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20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil CRIATIVIDADE: REFLEXÃO E ANÁLISE COMPARATIVA DE SEUS MÉTODOS DE ATIVAÇÃO COM MÉTODOS APLICADOS NA DISCIPLINA DE CRIAÇÃO Camargo, M.G.1. 1 Departamento de Design e Moda – Universidade de Estadual de Maringá – UEM - Maringá – Brasil – 87020-900 – [email protected] Resumo O presente estudo aborda a criatividade em seus aspectos constitutivos bem como algumas técnicas e métodos utilizados por pesquisadores da área cognitiva para ativar e desenvolver o potencial criador dos indivíduos. Com base nos métodos estudados, procedeu-se à análise comparativa de alguns exercícios práticos aplicados na disciplina de criatividade do curso de moda, utilizados para desenvolver o potencial criador e descondicionar o olhar. A criatividade é inerente ao homem e seu potencial criador se molda por meio das experiências vividas desde a infância até a maturidade. No mundo contemporâneo a excessividade de atividades e imposições limitadoras levam o indivíduo a desacreditar de sua capacidade criativa, provocando resistência, medo e rejeição ao ato de criar. As limitações condicionam o olhar a ver somente o que lhe é habitual. Com o cruzamento de algumas técnicas e métodos apresentados pelos pesquisadores com as utilizadas na disciplina de criação, fazendo uma reflexão sobre os pontos convergentes existentes entre ambas; pôde-se observar que as técnicas que utilizam imagens e trabalham com a imaginação, mostram-se mais apropriadas ao desenvolvimento do pensamento e potencial criativo dos alunos para a produção de novas propostas formais e estéticas para os produtos de moda. Isto é devido ao fato de que os designers de Moda trabalham muito com a visão e a percepção visual. Para tanto, foi elaborada pesquisa bibliográfica pertinente ao assunto em questão em livros e artigos da área, seguidamente foram selecionadas algumas técnicas aplicadas na disciplina, procedeu-se, então, a análise comparativa entre as técnicas e métodos que são apresentadas nas discussões. Deste modo, espera-se com este estudo contribuir para a divulgação da importância da criatividade no desenvolvimento de produtos de vestuário e têxtil, em seus aspectos estruturais e estéticos bem como incentivar a pesquisa sobre a importância da criatividade como fator de inovação dos produtos têxteis. Palavras chaves: Criatividade, Métodos, Produto da criatividade. 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil Abstract The present study addresses the creativity in their constituent aspects as well as some techniques and methods used by cognitive researchers to activate and develop creative potential of individuals. On the basis of the methods studied, proceeded to the comparative analysis of some practical exercises used in the discipline of creativity of the fashion course, used to develop the potential creator and unconditioning of the look. Creativity is inherent in man and its potential creator settles through the experiences from childhood to maturity. In the contemporary world the high amount of activity and limiting charges lead the individual to discredit his creative capacity, causing resistance, fear and rejection of the Act of creating. The limitations affect the look to do only what is usual. With the crossing of some techniques and methods presented by researchers with those used in the discipline of creation, making a reflection on the links between both converging points, one could observe that the techniques that use images and work with imagination, show themselves more appropriate to the development of thought and creative potential of students to produce new formal and aesthetic proposals for fashion products. This is due to the fact that Fashion designers work very hard with the vision and visual perception. To do so, was drafted bibliographical research pertaining to the issue at hand in books and articles in the area, then were selected a few techniques applied in the discipline, then the comparative analysis between the techniques and methods that appear in the discussions. Thus, this study is expected to contribute to the dissemination of the importance of creativity in the development of garment and textile products, in its structural and aesthetic aspects and to encourage further research on the importance of creativity as a factor in innovation of textile products. Keywords: Creativity, Methods, Product creativity. Introdução A criatividade foi e continua sendo objeto de estudo de psicólogos e estudiosos da área cognitiva, que investigam os processos mentais. Há diversas