VOCÊ! - Creative People

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VOCÊ! - Creative People
Simplesmente
Resolvido!
Você é Capaz de Controlar Suas Emoções?
Um dos assuntos mais importantes e críticos deste livro diz respeito à sua
capacidade de controlar suas emoções em momentos de grande estresse.
Para ajudá-lo a entender o quanto você é capaz de fazer isso hoje e quais
são os próximos desafios que precisam ser vencidos para aumentar
dramaticamente esta habilidade, nós desenvolvemos uma ferramenta
especial eletrônica, onde você será capaz de avaliar a si mesmo.
Esta ferramenta é baseada nos modelos mais recentes de desenvolvimento
humano: Gestalt, Terapia Cognitivo-Comportamental, Programação
Neurolinguística, Neurossemântica, Autorrealização, Psicologia Positiva
etc. O autor a desenvolveu ao longo de 1 ano, durante mais de 200 sessões
com clientes em casos reais e comuns do cotidiano: trabalho, família,
relacionamentos amorosos, metas e negócios, entre outros.
Mais de 11.000 pessoas já utilizaram esta auto-avaliação online com
resultados positivos! Agora, você também poderá revelar em detalhes em
que nível é capaz de controlar suas emoções no seu dia a dia. Assim, você
descobrirá também alguns dos mais importantes passos que poderá dar no
futuro, para sua própria evolução pessoal.
Basta clicar no link abaixo e você será levado direto à página onde poderá
acessar a ferramenta e realizar todo o processo:
Auto-avaliação de controle emocional
Muito obrigado por ter adquirido este livro, e tenha uma boa leitura!
Rodrigo Santiago
SIMPLESMENTE
RESOLVIDO!
Copyright © 2014 por Rodrigo Santiago
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida
sob quaisquer meios existentes
sem a autorização por escrito dos editores.
Projeto gráfico, diagramação e capa
Rodrigo Santiago
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ÍNDICE
Introdução
10
DELÍRIO #1: Como conquistar a vida dos seus sonhos sem ter nenhum superpoder, dom espiritual, talento genético, padrinhos influentes etc?
13
DELÍRIO #2: Como eliminar maus hábitos e vícios persistentes de uma vez por
todas?
26
DELÍRIO #3: Como transformar a si mesmo por completo ainda que existam
tantas urgências e pouco tempo no dia a dia?
32
DELÍRIO #4: Como aniquilar a solidão definitivamente?
35
DELÍRIO #5: Como alcançar o que você mais deseja, mesmo com pessoas
negativas no mesmo barco, que torcem contra você?
40
DELÍRIO #6: Um truque irado que pode até mesmo eliminar sua ansiedade! 44
DELÍRIO #7: Como entender, medir e multiplicar a sua autoestima?
49
DELÍRIO #8: Como lidar de uma vez por todas com pessoas de mente
fechada?
60
DELÍRIO #9: Um truque mental para eliminar instantaneamente muitos dos
maus julgamentos que fazemos
67
DELÍRIO #10: Como evitar que o atraso das coisas, as falhas e a passagem do
tempo destruam sua motivação?
76
DELÍRIO #11: Uma mentalidade inteligente e radicalmente diferente para se
compreender muito mais de Deus
80
DELÍRIO #12: Jogue fora agora este erro “cavalar” que envenena seus
relacionamentos... Mas que quase todo mundo comete!
87
DELÍRIO #13: Como multiplicar seu crescimento espiritual através do método
científico?
95
DELÍRIO #14: Qual é o grande caminho que fará cada pessoa no mundo ser
completamente feliz?
100
DELÍRIO #15: Acredita que Deus está no comando da sua vida? Aqui estão
dois efeitos que você pode ter deixado escapar. Um deles é desastroso!
104
DELÍRIO #16: Como evitar a destruição dos seus relacionamentos mais
valiosos através da eliminação de 4 mentiras que seu cérebro conta todos os
dias para você?
115
DELÍRIO #17: Dica rápida, contra-intuitiva e polêmica para decifrar o mistério
do egoísmo (seu e dos outros)
122
DELÍRIO #18: Como dar conselhos excelentes sem levar patadas?
128
DELÍRIO #19: Quais são as 4 fases cíclicas de um amor complicado e como
interrompê-las?
132
DELÍRIO #20: Como vencer os limites sociais que o mundo quer impor a
qualquer custo sobre sua vida?
139
DELÍRIO #21: Como romper com um passado terrivelmente traumático e definir
rumos radicalmente melhores para sua vida?
143
DELÍRIO #22: Para mulheres! Como ensinar um bruto a amar direito?
150
DELÍRIO #23: Como lidar de uma vez por todas com gente orgulhosa demais?
154
DELÍRIO #24: Como superar as armadilhas que fazem nós, seres tão racionais,
desenvolvermos medos tão irracionais?
158
DELÍRIO #25: Como exorcizar vampiros energéticos, espíritos obsessores,
demônios, olho gordo, ebó etc... Tudo com o simples uso de uma razão
espiritualizada?
163
DELÍRIO #26: Por que as pessoas erram em nome de Deus?
168
DELÍRIO #27: Um dia, todos nós partiremos... O que fazer a respeito?
175
DELÍRIO #28: Uma estratégia simples para se conquistar a paz incondicional
184
DELÍRIO #29: Como aniquilar para sempre o sofrimento por amor?
189
DELÍRIO #30: Como curar de uma vez por todas o famoso Déficit de Atenção
(TDAH) sem o uso de remédios, conquistando foco e concentração perfeitos?
201
DELÍRIO #31: Como erradicar a dor lancinante que as críticas destrutivas
podem provocar em nossa alma?
207
DELÍRIO #32: Como gerar força de vontade, disciplina, paciência e persistência
infinitas instantaneamente, sempre que você quiser?
215
DELÍRIO #33: Como tomar decisões pelo menos vinte vezes melhores do que
as suas atuais?
223
DELÍRIO #34: Como reverter praticamente qualquer ambiente hostil em apenas
7 passos?
235
DELÍRIO #35: Como eliminar episódios de explosões emocionais para todo
sempre?
242
DELÍRIO #36: Como evitar sofrimentos excessivos dentro do mundo torto em
que vivemos?
247
EPÍLOGO (DELÍRIO #37): Como você, sozinho, pode transformar o mundo
inteiro para melhor?
252
Agradecimentos
256
Introdução
Muitas pessoas sentem que precisam estar de alguma forma destinadas a
um grande futuro para que tenham sucesso em seus projetos e sonhos. Elas
precisam sentir que possuem algum dom ou talento especial, que têm a
genética certa, que nasceram na família certa, que precisam ter os amigos e
contatos certos ou que pelo menos alguém em quem confiam
profundamente tenha lhe dito: “você tem um grande destino pela frente”.
Porém, na minha experiência ajudando pessoas a estruturarem seus
projetos e sonhos, aprendi que o sucesso não tem nada a ver com quem
você é, que talentos tenham nascido junto com você ou com o que os
místicos ou líderes dizem a respeito do seu destino.
Existem milhões de pessoas de todos os signos completamente falidas e
também bem sucedidas. Existem pessoas das mais diferentes raças, credos
e condições sociais que vivem vidas das quais estão plenamente satisfeita e
também existem pessoas em todas as camadas sociais que são
completamente miseráveis psicologicamente.
Ricos infelizes e deprimidos? Milionários ansiosos e preocupados? Tem
um monte. É o que não falta. Como diz o ditado: “tem gente que é tão
pobre que a única coisa que tem é o dinheiro”.
Existem também muitas pessoas com dons maravilhosos, talentos
extraordinários e capacidades surpreendentes que não obtém o que querem
de verdade da vida, dos seus projetos e dos seus relacionamentos.
Na minha percepção, todos estes casos são de pessoas que sabotam a si
mesmas e não sabem disso.
Tenho algumas coisas para falar sobre tudo isso. Obviamente, é a partir de
uma perspectiva pessoal e experiência profissional. Porém, a única
perspectiva que tenho é a minha, certo? De qual perspectiva eu deveria
falar, então? Da perspectiva de Deus, como dizem algumas pessoas por aí?
Me desculpe, não tenho essa pretensão toda, e acho até falta de respeito.
Pecado, mesmo.
Por que você ouviria as minhas palavras? Não sei. Talvez você nem
devesse fazer isso. De acordo com minhas pesquisas, eu posso estar,
literalmente, delirando. Pode ser que nada disso venha a refletir qualquer
noção de realidade. Eu posso mesmo estar fazendo isso.
Porém, existe um único motivo pelo qual escrevi cada linha desta obra e
pelo qual eu acredito que as pessoas devam ler o que apresento aqui.
Talvez você ainda não o ache suficiente, mas é o meu motivo: eu trabalhei
milhares de horas ajudando pessoas a alcançarem vidas mais plenas para si
mesmas e vendo transformações definitivas, da água para o vinho.
Como isso foi possível? Com a ajudinha de uma disciplina chamada
Neurociência. Ou seja: a ciência de como o cérebro e o sistema nervoso
funcionam.
Sim, eu sou um provocador. Um “neuro-nerd” seria mais específico,
porque vivo enfiado em livros, teorias e exercícios malucos para levar
pessoas a mudarem suas vidas para melhor. Seja como for, você está livre
para discordar à vontade dos pontos de vista deste livro. Pode até me
chamar de idiota, se quiser. Eu não dou a mínima, já aconteceu antes e eu
continuei na mesma. Que diferença faria, então se você for mais uma das
pessoas que não gostam de mim? Não estou aqui para agradar o mundo
inteiro, e esta é uma lição que muita gente ainda tem que aprender.
Porém, mesmo que você deteste este livro, apenas leve em consideração
que estas reflexões são fruto de experiências com pessoas que realmente
transcenderam problemas que antes eram complicados para elas próprias.
Nada disso aqui é “teoria pura”. Pode até ser subjetivo, mas não é teoria
“pura”, sem aplicações práticas.
Portanto, se você está acima de todos estes problemas relatados aqui e
porventura venha a dizer que “já sabia de tudo que este livro fala”, então
eu sugiro que entre no barco! Comece a levar pessoas a realizarem a si
próprias. Tem é trabalho pra fazer. Muito!
Se você tiver pontos de vista e argumentos mais eficazes (e eu acredito que
você tenha muitos argumentos diferentes dos apresentados nesta obra), eu
o convido a me ensinar sobre eles. É o meu prazer renovar minha mente
com novos pontos de vista. Não me sinto preso às palavras destas páginas,
já que este livro retrata apenas uma das minhas fases, e assim como
qualquer pessoa, eu também posso mudar.
Em todo caso, espero que a sua leitura destes meus delírios seja, no
mínimo, divertida!
DELÍRIO #1: Como conquistar a vida dos seus sonhos
sem ter nenhum super-poder, dom espiritual, talento
genético, padrinhos influentes etc?
Para começar nossa jornada, vamos começar com um fato: eu sei que
existem pessoas desiludidas ou decepcionadas, que dizem que metas não
servem pra nada, e que na vida tudo é questão de “sorte”, ou de se ter
nascido em “berço de ouro”.
Bom… Qualquer pessoa com o mínimo de habilidade matemática entende
que algumas coisas são questão de sorte… Mas nem tudo.
Eu vou compartilhar neste capítulo um pouco da minha experiência
pessoal com metas, e isto também vai servir para me apresentar a você.
Pretendo aqui, também, mostrar um pouco do meu dia a dia, para que nós
estejamos mais familiarizados um com o outro.
Nada disso aqui está sendo dito para implicar a idéia de que eu tenho uma
vida “melhor do que a sua”. Eu acredito que você tenha uma vida muito
melhor do que a minha em muitos aspectos, e será normal até mesmo se
você estiver “na frente” em tudo, seja lá o que for a “frente”. Pense nas
linhas a seguir apenas como uma alegoria para ilustrar os pontos que serão
demonstrados.
Primeiramente, eu não me acho muito bom com metas. Mas, por
experiência própria, sei que não é necessário ser perfeito para atingi-las.
Minha conclusão sobre isso é: quer atingir suas metas?
Então, Seja Imperfeito!
Minha estrada foi cheia de erros, atrasos e até muitas imprudências de
minha parte. Também me acho uma pessoa bastante distraída… E me
arrisco demais. Tenho muito o que melhorar no que diz respeito a FOCO.
Mas tenho meus pontos fortes. Eu sei que, se prestar atenção demais ao
que tenho de frágil, esqueço as coisas boas que posso realizar. E que, se eu
esquecer essas coisas boas… Bom, aí eu não vou fazê-las, não é?
Como prática cotidiana, não dou tanta atenção às minhas fraquezas quanto
as muitas pessoas que fazem isso consigo próprias. Existem verdadeiros
campeões que só sabem dar atenção ao que ainda não está certo, e
permanecem frustrados vinte e quatro horas por dia.
Não faço esse tipo. Prefiro cultivar minhas forças. Um dos meus pontos
fortes é que eu sempre acredito que vou conseguir. Sem essa idéia
permeando tudo que faço, nada sou.
“Eu vou conseguir.”
Muitas pessoas dizem que fazem isso… Mas não fazem de verdade. Essas
pessoas são aquelas que dizem que vão conseguir, mas que não seguem
nenhum plano para que, de fato… Consigam!
Não é preciso ser perfeito, mas acreditar sem agir torna impossível
conquistar novas metas. Para ilustrar mais disso, eu gostaria de
compartilhar com você um pedacinho do meu dia. Minha esperança é que
esse breve relato lhe inspire.
Eu acho maravilhoso planejar, acreditar, perseverar, atingir e celebrar
nossas vitórias. Nesse momento, acabei de me tocar de algo que foi o que
me motivou, de fato, a escrever esta mensagem. Estou vivendo uma das
visões da minha vida…
Um sonho que planejei há 8 anos atrás.
Hoje o dia foi prazeroso, intenso e cansativo. Fiz o acompanhamento de
cinco pessoas. As sessões foram super impactantes.
Com a sensação de dever cumprido, fui pra minha cama. Depois de um
tempo, me encontro relaxado, recebendo o aconchego do meu filho recémnascido. Ele dorme no meu colo, como um querubim.
Ter um filho é uma das coisas mais maravilhosas que podem acontecer a
um adulto. Se você tem um filho, você sabe do que estou falando.
Ter um filho é viver uma infância toda de novo.
Fico triste em saber que existem pessoas que gostariam de ter filhos, mas
dizem que “não podem”.
Do ponto de vista biológico, não tive muito o que fazer. Nasci assim, e me
mantive fértil até hoje. Me considero com sorte, abençoado nesse ponto,
onde outras pessoas tiveram azar. Mas se não tivesse esta sorte em
questão, utilizaria algum método de concepção moderno, ou até mesmo
adotaria uma criança. Faria tudo isso valer a pena. Quem sabe se ainda não
adotarei algum bebê no futuro?
Um pouco desajeitado, confesso, estou com um laptop também no colo,
junto com o bebê, que dorme deitado no meu peito.
Não consegue imaginar a situação? Nem eu… E me pego rindo, enquanto
escrevo estas frases.
Realizando meu sonho artístico
Estou revisando a estratégia de execução para o segundo CD de MPB que
estou produzindo junto com a mulher da minha vida. Na verdade, parei a
revisão pra escrever essa mensagem pra você… Mas já volto ao CD.
Há mais de um ano eu e ela temos separada em uma conta a verba
suficiente para tocarmos o projeto.
Em compensação, por enquanto tivemos que abrir mão
de comprar um carro…
Afinal, quem precisa de um “bom carro zero” quando temos a chance de
investir em um projeto cultural com um dos maiores produtores musicais
do país? Eu fico impressionado com a quantidade de pessoas que colocam
carros acima dos seus próprios sonhos de realização.
Um carro não produz música. Música é o que nos move de verdade. O
carro pode vir depois… E se não vier, não tem problema. Tenho mais um
grande sonho pra realizar.
Talvez o termo “mulher da minha vida” venha a chamar atenção de alguns
leitores. E talvez estas pessoas tenham achado que eu sou “bom com
mulheres”. Mas, na verdade, eu nunca fui bom com mulheres.
Era tímido demais.
Minha estratégia com mulheres sempre foi extremamente rudimentar e
básica… Eu apenas esperei e me guardei… Pro momento certo… Pra
pessoa certa.
Tive amores anteriores. Mas não pude aproveitá-los. Faltava maturidade.
Faltava coragem. Faltava sei lá o quê… E muito mais do que isso. A minha
“fórmula” pra conquistar um grande amor foi dolorida demais. Mas o
“investimento” teve um retorno impressionante...
Hoje, temos cumplicidade.
Trabalhamos juntos em nossos maiores sonhos.
Basicamente, eu diria que me mantive firmemente longe de mulheres que
fazem “quadradinhos de oito”. Caso você não saiba, “quadradinho de oito”
é um funk carioca que ganhou certa audiência há algum tempo, e que
promove sexualidade sem limites, inclusive no meio de crianças.
Tudo isso pode ser “gostoso” e “engraçado” para um momento fugaz de
prazer e diversão, mas é superficial em excesso, e não tem graça nenhuma
quando observamos o produto dessa cultura no longo prazo e na sociedade
como um todo. Hoje, naturalmente, quase ninguém mais canta isso, porque
ele foi previsivelmente substituído por algum outro “quadradinho de oito”
da vida.
Como você já deve ter deduzido, a decisão de me afastar de mulheres
assim reduziu drasticamente as minhas chances de beijar na boca… E a
quase zero as chances de conseguir uma namorada no Rio de Janeiro…
...E agora estou rindo de mim mesmo quando penso no que fiz da minha
virilidade na adolescência. Uau! Foi uma baita coragem. Hoje vejo o
quanto eu era idealista, e penso que faria tudo isso novamente.
Mulheres que fazem “quadradinhos de oito” multiplicam as chances de um
homem beijar na boca e fazer sexo, mas praticamente anulam as chances
delas mesmas serem respeitadas e valorizadas por este homem. Ser
legitimamente chamada de “amor” é um sonho cada vez mais distante para
uma mulher dessas. Porque certas coisas não combinam… Manga com
leite… “Quadradinhos de oito” e “amor de verdade”.
Desculpe-me a franqueza, mas se você é uma mulher solteira e não é do
tipo “quadradinhos de oito”, meus parabéns! A vida pode até não lhe
entregar um caso “de bandeja”, e você pode até passar por momentos onde
se sente solitária demais. Mas eu acredito que, fazendo isso, você pelo
menos tem mais chances de ser feliz em um relacionamento estável a dois
e uma família como realmente planeja, seja com um homem ou com uma
mulher. Agora, se você é uma mulher “quadradinho de oito”, está na hora
de se valorizar.
Em virtude de conduzir a vida do jeito que faço, existe um outro costume
bem diferente da maioria:
Eu não me preocupo muito em viajar
Nós viajamos. Principalmente quando vamos fazer algum show ou projeto
profissional importante. Vitória, BH, Foz do Iguaçú, São Paulo… Foram
alguns dos lugares que visitamos como resultado do trabalho de criar
música de qualidade. Muitos outros lugares virão.
Eu viajo normalmente apenas quando estou indo a trabalho e gosto disso,
porque amo o trabalho que faço. Não me considero um “trabalhador”.
Apenas vivo fazendo o que amo fazer. Cheguei a morar por sete meses em
um hotel de luxo em Natal, em uma das praias mais bonitas do Nordeste
do Brasil, visitando alguns dos restaurantes mais caros da cidade, com
tudo pago pelos contratantes. Tive bastante tempo para aproveitar as coisas
boas e fazer um trabalho bem feito.
Aquele tempo, sozinho, daria muito mais férias do que muitas pessoas
tiram a vida inteira! Mas a distância de casa, na época, começou a me
atrapalhar. Não estava nos meus planos ficar tanto tempo longe da minha
família. Mesmo tendo em minha janela uma das vistas mais bonitas do
Brasil para o Oceano Atlântico e de ter aproveitado o lado turístico da
cidade, aquilo não era o suficiente para me motivar.
Tudo isso, junto com uma liderança que não tinha a menor habilidade em
motivar seus colaboradores, começou a afetar meu desempenho. Como, na
época, não tinha maneiras para lidar com nada daquilo, decidi que o
melhor recurso era voltar para casa. Mas ficaram as recordações, a
experiência, os amigos, a sensação de dever cumprido.
Mas nem tudo foram flores, porque naquela ocasião, especificamente, eu
não saí pacificamente. Eu não tinha recursos para me manter pacífico com
uma líder que gritava de forma estridente com seus subordinados e depois
dizia que havia feito isso “por brincadeira”. O que aprendi com o evento
foi a escolher melhor quem eu quero ter como líder, e vejo que muitas
pessoas passam vidas inteiras sendo lideradas por pessoas que não
admiram, e que não têm o que ensinar a elas.
Todos elegemos líderes em cada fase de nossas vidas. Não é porque em um
dado momento nós nos tornamos donos de nossos próprios negócios ou
presidentes de empresa que nós deixamos de ter líderes. É assim que eu
penso: quando eu não tenho em quem me inspirar, provavelmente estou
sem direção.
Em todos os casos, em todas estas viagens eu e minha esposa temos
condições de conhecer lugares e pessoas. Enfim, sempre há tempo para
descobrimos as cidades, culturas, lugares e seres humanos especiais.
Uma vez, eu e minha esposa fomos convidados a visitar a pousada de um
antigo cliente, que iniciou seu negócio durante um processo de
acompanhamento que eu fiz com ele. Foi um dos lugares mais
maravilhosos que já visitei. Esse “retiro” também nos veio como fruto de
um trabalho bem feito. Acho que não existe nada mais especial do que ser
chamado a um lugar como convidado de honra porque você conquistou
determinada competência. Ser levado a lugares deliciosos porque as
pessoas querem você lá tem uma conotação bem diferente e mais especial,
na minha opinião.
Por tudo isso, nós não planejamos muitas viagens.
Não existe, de verdade, destino algum no planeta que nos dê a sensação
que é estar dentro de um bom estúdio de gravação, ou num palco, vendo a
música acontecer. No meu caso, é muito prazeroso atuar em uma consulta
com alguém que quer mudar sua vida radicalmente, ou dar um treinamento
para um grupo de pessoas ávidas por transformarem a si mesmas. Eu sou
um vidrado, viciado, maníaco por obter e compartilhar conhecimento.
Enfim, um nerd voraz.
Muitas pessoas me disseram no passado que meus comportamentos e
investimentos eram verdadeiras loucuras. Elas fizeram isso até verem os
resultados finais e o reconhecimento do público. Por exemplo, o primeiro
disco que produzimos, com “uma mão na frente e outra atrás”, na “cara e
na coragem”, sem padrinhos musicais, teve uma aceitação muito boa na
indústria fonográfica. Apesar de não ter “bombado”, conseguimos
artisticamente uma posição e reconhecimento que pouquíssimos artistas
musicais independentes têm em nosso país. Na data em que este texto está
sendo escrito, temos todas as condições reunidas para dar o próximo salto.
Todas as pessoas que disseram que minhas atitudes eram loucuras no
passado me apóiam na minha jornada, hoje. E assim é verdade para muitas
outras pessoas, talvez incluindo você: suas atitudes e sonhos vão parecer
loucura desvairada para muitas pessoas.
No início da minha vida, eu nem imaginava que conseguiria escrever
músicas que outras pessoas viessem a gostar tanto… Esse foi um talento
que nutri um passo depois do outro. Com dedicação e constância… Sem
qualquer exagero de tentar dedicar mais horas do que existe em um dia ou
de ficar cronicamente ansioso para ter uma competência que eu ainda não
havia desenvolvido.
Escrever música sempre foi mais ou menos como um hobby. Mas eu era
constante em querer aprender a compor cada vez melhor. Depois de quinze
anos tentando, qualquer pessoa pode acabar conseguindo algum avanço
significativo em matérias como essas, consideradas “inatingíveis” por
muitas pessoas. A melhor maneira de conquistar um talento desses é viver
obtendo diversão dele, dia após dia, do jeito que der pra viver - com
defeitos, falta de qualidade e às vezes fazendo canções horrorosas. Um dia
você acaba acordando distraidamente, vai escrever e, quando menos nota,
faz uma música que todos gostam e alguém quer gravar.
Muitas pessoas desrespeitam a si mesmas, dizendo que seus talentos não
têm qualquer significância, que devem ser deixados de lado ou que elas
nunca terão competência para nada. Se eu me diminuísse assim, teria
menos essa história pra contar e menos satisfação na minha vida. Eu não
nasci com ninguém por perto dizendo que tinha talento pra compor. E, na
verdade, eu não tinha essa habilidade até começar a dizer pra mim que eu
queria conquistá-la.
Foram quinze anos de germinação…
O disco novo da minha esposa sairá com pelo menos uma música de
minha autoria. Certamente ela tocará em algumas rádios pelo país, como
outras duas do CD anterior já tocam. Quem sabe se dessa vez elas não
chegam ao grande público? Mas nada disso importa, porque eu estou
fazendo o que amo fazer. O resto é consequência.
Minha cama é grande. Minha mulher está ao meu lado, dormindo como
um anjo. As contas estão pagas pelos próximos meses e eu passo meus
dias trabalhando com o que eu gosto. Ou seja: tendo prazer em cada
segundo.
Se Deus não quiser que eu e minha esposa fiquemos juntos até a morte, eu
posso dizer que tive momentos como esse aqui – muitos momentos,
intensos, por muitos e muitos anos. Mas… A não ser que a separação se dê
por acidente, não acredito que nos separemos por nossa escolha. Nos
damos impressionantemente bem. Passamos por maus bocados, mas
superamos tudo juntos. Posso assegurar que o ciúme um do outro é algo
hoje bem longe de nossas suspeitas. As tentativas de aproximação de
terceiros viram piadas que um conta pro outro.
Se Deus permitir que a gente fique junto até ficar velho e feio, será
maravilhoso. Ela tem uma das vozes mais bonitas que eu já ouvi. E uma
voz bem cuidada e afinada dura pra vida toda.
Em um dado momento da minha vida eu reparei que todas as mulheres por
quem me apaixonei tinham vozes realmente maravilhosas e sabiam cantar
muito bem. Descobrir aquilo foi um choque de auto-conhecimento!
Felizmente me casei com aquela que tem a voz mais linda de todas as que
conheci.
À minha volta, no meu dia, no meu trabalho, vejo somente pessoas com
quem me relaciono bem. Eu procuro escolher muito bem as pessoas com
quem quero conviver nos meus dias. Por isso, tenho o equilíbrio para me
afastar amigavelmente das pessoas que não estão de acordo com os meus
valores. Não dou meu telefone ou o acesso à minha pessoa a qualquer um.
Penso que todos devem fazer o mesmo.
Levei anos pra aprender a me planejar estrategicamente e a me comunicar
de forma a construir relacionamentos sólidos até mesmo com pessoas
muito difíceis, porque às vezes é o que temos que fazer. No fundo, nem é
tão complicado assim. Muita gente não tem “paciência” para lidar com
estas pessoas. Eu também não teria, por isso recorri aos estudos de como
ocorre a comunicação entre pessoas. Esse é um tópico bastante mais
profundo do que parece, e vejo a massa das pessoas simplesmente
ignorando esse fato. Existe riqueza abundante em saber se comunicar
direito.
Às vezes a gente erra, e isso naturalmente ocorre comigo. Além disso, às
vezes, penso que não vale o esforço de manter a proximidade com algumas
pessoas, simplesmente porque não estamos alinhadas. É o meu direito de ir
e vir. Porém, um afastamento pacífico é o que importa.
De qualquer maneira, trabalhei sério pra desenvolver a habilidade de
estabelecer limites sem criar inimizades. Quando as crio, é algo na maior
parte das vezes voluntário. Sim, porque eu ainda me dou ao pequeno
prazer de irritar pessoas por esporte. Afinal, todos temos defeitos, certo?
É engraçado pra mim pensar nisso!
Tudo isso imaginei pra mim e escolhi como meta há 8 anos da data deste
texto. Mas na época, quando pensei nesta visão toda, ainda não sabia o
“como fazer”.
Há 8 anos, tudo era apenas sonho.
Naquela época, estava me realizando profissionalmente, em uma área
completamente diferente da que trabalho hoje. Naqueles dias, eu estava
chegando no auge de uma “viagem de carreira” de 10 anos, na área de
arquitetura de software. Era o meu primeiro grande sonho profissional
sendo realizado.
Cada passo da jornada inteira foi prazeroso, apesar de
desafiador.
Tudo isso me deixa com uma pulga atrás da orelha. Existem pessoas que
não acreditam em si mesmas, nem muito menos acreditam que podem
alcançar suas metas. Elas ficam perdidas, profissionalmente, dizendo que
não sabem que direção seguir.
Muitas pessoas sabem a direção que desejam, mas não querem admitir que
sabem, porque têm medo de não dar certo. Outras pessoas acreditam que
metas ou sonhos são irrelevantes, ou que é “tudo balela”. “Conversa pra
boi dormir”.
Ajudar estas pessoas é, hoje, um dos meus grandes projetos. Eu realizo
diariamente o ideal de levar gente se encontra neste estado a perceberem
que tudo pode ser bem melhor pra elas. É um dos maiores desafios que já
escolhi pra mim mesmo. É o desafio de entender e mudar definitivamente
uma realidade que não é a minha.
Em um dos atendimentos, eu conversei com um cliente que começou
aquela sessão dizendo que não via futuro para si próprio. Ele havia sido
diagnosticado com pânico por um psiquiatra.
Eu geralmente não trabalho com casos clínicos como esse. Mas
eventualmente alguém quer se aventurar nos meus serviços vindo de um
quadro dessa natureza. Eu aviso, antes de qualquer coisa, que o meu
trabalho não pode ser confundido com a medicina, e que são coisas
diferentes.
Meu trabalho é feito com pessoas de mente saudável.
A maior parte dos meus clientes costuma ser de pessoas já bem
estabelecidas profissionalmente, com saúde mental, financeira e social,
que sabem que poderiam realizar mais ainda em suas vidas, e querem
alcançar sua própria excelência em muito menos tempo do que levariam
normalmente, sem alguém para questioná-las.
Mas em alguns momentos, com clientes que me procuram vindos de
quadros clínicos, coisas muito mágicas acontecem. Durante aquela
conversa, ele teve uma crise do tal “pânico” enquanto contava sua história.
Não vou dizer que foi simples, porque não foi. Foi uma das situações mais
complicadas que já vivi, profissionalmente. Mas em pouco mais de meiahora eu consegui “tirar um coelho da cartola” e o ajudei a entender que ele
tinha condições de interromper aquele ciclo definitivamente.
Durante aquele tempo em que estive com ele, eu o ajudei a perceber o
quanto ele podia se colocar fora do seu “pânico”. Com aquela percepção
eu lhe disse que se eu vivesse ao lado dele, ele nunca entraria no mesmo
ciclo novamente, e ninguém nunca mais diria que ele tinha aquele
problema.
O objetivo daquelas palavras não foi pra me convidar pra viver ao lado
dele, claro… Mas pra fazê-lo entender algo. Com aquelas frases, eu o
ajudei a entender que o tal “pânico” não tinha nada a ver com o que ele
“era”, mas sim com o que ele fazia. Com aquelas ações, eu o ajudei a
entender que ele tinha escolha sobre o que queria fazer.
Isso é muito importante: muitas pessoas realmente acham que elas têm
determinado problema ou sucesso por causa de quem elas “são”. Só que o
sucesso ou a falta dele realmente não tem nada a ver com quem você “é”.
Ao final da sessão, eu o ouvi dizer:
“Eu estou com a sensação de vitória.”
Ele disse mais uma coisa:
“Agora posso perceber que existe futuro pra mim. Existe esperança. Fé
total em mim mesmo.”
Esse cara disse que havia passado mais de uma década em conflito
consigo próprio. E que, pela primeira vez, ele enxergava possibilidades
sobre sua própria vida.
Da excelente sessão que tivemos juntos, e de toda esta história pessoal, eu
gostaria de deixar aqui pra você duas coisas:
1 - Muito prazer! Agora você sabe um pouco mais sobre quem eu sou e
como eu vivo a minha vida. Acho importante se estamos começando um
relacionamento.
2 - Metas: não chegar a uma delas não tem nada a ver com quem você “é”,
mas sim com o que você faz. No meu caso, e no caso da maioria das
pessoas que conheço, chegar em suas grandes metas envolve riscos e
sacrifícios. Envolve errar um monte de vezes. Envolve abrir mão de
prazeres que quase todo mundo diz que “todo mundo deve ter”. E até de
algumas coisas aparentemente essenciais, que nós nos vemos “forçados”
pela sociedade a manter na nossa lista de prioridades.
Por exemplo: eu não tenho um carro, mas posso pagar por um taxi quando
quiser. Trabalho da minha casa. Recuso quase todas as ofertas de trabalhar
fora de casa, e são muitas. Tenho estabilidade financeira. Para confirmar
minha última parceria com um contratante, levei seis meses. Eu realmente
escolho a dedo as pessoas com quem quero me relacionar pessoalmente, e
mantenho meu tempo bloqueado para as coisas mais importantes que
tenho que fazer, ao invés de me colocar em situações onde tenho que
atender às coisas urgentes. A maioria das pessoas no mercado, hoje, é
apagadora de incêndios.
Prefiro ter o meu filho por perto e receber o seu carinho praticamente todas
as manhãs do que me submeter a receber um pouco mais de dinheiro para
ouvir o que não quero ouvir, de chefes com uma visão de curto prazo.
Além disso, os investimentos que eu e minha esposa fizemos nos deram o
reconhecimento de apaixonados por música e também o acesso a algumas
das pessoas mais importantes do mercado, que é o círculo de
relacionamentos que importa. são pessoas que fazem o que também
amamos fazer.
Nutri relacionamentos de muita confiança com clientes e alguns dos
maiores líderes do mercado mundial de desenvolvimento de pessoas.
Sinceramente, não poderia fazer nenhuma destas coisas obedecendo às
convenções sociais e alimentando o medo de perder ou de não ter certas
coisas que são temporariamente minhas, que certamente não estarão
comigo depois que eu morrer.
Meus sacrifícios anteriores fizeram com que minha empregabilidade hoje
fosse altíssima, e há 4 anos tenho tido o prazer de trabalhar quando eu
quero, com quem eu quero, no projeto que eu quero. Para isso, tive que ter
a coragem de dispensar trabalhos onde ganhei mais do que noventa e cinco
por cento da média dos brasileiros.
Me sinto como se estivesse aposentado, vivendo por puro prazer. E, olha,
não tenho 60 anos ainda. Tudo porque entendi que tinha que abrir mão de
algumas coisas que pra outras pessoas são, simplesmente, indispensáveis.
Hoje tenho a liberdade de separar quanto tempo eu quero para os projetos
que realmente me interessam. Posso investigar as questões mais
importantes para mim. Tenho um estilo de vida que é o sonho de consumo
de muitas pessoas.
Repito: o que você conquista tem muito mais a ver com o que você “faz”
do que com quem você “é”. Talvez as suas conquistas requeiram uma
década…
...Mas e daí?
Se você ama o que faz, uma década de trabalho só pode significar uma
bênção e muita diversão. Não é realmente emocionante, isso? Se você por
acaso diz pra si que não pode chegar onde quer porque não “é” adequado,
então eu lhe convido a se livrar dessas tolices.
Que pensamentos sobre quem você “é” você precisa jogar fora a partir de
hoje pra conseguir fazer o que precisa ser feito e chegar às suas metas com
mais facilidade? Essa certamente é uma das perguntas mais pertinentes
para muitas pessoas responderem neste momento da nossa sociedade, que
anda tão estigmatizada e dependente de governos, de mágica, de padrinhos
etc.
DELÍRIO #2: Como eliminar maus hábitos e vícios
persistentes de uma vez por todas?
Há quem não consiga se livrar de seus vícios pessoais e maus hábitos, e
diga que eles são “monstros”.
Essas pessoas ficam com medo, apavoradas sobre a hipótese de serem
atacadas novamente por “criaturinhas invisíveis” que tomam conta das
ações do seu corpo e as fazem se comportar da maneira prejudicial, que
elas mesmas “não desejam”.
Elas falam de “pensamentos” e “sentimentos” como se eles fossem
externos e viessem “atacá-las”... Mas, na verdade, o que são estas coisas
senão estas próprias pessoas, quando não têm consciência de que seus
pensamentos são seus para serem dominados?
“Minha mente está contra mim.”
E, contra isso, aqui está…
A solução clássica e que, usualmente,
FALHA:
Vamos pegar um exemplo bem emblemático e fácil de entender: o
alcoolismo.
Já vivi um caso de alcoolismo em minha família, tenho uma experiência
VASTA para compartilhar sobre esse assunto.
Há especialistas que dizem por aí: “uma vez alcólatra, sempre alcólatra”.
O que estes especialistas fazem quando dizem estas coisas é implantar uma
sugestão na cabeça dos ouvintes.
Quem disse que “uma vez assim, sempre assim”?
Quem acreditar nisso, assume um posto de vítima. A frase vira verdade.
Vira realidade.
E viver ou não essa realidade faz toda a diferença entre curar-se e nunca
mais ser alcólatra, ou viver com medo até, talvez, voltar a ser vítima do
alcoolismo em um momento inadvertido, e quando menos se espera.
Na verdade, se a identidade é, permanentemente, de alcólatra, então essa
pessoa nunca deixou de ser vítima do alcoolismo, não é mesmo? Afinal,
ela foi ensinada: “Uma vez alcólatra, sempre alcólatra.”
Realmente, com drogas não se brinca…
Mas elas também podem deixar de ser um monstro.
Porque a melhor solução não está somente no afastamento da droga, da
substância ou da atividade em si…
A solução está em múltiplos níveis, e um deles é o mental.
Se você tenta apenas isolar a vítima da substância, então você está
deixando um risco enorme de ela encontrar a substância novamente e cair
em tentação no futuro.
Não há nenhum centro de recuperação no mundo que consiga controlar a
exposição futura de seus pacientes às substâncias que esses centros querem
que seus pacientes evitem.
Mais correto do que apenas tentar fazer os pacientes evitarem a exposição
às situações problemáticas é trabalhar também as motivações e o
comportamento de qualquer pessoa que ainda tem esse tipo de problema.
Obviamente, existem soluções
mais corretas AINDA do que essa.
Para que essa conversa fique mais rica AINDA, separe um dia para
levantar esse assunto entre seus amigos. Que outras soluções vocês
conseguiriam dar para este problema?
Substitua “drogas” por qualquer comportamento compulsivo e que gera
efeitos negativos. Comida em excesso, gastos em excesso, discussões em
excesso, controle em excesso… Qualquer coisa que possa ser chamada de
compulsão.
Faça esta substituição, e você tem aí um espectro grande de pessoas que
chamam algumas coisas de “monstros”, mas que não precisariam viver
assim.
O monstro do dinheiro, o monstro dos doces, o monstro do sexo…
O que mais fazer?
Dar o nome “monstro” não ajuda. Identificar o “monstro” ou a
“compulsão” como permanente também não ajuda… Só torna estas coisas
os “monstros permanentes”.
E aí a vítima cai em um jogo de fuga do monstro. Mas nunca foge, de fato,
porque o monstro sempre estará na mente dela, a um passo de apanhá-la.
O que funciona é procurar
a resposta para a cura completa.
Eu sei que, se você procurar a resposta para afastar esse monstro em
caráter definitivo, essa resposta um dia chega. Principalmente se você
acreditar que esta resposta pode chegar em sua totalidade.
Isso é importante de ser observado. Esta é uma das propriedades da nossa
mente: ela é capaz de atrair aquilo em que acredita. Quando falamos de
comportamentos, isto é mesmo muito possível e fascinante. Quanto mais
você procurar, mais cedo esta resposta vai chegar.
Aqui está um exemplo fantástico…
Existe um músico no mundo do Jazz chamado John Coltrane. Ele teve
problemas sérios com cocaína (ou heroína, não lembro bem)…
Depois de perder vários trabalhos e a confiança de várias pessoas
(incluindo Miles Davis, que também já foi completamente viciado e
compulsivo por narcóticos), Coltrane decidiu que ia se livrar das drogas.
Ele não declarou para si que “uma vez viciado, sempre viciado”. Não
senhor… Ele teve sorte de não encontrar um “especialista” que o ensinasse
a acreditar nisso.
Coltrane ficou de saco cheio de ser vítima, e decidiu se livrar
definitivamente do seu antigo vício e de sua antiga vida.
O que fez? Coltrane passou a dirigir sua obsessão para a música. Decidiu
conquistar todo o seu prazer com música. De tanto praticar essa atitude, ele
acabou até mesmo encontrando revelações espirituais para si mesmo
através da sua música.
Conclusão: hoje, ele é considerado um dos artistas mais inovadores de
todos os tempos no jazz. “Impressionante” é pouco para descrever o que
ele fez com a sua antiga mania.
Que lição você pode tirar disso?
Você tem alguma compulsão?
Qualquer compulsão serve. Um mau hábito qualquer, que lhe prejudique
de um modo ou de outro. Pode ser até acordar tarde. Sei lá. Seja criativo.
Se você tiver, decida e comprometa-se a partir de agora a dirigi-la para
algo produtivo, que faça a sua vida e a vida dos outros mais feliz, rica,
preenchida e produtiva.
Tome consciência da quantidade de energia e vontade envolvida nestas
atividades, e imagine como seria se você pudesse sentir toda esta energia e
vontade sendo aplicadas em coisas mais produtivas.
Como seria o seu dia se isto fosse completamente possível e natural para
você?
(Momento da bronca: LIGADO)
Não adianta pensar nesse momento que você vai fazer esse exercício, e
esquecer disso daqui a uma hora. Pregue um poster em algum lugar. Faça
uma tatuagem que simbolize isso… Sei lá… Tome essa decisão
permanentemente.
AGORA!
Porque não adianta nada ler, achar bonitinho e inspirador, mas nunca
colocar em prática.
Eu estou, sinceramente, cansado de encontrar pessoas que dizem “quero
fazer”, mas que não colocam um segundo de energia no “estou fazendo”.
Se você é uma destas pessoas, que está sempre a um passo atrás do seu
futuro, dizendo que “amanhã vai ser diferente”, eu recomendo que nunca
mais leia qualquer dos meus textos… Porque me dá um trabalho grande
escrevê-los, e eu escrevo para quem quer mudar.
Se você for uma destas pessoas, aqui está o veredito: ou você dá um passo
para dentro do seu futuro e o transforma em presente, ou nada mudará.
Esse trabalho é feito com amor, mas me consome muitas horas, e eu não
quero desperdiçá-lo com pessoas que só querem um entretenimento vago,
para deixar no passado, esquecido.
Eu trabalho para servir pessoas que querem se analisar melhor, para
obterem mudanças realmente profundas em suas vidas. Se você
compreende o que estou dizendo, então seja meu convidado nesta
conversa.
(Momento da bronca: DESLIGADO)
Quando você começar a encontrar as respostas, esse algo produtivo na sua
vida, pra onde você dirigirá sua compulsão… Então nada, nem ninguém,
nunca mais, poderá impedir você de chegar em todas as suas conquistas
futuras e mais desejadas.
Lembre-se: esse é o tipo de mentalidade que já funcionou inúmeras vezes
até mesmo com drogas pesadas para um número muito grande de
pessoas… Imagine o que ele não vai fazer com um habitozinho cotidiano?
DELÍRIO #3: Como transformar a si mesmo por
completo ainda que existam tantas urgências e pouco
tempo no dia a dia?
Quantas vezes a gente ouve dos outros:
“Eu quero mudar o que estou fazendo hoje… Mas não posso fazer isso
agora… Vou deixar pra fazer no futuro, porque nesse momento eu tenho
estado muito ocupado.”
Mas ocupado com o quê, afinal? Quando executamos o mais simples
exercício de observação, vemos claramente:
“Ocupado com as coisas que não quero fazer mais, e que nunca vão me
permitir parar de fazer estas coisas”.
Não faz o menor sentido. Isso é o cúmulo da falta de auto-percepção.
ANOS se passam… DÉCADAS…
E a pessoa continua fazendo algo que não a permite parar de fazer
aquele algo.
A quantidade de gente que faz isso é monstruosa… E isso me deixa meio
“pau da vida”, às vezes… Porque é tudo gente que fala que mudança é
importante… E que tem que começar de dentro… Mas não move UMA
PALHA pra fazerem isso por elas próprias.
Elas estão surdas às suas próprias palavras, cegas sobre o ciclo que vivem,
mas adoram falar pros outros o que eles devem fazer. Se você, por acaso,
sabe que vive assim... Então está na hora de fazer algo acontecer, não é
mesmo?!
Se tem uma coisa que eu não desejo pra ninguém, é que viva um ciclo
desses. Se você quer mudar, então mude. Comece a mudar agora. Não
amanhã. Não depois. Hoje! Neste momento!
Todos os dias, lembre-se de fazer uma coisa diferente das anteriores. Faça
algo que lhe permitirá sair do ciclo que você está vivendo hoje,
construindo um ciclo melhor do que o anterior.
“Mas e as minhas obrigações?”
Se você realmente está escravizado pelas suas próprias rotinas, jogue-as
fora. Desculpe-me a palavra, mas aprenda a “ligar o foda-se”. Sua vida só
será vivida uma vez, e certamente haverá quem pode fazer aquilo que você
não quer mais, e que não aguenta mais fazer.
Existem milhões de pessoas capazes de fazer as coisas que você mais
detesta. Muitas delas amam fazer estas coisas, portanto você não é
concorrente páreo para elas.
Nenhuma pessoa no mundo é capaz de viver a sua vida por você, de fazêlo feliz. Apenas você está apto a fazer isso. Manter-se na mesma situação,
nas mesmas rotinas, nos mesmos ciclos, apenas querendo mudar, é fazer-se
miserável.
Se não mudar agora, você será sempre como aquele ratinho, correndo
dentro de uma esteira circular: ela sempre volta para o ponto de partida e
precisa ser percorrida inteira, novamente. Infinitamente.
Lembre-se que um dia a velhice chega. E quando você estiver velho
demais a ponto de não conseguir sequer continuar correndo por esta
mesma esteira pela qual se apegou tanto durante sua vida, a natureza irá
cobrar um preço a ser pago com tristeza, arrependimento e nostalgia.
DELÍRIO #4: Como aniquilar a solidão definitivamente?
Existe gente que têm PAVOR de ficar só.
De vez em quando eu trabalho com clientes que revelam essa fragilidade, e
é frequente ver estas pessoas ressignificarem esses momentos de formas
maravilhosas em uma ou duas horas.
Muitas vezes problemas como estes, de uma vida inteira, podem ser
resolvidos rapidamente. É muito mágica a maneira como a nossa mente
nos prende a padrões antigos por anos.
Eu vou falar aqui de um TIPO de solidão. Não se refere a todos… Mas é
algo que acontece com frequência, e algo que eu mesmo já vivi no meu
passado.
Eu já sofri BASTANTE de solidão. Chorava horas, trancado no meu
quarto… Ouvindo músicas nada alegres… Pensando em como seria o meu
futuro, sendo solitário como eu era.
Pessoas que sofrem com a solidão como eu sofri atribuem a ela uma dor
incondicional. Quando estão no meio da solidão, permanecem tristes. Às
vezes, até dizem que não têm valor algum. Dói fisicamente. Muito!
Não é bom pra ninguém permanecer só por muito tempo. Somos criaturas
sociais. Porém, há de se admitir que muitas das pessoas que se encontram
sós simplesmente não estão abertas para o mundo.
Eu, pelo menos, não estava.
Eu arriscaria até a dizer que…
TODAS as pessoas que têm uma rotina permanentemente solitária
estão fechadas pro mundo.
Quantas vezes um solitário opta por ficar dentro de casa ao invés de,
simplesmente, ir a algum lugar interessante onde ele possa conhecer novas
pessoas?
Quantas vezes um solitário, deliberadamente, decide não dar atenção a
uma pessoa nova, simplesmente porque ela é diferente?
Quantas vezes um solitário sonha com o dia que terá alguém como
companhia para finalmente conhecer lugares, viajar e descobrir o mundo?
Essa era a fantasia que eu vivia na minha cabeça.
O solitário fantasia com os sorrisos que vai dar quando estiver com essa
pessoa “salvadora” que virá lhe buscar.
