- Vectra Construtora

Transcrição

- Vectra Construtora
Edição 15 | 2016
Gleba
Esperança
O mais novo bairro
planejado de Londrina
Eco
Turismo
Capital do rafting,
Brotas destaca natureza,
história e gastronomia
Determinação
Empresária londrinense transforma pequeno negócio familiar em companhia premiada
MARQUE SEUS
TERRITÓRIOS COM X.
NOVO BMW X1.
COMPLETAMENTE NOVO.
Você pode curtir o sol ou observar as estrelas.
Dirigir no asfalto ou por estradas de terra.
Adorar performance ou comodidade. Ou tudo isso junto.
• BMW Remote
• Faróis Full-LED
• Motor BMW TwinPower Turbo de 231 hp
• Tração Integral Inteligente xDrive
• Rodas de liga leve de 19”
• Abertura e fechamento automático do
porta-malas com capacidade de 505 litros
BMW EFFICIENTDYNAMICS.
MENOS EMISSÕES. MAIS PRAZER DE DIRIGIR.
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• Chamada de Emergência Inteligente
• Bancos dianteiros esportivos com ajustes
elétricos e função de memória para motorista
• BMW ConnectedDrive com Serviços de Concierge
• Sistema de Navegação com Informações
de Trânsito em Tempo Real
• Teto Solar Elétrico Panorâmico
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Puro Prazer de Dirigir
MELHOR A CADA
EVOLUÇÃO. E CADA VEZ
QUE VOCÊ DIRIGE.
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Novo BMW Série 3
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NOVO BMW SÉRIE 3.
O sedã premium mais vendido do mundo ficou ainda mais
sofisticado. Mais esportivo, contando com Motor TwinPower
Turbo Flex de 184 cv. Tração traseira. Câmbio automático
de 8 marchas. Driving Experience Control com Eco Pro.
Regeneração de energia de frenagem. Auto Start Stop
e faróis em LED. Conta ainda com o BMW ConnectedDrive,
com Chamada Inteligente de Emergência.
BMW EFFICIENTDYNAMICS.
MENOS EMISSÕES. MAIS PRAZER DE DIRIGIR.
Faróis em LED
Chamada de Emergência Inteligente
Câmbio automático de 8 marchas
Todos juntos fazem um trânsito melhor.
editorial
Fiat lux
2016 começou com muitas sombras sobre as previsões do futuro próximo, tanto no Brasil quanto
em outros países. A revista Living Vectra, como todo veículo vivo e conectado à realidade de
seu público, também repercute e traz à luz, do seu modo peculiar, londrinense e construtivo, as
editorias mais comentadas nos últimos meses.
Economia
Não vamos falar sobre recessão, desemprego e aumento da carga tributária.
Vamos destacar a empresária londrinense Márcia Manfrin, que enxerga novas
oportunidades em tempos de crise e que almeja um crescimento de 30% em seus negócios
para este ano. Um exemplo de empreendedorismo a ser seguido.
Política
Não vamos falar sobre Lava Jato, vácuo moral e impeachment. Vamos destacar o ex-prefeito de
Londrina José Hosken de Novaes, que passou sem máculas pela vida pública e que legou como
principal patrimônio uma biblioteca. Um exemplo do passado como esperança para outubro.
Mundo
Não vamos falar sobre conflitos no Oriente Médio, fluxos migratórios e
xenofobismo. Vamos destacar o engenheiro mecânico Feras Orfali, refugiado sírio que
tenta reconstruir a vida em Londrina a partir de seus conhecimentos culinários.
Um exemplo de perseverança e espiritualidade.
Saúde
Não vamos falar sobre dengue, zika vírus e chikungunya. Vamos destacar os grupos de pessoas
que aliam a prática de exercícios físicos com a ocupação dos espaços públicos, promovendo a saúde
coletivamente. Um exemplo de reinvenção da malhação, a partir da atenta observação dos desejos
das pessoas que convivem no espaço urbano.
Meio ambiente
Não vamos falar sobre enchentes, rios de lama e descaso governamental. Vamos destacar o
ecoturismo em Brotas e sua preocupação com a preservação das matas e dos abundantes recursos
hídricos. Um exemplo de engajamento socioeconômico sustentável, que desenvolve o turismo e
preserva a história e a cultura locais.
Tudo isso, além de tudo que a Living Vectra sempre oferece. Não é bom quando jogamos luz sobre
nossas dúvidas e clareamos o caminho? Fiat lux... e boa leitura!
Fábio Mansano
Coordenador de comunicação
Vectra Construtora
Nascente Areia que
Canta, uma das atrações
turísticas de Brotas (SP).
Este selo indica que o papel utilizado
nesta publicação foi produzido com
madeiras de florestas certificadas FSC®
(Forest Stewardship Council) e de outras
fontes controladas.
expediente
Edição 15 | Março - 2016
Living Vectra é uma publicação
periódica da Vectra Construtora Ltda.
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Pauta, texto e edição: Nara Chiquetti
Fotografia: Fábio Pitrez
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Colaboração: Bruno Ferraro, Fábio Alcover,
Gustavo Camilo, Paulo Briguet e Ronnan Moraes
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É proibida a reprodução parcial ou completa do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da Editora Drapeau.
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cartas
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Cartas, críticas e sugestões
Este espaço na Living Vectra está aberto a vocês, leitores,
para sugestões e críticas, que podem ser enviadas para
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ÍNDICE
Biblioteca 18
José Hosken de Novaes combinou
ousadia e austeridade em sua gestão à
frente da Prefeitura de Londrina
Porta-retrato 22
O repórter fotográfico Anderson Coelho
registra uma cena cotidiana da pequena
cidade de Afuá, no interior do Pará
Sala de estar 24
Área de lazer
Brotas é destino tanto para quem
busca diversão radical, quanto para
quem quer paz e sossego em meio à
natureza
46
Apartamento no Liberty Towers foi
paixão à primeira vista para casal Ana
Carla e Antônio Tripoloni Neto
Estúdio 30
Arquitetos Marilda Marchiori e
Zeca Repette indicam como decorar
com praticidade, funcionalidade e
muito conforto
Estante 38
Planejado e acessível, o novo bairro Gleba
Esperança inova e moderniza a ligação
entre as regiões Sul e Oeste de Londrina
Janela 70
Com visão empreendedora, Márcia
Manfrin transformou o pequeno negócio
familiar em uma companhia premiada
Moldura
Longe das academias, prática de exercícios físicos
ao ar livre tem se ampliado, e vai de simples
corrida a treinos que exigem força e resistência
12
Home office 76
Executivos encontram no método GTD
ferramentas de gestão do tempo para
ganharem qualidade de vida
Galeria 80
Organizações auxiliam refugiado de guerra a
descobrir uma nova vida em meio à paz das terras
vermelhas
Área de serviço 86
Para viagens seguras, elevadores exigem
manutenções periódicas e cuidados na forma de uso
Álbum 87
Sexta edição do Encontros Folha discute a
sustentabilidade empresarial
Alto-falante 88
Há mais de 30 anos nos palcos, Luke de Held é
importante nome do blues londrinense
96
City-tour
Restaurante Vittorio
Emanuele II é
reconhecidamente uma
autêntica casa italiana
Closet 92
Estudante de Design de Moda da UEL, Bruna
Godoy volta sua atenção à moda inclusiva
Papel de parede 102
Guerra de Ilustrações homenageia as seis décadas
do Londrina Esporte Clube (LEC)
32
Mobília
Fernando Jaeger comprova que o
design em móveis pode ser acessível,
duradouro, atemporal e estar pronto
para ser levado para casa
moldura
Sob sol ou chuva, lá
estão eles: os grupos
de exercícios ao ar livre,
que têm ganhado
cada vez mais adeptos
em Londrina
Por Nara Chiquetti
Fotos Fábio Pitrez
Disposição
e
12| Living Vectra
suor
Living Vectra | 13
É só observar um pouquinho e perceber que em
cada praça, parque, onde tiver um espaçozinho
ao ar livre, certamente ali vai estar algum grupo
de pessoas que se juntam para praticar atividades
físicas, cuidando da saúde e fazendo amigos. As
opções são variadas, de caminhada a treinos que
exigem força e muita resistência física.
Seja com acompanhamento profissional, seja por
conta própria, o número de pessoas que prefere fugir um pouco da academia e praticar exercícios físicos ao ar livre tem aumentado nos últimos anos. Os
grupos contam com integrantes de várias idades,
mas se destacam os adultos acima de 25 anos. Segundo o personal training Ricardo Monson, do Studio Carpe Diem, os equipamentos públicos como
parques, pistas de ciclismo e caminhada favorecem
a prática de exercícios fora das academias. Dentre
as modalidades mais praticadas estão corrida, caminhada, treinamento funcional, ciclismo e o treino
do dia, que une força e resistência física.
No caso do treinamento funcional, que é aquele
dedicado a melhorar as atividades que a pessoa
executa diariamente, Monson alerta que o ideal é
que seja feito em grupos reduzidos e homogêneos, para melhorar o aproveitamento da atividade.
“Mais que algumas poucas pessoas que tenham
as mesmas características, você perde o funcional.
Fica na verdade um treino criativo, dinâmico, mas
que é incapaz de trazer condicionamento físico
harmônico”, explica.
Ricardo Monson coordena grupos de corrida desde 2010. Segundo ele, ao contrário do que muita
gente pensa, a corrida não é algo simples. “A pessoa
pensa que não precisa de orientação para correr,
mas esse tipo de treinamento baseado no senso
comum, na maioria das vezes, leva a lesões, seja por
problemas relacionados à técnica mal realizada ou
mesmo ao planejamento de cargas inadequadas
de treinamento ao longo do ano”. Mesmo correndo
em grupo, cada aluno realiza o treino conforme sua
capacidade física. “Nas turmas, cada aluno recebe o
seu planejamento, com sua quilometragem diária,
respeitando suas características individuais. Assim,
cada um realiza o seu treino, mas todos juntos”, explica Monson.
O personal training comenta que a progressão ininterrupta dos quilômetros a serem vencidos é extremamente prejudicial, pois leva a desgaste e complicações físicas. “Por isso, fazemos um planejamento
semestral”, diz. Para correr ou mesmo pedalar, além
de progredir gradativamente, seja em grupo ou sozinho, o cuidado com o fortalecimento muscular e
com o alongamento é fundamental. “O mais adequado é que o aluno faça um trabalho de fortalecimento muscular e alongamentos específicos, para
evitar problemas”, alerta.
O programa de treinamento desenvolvido por
Monson vai desde o desenvolvimento da flexibilidade e condicionamento cardiorrespiratório, evoluindo gradativamente até a fase em que o aluno
está preparado para participar de competições. “Na
fase competitiva a gente usufrui dos ganhos acumulados no semestre, o melhor rendimento, que é
seguida pela fase de transição, em que a intensidade dos treinamentos diminui e um novo ciclo de
preparação se inicia”, ensina. Jefter Proscêncio corre
há um ano e meio e está justamente na fase competitiva. Em abril, participa de sua primeira maratona. Serão 42 km a serem percorridos. “É um sonho,
uma vitória a cada dia de treinamento”, comenta.
Para se sentir apto a correr todo o percurso, Proscêncio tem a rotina de praticar todos os dias com o
grupo. Mas, garante: nada de se tornar profissional.
“Ser um amador forte já está bom”, brinca.
Para aqueles que optam por corridas ou bike, alongamentos e fortalecimento muscular são essenciais para evitar lesões
Há cinco anos se exercitando nas pistas de Londrina, Alessandra Movio já coleciona participações em
competições: Meia Maratona do Rio de Janeiro, São
Silvestre e Volta da Pampulha, fora os eventos locais.
“Terminar uma corrida é muita emoção”, afirma. Ela
aponta que o maior benefício é a melhora que sentiu na qualidade de vida. “No começo é bem difícil a
adaptação, parece que você não vai conseguir. Mas,
depois, é só benefício”, comemora.
Já para aqueles que, além de treinar em grupo e ao
ar livre, estão dispostos a enfrentar um desafio novo
a cada aula, o WOD (Workout of the day), o “treino
do dia” em português, pode ser a opção ideal. O
grupo começou por acaso. Os educadores físicos
Pedro das Chagas Neto e Henrique Covolo trabalhavam em academia, e decidiram treinar em outro
ambiente, ao ar livre, todos os sábados. Com apenas
alguns equipamentos, montaram um trabalho para
eles e mais quatro pessoas. Mas outras pessoas que
passavam pelo aterro do Lago Igapó começaram a
pedir para participar. Inicialmente eles não cobravam nada e os participantes seguiam a sequência
de exercícios que eles executavam. Até que a turma
cresceu demais e os treinos chegaram a reunir quase uma centena de pessoas.
Living Vectra | 15
Os profissionais sentiram necessidade de orientar
o grupo e passaram a montar aulas especificas. “Vimos que a ideia das pessoas treinarem outdoor foi
bem aceita, e que isso poderia virar um negócio”, revela Chagas Neto. Para dar conta do grande número de alunos, o time de professores também teve de
crescer. Hoje o WOD conta ainda com Bruno Correa,
Mateus Gaio e Júnior Santos. Os educadores físicos
preparam as aulas, acompanham e orientam os
cerca de 100 alunos, divididos entre quatro turmas
ao longo da semana, mantendo inclusive os treinos
aos sábados.
O objetivo do trabalho é melhorar o condicionamento físico geral, explica Chagas Neto. “O que
a gente pensa é preparar as pessoas para terem
um bom nível de força, resistência, coordenação,
agilidade. Deixá-la apta a fazer qualquer tipo de situação”. Alguns dos efeitos colaterais são emagrecimento, por causa do grande gasto energético,
bem-estar, disposição, fortalecimento muscular.
“São esforços gerais, que mexem com o corpo todo,
não apenas grupos musculares isolados como tradicionalmente acontece nos treinos de academia.
A gente chama de treinamento integrado”, explica.
E a ideia é suar a camisa mesmo, correr, agachar, levantar peso, tudo em um único treino, e nunca um
igual ao outro. “Digo às pessoas que vem para cá:
acredite, eu vou deixar sua vida difícil”, alerta Chagas
Neto. “Tenho que tirar o aluno de sua zona de conforto; se eu não faço isso, não evolui”. Apesar de ser
o mesmo treino para todos, o participantes são divididos em níveis: iniciante, intermediário e avançado, o que ajuda a deixar o grupo mais homogêneo.
Assim, a evolução é gradual. “O bloco de treino do
dia pode ser executado tanto por aquele aluno de
nível avançado, quanto por quem está começando
Ricardo Monson trabalha
com grupos de corrida de
rua há seis anos
hoje, respeitando a limitação de cada um, para que
ele evolua seu condicionamento”. Essa baliza se dá
pela intensidade e número de execuções em determinado tempo. “Alguns exercícios podem até ser
adaptados para que o aluno iniciante consiga executar, mas não menos difícil”, assegura o professor.
Esse formato de treino surgiu a partir de uma junção de experiências vividas por Chagas Neto. “Eu
estava cansado de musculação. Tive a oportunidade de treinar os participantes da Super Liga de
Vôlei que aconteceu em Londrina, e o trabalho com
o atleta é diferente, sempre treina movimentos,
nada isolado. Foi o primeiro start para a mudança
de comportamento em relação ao meu trabalho”,
conta. Por causa de uma lesão, o professor passou
a conhecer formas de se exercitar utilizando apenas
o próprio peso corporal. “Fui conhecer o treinamento funcional, crossfit e ginástica natural. Juntei tudo
isso, e vi que dava para ser aplicado aos alunos, pois
permite desenvolver força, resistência, velocidade.
Tudo isso tudo formou o WOD, um treino diferente
a cada dia”, aponta.
