O conhecimento e a prática de profissionais de saúde sobre o
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O conhecimento e a prática de profissionais de saúde sobre o
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Fábio Ximenes da Silva O CONHECIMENTO E A PRÁTICA DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE RONDÔNIA PORTO VELHO 2015 FÁBIO XIMENES DA SILVA O CONHECIMENTO E A PRÁTICA DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE RONDÔNIA Dissertação apresentada para defesa no Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde como requisito para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Marques PORTO VELHO 2015 Dr.ª Rejane Corrêa FICHA CATALOGRÁFICA BIBLIOTECA PROF. ROBERTO DUARTE PIRES S586c Silva, Fábio Ximenes da. O conhecimento e a prática de profissionais de saúde sobre o gerenciamento de resíduos em um hospital público de Rondônia / Fábio Ximenes da Silva. -- Porto Velho, Rondônia, 2015. 81 f. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rejane Corrêa Marques Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino em Ciência da Saúde) - Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. 1. Resíduos de serviços de saúde. 2. Gerenciamento de resíduos de saúde. 3. Educação permanente em saúde I. Marques, Rejane Corrêa. Bibliotecária II. Fundação Universidade Rondônia – UNIR. Responsável: EdoneiaFederal Sampaiode CRB 11/947 III. Título. CDU 61:628.42(811.1) FOLHA DE APROVAÇÃO Fábio Ximenes da Silva O CONHECIMENTO E A PRÁTICA DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE RONDÔNIA Esta dissertação foi apresentada à banca abaixo e qualificada como Trabalho de Conclusão de Curso de Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, nos parâmetros estipulados em seu regimento. Aprovado em: 16/11/2015 _________________________________ Prof. Dr.ª Rejane Correa Marques – Orientadora Universidade Federal do Rio de Janeiro ________________________________ Prof. Dr.ª Rosely Valéria Rodrigues – Membro Universidade Federal de Rondônia ________________________________ Prof. Dr.ª Beatriz Fernandes Dias – Membro Universidade Federal do Rio de Janeiro ________________________________ Janne Cavalcante Monteiro – Suplente Universidade Federal de Rondônia ________________________________ Sabrina Ayd Pereira José – Suplente Universidade Federal do Rio de Janeiro DEDICATÓRIA Dedico ao Sistema Único de Saúde. AGRADECIMENTOS Agradeço à Universidade Federal de Rondônia e à Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia por essa oportunidade. Agradeço à equipe do Hospital Infantil Cosme e Damião pela colaboração. Agradeço à médica Antonieta Rodrigues Gama e ao enfermeiro Sérgio Pereira pelo apoio durante a realização desse mestrado. Agradeço aos professores do Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde pela grande contribuição na minha formação. Agradeço à professora Dr.ª Rejane Correa Marques pela orientação e auxílio na construção desse trabalho. Agradeço à professora Dr.ª Rosely Valéria Rodrigues pelos ensinamentos e sua contribuição na construção desse trabalho. Agradeço também aos colegas do mestrado pela interação enriquecedora durante as aulas. Agradeço à minha família por tudo. vi RESUMO Os resíduos gerados em hospitais são reconhecidos como um problema grave, que pode ter efeitos prejudiciais para o ambiente e para a saúde dos seres humanos. O gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde possui diversos aspectos, dentre eles a responsabilidade ambiental, pois o despejo não planejado desses resíduos no ambiente ocasiona sérios problemas ao ecossistema, podendo poluir o solo, a água e a atmosfera, provocando, direta ou indiretamente, diversas patologias. Nesse sentido, é extremamente importante o conhecimento dos profissionais envolvidos no processo de gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS). O objetivo desse trabalho é investigar o conhecimento e a prática dos profissionais de saúde a respeito do gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, descritiva. A pesquisa foi realizada em um hospital público do Estado de Rondônia. A população do estudo foi composta por 180 profissionais de saúde. Para caracterizar o sistema de gerenciamento de RSS e a rotina dos profissionais de saúde quanto ao gerenciamento de RSS, foi realizada análise do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) da instituição e o acompanhamento da prática do serviço diário com instrumentos elaborados para este fim. Os profissionais de saúde responderam a um questionário cujas perguntas abordaram as principais normas e técnicas de segregação de resíduos de saúde. Os dados foram tratados no programa Microsoft Excel ®. Para a análise estatística foi utilizado o programa Epi Info 7. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, CAAE nº 36761714.2.0000.5300. Foi constatado que o PGRSS da unidade hospitalar estudada contempla apenas parcialmente o exigido pela legislação brasileira atual. A principal deficiência do manejo de resíduos do hospital recai sobre a segregação incorreta. Os profissionais de saúde demonstraram conhecimentos básicos sobre o descarte dos resíduos gerados em seu processo de trabalho. 100% dos entrevistados souberam definir quais resíduos estão em cada grupo, mas 85% deles não sabe o que acontece com o RSS gerado em seu processo de trabalho após a segregação. Em 100% das visitas de averiguação os recipientes exclusivos para resíduo infectante continham algum resíduo comum e em 91,67% foi encontrado resíduo infectante em lixeira para resíduo comum. A principal estratégia para sanar os problemas encontrados é a implantação de um programa de educação, que envolva treinamentos frequentes, além de uma equipe designada para treinar, supervisionar e monitorar a correta implementação do plano. Palavras-chave: Resíduos de Serviços de Saúde. Gerenciamento de Resíduos. Educação permanente. vii ABSTRACT The waste generated in hospitals are recognized as a serious problem, which may have detrimental effects on the environment and human health. Waste management from health services has many aspects, including environmental responsibility, because the unplanned waste dispose on the environment causes serious problems to the ecosystem and can pollute the soil, water and atmosphere, resulting, directly or indirectly, various pathologies. Therefore, it is extremely important the knowledge of the professionals involved in the RSS management process. The objective of this study is to investigate the knowledge and practice of health professionals regarding the waste management from health services. This is a study of quantitative approach, of a descriptive nature. The survey was conducted in a public hospital in the state of Rondonia. The study population consisted of 180 healthcare professionals. To characterize the RSS management system and the routine of health as the RSS management professionals, was conducted analysis of the institution PGRSS and monitoring of the daily service practice with elaborate instruments for this purpose. Healthcare professionals answered a questionnaire whose questions addressed the main standards and medical waste segregation techniques. Data were processed in Microsoft Excel®. Statistical analysis was performed using Epi Info 7. This study was approved by the Ethics Committee of the Federal University of Rondonia under register nº 36761714.2.0000.5300. It was found that the PGRSS the studied hospital includes only partially required by current legislation in Brazil. The main deficiency of the hospital waste management is due to improper segregation. Health professionals demonstrated basic knowledge about the disposal of waste generated in their work process. 100% of respondents knew determine which residues are in each group, but 85% of them do not know what happens to the RSS generated in their work process after segregation. 100% of fact-finding visits exclusive containers for infectious waste contained some common residue and 91.67% was found infectious waste in common dumping ground for waste. The best approach to solving all problems is the implementation of an education program that involves frequent training, plus a team assigned to train, supervise and monitor the proper implementation of the plan. The main strategy to remedy the problems encountered is the implementation of an education program that involves frequent training , plus a team assigned to train , supervise and monitor the proper implementation of the plan . Keywords: Health Services Waste. Waste management. Continuing education. viii LISTA DE ILUSTRAÇÕES Lista de Figuras FIGURA 1. Composição típica de resíduos produzidos por instituições de saúde. ................. 20 FIGURA 2. Principais riscos associados ao manejo de RSS ................................................... 21 FIGURA 3. Fluxo de resíduos no ambiente ............................................................................. 22 FIGURA 4. Principais destinos finais dos RSS coletados pelos Municípios em 2014. ........... 25 Lista de Gráficos GRÁFICO 1. Frequência das respostas a respeito do símbolo para resíduo infectante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N=180. .................................. 40 GRÁFICO 2. Frequência das respostas a respeito do símbolo para resíduo químico dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N=180. .................................. 40 GRÁFICO 3. Frequência de respostas a respeito do símbolo da radiação ionizante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N=180. ........................................... 41 GRÁFICO 4. Frequência de respostas sobre os tipos de problemas causados por descarte incorreto de resíduo infectante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N =171. ........................................................................................................................... 42 GRÁFICO 5. Frequência de respostas sobre os tipos de problemas causados por descarte incorreto de resíduo comum dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N =110 ............................................................................................................................ 42 GRÁFICO 6. Frequência de respostas sobre os tipos de problemas causados por descarte incorreto de resíduo perfurocortante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N =180 ................................................................................................................ 43 Lista de Quadros QUADRO 1. Símbolos dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS). ........................................ 18 QUADRO 2. Itens exigidos pela RDC ANVISA nº 306 de 2005 relativos aos dados gerais de funcionamento que não estão presentes no PGRSS do hospital estudado. .............................. 34 QUADRO 3. Itens exigidos pela RDC ANVISA nº 306 de 2005 referentes à estrutura necessária para implantação do PGRSS não contemplados no hospital estudado. .................. 34 QUADRO 4. Indicadores para o monitoramento da produção de resíduos apresentados no PGRSS do hospital estudado. ................................................................................................... 35 Lista de Tabelas TABELA 1. Número de recipientes para segregação de RSS do hospital estudado por setor gerador. Porto Velho – RO, 2015. N=50. ................................................................................. 36 ix TABELA 2. Frequência e porcentagem de segregação inadequada observada nas 60 visitas realizadas. Porto Velho – RO, 2015. N=60. ............................................................................. 36 TABELA 3. Número e porcentagem dos profissionais de saúde entrevistados por nível de formação. Porto Velho – RO, 2015. N=180. ............................................................................ 37 TABELA 4. Número e porcentagem dos profissionais de saúde de acordo com a profissão. Porto Velho – RO, 2015. N=180 .............................................................................................. 38 TABELA 5. Número e porcentagem dos profissionais de saúde entrevistados que conhecem ou não o PGRSS do hospital. Porto Velho – RO, 2015. N=180. ............................................. 38 TABELA 6. Conhecimento do PGRSS de acordo com o nível de formação dos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho – RO, 2015. N=180. ....................................................... 39 TABELA 7. Número e porcentagem das respostas dos funcionários a respeito do recipiente correto para o descarte, por tipo de resíduos. Porto Velho – RO, 2015. N=180. ..................... 39 TABELA 8. Número e porcentagem de respostas dos entrevistados, de acordo com os temas referentes ao manejo de RSS abordados na formação profissional. Porto Velho, 2015. N=80. .................................................................................................................................................. 44 x SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................................. vi ABSTRACT ............................................................................................................................vii LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................viii Lista de Figuras .................................................................................................................viii Lista de Gráficos ................................................................................................................viii Lista de Quadros................................................................................................................viii Lista de Tabelas .................................................................................................................viii SUMÁRIO ................................................................................................................................. x 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 1.1 Objetivos......................................................................................................................... 14 1.2 Justificativa ..................................................................................................................... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 17 2.1 O Resíduos de Serviços de Saúde .................................................................................. 17 2.1.1. O ambiente hospitalar ............................................................................................. 18 2.2 Risco causado pelos Resíduos de Serviços de Saúde ..................................................... 19 2.3 Situação global do gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde .......................... 22 2.4 Os Resíduos de Serviços de Saúde no Brasil ................................................................. 24 2.4.1 Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde ................................................. 25 2.5 Os Resíduos de Serviços de Saúde na formação profissional ........................................ 29 3 METODOLOGIA................................................................................................................ 31 3.1 Abordagem Metodológica, Local do Estudo e Casuística .............................................. 31 3.2 Análise do PGRSS e observações das rotinas de gerenciamento ................................... 32 3.3 Entrevistas ...................................................................................................................... 32 3.4 Análise dos dados ........................................................................................................... 33 3.5 Questões éticas ............................................................................................................... 