Não é realista fantasiar que alguém vai entrar pela nossa casa adentro, todo
enfeitado, com o sorriso mais lindo do mundo, dizendo “eu descobri você,
e você é a pessoa mais especial do mundo! Venha que eu vou apresentar
você pro planeta Terra, e agora o país inteiro vai saber quem você é.”
A verdade é que esse tipo de solitário nega a si mesmo o direito de ir e vir.
Fica em casa, aguardando que alguém o tire de lá de dentro e mostre pro
mundo o quanto ele é especial…
Ele faz isso quando poderia, muito bem, optar por fazer as coisas que
sonha fazer.
Se alguém está só, aguardando que outra pessoa finalmente chegue para
lhe salvar… Esse solitário tem duas opções:
1 – ABANDONAR o mundo lá fora e continuar imerso em sua solidão
2 – APROVEITAR o mundo, mesmo que a pessoa que a “salve” ainda não
tenha chegado.
Eu costumo dizer hoje que, se existe alguém que QUALQUER pessoa está
aguardando para salvá-la, este alguém é a PRÓPRIA PESSOA.
Eu mesmo não me entenderia se dissesse isso pra mim lá atrás, e sei que
muita gente ao ler isso não verá sentido nesta frase.
Mas muitas vezes, o solitário se dói porque não “pode” conhecer o mundo
lá fora. O que ele diz é algo do tipo:
“Não posso sair porque estou só.”
Mas a verdade é que o Sol nasce para todos, e o solitário acaba criando
uma dor para si muito maior do que deveria. Ele não deixa de sair “porque
está só”. É o contrário que acontece. Ele está só “porque não sai”!
Sim, ficar só pode ser doloroso. Porém, não! Ficar só não é equivalente a
“não posso sair”. São coisas distintas, separadas.
Algumas vezes, o solitário diz:
“Ninguém lá fora é como eu sou.”
Outras vezes, ele diz:
“Sou estranho e inadequado. Ninguém lá vai querer me conhecer.”
Então o solitário acaba vivendo de um jeito estranho… Porque enquanto
ele tem medo de ser chamado de inadequado, ele na verdade está se
chamando de inadequado em sua própria solidão.
Ele tem certo receio e medo do que os OUTROS vão dizer… E penas
coisas terríveis dos outros, às vezes... Mas a verdade é que ele diz estas
coisas a si mesmo – do momento em que acorda, até o momento em que
vai dormir. Algumas vezes até em seus sonhos.
Eu sei que existem pessoas que fazem essas coisas, porque é
exatamente isso que eu fazia.
A solidão é um momento maravilhoso, porque é o único “lugar” onde você
pode, realmente, trazer maior compreensão a si mesmo. É o único “lugar”
onde você pode cuidar de si totalmente, e das coisas que você gosta.
Mas o solitário não reconhece isso. Muitas vezes, ele se bate, se angustia,
briga consigo mesmo, se cobra e se culpa. Ele faz tudo isso porque não
“pode” ir lá fora.
Quando ESCOLHE não ir lá fora, e conhecer novas pessoas, ele se agride
dentro de si, dentro do esconderijo onde prefere permanecer. Um
esconderijo que de vez em quando dói bastante.
Então, o solitário realmente vive uma vida muito estranha. Porque, sem
perceber, ele está fazendo uso do livre-arbítrio. Ele não sabe que escolheu
acreditar nessas idéias absurdas. Apenas resolveu dizer “não saio, porque
não posso. Ninguém veio me buscar.”
O solitário não percebe que a probabilidade de conhecer alguém que
finalmente seja ao menos parecido com ele é MÍNIMA se ele permanecer
recluso. Se contarmos todos os solitários do mundo, veremos INÚMEROS
deles… Todos querendo conhecer uns aos outros…
Mas todos eles permanecem
ESCONDIDOS uns dos outros.
Curioso.
Aproveite seus momentos de solidão. Eles foram feitos pra que você seja
seu próprio amigo. Pra que você convide a SI MESMO pra ir lá fora e
descobrir o mundo e as outras pessoas. Ou pra que, simplesmente,
descubra o mundo super legal que existe aí dentro. Pra se desenvolver,
para pesquisar, pra fazer algo que só você gosta.
É normal preferirmos algumas coisas que ninguém mais prefere no nosso
círculo social. O que não é saudável é desistir de ir em busca de novos
círculos sociais, achando que todos eles são iguais, e que a gente nunca vai
encontrar uma pessoa com quem a gente se identifique, por aí.
Se o solitário procura alguém IGUAL a ele próprio, então ele precisa
reconhecer que esta pessoa só existe no espelho… Nós somos muito
diferentes uns dos outros, em múltiplos níveis… Mas dá, sim, pra
encontrar pessoas com quem temos afinidades. Muitas e profundas
afinidades. Isso dá, e é simples, é fácil e prazeroso.
Agora, se você é este solitário, planeje-se e tome a decisão de ir a um lugar
para o qual você nunca foi antes, onde estão as pessoas que gostam do que
você gosta de fazer.
DELÍRIO #5: Como alcançar o que você mais deseja,
mesmo com pessoas negativas no mesmo barco, que
torcem contra você?
Muitas vezes você está remando sozinho num barco que tem um monte de
gente… Tentando chegar até o seu destino. E todos os outros estão apenas
observando seus esforços, sem terem a MENOR idéia da importância de
cada remada sua.
Às vezes estas pessoas vão até…
CRITICAR você e tentar lhe desencorajar.
Elas tentam lhe fazer parar.
Nestes casos, você pode:
1. Tentar entender como fazer estas pessoas aprenderem a importância
do que vc está realizando e explicar esta importância a elas.
2. Dar de ombros, e remar mesmo assim.
3. Pular do barco.
4. Parar de remar e deixar o barco parar no mesmo lugar que estas
pessoas queriam.
5. Empurrar as outras pessoas do barco! (Essa imagem é surpreendente
e engraçada, para mim)
A opção número 5 pode provocar altas doses de solidão… Porque nem
sempre as pessoas vão concordar com você. E se você vive “empurrando
pessoas para fora do seu barco”, então você está criando uma vida
totalmente só.
Pode ser cômico imaginar alguém empurrando outras pessoas de um
barco…
Mas, na vida real, isso é trágico!
A opção número 3 pode lhe fazer ficar frustrado, infeliz e pode até causar
depressão. Seguir a conformidade social. Obedecer aos outros. Curvar-se
diante do que os outros dizem, mesmo quando você sabe claramente onde
você quer chegar.
Sobre a primeira opção – de tentar “convencer os outros” – você precisa
medir:
1 - Quanto você perde de energia ao tentar persuadir alguém de algo que
essa pessoa não está convencida?
2 - Quanto você ganha de energia A MAIS quando você consegue
convencer esta pessoa?
Pode até ser mais econômico dar de ombros e continuar remando…
...Até alguém despertar e, finalmente, ENTENDER você.
Obviamente, você não vai poder expulsar pessoas do barco todas as vezes.
Nem pular dele todas as vezes.
Outras muitas vezes a solução é levar as pessoas até o destino que nem
elas sabiam que poderiam atingir…
…E fazer isso é EXATAMENTE o cotidiano de um líder.
Para um líder, desistir de remar pra onde ele sonha chegar NUNCA É
UMA OPÇÃO.
Quando você quiser criar coisas novas na sua vida, lembre-se: você
também está criando estas coisas para pessoas à sua volta, mesmo que seja
contra a sua vontade ou contra a vontade DELAS.
Se você inspira sua força no que os outros pensam de você, é certo que
você pode perdê-la de uma hora pra outra, quando todos lhe reprovarem. É
como a história de Sansão, que obtinha suas forças de seus cabelos:
quando os cabelos foram cortados, Sansão se tornou fraco.
Mas se você inspirar sua força no que outros pensarão AMANHÃ, quando
você chegar onde quer e trouxer este mundo pra estas pessoas…
Então suas forças se tornam mais sólidas e resilientes.
Suas chances de chegar no seu melhor destino aumentam.
Só não espere que elas as pessoas lhe agradeçam todas as vezes pelo
destino que você trouxe para elas. Muita gente vai querer, inclusive, IR
EMBORA do lugar que você chegou…
Relacionamentos são como apostas. Existem riscos envolvidos. SEMPRE.
Mas isso não é preocupação alguma, porque nesse lugar novo muita gente
nova vai chegar até você, tendo amado aquilo que você fez por si mesmo.
Quando penso nestas coisas, meu melhor conselho é: continue remando. E
alimente-se muito bem.
DELÍRIO #6: Um truque irado que pode até mesmo
eliminar sua ansiedade!
Esta reflexão foi inspirada em uma resposta para uma cliente que está,
nesse momento, resolvendo problemas internos de ansiedade que antes a
impediam de fazer adequadamente as tarefas de seu doutorado. Espero que
sirva pra você, também.
Você é do tipo de pessoa que fica super ansiosa pra terminar suas coisas
mais rápido e com maior nível de perfeição?
Então, livre-se de si mesmo.
(No bom sentido, claro)
Esse tipo de ansiedade é super comum em pessoas que têm alto grau de
sucesso, acompanhadas de um alto (ou altíssimo) grau de estresse.
Vamos lá.
O que muitas destas pessoas não percebem é que muitas vezes o conteúdo
da sua mente se torna “preciso terminar rápido”, e aí…
Elas não conseguem pensar direito no que precisam, de fato, fazer.
Paradoxal, não é mesmo? Quanto mais tentam ser mais bem sucedidas
ainda, mais elas não conseguem avançar.
Esse ciclo simples e perigoso acaba se tornando um padrão na vida destas
pessoas, mas elas estão tão imersas em seu comportamento usual que
nunca param para observar o simples fato de que elas têm proibido a si
mesmas de chegarem onde querem.
Nesse caso…
A mera percepção do problema ajuda a formular a solução.
Se você percebe que faz isso, então esse é o primeiro passo para
transformar seus resultados.
Quando você percebe que está deixando de pensar direito na tarefa em si
porque se concentra nas cobranças internas, então as cobranças se tornam
o primeiro inimigo que você precisa eliminar.
Efetivamente, só será possível resolver as questões reais com maior
eficácia…
…Depois que você eliminar os inimigos internos!
Quando você se livra das cobranças e da “demanda interna por ser mais
rápido”, você passa a disponibilizar o seu cérebro INTEIRO como recurso
para se concentrar na solução, pelo tempo que você tem disponível para
elaborar a solução.
Diga para si mesmo: “não preciso terminar rápido”. Ou ainda: “não preciso
nem mesmo terminar”.
É desafiador pensar em se dar estas permissões? Para muitos, sim. Mas
não é impossível. Todos podem executar esta façanha. Pode ser triste para
alguns admitirem isso, mas…
...Nós temos uma mente finita.
Muitos não suportam este fato. Outros fingem que ele não está lá, e se
metem em um monte de misticismos para se fazer parecer infinito para si
mesmo. Mas não, não somos. Nem de perto. Nossa mente é bem limitada.
Somos finitinhos, se me permite colocar assim. Tentar se fazer acreditar no
contrário é colocar uma venda nos próprios olhos. Sem qualquer pudor, eu
digo: é idiotice ignorar nossos próprios limites humanos.
Fazer pirraça contra a natureza não é uma solução, a não ser que você
saiba implantar um super processador no seu próprio cérebro. Aliás, isto já
está a ser providenciado, conforme o trabalho de um cientista chamado
Miguel Nicholelis. Procure, caso lhe interesse.
Nós temos a mente finita. Ela é bem poderosa, mas é finita. Nossa mente é
capaz de pensar em somente algumas poucas coisas ao mesmo tempo. Se
você não gosta disso, antes de rejeitar essa idéia e se meter em fanatismos
que se auto-intitulam “espirituais” mesmo quando são só bárbaras tolices,
pense na bênção que é reconhecer humildemente este limite – e na incrível
oportunidade que é aprender a usá-lo de maneira estratégica.
PRINCÍPIO GERAL:
Pensar em qualquer coisa diferente da tarefa que precisamos resolver não
nos ajuda a resolver essa tarefa… Isso é verdade até mesmo quando o
pensamento que fica em nossa mente é “preciso ir mais rápido”.
Esse princípio gera um fato controverso e contra-intuitivo: quanto mais
rápido você tenta agir, mais lento e menos eficaz você se torna! Então,
nesse ponto, isso é, sim, um…
Padrão de Auto-Sabotagem!
A sequência “biologicamente” útil é: faça o que você tem que fazer, no
tempo em que você tem pra fazer aquilo que deve fazer.
Não é tão complicado, certo?
Depois que você FIZER o que tem pra fazer, reflita sobre o resultado,
decida o que precisa ser feito para aperfeiçoar a estratégia e utilize a
estratégia aperfeiçoada, na próxima vez que tiver que resolver o
mesmo problema.
Tentar corrigir a estratégia enquanto você a realiza faz as duas coisas
serem menos eficazes: tanto a execução da estratégia quanto a tentativa de
melhorá-la. Quando você faz isso, você basicamente…
…Embolou o “meio de campo”.
A carroça foi parar na frente dos bois.
Então, o melhor parece ser aproveitar o tempo para fazer o que você
precisa fazer e relaxar enquanto você faz. Para depois refletir sobre sua
performance.
Separe os dois momentos.
Decida-se sobre o tempo em que você quer se permitir fazer sem se cobrar,
sem demandas internas por rapidez. Apenas faça.
E decida-se sobre quando você quer “ativar” as cobranças e percepções de
ajustes.
Separar estes dois momentos vai te dar…
…Maior eficiência e flexibilidade de comportamento.
Quando vc relaxa e faz o que deve ser feito sem cobranças, algo muito
novo acontece: você consegue notar, exatamente, quais partes e palavras
do problema você não compreendeu direito.
Essa percepção mais precisa e acurada lhe permite ter mais abertura pra
esclarecer o que precisa ser entendido e resolver o problema.
Como eu e você não estamos conversando nesse momento, eu realmente
não tenho exatamente condições de “entrar” na sua experiência para
entender precisamente como você produz a sua ansiedade, se é que você
produz alguma.
Pessoas diferentes produzem experiências internas diferentes.
Mas é bem assim que muitas pessoas reduzem sua eficácia hoje em dia:
cobrando-se, ao invés de concentrando-se no fazer.
Talvez este insight funcione pra você:
Relaxe e divirta-se fazendo o que deve fazer.
DELÍRIO #7: Como entender, medir e multiplicar a sua
autoestima?
Atenção: os exercícios explicados aqui são intrincados e herméticos.
Não são para qualquer pessoa.
Se você gosta somente de ler textos “água com açúcar”, então pode fechar
este livro agora, porque este exercício é destinado a quem gosta de pensar
em profundidade e em múltiplos níveis.
Você foi avisado…
E agora, vamos começar.
Todo mundo vive dizendo por aí que todas as pessoas têm valor.
E mesmo sendo essa uma das coisas mais repetidas em religiões,
consultórios psicológicos/psiquiátricos, sessões de coaching, livros de
auto-ajuda e treinamentos de desenvolvimento humano, me parece que
este assunto está longe de ser esgotado.
Pelo menos pra mim é o que parece. Mas um milagre sempre pode vir a
acontecer, e fazer esse jogo virar do avesso.
Na minha opinião, se não estivéssemos longe de esgotar o assunto “valor
próprio”, ou “autoestima”, então a Organização Mundial de Saúde não
haveria descoberto que 1 em cada 10 pessoas nos países mais
desenvolvidos sofrem de depressão nesse instante. E que um dos
elementos centrais da Depressão é, essencialmente, acreditar que nós não
temos valor próprio.
Estamos falando que…
A Depressão É Onipresente Nas Nações
Financeiramente Mais Ricas Do Planeta.
Você não tem a mesma sensação de que autoestima é algo extremamente
relevante de ser conversado e esclarecido? Um pouco mais de luz sobre
esse assunto pode fazer muita gente se sentir mais livre, liberta e feliz.
Então, como medi-la? Como medir o valor de um ser humano?
Tendo tanta água pra rolar ainda nesse caso, eu me atrevo aqui a dar a
minha visão pessoal do que consiste o processo de entender e medir o
valor de algum ser humano.
Tarefa que parece difícil. E, certamente…
O Que Está Aqui Não É “Definitivo”, Mas Importa.
A minha visão pode não servir pra você… Mas ainda assim, eu tenho a
crença de que ela vai servir para alguém, e isto me faz me sentir
importante. Essa é a intenção desse texto, e isso tem tudo a ver com
autoestima.
Ninguém pode começar nada sem acreditar em algum grau que seu
esforço será valioso. Que será estimado.
“Valor” é aquilo que tem importância. Então… Primeiro, temos que
entender o processo de valoração.
O Que É ‘Valoração’?
Na minha concepção, valoração é o processo em que alguém mede algo ou
alguém em termos de sua importância. O quanto estimamos uma pessoa?
Nessa conversa, não estamos falando dos “algos”, só dos “alguéns” que
são medidos. Portanto, podemos descartar, por enquanto, os “algos” de
valor por aí.
Vamos pensar em “medir a importância das pessoas”.
“Puxa vida, Rodrigo…
Pessoas medindo pessoas?”
Não me julgue! Não fui eu quem inventou isso. Em todos os lugares na
sociedade existem pessoas medindo o valor de outras pessoas.
Agora… Para mim, existe um outro termo também importante:
“valorização”.
“Valoração” é diferente de “valorização”:
Valorar alguém é medir sua importância.
Valorizar alguém é decidir dar importânica a essa pessoa.
Essas são distinções muito finas. É como ter mais ou menos a estação de
uma rádio, e colocar os ouvidos atentos para perceber as pequenas
diferenças de ajustar a estação de um lado para o outro, bem
devagarinho… E poder melhorar a qualidade da música.
Se você leu estas diferenças com cuidado, verá que tem uma palavrinha aí
que torna meio complicada a compreensão e a distinção de ambas as
palavras.
A Palavra Em Questão É “Importância”
Vamos ler novamente as definições:
Valorar alguém é medir sua importância.
Valorizar alguém é decidir dar importância a essa pessoa.
O que eu quero dizer por “importância”? O que é importância?
O Significado de Importância é “Carregar Dentro”:
Importar… “Em” + “Portar”… “Dentro” + “Carregar”…
CARREGAR DENTRO.
Carregar algo dentro de alguma coisa.
No contexto de nossa conversa, onde existem “pessoas medindo o valor de
outras pessoas”, estamos falando de carregar alguém dentro de alguém.
É uma “gravidez conceitual”.
É possível para alguém carregar alguém dentro de si?
Sim! É essa a maneira como tornamos uma pessoa importante para nós:
representando-a e mantendo esta representação dentro do nosso corpo,
utilizando nosso sistema nervoso.
Isso é muito simples e corriqueiro, ao mesmo tempo que surreal e...
MÁGICO!
Agora, existem representações e representações… Você pode ter um
processo de importar-se que seja saudável, tranquilo e balanceado,
enquanto outra pessoa têm um processo de importar-se completamente
estressante, taquicardíaco e hipertensivo.
Dá pra perceber a diferença dessas competências na qualidade da vida de
alguém, não é? Importar-se é uma habilidade. Existem diferentes
qualidades na habilidade de se importar: algumas boas e de alto nível, e
também qualidades de baixo nível e prejudiciais.
Nosso propósito nesse texto não é falar sobre o impacto na qualidade de
vida das pessoas ao se importar de uma forma melhorada com alguém.
Mas posso dizer que esse é um dos processos nos quais mais gosto de
trabalhar com meus clientes, e este seria um assunto para outro momento.
Nós ainda estamos na trilha de entender como medir seu valor no mundo.
E se estamos falando de alguém carregando alguém dentro de si, então a
próxima pergunta que fazemos é…
De Quem Estamos Falando, Afinal?
Valorar alguém é medir a importância de alguém.
Estamos falando de como você vai medir o seu valor no mundo. Como
você vai medir o quanto é estimado. Então, estamos falando do quanto
você é importante no mundo.
Se importar é “carregar dentro”, então a sua importância é a sua
capacidade de ser carregável dentro de alguém.
E agora, chegamos a um ponto interessante da conversa:
O Mundo É Vasto Demais.
Somos Sete Bilhões de Seres Humanos…
Não é possível pensar em ser alguém de valor se você não pergunta:
Ser alguém de valor para quem?
Sem essa espécie de índice, é impossível medir o seu valor no planeta.
A seguir, apresento algumas categorias diferentes que você pode usar
como pontos de partida.
Você pode querer:
1. Ser alguém de valor pra si mesmo
(isto é, propriamente, a “autoestima” do que tanta gente fala)
2. Ser alguém de valor para outras pessoas que te amam.
3. Ser alguém de valor para o mercado.
4. Ser alguém de valor para o mundo.
Como saber se você tem valor para estes diferentes grupos?
Bom, pra isso, precisamos saber o que faz uma dessas pessoas em
diferentes grupos terem o desejo de carregar você dentro delas. Ou seja…
O Que Raios Faz Alguém Se Importar Com Você?
O que faz uma pessoa se importar com alguém é essa pessoa saber que este
alguém satisfaz uma necessidade sua.
Por exemplo:
O que faz Maria se importar com seu amigo João é Maria saber que João
satisfaz a necessidade de Maria ter um bom amigo.
Não estou falando de interesses “espúrios” e “egoístas”, de querer tirar
proveito de alguém. Estou falando de qualquer necessidade, inclusive da
necessidades de doar seu amor e atenção, por exemplo.
Nós, seres humanos, precisamos fundamentalmente satisfazer nossas
necessidades, em diferentes níveis. Um excelente modelo sobre isso foi
cunhado por Abraham Maslow, em sua antológica publicação Motivação e
Personalidade.
Maslow desenvolveu um modelo maravilhoso que permite descrever com
uma precisão bastante apurada os diferentes tipos de necessidades que nós,
seres humanos, procuramos satisfazer em nossas vidas.
São 5 os diferentes tipos de necessidades. Nenhuma delas é mais ou menos
importante. Todas têm seu lugar em nosso cotidiano. A seguir, você saberá
quais são estes tipos.
Estes 5 tipos de necessidades são:
1 – Fisiológicas: respiração, comida, água, sexo, sono etc.
2 – Segurança: do corpo, emprego, recursos, saúde, propriedade
3 – Amor / Comunidade: amizade, família, intimidade afetiva
4 – Estima: auto-estima, confiança, sucesso, respeito por terceiros,
respeito de terceiros
5 – Auto-Realização: moralidade, espiritualidade, criatividade,
espontaneidade, resolução de problemas, aceitação dos fatos.
Simples, não? Esses itens são, incrivelmente, universais.
E agora que você já sabe que tipo de necessidades existem, pense em algo
que você queira pra sua vida e que seja importante pra você.
Que tipo de necessidade é essa? Você consegue encaixar esse desejo em
uma das categorias, não consegue? Eu aposto que você consegue.
Maslow foi um gênio.
E aqui está, finalmente…
Como Medir o Valor da Sua Vida:
Primeiramente, pergunte-se:
Para quem eu quero saber o quanto minha vida é valiosa?
Escolha um dos grupos (para si mesmo, pessoas amadas, mercado, mundo,
etc) e pergunte-se:
•
•
•
•
•
Quais são as necessidades que estas pessoas querem satisfazer para
as quais eu QUERO e POSSO contribuir como ser humano?
O quanto eu tenho o poder de contribuir com estas necessidades,
hoje?
O quanto eu tenho usado meu tempo e energia para aproveitar as
oportunidades de contribuir com a satisfação dessas necessidades
específicas dessas pessoas nesse grupo?
O quanto eu tenho realmente agido para me tornar RARO e
INDISPENSÁVEL na vida dessa pessoa?
O quanto eu tenho desperdiçado oportunidades de contribuir com
essa pessoa?
•
O quanto eu tenho estado aberto para que ESSA PESSOA também
saiba que pode me ajudar em minhas necessidades?
Estas são perguntas fundamentais para se criar um maior senso de
pertencimento e “encaixe” no mundo. Para saber com maior clareza qual é
o lugar que você quer estar para ser feliz.
E qual é o impacto de perguntar isso quando o “grupo” em questão é você
mesmo?
Como Ser Importante Para a Pessoa Mais Importante
Do Mundo: VOCÊ!
Não é necessário ser nenhum Einstein pra saber que você importa pra si
mesmo, pelo mero fato de que você não pode deixar de ser carregado
dentro de si próprio.
(É esquisito pensar na quantidade avassaladora de pessoas por aí que
detestam viver na própria pele).
• Quais são as SUAS necessidades?
• O quanto você tem tido o poder de satisfazer essas necessidades, hoje?
• O quanto você tem aproveitado o seu tempo, sua energia e as suas
oportunidades de satisfazer suas próprias necessidades, hoje?
• O quanto você tem AGIDO para se tornar RARO e INDISPENSÁVEL
na sua própria vida?
Existem pessoas que se degladiam consigo mesmas, dizendo que não são
adequadas, suficientes ou mesmo úteis para o mundo… E, ao terem a
intenção de serem úteis e valiosas para o mundo, paradoxalmente,
degladiando consigo mesmas elas não conseguem sequer ser úteis para si
próprias.
Leia a frase anterior novamente, com cuidado.
Essas lutas internas que as pessoas travam terminam quase sempre em…
Pena ou Raiva de Si Mesmo, Auto-Decepção, Culpa, AutoJulgamento, Vergonha, Condenação, Sem Chances de Perdão.
Enquanto penalizam a si próprias, essas pessoas não têm qualquer chance
de serem úteis para o mundo da maneira que elas desejam. Se você faz
essas coisas em algum grau, então está na hora de começar a aprender a
ser mais útil para si mesmo.
Por quê?
É simples e curioso… Quanto mais você tem a sensação de que não é
valioso para si, mais você está dentro de si mesmo, prestando atenção a si
mesmo e punindo-se, dirigindo energias conflituosas para si.
Ao fazer isso, você não está sendo útil, nem valioso para si mesmo, porque
para ser útil para si, você precisa conseguir ser útil para o mundo. E para
ser útil para o mundo...
...Você Precisa Estar Desperto Para Responder Ao Que
O Mundo Precisa!
Quanto mais você usa essa estratégia interna de se punir, menos você
presta atenção no que os outros precisam, de fato, e menos você é capaz de
aprender e responder às necessidades dos outros grupos no mundo.
Somente quando perdoa suas condenações auto-impostas, você estará apto
a, realmente, esquecer de si e, com isso, fazer mais diferença ainda na vida
de terceiros. Estranhamente, ao esquecer de si, você se torna realmente
valioso para si. Você viverá menos dentro de si mesmo, para viver mais
dentro dos outros, para ser mais importante para os outros.
E, com tudo isso, será possível tanto valorar-se positivamente quanto agir
para aumentar o seu valor no mundo.
Ou seja: quer ser valioso para si mesmo? Perdoe-se e esqueça de si
próprio. Decida que você é valioso por motivo nenhum. Valorize-se!
Declare seu valor e acredite nisso. Por quê? Porque sim! Porque eu estou
mandando que você faça desse jeito. Assim, você pode deixar a si mesmo
de lado e prestar mais atenção no mundo lá fora, para descobrir como ele
realmente acontece. Isso faz uma diferença enorme.
Só uma coisa não ficou respondida nessa história, até agora:
Para Que Diferenciar Valoração E Valorização?
Essa é fácil: sabendo que não podemos viver fora de nossa própria pele, e
que somos importantes para nós mesmos pelo mero fato de carregarmos a
nós mesmos cem por cento do tempo, então está claro que todas as pessoas
são inerentemente valiosas para si mesmas, mas é possível que muitas
delas não saibam disso tão conscientemente, ainda.
E eu e você sabemos que isso acontece: muitas pessoas não sabem o
quanto elas são importantes para si mesmas. Sua autoestima está “baixa”.
Obviamente, nós sempre corremos o risco de deixar de ser importantes
para outras pessoas: basta que elas tomem a decisão de nos esquecer.
Porém, nós podemos minimizar esse risco, simplesmente relacionando-nos
com outros de maneira mais apropriada ainda, a cada dia. Isto se faz
atendendo-se às necessidades dos outros.
Não dá pra atender tudo. Mas penso que sempre dá pra melhorar, neste
aspecto.
Muitas pessoas medem o valor próprio única e exclusivamente pelo valor
que elas atualmente têm para outras pessoas. E, ao perceber que elas
podem não ser tão importantes para os outros como gostariam, em algum
grau, elas têm a sensação de que não têm valor para si próprias.
Este Raciocínio Está ERRADO!
Pelo fato de sermos criaturas sociais, nós precisamos procurar ser valiosos
para os outros… Mas nosso senso de valor próprio precisa ser
INTOCÁVEL nesse processo.
É a sua valorização de si mesmo que permite a você crescer em valor para
os outros. E não o contrário.
Não é através de perceber o valor que você tem para os outros que você
terá a melhor medida de valor para si mesmo. Porque, afinal, os outros
podem muito bem não valorizar você. Eles podem decidir eliminar você de
seus círculos sociais. Isso acontece. E se você depende do quanto os outros
lhe valorizam para valorizar a si mesmo, então sua auto-estima estará em
uma eterna oscilação.
Valorize-se antes, de forma incondicional. Depois, cresça em valor para
outras pessoas.
Sendo assim, minha esperança é a de que muitas pessoas façam uma
valoração mais apurada de si próprias em relação aos diferentes grupos...
E EM RELAÇÃO A SI MESMAS, TAMBÉM.
Espero também que, ao medirem seu valor para si próprias, elas possam
verificar se realmente se importaram consigo mesmas até hoje. E, caso
ainda não se valorizem adequadamente, decidam trazer para si próprias
maior senso e consciência da importância que realmente possuem para si
mesmas.
Desejo que essas pessoas possam se valorizar em um nível imensurável.
E você? Tem se valorizado adequadamente? Tem agido para aumentar seu
valor no mundo?
UAU! Essa foi uma viagem estranha, não foi? Minha esperança é a de que
tenha trazido alguma mudança para pelo menos um coração no mundo.
E eu espero que tenha sido o SEU coração.
DELÍRIO #8: Como lidar de uma vez por todas com
pessoas de mente fechada?
Já quero lhe preparar desde o início: essa leitura é louca e paradoxal…
Mas muito válida e real também.
Eu sei que de vez em quando você vê alguém querido que, nitidamente,
não sabe se ajudar.
Essa pessoa, mesmo desejosa por acabar com um problema pessoal, acaba
andando em círculos, e realmente corre atrás do próprio rabo o tempo
todo.
Pra algumas pessoas, isso é particularmente dolorido. Ver outra pessoa
amada sofrendo sem necessidade…
…Talvez Este Seja o Seu Caso.
Obviamente, sendo o mundo como é, e as pessoas diferentes como são…
Nós sabemos que de vez em quando você sabe que seria capaz de resolver
o problema dessa pessoa em DOIS SEGUNDOS. Não é verdade?
Você consegue lembrar de alguém querido que vive o mesmo problema há
anos, e que você resolveria em um só dia se estivesse no lugar dela?
E muitas vezes… Você consegue perceber que, por mais que seja
ridiculamente fácil pra você resolver esse problema… É impossível fazer
isso por ela… Porque essa pessoa se fecha em uma “casca” que a impede
de receber qualquer tipo de conselho amigo ou aviso?
Isso lhe é familiar? Se sim, então…
…Imagine, agora, um homem chamado Arnaldo.
Arnaldo é alguém que vive sozinho dentro de uma penitenciária de
segurança máxima. Ele sempre quis sair de dentro daquela penitenciária.
Arnaldo sempre procurou uma solução pra fugir de lá e ter a liberdade tão
sonhada pra sua vida.
Uma única coisa que Arnaldo não tolera, em sua busca pra sair da
penitenciária, são as tentativas de outras pessoas em ajudá-lo a sair de lá
de dentro.
Estas pessoas, que vivem do lado DE FORA da penitenciária, sempre
tentaram ajudar Arnaldo. E nessas tentativas, sempre disseram pra ele:
“Use as suas chaves, Arnaldo!”
Elas dizem isso porque Arnaldo carrega as chaves da penitenciária consigo
mesmo, dentro do seu bolso.
E Arnaldo sabe que TEM as chaves… Arnaldo sabe USAR as chaves.
Arnaldo, de fato, sabe que PRECISA usar as próprias chaves para sair.
Mas ele não ouve os conselhos das pessoas que estão do lado de fora,
porque ele continua dizendo pra si mesmo algumas coisas estranhas:
“Essas pessoas que estão do lado de fora não sabem do que estão falando.
Elas não sabem a situação horrível em que eu vivo aqui dentro. Elas ficam
falando as coisas mais óbvias do mundo pra mim, como se eu não quisesse
sair daqui… Eu não vou lá fora, nem vou obedecê-las, porque aquelas
pessoas ridículas não me entendem, e vão ficar me dizendo o que eu tenho
que fazer… Eu já sei o que tenho que fazer! Mas um dia… Ah, um dia eu
saio daqui de dentro, e vou esfregar na cara delas o quanto elas estão
erradas com aquelas baboseiras que elas ficam jogando na minha cara…
Elas fazem tudo isso como se eu não fosse capaz de cuidar da minha
própria vida… Mas amanhã… Amanhã eu vou usar as chaves… Sim,
amanhã cedo, quando eu acordar, eu vou usar as chaves… E finalmente
sair daqui de dentro…”
Isso soa paradoxal demais pra você?
E você consegue, em algum nível,
se familiarizar com essa situação?
O que Arnaldo não percebe é que parte do motivo dele continuar preso
dentro daquela penitenciária é não saber ouvir as pessoas que já
conseguiram sair de lá.
Pessoas que não sabem ser ajudadas perpetuam seu sofrimento. Muitas
vezes, elas fazem isso pelo grande prazer de terem a autonomia de fazer
somente o que querem, e de não terem que ouvir, obedecer e se submeter
às ordens de outras pessoas.
Arnaldo prefere a autonomia de sua prisão à liberdade de ter que ouvir
outras pessoas. Prefere se isolar naquele mundo do interior de sua cela a
lidar com a realidade lá fora.
Curiosamente, ele nunca desenvolve a vontade espontânea de fazer o que
as outras pessoas sugerem que ele faça…
Não… Isso nunca acontece.
Portanto, ele não faz, necessariamente, aquilo que ele quer. Ele só tem o
poder de fazer aquilo que não é o que as outras pessoas querem que ele
faça.
Isso é muito diferente de fazer o que se quer fazer…
MUITO DIFERENTE!
Arnaldo é profundamente influenciável, mas não sabe disso. Vive dizendo
que “ninguém manda nele” quando, na verdade, todo mundo está dando
ordens que são obedecidas como…
…O contrário do que elas querem dizer.
Não se espante se, na sua vida, o Arnaldo que vive próximo de você
sempre faz o contrário do que você sugere.
Arnaldo desobedece as pessoas conscientemente. Mas, com isso, se afasta
inconscientemente de muitas das soluções mais simples e rápidas da sua
vida.
E é por essa inconsciência que ele faz tudo isso, a despeito dessa prisão
significar SOFRIMENTO.
O que Arnaldo não entende é o seguinte: se existe um motivo pra alguém
lhe dizer a mesma coisa de novo e de novo… É porque, se essa pessoa não
tem o mesmo problema que ele…
…Talvez essa pessoa esteja CERTA!
E, se ele não dá nenhuma chance às palavras dessa pessoa, então ele está
desperdiçando uma oportunidade potencial de crescer.
Então… Vamos torcer para que muitos Arnaldos descubram isso em suas
vidas. Talvez você conheça um Arnaldo. Talvez você até mesmo SEJA um
Arnaldo em algum conexto da sua vida.
Mas… Como resolver o problema do Arnaldo? Uma estratégia útil, na
minha opinião é:
Com um silêncio absoluto!
Por quê?
Simples. Às vezes, o caminho pra fora da penitenciária é óbvio. Todo
mundo sabe como é. Só que tem gente que acredita que autonomia só
existe na discordância. Estas são pessoas que pensam:
“Eu só faço o que quero. Se alguém me sugere algo, isso é uma afronta à
minha autonomia. Por isso, farei diferente dessa afronta.”
O Arnaldo sofre disso. Se ele concordar com outros, não estará exercendo
a SUA própria vontade. Portanto, Arnaldo vai discordar de todo e qualquer
aviso que vier em seu caminho. Mesmo de pessoas que o amam.
Eu diria que “AINDA MAIS DE PESSOAS QUE O AMAM”.
E não vai querer trilhar os passos mais óbvios pra chegar onde quer, só
porque “todo mundo faz isso, e eu quero ser diferente, original, valioso,
único”.
Se você permanece em silêncio, ele não vai passar pelo problema de
discordar de você e desobedecer-lhe na obrigação de conseguir provar a si
mesmo que tem autonomia, e com isso, você ajudará o Arnaldo a não se
sabotar no meio do caminho.
Mas às vezes, o problema não é exatamente esse, ou não é só isso.
Às vezes, pode ser que o Arnaldo não saiba que tem as chaves.
Nem sempre as pessoas estão preparadas para reconhecer as chaves das
suas prisões, mesmo quando elas estão tilintando nos seus bolsos. E estas
chaves, pra estas pessoas, são tão valiosas quanto um diamante… Só que
elas não estão preparadas para reconhecer um diamante em suas vidas.
Você saberia reconhecer um diamante?
Se você estivesse andando pela rua e esbarrasse em uma pedra que parece
um caco de vidro no chão, e ele FOSSE um diamante…
…Você saberia RECONHECER se a chance de ter um
diamante passou pela sua vida?
Pessoalmente, eu não reconheceria um diamante no chão porque não sou
um joalheiro. Nem hoje, e nem em um ano, provavelmente.
É improvável… Mas se um diamante por acaso cruzou o meu caminho,
pode ser que eu o tenha chutado, confundindo-o com um caco de vidro ou
uma pedra ordinária.
Eu acredito que eu mesmo já tenha chutado vários diamantes ao longo da
minha própria jornada. Afinal, eu não sei tudo… Nem você sabe. E nem o
Arnaldo.
E assim as pessoas fazem com muitas oportunidades que estão na sua
frente… Elas acreditam que podem reconhecer todos os diamantes, mas na
verdade estão cegas para suas próprias oportunidades.
E talvez nós estejamos fazendo isso AGORA.
Sim, Nós CHUTAMOS Grandes Oportunidades Em Nossas Vidas,
O Tempo Todo.
Muitas pessoas dizem: “ter um diamante seria legal. Mas eu não posso ter
um. Isso não é pra mim. Não é tão importante assim, nesse momento.”
Outras pessoas vão mais longe: “essa história de diamante é pra boi
dormir. Eu nunca vou ter um diamante.”
Daí, um dia qualquer, essas pessoas reconhecem que, por algum motivo,
elas PRECISAM possuir e usar o diamante, e só terão uma pessoa a quem
recorrer: ao joalheiro de plantão, que está oferecendo diamantes a estas
pessoas há vários anos.
Mas, nesse caso, pode ser que ela não esteja preparada pra OUVIR quem
pode ajudá-la. Pode ser que quem precisa e QUER um diamante não saiba
como ser ajudado por você, que é o joalheiro.
E, no contexto da nossa conversa, estamos tentando responder o seguinte:
Como Você Vai Ajudar o Arnaldo Que Você Conhece?
Por isso, eu já sei que você sabe que esse joalheiro é VOCÊ, nesse caso.
Contra pessoas que não sabem ouvir, eu recomendo que você saiba esperar
o momento certo de falar, compartilhar e ensinar o que você tem de
melhor.
Você precisa tornar essa pessoa receptiva. E isso é estritamente necessário
pra que ela te ouça.
Quais são suas estratégias para tornar uma outra pessoa mais receptiva às
suas palavras?
A minha principal é:
Silêncio!
O restante é fazer mais do que eu sei que vc está fazendo: sendo sábio,
mantendo a lição que lhe tirou daquela penitenciária e vivendo uma vida
com amor.
Mas daqui, tem algo que podemos tirar para nós mesmos (eu e você):
sabendo que nós chutamos tantos diamantes por aí, vamos nos
comprometer em NÃO DEIXAR que um dia sequer se passe sem que nós
tenhamos aprendido pelo menos uma única lição a mais sobre como
reconhecer um diamante que precisamos para mudar as nossas próprias
vidas.
Além disso, cabe-nos a humildade de ouvir quando alguém que está fora
da prisão em que estamos nos sugerir que usemos nossas próprias chaves,
sem que isso venha a ferir nosso senso de autonomia.
DELÍRIO #9: Um truque mental para eliminar
instantaneamente muitos dos maus julgamentos que
fazemos
A vida é assim: cedo ou tarde, você vai ter que julgar alguém.
Não me interessa se para bem ou para mal, se a si mesmo ou se aos
outros… Você faz avaliações de pessoas e dá o seu veredito com
frequência. É parte dos relacionamentos.
Assim é a vida, e fugir desse ato, ou qualificá-lo como “maligno”, como
tanta gente faz por aí, pode lhe tornar cego às oportunidades de fazer
melhores escolhas para os seus próprios relacionamentos… Ou pode lhe
fazer deixar de ajudar alguém que precisa muito de você para ter mais
felicidade ou alcançar mais eficácia.
Se julgar pessoas é parte do cotidiano, então
como fazer isso de maneira mais saudável?
Aqui eu procuro responder esta pergunta compartilhando um processo que,
esperançosamente, vai melhorar a partir de hoje a maneira como você
analisa e julga pessoas.
Pense na última vez em que você acusou alguém de ter sido o responsável
por algum incidente ou erro.
Lembre-se do lugar, da época, do ambiente, das palavras, da hora do dia,
da pessoa, do clima… Lembre-se de tudo o que puder sobre o evento.
Agora, pense na última vez em que você fez alguma coisa que queria e foi
bem sucedido. Lembre-se de como você se sentiu bem consigo mesmo,
porque finalmente conseguiu agir e produzir todo o resultado que você
desejava.
E faça a mesma coisa: lembre-se do lugar, das pessoas, do ambiente, do
clima, da hora do dia, do que se passava naquele momento, das emoções,
do que você falou pra si mesmo… Lembre-se de tudo o que você podia
ver, ouvir e sentir.
Existe um “erro cognitivo” em comum
nestes dois casos…
Qual é?
O que há de comum é o seguinte: acreditar que nós somos totalmente
culpados ou totalmente responsáveis pelo que fazemos de errado ou de
certo.
É observar um sintoma, ou um resultado, e atribuir como “causa” uma
única pessoa.
Tanto pra bem, quanto pra mal.
Como assim?
Considere esta cena onde você foi super bem sucedido e troque algumas
informações… Eu não sei exatamente o que você pensou, mas existem
coisas que você pode trocar para fazer uma mudança radical nos resultados
(troque qualquer coisa que não seja você na cena, nem suas palavras, nem
suas atitudes).
Por exemplo, se você está pensando em uma cena onde foi bem sucedido
no mundo dos negócios, situe esta cena no meio de uma guerra civil em
Serra Leoa, com pessoas miseráveis, passando fome, sem trabalho e sem
recursos para fazerem o mínimo nem por elas próprias, muito menos pagar
pelos seus produtos ou serviços.
Ou então, troque a outra pessoa com quem você estava interagindo, e
coloque lá alguém com um padrão de rigor gigantesco, muito acima do
seu, e que você não seria capaz de atender por uma questão de falta de
experiência ou falta de qualquer outro recurso. Ou simplesmente coloque
na cena alguém que não gostava de você, ou alguém temperamental
demais, que se ofende com facilidade, e que não conseguiria nunca fazer
uma boa negociação com ninguém, muito menos contigo.
Agora que você mudou esta cena, pense se você realmente conseguiria
fazer tudo o que gostaria de fazer nesta nova situação. Mude características
da cena até que você saiba que naquela cena, você não obteria sucesso.
Como viver em Serra Leoa modificaria
a sua experiência no mundo dos negócios?
Muito, não é?
Agora, vamos à cena do culpado.
Pegue a situação onde alguém foi o “culpado” e troque alguns contextos.
Eu não sei o que você pensou para esta cena, mas vamos supor que fosse
um pedreiro que, por acidente, preparou o concreto de maneira errada no
meio de uma construção enorme, e que por isso, um muro inteiro caiu e
desperdiçou um monte de materiais de obra e atrasou os prazos de entrega
da construção.
Agora, posicione esta pessoa em uma cena onde a história de sua educação
básica foi “top” de linha, e que por isso ele tinha melhores condições de
raciocínio. Ou então, coloque-o em uma obra onde os engenheiros chefes
se preocupam com o estado de estresse dos pedreiros e os mandam
descansar quando percebem que eles estão trabalhando muito esgotados.
Ou então, simplesmente, coloque este pedreiro em uma situação onde ele
tivesse processos mais claros e robustos de trabalho e que fosse impedido
de cometer este tipo de erro, simplesmente porque utilizaria, por exemplo,
uma máquina que preparasse o concreto automaticamente – e a máquina
seguiria exatamente os passos corretos, como uma lavadora de roupa faz
na sua casa.
Como isto mudaria a experiência daquele pedreiro que foi o “culpado”
pela queda do muro? Muito, não é?
Agora, vamos dar um passo a mais:
Quantas vezes pessoas de carne e osso se comportaram de maneira muito
parecida com a sua ou com a maneira do pedreiro culpado mas que, pelos
contextos serem completamente diferentes das cenas que você imaginou,
tiveram resultados completamente inversos aos seus ou aos do pedreiro?
Pegando nosso exemplo: quantas vezes outras pessoas falharam nas vidas
delas fazendo as mesmas coisas que você faz na sua?
Como pode você ser bem sucedido fazendo as mesmas coisas que outras
pessoas que falham fazem?
Seja Bem Vindo Ao Imenso Poder Do Contexto
Às vezes me parece que a coisa mais fácil do mundo é acusar outros.
Principalmente quando não sofremos a dor de sermos apontados como
autores do erro. Se nós somos os réus, a tendência é querermos nos eximir
da culpa, e essa vontade de “não sermos os culpados” torna fácil analisar
os processos e contextos que estavam juntos no momento do erro.
“Não fui eu! Foi a máquina de lavar...”
Isso é bem diferente de:
“Sim, foi ele! Tenho certeza de que ele é um irresponsável...”
Quase nenhum réu se acredita totalmente culpado, e isto tem uma razão de
ser: eles ficam de olho em outras coisas que contribuíram pra que o
incidente ocorresse.
O mesmo não acontece quando somos os acusadores: pensamos que a
culpa, realmente, vem daquela determinada pessoa.
Curiosamente, quando temos sucesso, a tendência maior é assumir 100%
da “causa” do sucesso para nós mesmos, quando na verdade o contexto e o
ambiente tiveram uma participação ENORME no resultado.
Nós podemos ser especialmente responsáveis por escolher o contexto. Mas
não temos o poder de escolher qualquer contexto que queremos. Assim
como não podemos ser “jogados do nada” em Serra Leoa, também não
temos como, do nada, sermos transportados para o Vale do Silício, onde
tem um mundo de empreendedores e investidores prontos para facilitar
nossas vidas e negócios. Também não temos como, subitamente, criar o
contexto pela mera força da imaginação para que os bilionários Bill Gates,
Carlos Slim e Warren Buffet decidam investir em nós ao mesmo tempo.
O hábito de ter a certeza de que as causas de certos eventos vêm,
exclusivamente, de certas pessoas, é chamado “personalização” pela
Psicologia Cognitivo Comportamental e por algumas outras áreas. Este é o
padrão de pensamento que aprendemos na infância, de 4 aos 7 anos de
idade. Nessa época, personalizar fatos é perfeitamente comum. Faz parte
do processo normal do desenvolvimento infantil.
Sim, é parte do processo do desenvolvimento infantil. Não de adultos
saudáveis.
Personalização é a certeza de que um acontecimento que teve vários
fatores que o causaram foram provocados por apenas uma única pessoa.
É curioso saber que tantas pessoas no mundo personalizam o que é bom
nelas próprias, e o que é ruim em outras pessoas. Obviamente, existem
versões “brandas” desse comportamento, que são aparentemente
inofensivas. E existem também versões mais drásticas.
Existe o contrário, também: pessoas que personalizam bons
acontecimentos como causados por outros, e maus acontecimentos como
causados por elas próprias.
