FURNAS, em observância ao Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT. 2. Tipo de Licitação: Menor Preço. 3. Obtenção do Edital: o Edital poderá ser consultado e obtido a partir desta data, no sítio Comprasnet (www.comprasgovernamentais.gov.br - UASG 910811 - nº da licitação 32016) e também no sítio de FURNAS (www.furnas.com.br - opção “Fornecedores/Editais”). 4. As propostas deverão ser apresentadas até as 9h do dia 11/03/2016 no sítio do Comprasnet - www.comprasgovernamentais.gov.br. Luiz Fernando da Costa e Cunha Gerência de Compras sistema de transparência do governo, sem divulgar salários, dados e lotações de servidores, pagamentos de diárias e benefícios. A reportagem mostrou que o presidente da ABDI tem duas secretárias, cada uma com salário de R$ 19,4 mil; editou a resolução reajustando os valores das diárias internacionais; e permite que diretores, em missões fora do país, viajem de classe executiva, medida que se estende a assessores que acompanham a diretoria. Fontes da ABDI relatam que a revisão dos procedimentos foi instaurada para avaliar tanto o valor das diárias quanto a questão da classe executiva. A agência também vem cortando contratos com empresas terceirizadas e técnicos admitidos por processos seletivos. Não houve demissão entre as funções de confiança — são 19 cargos dos 200 existentes. Integrantes da cúpula da ABDI entendem que o órgão, apesar de se configurar legalmente como um Serviço Social Autônomo (a exemplo de outros integrantes do Sistema S, como Sesi e Sebrae), deve tornar públicas informações sobre atos e salários. O entendimento é que “não há por que não disponibilizar os dados, uma vez que não há receita privada”. PRIVILÉGIO NÃO SÓ DA DIRETORIA Além da diretoria, os demais empregados tiveram o valor das diárias reajustadas: no continente americano, de US$ 315 para US$ 500; nos demais, de € 250 para € 500. O valor é maior do que o pago a ministros. Eles recebem entre 220 e 460 de diária, podendo optar por dólar ou euro e com variação de valor conforme o destino. A diária paga a um ministro para uma viagem ao Chile, por exemplo, é de 220 (em dólar ou euro). Para a Alemanha, 460. Os valores estão previstos num decreto de 2008, vigente até agora, segundo a Controladoria Geral da União (CGU). Teixeira, militante do PT do Rio Grande do Sul e coordenador do plano de governo de Dilma em 2014, foi indicado pela presidente para o cargo na ABDI em fevereiro do ano passado. Como presidente, Teixeira tem salário de R$ 39,3 mil. Mais três militantes da campanha passaram a ocupar na agência cargos de assessoramento especial da diretoria, com remunerações de R$ 19,4 mil ou R$ 25,9 mil. Em seus cargos de origem, no Palácio do Planalto ou no Ministério do Planejamento, os salários eram de R$ 8,5 mil ou R$ 11,2 mil. O grupo de militantes da campanha de Dilma que acabou lotado na ABDI inclui o chefe de gabinete da agência, Charles Capella de Abreu, que atuou na coordenação do escritório da candidata em Brasília. Antes de assumir o cargo, ele foi chefe de gabinete do ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência, pasta hoje extinta. A remuneração era de R$ 11,2 mil. Hoje, tem salário de R$ 24,9 mil. Duas funcionárias que conseguiram turbinar os salários na ABDI estavam antes no Palácio do Planalto — uma delas atuou na campanha de Dilma. Outro contratado, também da campanha, migrou do Ministério do Planejamento para a agência. l Gestão Dilma é reprovada por 64%, diz Datafolha Pesquisa revela que 60% dos entrevistados defendem aprovação do impeachment pela Câmara Pesquisa Datafolha, divulgada pelo jornal ‘Folha de S.Paulo” mostrou que 64% dos entrevistados avaliam o governo da presidente Dilma Rousseff como ruim e péssimo. Os que consideram o governo regular somaram 25% do total, enquanto 11% o avaliam como ótimo ou bom. Segundo o instituto, Dilma atingiu o pico de desaprovação em agosto, quando chegou a 71% . A avaliação negativa recuou nas últimas pesquisas — em dezembro, a reprovação era de 65%. A aprovação, por outro lado, caiu um ponto pertentual. Na última pesquisa, realizada em dezembro, 12% dos entrevistados consideravam a gestão de Dilma ótima ou boa. O Datafolha realizou o levantamento nos dias 24 e 25 de fevereiro. As somas podem passar ou ficar abaixo dos 100% por conta de arredondamentos, informou o instituto. Os entrevistados também foram questionados sobre o impeachment. Indagados se, com o pedido de impeachment da presidente aceito pela Câmara, os deputados deveriam votar pelo seu afastamento, 60% responderam que sim. Para que o processo siga para o Senado, onde o caso será julgado, é preciso que dois terços dos 513 deputados votem pela abertura do impeachment. Do total, 33% responderam que não; 4% se disseram indiferentes e 3% responderam que não sabem. A pesquisa, ao sondar se os entrevistados entendem que Dilma deveria renunciar, constatou que 58% responderam sim. As respostas negativas ficaram em 37%, enquanto responderam que não sabem. O instituto também questionou os entrevistados sobre se, na opinião deles, a situação econômica do país melhorou, piorou ou ficou como estava nos últimos meses. Para 80% dos entrevistados, a economia piorou e apenas 5% consideram que houve melhoria na situação econômica do país e 14% acham que ficou como estava. (Com G1) l Segunda-feira 29 .2 .2016 O GLOBO Rio l 5 VISTA LIVRE Privilégio para todos _ Marina da Glória, que está em obras para as provas de vela, será aberta ao público em abril FOTOS DE DANIEL MARENCO Belo cenário. Com a reforma da área antes restrita a quem tinha embarcações na Marina da Glória, cariocas e turistas terão, a partir de abril, acesso livre ao espaço e poderão usufruir paisagens como a vista do Centro da cidade ção contará com segurança privada. A BR Marinas promete ainda revitalizar uma área utilizada como estacionamento, próxima ao Aeroporto Santos Dumont, e que fica fora da área de concessão. Lá, deve ser instalada a rampa pública para embarcações, conforme acordo assinado com o Ministério Público Federal (MPF). Depois de pronto, o acesso livre para a Baía de Guanabara ficará sob os cuidados da prefeitura. LUDMILLA DE LIMA [email protected] Idealizadora do Parque do Flamengo, Lotta Macedo Soares queria uma grande área de lazer aberta, sem portões e voltada para todas as idades. Mas com a Marina da Glória, que faz parte do projeto de Lotta, não ocorreu exatamente assim. Há mais de 30 anos que o espaço público foi segregado do restante do parque e, inclusive, cercado. Seguranças na entrada inibiam os cariocas sem embarcações de usufruir o local, com uma das mais belas vistas da cidade para a Baía de Guanabara. Esse cenário, no entanto, ganha novos contornos com a aproximação das Olimpíadas, quando a instalação receberá os barcos das competições de vela. A conclusão das obras na marina — em fase final — marcará também o fim do seu isolamento. Em abril, ela voltará a ser integrada ao parque, com acesso livre da população à sua orla. A data de entrega do espaço pronto pela concessionária BR Marinas será a da abertura do Rio Boat Show — que acontece de 8 a 17 de abril. A partir do evento náutico, os cariocas poderão circular por uma promenade de 1,3 quilômetro à beira-mar onde antes havia barcos espalhados, sem qualquer ordenamento, e também veículos dos proprietários. Carros não podem mais passar pelo local, e as embarcações estão restritas às vagas molhadas nos píeres flutuantes, ou nas secas, em um hangar de três níveis. SEIS BARES E RESTAURANTES Quem estiver pedalando pelo parque poderá deixar sua bicicleta em um bicicletário na entrada para o pavilhão, que será aberta a todos. No térreo da construção, que passou por retrofit, serão inaugurados seis bares e restaurantes, que devem começar a funcionar no início de abril, junto com o Boat Show. Essa área, com mesinhas ao ar livre, de frente para o mar e os barcos, tem tudo para virar um novo point para cariocas e turistas. — Havia um pátio onde se passava com um trator para colocar as embarcações na água. Agora essa área, que era fechada, servirá como lugar de contemplação para o carioca. Vai virar passeio público, e as pessoas poderão vir do (aeroporto) Santos Dumont andando por ele — diz Gabriela Lobato, presidente da concessionária BR Marinas. — Essa foi a grande mudança: conseguir de forma ordenada que essa promenade se torne Melhorias. As obras iniciadas há um ano estão em ritmo acelerado: a área à beira-mar onde vão funcionar seis bares e restaurantes “Temos uma marina num centro urbano, e esse universo ficará exposto no dia a dia da cidade” Pedro Guimarães Diretor-geral da Marina da Glória pública, sem movimento de entra e sai de usuários de marina. Para retirar o movimento de embarcações, foi criado um acesso único aos píeres flutuantes. No hangar com as vagas secas, os barcos são movimentados por uma empilhadeira, em uma operação com mais segurança e duração de três minutos e meio, dentro de uma área restrita. Na semana passada, já dava para ver a nova orla pronta. Cariocas que forem conhecer o lugar vão se deparar com uma vista para o Centro, o Monumento aos Pracinhas e a Baía de Guanabara com o Pão de Açúcar. — Em 1982, foi feita a cerca separando a Marina da Glória do Parque do Flamengo. O que a gente vê agora é o retorno de um espaço importante do parque, que é protegido (pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/Iphan) pelo seu conjunto. Se não há essa unidade, não é verdadeiramente tombado — afirma Fernando Nascimento, diretor de logística e operações do Instituto Lotta, acrescentando que, além de separada do parque, a marina estava degradada. No pavilhão, operários trabalham nas obras dos novos bares e restaurantes. São eles a churrascaria Corrientes 348, de carnes ao estilo argentino; o Maruru Déli, que terá lanches como sanduíches e pizzas e funcionará como mini- mercado; o japonês Soho, que aporta na marina direto de Salvador; o NaMarina, de comida a quilo; o Empório Celidônio, do chef José Hugo Celidônio; e o Peter Café Sport, tradicional bar náutico português, que abre sua primeira casa no Brasil. Antes, havia um único restaurante, o Barracuda. Na parte interna da construção, funcionarão 25 lojas ligadas ao mundo náutico. Também foram construídos banheiros públicos para os visitantes. — Com a abertura da Marina da Glória, você também atrai o carioca e o visitante para conhecer esse mundo náutico. Temos uma marina num centro urbano, e esse universo ficará exposto no dia a dia da cidade — aposta Pedro Guimarães, diretor-geral da Marina da Glória. CICLOVIA E MIRANTE Outra área que será voltada para o lazer da população dentro da marina é uma esplanada de 30 mil metros quadrados, antes asfaltada e usada como estacionamento e para eventos, como o Fashion Rio. Durante os Jogos, o espaço servirá de apoio para a organização. Mas, depois, será integrado ao Parque do Flamengo, com projeto paisagístico do escritório Burle Marx. O local dá de cara para o Pão de Açúcar, e ganhará árvores, ciclovia e um mirante. Toda essa área aberta à popula- MAIS VAGAS PARA BARCOS A Marina da Glória conta com 67 mil metros quadrados de área, sendo que pouco mais de 12 mil passaram pelas obras de modernização, iniciadas em dezembro de 2014 ao custo de R$ 60 milhões. O número de vagas molhadas foi ampliado de 170 para 415, enquanto que as secas, dentro do hangar, foram de 70 para 240. Cada vaga molhada tem sua ligação de água e energia. Os antigos píeres improvisados, feitos de diferentes materiais, foram substituídos por flutuantes, fabricados em concreto, ferro e isopor, que totalizam cerca de 950 metros. O estacionamento agora fica concentrado em um única área, e o número de vagas para carros foi reduzido de 1.300 para 470. O total de lojas também diminuiu, de 40 para 25. O projeto é assinado pelo arquiteto Eduardo Mondolfo, que trabalhou com Oscar Niemeyer As transformações sofridas pelo lugar em pouco mais de um ano ocorreram à sombra de polêmicas e decisões judiciais contra e a favor. No momento, o município recorre de uma decisão da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF), do começo deste mês, que mantém sentença em primeira instância de 2013, declarando nulo o contrato de concessão do espaço, firmado entre os operadores da área e a prefeitura. O TRF concordou que há um desvio de finalidade da área como marina pública, já que os projetos de aproveitamento do espaço incluíram eventos como feiras, exposições e shows. Em julho do ano passado, as obras chegaram a ser embargadas pelo superintendente do Iphan no Rio, Ivo Barreto, em cumprimento a uma liminar judicial. Quatro dias depois, o desembargador Marcelo Pereira da Silva, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, reconsiderou sua decisão, tornando as intervenções legais. A ação havia sido ajuizada pela Federação das Associações de Moradores do Município do Rio (FAM-Rio), sob o argumento de que havia irregularidades na autorização para as obras dada pelo Iphan. l 6 l O GLOBO Velhos companheiros Em encontro organizado por Roberto Amaral, antigo dirigente socialista, Lula falou para uma plateia de umas 150 pessoas, sexta, num auditório na Av. Paulo de Frontin, no Rio. A plateia em sua maioria era de pessoas com mais de 60 anos ligadas às lutas nacionalistas, ao brizolismo e ao antigo PCB. Lula, que foi muito crítico com a política econômica de Dilma, mostrou-se em boa forma física e fez uma tirada bem-humorada: — Se alguém quiser me dar um apartamento, eu aceito. l Rio l 2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016 www.oglobo.com.br/ancelmo ANCELMO GOIS ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO IMAGENS DE DIVULGAÇÃO Outro momento de humor foi quando o diretor Aderbal Freire-Filho, ao explicar que popularidade é uma coisa instável, citou Getúlio Vargas, que, na véspera do suicídio, em 1954, parecia isolado, e depois o povo ficou ao seu lado. Foi suficiente para um gaiato ao lado mexer com Aderbal: — Você não está induzindo o homem ao suicídio, não?! Vida longa para Lula. Quem sabe, precisa O secretário Leonardo Espíndola, do governo Pezão, está fazendo aulas de boxe no Posto 12, no Leblon. Na palma da mão O acervo histórico do CPDOC, da FGV, poderá ser acessado agora pelo... telefone. A FGV criou um aplicativo gratuito (também para tablets) que contém os verbetes do Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro. São textos e mais de 80.000 fotografias digitalizadas. O nome do aplicativo é FGV. Essa camiseta em homenagem ao juiz Sérgio Moro caiu nas graças do cariocas. Ontem, na churrascaria Oásis, uma mesa inteira usava camisetas como as da foto. A peça, que diz, em inglês, algo como “No Moro, nós confiamos”, foi lançada pelo estilista paulista Sérgio K. Por falar em óleo... A NOVA COBAL Está pronto o projeto para reformar e duplicar a área comercial da Cobal do Humaitá, um hortomercado com lojas, bares e restaurantes, no Rio. Veja só. A ideia do governo federal é lançar, no segundo semestre, um projeto de Parceria Público Privada para o lugar. Com isso, o vencedor da concorrência investiria R$ 50 milhões na transformação da Cobal. O projeto, desenvolvido pela AAA_Azevedo Agência de Arquitetura, é ousado: prevê estacionamento subterrâneo, que também abrigará a área de carga e descarga. O espaço do atual estacionamento vai virar uma grande praça pública ligada ao Largo dos Leões e será construído um calçadão arborizado no lado da Rua Voluntários da Pátria. Vamos torcer, vamos cobrar l FOTO DO LEITOR Acabou em pagode Gustavo Figueiredo, dos quadros da Invepar, consórcio que controla Guarulhos, assume esta semana a direção do aeroporto, cargo vago há mais de um ano. A Orquestra Petrobras Sinfônica, uma das mais conceituadas da América Latina, rendeu-se ao pagode. Vai gravar uma versão instrumental de “Coração radiante”, do grupo Revelação. É parte do EP “O clássico é pop”, em parceria com a gravadora Deckdisc, só com músicas populares. Será lançado em 1º de abril. ‘Quem bebe...’ Xô, zika Lembra-se do Grapette? A marca completa 70 anos agora em 2016 e vai ser reposicionada no mercado. Foi adquirida por Cláudio Rodrigues Filho, especializado em gestão de marcas, que criou a LovBev. Aldo Gonçalves, presidente do CDLRio, desconfia que o medo do Aedes aegypti tem afastado a clientela. Será? Coincidência ou não, as vendas do comércio varejista da cidade caíram 11,6 % mês passado, o pior janeiro desde de 2003, quando as vendas haviam sofrido queda de 23%. Sr. aeroporto No mais... Dilma nunca cogitou a possibilidade de ir ao encontro do PT, no Rio. Moro virou grife Na cúpula da Petrobras, o debate sobre as novas regras para o pré-sal é visto como briga política, desconectada da realidade atual. Lá, não se acredita que, nesta altura do campeonato, com a oferta mundial de óleo em alta e os preços em baixa, o governo faça uma rodada no pré-sal. Será? O que se diz é que a australiana Karoon e as brasileiras Queiroz Galvão, Ouro Preto e PetroRio vão disputar Baúna, na Bacia de Santos, que produz 20 milhões de barris por ano. A Petrobras, como se sabe, pretende vender alguns campos maduros. Lula e Vargas... A Voz do Brasil É briga política U Zona Franca O dono da praia O pré-lançamento de “Segunda-feira, a história Uma carioca foi à Praia do Leblon, na altura do Posto 12, na tarde de ontem. Tentou colocar sua cadeira num trecho das areias, mas o responsável por uma barraca que aluga pranchas de stand up paddle... não deixou. Disse que a faixa de areia em frente à barraca era dele! do Samba do Trabalhador”, livro do nosso Daniel Brunet, é hoje, às 16h30m, no Renascença. O fotógrafo Renato Moreth celebra 40 anos de carreira com exposição no Solar do Jambeiro. Immi Canadá participa do Salão do Estudante em São Paulo e no Rio. Presidente do Departamento de Energia e Finança do Estado de Nova York, Richard Kauffman se reuniu com o presidente do Sindicato Interestadual de Energia Elétrica, Sergio Malta. Jesus Hortal recebeu homenagem pelos seus 89 anos, em jantar, na Pizzaria Guanabara (Leblon). Lumini ganhou três prêmios no iF Design 2016, com luminárias assinadas por Fernando Prado. FOTO DO LEITOR NÃO FOI BEM ISSO Em briga de marido e mulher, Pezão meteu mal a colher GUITO MORETO 19-1-2016 Governador diz, em entrevista, que é preciso ver o motivo pelo qual Pedro Paulo agrediu a ex-esposa O governador Luiz Fernando Pezão não levou ao pé da letra a máxima que, em briga de marido e mulher, não se deve meter a colher. Em entrevista à revista “Poder”, Pezão se atrapalhou e acabou dando a entender que poderia existir algum motivo para o secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, ter agredido a ex-mulher Alexandra Marcondes Teixeira, em 2010. Segundo o governador, Pedro Paulo — principal candidato do PMDB para disputar a prefeitura do Rio — tem que “dar os argumentos dele” para as agressões. — É, tem de ver qual foi o motivo, sei lá. Isso também é um problema dele, pessoal. Mas que é ruim, isso é. Imagina! — disse o governador, na entrevista. Procurado ontem pelo GLOBO, o governador não quis comentar a declaração que fez. Em nota, divulgada por sua assessoria, informou que “este assunto deve ser tratado no fórum adequado”, e que é “contra qualquer tipo de violência”. Na semana passada, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou abertura de inquérito contra Pedro Paulo, por lesão corporal. Conforme pedido pelo procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, Fux ordenou que seja colhido novo depoimento da vítima “para justificar sucessivas alterações na sua versão do ocorrido, esclarecendo o que efetivamente ocorreu”. PAES TEM APOIO ATÉ PARA A PRESIDÊNCIA O governador disse ainda à revista que o prefeito Eduardo Paes tem todo o seu apoio até mesmo para concorrer à Presidência. Segundo Pezão, ele vai transformar as “Olimpíadas num ‘case’”. Na entrevista, o governador também falou sobre Eduardo Cunha: — Ele (Cunha) responde pelos atos dele, né? Não estou no Congresso com um termômetro para ver como está a temperatura lá. Longe de mim interferir nas decisões do Legislativo. Não interfiro nem aqui. Defesa. Pezão diz que é contra todo tipo de violência U Trecho “Não, não é assim. Eu acho que ele (Pedro Paulo) tem de dar os argumentos dele… É, tem de ver qual foi o motivo, sei lá. Isso também é um problema dele, pessoal. Mas que é ruim, isso é. Imagina!” Luiz Fernando Pezão Na entrevista à revista “Poder”, ao responder sobre o fato de o PMDB ter um candidato que já foi acusado de ter batido na ex-mulher O governador teve espaço ainda para fazer comentários sobre amenidades, como sua paixão pelo Botafogo. Ele disse que, quando deixar o governo, será “palpiteiro” e se dedicará a dar palestras. Sobre a crise no estado, o governador voltou a citar a queda do preço do barril de petróleo como o principal vilão da situação de penúria do estado. l l Rio l Segunda-feira 29 .2 .2016 MÁRCIO FREITAS O GLOBO l 7 Licitação para a expansão do VLT até a Zona Sul sai no fim do ano Convocação de empresas será publicada hoje no Diário Oficial CUSTODIO COIMBRA RENAN ALMEIDA DANI BEM À VONTADE Danielle Winits, a atriz, 42 anos, posa toda sexy — e encarnando a sua Marilyn Monroe, da peça “Depois do amor” — para campanha de Dia dos Namorados da Duloren. A propaganda não terá homem para, diz a marca, mostrar que a mulher é dona de seu corpo DIVULGAÇÃO ‘QUASE SURTANDO’ A formosa ao lado é Mina Nercessian (sobrinha do Stepan), atriz, 36 anos. A talentosa está gravando o filme “Solteira quase surtando”, que ela mesma escreveu e vai protagonizar O SOM DE TOQUINHO Toquinho, grande artista da nossa música, 69 anos, recebe Tiê, a cantora, 35, no camarim, após show que fez no Vivo Rio e-mail: [email protected] Fotos: [email protected] CRISTINA GRANATO [email protected] A prefeitura anunciou ontem que planeja licitar a expansão do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) para a Zona Sul até o fim do ano. Hoje será publicada, no Diário Oficial, a Proposta de Manifestação de Interesse — uma espécie de chamada para as empresas que queiram desenvolver o projeto. O estudo deve ser concluído até outubro. O anúncio da nova linha foi feito durante o primeiro teste com passageiros do VLT, entre a Rodoviária Novo Rio e a Cinelândia. — Os pré-projetos são de uma expansão de 23 quilômetros até a Gávea. Nosso cronograma é que toda a proposta esteja pronta até outubro — explicou o secretário de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho Teixeira. — Acreditamos que seja possível fazer a obra em dois anos, mas esses prazos ainda dependem da conclusão dos estudos. ESTÃO PREVISTAS SEIS ESTAÇÕES O projeto inicial prevê as estações Glória, Flamengo, Botafogo, Humaitá, Jardim Botânico e Gávea. O objetivo da prefeitura é que os novos bondes sirvam para levar os passageiros até outros meios de transporte que percorram distâncias maiores. — Talvez, o início da tragédia de mobilidade tenha começado quando o Rio abandonou os bondes. A gente espera que o VLT seja um novo tempo na mobilidade — disse o prefeito Eduardo Paes, que participou Teste. O bonde moderno passa pela Cinelândia, diante do Teatro Municipal: sistema começa a ser operado em abril do teste do VLT no Centro. O bonde percorreu ontem os cinco quilômetros entre a Rodoviária Novo Rio e a Cinelândia em pouco mais de 20 minutos, passando por 16 das 18 estações previstas na primeira fase. O novo transporte parecia uma celebridade por onde passava, e dezenas de pessoas fizeram selfies para registrar a novidade. Muito silencioso, a velocidade média do VLT foi de 15km/h, mas chegou a 40km/h em trechos da Zona Portuária. Cada bonde tem capacidade para 420 passageiros e funcionará 24 horas por dia. O prefeito Eduardo Paes aproveitou a viagem para testar o aparelho que verifica se o usuá- rio pagou a passagem. Trata-se de um dispositivo semelhante às máquinas de cartão de crédito. O fiscal solicitará ao passageiro que aproxime seu cartão pré-pago (Riocard ou Bilhete Único) do equipamento, e o visor exibirá mensagem informando se houve cobrança. O cartão pré-pago será a única forma de pagamento, pois não há catracas ou cobradores. O próprio passageiro deverá validar o bilhete em máquinas no interior do veículo. A tarifa será de R$ 3,80. O sistema aceitará o Bilhete Único, que permite fazer duas viagens ao custo de uma só. No caso da terceira passagem, o valor da tarifa cairá para R$ 2,10. Quem não validar a passagem estará sujeito a multa de R$ 170. — É uma mudança de paradigma, uma mudança de cultura. Temos certeza que o carioca e os visitantes vão se adaptar a essa nova mudança — disse o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani. — Quando se oferece um serviço de qualidade, o cidadão respeita e faz a sua parte. O primeiro trecho do VLT começa a ser operado em abril, com 18 estações (da Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Dumont). O tempo estimado para o percurso é de 30 minutos. O investimento foi de R$ 1,156 bilhão, sendo R$ 624 milhões da iniciativa privada. l 8 l O GLOBO l Rio l RIO Previsão A passagem de uma frente fria pela costa do estado vai espalhar nuvens carregadas sobre o centro-sul fluminense. O dia começa com muitas nuvens e risco de chuva a qualquer momento. HOJE Ontem Mínima Máxima 23,6˚ Vila Militar 39,2˚ Santa Cruz ZONA SUL ZONA NORTE ZONA OESTE SENSAÇÃO TÉRMICA/RIO PROBABILIDADE DE CHUVA 22°/25° 21°/28° 22°/28° 23°/35° Alta 20°/23° 19°/26° 20°/26° 21°/28° Alta 36° QUARTA 19°/22° 18°/25° 19°/25° 20°/29° Alta 22° Santo Antônio 22° de Pádua QUINTA 20°/24° 19°/27° 20°/27° 21°/30° Alta SEXTA 22°/29° 21°/32° 22°/32° 22°/33° Alta SÁBADO 26°/29° 25°/32° 26°/32° 22°/36° Baixa DOMINGO 26°/25° 25°/28° 26°/28° 25°/29° Alta 21° do Sul 14° de Mauá Praias Impróprias (Inea): Flamengo, Botafogo, Urca, Leme, Leblon, Vidigal, São Conrado, Pepino e Barra (Quebra-Mar). Marés RIO DE JANEIRO Alta Hora 1h16m 6h37m 11h04m 19h11m 1,0m 0,5m 1,0m Altura 0,5m ANGRA DOS REIS Alta Baixa Alta Baixa Hora 5h30m 11h33m 17h55m 5h30m 0,4m 0,9m 0,9m Altura 0,9m CABO FRIO Baixa Alta Baixa 26° TEMPERATURAS MÁXIMAS 37˚/40˚ Teresópolis 23° MUNDO 22° AMÉRICA DO SUL Mín. Máx. Campos 20° São João da Barra 23° 36° 24° 24° Macaé BRASIL A circulação de umidade do São Paulo 18°/ 24° Porto Alegre 18°/ 32° 22° 8° 21° 19° 4° 23° 16° 11° 12° 32° 19° 30° 26° 12° 30° 31° 26° 33° Amanhã Mín. Máx. C S S C C S S S S 22° 8° 22° 20° 4° 22° 18° 10° 12° 0h 33° 19° -2h 0h 28° 26° -1,5h 13° -1h 29° -2h 0h 30° 28° -2h 0h 35° AMÉRICA DO NORTE/CENTRAL Santa Maria 29° Madalena 21° 36° C S S C C S S S S Assunção Bogotá Buenos Aires Caracas La Paz Lima Montevidéu Quito Santiago 31° 35° 36° Hoje 34° São Francisco de Itabapoana NORTE 35° Casimiro 32° de Abreu 20° Vento de noroeste a leste, entre 10km/h e 30km/h. Rajadas de até 50km/h. Pressão atmosférica de 1.010hPa. Ondas de 0,5m a 1m. Ondulação de sul/sudoeste. Melhores locais: Recreio, Grumari e Prainha (informações Ricosurf). Alta Hora 0h12m 5h46m 12h26m 18h26m 0,9m 0,5m 0,9m Altura 0,5m Acima de 40˚ 18° 19° SERRANA 24° Nova Friburgo 16° Bom Jesus do Itabapoana Redonda Barra 29° 30° Cachoeiras 36° Rio das oceano e do interior favorece Resende 19° 25° 18° de Macacu do Piraí 20° Petrópolis 19° a formação de chuva em 24° Ostras 17° 27° Barra SUL SP, PR e sul de MS. Nessas Silva Jardim 31° 29° Mansa 19° 28° Duque 21° áreas, pode chover forte. O Búzios 19° LAGOS de Caxias 26° Nordeste tem predomínio de 31° 23° 28° Niterói 23° Araruama Cabo Frio 29° tempo firme e chove pouco. 