33 4. RESULTADOS ................................................................................................................... 34 4.1 Avaliação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde ................... 34 4.2 Observação da Rotina de Trabalho dos Profissionais de Saúde ..................................... 36 4.3 O conhecimento dos profissionais de saúde sobre o gerenciamento de RSS ................. 37 5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 45 5.1 O Gerenciamento de Resíduos ....................................................................................... 45 5.2 O Conhecimento dos profissionais sobre o gerenciamento ............................................ 51 xi 6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 57 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58 APÊNDICES ........................................................................................................................... 71 A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.............................. 72 B - DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA INSTITUCIONAL ............................................. 74 C - ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DO PGRSS ................................................................ 75 D - ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DAS ROTINAS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS .......................................................................................................................... 78 E - QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE ....................................... 79 12 1 INTRODUÇÃO Por muito tempo os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) foram considerados apenas aqueles provenientes de hospitais e clínicas médicas, sendo classificados com o temo “lixo hospitalar”. Contudo, resíduos desse tipo também são gerados por farmácias, clínicas odontológicas, clínicas veterinárias, necrotérios, assistência domiciliar, hemocentros, laboratórios clínicos, instituições de ensino na área da saúde, e outros (GARCIA; RAMOS, 2004). Atualmente, os dados disponíveis referentes à geração de RSS não permitem a produção de informações completas sobre esses resíduos quanto a sua geração diária e anual. Além disso, deve ser considerado que a quantidade de RSS coletada não retrata aquela gerada diariamente, uma vez que parte dos estabelecimentos de saúde não está incluída nos cadastros de serviços de coleta ou, em outra situação, encaminham seus resíduos de forma incorreta para o destino final, contribuindo para o surgimento de danos ambientais e à saúde da população (VENTURA et al., 2009) Estima-se, no entanto, que apenas cerca de 2%, das 154.000 toneladas de resíduos residenciais e comerciais geradas diariamente, são compostas por Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) e, dentre esses, apenas uma parcela (algo em torno de 20%) necessita de cuidados especiais (DUTRA; MONTEIRO, 2012; BRASIL, 2006). Apesar disso, os Resíduos de Serviços de Saúde, largamente denominados como “Lixo Hospitalar”, representam uma fonte de riscos à saúde, devido, principalmente, à falta de adoção de procedimentos técnicos adequados, no manejo das diferentes frações geradas (BELTRAME, et al., 2012). Dessa forma, os resíduos gerados especificamente em hospitais são reconhecidos como um problema grave, que pode ter efeitos prejudiciais para o ambiente e para a saúde dos seres humanos, pelo contato direto ou indireto. Logo, a coleta, o transporte, a eliminação, bem como sua classificação e segregação são imprescindíveis para evitar prejuízos ao ambiente e à sociedade (KOPP; ARAÚJO; FIGUEIREDO, 2013). Neste contexto, foram elaboradas políticas públicas e legislação relacionada ao gerenciamento de RSS, tendo como eixo de orientação a sustentabilidade ambiental e a preservação da saúde (COSTA; FONSECA, 2009). Atualmente, a principal norma referente a este tema no Brasil estipula que os geradores de RSS devem elaborar e implantar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), documento onde será descrito os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição 13 final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2006). A etapa de segregação é fundamental para reduzir os riscos para a saúde e para o ambiente e diminuir gastos, já que uma parte dos RSS sofre tratamento especial. Atitudes simples como a identificação dos recipientes, quando não são realizadas levam a segregação incorreta do resíduo no local de origem, comprometendo o restante da cadeia de gerenciamento. Ou seja, resíduos que necessitam de tratamento especial podem ser levados ao descarte sem tratamento, assim como os que não precisam são tratados inutilmente antes da disposição final (DUTRA; MONTEIRO, 2012). Não há dúvidas de que o treinamento dos funcionários em paralelo com um gerenciamento adequado dos resíduos do ambiente hospitalar traz um resultado positivo, para a saúde e para o ambiente. Isso corrobora para o direcionamento de uma coleta perfeita, além de tratamento e disposição final adequado, reduzindo as despesas com o tratamento ao mínimo necessário, bem como diminuindo os acidentes de trabalho (FERNANDES; MACIEL; XAVIER, 2007). Nesse sentido, a educação profissional é a base para o sucesso desse processo. Por isso, a educação ambiental que esses profissionais receberam ao longo de sua formação acadêmica merece especial atenção, uma vez que os impactos negativos do desequilíbrio ambiental gerados pela disposição inadequada dos RSS afetam a saúde das populações, ocasionando o surgimento de novas demandas à prática do cuidado. Abordar a relação existente entre saúde e meio ambiente no processo de formação profissional e no local de trabalho é imperioso, uma vez que a saúde da população está na dependência de uma mudança de paradigma, na maneira como nos relacionamos com o ambiente (VIERO et al., 2012). De modo geral, acadêmicos e profissionais da área da saúde possuem a noção básica sobre os graves efeitos da crise ambiental, apesar da fragilidade da abordagem do tema durante a formação profissional (CAMPONOGARA et al.,. 2012; SANTOS; SOUZA, 2012). Todavia, a situação do gerenciamento do RSS ainda é um grande problema, mesmo quando os perigos provenientes da degradação ambiental são conhecidos. A sequência de atos que levam um resíduo hospitalar ao seu destino final corretamente está relacionado ao conhecimento que os profissionais de saúde possuem sobre o tema. A formação constante – desde a acadêmica até a obtida nas atividades laborais dos profissionais envolvidos – é de grande relevância para essa discussão, pois o que determina se um resíduo que necessita de tratamento especial terá esse tratamento é o conhecimento sobre o tema do profissional que o descarta. Ou seja, esse profissional sabe quais as necessidades de tratamento do resíduo? Entende os riscos da segregação incorreta? Essas questões estão 14 intimamente ligadas à educação recebida durante sua formação ou no seu ambiente de trabalho. Nesse contexto, pode-se dizer que o ponto chave para o processamento correto dos resíduos hospitalares é a educação permanente dos profissionais que, diariamente, são responsáveis pela geração de resíduos provenientes dos serviços de saúde. Os mesmos deverão conhecer a legislação pertinente, em especial, a segregação e a destinação adequada, para serem capazes de elaborar, implantar e manter a correta execução do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). Desta forma, poderemos compreender se a formação dos profissionais de saúde atende às necessidades do gerenciamento de resíduos em hospitais e com isso propor medidas educacionais no ambiente de trabalho que aprimorem o serviço. 1.1 Objetivos Geral: I. Investigar o conhecimento e a prática dos profissionais de saúde a respeito do gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em um hospital público. Específicos: I. Descrever o processo de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde do hospital estudado; II. Observar a rotina e as principais técnicas e ferramentas utilizadas no gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde; III. Descrever o conhecimento dos profissionais de saúde acerca do gerenciamento de resíduos. 1.2 Justificativa A importância do gerenciamento correto dos resíduos gerados no ambiente hospitalar possui diversos aspectos, dentre eles a responsabilidade ambiental. O despejo não planejado desses resíduos no ambiente ocasiona sérios problemas ao ecossistema, podendo poluir o solo, a água e a atmosfera. Além disso, essa situação se agrava quando levamos em consideração o acúmulo progressivo desse lixo não tratado em locais de depósito de resíduos de várias procedências, como escolas, indústrias, residências, etc. (ROCHA, 2012; ORIAS; PERRODIN, 2013). 15 A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008, mostrou que o Brasil coletava por dia 183.488 toneladas de resíduos sólidos residenciais e públicos. Houve uma redução 19,7% no volume em relação ao PNSB-2000, atribuída à ampliação da reciclagem de resíduos não perigosos e coleta de RSS segregados. 80,1% dos brasileiros tinham coleta especial de RSS e coletavam 891 toneladas diárias de lixo contendo seringas e materiais perfurocortantes com vestígios de sangue, gazes com secreções e partes de corpo humano, entre outras coisas. (IBGE, 2008). Na PNSB-2000, 72,3% dos municípios brasileiros despejavam os resíduos urbanos em lixões a céu aberto. Dados da PNSB-2008 mostram que o destino final dos resíduos urbanos é um problema sanitário, ambiental e social, visto que cerca de 50% das cidades depositavam esses resíduos em vazadouros a céu aberto (IBGE, 2008; VENTURA et al., 2012). O resultado dessa situação é que a saúde da população fica completamente comprometida. Os danos à saúde decorrentes da degradação ambiental podem ser graves, provocando, direta ou indiretamente, diversas patologias. Assim sendo, as pessoas procuram o sistema de saúde, onde são tratadas, e esse tratamento acarreta o dispêndio de materiais que, ao final do processo de cuidado, devem ser segregados como resíduos. De tal modo, com uma destinação incorreta, o RSS inicia um ciclo que indica um paradoxo, em que o sistema de saúde ocasiona (por meio dos resíduos tratados incorretamente) danos à própria saúde humana (BATISTA et al., 2012). A legislação brasileira estipula que todo estabelecimento de assistência à saúde deve possuir o PGRSS. Contudo, o fato de possuir esse documento na unidade de saúde não indica necessariamente que as normas ideais para gerenciamento dos resíduos são seguidas. A avaliação da correta estruturação e execução do PGRSS indica a real situação do estabelecimento quanto ao gerenciamento dos seus resíduos sólidos (LIMA, 2004; LEMOS et al., 2010; DOI; MOURA, 2011). Essa temática se enquadra na proposta de integração ensino-serviço do Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde numa dimensão investigativa e formativa de modo a superar os entraves enfrentados no cotidiano operacional, relacionando saúde e ambiente. Esse estudo pretende contribuir, portanto, para compreensão da real situação do gerenciamento de RSS em Porto Velho-RO, se o mesmo é realizado de acordo com as normas brasileiras e, principalmente, se o profissional de saúde envolvido no processo tem clareza do 16 que executa em sua prática, se entende as etapas do processo e as consequências negativas do manejo inadequado. Campos et al. (2014) afirma que é fundamental que ações educativas no serviço estejam voltadas para os profissionais que produzem esses resíduos, por meio de medidas que favoreçam o conhecimento e reflitam em sua atitude e prática diante do descarte adequado do lixo produzido. Nesse contexto, a pesquisa poderá servir de base para a reestruturação de disciplinas que tratam da temática ambiental em cursos de formação em saúde, com aplicação mais abrangente do tema “resíduos de serviços de saúde”, para que os futuros profissionais tenham uma formação que inclua a gestão de resíduos como algo elementar para o sistema público de saúde. No campo da atuação profissional, poderá ser uma ferramenta para que gestores apliquem medidas educativas no ambiente onde há manejo desses resíduos sólidos. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O Resíduos de Serviços de Saúde Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são aqueles que, por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final. Esses resíduos são gerados por todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo, dentre outros especificados na Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 306 de 7 de dezembro de 2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (BRASIL, 2004), e a Resolução nº 358 de 29 de abril de 2005 da Comissão Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que trata do mesmo tema (BRASIL, 2005). De acordo com a RDC nº 306 de 2004 da ANVISA e a Resolução nº 358 de 2005 do CONAMA, os RSS podem ser classificados em cinco grupos: no grupo A, os resíduos infectantes; no grupo B, os resíduos químicos; no grupo C, os rejeitos radiativos; no grupo D, os resíduos comuns; e no grupo E, os resíduos perfurocortantes. Os resíduos do grupo A, gerados nos setores estudados, devem ser segregados em recipientes com sacos do tipo branco leito devidamente identificados; os resíduos do grupo B podem ser descartados em galões específicos (no caso de revelador e fixador) e em caixas para medicamentos vencidos; o grupo D deve ser descartado em recipientes com sacos pretos; o resíduo perfurocortantes deve ser segregado em caixas de papelão resistentes à punctura. A simbologia relacionada aos RSS está representada no Quadro 1. Os resíduos do grupo A possuem risco biológico, como curativos, luvas contaminadas com secreções, bolsas transfusionais, gaze contaminada, etc. Os resíduos do grupo B possuem risco químico, como medicamentos vencidos, preparações químicas, saneantes, reveladores e fixadores para imagens radiográficas, solução para equipamento automatizado de análises clínicas, entre outros. Os rejeitos do grupo C possuem risco radiativo, com a presença de radiação ionizante. Os resíduos comuns, do grupo D, não possuem risco, são restos de alimentos, papel, copo descartável e material de escritório no geral. Essa classificação dos RSS vem se transformando com o tempo em um processo contínuo, na medida em que são introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e como resultado do conhecimento relativo ao comportamento destes perante o meio ambiente e 18 a saúde. Essa evolução ocorre como forma de estabelecer uma gestão segura, com base nos princípios da avaliação e gerenciamento dos riscos envolvidos na sua manipulação (BRASIL, 2006). QUADRO 1. Símbolos dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS). GRUPO DEFINIÇÃO A SUBSTÂNCIA INFECTANTE (Risco Biológico) B SUBSTÂNCIA QUÍMICA (Risco Químico) C RADIAÇÃO IONIZANTE (Risco Radiativo) RESÍDUO COMUM (Sem Risco) RESÍDUO PERFUROCORTANTE E (Pode haver risco biológico, químico ou radiativo) Fonte: NBR 7.500 (ABNT, 2004). D SIMBOLOGIA DESCARTE Em saco plástico branco leitoso Em galões plásticos Sem símbolo específico Símbolo de substância infectante acrescido da inscrição “RESÍDUO PERFUROCORTANTE” Em saco plástico preto Em caixas de papelão resistentes à punctura 2.1.1. O ambiente hospitalar As áreas dos serviços de saúde, de modo geral, são classificadas em relação ao risco de transmissão de infecções com base nas atividades realizadas em cada local. Essa classificação auxilia em algumas estratégias contra a transmissão de infecções, além de facilitar a elaboração de procedimentos para limpeza e desinfecção de superfícies e o plano de gerenciamento de resíduos. Portanto, a definição das áreas dos serviços de saúde foi feita considerando o risco potencial para a transmissão de infecções, sendo classificadas em áreas críticas, semicríticas e não críticas (BRASIL, 2010a; YAMAUSHI, 2000). As áreas críticas são os ambientes onde existe risco aumentado de transmissão de infecção. Nessas áreas são realizados procedimentos de risco, com ou sem pacientes ou se são atendidos pacientes imunodeprimidos. São exemplos desse tipo de área: Centro Cirúrgico (CC), Centro Obstétrico (CO), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Laboratório de Análises Clínicas, Unidades de Isolamento, Berçário de Alto Risco, Central de Material e Esterilização (CME), Lactário, Serviço de Nutrição e Dietética (SND), Farmácia, Área suja da Lavanderia, 19 etc. As áreas semicríticas são todos os compartimentos ocupados por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas. São exemplos desse tipo de área: enfermarias e apartamentos, ambulatórios, banheiros, posto de enfermagem, elevador e corredores. As áreas não-críticas são todos os demais compartimentos dos estabelecimentos assistenciais de saúde não ocupados por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco. São exemplos desse tipo de área: vestiário, copa, áreas administrativas, almoxarifados, secretaria, sala de costura. Esse tipo de área é responsável apenas pela geração de resíduo comum (grupo D), ao contrário das demais que podem gerar os outros grupos de resíduos (BRASIL, 2004, 2010a, 2010b). Nos hospitais ocorrem as mais diversificadas atividades: cirurgias, tratamentos com medicamentos, serviços de radiologia, limpeza, laboratórios de análises microbiológicas, entre outros. Essas atividades são uma das principais fontes de emissão de poluentes no ecossistema, como desinfetantes, detergentes, resíduos de medicamentos, material perfurocortante e uma variada lista de materiais contaminados (ORIAS; PERRODIN, 2013). Por isso, transformações quanto à gestão ambiental, devem ocorrer também na administração de hospitais, onde o gerenciamento de aspectos e impactos ambientais começa a ter grande importância, sobretudo quando a intenção é gerar e proporcionar saúde (PFITSCHER et al., 2007). 