entrevista - Combat Sport
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entrevista - Combat Sport
por Xicão Joly [email protected] Fotos: arquivo pessoal Estive na conceituada academia Chuteboxe, de Curitiba, Paraná, comandada pelo mestre Rudimar Fedrigo, para entrevistar Nilson Castro, atualmente responsável pela parte técnica da academia. Uma lenda viva não só no Paraná, mas no Brasil e até no mundo. Não podemos nos esquecer deste homem que literalmente deu o sangue pelo esporte, em especial pelo MMA e pelo Muay Thai. Nilson Castro ou Nilson de Castro? Qual seu nome correto? E sua idade? Meu nome completo é Nilson Ângelo de Castro. Quando comecei a lutar no Japão, cortaram o “de” e ficou Nilson Castro. Pra mim é indiferente. Estou com 39 anos. Casado? Ainda não. Minha esposa, posso dizer assim, está comigo me dando o maior apoio há 10 anos e este ano deve sair o casório. Ela é faixa preta, treina junto comigo e foi assim que a gente se conheceu. Nilson, sua história se confunde com a história do Muay Thai e do Vale Tudo, certo? Você começou no Muay Thai, veio de outra arte marcial ou outras artes marciais? Eu sempre gostei muito de esporte, fazia atletismo no colégio, natação e andava muito de skate que, para quem não sabe, é muito bom para o condicionamento físico, equilíbrio, enfim para o corpo, mas não era considerado um esporte como é hoje. Naquela época era uma prática marginalizada e apesar de eu andar muito na praça do Gaucho, eu estava com 16 pra 17 anos, não queria deixar de praticar esporte, tinha um monte de amigos que treinavam na academia Chuteboxe, como o Zito, o Cesar Preto... e embora eu nunca tivesse tido interesse antes pelas artes marciais, resolvi fazer uma aula de Muay Thai. Mas não foi logo na Chuteboxe, fui na academia da rua Visconde Rio Branco, não bateu muito bem, aí fui na rua São Francisco fazer uma aula experimental e aí me apaixonei pelo esporte e estou nele até hoje. Isso foi em que ano? Foi em 1989. Eu estava parando de treinar e você estava chegando... Estava chegando no esquema! Fui pra Chuteboxe, na época em que o Popeye estava no auge, o Fábio Piemonte, o Cunha e o Rafael estavam pegando faixa preta quando eu entrei. E você pegou sua faixa preta em que ano? Peguei em 23 de dezembro de 1995. Um baita presente de Natal! Presentão. Fiz exame, foi gravado, estavam o Rafael Cordeiro, o Wanderley Silva e o Pelé Landy. Conte um pouco dessa época entre 1989 e 1995, como eram os treinamentos, se você já era faixa preta quando participou daquele famoso desafio de Capoeira... Foi em 1992 ou 1993, não era faixa preta ainda, era atleta graduado, já tinha sido campeão brasileiro de Muay Thai, várias vezes campeão interestadual e não era faixa preta ainda! Hoje em dia está muito fácil pra rapaziada pegar faixa preta! Na minha época era terrível! Não cortando e não querendo tocar nesse assunto agora, mas hoje em dia parece que existe uma “facilidade maior” do que na sua época. Não que não se treine hoje, mas ficou um tanto mais fácil... como você vê isso? É, o esporte evoluiu muito e foi essa evolução que deu essa facilidade maior pra quem chega hoje, a filosofia em si não mudou, mas a didática de ensino e a parte técnica se diferenciaram e ficou mais fácil pra quem chegou depois. Hoje não tem aquele sofrimento que a gente tinha de treinar no piso porque não tinha tatame, sem caneleira, as luvas eram feitas de crina de cavalo, na verdade não tinha quase nada, era só um par de luvas para todo mundo, os colchonetes eram mais parecidos com travesseiros e tinham que ser divididos entre os praticantes, não tinha todo esse aparato de que o atleta dispõe hoje, essa tecnologia científica, por exemplo, nem se pensava em perder peso. A luta era porrada pura! Lógico, na Chuteboxe sempre teve uma técnica e a busca do mestre Rudimar por essa técnica é que fez a diferença de nossa academia, a gente sabia o que estava fazendo. Com o tempo o esporte, como já disse, foi evoluindo cada vez mais, chegaram os equipamentos protetores, cada vez mais aperfeiçoados, o que zela pela integridade física do aluno. Posso dizer que apesar de a Chuteboxe