Capítulo 27: A Nova Espada de Satoko – Não acho que seja
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Capítulo 27: A Nova Espada de Satoko – Não acho que seja
Capítulo 27: A Nova Espada de Satoko – Não acho que seja respeitoso à Naomy-chan manter a Dark Soul com a lâmina enferrujada. – pensou Satoko, caminhando até a Espada Esquecida. Assim que chegou perto o bastante da odachi, colocou a mão destra em sua lâmina, tomando cuidado para não se cortar. Fechou os olhos e se concentrou. A espada toda foi envolvida por uma luz vermelha e toda a ferrugem da lâmina foi se desfazendo. Em um instante, a Dark Soul parecia nova em folha. – Agora me pergunto se devo deixá-la aqui ou se devo levá-la comigo. – disse a garota, em voz baixa. – Mas se eu levar, Shigeru e Tsuyoshi reconhecerão a energia positiva da Naomy-chan. Que situação... Não importa qual decisão eu tome, terei problemas. Se eu deixá-la aqui, pode ser que algum demônio consiga pegá-la para si. Se eu levar, os meus irmãos descobrirão que tenho envolvimento com as duas divindades. O que fazer? – pensou, sempre de olho na odachi. – Devo devolvêla à Naomy-chan? – não pôde evitar essa pergunta usando a sua voz. – Que dilema... – ela suspirou. – Você é a guardiã dessa odachi? – indagou uma voz vinda detrás de Satoko. A garota se virou e viu um demônio se aproximando. Imediatamente deduziu que era um demônio das sombras, pois ele tinha uma presença e uma energia do tipo daquelas de Takeda e do outro demônio que se foi. – Se for, caia fora daí e deixe-me pegá-la! – Pensa que terá a Dark Soul sem lutar comigo? – Satoko resolveu encará-lo, embora não soubesse ao certo qual o nível de poder dele. – Você é uma garota que tem o controle do fogo e do gelo ao mesmo tempo. – disse ele, sério. Vestia uma roupa que lembrava a de um ninja, toda preta e de camisa de mangas longas. Tinha uma espada japonesa embainhada na cintura. Seus olhos eram castanhos, assim como os seus cabelos. Aparentava dezesseis anos. – É bastante raro um ser vivo controlar esses dois elementos juntos. Mas não importa o quão rara você seja, garota, eu vou matá-la se ficar no meu caminho. Satoko não disse nada, apenas desembainhou a sua katana de cabo todo dourado, tanto na faixa quanto por baixo dela. O anel era prateado e em forma de círculo. – Então pretende lutar. – o demônio sorriu. – Não pode comigo, e farei com que perceba isso rapidamente. – Nesse caso, pare de falar e me ataque! – retrucou Satoko, e sorriu. Confiava em si própria, como Naomy e Namie disseram que poderia confiar. – Como queira, garota petulante! – exclamou ele, enquanto puxava a sua katana para fora da bainha. O demônio das sombras fez um corte diagonal no ar e lançou um raio de energia roxa contra Satoko. O ataque percorreu os treze metros que os separavam um do outro e colidiu contra a barreira de fogo e gelo ao mesmo tempo, em forma de parede, criada às pressas pela garota. Mas a barreira se desmanchou totalmente e o raio não foi forte o suficiente para continuar existindo, pois desapareceu. – Sem a Dark Soul não conseguirei vencê-lo, já percebi isso. – pensou Satoko. – Não me resta outra opção. – embainhou rapidamente a sua katana e se apressou até a Dark Soul. Retirou facilmente a Espada Esquecida de seu lugar, uma vez que tinha permissão para desfazer o seu selo, caso fosse necessário. O demônio fez menção de avançar contra Satoko, mas ela, agindo depressa, ergueu a odachi segurando o punho somente com a mão direita. Vários relâmpagos vermelhos percorreram toda a extensão da lâmina bastante longa. Então a garota fez um corte diagonal no ar e a ponta da lâmina atingiu o chão com força, enquanto pronunciou