Apagão da infraestrutura

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Apagão da infraestrutura
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Pró
Industrial
www.adial.com.br
REVISTA DE NEGÓCIOS DA ADIAL
edição
56
Setembro – 2014 – ANO VI
Apagão da
infraestrutura
Destravar setor de transportes
exige investimento de R$ 1 trilhão
ENTREVISTA
CARLOS ARRUDA, DA
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
REFLEXÃO
ESTRADAS EM SITUAÇÃO
PRECÁRIA PELO PAÍS
PERSONALIDADE
ANTÔNIO ERMÍRIO
DE MORAES
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PRÓ-INDUSTRIAL
Editorial
Expediente
Presidente do Conselho de
Administração
Cesar Helou
Vice‐Presidente Financeiro
Rodrigo Penna de Siqueira
Conselho Nato
Cyro Miranda Gifford Júnior, José Alves Filho e
Alberto Borges de Souza
Vices‐Presidentes e Conselheiros
Domingos Sávio Gomes de Oliveira, Valdo Marques,
Angelo Tomaz Landim, Alberto Borges de Souza, Ma‐
ximiliani Liubomir Slivnik, Vanderlan Vieira Cardoso,
Ananias Jus no Jayme, Ricardo Vivolo, Heribaldo Egí‐
dio da Silva, Paulo Sérgio Guimarães dos Santos, Wil‐
son Luiz da Costa, Marley Antônio da Rocha, Márcio
Botelho Teixeira, Olympio José Abrão, Pedro Henri‐
que Pessoa Cunha, Sandro Scodro, Domingos Vile‐
fort Orzil, Alfredo Ses ni Filho, Carlos Luciano
Mar ns Ribeiro, Rivas Rezende da Costa, José Alves
Filho, José Carlos Garrote de Souza, Juliana Nunes,
Evaristo Lira Baraúna, Romar Mar ns Pereira, André
Luiz Bap sta Lins Rocha, Antonio Benedito dos San‐
tos e Luiz Alberto Rassi.
Diretor Execu vo
Edwal Freitas Por lho “Chequinho”
Projeto Gráfico
Gráfica
Contemporânea
PUC
COMERCIAL ‐ ANÚNCIOS
(62) 3922‐8200 ou (62) 9125‐9526
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andar ‐ Ed. Rizzo Plaza, Setor Sul, Goiânia Goiás.
CEP: 74.083‐060 Fone: (62) 3213‐1666.
O
O lamentável PIB
otimismo do empresário de que em algum momento o go‐
verno federal fosse acertar a mão, ajustar a política econô‐
mica e trazer o Brasil de volta para os trilhos do crescimento
econômico registrou mais um capítulo lamentável e perigoso. O
Brasil entrou em recessão técnica ‐ que é quando se repete dois tri‐
mestres seguidos com crescimento abaixo de zero (ou seja, ocorre
um redução da economia). O resultado de ‐0,6% registrado no se‐
gundo trimestre, com revisão do PIB do primeiro trimestre, que
passou a ser ‐0,2% coloca o País em recessão técnica. O governo
nega que seja uma recessão, mas também nega que a economia es‐
teja em seu pior momento nas últimas duas décadas.
Nesta 56ª edição da revista Pró‐Industrial, a logística domina o
debate. Vamos tocar na ferida do investimento, o grande gargalo
para o crescimento do País, aposta que o governo federal não fez,
não conseguiu implantar.
Para destravar a logística brasileira, estudo da Confederação
Nacional do Transporte (CNT) prevê que seria necessário investir
R$ 1 trilhão. A matéria destrincha este estudo.
A edição traz como entrevistado o administrador Carlos Ar‐
ruda, da Fundação Dom Cabral, que revela os motivos da queda
do Brasil no ranking mundial de competitividade e os efeitos para
o longo prazo. A Pró‐Industrial apresenta estudo da Deloitte apon‐
tando onde as empresas emergentes do País estão crescendo mais.
Confira o mapa dessa expansão.
Boa Leitura
SUMÁRIO
EDITORIAL O lamentável PIB 3. //INFRAESTRUTURA O gargalo de R$ 1 tri‐
lhão 4‐6. //REFLEXÃO Estradas precárias e ADIAL LOG 7. // ENTREVISTA
Carlos Arruda 8‐10.// NOTAS INDUSTRIAIS Regulariza, Eventos e Missões,
Agronegócio e Confaz 11.// MARKETING & PRODUTOS Novidades na in‐
dústria 12‐13.// NEGÓCIOS Empresas emergentes brasileiras 14‐15.//
LEITURA Livros Empresariais 18.// OPINIÃO Cesar Helou 19.//
EMPRESA Votoran m 16‐17
EMPRESAS E INSTITUIÇÕES CITADAS NA EDIÇÃO
Votoran m (3, 16 e 17), CNT (3 a 7), Fundação Dom Cabral (4, 8 e 9), IMD (9), Sefaz (11), SIC (11), Acieg (11), UK Trade & Inves ment (11), Hermano Advo‐
gados (11), Nasa Business Style (11), Fonagro (11), Castro´s Park Hotel (11), Rodovalho Associados (11), Confaz (11), CAE (11), Sefaz‐SP (11), Creme Mel
(12), Bunge (12), PepsiCo Brasil (12),, Pepsi (12), Schin (12),Léo Burne Taylor Made (12), Unilever (12), Disney (12),Cremogema (12), Risqué (13), Hyper‐
marcas (13), Piracanjuba (13), Sadia (13), Resicolor (13), Construsul (13), Bank Log (14), Solu (14), Termoeste (14), Proguarda (14), Champion Saúde Ani‐
mal (14), Pontal Engenharia (14), Proguarda Serviços (14), Deloi e (14 e 15), Exame PME (14), IBGE (15), Companhia Nitro Química (17), Companhia
Brasileira do Alumínio (CBA), Alcoa (17), Alcan (17), Vale (17), Banco Votoran m (17), Votoran m Par cipações (17), Ventures (17), Stemac (20).