de antigamente estar sempre procurando novas técnicas o que contava na hora da luta era o coração, a vontade! E o talento de quem tinha talento! Nilson, não sei se seria o caso de tocar neste assunto, mas você permanece na academia Chuteboxe, desde o início até hoje sem interrupção, fiel ao lado de mestre Rudimar. A pergunta é a seguinte: quando o aluno ou o atleta vem de outras escolas ou academias, para a Chuteboxe, a tendência é permanecer ou sair sem dar satisfações? Faz parte do esporte, de qualquer esporte, de qualquer modalidade. Pessoalmente eu acredito muito em se ter “uma bandeira e lutar por ela até o fim”. Pra mim, não seria viável sair daqui da Chuteboxe e carregar outra bandeira. Fui criado assim. Uma brecha sempre existe. Não sei se é o caso de lembrar isto, mas eu cito o falecido mestre Carlson Gracie. Ele tinha uma grande equipe e fiquei chateado com o que aconteceu com ele, achei falta de profissionalismo, falta de gratidão para com ele porque ele fez muito pelos alunos e pelos atletas. Infelizmente o esporte é assim: você tem um contrato e cumprido esse contrato, acabou! Tchau e benção! Eu acho que vai de cada um ter a consciência do que esta fazendo. Tem pessoas que dizem “estou aqui, vou ficar aqui e quero morrer aqui”. Tem outras que querem conhecer outras academias, outros métodos, ver como é a coisa noutro lugar... Pessoalmente eu estou feliz aqui e vou morrer aqui. É importante ser fiel à sua escola, mas não citando nomes, se a pessoa não está satisfeita e não sai, falta um pouco de coragem, concorda? Sou da opinião de que se a pessoa não se sente feliz no lugar em que está deve procurar outro onde se sinta bem. Falando da Chuteboxe eu não admitiria nunca uma pessoa de duas caras! Tem que escolher um lado! Não pode treinar na Chuteboxe e na academia do Zezinho! Ou fica de um lado ou fica de outro! Mesmo porque de um lado pro outro, o cara não aprende a linha seguida em sua escola! O que faz a diferença da Chuteboxe é essa união, essa parceria entre todos os atletas. Todo mundo treinando junto, convivendo como uma família. Fez a diferença, faz e vai fazer sempre. Quando um atleta ou lutador entra numa academia, ele não está entrando sozinho: toda a escola está torcendo por ele, contando com ele, dando sua energia pra ele, acreditando nele. Então ele carrega essa responsabilidade: estar levando o nome de uma escola forte! Com certeza! Nilson, mudando um pouco o foco das perguntas, você consegue agora, no momento, lembrar seu cartel? No Muay Thai e no Vale Tudo. No Muay Thai eu fui bicampeão brasileiro, pentacampeão estadual. Lutei contra um pessoal bom de Minas Gerais, São Paulo, daqui de Curitiba. Fui campeão do Street Fight, -7 que era um evento nosso, regional, fui tetracampeão do Meca, fui tricampeão do Pancrase, fui campeão no evento K-1. Participei de um torneio no IVC e nesse torneio cheguei até a final mas sem condições de terminar a luta porque me machuquei muito nas duas primeiras lutas e o médico ordenou que eu parasse. Mas foi até a semi-final! Foram quantas lutas no IVC no mesmo dia? Na verdade, lembrando agora, participei de dois torneios do IVC: um em Curitiba, no Centro de Convenções, lutei contra um paulista que nocauteei e depois com Flávio Moura, a final, que também ganhei. Depois teve um segundo torneio em Maceió capital de Alagoas, e lá foram 3 lutas: lembro que lutei com Milton “Bahia”, ganhei e peguei Flávio Moura depois, ambos cascas grossas, perdi do Flávio Moura, na final, por decisão médica: estava sangrando muito e levei 20 pontos no rosto. E era com luvas naquela época? Não. Sem luva. Valia cabeçada... era vale tudo mesmo! Então o Flávio tem uma vitória e você tem uma vitória! Ficou 1 a 1. A primeira luta que a gente fez foi duríssima, ele era especialista em chave de perna, houve muita trocação até ele me pegar numa chave de perna e eu só consegui sair porque o falecido mestre Nico tinha me ensinado a técnica “Kimura” e eu o finalizei aos 28 minutos de luta. Vinte e oito minutos! Qual era a duração de uma luta? Meia hora direto, sem intervalo. Sem banquinho, sem gongo, sem tomar água... Era porrada