Infelizmente, este tipo de análise infantil causa muitos problemas na vida
adulta… Mas a maioria das pessoas continua personalizando todos os
resultados que percebem por aí.
“Isto é por causa DE MIM.”
“Aquilo é por causa DAQUELA PESSOA.”
O que essa tal “personalização” pode causar?
Personalizar resultados causa severas distorções nas nossas escolhas.
Observar um evento e tentar explicá-lo em termos de “uma única pessoa”
esconde o problema real. Esconde o processo, esconde a cadeia de eventos,
esconde todos outros participantes.
Personalizar esconde toda a cadeia de energia e CEGA a pessoa que
pratica esse tipo de padrão de pensamento.
O contrário de personalizar é sistematizar.
Hoje, no mundo dos negócios, por exemplo, quem personaliza tudo
costuma não conseguir aumentos nem promoções. Permanecem nas
camadas mais operacionais, dizendo que estão sendo desvalorizados e
culpando os outros. Personalizar pode estagnar uma carreira.
Quanto mais alta sua posição na hierarquia da sua empresa, menos
personalização trará maior sucesso. Ou seja: quanto mais pensamento
sistêmico e quanto mais distribuídas forem as responsabilidades, maiores
as chances de promoção e influência.
Quanto mais sistêmico for o pensamento e menos personalista, maior é a
percepção sobre o poder real da equipe e dos demais contextos. Isso inclui
o sucesso de personalidades públicas, como políticos, estrelas da música,
apresentadores famosos de TV e outras celebridades.
No trabalho que costumo fazer em música, eu percebo claramente que,
quanto mais gente envolvida, maior o sucesso de um artista. O público, por
outro lado, tende a personalizar este sucesso, atribuindo toda a magia do
show ao artista, em si. Geralmente, o público esquece dos outros
elementos: produtores, músicos, assessores de imprensa.
Para a magia de um show ser possível, o público deve ser capaz de
desconsiderar as outras pessoas envolvidas no trabalho. Portanto, é
imprescindível que um artista tenha o equilíbrio de entender que sua
equipe pode ser, na verdade, a parte mais importante do show. Sem sua
equipe, o artista é incapaz de ter o contexto exato para deixar seu talento
brilhar.
Como anda você com os seus relacionamentos, hoje?
Imagine um executivo que dirige 1000 empregados… Se esse cara disser
que tudo na empresa funciona por causa dele, então essa distorção pode se
tornar uma fórmula para um infarto, já que todos os problemas da empresa
parecerão para este executivo um problema COM ELE.
Em contrapartida, enquanto tudo estiver indo mais ou menos bem, será
porque ELE é o máximo (pelo menos na cabeça dele), podendo causar
fortes ataques do que as pessoas podem chamar por aí de egocentrismo.
E não é incomum ouvirmos falar de problemas cardíacos e egocentrismo
nas mais altas posições das empresas. É fato conhecido que executivos têm
uma dificuldade tremenda em encontrar pessoas em quem pode confiar.
Personalizar problemas é um motivo pelo qual vemos pessoas que estão
sempre trocando de amor. É também um motivo comum pelo qual vemos
empresas que estão despedindo empregados pelas mesmas razões, de novo
e de novo… E o ciclo nunca acaba. “Esse não é responsável e aquele não é
comprometido”. O padrão de problemas se perpetua, e quase ninguém é
capaz de dizer “se já tentamos a mesma solução 1000 vezes e ela não deu
certo, é porque o problema não é aquele que nós achávemos que era”.
Quantos empregados “demotivados” precisam ser despedidos para que
essa empresa entenda que o problema está nos processos que desmotivam
seus funcionários, e não nos funcionários em si? O quão irracional é isso?
Quando paro para pensar nessas coisas, eu consigo achar natural que uma
criança use personalização… Mas não um adulto. E o mundo está cheio de
adultos que personalizam resultados. Imagina o que a energia conjugada
de tantas atitudes tomadas com esse pensamento faz pela nossa sociedade
como um todo?
Pessoas orgulhosas demais. Pessoas deprimidas demais. Pessoas
desmotivadas demais. Workaholics. Pensamentos suicidas… A lista não
pára.
Utilize este pensamento trivial para trazer mais
imparcialidade nos seus julgamentos:
Da próxima vez que você for acusar alguém, lembre-se de quando você foi
o acusado, e de como aquilo doeu na sua alma. Lembre-se de como você
não teve 100% de participação no que aconteceu de ruim através das suas
mãos.
Lembre-se de como sua intenção era positiva, e que uma intenção positiva
não o impediu de cometer seu erro. Lembre-se que somos pessoas falhas, e
que por isso ninguém merece receber raiva e rancor de terceiros em adição
à sua própria frustração ao errar.
Perceba, então, como isso muda a maneira como você acusa o seu alvo, e
de como isso torna mais difícil acusar alguém e responsabilizar esta pessoa
por 100% do que aconteceu de negativo.
A partir daí, reconheça que você também é responsável em algum grau por
coisas que você antes só achava que era responsabilidade única e exclusiva
dos outros. Afinal, foi você quem escolheu, em primeira instância, se
colocar em determinada hora naquele determinado local, interagindo com
aquela determinada pessoa, quando tudo começou a dar errado.
Ou então, reconheça, simplesmente, que seus méritos não são méritos
exclusivamente seus, e saiba compartilhar sua vitória com cada um dos
outros envolvidos em um resultado que faz bem à sua vida.
A resposta mais adequada, ao meu ver, é: ninguém é totalmente
responsável ou totalmente culpado. Nem muito lá, nem muito cá. Infinitas
partes cooperam para qualquer evento. Algumas mais do que outras, mas
todas podem (e devem) aprender a cooperar cada vez mais.
Mas então, como não se vitimizar pelo contexto?
Muitas pessoas quando aprendem sobre este tipo de pensamento tem duas
reações:
1 – Ou elas se sentem vitimizadas pelo mundo
2 – Ou elas reclamam, dizendo que este tipo de pensamento é derrotista ou
vitimizador de pessoas
Como resolver isso?
Resolver estes impasses é simples (pelo menos na minha cabeça): se você
sabe que o contexto influencia seus resultados, aprenda a fazer escolhas
pensando nos próprios contextos. Crie contextos diferentes e précondições diferentes para que você possa impactar sua vida com mais
facilidade, ao invés de personalizar tudo e todos.
Você não é 100% responsável ou culpado pelos seus resultados. Mas você
é, sim, TOTALMENTE responsável pelas suas ESCOLHAS e por como
você detecta e aproveita melhores contextos para a sua vida. A habilidade
de se colocar dentro dos contextos certos, de selecionar e confiar nas
pessoas certas, são habilidades importantes que você precisa adicionar ao
seu arsenal de estratégias para o seu sucesso.
DELÍRIO #10: Como evitar que o atraso das coisas, as
falhas e a passagem do tempo destruam sua
motivação?
Muita gente vive com aquela sensação de que várias coisas que já
“deveriam ter acontecido” não aconteceram.
Sabe aquela sensação de que você “já não é mais o mesmo”? De que as
coisas estão velhas demais? Que você é “passado”? Que ficou pra trás?
Eu não deveria dizer o que direi a seguir, porque você provavelmente já
sabe. Porém, eu não sei que tipo de momento você está passando agora,
então acho que é sempre bom relembrar:
Nada nunca “passa da hora”.
Se você realmente acredita nisso, então você está num beco sem saída,
porque se verá desmotivado. Se esse é o caso, então me responda:
Quem é que tem a agenda do universo
na palma da mão?
Quem é que determina o que deveria ou não ter acontecido?
Se a gente contar quanto tempo o universo tem, nossa vida aqui é um
“momentinho de nada”. O Sol, por exemplo, leva até 250 milhões de anos
pra dar a volta à Via Láctea.
Psicologicamente, a gente cria e vive aquela ilusão de que o Sol está
parado, mas não está. Estamos em um movimento integaláctico, e se existe
uma “nave mãe”, ela é o nosso planeta.
A velocidade do sistema solar é de 251 quilômetros POR SEGUNDO, e..
É este o avião do qual você é um dos tripulantes…
Engraçado pensar que esse “avião” é uma bola mineral sem asas, que
flutua no vácuo com uma piscina do tamanho de cinco oceanos inteiros.
Os engenheiros aeronáuticos de Deus são sofisticados demais.
Pra atingir essa velocidade, seria necessário um avião cerca de setenta
vezes mais rápido do que um boeing 747. Ou seja: nossa “nave mãe” dá
um BANHO em qualquer avião comercial.
Mesmo com toda essa velocidade, a volta do Sol em torno da Via Láctea
leva muito, muito mais tempo do que nossos anos aqui na Terra.
Comparado ao tempo que o Sol leva pra completar o seu ano, toda história
da nossa civilização é realmente uma poeirinha cósmica. Toda a história da
nossa civilização.
Seriam necessárias…
25.000 histórias inteiras da civilização humana
pra completar UMA dessas voltinhas.
Dá pra perceber o quanto ainda somos infantis enquanto seres vivos?
Deixa eu desenhar pra você: vamos supor que os Maias estivessem certos
e o mundo acabasse hoje… Quero dizer: não “o mundo”, mas apenas
nosso planeta... Tentar prever o “fim do mundo” é pretensão demais pra
qualquer profeta ou messias de qualquer tradição religiosa. Eles falam, no
máximo, do nosso planeta.
Mas então… Se houvesse um cataclisma que nos fizesse voltar à idade da
pedra, e isso acontecesse a cada 10 mil anos, então seriam necessários
25.000 cataclismas pro Sol dar A PRIMEIRA VOLTA em torno da Via
Láctea.
Ou seja: haja estresse!
Assim, em 25.000 histórias da humanidade, completaríamos um “aninho
galáctico”. Você consegue se imaginar assistindo 25.000 filmes de 10.000
anos de duração CADA? Eu não consigo.
Que tal voltar a soprar…
UMA ÚNICA VELA
no seu bolo de aniversário?
Seremos crianças SEMPRE, por mais que as marcas da idade e as
memórias tentem dizer o contrário. Estas marcas da sua história não são
NADA.
Estamos aqui para aprender… Aprender a sermos mais fortes, mais jovens,
mais positivos, mais confiantes e mais realizadores do que antes. Todo dia,
um pouquinho mais. Até os noventa, cem, duzentos anos de idade.
Por tudo isso que acabei de dizer, eu quero que você tome uma decisão: a
decisão de ter consciência que tudo o que acontece só acontece na hora
certa… E que ninguém tem o direito de tirar a sua felicidade – nem mesmo
você, achando que já passou da sua hora de ser alguém que tenha uma paz
permanente. O seu tempo só passa quando assim você determina.
E por isso tudo, eu agradeço por ter sua companhia – vamos crescer juntos.
DELÍRIO #11: Uma mentalidade inteligente e
radicalmente diferente para se compreender muito mais
de Deus
Observação: quando digo no título que esta é uma abordagem
“inteligente”, esta é apenas uma opinião. Para muitas pessoas, é
simplesmente um delírio mesmo.
Ao escrever este texto, venho de uma experiência muito chata: estive três
dias com febre e uma dor persistente nos olhos.
Dengue. Eu sempre acreditei que nunca pegaria dengue.
“Isso é problema dos outros, não meu”.
A verdade é que a gente acredita em muitas coisas que, simplesmente, não
são verdade.
Por causa desse quadro de saúde, ouvi todo o tipo de sugestão…
Ore. Tome mais água. Mais vitamina C. Pense positivo. Lembre que essa
febre não nasceu contigo. Faça exames. Sofrimento não é de Deus. Faltalhe fé. Creia. Expulse isso. Seja otimista. Fique tranquilo, lembre-se que
tem crianças passando fome. Vai ficar tudo bem. Talvez seja estresse.
Talvez seja culpa. Talvez seja trauma. Talvez seja espiritual. Talvez seja
alimentação. Talvez seja dengue. Talvez seja sinusite…
Impressiona a quantidade de idéias que nós temos sobre o corpo humano e
a natureza. De como deveria ser ou funcionar. Somos naturalmente
criativos e inteligentes.
Nesse momento, às 6 da manhã, acabei de levantar da cama, sem sono.
Tomei um anti-térmico que me fez suar bastante, e o quarto com o ar
condicionado se tornou um problema. Debaixo do cobertor, sentia calor
demais. Fora do cobertor, frio demais.
Então decidi sair, e pra variar fiquei…
Refletindo sobre
sofrimento, dor e saúde.
Não sabemos.
Por mais que nós acreditemos que saibamos, não sabemos onde isso tudo
vai dar.
Nós somos um povo que habita um dos incontáveis planetas do universo.
As evidências RAZOÁVEIS apontam para uma civilização de
aproximadamente 10 mil anos de idade em um planeta de alguns bilhões
de anos.
Já as SURREAIS apontam para galáxias distantes, alienígenas e contos da
carochinha. Coisa de ficção científica mesmo – mas que mesmo assim me
mantém aberto às incríveis e estranhas hipóteses… Ainda que muito
desinteressadamente e sem colocar meu tempo nessas investigações.
Sendo tão “novos” por aqui, como aprendemos a acreditar tão seriamente
que sofrimento não é “de Deus”?
Como aprendemos que
“Deus nos quer em um corpo saudável“?
Certamente estes são nossos desejos, e obviamente eu também os
considero positivos. Mas uma observação mínima aponta para histórias
que contam o oposto.
Se Deus existe (e eu acredito que sim), então ele está perfeitamente ciente
e permissivo quanto à fome que tantas crianças passam. Quanto às doenças
das quais sofremos e quanto aos nossos medos e terrores interiores.
Muitas pessoas encontram justificativas para “absolver Deus”. Dizem que
são os espíritos não-evoluídos. Dizem que são o diabo. Dizem que são
qualquer coisa, como se Deus pudesse ser eximido de culpa, ou que culpa
fosse parte do vocabulário de Deus. Como se Deus precisasse da
tecnologia tão baixa e primitiva que é um vocabulário.
O fato é que a idéia de existir um Deus onipotente, que precisa dar a
permissão para cada folha de cada árvore cair no chão, não é compatível
com “fome e doenças acontecem, mas não são provocadas por Ele”.
Não me importo com os religiosos que vão espernear por ler isso. Esses
velhos argumentos que tentam “limpar a barra de Deus” são infantilmente
absurdos. Acreditar em princesas de castelos encantados e em um Deus
“bonzinho e politicamente corretinho” é coisa de criança.
Daí, eles me dizem, cegamente: “a fé não é lógica, Rodrigo”. Acontece
que, basta uma observação simples, para entender que toda fé tem uma
lógica interna. Dizer que “fé não é questão de lógica” não faz os religiosos
deixarem de tentar raciocinar logicamente para compreender sua fé.
Eu fico espantado com a quantidade de insanidade e ignorância movida
por tantos líderes religiosos ao negarem com força, veementemente, a
ferramenta mais básica que tentam usar (em vão) para entender sua
espiritualidade.
Negar que estão usando lógica para entender o sentido das coisas de Deus
é como usar um telefone cem por cento do tempo para se comunicar com
os outros e dizer para a pessoa que acabou de atender sua ligação que
nunca usou um telefone na vida.
“Alou?”
“Oi, aqui é o pai de santo.”
“Opa! Tudo bem?”
“Tudo! Olha, eu quero que você saiba que eu nunca usei um telefone
na vida, ok?”
“Oi? Como assim? Você está falando comigo através dele!”
“Não, não! É engano seu! Eu não estou usando um telefone! Eu nunca
vou usar um telefone na vida! Conversas à distância são feitas por
telepatia, e é esse o veículo que eu estou usando nesse momento pra
falar contigo. Pode perguntar para todas as pessoas que frequentam o
meu terreiro.”
“Não, não... Você está falando comigo através de um telefone.”
É simplesmente este o tamanho do ultraje que qualquer cientista nota,
claramente, quando observa um fanático religioso argumentando para
defender a idéia de que Deus é “um santinho bom que nunca faria mal a
ninguém”. Reduzir Deus às idéias de “bom” e “mau” é categorizar aquilo
que é incategorizável.
Eu adoraria ter uma discussão dessas com qualquer pastor, pai de santo
etc. Infelizmente, isso provavelmente não vai acontecer de forma
equilibrada, porque a maioria deles está longe de saber que a certeza que
têm de sua “fé sem lógica” é, na verdade, muito mais um ponto cego em
sua educação do que uma verdade.
Felizmente, temos também alguns bons exemplos de líderes exemplares e
cognitivamente equilibrados. Infelizmente, na minha percepção, estes bons
exemplos são, ainda, raridades. Espero ver mais deles, no futuro.
O fato é que não há compreensão da fé sem a tentativa do uso de lógica. Se
os religiosos usam lógica para explicar aquilo que acreditam (e sempre
tentam, fragilmente, usar... muito mais do que admitem), então eles devem
estudar mais a arte da lógica antes de argumentarem pela sua fé. Que
façam o dever de casa, portanto.
Voltando à questão das doenças:
Este foi o corpo que ele nos proporcionou.
E no momento em que escrevo esta frase, o meu está febril.
No momento em que escrevo esta outra frase (editando o mesmo texto),
estou um dia após ter tomado mais de meio litro de soro pela veia no
hospital. Estou com o corpo cheio de bolinhas vermelhas engraçadas, que
eu achei curioso demais. Desidratado em três dias. O poder da peste.
Sendo assim, nada resta senão aceitar o que Deus aceita – ainda que não de
forma conformista, mas somente neutra e visionária, cheia de sonhos,
como sempre tive.
Qualquer frase do tipo “Deus é justo”, “Deus é amor”, “Deus é pai” é uma
antropomorfização – ou seja: a atribuição de sentimentos humanos a algo
que não é humano…
E apesar de serem frases poéticas, bonitas e inspiradoras, não refletem a
verdade dos fatos verificáveis. Mortes. Assassinatos. Mentiras. Traições.
Sonhos. Nascimentos. Sucesso. Alegrias. Honestidade.
Tudo isso convive no planeta que Deus nos deu…
E nós fazemos nesse planeta muito do que queremos.
Mas não tudo.
O Deus que criou o homem também criou os pássaros, as florestas, os
sapos, as cobras, os mosquitos e o vírus Flaviviridae (o dengue), que é
muito amigo do mosquito Aedes Aegypti, e com o qual vive em uma
harmonia laboriosa.
Quando vêem um corpo humano, ambos ficam felizes: o Flaviviridae vai
ganhar uma casinha nova, e o Aedes terá um suculento banquete.
Obviamente, assim como nós não ligamos em erradicar o Aedes, eles
também não ligam pra onde o corpo de uma vítima vai quando é infectada.
Será que Deus também não quer a felicidade dessas duas criaturinhas que
se dão tão bem?
A medicina já curou muito mais gente do que a reza.
Nosso corpo trava uma batalha constante contra corpos estranhos, e
somente a medicina foi capaz de aumentar nossa longevidade,
independente do que os religiosos digam. Fato é fato.
Não podemos confundir nossos desejos pessoais com o que Deus “quer”.
Apesar de sabermos exatamente como desejamos que o mundo seja, é
simplesmente impossível determinar se é isso que Deus quer. Deus é
insondável, por mais que as pessoas que se dizem espiritualizadas digam o
contrário.
Deus não “quer” nada… Ou melhor: se “quer”, é impossível descobrir. Se
alguém lhe disser que sabe o que Deus “quer”, fuja ou saia discretamente –
porque essa pessoa está alucinada.
Quando penso em humanidade, a sensação que me dá é a de que o futuro
da nossa história será “infinito”… Que seguirá por tempo indefinido (salvo
quando consideramos as atrocidades que fazemos com nosso planeta).
Comparado à idade das revoluções galácticas, com seus inúmeros trilhões
de anos, nós vivemos em um sistema solar apenas momentaneamente
estável. Tudo o que se passa aqui é um breve suspiro existencial. E mesmo
assim, muitas vezes acreditamos que esse é o tempo “todo” que existe, e
que “temos todo o tempo do mundo”, como cantaria, ironicamente, Renato
Russo.
A qualquer momento, nossa história
pode acabar como poeira.
Portanto, tudo pelo que eu rezo é pra que eu faça da minha história a
melhor possível. Mesmo sem fazer a menor idéia do que Deus quer de
mim. Eu suspeito que você faça algo parecido, mas não posso ter certeza
disso.
NOTA: Eu sei que algumas pessoas vão dizer que estes pensamentos são o
delírio de alguém que se “diz” espiritualizado. Este é um direito dessas
pessoas, tanto quanto é do meu direito dizer o que penso. A única coisa
que peço é que minha integridade física seja mantida. Todo o resto pode
ser feito, até me xingar
Enfim, essas foram as questões que brotaram da minha cabeça febril no dia
de hoje. Obrigado por compartilhar comigo esse momento de delírio… E
apesar de não fazer a menor idéia do que Deus acha da minha febre, o que
eu sei de fato é que eu não desejo que ela continue.
DELÍRIO #12: Jogue fora agora este erro “cavalar” que
envenena seus relacionamentos... Mas que quase todo
mundo comete!
Este aqui é o tipo de mensagem que, sinceramente, eu acredito que não
deveria estar em um livro como esse. Porém, é tão presente o problema
que ela retrata que eu me sinto na obrigação de lembrar a mim e a você de
sua solução.
Pois bem. Você, eu e todo mundo à nossa volta, uma vez ou outra, nos
desentendemos com alguém de nosso convívio.
É, você sabe do que eu falo, aqui. Isso é normal. Desentendimentos são
frutos da essência da individualidade. Tem que começar por aí, se você
quiser que um dia haja entendimento.
Certamente você deve conhecer pessoas que sabem nutrir bons
relacionamentos com facilidade. Talvez você seja uma delas. A diferença
fundamental que constrói essas pessoas não está no fato de elas nunca se
desentenderem com alguém.
Esse tipo de coisa não existe. Mesmo. Qualquer menção do tipo “eu nunca
me desentendo com qualquer pessoa” é uma lenda urbana.
Se existe tal pessoa…
Então ela acabou de se desentender comigo.
Pronto. Tudo tem sua primeira vez!
Jogue com sua sorte. Quantos encontros você terá em sua vida com
pessoas diferentes? Milhares. Possivelmente, dezenas ou até centenas de
milhares.
Como controlar a ocorrência de desentendimentos eventuais?
Na prática: é impossível.
O que pode ser perfeitamente controlado é o que acontece APÓS o fato.
Essa é a parte relevante.
É o que acontece depois que as pessoas se desentendem que produz como
resultado alguns seres humanos que são especialmente infelizes e mal
sucedidos em suas tentativas de, simplesmente, conviverem com outras
pessoas.
Mas é o que acontece após um desentendimento que também faz outras
pessoas serem *brilhantes* na construção de suas vidas com seus pares:
seja dentro de casa, com amigos, em empresas e outros círculos sociais
diversos, como clubes, vizinhanças, cultos religiosos e até mesmo em filas
de supermercados e bancos.
Vai me dizer que você nunca se desentendeu com um caixa de um banco?
Ou com um telefonista da sua operadora celular? Ou com alguém no
trânsito? Ou com outra pessoa que estava na mesma fila que você?
Existem algumas pessoas bastante habilidosas
em resolver conflitos…
Outras, menos… Muito menos.
M-U-I-T-O menos.
Terrivelmente menos. Assim é a vida.
Essa habilidade não é nada que não se possa aprender, e como você já
sabe, estou aqui exatamente pra contribuir e provocar você positivamente,
pra que descubra isso em si mesmo(a)… Caso você ainda não tenha
conquistado esse “dom”.
Aqui está um exemplo:
Muitas vezes algumas pessoas, ao serem contrariadas por amigos ou
parentes, fazem avaliações sobre o caráter das outras pessoas.
“Não tem jeito… Aquela pessoa é má! É da natureza dela, mesmo!”
Ou então, outra capeã de audiência:
“Não acredito que minha tia/mãe/irmã/sobrinha etc
seja tão mau caráter assim!”
É, é… Parece infantil… E ainda assim, quantas vezes nós nos envolvemos
todos os anos nesse tipo de ponderação?
Não minta pra mim… Se você nunca passa por isso, então não há
necessidade de continuar lendo minhas palavras. Pode passar para o
próximo capítulo.
No entanto, culturalmente, nós herdamos essa tendência. Uma tendência
impulsiva de ler a qualidade da personalidade de outras pessoas.
Vamos ver onde isso nos leva?
Vamos supor que isso fosse legítimo, e que realmente algumas pessoas
sejam “ruins”… E outras, “boas”.
Imagine alguém que realmente saiba reconhecer quando encontra uma
pessoa de “má índole”. Imaginemos que ela, por qualquer aparato que o
destino reservou a esta pessoa, realmente saiba diferenciar alguém bom de
alguém ruim.
Nesse caso, seria também bastante interessante para todos os outros seres
humanos aprenderem a reconhecer esse tipo de característica em outras
pessoas. Você não acha? Que bem faria…
…Se todos nós soubéssemos distinguir
alguém bom de alguém ruim na sociedade?
Imagine… Grandes “detetives de caráter”…
Essa pessoa “especialmente dotada” do poder incrível de reconhecer
alguém de má índole seria super requisitada por outras pessoas que não
têm a mesma capacidade de leitura de seres humanos.
Mágico!
No entanto, não conhecemos ninguém dessa extirpe. Ninguém.
Se você conhece, então eu preciso saber quem é… PRA ONTEM!
Ainda que haja tanta gente dizendo que “com certeza fulano é um mau
caráter”, essa pessoa não é particularmente admirada pelas outras por ter
desenvolvido essa habilidade ou esse tipo de convicção.
A habilidade de falar sobre a qualidade do caráter de outras pessoas
constitui o fenômeno cientificamente conhecido como:
FOFOCA!
Ok, nem sempre é fofoca… Às vez é um elogio. Nesse caso, desconsidere
o que eu falei.
Eu e você sabemos que existem muitas e muitas pessoas que acreditam
que “sabem” qualificar o caráter de outras pessoas.
Minha intuição diria que, se esse princípio fosse realmente possível,
teríamos um bem enorme na sociedade, com certeza! A civilização seria
perfeita se as pessoas “ruins” fossem, simplesmente, colocadas em uma
espécie de “cantinho separado” – bem longe das pessoas boas.
E apesar da “hipótese” parecer particularmente útil, ela não se confirma. O
resultado de termos tanta gente acreditando que pode qualificar a
personalidade ou o caráter de outras pessoas é uma sociedade cheia de
amargura, mágoas e decepções.
Pois então… Existiram alguns líderes realmente “brilhantes” que seguiram
exatamente esse tipo de raciocínio e acreditavam que podiam reconhecer
bons e maus caráteres… Eles faziam isso ao pé da letra, inclusive.
Essas pessoas faziam manuais e discursos grandiosos para instruir seus
admiradores a distinguirem pessoas “boas” de pessoas “ruins”.
Até onde sei, Hitler foi o mais exímio deles.
“A culpa é dos Judeus! Nós, os Arianos, temos o sangue puro!”
Obviamente, você não gosta do produto da liderança de Hitler. Se gostar,
então me conta o motivo. Eu sou um eterno curioso.
E provavelmente você também não gosta da escravatura, do apartheid, do
Ku Klux Klan e de tantos outros movimentos segregacionistas.
Pois bem. Segregação não é legal.
Segregação é ilegal. Mesmo. Dá cadeia.
Ainda assim, existe segregação acontecendo na sociedade. Dentro de
escolas, de favelas, de governos e de qualquer grupo social, existem
aqueles que acreditam saber perfeitamente reconhecer pessoas “boas” e
pessoas “ruins”.
Ou então, acreditam que sabem diferenciar pessoas “dignas de
consideração” daquelas “indignas” de consideração.
Verifique a quantidade de casos de crimes do colarinho branco todos os
anos. Corrupções e desvios monumentais de verbas que deveriam ser
destinadas na capacitação de seres humanos.
Verifique a quantidade de violência que acontece todos os dias nos lares.
Estas ações são influenciadas por crenças sobre “quem é bom” e “quem é
ruim”. Quando a “qualificação” de uma personalidade começa, é gerado
um problema – possivelmente, por tempo indeterminado. As pessoas que
qualificam outras carregam aquelas “etiquetas” pelo resto de suas vidas…
…E apontam estas “etiquetas”
como espingardas para os seus alvos.
Na verdade, às vezes são espingardas reais.
Na prática, eu já ajudei vários clientes a se descobrirem mais cuidadosos
ao qualificarem pessoas como boas ou ruins. Somente por este ser um
padrão em alguns atendimentos é que eu escrevo sobre isso.
Não foram todos os clientes. Mas alguns, com certeza.
Por que isso não é bacana?
Seria porque nós precisamos ser “bonzinhos” com todo mundo e porque a
vida é “cor-de-rosa”? Longe disso. Meu nome não é Pollyana.
(Eu tenho uma cliente com esse nome, por sinal, mas ela é bem mais
madura do que a personagem do romance)
O motivo por trás dessa estratégia é o seguinte: existem pessoas que não
suportam críticas.
Elas têm vergonha do que fazem, ou culpa ou qualquer outro sentimento
“super útil” e que ajuda “pra caramba” (pra não dizer o contrário)… E
tornam-se violentas ao menor sinal de críticas, porque sentem-se
ameaçadas, em uma incrível dor e sofrimento.
A auto-estima dessas pessoas TENDE A ZERO. Mesmo quando elas
dizem que se valorizam.
Aliás, não adianta tentar “arrancar à força” essas confissões… Muitas
delas não admitiriam esses medos, culpas e vergonhas mais secretas nem
por um decreto!
Estes sentimentos são partes delas próprias, que permanecem
completamente escondidos do mundo, e muita gente morre sem ter
revelado isso a ninguém.
(Eu acho que algumas pessoas vão tremer na base quando lerem essa
última frase).
Ao mesmo passo, existem outras pessoas que não sabem dirigir críticas, e
ao invés disso, dirigem insultos às pessoas que as desagradam.
Infelizmente, esse segundo grupo se acha “muito bom” pra admitir que
perdeu completamente o simples costume da gentileza.
Essas pessoas ainda se sentem no maior “direito” de estarem certas! Ora,
veja! Chega a ser engraçado.
A combinação da presença de insultos onde deveriam haver críticas
construtivas dirigidos a pessoas que não estão prontas para receberem nem
mesmo as críticas construtivas pode ser catastroficamente explosiva.
Faça-me um favor? Diga pras pessoas do seu convívio que fazem esse tipo
de coisa que…
Não se qualifica pessoas como boas ou ruins.
Essa regra se aplica especialmente ao “ruins”…
Nem mesmo psicólogos ou psiquiatras têm esse poder, por mais que a
gente veja vários psicólogos e psiquiatras fazendo isso noite e dia.
Existem alguns líderes religiosos que fazem… Mas prefiro me abster de
emitir opiniões a respeito dessa prática dentro de templos que deveriam ser
sagrados.
Certamente nem todos os especialistas fazem isso… Apenas os menos
habilidosos… E se você for um psicólogo ou psiquiatra que faz esse tipo
de coisa, então eu não tenho o menor medo nem o pudor de lhe dizer
abertamente que você pode até ser gente boa, mas está na hora de fazer
uma reciclagem SIM.
Eu não vou defender minha classe: já vi coaches fazendo isso também. Eu
mesmo já fiz, e de vez em quando sou forçado a me relembrar da lição
(como agora).
Esse tipo de comportamento é o sinal de um desenvolvimento intelectual
ainda infantil, e não de maturidade.
Essa prática insana é uma das maiores responsáveis pelas pessoas que
andam se batendo, se chutando, se esfaqueando ou atirando umas nas
outras.
Adultos lidam com as diferenças com calma, paciência e ouvidos.
Nota: eu sei que vai ter gente dizendo que eu sou “do mal” depois dessa.
Não tem problema. Essa não será a primeira vez nem a última que eu sou
qualificado por pessoas que não sabem lidar com desentendimentos.
DELÍRIO #13: Como multiplicar seu crescimento
espiritual através do método científico?
Eu não tenho dúvidas sobre a existência de Deus. Porém, também não
tenho dúvidas de que pessoas podem muito bem utilizar o nome de Deus
para realizar fraudes sérias.
Pessoas mal intencionadas já fizeram isso antes. Eu e você sabemos disso.
Pessoas bem intencionadas, porém ingênuas, também erram: acreditam
muitas vezes em evidências de que elas tenham alguma influência
espiritual “mágica” para servir outras pessoas.
Sabe… Poderes ocultos, que são “impossíveis de serem ensinados”.
A Fé Que Advém da Ignorância
É bem verdade que uma parte das pessoas que acredita em
paranormalidade, inclusive muitas das “especialistas no assunto”, têm uma
compreensão muito básica, senão nula, de estatística matemática,
psicologia ou comunicação.
Por isso mentem para si mesmas, sem terem a menor idéia de que estão
mentindo. Como diz um grande amigo: elas estão vítimas de um “engano
sincero”. Crêem ter um “poder” que não possuem, e conseguem convencer
outras pessoas igualmente ingênuas do mesmo.
Educação é a única coisa que pode curar essa deficiência na sociedade. E
eu sou um advogado da clareza.
A Favor do Poder Para Cada Ser Humano No Planeta
James Randi é um dos maiores “combatedores” de fraudes psíquicas e
paranormalismo no planeta. Durante anos ele tem testado pessoas com
talentos “psíquicos” para que elas provem suas habilidades.
Seu instituto tem um prêmio de um milhão de dólares separado para a
pessoa que conseguir demonstrar, sem sombra de dúvidas, que é capaz de
realizar feitos paranormais, ainda não compreendidos pela ciência. Mas,
apesar deste prêmio ter sido instituído há anos, ele nunca foi resgatado,
nem mesmo pelas maiores celebridades paranormais.
Eu entendo que isso pode ser percebido como uma afronta a muitos
leitores que podem ter sua fé invalidada por estes discursos sobre James
Randi. Ainda assim, são os fatos contra opiniões.
Apesar de combater o charlatanismo, Randi não nega a existência de Deus.
Ele apenas desafia pessoas incapazes de provar as habilidades que
acreditam e dizem ter. Essa é uma diferença fundamental.
Afinal, No Que Acredito?
Como alguém que tem uma experiência vasta em levar pessoas a
superarem seus grandes desafios pessoais com maior facilidade e
velocidade, eu acredito que um amor de potencial extraordinário pode ser
encontrado na clareza dos pensamentos. Acredito que Deus está onde
existe liberdade de escolhas, questionamentos e compreensão científica.
Diferente do que muitos espiritualistas pensam, a Ciência não está
“contra” Deus. Isso aí é um tipo de espiritualismo bem pobre, datado da
Idade Média, que precisa ser atualizado.
É o mesmo espiritualismo que jogou pessoas vivas, jovens, inocentes e
cheias de energia em fogueiras, e que continua bem ativo até hoje,
motivando o terrorismo e extorsão em massa dos pobres que não têm
sequer o que comer.
Eu juro que quero que alguém me prove o contrário sobre o ocultismo,
assim como Randi também quer, assim como qualquer pessoa esclarecida
quer. Porque, afinal, se o “paranormal” existe, então ele faz parte do
universo, e portanto é regido por leis naturais, acessíveis a qualquer pessoa
que tenha um cérebro pensante.
Se você tem uma mente plenamente funcional, então é do seu direito
compreender como o mundo realmente funciona.
Onde Está a Humildade?
Os falsos espiritualistas:
•
•
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•
•
•
Não gostam de ser desmentidos;
São extremamente autoritários;
São orgulhosos sobre aquilo que acreditam;
Não admitem perguntas que colocam em questão suas certezas;
São ciumentos sobre a influência que conquistaram;
Crêem que as outras pessoas são crianças incapazes de pensar por si
próprias. Mas que eles mesmos podem pensar pelos outros;
Os verdadeiros espiritualistas, na minha experiência, sente-se
perfeitamente seguros ao pedirem provas de que eles estão errados, para
que possam corrigir seus pensamentos e sua conduta em uma direção mais
iluminada.
Essa é a diferença. E é, também, apenas uma opinião pessoal. Você pode
acreditar no que quiser. Se é do seu feitio continuar lidando com
orgulhosos que não admitem ser questionados, vá em frente. Mas eu,
sinceramente, não acredito que você seja alguém assim.
Na minha opinião, humildade é admitir que você pode, sim, estar
equivocado – e pedir humilde e gentilmente que alguém lhe demonstre
como este equívoco ocorre.
Nós estamos no século vinte e um. Deus, se existe, também está na
Ciência. Afinal, Ele é onisciente ou não?
Conecte-se a Deus Com Uma “Fé Prática”
Muitas das pessoas que usam seu tempo com misticismos, rituais estranhos
e badulaques esquisitos para serem escondidos nos cantos de suas casas
estão comprando apenas o direito de se sentirem psicologicamente
confiantes e seguras, e não um aparato verdadeiramente sobrenatural.
A parte mais valiosa de qualquer doutrina religiosa é a sabedoria dos
autores. Não os “troços” com promessa de poderes invisíveis que não se
confirmam através da mais simples análise dos fatos. Ainda assim, mesmo
as palavras dos autores precisam, sim, de questionamento.
O direito de nos sentirmos psicologicamente bem e livres de prisões
mentais é de TODOS. Já o nome desse outro esquema que andam
comprando por aí é PLACEBO.
Muitas dessas pessoas jamais conseguirão o que querem em suas vidas,
por mais que tenham toda fé no mundo, porque simplesmente deixam de
agir no que é necessário para realizar rituais primitivos.
O fato é que Deus nos deu pouco tempo para viver. Não vai dar tempo de
fazer o que precisa ser feito e ainda por cima cumprir com obrigações ditas
“divinas”.
Adore-o fazendo de sua própria vida um exemplo. Corra na direção dos
seus sonhos, e realize-se. Não se prostre na frente de ninguém, porque este
não é o melhor uso que você pode fazer do tremendo poder que Deus lhe
deu através do seu próprio cérebro, que pode encontrar suas próprias
soluções em louvor a Ele.
DELÍRIO #14: Qual é o grande caminho que fará cada
pessoa no mundo ser completamente feliz?
É notável a quantidade de tristeza que existe no mundo. Impressionante
também é pensar na quantidade de miséria que coexiste com tanta riqueza
e sofisticação… Além da tristeza, é claro.
Se você está lendo estas páginas, então já sabe que tem muita sorte em
poder lê-las, mesmo que porventura esteja triste por qualquer motivo.
Afinal, o mundo online não é privilégio de todos.
Não preciso lhe lembrar disso: sabemos, por mera vivência do cotidiano,
que…
A Tristeza Não Respeita Fronteiras Econômicas.
Seja nas promessas de um governo capitalista de que a felicidade está na
possibilidade da compra, ou de um governo comunista de que o sacrifício
por todos é o que traz felicidade, a tristeza parece saber exatamente como
encontrar suas brechas na mente humana e encerrar momentos satisfatórios
na vida de praticamente todas as pessoas do planeta.
Enquanto isso, há um sentimento aparentado da tristeza que não tem
exatamente a mesma sorte de hoje poder circular livremente entre as
pessoas. Este sentimento é o ódio.
O Ódio Não Tem Passaporte Diplomático.
Apesar de existir e ser bastante influente, o ódio não está em todos os
corações. É relativamente fácil, em qualquer cidade desenvolvida,
encontrar pessoas que aprenderam a não terem ódio.
Obviamente, seria um absurdo meu dizer que ninguém em cidades grandes
manifesta o que se poderia chamar por um consenso de ódio.
Violência física, agressividade verbal, assassinatos e censura pela força.
Considero esses comportamentos triviais a manifestação do ódio na
sociedade. É só uma arbitrariedade que penso ser comum e fácil de se
concordar.
À parte do grupo de pessoas que ainda não aprenderam a se livrar do
ódio…
Temos Muitos Cidadãos Que Sabem Exatamente
Como Não Odiar Nada, Nem Ninguém.
Não é difícil encontrar essas pessoas.
Se você hoje ainda tem episódios de explosões de uma energia emocional
que considera ódio, é também desnecessário de minha parte dizer que você
precisa se livrar dela. Isso é um pensamento trivial para qualquer pessoa
que pretende crescer como ser humano.
Mas então… É comum encontrar pessoas que aprenderam a não nutrir o
ódio. Esse grupo cresce todos os dias com relativa facilidade, mesmo que
os fundamentalistas ou radicais continuem também existindo, dirigindo
energias negativas a pessoas inocentes. Ou não tão inocentes.
Em contraste, o caso da tristeza é completamente outro: a massa das
pessoas aceita livremente que…
“A Tristeza Deve Fazer Parte Da Vida Cotidiana.”
Isto é um mito.
Os argumentos pra esse mito são muitos. Em inúmeras vezes, são
“conformistas” ou “derrotistas”, do tipo: “isso é assim mesmo, tristeza faz
parte da vida”. Dizer que as coisas “são assim mesmo”, na minha opinião,
é sinônimo de “eu não sei que posso mudar isso” quando, no fundo, pode.
À parte dos argumentos conformados, as provas concretas de que a tristeza
precisa fazer parte da cultura humana hoje são poucas, senão inexistentes.
Quando me mostrarem uma prova sequer de que ela deve permanecer,
então eu vou mudar essa idéia que hoje defendo. Sem remorsos.
A tristeza é largamente aceita hoje como o ódio era vastamente aceito há
séculos e milênios atrás, onde diferentes grupos que eram incapazes de
encontrar soluções diplomáticas lutavam fisicamente uns contra os outros,
no afã de eliminar a vida dos seus adversários.
Nós vivemos em uma sociedade que aprendeu (e tem aprendido cada vez
mais) e não matar. Há quem diga o contrário, mas eu acredito
sinceramente na minha posição, e poderia discutir mais sobre isso. Minha
esperança é que a partir desse século nossa sociedade comece também a…
Aprender A Não Se Entristecer.
Se você tem problemas a serem resolvidos e sofre com acessos de tristeza
que acredita serem “normais” e “indispensáveis”, trabalhe em suas
soluções.
Cada pessoa no mundo tem problemas sérios a serem resolvidos. Não
perca tempo dizendo que suas falhas fazem de você uma pessoa indigna,
ou que o mundo é por demais difícil de se viver. Você um dia teve que
aprender a andar, mas nem por isso fez disso uma tempestade.
Equilibrar-se de pé, dar passos um depois do outro e aprender finalmente a
correr não é qualquer coisa. Pense na quantidade de músculos envolvidos
nesse processo e na orquestração necessária das funções motoras. O mero
ato de andar pode ser muito mais complicado do que resolver certos
problemas que você tem lutado pra solucionar com tantas forças.
A necessidade da tristeza, além de ser impossível de provar,
provavelmente não lhe ajuda em muita coisa na construção de um futuro
melhor pra sua vida, sua família e a sociedade em que você vive. Aprenda
a se livrar dela, como um dia você provavelmente aprendeu a se livrar de
energias mais extremas, como o ódio. E, quando não é possível remover
estas energias, aprenda a usá-las como o motor e verdadeiro motivador da
sua mudança.
DELÍRIO #15: Acredita que Deus está no comando da
sua vida? Aqui estão dois efeitos que você pode ter
deixado escapar. Um deles é desastroso!
Vamos falar agora sobre um assunto que tange espiritualidade e física. Por
isso, acho que neste texto eu vou levar uma “saraivada de críticas”, tanto
dos físicos quanto dos religiosos de plantão.
Geralmente eu evito esse tipo de assunto, porque não sou uma autoridade
nesse negócio… Mas se você parar bem pra pensar… Ninguém é uma
autoridade espiritual, de verdade.
Seja como for, espero do fundo do coração não ferir suas crenças ou
credos. O que espero é que você se transforme para melhor, caso ainda não
tenha parado pra pensar nessas duas coisas.
Isso porque eu sonhei com esse tópico. Acabei de acordar com ele.
A estrutura já está toda aqui na minha cabeça. Já sei exatamente como
abordar e quais são os problemas que quero destrinchar aqui contigo.
Deve ter sido “inspiração divina”. Tomara.
Antes de começar, gostaria de convidar você para que…
Critique Minha Heresia, Porque Eu GOSTO!
AVISO: Você está prestes a me acompanhar numa jornada louca, cheia de
pressuposições e verdades que podem não ser verdadeiras.
Você pode até começar a ficar remoído por dentro como consequência do
que tenho pra te falar.
Se este é o seu caso, então eu tenho que te fazer um pedido: não elogie
minhas palavras! Ao invés disso, desenvolva o seu melhor ponto de vista
crítico, porque é importante construir uma opinião a respeito deste assunto.
Agora, chega de preparações! Porque nós temos que voltar ao assunto
verdadeiro desta conversa (espero que amigável), que é a…
…Predestinação: um conceito que pode “separar o joio do trigo”
quando se trata de capacidade de realização
Vamos a uma definição de predestinação que ouve-se muito por aí:
Predestinação é a ordenação dos eventos da realidade já escolhida por
Deus antes de acontecerem de fato.
Segundo essa definição, das duas uma:
1. Ou Deus está muito preocupado em comandar como as coisas vão
acontecer, ou
2. Deus não está nem aí pro que você chama tempo.
Acompanhe-me…
Seria Deus o Grande
“Gerente De Projetos Intergalácticos”?
Talvez os anjos sejam seus supervisores… Porque tudo pode acontecer…
Não consigo acreditar nisso.
Se Ele, o Todo-Poderoso, se preocupasse com a ordem como as coisas
acontecem - assim como um ser humano se preocupa com a hora de fazer
o seu trabalho - então com isso Ele demonstraria que tem problemas de
recursos.
Acho que eu e você concordamos que Ele não é assim… Não é mesmo?
A definição típica que temos sobre as capacidades, ou recursos, de Deus,
nosso tão iluminado, salve-salve, é a seguinte:
1. Deus é onipotente,
2. Deus é onipresente e
3. Deus é onisciente…
O que me leva a acreditar que seja impossível Ele ter que se preocupar
com “acidentes de percurso”. Enquanto algumas pessoas dizem que “anjos
vieram alertá-las para que nada dê errado em suas vidas”, eu penso: “uau,
que viagem!”
De fato, todas as literaturas religiosas das quais já ouvi falar dizem que
não cai uma folha sem que Ele saiba e permita. Se alguma religião disser o
contrário, por favor, gostaria muito de saber. Portanto, não penso que Deus
precisaria de anjos-de-recados. E isso tudo me leva à…
…Segunda Opção: Deus Não Está Nem Aí Pro Tempo!
(Mas Você Precisa Estar, Urgentemente!)
Se Deus não tem contingências e sabe o que vai acontecer, então Ele, na
verdade, transcende e inclui o tempo na estrutura de sua existência.
(Uau… Mais uma tentativa audaciosa e pretensiosa no mundo de entender
e definir Deus, como se já não tivéssemos o suficiente delas)
Ele nunca precisou saber de fato o que vai acontecer, porque ele já está lá:
no futuro e no passado…
…De uma vez só.
Nós, por outro lado, precisamos urgentemente aprender a lidar com a
passagem do tempo, porque, naturalmente…
Vivemos “Dentro do Tempo”,
Por Isso Estamos à Mercê d’Ele!
É precisamente esse fato que me traz à questão central que quero discutir
aqui: os resultados possíveis da crença na Predestinação. Muita gente já
parou para pensar e falar sobre isso. Acho interessante trazer essa
discussão neste momento.
Quero elaborar aqui dois tipos de comportamento que podem se manifestar
com justificativa na crença sobre Predestinação.
O primeiro deles é…
Um Comportamento Completamente Auto-Destrutivo, Estagnante e…
Inconsciente!
Quando alguém acredita firmemente em predestinação, essa pessoa
usualmente entende, de antemão, o seguinte:
Não adianta lutar contra a vontade de Deus, porque Ele já sabe o fim de
tudo, e é Ele quem manda.
Se a predestinação é verdade, então isso faz sentido.
Daí, decorrem os dias daquela pessoa. Ela vive no seu canto, sem
incomodar ninguém, e de repente sente vontade de fazer alguma coisa
diferente.
Ela sente vontade de ousar.
Cheio de coragem, ela parte em sua empreitada. Derruba medos, barreiras,
indefinições… Supera obstáculos, conquista pessoas, inova com soluções
inimagináveis…
Mas por algum motivo que não vem ao caso, pode ser que algo fora dos
seus planos tenha ocorrido e isso fez com que sua tentativa tenha falhado.
