Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região
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Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região
Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte PAT R O C I N A D O R E S APOIO INSTITUTO HORIZONTES R. Tomás Gonzaga, 802 - Conjunto 406/407 - Bairro de Lourdes - Belo Horizonte - MG -30180-140 - Telefone 31 3335-1500 APRESENTAÇÃO O Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte é um trabalho que o Instituto Horizontes está desenvolvendo sob o patrocínio da Associação dos Empreendedores da Vila da Serra e Vale do Sereno, da Anglogold, da Vale e do BH Shopping. É um trabalho que parte da constatação de uma situação de crise nessa região, que abrange todo o município de Nova Lima e partes dos municípios limítrofes, articulados a ele pelo sistema formado pelas BR 040 e 356 e pela MG 030: Belo Horizonte, Raposos, Rio Acima, Itabirito, Moeda, Brumadinho, Ibirité, Sarzedo e Mário Campos. Trata-se de uma região de topografia muito acidentada, onde os maiores ativos ambientais da Região Metropolitana convivem de maneira conflituosa com o acelerado crescimento dos empreendimentos imobiliários, comerciais, industriais e de serviços, cujo grande potencial de transformação de uso e ocupação do solo representa ameaça para a manutenção da paisagem natural e a qualidade de vida, o que já é notável na dificuldade de acesso à área em determinados horários, dado o esgotamento da capacidade do sistema viário, com reflexos no potencial de negócios. O presente documento mostra a SITUAÇÃO ATUAL DO VETOR SUL DA RMBH através da apresentação dos levantamentos, feitos pelos consultores do Instituto Horizontes, concernentes ao Meio Ambiente, à Estrutura Urbana e Uso do Solo, aos Principais Empreendimentos e ao Sistema Viário e Circulação e dos resultados obtidos no primeiro Workshop, realizado na Casa Fiat de Cultura em 13/03/2009, destinado ao estabelecimento de um Diagnóstico Compartilhado entre a visão dos técnicos e a visão dos representantes da sociedade. Apresenta ainda as conclusões que foram tiradas desse evento para orientação dos trabalhos subseqüentes que objetivaram a homologação, num segundo workshop de fechamento, realizado em 15/04/2009, de uma proposta de AÇÕES ESTRATÉGICAS que possam abortar ou reduzir as ameaças que pairam sobre a área, aproveitar o potencial das oportunidades que se apresentam e, ainda, encaminhar procedimentos para a concretização dessas Ações. Esta a contribuição que o Instituto Horizontes disponibiliza à sociedade, certo de que a concretização das ações aqui propostas, contará com iniciativas decisivas dos diversos atores nelas comprometidas. Teodomiro Diniz Camargos Presidente do Conselho Deliberativo Hudson Lídio de Navarro Coordenador Executivo da Diretoria Introdução METODOLOGIA As principais características conceituais do Planejamento Estratégico se aplicaram à perfeição ao estudo do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A primeira: partir sempre à busca de explicitar uma situação de CRISE, quando ela é ainda latente, ou da abordagem de uma situação em que esta crise já está detectada. A segunda: definir os TEMAS-CHAVE a serem estudados, entre aqueles que se considera mais pertinentes à questão, próprios para a qualificação e quantificação da crise. A terceira: buscar envolver, nas análises e discussões TODOS OS ATORES E AGENTES, públicos e privados, com presença ou interesse na produção, no consumo, no usufruto e no controle dos eventos que estão sendo estudados. A quarta: visar, com OBJETIVIDADE, a transformação de uma situação dada, buscando sempre identificar e trabalhar os pontos de CONSENSO. A Visão Geral do Problema e a Consciência da Crise. A situação de crise no Vetor Sul resulta das pressões que a região sofre com o processo de metropolização, notadamente com o adensamento de população de alta renda, atraída pela qualidade de seus ativos ambientais. A crise resulta do confronto entre as vocações e potencialidades da área, identificadas e apropriadas pelo setor produtivo, especialmente o mercado imobiliário, com as limitações e impedimentos de sua topografia acidentada e de seus recursos ambientais, que são de importância fundamental para a qualidade de vida na metrópole. As ameaças advindas desse confronto, seja através do colapso de sua infraestrutura, especialmente a viária, seja através do comprometimento de seus recursos naturais, são os elementos motivadores da mobilização em torno da solução dos problemas e da superação dos impasses. A consciência da crise é o terreno fértil, necessário para o desenvolvimento de soluções estratégicas que visem a resolução dos problemas e a superação de impasses e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de se construir um processo de gestão compartilhada na região. Introdução O Programa e a Metodologia dos Trabalhos VETOR SUL GESTÃO ESTRATÉGICA VOCAÇÕES VOCAÇÕESE E POTENCIALIDADES POTENCIALIDADES VISÃO VISÃO DA DA SOCIEDADE SOCIEDADE NEGOCIAÇÕES INDICADORES INDICADORES DE DERESULTADOS RESULTADOS SITUAÇÃO DE CRISE DIAGNÓSTICO COMPARTILHADO AÇÕES ESTRATÉGICAS IMPLEMENTAÇÃO LIMITAÇÕES LIMITAÇÕESE IMPEDIMENTOS IMPEDIMENTOS VISÃO VISÃO TÉCNICA TÉCNICA FUNDAMENTAÇÃO FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA TÉCNICA CONTROLE CONTROLEE E AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO O trabalho se desenvolveu em ambiente participativo, seguindo o princípio da busca de consensos em torno de temas estratégicos para a solução dos problemas. No caso, importaram menos os quantitativos da participação e mais sua qualidade, envolvendo agentes públicos, privados e da sociedade civil, que têm relevância e influência no Vetor Sul do Aglomerado Metropolitano. O trabalho se desenvolveu buscando consensos, à medida que eram aprofundadas as discussões sobre as questões estruturantes, evitando-se a decisão através de votação. Introdução Apresentação das Questões Temáticas As questões temáticas foram apresentadas por especialistas, com a participação de debatedores selecionados no setor público, privado e da sociedade civil, de forma a não perder a visão geral dos temas, mas buscando sempre inserir neles a problemática do Vetor Sul, de forma objetiva. As exposições apresentaram os principais elementos responsáveis pela crise, visando uma uniformidade de entendimento capaz de possibilitar a construção de um diagnóstico compartilhado. Os temas propostos foram: 1 - Meio Ambiente. 2 – Estrutura Urbana e Uso do Solo. 3 – Principais Empreendimentos. 4 - Sistema Viário e Circulação. O Diagnóstico Compartilhado A espinha dorsal do trabalho foi a consolidação do diagnóstico compartilhado, apresentando os principais elementos caracterizadores da problemática do Vetor Sul. Ele resultou das análises feitas no nível interno (Forças e Fraquezas) e no nível externo (Oportunidades e Ameaças). Foi fundamental para a construção do diagnóstico obter o que chamamos de visão compartilhada, resultado da consistência entre a visão técnica e a visão da sociedade. A consolidação do diagnóstico é um momento estratégico do trabalho. As Ações Estratégicas A etapa seguinte consistiu na definição das ações que irão integrar a agenda de mudanças. As Ações Estratégicas são, assim, o conjunto de iniciativas a serem implementadas, todas elas consistidas tecnicamente e previamente negociadas com os setores públicos, privados e da sociedade civil. Implementação A Implementação se dará com a criação dos grupos de impulsão, dimensionados em função das ações estratégicas propostas. Será criado um sistema de indicadores de resultados para possibilitar o controle e avaliação do processo de implementação do programa. Introdução Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte Situação Atual do Vetor Sul JANEIRO A ABRIL DE 2009 Meio Ambiente Estrutura Urbana e Uso do Solo Principais Empreendimentos Sistema Viário e Circulação Auro Queiroz Mapa base do Vetor Sul de Belo Horizonte Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte Meio Ambiente Auro Queiroz JANEIRO A ABRIL DE 2009 1. CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO VETOR SUL3 1.1. CARACTERIZAÇÃO DO VETOR .......................................................................3 1.2. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO VETOR SUL ....................................................4 1.3. ASPECTOS SOCIAIS DO VETOR SUL............................................................. 10 1.3.1. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – IDH ..................................... 10 1.3.2. INDICADORES DE DESIGUALDADE ....................................................... 11 1.3.3. CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA DO VETOR SUL ..................................... 12 1.4. A EXPANSÃO URBANA DE NOVA LIMA E BRUMADINHO ................................... 16 1.4.1. A EXPANSÃO URBANA DE NOVA LIMA ................................................... 17 1.4.2. DINÂMICA DEMOGRÁFICA ATUAL DE NOVA LIMA.................................... 21 1.4.3. A EXPANSÃO DE BRUMADINHO ............................................................ 26 1.4.4. DINÂMICA DEMOGRÁFICA ATUAL DE BRUMADINHO ................................ 32 1.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 35 1.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 37 2. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP’S, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – UC’S E ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO ...38 3. 2.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE X VETOR SUL .................................... 38 2.2. ÁREAS PROTEGIDAS .................................................................................. 44 2.3. ÁREAS PROTEGIDAS X USO DO SOLO .......................................................... 55 2.4. CONCLUSÕES ........................................................................................... 66 2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 70 PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL .................................................71 3.1. UNIDADE 1 - SERRA DO ROLA-MOÇA ........................................................... 72 3.1. UNIDADE 2 - SERRA DA MOEDA .................................................................. 74 3.1. UNIDADE 3 - ALTO RIO DAS VELHAS ........................................................... 75 3.1. UNIDADE 4 - VALE DO RIO PARAOPEBA........................................................ 78 3.1. UNIDADE 5 – SERRA DO CURRAL ................................................................ 79 3.2. CENÁRIO TENDENCIAL - VETOR SUL RMBH – PROPOSTAS DE REVERSÃO.......... 81 3.3. INDICAÇÕES E DEMANDAS ......................................................................... 88 3.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 90 4. A INFRAESTUTURA DE SANEAMENTO METROPOLITANO E O VETOR SUL DA CAPITAL ...............................................................................................91 4.1. BREVE HISTÓRICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELO HORIZONTE E SEUS VÍNCULOS COM O VETOR SUL ............................................................................... 91 4.2. AS PRINCIPAIS FONTES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DISPONÍVEIS NA REGIÃO DO VETOR SUL.................................................................................................... 91 4.3. PROGNÓSTICO PARA OS SERVIÇOS DE SANEAMENTO DOS AGLOMERADOS URBANOS SITUADAS NO VETOR SUL...................................................................... 96 4.3.1. ABASTECIMENTO DE ÁGUA.................................................................. 96 4.3.2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO ............................................................... 100 4.3.3. RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................ 103 4.4. INDICAÇÕES E DEMANDAS PARA A INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO NO VETOR SUL....................................................................................................... 104 4.5. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 106 SÍNTESE CONCLUSIVA - RECOMENDAÇÕES......................................107 5.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO/ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE .......... 107 5.2. PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL .......................................................... 107 5.3. INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO ......................................................... 109 Meio Ambiente 6. ANEXO – ATLAS CARTOGRÁFICO DO TRABALHO ..............................110 6.1. MAPA BASE PARA REALIZAÇÃO DO ESTUDO................................................ 111 6.2. DECRETOS DO DNPM ............................................................................... 112 6.3. MAPA DE RELEVO E FORMAÇÕES GEOLÓGICAS (FERRO)............................... 113 6.4. USO DO SOLO ........................................................................................ 114 6.5. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PRIORITÁRIAS BIODIVÉRSITAS ......... 115 6.6. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP’S .......................................... 116 6.7. ZONAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ....................................................... 117 6.8. CONTRIBUIÇÃO E TRATAMENTO DE ESGOTO............................................... 118 Meio Ambiente 1. CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO VETOR SUL 1.1. CARACTERIZAÇÃO DO VETOR A expansão do Vetor Sul configura-se como um extravasamento da região sul de Belo Horizonte, já consolidada como a área da cidade que abriga uma classe média-alta. Esta expansão é marcada pela criação e ocupação de loteamentos direcionados a segmentos de alta renda da população, ao longo das vias BR - 040 e MG – 030. Mais recentemente, o surgimento de um setor terciário superior, localizado predominantemente na divisa dos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, ao longo da Serra do Curral, consolidou este processo. O processo de parcelamento e venda dos primeiros loteamentos no Vetor Sul foi desencadeado a partir da construção, na década de 50, da BR-040, ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, atravessando o território do município de Nova Lima. Ao longo da rodovia MG030, que liga a Capital à sede do município de Nova Lima, também foram implantados loteamentos direcionados à população de renda média e alta da metrópole, antes mesmo do término da BR-040. Esta expansão foi impulsionada a partir dos anos setenta com a construção do BH Shopping na saída da BR-040 e o lançamento de mais uma série de loteamentos principalmente em Nova Lima, que aconteceram também em Brumadinho. Esta expansão do Vetor Sul apresenta características bem diferenciadas quando se compara com a expansão acontecida em outros vetores de expansão da capital, a exemplo da expansão ocorrida em municípios limítrofes do Vetor Sul, como Ibirité, Mário Campos e Sarzedo, elos de vinculação com Brumadinho. A diferenciação no padrão de ocupação acontece por uma série de fatores entre os quais se destacam: a estrutura fundiária – propriedade da terra extremamente concentrada em mãos de poucos proprietários, principalmente em Nova Lima, onde 41% do território é de propriedade da AngloGold e da Cia Vale. A Vale detém a propriedade de terrenos também em Itabirito e Brumadinho, mas em proporções mais modestas. Com a diminuição da atividade mineradora e exaustão das minas, as empresas encontraram nas terras uma segunda fonte de renda, através da atividade imobiliária. Outra característica que impacta a expansão de parcelamentos e da ocupação é a presença de importantes áreas de preservação ambiental. Em Nova Lima citam-se Reserva do Tumbá, Fechos (APE - Estação Ecológica), Rola Moça (Parque Estadual), Mutuca (APE), Mata do Jambreiro (RPPN),Cristais (RPPN), Parque Municipal do Rego dos Carrapatos (Parque Ecológico), e ainda a Mata Samuel de Paula (RPPN), Mata Capitão do Mato e o Parque Municipal Rego Grande. Em Brumadinho, citam–se as APE’s do Rio Manso e Catarina, além da APA Inhotim e das RPPN’s Sítio Grimpas e Jequitibá. Ressalte-se ainda que a APA SUL abrange parte considerável dos territórios dos municípios do Vetor Sul, em um total de 1109,31 ha. O terceiro fator que diferencia o processo de expansão do Vetor Sul refere-se ao padrão dos loteamentos. Inicialmente exclusivamente residenciais e voltados para o mercado da população de média e alta renda tem sido acompanhada há já algum tempo, em áreas específicas do Vetor, pelo crescimento da população de renda mais baixa, prestadora de serviços braçais e domésticos nos condomínios vizinhos. Hoje, este processo engloba integralmente o município de Nova Lima, causando impactos sobre alguns distritos do município de Brumadinho voltados para a BR 040. Também em Meio Ambiente 3 Raposos e Rio Acima foram implantados alguns loteamentos, porém com pouco impacto na expansão do vetor. Quanto aos municípios de Itabirito e Moeda, inclusive fora da RMBH, os reflexos começam a serem sentidos com lançamentos de loteamentos rurais ou de segunda residência, onde as pessoas buscam lazer e descanso. Parte do município de Brumadinho, destacando-se a sede municipal e o distrito de Conceição do Itaguá, estão mais vinculados à expansão do Vetor Oeste – eixo da BR-381, predominantemente com os municípios de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos. Ressalte-se que a sede não tem ligação com a BR-040. A partir da década de 90, pode-se observar uma alteração significativa no padrão de ocupação dos condomínios, principalmente em Nova Lima. Pode-se verificar que a maioria dos condomínios de Nova Lima e alguns de Brumadinho já são considerados como primeira residência. O fato de terem se tornado áreas residenciais permanentes se deve ao aumento da criminalidade, poluição e estresse em Belo Horizonte, estimulando muita gente a procurar um local que proporcione maior segurança e melhor qualidade de vida. A transformação em residência permanente, por sua vez, gera movimentos pendulares de ir e vir, que se repetem várias vezes ao dia, sendo a relação com a cidade direta e diária. Por sua vez, estes condomínios passam a atrair para sua proximidade uma gama de serviços e de estabelecimentos comerciais. No caso específico de Nova Lima, dois fatos reforçaram esta transformação; o primeiro o surgimento do Bairro Belvedere III, em Belo Horizonte, limítrofe ao município de Nova Lima e que com usos e ocupação mais permissivos apresentou rápido adensamento. O outro fato é a política tributária do município de Nova Lima, que implantou alíquotas do ISS menores que as Belo Horizonte, atraindo para as áreas lindeiras à capital, um terciário superior, representado pela localização de equipamentos de porte, como faculdades, hospitais, clínicas e escritórios de grandes firmas. Nos anos mais recentes, o lançamento de condomínios destinados à moradia fixa, contando com centro comercial e de serviços, incentiva mais ainda a ocupação do vetor. 1.2. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO VETOR SUL Os aspectos demográficos do Vetor Sul foram analisados comparando-se o crescimento demográfico dos municípios componentes com os municípios limítrofes e com Belo Horizonte, no período entre 1980 e 2007. Foram considerados no Vetor Sul, os municípios que sofrem o impacto direto da expansão da zona sul de Belo Horizonte, como Nova Lima e Brumadinho, mais aqueles cujos impactos são menores, como Raposos, Rio Acima, Moeda e Itabirito. O crescimento destes municípios foi comparado com o de Ibirité, Mário Campos e Sarzedo, que limitam com a parte norte do município de Brumadinho, inclusive a sede municipal. A análise do crescimento demográfico foi feita a partir de 1980, quando se acelera o processo de expansão da RMBH, até 2007, último ano para o qual se tem informações, a nível municipal, e que foram levantadas pelo IBGE, a partir da Contagem da População. Os dados obtidos permitiram as seguintes constatações: Meio Ambiente 4 • A população dos seis municípios do Vetor Sul, em 1980, alcançava 107 mil habitantes, passando para 173,3 mil em 2007, o que representa um incremento de 66,3 mil habitantes; • Nova Lima aumentou em todo o período a participação na população total. Em 1980, sua população representava 38,5% da população do vetor, passando para 41,7% em 2007; • Brumadinho passou de uma participação de 16,8%, em 1980, para 18,4% em 2007. Nota-se que como conseqüência da pequena taxa observada no período 1980-1991, nesse ano a participação caiu, voltando a crescer em 2000. Invertendo a tendência nos dois últimos períodos foi o município que apresentou as taxas mais altas do vetor; • Em relação às taxas de crescimento: A população de Belo Horizonte vem crescendo a taxas constantes desde 1980 - de 1,15%, nos dois períodos iniciais, e de 1,13% a.a., entre 2000 e 2007; • Nos três períodos, os municípios do eixo da BR-381 foram os que mais cresceram, sendo que, entre 1980-1991, a taxa deste eixo ficou em 7,95% a.a., entre 1991-2000, a taxa foi de 6,32% a.a., caindo para 1,96% a.a., no ultimo período de 2000 a 2007; • Os municípios de Raposos e Moeda foram os que apresentaram as menores taxas, mostrando que o impacto da expansão urbana do Vetor Sul não produziu ainda impactos significativos em sua ocupação; • Nova Lima e Brumadinho vêm apresentando as maiores taxas do Vetor Sul, mas inferiores ás observadas nos municípios do Vetor Oeste. Entretanto, quando se analisa o grupamento formado pelos dois municípios, nota-se que a taxa do grupo, no período 2000-2007, ficou em 2,04%, superior, portanto, ao do eixo da BR-381, assinalando para a aceleração do processo de ocupação que acontece nos dois municípios. Meio Ambiente 5 Figura 1 - Evolução da População do Vetor por Município 1980-2007. Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1980; 1991 e 2000 e Contagem da População – 2007 Figura 2 - Participação % da População Municipal no Vetor Sul 1980-2007. Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1980; 1991 e 2000 e Contagem da População – 2007 Meio Ambiente 6 Figura 3 - Taxas de Crescimento – 1980-2007. Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1980; 1991 e 2000 e Contagem da População – 2007 Meio Ambiente 7 Tabela 1 - População, Por Situação de Domicílio - Vetor Sul da RMBH e Municípios Selecionados 1980-2007. SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO MUNICÍPIOS/ VETOR 1980 Total urbana 1991 rural Total 2000 urbana rural Total urbana 2007 rural Total urbana rural 1- Vetor Sul Brumadinho 17.964 5.168 12.796 19.308 11.583 7.725 26.614 19.373 7.241 31 965 26 617 5 348 Nova Lima 41.223 35.050 6.173 52.400 44.038 8.362 64.387 63.035 1.352 72 207 70 561 1 646 Raposos 11.810 11.058 752 14.242 13.317 925 14.289 13.455 834 14 874 14 204 670 5.069 3.463 1.606 7.066 5.641 1.425 7.658 6.576 1.082 8 257 7 108 1 149 Itabirito 26.970 23.395 3.575 32.091 28.678 3.413 37.901 35.245 2.656 41 522 39 860 1 662 Moeda 3.954 1.343 2.611 3.885 1.319 2.566 4.469 1.569 2.900 4 506 1 803 2 703 79.477 27.513 128.992 104.576 24.416 155.318 139.253 16.065 173.331 Rio Acima Total Vetor Sul 106.990 160.153 13.178 2 - Parte Vetor Oeste Ibirité (1) 31.939 23.485 8.454 78.090 77.841 249 133.044 132.335 709 148 535 148 024 511 5.081 4.387 694 10.535 7.952 2.583 11 421 10 807 614 4.087 9.504 8.965 539 17.274 14.738 2.536 23 282 19 043 4 239 27.429 12.541 92.675 91.193 1.482 160.853 155.025 5.828 183.238 177.874 5.364 Mário Campos (2) Sarzedo (2) Total Vetor Oeste 3 -Belo Horizonte 8.031 39.970 3.944 1.780.855 1.775.082 5.773 2.020.161 2.013.257 6.904 2.238.528 2.238.528 0 2.412.937 2.412.937 0 Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1980,1991,2000 e Contagem da População de 2007 (1) -Contem a população de Mário Campos em 1980 (2) - Criados pela lei 12.030 de 21/12/1995 - desmembrados de Ibirité. Meio Ambiente 8 Tabela 2 - Taxas Geométricas de Crescimento e Incremento Populacional do Vetor Sul e Municípios Selecionados 1980-2007. SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO MUNICÍPIOS/ VETOR 1991 2000 1980 - 1991 2000 - 2007 1980-2007 Total urbana rural Total urbana rural Total urbana rural Total Urbana Rural Brumadinho 0,66 7,61 (4,48) 3,63 5,88 (0,72) 2,77 4,86 (4,42) Nova Lima 2,20 2,10 2,80 2,32 4,07 (18,33) 1,73 1,70 2,98 Raposos 1,72 1,70 1,90 0,04 0,11 (1,14) 0,60 0,81 (3,22) Rio Acima 3,07 4,54 (1,08) 0,90 1,72 (3,01) 1,13 1,17 0,90 Itabirito 1,59 1,87 (0,42) 1,87 2,32 (2,75) 1,37 1,85 (6,76) Moeda (0,16) (0,16) (0,16) 1,57 1,95 1,37 0,12 2,10 (1,04) Total Vetor Sul 2 - Parte Vetor Oeste 1,71 2,53 -1,08 2,09 3,23 -4,54 1,65 2,11 -2,91 14.001 30.984 3.064 3.188 14.552 552 66.341 21.449 (7.448) 35.511 (4.527) 3.146 (82) 3.645 (457) 16.465 (1.913) 460 92 80.676 (14.335) Ibirité (1) 8,47 11,51 - 6,10 6,07 12,33 1,66 1,69 (4,77) Mário Campos (2) - - - 8,44 6,83 15,72 1,21 4,69 (19,30) Sarzedo (2) Total Vetor Oeste 3 -Belo Horizonte 1,54 7,75 (16,82) 6,86 5,68 18,78 4,56 3,90 7,97 116.596 11.421 15.251 124.539 10.807 15.099 7,95 11,54 -17,65 6,32 6,07 16,43 1,96 2,07 -1,23 143.268 150.445 (7.177) 1,15 1,15 1,64 1,15 1,19 - 1,13 1,13 - 632.082 637.855 (5.773) 1- Vetor Sul (7.943) 614 152 Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1980,1991 e 2000 - Contagem População 2007 Meio Ambiente 9 1.3. ASPECTOS SOCIAIS DO VETOR SUL 1.3.1. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – IDH O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH – Municipal – IDH-M), calculado pelo Instituto de Pesquisa da Fundação João Pinheiro (FJP) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), juntamente com o PNUD, tem por finalidade a medição da qualidade de vida e o progresso humano no âmbito municipal, combinando três componentes básicos do desenvolvimento humano: saúde/longevidade - obtido a partir da esperança de vida ao nascer; Renda - medido pela renda familiar per capita média do município (PIB per capita) e Educação, obtido a partir da taxa de alfabetização de adultos e da taxa bruta de freqüência à escola. Segundo os valores obtidos, os municípios podem ser classificados como: • IDH baixo (de 0 até 0,5), • médio (entre 0,5 e 0,8) • alto (acima de 0,8). Ou seja, quanto mais próximo de 1 o valor do indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do município. Como são utilizadas informações censitárias, o último ano para o qual foram calculados os indicadores, a nível municipal, foi em 2000. A análise das condições sociais foi feita inicialmente pela comparação entre os municípios componentes do Vetor Sul, com o índice médio do vetor obtido pela ponderação dos indicadores municipais. Comparou-se também com os índices dos municípios do Vetor Oeste e com os índices de Minas Gerais. A primeira constatação que se faz é que os índices médios do Vetor Sul, relativos ao IDH, são superiores aos observados no Vetor Oeste e também ao do estado de Minas Gerais. Internamente ao Vetor Sul, observa-se que, nos dois anos analisados, os melhores desempenhos foram obtidos pelos municípios de Nova Lima e Itabirito e, à exceção de Raposos, em 1991, todos os demais municípios apresentaram resultados piores que a média estadual. Em 2000, apenas Nova Lima apresentou desempenho melhor que o de Minas Gerais. Quanto aos sub-índices, nota-se que o Vetor Sul, em relação ao Vetor Oeste, sempre apresentou resultados melhores. A comparação com os índices estaduais é positiva para o Vetor, cuja média foi quase sempre superior. A exceção foram o sub índice Renda em 1991 e o relativo à longevidade em 2000. Internamente ao Vetor, o pior desempenho em todos os municípios foi o relativo ao sub-índice Renda. Nova Lima se destaca em todos os sub-índices, a não ser em 1991, em relação ao sub índice longevidade, que o melhor resultado foi o de Raposos. Quanto a Brumadinho, todos os seus sub-índices apresentaram resultado inferior a média do Vetor. Meio Ambiente 10 Tabela 3 - Indicadores de Desenvolvimento Humano IDHM Total Municípios/Vetor 1991 Brumadinho Nova Lima Raposos Rio Acima Itabirito Moeda Vetor Sul Ibirité Mário Campos Sarzedo Vetor Oeste Minas Gerais 2000 Sub-Índices Renda 1991 2000 Longevidade 1991 2000 Educação 1991 2000 0,696 0,773 0,626 0,710 0,687 0,730 0,774 0,879 0,744 0,821 0,691 0,775 0,692 0,760 0,849 0,928 0,711 0,758 0,616 0,648 0,726 0,751 0,791 0,875 0,641 0,735 0,556 0,643 0,607 0,735 0,761 0,826 0,727 0,786 0,649 0,696 0,722 0,756 0,809 0,907 0,647 0,733 0,535 0,627 0,673 0,736 0,733 0,835 0,720 0,792 0,650 0,722 0,697 0,751 0,813 0,902 0,668 0,729 0,566 0,609 0,675 0,724 0,764 0,855 0,635 0,711 0,564 0,630 0,610 0,666 0,730 0,837 0,687 0,748 0,593 0,643 0,726 0,751 0,742 0,849 0,668 0,730 0,569 0,614 0,677 0,723 0,760 0,853 0,700 0,765 0,800 0,719 0,690 0,759 0,770 0,855 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000; Estimativas 1.3.2. INDICADORES DE DESIGUALDADE Os índices de Gini (G) e L de Theil (L) são as medidas de desigualdade mais utilizadas em análises de distribuição de renda. No caso do índice de Gini, este varia de 0, quando não há desigualdade a 1 quando a desigualdade é máxima ( apenas 1 indivíduo detém toda renda). Já no índice L de Theil os valores variam de nulo quando não existe desigualdade e tende para o infinito quando a desigualdade tende para o máximo. Neste ultimo índice os indivíduos com renda per capita nula são excluídos do cálculo. Os resultados relativos aos municípios dos Vetores Sul e Oeste para dois índices apontam para a mesma direção. No Vetor Sul apenas dois municípios aumentaram a desigualdade na distribuição de renda: Nova Lima e Rio Acima, sendo que Nova Lima registrou um aumento significativo da desigualdade, tendência esta explícita nos dois índices. Em Raposos e Itabirito os índices indicavam estabilidade, apesar do índice de L de Theil no caso de Itabirito apontar para uma pequena redução na desigualdade. Nos demais municípios os resultados indicam redução na desigualdade que foi mais acentuada no município de Moeda. Há que se observar que os índices relativos ao estado de Minas Gerais de forma geral foram superiores aos dos municípios do vetor, a exceção do (L) de 2000 para Nova Lima. Meio Ambiente 11 Tabela 4 - Índice de Gini e Índice L de Theil - 1991 e 2000. Municípios/Vetor Indice de Gini Indice L de Theil 1991 2000 1991 2000 Brumadinho 0,58 0,56 0,60 0,56 Nova Lima 0,55 0,64 0,54 0,72 Raposos 0,43 0,44 0,33 0,33 Rio Acima 0,46 0,49 0,36 0,40 Itabirito 0,49 0,48 0,43 0,40 Moeda 0,52 0,48 0,49 0,39 Minas Gerais 0,61 0,62 0,70 0,67 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000 1.3.3. CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA DO VETOR SUL O Produto Interno Bruto (PIB) foi o indicador escolhido para análise da situação econômica dos municípios do Vetor no período de 2002 a 2006. O PIB é um índice que agrega de forma sintética o valor de todos os bens e serviços finais produzidos no município durante um dado período e é equivalente à renda gerada. A composição do PIB por setor de atividade, no caso do Vetor Sul não se alterou no período 2002-2006. O setor agropecuário não tem expressão no vetor participando com menos de 1% na formação do PIB tanto em 2002 quanto em 2006. No primeiro ano a participação que era de 0,74% foi reduzida para 0,69% em 2006. As atividades ligadas à administração pública passaram de uma participação de 9,22% para 9,12% nos mesmos anos e as atividades de comércio e outros serviços que em 2002 respondiam por 33,93% tiveram uma ligeira queda passando para 33,68%. O único setor que apresentou um pequeno aumento de 0,5% foi o industrial que em 2002 era responsável por 56,11% e aumentou para 56,51% em 2006. Comparando o PIB dos municípios do Vetor Sul com os dos três municípios do Vetor Oeste, nota-se que o PIB do vetor Sul é mais de 3 vezes o do vetor Oeste. A composição por setor de atividade também é muito diversa e apresentou algumas alterações entre 2002 e 2006. O setor agropecuário, que participava com 5,56% da formação do PIB total em 2002 teve sua participação reduzida para 3,08% em 2006. O setor industrial, que participava com 28,07% da formação do PIB total em 2002, teve sua participação aumentada para 29,15% em 2006. Por sua vez o setor relativo às atividades da administração pública que participava com 28,37% da formação do PIB total em 2002, teve sua participação aumentada para 29,15% em 2006. Finalmente, as demais atividades terciárias apresentaram um crescimento na composição do PIB de dois pontos percentuais passando de 38,01% em 2002 para 40,06% em 2006. A Tabela 5 apresenta a composição do PIB dos dois vetores mostrando ainda a taxa de crescimento do PIB total e por setor de atividade nos anos 2002 e 2006. Na Tabela 6 e na Tabela 7 são apresentados o PIB por vetor e município componente nos dois anos. Meio Ambiente 12 Tabela 5 - Composição (%) do PIB por Setor de Atividade 2002 e 2006 Vetor Sul Setor de atividade Participação% Vetor Oeste 2002 2006 Taxa de Crescimento Agropecuária 0,74 0,69 Indústria 56,11 Administração Pública Outros Serviços Participação% 2002 2006 Taxa de Crescimento 1,14 5,55 3,08 0,72 56,51 1,23 28,07 29,15 1,35 9,22 9,12 1,21 28,37 27,72 1,27 33,93 33,68 1,21 38,01 40,06 1,37 Valor Adicionado Total 100,00 100,00 1,22 100,00 100,00 1,30 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI) Tabela 6 - Valor Adicionado, por Setores de Atividade Econômica, PIB por habitante, por município 2002 VALOR ADICIONADO (R$mil) - preços constantes de 2000 (*) SERVIÇOS PIB POR HABITANTE (R$) Agropecuária Indústria Administração Pública Outros Serviços Valor Adicionado Total 7.813 111.529 23.649 55.793 198.784 7.224,69 Nova Lima 133 457.548 58.056 299.803 815.540 12.816,19 Raposos 12 3.846 9.947 11.570 25.375 1.846,80 Rio Acima 107 3.981 7.630 22.321 34.040 5.151,19 Itabirito 1.835 244.811 32.898 104.749 384.293 10.257,25 Moeda 992 1.204 3.013 3.496 8.705 1.978,35 10.893 822.919 135.193 497.732 1.466.736 9.385,19 Ibirité 5.169 72.879 88.187 112.663 278.898 2.121,89 Mário Campos 9.253 2.687 7.544 9.445 28.930 2.477,20 6.831 31.770 12.752 23.257 74.610 4.339,58 21.254 107.337 108.483 145.364 382.438 2.368,80 Municípios Brumadinho Vetor Sul Sarzedo Vetor Oeste Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI) (*) - Valores deflacionados pelo Deflator Implícito do PIB Meio Ambiente 13 Tabela 7 - Valor Adicionado, por Setores de Atividade Econômica, PIB por habitante, por município 2006 VALOR ADICIONADO (R$mil) - preços constantes de 2000 Municípios SERVIÇOS Administração Outros Pública Serviços 30.986 83.938 Agropecuária Indústria Brumadinho 8.738 206.432 Nova Lima 90 547.781 68.332 Raposos 11 3.667 Rio Acima 68 Itabirito PIB POR Valor HABITANTE Adicionado (R$) Total 330.093 10.833 356.743 972.946 14.227 9.463 11.852 24.993 1.831 3.782 9.189 21.740 34.779 4.833 2.485 249.575 41.671 124.256 417.986 10.464 Moeda 993 1.169 3.738 4.976 10.876 2.331 Vetor Sul 12.384 1.012.405 163.380 603.505 1.791.674 11.562 Ibirité 3.347 113.624 111.333 164.976 393.280 2.535 Mário Campos 6.899 3.486 9.788 10.290 30.463 2.209 Sarzedo 5.063 27.966 16.821 24.113 73.963 3.421 Vetor Oeste 15.310 145.076 137.941 199.379 497.705 2.604 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI). Internamente ao Vetor Sul, nota-se a grande concentração exercida pelo município de Nova Lima e que pode ser melhor observada nos gráficos da Figura 4. Nota-se que, entre 2002 e 2006, o município apresentou perda na participação. Esta redução aconteceu em relação ao PIB industrial. Entre 2004 e 2006, o setor industrial de Nova Lima teve uma redução de 25% no PIB do setor. Provavelmente, como decorrência da diminuição da atividade extrativa mineral. Comparando-se a participações do PIB e da população, verifica-se que apenas Nova Lima apresenta participação no PIB maior que da população. Meio Ambiente 14 Figura 4 - Distribuição do PIB do Vetor Sul por Municípios – 2002 e 2006. A composição do PIB pelos municípios é bem diversificada: em Nova Lima, Itabirito e Brumadinho o setor industrial responde por mais de 50% na formação do PIB municipal. Nos demais municípios, o setor terciário responde pela maior parcela, respondendo por mais de 80% dos respectivos PIB’s. A composição de cada PIB pode ser melhor visualizada no gráfico da Figura 5. Finalmente, a Figura 6 apresenta a evolução/involução dos PIB’s municipais no período 2002-2006. Meio Ambiente 15 Figura 5 - Composição (%) dos PIB municipal por setor econômico-2006. Figura 6 - Evolução do PIB (a preços constantes) por município 2002-2006. Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI). (*) - Valores deflacionados pelo Deflator Implícito do PIB. 1.4. A EXPANSÃO URBANA DE NOVA LIMA E BRUMADINHO A escolha destes dois municípios do Vetor Sul deveu-se a algumas características comuns aos dois quais sejam: maior número de loteamentos e de área parcelada no vetor, terem sido os municípios com maior crescimento demográfico no Vetor Sul nos últimos anos, gerarem um acentuado movimente pendular diário em direção a Belo Horizonte e terem na mineração a principal atividade econômica. Meio Ambiente 16 Nova Lima e parte do município de Brumadinho se situam como continuação da zona Sul de Belo Horizonte. A construção do BH Shopping nos anos setenta acelerou a ocupação por atividades comerciais e de serviços da Av. Nossa Senhora do Carmo e do seu entorno, assim como da Av. Raja Gabaglia. A expansão do terciário transbordou para a BR-040 promovendo a expansão deste vetor. No final da década de 80, a criação e o rápido desenvolvimento do bairro Belvedere III provocaram uma supervalorização da região, o que foi determinante para a consolidação do vetor sul como área de expansão de Belo Horizonte. Pode-se, pois afirmar que o crescimento do vetor foi marcado pela construção do BH Shopping, mas principalmente pela atuação sistemática do mercado imobiliário em loteamentos e condomínios fechados destinados as camadas mais ricas da população. Este fato determinou a principal diferença do vetor em relação à ocupação dos demais eixos de expansão da Região Metropolitana principalmente Betim, Contagem, e Ibirité a oeste e os municípios do vetor norte central - principalmente Ribeirão das Neves, Vespasiano e Santa Luzia que vivenciaram nos mesmos períodos uma significativa oferta de lotes destinados a população mais pobre. O surgimento dos primeiros loteamentos no vetor sul aconteceu na década de 50, mas o inicio da consolidação aconteceu nos anos 60 com a construção do Serra Del Rey, em Nova Lima e do Retiro das Pedras, em Brumadinho. 1.4.1. A EXPANSÃO URBANA DE NOVA LIMA O processo de ocupação do município de Nova Lima vincula-se diretamente ás atividades de extração mineral, devido as suas reservas de ferro e ouro. A extração do ouro teve início no século XVIII. No entorno da mina surgiu um pequeno núcleo que deu origem a atual sede municipal. Estes terrenos foram vendidos em 1834 para a mineradora inglesa St. John Del Rey Mining Company. A expansão do núcleo inicial aconteceu pelo surgimento de assentamentos residenciais para esta população e a implantação do pequeno comércio e serviço para atendêlos. A mina de Morro Velho tornou-se a maior mina do país em exploração subterrânea de ouro. A St. John Del Rey Mining Company chegou a deter a propriedade de 98% do território de Nova Lima ou, 420 km², sendo que a extensão do município é de 428,5 km² (COSTA, 2003). Já na década de 60 a antiga empresa de mineração faz sociedade com outra mineradora de capital americano - Hanna e dessa sociedade surgem duas empresas: uma destinada à exploração do ouro - a Mineração Morro Velho, hoje AngloGold, e outra, com o nome de Minerações Brasileiras Reunidas - MBR encarregada de dar continuidade à exploração do minério de ferro. O controle acionário da MBR foi adquirido pela Cia Vale nos anos 2000. No início dos anos 2000, ainda era grande a concentração de terras nas mãos das empresas mineradoras, que possuíam 49% do total de terras do município. A propriedade das duas empresas chegava a 210 km² sendo que 130 km² pertenciam a AngloGold, enquanto a MBR detinha 80 km² do território de Nova Lima. Segundo Costa (2003), a concentração de terras nas mãos das mineradoras contribuiu para o controle da expansão urbana e imobiliária no município, uma vez que a ocupação territorial estava diretamente relacionada aos interesses das empresas. A situação geográfica do município em região de morros e terrenos com relevos acidentados, Meio Ambiente 17 áreas de floresta e com poucas alternativas de acesso viário, fez com que de início a expansão urbana se desse de forma lenta devido ao grande investimento necessário para a implantação dos loteamentos. Também a estratégia de venda das grandes empresas imobiliárias, mantendo em estoque parte dos lotes contribuiu para que elas administrassem o preço da terra nos poucos espaços urbanizáveis. De fato, uma das características mais marcantes do município é a localização das seguintes unidades de conservação e áreas de preservação de mananciais em seu território: Estação Ecológica de Fechos, Reserva da Mutuca, Mata Capitão do Mato e Mata do Tumbá. Além destas áreas duas outras áreas são classificadas como Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), ambas em áreas das empresas mineradoras: a Mata do Jambreiro, de propriedade hoje da Vale e outra RPPN, criada no loteamento Vale dos Cristais e pertencente à AngloGold, como medida compensatória para concessão da Licença Prévia, durante o processo de licenciamento ambiental junto ao COPAM ( Costa, Peixoto-2007). Além disso, o município está localizado no entorno do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e 93,11% do seu território está inserido no interior da APA Sul, área de proteção ambiental criada em 1994 para a preservação de mananciais de importância estratégica para o abastecimento de água da RMBH. Como dito anteriormente, apesar de pequenos loteamentos ocorridos nos anos 30 e 40 o processo de parcelamento e ocupação em Nova Lima teve início na década de 50 quando da construção da rodovia de ligação com o Rio de Janeiro.Neste período foram lançados cerca de 11,6 mil lotes a maioria com área entre 500m e 1500m. Estes loteamentos localizavam-se vários na sede do município e outros ao longo da nova rodovia . Entre os loteamentos lançados à época, estão o Vale do Sol e o Jardim Canadá. Na Tabela 8, com dados trabalhados por Costa (2003) e informações relativas ao ano de lançamento dos loteamentos fornecidos no trabalho de Santana (2002), é apresentada a situação por década e mostra que, a partir dos anos 60, houve um grande aumento no número de lançamentos de loteamentos. Entretanto, o número de lotes, assim como a área parcelada eram bem menores. São deste período alguns parcelamentos destinados a sítios de recreio. Meio Ambiente 18 Tabela 8 - Evolução dos Loteamentos de Nova Lima. Fonte: Dados Básicos: Costa,H.M. - (2003) e Santana L.G. (2002). Períodos Número de Loteamento s Número de Lotes 1930 a 1949 8 1.083 1950 a 1959 11 11.629 Jardim Canadá, Vale do Sol,(BR-040) , N.Sra de Fátima,Vila Nova, Residencial Sul (sede) 1960 a 1969 19 3.657 Vale do Sereno,Vila Nova Betania(MG-030) ,Vila Industrial (sede) 8.863 Campestre, Vila del Rey.Conde, Castela(BR-040) ;Vile de Montagne, Ouro Velho, J. Torre,Jardinaves, Parque do Engenho; Jardim de Petropolis(MG-030) 1970 a 1979 30 1980 a 1989 11 3.888 1990 a 1999 13 3.209 3 881 95 33.210 a partir de 2000 Total Principais Loteamentos Morro do Chapéu,Pasárgada,Parque do Engenho(BR-040) Vila da Serra, Bosque do Jambreiro,Vila do Ouro (MG-030) Vila Alpina, Morro do Chapéu II, Alphaville Lagoa dos Ingleses, Vereda das Geraes, Green Park,(BR-040) Vale dos Cristais Na década de setenta, o mercado imobiliário volta a ter grande impulso com o lançamento de cerca de 30 loteamentos e mais de 8 mil lotes. Neste período, ocorre uma mudança no padrão dos loteamentos, passando a prevalecer os loteamentos de lotes maiores, destinados a chácaras, sítios de recreio e a intensificação dos condomínios fechados. Conforme Costa (2004), “a importância deste tipo de parcelamento é de tal ordem que representa 62% dos lotes produzidos nas décadas de 80 e 90 nos municípios de Nova Lima e Brumadinho.” A partir dos anos 80, o número de loteamentos reduz, mas já se inicia o processo de mudança do padrão de uso destes loteamentos que de 2ª residência passam a ser considerados loteamentos para residência permanente. Pode-se afirmar que a intensificação da expansão desta ocupação foi um dos impactos decorrentes do crescimento do bairro Belvedere III, que localizado bem próximo à divisa entre Belo Horizonte e Nova Lima, junto à Serra do Curral, passou por rápido e intenso processo de verticalização, decorrente da modificação da Legislação de Zoneamento de Belo Horizonte em 1988, que tornou a ocupação dessa área mais permissiva. A localização de vários destes loteamentos em região próxima às áreas de interesse ambiental e paisagístico, como áreas de proteção de mananciais, da mata do Jambreiro e da Serra do Curral passam a ser atributos dos loteamentos, incorporando valor aos lotes oferecidos e tornando o preço da terra nessa região ainda maior. Meio Ambiente 19 A partir dos anos 90, com a diminuição da atividade mineradora e exaustão das minas, as empresas encontraram nas terras uma segunda fonte de renda, através da atividade imobiliária. Tal fato aliado à localização privilegiada, mas com legislação restritiva em relação ao uso e ocupação, tornaram-se fonte de conflitos entre órgãos públicos, imobiliárias e incorporadores e organizações não governamentais. De fato, ao se analisar a composição do PIB municipal por setores econômicos é evidente a queda ocorrida no valor adicionado pela indústria, que em 2006 estava 25% menor que o Valor Adicionado de 2006, o que pode estar mostrando a retração na indústria extrativa. Apesar do PIB relativo aos serviços ter crescido 7%, entre o período, este aumento não compensou as perdas do VA da indústria. No período 2002 a 2006, o PIB de Nova Lima cresceu19%, enquanto o de Brumadinho aumentou 66%, mas entre 2004 e 2006, a redução do PIB total, em preços constantes, foi de mais de 10%, queda esta que já caracteriza uma tendência. Estes dados são apresentados na Tabela 9. Tabela 9 - Nova Lima - Evolução do PIB Municipal - 2002-2006 Valor Adicionado a preços constantes de 2000 - (R$1000) Anos Indústria Serviços Agropecuário Total 2002 457.548 357.859 133 815.540 2003 514.116 357.207 141 871.464 2004 685.061 397.426 276 1.082.764 2005 598.651 414.170 136 1.012.957 2006 547.781 425.075 90 972.946 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI) (*) - Valores deflacionados pelo Deflator Implícito do PIB Entre os loteamentos realizados em áreas de mineradoras, destaca-se o Alphaville-Lagoa dos Ingleses I em uma área de 4 milhões de m², adquirida da MBR. Este condomínio situa-se ao sul de Nova Lima, no entroncamento das rodovias BR-040 e BR-356, tendo uma concepção diferente dos loteamentos lançados até a época. O empreendimento é caracterizado pela proposta de residências permanentes, uni e multifamiliares, atreladas, ao contrário dos demais condomínios da região, à possibilidade de acesso ao comércio, serviços, educação e lazer, com o intuito de permitir que o morador não precise se deslocar a Belo Horizonte, situada a uma distância de aproximadamente 25 quilômetros. O total de lotes do Alphaville é de 1545, dos quais 90% vendidos no lançamento. Em 2003, é lançado o empreendimento Vale dos Cristais, na MG-030, em terras da AngloGold, parceria da mineradora com a Construtora Odebrecht. O empreendimento cobre uma área de 6 milhões de m² e conta com 575 lotes e dezenove prédios, com duzentos apartamentos. De acordo com o Plano Diretor de Nova Lima, segundo Costa (2004), em 2002 existiam no município 26.065 lotes vagos, sendo 15.726 com uso residencial; 3.155 com uso comercial ou de serviços; 89 com uso industrial; 235 em construção. Este número de lotes vagos é mais que a metade dos lotes existentes. No entanto, a área parcelada é pequena se comparada à grande extensão do município. Meio Ambiente 20 Este fato decorre por um lado da estrutura fundiária e por outro das barreiras físicas representadas pela topografia. 