- Vectra Construtora
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Edição 15 | 2016 Gleba Esperança O mais novo bairro planejado de Londrina Eco Turismo Capital do rafting, Brotas destaca natureza, história e gastronomia Determinação Empresária londrinense transforma pequeno negócio familiar em companhia premiada MARQUE SEUS TERRITÓRIOS COM X. NOVO BMW X1. COMPLETAMENTE NOVO. Você pode curtir o sol ou observar as estrelas. Dirigir no asfalto ou por estradas de terra. Adorar performance ou comodidade. Ou tudo isso junto. • BMW Remote • Faróis Full-LED • Motor BMW TwinPower Turbo de 231 hp • Tração Integral Inteligente xDrive • Rodas de liga leve de 19” • Abertura e fechamento automático do porta-malas com capacidade de 505 litros BMW EFFICIENTDYNAMICS. MENOS EMISSÕES. MAIS PRAZER DE DIRIGIR. Euro Import • Chamada de Emergência Inteligente • Bancos dianteiros esportivos com ajustes elétricos e função de memória para motorista • BMW ConnectedDrive com Serviços de Concierge • Sistema de Navegação com Informações de Trânsito em Tempo Real • Teto Solar Elétrico Panorâmico Euro Import euroimport.com.br Puro Prazer de Dirigir MELHOR A CADA EVOLUÇÃO. E CADA VEZ QUE VOCÊ DIRIGE. Euro Import Novo BMW Série 3 euroimport.com.br Puro Prazer de Dirigir NOVO BMW SÉRIE 3. O sedã premium mais vendido do mundo ficou ainda mais sofisticado. Mais esportivo, contando com Motor TwinPower Turbo Flex de 184 cv. Tração traseira. Câmbio automático de 8 marchas. Driving Experience Control com Eco Pro. Regeneração de energia de frenagem. Auto Start Stop e faróis em LED. Conta ainda com o BMW ConnectedDrive, com Chamada Inteligente de Emergência. BMW EFFICIENTDYNAMICS. MENOS EMISSÕES. MAIS PRAZER DE DIRIGIR. Faróis em LED Chamada de Emergência Inteligente Câmbio automático de 8 marchas Todos juntos fazem um trânsito melhor. editorial Fiat lux 2016 começou com muitas sombras sobre as previsões do futuro próximo, tanto no Brasil quanto em outros países. A revista Living Vectra, como todo veículo vivo e conectado à realidade de seu público, também repercute e traz à luz, do seu modo peculiar, londrinense e construtivo, as editorias mais comentadas nos últimos meses. Economia Não vamos falar sobre recessão, desemprego e aumento da carga tributária. Vamos destacar a empresária londrinense Márcia Manfrin, que enxerga novas oportunidades em tempos de crise e que almeja um crescimento de 30% em seus negócios para este ano. Um exemplo de empreendedorismo a ser seguido. Política Não vamos falar sobre Lava Jato, vácuo moral e impeachment. Vamos destacar o ex-prefeito de Londrina José Hosken de Novaes, que passou sem máculas pela vida pública e que legou como principal patrimônio uma biblioteca. Um exemplo do passado como esperança para outubro. Mundo Não vamos falar sobre conflitos no Oriente Médio, fluxos migratórios e xenofobismo. Vamos destacar o engenheiro mecânico Feras Orfali, refugiado sírio que tenta reconstruir a vida em Londrina a partir de seus conhecimentos culinários. Um exemplo de perseverança e espiritualidade. Saúde Não vamos falar sobre dengue, zika vírus e chikungunya. Vamos destacar os grupos de pessoas que aliam a prática de exercícios físicos com a ocupação dos espaços públicos, promovendo a saúde coletivamente. Um exemplo de reinvenção da malhação, a partir da atenta observação dos desejos das pessoas que convivem no espaço urbano. Meio ambiente Não vamos falar sobre enchentes, rios de lama e descaso governamental. Vamos destacar o ecoturismo em Brotas e sua preocupação com a preservação das matas e dos abundantes recursos hídricos. Um exemplo de engajamento socioeconômico sustentável, que desenvolve o turismo e preserva a história e a cultura locais. Tudo isso, além de tudo que a Living Vectra sempre oferece. Não é bom quando jogamos luz sobre nossas dúvidas e clareamos o caminho? Fiat lux... e boa leitura! Fábio Mansano Coordenador de comunicação Vectra Construtora Nascente Areia que Canta, uma das atrações turísticas de Brotas (SP). Este selo indica que o papel utilizado nesta publicação foi produzido com madeiras de florestas certificadas FSC® (Forest Stewardship Council) e de outras fontes controladas. expediente Edição 15 | Março - 2016 Living Vectra é uma publicação periódica da Vectra Construtora Ltda. Tiragem: 6.000 exemplares Impressão: Midiograf Para anunciar: 43 3376-4444 A revista LIVING VECTRA é uma publicação de distribuição gratuita e dirigida e seus exemplares não podem ser comercializados. www.livingvectra.com.br Av. Harry Prochet, 1200 Jardim São Jorge - 43 3324-1200 CEP 86047-040 - Londrina - PR Pauta, texto e edição: Nara Chiquetti Fotografia: Fábio Pitrez Diagramação: Alessandro Camargo Colaboração: Bruno Ferraro, Fábio Alcover, Gustavo Camilo, Paulo Briguet e Ronnan Moraes Rua Dr. Elias César, 55 - 14º andar Jardim Caiçaras - 43 3376-4444 CEP 86015-640 - Londrina - PR Diretor-presidente: Manoel Luiz Alves Nunes Diretora-administrativa: Roberta Nunes Mansano Coordenador de comunicação: Fábio Mansano Equipe de comunicação: Brunno Borghesi, Clara Grossi, Claudinea Cardoso, Giovanna Moco e Tito Paccola É proibida a reprodução parcial ou completa do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da Editora Drapeau. Somente as pessoas que constam neste expediente são autorizadas a falar em nome da revista. cartas [email protected] Cartas, críticas e sugestões Este espaço na Living Vectra está aberto a vocês, leitores, para sugestões e críticas, que podem ser enviadas para [email protected]. Caso queira receber a publicação em casa, envie-nos um e-mail com seus dados para cadastro. ÍNDICE Biblioteca 18 José Hosken de Novaes combinou ousadia e austeridade em sua gestão à frente da Prefeitura de Londrina Porta-retrato 22 O repórter fotográfico Anderson Coelho registra uma cena cotidiana da pequena cidade de Afuá, no interior do Pará Sala de estar 24 Área de lazer Brotas é destino tanto para quem busca diversão radical, quanto para quem quer paz e sossego em meio à natureza 46 Apartamento no Liberty Towers foi paixão à primeira vista para casal Ana Carla e Antônio Tripoloni Neto Estúdio 30 Arquitetos Marilda Marchiori e Zeca Repette indicam como decorar com praticidade, funcionalidade e muito conforto Estante 38 Planejado e acessível, o novo bairro Gleba Esperança inova e moderniza a ligação entre as regiões Sul e Oeste de Londrina Janela 70 Com visão empreendedora, Márcia Manfrin transformou o pequeno negócio familiar em uma companhia premiada Moldura Longe das academias, prática de exercícios físicos ao ar livre tem se ampliado, e vai de simples corrida a treinos que exigem força e resistência 12 Home office 76 Executivos encontram no método GTD ferramentas de gestão do tempo para ganharem qualidade de vida Galeria 80 Organizações auxiliam refugiado de guerra a descobrir uma nova vida em meio à paz das terras vermelhas Área de serviço 86 Para viagens seguras, elevadores exigem manutenções periódicas e cuidados na forma de uso Álbum 87 Sexta edição do Encontros Folha discute a sustentabilidade empresarial Alto-falante 88 Há mais de 30 anos nos palcos, Luke de Held é importante nome do blues londrinense 96 City-tour Restaurante Vittorio Emanuele II é reconhecidamente uma autêntica casa italiana Closet 92 Estudante de Design de Moda da UEL, Bruna Godoy volta sua atenção à moda inclusiva Papel de parede 102 Guerra de Ilustrações homenageia as seis décadas do Londrina Esporte Clube (LEC) 32 Mobília Fernando Jaeger comprova que o design em móveis pode ser acessível, duradouro, atemporal e estar pronto para ser levado para casa moldura Sob sol ou chuva, lá estão eles: os grupos de exercícios ao ar livre, que têm ganhado cada vez mais adeptos em Londrina Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez Disposição e 12| Living Vectra suor Living Vectra | 13 É só observar um pouquinho e perceber que em cada praça, parque, onde tiver um espaçozinho ao ar livre, certamente ali vai estar algum grupo de pessoas que se juntam para praticar atividades físicas, cuidando da saúde e fazendo amigos. As opções são variadas, de caminhada a treinos que exigem força e muita resistência física. Seja com acompanhamento profissional, seja por conta própria, o número de pessoas que prefere fugir um pouco da academia e praticar exercícios físicos ao ar livre tem aumentado nos últimos anos. Os grupos contam com integrantes de várias idades, mas se destacam os adultos acima de 25 anos. Segundo o personal training Ricardo Monson, do Studio Carpe Diem, os equipamentos públicos como parques, pistas de ciclismo e caminhada favorecem a prática de exercícios fora das academias. Dentre as modalidades mais praticadas estão corrida, caminhada, treinamento funcional, ciclismo e o treino do dia, que une força e resistência física. No caso do treinamento funcional, que é aquele dedicado a melhorar as atividades que a pessoa executa diariamente, Monson alerta que o ideal é que seja feito em grupos reduzidos e homogêneos, para melhorar o aproveitamento da atividade. “Mais que algumas poucas pessoas que tenham as mesmas características, você perde o funcional. Fica na verdade um treino criativo, dinâmico, mas que é incapaz de trazer condicionamento físico harmônico”, explica. Ricardo Monson coordena grupos de corrida desde 2010. Segundo ele, ao contrário do que muita gente pensa, a corrida não é algo simples. “A pessoa pensa que não precisa de orientação para correr, mas esse tipo de treinamento baseado no senso comum, na maioria das vezes, leva a lesões, seja por problemas relacionados à técnica mal realizada ou mesmo ao planejamento de cargas inadequadas de treinamento ao longo do ano”. Mesmo correndo em grupo, cada aluno realiza o treino conforme sua capacidade física. “Nas turmas, cada aluno recebe o seu planejamento, com sua quilometragem diária, respeitando suas características individuais. Assim, cada um realiza o seu treino, mas todos juntos”, explica Monson. O personal training comenta que a progressão ininterrupta dos quilômetros a serem vencidos é extremamente prejudicial, pois leva a desgaste e complicações físicas. “Por isso, fazemos um planejamento semestral”, diz. Para correr ou mesmo pedalar, além de progredir gradativamente, seja em grupo ou sozinho, o cuidado com o fortalecimento muscular e com o alongamento é fundamental. “O mais adequado é que o aluno faça um trabalho de fortalecimento muscular e alongamentos específicos, para evitar problemas”, alerta. O programa de treinamento desenvolvido por Monson vai desde o desenvolvimento da flexibilidade e condicionamento cardiorrespiratório, evoluindo gradativamente até a fase em que o aluno está preparado para participar de competições. “Na fase competitiva a gente usufrui dos ganhos acumulados no semestre, o melhor rendimento, que é seguida pela fase de transição, em que a intensidade dos treinamentos diminui e um novo ciclo de preparação se inicia”, ensina. Jefter Proscêncio corre há um ano e meio e está justamente na fase competitiva. Em abril, participa de sua primeira maratona. Serão 42 km a serem percorridos. “É um sonho, uma vitória a cada dia de treinamento”, comenta. Para se sentir apto a correr todo o percurso, Proscêncio tem a rotina de praticar todos os dias com o grupo. Mas, garante: nada de se tornar profissional. “Ser um amador forte já está bom”, brinca. Para aqueles que optam por corridas ou bike, alongamentos e fortalecimento muscular são essenciais para evitar lesões Há cinco anos se exercitando nas pistas de Londrina, Alessandra Movio já coleciona participações em competições: Meia Maratona do Rio de Janeiro, São Silvestre e Volta da Pampulha, fora os eventos locais. “Terminar uma corrida é muita emoção”, afirma. Ela aponta que o maior benefício é a melhora que sentiu na qualidade de vida. “No começo é bem difícil a adaptação, parece que você não vai conseguir. Mas, depois, é só benefício”, comemora. Já para aqueles que, além de treinar em grupo e ao ar livre, estão dispostos a enfrentar um desafio novo a cada aula, o WOD (Workout of the day), o “treino do dia” em português, pode ser a opção ideal. O grupo começou por acaso. Os educadores físicos Pedro das Chagas Neto e Henrique Covolo trabalhavam em academia, e decidiram treinar em outro ambiente, ao ar livre, todos os sábados. Com apenas alguns equipamentos, montaram um trabalho para eles e mais quatro pessoas. Mas outras pessoas que passavam pelo aterro do Lago Igapó começaram a pedir para participar. Inicialmente eles não cobravam nada e os participantes seguiam a sequência de exercícios que eles executavam. Até que a turma cresceu demais e os treinos chegaram a reunir quase uma centena de pessoas. Living Vectra | 15 Os profissionais sentiram necessidade de orientar o grupo e passaram a montar aulas especificas. “Vimos que a ideia das pessoas treinarem outdoor foi bem aceita, e que isso poderia virar um negócio”, revela Chagas Neto. Para dar conta do grande número de alunos, o time de professores também teve de crescer. Hoje o WOD conta ainda com Bruno Correa, Mateus Gaio e Júnior Santos. Os educadores físicos preparam as aulas, acompanham e orientam os cerca de 100 alunos, divididos entre quatro turmas ao longo da semana, mantendo inclusive os treinos aos sábados. O objetivo do trabalho é melhorar o condicionamento físico geral, explica Chagas Neto. “O que a gente pensa é preparar as pessoas para terem um bom nível de força, resistência, coordenação, agilidade. Deixá-la apta a fazer qualquer tipo de situação”. Alguns dos efeitos colaterais são emagrecimento, por causa do grande gasto energético, bem-estar, disposição, fortalecimento muscular. “São esforços gerais, que mexem com o corpo todo, não apenas grupos musculares isolados como tradicionalmente acontece nos treinos de academia. A gente chama de treinamento integrado”, explica. E a ideia é suar a camisa mesmo, correr, agachar, levantar peso, tudo em um único treino, e nunca um igual ao outro. “Digo às pessoas que vem para cá: acredite, eu vou deixar sua vida difícil”, alerta Chagas Neto. “Tenho que tirar o aluno de sua zona de conforto; se eu não faço isso, não evolui”. Apesar de ser o mesmo treino para todos, o participantes são divididos em níveis: iniciante, intermediário e avançado, o que ajuda a deixar o grupo mais homogêneo. Assim, a evolução é gradual. “O bloco de treino do dia pode ser executado tanto por aquele aluno de nível avançado, quanto por quem está começando Ricardo Monson trabalha com grupos de corrida de rua há seis anos hoje, respeitando a limitação de cada um, para que ele evolua seu condicionamento”. Essa baliza se dá pela intensidade e número de execuções em determinado tempo. “Alguns exercícios podem até ser adaptados para que o aluno iniciante consiga executar, mas não menos difícil”, assegura o professor. Esse formato de treino surgiu a partir de uma junção de experiências vividas por Chagas Neto. “Eu estava cansado de musculação. Tive a oportunidade de treinar os participantes da Super Liga de Vôlei que aconteceu em Londrina, e o trabalho com o atleta é diferente, sempre treina movimentos, nada isolado. Foi o primeiro start para a mudança de comportamento em relação ao meu trabalho”, conta. Por causa de uma lesão, o professor passou a conhecer formas de se exercitar utilizando apenas o próprio peso corporal. “Fui conhecer o treinamento