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Órgão oficial da Associação dos Ex-Alunos do IEDE • Julho de 2015 • Ano 22 • www.assex.org.br Distribuição dirigida à classe médica 84 Jornal com novo formato e matérias: Nessa edição serão abordadas algumas rotinas do Serviço de Endocrinologia do IEDE. Sustentabilidade: A Nova Onda da ASSEX 44° Encontro Anual do IEDE Boas-Vindas dos Novos Alunos Espaço IEDE Tema: “Dos Hormônios aos Neurônios”. O IEDE recebe seus novos alunos com agenda Científica e Social. Competência com Decência. Por Dr. Ricardo Meirelles. Veja a matéria em: www.assex.org.br Veja matéria na integra em: www.assex.org.br De volta ao cenário do ultimo Encontro do IEDE, este ano com muita novidade. Faça sua Inscrição: www.assex.org.br jornal da ASSEX 2 EDITORIAL Caros amigos, E m janeiro deste ano, a nova diretoria da ASSEX assumiu as suas funções para o biênio 2015-2016. Com a energia do ´´espírito´´ do IEDE, nossa intenção é dar continuidade aos projetos já implantados em outras gestões, como as Oficinas que oferecem educação médica continuada em nossa área de atuação, buscando uma visão prática. A diretoria anterior, coordenada pelo Dr. Alexander Benchimol, conquistou um importante espaço na programação científica do hospital, onde também podemos oferecer atualização de temas de nosso interesse, às quintas no início da manhã. A novidade da diretoria atual é a mudança de formato do Jornal da Assex. Entrando na onda da sustentabilidade, com melhor gerenciamento de recursos visando preservação do meio ambiente para gerações futuras, o novo jornal passará a ter formato de e-book, distribuído por email, mas também podendo ser baixado pelo site da associação (www.assex.org.br). Mudanças também estão acontecendo no conteúdo do jornal e cada edição está sendo desenvolvida por um serviço do IEDE, com o apoio do chefe de serviço e dos colegas de cada departamento. Na primeira edição dessa nova versão, a Dra. Vera Leal e a equipe de staffs da Endocrinologia nos presentearão com revisões, discussão de caso clínico, artigos comentados e até trabalhos que estão sendo conduzidos no IEDE. As colunas da PUC e do Centro de Estudos serão mantidas, como o apoio do Dr. Walmir Coutinho e da Dra. Carmen Assumpção, respectivamente. A todos os colegas, pedimos que atualizem seus dados no site da ASSEX para que o jornal possa ser corretamente enviado. Em nome desta diretoria agradeço o carinho das boas vindas e o apoio de nosso diretor, Dr. Ricardo Meirelles, e de todos os chefes de serviço, Dr. Amélio Godoy, Dra. Vera Leal, Dra. Rosane Kupfer, Dra. Silvia Freitas. Em nome da Diretoria 2015-2016, assumo aqui o compromisso de manter a tradição da nossa associação, reforçando a aliança entre ciência, dedicação e respeito que temos ao IEDE. Erika Paniago Guedes (Presidente da Assex -2015-2016) EXPEDIENTE Diretoria Biênio 2015/2016: Diretora Vice-Tesoureira: Jornal da ASSEX: Conselho editorial: Dra. Karen F. de Marca Seidel Dr. Ricardo Meirelles, Presidente de Honra (in memoriam): Diretor Secretário: Dra. Erika Guedes Dr. Luiz Cesar Póvoa Dr. José Mauricio Braga Dr. Walmir Coutinho Diretora Presidente: Diretora Vice Secretária: Projeto Gráfico: AC Farmacêutica Dra. Erika Paniago Guedes Dra. Luciana Lopes de Souza Diagramação: AC Farmacêutica Diretor Vice-Presidente: Diretora Social: Editora: Dra. Karen F. de Marca Seidel Dr. Roberto Assumpção Dra. Flávia Regina Pinho Barbosa Diretor Tesoureiro: Diretora de Eventos Científicos: Dr. Luiz Gallotti Póvoa Dra. Cynthia Melissa Valério Distribuição Gratuita à classe médica jornal da ASSEX 3 ESPAÇO IEDE Competência com decência Ricardo M. R. Meirelles O mote que intitula este texto foi cunhado e era sempre repetido por Luiz Cesar Póvoa que, com frequência, o lembrava nas cerimônias de encerramento do Curso de Especialização. Desde a criação do IEDE, foram igualmente valorizados o saber clínico e os princípios éticos que devem reger, não só a Medicina, como as relações humanas. A cada ano, na primeira semana do curso, um dia é reservado para aulas sobre temas de Ética e as funções do Conselho Regional de Medicina. Pretende-se, com isso, fortalecer nos novos alunos a boa conduta no mais amplo sentido, não só em relação aos pacientes, mas a todas as pessoas, independente do seu papel social. Atualmente, mais da metade dos integrantes da Câmara Técnica de Endocrinologia do CREMERJ é composta por médicos que foram ou são do IEDE. O convite para participar deste colegiado se prende, não só à competência técnica desses endocrinologistas, como também à sua integridade profissional, pois o Conselho, órgão destinado a promover o perfeito desempenho ético e moral da medicina, não poderia abrigar em seus quadros quem não se identificasse com esses valores. Outra forma de atingir esse objetivo, é a projeção de filmes como “Um Golpe do Destino”, rodado em 1991 e protagonizado por William Hurt, cujo personagem, um médico arrogante e desprovido de empatia, se transforma, ao passar à condição de paciente. Após sua exibição, organiza-se um debate, estimulando a reflexão e o amadurecimento sobre o tema. As doenças crônicas, como é o caso da maioria das endocrinopatias, exigem do profissional de saúde uma atitude muito diferente da que é adotada nas doenças agudas. Nestas há uma relação de autoridade do médico sobre o paciente, com imposição de orientações terapêuticas que devem ser seguidas, em geral sem discussão. Nas crônicas, o