1.4.2. DINÂMICA DEMOGRÁFICA ATUAL DE NOVA LIMA O município de Nova Lima tem uma extensão territorial de 428,45 km², sendo maior que Belo Horizonte que tem 330 km². Sua população no período compreendido entre 1970 e 2007 apresentou um acréscimo de pouco mais de 38 mil habitantes, número este bem inferior ao de lotes lançados a partir dos anos 50 e que já ultrapassam os sessenta mil. Ou seja, pelo número de lotes, a população de Nova Lima já poderia ultrapassar os duzentos mil habitantes. Apesar de ainda ter uma população relativamente pequena, Nova Lima apresentou até 2000 taxas crescentes de crescimento demográfico ao contrário da grande maioria dos municípios metropolitanos. Apesar de ter ocorrido uma redução no período 2000-2007, a taxa de Nova Lima ainda foi das mais altas – 1,73% se comparada aos outros municípios do vetor, à Belo Horizonte e à Região Metropolitana. A análise da taxa geométrica de crescimento mostra que a ocupação permanente de Nova Lima é recente e que o potencial de crescimento desse município é grande. Este fato fica mais evidente quando se analisa a densidade populacional. A densidade de Belo Horizonte indica que a capital possui 6.783 hab por km², enquanto a de Nova Lima é de apenas 150 hab/km², ou seja, 45 vezes menor. Nova Lima possui apenas o distrito sede e seu perímetro urbano abrange todos os núcleos e loteamentos do município. Portanto, praticamente toda sua população é urbana. Conforme Brito (2003), dados da pesquisa de Origem e Destino, realizada em 2002 pela Fundação João Pinheiro, mostravam que do total da população do município, 63% moravam dentro da sede e o restante em bairros localizados fora do núcleo central. Buscando entender a dinâmica da população no espaço do município, foi analisada a distribuição da população residente pelos setores censitários definidos pelo IBGE. Para tanto, se dividiu a área municipal em seis unidades, a saber: • Núcleo central; • Eixo da MG-030, sentido Belo Horizonte - Nova Lima; • Eixo Raposos - Nova Lima, inclusive o trecho da rodovia até limites com Sabará; • Eixo Nova Lima - Rio Acima, com os povoados de Bela Fama, Honório Bicalho e Santa Rita; • Eixo BR-040 e BR356; • Setores censitários rurais. Para esta análise, foram trabalhados os dados censitários referentes ao Censo Demográfico de 2000 e da Contagem da População de 2007. Os resultados encontrados estão na Tabela 10 e na Tabela 11. Desde 1991, o Núcleo Central vinha apresentando taxas de crescimento próximas a zero, mas no período mais recente ocorreu a redução da população, fenômeno que se repetiu nos eixos Meio Ambiente 21 com ocupação mais tradicional, como as localidades ao longo das vias que ligam Nova Lima a Raposos e a Rio Acima. Nestas três unidades, a perda populacional foi de 3.500 residentes, sendo que a participação do núcleo central que, em 2000, estava em 57,58%, caiu quase dez pontos percentuais, quando se compara com a participação observada em 2007. A redução da atividade de extração mineral, principalmente com a exaustão da mina de Morro Velho, situada no núcleo central e da mina de Águas Claras, também próxima à sede municipal, contribuíram para a perda da importância da mesma que vem se tornando uma região estagnada, do ponto de vista populacional e econômico pela drástica redução nos postos de emprego, inclusive com a redução do PIB municipal. Em contrapartida, o eixo da MG-030, sentido Belo Horizonte - Nova Lima, ganhou cerca de 7.200 residentes, tendo quase dobrado sua participação na população total do município, que passou de 9,36%, em 2000, para 18,33 %, em 2007. Outra unidade que apresentou crescimento foi o da BR-040/BR-356 que teve um incremento demográfico de 3.816 pessoas e crescimento da participação de mais de quatro pontos percentuais. Também apresentou pequeno incremento populacional, da ordem de 294 habitantes, a área formada pelos setores rurais. Outro indicador que indica a aceleração do ritmo de crescimento das unidades, refere-se à taxa de crescimento anual no período 2000-2007. Observa-se que no eixo da MG-030, ligação Belo Horizonte – Nova Lima, a taxa foi de 12,5% a.a. e no eixo da BR-040 de pouco mais de 7% a.a. Tabela 10 - Distribuição da População por Unidades de Análise e Taxas de Crescimento 2000-2007 Taxa Anual 2000 2007 de Unidades de Análise Pop Pop Crescimento % % residente residente % 1-Nucleo Central 37.074 57,58 34.836 48,24 (0,93) 2-Eixo MG-030 BH -Nova Lima 6.026 9,36 13.235 18,33 12,46 3- Eixo NL Raposos/Sabará 3.952 6,14 3.173 4,39 (3,22) 4- Eixo Nova Lima -Rio Acima 9.352 14,52 8.870 12,28 (0,79) 5-Eixo BR-O40 6.631 10,30 10.447 14,47 7,02 6 -Setores Rurais 1.352 2,10 1.646 2,28 2,98 Total Nova Lima 64.387 100,00 72.207 100,00 1,73 Fonte: IBGE - Dados Básicos; Censo Demográfico, 2000; Contagem da População 2007 Figura 7 - Distribuição da População por Unidades de Análise-2000-2007. Meio Ambiente 22 Figura 8 - Evolução da Participação (%) da População nas Unidades 2000-2007. Fonte: Dados Básicos IBGE, Censo Demográfico 2000 e Contagem População 2007 Os dados referentes aos domicílios permanentes confirmam a predominância dos eixos das Rodovias MG-030 e BR-040, sobre as demais unidades do município. Inclusive as taxas de crescimento dos domicílios são maiores que as da população. Tabela 11 - Distribuição dos Domicílios por Unidades de Pesquisa 2000-2007 2000 2007 Taxa Anual de Crescimento % 1-Núcleo Central 9.623 10.010 0,59 2-Eixo MG-030 BH -Nova Lima 1.653 3.758 13,04 945 872 (1,19) Unidades de Análise 3- Eixo NL Raposos/Sabará Domicílios Particulares Permanentes 4- Eixo Nova Lima -Rio Acima 2.349 2.600 1,53 5-Eixo BR-O40 1.835 3.076 8,02 6 -Setores Rurais 354 462 4,05 Total Nova Lima 16.759 20.778 3,26 Fonte: Dados Básicos IBGE- Censo Demográfico 2000 e Contagem da População 2007 A expansão do eixo Belo Horizonte - Nova Lima foi estimulada, tanto pela duplicação da rodovia, quanto pelo surgimento do bairro Belvedere III. Conforme Brito e Souza (2006), estes dois fatos contribuíram para o crescimento da região conhecida como “Seis Pistas”, já em território de Nova Lima e que abrange os bairros Vila da Serra, Vale do Sereno, e Vilage Terrasse. Além disso, a Prefeitura de Nova Lima vem concedendo incentivos fiscais para a instalação de empresas em seu território, tornando a carga tributária de Nova Lima menor que a de Belo Horizonte. Segundo os empresários, este é o maior incentivo para a escolha do município de Nova Lima para desenvolver seus negócios. Com isso, o município vem recebendo a implantação de várias empresas provocando uma guerra fiscal com BH. Meio Ambiente 23 O ultimo empreendimento de porte lançado no eixo da BR-030 (BH-NL), foi o Vale dos Cristais em uma área de seis milhões de m². Este empreendimento é resultado da associação da AngloGold, proprietária da terra com a Odebrecht Empreendimentos Imobiliários. Além de um loteamento com 577 lotes – Condomínio Nascentes, no Vale dos Cristais estão sendo implantados três condomínios verticais (Vila Gardner, com 6 prédios e quarenta e oito apartamentos, Vila Hartt, com sete prédios e cinqüenta e seis apartamentos e Vila Grimm, com seis prédios e noventa e seis apartamentos), totalizando duzentas residências. Considerando uma ocupação de 3,5 pessoas por domicilio, pode-se calcular uma população de quase três mil pessoas nesse local. O Vale dos Cristais conta com uma unidade de preservação, com o objetivo de garantir a qualidade ambiental de todo o empreendimento, ao mesmo tempo em que agrega valor aos lotes e apartamentos a venda. Destaca-se ainda nesse eixo, a presença recente do colégio Santo Agostinho, construído junto à entrada do Vale dos Cristais e de um novo centro comercial que tem como loja âncora um moderno supermercado. No outro eixo de expansão de Nova Lima, formado pelas BR-040 e BR-356, o crescimento aconteceu principalmente no loteamento Jardim Canadá, um dos mais antigos, lançado na década de cinqüenta. Os condomínios situados em sua proximidade são estritamente residenciais e parte de suas demandas estão sendo atendidas pelo Jardim Canadá, que têm se transformado em um pólo comercial e de prestação de serviços além de contar com área industrial. Este bairro é diferenciado em relação à vizinhança, formada por condomínios fechados, pois sua ocupação é diversificada e heterogênea. Nele, convivem a ocupação residencial de baixa renda, a ocupação residencial de renda elevada, a ocupação por equipamentos industriais, por vezes sofisticados, além de uma série de estabelecimentos de comércio e serviços de atendimento, não só ao bairro, mas também e principalmente aos condomínios. Destaca-se ainda, a área industrial ali localizada, que concentra parcela significativa dos estabelecimentos não-residenciais do bairro. Os lotes têm tamanho bem menores e os preços são inferiores aos loteamentos vizinhos do município de Nova Lima. No período de 2000 a 2007, aumentou o número de moradores em 1.954 pessoas, passando de 3.977 residentes, para 5.931, ou seja, crescimento de 6,14% a.a.. No mesmo período, os domicílios passaram de 1049 para 1405, com ritmo de crescimento inferior ao da população, pois a taxa de crescimento ficou em 4,46% a.a. Este fato poderia estar apontando para a mudança do tipo de ocupação de 2ª residência para moradia fixa, com a conseqüente ocupação de domicílios construídos anteriormente. A implantação de serviços públicos: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e pavimentação de ruas também influenciaram no aumento da ocupação da área. Segundo o site da prefeitura, o bairro é considerado o principal núcleo de concentração industrial e comercial do município, estando nele instaladas cerca de 580 micro e pequenas empresas. O outro ponto de destaque neste eixo é o condomínio Alphaville-Lagoa dos Ingleses, que aponta para a heterogeneidade deste espaço. O empreendimento Alphaville lançado em 1998 é o maior empreendimento imobiliário de Nova Lima, sendo o primeiro a propor a ocupação com habitações e unidades de comércio e serviços. A primeira fase do empreendimento compreende uma área de 430 hectares, dividida em 1.642 lotes, dos quais 1.545, com tamanhos variando entre 700 e 1.500 m², destinados a residências unifamiliares e distribuídos em cinco condomínios independentes. Os demais lotes, lindeiros ao sistema viário principal, Meio Ambiente 24 são os chamados lotes empresariais, destinados a atividades terciárias, com possibilidade de verticalização. Há ainda um conjunto padronizado de 51 casas geminadas, denominadas town houses, além de um centro comercial, composto por 228 lojas e salas comerciais. Nos lotes empresariais e no conjunto comercial, já estão implantados agência bancária, diversos tipos de comércio e de serviços, escola infantil e de línguas, um hotel e a Fundação Dom Cabral. O principal equipamento de lazer é a unidade do Minas Tênis Náutico. Esta diversidade de uso dá ênfase para a ocupação permanente das residências, ou seja, trata-se de uma opção de moradia, não de um "sítio de recreio" ou de uma segunda residência. Conforme Costa (2003), “no lançamento do empreendimento foram vendidos 90% dos 1545 lotes, ou seja, aproximadamente 1390. Cerca de 800 compradores (51,7%) desses lotes eram investidores que adquiriram vários lotes com o propósito de especulação”. Tal fato de certa forma tem feito com que a ocupação acontecesse em ritmo mais lento que era previsto no lançamento. Os dados dos censos 2000 e 2007 mostram que a população passou de 123 moradores, em 2000, para 592, em 2007. Conforme a Tabela 12, cujos dados são da Alphaville Urbanismo S.A., o ritmo de ocupação ainda é lento, porém vem aumentando gradativamente. Pode-se inclusive supor que a ocupação residencial, provavelmente, ultrapassa hoje 350 residências, entre as unidades das “town houses” e casas construídas. ¾ Considerando a provável ocupação das 102 unidades das “town houses”, tendo em vista que em 2005, 95% das mesmas estavam habitadas, e considerando a ocupação das casas já construídas é provável que, no início de 2009, o número de moradores ultrapasse a 1000 pessoas. No entanto, esta ocupação é ainda incipiente em relação à capacidade total. Há que se notar que a expectativa dos incorporadores, quando do lançamento, era que, em 2010, o condomínio já contaria com uma população de seis mil e quinhentos moradores. A ocupação incipiente e lenta, no entanto, tem trazido problemas também em relação aos serviços e comércio instalados ou que pretendem se instalar e formando um círculo vicioso. Futuros moradores retardam a mudança pela falta de alguns serviços e serviços não se instalam pela falta de clientes. Um dos exemplos é o da instalação de equipamento de ensino para atender até o ensino médio. De fato, foi construída e instalada no local uma unidade do colégio Maristas. Entretanto, a ocupação rarefeita acabou sendo um empecilho à manutenção do colégio, que passou a atender aos alunos do condomínio na unidade central, colocando à disposição um sistema próprio de transporte. Além disso, segundo moradores, está existindo uma alta rotatividade de lojas de comércio e serviços de atendimento local. Meio Ambiente 25 O empreendimento deverá ter uma segunda parte, em uma área de 340 ha. Esta parte já está aprovada e na mesma está prevista a ocupação multifamiliar residencial. A implantação total do empreendimento e sua posterior ocupação apontam para inúmeros impactos e conflitos de interesse a nível regional e local. O empreendimento está mais próximo de povoados de municípios vizinhos que da sede de Nova Lima. Além disso, as terras de Nova Lima, próximas ao empreendimento, são de propriedade das mineradoras, o que impede o surgimento de loteamentos populares no município. Desta forma, os impactos deverão acontecer, sobretudo, em distritos de Brumadinho, mais próximos, e em Moeda e Itabirito. A ocupação plena do empreendimento poderá demorar ainda alguns anos, mas quando estiver completa, o condomínio terá se transformado em uma cidade de aproximadamente 20 mil moradores, maior que mais de 80% dos municípios mineiros, gerando acréscimo considerável de tráfego nas rodovias BR-040 e BR-356. Tabela 12 - Ocupação AlphaVille - Lagoa dos Ingleses 2000-2008. Descrição 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Lotes com casas 0 3 15 61 116 118 construídas Lotes com casas 10 39 83 94 103 103 em construção Projetos em 3 10 15 14 20 27 aprovação Town Houses 0 4 52 86 97 97 ocupadas Fonte: Site - Alphaville Lagoa dos Ingleses – consulta 19/02/2009 (*) – Sem informação 2006 2007 2008 128 210 259 176 168 312 29 36 49 * * * 1.4.3. A EXPANSÃO DE BRUMADINHO Brumadinho pertence à Região Metropolitana de Belo Horizonte. Seu território abrange uma área de 640,08 km², sendo o terceiro município da RMBH em extensão, Seu território faz limites com onze municípios: Ibirité, Sarzedo, Mário Campos, Itatiaiuçu, Rio Manso, Bonfim, Belo Vale, Moeda, Itabirito, Nova Lima e São Joaquim de Bicas. É constituído por cinco distritos: Brumadinho - distrito sede; Aranha, São José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba e Conceição do Itaguá. A origem de Brumadinho bem como de outros povoados situados na região dos vales dos rios Paraopeba e das Velhas, está no núcleo de abastecimento da bandeira de Fernão Dias Paes Leme, sendo que a colonização teve início quando os “insubmissos” da Guerra dos Emboabas se dirigiram para lá, fugindo da repressão, a fim de garimpar ouro, livres dos elevados tributos da Coroa. (PDB, 2006) Dessa forma, de ponto de abastecimento de víveres, passou a pequeno arraial de mineradores. Os núcleos de São José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba e Brumado do Paraopeba fazem parte da primeira fase da história de ocupação do território de Minas Gerais. O desenvolvimento da cultura cafeeira e a possibilidade de extração e exportação de minérios de ferro, abundantes na região, levaram à construção do ramal do Paraopeba da estrada de Ferro Central do Brasil, fazendo nascer e desenvolver o povoado, com a chegada de trabalhadores e imigrantes. Em 1938, Brumadinho separou-se de Bonfim e tornou-se município. Meio Ambiente 26 A atividade mineradora é ainda a principal atividade econômica do município, com minas da Vale, da Vallourec & Mannesmann e outras minerações. O interior do município ainda apresenta atividade rural e, segundo dados do Censo Agropecuário realizado pelo IBGE em 2007, existiam no município 599 estabelecimentos agropecuários, sendo 280 com lavoura permanente e que ocupavam uma área de 18.256 ha, nos quais trabalham 1425 pessoas, entre familiares dos produtores e empregados, estes em minoria. No entanto, a agropecuária tem pouca representatividade na economia local, pois contribui com apenas 2,65% do valor adicionado ou PIB municipal. Dados do IBGE, de 2006, mostram a estrutura empresarial de Brumadinho referente ao número de empresas por tipo de atividade e pessoal ocupado. Pelos dados observa-se que os maiores empregadores locais são, por ordem, a administração pública, atividades comerciais e a indústria extrativa, que respondem por 51% da ocupação, conforme pode ser visto na Tabela 13. Tabela 13 - Estrutura Empresarial de Brumadinho – 2006. Número de Unidades Número % 1-Agricultura, pecuária,silvicultura,exploração vegetal 17 84 1,24 2-Indústria Extrativa 30 734 10,80 3-Indústria de Transformação 72 374 5,50 4-Construção 32 585 8,61 5-Comércio, reparação de veículos, objetos pessoais domésticos 309 1.259 18,52 Atividades Pessoal Ocupado 6-Alojamento e Alimentação 68 207 3,05 7-Transporte, Armazenagem e Comunicação 84 693 10,20 8-Produção e distribuição de água,eletricidade e gás 3 3 0,04 9-Intermediação Financeira, Seguros e Assemelhados 27 28 0,41 10-Atividades Imobiliárias, Aluguéis 154 640 9,42 3 1.489 21,91 12-Educação 11 173 2,55 13-Saúde 16 59 0,87 14-Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 112 469 6,90 Total 938 6.797 100,00 11-Administração Pública Fonte IBGE - Cadastro Geral de Empresas 2006 Assim como em Nova Lima, em Brumadinho, foram criadas unidades de conservação de diversas categorias: Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), Área de Proteção Especial (APE) e Parque. Meio Ambiente 27 As unidades de Brumadinho são: • APA Inhotim – criada pela Lei Municipal nº 1.385 de 2003, denominada APA – PAZ Municipal de Inhotim; • APE Rio Manso - criada pelo Decreto Estadual nº 27.928, de 1988, para fins de preservação de mananciais de abastecimento público. O Artigo 2º declara como de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural dentro da área da APE Rio Manso, definida no artigo 1º, dando um caráter proibitivo a qualquer uso do solo. Faz-se, também, aplicar a Lei Estadual nº 10.793/92, que dispõe sobre a proteção de mananciais de abastecimento público, conforme citado acima; • APE Catarina - criada pelo Decreto Estadual nº 22.096 de 1982 e para a qual se aplica a mesma legislação da APE Rio Manso; • Parque Estadual Serra do Rola Moça: criado pelo Decreto Estadual nº 3.607 de 1994. Possui características peculiares de cobertura vegetal apresentando, sobre declividades acentuadas, a tipologia de campo rupestre, protegida pelos termos da Lei nº 14.309/2002, em seu artigo 30. RPPN’s Sítio Grimpas e Jequitibá (Córrego do Feijão): Reservas Particulares do Patrimônio Natural são criadas, de acordo com o artigo 20 da Lei Federal nº 9.985/2000, com objetivo de conservar a biodiversidade, onde somente é permitido o uso para pesquisas científicas e para visitação com objetivos turísticos recreativos e educacionais. Há ainda a ressaltar que 28,5% da área de Brumadinho, ou 182,49 ha, pertencem a APA SUL. A ocupação de Brumadinho apresenta diferenças expressivas em relação à Nova Lima, no tocante à estrutura fundiária, à mobilidade interna de seus moradores e aos aspectos econômicos e sociais. Apesar dos processos de parcelamento e ocupação terem acontecido a partir de 1950, a quantidade de loteamentos e lotes ocorreram nos dois municípios em momentos diferentes. Enquanto em Nova Lima, a década de 50 foi a que apresentou o maior número de lotes e a década de 70, a maior extensão de área parcelada, em Brumadinho a intensificação de parcelamentos aconteceu, principalmente, na década de 80, tanto em relação ao número de lotes e loteamentos quanto de área parcelada. Além disso, a estrutura fundiária de Brumadinho é muito menos concentrada que em Nova Lima, o que fez com que acontecessem loteamentos em diversos pontos do território, de características diversas, pois além de condomínios fechados e loteamentos para sítios de recreio, foram lançados loteamentos populares com lotes em sua maioria de tamanhos bem menores, vários destes parcelamentos aconteceram inclusive de forma irregular. Em relação à forma de ocupação, nota-se que Brumadinho apresenta uma ocupação descentralizada e desarticulada entre as localidades de caráter urbano e pequenas comunidades rurais. A sede é distante dos parcelamentos e condomínios situados no eixo da BR-040 (Retiro das Pedras, Retiro do Chalé e loteamentos de Casa Branca) e tem relações mais intensas com o Vetor Oeste da RMBH, com o acesso feito pela BR-381. São poucas as vias ligando os distritos à sede municipal. Conforme diagnóstico do Plano Diretor Municipal, são muitas as dificuldades de acesso às diversas áreas do território municipal, um dos principais fatores de desarticulação no interior do território. Meio Ambiente 28 A sede municipal é ligada por via asfaltada ao distrito de Aranha. O transporte de minério proveniente do município limítrofe Mário Campos, para o terminal ferroviário de Alberto Flores, utiliza a mesma via estreita, cujo trânsito de veículo pesado conflita com o transporte coletivo e com os carros de passeio que também utilizam esta única via de acesso ao interior. O povoado do Tejuco sofre com o fluxo desta estrada, principalmente com os caminhões, e com a variante sem pavimentação, que lhe dá acesso direto, devido ao desconforto causado pela poeira. As localidades e loteamentos localizados no eixo da BR-040, com características e padrões diferenciados – núcleos de ocupação antiga e loteamentos (condomínios) mantêm poucas ligações com a sede do município, vinculando-se com Belo Horizonte e tendo como centro de compras mais próximo o Jardim Canadá. A região de Casa Branca, também pertencente ao distrito sede e a mais próxima de Belo Horizonte, é ligada à BR por uma via asfaltada que atravessa o bairro Jardim Canadá e o Parque Serra do Rola Moça. Depois da pavimentação da via tem ocorrido um aumento do fluxo de veículos, principalmente em fins de semana. Nos dias úteis, o predomínio do tráfego é de veículos de serviços, de mineradoras e de caminhões de material de construção. A intensa atividade imobiliária em Brumadinho, na forma de empreendimentos associados ao parcelamento do solo, é apresentada na Tabela 15. Pelos dados apresentados tem-se que na década de 80 foram aprovados 69% dos lotes em 81,5% da área parcelada, o que exemplifica a intensidade do processo no município. Sabe-se também que ocorrem mudanças progressivas nas características físicas dos loteamentos, ao longo das décadas, com predomínio de loteamentos de menor porte e lotes de menor área na sede do distrito e lotes de maior porte e de melhor qualidade no eixo da BR 040. A partir dos anos 50, foram aprovados setenta e cinco loteamentos, com 20.697 lotes. Segundo o plano diretor, em 2006, o percentual de lotes ocupados estava em 49,7%. No entanto, os índices de ocupação variam muito no interior do município, conforme se segue: • A sede municipal é responsável por 30,9% dos lotes, com índice de ocupação da ordem de 75,3%; • Na região da Casa Branca, localizam-se 29,7% dos lotes aprovados. No entanto, a ocupação dos mesmos não chega a 30%; • O distrito sede, na totalidade, responde por 70,3% dos lotes dos quais apenas a metade está ocupada. Ressalta o condomínio Retiro das Pedras um dos mais antigos do Vetor Sul, da década de 60 que possui 874 lotes totalmente ocupados; • Os distritos de Aranha e São José do Paraopeba foram os que menos sofreram a ação do mercado imobiliário, Nos dois, foram aprovados apenas seis loteamentos, com um total de 298 lotes ou apenas 2,65% dos lotes aprovados no município, os quais têm índices de ocupação superiores a 70%; • Piedade do Paraopeba detêm 18,55% dos lotes aprovados. Mas cinco loteamentos com 1460 lotes, ou seja, 38% dos lotes aprovados, ou não foram implantados ou foram abandonados, não tendo ocupação. De fato, além da densificação das áreas antigas dos povoados antes de loteamentos, o grande impacto do distrito é o loteamento Retiro do Chalé, com 1035 lotes (27% dos lotes) que, em 2006, já estava com 90% de ocupação; Meio Ambiente 29 • O distrito de Conceição de Itaguá, que se vincula também ao Vetor Oeste, detém 9,15% dos lotes, com índice de ocupação de 72%. É neste distrito que está localizado o Centro de Arte Contemporânea Inhotim. Pelos dados, percebe-se que nas regiões de Casa Branca e em Piedade do Paraopeba – região do Palhano, há uma oferta excessiva de lotes desocupados em loteamentos aprovados. Quando da elaboração do Plano Diretor, em 2006, foram detectados 29 loteamentos irregulares, a maioria em Conceição do Itaguá, com nove loteamentos. Porém, a ocorrência dos mesmos tem acontecido em diversas áreas do município como a sede municipal, Piedade do Paraopeba, Casa Branca, localidade de Alberto Flores no distrito sede e de Melo Franco em São José do Paraopeba, com ocupação variando entre 5% a 55%. Estes loteamentos estão sendo ocupados, em sua maioria, por população de baixa renda, principalmente, atraída pela oferta de trabalho proporcionada pelos condomínios de média e alta renda. Conforme o Plano Diretor, há uma única exceção de parcelamento irregular de alta renda situado em Casa Branca. Vários destes parcelamentos estavam em processo de regularização ou análise por parte da prefeitura e entre as irregularidades que impedem a aprovação dos loteamentos estão: notificações sem resposta, construção em APP - Área de Preservação Permanente, ou concluídos sem regularização. As tabelas e gráfico a seguir retratam a situação do parcelamento do solo em Brumadinho em 2006. Tabela 14 - Distribuição dos Loteamentos Aprovados em Brumadinho Localização/Época Aprovação áreas antigas década de 50 década de 60 década de 70 década de 80 década de 90 a partir de 2000 Total Loteamentos Número 3 1 3 4 46 13 5 75 % 4,00 1,33 4,00 5,33 61,33 17,33 6,67 100,00 Área Total (ha.) Número 36,16 13,97 93,48 138,36 2736,95 244,77 91,88 3355,57 % Lotes Número 1,08 0,42 2,79 4,12 81,56 7,29 2,74 100,00 1.007 388 1.239 320 14.227 2.553 963 20.697 % 4,87 1,87 5,99 1,55 68,74 12,34 4,65 100,00 Fonte: Dados Trabalhados do Plano Diretor – 2006 Figura 9 - Distribuição % dos lotes aprovados em Brumadinho. Meio Ambiente 30 Tabela 15 - Loteamentos Aprovados em Brumadinho por Período Localização/época Aprovação Número de Loteamentos Área Total Número de Lotes % Ocupação Estimativa Ocupação 1 - Distrito Sede 1.1 - Localidade da sede áreas de ocupação antiga 3 36,16 1.007 década de 50 1 13,97 388 década de 60 2 13,48 365 década de 70 1 7,78 100 década de 80 10 498,18 2.405 década de 90 9 106,42 1.317 a partir de 2000 3 67,98 815 Total cidade Brumadinho 29 743,97 6.397 75,29% 1.2 - Casa Branca década de 80 17 1147,14 5.571 década de 90 2 122,04 582 total Casa Branca 19 1269,18 6.153 21,50% 1.3 Retiro das Pedras década de 60 1 80 874 Total Retiro das Pedras 1 80 874 100,00% 1.4 Alberto Flores década de 70 1 23,25 36 década de 80 2 175,59 1.094 Total Alberto Flores 3 198,84 1.130 29% Total Distrito Sede 52 2.292 14.554 50,44% 2 - Conceição do Itaguá década de 80 4 58,83 1125 década de 90 2 16,31 654 a partir de 2000 1 19,1 114 Total Conceição de Itaguá 7 94,24 1893 72,06% 3 -Aranha década de 70 1 79,42 110 década de 80 2 64,16 169 Total Aranha 3 143,58 279 72,40% 4 - Piedade do Paraopeba década de 80 Palhano e Sede 9 465,61 2805 Retiro do Chalé 1 323,75 1035 Total Piedade do Paraopeba 10 789,36 3840 33,52% 5 - São José do Paraopeba década de 70 1 27,91 74 década de 80 1 3,69 23 a partir de 2000 1 4,8 34 Total S.José do Paraopeba 3 36,4 131 73,59% Total Aprovações Brumadinho 75 3.356 20.697 49,72% Fonte: Dados trabalhados do Plano Diretor de Brumadinho - Anexo parcelamento do Solo – Meio Ambiente 7.341 1.364 202 1287 96 10.290 2006 31 1.4.4. DINÂMICA DEMOGRÁFICA ATUAL DE BRUMADINHO Brumadinho apresentou crescimento populacional da ordem de 3,6% ao ano na década de noventa e de 2,8% entre 2000 e 2007, taxas surpreendentes, depois de duas décadas de crescimento próximo de zero: 0,05% no período 1970-1980 e 0,66% no período 1980-1991. Parte deste crescimento se deve ao processo de implantação e ocupação de loteamentos fechados e de formação de sítios de recreio ao longo do eixo da BR-040. Além disso, conforme já visto, o processo de parcelamento foi grande em várias regiões do município com índices de ocupação acima de 70%. Diferentemente de Nova Lima, que apresentou redução de população em núcleos tradicionais, em Brumadinho o crescimento demográfico no ultimo período entre 2000 e 2007 aconteceu em todos os distritos do município, com destaque para as regiões de Casa Branca, Retiro das Pedras, Retiro do Chalé e sedes dos distritos de Piedade do Paraopeba e Conceição do Itaguá. O único distrito que apresentou um baixo crescimento foi o de São José do Paraopeba, com taxas anuais de 0,44% a.a. As maiores taxas foram observadas em Casa Branca, com mais de 10% de crescimento anual e nos condomínios Retiro do Chalé e Retiro das Pedras, que cresceram respectivamente a taxas de 8,2% e 6,4% a.a., entre 2000 e 2007. Nos distritos, as taxas foram de 4,4% em Aranha, 3% em Conceição de Itaguá e 2,46% na sede do município. Conforme Mendonça (2004), este crescimento populacional, está ligado à intensificação da migração. Utilizando dados dos censos de 1991 e de 2000, detectou-se que na década de noventa, mais de quarenta por cento da população (43%) era constituída por migrantes (incluindo os de retorno), dos quais 64% viviam no município há 10 anos ou mais e cerca de 41% há cinco anos ou menos. A distribuição da população pelos distritos e áreas selecionadas mostra o fortalecimento do eixo da BR-040, que teve a participação aumentada em mais de quatro pontos percentuais no período, passando de 9,4% para 13,3% no período. Este fato fica evidenciado quando as populações destas áreas selecionadas são retiradas do total dos distritos onde se localiza. Nota-se que o distrito sede perde cerca de 4% na participação e Piedade do Paraopeba 0,5%. O gráfico e as tabelas a seguir apresentam estes dados. Meio Ambiente 32 Figura 10 - Participação % de População por Distritos e Áreas Selecionadas. Fonte: IBGE - Dados Básicos: Censo Demográfico 2000 e Contagem População 2007. (1) distrito sede sem condomínios de Casa Branca e o Retiro das Pedras (2) Piedade do Paraopeba sem Retiro do Chalé Tabela 16 - Distribuição da População por Distritos e Áreas Selecionadas - 2000-2007 2000 Distritos 1- SEDE Total 2007 Urbana Rural Total Acréscimos 2000-2007 Urbana Rural Total Urbana Rural 15.854 13.682 2.172 18.657 16.813 1.844 2.803 4.180 (1.377) 862 862 - 1.641 1.641 - 779 779 - Retiro das Pedras 1.059 1.059 1.609 1.609 - 550 550 - 2-Aranha 3- Conceição de Itaguá 4 -Piedade do Paraopeba 1.585 676 909 2.118 1.030 1.088 533 354 179 5.385 4.878 507 6.600 6.163 437 1.215 1.285 (70) 2.422 618 1.804 3.181 2.002 1.179 759 1.384 (625) Retiro do Chalé 587 587 994 994 - 407 407 5 -São José do Paraopeba 1.368 578 790 1.409 609 800 41 31 10 26.614 20.432 6.182 31.965 26.617 5.348 6.960 8.843 (1.883) Casa Branca Total Brumadinho Fonte - IBGE Dados Agregados Setores Censitários - Censo Demográfico de 2000 e Contagem População 2007 Meio Ambiente 33 Tabela 17 - Taxas de Crescimento e Participação % da População por Distrito 2000-2007 % dos Distritos na Taxas Anuais de Crescimento (%) Pop Total Distritos Total Urbana Rural 2000 2007 1- SEDE 2,46 Casa Branca Retiro das Pedras 10,09 6,44 4,36 (7,99) 10,09 6,44 59,57 58,37 3,24 5,13 3,98 5,03 6,63 2-Aranha 4,42 6,49 2,72 5,96 3- Conceição de Itaguá 3,08 3,55 (2,19) 20,23 20,65 4 -Piedade do Paraopeba 4,15 19,18 (6,15) 9,10 9,95 2,21 3,11 0,19 5,14 4,41 (4,40) 100,00 100,00 Retiro do Chalé 5 -São José do Paraopeba Total Brumadinho 8,18 0,44 3,53 8,18 0,78 5,77 Fonte - IBGE Dados Agregados Setores Censitários - Censo Demográfico de 2000 e Contagem População 2007 A expansão de Brumadinho, difundida como expansão da parte rica de Belo Horizonte, apresenta uma realidade bem mais complexa. Há de fato, em partes do município, principalmente no eixo da BR-040, loteamentos voltados para a parcela da população de renda média e alta, que saem da capital por motivos diversos, entre os quais, parece destacar-se, o medo da violência urbana e a procura por uma vida mais tranqüila junto à natureza. Com isto, observou-se, nos últimos anos, o adensamento de condomínios fechados, sendo que os dois mais conhecidos, Recanto das Pedras e Retiro do Chalé, já estão totalmente ocupados. A ocupação e o tipo de empreendimento não tanto pelo tipo de loteamento – existentes desde a década de 60, estão sofrendo uma alteração significativa, passando a ser ocupados como residência permanente. Entretanto, este tipo de ocupação não é o único no município, haja vista o grande número de loteamentos populares, inclusive de parcelamentos irregulares e que têm sido ocupados por grupos sociais de baixa renda e baixa qualificação, configurando uma estrutura social bastante polarizada. Parte da população que vem chegando ao município é atraída pela possibilidade de emprego nos condomínios de luxo do entorno. Há ainda a ressaltar, o grande número de lotes vagos no município que podem fazer dobrar a população, tendo em vista a continuidade das altas taxas de crescimento observadas no município desde a década de 90. A desarticulação interna ainda é um fator que impede um maior crescimento em algumas áreas. No entanto, já está proposta a ligação pavimentada da sede com a BR-040 por meio de uma “estrada Parque” que aproveitaria parte da atual ligação com Aranha. O atual projeto de pavimentação desta via estende-se, transversalmente, pelo território municipal, passando pelos distritos históricos de Aranha e de Piedade do Paraopeba e, acessando a BR040 depois de subir a Serra da Moeda. Este projeto tem o interesse do CACI – Inhotim, uma vez que o acesso deve atrair o turista que transita para as cidades históricas, passando pela BR-040. Meio Ambiente 34 Considerações Finais A análise da evolução da expansão urbana do Vetor Sul mostrou um crescimento a partir dos anos noventa e que vem se acelerando nos últimos anos em dois municípios: Nova Lima e Brumadinho. Os dois, no período entre 2000 e 2007, apresentaram taxas de crescimento demográfico bem superiores aos demais municípios do vetor e de municípios do Vetor Oeste, como Ibirité e Mário Campos, que até então apresentavam um ritmo de crescimento populacional bem mais intenso. A atuação do mercado imobiliário nestes municípios acontece desde a década de 50, quando se iniciou o parcelamento do solo para fins residenciais nos dois municípios, com maiores impactos em Nova Lima, nas décadas de 50 e 70, e em Brumadinho, nos anos 80. Estima-se, com base em dados dos planos diretores dos dois municípios, que cerca de 60 mil lotes, entre aprovados e irregulares (principalmente em Brumadinho), tenham sido colocados à venda a partir de 1950. No caso de Brumadinho, o plano diretor indicou que mais de 50% dos lotes aprovados ainda estão vagos, ou seja, mais de dez mil lotes, e em Nova Lima, segundo Costa (2004), haveriam mais de 26 mil lotes vagos, não considerando a expansão do Alphaville e o Vale dos Cristais. O processo de loteamento em Nova Lima que continuou acontecendo, mas em ritmo menor, teve novo impulso no fim da década de noventa, com o lançamento do Alphaville, em uma nova proposta de ocupação que mescla residência com serviços e comércio, consolidando o processo de transformar os antigos sítios de recreio ou segunda residência em moradia permanente. Mais recentemente, o lançamento do empreendimento Vale dos Cristais no eixo da MG-030 já incorpora outra proposta, a de residências multifamiliares. A expansão metropolitana na direção sul é difundida como uma expansão voltada, principalmente, para a alta renda, mas pode ser verificado que alguns pontos do vetor têm sido ocupados por camadas da população de menor poder aquisitivo. Tal fato tem acontecido mais significativamente em Brumadinho, com grande extensão territorial e com vinculações com os Vetores Sul e Oeste. A chegada de grupos de baixa renda vem adensando, tanto alguns núcleos tradicionais, como a sede municipal e os distritos de Aranha, Conceição do Itaguá e Piedade do Paraopeba, além de povoados no interior do município, vários deles irregulares. Nessa região, que mescla condomínios fechados e loteamentos irregulares, é onde se encontram a maioria dos lotes vagos do município. Inclusive, vem ocorrendo desmembramento de lotes maiores e lançados há mais tempo para formação de novos loteamentos populares. Estima-se que dez por cento de antigos loteamentos vêm sofrendo este processo, o que aumentará a oferta de lotes na área e, portanto, maior possibilidade de adensamento. Possivelmente, a aceleração do processo de ocupação de Brumadinho não aconteceu em um ritmo ainda maior, pelas dificuldades de articulação entre as regiões do município, que encontram dificuldades de locomoção pela falta de vias e de transportes. Se as propostas do Plano Diretor tiverem êxito, com a construção de novas vias de acesso e políticas públicas voltadas para os serviços urbanos de moradia e transporte, o município deverá receber mais moradores. Ao contrário de Brumadinho, em Nova Lima, os núcleos de ocupação mais antiga, bem como os eixos de ligação com Raposos e Rio Acima vêm perdendo população. A exaustão das minas de Morro Velho e Águas Claras trouxeram desemprego para parte da população da cidade, o que pode explicar o êxodo que vem ocorrendo. O maior crescimento populacional do município acontece no eixo de ligação entre a capital e a sede do município, crescimento Meio Ambiente 35 este exclusivamente de uma população de níveis de renda mais alta. O outro vetor de crescimento do município é o da BR-040, onde têm ocorrido mudanças no padrão de ocupação de segunda para primeira residência, com intensificação do processo nos últimos anos. No entanto, o maior crescimento neste eixo aconteceu no Jardim Canadá, onde vários usos estão presentes, inclusive o residencial para alta e baixa renda. Lançado em 1950, só a partir dos anos noventa o antigo loteamento passou a se adensar. Nele estão presentes indústrias, comércio, serviços sendo alguns inclusive de abrangência metropolitana. A análise realizada aponta para a intensificação do processo de ocupação destes dois municípios, a qual poderá trazer reflexos para os demais. Meio Ambiente 36 1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMARA MUNICIPAL DE BRUMADINHO. Diagnóstico e Diretrizes para a Estrutura Urbana e do Território Municipal-volume I, 2006 COSTA, Heloisa. S. M; REZENDE, L. N. Expansão metropolitana, habitação e a construção de sonhos de consumo: notas a partir do Alphaville. In: XI Seminário sobre a Economia Mineira, Diamantina, 2004a. COSTA, Heloisa. S. M. Natureza e mercado imobiliário na redistribuição espacial da população metropolitana: notas a partir do eixo-sul de Belo Horizonte. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 14, 2004, Caxambu. Anais... Belo Horizonte: ABEP, 2004b. COSTA, Heloisa.,Peixoto,Monica.C.D. Dinâmica imobiliária e regulação ambiental: uma discussão a partir do eixo-sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte in Revista Brasileira de Estudos de População, vol.24 ,São Paulo,2007 HILGERT, Nadia Andrea, KLUG, Letícia Beccalli, PAIXÃO, Luiz Andrés. A “criação” do bairro Belvedere III em Belo Horizonte: inovação espacial, valorização imobiliária e instrumentos urbanísticos. In: SEMINÁRIO SOBRE A ECONOMIA MINEIRA, 11, 2004, Diamantina, MG. Anais. Belo Horizonte: UFMG/CEDEPLAR, 2004. IBGE. Censo Demográfico de 1980. Rio de Janeiro: IBGE, 1980 IBGE. Censo Demográfico de 1991. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. IBGE. Censo Demográfico de 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. IBGE. Contagem da População de 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2007 FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de estatística e informações. MENDONÇA, J.G.; PERPÉTUO, I.H.O.; VARGAS, M.C. A periferização da riqueza na metrópole belo-horizontina: falsa hipótese? In Anais do XI Seminário sobre a Economia Mineira. Diamantina: CEDEPLAR/UFMG, 2004 REZENDE, LIDIANE NERY. A expansão metropolitana em Belo Horizonte: dinâmicas e especificidades no Eixo Sul – estudo de caso sobre o Alphaville – Lagoa dos Ingleses. 2002. Iniciação Científica CNPq (Geografia) - Universidade Federal de Minas Gerais SANTANA, LUCIANE G., Análise das Tendências de Expansão do Município de Nova Lima, utilizando Novos Recursos de Cartografia-monografia apresentada ao IGC/UFMG ,2002 SOARES, MARCI, R.M., SOUZA, SOUZA, RENATA G.V E BRITO, FAUSTO. A migração metropolitana na região Metropolitana de Belo Horizonte: Uma análise dos municípios de Contagem e Nova Lima-1991-2000 in Anais VI encontro da ABEP,2006 SOUZA, RENATA.G.V e BRITO, FAUSTO. A Expansão Urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte e suas implicações para a redistribuição espacial da população: a migração dos ricos. In XV Encontro de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu - MG - Brasil, 2006. Meio Ambiente 37 2. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP’S, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – UC’S E ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO 2.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE X VETOR SUL O debate sobre a exploração de recursos naturais em Áreas de Preservação Permanente – APP’s vem sendo realizado há tempos pelos interessados, seja através dos órgãos ambientais competentes, profissionais liberais, bem como pela sociedade civil organizada. Tanto a vertente ambientalista quanto a que constitui os representantes pelas atividades exploratórias no país reconhecem que a questão é carente de um entendimento pleno e que a exploração dessas áreas é conflituosa dada a importância da utilização do solo como forma de geração de renda e emprego, bem como a indiscutível necessidade de se criar mecanismos de proteção e regulamentação das mesmas. Em Minas Gerais, mais especificamente na região do quadrilátero ferrífero (onde se encontra o Vetor Sul), essa questão se torna ainda mais latente, pois se trata da região com a maior produção mineral (ferrífera) do país. Com o aumento da demanda pelo mineral, em 2004, a movimentação de ROM (Run Of Mine), ou seja, de minério em natura foi de 263.512.556 Mt. Contudo, o fato marcante é que o setor de mineração em Minas Gerais e especificamente o planejamento das empresas para o quadrilátero se mostra otimista e dinâmico, com perspectivas de crescimento, apesar da crise ora instalada. Em termos de reservas, o quadrilátero destaca-se com relação aos outros locais de exploração do produto, abarcando 63% do total nacional, conforme pode ser visto no gráfico que segue. MG (Quadrilátero Ferrífero) PA (Carajás) MS Outros 2% 17% 18% 63% Figura 11 – Reservas brasileiras de minério de ferro - 2006. Fonte: DNPM. Meio Ambiente 38 Além da utilização do solo do vetor sul pela exploração mineral, conforme já foi abordado anteriormente, o mesmo constitui-se atualmente como novo eixo de desenvolvimento e ocupação da classe média/alta de Belo Horizonte. Logicamente, como região de importância histórica e natural, já existem instaladas populações em diversos níveis de complexidade na mesma região, resultante de um processo longo de exploração mineral e atividades anexas. Desta forma, percebe-se a importância da regulamentação da exploração nas Áreas de Preservação Permanente no país e em Minas Gerais. A legislação vem evoluindo na tentativa de criar mecanismos de ordenação da utilização de APP’s para o setor mineral bem como para outros interessados. O Código Florestal (Lei 4.771 de 15 de setembro 1965) é um marco legal nessa questão, pois foi onde surgiram conceitos e definições para estas áreas, e cita: “As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.” A partir dessa lei, as APP’s tiveram sua importância reconhecida por sua função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, entendida como aquela área que, coberta ou não por vegetação nativa, é protegida nos termos dos artigos 2º e 3º do Código Florestal (art. 1º, § 2º, inciso II, do Código Florestal, com a atual redação dada pela MP nº 2.166 – 67, de 2001). A MP n° 2.166-67 de 2001 foi criada para alterar os arts. 1°, 4°, 14°, 16° e 44°, e acrescentar dispositivos ao Código Florestal. Outro marco legal da evolução cronológica correlata ao assunto, foi a Resolução nº 303, de 20 de março de 2002, que em suma foi criada para esclarecer a delimitação das APP’s e os conceitos descritos no Código Florestal e que estavam causando conflitos na demarcação das mesmas. A diversidade biológica, de grupos geológicos, geomorfológicos e a abundância desproporcional de recursos hídricos do país trazem impasses a alguns Estados pela quantidade de áreas que são consideradas como APP’s de acordo com a RC n° 303 de 2002. De maneira geral, as APP’s foram definidas a partir da necessidade de proteção dos recursos hídricos, a fim de garantir seus usos mais nobres, e são mapeadas de acordo com a tabela que segue: Meio Ambiente 39 Rio com largura de até 10 metros: 30 metros de largura de cada lado. Rio de 11 a 50 metros de largura: 50 metros de largura de cada lado. Rio de 51 a 200 metros de largura: 100 metros de cada lado. Rio de 201 a 600 metros de largura: 200 metros de cada lado. Rio com mais de 600 metros de largura: 500 metros de cada lado. Reservatórios de água nas áreas urbanas: 30 metros. Na zona rural, lagos ou reservatórios com área maior ou igual a 20 ha: 100 metros Meio Ambiente 40 Na zona rural, lagos ou reservatórios com área menor que 20 ha: 50 metros Represas hidrelétricas: 100 metros Nascentes: raio mínimo de 50 metros Topo de morros: a partir da curva de nível correspondente a 2/3 ( dois terços) da altura mínima da elevação em relação à base. Também são consideradas APP’s: • as encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; • as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; • as bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 m (cem metros) em projeções horizontais; • altitude superior a 1.800 m (mil e oitocentos metros), qualquer que seja a vegetação. Meio Ambiente 41 O fato de que não existe alternativa locacional para a exploração de jazidas minerais e poucas áreas topograficamente favoráveis para a ocupação humana, tornou a questão ainda mais complexa. Desta maneira, a última resolução relativa às APP’s (Resolução CONAMA n° 369, de 28 de março de 2006), que trata mais especificamente sobre da exploração dessas áreas, foi construída na tentativa de criar um mecanismo de utilização das APP’s, desde que a utilidade pública, o interesse social ou o baixo impacto ambiental dos empreendimentos seja constatado. Diante dessas perspectivas, o Vetor Sul tem como fatores potencializadores à discussão sobre a exploração legal em APP’s, o fato do mesmo possuir como destaque um relevo muito acidentado em boa parte de seu território, tornando essa porção propícia a ser APP de declividade, além de deter um dos mais importantes acervos hídricos do Estado. A Figura 12 dá um panorama entre a situação atual dos decretos minerários registrados no Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM em 2009 e a hidrografia principal do Vetor Sul, as categorias contidas por fase, como Autorização de Pesquisa, Requerimento de Pesquisa, Autorização de Pesquisa, Disponibilidade, Registro de Extração, Licenciamento e Concessão de Lavra retratam o status dos processos no Departamento. Figura 12 – Decretos de Lavra x Hidrografia. Fonte: DNPM e GEOMINAS. Ao se analisar a Figura 13, percebe-se que as formações geológicas que acusam a possibilidade de jazidas de ferro lavráveis encontram-se geograficamente distribuídas pelas serras que compõem o arcabouço geomorfológico da região, mas, principalmente, nas porções Meio Ambiente 42 centrais, nos sentidos Oeste-Leste (Serra do Rola Moça e Serra do Curral) e Norte-Sul (Serra da Moeda e Serra da Calçada). A concentração dos decretos nestes dois eixos está diretamente relacionada ao substrato geológico dos mesmos, tratando-se das principais formações geológicas em termos de abundância mineral (de ferro) do Vetor. Figura 13 - Formação Geológica x Ocupação x Hidrografia. Fonte: COMIG, IBGE, UOS de Nova Lima (Prefeitura). Sendo assim, o Vetor Sul encontra-se envolto por várias APP’s, não só as correlacionadas diretamente ao sistema de drenagem, mas parte dos terrenos mais acidentados das serras com declividade ≥45°. Desta forma, o Vetor Sul torna-se um caso específico onde a Resolução CONAMA nº 369/2006 representou um avanço, pois apesar das intervenções em APP’s, os direitos legais de sua utilização estão salvaguardados, sendo importante lembrar que é também obrigação do empreendedor recuperar o ambiente degradado visando a garantir o interesse nacional pela utilização e exploração dos recursos naturais bem como resguardar o meio ambiente natural, de fundamental importância para a biota terrestre. Como na legislação é impossível abordar caso a caso para a definição das APP’s, é esperado que o histórico de conflitos entre a exploração dos recursos naturais e as áreas de preservação permanente, que são de interesse comunitário, possa ser levado em consideração na expansão do novo eixo de ocupação que está sendo criado, fazendo valer o objetivo da lei, que é proteger a biodiversidade e seu fluxo gênico natural, garantindo em quantidade e qualidade o recurso hídrico necessário para a vida. Meio Ambiente 43 2.2. ÁREAS PROTEGIDAS Dados os conflitos gerados entre a riqueza da biodiversidade e dos recursos naturais explorados no Brasil, a implantação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC configurou-se como sendo a principal ferramenta para a conservação in situ da biota do País. Fato que culminou com a homologação da Lei do SNUC, nº 9.985, de 18/07/2000 e que foi regulamentada pelo Decreto nº 4.340 de 22/08/2002. O sistema brasileiro reúne as tipologias de áreas determinadas para a conservação em duas categorias principais, conforme a mencionada lei, e são: • proteção integral: destinadas à “manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais” (uso indireto = não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais); e • uso sustentável: “Exploração do Ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável” (perenidade = manutenção constante). Como pode ser observado, cada categoria objetiva a atingir metas diferenciadas de proteção, conservação, preservação e uso sustentável dos recursos naturais. As unidades possuem limites geograficamente instituídos com territórios, vegetação, fauna e recursos hídricos sob jurisdição das mesmas. Além da divisão das macro categorias, dentro delas existem sub-divisões que também possuem objetivos, terras de domínio, possibilidade de visitação e características diferenciadas, conforme mostra a Tabela 18. Além das unidades definidas no SNUC, ainda existem as Áreas de Proteção Especial – APE’s. A instituição de APE’s foi prevista na Lei de Parcelamento do Solo (Lei Federal nº 6.766, 19/12/1979) e fica a cargo dos estados, a definição de tais áreas