3
Pró-Industrial
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INFRAESTRUTURA
R$ 1 trilhão
Gargalo de
Baixo investimento no
setor de transportes no
Brasil afeta crescimento
4
Pró-Industrial
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O
Brasil cresce a menos de
1,5% ao ano em média. Esta
é a realidade do País nos úl‐
timos três anos e, se olhar‐
mos nos últimos 20 ciclos
anuais, será a realidade em pelo menos
quase a metade deles. E, mesmo
assim, com a economia incipiente, so‐
fremos graves problemas de infraes‐
trutura. Imagine se o País crescesse em
uma média decente de 4% a 5% ao
ano, durante uma década, o que tería‐
mos?
A resposta é simples: apagão, ra‐
cionamento e filas.
Estradas, aeroportos, portos e
parque energético não suportariam
um “excesso” de crescimento desta
forma. O País não está preparado para
crescer muito por muito tempo. O
máximo, como gostam de dizer os
economistas, podemos fazer alguns
voos de galinhas, que são curtos e rá‐
pidos. A economia brasileira, olhando
em um gráfico histórico do PIB, há dé‐
cadas faz rasantes voos de galinha.
Experimenta um momento de cresci‐
mento, dois, três anos, para tombar
para próximo ou abaixo de zero. Fica
ali três, mais ou menos, e volta a um
novo voo. Essa é a dinâmica do PIB
brasileiro.
Mas, antes de tudo, para esta dinâ‐
mica ser rompida, seria preciso destra‐
var os gargalos da logística de
transporte no País. Um estudo da
Confederação Nacional de Trans‐
portes (CNT) aponta que o investi‐
mento necessário seria R$ 1 trilhão.
Entidade listou 2.045 projetos priori‐
tários em todos modais, que inclui
movimentação de cargas e passagei‐
ros. É um valor quatro vezes maior do
Alerta
que o governo federal estimava –
porque normalmente boa parte dos
valores estimados não se concretizam
– investir em todo Plano de Investi‐
mento em Logística (PIL), que é esti‐
mado em R$ 270 bilhões.
Para a CNT, as necessidades do
Brasil são maiores para que o desen‐
volvimento do País seja alavancado
por meio de empreendimentos que
darão maior competitividade ao setor
produtivo. Para o coordenador do
Núcleo de Logística, Supply Chain e
Infraestrutura da Fundação Dom Ca‐
bral, Paulo Resende, este é, infeliz‐
mente, o atual cenário dos setores de
infraestrutura e transporte no País,
atualmente com rodovias e ferrovias
em estado precário, mal conservadas;
aeroportos com pequena capacidade
para transporte de cargas, além de ter‐
minais portuários ineficientes e ope‐
rando com excesso de burocracia.
R$ 44,4
bilhões
5
“O Brasil não tem
planejamento de
infraestrutura de
transporte”
Paulo Resende,
da Fundação Dom Cabral
Resende, que já foi entrevistado
pela Pró‐Industrial, reforça que o Brasil
não tem planejamento de infraestru‐
tura de transporte. “Países emergentes
e desenvolvidos chegam a investir até
8% do seu Produto Interno Bruto (PIB)
em logística de transportes. O Brasil ja‐
mais passou dos 2%, mesmo nos perío‐
dos de pico. A média dos últimos 30
anos é de apenas 0,8% do PIB. Isso co‐
loca o Brasil na última posição entre os
BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul).”
É quanto o prevê de inves mentos necessários, em
Goiás, o Plano CNT de Transporte e Logís ca. Segundo
Estudo, seriam R$ 694 milhões em infraestrutrura aero‐
portuária; cerca de R$ 13,8 bilhões em inves mentos
ferroviários; R$ 10,8 bilhões em hidrovias; em rodovias,
o inves mento seria R$ 17,6 bilhões; e R$ 1,4 bilhão
em armazéns e terminais de cargas.
Pró-Industrial
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INFRAESTRUTURA
Fonte: CNT
As propostas da CNT, apresentadas
no último dia 28, têm o objetivo de
contribuir para alavancar o desenvolvi‐
mento do País, reduzir os custos logísti‐
cos, aumentar a competitividade dos
setores produtivos e permitir mais se‐
gurança e desempenho aos transporta‐
dores e à população. São intervenções
condizentes com o desenvolvimento
econômico e social desejado ao Brasil,
abrangendo a modernização e a amplia‐
ção de rodovias, aeroportos, portos, hi‐
drovias, ferrovias e também dos
terminais de cargas e de passageiros.
6
O Plano CNT de Transporte e Logís‐
tica é dividido entre projetos de integra‐
ção nacional (que incluem obras ao
longo de nove eixos estruturantes mul‐
timodais) e os projetos urbanos (volta‐
dos para o transporte público).
“Uma significativa parcela da infra‐
estrutura de transporte, em todas as
modalidades, encontra‐se obsoleta, ina‐
dequada ou ainda por construir. Algu‐
mas delas operam no limite ou mesmo
acima da sua capacidade, enquanto ou‐
tras carecem de manutenção”, conclui o
estudo. Segundo análise da CNT, essa
situação representa um entrave ao cres‐
cimento do país e gera reflexos negati‐
vos, como aumento do tempo de
viagens, maior custo operacional, au‐
mento do número de acidentes e dos ní‐
veis de emissão de poluentes.
Para os nove eixos estruturantes
analisados, estão previstas construção e
duplicação de rodovias, expansão de hi‐
drovias, dragagem em portos, implan‐
tação de ferrovias, construção e
ampliação de aeroportos, construção e
adequações de terminais de cargas,
entre várias outras intervenções.
Pró-Industrial
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REFLEXÃO
Estradas precárias
atrasam o modal
rodoviário brasileiro
O
modal rodoviário é o
mais utilizado no País,
respondendo por mais
de 60% do transporte, se‐
gundo a CNT, de tudo
que é produzido no Brasil. Maltrata‐
das, as rodovias carecem do mesmo
“remédio” que os demais equipa‐
mentos de infraestrutura: investi‐
mento
pesado.
Estudo
da
Confederação aponta que 1,7 milhão
de quilômetros (79,3%) sequer é pa‐
vimentada. E, na malha rodoviária
federal, 90% das pistas são simples.