definições de criatividade e concepções que se assemelham, porém observa-se que não há uma definição exata e unânime sobre este fenômeno nem como ocorre exatamente o processo mental que o envolve. “Isso se deve ao fato de que a criatividade, assim como a inteligência, constitui-se em um constructo complexo, dinâmico e multidimensional.” (ALENCAR et. al, 2010, p14) 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil A criatividade é uma característica dos indivíduos cujos efeitos das capacidades cognitivas se combinam aos efeitos relativos ao temperamento e ao caráter do indivíduo, sendo assim, pode ser entendida como um processo que integra toda a personalidade nos aspectos que dizem respeito à eficiência produtiva do indivíduo. (SEABRA, 2008) Nas definições de criatividade encontra-se a concepção de que ela é “resultado de uma interação mutuamente benéfica entre a pessoa e o ambiente.” E que este fenômeno seria melhor compreendido em quatro dimensões constitutivas, pessoa, ambiente, processo criativo e produto criativo. (ALENCAR et. al, 2010, p12; PEARSON, 2011) O homem se desenvolve como ser, a partir de sua existência dentro de um contexto social, de um meio cultural, entretanto, sendo parte deste contexto também é um ser único, com seu temperamento, hábito e atitudes emocionais. “O comportamento de cada ser humano se molda pelos padrões culturais, históricos, do grupo em que ele, indivíduo, nasce e cresce.” (OSTROWER, 2009, p. 11) A criatividade é uma característica inerente ao homem, todo ser humano é naturalmente criativo, entretanto, nem todas as pessoas têm a mesma medida de criatividade, há diferença de pessoa para pessoa, mas apenas em grau. Esta diferença é resultado dos diversos fatores que bloqueiam a criatividade, nas crianças a criatividade se manifesta em todo o seu fazer espontâneo, imaginativo, no brincar, na curiosidade e experimentação. Entretanto as imposições limitadoras da sociedade provocam o desprezo pela imaginação, pela fantasia, o medo da experimentação, e o condicionamento do pensamento e do olhar. As associações compõem a essência do mundo imaginativo, levam para o mundo da fantasia, não em forma de devaneios ou como algo fantástico, mas como um mundo experimental, de um pensar e agir em hipóteses, de associar objetos e eventos, de manipulálos mentalmente. (OSTROWER, 2009, p. 20) Existem diversas técnicas para se desenvolver o pensamento criativo, mas para o design de moda as técnicas que trabalham com imagens e percepção visual podem ser mais indicadas, visto que o trabalho nessa área envolve muito o aspecto visual e estético do produto. As funções práticas são importantes, entretanto, o apelo visual é o que mais chama a atenção dos consumidores de moda, em especial das mulheres. Há uma dificuldade visível entre os estudantes de moda quando iniciam a disciplina de criação em trabalhar o pensamento criativo, fazer novas conexões e ver além do olhar, Considerando estes fatores, este estudo tem como finalidade comparar pontos convergentes existentes entre alguns métodos e técnicas de ativação do pensamento criativo 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil desenvolvidos por estudiosos da criatividade com métodos aplicados na disciplina de criação do curso de Moda, fazendo uma reflexão sobre a adequação dos mesmos à interface aluno/produto criativo. O processo criativo O processo criativo depende de fatores externos e internos para poder acontecer. Ostrower (2009) o define como o fenômeno criador que envolve a capacidade da mente humana em compreender, relacionar, ordenar, configurar e significar. Relacionando os acontecimentos a mente os configura com as experiências de vida que já estão armazenadas e lhes dá um significado, produto do trabalho concomitante entre seus níveis consciente e inconsciente. Neste contexto, a autora aponta que o pensamento criativo se ordena dentro do ser consciente-sensível-cultural. A consciência e a sensibilidade fazem parte da herança biológica do homem, ou seja, são comportamentos inatos, já a cultura diz respeito ao desenvolvimento social, as formas de convívio do homem. (OSTROWER, 2009) Oliveira (2010) reforça esta afirmação dizendo que o indivíduo carrega uma herança genética e suas próprias experiências, que a cultura é um sistema simbólico com um conjunto de regras para representação do pensar e do agir do indivíduo. A cultura é produto de tudo que aqueles que pertencem a ela são capazes de criar, de desenvolver e deixar para os outros. A cultura é o próprio indivíduo, no seu tempo e espaço e, deste modo, define o que o indivíduo produz, (FREITAS-MAGALHÃES, 