com o objetivo de proteção das áreas de mananciais, do patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico. A lei do SNUC também define alguns procedimentos com relação à implementação das UC’s, e são: • a pesquisa científica em todas as unidades de conservação está sujeita a aprovação do órgão; • a criação de uma Unidade de Conservação devem ser precedidas de Consulta Pública e • as Unidades de Conservação devem possuir Zona de Amortecimento, exceto APA e RPPN. Meio Ambiente 44 Tabela 18 - Sub-divisões das UC's de Proteção Integral. Fonte: SNUC 2000. CATEGORIA OBJETIVO RESERVA BIOLÓGICA Preservação integral da biota e dos recursos naturais ESTAÇÃO ECOLÓGICA MONUMENTO NATURAL Preservação da Natureza e a realização de pesquisa científica Preservação de sítios naturais raros, singulares ou de beleza cênica TERRAS DE DOMÍNIO Domínio Público Domínio Público Domínio Público. Podem ser constituídos por áreas particulares desde que a sua utilização seja compatível com o objetivo da unidade. Não havendo adequação do proprietário às condições impostas pela categoria, a área deve ser desapropriada. VISITAÇÃO É proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional É proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional A visitação publica está sujeita a normas e restrições de acordo com o plano de manejo CARACTERÍSTICA Mais restritiva Podem ser alterados 3%, ou até 1500 ha da área para o desenvolvimento de pesquisas científicas experimentais. REFÚGIO DA VIDA SILVESTRE PARQUE NACIONAL Proteger ambientes naturais para a manutenção das condições para a existência ou reprodução da fauna e flora residente ou migratória Preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica possibilitando a realização de pesquisa científica e o desenvolvimento de atividades de recreação e educação ambiental. Levantamento fundiário Domínio Público. Podem ser constituídos por áreas particulares ... A visitação publica está sujeita a normas e restrições de acordo com o plano de manejo Domínio Público A visitação publica está sujeita a normas e restrições de acordo com o plano de manejo Tem como foco o uso público Meio Ambiente 45 Tabela 19 - Sub-divisões das UC's de Uso Sustentável. Fonte: SNUC 2000. CATEGORIA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL APA ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO FLORESTA NACIONAL OBJETIVO Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais Manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso dessas áreas de modo a compatibilizá-lo com a conservação da natureza Uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para a exploração sustentável de florestas nativas Proteger os meios de vida das populações tradicionais, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais TERRAS DE DOMÍNIO Domínio público e privado. Podem ser estabelecidas normas e restrições em uma propriedade privada. Domínio público e privado. Podem ser estabelecidas normas e restrições em uma propriedade privada Domínio Público Domínio publico, com uso concedido à população tradicional Domínio Público A visitação publica está sujeita a normas e restrições de acordo com o A visitação publica está sujeita a normas e É proibida a prática da caça amadorística ou profissional e a VISITAÇÃO RESERVA EXTRATIVISTA Meio Ambiente RESERVA DE FAUNA Realização de estudos técnicocientíficos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos RDS Preservar a Natureza e assegurar as condições de qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais Domínio público, particulares devem ser desapropriados, quando necessário RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL Conservar a diversidade biológica Domínio privado É permitido apenas a pesquisa científica e a visitação com 46 CATEGORIA CARACTERÍSTICA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL APA Geralmente de grande extensão com um certo grau de ocupação, mas dotada de atributos naturais relevantes ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO Geralmente de pequena extensão com pouca ou nenhuma ocupação, mas com características extraordinárias ou que abriga animais raros da biota regional FLORESTA NACIONAL RESERVA EXTRATIVISTA RESERVA DE FAUNA plano de manejo restrições de acordo com o plano de manejo comercialização dos produtos deve obedecer a legislação Área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativa. Iniciativa pública. Área utilizada por população tradicional, cuja subsistência baseia-se no extrativismo. Iniciativa da população. Meio Ambiente Área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas RDS RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL objetivos turísticos recreativos e educacionais Área utilizada por população tradicional, cuja subsistência baseia-se no sistema sustentável de exploração dos recursos naturais, desenvolvido durante gerações e adaptado às condições ecológicas locais e que desempenha um papel fundamental na manutenção da diversidade biológica Iniciativa do proprietário, o órgão verifica a existência do interesse público. A área é averbada com perpetuidade no Registro do imóvel 47 Diante dessas informações, tem-se que o Vetor Sul de Belo Horizonte, dotado de atributos naturais de grande complexidade e relevância, tornou-se área foco para a criação de Unidades de Conservação, onde, tomando como base o levantamento realizado por SOARES et al. (2003), citam-se as principais: • ÁREA DE PROTEÇÃO ESPECIAL – APE MUTUCA A APE Mutuca, situada no município de Nova Lima, é de propriedade da prefeitura de Belo Horizonte, onde a COPASA realiza captação d’água, dentro do Sistema Morro Redondo, responsável pelo fornecimento d’água para a porção sul de Belo Horizonte. A sub-bacia do ribeirão Mutuca está localizada sobre um altiplano dissecado, com suas nascentes situadas em cotas de 1300 m e sua confluência com o córrego Tapera na cota 950 m. A bacia do ribeirão Mutuca está localizada sobre rochas do Grupo Nova Lima, Supergrupo Rio das Velhas, predominando xistos e filitos, freqüentemente decompostos. A área está inserida no Parque Estadual do Rola Moça e tem uma área de proteção da bacia equivalente a 1250 ha, possuindo cobertura vegetal característica da transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, tendo sido descritas floresta estacional semidecidual, floresta de galeria, campos limpos e rupestres. Estudos desenvolvidos pela COPASA identificaram 329 espécies de plantas, 85 espécies de aves e 29 espécies de mamíferos na região. • ÁREA DE PROTEÇÃO ESPECIAL – APE ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE FECHOS Situada em uma área de vales encaixados, com encostas altas e apresentando uma mata em bom estado de conservação com 1074 ha de área da bacia, incluindo áreas situadas na outra margem da BR 040, no Jardim luCanadá. É de propriedade da PBH, explorada pela COPASA, também dentro do Sistema Morro Redondo. A estação foi criada pelo Decreto nº 22.327 de 08/09/82, com 476 ha, objetivando a proteção do manancial da bacia do ribeirão dos Fechos e dos ambientes naturais ali existentes. As formações vegetacionais são formadas por espécies de transição entre Mata Atlântica e Cerrado. Nos levantamentos realizados pela COPASA, foi caracterizada uma fauna com alto índice de diversidade e endemismo, tendo sido observadas, algumas espécies em extinção, como: mutum-do-sudeste, capoeira, jacu, pavó, macuco, macaco sauá e gato-do-mato, além de outras: cachorro-do-mato, sagüi, caxinguelê, catitu, tatu-galinha, cuíca, curiango, perdiz, bem-te-vi, tuim. • RPPN MATA DO JAMBREIRO A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Mata do Jambreiro, está localizada na vertente sul da Serra do Curral em Nova Lima, próxima à Mina de Águas Claras. Apresenta uma área de aproximadamente 912 ha de reserva, sendo 858 ha de floresta. Esta RPPN encontra-se a uma altitude de aproximadamente 900 m e possui presença marcante de córregos e nascentes. Foi criada em 1996 numa associação entre a MBR, Companhia Vale do rio Doce e Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (AMDA). Apresenta-se contígua à cidade de Nova Lima, com 65% de remanescentes nativas de Mata Atlântica e Cerrado. Possui um Centro de Educação Ambiental que recebe visitantes (grupos, escolas etc) mediante agendamento. Este centro será detalhado posteriormente. A RPPN é composta de Floresta Estacional Semidecidual, em sua maior parte, possuindo um Meio Ambiente 48 relevo montanhoso, com áreas de alta declividade. A presença de nascentes e córregos contribuintes do Rio das Velhas, como o Aperta Pé, o Jambreiro, o Águas Claras, o Campo Alegre, o Crioulos, o Criminoso, o Diamante e o Samambaia, junto com o relevo acidentado e a presença de jazidas minerais fora de sua área, podem ter contribuído para preservação da mata (Andrade, 1992). Os ambientes florestais constituem a maior parcela da RPPN Mata do Jambreiro, estando num estágio de regeneração bastante desenvolvido. De fácil percepção no ambiente florestal da Mata do Jambreiro, as embaúbas brancas (Cecropia hololeuca) são espécies de enorme dispersão em ambientes abertos. Tais espécies, denominadas pioneiras, necessitam de uma insolação suficiente para germinação de sementes, daí serem indicadoras de ambientes secundarizados, pois inicialmente habitavam ambientes abertos com ocorrência de clareiras. As formações florestais encontradas na região do entorno da unidade de conservação, de forma geral, são semelhantes, sendo constituídas por capoeiras, capoeirões e florestas secundárias. Não obstante, algumas variações florísticas e estruturais, decorrentes do histórico de intervenção e de diferenciações no aporte de sementes e no desenvolvimento das plantas ali instaladas, a floresta pode ser considerada como uma única comunidade (Brandt, 2001). Os aspectos evolutivos do desenvolvimento da cobertura florestal naquela região são bastante positivos, demonstrando a importância de se proteger uma área próxima a locais de grande pressão antrópica. A flora e fauna na região em questão convivem em equilíbrio junto ao sistema de águas, composto pelos córregos Aperta-Pé, Jambreiro, Águas-Claras, Campo-Alegre, Crioulos, Criminoso, Diamante e Samambaia, contribuintes do Córrego Cardoso, afluente do Rio das Velhas. A Fauna terrestre é composta por pequenos animais como tamanduás, quatis, pacas, macacos e pequenos felinos. Conta ainda com a existência de mais de 100 espécies de aves, o que representa 21% da avifauna mineira. Um importante marco da flora local é a presença de aproximadamente 400 espécies botânicas, como o jacarandá, a peroba, o jequitibá, o pau-deóleo, o cedro, o ipê, a braúna e as canelas. No interior da Reserva Particular do Patrimônio Natural do Jambreiro, funciona o Centro de Educação Ambiental (CEA) da MBR, uma parceria com a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA). Um trabalho de conscientização ecológica vem sendo desenvolvido junto à comunidade, através de cursos básicos de formação de monitores ambientais, educação ambiental para professores de 1º grau, visitas orientadas de alunos e atividades junto à comunidade. • RPPN CAPITÃO DO MATO A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Capitão do Mato, está localizada no município de Nova Lima, apresentando uma área aproximada de 810,5 ha de reserva. Encontra-se a uma altitude de aproximadamente 1100 m. Trata-se de uma antiga propriedade rural transformada em RPPN em 1990 e apresenta em sua composição florística diversos estágios sucessionais. A cobertura vegetal da região da RPPN Capitão do Mato é composta por formações tropicais de matas pluviais de encosta, matas ciliares, campos de altitudes formados por campos rupestres sobre canga e campos graminosos, formações de transição entre estas, em gradientes altitudinais que variam entre 900 a 150 metros (CEMA, 1996). As formações florestais ocorrentes na região de influência da unidade de conservação, são matas secundárias em diferentes estágios de regeneração. Dentre as espécies indicadoras de formação secundária podem ser citadas: Sclerolobium rugosum (angá-ferro), Croton urucurana (sangra d´água), Piptadenia sp (jacaré), Cupania sp (camboata), Tibouchina spp Meio Ambiente 49 (quaresmeiras), Cecropia glazioui e Cecropia hololeuca (embaúbas) e Luehea divaricata (açoita cavalo), dentre outras (CEMA, 1996). Os campos de altitude (campos rupestres sobre canga e campos graminosos), estão presentes de formas significantes naqueles locais em diferentes graus de interferência antrópica sobre eles, aumentando, cada vez mais a importância dos remanescentes de vegetação natural ocorrentes, que independentemente do grau de preservação e regeneração, constituem-se repositórios da vegetação original e funcionam como estoque de biodiversidade (Braga e Stehmann,1990). • RPPN MATA SAMUEL DE PAULA A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Mata Samuel de Paula, está localizada em Nova Lima e entrou na categoria como RPPN, através do Decreto Estadual nº 30.401/98, de 21 de janeiro de 1998. Abrange um remanescente de Mata Atlântica, com aproximadamente 147,83 ha de área, estando situada na área urbana do município de Nova Lima, na Bacia do Rio das Velhas, sub-bacia do Ribeirão dos Cristais. Junto ao Centro de Educação Ambiental encontra-se a nascente do Rego Grande, um curso d’água vindo do Ribeirão dos Cristais, que atravessa toda a cidade de Nova Lima, percorrendo 4,5 Km. Esse canal foi construído para levar água à antiga planta de tratamento de minério da Mineração Morro Velho. Esta reserva pertence à ANGLOGOLD ASHANTI e foi nomeada Mata Samuel de Paula com o objetivo de honrar um homem que dedicou mais de 30 anos à mina Morro Velho, promovendo a conservação da área. O Centro de Educação Ambiental “Harry Oppenheimer” está localizado na sua fronteira, proporcionando assim constante apoio administrativo e de vigilância à RPPN pelo Centro. Foi assinada em maio de 2004, uma investigação em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estabelecendo um projeto de cinco anos para o estudo da fauna e flora da reserva, incluindo um estudo detalhado da qualidade da água de todas as fontes dentro da reserva e uma descrição completa dos mamíferos, aves e répteis da zona. Durante o curso do projeto foi publicada uma guia de gestão de reserva identificando as áreas de especial interesse, trilhas, observando pássaros e áreas dentro da reserva. O principal objetivo deste procedimento foi o de preservação da área. • PARQUE ESTADUAL SERRA DO ROLA MOÇA O Parque estadual Serra do Rola Moça é uma das mais importantes áreas verdes do Estado, sendo o terceiro maior parque em área urbana do país. Apresenta uma área de aproximadamente 3.941,09 ha. Encontra-se em quatro municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH, sendo eles, Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho. Foi criado pelo Decreto 36.071, de 27 de setembro de 1994, tendo como objetivo a proteção dos mananciais das bacias dos cursos d'água Taboão, Rola-Moça, Barreirinho, Barreiro, Mutuca e Catarina, dentro do perímetro do Parque, destinadas à proteção de mananciais d'água utilizados pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA/MG, para abastecimento de água na RMBH. Para assegurar a proteção destes mananciais, esta área do Parque não está aberta à visitação pública. A Serra do Rola Moça, alvo de frequentes queimadas e exploração de minério de ferro, agora tem a proteção ecológica através da criação do Parque Estadual, estando sob a administração do Instituto Estadual de Florestas – IEF. A região da escarpa noroeste da Serra do Rola Moça pertence ao município de Ibirité e drena para o rio Manso, enquanto o flanco sudeste pertence ao município de Brumadinho e drena para o rio das Velhas. O relevo da Serra do Rola Moça mostra-se abrupto, ocorrendo paredões Meio Ambiente 50 verticais em alguns trechos. O dorso da serra mostra-se recapeado por camada de canga ferruginosa, com cerca de três metros de espessura, local de ocorrência de uma flora estudada por Barreto (1940). Como a serra apresenta-se em continuidade àquela do Curral, ocorrem muitas afinidades com ela em relação aos elementos florísticos, excetuando-se as espécies típicas da Canga ferruginosa. Confrontando com a área recoberta pela carapaça de canga, vamos encontrar uma das gradações do Cerrado, o campo cerrado (Ferreira, 1980), que se espalha em torno desta camada e desce as encostas adjacentes. Nos vales encaixados ocorrem manchas de formações florestais, que passam para o campo limpo, formação campestre rasteira com grande representatividade territorial no parque, principalmente nas partes mais altas. O nome do Parque foi contado e imortalizado por Mário de Andrade em um poema que relata a história de um casal que, logo após a cerimônia de casamento, cruzou a Serra de volta para casa. No caminho, o cavalo da moça escorregou no cascalho e caiu no fundo do grotão. O marido, desesperado, esporou seu cavalo ribanceira abaixo daí o nome Serra do Rola-Moça. O parque possui em sua fauna várias espécies ameaçadas de extinção como a onça parda, a jaguatirica, lobo-guará, o gato-do-mato, o macuco e o veado campeiro. Está situado numa zona de transição de Cerrado para Mata Atlântica, rico em campos ferruginosos e de altitude. A vegetação diversificada proporciona ao Parque um colorido especial e um relevo peculiar, sendo encontradas espécies como orquídeas, bromélias, candeias, jacarandá, cedro, jequitibá, arnica e a canela-de-ema, que se tornou o símbolo do Parque. O Parque abriga ainda seis importantes mananciais de água - Taboões, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina - declarados pelo Governo Estadual como Áreas de Proteção Especial. Eles garantem a qualidade dos recursos hídricos que abastecem parte da população da região metropolitana de Belo Horizonte. Para assegurar a proteção destes mananciais, esta área não está aberta à visitação pública. O Parque possui um Centro de Visitantes localizado na entrada de Nova Lima com auditório, para 90 pessoas, salas para reuniões e para Polícia de Meio Ambiente. Na entrada pelo Barreiro, em Belo Horizonte, há outro Centro de Visitantes com auditório para 60 pessoas, salas da administração, além de residências para funcionários e casa do Grupamento de Polícia de Meio Ambiente. • ÁREA DE PRESERVAÇÃO – RESERVA DO TUMBÁ A área de preservação Reserva do Tumbá está localizada no povoado de Macacos e conta com uma área de aproximadamente 168,5 ha. Conforme decreto firmado em 21 de dezembro de 1987, através do termo de responsabilidade de preservação florestal, a Mineração Brasileira Reunida – MBR firmou acordo com o Instituto Estadual de Florestas para gerenciamento e administração da área. Portanto, de propriedade das Minerações Brasileiras Reunidas – MBR, a reserva localiza-se no distrito de São Sebastião de Águas Claras, distando cerca de 20 km de Belo Horizonte. Constitui-se em um dos últimos remanescentes de floresta de transição entre os ecossistemas de Mata Atlântica e Cerrado strictu sensu, nas proximidades da região, englobando um dos poucos remanescentes de floresta nativa, e abrigando importantes representantes da nossa fauna. Conforme levantamento da fundação Biodiversitas, a importância se deve por desempenhar considerável papel na manutenção da diversidade biológica local, pois está inserida em área de transição entre cerrado e mata atlântica, sendo detectados elementos faunísticos de ambos os ecossistemas (Biodiversitas, 1989). A reserva se encontra cercada por áreas sujeitas a atividades humanas de alto impacto para ambientes naturais, representados principalmente por minerações e loteamentos urbanos, merecendo atenção especial por parte da comunidade do entorno e das empresas vizinhas. Meio Ambiente 51 • ÁREA DE PRESERVAÇÃO LUZIA DA MOTA A área de preservação Luzia da Mota está localizada nos Municípios de Nova Lima, Rio Acima e Raposos possuindo uma área rural aproximada de 385,462ha. Conforme o “Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta”, averbado em cartório, sob protocolo nº 44.671, em 19/12/2000, a Mineração Morro Velho Ltda., se compromete, como dispõe a Lei Florestal 4.771/65 do Estado de Minas Gerais e a Portaria IBAMA nº 113/95, a assumir a responsabilidade sobre a conservação da área gravada como reserva legal, de utilização limitada, não podendo nela ser feito qualquer tipo de exploração sem autorização. • ÁREA DE PRESERVAÇÃO MATA DO FARIA A área de preservação Mata do Faria está localizada na área de influência do Ribeirão Macacos, município de Nova Lima, apresentando uma área aproximada de 76 ha. Conforme o “Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta”, averbado em cartório, sob protocolo nº 29.507, em 10/08/1994, a Mineração Morro Velho Ltda., se compromete, como dispõe a Lei Florestal 4.771/65 do Estado de Minas Gerais e a Portaria IBAMA nº 113/95, a assumir a responsabilidade sobre a conservação da área gravada como reserva legal, de utilização limitada, não podendo nela ser feito qualquer tipo de exploração sem autorização. • ÁREA DE PRESERVAÇÃO FAZENDA FERNÃO PAES A área de preservação Fazenda Fernão Paes, está localizada no lugar denominado Fazenda Fernão Paes, município de Nova Lima, apresentando uma área de terreno rural com aproximadamente 71,00 ha. Conforme o “Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta”, averbado em cartório, sob protocolo nº 29.506, em 10/08/1994, a Mineração Morro Velho Ltda., se compromete, como dispõe a Lei Florestal 4.771/65 do Estado de Minas Gerais e a Portaria IBAMA nº 113/95, a assumir a responsabilidade sobre a conservação da área gravada como reserva legal, de utilização limitada, não podendo nela ser feito qualquer tipo de exploração sem autorização. • PARQUE MUNICIPAL REGO DOS CARRAPATOS O Parque Municipal Rego dos Carrapatos está localizado em área urbana do município de Nova Lima, ocupando uma área de aproximadamente 160,79 m². Tem a finalidade de proteção dos atributos da natureza, conciliando a proteção da fauna, da flora e de belezas cênicas naturais, com sua utilização para finalidades cientificas, culturais e recreativas (COBRAPE,1998). O primeiro Parque ecológico do município foi viabilizado através do “Termo de Convênio e Compromissos” entre a Mineradora Morro Velho LTDA. e a Prefeitura Municipal. De acordo com este termo, o Parque foi repassado ao município sob forma de doação no ano de 1996, com a finalidade de se preservar a reserva florestal e dotá-la de recreação. Dentro do parque, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente desenvolve programas de educação ambiental voltados, inicialmente, para alunos das escolas da região. Os programas procuram buscar uma investigação acerca da história e o contato direto com a natureza, objetivando ações de conscientização das questões ambientais. O Parque Municipal Rego dos Carrapatos representa um marco da preservação ambiental em Nova Lima, pois além de ser uma área de educação ambiental é mais uma opção de lazer para a população de Nova Lima. Encontra-se no parque a mais antiga banqueta já construída em Nova Lima. Tal construção data de meados do ano 1810. A Banqueta dos Carrapatos, de 5,5 km de extensão, foi a responsável pela captação de água potável para a então Congonhas do Sabará, hoje Nova Meio Ambiente 52 Lima. Nos últimos 100 anos, a água da banqueta foi utilizada também para a lavagem do ouro. Foi criado no parque o Recanto da Itália, que faz parte do projeto da Secretaria de Meio Ambiente de criação de recantos em homenagem aos povos que contribuíram para a formação de Nova Lima. Às margens do Rego Grande, por exemplo, serão construídos os recantos da África, China e Espanha. Nativos destes países participaram da construção do Rego Grande. Na junção das águas do Rego Grande e do Rego dos Carrapatos será edificada a praça das águas, alusiva à Inglaterra, país que mais influenciou a cultura de Nova Lima. A proposta é recuperar o Meio Ambiente e parte da história de Nova Lima. Localizado próximo à Mata do Jambreiro, no parque pode-se encontrar árvores das mais variadas espécies como: jacarandá, peroba, pau d’óleo, pau doce, canela, cortiça, sangra d’água, plantas ornamentais, lírios nativos da Mata Atlântica e samambaia açu, planta-símbolo do parque. Algumas delas contam com mais de 100 anos de existência. Também encontramos uma fauna variada como saíra, sabiá, bem-te-vi, assanhaço, jacu, (maior ave da região) e mamíferos: ariranha ou lontra (ameaçado de extinção), paca e gato do mato, entre outros. • APE MANANCIAL BÁLSAMO A Área de Proteção Especial Bálsamo está localizada no município de Ibirité, possui 391 há de área de proteção da bacia, encontra-se sob responsabilidade da Copasa sendo o principal contribuinte da barragem o córrego Bálsamo. A área está inserida no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça - administração conjunta com o Instituto Estadual de Floresta – IEF. A vegetação preponderante da área é característica do Cerrado, com ocorrência de espécies de transição entre Mata Atlântica e cerrado e a cobertura vegetal arbórea corresponde a 30 ha. A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade, incluindo a espécie Leopardus wiedii (gato-do-mato) que figura na “Lista de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais”. Outras espécies encontradas: alma-de-gato, curiango, rolinha, irara, raposado-mato, tatu-galinha, coati, tapeti, cuíca, sagui. Dentre os trabalhos realizados ou em andamento destacam-se a Campanha Anual de Combate e Prevenção de Incêndios Florestais; levantamento preliminar da fauna de pequenos e médios mamíferos; levantamento preliminar da avifauna; identificação de espécies da avifauna; biossegurança institucional. • APE CATARINA A Área de Proteção Especial Catarina está localizada no município de Brumadinho, possui 480 ha de área de proteção da bacia, sendo 387 há de responsabilidade da Copasa, o principal contribuinte da barragem é o Córrego Catarina. A vegetação preponderante é característica do Cerrado, com ocorrência de espécies de transição entre Mata Atlântica e cerrado. O campo rupestre ameaçado pela atividade minerária apresenta alta diversidade. A cobertura vegetal arbórea corresponde a 70 ha. A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade, incluindo a espécie Leopardus wiedii (gato-do-mato) que figura na “Lista de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais. Outras espécies encontradas: gavião-pinhé, bem-te-vi, beija-flor, sabiábarranqueiro, caxinguelê, preá, sagui, tatu-galinha, cachorro-do-mato, cuíca, coati, irara. Dentre os trabalhos realizados ou em andamento destacam-se Campanha Anual de Combate e Prevenção de Incêndios Florestais; levantamento preliminar da fauna de pequenos e médios mamíferos; levantamento preliminar da avifauna; identificação de espécies da avifauna; estudo de lepidópteras (borboletas); estudos de abelhas e vespas; levantamento de Meio Ambiente 53 pteridófitas (samambaias); biossegurança institucional. • APE CERCADINHO A Área de Proteção Especial Cercadinho está localizada no município de Belo Horizonte, possui 247 há de área de proteção da bacia, sendo 151 de responsabilidade da Copasa, o principal contribuinte da barragem é o Córrego Cercadinho A vegetação preponderante da área é característica do Cerrado, com ocorrência de espécies de transição entre Mata Atlântica e cerrado. A cobertura vegetal arbórea corresponde a 40 ha. A fauna existente é característica do cerrado e constituída por pequenos mamíferos e aves. Espécies encontradas: perdiz, bem-te-vi, curiango, alma-de-gato, coati, sagui, tapeti, preá, cuíca, gambá-de-orelha-branca. Dentre os trabalhos realizados ou em andamento destacam-se Campanha Anual de Combate e Prevenção de Incêndios Florestais; levantamento preliminar da fauna de pequenos e médios mamíferos; levantamento preliminar da avifauna; levantamento de fauna e fungos; biossegurança institucional. • APE TABOÃO A Área de Proteção Especial está localizada no município de Ibirité, possui 49 há de área de proteção da bacia, sendo 24,7 de responsabilidade da Copasa, o principal contribuinte da barragem é o Córrego Tabões. A vegetação preponderante da área é característica do Cerrado, com ocorrência de espécies de transição entre Mata Atlântica e cerrado. A cobertura vegetal arbórea corresponde a 92 ha. A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade e espécies endêmicas, incluindo aquelas que figuram na “Lista de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais”, tais como: chibante, macaco sauá e gato-do-mato. Outras espécies encontradas: gavião-pinhé, bem-te-vi, beija-flor, caxinguelê, preá, sagui, tatu-galinha, cachorro-do-mato, cuíca, coati. Dentre os trabalhos realizados ou em andamento destacam-se Campanha Anual de Combate e Prevenção de Incêndios Florestais; levantamento preliminar da fauna de pequenos e médios mamíferos; levantamento preliminar da avifauna; identificação de espécies da avifauna; biossegurança institucional. • INHOTIM O Instituto Inhotim está localizado em Brumadinho, trata-se de um complexo museológico original, que é constituído por uma seqüência de pavilhões em meio a um parque ambiental. Além da arte contemporânea e do meio ambiente, o Inhotim retrata as várias iniciativas nas áreas de pesquisa e de educação. É um lugar de produção de conhecimento, gerado a partir do acervo artístico e botânico. Criado em 2005, Inhotim é uma entidade privada, sem fins lucrativos e qualificada pelo Governo do Estado de Minas Gerais como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Possui um acervo de arte contemporânea e uma extensa coleção botânica, proporcionando uma mistura de arte e meio ambiente convivendo em interação, proporcionando desenvolvimento de ações de caráter socioeducativo em todas as áreas. O representativo acervo de arte contemporânea de Inhotim vem sendo formado desde meados da década de 1980, e tem como foco obras criadas a partir dos anos 1960. Possui pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, vídeos e instalações de artistas brasileiros e internacionais. O Parque Tropical possui áreas que seguiram conceitos sugeridos pelo paisagista Roberto Burle Marx. A enorme variedade de plantas faz de Inhotim um local onde se encontra uma das Meio Ambiente 54 maiores coleções botânicas do mundo, com espécies tropicais raras e uma reserva florestal que faz parte do bioma da Mata Atlântica. Entre os vários objetivos do Inhotim, destacam-se o desenvolvimento de pesquisa, inovação científica e educação. • ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE – APA SUL RMBH A criação da APA Sul foi motivada pelo imenso potencial hídrico da região, sua rica biodiversidade e aos aspectos sócio-culturais e econômicos, profundamente relacionados à tradição minerária. Essa região sofre uma forte pressão da expansão urbana de parte da região metropolitana de Belo Horizonte, principalmente em direção aos municípios de Nova Lima e Brumadinho, com riscos de comprometimento do equilíbrio natural da região (SEMAD/CPRM, 2004). A redação definitiva do texto de criação da APA Sul RMBH pode ser verificada na Lei Estadual nº 13.960, de 26/07/2001. Essa APA apresenta uma extensão de 1.625,32 km², englobando parte dos municípios de Barão de Cocais, Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Catas Altas, Ibirité, Itabirito, Mário Campos, Nova Lima, Raposos, Santa Bárbara, Sarzedo e todo o município de Rio Acima. O Conselho é paritário, com seis representantes do poder público (mais seis suplentes) e seis da sociedade civil (mais seis suplentes), e funciona na sede do Parque Estadual do Rola Moça. 2.3. ÁREAS PROTEGIDAS X USO DO SOLO Como pode ser observado no mapa de áreas protegidas x uso do solo, os municípios mais influenciados pelo avanço dos loteamentos são Nova Lima e Brumadinho, e também são os que apresentam maior número de áreas protegidas, tendo em vista a riqueza da biodiversidade e dos mananciais existentes nestes dois municípios. Meio Ambiente 55 Figura 14 - Mapa de áreas protegidas X Uso do solo. As áreas protegidas são originárias das bases das leis de uso e ocupação do solo dos municípios de Nova Lima e Brumadinho, além de complementações feitas com a base do IEF (Estão pendentes algumas RPPN’s localizadas nas propriedades das mineradoras em Brumadinho). Já o uso do solo é resultante do mapeamento do IEF, feita através de sensoriamento remoto em imagem Landsat de 2006. Cabe lembrar que os loteamentos novos, até 2007, não foram incorporados como áreas urbanizadas, por não possuírem representatividade amostral, dado o pouco adensamento das moradias e estruturas dessas localidades. Analisando as informações mapeadas, percebe-se que o uso do solo dos municípios de Nova Lima e Brumadinho são reflexos de 3 principais variáveis que se diferem nos dois casos, e são: • o processo histórico de ocupação e exploração mineral (mais intenso em Nova Lima, mas que por sua vez, indiretamente, preservou o uso do solo natural até o final da década de noventa); • a diferenciação geomorfológica que dificulta a ocupação humana e exploração agrossilvopastoril em Nova Lima e favorece a criação de pastagem e retirada da cobertura vegetal em Brumadinho e; • a proximidade com a mancha urbana de Belo Horizonte, onde fatores naturais de topografia dificultam a acessibilidade a esses dois municípios, mais intensamente para Brumadinho que também está mais distante. Em Nova Lima, a influência dessas variáveis é claramente vista na composição do uso do solo, onde 31% do território municipal, de aproximadamente 428 km², é composto por ambientes florestais, ainda assim, as matas não são maioria, pois 42% do território já se encontra alterado para o uso de pastagem. Difere, assim, do que acontece em Brumadinho, com 26% de Meio Ambiente 56 floresta contra 68% de área alterada para pastagem (logicamente deve-se levar em consideração a diferença de área, pois Brumadinho tem cerca de 640 km²). Mas, ainda assim, as variações de geologia, relevo e propriedade do solo, já que as minerações são donas de 46% do território municipal de Nova Lima, se traduzem em uma pré-disponibilidade à degradação dos ambientes de maneira diferenciada nos dois municípios. Como a tendência em Nova Lima é a criação de centros locais urbanizados, que se refletem no aparecimento de loteamentos em vários pontos, a urbanização não pode ser considerada como tendo somente 4% na participação de uso do solo no município. Apesar do mapeamento do IBGE ser de 2006, a densidade dos loteamentos e condomínios não transformou o pixel em uma feição característica de áreas densamente urbanizadas, assim, utilizando as informações do mapa da lei de uso do solo de Nova Lima, tem se que o município possuirá com a sedimentação desses novos sub-centros urbanizados, aproximadamente 15% de área considerada “urbanizada” futuramente. Outros (Pastagem) 42% Floresta estacional semidecidual 31% Outros (Pastagem) 37% Floresta estacional semidecidual 27% Cerrado Cerrado 0% Água 1% Urbanização 4% Campo 13% Campo rupestre Eucalipto 9% 0% Água 1% Urbanização 15% Campo 0% rupestre 8% Campo 12% Eucalipto 0% Figura 15 - Composição das tipologias de uso do solo em Nova Lima. O percentual referente à urbanização refere-se apenas ao espaço urbano da sede municipal no gráfico a esquerda, já no gráfico da direita os loteamentos e condomínios aprovados até 2007 entram na somatória de áreas urbanizadas. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006 e lei de uso do solo de Nova Lima. Unclassified 0% Cerrado 1% Floresta estacional semidecidual 26% Campo rupestre 1% Outros (Pastagem) 68% Campo 2% Eucalipto 0% Água 1% Urbanização 1% Figura 16 - Composição das tipologias de uso do solo em Brumadinho. Fonte: Mapeamento do IEF, Meio Ambiente 57 Landsat 2006. Quando se sobrepõe as layers de unidades de conservação sobre o uso do solo, temos um panorama relativamente avançado no que diz respeito às áreas protegidas. Principalmente em Nova Lima, onde 13% do território municipal está protegido por UC’s, o que totaliza 6.517 ha dos 42.830 ha da área do município. Total de área protegida 15% Restante de área municipal - não protegida 85% Figura 17 – Área protegida x área municipal de Nova Lima. Fonte: Áreas protegidas segundo mapeamento da lei de uso e ocupação do solo de Nova Lima e base do IEF, não está inclusa a APA Sul que ocupa 47% do território municipal. Meio Ambiente 58 65.173.467,33 70.000.000,00 60.000.000,00 40.000.000,00 Total 2.661,48 PM Mangabeiras 8.166.532,28 PESerra do Rola Moça 47.706,19 APECercadinho 9.421.041,14 Mata do Jambreiro 2.919.569,16 Reserva COPASA 8.351.895,73 1.430.663,97 Mata Samuel de Paula Mata do Capão 1.645.362,92 Morro do Pires 749.429,07 Mata do Espírito Santo 6.464.233,79 Reserva da Mutuca 5.253.106,55 Fechos 1.689.722,04 Parque do Tumbá 7.509.260,69 Mata do Faria Reserva Capitão do Mato Represa do Miguelão 0,00 Parque Rego dos Carrapatos 10.000.000,00 3.373.739,84 20.000.000,00 132.275,35 30.000.000,00 8.016.267,13 Área em m² 50.000.000,00 Figura 18 – Área das unidades de conservação de Nova Lima. Em m². Fonte: Áreas protegidas segundo mapeamento da lei de uso e ocupação do solo de Nova Lima e base do IEF, não está inclusa a APA Sul que ocupa 90% do território municipal. Em Brumadinho, a situação se diferencia de Nova Lima, que detém várias unidades de conservação de categorias diferentes como pôde ser observado. Nesse município, são somente quatro UC’s de maior extensão que ocupam 16 % do território municipal, totalizando 12.491 ha dos 63.980 ha. Meio Ambiente 59 140.000.000,00 124.914.838,63 120.000.000,00 109.800.000,00 Área em m² 100.000.000,00 80.000.000,00 60.000.000,00 40.000.000,00 20.000.000,00 8.263.189,69 0,00 6.849.857,13 1.791,81 PESerra do Rola APAM Rio Manso APEERio Manso APECasa de Pedra Moça e APE Catarina Total Figura 19 - Área (m²) das unidades de conservação de Brumadinho. Fonte: Áreas protegidas segundo mapeamento da lei de uso e ocupação do solo de Brumadinho e base do IEF, não está inclusa a APA Sul que ocupa 28% do território municipal. Total de área protegida 20% Restante de área municipal - não protegida 80% Figura 20 - Área protegida x área municipal de Brumadinho. Fonte: Áreas protegidas segundo mapeamento da lei de uso e ocupação do solo de Nova Lima e base do IEF, não está inclusa a APA Sul que ocupa 22% do território municipal. Os valores só são proporcionais entre as unidades de conservação dos dois municípios pela presença da APEE Rio Manso, que possui uma área elevada, tratando-se de um grande manancial gerido pela COPASA. Meio Ambiente 60 Outra sobreposição passível de ser feita é com as layers das tipologias de uso do solo nas unidades de conservação. Assim, pode-se ser perceber o que realmente se tem efetivamente protegido nos biomas característicos dos municípios estudados. Em Nova Lima, dos 6.517 ha de áreas protegidas, 60% são ocupados por fragmentos florestais seguido por pastagens, campos e campos rupestres. Eucalipto Água Cerrado 2% 0% 0% Urbanização 1% Campo 9% Outros(Pastagem) 23% Floresta estacional semidecidual 60% Campo rupestre 5% Figura 21 - Tipologias de uso do solo protegidas em Nova Lima. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Comparando-se os dados do que existe e do que é protegido, temos o panorama demonstrado nos gráficos seguintes, onde 27% do total (3.585 ha) dos fragmentos florestais estão dentro das UC’s em Nova Lima. Logicamente, o termo “protegido” pode ter intensidades diferentes de acordo com os usos permitidos nas unidades, que variam de restrição. Já as tipologias de campo rupestre e campo seguem a proporção de 10% – 90% entre o que está inserido nas áreas protegidas e o que está vulnerável a degradação. Isso se deve pela ocorrência intercalada entre as duas tipologias, que geralmente estão correlacionadas com o substrato geológico rico em ferro e a existência de canga ferruginosa das formações Cauê e Gandarela. Já para o bioma do cerrado existente em Nova Lima, a realidade é mais negativa, onde praticamente 0% dos 564 mil m² existentes estão protegidos, cabendo lembrar que as tipologias de campo e campo rupestre também apresentam espécies de cerrado, assim como as áreas de floresta, por tratar-se de região de transição entre esses biomas. Meio Ambiente 61 Floresta estacional semidecidual protegida 27% Floresta não protegida 73% Figura 22 Proporção do que existe e do que é protegido de Floresta estacional semidecidual em Nova Lima. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Campo rupestre protegido 8% Campo rupestre não protegido 92% Figura 23 Proporção do que existe e do que é protegido de Campo Rupestre em Nova Lima. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Meio Ambiente 62 Campo protegido 10% Campo não protegido 90% Figura 24 Proporção do que existe e do que é protegido de Campo em Nova Lima. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Já em Brumadinho a composição vegetal das áreas protegidas é diferenciada das encontradas em Nova Lima, reflexo dos aspectos já citados anteriormente. A Pastagem ocupa 52% das áreas protegidas, seguida pela floresta com 35%, Cerrado, Água (Rio Manso) e Campo com 4% cada. Dos 35% de mata, 25% encontra-se em áreas protegidas pelas UC’s existentes, principalmente as contíguas à barragem rio Manso da COPASA e fundos de vale do PE Serra do Rola Moça, que por sua vez é responsável pela proteção de 22% do campo rupestre existente no município. A tipologia de Campo encontra-se 32% protegida, também em função da APE Rio Manso e PE Serra do Rola Moça. A tipologia de cerrado latu sensu encontra-se totalmente inserida na APE Rio Manso, ou seja, com 100% de sua área sob as diretrizes de uso exigidas para essa unidade. Meio Ambiente 63 Não classificado 0% Eucalipto 0% Urbanização 0% Água 4% Cerrado 4% Campo 4% Floresta estacional semidecidual 35% Outros(Pastagem) 52% Campo rupestre 1% Figura 25 Tipologias de uso do solo protegidas em Brumadinho. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Floresta estacional semidecidual protegida 25% Floresta não protegida 75% Figura 26 Proporção do que existe e do que é protegido de Floresta estacional semidecidual em Brumadinho. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Meio Ambiente 64 Campo rupestre protegido 22% Campo rupestre não protegido 78% Figura 27 Proporção do que existe e do que é protegido de Campo Rupestre em Brumadinho. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Campo protegido 32% Campo não protegido 68% Figura 28 Proporção do que existe e do que é protegido de Campo em Brumadinho. Fonte: Mapeamento do IEF, Landsat 2006. Meio Ambiente 65 2.4. CONCLUSÕES Tendo em vista os dados aqui expostos, conclui-se que ainda há a necessidade de se aumentar a extensão das áreas protegidas nos municípios do Vetor Sul, bem como de se melhorar sua gestão. Observa-se que a proteção ambiental foi feita freqüentemente sem foco nos ecossistemas naturais – o que se reflete na alta porcentagem de áreas protegidas com cobertura de pastagem e outros usos – ou, ainda, dando-se ênfase muito maior à conservação de ecossistemas florestais, em detrimento das fisionomias de cerrado e campos naturais. De fato, a alta biodiversidade da Mata Atlântica exige que sejam dedicados grandes esforços à sua preservação, porém não se deve subestimar o valor e a vulnerabilidade dos outros ecossistemas, especialmente os citados, ricos em endemismo e seriamente ameaçados. Dessa forma, é recomendável a ampliação da proteção de áreas de Cerrado latu sensu, e especialmente strictu sensu, bem como de áreas de Campos de Altitude, principalmente Campo Rupestre Ferruginoso. O mapa-síntese gerado pelo Workshop “Prioridades para Conservação da Biodiversidade do Estado de Minas Gerais” classifica grande parte da região do Vetor Sul como área de Especial Importância Biológica, o nível mais alto de relevância atribuído no estudo, definido como “áreas com ocorrência de espécie(s) restrita(s) à área e/ou ambiente(s) único(s) no Estado” (Figura 29). Esse trabalho foi produzido por uma parceria entre o Governo Federal e o Governo do Estado de Minas, o Ministério do Meio Ambiente, o IBAMA, a FEAM, o IEF, o IGAM, a Vale, a Fundação Biodiversitas e a Conservação Internacional, por meio de uma metodologia que incluiu uma consulta ampla aos pesquisadores da biodiversidade do Estado, que definiram áreas prioritárias e estratégias propostas para cada uma delas. No caso da região em estudo, o trabalho recomenda que sejam estimuladas mais pesquisas acerca das espécies ocorrentes, na busca de um conhecimento mais aprofundado e abrangente da fauna e flora nativas. Meio Ambiente 66 Figura 29 – Região do Vetor Sul da RMBH com sobreposição (em padrão quadriculado) da área definida como de Especial Importância Biológica pelo Atlas de Prioridades para Conservação da Biodiversidade do Estado de Minas Gerais (Drummond, 2005). Diversas espécies de animais que ocorrem nas Unidades de Conservação da região são ameaçadas de extinção, ou configuram espécies-bandeira, com apelo social, como é o caso do sauá (Callicebus nigrifrons), cuja ocorrência local deu nome de Macacos à região de São Sebastião de Águas Claras. Deve-se considerar os requisitos de sobrevivência dessas espécies no planejamento da conservação do Vetor Sul, tais como as dimensões das áreas de vida que demandam. Por exemplo, para o sauá, foi registrada uma área de vida de aproximadamente 33 ha, segundo os dados do livro Primatas Brasileiros (Reis et al., 2008). Apesar de se tratar de área relativamente pequena, que se enquadra dentro das UC’s observadas na região, os mesmos autores discutem que a situação de vulnerabilidade em que encontra a população de sauás se deve principalmente à crescente fragmentação de habitats do sudeste brasileiro. Para espécies de grande porte e de topo de cadeia, como a onça-parda (Puma concolor) e o lobo-guará (Crhysocyon brachyurus), as áreas de vida são consideravelmente maiores, sendo citadas como variando, respectivamente, de 5.100 a 14.000 ha e de 1.200 a 11.500 ha (Mantovani, 2001). Como o tamanho médio das UC’s em análise é de 625 ha (variando de 49 ha a 3.941,09), e que a conectividade da paisagem está comprometida, sem a presença de corredores significativos para a fauna, mostra-se necessário prover mais espaço às populações dessas espécies. Não basta, tampouco, definir novas áreas de conservação sem uma abordagem integrada. É preciso uma análise da paisagem como um todo, que se apresenta fragmentada e com áreas protegidas freqüentemente não interligadas (Figura 30). Mostra-se necessário fomentar pesquisas sobre a biodiversidade da região e sobre a dinâmica de deslocamento da fauna e da dispersão de propágulos vegetais. É com base nos resultados desses estudos que será possível Meio Ambiente 67 definirem áreas funcionais para a conservação na região, provendo a paisagem com corredores de biodiversidade e conferindo maior proteção aos ecossistemas mais vulneráveis. Figura 30 – Mapa com as tipologias florestais mais importantes do Vetor Sul, demonstrando a descontinuidade entre as áreas protegidas e loteamentos aprovados até 2007. De antemão, pode-se apontar como importante diretriz para a conservação biológica do Vetor Sul a conexão das áreas já protegidas por meio da criação de corredores de biodiversidade, com a implantação de novas Unidades de Conservação e programas de recomposição florestal em Áreas de Preservação Permanente, que, pela sua própria característica definidora, têm grande potencial para formar malhas de corredores interconectando áreas preservadas. Além dos fatores biológicos relevantes para a conservação, ressalta-se que as áreas protegidas do Vetor Sul são de suma importância para a região metropolitana, dada a disponibilidade hídrica das bacias do Velhas e Paraopeba, que já estão tendo seus sistemas de abastecimento interligados pelo projeto Linha Azul do governo estadual (COPASA). O contexto observado demanda uma gestão integrada das áreas protegidas da região. Propõese, para tanto, que se reconheça o conjunto dessas áreas como um mosaico de unidades de conservação, ou Sistema de Áreas Protegidas do Vetor Sul da RMBH, a exemplo do que tem sido proposto para o Vetor Norte (Sistema de Áreas Protegidas – SAP do Vetor Norte). Deve-se também criar um Conselho Gestor próprio, de acordo com o Decreto nº 4.340/2002, que regulamentou a Lei do SNUC, com a participação dos dirigentes de todas as UC’s componentes – empresas mineradoras, COPASA, Prefeituras Municipais e IEF, além de representantes de outros setores da sociedade que constituam partes interessadas relevantes. Esse Conselho teria como objetivos a gestão integrada das UC’s que compõem o mosaico, com proposição de programas conjuntos de educação ambiental, ecoturismo, recuperação de áreas degradadas e Meio Ambiente 68 proteção de novas áreas. Dessa forma poderão ser tomadas ações de efeitos sinérgicos, tais como elaboração de roteiros de educação ambiental e ecoturismo distribuídos em módulos temáticos em cada UC, recomposição florestal de APP’s visando à interligação entre as áreas preservadas, fomento de pesquisas regionais de flora e fauna, etc. Neste sentido, o IEF poderia ser o órgão articulador da formação desse conselho, que somaria suas ações ao Conselho Deliberativo da APA Sul RMBH, que, segundo a Lei Estadual nº 13.960, tem como objetivos básicos a proteção e conservação dos sistemas naturais essenciais à biodiversidade, especialmente os recursos hídricos necessários ao abastecimento da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte e das áreas adjacentes, com vistas à qualidade de vida da população local, à proteção dos ecossistemas e ao desenvolvimento sustentável. Com a participação efetiva desses conselhos, a Agência RMBH (Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte) poderá desempenhar um papel crucial na articulação do diálogo entre a sociedade para o planejamento bem-sucedido do Vetor Sul, propiciando condições para que a região se desenvolva como modelo de sustentabilidade, que poderá se tornar a marca do vetor, em benefício do meio ambiente, do desempenho pró-ativo das empresas e da qualidade de vida dos moradores. Meio Ambiente 69 2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIETZ, J. M. 1984. Ecology and social organization of the maned wolf (Chrysocyon brachyurus). Smithosinan Contributions to Zoology, n.