O grupo existe desde 2014, e conquista novos alunos sempre pelo boca a boca. Normalmente as aulas são no Zerão. Como forma de motivação e desafio, o grupo passou a participar de competições de
força e resistência. Um estímulo para que os participantes superem seus limites. E o número de alunos dispostos a testar se os treinos valem a pena só
aumenta. Para o próximo evento, que acontece em
abril, já estão confirmadas 70 pessoas. Outro desafio
que os professores pretendem inserir é a participação em corrida de montanha, ainda este ano.
16| Living Vectra
Grupo de profissionais
de educação física aplica
treinos dinâmicos e
diferenciados a cada aula
SAC - 0800 400 6100
unimedlondrina.com.br
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biblioteca
Entrevista com
um Senhor
Prefeito
O advogado mineiro José Hosken de Novaes (1917-2006) é um
nome que honra a Galeria de Prefeitos de Londrina. Sua gestão,
nos anos 60, combinou ousadia e austeridade
Por Paulo Briguet Fotos Arquivo Museu Histórico de Londrina
No ano de 1995, um jovem repórter esquerdista foi
pautado para cobrir o enterro do empresário londrinense José Garcia Molina. Meio indignado com o
tema tão pouco revolucionário, o rapaz seguiu para o
Cemitério São Pedro junto com João Milanez, fundador da Folha de Londrina, que pretendia dar o adeus
ao amigo. Milanez, sempre muito despachado, foi
conduzindo o repórter e ordenou que ele entrevistasse um senhor de bigode, que vestia um digno porém
velho terno e gravata. Garoava; durante a entrevista,
repórter e entrevistado se abrigaram debaixo de uma
seringueira, mas mesmo assim algumas gotas caíam
sobre o bloquinho de anotações do jovem. Muito
simpático, o entrevistado respondeu a todas as perguntas do jornalista, que ao final perguntou:
— Qual é o seu nome?
— José Hosken de Novaes.
Milanez presenciou a cena e ficou indignado por um
repórter de seu jornal não reconhecer um homem tão
importante para Londrina e o Paraná. A partir daquele
momento, o repórter inexperiente, que vem a ser o
autor destas linhas, descobriu que precisava estudar
melhor a história da cidade que dizia tanto amar.
De vez em quando, passeando pelas ruas de Londrina e refletindo sobre os intermináveis escândalos da
política brasileira, eu penso que perdi uma excelente
oportunidade de conversar mais um pouco com Dr.
Hosken. Quando vejo algum senhor de terno e gravata na rua, chego a pensar rapidamente: "será que
é o Dr. Hosken?" Mas aí eu lembro que ele morreu há
dez anos.
O que José Hosken de Novaes diria sobre a vida política atual? É bem possível que reservasse alguma
palavra de elogio à atual administração de Londrina
— agora que a Prefeitura finalmente saiu dos noticiários policiais —, mas nem imagino o que ele teria a
comentar sobre o mar de lama do país e do Estado.
Se eu pudesse voltar no tempo e entrevistar de novo
o ex-prefeito de Londrina (gestão 1964-1969), perguntaria a ele sobre sua infância em Carangola, Minas
Gerais, onde nasceu em 1917. Pediria a Hosken que falasse um pouco sobre seu pai alfaiate e sua mãe dona
de casa. Antes de entrar nos temas políticos, discutiríamos literatura. Muitos anos depois daquela manhã
no cemitério, debaixo da seringueira, eu trabalhava
em outro jornal da cidade e fiz uma reportagem sobre
a biblioteca do Dr. Hosken, que estava sendo vendida
a um sebo, após a morte de sua esposa Adelina.
Ao visitar a biblioteca de Hosken — que nenhuma
universidade teve interesse em adquirir —, surpreendeu-me a qualidade dos títulos e sua especial predileção pela Divina Comédia. Ele possuía edições da
obra-prima de Dante em diversos idiomas, todas com
páginas marcadas pelo uso. Na Comédia, o gênio flo-
rentino realizou a mais feliz descrição poética da alma
humana segundo a ordem cosmológica. Isso diz muito sobre quem foi Dr. Hosken — a começar pelo fato
de um homem público ter como seu principal bem
uma biblioteca…
Depois de passar um longo tempo entre os livros de
Dr. Hosken, contemplei por alguns instantes a escrivaninha, o terno colocado sobre a cadeira e a máquina de escrever que ele havia utilizado por muitos
anos. Após ter sido prefeito e governador, Hosken
voltou para aquela mesinha e advogou até quando a
saúde permitiu.
Morreu pobre. Sua única riqueza eram os livros, que
acabaram sendo vendidos para o sebo. Em um depoimento ao Centro de Documentação e Pesquisa
Histórica da UEL, em 1992, Hosken falou de seu amor
pelo ofício: “Tenho uma profissão. Trabalho nela, estudo muito, leio muito. Só faço isso e não tenho tempo
para mais nada”.
Hosken chegou a Londrina em 1941. Formado pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio, começou morando numa casa que funcionava também como escritório de advocacia, na rua Sergipe. Atuava em pequenas
questões fundiárias e penais. Mas tinha um objetivo:
queria ser protagonista da história da cidade. Hosken
logo percebeu que “a vocação de Londrina era a grandeza”, e para isso eram necessários homens públicos
com disposição para servir — e não para ser servidos,
como acontece tantas vezes. Para fazer política como
quem faz história, exige-se austeridade moral: “O bem
público é intocável, é sagrado”.
Filiado à conservadora UDN (União Democrática
Nacional), José Hosken de Novaes candidatou-se a
prefeito em 1963, obtendo uma vitória eleitoral relativamente tranquila. Ele sucedeu à segunda administração de Milton Menezes, seu amigo e padrinho
de casamento. “Nunca tive dificuldade para governar. Naquela época, se você era um homem de bem,
correto, justo, tinha total liberdade para aplicar suas
ideias e princípios”, afirmou Hosken. “Enquanto estive
na Prefeitura, nunca ninguém me propôs ou pediu
algo inconveniente. Era uma política de alto nível,
uma democracia efetiva”.
Para Hosken, o homem público deve ter o dom de se
comunicar. O exercício da comunicação teve início
logo que o jovem advogado chegou à cidade, em
1941. Ele se aproximou de Humberto Puiggari Coutinho, dono do jornal Paraná Norte e tornou-se um colaborador regular da publicação, escrevendo artigos
de opinião e notas informativas. Além da atuação jornalística, Hosken também se destacou por suas participações no Tribunal do Júri.
Em sua administração, Hosken criou alguns marcos para a cidade. O maior deles, sem dúvida, foi a
fundação do Sercomtel (Serviço de Comunicações
Living Vectra | 19
20| Living Vectra
Telefônicas de Londrina). Criada por decreto em
1964, a autarquia começou a funcionar efetivamente em julho de 1968. O primeiro telefone público
foi instalado no pavimento superior da Rodoviária
de Londrina (hoje Museu de Arte). Era um aparelho
vermelho, de fabricação japonesa, que funcionava à
base de moedas. Ficava ao lado da barbearia. Cada
ligação custava cinco centavos, dando direito a dois
minutos de conversa.
Mas o espírito inovador de Dr. Hosken não se restringiu à telefonia. Ele criou, em 1965, a Companhia de
Habitação de Londrina (Cohab-Ld) para responder à
demanda por urbanização de favelas e construir os
primeiros conjuntos habitacionais da cidade. Também criou o Serviço Municipal de Água e Esgoto, que
anos depois viria a ser encampado pela Sanepar. O
SOS era o órgão responsável pelo atendimento social
e tinha um modus operandi bastante claro: “Os pedintes que estiverem em condições de trabalho, encaminhamos para as empresas; os doentes, para a casa de
saúde; e os malandros, para a cadeia”.
Testemunha das grandes transformações na cidade,
Dr. Hosken voltou a advogar após o fim do mandato
na Prefeitura, mas nos anos 70 foi convidado para
ser vice-governador na chapa de Ney Braga (em
eleição indireta; estávamos no regime militar). Em
1982, Ney candidatou-se ao Senado e Hosken assumiu o governo do Estado por alguns meses. Fizeram
uma grande solenidade de posse. No Palácio, ao
ver toda aquela pompa, toda aquela gente reunida,
Hosken disse apenas: “Mas não era pra tanto. É só
uma possezinha…”
Depois de entregar o cargo a José Richa (eleito por
voto direto em 1982), Hosken voltou para o seu escritório, para os seus livros e para suas aulas de Direito
na UEL. Ninguém sabia, mas todo o seu salário na universidade era destinado a instituições filantrópicas.
Na visão de Dr. Hosken, o homem público deve estar
disposto ao empobrecimento pessoal. Hosken levava
essa filosofia muito a sério: chegou a recusar um alto
cargo no Tribunal de Justiça do Paraná.
Talvez eu tivesse muito mais a dizer se, naquela manhã de garoa, soubesse quem era José Hosken de
Novaes. Mas eu não sabia. Escrevo este perfil com um
pedido de desculpas e uma citação do seu querido
Dante, em respeito ao mestre Virgílio: “Íamos, eu atrás,
ele adiante / quando, por uma fresta, as coisas belas /
nos sorriram, do espaço deslumbrante: / E ao brilho
caminhamos das estrelas”.
Gosto de pensar nessas “estrelas” como as que estão
na bandeira de Londrina.
O autor agradece a imprescindível
colaboração do jornalista e escritor
José Antonio Pedriali.
Living Vectra | 21
porta-retrato
22| Living Vectra
Paixão
Foto Anderson Coelho
Repórter fotográfico paraense,
Anderson Coelho registra em
imagens as peculiaridades de
sua terra natal. Esta imagem
foi capturada em Afuá (PA)
durante uma reportagem
sobre o cotidiano da
pequena cidade cravada na
Ilha do Marajó. Lá, somente
bicicletas são permitidas no
perímetro urbano e o tempo
é medido pela leveza dos rios
amazônicos.
“Nesse dia, andando
pelos campos alagados,
encontrei esse campo de
futebol feito com serragem,
e muitos garotos disputando
o pênalti. Esse gol foi o mais
aclamado e comemorado
daquele fim de tarde”. Living Vectra | 23
sala de estar
Amor à
primeira
vista
Em cada cantinho
do apartamento,
um toque do casal.
Detalhes que fazem
toda a diferença no
astral do lar
Por Nara Chiquetti
Fotos Fábio Pitrez
24| Living Vectra
Living Vectra | 25
O jovem casal Ana Carla Tripoloni, nutricionista,
e Antônio Tripoloni Neto, publicitário, planejaram
bem o casamento, que aconteceu há quatro anos.
Mais de um ano antes de subirem ao altar, eles já
haviam adquirido, ainda na planta, o apartamento
da família, no Edifício Liberty Towers.
O casal conta que foi amor à primeira vista, assim
que entraram no decorado. “Quando entramos no
apartamento, falamos: é esse! Não tinha dúvida,
por causa da sala. Todos os apartamentos do mesmo tamanho que visitamos antes tinham aquela
sala pequena, em 'L'. Quando nos deparamos com
essa salona aqui, brilhou os olhos!”, conta Tripoloni
Neto. “A gente diz aos amigos que o apartamento
é pequeno, por causa da metragem, mas a pessoa
chega e se impressiona com o espaço da sala”, diz.
O casal explica que, como ainda não tem filhos,
preferiram dar maior importância a essa área, que
é também integrada com a cozinha e jantar.
“Chegar em casa é uma sensação de realização
muito grande. Primeiro pela conquista de ter comprado um imóvel; acho que ter sua casa é o sonho
de todo mundo. E a gente tem que se sentir bem,
ser um lugar de paz, de descanso, onde você pode
renovar suas energias para começar no outro dia
tudo de novo; e é isso que a gente sente aqui. Superou nossas expectativas”, declara Ana.
A planta foi mantida toda original. “Esse é outro
ponto positivo, o fato de não precisar alterar a
Antônio Tripoloni Neto e Ana Carla Tripoloni
comemoram a conquista do imóvel
Sala ampla foi principal item
que conquistou o casal
Home office
integrado é o
cantinho de estudos
do publicitário
planta, porque gastar um dinheirão com alterações não convém, já tem que comprar uma coisa
que se encaixe à família”, avalia o publicitário. O objetivo do casal foi aproveitar da melhor forma cada
espaçozinho do apartamento. O arquiteto Fabrício
Ronca auxiliou nessa tarefa. Um bom exemplo disso é a cristaleira, que Ana fez questão. “Aproveitamos o espaço entre a porta e a geladeira para a
cristaleira que ela tanto queria, e ficou perfeito”,
comenta Tripoloni Neto.
Onde mais foi possível, eles encaixaram um armário ou nichos, como os que ficam sobre a bancada.
“A gente ganhou muitos presentes de casamento,
cristais, porcelana, e não tínhamos onde colocar,
iria ficar tudo encaixotado, e assim acho que ficou
de uma forma bem legal, exposta, funcional” defende Ana.
Até o espaço da sacada foi todo aproveitado. Na
área técnica, que abriga o aparelho de ar condicio-
nado, o proprietário solicitou a instalação de um
banco sobre o aparelho, e é dali que ele gosta de
observar o horizonte. “Quando eu vinha acompanhar a obra, ficava sentado sobre o ar condicionado, e aí tive a ideia do banco. Adoro ficar sentado
ali”, comenta Tripoloni Neto. O revestimento também é todo original. De extra, apenas o azulejo na
parede da pia da cozinha. “Escolhemos juntos os
móveis, as cores, os detalhes, muitos dos objetos
são presente de casamento, mas a gente que escolheu”, ressalta Ana.
O apartamento tem dois dormitórios, o do casal
e outro, que deve ser para o bebê que planejam
para o futuro. Por isso, a solução encontrada por
eles para não ficarem sem home office foi fazer
um cantinho para trabalho junto à sala. “A gente
usa bastante a escrivaninha e o quadro-negro. As
pessoas mais importantes que frequentam nossa
casa deixam mensagens, recadinhos para nós”, co-
Living Vectra | 27
menta Ana. Antônio está cursando outra faculdade, e também usa o espaço para estudo.
Os quadros que colorem a parede da sala são fotografias feitas pelo próprio publicitário. “Pedi para
o arquiteto colocar na composição essas fotos
minhas, são imagens de quando a gente morou
no exterior, em Londres e Paris, e também daqui
de Londrina”, diz. Uma das imagens foi inclusive
escolhida para compor o calendário da Maratona
Fotográfica "Clic o Seu Amor por Londrina", evento
patrocinado pela Vectra.
Coincidentemente, assim que casaram, enquanto
aguardavam a entrega do apartamento, o casal
morou em outro empreendimento Vectra, o Studio D. “Gostávamos muito de lá também, bem
localizado. Começamos a gostar da Vectra já ali”,
diz Tripoloni Neto. Segundo eles, o padrão de acabamento foi outro ponto importante na decisão
de compra. “Ficamos muito satisfeitos com tudo o
que entregaram. Nada deixou a desejar ou faltou.
Recebemos o que foi combinado e dentro do prazo, isso é muito importante”, avalia Ana. Quando
a família começar a crescer e vierem os filhos, o
apartamento pode ficar pequeno, ai a solução o
casal já tem. “Quando o apartamento começar a
ficar pequeno, a chance de comprarmos outro
imóvel da Vectra é grande”, diz Ana.
Casal investiu
em armários
para deixar o
apartamento
funcional e
organizado
28| Living Vectra
estúdio
Por Nara Chiquetti Fotos Acervo pessoal
Dicas de decoração
Marilda Marchiori e Zeca Repette
Parceiros há quase três
décadas, Marilda Marchiori
e Zeca Repette, do escritório
MZ Arquitetura, somam
vasta experiência em
projetos arquitetônicos e
de interiores, residenciais
e comerciais. Segundo os
profissionais, decorar não
é uma tarefa tão simples
quanto parece. Além de
respeitar a identificação
de cada pessoa com um
ou mais estilos, é preciso levar em conta hoje
em dia três pontos importantes: praticidade,
funcionalidade e conforto, muito conforto.