2.2 Risco causado pelos Resíduos de Serviços de Saúde Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2014), os resíduos infectantes (com risco biológico) representam aproximadamente 10% da produção total de resíduos de um estabelecimento de saúde, os resíduos químicos e radiativos 5%, e os resíduos comuns 85% (Figura 1). Mesmo com essa aparente baixa proporção, o descarte incorreto de pequenas quantidades de resíduo infectante pode transformar grandes quantidades de resíduos comuns, originariamente sem risco, em lixo altamente contaminado (SOUZA et al., 2015). De acordo com a ANVISA (BRASIL, 2006), risco para o meio ambiente é a probabilidade da ocorrência de efeitos adversos ao meio ambiente, decorrentes da ação de agentes físicos, químicos ou biológicos, causadores de condições ambientais potencialmente perigosas que favoreçam a persistência, disseminação e modificação desses agentes no ambiente. Risco à saúde é a probabilidade da ocorrência de efeitos adversos à saúde relacionados com a exposição humana a agentes físicos, químicos ou biológicos, em que um indivíduo exposto a um determinado agente apresente doença, agravo ou até mesmo morte, 20 dentro de um período determinado de tempo ou idade. A ANVISA afirma, ainda, que os resíduos de serviços de saúde são parte importante do total de resíduos sólidos urbanos, não necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do total), mas pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente. FIGURA 1. Composição típica de resíduos produzidos por instituições de saúde. 10% 5% Infectante - Risco biológico Químico/Radiativo - Risco químico/radiativo Comum - Sem risco 85% Fonte: WHO (2014). Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) apresentam grande perigo ao ambiente e à saúde, pois contêm diversos seres patogênicos, agentes químicos e, muitas vezes, radioativos. Ao serem desprezados no ambiente sem o devido tratamento, podem contaminar outros resíduos que até então não eram classificados como infectantes. Portanto, os RSS podem contribuir para a disseminação de doenças transmissíveis, oferecendo perigo tanto para os trabalhadores envolvidos em seu descarte e manuseio quanto para os pacientes. Assim sendo, os RSS representam um potencial de risco em três níveis: 1) na saúde ocupacional de quem manipula o RSS; 2) no aumento da taxa de infecção hospitalar e; 3) no dano ambiental. Além disso, é evidente a existência de riscos econômicos, para a vida humana, a saúde coletiva e o meio ambiente (MAROUFI et al., 2012). Os riscos associados ao manejo inadequado dos RSS estão presentes na segregação inadequada, ou mesmo inexistentes, dos resíduos perigosos e a mistura desse tipo de resíduo com os comuns, o que promove a sua contaminação, aumentando a quantidade de material contaminado e os riscos relacionados. Para Paiz et al. (2014), os riscos associados ao manejo de RSS podem se apresentar em três âmbitos principais: ocupacional, ambiental e contingencial, conforme apresentado na Figura 2. 21 FIGURA 2. Principais riscos associados ao manejo de RSS Fonte: Adaptado de Paiz et al. (2014) Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a quantidade de RSS coletada não retrata aquela gerada diariamente, uma vez que é possível admitir que o serviço de saúde encaminhe seus resíduos de forma incorreta para o destino final, ou o estabelecimento não forneça adequadamente os dados referentes à coleta. Em qualquer uma destas situações, os estabelecimentos que adotam tais procedimentos contribuem para o aumento de contaminação ambiental, com consequências para a coletividade, devido ao descarte inadequado deste material. Assim, contribuem para o aumento dos problemas de saúde pública (VENTURA et al., 2012; TOLEDO; DEMAJOROVIC, 2006). Os problemas decorrentes do gerenciamento inadequado de resíduos sólidos são capazes de acarretar problemas a saúde da população, além da contaminação das águas subterrâneas e superficiais, do solo e da atmosfera. Pode, ainda, promover a proliferação de vetores transmissores de doenças (Figura 3). No cenário atual, o dano global ao meio ambiente resultante da poluição – incluindo o aumento da ocorrência de casos de câncer, transtornos do desenvolvimento e outros efeitos adversos para a saúde – vai aumentar como resultado de maiores lançamentos que o setor saúde fará de dioxinas e metais pesados para o meio ambiente. Estes problemas estão inextricavelmente ligados à propagação de doenças infecciosas e impactos a saúde ocupacional e ambiental da exposição a riscos biológicos e químicos devido ao manuseio e eliminação inadequados dos resíduos de saúde (TITTO et al., 2012). Para Bagio et al. (2013) a 22 falta de informação técnica para o gerador, manifestada tanto pela ausência do PGRSS quanto à ineficiência deste, compromete uma gestão adequada dos resíduos. FIGURA 3. Fluxo de resíduos no ambiente Fonte: Elaboração própria (2015) 2.3 Situação global do gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Na segunda metade do século XX a Revolução Industrial acarretou uma produção progressiva de resíduos sólidos como consequência do crescimento populacional e dos padrões de consumo. As dificuldades em estabelecer sistemas sustentáveis e o aumento constante na geração de resíduos são problemas reais enfrentados pela humanidade (HEMPE; NOGUERA, 2012). Nas últimas décadas tem havido um aumento significativo na geração de resíduos sólidos proveniente dos serviços de saúde. A preocupação em desenvolver um modelo mais sustentável de produção e consumo tem feito da gestão ambiental uma questão de interesse geral. Esse interesse tem direcionado os esforços de organizações internacionais e nacionais que investem uma parte significativa dos seus recursos na proteção do ambiente, em criar legislação específica (UN, 1987; WHO, 2012; OECD, 2007; 2012; BRASIL, 2004; 2005; 2010b). Estudos sobre geração de RSS mostram que a taxa de geração de resíduos varia não só de país para país (FERRAZ et al., 2005; MARINKOVIC et al., 2008; OWEIS et al., 2005; TUDOR et al., 2005), mas também dentro de um mesmo país, dependendo da estrutura e localização das instalações dos estabelecimentos de saúde (CHEN et al., 2013; MOHEE, 2005; THAKUR; RAMESH, 2015). 23 A taxa de geração dos RSS é maior em países desenvolvidos, em comparação com países de em desenvolvimento, porque nos países desenvolvidos há mais e melhores instituições de saúde (SHINEE et al., 2008; THAKU; RAMESH, 2015). Dados da literatura mostram que 75-90% dos resíduos produzidos pelas instalações de saúde não eram perigosos. Os 10-25% restantes foi considerado perigoso e é uma possível causa de uma variedade de riscos para a saúde (CHAERUL et al., 2008; SHINEE et al., 2008; SOLIMAN et al., 2007; BAZRAFSHAN; MASTAFAPOOR, 2011; THAKUR; RAMESH, 2015). Embora muitos países e agências governamentais, tais como a Organização Mundial da Saúde – OMS, Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental – EPA, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA – CDC e o governo da Alemanha, tenham diretrizes rígidas estabelecidas para hospitais e outras instituições de saúde em relação à coleta, transporte, armazenamento e eliminação de resíduos hospitalares (EL-SALAM, 2010; THAKUR; RAMESH, 2015), pouca atenção tem sido dada à gestão dos RSS. De acordo com o levantamento feito pela OMS em 22 países em desenvolvimento, cerca de 18% a 64% das unidades de saúde estão usando métodos de eliminação de resíduos inadequado (ZHANG et al., 2013). Na União Europeia, os Estados-membros tomaram medidas legais para promover a prevenção, a reciclagem e a transformação dos resíduos, a obtenção de matérias-primas e energia a partir da reciclagem, assim como qualquer outro método que possibilita a sua reutilização. Também asseguram que os resíduos sejam reutilizados ou eliminados sem que a saúde da população corra riscos e sem o uso de processos ou métodos que possam ser prejudiciais ao ambiente. No Canadá, a maioria das províncias conta com regulação “guarda-chuva” sobre o manuseio de RSS. A legislação federal canadense dispõe que a responsabilidade pelos RSS é compartilhada entre o governo federal e províncias. Naquele país, o princípio fundamental é a sustentabilidade dos processos de produção e descarte com menor agressão possível ao ecossistema. Apenas a província de Quebec parece ter legislação específica para resíduos de saúde (WALKINSHAW, 2011). Nos Estados Unidos da América, uma Lei Federal de Acompanhamento de Resíduos Hospitalares (da sigla em inglês MWTA) foi aprovada em 1988 e a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) definiu normas para a gestão de RSS. O MWTA expirou no início de 1990, fazendo com que cada estado seja responsável por estabelecer suas próprias diretrizes de classificação e de gestão para RSS. Atualmente, a legislação federal americana 24 propõe que as comunidades adotem sistemas de “manejo integrado de resíduos” adaptados às suas necessidades (USEPA, SD). Na Argentina e no México, o modelo de gestão preconizado se assemelha ao sistema brasileiro. Os resíduos devem ser manejados desde a sua segregação até o destino final sob responsabilidade do gerador. Nesses países, e na América Latina como um todo, o principal meio de tratamento dos resíduos é a incineração. As emissões gasosas provenientes desse processo também são alvo de preocupação governamental, sofrendo regulamentação específica. As questões ambientais sobre o destino dos resíduos chamados de perigosos são objeto de diversos estudos nesses países. Contudo a conscientização sobre o descarte e a disposição final ainda são deficientes (DURLACH, 2013; HAKIM et al., 2004; ORTIZ, 2010; MÉXICO, 2003). Em grande parte dos países em desenvolvimento, os RSS têm sido manuseado e descartado junto com o lixo comum, criando riscos inevitáveis para os profissionais de saúde, para população em geral e para o meio ambiente (HOSSAIN et al., 2011). Numerosos estudos têm sido realizados com o objetivo de definir um plano de gestão de RSS adequado a fim de minimizar os riscos para a saúde e ambiente (ALVES et al., 2014; MATHUR et al., 2011; DIAZ et al., 2005; HARHAY et al., 2009; SOLBERG, 2009; HARIS et al., 2009; AZMAL et al., 2014). 2.4 Os Resíduos de Serviços de Saúde no Brasil No Brasil, a maioria dos municípios tem encontrado dificuldades para cumprir com a legislação referente ao gerenciamento de resíduos devido a restrições orçamentárias e falta de capacidade. Cerca de 4.000 desses municípios são pequenos (menos de 20.000 habitantes) e apenas alguns deles têm um bom sistema de gerenciamento de resíduos sólidos (FERREIRA, 2012). Segundo o levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) em 2014, dos 5.570 municípios brasileiros, 4.526 prestaram em 2014, total ou parcialmente, serviços referentes ao manejo dos RSS, levando a um índice médio de 1,3 kg por habitante/ano. O total coletado cresceu 5,0% em relação a 2013 enquanto que índice médio por habitante revelou um crescimento de 4,1% nesse período. Ainda de acordo com o estudo o principal destino final desses resíduos é a incineração, como apresentado na Figura 4. 25 FIGURA 4. Principais destinos finais dos RSS coletados pelos Municípios em 2014. INCINERAÇÃO 44,50% AUTOCLAVE MICROONDAS 21,90% 2,50% OUTROS 31,10% Fonte: ABRELPE (2014). Caniato et al. (2015) constatou que as condições econômicas de um país são um fator importante no gerenciamento de RSS, especialmente em relação ao tratamento e à disposição final, isto é, quanto menos desenvolvido, menor será a preocupação em tratamentos adequados e disposições finais ecologicamente sustentáveis. O autor sugere que sejam aplicados maiores investimentos nesse setor para que a cadeia de manejo fosse adequadamente seguida sem desvios e, consequentemente, sem maiores danos ao ambiente e à saúde. 2.4.1 Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Aurélio1, o termo “gerenciamento” significa o ato ou efeito de gerenciar, que, por sua vez, pode ser entendido como dirigir, administrar. De acordo com o livro “Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos” publicado pela Project Management Institute (PMI, 2004), o gerenciamento é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. Esse processo de gestão deve ser realizado por intermédio da aplicação e da integração dos seguintes fatores do gerenciamento de projetos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento. Os 1 www.dicionárioaurelio.com. Acesso em 28 de agosto de 2015. 