Estes números mostram o quanto é
frágil o sistema rodoviário brasileiro
e revelam que os problemas relacio‐
nados aos acidentes, uma citação
constante, estão mais ligados à infra‐
estrutura (estradas precárias) e
menos aos caminhões (transportado‐
ras) e direção (trabalhadores).
TAMANHO DO BURACO
A CNT propõe para solucionar
os gargalos investimentos de R$ 293
bilhões em rodovias. Entidade prevê
com estes recursos a duplicação, pa‐
vimentação e construção de novas
estradas. O volume de investimento
é expressivo. Para se ter uma ideia, o
governo federal investiu, entre 2007
e 2014, R$ 74,9 bilhões em rodovias.
Com esta média de R$ 9,8 bilhões
por ano, demoraria 29,8 anos para
atingir o investimento recomendado
pela CNT. Ou seja, o ritmo tem de
ser, pelo menos, triplicado.
7
Norte‐Sul (BR‐153) e Leste‐Oeste
(BR‐070). O cenário econômico
goiano, com preponderância do
agronegócio e da industrialização
recente, exigem cada vez mais o for‐
talecimento da operação logística e
do transporte de cargas.
EIXOS
A entidade elegeu como projetos
de destaque no modal rodoviário a
duplicação das seguintes rodovias:
BR‐116 nos Estados de Ceará, Per‐
nambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio
de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul; BR‐153 em To‐
cantins, Goiás, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
BR‐101 em Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro e São
Paulo; BR‐070 em Goiás e Mato
Grosso, entre Cuiabá e Águas Lin‐
das; da BR‐252 na Bahia e da BR‐262
no Espírito Santo e Minas Gerais.
Entre as novas rodovias necessárias,
o Plano destaca a BR‐242, no Mato
Grosso, entre Sorriso e Querência.
Goiás é citado no plano de inves‐
timento sugerido nos dois eixos:
ADIAL LOG
Sempre atento às tendências e
exigências da economia goiana, a
ADIAL estimulou a criação da
ADIAL LOG, grupo de trabalho
criado de forma permanente e insti‐
tucional para debater, estudar, di‐
vulgar e propor melhorias no setor
logístico do Estado.
Entre as missões da ADIAL
LOG, estão a interação e negocia‐
ção com setor público e privado de
ações políticas e empresariais que
melhorem o ambiente de negócios
para as empresas de transporte e
logística em Goiás, além da atua‐
ção junto aos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário para defesa
do setor.
A ADIAL LOG tem como obje‐
tivo principal buscar maior compe‐
titividade para o setor de
transportes, assim como para a eco‐
nomia goiana. A organização ini‐
ciou seus trabalhos com a adesão
dos principais operadores logísticos
do Centro‐Oeste, o que respalda sua
atuação, contando ainda com apoio
institucional de sindicatos do setor
e entidades de classe.
Pró-Industrial
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ENTREVISTA
Nome: Carlos Arruda
Área de atuação: Doutor em Administração Internacional, pela University of Bradford, Ingla‐
terra, e professor na área de Inovação e Compe vidade da Fundação Dom Cabral (FDC).
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Pró-Industrial
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“O Brasil perdeu
para ele mesmo”
O
Brasil caiu da 56ª em 2013
para a 57ª colocação no
Ranking Global de Com‐
petitividade 2014, que conta com uma
compilação de 144 países. Entre os Brics
(Brasil, Rússia Índia, China e África do
Sul), a economia brasileira está à frente
apenas da indiana, 71ª colocada. A Suíça
mais uma vez liderou o ranking. Em se‐
guida vêm Cingapura, EUA, Finlândia e
Alemanha. A pesquisa é feita a partir da
análise de dados estatísticos nacionais e
internacionais de 2013 a 2014 e de uma
pesquisa de opinião com 4 mil executivos
realizada entre janeiro e abril deste ano,
pela International Institute for Manage‐
ment Development (IMD). No Brasil, a
pesquisa e a coleta de dados são coorde‐
nadas e conduzidas pela Fundação Dom
Cabral e coordenada pelo economista
Carlos Arruda. A seguir suas principais
avaliações sobre o tema:
Como o senhor avalia o resultado
no Ranking da Competitividade
de 2014?
A perda de uma posição não é
significativa, mas é crítico o movi‐
mento de perda de nove posições
Michal Gartenkraut
9
em dois anos. O ano de 2012 foi de
crescimento da economia e opor‐
tunidades em relação à economia
mundial, mas o Brasil não soube
tirar vantagem dessa situação.
Aquele era o momento de o go‐
verno tentar resolver questões que
remontam aos anos 1990, como
levar adiante reformas dos siste‐
mas tributário e trabalhista e sim‐
plificar o marco regulatório. A
queda de posição do Brasil no ran‐
king se deu por dois fatores. Pri‐
meiro, os critérios analisados são
baseados em opinião da comuni‐
dade empresarial e as pesquisas
foram feitas no primeiro semestre
deste ano, quando o pessimismo já
estava presente. Segundo, alguns
países que são vizinhos do Brasil
nesse ranking tiveram ganhos rela‐
tivos melhores que os do nosso
País, como foi o caso de Colômbia,
México e Turquia.
Mas onde o País mais perde com‐
petitividade?
Três fatores críticos foram
apontados na pesquisa. O pri‐
meiro deles é o ambiente macroe‐
conômico. O aumento do
endividamento do governo, a di‐
minuição no nível de poupança e
a volta da inflação fizeram com
que o Brasil perdesse algumas po‐
“
Agora em
2014 aconteceu
algo diferente, a
perda foi absoluta.
O Brasil perdeu
para ele mesmo. A
competitividade,
de fato, dimi‐
nuiu.”
sições nesse critério. O segundo
pilar que deixou a desejar foi
aquele que mediu a eficiência do
mercado de bens. A não simplifi‐
cação dos marcos regulatórios,
com a alta taxação para empresas
nascentes ou que importam e ex‐
portam insumos, produtos e ser‐
viços foi o que prejudicou nesse
ponto. O terceiro fator foi a não
realização dos projetos de infraes‐
trutura básica, como as obras pre‐
vistas para a malha viária, portos
e aeroportos. A falta de consistên‐
cia dos planos de governo para
concretizar esses projetos fez com
que o Brasil ficasse prejudicado, já
que outros países que também
Pró-Industrial
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estão no ranking estão realizando
essas obras de infraestrutura.