2003). A cultura molda o indivíduo e a sensibilidade é o meio através do qual as informações são aprendidas na formação do ser social. A sensibilidade está relacionada à percepção, que é descrita como a produção mental das sensações, é ela quem delimita o que o homem é capaz de sentir e compreender; corresponde a uma ordenação seletiva dos estímulos captados pelos receptores sensoriais criando uma barreira entre o que é percebido e aquilo que não é. O indivíduo criador é mais sensível ao seu meio, é observador e mais aberto ao seu ambiente e as coisas que acontecem ao seu redor. (KNELLER, 1978) A realidade é apreendida via olhar, olhar histórico e socialmente construído, que caracteriza um modo de ver o mundo de uma forma particular e própria de cada indivíduo. “Assim constitui-se a percepção cotidiana do mundo, sendo este pré-ordenado segundo estruturas de significação de certa forma rígidas.” (DOS REIS et. al, 2004, p 53) 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil O pensamento criativo está estritamente ligado à percepção, à memória, associação e ao ambiente. Mentalmente não há como separar as etapas do pensamento criativo, entretanto, pode-se dizer que ele se processa em fases que se relacionam intimamente, que ocorrem concomitantemente e em ciclos. O primeiro modelo do pensamento criativo foi elaborado pelo inglês Graham Wallas, em que este ocorria em quatro etapas: preparação, incubação, iluminação e verificação, ( PEARSON, 2011). Esse mesmo modelo foi apresentado por Kneller (1978), entretanto este atribuiu uma etapa anterior à preparação que denominou primeira apreensão. Löbach (2001, p. 141) define as fases do processo criativo em: “fase de preparação; fase de geração; fase de avaliação e fase de realização.” No modelo de Wallas o processamento inconsciente das informações aprendidas cruzam-se com as experiências próprias do indivíduo, nesse processo ocorrem o trabalho da memória e das associações. (KNELLER, 1978). “A memória é o armazenamento relativamente permanente da informação aprendida, [...] o cérebro processa, armazena e recupera informações de diferentes maneiras para se adequar às diferentes necessidades.” Assim, as informações apreendidas pelos sentidos interligam-se as experiências já vividas pelo indivíduo, tornando possível o cruzamento de informações que serão utilizadas para orienta-lo na “realização de ações que lhe seja solicitada em momentos da vida.” (WIDMAIER, RAFF, STRANG, 2006, p 249) As associações provêm de áreas inconscientes ou pré-conscientes e compõem a essência do mundo imaginário. São correspondências, conjeturas evocadas a base de semelhanças, ressonâncias íntimas em cada um de nós com experiências anteriores e com todo um sentimento de vida. (OSTROWER, 2009, p. 20). A imaginação está ligada à aquisição de imagens, assim não é possível separar imagem de imaginação. Por isso a aquisição, o armazenamento e processamento de imagens são tão importantes. (DISCHINGER et. al, 2006) “A importância de se cultivar a imaginação passou a ser ressaltada e o uso das imagens sensoriais, especialmente as imagens visuais, passou a ser apontada como um dos recursos para favorecer o desenvolvimento e clarificação de ideias.” (ALENCAR, 1990, p. 78) Para se desenvolver o potencial criativo é necessário à pessoa ver o que ninguém mais vê, utilizando-se de métodos “de saber ver e fazer com que seu pensamento se torne visível, é pensar naquilo que ninguém mais está pensando.” (Oliveira, 2010, p. 84) 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil Métodos utilizados para ativar o potencial criativo A capacidade que o homem possui em produzir ideias, produtos, objetos artísticos novos e originais, e considerados valiosos para áreas como das Ciências, da Tecnologia e da Arte, resulta da ação criativa. (SEABRA, 2007) No mundo atual, com o desenvolvimento tecnológico, científico, industrial, dentre outros, surgiram problemas de ordem ambiental, da saúde, de desorganização social e outros, que exigem criatividade na busca de soluções dos problemas. (OLIVEIRA, 2010) “O termo “problema” se compreende geralmente como toda tarefa que um indivíduo busca acabar. [...] A descoberta do problema necessita do reconhecimento de sua existência, de procurar suas falhas, suas inconsistências, ou suas imperfeições relacionadas ao estado atual dos conhecimentos nas disciplinas concernentes.” (LUBART, 2007) Para que a criatividade floresça, ela precisa ser exercitada com persistência, por meio de “técnicas e estratégias de pensamento que auxiliem no desenvolvimento do potencial criativo.” (OLIVEIRA, 2010, p. 87) “A aplicação