Pode até ser que tenha sido…
Um Fracasso Verdadeiramente Retumbante!
O que muita gente poderia pensar neste momento?
“Xiiiii… Essa não é a vontade de Deus. Eu não estou predestinado a
isso.”
Talvez você tenha dito isso pra si, um dia.
Eu acho que quem pensa que pode adivinhar os pensamentos de Deus
corre o risco de ser mais “herege” do que eu, enquanto desafio as idéias
sobre predestinação.
Penso que a mente de Deus é impenetrável. Um dos motivos é exatamente
porque ela transcende e inclui o tempo. Não sei nem se deve ser chamada
de “mente”, ou se Deus tem uma “mente”.
Eu não sei nem se Deus tem “linguagem” ou “pensamentos”. Linguagem
limita as pessoas (pelo menos da maneira que conhecemos). E você sabe
que, se Deus existe, ele não tem limites.
Por isso, se você pensa que sabe o que Deus pensa...
Pare de Tentar Adivinhar o Que Deus Quer,
Porque Você Nunca Vai Conseguir!
E se conseguir, por favor pede pra Ele me ligar também, porque tenho
várias dúvidas que quero discutir pessoalmente com esse Cara.
Quando alguém começa a viver respeitando, acreditando e respondendo a
afirmações sem embasamento real e mensurável, essa pessoa está criando
uma deficiência de pensamentos. Assim, ela elimina a possibilidade da sua
mente trabalhar no seu potencial total.
Isso é muito mais sério do que parece… Pensar que “não é da vontade de
Deus que eu faça x ou y” é prejudicial. Você simplesmente pára. Você não
só começa a acreditar que “não tem jeito de fazer aquilo”, como também
começa a encontrar satisfação por ter obedecido ao que você acredita ser
a vontade legítima de Deus, quando talvez nem seja.
Talvez Ele pense o contrário. Quem é que vai saber, afinal?
Você entende a gravidade real deste problema?
Vamos falar um pouco mais sobre sua extensão.
Eu posso apostar que você vai gostar de absorver e digerir isso durante
horas, dias ou até mesmo anos:
Quando alguém acredita que é capaz de entender a mente de Deus e afirma
“Deus não quer que eu faça X”, esta pessoa coloca sua mente em um
universo de escolhas onde não existe mais chance de acontecer o que ela
queria no início.
Ou seja: ela praticamente dissipa o cordão umbilical com seu livrearbítrio, e coloca a responsabilidade de seu fracasso numa idéia que
achou que veio de “Deus”. Deus, afinal, foi quem deu a liberdade a esta
pessoa, em primeiríssimo lugar. Por que ela devolveria sua liberdade para
Ele?
Não apenas isso, mas essa pessoa ainda se dá por satisfeita por não estar
livre! Isso me lembra a seguinte frase:
“A maior prisão é aquela em que o prisioneiro acredita estar livre”.
Isso pode parecer assunto pra filme de ficção científica. Mas não se
preocupe, porque vai ficar mais estranho ainda:
Essa pessoa acredita que saiba realmente a vontade “verdadeira” d’Ele, e
pensa que esta sua forma de pensar seja completa e certeira. Mas na
“verdadeira verdade”, ela ignora que isto seja só a sua percepção pessoal
do mundo. Ela é vítima inconsciente de como aprendeu a fazer seu cérebro
processar informações.
Leia novamente a frase anterior. Com pausas, respiração e paciência…
Talvez esta pessoa até tenha passado direto de inúmeras evidências que
tentaram desesperadamente alertá-la para o contrário da conclusão que
ela chegou.
Talvez Fosse Deus Querendo Falar-lhe Diretamente,
Mas Ela Tapou Seus Ouvidos e Fechou Seus Olhos Sem Saber.
Talvez isso aconteça com algumas pessoas porque elas se distraem com a
novela das oito, ou com o último escândalo publicado nos jornais.
Ou sei lá.
Você é quem pode me dizer o que você tem feito com o tempo que Deus te
deu pra viver com toda plenitude que você sabe que merece.
O que penso a este respeito?
1. Nossas interpretações são só interpretações;
2. Muitas vezes as evidências são muito frágeis, mas acreditamos nelas
mesmo assim;
Se eu estou dizendo algo que não te agrada: lamento, eu sei que posso
também estar errado.
Também existe uma outra reação decorrente desse tipo de pensamento…
De pessoas que ficam “frustradas” com Deus. Já viu isso? Já viveu isso?
É mais comum do que aparenta. As pessoas que se dizem “frustradas com
Deus” só não sabem que o pensamento delas é, na verdade, uma
“suposição” do que Deus pensa.
Já ouviu aquele ditado… “Deus escreve certo por linhas tortas”?
Penso que Deus escreve certo por linhas retas, lindas e perfeitas. Nós é
quem lemos suas obras de uma maneira muito, muito torta.
O segundo tipo de resposta causada pela crença na Predestinação é…
O Comportamento Focado, Repleto de Energia,
Com Um Potencial de Realização Inacreditável!
Posso me enganar, mas algo me diz que é esse o tipo de resposta que você
tem interesse em desenvolver.
Imagine alguém que teve lá aquele fracasso absurdo do qual falei
anteriormente.
Agora, essa pessoa está seguindo sua vida, e algumas pessoas à sua volta
continuaram dizendo que “não era mesmo a vontade de Deus” que ela
fosse naquela direção.
O que acontece, então?
Do nada, intimamente, ela se dá conta e sente que sempre soube que Deus
tem um plano na sua vida, e que este plano é grandioso. Ou talvez ela
precisou de um pastor, padre ou pai de santo pra dizer-lhe isso, porque...
Tem muita gente que precisa de outras pessoas dizendo a elas o que
podem ou não podem fazer!
É triste, mas é verdade.
Mas, qualquer que seja a maneira como esta verdade tenha chegado, ela
traz uma energia realmente inacreditável pra quem a absorve. De posse
dela, essa pessoa pode atropelar as evidências falsas de que Deus “não
quer” que ela seja feliz fazendo o que ela realmente quer fazer.
Com isso, ela deixa de focar seus pensamentos no que Deus estaria
pensando. Isso porque ela já espera que Ele saiba que vai dar tudo certo no
futuro.
O efeito de ter acreditado na predestinação se inverte, e o exato oposto do
que acontecia antes passa a acontecer a partir de então. Agora, essa pessoa
tem plenas faculdades e motivação para seguir em direção ao seu destino
de forma praticamente inabalável. E, de tanto tentar (de várias formas
diferentes, uma após a outra), ela acaba conseguindo.
UFA!
Acreditando que Deus desejasse que tudo desse certo, ela simplesmente
“cortou o caminho”. Concluiu de forma instantânea e natural que o
problema não está no que Deus pensa, mas sim na estratégia que ela teria
que usar para realizar o que queria realizar.
Isso pode soar óbvio… Mas é com um amontoado de coisas óbvias que a
gente emperra às vezes.
PÁRA TUDO!
Se você observar, nos dois casos, a mesma crença na Predestinação mudou
radicalmente a resposta e a capacidade de realizar o que se quer:
• No primeiro caso, a pessoa reagiu como se a Predestinação fosse um
cadeado que inibia e trancava suas faculdades e habilidades;
• No segundo caso, a pessoa reagiu como se a Predestinação fosse uma
chave que liberava suas capacidades;
Repare que as duas crenças não tiveram embasamento real ou científico
nenhum… A não ser o embasamento da fé. A única coisa que mudou entre
esses dois cenários foi a maneira como a pessoa encarou o conceito da
Predestinação.
Mudando-se a ótica, inverte-se percepção da realidade, a motivação e os
nossos resultados. Eu acho isso impressionante, e concluo o segundo efeito
desastroso da predestinação:
A Idéia da Predestinação, Sozinha,
Não Pode Fazer Você Conquistar Seu Melhor Destino!
É o que você faz com o conhecimento sobre a predestinação que te ajuda a
resolver o mistério.
Eu iria mais longe, para sacramentar minha heresia de vez:
Predestinação é irrelevante na solução do destino das pessoas.
Eu sei… Predestinação é um conceito que existe há séculos, e existe uma
multidão de gente super apegada a ele.
Sinceramente, que me perdoem os fiéis: eu não dou a mínima para as
dúvidas que as pessoas tentam inventar sobre esse assunto. Assumo que
Deus quer o meu melhor, e vou à luta. Se o que quero for justificadamente
bom pra mim e pros outros, porque Ele não iria me deixar perseguir o meu
alvo preferido? Ele seria algum tipo de “chefe pentelho”, por acaso?
Pode até ser que nós nunca consigamos chegar onde queremos, de
verdade… Mas isso é assunto pra uma outra hora. Eu sei que esse assunto
é controverso, contraditório, polêmico e até atrator de inimizades em
algum ponto.
Mas… E se for meu destino? Como eu posso negá-lo?
Entende a ironia?
Esqueça a Armadilha da Predestinação!
Pegue Um Atalho e Vá Direto à Fase da Atitude!
Acredito que pensar no que “Deus estaria pensando” sobre seu futuro é
pura perda de tempo - a não ser que isso lhe dê energia para seguir em
frente.
Você não tem como saber o que deus QUER pro futuro. Apenas pode saber
o que Deus QUIS, depois que aconteceu. Mesmo assim, isso ainda é fé e
não pode ser provado.
Com tudo isso, vou finalizando esta conversa estabelecendo que eu espero
que você tenha uma vida construída como você quer. Porque você já tem a
aprovação de Deus, desde antes de você nascer.
Eu acredito que esse é o tipo de assunto sobre o qual todo mundo devia
refletir, justamente pela relevância pros nossos dias tão incertos.
Se você também acredita nisso, gostou do que leu aqui e achou que há
valor nessas páginas, gostaria de te convidar para conversar sobre este
assunto e levantar essa discussão com um grupo de amigos. Quem sabe se
mais coelhos não saem desta cartola?
DELÍRIO #16: Como evitar a destruição dos seus
relacionamentos mais valiosos através da eliminação
de 4 mentiras que seu cérebro conta todos os dias para
você?
Este post devia se chamar Prova Irrefutável da Cegueira Humana…
Aposto que você vai amar ler isso essa reflexão.
Temos um cérebro realmente fenomenal, capaz de inúmeros feitos
fantásticos. Através dele, fazemos o que nenhuma outra espécie viva no
planeta inteiro fez: construímos prédios e catedrais gigantescas, aviões, e
até transatlânticos com salas de cinema dentro.
Esse mesmo cérebro, capaz destas coisas totalmente fantásticas, também
faz o que nenhum outro ser vivo consegue fazer: nós conseguimos mentir
para nós mesmos, destruir esses mesmos prédios, catedrais e
transatlânticos com salas de cinema dentro.
E não é pouco.
A lista a seguir é de algumas das mentiras “campeãs de audiência” da
nossa atenção. Coisas que nosso cérebro nos conta, que motivam muitos
dos nossos atos destrutivos. Cuidado para não se deixar levar por elas, pois
acontecem a todo instante. Em vários anos estudando estes fenômenos,
fico às vezes decepcionado com o quanto isso nos afeta em larga escala,
como sociedade.
Mentira #1: De Que Você Presencia Tudo O Que Acontece
(Mesmo Que Você Esteja Lá)
Quando alguém demonstra a você um determinado comportamento ou te
fala alguma coisa, você começa a tirar significados do que percebe. Para
entender melhor quaisquer destes comportamentos dos outros, você
precisa entender antes o que você, pessoalmente, faz com essas
percepções.
A primeira coisa que acontece é você apagar involuntariamente uma parte
deles. Você recebe apenas o “essencial” da comunicação. Nota: este
essencial da comunicação é a informação que você acredita ser essencial.
Suas percepções estão sempre de acordo com as suas crenças. Portanto,
você não apenas “capta” idéias do mundo externo e as lê de maneira
imparcial, mas também projeta as suas próprias idéias na leitura que faz de
outras pessoas. É, essencialmente, impossível eliminar este efeito. A idéia
de que podemos ser completamente imparciais em nossas percepções pode
ser linda, mas na prática ela é, pura e simplesmente, impossível.
Ou seja, desde o primeiro momento, você já corre o risco de partir do
princípio errado e apagar a informação que importa de verdade, acabando
com todo o restante do processo de interpretação e reação.
Talvez um dia você tenha tido certeza de que sabia EXATAMENTE o que
alguém tivesse feito… Pra depois entender que não tinha visto direito. Já
passou por alguma situação como essa?
É bem normal isso acontecer, sabemos todos.
Mentira #2: De Que Você Consegue Se Lembrar de Uma Vida Inteira
Em Alguns Poucos Segundos
A segunda coisa que acontece é você começar a comparar o que sobrou
dos sinais que recebeu com a sua estrutura pessoal de significados, que é
grande, complexa, abrangente e cheia de detalhes e nuances, mas que seu
cérebro lhe faz acreditar ser simples, pequena e fácil de navegar. Isso
também é normal.
É impressionante a gente acreditar com tanta firmeza que pode julgar as
situações e as pessoas com a “nossa grande experiência de vida”.
Nós vivemos décadas armazenando uma pequena parte das evidências que
o mundo nos dá, e temos segundos pra dizer a nós mesmos que
comparamos com segurança o que percebemos com todas essas décadas.
É um fato para qualquer ser humano normal que nós esquecemos a maior
parte do que aconteceu na semana passada... Imagina se nós podemos,
mesmo, dizer que podemos nos lembrar de tudo que aconteceu em nossas
vidas? Isso é um absurdo.
Talvez um dia você tenha dito pra alguém algo do tipo “nunca me
machucaram assim antes”… E depois se arrependeu de ter dito isso,
porque lembrou de até ter machucado essa ou uma outra pessoa com a
mesma intensidade de antes.
Pois bem. Isso também é normal.
Mentira #3: De Que Você SABE Tudo O Que Acontece
(Inclusive Quando Você Não Está Lá)
Depois que confiamos nas duas primeiras mentiras, vem a terceira mentira:
começamos a inventar os motivos pelos quais as pessoas agem do jeito que
elas agem conosco.
Mesmo sem às vezes nunca ter prova do que inventamos, nós nos
comportamos como se essas coisas fossem verdades completas.
Detalhamos essa história, acreditamos nela e a vivenciamos em nossas
mentes, como se elas estivessem acontecendo lá fora, no mundo.
Você já viveu uma situação em que você tinha certeza de que alguém
tivesse feito algo… E você, antes de ter certeza disso, esqueceu de lembrar
que na verdade nem sequer estava presente para ver… Para depois
descobrir que essa pessoa estava fazendo o exato oposto do que você
acreditava que ela tivesse feito?
Isso também acontece muito. É normal.
Mentira #4: A Ilusão Auto-Imposta de Que Você Está
do Lado “do Bem” em Tudo Que Faz
(E Quem Não Concorda Com Você, Está do “Lado do Mal”)
As mentiras que produzimos anteriormente contribuem muito para essa
última ilusão. Por termos tanta certeza nas mentiras de que:
1. Sabemos tudo que acontece de maneira completa e imparcial,
2. Conseguimos julgar tudo baseando-nos em toda nossa experiência e
3. Sabemos em absoluto como as pessoas são por dentro
Temos uma mania muito grande de acharmos que estamos sempre do
“lado do bem”.
Com tantas mentiras vividas, nós simplesmente criamos a incrível
capacidade de olhar tudo o que reprovamos e dizer: “isto é ruim” ou “isto é
errado”.
Não necessariamente. Se este último traço de engano parece o mais
ingênuo, ele não é. Pense no grupo de pessoas que excluem outras pessoas
pelos mais diversos motivos e você terá uma imagem clara do quanto esse
fenômeno está presente.
Você já se viu olhando uma situação com alguém que você sempre amou e
valorizou muito e começou a dizer a si mesmo coisas que te fizeram passar
a detestar essa pessoa por pelo menos alguns segundos, de uma hora pra
outra?
Isso também é bastante normal. Acontece com cada um de nós. Eu, você,
todo mundo. É rara a habilidade de não demonstrar esse tipo de
comportamento, e muitas das pessoas que eu vi, orgulhosamente, dizendo
que não cometem este tipo de erro, são pessoas que, na verdade, não
percebem quando o estão cometendo. Tornam-se, subitamente, cegas aos
próprios comportamentos! Totalmente inconscientes do momento.
Como Isso Tudo Pode Destruir Sua Felicidade?
Como muitos outros fenômenos dos nossos relacionamentos (com o
mundo, ou com nós mesmos), o fato dessas mentiras serem normais e
corriqueiras não as faz serem saudáveis.
Muito pelo contrário. Elas precisam ser rigorosamente evitadas com um
exercício de auto-percepção e reflexão sobre nós mesmos.
Pessoas que se pautam por padrões medíocres vão dizer: “ah, mas isso é
tão normal... Faz parte da vida... Não preciso fazer nada a respeito... As
coisas são assim mesmo... Eu não sou diferente de ninguém... Isso é muito
difícil...”
Porém, eu sei que não escrevo para pessoas medíocres. Por isso,
precisamos encontrar formas progressivamente superiores e facilitadas de
estarmos em harmonia com nossos pares. Somente uma atitude de
humildade e reconhecimento da possibilidade de auto-engano pode nos
trazer a paz duradoura que merecemos como seres humanos.
É o que filósofos e cientistas chamam tecnicamente de dar a si mesmo o
benefício da dúvida. Mas nem sempre é fácil alimentá-lo. Portanto, a
próxima pergunta que nos fazemos é...
Qual É A Solução possível Para Aplacar Tantas Mentiras?
O que fazer, se nós estamos na maior parte das vezes investidos e “cegos”
a esses processos que acontecem dentro da nossa própria mente? Como a
gente pode evitá-los? Vivemos uma vida inteira com histórias fantasiosas
muitas vezes inventadas completamente do nada. Como expulsar esses
fantasmas e demônios?
Um dos segredos que vai te dar segurança para evitar essas mentiras e
ilusões é temperar tudo com um pouco dessa dúvida. Ter certeza absoluta
de como as coisas são não resolve nada.
Na verdade, a certeza absoluta é um elemento completamente irrelevante
na resolução de um conflito de relacionamentos, a não ser que seja uma
certeza compartilhada por todos os envolvidos no conflito. Manter sua
certeza sozinho pode fazer bem para sua auto-afirmação, ou para as
ciências matemáticas, mas raramente vai ser suficiente para recuperar a
confiança de outra pessoa.
Não confunda pessoas com computadores. Se fôssemos tão exatos, não
precisaríamos tê-los inventado. Pessoas precisam menos de certeza, e
muito mais de perdão. Eu, você, seu próximo… O mundo inteiro.
O máximo que você pode fazer com uma excelente “certeza absoluta” é
machucar quem você ama (como se você lhe desse uma facada
emocional). Ainda mais se você estiver certo mesmo.
O Que Fazer Para Apoiar (Talvez Até Garantir)
O Seu Direito Ao Benefício Da Dúvida?
Seguem algumas perguntas pra colocar seus processos em cheque:
Quando você viu alguém se comportando de uma determinada forma que
te magoou seriamente em um determinado momento, você…
•
•
… Procurou colocar na sua balança pessoal a maneira com que essa
pessoa lhe agradou em todos os outros momentos?
… Procurou refletir sobre isso profundamente, dizendo somente a si
mesmo, exatamente, tudo o que pensa? Talvez até mesmo
escrevendo, fingindo que a pessoa está na sua frente, ou fazendo uma
meditação?
•
•
•
… (solução óbvia, mas necessário relembrar pra quem é cabeça
quente) Procurou verificar com a própria pessoa, verbalmente, se a
intenção que você acredita que ela tenha seja a intenção real dela?
… Procurou saber se você tem provas visíveis e perceptuais de
alguma conclusão que você tirou ou de alguma cena que você
imaginou acontecendo?
… Procurou saber se você não está julgando o problema comparando
tanto com piores casos quanto com melhores casos na sua
experiência pessoal? Existem pessoas que fazem verdadeiras
tempestades em copo d’água, e qualquer coisa que saia dos eixos é
motivo para a máxima dose de crise, choros, brigas e gritarias. Tenha
certeza de “calibrar” muito bem sua escala emocional, para que
somente os eventos mais drásticos tenha as reações mais drásticas.
Essas são algumas perguntas pertinentes e concretas, para tirar alguns
“fantasmas” que aparecem por aí, na cabeça da gente. O mundo, no fim
das contas, é uma ilusão. Estamos menos conectados do que imaginamos,
e muito mais interligados do que sabemos.
Além disso, fica o recado: essa não é a lista completa. Nem de longe.
Muitas coisas esquisitas acontecem para que tenhamos uma visão estranha
e distorcida do mundo onde a gente vive. É a bênção e a vulnerabilidade
de sermos seres humanos.
Que outras maneiras você utilizaria para dar-se mais ainda o “benefício da
dúvida”?
DELÍRIO #17: Dica rápida, contra-intuitiva e polêmica
para decifrar o mistério do egoísmo (seu e dos outros)
Se você pensa que ego é uma coisa inerentemente ruim, continue lendo.
Este artigo vai colocar mais perspectivas nos seus pensamentos. Mais
“água no seu feijão”, para alimentar não só seu intelecto, mas também sua
alma.
Eu sei que muitas pessoas vão dizer que sou louco por pensar nestas
coisas. Afinal, esta é uma definição rebelde e controversa de uma das
palavras mais complicadas do vocabulário dos relacionamentos. Esse texto
não é recomendado pra quem se recusa a olhar outros pontos de vista que
não os seus próprios. Ou seja: não foi feito para egoístas lerem.
Uma das pessoas que originalmente leram este texto disse: “em toda a
minha faculdade de Psicologia, eu nunca vi o ego tão bem explicado
quanto neste texto”. Isso foi bastante lisongeiro pra mim, porém ao lançar
esta reflexão para um público maior, espero colocar esta percepção à
prova.
Esse texto não descreve nenhuma verdade final ou absoluta, porque eu não
acredito que seja realmente possível ter “a verdade final” sobre este
assunto. É, antes, uma forma de espanar a poeira de um conceito já antigo,
que nunca foi desafiado. E também de iniciar uma conversa interessante,
profunda e necessária.
Iniciando Com Um Tratamento de Choque Nas Crianças Mais
Mimadas do Quarteirão
Vamos começar com isso: se você nega ao próximo o direito de pensar em
si mesmo, e até fica nervoso só de ouvir falar em egoísmo, ou aponta o
dedo com força, raiva e decisão pra chamar outras pessoas de “egoístas”,
pode significar que você seja o egoísta nessa sala.
Isso porque almas caridosas são extremamente gentis ao entenderem que
as únicas pessoas que lutam para não perderem seus brinquedos
prediletos são as crianças, que não entendem que o mundo não se resume
às suas preferências.
Talvez você possa apenas ser suficientemente egoísta para acreditar que os
outros precisam pensar em você também, ainda mais depois de tudo o que
você fez pelos outros… Ah, as armadilhas do egoísmo. Nós caímos nela
todos os dias.
Eu sei que isso é chocante demais para muitas pessoas. Mas eu não estou
aqui pra falar o que as pessoas querem ouvir. Com esse texto, estou pra
dizer o que eu acredito que muitos precisam discutir.
O ego é uma espécie de distinção psicológica, que nos dá motivação e
autonomia para navegar por esse mundo. Sem ele, não nos
diferenciaríamos, não teríamos limite ou individualidade. Precisamos saber
o que faz parte de nós, e também o que não faz parte. Vejo o ego como
aquela porção de nós que nos permite a individualização e o ser, de fato.
Sem o ego, não somos.
Muitos diriam que o ego só separa as pessoas. Porém, ele também inclui.
Curiosamente, muitas vezes, ao afastar, ele inclui. Se eu afasto de mim a
hipótese de alguém me ofender - por mais duras que sejam suas palavras eu estou incluindo em minha vida, amigavelmente e de maneira pacífica,
todas as pessoas que não sabem se comunicar sem dirigir ofensas.
O Ego e Deus… Ou: O Ego É Deus
Em variados textos religiosos, existem passagens onde os autores disseram
que, supostamente, ouviram as vozes de Deus, definindo a si mesmo como
“o grande Eu Sou”, entre outras variantes da mesma idéia. Mesmo entre as
correntes politeístas, temos a representação do “eu superior”, da
individualidade, na figura de um deus, dentre tantos outros.
Penso que essas representações míticas são a própria encarnação do ego,
da capacidade de diferenciação do resto. E nós, segundo correntes de
sabedoria milenares, somos feitos à imagem e semelhança d’Ele.
Não quero discutir aqui a veracidade dos textos religiosos, porque fé é um
assunto muito sensível, cada um tem a sua. Apenas ressalto a presença e o
grau de importância dessas definições desde os tempos imemoriais. Sendo
verdadeiras ou não, é fato que nossa preocupação com a individualidade (e
o valor que damos a ela) foi um dos primeiros problemas que a nossa
consciência criou e procura resolver até hoje.
Definindo “Egoísmo”
Egoísmo é o hábito de pensar para si e a partir de si próprio. Ele é
regularmente considerado “prejudicial” pelo senso comum. Normalmente,
consideramos egoísta aquela pessoa que não gosta de compartilhar suas
coisas, que acumula riquezas e bens materiais sem se preocupar com o
bem estar do próximo. Isso pra mim deveria se chamar egoísmo ruim.
Tenho uma definição própria para a palavra “egoísmo”. Essa definição tem
tudo pra abrir novos caminhos pra você, assim como fez por mim.
Um efeito colateral da sua própria capacidade de se distinguir do mundo é
a admiração por si mesmo, pois nada no mundo inteiro pode representar
quem você é, a não ser você mesmo. Você é uma pessoa rara por definição.
Raríssima. Só existe um de você no mundo. Além disso, só você tem o
controle sobre si próprio, e você é a única pessoa que você controla.
Muitas pessoas declaram que não têm o controle de si próprias. Essa é uma
outra questão que envolve consciência sobre si próprio, educação e
responsabilidade. Não vem ao caso nesta discussão.
Na minha concepção, é essa admiração por si mesmo, somado ao seu autocontrole, que gera o processo “egoísmo”, que será definido a seguir. Essa
admiração pode ser providencial ou prejudicial, dependendo não só da
pessoa, mas principalmente do contexto, ou entorno.
Quando É Bom Ou Quando É Ruim?
Assim como Narciso, que havia se apaixonado por sua própria face
refletida na água, você segue sua vida analisando e aperfeiçoando sua
auto-imagem, aprendendo, melhorando e colecionando novos atributos e
qualidades (boas ou ruins). Isso é egoísmo. Um processo natural do
homem.
Você, em última instância, quer preservar sua individualidade. Quer
preservar seu direito de ir e vir, de liberdade, e isso é um ato de egoísmo.
Já o comportamento que você adota pra demonstrar sua individualidade é
fruto dos seus valores, daquilo que importa pra você. É nesse ponto onde o
egoísmo pode se tornar prejudicial.
Um Homem de Grande Fé Pode Ser Considerado Egoísta?
Saca só essa história…
Um homem e uma mulher vivem uma grande história de amor em uma
pequena vila do Nepal. Casados, juraram carinho e companhia eterna um
ao outro. Juntos, dão a luz a cinco filhos, todos muito amados desde o
nascimento.
O pai era pobre, mas sustentava toda a família com muito suor e sangue.
Em um dia qualquer, resolve abandonar de toda sua vida “terrena” e
superficial para se dedicar à meditação e aos serviços de um templo
sagrado no alto de uma montanha gelada…
Você Já Viu Isso Em Incontáveis Filmes, Certo?
O que você provavelmente viu poucas vezes vem agora.
Por causa de seu abandono, seus filhos passam muitos anos de fome. Sua
esposa morre de depressão pela falta do marido. O filho mais velho, dez
anos depois, resolve procurar o pai no templo, para arrancar dele
respostas pela sua atitude.
Chegando lá, encontra o pai sendo condecorado… Uma honraria sagrada
especial, por mais um passo em direção à “liberação do seu ego”. Ele
passa a ser considerado um santo, e já até operou alguns milagres que se
espalharam em histórias pelas cidades vizinhas.
Você Chamaria Esse Santo Um “Egoísta”?
Nesse ponto, é certo as opiniões se dividirem. Muita gente vai dizer que,
se ele não fosse egoísta, continuaria com sua mulher e filhos, e os serviria
até o dia de sua morte.
Outras pessoas diriam que ele estava certo, que tudo fora preparado antes,
que era sua missão especial divina… Que a lei do Karma vai cuidar dele,
que ele vai receber o retorno necessário ou então que ele teve uma atitude
muito nobre e corajosa.
Muitas Histórias e Interpretações Surgirão, Uma Para Cada Pessoa…
Qual É A Sua Verdade?
E quanto às autoridades do templo? Sua opinião e seu julgamento não têm
razão de ser? Esse monge agora é alguém mais próximo da liberação de
seu ego, segundo os parâmetros daqueles que lideram o templo sagrado.
Ele até operou milagres, em nome da divindade que serve.
Supondo que o monge tenha ficado plenamente satisfeito com a conquista
de seu objetivo, podemos dizer que foi o próprio egoísmo que o levou a
atrair para si o título de um homem “liberto do egoísmo”? Com essa
honraria, ele se torna um dos homens mais distintos de sua sociedade
local. Muito reconhecido. Feliz com sua própria imagem. Ou pode ser que
ele acredite que não se importa com sua própria imagem. Mas, certamente,
está pronto para seguir os próximos passos que seu egoísmo lhe ditar.
Nosso Mundo É, Essencialmente, Fruto do Nosso Próprio Egoísmo
Uma concepção simples que talvez você queira guardar: egoísmo é o
processo de serviço à individualidade. Ele só será bom ou ruim do ponto
de vista de quem sofreu ou foi beneficiado por esse serviço.
Estamos o tempo todo mergulhados em um processo egoísta, de distinção
de nós mesmos. O bom egoísmo é aquele que, além de distinguir você
como você preferir, torna as pessoas à sua volta mais sadias e felizes.
Se na sua cabeça o egoísmo é o principal responsável pelas crises
mundiais, tenha em mente que ele também é um dos maiores responsáveis
pelas coisas boas que acontecem. Não renegue seus próprios desejos.
Antes, torne-os sadios para quem estiver à sua volta.
O objetivo desse artigo não é, necessariamente te livrar do egoísmo,
porque de acordo com essa definição da qual eu particularmente gosto,
isso é tecnicamente impossível. A única coisa que eu pretendi “cortar fora”
foi a idéia de que o ego é inerentemente ruim. No fundo, ele é apenas um
processo, como tantos outros que temos acontecendo dentro de nós. Muita
paz e um “egoísmo sustentável” para você, por toda sua vida!
DELÍRIO #18: Como dar conselhos excelentes sem
levar patadas?
Este texto retoma a conversa sobre as chaves e diamantes. Às vezes nós
estamos vendo alguém que, claramente, precisa de algum tipo de ajuda. Às
vezes, o problema está claro para nós mesmos, e quando vamos manifestar
nossa opinião, levamos aquela bronca. Aquela grande “porrada”, que faz a
gente se arrepender de ter nos manifestado. Até mesmo amizades,
romances, famílias… Um monte dessas relações terminam por causa de
conselhos mal colocados, muitas e muitas vezes por ano.
Já aconteceu isso contigo? Posso apostar que sim, em algum grau. Todos
nós, que estamos ligados em melhorar o mundo em que vivemos, temos
esse grande dilema: como ajudar alguém que está fechado para ajuda?
Estas são algumas técnicas que trarão mais segurança pra que você possa
afetar a vida das pessoas à sua volta.
Conselhos: Se Fossem Bons, Não Seriam Dados, Mas Sim, Vendidos!
Antes de mais nada, é preciso se atentar pra esse ditado, porque ele tem o
seu valor. Quantos maus conselhos são dados todos os dias? Quantas
pessoas invariavelmente mandam outras pessoas para o buraco por causa
daquela palavrinha, que era pra ser amiga, mas acaba sendo destrutiva?
Esse ditado surgiu, obviamente, porque a quantidade de maus conselhos é
realmente gigantesca. Você já recebeu um mal conselho e sacou na hora?
Aposto que sim. A gente tem uma mania muito feia de achar que está
sempre certo, e impulsivamente sai por aí metendo o bedelho na vida dos
outros, ou chutando o bedelho dos outros da vida da gente…
É como se diz: de médico e louco, todo mundo tem um pouco. Acho que
temos um bocado de “juiz” também.
“Tome Conta da Sua Própria Vida!” – Já Ouviu Essa?
Um belo dia estava conversando com duas grandes amigas, quando uma
delas me pediu opiniões sobre sua carreira. Como sua área era uma das
minhas especialidades, comecei a trocar idéias com ela. Quando terminei,
a outra delas também me pediu uma opinião.
Eu sabia que a segunda amiga não era muito fã de críticas ou opiniões. Na
verdade, eu sabia que ela detestava receber críticas. Sabendo o que viria,
neguei seu pedido umas três vezes, até que ela pediu minha opinião com
tanta ênfase que eu não pude negar.
Eu sabia que ia levar uma patada. Eu nem entendia da área dela, mas ela
queria saber o que eu pensava. Antes de me manifestar, deixei que ela
pedisse com muita vontade. Quando eu disse o que achava (com todas as
boas maneiras possíveis), fui xingado e insultado. Ela ficou nervosa
comigo. Mas eu tinha uma cartada: lembrei-a de que ela havia pedido, e de
que eu não queria dar qualquer conselho. E ela ficou, naturalmente, sem
reação.
Isso lhe é familiar? Já foi insultado por alguém que lhe pediu uma opinião
sincera sobre um assunto?
O Melhor Conselho de Todos (Na Minha Sincera Prática e Opinião)
Existe alguma forma de apoio que seja universal? Algum princípio que
possa ser usado em qualquer caso, em qualquer relacionamento? Na minha
opinião, existe. É simples demais, mas não necessariamente fácil de ser
praticado, porque muitas vezes não estamos preparados para uma tarefa
tão singela e óbvia, ao mesmo tempo que profunda e eficaz.
Existe uma diferença entre resultados reais e resultados percebidos. Esse é
o tipo de técnica que nas primeiras vezes não tem um resultado visível – o
resultado real está bem longe dos olhos, perto do coração e perceptível ao
longo do tempo. Quanto mais você pratica, mais visíveis, profundos e
duradouros tornam-se os resultados.
Também sei que é perigoso generalizar. Ou melhor, eu sei que esta não é a
melhor técnica para todas as horas. Mas no meu caso, eu a uso muitas e
muitas vezes com sucesso, a ponto de compartilhar, confiando que você
também pode melhorar muito sua comunicação.
Eu tenho a crença de que a atenção é a maior de todas as nossas riquezas.
Melhor do que qualquer conselho dado, é preciso atenção para se resolver
qualquer problema. E a falta de atenção gera um problema crônico em
relacionamentos.
Quão Eficaz É Doar Sua Atenção a Quem Precisa?
Com esse princípio na cabeça, muitas vezes ao invés de verbalizar
qualquer postura, eu simplesmente me coloco ao lado da pessoa que
precisa de ajuda. Fisicamente ao lado. O papel do olhar é extremamente
importante.
O corpo precisa estar voltado na direção do outro. Talvez uma mão no
ombro, ou quaisquer gestos que você se sinta confortável, percebendo que
o outro também se sente confortável com isso, e que está relaxado quando
você o toca. O contato potencializa mais ainda a eficácia da atenção.
Não adianta “ficar ali por perto” somente, dando atenção a qualquer coisa
em volta, como um televisor ligado, um computador ou rádio. É preciso
dirigir sua atenção ao outro. Não preciso dizer que a atitude interior
precisa ser de compaixão. Essa atitude é rara como ouro no mundo em que
a gente vive.
Resultados do “Conselho Silencioso”
Todas as vezes em que coloquei esse princípio em prática, fui muito bem
sucedido em dar conforto à pessoa que precisava dele. Muitas vezes até eu
mesmo acabo me confortando com essa prática. É uma espécie de
“conselho silencioso”, que diz algo como “estou aqui pro que você
precisar, não importa o que tenha acontecido ou o que venha a acontecer”.
Essa prática, sozinha, deixa a outra pessoa mais receptiva a quaisquer
idéias que você possa ter no futuro. Isso aprofunda a significância de um
relacionamento e sensação de confiança.
Se após realizar isso você for manifestar quaisquer das suas idéias,
certifique-se somente de que a liberdade continua nas mãos de quem você
quer ajudar. Quando tentamos impor alguma coisa a alguém e nos
investimos emocionalmente nisso, demandando em qualquer grau que o
outro siga obedientemente nossas instruções, deixamos mais uma nova
porta aberta para a decepção.
Decepção é o que eu quero te ajudar a evitar com essa conversa. Espero ter
sido bem sucedido em lhe fornecer mais maneiras de lidar com o caso.
DELÍRIO #19: Quais são as 4 fases cíclicas de um amor
complicado e como interrompê-las?
Se você sente arrependimentos frequentes por decisões de relacionamentos
amorosos, é possível que esta reflexão tenha a ver com o seu caso. Eu
estava conversando com uma pessoa muito querida, quando ela me contou
várias razões pelas quais deseja voltar para um possível amor da sua vida.
Ela é alguém que luta pelo seu amor o tempo todo, que diz que eles são
feitos um pro outro… Essas coisas.
Não vou entrar em detalhes sobre quais são exatamente as razões do casal,
mas existe um padrão interessante nos relacionamentos, pelo qual muita
gente já passou, e que eu quero comentar aqui. Eu mesmo já estive dentro
dele, e o que quero é que você, assim como eu e várias pessoas que
conheço, ganhe alguns insights úteis para evitar esse padrão.
Relacionamentos “Iôiô”… Conhece Alguém Assim?
A primeira coisa que devo destacar é que essa pessoa, assim como muitos
de nós quando estamos em relacionamentos amorosos complicados, vive
num “vai-e-volta” que parece não ter fim. O casal junta, separa, junta,
separa… Em um ciclo que a gente até consegue prever qual será a
“próxima parada”:
O destino dessa rotina é um dia saturar: ou o casal fica de vez, ou separa
de vez. A ficha cai, mas costuma demorar bastante. Fica aquela sensação
de tempo perdido, sabe? Então, no fim desse ciclo, duas emoções muito
comuns entram em jogo: a tal resignação e o arrependimento. Vamos
analisar a história de um relacionamento desse tipo. No diagrama acima
estão as quatro fases de um típico amor complicado.
Cabem aqui algumas observações:
1. A vida a dois é uma fase contínua, preenchida ao longo do tempo por
insatisfações
2. A separação é um evento causado pela saturação de pelo menos uma
das partes. O bom e velho “Chega! Não aguento mais!”
3. A vida em separação é contínua e preenchida por saudade e
insegurança
4. O momento da reconciliação é um evento motivado pela falta da
companhia do outro, e é publicamente famoso por ser um dos
melhores momentos que alguém pode viver na vida.
Você Prefere a Reconciliação ou a Redenção?
Sério… Quem nunca ouviu falar que o “amor da reconciliação” é o melhor
que existe? Na minha análise, esse é momento de “pico” de um
relacionamento complicado, porque até que ele aconteça, três outras fases
cheias de turbulências rolaram. E viver em turbulência não é viver feliz.
A idéia do “amor da reconciliação” como um dos melhores da vida de
alguém é uma farsa. Quem vive apenas pra se reconciliar desconhece a
beleza do amor diário, de longa vida, sem conflitos, ou pelo menos com
conflitos que são resolvidos a dois de maneira completa e permanente.
Se você observar o diagrama, vai perceber que esse ciclo pode ser dividido
em duas metades, esquerda e direita. Há quem diga que uma das metades
pode ser a “bonança” e a outra metade é a “tempestade”. Eu quero saber de
você: qual das duas você acredita ser a bonança, e qual das duas é a
tempestade?
Você Se Sente Numa Prisão Quando Está Com o Seu Amor?
Certos casais, ao viverem juntos, parecem querer controlar um ao outro.
Existem certas regras que induzem reclamações na vida a dois. Coisas do
tipo: “nós só podemos sair se for juntos”, ou “ele(a) não colabora comigo”,
ou “ele(a) dá mais atenção aos amigos do que a mim”.
Seja qual for a reclamação, ela parece ser especialmente presente enquanto
o casal vive junto. Alguns problemas nunca são resolvidos, e já que
sempre provocam discussões, esses assuntos muitas vezes são até evitados.
Fica aquele “climinha”, sabe? Tipo, você percebe que tem algo estranho no
ar, mas a outra pessoa diz: “não foi nada”. Isso satura. Satura muito.
Ninguém merece viver assim.
Muitas vezes o que dirige esse comportamento de “colocar a sujeira
embaixo do tapete” é a crença de que, se “ignorarmos o elefante no meio
da sala, ele irá embora”. Ou seja: se tentarmos esquecer o assunto, ele se
resolve sozinho.
O problema é que isso não é verdade para todos os casais. De fato, esses
assuntos mal resolvidos podem gerar neuroses. Pode ser difícil esquecer
esses problemas, e eles ficam “pintando” na cabeça, várias vezes por dia...
Como em um conta-gotas, até se tornar uma tortura chinesa, testando a
paciência de cada um, dia após dia.
Obviamente, continuar nesse estágio pode fazer você pensar: esse não é o
amor da minha vida. Não é a pessoa com quem eu deveria estar.
Quando Você Separa, Vive Morrendo de Saudades?
No momento em que se encontram longe um do outro, os pombinhos
morrem de amores. Após um breve momento de satisfação inicial (que é
muito breve mesmo), começam a surgir as grandes dúvidas… “Será que eu
fiz certo?”, “será que eu sou uma pessoa boa?”, “será que é mesmo ele(a) o
amor da minha vida?”, “Será que a gente precisa mesmo voltar?”, “Será
que a gente vai dar certo um dia?”
Mesmo separados, dá aquela vontade de saber do outro. Aquela
insegurança… “Será que eu vou perder essa pessoa? E se eu nunca mais
conseguir alguém assim? Ele era desse jeito, mas pelo menos ele fazia
aquilo que eu gosto tanto…”
Não preciso dizer que é o aumento dessa insegurança, aliado à saudade do
contato e do próprio amor um pelo outro que faz o casal retomar o
relacionamento… No dia do grande reencontro, acontecem promessas,
juras, pedidos de perdão dos dois lados, o desejo pela quentura da pele do
outro finalmente saciado… Os dois são um, novamente. Finalmente, o ato
da consumação do amor na reconciliação do casal. Ah, o amor!
Nota: não se preocupe se você sentiu certos “calores” quando leu esse
último parágrafo. Muita gente vai sentir também.
Quais As Consequências do Fim Desse Ciclo?
Como eu disse anteriormente, é comum essa rotina saturar um dia. E aí,
das duas, uma acontece: ou o casal fica de vez, ou separa de vez. Mas…
Quais são as conseqüências de encarar uma posição “definitiva” sem
mudar a maneira como você enxerga os seus relacionamentos?
Logicamente, se você se separa definitivamente nessa história complicada,
vai se sentir com um “amor perdido” por muitos anos, senão pelo resto da
sua vida. Aquela dúvida vai perdurar pra sempre na sua cabeça… “E se
ainda estivéssemos juntos?” É muito comum vermos pessoas que não
conseguem viver um amor pleno com alguém novo depois de uma grande
história de amor passada.
O outro lado também acontece: se você vive junto definitivamente, vai
achar que boa parte da sua vida é uma infelicidade a dois. Isso é horrível.
Pinta sempre aquela vontade de “estar longe”, de sumir de onde você vive.
Pelo menos por um tempo, só pra “pegar um pouco de ar”. Isso também dá
margem para traições e violência, inclusive a psicológica. Já vi tudo isso
acontecer bem de perto, e não é nada agradável.
Nos dois casos, você vai acabar alimentando uma vida amarga. Eu e você
sabemos que essa não é a maneira correta de se viver.
Visitando o Olho do Furacão
No epicentro desse ciclo insalubre estão os motivos destrutivos. Para
facilitar a reflexão, imagine que isso fosse um furacão. Frequentemente,
poetas retratam os sentimentos como um “turbilhão”. São vontades e
desejos que nos impulsionam a desconstruir nosso estado exterior. O
movimento de desconstrução/reconstrução é humano e saudável, desde
que não te prenda em uma cadeia que te faça infeliz.
Se você quer saber se seus motivos são construtivos ou destrutivos, basta
olhar o seu ambiente: com suas decisões e seus pensamentos, seu
relacionamento fica melhor ou pior a cada dia? Mais segurança ou mais
insegurança? Mais satisfação ou menos satisfação?
Esse negócio é sintomático: se o seu resultado é positivo, então está no
caminho certo. Se é negativo, você precisa mudar algo. E isso tem que
começar por dentro.
O Interior e o Exterior São Mundos Diferentes
Uma pessoa que vive em um eterno vai-e-volta em seus relacionamentos
enfrenta um conflito muito grande: quando está junta do outro, deseja estar
separada. Quando se encontra separada, deseja ficar junta. Não me
interessam os motivos: interessa o resultado desse “vício” de
relacionamento.
Permita-me ser um pouco autoritário aqui: enquanto você for incapaz de
alinhar seu interior e exterior, você será incapaz também de viver o seu
grande amor adequadamente. Não é saudável pra você querer a todo
momento o exato oposto da situação em que você vive. Você sabe disso,
não preciso te lembrar.
Se você passa por esses problemas, você precisa desenvolver a aceitação
da sua condição. Qual delas? Juntos ou separados? A escolha é
inteiramente sua… Mas qualquer que seja a decisão, você precisa também
decidir que todo evento externo será uma grande e nova ferramenta no
desenho e na descoberta do seu amor verdadeiro. Esse é o propósito, e ele
não pode sair da sua cabeça.
O amor perfeito existe. Ele reside antes na escolha de se viver o amor
perfeito, não me interessa com quem. Pensar que o amor perfeito é “ter
alguém que faça tudo que eu quero” é colocar-se em uma trilha de muitas,
muitas frustrações. Este é o caminho de muitas pessoas na sociedade hoje,
que foram ensinadas à base de comédias românticas e ideais platônicos. Eu
fui uma dessas pessoas e sei o quanto isso dói. Se este é também o seu
caso, pule para fora desse caminho!
Com isso, você estará mais do que nunca aberto para as possibilidades de
uma vida plena e feliz, que é uma chance que todas as pessoas merecem no
mundo. Infelizmente, nem todas optam por essa abertura.
DELÍRIO #20: Como vencer os limites sociais que o
mundo quer impor a qualquer custo sobre sua vida?
Eu não preciso te lembrar de que durante sua vida, você frequentou lugares
que exigiram um certo protocolo de comportamento. Várias vezes temos
que nos conformar em “atuar” em determinados papéis sociais.
Sinceramente? Isso é coisa de gente robótica.
Uma vez, há muito tempo atrás, levei uma bronca de uma pessoa porque
me dirigi livremente a um diretor de uma empresa em que prestava um
determinado serviço. Supostamente, eu não podia ter feito isso, porque na
época era um funcionário de “baixo escalão”, e somente a determinados
cargos era permitido se dirigir a um diretor. Até porque era também o dono
da empresa, e o que falei era na verdade uma reclamação.
Aquilo foi um fuzuê geral.
Se Você Finge, Eu Também Finjo
Quantas vezes você já não se chateou porque queria se comportar de
maneira livre, mas aparentemente todo mundo te reprova e você acaba
precisando esconder dos outros quem você realmente é? Eu tenho uma
sensação de que isso acontece em larga escala. Tenho a sensação de que o
mundo reprime quem queremos ser.
Também tenho a sensação de que muitas vezes nós agimos como aqueles
que querem reprimir os outros, tentando determinar o que os outros devem
fazer, vestir ou comer. Como podemos ser quem queremos ser se não
damos a mesma liberdade ao outro?
Rituais Sociais… Quem Precisa Deles?
Na minha opinião, existem três tipos de pessoas: as resignadas, as
relutantes e as libertas. O primeiro tipo é o das pessoas que se deixaram
“vencer”, e que se reprimem na tentativa de serem aceitas pelos outros. O
segundo tipo é aquele que está conforme as normas, mas sempre buscando
uma maneira de se expressar, de sair da sua “casca” e definitivamente,
brilhar.