direto, o tempo máximo eram 30 minutos e nesse tempo ia ser decidido quem seria o campeão. Nesse torneio que eu citei foram 2 lutas e depois eu participei de outros, contra o Baixinho e a 2ª luta com ele acho que durou uns 12 minutos... Nesse tempo todo, o know-how que vocês adquiriram em eventos assim é que trouxeram para a academia Chuteboxe essa eficiência de sempre! É verdade. Desde quando me convidaram pra treinar eu já ouvira falar muito que lá era porrada mesmo! Que os caras saiam na mão! Treino sério e eficiente. E foi evoluindo, teve o Popeye, o Edmar, o irmão do Edmar, Raimundo, o Paulinho, o João Emilio... toda aquela rapaziada que construiu uma bagagem forte, dominaram aquela época e depois a nova geração não decepcionou, deu até uma levantada maior! 8- Legal! De quantos Meca você participou? Eu participei de 9 Mecas, perdi 4: pro Pé de Chumbo eu fui finalizado, perdi pro Gustavo “Ximu” por pontos, do Ângelo por pontos também, outra vez por pontos pro Baruck... não dá pra lembrar tudo. E as vitórias? Ganhei do Lucas Lopes, Guilherme Lima, Aito... não lembro todos... sei que tenho 4 troféus! Uma bela carreira. E o Meca colocou muita gente no cenário internacional! Com certeza, o Meca foi uma grande vitrine, sem modéstia. Um grande evento nacional que mostrou toda a força do MMA brasileiro pro mundo. Do Meca saíram Ninja, Shogun, Anderson Silva, Luiz Azeredo e tem tanta gente! Quando eu comecei a viajar e fui pro Japão, lá tinha fotos do Meca! Tinha fotos do IVC! Eram vitrines pro mundo inteiro. Conta um pouco do Japão. Como eram os fãs, como eram as lutas... Ah! O Japão era excepcional! É impressionante a afetividade do povo japonês pelo lutador. Eles adoram o esporte, não só o MMA... o Muay Thai lá tem um carisma. Lá as artes marciais cresceram muito! Eles são apaixonados e a gente é tratado com respeito, como estrela, o melhor hotel, camarim individual, no menor evento em que você lutasse era muito bem tratado. Nilson, existe alguma luta em sua carreira que você gostaria de não ter feito ou de ter feito de maneira diferente, por exemplo mudando a postura... Eu acho que não. O lutador é feito do momento, ele treina, vai lá, faz tudo que tem que fazer, usa técnicas de soco, chute, joelho, chão e o que conta pro lutador é o momento da luta, é na hora que ele sobe no ringue ou entra na arena que a parte psicológica tem que estar boa! Se não estiver não vai usar tudo que ele treinou. Eu não me arrependo de nada que fiz nas minhas lutas. Aconteceu o que tinha que acontecer. Eu sempre estive bem treinado, ganhasse ou não. Infelizmente uma coisa que não pode acontecer mas acontece é o fato de no momento você estar com algum problema e isso interferir no seu desempenho... são falhas do ser humano. Nos dias de hoje a gente tem uma preparação psicológica muito melhor do que tinha antes. Então a gente evita a interferência de fatores externos. Mas eu não me arrependo de nada, não mudaria nada, todos os meus adversários eram cascas grossas, se perdi é porque meus adversários eram grandes lutadores e não se pode ganhar sempre! Vou dar um exemplo curioso. Certa vez, no Japão, lutei com um australiano que tinha um padrão muito alto, mas eu pensei: “vou derrubar esse cara fácil!” Meu! O cara parecia o “demônio da Tasmânia” rsrs. Foi cotovelada pra todo lado mas eu sabia que era isso, eu fui pra isso, o meu mestre acreditou em mim, só que de repente eu não estava no meu 100%! Treino não faltou! Nem técnica. Se perdi a responsabilidade foi minha, não da equipe nem de ninguém. Faz parte da profissão. Luta é isso! Mas não me arrependo de nada! Legal! Você tem algum ídolo no Muay Thai, de uma maneira geral? Na academia Chuteboxe eu, o Pelé, o Rafael, o Sérgio Cunha... a gente treinava junto e a gente assistia muito K-1, tinha o Andy Hug, o Peter Aerts, o Mr. Perfect Ernesto Hoost, o Mike Bernardo... a gente se inspirava neles, nos campeões do K-1, mas a pessoa que mais me inspirou na arte marcial foi e é meu mestre: RUDIMAR FEDRIGO é por quem tenho mais admiração e idolatria. Claro que eu assistia lutas de vários atletas e gostava de vê-los lutar. E agora