maior responsável pelo tratamento é o próprio paciente, que precisará conviver com seus comprometimentos por toda a existência. Aí o papel do médico é mais participativo e de apoio, mais do que de autoridade. Jean-Philippe Assal, em seus cursos de Educação para Pacientes com Diabetes, demonstra isso de forma magistral, fazendo com que os participantes experimentem uma série de limitações comuns nos diabéticos, como o excesso de peso, a cegueira e o uso de muletas. Esses exercícios permitem que se tenha uma pálida ideia do que sentem esses pacientes e humanizam a relação. Humanização é incompatível com transgressões éticas. A Pesquisa Clínica constitui outro campo em que a observância aos preceitos éticos é mandatória. Tendo como missão a assistência, ensino e pesquisa, o IEDE foi uma das primeiras instituições no Brasil a ter um Comitê de Ética em Pesquisa, em 1996 quando, por instrumento legal, isso passou a ser exigido. Todos os trabalhos realizados em pacientes do ins- tituto devem ser submetidos à aprovação da equipe multiprofissional que compõe este comitê. Mais do que isso, entretanto, é importante o exemplo. A admiração que temos pelos pioneiros do IEDE, Francisco Arduíno, Jaime Rodrigues, José Schermann, Raul Faria e Luiz Cesar Póvoa não se prende apenas aos conhecimentos que esses baluartes da Endocrinologia detinham, mas também à sua conduta modelar. Até hoje, aqueles que conviveram e aprenderam com esses inesquecíveis mestres incutem aos novos pós-graduandos os valores humanísticos que absorveram. É obrigação dos mestres darem continuidade ao processo de formação pessoal que se inicia no núcleo familiar. Embora o comportamento individual seja o produto de uma interação entre o patrimônio genético e o meio em que se vive, mesmo aqueles que não tiveram oportunidade de um encaminhamento condizente com a postura profissional de médico podem ser educados para se modificarem e se ajustarem, principalmente se contarem com um modelo em que se espelharem. Num momento em que proliferam as notícias sobre corrupção e violência, expoentes da falta de ética, mais do que nunca preservar os bons princípios é fundamental. jornal da ASSEX 4 SERVIÇO DE ENDOCRINOLOGIA As boas-vindas do Serviço de Endocrinologia Vera G. Leal Responsável pelo serviço de Endocrinologia do IEDE R epresentando o Serviço de Endocrinologia, parabenizo à nossa querida Erika Paniago, que assumiu a presidência da ASSEX para o biênio 2015/16, iniciando logo sua gestão com um formato inovador da revista, transformando-a em um jornal digital, tipo e-book. É com muita honra que o Serviço de Endocrinologia estréia, como foco, nessa 1ª edição. A ASSEX tem sido o grande traço de união entre os ex alunos/residentes do IEDE, mantendo a famiglia IEDE, como dizia nosso saudoso Luiz Cesar Póvoa, sempre unida. Houve um grande entusiasmo, entre os médicos lotados no Serviço de Endocrinologia para participar do novo jornal e aproveito a oportunidade, para atualizar a todos os sócios da ASSEX, como andam as atividades diárias no nosso Serviço. O atendimento na Endocrinologia para diagnóstico e tratamento de pacientes referendados para o IEDE, atualmente via SISREG, foi ampliado quanto às subdivisões de seus Ambulatórios, a saber: andrologia, endocrinologia pediátrica geral, crescimento, disforia de gênero (transexuais/ travestis), doenças osteometabólicas adulto, doenças osteometabólicas infantil e osteogênese imperfeita, endocrinologia feminina, endocrinologia feminina PCO, gestante da endocrinologia, genética, genética-GH, genética S Turner, hipófise-adrenal, osteoporose, tiroide, tiroide-neoplasia, tiroide-hipertireoidismo, tiróide-pós iodo radioativo, tiroide-pós cirurgia, tiroide-oftalmopatia, ambulatório de transição (pacientes adolescentes, em tratamento hormonal na infância). Contamos ainda no Serviço de Endocrinologia, com a complementação da psiquiatria, psicologia, cardiologia, ginecologia, gastroenterologia, urologia, clínica médica e pediatria geral. Na Sala de Provas realizam-se os testes funcionais para o diagnóstico de determinadas doenças endócrinas em pacientes acompanhados no IEDE. Nossa Enfermaria mantém seu perfil, abrangendo internação por descompensação endócrina, para fins diagnósticos e pulsoterapia nas severas oftalmopatias de Graves. A missão de Ensino é extensa e os médicos do Serviço de Endocrinologia contribuem com a maioria dos módulos do Curso de Pós-Graduação em Endocrinologia da PUC/RJ na formação de alunos e residentes, através de aulas teóricas e práticas, aplicação e correção de provas, e orientação no atendimento ambulatorial do serviço. Na área de Pesquisa, o corpo clínico do Serviço de Endocrinologia realiza pesquisas clínicas individuais ou através da orientação de trabalhos de monografias de alunos e residentes. Todos os protocolos são submetidos à Comissão de Ética em Pesquisa do IEDE. Esses trabalhos são apresentados em congressos, publicados em revistas especializadas nacionais e internacionais ou divulgados nas diferentes formas de mídia visando a educação populacional. Ainda, às 5as feiras, ocorre a Sessão Clínica do IEDE, e o Serviço de Endocrinologia contribui com um número expressivo de casos nessa Sessão. Um médico do ambulatório especializado é o orientador da apresentação do caso, por ele selecionado. Nosso Serviço continua de “braços abertos” para todos os sócios da ASSEX e desejamos à nova Diretoria, Erika Paniago, José M Braga, Luiz Póvoa, Flávia