Foto: Fábio Pitrez
“Nada mais natural que
desejar expressar na
decoração de interiores um
pouco da personalidade de
quem mora ali. Entretanto,
nem sempre é fácil colocar,
de forma visual, um desejo,
uma vontade ou uma
característica pessoal”,
lembram os arquitetos. Um
ponto-chave é conhecer e ter
exata noção do espaço que se
tem, para não sobrecarregálo com muitas informações: espaço é luxo, quanto mais
espaço sobrando melhor. As dicas seguintes ajudam a
compor esses espaços de forma harmônica.
A geometria também está em voga nas paredes. Triângulos, losangos
e quadrados dão um ar de modernidade e trazem referências da pop
art aos ambientes, seja com efeito tridimensional ou não. Os papéis
de parede dão conta do recado. Espelhos, quando bem utilizados,
também garantem soluções inusitadas.
Utilizar estantes e prateleiras
nos ambientes não são uma
novidade. O que há de novo aí é
o fato de que hoje elas passaram
de coadjuvantes a protagonistas
dos espaços. Anteriormente, eram
utilizadas apenas com o intuito
de expor objetos decorativos,
mas hoje apresentam soluções
e formas cada vez mais criativas.
Alguns exemplos são as irregulares,
com nichos de diferentes
tamanhos e formatos. Podem ser
simplesmente suspensas, vazadas
ou dividir ambientes, sem limitar
visualmente os espaços.
Dentro dos recursos inovadores para decorar
um espaço, as paredes ganharam grande
força, desde o simples fato de usar cores mais
inusitadas até a aplicação de uma dezena de
revestimentos. Para não perder o controle do
resultado fica a dica: seja mais cauteloso na
decoração de interiores, utilizando cores fortes
nos objetos, como almofadas, mantas, mesas de
canto, abajures ou vasos. Enjoou, troca!
Rechear a parede com molduras e arte digital também
tem sido uma tendência cada vez mais adotada. O ideal
é alterar molduras grandes e pequenas, e também
diferentes formatos, além de acrescentar algumas
coloridas para destacar a composição.
A iluminação é uma
grande aliada na decoração
de Interiores, pois produz diversos
efeitos: de maior aconchego nos
ambientes de sala, mais eficiente nos
nas áreas de trabalho, valorizando
revestimentos aplicados nas paredes,
e pode ser inclusive cênica em
alguns pontos.
Revestimentos inovadores como os em 3D, que garantem o uso da
estética de relevos, texturas e volumes – sejam eles cimentícios, fibra
de bambu, cerâmica ou mesmo em madeira – criam a percepção
do efeito tridimensional, cada vez mais integrado à arquitetura.
Uma das vantagens dessa técnica é que ela é extremamente
versátil, podendo ser utilizada em ambientes residenciais,
comerciais ou corporativos.
mobília
Design
que se
multiplica
Criador de um
conceito próprio
em mobiliário,
Fernando Jaeger
comprova que
o designer pode
ser acessível,
duradouro e
atemporal
Por Nara Chiquetti
Fotos Divulgação
Design, qualidade e ergonomia são itens essenciais nas criações de Fernando Jaeger
32| Living Vectra
Desenho limpo, linhas ergonômicas, equilíbrio
entre materiais, durabilidade e excelente custo-benefício são algumas das características
das criações do designer gaúcho Fernando
Jaeger, que a partir de um conceito próprio de
criação e produção, comprova que o designer
pode ser acessível à maioria dos brasileiros.
Uma história que o acaso deu um “final feliz”.
Foi mais ou menos como uma cena de filme.
Um papel promocional foi parar, com ajuda do
destino, nas mãos de Fernando Jaeger, então
estudante que pretendia seguir na área da
saúde. “Na época do curso pré-vestibular para
medicina que estava fazendo no Rio de Janeiro, deparei-me com um folheto falando sobre
o curso de Desenho Industrial. Desde então
mudei os rumos e, foi por acaso, no meu primeiro emprego, que me descobri um designer
de móveis”. Até então Jaeger nem sonhava em
trabalhar com móveis. O mercado de trabalho
restrito e a oportunidade que se abriu nessa
área foram as motivações. “Resolvi abraçá-la e
depois acabei gostando”, conta.
O talento para o desenho, no entanto, é algo
nato do designer, que preza por traços simples e formas atemporais. “Eu digo que sou
um designer desde pequeno, quando gostava
de passar horas desenhando carros, motos e
aviões, mas não tinha conhecimento disso
como formação”. Fernando Jaeger explica que,
em sua concepção, o design é mais que um
desenho bonito, é soma de um conjunto de
fatores: desenho, ergonomia e produção.
Entre as principais características de suas criações, pode-se notar o desenho limpo – que
segundo ele não cansa e não sai de moda –,
a mistura de materiais e ainda o uso de madeira natural de várias espécies. Dos materiais
que emprega em suas criações, este último é
o que mais lhe desperta o prazer de criar. “A
madeira é o material que mais gosto de trabalhar, por sua diversidade de tipos e desenhos,
pela sua maleabilidade e as inúmeras possibilidades de formas que ela te dá”, justifica. Para
Jaeger, cada móvel de madeira natural é uma
peça única, “porque o desenho e tom de uma
madeira, mesmo que ela seja de uma mesma
espécie, nunca vai ser igual uma a outra”.
Para o designer, é fundamental que o móvel
seja também pensado de forma que possa ser
usado por longo tempo. “Não gosto de marcas
que se preocupam com design, mas não pensam na qualidade, e com isso acabam produzindo um produto que durará pouco tempo
e terá que ser substituído, gerando assim uma
obsolescência planejada”, critica. “Além disso,
sempre busquei fazer peças de design com
um preço acessível, que não seja algo inatingível para a grande maioria das pessoas. Para
isso, tenho sempre que pensar nos materiais
Mesa Saturno
Living Vectra | 33
Rack Torii
e processos de produção quando estou projetando um novo produto”, acrescenta.
Em mais de três décadas de profissão, Jaeger
criou seu conceito, desenvolvendo um design
acessível e atemporal, algo que facilita a produção em série, mas ao mesmo tempo não deixa
de ser artesanal. O uso de madeiras alternativas e de reflorestamento trouxe importantes
premiações ao designer, que busca inspiração
nas mais variadas formas e lugares. “Algumas
das minhas criações surgiram em viagens, visitas a museus e até mesmo no chão da fábrica.
São em momentos que a cabeça está mais
aberta que surgem novas e boas ideias”. Além
da inspiração em grandes nomes do design.
“Desde o início de minha carreira inspirei-me
no design da Bauhaus, dos países nórdicos,
em Charles & Ray Eames e, aqui no Brasil, em
Tenreiro, Michel Arnouldt e Sérgio Rodrigues”,
afirma Jaeger.
Fernando Jaeger inaugurou seu primeiro
showroom em 1995, em São Paulo. Atualmente, são quatro lojas em São Paulo e duas no Rio
de Janeiro que vendem em média quatro mil
peças por mês. Ao longo de sua carreira, desenvolveu não só seu estilo profissional, mas
também um novo conceito em lojas próprias
e peças de designer prontas. Hoje, trabalha
com duas linhas de produtos: Fernando Jae-
ger Atelier e FJ Pronto pra Levar!. A divisão da
marca, explica ele, surgiu de uma necessidade
constante dos clientes e de uma mudança no
mercado imobiliário. “Quando tinha apenas a
linha sob encomenda, via que muitos clientes não tinham a paciência ou não podiam
esperar pelo prazo passado por nós [para a
confecção]. Junto a isso, começaram a surgir
empreendimentos com apartamentos e escritórios mais compactos, onde há uma necessidade de outro tipo de mobiliário e foi aí que a
marca FJ Pronto pra Levar! entrou”, explica.
As duas marcas permitiram ao designer atender a um público maior e segmentar as linhas.
No Atelier, o cliente encontra produtos com
dimensões maiores e opções de acabamentos
mais requintados. Lá, o cliente pode personalizar seu móvel, e todas as peças são produzidas
a partir do conceito “feito a mão”. Já a FJ Pronto
pra Levar! é uma linha jovem, com peças de
dimensões mais compactas, que foram concebidas de forma que pudessem ser produzidas
em série. Nessas lojas, os móveis estão todos
prontos para serem comprados e levados na
hora. “Mas, temos muitos clientes que gostam
de mesclar os produtos e estilo das duas marcas”, revela Jaeger. “O meu modelo de negócio
sempre foi pensado para tornar o design acessível e pelo retorno que tenho, acredito que
consegui realizar isso”, analisa.
Sofá Gaivota
Poltronas Felipe
Cadeira
Clip
Poltrona
Leque
Poltrona Theo
Living Vectra | 35
Aparador Dama
Por cerca de 15 anos, Jaeger trabalhou desenvolvendo e comercializando móveis para
a Tok & Stok, experiência que rendeu ampla
visão de negócios. “Não ficava somente no
projeto, eu também fazia a prospecção das
indústrias e cuidava da negociação e colocação dos móveis na linha da T&S. Desenvolvia
também as embalagens e até as instruções
de montagem, tudo isso visando bom desenho, viabilidade de produção em larga escala e custo-benefício”, salienta. Apesar de ter
interrompido o desenvolvimento de novos
produtos para se dedicar a sua marca própria,
ainda hoje vários móveis de Jaeger continuam em linha e vendem cerca de nove mil
peças por mês na Tok & Stok.
Sofá Origami
36| Living Vectra
Cadeira
Marina
estante
O Esperança
Perspectiva
ilustrativa do
acesso ao bairro
Novo bairro planejado de Londrina deve mudar
a cara das regiões Sul e Oeste e contempla lotes
comerciais, residenciais e áreas de lazer
Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez
Living Vectra | 39
Bairro Gleba
Esperança é
um projeto
desenvolvido há
muitos anos por
Manoel Nunes,
diretor-presidente
da Vectra
Novo bairro será
entregue com
arborização
e área de
lazer aberta à
comunidade
O Gleba Esperança é mais novo bairro planejado de
Londrina. Um mega empreendimento que congrega
diversos produtos, entre eles terrenos residenciais e
comerciais abertos, superquadras que podem comportar torres de até quatro pavimentos, lotes maiores
para condomínios de casas prontas e ainda um condomínio fechado, o Moradas do Vale. Tudo isso sem
deixar de lado a instalação de equipamentos de lazer
no bairro, que vai ser entregue com ciclovia, áreas de
fundo de vale urbanizadas em parceria com o poder
público, com pista de caminhada, playground, campo
de futebol, academia ao ar livre, além de esgoto, iluminação, avenidas amplas com canteiro central e até uma
associação de moradores já constituída.
moradores terem representatividade perante órgãos
públicos, coordenar e organizar o bairro – desde o
monitoramento de segurança à manutenção e limpeza das áreas comuns. “É uma forma de incentivar a
cidadania”, defende Nunes.
Para Manoel Luiz Alves Nunes, diretor-presidente da
Vectra, a associação é importante, pois permite aos
O diretor-presidente da Vectra comenta que nos últimos 30 anos Londrina passou por longos períodos
40| Living Vectra
O novo bairro já trouxe modificações e valorização para
a região. A localização é privilegiada, uma das únicas
grandes áreas das regiões Sul e Oeste, mais próximas da
UEL e do Shopping Catuaí, que ainda não haviam sido
loteadas. Cercado por bairros já estabelecidos, como
os condomínios da Zona Sul, o Gleba Esperança está
próximo à PR-445 e à avenida Arthur Thomas, o que
também facilita deslocamentos.
O condomínio fechado Moradas do Vale é um dos diferenciais do empreendimento
sem a aprovação de novos loteamentos. Ele considera
que o bairro ajuda a resolver um problema viário ao
construir uma ponte sobre o Ribeirão Esperança e abrir
uma ligação entre a rodovia e avenidas de grande fluxo
com condomínios e demais bairros da zona sul. O trafego gerado nas avenidas do Esperança deve alavancar
o comércio local. “Percebemos que não havia mais nenhuma interligação importante na região. A travessia
pelo ribeirão Esperança resolve esse problema viário, facilitando o trafego inclusive dos moradores da zona sul”,
ressalta o diretor-presidente. “Eu digo que esse empreendimento particular foi uma das maiores 'obras públicas'
dos últimos tempos”, orgulha-se Nunes.
Os terrenos já estão sendo comercializados e a previsão
de entrega do empreendimento é novembro de 2016.
Em apenas quatro meses, já foram vendidos cerca de
90% dos lotes de área aberta e 60% dos terrenos do condomínio fechado. A partir de carteira própria, a empresa
consegue praticar taxas de mercado diferenciadas. “Hoje
trabalhamos com parcelamento direto com a construtora em até 12 anos, e as parcelas são corrigidas apenas
pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC), com juros de 7,5% ao ano”, destaca Cléber Souza, coordenador
de vendas da Vectra.
Os compradores surgem de todas as regiões da cidade.
Destes, 30% são investidores. Os lotes de rua tem área a
partir de 250 metros quadrados. As avenidas José Alves
Nunes e da Maratona foram pensadas como área comercial; a primeira destinada a pequenos comércios de
apoio locais, já a segunda possui um zoneamento especial (ZC4) e lotes maiores, que permitem a instalação de
indústrias não poluentes e estabelecimentos comerciais
específicos como supermercados, postos de combustível e escolas.
Os arquitetos Celso Hayashida e Odemilson Santos são
Perspectiva do salão de festas do Moradas do Vale
Living Vectra | 41
os responsáveis por organizar os espaços, e transformar
o que eram apenas áreas abertas e ruas em um bairro,
estudando e definindo áreas adequadas para a instalação de comércios, residências e equipamentos de lazer.
“A definição do que o bairro precisa oferecer, a quantidade de produtos, vem de uma pesquisa de mercado.
Estudamos o que é comercialmente viável em cima
dessas necessidades”, explica Santos. São cerca de 600
mil metros quadrados, que também exigem atenção
ao paisagismo e arborização dos fundos de vale. “É um
empreendimento que preza pela manutenção no padrão de qualidade característico da Vectra, por isso traz
uma grande valorização a todo o entorno”, avalia.
O Moradas do Vale é o primeiro condomínio fechado
que integra o projeto do Gleba Esperança. São 79 lotes,
com área útil entre 200 e 350 metros quadrados, portaria 24 horas, área fitness, piscinas, campo de futebol,
churrasqueiras, salão de festas, playground e área de
estacionamento para visitantes.
Os arquitetos enfatizam que o condomínio oferece
qualidade diferenciada de lazer e acabamentos em relação a empreendimentos do mesmo porte, resultado
da aplicação de toda a experiência da construtora em
empreendimentos verticais e horizontais. “São poucos
lotes e não gera um custo alto de condomínio, já que
a área de lazer recebe equipamentos que realmente
podem ser utilizados pelos moradores, não tem nada
supérfluo”, diz Santos.
Cléber Souza, coordenador de vendas
da Vectra, destaca que lotes podem ser
parcelados direto com a construtora
Érica Galli conta que se encantou com o empreendimento e já adquiriu dois terrenos, um comercial – para
investimento – e outro residencial, no Moradas do Vale,
onde pretende morar. “Quando vi o projeto já me encantei. Na região que eu queria, do jeito que eu desejava. Um bairro novo, com ótima localização e acesso
fácil. A zona oeste precisava de um bairro assim, moderno, atual”, declara.
Arquitetos Celso Hayashida e
Odemilson Santos são os responsáveis
por dar forma ao bairro
42| Living Vectra
Para ela, o condomínio a conquistou, pois se enquadra
no perfil e estilo de vida da família. “Chamou minha
atenção o tamanho, não é um condomínio grande.
Tenho filho pequeno e procurava por essas características, e o lazer é suficiente”, aponta. O atendimento
recebido e as condições de pagamento oferecidas pela
construtora agradaram tanto a compradora que ela já
indicou o empreendimento a vários outros amigos.