Qual o impacto da infraestrutura
no indicador?
O Brasil precisa se comprome‐
ter com a elevação dos investimen‐
tos e melhora da infraestrutura do
País. Muitas obras do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC),
por exemplo, estão fora do crono‐
grama inicial. O que levou o Brasil
a cair tantas posições nesses últi‐
mos anos foi, principalmente, a não
implementação dos investimentos
em infraestrutura e a questão ener‐
gética. Em 2013, o Brasil não teve
um bom comportamento nesse
setor e está entre os países com as
tarifas mais caras do mundo.
Aliado a isso está a disponibilidade
energética, que antes não entrava
na agenda de preocupação dos em‐
presários.
O que chamou a sua atenção
neste ano?
O grande destaque deste ano
foi a não ação. Mesmo com avan‐
ços em determinadas áreas, um
País perde posições no ranking se
outros obtiverem uma nota maior.
O Brasil adotou medidas para
simplificar os tributos sobre a
folha das empresas e tentou redu‐
zir a burocracia para abertura de
negócios, mas países como Co‐
lômbia e México avançaram muito
mais nesses tópicos. A questão tra‐
balhista foi o maior destaque ne‐
gativo do Brasil lembrando que o
tema teve avaliação crítica em vá‐
rios indicadores. Em eficiência do
mercado de trabalho, por exem‐
plo, o Brasil caiu 40 posições
desde 2012 (da 69ª para a 109ª, a
maior variação negativa entre os
12 temas. É importante ressaltar
que o País ainda mantém um por‐
centual significativo do PIB inves‐
10
“
A questão tra‐
balhista foi o maior
destaque negativo
do Brasil lembrando
que o tema teve ava‐
liação crítica. Em
eficiência do mer‐
cado de trabalho,
por exemplo, o Bra‐
sil caiu 40 posições
desde 2012.”
tando. Agora em 2014 aconteceu
algo diferente, a perda foi abso‐
luta. O Brasil perdeu para ele
mesmo. A competitividade, de
fato, diminuiu.
Como foi a movimentação neste
ano?
Na passagem de 2013 para
2014, o Brasil perdeu três posições
no ranking, passando da 51ª para
a 54ª, ficando à frente da Eslovê‐
nia, Bulgária, Grécia, Argentina,
Croácia e Venezuela. Os primeiros
lugares foram ocupados por Esta‐
dos Unidos, Suíça e Cingapura.
tido em educação e saúde, o que é
um resultado positivo, pois mos‐
tra que há interesse e atitudes vol‐
tadas para a melhoria destes dois
fatores. Porém, diante dos resulta‐
dos negativos do País nestes pi‐
lares, é preciso refletir se esses
gastos estão realmente sendo fei‐
tos da forma eficiente e em que
medida as ações estão correta‐
mente direcionadas.
Existe um pessimismo por parte
do empresariado e executivos?
Além de dados estatísticos, a
pesquisa do International Institute
for Management Development e
da Fundação Dom Cabral consi‐
dera as opiniões de executivos
sobre a economia brasileira. E esse
foi um dos itens que mais contri‐
buíram para o resultado negativo
deste ano, de acordo com o profes‐
sor. A percepção da comunidade
empresarial está negativa e isso foi
importante para a queda de posi‐
ções. Este ano está crítico nesse
sentido.
Qual diferença da queda deste
ano para os anteriores? O Brasil
deixou de ser um forte player no
mercado internacional?
O Brasil se mantém como um
país de potencial. O Brasil é um
país com um mercado enorme e
com grandes necessidades de in‐
vestimentos. Em uma outra pes‐
quisa que foi feita, o Brasil
apareceu entre os seis países mais
interessantes para se investir no
mundo. Mas, de 2010 a 2013, o
Brasil vinha perdendo posições re‐
lativas, porque a competitividade
de outros países estava aumen‐
E o baixo desempenho do comér‐
cio exterior?
Parte do desempenho negativo
no ranking se deve à baixa partici‐
pação do Brasil no comércio inter‐
nacional, já que tanto o setor
privado quando o governo estão
focados no consumo interno. O re‐
sultado é fruto do declínio das ex‐
portações
para
mercados
tradicionais como Argentina,
União Europeia e Estados Unidos,
e do aumento das importações de
produtos industriais provenientes
principalmente da China e de ou‐
tros países asiáticos.
Pró-Industrial
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NOTAS INDUSTRIAIS
IMPOSTO
Regulariza amplia uso
do crédito acumulado
para pagar dívida
A Secretaria da Fazenda amplia o alcance da utilização do crédito
acumulado de ICMS para pagamento de dívidas pelo Programa de Incentivo à
Regularização Fiscal de Empresas (Regulariza). A mudança beneficia micro e
pequenas empresas do Simples Nacional e contribuinte com inscrição
suspensa, paralisada, cassada ou baixada, além de contribuinte não cadastrado
na Sefaz, inclusive o produtor rural.
De acordo com a Instrução Normativa nº 1.186, assinada pelo secretário da
Fazenda, José Taveira, esses contribuintes podem liquidar até 70% dívida de
ICMS utilizando o crédito acumulado, desde que paguem, à vista, no mínimo
30% do valor da dívida. Até agora o Regulariza só permitia o uso do crédito
acumulado por empresas do regime normal de tributação e em atividade.
O gerente de Recuperação de Créditos da Sefaz, José Ferreira de Sousa,
ressalta que o crédito acumulado só pode ser utilizado uma vez. Outra mudança
foi na forma de pagamento do saldo remanescente quando o contribuinte
utiliza o crédito acumulado. Foi criada uma nova opção que permite ao
contribuinte parcelar parte dos 70% do saldo remanescente. Antes, esse
percentual só poderia ser pago com crédito acumulado ou à vista. José Ferreira
orienta que o parcelamento deve ser liquidado em moeda, não sendo
permitido o uso de novo crédito acumulado.