Barbosa, Karen de Marca, Cynthia Valerio, Roberto Assumpção e Luciana Lopes, muita força, entusiasmo, contando sempre com o apoio e grande torcida de todos nós do Serviço de Endocrinologia. Serviço de Endocrinologia em 2015 Ambulatório de Tireoide: Dra. Amanda Laudier Dra. Andrea Vangelotti Dra. Angela Cavalcanti Dra. Graziella Mendonça Dra. Karen de Marca Dra. Maria Caroline Coelho Dra. Maria Fernanda C. Pinheiro Dr. Renato Castro Torrini Dra. Teresa Costanza Drs. Luis Felipe, Jane, Leila, Ronaldo, Vera, Karen, Maria Fernanda e Jucimar jornal da ASSEX 5 Ambulatório de Hipertiroidismo: Dra.Joyce Cantoni Dr. Jucimar Brasil Dra. Juliana Elmor Mainczyk Dra. Leila Warszawski Dr. Luiz Felipe Osorio Dra. Nathalie Oliveira Dra. Rosita Fontes Dra. Verônica de Brito Alves Tireoide Pós Cirúrgico: Dra. Rosita Fontes Tireóide pós-lodo radioativo: Dra. Monica Wolff Tireoide Oftalmopatia: Dra. Jane S. M. Silveira Tireóide Neoplasia: Dr.Jucimar Brasil Dra. Leila Warszawski Dra. Monica Jung Dra. Rita V. Weiss Tireóide Gestante: Dra.Juliana Mainczyk Dra. Rosita Fontes Ambulatório de hipófise/adrenal: Dra. Amanda Laudier Dra. Jane S. M. Silveira Dra. Leila Warszawski Dr. Luiz Felipe Osório Dra. Maria Caroline Coelho Dra. Monica Jung Dra. Nathalie Oliveira Ambulatório de Transição ( adolescente - adulto): Dra. Leila Warszawski Ambulatório de Endocrinopediatria: Dr. Claudio Hoineff Drs. Carlos Frederico, Jane, Joyce, Jucimar, Jorge Farah, Mauricio, Verônica, Rita, Dayse, Raul e Maria Carolina Dra. Débora Pereira (Pediatra) Dra. Isla Aguiar Paiva Dra. Juliana Mainczyk Dra. Latife Salomão Tyszler Dra. Leila Warszawski Dr. Renato Castro Torrini Coordenação: Dra. Vera Leal Ambulatório de Doenças osteometabólicas/ osteoporose: (infantil/adulto) Dra. Graziella Mendonça Dr. Jucimar Brasil Dra Maria Caroline Coelho Dra. Nathalie Oliveira Dr. Renato Castro Torrini Coordenação: Dra. Joyce Cantoni Consultoria: Dra. Rosita Fontes e Dr. Maurício Barbosa Lima Ambulatório de Endo Feminina: Dra. Graziella Mendonça Dra. Karen de Marca Coordenação: Dra. Rita V Weiss Ambulatório de Disforia de Gênero: Dra. Karen de Marca Dra. Teresa Costanza Ambulatório de Andrologia: Dr. Luiz Felipe Osorio Dr. Renato Castro Torrini Coordenação: Dr. Jucimar Brasil Urologista: Dr. Bruno Oliveira Enfermaria de Endocrinologia: Dr. Carlos Frederico da Costa Campos Dra. Dayse Caldas Sala de Provas: Dra. Joyce Cantoni Dra. Débora Pereira Dra. Maria Fernanda C. Pinheiro Ambulatório de Genética: Dra. Rosa Rita dos S. Martins (Geneticista) Dra. Monica Jung (Sd. de Turner) Gastroenterologia / Clínica Médica: Dr. Jorge Farah Cardiologia: Dra. Luciana Pinheiro Dra. Solange Camara Ginecologia: Dra. Sandra Oliveira Psiquiatria: Dra. Luisa Duarte Novo Equipe Multidisciplinar Endocrino Pediatria Psicóloga: Clarice Cezar Cabral jornal da ASSEX 6 ARTIGOS COMENTADOS Artigo 1 Cyrus D. Rahnema et al. Anabolic Steroid-induced Hypogonadism: Diagnosis and Treatment. Fertility and Sterility 2014;101(5): 1271-79. Artigo comentado por: Dr. Luiz Felipe Osório, Dr. Renato Torrini, Dr. Jucimar Brasil médicos do ambulatório de Andrologia. O uso de esteróides anabolizantes tem percorrido um longo caminho desde o século XIX quando o Dr. Brown Sequard relatou ganho de força após injetar em si próprio o liquido extraído do testículo de animais. Nos anos 30 foram desenvolvidos os esteroides sintéticos, quando Foss descreveu o uso medicinal da metiltestosterona oral. Desde então os androgênios foram liberados para o uso em diversas condições como caquexia, puberdade atrasada, osteoporose e hipogonadismo. Os derivados da testosterona apresentam vários graus de atividade anabólica e androgênica ao promover aumen- to de massa muscular, queima de tecido adiposo e aumento de desempenho por atletas. Infelizmente o uso de anabolizantes possui efeitos colaterais como ginecomastia, retenção hídrica, alopécia, acne, hepatotoxicidade, policitemia, dislipidemia, hipertensão, infertilidade e atrofia testicular. Além disso, homens que fizeram uso abusivo destas substâncias podem desenvolver a condição conhecida como hipogonadismo induzido por esteróides. Tal situação pode levar a sintomas de deprivação androgênica, como diminuição da libido, disfunção erétil, fadiga e depressão, principalmente no período pós-ciclo. A utilização dessas medicações pode resultar em hipogonadismo hipogonadotrófico devido à supressão da retroalimentação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Ocorre redução da liberação dos pulsos de GnRh e consequentemente da secreção de LH e FSH. A duração deste bloqueio hormonal é altamente variável e depende da escolha da droga, dosagem e tempo de uso. Os fatores de melhor prognóstico para recuperação do eixo são: pacientes mais jovens, níveis basais maiores de testosterona, uso de doses menores e por curta duração. A maioria dos usuários de esteróides anabolizantes utiliza essas substâncias em doses suprafisiológicas e Suggested treatment algorithm for symptomatic anabolic-androgenic steroid-induced hypogonadism (ASIH). SERM = selective estrogen receptor modulator, TRT = testosterone replacement therapy. Rahnema. anabolic steroid-induced hypogonadism. Fertil Steril 2014. jornal da ASSEX 7 por períodos prolongados. Os esteróides mais usados são os próprios ésteres de testosterona isoladamente, nandrolona, estanazolol, metandienona e trenbolona. Os testes iniciais para diagnóstico consistem nas dosagens de