o nome do ataque em voz alta: – Dark Blast! Uma única lâmina de energia vermelha seguiu rapidamente contra o demônio das sombras. Era curvada por toda a sua extensão, um pouco mais alta do que Satoko e repleta de relâmpagos também vermelhos. Arrastava pelo chão e deixava a sua marca nele. Quando este poderoso ataque tocou o corpo do demônio das sombras – que não teve tempo de criar nenhuma defesa ou de se esquivar –, foi capaz de envolvê-lo por completo. Toda a energia e todos os pequenos relâmpagos mudaram para a cor preta num piscar de olhos. Por fim, desintegraram o corpo do inimigo sem deixar nenhum vestígio dele. – Consegui! – disse Satoko, e ergueu a Dark Soul para observar sua lâmina. A energia positiva de Naomy continuava ali, ela sentiu. A lâmina da Dark Soul era bastante parecida com a da Sky Sword, mas menor, pois tinha um metro e sessenta e oito centímetros. A ponta tinha o mesmo tamanho da ponta da odachi que veio através de Lexus. O punho da Espada Esquecida era prateado por baixo da faixa preta e media vinte e seis centímetros. O anel era dourado e em forma de círculo. – O que eu faço com esta odachi agora? – se perguntou em voz baixa. – Devo levá-la comigo? Selá-la novamente? Se bem que eu não sou como a Naomy-chan para fazer um selo tão poderoso a ponto de nem os demônios da luz retirarem a espada de seu lugar. Ah... – suspirou. – Só me resta levá-la comigo e torcer para o Shigeru e o Tsuyoshi não me questionarem sobre a energia positiva da Naomy-chan. Terei que pensar em uma história sobre isso para enganá-los. Satoko fez um caminho relativamente curto para chegar ao seu templo. Passou pelo rio que conhecia muito bem e pôde ver a cachoeira dele por um instante. A Dark Soul permanecia em sua mão direita o tempo todo. Quando chegou ao seu lar, começou a fazer o caminho para dentro dele. Atraiu muitos olhares dos aprendizes de Shigeru e Tsuyoshi por causa da Dark Soul. Olhou pelo canto dos olhos para vários demônios, no momento em que continuava a andar, e pensou: – Todos estão me olhando. Não gosto de tanta atenção. – finalmente chegou à porta e adentrou a edificação. – Nenhum deles sentiu a energia positiva da Dark Soul, mas o Shigeru e o Tsuyoshi acabarão sentindo. – disse a si própria mentalmente, enquanto dirigia-se ao seu aposento e observava a odachi em sua mão destra. – Satoko! – disse uma voz vinda da parede à direita dela. – Que espada é essa? Era Shigeru, a garota percebeu na hora. Ficou surpresa e não pôde deixar de encará-lo à medida que ele se aproximava. – É uma odachi. – disse o demônio, no instante em que parou diante da sua irmã. – Onde a conseguiu? – não pôde evitar a indagação, pois já sentiu a energia positiva de Naomy. – Ah, eu encontrei num penhasco e peguei para mim. – respondeu a garota, tentando parecer convincente. – Também fiquei surpresa por ter energia positiva nela. – Não é uma energia positiva qualquer, você sabe. – Shigeru encarava a Dark Soul com curiosidade. – É da Naomy, tenho certeza. Como uma espada com a energia positiva dela veio parar neste mundo e depois em suas mãos? – Não sei como veio parar aqui, é tudo o que posso lhe dizer! – disse ela, com firmeza. Shigeru tratou de respeitá-la sem nenhuma demora. – Agora vou tomar um banho e depois dormir. Não estou tão disposta quanto gostaria. – Certo, ane-ue. – concordou ele, em voz baixa. Shigeru observou a garota subir as escadas e continuou intrigado a respeito da odachi. Satoko tomou o seu banho e dormiu por algumas horas, como queria e pretendia. Acordou de madrugada e resolveu ir até a sua varanda. Sem deixar a Dark Soul de lado, apanhou-a e levou-a consigo. Apoiou a odachi no parapeito