26 objetivos devem ser traçados logo em seguida pelo indivíduo responsável pelo projeto que está em desenvolvimento. O conceito de “gerenciamento” tem sua origem na área de Administração, relacionado às concepções de planejamento e controle. Esse conceito foi correlacionado às ações de correção e/ou prevenção dos problemas de gestão, vislumbrando a preservação ambiental e a economia de recursos naturais, de insumos, de energia e a minimização da poluição ambiental (LOPES, 2006). Para Mesquita (2007), o conceito de gerenciamento de resíduos deve envolver a integração dos diversos atores, de modo que aprimore o processo de gestão dos resíduos sólidos, incluindo todas as condicionantes envolvidas no processo e permitindo um desenvolvimento constante e equilibrado entre todos os interessados, de forma a alcançar as metas estabelecidas, adequados às necessidades e características do ambiente onde se promove a gestão. O gerenciamento de resíduos sólidos, na Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010b) – Artigo 3º, inciso X, é definido como: Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei; A RDC nº 306 da ANVISA (BRASIL, 2004) define “gerenciamento de resíduos de serviços de saúde” como: Um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Ainda de acordo com a normativa da ANVISA, o manejo de RSS deve ser entendido como a ação de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração até a disposição final. Ele deve abranger as etapas de segregação, acondicionamento, identificação, coleta, transporte interno, armazenamento externo, coleta e transporte externos, e disposição final. A segregação consiste na separação no momento e local de sua geração, de acordo com suas características físicas, químicas, biológicas, com o seu estado físico e os 27 riscos envolvidos. O acondicionamento, por sua vez, é o ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem o vazamento e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. A identificação consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS. O armazenamento externo consiste na guarda dos recipientes dos resíduos até a realização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores. A coleta e o transporte externos consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final. A etapa de disposição final consiste na disposição dos resíduos no solo, previamente preparado para recebê-lo (BRASIL, 2006, 2010a, 2010b). Para um gerenciamento, é necessário que dados sejam coletados durante a construção do PGRSS e ao longo da rotina de trabalho, gerando indicadores capazes de auxiliar a cadeia de manejo. Os indicadores devem ser produzidos com base na pesagem dos resíduos provenientes de cada setor do hospital e, para isso, os responsáveis pela elaboração do PGRSS devem coordenar o processo de coleta, transporte e pesagem, para que os valores indiquem a situação real da quantidade de RSS gerados em um dia de trabalho. Esses indicadores devem constar em tabelas, contendo data, hora, valor da pesagem e assinatura do responsável por acompanhar o procedimento. Dessa forma, a relação entre os atendimentos oferecidos e os resíduos produzidos será mais próxima da realidade do setor, assim como indica o manual da ANVISA sobre gerenciamento de RSS (BRASIL, 2006). Com esses indicadores será possível estipular um padrão para cada área do hospital, além de fornecer subsídio para avaliar o impacto do processo de educação permanente sobre os RSS. Assim, se um setor reduzir a razão entre RSS gerados e atendimentos oferecidos indicará uma melhora no processo de segregação. Por outro lado, se um setor apresentar aumento progressivo nessa razão, os responsáveis pelo PGRSS deverão direcionar a atenção para essa área, verificando os motivos e aplicando medidas educativas. Contudo, sem dados sólidos esse monitoramento fica comprometido (ADUAN et al., 2014) É importante considerar que o primeiro objetivo estipulado na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 - é a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental (BRASIL, 2010b). Nesse contexto, o destino final dos RSS é um problema que deve ser debatido em todos os aspectos, isto é, na política, economia e ética. A unidade geradora do resíduo de saúde por meio da PNRS cria as normas que servirão de guia para o manejo adequado desses resíduos, o PGRSS. Contudo, a questão econômica se 28 torna um entrave para que haja uma verdadeira aplicação desse plano de gerenciamento, já que os recursos necessários para o bom emprego da PNRS é maior do que o recurso fornecido pelo governo. Todavia, o ambiente não deve ficar à margem de discussões políticas e econômicas, já que essa é uma questão ética e de importância para a humanidade (VILELARIBEIRO, 2009). Além dos problemas econômicos, os hospitais enfrentam grandes dificuldades no processo de implementação do PGRSS por dependerem das ações das pessoas envolvidas. Segregar corretamente os materiais recicláveis é uma questão de educação, pois exige mudanças de hábitos e comportamento. Já a gestão de resíduos em geral costuma não ser encarada como prioridade pela direção dos serviços de saúde, dificultando a liberação de recursos para investir em boas práticas. No que tange à segregação dos resíduos não aproveitáveis, caso dos resíduos comum ou infectante, os funcionários têm certa dificuldade em classificá-los (KOPP; ARAÚJO; FIGUEIREDO, 2013). A deficiência nesse processo pode ser atribuída à falta de supervisão, a carência em programas de educação e a indisponibilidade de instruções específicas. Portanto, o cerne da questão é a educação do funcionário (MAROUFI et al., 2012). Conquanto esses profissionais tenham como objetivo comum prestar assistência à saúde, eles são encontrados em diferentes setores de atendimento, os quais envolvem processos assistenciais diversos, que resultam em utilização e descarte de diferentes tipos de resíduos. O processo assistencial, por sua natureza peculiar, exige a utilização de grande quantidade de materiais e equipamentos de uso médicohospitalar, o que, por sua vez, resulta em grande volume de resíduos a serem descartados. Assim, a falta de trabalhadores capacitados em gerenciar os problemas ambientais contraria o objetivo da Política Nacional de Resíduos Sólidos, uma vez que este fato provavelmente resultará em descarte de lixo contaminado em local inadequado (BETAGLIN; SOUZA; CAMPONOGARA, 2012). A preocupação com os RSS deve abranger tanto os profissionais de saúde quanto aqueles indivíduos que estão em formação. Estudos mostram que o termo “Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde” não é do conhecimento da maioria dos profissionais da área por ser uma expressão raramente utilizada, sendo mais comum a utilização da denominação lixo hospitalar. Muitas vezes os profissionais de saúde acreditam que realizam a separação do “lixo hospitalar”, mas a maioria desconhece as normas, realizando a ação de maneira inadequada. As orientações referentes ao assunto em questão devem, sem dúvida, iniciar durante a formação dos profissionais de saúde (DOI; MOURA, 2011; MELO et al., 2013). Logo, é fundamental promover programas de informação e de formação dos profissionais 29 envolvidos na gestão de RSS, sensibilizando-os para os riscos associados aos resíduos produzidos (SANTOS, 2013; CAMPOS, 2014). Para que o gerenciamento adequado de RSS seja ecologicamente correto deve-se observar todo o processo desde sua geração até sua destinação final, de acordo com a legislação vigente. O ponto de partida para o funcionamento de um sistema de gestão e desenvolvimento das demais fases está no processo de identificação e classificação destes resíduos, fases nas quais o hábito do profissional envolvido é o cerne. Pode-se afirmar, então, que o dano ambiental e, consequentemente, à saúde humana está diretamente atrelado à educação que esse profissional possui sobre o manejo dos RSS. 2.5 Os Resíduos de Serviços de Saúde na formação profissional A preocupação com o gerenciamento de RSS deve atingir tanto os profissionais que já estão na prática de trabalho quanto os que ainda estão em formação. É importante que todos os profissionais que atuam em estabelecimentos de saúde conheçam os riscos relativos aos resíduos e sejam responsáveis e qualificados para o manejo desses RSS. Existe, assim, a necessidade de processos formativos que fomentem os debates dentro desse tema nos cursos de graduação da área da saúde, focando na promoção da conscientização dos sujeitos no que diz respeito às repercussões ambientais (MORESCHI et al. 2014; MORESCHI, 2013). A integração das questões ambientais nas políticas de saúde é uma situação emergente, especialmente quando se vislumbra a formação em Saúde com conteúdos sobre ecologia e responsabilidade ambiental, distribuídos em disciplinas de conteúdos gerais do curso. O profissional de saúde deve possuir conhecimento que direcione suas ações diárias de trabalho com intuito de proporcionar a conservação ambiental. Muitos cursos apresentaram componentes curriculares que se aproximam da discussão interdisciplinar entre saúde e meio ambiente, mesmo não sendo uma disciplina específica sobre o tema ambiental. Contudo esse tema deve ser mais enfatizado (SOUZA; ANDRADE, 2014). É imprescindível que haja uma abordagem ambiental focalizada nos RSS nos cursos de graduação da área da saúde. Esse saber não pode ser apenas uma informação de como fazer, mas que o espaço de formação propicie reflexão, comprometimento com a construção de sujeitos que incorporem posturas éticas, de compromisso social, agindo de forma responsável com o meio ambiente (CORRÊA et al. 2007). Além disso, para que se consiga um manejo de RSS adequado, é necessário um programa de educação permanente no contexto da assistência à saúde, na rotina de trabalho. A 30 educação permanente é uma ferramenta indispensável para a manutenção de ações e comportamentos adequados à implementação do PGRSS, assim como na construção de comportamentos novos, principalmente quando se trata de um hospital destinado à assistência e, ao mesmo tempo, a formação de profissionais de saúde, com alta rotatividade de alunos de diferentes cursos e etapas de formação (PAIZ et al., 2014; SULZBACHER; FONTANA, 2013). 31 3 METODOLOGIA 3.1 Abordagem Metodológica, Local do Estudo e Casuística Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, descritiva (GIL, 2002). A pesquisa foi realizada no Hospital Infantil São Cosme e Damião (HICD), unidade gerida pela Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (SESAU-RO). O hospital é referência estadual no atendimento de crianças. Foi criado pela Lei Complementar nº 261 de 18 de abril de 2002 e está situado em uma área que abriga mais três unidades de saúde da SESAU-RO, o Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (hospital geral de média e alta complexidade), a Fundação Hemeron (banco de sangue) e a Policlínica Oswaldo Cruz (Ambulatório de especialidades médicas), sendo vizinho mais próximo do Hospital de Base, mantendo inclusive conexão estrutural. O local do estudo foi escolhido por conveniência. Atualmente, o HICD possui 126 leitos, sendo 10 de UTI, e atende um fluxo da clientela por demanda espontânea ou referenciada. O hospital dispõe de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), seis enfermarias, dois isolamentos, sala de urgência e emergência, sala de nebulização, sala de raios-X, sala de curativo, lactário, serviço de nutrição e dietética, laboratório de microbiologia terceirizado, brinquedoteca, farmácia, quatro consultórios, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, setores de observação, além de outros ambientes hospitalares. Os recursos humanos abrangem médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, biólogos, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem, técnicos em radiologia, técnicos em laboratório, biomédicos, farmacêuticos, agentes em atividades administrativas, entre outros. Para coleta de dados, os setores do hospital foram selecionados conforme sua criticidade (BRASIL, 2010a). A área crítica estudada foi a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e seu quarto de isolamento; na área semicrítica foram avaliadas as enfermarias, isolamentos, os setores de observação e a emergência. As áreas não críticas não foram incluídas no estudo, pois não geram resíduos infectantes. A população do estudo foi composta por funcionários de nível médio e superior, sendo incluídos profissionais de saúde de nível superior com profissões regulamentadas pela Resolução nº 287 de 1998 do Conselho Nacional de Saúde que atuam no hospital, além de profissionais de saúde de nível médio, como técnicos em enfermagem, técnicos em radiologia e técnicos em nutrição. Foram excluídos da pesquisa os profissionais que exercem funções 32 administrativas. Este estudo objetivou entrevistar todos os profissionais de saúde, calculandose, ao final, as recusas, desistências, além de funcionários em período de férias e/ou licença. A população total foi composta por 213 profissionais que atuam na UTI, enfermarias, isolamentos, observações e emergência. 3.2 Análise do PGRSS e observações das rotinas de gerenciamento Na primeira fase do estudo foi realizada a leitura e análise do PGRSS da instituição, com auxílio de um formulário de avaliação (Apêndice C) Esse formulário, aplicado em um único momento durante a pesquisa, foi elaborado de acordo com as exigências da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 306 de 7 de dezembro de 2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e da Resolução nº 358 de 29 de abril de 2005 da Comissão Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2004, 2005). O instrumento englobou 3 itens: I. Da geração, II. Do funcionamento, e III. Da estrutura. Foram verificados, respectivamente, os resíduos gerados pela unidade, a descrição do funcionamento do gerenciamento de RSS e a estrutura para comportar tal gerenciamento. Além disso, foi realizado o acompanhamento da prática do serviço diário com um instrumento de observação (Apêndice D). O instrumento foi baseado nos trabalhos de Lemos (2012) e Oliveira (2011), e caracterizaram o sistema de gerenciamento de RSS, bem como a rotina dos profissionais de saúde quanto ao gerenciamento de RSS. Essa verificação aconteceu nos turnos da manhã e noite, incluindo dias úteis e finais de semana, durante um período de 30 dias nos meses de fevereiro e março de 2015, totalizando 60 observações. Cada observação foi feita em uma ronda pelos setores incluídos no estudo. Foi contabilizado como 1 (uma) observação a ronda completa pelos setores estudados (UTI, enfermarias, emergência e observações), com um formulário para cada setor. Durante essas verificações, o pesquisador acompanhou o serviço de coleta. As lixeiras eram observadas antes do funcionário coletar o resíduo. 3.3 Entrevistas Na segunda fase foi realizada uma entrevista, cujo roteiro constava de 25 perguntas, das quais vinte eram fechadas e cinco abertas (Apêndice E). Esse questionário foi elaborado de acordo com os trabalhos de Lemos (2012) e Campos (2014). As perguntas abordaram as principais normas e técnicas de segregação de resíduos de saúde e foi avaliado o 33 conhecimento dos profissionais a respeito do tema. As entrevistas ocorreram em diferentes turnos de trabalho, em um período de 30 dias nos meses de fevereiro e março de 2015, incluindo todos os dias da semana. A entrevista foi realizada com profissionais que obedeceram ao critério de inclusão e que estavam exercendo atividades assistenciais nos setores selecionados para a pesquisa. 3.4 Análise dos dados Na terceira fase do estudo, foi utilizado o programa Epi Info 7 para a análise estatística dos dado referentes às entrevistas. Foi criado um formulário no programa com as 25 perguntas do roteiro de entrevista e, posteriormente, as respostas foram incluídas como novos dados dentro do sistema Epi Info. Em seguida foi realizada uma análise de estatística básica com medidas de frequência simples para serem agrupadas em tabelas e gráficos. Os dados referentes aos questionários de avaliação do PGRSS e as observações foram tratados no programa Microsoft Excel ®. Após a tabulação e análise dos dados, os resultados obtidos foram discutidos à luz da literatura relacionada ao assunto. 3.5 Questões éticas O estudo obedeceu às diretrizes éticas da Declaração de Helsinqui (1964), versão atualizada de 2000, e as recomendações da Resolução nº 466 de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, com o CAAE nº 36761714.2.0000.5300. A elaboração e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido possibilitou aos participantes o recebimento de informações sobre o estudo, garantia de anonimato e confidencialidade de dados sigilosos. 