“Indico para várias pessoas o empreendimento. Uma
amiga que indiquei também já fechou negócio. Ter
uma associação de moradores já constituída também
passa organização”, diz.
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vectrastore.com.br
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PRIVATIVOS
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SUÍTES
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1 SUÍTE máSTER
Perspectivas ilustrativas. CREA 10.428-D/PR. CRECI 3.468 J/PR
Perspectivas ilustrativas. CREA 10.428-D/PR. CRECI 3.468 J/PR
75E75
m m
E
85PRIVATIVOS
85
m m
PRIVATIVOS
área de lazer
Terra de
Brotas convida o visitante
a contemplar belas
paisagens, curtir
a tranquilidade
do interior e se aventurar
nas águas dos seus rios
Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez
Com mais de um século e meio de história, Brotas, cidade de 23 mil habitantes localizada praticamente no centro do estado de São Paulo, carrega o título de Estância
Turística, e não é por acaso. Favorecido pela natureza, o
município conta com diversos rios, nascentes, cachoeiras e paisagens de encher os olhos, descansar a mente
e, para os aventureiros, oferece a possibilidade de curtir
a natureza intensamente, bem de perto.
Dentre as explicações para o nome do município, a referência a brotas como sendo brotas de água, ou seja,
nascentes, seria plausível, já que são várias as nascentes
espalhadas por toda sua extensão. Mas, a versão oficial
diz que Brotas refere-se a Nossa Senhora das Brotas.
Uma pioneira do povoado – a portuguesa Francisca dos
Reis – teria trazido uma imagem da santa, no início do
século XIX, e mandado erguer uma capela. A partir daí
teria se originado a cidade. Na arquitetura histórica do
município, ainda permanecem em pé belos casarões da
época áurea do café na região.
Brotas tornou-se município em 1859. À economia que
se mantém agrícola, soma-se o crescimento do ecoturismo e turismo de aventura, principalmente entre as
águas do rio Jacaré-Pepira, que nasce na Serra de São
Pedro, se estende por 13 municípios, e corta o perímetro
urbano de Brotas. Esse rio pode inclusive ser apreciado
bem próximo ao centro, no Parque dos Saltos.
A cidade tem se tornado referência no ecoturismo, e
principalmente no turismo de aventura. São diversas as
cachoeiras, os passeios e atividades em meio à matas e
rios. Em Brotas, pode-se desenvolver, por exemplo, atividades como nado, pesca, trilhas, cavalgadas, tirolesa,
rapel, canoagem, boiacross, passeios de quadricículos e
o famoso rafting. Todas essas atividades são realizadas
em propriedades particulares e a visitação é paga. Há
empresas especializadas que comercializam pacotes e
passeios individuais ou para grupos. As atividades contam com o uso de todos os equipamentos necessários
para segurança, e os participantes recebem instruções,
treinamentos e são acompanhados por profissionais capacitados, para garantir um passeio com muita adrenalina, mas também tranquilidade.
Living Vectra | 47
Na Queda Livre,
o equipamento
reduz a velocidade
automaticamente, até a
plataforma de chegada,
e um ascensor mecânico
leva o turista de volta à
plataforma principal. O
rapel é feito em meio
à cachoeira de 47 metros
Entre as opções de aventura, quem tiver
muito sangue frio tem a oportunidade
de se colocar a 60 metros de altura e sentir a sensação da Queda Livre, uma atividade importada dos Estados Unidos. A
agência EcoAção é a única a oferecer a
atração, que é realizada no Ecoparque
Viva Brotas. Lá, também é possível curtir
um passeio de tirolesa sobre a mata, a
120 metros de altura, e aventurar-se em
uma descida de rapel de 47 metros, na
cachoeira Santa Eulália.
48| Living Vectra
O Ecoparque Cassorova oferece estrutura
completa para se passar o dia em meio à natureza. O local dispõe de estrutura de alimentação, piscina, trilhas, rapel e tirolesa, a 110
metros de altura, além de uma das cachoeiras
mais apreciadas do município, considerada
um dos cartões postais de Brotas, a cachoeira
Cassorova, com 60 metros de queda, que ao
final forma uma piscina natural onde os visitantes se refrescam sem pressa, e ainda a cachoeira dos Quatis, que exige um pouco mais
de caminhada, mas vale destacar que as trilhas
são seguras e acessíveis. “No ecoparque, oferecemos recreação ao ar livre, aproveitando o
que a natureza tem de melhor. São 70 hectares
voltados ao ecoturismo sustentável”, afirma o
proprietário Fábio Ferreira, há 20 anos na atividade.
Ecoparque
Cassorova oferece
toda a estrutura para
o visitante passar
o dia em meio à
natureza
Outra opção para quem quer passar
o dia curtindo a natureza e uma bela
vista do rio Jacaré-Pepira e do vale –
formado pelas chamadas cuestas – é
o Recanto das Cachoeiras, que oferece
opções de alimentação, acesso seguro e calçado à cachoeira da Roseira e à
Santo Antônio, bem como a suas piscinas naturais, além de playground, redário para descanso, piscina, animais,
passeio a cavalo e tirolesa. O local recebe até 300 visitantes por dia.
Recanto das
Cachoeiras permite
passeios tranquilos,
contato com a
natureza e uma
bela vista
50| Living Vectra
Brotas já é reconhecida pela prática de esportes de aventura, e aquele que mais atrai turistas e onde tudo começou é o
rafting. Seja com sol ou chuva, no horário marcado lá estão botes e aventureiros prontos para descer o rio. Diversas empresas oferecem o passeio, que não começa antes das instruções e treinamento passados por profissionais experientes. Ir
a Brotas e não provar a emoção do rafting é fazer um passeio incompleto. O tempo entre o trajeto da cidade até o ponto
de descida do rio e finalização da atividade leva, em média, de três a quatro horas, dependendo da energia e disposição
que o grupo tiver para remar. Então, é bom reservar um período só para isso. Aliás, essa atividade com turistas deu também o pontapé inicial à equipe brasileira pentacampeã mundial de rafting.
Rafting foi o
primeiro esporte
de aventura a ser
explorado em
Brotas
Living Vectra | 51
área de lazer
Alegres
como
peixe n’água
A equipe Bozo D’água, pentacampeã mundial de rafting começou em 2002. Lucas da Silva, o “Coré”, conta que ele e Rafael
Ribeiro, já experientes em descer corredeiras, decidiram montar
uma equipe para treinar com o objetivo de ganhar o campeonato brasileiro e conquistar a vaga para representar o Brasil em
mundiais. “Ficamos em quarto lugar, fomos a revelação no campeonato brasileiro”, conta Coré.
No ano seguinte, convidaram Fábio Ramos, que também já tinha experiência com o remo, assim como outros atletas, que se
juntaram a eles por acreditar no potencial do grupo. “Em 2003,
conquistamos nosso primeiro título, ficamos em primeiro lugar,
e ganhamos a vaga para ir competir no Mundial, na República
Tcheca, e ficamos em terceiro no campeonato mundial geral”,
comenta.
Segundo os atletas, tudo começou como diversão. “O nome
vem daí, Bozo D’água. A gente nem tinha uniforme e equipamentos, cada um ia com o que tinha. Até emprestávamos bote
das outras equipes para poder participar, mas sempre felizes,
ganhando ou perdendo”, diz Coré. Mas essa diversão também
é algo sério. “Vimos que tínhamos equipe com potencial de ganhar; então, o nome é uma referencia à diversão, mas na hora
de remar é algo sério”, garante.
Dá para perder a conta dos troféus que a equipe coleciona. A
Bozo D’água é pentacampeã mundial – Coréia (2007), Bósnia
(2009), Nova Zelândia (2013), Brasil (2014), em Foz do Iguaçu,
e Indonésia (2015). O Brasil é o país que tem mais títulos internacionais nessa modalidade. “Os mundiais são um de R4, que
são equipes de quatro atletas, e outros quatro de R6, que são
seis pessoas na equipe”, explica Coré. Nos campeonatos Panamericanos, somam quatro títulos – Costa Rica (2006), Argentina
(2008), Brasil (2010) e Canadá (2012). São mais 13 vitórias em
competições brasileiras. E ainda tetracampeões na Europa. “O
pessoal nos convida para participar na Europa porque ganhamos campeonatos mundiais, a gente vai lá e ganha”, diverte-se
Bozo D'água trabalha na divulgação do esporte, incentivando a formação de novas equipes para que o Brasil siga sendo bem representado
Coré. Há ainda na galeria mais duas Copas Brasil – em Brotas e
Cerquilho. Além dos campeonatos paulistas, que eles já perderam a conta. “Vencemos no Zambezi Challenger, na África do
Sul, em 2007, o rio mais difícil do mundo para a prática do rafting”, lembra Antônio José Salvatti, o “Zé Prego”.
Os atletas treinam no rio Jacaré-Pepira, no trecho que corta a
cidade, por uma questão de logística e economia financeira, já
que não tem patrocínio suficiente para transportes. Mas, como
boa parte trabalha diretamente com rafting, levando grupos de
turistas pelo rio, o treinamento também se dá nas corredeiras
do dia a dia. Coré, Zé Prego e Saulo Queiroz são instrutores de
rafting; Rafael Ribeiro, Murilo Henrique, Genildo Santos e Fábio
Ramos têm outros empregos. O grupo conta ainda com André
Brandão, auxiliar da equipe em terra e tradutor nas viagens.
A parte técnica eles aprenderam na prática, a partir de muita
conversa, espírito de equipe e dedicação, já que não há grande bibliografia ou formações específicas, por ser um esporte
relativamente novo no Brasil. É graças a essa união que a equi-
pe dá show em sincronismo nas competições, com trabalho
harmônico entre as posições no barco. O grupo se divide entre
ritmista (frente), motor (meio) e leme (atrás).
Além de desenvolverem técnicas próprias, os atletas enfrentam
as dificuldades de patrocínio. Para viajar a destinos tão distantes
em época de competição, eles contam com patrocinadores
locais e regionais, mas sempre precisam complementar essa
renda, e até dispor de recursos próprios para as despesas. Eles
criticam que, no Brasil, o esporte é muito pouco divulgado, situação bem diferente em outros países, que incentivam essa
prática desportiva. “Como ainda não é um esporte olímpico,
não tem tanto investimento. Lá fora eles têm outra cultura, então é outro investimento”, avalia Coré. A maior divulgação ainda
é pelo boca a boca dos turistas. “A pessoa que vem para Brotas,
gosta do rafting conta a outras pessoas. Muitos sabem que tem
o rafting turístico aqui, mas não sabe que temos uma equipe
campeã”, diz Zé Prego. O sonho desses atletas é poder viver do
esporte. “Estamos lutando, abrimos a associação para ver se a
gente consegue fazer o rafting evoluir”, comenta Coré.
Living Vectra | 53
área de lazer
Patrimônio
cultural
54| Living Vectra
Espaço cultural foi totalmente
reformado e recebeu
equipamentos modernos
Construído na década de 1950, o Cine São José permanece no mesmo endereço, com praticamente
as mesmas características arquitetônicas. Após um
período de 20 anos fechado, o cantor Daniel, um
dos filhos ilustres de Brotas, adquiriu o prédio em
2004 e promoveu a restauração completa do espaço, transformando o Cine São José em um ambiente multimídia, com equipamentos de alto padrão,
conforto e beleza. Um local histórico, para o brotense se orgulhar. São 401 poltronas, entre piso inferior
e dois camarotes. A casa foi reinaugurada em 2009,
com a estreia do filme “Menino da Porteira”, que teve
no elenco a participação de Daniel. O Cine São José
também é palco do mais recente DVD lançado pelo
cantor - Daniel In Concert em Brotas.
Além de filmes e espetáculos, o prédio recebeu, no
piso superior, por alguns anos, a Rádio Brotense. Lá,
aos oito anos de idade, Daniel já fazia seu primeiro
programa de rádio, o que confirma a forte ligação
do cantor com o espaço. O artista é querido por
toda a cidade que, por todos os lados, faz questão
de tecer homenagens em agradecimento ao carinho e trabalho de divulgação que Daniel faz de sua
terra natal.
Uma curiosidade do Cine São José é que o nome
do cinema foi dado em homenagem ao santo de
devoção do proprietário, e tanto o primeiro como
todos os donos subsequentes também tinham José
no nome, inclusive o atual proprietário – José Daniel
Camilo – assim como seu pai e irmãos.
No hall, o projetor modelo Triumpho, a carvão,
também foi restaurado pelo cantor Daniel
Living Vectra | 55
área de lazer
Ao som da cuíca
A nascente Areia que Canta é uma das grandes atrações
de Brotas. Uma trilha em meio à mata leva a um espaço
de areia clara e a água límpida que borbulha do chão e
ganha um tom azul-esverdeado encantador. Ali, perde-se a pressa, a preocupação e qualquer noção do tempo, observando os peixes que passeiam tranquilos pela
água que brota incessantemente. São cerca de 70 a 80
mil litros de água por hora.
A areia, formada por quartzo – material usado na fabricação do vidro – produz um som de cuíca quando as
partículas do material, minúsculos grãos redondos, entram em atrito entre si, explica Evandro Farsoni, proprietário da fazenda que há 22 anos encanta os turistas com
essa exótica atração. Além apreciar a nascente e brincar
de tocar cuíca com a areia, é possível conhecer e se banhar nas cachoeiras da propriedade. O passeio é guiado
e dura cerca de três horas.
A mesma propriedade oferece ainda uma opção mais
completa ao visitante, um hotel-fazenda em atividade
há 16 anos. Lá, o hóspede tem à disposição muito verde,
jardins sempre bem cuidados com lagos, piscinas, fruta
no pé, animais, passeio a cavalo, espaços ao ar livre para
contemplação, descanso e diversão, inclusive com uma
tirolesa, que termina em um mergulho no lago.
Propriedade oferece
também hospedagem
em tranquilo hotel fazenda
Água nasce
incessantemente
em meio à areia que
canta, formando uma
grande piscina natural
As corredeiras da
propriedade também
estão abertas à
visitação de turistas
Pousada Estalagem
tem arquitetura
inspirada nas
construções
européias
58| Living Vectra
Recanto Alvorada
oferece amplo
lazer, em meio a
muito verde
Aliás, assim como no lazer, as opções de hospedagem em
Brotas também atendem a vários tipos de público, desde
os que vão em grupo, em família ou mesmo a dois, seja em
busca de diversão ou paz e sossego. A Pousada Estalagem,
por exemplo, localizada na cidade, vizinha ao Parque dos
Saltos, é uma alternativa charmosa, por sua arquitetura de
inspiração europeia e o cuidado na decoração dos quartos.
Os hóspedes da Estalagem têm acesso ao lazer do Recanto
Alvorada Eco Resort, que possui piscinas (incluindo térmica
coberta e infantil), campo de futebol, quadras de areia, quadra de tênis, salões de jogos, academia, playground, bosque, lago para pesca, entre outras opções de lazer. Quem
opta por se hospedar no Alvorada, além de todo esse espaço, tem à escolha quartos aconchegantes, com paisagem
bucólica, cercado de natureza.
Pousada Frangipani é voltada à hospedagem de casais
Já a Pousada Frangipani tem uma proposta diferenciada. Dedicada a hospedar casais, não aceita crianças
nem adolescentes menores de 14 anos. Lá, o sossego
é garantido, além de opções para relaxamento e descanso, como piscina, redário, sala de massagem e até
mimos como café no quarto, sem custo extra. Além
de acomodações confortáveis, inclusive com varanda privativa. Na terra das cachoeiras, os hóspedes da
Frangipani tem à disposição uma queda d’água exclusiva, em uma propriedade próxima, com jardins,
nascente, riachos e a cachoeira de 18 metros. A Pousada Pé na Terra, localizada bem próximo à cidade, é
uma opção simples e aconchegante, com área de piscina e espaço verde com diversas espécies frutíferas à
disposição dos hóspedes. Oferece sossego em meio
às paisagens do interior.