funcional, crossfit e ginástica natural. Juntei tudo isso, e vi que dava para ser aplicado aos alunos, pois permite desenvolver força, resistência, velocidade. Tudo isso tudo formou o WOD, um treino diferente a cada dia”, aponta. O grupo existe desde 2014, e conquista novos alunos sempre pelo boca a boca. Normalmente as aulas são no Zerão. Como forma de motivação e desafio, o grupo passou a participar de competições de força e resistência. Um estímulo para que os participantes superem seus limites. E o número de alunos dispostos a testar se os treinos valem a pena só aumenta. Para o próximo evento, que acontece em abril, já estão confirmadas 70 pessoas. Outro desafio que os professores pretendem inserir é a participação em corrida de montanha, ainda este ano. 16| Living Vectra Grupo de profissionais de educação física aplica treinos dinâmicos e diferenciados a cada aula SAC - 0800 400 6100 unimedlondrina.com.br C m attiv Co vid dad ade e fí físi siica ca,, uma um a al alim im men enta t çã ta ão equi eq uiiliibr b ad da e o me melh lhor lh or a o ac om mpa panh nham nh a en am nto t m di mé dico c , vo co você cê pod de viive er ma mais iss e mel e ho hor. r r. Come Co mece me ce e uma m vid da ma aiss saud sa udáv ud ável ell hoj e o e me m sm smo. o. L nd Lo ndri rina ri a biblioteca Entrevista com um Senhor Prefeito O advogado mineiro José Hosken de Novaes (1917-2006) é um nome que honra a Galeria de Prefeitos de Londrina. Sua gestão, nos anos 60, combinou ousadia e austeridade Por Paulo Briguet Fotos Arquivo Museu Histórico de Londrina No ano de 1995, um jovem repórter esquerdista foi pautado para cobrir o enterro do empresário londrinense José Garcia Molina. Meio indignado com o tema tão pouco revolucionário, o rapaz seguiu para o Cemitério São Pedro junto com João Milanez, fundador da Folha de Londrina, que pretendia dar o adeus ao amigo. Milanez, sempre muito despachado, foi conduzindo o repórter e ordenou que ele entrevistasse um senhor de bigode, que vestia um digno porém velho terno e gravata. Garoava; durante a entrevista, repórter e entrevistado se abrigaram debaixo de uma seringueira, mas mesmo assim algumas gotas caíam sobre o bloquinho de anotações do jovem. Muito simpático, o entrevistado respondeu a todas as perguntas do jornalista, que ao final perguntou: — Qual é o seu nome? — José Hosken de Novaes. Milanez presenciou a cena e ficou indignado por um repórter de seu jornal não reconhecer um homem tão importante para Londrina e o Paraná. A partir daquele momento, o repórter inexperiente, que vem a ser o autor destas linhas, descobriu que precisava estudar melhor a história da cidade que dizia tanto amar. De vez em quando, passeando pelas ruas de Londrina e refletindo sobre os intermináveis escândalos da política brasileira, eu penso que perdi uma excelente oportunidade de conversar mais um pouco com Dr. Hosken. Quando vejo algum senhor de terno e gravata na rua, chego a pensar rapidamente: "será que é o Dr. Hosken?" Mas aí eu lembro que ele morreu há dez anos. O que José Hosken de Novaes diria sobre a vida política atual? É bem possível que reservasse alguma palavra de elogio à atual administração de Londrina — agora que a Prefeitura finalmente saiu dos noticiários policiais —, mas nem imagino o que ele teria a comentar sobre o mar de lama do país e do Estado. Se eu pudesse voltar no tempo e entrevistar de novo o ex-prefeito de Londrina (gestão 1964-1969), perguntaria a ele sobre sua infância em Carangola, Minas Gerais, onde nasceu em 1917. Pediria a Hosken que falasse um pouco sobre seu pai alfaiate e sua mãe dona de casa. Antes de entrar nos temas políticos, discutiríamos literatura. Muitos anos depois daquela manhã no cemitério, debaixo da seringueira, eu trabalhava em outro jornal da cidade e fiz uma reportagem sobre a biblioteca do Dr. Hosken, que estava sendo vendida a um sebo, após a morte de sua esposa Adelina. Ao visitar a biblioteca de Hosken — que nenhuma universidade teve interesse em adquirir —, surpreendeu-me a qualidade dos títulos e sua especial predileção pela Divina Comédia. Ele possuía edições da obra-prima de Dante em diversos idiomas, todas com páginas marcadas pelo uso. Na Comédia, o gênio flo- rentino realizou a mais feliz descrição poética da alma humana segundo a ordem cosmológica. Isso diz muito sobre quem foi Dr. Hosken — a começar pelo fato de um homem público ter como seu principal bem uma biblioteca… Depois de passar um longo tempo entre os livros de Dr. Hosken, contemplei por alguns instantes a escrivaninha, o terno colocado sobre a cadeira e a máquina de escrever que ele havia utilizado por muitos anos. Após ter sido prefeito e governador, Hosken voltou para aquela mesinha e advogou até quando a saúde permitiu. Morreu pobre. Sua única riqueza eram os livros, que acabaram sendo vendidos para o sebo. Em um depoimento ao Centro de Documentação e Pesquisa Histórica da UEL, em 1992, Hosken falou de seu amor pelo ofício: “Tenho uma profissão. Trabalho nela, estudo muito, leio muito. Só faço isso e não tenho tempo para mais nada”. Hosken chegou a Londrina em 1941. Formado pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio, começou morando numa casa que funcionava também como escritório de advocacia, na rua Sergipe. Atuava em pequenas questões fundiárias e penais. Mas tinha um objetivo: queria ser protagonista da história da cidade. Hosken logo percebeu que “a vocação de Londrina era a grandeza”, e para isso eram necessários homens públicos com disposição para servir — e não para ser servidos, como acontece tantas vezes. Para fazer política como quem faz história, exige-se austeridade moral: “O bem público é intocável, é sagrado”. Filiado à conservadora UDN (União Democrática Nacional), José Hosken de Novaes candidatou-se a prefeito em 1963, obtendo uma vitória eleitoral relativamente tranquila. Ele sucedeu à segunda administração de Milton Menezes, seu amigo e padrinho de casamento. “Nunca tive dificuldade para governar. Naquela época, se você era um homem de bem, correto, justo, tinha total liberdade para aplicar suas ideias e princípios”, afirmou Hosken. “Enquanto estive na Prefeitura, nunca ninguém me propôs ou pediu algo inconveniente. Era uma política de alto nível, uma democracia efetiva”. Para Hosken, o homem público deve ter o dom de se comunicar. O exercício da comunicação teve início logo que o jovem advogado chegou à cidade, em 1941. Ele se aproximou de Humberto Puiggari Coutinho, dono do jornal Paraná Norte e tornou-se um colaborador regular da publicação, escrevendo artigos de opinião e notas informativas. Além da atuação jornalística, Hosken também se destacou por suas participações no Tribunal do Júri. Em sua administração, Hosken criou alguns marcos para a cidade. O maior deles, sem dúvida, foi a fundação do Sercomtel (Serviço de Comunicações Living Vectra | 19 20| Living Vectra Telefônicas de Londrina). Criada por decreto em 1964, a autarquia começou a funcionar efetivamente em julho de 1968. O primeiro telefone público foi instalado no pavimento superior da Rodoviária de Londrina (hoje Museu de Arte). Era um aparelho vermelho, de fabricação japonesa, que funcionava à base de moedas. Ficava ao lado da barbearia. Cada ligação custava cinco centavos, dando direito a dois minutos de conversa. Mas o espírito inovador de Dr. Hosken não se restringiu à telefonia. Ele criou, em 1965, a Companhia de Habitação de Londrina (Cohab-Ld) para responder à demanda por urbanização de favelas e construir os primeiros conjuntos habitacionais da cidade. Também criou o Serviço Municipal de Água e Esgoto, que anos depois viria a ser encampado pela Sanepar. O SOS era o órgão responsável pelo atendimento social e tinha um modus operandi bastante claro: “Os pedintes que estiverem em condições de trabalho, encaminhamos para as empresas; os doentes, para a casa de saúde; e os malandros, para a cadeia”. Testemunha das grandes transformações na cidade, Dr. Hosken voltou a advogar após o fim do mandato na Prefeitura, mas nos anos 70 foi convidado para ser vice-governador na chapa de Ney Braga (em eleição indireta; estávamos no regime militar). Em 1982, Ney candidatou-se ao Senado e Hosken assumiu o governo do Estado por alguns meses. Fizeram uma grande solenidade de posse. No Palácio, ao ver toda aquela pompa, toda aquela gente reunida, Hosken disse apenas: “Mas não era pra tanto. É só uma possezinha…” Depois de entregar o cargo a José Richa (eleito por voto direto em 1982), Hosken voltou para o seu escritório, para os seus livros e para suas aulas de Direito na UEL. Ninguém sabia, mas todo o seu salário na universidade era destinado a instituições filantrópicas. Na visão de Dr. Hosken, o homem público deve estar disposto ao empobrecimento pessoal. Hosken levava essa filosofia muito a sério: chegou a recusar um alto cargo no Tribunal de Justiça do Paraná. Talvez eu tivesse muito mais a dizer se, naquela manhã de garoa, soubesse quem era José Hosken de Novaes. Mas eu não sabia. Escrevo este perfil com um pedido de desculpas e uma citação do seu querido Dante, em respeito ao mestre Virgílio: “Íamos, eu atrás, ele adiante / quando, por uma fresta, as coisas belas / nos sorriram, do espaço deslumbrante: / E ao brilho caminhamos das estrelas”. Gosto de pensar nessas “estrelas” como as que estão na bandeira de Londrina. O autor agradece a imprescindível colaboração do jornalista e escritor José Antonio Pedriali. Living Vectra | 21 porta-retrato 22| Living Vectra Paixão Foto Anderson Coelho Repórter fotográfico paraense, Anderson Coelho registra em imagens as peculiaridades de sua terra natal. Esta imagem foi capturada em Afuá (PA) durante uma reportagem sobre o cotidiano da pequena cidade cravada na Ilha do Marajó. Lá, somente bicicletas são permitidas no perímetro urbano e o tempo é medido pela leveza dos rios amazônicos. “Nesse dia, andando pelos campos alagados, encontrei esse campo de futebol feito com serragem, e muitos garotos disputando o pênalti. Esse gol foi o mais aclamado e comemorado daquele fim de tarde”. Living Vectra | 23 sala de estar Amor à primeira vista Em cada cantinho do apartamento, um toque do casal. Detalhes que fazem toda a diferença no astral do lar Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez 24| Living Vectra Living Vectra | 25 O jovem casal Ana Carla Tripoloni, nutricionista, e Antônio Tripoloni Neto, publicitário, planejaram bem o casamento, que aconteceu há quatro anos. Mais de um ano antes de subirem ao altar, eles já haviam adquirido, ainda na planta, o apartamento da família, no Edifício Liberty Towers. O casal conta que foi amor à primeira vista, assim que entraram no decorado. “Quando entramos no apartamento, falamos: é esse! Não tinha dúvida, por causa da sala. Todos os apartamentos do mesmo tamanho que visitamos antes tinham aquela sala pequena, em 'L'. Quando nos deparamos com essa salona aqui, brilhou os olhos!”, conta Tripoloni Neto. “A gente diz aos amigos que o apartamento é pequeno, por causa da metragem, mas a pessoa chega e se impressiona com o espaço da sala”, diz. O casal explica que, como ainda não tem filhos, preferiram dar maior importância a essa área, que é também integrada com a cozinha e jantar. “Chegar em casa é uma sensação de realização muito grande. Primeiro pela conquista de ter comprado um imóvel; acho que ter sua casa é o sonho de todo mundo. E a gente tem que se sentir bem, ser um lugar de paz, de descanso, onde você pode renovar suas energias para começar no outro dia tudo de novo; e é isso que a gente sente aqui. Superou nossas expectativas”, declara Ana. A planta foi mantida toda original. “Esse é outro ponto positivo, o fato de não precisar alterar a Antônio Tripoloni Neto e Ana Carla Tripoloni comemoram a conquista do imóvel Sala ampla foi principal item que conquistou o casal Home office integrado é o cantinho de estudos do publicitário planta, porque gastar um dinheirão com alterações não convém, já tem que comprar uma coisa que se encaixe à família”, avalia o publicitário. O objetivo do casal foi aproveitar da melhor forma cada espaçozinho do apartamento. O arquiteto Fabrício Ronca auxiliou nessa tarefa. Um bom exemplo disso é a cristaleira, que Ana fez questão. “Aproveitamos o espaço entre a porta e a geladeira para a cristaleira que ela tanto queria, e ficou perfeito”, comenta Tripoloni Neto. Onde mais foi possível, eles encaixaram um armário ou nichos, como os que ficam sobre a bancada. “A gente ganhou muitos presentes de casamento, cristais, porcelana, e não tínhamos onde colocar, iria ficar tudo encaixotado, e assim acho que ficou de uma forma bem legal, exposta, funcional” defende Ana. Até o espaço da sacada foi todo aproveitado. Na área técnica, que abriga o aparelho de ar condicio- nado, o proprietário solicitou a instalação de um banco sobre o aparelho, e é dali que ele gosta de observar o horizonte. “Quando eu vinha acompanhar a obra, ficava sentado sobre o ar condicionado, e aí tive a ideia do banco. Adoro ficar sentado ali”, comenta Tripoloni Neto. O revestimento também é todo original. De extra, apenas o azulejo na parede da pia da cozinha. “Escolhemos juntos os móveis, as cores, os detalhes, muitos dos objetos são presente de casamento, mas a gente que escolheu”, ressalta Ana. O apartamento tem dois dormitórios, o do casal e outro, que deve ser para o bebê que planejam para o futuro. Por isso, a solução encontrada por eles para não ficarem sem home office foi fazer um cantinho para trabalho junto à sala. “A gente usa bastante a escrivaninha e o quadro-negro. As pessoas mais importantes que frequentam nossa casa deixam mensagens, recadinhos para nós”, co- Living Vectra | 27 menta Ana. Antônio está cursando outra faculdade, e também usa o espaço para estudo. Os quadros que colorem a parede da sala são fotografias feitas pelo próprio publicitário. “Pedi para o arquiteto colocar na composição essas fotos minhas, são imagens de quando a gente morou no exterior, em Londres e Paris, e também daqui de Londrina”, diz. Uma das imagens foi inclusive escolhida para compor o calendário da Maratona Fotográfica "Clic o Seu Amor por Londrina", evento patrocinado pela Vectra. Coincidentemente, assim que casaram, enquanto aguardavam a entrega do apartamento, o casal morou em outro empreendimento Vectra, o Studio D. “Gostávamos muito de lá também, bem localizado. Começamos a gostar da Vectra já ali”, diz Tripoloni Neto. Segundo eles, o padrão de acabamento foi outro ponto importante na decisão de compra. “Ficamos muito satisfeitos com tudo o que entregaram. Nada deixou a desejar ou faltou. Recebemos o que foi combinado e dentro do prazo, isso é muito importante”, avalia Ana. Quando a família começar a crescer e vierem os filhos, o apartamento pode ficar pequeno, ai a solução o casal já tem. “Quando o apartamento começar a ficar pequeno, a chance de comprarmos outro imóvel da Vectra é grande”, diz Ana. Casal investiu em armários para deixar o apartamento funcional e organizado 28| Living Vectra estúdio Por Nara Chiquetti Fotos Acervo pessoal Dicas de decoração Marilda Marchiori e Zeca Repette Parceiros há quase três décadas, Marilda Marchiori e Zeca Repette, do escritório MZ Arquitetura, somam vasta experiência em projetos arquitetônicos e de interiores, residenciais e comerciais. Segundo os profissionais, decorar não é