LH, FSH, estradiol, testosterona total e livre, SHBG, prolactina, hemograma, perfil lipídico e o restante da bioquímica. O paciente deve ser encorajado a suspender todos os esteróides e drogas acessórias (SERMS, hCG, inibidores de aromatase, etc). Nos pacientes muito sintomáticos deve-se fazer um breve curso com testosterona injetável ou transdérmica (TRT) juntamente com um SERM (citrato de clomifeno 25 mg em dias alternados), estimulando a produção de LH e de testosterona intratesticular. Nos pacientes com ginecomastia, pode ser usado o tamoxifeno 20 mg/dia, que irá bloquear o receptor de estrogênio na mama e auxiliar a recuperação do eixo. Após quatro semanas de tratamento com TRT e/ou SERMs deve-se obter uma nova avaliação hormonal. Caso o paciente ainda apresente uma resposta pobre, sem aumento das gonadotrofinas ou testosterona, inicia-se um ciclo de 4 semanas com hCG (1000 a 3000UI, 3 vezes por semana) e SERM (na dose inicial). Após oito semanas de hCG o paciente deve ser novamente reavaliado laboratorialmente. Se ainda possuir níveis reduzidos de testosterona o diagnóstico de falência testicular primária é muito provável sendo necessária a TRT por longo prazo. Ao passo que, se houver elevação de testosterona e gonadotrofinas, a dose do SERM utilizado deve ser reduzida pela metade na décima semana de tratamento e continuado por 12 a 16 semanas até que os níveis adequados de testosterona sejam atingidos. Artigo 2 Successful Mortality reduction and Control of Comorbidities in Patients with Acromegaly Followed at a Highly Specialized Multisciplinary Clinic. Moises Mercado, Baldomero Gonzalez, Guadalupe Vargas, Claudia Ramirez, Ana Laura Espinosa de Los Monteros, Ernesto Sosa, Paola Jervis, Paola Roldari, Victoria Mendoza, Bias Lopez –Felix, and Gerardo Guinto. J Clinic Endocrinol and Metab 2014 Dec; 99 (12): 4438-46 Artigo comentado por: Dra. Leila Warzsarwski médica do ambulatório de Hipófise Adrenal Dra. Leila Warzsarwski Médica do ambulatório de Hipófise Adrenal E sse estudo analisou os dados de mortalidade de 442 pacientes com acromegalia (289 mulheres e 153 homens) acompanhados em um centro especializado localizado no México. Os pacientes receberam tratamento multimodal por 12 anos. Esses dados de morbidade e mortalidade foram obtidos através de relatos de centros de referência, que são mais homogêneos em relação aos obtidos através de registros epidemiológicos. Não houve diferença da incidência de hipopituitarismo entre pacientes sobreviventes e os que faleceram. A maioria dos pacientes apresentava hipertensão e diabetes bem controlados. A principal causa de morte dos pacientes foi por neoplasia maligna e a razão de chances (odds-ratio) de mortalidade desses pacientes em relação a uma população semelhante foi de 0,74, sendo menor quando os pacientes apresentavam critérios de controle da acromegalia (GH<1 µg/L e IGF-I normal). Os autores do estudo concluem que a mortalidade associada à acromegalia pode ser reduzida quando é empregado um tratamento em centro especializado com uma terapia multimodal tanto no controle da acromegalia como das comorbidades. A acromegalia vem sendo associada a uma elevada morbi- mortalidade, pois se trata de uma doença multissistêmica, devido à presença de receptores de GH e IGF-I em quase todo o organismo. Ao longo dos anos, os estudos têm demonstrado diminuição da taxa de mortalidade padronizada (SMR), mas essa taxa continua sendo maior em relação à população (1,13 a 1,70) e 1,93 com doença ativa persistente. As complicações cardiovasculares vinham sendo apontadas como a principal causa de mortalidade em pacientes com acromegalia. Outro estudo além desse, o de Arosio e cols realizado em 24 centros especializados em 1512 pacientes demonstrou as complicações neoplásicas e vasculares como principal causa de mortalidade nesses pacientes. O tratamento multimodal pode ser responsável pela diminuição da mortalidade. Além do controle da doença, o controle das comorbidades vem sendo considerado como um dos objetivos do tratamento da acromegalia. Critérios mais estritos de controle da acromegalia são preconizados, como modernização dos tratamentos disponíveis, além de uma abordagem mais moderna das comorbidades, especialmente as que aumentam o risco cardiovascular como diabetes mellitus e hipertensão arterial, como diagnóstico mais precoce, além de utilização de medicações mais modernas e eficazes. O diagnóstico precoce da acromegalia também é importante para a diminuição da morbimortalidade, sendo necessário a conscientização de outras especialidades médicas para a suspeita da doença. Todos estes fatores são importantes para que a acromegalia possa continuar apresentando diminuição significativa de sua mortalidade, também sendo necessário a melhoria da morbidade significativa morbidade associada à doença que torna a qualidade de vida bastante comprometida nesses pacientes. jornal da ASSEX 8 VOCÊ SABIA? MacroTSH no diagnóstico diferencial de resultados não esperados de TSH Dra. Rosita Fontes Médica do ambulatório de Tireóide H á alguns anos têm sido descritos esporadicamente casos de pacientes que apresentam macromoléculas de hormônio estimulador da tireoide (TSH). Estas são formadas por imunoglobulinas (Ig) que se ligam ao TSH formando complexos TSH-Ig de alto peso molecular e baixa atividade biológica (Figura 1). Apresença de macroTSH é avaliada de modo semelhante à da macroprolactina: após dosagem inicial do TSH no soro do