chegam outras etapas de trabalho. Agora graças a Deus, com essa força que meu mestre me deu, seguindo um processo natural, observando o desempenho de vários profissionais, e sempre seguindo a linha da academia chegam pra mim novas oportunidades de desempenho de tudo que aprendi. Na Chuteboxe, mesmo alguns que possam ter saído de lá e não queiram admitir, impera o verdadeiro Muay Thai curitibano, com uma concepção própria. É o Muay Thai da Tailândia mas tem alguma coisa especial. Agora surge pra mim essa oportunidade de ser responsável pela parte técnica da academia, claro que sempre junto com os que me apoiam, os que confiam em mim, como o professor Christhofer Ledd, o professor Luis Azeredo, o atleta Cyborg... aquele pessoal todo que me dá o maior respaldo, pede minha opinião, me consulta, solicita treino... isso valoriza muito o professor. Como coordenador técnico eu sinto que a coisa mais importante é ver os atletas interessados. Não adianta você estar passando técnicas pra pessoas sem interesse! Todo pessoal da Chuteboxe me acolheu, não tem como citar todos os nomes! Me abriram os braços, acreditaram no meu trabalho ou eu não teria assumido, pois acredito neles também, trata-se de um cargo de muita responsabilidade que me foi passado, sei disso, é um fardo pesado mas estou preparado, fui moldado pra isso ao longo dos anos, na convivência que tive com todos os professores, principalmente com mestre Rudimar. Como você vê a carência de incentivo político e empresarial aqui em Curitiba? Não tem como medir o descaso que fazem de nosso esporte aqui. Temos vários campeões mundiais, vários defensores de cinturão, uma academia conhecida mundialmente, tenho alunos que vão pro exterior e o pessoal pede troca de camisetas. E não falo só da Chuteboxe, temos várias academias de potencial, de linhagem, como as do Noguchi e do Rafael Naja. São formadores de atletas e de campeões! Ir lá no Maranhão, no Rio de Janeiro e trazer o atleta pronto é fácil !!! Quero ver pegar o faixa branca e fazer ele acreditar no esporte, amar sua academia, adquirir técnicas, forjar o seu caráter, incutir nele o valor de carregar nossa bandeira... Claro que todo mundo quer construir seu futuro, ganhar dinheiro, ter sua casa própria, é justo! Mas antes disso a gente quer fazer a pessoa entender que não pode passar por cima de tudo e de todos por causa do dinheiro. A gente sabe que sem dinheiro ninguém vive, mas tem que ter um objetivo além disso, ser fiel à sua academia se é ela que praticamente criou a pessoa, deu uma formação... então a linhagem, a bandeira são importantes! Ajudando a academia, os amigos, promover eventos... o atleta também está se ajudando! Principalmente se a pessoa vem de uma origem humilde e encontra na academia seu lugar ao sol, nada mais justo! Não é só pensar em si, tem que haver uma fidelidade! Infelizmente nem todos pensam assim, é só ter o dinheiro no bolso e... É aí você vê quem é essa pessoa realmente! Nilson, o UFC no Brasil em 27 de agosto deste ano. Tem muito a contribuir para o crescimento do esporte no país? Eu acho que é mais um aprendizado pra nós, brasileiros, teórico e prático. Nós já tivemos um desses eventos em São Paulo, de alto nível e é claro que é importante pro país um evento desses, deveria ter ainda muito mais, pelo tanto que temos de bons lutadores aqui. Será que o UFC está com certo receio de produzir o evento no Brasil? Acho que não é isso, pode ser uma visão um pouco atrasada de nosso país, não valorizam.... mesmo porque nós não nos valorizamos! Me refiro aos investimentos que faltam aqui. Mais pessoas precisam acreditar no nosso esporte porque é só querer ver, ele é uma realidade que já se projetou pelo mundo! Legal! Agora me diga, como coordenador técnico da Chuteboxe, você tem sua academia também, é também -9 presidente da Federação Paranaense de Boxe Tailandês e de MMA. Até onde eu sei, desde abril de 1996. O que você pretende agora? Em 2010 a gente retomou o trabalho da federação, um pouco lento no início porque tivemos poucos filiados, mas fizemos um campeonato amador estadual, com o pessoal filiado de Maringá, Cascavel, Ponta