º 392, pp. 51. DRUMMOND, G.M.; MARTINS, C.S.; MACHADO, A.B.M.; SEBAIO, F.A. & ANTONINI. 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua conservação. 2ª. Edição. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, Governo de Minas Gerais, IEF e Conservation International. MANTOVANI, J.E. Telemetria Convencional e via Satélite na Determinação da Área de Vida de Três Espécies de Carnívoros da Região Nordeste do Estado de São Paulo. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos. 2001. REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; ANDRADE, F.A. Primatas Brasileiros. 1ª edição. Technical Books. 2008. SEMAD/CPRM – Projeto APA Sul RMBH, Programa Informações Básicas para a Gestão Territorial – GATE. Belo Horizonte, 2004 SOARES, A. M. E. et al. - Plano de Reabilitação dos Recursos Hídricos da Bacia do Rio das Velhas - 2o RELATÓRIO PARCIAL – AngloGold/MBR, março/2003 Lei nº 9.985, de 18/07/2000 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - Regulamentação Decreto nº 4.340 de 22/08/2002 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Apresentação do SNUC ppt. Lei de uso e ocupação do solo de Nova Lima – Mapa em AUTOCAD 2007 Sites pesquisados: Disponível em http://www.anglogoldashanti.com, acesso em 15/02/2009; Disponível em http://www.cprm.gov.br, acesso em 15/02/2009 Disponível em htto://www.copasa.com.br, acesso em 19/02/2009; Disponível em http://www.novalima.mg.gov.br, acesso em 16/02/2009; Disponível em http://www.ief.mg.gov.br, acesso em 16/02/2009; Disponível em http://www.nloonline.com.br, acesso em 17/02/2009; Disponível em http://www.inhotim.org.br, acesso em 17/02/2009; Meio Ambiente 70 3. PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL A área do Vetor Sul da RMBH, aqui objeto de análise, tem uma relevância histórica, ambiental e econômica para todo o estado de Minas Gerais. Em suas paisagens, estão registrados signos da ocupação desse território que remontam à história do lugar: a descoberta e exploração aurífera, a partir do século XVIII; e, posteriormente, a exploração também do ouro, além de outros bens minerais como o ferro, o alumínio e o manganês. As características geológicas concernentes à sua estrutura, litologia e formações superficiais, constituem fator importante também na dinâmica da produção aqüífera da área, e faz da região detentora dos principais mananciais para abastecimento de água, para parte da população da região metropolitana de Belo Horizonte. O contexto atual de grande parte do território do Vetor Sul da RMBH é de intensos conflitos que podem ser sintetizados pensando em três focos fundamentais: recursos naturais versus mineração versus ocupação urbana. A fim de tornar o presente estudo mais objetivo, os limites intermunicipais foram suprimidos e dividiu-se o Vetor Sul em cinco unidades de análise distintas (Figura 31): Unidade 1 - Serra do Rola-Moça; Unidade 2 - Platô e Serra da Moeda; Unidade 3 – Alto Rio das Velhas; Unidade 4 – Médio Paraopeba; e Unidade 5 – Serra do Curral. Inicialmente, foi elaborada uma breve avaliação da situação atual dessas unidades, enfatizando os aspectos relevantes para a construção do cenário tendencial, organizado posteriormente. Por fim, a partir do quadro de tendências estabelecido, algumas indicações e demandas foram relacionadas. Meio Ambiente 71 Figura 31 – Localização das Unidades de Paisagem. 3.1. UNIDADE 1 - SERRA DO ROLA-MOÇA A Serra do Rola-Moça tem, atualmente, a maior parte de seus domínios transformados em Parque Estadual, o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça (PESRM). Essa unidade de conservação apresenta formas de relevo fortemente onduladas a montanhosas, constituída por morros de declives fortes, com predomínio de formas acidentadas e altitudes variando entre 1300 a 1580 metros. Suas características topográficas contribuem para a formação de alguns locais com pontos privilegiados de observação da paisagem. Essa beleza cênica da serra se dá, também, em função de suas características geológicas, sendo sua parte dorsal revestida por Campo Ferruginoso, que confere uma coloração tipicamente avermelhada à região, despertando e estimulando os sentidos dos observadores, a partir do olhar. A Serra do Rola-Moça faz a divisa dos municípios de Betim e Brumadinho, nos pontos mais elevados e do município de Belo Horizonte, junto a Serra do Curral, o que faz daquela Serra ponto privilegiado para percepção dos arranjos urbanos de parte da região metropolitana de Belo Horizonte (Figura 32). O Parque tem seu uso e ocupação do solo anunciado tanto ao lazer quanto às atividades culturais e educacionais, devido a sua proximidade com a área urbana de Belo Horizonte e Ibirité. Essa proximidade, em lugar de ser uma possibilidade de uma relação mais próxima Meio Ambiente 72 entre os cidadãos residentes nas áreas urbanas e o patrimônio natural do entorno, implica em diversos conflitos, enfrentados diariamente pela administração do PESRM: o uso do fogo, a invasão da área do Parque, a disposição de lixo próximo e dentro dos limites da UC, a caça e coleta predatória de plantas e a degradação do patrimônio do Parque. Além desses anteriormente relacionados, outros conflitos se dão por motivo da instalação, na área interna do PESRM, de algumas empresas de atividades mineradoras e industriais. O funcionamento dessas empresas faz com que o tráfego de veículos pesados seja constante, causando impacto ambiental negativo na área destinada à preservação ambiental, como por exemplo, a geração de ruído que pode afugentar os animais e causar a morte destes por atropelamento; poeira levantada pelo tráfego, que é depositada sobre a vegetação e que pode interferir no desenvolvimento das plantas. Esse tráfego intenso é alimentado diariamente, e intensificado nos fins de semana, em razão do grande número de condomínios residenciais existentes no entorno do Parque e nos municípios a ele vizinhos. Há, nos limites do Parque, diversas estradas responsáveis pelo fluxo viário das empresas de atividades mineradoras e industriais, do movimento pendular das pessoas que trabalham em Belo Horizonte e moram em municípios do entorno e vizinhos ao Parque, e dos visitantes, nos fins de semana. Exemplo disso é a estrada que liga Casa Branca, distrito de Brumadinho, à BR-040, que dá acesso a Belo Horizonte (Figura 32). O traçado da estrada, que vai serpenteando a Serra do Rola-Moça, cria interessantes perspectivas, mirantes relativos, da malha urbana da RMBH, bem como dos próprios limites do PESRM e, também por essa razão, é a mais demandada pelos motoristas. Figura 32 – Serra do Rola-Moça e o distrito de Casa Branca, município de Brumadinho. Ademais, trilhas feitas por jipes e motocicletas também contribuem para a intensificação desses conflitos ao cooperar para a degradação da vegetação - o Parque está situado numa zona de transição de Cerrado para Mata Atlântica, rico em campos altitude, além dos campos ferruginosos - e para o surgimento de processos erosivos, que levam ao assoreamento e contaminação das inúmeras nascentes e cursos d’água - o Parque abriga seis importantes mananciais de água: Taboões, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina, declarados pelo Governo Estadual como Áreas de Proteção Especial. Em relação à proteção dos mananciais de água, está em andamento o Projeto de Lei que visa incorporar ao PESRM a Serra da Calçada, localizada na zona de amortecimento do Parque e na divisa entre os municípios de Nova Lima e Brumadinho. Na Serra da Calçada, estão alguns dos principais mananciais de abastecimento da região Metropolitana de Belo Horizonte, além de ser considerada área insubstituível, devido às paisagens e à diversidade da fauna, flora, além dos recursos hídricos existentes em sua extensão. Meio Ambiente 73 3.1. UNIDADE 2 - SERRA DA MOEDA A Serra da Moeda, como é localmente conhecida, é a aba ocidental do Sinclinal Moeda, caracterizada por vertentes muito íngremes e por paredões rochosos. De seu início até o extremo da serra do Jorge serve de limite natural entre os municípios de Brumadinho e Nova Lima, passando depois a separar Moeda de Itabirito. Destacam-se as suas estruturas geológicas e geomorfológicas, com índices altimétricos que podem alcançar 1.500 metros. A Serra é sustentada por quartzitos da Formação Moeda (Grupo Caraça) e itabiritos da Formação Cauê (Grupo Itabira). Esses itabiritos destacam-se por sua resistência erosiva, por sua relevância econômica e pelo apelo cênico (Figura 33). Por essas razões, a região se caracteriza por apresentar uma clareza geológica, com afloramentos didáticos – como os próprios itabiritos do Supergrupo Minas, uma vez que permitem um estudo detalhado dessa unidade, desde o embasamento até suas formações mais superficiais -, além da facilidade de acesso tanto à região, pensando na estrutura viária já existente, quanto aos pontos de afloramento de rochas. Figura 33 – Vista da Serra da Moeda. Os campos rupestres representam uma grande proporção nos ambientes da Serra. Esses ambientes são marcados por uma flora muito peculiar aliada ainda a um alto grau de incidência de espécies endêmicas. Os campos rupestres somados aos contrastes do relevo formam imensas vistas panorâmicas, onde a paisagem exibe uma relevante beleza cênica, característica, aliás, constante na maioria das unidades ora elegidas como objeto de análise. Essas características paisagísticas são responsáveis por atrair empreendimentos do tipo condomínios residenciais e de lazer para a região do Platô e Serra da Moeda. Contudo, as características morfológicas e de sua base litológica, são pouco adequadas à urbanização. Dessa maneira, a implantação desses empreendimentos exige, em grande parte dos casos, interferências consideráveis, expondo a área a riscos erosivos e causando a descaracterização das feições paisagísticas da região. Essa realidade compromete a dinâmica ambiental da área, colocando em risco diversos elementos naturais, sobretudo, os olhos d’água, abundantes na Serra. Além disso, podem comprometer outras atividades já existentes na região, como esportes, tais como o vôo livre, que se valem dos aspectos geomorfológicos da Serra da Moeda, incluindo-se as peculiaridades de suas feições paisagísticas, para o desenvolvimento dessa prática esportiva. A Serra da Moeda é um importante divisor de águas, que separa as bacias dos rios das Velhas e Paraopeba, o que faz com que a região conte com diversas nascentes e quedas d’água. Os Meio Ambiente 74 cursos dos rios são bastante influenciados pelas estruturas rochosas, sendo comuns os vales profundos e encaixados, além dos trechos encachoeirados. Essas características influenciam a procura de pessoas por essa região, em busca de momentos de lazer. 3.1. UNIDADE 3 - ALTO RIO DAS VELHAS A complexidade estrutural e litológica da região do alto Rio das Velhas resulta na característica configuração geomorfológica e paisagística da área, e em sua significativa relevância econômica, decorrente da abundância de suas riquezas minerais como o ferro, o ouro e o manganês. Essa exuberante configuração geomorfológica, resultado da atuação tanto de processos climáticos como morfológicos, apresenta-se nas escarpas e cristas de serras abruptamente dissecadas, bem como na suavidade dos topos aplainados. Esse atraente arranjo paisagístico traz consigo aspectos ecológicos – concernentes à diversidade de animais, plantas e da disponibilidade de águas tanto superficiais como subterrâneas – extremamente importantes. Há, em toda região, fragmentos florestais remanescentes, apesar de significativamente escassos, que apresentam uma interessante variedade de organização, tipos e formas, o que confere à área objeto de análise grande relevância ecológica: campos rupestres, gradações de cerrado, matas galeria, florestas semideciduais. Esses remanescentes, acompanhando as modificações do relevo, compõem alternadamente a paisagem, que se faz extremamente atraente à observação. Outro elemento que se insere nessa composição paisagística é a extensa e rica rede de drenagem natural de toda a região. Tendo o Rio das Velhas como a artéria principal, alguns outros rios tributários, e suas sub-bacias, apresentam-se em destaque, seja por sua importância em termos de produção e disponibilidade de água para abastecimento da região metropolitana, seja por sua relevância histórica e cultural no processo de constituição das sociedades da região e, obviamente, da sociedade mineira. Exemplo disso é o Rio do Peixe ao qual se faz referência no relato de viajantes, nos séculos XVIII e XIX, e que representa instrumento importante para a dinâmica de extração mineral na região de Nova Lima, desde quando da presença da Saint John D’El Rey Mining Company Limited e a construção de usina hidrelétrica em seu curso, até os dias atuais uma vez que é na bacia do Rio do Peixe que estão três grandes represas de interesse hidroelétrico para atividades de mineração: a do Miguelão, a dos Ingleses e a das Codornas. Além disso, as lagoas formadas favorecem consideravelmente a beleza cênica da paisagem local. Em função de suas feições geomorfológicas, a região do alto Rio das Velhas, apresenta uma grande variedade, em quantidade e em peculiaridade, de nascentes, quedas d’água e poços. Apenas no município de Rio Acima, existem aproximadamente 64 cachoeiras. Muitas encontram-se em áreas de preservação ou em propriedades particulares fato que, aliado ao péssimo estado de conservação e sinalização das trilhas que levam a essas cachoeiras, dificulta o acesso a esses lugares. Isso por um lado é um aspecto positivo já que, dessa maneira, há uma preservação desses locais; em contrapartida, o fluxo de visitantes concentra-se em algumas dessas cachoeiras, como a Cachoeira Chica Dona (Figura 34), localizada na divisa entre Rio Acima e Itabirito, ou a Cachoeira do Viana (Figura 35), aumentando os impactos ao ambiente, inerentes a esse tipo de atividade, devido à concentração de pessoas nesses locais. Meio Ambiente 75 Figura 34 - Cachoeira Chica Dona, Rio Acima. Figura 35 - Cachoeira do Viana, Rio Acima. A importância econômica da mineração na região provocou, e ainda provoca, fortes pressões ambientais aos municípios. Assim, tornou-se imprescindível o licenciamento ambiental, pensando, sobretudo, numa melhor gestão ambiental da atividade mineradora, com o objetivo de impedir episódios de rompimentos de barragem, como a da Mineração Rio Verde, bem como de recuperar outros passivos ambientais, como a contaminação dos solos. Por outro lado, as minerações têm gerado compensações ambientais com a implantação de Reservas Naturais de Patrimônio Privado – RPPN’s, e instituindo algumas das principais Unidades de Conservação da RMBH, como a conhecida Mata do Jambreiro, propriedade da Vale. No conjunto do patrimônio natural, no alto Rio das Velhas, destacam-se ainda Unidades de Conservação ambiental significativas para a RMBH, pensando na preservação das nascentes e de toda a rede de drenagem da região: ¾ a APA SUL, - criada por Decreto Estadual específico (n° 35.624 de 8 de junho de 1994), e delimita uma região com características físicas e ambientais que se destacam no contexto da região metropolitana de Belo Horizonte, visando sua preservação; ¾ a APE Estação Ecológica dos Fechos; ¾ a Mata do Faria e a Mata do Capão; ¾ a Mata Samuel de Paula, propriedade da Anglo Gold; ¾ a Mata do Jambreiro. Nessas duas últimas, há centros de educação ambiental que recebem alguns grupos de alunos de escolas da região metropolitana. A ocupação do território do alto Rio das Velhas tem na exploração mineral sua origem. As marcas desse processo de ocupação estão gravadas na paisagem da região. Signos da paisagem contam o processo social, histórico, cultural e econômico ali vivido. No município de Nova Lima, encontram-se um dos elementos histórico-culturais mais emblemáticos da ocupação do território: o conjunto de banquetas e regos. Esses faziam parte de um sistema de captação de água e serviam para levar parte da água de ribeirões até o lugar da lavagem e do tratamento de minério. As águas que os regos (watercourses) traziam serviam para diversas atividades, além de mover os pilões para tratamento de minério (Figura 36). Meio Ambiente 76 Figura 36 - Banqueta do rego Grande, Nova Lima. Ao todo, são 13 banquetas que se localizam em diferentes locais do município de Nova Lima. Algumas se apresentam em um bom estado de conservação, apesar de não estarem integradas, nem destacadas na paisagem, fato que faz com que moradores e visitantes desconheçam sua relevância histórica. Além disso, a própria dinâmica de ocupação urbana de alguns municípios do alto Rio das Velhas evidenciam o processo histórico de construção desses núcleos. A observação dessa paisagem tem o poder de conectar os olhos do observador, no presente, com a realidade do passado. Nesse sentido, mais uma vez, o município de Nova Lima ganha destaque. A estrutura urbana da sede novalimense, marcada pela antiga presença da Mina de Morro Velho, é bastante fragmentada e de difícil articulação. Essa fragmentação se dá tanto em função da topografia acidentada quanto da segregação imposta pelos ingleses quando construíram os núcleos residenciais para empregados da mina. Essa situação dividiu a cidade em duas partes. As mansões destinadas aos diretores e funcionários graduados da empresa eram localizadas nas partes mais elevadas das encostas dos morros com acesso controlado. Nas partes baixas, eram localizadas as vilas operárias. Próximo à entrada da mina, também na parte baixa, se desenvolveu o centro administrativo, cultural, comercial e de serviços para onde converge todo o sistema viário. Essa dinâmica urbana, retrato do processo histórico de construção da cidade, é perceptível na paisagem. Essa divisão entre o operariado e a diretoria das minas era marcada, também, na própria arquitetura das casas: quem tinha casa com varanda, mandava. É possível perceber, com certa clareza, esse estilo arquitetônico pelas ruas dos municípios como Nova Lima, Raposos e Rio Acima. Além das casas, outras tantas construções como a Casa Aristides, em Nova Lima, o conjunto arquitetônico de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima, a Casa de Pedra e a Igreja, em Rio Acima, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Raposos são referências significativas, na paisagem, do processo histórico de construção das sociedades do alto Rio das Velhas. A ferrovia (concessão da Ferrovia Centro-Atlântica), localizada ao longo do Rio das Velhas, é mais um signo cultural que compõe esta unidade de análise. Seja em função das mineradoras, como a Morro Velho, ou por iniciativa do governo imperial, a construção dessa linha ferroviária estabeleceu uma ligação entre os núcleos populacionais do alto Rio das Velhas e, durante anos, foi responsável pela formação de vários povoados ao longo de seu caminho e pela construção de uma “cultura do trem”, demasiadamente mineira. Atualmente, alguns Meio Ambiente 77 trechos da Ferrovia Centro-Atlântica encontram-se em estado deprimente de conservação, devido à falta do uso, ao roubo de materiais que compunham os trilhos da ferrovia, à invasão de espécies vegetais à linha férrea, entre outros. Aqueles trechos que ainda se encontram em funcionamento são utilizados exclusivamente para o transporte de produtos minerários, não havendo mais o transporte de passageiros. Algumas prefeituras, em parceria com organizações não-governamentais, empresas e, sobretudo, com a sociedade civil realizaram a recuperação e a restauração e criaram um novo uso – centros de cultura e manifestação artística, como em Raposos - para algumas estações ferroviárias que, por anos, ficaram abandonadas (Figura 37 e Figura 38). Figura 37 - Estação Ferroviária de Raposos. Figura 38 - Sucateamento da rede ferroviária. Vila Bela, Raposos. 3.1. UNIDADE 4 - VALE DO RIO PARAOPEBA Apresentando relevo ondulado, com altitudes máximas em torno de 1000 metros, a região do vale do Rio Paraopeba, apresenta predominantemente colinas dissecadas e morros baixos e topos arredondados. Atualmente, a economia dos municípios não se desenvolve apenas com base na mineração, apesar de ser forte a presença de algumas empresas mineradoras, na região, reafirmando a cultura da mineração nas paisagens e no jeito do povo. As áreas de topografia relativamente suaves do vale do médio Paraopeba, e de seus numerosos tributários, ofereceram outrora fartas colheitas, e constituem-se, agora em escala menor, num importante celeiro do centro de Minas. A agricultura, a pecuária e a agroindústria de pequeno porte dinamizaram a economia da região e contribuíram para o estabelecimento de uma forte ruralidade (Figura 39). Grande parte da população se dispõe nas zonas rurais desses municípios, de modo que seus hábitos, marcados por um estilo de vida simples, permeiam as relações sociais do Vale do Paraopeba. Meio Ambiente 78 Figura 39 - Estrada que liga Casa Branca a Piedade do Paraopeba, Brumadinho. As diversas fazendas ali localizadas, as pequenas produções associadas como os laticínios, os alambiques e a fabricação de doces, além das características da própria população compõem o mosaico cultural que forma a região. Muitos distritos e povoados no médio Paraopeba, dentre eles Piedade do Paraopeba, São Caetano da Moeda, Santana e Boa Morte, ainda guardam hábitos e tradições antigas. Muitas marcas dessa ruralidade podem ser observadas a partir desses elementos como, por exemplo, as manifestações expressas através da religiosidade. Alguns desses locais, como Piedade do Paraopeba, se tornaram centros de romaria, para onde muitos fiéis se destinam no intuito de agradecer as graças alcançadas ou para fazer pedidos. As raízes culturais e religiosas desses locais foram formadas, principalmente, pelos bandeirantes e seus escravos que chegaram pela primeira vez na região ainda no final do século XVII. Muitas festas e manifestações estão ligadas aos aspectos religiosos e associam-se aos santos e padroeiras das cidades estudadas. Assim, as relações sociais estabelecidas no cotidiano, o modo como os habitantes locais se relacionam com a terra e os modos de produção agrícola marcam a expressiva ruralidade desses municípios. 3.1. UNIDADE 5 – SERRA DO CURRAL Essa unidade situa-se na extremidade norte do Quadrilátero Ferrífero onde as cristas são dominantes e as cotas mais elevadas alcançam 1400 m. A Serra do Curral apresenta várias denominações locais: a oeste, Serra dos Três irmãos; Serra do Cachimbo; Serra do Curral; e Serra do Taquaril, a leste. Sua configuração morfológica é bem diversificada. Há uma linha cumeada extremamente marcante, bem como, dissecada. Essa crista apresenta vertentes muito íngremes e declividades bem acentuadas, marcando as características da paisagem da Serra do Curral e influenciando, sobremaneira, a ocupação desse espaço. No contato entre a Serra do Curral e a depressão periférica de Belo Horizonte, tem-se os esporões, feições de transição caracterizadas por morros alongados ou topos aplainados ou suavemente arredondados. Essa forma contribui à ocupação do espaço por estruturas urbanas, como acontece no entorno do Parque das Mangabeiras e, também, a oeste, nas proximidades de Ibirité e Sarzedo, onde os esporões assumem formas topográficas mais suaves. O quadro atual em que se encontra a Serra do Curral é o de um intenso conflito de interesses que pode ter sido acirrado com o tombamento e com outros dispositivos legais de caráter Meio Ambiente 79 menos permissivos. Dessa maneira, percebe-se uma polarização: de um lado, o interesse pela preservação do patrimônio, e de outro o interesse pelo exercício de atividades privadas que resultem na remuneração dos proprietários de tais terrenos e empreendimentos. Nesse sentido, alguns projetos de implementação de mecanismos de gestão urbano-ambiental encontram-se em processo de análise na prefeitura da capital. No entanto, mesmo com o tombamento municipal da Serra do Curral em 1991, e o redimensionamento da área tombada, em 2002 – de 31,8 quilômetros quadrados, para 30,06 quilômetros quadrados, mais uma região de entorno do bem tombado de 20,71 quilômetros quadrados -, a pressão em relação a esse bem, tão caro à história, à cultura, à dinâmica ambiental (o conjunto da Serra permite a descontinuidade da malha urbana, protegendo assim o ecossistema) de Belo Horizonte e signo indiscutível na paisagem da capital mineira, é enorme. O Parque Paredão da Serra, previsto para ser entregue em outubro de 2008, mas que ainda encontra-se em obras, pode ser um fator amenizador dessa coação sofrida pela Serra do Curral. O novo uso da área pelos visitantes poderá fazer com que essa pressão seja menos agressiva e, ainda, que ela mude de direção. Orçado em 13 milhões de reais - recursos do Ministério do Turismo com contrapartida do município - e com quase todo o recurso já empregado na construção do parque, a etapa de finalização do Paredão da Serra consiste em obras que ligarão o Parque do Paredão ao Parque das Mangabeiras e a construção do centro de visitantes e de outras estruturas de visitação (Figura 40). A existência do Parque do Paredão não apenas é relevante em função de seu lugar na proteção de todo o ecossitema da região, como também é importante uma vez que, junto com outras unidades de conservação de esferas municipais, estaduais e particulares que compreendem, dentre outras áreas, o Parque Estadual do Rola Moça, Estação Ecológica Estadual do Cercadinho e a reserva particular do patrimônio natural – RPPN Mata do Jambreiro, da Vale, formam um moisaico de unidades de conservação de extraordinária importância no contexto ambiental da região. Figura 40 - Entrada do Parque Paredão da Serra do Curral. Outro elemento importante na conjuntura atual da unidade de análise ora estudada é o empreendimento da Vale na extinta mina de Águas Claras. A companhia prevê a implantação de um centro urbano de uso comercial e residencial, em uma área de 194 hectares, na antiga Mina das Águas Claras, que, voltada para a exploração de minério de ferro, foi exaurida em 2002. Como âncora para impulsionar o empreendimento, a Vale anunciou que vai construir, no local, o seu novo centro administrativo em Minas Gerais, onde pretende reunir todos os setores da empresa que hoje estão em diferentes pontos de Belo Horizonte. Estima-se que, Meio Ambiente 80 apenas pela Vale, trabalharão no novo centro administrativo cerca de 2.500 pessoas. Quando estiver completamente pronto, a perspectiva é de que o espaço total do Projeto Águas Claras conte com uma população fixa e flutuante em torno de 20 mil pessoas. 3.2. CENÁRIO TENDENCIAL - VETOR SUL RMBH – PROPOSTAS DE REVERSÃO Tendo em vista as considerações anteriores, construídas a partir de sucinta análise da paisagem das cinco unidades ora consideradas, vislumbra-se, como uma tendência à realidade atual do Vetor Sul da RMBH, em detrimento da atividade turística, uma série de dificuldades advindas de uma ocupação descriteriosa de seu espaço, com o comprometimento acentuado de seu patrimônio natural e cultural. Verificando-se: ⇒ Mobilidade pendular que resulta no esgotamento da rede viária; ⇒ Desemprego e risco social; ⇒ Processo de exclusão da comunidade autóctone de seu território, em função dos diversos empreendimentos imobiliários; ⇒ Ameaça aos mananciais de água; ⇒ Ameaça ao patrimônio natural; ⇒ Precariedade da infra-estrutura urbana e rural; ⇒ Perda da memória cultural e desvalorização das manifestações culturais e do patrimônio cultural; ⇒ Desarticulação social e política das comunidades dos municípios. A partir dessa constatação, o desenvolvimento do turismo torna-se uma importante ferramenta de reversão dessa realidade. É importante esclarecer a concepção de turismo aqui conjeturada: ao contrário de grande parte dos empreendimentos e projetos turísticos, desenvolvidos no Brasil, que tomam o turismo como uma prática estritamente econômica, e fazem de suas ações, nessa área, investimentos lucrativos, a perspectiva aqui proposta seria a do turismo, não em sua redução, mas em sua totalidade: como um processo multidimensional – considerando suas interfaces social, econômica, ambiental e cultural -, extremamente dinâmico - pensando nas características distintas dos lugares ou regiões aonde tal processo irá se desenvolver –, e transversal – levando em conta a natureza diversa dos conhecimentos e saberes necessários ao estabelecimento do processo turístico. Nesse sentido, a proposta seria a do turismo como um processo o que, na verdade, assim ele é. Concebido dessa forma, os resultados buscados com o desenvolvimento do turismo não se dariam apenas quando do fluxo de visitantes à região. Esses resultados seriam, paulatinamente, sentidos na região onde tal processo seria estabelecido, levando em conta o envolvimento do poder público, do setor privado e, acima de tudo, da população dos lugares. O fluxo de visitantes para a região existe e, por ter se dado de maneira espontânea, sem interferência, por exemplo, de um plano de desenvolvimento turístico, criou-se uma forma de turismo concentrada em determinados lugares e extremamente elitista. O complexo de bares e restaurantes de São Sebastião das Águas Claras é exemplo disso, além da presença de trilheiros e jipeiros que somam grande porcentagem de visitantes à região, sobretudo nos fins de semana, afora o público dos condomínios residenciais e de lazer. Essa concentração do fluxo de pessoas nas atividades acima mencionadas, centraliza tanto os benefícios quanto os pontos negativos, inerentes ao turismo, naqueles lugares. O que é Meio Ambiente 81 interessante ser feito é a descentralização do fluxo já existente de pessoas a determinados lugares e o desenvolvimento de outras possibilidades de atividade turística, pensando nos objetivos primordiais anteriormente listados. A gama de possibilidades para articulação do turismo, visando sua contribuição para amortecer os problemas atualmente existentes no Vetor Sul da RMBH, é grande. Na Unidade de Análise 1, a Serra do Rola-Moça, o desconhecimento sobre a existência do Parque, decorrente do desinteresse e, também, da falta de divulgação impedem a freqüência de visitantes nesse lugar. O novo uso do espaço do PESRM, pelo turismo, pode funcionar como um fator de pressão em relação ao atual uso que dele é feito: uma via de passagem, que pouco significado tem para aqueles que por ali circulam e que gera problemas para as espécies animais e vegetais ali protegidas. O turismo tem a característica de promover encontros entre os diferentes, encontro com aquilo que é parte de uma cultura. Ao viajar, ao visitar os lugares, as pessoas promovem um intercâmbio cultural e, sobretudo, criam vínculos afetivos. Nesse sentido, o aumento do fluxo de visitantes, e conseqüentemente, do conhecimento, através da experiência prática do Parque, por um número maior de pessoas, traz a possibilidade de despertar e criar laços afetivos com o lugar e, a partir disso, contribuir para a sua existência plena como uma unidade de conservação, com o aval e o apoio da comunidade, da população. Essa pressão, devido ao novo uso, pelo turismo, do território do PESRM, pode resultar, por exemplo, na diminuição do trânsito de veículos pesados nos domínios do Parque; no estabelecimento de outra via principal de acesso aos condomínios existentes em seu entorno, desconcentrando o fluxo viário na região; em uma maior sensibilização em relação aos cuidados com a área do Parque, no que concerne à deposição de lixo, invasão e queimadas; na geração de novos postos de trabalho; no aumento da renda para a manutenção do Parque; e na incorporação de novas áreas de proteção, como a Serra da Calçada, por exemplo. A Unidade de Análise 2, a Serra da Moeda, acompanha essa característica da unidade de análise anterior, da necessidade de um novo uso e ocupação do espaço, como forma de proteger suas feições paisagísticas que carregam importantes elementos naturais e relevantes aspectos histórico-culturais de formação do território. Por apresentar-se como uma área de extraordinária composição geológica, além de suas peculiaridades geomorfológicas e históricas, a Serra da Moeda traz consigo a possibilidade de desenvolvimento de uma determinada categoria do turismo conhecida como Geoturismo. O Geoturismo surgiu com o objetivo de ir contra o turismo tradicional/convencional, uma vez que este apresenta um caráter pouco reflexivo acerca da forma como a atividade se desenvolve e sobre a postura dos turistas em relação ao local que estão visitando. A visitação a sítios geológicos, que caracteriza o Geoturismo, pode promover um encontro com uma parte da história evolutiva do planeta Terra, na qual o homem pode tanto reencontrar sua história, como descobrir algo totalmente novo aos sentidos. Ademais, pode funcionar não apenas como uma forma de lazer ou apreciação estética, mas, também, pode promover o encontro dos visitantes com questões relacionadas às ciências da terra, valorizando e promovendo o patrimônio mineral. Mais ainda, a atividade geoturística pode propiciar ao visitante um contato e interação com a paisagem local, na tentativa de valorizála e atribuir algum significado à região visitada. Além disso, o Geoturismo pode se relacionar, de maneira harmoniosa, com outras atividades que já são praticadas na Serra da Moeda, como aquelas realizadas na rampa de vôo livre, uma vez que ambas necessitam das características físicas da serra para o desenvolvimento dos Meio Ambiente 82 seus trabalhos. Esse novo uso, comandado pelo turismo, pode diminuir os impactos causados pela dinâmica atual de expansão da rede urbana, sob a forma de condomínios, que domina a região. E, ainda, pode levar à diversificação das atividades econômicas do lugar, pensando na característica reticular do turismo: envolvimento de diversos setores como os de serviços, transporte, infra-estrura, etc. Outra categoria de turismo relevante para todas as unidades de análise estabelecidas é o Ecoturismo. Enquanto o Geoturismo possui preocupação central na valorização e proteção do patrimônio mineral, com foco na geodiversidade, o Ecoturismo, por sua vez, liga-se também à conservação e valorização, mas tem como foco a biodiversidade como um todo, podendo até ser considerado a “perspectiva-mãe” das atividades turísticas. O Ecoturismo é um turismo sob princípios éticos e ecológicos, e não simplesmente uma atividade em áreas naturais. Segundo GONTIJO (2003), um Ecoturismo, que se diz eco, na sua essência, compreende uma atividade que colabora para o desenvolvimento humano, não apenas ditada pelo ambiente onde se realiza, mas sim pelo comportamento do turista perante o Outro. Esse Outro pode ser tanto uma paisagem ou um habitante local, quanto o próprio turista que empreende a viagem, numa busca pela consciência de si mesmo. Dessa forma, a atividade ecoturística apresenta-se como uma interessante possibilidade tendo em vista, as várias unidades de conservação existentes no Vetor Sul da RMBH, compondo um mosaico de unidades de conservação. O Ecoturismo, realizado a partir de um planejamento adequado e uma gestão eficiente, é uma atividade que está em consonância com os objetivos de criação dessas UC’s, sobretudo, da APA SUL, dentro da qual se insere a maior parte da área objeto de análise do presente programa. A APA-SUL da RMBH, criada em 1994, assemelha-se conceitualmente aos parques naturais europeus, notadamente os da França, Espanha, Portugal e Alemanha, os quais foram a fonte inspiradora para a constituição dessa categoria de manejo, no Brasil. As APA’s, regulamentadas em nosso país em 1981, foram consideradas uma espécie de desafio ao tempo e ao contexto brasileiro dos anos 80, por apresentarem uma concepção de unidade de conservação que, em linhas gerais, ao mesmo tempo, tornava compatível a proteção de áreas naturais e a existência de propriedades privadas, em um mesmo espaço. Essa perspectiva, de certa forma, rompia com a visão tradicional de unidade de conservação que regia à época. O contexto atual da APA-SUL acompanha a realidade de inúmeras outras APA’s brasileiras e mundiais: o processo de planejamento e gestão da APA tem encontrado uma série de dificuldades e entraves que tem contribuído para retardar a obtenção dos seus objetivos primordiais. Essas principais dificuldades de viabilizar as APA’s ou, no caso da APA-SUL, tornálas, de fato, efetivas passam pela postura dos conselhos administrativos de tais áreas que privilegiam a regulação e o controle ambientais dessas áreas de proteção, em detrimento das questões de cunho social e cultural, diretamente ligadas ao desenvolvimento das comunidades inseridas nessas áreas. Esse tipo de situação contribui, sobremaneira, para o distanciamento das APA’s brasileiras, e nesse caso, da APA SUL da RMBH, das experiências positivas e que são espelhos para áreas de proteção, em todo o mundo. Uma dessas referências é o Parque Natural Regional da França, criado a partir da decisão das comunidades locais numa perspectiva de preservar e, ao mesmo tempo, desenvolver os territórios onde habitam e terão sucessores. Essas comunidades afirmam sua confiança em administrar e orientar a ocupação e o uso dos recursos naturais para o bem de todos os habitantes e visitantes. Face a pressões urbanas periféricas aos parques, lutam para proteger o caráter natural dessas regiões. Ao mesmo tempo, mantêm práticas que qualificam o manejo do território, com a introdução de atividades de desenvolvimento econômico que não comprometam a estabilidade ambiental, garantindo Meio Ambiente 83 assim qualidade de vida presente e futura. Essa perspectiva afasta concepções mais reducionistas que entendem as APA’s apenas como um instrumento de controle ambiental. Acredita-se nessa dinâmica de organização como uma tendência para a APA-SUL da RMBH, chamando atenção para a necessidade de estabelecer processos de gestão de caráter participativo, compartilhando o poder de decisão entre os vários órgãos governamentais envolvidos, o setor privado e, sobretudo, a sociedade civil. Pensando no Ecoturismo como uma estratégia para que essa dinâmica de organização seja efetiva, é necessária a existência de elementos infraestruturais que trabalharão na composição dessa atividade: a constituição de trilhas interpretativas, através de placas, para a observação da paisagem e de roteiros para visitas auto-guiadas são algumas das estruturas necessárias, e atualmente inexistentes, para o desenvolvimento do Ecoturismo na região. Mais uma vez, a presença do turismo nas RPPN’s, nas APA’s, poderá dar um novo uso para essas áreas e contribuir ao dinamizar o uso e a ocupação desses espaços e, ao mesmo tempo, ao preservar os recursos hídricos, a fauna e a flora regionais, por ser uma atividade que, se bem estruturada e coordenada, resulta em baixos impactos ambientais. A discussão a respeito do turismo em APA’s, a cada ano, ganha mais profundidade e relevância. Em alguns estados, como na Bahia, por exemplo, há um incentivo político para o desenvolvimento do turismo nesse tipo de unidade de conservação, devido aos seus aspectos positivos, como a maior visibilidade da área de proteção, gerando maior força política para resistir às diversas pressões sofridas por essas áreas; um envolvimento da comunidade inserida na área, através da valorização do seu lugar de residência e da possibilidade em auferir renda, a partir do turismo; proteção das riquezas da área uma vez que a atividade turística necessita delas pra se desenvolver; participação dos jovens no processo do turismo e diminuição da violência. O Alto Rio das Velhas conta com duas RPPN’s em melhores condições infra-estruturais para desenvolvimento do Ecoturismo, a Mata do Jambreiro (Figura 41) e a Mata Samuel de Paula, uma vez que as duas áreas contam com um Centro de Educação Ambiental, em funcionamento (Figura 42). Figura 41 - Mata do Jambreiro Figura 42 - Centro de Educação Ambiental da Mata do Jambreiro A existência de centros de educação ambiental ou centros de referência ambiental, dentro das unidades de conservação, é aspecto de extrema relevância quando da tentativa de desenvolvimento do Ecoturismo, já que este é o local onde as ações de gestão são pensadas para serem colocadas em prática. O processo do turismo tem que levar em conta as estruturas e os projetos já existentes nos locais, e os centros de educação ambiental são exemplos disso. Meio Ambiente 84 O desenvolvimento do Ecoturismo, no Alto Rio das Velhas, poderá ter influência direta, por exemplo, nos conflitos sociais existentes, sobretudo no município de Nova Lima. O envolvimento dos jovens navalimenses no processo do turismo, especialmente dentro dos Centros de Educação Ambiental, pode trazer a eles dignidade e cidadania, por apresentá-los as possibilidades do conhecimento; uma profissão ou um trabalho, sendo condutores dentro das RPPN’s ou monitores nos Centros; pode fazer com que esses jovens permaneçam em Nova Lima, contribuindo positivamente para o desenvolvimento do município, diminuindo a violência e o risco social; além de contribuir para a diminuição do movimento pendular em direção à BH. Ademais, e acima de tudo, o envolvimento não apenas dos jovens, mas de grande parte da população, somado ao envolvimento dos turistas quando de sua visitação a esses locais, poderá ser a força social a garantir a preservação do patrimônio natural da área. A Unidade de Análise 3, em destaque o município de Nova Lima, apresenta em sua composição paisagística elementos do ciclo da produção mineral desde seu início, nos idos do século XVIII até a contemporaneidade. As marcas, os símbolos concretos desse período podem ser sentidos nos mais variados pontos do município. A valorização, a recuperação e a organização, no processo de construção do turismo nessa região, desses locais de referência da história da mineração em Minas Gerais iriam resgatar a memória desses tempos, relevantes à construção daquela sociedade, além de convocar maior parte da população, através do cuidado àqueles bens, a participar do próprio processo do turismo. A constituição de uma proposta de turismo que permita que os visitantes conheçam todo o processo de extração mineral, desde sua fonte até o produto realizado, privilegiando todas as fases e tecnologias de extração dos minerais, no decorrer do tempo, pode ser uma estratégia turística interessante para a região do Alto Rio das Velhas. Esse conceito de turismo tem acontecido, com bastante sucesso, em países como a Austrália, por exemplo. Nesse país, na cidade de Ballarat, no estado de Victoria, há um interessante complexo que combina lazer e conhecimento, tendo a mineração como mote (Figura 43). Além de ser um conceito atraente e, sobretudo, factível, a possibilidade de gerar divisas para a região, é enorme. Pensando no turismo como uma rede que ele é, a geração de renda e emprego, a recuperação e a valorização do patrimônio histórico, mineral e cultural da região, a proteção do patrimônio natural, o incremento no setor de serviços e a melhoria da infraestrutura urbana e rural - com vistas no saneamento básico, pavimentação de vias, serviços de saúde, fornecimento de energia elétrica, iluminação pública, etc. - são alguns de seus nós. Figura 43 - Museu ao ar livre em Ballarat, Austrália Fonte: http://www.sovereignhill.com.au/ Meio Ambiente 85 Ainda, para compor o processo do turismo do Alto Rio das Velhas, faz-se extremamente importante a recuperação da ferrovia Centro-Atlântica e sua utilização como transporte de passageiros. Essa ferrovia pode funcionar como uma conexão viária entre os municípios que compõem essa e outras Unidades de Análise; como um estímulo ao desenvolvimento daqueles distritos e povoados que surgiram às suas margens e se encontram em um grave processo de decadência; como uma forma de valorização da paisagem da região, sobretudo do próprio Rio das Velhas; além de ser uma alternativa importante de acesso aos municípios, normalmente realizado pelas rodovias. Na Unidade de Análise 4, em função de suas características baseadas na cultura agrícola e nos demais elementos a ela relacionados, o estabelecimento de um processo turístico fundamentado nas tradições rurais apresenta-se interessante. Grande parte da população se dispõe nas zonas rurais desses municípios, de modo que seus hábitos, marcados por um estilo de vida simples, permeiam as relações sociais do Vale do Paraopeba e contribuem para o desenvolvimento de uma ruralidade extremamente marcante. A atividade turística voltada para o meio rural privilegia as atividades ali desenvolvidas marcadas pelo uso e ocupação da terra característicos daquele lugar, além de proporcionar a interação entre aquele que visita e a sociedade local, seus hábitos, seu estilo de vida. A recuperação das diversas fazendas existentes na região, como por exemplo, a Fazenda dos Martins (Figura 44) e a Fazenda Vista Alegre, ambas no município de Brumadinho, além de diversos imóveis existentes nos distritos e povoados da região, poderia contribuir na composição da estrutura de acomodação para os visitantes, pensando na dinâmica do turismo, nesse lugar. Além disso, o incentivo a manifestações de caráter rural como, por exemplo, as cavalgadas, a cada dia mais constantes em função da existência de muitos haras na região, pode ser relevante na dinâmica do turismo nesta unidade de análise (Figura 45). O desenvolvimento do processo turístico baseado num turismo rural, no Vale do Paraopeba, poderá contribuir no arranjo do turismo como um cenário tendencial para o Vetor Sul da RMBH, na medida em que poderá influenciar na permanência da população nas localidades, em função da possibilidade em auferir rendimentos, trazida pela atividade turística; na valorização do estilo de vida local, e no aumento da auto-estima das pessoas da comunidade; na melhoria da articulação social e política dos membros das comunidades, uma vez que essa categoria turística é uma das que mais necessitam de apoio efetivo da população. Figura 44 - Vista da Fazenda dos Martins, Brumadinho. Figura 45 - Restaurante Casa Velha em Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho. Infraestrutura para receber cavaleiros. Meio Ambiente 86 Na unidade de análise 5, o processo do turismo poderá acontecer em função da existência, sobretudo, de UC’s como o Parque do Paredão e o Parque das Mangabeiras, que compõem o mosaico das unidades de conservação do Vetor Sul da RMBH. Assim como no PESRM, o novo uso e ocupação do espaço da Serra do Curral, pelo turismo, pode contribuir para a proteção de toda essa região. Sabe-se da necessidade dessa nova possibilidade de ocupação do espaço e, nesse sentido, alerta-se, para a efetivação do Projeto de Águas Claras. O estabelecimento de tal empreendimento imobiliário poderá levar a um novo esgotamento da rede viária da região; poderá comprometer a dinâmica ambiental da região, por estar localizado muito próximo às unidades de conservação de existência estratégica, acima de tudo, no que tange à organização climática da área. Os 30 anos de exploração mineral na região resultaram, entre outros aspectos, na drástica transformação da paisagem, em um impacto negativo na rede de drenagem que alimenta as cidades de BH, Nova Lima e Raposos e, ao mesmo tempo, colocou Minas Gerais numa posição de destaque na extração mineral mundial. Pensando nisso, faz-se necessário talvez, uma mudança de perspectiva em relação à desativada Mina de Águas Claras: não como algo que se deve apagar da visão, da memória das pessoas que vivem próximas àquele região, através de ações de elevado impacto, mas sim como uma espécie de testemunho de um período da história do lugar, extremamente relevante para a construção daquela sociedade que está sempre se reconstruindo. A compreensão dessas cinco unidades de análise como partes integrantes de um arranjo maior, que é o processo turístico no Vetor Sul da região metropolitana, é fundamental. Apesar de terem sido destacadas algumas possibilidades de desenvolvimento do turismo, nessas unidades, pensando na composição de um turismo para toda a região, todas as unidades contam com potencialidades e atrativos que, porventura, não foram apontados na presente leitura, mas que, no acontecer do processo, podem ser incorporados à dinâmica do turismo naquele lugar. Meio Ambiente 87 3.3. INDICAÇÕES E DEMANDAS Toda forma de recomendação a respeito do desenvolvimento do turismo deve ir de encontro ao plano de ações ou ao planejamento específico ao processo turístico daquele lugar ou região. No entanto, as indicações e demandas relacionadas a seguir, podem ser consideradas de absoluta relevância e todas, certamente, deverão compor as bases de tais planos e planejamentos. • A escolha das cinco Unidades de Análise se deu em função da relevância ambiental, social e cultural, de cada unidade, no processo de construção dos lugares que fazem parte do Vetor Sul da RMBH. Todas as unidades se interrelacionam, seja por sua função geográfica e sua influência na dinâmica ambiental das outras áreas, seja por carregarem consigo elementos do processo histórico de toda a região, seja por pertencerem à outra, através da paisagem. A escolha dessas cinco unidades preconiza uma indicação: a articulação dos municípios no sentido de desenvolverem esse processo do turismo em escala regional. Uma vez que essa área compartilha conflitos, poderia também compartilhar benefícios. Cada uma dessas cinco unidades carrega consigo possibilidades distintas para o desenvolvimento do turismo, e ao mesmo tempo compatíveis, além de serem extremamente significativas para o incremento turístico. Uma vez os municípios articulados, o processo do turismo poderá acontecer de uma maneira mais sólida; • Constituição de Conselhos de Turismo, com representantes dos poderes públicos e privados e da sociedade civil, com o objetivo de refletir, discutir e construir esse processo turístico, mais próximo possível aos anseios de cada uma dessas três esferas da sociedade; • Realização de fóruns e assembléias para a apresentação e discussão de medidas a serem implementadas, possibilitando a articulação entre os setores público, privado e a sociedade civil; • Melhoria da rede viária, com a pavimentação ou a não pavimentação de algumas vias, mas permitindo um acesso fácil aos distritos e povoados dos municípios; • Incentivo à participação comunitária: num processo turístico, a participação das comunidades é peça-chave para o seu sucesso econômico, ambiental e, acima de tudo, social; • Incentivo à capacitação profissional, através de investimento em educação básica e na formação técnica e superior; • Melhoria da infra-estrutura básica como a pavimentação das vias, sistema de transporte municipal, saneamento básico, iluminação pública, sistema de saúde; • Recuperação da malha ferroviária e reativação do transporte de passageiros; • Desenvolvimento de projetos de sinalização e Interpretação Ambiental em algumas trilhas e cachoeiras, preservando outras, com o intuito de criar uma relação entre o visitante e todo aquele trajeto até o destino final, além de sensibilizá-lo quanto à importância daquele lugar no contexto ambiental da região e à importância de uma conduta consciente. • Desenvolvimento de atividades compatíveis com o Plano de Manejo das Unidades de Conservação existentes na região: a existência de Unidades de Conservação na região Meio Ambiente 88 suscita uma série de medidas no intuito de promover a conservação de seus atributos naturais; • Desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental, tanto para os moradores da região quanto para os visitantes; • Respeito aos limites estabelecidos pelas leis integrantes ao Plano Diretor, Plano de Zoneamento Municipal e na Lei de Uso e Ocupação do Solo, para o desenvolvimento do turismo; • Desenvolvimento de projetos para a formação de condutores locais, como forma de valorizar a experiência turística; • Incentivo à dinamização dos meios de hospedagem, incorporando propostas como a hospedagem familiar, que aproxima o visitante à realidade do lugar, além de ser possibilidade de renda direta a partir do turismo. • Estímulo à criação de centros de educação/referência ambiental, dentro e fora das unidades de conservação, tendo em vista, inclusive, o desenvolvimento de campanhas para a sensibilização e educação geo-ambiental que possam despertar na comunidade local e nos visitantes um sentimento de pertencimento e de responsabilidade com o ambiente; • Desenvolvimento do turismo de maneira que ele possa ser compatível com outras atividades já existentes, e que são imprescindíveis à organização da região; • Realização de pesquisa e levantamento de bens de patrimônio histórico e cultural, ainda tratados com certa negligência, como as pinturas rupestres no município de Brumadinho; • Estímulo à recuperação e proteção dos patrimônios materiais e imateriais, através do incentivo à restauração, tombamento e registro de tais patrimônios; • Promoção de ações de valorização e manutenção da produção local: fomento a atividades como fabricação de leite, queijos, doces, biscoitos, ovos, artigos agrícolas e produtos artesanais, nas comunidades envolvidas; • Fomento a ações de valorização, por parte dos empreendedores locais, dos fatores culturais, através do resgate das manifestações e práticas regionais, além da manutenção das características naturais dos lugares. Meio Ambiente 89 3.