O terceiro grupo é aquele que assume o papel de “anti-herói”. Rompe com
barreiras sociais, e ao mesmo tempo que angaria fãs acabam despertando a
inimizade e senso de estranheza de muitos outros. É necessário ter força de
espírito, porque raramente estamos dispostos a causar um mal estar em
outras pessoas. Mas quando acenamos pro mundo que queremos construir
a vida do nosso jeito, é isso que causamos em um certo grupo: rancor.
Quando declaramos que as condições não nos limitarão mais, despertamos
polêmica. Polêmica, naturalmente, atrai crítica e inimizade de uma parcela
de quem vive ao nosso redor. Se você já passou por isso, sabe do que estou
falando.
Resignação Atrai Infelicidade
O primeiro grupo, dos resignados, tende a não ter uma vida muito feliz,
mesmo que pareça sorrir de vez em quando. São pessoas que temem tudo
o que fazem, que precisam desesperadamente de alguém dizendo “vai lá,
que eu te apóio”. Na minha opinião, somente a minoria delas consegue
este apoio. Portanto, a maioria delas encontra-se desolada em seu canto.
Até o ponto de “aprender” e “crer” que é assim que as coisas são... E que,
portanto, ninguém pode ter a coragem de jogar tudo pro ar na tentativa de
ser feliz. É necessário preservar o que se conseguiu conquistar.
Se você conhece alguém na posição de resignação, preste bem atenção às
opiniões desta pessoa. Ela encontra dificuldade em tudo o que faz. A vida é
complicada demais pra quem é resignado. Oportunidades nunca estão à
vista. O negócio é viver “como dá”.
A Relutância É Um Pontinho de Luz
Pra quem é relutante, os rituais sociais escondem algo a mais. São pessoas
que estão o tempo todo tentando decifrar o enigma que é o mundo. São
curiosos, divertem-se rompendo seus limites, e certamente partilham de
muitos dos rituais de massa, mas não necessariamente dependem deles.
Está apenas subvertendo o mundo a seu favor, devagarinho.
Se você vive com alguém que é um relutante social, sabe que essa pessoa
gosta de viajar com sua imaginação. O mundo não necessariamente será
assim pra sempre, e ela está apenas esperando a oportunidade certa para
mudar completamente e transformar a si e aos outros. Ela está à procura,
todos os dias, de olhos abertos.
A Liberdade É O Fim de Tudo
Pessoas libertas sabem que rituais e normas sociais são uma ilusão
coletiva. Elas sabem se adaptar para viverem exatamente o que precisam e
o que querem. Não existem limites pra esse tipo de pessoas: existem
apenas descobertas sucessivas.
De alguma forma, estas pessoas parecem ter o talento de cometer falhas
catastróficas, mas também de criar a vida que querem ter. Ao decidirem
suportar todas as consequências das suas escolhas - tanto as boas quanto as
ruins - elas aprendem rápido, como nenhuma outra. O mundo é um
laboratório para elas. Me identifico muito com esse grupo, e digo que é
uma maravilha viver dessa forma.
Se você está nesse grupo, sabe o que eu estou falando. As dificuldades
existem, mas são apenas parte de um caminho que é vitorioso desde o
princípio. Basta pisar em qualquer estrada para que ela revele sua riqueza,
portanto, qualquer caminho é livre para passar, porque o trabalho tende a
ser inteligente, criativo e principalmente, implacavelmente orientado a
resultados. São pessoas que simplesmente não páram até conseguirem o
que querem.
Estas são pessoas com índices de satisfação pessoal imensos, e portanto,
muito mais chances de sucesso. Eu acredito que isto seja até mesmo
determinístico: se você faz o que ama, a despeito das condições, seu futuro
é de pura luz.
Assim Caminha a Humanidade
Se você é como eu, não se conforma cerimonialismos. Reprimir nosso
verdadeiro eu, tentando esconder quem somos, é romper com a liberdade
que tanto queremos, e que tanto é prometida para nós por todas as
instituições do mundo, onde se incluem governos, empresas, famílias e
religiões, por exemplo.
Como saber se alguém é resignado, relutante ou liberto? Basta meia hora
de conversa. Isto serve inclusive pra você mesmo. Eu acredito que o desejo
de liberdade seja inerente a qualquer coração humano. Porém, não é
porque você deseja ser livre que você resolve ir em busca da sua
liberdade. Existe aí uma diferença crucial.
Acredito que estas três qualificações sejam estágios de amadurecimento.
Existe um modelo chamado “inteligência prática”, que é exatamente a
capacidade que alguém tem de desafiar autoridade e, de maneira criativa e
sociável, agir em prol do próprio sucesso.
Se você quer se tornar um liberto, não tem outro jeito: não adianta ter um
QI alto. Tem que também ser criativo, sociável, mas também um
inconformado com as normas. Isso requer o exercício das suas decisões.
DELÍRIO #21: Como romper com um passado
terrivelmente traumático e definir rumos radicalmente
melhores para sua vida?
Uma das piores pragas que podem existir na vida de qualquer um são as
marcas que um passado triste pode deixar. Descobri isso enquanto
interagia com um número enorme de pessoas - centenas de milhares, eu
diria, no exercício da minha profissão como autor.
Se você sente um incômodo particularmente grande com certos eventos do
seu passado e eles estão te impedindo de ter uma felicidade completa, essa
aqui é uma boa conversa que eu gostaria de ter pessoalmente contigo.
Sinta-a como um recado pessoal, de um amigo.
O Motivo Pra Que Alguém Não Esqueça Do Passado É Um Só: Apego.
Se você quer viver uma vida plena de novos horizontes e rumos
maravilhosos, não adianta reclamar das coisas que aconteceram. Essas
memórias farão muito pouco para que você realmente saia de um estado
péssimo. Quanto mais você se lembra de algo ruim, mais esse algo
atropela suas condições psicológicas. Imagine-se com um caminhão
passando por cima de você todos os dias? É isso que uma memória
desagradável e persistente faz contigo.
Para se livrar de um passado assombroso, você precisa encontrar maneiras
novas de pensar. Existem várias coisas que você pode fazer para se livrar
de traumas. A maior parte delas visa um único alvo: dar-lhe o poder de
nutrir uma mente “elástica”, capaz de pensar e sustentar o seu pensamento
de maneiras diferentes.
Com essa capacidade “elástica”, você pode facilmente se livrar de
condicionamentos mentais prejudiciais que a vida lhe trouxe, finalmente
liberando-se do peso de nutrir um apego exagerado a algo que te faz mal.
É uma espécie de ginástica, e é muito eficaz.
Tire O Foco Dos Seus Traumas
Não quero discutir traumas aqui. Quero discutir as sementes de sua nova
vida. Ninguém é uma fotografia, somos pessoas e gosto de pensar em
pessoas como processos em constante melhoria. Você é um ser humano,
que pode se renovar todas as manhãs, desde que antes escolha fazê-lo.
Pode não ser tão fácil quanto parece, mas é imperativo continuar tentando,
todos os dias, incessantemente.
Você pode até acreditar que seja uma pessoa flexível e super aberta a
novos pensamentos. Mas se as mesmas velhas emoções ruins continuam te
nocauteando, aqui está uma bela verdade: você tem uma cabeça dura (ao
menos em certos aspectos).
Deixe-me dizer uma coisa: a pior prisão que existe é aquela onde nós nos
acreditamos livres. Não existe liberdade absoluta: nós estamos sempre
presos aos nossos padrões de pensamento e julgamento. Liberdade e
felicidade são sensações físicas que você conquista segundo a sua própria
idéia do que é ser livre ou feliz. Se você muda os seus parâmetros do que é
ser livre ou feliz, você pode chegar mais próximo da sensação de
felicidade ou liberdade.
A beleza (e também o perigo) dos seus pensamentos é que eles se autojustificam. Você sempre acredita estar pensando de maneira certa, mesmo
que esteja sofrendo muito com toda a sua certeza! Nós não nascemos com
um “juiz isento” dentro da nossa cabeça. Mas é possível aprender maneiras
de examinar e alterar nossos pensamentos. Milhares de novas técnicas pra
isso aparecem todos os anos.
Um Teste Desafiador Pro Seu Próprio Juízo
O exercício a seguir é uma “régua”, para medir o quanto de poder você
tem sobre a sua própria mente. Sim, porque traumas não são, nada mais,
do que lembranças armazenadas de forma desagradável no seu cérebro e
memória múscular.
Pense naquela certeza traumática maior dentro de você… Aquela, que te
faz tão mal que quando você pensa dá até vontade de chorar, ou de ficar
um dia inteiro em casa. Pode ser uma lembrança de alguém, ou uma coisa
que você deixou de fazer, ou algo que deveria ter acontecido, ou ainda algo
que não aconteceu do jeito que você esperava. Só tem um critério: essa
certeza precisa fazer doer muito.
Que tipo de pensamento é esse senão um pensamento que te faz mal? Você
quer continuar nutrindo pensamentos ruins? Quer continuar com o mesmo
padrão louco de existência? Onde está a razão se ela não te faz bem em
hipótese alguma? É racional pensar de maneira a fazer mal a si mesmo? É
razoável isso? Que critérios você usa? Eles são bons o suficiente a ponto
de te fazerem feliz, ou eles estão te levando pra baixo?
Se você percebe que os seus pensamentos estão te destruindo, você precisa
aprender a reestruturá-los. Esta é uma provocação que lhe faço agora,
principalmente porque eu acredito que haja formas superiores de amar.
Muito superiores do que as que estamos acostumados. Eu busco estas
formas, e eu sei que você também procura. Do contrário, você não estaria
aqui, absorvendo estas linhas.
Ao mesmo tempo, eu não posso dizer que você esteja errado em pensar da
maneira que você pensa, porque cada um é único em seus julgamentos e
motivações. Mas posso dizer que, se a sua verdade não te dá poder de
mudança e manifestação, provavelmente não é a melhor possível. Se você
sempre volta pra estaca zero com ela e sente necessidade REAL de mudar,
você precisa se livrar desta verdade.
O Poder De Estudar Seus Próprios Pensamentos
Saber observar a si próprio e interromper de maneira adequada aqueles
pensamentos que te destroem é imperativo para que sua qualidade de vida
melhore.
A sua mente é condicionada pelas coisas que você faz sempre. Supercondicionada, porque a maior parte da sua vida são hábitos. E hábitos
raramente nutrem maneiras diferentes de se pensar. Pode ser complicado
mudar um hábito. Muito complicado mesmo. Ou então, pode ser fácil.
Super fácil. Só depende de uma coisa: se você acredita que pode ou não
mudar o seu hábito com o simples poder da sua escolha.
A maior parte das pessoas acha super difícil mudar hábitos, porque é fato
que vivemos em uma sociedade onde é propagada em massa a idéia de que
hábitos são difíceis de mudar. Isso é coisa de senso comum. Segue aqui
uma novidade, que não é tão novidade assim: o que você acredita
acontece. Acompanhe a manada, e você vai chegar no mesmo lugar que ela
chegou. Seja audacioso com suas idéias, e você vai chegar em lugares que
ninguém nunca imaginou.
Enquanto na sua cabeça estiver impregnada a idéia de que “é difícil
mudar”, a tendência será continuar na mesma. Você precisa aprender a
negociar com seu próprio cérebro. Precisa aprender a especificar quais são
os passos pra sua própria mudança, e executá-los. Pode não ser fácil no
princípio, mas a habilidade de mudar pode ser aprendida, como qualquer
outra na vida. Mudar com muita velocidade é algo perfeitamente possível.
Para Plantar Seus Novos Rumos, Crie Novos Pensamentos
Faça-me o favor: se você sofre muito com eventos do seu passado, esqueça
a idéia de que ele precisa te machucar emocionalmente. Quando você se
pega imaginando coisas boas que poderiam ter acontecido e não
aconteceram, a primeira reação é olhar para o seu presente e criar
lamentações, só porque as coisas não são do jeito que você imaginou que
poderiam ser. Isso é um processo de “quase insanidade”, um processo
auto-destrutivo.
Interrompa, interrompa e interrompa a dor emocional. Pergunte-se:
Como eu posso lembrar destas coisas sem me machucar emocionalmente?
Investigue a resposta. Corra atrás. Leia, converse, busque um profissional
de humanas para te acompanhar no processo.
O mero fato de imaginar esse novo cenário já ajuda muitas pessoas a
mudarem completamente a representação que elas têm daquela memória
que as machuca, transformando uma experiência aterrorizante em um
mundo de paz interna.
Crianças costumam ter muito mais facilidade em realizar este exercício de
imaginação, já que elas não costumam ter as certezas, os orgulhos e os
comprometimentos que adultos têm com preconceitos tolos e verdades
vazias, como alguns que falaremos em seguida.
Alguns bloqueios que as pessoas inventam...
Um dos motivos pelos quais nem todas as pessoas conseguem realizar este
exercício sozinhas é porque a mera visita à memória já é dolorosa o
suficiente para a pessoa não querer sequer visitá-la novamente.
É necessário coragem para enfrentar o medo e a consciência de que as
dores que estas memórias causam são apenas emoções. Estas “dores” não
vão passar disso: de emoções. Você pode entrar nestas memórias 20 vezes,
e tudo o que elas vão causar são emoções. Você não vai quebrar um braço,
perder um fígado, perder sua alma ou o amor, nem ser abusado novamente.
Por mais que pareçam reais, estas cenas não são reais. É como um filme
projetado pela sua mente. Portanto, você pode mudá-lo. Basta se encher de
disposição para fazer isso, e tomar a decisão de tomar o controle de sua
própria mente de uma vez por todas.
Para algumas pessoas, parece ilógico pensar que existe tal maneira de
alterar a estrutura daquelas memórias traumáticas. Elas simplesmente
confundem a memória com o evento. Dizem que “minha memória é o que
aconteceu”.
A verdade é que a memória é um “holograma” que sua mente projeta na
sua frente. Pense na sua mente como o projetor de cinema mais sofisticado
que já existiu. Já o evento é uma outra entidade. O evento é externo, já
passou. A memória é interna, e por isso, está sob o seu poder mudá-la. O
evento aconteceu. A memória é a ilusão do que aconteceu. São apenas
informações armazenadas, que você pode alterar.
O cérebro é um órgão tremendamente poderoso. Ele é, realmente, o
projetor de cinema mais sofisticado que já existiu. A aparência de
realidade que estas memórias têm quando o cérebro as ativa seduz estas
pessoas a ponto delas estarem completamente convencidas e devotas à
idéia de que aquelas lembranças são os eventos que já se passaram.
Quando você pensa sobre o que passou, é só fumaça que acontece dentro
da sua cabeça. Aquilo que você experimenta internamente não existe, nem
nunca existiu. Ao mesmo tempo, existe, porque o seu sistema nervoso não
distingue muito bem o que é real do que não é.
Se você quase foi atropelado por um caminhão, ou quase levou um tiro em
um assalto, é bem possível ter a sensação de que você ainda pode ser
atropelado ou ainda pode levar um tiro quando você visita aquela
memória. Nossa mente é fantástica!
Pra deixar ainda mais claro: quando você imagina ou lembra alguma coisa,
você está aplicando um truque no seu corpo, em que ele reage como se
tudo estivesse acontecendo naquele momento.
Você precisa reverter esta equação. E para reverter tudo, vai precisar
observar-se atentamente e entender qual é o seu padrão de assombração.
Mas e a bagagem de aprendizados?
Algumas pessoas dizem que não podem se livrar
ou apagar estas
experiências, porque elas trazem “aprendizado” e “bagagem”. Essa é mais
uma bobagem que as pessoas contam para si mesmas e que só impedem
seu próprio desenvolvimento.
Eu sei que experiências trazem bagagem. Mas essa bagagem é
conhecimento, e conhecimento não é peso, muito menos emocional. As
conclusões às quais você chega importam, e permanecem. Já o efeito
nocivo das lembranças (taquicardia, emoções ruins etc) pode ser
descartado se forem realmente inúteis.
Pergunte-se o tempo todo quais são os motivos pelos quais você pode se
sentir satisfeito pelo seu passado, e aí sim, você estará aplicando um
princípio poderoso, que aumentará sua satisfação e, portanto, sua saúde,
plenitude e bem estar.
O processo pode parecer bobo, mas quer saber? 99% das pessoas o
conhecem mas nunca o aplicaram. Se você acha que isso é óbvio e mesmo
assim mudar a sua perspectiva ainda complicado, por favor, visite-se com
mais seriedade. Você merece.
Todos nós fomos presenteados com uma uma vida que tem o potencial de
ser longa e plena, e ela começa através da conquista das nossas melhores
emoções. Pra você, desejo uma vida excelente, cheia de potenciais.
DELÍRIO #22: Para mulheres! Como ensinar um bruto a
amar direito?
Se você é vivo, provavelmente já ouviu falar daquelas histórias onde uma
pessoa diz que “é violenta porque ama”, não é mesmo? O que acha disso?
Alguém que usa de violência pode dizer que o faz por amor?
É injusto? Mentira? Falsidade? Psicose? A gente sabe que o número de
pessoas que age assim não é pequeno, e mesmo com tantos avanços sociais
e científicos, a violência ainda está longe de ser extirpada, inclusive a
doméstica.
É Possível o Amor Violento?
Você provavelmente já viu aqueles “inocentes” desenhos animados que
mostram como eram os casamentos dos homens das cavernas. Para se
casar, o homem primitivo dava uma cacetada na cabeça da mulher que
queria para si. Depois que ela desmaiava, sem qualquer chance de defesa,
era arrastada para a casa do seu noivo, pelos cabelos. A partir daí, eles
viveriam “felizes para sempre”.
É claro que isso não é totalmente verdade, mas a antropologia mostra que é
assim que acontecia e acontece em várias culturas. Essa alegoria mostra
uma coisa muito interessante: nos primórdios, era comum o homem usar
de violência como ferramenta de constituição de família. Era a lei da
sobrevivência pura, sem qualquer civilidade como entendemos que deve
ser, hoje.
O mesmo costume perdurou por várias eras da nossa civilização, mas de
maneiras ligeiramente diferentes. Hoje ainda temos uma versão “caricata”
do mesmo comportamento: dentro de uma boate, um saradão puxa os
cabelos de uma mulher para atrair sua atenção e dizer que é “poderoso”.
Talvez não funcione contigo, mas se eles continuam fazendo isso, é porque
funciona com algumas pessoas. É a minha opinião que isso seja sinônimo
de infantilidade. Mas acontece.
Um Caminho Em Vias de Extinção
O movimento hoje é outro. Estamos em direção a uma sociedade que
determinou que quer ser livre de violência física, e até mesmo da violência
verbal. Você, em seu dia a dia, deve conhecer alguém que seja um pouco
mais agressivo. Pessoas que acreditam que tudo se resolve “no tapa”,
mesmo com aqueles que amam.
Pense em alguém que agride fisicamente a pessoa que ama. Essa pessoa
deixou de amar no momento da agressão? Ela sequer é capaz de amar?
Algumas pessoas dirão que não, que essa pessoa nunca amou, porque ela
usou de violência. Neste caso, defendo uma idéia muito particular ,
controversa para algumas pessoas.
Nós somos aquilo que o nosso meio permite que sejamos. É possível sair
das garras do condicionamento social e da criação, mas não sem força de
vontade e a busca constante por entendimento e pelos nossos novos
horizontes. A maioria das pessoas, mesmo querendo, está cega pela sua
própria cultura, pela maneira como foi criada e pelas informações valiosas
que seus pais e seu sistema de educação lhe deram.
A Violência Como Linguagem
Todo o ser humano ama. Inclusive os brutos, como já diz o ditado. Porém,
assim como enxergamos o mundo de diferentes maneiras, também agimos
de diferentes maneiras para justificar o que sentimos. Os “brutos” usam a
violência para comunicar seu amor.
Penso que alguém que tenta sustentar o seu amor com base em violência
ainda não amadureceu o suficiente para descobrir a plenitude de uma
comunicação clara, objetiva, de ouvir o próximo e de compreender a
maneira do outro. Essa violência pode chegar a níveis socialmente
disfuncionais, portanto é importante entender o seu próprio limite ao lidar
com alguém assim. Quero relembrar que vi bem de perto uma situação
dessas, e posso dizer: o “bruto” realmente amava, mas do jeito dele, que
datava da “era das cavernas”.
Construa Um Mundo Diferente Na Mente Do Outro
Quando alguém diz que é violento porque ama, essa pessoa não está
mentindo. É uma particularidade dela. Para você, é tão importante
proteger-se dessa violência quanto ensinar diferentes linguagens do amor
para quem é violento.
Para ensinar, não basta sair falando de qualquer maneira, julgando o bruto
e dizendo que ele está errado. É importante compreender profundamente
essa pessoa, para que você entenda exatamente como operar na construção
desse mundo novo na mente dele. O processo pode ser lento ou rápido, vai
depender somente da sua perspicácia e da sua dedicação.
Um outro aspecto importante é: afinal, o que é o amor? Quem somos nós
para afirmar com veemência que outras pessoas não sabem amar? Essas
pessoas diriam que nunca souberam amar? Certamente que não. Portanto,
nunca diga que alguém que é violento “não sabe amar, absolutamente”.
Isto pode ser verdade para os seus critérios e de outras pessoas, mas
ninguém detém a “última palavra” em matéria de amor. Essa pessoa
certamente não concordaria contigo. São apenas parâmetros diferentes de
existência, e por mais que o amor do outro seja disfuncional, dizer a ele
que “nunca soube amar” pode magoá-lo e ofendê-lo muito mais do que
ensiná-lo qualquer coisa. Esse tipo de feedback pode inclusive, incitar
mais violência e ira ainda.
O mais importante é saber que, ao demonstrar a habilidade de se
comunicar com o outro, isto facilita o relacionamento dos dois lados. Uma
vez que esta pessoa violenta finalmente comece a entender os benefícios
da boa comunicação, ela irá seguir o seu exemplo e começará a se
comunicar da mesma forma. Se você ou qualquer outra pessoa passa por
situações como estas, realmente é possível transformar seu cotidiano em
algo absolutamente diferente, mais pleno e feliz.
Espero que você tenha alguns insights importantes para os seus momentos
mais difíceis, que envolvem de alguma forma o paradoxo onde violência e
amor coexistem.
Muitas pessoas refletem sobre esta mensagem de maneira exaltada,
agressiva e portanto, completamente contraditória, dizendo que amor e
violência não coexistem, porém demonstrando uma ira que dizem não ter.
Uma atitude interior de rejeição violenta não deve ser alimentada se você
pretende ensinar o amor a quem ainda “não sabe amar”.
DELÍRIO #23: Como lidar de uma vez por todas com
gente orgulhosa demais?
Já teve aquela sensação de estar enfrentando um conflito em um
relacionamento, e de repente, não ter coragem de continuar por conta de
tanto orgulho demonstrado pelo outro?
Vamos encarar o fato: o orgulho é uma armadilha muito prazerosa. Às
vezes vemos uma situação com tanta clareza que sabemos que o outro está
completamente entregue ao seu orgulho. Nestes casos, nossas energias vão
embora, são desperdiçadas, por conta de atitudes tão centralizadas, onde a
outra pessoa vê tudo apenas pelo seu próprio ângulo e o de mais ninguém.
Que maneiras podemos encontrar para sobreviver bem a este tipo de
ataque e, se possível, reverter a situação?
Como toda questão humana, não existe resposta única. Mas existem
pensamentos que podem abrir nosso campo de ação. É uma pitada deles
que quero compartilhar nesta conversa.
Existe Um Excelente Motivo Para Haver Orgulho
Uma das coisas que eu penso quando entro neste assunto é que o orgulho
está diretamente ligado a uma sensação de realidade que precisa ser
alimentada. A sensação de que as coisas são exatamente como nós as
entendemos.
Orgulho para mim é isso: o processo de proteger a sensação de realidade
que eu criei sobre o mundo. Além disso, orgulho envolve um pouco mais:
o entendimento de que eu sou esse entendimento que tenho sobre o mundo.
Ou seja: ao proteger esse entendimento ou essa realidade, estou
protegendo a mim mesmo.
Isto é uma baita confusão de níveis. Minhas idéias sobre a realidade, sobre
moral e sobre o que é certo ou errado não formam quem eu sou. Eu
contenho estas coisas, uso estas coisas, mas não sou feito delas. Ao invés
disso, eu as escolhi para dirigirem minhas escolhas. Mas são apenas
opiniões e critérios que podem mudar.
O orgulhoso não sabe disso. Uma pessoa muito orgulhosa é, naturalmente,
alguém que tem um senso muito forte de que a realidade é aquilo que ela
pensa que é. É fácil perceber que o orgulhoso reage com muita energia
quando sua compreensão do que deveria acontecer no mundo não é
atendida. Isso, por um lado, é bom para essa pessoa. Afinal, o que está em
jogo é justamente o que mantém a pessoa de pé, viva: seu ego.
Sentir-se vivo é a melhor recompensa que pode existir para qualquer
pessoa. Porém, existem caminhos e caminhos. Algumas pessoas encontram
maneiras construtivas, outros encontram maneiras destrutivas de andar.
Quem pode dizer o que é construtivo ou o que é destrutivo?
Aprendizes ou Mestres? Nossas Mentes São Contraditórias
Quando você pergunta a alguém que você sabe que tenha bastante orgulho
se essa pessoa tem vontade de aprender mais sobre o mundo, muito
provavelmente receberá um entusiástico “sim” como resposta, e também
que a vida é uma jornada prazerosa de aprendizado. Talvez receba até uma
resposta do tipo “eu não sei muita coisa, preciso aprender mais”.
Curiosamente, se você perguntar às mesmas pessoas se elas sabem fazer
escolhas nas suas vidas, e se elas entendem o que está acontecendo à sua
volta, muito provavelmente elas dirão que ‘sim’, que entendem
perfeitamente o que está acontecendo, e estão satisfeitas com sua
capacidade de escolha.
Mesmo existindo problemas à sua volta, a maioria das pessoas diz que, no
geral, sabem fazer boas escolhas. Como podem pessoas dizerem ao mesmo
tempo que não sabem nada, e também que entendem o que acontece? Esta
é uma característica curiosa da mente humana. Um paradoxo muito bonito,
na minha opinião.
O Orgulho Inibe Ou Acelera o Aprendizado?
Quando estamos diante de uma situação em que somos tomados por nosso
orgulho, estamos encarando a questão do ponto de vista de que
“entendemos o que está acontecendo”. Quando partimos deste
pressuposto, estamos simplesmente nos fechando à oportunidade de um
possível aprendizado engrandecedor.
A presença deste sentimento pode motivar uma grande perda. Grandes
perdas podem significar grandes lições (mas nem sempre). Não é curioso
que podemos aprender, mesmo que sejamos orgulhosos?
O Orgulho é Sempre Relativo e Opcional
Quando vemos alguém tomado por orgulho, também estamos partindo do
pressuposto de que “entendemos o que está acontecendo”. Estamos sendo
orgulhosos, por nossa vez. Ou seja: podemos nos colocar em situações de
cegueira.
Sabendo que ao mesmo tempo carregamos estes dois estados, do mestre e
do aprendiz, em qual deles você quer se fiar para melhorar sua vida?
Se você fizer uma pequena variação de pontos de vista, pode descobrir
muitas coisas por trás de um aparente ‘orgulho’ no outro. Pode descobrir
uma pá de coisas a respeito de si mesmo.
É claro que certas situações acabam se tornando tão desagradáveis que
nossa escolha é encerrá-las. Mas nós não podemos nunca provar com toda
a certeza que o outro tem orgulho. Devemos apenas admitir que, quando
julgamos alguém orgulhoso, estamos partindo do nosso próprio orgulho,
da nossa própria sensação do que é real, de que entendemos o que acontece
no mundo.
No fim das contas, o poder de escolha está em suas mãos. Se você quer
aprender com o outro, ou mudar o outro, é você quem deve decidir. É
preciso variar entre os estados de mestre e aprendiz e optar pelo que te faz
bem ou pelo que não te faz, segundo todos os pontos de vista que você
puder ter.
A maneira, então, de lidar com orgulhosos, é monitorar o seu próprio
orgulho. Você está confundindo a si mesmo com o que você acredita que
seja real, e encontra-se tentando defender um ponto de vista apenas para
“vencer” uma disputa e manter a segurança de quem você mesmo “é”?
Neste caso, é bem provável que você esteja sendo vítima de seus próprios
pontos cegos.
Espero, sinceramente, que esta conversa tenha aberto alguns horizontes na
sua vida. Eu sei que, para muitas pessoas, é exatamente isto o que ela vai
fazer.
DELÍRIO #24: Como superar as armadilhas que fazem
nós, seres tão racionais, desenvolvermos medos tão
irracionais?
Todos nós sabemos que os seres humanos são criaturas altamente
racionais, certo? Ou não? Você já teve a sensação de que alguns dos medos
que você tem estão simplesmente fora do seu controle? Sente que algumas
coisas na sua vida não podem ser combatidas, porque são coisas da sua
personalidade?
Se você acredita que seu medo te deixa fora de controle e que nada pode
ser feito pra evitar reações automáticas quando você está com medo,
deixe-me dizer uma coisa: a verdade é esta mesmo. O medo nos tira
completamente de foco, e nos faz agirmos como bichos completamente
irracionais. Nossos medos nos põem em um piloto automático.
Isto Significa Que Você Nunca Poderá Vencer Seus Maiores Medos?
Absolutamente, não. Não foi isto que eu quis dizer. Quando me refiro à
irracionalidade motivada pelo medo, estou apenas falando da estrutura que
se segue a um surto de medo: dado um estímulo, você reage de maneira
completamente involuntária, automática. Algumas vezes, nossos medos
causam reações imprevisíveis. Outras, não.
Sabe aquele bom e velho medinho que você alimenta desde a sua infância?
Sei lá, vamos falar de baratas. Você sente seu peito encurtar a respiração,
seus olhos se esbugalham na frente daquele bicho nojento, marromavermelhado e cascudo no azuleijo do banheiro da sua casa. Você pega o
chinelo e vai na direção dela como se aquele inseto fosse a última besta
que veio destruir toda a humanidade. Baratas são assustadoramente
nojentas. E nossas reações medrosas em frente às baratas são assim…
Muito peculiares e previsíveis.
Se você não tem medo de baratas, escolha outro medo qualquer: altura,
lugares fechados, multidão, água... Qualquer um serviria.
O Que É Mais Importante Ao Lidar Com o Medo?
Todas essas reações irracionais são sempre causadas por uma estrutura
racional bem profunda e arraigada nos nossos pensamentos. É como um
cofre, com princípios valiosos, dos quais nunca queremos abrir mão.
Traumas, experiências passadas, heranças familiares, cultura, religião…
Sei lá, existem mil motivos para montarmos nas nossas mentes uma
estrutura que nos causa reações irracionais.
Se pararmos para analisar, certos medos aparentemente irracionais são tão
previsíveis em comportamento que podemos dizer que são mesmo
automáticos. Se são tão automáticos e tão previsíveis (como as reações
sempre muito parecidas, quando alguém que tem medo de baratas vê uma
delas), temos aí um padrão bem racionalizado. Parece até que foi ensaiado
e planejado.
O Que Faz Uma Pessoa Ter Medo e Outra Não Ter?
Baratas são pratos típicos em várias cidades da China, e quem já provou
disse que o sabor se parece com o de camarão. Biologicamente, o camarão
parece muito com a barata (apesar de um ser crustáceo enquanto o outro
ser um inseto). O camarão tem o apelido de urubu do mar, porque só come
bichos mortos, putrefatos. Resumindo: o camarão vive de restos, assim
como a barata. Mas nós comemos camarão, enquanto os chineses das
cidades interioranas comem camarões e baratas.
O que nos faz ter tanto medo de uma barata e nos deliciar com uma porção
de camarões fritos em uma tijela? Existe algum grande motivo mágico
para que, na China, seja possível comer baratas? Somos seres de diferentes
espécies? Claro que não. Somos todos homo sapiens. Será que os chineses
são naturalmente mais corajosos, possuindo genes diferentes que
provocam menos nojo das coisas que os ocidentais? Isso também seria
uma explicação frágil demais.
Muitas pessoas que lerão este post dirão: “eu não tenho esse medo todo de
baratas do qual você está falando”. Muito justo. Pessoas são diferentes e,
por isso, desenvolvem pensamentos diferentes. A diferença é só essa:
baratas, como qualquer coisa na vida, têm um significado diferente na
cabeça de diferentes pessoas.
Entendendo o Seu Lado Irracional
O dispositivo do medo foi criado pela natureza para te proteger de perigos.
Essa estrutura de auto-defesa é extremamente útil quando utilizada da
maneira certa. Pense em um policial, por exemplo: o condicionamento do
seu medo é todo dirigido para o uso eficiente da sua arma, a percepção
correta dos inimigos, pontaria etc.
Às vezes o medo que um policial tem o inibe. A função do treinamento,
portanto, é assegurar que ele possa utilizar seu medo e toda a adrenalina
liberada de maneira eficaz contra o perigo.
Quando um policial preparado está em serviço, ele não precisa ficar
lembrando das técnicas. Ele simplesmente executa, aparentemente sem
pensar. Empunhar armas, apontar, atirar, recarregar, movimentação tática,
vencer obstáculos, ganhar terreno, reconhecer posições estratégicas,
perseguições de automóveis…
Enfim, na cabeça do policial existe uma rede de pensamentos que já está
treinada para lidar com o perigo que ele lida no seu dia a dia. O medo
acelera a nossa fisiologia, portanto ele é muito útil, se for bem usado.
Usando Sua Irracionalidade a Seu Favor
Sabendo que a estrutura do medo é, na verdade, um recurso da sua
fisiologia para te manter vivo, você precisa apenas fazer uma mudança de
foco: ao invés de deixá-lo operar de maneira que não te dê opções de ação,
você precisa usá-lo de maneira que você obtenha poder e possibilidades
dele.
Seu único papel é desenvolver pensamentos e raciocínios sobre os perigos
que são reais na sua vida. Medos que você sabe que não procedem
precisam ser sumariamente eliminados. Se você precisa fazer alguma coisa
que te dá muito medo, por exemplo, falar em público, você precisa apenas
mexer na estrutura de significados do que é falar em público.
O que você pensa sobre falar em público? Estas respostas lhe ajudam a
falar em público? Que respostas lhe ajudariam?
Como Reduzir o Seu Medo?
Como em outras publicações minhas, eu descrevo um exercício que me
ajudou algumas vezes e que é útil para outras pessoas, inclusive em
atendimentos profissionais. Existem vários outros exercícios para lidar
com o medo. A verdadeira chave está em continuamente conseguir novos
recursos para lidar com eles, e este aqui é apenas um deles, muito valioso.
É muito importante absorver isto: muitos de nossos maiores medos vêm de
uma racionalização, isto é, de uma explicação que amamos, e pela qual
nós confirmamos a nós mesmos que precisamos sentir medo. Quando você
entende isso (de verdade), fica fácil mudar muitos dos seus antigos
comportamentos, antes tidos como imutáveis. Você precisa abrir o seu
“cofre emocional”, e se livrar de certos padrões com os quais está muito
acostumado, mas que não te servem mais.
Quando você reconhecer que seu cérebro está querendo disparar uma
reação irracional, medrosa, em qualquer situação onde você sabe que pode
se sair melhor, não focalize seu pensamento nas razões pelas quais o seu
medo é justificado e confirmado.
Ao invés disso, comece a se questionar, e a encontrar significados pelos
quais você pode ter confiança e coragem absolutas para lidar com a
situação. Faça-se perguntas do tipo:
1. Como exatamente eu quero reagir?
2. Por que eu posso, seguramente, agir desse jeito?
3. O que pode, com toda certeza, me garantir que eu tome uma atitude
mais consciente?
Resumindo: desenvolva as reações que você quer ter, simplesmente
imaginando-as, e depois através do teste e aprendizagem pessoais. Espero
que você possa ter assim uma vida cada vez mais tranqüila, com menos
medos e mais segurança.
DELÍRIO #25: Como exorcizar vampiros energéticos,
espíritos obsessores, demônios, olho gordo, ebó etc...
Tudo com o simples uso de uma razão espiritualizada?
Quando eu era um pré adolescente, morria de medo de ser “possuído” por
um espírito maligno. Eu tive uma infância protestante. Qualquer visão de
um exorcismo me arrepiava da cabeça aos pés. Tinha pavor mesmo da
possibilidade de que meu corpo pudesse ser habitado por uma dessas
coisas extraterrenas. Sendo assim, era comum eu realizar orações para que
o “mal” pudesse ser extirpado dos meus arredores.
Com o passar do tempo, comecei a notar que boa parte do que eu julgava
ser obra do “coisa ruim”, na verdade eram erros meus próprios. Falta de
experiência, de responsabilidade, erros de raciocínio lógico, cálculos mal
feitos... Essas coisas. Então, veio a pergunta: até que ponto o erro é meu,
até que ponto o erro é induzido pelas “trevas”?
Às Vezes, Tenho Pena das Trevas
Muita gente, ao tomar contato com a doutrina cristã ou espiritualista,
qualquer que seja (umbanda, candomblé, espiritismo etc) torna-se
extremamente reativa ao passar por alguma coisa que não agrada: logo
vêem como influência do maligno.
Mesmo existindo outras hipóteses, estas pessoas sofrem de uma distorção
muito comum. Estão tão vidradas no misticismo que querem, a qualquer
custo, ter contato com ele. Tornam-se obcecadas e interpretam tudo através
desta lente.
Aos que não são tão obcecados por este lado “maligno”, existem outras
interpretações, também místicas. Algumas delas incluem: é apenas uma
prova de Deus na nossa vida. Ou então: as coisas não estão sendo feitas
no nosso tempo, estão sendo feitas no tempo dEle. Já vi pessoas
extremamente mimadas ou impacientes colocando sobre Deus a
responsabilidade pela vagarosidade com que algumas coisas podem
acontecer. Não é que eu seja impaciente, Deus é que tem um tempo
diferente do meu.
Misticismo? Sério?
Como Einstein disse: tudo é relativo. O que pra uns pode soar como
demora de Deus, pra mim soa como impaciência, ou no mínimo, falta de
estratégia de quem tenta realizar.
Logicamente, quem se fixa na idéia da mágica, ou do maligno, quase
sempre deixa de colocar as outras alternativas em cheque. Ao invés disso,
confiam nas idéias místicas cegamente, como se nunca pudessem ser
distorcidas. Procuram antes as evidências que podem chamar de “mal
espiritual”.
A tendência natural desta distorção é fazer a pessoa ir buscar na Bíblia, ou
nos escritos religiosos de sua preferência, a explicação definitiva para o
“mal”. Com milhares de páginas, está óbvio que a Bíblia conterá inúmeros
versículos que se encaixam na situação e explicam à pessoa o quão místico
é aquele mal. Nesse momento, ocorre a auto-justificação: a pessoa deixa
de buscar mais explicações, porque o que é maligno, místico ou mágico só
pode ser combatido com fé e oração.
Esta inação vem de um fator psicológico: a religião é movida por fé, e fé é
dogma, não pode deixar dúvidas: tudo que está escrito é lei, precisa ser
obedecido. Portanto, é assim que as coisas são, não podem ser mudadas. A
sua cabeça trava e você pára de pensar em soluções além daquelas que
envolvem começar a ajoelhar e falar com as paredes.
Isto acontece muitas vezes mesmo quando você pode fazer alguma coisa
simples a seu favor. Às vezes é só questão de uma ligação telefônica e
cinco minutos de conversa pra resolver algo visto antes como uma legião
de inimigos espirituais que pairam sobre a vida de fulano.
Alternativas Lúcidas, Simples e Poderosas Para Interpretar Eventos
Uma fonte óbvia no acontecimento de coisas “ruins” é a ignorância. A falta
de boa comunicação. Hábitos não saudáveis. Falta de educação formal.
Falta de carinho, refletida de uma infância com pouca atenção dos pais,
por exemplo. Existem mil explicações mundanas, que dão mais poder para
que possamos resolver nossos problemas.
Quando você verifica a idéia mística e se justifica através dela (seja qual
religião for), não dá tempo de verificar as causas mundanas dos seus erros,
porque assim que você encontra a explicação mística, põe-se a agir
“misticamente”, utilizando rezas e badulaques. Neste caso, seu tempo e
sua atenção podem estar sendo severamente desviados da causa original.
Você pode perder meses preciosos com ritos místicos, para descobrir
finalmente que um comprimidinho contra febre podia resolver o problema
em dois dias.
Que culpa tem o maligno nessa situação? Vai dizer que foi ele quem
induziu a orar e desviar sua atenção da causa real do problema?
O Mal Místico Pode Ser Apenas Uma Forma de Educar Moralmente
Existem pessoas que dizem que todos os problemas vêm de Lúcifer, ou dos
espíritos baixos, não-evoluídos. Elas esquecem de levar em consideração
que os problemas pode vir da desinformação. Às vezes, você lê uma
página de um livro, ou conversa com uma única pessoa, ou ouve uma
única história pra descobrir que, em dois segundos, você agora sabe algo
que te permite se livrar de um grande problema. Fica parecendo então que
os “anjos malignos” são afastados por boas histórias, educação formal ou
carinho. Essa conta não fecha.
Minha convicção sobre isso é algo que pouca gente leva em consideração.
Posso estar completamente errado, mas vou compartilhar aqui. Parte do
objetivo de se corporificar o mal é meramente pedagógico. É um jeito
esperto, criado há milênios, de ilustrar algo que não devemos fazer.
As trevas existem ou não? Hoje, sinceramente, não consigo mais acreditar,
apesar de não conseguir provar. No entanto, quem tenta provar que “as
trevas existem” também não consegue, a não ser com aquelas histórias:
“eu vejo, mas ninguém mais pode ver”. Pois bem, os esquizofrênicos
dizem exatamente a mesma coisa.
Por todos estes motivos, eu me dou o benefício da dúvida. Pra minha
cabeça, pode até ser que elas existam. Mas não conto mais com elas na
hora de avaliar as coisas que não deram certo na minha vida. Prefiro antes
tentar procurar um tipo de conhecimento que eu ainda não tenha, ou fazer
algo de maneira diferente.
Uma Solução Rápida Para Não Confundir O Místico Com o Mundano
Esta solução me soa muito óbvia, mas já que existe gente que presta
atenção demais em causas mágicas e místicas, achei pertinente escrever
isso. Eu mesmo já sofri deste problema.
Ajuda muito a nós mesmos, antes de interpretar misticamente qualquer
evento, simplesmente pegar as lentes “mundanas”. Existe algo de concreto
e prático que possa ser feito para que o que quer que tenha acontecido não
volte a acontecer? É um problema controlável? Como suas causas se ligam
ao mundo material ou de relacionamentos?
É um problema emocional, apenas? Existe alguém que possa me ajudar a
resolver de maneira objetiva este problema?
Isto deve ajudar muito a destravar essa inércia que acontece quando
alguém é muito espiritualizado, ou excessivamente religioso. Sejamos
espiritualizados, mas sejamos antes pessoas práticas, também. Nunca
deixemos de fazer nossas orações. Porém, nunca deixemos de realizar o
que precisamos para nos aproximar mais ainda de uma vida melhor.
É nas coisas mais simples que se escondem muitos dos nossos maiores
problemas. Espero que esta conversa, apesar de simples e até um pouco
ingênua, seja de grande valor pra sua vida.
DELÍRIO #26: Por que as pessoas erram em nome de
Deus?
Sabe aquelas vezes em que você observa alguma atitude de outra pessoa
que julga incorreta e imediatamente reage com ira ou condenação? Aquele
senso de justiça, que você tem certeza de que é o mais correto possível?
Para muitas pessoas, isto pode ser motivado pelo seguinte pensamento: “é
assim que Deus disse que deve ser feito”. Esta é uma baita falácia que
pinta nos nossos corações de vez em quando, e induz não-sei-quantos-milerros. Enquanto caía uma chuvinha aqui, pensei nas vezes em que eu
mesmo olhei pra muitas situações e fiz coisas que hoje eu julgaria
completamente erradas. Estou falando do julgamento das minhas próprias
atitudes, claro.
Cometemos Atos de Justiça Ou de Cabeça Quente?
Será que os atos que consideramos ‘de pura justiça’ fazem jus à sua
intenção? Como você verifica se suas atitudes realmente correspondem
com uma atitude evolucionária, ‘santificada’ ou ‘amorosa’? Não quero
levantar bandeira de religiões, estou apenas expondo um fato: poucas
vezes fazemos um julgamento eficiente do que realizamos no furor da sede
de justiça.
Para que saibamos se nossos atos são mesmo de “pura justiça”, precisamos
antes ter critérios justos. Eu e você damos o melhor de nós mesmos nas
nossas ações. Está óbvio para todos que os critérios individuais de cada um
são mesmo “justos”, pelo mero fato de acreditarmos nisso e partirmos do
princípio que o que pensamos está certo, sem erros.
Por que, então, nos arrependemos de certas atitudes que tomamos? Se
estes arrependimentos e as separações acontecem com frequência entre
tantas pessoas, nós estamos errando em algum ponto, não é mesmo?
Quando Escolhemos o Passado…
Tem gente que, na maioria das vezes, escolhe o que precisa fazer
observando exclusivamente a história passada de uma situação. Talvez
você já tenha passado por algo parecido: “Fulano me fez muito mal” – e
você toma as dores, olha pro passado, vai lá, dá uma bronca, arma um
barraco, diz que foi ridículo o que Fulano fez.
Deixando o Fulano constrangido e expondo-lhe à ‘verdade’, você acredita
que ele vai tomar jeito. O que acontece então? Fulano, que era tão amigo
seu, nunca mais volta a falar contigo. Você começa a pensar se aquela foi a
melhor atitude a se tomar.
Que Critérios de Julgamento Você Usa?
A tendência de alguém que escolhe exclusivamente a história passada para
tomar suas atitudes é também de escolher critérios passados como
parâmetros de decisão e julgamento. Não olhar para o futuro, ou para o
que será da relação a partir de agora, pode estragar tudo. Não existe o
“não julgar”. Você tem que escolher alguma atitude pra tomar, sob
qualquer impasse. Precisa exercitar o seu livre-arbítrio. Mesmo que não
faça nada, você escolheu não fazer nada.
Pensar no passado e não perceber como a pessoa vai receber a sua
mensagem pode, muito bem, destruir relacionamentos de uma vida inteira.
Se não é isso que você quer, comece pensando no futuro, também.
Infelizmente, o mero exercício da escolha é precedido por um julgamento
pessoal. O livre-arbítrio parte do pressuposto de que existe um
discernimento do que é bom e do que não é. Discernir é julgar e separar
coisas. Não julgueis, para que não sejas julgado – quando você entende
que o julgamento existe nas suas mais simples escolhas do dia a dia, essa
frase se revela muito mais profunda do que aparenta em sua superfície.
Eu fico particularmente comovido com o julgamento que todos nós
parecemos fazer de suicidas. Parece mesmo que nós sabemos que Deus
tratará todo suicida como um grande pecador, e que eles precisam sofrer
ainda mais depois que morrer. É como condenar seu filho por,
inocentemente, perder algo muito valioso e a partir daí julgá-lo como
“merecedor de mais sofrimento ainda”.
Alguém tão desesperado a ponto de tirar a própria vida é a primeira pessoa
que precisa de muito amor e atenção. Se você e eu estamos dispostos a dar
essa atenção a uma alma atormentada como esta, por que Deus não faria?
Pra que a humanidade dirige tanta culpa a quem tira a própria vida? A
troco de quê, exatamente? Alguém que celebra a vida e a compaixão,
certamente não pensaria isso.
Você Acha Mesmo Que Entende a “Justiça de Deus”?
Quantas pessoas realizam uma vida inteira tomando atitudes com a
explicação de que “esta é a justiça que Deus faz” e mais tarde se
arrependem? Um número muito grande de gente faz isso. Simplesmente
detonam seus relacionamentos, acreditando firmemente que “quem planta
tem que colher, e se Fulano aprontou, agora vai ter que me aguentar”.
Vamos examinar um pouco esta verdade sutil… Existem pessoas
manifestando ações baseadas no pensamento “se Deus faz isso, eu também
faço”. De onde vem essa noção de “Deus”?
Deus É O Que Sabemos Sobre Ele?