Para as empresas regulares, o crédito acumulado pode ser próprio ou de
terceiros. As empresas com inscrição estadual suspensa, paralisada, cassada ou
baixada só podem utilizar o crédito acumulado de terceiros, já que não podem
emitir a nota fiscal referente ao crédito. A IN nº 1.186 foi publicada no Diário
Oficial do Estado da semana passada.
COMÉRCIO EXTERIOR
Confaz pede adiamento da reforma do ICMS
O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) decidiu na última
semana, em sua mais recente reunião, sugerir ao Senado adiar as discussões
sobre a reforma tributária do ICMS para depois das eleições. O Projeto de Lei
(PL) nº 130, que tramita na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), tenta
acabar com a exigência de unanimidade para a aprovação de incentivos fiscais
no Confaz. O relator do PL, senador Luiz Henrique (PMDB‐SC), ainda não foi
comunicado oficialmente do pedido do Confaz, segundo José Clovis Cabrera,
coordenador da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda de São
Paulo.
11
NOTAS
Eventos e missões
Representantes de 15
empresas da Catalunha
(Região Nordeste da Espanha)
se reuniram com membros do
governo e empresas locais na
última quinta‐feira, para mostrar seus
produtos e áreas de atuação.
A Acieg juntamente com a
Secretaria de Indústria e
Comércio (SIC) e a UK Trade &
Investment receberam na
última sexta‐feira, na sede da
Associação, representantes do Reino Unido
especializados em exportação e negócios para
orientar empresas goianas a realizarem
negociações com o País.
No dia 10 de setembro,
será realizado evento sobre
investimentos nos Estados
Unidos, com enfoque maior
para a Flórida, com advogados
americanos de escritórios parceiros da
Hermano Advogados e um "personal financial
advisor". Será no Nasa Business Style, a partir
das 8h30.
EVENTO
Agroindústrias
No dia 19 de setembro, será realizado em
Goiânia o Fonagro (Fórum Nacional das
Agroindústrias), entre 8h30 e 17h30. Será no
Castro's Park Hotel, Auditório Rio Diamantino
e Rio Formoso, na República do Líbano, 1520,
Setor Oeste. O evento é realizado pela
Rodovalho Associados. Para confirmação de
presença: [email protected] ou
(62) 3281‐0606.
Pró-Industrial
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MARKETING & PRODUTOS
Creme Mel
A Creme Mel promove até o
mês de outubro a campanha
“Melzinho no Palito”, que
oferecerá milhares de palitos
premiados. Na compra de
qualquer picolé da marca, o
consumidor poderá encontrar
um picolé premiado que vale um picolé Fruitmel. A promoção é
acompanhada por uma campanha com spot para rádio, além de busdoor e
materiais para ponto de venda. Os palitos premiados estão sendo
comercializados nos 15 mil de pontos de venda da marca em nove estados ‐
Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Tocantins, Pará e Maranhão ‐ e no Distrito Federal.
Bunge
O Centro de Memória Bunge foi
criado em 1994 com o objetivo de reunir,
tratar e disponibilizar o patrimônio
histórico da Bunge Brasil. O Centro de
Memória Bunge disponibiliza grande parte
de seu acervo pela internet, com histórias
de marcas que fizeram ou ainda fazem
parte da história da companhia, incluindo
embalagens, anúncios, fotografias, vídeo e
áudios.
Cremogema
Cremogema lança novas embalagens estampadas com a
turma do Mickey Mouse, da Disney. São cinco personagens
da turma em cinco sabores: Morango, Banana, Chocolate,
Aveia, Cereais e Mel e Tradicional. As embalagens trazem no
verso jogos infantis. “Mickey e seus amigos fazem parte do
nosso dia a dia há muito tempo, assim como os produtos
Cremogema. A Disney é uma empresa que preza pela
qualidade e benefícios nutricionais dos produtos licenciados,
assim como a Unilever”, afirma Giovanna Gomes, gerente de
marketing da marca.
Schin
Pepsi
A Pepsi apresentou sua nova
opção de embalagem: garrafa de
vidro retornável de 1 litro. “A
garrafa retornável de 1 litros é mais
uma opção que a Pepsi oferece aos
consumidores. Temos um amplo
portfólio para todos os bolsos e
ocasiões de consumo”, diz Nora
Mirazon, diretora de Marketing de
Pepsi, Consumer Engagement e
Inovação da divisão de bebidas da
PepsiCo Brasil. Até agora, a única
embalagem de vidro da Pepsi no
Brasil era a garrafa de 284 mililitros.
A marca trabalha também com lata
de 350 mililitros e garrafas PET com
diversos volumes.
12
A Schin, patrocinadora da Stock Car e da equipe
Schin Racing Team, lança uma lata temática com
elementos alusivos a essa modalidade do
automobilismo. Criada pela agência Leo Burnett Taylor
Made, a embalagem de 350 mililitros será
comercializada em pontos de venda do Paraná, do
Mato Grosso do Sul e de Salvador.
Pró-Industrial
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Risqué
A linha de esmaltes Risqué, da Hypermarcas, ganha novas embalagens e nova fórmula. O
frasco agora tem formato mais largo e cônico, além de tampa anatômica. O pincel ganhou a
característica flat, que, por ser achatada, facilita a aplicação. O rótulo autoadesivo também
passou por mudanças: as informações básicas ficam na frente e os detalhes no verso, que
podem ser lidos ao se destacar o adesivo do contrarrótulo. A fórmula hipoalergênica passou a
ser incorporada oficialmente pela empresa e será vendida sem diferenciação de preço nas
140 cores do catálogo. A nova coleção de primavera‐verão 2015 “Bagagens & Viagens” foi a
escolhida para divulgar as novidades.
Piracanjuba
Consumidores de todo
Brasil já contam com mais
uma novidade da Piracanjuba
nas gôndolas. Trata‐se do
leite em pó, nas versões inte‐
gral (800g), integral instantâ‐
neo (800g) e desnatado
instantâneo (600g), que po‐
derão ser encontradas em
embalagens stand‐up pouch (fica em pé nas gôndolas), propiciando ainda mais pratici‐
dade para os consumidores. “As embalagens flexíveis oferecem excelente visibilidade nas
prateleiras e representam uma alternativa mais leve, quando comparadas com embala‐
gens rígidas”, diz Lisiane Guimarães, gerente de marketing da Piracanjuba.