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - BRILHA, J. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Lisboa: Ed. Palimage, 2005. 209p. - FERREIRA, Maura Bartolozzi; AUGUSTIN, Cristina Helena Ribeiro Rocha. A proteção ao patrimônio natural urbano [manuscrito] : estudo de caso sobre a Serra do Curral, Belo Horizonte / MG. 2003 187 f. [Dissertação] - Universidade Federal de Minas Gerais. - GODOY, M. Pimentel de; SAADI, Allaoua. Expressão econômica do Vale do Paraopeba. Belo Horizonte: 1957. 149p. - GONTIJO, B.M. A Ilusão do ecoturismo na Serra do Cipó / MG: o caso de Lapinha. Universidade de Brasília Centro de Desenvolvimento Sustentável – [tese] – Brasília, 2003. 192p. - MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA; GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Projeto APA Sul RMBH Estudos do Meio Físico. Belo Horizonte, 2004. - MINERAÇÃO MORRO VELHO. Morro Velo: História, Fatos e Feitos. Nova Lima, 1995. - Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Nova Lima. Diagnóstico. Nova Lima, 2006. - SOUZA, Renata Guimarães Vieira. A expansão da região metropolitana de Belo Horizonte e suas implicações para a redistribuição espacial da população: o caso do município de Nova Lima – 1991/2000. Cedeplar/UFMG. [Dissertação] – Belo Horizonte, 2005. - http://www.ibama.gov.br/siucweb/guiadechefe/guia/anexos/anexo9/texto.htm [acesso em 02/03/09]. Meio Ambiente 90 4. A INFRAESTUTURA DE SANEAMENTO METROPOLITANO E O VETOR SUL DA CAPITAL 4.1. BREVE HISTÓRICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELO HORIZONTE E SEUS VÍNCULOS COM O VETOR SUL Uma das razões que permitiram a escolha de Belo Horizonte para a capital de Minas foi exatamente a boa disponibilidade de mananciais de serra que atenderiam à demanda para a população prevista. Além da proximidade e da disponibilidade em cotas altas, o que permitiria a adução por gravidade, havia também a boa qualidade de suas águas. As principais nascentes que abastecem a capital, desde seus primórdios, foram exatamente as da região do Vetor Sul e adjacências. Os sanitaristas que conduziram os projetos tinham uma grande preocupação com a preservação ambiental de suas bacias, inclusive adquirindo áreas lindeiras às nascentes. Este procedimento propiciou a permanência de extensões significativas de áreas preservadas, que, acrescidas às áreas reservadas pelas empresas de mineração, fazem com que o Vetor Sul disponha de uma invejável qualidade ambiental. Os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário apresentam dois macroestágios relevantes quanto ao seu planejamento: o primeiro abrange o período da inauguração da capital, em 1897, até o ano de 1973, durante o qual, os estudos e projetos visavam exclusivamente o município de Belo Horizonte, ainda que a maioria dos mananciais fosse situada em outros municípios. O segundo, que vai até os dias atuais, inicia-se com a concessão dos serviços para a COPASA em 1973 (à época a empresa era denominada COMAG). A partir daí, todo o planejamento passou a ter conotação metropolitana, disponibilizando uma maior flexibilidade para o acompanhamento das demandas. O segundo período teve como importante marco a entrada em operação do Sistema Rio das Velhas, de maneira provisória, em dezembro de 1969 e, em caráter pleno, em julho de 1973, já na gestão da COPASA. Posteriormente, foram construídos os grandes sistemas da rede integrada metropolitana, iniciando com o Rio das Velhas, passando pelo Vargem das Flores, Serra Azul e Manso. As captações de serra foram perdendo importância relativa e representam hoje apenas 8,2 % da capacidade instalada da COPASA na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 4.2. AS PRINCIPAIS FONTES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DISPONÍVEIS NA REGIÃO DO VETOR SUL Devido às elevadas altitudes (acima de 1.100 m) e à descontinuidade da mancha urbana verificada na maior parte dos loteamentos do Vetor Sul, a solução do abastecimento de água exige a utilização de vários mananciais existentes na região e também uma parcela de complementação pelo sistema integrado metropolitano. Há vários loteamentos que utilizam soluções locais através de poços profundos, em geral de pequena vazão e insuficientes para as expansões previstas. A área do Vetor Sul se situa em sua maior parte na bacia do Rio das Velhas, e uma parcela menor na bacia do Rio Paraopeba. Nesta área, desenvolvem-se as seguintes sub-bacias que servem de captação para o abastecimento da Região Metropolitano de Belo horizonte (vide Esquema Hidrográfico da Figura 46): Meio Ambiente 91 1. Córrego dos Fechos e Córrego do Mutuca, Integrantes da Bacia do Rio das Velhas Compõem o Sistema Produtor do Morro Redondo, situado na cota 1.070 m e com vazão de 700 L/s. Sua área de Influência do abastecimento abrange os seguintes bairros no município de Belo Horizonte – Anchieta, Belvedere, Carmo, Cidade Jardim, Comiteco, Coração de Jesus, Mangabeiras, Morro do Papagaio, Novo São Lucas, Parque das Mangabeiras, Santa Lúcia, Santo Antônio, São Bento, São Lucas, Sion e Vila Paris. ¾ Adutora dos Fechos (Figura 48) Esta adutora abastece com água bruta ao longo do seu percurso, os seguintes condomínios, que possuem sistemas de tratamento próprios: Estância Serrana Vila Del Rey 4,5 L/s Parque do Engenho 0,5 L/s Macacos 7,5 L/s Total ¾ vazão de 0,5 L/s 13,0 L/s Adutora do Mutuca (Figura 47) Também abastece com água bruta o seguinte condomínio: Vila Alpina vazão de 2,0 L/s. 2. Córrego do Catarina, composto dos sistemas Catarina Gravidade e Catarina Recalque, integrante da bacia do Rio Paraopeba (Figura 49). A captação e as instalações atuais de tratamento estão situadas na cota 1.240, com vazão disponível de 180 L/s. Sua área de Influência de abastecimento abrange os bairros Retiro das Pedras e Jardim Canadá, na área do Vetor Sul, e também algumas áreas na região do Barreiro, em Belo Horizonte. 3. Surgência da área do Miguelão, situada na área do condomínio Miguelão, com vazão disponível de 40 L/s. Abastece os bairros de Miguelão e Vale do Sol 4. Rio das Velhas, em Honório Bicalho (Nova Lima), com vazão de 6.750 L/s, cuja Estação de Tratamento (ETA) está na cota 765 m. Abastece aproximadamente 40% da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Meio Ambiente 92 Figura 46 - Captações no entorno do Vetor Sul da RMBH Fonte: Vale MBR Meio Ambiente 93 Mina da Mutuca Barreiro Viaduto Mutuca Captação da Mutuca Figura 47 – Esquema da captação do Mutuca Fonte: Vale/MBR Jardim Canadá Figura 48 – Esquema do Sistema Fechos Fonte: Vale/MBR Meio Ambiente 94 Jardim Canadá Figura 49 – Esquema do Sistema Catarina Fonte: Vale MBR Estas captações têm em comum o fato de estarem situadas em cotas elevadas, permitindo que a adução seja feita quase que totalmente por gravidade, inclusive para partes altas da área urbana. Os grandes sistemas produtores metropolitanos estão situados em cotas baixas, conforme a Tabela 20. Tabela 20 - Sistemas de produção do sistema integrado metropolitano Sistema Altitude (m) Capacidade (L/s) Rio das Velhas 737 6.750 Serra Azul 760,6 2,600 Rio Manso 788,7 4.200 Vargem das Flores 822 1.000 Fonte: COPASA Considerando a necessidade de se atender uma demanda em significativa expansão, situada nas cotas de 1.100 m e superiores, há necessidade de grandes recalques para atingir estas mesmas áreas. Outro ponto a ressaltar é que todos possuem áreas de proteção ambiental em suas bacias, sendo que em Mutuca e Catarina constituem a totalidade. Meio Ambiente 95 4.3. PROGNÓSTICO PARA OS SERVIÇOS DE SANEAMENTO DOS AGLOMERADOS URBANOS SITUADAS NO VETOR SUL Os serviços de saneamento são constituídos de Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário, Resíduos Sólidos e Drenagem Urbana (Lei 11.445/2007). Os serviços de esgotamento sanitário, inclusive as respectivas estações de tratamento de esgotos e de resíduos sólidos que abrangem a coleta e a destinação final podem ter a sua solução tipicamente local, como acontece em vários loteamentos. Atualmente, são prestados pelas Prefeituras Municipais ou pelos próprios condomínios. Passamos a seguir à descrição da situação de tais serviços: 4.3.1. ABASTECIMENTO DE ÁGUA Este serviço é sem dúvida o que apresenta a maior complexidade para a ocupação urbana e industrial do Vetor Sul. A região apresenta altitudes elevadas, chegando a 1.450 m (reservatório do Retiro das Pedras), constituindo as cabeceiras das bacias dos mananciais. Como foi exposto no item anterior, a região do Vetor Sul foi originalmente a grande supridora de água para a cidade de Belo Horizonte e seus mananciais ainda abastecem grande parte da sua zona sul. A COPASA detém a outorga de uso de todos os recursos hídricos significativos da região. Alguns aglomerados são abastecidos por poços profundos situados próximos aos mesmos, bem como alguns usuários também possuem poços individuais. Com o advento das atividades minerárias de Capão Xavier e Tamanduá, com o seu necessário rebaixamento para as operações, houve implicações em nascentes e poços situadas em áreas próximas às mesmas. A empresa Vale que é a operadora passou a fornecer o abastecimento para o Morro do Chapéu (a partir da mina de Tamanduá) e para o Monte Verde (a partir de Capão Xavier). Há também um sistema de compensações para o sistema Fechos-Mutuca da COPASA, que atualmente está injetando diretamente na adutora de Fechos, mas que poderá propiciar uma flexibilidade para o abastecimento do Jardim Canadá, Retiro das Pedras e Vale do Sol. É de se ressaltar que as águas oriundas do rebaixamento das minas de ferro têm uma excelente qualidade físico-química, constituindo uma importante alternativa para o abastecimento público de água. A COPASA possui um papel fundamental na solução do abastecimento de água do Vetor Sul. Este suprimento deverá ser efetuado através de um conjunto de mananciais diversos, sendo parte existente na região e parte a ser remanejada do sistema integrado metropolitano. A empresa está atualmente em negociações com a Prefeitura de Nova Lima para a renovação da concessão de abastecimento de água e a concessão de esgotamento sanitário. Negociações semelhantes foram desenvolvidas com a Prefeitura de Brumadinho, com a concessão plena assinada no ano de 2008. Estes fatos são estratégicos para o Vetor Sul, porque a sua solução de abastecimento exige um complexo planejamento e uma capacitação operacional que dificilmente pode ser disponibilizada por uma gestão municipal ou de condomínio. A região dos vários segmentos do Belvedere em Belo Horizonte faz parte do planejamento do sistema distribuidor de Belo Horizonte, operado pela COPASA, com garantia de suprimento em todo o período de vigência da concessão. É a seguinte a situação do abastecimento de água nos loteamentos do Vetor Sul: Meio Ambiente 96 MUNICÍPIO DE NOVA LIMA O equacionamento do abastecimento neste município está setorizado, segundo as seguintes regiões, conforme o planejamento da COPASA: Tabela 21 - Setorização do Município de Nova Lima para o abastecimento de água conforme planejamento da COPASA Condomínios/Região População de projeto Fonte de Produção Sede 105.500 Rio das Velhas Morro Redondo e futuramente Sistema Paraopeba e Mina de Águas Claras Sistema Catarina, Poço da Mina de Capão Xavier e Surgência do Vale do Sol Vale do Mutuca 77.535 São Sebastião de Águas Claras Jardim Canadá 4.550 23.118 Total 210.703 Fonte: COPASA A Figura 50 apresenta as Zonas de Abastecimento relacionadas acima. Figura 50 – Zonas de Abastecimento. Fonte: COPASA. A seguir, são apresentados os detalhamentos das demandas de água, por região de Nova Lima, para a ocupação de saturação, conforme o planejamento COPASA. A elaboração das listagens foi feita com base em pesquisas próprias da empresa, das demandas de empreendedores e, para os sistemas já operados, foram adotados os relatórios gerenciais da empresa. Meio Ambiente 97 Sede de Nova Lima Esta zona de abastecimento inclui: Sede urbana de Nova Lima; Todos os loteamentos situados entre o Vale dos Cristais e a sede urbana no eixo da MG-30 (Bairro Ipê, Bairro Ipê da Serra, Bairro Jardim Serrano, Ouro Velho Mansões, Residencial Sul, Residencial Aurora, Vila Industrial, Vila Nova Betânia, Vila Odete, Vile de Montagne, Vila do Ouro e Galo Novo); As ocupações urbanas ao longo da MG-30 entre Nova Lima e Raposos (Alto do Gaya, Balança, Banqueta Matozinhos, Bela Fama, Honório Bicalho, Nossa Senhora de Fátima e Vila Nova Suíça). A população de projeto para 2030 é de 105.500 habitantes e terá como fonte de abastecimento o sistema Rio das Velhas, que já é o atual abastecedor. Vale do Mutuca Esta zona de abastecimento inclui os loteamentos situados próximos à divisa de Belo Horizonte e se desenvolve ao longo da MG-30 até o loteamento Vale dos Cristais: Tabela 22 – Aglomerados Urbanos do Vale do Mutuca Condomínios/Região Vazão – L/s Vila Castela 5,65 Vila Del Rey 6.59 Estância Del Rei 1,12 Glebas/ Vila Campestre 0,56 Conde 2,01 Vila Alpina 6,67 Estância Serrana 2,25 Bosque da Ribeira 4,20 Vila Verde 0,26 Vilage Terrasse 1,58 Vale do Sereno 33,45 Jardim da Torre 17,36 Vila da Serra 2,25 Jardim Naves/Vila Mangabeiras 15,37 Vale dos Cristais 3,85 Fazenda Rodrigo 1 45,00 Fazenda Rodrigo 2 25,33 Fazenda Rodrigo 3 11,46 Fazenda Rodrigo 4 11,29 Gleba Acaba Mundo 7,44 Portal Sul 8,33 Spasio Della Acqua 1,11 Eco Duo 2,99 Cinecitá 1,13 Grand Olympos 3,36 Rua das Estrelas 3,73 Rua da Mata 0,60 Monticelo/Icon Monterosso 2,22 Green Garden 6,62 Total 235 Fonte: COPASA Meio Ambiente 98 Em virtude de grandes discrepâncias verificadas nos estudos populacionais, o planejamento contemplará 75% da população de saturação resultando na previsão de demanda de 176 L/s. Para o atendimento desta região, a fonte utilizada será o sistema Morro Redondo, complementado pelos poços existentes na área do Cercadinho. Para disponibilizar a vazão prevista, ainda serão necessárias ao longo do horizonte de projeto, complementações de obras do sistema integrado metropolitano, que são: recalque de 120 L/s a partir da Elevatória São Lucas Sul (Sistema Rio das Velhas), recalque de 70 L/s a partir da Elevatória Cercadinho (sistema Paraopeba) e transferência de zonas de abastecimento urbanas de Belo Horizonte, atualmente atendidas pelo sistema Morro Redondo, para outros sistemas de abastecimento metropolitano. São Sebastião de Águas Claras Esta zona de abastecimento irá abranger também o Parque Jardim Amanda, Condomínio Passárgada, Parque do Engenho, Ecoville e Jardim Petrópolis. O abastecimento atual de São Sebastião de Águas Claras inclui o Jardim Amanda e é feito por um sistema local de tratamento, operado pela COPASA, com a vazão de 8 L/s. O Condomínio Passárgada possui um sistema local, operado pelo condomínio. O Planejamento prevê o abastecimento através do sistema Catarina, a partir do sistema projetado que atenderá ao Jardim Canadá. Jardim Canadá Esta zona de abastecimento engloba os aglomerados urbanos de Jardim Canadá, Vale do Sol, Miguelão e Morro do Chapéu. O Retiro das Pedras, apesar de estar situado no município de Brumadinho já é operado pela COPASA e está incorporado a este conjunto. O Miguelão e o Vale do Sol são abastecidos atualmente por uma surgência que tem a vazão de 40 L/s, existente dentro da área do Miguelão. O Retiro das Pedras e o Jardim Canadá são abastecidos pelo Sistema Catarina, com uma vazão que soma cerca de 40 L/s. O Morro do Chapéu é abastecido por um poço operado pela Vale na mina de ferro de Tamanduá. A solução do abastecimento prevista para esta região é um sistema integrado, cuja fonte é o Sistema Catarina, com uma vazão de 140 L/s e complementação ao longo do horizonte de projeto com a surgência do Miguelão e de poço na Mina de Capão Xavier. Alphavile Este loteamento possui sistema próprio de abastecimento operado por empresa privada contratada pelo condomínio. MUNICÍPIO DE BRUMADINHO As localidades do Vetor Sul pertencentes a este município são: Retiro das Pedras, Retiro do Chalé, Casa Branca, Piedade do Paraopeba e Águas Claras. Todas as localidades situadas na área rural de Brumadinho possuem abastecimento local e são operadas pela Prefeitura ou pelos condomínios. A exceção é o Retiro das Pedras, conforme já citado anteriormente. A COPASA renovou o contrato de concessão com o município e irá assumir progressivamente todas as localidades. A empresa desenvolveu um diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotamento Sanitário de Brumadinho em 2005 e tem um estudo para cada localidade. O Meio Ambiente 99 abastecimento atual tem sido precário devido à falta de unidades de tratamento e de hidrometração, o que gera problemas de saúde e irregularidades no abastecimento. MUNICÍPIO DE RIO ACIMA As localidades do Vetor Sul pertencentes a este município são: Vale da Mata, Canto das Águas, Condomínio Tangará, Alto da Boa Vista/Cocho D’Água, Chácaras Alto Mingu e Trilhas do Ouro. Este município opera diretamente o seu sistema de abastecimento da sede urbana, que possui uma ETA, mas não cobra tarifas pelo serviço de água e esgoto. Tal fato gera um círculo vicioso: por não cobrar tarifas, não dispõe de recursos para investimentos e desenvolvimento operacional, o que resulta num serviço deficiente e impossibilitado de cumprir a legislação sanitária e ambiental. Também tem dificuldade de atender às expansões da demanda. Os condomínios possuem sistemas próprios e os operam diretamente. MUNICÍPIO DE ITABIRITO As localidades do Vetor Sul pertencentes a este município são: Aconchego,Vila Bela e Água Limpa. Este município opera diretamente o seu sistema de abastecimento da sede urbana, atribuído ao SAAE (Sistema Autônomo de Água e Esgoto), cuja administração tem se destacado pela qualidade dos serviços prestados. Os condomínios possuem sistemas próprios e os operam diretamente. 4.3.2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO Vários aglomerados possuem redes coletoras e lançam seus esgotos sem tratamento diretamente em cursos d’água. Outros possuem sistemas estáticos providos ou não de fossas sépticas e sumidouros. É de se ressaltar que quase toda a região do Vetor Sul está situada na bacia do rio das Velhas, a montante da captação de Honório Bicalho, que é a maior supridora de água para a região metropolitana de Belo Horizonte. Desta maneira, o controle da poluição causada pelos esgotos urbanos constitui uma preocupação extremamente relevante. Meio Ambiente 100 MUNICÍPIO DE NOVA LIMA: Possuem sistemas de tratamento, os seguintes aglomerados: Jardim Canadá Retiro das Pedras Vale do Sereno Vale dos Cristais Vila Alpina Vila Castela Vila Del Rey Vila da Serra A sede do município e os demais empreendimentos ou têm esgotamento estático ou lançam diretamente nos cursos d’água, resultando sempre em soluções precárias e de impacto ambiental significativo. A Prefeitura está em negociações com a COPASA para a concessão dos serviços de esgotamento sanitário para a sede e todos os aglomerados urbanos do município. Com vistas a essa concessão a COPASA desenvolveu estudos que resultaram na divisão do município em cinco sistemas de esgotamento sanitário integrado para unidades de tratamento: Tabela 23 - Características dos sistemas de tratamento de esgotos da concepção prevista pela COPASA Setor/Bacia (1) População ETE Módulos Total da vazão estimada – hab. L/s Sede 90.500 Início de plano 3 x 45 L/s 180 L/s Fim de plano 1 x 45 L/s Vale do Mutuca 77.535 Início de plano 1 x 25 L/s 150 L/s Fim de plano 5 x 25 L/s Honório Bicalho 15.000 Início de plano 1 x 15 L/s 30 L/s Fim de plano 1 x 15 L/s São Sebastião de 4.550 Início de plano 1 x 5 L/s 10 L/s Águas Claras Fim de plano 1 x 5 L/s Vale do Sol e Retiro das Pedras 6.000(2) Existente do Jardim Canadá 60 L/s Observações. 1 – Os setores acima correspondem às seguintes áreas: ETE Sede: Sede do município de Nova Lima, mais os seguintes loteamentos: Bairro Ipê, Bairro Ipê da Serra, Bairro Jardim Serrano, Ouro Velho Mansões, Residencial Sul, Residencial Aurora, Vila Industrial, Vila Nova Betânia, Vila Odete, Vile de Montagne, Vila do Ouro e Galo Novo. Localização Galo Novo ETE Honório Bicalho: Bairros Alto do Gaya, Balança, Banqueta Matozinhos, Bela Fama, Honório Bicalho, Nossa Senhora de Fátima e Vila Nova Suíça. Localização em Bela Fama ETE Vale do Mutuca: Bairro Conde, Bosque do Ribeira, Clube Campestre, Estância Serrana, Meio Ambiente 101 Vale dos Cristais, Vila Alpina, Vila Castela e Vila Del Rey. Localização no Vale dos Cristais, próximo ao trevo da MG 030. ETE São Sebastião de Águas Claras: Jardim Amanda, Granja do Ipê e São Sebastião de Águas Claras. Localização na área urbana de São Sebastião de Águas Claras, numa área próxima à confluência do ribeirão Macacos e córrego Grande. ETE Jardim Canadá: Jardim Canadá, Retiro das Pedras e Vale do Sol. A região da Alameda da Serra (Seis Pistas) – Vila da Serra, Vale do Sereno e Jardim da Torre possui um sistema de esgotamento já em funcionamento com tratamento. A Figura 51 apresenta a setorização das bacias de contribuição relacionadas acima. Figura 51 – Tratamento de esgoto e bacias de contribuição. Fonte: COPASA. Meio Ambiente 102 MUNICÍPIO DE BRUMADINHO É a seguinte a situação dos aglomerados urbanos deste município na região do Vetor Sul: ¾ Esgotamento estático: Águas Claras, Casa Branca e Retiro do Chalé ¾ Possui rede sem tratamento: Piedade do Paraopeba ¾ Possui rede com tratamento: Retiro das Pedras (está também previsto para lançamento dos efluentes na ETE Jardim Canadá). A solução para a construção de sistemas adequados de rede de coleta e tratamento nestas localidades está a cargo da COPASA que possui um estudo completo do município, elaborado em 2005. A COPASA assinou novo contrato de concessão no ano de 2008. MUNICÍPIO DE RIO ACIMA Todos os aglomerados urbanos deste município têm seu esgotamento sanitário em fossas ou trechos de rede, com lançamento direto nos cursos d’água. Não há informações sobre política de investimentos para estes serviços. Na sede urbana não são cobradas tarifas pelo serviço. 4.3.3. RESÍDUOS SÓLIDOS Conforme descrito a seguir a prestação deste serviço pelas administrações municipais não é um fator limitante para as atividades urbanas nos vários municípios e não há previsão de alteração. No entanto, há queixas generalizadas das comunidades quanto ao lançamento irregular de lixo em vias públicas e lotes vagos. MUNICÍPIO DE NOVA LIMA A Prefeitura lança o lixo urbano num aterro sanitário licenciado no município de Sabará, em consórcio com os municípios de Caeté, Rio Acima, Raposos e Sabará. A coleta é realizada na sede e em todas as ocupações urbanas do município, com freqüência variável, entre diária a 1 vez por semana. MUNICÍPIO DE BRUMADINHO A Prefeitura lança o lixo urbano num aterro controlado na sede do município. A coleta é realizada na sede e em todas as ocupações urbanas do município, com freqüência variável, entre diária a 1 vez por semana. MUNICÍPIO DE ITABIRITO A Prefeitura lança o lixo urbano num aterro sanitário licenciado na sede do município. A coleta é realizada na sede e em todas as ocupações urbanas do município, com freqüência variável, entre diária a 1 vez por semana. MUNICÍPIO DE RIO ACIMA A Prefeitura lança o lixo urbano num aterro sanitário licenciado no município de Sabará, em consórcio com os municípios de Caeté, Rio Acima, Raposos e Sabará. A coleta é realizada na sede e em todas as ocupações urbanas do município, com freqüência variável, entre diária a 1 vez por semana. Meio Ambiente 103 4.4. INDICAÇÕES E DEMANDAS PARA A INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO NO VETOR SUL A complexidade urbana existente no Vetor Sul apresenta desafios, tanto em questões de engenharia, quanto em mobilização social e atuação político-institucional. Abastecimento de Água Potável O serviço mais sensível é sem dúvida o suprimento de água potável para uma população crescente numa região de poucos mananciais disponíveis e seriamente ameaçados de poluição. Este suprimento, para atender os requisitos de saúde pública e viabilizar o desenvolvimento econômico deve dispor de quantidade adequada às demandas e atender plenamente à portaria 518 do Ministério da Saúde que define os padrões de água para o consumo humano. Este conjunto de requisitos exige uma expertise de engenharia e gestão dificilmente disponíveis em pequenos sistemas isolados, seja com gestão municipal ou condominial. A COPASA possui um papel fundamental na solução do abastecimento de água do Vetor Sul e, conforme manifestado por seus executivos, tem interesse e recursos financeiros e tecnológicos para o pleno atendimento não somente para a situação atual, como também para as expansões projetadas. Este suprimento deverá ser efetuado através de um conjunto de mananciais diversos, sendo parte existente na região e parte a ser remanejada do sistema integrado metropolitano. A empresa possui diagnósticos abrangentes dos municípios de Nova Lima e Brumadinho, cobrindo além do distrito sede, todos os demais aglomerados urbanos, com o horizonte de projeto no ano de 2030. Para o município de Brumadinho, que realizou a concessão dos serviços de água e esgoto no ano de 2008, os projetos já estão em andamento com os recursos assegurados. Com a Prefeitura de Nova Lima, no entanto, as negociações ainda estão em andamento e sua demora poderá resultar em prejuízos significativos para o Vetor Sul. A concessão dos serviços de água e esgoto de Nova Lima é, pois, um importante requisito para a infra-estrutura de saneamento, ainda pendente. Para o município de Rio Acima é necessário um equacionamento financeiro para a cobertura das necessárias expansões e para a garantia de qualidade dos serviços. Esgotamento Sanitário Os serviços de esgotamento sanitário que incluem a coleta e o tratamento dos efluentes, tanto domésticos, quanto industriais, também apresentam os mesmos requisitos de complexidade operacional e de engenharia dos sistemas de abastecimento de água. Há, porém, um agravante adicional, que é a relutância dos moradores em fazerem suas ligações às redes públicas construídas. Habituados de longa data a lançar seus esgotos em vias públicas, fossas ou drenagem pluvial, sem pagarem nada por isso, ao se conectar ao sistema público passam a ter um acréscimo na conta de água relativo aos serviços de esgotamento sanitário. Este é atualmente um dos maiores obstáculos para se resolver as questões ambientais decorrentes da poluição causada pelo lançamento dos esgotos in natura nos cursos d’água. Muitos administradores municipais temerosos de perder o apoio da população acabam protelando indefinidamente a solução. Com a concessão desses serviços à COPASA a partir do ano passado, o município de Brumadinho enfrentou esse paradigma danoso e poderá viabilizar as soluções adequadas em curto e médio prazo. O município de Nova Lima deve buscar uma solução para seus serviços de esgotamento Meio Ambiente 104 sanitário, seja equacionando os recursos para desenvolver os seus investimentos, ou concedêlos à COPASA, conforme as negociações em andamento. A ausência de uma solução rápida constituirá forte restrição ao desenvolvimento ambiental do Vetor Sul. A situação é mais grave no município de Rio Acima. Por não cobrar tarifas, ficam inviabilizadas soluções de investimentos com recursos próprios ou mesmo para o desenvolvimento dos projetos e não há negociação com a COPASA. Adicionalmente é de se ressaltar a proximidade de sua sede urbana com a captação do Rio das Velhas em Bela Fama, com os riscos correspondentes do lançamento dos esgotos sem qualquer tratamento. Outra ação importante a ser empreendida é o desenvolvimento de programas de comunicação para sensibilizar os moradores quanto à importância dos serviços de coleta e tratamento dos esgotos sanitários, de forma a motivá-los a aceitar os custos correspondentes. Está em andamento um estudo conduzido pela OSCIP Fundamental com recursos do FHIDRO (Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas) que tem como foco a reversão desta situação, nas áreas de Jardim Canadá e São Sebastião de Águas Claras. Resíduos Sólidos O lixo urbano encontra-se equacionado com a coleta regular nos municípios e lançamento em aterros sanitários, como é o caso de Nova Lima, Rio Acima e Itabirito e aterro controlado em Brumadinho. Três questões merecem atenção: A primeira refere-se à necessidade de programas de comunicação para mostrar à população a importância de lançamentos irregulares em vias públicas e lotes vagos, o que leva a riscos ambientais e sanitários, especialmente a dengue. O trabalho da OSCIP Fundamental também contempla esta atividade. A segunda refere-se à importância de manter a solução de coleta e afastamento atual com o encaminhamento a aterros de maior porte. A pulverização em pequenos vazadouros de lixo apresenta difícil controle sanitário, com os problemas sanitários e ambientais correspondentes. A criação de estímulos à formação de cooperativa de catadores. Este procedimento confere sustentabilidade ambiental ao manejo dos resíduos sólidos, pois cria oportunidades de renda para moradores carentes e reduz significativamente o volume de lixo encaminhado ao aterro sanitário e aumenta a consciência ambiental da comunidade. Constitui o terceiro requisito uma recomendação importante que é o estímulo ao desenvolvimento de sistemas de coleta seletiva e cooperativas de catadores. Estas providências, além de reduzir significativamente o volume de lixo encaminhado aos aterros, promovem inclusão social e a conscientização da população em geral, quanto aos cuidados com a geração e o descarte de resíduos. Há uma melhoria na sustentabilidade ambiental. Meio Ambiente 105 4.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Câmara Municipal de Brumadinho - DIAGNÓSTICO E DIRETRIZES PARA A ESTRUTURA URBANA E DO TERRITÓRIO MUNICIPAL – setembro de 2006 COPASA – Estudos e projetos de Engenharia para ampliação e melhorias do sistema de abastecimento de água de Nova Lima – MG – Estudo de Concepção – dezembro de 2008 COPASA – Estudos e projetos de Engenharia para ampliação e melhorias do sistema de esgotamento sanitário de Nova Lima – MG – Estudo de Concepção – novembro de 2008 COPASA – Produção de Água para a Região Metropolitana de Belo Horizonte – 2ª edição – setembro de 2001 Moreira, Adalmo V. – Mananciais da Região Metropolitana de Belo Horizonte – 1984 RECOMENDAÇÕES RELATIVAS AO TEMA SANEAMENTO BÁSICO – 1ª Conferência das Cidades – Rio Acima – 12/08/2003. SANEAMENTO BÁSICO EM BELO HORIZONTE: TRAJETÓRIA EM 100 ANOS – Os Serviços de Água e Esgoto – Fundação João Pinheiro, 1997. Vale MBR – Mina de Capão Xavier – Plano de Gestão de Águas – Agosto de 2005 Vianna, Newton dos Santos – BELO HORIZONTE – Seu Abastecimento de Água e Sistema de Esgotos, 1890 – 1973. Edição do Autor, 1997. Meio Ambiente 106 5. SÍNTESE CONCLUSIVA - RECOMENDAÇÕES Com vistas a apresentar uma síntese com as conclusões do estudo desenvolvido, são enumeradas a seguir as principais ações/recomendações sugeridas pelos diferentes temas abordados. 5.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO/ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ¾ Estimular o aumento de pesquisas sobre a biodiversidade da região, a dinâmica de deslocamento da fauna e da dispersão de propágulos vegetais, definindo a partir daí as áreas funcionais para conservação da região; ¾ Aumentar a extensão das áreas protegidas nos municípios do Vetor Sul, com foco nos ecossistemas naturais, ampliando a proteção de Cerrado e Campos de Altitude (rupestres); ¾ Considerar os requisitos de sobrevivência das espécies da fauna ameaçadas de extinção que ocorrem nas Unidades de Conservação da região, tais como, áreas de vida que demandam; ¾ Definição de novas áreas de preservação considerando uma abordagem integrada, provendo a paisagem com corredores de biodiversidade, conferindo maior proteção aos ecossistemas mais vulneráveis; ¾ Estabelecer programas de recomposição da vegetação em áreas de preservação permanente, locais que apresentam grande potencial para a formação de malhas de corredores, através da interconexão de áreas preservadas; ¾ Melhorar a gestão das unidades de conservação, reconhecendo essas áreas como um mosaico de unidades de conservação ou Sistema de Áreas Protegidas do Vetor Sul da RMBH; ¾ Criar um Conselho Gestor das Áreas Protegidas do Vetor Sul da RMBH, com a participação dos dirigentes de todas as Unidades de Conservação, COPASA, Prefeituras Municipais e outros, com o IEF realizando toda a articulação; ¾ Estabelecer, como objetivos desse conselho, a gestão integrada das UC’s, propondo programas conjuntos de educação ambiental, recuperação de áreas degradadas, proteção de novas áreas, atividades de ecoturismo em módulos temáticos, recomposição da vegetação de APP’s, fomento de pesquisas regionais de flora e fauna; ¾ Integrar ações do conselho gestor criado com o Conselho Deliberativo da APA Sul RMBH e a Agência de Desenvolvimento da RMBH. 5.2. PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL • Avaliar mais detalhadamente as distintas possibilidades do desenvolvimento do turismo regional, conforme a peculiaridade de cada unidade de paisagem observada na região (serra do Curral, serra do Rola-Moça, serra e platô da Moeda, vale do rio Paraopeba, alto rio das Velhas); • Buscar articulação dos municípios do Vetor Sul no sentido de desenvolverem o processo do turismo na região de maneira integrada; • Constituir conselhos de turismo, com representantes dos poderes públicos e privados e da sociedade civil, com o objetivo de refletir, discutir e construir esse processo turístico, mais próximo possível aos anseios de cada uma dessas Meio Ambiente 107 três esferas da sociedade, realizando fóruns e assembléias para a apresentação e discussão de medidas a serem implementadas; • Melhorar a rede viária que permita um acesso fácil aos distritos e povoados dos municípios; • Incentivar a participação comunitária; • Incentivar a capacitação profissional, através de investimento em educação básica e na formação técnica e superior; • Melhorar a infra-estrutura básica, como o sistema de transporte municipal, saneamento básico, iluminação pública, sistema de saúde; • Recuperar a malha ferroviária e reativar o transporte de passageiros; • Desenvolver projetos de sinalização e interpretação ambiental em algumas trilhas e cachoeiras, preservando outras, com o intuito de criar uma relação entre o visitante e todo aquele trajeto até o destino final, além de sensibilizá-lo quanto à importância daquele lugar no contexto ambiental da região e à importância de uma conduta consciente; • Desenvolver atividades compatíveis com o Plano de Manejo das Unidades de Conservação existentes na região; • Desenvolver projetos de Educação Ambiental, tanto para os moradores da região quanto para os visitantes; • Desenvolver projetos para a formação de condutores locais, como forma de valorizar a experiência turística; • Incentivo à dinamização dos meios de hospedagem, incorporando propostas como a hospedagem familiar, que aproxima o visitante à realidade do lugar, além de ser possibilidade de renda direta a partir do turismo; • Estimular a criação de centros de educação/referência ambiental, dentro e fora das unidades de conservação, tendo em vista, inclusive, o desenvolvimento de campanhas para a sensibilização e educação geoambiental que possam despertar na comunidade local e nos visitantes um sentimento de pertencimento e de responsabilidade com o ambiente; • Desenvolver o turismo de maneira que ele possa ser compatível com outras atividades já existentes, e que são imprescindíveis à organização da região; • Realizar pesquisa e levantamento de bens de patrimônio histórico e cultural, ainda tratados com certa negligência, como as pinturas rupestres no município de Brumadinho; • Estimular a recuperação e proteção dos patrimônios materiais e imateriais, através do incentivo à restauração, tombamento e registro de tais patrimônios; • Promover ações de valorização e manutenção da produção local: fomento a atividades como fabricação de leite, queijos, doces, biscoitos, ovos, artigos agrícolas e produtos artesanais, nas comunidades envolvidas; • Fomentar ações de valorização, por parte dos empreendedores locais, dos fatores culturais, através do resgate das manifestações e práticas regionais, além da manutenção das características naturais dos lugares. Meio Ambiente 108 5.3. INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO ¾ Realizar uma gestão integrada do serviço de abastecimento d’água, evitando pequenos sistemas isolados, estimulando a ação da COPASA na região; ¾ Equacionar as pendências financeiras para as necessárias expansões e garantia de qualidade dos serviços de água e esgoto, no município de Rio Acima; ¾ Buscar soluções imediatas para os serviços de esgotamento sanitário de Nova Lima, com o município investindo nas soluções ou concedendo à COPASA; ¾ Desenvolver programas de comunicação para sensibilizar os moradores, quanto à importância dos serviços de coleta e tratamento dos esgotos sanitários, de forma a motivá-los a aceitar os custos correspondentes; ¾ Criar estímulos à adesão da população aos serviços de esgotamento sanitário; ¾ Desenvolver programas de comunicação que esclareçam a população sobre a importância de despejos clandestinos de lixo e entulho em cursos d’água, vias públicas e lotes vagos, demonstrando os riscos ambientais e sanitários, especialmente a dengue; ¾ Manter a solução de encaminhamento dos resíduos urbanos para aterros de maior porte, melhor estruturados, em vez dos pequenos vazadouros de lixo, onde o controle sanitário é difícil, acarretando problemas sanitários e ambientais; ¾ Estimular o desenvolvimento de sistemas de coleta seletiva; ¾ Criar estímulos à formação de cooperativas de catadores, conferindo sustentabilidade ambiental ao manejo dos resíduos sólidos, aumentando a consciência ambiental da comunidade. Meio Ambiente 109 6. Atlas cartográfico do trabalho 6.1 MAPA BASE PARA REALIZAÇÃO DO ESTUDO Meio Ambiente 111 6.2 DECRETOS DO DNPM Meio Ambiente 112 6.3 MAPA DE RELEVO E FORMAÇÕES GEOLÓGICAS (FERRO) Meio Ambiente 113 6.4 USO DO SOLO Meio Ambiente 114 6.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PRIORITÁRIAS BIODIVÉRSITAS Meio Ambiente 115 6.6 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP’S Meio Ambiente 116 6.7 ZONAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA Meio Ambiente 117 6.8 CONTRIBUIÇÃO E TRATAMENTO DE ESGOTO Meio Ambiente 118 Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte Estrutura Urbana e Uso do Solo André Gregório JANEIRO A ABRIL DE 2009 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO......................................................... 4 A ORGANIZAÇÃO INTERNA............................................................... 6 O Eixo de Desenvolvimento Metropolitano ........................................ 7 Belvedere III/Vila da Serra ........................................................ 7 Olhos D’Água/Pilar ................................................................. 9 Jardim Canadá ..................................................................... 10 Vale do Sol .......................................................................... 11 Alphaville ........................................................................... 11 Eixo de Desenvolvimento Urbano .................................................. 12 Nova Lima ........................................................................... 13 Raposos .............................................................................. 13 Honório Bicalho .................................................................... 14 Rio Acima ........................................................................... 15 As Vertentes do Velhas .............................................................. 16 As Vertentes do Paraopeba ......................................................... 16 CENÁRIO FUTURO........................................................................ 18 1 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA Três conjuntos de áreas típicas se destacam na metrópole: o aglomerado metropolitano, território de urbanização contínua ocupado pela mancha urbana dos municípios conurbados ou parcialmente conurbados; os núcleos urbanos dos municípios cuja sede não foi envolvida pelo aglomerado metropolitano; e as áreas vazias, de expansão urbana, de preservação permanente, ou imprópria para ocupação urbana. A rede hierarquizada de centros e as malhas viárias, regional e arterial, articulam as diversas áreas típicas que compõem a estrutura urbana da metrópole. Do ponto de vista funcional o conjunto da Metrópole pode ainda ser subdividido em macrounidades espaciais que correspondem às áreas de influência dos eixos viários de ligação regional que, diferenciados em função da sua base física, de sua localização geográfica e dos processos que presidem sua organização interna, se constituem nos vetores de desenvolvimento da metrópole. 2 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul O Vetor Sul é uma dessas macro-unidades identificadas, cuja área de influencia abrange partes das áreas típicas que compõem o conjunto da Metrópole: aglomerado, núcleos urbanos e vazios. De modo geral se caracteriza pela predominância de áreas inadequadas à urbanização, seja em função do seu relevo, seja em função da fragilidade de seu solo aos processos erosivos. Destaca-se pelo clima ameno, pela beleza cênica, pelos importantes complexos ambientais e paisagísticos que possui, pelos inúmeros cursos d’água e pela presença vegetação de porte arbóreo, típicas da mata Atlântica. Aí estão, ainda, os melhores mananciais de abastecimento de água da Grande Belo Horizonte e, no seu subsolo, as maiores reservas minerais do Estado, talvez do Brasil. Desde os primórdios da formação da metrópole o Vetor Sul desenvolveu a vocação natural para abrigar sítios de recreio e condomínios horizontais de baixa densidade, voltados para população de media e alta renda. A sua localização geográfica no quadrilátero ferrífero dirigiu sua base econômica para a atividade mineradora. Aqui cabe registrar um paradoxo: se por um lado a mineração contribuiu para a descaracterização de importantes ativos ambientais na região, por outro ela impediu que a atividade predadora dos loteamentos clandestinos, que assolou a metrópole a partir dos anos cinqüenta, dilapidasse seus recursos naturais e paisagísticos. Pode-se dizer que a atividade mineradora conteve e impediu a expansão urbana desordenada no Vetor Sul, tendo sido a responsável pelo ingresso tardio do município de Nova Lima no processo de metropolização, fato que só veio ocorrer na segunda metade da década de 90, apesar de sua grande proximidade do centro metropolitano. 3 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Tabela 1 Taxa de Crescimento Populacional na GBH Fonte: Plano Estratégico da GBH – Vol I – Instituto Horizontes – 2002 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO De modo geral as metrópoles apresentam um padrão de urbanização típico: áreas centrais com grande concentração de população e investimentos; corredores viários concentrando atividades industriais e de serviços; e áreas periféricas que, à medida que se afastam do centro, vão se tornando rarefeitas de população e investimentos. Dois aspectos caracterizam este padrão de urbanização: predomínio das relações centroperiferia, reforçando a tendência de concentração de investimentos e de população de alta renda em áreas centrais e pericentrais e a suburbanização da população de baixa renda que, impossibilitada de ocupar áreas pericentrais, se reproduzem em uma periferia cada vez mais distante. Este padrão, no entanto, não ocorre no Vetor Sul, onde uma combinação variada de fatores desencadeou um processo de valorização imobiliária, associado a um intenso processo de urbanização periférica, voltado para os extratos de população de alta renda. O que se verifica é que, cada vez mais, um contingente maior de população de extratos mais altos de renda deixa as áreas centrais ou pericentrais da metrópole, para se localizar no Vetor Sul, não na forma tradicional dos sítios de recreio ou condomínios horizontais de baixa densidade, mas, preferencialmente, nos condomínios verticais de alta densidade. O processo de valorização imobiliária e a conseqüente verticalização resultam de fatores que vão desde a perspectiva da exaustão das minas que oportuniza o aproveitamento de suas terras para fins urbanos, passando pela proximidade dessas áreas em relação ao centro metropolitano e pela qualidade de seus ativos ambientais típicos de região serrana (beleza cênica, vegetação, relevo, clima ameno). Somam-se a estes fatores as conseqüências das políticas diferenciadas adotadas tanto por Belo Horizonte que, a partir de 1996, limitou o uso e a ocupação do solo na Região Centro Sul da capital, quanto por Nova Lima que, em sentido contrário, concedeu incentivos fiscais e urbanísticos para a instalação de empresas e empreendimentos imobiliários no município. 4 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Estamos diante de um processo irreversível de suburbanização de população de alta renda que, há mais de dez anos, está configurando uma realidade nova na região que está a merecer a atenção dos setores público, privado e da sociedade civil. O impacto desse crescimento periférico e concentrado de população de alta renda, com altas taxas de motorização e sem planejamento, não se limita apenas ao local onde ele ocorre, mas, assume proporções e dimensões metropolitanas, na medida em que repercute no sistema viário e de transporte da metrópole como um todo. Se no âmbito local o problema é a infra-estrutura, concebida para uma densidade populacional muita vezes menor, ou mesmo as declividades típicas de uma região serrana, na dimensão metropolitana o problema é a ameaça de congestionamento das vias arteriais e regionais que articulam a região com o centro metropolitano e com os centros de emprego. A dimensão do problema chega a ser de tal monta que é seguro afirmar que, a questão ambiental, que sempre foi preocupação da sociedade com relação ao processo de urbanização no Vetor Sul, se torna uma questão menor, mais simples de resolver e solucionar, diante dos problemas viários e de transportes configurados na região. Isso porque, ambientalistas, governo e sociedade, se anteciparam e trataram com mais competência e eficiência a questão ambiental no Vetor Sul, diferentemente do que ocorreu com as questões relacionadas ao desenvolvimento urbano e metropolitano. Exemplo desse fato são as diversas unidades ambientais criadas, a instituição da APA Sul e a presença de várias outras instituições da sociedade civil, desenvolvendo ações nos diversos âmbitos, voltadas para a preservação dos ativos ambientais da região. 