O primeiro passo pra esses atos que provocam o arrependimento posterior
é acreditarmos que Deus é “aquilo que sabemos sobre ele”. A idéia de que
compreendemos Deus é realmente uma grande falácia de boa parte da
humanidade. Até mesmo daqueles que dizem saber que não entendem. A
partir do momento em que você diz que não entende, mas age como se
entendesse, você pode estar colocando seus relacionamentos a perder.
Pense nisso: se esse alguém sabe o que Deus faria, podemos dizer que esta
pessoa discerne as atitudes de Deus. E se essa pessoa discerne as atitudes
de Deus, então ela está julgando Deus, não está? Quem na Terra é capaz de
julgar Deus? Ninguém. Portanto, nós nunca saberemos o que Deus faria.
“Está Tudo Escrito e Dito Sobre Ele” – Um Mito
Há quem argumente que o Deus da Torá, ou o Deus da Bíblia, ou do Tao
Te Ching, ou sei-la-do-quê seja a noção perfeita de Deus. Isto é uma outra
falácia. Nós somos criaturas em plena evolução. Lembre-se: nossa
humanidade já chamou o Sol de Deus. O mesmo cérebro já pensou que
havia “descoberto” Deus em todas as suas dimensões, há milhares de anos
atrás. Aí veio Maomé, Moisés, Cristo, Buda e um monte de outros dizendo
que também entendiam disso.
Se você acha que os profetas são perfeitos em sua sabedoria, e que Cristo
disse pra nós fazermos isto ou aquilo, lembre-se disso: o que sabemos a
respeito de Cristo ou dos profetas (de qualquer religião que seja), está
muito ligado às histórias que ouvimos sobre eles, sempre de outros
homens. Não me importa se são autoridades ou não: são gente, passíveis
de interpretações.
Os textos sagrados vêm de gerações e gerações de idéias escritas por
homens, que foram interpretadas e reinterpretadas. Não podemos presumir
que Deus seja o que o homem fala sobre ele.
Deus, sob esse aspecto de que “compreendemos Deus”, será sempre um
“alvo móvel”, em constante evolução. À medida que a ciência avança,
novas questões filosóficas e religiosas são colocadas na mesa. Novos
valores, descobertos.
De tudo que se sabe sobre Deus, em qualquer religião, a única parcela que
permanece sobre a mesa é a parcela do amor. Todo o restante é explicado e
reexplicado, o tempo todo.
Identificando Nossas Atitudes Destrutivas
Às vezes, a gente pensa: “ah, eu não sou perfeito mesmo, não preciso
tomar a atitude que Deus tomaria, eu sei que Ele vai me perdoar depois”.
Pensando dessa maneira, nós nos “encolhemos”, nos livramos das nossas
próprias responsabilidades de melhorar a nós mesmos e montamos todo o
terreno mental para que fiquemos muito confortáveis em escolhas que
sabemos que não são as melhores.
Muitos de nós acreditamos que somos criaturas feitas à imagem e
semelhança de Deus. Vamos supor que isto seja mesmo verdade. Também
sabemos que não sabemos quem Deus é, apenas temos uma idéia
aparentemente muito boa de quem Ele seja. Também é verdade que nós
nos projetamos nos outros. Nós nos enxergamos em terceiros.
Com essas três bases, eu me levo a pensar que nossa melhor noção de
Deus, na verdade, é a nossa melhor noção sobre nós mesmos. Por isto, é
terrível o momento em que escolhemos nos encolher diante da visão que
temos de Deus. Isto significa que estamos deixando de ser quem podemos
ser de verdade.
Dá Pra Aprender Quem é Deus Através do Cinema?
Inúmeras pessoas ficaram com medo do Umbral, depois de assistirem o
filme Nosso Lar, baseado no livro de Chico Xavier. Curiosamente, as
pessoas que acreditam na idéia de um Umbral são as mesmas pessoas que
condenam o Inferno Cristão. Isso não cabe na minha cabeça. O mecanismo
de educação moral é o mesmo: acuar o religioso através do bom e velho
medo.
Sinceramente, qualquer idéia de Inferno pra mim cai tudo na mesma
categoria: acreditar que o homem é incapaz de compreender e escolher
ativamente o caminho do amor. Quantas pessoas estão por aí dizendo
“fulano vai pro Umbral”, da mesma maneira que outras pessoas dizem
“Cicrano vai pro Inferno se continuar nessa vida”?
É claro que a contribuição do cinema pra proliferação da obra de Chico
Xavier foi enorme. Além disso, Chico Xavier foi uma grande
personalidade. Foi um sábio. Sua visão da bondade do ser humano é única.
Ganhou-se, também, MUITO dinheiro com a circulação dos filmes sobre
este grande homem e sua visão espiritualista. Não quero dizer que seja a
única verdade e que elas seja ruim. Apenas apóio a parte em que ele fala
sobre o amor.
No entanto, qualquer material sobre Deus que o homem crie será só isso:
uma visão de Deus. Uma lente. Nunca será quem Deus é, de verdade.
Infelizmente, existe gente crendo que Deus é o que nossa cultura de 7 mil
aninhos pode entender sobre Deus. É perfeitamente natural - porém,
extremamente equivocado.
Aja Visualizando o Melhor Futuro Para Todos
O passado passou. Não existe mais. Mas o futuro pode ser criado com as
nossas atitudes. Se mudarmos um pouco a nossa maneira de escolher o que
queremos de um relacionamento, criando uma visão clara do resultado de
nossas atitudes no futuro e perseguindo esta visão, podemos assumir um
papel mais construtivista, mais conciliador.
Esta, na minha opinião, é uma visão sustentável da vida. A questão do
perdão, de saber que pessoas podem mudar. De saber que, pra Fulano
tomar jeito, ele precisa de apoio, não de reprovações.
Inspire-se Na Melhor Idéia Que Você Tem de Deus
Outra maneira de melhorar nossos relacionamentos é pensando “ao
contrário”. Não vamos nos limitar pelo nosso entendimento do Deus
“castigador e justiceiro”. Ao invés disso, vamos expandir Deus, a partir do
que já entendemos sobre ele. Esse processo é puramente neurolinguístico.
Usaremos, então, os recursos internos e padrões de julgamento que você
tem para trazer à superfície a melhor pessoa que você quer ser.
O que descrevo aqui não é uma verdade sobre Deus. Muito menos um
conjunto de parâmetros morais, mas sim um processo que lhe permitirá
tomar atitudes mais conscientes, segundo o que você mesmo entende como
sendo o melhor em termos de decisão e moral.
Funciona assim: quando começamos a nos perguntar “o que Deus faria no
meu lugar?” Vamos passar pelo seguinte processo de questionamento:
1. Diante de uma escolha difícil em meus relacionamentos, qual seria a
decisão mais amorosa que eu tomaria? A mais amorosa de todas?
2. Esta decisão deixa o outro em um estado melhor, mais saudável e
mais bonito daquele em que ele se encontrava antes?
3. Se Deus é infinitamente maior do que eu, certamente ele seria muito
melhor do que eu em minhas decisões. Como ele melhoraria o que eu
pretendo fazer?
Este “ciclo” vai te permitir detonar o padrão que às vezes nasce das nossas
atitudes mais emocionais, quando estamos com a cabeça quente. Como
sempre, você pode adaptar esse exercício ao que achar melhor. Não estou
aqui pra dizer verdades. Antes, estou aqui pra contribuir com novos pontos
de vista.
Um abraço, espero ter adicionado valor à sua vida. Além disso, recomendo
que compartilhe estas idéias com alguém que você saiba que precisa deste
carinho, deste amor, de verdade.
DELÍRIO #27: Um dia, todos nós partiremos... O que
fazer a respeito?
ATENÇÃO! O material de hoje é bastante mórbido, polêmico,
controverso, mas na minha opinião… Totalmente pertinente. Tive muito
medo de publicar esse conteúdo, mas aqui está. É um padrão de
pensamento, uma idéia. Como qualquer idéia, pode ser extremamente
poderosa, mas também pode ser altamente destrutiva se for mal
interpretada ou deturpada.
Esta metáfora me ajudou a reconstruir minha vida e minha carreira.
Ajudou-me também a ser alguém muito mais caridoso e atencioso com as
pessoas. Quero lhe pedir que entre esta conversa com olhos construtivos, e
tenho certeza de que será muito engrandecedor.
Críticas são sempre bem vindas, é claro. Mas antes, certifique-se de que
você entendeu o ponto. Não quero ser visto como ‘detestável’. Vejo muitos
comentários feitos por pessoas que nem sequer leram o que está escrito
nestas linhas. É uma pena que isto aconteça, pois estas pessoas não
conseguem enxergar além dos seus próprios preconceitos.
De posse destas informações preliminares, vamos começar.
Você já teve um daqueles dias em que tudo parece ser como qualquer outro
dia, e de repente recebe uma ligação desagradável, anunciando a perda de
alguém muito especial na sua vida?
Eu já. Algumas vezes. É a vida.
Qual é sua primeira reação? Dor? Choro? Tristeza? Pena? Desespero?
Melhor do que isto é perguntar: como saber da morte pode fazer você
viver uma vida com uma qualidade maravilhosa?
Como Você Costuma Reagir?
É impossível prever exatamente como será a sua reação, frente a qualquer
perda. Você pode achar que será sempre forte, e de repente se revelar
fraco. Ou o oposto: se achar uma verdadeira manteiga derretida, e de
repente assumir a posição de porto seguro pra toda a família, e se tornar o
“terreno estável” para aqueles que não mantiveram seu equilíbrio diante da
perda.
Mas, na maioria das vezes, existem reações habituais que podemos
observar.
Existem inclusive reações controversas, como a comemoração, por
exemplo. Uma tia minha disse que no interior do Ceará, quando ela era
criança, fazia-se um forró completo em homenagem à pessoa que partiu. É
possível também percebermos em alguns casos uma aparente apatia, ou
um surto de comédia. Contar piadas em enterro é uma forma comum,
polêmica e, para alguns, desgradável e desrespeitosa de lidar com o fim de
uma vida.
Em Ambientes Extremamente Hostis, A Morte é Muito Normal
A indiferença também pode fazer parte da reação à brevidade de uma vida.
Em determinados lugares, onde mães dão a luz a muitos filhos e as
condições de vida são muito precárias, a fragilidade da saúde é tida como
normal. A sobreviência de uma criança pode ser tida apenas como ‘sorte’,
e não uma garantia pré-concebida pelo ambiente.
Tem muita gente que não conta sequer com saneamento básico em muitas
partes do mundo, e isso é muito triste. Em um ambiente destes, é
curiosamente natural que as famílias sejam enormes – uma estratégia típica
da mãe natureza para aumentar a chance de sobrevivência da espécie.
De qualquer maneira, nós estaremos sempre nos adaptando para
enfrentarmos não só “o fatídico fim”, mas também esse meio que é a vida.
Diferentes pessoas, com diferentes culturas em diferentes lugares inventam
infinitas maneiras, hábitos, emoções e comportamentos para viver e
enfrentar a partida.
Morte: A Coisa Mais Natural e Mais Rara Que Existe
Esta é a única coisa sobre a qual temos certeza absoluta de que vamos
passar, uma vez que tenhamos nascido. Ainda assim, há controvérsias:
existe um grupo de cientistas pertencentes a uma ONG chamada SENS
que acredita que os primeiros seres humanos que viverão por mil e
quinhentos anos ou até mais já estão vivos hoje.
Mesmo sabendo que a morte é natural, é complicado ter que encarar esses
eventos como naturais, porque são raros na vida pessoal e no cotidiano das
cidades modernas. Todos temos a possibilidade de partir uma única vez.
Sabemos que partiremos, e se existe algo que diga que continuaremos a
viver em outro lugar, esse algo é a nossa fé.
Existem pessoas que, ao verem a si próprias com medo da morte, dizem a
si mesmas que isso é normal - que todo mundo, no fundo no fundo, tem
medo da morte, e que este é um fato impossível de ser mudado.
Esta são crenças que imobilizam estas pessoas. Só servem para inutilizar
seu auto-controle. A verdade é que nem todo mundo tem medo da morte,
então a pergunta a se fazer é: como posso, também, não ter medo da
morte?
É uma verdade boa saber que podemos tentar entender como essas pessoas
que não a temem encaram a morte, e como isto afeta os comportamentos
potencializadores, para que tenhamos também a coragem de ir em direção
a grandes sonhos e grandes projetos sem o medo das grandes perdas.
Suicidas, por exemplo, não têm medo da morte, ou pelo menos têm menos
medo da morte do que da vida: antes, encaram-na como uma forma de
alívio para tristezas e dores neste mundo. Também existem monges,
padres, médiums, pastores… Um mundo de pessoas que encaram a morte
como uma libertação.
Não estou dizendo que todo mundo que é espiritualizado tenha vencido o
medo da morte. Digo apenas que existem pessoas que não têm esse medo,
e isto inclui pessoas não religiosas (que na minha opinião, são também
espiritualizadas). Todos eles podem nos dar um banho de lições a respeito
da importância da vida.
O que quero ressaltar e demonstrar aqui é a contribuição que os suicidas
me deram para que, inspirado neles, eu construísse uma vida mais feliz
para mim mesmo e todas as pessoas à minha volta, sem exceção.
Eu avisei que o tema era controverso e polêmico. Agora, aguenta, coração.
A Atitude Fundamental Que Desequilibra Nosso Comportamento
Existe uma ilusão típica que paira sobre os nossos pensamentos. É a ilusão
da imortalidade. Mesmo que muitos afirmem com toda veemência que
sabem que um dia partirão, e que é importante fazer todo o possível aqui, o
quanto antes, é curioso como muitas vezes não estamos decididos a agir
como se isso fosse verdade.
Parece que queremos acreditar nisso, mas que não compramos esta idéia,
de fato.
Esta mesma ilusão nos faz viver uma vida de apego à nossa zona de
conforto. Muitos amam a idéia de querer romper barreiras, quebrar limites,
alcançar novos patamares. Mas a decisão destes quanto a isto é: não
preciso fazer isso agora, porque estou me preparando, e ainda tenho
bastante tempo.
Se você se comporta como se a morte estivesse lá longe, sempre é pego de
surpresa quando ela acontece. Pra mim, isto aconteceu de forma muito
aguda quando perdi um grande amigo que tinha vinte e poucos anos. É
comum a gente fazer reflexões a respeito das nossas atitudes quando
estamos em contato com a morte. Difícil é realizar as resoluções que vêm
destas reflexões.
É também esta mesma ilusão que contribui para as reações mais
dramáticas quando perdemos alguém. Não é a única coisa que contribui,
mas certamente contribui bastante. O que acontece com a estrutura da “sua
realidade”? Partindo sempre do pressuposto de que as pessoas têm todo
tempo do mundo, quando você perde alguém, o que acontece com o seu
emocional?
Decidindo Comprometer-se Com a Vida
Precisamos abandonar esta ilusão de que não morreremos. Como fazer
isso? Precisamos manter nas nossas mentes durante vinte e quatro horas
por dia que a vida é o grande evento ao qual fomos lançados, e que
precisamos fazer dele um grande espetáculo. Precisamos adotar
pensamentos que gerem capacidade de ação e decisão. Padrões de
pensamento encorajadores.
Na minha opinião, uma boa verdade para se adotar vem da música que
todo mundo lembra, do Renato Russo: é preciso amar as pessoas como se
não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade, não
há.
Existem muitas “chaves” para a decisão de se criar uma vida maravilhosa,
em compreensão, amor e carinho. Eu também procuro as minhas, não
consigo viver uma vida grandiosa o tempo todo. Como todos, tenho meus
momentos altos e baixos. O segredo é aumentar os bons momentos em
quantidade e qualidade, um dia de cada vez.
Uma coisa que não faço é me fechar à observação de tudo em que minha
mente se mete. Acho engraçado quando ouço alguém dizer: “morte? Não
quero nem pensar nisso! Me recuso!” Isto impede muitas e muitas
descobertas.
Um belo dia, uma pessoa se suicidou na janela em frente ao apartamento
onde eu morava. Era um adolescente, completamente alucinado por
drogas. Foi pensando nele que tive uma poderosa lição.
O Que Um Suicida Pôde Me Ensinar Sobre a Vida?
Primeiro: eu não quero que você ache que eu “bato palmas” para suicidios.
Seria ridículo de minha parte. Sobre suicídios, só tenho um ponto positivo
para ressaltar: o suicida é o cara mais corajoso que existe, e só. Mas é tudo
isso também. Enquanto a maioria de nós estamos evitando riscos o tempo
todo para salvar nossa pele e nossa zona de conforto, um suicida se lança à
morte, em um ato totalmente comprometido de aliviar a dor que encontrou
na vida.
Um suicida é um cara com o mais alto grau de comprometimento que eu já
ouvi falar: ele compromete sua própria e única existência em favor de suas
opiniões, do que ele acredita ser a atitude “certa”. Ele erra em um único
ponto crucial: perde sua vida no processo. Literalmente. Acerta na
coragem, mas erra completamente o alvo.
Muitas pessoas não aguentam sequer ler estas palavras sem haver um
reboliço interno. Será este o seu caso? Espero que não.
Quantas vezes nós simplesmente deixamos de nos comprometer com o que
acreditamos ser bom, simplesmente porque queremos manter o que já
temos? Quantas vezes nós entregamos as rédeas da nossa própria vida a
terceiros, situações e lugares, simplesmente para não “estragarmos as
coisas”? Damos muito valor ao que já temos, ao que já conhecemos, ao
que é previsível, ao que nos dá conforto... Nós temos muito medo de
perder tudo isso.
Suicídios Desperdiçam Algumas
Das Almas Mais Valiosas da Humanidade
É claro que eu não concordo com o suicídio. Acho um absurdo alguém se
lançar à morte. Ao invés disso, vejo em um suicídio a maior burrada que
alguém pode cometer. Um suicida é alguém que desenvolveu o que
ninguém mais conseguiu: uma capacidade incrível de querer
profundamente e realizar mudanças totalmente drásticas em sua vida. Ele
já está radicalmente convencido de que todas as suas energias precisam ser
utilizadas urgentemente na sua transformação pessoal absoluta e completa.
Quantas pessoas chegam a este estágio de consciência e motivação? Quase
ninguém. Pouquíssimas pessoas no mundo inteiro conseguem se
comprometer com suas próprias causas tanto quanto alguém que está
apenas considerando a hipótese de cometer suicídio, e muito menos ainda
de quem chega lá e realiza.
Ao desperdiçar verdadeiros heróis em potencial, a mãe natureza me dá um
belo espetáculo de sua completa estranheza. No entanto, não fico
espantado por certos personagens controversos da História estarem
relacionados a eventos suicidas, como Napoleão (que tentou suicídio, mas
não conseguiu) e Adolph Hitler. O estado de confiança e decisão destes
caras era contagiante, mas seus valores eram muito, muito destrutivos.
Eles precisavam seriamente de uma “revisão de conceitos”, mas não deu
tempo.
Inverta a Polaridade: Lance-Se À Vida
Na minha opinião, qualquer um que tenha essa paixão pela transformação
deve “inverter a polaridade”, e se lançar tão rápido quanto possível em
projetos que podem transformar o mundo em um lugar muito melhor pra
se viver. É o tipo de estado que gera atitudes que constroem com
velocidade um universo muito mais favorável e amoroso.
Cristo, Ghandi, Buda, Madre Teresa de Calcutá, Einstein, John Lennon,
Lincoln, Martin Luther King Jr, Mandela, Eckhart Tolle… Nenhum deles
queria nada além de transformar o mundo em um lugar melhor para todos,
sem distinção.
Se eu pudesse fazer alguma coisa pra impedir suicídios, seria deixar claro
a alguém que chega a esse estado de consciência que essa pessoa é
potencialmente capaz de transformar o mundo inteiro. O mundo inteiro,
isto mesmo – desde que se empregasse com toda essa força de decisão na
única tarefa de aprender o que move as pessoas para o bem.
O que você pode fazer pra se motivar muito mais no seu dia a dia? Adote
como princípio que as coisas que você já tem são apenas isso: um estado
letárgico, o não-exercício de sua vida. É a morte por omissão de viver.
Considere também que você pode perder sua vida a qualquer momento,
sem que você tenha feito o que realmente precisa fazer. Saiba que isto não
é uma mera opinião, mas sim uma hipótese REAL, não interessa quão bem
você viva – a vida é isto: fatídica e imprevisível.
Não resista à idéia de que a sua vida e a harmonia com o próximo são
muito mais importantes do que qualquer invenção do homem, qualquer
ciência, qualquer conta bancária, qualquer desentendimento ou mesmo
qualquer religião. Tenho certeza de que até Deus suspenderia seu próprio
julgamento se o que você sonha é absolutamente bom para você e para
todos os outros.
Apresentando Uma Nova Identidade: o “Suivida”
Suicídio vem do latim “sui caedere” – palavras que significam “próprio” e
“matar”. “Vivere” significa “viver”, também em latim.
Não existe, no Português, uma palavra para alguém que se lança à vida
com a mesma força que um suicida se lança à morte, e isto é um absurdo!
Para sanar este problema, tentei inventar uma, e veio essa:
“Suivida” - Viver a si próprio.
Resumo da história: seja um “suivida”. Isto lhe aproximará muito mais de
ser tão corajoso quanto um “suicida”, mas com a tal “polaridade invertida”
– o que lhe permitiria lançar-se em causas que podem fazer a vida
florescer e se multiplicar com todo o amor que você merece. Alguém que
morre pra uma velha vida, e se lança em uma vida completamente nova.
Este é um dos meus recursos mais profundos. Pensar desta forma me
permite viver com um propósito que trouxe pessoas maravilhosas à minha
vida, além de muitas amizades. Afinal, você está aqui, não está?
Através desses princípios também conquistei uma paz interior enorme e
um controle emocional cem vezes maior do que o que eu possuía, se é que
eu já possuí algum.
Espero que isto lhe seja engrandecedor, ou engrandecedor para qualquer
pessoa que esteja passando por sérias dificuldades a respeito do valor de
sua própria vida. Se você conhece alguém que esteja precisando deste
carinho, compartilhe esta mensagem com ela. Atue em função da vida.
Espalhe o amor, e muito obrigado pela sua atenção.
DELÍRIO #28: Uma estratégia simples para se
conquistar a paz incondicional
Vamos falar aqui sobre paz e como mantê-la. Para ilustrar o caso, vamos
utilizar como “terreno” algo que pertence ao cotidiano da maioria das
pessoas: o Google.
Achou esquisito, isso? Pois eu digo: até mesmo o Google pode roubar
nossa paz.
Você já parou para analisar até que ponto o Google serve à sua vida? Mais
especificamente: quando é que o Google pode lhe trazer paz? Mais ainda:
quando é que ele rouba sua paz?
O Maior Tesouro a Céu Aberto
Para quem ama aprender, a Internet é um parque diversões infinito. Não
existe assunto para o qual o Google não tenha catalogado pelo menos
umas 200 mil páginas. Com todo esse monte de informações à nossa
disposição, a sensação que temos é de um horizonte sem limites para
qualquer descoberta.
Diante da ignorância sobre um assunto, basta digitarmos qualquer palavra
chave para descobrir um mundo completamente novo. A partir de uma
única palavinha, podemos descobrir inúmeras outras que não sabíamos, e
links para assuntos complementares, totalmente ligados ao problema que
você quer resolver.
O Google parece saber exatamente como saciar os nossos cérebros
esfomeados.
O Que Provoca a Hipnose Digital?
Ao encontrar centenas de milhares de páginas para responder a uma
dúvida sua, você automaticamente tem uma sensação que mistura “alívio”
e “poder”. Alívio, porque, teoricamente, daqui a pouco você estará com
esse desconhecimento resolvido. Poder, porque adoramos ter capacidade
para resolver situações.
Ao começar a consumir as informações no Google, nós começamos a
visualizar as atitudes que vamos tomar para resolver este ou aquele
problema, imaginando as cenas, os gestos, os sinais sensoriais… Enfim,
nós ficamos empolgados e felizes com a possível recompensa, e
começamos a sentir conforto sobre a tensão que estava imposta até então.
De posse dessas sensações, lá vamos nós, interessados em investir apenas
15 minutos de leitura rápida pra resolver a questão. Colocamo-nos no
estado “pesquisador”, mudamos todo o nosso panorama interno para
conquistar permanentemente a vitória sobre o problema inicial.
É aí que o problema real começa: você perde as estribeiras sobre o passar
do tempo.
O Resultado da Gula Mental
Passamos então 3 horas navegando incessantemente pela Internet, até
descobrirmos que não estamos mais lendo sobre o problema inicial. O
estímulo do conteúdo descoberto provoca naturalmente outras perguntas, e
você acaba saindo da estrada em que começou. Você descobriu ou lembrou
de novos problemas que precisa resolver, em adição ao problema que deu
origem a tudo.
Você faz o possível para registrar em sua mente todo o caminho que você
percorreu, e todas as perguntas que abriu: está alimentando sua memória
com tantas variáveis que começa a se sentir desconfortável novamente: a
informação abarrotou sua mente. Fim de linha pra solução.
Existe Um Google Dentro do Seu Cérebro
Você foi vítima de um fenômeno que os psicólogos chamam de busca
transderivacional. É como se fosse o Google da sua mente. À medida que
entramos em contato com mensagens externas, disparamos naturalmente
novos processos internos de busca e associação. Estes processos
descobrem novos conteúdos na sua mente, que disparam outras emoções,
que geram motivações, que geram outros estados, que geram atitudes de
um outro universo – nada a ver com o problema inicial.
Essa “mistureba” de informações do lado de dentro e de fora da sua cabeça
roubam completamente o conforto do seu corpo. Na busca de mais energia
para alimentar sua atividade, seu coração começa a pulsar mais forte, mais
sangue é bombeado pra sua cabeça e mais recursos do seu corpo são
destinados à gerência da sua memória.
O resultado é o estresse típico e geral, motivado pela sobrecarga de
informações às quais você destina seus recursos mentais. O Google
acabou de roubar a sua paz.
Em muitos casos, o único motivo pelo qual não temos paz é exatamente o
mesmo: estamos pensando demais e de maneira sobrecarregada sobre um
problema, e não conseguimos parar de pensar sobre ele. O problema pode,
inclusive, ser menos significativo do que a nossa incapacidade em lidar
com ele, inclusive.
Como Aliviar o Estresse
Por Sobrecarga de Informações?
O segredo na utilização do Google está longe de ser “consumir tudo o que
vier e aprender o máximo, porque informação nunca é demais”. É CLARO
que informação pode ser demais, porque o seu cérebro não é um
computador. Isto é verdade também para todos os outros problemas da sua
vida: pensar demais neles e nunca chegar a uma conclusão pode se tornar
um hábito não saudável. Psiquiatras às vezes chamam isso de mania.
Sua sede por aprendizado nunca vai superar a capacidade que o Google
tem de fornecer novos conhecimentos, você vai ficar completamente
bêbado, tentando manter na sua memória de curto prazo conflitos,
informações e soluções, tentando estruturar tudo.
Da mesma forma, a vida é sempre capaz de trazer mais problemas e mais
informações do que você é capaz de processá-las. Portanto, aqui estão
algumas estratégias úteis para navegar tanto na web quanto na sua vida
com mais consciência – e, portanto, com mais paz, claro:
1. Defina claramente o que você quer resolver – a maioria das pessoas
não sabe exatamente qual é a utilidade que elas esperam das suas
reflexões e pesquisas, e nesse caso, não existe informação que ajude.
2. Limite o tempo disponível pra sua pesquisa ou solução – afinal, você
tem uma vida com outros assuntos para viver.
3. Seja simples, limite o escopo do assunto. Muitas vezes nós somos
generalistas demais, acabamos encontrando um monte de teoria,
hipóteses para pensar e pouca aplicabilidade sobre os problemas
reais.
4. Não tenha medo de deixar informações para trás – apenas uma
pequena parte delas será responsável pela maior parte da solução.
5. Desista de tentar controlar tudo. É impossível fazer isso.
6. Utilize-se de dispositivos externos para lhe ajudar a superar os seus
limites – postits ou temporizadores, para que você não precise tomar
conta dos seus estados internos enquanto executa sua pesquisa ou
reflete e age sobre um problema qualquer.
7. Divida seu problema total em outros menores, para que você o
resolva em etapas.
8. Busque diretamente o contato com os especialistas no assunto – suas
respostas costumam ser curtas e eficientes, e suas fontes, muito mais
ricas em qualidade.
9. Refine os canais preferenciais onde você adquire informações. Às
vezes, pode ser melhor passar 4 horas lendo diretamente um livro ou
consultando um especialista do que buscando informações
desorganizadas na web ou procurando conselhos de pessoas que
vivem os mesmos problemas que você está tentando resolver.
Aí estão alguns estímulos que podem fazer você sair do estado “zumbi”
que o Google costuma impor a cada internauta do mundo e que a vida
pode, também, nos impor em termos de preocupações diárias.
Espero que estas estratégias lhe enriqueçam os dias, e faça você usar
melhor seus recursos mentais, emocionais, e também o seu tempo. Mais
paz para o uso que você faz da web, do seu cérebro e da sua vida.
DELÍRIO #29: Como aniquilar para sempre o sofrimento
por amor?
Este é um dos problemas mais densos que já “ataquei”. Não pretendo falar
aqui sobre todas as nuances do amor. Apenas quero ressaltar alguns pontos
recorrentes e essenciais na construção de um relacionamento. Esta
conversa vale a pena, principalmente para levantar uma discussão
importante a respeito de relacionamentos amorosos.
Esta conversa iniciou com uma amiga, e o tema me pegou pelo pé, já que
todos nós nos relacionamos amorosamente (ou queremos fazer isso). Eu,
particularmente, sofri com o tipo de padrão de acontecimentos que
descreverei a seguir, e aqui está minha confissão de como me resolvi
dentro deste cenário.
Apesar de denso, este texto não se destina a ser um tratado. Comecemos.
O Amor e As Bilhões de Pessoas em Dor
Todos os dias, uma verdadeira aldeia global justifica seu sofrimento com a
palavrinha ‘amor’. Mães sofrem pelo futuro dos filhos que amam.
Amantes sofrem pela pessoa que ama. É dito que Cristo sacrificou-se
voluntariamente, impondo-se o sofrimento por amor a toda a humanidade.
É uma opinião comum a de que, quando amamos demais, queremos que a
pessoa amada viva o melhor que ela pode viver. O melhor que você sabe
que ela pode ter para si mesma. Nós podemos sentir uma dor quase física
quando alguém que ama toma uma decisão que não é a melhor de todas quando, claramente, é a escolha menos saudável a se tomar.
As pessoas se importam. As pessoas cuidam. As pessoas querem ajudar. As
pessoas se preocupam quando amam. O amor que você sente por alguém
te leva à necessidade de contribuir com a vida daquela pessoa. Quando
amamos, na iminência de uma opção desastrosa, nós sempre nos
compadecemos de quem tomou a decisão ruim. A dor parece ser sempre
diretamente proporcional à quantidade de amor que você deposita na vida
do outro.
O Que Há Nas Entrelinhas do Que o Amor nos Traz?
Quase ninguém gosta de viver completamente sozinho. É bem comum
perceber pessoas que se dizem bastante frustradas quando se encontram
em vidas ou rotinas solitárias. Temos pessoas que gostam de momentos
solitários, mas eu nunca ouvi falar de alguém que deseja viver
absolutamente sozinho. Se estas pessoas existem, são raríssimas exceções.
Por este motivo, eu acredito que eu possa generalizar, dentro das devidas
proporções, que há uma regra dentro da qual quase todas as pessoas se
encaixam: em nossa cultura, hoje, a solidão absoluta não funciona!
Dando um passo a mais, eu diria qeu nós não apenas detestamos a idéia de
estarmos completamente sozinhos fisicamente. Quando estamos próximos
de outras pessoas, queremos nos sentir fisicamente conectados a elas.
Não é boa a companhia de nossos amigos? Quando sabemos que eles
fazem realmente parte do nosso círculo de relacionamentos, e que
podemos confiar neles porque os conhecemos a fundo e podemos mais ou
menos saber como se comportam, e que suas preferências são parecidas
com as nossas... O quão bem isso nos faz? Mais ainda: o que é este
“círculo de relacionamentos”, senão uma idéia pela qual nós vivemos
como pessoas? Defendemos, por algum motivo, neste momento da
humanidade, a concepção de que precisamos manter as pessoas próximas e
conectadas a nós.
Se eu puder colocar isso em minhas próprias palavras, a maneira como
“vejo” isso é que existe uma dor “primordial” na vida solitária. Diria que
saber que estamos separados do nosso entorno nos causa algum tipo de dor
psicológica.
A bênção de reconhecer que somos indivíduos únicos e autônomos à parte
do mundo também seria a maldição de não gostarmos da idéia do “estar à
parte”, pois esta mesma idéia pode implicar no isolamento de nós mesmos
com relação a tudo.
Perceber que estamos separados do resto das coisas e das pessoas não
agrada nossos sentidos. Por isto, precisamos “fazer parte” das coisas.
Precisamos “ser as outras coisas e pessoas”, também. A percepção de que
existe um mundo muito maior do que nós do lado “de fora” da gente me
parece criar essa necessidade intrínseca de desenvolver e “expandir” nosso
ser - expandir nosso corpo e a sensação de que nós, como indivíduos,
também somos as outras coisas lá fora.
Na minha opinião, esse assunto é tão importante que chega a dimensões
universais, como no Budismo, onde os monges pregam que nós fazemos
parte do todo, e que nós “somos” o todo. É interessante perceber que estas
idéias são tão praticadas pelas pessoas - ou tão buscadas por aquelas que
não conseguem praticá-las.
Como “Aumentar” a Nós Mesmos?
Para esta “expansão” de quem somos, nosso cérebro nos proporciona um
mecanismo muito interessante. Gostaria de chamá-lo aqui de “psicologia
da posse”.
“Meu amigo”, “minha casa”, “meu carro”. Quando nos apegamos a
algumas destas coisas e as perdemos, parece mesmo que estamos perdendo
uma parte física de nós. É exatamente esta a frase que muitas pessoas
dizem: “fulano se foi e levou com ele um pedaço de mim”.
A maneira mais essencial de “expandir” nossa existência e nos tornarmos
maiores, mais importantes e menos efêmeros é, portanto, através do
desenvolvimento dessa nossa ligação com pessoas que nos compreendem
e das coisas que possuímos. Neste plano, onde podemos nos perceber
“separados” e “isolados”, torna-se muito útil criar esta compreensão
psicológica da conexão, do “fazer parte de algo”, do “possuir” algo.
Em nossa cultura, hoje, para contrariar esta percepção de separação que os
nossos sentidos e interpretações tentam nos impor de maneira tão gritante,
precisamos tornar “parte de nós” pessoas que compreendam e
compartilhem dos nossos pontos de vista. Precisamos que as nossas
pequeninas e mais minuciosas particularidades sejam compartilhadas e
validadas por outros. Precisamos de pessoas que digam que até nossas
mais delicadas ou superficiais incertezas sejam merecedoras de atenção. A
atenção é o veículo pelo qual nos percebemos pequenos, e também o meio
para expandir quem somos.
Justamente porque acreditamos que precisamos “fazer parte” de algo ou de
alguém, quando percebemos que estamos sendo “acariciados pelos braços
do amor”, recebendo esta validação do outro, sentimos muito prazer. Um
prazer indizível, que só quem sente é capaz de entender, mas raramente
consegue definir em palavras. Um prazer que remete à paz, à felicidade. O
prazer divino do amor entre as pessoas, que existe e pode ser sentido em
alguns momentos, com muita intensidade. Basta você estar preparado, e
todo mundo está, em algum momento. Talvez agora, quem sabe?
Quando nós escolhemos fazer parte da vida de outra pessoa e esta pessoa
diz para nós “você faz parte da minha vida”, parece que um ciclo ou um
contrato verbal se fecha. Nós realmente nos tornamos, a partir de então,
mais do que nossos próprios corpos. Somos também o outro.
Como Obtemos Prazer da Matéria?
A quantidade de prazer nas nossas vidas é aumentada também pela
quantidade de controle que temos sobre o contexto material onde vivemos
- ou seja, sobre as coisas materiais que “possuímos”. Se a percepção do
universo à nossa volta melhora em qualidade - ou seja, se as coisas das
quais podemos dispor passam a atender melhor às nossas expectativas nós nos tornamos mais felizes.
Penso que isto se deve ao fato de que todos nós queremos “dominar o
nosso universo”. Em última instância, nosso desejo seria o de ter a
possibilidade de “pensar e criar instantaneamente o que queremos no
plano físico”. Quer uma pipoca? Pense e abra as mãos. Lá está ela.
Infelizmente, isto não é possível enquanto não inventarem o equivalente à
Lâmpada de Aladin. Portanto, percebemos qualquer melhora em nossa
vida material como sinal do nosso poder sobre a cultura que domina
nossas percepções, fazendo com que observemos o mundo como se o
universo tentasse sempre impor a separação e o isolamento entre nós e as
outras coisas.
Se você melhora suas condições de vida e seus hábitos, isto significa que
você é capaz de subjugar a realidade que tenta lhe impor o desprazer da
separação, ou o descontrole. Você venceu aquilo que “não é você”.
Com tudo isso, concluo que através de escolha e interação física, você
manifesta sua conexão também com o plano material. Molda-o à
semelhança de quem você “é” em sua mente.
Acredito que esta seja a função da estética e da beleza nas coisas da vida:
uma maneira de manifestar sua porção divina sob a Criação – venha ela de
onde vier.
Como o Amor se Liga à Realidade?
O aumento do nosso prazer é um objetivo definitivo na nossa vida. Todos
queremos mais prazer. Sempre mais – seja desenhando o mundo material à
nossa vontade, seja aumentando o grau de conexão entre nós mesmos e o
próximo.
Quando você intensifica sua ligação com outra pessoa, é natural que o seu
contexto, ou a sua realidade, seja compartilhada com ela. Vocês passam a
se encontrar mais vezes, frequentando os mesmos lugares e
compartilhando conversas, significados e até hábitos. Não apenas isto, mas
há uma implicação de que “o que é meu agora também é desta outra
pessoa”. Nós compartilhamos não apenas a presença dos lugares, como
também as nossas posses.
O aumento da conexão, naturalmente, causa o compartilhamento de
objetivos e ideais. Você quer viver com o outro o melhor contexto possível
do seu amor. Quer que o que rodeia os dois fique cada vez melhor. Quer
melhorar junto com o outro. Quer profundamente que o outro melhore
também, em todas as suas decisões. Estar com alguém “melhor ainda” é
também ser alguém melhor ainda.
Ao fazer todas estas coisas, nós passamos a definir quem somos também
como função do que temos, de com quem temos um relacionamento e até
mesmo do que fazemos. Eu passo não apenas a ser o “Rodrigo”, como
também “sou”, em partes, o meu computador e a minha esposa. Eu “sou”
os meus textos e também “sou” o meu trabalho.
Na presença da mera possibilidade de mais prazer futuro, você ganha mais
energia e motivação para interagir com o outro, na direção de seu
aperfeiçoamento. Se temos a chance de conseguir algo mais, ficamos
energizados e tentamos interagir com o outro para unir esforços e obter
este “algo mais”. Com seus sentidos fixados na idéia de possuir um
cenário melhor do que este que vive atualmente, você passa a ser uma peça
ativa na provocação do desenvolvimento do outro: encorajando,
demonstrando, comunicando, pedindo e até em alguns momentos
conduzindo o outro na direção de uma posição superior à atual.
É precisamente nesse momento que a dor pode chegar, ao invés do prazer.
Como Entender a Mecânica da Dor no Amor?
Nós estamos sempre dispostos a preservar, ou manter as relações nas
quais nós estamos investidos. Muito mais, em especial, aquelas que nos
trazem o sentimento de conexão, de importância, do sublime prazer que
prove que os nossos sentidos carnais estão errados. Queremos eternizar a
certeza de que somos, sim, muito maiores do que percebemos. Não preciso
me explicar mais pra você, isso é simples e profundo. Você já sabe disso.
Já vimos que, se entendemos que certas escolhas podem nos trazer algo
que torne o contexto do relacionamento melhor, isto é sinal de que
podemos ter mais prazer. Se já temos prazer em um relacionamento,
porque não ter mais um pouquinho? O que custaria você ajudar aquela
pessoa que você tanto ama a alcançar um pouquinho mais em sua vida, ou
deixar alguma mania prejudicial?
Segundo esta hipótese, nos agarramos à possibilidade do ‘se tiver mais
prazer ainda, poderá haver mais amor ainda’. Isto pode representar um
grande problema.
A Fuga Para Um Presente Falso
O movimento inicial da dor acontece quando refletimos sobre a
possibilidade de toda essa conexão divina simplesmente deixar de existir,
ou de sempre ter sido falsa. Será que essa pessoa me ama mesmo? Será
que vai continuar comigo? E se ela já estiver me traindo?
A mera suposição deste cenário é mais do que suficiente para motivar a
insegurança aguda, em alguns casos, junto com uma boa dose de dor
psicológica e outras emoções desagradáveis. As pessoas saem do estado
real do amor que existe para reagir a fim de evitar o estado de término do
relacionamento - aquele que até então não existiu.
Geralmente, essa motivação vem de algumas verdades distorcidas e
generalizações na nossa cabeça. Coisas como “todos os homens traem”, ou
“se minha última namorada me traiu, essa aqui também vai trair” ou ainda
“ele tem um passado ruim, deve continuar igual para sempre” e “ela já me
traiu, vai trair novamente”.
O que estas idéias causam? Excesso de controle. Elas nos impedem
completamente de aproveitar o agora, que é o que de fato existe: a pessoa
está conosco.
Essa é uma distorção muitas vezes baseadas em memórias passadas, pela
falta de perdão ou pela falta confiança de que as pessoas possam realmente
melhorar. Quem acredita que o ser humano não pode melhorar, e muito
rápido, torna-se completamente incapaz de acelerar sua própria evolução,
além de criar barreiras para a evolução do outro.
Por isto temos tantas pessoas bloqueadas para mudanças: sua própria
crença sobre a natureza humana motiva e sustenta com bases ultra-fortes
um hábito de resistência a idéias novas e comportamentos novos.
O Outro Está Jogando Fora Um Futuro Perfeito
Um segundo movimento doloroso acontece quando aquilo que você
acredita ser a melhor decisão em um curso de ação não é a melhor decisão
que a outra pessoa vê, por mais que você esteja obviamente certo.
Vamos assumir que você esteja certo. Este segundo movimento causa
pensamentos reativos, do tipo “meu filho não quer nada com a vida”, ou
“minha namorada tem a cabeça vazia”. Isso também dói. Dói muito.
Porque não queremos que a outra pessoa fuja da imagem que criamos dela
em nossa mente.
Quando a outra pessoa resolve tomar a decisão contrária à que você
sugeriu, ver aquele seu cenário “perfeito” se afastando da realização causa
a sensação de perda do prazer que poderia ser proporcionado. Perda de
prazer também é refletido em dor.
O ponto cego, nesse caso, é que nós podemos ser seduzidos a esquecer
completamente o presente maravilhoso que já vivemos com aquela outra
pessoa. Corremos o risco de esquecer de reconhecer como é bom o
presente ao lado dessa pessoa. De como é bom estar por perto para apoiála, partindo do princípio que ela tem liberdade em suas escolhas.
Como o Amor Poderia Justificar o Rompimento?
Viver nestes dois cenários dolorosos podem claramente fazer você perder
suas estribeiras. Nosso corpo é preparado para evitar a dor. Se você toma
estes dois movimentos como absolutos e começa a viver em dor, seu corpo
se motiva a fazer algo para resolver este incômodo todo.
Naturalmente, a tentativa de controle excessivo causa dor na pessoa que
você ama. Afinal, ela quer manter sua liberdade de escolha. Em dor, esta
pessoa pode manifestar sua insatisfação com o relacionamento, e você
sente mais dor ainda.
Ao perceber que é sua atitude de ciúmes é nociva, você promete que vai
melhorar, mas curiosamente pode nunca conseguir, porque vive
atormentado pelo fantasma da traição ou do término. Do “isso que está
acontecendo é bom demais pra ser verdade”.
As insatisfações acumuladas e trocadas, naturalmente causam mais dor
ainda. A única reação possível para o retorno ao prazer é o rompimento.
Queremos o alívio de não termos mais a ligação com a outra pessoa. Não
queremos mais que ela faça parte de nós, nem que nós façamos parte dela.
Quando vemos pessoas que amamos tomando decisões que nós
consideramos ruins, podemos começar a cristalizar uma opinião que pode
também causar dor psicológica e emoções desagradáveis. Podemos
começar a pensar que aquela pessoa não vale a pena, ou que não é boa o
suficiente. Em muitos casos, nós temos implícita, também, a idéia de que a
associação com algo que não é “bom o suficiente” para nós não é
desejável.
A consequência de pensar que estamos conectados a alguém que não é
“bom o suficiente” causa muita dor, e isto também nos impulsiona para
mudança, para o término. Essa dor é motivo o suficiente para você
começar a pensar: eu não quero ficar com uma pessoa que toma esse tipo
de atitudes, ou que tem esses costumes. Não vai ser bom pra mim.
A Dor é Sempre a Causa do Rompimento, Não o Amor
A insatisfação e o desconforto criados por estes dois cenários,
naturalmente, se refletem nas atitudes do dia a dia: menos carinho, menos
afeto, menos atenção, portanto, mais desconexão.
Quanto maior a desconexão, maior a dor, e isto motiva ciclicamente o
rompimento. Porém, o processo de desligamento dói. Dói muito! Não vou
me estender pelos motivos, você já sabe deles. Quando você vislumbra o
rompimento, você sente mais dor ainda. O que você já possuía (e que
teoricamente já não valia a pena) não pode mais ser. Você perdeu tempo,
dedicou energia a alguém que não é merecedor.
“Como pude fazer isso comigo durante tanto tempo?!” - Esta frase é bem
comum.
No entanto, justamente para evitar a dor da separação, pode ser que
ninguém dê o primeiro passo do término. Isso pode motivar o cenário do
“casal apático”, onde ninguém se fala, ninguém se acaricia, ninguém
coloca um ponto final na relação e as traições são precipitadas, porque
alguém começa a buscar pelo prazer que falta fora da relação.
É fato que, em meio a uma relação conturbada, nós buscamos prazer fora
dela: seja com outra pessoa, seja com uma conexão extra com o mundo
(comida, trabalho, acúmulo ou gasto excessivo de dinheiro, violência,
bebida, auto-corrupção, jogos, hobbies, cigarros etc).
Naturalmente, todos esses excessos tem seus efeitos sobre a nossa saúde.
Tornamo-nos completamente insustentáveis para nós mesmos.
Se, nessa espiral de crenças e distorções, ninguém fizer uma mudança nos
seus pensamentos, o relacionamento não vai se manter saudável,
simplesmente porque a dor se torna insuportável. Ele pode até continuar,
mas a infelicidade irá pairar.
Quem Disse Que Você Está Certo?
Vivemos em um mundo com incontáveis galáxias e um universo infinito.
Mediante tantas possibilidades, todas elas completamente fora da nossa
capacidade de compreensão, de onde é que é que a gente tira tanta certeza
para afirmar certas coisas?
Quem nos dá autoridade para dizer que “homens traem”, ou que “meu
filho não sabe o que quer”? A única pessoa que teria esta capacidade seria
Deus, criatura onisciente e onipotente, como ilustrado pelas religiões.
Mesmo assim, não importa em qual religião você busque. Em todas elas, a
manifestação de Deus só nos encoraja a fazer uma única coisa: amar. Amar
no presente! Nós não podemos estreitar nossa visão a fim de pintar
cenários que são possíveis, mas que não são prováveis. Precisamos nos
libertar desses pensamentos corruptos. Precisamos varrer nossa casa.
Precisamos nos visitar. Entrar, limpar com cuidado as distorções que
construímos, e nos liberar pra viver uma única coisa: o agora.
O fato de que um relacionamento tem riscos não implica que os riscos do
relacionamento serão realizados!
Afinal, o Amor Faz Sofrer?
O amor não faz sofrer. O medo de perdê-lo é o que faz. O medo de não ter
o controle sobre o outro é o que faz. Na presença do exercício do amor, o
medo não existe. Na presença do exercício do medo, o amor não se realiza.