20° 22° Mangaratiba 28° Rio de 19° 30° Janeiro Saquarema 31°Maricá 21° 20° Angra 28° 20° METROPOLITANA Macapá Fortaleza dos Reis Boa Vista 22° 27° 24° / 32° 25°/ 32° Natal 24°/ 34° Paraty 21° 24°/ 34° São Luís Belém 25°/ 32° Manaus João Sol 24°/ 31° 24°/ 31° Pessoa Nascente Poente 25°/ 30° Porto Velho Teresina 5h48m 18h22m Recife 23°/ 31° 24°/ 34° 23°/ 31° Palmas Rio Branco Maceió 23°/ 37° 24°/ 30° 23°/ 32° Aracaju Salvador Brasília Cuiabá 24°/ 32° 22°/ 32° 19°/ 31° 24°/ 36° Vitória Campo Grande 25°/ 34° 20°/ 25° Belo Horizonte 22°/ 29° Goiânia Rio de Janeiro 21°/ 32° Ondas Ventos 21°/ 28° 27° Crescente Cheia Minguante Nova 15/03 23/03 1/03 8/03 Baixa Valença 27° Volta 26° Itaperuna São Fidélis 31° Paraíba 22° Visconde Alta 33° Porciúncula 21° AMANHÃ Lua Baixa 2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016 Florianópolis 21°/ 29° Cid. do México Havana Los Angeles Miami Montreal Nova York Orlando Washington DC C S S S Ne C S S 9° 16° 15° 16° -11° 6° 12° 8° 22° 30° 27° 24° 4° 12° 24° 14° C S S S Ne S S S 12° 19° 16° 18° -20° -1° 14° 6° 22° 32° 28° 27° 2° 11° 24° 12° -3h -2h -5h -2h -2h -2h -2h -2h S S S S S S C S S S N S C 3° 10° 4° -2° 0° 0° 2° 6° 0° 0° -5° 0° 10° 7° 18° 17° 5° 7° 6° 6° 16° 8° 10° 1° 7° 14° C S S S C S S S C S Ne C C 2° 11° 2° -2° -1° -2° -3° 6° 1° -2° -7° -1° 10° 7° 20° 17° 6° 7° 7° 5° 18° 11° 14° -1° 8° 16° +4h +5h +4h +4h +4h +4h +4h +3h +3h +4h +6h +4h +4h EUROPA Amsterdã Atenas Barcelona Berlim Bruxelas Frankfurt Genebra Lisboa Londres Madri Moscou Paris Roma ÁSIA Jerusalém Pequim Tóquio S 14° 26° S -5° 3° C 2° 18° S 16° 26° +5h S -4° 9° +11h S 2° 7° +12h Cairo S 13° 31° Johannesburgo C 13° 26° S 16° 33° +5h C 13° 30° +5h ÁFRICA OCEANIA Sydney S: sol C 18° 27° N: nublado S 17° 28° +14h C: chuvoso Ne: neve Mais informações sobre o tempo NA INTERNET Curitiba 17°/ 24° oglobo.com.br/servicos/tempo/ PREVISÃO 34˚/36˚ 31˚/33º 28˚/30˚ 25˚/27˚ 22˚/24˚ 18˚/21˚ 13˚/17˚ Abaixo de 12˚ Sol Parcialmente nublado Nublado Sol com pancadas de chuva OBRA RARA Uma volta ao passado Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico, expõe livro com 451 anos e 900 gravuras, que retratam plantas, animais e minerais, para demonstrar processos terapêuticos DIVULGAÇÃO/RAUL RIBEIRO GILBERTO PORCIDÔNIO [email protected] E m meio às comemorações dos 451 anos da cidade do Rio de Janeiro, o Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico, vai inaugurar amanhã a exposição “Natureza impressa em livro”. Uma publicação rara, com 451 anos, será exibida ao público, durante três semanas. Suas páginas foram digitalizadas e serão expostas em telas e vídeo, com narração. A obra exposta — uma tradução latina feita pelo médico e botânico italiano Pietro Andrea Mattioli (1501-1577) do clássico “Commentarii in sex libros Pedacii Dioscoridis Anazarbei, De medica materia”, do médico e farmacêutico grego Dioscórides, fundador da farmacognosia, ramo mais antigo das ciências farmacêuticas — data de 1565. São 900 gravuras, muitas feitas em aquarela, retratando plantas, animais e minerais, para demonstrar os processos terapêuticos que História. O livro que será exposto: obra poderá ser vista mas não manuseada eram realizados no século XVI e que perpassam por diversos campos das ciências, como a biologia, a biomédica e a farmacologia. A tipologia de tradição veneziana presente no livro, assinada pelo tipógrafo italiano Vincenzo Valgrisi, reproduz o estilo da época, com o uso de bordas e fontes (o itálico e a redonda) características e da mancha de texto. Devido à idade e à sua importância, o livro não poderá ser tocado ou manipulado por quem for à exposição. Mas, mesmo protegido por um aparato especial, poderá ser visto. Diretor do museu, José do Nascimento Júnior informou que a obra, mesmo sendo tão antiga, está em bom estado de conservação, tanto física quanto informativa. O texto original, segundo Nascimento, ainda é bem atual e importante para os estudos sobre biodiversidade: — A essência do trabalho botânico está posto ali, e há todas essas referências do ponto de vista técnico, com demonstrações de formas de se destilar, preparar etc. O livro é uma referência técnica farmacológica muito importante, que é utilizada até hoje, da mesma forma, em muitas farmácias de manipulação. A exposição — em parceria com a Biblioteca Barbosa Rodrigues, também do Jardim Botânico — tem a curadoria da botânica Aline Cerqueira e da historiadora Alda Heizer. A consultoria é do historiador Bruno Martins Boto Leite. Após a exposição, a publicação retorna ao acervo e aos cuidados da Biblioteca Barbosa Rodrigues. l Nublado com chuvas Chuvas com trovoadas Geada Naturistas criticam declaração de Bolsonaro e pedem retratação Deputado disse, durante sessão na Alerj, que adeptos da prática têm fetiche por fardas As declarações do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), relacionando o pedido de mais policiamento nas praias de nudismo a um fetiche dos naturistas por fardas militares, causou revolta entre os adeptos da prática. A Federação Brasileira de Naturismo vai pedir ao parlamentar que se retrate publicamente e estuda mover uma ação na Justiça contra ele. Durante uma sessão na Alerj, na última quarta-feira, em que o projeto de lei do deputado Carlos Minc (PT) que aumenta o policiamento nas praias de nudismo do estado entrou em pauta, Flávio Bolsonaro atacou a iniciativa do colega. Minc alega no texto que a Praia do Abricó, onde se concentram os naturistas, é insegura e que seus frequentadores são constantemente assediados. — Se estão achando que precisam de segurança, contratem segurança privada. Por que quem está na Praia do Abricó tem que ter uma garantia de segurança especial e quem está do lado, na Prainha, não precisa? — disse Bolsonaro, em plenário. — Qual é o sentido de se garantir? É fetiche com militar? É a farda? Querem a presença da farda? Qual o treinamento específico que esse policial militar vai ter que ter para fazer um policiamento como esse? O policial militar está na rua para combater o crime, para prevenir o crime — disse Bolsonaro, na sessão. Minc defendeu o projeto, alegando que ele não se restringe à Praia do Abricó, mas às de todo o estado. — Eu fui procurado por pessoas do movimento naturista, e eles dizem que nas praias há muitos casos. Eles me mostraram ocorrências de provocação, entre outras. Bolsonaro disse ontem que não teve a intenção de ofender os naturistas. Segundo ele, seu objetivo era “ironizar” a proposta de Minc: — É um projeto absurdo e egoísta porque a polícia tem que fazer a segurança de todo mundo. PROJETO SAIU DE PAUTA O projeto de Minc foi retirado de pauta e, segundo o deputado, será transformado em indicação legislativa: perde a força de lei e se transforma apenas numa proposta. — Ele tem direito de expressar a opinião dele, mas não pode depreciar a gente com palavras jocosas, como num circo, depreciando os naturistas tanto no Abricó quanto no Brasil inteiro. Nós trabalhamos para que a sociedade não vincule a imagem do naturista a essas coisas, e um deputado que deveria ser uma pessoa esclarecida não poderia agir dessa forma — disse Pedro Ribeiro, vice-presidente da Federação Brasileira de Naturismo. l AUGUSTO EDUARDO ECHEVERRIA Suas filhas, Monica, Marcela e Marcia; genros e netos comunicam seu falecimento, agradecem as manifestações de pesar e convidam para a Missa de 7º Dia a ser celebrada na terça-feira, 1 de março, às 19:30h, na Capela da Paróquia da Ressurreição, Rua Francisco Otaviano, 99, Copacabana. OSWALDO NASSER TUMA A Associação Comercial do Rio de Janeiro e a Dufry do Brasil comunicam com profundo pesar o falecimento do empresário Oswaldo Nasser Tuma, ex-Presidente da Associação Comercial do Pará, ocorrido no dia 23 de fevereiro e convidam para a missa de 7º dia em sufrágio de sua boníssima alma que será celebrada hoje às 11 horas na Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, à Rua da Alfândega, 54 - Centro. Avisos Fúnebres e Religiosos 2534-4333 Plantão sábado / domingo 2534-5501 Segunda-feira 29 .2 .2016 O GLOBO Dos Leitores | oglobo.com.br/participe Eu-repórter l 9 | Das redes sociais facebook.com/jornaloglobo facebook.com/jornaloglobo ALEXANDRE CASSIANO twitter.com/jornaloglobo CUSTÓDIO COIMBRA “A calçada está intransitável. Quando preciso usar carrinho de bebê, tenho que atravessar a rua. Já testemunhei a queda de várias pessoas” ANA BRANCO Soraya Farage, sobre um trecho da calçada da Rua Castro Alves, no Méier, na altura do número 133, onde as raízes de uma árvore cresceram e destruíram o pavimento. A Comlurb informou que vai enviar uma equipe ao local para analisar o problema e decidir que providências podem ser tomadas. | “Esse tá mais sujo do que pau de galinheiro” “E a Zona Oeste? Abandonada como sempre!” “Pode movimentar à vontade, não deixarei de usar” Lula nega ser dono de chácara e tríplex, ataca MP, mídia e Judiciário Prefeitura anuncia licitação do VLT para a Zona Sul até o fim do ano Movimento contra uso de xampu ganha força, mas médicos fazem ressalvas Marcelo Schellin Blödorn Cartas e e-mails Jair Junior @Avgvsto | As cartas, contendo telefone e endereço do autor, devem ser dirigidas à seção Dos Leitores. O GLOBO, Rua Irineu Marinho 35, CEP 20233-900. Pelo fax, 2534-5535 ou pelo e-mail [email protected] _ VIDA PÚBLICA X VIDA PRIVADA a Fiquei chocado com a injustiça cometida pelo meu colega cineasta e amigo Cacá Diegues no seu artigo de ontem. Quem é ele para dizer que o nosso grande estadista Fernando Henrique Cardoso “não pode ter uma vida privada pouco exemplar”? Parece a reação de um filho que idealizou o pai e se sente traído quando descobre que ele é antes de tudo um ser humano. Ou, se Deus é brasileiro, ele se chama Carlos Diegues. BRUNO BARRETO SÃO PAULO, SP _ DOUTORES, MAS NEM TANTO a Ninguém discorda ser a educação um requisito essencial ao desenvolvimento de um povo. Como explicar, então, ter curso superior a maioria dos envolvidos nas falcatruas com o dinheiro público? A explicação só pode ser a impunidade. Diante disso, seria razoável afirmar que a educação compõe-se da teórica, obtida nos bancos escolares, e da prática, representada pela punição aplicada pelos pais, pela escola ou pelo Estado, quando um agente infringe uma norma. O juiz Sérgio Moro está ministrando um curso completo da educação prática. PAULO MARQUES DE OLIVEIRA RIO _ O BRASIL, SAMBA QUE DÁ! a Infelizmente, mais uma vez os congressistas deram o seu espetáculo pela televisão: quem sabe uma emissora não faz uma novela com esses senhores que foram eleitos pelo povo? Seria um sucesso eles se verem na telinha brincando com um país cujo povo os elegeu e paga todas essas mordomias que usufruem em troca de deboches. Que pena! RUTH LIMA VIANNA DE CARVALHO RIO _ QUE CRISE? a O vice-presidente Michel Temer disse que não sabe onde está a crise. De fato, quem vive no Palácio do Planalto não corre risco de perder o emprego, não faz compras, não paga energia, gasolina, telefone, passagens de avião e tem carros com motoristas. Como vai enxergar a crise? A crise é a política fiscal do governo. Sem contar que a crise do governo Dilma está no centro do rebaixamento da nota do Brasil. País que tem nota rebaixada é país sem credibilidade, é mau pagador. Chegamos ao fundo do poço, mas o governo ainda não se deu conta. IZABEL AVALLONE SÃO PAULO, SP VITÓRIA DO CINEMA ESPANHOL Diretor ganhou dois Oscar, de Filme Estrangeiro (2000) e Roteiro Original (2003). Imposto de Renda EM 1944, PRINCIPAL FONTE DA UNIÃO Tributo perdeu o posto logo depois para o seu rival, o Imposto sobre o Consumo. Olimpíadas do México ‘TURISTA’ AMEAÇOU JOGOS Em 1968, governo brasileiro criou guia para atletas evitarem mal que causava diarreia. acervo.oglobo.globo.com AILTON G. MONTEIRO FILHO RIO _ _ CONSELHO DE ÉTICA MUDANÇA a A mudança é algo inexorável na vida, tanto na das pessoas como na das organizações. Segundo o psicólogo alemão-americano Kurt Lewin, a mudança ocorre em três estágios: descongelamento, mudança e recongelamento. A fase que estamos vivendo no Brasil é a do descongelamento, ou seja, não admitimos mais um país ter um excelente sistema de leis e órgãos de controle e continuarmos sendo roubados sem punição. ELNIRO BRANDÃO FORTALEZA, CE a Depois de sucessivas suspensões do Conselho de Ética para julgar o caso do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por que este abre os trabalhos da Câmara no mesmo horário? Não seria lógico ou mais inteligente passar as sessões para a parte da manhã, para votar logo se abrem ou não processo contra ele? Nossos deputados já não trabalham todos os dias. Será que só trabalham à tarde ou à noite para ganhar hora extra? É surreal o que acontece no Brasil. Sinto vergonha de tudo isso. DORA CHRISTINA G. DE SALLES FONSECA RIO _ SÓ PROMESSAS _ JUSTIÇA JUSTA a Uma das bandalhas de Lula foi realizada durante sua campanha eleitoral. Prometeu que, após a eleição, atualizaria os salários dos aposentados, eliminaria a obrigação do pagamento do imposto sindical e atualizaria a tabela do Imposto de Renda dos aposentados. Só por isso, devido à legislação, ele deveria ter sido demitido da Presidência. FRANCISCO KLUJSZA RIO Lula — o palestrante mais bem remunerado do mundo, que tem os melhores amigos do mundo, que cedem sítios e tríplex para o lazer do “companheiro” e apartamentos para seus filhos morarem de graça — vai ter que se explicar ao MP e certamente vai continuar mentindo. O povo não aguenta mais tanta mentira e desfaçatez, e a Lava-Jato parece não ter fim, pois são tantos os envolvidos que o quebra-cabeça vai se prolongando indefinidamente. CARLOS JORGE CÂMARA LEÃO RIO _ O MESMO DISCURSO a Os anos passam e o discurso do PT permanece o mesmo, cheio de ódio e, ideologicamente, dividindo a A definição do STF de que é suficiente a condenação para o recolhimento à prisão quando a condenação do réu se dá ou é confirmada em segunda instância provoca muitas discussões. Mas está sendo deixado de lado um problema histórico do Judiciário: a demora nas decisões. Há processos importantes há longos anos na fila de espera, em várias instâncias E também são excessivos os recursos. Sem esquecer que a estrutura do Judiciário precisa de investimentos em equipamentos e servidores. Assim teremos uma Justiça justa. URIEL VILLAS BOAS SANTOS, RJ _ FUNDOS DE PENSÃO a Quanto mais se cava, mais lama aparece. Finalmente veio a público o rombo bilionário nos Fundos de Pensão de estatais nos últimos 12 anos, decorrente da gestão irresponsável de sindicalistas ligados ao PT. E qual foi a consequência dessa atividade danosa desse grupo? Estão afetados 500 mil aposentados, que durante anos contribuíram e continuam contribuindo para aposentadoria suplementar à do INSS. A maioria da população aprendeu a conhecer o PT. Esperamos que a minoria renitente também o faça. Este é o Brasil atual. Uma pena! lixo é de uma irresponsabilidade inominável. Por que o governo, em vez de aumentar impostos, não administra os recursos que tem? CPMF para quê? _ _ JORGE SINCORÁ DOS SANTOS RIO a Os fundos de previdência estatais apresentaram déficits colossais, o mesmo não acontecendo nos de empresas privadas. A solução seria a privatização das empresas estatais. Contrariamente ao que pensam as esquerdas, tal providência seria a melhor forma de preservar os direitos dos trabalhadores. JOÃO PEDRO COUTINHO RIO _ a Como tem sido noticiado, o aparelhamento pelo PT provocou um grande rombo nas finanças dos fundos de pensão das estatais (Petros, Funcef, Postalis e Previ). Será que a indignação dos seus funcionários, todos admitidos por concurso, honestos, não os levaria a fazer uma denúncia contra os responsáveis pela debacle dos seus patrimônios? Seria um caminho mais rápido de condenar todos os implicados, antes que eles forjem um álibi ou destruam provas. JOYCE COUTINHO NITERÓI, RJ _ BASTA CUMPRIR A LEI a Se o governo quisesse, realmente, aumentar a arrecadação, não precisaria taxar a população com mais impostos, como a CPMF. Bastaria que este mesmo governo fizesse cumprir a Constituição: acabar com supersalários de milhares de servidores. Com isto, o governo economizaria bilhões por ano. Será preciso um leigo para mostrar ao governo como o país pode sair desta situação, sem necessidade de criar a CPMF? É mais fácil taxar a população. FRANCISCO PAIVA NITERÓI, RJ _ GOVERNO DO RIO a Um governador que, a exemplo da presidente, não sabe nomear assessores deveria pedir o chapéu e ir para outras paragens. Diante da crise por que passam os hospitais e a saúde no estado, deixar medicamentos serem jogados no MARCO ANTÔNIO TEIXEIRA/17-12-1995 Hoje no Acervo O GLOBO Pedro Almodóvar o povo para governar. Dividem os brancos dos negros, como se pudessem, em um país tão miscigenado; os ricos dos pobres, como se não houvesse uma classe média tão ampla e diversificada. Peço desculpas aos petistas, mas vermelho só na camisa do América. Frase “Não sou a Rosane Collor, que pode deixar um avião da FAB esperando” MAIORIDADE a O Palace II completou 18 anos de queda no último dia 22, e nós, ex-moradores, ainda aguardamos decisões para a liberação de indenizações já depositadas em contas da Justiça. Enquanto isso, ex-vizinhos, envelhecidos à força por essas quase duas décadas, esperam por esse dinheiro para a realização de cirurgias de risco e aquisição de novas moradias. Que a maioridade do Palace II conscientize as autoridades da importância de se resolver rapidamente casos como esse, para que outros grupos atingidos por tragédias, como a de Mariana (MG), não sejam punidos também pelo tempo longo de espera. SEBASTIÃO CARVALHO MURAD RODRIGUES RIO _ GUERRA AO MOSQUITO a Nesta época de combate ao Aedes, o prefeito do Rio deveria mandar esvaziar os bueiros de águas pluviais, plenos de folhas secas que, quando molhadas, tornam-se criadouros de mosquitos. Além do mais, o acúmulo de folhas secas nos bueiros favorece o empoçamento das águas da chuva, levando à disseminação deste vetor. Aguardam-se medidas urgentes. MARCOS SCHECHTER RIO _ a Uma luta inglória, pois qualquer gota d’água é uma maternidade de larvas. No entanto, é preciso que proíbam o uso indiscriminado de desinfetantes venenosos em forma de fumacê, inócuo no combate aos criadouros. Condomínios da Barra usam e abusam do envenenamento ambiental ao contratar de empresas que espalham veneno, prejudicando a saúde dos moradores e aumentando a proliferação de novas larvas imunes ao veneno. Moradores são iludidos psicologicamente pela fumaça, mas que nenhum valor tem no combate real a esta praga. CARLOS ALBERTO DE LYRA VAZ RIO Tragédia aérea interrompeu, há 20 anos, a carreira dos Mamonas Assassinas e seu ‘rock bobagem’ Provocou comoção nacional a morte dos cinco integrantes da banda Mamonas Assassinas num acidente de avião na Serra da Cantareira, em São Paulo, que na próxima quarta-feira completa 20 anos. Numa trajetória meteórica, o grupo vendera, em seis meses, quase dois milhões de cópias. No dia do desastre, eles voltavam do último show, em Brasília, da turnê nacional. O GLOBO homenageou a banda de “rock bobagem”, sucesso entre jovens e crianças, com dois cadernos especiais. Ruth Cardoso Antropóloga e primeira-dama no governo de FH, entre 1995 e 2002, em reportagem publicada no GLOBO em 25/6/2008, um dia após sua morte FERNANDO DE ARAUJO WAGNER NITERÓI, RJ Mamonas. Samuel (de óculos), Dinho, Júlio (cabelo laranja), Sérgio (de cavanhaque) e Bento * Há 50 anos, o mês de fevereiro teve 28 dias 10 l O GLOBO Segunda-feira 29 .2 .2016 OGLOBO Tema em discussão | | O combate à corrupção nos governos do PT | Nossa opinião | | Missão difícil Outra opinião | Sem retrocesso A HELDER SALOMÃO ssim que, ainda no primeiro governo subiu a rampa do Planalto com Lula, em 2003 — Lula, começaram a se multiplicar ope- José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, João rações da Polícia Federal contra crimi- Paulo Cunha. Só não julgou, e certamente connosos de colarinho branco — empre- denaria, o principal personagem do mensalão sários sonegadores, por exemplo — e, em segui- mineiro, do PSDB, Eduardo Azeredo, porque ele da, esquemas de corrupção, surgiu a discussão se renunciou ao mandato de deputado federal por esses casos estavam se multiplicando ou era a PF Minas. Azeredo, governador do estado, tentou e o Ministério Público que se tornavam mais ati- reeleger-se usando a tecnologia de lavagem de vos. Os lulopetistas costumam se vangloriar de dinheiro do lobista disfarçado de publicitário que é com eles no poder que esquemas têm sido Marcos Valério. A mesma que Valério emprestadesbaratados por organismos de Estado. Ora, ria ao PT e a aliados. O ex-deputado e ex-governão faria sentido, por ilegal, o Executivo tentar nador conseguiu o que queria: com a renúncia, imiscuir-se no Ministério Público, cuja indepen- perdeu o foro privilegiado. Mas já foi condenado dência está inscrita na Constituiem primeira instância. Se for em seção. Nem tampouco manipular a gunda, será preso, como determina A denúncia PF para proteger companheiros a nova regra. de ‘golpe’ ou atacar adversários, pois a instiO PT se vitimiza, denuncia que é não resiste às tuição goza de autonomia operaalvo de um “golpe”, de uma bizarra cional. aliança entre imprensa profissional, evidências da O próprio ex-presidente Lula Justiça e Ministério Público para legalidade não esconderia a irritação com o derrubar a presidente Dilma. Mas a na ação de ministro da Justiça, José Eduardo imprensa apenas noticia denúncias Cardozo, ex-deputado petista, suque o MP, de forma coordenada organismos perior hierárquico da PF, por não com a PF, encaminha ao juiz Sérgio do Estado gerenciar a atuação da polícia na Moro. E são fatos estonteantes. SaLava-Jato e adjacências. Mas Carqueada, a Petrobras já registrou em dozo nada pode fazer. Nem parece querer, até pa- balanço R$ 6,2 bilhões correspondentes a perdas ra preservar a biografia. De resto, tem algo de ri- com a corrupção instalada dentro da empresa dículo o campeonato disputado entre oposição e pelo lulopetismo. No mensalão foram “apenas” PT para saber qual o partido mais corrupto. Esta R$ 140 milhões, e já se constituiu um ruidoso é uma discussão inútil. O essencial é que, desde o escândalo. É tarefa inglória para o lulopetismo escândalo do mensalão do PT, no qual a Procura- denunciar golpe quando tudo tem sido feito doria-Geral da República deu demonstrações de dentro da lei. Mesmo recursos contra atos do competência, as instituições republicanas têm juiz curitibano têm sido rejeitados nas instândado provas de vigor crescente. Neste caso mes- cias superiores da Justiça, quase na totalidamo, um plenário do Supremo constituído, na de. E, pelas características dos escândalos maioria, por ministros indicados pelos dois presi- nestes 13 anos de PT no Planalto, é missão didentes petistas, condenou a cúpula do PT que fícil defender o partido. l cresceu também a exposição do tema em todos os meios sociais. Soma-se a isso a tentaesquisa do Instituto Datafolha, divul- tiva perversa de desestabilizar o atual govergada em novembro de 2015, mostrou no. Esta ação articulada tem o protagonismo um dado importante: pela primeira de setores importantes da mídia, de lideranvez, desde que a série histórica teve ças da direita brasileira ligadas aos partidos, início em 1996, a corrupção superou a saúde, a órgãos de investigação e da Justiça, que a educação e a segurança pública, e passou a trabalham para colar nas imagens do goverser o maior problema do Brasil, na percepção no e do PT toda a responsabilidade pela cordos brasileiros. Muitos se apressaram a con- rupção praticada no Brasil nos últimos anos. cluir que houve aumento da corrupção no paPara isso, promovem vazamentos de deís. Será essa a realidade? núncias — sem provas — contra pessoas liA corrupção está presente no Brasil desde gadas ao governo, escondem investigações e 1500. Porém, devido à omissão denúncias contra membros da da história oficial, a informação oposição, além de investigaQuem teve não chegou completa ao nosso rem e punirem seletivamente. envolvimento conhecimento. No entanto, há Embora na atualidade haja no comprovado pesquisas, relatos e estudos crípaís maior combate à corrupção, ticos que revelam, por exemplo, os erros cometidos por alguns com práticas o envolvimento de muitas lidemembros do governo federal e de corrupção, ranças políticas em escândalos do PT serviram de combustível e de todos os de corrupção ao longo dos temálibi para a direita construir a pos. tentativa de golpe. É absurda e partidos, deve Na última década, as atuações imoral a ação que tenta responpagar por isso da Polícia Federal e do Ministésabilizar um governo, e um partirio Público passaram a ser mais do, por todos os problemas de vigorosas, com o aumento das investigações corrupção no Brasil. e punições a quem pratica atos ilícitos. Devemos admitir os erros cometidos por Mesmo com um longo caminho a ser per- alguns membros dos governos do PT, mas corrido, atestamos que o momento atual é não podemos permitir retrocessos e nem a muito diferente de um passado recente, em interrupção do processo de consolidação que os escândalos de corrupção eram joga- da democracia brasileira. Defendo com firdos para debaixo do tapete ou para dentro meza que todos os que tiverem envolvidas gavetas da impunidade. Isso explica, em mento comprovado com práticas de corcerta medida, por que a percepção dos bra- rupção, de todos os partidos, devem ser pusileiros sobre a corrupção era menor anos nidos exemplarmente. l atrás. Com o aumento do combate à corrupção, Helder Salomão é deputado federal (PT/ES) P RODRIGO BOTERO MONTOYA A degradação da Venezuela O grau de deterioração ao qual se submeteu a sociedade venezuelana está adquirindo características dramáticas. Começam a escassear os superlativos para descrever a magnitude da catástrofe. Dezessete anos de megalomania, desmedida e desperdício levaram a Venezuela à beira do colapso econômico e de uma convulsão social. O que se discute já não é se haverá uma suspensão de pagamentos da dívida soberana, mas quando. A falta de alimentos e de medicamentos produziu uma crise humanitária. Em meio a uma atividade econômica em queda livre, com uma inflação de três dígitos, os sinais que emitem as autoridades são os de um regime em fase terminal. Nicolás Maduro designou em janeiro como ministro de Economia a um personagem pitoresco, que durou 39 dias no cargo. Uma de suas contribuições à disciplina econômica consiste em afirmar que a inflação não existe. Para contribuir com o fornecimento de alimentos, foi criado um Ministério de Agricultura Urbana, cuja missão seria promover o plantio nas cidades. Em dezembro de 2013 foi convertido em lei o Plano da Pátria, cujo grande objetivo histórico era “converter a Venezuela em grande potência energética mundial”. Atualmente, o país começou a importar petróleo dos EUA e está sofrendo apagões. Exigiu aos centros comerciais e aos grandes hotéis que gerem sua própria eletricidade. Pouco depois do anúncio presidencial de que os militares deveriam regressar aos quartéis, decide-se que MARCELO criar a Companhia Anônima Militar das Indústrias Minerais, Petrolíferas e de Gás, cujos dirigentes se reportam ao ministro da Defesa. Maduro conclama pelo aumento da produção nacional, ao mesmo tempo que ameaça intervir na empresa Polar, a principal produtora de alimentos do país, e insulta seu presidente, Lorenzo Mendoza, chamando-o de “bandido, oligarca e ladrão.” A falta de divisas para pagar as importações do setor privado está paralisando a produção por falta de in- Fale com O GLOBO PRESIDENTE Roberto Irineu Marinho VICE-PRESIDENTES João Roberto Marinho - José Roberto Marinho _ OGLOBO é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A. DIRETOR - GERAL: Frederic Zoghaib Kachar _ DIRETOR DE REDAÇÃO E EDITOR RESPONSÁVEL AGÊNCIA O GLOBO DE NOTÍCIAS Venda de noticiário: (21) 2534-5656 Banco de imagens: (21) 2534-5777 Pesquisa: (21) 2534-5779 Atendimento ao estudante: (21) 2534-5610 PUBLICIDADE Noticiário: (21) 2534-4310 Classificados: (21) 2534-4333 sumos e reposições. As prateleiras vazias se converteram na imagem emblemática do Socialismo do Século XXI. Esta forma de governar tem os traços de uma ópera bufa. Mas as consequências para o povo Esta forma de governar tem os traços de uma ópera bufa, mas as consequências para o povo venezuelano são trágicas Geral e Redação (21) 2534-5000 Jornais de Bairro: (21) 2534-4355 Missas, religiosos e fúnebres: (21) 2534-4333. Plantão nos fins de semana e feriados: (21) 2534-5501 Loja: Rua Irineu Marinho 35, Cidade Nova International sales: Multimedia, Inc. (USA). Tel: +1-407 903-5000 E-mail: [email protected] venezuelano são trágicas. As possibilidades de correção de rumo, embora subsista no governo atual, são mínimas. Como anotava Friedrich Schiller: “Contra a estupidez, até os deuses lutam em vão.” O desprezo pela autoridade legislativa da Assembleia Nacional evidencia a natureza autoritária do regime. Sua política externa foi reduzida à invocação da soberania nacional para justificar as flagrantes violações dos direitos humanos. O desastre venezuelano tem causas Classifone (21) 2534-4333 ASSINATURA/Central de atendimento: www.oglobo.com.br/centraldoassinante ou pelos telefones 4002-5300 (capitais e grandes cidades) e 0800-0218433 (demais localidades), de 2ª a 6ª feira, das 6h30m às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 12h Twitter: @falecom_OGLOBO. Facebook: facebook.com/espacodoassinanteoglobo Assinatura mensal com débito automáti- adicionais além da inépcia de Maduro e da ignorância de Chávez. O erro fundamental foi ter tentando implementar na Venezuela um sistema socioeconômico fracassado, cuja vigência, sem exceção, requer o estabelecimento de uma ditadura férrea. Como advertia Albert Camus, “as ideias falsas terminam em sangue, mas em todos os casos se trata do sangue de outros.” l Rodrigo Botero Montoya é economista e foi ministro da Fazenda da Colômbia Para assinar (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine co no cartão de crédito, ou débito em contacorrente (preço de segunda a domingo), para RJ/MG/ES: normal, R$ 95,33; promocional, R$ 83,90 VENDA AVULSA/Estados Dias úteis: RJ, MG e ES: R$ 4,00; SP e DF: 4,00; demais estados: 5,50; Domingos: RJ, MG e ES: R$ 5,00; SP: R$ 5,50; DF: 7,00; demais estados: 10,00 Carga tributária federal aproximada de 20% ATENDIMENTO AO LEITOR De 2ª a 6ª feira, das 6h30m às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 12h, Tel: (21) 2534 5200 oglobo.com.br/faleconosco O GLOBO é associado: ANJ - IVC - GDA - SIP - WAN Ascânio Seleme EDITORES EXECUTIVOS Chico Amaral, Paulo Motta e Silvia Fonseca _ Rua Irineu Marinho 35 - Cidade Nova - Rio de Janeiro, RJ CEP 20.230-901 Tel: (21) 2534-5000 Fax: (21) 2534-5535 _ Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit a EDITORES - País: Alan Gripp - [email protected] Rio: Rolland Gianotti - [email protected] Economia: Flávia Barbosa - fl[email protected] Mundo: Sandra Cohen [email protected] Sociedade: William Helal [email protected] Segundo Caderno: Fátima Sá - [email protected] Esportes: Márvio dos Anjos - [email protected] Fotografia: Claudio Versiani - [email protected] Arte: Rubens Paiva - [email protected] Opinião: Aluizio Maranhão - [email protected] Acervo e Qualificação: Gustavo Villela - [email protected] a SUPLEMENTOS - Boa Viagem: Léa Cristina - [email protected] Rio Show: Inês Amorim - [email protected] Ela: Renata Izaal - [email protected] Revista O GLOBO: Ana Cristina Reis - [email protected] Bairros: Milton Calmon Filho - [email protected] Site: Eduardo Diniz - [email protected] Videojornalismo: Roberto Maltchik - [email protected] Desenvolvimento de Plataformas: Maíra Carvalho - [email protected] a SUCURSAIS - Brasília: Sergio Fadul - [email protected] São Paulo: Aguinaldo Novo - [email protected] O GLOBO Segunda-feira 29 .2 .2016 l 11 OGLOBO PAULO GUEDES _ Do flagelo às reformas A síndrome da ilegitimidade na política e a falta de credibilidade na economia seguem estreitando os horizontes do governo de Dilma Rousseff. Por um lado, as investigações da Lava-Jato continuam inflando a já enorme indignação da classe média com Lula, a presidente e o PT, embrulhados todos como apenas um e o mesmo mal. De outro lado, a aceleração inflacionária, o aprofundamento da recessão e a escalada do desemprego em massa empur- ram também contra o governo a opinião pública na base da pirâmide social. Forma-se a sopa primordial do impeachment. Na dimensão política, é concreta a ameaça de contínuo esvaziamento da sustentação parlamentar do governo. O PMDB já estava rachado quanto à questão, tendo ensaiado um plano econômico alternativo para sua operação de desembarque. Pois bem, agora o próprio PT explicita seu estranhamento com um programa em que denuncia o afastamento de Dilma de sua plataforma eleitoral. Pouco importa no momento o mérito das propostas oferecidas. Nem mesmo se tudo não passa de um “showmício” pré-eleitoral, considerando-se o inacreditavelmente hipócrita pedido de defesa da Petrobras pelo presidente do PT. O que realmente importa é o ensaio de abandono da presidente pelo partido. Antes mesmo desse episódio, políticos que lhe eram próximos e confiáveis já a aconselhavam a sair do PT, patrocinar a reforma política e conduzir o necessário ajuste fiscal para resguardar sua biografia. Na dimensão econômica, o desemprego percorre agora uma trajetória explosiva. O colapso da confiança em meio à disparada inflacioná- Em meio a uma recessão sem fundo, a indexação dos salários e os excessivos encargos sociais condenam o país ao desemprego em massa O bom exemplo de Macri ANDRÉ MELLO ALYSSON PAOLINELLI O novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, tomou posse em 10 de dezembro passado, após décadas de populismo naquele país irmão, sob os aplausos da comunidade séria da América Latina. Seu primeiro ato, prometido em campanha, foi erradicar a excrescência econômica do imposto de exportação de até 30% sobre os produtos agrícolas. Mais uma criação dos presidentes anteriores — o casal Kirchner — que ajudou a levar a economia argentina aos piores níveis de desempenho, depois de terem logrado a invejável posição de quinta potência internacional, há pouco mais de 50 anos. Vale