para um lugar deserto, sozinhos.
Transcrição
para um lugar deserto, sozinhos.
XVI Domingo do Tempo Comum (Ano B) O texto – Mc 6,30-34 30 31 32 Os Apóstolos reuniram-se a Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham FEITO e ENSINADO. Ele disse-lhes: «Vinde vós, sozinhos, para um lugar deserto e descansai um pouco». Com efeito, os que iam e vinham eram muitos e nem tinham tempo para comer. Foram, pois, no barco, para um lugar deserto, sozinhos. 33 Muitos, porém, viram-nos partir e, percebendo isso, a pé, de muitas cidades, correram para lá e chegaram antes deles. 34 Ao chegar, Jesus viu uma grande multidão e teve COMPAIXÃO deles, porque eram como ovelhas sem pastor e começou a ENSINAR-lhes muitas coisas. Breve comentário Pela primeira e única vez em todo o evangelho de Marcos, os Doze que tinham sido enviados por Jesus dois a dois e agora regressam são chamados Apóstolos (= enviados). E prestam contas a Jesus de quanto fizeram e ensinaram. Agora são convidados a ir para um lugar deserto e descansar. Ao longo do evangelho de Marcos, várias vezes Jesus se retira com os discípulos, ou apenas com alguns deles, para lhes falar em particular. A intenção de Jesus é boa: é necessário descansar um pouco para retemperar as forças. O grupo dos Doze é apontado como exemplo para todos os que estão ao serviço do Evangelho: nem tinham tempo de comer… Esta tinha sido já uma das razões (3,20) que levaram a família de Jesus à sua procura para o levar para casa. Mas é o próprio Jesus quem quebra o descanso ao ver as multidões. Marcos apresenta a atitude de Jesus como algo que nasce do interior: sentiu um sentimento de compaixão profundo (usa o verbo grego splagknízomai = sentir mover as vísceras) que o Antigo Testamento apresenta ao falar de Deus. É o mesmo sentimento (e o mesmo verbo) que Jesus tem perante o leproso que lhe suplica a cura (1,40-41). Aqueles que deviam ser pastores, conforme já de- nunciava séculos antes o profeta Ezequiel, (escribas, fariseus, rabis, chefes do povo, sacerdotes do templo) descuidavam o rebanho que, por isso, andava desorientado, com fome. O lugar deserto onde se encontravam é o espaço para dar o alimento de que aquela gente precisa: o alimento da Palavra (começou a ensinar-lhes muitas coisas) e o alimento do pão que se vai seguir. P. Franclim Pacheco Diocese de Aveiro