Sua mente é capaz de dirigir a atenção a algumas poucas coisas de cada
vez. Você quer experienciar o amor que você tem e se tornar cada vez
maior, ou você quer experienciar o fantasma do medo, e diminuir a sua
pessoa?
Achamos que o amor puro é um “fato” do lado de fora. “Será que esta
relação é um amor verdadeiro?” Minha pergunta é: o que precisa ser
medido para se entender quando o amor é verdadeiro ou não?
Penso que o amor verdadeiro não é um fato medido do lado de fora, mas
uma atitude interna. “Eu vou doar amor verdadeiro”. É a decisão de se
tornar vulnerável, doando tudo de si, acreditando que o outro também
doará. É, também, saber que nós não somos menos só porque a outra
pessoa não correspondeu em nada o amor que demos. É necessário criar
uma cultura completamente diferente para que estejamos abertos a amar de
verdade.
Partindo do estado do amor puro, presente e sem medo - que é uma
escolha pessoal e não um “objeto” do lado de fora - você vai encontrar
todas as razões para construir uma atitude de encorajamento no
crescimento do outro. Sem esse estado, certamente o que você viverá será
um amor fragilizado, temeroso e que exige do outro um amor perfeito,
completamente entregue e confiante - algo que a pessoa que você ama
pode ainda não estar disposta a doar. Se todos fizerem o mesmo, nunca
amaremos uns aos outros completamente, porque sempre teremos medo de
não vivermos um amor suficientemente bom, e preservaremos nossas
energias o tempo todo.
Quando se dirige pelo medo, o que você entrega para o outro quando exige
um amor “perfeito” não é esse amor perfeito. Você pede B, mas entrega
algo menor que B. Se fazemos isso, estamos entregando menos amor e
exigindo mais do que demos. Essa é uma negociação perdida. As atitudes
fora deste amor “mais alto” são todas constritivas, restritivas e destrutivas.
Dentro dele, todas elas são construtivas, sustentáveis e agradáveis. Não
importa na presença de quem, esta pessoa sempre se sentirá confortável
quando você parte de um estado emocional equilibrado, carinhoso, aberto
e convidativo. Portanto, é hora de deixar de se sentir ameaçado e doar o
melhor amor que você puder para todas as pessoas com quem se relaciona.
Ufa! Espero que esta leitura tenha sido construtiva pra você. Tudo isso é só
uma maneira de dizer: trate muito bem quem está do seu lado. Você
diminui os riscos da relação não funcionar.
DELÍRIO #30: Como curar de uma vez por todas o
famoso Déficit de Atenção (TDAH) sem o uso de
remédios, conquistando foco e concentração perfeitos?
Na data do dia anterior ao que escrevi esta conversa que você lê, eu havia
começado a preparar um material de treinamento, para dar mais recursos
para as pessoas lidarem com uma situação muito particular do dia a dia,
que realmente tira a paciência de muita gente. Estava me divertindo
muitíssimo enquanto o preparava. E aquele material me trouxe a idéia pra
esta conversa.
“Não Consigo Fazer Minhas Coisas! Socorro!”
Existe muita gente por aí dizendo que tem Transtorno de Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH). Também sempre achei que fosse
um desses casos, simplesmente porque minha cabeça navegava nos mais
variados territórios sem controle aparente. Eu tenho muitos interesses
diferentes, e simplesmente não sabia muito bem onde minha mente iria
parar.
Resumindo: até hoje eu viajo na maionese! Mas antigamente era
complicado demais.
Durante minha etapa de transição, quando comecei a estudar
desenvolvimento humano e comunicação, minha produtividade no
trabalho antigo foi por água abaixo. Eu cheguei ao ponto de acreditar que
estava dando um “nó” tão grande na minha cabeça que seria impossível
continuar produzindo algo de útil pra qualquer ser humano. Não conseguia
completar nada que me era passado.
Olha, o negócio foi sério… Achei que havia passado dos limites.
Felizmente, era apenas uma época de mudanças de paradigma. Estava
encontrando novas respostas pra minha vida. Estou 10 vezes mais
confortável do que antes de começar o problema. Mas que assustou,
assustou.
“Eu Acho Que Tenho TDAH”
Se você está em um mundo com uma sobrecarga de informações e tem
dificuldades de fazer as coisas que realmente importam na sua vida,
gostaria de fazer um exercício com você. Primeiro, eu gostaria de provar
que você não tem TDAH.
Hoje em dia, parece que suspeitar de TDAH, ou até se auto diagnosticar
arbitrariamente virou uma desculpa básica para falta de produtividade.
Talvez você conheça alguém que diz ter TDAH, e você olhe e diga:
“hmmm, acho que isso é viagem”. Bom, pra quem não é especialista, fica
complicado passar por cima do que os outros dizem abertamente e falar
“isso é uma mentira”. Só que muito provavelmente isso é mentira. Por
mais que você não saiba, você quase certamente está enganado sobre o seu
“distúrbio”.
“Mas o Meu Psicólogo Disse!”
Se o seu psicólogo lhe disse, isso se torna uma evidência forte, mas não
necessariamente a “verdade”. Sabe quantas cirurgias são feitas por ano
sem necessidade, por causa de um diagnóstico errado? Sim, as pessoas
falham, e se você quer o melhor para si, não pode confiar na primeira
palavra de alguém.
Temos que separar diagnóstico de verdade absoluta. As pessoas
confundem essas coisas, e trazem pra si um fardo do qual não precisam.
Se um psicólogo já fez de tudo até chegar no diagnóstico, aí o desafio se
torna maior. Mesmo assim, você não pode usar o que as pessoas dizem pra
se enquadrar em um estado de “zona de conforto justificada”. Isso é tentar
tirar de si sua própria responsabilidade.
Não, o nosso objetivo aqui na Terra não é ouvir o que os outros dizem a
nosso respeito e achar que “é isso mesmo, que não tem mais jeito”. Nós
temos que ser proativos, não passivos.
Mesmo que o seu psicólogo, seu psiquiatra ou o seu especialista de
preferência tenha feito um belo diagnóstico louco, e até passado alguns
remédios com nomes complicados, potenciais efeitos colaterais nocivos e
criadores de dependência para aliviar os efeitos, eu gostaria de desafiá-lo.
Como um “personal trainer” da sua mente, eu quero desafiar você a
conhecer um pouco mais a si mesmo.
Primeiro, Vamos Verificar as Evidências Positivas
Em tese, o TDAH é um distúrbio ou “doença mental” que impede
completamente uma pessoa de dirigir seu foco, correto? Portanto,
primeiro, eu quero convidar você para pensar em todas as coisas sobre as
quais você passa horas e horas em contato, com atenção total dirigida a
elas, exclusivamente. Todas elas. O Facebook, que tal? Seu cachorrinho?
Seu celular? Seus amigos, numa balada? Seu namorado ou namorada?
Que tal o Cinema? Quando você está em um cinema e gosta do filme, você
perde a história porque não consegue prestar atenção na tela? Acredito que
não. Ou que tal a TV? DVD, em casa? Quando você está imerso nessas
atividades, você fica completamente vidrado e imerso nelas, esquecendo
de si, do tempo e de tudo em volta? Completamente focado? Ou
simplesmente não consegue prestar atenção a nada por mais de 5 minutos?
Existe mais alguma outra atividade com a qual você consiga se envolver
com facilidade? Jogos de tabuleiro, video game… Candy Crush... Sexo...
Jogo de futebol... Seriados... Sei lá, vale tudo.
Se você conseguiu enumerar uma ou mais atividades onde você consegue
se envolver por uma hora ou mais, então você não tem TDAH.
No meu caso, quando estou curtindo o que faço, eu posso ficar horas e
horas fazendo uma mesma coisa. No dia anterior em que preparei este
texto, eu passei várias horas escrevendo, sem me preocupar e sem
interromper meu fluxo de trabalho. Também consigo ficar muitas e muitas
horas estudando ou lendo, se o assunto for do meu interesse.
Certos documentários me fascinam. Gravar músicas em meu estúdio
doméstico. Fazer experimentos. Criar páginas de internet. Posso passar
semanas projetando estas coisas. Dez, doze, quatorze horas por dia.
Mas também tenho minhas limitações, e adoro trabalhá-las. Por exemplo:
frequentemente eu esqueço de comer, dormir ou me exercitar nas horas
certas quando estou neste estado. Isso não faz bem à minha saúde.
Tenho certeza de que você tem vários destes momentos de extrema
concentração.
“Como Assim “Não Tenho TDAH?”
É… Se você conseguiu enumerar algumas atividades, você não tem
TDAH. Se você consegue fazer certas coisas com bastante atenção e não
consegue outras certas coisas por falta de atenção, você precisa reavaliar
seus conceitos: existe aí um monte de atenção acontecendo, mas ela está
sendo colocada nas coisas erradas.
Essa moda de TDAH acontece por causa de um problema: as pessoas
esquecem… Simplesmente “esquecem” de verificar as evidências que
provam o contrário do que elas estão tentando provar. Ou seja: acreditam
cegamente que, se são incapazes de prestar atenção em algumas coisas
críticas, significa que elas são incapazes de se concentrar.
Já vi pessoas que não conseguiam se concentrar porque acreditavam que
elas eram “pouco inteligentes” ou “pouco concentradas”. Uma mera crença
se tornou uma prisão mental. Que poder tem a nossa mente! Isso é um
truque que colocamos em nós mesmos por pouco conhecimento de nós
próprios. Por causa dessa tendência, nós realizamos inúmeras escolhas e
conclusões incorretas em nossas vidas.
Ilustrando: quando, sem qualquer análise mais aprofundada, você chega à
conclusão de acreditar que tem TDAH, você começa a querer
inconscientemente “provar pra si mesmo que tem a doença”. Uma pessoa
que faça isso vai passar horas e horas pensando nas coisas nas quais não
consegue prestar atenção, e curiosamente nunca pensa nas coisas nas
quais ela consegue prestar atenção.
Se isso não acontece com você, parabéns, você é um ponto fora da curva.
Essa forma de cegueira é uma coisa recorrente na vida pessoal de muita
gente, inclusive de pesquisadores, que precisam provar teses em
laboratório, empresários e executivos que precisam tomar decisões sérias
em grandes empresas e grandes números. Temos que tomar muito cuidado
com o nosso cérebro.
Como Faço Pra Melhorar do Meu TDAH Virtual?
Afinal, ainda não consigo me concentrar em coisas importantes!
Existem várias maneiras. Algumas são bem fáceis, outras mais difíceis.
Essa aqui é simples, e gera resultado se for feita da maneira correta. Basta
você reavaliar o significado das tarefas que você faz, e que você sabe que
precisa completar. Simplesmente enumere TODAS as razões pelas quais
você precisa dirigir atenção máxima à atividade. Todas elas. O que essas
coisas, quando prontas, te trazem?
Mantenha a lista consigo. Não desgrude dela. Encontre novas razões o
tempo todo, e coloque ali, como uma lista de “razões favoritas”. Visualize
essa lista com frequência, pra que elas ganhem presença dentro da sua
mente e você se lembre de como será a sua vida quando você completar
estas coisas.
À medida que o seu pensamento for “tomado” pelos motivos, você ganha
forças para aumentar gradativamente a quantidade de atenção disponível
do seu processador (o cérebro) para a tarefa solicitada (obrigação, ou
trabalho).
Espero que isso abra um pouco mais de vantagem e produtividade pra sua
vida. É claro que essa é apenas uma dica, um truque. Sempre vale à pena
procurar o especialista de sua preferência, para se informar melhor sobre
sua condição. Porém, nunca deixe de tentar atacar as causas da sua
dispersão. Um descontrole químico pode sempre ser causado por um
estado que você cultiva inconscientemente. E, nesse caso, uma súbita
mudança de ponto de vista certo pode fazer “cair uma ficha”, e causar o
alinhamento das suas atenções com as coisas que farão diferença real na
sua vida.
DELÍRIO #31: Como erradicar a dor lancinante que as
críticas destrutivas podem provocar em nossa alma?
Sabe… A parte boa de ter acesso a tantos leitores é que eu consigo ter um
“termômetro” do sucesso que as pessoas têm tido com os meus materiais
de trabalho. Consigo saber se estou indo na direção certa, e posso dizer
que estou muito satisfeito com tudo, graças a Deus.
Inclusive, estou satisfeito por receber algumas das críticas mais profundas
que recebi. Sim, algumas, principalmente de alguns dos leitores mais
ávidos.
Esse aqui não é um canal unidirecional. É um lugar pra se “iniciar uma
reflexão”. Eu busco o feedback dos meus leitores e clientes o tempo todo.
Aprecio todos os pontos de vista. O que eu escrevo, recomendo ou pratico
não é necessariamente a verdade. É somente a maneira como eu vejo as
coisas naquele momento, e preciso que você exponha as suas idéias
também. É importante pra mim.
Felizmente, nem tudo são flores… Eu disse “felizmente”, porque é assim
mesmo que encaro situações em que eu não me enquadro perfeitamente na
realidade dos outros. Vou explicar: a maior parte dos meus leitores dizem
identificar-se com o material que publico. Mas nem todas as pessoas fazem
isso.
“Será Que Eu Sou Tão Ruim Assim?”
A crítica é uma das piores coisas que podem acontecer na vida de muita
gente. Já vi pessoas tremerem nas bases só de ouvir um “isso ficou bonito,
porém…”. Já vi inclusive pessoas perderem empregos e destruírem
relacionamentos por não receberem críticas de maneira saudável e
equilibrada, sem acatar o fato como uma ameaça ou um perigo iminente.
Já até mesmo acabei com relacionamentos profissionais no passado porque
não sabia receber críticas.
Críticas podem doer, mas não precisam, de fato. Para refletir sobre esse
tema, eu vou compartilhar contigo uma história que pode te causar novas
sinapses. Novas maneiras de pensar. Espero abrir um pouco os horizontes.
Isso pode mesmo não ser novidade pra você, mas pode ser pra muitos dos
nossos colegas leitores. Se for esse o seu caso, vale como uma leitura
recreativa, e peço gentilmente que recomende-a pra quem você sabe que
vai fazer diferença.
Garoto Prodígio Contratado por Um Super Laboratório Secreto
Quando eu tinha em torno de vinte e dois a vinte e três anos, estava saindo
de um super emprego no mercado de telefonia celular, quando fui
contratado para ser consultor júnior em um dos maiores laboratórios de
pesquisas do país, na PUC-Rio.
Basta dizer que este laboratório era “super”. Até hoje, é. Ali estão ainda
algumas das mentes mais brilhantes em áreas como computação gráfica,
computação distribuída, inteligência artificial etc. Minha percepção é que
aquilo é um celeiro de super-heróis do mundo real.
Eu tinha me desligado do emprego anterior ao do laboratório com altos
elogios. Havia conquistado um grande respeito e amizade de um líder
técnico que eu admirava muitíssimo, além de vários outros colegas de
trabalho bastante competentes. Sou um grande amigo desse cara até hoje.
Estava me sentindo “muito por cima, seguro do que eu sabia, e nada pra
mim era difícil”.
Minha maneira de encarar meu trabalho sempre foi como uma diversão.
Porém, note que este é apenas um estado interno. A alegria de trabalhar
com o que me divertia estava misturada com segurança, mas também com
um excesso de confiança que não refletia a verdade: obviamente, depois de
ter tido bons resultados no trabalho anterior, e receber tantos elogios que
fizeram inflar o meu ego, eu não sabia tanto quanto eu achava que sabia.
Cada caso é um caso, cada situação é uma situação. É aí que mora o perigo
da decepção.
Até alguns anos atrás, quando conversávamos sobre carreira, meu pai me
perguntava: Rodrigo, quando é que você vai parar de brincar e levar sua
vida mais a sério? Pois é, isso acontece. Preocupações de pais... Quem
sabe se um dia também não serei assim?
Meu Ritual de Iniciação
Uma das condições para que eu permanecesse no laboratório era a de que
eu fizesse três meses de experiência, para que então um teste fosse
realizado, e minha capacidade técnica assegurada.
Pensei: “Moleza! Foi pra isso mesmo que dediquei esse tempo todo…” A
construção da confiança é sempre proporcional à atenção que você dedica
às suas atividades, mas nesse caso eu acreditava que sabia mais do que
sabia… Digamos que, na realidade, eu estivesse não “super preparado”,
mas apenas “um pouco preparado”.
Muito bem… Três meses se passaram. Trabalhei duro: passei horas e horas
me divertindo dentro daquele laboratório, que não tinha nem janelas. Sim,
eu sou um nerd convicto, mas também sou sociável. De vez em quando eu
saía da minha caverna pra conversar um pouco. Hoje, escrevo e atendo
pessoas. Mas continuo com a minha alma nerd. Gosto dos meus momentos
solitários, com estudos e pesquisas prolongadas.
Após os três meses do mais puro deleite, trabalhando naquele lugar
“santo”, chegou a hora do teste final. Eles eram os seguintes:
1. Documentar todos os programas de computador que eu havia criado
2. Consertar um pequeno problema em um programa criado por outra
pessoa, com o qual eu ainda não tinha a menor familiaridade
3. Não me lembro… !
Eu tinha quinze dias para finalizar tudo. De tarefas na mão e ânimo pra
começar, fui à luta. Quinze dias depois, tudo estava pronto.
Ou pelo menos eu desejava e acreditava que tudo estivesse pronto! Não
me lembro com total exatidão dos resultados finais, mas ainda me recordo
do resultado da apresentação da documentação dos programas que eu
havia criado. Digo: o primeiro item da lista.
Face a Face Com o Chefe
A sala do meu ex-gestor era um cubículo. Apenas algumas cadeiras, nada
luxuoso. Paredes de cores frias e uma mesinha. Nem de longe a sala dele
era ostentosa. Isso não caberia, pra sua personalidade. Ele é um cara
modesto, porém um dos maiores mentores. Um verdadeiro exemplo a se
seguir. Ele abusava de uma gentileza incondicional, e todos acreditavam
que “ele não é humano”, de tão bom que o cara é com as pessoas. Sim, tem
gente assim por aí, e a gente pode ser assim também.
“Vamos lá, Rodrigo. Mostra pra gente aí o que você fez nesses últimos
meses.”
Animado, fui lá e apresentei, durante uns vinte minutos, todas as melhores
idéias que eu havia concebido nos últimos três meses e meio.
Você deve imaginar o quanto isso era significativo para mim. Porém, pra
minha mais completa surpresa e decepção, para várias das idéias que eu
apresentava, o meu gestor me dava uma “rasteira”… Sutil, mas ainda
assim uma GRANDE rasteira.
Levar “Porrada” Pode Não Doer?
Ele falava bem assim: “Pois é… Isso que você pensou é muito legal, ficou
muito bom… Mas aí tem um problema… Você não acha que…”
Não vou descrever em detalhes, porque aí a questão é da área técnica, não
vale a pena. Mas vale dizer que, para cada rasteira que eu ganhava, eu
tinha duas opções: ou ficar chateado comigo mesmo, ou ficar pau da vida
com ele.
A maioria das pessoas seguem o padrão “ficar com raiva do outro”, ou até
“ficar com raiva de si mesmo”, porque este é o caminho emocionalmente
lógico: não gostamos de ser reprovados. É essa a cultura geral.
Eu estava no meio de um teste para saber se eu continuaria no trabalho.
Eu estava na frente de um gênio da área. Um verdadeiro gênio. Estava
dentro de um dos maiores laboratórios do país. Era agora ou nunca, a
situação era urgente. Eu estava no meu limite, e não estava indo nada bem!
Um outro detalhe, que vai aumentar mais ainda sua curiosidade: essa
avaliação também redefiniria o meu salário. Eu havia entrado com um
salário “de período de experiência”. Ou seja, haviam três hipóteses do
resultado da avaliação:
1. Eu não seria aceito pra continuar
2. Eu ficaria, mas com um salário abaixo do pretendido (bem abaixo)
3. Eu teria meu salário aumentado, caso minha avaliação fosse boa
Que Resultado Você Esperaria Para Esse Garoto Ingênuo?
Naturalmente, eu comecei a pensar: bom, não é aqui que eu vou ficar. Mas
a emoção de estar ali, na frente daquele ícone, era maior do que minha
sensação de reprovação. O pensamento concorrente foi: eu tenho que
aproveitar esse momento mínimo pra aprender, porque esse é um dos caras
mais respeitados do país nesse assunto.
Meu estado emocional, em nenhum momento, chegou ao fundo enquanto
estávamos naquela reunião. Pelo contrário, a cada crítica que eu recebia,
estavam lá aprendidas novas maneiras de pensar a técnica. Maneiras muito
mais claras do que as que eu tinha até então. Eu só demonstrava mais e
mais empolgação. Dizia com um sorriso no rosto:
“Cara, nunca havia visto isso dessa maneira, antes… Putz, fenomenal…”
Ele deu um verdadeiro e derradeiro show de conhecimentos. Me mostrou
maneiras de raciocinar sobre os problemas que eu nunca havia conhecido
até então. Levei um belo tombo do meu excesso de confiança, mas havia
aprendido coisas maravilhosas.
Depois da reunião, fomos todos almoçar.
Após a Batalha…
Durante o caminho pro almoço, veio sobre mim o retorno emocional sobre
a reprovação das minhas idéias. Estava agora um pouco decepcionado
comigo mesmo, mas ainda não havia perdido a esportiva. Olhei pro meu
gerente, encostei minha mão de leve em seu ombro e disse:
“Pô, cara, você acabou comigo…”
Não sei se foram exatamente essas palavras, mas foi algo bem desse tipo.
Sua resposta foi:
“Por que você acha isso?”
Ao que respondi, naturalmente:
“Porque você encontrou erros e corrigiu praticamente tudo em todas as
minhas idéias de um trabalho que levei três meses para fazer.”
Ele virou seu rosto pra mim, fechou um pouco seus olhos como se
quisesse sondar meus pensamentos. Sorriu de leve, e sua resposta foi mais
do que surpreendente:
“Você foi muito bem…”
“Oi?!?!”, eu estava perplexo.
“Eu já sabia que encontraria vários erros. Queria ver quão bem você
reagia a novas idéias… Você foi aprovado, e vai inclusive receber o seu
aumento.”
Uau! O resultado dessa contratação é que até hoje eu tenho uma ligação
muito forte com todas as pessoas naquele ambiente. Amo aquele lugar.
Lições Para o Seu Próprio Triunfo:
Não preciso dizer o quanto esse episódio me ensinou… Mas também não
posso dizer que havia me curado totalmente de receber críticas. Ainda
existiam algumas sombras poderosas pairando nos meus pensamentos, que
talvez um dia eu me lembre e conte. Como sempre, essas coisas estão
dentro de todos nós sem sabermos. A vida é uma evolução constante. Mas
isso ensinou muito, com toda certeza.
A maneira como percebo tudo isso é a seguinte: quando alguém critica
nossas idéias, parece, num primeiro momento, que estão criticando a nossa
total existência. Nossas reações, às vezes, principalmente as mais
doloridas, denunciam que temos este exato tipo de pensamento.
Isso é especialmente verdade quando percebemos que a crítica doeu, e que
doeu fundo, lá na boca do estômago… Porém, ninguém tem autoridade
para censurar a existência de outra pessoa.
De fato, uma crítica é um mero ponto de vista. Uma crítica é uma idéia que
pode ser melhor ou pior, na prática. Mas na realidade, é apenas isso: um
mero ponto de vista.
Os dois lados conseguem continuar suas vidas com seus próprios modos
de viver. Precisamos dissociar uma crítica às nossas idéias de uma crítica à
nossa pessoa. Você tem idéias, mas você não é a idéia que você tem. Você
possui idéias como quem possui uma roupa. Amanhã, você muda. Pode
demorar muito ou pouco, mas a gente tem esse estado natural de
metamorfose ambulante, que o Raul Seixas tanto fala.
Quando alguém lhe diz que o que você tem pra oferecer não é bom o
suficiente, essa pessoa está dizendo: aprenda um pouco mais, segundo os
meus padrões. Essa pessoa não está dizendo por favor, deixe de existir.
“O Que Fazer Com os Meus Críticos Atuais?”
O verdadeiro segredo da boa recepção de uma crítica encontra-se em
encontrar uma boa utilidade pra ela. No caso das pessoas que criticaram
meu trabalho, foi isso que sempre fiz: busquei mudar algo, ou se o
momento era de não me ater aos padrões daquela pessoa, simplesmente me
afastei dela.
Primeiramente, todo crítico tem sempre uma razão pela qual ele critica
algo. Eu passei a, basicamente, anotar as razões pelas quais as críticas são
feitas, e procuro transformá-las em novos comportamentos.
Ou seja, basicamente, os meus críticos mais ferrenhos estão me ajudando
imensamente na construção de qualquer trabalho que eu realize, ao me
darem novas idéias (idéias que eu nunca havia pensado). Mantenho listas
separadas com vários planos de ação, mudanças ou tarefas novas pra
realizar.
As críticas sempre são feitas com a intenção de se construir um mundo
melhor, mesmo que a superfície dela não mostre isso. Muita gente tem
mania de ter pavor de críticas: “Oh, meu Deus, o que vão pensar de mim
se eu fizer X, ou se eu me investir em Y”?
Interessa muito saber o que as pessoas vão pensar! Faça isso rápido! Você
pode usar isso ao seu favor. A polêmica, ou o desconforto que a gente pode
provocar nas pessoas podem apenas nos servir para avaliar nosso caminho.
Mantenha como princípio que seus atos precisam ser sustentáveis. Você
não vai sair por aí roubando, por exemplo, e esperar boas críticas, porque
uma coisa é ser uma pessoa polêmica, e outra completamente diferente é
ser imoral e um fora-da-lei.
Por isso, se você está buscando algo bom para você e para outros, é
importante não temer críticas e não temer gerar polêmicas. É raro vermos
pessoas criativas que não despertam a raiva, a ira e a repulsa das pessoas
que já estão familiarizadas com as coisas do jeito que estão, sem querer
que estas coisas mudem. Muitas vezes não vemos que algo pode melhorar.
Nem sempre uma crítica é feita para derrubar a gente. E mesmo que seja,
não precisa nos atingir. Pode ser usada ao nosso favor. Espero que agora
você não apenas tenha coragem para enfrentar críticas, como também
possa aumentar a quantidade de críticas que faz a si mesmo.
DELÍRIO #32: Como gerar força de vontade, disciplina,
paciência e persistência infinitas instantaneamente,
sempre que você quiser?
O trajeto de escrever este livro foi uma maravilha. Quero agradecer com
toda sinceridade pela chance que você me dá de contribuir com o que
aprendi em minha caminhada.
Recebo frequentemente mensagens de leitores que estão realizando novas
reflexões, e nestes comentários eu vejo que há pessoas recebendo valor
genuíno destes materiais. A honra é toda minha, você é muito bem vindo,
ou bem vinda. Agora, vamos falar sobre...
O Combústível Psicológico Mais Escasso do Mundo
A “força de vontade” é tida como a grande arma do sucesso por muita
gente.
“Para chegar lá, você tem que ter muita força de vontade”, é o que muitas
e muitas pessoas dizem.
“Fulano de tal começou como office boy no Banco do Brasil, e hoje ele é
um diretor financeiro. Ele é um grande exemplo de força de vontade.”
Estas histórias parecem se repetir em vários casos, e muitas vezes nós nos
perguntamos:
“Porque é que eles têm essa força de vontade,
e eu não?”
A vida não parece um pouco injusta, às vezes?! Esta não é uma pergunta
pertinente? Esse tipo de história de sucesso gera muita inspiração algumas
vezes, mas em outras vezes é também o combustível da baixa autoestima
de várias pessoas. Perto desses “gigantes da realização”, sempre parece
que muitos de nós somos muito pequenos.
Eu estive pessoalmente engajado em projetos de tecnologia durante anos,
que demandavam muita concentração, conhecimento técnico, criatividade,
atualização constante e “uma santa paciência”, como outras pessoas
diziam. Ouvi a seguinte frase inúmeras vezes:
“Eu não conseguiria fazer o que você faz.
É impossível pra mim!”
Essas eram coisas que eu ouvia com certa constância, mesmo sabendo que
qualquer um poderia fazer o que eu estava fazendo. Bastava preparar a
mente para tanto.
Diziam-me que eu tinha “persistência”, “disciplina”, “rigor” etc, etc, etc...
Porém, eu nunca encontrei estas coisas nos meus bolsos. Nem no meu
corpo. Se eu fizer uma ressonância magnética, tenho certeza que é
impossível encontrar estas entidades que as pessoas tratam como se
fossem “reais” e “tangíveis”.
Força de Vontade, Disciplina, Persistência, Paciência:
A Mentira Deslavada!
Ter feito aquele trabalho que muitos outros não podiam fazer era questão
de força de vontade? Quer dizer que sou um caso de disciplina excessiva?
Certamente, não, porque por mim mesmo, eu posso falar. Sinceramente, se
me perguntarem se não prefiro descansar a trabalhar, vou dizer mil vezes
que prefiro descansar. Uso “força de vontade” somente quando estou
navegando em marés contrárias e desfavoráveis.
O que é “força de vontade”? Para mim, “força de vontade” é obrigar meu
corpo a fazer o que ele não quer fazer. Sinto-me incomodado ao realizar
coisas sem querer realizá-las. Sinto-me profundamente em conflito. É
estressante. É cansativo. É frustrante. É confuso.
Já o “querer fazer” é, na minha definição, um estado de condicionamento
neurológico. Queremos fazer aquilo que treinamos para querer fazer. Leva
um certo tempo até se criar interesse em algo e em acostumar o corpo a
criar este hábito. O tempo pode ser longo ou curto. Porém, é um
condicionamento. Nada mais do que isso.
Quando tentamos agir contra os condicionamentos do nosso próprio
corpo, ele sinaliza com dor e desconforto. Portanto, este uso excessivo de
“força de vontade” causa em mim um certo estado de estresse que eu não
suporto por muito tempo - porque dói, oras! - e me faz despencar meu
rendimento.
Eu caio a zero. É dar braçadas contra o que eu mesmo mais valorizo.
O Momento da Queda Interior
Quando você tem que reunir esforços demais para fazer algo, é porque
antes de tudo seu corpo não suporta fazer o que está fazendo naquele
momento. E em certo ponto da minha carreira, foi exatamente isto que
começou a acontecer.
Eu já estava satisfeito com tudo que havia conquistado em meu trabalho
com software. Não me leve a mal, ainda havia uma infinidade de coisas
para aprender e pessoas para conhecer. Porém, ao contrário do que
acontecia com meus amigos de trabalho, aquele não era mais o meu reino.
O que havia acontecido? Basicamente, completei minha visão de carreira:
tinha um excelente salário, entrava e saía praticamente nas horas que eu
escolhia. Podia trabalhar de casa. Tinha muito tempo livre. Por isso, eu
comecei a criar curiosidade por descobrir novos desafios fora da minha
profissão. Eu queria dar o próximo passo.
Com isso, meu corpo começou a ser condicionado para uma nova direção.
Fui eu quem fiz isso! E, finalmente, comecei a discordar profundamente
das minhas rotinas. Isso gerou uma quantidade crescente desse estresse,
até se tornar enorme. Depois de 9 anos de uma carreira muito bonita como
analista de sistemas, minha performance em meu décimo ano despencou.
O Poder Real e Transformador do Renascimento
O grande motivador da minha transição foi o seguinte: eu descobri que
queria demais ver o resultado das minhas ações diretamente na vida das
pessoas, e ajudá-las a se satisfazerem, assim como eu mesmo havia
conseguido. Era a hora de “compartilhar” as lições da minha jornada
profissional. Além disso, no início de minha carreira, eu pensei: “primeiro,
vou entender os computadores. Depois, as pessoas.”
Era a hora de entender “pessoas”. Naquele momento, eu acabei atraindo
pra mim mesmo o “meu próximo caminho”: tornei-me um “coach”, que é
uma profissão derivada da área da psicologia esportiva. Uma belíssima
profissão, que é “prima” da terapia.
Passei a observar o ser humano em seu potencial interior, tornando-me
mais consciente de alguns os princípios que utilizei inconscientemente
para me colocar no estado de “autorrealização” - que é como chamamos,
tecnicamente, a capacidade de “ganhar o jogo da vida”.
Somei isso aos talentos que eu já havia desenvolvido como um analista de
sistemas. Eduquei-me em comunicação e desenvolvimento de pessoas e...
Voilá!
Depois de alguns meses, estava realizando consultas, ajudando as pessoas
a se planejarem melhor para chegarem aos seus próprios “pontos de
virada” e vendo o resultado final desses pontos.
Para mim, não existe coisa melhor do que construir uma história efetiva.
Sempre gostei de escrever, também. Durante minha vida profissional
inteira eu escrevi - uma hora para computadores entenderem, e hoje para
pessoas entenderem. É pra dar uma mão a outros que mergulhei nesse
universo, e que estou aqui, agora.
Quando fiz a transição de carreira, minha performance voltou a subir.
Meus novos interesses agora estavam “afinados” com as novas rotinas que
eu havia criado. Eu não precisava mais utilizar “força de vontade”,
“disciplina”, “persistência” nem “paciência” para trabalhar. Ou seja: não
precisava mais fazer meu corpo obedecer a condições que ele não estava
mais condicionado para obedecer.
O Que Se Pode Aprender Com Isso? O Que Realmente Nos Permite
Atingir o Que É “Impossível” Aos Olhos Dos Outros?
A “força de vontade”, de acordo com a definição que eu fiz aqui, é um
“combustível” que não dura por muito tempo. Ela não possui
sustentabilidade. Se você se tornar um usuário frequente dessa energia,
logo se sentirá esgotado. Ir contra os condicionamentos que você de
alguma forma criou para o seu corpo é algo extenuante.
Mas existe algumas maneiras alternativas de ter a produtividade que você
quer. “Algumas” não... Várias! São outros estados altamente sustentáveis,
que nos deixam inteiramente “no ponto” para fazermos o que quisermos.
Se estiver evocando e confiando nestes estados emocionais, você sempre
se sentirá inteiramente enriquecido e pronto para a ação. As boas emoções
são a recompensa que queremos de verdade da nossa vida. Neste
momento, vou começar com aquele que é a minha fonte principal de
energia e, principalmente, de resultados duradouros e confiávies.
Sua Primeira Chave Interior: O Divertimento!
Lembra-se de quando você era uma criança? Provavelmente não se
cansava de brincar e se engajar em tarefas que considerava divertidas. Até
hoje você é assim em alguns aspectos. Cada um tem o seu jeito de brincar
e se divertir. Porém, a emoção da qual estamos falando é a mesma: uma
palpitação no nosso peito, parece que tem alguma coisa dentro da gente,
querendo pular. Ou pelo menos esta é a maneira como eu percebo.
Essa fisiologia interna é curiosa: só de imaginar os momentos em que você
está se divertindo, você começa a rir, espontaneamente. Tenho certeza de
que muitas pessoas que lerão esta reflexão darão sorrisos, e até algumas
risadas, no momento em que estiverem nestas linhas e recordando das
coisas que mais gostam de fazer. Elas estão induzindo seu próprio corpo.
O estado de divertimento parece emanar energia espontaneamente, de
maneira virtualmente infinita. Ele te coloca em um fluxo onde você não vê
a hora passar. De fato, essa era uma das maiores reclamações quando
minha mãe me fazia voltar pra casa: “Mas mãe, já?” Ela sempre dizia:
“Filho, você tá na rua há quatro horas, é hora de voltar pra casa!”
O Truque Mais Poderoso da Produtividade
“Como assim?! Quatro horas eram quase nada pra brincar quando eu era
criança! Como pode hoje as mesmas quatro horas me deixarem morto de
cansaço para trabalhar?!”
Qual é a diferença entre o esforço físico feito quando você está se
divertindo e quando está trabalhando?
Nas duas atividades, você age com o seu corpo, utiliza músculos, anda pra
lá e pra cá, mas o esgotamento mental e a chateação só acontecem quando
você não se utiliza dos seus estados internos de diversão.
Quando eu era moleque, adorava video games. Passava horas e horas
sentado na frente de uma tevê ou de um computador, tentando vencer os
obstáculos das fases. Quando me tornei um desenvolvedor de software,
continuava encarando os programas que tinha que produzir com o mesmo
ânimo de quem estava jogando videogame. Eu ligava as tarefas do meu
trabalho às estruturas internas do que eu sabia que era divertido.
Como eu fazia isso? Dizia para mim mesmo: “isso aqui é igual a jogar
video-game!”
Reassociando Seus Significados
Esse foi um trabalho de ressignificação. Uma técnica bem simples, que as
pessoas muitas vezes fazem sem saber que estão fazendo, e eu também fiz
isso, inconscientemente, na época em que estava escolhendo minha
profissão.
Infelizmente, pra muita gente essa “ficha” de que elas podem ressignificar
suas experiências parece nunca cair, e isso gera muita insatisfação. Sem
conseguir ressignificar suas experiências, muitas pessoas passam a buscar
energia lá no reservatório da força de vontade. Elas passam a tentar forçar
seu corpo a fazer o que não está condicionado a fazer. Isso é energia não
sustentável e que, na minha opinião, nunca deveria ser usada.
O que me fez ressignificar minha carreira novamente foi ter compreendido
que eu me divertiria mais ainda ajudando diretamente as pessoas a
chegarem onde elas querem. Eu não queria mais estar protegido por uma
instituição que pudesse pagar o meu salário todo mês e me sentir
confortável com isso. Queria ser testado no “mundo cruel”, sendo o dono
dos meus próprios ganhos, para saber até onde iam meus recursos, e que
recursos novos precisava aprender para transcender esta nova realidade.
Hoje entendo que ainda trabalho com computadores. Porém, a CPU é um
cérebro humano, e isso pra mim é muito mais significativo, gratificante e
bacana de se fazer.
Ou seja: no fundo, no fundo, ainda jogo video-games vinte e quatro horas
por dia. Isso é uma poderosa técnica de transe auto-induzido, e você pode
usá-la para aumentar drasticamente suas performances.
Hoje, minha missão pessoal, e o que me deixa em um estado de
divertimento nesse novo momento, é saber que eu estou ajudando pessoas
a eliminarem de seus pensamentos certas preocupações que elas acham
que devem ter, e que as impedem de chegar aos seus melhores estados
internos: de compreensão, harmonia, elucidação. Estes estados são
fundamentais para motivar a mudança, a transformação e a autorealização. Ninguém vai muito longe sem os estados interiores corretos.
Truques Simples e Poderosos Para Executar Sua Ressignificação
Para você aplicar este estado de divertimento sobre qualquer tarefa que
esteja fazendo, é necessário enquadrar a sua tarefa como alguma outra
atividade que já lhe diverte.
Como fazer isso? Faça-se algumas perguntas para gerar novas associações
entre o que você gosta de fazer espontaneamente com a tarefa em questão,
que ainda não gosta. Tipo:
1. O que nesse trabalho que estou fazendo é tão divertido quanto fazer
aquilo que já me diverte?
2. Qual é a similaridade entre isto aqui e aquilo que me diverte?
3. Se esta tarefa aqui fosse aquela outra que já me diverte, quais
seriam as características iguais entre as duas?
4. De que forma eu posso continuar e finalizar essa tarefa de maneira
que seja divertida pra mim e pra todos que estão à minha volta?
5. Como eu posso fazer isso de maneira diferente, tal que deixe de ser
tão automático e passe a ser uma tarefa mais criativa, que me faça
pular de alegria?
6. Como eu transformo essa tarefa em algo que eu ame fazer?
A prática desse tipo de pensamento leva a resultados surpreendentes. Pode
parecer simplista, mas observe como sua mente encontra as respostas pra
você automaticamente, sem você se preocupar.
Não é simples ser um autor. Assim como eu me divirto escrevendo estes
materiais a fim de contribuir com a sua vida - investindo centenas de horas
fazendo isso - certamente você também pode passar horas e horas
realizando coisas aparentemente complicadas e “que necessitam de muita
paciência”, segundo a ótica de quem está de fora.
Paciência? Força de vontade? Disciplina? Persistência? Não senhor, isso é
divertido demais! Podemos, então, passar dias e dias fazendo tudo isso,
sem nos preocupar com o tempo. Se o paraíso tivesse só isso, eu já estava
satisfeito.
Obrigado pelos seus olhos, pelo seu tempo, e por se embriagar destas
reflexões. Eu me sentiria muito só se você não estivesse aqui.
DELÍRIO #33: Como tomar decisões pelo menos vinte
vezes melhores do que as suas atuais?
Esta reflexão veio de uma crítica que recebi de uma antiga leitora. Achei
esta hora muito oportuna para falar sobre atitudes. Para começarmos,
gostaria de colocar aqui uma história real que ouvi de uma outra leitora:
Graça, uma senhora de aproximadamente 60 anos, trabalha como diarista
na casa da minha irmã Sônia. O filho dela (ex-assaltante e traficante de
drogas) morreu durante um tiroteio com a polícia, após uma tentativa de
assalto. Dias depois, um dos seus comparsas avisou a Graça que ela tinha
“uma grana forte” pra receber de herança do filho. Embora vivendo de
forma bastante precária e convivendo com inúmeras dificuldades, Graça
se recusou energicamente, apesar das considerações de sua outra filha e
amigos, diante da possibilidade de melhoria de vida. Ela disse: “Não
aceito esse dinheiro sujo, não quero nem saber qual é a quantia, esse
dinheiro é maldito, vem do sofrimento de muitas pessoas.” Graça é
analfabeta em letras mas tem Phd em dignidade na vida.
Esta é uma história que exemplifica uma decisão que, do meu ponto de
vista, foi muito bem tomada. Vamos falar aqui de como as decisões
acontecem, e o que há na mecânica de uma decisão.
Como uma atitude acontece?
Da maneira mais sucinta possível, o sistema biológico das nossas ações
voluntárias é: “pensamos e agimos”. O que pensamos gera a decisão
através da qual nós agimos. Este sistema é simples e intuitivo. Todos
sabem que nós agimos segundo as nossas próprias razões e pensamentos.
É fácil para qualquer um falar sobre o amor. É também muito fácil para
qualquer um dizer “não importa ficar de blá blá blá... Pense e aja, ponto
final!” Essas coisas, assim faladas, são sempre muito fáceis. Mas então, se
todos nós falamos sobre o amor e sabemos que “é só pensar e agir”, por
que o mundo não é completamente habitado por santos?
É mais verdadeiro ainda, e talvez até certo ponto doloroso, que a nossa
própria atitude diária não esteja completamente de acordo com o que
sabemos que é mais valioso: o simples gesto cotidiano do amor ao
próximo.
O que há por trás de nossas decisões ruins?
É muito comum encontrarmos pessoas que acham louváveis as atitudes de
um monge, de um padre ou de um pastor, dependendo das preferências
religiosas destas pessoas. Talvez você seja uma dessas pessoas. Mas
provavelmente você não é uma das poucas pessoas que decidirão levar a
vida sacra que esses caras levam.
É óbvio: apesar de admirar a dedicação e vocação que eles escolheram
seguir, você tem certos motivos, realmente importantes, para não seguir o
mesmo caminho. Se por um lado você valoriza e aspira a certas atividades,
por outro lado sabe que provavelmente nunca irá naquela direção. Nosso
pensamento é recheado de razões que competem entre si, e as decisões são
tomadas comparando-se o valor destes pensamentos.
De maneira similar, eu e você também sabemos que não devemos julgar as
pessoas à nossa volta de acordo com nossos preconceitos, porque podemos
estar errados. No entanto, nós fazemos isto, inúmeras vezes, ao longo da
nossa vida. “Fulano é uma pessoa horrível”, “Beltrano não vai fazer
aquilo, porque não é capaz”. Quantas vezes você já ouviu ou mesmo falou
estas coisas e esteve errado? Eu mesmo já fiz isso, claro.
Nesse caso, qual é a real diferença entre o seu pensar e o seu agir? Ora,
tem gente por aí dizendo “pense e aja”, como se fosse mais simples até
mesmo do que falar. Sabemos que não podemos julgar as pessoas – este é
praticamente um consenso moral. Por que continuamos julgando? Por que
não nos tornamos verdadeiros monges e santos, sabendo desta “fórmula”
tão simples?
O que é simples de entender não é, necessariamente, fácil prática. “Pense e
aja, ponto final” é uma frase simples, que pressupõe ser trivial conseguir o
que queremos da vida. Porém, muitas de nossas decisões não são simples,
nem geram bons resultados, mesmo quando pensamos e agimos.
Achar que é fácil gerar resultados positivos sempre é ser simplista demais.
Nós estamos sempre “pensando e agindo”. Somos criaturas inteligentes.
Mas nem sempre os resultados são aqueles que nós queremos. Existem
muitas nuances em nossa maneira de pensar que nos impedem de realizar o
que desejamos, e outras nuances que nos permitem ser simplistas ao ponto
de subestimar o poder que uma boa reflexão tem de nos enriquecer.
Uma razão “corrompida” gera atitudes e resultados “corrompidos”
Uma vez estive com uma cliente que levou meses para tomar uma decisão
sobre qual carreira seguir. Como já citei aqui, nossa consciência é
preenchida por várias razões que competem entre si. Nossos critérios sobre
a razão que “ganhará” esta competição são individuais, e os meus podem
ser radicalmente diferentes dos seus critérios. Os critérios desta cliente
eram bem específicos. Muitas coisas positivas estavam em jogo dos dois
lados. E muitas coisas para serem perdidas, também.
A grande vencedora entre estas razões irá sempre determinar o resultado
final de nossas atitudes. É esta a razão que ativa nossos estados
emocionais, que às vezes causam um verdadeiro furor ou uma bagunça em
nós mesmos, nossas ações e em nossos resultados.
Ou seja: quando somos “emocionais demais”, este resultado vem através
do raciocínio, do exercício da razão. Não existem pessoas “emocionais
demais”. Existem, sim, pessoas que acreditam profundamente que são
“emocionais demais”. De posse desta certeza, elas frequentemente tomam
a decisão de expressar emoções de maneiras inadequadas, que não ajudam
a resolver seus conflitos. Quando refletem sobre o que aconteceu,
justificam-se: “não tem jeito. Sou emocional demais. Sou assim mesmo.”
Infelizmente, por várias vezes, nossa atitude é regada por razões que nós
sabemos conscientemente que não farão ninguém chegar a lugar nenhum.
Estou falando do tipo de atitude que gera a culpa, mais tarde. É o tipo de
razão que pode nos fazer desistir de um esclarecimento e correr para a
ansiedade, para a comida, para os vícios, para a violência, para a falta de
diálogo etc. É o tipo de razão que te leva a se arrepender mais tarde.
Enjaular as feras interiores... Seria uma solução?
O que um número muito grande das pessoas faz é tentar “suprimir” estas
razões. Por se sentirem inseguras demais, frágeis, sofridas, doídas,
inadequadas ou mesmo proibidas de investigá-las, estas pessoas
encontraram a solução de preencher seu tempo com distrações em outros
contextos.
Neste caso, para evitar o incômodo de ter que dar atenção a um problema
em suas vidas, elas voltam sua atenção para a TV, religiões, esportes,
vícios e até mesmo tarefas nobres e admiráveis, como voluntariado,
estudos, trabalho etc.
Para evitar a dor de enfrentar a si mesmo, é possível utilizar qualquer
distração. Uma vez ouvi de uma pessoa: “trabalho até tarde porque não
quero chegar em casa e encontrar meu marido. Eu não o amo mais.”
A consequência disso é que estes pensamentos sobre o problema ficam
“enjaulados”, como verdadeiras feras, que se tornam cada vez menos
satisfeitas de estarem “presas”. Elas exigem cada vez mais de nossa
atenção, até se tornarem incontroláveis.
Ao perdermos o domínio sobre estas “feras”, perdemos o controle de nós
mesmos. Neste momento, corremos o risco de realizar atos por impulso,
que nos causam vergonha e isolamento. Afastamento de amigos, traições,
términos de relacionamentos…
Não é necessário ser nenhum ‘louco’ para cometer esses atos e passar por
experiências como estas. Eu passaria o dia inteiro citando exemplos de
casos que já vivi comigo mesmo, de atendimentos que já fiz, vindos de
pessoas completamente normais, saudáveis e bem sucedidas. Basta ter
alguma falha de raciocínio, e elas são fáceis de acontecer. Basta haver
alguma pedra não prevista, e podemos tropeçar feio.