registrar que tanto os altos quanto os baixos foram resultados do setor agrícola. Pois bem, apesar do exemplo nefando do que ocorreu na Argentina, trama-se, na surdina, em Brasília, a estarrecedora proposta de replicar este imposto sobre nossa agricultura. Ideia germinada por algumas cabeças daqui, que tanto se identificaram com as de lá, já “decapitadas”. Importante ressaltar que este tipo de imposto sobre o comércio internacional é tido pela literatura econômica como o mais ineficiente e distorcido de todo o modelo de tributação. Foi usado somente por antigos governantes de séculos passados, principalmente pela facilidade administrativa de cobrança e inspeção sobre cada navio no porto. Caso esta mirabolante proposta seja adotada, estaríamos retornando a práticas tributárias do século XVIII para trás. É regra do comércio internacional que cada produto exportado deva ser isento de todos os impostos locais, para ser tributado segundo as regras do país de destino, homogeneizando assim as cargas tributárias. Caso contrário, as exportações terão dupla tributação e perda de competitividade. Assim foi com a tributação brasileira das exportações agrícolas até a famosa Lei Kandir, de 1996, que, a despeito de enorme resistência por parte dos governos estaduais, conseguiu remover este demônio de nossa estrutura tributária, que agora ameaça retornar. Nunca é pouco repetir que os ciclos de crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil sempre foram interrompidos, até o passado recente, por restrições externas, as chamadas crises cambiais. Assim foi em 1973 (primeiro choque do petróleo), 1979-80 (segundo choque do petróleo), 1985-90 (crise cambial decorrente da má administração da dívida externa) e 1999 (ruptura da política das bandas cambiais). A partir de 1999, com a nova política de câmbio flutuante e a inflexão para cima dos preços das commodities agrícolas, a produção “estourou”, aumentando em mais de 100%, em volume, até o ano de 2015. Gerou espetacular superávit comercial — mais de US$ 70 bilhões/ano nos últimos anos —, capaz de assegurar o perfeito equilíbrio da balança de pagamentos e um saldo invejável de reservas internacionais — mais de US$ 350 bilhões — algo jamais ocorrido na história econômica do Brasil. D izem que, para conhecer de verdade uma pessoa, é preciso lhe dar algum poder... Mas também é possível conhecer muito de muita gente pela avaliação de suas reações quando privadas de algum conforto ou vantagem. Ou seja, tempos de crise são tempos de revelações. Quem viu o filme francês “As neves do Kilimanjaro”, do diretor Robert Guédiguian, se emocionou com a generosidade de um casal que, mesmo enfrentando dificuldades pessoais importantes, abriu mão de direitos em favor de uma ética cada vez mais escassa na nossa sociedade, onde as regras mais seguidas são o consumismo e o individualismo radical. Mas, reconheça-se, o bem comum, infelizmente, não é meta da grande maioria de nós, nem mesmo das autoridades que deveriam mediar as relações entre todos — como ficou muito claro na ordem judicial que determinou a abertura dos cofres do Estado do Rio de Janeiro para pagar aos servidores do Poder Judiciário. Pouco importou se parte deste dinheiro destinava-se a Retrocesso autoritário LUCIANO BANDEIRA U É regra do comércio internacional que cada produto exportado deva ser isento de todos os impostos locais, para ser tributado segundo as regras do país de destino Não cremos ser necessário enfatizar o que representa este nível de reservas internacionais, mas, sem elas, os capitais externos, principalmente de investimentos diretos, não estariam aportando nas quantidades atuais. Capazes de complementar nossos investimentos e empurrar o crescimento econômico do país, compõem o saldo da balança de pagamentos, necessário às importações dos insumos para os setores não agrícolas. Finalmente, a alta de preços das commodities agrícolas, entre 2002 e 2014, teve uma reversão de baixa nos meados deste último ano, que persiste até hoje. Embora a queda não tenha nos levado aos baixos níveis anteriores a 2002, houve reduções entre 30% e 50% que se igualaram aos aumentos de preços dos insumos — combustíveis, fertilizantes e defensivos —, colocando o produtor agrícola numa situação de frágil equilíbrio. Basta aumentar seus custos com mais um imposto para desestabilizar-se, reduzindo a produção. É isso que o governo quer? Temos consciência do desequilíbrio fiscal do governo federal e torcemos por seu equacionamento. Não achamos justo, porém, que aqueles que mais contribuíram para o nosso desenvolvimento recente — inclusive com aumentos de arrecadação — venham pagar a conta do excesso de gastos. Que tal identificar e congelar as despesas com as pessoas e instituições que mais se beneficiaram com a “gastança” recente? Em poucos anos, o equilíbrio, via inflação, estaria restabelecido. l Alysson Paolinelli é presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho e foi ministro da Agricultura Farinha pouca, meu pirão primeiro JOÃO MAURO SENISE ria mergulhou as empresas nos mares revoltos de uma recessão sem fundo. A indexação dos salários e os excessivos encargos sociais embutidos em obsoletas legislações trabalhista e previdenciária condenam o país ao afogamento pelo desemprego em massa. Os diversos nós da crise atual devem ser desatados sob a forma de aperfeiçoamentos institucionais. O tráfico de influência e a corrupção a céu aberto são um desrespeito de políticos inescrupulosos e de maus empresários à população brasileira. O novo Poder Judiciário está comprometido em mudar essa situação. Espera-se ainda, para a proteção dos trabalhadores, que o flagelo do desemprego em massa nos leve à modernização da legislação trabalhista e do regime previdenciário. l despesas de um dos mais importantes hospitais públicos, o Pedro Ernesto. Também não pesou na decisão que outra parte dos recursos era do Corpo de Bombeiros. O essencial foi, tão somente, garantir o pirão de alguns em tempos de pouca farinha, no caso, dos que têm o poder de enfiar a mão na cumbuca do estado. O mínimo que se pode esperar dos chefes dos Três Poderes é que se entendam e busquem minimizar efeitos da crise nas principais vítimas: os cidadãos fluminenses Poucos ainda levam a sério as promessas das campanhas eleitorais, mas quem poderia prever que num intervalo tão pequeno, desde a reeleição do governador Pezão, fosse decretada a falência do governo do nosso estado? E que se entenda por governo o conjunto dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário — muito embora as duas últimas pernas do tripé se equilibrem muito melhor do que a primeira. Mas a crise está posta, e não há quem a negue. Portanto, o mínimo que se pode esperar dos chefes dos Três Poderes é que se entendam e busquem minimizar seus efeitos nas principais vítimas: os milhões de cidadãos fluminenses. Na nossa Constituição está escrito que o poder emana do povo. E, do povo também provém o dinheiro que paga todos os serviços públicos. Portanto, alto lá! A crise é geral, e seus efeitos precisam ser suportados por todos, com tratamento desigual apenas para os menos favorecidos, que, obviamente, não são os magistrados e servidores do alto escalão do estado. Nem sempre podemos contar com a generosidade das pessoas, mas podemos — e devemos — cobrar das autoridades que têm o poder de abrir o cofre do estado para garantir o pagamento de determinados servidores que exerçam este mesmo poder para fazer uma justiça mais ampla, a quem, por exemplo, morre nas filas dos hospitais por falta de atendimento. l João Mauro Senise é coordenador-geral de mobilizações da Rede Meu Rio m atraso no processo civilizatório da sociedade brasileira. Essa é a sensação que qualquer pessoa compromissada com as causas da Justiça e da liberdade experimentou diante da estranha “interpretação” dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao inciso LVII, do artigo 5º, da Constituição Federal. Como pode haver uma leitura diferente do que o poder constituinte disse expressamente ao consagrar que“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”? A sanha punitiva da volúvel “opinião pública” não pode pautar o Poder Judiciário, que existe, justamente, para equilibrar as relações entre os poderes, proteger minorias e pensamentos divergentes do que prega a maioria. Não importa que a orientação dominante esteja, momentaneamente, posicionada mais à direita ou à esquerda. O essencial é que a Corte Constitucional esteja vinculada apenas ao que diz a vontade do poder constituinte e aos princípios consolidados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, basilares do Estado democrático. Prender um cidadão antes que todas as oportunidades de defesa tenham se esgotado leva o Estado brasileiro ao retrocesso autoritário. O A sanha que dirá o punitiva da STF àquele volúvel que ficou vários anos pre‘opinião so, após uma pública’ condenação não pode de segundo grau e que pautar o acaba por ser Poder absolvido, Judiciário após recurso por um tribunal superior? Quem devolverá esses anos de vida ao inocente? A justificativa do combate à impunidade não apaga tamanho retrocesso. Quando o Poder Judiciário começa a lastrear suas decisões no clamor social — cuja consciência é facilmente manipulada —, passamos a viver tempos similares aos da Inquisição. Por outro lado, falar em impunidade em um país com a terceira ou quarta maior população carcerária do mundo, e com um percentual de 41% de presos provisórios, revela um evidente contrassenso. O fato mais relevante para o presente debate é que 37,2% desses presos provisórios, ao final do processo, ou são absolvidos, ou têm cominadas penas alternativas. Em resumo: milhares de brasileiros são injustamente mantidos na prisão. A decisão do STF agravará esse quadro e representa nítida incongruência com a afirmação unânime de todos os seus ministros sobre o sistema penitenciário brasileiro que “vive um estado de coisas inconstitucional”. A prisão não é a única forma de combater a corrupção. Muito mais efetivo para a sociedade é a condenação que decrete a perda do patrimônio do criminoso e impeça a sua participação na vida política e empresarial do país. Adjetivar advogados de chicaneiros, aproveitadores do número excessivo de recursos, é introduzir uma falsa questão e agredir gratuitamente profissionais que, muitas vezes com a própria vida, lutaram e lutam pela democracia, liberdade e correta aplicação da justiça. Passamos por tempos difíceis, e a tentação de soluções fáceis e rasas deve ser rechaçada. l Luciano Bandeira é diretor da OAB-RJ 12 l O GLOBO l Rio l Segunda-feira 29 .2 .2016 [email protected] A polêmica transferência de escolas públicas para a Polícia Militar está gerando reação intensa de educadores pelo país. A experiência começou em Goiás, e hoje ao menos 18 estados brasileiros têm colégios públicos administrados por PMs. Nesses locais, impera um rígido código militar. Jovens vestem fardas, são obrigados a bater continência para policiais armados, cantam o Hino Nacional perfilados e decoram gritos de guerra, tal qual num quartel. Também não podem usar brincos, cabelos longos, ficar de mãos dadas no pátio, e por aí vai. O modelo que tanto causa arrepio na maioria dos educadores tem se espalhado pelo país com a justificativa de que conta com o apoio de pais e, principalmente, devido a bons indicadores dessas escolas nas avaliações de aprendizagem do MEC. Esse resultado, porém, foi em grande medida conseguido graças a práticas excludentes. Em alguns desses colégios, governos permitiram que a PM fizesse seleção de alunos no ingresso, escolhendo apenas aqueles de melhores notas. É o mesmo que acontece ainda em muitas escolas federais. É comum nesses colégios da PM também a cobrança de uma taxa. Mesmo com o argumento de que os pais que não podem pagar não sofrem represálias, isso cria um constrangimento e exclui as crianças mais pobres, ANTÔNIO GOIS EDUCAÇÃO Escola ou quartel? Colégios públicos transferidos para a PM têm vantagens artificiais em relação aos demais, mas é preciso achar soluções democráticas para a indisciplina dando às escolas da PM outra vantagem artificial. Outro fator que precisa ser levado em consideração é que o rígido código disciplinar acaba expulsando alunos que não se adequam à rotina de quartel. Aqueles considerados problemáticos são transferidos para outras escolas públicas ou, pior, abandonam os estudos e engrossam o contingente de jovens fora da escola. O colunista Helio Schwartsman, ao abordar essa questão em artigo na “Folha de S. Paulo", levantou outro ponto pertinente. Quem aprecia esse modelo deve ser livre para escolher colégios assim. O problema é quando a oferta acontece nas redes estaduais ou municipais, especialmente quando uma escola é repassada para a polícia. Se o estado terceiriza um estabelecimento de ensino para a PM, pode então abrir espaço para o Exército, o MST, igrejas ou outras instituições que também poderiam querer impor a alunos da rede pública seus valores e visões de mundo. Trata-se, como argumentou Schwarts- man, de uma violação à ordem republicana. Além disso, acrescento o óbvio: gerir escolas nunca foi atribuição da polícia. Há, porém, um fator que não pode ser desprezado, e que apareceu em quase todas as reportagens sobre essas escolas: a maioria dos pais ouvidos, e até mesmo os alunos, demonstram satisfação com a mudança. A razão mais citada para demonstrar apoio ao modelo policial é que ele trouxe disciplina a escolas onde, em muitos casos, relatos de violência e desrespeito entre alunos e professores eram constantes. Se a escolha se resume entre o caos completo e uma disciplina rígida, mesmo que autoritária, é compreensível que muitas famílias prefiram a segunda opção. Para impedir o avanço de escolas em mãos da PM, é preciso capacitar e dar condições a diretores e professores para fazerem uso de instrumentos democráticos para combater a indisciplina. Há exemplos de sucesso, mesmo no Brasil. Mas eles precisam ser melhor estudados e disseminados, antes que governos cedam à tentação autoritária e simplista de transformar mais escolas em quartéis.l NA WEB http://glo.bo/1f7L3ag No blog, o exemplo de uma escola que superou a indisciplina sem autoritarismo Operação encontra irregularidades e notifica três boates na Barra Jovens com menos de 18 anos, bebidas falsificadas e vigilantes não habilitados estão entre os problemas Durante operação conjunta no fim de semana, agentes do Ministério Público estadual, do Corpo de Bombeiros e das polí- cias Federal, Civil e Militar notificaram as boates Pink Elephant, Vitrinni Lounge e ZAX Club, na Barra da Tijuca. Foram constatadas irregularidades, como a presença de jovens com menos de 18 anos, bebidas falsificadas e com o prazo de validade vencido, além de seguranças não habilitados. A 16ª DP (Barra) também deverá abrir inquérito para investigar o caso das bebidas sem procedência. Na ação, foram recolhidos equipamentos do circuito interno de TV das três boates, para que possam ser periciadas imagens recentes de brigas ocorridas nos locais. A operação apreendeu ainda documentos dos sócios das boates e das empresas de segurança que atuam nos estabelecimentos. Os agentes encontraram homens trabalhando como seguranças, sem formação profissional para exercer a atividade. Segundo o MP, um dos vigilantes admitiu ter convidado um amigo, não habilitado, para atuar como “segurança velado”. A Polícia Federal vai abrir um processo administrativo, a fim de exigir a regularização das equipes. O Corpo de Bombeiros encontrou problemas em instalações elétricas e geradores. Na Pink Elephant, havia extintores com o prazo de validade venci- do. Jovens com menos de 18 anos, que estavam na fila de entrada da boate, foram impedidos de entrar, após a chegada dos agentes. Já na Vitrinni, os agentes identificaram alteração no projeto arquitetônico licenciado. Procurados pelo GLOBO, representantes das três boates não retornaram as ligações. l Câmeras registraram imagens de Rian Brito Neto de Chico Anysio saiu de shopping e pegou táxi no dia do desaparecimento Imagens de câmeras de segurança, obtidas pela Polícia Civil, mostram Rian Brito de Oliveira Paula, de 25 anos, neto de Chico Anysio, saindo do Shopping Fashion Mall, em São Conrado, na última terça-feira, dia em que desapareceu. Na cena, registrada às 13h20m, o jovem entra num táxi, em frente à entrada principal. A polícia tenta agora identificar quem seria o taxista. A mãe de Rian Brito, a atriz Márcia Brito, contou anteontem que a polícia já tem pistas sobre o paradeiro de seu filho, mas que as novidades ainda não podem ser reveladas. — Eu não posso falar tudo porque a polícia pediu sigilo, mas posto nas redes sociais a cada minuto o que a gente está vivendo. A única coisa que eu posso dizer é que as coisas (as informações) me tranquilizaram. Isso me deu uma certa alegria, uma esperança e um conforto — desabafou a atriz. Márcia disse ainda que, inicialmente, chegou a pensar em procurar o filho por conta própria. — Eu ia procurá-lo sozinha. Comprei até um megafone para poder sair (e ir) à luta. JOVEM FEZ SAQUE NO BANCO A delegada Elen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), disse que foi instaurado um inquérito para apurar o caso. Agentes da unidade estão realizando diligências para localizar o paradeiro de Rian. Testemunhas e parentes também foram ouvidos. O pai de Rian, o ator Nizo Neto, disse que, no dia do desaparecimento, ele não chegou a ir à aula da autoescola, como estava previsto, e que o filho teria sacado dinheiro no banco, mas não informou o valor. l Segunda-feira 29 .2 .2016 O GLOBO Economia MICHEL FILHO MICHEL FILHO Legislação trabalhista l 13 Você investe PÁG. 14 PÁG. 15 FLEXIBILIZAÇÃO DE DIREITOS É POLÊMICA PETROBRAS ENTRA NO RITMO DO MERCADO Mudanças propostas pelo ministro Ives Gandra Filho (foto) dividem parlamentares, trabalhadores e empresários Acionista da estatal já pode olhar mais para preço do petróleo do que para noticiário, analisa Raphael Figueredo (foto) APERTO NO ORÇAMENTO Sem sobra para gastar _ Capacidade de as famílias realizarem novas compras caiu à metade em apenas um ano FOTOS DE CUSTÓDIO COIMBRA DAIANE COSTA [email protected] A inflação, os juros altos e o desemprego estão corroendo os salários e fazendo sobrar cada vez menos dinheiro no orçamento das famílias. Em apenas um ano, esse valor caiu pela metade em média, e o recuo foi maior nos domicílios mais pobres, revela estudo do Santander obtido com exclusividade pelo GLOBO. De acordo com o levantamento, nas casas com renda entre R$ 6 mil e R$ 12 mil, a parcela mensal que sobra após o pagamento de todas as despesas fixas passou de R$ 2.856,22 em 2014 para R$ 2.057,75 no ano passado, uma queda de 28%. Já entre as famílias que ganham até R$ 1.500, essa fatia caiu de R$ 116,38 para R$ 47,86, perda de 59%. Significa dizer que mesmo parcelando o pagamento em 36 meses, esse lar de renda menor não poderia fazer uma compra com valor total maior do que R$ 1.723. Essa falta de dinheiro para novas aquisições, também chamada de capacidade de endividamento, atingiu em cheio setores que dependem da renda e do acesso facilitado ao crédito para crescer, como a indústria automotiva, a construção civil e o comércio de bens duráveis, contribuindo para aprofundar ainda mais o ambiente recessivo. Não sem motivo, a produção industrial do país caiu 8,3% no ano passado, a do setor automotivo encolheu 25,9% e a da construção civil, 13%. — A queda na capacidade de endividamento ocorre porque os salários têm subido menos do que o custo de vida e, como as taxas de juros devem continuar em um patamar elevado, a tendência é que caia ainda mais — explica o economista Éverton Gomes, autor do estudo. Para Luiz Roberto Cunha, economista e professor da PUCRio, é um ciclo que se retroalimenta: — A indústria e o comércio se programaram para atender a uma demanda elevada, que tinha renda em crescimento e crédito com juros baixos e acessível nos anos anteriores. Agora, são castigados por um movimento contrário. Em vez de um círculo virtuoso, temos um círculo vicioso na economia, com a Luiz Roberto Cunha recessão causando Economista a queda na capacidade de endividamento e essa queda aumentando a recessão e travando o crescimento. Segundo o autor do estudo, o efeito é mais forte nas faixas de renda mais baixas porque elas são as mais atingidas pelas demissões e queda dos salários e, normalmente, já têm pouca sobra quando descontados os gastos essenciais com alimentação, transporte, energia e gás: — Qualquer aumento de custo consome um percentual muito elevado dessa sobra. Crédito caro. Luciano foi roubado e precisa comprar dois celulares, mas os juros altos dificultam o negócio. Seu salário depende de comissão e caiu em R$ 1 mil em 2015 PERDA DE PODER DE COMPRA QUANTO CADA FAMÍLIA TEM LIVRE POR MÊS (R$) “Temos um círculo vicioso com a recessão causando queda na capacidade de endividamento e essa queda aumentando a recessão” PREÇO DOS ALIMENTOS PRESSIONA Andre Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, acrescenta que o impacto é mais forte sobre quem ganha menos porque essas famílias comprometem a maior parte da sua renda com alimentos, que tiveram alta de 12,03% em 2015, acima da inflação média geral, que ficou em 10,67%: — Com a inflação dos alimentos alta, o orçamento ficou comprometido com algo que já é básico. As famílias ficam na parede e não têm de onde tirar dinheiro porque tomar crédito está complicado em razão dos juros altos. Acabam perdendo qualidade de vida, optando por alimentos mais simples, comendo menos proteína e saindo menos para atividades de lazer. Essa é a nova realidade na casa do balconista Luciano da Silva Souza, de 38 anos, que mora com a mulher e o filho de 12 anos na Rocinha. No ano passado, a queda nas vendas na drogaria onde trabalha derrubou em cerca de R$ 1 mil seu salário, que depende de comissões, para um total Faixa salarial 0 2011 2012 2013 2014 ATÉ 1.500 114,13 113,86 116,38 2015 81,66 47,86 1.500 A 6.000 769,72 734,77 764,13 615,19 482,38 Sem supérfluos. Temendo demissão, a analista de sistemas Ana Carla Rezende cortou gastos não essenciais de R$ 2 mil. A mulher, que não trabalhava, passou a cuidar de idosos, e eles reduziram as refeições fora de casa de quatro para uma por mês. Para piorar a situação, os celulares dele e do filho foram roubados. Na última sexta-feira, Luciano tirou a tarde para pesquisar preços de aparelhos: — Está tudo muito caro. A maioria dos parcelamentos têm juros. Antes não era assim. Estou vendo que vou poder comprar só o meu. O do meu filho, só se minha esposa pagar a metade. No mesmo dia, a copeira Geovania dos Santos de Andrade, 43, buscava nas lojas do Centro do Rio um home theater. Desistiu da compra depois de poucas horas de pesquisa. — Não vai ter como comprar. Como as redes são as mesmas, aqui ou em Cascadura (onde mora) os preços são os mesmos. Está muito caro. Estou há dois anos sem ganhar aumento, e meu salário tem ido todo em aluguel, alimentação e energia — conta Geovania, que tem renda mensal de R$ 1,4 mil. Cunha critica a forma como a maioria dos consumidores decide pelo parcelamento: — A pessoa que vai comprar em dez vezes se habituou a olhar o valor da prestação e não do total da compra. É uma lógica de consumo muito dramática, que leva a um maior endividamento quando as condições são desfavoráveis. Por usar essa lógica, a cuidadora Adriana Fran- ça, 57 anos, pagou mais de R$ 500 em juros ao comprar um celular que, à vista, saía por R$ 1.500: — Eram parcelas de R$ 150. Eu podia pagar, mas as prestações não acabavam. Nunca mais compro a prazo. O problema é que gente que ganha pouco como eu (em torno de R$ 1,9 mil) ou parcela, ou não compra. E com meu salário indo todo no supermercado, porque está tudo caro, não sobra mais para nada. FREIO NAS COMPRAS Braz diz que as famílias precisar ser educadas: — É necessária uma política para educar as famílias a usarem o dinheiro do seu orçamento. Quando o crédito está barato, não dá para sair financiando tudo. É preciso ter um plano de gastos. Não é saudável que se endivide ao máximo porque, em qualquer tropeço, ela perde sua capacidade de pagamento. Apesar da renda quatro vezes maior do que a média nas metrópoles, estimada pelo IBGE em R$ 2.242,90 em janeiro, a analista de sistemas Ana Carla Rezende Rodrigues, 38, também pisou no freio das compras. — Sou separada e tenho de pagar escola para meus dois filhos (de 8 e 11 anos). Como não sei se estarei empregada amanhã, cortei o que é supérfluo e não parcelo nada por causa dos juros. l 6.000 A 12.000 2.854,41 2.766,63 2.856,22 2.321,58 ACIMA DE 12.000 8.401,97 Fonte: Santander 2.057,75 10.217,77 9979,19 10.255,5 7.878,19 Editoria de Arte 14 l O GLOBO l Economia l Segunda-feira 29 .2 .2016 Sem consenso sobre proposta de flexibilizar as leis trabalhistas [email protected] GEORGE VIDOR Ideia defendida pelo presidente do TST divide patrões e empregados GIVALDO BARBOSA ISABEL BRAGA | | Alívio O Senado surpreendeu na decisão do pré-sal e pode ser que agora Congresso aprove reformas A aprovação, pelo Senado, do projeto de lei que muda regras de exploração de futuros campos do pré-sal – originalmente de autoria do senador José Serra – serviu como um pequeno sopro de esperança no quadro confuso em que o Brasil se encontra. Se a Câmara mantiver a essência do projeto, a Petrobras estará desobrigada de ser operadora desses campos, e nem terá que se comprometer com uma participação de 30% nos consórcios vencedores dos leilões. A estatal continuará com a prerrogativa de ser operadora e participante dos consórcios, mas se isso lhe convier, e não mais por obrigação. O que faz todo sentido, mesmo em um modelo intervencionista. O alívio não é por conta da possibilidade de o Brasil vir a receber mais investimentos na área do petróleo durante o período — quatro, cinco, dez anos? — que a Petrobras continuará tentando se reabilitar. É também porque, mesmo com o governo enfraquecido, e com as lideranças aparentemente desnorteadas, o Congresso demonstrou que não é ainda uma nau sem rumo. A decisão do pré-sal no Senado foi um pingo de ânimo em relação às reformas que estão entrando na pauta do legislativo, como a da previdência, a que estabelece limites para expansão dos gastos públicos e a recomposição de dívidas de entes federativos com a União. Não parece mais impossível que sejam aprovadas. _ Meio esquecido A produção de açúcar e álcool da região Centro-Sul deve bater recorde na safra que começa este ano, mas não se espera que o setor venha a aumentar a sua contribuição para a geração de eletricidade (a queima do bagaço da cana, da palha ou o do gás de vinhaça nas caldeiras das usinas produzem um vapor excedente capaz de movimentar turbinas e geradores de eletricidade). Em 2008, trinta projetos chegaram a ser aprovados nos leilões de energia nova. No ano passado, apenas três. Das 355 usinas que produzem açúcar e álcool, 180 “exportam” eletricidade excedente, geralmente para mercados consumidores próximos, o que não exige investimentos significativos em linhas de transmissão. As usinas que não geram energia excedente teriam de passar por reformas e investir em equipamentos. Presume-se que o setor como um todo poderia gerar eletricidade equivalente a duas usinas de Itaipu. No ano passado, a geração correspondeu a 25% de uma Itaipu. Além de leilões regulares para entrega de energia daqui a três ou cinco anos, o governo promove leilões de energia de reserva. Ultimamente têm sido destinados à energia eólica ou solar. A biomassa — igualmente limpa e renovável — ficou de fora. A bioeletricidade tem ligeira vantagem sobre as outras. É mais previsível. Não depende de vento ou da insolação. Durante a safra é possível estimar o que deverá ser gerado. Mas gerar eletricidade não é o principal negócio de uma usina que produz açúcar e álcool. É um investimento adicional que precisa ser compensador. Porém, mais do que isso, como se trata de investimento complementar, e em um setor que tem enfrentado problemas financeiros, o que os especialistas consideram mais importante é um arcabouço institucional que dê segurança ao segmento. Semana passada, o grupo Cosan, um dos maiores do setor, fechou acordo com os japoneses para exportar bagaço e palha de cana prensados. Servirão como matéria-prima para termoelétricas no exterior... _ Inovação É pela inovação que muitas empresas têm conseguido driblar a crise, crescer e aparecer. Esse parece ser o caso da WebRadar, criada em 2008, a partir de uma ideia de Adriano Lima, que fora por dez anos diretor da engenharia da Claro. Naquele ano, Adriano tomou uma decisão arriscada. Trocou um salário razoável por uma ideia, e em um momento que as finanças da família precisavam de reforço, com filhos pequenos para criar. Como executivo de uma grande operadora, percebera que o grande volume de informações gerados pelas reclamações dos clientes não chegavam aos escalões decisivos da companhia em tempo ou nas condições que permitissem a correção apropriada. Foi assim que, acompanhado de um sócio mais experiente, montou um sistema que hoje permite à WebRadar processar e decodificar um bilhão de novos registros por hora. Por meio deles é que as operadoras de telecomunicações sabem se seu sinal está sendo bem recebido em cada lugar por onde passam caminhões de diferentes frotas, por exemplo. A WebRadar mescla informações das áreas de transporte, energia e telecomunicações. Fabricantes e empresas americanas de software do porte da Intel, da Citrix e agora da Qualcomm se tornaram sócias. Como a WebRadar vem se enfronhando cada vez na chamada internet das coisas (IoT), sua atividade leva a mais contratação de equipamentos e software. 60% do faturamento da empresa são provenientes do exterior (América do Sul, México, Estados Unidos, Canadá e Itália). _ “Blitze” O IPVA é, no momento, um dos tributos que tiram Estados e prefeituras do sufoco. Por isso, vêm aumentando as batidas policiais nas ruas para verificar quem está em dia com o imposto. l oglobo.globo.com/ blogs/vidor AÍLTON DE FREITAS [email protected] RONALDO D'ERCOLE [email protected]. -BRASÍLIA E SÃO PAULO -A tese de que as negociações entre patrões e empregados devem prevalecer sobre o garantido em lei, defendida pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Filho, em entrevista exclusiva publicada ontem no GLOBO, encontra eco na Confederação Nacional da Indústria (CNI), representante dos empresários, e em parlamentares da oposição e de alguns partidos da base aliada, mas é criticada por dirigentes das centrais sindicais e representantes do PT, partido da presidente Dilma Rousseff. Na entrevista, Gandra Filho também afirma que a Justiça do Trabalho é muito paternalista. O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), diz que respeita, mas discorda. — A solução para a crise não pode ser precarizar o trabalho. Discordo que a Justiça trabalhista brasileira seja paternalista. Acho que ela preserva direitos. Claro que podemos ter mudanças na lei, mas a solução não é reduzir direitos trabalhistas e sim fazer com que o rico pague imposto e permitir a retomada dos investimentos públicos e privados — disse o petista. — Discordamos da solução que ele apresenta de redução de direitos. Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a reflexão de Gandra Filho contribui para ajudar os trabalhadores neste momento de crise econômica. Reflexão. Antonio Imbassahy: “Mudança deve ser analisada” — No regime presidencialista, cabe ao governo a iniciativa do debate e da apresentação de propostas de reformas estruturantes, inclusive a reforma trabalhista comentada pelo presidente do TST. Nesse momento de crise, tudo o que for necessário para reduzir a tragédia do desemprego deve ser examinado e aprovado, sem atingir direitos trabalhistas — afirmou Imbassahy. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende a valorização da negociação coletiva entre patrões e empregados. — A experiência de países como a Alemanha na crise de 2008 mostra que a negociação coletiva pode ser um importante instrumento para minimizar os impactos da crise sobre o mercado de Crítica. Afonso Florence: “Não se pode reduzir direitos” trabalho. A negociação permite que empresas e trabalhadores ajustem as condições de trabalho, de acordo com a conjuntura nacional, por tempo determinado, e contribui com a manutenção de empregos — afirma a gerente-executiva de Relações de Trabalho da CNI, Sylvia Lorena. Já dirigentes das centrais sindicais do país veem as propostas com reservas, exatamente por serem apresentadas num momento difícil para os trabalhadores. — Discutir qualquer reforma numa crise é complicado. Essas posições mais liberais não vão prosperar e haverá oposição das centrais sindicais — diz o deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira, o Paulinho. Para o presidente da União Ge- ral dos Trabalhadores, Ricardo Patah, o momento é inoportuno: — Colocar as teses que o ministro Gandra defende traz mais vulnerabilidade e pode resultar em perda de direitos do trabalhador. Por que não se colocou em debate essas ideias, quando o país vivia em condição de pleno emprego? — questiona Patah. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) comenta que, na regulamentação do trabalho do empregado doméstico, o Congresso avançou na flexibilização de regras, como a possibilidade de o trabalhador reduzir o horário do almoço e sair mais cedo do trabalho e ir para sua casa: — São ações que ajudam a preservar a sustentabilidade do emprego. l Petroleiras vão ao STF contra novas taxas no Rio Para empresas, duas leis sancionadas por Pezão são inconstitucionais RAMONA ORDOÑEZ [email protected] As multinacionais de petróleo que atuam no Brasil estão dispostas a recorrer a todas as instâncias da Justiça contra duas novas leis estaduais que aumentam a tributação das atividades no Estado do Rio de Janeiro. A Associação Brasileira de Exploração e Produção de Petróleo(Abep), que reúne as petroleiras responsáveis por 90% da produção total do país, apresenta hoje duas Adins (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a cobrança do ICMS na extração de petróleo e a criação da taxa de fiscalização e controle ambiental. As duas leis foram sancionadas pelo governador Luiz Fernando Pezão, em 30 de dezembro do ano passado. — Esses tributos, além de inconstitucionais, têm um impacto tão grande na atividade que simplesmente inviabiliza o setor de petróleo com consequências que vão além do Estado do Rio — destacou Guimarães. Semana passada, Shell/BG, Statoil, Chevron, Repsol, Petrogal e Sinopec já haviam entrado, juntas, com duas ações no Tribunal de Justiça do Rio. O escritório Sacha Calmon, que representa a Abep, argumenta que de acordo com a Constituição o petróleo é o único produto cuja taxação ocorre no destino, não na origem (onde foi produzido). E que o imposto é cobrado sobre a circulação de mercadorias, e o petróleo produzido não chegou a circular. As duas devem entrar em vigor dia 30 de março, mas antes precisam ser regulamentadas. l l Economia l Segunda-feira 29 .2 .2016 Petrobras volta a acompanhar petróleo na Bolsa O GLOBO l 15 Você investe FIM DO DESCASAMENTO PAPÉIS DA COMPANIA COMEÇAM A SEGUIR OSCILAÇÃO DA ‘COMMODITY’ 14,38 COTAÇÃO DO PETRÓLEO, EM US$ AÇÕES DA PETROBRÁS, EM R$ 5/mai 90 14 80 12 10,02 70 10 60 Segundo analistas, venda de ativos e pré-sal reaproximam estatal da curva do produto 27,88 67,77 20/jan 6/mai 50 8 35,10 57,33 40 6 RENNAN SETTI [email protected] As últimas semanas lembraram aos investidores da Petrobras um fato quase esquecido: a estatal é uma petrolífera. Durante dois anos, graças ao turbilhão da Operação Lava-Jato, os papéis da companhia foram jogados em uma ciranda política, reagindo muito mais a notícias procedentes de Brasília e Curitiba do que à geopolítica do Oriente Médio. Embora a sensibilidade aos trâmites do poder nunca vá abandonar a estatal por completo, analistas são unânimes em afirmar que, nesse início de 2016, o que deu o tom ao comportamento da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi a montanha-russa da cotação da commodity. A correlação mais acentuada entre o comportamento da Petrobras na Bolsa e a curva do petróleo se confirma nos números. O analista gráfico da corretora Clear Raphael Figueredo constatou, em estudo feito a pedido do GLOBO, um salto no nível de “relacionamento” entre as duas variáveis este ano, na comparação com o mesmo período de 2015. Em uma escala de 0 a 1, a correlação entre as cotações foi de 0,52 este ano. No início do ano passado, era de apenas 0,03. Quanto mais próximo de 1, mais forte é a relação. — Isso significa que 52% da variação do preço do petróleo tiveram impacto sobre as ações da Petrobras este ano. Em 2015, a influência era quase nenhuma! — afirma o analista. ‘A EMPRESA ESTAVA LARGADA’ Figueredo utilizou como parâmetros a ação preferencial da Petrobras (sem direito a voto), que é a mais negociada na Bolsa, e o barril de petróleo do tipo WTI, negociado em Nova York. Apesar de a Petrobras usar como referência o Brent, o analista ressaltou que a curva de evolução dos dois tipos de óleo é praticamente igual. O estudo considerou, para os dois anos, as cotações até 23 de fevereiro e apenas dos dias em que houve negociação tanto do WTI como dos papéis da Petrobras. O analista lembra que, no começo de 2015, a petrolífera se encontrava em um grande impasse. Em primeiro lugar, a companhia ainda não havia publicado o CENÁRIO AINDA INCERTO PARA O BARRIL Hoje, tanto a Petrobras como o petróleo estão em um outro momento, o que explicaria uma correlação maior entre os dois. Primeiro porque, este ano, a commodity se tornou o centro das ansiedades dos investidores de todo o mundo, não só dos acionistas da Petrobras. Em um sintoma do crescente temor quanto à economia global e ao excesso de oferta de petróleo, em 20 de janeiro, o barril do tipo Brent ficou abaixo dos US$ 28 pela primeira vez desde 2003. Thiago Biscuola, economista da RC Consultores, observa que o fim do ciclo de incentivo monetário nos EUA no último ano valorizou o dólar, o que também acabou depreciando as commodities. Em fevereiro, Arábia Saudita, Rússia, Qatar e Venezuela concordaram em congelar sua produção de petróleo no patamar de janeiro, desde que outros países façam o mesmo, o que proporcionou uma certa recuperação nos preços. O governo russo afirmou que a medida entraria em vigor amanhã, 1º de março. Biscuola, no entanto, acha pouco provável que isso se concretize plenamente: — O mercado está mais pulverizado. Se você deixa de produzir, alguém vai vender no seu lugar. Os EUA ainda vão virar ex- | HOJE - BALANÇA: O ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) informa às 15h os resultados da balança comercial referentes à semana passada 23/02 0,1817% 24/02 0,1544% 25/02 0,1692% Selic: 14,25% Correção da Poupança Até 03/05/12 11/03 12/03 13/03 14/03 15/03 16/03 17/03 18/03 19/03 20/03 21/03 22/03 23/03 24/03 25/03 A partir de 04/05/12 ÍNDICE 0,6918% 0,6841% 0,6456% 0,6456% 0,6678% 0,6949% 0,6612% 0,6689% 0,6702% 0,6279% 0,6279% 0,6936% 0,6826% 0,6552% 0,6700% DIA 11/03 12/03 13/03 14/03 15/03 16/03 17/03 18/03 19/03 20/03 21/03 22/03 23/03 24/03 25/03 ÍNDICE 0,6918% 0,6841% 0,6456% 0,6456% 0,6678% 0,6949% 0,6612% 0,6689% 0,6702% 0,6279% 0,6279% 0,6936% 0,6826% 0,6552% 0,6700% Obs: Segundo norma do Banco Central, os rendimentos dos dias 29, 30 e 31 correspondem ao dia 1º do mês subsequente. Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro -8,33% -3,36% +1,8% -1,63% -3,9% -6,79% R$ 788 R$ 788 R$ 788 R$ 788 R$ 788 R$ 880 R$ 953,47 R$ 953,47 R$ 953,47 R$ 953,47 R$ 953,47 R$ 953,47 Obs: * O valor do salário mínimo a partir de 1º de janeiro de 2016 é de R$ 880. ** Piso para empregado doméstico, entre outros. IMPOSTO DE RENDA IR NA FONTE FEVEREIRO 2016 Base de cálculo R$ 1.903,98 De R$ 1.903,99 a 2.826,65 De R$ 2.826,66 a 3.751,05 De R$ 3.751,06 a 4.664,68 Acima de R$ 4.664,68 4,20 20 20/jan JAN.2015 Alíquota Parcela a deduzir Isento 7,5% 15% 22,5% 27,5% — R$ 142,80 R$ 354,80 R$ 636,13 R$ 869,36 Deduções: a) R$ 189,59 por dependente; b) dedução especial para aposentados, pensionistas e transferidos para a reserva remunerada com 65 anos ou mais: R$ 1.903,98; c) contribuição mensal à Previdência Social; d) pensão alimentícia paga devido a acordo ou sentença judicial. Obs: Para calcular o imposto a pagar, aplique a alíquota e deduza a parcela correspondente à faixa. Esta nova tabela só vale para o recolhimento do IRPF este ano. O parcelamento do IRPF de 2015 foi encerrado em 30 de novembro. ABR. MAI. JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. Obs: Percentuais incidentes de forma não cumulativa (artigo 22 do regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social). Trabalhador autônomo Para o contribuinte individual e facultativo, o valor da contribuição deverá ser de 20% do salário-base. Contribuição mensal mínima de R$ 176,00 (para o piso de R$ 880,00) e máxima de R$ 1.037,96 (para o teto de R$ 5.189,82) UFIR/RJ Fevereiro R$ 3,0023 3/3 - PIB: O IBGE divulga, às 9h, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2015. Analistas estimam contração de 3,7% no ano e de 5,9% no quarto trimestre IPCA (IBGE) (12/93=100) Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro 4346,65 4370,12 4405,95 4450,45 4493,17 4550,23 Obs: A Unif foi extinta em 1996. Cada Unif vale 25,08 Ufir (também extinta). Para calcular o valor a ser pago, multiplique o número de Unifs por 25,08 e depois pelo último valor da Ufir (R$ 1,0641). (1 Uferj = 44,2655 Ufir-RJ) No mês No ano Últ. 12meses 0,22% 7,06% 0,54% 7,64% 0,82% 8,52% 1,01% 9,62% 0,96% 10,67% 1,27% 1,27 % 9,53% 9,49% 9,93% 10,48% 10,67% 10,71% IGP-M (FGV) Índice Variações percentuais (8/94=100) Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro 593,606 604,832 614,051 617,044 624,060 632,114 No mês No ano Últ. 12meses 0,95% 6,34% 1,89% 8,35% 1,52% 10,00% 0,49% 10,54% 1,14% 1,14% 1,29% 2,44% 8,35% 10,09% 10,69% 10,54% 10,95% 12,08% IGP-DI (FGV) Índice Variações percentuais Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro BENEFÍCIO PARA O INVESTIDOR A questão da viabilidade é mais preponderante que o fato de a Petrobras ganhar muito hoje com a venda de combustível dentro do Brasil, cujo preço não foi reduzido após o tombo da commodity. Segundo Biscuola, a gasolina pura no Brasil custa 40% a mais que nos EUA. Em meados de 2014, quando o petróleo valia mais de US$ 100 e o governo não reajustava a gasolina a fim de segurar a inflação, a Petrobras vendia mais barato do que comprava. — Se ela se beneficia da conta do abastecimento, que agora se inverteu, por outro lado a receita da empresa em dólar fica prejudicada no lado das exportações de petróleo — pondera Biscuola. Para o investidor, diz Figueredo, da Clear, uma maior correlação entre a Petrobras e o petróleo é benéfica. Segundo ele, a relação atual segue as de outras petrolíferas, como Chevron e Shell. Dessa forma, o acionista pode tomar decisões mais baseadas no contexto petrolífero global do que no noticiário político. — Estar mais sensível ao petróleo é positivo até para a própria Petrobras, o que não significa que vai resolver o problema dela. É uma empresa extremamente endividada que precisa vender ativos. Mas o mercado ainda enxerga muita dificuldade nisso — diz o analista. l 581,618 589,897 600,269 607,441 610,128 619,476 3/3 - EUA: O Departamento de Trabalho dos EUA informa o número de pedidos de seguro-desemprego no país na última semana. A estimativa é de 270 mil, contra 272 mil na semana anterior 4/3 - INDÚSTRIA: O IBGE divulga às 9h o desempenho da produção industrial do país em janeiro. Em base anual, economistas esperam uma contração de 14,8% no setor CÂMBIO BOLSA DE VALORES: Informações sobre cotações diárias de ações e evolução dos índices Ibovespa e IVBX-2 podem ser obtidas no site da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), www.bovespa.com.br CDB/CDI/TBF: As taxas de CDB e CDI podem ser consultadas nos sites de Anbima (www.anbima.com.br) e Cetip (www.cetip.com.br). A Taxa Básica Financeira (TBF) está disponível no site do Banco Central (www.bc.gov.br). Para visualizá-la, clicar em “Economia e finanças” e, posteriormente, em “Séries temporais” FUNDOS DE INVESTIMENTO: Informações disponíveis no site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), www.anbima.com.br. Clicar em “Fundos de investimento” IDTR: Pode ser consultado no site da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), www.fenaseg.org.br. Clicar na barra “Serviços” e, posteriormente, em FAJ-TR. Selecionar o ano e o mês desejados ÍNDICE DE PREÇOS: Outros indicadores podem ser consultados nos sites da Fundação Getulio Vargas (FGV, www.fgv.br), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, www.ibge.gov.br) e da Anbima (www.anbima.com.br) DÓLAR Índice Variações percentuais (8/94=100) UNIF 4 FEV. | INFLAÇÃO Alíquota (%) 8 9 11 4,87 JAN.2016 vidamento. A pressão sobre o valor do barril dificulta a geração de caixa com a venda desses ativos — diz Piagentini. Biscuola, da RC, acrescenta que também é preponderante para a Petrobras a viabilidade dos projetos de exploração, sobretudo os do pré-sal, que acabam sendo comprometidos pela queda da commodity. Segundo Piagentini, a exploração do pré-sal se paga com o barril de óleo equivalente pelo menos acima dos US$ 45 (embora a tendência, no futuro, é que esse custo diminua). Hoje, o Brent está na casa dos US$ 35, e o WTI, na dos US$ 32. portadores, por exemplo. O petróleo está buscando um patamar, mas deve ficar pelos US$ 30 ou US$ 40 a médio prazo. Para Bruno Piagentini, da Coinvalores, isso dificulta a venda de ativos pela Petrobras. O objetivo era vender US$ 15,1 bilhões entre 2015 e 2016, mas, até agora, só foram US$ 700 milhões. — Para a Petrobras, o preço do petróleo se tornou preponderante, porque a venda de ativos que a companhia está promovendo é parte central em sua estratégia para reduzir seu imenso endi- Fique de olho Salário de contribuição (R$) Até 1.556,94 de 1.556,95 a 2.594,92 de 2.594,93 a 5.189,82 DEZ. Editoria de Arte Mudança. Raphael Figueredo, da corretora Clear: “Estar mais sensível ao petróleo é positivo até para a própria Petrobras” Trabalhador assalariado Fevereiro R$ 1,0641 Obs: foi extinta MAR. EDILSON DANTAS 2/3 - SELIC: O Comitê de Política Monetária (Copom) informa sua decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic, para os próximos 45 dias. Economistas esperam manutenção em 14,25% ao ano UFIR FEV. Fonte: Bloomberg INSS/FEVEREIRO BOVESPA SAL. MÍNIMO SAL. MÍNIMO (FEDERAL)* (RJ)** TR DIA AMANHÃ - GERDAU: A maior siderúrgica brasileira divulga, antes da abertura do mercado, balanço financeiro referente ao último trimestre de 2015, com os números fechados para o ano ÍNDICES Indicadores 30 balanço financeiro auditado referente ao terceiro trimestre de 2014. Após dois adiamentos, a Petrobras frustrou o mercado ao divulgar, no fim de janeiro, números que não contabilizavam as perdas com corrupção e não tinham o aval da auditora PwC (o documento auditado só viria em abril). A então presidente da petrolífera, Graça Foster, enfrentava diariamente rumores de que deixaria o cargo — o que ocorreu no início de fevereiro. Alguns dias depois, Aldemir Bendine foi recebido com desconfiança pelos investidores por ter vindo de outra estatal, o Banco do Brasil. — A empresa estava largada. Isso afastou os investidores, sobretudo os estrangeiros. Além disso, a Petrobras tinha premissas de preço para o petróleo congeladas, em descompasso com o mercado — acrescenta Figueredo. — Tudo isso fez com que a Petrobras operasse praticamente fora do contexto para o petróleo naquela época. No mês No ano Últ. 12meses 0,40% 5,53% 1,42% 7,03% 1,76% 8,91% 1,19% 10,21% 0,44% 10,70% 1,53% 1,53% 7,80% 9,31% 10,58% 10,64% 10,70% 11,65% Dólar comercial (taxa Ptax) Paralelo (São Paulo/CMA) Diferença entre paralelo e comercial Dólar-turismo esp. (Banco do Brasil) Dólar-turismo esp. (Bradesco) EURO Euro comercial (taxa Ptax) Euro-turismo esp. (Banco do Brasil) Euro-turismo esp. (Bradesco) Compra R$ Venda R$ 3,9571 3,80 -3,97% 3,91 3,9578 4,15 4,85% 4,09 3,77 4,20 Compra R$ Venda R$ 4,3235 4,2677 4,15 4,3247 4,4733 4,63 OUTRAS MOEDAS Cotações para venda ao público (em R$) Franco suíço Iene japonês Libra esterlina Peso argentino Yuan chinês Peso chileno Peso mexicano Dólar canadense 4,00486 0,0350704 5,53797 0,258997 0,610931 0,00576042 0,218973 2,95560 FONTE: MERCADO Obs: As cotações de outras moedas estrangeiras podem ser consultadas nos sites www.xe.com/ucc e www.oanda.com. 16 l O GLOBO Segunda-feira 29 .2 .2016 Mundo PRIMÁRIAS NOS EUA Maratona decisiva _ Divisão de eleitores fica clara na Virgínia, um dos 12 estados que escolhem candidatos na Super Terça HENRIQUE GOMES BATISTA Enviado especial [email protected] Se as quatro primárias de fevereiro serviram de peneira e para empolgar eleitores, apoiadores e doadores, agora é a hora de contar os delegados que votam na nomeação do candidato de cada partido, nas convenções de julho, definindo os postulantes à presidência dos EUA na eleição de novembro. Somente amanhã, quando ocorre a chamada Super Terça, eleitores de doze estados escolhem seus candidatos. Hillary Clinton, do lado democrata, e Donald Trump, no campo republicano, são os favoritos na disputa. Mas questões regionais podem afetar o voto dos eleitores e mudar a matemática dos delegados. As diferenças ficam muito visíveis na Virgínia, com 8,3 milhões de habitantes e sem campo ideológico claro. Desde o ano 2000, o vencedor no estado foi à Casa Branca, indicando a importância deste “swing state”. Em profunda mudança demográfica, o Norte da Virgínia, vizinha de Washington, é influenciado pela capital americana e tende a ser democrata. O restante, culturalmente mais próximo ao Sul, aceita melhor candidatos republicanos. Mas, em uma distância de 50 quilômetros, vai-se de uma cidade predominantemente democrata (Richmond, a capital) a outra que historicamente dá mais de 70% dos votos a republicanos (Powhatan). — Aqui somos democratas em sua maioria, e seguimos com Hillary. O argumento de Bernie Sanders empolga apenas na Nova Inglaterra (Noroeste). Ainda somos gratos ao governo de Bill Clinton e apreciamos a atuação de Hillary como secretária de Estado — afirma Ann Lloyd, voluntária da campanha democrata em Richmond. — Até pensei em votar Sanders. Todas as minhas colegas falavam dele, mas, quando soube que ele é socialista, desisti. Conversei muito com minha família e vou votar em Ted Cruz. Ele é realmente um conservador, defende o que achamos importante — comenta Carly Gardner, de 23 anos, moradora de Powhatan. -RICHMOND E POWHATAN (EUA)- MUDANÇA DE ESTRATÉGIA A campanha agora também muda de escala. Se nos quatro primeiros estados (Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul) os candidatos dedicaram-se a um contato direto com os eleitores, agora a tentativa é de convencimento em massa. Nestes estados não há um engajamento da população como visto nos que deram início ao processo político. As casas e ruas das principais cidades da Virgínia, por exemplo, não lembram que a votação das primárias ocorre amanhã, enquanto nos outros estados a propaganda eleitoral era onipresente. — Não me empolgo com as eleições, sempre votamos, e nunca muda nada — critica Remmy Montego, de Richmond, exemplificando a baixa participação nas primárias no estado, que pode chegar a 15% dos eleitores registrados, segundo estimativas locais. Mas a força de Hillary e de Trump nas pesquisas pode ser um motivador extra para a ampliação da participação popular. Embora com claro clima de desânimo ontem cedo, após a forte vitória da ex-secretária de Estado na Carolina do Sul, o comitê de Sanders em Richmond estava cheio de voluntários que lutavam para reverter o jogo — as pesquisas indicam vitória de Hillary por 20 pontos no estado. No campo republicano, mesmo apoiadores do polêmico bilionário começavam a pensar em alternativas mais viáveis: — Gosto de Trump, acho que ele fala a verdade, e gosto de ele ser um homem de negócios, que não depende de ninguém, e que defende um Estado mínimo. Mas temo que ele possa perder para Hillary, então estou pensando em votar em Marco Rubio — pondera o empresário Evan Williams, de 67 anos, um entre as mais de cinco mil pessoas que lotavam um evento de Rubio ontem em Richmond. Em entrevista ao GLOBO, a cientista política Lara Brown, da George Washington University, resume o clima de decisão. — Tudo indica que a Super Terça, que sempre é importante, será ainda mais decisiva este ano, que começou com incertezas e surpresas em ambos os partidos. Se as pesquisas se confirmarem e Trump e Hillary ganharem na maior parte dos estados, os partidos poderão ter, já no dia 15, o nome praticamente certo do escolhido para enfrentar as urnas em novembro. l O QUE ESTÁ EM JOGO PARA DEMOCRATAS E REPUBLICANOS Força concentrada A situação dos delegados Doze estados escolhem nesta terça-feira seus candidatos para a Presidência dos EUA, num total maior do que qualquer outro dia do calendário eleitoral Nas primárias, candidatos conquistam delegados, que votam pela nomeação nas convenções de julho NÚMERO DE DELEGADOS POR ESTADO* Estados que participam da Superterça Democratas 53 Minnesota Alaska ** Vermont 32 Texas Minnesota 77 38 Alabama Geórgia 67 Oklahoma 42 38 43 Tennessee 58 Texas 222 Alasca 76 Massachusetts 91 Tennessee Arkansas 40 37 Georgia 102 Virgínia 50 28 Arkansas Colorado 66 Massachusetts Colorado Oklahoma Republicanos Alabama 155 Vermont * Não inclui superdelegados **Estes estados farão a escolha democrata em outra data Obs: Alguns territórios, como Samoa, realizam suas escolhas nesta terça até 8 de março. PARTIDO DEMOCRATA 16 95 16 Virginia 859 632 (18,9% do total) 49 (25,6% do total) COMO SÃO OS DELEGADOS Superdelegados representam 15% e podem fazer a diferença Partido Democrata Delegados conquistados até o momento NAS PRÉVIAS SUPERDELEGADOS*** TOTAL Hillary Clinton 91 453 544 20 85 Bernie Sanders 65 4.764 Total de delegados 2.383 Necessários para a indicação 712 Superdelegados ***Superdelegados que já declaram seus votos. Mas eles podem mudar de posição até a convenção de julho. PARTIDO REPUBLICANO (14,9% do total) Delegados conquistados até o momento Donald Trump Partido Republicano 82 Ted Cruz 17 Marco Rubio 16 2.472 Total de delegados 1.237 Necessários para a indicação 168 John Kasich 6 Superdelegados**** d t t l) ****Neste ano, os superdelegados são obrigados a seguirem os votos dos estados que pertencem na primeira votação da convenção nacional. Se nenhum candidato obtiver a maioria, alguns superdelegados podem ficar livres para votar em quem quiserem, dependendo da regra de cada estado. Ben Carson 4 Fontes: Realclearpolitics, partidos, CNN, New York Times e George Washington University Editoria de Arte Hillary e Trump têm chance de consolidar suas indicações HENRIQUE GOMES BATISTA ‘Campanha está só começando’, rebate democrata Sanders -RICHMOND, EUA- Se entre os republi- canos a outrora “zebra” Donald Trump se firma como favorito, no lado democrata, após um susto inicial, a lógica parece mais perto de se concretizar, com a provável nomeação de Hillary Clinton. Sua esmagadora vitória na Carolina do Sul, no sábado, deu a ela um alívio: obteve 73,5% dos votos, ou seja, quase o triplo do conquistado por Bernie Sanders (26%). Desta forma, Hillary e Trump chegam à Super Terça com três vitórias em quatro estados, cada um. — Amanhã, esta vitória será nacional — disse Hillary, em discurso na Carolina do Sul. Com esta conquista, Hillary fica na liderança na contagem dos delegados obtidos na votação popular: 90 a 65, desfazen- A primeira eleição. “Sempre apoiei Rubio. É um conservador moderno, com mais chances de vencer”, afirma Daniel Hammel, de 18 anos do o empate com Sanders, de 51 delegados para cada, que vigorava até sexta-feira. No total, ela amplia a vantagem, pois tem o apoio de 453 superdelegados (políticos que votam diretamente na convenção de julho), contra 20 de Sanders. Sanders minimizou a derrota e disse, em comunicado, que “a campanha está apenas come- çando”, lembrando que já teve grandes vitórias como em New Hampshire, quando bateu Hillary por 28 pontos percentuais. Porém, a maior parte dos estados que votarão no dia 1° de março são do Sul dos EUA, com forte presença de negros, assim como a Carolina do Sul, onde Hillary teve a histórica vitória por quase 50 pontos a mais sobre Sanders. SENADORES ATACAM MAGNATA No lado republicano, a disputa fica mais forte. Depois das vitórias de Trump, os ataques contra o bilionário ficaram mais intensos. E seu principal rival, que no começo parecia ser o senador Ted Cruz, agora é o também senador Marco Rubio, algoz do magnata no último debate. — Trump está realmente muito forte e está cada vez mais próximo de obter a nomeação. Só vejo Rubio com força para combatê-lo. No lado democrata, tudo indica que as previsões iniciais vão se confirmar, e Hillary será a candidata — analisa Cliff Young, presidente da Ipsos Public Affairs nos EUA. Trump se fortalece até mesmo no Texas, base política de Cruz — os dois focaram os eventos da reta final de campanha no estado. Com isso, houve margem para que Marco Rubio, que tem crescido entre os eleitores que decidem de última hora, focasse em outros estados. Sua agenda era a mais exaustiva entre os principais postulantes, visitando diversos estados no mesmo dia. Esta é a maior ameaça para Trump. — Sou conservador e vejo que muita gente que chegou a pensar em Trump está sendo pragmático e pensando em votar em Rubio. Sempre apoiei Rubio. Acho que ele é um conservador moderno e tem mais chances de vencer em novembro — afirmou Daniel Hammel, de 18 anos, que se mostra empolgado com sua primeira eleição presidencial. (H.G.B.) l l Mundo l Segunda-feira 29 .2 .2016 2ª Edição O GLOBO l 17 Grécia pode ter 70 mil imigrantes retidos em março, diz ministro Trégua na Síria é mantida mesmo após acusações Angela Merkel apela à UE para impedir que país fique ‘mergulhado no caos’ Governo e opositores trocam denúncias de ataques isolados, mas cenário é melhor que antes LOUISA GOULIAMAKI/AFP nistro das Finanças, o conservador Wolfgang Schaeuble, de ser “parcimonioso” ao lidar com a crise. As críticas vieram após Schaeuble classificar como “deploráveis” as propostas do Partido Social Democrata para mais gastos sociais voltados aos migrantes. -DAMASCO- No segundo dia de trégua na Síria, o regime do presidente Bashar al-Assad e líderes de grupos da oposição se acusaram mutuamente de violar o acordo pelo fim das hostilidades. Aliados do governo sírio, os russos denunciaram ataques dos rebeldes, enquanto o Alto Comitê de Negociações (HCN, na sigla em inglês) — que reúne a maioria dos partidos e grupos insurgentes — contabilizou 24 violações do cessar-fogo. Apesar dos relatos, os dois lados admitiram que, de forma geral, a trégua está mantida nas zonas acordadas, que excluem as áreas controladas pelo Estado Islâmico e pela Frente al-Nusra (braço sírio da al-Qaeda). Logo cedo, ontem, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos informou sobre ao menos seis ataques aéreos na província de Aleppo, no Norte do país, e um em Hama, no Centro, mas sem precisar os responsáveis. Uma das áreas atingidas está sob o controle da alNusra, mas as outras estariam nas mãos de opositores ao regime. Os rebeldes sírios confirmaram os relatos e acusaram a aliança entre os governos sírio, russo e iraniano por 24 bombardeios e cinco ações terrestres que teriam deixado 29 mortos. Os opositores atribuem alguns dos ataques à Rússia, que havia declarado na véspera a suspensão da ação militar. Em uma carta à ONU, o chefe do HCN, Raid Hijab, adverte que, se a violência continuar, a trégua poderá ser comprometida. — Isto nos preocupa porque não sabemos como lidar com qualquer violação em áreas que não deveriam ser alvo — disse um porta-voz dos opositores, Salim al-Muslat. — Mas, em termos gerais, o cenário é bem melhor que antes. O ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al Jubeir, fez coro às denúncias: — Foram registradas violações da trégua por parte das aviação russa e síria. SUÍÇA REJEITA EXPULSÕES Enquanto isso, na Suíça, eleitores rejeitaram ontem, com 58,9% dos votos em um referendo, uma proposta que previa a deportação automática de estrangeiros que tivessem cometido um delito, em mais uma derrota para a legenda dominante no país, o Partido Popular Suíço (SVP), tradicionalmente contra a imigração. Já no Vaticano, o Papa fez um apelo por uma resposta conjunta para ajudar os que fogem da guerra em direção à Europa. — A Grécia e outros países na linha de frente têm dado uma ajuda generosa a essas pessoas, que necessitam da colaboração de todos os países. Uma resposta em uníssono poderia ser eficaz e distribuir o fardo de forma justa — disse o Pontífice. — Para fazer isso, precisamos avançar decisivamente e sem reservas nas negociações. As divergências diminuem as expectativas de uma resposta concreta à crise migratória por parte destes países na cúpula UE-Turquia, marcada para o próximo dia 7 de março. l EUA: ‘CONTRATEMPOS INEVITÁVEIS’ Em contrapartida, o governo russo denunciou nove ataques dos rebeldes, mas ressaltando que o cessar-fogo parcial permanece em grande parte do país. Um alto funcionário do governo americano classificou os episódios como “contratempos inevitáveis” e indicou que confrontos continuarão ocorrendo, apostando que as ações aumentem as pressões contra o EI e possibilitem a entrega de ajuda a sírios sitiados. Mesmo com os ataques, o clima é de uma incomum tranquilidade na Síria, há quase cinco anos imersa em uma guerra civil. Nas