de pedra, de modo que a ponta da lâmina ficasse em contato com o chão. Mudou sua energia de negativa para positiva, pois assim seria mais compatível com a sua nova espada. – Pergunto-me se sou realmente apta para usar a Dark Soul. – disse ela, apenas para si própria. – O que a Naomy-chan queria que eu fizesse com esta espada? É para eu conseguir me defender e continuar com vida? E também para eu me aperfeiçoar como ela se aperfeiçoou ao usá-la naqueles dias tão antigos? Bem, só podem ser essas coisas juntas e talvez algo mais. A Naomy-chan deve ter imaginado que era melhor a Dark Soul ficar comigo do que selada e de certa forma inútil. – pensou. Pegou o punho da Dark Soul com a mão direita e a colocou em cima do parapeito. Examinou a odachi por um instante e sentiu que a energia positiva de Naomy continuava em alto nível. Na verdade, não diminuiu em absolutamente nada. – É muito bonita. – sorriu, enquanto admirava a Dark Soul. – Ficarei com ela, se é esse o desejo da Naomy-chan. Só gostaria de vê-la novamente e falar com ela sobre esta espada. Com sua percepção aguçada, Satoko sentiu algo muito estranho vindo de longe. Não conseguia enxergar, mas sentia várias presenças poderosas e ameaçadoras. Sem perder tempo, deixou a varanda, levando consigo a Dark Soul. Iria chamar Shigeru e Tsuyoshi. – Se querem nos atacar, que seja! – disse Shigeru, no momento em que prendia a sua katana de fogo na cintura. A sua espada europeia já estava devidamente presa. Estava na mesma varanda que Kenishi o encontrou daquela vez e deu mais uma olhada nos inimigos ao longe. Tsuyoshi e Satoko lhe faziam companhia. – Por acaso você matou um demônio das sombras pela posse dessa odachi, Satoko? – Matei. – respondeu ela, tranquila. Tinha a Dark Soul em sua mão direita. – Está explicado. – afirmou Tsuyoshi. – Vamos acabar com aquele exército de demônios das sombras sem alma e depois com o líder deles. Já queriam nos atacar antes, agora eles têm ao menos uma desculpa. – Sinto muito. Eu não imaginava que matar aquele demônio traria um problema desses. – Satoko foi sincera. – Está tudo bem, ane-ue. – Shigeru disse a verdade. – Não tem problema, isso aconteceria cedo ou tarde. Se o demônio que você matou a ameaçou, merecia morrer. Você não teve outra opção. Shigeru deu mais uma olhada no exército de demônios das sombras, junto com Satoko e Tsuyoshi. Poderia ser uma luta complicada, visto que eram cerca de dois mil inimigos. Então, deixaram a varanda. Chegaram ao portão do templo e o abriram por completo. Antes de ir em direção aos inimigos mais adiante, Shigeru olhou para os seus discípulos reunidos e disse: – Protejam este lugar de qualquer jeito! Há coisas aqui que outros demônios não devem ver, muito menos tocar! Todos assentiram. Shigeru olhou novamente para o horizonte e começou a caminhar, acompanhado por Satoko e por Tsuyoshi. – Será uma boa oportunidade para você conhecer ainda melhor a sua nova espada, Satoko. – disse Shigeru, com um sorriso para ela. – É verdade. – concordou a garota, retribuindo-lhe o sorriso. Deu mais uma olhada na lâmina da Dark Soul, e depois olhou adiante. Milhares de demônios sem alma estavam reunidos, mas o líder de todos eles não era visível. – Querem tomar o nosso templo. Esses demônios das sombras costumam ser gananciosos. – Parece que é da natureza deles. – disse Tsuyoshi. Chegaram bem mais perto do exército. Cada um dos demônios das sombras sem alma tinha um escudo brilhante, resistente e de tamanho considerável, pois protegia quase o seu corpo inteiro. Os adversários também estavam armados com lanças longas, feitas de aço. Eram todos iguais, todos completamente negros e com olhos