uma tarefa tão simples quanto parece. Além de respeitar a identificação de cada pessoa com um ou mais estilos, é preciso levar em conta hoje em dia três pontos importantes: praticidade, funcionalidade e conforto, muito conforto. Foto: Fábio Pitrez “Nada mais natural que desejar expressar na decoração de interiores um pouco da personalidade de quem mora ali. Entretanto, nem sempre é fácil colocar, de forma visual, um desejo, uma vontade ou uma característica pessoal”, lembram os arquitetos. Um ponto-chave é conhecer e ter exata noção do espaço que se tem, para não sobrecarregálo com muitas informações: espaço é luxo, quanto mais espaço sobrando melhor. As dicas seguintes ajudam a compor esses espaços de forma harmônica. A geometria também está em voga nas paredes. Triângulos, losangos e quadrados dão um ar de modernidade e trazem referências da pop art aos ambientes, seja com efeito tridimensional ou não. Os papéis de parede dão conta do recado. Espelhos, quando bem utilizados, também garantem soluções inusitadas. Utilizar estantes e prateleiras nos ambientes não são uma novidade. O que há de novo aí é o fato de que hoje elas passaram de coadjuvantes a protagonistas dos espaços. Anteriormente, eram utilizadas apenas com o intuito de expor objetos decorativos, mas hoje apresentam soluções e formas cada vez mais criativas. Alguns exemplos são as irregulares, com nichos de diferentes tamanhos e formatos. Podem ser simplesmente suspensas, vazadas ou dividir ambientes, sem limitar visualmente os espaços. Dentro dos recursos inovadores para decorar um espaço, as paredes ganharam grande força, desde o simples fato de usar cores mais inusitadas até a aplicação de uma dezena de revestimentos. Para não perder o controle do resultado fica a dica: seja mais cauteloso na decoração de interiores, utilizando cores fortes nos objetos, como almofadas, mantas, mesas de canto, abajures ou vasos. Enjoou, troca! Rechear a parede com molduras e arte digital também tem sido uma tendência cada vez mais adotada. O ideal é alterar molduras grandes e pequenas, e também diferentes formatos, além de acrescentar algumas coloridas para destacar a composição. A iluminação é uma grande aliada na decoração de Interiores, pois produz diversos efeitos: de maior aconchego nos ambientes de sala, mais eficiente nos nas áreas de trabalho, valorizando revestimentos aplicados nas paredes, e pode ser inclusive cênica em alguns pontos. Revestimentos inovadores como os em 3D, que garantem o uso da estética de relevos, texturas e volumes – sejam eles cimentícios, fibra de bambu, cerâmica ou mesmo em madeira – criam a percepção do efeito tridimensional, cada vez mais integrado à arquitetura. Uma das vantagens dessa técnica é que ela é extremamente versátil, podendo ser utilizada em ambientes residenciais, comerciais ou corporativos. mobília Design que se multiplica Criador de um conceito próprio em mobiliário, Fernando Jaeger comprova que o designer pode ser acessível, duradouro e atemporal Por Nara Chiquetti Fotos Divulgação Design, qualidade e ergonomia são itens essenciais nas criações de Fernando Jaeger 32| Living Vectra Desenho limpo, linhas ergonômicas, equilíbrio entre materiais, durabilidade e excelente custo-benefício são algumas das características das criações do designer gaúcho Fernando Jaeger, que a partir de um conceito próprio de criação e produção, comprova que o designer pode ser acessível à maioria dos brasileiros. Uma história que o acaso deu um “final feliz”. Foi mais ou menos como uma cena de filme. Um papel promocional foi parar, com ajuda do destino, nas mãos de Fernando Jaeger, então estudante que pretendia seguir na área da saúde. “Na época do curso pré-vestibular para medicina que estava fazendo no Rio de Janeiro, deparei-me com um folheto falando sobre o curso de Desenho Industrial. Desde então mudei os rumos e, foi por acaso, no meu primeiro emprego, que me descobri um designer de móveis”. Até então Jaeger nem sonhava em trabalhar com móveis. O mercado de trabalho restrito e a oportunidade que se abriu nessa área foram as motivações. “Resolvi abraçá-la e depois acabei gostando”, conta. O talento para o desenho, no entanto, é algo nato do designer, que preza por traços simples e formas atemporais. “Eu digo que sou um designer desde pequeno, quando gostava de passar horas desenhando carros, motos e aviões, mas não tinha conhecimento disso como formação”. Fernando Jaeger explica que, em sua concepção, o design é mais que um desenho bonito, é soma de um conjunto de fatores: desenho, ergonomia e produção. Entre as principais características de suas criações, pode-se notar o desenho limpo – que segundo ele não cansa e não sai de moda –, a mistura de materiais e ainda o uso de madeira natural de várias espécies. Dos materiais que emprega em suas criações, este último é o que mais lhe desperta o prazer de criar. “A madeira é o material que mais gosto de trabalhar, por sua diversidade de tipos e desenhos, pela sua maleabilidade e as inúmeras possibilidades de formas que ela te dá”, justifica. Para Jaeger, cada móvel de madeira natural é uma peça única, “porque o desenho e tom de uma madeira, mesmo que ela seja de uma mesma espécie, nunca vai ser igual uma a outra”. Para o designer, é fundamental que o móvel seja também pensado de forma que possa ser usado por longo tempo. “Não gosto de marcas que se preocupam com design, mas não pensam na qualidade, e com isso acabam produzindo um produto que durará pouco tempo e terá que ser substituído, gerando assim uma obsolescência planejada”, critica. “Além disso, sempre busquei fazer peças de design com um preço acessível, que não seja algo inatingível para a grande maioria das pessoas. Para isso, tenho sempre que pensar nos materiais Mesa Saturno Living Vectra | 33 Rack Torii e processos de produção quando estou projetando um novo produto”, acrescenta. Em mais de três décadas de profissão, Jaeger criou seu conceito, desenvolvendo um design acessível e atemporal, algo que facilita a produção em série, mas ao mesmo tempo não deixa de ser artesanal. O uso de madeiras alternativas e de reflorestamento trouxe importantes premiações ao designer, que busca inspiração nas mais variadas formas e lugares. “Algumas das minhas criações surgiram em viagens, visitas a museus e até mesmo no chão da fábrica. São em momentos que a cabeça está mais aberta que surgem novas e boas ideias”. Além da inspiração em grandes nomes do design. “Desde o início de minha carreira inspirei-me no design da Bauhaus, dos países nórdicos, em Charles & Ray Eames e, aqui no Brasil, em Tenreiro, Michel Arnouldt e Sérgio Rodrigues”, afirma Jaeger. Fernando Jaeger inaugurou seu primeiro showroom em 1995, em São Paulo. Atualmente, são quatro lojas em São Paulo e duas no Rio de Janeiro que vendem em média quatro mil peças por mês. Ao longo de sua carreira, desenvolveu não só seu estilo profissional, mas também um novo conceito em lojas próprias e peças de designer prontas. Hoje, trabalha com duas linhas de produtos: Fernando Jae- ger Atelier e FJ Pronto pra Levar!. A divisão da marca, explica ele, surgiu de uma necessidade constante dos clientes e de uma mudança no mercado imobiliário. “Quando tinha apenas a linha sob encomenda, via que muitos clientes não tinham a paciência ou não podiam esperar pelo prazo passado por nós [para a confecção]. Junto a isso, começaram a surgir empreendimentos com apartamentos e escritórios mais compactos, onde há uma necessidade de outro tipo de mobiliário e foi aí que a marca FJ Pronto pra Levar! entrou”, explica. As duas marcas permitiram ao designer atender a um público maior e segmentar as linhas. No Atelier, o cliente encontra produtos com dimensões maiores e opções de acabamentos mais requintados. Lá, o cliente pode personalizar seu móvel, e todas as peças são produzidas a partir do conceito “feito a mão”. Já a FJ Pronto pra Levar! é uma linha jovem, com peças de dimensões mais compactas, que foram concebidas de forma que pudessem ser produzidas em série. Nessas lojas, os móveis estão todos prontos para serem comprados e levados na hora. “Mas, temos muitos clientes que gostam de mesclar os produtos e estilo das duas marcas”, revela Jaeger. “O meu modelo de negócio sempre foi pensado para tornar o design acessível e pelo retorno que tenho, acredito que consegui realizar isso”, analisa. Sofá Gaivota Poltronas Felipe Cadeira Clip Poltrona Leque Poltrona Theo Living Vectra | 35 Aparador Dama Por cerca de 15 anos, Jaeger trabalhou desenvolvendo e comercializando móveis para a Tok & Stok, experiência que rendeu ampla visão de negócios. “Não ficava somente no projeto, eu também fazia a prospecção das indústrias e cuidava da negociação e colocação dos móveis na linha da T&S. Desenvolvia também as embalagens e até as instruções de montagem, tudo isso visando bom desenho, viabilidade de produção em larga escala e custo-benefício”, salienta. Apesar de ter interrompido o desenvolvimento de novos produtos para se dedicar a sua marca própria, ainda hoje vários móveis de Jaeger continuam em linha e vendem cerca de nove mil peças por mês na Tok & Stok. Sofá Origami 36| Living Vectra Cadeira Marina estante O Esperança Perspectiva ilustrativa do acesso ao bairro Novo bairro planejado de Londrina deve mudar a cara das regiões Sul e Oeste e contempla lotes comerciais, residenciais e áreas de lazer Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez Living Vectra | 39 Bairro Gleba Esperança é um projeto desenvolvido há muitos anos por Manoel Nunes, diretor-presidente da Vectra Novo bairro será entregue com arborização e área de lazer aberta à comunidade O Gleba Esperança é mais novo bairro planejado de Londrina. Um mega empreendimento que congrega diversos produtos, entre eles terrenos residenciais e comerciais abertos, superquadras que podem comportar torres de até quatro pavimentos, lotes maiores para condomínios de casas prontas e ainda um condomínio fechado, o Moradas do Vale. Tudo isso sem deixar de lado a instalação de equipamentos de lazer no bairro, que vai ser entregue com ciclovia, áreas de fundo de vale urbanizadas em parceria com o poder público, com pista de caminhada, playground, campo de futebol, academia ao ar livre, além de esgoto, iluminação, avenidas amplas com canteiro central e até uma associação de moradores já constituída. moradores terem representatividade perante órgãos públicos, coordenar e organizar o bairro – desde o monitoramento de segurança à manutenção e limpeza das áreas comuns. “É uma forma de incentivar a cidadania”, defende Nunes. Para Manoel Luiz Alves Nunes, diretor-presidente da Vectra, a associação é importante, pois permite aos O diretor-presidente da Vectra comenta que nos últimos 30 anos Londrina passou por longos períodos 40| Living Vectra O novo bairro já trouxe modificações e valorização para a região. A localização é privilegiada, uma das únicas grandes áreas das regiões Sul e Oeste, mais próximas da UEL e do Shopping Catuaí, que ainda não haviam sido loteadas. Cercado por bairros já estabelecidos, como os condomínios da Zona Sul, o Gleba Esperança está próximo à PR-445 e à avenida Arthur Thomas, o que também facilita deslocamentos. O condomínio fechado Moradas do Vale é um dos diferenciais do empreendimento sem a aprovação de novos loteamentos. Ele considera que o bairro ajuda a resolver um problema viário ao construir uma ponte sobre o Ribeirão Esperança e abrir uma ligação entre a rodovia e avenidas de grande fluxo com condomínios e demais bairros da zona sul. O trafego gerado nas avenidas do Esperança deve alavancar o comércio local. “Percebemos que não havia mais nenhuma interligação importante na região. A travessia pelo ribeirão Esperança resolve esse problema viário, facilitando o trafego inclusive dos moradores da zona sul”, ressalta o diretor-presidente. “Eu digo que esse empreendimento particular foi uma das maiores 'obras públicas' dos últimos tempos”, orgulha-se Nunes. Os terrenos já estão sendo comercializados e a previsão de entrega do empreendimento é novembro de 2016. Em apenas quatro meses, já foram vendidos cerca de 90% dos lotes de área aberta e 60% dos terrenos do condomínio fechado. A partir de carteira própria, a empresa consegue praticar taxas de mercado diferenciadas. “Hoje trabalhamos com parcelamento direto com a construtora em até 12 anos, e as parcelas são corrigidas apenas pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC), com juros de 7,5% ao ano”, destaca Cléber Souza, coordenador de vendas da Vectra. Os compradores surgem de todas as regiões da cidade. Destes, 30% são investidores. Os lotes de rua tem área a partir de 250 metros quadrados. As avenidas José Alves Nunes e da Maratona foram pensadas como área comercial; a primeira destinada a pequenos comércios de apoio locais, já a segunda possui um zoneamento especial (ZC4) e lotes maiores, que permitem a instalação de indústrias não poluentes e estabelecimentos comerciais específicos como supermercados, postos de combustível e escolas. Os arquitetos Celso Hayashida e Odemilson Santos são Perspectiva do salão de festas do Moradas do Vale Living Vectra | 41 os responsáveis por organizar os espaços, e transformar o que eram apenas áreas abertas e ruas em um bairro, estudando e definindo áreas adequadas para a instalação de comércios, residências e equipamentos de lazer. “A definição do que o bairro precisa oferecer, a quantidade de produtos, vem de uma pesquisa de mercado. Estudamos o que é comercialmente viável em cima dessas necessidades”, explica Santos. São cerca de 600 mil metros quadrados, que também exigem atenção ao paisagismo e arborização dos fundos de vale. “É um empreendimento que preza pela manutenção no padrão de qualidade característico da Vectra, por isso traz uma grande valorização a todo o entorno”, avalia. O Moradas do Vale é o primeiro condomínio fechado que integra o projeto do Gleba Esperança. São 79 lotes, com área útil entre 200 e 350 metros quadrados, portaria 24 horas, área fitness, piscinas, campo de futebol, churrasqueiras, salão de festas, playground e área de estacionamento para visitantes. Os arquitetos enfatizam que o condomínio oferece qualidade diferenciada de lazer e acabamentos em relação a empreendimentos do mesmo porte, resultado da aplicação de toda a experiência da construtora em empreendimentos verticais e horizontais. “São poucos lotes e não gera um custo alto de condomínio, já que a área de lazer recebe equipamentos que realmente podem ser utilizados pelos moradores, não tem nada supérfluo”, diz Santos. Cléber Souza, coordenador de vendas da Vectra, destaca que lotes podem ser parcelados direto com a construtora Érica Galli conta que se encantou com o empreendimento e já adquiriu dois terrenos, um comercial – para investimento – e outro residencial, no Moradas do Vale, onde pretende morar. “Quando vi o projeto já me encantei. Na região que eu queria, do jeito que eu desejava. Um bairro novo, com ótima localização e acesso fácil. A zona oeste precisava de um bairro assim, moderno, atual”, declara. Arquitetos Celso Hayashida e Odemilson Santos são os responsáveis por dar forma ao bairro 42| Living Vectra Para ela, o condomínio a conquistou, pois se enquadra no perfil e estilo de vida da família. “Chamou minha atenção o tamanho, não é um condomínio grande. Tenho filho pequeno e procurava por essas características, e o lazer é suficiente”, aponta. O atendimento recebido e as condições de pagamento oferecidas pela construtora agradaram tanto a compradora que ela já indicou o empreendimento a vários outros amigos. “Indico para várias pessoas o empreendimento. Uma amiga que indiquei também já fechou negócio. Ter uma associação de moradores já constituída também passa organização”, diz. AAmelhor melhor lembrAnçA lembrAnçAé é viver viverlondres londres Todos Todosos osdias dias 173 173 m m PRIVATIVOS PRIVATIVOS 108 108 m m PRIVATIVOS PRIVATIVOS 100 100 m m PRIVATIVOS PRIVATIVOS 33 33 33 2 2 SUÍTES SUÍTES 1 SUÍTE1máSTER SUÍTE máSTER vectrastore.com.br vectrastore.com.br 2 dORmS. dORmS. 