34 4. RESULTADOS 4.1 Avaliação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Com base na avaliação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) do hospital, verificou-se que o estabelecimento gera os resíduos do grupo A (infectante), B (químico), D (comum) e E (perfurocortantes). Os grupos A e E representam a maior parte dos RSS gerados e são constituídos de material infectante e perfurocortantes comuns em hospitais. O grupo B é representado por medicamentos vencidos e por resíduo proveniente do processamento de imagens de raios-X, o revelador e o fixador. Dentre os 25 pontos referentes aos dados gerais de funcionamento constantes no formulário de avaliação (Apêndice C), o PGRSS não contempla 5 (20%) dos itens necessários conforme a legislação brasileira (Quadro 2). QUADRO 2. Itens exigidos pela RDC ANVISA nº 306 de 2005 relativos aos dados gerais de funcionamento que não estão presentes no PGRSS do hospital estudado. 1. O desenvolvimento e a implantação de programas de capacitação abrangendo todos os setores geradores de RSS, os setores de higienização e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, Comissões Internas de Biossegurança, os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho – SESMT, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. 2. Os indicadores devem ser produzidos no momento da implantação do PGRSS e posteriormente com frequência anual. 3. Esclarece como deve ser o transporte externo de cada grupo de resíduo. 4. Estabelece um método de reciclagem para resíduos do grupo D. 5. Apresenta um sistema de descarte de pilhas e baterias. Quanto à estrutura predial necessária para a implantação do PGRSS, dos 13 itens analisados, o hospital é deficiente em 5 (38%) deles (Quadro 3). QUADRO 3. Itens exigidos pela RDC ANVISA nº 306 de 2005 referentes à estrutura necessária para implantação do PGRSS não contemplados no hospital estudado. 1. As lixeiras estão em bom estado de conservação? 2. O local onde as lixeiras estão posicionadas facilita a segregação? 3. O local de armazenamento externo é de fácil acesso para o veículo de coleta? 4. O local de armazenamento externo é mantido em bom estado de higiene e bem organizado? 5. Há recipiente com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual para o descarte dos resíduos? 35 A maioria das lixeiras do hospital está em mal estado de conservação, sem tampa, ou com pedal de acionamento danificado, sem higienização frequente e, a despeito da correta identificação, estão dispostas em locais que dificultam a segregação adequada dos resíduos. Algumas possuem tampa com acionamento manual, dificultando o processo de descarte dos resíduos. Em relação aos indicadores para o monitoramento da produção de resíduos, o PGRSS do hospital indica apenas como eles devem ser produzidos, sem apresentá-los efetivamente. Como estipula a normativa, estes devem ser produzidos no momento da construção do plano e mantidos rotineiramente durante o gerenciamento, com respectivo registro formal (Quadro 4). QUADRO 4. Indicadores para o monitoramento da produção de resíduos apresentados no PGRSS do hospital estudado. Registro mantido no Indicadores Forma de obtenção Periodicidade hospital Taxa de acidentes com Não há especificação resíduo perfurocortante Variação da proporção A quantidade (em Kg) de de resíduos do Grupo A resíduos dos grupos A, B e E será Variação da proporção acompanhada regularmente por de resíduos do Grupo B meio de pesagem realizada pela empresa responsável e acompanhada pela comissão de Mensal Inexistente certificação e notas do HICD. Os resultados serão monitorados através de planilhas e gráficos Variação da proporção que contenham o tipo de resíduo. de resíduos do Grupo E Não será possível realizar tal monitoramento grupo D, uma vez que inexiste um sistema de pesagem para o mesmo. O depósito externo não é mantido bem organizado e higienizado, além de não possuir fácil acesso. Em suma, o local de armazenamento externo do hospital não possui nenhuma das quatro características essenciais estipuladas pela ANVISA (BRASIL, 2006): 1) não é de fácil acesso, 2) possui higiene e saneamento precários, 3) é desprovido de segurança, pois pessoas não autorizadas e até pacientes e acompanhantes têm acesso e 4) não é um ambiente exclusivo, uma vez que a estrutura é utilizada para armazenar equipamentos danificados e materiais de manutenção diversos. O PGRSS também não esclarece como deve ser o transporte externo de cada grupo de resíduo, o que deveria incluir regras de armazenamento durante transporte e identificação de caminhão. O veículo que realiza o transporte (caminhão tipo baú) não possui a identificação do tipo de resíduo transportado, não possui local apropriado para armazenamento no interior 36 da caçamba (os resíduos estão em contato direto com a superfície). Também não passa por higienização frequente. 4.2 Observação da Rotina de Trabalho dos Profissionais de Saúde A Tabela 1 mostra a quantidade de recipientes para segregação de RSS estão disponíveis em cada setor. TABELA 1. Número de recipientes para segregação de RSS do hospital estudado por setor gerador. Porto Velho – RO, 2015. N=50. Resíduo Infectante Setores Resíduo Comum Total Lixeiras Caixas Lixeiras Postos de enfermagem 3 3 3 9 Enfermarias 0 0 8 8 Isolamento (Enfermarias) 1 1 1 3 Observação 1 1 4 6 Emergência 2 2 2 6 UTI 7 4 4 15 Isolamento (UTI) 1 1 1 3 TOTAL 15 12 23 50 A Tabela 2 apresenta a frequência e a porcentagem de segregação inadequada observada nas visitas para averiguação da rotina de trabalho dos profissionais de saúde incluídos no estudo. TABELA 2. Frequência e porcentagem de segregação inadequada observada nas 60 visitas realizadas. Porto Velho – RO, 2015. N=60. Modo de segregação Frequência Porcentagem Resíduo comum em recipiente para resíduo infectante (saco branco /caixa de papelão). Resíduo infectante em recipiente para resíduo comum (saco preto). Resíduo (papel, embalagens diversas, esparadrapos, etc.) descartado em local inadequado, sobretudo no chão. Resíduo perfurocortante em local impróprio (mesa, bancada, pia, beiras de janelas). 60 100% 55 91,67% 36 60% 58 96,67% 37 Foi observado em 91,67% (55) das visitas resíduo infectante (grupos A/E) segregado nas lixeiras com saco preto (grupo D). Em 100% (60) das visitas realizadas, todos os recipientes exclusivos para resíduos infectantes (lixeiras com saco branco leitoso – Grupo A) ou perfurocortantes (caixas – Grupo E) continham algum resíduo comum (Grupo D). Também foram constatados resíduos perfurocortantes em local inadequado (mesa, bancada, pia e/ou beirais de janelas) em 96,67% (58) das visitas. Em 60% das visitas foi encontrado lixo (papel, embalagens diversas, esparadrapos, etc.) descartado em local inadequado, sobretudo no chão. Quanto à coleta e transporte interno de RSS, em 75% (45) das visitas todas as lixeiras e caixas estavam transbordando ou no limite de 2/3 estipulado pela RDC nº 306 de 2004. Nas outras 15 visitas (25%) realizadas foram constatados resíduos excedendo o limite de 2/3 do recipiente em, no mínimo, 60% (30) dos recipientes totais dos setores e, no máximo, 90% (45 recipientes) (ver Tabela 1 para quantitativo de recipientes). Em 7 (11,67%) visitas esse carrinho transbordou, devido à alta produção de resíduo comum e por falta de profissionais para a coleta. Nas outras 53 visitas os carrinhos foram transportados com a tampa fechada. Em 53,33% (32) das visitas, o horário das coletas foi seguido conforme o disposto no PGRSS institucional. Nas outras 28 visitas (46,67%) os horários de coleta foram atrasados. Durante o período de 30 dias de visitas, foi possível observar 20 procedimentos de coleta externa de resíduos dos grupos A, B e E, uma vez que elas só ocorrem uma vez ao dia, de segunda a sexta. Em 100% das observações houve irregularidades nos procedimentos de coleta externa. 4.3 O conhecimento dos profissionais de saúde sobre o gerenciamento de RSS Dos 213 profissionais aptos a participar da pesquisa, foram entrevistados 180. 33 profissionais não foram entrevistados porque estavam de férias, licença, ou se recusaram a participar da pesquisa. A formação dos profissionais de saúde que aceitaram participar do estudo está especificada nas Tabelas 3 e 4. TABELA 3. Número e porcentagem dos profissionais de saúde entrevistados por nível de formação. Porto Velho – RO, 2015. N=180. Nível de Formação Frequência Porcentagem Superior 83 46,11% Médio 97 53,89% TOTAL 180 100,00% 38 Entre os entrevistados, 53,89% tinham formação de nível técnico. A categoria mais representativa da amostra foi a enfermagem (68,89%), sendo 50,56% de técnicos de enfermagem e 18,33% de enfermeiros (Tabela 4). TABELA 4. Número e porcentagem dos profissionais de saúde de acordo com a profissão. Porto Velho – RO, 2015. N=180 Formação Frequência Porcentagem Enfermagem 33 18,33% Medicina 40 22,22% Psicologia 2 1,11% Nutrição 3 1,67% Fonoaudiologia 1 0,56% Fisioterapia 3 1,67% Biomedicina 1 0,56% Técnico em Enfermagem 91 50,56% Técnico em Nutrição 2 1,11% Técnico em Radiologia 4 2,22% 180 100,00% TOTAL A Tabela 5 apresenta a quantidade e o percentual dos profissionais que conhecem o PGRSS institucional. Apenas sete (3,89%) alegaram conhecer o plano, enquanto a maioria (96,11%) desconhece esse documento. TABELA 5. Número e porcentagem dos profissionais de saúde entrevistados que conhecem ou não o PGRSS do hospital. Porto Velho – RO, 2015. N=180. Conhece o PGRSS Frequência Porcentagem Sim 7 3,89% Não 173 96,11% TOTAL 180 100,00% A Tabela 6 apresenta a relação entre o nível de formação dos entrevistados e o seu conhecimento do PGRSS do local de trabalho. Entre os que afirmaram conhecer o PGRSS, 71,43% (5) são profissionais de nível superior e 28,57% (2) possuem nível médio. A análise estatística apresentou um nível de significância (α) de 5%, e χ2 = 0,9682, mostrando que não há relação entre nível de formação dos entrevistados e o seu conhecimento do PGRSS institucional. 39 TABELA 6. Conhecimento do PGRSS de acordo com o nível de formação dos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho – RO, 2015. N=180. Nível de Formação Conhece o PGRSS Superior Médio Total Sim 5 2 7 Não 78 95 173 Total 83 97 180 100% dos profissionais entrevistados souberam definir corretamente os grupos A (infectante), D (comum) e E (perfurocortante) dos RSS. 58,33% (105) dos entrevistados sabem o que é um resíduo químico, os demais alegaram não saber quais resíduos se enquadram nesse grupo. A respeito do resíduo radiativo (grupo C), apenas 22,22% (40) sabem definir os rejeitos desse grupo. Quanto aos RSS produzidos no hospital, todos os profissionais entrevistados afirmam que a unidade produz resíduo comum, infectante e perfurocortante. 86 (46,11%) dos entrevistados citam que também são produzidos resíduos químicos. Apenas 8 (4,44%) acreditam que o hospital gera resíduo radiativo. Como já foi dito anteriormente, o hospital estudado é gerador dos grupos infectante, perfurocortante, químico e comum. Quanto à forma de segregação dos resíduos, a maioria sabe como deve ser o descarte correto dos grupos A, D e E, conforme apresentado na Tabela 7. TABELA 7. Número e porcentagem das respostas dos funcionários a respeito do recipiente correto para o descarte, por tipo de resíduos. Porto Velho – RO, 2015. N=180. Tipos de Resíduos Respostas Perfurocortante Comum Infectante N % N % N % Lixeira com saco preto --- --- 167 93 10 6 Lixeira com saco branco --- --- 6 3 160 89 Caixa de papelão 175 97 --- --- --- --- 5 3 7 4 10 5 180 100 180 100 180 100 Não sabe Total Nos Gráficos 1 a 3, são apresentadas as respostas dos entrevistados quanto ao conhecimento dos símbolos relativos aos resíduos produzidos nos serviços de saúde. A maioria dos entrevistados (63%; n=113) apontou corretamente o símbolo para resíduo infectante; 13% (23) confundiram infectante com perfurocortante, 1% (2) com símbolo para resíduo radiativo, 1% (2) com resíduo químico e 22% (40), não sabiam informar o significado do símbolo apresentado a eles (Gráfico 1). 40 GRÁFICO 1. Frequência das respostas a respeito do símbolo para resíduo infectante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N=180. Quanto à identificação do símbolo referente aos resíduos químicos, apenas 43% identificaram corretamente, enquanto 5% confundiram com o símbolo para resíduo infectante, 3% com o símbolo para resíduo radiativo, 2% com resíduo perfurocortante, 1% com resíduo comum e 43% não sabiam informar o significado do símbolo apresentado a eles (Gráfico 2). GRÁFICO 2. Frequência das respostas a respeito do símbolo para resíduo químico dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N=180. 41 Quando apresentados ao símbolo referente a radiação ionizante, 55% responderam corretamente, 5% identificaram como resíduo químico, 2% como símbolo para material perfurocortante, 2% como resíduo infectante e 36% não sabiam informar o significado do símbolo apresentado a eles (Gráfico 3). GRÁFICO 3. Frequência de respostas a respeito do símbolo da radiação ionizante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N=180. Sobre a destinação final do resíduo após a coleta externa, 85% (127) dos profissionais não sabem para onde os RSS são levados. Dos 27 (15%) profissionais que afirmam saber, 16 alegam que os resíduos são encaminhados para a incineração, 7 acreditam que os resíduos são levados para o lixão e 4 acreditam que os resíduos são transportados para algum depósito da empresa contratada. Quanto ao risco de uma segregação incorreta, os resultados mostraram que a maioria dos profissionais envolvidos sabe que há risco quando o descarte ocorre inadequadamente. Do total de entrevistados, 95% (171) acreditam que o descarte de resíduo infectante em lixeira para resíduo comum pode acarretar algum problema. Destes, 54% acreditam que o resultado é a contaminação do ambiente, 24% que resultará em risco de contaminação para o coletador, 17% que o resultado será a disposição final incorreta, 3% em acidente com consequente contaminação e 2% não souberam responder (Gráfico 4). 42 GRÁFICO 4. Frequência de respostas sobre os tipos de problemas causados por descarte incorreto de resíduo infectante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N =171. Em relação aos problemas do descarte de lixo comum em recipientes para resíduo infectante, 61,11% (110) acreditam que existe risco nessa segregação incorreta. 31,67% (57) alegaram que não há problema nessa situação. 7,22% (13) não sabem se o descarte de lixo comum em recipientes para resíduo infectante pode provocar algum problema. Os que afirmaram haver risco (61,11%) foram questionados sobre o tipo de problema causado nesta situação. As respostas seguiram o padrão mostrado no Gráfico 5. GRÁFICO 5. Frequência de respostas sobre os tipos de problemas causados por descarte incorreto de resíduo comum dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N =110 43 A respeito da segregação de perfurocortantes fora das caixas de papelão específicas, 100% dos profissionais de saúde entrevistados afirmaram que existe risco nesse tipo de descarte. 90% dos entrevistados acreditam que os riscos relacionados à segregação incorreta são acidente e contaminação, 6% que resultará em risco de acidente de trabalho e 4% em contaminação biológica (Gráfico 6). GRÁFICO 6. Frequência de respostas sobre os tipos de problemas causados por descarte incorreto de resíduo perfurocortante dadas pelos profissionais de saúde entrevistados. Porto Velho, 2015. N =180 As questões de 12 a 16 do formulário de entrevista (APÊNDICE E) abordaram a existência de um programa de educação referente ao gerenciamento de RSS. As respostas revelaram a deficiência desse processo no hospital estudado: 98,33% (177) dos profissionais alegaram que não receberam instruções sobre os resíduos de serviços de saúde ao iniciarem suas atividades no hospital. Quanto à existência de um programa de educação, 95,56% (172) afirmaram que não há algo do tipo implantado no estabelecimento. Os outros 4,44% (8) não sabem se existe esse programa. Sobre a formação dos entrevistados relacionada aos RSS, fora do ambiente de trabalho, 44,44% (80) afirmaram que essa temática foi trabalhada em algum momento de sua formação acadêmica. 