de algumas técnicas, programas e exercícios, torna possível a qualquer indivíduo que queira desenvolver as suas habilidades criativas, apresentar respostas originais e alcançar soluções mais adequadas para os problemas enfrentados.” (ALENCAR, 1990, p. 61) Carvalho e Back (2000) apontam que “o brainstorming, os checklists, o brainwriting e o lateral thinking são métodos intuitivos, baseados nas teorias psicológicas da criatividade.” E completam dizendo que, hoje, pode-se encontrar na literatura, diferentes “métodos para apoiar o processo de solução criativa de problemas.” O brainstorming ou tempestade de ideias é uma técnica em que as palavras fluem sem julgamento ou censura, as palavras são lançadas sem vergonha ou medo de parecerem tolas, a um grupo de pessoas. O princípio básico desta técnica é o do julgamento adiado. Nas artes visuais, a tempestade de ideias é feita por meio de esboços e pode ser denominada handstorming. “O exercício, a experimentação deve estar totalmente livre de julgamento, na escrita automática e em outras formas de livre experimentação, é permitido dizer qualquer coisa, por mais chocante e idiota que seja, por que uma aparente bobagem pode ser a mina de onde se extrai e se refina o trabalho criativo.” (NACHMANOVITCH, 1993, p.72) Dentre outras técnicas desenvolvidas e aplicadas para estimular o pensamento criativo encontram-se as elaboradas pelo Instituto Avançado de Criatividade Aplicada Total (locat), ligado á Universidade de Santiago de Compostela na Espanha, dos diversos conceitos 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil formulados na área de criatividade encontram-se os de ativadores criativos. Os ativadores criadores são táticas utilizadas para estimular a criatividade, “funcionam como detonadores ou catalisadores do pensamento criativo.” ( PEARSON, 2011, p.50) São dez os ativadores elencados pelo locat: turbilhão de ideias (brainstorm); busca interrogativa; analogia inusual; solução criativa de problemas; metamorfose total do objeto; jogo linguístico; desmanche de frases; análise recriadora de textos; leitura recriadora de imagens; projeto vital. Entretanto, para atender aos fins deste estudo serão abordados com mais detalhes quatro destes ativadores: analogia inusual; metamorfose total do objeto; leitura recriadora de imagens e solução criativa de problemas. ( PEARSON, 2011) Na analogia inusual busca-se comparar dois elementos diferentes analisando suas semelhanças e diferenças ou, ainda, uni-los a um terceiro elemento. Este ativador tem como objetivo romper com a dificuldade de perceber relações distantes e desenvolver a habilidade de síntese. A metamorfose total do objeto tem como foco a imaginação. Deve-se imaginar novas formas, estruturas, utilidades, tamanhos e cores para um objeto. É um exercício de desconstrução e reconstrução que visa estimular a descoberta de modificação do entorno. Na leitura recriadora de imagens observa-se uma imagem e descreve-se de modo objetivo e subjetivo os elementos que a compõem, cores, formas, tamanhos, texturas, enfatizando a interpretação pessoal. Esse exercício visa envolver a pessoa com o processo de leitura visual, tornando-o simultaneamente critico e criador do texto. A solução criativa de problemas possui duas etapas. Na primeira etapa do processo ocorre a sensibilização para o problema, buscando os possíveis erros existentes, na segunda etapa busca-se delinear as causas e consequências do problema, visando propor soluções para serem avaliadas e em seguida planificadas. Seu objetivo é fornecer um método sistematizado e flexível para a solução de problemas. Há, ainda, os exercícios com imagens sensoriais, as imagens fazem parte da vida de todas as pessoas, elas se formam em pensamentos, sonhos e até por meio de sons. A criança utiliza a imaginação e a fantasia o tempo todo e elas desempenham um papel central em seu desenvolvimento. (ALENCAR, 1990) A imagem é definida como a representação mental de um objeto gravado e percebido através de um dos mecanismos senso-perceptivos, mecanismos ligados aos sentidos. Existem modos diferentes de construção de imagens, alguns são descritos a seguir. A imagem sensorial é obtida por meio da observação direta do objeto, também é chamada de imagem perceptiva, pois está relacionada com os sentidos. A imagem mnemônica resulta da 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil recordação reativada pela memória; a imagem fantástica, produto da imaginação, aparece sem objeto, tem pouca nitidez e é influenciada pela vontade, a imagem que forma o conteúdo dos sonhos é denominada onírica e é de origem nenmônica ou