1 SUÍTE1 SUÍTE 2 2 2 dORmS. dORmS. 1 SUÍTE1 SUÍTE visiTe visiTe osos decorados decorados nana vecTra vecTra sTore sTore 2 2 2 2 2dORmS. OU2 3OU 3 dORmS. 126 126 m m PRIVATIVOS PRIVATIVOS 2 2 33 SUÍTES SUÍTES 1 SUÍTE máSTER 151 151 m m PRIVATIVOS PRIVATIVOS 2 2 33 SUÍTES SUÍTES 1 SUÍTE máSTER Perspectivas ilustrativas. CREA 10.428-D/PR. CRECI 3.468 J/PR Perspectivas ilustrativas. CREA 10.428-D/PR. CRECI 3.468 J/PR 75E75 m m E 85PRIVATIVOS 85 m m PRIVATIVOS área de lazer Terra de Brotas convida o visitante a contemplar belas paisagens, curtir a tranquilidade do interior e se aventurar nas águas dos seus rios Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez Com mais de um século e meio de história, Brotas, cidade de 23 mil habitantes localizada praticamente no centro do estado de São Paulo, carrega o título de Estância Turística, e não é por acaso. Favorecido pela natureza, o município conta com diversos rios, nascentes, cachoeiras e paisagens de encher os olhos, descansar a mente e, para os aventureiros, oferece a possibilidade de curtir a natureza intensamente, bem de perto. Dentre as explicações para o nome do município, a referência a brotas como sendo brotas de água, ou seja, nascentes, seria plausível, já que são várias as nascentes espalhadas por toda sua extensão. Mas, a versão oficial diz que Brotas refere-se a Nossa Senhora das Brotas. Uma pioneira do povoado – a portuguesa Francisca dos Reis – teria trazido uma imagem da santa, no início do século XIX, e mandado erguer uma capela. A partir daí teria se originado a cidade. Na arquitetura histórica do município, ainda permanecem em pé belos casarões da época áurea do café na região. Brotas tornou-se município em 1859. À economia que se mantém agrícola, soma-se o crescimento do ecoturismo e turismo de aventura, principalmente entre as águas do rio Jacaré-Pepira, que nasce na Serra de São Pedro, se estende por 13 municípios, e corta o perímetro urbano de Brotas. Esse rio pode inclusive ser apreciado bem próximo ao centro, no Parque dos Saltos. A cidade tem se tornado referência no ecoturismo, e principalmente no turismo de aventura. São diversas as cachoeiras, os passeios e atividades em meio à matas e rios. Em Brotas, pode-se desenvolver, por exemplo, atividades como nado, pesca, trilhas, cavalgadas, tirolesa, rapel, canoagem, boiacross, passeios de quadricículos e o famoso rafting. Todas essas atividades são realizadas em propriedades particulares e a visitação é paga. Há empresas especializadas que comercializam pacotes e passeios individuais ou para grupos. As atividades contam com o uso de todos os equipamentos necessários para segurança, e os participantes recebem instruções, treinamentos e são acompanhados por profissionais capacitados, para garantir um passeio com muita adrenalina, mas também tranquilidade. Living Vectra | 47 Na Queda Livre, o equipamento reduz a velocidade automaticamente, até a plataforma de chegada, e um ascensor mecânico leva o turista de volta à plataforma principal. O rapel é feito em meio à cachoeira de 47 metros Entre as opções de aventura, quem tiver muito sangue frio tem a oportunidade de se colocar a 60 metros de altura e sentir a sensação da Queda Livre, uma atividade importada dos Estados Unidos. A agência EcoAção é a única a oferecer a atração, que é realizada no Ecoparque Viva Brotas. Lá, também é possível curtir um passeio de tirolesa sobre a mata, a 120 metros de altura, e aventurar-se em uma descida de rapel de 47 metros, na cachoeira Santa Eulália. 48| Living Vectra O Ecoparque Cassorova oferece estrutura completa para se passar o dia em meio à natureza. O local dispõe de estrutura de alimentação, piscina, trilhas, rapel e tirolesa, a 110 metros de altura, além de uma das cachoeiras mais apreciadas do município, considerada um dos cartões postais de Brotas, a cachoeira Cassorova, com 60 metros de queda, que ao final forma uma piscina natural onde os visitantes se refrescam sem pressa, e ainda a cachoeira dos Quatis, que exige um pouco mais de caminhada, mas vale destacar que as trilhas são seguras e acessíveis. “No ecoparque, oferecemos recreação ao ar livre, aproveitando o que a natureza tem de melhor. São 70 hectares voltados ao ecoturismo sustentável”, afirma o proprietário Fábio Ferreira, há 20 anos na atividade. Ecoparque Cassorova oferece toda a estrutura para o visitante passar o dia em meio à natureza Outra opção para quem quer passar o dia curtindo a natureza e uma bela vista do rio Jacaré-Pepira e do vale – formado pelas chamadas cuestas – é o Recanto das Cachoeiras, que oferece opções de alimentação, acesso seguro e calçado à cachoeira da Roseira e à Santo Antônio, bem como a suas piscinas naturais, além de playground, redário para descanso, piscina, animais, passeio a cavalo e tirolesa. O local recebe até 300 visitantes por dia. Recanto das Cachoeiras permite passeios tranquilos, contato com a natureza e uma bela vista 50| Living Vectra Brotas já é reconhecida pela prática de esportes de aventura, e aquele que mais atrai turistas e onde tudo começou é o rafting. Seja com sol ou chuva, no horário marcado lá estão botes e aventureiros prontos para descer o rio. Diversas empresas oferecem o passeio, que não começa antes das instruções e treinamento passados por profissionais experientes. Ir a Brotas e não provar a emoção do rafting é fazer um passeio incompleto. O tempo entre o trajeto da cidade até o ponto de descida do rio e finalização da atividade leva, em média, de três a quatro horas, dependendo da energia e disposição que o grupo tiver para remar. Então, é bom reservar um período só para isso. Aliás, essa atividade com turistas deu também o pontapé inicial à equipe brasileira pentacampeã mundial de rafting. Rafting foi o primeiro esporte de aventura a ser explorado em Brotas Living Vectra | 51 área de lazer Alegres como peixe n’água A equipe Bozo D’água, pentacampeã mundial de rafting começou em 2002. Lucas da Silva, o “Coré”, conta que ele e Rafael Ribeiro, já experientes em descer corredeiras, decidiram montar uma equipe para treinar com o objetivo de ganhar o campeonato brasileiro e conquistar a vaga para representar o Brasil em mundiais. “Ficamos em quarto lugar, fomos a revelação no campeonato brasileiro”, conta Coré. No ano seguinte, convidaram Fábio Ramos, que também já tinha experiência com o remo, assim como outros atletas, que se juntaram a eles por acreditar no potencial do grupo. “Em 2003, conquistamos nosso primeiro título, ficamos em primeiro lugar, e ganhamos a vaga para ir competir no Mundial, na República Tcheca, e ficamos em terceiro no campeonato mundial geral”, comenta. Segundo os atletas, tudo começou como diversão. “O nome vem daí, Bozo D’água. A gente nem tinha uniforme e equipamentos, cada um ia com o que tinha. Até emprestávamos bote das outras equipes para poder participar, mas sempre felizes, ganhando ou perdendo”, diz Coré. Mas essa diversão também é algo sério. “Vimos que tínhamos equipe com potencial de ganhar; então, o nome é uma referencia à diversão, mas na hora de remar é algo sério”, garante. Dá para perder a conta dos troféus que a equipe coleciona. A Bozo D’água é pentacampeã mundial – Coréia (2007), Bósnia (2009), Nova Zelândia (2013), Brasil (2014), em Foz do Iguaçu, e Indonésia (2015). O Brasil é o país que tem mais títulos internacionais nessa modalidade. “Os mundiais são um de R4, que são equipes de quatro atletas, e outros quatro de R6, que são seis pessoas na equipe”, explica Coré. Nos campeonatos Panamericanos, somam quatro títulos – Costa Rica (2006), Argentina (2008), Brasil (2010) e Canadá (2012). São mais 13 vitórias em competições brasileiras. E ainda tetracampeões na Europa. “O pessoal nos convida para participar na Europa porque ganhamos campeonatos mundiais, a gente vai lá e ganha”, diverte-se Bozo D'água trabalha na divulgação do esporte, incentivando a formação de novas equipes para que o Brasil siga sendo bem representado Coré. Há ainda na galeria mais duas Copas Brasil – em Brotas e Cerquilho. Além dos campeonatos paulistas, que eles já perderam a conta. “Vencemos no Zambezi Challenger, na África do Sul, em 2007, o rio mais difícil do mundo para a prática do rafting”, lembra Antônio José Salvatti, o “Zé Prego”. Os atletas treinam no rio Jacaré-Pepira, no trecho que corta a cidade, por uma questão de logística e economia financeira, já que não tem patrocínio suficiente para transportes. Mas, como boa parte trabalha diretamente com rafting, levando grupos de turistas pelo rio, o treinamento também se dá nas corredeiras do dia a dia. Coré, Zé Prego e Saulo Queiroz são instrutores de rafting; Rafael Ribeiro, Murilo Henrique, Genildo Santos e Fábio Ramos têm outros empregos. O grupo conta ainda com André Brandão, auxiliar da equipe em terra e tradutor nas viagens. A parte técnica eles aprenderam na prática, a partir de muita conversa, espírito de equipe e dedicação, já que não há grande bibliografia ou formações específicas, por ser um esporte relativamente novo no Brasil. É graças a essa união que a equi- pe dá show em sincronismo nas competições, com trabalho harmônico entre as posições no barco. O grupo se divide entre ritmista (frente), motor (meio) e leme (atrás). Além de desenvolverem técnicas próprias, os atletas enfrentam as dificuldades de patrocínio. Para viajar a destinos tão distantes em época de competição, eles contam com patrocinadores locais e regionais, mas sempre precisam complementar essa renda, e até dispor de recursos próprios para as despesas. Eles criticam que, no Brasil, o esporte é muito pouco divulgado, situação bem diferente em outros países, que incentivam essa prática desportiva. “Como ainda não é um esporte olímpico, não tem tanto investimento. Lá fora eles têm outra cultura, então é outro investimento”, avalia Coré. A maior divulgação ainda é pelo boca a boca dos turistas. “A pessoa que vem para Brotas, gosta do rafting conta a outras pessoas. Muitos sabem que tem o rafting turístico aqui, mas não sabe que temos uma equipe campeã”, diz Zé Prego. O sonho desses atletas é poder viver do esporte. “Estamos lutando, abrimos a associação para ver se a gente consegue fazer o rafting evoluir”, comenta Coré. Living Vectra | 53 área de lazer Patrimônio cultural 54| Living Vectra Espaço cultural foi totalmente reformado e recebeu equipamentos modernos Construído na década de 1950, o Cine São José permanece no mesmo endereço, com praticamente as mesmas características arquitetônicas. Após um período de 20 anos fechado, o cantor Daniel, um dos filhos ilustres de Brotas, adquiriu o prédio em 2004 e promoveu a restauração completa do espaço, transformando o Cine São José em um ambiente multimídia, com equipamentos de alto padrão, conforto e beleza. Um local histórico, para o brotense se orgulhar. São 401 poltronas, entre piso inferior e dois camarotes. A casa foi reinaugurada em 2009, com a estreia do filme “Menino da Porteira”, que teve no elenco a participação de Daniel. O Cine São José também é palco do mais recente DVD lançado pelo cantor - Daniel In Concert em Brotas. Além de filmes e espetáculos, o prédio recebeu, no piso superior, por alguns anos, a Rádio Brotense. Lá, aos oito anos de idade, Daniel já fazia seu primeiro programa de rádio, o que confirma a forte ligação do cantor com o espaço. O artista é querido por toda a cidade que, por todos os lados, faz questão de tecer homenagens em agradecimento ao carinho e trabalho de divulgação que Daniel faz de sua terra natal. Uma curiosidade do Cine São José é que o nome do cinema foi dado em homenagem ao santo de devoção do proprietário, e tanto o primeiro como todos os donos subsequentes também tinham José no nome, inclusive o atual proprietário – José Daniel Camilo – assim como seu pai e irmãos. No hall, o projetor modelo Triumpho, a carvão, também foi restaurado pelo cantor Daniel Living Vectra | 55 área de lazer Ao som da cuíca A nascente Areia que Canta é uma das grandes atrações de Brotas. Uma trilha em meio à mata leva a um espaço de areia clara e a água límpida que borbulha do chão e ganha um tom azul-esverdeado encantador. Ali, perde-se a pressa, a preocupação e qualquer noção do tempo, observando os peixes que passeiam tranquilos pela água que brota incessantemente. São cerca de 70 a 80 mil litros de água por hora. A areia, formada por quartzo – material usado na fabricação do vidro – produz um som de cuíca quando as partículas do material, minúsculos grãos redondos, entram em atrito entre si, explica Evandro Farsoni, proprietário da fazenda que há 22 anos encanta os turistas com essa exótica atração. Além apreciar a nascente e brincar de tocar cuíca com a areia, é possível conhecer e se banhar nas cachoeiras da propriedade. O passeio é guiado e dura cerca de três horas. A mesma propriedade oferece ainda uma opção mais completa ao visitante, um hotel-fazenda em atividade há 16 anos. Lá, o hóspede tem à disposição muito verde, jardins sempre bem cuidados com lagos, piscinas, fruta no pé, animais, passeio a cavalo, espaços ao ar livre para contemplação, descanso e diversão, inclusive com uma tirolesa, que termina em um mergulho no lago. Propriedade oferece também hospedagem em tranquilo hotel fazenda Água nasce incessantemente em meio à areia que canta, formando uma grande piscina natural As corredeiras da propriedade também estão abertas à visitação de turistas Pousada Estalagem tem arquitetura inspirada nas construções européias 58| Living Vectra Recanto Alvorada oferece amplo lazer, em meio a muito verde Aliás, assim como no lazer, as opções de hospedagem em Brotas também atendem a vários tipos de público, desde os que vão em grupo, em família ou mesmo a dois, seja em busca de diversão ou paz e sossego. A Pousada Estalagem, por exemplo, localizada na cidade, vizinha ao Parque dos Saltos, é uma alternativa charmosa, por sua arquitetura de inspiração europeia e o cuidado na decoração dos quartos. Os hóspedes da Estalagem têm acesso ao lazer do Recanto Alvorada Eco Resort, que possui piscinas (incluindo térmica coberta e infantil), campo de futebol, quadras de areia, quadra de tênis, salões de jogos, academia, playground, bosque, lago para pesca, entre outras opções de lazer. Quem opta por se hospedar no Alvorada, além de todo esse espaço, tem à escolha quartos aconchegantes, com paisagem bucólica, cercado de natureza. Pousada Frangipani é voltada à hospedagem de casais Já a Pousada Frangipani tem uma proposta diferenciada. Dedicada a hospedar casais, não aceita crianças nem adolescentes menores de 14 anos. Lá, o sossego é garantido, além de opções para relaxamento