Sadia
A Sadia amplia seu portfólio de linguiças
de frango com o lançamento da a linguiça
frescal, com 30% menos gordura, segundo a
marca, e a linguiça defumada, em versão
embalada e pronta para o consumo. “Antes
vendida a granel, a linguiça defumada de
frango ganhou novo formato de embalagem,
que dispensa a manipulação do produto no
ponto de venda”, explica a gerente de
Marketing, Rosângela Barbosa. As novidades
podem ser encontradas com exclusividade nos
pontos de vendas de São Paulo em
embalagens de 900 gramas, a Linguiça de
Frango Frescal e de 430 gramas a Linguiça de
Frango Defumado.
Resicolor
Açaí, Amarelo Canário, Azul Bic, Cinza Médio,
Lírio, Papaia, Rosa Pink, Rosa Suave e Verde Maça
são os mais novos lançamentos de cores da
Resicolor Tintas para os produtos da linha Esmalte
Color e Tinta a Óleo. Os tons, que prometem ganhar
destaque no mercado, já podem ser visualizados no
site da empresa, que também lançou novo site
www.resicolor.com.br. Produtos foram lançados
durante a 17ª Feira Internacional de Construção
(Construsul). Ao contrário do publicado na edição
anterior da Pró‐Industrial, o único presidente da
Resicolor é o empresário Jaime Dal Farra.
13
Pró-Industrial
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NEGÓCIOS
Onde as empresas
emergentes crescem
O
estudo anual realizado desde
2006 pela Deloitte, em parce‐
ria com a revista Exame PME,
aponta as empresas emer‐
gentes do mercado que mais expan‐
dem seus negócios no País. As
empresas de melhor desempenho são
incluídas em um ranking das 250 mais
que nesta edição contou com 15 em‐
presas, um número que sinaliza cres‐
cimento
mais
ainda
pouco
representativo quando comparado
com outras regiões, como Sudeste, que
tem 145 empresas.
A edição atual do estudo, além de
trazer o já tradicional ranking das 250
pequenas e médias empresas que mais
cresceram no País nos últimos três anos
completos (2011‐2013), revela visões e
tendências sobre um tema que cada vez
mais ganha relevância no universo em‐
presarial: qualidade de vida e bem‐
estar no ambiente de trabalho.
14
A Deloitte defende que a trajetória
de expansão das empresas emergentes
do Brasil passa pela consolidação de
práticas de saúde e bem‐estar, que pro‐
porcionam melhor qualidade de vida
aos funcionários, imagem positiva no
mercado e bons resultados financeiros.
Essa tendência é reflexo de uma busca,
inclusive, por maior atração e retenção
de talentos – fator crítico para o desen‐
volvimento das organizações.
Entre as mais bem posicionadas do
Centro‐Oeste e Norte, a maioria é
goiana: Sete das dez pequenas e mé‐
dias empresas. Puxam a lista as goia‐
nas Bank Log, Soluti, Termoeste,
Proguarda, Champion Saúde Animal,
Pontal Engenharia e Proguarda Servi‐
ços. A Bank Log ficou, ainda, com a se‐
gunda posição no ranking nacional
entre as que mais cresceram no País,
com expansão de 1.124% no período.
Os critérios para qualificar as em‐
presas no ranking das 250 que mais
crescem foram: Estar em fase operacio‐
nal, no Brasil, há mais de cinco anos;
Ter obtido receita líquida entre R$ 3
milhões e R$ 350 milhões em 2013 (úl‐
timo ano do triênio avaliado); Não
fazer parte de um conglomerado em‐
presarial com mais de 50% do seu ca‐
pital controlado por estrangeiros; Não
estar vinculada (coligada ou contro‐
lada) a grupo empresarial com receita
líquida igual ou superior a R$ 2 bil‐
hões por ano, independentemente da
origem de seu capital.
Por possuírem características dife‐
renciadas de geração e avaliação de re‐
ceita, o que impediria a comparação
com outras empresas, não puderam
participar do estudo: cooperativas, ins‐
tituições financeiras e organizações
sem fins lucrativos e governamentais.
Também tiveram sua participação ve‐
tada as empresas dos segmentos de
Pró-Industrial
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21%
Foi a taxa média de
crescimento da receita
líquida anual. Entre
2011 e 2013, esta taxa
foi maior – 24%
auditoria, consultoria e editoras.
As edições anteriores do ranking
das PMEs brasileiras que mais crescem
mostram que as empresas emergentes
de melhor desempenho no Brasil, ape‐
sar de sofrerem o impacto das oscila‐
ções na economia, tendem a superar os
resultados gerais do País com uma
grande margem.
De acordo com o Instituto Brasi‐
leiro de Geografia e Estatística (IBGE),
o Produto Interno Bruto (PIB) nominal
do Brasil – isto é, aquele do qual ainda
não foi descontada a inflação – cresceu
a uma taxa média anual de 12% entre
2005 e 2013. No mesmo período, as
empresas que figuraram entre as 100
primeiras posições em cada uma das
nove edições do ranking “As PMEs
que Mais Crescem” apresentaram
crescimento médio anual de 52%. Vale
ressaltar que, como as empresas são
retratadas no ranking pela variação de
sua receita líquida em um determi‐
nado período, a referência do PIB no‐
minal é a que permite melhor compa‐
ração entre o desempenho do País e o
das empresas emergentes que mais
crescem.
Em 2010, o PIB real do Brasil, cor‐
rigido pela inflação, foi de 7,5%. Desde
então, os patamares gerais de cresci‐
mento da economia do País se manti‐
veram mais baixos, colocando um
cenário desafiador para as pequenas e
médias empresas.
TERMÔMETRO ECONÔMICO 2014
Confira abaixo a última atualização dos indicadores econômicos do País e do Estado. A cada ediçao, a PRÓ‐INDUSTRIAL traz
novos números e suas sinalizações. Confira os resultados dos últimos dados divulgados.