paciente, este é tratado com solução de polietilenoglicol (PEG) de modo que os complexos TSH-Ig são precipitados, enquanto o TSH livre, isto é, nao ligado à Ig, permanece no sobrenadante (Figura 2).Uma segunda dosagem do TSH, a fim de detectar apenas o hormônio não conjugado à Ig, é realizada no sobrenadante e comparada com a dosagem inicial. Figura 1 – Representação esquemática do macroTSH, com a molécula do hormônio complexada com uma Ig. Figura 2 - Representação esquemática da detecção de macroTSH após precipitação com PEG. 2.a) Esquema no qual, após precipitação com PEG, o soro de pacientes sem macroTSH contêm menos complesoc TSH-lg no precipitado e mais TSH livre no ssobrenadante; 2.b) Após a precipitação, o soro de pacientes com macroTSH contêm mais complexos TSH-lg no precipitado e menos TSH livre no sobrenadante. A maioria dos pacientes descritos com suspeita de macroTSH têm hipotireoidismo subclínico, mais da metade por doença tireoidiana autoimune. Também ocorre em individuos sem doença tireoidiana, com outras doenças autoimunes, e em recém-nascidos devido à transferência mãe-feto. Geralmente o TSH está elevado, entre 10 e 40 µU/mL, mas pode chegar a níveis mais elevados. Recentemente Hattori e cols estudaram pacientes com hipotireoidismo subclínico, com média de idade de 63 anos e maioria do sexo feminino. Cinquenta por cento tinha diagnóstico de tireoidite de Hashimoto, 17% haviam sido tratados por câncer de tireoide, 10% tratados por hipertireoidismo e 4% tinham bócio simples, entre outros. Os resultados foram comparados com os de um grupo controle formado por pacientes com hipotireoidismo clínico. A prevalência de macroTSH foi de 1,62%. O TSH inicial, antes da precipitação, variou 9,0 a 716,0 µU/mL; após a precipitação com PEG, o TSH livre no sobrenadante era em média 4,5 µU/mL,variando de 0,7 a 14,6. A presença de macroTSH, apesar de não ser frequente, deve ser lembrada no diagnóstico diferencial com outras causas de elevações pouco frequentes ou não esperadas deste hormônio, incluindo anticorpos heterófilos, outros anti-idiotípicos1, fator reumatoide, isoformas de TSH de baixa atividade biológica, alguns casos de doença não tireoidiana e de síndrome de resistência ao TSH, entre outras. Embora muito menos prevalente do que a macroprolactinemia, o macroTSH parece ocorrer mais frequentemente do que se supunha. Considerando este e outros estudos pode-se suspeitar da presença de macroTSH em pacientes nos quais o hormônio esteja mais elevado do que o esperado (geralmente acima de 10 µU/mL) ou não suprimido, com recuperação no sobrenadante após precipitação com PEG inferior a 10 a 25% do TSH total. Sugestão de leitura complementar 1. Hattori N, Ishihara T, Yamagami K, Shimatsu A. Macro TSH in patients with subclinical hypothyroidism.ClinEndocrinol (Oxf ). November 11, 2014. Disponivel em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25388002. Consulte em 20 de abril de 2015. jornal da ASSEX 9 2. Loh TP, Kao SL, Halsall DJ, Toh SA, Chan E, Ho SC, Tai ES, Khoo CM. Macro-thyrotropin: a case report and review of literature. J Clin Endocrinol HiMetab 2012; 97:1823-8. 3. Orgiazzi Jacques. The Concept of Macro-TSH Revisited. Clinical Thyroidology 2015, 27(2): 26-29. 4. Rix M, Laurberg P, Porzig C, Kristensen SR. Elevated thyroid-stimulating hormone level in a euthyroid neonate caused by macro thyrotropin-IgG complex. Acta Paediatr 2011; 100:135-7. Referência 1. A especificidade do anticorpo por um determinado antígeno é definida ao nível do idiotipo, através da mediação da interação daquele com uma determinada conformação na superfície do mesmo, o epítopo. HOT TOPIC EM ENDOCRINOLOGIA Hipotiroidismo subclínico em crianças e adolescentes Dra. Latife Salomão Tyszler e Dra. Isla Paiva Médicas do ambulatório de Endocrinologia Pediátrica Colaborador: Bruno Mendes R2 endocrinologia O hipotireoidismo subclínico (HS) é definido bioquimicamente por níveis de hormônio tireoestimulante (TSH) acima dos valores de referência, associados a níveis de tiroxina livre (T4L) dentro dos valores de normalidade para a idade1. A prevalência dessa condição gira em torno de 4 a 10% na população geral, sendo habitualmente maior em idosos e mulheres1. Estima-se que a prevalência na população pediátrica seja um pouco menor do que 2%, porém faltam estudos consistentes. Dessa forma, apesar de ser mais comum na população adulta, o HS tem uma prevalência considerável em crianças e adolescentes, sendo comumente encontrado nas práticas pediátrica e endocrinológica2. Os níveis do TSH sofrem variação ao longo da vida e mesmo durante a infância. Habitualmente são maiores ao nas- cimento, decrescem significativamente nos primeiros dias de vida e depois continuam a cair lentamente durante toda a infância, até atingir valores típicos dos adultos3. Os níveis de T4L seguem o mesmo padrão de flutuação do TSH durante a infância. No entanto, a avaliação laboratorial da função tireoidiana comumente se baseia em valores de referência utilizados de forma universal, sem levar em consideração etnia, gênero e idade. Grandes estudos populacionais norte-americanos definiram como valores de referência níveis séricos de TSH entre 0,4 e 4,5mU/ L1. Porém, nos últimos anos, novos estudos têm identificado diferenças nesses valores de normalidade entre determinados grupos e tentado individualizar as referências de acordo com a idade, etnia e outras condições. Na população pediátrica, devido à variação