Devemos impedir que estas razões “corrompidas” tomem o controle do
nosso comportamento ou influenciem nossas decisões negativamente. A
maioria das pessoas nem sequer conhece qualquer maneira pragmática de
revelar estas razões para elas próprias, muito menos de desconstruí-las.
Elas se tornam vítimas destes pensamentos, sem nunca conseguirem
refletir sobre eles, tampouco mudá-los. Elas apenas transforma estes
pensamentos em instintos.
Ao perceberem estes comportamentos instintivos - que nada mais são do
que falta de clareza - muitos ditos “especialistas” começam a tagarelar
sobre uma suposta “natureza humana”, um “pecado original”, as “paixões
incontroláveis” etc. No fundo, no fundo, estão todos observando o
problema através de uma lente antiga, empoeirada e manchada. Temos
maneiras mais produtivas de analisar e mudar estas situações.
Por exemplo: em um campo de estudos chamado Neurossemântica, nós
chamamos estas estruturas de pensamentos de “matriz da mente”, e
existem várias ferramentas para lidar com esta matriz, alterando-a e, com
isso, transformando a vida da outra pessoa. Outras disciplinas possuem
outras técnicas e nomeclaturas para lidar com estes mesmos fenômenos.
Quando não se conhece técnicas como estas é bastante complicada a tarefa
de analisar uma matriz mental completa, encontrar estas razões
corrompidas e lidar com elas, efetivamente. Sem a posse destes artifícios
técnicos de auto-análise, faz completo sentido dizer que existe uma
“natureza imutável” - simplesmente porque se tem poucas informações a
respeito de como processamos nosso mundo.
Porém, se você elimina estas razões corrompidas de si, as suas decisões se
tornam mais claras, mais “santificadas”. Por isso, é de suma importância
refletir, imaginar e testar o que seriam as práticas de temas como o amor,
o perdão e outros, para que possamos sair como sociedade do mundo de
um pensar e um fazer equivocados, repetindo as idéias negativas e nocivas
sobre a tal “natureza humana” como se fôssemos “papagaios ignorantes
com excesso de confiança”.
Além disso, apesar destas reflexões trazerem valor, novas idéias, novos
comportamentos e resultados, a ilusão de que existe algum pensamento
que sempre nos irá fazer acertar é só isso: uma ilusão. Erraremos sempre,
porque é impossível para um ser humano pensar em tudo. Esta é a nossa
condição enquanto seres vivos. Portanto, é necessário se acostumar com
esta idéia. Vamos aprender a nos sentir em paz com os nossos maiores
erros. Esta, na minha opinião e experiência, é uma das lições mais urgentes
de nosso tempo.
Queremos pensar e fazer certo. É também para isto que eu mesmo escrevo:
quero esclarecer a mim mesmo. Cada um dos meus textos toma de mim
entre duas e dez horas pra serem escritos. Quando eu escrevo, eu ensino
coisas a mim mesmo. Portanto, isto também me beneficia, sendo um
processo capaz de mudar meus próprios comportamentos.
Muito obrigado se você está por aqui, lendo e criando pontos de vistas e
opiniões de maneira construtiva, junto comigo. Este trabalho é fruto de
ações positivas. Aqui nós falamos de amor, de construir um mundo
melhor, porque é melhor do que incitar indiferença e superficialidade.
A decisão inflama o corpo
Como já comentei, quando as “feras enjauladas” arrebentam suas prisões e
nós não conseguimos mais nos distrair de certas razões e problemas, nós
nos sentimos como se fôssemos “forçados” a tomar decisões.
Em alguns momentos, sentimos que já toleramos demais aquelas situações
problemáticas, e nosso corpo pede por uma resolução urgente. Uma vez
atendi uma mulher que recebia tantos “foras” de seu namorado que decidiu
que era a hora de terminar seu relacionamento, já que havia alguns anos
que ele fazia as mesmas coisas e não mudava.
Em outros momentos, descobrimos, subitamente, que existiam grandes
feras aprisionadas que simplesmente desconhecíamos. Elas finalmente se
revelaram! Uma vez recebi um comentário brincalhão de uma amiga, e
subitamente me descobri com raiva de mim mesmo. Foram algumas horas
preciosas refletindo sobre um problema que eu não sabia que tinha!
Estes são momentos em que as feras se revelam “por inteiro” e não podem
mais ser ignoradas. Mesmo assim, nem sempre nossa ação é a de resolver
os problemas em si. Às vezes, ainda temos a idéia de que não podemos,
não conseguimos, não devemos lidar com aquele problema, por mais que
atualmente cause dores.
A tomada de decisão é o estopim da ação. Porém, com cada vez mais medo
de encarar um “problemão pessoal” que só está crescendo, algumas
pessoas tomam atitudes dramáticas que não têm qualquer conexão com a
resolução do problema. Elas “abafam o caso”.
Para fugir das feras que se soltaram, elas se “preenchem” mais ainda de
uma experiência cada vez mais drástica - como, por exemplo, a decisão de
encarar uma bela fatia de pizza, depois um sorvete, depois uma barra de
chocolate, depois churrasco, depois feijoada, depois cachorro quente,
depois hamburguer, só pra terminar com um delicioso pote de doce de leite
e uma barra de chocolates belgas.
Qual é a razão por trás dessa decisão? Podem ser várias. Uma possível é
que talvez esta pessoa tenha decidido que não iria encarar aquele problema
de frente, porque se o encarar, outro problema maior iria “estourar”. Esta
seria uma primeira decisão, baseada em medo ou antecipação das
consequências negativas.
Se alguém decidiu que realmente não irá encarar o problema, ele se tornou
automaticamente impossível de ser resolvido. Ponto final. Sabendo que o
problema é impossível de ser resolvido, esta pessoa sabe que vai ficar com
uma dor constante, virtualmente para sempre. Ela chega à conclusão de
que precisa aliviar essa dor, e esta se torna uma razão excelente para
exagerar na comida – enquanto esta comida puder trazer prazer, tudo
estará “fingidamente” bem. O chocolate tem efeitos colaterais óbvios.
Algumas pessoas, inclusive, se sentem culpadas pelos seus problemas. Por
isso, uma parte delas utiliza estas estratégias drásticas de saída - comida
em excesso, por exemplo - como verdadeiras punições a si próprias. Elas
estão se “matando” e, no fundo, sabem disso! Dizem para si mesmas
coisas como “agora você vai ficar enorme de gorda, porque você não
merece nada de bom na vida, sua vaca”.
No entanto, algumas destas são pessoas que, por um outro lado, já
decidiram que nunca seriam gordas. Então estas estruturas de pensamento
fazem com que elas se matriculem em uma academia, para malhar várias
vezes por semana. Afinal, deve-se compensar pelo que se come!
Curiosamente, mesmo conseguindo compensar o exagero na comida,
algumas destas pessoas nunca se sentem boas o suficiente, porque agora,
além do problema que nunca pode ser resolvido, do chocolate em excesso
e da culpa sobre si próprias, elas também decidiram acreditar que “boa o
suficiente é ser como as celebridades de capa de revista” - que, na
verdade, são “boas o suficiente” apenas nas impressões, por causa do
Photoshop.
Ou seja, se você carrega na sua mente uma estrutura de pensamentos de
que resolver determinado problema é “impossível”, vai automaticamente
se sentir impossibilitado e poderá, com isso, criar muitos novos problemas
para si mesmo.
Como nosso corpo consegue fazer isso tudo?
Como nós adquirimos estes significados, ou estas “decisões” internas?
Como escolhemos que “nunca vamos ser gordos”, que “belo” é aquilo na
capa da revista, ou que “tentar resolver um problema de relacionamento
sempre vai gerar outro problema maior”? Como nós assumimos verdades
como estas e colocamos estas barreiras em nosso próprio caminho?
Estas barreiras são construídas pela nossa própria estrutura de significados.
“Se eu fizer isso, vai acontecer aquilo, portanto significa que eu não posso
fazer X, ou que eu preciso de Y”. Os significados são gerados através de
experiência própria, observação, comunicação e leitura, principalmente. A
gente aprende através desses canais.
Aprender é, nada mais do que imprimir em nossa neurologia as
informações que absorvemos da realidade externa. Não apenas no cérebro,
mas em diferentes partes do corpo e do sistema límbico. Com a nossa
visão, audição e tato, por exemplo, transformamos luz, sons e textura em
sinais elétricos. Construímos, com estes sinais, circuitos bio-eletroquímicos capazes de controlar e influenciar o funcionamento de cada parte
do nosso corpo.
Culturalmente, nós não temos a consciência de que nós mesmos temos
uma influência muito maior na construção dos nossos significados do que
os meios externos possuem. Pensamos, coletivamente, que os nossos
pensamentos são funções óbvias das coisas “lá fora”. Acreditamos que
estamos raciocinando através da compreensão de elementos “no mundo
exterior”.
Porém, isso está longe de ser verdade. Todo e qualquer raciocínio é
derivado de um mundo que construímos dentro de nós. Ao considerar
eventos, processos, consequências e objetos que entendemos ser da
realidade externa, nós estamos, na verdade, recuperando informações da
nossa própria memória de longo prazo e manipulando objetos dentro de
nossa mente. São construções mentais, e não reais. Podemos muito bem
ter construído conceitos, pessoas, lugares e possibilidades com percepções
incorretas ou imprecisas.
É bem possível transformar quaisquer destas experiências através da mera
comunicação consigo mesmo.
A Boa Comunicação Transforma
Tudo que nós experienciamos é passivo de ser explicado através da
linguagem. Na verdade, construímos a realidade que experimentamos
através da linguagem, que se torna o “esqueleto” da nossa realidade
interna.
Nós formamos esta construção linguística que chamamos “realidade”
através de um conjunto de informações e percepções que captamos do
mundo exterior. Criamos familiaridade com esta construção interna
quando podemos perceber que estas informações se repetem com
frequência “lá fora”. Nós então as confirmamos e criamos um sentimento
de familiaridade, de certeza de que estas construções refletem o que
realmente acontece no mundo.
Exemplo: se eu quero aprender a tocar violão, preciso absorver e perceber
que os mesmos padrões de toque das cordas e afinação são utilizados a
todo momento. As mesmas posições das mãos, etc. À medida que percebo
e pratico estas repetições, consigo “instalá-las” em meu corpo, criando
movimentos que se tornam automáticos com o passar do tempo e me
fazem ser um melhor violonista.
Como criamos esta “certeza” ou “familiaridade”? Fazemos isso com os
recursos da nossa neurologia. Nós somos capazes de associar emoções,
respostas fisiológicas e ações motoras às informações que captamos
externamente. Somos também capazes de fazer estas respostas serem
disparadas automaticamente nas próximas ocorrências das mesmas
informações.
Ao aprender a tocar o violão, quando eu acerto uma nota da primeira vez,
isso me causa uma sensação boa em algumas partes do meu corpo. Por
isso, se o meu objetivo é “tocar melhor”, eu concluo que aquilo foi um
“acerto” em comparação com as tentativas anteriores, e crio o desejo de
repetir aquela experiência específica.
Com isso, meu corpo registra aquele “acerto”, associando toda fisiologia
daquele momento à idéia de que “aquilo é tocar melhor do que antes”.
Pouco a pouco, ele torna estes sinais parte da programação “tocar violão”.
Esse registro é parte inconsciente do processo de aprendizado. O corpo só
precisa ser exposto a um determinado número de casos de sucesso para
que possa, sozinho, ser capaz de reproduzi-lo com cada vez mais
habilidade. Ele faz isso construindo novas vias e circuitos neurológicos.
Com tudo isso, nós condicionamos nosso corpo a reagir involuntariamente.
Instalamos “gatilhos” em nós mesmos. Agora, na presença de certas
percepções sobre as quais já temos opiniões e habilidades formadas,
sentimos uma determinada sensação no corpo, e na presença de
informações diferentes, sentimos uma sensação diferente no corpo.
Exemplo: se penso em um chocolate, tenho uma sensação prazerosa no
fundo da minha língua que eu quero realizar, por isso sinto mais vontade
de comer chocolate. Se penso em uma criança sendo cruelmente surrada,
sinto um encurtamento da minha respiração que estou disposto a evitar,
por isso sinto vontade de interromper aquela cena.
Assim aprendemos e criamos certezas. Assim deixamos de ter dúvidas, e
apagamos da nossa mente o fato de que nossos pensamentos não são “o
mundo”, mas nossas intuições sobre o que “é” o mundo lá fora.
A partir destes aprendizados, passamos a utilizar esta mesma construção
interna como uma “lente”, ou como um “filtro” para buscar mais dela
mesma lá fora. É como se nos perguntássemos, inconscientemente: “onde
está aquilo que eu já sei que acontece?” E nós encontramos, de novo e de
novo, aquilo que procuramos.
Além disso, quanto mais intensamente procuramos aquilo com o que já
criamos familiaridade, menos somos capazes de aprender sobre aquilo com
o que não temos familiaridade. Podemos até mesmo criar aversão a
aprender certas coisas - principalmente quando somos ensinados que
certos aprendizados são difíceis, imorais, nocivos, irrelevantes, proibidos ,
vergonhosos, inapropriados etc.
Aproveitamos algumas coisas, jogamos fora outras
Enquanto você lê o que eu escrevi, você certamente está comparando estas
informações com suas experiências e estruturas pessoais. Você está
pegando o que lhe serve, descartando o que não serve e, no fim de tudo,
aproveitando uma parte.
Porém, algumas pessoas julgam o todo através de uma pequena parte. Elas
dizem: “se algo aqui não me serve, é porque nada aqui serve”. Uma
senadora americana uma vez disse: “se a descoberta científica X não está
correta, então nada está correto na ciência!” Este é um exemplo bem
caricato deste caso.
Portanto, evite construir o seu mundo deste jeito, porque você pode estar
desperdiçando soluções valiosas. Tome consciência de como você aprende
e toma decisões, para evitar os problemas decorrentes de como as
construímos.
Justamente porque nossa realidade está construída sobre a linguagem e
neurologia, o exercício de comunicação bem feito tem um poder
transformador. Você pode sair de uma conversa completamente diferente
em termos de atitude e pensamento, se estiver lidando com uma pessoa
positiva, que conheça melhor do que você um determinado terreno em que
você deseja se tornar capaz de navegar. Você é capaz de transformar sua
vida, seus comportamentos e seus resultados, dependendo de com quem
você costuma andar.
Se você escolher bem as pessoas com quem convive, e se escolher
aprender melhores formas de auto-análise, você poderá sempre ter
resultados positivos dessa “visita interior”. Poderá pensar e agir certo com
mais frequência, e enquadrar com positividade o que não der certo, ao
invés de se enfiar em um inferno mental diante de impossibilidades e
fracassos.
É indispensável o exercício de refletir sobre seus significados, trazer à luz
as feras enjauladas e descobrir que, na verdade, são lindos filhotes de
gatinhos siameses. Portanto, não interessa de quem você esteja
acompanhado: se é com um amigo, com parentes, com o seu amor,
namorado, seu profissional de humanas ou seu pastor, padre, monge
preferido… Vamos falar de amor, de crescimento, de soluções! Porque
falar, utilizar palavras, é reconstruir nossas estruturas e realidades
internas. Isso também é agir! Isto também é decidir melhor.
DELÍRIO #34: Como reverter praticamente qualquer
ambiente hostil em apenas 7 passos?
Uma boa questão que encarei em um determinado ano foi: “por que o
mundo chegou a esse estado de diferença social tão grande justamente
quando tanta gente fala sobre o amor universal”?
Gostaria de convidar você a refletir sobre alguns dos seus pensamentos
mais profundos sobre esse assunto. Aqui, farei uma revisão de conceitos
que podem ser úteis. Gostaria de expor algumas das conclusões às quais
cheguei, e me coloco completamente à disposição para entender as falhas
que você encontrar nestes pensamentos.
Uma importante causa das desgraças sociais
Por que tanta miséria exposta todos os dias? Por que tanta incompreensão?
Por que tantas discussões, brigas, medos, falcatruas, roubos, mentiras,
escândalos e violência?
Primeiramente, gostaria de dizer: eu não sou um santo. Não tenho
condições de ser um. Eu tenho que confessar: já participei de episódios de
tudo isso, direta ou indiretamente. Eu sou gente, e como você, também
tenho meus erros. Mesmo sabendo que nós não somos os seres mais
perfeitos do mundo, isso não pode nos impedir de conversar sobre as
nuances do amor, e da vida perfeita.
É reparando nossos pensamentos sobre o que é uma vida perfeita que
passamos a ter mais condições de conquistá-la.
Eu acredito que todas essas ações “malévolas” vêm de um único fato:
estamos acostumados a acreditar que nós precisamos conquistar uma vida
melhor, e neste processo esquecemos do entorno. Nós não tomamos conta
do outro como poderíamos.
Sim, nós encarnamos o papel de alguém bom e respeitoso com muitas
pessoas, até mesmo com desconhecidos. Mas, muitas vezes, agimos
achando que não há o suficiente para todos. Ou alguém nos faz muito mal,
e retribuímos na mesma moeda, em ações ou pensamentos.
Retribuímos o mal com o mal.
“Seja muito legal”… Com quem?
Precisamos abandonar uma mania grave. Nós propagamos o “seja muito
legal com os outros”, mas o que praticamos de verdade é o “seja muito
legal comigo”. Há uma diferença muito sensível entre as duas posturas.
Ela é sutil, mas existe e faz muita diferença entre criarmos à nossa volta o
mundo de paz ou o mundo de guerras.
Foi pensando em viver o seja muito legal com os outros que eu pensei
nestas linhas. Com elas, espero crescer na minha jornada. Compartilhandoas, espero contribuir para que você também cresça na sua, ou que pelo
menos me ajude a crescer um pouco mais.
O que fazer se o “mal” parece inevitável?
Para algumas pessoas, parece impossível mudar um ambiente hostil, de
desamor. Eu não posso dizer todas as possibilidades do que pode ser feito,
mas aqui seguem algumas que eu consigo vislumbrar. Elas podem ser
combinadas à vontade:
1. Mantenha-se firme e resistente
Seja um “militante”. Se você não pode sair daquele determinado ambiente,
mantenha-se estável e firme. Escolha responder do jeito que lhe causar
maior conforto interno, a despeito do que fizerem com você. Mas
permaneça! Aprenda a permanecer e permanecer confortável.
As grandes lutas da vida são seguidas por vitórias maiores ainda, e grandes
vitórias não são dadas, são conquistadas. Basta estar ciente de que você
pode utilizar aquela adversidade para criar novas habilidades de
permanecer inteiro, mesmo no meio do furacão.
Estes são tremendos terrenos para o aprendizado! Escolher permanecer em
ambientes hostis lhe fortalecerá como pessoa em inúmeros outros casos.
Esta talvez seja a postura que, para algumas pessoas, irá requerer o maior
esforço no princípio, mas também pode se tornar fácil, à medida que você
a pratica.
2. Busque serenidade dentro de si mesmo
A despeito do que esteja acontecendo fora de você, é possível alimentar
dentro de si um espaço emocional de serenidade. Um refúgio interno. Você
precisa decidir que as paredes deste refúgio tenham uma única frase
escrita: O que vem de fora não me atinge.
Imagine que você tem um espaço à sua volta através do qual nenhuma
ofensa pode passar ou atingi-lo. Todas elas ficam do lado de fora. Pense
em uma “barreira invisível” que lhe protege destas ofensas. Imagine que
elas, ao serem disparadas na sua direção, sejam proibida de entrar neste
espaço. Elas resvalam pela barreira e permanecem longe de você.
Isto nada mais é do que assumir um controle emocional positivo sobre si
próprio. Admitir que as suas emoções são suas, e que você é o responsável
por escolher que tipo de emoções você quer viver ou expressar em sua
vida.
Com esse “paraíso” dentro de você e à sua volta, será totalmente possível
ter a motivação necessária para pensar e planejar as melhores ações para
melhorar o que acontece do lado de fora dessa barreira.
3. Comunique-se de maneira gentil e cuidadosa
Nosso interior pode estar cheio de obstáculos. A comunicação, em
situações como estas, não é necessariamente fácil de ser conduzida. Mas
pode vir a ser. O segredo aqui é: a maneira como você enquadra o que
você quer comunicar pode inspirar ou destruir um relacionamento.
Se você tem uma abordagem positiva, olhando o lado bom das coisas ao
invés de simplesmente observar e apontar o que há de ruim, você
provavelmente atingirá melhores resultados em sua comunicação para
muitos e muitos casos.
Novamente, nem todo mundo consegue observar “o lado bom”, e para
muitas pessoas falar isso soa como “besteira”, “bobagem”, “ilusão”,
“idiotice”. Mas quer saber? Se você não tem como se retirar daquele
determinado ambiente, o que prefere fazer? Experimentar diferentes
estratégias para tentar reagir bem? Ou prefere desistir de aprender isso,
entregar os pontos e continuar reagindo mal?
4. Retribua com o bem, dez vezes mais
A alma humana não consegue resistir ao poder da gratidão. Portanto, o
bem legítimo que você fizer à pessoa que te aflige é uma arma muito mais
poderosa contra qualquer mal que ela lhe infligir do que a resposta na
mesma moeda que ela lhe deu.
Se essa pessoa tenta espalhar emoções conflituosas, é porque seu interior
está repleto delas – ela não sabe como sair dessa prisão. Trazer boas
emoções a ela através de pequenas gentilezas só vai amenizar e quebrar
essa rotina. Você vai fazer por ela o que ela não consegue fazer por si
própria. O quanto você acha que isso vale?
Apesar dos incríveis benefícios desta estratégia, estas gentilezas precisam
ser autênticas. Fazê-las de maneira “forçada”, “robótica”, com um “sorriso
amarelo” e “falso” vai denunciar o seu desconforto, e as pessoas
conseguem perceber quando não estamos sendo naturais.
Abra seus olhos e seu coração para aprender a apreciar legitimamente o
que as pessoas têm de bom! Muitas transformações podem ser
desencadeadas através da sua capacidade de causar bons sentimentos em
quem mais precisa.
Essa energia muito certamente irá retornar, talvez de maneira inexplicável
e imperceptível. Pode ser em forma de um conflito a menos, ou de um
agrado a mais para alguém naquele círculo social. Com isso, você criará
um círculo virtuoso, onde mais energias boas só trazem novas energias
boas.
5. Busque sua terra prometida
Este passo pode significar desligar-se de quem lhe fez tanto mal e,
literalmente, colocar sua vida pra frente. Se essa for sua opção, não é
necessariamente um sinal de que você perdeu, pode apenas indicar o fim
de um ciclo ou qualquer outra coisa. Porém, esta é uma decisão seríssima e
de grande responsabilidade. Executá-la da maneira consciente é essencial.
Antes de fazer isto, entre em um estado interior de carinho e cuidado.
Somente depois de encontrar todo o esse carinho que você sente pelo
próximo e pela pessoa de quem quer se desligar, pense se esta será uma
boa decisão a ser tomada. Caso você sinta que deve escolher este caminho,
faça-a da maneira mais aberta possível.
Você precisa se colocar como alguém que ainda está disponível para ser
amigável e trocar boas energias. Executar esse movimento com maestria é
uma verdadeira arte. É um desafio que pode manter o relacionamento
positivo, ao invés de finalizá-lo completamente.
6. Assuma seu livre-arbítrio
Muitas vezes parece que todas as decisões já foram tomadas. Tudo o que
você podia fazer já foi feito. O cansaço tomou conta, e realmente não há
mais nada a ser feito. Você não está no controle do ambiente, nem de si
próprio.
Não é possível ter o controle completo sobre o ambiente. Porém, o
controle sobre si próprio e suas respostas é uma possibilidade sua como
ser humano. Portanto, se você sente que não consegue controlar a si
mesmo, este é apenas um estado.
Se você está pensando desse jeito, eu lhe desafio a escolher usar o seu
poder de escolha. Respire fundo, livre-se dos pensamentos atuais e adote
uma nova postura e novos caminhos. Esta faculdade nunca pode ser
retirada de ninguém, tampouco de você - a não ser que você dê,
voluntariamente, o controle sobre a sua vida e dos seus estados internos
para outras pessoas.
7. Exercite o seu poder criador
É claro que estas não são as únicas opções. São apenas opções que eu
considero essenciais, padrões que eu utilizo. É possível incrementar essa
lista, infinitamente, já que o universo é feito de infinitas possibilidades.
Meu convite aqui é que você crie suas próprias saídas, claro – partindo de
um interior estável emocionalmente, porque é este interior que vai lhe
trazer as decisões mais conscientes.
8. E se houvesse um milagre?
Imagine que a situação tivesse realmente mudado, e de repente tudo
tivesse melhorado. O que teria acontecido? O que você teria feito? Como
teria se portado? Teria dado um presente? Feito uma declaração? Um olhar
nos olhos? Teria reconhecido algo que não reconheceu até agora? Teria
respeitado alguma opinião? Teria dado alguma opinião? Essas são algumas
perguntas pra enriquecer seus estados. Para manter as boas coisas fluindo.
Espero sinceramente que, de alguma maneira, esta reflexão tenha
despertado novas idéias para a sua vida. Não sou nenhuma autoridade
suprema no assunto, tampouco o que digo é a verdade final. Mas me
atrevo a tocar nele, simplesmente porque alguém tem que fazer isso, e
porque eu acompanho muitas pessoas que resolveram sua convivência com
pessoas inicialmente detestáveis fazendo exatamente isso.
DELÍRIO #35: Como eliminar episódios de explosões
emocionais para todo sempre?
Hoje estava em uma boa conversa aqui com minha amada. Ela me
perguntou: “afinal, no que você acredita?”
Sim, o assunto era espiritualidade. E resolvi compartilhar com você logo
que chegamos a uma conclusão, que não foi sobre espiritualidade, mas
sobre as falhas nas estruturas do que acreditamos. Sim, inclusive as
crenças mais valiosas.
Durante nossa vida, uma das maiores sensações que queremos ter é a de
que “estamos certos”. Pense em quantas discussões bobas e irrelevantes
todos nós nos envolvemos durante nosso cotidiano, tudo em função dessa
“vontadezinha profunda” de termos a razão nos nossos debates e embates.
São coisas que ameaçam nosso sossego. Às vezes, uma briga entre pessoas
explode, em função de uma roupa deixada no chão do banheiro. Essa é
corriqueira: nós homens somos assim mesmo.
Afinal, será que eu tenho realmente a razão?
Certamente, em algumas dessas discussões, nós chegamos ao ponto de nos
perguntarmos: “mas afinal, quem está certo nesse negócio?” Nesse caso, é
claro que você estava chegando na tangente de uma questão um pouco
mais complicada do que, somente, se uma garrafa pet de refrigerante tem
um, dois ou três litros. Você estava discutindo valores individuais.
Eu e você sabemos que a massa da população investe sua existência
respondendo sempre de uma única maneira: “eu estou certo, claro!”
Para saber se há algum lado certo em uma discussão, primeiro precisamos
de informações. Muitas informações. Existe uma ilusão na nossa cabeça –
não me leve a mal, ela é muito forte mesmo – de que estamos sob o
controle de coisas que obviamente não estamos.
Isso é um fenômeno psicológico. Acontece que, em vários casos, nosso
controle está muito longe de ser o suficiente, por dois motivos:
1. A falta de dados suficientes
2. A falta de lógica nos argumentos que nós mesmos inventamos
3. As “peças” psicológicas que a nossa própria mente nos prega
Quando você se descontrola emocionalmente,
é porque sua razão já era.
Eu parto do princípio que ninguém tem razão quando existe uma discussão
que envolve emoções muito fortes, com reações emocionais exageradas,
choro desnecessário, gritaria… E o que era uma mera discussão acabou
virando uma briga sem precedentes, e em alguns casos menos frequentes,
até mesmo uma separação definitiva, um término do relacionamento.
É claro que você não quer viver uma vida irracional. É claro também que
você, mesmo com um cérebro super-desenvolvido, ainda se encontra
dentro do corpo de um mamífero. É sério... Nosso cérebro nem é tão bom
assim. A natureza podia ter caprichado mais.
Nossa única vantagem em relação aos nossos “primos” biológicos (os
outros mamíferos) é que temos… Digamos… Uma camada a mais dentro
da nossa cabeça, capaz de organizar estruturas lógicas e pensar em termos
de condições e eventos: “se isto acontece, então…” ou “Se ele fez isso,
então…”
Além disso, este é um cérebro que consegue armazenar instruções e refletir
sobre as próprias instruções armazenadas. Por isso mudamos de opinião
durante nossa vida. Mudamos atitudes, gostos, preferências... E as nossas
vantagens quase que páram por aí.
É frequente verificarmos que muitas das grandes decisões tomadas por
muitas e muitas pessoas envolvem emoções bem fortes. Em se tratando de
emoções, estamos lidando com um reino de puro condicionamento
instintivo. Se não refletimos adequadamente (quero dizer, com rigor
técnico), as razões associadas a estas emoções podem ser bem frágeis,
inúteis, inválidas. E, apesar de haver alguma razão sendo utilizada, ela é
irracional, ou simplesmente não faz sentido algum do ponto de vista da
lógica formal.
É isso que faz nossa mente, às vezes,
se parecer com uma casa mal assombrada
Esse subtítulo pode gerar muita chateação. Não conheço ninguém que se
sente muito confortável de dizer que está sendo “assombrado por sua
própria mente”. Ou, quando dizemos, não confiamos muito que este seja o
caso. Falamos “da boca pra fora”, porque acreditamos que estamos de
posse das melhores informações, das informações completas sobre o que
vivemos.
Isto é, simplesmente, falso. Eu sou um colecionador de curiosidades sobre
a psiquê humana. Existem inúmeras “tendências” operantes nos nossos
pensamentos mais valiosos. Essas tendências são responsáveis por,
basicamente, fazer-nos chegar a conclusões erradas e tomar decisões
radicalmente incorretas na nossa vida. Sem que, sequer, suspeitemos disso.
Até agora, consegui catalogar em torno de 70 desses “gatilhos”, que nos
fazem tender a tomar decisões incorretas. São todos cientificamente
comprovados com muitos e muitos experimentos. Nós somos mesmo
criaturas muito estranhas para nós mesmos.
Estas falhas são tão inevitáveis assim?
Na verdade, para aliviar o assunto, essas falhas são, na verdade, apenas
tendências. Em alguns casos, tendências fortes. É possível reduzir a
quantidade de vezes que caímos “no truque” da nossa própria mente,
quando entendemos que tendências são essas.
Como eu e você sabemos, tudo é uma questão de se ter consciência. Como
diz um amigo e grande especialista na área do Desenvolvimento Humano,
o Dr Jairo Mancilha, “Consciência é remédio”.
Neste caso, é remédio homeopático. Mesmo tendo consciência dessas
falhas nos nossos pensamentos, o caminho pra se livrar dessas tendências é
longo. Isto porque uma das principais “armadilhas” da nossa própria mente
é termos uma dificuldade em avaliar se estamos sendo vítimas de uma
dessas armadilhas.
Sugestão de solução geral para lidar com a sua própria mente
“Procure pelas evidências do seu próprio exagero”.
Pra mim, nunca esta frase teve tanto sentido: não se leve tanto a sério.
Gostaria que você se comprometesse a fazer uma coisa muito bacana:
quando sentir que seus nervos estão à flor da pele, procure todas as
evidências de que você pode estar exagerando em suas reações.
Procure decididamente os motivos pelo qual isso está acontecendo. Diga a
si mesmo (ou a si mesma): “eu estou exagerando, porque…” e procure
completar essa frase.
Esse exercício pode exigir muito de você no início. Mas eu garanto que ele
dá resultado. Ao longo do tempo, com certeza você terá uma vida com
menos episódios de explosões emocionais. Menos sensações que possam
consumir o seu corpo significa mais saúde e alegria para compartilhar com
aqueles que você ama.
DELÍRIO #36: Como evitar sofrimentos excessivos
dentro do mundo torto em que vivemos?
Eu acabei de pensar aqui em como eu e você somos pessoas de extrema
sorte… Todo mundo que consegue chegar até essa página pra ler, aprender
e participar dessa reunião em torno da discussão por um mundo melhor
deveria agradecer a Deus todos os dias de suas vidas.
E acredito que agradecem. Passamos muito tempo perdendo a nós mesmos
nos assuntos mais superficiais do cotidiano, reclamando de algumas
coisas, fazendo uma terrível tempestade, e a pergunta que me vem à
cabeça é o porquê disso.
Por que tanta tempestade em nossos pensamentos?
Meditando sobre o assunto, uma hipótese que me parece plausível é uma
falha na maneira como fomos doutrinados a pensar. Sério, quantas vezes
você não discutiu com alguém muito querido, ou de quem precisava?
Quantas vezes você não recriminou até mesmo um amigo? Quantas vezes
você não falhou na maneira como tratar seus próprios pais? Quantas vezes
você não imaginou em como seus filhos são irresponsáveis?
Eu não posso dizer por todos, mas esses são pensamentos que me
invadiam a mente, muitas vezes. Acredite, eu já perdi horas de sono, dias
em preocupações, e descobri que todas eram simplesmente infundadas. Eu
me explico.
Nós sustentamos uma ilusão que se fez completamente real
Quando comecei a me dar conta de que estes pensamentos estavam
acontecendo comigo descontroladamente, entrei em uma espiral de autoquestionamento. Assim, como acontece com todo mundo.
Você também já passou por isso. Pra mim, essa sequência foi bem intensa.
Eu quase fiquei louco. Ou fiquei, sei lá. Desde que comecei a trabalhar,
sempre tive uma vida financeira bastante boa. Alcancei uma posição
privilegiada, profissionalmente falando. Tenho pessoas maravilhosas à
minha volta. Vivo no mundo das possibilidades, e mesmo assim, estava
vivendo como se estivesse em uma profunda tensão o tempo todo.
O maior problema desta tensão permanente não era saber da tensão em si,
mas acreditar profundamente que esta tensão fosse inexistente. Eu sempre
aparentei muita calma e paciência. Sempre fui tido como uma pessoa que é
colaborativa. Sempre fui muito apaixonado pelos meus afazeres, e acredito
que você possivelmente também seja visto como alguém muito querido
pelos seus amigos e familiares.
Revelemos a face verdadeira de quem somos
Em um dado momento da minha vida, eu comecei gradualmente a me
perceber internamente insatisfeito com tudo que estava à minha volta. Nós
dependemos do mundo tanto quanto o mundo depende da gente, você
sabe. Sem ação, não existe evolução. Mas minha dependência do mundo, e
a dependência do mundo à minha volta pela minha pessoa “tinha” que ser
como eu pensava que deveria ser.
Quando falo da dependência “do mundo pela minha pessoa”, quero dizer
apenas do mundo que me cerca, ok? Não tenho planos de “dominar o
mundo inteiro”. Apenas o meu mundo pessoal.
Não é fácil neste momento explicar o que aconteceu comigo, porque
também sempre fui visto como alguém de atitude positiva. Gostar de
construir coisas e ter paciência para isso é um recurso que facilitou muito
minha vida. Mas parecia que algo que precisava existir simplesmente não
estava lá pra que eu percebesse.
A lógica impressa por trás dos nossos sentimentos mais profundos
O que descobri, meditando e me questionando continuamente, é que eu
precisava entender de onde vinham certos sentimentos que eu sabia que
destruiam o meu corpo.
Coisas como raiva, angústia, mágoa, rancor, melancolia… Esse tipo de
sentimento, mesmo que momentâneo, começou a ser alvo de minhas
observações mais astutas. Notei que meu corpo estava repleto deles.
Comecei a usar estes sentimentos como um “termômetro”, ou um
“estetoscópio”, se você me permite. Eles eram sintomas que eu mesmo
tinha produzido pra mim, de alguma maneira. Sendo assim, ao invés de
simplesmente reagir aos sentimentos que considerava ruins, eu queria
saber “os porquês” dos sentimentos terem sido despertos. Assim, lidaria
melhor com eles.
No fim das contas, descobri que temos algo como uma “razão profunda”
que ativa os nossos melhores, e também os piores sentimentos e atitudes.
Eles são bem diferentes das razões superficiais: você vai à padaria porque
precisa tomar seu café da manhã, por exemplo. Mas enquanto isso,
existem razões bem arraigadas nas nossas personalidades, que formam o
nosso caráter. São as razões pelas quais vivemos, de fato. Nós somos
capazes até mesmo de lutar para defendê-las.
Quando descobri essas minhas “razões profundas”, percebi que eu tinha
maior poder de compreender a mim mesmo e de acessar o meu “eu
verdadeiro”. Eu consegui apreciar mais integralmente a pessoa que eu
realmente sabia insintivamente que era. Consegui tomar consciência de
mim mesmo. Esta “pessoa” estava muito escondida, debaixo de um mundo
de razões superficiais e impróprias. A maior das razões que eu descobri,
revelo a seguir.
Uma “cegueira” paira nos nossos corações
Um dos maiores problemas que descobri, e do qual passei a ajudar muitas
outras pessoas a se livrar nos anos que se seguiram, é o fato de que nós
estamos cognitivamente “cegos”.
Isto é, nós temos a tendência de ficarmos “presos” ao que tratamos como
nossos melhores referenciais. Se algo que nos acontece está fora destes
referenciais de como a realidade deve ser, nós temos reações emocionais,
muitas vezes crônicas e que podem ser bastante desproporcionais.
Reformulando: quando comparamos o que deveria acontecer ao que
realmente aconteceu, certos sentimentos são disparados. Minha conclusão
sobre isso foi que quando são desagradáveis demais ou muito frequentes,
pode ser que algum referencial interno precise ser trabalhado,
transformado ou abandonado, ao invés de termos que mudar o que está lá
fora.
Esses referenciais adquiridos nos causam muito desconforto durante a
nossa vida. O que temos que observar não é se esses referenciais estão
certos ou não, do ponto de vista do senso comum. Para muitos deles, a
maioria das pessoas diriam: sim, este referencial é o correto.
Temos antes que nos perguntar:
Estes referenciais nos fazem pessoas mais felizes e completas?
Temos que estar atentos a referenciais renovados, melhores do que os
anteriores. Precisamos retrabalhar nossas estruturas de julgamento do que
é bom, para que possamos gozar de uma vida verdadeiramente satisfatória,
e não apenas superficialmente satisfatória. Isto é um excercício incansável
de renovação da sua consciência. O que eu posso garantir é que ele é
realmente libertador.
Como aniquilar totalmente seus inimigos interiores
Quando nós conseguimos provar para nós mesmos que um desses
referenciais não nos serve como supostamente deveria servir, ele se torna
instantaneamente nosso maior adversário, e muito frágil ao ser revelado.
Ao ser visto como um adversário, passamos a não gostar dele. Escolhemos
liberá-lo, e ele simplesmente some. É impressionante a transformação que
pode ser desencadeada por conta de um único referencial retrabalhado.
Graças a Deus, já vi verdadeiras transformações de comportamento em
questão de alguns minutos, e agradeço mais ainda por ter tido a sorte de ter
atuado a favor de algumas destas transformações. Tenho certeza de que
você também já teve essa sorte de criar estas mudanças internas. É aquele
“clique” que acontece, muito raramente pra alguns, e com mais frequência
pra outros.
Eu mesmo já tive vários, inúmeros momentos de catarse e de
transformação. Sim, é possível uma transformação pessoal, e é fácil. Basta
escolher fazê-la e manter-se firme, implacável e atento aos sinais que seus
próprios sentimentos te dão.
Não questione o que está fora de você. Questione o que está dentro, antes.
Assim, você pode atuar melhor para questionar e mudar o que se encontra
do lado de fora. Espero, sinceramente que esta reflexão tenha utilidade real
na sua vida.
EPÍLOGO (DELÍRIO #37): Como você, sozinho, pode
transformar o mundo inteiro para melhor?
Uau, que jornada!
Se você chegou até aqui, é porque está bastante interessado em refletir e,
realmente, transformar sua vida. Eu, sozinho, fui apenas um canal muito
frágil nessa viagem. A sua atenção foi o maior presente que eu pude
receber, e espero que com ela você tenha refletido sobre si mesmo.
O que torna estas idéias importantes é a prática delas por todos aqueles que
aderirem e a desenvolverem. Seja concordando, seja criando novos pontos
de vista.
É evidente que o mundo nesse momento se encontra em um desequilíbrio
histórico. Nunca tivemos tanta produção de riqueza na sociedade, nem
tanta concentração de poder nas mãos de uns poucos indivíduos. E mesmo
entre os mais “ricos”, existe um fato que é angustiante pra muitos: muita
ansiedade e infelicidade paira entre todas as camadas sociais.
Mas, afinal, o que fazer para transformar o mundo?
A idéia por trás da tecnologia como forma de “automatizar coisas” é que
ela, sozinha, poderia resolver os problemas da humanidade. No entanto,
está óbvio que, por mais que a automação do mundo inteiro seja
implementada, será impossível promover melhora em nossa qualidade de
vida interna.
Existe uma peça faltando neste quebra-cabeças. Se há tanta tecnologia
nova pra tudo que é lado e mesmo assim continuamos com muitos dos
nossos problemas milenares, não é essa a direção mais correta para
resolvê-los.
O que importa tanto já não é mais o que temos que inventar, mas sim com
que intenção usar o que estamos inventando com tanta rapidez todos os
dias?
O que poderia fazer com que cada um tenha sua vida de volta?
O desafio da humanidade está lançado: nosso próprio comportamento e
compreensão da realidade ditam se somos felizes ou não. Somos vítimas
de certos males antológicos, que a ciência ocidental começou a tratar
apenas muito recentemente: a maneira como percebemos o que é real é um
fator determinante da nossa qualidade de vida.
Muitas vezes reagimos a coisas que simplesmente não estão lá. Fantasmas
inventados por preconceitos. Digo “preconceitos” utilizando o sentido
mais amplo da palavra, que vai muito além de sexo, raça, religião, cor ou
classe social.
A tecnologia é um canal extremamente útil pelo qual nós temos plenas
condições de liberar nosso potencial para criar e viver uma vida mais bela,
com mais amor. A prova disso, na minha opinião, é o crescimento absurdo
das redes sociais: estamos todos conectados, e através dela conseguimos
até mesmo destituir governos inteiros.
Uma vez de posse dessa rede, basta cuidar para que possamos propagar
idéias e pensamentos capazes de nos transformar nas melhores pessoas que
podemos ser. Por trás de toda tecnologia há de se ter intenções boas. Do
contrário, continuaremos vivendo uma vida manipulada, cheia de
diferenças sociais dramáticas.
O que nos faria acelerar drasticamente o desenvolvimento de pessoas?
Dado que a tecnologia é o tipo de conhecimento que causa mudanças tão
profundas na superfície do nosso planeta, a pergunta que eu comecei a
fazer há muitos anos atrás foi:
“Existe alguma tecnologia para desenvolver rapidamente uma pessoa?”
As reflexões que você acabou de ler foram todas inspiradas na jornada que
eu tomei para mim mesmo com o intuito de encontrar uma resposta para
esta pergunta crucial. Hoje, meu dia a dia é acompanhar indivíduos para
que esclareçam mais de si mesmos para si mesmos.
Todos os dias são perfeitos para se descobrir o que fazer melhor do que no
dia anterior. Não podemos deixar a rotina e a aparente sensação de certeza
e conforto nos conduzirem na direção de uma velhice frustrada, porque o
fim da vida chega para todos, independente de suas condições. Resta saber
o que nós achamos melhor: viver pleno de possibilidades, ou fechando-nos
em uma vida de poucas realizações?
A despeito de todas as crises que possam se abater no mundo, tenho
certeza de que você e eu estamos fazendo dos nossos corações um lugar
cada vez melhor, para que aqueles que estão próximos de nós possam ter
um refúgio seguro e confiável. Porém, como lidar com o fato de tentarmos
tanto e conseguirmos tão pouco moralmente?
Como lidar com o fato de que nós entramos em tantos conflitos com outras
pessoas e com nós mesmos? Para isso, existem várias tecnologias
diferentes de desenvolvimento de pessoas, e hoje eu conheço algumas.
Certamente não conheço tudo. Este livro expôs, de maneira geral, vários
dos princípios que uso enquanto estou atendendo clientes. Mas aquela
tecnologia ou idéia que servirá melhor pra você pode ser diferente da que
serve para mim. Portanto, deixo-lhe para encontrar seu próprio caminho.
Aqui, meu objetivo foi provocar você, para que desenvolvesse mais novas
idéias e refletisse sobre perguntas instigantes. Você pode fazer isto
concordando ou discordando, não importa. Porém, na minha atitude em
percorrer todo este caminho também está “embutida” muitas formas de
pensar que já transformaram muitas pessoas para melhor. Estas formas
foram construídas com base em algumas destas tecnologias de
desenvolvimento de pessoas.
Entretanto, nada disso é realmente relevante
Não interessa de verdade se você virá a conhecer tecnologias que lidam ou
não com pessoas ou máquinas. Existe uma outra coisa que vai permitir a
você tomar parte na transformação do mundo como ele é, hoje.
Esta coisa é a seguinte: o mundo inteiro se transforma quando você é
transformado. Sendo assim, a maneira real através da qual você pode
transformar tudo que vê à sua volta é elegendo pelo menos uma grande
pergunta que você queira ver respondida. Uma pergunta que queira
responder para si mesmo.
Que pergunta transformaria você e o mundo à sua volta, se você pudesse
respondê-la?
Vou deixá-lo seguir o seu caminho com este exercício final. Foi realmente
maravilhoso ter você durante toda esta jornada.
Um abraço,
Rodrigo Santiago.
Agradecimentos
Primeiramente, quero agradecer ao meu primeiro filho, Theo Santiago, por
ter aparecido em minha vida. No momento em que finalizo esta primeira
edição, ele tem 10 meses de idade. Uma graça!
Também quero agradecer à minha esposa, Emmanuele, por ter sido a
minha grande amiga e companheira. Não é possível descrever aqui tudo o
que você significa para mim. Nós temos uma família linda.
Aos meus leitores. Vocês são para mim verdadeiros companheiros de
jornada em um mundo tão estranho e desafiante.
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intuição, criatividade e pouquíssimo tato, o autor se mete a responder
perguntas ultrajantes em 37 explosões de notáveis “delírios” que
despertarão muitas pessoas para uma vida muito mais leve... Tudo
enquanto causa verdadeira fúria em quem não suporta ver suas velhas
certezas finalmente questionadas!
De que lado você estará? Apenas a sua leitura poderá revelar.
Neste livro, você investigará questões tão instigantes quanto as seguintes:
Como criar força de vontade, disciplina, persistência e paciência infinitas
instantaneamente, sempre que você quiser? Como eliminar episódios de
explosões emocionais para todo sempre? Como tomar decisões pelo
menos vinte vezes melhores do que as suas atuais? Como aniquilar para
sempre o sofrimento por amor? Como entender, medir e multiplicar a sua
autoestima? Como curar de uma vez por todas o famoso Déficit de
Atenção (TDAH) sem o uso de remédios, conquistando foco e
concentração perfeitos? Como eliminar maus hábitos e vícios persistentes
de uma vez por todas? Como reverter praticamente qualquer ambiente
hostil em apenas 7 passos? Como você, sozinho, poderia transformar o
mundo inteiro para melhor? Como aniquilar a solidão definitivamente?
Como conquistar a vida dos seus sonhos sem ter nenhum super-poder, dom
espiritual, talento genético, padrinhos influentes etc? Como exorcizar
vampiros energéticos, espíritos obsessores, demônios, olho gordo, ebó etc
com o simples uso de uma razão espiritualizada? Como romper com um
passado terrivelmente traumático e definir rumos radicalmente melhores
para sua vida?
O livro traz novas perspectivas para estes e vários outros “pepinos” - tudo
com base em experiências verídicas de pessoas completamente normais e
saudáveis que eliminaram estes grandes “abacaxis” de suas vidas. Se você
está aberto e determinado a matar muitos dos grandes “leões” e
“fantasmas” que ainda assolam o seu dia-a-dia, Simplesmente Resolvido!
é o tipo de livro que você vai querer ler mais de uma vez.