26,11% (47) alegaram que não tiveram esse tipo de conteúdo, e 29,44% (53) não lembram. Os 80 (44,44%) entrevistados que afirmaram ter recebido instruções sobre o gerenciamento de RSS em algum momento na sua formação foram questionados 44 especificamente sobre o tema abordado, as respostas foram agrupadas na Tabela 8. Quando os entrevistados foram questionados sobre a natureza do curso onde obtiveram as informações, 76,25% (61) afirmaram que foi no curso de graduação ou curso técnico, os outros 23,75% (19) alegaram que foi em palestra. TABELA 8. Número e porcentagem de respostas dos entrevistados, de acordo com os temas referentes ao manejo de RSS abordados na formação profissional. Porto Velho, 2015. N=80. Segregação dos resíduos na prática de trabalho Frequência Porcentagem Sim 74 92,50% Não 2 2,50% Não lembra 4 5,00% TOTAL 80 100,00% Frequência Porcentagem Sim 36 45,00% Não 13 16,25% Não lembra 31 38,75% TOTAL 80 100,00% Frequência Porcentagem Sim 15 18,75% Não 21 26,25% Não lembra 44 55,00% TOTAL 80 100,00% Impacto ambiental causado e responsabilidade Legislação referente aos RSS 45 5 DISCUSSÃO 5.1 O Gerenciamento de Resíduos Há um crescente entendimento de que o tratamento adequado dos RSS deve ser parte de uma abordagem ampla sobre a gestão de resíduos. Em termos de intervenção, a abordagem deve envolver a institucionalização de melhores práticas ambientais em unidades de saúde, a fim de minimizar a produção de resíduos (TITTO et al., 2012). O gerenciamento de resíduos hospitalares é de grande importância devido a seus potenciais riscos ambientais e para a saúde pública. As características destes resíduos devem ser reconhecidas para que se sistematize um plano de gerenciamento de resíduos adequado, a fim de se ter certeza de que eles estão sendo manuseados e descartados com o melhor custo-benefício e com o mínimo risco para a saúde dos funcionários e da comunidade. O PGRSS do hospital estudado não contempla vários itens exigidos pela legislação brasileira, como o desenvolvimento e implantação de um programa de educação envolvendo todos os setores, a construção de indicadores no momento da implantação do plano, detalhamento do transporte externo de cada grupo de RSS, o método de reciclagem para resíduos comuns, e um sistema de descarte de pilhas (Quadro 2). O fato de não sinalizar para o desenvolvimento e a implantação de programas de capacitação que envolva todos os setores geradores de resíduos deve ser considerado um grave problema. Para Campos et al. (2014) e Lakbala (2013), tal fato contribui para a situação em que o resíduo é descartado frequentemente de modo equivocado, prejudicando toda a cadeia de gerenciamento. O PGRSS do hospital estudado se limita em indicar algumas medidas de educação continuada, apenas repetindo o que consta na RDC nº 306 de 2004: “os serviços geradores de RSS devem manter um programa de educação continuada, independente do vínculo empregatício dos profissionais”. Os problemas da falta de um programa de educação permanente estruturado nesse documento se manifestam nas observações das rotinas de segregação, já que em 91,67% das visitas foi constatado algum resíduo infectante em recipiente para resíduo comum. Vale ressaltar que um programa de educação permanente deve contemplar o sistema de aprendizagem no trabalho, em que o processo recíproco de aprender e ensinar se incorpora na rotina do serviço do hospital. Em relação aos indicadores de produção de RSS, o PGRSS institucional apresenta meios para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e controle, incluindo construção 46 de indicadores para acompanhar a eficácia de implantação do PGRSS, conforme apresentado no Quadro 4. Contudo, os indicadores não foram produzidos no momento da implantação do plano, conforme preconiza a legislação, ficando o monitoramento e controle comprometidos (BRASIL, 2006). Além disso, não existe registro sobre a produção, manutenção e acompanhamento de indicadores, ou seja, o plano indica como devem ser feitos, mas não o são na prática de trabalho. Para Oliveira (2002), Ventura (2009) e González e Petris (2007), esses indicadores possibilitam avaliar o perfil da geração de RSS no estabelecimento de saúde, sendo uma ferramenta para diagnosticar a situação da gestão na unidade. Outros estudos também mostram que a produção e manutenção de indicadores é deficiente em outras unidades de saúde (RIBEIRO et al., 2012; ADUAN et al., 2014; MOURA; SILVA, 2012; MACHLINE et al. 2006). O trabalho de Nogueira (2014), que mostra a produção frequente desses indicadores em uma unidade hospitalar, comprova a importância dessa ferramenta no processo de tomada de decisão no gerenciamento de RSS. A coleta externa de resíduos infectante/perfurocortantes apresenta graves irregularidades, apesar de os funcionários usarem os EPIs adequados. Os resíduos são dispostos no veículo para transporte de forma direta, isto é, não são colocados em bombonas ou tonéis para depois serem armazenados na caçamba do caminhão. Quando os RSS são transportados sem bombonas, há risco de contaminação do ambiente em caso de acidente durante o transporte, além de haver a possibilidade de extravasamento de líquidos pelo percurso do transporte, disseminado agentes patogênicos ao longo do percurso (FERREIRA, 2012). Após pesados, os sacos de resíduos são lançados para o interior da caçamba do caminhão, configurando situação de risco para os trabalhadores, uma vez que nesses arremessos os sacos podem se romper, causando o despejo de resíduo contaminado. Resultados semelhantes, em relação à identificação e à forma de armazenamento dos RSS no interior do veículo, foram observados nos trabalhos de Shubo (2003) e Nobukuni (2011). Esses procedimentos inadequados foram constatados em todas as observações realizadas. Vale ressaltar que esses procedimentos são acompanhados, obrigatoriamente, por funcionário do hospital, ou seja, além dos representantes da empresa terceirizada, sempre há um representante da parte contratante, o Governo do Estado. O transporte externo e a disposição final também são de responsabilidade da unidade geradora, apesar de existir uma empresa contratada para esta finalidade. Assim, o hospital deve monitorar esse transporte, com medidas previamente estabelecidas no PGRSS, como modo de armazenamento, identificação do veículo, percurso pré-definido, destino específico e medidas de contenção em caso de acidente, assim como preconiza a legislação sobre os RSS. 47 O presente estudo não encontrou dados referentes a esse monitoramento. Castro et al. (2014) também encontrou os mesmos erros quanto ao transporte externo dos RSS, em um estudo realizado em hospital do Ceará. O documento também não estabelece um método de reciclagem para os resíduos comuns (grupo D), nem um sistema especial para descarte de pilhas e baterias. Esse programa de reciclagem poderia incluir cooperativas que atuem nesse ramo para destinação de resíduos comuns, como papel e papelão. Isso reduziria a quantidade de resíduos sólidos descartados no lixão e, consequentemente, a produção de chorume que contamina o solo (CÉSAR, 2006; OLIVEIRA, 2011). Segundo Kemerich et al. (2012), as pilhas e baterias tem seu descarte adequado negligenciado por diversos geradores desse resíduo. No hospital estudado não foi diferente. Esses materiais possuem risco químico (Grupo B) e têm potencial para acarretar grandes danos ao meio ambiente, pois possuem metais pesados em sua composição, que são altamente corrosivos e podem contaminar o solo, as plantas e o lençol freático. Também são potencialmente tóxicos podendo afetar a saúde humana (PROVAZI et al., 2012; KEMERICH et al., 2012; GIARETTA et al., 2010 ). Na cidade de Porto Velho há um programa de coleta de pilhas e baterias, para descarte ambientalmente correto, idealizado pelo Ministério Público do Estado de Rondônia. Esse programa, conforme consta em divulgação oficial no website do órgão2, é oferecido para a população em geral e para integrar planos de gerenciamento de resíduos de instituições geradoras interessadas. Essa iniciativa do Ministério Público de Rondônia pode contribuir para a minimização de danos ambientais causados pelo descarte incorreto de pilhas e baterias. Quanto à estrutura, o sistema de gerenciamento de resíduos do hospital em questão apresentou uma série de irregularidades que refletem diretamente na precariedade do fluxo geral e RSS da geração até seu destino final. As lixeiras das enfermarias, das salas de observação, emergência e UTI estão em estado precário de conservação e higiene, muitas sem tampas, sem pedais. Algumas são basculantes (impróprias), como nos corredores e nas observações. O abrigo externo de resíduos é utilizado como depósito de material de construção e não somente para armazenagem de RSS, como preconiza a legislação sanitária. O piso, as paredes e o teto desses abrigos também são impróprios, com ranhuras que facilitam a deposição de sujidade e dificultam a limpeza que, por sua vez, não segue uma frequência padronizada. Segundo a normatização (BRASIL, 2006), o piso, o teto e as paredes devem ser 2 www.mpro.mp.br/noticia/-/ver-noticia/13326#.VbOW1fnfu70. Acesso em 21 de março de 2015. 48 lisos para facilitar a higienização. Vários estudos mostram as mesmas deficiências na estrutura de gerenciamento no Brasil (CASTRO et al., 2014; GESSNER et al., 2013; KOOP et al., 2013) e em outros países (FERREIRA; TEIXEIRA, 2010; ABD EL-SALAM, 2010). Esses trabalhos revelaram que não houve uma gestão adequada e sistemática de lixo hospitalar de um modo geral. As observações das rotinas de gerenciamento de resíduos mostraram que a principal deficiência do manejo de resíduos do hospital recai sobre a segregação incorreta, pois em 100% das visitas os recipientes exclusivos para resíduo infectante continham algum resíduo comum e em 91,67% foi encontrado resíduo infectante em lixeira para resíduo comum. Vale ressaltar que essa etapa representa a principal ação do gerenciamento de resíduos, pois quanto melhor a segregação, sobretudo dos resíduos biológicos e perfurocortantes, menor será o custo de tratamento com os RSS, e menor o impacto ao meio ambiente (BRASIL, 2006; TOLEDO; DEMAJOROVIC, 2006; SILVA; RAMPELOTTO, 2012). Desse modo, um resíduo segregado inadequadamente pode provocar acidentes com material biológico, pode contaminar o meio ambiente e onerar o Estado. Os resultados do presente estudo são consistentes com os resultados dos estudos feito por Oroei et al. (2014) no Irã, Abd El-Salam (2010) no Egito, Sengodan e Amruth, (2014) na Índia, Abdulla et al. (2008) na Jordânia, e Pereira et al (2013) no Brasil, que relataram problemas encontrados na gestão de resíduos saúde, como segregação inadequada de resíduos infecciosos em recipientes de resíduos nãoinfecciosos. A dinâmica adotada pelos postos de enfermagem e enfermarias do hospital estudado segue um fluxo pré-estabelecido no PGRSS: os recipientes para resíduos infectantes/perfurocortantes estão localizados apenas nos postos de enfermagem, onde também se encontram lixeiras para resíduos comuns; as enfermarias possuem apenas lixeiras para resíduo do grupo D (comum). Assim, após um procedimento de assistência que gere resíduos infectantes, o mesmo deve ser encaminhado em bandeja para descarte em recipiente específico no posto de enfermagem. Segundo consta no PGRSS do estabelecimento, isso acontece para que a equipe de enfermagem tenha controle na segregação de resíduo infectante, além de evitar que pacientes e acompanhantes descartem resíduo comum em lixeiras inadequadas, apesar de não haver menção a este procedimento na legislação referente ao gerenciamento de RSS. Todavia, essas ações parecem não ter surtido o efeito desejado, tendo em vista que as observações feitas por este estudo, como o descarte de perfurocortante em bancadas, pias, beirais de janelas, constatado em 96,67%, ou o descarte de infectante em recipiente para resíduo comum (91,67%) e a segregação de resíduo comum em recipiente para 49 infectante (100%). O descarte inadequado não é um problema somente desse hospital, diversos estudos mostram que a segregação está comprometida em diversos hospitais pelo Brasil, indicando uma situação grave de manejo, comprometendo todo o fluxo de gerenciamento de resíduos (CASTRO et al. 2014; ALVES, 2010; SOUZA et al., 2015). Os trabalhos de Santana et al. (2013) e Camelo (2011), mostraram que as medidas estruturais e organizacionais (como o posicionamento de lixeiras) são importantes, mas sozinhas podem ser ineficazes, sendo necessário um programa fixo de educação permanente e trabalho em equipe bem estruturado. Vale ressaltar que não há um método de controle definido para fiscalizar essas ações inadequadas e cobrar responsabilidade de todos envolvidos. Os resíduos perfurocortantes descartados em local inadequado (mesa, bancada, pia e/ou beirais de janelas) retrata uma situação em que acidentes com materiais perfurocortantes é um risco constante, associado à falta de atenção do profissional e falta disciplina para o descarte adequado (SILVA et al., 2010; VERÇOSA et al., 2014; LISBOA et al., 2011). Um paradoxo se mostrou evidente: se por um lado os perfurocortantes estão segregados incorretamente na maioria das observações, por outro os funcionários demostraram saber o local correto da segregação e os riscos provenientes da segregação inadequada. Assim, o fator preocupante nessa situação é a responsabilidade dos profissionais de saúde e seu comprometimento com o cuidado com a sua própria saúde, a saúde dos usuários do serviço e da população em geral, que pode estar exposta a esses resíduos infectantes. Nesse sentido, cabe ressaltar que 98,33% dos profissionais entrevistados não receberam instruções sobre o gerenciamento de RSS, e 95,56% afirmaram não haver um programa de educação nessa temática. Os resultados do nosso estudo são consistentes com as conclusões de outros trabalhos de pesquisa que investigaram o nível de informação sobre resíduos de saúde entre profissionais da área (SENGODAN; AMRUTH, 2014; OZDER et al., 2013; SUWARNA; RAMESH, 2012; LAKSHMI; KUMAR, 2012). Ozder et al. (2013) realizaram uma análise entre os profissionais de saúde sobre conhecimento da gestão de resíduos de saúde e detectaram uma deficiência de informação e conscientização entre os funcionários do hospital sobre a legislação associada à gestão de resíduos de saúde. Os resultados do presente estudo também revelam que há um descompasso entre o conhecimento e consciência sobre a legislação em matéria de gestão de resíduos de saúde entre a equipe do hospital. É importante salientar que, segundo Vieira (2012) e Schenini et al (2006), a presença de uma equipe responsável pelo gerenciamento de RSS é essencial dentro do ambiente 50 hospitalar, dedicados a manter o funcionamento da cadeia de manejo. Esses profissionais podem articular aplicação de qualificações e programas educativos para novos funcionários, bem como mantê-los em educação permanente durante o serviço. Além disso, uma equipe bem estruturada será capaz de manter indicadores funcionais, como índice de acidentes perfurocortantes, proporção de resíduos gerados por setor, etc. Os setores estudados apresentaram lixo (papel, embalagens diversas, esparadrapos, etc.) descartado em local inadequado, sobretudo no chão em 60% das visitas. Esse cenário pode estar ligado a um serviço de limpeza ineficiente, principalmente por não seguir uma frequência de limpeza condizente à demanda do serviço, isso explicaria, pelo menos em parte, os dados encontrados. Vale considerar, também, que o serviço de limpeza de superfícies deve ser alvo de fiscalização constante, segundo o Manual de Limpeza e Desinfecção de Superfícies (BRASIL, 2010a). A fiscalização, sobretudo pela CCIH, é importante nesse cenário, como a determinação do aumento da frequência de limpeza. Contudo, além desse monitoramento, a resposta da gestão do hospital deve ser eficaz. As irregularidades observadas devem ser traduzidas em sanções administrativas previstas em contratos, uma vez que os serviços de limpeza e coleta de RSS são contratados pelo Estado. Se a cobrança não se concretizar no campo gerencial, as ações da CCIH sozinhas podem não ter efeito duradouro. Outro problema observado foi o transbordamento das lixeiras e caixas de perfurocortantes. A disposição dos recipientes nos setores é fundamental para um bom gerenciamento dos RSS (KOPP et al., 2013; ALVES, 2010; BRASIL, 2006). Uma lixeira ou caixa de perfurocortantes mal distribuída pode induzir à segregação incorreta, por exemplo, as lixeiras para resíduo infectante localizadas em local acessível a pessoas não treinadas (como os acompanhantes e pacientes) pode acarretar o descarte de resíduo comum nessas lixeiras. Isso foi observado nos corredores e salas de observação do hospital estudado. Ou, ainda, uma lixeira em local de difícil acesso aos profissionais de saúde pode ocasionar a sobrecarga das demais, assim como constatado na UTI, postos de enfermagem e emergência. Além disso, como o resíduo comum é sempre o mais produzido (WHO, 2014; OLIVEIRA, 2011), isso pode levar a uma rápida situação de transbordamento, caso a coleta não seja frequente e, nesse cenário, os recipientes exclusivos para resíduos contaminados (infectantes e perfurocortantes) serão utilizados para descarte de resíduo comum de todo tipo, causando erro na segregação, transbordamento e até provocando sujidade no setor, conforme observado em 60% das visitas, em que foi encontrado lixo comum (papel, embalagens, copo descartável) pelo chão. Isso pode ser mudado com redistribuição estratégica dos recipientes, de acordo com o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (BRASIL, 2006). 