Cachoeira exclusiva para os hóspedes da Frangipani
Pousada Pé na Terra oferece a tranquilidade da zona rural, aliada à praticidade da localiação próxima à cidade
60| Living Vectra
área de lazer
Iguarias de Brotas
Dentre as peculiaridades de Brotas está uma casa muito acolhedora, cheia de odores, sabores e cores que encantam os turistas. Quem não gosta de levar para casa uma lembrança sensorial da viagem, um presente para
os amigos? A Casa da Cachaça é parada obrigatória. Os proprietários Leandro Malagutti e Antônio Luciano
Malagutti Netto cuidam com toda a atenção da empresa familiar.
Licor Leite de Onça,
cachaça com mel
e envelhecida em
carvalho: as bebidas mais
procuradas por turistas
O cheirinho de café moído na hora, que sai direto dos cafezais da propriedade da família, é uma das características
do local. Da propriedade saem também de 12 a 15 mil litros de cachaça por ano, feitos exclusivamente para serem
comercializados na loja. Entre os tipos mais vendidos estão a cachaça envelhecida em barris de carvalho, que dão
uma cor amarelada à bebida, e a cachaça com mel, oferecida tradicionalmente aos aventureiros após o rafting, para
esquentar o corpo da água fria do rio.
Malagutti Netto faz demonstrações, no fundo da loja, do processo de fabricação da cachaça. “Eu não bebo, mas
faço as cachaças. E se o cliente pedir algum sabor especial, a gente tenta fazer também”, diz. Os irmãos produzem
ainda uma infinidade de licores artesanais. Um dos mais pedidos é o Leite de Onça – amarula caseira com doce
de leite e baunilha. Aos sábados, o visitante pode levar para casa doces feitos na hora no fogão à lenha. A Casa
da Cachaça fica aberta diariamente, e comercializa ainda iguarias artesanais de pequenos produtores da região e
também de Minas Gerais. Além de doces caseiros e bebidas artesanais, o visitante encontra objetos de artesanato,
pimentas, frios e conservas.
62| Living Vectra
Outra iguaria de Brotas é a cerveja Brotas Beer.
O proprietário e criador das receitas, Márcio Secafin, deixou de lado a área de informática em
que atuava para se dedicar à alquimia da cerveja. Ele conta que durante uma viagem visitou
um bar que oferecia 27 torneiras com diferentes tipos de cerveja. “Fiquei maluco com aquilo.
Depois disso, comecei a me informar, estudar,
e em 2010 fiz minha primeira cerveja, e disse:
é isso que eu quero fazer da minha vida”, conta.
Em 2012, Secafin oficializou a primeira planta,
com produção de 50 litros por cozimento. A
demanda foi crescendo, e há dois anos houve a
incorporação de um sócio, o que permitiu ampliar a produção para os atuais dois mil litros.
O jacaré, em menção ao rio Jacaré-Pepira, é o
mascote da marca, e estampa todos os rótulos,
com ares de bon-vivant, que sabe apreciar as
coisas boas da vida, inclusive uma boa cerveja.
O desenho foi criado por um artista de Brotas,
Daniel Meneghetti. O slogan da Brotas Beer
é “Cerveja com classe, mas nem tanto”, que o
proprietário explica. “Tem muita gente fazendo
frescura na cerveja, uma cerveja boa não precisa de frescura”.
A Brotas Beer produz sete rótulos: pilsen, weiss,
dry stout, red ale, american pale ale, bock (sazonal), e Ipa, chamada Ipa com Prazer, o mais recente produto da cervejaria lançado em março,
no Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau
(SC). Ela ganhou um rótulo exclusivo. O jacaré
aparece apreciando a cerveja em um spa, mergulhado em um ofurô, com flores de lúpulo,
uma brincadeira da marca. “O objetivo foi fazer
uma Ipa que a pessoa curta, que tome do começo ao fim, uma cerveja fácil de beber”, comenta Secafin, sócio proprietário da cervejaria.
O objetivo é lançar uma nova cerveja por ano.
“Para o começo do ano que vem, vamos pensar
em uma outra receita”, adianta.
Márcio Secafin deixou
de lado a informática
para se dedicar à
fabricação de cervejas
artesanais. Hoje, a marca
já soma sete rótulos e
diversas premiações
Em 2014, a cervejaria passou a participar de
concursos, enviaram três amostras de estilos
diferentes, e o retorno foi a premiação bronze
em duas delas. “A gente ficou surpreso, porque
mandamos só para ter um feedback dos juízes,
para ver como estavam os produtos, e fomos
premiados”, conta. Para o proprietário, o mercado de cervejas artesanais tende a continuar
em expansão, já que está mais fácil conseguir
insumos, e as opções crescem continuamente.
“Quem experimenta as artesanais, dificilmente
volta a consumir da mesma forma as das macrocervejarias”, diz. Junto à fábrica, em breve
haverá também um bar. A ideia é ficar ainda
mais próximo dos clientes, que também vão
poder participar de visitas guiadas.
Living Vectra | 63
área de lazer
A simpática
casinha azul
abriga um
aconchegante
bistrô
Comer bem
Conhecer bons restaurantes faz parte do roteiro de todo
turista. Em Brotas, encontramos boas opções gastronômicas. Desde um charmoso restaurante italiano, passando por
bistrô rústico, até um bar temático.
Um lugar tranquilo, com espaço ao ar livre, propício ao
descanso e degustação de excelente gastronomia comfort
food. O Brotas Zen, comandado pelos chefs Mônica Alberconi e Francisco Martinez, é assim, e oferece gastronomia
regional com um pezinho na cozinha italiana, explica o casal. A casa da ex-proprietária do sítio foi transformada internamente em um bistrô, mas toda a estrutura arquitetônica
foi mantida, inclusive o fogão à lenha na varanda.
O resultado é um ambiente acolhedor e intimista, que convida à apreciação de cada prato, servido com todo o cuidado pelo casal apaixonado por gastronomia. No bistrô, os
chefs trabalham com menu degustação mensal, seguindo
a linha comfort food. São cinco pratos, que priorizam sempre os produtos locais e os ingredientes que sejam da estação. O local abre para jantar, às sextas e sábados, sempre
com reserva antecipada. Na mesma propriedade há ainda
um restaurante, que abre de sexta a domingo e feriados
para almoço, com menu à la carte. O visitante pode aproveitar e dar uma passadinha na loja de souvenirs, ao lado
do restaurante, para levar para casa produtos fabricados por
produtores locais e também feitos pelo casal.
64| Living Vectra
Espaço Brotas
Zen convida ao
relaxamento
Casa foi transformada em
um aconchegante bistrô
Carré suíno com
risoto de cogumelos
e lingüiça de pernil
Antepasto Brotas Zen
Sorvete de creme e bolo
de especiarias, servido
com morangos e calda
quente de chocolate
Palmito pupunha e
cogumelos ao creme de
abóbora com leite de côco
e melado artesanal
O Brotas Bar é todo
decorado com
equipamentos de rafting,
e até troféus da equipe
Bozo D’água
66| Living Vectra
Lombo de bacalhau ao azeite extravirgem com batatas ao murro e confit de tomate cereja
Os campeões de rafting foram inspiração para a decoração do
Brotas Bar, inaugurado em 2010. O casarão de esquina, de mais
de um século de história, foi todo reformado para receber o bar
temático, que já é referencia em Brotas.
Tudo o que pôde ser recuperado foi mantido, como os batentes e portas, por exemplo, que são originais de madeira maciça.
O restaurante é um dos patrocinadores da equipe pentacampeã de rafting. A Bozo D’água recebeu inclusive um cantinho
especial em sua homenagem, onde são exibidos todos os troBolinho de queijo
coalho com pimenta
dedo de moça e mel
de engenho
Trio de pudins: laranja, chocolate e leite
féus da equipe, uma forma também de divulgação do grupo
aos visitantes.
A decoração de todos os ambientes conta com motivos náuticos, como botes, remos, luminárias feitas com capacetes utilizados pelos atletas e até um bote, que virou mesa. O cardápio
oferece pratos elaborados, como, por exemplo, carré de cordeiro, lombo de bacalhau e também porções de boteco, como o
famoso bolinho de queijo coalho com pimenta dedo de moça
e melado. E ainda abre todos os dias.
Carré de cordeiro
servido ao molho de
vinho tinto e risoto à
milanesa
Living Vectra | 67
Cabrito com
molho de pimenta
verde e talharim
all’Alfredo di Roma
Berinjela
laminada
com molho
e parmesão
Queijomanteiga
com banana,
canela e
sorvete
Luiz Felipe Negrão é o chef e proprietário do Vicino della
Nonna Ristorante. Ele conta que sua intimidade com a conzinha começou cedo, desde os 15 anos de idade. Em seu
restaurante, além das receitas italianas, desenvolve pratos
próprios, com originalidade e prioritariamente insumos
locais, como a carne de cabritos que são criados no município. Há 10 anos Negrão abriu as portas da casa, vizinha à
residência de sua avó – daí o nome do restaurante. O ambiente é aconchegante e amplo, inclusive com um jardim
nos fundos da casa. Pelas paredes, fotos da família dão um
ar de intimidade.
Um dos destaques do cardápio é o cabrito, que é assado e
cozido ao molho de pimenta verde, e acompanha talharim
com molho Alfredo di Roma, além das massas próprias e
pizzas, que o chef cuida pessoalmente, desenvolvendo novos sabores. “Temos clientes da região que visitam Brotas só
para prestigiar o restaurante”, comenta Negrão.
O CEU de Brotas
Aula ao ar livre é complementada com
atividade em caverna climatizada
Em Brotas, há muitas opções de passeio em meio à natureza
durante o dia. À noite, a natureza se revela em forma de luzes
no céu. A Fundação Centro de Estudos do Universo (CEU) foi
pensada justamente para que o visitante possa aproveitar
também a noite para conhecer e admirar a natureza, a partir
de um ângulo diferente, voltando os olhos para o céu.
Ativa desde 2001, a fundação recebe cerca de 50 alunos por
dia, que tem a oportunidade de vivenciar uma verdadeira
viagem ao espaço e mergulhar no interior da Terra nas sessões do planetário. Lá, um mundo mágico se revela ao se
olhar para cima, ao fechar das portas. Com conteúdo de alta
qualidade técnica, produzido pelos cientistas e profissionais
da própria instituição, as sessões não só ensinam, como também proporcionam uma experiência de imersão por toda a
imensidão do universo, instigando os visitantes a descobrir
mais. “As crianças saem do planetário encantadas, esse é o
objetivo, tocar o coração delas”, revela João Paulo Delicato,
gerente da Fundação CEU.
E a aventura pelo mundo das ciências pode ser ainda mais
ampla e sensorial. Em uma caverna, climatizada e sonorizada, as crianças são imersas em outro mundo, com toda uma
atmosfera propícia que as leva a conhecer sobre os tipos de
rochas e mais de 80 tipos de fósseis – réplicas em tamanho
natural dos encontrados e catalogados pela Universidade de
São Paulo (USP). Essa atividade é complementar a uma aula
ao livre sobre a formação das camadas da Terra. O relevo do
Estado de São Paulo serve de exemplo e permite mostrar de
forma didática e lúdica a disposição das camadas do solo.
Planetário provoca verdadeira imersão
em viagem pelo universo
E que criança não gostaria de participar do lançamento de
um foguete?! Na estação da Fundação CEU, já foram feitos
mais de mil lançamentos, o primeiro contou inclusive com
a presença do primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço,
Marcos Pontes. Além disso, os visitantes também podem
conhecer sobre meteorologia, como funciona um relógio
de sol, apreciar a réplica de Stonehenge – estrutura neolítica encontrada na Grã-Bretanha – que indica que há muito
tempo o universo é objeto de observação. Aliás, sempre que
o tempo permite, é possível ver as estrelas bem de pertinho,
pelo telescópio, nas sessões de observação.
A Fundação Centro de Estudos do Universo (CEU) é de iniciativa privada, mantida com as visitas de turistas e excursões
escolares. O preço varia de acordo com as atividades solicitadas pela escola, e podem servir de complemento às lições
ensinadas em sala de aula.
Living Vectra | 69
janela
Determinação,
trabalho
e
visão
empreendedora
A empresária londrinense
Márcia Manfrin revela como
transformou o pequeno negócio
familiar em uma companhia com
reconhecimento nacional
Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez
70| Living Vectra
Márcia Manfrin
defende a
gestão focada
na liderança
pelo exemplo
Living Vectra | 71
O momento certo de investir em um sonho,
em uma oportunidade de negócio pode se dar
mesmo em meio a uma crise, a partir de uma
necessidade familiar, ou daquela ânsia de fazer
algo por si próprio. E não precisamos ir longe
para encontrar exemplos de empreendedores
que souberam abraçar a oportunidade e fazer
prosperar seu negócio. Um desses cases de
sucesso vem daqui mesmo. Uma empreendedora que começou vendendo apenas 13 refeições ao dia a trabalhadores de uma obra, e hoje
comanda a empresa que mantém mais de 200
restaurantes dentro de outras companhias, em
12 estados do Brasil. Os ingredientes principais
da receita que deu certo? “Minha dica é o que
eu uso todos os dias. Muito foco, determinação e trabalho árduo. Manter a ética, em toda e
qualquer circunstância, ter humildade e trabalhar como um time; eu não tenho outra receita
que não seja essa na gestão de um negócio”,
assevera Márcia Manfrin, presidente da Apetit
Serviços de Alimentação, empresa londrinense
que hoje é destaque nacional no ramo de alimentação coletiva.
Genuinamente londrinense, a Apetit nasceu
em 1989 já com o objetivo principal de ser líder
no segmento de refeições coletivas na cidade,
visão que se ampliou para o patamar nacional
nesses 26 anos de história. A empresa, que nasceu e se mantém essencialmente familiar, nos
12 primeiros anos, dedicou-se a atuar em Londrina e região, primeiramente entregando refeições a trabalhadores. O crescimento do mercado ampliou a atuação da empresa, que passou
a instalar restaurantes dentro das companhias e
a expandir mercado para outros estados brasileiros. “Iniciamos trabalhos fora de Londrina, por
indicação de clientes e do chamado de empresas fora da nossa região”, conta Márcia.Tudo isso
reflexo da forma de trabalho e atenção com o
cliente. A Apetit ocupa atualmente o patamar
de quarta maior empresa do país no seguimento de refeições coletivas.
Para expandir o leque de clientes, a empresa investe em constante inovação, acompanhando
tendências de mercado e culinária, com foco no
bem-estar, qualidade e beleza dos mais de 200
restaurantes espalhados em todo o Brasil. “Cada
cliente tem sua peculiaridade, e a Apetit se destaca justamente por entender o conceito e a necessidade específica de cada um”, explica a presidente. Além da atenção aos clientes, a empresa
se sobressai em sua forma de olhar para si e no
cuidado com os colaboradores. “Todo o nosso
processo de gestão é focado na liderança pelo
exemplo. Acredito que essa é a melhor forma de
se liderar um time”, pondera Márcia.
72| Living Vectra
A forma de olhar para si e o cuidado com os colaboradores redem
grandes reconhecimentos; entre eles, ser uma das melhores
empresas para se trabalhar no Brasil
A presidente destaca que a empresa tem em
seu DNA o compromisso social, e que, independente das circunstâncias, não deixamos
de investir em educação e capacitação de seus
funcionários. Para o aprimoramento de suas
equipes, mantém a Uniap, reconhecida a sétima melhor universidade corporativa do Brasil.
Há ainda o Instituto Apetit de Educação, mantido pelos acionistas, com foco na educação do
adolescente, da criança, da gestante e do portador de necessidade especial, destacadamente
da Síndrome de Down.