fisiológica dos níveis de TSH e T4L, o recomendado é que esta avaliação se baseie em valores de referência de acordo com a faixa etária. Além desse aspecto, a possibilidade de aumentos transitórios dos níveis de TSH, variabilidade intraindividual e erros laboratoriais devem sempre ser considerados. Tem sido proposto que, dois a três meses após a determinação dos níveis de TSH, outra dosagem deve ser realizada para confirmação. Em dosagens de valores entre 5 e 10 mu/L, a possibilidade de mudança para níveis normais de TSH é elevada4. A história natural do HS tem sido estudada para um melhor manejo da do- ença. A proporção de casos que evoluem para hipotireoidismo franco, os que persistem em HS ou regridem para eutireoidismo, e os fatores predisponentes para esses desfechos, podem definir parâmetros para a instituição do tratamento com levotiroxina, bem como o conhecimento dos efeitos do tratamento. Foi observado que a maioria das crianças e jovens com HS tendem a normalizar o eixo com o passar dos anos, tornando-se eutireoidianos, principalmente na ausência de bócio e anticorpos anti-tireoidianos4. Ou seja, nessas condições apresentam um baixo risco de progressão ao hipotireoidismo manifesto. O HS também é comum em crianças com trissomia do cromossomo 21, com prevalência entre 25.3% e 60%4. O rastreio da função tireoideana anualmente faz parte das recomendações de manejo da síndrome. Nesse grupo, também é sugerida uma alta taxa de remissão do HS associada a ausência de bócio e anticorpos anti-tireoideanos5. Especial atenção deve ser dada para resultados falso positivo na triagem neonatal para avaliação de hipotireoidismo congênito, visto que a hipertireotropinemia neonatal transitória ao nascimento é um fator risco para o desenvolvimento de HS na infância6. Apesar do termo subclínico associar-se com a ausência de sintomas óbvios da falência da produção hormonal tireoidiana, a apresentação clínica do HS pode variar de casos assintomáticos a sinais e sintomas típicos de hipotireoidismo. Ob- 10 servou-se que grande maioria das crianças com HS não apresenta qualquer sintomatologia associada à função tireoidiana7,8. Os desfechos dessa doença em crianças e adolescentes ainda não são totalmente conhecidos. A associação entre baixa estatura e HS tem sido estudada, a maior parte dos estudos não encontrou associação entre eles. Também não há mudança na prevalência de baixa estatura nas crianças com HS que regrediram para eutireoidismo e nas que se mantiveram em HS4. Outros estudos recentes sugerem que esses pacientes também não apresentam alterações significativas no índice de massa corporal (IMC) ou alterações cognitivas quando comparadas a crianças com TSH na faixa da normalidade7. Uma revisão sistemática da literatura publicada em 2013 por um grupo italiano2, avaliou a história natural do HS em crianças e adolescentes e sugeriu ser uma condição benigna, auto-limitada e com baixa probabilidade de evolução para hipotireoidismo manifesto. A taxa de progressão nos estudos variou de 0% a 28,8%9,10, e em apenas um deles, metade dos pacientes (4/8) evoluiu para hipotireoidismo franco. Não foram observadas alterações de altura, IMC ou idade de puberdade, e não houve relato de manifestações de hipotireoidismo. Quanto ao tratamento com levotiroxina a conclusão da revisão foi que não se justifica tratar crianças com HS e TSH entre 5 e 10 mUI/l, sem bócio e com jornal da ASSEX anticorpos anti-tireoideanos negativos, devido ao baixo risco de hipotireoidismo franco8. Os fatores preditivos de evolução para hipotireoidismo franco os seguintes: bócio volumoso, níveis mais elevados de TSH no diagnóstico, anticorpos anti-tireoidianos positivos e diagnóstico de doença celíaca, necessitando de acompanhamento mais regular2,7. Em 2014, a Associação Europeia de Tireoide propôs diretrizes para o manejo do HS em crianças4. Entre as recomendações desses especialistas estão que seja feita investigação por imagem da tireoide em pacientes com HS para determinar anormalidades que sugiram a progressão do quadro; que em lactentes maiores de 1 mês de vida cujos níveis de TSH não tenham normalizado, o tratamento com levotiroxina seja implementado e mantido até 3 anos de idade, quando então pode ser suspenso e o quadro reavaliado; já em maiores de 3 anos, com auto-anticorpos tireoideanos negativos, que seja feita reavaliação anual caso não haja piora; reavaliação a cada 6 a 12 meses de pacientes com HS e auto-anticorpos tireoideanos elevados, e mais frequentemente naqueles com níveis de TSH > 10 um/L sem tratamento; e que até o momento não há dados que suportem o tratamento com levotiroxina em pacientes com níveis de TSH < 10 um/L. Ainda são necessários mais estudos, especialmente ensaios clínicos randomizados duplo-cego, para avaliar os efeitos do tratamento do HS com levotiroxina no crescimento, bócio, e nos desfechos neurocognitivos e cardiovasculares em crianças. NO IEDE O serviço de endocrinologia pediátrica do IEDE está desenvolvendo um estudo com os 93 pacientes portadores de HS em acompanhamento no ambulatório desde 2004, com o objetivo de avaliar a evolução da doença. Serão analisados a taxa de progressão para hipotireoidismo manifesto, remissão ou manutenção do HS; dados antropométricos, incluindo IMC e sua classificação, velocidade de crescimento e correlação da estatura com padrões familiares; dados laboratoriais como perfil lipídico, glicemia e dosagens hormonais; e dados