Inflação de agosto
Indústria em 2014
Inflação oficial fecha agosto em 0,25% e acumulado passa teto da
meta. Situação preocupa.
PIB industrial deve cair 1,7% em 2014, maior recuo em 5 anos. Será a maior
retração desde 2009, ano marcado pela crise financeira internacional.
Inflação em 2014
o IPCA acumula taxas de 4,02% no ano e 6,51% em 12 meses,
pouco acima portanto do teto da meta do governo, que é 6,5%.
PIB em 2014
Mercado reduz previsão de alta do PIB de 2014 pela 12ª semana se‐
guida. Economistas dos bancos esperam um crescimento de 0,79%.
15
Comércio exterior
Balança comercial tem menor superávit para agosto em 13 anos. Em
Goiás, números con nuam bons.
Desemprego
Taxa de desemprego em julho é a menor para o mês desde 2003. Taxa de
desemprego ficou estável de junho para julho de 2014.
Pró-Industrial
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EMPRESAS
O BRASIL PERDEU O
EMPRESÁRIO
ANTÔNIO ERMÍRIO
DE MORAES, DO
GRUPO
VOTORANTIM, QUE
POR DÉCADAS
PENSOU E SE
POSICIONOU A
FAVOR DE
DESENVOLVIMENTO
DO PAÍS
E
A perda de
um líder
16
m 1918, foi aberta em
Votorantim, cidade no
interior de São Paulo,
uma fábrica de tecidos.
Foi esta empresa o em‐
brião do Grupo Votorantim, que ca‐
minha para um século de atuação e
a consolidação do empresário Antô‐
nio Ermírio de Moraes – falecido em
24 de agosto – como um dos grandes
pensadores da indústria brasileira
na última década.
A Votorantim Metais, empresa
do grupo, é associada da ADIAL
(Associação Pró‐Desenvolvimento
Industrial de Goiás), que presta uma
homenagem à companhia, que in‐
veste no Estado e participa ativa‐
mente do crescimento econômico
goiano.
Antônio Ermínio de Moraes era
engenheiro, assim como seu pai,
José Ermírio de Moraes. Antônio
nasceu a empresa do pai, ainda a fá‐
brica de tecido, completava uma dé‐
cada. A fábrica foi aberta pelo sogro
de José, o português Antônio Inácio.
Anos depois, em 1935, a empresa
dava seus primeiros saltos para ex‐
pansão, com a aquisição da Com‐
Pró-Industrial
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panhia Nitro Química. Duas décadas de‐
pois, inaugurava a Companhia Brasileira
de Alumínio (CBA), pioneira do setor no
Brasil – concorrendo com as estrangeiras
Alcan, Alcoa e, depois, a Vale. Cinquenta
anos após a fundação, a produção saltou
de 4 mil toneladas de alumínio para 400
mil toneladas.
A empresa se transformou em uma
multinacional, comprando fábricas em
outros países. No Brasil, diversificou,
abrindo inclusive o Banco Votorantim. A
frente da gestão, Antônio Ermírio de Mo‐
raes, que além de conduzir os negócios,
era presença constante no debate nos
rumos do País, sempre pensando e mani‐
festando seu pensamento.
Os princípios dos Moraes foram re‐
passados por décadas: Solidez, Ética, Res‐
peito, Empreendedorismo e União.
Em continuidade à sua estratégia de
crescer de forma consistente e diversifi‐
17
cada, no final da década de 1980 o Grupo
passou a investir em papel e celulose e,
três anos depois, ingressou no setor finan‐
ceiro, com a constituição do Banco Voto‐
rantim. Para fazer frente ao contínuo
crescimento de suas operações em diver‐
sas áreas, em 2001, criou a holding Voto‐
rantim Participações (VPar). Assim, deu
o passo decisivo para a internacionaliza‐
ção de seus negócios, hoje em andamento
em mais de 20 países.
Ao mesmo tempo que lida com ma‐
térias‐primas, Ermírio deu o aval para a
criação da Votorantim Ventures, a caçula
das empresas do grupo criada há quase
quatro anos. A Ventures é um fundo de
investimento com trezentos milhões de
dólares para investir em áreas tão diver‐
sas como biotecnologia, bioinformática,
distribuição de MRO, serviços de data‐
center e de call center, comércio eletrônico
e biodiversidade.
FRASES DE ANTÔNIO
ERMÍRIO DE MORAES
“Sou um o mista inveterado, esperando
bons momentos”
“O Brasil tornou‐se um gigante de pés de
barro. Na hora em que os credores fecharam a
caixa, nós entramos numa crise sem tamanho”
“Teoria não é solução para os problemas so‐
ciais do Brasil. O que se precisa fazer é arregaçar
as mangas, melhorar a administração das ver‐
bas e aplicá‐las diretamente onde a questão é
mais urgente”
“Ele (Lula) está fazendo o que pode. Eviden‐
temente, ele não tem o preparo que eu gostaria
que um presidente vesse, mas ele tem força de
vontade. Agora, o Lula precisa trabalhar mais e
usar um pouco menos o aviãozinho dele”
Pró-Industrial
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LEITURA EMPRESARIAL
80/20
Você acha o seu trabalho opressivo? Tudo se acumula na sua mesa ou na sua caixa de entrada e você
tem a sensação constante de lutar para vencer um volume excessivo de tarefas? É difícil sentir‐se no controle
da situação? Se as respostas forem positivas, você não está sozinho. Um grande número de gerentes,
especialmente em tempos difíceis como os de hoje, se sente assim ‐ dominado pela sobrecarga de trabalho,
sem poder sobre o próprio tempo e frustrado por não ter mais influência nos processos da empresa.
O LADO OCULTO
O livro que todo economista deve ler. Freakonomics ‐ O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta +
Superfreakonomics ‐ O lado oculto do dia a dia, dois best‐sellers da economia, numa edição especial (volume único). A
partir de uma reunião de dados e de perguntas difíceis, nunca feitas e nem imaginadas, os autores Steven D. Levitt e
Stephen J. Dubner discutem as mais variadas situações cotidianas, estudam a rotina e os enigmas da vida real e
apresentam conclusões que desafiam o senso comum. Freakonomics + Superfreakonomics retrata as interfaces da
economia de um jeito diferente e instigante. A obra trata assuntos distintos que normalmente não são abordados pelos
economistas tradicionais. Os autores decifram a vida cotidiana de uma maneira irreverente sob o olhar econômico.