Os cerca de dois mil funcionários da Apetit retribuem ratificando o profissionalismo e cuidado da empresa com o trabalhador, reflexo disso são as premiações como uma das melhores
empresas para se trabalhar no Brasil – Great
Place to Work – cuja eleição é feita a partir das
avaliações dos próprios funcionários. Aliás,
quando o assunto é premiação, a Apetit tem
uma verdadeira coleção de troféus. Um dos
mais recentes, o Prêmio WEPs Brasil – Empresas Empoderando Mulheres (WEP, sigla em in-
glês para Women’s Empowerment Principles),
uma realização da Itaipu Binacional com apoio
da Organização das Nações Unidas (ONU). A
premiação visa contribuir para o empoderamento da mulher no mercado de trabalho,
incentivando e reconhecendo os esforços das
empresas que promovem a cultura da equidade de gênero. A Apetit foi prata na premiação.
“Ficamos muito honrados com esse reconhecimento. Empregamos, em todo o quadro de
colaboradores, 91% de mulheres”, diz Márcia
Manfrin. Em novembro do ano passado, a empresária recebeu o prêmio de Empreendedora
do Ano, pelo grupo LIDE – Líderes do Brasil,
um reconhecimento nacional pelo talento e
comprometimento de líderes do país no desenvolvimento nacional. “O Lide é um dos
grupos empresariais mais fortes do Brasil,
que reúne 72% do PIB brasileiro. Para nós,
Prêmio WEPs
Brasil: Empresas
Empoderando
Mulheres
foi motivo de muito orgulho. Foi a primeira vez
que uma empresa do Norte do Paraná recebeu
esse reconhecimento”, comemora Márcia.
Além disso, a empresa é Top of Mind de RH; é
reconhecida pela consultoria Deloitte e pela
revista Exame uma das PMEs que mais cresceram no Brasil; e pela Revista Getão e RH,
como uma das Melhores Fornecedores para
RH. É a primeira empresa brasileira do ramo de
alimentação coletiva a se tornar signatária do
Pacto Global, e é reconhecida pela Fundação
Abrinq como Empresa Amiga da Criança, por
suas ações voltadas tanto ao público interno
quanto para a comunidade.
A presidente declara que diante de tantas premiações, o sentimento é de que necessita se
desenvolver ainda mais. “Sinto que o reconhecimento impõe mais responsabilidade, porque você passa a ser um foco de observação,
responsável pelo seu exemplo frente à sociedade. Temos visto tantos exemplos ruins, de
corrupção, de prisão, mas, em contrapartida,
temos empresários altamente respeitáveis, fazendo a diferença e sendo bons exemplos para
a sociedade”, avalia. Ser fonte de inspiração é
obrigação para ela. “Uma grande equipe só se
faz quando há exemplos para seguir. Com isso
vamos fazendo um grande time de novos empreendedores, fazendo da nossa Londrina
uma região mais próspera”.
A melhoria contínua, segundo Márcia,
deve ser uma máxima nas empresas. “Toda
organização nunca é boa o suficiente, sempre
tem o que melhorar. Quando você achar que
já alcançou o sucesso em qualquer coisa, você
está fadado ao fracasso. A humildade à frente
de um negócio é o que te faz melhorar e crescer a cada dia”, afirma. Para a empresária, trabalho é sinônimo de prazer. “Sou movida a desafios, a constantemente criar, desenvolver, aprimorar, inovar, eu me realizo trabalhando”. Por
isso mesmo, ela dedica parte de seu tempo a
atuar de forma voluntária em instituições, como
a Associação Comercial e Industrial de Londrina
(Acil), do grupo Mulheres do Brasil, do Conselho
da Mulher Empresária em Londrina. “E a gente
tem que ter tempo para tudo, para a família, o
lazer, o trabalho, para se cuidar, é isso que faz a
diferença no nosso dia a dia”.
Para Márcia Manfrin, crise não é obstáculo, mas sim oportunidade de aprimoramento. “A crise pode ser vista como
um momento de crescimento, ou de
lamento. Nós optamos por entendê-la
como um momento de olhar para dentro de casa, fazer revisão dos custos, melhorar
Living Vectra | 73
Para Márcia Manfrin, crise é oportunidade para aprimorar e expandir.
A meta da empresa é crecer 30% em 2016
processos, para que sejamos a melhor opção
para o nosso cliente, em termos de qualidade,
confiabilidade e custo”, avalia. De acordo com
a empresária, aprender a lidar com as crises e
a se tornar resiliente é uma constante no mercado de refeições coletivas, que sofre os impactos sociais e políticos, juntamente com os
setores industriais que atende. “Acabamos vivendo todas as crises, porque existem épocas
em que um setor está em franco crescimento
74| Living Vectra
e outro em recessão, acabamos tendo que nos
moldar a cada impacto sofrido pela indústria”,
diz. Mas, como ficar parada não é perfil dessa
empresária, o plano de crescimento da Apetit
é audacioso, uma perspectiva de crescimento
de 30% em 2016. “Enquanto muitas empresas
estão encolhendo, nós estamos expandindo.
Esse é um crescimento bastante estudado,
temos plena certeza de que alcançaremos”,
assegura Márcia.
home office
Auto
con
tro
le
Agitação da vida moderna
tem feito executivos se
renderem a métodos de
gestão do tempo para
retomar as rédeas da
própria vida
Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez
76| Living Vectra
Nesse mundo conectado, onde tudo
acontece agora, ao mesmo tempo,
organizar as tarefas e gerenciar o tempo
não tem sido algo simples para muitas
pessoas. É nesse momento que muitos
perdem o controle sobre seu próprio
tempo e acabam perdidos entre afazeres
inacabados, compromissos esquecidos,
atrasos. Haveria então uma fórmula
para gerir o tempo de modo eficiente,
dinâmico? Alguma técnica que pudesse
auxiliar a gerir o tempo de forma
eficiente e produtiva?
O escritor David Allen, consultor de
metodologia de gestão de tempo
e produtividade, desenvolveu seu
próprio método, o chamado GTD –
Getting Things Done –, descrito no
livro traduzido como “A arte de fazer
acontecer”, cujo subtítulo descreve a
publicação como “uma fórmula antistress para estabelecer prioridades e
entregar soluções no prazo”. O livro
aborda uma metodologia de gestão
de tempo e organização focada não
apenas no trabalho, mas que também
organizaria a vida da pessoa como
um todo. Allen defende que é preciso
manter a mente livre para criar, e não
preocupada em reter informações.
Disseminando sua fórmula, “A arte de
fazer acontecer” já se tornou um bestseller internacional sobre organização
pessoal, publicado em quase trinta
idiomas.
David Allen, criador do método GTD
No Brasil, a Call Daniel – parceira
internacional certificada por David
Allen – realiza treinamentos sobre
gestão de tempo e aplicação do
método a grandes executivos, tanto
de empresas nacionais, quanto de
gigantes multinacionais. E as técnicas
pregadas pelo GTD têm conquistado
dirigentes por ser considerado um
método simples, prático e adaptável
ao perfil de cada seguidor. “O que
traz de inovador é uma maneira de se
Márcio Welter
afirma que o
método GTD
auxilia a levar uma
vida mais produtiva
e com menos
preocupações na
cabeça
78| Living Vectra
conseguir paz mental e tranquilidade
no trabalho, permitindo assim pensar
estrategicamente e se ocupar com
o que é mais importante”, diz Márcio
Welter, instrutor, palestrante e gerente
de desenvolvimento de negócios,
atuante nas áreas de produtividade,
gestão do tempo e vendas.
Segundo Welter, têm sido mais
frequente as pessoas perderem
o controle de seu tempo, não
conseguirem administrar bem suas
rotinas porque acabam retendo muitas
informações e se perdem em meio a
elas. “A pessoas vivem pré-ocupadas
com coisas que não agregam valor
para suas vidas. Pela manhã você sai
de casa e alguém diz: compre uma
aspirina, e durante o dia você se
preocupa com essa aspirina diversas
vezes. Toda vez que lembrarmos
mais de uma vez de algo que temos
que fazer não estamos usando nossa
mente para que ela foi feita. Segundo
David Allen, “nossa mente foi feita para
ter ideias e não guardá-las”, justifica.
O objetivo do método GTD é ajudar
a organizar e controlar o que for
possível, e fazer que se despreocupem
com as coisas sobre as quais elas
não têm controle. “É uma questão
de adaptar o método ao seu estilo e
ferramenta de trabalho. Quando isso
é feito de modo teórico-prático e com
acompanhamento, a mudança vem
rapidamente, notamos que depois
de um dia de experiência as pessoas
já saem falando: porque vocês não
chegaram antes com esse método
aqui”, comenta Welter.
Se a ideia é levar a vida de forma
mais leve, com menos pressão e
preocupações na cabeça, uma das
principais dicas do GTD é libertar a
mente de inquietações e daquelas
notas constantes que o cérebro pisca
de tempos em tempos para avisar
sobre a necessidade de cumprir
alguma tarefa pendente. Por isso, criar
memórias externas, anotando tudo o
que é preciso fazer, e organizá-las de
forma a estabelecer prioridades é um
passo fundamental na administração
do que é mais urgente e importante.
Planejar projetos, reavaliar as metas
e aprender a delegar e lidar com seus
próprios limites também fazem parte
da receita, afinal, é humanamente
impossível fazer tudo ao mesmo
tempo.
Não importa como o usuário vai aplicar
o método, ou que ferramentas vão
auxiliá-lo, o que importa, segundo
o especialista, é que os cinco passos
básicos sejam seguidos: coletar,
ou seja, anotar e liberar a mente.
“Surgiu algo na nossa mente que
seja executável, temos que tirar da
mente”, aponta Welter. Esclarecer, dar
um significado ao que foi coletado
respondendo qual a próxima ação,
e já executar tudo o que puder ser
resolvido rapidamente. Organizar
e-mails, a agenda – que é o guia de
todas as pendências – e a biblioteca
de informações, que, segundo o GTD,
deve ser dividida de acordo com o
contexto, e não em forma de lista de
tarefas, como normalmente as pessoas
fazem. Revisar todo o processo é
fundamental. O método sugere uma
revisão semanal para verificar o que
está planejado para a semana seguinte,
reservar um tempo para imprevistos
que possam surgir e responder todos
os e-mails. O último passo essencial
é executar. “Se você fizer os cinco
passos bem feitos, o último vem
naturalmente”, diz.
A necessidade de se render a um
método como esse ou dedicar-se
a criar sua própria fórmula para
organização pessoal vai depender
do estilo de vida e forma de trabalho
de cada pessoa. Para o instrutor, criar
sua própria metodologia pode levar
mais tempo, porque, segundo ele, se
basearia em tentativas e erros, o que
não quer dizer que seja algo ineficaz
na prática. “‘É errando que se aprende’,
como diz o ditado”. Welter defende, no
entanto, que a aplicação de métodos
como o GTD proporcionaria resultados
mais rapidamente. “Há outro ditado:
quer ter alta performance, busque
quem sabe e erre menos, ou seja,
chegarás mais rápido ao seu objetivo”.
Segundo Márcio Welter, o retorno
que recebe dos clientes é positivo,
de executivos que afirmam que o
treinamento mudou sua vida, não só
pessoal, mas também profissional.
Serviço
Getting Things Done – A arte de fazer
acontecer: uma fórmula anti-stress
para estabelecer prioridades e entregar
soluções no prazo
Autor: David Allen
Ano: 2005
Editora: Campus
galeria
Um novo
começo
Organizações brasileiras
têm trabalhado no
acolhimento e auxílio
de vítimas de guerra. O
sírio Feras Orfali optou
por aceitar essa ajuda e
tenta recomeçar a
vida em Londrina
Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez
Feras Orfali
quer construir
vida nova
no Brasil
80| Living Vectra
As necessidades só são realmente entendidas, quando vividas de fato ou proximamente. A compaixão pelo próximo é algo que
exige um exercício de se pôr no lugar do outro, para que seja verdadeira, e não apenas
falácia ou autopromoção. Vemos exemplos
de atitudes humanas pelo próximo em meio
a catástrofes naturais, sociais, guerras. Pessoas que se comovem, saem de sua zona de
conforto em auxílio de desconhecidos.
Há cerca de 120 anos, três jovens canadenses
resolveram se aventurar, buscando ajudar os
mais necessitados. Organizaram a SIM – “Sudan Interior Mission”, que mais tarde passou
a ser “Serving in Mission” – uma missão que
inicialmente tinha por objetivo ajudar os
moradores dessa região da África. Dois deles
morreram por malária já nos três primeiros
meses no Sudão. O sobrevivente retornou
ao Canadá e convidou outras pessoas a
dar prosseguimento ao projeto. Ele morreu
também com malária um ano depois, mas
a missão se mantém firme e soma mais de
dois mil missionários em mais de 60 países,
levando ajuda humanitária a diversos locais
ao redor do mundo por meio de mais de mil
projetos, que auxiliam desde o tratamento e
prevenção de doenças até auxílio a refugia-
dos. “Um deles chamado 'Hope for Aids', foi
premiado pela ONU”, destaca Eduardo Pellissier, presidente da SIM no Brasil.
Com sede em Londrina, e há 11 anos no
Brasil, a organização atua recrutando missionários que estejam dispostos a rumar para
diversos países do mundo para atuar nesses
projetos. A SIM Brasil desenvolve ainda dois
projetos, um - projeto ‘Mais que Palavras’ pretende angariar fundos para a compra de
um gerador para um hospital de pequeno
porte, situado em uma aldeia, no norte de
Angola, que não dispõe de energia elétrica.
“Há uma missionária médica há 25 anos dirigindo esse hospital, que existe sem energia
elétrica. Há apenas um pequeno gerador de
mão. Os quartos têm lâmpadas com coletor
individual de energia solar para amenizar a
escuridão. Esse hospital é uma das referências em Angola para tratamento de tuberculose, onde as pessoas ficam mais isoladas e
recebem tratamento”, explica Pellissier. E o
projeto “Acolhe”, desenvolvido em parceria
com outra organização, a MAIS - Missão em
Apoio à Igreja Sofredora - que, dentre outros
projetos, auxilia há cinco anos refugiados de
guerra. Ambas as organizações são formadas
por igrejas evangélicas cristãs espalhadas
Living Vectra | 81
ao redor do mundo. Em
Londrina, uma parceira
da SIM com a MAIS trouxe à cidade o primeiro
refugiado sírio, Feras
Orfali.
O projeto tem por objetivo oferecer oportunidades para que refugiados
de guerra possam restabelecer suas vidas. Para
isso, as igrejas contam
com apoio de fiéis que
se dispõem a colaborar
por um ano no sustento
do refugiado. A missão
MAIS providencia toda
a documentação para
que os refugiados possam viver e trabalhar no
Brasil. “Para receber Orfali, estabelecemos cotas,
distribuídas a pessoas
que pudessem ajudar
por pelo menos um ano,
para poder mantê-lo
aqui. Oferecemos casa,
água, luz, comida, assistência médica e psicológica, ensino da língua
portuguesa. Ele é nossa
primeira
experiência”,
comenta Pellissier.
Feras Orfali chegou ao
país em dezembro de
2014. Inicialmente ele foi
viver no Rio Grande do
Sul, mas não se adaptou
ao local. Voltou à sede
da organização MAIS, no
Espírito Santo, e só então veio para Londrina. “A MAIS me convidou para vir ao Brasil,
na embaixada brasileira em Beirute, Líbano”,
conta Orfali. Ele agradece a ajuda e diz que
ter todo esse respaldo é fundamental para se
estabelecer no novo país. “Agradeço muito a
ajuda que tenho recebido, não me deixam
faltar nada, mas, para mim é difícil quando
as pessoas me ajudam. Eu quero trabalhar,
ganhar dinheiro por mim”, diz.