e descanso, como piscina, redário, sala de massagem e até mimos como café no quarto, sem custo extra. Além de acomodações confortáveis, inclusive com varanda privativa. Na terra das cachoeiras, os hóspedes da Frangipani tem à disposição uma queda d’água exclusiva, em uma propriedade próxima, com jardins, nascente, riachos e a cachoeira de 18 metros. A Pousada Pé na Terra, localizada bem próximo à cidade, é uma opção simples e aconchegante, com área de piscina e espaço verde com diversas espécies frutíferas à disposição dos hóspedes. Oferece sossego em meio às paisagens do interior. Cachoeira exclusiva para os hóspedes da Frangipani Pousada Pé na Terra oferece a tranquilidade da zona rural, aliada à praticidade da localiação próxima à cidade 60| Living Vectra área de lazer Iguarias de Brotas Dentre as peculiaridades de Brotas está uma casa muito acolhedora, cheia de odores, sabores e cores que encantam os turistas. Quem não gosta de levar para casa uma lembrança sensorial da viagem, um presente para os amigos? A Casa da Cachaça é parada obrigatória. Os proprietários Leandro Malagutti e Antônio Luciano Malagutti Netto cuidam com toda a atenção da empresa familiar. Licor Leite de Onça, cachaça com mel e envelhecida em carvalho: as bebidas mais procuradas por turistas O cheirinho de café moído na hora, que sai direto dos cafezais da propriedade da família, é uma das características do local. Da propriedade saem também de 12 a 15 mil litros de cachaça por ano, feitos exclusivamente para serem comercializados na loja. Entre os tipos mais vendidos estão a cachaça envelhecida em barris de carvalho, que dão uma cor amarelada à bebida, e a cachaça com mel, oferecida tradicionalmente aos aventureiros após o rafting, para esquentar o corpo da água fria do rio. Malagutti Netto faz demonstrações, no fundo da loja, do processo de fabricação da cachaça. “Eu não bebo, mas faço as cachaças. E se o cliente pedir algum sabor especial, a gente tenta fazer também”, diz. Os irmãos produzem ainda uma infinidade de licores artesanais. Um dos mais pedidos é o Leite de Onça – amarula caseira com doce de leite e baunilha. Aos sábados, o visitante pode levar para casa doces feitos na hora no fogão à lenha. A Casa da Cachaça fica aberta diariamente, e comercializa ainda iguarias artesanais de pequenos produtores da região e também de Minas Gerais. Além de doces caseiros e bebidas artesanais, o visitante encontra objetos de artesanato, pimentas, frios e conservas. 62| Living Vectra Outra iguaria de Brotas é a cerveja Brotas Beer. O proprietário e criador das receitas, Márcio Secafin, deixou de lado a área de informática em que atuava para se dedicar à alquimia da cerveja. Ele conta que durante uma viagem visitou um bar que oferecia 27 torneiras com diferentes tipos de cerveja. “Fiquei maluco com aquilo. Depois disso, comecei a me informar, estudar, e em 2010 fiz minha primeira cerveja, e disse: é isso que eu quero fazer da minha vida”, conta. Em 2012, Secafin oficializou a primeira planta, com produção de 50 litros por cozimento. A demanda foi crescendo, e há dois anos houve a incorporação de um sócio, o que permitiu ampliar a produção para os atuais dois mil litros. O jacaré, em menção ao rio Jacaré-Pepira, é o mascote da marca, e estampa todos os rótulos, com ares de bon-vivant, que sabe apreciar as coisas boas da vida, inclusive uma boa cerveja. O desenho foi criado por um artista de Brotas, Daniel Meneghetti. O slogan da Brotas Beer é “Cerveja com classe, mas nem tanto”, que o proprietário explica. “Tem muita gente fazendo frescura na cerveja, uma cerveja boa não precisa de frescura”. A Brotas Beer produz sete rótulos: pilsen, weiss, dry stout, red ale, american pale ale, bock (sazonal), e Ipa, chamada Ipa com Prazer, o mais recente produto da cervejaria lançado em março, no Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau (SC). Ela ganhou um rótulo exclusivo. O jacaré aparece apreciando a cerveja em um spa, mergulhado em um ofurô, com flores de lúpulo, uma brincadeira da marca. “O objetivo foi fazer uma Ipa que a pessoa curta, que tome do começo ao fim, uma cerveja fácil de beber”, comenta Secafin, sócio proprietário da cervejaria. O objetivo é lançar uma nova cerveja por ano. “Para o começo do ano que vem, vamos pensar em uma outra receita”, adianta. Márcio Secafin deixou de lado a informática para se dedicar à fabricação de cervejas artesanais. Hoje, a marca já soma sete rótulos e diversas premiações Em 2014, a cervejaria passou a participar de concursos, enviaram três amostras de estilos diferentes, e o retorno foi a premiação bronze em duas delas. “A gente ficou surpreso, porque mandamos só para ter um feedback dos juízes, para ver como estavam os produtos, e fomos premiados”, conta. Para o proprietário, o mercado de cervejas artesanais tende a continuar em expansão, já que está mais fácil conseguir insumos, e as opções crescem continuamente. “Quem experimenta as artesanais, dificilmente volta a consumir da mesma forma as das macrocervejarias”, diz. Junto à fábrica, em breve haverá também um bar. A ideia é ficar ainda mais próximo dos clientes, que também vão poder participar de visitas guiadas. Living Vectra | 63 área de lazer A simpática casinha azul abriga um aconchegante bistrô Comer bem Conhecer bons restaurantes faz parte do roteiro de todo turista. Em Brotas, encontramos boas opções gastronômicas. Desde um charmoso restaurante italiano, passando por bistrô rústico, até um bar temático. Um lugar tranquilo, com espaço ao ar livre, propício ao descanso e degustação de excelente gastronomia comfort food. O Brotas Zen, comandado pelos chefs Mônica Alberconi e Francisco Martinez, é assim, e oferece gastronomia regional com um pezinho na cozinha italiana, explica o casal. A casa da ex-proprietária do sítio foi transformada internamente em um bistrô, mas toda a estrutura arquitetônica foi mantida, inclusive o fogão à lenha na varanda. O resultado é um ambiente acolhedor e intimista, que convida à apreciação de cada prato, servido com todo o cuidado pelo casal apaixonado por gastronomia. No bistrô, os chefs trabalham com menu degustação mensal, seguindo a linha comfort food. São cinco pratos, que priorizam sempre os produtos locais e os ingredientes que sejam da estação. O local abre para jantar, às sextas e sábados, sempre com reserva antecipada. Na mesma propriedade há ainda um restaurante, que abre de sexta a domingo e feriados para almoço, com menu à la carte. O visitante pode aproveitar e dar uma passadinha na loja de souvenirs, ao lado do restaurante, para levar para casa produtos fabricados por produtores locais e também feitos pelo casal. 64| Living Vectra Espaço Brotas Zen convida ao relaxamento Casa foi transformada em um aconchegante bistrô Carré suíno com risoto de cogumelos e lingüiça de pernil Antepasto Brotas Zen Sorvete de creme e bolo de especiarias, servido com morangos e calda quente de chocolate Palmito pupunha e cogumelos ao creme de abóbora com leite de côco e melado artesanal O Brotas Bar é todo decorado com equipamentos de rafting, e até troféus da equipe Bozo D’água 66| Living Vectra Lombo de bacalhau ao azeite extravirgem com batatas ao murro e confit de tomate cereja Os campeões de rafting foram inspiração para a decoração do Brotas Bar, inaugurado em 2010. O casarão de esquina, de mais de um século de história, foi todo reformado para receber o bar temático, que já é referencia em Brotas. Tudo o que pôde ser recuperado foi mantido, como os batentes e portas, por exemplo, que são originais de madeira maciça. O restaurante é um dos patrocinadores da equipe pentacampeã de rafting. A Bozo D’água recebeu inclusive um cantinho especial em sua homenagem, onde são exibidos todos os troBolinho de queijo coalho com pimenta dedo de moça e mel de engenho Trio de pudins: laranja, chocolate e leite féus da equipe, uma forma também de divulgação do grupo aos visitantes. A decoração de todos os ambientes conta com motivos náuticos, como botes, remos, luminárias feitas com capacetes utilizados pelos atletas e até um bote, que virou mesa. O cardápio oferece pratos elaborados, como, por exemplo, carré de cordeiro, lombo de bacalhau e também porções de boteco, como o famoso bolinho de queijo coalho com pimenta dedo de moça e melado. E ainda abre todos os dias. Carré de cordeiro servido ao molho de vinho tinto e risoto à milanesa Living Vectra | 67 Cabrito com molho de pimenta verde e talharim all’Alfredo di Roma Berinjela laminada com molho e parmesão Queijomanteiga com banana, canela e sorvete Luiz Felipe Negrão é o chef e proprietário do Vicino della Nonna Ristorante. Ele conta que sua intimidade com a conzinha começou cedo, desde os 15 anos de idade. Em seu restaurante, além das receitas italianas, desenvolve pratos próprios, com originalidade e prioritariamente insumos locais, como a carne de cabritos que são criados no município. Há 10 anos Negrão abriu as portas da casa, vizinha à residência de sua avó – daí o nome do restaurante. O ambiente é aconchegante e amplo, inclusive com um jardim nos fundos da casa. Pelas paredes, fotos da família dão um ar de intimidade. Um dos destaques do cardápio é o cabrito, que é assado e cozido ao molho de pimenta verde, e acompanha talharim com molho Alfredo di Roma, além das massas próprias e pizzas, que o chef cuida pessoalmente, desenvolvendo novos sabores. “Temos clientes da região que visitam Brotas só para prestigiar o restaurante”, comenta Negrão. O CEU de Brotas Aula ao ar livre é complementada com atividade em caverna climatizada Em Brotas, há muitas opções de passeio em meio à natureza durante o dia. À noite, a natureza se revela em forma de luzes no céu. A Fundação Centro de Estudos do Universo (CEU) foi pensada justamente para que o visitante possa aproveitar também a noite para conhecer e admirar a natureza, a partir de um ângulo diferente, voltando os olhos para o céu. Ativa desde 2001, a fundação recebe cerca de 50 alunos por dia, que tem a oportunidade de vivenciar uma verdadeira viagem ao espaço e mergulhar no interior da Terra nas sessões do planetário. Lá, um mundo mágico se revela ao se olhar para cima, ao fechar das portas. Com conteúdo de alta qualidade técnica, produzido pelos cientistas e profissionais da própria instituição, as sessões não só ensinam, como também proporcionam uma experiência de imersão por toda a imensidão do universo, instigando os visitantes a descobrir mais. “As crianças saem do planetário encantadas, esse é o objetivo, tocar o coração delas”, revela João Paulo Delicato, gerente da Fundação CEU. E a aventura pelo mundo das ciências pode ser ainda mais ampla e sensorial. Em uma caverna, climatizada e sonorizada, as crianças são imersas em outro mundo, com toda uma atmosfera propícia que as leva a conhecer sobre os tipos de rochas e mais de 80 tipos de fósseis – réplicas em tamanho natural dos encontrados e catalogados pela Universidade de São Paulo (USP). Essa atividade é complementar a uma aula ao livre sobre a formação das camadas da Terra. O relevo do Estado de São Paulo serve de exemplo e permite mostrar de forma didática e lúdica a disposição das camadas do solo. Planetário provoca verdadeira imersão em viagem pelo universo E que criança não gostaria de participar do lançamento de um foguete?! Na estação da Fundação CEU, já foram feitos mais de mil lançamentos, o primeiro contou inclusive com a presença do primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço, Marcos Pontes. Além disso, os visitantes também podem conhecer sobre meteorologia, como funciona um relógio de sol, apreciar a réplica de Stonehenge – estrutura neolítica encontrada na Grã-Bretanha – que indica que há muito tempo o universo é objeto de observação. Aliás, sempre que o tempo permite, é possível ver as estrelas bem de pertinho, pelo telescópio, nas sessões de observação. A Fundação Centro de Estudos do Universo (CEU) é de iniciativa privada, mantida com as visitas de turistas e excursões escolares. O preço varia de acordo com as atividades solicitadas pela escola, e podem servir de complemento às lições ensinadas em sala de aula. Living Vectra | 69 janela Determinação, trabalho e visão empreendedora A empresária londrinense Márcia Manfrin revela como transformou o pequeno negócio familiar em uma companhia com reconhecimento nacional Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez 70| Living Vectra Márcia Manfrin defende a gestão focada na liderança pelo exemplo Living Vectra | 71 O momento certo de investir em um sonho, em uma oportunidade de negócio pode se dar mesmo em meio a uma crise, a partir de uma necessidade familiar, ou daquela ânsia de fazer algo por si próprio. E não precisamos ir longe para encontrar exemplos de empreendedores que souberam abraçar a oportunidade e fazer prosperar seu negócio. Um desses cases de sucesso vem daqui mesmo. Uma empreendedora que começou vendendo apenas 13 refeições ao dia a trabalhadores de uma obra, e hoje comanda a empresa que mantém mais de 200 restaurantes dentro de outras companhias, em 12 estados do Brasil. Os ingredientes principais da receita que deu certo? “Minha dica é o que eu uso todos os dias. Muito foco, determinação e trabalho árduo. Manter a ética, em toda e qualquer circunstância, ter humildade e trabalhar como um time; eu não tenho outra receita que não seja essa na gestão de um negócio”, assevera Márcia Manfrin, presidente da Apetit Serviços de Alimentação, empresa londrinense que hoje é destaque nacional no ramo de alimentação coletiva. Genuinamente londrinense, a Apetit nasceu em 1989 já com o objetivo principal de ser líder no segmento de refeições coletivas na cidade, visão que se ampliou para o patamar nacional nesses 26 anos de história. A empresa, que nasceu e se mantém essencialmente familiar, nos 12 primeiros anos, dedicou-se a atuar em Londrina e região, primeiramente entregando refeições a trabalhadores. O crescimento do mercado ampliou a atuação da empresa, que passou a instalar restaurantes dentro das companhias e a expandir mercado para outros estados brasileiros. “Iniciamos trabalhos fora de Londrina, por indicação de clientes e do chamado de empresas fora da nossa região”, conta Márcia.Tudo isso reflexo da forma de trabalho e atenção com o cliente. A Apetit ocupa atualmente o patamar de quarta maior empresa do país no seguimento de refeições coletivas. Para expandir o leque de clientes, a empresa investe em constante inovação, acompanhando tendências de mercado e culinária, com foco no bem-estar, qualidade e beleza dos mais de 200 restaurantes espalhados em todo o Brasil. “Cada cliente tem sua peculiaridade, e a Apetit se destaca justamente por entender o conceito e a necessidade específica de cada um”, explica a presidente. Além da atenção aos clientes, a empresa se sobressai em sua forma de olhar para si e no cuidado com os colaboradores. “Todo o nosso processo de gestão é focado na liderança pelo exemplo. Acredito que essa é a melhor forma de se liderar um time”, pondera Márcia. 