DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO

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DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO
DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO - DRGE
Sinônimos e nomes populares:
Esofagite de refluxo, hérnia de hiato, azia e refluxo.
O que é?
É um conjunto de queixas que acompanha alterações no esôfago resultantes do refluxo
(retorno) anormal do conteúdo estomacal para o esôfago. Náuseas e vômitos não costumam
ocorrer.
Como se desenvolve ou como se adquire?
O esôfago do adulto é um canal de 35 a 40 cm, que liga a boca ao estômago. Ele é elástico e
na espessura de sua parede contem camadas musculares recobertas internamente por uma
delicada pele com o nome de mucosa, parecida com o revestimento da boca. O início do
esôfago fixa-se na parte inferior da garganta, desce pelo mediastino e cruza o diafragma
através de um orifício chamado hiato, poucos centímetros antes de se abrir no estômago. O
mediastino é a região entre os dois pulmões e o diafragma é uma calota muscular que divide
o tórax do abdome. O esôfago tem ligamentos para prendê-lo junto ao hiato diafragmático e
que contribuem para formar um tipo de válvula de retenção para impedir o refluxo do
conteúdo gástrico para o esôfago.
Quando o esôfago desliza para cima mais que 2 a 3 cm., puxa o estômago e ambas as
estruturas se deslocam para o tórax. Decorre dessa alteração anatômica a Hérnia Hiatal que,
por sua vez, prejudica a válvula anti-refluxo. Quando o conteúdo do estômago, em geral
muito ácido, atinge a mucosa esofágica, este tecido reage - inflama - originando a Esofagite
de Refluxo.
O que se sente?
A azia é a principal queixa e seu nome técnico é pirose. Pode piorar, por exemplo, quando se
dobra o peito sobre a barriga e quando se deita com o estômago cheio. É referida como
ardência ou queimação, em algum ponto entre a "boca do estômago" e o queixo, correndo
por trás do esterno, o "osso do peito". A azia pode ser tão intensa como uma dor no peito,
causando impressão de infarto cardíaco. Pode ocorrer também um aumento da salivação, a
sialorréia, que é um reflexo natural porque a deglutição dessa saliva alivia a queimação,
como se fosse um antiácido natural.
O refluxo é a percepção da volta do conteúdo estomacal no sentido da boca, sem enjôo ou
vômito, freqüentemente, com azedume ou amargor. Não raro determina tosse, pigarro e
alterações da voz. O engasgo - tosse forte e súbita, atrapalhando a respiração - pode
despertar do sono e representar uma situação de refluxo gastro-esofágico. A ocorrência de
falta de ar com chiado ou miado no peito, como a asma, pode ser desencadeada pelo
refluxo.
Sensações, desde bola na garganta e desconforto ao engolir até fortes dores em aperto espasmos - no meio do peito, representam uma desorganização das contrações faringoesofágicas responsáveis por levarem ao estômago aquilo que ingerimos. Esses sintomas são
considerados complicações do refluxo e levam o nome geral de dismotricidade esofágica.
Na criança, ainda no primeiro ano de vida, pode ocorrer um refluxo gastro-esofágico
excessivo, levando à devolução da mamada, a engasgos, a choro excessivo, a sono
interrompido e quando repetitivo, predispõe a infecções e distúrbios respiratórios.
Como o médico faz o diagnóstico?
O relato do paciente adulto jovem pode levar ao diagnóstico, sem necessidade de exames
num primeiro evento. A radiografia da transição esofagogástrica, enquanto se deglute um
contraste rádio-opaco, pode demonstrar tanto a hérnia, quanto o refluxo. A Endoscopia
Digestiva Superior é um exame para visualizar o esôfago, estômago e duodeno, passando
um fino feixe de fibras óticas através da boca. A evolução da qualidade dos equipamentos,
da eficiência da anestesia local da garganta para evitar o reflexo do vômito e a sensação de
asfixia, a eficácia e a segurança da sedação do paciente sem anestesia geral, tornaram a
endoscopia um exame simplificado, do qual se acorda, não raro, perguntando quando vai
ocorrer. Além disto, pode ser repetida para controle de resultado de tratamento e, mais
recentemente, para procedimentos terapêuticos especiais. Uma tela recebe e amplifica com
nitidez as imagens das áreas sob inspeção direta, permitindo também fotos e filmes para
reexaminar os achados. Pode mostrar a incompetência da válvula de retenção gastroesofágica e a hérnia. O mais importante é que permite ver manchas vermelhas, placas
branquicentas e úlceras, principalmente na mucosa do esôfago inferior, sugestivas de graus
variados da Esofagite de Refluxo. A endoscopia facilita a coleta de material destas lesões
para exame microscópico, no qual se pode definir a inflamação, avaliar um potencial
cancerígeno e até diagnosticar o câncer.