grandes cidades, a população aproveitou a relativa calma para sair às compras e andar nas ruas. — Há algo estranho nesse silêncio. Estávamos acostumados a acordar com o barulhos dos bombardeios — contou Abu Omar, dono de uma padaria em Aleppo. l Incerteza. Refugiados sírios e iraquianos protestam na fronteira com a Macedônia: limitação de entrada nos países vizinhos complicou situação grega O número de imigrantes retidos na Grécia pode chegar a 70 mil nas próximas semanas. A projeção foi feita ontem pelo ministro grego da Imigração, Yiannis Mouzalas, que considera pedir ajuda do Exército para lidar com a situação de emergência. Só até ontem, cerca de 22 mil refugiados, em sua maioria sírios, estavam bloqueados no país — 6.500 deles no posto fronteiriço de Idomeni, no Norte, dois dias após autoridades macedônias anunciarem que limitarão a entrada em seu território a 580 migrantes por dia. — Segundo nossas estimativas, o número de pessoas bloqueadas em nosso país oscilará entre 50 mil e 70 mil no próximo mês — disse Mouzalas. — Onde for necessário, o Exército vai desempenhar um papel, assim como acontece em todas as democracias ocidentais. Segundo o ministro, as Forças Armadas poderão ser acionadas para construir campos e centros para refugiados, distribuir alimentos ou para outros serviços. Até então, o governo grego, de esquerda, havia resistido a uma ação militar para lidar com a crise migratória. No entanto, começou a considerar a medida depois de a União Europeia deixar claro que a situação ficaria incontrolável a menos que os Estados-membros assumissem as suas responsabilidades. A gestão europeia sobre uma das maiores crises -ATENAS- de refugiados da História parece, porém, estar longe de um consenso. O ministro das Relações Exteriores austríaco, Werner Faymann, acusou ontem a Grécia de se comportar como uma “agência de viagens”. — É inaceitável que a Grécia continue agindo como uma agência de viagens e deixe passar todos os migrantes. A Grécia acolheu, no ano passado, 11 mil solicitantes de asilo, enquanto nós recebemos 90 mil. Isto não pode ocorrer de novo — afirmou ao jornal austríaco “Österreich”. A tensão entre os dois países aumentou desde que a Áustria limitou, no último dia 19, o número de migrantes que podem ter acesso a seu território, medida que foi seguida por vários países vizinhos e que provoca a concentração de refugiados na Grécia. Na tentativa de unir o bloco, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, fez um apelo ontem por mais ajuda da União Europeia ao governo grego para lidar com a crise migratória, de modo que o país não fique “mergulhado no caos”. — Não mantivemos a Grécia na zona do euro para abandoná-la agora. Essa não é a minha Europa — afirmou a uma TV pública ARD. Mas até mesmo seu país, que apresentava políticas mais estruturadas para lidar com a crise migratória, vê o acirramento de rixas internas. O Partido Social Democrata acusou ontem o mi- Reformistas têm vantagem em eleição no Irã AFP Coligação já conta com 123 de 290 cadeiras; linha-dura obteve 106 -TEERÃ- Superando suas expectativas sobre as eleições para o Legislativo iraniano, a coligação entre reformistas e moderados, chamada Lista da Esperança, recebeu apoio contundente da população. O resultado reflete principalmente o respaldo ao presidente, o pragmático Hassan Rouhani, responsável pelo histórico acordo nuclear com grandes potências que livrou o Irã de mais de cinco anos de sanções comerciais, e demonstra a insatisfação com a linha-dura, representada na figura do líder supremo da nação, aiatolá Ali Khamenei, considerada responsável pela estagnação econômica e política do país. Com 90% dos votos dos 55 milhões de eleitores apurados até ontem, os reformistas haviam conquistado 79 cadeiras das 290 do Parlamento nacional, enquanto seus aliados independentes levaram 44. Isto apesar do veto a mais de 90% dos candidatos reformistas e moderados pelo Conselho dos Guardiões, órgão de clérigos e juristas diretamente ligado a Khamenei, que controla Expectativa. Jornalistas conferem apuração no Ministério do Interior os pleitos no Irã. Já a linha-dura elegeu 106 candidatos. O resultado mais surpreendente ocorreu na capital: a coalizão reformista-moderada conquistou todos os 30 assentos destinados a Teerã, deixando de fora o principal líder conservador, Gholam Ali Haddad-Adel, que perdeu o posto. — Baseado na apuração até agora, parece que a linha-dura vai perder a maioria no Parlamento. Os reformistas ficaram com pouco mais de 30%, enquanto os independentes superaram 20% — afirmou o professor Foad Izadi, da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade de Teerã. — Na capital, foi uma vitória arrasadora. Foi além das expectativas. RECORDE DE MULHERES ELEITAS Nesta última legislatura, a linha-dura controlava 65% do Majlis, como é chamado o Parlamento iraniano. Outra prova da ruptura com os conservadores está no fato de que cerca de 20 mulheres foram eleitas, segundo resultados parciais, um recorde no Irã. Entre elas está a reformista Parvaneh Salahshouri, que disse em recente entrevista que às mulheres deve ser opcional o uso do hijab, o véu que cobre a cabeça das muçulmanas. A questão é assunto tabu na república islâmica. Já na Assembleia de Especialistas, que tem entre as principais atribuições a eleição do líder supremo, o presidente Rouhani e o aliado-chave, o ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani, lideravam a votação. Por outro lado, dois conservadores de destaque tiveram votações menores do que o previsto por especialistas: Ahmad Jannati estava em 11º lugar, e o atual presidente da assembleia, Mohammad Yazdi, em 15º. Já Mohammad-Taghi Mesbah-Yazdi, um dos conservadores mais radicais, não deve ser reeleito. — Chama a atenção ver que figuras-chave do sistema islâmico, como o aiatolá Mesbah, não foram eleitos para a Assembleia de Especialistas, e que um linhadura histórico como HaddadAdel fique de fora do Parlamento — observou Luciano Zaccara, especialista em eleições iranianas da Universidade do Qatar. Sem comentar o resultado, o aiatolá Khamenei elogiou o alto comparecimento às urnas: — Agradeço à determinada e sábia nação do Irã. E espero que o próximo Parlamento aja com responsabilidade. l TSVANGIRAYI MUKWAZHI/AP MUGABE TEM FESTA DE US$ 800 MIL O Presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, comemorou seu aniversário de 92 anos em uma festa de quase US$ 800 mil, organizada por apoiadores anteontem. A celebração, que ocorreu em Masvingo, província devastada pela seca, foi duramente criticada por opositores. Correção A reportagem intitulada “Encontro frio de conterrâneos no Vaticano” não cita Cuba ao listar os países visitados pelo Papa Francisco na América Latina. O Pontífice esteve no arquipélago em setembro do ano passado e este mês. l 18 l O GLOBO Segunda-feira 29 .2 .2016 Sociedade MEIO AMBIENTE O ano do tubarão _ Especialistas discutem recorde de 98 ataques contra humanos em 2015 no mundo ATAQUES REGISTRADOS DESDE 1581 Nº DE CASOS 1 25 1º 1301 EUA 9º 8º 23 BAHAMAS MÉXICO 50 10º 27 40 IRÃ 6º 102 PAPUA-NOVA GUINÉ 4º 102 BRASIL 98 INCIDENTES EM 2015 EUA 59 Austrália 18 África do Sul 8 Ilhas Reunião 4 Ilhas Canárias 2 Galápagos 2 Locais com um ataque: 2º 7º 3º 593 41 249 AUSTRÁLIA ILHAS MAURÍCIO ÁFRICA DO SUL 5º 50 NOVA ZELÂNDIA Brasil, Egito, Nova Caledônia e Tailândia WILLIAM HELAL FILHO [email protected] O americano Collin Cook, de 25 anos, estava sentado sobre sua prancha, boiando enquanto esperava pela próxima onda na praia de Left Overs, na ilha de Oahu, no Havaí, quando foi puxado bruscamente para debaixo d’água. Só entendeu o que estava acontecendo quando, submerso, viu um tubarão tigre de mais de três metros com a sua perna esquerda na boca, carregando-o para o fundo. Desesperado, socou diversas vezes o nariz do bicho até ficar livre. Chegou à praia com a ajuda de uma pessoa que estava por perto, foi socorrido e levado a um hospital. Collin perdeu a perna, mas está vivo e bem. O incidente no dia 9 de outubro foi um dos 98 ataques “não provocados” de tubarão registrados em 2015 (ataque provocado seria quando um mergulhador, por exemplo, é mordido ao interagir com um animal). Trata-se do maior número na História, segundo relatório do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão (Isaf, na sigla em inglês), do Museu de História Natural da Flórida, nos EUA. Com 30 ocorrências, a própria Flórida foi a região com mais episódios. No Brasil, foi registrado apenas o caso do turista paranaense que perdeu a mão e parte do antebraço direito ao ser mordido em Fernando de Noronha, no último dia 27 de dezembro. Ano após ano, o número de incidentes no mundo pode variar bastante. Em 2014, foram 72. Em 2013, 75. Com 88 casos, o ano de 2000 foi o segundo com mais registros. Entretanto, de acordo com o cientista George Burgess, curador do Isaf, que contabilizou ataques registrados desde 1581, há uma curva crescente na frequência de episódios nas últimas décadas. Isto não significa, diz ele, que a população de tubarões está aumentando. O que cresce é o número de Homo sapiens se aventurando no mar, assim como o tempo que as pessoas passam em águas salgadas. — A frequência de encontros entre humanos e tubarões está diretamente ligada à soma de tempo que as pessoas passam no mar ao redor do mundo. Uma vez que a população humana continua crescendo e que o interesse por atividades marinhas está em alta, temos que esperar um aumento no número de ataques — explica o cientista, que integra o Programa de Pesquisas sobre Tubarão do museu na Flórida. MUDANÇAS CLIMÁTICAS Burgess também acha que as mudanças climáticas podem estar contribuindo para essa curva ascendente de “encontros” entre pessoas e tubarões. — As mudanças climáticas estão causando um aquecimento das águas no mundo. Como a maioria das espécies de tubarão gosta de água quente, assim como as pessoas em geral, aumenta a possibilidade de incidentes — explica ele. De acordo com o pesquisador, a elevação de temperatura das águas pode também causar o deslocamento de popula- TUBARÕES MAIS AGRESSIVOS ções de tubarão. Espécies que se concentram perto da Linha do Equador, onde as águas são naturalmente quentes, podem “esticar” seu habitat até áreas mais ao Sul ou ao Norte. Um estudo de cientistas das universidades de Princeton, Yale e Arizona publicado na última quarta-feira pelo periódico “Nature Climate Change” já mostra uma tendência migratória dos peixes em geral em direção aos polos, seguindo o aquecimento dos mares. Isto, diz o coordenador da Isaf, pode ser uma notícia importante para os banhistas no Estado do Rio, por exemplo. Hoje, o Nordeste é a região brasileira com maior frequência de ataques, com uma concentração em Recife, no Pernambuco, onde tubarões das espécies tigre e cabeça-chata fizeram dezenas de vítimas desde os anos 90. Seguindo a linha de raciocínio de Burgess, esses animais, que já são naturalmente encontrados no Sudeste, se tornarão mais comuns nessa região. — Mas não há motivo nenhum para pânico. Ataques de tubarão ainda são raros. Os grandes caçadores são mesmo os humanos. A pesca predatória mata mais de 30 milhões de tubarões todos os anos — destaca George Burgess. ATAQUES OCORREM ‘POR ENGANO’ Dos 98 ataques de 2015, seis resultaram em morte das vítimas. O biólogo Marcelo Szpilman, diretor-presidente do Aquário Marinho do Rio (AquaRio), com inauguração prevista para este ano, explica que 90% dos casos ocorrem devido a erros de identificação por parte do peixe, que confunde a pessoa com animais como focas e tartarugas, suas vítimas preferenciais. — Em alguns locais, como o Recife, a água turva confunde ainda mais o tubarão, que pode morder uma pessoa por engano e depois ir embora, ao perceber que não é uma de suas presas preferidas — comenta Szpilman. Foi, provavelmente, o que aconteceu com o surfista Mick Fanning, em julho do ano passado. Durante a final de um campeonato mundial transmitida via internet ao vivo de Jeffrey´s Bay, na África do Sul, um tubarão branco mordeu a cordinha que prendia a perna do australiano à prancha. Os dois se embolaram, mas o atleta se desvencilhou sem sofrer qualquer dano além de um susto inesquecível. Apesar de a maioria dos episódios não deixar mortos, cada fatalidade gera grande repercussão. Os surfistas da Ilha Reunião, território francês no Oceano Índico, ficaram perturbados com a morte de Elio Canestri, de 13 anos, promessa do esporte na região, em maio de 2015. No Oeste da Austrália, depois de dois óbitos em anos seguidos, o governo abriu uma temporada de caça, que matou 178 tubarões e só acabou devido a críticas de ambientalistas. — A pesca predatória de tubarões causa desequilíbrio em todo o ecossistema — critica Szpilman. — Em Recife, as autoridades reduziram muito a frequência de ataques orientando a população sobre áreas que devem ser evitadas. l ‘Eles respeitam tamanho e força’, diz pesquisador BRANCO BRANCO 6,1 M Cientista dá conselhos sobre o que uma pessoa deve fazer durante ataque TIGRE 3,7 M CABEÇA-CHATA 3,4 M Fonte: Arquivos Internacionais de Ataques de Tubarão (Isaf) Editoria de Arte AFP Ao vivo. Ataque sofrido por Mick Fannig em campeonato foi transmitido via internet Curador do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão (Isaf, na sigla em inglês), o americano George Burgess sabe o que alguém deve fazer se for atacado. O primeiro recurso, diz ele, é bater no focinho do animal, de preferência com algum objeto duro. Isto pode repelir a abordagem. Se o peixe morder, Burgess sugere enfiar o dedo num dos olhos ou nas guelras da fera. — Eles respeitam tamanho e força. Então, ninguém deve ficar passivo durante um ataque de tubarão — diz o especialista. Em locais onde há maior possibilidade de ataques, algumas precauções são importantes. Ficar em grupo na água afasta o risco, uma vez que os tubarões preferem vítimas solitárias. Evitar horários em que os animais estão mais ativos, como o fim de tarde e a noite, também. E, quando estiver visitando uma praia pela primeira vez, procure se informar sobre o assunto. Não se deve fazer o que o próprio Burgess fez durante uma viagem às Bahamas. Ao ver um grupo de pequenos tubarões-limão nadando em direção à praia e voltando para o fundo repetidamente, ele decidiu ficar no meio do caminho, com a água na altura da sua cintura, só para ver o que aconteceria. Foi quando um amigo, de longe, gritou: “Cuidado! Tem um grande nadando na sua direção”. — Eu me apavorei, claro, mas reagi rapidamente. Comecei a bater os braços violentamente na água, indo para cima dele. O tubarão, então, ficou assustado e deu meia volta — conta o especialista, que, depois do susto, aprendeu a lição. — Aprendi que cientistas também cometem atitudes idiotas de vez em quando. (W.H.F) l 1A l O GLOBO l País l Segunda-feira 29 .2 .2016 Cuidar do que é importante para você. Saber como usar melhor o seu crédito. Ter mais controle dos seus gastos. mud Converse com a gente. Visite uma agência ou faça sua pergunta usando #issomudaseuano nas nossas redes sociais e descubra como ter um banco ainda mais feito para você. Transferência de Limites de Crédito Aplicativo Itaucard Reserva Financeira Conheça as soluções do Itaú para ajudar você a organizar o seu ano. Segunda-feira 29 .2 .2016 a l País l O GLOBO ano Itaú. Feito para você. l 1B ESPORTES OGLOBO SEGUNDA-FEIRA 29.2.2016 2ª EDIÇÃO oglobo.com.br Rodada de ‘treinos’ Fernando Calazans PÁGINA 2 FABIANA MURER AQUECIMENTO PARA OS JOGOS PÁGINA 6 FOTOS DE GUILHERME PINTO ATUAÇÕES aa VA S C O Martín Silva 6. Confiou demais. Saiu bem em chance de Ribamar, mas errou ao fazer golpe de vista no gol de falta de Emerson. Madson 6. Tímido. Foi menos à linha de fundo do que o de costume. Luan 7. Tranquilo. Correto na defesa, deu bom lançamento para Eder Luis no lance do gol. Rodrigo 5,5. Escapuliu. Quase entregou um gol para o Botafogo em tentativa de recuo de cabeça. Júlio César 6. Sem brilho. Esteve mais preocupado em evitar riscos na defesa. Marcelo Mattos 6. Missão. Boa partida na marcação. Foi substituído no segundo tempo. Bruno Gallo 5. Deu a chance. Entrou para dar segurança ao time, mas derrubou Salgueiro em posição perigosa, que resultou no gol de falta. Julio dos Santos 5,5. Devendo. Pouco fez no primeiro tempo e não voltou após o intervalo. Eder Luis 6,5. Garçom. Entrou e usou sua arma, a velocidade pela lateral, para encontrar Riascos livre para marcar. Andrezinho 5,5. Longe. Poderia ter chegado mais perto dos atacantes para criar jogadas. Nenê 6,5. Coadjuvante. Muito marcado, não conseguiu se destacar. No fim, com mais espaço, tentou dribles e acertou um bonito chute na trave. Riascos 7,5. Protagonista. Foi o homem mais perigoso Certeiro. Emerson solta uma bomba e empata o clássico para o Botafogo a três minutos do fim do jogo. Os dois times já estão classificados para a segunda fase do Campeonato Carioca e mereceu sair de campo com um gol. Antes, quase marcou em chute colocado de fora da área. Deixou o jogo com dores musculares. EQUILÍBRIO Thalles 6. Força. Entrou e tentou dar seguimento às Tudo igual Já classificados para a segunda fase, Vasco e Botafogo empatam em um jogo quase amistoso em São Januário E m um jogo para cumprir tabela, porque ambos já entraram em campo classificados para a segunda fase do Carioca, Vasco e Botafogo fizeram um clássico equilibrado, mas em ritmo menos intenso que o habitual. Mesmo sem precisar correr riscos, os times se estudaram muito. Boas chances foram criadas, mas pararam nos goleiros ou em conclusões erradas. O “pacto de não-agressão” foi quebrado por um elétrico Riascos, que correu, deu passes, carrinhos na linha de fundo para evitar saída de bola e foi o autor do gol do Vasco. Do outro lado, Emerson, de falta, fez um golaço. O 1 a 1 foi o retrato fiel de um jogo que nada valia. O clima amistoso em campo e fora dele teve o ponto alto quando a torcida do Vasco gritou o nome de Ricardo Gomes, técnico do Botafogo. Aliados e fiéis à Federação do Rio, as equipes não pouparam titulares para prestigiar o campeonato, mas nem por isso o jogo ganhou mais emoção para o público no estádio. Confusão, só antes de a bola rolar, do lado de fora de São Januário. O policiamento deixou escapar torcedores alvinegros, que acabaram indo para o lado da torcida do Vasco no entorno do estádio. Os alvinegros teriam começado a provocação e o tumulto. A polícia interveio com spray de pimenta e bombas de efeito moral. RODRIGO SURPREENDE E JOGA Reforçado por Rodrigo, que passou por tratamento intensivo para ajudar na recuperação de uma luxação no ombro direito, e com a volta de Nenê, o Vasco teve força máxima em sua casa. Do lado do Botafogo, o técnico Ricardo Gomes preferiu manter a dupla de ataque Luis Henrique e Ribamar de início. Neilton só entra- Vasco 1 Botafogo 1 Vasco: Martín Silva, Madson, Luan, Rodrigo e Júlio César; Marcelo Mattos (Bruno Gallo), Julio dos Santos (Eder Luis), Andrezinho e Nenê; Jorge Henrique e Riascos (Thales). Botafogo: Jefferson, Luís Ricardo, Carli, Emerson Santos e Diogo Barbosa; Airton, Bruno Silva, Rodrigo Lindoso (Lizio) e Gegê (Salgueiro); Ribamar e Luís Henrique (Neílton). Gols: No 2T, Riascos, aos 15, e Emerson, aos 42. Juiz: Mauricio Machado Coelho Júnior. Cartões: Rodrigo, Marcelo Mattos, Andrezinho, Bruno Gallo, Luís Ricardo, Bruno Silva, Aírton. Público pagante: 7.921 (8.869 presentes). Renda: R$ 291.570,00. Local: São Januário. jogadas ofensivas. Jorge Henrique 6. Vibrou pouco. O atacante poderia ter sido mais agressivo. Jorginho 5,5. Mediano. O Vasco não fez sua melhor partida no ano. No segundo tempo, o time teve a virtude de aproveitar as deficiências do adversário para marcar, mas não conseguiu segurar a vitória. aa B OTA FO G O Jefferson 6,5. Tranquilo. Uma partida muito segura apesar de ter tido um choque de cabeça e levado cinco pontos. Luis Ricardo 5,5. Se segurou. Controlou as subidas para evitar riscos na defesa. Joel Carli 6,5. Uma mudança de Jorginho mexeu com o jogo e com o placar. O técnico trocou um apagado Julio dos Santos pelo veloz Eder Luis. Aos 15, ele foi lançado por Luan, chegou à linha de fundo e cruzou rasteiro para Riascos marcar. Dos seis gols do colombiano, artilheiro do Carioca ao lado de Fred, Eder deu passes para três. Comemoração. Abraçado a Nenê, Riascos, autor do gol do Vasco, aponta para Eder Luiz (17) ria no lugar de Luis após o intervalo. O equilíbrio marcou o primeiro tempo do jogo, no qual ambas as equipes tiveram chances de abrir o placar. Aos 15 minutos, Riascos, em jogada individual na entrada da área, driblou dois marcadores antes de cruzar para Jorge Henrique cabecear para fora. Aos 18, Riascos e Jefferson se chocaram. Pior para o goleiro, que precisou levar cinco pontos na cabeça (no intervalo) e passou a jogar com uma touca de natação para proteger o local. Nem tão sólida quanto a defesa do Botafogo, a zaga do Vasco quase entregou o gol de bandeja aos 20. Luan cabeceou para trás, Rodrigo tentou dominar, falhou, e a bola sobrou nos pés de Ribamar, dentro da área. Mas Martín Silva saiu e evitou o gol alvinegro. Aos 36, inspirado, Riascos, sempre com muita garra, limpou Airton na jogada e bateu colocado, de perna esquerda. A bola acabou indo para fora. Na volta do intervalo, Gomes pôs em campo a dupla de ataque com a qual chegou a treinar na sexta-feira. E Neilton, logo em sua primeira participação, aos três, fez boa jogada pela esquerda, passou por Luan e chutou para a defesa de Martín. Com os seus três volantes e a melhor defesa do campeonato, o Botafogo começava a ganhar espaços com cautela, sem dar chances para os contra-ataques. Enquanto Nenê não conseguia a brecha no meio para levar o time à frente, o Vasco procurava abrir o jogo pelas laterais, sobretudo com Madson. RIASCOS SAI DE MACA E COM DORES O gol de Riascos melhorou o jogo. Gomes tirou Salgueiro do banco e foi para cima com três atacantes. E o Vasco continuava a apostar na velocidade de Eder, agora beneficiado pelo contra-ataque. Mas quis o destino que Riascos, o motor do time, saísse de campo de maca, reclamando de dores na coxa esquerda, esfriando a partida. Thalles o substituiu. Com a entrada de Bruno Gallo no lugar de Marcelo Mattos, Jorginho quis que o Vasco ficasse mais tempo com a bola. Ao conseguir aumentar o domínio e gastar o tempo, o time foi se aproximando novamente da área. Nenê, que andava meio sumido, resolveu acordar e quase leva o Vasco a ampliar em duas jogadas seguidas. Primeiro, aos 37, ele bateu falta e obrigou Jefferson a espalmar para escanteio. Dois minutos depois, recebeu de Thalles e acertou a trave com um belo chute de primeira. Mais pontaria teve Emerson, aos 42. Depois de perder chances sucessivas de ampliar o placar e caminhar tranquilo para o fim do jogo, o Vasco entregou ao alvinegro uma falta na entrada da área. Emerson soltou a bomba e empatou. Martín fez golpe de vista. Mas só a força de vontade não tira a bola. Bom para o Botafogo, que manteve a invencibilidade. Bom para o Vasco, que também não perdeu. Agora, ambos só aguardam a próxima fase. l Seriedade. O argentino fez uma partida segura, sem firulas e levou a melhor nas bolas levantadas na área. Emerson Santos 7,5. Bomba. O jovem zagueiro fez boa partida na zaga e, ainda por cima, empatou o jogo com um golaço de falta. Diogo Barbosa 4,5. Vacilo. Deixou espaço para Eder Luis no lance do gol vascaíno. Airton 6,5. Correto. Foi bem na marcação e boa opção para a saída de bola. Rodrigo Lindoso 5,5. Altos e baixos. Alternou bons passes com falhas na distribuição de jogadas. Lizio 5. Amuleto. Entrou em campo e pouco fez, mas, ao menos, viu o time empatar. Bruno Silva 5,5. Sem sal. Não teve uma tarde inspirada, mas quase deixou sua marca de cabeça. Gegê 5. Burocrático. Incapaz de organizar o meio-campo alvinegro, foi substituído. Salgueiro 6,5. Estrela. Entrou e tentou melhorar o meio-campo. Foi ele quem sofreu a falta que resultou no gol de falta de Emerson. Luis Henrique 5,5. Apagado. Teve poucas oportunidades para trabalhar a bola no ataque. Saiu no intervalo. Neílton 5,5. Arisco. Entrou e, com três minutos, criou boa chance de gol. Mas ficou por aí e não apareceu mais com perigo. Ribamar 6. Esforçado. Perdeu uma grande chance em vacilada de Rodrigo. Faltou habilidade. Ricardo Gomes 6. Limitações. O time do Botafogo mostrou muita dificuldade para criar jogadas no meio-campo e chegar com qualidade no ataque. Teve o mérito de acreditar no empate até o fim. aa A R B I T R AG E M Passou despercebido. O juiz Mauricio Machado Coelho Júnior teve uma tarde sem problemas em São Januário. l O GLOBO 2 l Esportes l CAMPEONATO CARIOCA [email protected] FERNANDO CALAZANS | 2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016 O outro Emerson | Hora de acertar os times Nesta altura do campeonato, com muita coisa já resolvida em relação à próxima fase da competição, o que tivemos na rodada de ontem foram alguns “treinos", envolvendo três clubes grandes. No primeiro, ficou clara a imensa superioridade do Flamengo sobre o Resende, muito bem traduzida na goleada de 5 a 0. No segundo treino, já classificados, Vasco e Botafogo mostraram equilíbrio, representado também no empate de 1 a 1. GOL CELEBRADO Empate em cobrança de falta marca bom início de temporada de zagueiro de 20 anos formado na base alvinegra. Jovem é elogiado por goleiro adversário GUILHERME PINTO O jogo com o Resende teve utilidade para o Flamengo, porque contribuiu mais ainda para a aclimatação de Cuéllar e Mancuello, que estão dominando o meio de campo. Na frente, os que se destacaram foram Emerson Sheik e, para minha surpresa, Marcelo Cirino, ambos com dois gols. Guerrero é que não consegue marcar. O jogo se tornou mais fácil para o Flamengo, porque o primeiro gol de Sheik saiu antes de um minuto, e o segundo, de Cirino, logo aos cinco. Daí para a frente, foi um desfile do time em Volta Redonda, com boas atuações até de Gabriel, que entrou no segundo tempo, no lugar de Mancuello. Contundido, Mancuello preocupou os companheiros e a torcida. Vasco e Botafogo só fizeram bom jogo (ou bom treino) no segundo tempo. O primeiro foi equilibradíssimo e sem graça, chegando até a apresentar jogadas violentas de um lado e de outro. E sem necessidade nenhuma, porque já estavam os dois classificadíssimos para a próxima fase, como os times de melhor campanha, ambos invictos. No Vasco, um dos destaques foi o atacante Riascos, autor do gol, mostrando que está subindo de produção e se firmando como titular. Emendou para o gol um passe da direita, de Eder Luis, que entrara no lugar de Julio dos Santos. Por outro lado, Nenê é que não mostrou a categoria e a criatividade de outros jogos. Mesmo assim, o Vasco foi um pouco superior no segundo tempo e só não manteve a vitória porque o jovem zagueiro Emerson, do Botafogo, bateu uma falta de forma magistral, nos minutos finais, sem defesa para Martín Silva. Os dois times, assim com o Flamengo, ainda terão que treinar muito até o início do Brasileirão. _ A saga dos técnicos Cristóvão Borges, Ricardo Drubscky, Enderson Moreira, Eduardo Baptista... e... Qual será o próximo técnico do Fluminense? Os quatro citados não passaram pelo clube em oito ou dez anos. Não. Foi de 2015 para cá, ou seja, em um ano, quatro treinadores. E agora? Era o Cuca. Será o Levir Culpi? Não tenho regras particulares para julgar se o técnico deve ser mantido ou demitido. Não sou a favor da demissão intempestiva dos treinadores, decidida apenas pelos resultados recentes, nem sou a favor da permanência obrigatória de um deles por dez anos. Não estou entre os que, por demagogia ou não, acham simplesmente que não se pode demitir o técnico. Em resumo, no fim das contas: cada caso é um caso. É lógico também que não se pode construir um time de futebol trocando de treinador de dois em dois meses. Nem mesmo de seis em seis meses. E é assim que os clubes cariocas estão se comportando, não só o Fluminense. O que ocorre é que este, com a atual diretoria, tem se tornado um especialista, uma espécie de exemplo para os outros. Mau exemplo. O que pode acontecer de bom, no caso tricolor, é que os técnicos cogitados depois da recente saída de Eduardo Baptista são reconhecidamente bons, estudiosos, atualizados, com trabalhos excelentes por onde passaram. Cuca e Levir Culpi. O primeiro chega a ser obsessivo na busca ingrata da perfeição. Passa os jogos caminhando de um lado para o outro e roendo as unhas. O outro, Culpi, é mais sereno, mas também tenta seguir os caminhos do que se chama de “futebol moderno” Com a hipótese de acertar com Cuca afastada, os olhos da diretoria estão cravados em Levir Culpi, o que pode ser benéfico não só para o Fluminense como para o futebol carioca. Qualquer que seja o técnico, neste ou naquele clube, o importante é que os dois, clube e técnico, tenham um objetivo predeterminado para executarem juntos o trabalho. O Fluminense começa tudo de novo, mais uma vez, em meio ao Campeonato do Rio e a dois meses do Campeonato Brasileiro. _ Clubes calados O presidente do Flamengo, Bandeira de Mello, tem razão ao comentar a proibição pela Ferj e pela CBF de que o clube mande seus jogos em Brasília, no Estádio Mané Garrincha. “Pelo estatuto, a Ferj tem direito de tudo” — disse ele. “O único direito do Flamengo é obedecer e permanecer calado”. E é mesmo o que acontece no futebol brasileiro: as federações e a CBF ganhando dinheiro às custas dos clubes, e estes, infelizmente, divididos na hora de assumir o comando no nosso futebol. l Disputa. Airton levanta o pé para ganhar a bola em dividida com Jorge Henrique. O volante levou o terceiro cartão amarelo e está suspenso contra o Boavista O Botafogo tem dois zagueiros com o mesmo nome: Emerson (e os dois com sobrenome Santos). Um deles tem 32 anos, passagem por Flamengo, Atlético-MG, Coritiba e Avaí. O outro é um jovem de 20 anos com apenas dez partidas entre os profissionais. Apesar de pouca experiência, é o segundo Emerson que tem sido titular do alvinegro neste início do ano e, de quebra, saiu de campo ontem como estrela da partida, com o gol de empate no fim em forte cobrança de falta. Tímido, o jogador mostrou um sincero sorriso quando um repórter de campo avisou que o goleiro adversário, Martín Silva, da seleção uruguaia, disse que a cobrança era indefen- sável e parabenizou o zagueiro. A bola foi no ângulo superior esquerdo do goleiro, que nem levantou o braço. — Fico feliz. Acertar essa bela cobrança foi fruto de um trabalho. Antes de subir para os profissionais, eu batia faltas e tenho alguns gols na carreira — acrescentou o zagueiro, revelado na base com Luís Henrique e Ribamar. Logo depois de marcar, o Botafogo teve mais uma chance de cobrar falta próximo à área. Embora Salgueiro também seja um especialista e o lance fosse frontal ao gol de Martín Silva, Emerson mais uma vez partiu para o chute. Dessa vez, mandou em cima da barreira. No fim, ele reconheceu