72| Living Vectra A forma de olhar para si e o cuidado com os colaboradores redem grandes reconhecimentos; entre eles, ser uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil A presidente destaca que a empresa tem em seu DNA o compromisso social, e que, independente das circunstâncias, não deixamos de investir em educação e capacitação de seus funcionários. Para o aprimoramento de suas equipes, mantém a Uniap, reconhecida a sétima melhor universidade corporativa do Brasil. Há ainda o Instituto Apetit de Educação, mantido pelos acionistas, com foco na educação do adolescente, da criança, da gestante e do portador de necessidade especial, destacadamente da Síndrome de Down. Os cerca de dois mil funcionários da Apetit retribuem ratificando o profissionalismo e cuidado da empresa com o trabalhador, reflexo disso são as premiações como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil – Great Place to Work – cuja eleição é feita a partir das avaliações dos próprios funcionários. Aliás, quando o assunto é premiação, a Apetit tem uma verdadeira coleção de troféus. Um dos mais recentes, o Prêmio WEPs Brasil – Empresas Empoderando Mulheres (WEP, sigla em in- glês para Women’s Empowerment Principles), uma realização da Itaipu Binacional com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). A premiação visa contribuir para o empoderamento da mulher no mercado de trabalho, incentivando e reconhecendo os esforços das empresas que promovem a cultura da equidade de gênero. A Apetit foi prata na premiação. “Ficamos muito honrados com esse reconhecimento. Empregamos, em todo o quadro de colaboradores, 91% de mulheres”, diz Márcia Manfrin. Em novembro do ano passado, a empresária recebeu o prêmio de Empreendedora do Ano, pelo grupo LIDE – Líderes do Brasil, um reconhecimento nacional pelo talento e comprometimento de líderes do país no desenvolvimento nacional. “O Lide é um dos grupos empresariais mais fortes do Brasil, que reúne 72% do PIB brasileiro. Para nós, Prêmio WEPs Brasil: Empresas Empoderando Mulheres foi motivo de muito orgulho. Foi a primeira vez que uma empresa do Norte do Paraná recebeu esse reconhecimento”, comemora Márcia. Além disso, a empresa é Top of Mind de RH; é reconhecida pela consultoria Deloitte e pela revista Exame uma das PMEs que mais cresceram no Brasil; e pela Revista Getão e RH, como uma das Melhores Fornecedores para RH. É a primeira empresa brasileira do ramo de alimentação coletiva a se tornar signatária do Pacto Global, e é reconhecida pela Fundação Abrinq como Empresa Amiga da Criança, por suas ações voltadas tanto ao público interno quanto para a comunidade. A presidente declara que diante de tantas premiações, o sentimento é de que necessita se desenvolver ainda mais. “Sinto que o reconhecimento impõe mais responsabilidade, porque você passa a ser um foco de observação, responsável pelo seu exemplo frente à sociedade. Temos visto tantos exemplos ruins, de corrupção, de prisão, mas, em contrapartida, temos empresários altamente respeitáveis, fazendo a diferença e sendo bons exemplos para a sociedade”, avalia. Ser fonte de inspiração é obrigação para ela. “Uma grande equipe só se faz quando há exemplos para seguir. Com isso vamos fazendo um grande time de novos empreendedores, fazendo da nossa Londrina uma região mais próspera”. A melhoria contínua, segundo Márcia, deve ser uma máxima nas empresas. “Toda organização nunca é boa o suficiente, sempre tem o que melhorar. Quando você achar que já alcançou o sucesso em qualquer coisa, você está fadado ao fracasso. A humildade à frente de um negócio é o que te faz melhorar e crescer a cada dia”, afirma. Para a empresária, trabalho é sinônimo de prazer. “Sou movida a desafios, a constantemente criar, desenvolver, aprimorar, inovar, eu me realizo trabalhando”. Por isso mesmo, ela dedica parte de seu tempo a atuar de forma voluntária em instituições, como a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), do grupo Mulheres do Brasil, do Conselho da Mulher Empresária em Londrina. “E a gente tem que ter tempo para tudo, para a família, o lazer, o trabalho, para se cuidar, é isso que faz a diferença no nosso dia a dia”. Para Márcia Manfrin, crise não é obstáculo, mas sim oportunidade de aprimoramento. “A crise pode ser vista como um momento de crescimento, ou de lamento. Nós optamos por entendê-la como um momento de olhar para dentro de casa, fazer revisão dos custos, melhorar Living Vectra | 73 Para Márcia Manfrin, crise é oportunidade para aprimorar e expandir. A meta da empresa é crecer 30% em 2016 processos, para que sejamos a melhor opção para o nosso cliente, em termos de qualidade, confiabilidade e custo”, avalia. De acordo com a empresária, aprender a lidar com as crises e a se tornar resiliente é uma constante no mercado de refeições coletivas, que sofre os impactos sociais e políticos, juntamente com os setores industriais que atende. “Acabamos vivendo todas as crises, porque existem épocas em que um setor está em franco crescimento 74| Living Vectra e outro em recessão, acabamos tendo que nos moldar a cada impacto sofrido pela indústria”, diz. Mas, como ficar parada não é perfil dessa empresária, o plano de crescimento da Apetit é audacioso, uma perspectiva de crescimento de 30% em 2016. “Enquanto muitas empresas estão encolhendo, nós estamos expandindo. Esse é um crescimento bastante estudado, temos plena certeza de que alcançaremos”, assegura Márcia. home office Auto con tro le Agitação da vida moderna tem feito executivos se renderem a métodos de gestão do tempo para retomar as rédeas da própria vida Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez 76| Living Vectra Nesse mundo conectado, onde tudo acontece agora, ao mesmo tempo, organizar as tarefas e gerenciar o tempo não tem sido algo simples para muitas pessoas. É nesse momento que muitos perdem o controle sobre seu próprio tempo e acabam perdidos entre afazeres inacabados, compromissos esquecidos, atrasos. Haveria então uma fórmula para gerir o tempo de modo eficiente, dinâmico? Alguma técnica que pudesse auxiliar a gerir o tempo de forma eficiente e produtiva? O escritor David Allen, consultor de metodologia de gestão de tempo e produtividade, desenvolveu seu próprio método, o chamado GTD – Getting Things Done –, descrito no livro traduzido como “A arte de fazer acontecer”, cujo subtítulo descreve a publicação como “uma fórmula antistress para estabelecer prioridades e entregar soluções no prazo”. O livro aborda uma metodologia de gestão de tempo e organização focada não apenas no trabalho, mas que também organizaria a vida da pessoa como um todo. Allen defende que é preciso manter a mente livre para criar, e não preocupada em reter informações. Disseminando sua fórmula, “A arte de fazer acontecer” já se tornou um bestseller internacional sobre organização pessoal, publicado em quase trinta idiomas. David Allen, criador do método GTD No Brasil, a Call Daniel – parceira internacional certificada por David Allen – realiza treinamentos sobre gestão de tempo e aplicação do método a grandes executivos, tanto de empresas nacionais, quanto de gigantes multinacionais. E as técnicas pregadas pelo GTD têm conquistado dirigentes por ser considerado um método simples, prático e adaptável ao perfil de cada seguidor. “O que traz de inovador é uma maneira de se Márcio Welter afirma que o método GTD auxilia a levar uma vida mais produtiva e com menos preocupações na cabeça 78| Living Vectra conseguir paz mental e tranquilidade no trabalho, permitindo assim pensar estrategicamente e se ocupar com o que é mais importante”, diz Márcio Welter, instrutor, palestrante e gerente de desenvolvimento de negócios, atuante nas áreas de produtividade, gestão do tempo e vendas. Segundo Welter, têm sido mais frequente as pessoas perderem o controle de seu tempo, não conseguirem administrar bem suas rotinas porque acabam retendo muitas informações e se perdem em meio a elas. “A pessoas vivem pré-ocupadas com coisas que não agregam valor para suas vidas. Pela manhã você sai de casa e alguém diz: compre uma aspirina, e durante o dia você se preocupa com essa aspirina diversas vezes. Toda vez que lembrarmos mais de uma vez de algo que temos que fazer não estamos usando nossa mente para que ela foi feita. Segundo David Allen, “nossa mente foi feita para ter ideias e não guardá-las”, justifica. O objetivo do método GTD é ajudar a organizar e controlar o que for possível, e fazer que se despreocupem com as coisas sobre as quais elas não têm controle. “É uma questão de adaptar o método ao seu estilo e ferramenta de trabalho. Quando isso é feito de modo teórico-prático e com acompanhamento, a mudança vem rapidamente, notamos que depois de um dia de experiência as pessoas já saem falando: porque vocês não chegaram antes com esse método aqui”, comenta Welter. Se a ideia é levar a vida de forma mais leve, com menos pressão e preocupações na cabeça, uma das principais dicas do GTD é libertar a mente de inquietações e daquelas notas constantes que o cérebro pisca de tempos em tempos para avisar sobre a necessidade de cumprir alguma tarefa pendente. Por isso, criar memórias externas, anotando tudo o que é preciso fazer, e organizá-las de forma a estabelecer prioridades é um passo fundamental na administração do que é mais urgente e importante. Planejar projetos, reavaliar as metas e aprender a delegar e lidar com seus próprios limites também fazem parte da receita, afinal, é humanamente impossível fazer tudo ao mesmo tempo. Não importa como o usuário vai aplicar o método, ou que ferramentas vão auxiliá-lo, o que importa, segundo o especialista, é que os cinco passos básicos sejam seguidos: coletar, ou seja, anotar e liberar a mente. “Surgiu algo na nossa mente que seja executável, temos que tirar da mente”, aponta Welter. Esclarecer, dar um significado ao que foi coletado respondendo qual a próxima ação, e já executar tudo o que puder ser resolvido rapidamente. Organizar e-mails, a agenda – que é o guia de todas as pendências – e a biblioteca de informações, que, segundo o GTD, deve ser dividida de acordo com o contexto, e não em forma de lista de tarefas, como normalmente as pessoas fazem. Revisar todo o processo é fundamental. O método sugere uma revisão semanal para verificar o que está planejado para a semana seguinte, reservar um tempo para imprevistos que possam surgir e responder todos os e-mails. O último passo essencial é executar. “Se você fizer os cinco passos bem feitos, o último vem naturalmente”, diz. A necessidade de se render a um método como esse ou dedicar-se a criar sua própria fórmula para organização pessoal vai depender do estilo de vida e forma de trabalho de cada pessoa. Para o instrutor, criar sua própria metodologia pode levar mais tempo, porque, segundo ele, se basearia em tentativas e erros, o que não quer dizer que seja algo ineficaz na prática. “‘É errando que se aprende’, como diz o ditado”. Welter defende, no entanto, que a aplicação de métodos como o GTD proporcionaria resultados mais rapidamente. “Há outro ditado: quer ter alta performance, busque quem sabe e erre menos, ou seja, chegarás mais rápido ao seu objetivo”. Segundo Márcio Welter, o retorno que recebe dos clientes é positivo, de executivos que afirmam que o treinamento mudou sua vida, não só pessoal, mas também profissional. Serviço Getting Things Done – A arte de fazer acontecer: uma fórmula anti-stress para estabelecer prioridades e entregar soluções no prazo Autor: David Allen Ano: 2005 Editora: Campus galeria Um novo começo Organizações brasileiras têm trabalhado no acolhimento e auxílio de vítimas de guerra. O sírio Feras Orfali optou por aceitar essa ajuda e tenta recomeçar a vida em Londrina Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez Feras Orfali quer construir vida nova no Brasil 80| Living Vectra As necessidades só são realmente entendidas, quando vividas de fato ou proximamente. A compaixão pelo próximo é algo que exige um exercício de se pôr no lugar do outro, para que seja verdadeira, e não apenas falácia ou autopromoção. Vemos exemplos de atitudes humanas pelo próximo em meio a catástrofes naturais, sociais, guerras. Pessoas que se comovem, saem de sua zona de conforto em auxílio de desconhecidos. Há cerca de 120 anos, três jovens canadenses resolveram se aventurar, buscando ajudar os mais necessitados. Organizaram a SIM – “Sudan Interior Mission”, que mais tarde passou a ser “Serving in Mission” – uma missão que inicialmente tinha por objetivo ajudar os moradores dessa região da África. Dois deles morreram por malária já nos três primeiros meses no Sudão. O sobrevivente retornou ao Canadá e convidou outras pessoas a dar prosseguimento ao projeto. Ele morreu também com malária um ano depois, mas a missão se mantém firme e soma mais de dois mil missionários em mais de 60 países, levando ajuda humanitária a diversos locais ao redor do mundo por meio de mais de mil projetos, que auxiliam desde o tratamento e prevenção de doenças até auxílio a refugia- dos. “Um deles chamado 'Hope for Aids', foi premiado pela ONU”, destaca Eduardo Pellissier, presidente da SIM no Brasil. Com sede em Londrina, e há 11 anos no Brasil, a organização atua recrutando missionários que estejam dispostos a rumar para diversos países do mundo para atuar nesses projetos. A SIM Brasil desenvolve ainda dois projetos, um - projeto ‘Mais que Palavras’ pretende angariar fundos para a compra de um gerador para um hospital de pequeno porte, situado em uma aldeia, no norte de Angola, que não dispõe de energia elétrica. “Há uma missionária médica há 25 anos dirigindo esse hospital, que existe sem energia elétrica. Há apenas um pequeno gerador de mão. Os quartos têm lâmpadas com coletor individual de energia solar para amenizar a escuridão. Esse hospital é uma das referências em Angola para tratamento de tuberculose, onde as pessoas ficam mais isoladas e recebem tratamento”, explica Pellissier. E o projeto “Acolhe”, desenvolvido em parceria com outra organização, a MAIS - Missão em Apoio à Igreja Sofredora - que, dentre outros projetos, auxilia há cinco anos refugiados de guerra. Ambas as organizações são formadas por igrejas evangélicas cristãs espalhadas Living Vectra | 81 ao redor do mundo. Em Londrina, uma parceira da SIM com a MAIS trouxe à cidade o primeiro refugiado sírio, Feras Orfali. O projeto tem por objetivo oferecer oportunidades para que refugiados de guerra possam restabelecer suas vidas. Para isso, as igrejas contam com apoio de fiéis que se dispõem a colaborar por um ano no sustento do refugiado. A missão MAIS providencia toda a documentação para que os refugiados possam viver e trabalhar no Brasil. “Para receber Orfali, estabelecemos cotas, distribuídas a pessoas que pudessem ajudar por pelo menos um ano, para poder mantê-lo aqui. Oferecemos casa, água, luz, comida, assistência médica e psicológica, ensino da língua portuguesa. Ele é nossa primeira experiência”, comenta Pellissier. Feras Orfali chegou ao país em dezembro de 2014. Inicialmente ele foi viver no Rio Grande do Sul, mas não se adaptou ao local. Voltou à sede da organização MAIS, no Espírito Santo, e só então veio para Londrina. “A MAIS me convidou para vir ao Brasil, na embaixada brasileira em Beirute, Líbano”, conta Orfali. Ele agradece a ajuda e diz que ter todo esse respaldo é fundamental para se estabelecer no novo país. “Agradeço muito a ajuda que tenho recebido, não me deixam faltar nada, mas, para mim é difícil quando as pessoas me ajudam. Eu quero trabalhar, ganhar dinheiro por mim”, diz. Orfali demonstra preocupação em retribuir o quanto antes toda a