Orfali demonstra preocupação em retribuir o
quanto antes toda a ajuda que tem recebido.
“Quando eu puder ganhar um dinheiro, não
quero ajuda, quero retribuir. Trabalhei muito
no meu país para ter um bom futuro, traba-
82| Living Vectra
lhava e estudava. Como engenheiro mecânico, já tinha uma boa situação e de repente
perdi tudo e fiquei sem nada, mas preciso
começar tudo de novo, em outro país, outra cultura, outra língua, outro tudo”, conta.
“Ele não está acostumado a receber, mas sim
conquistar, então, para ele é muito difícil ter
que ser sustentado por alguém, não faz parte da cultura. O que a gente está tentando
é minimizar o tempo de adaptação e dar
condições para que ele se sustente sozinho”,
comenta Eduardo Pellissier.
A mudança radical de vida e o choque de
cultura ainda assustam o sírio. “É a primeira
vez que eu preciso me refugiar. As pessoas
não entendem o que é refugiado, eu também não entendo, não sei direito como foi
tudo isso. Eu fui dormir tinha tudo, carro,
casa, escritório, uma vida completa. Acordei,
só tinha guerra, terroristas nas ruas e não
tinha mais nada. Não consigo até agora entender o que foi perder a minha vida toda”,
relata. Homs, cidade onde vivia, foi totalmente destruída. A família mudou-se em busca
de um lugar seguro. Para ele, o melhor a fazer
é trazê-los para o Brasil, e tentar seguir a vida
aqui, pois acredita que sempre haverá novas
guerras, e a paz não será como antes.
Fotos: Arquivo Pessoal
Por isso, assim que tiver condições de se
manter sozinho, Feras Orfali sonha que a família também venha viver no Brasil. “Nosso
próximo passo, que é um grande desafio, é
trazer a família dele. São mais dez pessoas,
para quem temos que providenciar igualmente todo o sustento por um ano”, diz
Pellissier. “O povo brasileiro é muito bom.
Encontrei muitas pessoas de coração bom,
que se dispõem a ajudar. Isso a gente não
encontra em países da Europa, por exemplo.
Eu trabalhava em uma empresa alemã, com
pessoas de lá, e eles não são como os brasileiros. Aqui eu tenho mais oportunidades
para começar de novo”, considera. Para minimizar a dificuldade em ficar sozinho em um
novo país ele se apega ao lado espiritual, e
se comunica com os familiares pela internet
todos os dias.
Ao lado,
lembranças
da cidade
completamente
destruída
pela guerra.
Abaixo, Orfali
homenageia
seu país nos
pratos que faz
Contribuiu para sua vinda ao Brasil o propósito de não querer se tornar mais um soldado de guerra. Orfali estava sendo requisitado
pelo exército, e então começou a fugir. “Se
ele não saísse do país, ou iria preso ou iria
para a guerra contra terroristas”, comenta
Pellissier. “Quando entrei no avião, só pedi:
Deus, cuida de mim. Não sei o que vai ser,
mas coloquei nas mãos d’Ele e acreditei em
dias melhores”, afirma Orfali.
Há quatro meses em Londrina, o sírio Feras
Orfali está ansioso para voltar a trabalhar na
profissão de engenheiro mecânico, mas, enquanto seu diploma não é validado no Brasil,
ele ataca como chef de cozinha, mostrando
suas habilidades na gastronomia síria. Orfali
aprendeu a cozinhar em casa, ajudando sua
mãe. Ele conta que ainda é tradição de seu
povo reunir a família toda em volta de uma
mesa farta, e sempre receber as visitas com
boa comida. Atualmente o então chef Orfali
realiza eventos, para divulgar seu trabalho e
a gastronomia típica de seu país.
Living Vectra | 83
Torta de café solúvel
Maklube
Em abril, ele ministra dois cursos no espaço
gourmet da Vectra Store. Nessa oportunidade vai ensinar a fazer jantares completos,
com entrada, pratos quentes e sobremesa,
um voltado às mulheres, outro aos homens.
Para a equipe da Living Vectra, o chef deu
84| Living Vectra
uma palhinha, preparando um prato árabe
salgado chamado Maklube, que leva carne,
arroz e berinjela, e um doce típico, uma torta de café solúvel, que se assemelha a um
pavê, com camadas bem definidas e menos
recheio.
Perspectiva ilustrativa. Matrícula N° 80.655 (1° Ofício). CREA 10.428-D/PR. CRECI 3.468-J/PR
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Viagem segura
Considerado um dos meios de transporte mais seguros, os elevadores exigem
manutenções preventivas periódicas e rigorosas, além de cuidados no uso
Por Nara Chiquetti Foto Fábio Pitrez
Para quem mora em edifício é uma ação bem natural e automática entrar no elevador e simplesmente apertar o botão e
aguardar a chegada no patamar desejado. O que muitos moradores nem se dão conta é do cuidado que se deve ter com
esse equipamento. Para segurança de todos, é preciso que os
usuários se atentem em preservar o aparelho, que exige também rigorosa sequência de testes e reparos periódicos.
A cada manutenção é preciso
cumprir um roteiro de testes e simulações de funcionamento em
diversos componentes, além de
lubrificação e limpeza, para garantir o funcionamento adequado
e seguro do aparelho. Segundo
Marcello Christan, gerente da filial
Atlas Schindler no Paraná, o roteiro
de manutenção foi desenvolvido
pelos engenheiros e técnicos a
partir das experiências em campo,
e é constantemente atualizado. Se
for preciso substituir alguma peça,
o cliente é comunicado e a reposição aprovada pelo condomínio.
Mas, se houver o mínimo risco de
segurança para os usuários, a substituição é imediata; caso contrário,
a norma da empresa é interditar o
equipamento.
O profissional explica que nos grandes centros como São Paulo e Rio
de Janeiro já existe legislação que
exige manutenções preventivas
mensais nos elevadores. “A Atlas
Schindler define como padrão manutenções preventivas mensais em
todos os equipamentos sob seus
cuidados técnicos, mesmo nas cidades em que não há lei a
respeito deste assunto”, garante o gerente. A não verificação
periódica dos elevadores pode gerar riscos de segurança aos
usuários, problemas em seu funcionamento, e até autuações
ou mesmo interdição pelos órgãos competentes nas cidades
em que a manutenção preventiva é definida por lei.
86| Living Vectra
O síndico, representante legal do condomínio, é o responsável
pela contratação da empresa de manutenção de elevadores e por
acompanhar o serviço. “Para facilitar esse trabalho, a Atlas Schindler sugere sempre manter um contrato de manutenção com
uma empresa idônea e com adequada estrutura de atendimento,
que deve possuir equipe de técnicos treinada, engenheiro responsável e atendimento 24 horas”, aconselha Christan. O profissional
lembra que a empresa deve ser registrada no Conselho Regional
de Engenharia e Agronomia (CREA),
licenciada por órgãos de fiscalização,
pela Prefeitura e respeitar as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Aconselhamos que [essa
empresa] seja o fabricante, pois além de
conhecer profundamente a tecnologia
existente em todos os equipamentos,
garante peças originais e as atualizações
tecnológicas que preservam a capacidade de transporte em condições seguras
e confortáveis”, defende.
Marcello Christan destaca que o elevador é um dos mais seguros meios de
transporte se utilizado corretamente, vez
que conta com tecnologias e uma série
de dispositivos de segurança altamente
eficientes. “Os novos elevadores produzidos pela Atlas Schindler como, por
exemplo, o Schindler 5500, tem como
opcional o sistema de Resgate Automático – um módulo de baterias movimenta o equipamento automaticamente
para o pavimento mais próximo. Assim o
passageiro pode sair rapidamente e com
segurança do elevador, mesmo em edifícios que não possuem gerador próprio”.
No entanto, para preservar a vida útil
do elevador, é preciso colaboração por parte dos usuários, como
respeitar o limite de carga indicado no interior da cabina; não
apressar a abertura ou o fechamento das portas; apertar somente
o botão de subida ou de descida, de acordo com o seu destino,
ao chamá-lo; além de cuidado ao transportar objetos, para evitar
avarias ao equipamento.
álbum
Fotos Bruno Ferraro, Fábio Alcover e Gustavo Camilo
Conteúdo com relevância
A Vectra renovou em 2016 o patrocínio do projeto
Encontros Folha, uma iniciativa do Grupo Folha de
Comunicação. Em sua sexta edição, o evento trouxe o
Prof. Pedro Lins (Fundação Dom Cabral) para falar sobre
sustentabilidade empresarial. A atualidade do tema
agradou as lideranças presentes.
Marcelo Ontivero e Fernando Moraes
Welington Lopes Barbosa e Fernanda Mazzini
Flávio Meneghetti, Kimiko Yoshii e Allessandra Andrade Vieira
Sérgio Otaguiri e Sérgio Munhoz
Ariane Navas e Larissa Ducci
José Nicolás Mejía e Pedro Lins
Júlia Lettrari e Lorraine More
Carlos Maístro e Roberta Nunes Mansano
Gilza Moreira e Mara Lúcia Kalinowski
Living Vectra | 87
alto-falante
Música
que vem
da alma
Entre artigos de lei e partituras, Luke de Held
revela um pouco de sua trajetória artística de
30 anos e do crescimento do Blues na cidade
Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez
Living Vectra | 89
Sabe aquela história de “está no sangue!”? A ligação de
Lucílio de Held Júnior – também conhecido como Luke
de Held – com a música é assim, algo nato, que começou a dar seus primeiros sinais ainda na infância. Ele
conta que aos sete anos de idade ouviu um dos discos
da coletânea The Beatles – Rock’n’Roll Music –, experiência que começou a despertá-lo para a música. “Eu
peguei um dos discos e coloquei para ouvir. A primeira
música que tocou foi “Back in the U.S.S.R”, um rock clássico. Lembro-me como se fosse hoje, senti que aquilo
mexeu comigo”, revela.
Outro momento importante e decisivo foi na adolescência. Ele, durante a apresentação de uma aluna, Luke
se viu hipnotizado pela música mais uma vez. A garota
tocou para o auditório cheio, voz e violão, duas canções:
“Tarde em Itapuã” e “Is it ok if I call you mine” (música de
Paul McCrane, trilha do filme “Fame”, de 1980). “O auditório todo parou, como se o tempo tivesse congelado,
ela magnetizou a atenção de todos. Quando vi aquilo
pensei: a música é algo muito poderoso, eu quero tocar”, conta. A partir disso, foi em busca de aulas de violão
e, após aprender o básico, seguiu se aperfeiçoando sozinho. “E aí foi uma viagem sem volta”, brinca.
O ano era 1984 quando Luke de Held (baixo), Ivo Pessoa
(voz), Kléber Veridiano (guitarra) e André Gimenez (bateria) formaram a Santo Presépio, banda que começou
a partir das rodinhas de violão no colégio. “Nossa banda era autoral. Não fazíamos cover porque estávamos
aprendendo a tocar os instrumentos, e não tínhamos
competência para tirar as músicas e fazer um cover descente”, relata. “Era mais fácil compor, e o Ivo, à época, já
cantava e compunha muito bem”.
Depois de dois anos na Santo Presépio, Held deixou o
grupo para fazer faculdade em Curitiba – cursou Direito
e tornou-se membro do Ministério Público – mas nunca
deixou de lado a música. Mesmo com suas idas e vindas
entre a capital, o litoral e Londrina, Luke de Held sempre
deu um jeitinho de se manter ativo como músico, em
bandas de uma ou outra região. “Tive uma cobrança familiar grande em relação a direcionamento profissional.
A busca pelo direito e a carreira pública estão relacionados a ter um mínimo de estabilidade para poder realizar
sonhos”, explica. Para Held, seu lado musical se contrapõe ao ambiente do Direito. Atuando como Promotor
de Justiça, ele lida diariamente com conflitos, e “a musica é o oposto, é alegria, libertação, ela funciona como o
equilíbrio desse ambiente tenso do Direito”, afirma.
Na capital, ainda durante a época da faculdade, passou
a tocar com Elieser Botelho Júnior, fazendo cover, com
muito rock dos anos 80 e, segundo ele, é nesse momento que passa a estreitar seus laços com o blues. “Fui
saber o que era o blues junto com o Elieser, tocando
obras do Eric Clapton”, conta. Em 1992, com o fim da faculdade, volta à Londrina, e passa a integrar a “Blue Up”,
primeira banda de blues da cidade, fundada por Alcides
Caminhoto Junior. A participação durou um ano e meio,
Luke de Held mostrando toda sua intimidade com as guitarras
90| Living Vectra
até retornar à capital. “Foi quando eu migrei do baixo
para a guitarra, porque eu fiquei sozinho”, diz. Em 1996,
foi convidado para tocar na banda CrackerJack, de Curitiba. “Foi um período em que dei um salto, tocando com
caras que eram muito bons, e aprendi muito”.
Após a saída de Ivo Pessoa, Luke de Held se junta a Kiko
Jozzolino e Elieser Botelho Júnior. “Aí surge a ideia de
um projeto de blues em formato acústico, em trio. Fundamos o Acústico Blues Trio”, recorda-se. Mas, a participação dele nesse projeto teve de ser interrompida, pois
o número de apresentações começou a crescer. E, à
época, ainda morando no litoral, não conseguia acompanhar e o grupo seguiu com Gisele Almeida. “A saída
do Acústico Blues Trio foi uma coisa positiva, porque me
permitiu impulsionar e criar o Rock Brothers, em Guaratuba, também um trio. Tocamos juntos por seis anos,
gravamos dois discos, fizemos participação em três coletâneas, tocamos para públicos grandes, ganhamos
projeção”, avalia.
Ao retornar à região Norte do Paraná como membro
do Ministério Público, Luke de Held decidiu projetar seu
nome. Surgiu a Luke de Held & The Luke Band, atualmente composta por ele (guitarra e vocal), Sara Delallo
(baixo), Diogo Morgado (guitarra) e Wellington Souza
(bateria). “Essa é a formação ideal, a formação que gravamos o disco 'Blues from Redland'”, um disco todo
autoral e essencialmente autobiográfico, com letras inspiradas em suas experiências de vida. “As temáticas das
minhas canções variam, umas falam de perda, outras de
filhos, libertação, esperança. Tive o nascimento da minha filha há três anos e, quando você é pai, tudo o que
tem de melhor no coração transborda”, revela. “‘Born in
redland’, fala de como a música surgiu na minha vida;
‘Face the storm’ são os conselhos que meus pais me davam exemplifica.
“Blues é um gênero musical em que você tem que ser
verdadeiro, tua entrega tem que ser total, tocar com a
alma, passar isso para o público”, argumenta. O músico conta que o blues que toca
não é purista, possui pitadas de rock e
baladas. O projeto é um novo disco a
cada ano, até 2018, quando deve ser
lançado o “Fifty”, em comemoração
aos seus cinquenta anos de idade. “Aí
vamos encerrar essa trilogia e iniciar
outro projeto, com canções em português, cover, vai ser um disco celebração”, adianta de Held.
Sara Delallo são convidados a tocar em Caxias do Sul
(RS), no Mississipi Delta Blues Festival, o segundo maior
festival de blues do mundo. “Isso foi também um divisor
de águas na nossa história, porque passamos a conhecer e interagir com a nata do blues nacional”, analisa. “A
partir de 2013, desenvolvemos o Circuito Internacional
de Música em Londrina, em razão dessa ligação com
os artistas do Festival, começamos a trazê-los para cá.
Criou-se um novo polo de produção de blues em Londrina”, complementa.
O início dos festivais em Londrina foi importante para
o crescimento do público, e deu projeção ao estilo.