A Cintilografia do trânsito esôfago-gástrico é um método que tem sido usado mais na
criança. Administra-se uma mamadeira normal, contendo uma quantidade inofensiva de
substância radioativa. A cintilografia capta e registra imagens da radioatividade descendo
para o estômago ou do estômago refluindo para o esôfago. É uma metodologia não invasiva,
indolor e ambulatorial. Entretanto, pode não flagrar o refluxo, pois este não é permanente.
O estudo da pressão interna ao longo do esôfago (Manometria) e a verificação do refluxo da
acidez do estômago para o esôfago (pHmetria de 24 horas) detectam variações naturais e
anormalidades capazes de diagnosticar a DRGE. São métodos que chegaram à rotina clínica
há relativamente poucos anos. Precisam ser usados quando os demais tem resultados
insatisfatórios e para estudar parâmetros antes e depois do eventual tratamento cirúrgico da
doença do refluxo.
Como se trata?
Em geral, o tratamento é clínico, com medidas educativas associadas aos medicamentos. A
vídeo-laparoscopia vem facilitando o método cirúrgico, aplicado a casos selecionados, com
resultados muito bons.
Além de combater a obesidade, é importante evitar grandes volumes às refeições e de deitar
nas primeiras duas horas seguintes. Algumas pessoas beneficiam-se de dormir numa cama
elevada pelos pés da cabeceira, em 20 a 25 cm. Outras, não se adaptam à posição: incham
os pés, doem as costas, etc. Há controvérsias sobre restrição de diversos alimentos,
particularmente, cítricos, doces e gordurosos. Ajudam no controle dos sintomas, algumas
medidas, como: evitar a bebida alcoólica, não deglutir líquidos muito quentes, ingerir um
mínimo de líquidos durante ou logo após as refeições, evitar a ingestão de chá preto e café
puro com estômago vazio.
Os medicamentos mais usados são os que diminuem o grau da acidez já lançada no
estômago (os populares antiácidos) e aqueles que inibem a produção de ácido pelas células
do estômago ("antiácidos sistêmicos"). Outros remédios de um grupo chamado de prócinéticos destinam-se a facilitar o esvaziamento do conteúdo estomacal em direção ao
intestino, minimizando a quantidade capaz de refluir para o esôfago.
Uma queixa importante dos pacientes é a recidiva dos sintomas, particularmente da azia,
poucos dias após o término dos medicamentos. Nesse momento, surge o questionamento do
tratamento por tempo indeterminado ou do tratamento cirúrgico.
Vale dizer que o tratamento clínico combate muito bem os sintomas, mas não modifica a
hérnia hiatal e poucas vezes muda o refluxo gastro-esofágico, propriamente dito.
Como se previne?
Na prática clínica há a prevenção da recidiva dos sintomas, que se resume no seguimento
das medidas ditas educativas instituídas quando do primeiro tratamento.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
Para que serve o tratamento?
Devo tomar os remédios mesmo quando estiver bem? E se estiver bem há muito tempo?
Se eu parar de tomar os remédios, os sintomas vão voltar?
O que faço quando acabar a receita?
A doença tem cura?
Vou precisar repetir exames? De quanto em quanto tempo?
O que faço se os sintomas piorarem durante o tratamento?
Posso precisar de cirurgia? Se operar vou ficar curado? A doença pode voltar?
Devo mudar algo na minha alimentação ou hábitos de vida por causa dessa doença?
Autores: Dr. Cláudio H. Wolff / Dr. Fernando Wolff
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