imaginativa; imagem pareidólica, fruto da imaginação, origina-se de imagens reais. (CENTRO DE MEDICINA, s/a) A construção de imagens mentais, ou igualmente, a imaginação, é fortemente estimulada se afastada de influências externas restritivas. (DISCHINGER, MARQUES, KINDLEIN, 2006) A imaginação está vinculada à aquisição de imagens, não pode se separar imagem de imaginação. “Por isso a aquisição, o armazenamento e processamento de imagens são tão importantes para as profissões relacionadas à criação que trabalham com a imaginação como alicerce para uma atividade criadora rica de sentidos e produção.” (DISCHINGER, MARQUES, KINDLEIN, 2006) Deste modo, “as imagens [...] têm sido apontadas não apenas como parte do pensamento de crianças mais velhas, mas também de muitos cientistas e pesquisadores que salientaram o seu importante papel em suas descobertas.” (ALENCAR, 1990, p. 78) “Assim, o imaginário, ou seja, o poder de criação do designer está ligado a sua vida, sua experiência, sua vivência, sua carga de imagens adquiridas.” (DISCHINGER, MARQUES, KINDLEIN, 2006) Discussões e considerações finais Observa-se que dentre as técnicas de ativação da criatividade apresentadas por Pearson (2011) neste estudo, algumas têm mais proximidade com as práticas aplicadas em sala de aula. Os exercícios práticos utilizam em sua maioria imagens reais, composições feitas com colagem de imagens, ou colagens visuais, e produção de imagens mentais a partir de textos, que objetivam trabalhar a memória associativa e a imaginação. Sabe-se que para a área de design de moda, trabalhar a sensibilidade visual é de grande importância, visto que a maior parte das pesquisas realizadas para a criação de produtos é de caráter visual. A pesquisa sustenta a coleção e reuni uma diversidade de materiais para a consulta. “Isso inclui pesquisas específicas em tecidos, cores, silhuetas e detalhes, bem como experiências vividas e imagens (sob a forma de desenhos e fotografias) [...].” ( RENFREW, 2010, p. 148) Deste modo, serão analisados, primeiramente, os exercícios com imagens sensoriais apresentados por Alencar, (1990) que objetivam trabalhar a produção de imagens mentais, 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil utilizando os sentidos. Para tanto, a autora apresenta alguns exercícios elaborados por De Mille (1976) para serem utilizado por professores para instigar as crianças a usarem a imaginação. São textos que reúnem cenas que traçam um caminho para produção de imagens mentais. Este é um pequeno trecho de um dos exercícios elaborados por De Mille e transcrito por Alencar (1990, p. 80): “Vamos imaginar que nós temos um teatro./Vamos fazê-lo um grande teatro, com muitas cadeiras./tem uma cortina vermelha pendurada na frente do palco. Mude a cor da cortina para verde. [...].” Pode-se observar que as imagens são produzidas por meio da informação transmitida pela audição, em que os estímulos sensoriais que chegam ao sistema nervoso central na forma de códigos são interpretados e transformados em imagem na mente da criança. No caso da disciplina de criação, os textos trabalhados também produzem imagens mentais por meio da memória associativa. Os textos, lidos pelo aluno, precisam ser interpretados e a cada interpretação feita novas imagens são produzidas. Por se tratar de um curso de Moda, os textos são direcionados para a visualização de cores, texturas, formas, entre outras informações que servirão para elaborar uma composição visual e, ainda, o handstorming, ou geração de desenhos. A leitura recriadora de imagens também se assemelha com uma técnica utilizada na disciplina e é feita a partir da observação de uma imagem. Entretanto, não se trabalha com palavras, mas com formas. Os elementos que a compõem devem ser abstraídos em forma de linhas, e formas desmembradas da imagem, como se retirasse parte por parte da imagem, então, esses elementos são reorganizados em novas estruturas. A exploração das formas abstraídas da imagem pode resultar em ideias totalmente interessantes e criativas. Esse exercício proporciona ao aluno ver e experimentar novas possibilidades e sair da forma convencional dos produtos, além de trabalhar o olhar e a percepção estética para que passe a observar o que está a sua volta e apreender informações muitas vezes não vistas nem percebidas e que podem promover a solução formal do produto. “Toda aparência material do ambiente, percebido através dos sentidos, é acompanhada de sua função estética. Ela está atrelada a configuração do objeto, à aparência do produto industrial”. (LÖBACH, 2001, p. 62) A metamorfose total do objeto tem como foco a imaginação