51 Os carrinhos para transporte de RSS utilizados pelas empresas de coleta são os indicados pela legislação. Por outro lado, as lixeiras não estão em bom estado de conservação, muitas encontrando-se sem tampa, ou com pedal de acionamento danificado, sem higienização frequente e, apesar da identificação correta, estão dispostas em locais que dificultam a segregação adequada de resíduos. Algumas possuem tampa com acionamento manual, dificultando o processo de descarte do resíduo. As dificuldades apresentadas na conservação das lixeiras também foram verificadas nos trabalhos de Silva et al. (2013), Lemos (2012), Nobukuni (2011) e Ferreira (2012). Além disso, ficou claro que os resíduos dos grupos A, B e E do hospital estudado têm a destinação final mais comum do Brasil, a incineração (ABRELPE, 2014; VENTURA et al., 2012). Dessa forma, os RSS são pesados e encaminhados para incineração por meio de uma empresa terceirizada contratada para este fim. Os resíduos do grupo D (comum) são levados sob a responsabilidade do serviço de coleta urbana do município de Porto Velho e descartados em um refugo a céu aberto (lixão). Eles não são pesados e não há qualquer sistema de quantificação. Vale ressaltar que um estudo realizado nesse município apontou indicadores de gestão de resíduos sólidos desfavoráveis, além de classificar o gerenciamento de resíduos da cidade como insustentável ambientalmente (UGALDE, 2010). Os trabalhos de Costa e Filho (2008) e Santos et al (2012) mostram que a região apresenta condições insalubres em relação a potabilidade da água e a presença de elementos-traço devido, principalmente, a contaminação pelo chorume. Assim, o descarte inadequado de RSS amplia os efeitos nocivos causados pelo lixão a céu aberto, pois os resíduos infectantes e perfurocortantes descartados inadequadamente serão encaminhados para o refugo municipal, agravando a situação que já é precária. 5.2 O Conhecimento dos profissionais sobre o gerenciamento Dos profissionais pesquisados, 46,11% possuem nível superior e 53,89% possuem nível médio. Quanto ao conhecimento do PGRSS, apenas 3,89% dos entrevistados afirmam conhecê-lo. Resultados semelhantes foram obtidos nos estudos de Reis et al. (2013) e Santos e Junqueira (2014), onde a maioria dos profissionais de saúde também desconheciam o plano de gerenciamento do hospital. Em contrapartida, o estudo de Santana et al. (2013), realizado em um hospital público de Belo Horizonte, indicou que a maioria dos profissionais de saúde de uma unidade hospitalar conheciam o PGRSS institucional. Esse resultado foi possível devido ao treinamento fornecido aos funcionários. É importante frisar que a implantação efetiva do PGRSS requer conscientização e conhecimento sobre o mesmo. Para Oliveira et al. (2013) e 52 Alves et al. (2014) deve haver uma divulgação ampla associada a programas de treinamento para os funcionários do hospital, com o intuito de difundir a importância do manejo correto de resíduos. Os resultados apresentados na Tabela 7 mostram que o conhecimento relacionado à segregação propriamente dita não é deficiente entre a maioria dos profissionais de saúde entrevistados. Vale ressaltar que 100% dos entrevistados souberam definir quais resíduos estão em cada grupo. Em estudos realizados com profissionais de saúde, existem resultados em que mostram conhecimento adequado (PEREIRA, 2011; SANTANA et al, 2013) e outros, por outro lado, demonstram escasso conhecimento sobre o tema (MOUTTE et al., 2007; CAMPOS et al., 2014). Em um trabalho realizado com discente dos cursos de enfermagem e medicina indicou que a maioria dos estudantes sabia identificar aos grupos de RSS e seu descarte adequado (SOUZA et al. 2015). Em outro trabalho, realizado com docentes, também indicou que a maioria conhece as formas corretas de segregação, a classificação dos resíduos e a importância do PGRSS (MORESCHI et al., 2014a e 2014b). De modo geral, os estudos nesse sentido apontam para o conhecimento suficiente sobre a segregação dos RSS. Apesar de os funcionários apresentarem conhecimentos sobre o descarte dos RSS, os resultados do nosso estudo indicam que há um grave problema na prática de segregação adequada dos resíduos, conforme aponta a Tabela 2. Desta forma, o que se nota é um contraponto entre o saber fazer e a prática diária: os profissionais sabem como e onde segregar, porém o fazem inadequadamente. O comprometimento com o serviço mostra-se defasado, uma vez que essa atitude é contrária ao objetivo da instituição hospitalar, que é a saúde do usuário. Esse tipo de problema no descarte é apontado em outras pesquisas no Brasil, como em Silva et al. (2014), Castro et al. (2014), Moutte et al. (2007), Batista et al. (2012) e vários outros, e até internacionalmente, como em Mosquera et al. (2014) na Espanha, Njagi et al. (2012) no Quênia, Oroei et al. (2014) no Irã, Ozder et al. (2013) na Turquia, Sarker et al. (2014) em Bangladesh. Além da falta de compromisso em segregar corretamente os RSS, a maioria dos profissionais (85%) não sabe o que acontece com o RSS gerado em seu processo de trabalho após a segregação, ou seja, não têm consciência que ele permanece no ambiente e que pode ainda causar grandes danos à saúde da população. Gessner et al. (2014) e Muller et al. (2013) afirmam que o destino de um resíduo deve receber a mesma atenção que os demais temas dentro do ambiente hospitalar. Isso pode ser disciplinado com o tempo, a partir de um programa de educação permanente bem construído e aplicado. Os responsáveis por esse programa devem se 53 questionar se o profissional de saúde pensa sobre o seu fazer, e se está delineada em uma consciência ética, responsável e comprometida com a qualidade do ambiente. Deve fazer parte dessa consciência todo o fluxo do processo, em que insumos são convertidos em resíduos, e esses podem ter destinos diferentes dependendo da segregação dada pela profissional. Um desses destinos é mais prejudicial ao ambiente e à saúde das pessoas, o outro quando é controlado, recebe tratamento adequado. É ainda mais preocupante quando se observa que a maioria dos profissionais sabe dos riscos da segregação inadequada e, apesar disso, os resíduos são segregados incorretamente. No estudo de Muller et al. (2013) a maioria dos profissionais conhecia os riscos, mas descartava os RSS de modo equivocado. O descarte incorreto de RSS reflete que não é dada a devida atenção aos riscos no trabalho, apesar de os profissionais saberem desses riscos. Para Sulzbacher e Fontana (2013) essa situação necessita de atenção à educação permanente em saúde centralizada na atualização de saberes sobre os riscos ocupacionais desta natureza, levando em conta que, os RSS proporcionam um ambiente desfavorável ao cuidado saudável e seguro ao usuário do serviço e ao trabalhador. Quanto ao grupo D (comum), 61,11% (110) acreditam que existe risco na segregação incorreta desse resíduo, porém somente 38% desses profissionais não souberam especificar o tipo de problema. A solução para esta questão está relacionada à responsabilização, conjuntamente com a educação e o treinamento contínuo dos profissionais de saúde. Fator esse extremamente precário dentro da instituição estudada, pois, como visto 98,33% dos profissionais não receberam instruções sobre o manejo de resíduos, e 95,56% alegaram não existir um programa de educação nessa temática. As ações envolvendo ética, biossegurança, meio ambiente, responsabilidade e conscientização poderão reduzir sobremaneira às agressões, ao ambiente e à saúde da população, causadas pelo descarte impróprio de RSS (MOUTTE; BARROS; BENEDITO, 2007). Muitos profissionais de saúde nos países em desenvolvimento têm um conhecimento limitado sobre o potencial de contaminantes tóxicos que podem entrar no ambiente devido as suas atividades laborais. Muitas vezes, esses profissionais têm pouco conhecimento sobre os impactos à saúde associados a poluição, e muitas vezes consideram a queima ou incineração de resíduos de saúde como uma medida positiva a saúde pública. Esse processo de educação deve ser estruturado a partir do início das atividades do profissional no ambiente hospitalar, fato não observado na instituição pesquisada. Além disso, essas atividades educativas devem ser permanentes e articuladas com o serviço diário, para que se torne parte da prática dos funcionários. Esse tipo de atividade educativa pode ser 54 valiosa ferramenta para mudança de atitude, pois pode melhorar a adesão dos trabalhadores a práticas corretas em manusear resíduos hospitalares, além de reduzir produção de resíduos e gastos desnecessários ocasionados por segregação incorreta (MOSQUERA et al., 2014; NJAGI et al., 2012; SARKER et al., 2014). Além dessas atividades educativas no trabalho, os profissionais de saúde podem adquirir esse tipo de conhecimento durante seu processo formativo, fora do ambiente de trabalho. No presente estudo, os profissionais que afirmaram ter recebido instruções sobre o gerenciamento de RSS em algum momento na sua formação, relataram temas como "segregação dos resíduos", "impacto ambiental" e "legislação" referente aos RSS. A respeito da natureza do curso onde obtiveram as informações, 76,25% afirmaram que foi no curso de graduação ou curso técnico, os outros 23,75% alegaram que foi em palestra. Bezerra et al. (2010) e Bruzos et al. (2011), reforçam o papel dos profissionais de saúde diante dos problemas ambientais, por meio da construção da saúde em uma perspectiva ampliada de promoção da saúde. Assim, a questão da agressão ao meio ambiente pelos resíduos provenientes de serviços de saúde deve fomentar, desde a formação do profissional, a discussão sobre a urgência de uma nova atitude ética, de comprometimento e de responsabilidade por parte dos profissionais de saúde envolvidos. Aliado a isso, as ações no trabalho devem seguir o propósito da assistência à saúde, não somente aos procedimentos inerentes a cada profissão, mas em questões que muitas vezes são negligenciadas e diminuídas em importância, como o caso dos resíduos. Para Ozder et al. (2013), profissionais treinados pode ser a diferença entre um gerenciamento inadequado e um manejo que obedeça às normas. Já Oroei et al. (2014) afirma que acompanhantes e pacientes também podem ser orientados acerca dos resíduos, para evitar segregação em recipiente impróprio. A falta de cuidado com a segregação dos RSS indica uma aparente falta de comprometimento com o meio ambiente e isso não implica em uma penalização dos profissionais envolvidos. Entretanto, a questão dos RSS é algo mais amplo, vai além do fazer individual, envolve responsabilidade com o meio em que vivemos e do respeito com os outros. Por esta razão a segregação correta e as outras etapas do manejo de resíduos devem ser tema constantemente posto em discussão pelos funcionários. São muitas as razões para a manutenção de um programa de educação permanente associado ao trabalho. Os valores adotados por todos podem ser modificados com medidas educativas, algo incomum de acontecer, como segregar corretamente um resíduo, pode se tornar rotineiro pelo aprendizado em serviço. Ou seja, se algo é “normalmente” feito de modo errado, a disciplina trazida pela educação permanente pode reduzir ao mínimo possível a 55 atitude inadequada. Além disso, o exemplo dado deve ser considerado, isto é, um funcionário recém admitido, quando não recebe instruções acerca do descarte correto, tende a observar os outros que fazem incorretamente. O programa de educação elimina esse problema, pois ele será recebido com instruções adequadas no momento da sua entrada e será influenciado positivamente pelos companheiros que já estão executando corretamente o manejo de RSS (BERTO et al., 2012; CAMELO, 2011; CORRÊA, 2005; ZARPELLON et al., 2012). Poucos programas acadêmicos de formação para médicos, enfermeiros, técnicos de saúde e administradores cobrem a gestão de resíduos ou os impactos das opções de tratamento de resíduos (TITTO et al., 2012). No entanto, a literatura mostra que os profissionais de saúde, geralmente, são muito receptivos a novas informações sobre contaminantes ambientais e os danos que podem causar. Ao tomar conhecimento da ameaça à saúde ambiental associada, a maioria dos profissionais de saúde apoia abordagens alternativas de gestão dos resíduos que evitem a geração e /ou liberação de poluentes tóxicos ao ambiente, contanto que essas alternativas sejam práticas, econômicas e não comprometam a segurança ou a assistência ao paciente (OZDER et al, 2013; NJAGI et al., 2012; MOSQUERA et al., 2014; SARKER et al., 2014; TITTO et al., 2012). Assim, o setor saúde deve ser visto como um valioso aliado na sensibilização e defesa em relação a minimizar ou eliminar libertações de material tóxico para o meio ambiente. O gerenciamento de resíduos de serviços de saúde é um tema que deve, sem dúvida, fazer parte da rotina do ambiente hospitalar e de estabelecimentos de assistência à saúde de modo geral. A sua relevância está diretamente ligada à consequência de uma segregação inadequada. Na cadeia de manejo dos RSS, a identificação e descarte representam processos cruciais para a correta destinação final do resíduo. Dada a importância dessa etapa, é imprescindível que mecanismos de educação sejam frequentes e efetivos, para que o gerenciamento de resíduos contribua para a redução do impacto ao ambiente e à saúde causado pelo descarte impróprio. O fato dos profissionais possuírem um conhecimento básico sobre o resíduo, como o risco de acidente de trabalho, o local onde descartar, o perigo ao ambiente, também é mostrado em outros estudos (MORESCHI et al., 2014; GOFF et al., 2015). Contudo, esse simples conhecimento precisa ser sedimentado com treinamentos contínuos e sistemáticos, para que se transforme em prática diária. De acordo com o princípio do poluidor/pagador (Pay-As-You-Throw – PAYT) e da ideia de que "o melhor resíduo é aquele que não é produzido", a responsabilidade de contribuir para um mundo sustentável recai sobre cada profissional de saúde. No entanto, é 56 necessário o empenho do governo e apoio para a melhoria do ambiente universal em longo prazo (WHO, 2014). Sabe-se que as boas práticas de gerenciamento de resíduos são o resultado de fatores organizacionais e individuais. Logo, é o comportamento de cada membro que irá determinar o seu sucesso. O presente estudo constatou que há uma necessidade de programas de formação e capacitação de todos os funcionários envolvidos na gestão de resíduos de saúde. Programas de educação continuada para sensibilizar os profissionais de saúde para a segregação correta e minimização dos resíduos de saúde são importantes para melhorar os resultados e reduzir custos. Isto poderia ser conseguido através de uma maior incorporação de conceitos de sustentabilidade no âmbito das políticas organizacionais, de reforço da comunicação, de programas de treinamento e desenvolvimento adicionais, além de uma maior promoção dos múltiplos benefícios de práticas sustentáveis. 