que ainda não ganhou a condição de cobrador oficial. — Aí, a gente vai com calma. Eu venho trabalhando, mas outros jogadores também treinam, como o Gegê — disse Emerson, citando o meia que já havia deixado o campo. RICARDO GOMES É HOMENAGEADO Capitão e jogador mais experiente do time, Jefferson também elogiou o companheiro. — Foi um belo chute, tanto que o Martín Silva achou que a bola ia para fora. Tem que estar bem posicionado, mas não dava para pegar — avaliou o goleiro, que gostou do resultado. — Foi justo pelo o que as duas equipes demonstraram. Fomos coroados com um belo gol. Jefferson ainda revelou que, após o choque com Riascos, ficou desorientado em alguns momentos: — Fiquei meio zonzo no meio da partida, mas valeu a pena. Tive virose no meio da semana, tomei essa porrada, mas consegui superar. O clássico também reservou momentos emocionantes a Ricardo Gomes que, quando o primeiro tempo terminou, foi homenageado pelos torcedores vascaínos. O técnico ficou emocionado ao ouvir seu nome gritado e acenou de volta para as arquibancadas. Contra o Boavista, no domingo, o treinador não vai contar com Airton, que recebeu o terceiro amarelo. l Balanço positivo do primeiro turno no Vasco ALEXANDRE CASSIANO Martín Silva ressalta campanha e já pensa na próxima fase da competição Do jeito que terminou, sofrendo um golaço de falta no fim do jogo, o empate pode ter tido um gosto amargo para o Vasco. Mas parte dos jogadores, como o goleiro Martín Silva, preferiram fazer um balanço positivo da primeira fase do Carioca, da qual saem, até agora, invictos. Na última rodada, contra o Bonsucesso, o técnico Jorginho deverá poupar titulares e ainda assim são imensas as chances de o Vasco terminar a fase invicto. Em um ano de recuperação, porque terão que enfrentar a Série B do Brasileiro, os jogadores sabem que cada detalhe positivo trará mais confiança. — No geral o time foi bem, mas agora temos que pensar na próxima fase — declarou o goleiro Martín Silva. BOA IMPRESSÃO NOS CLÁSSICOS Se o nível do Carioca não pode ser parâmetro para o vasco testar seu elenco, ao menos fica a boa impressão do time diante dos grandes. Nos clássicos, con- Dividida. Riascos disputa a bola com o goleiro Jefferson, que sai aos pés do atacante para evitar gol do Vasco tra Flamengo e Botafogo, foram uma vitória e um empate. Sobre o jogo de ontem, os comentários dos jogadores foram variados. Entre o lamento e a certeza de terem feito bom trabalho, os jogadores mostraram opiniões distintas. — Foi um empate com sabor de derrota. O jogador deles (Emerson) foi feliz na cobrança — lamentou Madson. — Mandamos no jogo, tivemos mais oportunidades. O Martín foi espectador — concluiu Júlio César. — Eles só tiveram a felicidade de fazer um gol de falta indefensável. Martín concordou com Madson e confessou que achava que Emerson não seria tão certeiro na cobrança. — No momento, achei que ia para fora, mas entrou em um lugar impossível de pegar. Só tenho que parabenizar o Emerson. Foi um golaço — reconheceu o goleiro. A mesma felicidade que Emerson teve, Nenê lamentou não ter tido ontem. — Aquela minha bola (na trave) poderia ter entrado, mas infelizmente não entrou. E ele teve uma felicidade incrível, um baita gol — disse o camisa 10. l l Esportes l Segunda-feira 29 .2 .2016 2ª Edição O GLOBO l 3 CAMPEONATO CARIOCA Goleada GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO COM SOBRAS ATUAÇÕES aa F L A M E N G O Paulo Victor 6,5. Espectador. Uma ótima defesa quando o jogo já estava 4 a 0. Rodinei 7. Ofensivo. Sempre boa opção ofensiva. Wallace 6. Seguro. Não comprometeu. Juan 6,5. Na cobertura. Evitou um gol do Resende na etapa final. No mais, se impôs. Jorge 7. Milimétrico. Ótimo lançamento para o gol de Gabriel e passe preciso para Emerson fazer o quinto. Cuéllar 6,5. O regresso. Após cumprir suspensão, protegeu bem a defesa. Flamengo vence Resende por 5 a 0 com dois passes de Mancuello para gol. O meia deixou o campo com dores no joelho direito. Já Guerrero passou em branco -VOLTA REDONDA- Guerrero afirmou estar feliz com a possibilidade de criar jogadas para os companheiros marcarem. Ontem, no entanto, o peruano não conseguiu esconder a frustração por não conseguir deixar sua marca na goleada por 5 a 0 sobre o Resende, no Raulino de Oliveira. Com dois gols cada, Emerson Sheik e Marcelo Cirino foram os destaques do jogo, que garantiu a presença do rubro-negro na segunda fase. Gabriel completou. — Todo jogador precisa de confiança. Tanto de autoconfiança como da confiança dos treinadores, dos companheiros. Graças a Deus isso vem acontecendo comigo — disse Marcelo Cirino. Quem esperava uma adversário frágil acertou em cheio. O Resende nunca chegou a assustar o time de Muricy Ramalho. Logo aos 48 segundos, o Flamengo abriu o placar quando Sheik desviou para o gol cobrança de escanteio batido por Mancuello. No meio do caminho, o volante Willian Arão deu um leve toque que atrapalhou a defesa. Não demorou para que o segundo gol chegasse, o que aconteceu aos cinco minutos. Mancuello virou o jogo com categoria e encontrou Cirino entrando na área. O atacante limpou um zagueiro antes de chutar cruzado e fazer 2 a 0. O resultado esfriou a partida. Se o Resende continuava sem força para fazer frente, a equipe rubro-negra passou a achar o jogo ganho. Aos 25, após cabeçada de Guerrero, Marcelo Cirino chegou com boas chances de marcar, mas mandou a bola nas mãos do goleiro Arthur Barroso. Com o jogo controlado, más notícias para o Flamengo só poderiam acontecer na parte médica. E elas vieram em dobro. Aos 38, após pancada, Mancuello deixou o campo com dores no joelho direito. Com cinco minutos em campo, o substituto Everton já colocava a mão na coxa esquerda. Após o intervalo, ele saiu para dar lugar a Gabriel. A entrada de Gabriel animou Willian Arão 7. Coadjuvante. Desvio providencial para o primeiro gol, algumas idas ao ataque e a segurança de sempre na marcação. Mancuello 7,5. A grande aposta. Participou dos dois primeiros gols e das principais jogadas de ataque na etapa inicial, mas saiu lesionado. Everton Sem nota. Resende Flamengo Azar. Entrou em seu lugar, mas se contundiu e jogou apenas sete minutos. 5 0 Gabriel 7. Certeiro. Substituiu Everton e deixou sua marca ao fazer um belo gol. Marcelo Cirino 8. Flamengo: Paulo Victor, Rodinei, Wallace, Oscar do jogo. Dois gols e dor de cabeça constante à zaga adversária. Juan e Jorge; Cuéllar, Willian Arão e Mancuello (Everton e, depois, Gabriel); Marcelo Cirino (Felipe Vizeu), Guerrero e Emerson Sheik. Resende: Arthur; Muriel, Lucas Varone, Thiago Sales e Kim; Léo Silva, Gustavo Moura, Robinho e Marcel (Jeff Silva); Wandinho (Jefferson Silva) e Enrique Borja (Jorge Báez). Gols: 1T: Sheik, no 1º minuto, e Marcelo Cirino, aos 5; 2T: Marcelo Cirino, aos 6, Gabriel, aos 7, e Sheik, aos 38. Cartões: Guerrero e Jeff Silva Juiz: Luis Antônio Silva Santos. Público pagante: 7.605 (9.105 presentes). Renda: R$ 188.760,00. Local: Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Felipe Vizeu Sem nota. Pouco tempo. Entrou no fim. Guerrero 7,5. De calcanhar. Brilhou como garçom. Emerson 7,5. O oportunista. Muito bem colocado ao abrir e fechar o placar. Muricy Ramalho 8. Fácil. Seu time dominou o jogo, mas estava diante de um adversário fraco. aa R ES E N D E um time que levava a partida com excesso de tranquilidade. Aos 3, ele tabelou com Willian Arão para aparecer na cara do gol, mas recebeu em impedimento. Dois minutos depois, Guerrero deu ótimo passe de calcanhar para Cirino. Ele aproveitou e marcou o seu segundo gol. No minuto seguinte, foi Jorge quem deu ótimo passe. Gabriel ampliou. Aos 35, Emerson saiu na cara do gol. Ele tinha Guerrero ao seu lado, mas tentou resolver sozinho e chutou em cima do goleiro. Aos 38, em nova boa jogada de Jorge, Emerson Sheik encerrou a goleada. Na comemoração, Guerrero equilibrou a bola com a cabeça e foi repreendido por Jeff Silva. Os dois receberam amarelo. PRESIDENTE RECLAMA DE CBF O técnico Muricy Ramalho ficou satisfeito com o resultado. E elogiou, especialmente, a atuação de Cirino. — É jogador que eu já queria quando eu estava no São Paulo. Tínhamos interesse, mas o Flamengo chegou na frente — afirmou o treinador. — Ele tem muita velocidade e, quando está concentrado, é muito difícil de ser parado. Ele e o Sheik têm que usar o que têm de melhor, essa velocidade pelos lados. É importante ele entender isso. Muricy gostou também de Cuellar. Esforçado. Numa equipe limitada, Arthur ainda evitou placar mais elástico, ao fazer ótima defesa em chute de Emerson. aa A R B I T R AG E M Correto. Luis Antonio Silva dos Santos Destaque. Cirino sai com a bola após disputar a bola com jogador do Resende. O atacante marcou dois gols na vitória GOL DA RODADA Marcelo Cirino Arthur Barroso Mancuello — Ele vem se adaptando pouco a pouco, num ambiente muito bom. Já o Mancuello enxerga muito bem o jogo, deu passe lindo para o Cirino. Infelizmente, ele teve essa lesão. Mas são coisas do futebol. Já o presidente Eduardo Bandeira de Mello classificou como “maliciosa” e “grosseira” a acusação do secretário-geral CBF, Walter Feldman, de que o clube tenta uma “canetada” para mudar a sede do clube no Brasileiro para Brasília. A declaração do dirigente da CBF foi feita em debate na Rádio CBN, ontem. Na sexta-feira, a confederação informou ao rubro-negro que o pedido de ter 6/3 P J V E D GP GC 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 17 15 11 7 7 7 6 4 7 7 7 6 7 7 7 6 5 4 3 2 2 2 1 1 2 3 2 1 1 1 3 1 0 0 2 3 4 4 3 4 GRUPO B P J V E D GP GC 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 19 16 11 11 8 7 -2 -2 7 7 7 7 6 6 7 7 6 5 3 3 2 1 0 0 1 1 2 2 2 4 1 1 0 11 3 1 16 3 2 9 8 2 12 12 2 7 10 1 8 8 6 5 17 6 5 19 Vasco Boavista Bangu Fluminense Cabofriense Portuguesa Resende Macaé Botafogo Flamengo América Madureira Friburguense Volta Redonda Tigres* Bonsucesso* OS ARTILHEIROS OITAVA RODADA GRUPO A (*) Perderam 3 pontos por escalação irregular de jogadores P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias; E - Empates; D - Derrotas; GP - Gols pró; GC - Gols contra; N - Não jogou 15 5 13 6 12 8 13 10 8 10 10 15 5 11 4 8 ÚLTIMOS JOGOS V V V E D E D D V E D V D D E V E E E D D V E E E V E D V D D D ÚLTIMOS JOGOS V D D D D D D D V V V V V E D E V V E V E E E D E V V E E E D D 17:00 Fluminense Macaé Resende Boavista Flamengo Friburguense Volta Redonda Bonsucesso x x x x x x x x América Tigres Madureira Botafogo Bangu Portuguesa Cabofriense Vasco SÉTIMA RODADA SÁBADO Bangu Cabofriense 1 x 1 Madureira 2 x 0 Tigres Bonsucesso Portuguesa Flamengo Vasco 1x2 0x1 5x0 1x1 6 gols Fred (Flu) e Riascos (Vasco) 5 gols Almir (Bangu) e Tiago Amaral (Volta Redonda) 4 gols Nenê (Vasco), João Carlos (Madureira), Leandro Aguiar (América) e Rômulo (Friburguense) 3 gols Willian Arão, Emerson, Marcelo Cirino e Guerrero (Fla), Matheus Paraná, Leandrão (Boavista), Pipico (Macaé) e Rafael Paty (Portuguesa ) ONTEM Boavista América Resende Botafogo HOJE 19:30 Volta Redonda x Macaé Friburguense x Fluminense QUARTA 21:45 Pela esquerda do ataque, Emerson Sheik recua a bola para Mancuello. O argentino vira o jogo e encontra Marcelo Cirino entrando na área pelo lado direito. O atacante corta para o pé esquerdo para sair da marcação do zagueiro Lucas Varone e chuta cruzado. O goleiro Arthur Barroso ainda toca na bola, mas não evita o segundo gol rubro-negro sobre o Resende. Marcelo Cirino Campeonato Carioca - Primeira fase CLASSIFICAÇÃO não interferiu no resultado da partida. Regulamento: O Carioca é dividido em quatro fases. Os quatro melhores de cada grupo da 1º fase formam o grupo C e disputam a Taça GB. Quem ganhar vai para as semifinais com os outros três melhores desta fase. Os dois classificados decidem o Estadual. 6 gols Riascos, Vasco uma sede alternativa ao Rio, feito em novembro passada, não seria aceito. — O Flamengo não quer passar por cima dos diretos dos clubes visitantes. Muito menos através de uma canetada, que aliás eu considero um termo grosseiro, mas grosseria é algo com que eu venho tentando me acostumar — disse. — Essa história toda de direito dos clubes visitantes e “regulamento geral de competições" nada mais é do que uma tentativa de esconder o fato de que a CBF, nesse caso, agiu por determinação da Federação do Rio de Janeiro. Eu espero que seja só nesse caso. l OUTROS ESTADUAIS Palmeiras perde em casa de time sensação do Paulista -SÃO PAULO- A Ferroviária, sensação do Campeonato Paulista e líder do grupo C, o mesmo do São Paulo, aprontou para cima do Palmeiras. Com gol de Rafinha no último minuto, o time de Araraquara venceu fora de casa por 2 a 1. A torcida do Verdão vaiou seus jogadores ao final da partida. Os outros gols foram de Fernando Gabriel e, para o Palmeiras, Cristaldo. Em Minas Gerais, o clássico de ontem terminou empatado. Arrascaeta abriu o placar para o Cruzeiro no Mineirão, mas Bryan acertou uma bomba de longe e empatou para o Améri- ca com um golaço, aos 46 minutos do segundo tempo. O líder do campeonato é o Uberlândia, que venceu o Guarani por 2 a 0 e chegou a 12 pontos em cinco jogos. Em segundo lugar está o Cruzeiro, com 11. O Atlético-MG, de Robinho, que perdeu no sábado para a URT por 1 a 0, é o terceiro, com 10, mesma pontuação do quarto colocado, o América. No Gaúcho, o Internacional venceu o Juventude, em Caxias do Sul: 1 a 0. O Grêmio tinha feito 4 a 2 no Glória no sábado. O líder é o São José, que empatou com o Aimoré por 1 a 1. l 4 l O GLOBO l Esportes l Segunda-feira 29 .2 .2016 CAMPEONATO CARIOCA Artilharia CEZAR LOUREIRO/10-2-2015 FOGO AMIGO Presidente do conselho fiscal do Flu diz que Peter Siemsen sabia do estouro no orçamento. Novo diretor de futebol chega ao clube na quarta-feira GIAN AMATO [email protected] TATIANA FURTADO [email protected] A repercussão de uma entrevista do presidente do Fluminense, Peter Siemsen, ao blog Panorama Esportivo, do GLOBO, revelou como os bastidores das Laranjeiras estão conturbados devido aos problemas em campo e após a demissão do vice de futebol, Mário Bittencourt. Ontem, vazou na internet uma gravação com críticas a Peter feitas pelo presidente do conselho fiscal do tricolor, Pedro Abad. Na tentativa de rebater a nota publicada pelo blog na última sexta-feira, na qual Peter afirma que encontrou o orçamento do departamento de futebol estourado após demitir o vice, Abad acaba criticando a gestão e diz que a culpa, na maior parte, é de Peter, que teria travado a venda do zagueiro Gum e antecipado o pagamento de dívidas. — Claro que o Peter sabia. O problema é que a montagem do elenco foi feita de maneira equivocada, e eu diria aí que tem 70% de culpa do próprio Peter — disse Abad, revelando que o presidente teria impedido a saída de Gum e Osvaldo, o que aliviaria a folha salarial: — A ideia era que Gum e Osvaldo fossem embora para poder fechar com Henrique, Richarlison e Diego Souza, além de tentar tirar Jonathan e Magno Alves. O problema é que a gente trouxe os jogadores antes de se desfazer. Não conseguimos nos desfazer, em parte por culpa do Peter, que travou a negociação do Gum. E equacionamos despesas com Martinuccio e Walter, para pagar em dois anos, e ele resolveu antecipar o pagamento. Por isso, estamos nisso aí. Tem mais responsabilidade do Peter no gasto do que do Mário. A reportagem tentou contato com Pedro Abad e Peter Siemsen, mas eles não responderam. Em entrevista à Rádio Globo, o presidente diz ter tomado co- Polêmica. Peter Siemsen gesticula em entrevista: presidente do Fluminense é criticado por dizer que encontrou o orçamento estourado “Tem mais responsabilidade do Peter no gasto do que do Mário” Pedro Abad Presidente do conselho fiscal do Fluminense nhecimento do áudio, publicado na página do MR21 - Movimento de Renovação 21 de Julho, no Facebook: — Política de clube é assim. Dependendo da pergunta, do ambiente, cada um fala uma coisa uma hora e procura agradar um ao outro. Isso é normal. Peter admitiu, ainda, como já havia feito, o problema em relação ao patrocinador pr incipal, que tem atrasado os pagamentos. E adiantou que está em busca de uma nova empresa para patrocinar o time. Ontem, o Fluminense anunciou a contratação de Jorge Macedo como novo diretor de futebol. O dirigente chegará ao clube na quarta-feira para definir, com Peter, o substituto do técnico Eduardo Baptista, demitido na última quinta-feira. Macedo já havia trabalhado no clube. Entre janeiro e outubro de 2011, quando esteve à frente do cargo de coordenador técnico das categorias de base. À época, trabalhou com Fernando Simone, quem agora vai substituir. Levir Culpi permanece como principal opção, mas as partes ainda negociam. Um dos preferidos é Cuca, porém, teria de aceitar baixar o alto salário — na China, a sua comissão técnica ganhava R$ 1 milhão. O treinador tem dinheiro a receber do Shandong Luneng. Se ele assinar contrato com algum outro clube, teria que abrir mão desses valor. l OLI SCARFF/AFP 1 Imagens do fim de semana 1. Guarde esse nome. Marcus Rashford cabeceia para marcar seu segundo gol na vitória do Manchester United sobre o Arsenal por 3 a 2 , ontem, pelo Campeonato Inglês. O jogador, de apenas 18 anos, fez sua segunda partida pelo time do coração. JOSEP LAGO/AFP 2 2. Para variar. Piqué faz o segundo gol na vitória do Barcelona sobre o Sevilla por 2 a 1, ontem, no Camp Nou, pelo Espanhol. O primeiro gol do time catalão foi de Messi, que deu início à jogada do gol do zagueiro. Mais de 79 mil torcedores lotaram o estádio. 3. Teve até voo. Ibrahimovic sofre falta dura ao disputar a bola com Maxwel Cornet, do Reims. O sueco marcou dois gols e deu o passe para os outros dois na goleada do PSG por 4 a 1. LAURENT CIPRIANI/AP 3 l Esportes l Segunda-feira 29 .2 .2016 2ª Edição O GLOBO MMA l 5 BASQUETE UFC em Londres Flamengo se classifica na Liga das Américas SOA O GONGO Derrotado por Michael Bisping em luta polêmica, após um ano suspenso por doping, Anderson Silva trava agora batalha contra o tempo. A idade e a falta de ritmo são obstáculos para voltar ao topo repertório que sempre foi a marca dele. Após um ano de geladeira pelo doping e de outro em recuperação por ter a perna partida ao meio, o quarentão Anderson não tem o mesmo reflexo. — Anderson parecia sem poder de ação e reação — comentou Rodrigo Babi, preparador físico dos irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro. Anderson sempre dependeu do reflexo e dos contragolpes. Quase de forma intuitiva, ele sabia para que lado pendular o corpo e a cabeça na hora de escapar dos adversários. E revidava com contra-ataques que lançava de todos os ângulos. De tão ágil, era comparado a uma aranha. Contra Bisping, o Aranha deu sinais de que a idade e a falta de ação nos últimos três anos pesaram. O tempo longe do octógono e os 41 anos que completará em abril não podem ser subestimados. Se Anderson tivesse enfrentado, anteontem, um atleta top e explosivo como Vitor Belfort a coisa teria ficado feia para ele. O UFC quase casou essa luta, em vez de Bisping. Anderson precisa derrotar ao menos três atletas medíocres, ainda mais medíocres do que Bisping, se quiser voltar ao ritmo de luta que o faça ser competitivo contra os melhores do peso-médio (84kg). Isso demoraria ao menos um ano. Aí ele beiraria os 42. Técnica, genialidade, experiência e até mesmo condicionamento físico não lhe faltam. Mas a idade e o tempo correm contra ele. E o marasmo de ter vencido tudo no passado pode ser maior do que o entusiasmo de querer ser campeão de novo. l Ataque. Anderson atinge Bisping com cruzado de direita VÔLEI Rio conquista Sul-Americano sem perder set /AF P -LA PLATA, ARGENTINA- O RexonaAdes/Rio de Janeiro, do técnico Bernardinho, tornou-se ontem campeão sul-americano feminino de vôlei, ao superar o San Martin, do Peru, por 3 a 0 (25/16, 25/22 e 25/17). A decisão foi em La Plata, na Argentina. Campeã do continente pela terceira vez, a equipe teve campanha irrepreensível, sem perder um set sequer. A vitória na final garantiu vaga no Mundial de Clubes. — Estivemos abaixo do que podemos. Estou feliz pelo título, mas insatisfeito com nossa atuação — reclamou Bernardinho, exigente como sempre, ao analisar o time na decisão. l E'N Anderson Silva pensou ter nocauteado Michael Bisping na luta principal do UFC em Londres, mas o relógio não o ajudou. A buzina que marcava o fim do terceiro round tocou no exato instante em que a joelhada atingiu o rosto do rival. O Spider comemorou cedo demais uma vitória que lhe escapou na decisão unânime dos juízes, ao final de cinco assaltos de uma luta equilibrada. O brasileiro machucou mais e mostrou ser bem superior ao inglês, mas mesmo assim perdeu. Apesar da polêmica em torno da decisão dos juízes, o resultado, do qual o presidente do UFC, Dana White, discordou, foi merecido. Anderson parecia querer lutar só um minuto em cada round para ferir o oponente. E feriu bastante. Ele mostrava ser mais técnico e contundente do que Bisping, mas depois se limitava a evitar os ataques do inglês, com muita firula e pouca ação. Salvo pelo gongo, Bisping venceu pela insistência, ao não parar de atacar e ao acertar mais golpes, mesmo sem muito impacto. Ele venceu o primeiro e o segundo rounds; Anderson, o terceiro e o quinto. O quarto decidiu a luta a favor do inglês. Bisping ganhou o combate de raspão, na opinião dos juízes e da maioria dos críticos. — No momento em que o round foi encerrado, Bisping não estava inconsciente. Ele estava caído e machucado, mas estava olhando para Anderson em postura defensiva e, vendo isso, eu não poderia parar a luta. Se, ao invés de comemorar, Anderson tivesse continuado a atacar, aí sim, seria uma outra história. Mas ele estava festejando quando o gongo soou, e só ali o round acabou — disse o árbitro Herb Dean ao “Combate.com” sobre a joelhada que quase virou nocaute. Seria justo Anderson ter vencido o terceiro round por 10 x 8, afinal ele praticamente nocauteou Bisping. Os dois pontos de diferença levariam o resultado final a um empate (nos pontos, deu Bisping por 48 a 47). Mas também seria justa, como foi, a vitória do inglês. Anderson chegou a falar em “corrupção total”, comentário lamentável para quem foi flagrado em exame antidoping de surpresa no ano passado. O que está claro é que Anderson, hoje, é apenas uma sombra do que foi num passado remoto. O Spider de 2012 usaria a esquiva do boxe e a ginga da capoeira para evitar a maioria dos 108 golpes significativos que o atingiram no confronto contra Bisping. E responderia com cotoveladas, joelhadas, jabs e diretos, um vasto HA LL [email protected] NIK LA S GUGA NOBLAT Não foi do jeito que queria, mas o Flamengo garantiu, ontem, a classificação para o Final Four da Liga das Américas na primeira colocação do Grupo F. Isso porque o rubro-negro perdeu para o Guaros de Lara, da Venezuela, por 92 a 87, na última rodada da primeira fase do torneio. JP Batista, do Flamengo, foi o cestinha, com 21 pontos. Com o resultado, Flamengo, Guaros e Brasília terminaram empatados, com cinco pontos. No critério de desempate (saldo de cestas em jogos entre as três equipes), o rubro-negro levou a melhor, seguido pelo Guaros. O Brasília acabou eliminado. As semifinais do Final Four serão disputadas no dia 11 de março. O Flamengo pega o Bauru, e o Guaros enfrenta o Mogi. A final será no dia 12. l -BARQUISIMETO, VENEZUELA- INTERNACIONAL City vence Liverpool e fica com Copa da Liga BEN STANSALL/AFP Brasileiros marcam durante jogo, mas perdem na decisão por pênaltis em Wembley -LONDRES- Não faltaram emoção, bolas na trave, gols feitos e pênaltis perdidos por brasileiros na final da Copa da Liga Inglesa. Ontem, em Wembley, o goleiro argentino Willy Caballero, que pouco fora exigido no tempo normal e na prorrogação, brilhou nas disputas de pênaltis, com três defesas, e deu o título ao Manchester City, por 3 a 1, após empate em 1 a 1 com o Liverpool no tempo normal. — Para mim é incrível. Foi uma semana difícil para mim, mas agora temos o troféu. É fantástico para nossa torcida — festejou o herói do jogo. Fernandinho, do Manchester City, e Philippe Coutinho, do Liverpool, marcaram os gols no tempo normal. Mas, nas cobranças, os dois brasileiros perderam pênalti. Caballero também pegou as cobranças de Lucas Neiva e de Lallana. O primeiro tempo teve poucas oportunidades de gol. Na melhor chance, Agüero carim- Paredão. O goleiro Willy Caballero defende cobrança de Philippe Coutinho O goleiro belga voltou a fazer milagre aos 14 minutos do primeiro tempo da prorrogação, quando Agüero entrou em velocidade, tocou, e Mignolet espalmou, com puro reflexo. Emre Can, do Liverpool, começou as cobranças com uma cavadinha: 1 a 0. Fernandinho cobrou em seguida, mas acertou a trave direita. Lucas Neiva foi na sequência, e Caballero fez a defesa. Navas cobrou e empatou para o City: 1 a 1. Coutinho foi para a cobrança, mas Caballero fez nova defesa. Agüero cobrou em seguida e virou: 2 a 1. Em seguida, foi a vez de Lallana bater e Caballero brilhar novamente. Aí foi a vez de Yaya Touré bater e garantir a festa do City. bou a trave do Liverpool, aos 23 minutos. Aos 4 do segundo tempo, brilhou a estrela de Fernandinho, com a colaboração do goleiro belga Mignolet. O argentino Agüero foi lançado por David Silva e rolou para o brasileiro ajeitar e bater cruzado, numa falha do camisa 22 do Liverpool. Sterling perdeu ótima chance de ampliar aos 14, quando recebeu em contra-ataque de David Silva, escolheu o canto, mas mandou para fora. Um dos melhores em campo, UNITED BATE O ARSENAL No Campeonato Inglês, o Manchester United venceu o Arsenal por 3 a 2, no Old Trafford. A estrela foi Rashford, de 18 anos, que marcou dois gols e deu um passe para Herrera marcar. Pelo clube de Londres, Özil e Welbeck marcaram. Com o resultado, o United chega aos 44 pontos e fica em quinto colocado, a oito do líder Leicester. O Arsenal permanece em terceiro, com 51 pontos, e perdeu a chance de se encostar no líder Leicester (56). l Agüero ainda reclamou de pênalti aos 18, quando foi interceptado na área por Moreno, mas o árbitro mandou seguir. O clássico seguia equilibrado — com o City desperdiçando as melhores chances — até que, aos 37, em blitz do Liverpool na área rival, Milner carimbou a trave e Philippe Coutinho, de primeira, pegou o rebote, empatando a partida. Mignolet se redimiu ao fazer defesa à queima-roupa, em nova conclusão de Fernandinho, a menos de cinco minutos do fim. Infantino tenta mostrar distância de ex-dirigentes Novo presidente se diz independente. Joseph Blatter alerta suíço sobre traidores -ZURIQUE- O suíço Gianni Infantino teve, ontem, seu primeiro compromisso como presidente da Fifa: inaugurar o novo museu da entidade, em Zurique. Eleito com a promessa de recuperar a credibilidade da Fifa, abalada após os recentes escândalos de corrupção, ele fez questão de mostrar distanciamento em relação a Joseph Blatter, afastado de qualquer atividade relacionada ao futebol por seis anos por envolvimento em corrupção. — Sepp Blatter caracteriza uma era na Fifa. Espero que eu signifique uma era diferente — disse o suíço de 45 anos. — Infantino é Infantino. Blatter é Blatter. Nono presidente da Fifa em 112 anos da entidade, Infantino também quis se manter distante de Michel Platini, que era o favorito a sucessor de Blatter antes de ser investigado e banido também por seis anos do futebol. Infantino foi secretário-geral da Uefa quando Platini presidia a entidade europeia. — Eu sou independente. Se não for assim, você não ganha uma eleição. Mas eu ainda tenho um bom relacionamento com Platini. Basicamente, eu continuo com bom relacionamento com todo mundo — afirmou o presidente, que tem quatro filhas e já sabe qual será o futuro do futebol. — O futuro pertence às mulheres. Mesmo sem ter contato com o atual presidente, Blatter mandou alguns conselhos ao novo mandatário da Fifa. No diário francês “Journal du Dimanche”, um artigo escrito por ele alertou Infantino sobre possíveis traidores. “Te felicito, mas saibas que também este posto não será fácil. Esperam de você milagres no contexto atual da Fifa. Prepare-se e mantenha-se vigilante. Se todo mundo te apoia e te diz palavras bonitas, saiba que, uma vez na cadeira de presidente, os amigos se tornam escassos" escreveu Blatter, que relembrou o último encontro entre eles em dezembro. l 6 l O GLOBO l Esportes l Segunda-feira 29 .2 .2016 Vôlei de Praia Marcha atlética Tênis de mesa APESAR DE CALOR, PERCURSO É APROVADO BRASILEIRAS VENCEM ETAPA DO MUNDIAL O forte calor de ontem no Rio de Janeiro, que teve sensação térmica de 48°, foi o principal obstáculo para os corredores da marcha atlética, que participaram da Copa Brasil, evento-teste para os Jogos do Rio. A alta temperatura levou 11 dos 18 competidores a abandonarem a prova de 50km — alguns deixaram a pista de maca —, no circuito montado na Praia do Pontal, no Recreio. Quem conseguiu completar o percurso aprovou o local da competição nas Olimpíadas. Só não ganhou nota 10 por causa da presença de um bueiro e desníveis no trajeto, apesar de local ter recebido camada de asfalto recentemente. Com atletas de sete países, a prova foi vencida pelo equatoriano Cláudio Flores, que completou o percurso em 4h23m37s, seguido pelos compatriotas Rolando Pani (4h34m09) e Jonnathan Cabrera (4h46m21). Os brasileiros Rudney Nogueira, Leandro Clementino e Samir Nascimento não completaram a prova. Sem perder nenhum set, a dupla brasileira Duda e Eliza comemorou ontem o primeiro título de uma etapa do Circuito Mundial. Elas venceram Meppelink/Van Iersel, da Holanda, por 2 sets a 0 (21/10 e 21/13), em Maceió. Com 17 anos e seis meses, Duda se tornou a terceira atleta mais jovem a conquistar um título do torneio internacional. —Esse é o nosso primeiro ouro no Circuito Mundial, vai ficar guardado para sempre. Foi um momento incrível com a torcida a favor, minha família toda na arquibancada. Eu tinha mais é que me doar, jogar como se tivesse três braços, três pernas, tudo que pudéssemos fazer para não deixar escapar esse título — comemorou a sergipana Duda. — As holandesas são experientes, muito fortes e habilidosas. Conseguimos impor a nossa tática, que foi um pouco diferente do que apresentamos antes, com mais potência no ataque, e deu certo. Ágatha e Bárbara Seixas completaram o DIVULGAÇÃO/FIVB Ouro. Duda (no chão) e Elize vencem etapa brasileira pódio, em terceiro lugar. Elas venceram Ana Gallay e Georgina Klug, da Argentina, por 2 sets a 0 (21/13 e 21/15). A dupla está classificada para as Olimpíadas. No masculino, duas duplas brasileiras foram ao pódio. Os cariocas Pedro Solberg e Evandro ficaram com a prata, e Guto e Saymon levaram o bronze. O ouro foi para as mãos do campeão olímpico em Pequim-2008, Phil Dalhausser, e o atual parceiro, Nick Lucena. A próxima etapa brasileira do Circuito Mundial será o Grand Slam do Rio, entre 8 e 13 de março. ANTONIO SCORZA Futuro. A americana Demi Payne