5 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul A ORGANIZAÇÃO INTERNA Do ponto de vista funcional quatro conjuntos de áreas típicas, se destacam no Vetor Sul: o Eixo de Desenvolvimento Metropolitano, área de influência direta da BR 040 e BR 356, com acessibilidade plena e os maiores índices de valorização imobiliária, pressionada tanto pela verticalização quanto pelo processo de metropolização; o Eixo de Desenvolvimento Urbano, área de influência direta da MG-30 e dos municípios de Nova Lima, Raposos e Rio Acima, que apresenta uma dinâmica típica de processo de desenvolvimento urbano local; as Vertentes do Rio das Velhas, áreas situadas a leste da BR-040, onde predominam, condomínios horizontais, sítios de recreio, reservas naturais importantes, com forte presença de atividade mineradora; e as Vertentes do Paraopeba, áreas situadas a oeste da BR-040, com vocação para sítios de recreio e condomínios de baixa densidade, com presença significativa de atividades tipicamente rurais. 6 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul O Eixo de Desenvolvimento Metropolitano Ao longo da BR-356 e BR-040 acontecem as principais articulações do Vetor Sul com a metrópole. É nesse eixo que surgem as centralidades que tendem a assumir importância metropolitana, principalmente nos pontos de cruzamentos, seja com a MG 30, com o Anel Rodoviário, com os acessos aos condomínios ou com a bifurcação da BR 356. Dentre as centralidades locais ou de relevância metropolitana ao longo das BR 356 e BR040, destacamos: Belvedere III/Vila da Serra Localizada no cruzamento da BR-356 com a MG-30 esta centralidade iniciou sua formação no Bairro Belvedere III, tendo como âncora o BH-Shoping e suas etapas de expansão. Hoje esta centralidade se expande pelo Bairro Vila da Serra e Piemonte, ancorada tanto nos incentivos fiscais e urbanísticos concedidos pela prefeitura de Nova Lima, quanto no rápido adensamento populacional de seu entorno. O Plano Diretor de Nova Lima atribuiu o zoneamento ZOCS 3, Zona de Comércio e Serviços 3, para os bairros Vila da Serra e o Piemonte, categoria de zona que admite edificação com mais de 6 pavimentos em terrenos com mais de 1600 metros. Trata-se de uma centralidade de caráter metropolitano senão por sua complexidade, pelo menos pelo fato de envolver a jurisdição de dois municípios, Nova Lima e Belo Horizonte, fato que se torna um complicador para a solução de seus problemas estruturais. As condições do sítio natural e da infra-estrutura viária, principalmente na parte correspondente a Nova Lima, são as ameaças principais à funcionalidade dessa centralidade, tendendo a limitar sua expansão apesar dos incentivos urbanísticos concedidos pela prefeitura. Está em curso na região um processo de revitalização preconizado pelo Plano Diretor de Nova Lima, que classificou os bairros Vale do Sereno, Jardinaves, Jardim Mangabeiras e Jardim da Torre, todos vizinhos do bairro Vila da Serra, como ZERUR – Zona Especial de Revitalização Urbana. 7 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Segundo a Lei estes bairros são áreas “já parceladas onde o Poder Público concedeu incentivos urbanísticos buscando reconformar a vocação natural do bairro com sua região lindeira e de influência". Ou seja, trata-se de uma iniciativa que amplia a possibilidade de verticalização e, conseqüentemente, do adensamento nas áreas vizinhas à Vila da Serra. O mesmo ocorre com o empreendimento previsto para a região da Mina de Águas Claras, envolvendo a construção de um centro empresarial com assentamentos residenciais. O Plano Diretor atribuiu o zoneamento ZCOS 2 (Zona de Comércio Serviços com até 6 pavimentos), para esses terrenos. O empreendimento se situa entre a Mata do Jambreiro e o alinhamento da serra do Curral e prevê ligações viárias tanto no sentido Piemonte/Vila da Serra/Belvedere III, quanto no sentido Nova Lima, via Mina D’Água. Mesmo com as alternativas de acesso propostas este empreendimento tende a impactar ainda mais o eixo da MG 30 e as imediações da BR-356, agravando a questão da acessibilidade na região. A concentração de população e empreendimentos na área de influência desta centralidade é de tal monta que, só na região do Belvedere III existem cerca de 3.000 unidades construídas, com uma população estimada de 11.000 habitantes, com a oferta de cerca de 9.000 vagas de estacionamento, existindo anda um estoque de 25 lotes. Já na parte correspondente às imediações do Vila da Serra, (Vale do Sereno, Jardim Naves, jardim Mangabeiras, Jardim da Torre e Vale dos Cristais), existe um número equivalente de unidades, de população e de vagas de estacionamento, variando, no caso, o estoque de terrenos disponíveis para a verticalização que, nesta região, atinge a marca de 3.600 lotes. Estamos falando de uma centralidade que já ultrapassou a marca de 20.000 habitantes e que tende a ampliar este número, tanto em função do estoque de lotes disponíveis na região quanto em função dos novos empreendimentos, entre eles a ampliação do Vale dos Cristais e o Águas Claras. 8 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Tabela 2 Belvedere III/Vila da Serra – Empreendimentos Imobiliários LOTEAMENTOS UNIDADES CONSTRUÍDAS LOTES RESTANTES Vila da Serra Vale do Sereno Jardim Naves Jardim 3.121 3.621 Mangabeiras Jardim da Torre Vale dos Cristais Belvedere III 3.074 25 Total 6.195 3.646 Fonte: Instituto Horizontes – 2009 POPULAÇÃO ESTIMADA VAGAS DE GARAGEM 11.018 8.989 10.851 21.869 8.853 17.842 Olhos D’Água/Pilar Inicialmente esta centralidade se formou sustentada na concentração de atividades industriais, associadas ao assentamento de população de baixa renda e construção de motéis em loteamento clandestino. O cruzamento do Anel Rodoviário com a BR-356 deu o suporte de acessibilidade que sustentou o desenvolvimento destes assentamentos. Há uma semelhança entre este processo espontâneo e clandestino de formação de área industrial com o que ocorreu no bairro São Francisco, na Pampulha. Esta centralidade tende a assumir função de relevância metropolitana, principalmente devido aos vários empreendimentos de grande porte previstos ou em implantação na região, dentre os quais se destaca o Leroy Merlin, conjunto de lojas com mais três lojas âncoras. Há que se considerar ainda a perspectiva de regularização 9 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul fundiária dos loteamentos clandestinos na região de Olhos D’Água, processo que se arrasta há mais de 15 anos na PBH, bem como a previsão de implantação da Rodovia das Indústrias prevista para se ligar à BR-040 na região de Olhos D’Água. Jardim Canadá Inicialmente era uma centralidade de caráter local voltada para o atendimento dos condomínios, assentada num dos raros loteamentos clandestinos surgidos na região na década de 50. O loteamento permaneceu várias décadas sem ocupação ou com ocupação rarefeita, passando, nas últimas décadas a receber população de baixa renda e concentrar atividades industriais e de serviços. Tende a assumir, progressivamente, o papel de centralidade de importância metropolitana principalmente por se situar às margens da BR-040 em terreno com ótima topografia. Sua centralidade tende a ser reforçada em virtude da topografia favorável e da iniciativa de integrá-la à sede do município através da ligação Nova Lima/Macacos/Jardim Canadá. Há que se considerar ainda a previsão de oferta de áreas para assentamento industrial, comercial e residencial, prevista no Plano Diretor o que evidencia a possibilidade de certa revitalização da área. Sua expansão, no entanto fica limitada em face de sua localização, encaixada entre o Parque do Rola Moça, a Reserva da Mutuca e a captação dos Fechos, áreas de preservação ambiental, classificadas pelo Plano Diretor de Nova Lima como ZEPAM – Zona Especial de Preservação Ambiental. 10 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Vale do Sol À semelhança do Jardim Canadá o Vale do Sol iniciou sua formação como centralidade de caráter local em função do atendimento aos condomínios da região à esquerda da BR-040. Sua posição à esquerda do Eixo da BR-040, sentido Rio tende a manter este papel, embora a articulação prevista com a região de Macacos possa lhe atribuir um papel mais significativo. O Plano Diretor disponibiliza áreas no loteamento para atividades de comércio, indústrias e serviços. Sua ampliação, no entanto, é limitada pela extensa área de preservação ambiental classificada com ZEPAM no Plano Diretor de Nova Lima, pela Zona Rural do município e pela Unidade de Conservação de Fechos. Alphaville Trata-se de uma centralidade em formação nas imediações do trevo de Ouro Preto, que apresenta um grande potencial de desenvolvimento devido à sua localização estratégica, no cruzamento da BR-040 com a BR-356, numa região de topografia favorável à ocupação urbana e a uma distância razoável do centro a metrópole. De certa forma a vocação do espaço foi percebida pela iniciativa privada quando iniciou a implantação do projeto Alfaville na região, empreendimento que pode alavancar esta centralidade. 11 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul A Prefeitura de Nova Lima também percebeu as potencialidades da região ao disponibilizar áreas para a expansão urbana, inclusive para o assentamento comercial e de serviços, prevendo-se a verticalização das edificações, acima de 6 pavimentos. Aqui cabe registrar uma contradição: O Zoneamento ZOCS 3 (Zona de Comercio e Serviços 3) atribuído à região situada à direita da BR-040, sentido Rio, está colidindo com o próprio Plano Diretor, que caracterizou toda a serra da Calçada como área de preservação permanente. Eixo de Desenvolvimento Urbano A área de influência direta da MG-30 apresenta dinamismo típico de processo de desenvolvimento urbano local. A região é articulada tanto pelo centro de Belo Horizonte quanto pelo centro de Nova Lima, sendo que o centro de Nova Lima articula ainda os núcleos urbanos de Raposos e Rio Acima. O conjunto formado por estes municípios, todos eles originados a partir da atividade mineradora, refletem em suas estruturas urbanas a lógica de formação dos núcleos de mineração, onde a proximidade das minas era mais importante do que a buscas de áreas mais adequadas para a formação dos Arraiais. Este fato resultou nos arruamentos encaixados nos fundos de vales dos córregos e do rio. Esta característica se constitui no principal entrave ao processo de desenvolvimento urbano nesses núcleos. Este padrão de urbanização, no entanto, torna-se um extraordinário recurso para atividades culturais e de turismo, oferecendo uma perspectiva concreta de aproveitamento de suas estruturas, como uma forma de resgatar aspectos do passado colonial da região. 12 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Nova Lima A estrutura urbana da sede do município foi marcada pela presença da mina de Morro Velho e é bastante fragmentada e de difícil articulação, tanto em função da topografia quanto da segregação imposta pelos ingleses ao construírem os núcleos residenciais para os empregados da mina. O Plano Diretor cuidou de preservar a sede de possíveis pressões imobiliárias estabelecendo restrições à verticalização, através de zonas residenciais de baixa densidade, zonas especiais de Requalificação Urbana e alguns condomínios horizontais, prevalecendo uma tendência geral de ocupação com baixa densidade. Isso não ocorre, no entanto, nas proximidades das divisas com o município de Belo Horizonte onde o Plano Diretor ampliou as possibilidades de verticalização e, conseqüentemente, de adensamento, estabelecendo zonas permissivas. A rede de centros presidida pela centralidade de Nova Lima abrange, alem dos núcleos urbanos de Raposos e Rio Acima, os núcleos de Honório Bicalho e Macacos. Raposos Segundo relato do Cônego Trindade em suas Visitas Pastorais, Raposos foi a primeira freguesia de Minas, erigida no ano de 1690, às margens do rio das Velhas. Foi um importante ponto de tropeiros no caminho entre as regiões de Sabará e Ouro Preto, o que fez com que seu povoado se desenvolvesse de forma linear tendo como referências o caminho e o rio. 13 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul A ocupação se concentra nas partes baixas se expandindo para os morros. É uma típica formação urbana produzida pela atividade mineradora e tem potencial para atividades turísticas integrando-se no circuito das cidades históricas. Honório Bicalho Embora não sendo uma cidade o núcleo urbano de Honório Bicalho compõe a rede de centralidades que se desenvolve ao longo do rio das Velhas, na diretriz do antigo caminho que ligava a Vila de Sabará à Vila de Ouro Preto A região é hoje estruturada pela MG-30, que não está totalmente asfaltada. O núcleo de Honório Bicalho tende a desempenhar papel importante no eixo de 14 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul desenvolvimento urbano do Vetor Sul, quando forem concluídas as obras do sistema viário interno de Nova Lima que prevê sua articulação com o núcleo de Rio de Peixe e através dele, com a BR-356 e BR-040. Rio Acima Santo Antonio do Rio Acima foi um ativo centro de mineração surgido nos primórdios da formação das Minas Gerais, já intensamente povoado por volta de 1717. Sua estrutura urbana, à semelhança de Raposos reflete sua origem na atividade mineradora, com a ocupação urbana se desenvolvendo ao longo do rio e do caminho entre a vila de Sabará e Ouro Preto. Só recentemente começaram a ser ocupadas suas áreas de encostas e os topos de morros, principalmente através de sítios de recreio e condomínios, dentre os quais se destacam do Canto das Águas. O núcleo de Rio Acima e o seu entorno se constituem em um importante recurso para o desenvolvimento de atividades de turismo, com potencial para se integrar ao conjunto de cidades históricas da região mineradora. 15 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul As Vertentes do Velhas O Vale do Rio das Velhas é estruturado do ponto de vista funcional pelo núcleo urbano da sede do município de Nova Lima, mantendo algumas conexões tanto com a BR-040 quanto com a BR-456. O Plano Diretor contemplou algumas centralidades locais existentes, como a de São Sebastião de águas Claras (Macacos) e Santa Rita e pretende induzir outras novas, como a de Rio de Peixe, todas elas voltadas para a atividade turística ou de produção agrícola. De acordo com o Plano Diretor de Nova Lima está sendo estabelecido um zoneamento específico, prevendo-se atividades comerciais, de serviços e industrial. As Vertentes do Paraopeba Casa Branca 16 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Piedade do Paraopeba/Condomínio Retiro do Chalé Situadas a oeste do eixo da BR-040 as vertentes do rio Paraopeba estão localizadas no município de Brumadinho. O Vale do Rio das Velhas é estruturado do ponto de vista funcional pelo núcleo urbano da sede do município de Nova Lima, mantendo algumas conexões tanto com a BR-040 quanto com a BR-456. O Plano Diretor contemplou algumas centralidades locais existentes, como a de Macacos, Honório Bicalho e Santa Rita e pretende induzir outras novas, com a de Rio de Peixe, onde está se estabelecendo um zoneamento específico com atividades comerciais, de serviços e industrial. 17 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul CENÁRIO FUTURO O Vetor Sul tende a assumir um papel importante na estrutura urbana da metrópole como eixo de expansão metropolitana. Seu ingresso tardio no processo de metropolização, talvez tenha sido responsável pelo fato de seu desenvolvimento nunca ter sido cogitado nos diversos estudos de planejamento desenvolvidos para a região metropolitana. O baixo crescimento demográfico até a década de 90, a presença da atividade mineradora, a predominância de áreas impróprias para urbanização, a preocupação com a preservação dos ativos ambientais e a barreira que as serras do Curral e Rola Moça ofereciam à expansão urbana foram os fatores que desestimularam os estudos sobre as possibilidades do desenvolvimento metropolitano no Vetor Sul. Hoje, vencida a barreira inicial das áreas impróprias para ocupação entre Belo Horizonte e Nova Lima, não há como desconsiderar a possibilidade concreta de um intenso processo de desenvolvimento metropolitano no Vetor Sul. É lógico prever uma centralidade de importância metropolitana no Eixo Sul, em função de seu intenso processo de expansão urbana via produção imobiliária, com implantação de atividades de serviços associadas ao assentamento de população de alta renda, com altas taxas de motorização. 18 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Esta centralidade não surgiria na região do Belvedere III/Vila da Serra que, alem de não disponibilizar de infra-estrutura adequada, é muito próxima do Centro Metropolitano e está próxima de seu limite de saturação. Também não aconteceria no Jardim Canadá, comprometido com uma forma de ocupação inadequada, alem de estar confinado entre áreas de preservação ambiental como o Parque Estadual do Rola Moça e as reservas de Mutuca e Fechos. A área mais propícia para o desenvolvimento dessa centralidade seria a região nas proximidades do trevo de Ouro Preto, onde se separam as BR-040 e BR-356. O potencial dessa região para o desenvolvimento de uma centralidade de importância metropolitana é reforçado pela distância em relação ao centro Metropolitano, pela topografia com declividades favoráveis e pelo fato de já existir, em implantação, um empreendimento imobiliário de grande porte, com previsão de unidades unifamiliares, multifamiliares verticalizadas e atividades comerciais e de serviços (Alphaville). Há que se considerar ainda, o fato de que a prefeitura de Nova Lima em seu Plano Diretor está disponibilizando uma grande quantidade de área para ocupação, tanto residencial quanto de comércio e de serviços, no entorno do Alphaville. Deve-se registrar, no entanto uma contradição nesse zoneamento, especificamente nas áreas situadas à direita da BR-040, sentido Rio de Janeiro. Esta região abrange os contrafortes da serra da Calçada, uma área de preservação preconizada pelo Plano Diretor e que, no entanto, o mesmo Plano Diretor está caracterizando como Zona de Comércio e Serviço 3 (ZOCS – 3). 19 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Entendemos que o processo de formação e desenvolvimento dessa centralidade deveria ser objeto de um planejamento global específico, no sentido de capitalizar suas potencialidades, evitando-se que se percam oportunidades importantes, no sentido de estruturar de forma consistente, um modelo de organização espacial adequado para o Vetor Sul da Metrópole. Seria uma ameaça para o Vetor Sul e para Metrópole o desenvolvimento dessa e de outras centralidades de menor porte na região, ao sabor das leis de mercado, sem um planejamento global. 20 Estrutura Urbana e Uso do Solo – Vetor Sul Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte Principais Empreendimentos Auro Queiroz JANEIRO A ABRIL DE 2009 Programa de Ações Estratégicas para o Vetor Sul Para efeito de nossos trabalhos, convencionou-se denominar Vetor Sul a região compreendida por partes dos territórios dos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Itabirito e Brumadinho, servidos pelas rodovias federais BR-040 e BR-356, assim como pela rodovia estadual MG-030; e os Municípios de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos, com acesso pela BR-381 e outras vias, mas podendo futuramente ter acesso pela BR-356. Como bem explicitado no início dos trabalhos do 1º Workshop, a idéia de sua realização se deveu à constatação de que há uma problemática urbanística a reclamar maiores cuidados e atenção redobrada dos responsáveis pela região, em relação à expansão urbana que ali se verifica. Para que se entenda, com maior clareza e objetividade, a questão que, hoje, envolve o Vetor Sul, há que se retomar um pouco de sua história, que começa cerca de 50 anos atrás, porque e como se chegou à situação atual. A história do Vetor Sul Em 1957, concluiu-se a implantação da rodovia BR-3, ligação de Rio de Janeiro a Belo Horizonte, com faixa de domínio de 80m de largura, imediatamente seguida pela construção do nosso Anel Rodoviário, com 50m de largura de faixa de domínio. A conclusão da BR-3 trouxe, em conseqüência, algumas novidades imediatas: 1. a estrada colonial de terra, de Nova Lima a Belo Horizonte, que penetrava no território da capital pelo Taquaril, Rua Niquelina e bairro Santa Efigênia, foi substituída por uma nova via, asfaltada, sem faixa de domínio definida, chegando à capital por uma passagem muito estreita na Serra do Curral, encontrando a BR-3, numa chamada Lagoa Seca, que a dita estrada contornava. 2. com a nova ligação asfáltica saindo da capital, iniciou-se a implantação, nas proximidades da rodovia federal, do primeiro loteamento fechado no entorno de Belo Horizonte, o então chamado Unidades de Vizinhança Quintas do Morro do Chapéu, no Município de Nova Lima, um projeto do Arquiteto Sylvio Carvalho de Vasconcellos, logo seguido de outro, o Retiro das Pedras, no Município de Brumadinho, de autoria do Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Junior. 3. mesmo antes de concluída a BR-3, a Prefeitura de Nova Lima aprovou o projeto do loteamento Balneário Água Limpa, do qual parte fica naquele município e parte em Itabirito. Logo depois, pouco antes do Retiro das Pedras, começou a ser implantado o bairro Jardim Canadá que, como o Água Limpa, não prosperou por falta de solução para o abastecimento de água. Nos anos 1960, o governo implantou a rodovia BR-356, ligando Belo Horizonte a Ouro Preto, com faixa de domínio de 80m de largura, sendo o trecho entre o bairro Olhos d’Água e o trevo junto à Lagoa dos Ingleses, sobreposto à BR-040, nova denominação da BR-3; o trecho da BR356, entre o bairro Olhos d’Água e entre a Avenida do Contorno e o Anel Rodoviário, continuidade da BR-040, ficou com faixa de domínio de, somente, 50m de largura. Em seguida, implantou-se, a partir do bairro Jardim Canadá, uma estrada de terra, bastante sinuosa, íngreme e, por isso, perigosa, descendo pela Serra do Rola Moça às regiões de Casa Branca e de Piedade do Paraopeba, no Município de Brumadinho. 1 Empreendimentos Na década seguinte, a Prefeitura de Belo Horizonte implantou a Avenida Raja Gabáglia, outra ligação da Avenida do Contorno à BR-356, exatamente onde terminava a estrada de Nova Lima, na Lagoa Seca, sendo, por isso, construído um “trevo de quatro folhas” no encontro das três vias. Também nessa ocasião, iniciou-se a implantação do Retiro do Chalé, em Brumadinho, logo atrás da Serra da Calçada, criando-se outra via de penetração naquele Município. Com a abertura do acesso ao Retiro do Chalé e da estrada partindo do bairro Jardim Canadá, começou a implantação de vários loteamentos no Município de Brumadinho. Nesse tempo, iniciou-se a implantação do Bairro Belvedere, cujos lotes eram destinados à construção de residências unifamiliares, proibidas outras destinações, regra não totalmente observada com o passar do tempo, mas com real predominância das residências. Em 1976, entrou em vigor a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo de Belo Horizonte, com novas regras sobre parcelamento, mas, principalmente, quanto à ocupação e uso do solo. No ano de 1977, tendo em conta à facilidade de acesso pela BR-356 (Avenida Senhora do Carmo) e pela Avenida Raja Gabaglia, teve início a construção do primeiro grande centro comercial da capital, o BH Shopping, em terreno de 58.000 m², onde antes havia a Lagoa Seca. Por essa época, à margem ou próximo da estrada de Nova Lima, então chamada MG-30, iniciavam-se as obras de implantação de vários loteamentos fechados, em glebas de proprietários diversos, de que decorre a grande variedade de denominações dos empreendimentos na região, alguns não chegando a ser implantados completamente. Dentre aqueles com acesso pela MG-30, aconteceu o parcelamento de duas glebas maiores, próximas à Serra do Curral, dando origem a dois bairros mais conhecidos - Vale do Sereno e Vila da Serra. Na década seguinte, iniciou-se a implantação de nova etapa do Bairro Belvedere, destinada à construção verticalizada de edificações residenciais e comerciais, principalmente entre a 1ª. Etapa, de residências unifamiliares, e o grande centro comercial, estendendo-se para o sul, no sentido da MG-30. Nos anos 1990, foram implantados dois empreendimentos à margem da BR-040, no Município de Itabirito, bem adiante dos então existentes em Nova Lima, não estando, ainda, totalmente consolidados. A capital cresceu em população, comércio e serviços, se expandindo na horizontal e na vertical, na mesma medida em que as áreas passíveis de serem parceladas foram escasseando e os lotes existentes ou novos ficando cada vez mais caros. Diminuído bastante o surgimento de loteamentos, ficou mais rara a oferta de lotes para a construção de edificações em Belo Horizonte, tendo elas, inclusive, que ser construídas em obediência a parâmetros mais restritivos que os do Município de Nova Lima, no qual não havia Lei de Plano Diretor e Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, por isso, mais atraente que a capital. 2 Empreendimentos A situação atual Não cogitando das unidades habitacionais, população e número de automóveis existentes nas sedes dos municípios abrangidos pelo Vetor Sul, nos ateremos aos bairros da capital e aos loteamentos fechados existentes fora dela, regularizados ou não nas respectivas administrações municipais. A propósito, segundo levantamento do Instituto Horizontes, há: 53 loteamentos fechados em Nova Lima, sendo 2 condomínios; 06 loteamentos fechados em Rio Acima; 02 loteamentos fechados em Itabirito e, 26 loteamentos fechados em Brumadinho. A esses nos referiremos (junto com Belvedere, Vila da Serra, Vale do Sereno), não só por serem ocupados, quase totalmente, por população originária de Belo Horizonte, onde estuda, trabalha, procura atendimento às suas necessidades, mas, por representar motorização mais acentuada, em virtude de maior poder aquisitivo, como em razão de possibilidade de transporte, a qualquer momento e para destino variado. Para se ter idéia de a que ponto chegou a situação no Vetor Sul, há um dado inicial que nos parece importante: segundo fonte idônea, no início de 2007, havia 3074 unidades habitacionais no bairro Belvedere. Segundo dados recém coletados pelo Instituto Horizontes, há, hoje, 3934 unidades construídas e, ainda, 75 lotes a serem ocupados. Se se adotar o índice de 3,53 habitantes por unidade habitacional, tem-se um total de 13.887 habitantes e, se adotado o índice de 2,88 veículos por moradia, teremos o total de 11. 330 automóveis, no citado bairro. Em Nova Lima, ao longo da MG-30, há, hoje, 5.184 moradias, de que resultam 18.300 habitantes e 14.930 automóveis. Somem-se, aos números acima, os de Rio Acima, também servido pela MG-30, que tem 548 unidades construídas, com população calculada de 1.934 pessoas e 1.578 automóveis. Já ao longo da BR-040, há 4.263 unidades construídas, resultando em 15.048 habitantes e 12.277 automóveis. À margem dessa mesma rodovia, no Município de Itabirito, há 336 unidades construídas, resultando em uma população de 1186 pessoas e 968 automóveis. Quanto a Brumadinho, há 3536 unidades construídas, de que resultam 12.482 habitantes e 10.184 automóveis. Nos loteamentos fechados desses municípios, há 44.538 lotes a serem ocupados, sendo de se destacar, dentre eles, mesmo que aberto, o Balneário Água Limpa, com parte em Nova Lima e parte em Itabirito, no qual há quase 10.000 lotes vagos. A propósito, um empreendedor destacou cerca de 400 lotes do Água Limpa, ao norte de sua parte em Nova Lima, colocou água, energia elétrica e pavimentação, lançando o “novo” empreendimento com o nome de Ville des Lacs, estando já construídas várias residências unifamiliares, computadas nos números acima. 3 Empreendimentos Tendo em vista o crescente aumento do trânsito pela MG-30, a Prefeitura de Nova Lima, em convênio com o DER-MG, fez a duplicação da rodovia sobre o mesmo traçado, todo em curvas horizontais e verticais, como antevisão da demanda que terá ela que suportar com tantos empreendimentos sendo construídos naquele vetor do Município. Parece-nos, porém, que, em razão dos novos empreendimentos previstos, em implantação ou construídos, em muito pouco tempo já serão insuficientes as faixas de rolamento. Recentemente, iniciou-se a construção de um condomínio vertical de 11 torres de apartamentos, à margem da MG-30, junto ao Ponto Verde, um pequeno centro comercial, já mais próximo da sede.entre Belo Horizonte e Nova Lima. Tratando de usos não habitacionais, devem ser lembrados os mais recentes: - em Belo Horizonte 1. a atual quinta expansão do BH Shopping, com mais de 100 lojas e 1.000 vagas de estacionamento; 2. a construção de um supermercado, à margem da Avenida Senhora do Carmo, no bairro Santa Lucia; 3. um centro comercial à margem da BR-356, próximo do bairro Olhos d’Água, com uma “ancora” do Leroy Merlin e outras de comércio variado; 4. a Faculdade Pitágoras, o Tribunal de Justiça e um grande edifício de escritórios, na Avenida Raja Gabáglia. - em Nova Lima 1. um pequeno centro comercial, o Serena Mall, com 18 lojas e 200 vagas de estacionamento; 2. o Colégio Santo Agostinho, com 1.100 alunos, cuja entrada e saída já causa transtornos no trânsito da MG-30; 3. um conjunto de 8 condomínios, residenciais e comerciais, em terrenos da Anglo Gold Ashanti, chamado Vale dos Cristais, o primeiro já ocupado, em parte, por edifícios de apartamentos e parte por moradias unifamiliares. Dentre os muitos loteamentos fechados do Vetor Sul, parece-nos que somente dois deles são, legalmente, condomínios, o Alphaville e o Vale dos Cristais, em Nova Lima, os únicos que dispõem de sistema de esgotamento sanitário completo, sendo os demais dotados de fossas individualizadas. O Retiro das Pedras fez, há poucos anos, implantação de um sistema de coleta de esgoto, mas, não o trata. O Jardim Canadá, seu vizinho, recebeu, recentemente, redes de abastecimento de água para todo o bairro, com conseqüente implantação de um completo sistema de esgotamento sanitário, no lado oposto da BR-040. 4 Empreendimentos A situação futura Belo Horizonte 1. prevê-se, no Plano VIURBS da Prefeitura, ligação do Belvedere com o bairro Mangabeiras, pela Avenida José do Patrocínio Pontes ou pela Rua Corrêas, aliviando-se o trânsito, hoje obrigatório, pela BR-356 e Rua Patagônia. 2. fala-se que, após o descomissionamento da jazida da Mineração Lagoa Seca, no Acaba Mundo, a proprietária do terreno desejaria implantar um grande condomínio de edifícios de apartamentos, para o que dependeria, necessariamente, da realização de uma das soluções a que se refere o inciso anterior. 3. fala-se, também, da implantação de um condomínio horizontal de residências unifamiliares em terreno situado logo após a Praça Israel, entre o bairro Mangabeiras e o bairro Sion, provavelmente, dependente da mesma solução viária para o caso anterior. 4. fala-se também que, no Plano VIURBS, haveria uma previsão de ligação entre os bairros Santa Lucia e Sion, sob a BR-356, não se conhecendo pormenores de tal idéia. 5. volta-se a falar na implantação de uma estação do BHBUS no Vetor Sul; antes, falou-se em colocá-la no bairro Belvedere, antes da passagem para Nova Lima, em local, hoje, abrangido pela poligonal da lei que criou a Estação Ecológica do Cercadinho. A alternativa nova seria colocá-la em terreno do patrimônio estadual, no bairro Olhos d’Água, pouco antes do limite com Nova Lima, em região industrial e de população de menor renda per capita. 6. cogita-se da implantação de uma alça rodoviária, além de outras obras de arte especiais, para tentar melhorar o trânsito na região entre o BH Shopping e o trevo do Anel Rodoviário. A nosso ver, com a desativação da linha férrea que atendia à MBR, poder-se-ia pensar em alargar a passagem sob o pontilhão na MG-30, permitindo maior número de faixas de rolamento nos dois sentidos e, em conseqüência, maior capacidade e fluidez no trânsito. Quando concluídos os empreendimentos nos bairros Vila da Serra e Vale do Sereno, além do aumento natural em Nova Lima e Rio Acima, certamente, a situação viária atual em Belo Horizonte, não suportará o aumento de fluxos, somados aos seus próprios. Talvez, se possa encontrar outra ligação entre os municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, que não pelo Belvedere, sem comprometer os ativos ambientais da Mata do Jambreiro, Parque das Mangabeiras e Parque da Baleia, e sem afetar, sobremaneira, os sistemas viários dos dois lados da Serra do Curral. Nova Lima 1. já se ouviu falar que a Anglo GoldAshanti, por suas antecessoras, tornou-se a maior proprietária de terras no Município de Nova Lima, tendo algumas jazidas passado, recentemente, pelo processo de descomissionamento, exauridas após quase dois séculos de exploração mineral. Uma parte dessas terras foi objeto de contrato de parceria com uma das maiores construtoras do país, que está implantando o projeto Vale dos Cristais, composto por 8 condomínios, ao longo da MG-30, parte deles destinada a condomínios verticais de apartamentos, parte a condomínios horizontais de residências unifamiliares e parte a usos comerciais e de serviços, estando as obras de construção, ainda, concentradas no primeiro dos 8 condomínios. 5 Empreendimentos 2. como continuidade do condomínio Vale dos Cristais, já elaborou a AngloGold os primeiros estudos para parcelamento de uma outra gleba, a que deu o nome de Constelações, a ser implantado ao sul do Vale dos Cristais, maior do que o anterior. 3. no terreno em que esteve instalado o complexo de beneficiamento de minério de ouro da AngloGold, pensa-se em implantar um grande conjunto imobiliário, compreendendo uso residencial multifamiliar, comercial, industrial e de serviços, conjunto esse denominado Gold City. Segundo informações obtidas, vislumbra-se, para curto prazo, a implantação de um conjunto de edificações destinadas a indústrias de jóias, não se sabendo quando se adiantarão os processos para implantação do restante de Gold City. 4. onde se desenvolveram, no pé da Serra do Curral, durante cerca de trinta anos, as atividades da MBR, sua sucessora - Vale, pretende implantar um grande conjunto imobiliário, composto de edificações destinadas a hotéis, escolas, centros comerciais, apartamentos, escritórios, principalmente os da própria Vale, que transferiria de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a maior parte de seus funcionários para esse Projeto Águas Claras. Atualmente, nas dependências da MBR, trabalham cerca de 1200 pessoas, prevendo-se que, na primeira edificação a ser construída, outros 800 poderiam ser alojados, ficando a transferência do restante de pessoal na dependência da construção de novas edificações, por sua vez, dependentes de acesso rápido, seguro e confiável na ligação com Belo Horizonte e Confins. Os estudos prevêem que o acesso ao Projeto Águas Claras se faria por um largo terreno de propriedade da União, onde houve um ramal ferroviário pelo qual a empresa exportava o seu minério, terreno esse que, já posto em leilão público, por três vezes, - sendo a última em 10.03.2009 - não houve licitante. Segundo a legislação federal, nesse caso, a União poderá vendê-lo, nas mesmas condições do edital, para qualquer interessado. Talvez essa seja a oportunidade de a Vale acertar a condição de acesso de entrada e saída do Projeto Águas Claras, certamente, de fortíssimo impacto no vizinho Município de Belo Horizonte, em virtude de sua proximidade e ligação com a capital, exatamente onde está o Vetor Sul. Os estudos do Projeto Águas Claras prevêem a sua ligação, por uma avenida de pista dupla, com a BR-356 e, logo após, com o Anel Rodoviário, trazendo novas contribuições e condicionantes aos projetos já elaborados pela BHTrans, a Prefeitura de Belo Horizonte e o DNIT. Segundo dados da Vale, prevê-se que cerca de 23.000 pessoas trabalharão e residirão nas edificações ali implantadas, previstas outras 22.000 pessoas chegando e saindo, diariamente, para tratar de interesses variados. 5. Os empreendedores do Alphaville iniciaram a implantação da sua segunda etapa, chamada Península dos Pássaros, com lotes menores do que os anteriores, prevendo-se, por isso, maior densidade demográfica e maior motorização. 6. Há previsão de lançamento de um loteamento fechado, à margem da BR-356, imediatamente após o terreno do Alphaville, à margem direita de ida para Ouro Preto, quase defronte à Lagoa das Codornas, em um terreno de grande extensão, inclusive, dotado de um campo para jogos de golf. 7. Talvez o maior impacto que Belo Horizonte receberá de Nova Lima, no Vetor Sul, em curto prazo, será o decorrente do elevado número de edificações, principalmente habitacionais, em construção e a serem construídas nos bairros Vila da Serra e Vale do Sereno. 6 Empreendimentos Segundo dados coletados pelo Instituto Horizontes e outras fontes, somados os apartamentos em construção e a construir, haverá, ali, em curto prazo, cerca de 7.500 unidades a mais do total ora existente. Adotados índices anteriormente citados, teriamos 26.500 moradores e 21.600 veículos, só dos futuros apartamentos dos dois bairros. A motorização será tal que, para se ter avaliação da questão, já agora, os menores apartamentos oferecem duas vagas de garagem por unidade, havendo casos de oferta de até seis vagas por unidade. 8. O trânsito entre Belo Horizonte e Nova Lima é a parte mais sensível no que se refere à qualidade e controle do desenvolvimento urbano no Vetor Sul, dado que o aumento populacional, de serviços e de motorização em Nova Lima, que converge, naturalmente, para a capital, só tende a aumentar e a ligação, hoje existente, é uma passagem com 14m de largura, com duas faixas de rolamento em cada sentido e uma faixa lateral para conversões. Há outra ligação do bairro Vila da Serra ao Belvedere, exatamente onde se encontra, novamente, o limite de Belo Horizonte e Nova Lima, na Avenida de Ligação, que dá acesso aos escritórios da Vale. Somados os apartamentos e escritórios em construção no Vila da Serra e no Vale do Sereno, mais as novas edificações do Projeto Águas Claras, mais as expectativas decorrentes do Gold City e do Vale dos Cristais, teremos números bastantes elevados, que nos trarão grandes preocupações. 9. O Plano Diretor de Nova Lima contempla duas novas vias que merecem nossa atenção. A primeira tem, mais ou menos, a mesma diretriz da estrada antiga - Nova Lima - Sabará Belo Horizonte, saindo das proximidades da Estação Rodoviária local e dirigindo-se para o bairro Mina d’Água; logo adiante da saída para Sabará, a via convergiria para a esquerda, no sentido do Projeto Águas Claras. À Vale não agrada que a nova via adentre o seu Projeto pelo lado norte, mas a Prefeitura não abre mão de querer fazer essa via. A segunda seria uma ligação entre a MG-30, à altura de Honório Bicalho, subindo no sentido oeste, passando ao sul de São Sebastião de Águas Claras, até entroncar com a BR-040/356, entre o Morro do Chapéu e a Lagoa do Miguelão. Essa ligação permitiria desbravar uma área virgem, possibilitando uma viagem mais rápida de Belo Horizonte a Rio Acima, e vice-versa, sem passar por Nova Lima, descortinando novas áreas para desenvolvimento urbano. Outro ganho com essa via seria o turismo, pois ela seria próxima ao Rio de Peixe, onde se encontram usinas de energia hidroelétrica construídas pelos ingleses, na primeira metade do século XIX. 10. O bairro Jardim Canadá vem se firmando como a zona industrial de Nova Lima, com galpões e instalações de variada natureza e uso, principalmente no lado leste, onde não há residências. Do lado oeste, as indústrias e comércios são em muito pequeno número e porte, prevalecendo o uso residencial. Há uma grande área, no setor leste, junto à área industrial, onde já se falou em desenvolver um projeto de empreendimento industrial de leve ou nulo incômodo, comercial, de serviços e diversões. 11. De um terreno situado à margem da BR-040/356, junto ao bairro Olhos d’Água, destacouse uma parte para instalação de uma rádio emissora e, no restante do terreno ouve-se falar na construção de 9 torres de apartamentos e de 2 torres de escritórios, não se sabendo quando se efetivará tal projeto. Acontece que dito terreno está à montante do manancial da Mutuca, da COPASA, daí advindo sérios problemas para o seu licenciamento ambiental. 7 Empreendimentos 12. A grande questão que se apresenta, atualmente, para o Vetor Sul, é a diferença tratamento do adensamento imobiliário e demográfico entre as administrações municipais Belo Horizonte e Nova Lima. Em vigor na capital, desde 1976, a Lei de Ocupação e Uso Solo poderá ser, novamente, alterada pela Câmara Municipal, cujo projeto lá se encontra dois anos e - é bom lembrar - cada lei tem sido mais restritiva que a anterior. de de do há Em Nova Lima, ao contrário, a legislação não tem coibido o adensamento imobiliário, pelo contrário, tem-no favorecido, de que decorre sensível acréscimo da densidade demográfica, sem que o deficiente sistema viário tenha condições de suportar o aumento da decorrente circulação de veículos. Itabirito Numa parte ao sul do loteamento Água Limpa, à margem da BR-040, a Prefeitura deseja implantar um distrito industrial para tentar, segundo se soube, atrair pequenas empresas instaladas no bairro São Francisco de Belo Horizonte e outras de Contagem. 8 Empreendimentos Conclusões Após a realização do Workshop, ocorreu o 3º leilão público, promovido pela Caixa Econômica Federal, do terreno de propriedade da extinta Rede Ferroviária Federal, no qual se encontram as linhas que serviram, durante cerca de trinta anos, para exportação de minério pela MBR. Como não se apresentou qualquer interessado, a Caixa poderá vender o terreno para quem se habilitar a pagar os R$40 milhões pedidos pela CEF. Essa área poderá interessar a Vale para resolver a questão de acesso ao seu futuro empreendimento Águas Claras. Assim também, a Prefeitura de Nova Lima iniciou as obras de construção da ligação Honório Bicalho - BR040, com o que, informa-se que estão sendo iniciados negócios de compra de terras na região do futuro acesso. Sabe-se, também, que a Prefeitura deseja construir a ligação, constante de seu Plano Diretor, Centro - bairro Mina d’Água - Águas Claras, mas a Vale não deseja, em absoluto, que o seu projeto tenha essa ligação. Outra questão a considerar são as informações fornecidas pela FEAM, de que é pequena a proporção dos loteamentos licenciados ou em processo de licenciamento em Nova Lima; apenas 15 dos 53 relacionados. Quanto a Brumadinho, a Prefeitura forneceu relação de 24, mas não incluiu dois recentes, Jardins e Mãe Terra, sendo que só 4 tiveram processo de licenciamento na FEAM. Já em Rio Acima, a Prefeitura informou que há 6 loteamentos, mas só 4 solicitaram licenças à FEAM. Um ponto que chamou atenção, durante os debates entre os participantes, foi a constatação da falta de complementaridade entre planejamento e legislações municipais, principalmente de Plano Diretor e de Ocupação e Uso do Solo, notadamente no caso de Belo Horizonte e Nova Lima, os principais interessados no desenvolvimento do Vetor Sul. Esta é a maior questão a ser enfrentada pelas administrações municipais, com a colaboração e supervisão da administração estadual. 9 Empreendimentos PRINCIPAIS EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS POR MUNICÍPIO NOME BELO HORIZONTE Belvedere I e II Belvedere III Belvedere IV A - PADRÃO ALTO M - PADRÃO MÉDIO IH - HORIZONTAL IMPLANTADO V - VERTICAL P - PREVISTO I I P H V A A A I I I I I I I I P I P I I P I I I I I I I I I I I I I H/V H/V H/V H/V H/V H H H H H H H H H H/V H H H H H H H H H H H H A A/M M M M A A A A M M M A/M A/M A A/M A/M A A/M M A/M A A A/M A/M A/M A/M LOTES RESTANTES 860 3074 3934 TOTAL BELO HORIZONTE NOVA LIMA (eixo MG 030) Vila da Serra Vale do Sereno Jardinaves Jardim das Mangabeiras Jardim da Torre Vilage Terrace I Vilage Terrace II Vila Castela Vila Castela – segunda etapa Glebas Reais Glebas Coloniais Vila Campestre Vila Del Rey Vila Del Rey - anexo Vale dos Cristais Conde Passárgada Estâncias Del Rey Estância Serrana Vila Verde Bosque da Ribeira Vila Alpina Ville de Montagne Ouro Velho Mansões Ouro Velho Mansões - fundos Bosque Residencial do Jambreiro Residencial Europa SUB TOTAL NOVA LIMA EIXO MG 030 UNIDADES CONSTRUÍDAS VAGAS DE ESTACIONAMENTO 3,53 HAB. / FAM. 2,88 V. / UH 50 25 75 1028 1783 8 1 11 46 39 154 1 10 POP. ATUAL ESTIMADA 3036 10851 13887 2477 8853 11330 17 182 5 290 30 120 13 99 12 76 78 181 187 31 131 10 139 607 465 797 1016 32 24 179 341 4 52 7 52 194 597 97 495 64 75 2 171 312 249 145 63 202 14 3629 6294 28 4 39 162 138 544 4 35 0 60 642 18 1024 106 424 46 349 42 268 275 639 660 109 462 35 2961 5135 23 3 32 132 112 444 3 29 0 49 524 14 835 86 346 37 285 35 219 225 521 539 89 377 29 4543 6395 16037 11494 1 PRINCIPAIS EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS NO VETOR SUL DA RMBH NOME Ipê Pau Pombo Vila Nova Betânia Serra do Curral Vila Aparecida Vila Odete Jardim Serrano Le Cottage Residencial Sul Quintas do Sol Condomínio Royalle Águas Claras MBR / Vale Ampliação do Vale dos Cristais TOTAL NOVA LIMA EIXO MG 030 I I P I I I P P H H H H H H H H H H H H/V APADRÃO ALTO MPADRÃO MÉDIO A/M M M M M M M M M A M A P H/V A I - IMPLANTADO P - PREVISTO I I I HHORIZONTAL V - VERTICAL UNIDADES CONSTRUÍDAS LOTES RESTANTES 121 76 14 5 254 52 21 15 66 17 100 146 135 22 43 14 21 44 18 447 96 5184 Empreendimentos 7481 POP. ATUAL ESTIMADA VAGAS DE ESTACIONAMENTO 3,53 HAB. / FAM. 2,88 V. / UH 427 268 49 18 897 184 74 53 233 60 0 348 219 40 14 732 150 60 43 190 49 0 0 0 0 0 18300 14930 2 PRINCIPAIS EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS POR MUNICÍPIO NOME NOVA LIMA (eixo BR 040) Riviera Jardim Canadá Jardim Monteverde Serra dos Manacás Vale do Sol Lagoa do Miguelão Morro do Chapéu Quintas do Morro Alpha Ville I Península dos Pássaros Água Limpa Ville des Lacs São Sebastião de Águas Claras Estância Estoril I (BR 356) Estância Estoril II (BR 356) Ecoville Parque Jardim Amanda Fazenda do Engenho Parque do Engenho Village Sans Souci Green Park Jardim de Petrópolis Solar da Lagoa São Sebastião de Águas Claras - Núcleo SUB TOTAL NOVA LIMA EIXO BR 040 Lotes disponíveis nos demais parcelamentos no Município TOTAL NOVA LIMA IIMPLANTAD O PPREVISTO H - HORIZONTAL V - VERTICAL A - PADRÃO ALTO UNIDADES LOTES M - PADRÃO MÉDIO CONSTRUÍDAS RESTANTES I I I I I I I I I I P I H H/V H H H H H H H H H H A M A/M A M A/M A A A A/M M M 30 2067 51 45 223 158 388 1 679 6 I I I I I I I I I I I H H H H H H H H H H H M M M M M M M M M M A/M 21 6 5 74 19 11 POP. ATUAL ESTIMADA VAGAS DE ESTACIONAMENTO 3,53 HAB. / FAM. 2,88 V. / UH 72 196 5 205 1878 48 69 191 1302 416 3018 380 106 7297 180 159 787 558 1370 4 2397 21 0 240 86 5953 147 130 642 455 1117 3 1956 17 0 196 12 58 4 61 81 89 218 228 456 124 243 774 52 74 21 18 261 67 39 0 42 205 14 60 17 14 213 55 32 0 35 167 12 337 179 1190 971 4263 10285 15048 12277 68 4493 13990 28654 49385 40291 3 PRINCIPAIS EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS POR MUNICÍPIO NOME A - PADRÃO ALTO IUNIDADES H - HORIZONTAL M - PADRÃO IMPLANTADO CONSTRUÍDAS V - VERTICAL MÉDIO P - PREVISTO LOTES RESTANTES POP. ATUAL ESTIMADA 3,53 HAB. / FAM. VAGAS DE ESTACIONAMENTO 2,88 V. / UH RIO ACIMA Vale da Mata Canto das Águas Condomínio Tangará Alto Boa Vista/Cocho D’Água Chácaras Alto Mingu Trilhas do Ouro P I I I I I H H H H H H A M M M M 170 723 99 200 124 116 450 80 6 2 548 TOTAL RIO ACIMA 1432 0 1589 282 0 21 7 1934 ITABIRITO Aconchego Vila Bela Água Limpa I I H H H M 300 20 16 M 336 TOTAL ITABIRITO 1186 BRUMADINHO Retiro das Pedras Casa Branca I I Piedade do Paraopeba (inclui Retido do Chalé e Águas Claras) Jardins H H I I A/M A/M H H 874 1322 A/M 1287 M 53 228 I H A 3 0 2517 3807 3707 153 187 12482 MOEDA Santuário 968 4543 7612 0 864 58 46 0 3085 4667 4831 2553 3536 TOTAL BRUMADINHO 1578 0 1059 71 56 415 376 5826 6617 0 1296 230 0 17 6 10184 0 11 148 0 9 TOTAL MOEDA 3 148 11 9 TOTAL GERAL 22347 44538 78885 64359 Ano Base 2006 Empreendimentos 4 PRINCIPAIS EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS PREVISTOS POR MUNICÍPIO BELO HORIZONTE NOME BH Shopping Leroy Merlin TIPO Comercial - Ampliação Conjunto de lojas Faculdade Pitágoras Raja Gabaglia Instituição de Ensino Tribunal de Justiça Raja Gabaglia Institucional ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS Em obras Criação de mais 100 lojas Em obras Leroy mais três lojas âncoras 300 alunos turno manhã e 3000 alunos Pronto turno noite 1176 servidores, além do público Pronto flutuante Prédio esq. Raja Gabaglia/ R. Helena Guerra Comercial Projeto NOVA LIMA Colégio Santo Agostinho Centro Comercial Ponto Verde Verde Mar - Jardim Canadá Verde Mar - MG 030 Serena Mall Hospital Escola Materdei Instituição de Ensino Comercial Supermercado Supermercado Shopping Hospital Pronto Pronto Em obras Intenção Pronto Projeto 1.100 alunos em dois turnos 1.200 m2 2.500 m2 ITABIRITO Distrito Industrial de Itabirito Comercial / Industrial Projeto Em licenciamento ambiental IMPACTOS PROVÁVEIS 1000 vagas de estacionamento 16 pavimentos de salas / escritórios Aproximadamente 620 vagas de garagem 18 lojas e 200 vagas estacionamento Empreendimentos 5 Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte Sistema Viário e Circulação Auro Queiroz JANEIRO A ABRIL DE 2009 Sumário 1 2 3 Apresentação................................................................................4 Introdução ...................................................................................4 Principais eixos de acesso ao Vetor Sul .................................................5 3.1 Anel Rodoviário ...........................................................................5 4.2 BR-356 / Avenida Nossa Senhora do Carmo...........................................8 3.3 MG-030 – Nova Lima .................................................................... 