de novas formas, estruturas, utilidades, tamanhos e cores para um objeto. A metamorfose pode também ser interpretada como a desconstrução de uma imagem ou objeto e a reconstrução de outro com novas formas e novas funções. Como o designer de moda trabalha muito com o aspecto visual do produto, este exercício mostra-se apropriado para o desenvolvimento do pensamento e 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil potencial criativo dos alunos. “A função estética é percebida imediatamente e, muitas vezes, é o fator que deflagra a compra.” (LÖBACH, 2001, p. 63) Na analogia inusual são comparados dois elementos diferentes para se encontrar semelhanças e diferenças entre eles ou, ainda, uni-los a um terceiro elemento. Essa comparação é interessante, pois é possível trabalhar as diferenças em uma nova proposta de produto, objetos com forma e funções diferentes podem resultar, com este exercício, em produtos interessantes. Pode-se observar, deste modo, a importância que o uso e produção de imagens têm para ativar o pensamento criativo e a imaginação, conforme, também afirmam Dischinger, Marques, Kindlein (2006): “Ao valorizar o processo criativo acrescendo a este novas imagens e informações, o designer acaba contribuindo para que sua capacidade imaginativa seja cada vez mais fecunda.” O desenvolvimento de produtos é um processo complexo e multidisciplinar na busca de soluções inovadoras para resolução dos problemas, (CARVALHO e BACK, 2000). Na solução criativa de problemas busca-se encontrar os erros existentes, delineando as causas e consequências do problema, analisando-as e propondo soluções adequadas à eliminação ou minimização dos erros. Löbach (2001) aponta que o designer industrial como produtor de ideias, coleta informações referentes aos problemas que lhe são apresentados e utiliza-as para solucioná-los de maneira criativa. Pois considera que o processo de design é tanto um processo criativo quanto um processo de solução de problemas. No processo de desenvolvimento de produtos de vestuário, sejam estes de moda ou de trabalho, podem surgir problemas que envolvem questões anatômicas e fisiológicas, quanto à estrutura formal do produto, sua construção, matéria prima, aspecto visual, conforto e usabilidade. Esses problemas precisam ser identificados e trabalhados de modo a serem eliminados, para tanto, aplica-se o método criativo de solução de problemas. Pois, “quando há conhecimento de um problema e intenção de solucioná-lo, segue-se uma cuidadosa análise do mesmo,” (LÖBACH, 2001, p. 143). Este método de ativação da criatividade é trabalhado por meio da metodologia projetual de design. Deste modo, pode-se concluir que os métodos de ativação da criatividade desenvolvidos por estudiosos da psicologia da criatividade apresentam relações muito próximas com os métodos aplicados na disciplina de criatividade do curso de Moda. Considera-se ainda, que o desenvolvimento do potencial criativo depende em muito do interesse e disposição do indivíduo em liberar sua criatividade, que desenvolvê-la não é uma condição de imposição, mas de aceitação. 20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil Que, assim como afirmam muitos estudiosos da cognição, o pensamento criativo é muito complexo e ainda há muito a ser pesquisado e analisado sobre suas formas de manifestação. Neste sentido, também se pode afirmar que a criatividade é de extrema importância para todas as áreas de conhecimento e para as diversas situações da vida pela qual o indivíduo passa. E graças a esse potencial do ser humano o mundo evoluiu em diversos aspectos e convergiu-se para um mundo globalizado e pulverizado com inovações tecnológicas em diferentes áreas. Referências ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Criatividade no Contexto Educacional: Três Décadas de Pesquisa. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 23 n. especial, pp. 45-49, 2007. ALENCAR, Eunice Soriano de. Como desenvolver o potencial criador: um guia para a liberação da criatividade em sala de aula. 10ª ed., Petrópolis: Vozes,1990. ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de; FLEICH, Denis de Souza; BRUNO-FARIA, Maria de Fátima. A medida da criatividade: possibilidades e desafios. In: ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de; BRUNO-FARIA, Maria de Fátima; FLEICH, Denis de Souza. Medidas de criatividade: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 11-34. CARVALHO, Marco. A. de; BACK, Nelson. Rumo a um modelo para a solução criativa de problemas nas etapas iniciais do desenvolvimento de produtos. 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