ERA DO VALUATION
Aliando a boa teoria às melhores práticas, o renomado autor Aswath Damodaran escreveu este
livro com o intuito de oferecer aos leitores um material atualizado, objetivo e criterioso sobre o
interessante tema. Laureado professor de negócios, o autor mescla com maestria os fundamentos
clássicos sobre finanças, aos conceitos desenvolvidos e consagrados por ele, como o próprio termo
Valuation, disseminado globalmente.
RÁPIDO E CERTEIRO
Como Convencer Alguém em 90 Segundos é a garantia de uma comunicação de sucesso, transformando as
conexões instantâneas em duradouras e pro¬dutivas relações de negócios. Neste livro, o especialista Nicholas
Boothman ensina como usar o rosto, o corpo, a atitude e a voz para causar uma primeira impressão marcante,
estabelecendo confiança imediata e criando fortes víncu¬los de credibilidade.
GOSTA DE RISCO?
Outro livro nesta coluna escrito por Aswath Damodaran, reconhecido como um dos melhores professores
de Finanças dos Estados Unidos, Gestão Estratégica do Risco: Uma Referência para a Tomada de Riscos
Empresariais mostra que o risco, se explorado com inteligência, é fundamental para o sucesso de uma empresa.
O leitor vai aprender a determinar quais riscos ignorar, contra quais se proteger e quais explorar. Damodaran
oferece um quadro de referências detalhado para a maximização dos lucros pela exposição limitada a alguns
tipos de riscos e pela exploração de outros.
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OPINIÃO
CESAR HELOU
PIB, investimentos
e incentivos fiscais
S
eria uma grande surpresa
para qualquer empreendedor
no País, principalmente os in‐
dustriais, se a política econô‐
mica caminhasse para outro caminho
que não fosse o da recessão – que la‐
mentavelmente foi registrada em
agosto. Os sinais claros de desaqueci‐
mento da atividade econômica já
eram sentidos em 2012, fortaleceram‐
se em 2013 e se repetiram neste ano.
Os empresários apontaram vários
desequilíbrios durante a formação
desta recessão, mas que o governo fe‐
deral ignorou.
O maior de todos os problemas foi
a falta de uma âncora para sustentar o
crescimento da economia em momen‐
tos mais complicados. Com o esgota‐
mento do consumo e do comércio
como alternativa para manter a econo‐
mia em, pelo menos, crescimento mo‐
derado, defendemos há anos que o
governo fortalecesse a variável inves‐
timento para ser essa âncora.
Não foi assim que ocorreu. Nos úl‐
timos quatro trimestres, a economia
registrou três ciclos de retração da ati‐
vidade econômica e uma expansão. A
variável investimento fechou os qua‐
tro trimestres negativa. Nem investi‐
mentos públicos nem privados. O País
parou de investir ou está investindo ti‐
midamente. Ou seja, com produção
encolhendo, consumo retraído e in‐
vestimento travado, quais as perspec‐
tivas? Recessão.
O governo federal poderia ter evi‐
19
tado essa freada provocando novos
investimentos. Mas, em vez disso,
ficou durante dois anos estimulando
a discórdia entre os Estados que antes
recebiam investimentos (os emer‐
gentes) e os que reclamavam de per‐
der empresas (os tradicionais). A
tentativa de ingerência nestas políticas
de incentivos fiscais estaduais, realiza‐
das com tributos estaduais, afastou in‐
vestidores.
Os Estados emergentes nunca re‐
ceberam tão pouco investimentos
quanto nos últimos dois anos. Ficaram
menos interessantes? Não. Os investi‐
dores ficaram acuados, pois o conflito
“federativo” gerou insegurança. Em
um País de tão poucos marcos regula‐
tórios para dar segurança aos investi‐
mentos, este ataque do governo
federal aos incentivos fiscais provocou
um adiamento de novas plantas in‐
dustriais. Pior para o País, pois estan‐
cou parcialmente um dos poucos
mecanismos que funciona correta‐
mente na promoção de desenvolvi‐
mento regional e investimento
nacional.
Mas o empresário não é de desani‐
mar. O potencial de crescimento do
País é gigantesco, mas ficou bem claro
neste ciclo de três anos e meio que as
condições para os investimentos ocor‐
rerem são essenciais. Investimentos
não brotam de pensamentos ou de pá‐
ginas de planos de governo, é preciso
um diálogo próximo junto ao setor
produtivo, compreender sua impor‐
tância como promotor de desenvolvi‐
mento econômico, mudando a forma
de relacionar e interagir.
Empresários têm a sua responsabi‐
lidade no futuro do País. E, ao mesmo
tempo, são orgulhosos de terem sua
parcela de trabalho para reerguer
nossa economia nas últimas três déca‐
das. Mas, quando se visualiza o em‐
preendedor brasileiro, não se dá o
devido mérito. Se o projeto funciona
no Brasil, pouco se ressalta o papel dos
reais produtores deste resultado, que
é o setor produtivo, a união de empre‐
sários e trabalhadores.
Não é uma questão de vaidade,
mas de justiça. Neste momento de re‐
flexão do futuro do País, que se res‐
salte o papel de quem sua pelo País e
de quem vai continuar suando. Em‐
presários e trabalhadores carregam o
País nas costas, com uma indesejável
carga tributária de quase 40%, que lhe
é retirada diretamente do preço do
produto ou da renda, sem lhe retornar
em reinvestimentos para melhorar o
processo produtivo.
O PIB em recessão é um sinal claro
de que o caminho precisa ser revisado.
As crises são essenciais para propor
ajustes, aparar arestas e promover
novos conceitos de gestão, pública e
privada. Que esta recessão lamentável
não seja em vão.
Cesar Helou
é empresário e presidente da ADIAL
Pró-Industrial
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