Londrina é o segundo pico de blues do Brasil em número de eventos, só atrás de Caxias do Sul, segundo o
músico. “O gênero passou a ser colocado em um patamar de visibilidade, é um marco significativo na formação do público de blues. O Kiko Jozzolino tem uma
importância muito grande nisso, porque ele idealizou
o Festival de Blues”, comenta. A partir do segundo festival em Londrina, por entender que lhe faltava abertura e reconhecimento, Luke de Held procurou criar
seu espaço para crescer artisticamente com a Luke de
Held & The Luck Band.
Lidar com as duas atividades que desenvolve profissionalmente demanda bom gerenciamento do tempo.
“São 32 anos de carreira musical, e as coisas acontecem
em um ritmo mais lento, justamente por direcionar
grande parte do meu tempo para o Direito, mas não estou buscando ser mega star, estou buscando sim fazer
boa música, e fazê-la chegar ao maior número possível
de pessoas”, declara. “O blues é em sua essência a música tocada pelo trabalhador, escravo, que passava o dia
todo na lavoura, chegava em casa cansado e ia cantar
seus lamentos, um gênero popular, nascido no delta
do Mississipi, o estado mais pobre dos EUA”, explica.
Por isso, seu desejo é seguir ampliando os horizontes
do blues, para que seja tocado em todas as regiões da
cidade, apreciado por todas as classes sociais.
O músico considera que o blues começou a ser tocado em Londrina verdadeiramente no final dos anos 1980,
por bandas com repertório voltado
exclusivamente a esse gênero, como
a Blue Up. Antes disso, estava apenas
diluído na técnica dos guitarristas,
explica. Desde 2013, Luke de Held e
Living Vectra | 91
closet
A
di
ver
si
da
de
Moda inclusiva
busca atenção de
profissionais e da
indústria para a
criação de peças
que facilitem a
vida de pessoas
com algum tipo
de deficiência
Por Nara Chiquetti
Fotos Fábio Pitrez
mo
da
está na
Incluir, antônimo de excluir, verbo que faz
parte da luta de milhares de pessoas com
algum tipo de deficiência no Brasil. Na moda,
isso não tem sido diferente. Iniciativas como
o Concurso de Moda Inclusiva, promovido
pela Secretaria do Estado dos Direitos da
Pessoa com Deficiência do Estado de São
Paulo, estimulam os novos profissionais da
área para que lancem um novo olhar para
esse público e trabalhem na criação de
looks adaptados que unam conforto, beleza,
versatilidade.
Uma dessas pessoas instigadas a apresentar
soluções ao público com deficiência é a
estudante do curso de Design de Moda
da Universidade Estadual de Londrina
(UEL) Bruna Godoy, que já participou de
três edições do Concurso. Ela revela que
essas experiências se configuraram no
descobrimento de uma nova realidade de
vida e de pensar criação e moda.
A moda inclusiva é aquela que abraça a
todos, pessoas com ou sem deficiência,
explica Bruna. “É uma moda democrática,
que serve para mim ou para uma mulher
que não tem uma das pernas, ou que precisa
de cadeira de rodas. Ela tem que fazer a
pessoa se sentir bem, elevar sua autoestima,
tem que ser igual e justa para todo mundo”,
defende.
A estudante admite que descobriu um
novo mundo quando passou a pesquisar
as necessidades e dificuldades encontradas
pelas pessoas com deficiência para se vestir.
“O concurso foi um choque de realidade,
você sai do seu mundo e entra em um
universo totalmente diferente. Só aí você
percebe que o que para você é uma coisa
tão simples como vestir uma calça, para
eles é extremamente difícil, e não tem
praticamente nada voltado para eles [no
mercado de roupas prontas], é muito pouco”,
comenta a estudante.
Criar algo prático e confortável a esse
público pode nem ser tão complexo.
Bruna entendeu que pequenos ajustes e
substituições já fazem toda a diferença para
quem tem limitações físicas. “Na construção
das peças, são poucos detalhes que fazem
a diferença para eles. Às vezes é um botão
de casinha que poderia ser substituído
por um de pressão, por exemplo, coisas
que não interfeririam no nosso vestuário,
mas facilitariam muito para eles. São esses
pequenos detalhes que faltam na indústria
da moda”, diz.
O despertar para as necessidades de
vestuário desse grupo de pessoas se deu
já no início da faculdade para Bruna. Ainda
no primeiro ano do curso ela se inscreveu
no Concurso de Moda Inclusiva, mas sua
proposta não foi aceita, a partir daí ela
passou a estudar e buscar soluções nessa
linha. “Interessei-me pelo tema, fiz inscrição,
mandei os desenhos, mas eu ainda não
tinha nenhum conhecimento sobre as
necessidades das pessoas com deficiência,
e não fui aprovada. Aí, comecei a me
informar, pesquisar o que tinha disponível no
mercado, e desenvolvi um projeto infantil no
ano seguinte, e fui para a final do concurso.
No ano passado, criei um projeto adulto, para
noiva”, conta.
O look infantil desenvolvido pela estudante
foi pensado para criança cadeirante.
Bruna Godoy voltou sua atenção à Moda Inclusiva
desde o primeiro ano da graduação em Design de Moda
Living Vectra | 93
“Desenvolver peças para o público infantil
foi o que eu senti mais dificuldade, porque,
algo de moda para deficiente destinado a
adultos já se encontra alguma coisa, mas
para o infantil é mais complicado, e não se
pode pensar só na criança, é preciso lembrar
da mãe também, que vai vestir essa criança”,
explica.
Depois de ouvir as queixas e necessidades de
pessoas com deficiência é que Bruna colocou
a mão na massa e passou a desenhar
alternativas de vestuário que fossem viáveis.
Para o look infantil, ela buscou referências na
pop art. A avaliação mais importante foi a do
próprio participante que desfilou seu look.
Ao final do evento, o garotinho cadeirante
se sentiu tão confortável que nem queria
trocar a roupa. “Mas fiz um look extra para
ficar de presente, a mãe já colocou e ele
foi embora com a roupa que eu dei. É uma
experiência enriquecedora”, diz Bruna. No
ano passado, a estudante voltou sua atenção
ao público feminino adulto, com a criação de
um vestido de noiva para mulheres com uma
perna amputada. Nesse caso, a inspiração
veio dos contos de fada. “O objetivo era que
ela se sentisse uma princesa”, revela.
Segundo levantamento divulgado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) no ano passado, 6,2% da população
brasileira têm algum tipo de deficiência.
Mas, como as marcas que se dedicam
a fazer moda inclusiva ainda são raras,
dificilmente essas pessoas conseguem
entrar na loja, comprar a roupa e sair usando.
Com frequência elas precisam antes
procurar um costureiro para
fazer adaptações. A ideia de
concursos como o Moda
Inclusiva é despertar
o interesse de
profissionais e
da indústria para
que as soluções
apresentadas nos
eventos passem a
fazer parte das linhas de
produção.
“Faltam opções no mercado
e ainda faltam profissionais
que se dediquem a isso. As
pessoas estão apenas começando
a tomar consciência desse público.
É uma porta que tem aberta e quase
ninguém vê, porque o mundo da moda está
focado em um padrão pré-estabelecido, e
acaba deixando a necessidade das pessoas
94| Living Vectra
de lado”, critica Bruna. Depois da última
participação no Concurso, a estudante conta
que até já foi procurada por uma marca
de sapatos, que gostou de suas ideias e
também pretende produzir peças adaptadas.
“Acredito que, aos poucos, as empresas
vão percebendo essa brecha e comecem a
investir nisso”. A jovem afirma que pretende
seguir trabalhando com a moda inclusiva.
“Quero fazer moda de uma forma ampla, sem
me restringir a cadeirantes, ou amputados.
Eu quero que seja uma coisa democrática,
que sirva a todos. Uma verdadeira inclusão”,
declara.
city-tour
Um sonho
a dois
Rompendo oceanos e fronteiras, a história de amor
de Alessandro Saba e Cristina Gonçalves se completa
com sucesso também na parceria de trabalho,
na criação de um autêntico “ristorante italiano”
Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez
96| Living Vectra
A tecnologia deu uma mãozinha e aproximou
a londrinense, então professora de italiano,
Cristina Gonçalves e o à época construtor
italiano Alessandro Saba. Logo que se conheceram, começaram a namorar. Por três anos
enfrentaram um relacionamento à distância.
A cada vez que Saba vinha ao Brasil visitar a
amada, organizavam reuniões entre amigos, e
ele cozinhava. “As pessoas diziam: ele tem um
dom, cozinha muito bem; ele precisa montar
um restaurante aqui”, lembra Cristina.
Depois de tantos elogios e sugestões para
transformar aquele dom em profissão, Saba
considerou que seria uma boa ideia seguir os
conselhos dos amigos e decidiu investir em
um restaurante italiano autêntico em Londrina. A cidade e o ponto foram muito bem
estudados pelo chef. O Vittorio Emanuele II foi
inaugurado em 2010, no alto da avenida Higienópolis – o nome é uma homenagem ao
primeiro rei da Itália unificada, que tomou o
poder na segunda metade do século XIX.
O casal percebeu, anos depois, que precisava
de um ponto maior e melhor para receber
os clientes. Há um ano e meio, o restaurante
trocou de endereço – hoje à rua Fernando de
Noronha. “No caminho para casa, todo dia passávamos em frente a esse imóvel, que estava
fechado, e ele dizia: eu gosto dessa casa”, recorda-se Cristina. Saba cuidou pessoalmente de
toda a reforma do imóvel. As paredes e o teto
foram todos revestidos por afrescos, pintura
que retrata fotos da Itália, do acervo pessoal
do chef. Até o próprio Vittorio Emanuele II está
na parede, e parece observar o movimento do
restaurante.
A ligação de Saba com a cozinha é algo que
está no sangue. Sua família mantém há mais
de 30 anos um restaurante na Sardenha. “Cozinhar, para ele, é natural. Desde criança ele ia
para cozinha com as avós, com a mãe. Nasceu
envolvido com a cozinha, por causa da família,
então, para ele, cozinhar é uma diversão”, conta a esposa. Segundo Cristina, o chef se diverte
até hoje, mesmo depois de ter transformado
o hobby em profissão. O prazer de Alessandro
Saba é ver as pessoas se deliciando com seus
pratos. “A gente termina nosso dia de trabalho
e vai jantar juntos, conversar, e ele me pergunta se as pessoas gostaram, o que acharam.
Quando eu digo a avaliação dos clientes, às
vezes, os olhos dele até se enchem de lágrimas”, revela Cristina.
Há seis anos com o restaurante, o casal comemora seu crescimento. “Sempre encontramos
pessoas que torceram por nós, nos prestigiam,
nos dão feedbacks que ajudam a crescer”, diz
Cristina. Eles estão sempre no restaurante, ela
na sala com os garçons, ele comandando a cozinha. “É o jeito italiano de receber e servir o
cliente, porque na Itália sempre tem alguém
da família na cozinha ou recebendo, e a gente
faz a mesma coisa aqui”. Por isso, férias, só coletivas, nada de se ausentar do restaurante. “A
gente coloca primeiramente no trabalho muito amor, respeito pelo cliente, respeito pela cozinha. Quando a gente faz o que gosta, nada é
pesado”, avalia Cristina.
Tagliatelle fresche
al funghi porcini
freschi con olio di
tartufo bianco e
pinoli. Ristorante
Vittorio Emanuele
II conquistou
a certificação
Ospitalità Italiana
Living Vectra | 97
Tudo o que é servido pela família de Saba no restaurante da Itália é servido também aqui, os mesmos pratos, e com os mesmos ingredientes. O
chef importa todos os mantimentos de sua terra
natal, da sêmola de grano duro para a produção
de massas frescas ao queijo mascarpone, utilizado no preparo do clássico doce italiano tiramisù.
E se alguma matéria-prima não chega no prazo,
Saba prefere não oferecer o prato a improvisar
ou substituir ingredientes da receita original. “Nós
preferimos falar que não temos o prato porque o
produto não chegou”, assegura Cristina.
Toda essa preocupação com a qualidade e fidelidade aos insumos italianos renderam ao Vittorio
Emanuele II o reconhecimento de um autêntico
restaurante italiano fora da Itália, com o certificado Ospitalità Italiana. Concedido pelo governo
italiano, é um reconhecimento dos restaurantes
que promovem e preservam a tradicional gastronomia e produtos do país. A certificação envolve a União das Câmaras de Comércio da Itália
(Unioncamere), o Instituto Italiano de Pesquisas
Turísticas (ISNART) e a Câmara Ítalo Brasileira de
Comércio, Indústria e Agricultura (ITALCAM).
Dos quase 70 restaurantes que possuem o selo no
Nas paredes e até
no chão um pouco
do que é a terra
natal do chef
98| Living Vectra
Brasil, a maioria estão em São Paulo. A certificação
2015/16 contemplou entre os novos integrantes
do seleto grupo apenas dois restaurantes fora de
São Paulo, um em Brasília e o Vittorio Emanuele
II, aqui em Londrina. “Londrina ganhou o primeiro
restaurante autêntico italiano. Fomos receber em
São Paulo esse prêmio”, orgulha-se Cristina.
O casal conta que o processo de certificação é
minucioso, e que a maioria dos pedidos não chega a obter o reconhecimento. Dentre as exigências, o restaurante precisa ter ambiente italiano,
cardápio italiano, ao menos uma pessoa fluente
em italiano no atendimento, no mínimo 30% da
carta de vinhos italianos, azeite extravirgem DOP,
entre outros. Um fiscal a paisana também visita o
restaurante para conferir se tudo confere com a
documentação enviada. “É uma coisa muito séria.
Esse é o certificado mais conceituado na Itália
para os restaurantes que estão fora do país. Para
nós, foi muito importante, um reconhecimento
que você realmente trabalha dentro da qualidade e da autenticidade italianas”, pondera Cristina.
O pedido de certificação precisa ser renovado
anualmente, por isso, o casal já se prepara para
a nova etapa, e garantir o selo estampado já na
entrada da casa.
O chef Alessandro Saba
ao lado da figura do
rei Vittorio Emanuele
II, que empresta seu
nome à casa
Tradição que virou negócio
Bebida feita à base de limão, álcool de cereais,
água e açúcar, o licor de Limoncello começou
a ser produzido por Alessandro Saba quase por
brincadeira. O chef teve a ideia de fazer o licor e
oferecer aos clientes como cortesia, ao final do
jantar. A bebida caiu no gosto dos fregueses, e fez
surgir uma nova empresa. “Começamos a oferecer o licor que ele fazia artesanalmente aos clientes, para que eles conhecessem. Com o tempo,
eles começaram a pedir para comprar o licor, mas
a gente não fazia para vender. Depois de vários
pedidos, passamos a engarrafar e vender”, conta
Cristina. O casal agregou a comercialização do licor de limoncello no ano seguinte à abertura do
restaurante.
O aumento da procura pelo licor fez a produção
ser ampliada. Com o aporte de mais dois sócios
investidores, Saba fundou uma pequena fábrica
exclusivamente para produzir a bebida. Desde o
final de 2015, a empresa produz artesanalmente seis sabores de licor: o tradicional limoncello;
crema de limoncello; arancello (laranja); crema
de arancello; mandarinello (tangerina); chocolate
Living Vectra | 99
Linguine
all’Algherese
Linguine al nero di seppia (linguine com frutos do mar e tinta de lula)
com laranja, chamado “Better than sex”. Um sabor mais envolvente que outro.
“A produção é toda artesanal, e vai continuar
sendo artesanal”, garante Cristina. Para eles, a
diferença que tem feito tantas pessoas se apaixonarem pelo licor é justamente a fabricação
artesanal. As frutas são descascadas manual-
100| Living Vectra
mente, uma a uma, o que resulta em uma
bebida ainda mais saborosa que as italianas.
“Na Itália, normalmente devido à mão de obra
cara, eles acabam usando essência nos licores.
O nosso não, é artesanal do princípio ao fim,
limão por limão, descascado à mão”, justifica
Cristina. A receita utiliza apenas a casca externa da fruta, que fica em infusão por 30 dias.
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