11 3.4 Avenida Raja Gabaglia ................................................................. 12 3.5 Avenida Barão Homem de Melo....................................................... 12 3.6 Avenida Professor Mário Werneck.................................................... 13 3.7 Volumes existentes ..................................................................... 14 4 Projetos em andamento ou em desenvolvimento no Vetor Sul ................... 15 4.1 BHTRANS ................................................................................. 16 4.1.1 Projeto nº 85 ....................................................................... 18 4.1.2 Projeto nº 87 ....................................................................... 19 4.1.3 Projeto nº 14 ...................................................................... 20 4.1.4 Projeto nº 02 ....................................................................... 21 4.1.5 Projeto nº 04 ....................................................................... 21 4.1.6 Projeto nº 128...................................................................... 23 4.1.7 Projetos nº 73a, 73b e 73c ....................................................... 24 4.2 DNIT....................................................................................... 24 4.2.1 Anel Rodoviário .................................................................... 24 4.2.2 Interseção das rodovias BR 356 e MG 030 ..................................... 25 4.2.3 BR 040 ............................................................................... 25 4.3 Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas – SETOP ................. 25 4.4 DER ........................................................................................ 25 4.5 Prefeitura Municipal de Nova Lima .................................................. 26 4.5.1 Duplicação da MG 030 ............................................................ 26 4.5.2 Ligação da MG 030 às BRs 040 e 356 ........................................... 26 5 Conclusões ................................................................................. 28 5.1 Interação – Meio Ambiente ............................................................ 28 5.2 Interação – Empreendimentos ........................................................ 28 5.3 Interação – Estrutura Urbana ......................................................... 29 5.4 Considerações gerais ................................................................... 29 Índice das Figuras Figura 1 – Projetos em andamento............................................................ 15 Figura 2 - Projeto 085 - Ligação São Bento - Sion .......................................... 18 Figura 3 – Projeto 087 – Ligação Santa Lúcia – av. Nossa Senhora do Carmo........... 19 Figura 4 - Projeto 14 - Interseção das avenidas Raja Gabaglia e Barão Homem de Melo e da rua José Rodrigues Pereira............................................................... 20 Figura 5 - Projeto 02 - Interseção da BR 356 com a MG 030 ............................. 21 Figura 6 - Projeto 04 – Avenida Parque da Serra ........................................... 22 Figura 7 - Projeto 128 - Trevo da Mannesmann............................................. 23 Figura 8 - Projeto 73 - Via 020 - Barreiro Olhos Dágua .................................... 24 Figura 9 - Intervenções da Prefeitura de Nova Lima ....................................... 27 Índice das Fotografias Fotografia 1 - Anel Rodoviário - Bairro Olhos DÁgua.........................................6 Fotografia 2 - Anel Rodoviário - Acesso ao bairro Buritis ...................................6 Fotografia 3 -Anel Rodoviário - Subida do Betânia para Olhos Dágua .....................7 Fotografia 4 - Anel Rodoviário - entre Buritis e Betânia ....................................7 Fotografia 5 - Anel Rodoviário - Trevo do Betânia ...........................................7 Fotografia 6 - Anel Rodoviário - Viadutos sobre a avenida Ivaí ............................7 Fotografia 7 – Avenida Nossa Senhora do Carmo, vista da interseção com a avenida do Contorno em direção à rua Outono .............................................................8 Fotografia 8 - Avenida Nossa Senhora do Carmo, vista da interseção com a avenida Uruguai em direção à avenida do Contorno ...................................................8 Fotografia 9 - BR 356, próximo ao acesso à MG 030 ....................................... 10 Fotografia 10 - BR 356, chegando na interseção com avenida Raja Gabaglia ......... 10 Fotografia 11 - BR 356, próximo à interseção com o Anel Rodoviário .................. 10 Fotografia 12- BR 356, na descida para o Belvedere....................................... 10 Fotografia 13 - Interseção da BR 356 com av. Raja Gabaglia............................. 10 Fotografia 14 - Interseção da BR 356 com o Anel Rodoviário............................. 11 Fotografia 15 - Interseção para acesso ao bairro Pilar e retorno ........................ 11 Fotografia 16 - Interseção da MG 030 com a Alameda da Serra.......................... 11 Fotografia 17 - Interseção da MG 030 para acesso ao Vale dos Cristais ................ 11 Fotografia 18 - Av. Raja Gabaglia, trecho de pista dupla................................. 12 Fotografia 19 -Av. Raja Gabaglia, na interseção com av. Barão Homem de Melo .... 12 Fotografia 20 - Avenida Raja Gabaglia, trecho de 4 pistas ............................... 12 Fotografia 21 - Avenida Barão Homem de Melo ............................................ 13 Fotografia 22 - Avenida Barão Homem de Melo ............................................ 13 Fotografia 23 - Avenida Professor Mário Werneck.......................................... 13 1 Apresentação Este documento, parte integrante do Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul, em elaboração pelo Instituto Horizontes, apresenta o levantamento da situação atual do sistema viário da área de estudo, compreendendo breve descrição do sistema arterial e regional existente e o resultado do levantamento, nas instituições com atuação sobre o sistema viário da região, dos projetos em implantação, em elaboração e em planejamento. 2 Introdução Para efeitos de estudo do Vetor Sul foi delimitada a área dos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Rio Acima, Raposos e parte de Brumadinho, onde estão localizados os principais pólos geradores de demanda para a infraestrutura viária existente. Para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas visitas técnicas em todos os Órgãos Federais, Estaduais e Municipais que estão diretamente relacionados com as atividades relacionadas ao Sistema de Transporte ou Sistema Viário, a saber: • BHTRANS • SMARU • SETOP • DER/MG • SEDRU • DNIT • Prefeitura Municipal de Nova Lima Através destes contatos, foram efetuados levantamentos para identificar programas, projetos, estudos e ações que estão em execução ou em desenvolvimento e que poderão interferir de maneira positiva para o desenvolvimento destes dois sistemas na região do Vetor Sul. O Vetor Sul vem recebendo um volume de investimentos imobiliários que pode ser considerado como um dos maiores da RMBH, ocorrendo um aumento significativo do uso e da ocupação das áreas existentes. Esta ocupação, principalmente na Região de Nova Lima, em fase de projeto, em execução ou já implantados, tais como Condomínios Residenciais, Centros Comerciais, Hotéis, Restaurantes, Bares e Edifícios Comerciais, aumenta a atratividade da região para novos investimentos. A diversidade de uso, residencial e comercial, entretanto, não é suficiente para conter na região os deslocamentos casa-trabalho-escola, gerando um novo volume de tráfego dos residentes nos novos empreendimentos com destino a educação e trabalho e de residentes em outras regiões com destino a trabalho na área de estudo. A expectativa de ocupação pela classe média e alta tende a produzir um tráfego baseado principalmente no transporte individual e a atrair viagens em sua maioria de transporte coletivo. Não se avalia ainda a pendularidade do tráfego de manhã e de tarde, uma vez que pode-se observar nos empreendimentos comerciais já implantados grande atratividade de viagens vindas de Belo Horizonte, não podendo ainda se estimar a capacidade de geração de tráfego interno decorrentes das novas configurações de uso residencial e comercial em implantação e em projeto na região. Sistema Viário e Circulação 4 Belo Horizonte, então, continua a ser polarizadora do tráfego de veículos individuais, gerando com isso um aumento de densidade nas vias existentes de acesso à região. Durante este período de expansão o único investimento de ampliação de capacidade viária foi a duplicação da rodovia estadual MG030, entre a divisa de Belo Horizonte e Nova Lima e a sede desse município, cuja implantação foi delegada pelo Estado à Prefeitura de Nova Lima, com duas passagens em desnível, uma no início do trecho duplicado, na interseção com a Alameda da Serra, e outra no acesso ao Vale dos Cristais. 3 Principais eixos de acesso ao Vetor Sul 3.1 Anel Rodoviário O Anel Rodoviário de Belo Horizonte, via de jurisdição federal gerenciada pelo DNIT, é a sobreposição de trechos das rodovias BR 262 (Vitória – Uberaba); BR 381 (São Paulo – Governador Valadares) e BR 040 (Rio – Brasília), tendo sido implantado, em 1957, para evitar o atravessamento do sistema viário urbano pelo tráfego dessas vias, dentro da filosofia de “bypass” adotada para transposição dos centros urbanos. Com o crescimento da área conurbada da cidade, logo atingindo os municípios vizinhos, o Anel Rodoviário se transformou numa “avenida” de alta densidade de tráfego, com plena acessibilidade pelo sistema viário lindeiro, independente da categoria das vias, e com um grande número de interseções em nível totalmente sem controle. Isto levou o então DNER a transformá-lo, na década de 70, numa via expressa formada por um sistema central de duas faixas contínuas de tráfego por sentido e um sistema de marginais, também com duas faixas de tráfego por sentido, construídas apenas em parte do trecho e articulando-se com o sistema viário lindeiro. Esta articulação se fez em duas categorias: • com transposição da via central em interseções em desnível, com articulação através das vias marginais ou diretamente com a via central, em locais em que não foi possível a construção das marginais e já existiam obras de arte de transposição; • sem transposição da via central, em interseções em “T” do sistema viário lindeiro com as pistas marginais, onde existissem, ou diretamente com a pista central. Na primeira categoria foram incluídas as interseções com as seguintes vias (em cronologia diversa, por diferentes etapas de implantação das mesmas): • BR 040 – Rio de Janeiro • Rua Úrsula Paulino – Via dos Minérios; • Ramal ferroviário do Barreiro; • Avenida Tereza Cristina; • Avenida Amazonas; • Trem Metropolitano e ramal ferroviário; • Via Urbana Leste Oeste; • Avenida Cícero Idelfonso – BR 040; • Avenida Ivaí; • Avenida Pedro II; • Avenida Carlos Luz; • Avenida Antônio Carlos; Sistema Viário e Circulação 5 • Acesso à antiga Terex, hoje Fiat Stola e ao empreendimento dos Correios • Avenida Cristiano Machado; • BR 262 – saída para Vitória. Em função do aumento de tráfego e da conseqüente redução dos níveis de serviço o Anel recebeu alterações de geometria, com a incorporação de uma terceira faixa de tráfego na via central, com exceção dos locais onde a existência de obras de arte não o permitiu, uma vez que as primeiras obras de arte para transposição do sistema viário local e de articulação rodoviária consideraram apenas as duas faixas de tráfego então implantadas no Anel e a não existência de marginais. Com o acréscimo da terceira faixa três tipos de problemas passaram a ocorrer: • Insuficiência de seção transversal na plataforma dos viadutos (avenida Tereza Cristina, avenida Amazonas, avenida Ivaí, avenida Antônio Carlos, Córrego Cachoeirinha, acesso à Fiat Stola, avenida Cristiano Machado); • Insuficiência de seção transversal sob o viaduto de transposição ferroviária; e • Permanência de pilares no segmento da terceira faixa (avenida Presidente Carlos Luz, antiga avenida Catalão, e BR 040). As marginais foram interrompidas ou segmentadas em alguns trechos pela impossibilidade de transposição do viário local, decorrente da inadaptação das obras de arte (avenida Ivaí, avenida Pedro II, avenida Antônio Carlos, Córrego Cachoeirinha, acesso à Fiat Stola). Isto reduz a capacidade de articulação entre o sistema central e os sistemas locais, que deveria ser provida através das marginais. Em função de convênios celebrados entre os governos Federal, Estadual e Municipal de Belo Horizonte o Anel recebeu, ao longo dos últimos anos, algumas melhorias e parcos serviços de manutenção. Entre as melhorias recebidas vale destacar: • a implantação de iluminação com luminárias de vapor de sódio, implantada pelo Governo do Estado; e a construção de passarelas para pedestres, implantadas pela Prefeitura de Belo Horizonte; • Recuperação do pavimento e implantação de sinalização horizontal e vertical realizada pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte em convênio com o DNIT, em toda a sua extensão. Fotografia 1 Anel Rodoviário - Bairro Olhos DÁgua Fotografia 2 Anel Rodoviário - Acesso ao bairro Buritis Sistema Viário e Circulação 6 Fotografia 3 Anel Rodoviário - Subida do Betânia para Olhos Dágua Fotografia 5 Anel Rodoviário - Trevo do Betânia Fotografia 4 Anel Rodoviário - entre Buritis e Betânia Fotografia 6 Anel Rodoviário - Viadutos sobre a avenida Ivaí Sistema Viário e Circulação 7 3.2 BR-356 / Avenida Nossa Senhora do Carmo A avenida Nossa Senhora do Carmo, sobreposta à rodovia BR-356, é a principal via de ligação da avenida do Contorno, na região da Savassi, com a avenida Raja Gabaglia e a região ao sul de Belo Horizonte. No seu primeiro trecho, de 874m de extensão entre a avenida do Contorno e a avenida Uruguai, tem características de via urbana, com seção transversal de 45m, funcionando com cinco faixas de rolamento no sentido bairro / centro, sendo três (duas de rolamento e uma de estacionamento) em uma pista marginal e duas em uma pista principal, sendo as duas pistas separadas por um canteiro, e cinco faixas de rolamento no sentido centro / bairro, sendo três (duas de marginal e Fotografia 7 - Avenida Nossa Senhora do Carmo, vista da interseção com a avenida do Contorno em direção à rua Outono rolamento e uma de estacionamento) em uma pista duas em uma principal, sendo as duas pistas separadas por um canteiro. Os dois sentidos (centro / bairro e bairro/centro) são também separados por um canteiro central. No seu segundo trecho, com 1.405m de extensão da avenida Uruguai até a rua Professor Rodrigues Seabra, no trevo do bairro Belvedere, tem características de via semi-urbana; percorridos 115m desde a interseção com a avenida Uruguai perde os canteiros laterais e se afunila para três faixas de rolamento em cada sentido sem pistas marginais, com seção transversal média de 30m, conservando o canteiro central. Embora com traçado rodoviário, tem ocupação tipicamente urbana. No seu terceiro trecho, com 1.940m Fotografia 8 - Avenida Nossa Senhora do Carmo, vista de extensão do trevo do Belvedere da interseção com a avenida Uruguai em direção à até o trevo com a avenida Raja avenida do Contorno Gabaglia (trevo do BH Shopping) já tem características e ocupação de via rodoviária, com três faixas de rolamento em cada sentido e seção transversal média de 25m. Esta interseção faz a ligação com a MG 030, rodovia estadual para Nova Lima, Rio Acima e Itabirito. A partir deste ponto assume as características rodoviárias da BR 356, com duas pistas de duas faixas de tráfego por sentido, separadas por canteiro central, interseções em desnível e Sistema Viário e Circulação 8 acostamento que, eventualmente, transforma-se em terceira faixa para acesso a vias laterais. A partir da interseção com o Anel Rodoviário superpõe-se com a rodovia federal BR 040, Rio – Brasília, mantendo a configuração descrita até o término da superposição, a cerca de 20km de distância, quando a BR 356 desvia-se para Ouro Preto, seguindo a BR 040 para o Rio de Janeiro, numa interseção em desnível. A BR 356 depois disso transforma-se em rodovia de pista simples, com uma faixa de tráfego e uma de acostamento por sentido, enquanto que a BR 040 segue também em pista simples, mas com duas faixas de tráfego por sentido, sem acostamento. Sistema Viário e Circulação 9 Fotografia 9 - BR 356, próximo ao acesso à MGFotografia 10 - BR 356, chegando interseção com avenida Raja Gabaglia 030 na Fotografia 11 - BR 356, próximo à interseçãoFotografia 12- BR 356, na descida para o com o Anel Rodoviário Belvedere A BR 356 tem três interseções em desnível, dentro de Belo Horizonte, a primeira para acesso à MG 030 e avenida Raja Gabaglia, a segunda com o Anel Rodoviário, que não permite o movimento do Anel para o Belvedere, e a terceira mais adiante para possibilitar este retorno e dar acesso ao bairro Pilar. Fotografia 13 - Interseção da BR 356 com av. Raja Gabaglia Sistema Viário e Circulação 10 Fotografia 14 - Interseção da BR 356 com o Anel Rodoviário 3.3 Fotografia 15 - Interseção para acesso ao bairro Pilar e retorno MG-030 – Nova Lima A MG-030 começa no trevo da BR-040 com a avenida Raja Gabaglia, passa pelas cidades de Nova Lima, Rio Acima, Itabirito e continua até encontrar novamente a BR-040 entre as cidades de Congonhas e Conselheiro Lafaiete, no acesso da MG 433 a Ouro Branco. A rodovia foi recentemente duplicada pela Prefeitura Municipal de Nova Lima, por delegação do DER/MG, no seu trecho desde a divisa com Belo Horizonte até a sede da cidade, com duas interseções em desnível, uma com a Alameda da Serra, em trincheira, e outra no acesso ao Vale dos Cristais, em viaduto. Apresenta neste pista dupla, com duas faixas de tráfego e uma de acostamento por sentido. A partir da sede, e até Rio Acima, mantém a sua configuração original, de pista simples com uma faixa de tráfego e uma de acostamento por sentido. Fotografia 16 - Interseção da MG 030 com a Alameda da Serra Fotografia 17 - Interseção da MG 030 para acesso ao Vale dos Cristais Sistema Viário e Circulação 11 3.4 Avenida Raja Gabaglia A avenida Raja Gabaglia, via arterial com 5,4km de extensão, faz a ligação entre a avenida do Contorno, na região da Praça da Assembléia, com a BR-040 em sua saída para o Rio de Janeiro. Com tráfego relativamente intenso, da ordem de 1.200 UVP/hora, a avenida possui duas pistas, uma em cada sentido, separadas por canteiro central, com duas faixas de rolamento de automóveis cada e uma faixa de estacionamento permitido em ambos os sentidos que, eventualmente, por necessidades de circulação, pode ser suprimida ou ter o Fotografia 18 - Av. Raja Gabaglia, trecho de pista estacionamento proibido. Classificada dupla como via arterial, pela lei do Uso e Ocupação do Solo, possui 35m de seção transversal, o que permite 3,5m para cada faixa de rolamento e 2,5 m para cada faixa destinada a estacionamento permitido. Fotografia 19 -Av. Raja Gabaglia, na interseção com av. Barão Homem de Melo 3.5 Fotografia 20 - Avenida Raja Gabaglia, trecho de 4 pistas Avenida Barão Homem de Melo A avenida Barão Homem de Melo, classificada como via arterial, pela lei do Uso e Ocupação do Solo, com 4,81km de extensão, liga a avenida Silva Lobo à avenida Raja Gabaglia, recebendo o tráfego oriundo da BR 356. Possui duas pistas, uma em cada sentido, separadas por canteiro central. Cada pista possui, na maior parte da sua extensão, duas faixas de rolamento de automóveis com 3,50m de largura e uma faixa de estacionamento, totalizando uma via com seção transversal de 17,50m. Em alguns trechos não é permitido o estacionamento de veículos, funcionando normalmente as duas faixas. Sistema Viário e Circulação 12 Fotografia 21 - Avenida Barão Homem de Melo sentido da rua Nilo Gazire para a av. Raja Gabaglia 3.6 Fotografia 22 - Avenida Barão Homem de Melo Sentido av. Raja Gabaglia para rua Nilo Gazire Avenida Professor Mário Werneck A avenida Professor Mário Werneck, com aproximadamente 3.260 metros de extensão, é a principal via do Buritis, atravessando-o em toda a sua extensão. Liga-se ao sul com o Anel Rodoviário pela avenida Deputado Cristovam Chiaradia e rua Moisés Kalil, com a avenida Raja Gabaglia pela rua Doutor José Rodrigues Pereira e pelo trajeto da rua Frei Hilário Meekes, rua Professor Ivan Lage, rua Ilacir P. da Fotografia 23 - Avenida Professor Mário Werneck Cunha, avenida Barão Homem de entre a rua José Rodrigues Pereira e a avenida Melo e rua Paulo Freire de Araújo. A Engenheiro Carlos Goulart, sentido centro / bairro abertura do seu trecho após a rua Cristiano Teixeira de Sales criou a sua ligação direta com a avenida Barão Homem de Melo, à qual também se liga pelas ruas Paulo Piedade Campos, seja continuando pela rua Engenheiro Godofredo Santos seja pela rua Nilo Antônio Gazire, e pelas ruas Frei Hilário Meekes, Professor Ivan Lage e Ilacir P. da Cunha. Classificada como coletora e com largura média de 25 m, essa avenida apresenta canteiro central e funciona em sentido direcional duplo, com uma faixa de tráfego e uma de estacionamento por sentido, excetuando-se: • o trecho entre a avenida Engenheiro Carlos Goulart e a rua Dr. José Rodrigues Pereira, que é dotada de quatro faixas de tráfego com sentido direcional único, centro-bairro, e duas faixas destinadas ao estacionamento permitido; • o trecho entre as ruas Dr. José Rodrigues Pereira e Líbero Leone que conta com duas pistas separadas por canteiro central dotadas de três faixas de tráfego para cada sentido. No sentido centro-bairro não há faixa de estacionamento permitido e no Sistema Viário e Circulação 13 sentido bairro-centro a faixa a direita abriga um ponto de embarque e desembarque de ônibus; 3.7 • o trecho entre as ruas Dr. Líbero Leone e Dr. Lucidio Avelar que conta com duas pistas separadas por canteiro central dotadas de três faixas de tráfego para cada sentido. No sentido centro-bairro a faixa próxima ao meio fio é destinada ao estacionamento permitido de veículos e no sentido bairro-centro a faixa a direita abriga um ponto de táxi; • o trecho entre as ruas Engenheiro Aluízio Rocha e Alessandra Salum Cadar que, no sentido centro – bairro, apresenta três faixas de tráfego, sendo uma para a conversão à esquerda. Volumes existentes Pesquisas de tráfego realizadas em 2007 mostram os volumes de tráfego nos principais trechos das vias de acesso ao Vetor Sul, como mostrado no quadro abaixo. Quadro 1 - Volumes de Tráfego pesquisados em 2007 Via Av. Nossa Senhora Do Carmo Raja Gabaglia Raja Gabaglia MG 030 BR 356 Sentido Centro - Bairro Bairro Centro Contorno - BR 356 BR 356 - Contorno BR 356 - BHShopping BHShopping - BR 356 BHShopping - Nova Lima Nova Lima - BHShopping BH - Rio de Janeiro Rio de Janeiro - BH Número de faixas Volume horário 3 3 3 3 3 2 1 1 2 2 2660 1165 2723 2368 4065 2241 1528 1234 3534 2269 Capacidade máxima em fluxo livre 5400 5400 5400 5400 5400 3600 1800 1800 3600 3600 Fonte: Técnicos em Transporte Ltda Sistema Viário e Circulação 14 4 Projetos em andamento ou em desenvolvimento no Vetor Sul A Figura 1 apresenta os projetos em andamento ou em desenvolvimento nos diversos órgãos consultados, descritos a seguir. Figura 1 – Projetos em andamento Sistema Viário e Circulação 15 4.1 BHTRANS O projeto que esta sendo desenvolvido pela BHTRANS para a região do Vetor Sul e cuja denominação é tratada por Rota Sul, consiste em uma implantação em duas etapas: 1ª Etapa: O projeto nesta primeira parte deverá implantar uma faixa priorizando o transporte coletivo e procurando reduzir os conflitos existentes na utilização do sistema viário. O projeto Rota Sul inicia na Av. João Pinheiro com Av. Afonso Pena, seguindo pela Praça da Liberdade, continuando pela Av. Cristovão Colombo e finalizando na Av. Nossa Senhora do Carmo. No trecho entre a Av. João Pinheiro e a Av. Nossa senhora do Carmo até a Rua Passa Tempo o projeto contempla a utilização de uma faixa preferencial à direita para o transporte coletivo, com tratamento diferenciado para todos os pontos de embarque e desembarque, procurando a melhoria operacional do serviço. 2ª Etapa: Na segunda etapa do projeto será implantada uma pista exclusiva para o transporte coletivo no trecho da Av. Nossa Senhora do Carmo a partir da Rua Passa Tempo até o final das quatro pistas, depois deste trecho será novamente deslocada a operação para a faixa preferencial à direita e novamente com tratamento diferenciado para todos os pontos de embarque e desembarque. Nesta fase do projeto passa por estudos também a operação dos pontos de embarque e desembarque com a implantação de estações de pré-embarque e com tarifação antecipada para ampliar a velocidade operacional do sistema. O BHBUS, Programa de Reestruturação do Transporte Coletivo de Belo Horizonte, gerenciado pela BHTRANS, prevê a implantação de um terminal de integração na região próxima ao BHShopping, não havendo ainda a definição do local e do seu funcionamento. Sistema Viário e Circulação 16 VIURBS O Programa de Estruturação Viária de Belo Horizonte – VIURBS, desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, tem como propósito analisar a malha viária existente e priorizar a implantação das novas conexões viárias, considerando as propostas do Plano Diretor. Mais do que isso, o VIURBS realizou um processo de cadastramento, consistência, desenvolvimento de alternativas e seleção das melhores soluções viárias, classificando-as conforme sua importância, benefício e viabilidade para a cidade. A Prefeitura de Belo Horizonte, de posse dos produtos deste Programa, estabelece o conjunto de projetos e ações que permitirão consubstanciar as diretrizes emanadas do Plano Diretor, conforme sua obrigação legal, com um novo instrumento que vai ampliar as possibilidades de retorno dos recursos a serem empregados nessa área. Os projetos mais relevantes do Programa que envolvem diretamente o Vetor Sul e que contribuem para a reordenar o fluxo atual desta região, seja através da criação de novas vias ou de melhorias pontuais a serem implementadas e que possibilitam ampliar a malha viária existente, com ganhos significativos nos deslocamentos, são: Sistema Viário e Circulação 17 4.1.1 Projeto nº 85 Criação da Via 841 que interligará a Rua Patagônia, no Sion, com a Av. Artur Bernardes na Barragem Santa Lucia, passando em túnel sob a Av. Nossa Senhora do Carmo na altura do trevo do Belvedere. Será implantado o prolongamento da rua Halley até essa nova via, permitindo a sua ligação com a Praça das Constelações e daí até a av. Nossa Senhora do Carmo (BR 356) Figura 2 - Projeto 085 - Ligação São Bento - Sion Sistema Viário e Circulação 18 4.1.2 Projeto nº 87 Criação da Via 933 interligando a Rua Planetóide (Via 813) com a Av. Nossa do Carmo (Via 660) possibilitando uma nova saída do bairro Santa Lucia para a avenida Nossa Senhora do Carmo em direção à avenida Raja Gabaglia. Figura 3 – Projeto 087 – Ligação Santa Lúcia – av. Nossa Senhora do Carmo Sistema Viário e Circulação 19 4.1.3 Projeto nº 14 Implantação da interseção em desnível das avenidas Raja Gabaglia e Barão Homem de Melo e da Rua José Rodrigues Pereira (670, 680 e 709), em desnível, melhorando significativamente o fluxo dessas vias com a redução dos conflitos. Figura 4 - Projeto 14 - Interseção das avenidas Raja Gabaglia e Barão Homem de Melo e da rua José Rodrigues Pereira Sistema Viário e Circulação 20 4.1.4 Projeto nº 02 Implantação do Portal Sul que consiste no novo acesso de Belo Horizonte para Nova Lima (Via 120 e VIA 110) e da alça de acesso da BR 356 sentido Rio de Janeiro para Nova Lima. Essa intervenção faz parte de um projeto onde participam o DNIT, Prefeitura de Belo Horizonte e Prefeitura de Nova Lima. Sua função é retirar o tráfego de passagem de e para Nova Lima, Raposos e Rio Acima da praça Marcelo Goes Menicucci e da parte da MG 030 em frente ao BHShopping, separando-o do tráfego com destino ao Belvedere e ao shopping. Figura 5 - Projeto 02 - Interseção da BR 356 com a MG 030 4.1.5 Projeto nº 04 Implantação da Av. Parque da Serra (VIA 276) que permite interligar o Bairro Belvedere através da Av. Prof. Cristovam dos Santos com o Bairro Comiteco através da Av. José do Patrocínio Pontes, alcançando a Av. Afonso Pena pela Av. Agulhas Negras. Esta interligação constitui-se em parte do anel intermediário Sul, criando uma alternativa externa à avenida do Contorno para o tráfego entre a Praça das Bandeiras e a avenida Raja Gabaglia. Sistema Viário e Circulação 21 Figura 6 - Projeto 04 – Avenida Parque da Serra Sistema Viário e Circulação 22 4.1.6 Projeto nº 128 Revitalização do trevo da Mannesmann na BR-356. Visa melhorar suas alças de acesso, permitindo qualificar o trevo de acesso ao Bairro Pilar e ao mesmo tempo prevê o novo trevo para o acesso a nova Via 20. Figura 7 - Projeto 128 - Trevo da Mannesmann Sistema Viário e Circulação 23 4.1.7 Projetos nº 73a, 73b e 73c Implantação da VIA 20 interligando o Barreiro à BR-356 na altura do trevo da Mannesmann, possibilitando uma nova via de ligação desta região com a BR-356 sem utilizar o Anel Rodoviário. Será complementada, nos municípios de Ibirité e Betim pela Rodovia das Indústrias, que terá diretriz paralela à BR 381. Figura 8 - Projeto 73 - Via 020 - Barreiro Olhos Dágua 4.2 DNIT O DNIT tem sob sua jurisdição as rodovias federais BR 040 – Rio Brasília e BR 356 – Belo Horizonte – São João da Barra, e o Anel Rodoviário, que entre a BR 356 e a BR 381 é constituído pela BR 040. Existem os seguintes projetos em desenvolvimento para elas: 4.2.1 Anel Rodoviário A Federação das Indústrias de Minas Gerais, de acordo com convênio assinado com a Prefeitura de Belo Horizonte e com o DNIT está desenvolvendo um projeto de requalificação do Anel Rodoviário, em seus 26,7km de extensão. Orçada em R$ 400 milhões, a obra vai resultar na retirada de 5.000 pessoas da região de 27 vilas e favelas que serão realocadas para permitir a construção de novas pistas ao lado das atuais. Vocação das vias - O Anel Rodoviário, que abrange as regionais Barreiro, Oeste, Noroeste, Pampulha, Norte e Nordeste, será dividido em três setores, de acordo com suas características econômicas, sociais e ambientais. O Setor 1, chamado Via do Encontro, trecho que vai da BR–040 até o cruzamento com a avenida Amazonas, tem a maior preservação ambiental. Para valorizar essa característica, serão construídas áreas de lazer, grandes arenas para eventos, parques e centros gastronômicos no entorno. O Setor 2, ou Via Metropolitana, vai da avenida Amazonas até o entroncamento com a avenida Cristiano Machado. No local será construído um grande centro de prestação de Sistema Viário e Circulação 24 serviços, como instalação de empresas semi-atacadistas, shoppings, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Correios e prédios de serviços públicos, como regionais e secretarias. E o Setor 3, a Via da Morada, está compreendido entre a avenida Cristiano Machado e o limite do município de Belo Horizonte, na BR–381, sentido Vitória. Na área serão instalados conjuntos habitacionais que podem receber as pessoas que terão de deixar a via por causa de desapropriações. Será construído também um grande centro de exposição e produção de artesanato, esperado como fonte geradora de emprego e renda. A obra tem condições de ser contemplada com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) havia delegado à Prefeitura de Belo Horizonte a realização do estudo, que acabou nas mãos da FIEMG por meio de convênio firmado com o município. O projeto prevê tratamento em todas as intercessões dos 27 km do Anel, aumento expressivo de passagens de nível, passarelas, sinalização e pistas laterais. Seriam mais de 40 mil moradores beneficiados na região. A obra, entretanto, depende da implantação do Anel Norte, ou Rodoanel, em elaboração pelo DNIT, ligando num arco a rodovia BR 381 em Betim a Ravena, no seu prolongamento em direção a Vitória. 4.2.2 Interseção das rodovias BR 356 e MG 030 Este projeto, contemplado no VIURBS como Projeto 02, está em processo de aprovação pelo DNIT, por envolver rodovia de sua jurisdição. 4.2.3 BR 040 O trecho da BR 040 entre o trevo de saída da BR 356 para Ouro Preto e a cidade de Barbacena deverá ser duplicado, com seção transversal equivalente à do trecho ente Belo Horizonte e o trevo de Ouro Preto. Não há, entretanto, previsão de início da obra, que deverá estar vinculada ao processo de concessão da rodovia. 4.3 Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas – SETOP A SETOP é responsável pelo planejamento dos sistemas de transporte coletivo intermunicipal no estado de Minas Gerais. Recentemente licitou a concessão do sistema metropolitano. Em 2008 licitou o novo sistema de transporte metropolitano, que prevê a implantação de um modelo tronco alimentador, em que existirão terminais de integração nas cidades da RMBH e linhas troncais ligando esses terminais entre si e ao centro de Belo Horizonte. Há a previsão de um terminal da região de Nova Lima, o qual receberia parte das linhas com origem nesse município e destino a Belo Horizonte, e todas as com origem em Raposos e Rio Acima, transportando a partir daí os passageiros para a área central de Belo Horizonte em uma linha troncal, com veículos de maior capacidade. O local exato da implantação do terminal ainda está em estudo pela SETOP. 4.4 DER O DER tem participação na aprovação do projeto da interseção das rodovias BR356 e MG030, pela sua jurisdição do trecho estadual que se encontra dentro do município de Belo Horizonte. Sistema Viário e Circulação 25 A MG 030 teve sua duplicação delegada à Prefeitura Municipal de Nova Lima e já foi executada no trecho até a sede do município, apenas no aspecto de projeto e construção. A manutenção, operação e conservação permanecem sob responsabilidade do DER/MG. Além disso está pavimentando a estrada entre Piedade do Paraopeba e a BR 356, que se transformará em uma alternativa de acesso para Brumadinho. 4.5 Prefeitura Municipal de Nova Lima A Prefeitura de Nova Lima tem dois projetos de envergadura quanto a sistema viário: continuação da duplicação da MG 030 até Honório Bicalho e implantação da ligação da MG030 às BRs 356 e 040. 4.5.1 Duplicação da MG 030 Tendo recebido delegação do DER/MG para elaboração de projeto e implantação da MG030, a Prefeitura vai duplicá-la até o distrito de Honório Bicalho, com as mesmas características do trecho já implantado em direção a Belo Horizonte. 4.5.2 Ligação da MG 030 às BRs 040 e 356 A Prefeitura começou a implantação de rodovia ligando a MG 030, no distrito de Honório Bicalho, à BR 040, na região do condomínio Miguelão, e à BR 356, próximo ao AlphaVille. A rodovia aproveitará o traçado de via já existente, com melhorias do padrão de projeto, e terá uma plataforma de 23m, sendo duas pistas de 7m de seção útil separadas por um canteiro central de 1m. Iniciará em Honório Bicalho e seguirá em direção sul por cerca de 16,5km. A partir deste ponto se dividirá em duas, numa interseção em “Y”, com um segmento em direção à BR 040 se desenvolvendo a leste por cerca de 9,3km e outro em direção à BR 356, se desenvolvendo ao sul por cerca de 15,9km, conforme mostrado na Figura 9 Sistema Viário e Circulação 26 Figura 9 - Intervenções da Prefeitura de Nova Lima Sistema Viário e Circulação 27 5 Conclusões Após as apresentações dos demais trabalhos no workshop realizado, algumas considerações devem ser feitas a respeito do relacionamento desses temas com o de transporte e trânsito. 5.1 Interação – Meio Ambiente A questão ambiental desta região apresenta o principal limitador para a implantação de infraestrutura viária, considerando que áreas de proteção ambiental devem ser mantidas e constituem um dos pontos de maior atratividade para o desenvolvimento desta região, como foi destacado no relatório ambiental: Em Nova Lima citam-se Reserva do Tumbá, Fechos (APE - Estação Ecológica), Rola Moça (Parque Estadual), Mutuca (APE), Mata do Jambreiro (RPPN),Cristais (RPPN), Parque Municipal do Rego dos Carrapatos (Parque Ecológico), e ainda a Mata Samuel de Paula (RPPN), Mata Capitão do Mato e o Parque Municipal Rego Grande. Em Brumadinho, citam–se as APE’s do Rio Manso e Catarina, além da APA Inhotim e das RPPN’s Sítio Grimpas e Jequitibá. Ressalte-se ainda que a APA SUL abrange parte considerável dos territórios dos municípios do Vetor Sul. Além desta característica devemos considerar como grande obstáculo a formação do relevo, que apresenta serras consideradas como divisores naturais dos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima e Brumadinho, que também contribuem como fator restritivo na implantação de um sistema viário diversificado para integrar ou mesmo para permitir traçados favoráveis à circulação. As serras do Curral e do Rola Moça, partes da Cordilheira do Espinhaço, separam a área de expansão do Vetor Sul do município de Belo Horizonte, com dois pontos representativos de travessia, em dois cortes geológicos, um por onde passa a MG 030 e outro por onde passa a BR 356 / BR 040. Os projetos em desenvolvimento pelos órgãos responsáveis pelo sistema viário convergem para estes dois pontos, não existindo nenhuma alternativa diferente de acesso em estudo. Existem duas propostas básicas, ainda sem os estudos necessários de viabilidade técnica e econômica e de impacto ambiental, uma com a construção de um túnel no prolongamento da avenida Agulhas Negras, no bairro Mangabeiras, em Belo Horizonte, e outra pelo Taquaril, na região leste de Belo Horizonte, contornando a serra do Curral na diretriz da estrada velha de Nova Lima, hoje em solo natural não pavimentado. 5.2 Interação – Empreendimentos Os empreendimentos imobiliários projetados e em implantação no Vetor Sul, especialmente os voltados à habitação, produzirão impactos representativos no volume de tráfego gerado por esses pólos. Verifica-se, pelos volumes pesquisados e apresentados neste Relatório, que a capacidade de tráfego dos dois principais corredores, a BR 356 e a MG 030 já se configura como um fator limitador, com a ocorrência freqüente de níveis de serviço elevados e congestionamentos. Outro fator determinante nesta analise é de que esta expansão urbana para o Vetor Sul está diretamente ligada a uma parcela da população de maior poder aquisitivo, com alta taxa de motorização e uso intensivo do transporte individual, o que resultará em acréscimos de volume de tráfego representativos na malha viária. Sistema Viário e Circulação 28 5.3 Interação – Estrutura Urbana O processo de urbanização desta região acontece de forma não planejada e sem definição de diretrizes que amenizem estes impactos, como foi citado no relatório de estrutura urbana e que considerou quatro pólos distintos de urbanização: - Eixo de Desenvolvimento Metropolitano – Área de influência direta da BR 040; - Eixo de Desenvolvimento Urbano – Área de influência direta da MG 30; - Vertentes do Rio das Velhas – áreas situadas a leste da BR 040, onde predominam condomínios e sítios de recreio, com reservas naturais importantes; - Vertentes do Rio Paraopeba – Situadas a oeste do eixo da BR 040 estão localizadas no município de Brumadinho. Verificou-se, ao longo dos anos, uma flexibilização do uso desses pólos, com a maior permissividade construtiva, incorporando-se ao ambiente construções multifamiliares verticalizadas, sem acontecer a necessária reestruturação do sistema viário. As vias projetadas para uma densidade demográfica baixa se saturarão inexoravelmente com a geração de tráfego decorrente dessa urbanização, propagando os congestionamentos hoje existentes no sistema viário principal (MG 030 e BR 356) para as vias internas aos loteamentos, como já ocorre com a Alameda da Serra em Nova Lima e seus acessos. Para que ocorra um planejamento integrado destas áreas é primordial que as esferas políticas que interferem neste processo atuem de forma ordenada otimizando investimentos, direcionando ações conjuntas e evitando descontinuidade de projetos e planos favoráveis a urbanização existente. Outro ponto a ser destacado que possibilita menores impactos no sistema viário e de transportes é o fortalecimento de políticas que estabeleçam a criação de novas centralidades regionais permitindo a redução dos deslocamentos e com menores demandas de transportes. O sucesso para o crescimento urbano do Vetor Sul se dará através da informação dos efeitos de ações não planejadas para infraestrutura urbana e meio ambiente e que comprometam um crescimento econômico equilibrado e com qualidade de vida. 5.4 Considerações gerais A análise conjunta dos diversos temas e do seu relacionamento com o de transporte e trânsito demonstra claramente que o crescimento das fontes geradoras de tráfego acontece de maneira desordenada, sem um direcionamento legal adequado sob o aspecto de equilíbrio de demanda e oferta, e sem participação conjunta dos diversos setores interessados ou mesmo impactados, considerando-se entre esses os empreendedores privados, o setor público responsável pela infra-estrutura e a população residente atual e futura. A falta do Plano Diretor Metropolitano é patente, tanto no desenvolvimento de um sistema viário mais adequado à região, com desenvolvimento de novas alternativas de vias alem das á existentes, quanto na compatibilização dos usos do solo dos diversos municípios. A integração entre os diversos níveis de governo tem se mostrado tênue, com as visões diferentes em escala. Por mais alta a escala da decisão e da intervenção ela se reflete imediatamente na escala microscópica, e vice-versa. Assim, a ação do DNIT, DER, Prefeituras e BHTRANS deve ser obrigatoriamente integradas e de acordo com as necessidades de todos os atores envolvidos, sejam os usuários de longa distância, como o tráfego rodoviário, sejam os de curta distância, moradores da região, otimizando investimentos, direcionando ações Sistema Viário e Circulação 29 conjuntas com prioridades claras e definidas e evitando descontinuidade de projetos e planos favoráveis à urbanização desejável. Um aparente paradoxo demonstra a difícil relação entre as demandas decorrentes do adensamento do uso do solo e a infraestrutura viária: o aumento da acessibilidade em geral provoca a redução da mobilidade. Isto acontece porque a toda intervenção que vise o aumento da capacidade viária corresponde uma valorização imobiliária da região, fomentando um adensamento demográfico em geral em níveis superiores aos previstos no planejamento das intervenções viárias, resultando em pouco tempo em novos níveis de saturação do viário, que podem ser maiores que os originais. Consequentemente, as intervenções para aumento da acessibilidade devem priorizar inequivocamente o transporte público, que gera a melhor ocupação do sistema viário, além dos ganhos ambientais se comparado ao automóvel. A grande questão é como ofertar um sistema de transporte público em região de renda média e alta e com topografia acidentada, que tenha atratividade suficiente para se tornar economicamente viável, uma vez que o aporte de subsídios governamentais deve obrigatoriamente priorizar as regiões de menor renda. O fortalecimento de políticas que estabeleçam a criação de novas centralidades regionais pode permitir a redução dos deslocamentos e conter as demandas de transportes. Entretanto, as centralidades emergentes no Vetor Sul ainda não lograram êxito nisso, uma vez que, se criaram novos empregos para as populações de renda mais baixa da região, evitando que as mesmas se desloquem para Belo Horizonte de ônibus, por outro lado não contiveram em si mesmos a demanda de viagens das populações de renda mais alta, facilitadas pela alta taxa de motorização. Sistema Viário e Circulação 30 Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte 1º Workshop Situação Atual do Vetor Sul Auro Queiroz JANEIRO A ABRIL DE 2009 PRIMEIRO WORKSHOP Realizado no dia 13 de março de 2009, na sede da Casa Fiat de Cultura, o workshop “A Situação Atual do Vetor Sul” contou com a participação de cerca de 90 pessoas, entre representantes dos oito municípios priorizados no Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da RMBH (PAE), do empresariado, de organizações da sociedade civil, do Governo do Estado e da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (lista completa dos participantes anexada). Na abertura do workshop, o Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Horizontes, Teodomiro Diniz Camargos definiu o Vetor Sul como “uma gema a ser lapidada”, ressaltando a qualidade de vida da região e seu potencial de atratividade. Ao mesmo tempo, expressou a responsabilidade de todos em preservar o patrimônio ali existente, com a valorização dos empreendimentos locais, e destacou a responsabilidade do próprio Instituto Horizontes em conduzir o processo de estabelecimento das ações estratégicas para a região, através do levantamento de dados e informações temáticas e de amplo debate com os diversos agentes. Após esclarecimentos sobre a dinâmica do workshop, tiveram início as apresentações temáticas pelos consultores, cada uma com cerca de 15 minutos, sobre Meio Ambiente, Estrutura Urbana e Uso do Solo, Principais Empreendimentos e Sistema Viário e Circulação. Paulo Maciel Júnior, Diretor da Lume Estratégia Ambiental, fez sua explanação sobre o Meio Ambiente, mostrando a localização do Vetor Sul no quadrilátero ferrífero e a evolução comparativa da população em municípios da região nos anos de 1980, 1991, 2000 e 2007. Fez, também, análises sobre o Uso do Solo, as Unidades de Conservação existentes na região, os Requerimentos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), as Zonas de Abastecimento da Copasa, o Sistema de Esgoto existente e das Unidades de Paisagem. Jorge Fernando Vilela, da Jorge Vilela Arquitetos Associados Ltda, expôs a temática Estrutura Urbana e Uso do Solo, detalhando aspectos como: Áreas Típicas e Rede de Centros da GBH; Eixos de Desenvolvimento da GBH; o Processo de Urbanização nas Metrópoles e no Vetor Sul; a Taxa de crescimento populacional da GBH por décadas; a Rede de Centros do Vetor Sul; o Eixo de Desenvolvimento Metropolitano: Belvedere III / Vila da Serra, Olhos D’Água / Pilar, Jardim Canadá, Vale do Sol, Alphaville; o Eixo de Desenvolvimento Urbano: Nova Lima, Raposos, Honório Bicalho, Rio Acima e a Rede de Centros Futura da GBH e Estrutura Urbana Futura. Paulo Zuquim de Figueiredo Neves, da PCL Projetos e Consultoria Ltda, apresentou os Principais Empreendimentos do Vetor Sul, com um breve histórico da região e uma síntese com o levantamento dos principais empreendimentos habitacionais e comerciais implantados, em implantação e previstos para a região. A demonstração foi quantificada por municípios, demonstrando pontualmente a população atual estimada e o número de vagas de estacionamento previsto. Osias Batista Neto, da Baptista Engenharia de Transporte e Arquitetura Ltda, explanou sobre o Sistema Viário e Circulação do Vetor Sul, apresentando as principais vias de ligação da região (Avenida Nossa Senhora do Carmo, Avenida Raja Gabaglia, Anel Rodoviário, MG – 030 e BR 365 / BR 040) e mostrando as Serras do Curral e Rola Moça, que tornam-se obstáculos para a expansão do sistema viário local, bem como os volumes do tráfego na região, por trecho. Concluiu sua apresentação citando o levantamento dos projetos viários existentes para a região. Primeiro Workshop 1 Grupos e plenária Após as apresentações, os participantes foram divididos em quatro grupos de discussão. Cada um dos consultores temáticos dedicou cerca de quinze minutos em cada um dos grupos, em esquema de rodízio, o que permitiu aos presentes esclarecer eventuais dúvidas sobre os temas apresentados em plenário. Após o almoço, os trabalhos foram retomados em dois grupos, sob a coordenação de José Lopes Agulhô e Rodrigo Andrade, para novos debates, baseados nas informações apresentadas no turno da manhã e em suas experiências vividas na região, bem como sobre as principais ameaças e oportunidades encontradas no Vetor Sul. Ao final dos debates em grupo, os participantes foram novamente agrupados na plenária, com o intuito de encontrar convergência das opiniões sobre os pontos levantados. Dessa sequência de debates concluiu-se o Diagnóstico Compartilhado Preliminar, expresso pelo consenso sobre as principais Ameaças e Oportunidades, listadas a seguir. AMEAÇAS ● A multiplicidade de agentes públicos, privados e da sociedade civil, atuando no território de forma não integrada, com viés limitado a seus interesses específicos e sem visão de futuro. ● A falta de sinergia entre municípios e Estado, no tratamento das questões que envolvem o interesse comum na região. Os municípios exercem ações reguladoras e fiscalizadoras, sem grande eficácia, cada um em sua jurisdição, sem unificar ou compatibilizar suas políticas. Há um clima de guerra fiscal. Não há mediação do Estado no sentido de promover o entendimento entre os municípios. ● A persistência de posições radicais no confronto entre os interesses privados e os coletivos e entre os interesses econômicos e os de preservação dos valores ambientais. ● O crescente índice de verticalização e adensamento do uso do solo em vários pontos da região e suas conseqüências nas condições do saneamento básico, no aumento da circulação e na demanda por transporte coletivo, podem comprometer os atributos de qualidade de vida que foram as motivações iniciais para sua ocupação. ● O crescimento demográfico se dá via concentração de população de alta renda, excluindose do processo os estratos de renda inferior. Não há previsão para o assentamento das populações de média e baixa renda, mesmo considerando os postos de emprego que são criados na região nos setores industrial, comercial e de serviços. ● O estrangulamento do sistema viário, em que prevalece o uso do transporte privado, por falta de um planejamento global e integrado, torna previsível o colapso da acessibilidade à área e de sua mobilidade interna. As ações tópicas podem agravar o problema num círculo vicioso: o aumento da oferta de vias gera maior atratividade da região para novos empreendimentos. Não havendo controle do crescimento da demanda, esta volta a crescer em maiores proporções à medida que novas facilidades são criadas. Aqui também não há a mediação do Estado no sentido de promover o entendimento entre os municípios envolvidos. ● A sobrecarga do principal eixo viário da região (BRs 040 e 356) em decorrência da consolidação e adensamento das centralidades de Olhos d’Água / Pilar, Jardim Canadá e Alphaville. Primeiro Workshop 2 OPORTUNIDADES ● Os aspectos positivos da crise, que são os de dar grande visibilidade aos valores que todos estarão perdendo se não souberem compatibilizar seus interesses e de mostrar a conveniência de repensar o ritmo dos empreendimentos para que se tenha tempo de encontrar soluções viáveis para os problemas identificados. ● A retomada do planejamento e gestão metropolitanos pelo Estado em novo arranjo institucional, que contemplou a criação da Agência Metropolitana e a elaboração do Plano Diretor Metropolitano, certamente irá promover o entendimento entre os municípios membros, favorecendo o desenvolvimento de ações estratégicas que visem o interesse comum. A disposição da sociedade para o diálogo e para participar da formulação e implementação de políticas de interesse comum é também uma oportunidade de mudança do quadro atual. ● A possibilidade de evitar o agravamento da situação atual do Vetor Sul, tratando-o com prioridade nos trabalhos de elaboração do Plano Diretor Metropolitano. ● A base física em que se assenta o Vetor Sul é um patrimônio ambiental diferenciado. Associado à qualidade de seu patrimônio histórico e cultural, que mantém viva a memória colonial na região, apresenta um extraordinário potencial para o turismo científico, ecológico, de aventuras, de lazer e outros. ● O aproveitamento do potencial de empreendimentos a ser ainda explorado na região, de forma compatível com a conservação e o usufruto dos grandes valores ambientais existentes. Os empreendimentos imobiliários no Vetor Sul impressionam por sua dimensão e pelo volume de seus investimentos. O dinamismo da produção imobiliária ocorre mesmo com a ausência do Estado que, até o momento, não percebeu o potencial da região no desenvolvimento da metrópole. Esta capacidade de investimento é um extraordinário fator de mudança, a ser aproveitado na promoção do desenvolvimento sustentável da região. ● O potencial de gerar marca diferencial, de ampla repercussão positiva, para Belo Horizonte, ao conseguir, com este trabalho, compatibilizar a manutenção dos valores econômicos e ambientais da região na perspectiva de proporcionar a consolidação de novo eixo de equilíbrio para a Estrutura Metropolitana. ● A diversificação de usos e ocupação do solo, com criação de áreas habitacionais para pessoas de menor renda e para a instalação de serviços sociais integrados às redes metropolitanas de transporte, educação, saúde e outros. ● O aproveitamento do potencial das áreas liberadas progressivamente pelas minerações, à medida que vão se esgotando as jazidas licenciadas, para usos diversos da habitação, como a instalação de grandes equipamentos sociais ou a recomposição ambiental exemplar. ● A existência de uma instituição voltada para a preservação ambiental na região, a APA SUL, ainda não implementada efetivamente, é uma oportunidade no sentido de se promover o monitoramento do processo de desenvolvimento da região, garantindo a preservação e manutenção de seus ativos ambientais. O zoneamento previsto no estatuto da APA SUL seria o ponto de partida para se estabelecerem os parâmetros que balizariam o desenvolvimento sustentável no Vetor Sul. ● O conhecimento adquirido é um ponto de partida para a construção de cenários futuros, capazes de balizarem as ações de longo prazo. O Programa de Ações Estratégicas passa a ser um marco na mobilização dos agentes que atuam na região, podendo se constituir numa referência permanente para novas iniciativas. ● A divulgação dos trabalhos, para ampliar na sociedade a consciência dos problemas e obter as novas adesões e os comprometimentos necessários à sua solução. Primeiro Workshop 3 SÍNTESE DAS CONCLUSÕES Uma vez estabelecidas as Ameaças e Oportunidades, principais parâmetros para a identificação das Ações Estratégicas, examinamos os estudos setoriais numa matriz de interações, com vistas a obter uma visão sintética dos resultados desta etapa do trabalho. Nos campos numerados dessa matriz, encontramos as interferências recíprocas entre o que se concluiu em cada um dos quatro aspectos abordados e nos da diagonal principal as conclusões pertinentes a cada setor em si mesmo. MEIO AMBIENTE ESTRUTURA URBANA MEIO AMBIENTE ESTRUTURA URBANA EMPREENDIMENTOS SISTEMA VIÁRIO CIRCULAÇÃO A 1 2 3 B 4 5 C 6 EMPREENDIMENTOS SISTEMA VIÁRIO CIRCULAÇÃO D AO Vetor Sul é área de grande relevância natural e cultural, quase toda coberta pela APA Sul e tem cerca de 17 áreas de reserva e preservação. A paisagem é dominada pela seqüência das serras do Rola Moça e da Moeda, divisor de águas das bacias do Alto Rio das Velhas e do Médio Paraopeba. A vertente do Rio das Velhas, de topografia muito acidentada, abriga inúmeros fragmentos de florestas e tem uma rede de drenagem natural que forma mais de 40 quedas d’água. É marcada pela presença das minerações e de atividades urbanas em permanente conflito com a preservação ambiental. Na vertente do Paraopeba, de relevo mais ondulado, é menor a presença das minerações e predominam as atividades rurais, mas um conflito semelhante já se manifesta. Os índices de desenvolvimento econômico e social dos municípios destas duas vertentes são distintos, com vantagem para os da vertente da bacia do Rio das Velhas. Destacam-se, entre os aspectos a merecerem maior atenção: a necessidade de integrar as unidades de proteção com a criação de corredores de biodiversidade e unidade de gestão, a conveniência de estimular e organizar o turismo como fator de melhor aproveitamento do patrimônio natural e cultural e expandir a infra-estrutura de saneamento, uma vez que a Primeiro Workshop 4 carência de tratamento dos efluentes sanitários representa riscos para a qualidade do lençol freático e dos cursos d’água numa área em que estão algumas das principais fontes de abastecimento de água da metrópole. 