salta com o Museu do Amanhã ao fundo Salto com vara NOVATA NO CAMINHO Demi Payne, de 24 anos, vê maternidade como inspiração para vir ao Rio e disputar o pódio com Fabiana Murer TATIANA FURTADO [email protected] Quando Fabiana Murer ganhou o ouro no Pan do Rio, em 2007, Demi Payne tentava, pela primeira vez, ultrapassar um sarrafo com a vara, no colégio. Quase uma década depois, elas se encontraram ontem no Rio, no torneio de Super Salto, na Praça Mauá, vencido pela brasileira (4,63m). E esperam se encontrar novamente em agosto, no Engenhão, como candidatas a medalha nos Jogos Olímpicos. A americana de 24 anos e 1,82m surgiu no último ano como mais uma adversária de Fabiana, que terá a derradeira chance de conquistar um pódio olímpico. Há menos de 10 dias, Demi saltou 4,90m, em uma competição indoor em Nova York, a segunda melhor marca mundial em pista coberta. Em campo aberto, como será nos Jogos, o maior salto foi 4,71m, obtido em maio de 2015. — Ela está saltando super bem, é uma atleta nova. Os Estados Unidos estão muito fortes, com atletas em alto nível. O Mundial Indoor vai BRASIL INICIA COM VITÓRIA NO MASCULINO Na segunda divisão do Mundial por equipes de tênis de mesa, o Brasil deu passo importante para voltar à elite. A seleção estreou com vitória sobre a Holanda, por 3 a 1, ontem, na Malásia. Já a equipe feminina, que está na primeira divisão, perdeu os dois confrontos do primeiro dia de evento para o Japão e Coreia do Norte. No primeiro duelo com os holandeses, Hugo Calderano derrotou Rajko Gommers. Em seguida, Cazuo Matsumoto venceu Laurens Tromes. Gustavo Tsuboi poderia ter fechado o placar, mas não passou por Ewout Oostwouder. Na quarta partida, Calderano voltou à quadra e bateu Tromes. A seleção masculina volta a jogar hoje contra a Bélgica e Canadá. O grupo E ainda conta com Irã e Tailândia. No regulamento, as 24 equipes são divididas em quatro grupos de seis. As quatro primeiras avançam para as oitavas de final. Os dois finalistas garantem vaga na série A do Mundial de 2018. ser lá dentro e será muito competitivo — disse Fabiana, que vai disputar a competição, em Portland, mês que vem. Sempre sorridente e solícita com todos que lhe pediram uma selfie, antes e depois do evento, Demi aproveitou cada minuto do primeiro contato com o Rio. Nem mesmo o sol de mais de 40° (sensação térmica de quase 50°), tirou a alegria da texana, que errou os dois últimos saltos, assim como a outra americana, Katie Nageotte. — Foi incrível, amei o Brasil. Eu não sabia que a cidade era tão linda, e as pessoas são incríveis. Eu espero voltar, é claro — disse Demi, que, assim como os demais competidores que vieram da temporada indoor no frio no hemisfério norte, teve de superar o calor. AMERICANA É FÃ DA BRASILEIRA Há três anos, porém, a vinda ao Rio quase ficou pelo caminho. Uma notícia inesperada fez a atleta ponderar seu futuro. Aos 21 anos, Demi descobriu que estava grávida. À época, havia saltado 4,25m no campeonato universitário pela Universidade do Kansas. O primeiro pensamento foi: “Vou perder o campeonato e não serei mais capaz de saltar novamente”. No entanto, dois anos depois, com Charlee a tiracolo, alcançou a marca de 4,75m, em torneio indoor, no Novo México. A performance a colocou em terceiro lugar no ranking americano, atrás de Jennifer Suhr e Stacy Dragila. Hoje, cada sarrafo superado tem como inspiração a filha de quase dois anos e meio. A maternidade deu a ela a responsabilidade e a concentração tão necessárias a atletas de alto nível. — Foi muito louco quando eu soube que estava grávida. Eu tinha apenas 21 anos, pensei que minha vida tivesse acabado. Mas mudei totalmente o meu modo de pensar. Percebi que é a melhor motivação que alguém pode ter para fazer qualquer coisa. É incrível. Ela só me motivou ainda mais e sou muito grata por isso — contou Demi. Entre os cuidados com a filha, ao lado do noivo Thomas Taylor, Demi dará continuidade à preparação para os Jogos. Ela sabe que o nível da prova está altíssimo, inclusive na concorrência interna, e não mede elogios a Fabiana Murer, que considera uma das favoritas. — Ela é incrível, e eu sempre estou vendo seus saltos. Isso é muito bom para mim, pois ela tem uma ótima mecânica. Sigo ela nas redes sociais, gosto de saber o que está fazendo — admitiu a americana, que espera continuar tendo a mesma performance na temporada e ficar entre as três melhores do Estados Unidos. Nas outras provas da competição, os brasileiros não foram tão bem. Mauro Vinícius, o Duda, no salto em distância, conseguiu 8,14m, um centímetro a menos do índice olímpico, e ficou em segundo. O alemão Markus Rehm, que tem uma perna amputada, saltou 8,24m. No feminino, Keila Costa terminou na segundo posição (6,39m), atrás da americana Funmi Jimoh (6,63m). No salto com vara masculino, o argentino German Chiaraviglio chegou a 5,50m e venceu o desafio. O brasileiro Augusto Dutra veio em seguida, com 5,30m. l MUNDO FÉRIAS COM A CVC HOTEL CONRAD PUNTA DEL ESTE RESORT & CASINO 5 dias NA CVC, MOMENTOS QUE VALEM MUITO CUSTAM POUCO. Inclui passagem aérea, transporte aeroporto/hotel/ aeroporto e hospedagem com café da manhã. A partir de 10x R$ 286,00 sem juros À vista R$ 2.860 Base US$ 808. ENCONTRE A CVC MAIS PRÓXIMA DE VOCÊ NO WWW.CVC.COM.BR/LOJAS, CONSULTE SEU AGENTE DE VIAGENS OU ACESSE O SITE. 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Tavares e António Lobo Antunes pág. 2 JOSÉ EDUARDO AGUALUSA SEGUNDA-FEIRA 29.2.2016 3ª EDIÇÃO oglobo.com.br AO VIVO CHRISTIANE PELAJO ESTREIA TELEJORNAL VESPERTINO pág. 5 REUTERS Jornalismo. A equipe de “Spotlight” recebe o Oscar de melhor filme: produção narra investigação jornalística sobre os abusos sexuais cometidos por padres na arquidiocese de Boston ‘Spotlight’ vence Oscar de melhor filme e animação brasileira perde para ‘Divertida mente’, numa noite marcada pelas ironias de Chris Rock contra a falta de diversidade em Hollywood ACERTO DE CONTAS [email protected] FABIANO RISTOW [email protected] E ntre uma investigação jornalística sobre abusos sexuais na Igreja e a escassez de recursos ambientais, o grande tema do Oscar de 2016 também foi político, mas sobre o problema racial na América. Realizada na noite de ontem, a cerimônia consagrou “Spotlight”, de Tom McCarthy, como melhor filme, e teve “Mad Max”, do australiano George Miller, como o maior vencedor da noite, com seis estatuetas. Mas o que será mesmo comentado durante semanas é a atuação do apresentador Chris Rock, abordando o principal assunto desta 88ª edição do Oscar, a falta de diversidade em Hollywood. Durante toda a cerimônia, Rock, em sua segunda vez como apresentador (a outra foi em 2005), fez o que todos esperavam e alguns temiam: brincou, por exemplo, que uma possível solução para o prolema racial seria criar uma categoria de “melhor amigo negro”, disse que nos anos 1960 os negros não se preocupavam tanto com quem era indicado porque “estavam ocupados em lutar contra os linchamentos” e ainda citou a homenagem de Hollywood aos mortos do ano anterior, causando um certo constrangimento na plateia: — Neste ano as coisas serão diferentes. O segmento in memorian vai destacar os negros baleados por policiais no caminho para o cinema — disse Rock (seu discurso inicial está no box ao lado). Houve aplausos, mas também sorrisos amarelos entre os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que este ano não indicaram um único negro entre os 20 atores e atrizes. O loiro Leonardo DiCaprio, porém, não teve do que reclamar: depois de seis indicações, ele enfim ganhou seu primeiro Oscar, como ator por “O regresso”. — A mudança climática é real e está acontecendo agora. É a maior ameaça aos seres vivos — disse DiCaprio. No total, a produção do mexicano Alejandro G. Iñárritu recebeu três estatuetas, repetindo o bom desempenho do ano passado, quando o cineasta e seu diretor de fotografia Emmanuel Lubezki foram premiados pela direção e a fotografia de “Birdman” (é, aliás, a terceira vitória seguida do também mexicano Lubezki, ganhador em 2014 por “Gravidade”). Em desempenho numérico, “O regresso” só ficou atrás do apocalíptico “Mad Max”, que recebeu seis estatuetas em categorias técnicas. U Sam Smith e Jimmy Napes, por “Writing’s on the wall”, de “007 contra Spectre.” A festa começou às 22h30m (hora de Brasília). FILME “Spotlight: Segredos O primeiro prêmio foi anunciado por Emily Blunt e revelados” Charlize Theron para o roteiro original de “Spotlight”. DIRETOR Em seguida, Ryan Gosling e Alejandro G. Iñárritu Russell Crowe apresenta(“O regresso”) ram o prêmio para a outra categoria de texto, a de roATRIZ teiro adaptado, vencida por Brie Larson “A grande aposta”. Segundo (“O quarto de Jack”) os analistas, esses dois, mais “O regresso”, disputavam caATOR beça a cabeça para saber Leonardo DiCaprio quem seria escolhido como (“O regresso”) melhor filme, troféu que acabou mesmo com a invesANIMAÇÃO JOE BIDEN DISCURSA tigação jornalística em for“Divertida mente” A animação brasileira “O ma de thriller de “Spotlight”. menino e o mundo”, de Alê — Precisamos manter o DOCUMENTÁRIO Abreu, perdeu o prêmio pajornalismo saudável e in“Amy” ra o favorito “Divertida dependente, é uma das mente”, dos estúdios Pixar. FILME ESTRANGEIRO funções mais importantes O melhor filme estrangeiro do mundo hoje — disse, no “O filho de Saul” foi o húngaro “O filho de tapete vermelho antes da Saul”, e o vencedor como documentá- festa, Mark Ruffalo, estrela do longario foi “Amy”, sobre a cantora Amy Wi- metragem. nehouse. Brie Larson foi escolhida a Naturalmente, o tema da falta de dimelhor atriz, por “O quarto de Jack”; versidade continuou predominando ao Alicia Vikander, atriz coadjuvante, por longo da cerimônia. Já na segunda apa“A garota dinamarquesa”; e Mark Ry- rição de Chris Rock no palo, ele exibiu lance, ator coadjuvante, por “Ponte um vídeo com cenas de filmes indicados espiões”. dos, mas “levemente” alteradas para Um dos prêmios mais aplaudidos da incluir atores negros ironizando a falta noite foi para o italiano Ennio Morrico- de diversidade em Hollywood. Particine: um dos maiores compositores da param Whoopi Goldberg, Tracy Morhistória do cinema, ele venceu pela tri- gan, Leslie Jones e o próprio Rock. Mais lha sonora de “Os oito odiados”, de tarde, houve uma falsa homenagem a Quentin Tarantino. Também foi motivo um grande ator negro de Hollywood: o de aplausos a participação do vice-pre- branco Jack Black (em inglês, black sidente americano Joe Biden, que su- quer dizer negro). l biu ao palco para fazer um forte discurso contra estupro, tema do documentáNA WEB rio “The hunting ground”, pelo qual oglobo.com.br/cultura Lady Gaga foi indicada a melhor canVeja a lista completa de ção — contudo, ela perdeu o Oscar para vencedores do Oscar OS PRINCIPAIS PREMIADOS U PRINCIPAIS TRECHOS O MONÓLOGO DE ROCK “Estou aqui no Oscar, também conhecido como o White People’s Choice Awards. Muita gente disse: ‘Você deveria boicotar, desistir’. Por que só desempregados pedem para você pedir demissão de alguma coisa? Eu pensei em desistir, sério mesmo, mas percebi que o Oscar aconteceria de qualquer forma. A questão é: por que estamos protestando nesse Oscar? É a 88ª edição, o que significa que essa história de negros não indicados aconteceu pelo menos outras 71 vezes. Certamente já aconteceu nos anos 1950, 60, e ninguém protestava. Por quê? Porque tínhamos assuntos mais sérios para protestar. Talvez você estivesse ocupado demais sendo estuprada para se importar com o melhor diretor de fotografia. Quando sua avó está pendurada numa árvore, é difícil se importar com o melhor curta. Mas o que aconteceu esse ano? As pessoas ficaram irritadas. Mas eu entendo. Esse ano as coisas serão diferentes. O segmento in memoriam vai destacar os negros baleados por policiais em seu caminho para o cinema. Acho que tem que ter categorias para negros. Você já tem para mulheres e homens! Se você quiser negros todos os anos no Oscar, melhor ter categorias para negros, como: melhor amigo negro. Hollywood é racista? Com certeza. Mas é um racismo de irmandade. A questão é: os atores negros querem as mesmas oportunidades. E não só uma vez, mas todos os anos. Vocês querem diversidade? Nós temos diversidade. Com vocês, Emily Blunt e outra pessoa ainda mais branca: Charlize Theron!” REUTERS Destaques. Chris Rock (ao lado) fez piadas, enquanto Di Caprio e Brie Larsson comemoraram CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP ANDRÉ MIRANDA CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP l O GLOBO 2 l Segundo Caderno l [email protected] JOSÉ EDUARDO AGUALUSA | | Segunda-feira 29 .2 .2016 Gente Boa CLEO GUIMARÃES Email: [email protected] e Blog: http://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/ COM MARIA FORTUNA E FERNANDA PONTES | Aquele preciso instante de glória Escutei, em duas ou três ocasiões, o escritor português Gonçalo M. Tavares contar como, estando a escrever, num estado de transe profundo, não se apercebeu de que deixara uma torneira aberta no banheiro, e de que a água corria e tomava conta de todo o apartamento. Foi só quando a água já lhe subia pelos calcanhares que ele emergiu da ficção e despertou para a realidade — e a realidade estava encharcada. SECOS & MOLHADOS Show em Copacabana tem cantores em visual andrógino e participação de Ney Matogrosso FOTOS DE MARCOS RAMOS JOSÉ EDUARDO AGUALUSA 3ª MARCUS FAUSTINI 4ª 5ª 6ª FRED FLÁVIA ZÉLIA COELHO OLIVEIRA DUNCAN SAB MARCIO TAVARES D'AMARAL DOM FERNANDO GABEIRA Encolheram o bolo A crise não poupa ninguém e, por causa dela, até o “Parabéns pra você” oficial da cidade terá uma versão bem mais modesta este ano. A prefeitura, que ia desembolsar R$ 108 mil para a festa da Rua da Carioca, amanhã, enxugou o orçamento e liberou menos da metade: R$ 50 mil. Com isso, o bolo passou dos quase 200 metros originais para um quarto disso: desta vez, serão 50 metros. Papo ‘Cannabis’ Gregorio Duvivier vai ser o mediador de um debate sobre a descriminalização da maconha, quarta-feira, na Casa do Saber, em São Paulo. Ao que tudo indica, deve contar mais vez que planta a erva em casa, sim. Em novembro, Gregorio falou sobre o assunto. Leia na nota abaixo. É uma boa história. Talvez não acreditasse nela se a tivesse escutado da boca de um outro escritor. Conhecendo o Gonçalo, e, sobretudo, conhecendo os livros que vem produzindo, não me surpreende tanto. Aos 45 anos, Gonçalo M. Tavares é o escritor de língua portuguesa mais traduzido e também o mais premiado internacionalmente. Os livros de Gonçalo parecem, quase todos, escritos por uma criança muito velha. Ele olha para as coisas mais simples — leva-nos a olhar para as coisas mais simples — como se todas elas fossem extraordinárias. Ou, melhor, leva-nos a perceber que todas elas são extraordinárias. Não surpreende que esses textos tenham sido escritos, senão num estado de transe quase místico, ao menos num estado de arrebatamento criativo durante o qual o seu autor se ausenta do mundo físico (desse mundo físico sujeito a inundações). Fernando Pessoa contou numa famosa carta a Adolfo Casais Monteiro, datada de 13 de janeiro de 1935, como lhe surgiu, ou como incorporou, Alberto Caeiro: “Lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro inventando um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira — foi em 8 de março de 1914 — acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, “O guardador de rebanhos”. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive.” António Lobo Antunes não gosta muito de Fernando Pessoa (“Fernando Pessoa aborrece-me até à morte”, disse recentemente), mas partilha com o poeta a ideia de que a escrita implica uma espécie de surto. Repetidamente, em um sem número de entrevistas, vem insistindo na tese de que os bons livros, ou os melhores momentos de um livro, acontecem de forma inesperada, quase independente da vontade do autor: “Eu não escrevo o que eu quero, eu escrevo aquilo que as vozes ditam, que o livro quer ser. (...) Num livro mau, a pessoa escreve aquilo que quer escrever. Num livro bom a pessoa escreve aquilo que o livro quer que seja escrito.” Coerente com esta tese, António Lobo Antunes chegou a defender que os livros deveriam ser publicados sem o nome dos autores. E acrescentou, rindo: “Acho muito curioso pagarem-me por eles porque não sei se me pertencem.” Há quem se irrite ao ouvir Lobo Antunes. Há quem troce dele. António Guerreiro, um dos mais temidos críticos literários portugueses, sugere que as declarações do escritor não são outra coisa senão uma continuidade da sua própria ficção: “É esta concepção teológica da criação literária — em que o escritor, possuído por um daimon, é um intermediário entre os homens e os deuses — que António Lobo Antunes reclama desde há muito tempo nas entrevistas. E reclama-o não apenas para si, mas para os escritores em geral, essas criaturas que ‘parece que têm contato com outra instância qualquer’. Seríamos grosseiros, ou pelo menos ingênuos, se levássemos as suas palavras a sério e não as lêssemos como uma enorme paródia.” Não concordo. Nem sequer me parece que as afirmações de Lobo Antunes sejam sinal de arrogância. Pelo contrário, acho-as uma demonstração de humildade. Lobo Antunes sabe, evidentemente, que os livros que escreve vieram de algum lugar dentro dele. O que Lobo Antunes, Pessoa ou Gonçalo M. Tavares nos estão a dizer é que escrevem melhor quando se esquecem de que estão escrevendo. Quando se deixam tomar pela paixão da escrita. Isto, que é válido para a literatura, vale também para qualquer outra atividade humana. Quem, a determinada altura da sua vida, num preciso e irretocável instante de glória, não experimentou sentimento semelhante? Quando a paixão nos toma, somos maiores do que nós. Somos, de alguma forma acertada e misteriosa, a Humanidade inteira. l 2ª | O que ele disse “Eu tenho pé de maconha em casa. Estou falando isso há um ano, esperando a polícia bater lá e não bate. Já falei com todas as letras! Quem estiver no Rio, eu moro no Jardim Botânico e tenho o lemon haze — não é o purple haze (variedades da maconha), é uma cruza. Os dois são fêmeas, camarões grandes... Já falei isso mil vezes. Me prendam!”. O debate faz parte do projeto “Comunica que muda”, que discute temas polêmicos na sociedade, e será transmitido pela internet. Alguma coisa mudou Trio. Daniel Chaudon, Diego Moraes e Caio Prado: eles terminam o show vestidos de mulher O s ingressos para o show do trio Não Recomendados já estavam esgotados há uma semana. Era a certeza de casa cheia na apresentação que aconteceu dias atrás, no Sesc Copacabana, com a participação de Ney Matogrosso. l O show, performático, e com os três músicos (Caio Prado, Daniel Chaudon e Diego Moraes) de visual andrógino, teve seu auge mais ou menos na metade da apresentação, logo depois de Ney cantar “Fala” e “Viajante”. Foi quando o trio fez um retorno triunfal, voltando pelas escadas, no meio do público, travestidos como seus alter egos femininos. l O público gostou, cantou, dançou e se divertiu. “Maravilhosooooo!”, gritaram da plateia quando Caio começou a cantar: “Estou fazendo amor/ Com outra pessoa/ Mas meu coração/Vai ser pra sempre seu/O que o corpo faz/A alma perdoa...”, um clássico na voz do pagodeiro Alexandre Pires, nos anos 90. Teve também uma releitura de “Cálice”, que deixou o público até um pouco emocionado. l Ele. Ney Matogrosso levou a plateia à loucura O show terminou de forma poética: com os três deitados no chão, cantando “Love of my life” à capela. MALVADA SÓ NA TV PORTUGUESA PEDRO CASTILHO/DIVULGAÇÃO O ano que passou não foi como os outros para o Conar. O órgão, que fiscaliza a ética da propaganda comercial veiculada no Brasi, teve em 2015 o menor número de processos instaurados desde 2001. Foram 241 ao longo de todo o ano, com 44 anúncios sustados. É menos da metade dos 448 casos de 2008, por exemplo, quando 71 anúncios tiveram que sair do ar por serem considerados antiéticos de alguma forma. Laços afetivos Uma das cenas do filme “A fera na selva”, a adaptação para o cinema da peça encenada por Paulo Betti e Eliane Giardini nos anos 90, terá a participação de quatro irmãos de Paulo — José, Teresa, Maria e Aparecida—, todos na faixa dos 80 anos. O ator é o caçula de 15 filhos, mas oito morreram pouco depois do parto. “É uma cena importante”, diz Paulo. “Foi rodada no hospital Santo Antônio, em Votorantim, (SP), onde consegui meu primeiro emprego de carteira assinada”. Não rolou O cabeleireiro Tiago Parente se inspirou no visual de Kim Kardashian para criar o cabelo chapado e partido ao meio de Juliana Paes em “Totalmente demais”. Só que... “Ninguém entendeu. Não é todo mundo que conhece a Kardashian. Diziam: ‘Por que esse cabelo horroroso?’”, conta Tiago. Resultado: ele teve que mudar — a atriz apareceu nos capítulos recentes já com o cabelo mais soltinho e ondulado. Deu certo. Acaba de virar líder de telefonemas na Central da Globo. ‘Personal piolho’, conhece? Por mais estranho que possa parecer, o Rio já tem várias “personal piolho” — profissionais como Ione Nogueira (foto), contratadas para ir à casa das clientes catar piolhos e lêndeas de crianças e adultos. Ione é esteticista, cobra R$ 100 por hora e fez toda a clientela no boca a boca. Se ela acha ruim esse trabalho? Que nada. “Adoro catar piolho dos outros”, conta ela, que tem técnicas e macetes especiais para fazer uma “limpa” nos fios. “Sai tudo”, diz. U Curtinhas Lisboa. Úrsula Corona: atriz lança blog de viagem depois de interpretar vilã em Portugal Ú rsula Corona posou em Lisboa para o fotógrafo Pedro Castilho, num ensaio que teve como inspiração a vilã Thais, interpretada pela atriz na novela portuguesa “Sol de inverno”. Úrsula virou celebridade por lá e chegou a apanhar na rua por causa das maldades da personagem. De volta ao Brasil, ela agora lança o blog “Do Rio pra cá”, com textos de cinco brasileiras sobre países que conhecem bem. Úrsula, adivinha? escreve sobre Portugal. “A ideia é trocar experiências e boas dicas, compartilhando nossas rotas”, diz. Sob a direção da psicopedagoga Heloisa Erlanger, a creche Bom Tempo começa a funcionar hoje em Botafogo. Marina Ruy Barbosa é a estrela de capa da revista “Glamour” de março. A peça infantil “A menina do dedo torto” continua em cartaz no Oi Futuro em Ipanema. Já estão abertas as reservas para o almoço de Páscoa do Assunção Restaurante. 2537-2732. Teresa Bergher fala sobre doenças raras, hoje, às 14h, na Câmara de Vereadores. Restaurante Via 44 tem novidades no menu. l Segundo Caderno l Segunda-feira 29 .2 .2016 O GLOBO l 3 VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO CELULAR OU ACESSE NO SITE: rioshow.com.br OS DESTAQUES DE HOJE DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL Cinema ‘Um dia a mais para viver a cultura’ Cinema ‘Apaixonados’ Dia de cinema de graça O Bonequinho viu FOTOS DE DIVULGAÇÃO Amor, confete e serpentina DRAMA O carnaval é o ponto de partida da comédia romântica de Paulo Fontenelle, que acompanha a história de três casais, entre eles Raphael Viana e Nanda Costa (foto). O longa tem sessão de pré-estreia hoje. Hoje é dia 29 de fevereiro. E daí? E daí que, para celebrar as 24 horas extras que o ano bissexto oferece, o Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo, realiza hoje o projeto “Um dia a mais para viver a cultura”, com todas as sessões gratuitas. Para garantir a entrada, basta retirar o ingresso na bilheteria, uma hora antes de cada filme. Entre os 12 longas em cartaz nas seis salas do cinema, há opções para todos: o drama extremo “O regresso”, com Leonardo Dicaprio (foto), obras com temática LGBT, como “A garota dinamarquesa” e “Tangerine”, o denso filme húngaro “Filho de Saul”, sobre o Holocausto, o divertido “Deadpool” ou a bonita animação brasileira “O menino e o mundo”. ONDE: Cinépolis Lagoon. Av. Borges de Medeiros 1.424, Lagoa (3029-2544). QUANDO: Seg, às 21h10m. QUANTO: R$ 29. CLASSIFICAÇÃO: 10 anos. Cinema ‘Arpoador, praia e democracia’ Antropologia na areia e no mar ‘A vizinhança do tigre’ É claustrofóbico e incômodo, a antítese do queridinho ‘‘A vida é bela’’, outra produção que abordou paternidade e Holocausto. Mas, tanto por sua originalidade quanto pela força da história que narra, deve ser visto por todos. Fascina pelo modo como constrói um universo ficcional próprio. A direção e os atores reinterpretam e deliram o cotidiano para criar um espaço lúdico de invenção que ultrapassa tanto o documentário quanto a ficção. André Miranda Ruy Gardnier DRAMA SUSPENSE ‘Ela volta na quinta’ Baseado em estudos do antropólogo Roberto DaMatta, o longa de Hamsa Wood e Helio Pitanga tem sessão de pré-estreia seguida de debate com o historiador Milton Teixeira, entre outros. ONDE E QUANDO: Espaço Itaú de Cinema. Praia de Botafogo 316, Botafogo (2559-8751). Hoje: “Boa noite, mamãe” (21h10m), “Deadpool” (13h20m, 15h30m, 17h40m, 19h50m, 22h), “Ela volta na quinta” (19h40m), “Os dez mandamentos” (14h, 16h30m, 19h, 21h30m), “Filho de Saul” (15h50m), “A garota dinamarquesa” (13h30m, 21h40m), “O lobo do deserto” (13h30m, 15h50m, 21h40m), “O menino e o mundo” (13h30m), “O quarto de Jack” (13h30m, 16h, 18h30m, 21h), “O regresso” (15h10m, 18h10m), “Tangerine” (18h) e “A vizinhança do tigre” (19h40m) QUANTO: Grátis. CLASSIFICAÇÃO: De acordo com o filme. DRAMA ‘Filho de Saul’ ONDE: Cinemateca do MAM (Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo (3883-5600). QUANDO: Seg, às 19h. QUANTO: R$ 8. CLASSIFICAÇÃO: 10 anos. ‘Presságios de um crime’ O diretor André Novais Oliveira e integrantes de sua família emprestam os próprios nomes aos personagens dessa ficção sobre acontecimentos do cotidiano. O longa-metragem evolui sem pressa por meio de cenas intencionalmente longas. A presença de Anthony Hopkins lembra em excesso o Hannibal Lecter de “O silêncio dos inocentes”. Mas o longa, que tem no bom ritmo a sua principal qualidade, cumpre a função de entreter. Daniel Schenker Daniel Schenker Artes visuais VALIOSO ESPAÇO AUTORAL DIVULGAÇÃO Antunes, Lucia Koch, Marilá Dardot, Nelson Leirner, Rodrigo Hernández, Roman Ondák, Tiago Tebet e Tomás Colaço. E, caso não se leia o texto que alinha a ideia de eles estarem ali juntos, talvez fosse possível tecer teorias mais amplas do que aquelas que a curadora apresenta em sua premissa escrita. Ou seja, as obras possuem mais do que o partido curatorial sinaliza. E, como disse, esse talvez seja um bom problema. Pois a curadoria soube escolher boas obras, e lançou sobre elas um olhar que não desejou ser mais complexo do que os próprios trabalhos de arte — estes sim os protagonistas, e não a curadoria. Luiza Teixeira de Freitas elege a porta como o leitmotiv do conjunto apresentado. A porta e su- OBRAS POUCO VISTAS NO BRASIL Na fotografia de Lucia Koch que faz parte de sua série “Amostras de arquitetura”, não é exatamente uma porta que está sendo evocada, mas sim a ideia de espaço. Aqui vê-se como um determinado lugar pode ser experimentado em um espaço completamente distinto. Ao fotografar interiores de caixas e evocar arquiteturas “reais”, a artista nos dá a chance de experimentar espaços longínquos e complexos em pequenas e prosaicas caixas de papel. As fotografias das ações de Július Koller, típicas de uma produção derivada das práticas experimentais da década de 1970, convivem com trabalhos de caráter mais poético como o da portuguesa Leonor Antunes, que em “Looking through Anni #2, #7 and #8” lida com a ideia de camadas transparentes e opacas que alteram a nossa percepção. Essa obra alude sutilmente à ideia posta em grande escala por Cildo Meireles em sua instalação “Através”, ou seja, trata-se de como lidar com os diversos filtros que atravessam a nossa experiência de percepção do mundo ao redor. “Sem saber quando virá o amanhecer...” é uma mostra enxuta que traz um conjunto de artistas de diferentes partes do mundo e distintas gerações. Com uma curadoria discreta, traz obras pouco vistas no Brasil. O projeto “Exposição de verão” segue, assim, cumprindo bem a sua missão de ser uma galeria de arte que destina um espaço do ano para um voo de caráter autoral, sem ter com a venda o maior compromisso. l Japão em SP Japão em NY Japan House vai difundir o país contemporâneo MoMA promove em março exposição de arquitetura São Paulo ganhará, em março de 2017, um novo centro cultural: a Japan House, com biblioteca, local para exposições e loja de design japonês. Iniciativa do governo japonês para divulgar o Japão contemporâneo, o instituto na Avenida Paulista tem projeto do arquiteto Kengo Kuma e custo de US$ 30 milhões. Outros dois centros semelhantes serão inaugurados em Londres e Los Angeles. Aqui, a curadoria será de Marcello Dantas. l O MoMA, em Nova York, vai inaugurar em março uma grande exposição de arquitetura japonesa, com foco na influência de Toyo Ito e SANAA sobre a nova geração do país: “A Japanese constellation: Toyo Ito, SANAA, and beyond” (“Uma constelação japonesa: Toyo Ito, SANAA e além”). O Japão é o segundo país em número de vencedores do Pritzker, mais importante prêmio da arquitetura. Tem seis (os EUA possuem oito). l Curadoria acerta ao colocar como protagonista um conjunto de obras de 12 artistas de diferentes partes do mundo Crítica ONDE: Galeria Silvia Cintra + Box 4 — Rua das Acácias, 114, Gávea (2521-0426). QUANDO: Seg. a sex., das 10h às 19h; e sab., das 12h às 18h. Até 19 de março. QUANTO: Grátis. CLASSIFICAÇÃO: Livre. LUISA DUARTE [email protected] V erão 2003/2004. Começava ali a história da “Exposição de verão” da Galeria Silvia Cintra + Box 4, que hoje abre a sua 13ª edição. Projeto sempre organizado por um curador com o objetivo de apresentar coletivas com jovens artistas brasileiros, este ano ganha uma orientação diversa, trazendo para dentro da exposição nomes de fora do país e não necessariamente novos. Organizada por Luiza Teixeira de Freitas, curadora brasileira baseada em Lisboa, a mostra “Sem saber quando virá o amanhecer...” é o ca- Július Koller. Fotografia da obra “POKR(A)COVANIA A,B (U.F.O.)”; produção derivada de práticas experimentais so de exposição cuja força reside antes na qualidade dos trabalhos expostos do que no texto que amarra a ideia curatorial. Se esse fato é um problema, podemos dizer que se trata de um bom problema, além de pouso usual para os parâmetros contemporâneos. Tento explicar melhor: ocorrem hoje em dia muitas exposições nas quais os partidos curatoriais parecem mais complexos e elaborados do que os trabalhos expostos. Os curadores edificam complexos universos teóricos que só em parte se refletem nos trabalhos. Na mostra hoje em questão ocorre o inverso. Estamos diante de um bom conjunto de trabalhos de 12 artistas — Alek O., Eduardo T. Basualdo, Francesca Woodman, Július Koller, Leonor Obra de artista REPRODUÇÕES Cristina Salgado e Wilma Martins ganham livros Frutos de edital da Secretaria municipal de Cultura, os livros das artistas Cristina Salgado e Wilma Martins (ao lado) acabam de ficar prontos. O de Cristina, da Barléu, será lançado amanhã, na Travessa do Leblon (3138-9600), com debate com Glória Ferreira, Viviane Matesco e Marcelo Campos; o de Wilma, publicado pela Tamanduá_Arte e com coordenação editorial de Frederico Morais, no dia 19 de março, no Paço Imperial.l as diversas camadas simbólicas, lugar de passagem, limite, fronteira, entrada, saída, tão presente no cotidiano que temos com ela uma relação de total automatismo. Apropriada pela arte elas saem desse limbo a que estão destinadas no dia a dia, tão usadas que Julio Cortázar as via como vírgulas, e se tornam metáforas ricas para a imaginação. Agenda da semana AMANHÃ O Museu de Arte do Rio — MAR (3031-2741) inaugura a mostra “O poema infinito de Wlademir Dias-Pino”. Com curadoria de Evandro Salles, a exposição revela a obra de um dos mais significantes artistas do Brasil. São mais de 800 peças entre livros, cartazes, objetos, fotografias, desenhos, l vídeos e instalações. Às 16h, Dias Pino e o curador participam de uma conversa de galeria com os visitantes. l Abre ao público a partir das 11h, no Oi Futuro Flamengo (3131-3060), a exposição “Outras portas da percepção — Um experimento em teoria da imagem”, de Arthur Omar. As fotografias do artista e antropólogo vão ocupar todas as galerias do centro cultural. Na mesma ocasião serão inauguradas as obras “Barroco elétrico”, do italiano Giancarlo Neri, na fachada externa do prédio, e “Stringhe #8”, do também italiano Massimo Rizzuto, no Projeto Tech_nô. l O artista carioca Dudu Garcia inaugura individual, às 19h, na Mais Um Galeria de Arte (3085-3000), em Ipanema. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, a mostra “Carvão-Ouro” apresenta pinturas inéditas, produzidas a partir de 2015. QUARTA, DIA 2 A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea (2294-4305) expõe a partir das 19h a individual “Fragmentais”, de Luiz l Monken. O artista exibe 20 obras construídas a partir de cerâmica industrializada. QUINTA, DIA 3 O artista Dado Oliveira inaugura às 19h, na galeria Ateliê (2239-2262), em Santa Teresa, a mostra “Ignição”, com 20 telas criadas com a utilização de fogos de artifício, pólvora e carvão. l SEXTA, DIA 4 A Escola de Artes Visuais do Parque Lage (3257-1800) inaugura, às 19h, a exposição “Depois do futuro”, com curadoria de Daniela Labra. A coletiva, com a participação de alunos da EAV, é a quarta da série Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado. São cerca de 60 trabalhos dos 39 artistas, l entre eles Alice Miceli, Cristiano Lenhardt, Daniel Escobar, Franz Manata e Saulo Laudares, Gustavo Speridião, Laercio Redondo e Lia do Rio. A mostra abrangerá uma programação paralela aberta ao público com conversas e debates com acadêmicos, ativistas, artistas e pensadores livres. DOMINGO, DIA 6 Às 14h, o Museu de Arte do Rio — MAR promove a conversa de galeria “Entre fios”, que parte da exposição “Rio Setecentista, quando o Rio virou capital”, em cartaz na instituição. No mesmo horário, no pilotis do prédio, acontece a atividade educativa “Rio de ontem, Rio de hoje”. l 4 l O GLOBO l Segundo Caderno l Segunda-feira 29 .2 .2016 Os destaques de hoje na TV FOTOS DE DIVULGAÇÃO History, 22h55m Por trás do glamour São cinco episódios da produção nacional “Um contra todos”, série que mistura documentário e reality para acompanhar a rotina de árbitros de futebol dentro do campo e fora dele. Natalia Castro [email protected] GNT, 1h de terça SyFy, 21h Curta!, 22h15m SBT, 18h ‘Tonight show’ ‘Doctor Who explained’ ‘Blues’ ‘Meu coração é teu’ O apresentador, ator e comediante Jimmy Fallon recebe em seu talk-show os atores Hugh Jackman, Taron Egerton, Audra McDonald. A atração musical fica por conta do dueto Hall & Oates. O especial leva os espectadores para o universo da série, a mais antiga de ficção científica da TV, e exibe os dois primeiros episódios da oitava temporada, antes da estreia da nona, na sexta. Produzida por Martin Scorsese, a série apresenta sete documentários sobre o tema, dirigidos por gente como Wim Wenders. O primeiro deles, “Com vontade de ir pra casa", é do próprio Scorsese. Silvia Navarro (à direita foto) protagoniza a produção mexicana que conta a história de Ana , mulher que trabalha em dois empregos— de dia é babá, à noite é dançarina — para se sustentar. Horóscopo POR CLAUDIA LISBOA (21/3 a 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Libra. Regente: Marte. Construindo uma estrutura emocional sólida você poderá investir na durabilidade das relações sem ferir a necessidade de ter o seu próprio mundo. É tempo de construir relacionamentos estáveis. LIBRA (23/9 a 22/10) Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Áries. Regente: Vênus. Quando algo insiste em frear as tentativas de ir em frente, talvez seja a hora de parar para avaliar melhor tal situação. É tempo de verificar com cuidado as estratégias para dar os passos seguintes. TOURO (21/4 a 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Escorpião. Regente: Vênus. É preciso aproveitar o momento de entusiasmo para fazer os ajustes e se adaptar às mudanças. É tempo de abrir espaço para fazer as transformações que podem te proporcionar benefícios. ESCORPIÃO (23/10 a 21/11) Elemento: Água. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Touro. Regente: Plutão. Se você é compreendido ao manifestar o que sente, é porque a pessoa entende quem você é. É tempo de cultivar a deliciosa sensação de viver a relação com liberdade de expressão. GÊMEOS (21/5 a 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio. Os encontros com pessoas diferentes são oportunidades para que veja as coisas sob um novo ângulo. É tempo de trocar ideias e agregar informações que podem ser da grande valia na sua vida. SAGITÁRIO (22/11 a 21/12) Elemento: Fogo. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Gêmeos. Regente: Júpiter. A satisfação dos desejos pode ser alcançada se respeitar os limites da realidade. Com os pés no chão é bem mais fácil ir atrás da flecha. É tempo de aproveitar a experiência para ir em busca dos sonhos. CÂNCER (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Capricórnio. Regente: Lua. LEÃO O sentimento de falta é sempre um caminho para que se reconheça o valor daquilo que, durante algum tempo, pouco teve significado. É tempo de reconhecer o valor do que se tem. CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1) Elemento: Terra. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Câncer. Regente: Saturno. Ao persistir na realização de seus objetivos, deve considerar o quanto isso pode afetar quem está à sua volta. É tempo de rever o seu plano de metas colocando as pessoas importantes para você. (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Aquário. Regente: Sol. Atitudes corajosas e delicadas contribuem para construir relacionamentos saudáveis. É tempo de saber dosar força e afeto porque esta dupla é responsável pela manutenção da estabilidade. AQUÁRIO (21/1 a 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Leão. Regente: Urano. Ao se permitir experimentar novas emoções, é possível que se sinta pleno. É tempo de dar vazão aos sentimentos e seguir em frente experimentando tudo aquilo que tece seus sonhos de liberdade. Logodesafio POR SÔNIA PERDIGÃO VIRGEM (23/8 a 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Peixes. Regente: Mercúrio. Pela intuição pode-se chegar a lugares que nunca imaginou. Deixar-se conduzir por ela é bom. A lógica serve ao mundano e a inspiração ao sagrado. É tempo de provar o que não faz sentido. PEIXES (20/2 a 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Virgem. Regente: Netuno. Pode ser difícil avaliar o quanto de loucura ou sensatez é bom. Certas coisas pedem bom senso. Para outras, nada melhor que ser louco o suficiente e arriscar. É tempo de viver novas experiências. Foram encontradas 33 palavras: 18 de 5 letras, 8 de 6 letras, 4 de 7 letras, 3 de 8 letras, além da palavra original. Com a sequência de letras HA foram encontradas 16 palavras. Instruções: Encontrar a palavra original utilizando todas as letras contidas apenas no quadro maior. Com estas mesmas letras formar o maior número possível de palavras de 5 letras ou mais. Achar outras palavras (de 4 letras ou mais) com o auxílio da sequência de letras do quadro menor. As letras só poderão ser usadas uma vez em cada palavra. Não valem verbos, plurais e nomes próprios. Solução: cinco, cisco, cólon, covil, iluso, louco, lusco, noivo, óculo, ovino, óvulo, silvo, sócio, suíno, sulco, único, vinco, visco; cônico, cônsul, inócuo, nocivo, ocluso, óculos, ósculo, sulino; conluio, cônscio, incluso, vínculo; concluso, convulso, oclusivo; CONCLUSIVO. Com a sequência de letras HA : colcha, colchão, concha, conchavo, covinha, cunha, halo, ilha, linha, linhão, novilha, sinhá, unha, unhão, vicunha, vinha. ÁRIES Expediente EDITORA: FÁTIMA SÁ [email protected] l EDITORES ASSISTENTES: CRISTINA FIBE [email protected], EDUARDO FRADKIN [email protected], EDUARDO RODRIGUES [email protected], GABRIELA GOULART [email protected], HELENA ARAGÃO [email protected] l DIAGRAMAÇÃO: MARIANA MORGADO, PAULA FABRIS E TOMÁS BREVES l TELEFONES: REDAÇÃO: 2534-5703 l PUBLICIDADE: 2534-4310 [email protected] l CORRESPONDÊNCIA: Rua Irineu Marinho 35, 2º andar. CEP: 20233-900 l Segundo Caderno l Segunda-feira 29 .2 .2016 TV GLOBO/ESTEVAM AVELLAR [email protected] PATRÍCIA KOGUT AJOELHOU, LUTOU COM FLORENÇA MAZZA, ANNA LUIZA SANTIAGO E RAFAELA SANTOS AUMENTA QUE ISSO AÍ É... Vladimir Brichta fará sua volta às novelas depois de dez anos longe. Sua última participação no gênero foi “Belíssima”, de Silvio de Abreu. O ator protagonizará “Sonha comigo”, trama de Maria Helena Nascimento para as 19h com direção de Dennis Carvalho. Ele viverá um roqueiro. 10 0 Para Didi Wagner pelo “Lugar incomum” do Multishow, que agora mostra sua viagem à Tailândia. Ela é boa comunicadora, ótimo astral, sem pose. Essa espontaneidade tem tudo a ver com aventura. Para o sofrimento do assinante que via “Bastardos inglórios” de madrugada no TNT. Era preciso reconfigurar o idioma a cada volta do intervalo. A coisa desativava sozinha. Inglório é isso. Fátima Bernardes topou fazer aulas de judô com Flavio Canto no Instituto Reação. Tudo para uma série especial do “Encontro” sobre esportes olímpicos Ouro de mina Tudo certo O SBT está negociando com a Televisa os direitos para produzir mais uma temporada do desenho de “Carrossel”. Lançada em janeiro, a animação rendeu à emissora o licenciamento de diferentes produtos — de brinquedos a cadernos. Sem falar nos índices de audiência, que têm se mantido entre os oito e os dez pontos em São Paulo. Tereza Falcão e Alessandro Marson entregarão até o fim do mês que vem os seis primeiros capítulos de “Além-mar” ao Fórum de Dramaturgia. A novela é de época, para as 18h, e a sinopse já foi aprovada. A produção será dirigida por Vinícius Coimbra e aproveitará parte da cidade cenográfica de “Liberdade, liberdade”. DANIEL CASTRO HORTA E SERTÃO Eis a primeira imagem de Marcos Palmeira, mais magro e usando barba, para Cícero, seu personagem em “Velho Chico”. O ator posa no seu Armazém Vale das Palmeiras Christiane Pelajo EDILSON DANTAS Jornalista estreia hoje um novo programa de reportagens, apresentado ao vivo na GloboNews [email protected] Q uase 20 anos depois de estrear na GloboNews, a jornalista Christiane Pelajo volta ao canal hoje, à frente do “Jornal GloboNews Edição das 16h”. Com uma hora e meia de duração, o telejornal vespertino irá ao ar de segunda à sexta, com investimento forte em reportagens ao vivo. No programa de estreia, Pelajo apresentará uma edição especial dedicada ao vírus zika e à microcefalia, com a presença no estúdio do médico oncologista Dráuzio Varella. No novo for mato, a tradicional bancada foi eliminada e ela entrevistará, ao vivo, especialistas e personagens. Dois telões mostrarão imagens das reportagens externas e serão usados para comunicação com os jornalistas que forem a campo para trazer notícias. Haverá também ao menos um quadro fixo, “Lente de aumento”, com a jornalista Cristina Tardáguila, que fará checagens de dados apresentados em discursos e declarações de autoridades. — Sou viciada no ao vivo. Para mim, quando veio o convite de voltar à GloboNews, foi uma oportunidade de retornar para o lugar Novos rumos. Pelajo fará reportagens l 5 MICAEL HOCHERMAN FREGUÊS SUMIDO Fabiana Karla gravou o último episódio do “Além da conta verão” com Ingrid Guimarães. Elas foram a um outlet, o The Mills at Jersey Gardens para conferir o que houve com o consumidor brasileiro depois da alta do dólar VEM MAIS Série no ar na Bandeirantes e no TNT, “Terminadores” ganhará uma segunda temporada. A equipe já começou a ser convocada. A nova leva de episódios está prevista para o segundo semestre. No elenco principal, seguem Laila Zaid e Paulo Tiefenthaler. A produção é da Hungry Man. onde comecei — disse ela, em um evento de lançamento do programa, há duas semanas, em São Paulo. Sobre o novo formato, Pelajo disse que a eliminação da bancada e a presença de especialistas e personagens servem para aproximar o espectador: — Você elimina um obstáculo e fica mais próximo do público. DE VOLTA ÀS ORIGENS ALESSANDRO GIANNINI De São Paulo O GLOBO SONHO REALIZADO A jornalista também fará reportagens na rua, um desejo antigo, diz: — Minha formação é de repórter. Sempre que puder, quero fazer externas para estar mais perto da notícia. Segundo Eugenia Moreyra, diretora-geral da GloboNews, o novo telejornal tem como principais características a agilidade, a inovação na linguagem e o investimento na interação. A estratégia do canal de notícias, diz ela, é priorizar reportagens ao vivo e fortalecer a presença na capital paulista, onde fica sua maior base de assinantes. — Não estamos inventando nada de novo, isso tudo já se faz no mundo inteiro. Acredito em trabalhar com alegria. Essa é a prova dos nove — disse a executiva, que espera atrair ainda mais o público jovem, de 18 a 30 anos, uma das faixas que mais assiste ao canal. Embora seja apresentado em São Paulo, o telejornal terá ainda equipe no Rio. Foi feita uma reciclagem no material de trabalho, com compra de equipamentos mais leves e modernos. — Sabemos que temos uma imagem mais sisuda e nos orgulhamos dela. Mas uma das nossas características é saber falar com os jovens. Por isso, estamos fazendo um esforço para trazer mais leveza e agilidade com esses investimentos — complementou o chefe de redação, Carlos Jardim. Em outubro de 2015, Pelajo anunciou sua saída do "Jornal da Globo", onde dividia a bancada com o jornalista William Waack. Em nota assinada por Ali Kamel, diretor de jornalismo da TV Globo, a emissora disse que a apresentadora vinha pedindo mudança de horário e passaria a se dedicar a um novo projeto. Ela não foi substituída e Waack segue apresentando o telejornal noturno sozinho na bancada. l Mosquito na ‘guerra’ Assunto encerrado Com suspeita de zika, Tony Ramos teve que se ausentar dos estúdios de “A regra do jogo”. O ator passou dois dias fazendo exames. Seu personagem na trama, Zé Maria, tem muitas cenas nesta reta final. Jorge Kajuru venceu a briga judicial que tinha com Luciana Gimenez. A apresentadora tinha entrado com uma ação contra ele em 2014, depois de se sentir difamada pelo jornalista no Twitter. Acabou Sobe Falando em “A regra do jogo”, João Emanuel Carneiro já entregou o último capítulo a Amora Mautner. O segrdo é grande. Nem os colaboradores do autor receberam a versão final das cenas. Tudo para evitar eventuais vazamentos. O “Big Brother” subiu para o segundo lugar no ranking dos programas mais vistos da Globo no Rio (estava em quarto) na semana de 8 a 17 de fevereiro. Ficou atrás apenas de “A regra do jogo”. Em São Paulo, o reality está na quarta posição. São dados do Ibope. Negócio Carlos Massa, o Ratinho, comprou a afiliada do SBT do Maranhão. Mas desistiu da de Minas, depois de uma longa negociação. NA WEB patriciakogut.com O mundo da televisão passa por aqui. Visite. ‘SPOTLIGHT’ É O GRANDE VENCEDOR DO SPIRIT AWARDS Festa do cinema independente concedeu cinco prêmios a filme sobre imprensa C onsiderado o Oscar do cinema independente dos Estados Unidos, o Independent Spirit Awards anunciou na noite do último sábado os vencedores da sua 31ª edição, cuja cerimônia de entrega de prêmios foi realizada na praia de Santa Mônica, no estado da Califórnia. O filme “Spotlight — Segredos revelados” foi o grande vencedor da noite, tendo conquistado cinco estatuetas: melhor filme, melhor diretor (Tom McCarthy), melhor roteiro (Tom McCarthy e Josh Singer), melhor edição (Tom McArdle) e também o Robert Altman Award, que foi entregue ao diretor, ao elenco e ao diretor de produção do filme. O longa narra uma história protagonizada por um grupo de repórteres do jornal “Boston Globe”, que revelam, numa série de reportagens investigativas, um esquema em que padres pedófilos abusavamm sexualmente de menores de idade. O escândalo, inspirado em fatos, se abateu contra integrantes da igreja católica de Boston em 2001. “O quatro de Jack” conquistou dois prêmios Independent Spirit, o de melhor roteiro de estreia (Emma Donoghue) e o de melhor atriz, para Brie Larsson, que interpreta uma mãe que cuida de seu filho numa situação de cativeiro. O menino Abraham Attah, de “Beasts of no nation”, ficou com o troféu de melhor ator em seu primeiro trabalho profissional, realizado quando tinha apenas 14 anos. Seu parceiro de elenco em “Beasts of no nation”, Idris Elba conquistou o prêmio de ator coadjuvante; e a transexual Mya Taylor venceu o Spirit de melhor atriz coadjuvante por “Tangerine”. SÓ UM TROFÉU PARA ‘CAROL’ Na disputa entre as produções internacionais, o húngaro “O filho de Saul”, de László Nemes, foi eleito como o melhor filme estrangeiro. “The look of silence”, de Joshua Oppenheimer, foi escolhido como melhor documentário, e “The diary of a teenage girl”, de Mar ielle Heller, foi considerado o melhor filme de estreia. Estrelado por Cate Blanchett e Rooney Mara e inspirado no romance homônimo de Patricia Highsmith, “Carol” era um dos favoritos da noite, mas conquistou apenas o Spirit de melhor fotografia (Ed Lachman), enquanto o troféu John Cassavetes, dedicado a longas-metragens realizados com orçamento abaixo de US$ 500 mil (cerca de R$ 2 milhões), foi para “Krisha”, de Trey Edward Shults. l 6 l O GLOBO l Segundo Caderno l C Segunda-feira 29 .2 .2016 E-mail: [email protected] omo comecei a tratar na coluna anterior, importantes autores de literatura policial brasileira começaram sua série de livros nos anos 1990. Entre eles, Patrícia Melo, que segue um estilo de romance noir mais focado na violência social, e Jô Soares, que mescla humor e romance-enigma de maneira inteligente. Na obra de ambos, inexiste a figura de um personagem fixo, de um detetive clássico que segue nas obras seguintes, sempre investigando um caso misterioso. Naturalmente, não há aí qualquer demérito: após décadas de desenvolvimento do gênero, me parece que a “atual” literatura de mistério não carece da figura do investigador: é perfeitamente possível fazer um romance policial “sem polícia”. Além disso, considerado nosso aparato policial e a eficiência de nossa Justiça, não é difícil concluir que talvez o melhor caminho para a literatura policial brasileira seja mesmo aquele sem a figura da autoridade. Contrariando este aspecto e seguindo por uma linha mais tradicional, dois autores surgidos nos anos 1990 merecem destaque: Tony Bellotto e Luiz Alfredo Garcia-Roza. Compositor e guitarrista dos Titãs, Bellotto lançou-se na carreira de escritor em 1995, com “Bellini e a esfinge”. No romance, somos apresentados ao investigador particular Remo Bellini, típico detetive noir, morador da caótica São Paulo, apaixonado por blues, uísque e femmes fatales. Fã de Georges Simenon, Bellotto criou um detetive à moda noir: em Bellini é possível enxergar referências claras a Philip Marlowe, Archie Goodwin, Sam Spade e, claro, Mandrake, sobre o qual já falamos neste espaço. Após “Bellini e a esfinge”, adaptado para os RAPHAEL MONTES LITERATURA POLICIAL IV cinemas pelo diretor Roberto Santucci em 2001 com Fábio Assunção, seguiram-se os romances “Bellini e o demônio” (1997), também adaptado, desta vez por Marcelo Galvão, “Bellini e os espíritos” (2005) — meu favorito — e “Bellini e o labirinto” (2014). Além das tramas surpreendentes, repletas de tipos interessantes e diálogos secos, o grande mérito dos livros policiais de Bellotto foi retratar São Paulo de maneira tão viva, especialmente seu submundo. Até hoje não me esqueço das cenas de ação na Liberdade... Incríveis! Já Luiz Alfredo Garcia-Roza, professor universitário e psicanalista, abandonou a carreira acadêmica para se dedicar à ficção policial e criou o delegado Espinosa, titular da 12ª DP, em Copacabana, bairro que tem força de protagonista em suas tramas. É uma delícia ver as ruas do bairro permeando os momentos de ação dos livros. Numa espécie de noir tropical, praiano, Espinosa encontra mendigos, putas, gringos, policiais corruptos, mulheres fatais e famílias de classe média-alta. Espinosa almoça na Trattoria e no árabe da Galeria Menescal. O delegado é uma espécie de detetive Maigret brasileiro: um sujeito ordinário, calmo, introspectivo, honesto, de hábitos simples, com gosto para boa música e boa literatura e de uma integridade pessoal inesperada para o leitor que traz no imaginário a truculência da polícia carioca. Logo em sua primeira aventura, “O silêncio da chuva” (1996), Garcia-Roza venceu os prêmios Nestlé e Jabuti, mostrando que literatura de gênero merece atenção da crítica e pode, sim, ser selecionada em prêmios. Mais importante: o autor manteve uma produção periódica com aventuras do delegado Espinosa — atualmente são dez os romances protagonizados pelo personagem. Com histórias adaptadas para o cine- Numa espécie de noir tropical, praiano, Espinosa encontra mendigos, putas, gringos, policiais corruptos, mulheres fatais e famílias de classe média-alta ma (“O silêncio da chuva” e “Achados e perdidos”) e para a televisão (série “Espinosa”), os livros de Garcia-Roza se destacam também por uma particularidade: rompendo as regras do gênero, o autor opta comumente por finais abertos, em que um ou alguns mistérios continuam sem solução. Certa feita, em um evento literário, tive a oportunidade de escutar Luiz Alfredo GarciaRoza explicar sua maneira de encarar a literatura policial, justificando tais finais abertos. Por ser tão interessante, transcrevo aqui: “Existe quem é cartesiano, cerebralista, que acha que o romance policial é um tratado de matemática com certa ação. Essa é a perspectiva que vê no crime um problema a ser resolvido. Uma vez resolvido, é afastada a causa do crime e evidentemente o criminoso é o ‘whodunit’. O outro tipo de narrativa policial é quando o crime não é um problema a ser resolvido, mas um enigma a ser decifrado. A diferença é enorme: no primeiro caso, uma vez o problema enunciado, ele está resolvido. É só uma questão de proceder lógico-dedutivamente. No enigma, não. O enigma não tem essa transparência, essa clareza, ele não é feito de ideias claras e distintas como o problema. O enigma tem uma parte da verdade que te revela, te insinua, e uma parte que ele oculta. A parte oculta do enigma é o que faz com que o enigma seja reinventado, ou redito, ou reeditado, em suma: o enigma é como o sonho. Você interpreta uma vez, outra vez, outra vez...” Assino embaixo. Como visto, apesar dos percalços, a situação da literatura policial brasileira começa a mudar no início dos anos 1990. Esta repercussão influenciou a larga produção do gênero no Brasil no final dos anos 1990 e no início dos 2000, como será tratado semana que vem. ‘Como me tornei estúpido’ BERG SILVA/DIVULGAÇÃO ANGÚSTIA E HUMOR COM MARTIN PAGE Primeiro livro escrito pelo autor francês, best-seller é novamente adaptado para o teatro ALINE MACEDO [email protected] C uidado com o que os escritores dizem. O aviso vem logo na primeira resposta do autor francês Martin Page, em uma entrevista concedida por e-mail ao GLOBO. Seu primeiro livro, “Como me tornei estúpido”, acabou de ganhar uma nova versão teatral no Brasil, com dramaturgia de Pedro Kosovski e direção de Sérgio Módena, que fica em cartaz no Sesc Ginástico até 27 de março. A primeira adaptação para os palcos foi escrita em 2007 por Fernando Bonassi, em uma montagem que não chegou ao Rio, e pouco depois surgiram outras em festivais profissionais e amadores. Em uma entrevista ao GLOBO em 2007, quando o escritor esteve no país para lançar “A gente se acostuma ao fim do mundo”, Martin Page afirmou que não se reconhecia mais no seu primei- “É uma alegria ver o que outros artistas fazem com o meu trabalho. E, se uma adaptação não for boa, meus livros ainda vão estar aqui” Martin Page Escritor HE IA TOR VIC OE O/Z AÇÃ G L U FISC ro livro. Questionado agora sobre a antiga declaração, sua resposta foi o aviso que abre esta reportagem, acrescentando que talvez estivesse tentando ser justo e gentil com seus outros “filhos” de menos sucesso: — “Como me tornei estúpido” é muito próximo de quem sou ainda hoje. Sua loucura, desespero e (espero) ternura estão alinhados com o que escrevo hoje em dia. LIBERDADE PARA MUDANÇAS Page, que que tem cinco livros publicados no Brasil (o último deles, o terror “A noite devorou o mundo”, sob o pseudônimo Pit Agerman) mantém o tom irônico característico de sua literatura mesmo ao escrever um e-mail. Ao falar sobre as perdas e os ganhos no processo de adaptação de sua obra, por exemplo, ele não tenta fazer média: — O que mais tenho são ganhos, porque as adaptações geram dinheiro: e dinheiro é uma maneira de poder escrever livros que não vão fazer sucesso. O escritor diz que seus livros, assim como ele mesmo, são uma mistura de desespero e humor — e, em suas palavras, o humor é “um contra-ataque às dificuldades da vida”. Foi essa maneira ácida de encarar a vida que atraiu os idealizadores da montagem brasileira, Sérgio Módena e o ator Gustavo Wabner, quando leram as agruras do intelectual Antoine (no original) rumo à estupidificação para finalmente conseguir se encaixar socialmente. Os dois, que se conhecem há 18 anos, tinham pensado em adaptar o romance cerca de sete anos atrás, mas a ideia acabou indo para a gaveta. Em 2015, Wabner se juntou aos atores Marino Rocha, Alexandre Barros e Pablo Sanábio pela simples vontade de compartilhar o palco, convidando o antigo amigo para dirigilos. Com o desejo de falar sobre o mundo em que estamos vivendo atualmente, o livro surgiu como um ponto em comum. À trupe, se uniram posteriormente Pedro Kosovski, vencedor do prêmio Cesgranrio de 2016 pela dramaturgia de “Caranguejo overdrive”, e Rodrigo Fagundes, que substituiu Sanábio no elenco. — Hoje todo mundo pode dar a sua opinião instantaneamente nas redes sociais, o que é maravilhoso, pois é um processo democrático. Por outro lado, também vemos muita estupidez, o que pode ser perigoso, principalmente se essa estupidez se organiza. Quem não dirá que o nazismo é uma forma de estupidez? — questiona Módena. Ao conceder os direitos de adaptação, Martin Page deu liberdade para os brasileiros: — Acho importante que eles transformem o meu enredo em uma história deles, que coloquem seus pensamentos, medos e paixões. É uma alegria ver o que outros artistas fazem com o meu trabalho. E, se uma adaptação não ficar muito boa, não tem problema. Meus livros ainda vão estar aqui, disponíveis. Com o aval do próprio autor, Pedro Kosovski se inspirou em uma campanha publicitária com o slogan “seja estúpido”, de 2011,para adicionar um prólogo à jornada de Antônio (todos os nomes e situações foram abrasileirados). A partir da discussão sobre o que significa o tal “estúpido” da propaganda, a ação se desenvolve como um passo-apasso rumo à conformidade social. —Não existem surpresas nas relações humanas: se você tem muito poder, vai destruir os mais frágeis e sensíveis — diz Page, explicitando que o mundo que oprimiu Antoine ainda é o mesmo. l DIV “COMO ME TORNEI ESTÚPIDO” ONDE: Sesc Ginástico - Av. Graça Aranha 187 (2279-4027). QUANDO: Qui. a sáb., às,19h, e dom., às 18h. Até 27/3. QUANTO: R$ 20. CLASSIFICAÇÃO: 12 anos. Samba. O autor Daniel Brunet (à esquerda) com o compositor Moacyr Luz A INUSITADA SAGA DE UM BATUQUE CRIADO NA SEGUNDA-FEIRA Livro de Daniel Brunet, com pré-lançamento hoje, narra a história do Samba do Trabalhador LEONARDO LICHOTE [email protected] A certa altura do 21 de maio de 2005, numa festa de aniversário rolando no Renascença, Moacyr Luz se virou para Jorge Ferraz, presidente do clube, e soltou: “Jorge, tô com vontade de fazer uma roda aqui. Uma coisa pra reunir os amigos, às segundas, que é a folga dos músicos. Começando às 14h”. O presidente retrucou, incrédulo: “Como é que a gente vai fazer um evento às segundas?”. Nove dias depois, estreava o Samba do Trabalhador — que, contrariando as expectativas, se tornou um fenômeno que lota regularmente o espaço e já rendeu três CDs, DVDs e reportagens na imprensa internacional. Esse episódio — e outros relativos ao encontro semanal — está contado em “Segundafeira: A história do Samba do Trabalhador”, do jornalista do GLOBO Daniel Brunet. O prélançamento é hoje, na já tradicional roda (onde mais?). O livro — com capa de Lan e apresentação de Aldir Blanc — procura, mais que traçar a trajetória e os grandes momentos do Samba do Trabalhador, mapear os personagens da roda. Sua segunda parte traz 100 ver- betes com minibiografias de músicos, cantores e compositores que fizeram ou fazem parte do encontro, ou mesmo tenham dado uma canja por lá ao longo desses quase 11 anos. — Tem gente famosa, como Beth Carvalho e João Bosco, e bambas desconhecidos do grande público — explica Brunet, acrescentando que sua ideia original do livro era apenas com os verbetes. — Queria documentar a participação dessas pessoas, que constroem essa história que ainda está se desenrolando, mas um dia vai acabar. Outras rodas importantes, como o Pagode da Beira do Rio, o Pagode do Arlindo, o Pagode da Tia Doca e o próprio Cacique de Ramos não tiveram seus personagens documentados. As rodas de samba citadas por Brunet também são abordadas no livro, nessa tradição do encontro em torno da batucada. O autor também investiga a relação entre samba e trabalho ao longo das décadas, passando pela louvação da malandragem e pela atuação de Getúlio Vargas no sentido de incentivar que sambistas valorizassem a figura do trabalhador. — Apesar da ironia do nome Samba do Trabalhador para uma roda na tarde de segundafeira, ela acabou consolidando a figura do trabalhador do samba. As pessoas veem os músicos ali preparando a roda, os instrumentos, a seriedade com que levam aquilo. Não tem roadie — diz Brunet. l