radiológicos, como radiografia simples de punho para avaliação da idade óssea pelo método Greulich-Pyle. Atualmente, a conduta seguida pela equipe do ambulatório tem sido não instituir o tratamento com levotiroxina em pacientes com HS e TSH entre 5 e 10 mUI/L. Nos casos de TSH >10 mUI/L, a conduta é individualizada. É importante manter o acompanhamento regular dessas crianças e adolescentes, com exames laboratoriais e exame físico completo, pelo menos a cada 3 a 6 meses. O objetivo do estudo é avaliar se a ausência de tratamento nos casos selecionados, não altera a evolução natural da doença e não modifica os parâmetros antropométricos e laboratoriais, conforme os demais estudos previamente citados sugerem. Referências Bibliográficas 1. Sgarbi JA, Teixeira PFS, Maciel LMZ, Mazeto GMFS, Vaisman M, Montenegro Junior RM, Ward LS. Consenso brasileiro para a abordagem clínica e tratamento do hipotireoidismo subclínico em adultos. Arq Bras Endocrinol Metab 2013;57/3. Faltam as páginas 2. Monzani A, Prodam F, Rapa A, Moia S, Agarla V, Bellone S, Bona G. Endocrine disorders in childhood and adolescence. Natural history of subclinical hypothyroidism in children and adolescents and potential effects of replacement therapy: a review. Eur J Endocrinol 2012 Dec 10; 168(1): R1-R11. 3. Verburg FA, Kirchgässner C, Hebestreit H, Steigerwald U, Lentjes EG, Ergezinger K, Grelle I, Reiners C, Luster M. Reference ranges for analytes of thyroid function in children. Horm Metab Res. 2011 Jun; 43 (6):422-6. 4. Lazarus J, Brown RS, Daumerie C, Hubalewska-Dydejczyk A, Negro R, Vaidya B. European thyroid association guidelines for the management of subclinical hypothyroidism in pregnancy and in children. Eur Thyroid J. 2014 Jun; 3(2):76-94. 5. Claret C, Goday A, Benaiges D, Chillarón JJ, Flores JA, Hernandez E, Corretger JM, Cano JF. Subclinical hypothyroidism in the first years of life in patients with Down syndrome. Pediatr Res. 2013 May;73(5):674-8. 6. Lazar L, Frumkin RB, Battat E, Lebenthal Y, Phillip M, Meyerovitch J. Natural history of thyroid function tests over 5 years in a large pediatric cohort. J Clin Endocrinol Metab. 2009;94:1678–1682. 7. Cerbone M, Bravaccio C, Capalbo D, Polizzi M, Wasniewska M, Cioffi D, Improda N, Valenzise M, Bruzzese D, De Luca F, Salerno M: Linear growth and intellectual outcome in children with long-term idiopathic subclinical hypothyroidism. Eur J Endocrinol 2011; 164:591-597. 8. Wasniewska M, Corrias A, Aversa T, Valenzise M, Mussa A, De Martino L, Lombardo F, De Luca F, Salerno M: Comparative evaluation of therapy with L-thyroxine versus no treatment in children with idiopathic and mild subclinical hypothyroidism. Horm Res Paediatr 2012; 77: 376-381. 9. Wasniewska M, Salerno M, Cassio A, Corrias A, Aversa T, Zirilli G, Capalbo D,Bal M, Mussa A & De Luca F. Prospective evaluation of the natural course of idiopathic subclinical hypothyroidism in childhood and adolescence. European Journal of Endocrinology 2009 160 417–421. 10. Jaruratanasirikul S, Leethanaporn K, Khuntigij P & Sriplung H. The clinical course of Hashimoto’s thryoiditis in children and adolescents: 6 years longitudinal follow-up. Journal of Pediatric Endocrinology & Metabolism 2001 14 177–184 jornal da ASSEX 11 CONDUTA NOS SERVIÇOS Andrologia - Condutas no hipogonadismo masculino Dr. Luiz Felipe Osório, Dr. Renato Torrini, Dr. Jucimar Brasil O hipogonadismo masculino é uma síndrome clínica que resulta da falência da produção de concentrações fisiológicas de testosterona, quantidades normais de espermatozoides ou ambas. Pode surgir de patologias testiculares (hipogonadismo primário) ou disfunção hipotálamo-hipófise (hipogonadismo secundário). A testosterona, o principal androgênio masculino, é produzido pelas células de Leydig e é responsável pela virilização e manutenção dos caracteres sexuais masculinos, enquanto que a espermatogênese ocorre nos túbulos seminíferos e é essencial para a fertilidade masculina. Defeitos na ação androgênica devido a mutações no receptor androgênico também constituem uma rara causa de hipogonadismo. O eixo gonadal é regulado pelos neurônios hipotalâmicos que secretam o GnRH em pulsos a cada 60-90 minutos, estimulando a secreção das gonadotrofinas, LH, que estimula as células de leydig a produzir testosterona e o FSH que em conjunto com a testosterona intratesticular age nas células de sertoli e túbulos seminíferos para estimular a espermatogênese. O hipogonadismo é classificado como primário quando os testículos são primariamente afetados apresentando baixos níveis de testosterona, redução na espermatogênese e elevação de gonadotrofinas (hipogonadismo hipergonadotrofico), ou secundário apresentando as mesmas alte- rações, mas com níveis de gonadotrofinas inapropriadamente normais ou baixos. Ambas as formas podem surgir de formas congênitas ou adquiridas. No hipogonadismo primário, o prejuízo na espermatogênese é maior que na produção de testosterona enquanto que no hipogonadismo secundário ambas as funções são atingidas no mesmo grau. Os diferentes tipos de hipogonadismo tem implicações terapêuticas diferentes sendo a classificação do paciente importante. No hipogonadismo primário, a fertilidade não pode ser reestabelecida por terapia hormonal já que os túbulos seminiferos estão lesados, sendo necessária as terapias de reprodução assistida ou a utilização de banco de esperma. Já o hipogonadismo secundário pode ter a fertilidade restaurada pela