Grossa, o pessoal da Chuteboxe, da Thai Boxe, da Thai Naja. Eu assumi este cargo da federação pela evolução do esporte, neste ano que passou consegui fazer 2 campeões paranaenses, com cinturão profissional: a Jennifer Maia e aquele menino do Cristiano Marcelo. No primeiro trimestre deste ano, 2011, já temos mais 2 cinturões pra colocar em jogo, de 85 até 90 e de 90 até 95 e vamos colocar categorias mais leves também, vamos retomar o amador, portanto os campeões amadores agora podem se preparar, vamos criar um evento de MMA pra preparar um ranking de MMA da federação. Isso tudo chama a atenção das pessoas pra se filiarem também. “Ah! tem ranking, tem cinturão!” A federação não é uma entidade de uma academia só! É aberta para todos. Fizemos uma reunião no final do ano passado, com as presenças do Galeto, um representante do Noguchi, tinha gente da Thai Boxe, o Rafael da Thai Naja... E outra coisa importante nisso tudo é que a federação vai abrir cursos de arbitragem, somente para faixas pretas, de qualquer arte marcial. O promotor do evento, qualquer que seja, não vai precisar se preocupar com a arbitragem, vamos ter 3 times de 7 componentes pra cuidar disso e outras coisas necessárias ao evento. Como no Boxe? Exatamente. As equipes que vão participar não vão precisar se preocupar com a organização! Mas pra isso, o pessoal vai ter que vir se filiar? Certamente. Os filiados vão ter seus direitos. Não peguei o cargo por dinheiro, vou cobrar uma taxa simbólica de 30 ou 40 reais, pro curso de arbitragem que vai incluir primeiros socorros. Vamos ter toda a papelada em dia, regras, certificados. Já tivemos vários problemas com a arbitragem antes e eu acho que fica feio pra nós! Vamos sanar isso! E tem muito mais trabalho pela frente! Essa é a meta da Federação Paranaense de Boxe Tailandês e MMA. Nilson, só pra complementar sobre a federação: existe algum projeto no sentido de fiscalizar as academias e principalmente os professores pra saber de onde vêm? Porque hoje a gente vê muito disso: “Sou professor de Muay Thai, faixa preta de não sei de quem que estudou com o irmão do Juca, que é amigo do Zé”, ou seja, nunca se ouviu falar do cara, ele vai lá numa academia e quer ser instrutor! Nós temos um projeto para isso aí 10 - que você descreveu e o começo é a filiação! Vamos fazer uma certificação pra cada academia e professor filiado e expor para que as pessoas saibam que academias são filiadas. Em toda a arte marcial, acho que em toda profissão, a gente tem que se proteger desses elementos que só denigrem o que dizem representar! Que denigrem a imagem do nosso esporte! Por isso é importante se filiar, ter seu certificado e poder dizer: “Olha, tenho meu certificado, minha linhagem, pertenço a tal federação, me formei com tal professor.” Tudo certo! Certa vez chegou aqui um cara de São Paulo dizendo ser do Karate e querendo dar aula de Muay Thai... Sinto muito, mas não posso autorizar: tem que treinar, passar por todo aprendizado, ser graduado e aprovado pela federação. Não adianta vir dizendo que é faixa preta! E daí? Vamos terminando por aqui não sem antes perguntar: agradecimentos a quem? Eu queria agradecer a todas as pessoas que apóiam o MMA e o Muay Thai, que fazem os eventos, que estão há muito tempo na caminhada. Agradecer à minha família, à minha esposa que está sempre comigo, ao meu irmão do coração Julio César “Pica Pau”, excelente professor lá em Balneário Camboriu-SC, agradecer a você Xicão Joly e à revista Combat Sport por oferecerem a mim a oportunidade de expor meu trabalho e contar um pouquinho da minha história. E, em especial, ao mestre Rudimar Fedrigo por me ter dado essa oportunidade na Chuteboxe que, pra mim, é minha vida! E também pra finalizar eu gostaria de mandar um recado pra quem quer praticar arte marcial seja o Muay Thai ou outra: procure saber se a academia é filiada, se o professor tem formação, com quem vai treinar, porque a coisa é séria! Irresponsabilidade nas aulas levam a lesões sérias! A academia e o professor precisam ter origem, linhagem, tradição e, claro e repito, serem federados. Mais informações: www.grupochuteboxe.com