ajuda que tem recebido. “Quando eu puder ganhar um dinheiro, não quero ajuda, quero retribuir. Trabalhei muito no meu país para ter um bom futuro, traba- 82| Living Vectra lhava e estudava. Como engenheiro mecânico, já tinha uma boa situação e de repente perdi tudo e fiquei sem nada, mas preciso começar tudo de novo, em outro país, outra cultura, outra língua, outro tudo”, conta. “Ele não está acostumado a receber, mas sim conquistar, então, para ele é muito difícil ter que ser sustentado por alguém, não faz parte da cultura. O que a gente está tentando é minimizar o tempo de adaptação e dar condições para que ele se sustente sozinho”, comenta Eduardo Pellissier. A mudança radical de vida e o choque de cultura ainda assustam o sírio. “É a primeira vez que eu preciso me refugiar. As pessoas não entendem o que é refugiado, eu também não entendo, não sei direito como foi tudo isso. Eu fui dormir tinha tudo, carro, casa, escritório, uma vida completa. Acordei, só tinha guerra, terroristas nas ruas e não tinha mais nada. Não consigo até agora entender o que foi perder a minha vida toda”, relata. Homs, cidade onde vivia, foi totalmente destruída. A família mudou-se em busca de um lugar seguro. Para ele, o melhor a fazer é trazê-los para o Brasil, e tentar seguir a vida aqui, pois acredita que sempre haverá novas guerras, e a paz não será como antes. Fotos: Arquivo Pessoal Por isso, assim que tiver condições de se manter sozinho, Feras Orfali sonha que a família também venha viver no Brasil. “Nosso próximo passo, que é um grande desafio, é trazer a família dele. São mais dez pessoas, para quem temos que providenciar igualmente todo o sustento por um ano”, diz Pellissier. “O povo brasileiro é muito bom. Encontrei muitas pessoas de coração bom, que se dispõem a ajudar. Isso a gente não encontra em países da Europa, por exemplo. Eu trabalhava em uma empresa alemã, com pessoas de lá, e eles não são como os brasileiros. Aqui eu tenho mais oportunidades para começar de novo”, considera. Para minimizar a dificuldade em ficar sozinho em um novo país ele se apega ao lado espiritual, e se comunica com os familiares pela internet todos os dias. Ao lado, lembranças da cidade completamente destruída pela guerra. Abaixo, Orfali homenageia seu país nos pratos que faz Contribuiu para sua vinda ao Brasil o propósito de não querer se tornar mais um soldado de guerra. Orfali estava sendo requisitado pelo exército, e então começou a fugir. “Se ele não saísse do país, ou iria preso ou iria para a guerra contra terroristas”, comenta Pellissier. “Quando entrei no avião, só pedi: Deus, cuida de mim. Não sei o que vai ser, mas coloquei nas mãos d’Ele e acreditei em dias melhores”, afirma Orfali. Há quatro meses em Londrina, o sírio Feras Orfali está ansioso para voltar a trabalhar na profissão de engenheiro mecânico, mas, enquanto seu diploma não é validado no Brasil, ele ataca como chef de cozinha, mostrando suas habilidades na gastronomia síria. Orfali aprendeu a cozinhar em casa, ajudando sua mãe. Ele conta que ainda é tradição de seu povo reunir a família toda em volta de uma mesa farta, e sempre receber as visitas com boa comida. Atualmente o então chef Orfali realiza eventos, para divulgar seu trabalho e a gastronomia típica de seu país. Living Vectra | 83 Torta de café solúvel Maklube Em abril, ele ministra dois cursos no espaço gourmet da Vectra Store. Nessa oportunidade vai ensinar a fazer jantares completos, com entrada, pratos quentes e sobremesa, um voltado às mulheres, outro aos homens. Para a equipe da Living Vectra, o chef deu 84| Living Vectra uma palhinha, preparando um prato árabe salgado chamado Maklube, que leva carne, arroz e berinjela, e um doce típico, uma torta de café solúvel, que se assemelha a um pavê, com camadas bem definidas e menos recheio. Perspectiva ilustrativa. Matrícula N° 80.655 (1° Ofício). CREA 10.428-D/PR. CRECI 3.468-J/PR O LUGAR PERFEITO PARA VOCÊ VIVER BEM. LAZER CONDOMÍNIO FECHADO COMPLETO TERRENOS A PARTIR DE 200 M² LOCALIZAÇÃO GLEBA ESPERANÇA MAIS DE 1200 M2 DE LAZER SEGURANÇA 24h ESTACIONAMENTO PARA VISITANTES PLANEJAMENTO LOTEADORA VENDAS 3372-8100 3374-1000 área de serviço Viagem segura Considerado um dos meios de transporte mais seguros, os elevadores exigem manutenções preventivas periódicas e rigorosas, além de cuidados no uso Por Nara Chiquetti Foto Fábio Pitrez Para quem mora em edifício é uma ação bem natural e automática entrar no elevador e simplesmente apertar o botão e aguardar a chegada no patamar desejado. O que muitos moradores nem se dão conta é do cuidado que se deve ter com esse equipamento. Para segurança de todos, é preciso que os usuários se atentem em preservar o aparelho, que exige também rigorosa sequência de testes e reparos periódicos. A cada manutenção é preciso cumprir um roteiro de testes e simulações de funcionamento em diversos componentes, além de lubrificação e limpeza, para garantir o funcionamento adequado e seguro do aparelho. Segundo Marcello Christan, gerente da filial Atlas Schindler no Paraná, o roteiro de manutenção foi desenvolvido pelos engenheiros e técnicos a partir das experiências em campo, e é constantemente atualizado. Se for preciso substituir alguma peça, o cliente é comunicado e a reposição aprovada pelo condomínio. Mas, se houver o mínimo risco de segurança para os usuários, a substituição é imediata; caso contrário, a norma da empresa é interditar o equipamento. O profissional explica que nos grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro já existe legislação que exige manutenções preventivas mensais nos elevadores. “A Atlas Schindler define como padrão manutenções preventivas mensais em todos os equipamentos sob seus cuidados técnicos, mesmo nas cidades em que não há lei a respeito deste assunto”, garante o gerente. A não verificação periódica dos elevadores pode gerar riscos de segurança aos usuários, problemas em seu funcionamento, e até autuações ou mesmo interdição pelos órgãos competentes nas cidades em que a manutenção preventiva é definida por lei. 86| Living Vectra O síndico, representante legal do condomínio, é o responsável pela contratação da empresa de manutenção de elevadores e por acompanhar o serviço. “Para facilitar esse trabalho, a Atlas Schindler sugere sempre manter um contrato de manutenção com uma empresa idônea e com adequada estrutura de atendimento, que deve possuir equipe de técnicos treinada, engenheiro responsável e atendimento 24 horas”, aconselha Christan. O profissional lembra que a empresa deve ser registrada no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), licenciada por órgãos de fiscalização, pela Prefeitura e respeitar as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Aconselhamos que [essa empresa] seja o fabricante, pois além de conhecer profundamente a tecnologia existente em todos os equipamentos, garante peças originais e as atualizações tecnológicas que preservam a capacidade de transporte em condições seguras e confortáveis”, defende. Marcello Christan destaca que o elevador é um dos mais seguros meios de transporte se utilizado corretamente, vez que conta com tecnologias e uma série de dispositivos de segurança altamente eficientes. “Os novos elevadores produzidos pela Atlas Schindler como, por exemplo, o Schindler 5500, tem como opcional o sistema de Resgate Automático – um módulo de baterias movimenta o equipamento automaticamente para o pavimento mais próximo. Assim o passageiro pode sair rapidamente e com segurança do elevador, mesmo em edifícios que não possuem gerador próprio”. No entanto, para preservar a vida útil do elevador, é preciso colaboração por parte dos usuários, como respeitar o limite de carga indicado no interior da cabina; não apressar a abertura ou o fechamento das portas; apertar somente o botão de subida ou de descida, de acordo com o seu destino, ao chamá-lo; além de cuidado ao transportar objetos, para evitar avarias ao equipamento. álbum Fotos Bruno Ferraro, Fábio Alcover e Gustavo Camilo Conteúdo com relevância A Vectra renovou em 2016 o patrocínio do projeto Encontros Folha, uma iniciativa do Grupo Folha de Comunicação. Em sua sexta edição, o evento trouxe o Prof. Pedro Lins (Fundação Dom Cabral) para falar sobre sustentabilidade empresarial. A atualidade do tema agradou as lideranças presentes. Marcelo Ontivero e Fernando Moraes Welington Lopes Barbosa e Fernanda Mazzini Flávio Meneghetti, Kimiko Yoshii e Allessandra Andrade Vieira Sérgio Otaguiri e Sérgio Munhoz Ariane Navas e Larissa Ducci José Nicolás Mejía e Pedro Lins Júlia Lettrari e Lorraine More Carlos Maístro e Roberta Nunes Mansano Gilza Moreira e Mara Lúcia Kalinowski Living Vectra | 87 alto-falante Música que vem da alma Entre artigos de lei e partituras, Luke de Held revela um pouco de sua trajetória artística de 30 anos e do crescimento do Blues na cidade Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez Living Vectra | 89 Sabe aquela história de “está no sangue!”? A ligação de Lucílio de Held Júnior – também conhecido como Luke de Held – com a música é assim, algo nato, que começou a dar seus primeiros sinais ainda na infância. Ele conta que aos sete anos de idade ouviu um dos discos da coletânea The Beatles – Rock’n’Roll Music –, experiência que começou a despertá-lo para a música. “Eu peguei um dos discos e coloquei para ouvir. A primeira música que tocou foi “Back in the U.S.S.R”, um rock clássico. Lembro-me como se fosse hoje, senti que aquilo mexeu comigo”, revela. Outro momento importante e decisivo foi na adolescência. Ele, durante a apresentação de uma aluna, Luke se viu hipnotizado pela música mais uma vez. A garota tocou para o auditório cheio, voz e violão, duas canções: “Tarde em Itapuã” e “Is it ok if I call you mine” (música de Paul McCrane, trilha do filme “Fame”, de 1980). “O auditório todo parou, como se o tempo tivesse congelado, ela magnetizou a atenção de todos. Quando vi aquilo pensei: a música é algo muito poderoso, eu quero tocar”, conta. A partir disso, foi em busca de aulas de violão e, após aprender o básico, seguiu se aperfeiçoando sozinho. “E aí foi uma viagem sem volta”, brinca. O ano era 1984 quando Luke de Held (baixo), Ivo Pessoa (voz), Kléber Veridiano (guitarra) e André Gimenez (bateria) formaram a Santo Presépio, banda que começou a partir das rodinhas de violão no colégio. “Nossa banda era autoral. Não fazíamos cover porque estávamos aprendendo a tocar os instrumentos, e não tínhamos competência para tirar as músicas e fazer um cover descente”, relata. “Era mais fácil compor, e o Ivo, à época, já cantava e compunha muito bem”. Depois de dois anos na Santo Presépio, Held deixou o grupo para fazer faculdade em Curitiba – cursou Direito e tornou-se membro do Ministério Público – mas nunca deixou de lado a música. Mesmo com suas idas e vindas entre a capital, o litoral e Londrina, Luke de Held sempre deu um jeitinho de se manter ativo como músico, em bandas de uma ou outra região. “Tive uma cobrança familiar grande em relação a direcionamento profissional. A busca pelo direito e a carreira pública estão relacionados a ter um mínimo de estabilidade para poder realizar sonhos”, explica. Para Held, seu lado musical se contrapõe ao ambiente do Direito. Atuando como Promotor de Justiça, ele lida diariamente com conflitos, e “a musica é o oposto, é alegria, libertação, ela funciona como o equilíbrio desse ambiente tenso do Direito”, afirma. Na capital, ainda durante a época da faculdade, passou a tocar com Elieser Botelho Júnior, fazendo cover, com muito rock dos anos 80 e, segundo ele, é nesse momento que passa a estreitar seus laços com o blues. “Fui saber o que era o blues junto com o Elieser, tocando obras do Eric Clapton”, conta. Em 1992, com o fim da faculdade, volta à Londrina, e passa a integrar a “Blue Up”, primeira banda de blues da cidade, fundada por Alcides Caminhoto Junior. A participação durou um ano e meio, Luke de Held mostrando toda sua intimidade com as guitarras 90| Living Vectra até retornar à capital. “Foi quando eu migrei do baixo para a guitarra, porque eu fiquei sozinho”, diz. Em 1996, foi convidado para tocar na banda CrackerJack, de Curitiba. “Foi um período em que dei um salto, tocando com caras que eram muito bons, e aprendi muito”. Após a saída de Ivo Pessoa, Luke de Held se junta a Kiko Jozzolino e Elieser Botelho Júnior. “Aí surge a ideia de um projeto de blues em formato acústico, em trio. Fundamos o Acústico Blues Trio”, recorda-se. Mas, a participação dele nesse projeto teve de ser interrompida, pois o número de apresentações começou a crescer. E, à época, ainda morando no litoral, não conseguia acompanhar e o grupo seguiu com Gisele Almeida. “A saída do Acústico Blues Trio foi uma coisa positiva, porque me permitiu impulsionar e criar o Rock Brothers, em Guaratuba, também um trio. Tocamos juntos por seis anos, gravamos dois discos, fizemos participação em três coletâneas, tocamos para públicos grandes, ganhamos projeção”, avalia. Ao retornar à região Norte do Paraná como membro do Ministério Público, Luke de Held decidiu projetar seu nome. Surgiu a Luke de Held & The Luke Band, atualmente composta por ele (guitarra e vocal), Sara Delallo (baixo), Diogo Morgado (guitarra) e Wellington Souza (bateria). “Essa é a formação ideal, a formação que gravamos o disco 'Blues from Redland'”, um disco todo autoral e essencialmente autobiográfico, com letras inspiradas em suas experiências de vida. “As temáticas das minhas canções variam, umas falam de perda, outras de filhos, libertação, esperança. Tive o nascimento da minha filha há três anos e, quando você é pai, tudo o que tem de melhor no coração transborda”, revela. “‘Born in redland’, fala de como a música surgiu na minha vida; ‘Face the storm’ são os conselhos que meus pais me davam exemplifica. “Blues é um gênero musical em que você tem que ser verdadeiro, tua entrega tem que ser total, tocar com a alma, passar isso para o público”, argumenta. O músico conta que o blues que toca não é purista, possui pitadas de rock e baladas. O projeto é um novo disco a cada ano, até 2018, quando deve ser lançado o “Fifty”, em comemoração aos seus cinquenta anos de idade. “Aí vamos encerrar essa trilogia e iniciar outro projeto, com canções em português, cover, vai ser um disco celebração”, adianta de Held. Sara Delallo são convidados a tocar em Caxias do Sul (RS), no Mississipi Delta Blues Festival, o segundo maior festival de blues do mundo. “Isso foi também um divisor de águas na nossa história, porque passamos a conhecer e interagir com a nata do blues nacional”, analisa. “A partir de 2013, desenvolvemos o Circuito Internacional de Música em Londrina, em razão dessa ligação com os artistas do Festival, começamos a trazê-los para cá. Criou-se um novo polo de produção de blues em Londrina”, complementa. O início dos festivais em Londrina foi importante para o crescimento do público, e deu projeção ao estilo. Londrina é o segundo pico de blues do Brasil em número de eventos, só atrás de Caxias do Sul, segundo o músico. “O gênero passou a ser colocado em um patamar de visibilidade, é um marco significativo na formação do público de blues. O Kiko Jozzolino tem uma importância muito grande nisso, porque ele idealizou o Festival de Blues”, comenta. A partir do segundo festival em Londrina, por entender que