57 6 CONCLUSÃO O gerenciamento dos RSS, de modo geral, não se mostrou adequado quanto às práticas diárias de manejo. Cada aspecto dessa prática de gerenciamento de resíduos precisa de muita atenção e melhoria. O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde da unidade hospitalar estudada contempla apenas parcialmente o exigido pela legislação brasileira atual. Além disso, a estrutura do hospital não consegue comportar as necessidades de um correto gerenciamento de RSS. Não há um programa de educação permanente para as equipes envolvidas no manejo de RSS no hospital pesquisado, nem existe uma equipe exclusiva para o gerenciamento de RSS. Os profissionais de saúde demonstraram, em sua maioria, conhecimentos básicos sobre o descarte dos resíduos gerados em seu processo de trabalho. Entretanto, foi observado que a segregação propriamente dita ocorre de forma inadequada. A medida inicial, e primordial, para gerar melhorias na prática corrente no hospital estudado é o treinamento dos profissionais de saúde no que diz respeito ao correto armazenamento e segregação de resíduos. Este treinamento deve levar a melhores procedimentos de segregação e a uma redução associada nos riscos de manipulação de resíduos hospitalares. Uma equipe deve ser instituída para treinar, supervisionar e monitorar a correta implementação do plano. Responsabilidades e deveres das diferentes categorias de funcionários envolvidos – desde a geração de resíduos a segregação, tratamento, transporte e armazenamento até o descarte – devem ser claramente definidas. Mecanismos financeiros devem ser desenvolvidos para a compra de materiais e equipamentos necessários para o correto gerenciamento dos resíduos hospitalares. 58 REFERÊNCIAS ABDULLA, F., ABU-QDAIS, H.; RABI, A. Site investigation on medical waste management practices in northern Jordan.Waste Management, v. 28, n.2, p. 450-458, 2008. ABD EL-SALAM, M.M. Hospital waste management in El-Beheira Governorate, Egypt. Journal of Environmental Management, v. 91, n. 3, p. 618-629, jan./fev. 2010 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil, ABRELPE, 2014. ADUAN, S. A. et al. Avaliação dos resíduos de serviços de saúde do Grupo A em hospitais de Vitória (ES), Brasil. Engenharia Sanitária Ambiental, v. 19, n. 2, p. 133-141, abr./jun. 2014. ALVES, S.B. Manejo de Resíduos de Serviços de Saúde na Atenção Básica. 2010. 145f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010. ALVES, S. B. et al. 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Este trabalho é importante para verificar se o conhecimento dos profissionais envolvidos neste processo atende às reais necessidades do gerenciamento de resíduos. A pesquisa é quantitativa, descritiva, e conduzida no Hospital Infantil Cosme e Damião (HICD). A duração do estudo será estimada em 06 meses. O(a) Senhor(a) foi escolhido(a) para participar, pois, pertence a equipe de profissionais de saúde que segregam resíduos hospitalares do HICD, e este é o ponto essencial no gerenciamento de resíduos de saúde. As respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, resguardando a identidade de cada participante conforme a resolução do CNS, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória. Os dados coletados serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas. Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu os seus dados, como também na que trabalha. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem 73 realizadas sob a forma de um questionário. Qualquer dúvida pode entrar em contato pelos telefones 8421-6012, 9214-8598 ou pelo e-mail [email protected]. Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, e concordo em participar do presente estudo realizado no HICD. Não será cobrada qualquer despesa e não haverá qualquer ônus aos participantes desta pesquisa. O risco envolve desconforto e/ou constrangimento ao responder o questionário durante a entrevista. Li e entendi o documento de Consentimento e o objetivo do estudo, bem como a importância deste estudo, seus possíveis benefícios. Tive a oportunidade de perguntar sobre o estudo e todas as minhas dúvidas foram esclarecidas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo. Autorizo a utilização dos meus dados de participação nas capacitações pelo pesquisador, autoridades regulatórias, e pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Rondônia, situado no Campus José Ribeiro Filho, BR 364, KM 9,5, sentido Rio Branco (CEP 76801-059), com telefone: 069 2181-2111 (horário comercial) e e-mail ([email protected]). Este Termo será emitido em duas vias, das quais receberei 01 (uma) via assinada e datada deste documento. Entendo que ao assinar este documento, não estou abdicando de nenhum dos meus direitos legais. Porto Velho, _____ de ____________________ de 2015. Nome do voluntário Fábio Ximenes da Silva CPF: CPF: 749.876.822-49 RG: RG: 792924 SSP/RO 74 APÊNDICE B DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA INSTITUCIONAL Declaro para fins de comprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Rondônia que o pesquisador, Mestrando, Fábio Ximenes da Silva, sob a orientação da Dr.ª Rejane Corrêa Marques, e com vínculo empregatício junto a esta instituição, tem a concordância desta para a execução, em suas instalações, de seu projeto de pesquisa intitulado "O conhecimento e a prática de profissionais de saúde sobre o gerenciamento de resíduos em um hospital público de Rondônia". Afirmo disponibilizar ao referido pesquisador toda infraestrutura necessária e as facilidades pertinentes à consecução do seu projeto, até o seu término. Para que sejam produzidos todos os efeitos legais, técnicos e administrativos deste compromisso, firmo o presente instrumento. Porto Velho – RO, 17 de setembro de 2014. Representante Legal da Instituição: Assinatura: ___________________________________ Nome: Antonieta Rodrigues Gama CPF: 441.662.734-34 Cargo ou função: Diretora Geral do Hospital Infantil Cosme e Damião Nomeado conforme: Decreto de 14 de outubro de 2013 publicado no Diário Oficial nº 2324 de 21/10/2013 75 APÊNDICE C ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DO PGRSS Conforme determinações da RDC ANVISA nº 306 de 2004, complementado pelo Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde de 2006, e da Resolução CONAMA nº 358 de 2005. PGRSS I. DADOS DA GERAÇÃO O estabelecimento gera resíduos do Grupo A O estabelecimento gera resíduos do Grupo B O estabelecimento gera resíduos do Grupo C O estabelecimento gera resíduos do Grupo D O estabelecimento gera resíduos do Grupo E II. DADOS DO FUNCIONAMENTO Indica dados atualizados do estabelecimento Aponta os responsáveis pelo PGRSS Apresenta as definições referentes aos resíduos de serviços de saúde bem como seu manejo? Apresenta as definições dos grupos de resíduos Apresenta fluxograma do caminho percorrido pelo resíduo da geração até disposição final Indica as ações a serem adotadas em situações de emergência e acidentes Apresenta o plano de controle de pragas Indica medidas de educação continuada Apresenta as ações referentes aos processos de prevenção de saúde do trabalhador Para serviços com sistema próprio de tratamento de RSS, o registro das informações relativas ao monitoramento destes resíduos, de acordo com a periodicidade definida no licenciamento ambiental. O desenvolvimento e a implantação de programas de capacitação abrangendo todos os setores geradores de RSS, os setores de higienização e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, Comissões Internas de Biossegurança, os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho – SESMT, SIM NÃO NA 76 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, em consonância com o item 18 deste Regulamento e com as legislações de saúde, ambiental e de normas da CNEN, vigentes. Apresenta meios para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e controle, incluindo a construção de indicadores claros, objetivos, auto-explicativos e confiáveis, que permitam acompanhar a eficácia do PGRSS implantado Os indicadores devem ser produzidos no momento da implantação do PGRSS e posteriormente com frequência anual. Esclarece como deve ser a segregação e acondicionamento de cada grupo de resíduo Esclarece como deve ser a coleta de cada grupo de resíduo Esclarece como deve ser o transporte interno de cada grupo de resíduo Estabelece os horários e frequência da coleta dos resíduos Esclarece como deve ser o armazenamento temporário de cada grupo de resíduo Esclarece como deve ser o transporte externo de cada grupo de resíduo Explica o método de tratamento dado aos resíduos dos grupos A, B, C e E antes da disposição final Estabelece um método de reciclagem para resíduos do grupo D Apresenta um sistema de descarte de pilhas e baterias Indica quais resíduos são produzidos em cada setor do estabelecimento Indica como é o abastecimento de água do estabelecimento Indica os efluentes gerados e sua destinação final III. DADOS DA ESTRUTURA As lixeiras estão em bom estado de conservação? O local onde as lixeiras estão posicionadas facilita a segregação? O local de armazenamento externo é de fácil acesso para o veículo de coleta? O local de armazenamento externo está devidamente identificado para os grupos de resíduos? O local de armazenamento externo é mantido em bom estado de higiene e bem organizado? Os carrinhos para transporte de resíduos estão em bom estado de conservação? Os carrinhos para transporte de resíduos estão devidamente 77 identificados de acordo com o resíduo transportado? Os recipientes para o descarte de resíduos são de material lavável, resistente a ruptura, punctura, vazamento e ao tombamento? Há recipiente com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual para o descarte dos resíduos? As lixeiras estão identificadas conforme o tipo de resíduo? Os resíduos líquidos são acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante? No armazenamento externo os sacos de resíduos permanecem dentro dos recipientes ali estacionados? O abrigo de resíduos tem pisos e paredes lisas e laváveis, sendo o piso ainda resistente ao tráfego dos recipientes coletores? 78 APÊNDICE D ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DAS ROTINAS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 1. SEGREGAÇÃO Data:____________ Hora:_______ [Questionário nº_______] Setor:__________________ Item Sim Não Descrição Apresenta resíduo infectante (grupos A/E) segregado em lixeiras com saco preto (grupo D) Apresenta resíduo comum (grupo D) segregado em lixeiras com saco branco ou caixas de papelão para perfurocortante (grupos A/E) Apresenta perfurocortante (grupo E) em local inadequado, como no piso, pia, beirais, etc. Apresenta lixo descartado em local inapropriado (piso, pia, beirais, etc.) 2. COLETA E TRANSPORTE INTERNO Data:____________ Hora:________ [Questionário nº_______] Local:_________________ Resíduo: Comum (__) Infectante (__) Item Sim Não Descrição Apresenta lixeiras com resíduos transbordando? Os funcionários da coleta utilizam EPI adequado? Utilizam carrinhos específicos conforme legislação? Obedecem aos horários e rotas conforme estipulado no PGRSS? Os resíduos transbordam o carrinho de coleta? 4. COLETA EXTERNA DE RESÍDUOS INFECTANTE Data:_____________ Hora:_________ [Questionário nº_______] Local:_________________ Item Os funcionários utilizam EPI adequado? Os resíduos são dispostos em bombonas dentro caminhão? Os resíduos são dispostos dentro do caminhão conforme normatização do Ministério da Saúde? Sim Não Descrição 79 APÊNDICE E QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE [Questionário nº_______] [Data: _____/_____/2015] Cargo/Função no Hospital: Setor: Idade: Sexo: Formação: Outra formação na área da saúde: Tempo de serviço como profissional da saúde: 1. Conhece o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde deste hospital? Sim (__) Não (__) Não sabe (__) 2. Em caso afirmativo, você já leu, em partes ou na íntegra, o PGRSS? Sim (__) Não (__) 3. Em relação à classificação dos resíduos pela legislação brasileira, sabe descrever cada grupo de RSS: Tipo de resíduo Descrição Infectante Químico Radiativo Comum Perfurocortante 4. Você sabe quais são os tipos de resíduos gerados em seu local de trabalho? Sim (__) Não (__) 5. Em caso afirmativo, quais são eles? Infectante(__) Químico(__) Radiativo(__) Comum(__) 6. Sabe como deve ocorrer a segregação do resíduo infectante? Em lixeiras com saco preto (__) Em lixeiras com saco branco (__) Em caixas de papelão (__) Não sabe (__) 7. Sabe como deve ocorrer a segregação do resíduo comum? Perfurocortante(__) 80 Em lixeiras com saco preto (__) Em lixeiras com saco branco (__) Em caixas de papelão (__) Não sabe (__) 8. Sabe como deve ocorrer a segregação do resíduo perfurocortante? Em lixeiras com saco preto (__) Em lixeiras com saco branco (__) Em caixas de papelão (__) Não sabe (__) 9. Consegue relacionar o símbolo abaixo com o tipo de resíduo correspondente? Símbolo Tipo de resíduo Infectante (__) Químico (__) Perfurocortante (__) Radiativo (__) Não sabe (__) Infectante (__) Químico (__) Perfurocortante (__) Radiativo (__) Não sabe (__) Infectante (__) Químico (__) Perfurocortante (__) Radiativo (__) Não sabe (__) 10. Sabe para onde os resíduos gerados pelo seu processo de trabalho rotineiro são levados após saírem do hospital? Sim (__) Não (__) 11. Em caso afirmativo, para onde? 12. Ao iniciar suas atividades neste hospital, você passou por algum tipo de orientação em relação aos resíduos de serviços de saúde? Sim (__) Não (__) Não lembra (__) 13. Existe educação continuada frequente, em relação ao tema “resíduos de serviços de saúde”, neste hospital? Sim (__) Não (__) Não sabe (__) 14. Se sim, você costuma participar? Sim (__) 15. Se não, qual o motivo? Não houve convite (__) Não (__) Às vezes (__) 81 Deficiência na divulgação (__) Horário incompatível (__) Julga não ser necessário para seu processo de trabalho (__) 16. Você participaria se esse tipo de atividade fosse realizada? Sim (__) Não (__) Talvez (__) 17. Considera que o descarte de perfurocortante fora das caixas de papelão podem ocasionar problemas? Sim (__) Não (__) Não sabe (__) 18. Se sim, que tipos de problemas? 19. O descarte de resíduo infectante em lixeiras de resíduo comum pode gerar algum problema? Sim (__) Não (__) Não sabe (__) 20. Se sim, que tipos de problemas? 21. O descarte de resíduo comum em lixeiras de resíduo infectante pode gerar algum problema? Sim (__) Não (__) Não sabe (__) 22. Se sim, que tipos de problemas? 23. Durante sua formação (fora do ambiente de trabalho), a temática de “resíduos de serviços de saúde” foi trabalhada em algum momento? Sim (__) Não (__) Não lembra (__) 24. Se sim, quais pontos foram abordados? Segregação dos resíduos na prática de trabalho: Sim (__) Não (__) Não lembra (__) Impacto ambiental causado e responsabilidade: Sim (__) Não (__) Não lembra (__) Legislação referente aos RSS: Sim (__) Não (__) Não lembra (__) 25. Qual a natureza do curso em que obteve essas informações? Graduação/Curso técnico (__) Pós-graduação (__) Capacitação (__) Palestra (__) Outro (__) Qual?______________ Não lembra (__)
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