vermelhos. Na verdade, tinha demônios com olhos dourados e outros com olhos azuis. Pareciam esperar por uma ordem para atacar Satoko, Shigeru e Tsuyoshi, apenas trinta metros à frente deles. O vento da madrugada soprava por toda esta planície. A Lua era minguante e o céu estava repleto de estrelas. – Se eles não vão nos atacar, tomaremos a iniciativa. – afirmou Satoko, e apertou mais o punho da Dark Soul. A sua katana permanecia presa na cintura. – Os escudos são feitos de aço e podem ser difíceis de destruir. – observou Shigeru. – Mas não é nada que não possamos fazer. Estou intrigado pela falta do líder. – Duvido que ele não apareça daqui a pouco – disse Tsuyoshi. –, quando perceber que o seu exército sozinho não pode conosco. – desembainhou a sua katana de gelo. Decidiram não perder mais tempo e nem esperar pelo líder. Satoko foi a primeira a correr contra o exército, e todos os demônios imediatamente à frente dela juntaram os seus escudos como uma forma eficaz de defesa. A garota, segurando o punho da Dark Soul somente com a mão destra, fez um corte da esquerda para a direita e a lâmina raspou contra cinco escudos, cortando-os com certa dificuldade. Satoko ficou surpresa com esse fato, pois sentiu, também, que a Dark Soul não estava aumentando os seus poderes em quinze por cento, e sim desperdiçando vinte por cento da sua energia neste momento ainda positiva. Afastou-se do exército com passos para trás, e os demônios que tiveram seus escudos retalhados avançaram contra ela usando as suas lanças. – Se querem tanto lutar contra mim, morram! – exclamou ela, e preparou a Dark Soul para o seu ataque mais poderoso. Pronunciou o nome dele, enquanto fazia um corte diagonal no sentido de cima para baixo, ainda segurando o punho só com a mão destra: – Dark Blast! A lâmina de energia vermelha, acompanhada de seus relâmpagos, avançou contra os inimigos. Desintegrou cada um deles sem dificuldades e foi capaz de prosseguir contra o restante do exército, à medida que a sua cor ia mudando de vermelho para preto. Atingiu vários escudos e eliminou quem os segurava para se defender. Satoko calculou que exatamente trinta demônios morreram com esse Dark Blast. Shigeru cortava os escudos com a sua katana de fogo, usando o calor dela para derreter o aço. Um dos demônios das sombras foi atacá-lo por trás, mas ele se mostrou muito ágil e se virou. Cravou a ponta da lâmina quente da sua espada na testa do inimigo e retirou-a rapidamente. O demônio sem alma caiu de joelhos e se desintegrou. Tsuyoshi usava a sua katana de gelo para congelar os escudos dos inimigos fazendo um corte neles. Com tal estratégia, era capaz de quebrá-los facilmente e em um único golpe. Eliminava vários demônios sem alma em pouco tempo e mostrava-se um lutador tão eficiente quanto Shigeru. A divisão do exército que o atacava estava quase acabando. Satoko continuava fazendo uso da sua Dark Soul. Preparou outro Dark Blast e o disparou contra cerca de vinte e cinco inimigos. O ataque seguiu contra todos eles e conseguiu destruir seus escudos, quebrar suas lanças e desintegrar seus corpos. Mas não foi um Dark Blast com toda aquela eficiência da primeira vez que foi usado, assim que a espada teve o seu selo removido. A garota ficou intrigada e olhou para a lâmina da odachi, já que não tinha adversários por perto. – Está oscilando. – disse ela. – Não consegue mais aumentar os meus poderes. Às vezes os desperdiça em até vinte por cento e às vezes os aproveita totalmente. Acho que precisarei falar com a Naomy-chan a respeito desta odachi. – pensou, e voltou a dar a devida atenção aos demônios sem alma.
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