lhe faltava abertura e reconhecimento, Luke de Held procurou criar seu espaço para crescer artisticamente com a Luke de Held & The Luck Band. Lidar com as duas atividades que desenvolve profissionalmente demanda bom gerenciamento do tempo. “São 32 anos de carreira musical, e as coisas acontecem em um ritmo mais lento, justamente por direcionar grande parte do meu tempo para o Direito, mas não estou buscando ser mega star, estou buscando sim fazer boa música, e fazê-la chegar ao maior número possível de pessoas”, declara. “O blues é em sua essência a música tocada pelo trabalhador, escravo, que passava o dia todo na lavoura, chegava em casa cansado e ia cantar seus lamentos, um gênero popular, nascido no delta do Mississipi, o estado mais pobre dos EUA”, explica. Por isso, seu desejo é seguir ampliando os horizontes do blues, para que seja tocado em todas as regiões da cidade, apreciado por todas as classes sociais. O músico considera que o blues começou a ser tocado em Londrina verdadeiramente no final dos anos 1980, por bandas com repertório voltado exclusivamente a esse gênero, como a Blue Up. Antes disso, estava apenas diluído na técnica dos guitarristas, explica. Desde 2013, Luke de Held e Living Vectra | 91 closet A di ver si da de Moda inclusiva busca atenção de profissionais e da indústria para a criação de peças que facilitem a vida de pessoas com algum tipo de deficiência Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez mo da está na Incluir, antônimo de excluir, verbo que faz parte da luta de milhares de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil. Na moda, isso não tem sido diferente. Iniciativas como o Concurso de Moda Inclusiva, promovido pela Secretaria do Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, estimulam os novos profissionais da área para que lancem um novo olhar para esse público e trabalhem na criação de looks adaptados que unam conforto, beleza, versatilidade. Uma dessas pessoas instigadas a apresentar soluções ao público com deficiência é a estudante do curso de Design de Moda da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Bruna Godoy, que já participou de três edições do Concurso. Ela revela que essas experiências se configuraram no descobrimento de uma nova realidade de vida e de pensar criação e moda. A moda inclusiva é aquela que abraça a todos, pessoas com ou sem deficiência, explica Bruna. “É uma moda democrática, que serve para mim ou para uma mulher que não tem uma das pernas, ou que precisa de cadeira de rodas. Ela tem que fazer a pessoa se sentir bem, elevar sua autoestima, tem que ser igual e justa para todo mundo”, defende. A estudante admite que descobriu um novo mundo quando passou a pesquisar as necessidades e dificuldades encontradas pelas pessoas com deficiência para se vestir. “O concurso foi um choque de realidade, você sai do seu mundo e entra em um universo totalmente diferente. Só aí você percebe que o que para você é uma coisa tão simples como vestir uma calça, para eles é extremamente difícil, e não tem praticamente nada voltado para eles [no mercado de roupas prontas], é muito pouco”, comenta a estudante. Criar algo prático e confortável a esse público pode nem ser tão complexo. Bruna entendeu que pequenos ajustes e substituições já fazem toda a diferença para quem tem limitações físicas. “Na construção das peças, são poucos detalhes que fazem a diferença para eles. Às vezes é um botão de casinha que poderia ser substituído por um de pressão, por exemplo, coisas que não interfeririam no nosso vestuário, mas facilitariam muito para eles. São esses pequenos detalhes que faltam na indústria da moda”, diz. O despertar para as necessidades de vestuário desse grupo de pessoas se deu já no início da faculdade para Bruna. Ainda no primeiro ano do curso ela se inscreveu no Concurso de Moda Inclusiva, mas sua proposta não foi aceita, a partir daí ela passou a estudar e buscar soluções nessa linha. “Interessei-me pelo tema, fiz inscrição, mandei os desenhos, mas eu ainda não tinha nenhum conhecimento sobre as necessidades das pessoas com deficiência, e não fui aprovada. Aí, comecei a me informar, pesquisar o que tinha disponível no mercado, e desenvolvi um projeto infantil no ano seguinte, e fui para a final do concurso. No ano passado, criei um projeto adulto, para noiva”, conta. O look infantil desenvolvido pela estudante foi pensado para criança cadeirante. Bruna Godoy voltou sua atenção à Moda Inclusiva desde o primeiro ano da graduação em Design de Moda Living Vectra | 93 “Desenvolver peças para o público infantil foi o que eu senti mais dificuldade, porque, algo de moda para deficiente destinado a adultos já se encontra alguma coisa, mas para o infantil é mais complicado, e não se pode pensar só na criança, é preciso lembrar da mãe também, que vai vestir essa criança”, explica. Depois de ouvir as queixas e necessidades de pessoas com deficiência é que Bruna colocou a mão na massa e passou a desenhar alternativas de vestuário que fossem viáveis. Para o look infantil, ela buscou referências na pop art. A avaliação mais importante foi a do próprio participante que desfilou seu look. Ao final do evento, o garotinho cadeirante se sentiu tão confortável que nem queria trocar a roupa. “Mas fiz um look extra para ficar de presente, a mãe já colocou e ele foi embora com a roupa que eu dei. É uma experiência enriquecedora”, diz Bruna. No ano passado, a estudante voltou sua atenção ao público feminino adulto, com a criação de um vestido de noiva para mulheres com uma perna amputada. Nesse caso, a inspiração veio dos contos de fada. “O objetivo era que ela se sentisse uma princesa”, revela. Segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado, 6,2% da população brasileira têm algum tipo de deficiência. Mas, como as marcas que se dedicam a fazer moda inclusiva ainda são raras, dificilmente essas pessoas conseguem entrar na loja, comprar a roupa e sair usando. Com frequência elas precisam antes procurar um costureiro para fazer adaptações. A ideia de concursos como o Moda Inclusiva é despertar o interesse de profissionais e da indústria para que as soluções apresentadas nos eventos passem a fazer parte das linhas de produção. “Faltam opções no mercado e ainda faltam profissionais que se dediquem a isso. As pessoas estão apenas começando a tomar consciência desse público. É uma porta que tem aberta e quase ninguém vê, porque o mundo da moda está focado em um padrão pré-estabelecido, e acaba deixando a necessidade das pessoas 94| Living Vectra de lado”, critica Bruna. Depois da última participação no Concurso, a estudante conta que até já foi procurada por uma marca de sapatos, que gostou de suas ideias e também pretende produzir peças adaptadas. “Acredito que, aos poucos, as empresas vão percebendo essa brecha e comecem a investir nisso”. A jovem afirma que pretende seguir trabalhando com a moda inclusiva. “Quero fazer moda de uma forma ampla, sem me restringir a cadeirantes, ou amputados. Eu quero que seja uma coisa democrática, que sirva a todos. Uma verdadeira inclusão”, declara. city-tour Um sonho a dois Rompendo oceanos e fronteiras, a história de amor de Alessandro Saba e Cristina Gonçalves se completa com sucesso também na parceria de trabalho, na criação de um autêntico “ristorante italiano” Por Nara Chiquetti Fotos Fábio Pitrez 96| Living Vectra A tecnologia deu uma mãozinha e aproximou a londrinense, então professora de italiano, Cristina Gonçalves e o à época construtor italiano Alessandro Saba. Logo que se conheceram, começaram a namorar. Por três anos enfrentaram um relacionamento à distância. A cada vez que Saba vinha ao Brasil visitar a amada, organizavam reuniões entre amigos, e ele cozinhava. “As pessoas diziam: ele tem um dom, cozinha muito bem; ele precisa montar um restaurante aqui”, lembra Cristina. Depois de tantos elogios e sugestões para transformar aquele dom em profissão, Saba considerou que seria uma boa ideia seguir os conselhos dos amigos e decidiu investir em um restaurante italiano autêntico em Londrina. A cidade e o ponto foram muito bem estudados pelo chef. O Vittorio Emanuele II foi inaugurado em 2010, no alto da avenida Higienópolis – o nome é uma homenagem ao primeiro rei da Itália unificada, que tomou o poder na segunda metade do século XIX. O casal percebeu, anos depois, que precisava de um ponto maior e melhor para receber os clientes. Há um ano e meio, o restaurante trocou de endereço – hoje à rua Fernando de Noronha. “No caminho para casa, todo dia passávamos em frente a esse imóvel, que estava fechado, e ele dizia: eu gosto dessa casa”, recorda-se Cristina. Saba cuidou pessoalmente de toda a reforma do imóvel. As paredes e o teto foram todos revestidos por afrescos, pintura que retrata fotos da Itália, do acervo pessoal do chef. Até o próprio Vittorio Emanuele II está na parede, e parece observar o movimento do restaurante. A ligação de Saba com a cozinha é algo que está no sangue. Sua família mantém há mais de 30 anos um restaurante na Sardenha. “Cozinhar, para ele, é natural. Desde criança ele ia para cozinha com as avós, com a mãe. Nasceu envolvido com a cozinha, por causa da família, então, para ele, cozinhar é uma diversão”, conta a esposa. Segundo Cristina, o chef se diverte até hoje, mesmo depois de ter transformado o hobby em profissão. O prazer de Alessandro Saba é ver as pessoas se deliciando com seus pratos. “A gente termina nosso dia de trabalho e vai jantar juntos, conversar, e ele me pergunta se as pessoas gostaram, o que acharam. Quando eu digo a avaliação dos clientes, às vezes, os olhos dele até se enchem de lágrimas”, revela Cristina. Há seis anos com o restaurante, o casal comemora seu crescimento. “Sempre encontramos pessoas que torceram por nós, nos prestigiam, nos dão feedbacks que ajudam a crescer”, diz Cristina. Eles estão sempre no restaurante, ela na sala com os garçons, ele comandando a cozinha. “É o jeito italiano de receber e servir o cliente, porque na Itália sempre tem alguém da família na cozinha ou recebendo, e a gente faz a mesma coisa aqui”. Por isso, férias, só coletivas, nada de se ausentar do restaurante. “A gente coloca primeiramente no trabalho muito amor, respeito pelo cliente, respeito pela cozinha. Quando a gente faz o que gosta, nada é pesado”, avalia Cristina. Tagliatelle fresche al funghi porcini freschi con olio di tartufo bianco e pinoli. Ristorante Vittorio Emanuele II conquistou a certificação Ospitalità Italiana Living Vectra | 97 Tudo o que é servido pela família de Saba no restaurante da Itália é servido também aqui, os mesmos pratos, e com os mesmos ingredientes. O chef importa todos os mantimentos de sua terra natal, da sêmola de grano duro para a produção de massas frescas ao queijo mascarpone, utilizado no preparo do clássico doce italiano tiramisù. E se alguma matéria-prima não chega no prazo, Saba prefere não oferecer o prato a improvisar ou substituir ingredientes da receita original. “Nós preferimos falar que não temos o prato porque o produto não chegou”, assegura Cristina. Toda essa preocupação com a qualidade e fidelidade aos insumos italianos renderam ao Vittorio Emanuele II o reconhecimento de um autêntico restaurante italiano fora da Itália, com o certificado Ospitalità Italiana. Concedido pelo governo italiano, é um reconhecimento dos restaurantes que promovem e preservam a tradicional gastronomia e produtos do país. A certificação envolve a União das Câmaras de Comércio da Itália (Unioncamere), o Instituto Italiano de Pesquisas Turísticas (ISNART) e a Câmara Ítalo Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura (ITALCAM). Dos quase 70 restaurantes que possuem o selo no Nas paredes e até no chão um pouco do que é a terra natal do chef 98| Living Vectra Brasil, a maioria estão em São Paulo. A certificação 2015/16 contemplou entre os novos integrantes do seleto grupo apenas dois restaurantes fora de São Paulo, um em Brasília e o Vittorio Emanuele II, aqui em Londrina. “Londrina ganhou o primeiro restaurante autêntico italiano. Fomos receber em São Paulo esse prêmio”, orgulha-se Cristina. O casal conta que o processo de certificação é minucioso, e que a maioria dos pedidos não chega a obter o reconhecimento. Dentre as exigências, o restaurante precisa ter ambiente italiano, cardápio italiano, ao menos uma pessoa fluente em italiano no atendimento, no mínimo 30% da carta de vinhos italianos, azeite extravirgem DOP, entre outros. Um fiscal a paisana também visita o restaurante para conferir se tudo confere com a documentação enviada. “É uma coisa muito séria. Esse é o certificado mais conceituado na Itália para os restaurantes que estão fora do país. Para nós, foi muito importante, um reconhecimento que você realmente trabalha dentro da qualidade e da autenticidade italianas”, pondera Cristina. O pedido de certificação precisa ser renovado anualmente, por isso, o casal já se prepara para a nova etapa, e garantir o selo estampado já na entrada da casa. O chef Alessandro Saba ao lado da figura do rei Vittorio Emanuele II, que empresta seu nome à casa Tradição que virou negócio Bebida feita à base de limão, álcool de cereais, água e açúcar, o licor de Limoncello começou a ser produzido por Alessandro Saba quase por brincadeira. O chef teve a ideia de fazer o licor e oferecer aos clientes como cortesia, ao final do jantar. A bebida caiu no gosto dos fregueses, e fez surgir uma nova empresa. “Começamos a oferecer o licor que ele fazia artesanalmente aos clientes, para que eles conhecessem. Com o tempo, eles começaram a pedir para comprar o licor, mas a gente não fazia para vender. Depois de vários pedidos, passamos a engarrafar e vender”, conta Cristina. O casal agregou a comercialização do licor de limoncello no ano seguinte à abertura do restaurante. O aumento da procura pelo licor fez a produção ser ampliada. Com o aporte de mais dois sócios investidores, Saba fundou uma pequena fábrica exclusivamente para produzir a bebida. Desde o final de 2015, a empresa produz artesanalmente seis sabores de licor: o tradicional limoncello; crema de limoncello; arancello (laranja); crema de arancello; mandarinello (tangerina); chocolate Living Vectra | 99 Linguine all’Algherese Linguine al nero di seppia (linguine com frutos do mar e tinta de lula) com laranja, chamado “Better than sex”. Um sabor mais envolvente que outro. “A produção é toda artesanal, e vai continuar sendo artesanal”, garante Cristina. Para eles, a diferença que tem feito tantas pessoas se apaixonarem pelo licor é justamente a fabricação artesanal. As frutas são descascadas manual- 100| Living Vectra mente, uma a uma, o que resulta em uma bebida ainda mais saborosa que as italianas. “Na Itália, normalmente devido à mão de obra cara, eles acabam usando essência nos licores. O nosso não, é artesanal do princípio ao fim, limão por limão, descascado à mão”, justifica Cristina. A receita utiliza apenas a casca externa da fruta, que fica em infusão por 30 dias. papel de parede Desafio Guerra de Ilustrações Londrina Esporte Clube, 60 anos Artista: Ronnan Moraes Técnica: Aquarela 102 | Living Vectra A MELHOR ESTRATÉGIA PARA ACERTAR EM CHEIO O SEU PÚBLICO-ALVO É ANUNCIAR NA LIVING. Veja porque anunciar na Living Vectra faz bem para o seu negócio. 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