1Há uma evidente correspondência entre as unidades de análise do meio ambiente e as áreas típicas que definem a estrutura urbana. A conformação das serras do Curral, Rola Moça e da Moeda determinam a posição e a forma dos eixos de Desenvolvimento Metropolitano e de Desenvolvimento Urbano; as diferenças entre os relevos e estrutura fundiária do alto Rio das Velhas e do Médio Paraopeba determinam os diferentes estágios de ocupação dessas áreas. É seguro afirmar que, a questão ambiental, que sempre foi preocupação da sociedade com relação ao processo de urbanização no Vetor Sul, se torna no momento uma questão menor, diante dos problemas viários e de transportes configurados na região, porque ambientalistas, governo e sociedade, se anteciparam e trataram a questão com mais competência e eficiência do que ocorreu com as questões relacionadas ao desenvolvimento urbano e metropolitano. 2A redução das qualidades ambientais da área, que são os principais fatores de atração dos atuais empreendimentos, certamente repercute na redução dos valores comerciais e na atratividade para novos investimentos. As relações entre o valor do meio ambiente e o valor comercial da área são, neste sentido, unívocas: perdas ou ganhos de valores ambientais sempre determinam perdas ou ganhos de valores comerciais. No sentido oposto, estas relações são diferentes: a perda de valor comercial não determina forçosamente a perda de valores ambientais e, ao contrário, a valorização comercial é quase sempre um fator de risco para a preservação do meio ambiente natural. Dentre os muitos loteamentos fechados do Vetor Sul, apenas o Alphaville e o Vale dos Cristais, em Nova Lima, são, legalmente regularizados como condomínios, sendo os únicos que dispõem de sistema de esgotamento sanitário completo. Os demais são dotados de fossas individualizadas. 3A questão ambiental representa o principal condicionante para a implantação de infra-estrutura viária, considerando que as áreas de preservação são também os pontos de maior atratividade para o desenvolvimento dessa região. Além desta característica devemos considerar a formação do relevo, que apresenta serras como divisores naturais dos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima e Brumadinho. As serras do Curral e Rola Moça separam o município de Belo Horizonte da área de expansão do Vetor Sul com dois pontos representativos de travessia, em dois cortes geológicos, um por onde passa a MG030 e outro por onde passa a BR 356 / BR040. Os projetos em desenvolvimento pelos órgãos responsáveis convergem para esses dois pontos não existindo nenhuma alternativa diferente de acesso em estudo. Existem duas propostas básicas, ainda sem estudos de viabilidade técnica, econômica e de impacto ambiental, uma com a construção de um túnel no prolongamento da Avenida Agulhas Negras, no bairro das Mangabeiras, outra pelo Taquaril, na região leste de Belo Horizonte, contornando a Serra do Curral na diretriz da estrada velha de Nova Lima, hoje em solo natural não pavimentado. De modo geral a topografia acidentada da área é um fator restritivo na implantação de um sistema viário diversificado para integrar ou mesmo permitir traçados favoráveis à circulação. É preciso encontrar outra ligação entre os municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, que não pelo Belvedere, sem comprometer os ativos ambientais da Mata do Jambreiro, Parque das Mangabeiras e Parque da Baleia, e sem afetar, sobremaneira, os sistemas viários dos dois lados da Serra do Curral. Primeiro Workshop 5 B- Do ponto de vista funcional quatro conjuntos de áreas típicas, se destacam no Vetor Sul: O Eixo de Desenvolvimento Metropolitano, área de influência direta da BR 040 e BR 356, com acessibilidade plena e os maiores índices de valorização imobiliária, pressionada tanto pela verticalização quanto pelo processo de metropolização; O Eixo de Desenvolvimento Urbano, área de influência direta da MG-30 e dos municípios de Nova Lima, Raposos e Rio Acima, que apresenta uma dinâmica típica de processo de desenvolvimento urbano local; As Vertentes do Rio das Velhas, áreas situadas a leste da BR-040, onde predominam, condomínios horizontais, sítios de recreio, reservas naturais importantes, com forte presença de atividade mineradora; As Vertentes do Paraopeba, áreas situadas a oeste da BR-040, com vocação para sítios de recreio e condomínios de baixa densidade, com presença significativa de atividades tipicamente rurais. O Eixo de Desenvolvimento Metropolitano – É onde acontecem as principais articulações do Vetor Sul com a metrópole e se formam as centralidades que tendem a assumir importância metropolitana. Dentre as centralidades locais ou de relevância metropolitana, ao longo das BR 356 e BR040, destacam-se: Belvedere III / Vila da Serra - De caráter metropolitano por sua complexidade e por envolver a jurisdição de dois municípios. O processo de revitalização preconizado pelo Plano Diretor de Nova Lima, que classificou os bairros vizinhos como Zona Especial de Revitalização Urbana, amplia a possibilidade de verticalização e, conseqüentemente, do adensamento. Localizada no cruzamento da BR-356 com a MG-030 iniciou-se sua formação com o Bairro Belvedere III, tendo como âncora o BH-Shoping. Hoje se expande pelos bairros Vila da Serra e Piemonte, ancorada tanto nos incentivos fiscais e urbanísticos concedidos pela prefeitura de Nova Lima, quanto no rápido adensamento populacional de seu entorno. Olhos D’Água/Pilar - Tende a assumir função de relevância metropolitana, principalmente devido aos vários empreendimentos de grande porte previstos ou em implantação na região, dentre os quais se desatacam o Leroy Merlin e a implantação da Rodovia das Indústrias prevista para se ligar à BR-040 na região de Olhos D’Água. Jardim Canadá - Tende a assumir o papel de centralidade de importância metropolitana por estar às margens da BR-040, em terreno com ótima topografia. Esse papel será reforçado com a implantação da via que o ligará à sede do município e com a implantação de áreas para assentamento industrial, comercial e residencial, previstas no Plano Diretor. Vale do Sol – Situada à esquerda da BR 040, no sentido Rio, tende a manter seu caráter local e a função de atendimento aos condomínios da região, embora a articulação prevista com a região de Macacos possa lhe atribuir um papel mais significativo. O Plano Diretor disponibiliza áreas no loteamento para atividades de comércio, indústrias e serviços. Sua ampliação, no entanto, é limitada pela extensa área de preservação ambiental classificada com ZEPAM no Plano Diretor de Nova Lima, pela Zona Rural do município e pela Unidade de Conservação de Fechos. Alphaville - Centralidade em formação que apresenta um grande potencial de desenvolvimento devido à sua localização estratégica, no cruzamento da BR-040 com a BR356, numa região de topografia favorável à ocupação urbana e a uma distância razoável do centro a metrópole. A disponibilidade de áreas para a expansão urbana, inclusive para o assentamento comercial e de serviços e a verticalização das edificações, permitidas pelo Plano Diretor são fatores de reforço desse potencial. Eixo de Desenvolvimento Urbano - A área de influência direta da MG-030 apresenta dinamismo típico de processo de desenvolvimento urbano local. A região é articulada tanto pelo centro de Belo Horizonte quanto pelo centro de Nova Lima, que articula ainda os núcleos urbanos de Raposos e Rio Acima. Primeiro Workshop 6 Refletindo a lógica de formação dos núcleos de mineração, as estruturas urbanas desses municípios caracterizam-se pelos arruamentos encaixados nos vales dos córregos e do rio. Esta característica se constitui no principal entrave ao processo de desenvolvimento urbano nesses núcleos, mas apresenta extraordinário recurso para atividades culturais e de turismo pela oportunidade de resgate de aspectos do passado colonial da região. O Vetor Sul tende a assumir um papel importante na estrutura urbana da metrópole como eixo de expansão metropolitana. Seu ingresso tardio no processo de metropolização, talvez tenha sido responsável pelo fato de seu desenvolvimento nunca ter sido cogitado nos diversos estudos de planejamento desenvolvidos para a região metropolitana. É lógico prever uma centralidade de importância metropolitana no Eixo Sul, em função de seu intenso processo de expansão urbana via produção imobiliária, com implantação de atividades de serviços associadas ao assentamento de população de alta renda, com altas taxas de motorização. Entendemos que o processo de formação e desenvolvimento dessa centralidade deveria ser objeto de um planejamento global específico, no sentido de capitalizar suas potencialidades, evitando-se que se percam oportunidades importantes, no sentido de estruturar, de forma consistente, um modelo de organização espacial adequado para a região. Seria uma ameaça para o Vetor Sul e para Metrópole o desenvolvimento dessa e de outras centralidades de menor porte na região, ao sabor das leis de mercado, sem um planejamento global. 4- No Vetor Sul uma combinação variada de fatores desencadeou um processo de valorização imobiliária, associado a um intenso processo de urbanização periférica, voltado para os extratos de população de alta renda. Um contingente cada vez maior de população de extratos mais altos de renda deixa as áreas centrais ou pericentrais da metrópole, para se localizar no Vetor Sul, não na forma tradicional dos sítios de recreio ou condomínios horizontais de baixa densidade, mas, preferencialmente, nos condomínios verticais de alta densidade. O processo de valorização imobiliária e a conseqüente verticalização resulta da proximidade dessas áreas em relação ao centro metropolitano e da qualidade de seus ativos ambientais típicos de região serrana (beleza cênica, vegetação, relevo, clima ameno). Somam-se a estes fatores as conseqüências das políticas diferenciadas adotadas por Belo Horizonte que, a partir de 1996, limitou o uso e a ocupação do solo na Região Centro Sul da capital e por Nova Lima que, em sentido contrário, concedeu incentivos fiscais e urbanísticos para a instalação de empresas e empreendimentos imobiliários no município. Estamos diante de um processo irreversível de suburbanização de população de alta renda que, há mais de dez anos, está configurando uma realidade nova na região. O impacto desse crescimento periférico e concentrado de população de alta renda, com altas taxas de motorização e sem planejamento, não se limita apenas ao local onde ele ocorre, mas, assume proporções e dimensões metropolitanas, na medida em que repercute no sistema viário e de transporte da metrópole como um todo. Se no âmbito local o problema é a infra-estrutura, concebida para uma densidade populacional muita vezes menor, ou mesmo as declividades típicas de uma região serrana, na dimensão metropolitana o problema é a ameaça de congestionamento das vias arteriais e regionais que articulam a região com o centro metropolitano e com os centros de emprego. Primeiro Workshop 7 5O processo de urbanização desta região acontece de forma não planejada e sem definição de diretrizes que amenizem os impactos. Verificou-se, ao longo dos anos uma flexibilização de uso do solo nas quatro áreas típicas que se destacam na Estrutura Urbana, com maior permissividade construtiva, sem acontecer a necessária reestruturação do sistema viário. As vias projetadas para uma densidade demográfica baixa se saturarão inexoravelmente com a geração de tráfego decorrente dessa urbanização, propagando os congestionamentos hoje existentes no sistema viário principal (MG 030 e BR356) para as vias internas aos loteamentos, como já ocorre na Alameda da Serra e seus acessos. É primordial que as esferas políticas que interferem neste processo atuem de forma coordenada, otimizando investimentos, direcionando ações conjuntas e evitando a descontinuidade de projetos e planos. Outro ponto a ser destacado, que possibilita menores impactos no sistema viário e de transportes, é o fortalecimento de políticas que favoreçam a formação de novas centralidades regionais permitindo a redução dos deslocamentos e da demanda de transporte. O efeito de ações não planejadas sobre a estrutura urbana e o meio ambiente compromete o crescimento econômico equilibrado e a qualidade de vida. C- A qualidade, a intensidade, mas principalmente, a dimensão dos empreendimentos ocorrentes no Vetor Sul, são os aspectos a serem aqui destacados. São 53 loteamentos fechados em Nova Lima, sendo 2 condomínios; 06 loteamentos fechados em Rio Acima; 02 loteamentos fechados em Itabirito e 26 loteamentos fechados em Brumadinho ocupados, predominantemente, por população de maior poder aquisitivo originária de Belo Horizonte. No bairro Belvedere há hoje, 3934 unidades construídas e, ainda, 75 lotes a serem ocupados. Adotando-se o índice de 3,53 habitantes por unidade habitacional, são 13.887 habitantes. Adotando-se o índice de 2,88 veículos por moradia, são 11. 330 automóveis, nesse bairro. Ao longo da MG-30 há, hoje, em Nova Lima 5.184 moradias, de que resultam 18.300 habitantes e 14.930 automóveis e, em Rio Acima, 548 unidades construídas, com população calculada de 1.934 pessoas e 1.578 automóveis. Já ao longo da BR-040, há 4.263 unidades construídas, resultando em 15.048 habitantes e 12.277 automóveis. À margem dessa mesma rodovia, no Município de Itabirito, há 336 unidades construídas, resultando em uma população de 1186 pessoas e 968 automóveis. Quanto a Brumadinho, há 3536 unidades construídas, de que resultam 12.482 habitantes e 10.184 automóveis. São 44.538 lotes a serem ainda ocupados, sendo de se destacar o Balneário Água Limpa, com parte em Nova Lima e parte em Itabirito, no qual há quase 10.000 lotes vagos. Recentemente, iniciou-se a construção de um condomínio vertical de 11 torres de apartamentos, à margem da MG-030, junto ao Ponto Verde, um pequeno centro comercial próximo da sede de Nova Lima. Há ainda a se considerar o potencial de novos empreendimentos, como o que está projetado para a antiga mina de Águas Claras e os que poderão vir em razão da abertura da rodovia que vai ligar Honório Bicalho à BR 356. Tratando de usos não habitacionais, devem ser lembrados os mais recentes: - em Belo Horizonte a expansão do BH Shopping, com mais de 100 lojas e 1.000 vagas de estacionamento; a construção de um supermercado na Avenida Senhora do Carmo, no bairro Santa Lucia; o Leroy Merlin na BR-356, próximo do bairro Olhos d’Água, a Faculdade Primeiro Workshop 8 Pitágoras, o Tribunal de Justiça e um grande edifício de escritórios, na Avenida Raja Gabaglia. -em Nova Lima o centro comercial Serena Mall, com 18 lojas e 200 vagas de estacionamento; o Colégio Santo Agostinho, com 1.100 alunos, cuja entrada e saída já causam transtornos no trânsito da MG-030; o conjunto de 8 condomínios, residenciais e chamado Vale dos Cristais, o primeiro já ocupado, em parte, por edifícios de apartamentos e parte por moradias unifamiliares. 6- Os empreendimentos imobiliários projetados e em implantação no Vetor Sul, especialmente os voltados para a habitação produzirão impactos representativos no volume de tráfego gerado por esses pólos. Verifica-se, pelos volumes pesquisados e apresentados que a capacidade de tráfego dos dois corredores, BR 356 e a MG 030 já se configura como um fator limitador, com a ocorrência freqüente de níveis elevados de serviço e de congestionamentos. Outro fator determinante nesta análise é de que esta expansão urbana para o Vetor Sul está diretamente ligada a uma parcela da população de maior poder aquisitivo, com alta taxa de motorização e uso intensivo de transporte individual, o que resultará em acréscimos significativos de volume de tráfego na malha viária. D- O crescimento das fontes geradoras de tráfego acontece de maneira desordenada, sem um direcionamento legal adequado, sob o aspecto do equilíbrio da oferta e da demanda e sem participação conjunta dos diversos setores interessados ou impactados, considerandose entre esses os empreendedores privados, o setor público responsável pela infra-estrutura e a população residente e futura. A falta do Plano Diretor Metropolitano é patente, tanto no desenvolvimento de um sistema viário mais adequado à região, com desenvolvimento de novas alternativas além das existentes, quanto na compatibilizarão dos usos do solo nos diversos municípios. A integração entre os diversos níveis de governo tem se mostrado tênue. A ação do DNIT, DER, Prefeituras e BHTRANS deve ser integrada e de acordo com as necessidades de todos os atores envolvidos, sejam eles usuários de longa distância, como o tráfego rodoviário, sejam os de curta distância, moradores da região. Um paradoxo demonstra a difícil relação entre as demandas decorrentes do adensamento de uso do solo e a infraestrutura viária: o aumento da acessibilidade em geral provoca a redução da mobilidade. Toda intervenção que vise o aumento da capacidade viária corresponde a uma valorização imobiliária da região fomentando um adensamento demográfico em geral de níveis superiores aos previstos no planejamento das intervenções viárias, resultando em pouco tempo em novos níveis de saturação do viário, que podem ser maiores que os anteriores. As intervenções para aumento de acessibilidade devem priorizar inequivocamente o transporte público, que gera a melhor ocupação do sistema viário, além dos ganhos ambientais se comparado ao automóvel. A grande questão é como ofertar um sistema de transporte público em região de renda média e alta, com topografia acidentada, que tenha atratividade suficiente para se tornar economicamente viável. As centralidades emergentes no Vetor Sul não lograram êxito em reduzir os deslocamentos, uma vez que criaram empregos para as pessoas de menor renda da região, evitando se desloquem para Belo Horizonte, mas contiveram em si mesmas a demanda de viagens da população de renda mais alta, facilitada pela alta taxa de motorização. Primeiro Workshop 9 Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte 2º Workshop Definindo Diretrizes e Ações Estratégicas Auro Queiroz JANEIRO A ABRIL DE 2009 DEFININDO DIRETRIZES E AÇÕES ESTRATÉGICAS SEGUNDO WORKSHOP O passo seguinte à conclusão do Diagnóstico Compartilhado foi a realização do 2º Workshop, em 15 de abril de 2009, também na sede da Casa Fiat de Cultura, contando com a participação de 85 pessoas, entre representantes dos municípios priorizados no Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da RMBH (PAE), do empresariado, de organizações da sociedade civil, do Governo do Estado e da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (lista completa dos participantes. Na oportunidade buscou-se a definição das Ações Estratégicas para combater as ameaças e potencializar as oportunidades encontradas. Na abertura do Workshop, o Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Horizontes, Teodomiro Diniz Camargos enfatizou a importância do evento e dos resultados almejados para a região, ressaltando a importância da participação da sociedade civil no Programa de Ações Estratégicas para o Vetor Sul. Rodrigo Ferreira Andrade, coordenador do PAE, fez a apresentação das Ameaças e Oportunidades levantadas no 1º Workshop, bem como uma Síntese das Conclusões, retratando as relações existentes entre as quatro áreas temáticas, base dos estudos: Meio Ambiente, Estrutura Urbana e Uso do Solo, Novos Empreendimentos e Sistema Viário e Circulação. Após a apresentação, os participantes foram divididos em cinco grupos de discussão. Os quatro consultores temáticos e o Coordenador do PAE coordenaram as discussões em grupo, onde foram debatidas as Ações Estratégicas que garantirão ao Vetor Sul sua característica primária de desenvolvimento aliado à qualidade de vida. DIRETRIZES E AÇÕES ESTRATÉGICAS Ao final dos debates, os cinco grupos expuseram à plenária suas propostas de Ações Estratégicas, das quais aflora, com nitidez, a consciência do limite das possibilidades de ocupação e aproveitamento da área. Para orientar a mobilização e atuação dos atores envolvidos, as ações propostas foram organizadas dentro das quatro Diretrizes Estratégicas, que também emanaram das discussões, a saber: 1 Segundo Workshop ● INTEGRAR AS AÇÕES DE PLANEJAMENTO E GESTÃO Ações Estratégicas: 1 Formar Grupos de Impulsão que se encarregarão de levar o documento síntese a todas as prefeituras do Vetor, à COPASA, à SEMAD, à FEAM, ao IEF, ao DER, ao DNIT, à APA SUL e demais unidades de preservação, no sentido de provocar um protocolo de intenções para a solução dos problemas comuns. 2 Dar apoio inequívoco à estrutura de planejamento metropolitano, contribuindo na compatibilização das legislações municipais e estadual, na busca de soluções locais que atendam uma visão regional e no oferecimento de estudos e propostas relativos ao Vetor Sul, para a elaboração do Plano Diretor Metropolitano. 3 Conseguir o empenho da Agência Metropolitana na mobilização das ações, na coordenação e harmonização das leis de parcelamento e uso do solo dos municípios, no estudo de soluções viárias e de saneamento de forma integrada e na eliminação da guerra fiscal entre eles. 4 Conseguir o empenho dos municípios na atualização de seus Planos Diretores à luz de uma perspectiva metropolitana 5 Incrementar o sistema de gestão da APA SUL através da implementação do zoneamento, do reforço institucional da secretaria executiva e da disponibilidade de dotação orçamentária. Dar início imediato ao aproveitamento dos estudos já elaborados estimulando encontros e debates entre as áreas afins de cada município. 6 Criar Grupo de Gestão Específico, com representantes de todos os tipos e níveis de interesse, tendo o Estado como mediador, e instituir um mecanismo de ação social, com metodologia adequada para gestão participativa. ● REVER OS MODELOS DE OCUPAÇÃO E USO DO SOLO Ações Estratégicas: 7 Complementar o desenvolvimento econômico com o necessário desenvolvimento social da região, implantando áreas residenciais, equipamentos e serviços comunitários destinados ao pessoal de menor renda empregado nos empreendimentos comerciais e habitacionais existentes e futuros. 8 Planejar o uso futuro das áreas mineradas com novas perspectivas econômicas baseadas em equipamentos de lazer, de turismo, de captação de água e de recuperação ambiental. 9 Elaborar um Plano Diretor de Turismo para o Vetor Sul, potencializando seus atributos naturais, culturais e patrimoniais. 10 Implementar o Sistema de Áreas Protegidas – SAP para o Vetor Sul, criando corredores ecológicos entre as unidades existentes. 11 Tornar a região, com as universidades e centros de pesquisa qualificados, num centro de referência em “excelência de recuperação ambiental e qualidade de vida”. 2 Segundo Workshop ● CONTROLAR OS FATORES QUE ESTIMULAM O ADENSAMENTO E O TRÁFEGO Ações Estratégicas: 12 Atualizar os planos diretores com revisão dos potenciais de verticalização e adensamento populacional. 13 Estabelecer, para os futuros empreendimentos, contrapartidas e medidas compensatórias proporcionais aos impactos gerados, destinadas, obrigatoriamente, às áreas afetadas. 14 Fixar os limites máximos de ocupação coerentes com a preservação ambiental e com a possibilidade de dotação de infra-estrutura viária, de saneamento e de transporte público. 15 Fortalecer as centralidades com a geração de renda e emprego para a fixação das populações circunvizinhas e a redução do transporte pendular. ● BUSCAR SOLUÇÕES MAIS RÁPIDAS, OUSADAS E CRIATIVAS Ações Estratégicas: 16 Dar ênfase urgente à execução da alça de acesso entre a BR 356 e a MG 030, Portal Sul, projeto 02 do VIURBS. 17 Aliviar o tráfego das avenidas Nossa Sra. do Carmo e Raja Gabaglia priorizando, entre os projetos do VIURBS: a. o projeto 04, da Av. Parque da Serra; b. o projeto 14, de intersecção em desnível na Raja Gabaglia. 18 Estudar as alternativas de acesso ao Vetor Sul através: a. de uma via que, passando por minerações extintas de ambos os lados da Serra do Curral, possa ligar as regiões leste de Belo Horizonte e de Nova Lima; b. de aproveitamento da ferrovia desativada de Águas Claras para instalação de linha de transporte de massa a ser conectada ao metrô, no Barreiro; c. de outras eventuais soluções que permitam evitar os gargalos por onde passam as BR 040, a BR 356 e a MG 30. 19 Criar alternativas de bypass para o tráfego rodoviário de longa distância que utiliza a centralidade linear das BR’s 040/356 20 Implantar um transporte público eficiente, que possa competir com o transporte individual, abrangendo a frota e o acesso aos pontos de embarque/desembarque, necessários ao bom desempenho do serviço. 21 Incluir ostensivamente o transporte público nas ligações intra regionais, como a do Rio do Peixe, permitindo que oportunidades de trabalho sejam aproveitadas pelos residentes no Vetor. 3 Segundo Workshop 22 Integrar os vários projetos através de desenho urbano que considere o emprego de obras de arte, elevados e outras estruturas que evitem agressões maiores ao meio ambiente. 23 Implementar as propostas de solução de tráfego de curto, médio e longo prazos priorizando soluções coletivas. 24 Estabelecer faixas de congelamento de ocupação em áreas críticas e faixas de domínio de rodovias, exercendo controle eficiente. 25 Buscar atuação mais incisiva da COPASA no sentido de celebrar convênios para o saneamento básico dos municípios que não possuem infra-estrutura suficiente para execução própria desses serviços. 4 Segundo Workshop Diretriz ATRIBUIÇÕES E SUGESTÃO DE ENCAMINHAMENTOS Ação 1- Formar Grupos de Impulsão 2- Apoiar estrutura de planejamento metropolitano 3- Conseguir empenho da Agência Metropolitana INTEGRAR AS AÇÕES DE PLANEJAMENTO E GESTÃO 4- Atualizar Planos Diretores 5- Incrementar gestão Apa Sul 6- Criar Grupos de Gestão Específicos Atribuição Grupo de Impulsão da Integração do Planejamento e Gestão e Instituto Horizontes 7- Compatibilizar desenvolvimento econômico e social 8- Planejar futuro áreas mineradas REVER MODELOS DE OCUPAÇÃO 9- Elaborar Plano Diretor Turismo DO SOLO 10- Implementar Sistemas de Áreas Protegidas - SAP CONTROLAR OS FATORES QUE ESTIMULAM O ADENSAMENTO E O TRÁFEGO BUSCAR SOLUÇÕES MAIS RÁPIDAS, OUSADAS E CRIATIVAS Encaminhar a Instituto Horizontes Todos os atores e Agência Metropolitana Grupo de Impulsão da Revisão de Modelos SEDRU – Sub-Secretaria de Assuntos Metropolitanos Agência Metropolitana SEDRU, Agência Metropolitana e Poderes Executivos Municipais SEMAD, FEAM, IEF, IGAM, Agência Metropolitana, Cons. APA SUL Agência Metropolitana, Agentes Públicos, Privados e Soc. Civil Agência Metropolitana, Agentes Públicos, Privados e Soc. Civil SEMAD, FEAM, IEF, SEDE, FIEMG (SINDIEXTRA), Min. Público, DNPM, IBRAM, IBAMA, AMIG, AMDA, Poder Legislativo Estadual SETUR, Agência Metropolitana, Poderes Executivos Municipais SEMAD, IEF, FEAM, IGAM, Poderes Executivos Municipais 11- Tornar Centro de referência em recuperação ambiental e qualidade de vida Agência Metropolitana, Poderes Executivos Municipais, SEMAD, IEF, FEAM, Universidades e Centros de Pesquisa 12- Atualizar Planos Diretores SEDRU, Agência Metropolitana, Poderes Executivos Municipais e Poderes Legislativos Municipais 13- Estabelecer contrapartidas e medidas compensatórias proporcionais 14- Fixar limites máximos de ocupação Grupo de Impulsão Agência Metropolitana, Poderes do Controle do adensamento e do Legislativos Estadual e Municipais tráfego SEDRU, Agência Metropolitana, Poderes Executivo e Legislativo Municipais 15- Fortalecer as centralidades Agência Metropolitana, SEDE, Empresários 16- Enfatizar execução de alça de acesso 17- Aliviar tráfego Avenidas N.Sra. Carmo e Raja Gabaglia 18- Estudar alternativas de acesso ao Vetor Sul Agência Metropolitana, DNIT, DER, BHTRANS, FEAM, Leroy Merlin 19- Criar alternativas de tráfego rodoviário Agência Metropolitana, DNIT, DER, Órgãos de Trânsito Municipais 20- Implantar transporte público eficiente 21- Incluir transporte público nas ligações intraregionais 22- Integrar projetos através de desenho urbano 23- Implementar propostas solução de tráfego 24- Estabelecer faixas de congelamento de ocupação 25- Solicitar atuação mais incisiva da COPASA BHTRANS SEDRU, Agência Metropolitana, DNIT, DER, Órgãos de Trânsito Municipais Agência Metropolitana, DER, Órgãos de Grupo de Impulsão Trânsito Municipais das Soluções Agência Metropolitana, DER, Órgãos de Trânsito Municipais Agência Metropolitana, Poderes Executivos Municipais Agência Metropolitana, DNIT, DER, Órgãos de Trânsito Municipais, FEAM Agência Metropolitana, Poderes Executivos Municipais e Estadual COPASA, Poderes Executivos Municipais CONSIDERAÇÕES FINAIS Os workshops realizados contaram com a participação intensa de várias pessoas que não só enriqueceram os estudos técnicos como e, sobretudo, garantiram legitimidade às propostas formuladas. O Instituto Horizontes agradece ao atendimento do seu chamado e acredita poder contar com essas pessoas na continuidade dos esforços que levem ao intento maior de todo o processo. 6 Segundo Workshop Programa de Ações Estratégicas do Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte Listas de Presenças dos Workshops JANEIRO A ABRIL DE 2009 NOME Alexandre Garzon Prazeres Ana Maria Schmidt André de Souza Baptista Anna Adélia A. L. Penna Antônio Geraldo da Costa Bruno V. Gorini Carlos Antônio Pereira Christiane Alves Passos Nogueira Ciara de Mel Barbosa Cláudia Teresa Pereira Pires Cláudio de Paula Manso Clermont Gosling Cristiano Gomes de Faria Cristiano Lamas Cristina Volpini Xavier Daniel Leonardo Silva Ribeiro Deborah Louise Guy Décio Vaz de Melo Delcio Duarte Dennyson Porto Elisane dos Santos Gomes Eustáquio José da Silva Fábio Caldeira Félix Ricardo Gonçalves Moutinho Flávia Mourão Parreira do Amaral Flávio de Lemos Carsalade LISTA DE PRESENÇA DO WORKSHOP: A SITUAÇÃO ATUAL DO VETOR SUL EMPRESA / INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO CARGO Dominus Engenharia BH Gerente Incorporação Schimidt Arquitetura e Urbanismo Ltda Nova Lima Empresária Beta Engenharia BH Sócio Diretor Lume Ambiental BH Consultora Assoc. Moradores B. Belvedere BH Presidente Assoc. Moradores B. Belvedere BH Sócio Secretaria M de Meio Ambiente Rio Acima Secretário Secretária de Meio Ambiente Brumadinho PMBrumadinho Movimento Nossa BH BH Secretaria Executiva IAB BH Presidente AABB BH Diretor de Segurança Instituto Horizontes BH Sócio / Diretor AngloGold Ashanti BH Analista Financeiro Legislativo Estadual Assembléia Legislativa de MG Gab. Gustavo Valadares Sec. Est. Turismo de Minas Gerais Gov. do Estado Diretora de Infraetrutura Fed.do Comércio do Estado de MInas Gerais BH Consultor Jurídico AngloGold Ashanti BH Coordenação de Patrimônio Imobiliário Instituto Horizontes BH Sócio / Diretor Instituto Horizontes BH Sócio Lider Cyrela BH Diretor Câmara Municipal BH Assessoria Gab. Vereador Paulo Lamac Secretaria M da Fazenda Sarzedo Secretário de Fazenda UFMG BH Instituto Horizontes BH Sócio Diretor PBH - Meio Ambiente BH Engenheira Escola de Arquitetura UFMG BH Diretor Presentes no Workshop A Situação Atual do Vetor Sul NOME Gilvaldo de Vasconcelos Gustavo Henrique Braga Garcia Harley Silva Hélcio Guido Fernandes Heloisa S. M. Costa EMPRESA / INSTITUIÇÃO BHTRANS Secretaria M de Meio Ambiente Diretoria de Projetos Metropolitanos SEDRU HGF Construções Ltda UFMG Hubert Brant Moraes Hudson Lídio Navarro Assembléia Legislativa de MG Instituto Horizontes Gov. do Estado Nova Lima BH Legislativo Estadual BH Humberto Alvim Guimarães Izabel Dias de Oliveira Melo James Eustáquio Barbosa Ladeia Jarbas Vieira da Silva Jefferson Ferreira Bastos João Vicente de Figueiredo Mariano Jorge Fernando Vilela José Abílio Belo Pereira José Ângelo Rabelo Deschamps José Barcelos Costa José Lopes Agulhô José Nelson de Almeida Machado José Osvaldo Lasmar Leonardo Silveira de C. Pires (Léo Burguês) Luciana Braga Ferreira e Sousa Nunes Luiz Antônio Athayde Sec. M. P. Urbanas PBH Sec. M. P. Urbanas PBH SEDRU / PUCMINAS Secretaria M Planejamento Câmara de Rio Acima Lume Ambiental Jorge Vilela Arquitetos Associados CREA-MG Construmaster Habit Construtora VBA Consultoria Lume Ambiental Centro Mineiro de Referência em Resíduos BH BH Gov. do Estado Sarzedo Rio Acima BH BH BH BH BH BH BH Gov. do Estado Diretor Consultor Diretor Executivo CMBH Instituto Horizontes Secr.de E. de Desenv. Econômico Ass.Empreen. Vila da Serra e Vale do Sereno BH BH Gov. do Estado Vereador Sócia / Diretora Subsecretário de Assuntos Internacionais Nova Lima Presidente Luiz Hélio Lodi MUNICÍPIO BH Rio Acima CARGO Gerente da GARBO Assessor de Planejamento Servidor Público Sócio-Gerente Professora Presentes no Workshop A Situação Atual do Vetor Sul Rep. Dep. Fábio Avelar Coord. Executivo da Diretoria Gerente de Coord. de Politicas de Planej. Urbano Arquiteta Engenheiro Secretário de Planejamento Vereador Consultor Sócio Assessor da Presidência Sócio / Diretor NOME Manoel Marcos Guimarães Manuel A. M. Andrade Márcio Damazio Trindade Marcos Landa Marcos Villela de Sant'Anna Marcus de Rezende Kfoury Maria Carolina de Oliveira Mariano Maria Emília de Barros Guimarães Maria Madalena Franco Garcia Mateus de Mattos Safar Mauro Guimarães Werkema Miguel Safar Neilton de Almeida Souza EMPRESA / INSTITUIÇÃO Instituto Horizontes Estúdio Azucrina SME Câmara de Vereadores Instituto Horizontes Sociedade Mineira de Engenheiros Lume Ambiental Instituto Horizontes SEDRU Concreto Empreendimentos e Part. Ltda. Instituto Horizontes Concreto Empreendimentos e Part. Ltda. PM Rio Acima Oderige R. Borba Osias Baptista Patricia Faria Paulo Henrique Maciel Barbosa Paulo Maciel Paulo Zuquim Raimundo Machado Filho Regina Lúcia Medeiros Reginaldo Ferreira Gonçalves Reginaldo Maurício Santos Ricardo de R. Santos Ricardo Ferreira da Costa Ramos Ricardo Michel Jeha Roberto César dos Santos Roberto Luis de Melo Monte-Mor Assembléia Legislativa de MG Beta Engenharia Movimento Nossa BH Prefeitura Municipal Lume Ambiental PCL Consultoria e Projetos Câmara Municipal FEAM Câmara Municipal de Mário Campos Prefeitura Municipal Metron Des. Urbano Ltda Beta Engenharia Ass. dos Moradores do Bairro Belvedere Câmara Municipal CEDEPLAR - UFMG MUNICÍPIO BH BH BH BH BH BH BH BH Gov. do Estado BH BH BH Rio Acima Legislativo Estadual BH BH Ibirité BH BH BH Gov. do Estado Mário Campos Ibirité BH BH BH Rio Acima BH Presentes no Workshop A Situação Atual do Vetor Sul CARGO Sócio Sócio Presidente Assessor Sócio Empresário Consultora Assessora Sub-Secretária de Assuntos Metropolitanos Sócio Sócio / Conselheiro Diretor Fiscal de Postura e Obras Assessor Parlamentar - Gab. Dep. Carlos Gomes Diretor Secretaria Executiva Engenheiro Civil Sócio Diretor Diretor Assessor Parlamentar - Gab. Ver. Leo Burguês Diretoria de Pesq.e Desenv. - DPED/FEAM Presidente da Câmara Municipal Secretário Adjunto de Obras e Urbanismo Arquiteto Membro do Conselho Consultivo Assessor Parlamentar Professor Universitário NOME Roberto Negrão de Lima Rodrigo Ferreira Andrade Ronaldo Sérgio Santos Bartholo Rousemara Lopes Sabrina Becker Silvio Antônio Soares de Nazaré Teodomiro Diniz Camargos Ubirajara Pires Glória Valdirene da Silva Gonçalves Valter Ediraldo de Oliveira Victor de Campos Silveira Vilma Fazitto Waldemar Soares Piló Diniz Yash Rocha Maciel EMPRESA / INSTITUIÇÃO AngloGold Aschanti (Morro Velho Ltda) Stoa Arquitetura e Urbanismo Ltda Instituto "E SOCIAL" Prefeitura Municipal de Itabirito Com Você Comunicação SSN Empresarial Instituto Horizontes AABB Câmara Municipal de Mário Campos Secretaria M Obras Prefeitura Municipal V.Fazitto Comunicação Sind. Emp. Rádio e TV de MG Lume Ambiental MUNICÍPIO BH BH BH Itabirito BH BH BH BH Mário Campos Sarzedo Nova Llima BH BH BH Presentes no Workshop A Situação Atual do Vetor Sul CARGO Consultor Sócio / Diretor Diretor Presidente Secretária de Urbanismo PM Itabirito Jornalista Diretor Presidente Conselho Deliberativo Presidente Vereadora Secretário de Obras Secretário Desenvolvimento Econômico Diretora Diretor Executivo Consultor Ambiental LISTA DE PRESENÇA DO WORKSHOP: DEFININDO DIRETRIZES E AÇÕES ESTRATÉGICAS NOME Adriana Álvares Batista Alberto Luis Viotti Daker Ana Paula Estrela Tavares André Gouvêa Vieira Bernardo dos Mares Guia Farkasvolgyi Carlos Eduardo Campolina Carolina Campolina Cláudio de Paula Manso Cristiano Gomes de Faria Cristina Volpini Xavier Daniel Leonardo Silva Ribeiro Décio Vaz de Melo Delcio Duarte Dilermando Correa Filho Durleno Barbosa de Rezende Eduardo da Silva Cardozo Elisane dos Santos Gomes Fábio Caldeira Fabíola Mesquita Félix Ricardo Gonçalves Moutinho Félix Valentin Fernandes Diez Flávio de Lemos Carsalade Francisco Neto Gilvaldo de Vasconcelos Grazia Maria Gunnella EMPRESA / INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO BH Construtora Altti BH Setor alimentício Nova Lima Haztec Rio de Janeiro Farkasvolgyi Arquitetura BH Setor de combustíveis Nova Lima Nova Lima AABB BH AngloGold Ashanti Nova Lima Secretaria Estado Turismo de MG Gov. do Estado Fed.do Comércio do Estado de Minas Gerais BH Instituto Horizontes BH Instituto Horizontes BH Parking Nova Lima BH Shopping BH Belotur BH Câmara Municipal BH Agencia de Desenv. Metropolitana Gov. do Estado Com Você Comunicação BH Instituto Horizontes BH BH Shopping BH Escola de Arquitetura UFMG BH AngloGold Ashanti Nova Lima BHTRANS BH Fundação Torino Nova Lima CARGO Analista de Informática Diretor Empresária Gerente de Marketing Sócio Diretor Comerciante Diretor de Segurança Analista Financeiro Diretora de Infraestrutura Consultor Jurídico Sócio / Diretor Sócio Diretor Superintendente Diretor de Projetos Ass. Parlamentar – Gab. Vereador Paulo Lamac Diretor de Planej. Metropolitano Jornalista Sócio Diretor Diretor de Operações Diretor Gerente da GARBO Representante da presidência Presentes no Workshop Definindo Diretrizes e Ações Estratégicas NOME Gustavo Henrique Braga Garcia Helena Gontijo Figueiredo Helvécio Belisario Hudson Lídio Navarro Humberto Alvim Guimarães João Vicente de Figueiredo Mariano Jonathas Valle Filho Jorge Fernando Vilela Jorge Leonardo Lopes Cançado José Abílio Belo Pereira José Lincoln C. de Magalhães José Lopes Agulhô José Nelson de Almeida Machado Leandro Almir Diniz Leandro Santos Sabbadini Leonardo Ribeiro Cassimiro Luciana Braga Ferreira e Sousa Nunes Luiz Carlos Motta Costa Luiz Hélio Lodi Luiz Raphael Gomes de Faria Manoel Marcos Guimarães Marcelo Alvim Márcio Rezende Ribeiro de Oliveira Marcos Villela de Sant'Anna Maria Carolina de Oliveira Mariano Maria de Los Angeles Balbuena EMPRESA / INSTITUIÇÃO Secretaria M. de Meio Ambiente Arco Incorporadora S/A Condomínio Serra dos Manacás Instituto Horizontes Sec. M. P. Urbanas PBH Lume Ambiental Construtora Valle Ltda Jorge Vilela Arquitetos Associados AMBB CREA-MG Agencia de Desenv. Metropolitana VBA Consultoria Lume Ambiental Com Você Comunicação MUNICÍPIO Rio Acima BH Nova Lima BH BH BH BH BH BH BH Gov. do Estado BH BH BH BH EMSA-Empr. Sul Americana de Montagens S/A BH Instituto Horizontes BH Jornal Diário do Comércio BH Ass. Empreend. Vila da Serra e Vale do Sereno Nova Lima Jornal Ambiente Hoje / AMDA BH Instituto Horizontes BH Banco Central do Brasil BH Instituto Horizontes BH Grupo Sant'Anna BH Lume Ambiental BH Cond. Retiro das Pedras Brumadinho CARGO Assessor de Planejamento Gerente Nacional de Novos Negócios Diretor Coord. Executivo da Diretoria Ger. de Coord. de Políticas de Planej. Urbano Consultor Diretor Sócio Associado Assessor da Presidência Vice-Diretor Geral Diretor Consultor Jornalista Arquiteto Diretor Comercial Sócia / Diretora Presidente Presidente Repórter Sócio Sócio Diretor Consultora Diretora-Presidente Presentes no Workshop Definindo Diretrizes e Ações Estratégicas NOME Maria Emília de Barros Guimarães Maria Fernandes Caldas Mateus de Mattos Safar Mauro Guimarães Werkema Miguel Safar Neilton de Almeida Souza Nicolas Bourlon Oderige R. Borba Osias Baptista Patricia Faria Paulo Henrique Vasconcelos Paulo Henrique Vasconcelos Filho Paulo Lamac Paulo Machado Zica de Castro Paulo Maciel Paulo Zuquim Raimundo Machado Filho Regina Lúcia Medeiros Ricardo Michel Jeha Roberto César de Souza Rodrigo Ferreira Andrade Ronaldo Sergio Santos Bartholo Silvana Nascimento Simone Alvarenga Borges Bottrel Simone Maria Barbosa Silva Araújo EMPRESA / INSTITUIÇÃO Instituto Horizontes Sec. M. P. Urbanas PBH Concreto Empreendimentos e Part. Ltda. Instituto Horizontes Concreto Empreendimentos e Part. Ltda. PM Rio Acima Haztec Assembléia Legislativa de MG Beta Engenharia Movimento Nossa BH PHV Engenharia Ltda PHV Engenharia Ltda CM BH Repres. Moradores Vale do Sereno Lume Ambiental PCL Projetos e Consultoria Ltda Câmara Municipal FEAM Assoc. Moradores B. Belvedere Câmara Municipal Stoa Arquitetura e Urbanismo Ltda Instituto “É Social” Secretaria Estado Turismo de MG Arca AmaSerra Secretaria Estado Turismo de MG MUNICÍPIO BH BH BH BH BH Nova Lima Rio de Janeiro Legislativo Estadual BH BH BH BH BH BH BH BH BH Gov. do Estado BH Rio Acima BH BH Gov. do Estado Brumadinho Gov. do Estado CARGO Assessora Consultora Técnica Sócio Sócio / Conselheiro Diretor Fiscal de Postura e Obras Ass. Parlamentar – Gab. Dep. Carlos Gomes Diretor Secretaria Executiva Diretor Diretor Vereador Diretor Sócio Diretor Diretor Ass. Parlamentar – Gab. Vereador Léo Burguês Diretoria de Pesq. e Desenv. – DPED/FEAM Membro Conselho Consultivo Assessor Parlamentar Sócio / Diretor Diretor Presidente Assessora Superintendente Presentes no Workshop Definindo Diretrizes e Ações Estratégicas NOME Teodomiro Diniz Camargos Ubiraci Prata Lima Ubirajara Pires Glória Victor de Campos Silveira Vilma Fazitto Wanderson Fábio de Lima Wilde Alves de Moura Yash Rocha Maciel Zenilton Kleber Gonçalves do Patrocínio EMPRESA / INSTITUIÇÃO Instituto Horizontes Agencia de Desenv. Metropolitana AABB PMNL V.Fazitto Comunicação Câmara Municipal de Rio Acima Fund. Logosófica em Prol da Superação Humana Lume Ambiental ACMinas MUNICÍPIO BH Gov. do Estado BH Nova Lima BH Rio Acima BH BH BH Presentes no Workshop Definindo Diretrizes e Ações Estratégicas CARGO Presidente Conselho Deliberativo Chefe de Gabinete Presidente Secretário Desenvolvimento Econômico Diretora Vereador Membro Consultor Ambiental M.Cons.Empresarial de Seguros CRÉDITOS TÉCNICOS: Equipe Técnica: Coordenação Rodrigo Ferreira Andrade – STOA Arquitetura e Urbanismo Ltda Consultores Jorge Fernando Vilela – Jorge Vilela Arquitetos Associados José Lopes Agulhô – VBA Consultoria Ltda Osias Batista Neto – Baptista Engenharia de Transporte e Arquitetura Ltda Paulo Maciel Júnior – Lume Estratégia Ambiental Ltda Paulo Zuquim de Figueiredo Neves – PCL Projetos e Consultoria Ltda Vilma Fazitto – V.Fazitto Comunicação e Consultoria Ltda Assessoria Luciana Braga Ferreira e Sousa Nunes Maria Emília de Barros Guimarães Diretoria e Membros do Conselho Deliberativo do Instituto Horizontes Teodomiro Diniz Camargos - Presidente do Conselho Deliberativo Hudson Lídio de Navarro – Coordenador Executivo da Diretoria Clermont Gosling Décio Vaz de Melo Silveira Délcio Antônio Duarte Félix Ricardo Gonçalves Moutinho Jorge Fernando Vilela Luciana Braga Ferreira e Sousa Nunes Manoel Marcos Guimarães Mauro Guimarães Werkema Paulo Zuquim de Figueiredo Neves Rodrigo Ferreira Andrade Documentos organizados por Diogo Magalhães Clique para ver o anexo Processos de Licenciamento por Município INSTITUTO HORIZONTES R. Tomás Gonzaga, 802 - Conjunto 406/407 - Bairro de Lourdes - Belo Horizonte - MG -30180-140 - Telefone 31 3335-1500