terapia com GnRH pulsátil ou terapia com gonadotrofinas. O diagnostico de hipogonadismo é baseado nos sinais e sintomas e nas concentrações baixas de testosterona medidas pela manhã em pelo menos duas ocasiões. Doenças sistêmicas, distúrbios alimentares, exercícios excessivos e abuso de drogas ou medicações como glicocorticóides, opióides e devem ser excluídas. O melhor teste de screening é a medida de testosterona matinal por espectometria de massa. Baixas concentrações devem ser repetidas em uma segunda ocasião. Embora as concentrações de testosterona onde os sintomas de hipogonadismo ocorrem permanecem indefinidas, alguns estudos sugerem que 300 ng/dl é um ponto de corte aceitável. Em alguns laboratórios o limite inferior varia entre 280 ng/dl e 300 ng/dl, que ainda sendo arbitrários sugerem hipogonadismo em homens sintomáticos. Caso haja possibilidade de alterações nas concentrações de SHBG deve-se calcular a testosterona livre ou biodisponível já que a dosagem laboratorial não é confiável. Pacientes que apresentem infertilidade deve ser solicitado o espermograma. Após o diagnóstico inicial de hipogonadismo, a diferenciação para primário ou secundário deve ser estabelecido pela dosagem das gonadotrofinas, que se elevadas sugerem falência testicular primária. O cariótipo deve ser solicitado para excluir síndrome de Klinefelter. Quando os valores das gonadotrofinas estão inapropriadamente normais ou baixos o diagnóstico de hipogonadismo secundário deve ser considerado. Neste caso quando indicado pode ser necessário solicitar prolactina, outros hormônios hipofisários ou avaliação de hemocromatose. Pacientes com hiperprolactinemia, sintomas por efeito de massa ou panhipopituitarismo devem ser submetidos a ressonância nuclear magnética de sela turca. Quando causas comuns de hipogonadismo secundário são excluídas o diagnóstico de hipogonadismo hipogonadotrofico isolado deve ser avaliado. O screening populacional para hipogonadismo não é recomendado. Por outro lado, nos pacientes com sintomas compatíveis como queixas sexuais, fraturas com mínimo trauma ou fazendo uso de corticoides devem ser avaliados. Além disso pacientes sintomáticos com patologias como HIV, apnéia obstrutiva do sono ou diabetes tipo 2 podem ser testados. O tratamento com testosterona deve ser iniciado nos pacientes com diagnóstico confirmado. O objetivo do tratamento é desenvolver e/ou manter os caracteres sexuais secundários, função sexual, composição corporal e qualidade de vida. A terapia está contraindicada em pacientes com neoplasias responsivas ao hormônio como próstata e mama. Em pacientes com apnéia do sono, policitemia e insuficiência cardíaca congestiva a reposição deve ser avaliada. O tratamento deve ser individualizado, porém o objetivo é manter os níveis de testosterona na metade do valor de referência do laboratório responsável. No nosso meio temos apresentações injetáveis com meia vida menor, com os nomes comerciais Durateston® 250 mg 12 e Deposteron® (cipionato de testosterona 200mg) utilizadas em intervalos de 15 a 30 dias e uma apresentação com meia vida longa comercialmente chamada de Nebido® (undecilato de testosterona 250mg/ ml-4ml) utilizada em intervalos trimestrais. Além do tratamento injetável temos o tratamento transdérmico, o gel de testosterona comercialmente chamado Axeron®. A dose varia entre 60 a 120 mg aplicado nas axilas. No paciente em reposição deve ser monitorizado pela possibilidade de eri- jornal da ASSEX trocitose geralmente mais comum na reposição com injetáveis e em homens maiores que 60 anos. Avaliar o inicio da reposição em pacientes com hematócrito acima de 50% e suspender a mesma no caso do hematócrito ultrapassar 54%. Nos pacientes com hiperplasia prostática benigna com sintomas leves a moderados não há contraindicação a reposição, já nos pacientes com sintomas mais importantes é necessário monitorizar a piora do quadro. Apesar de controversa a relação do adenocarcinoma de próstata e a reposição de testosterona devem, ser monitorizados os níveis de PSA, aumentos maiores que 1,0 µg/L em 3 a 6 meses ou 0,4 µg/l ao ano devem ser investigados. No caso de pacientes com apnéia obstrutiva do sono apesar dos estudos ainda serem conflitantes é prudente não iniciar a reposição em pacientes sem tratamento iniciado. Finalmente deve se observar que a reposição de testosterona impede a espermatogênese, logo pacientes que desejam fertilidade devem ser orientados e ou avaliados outros tratamentos. COMO EU FAÇO? Terapia Hormonal da Menopausa Dra. Graziella Mendonça, Dra. Karen de Marca e Dra. Rita V Weiss A menopausa é definida como o último período menstrual espontâneo decorrente da perda da atividade ovariana, usualmente identificado retrospectivamente após 12 meses de amenorreia. Algumas mulheres apresentam ciclos regulares até sua cessação, enquanto outras podem apresentar um período de irregularidade menstrual em que observamos alterações tanto no fluxo quanto na frequência menstrual. Em geral a menopausa ocorre entre 48 a 55 anos de idade. É considerada precoce se ocorrer antes dos 40 anos. Quem deve ser tratada? As mulheres que procuram Terapia Hormonal da Menopausa (THM) devem ser tratadas se apresentarem sintomas que interfiram na sua qualidade de vida. É consensual que a estrogenioterapia iniciada na peri-menopausa, no grupo alvo de mulhe- res entre 50-60 anos está associada a uma redução de 40% na mortalidade. Iniciar hormonioterapia precoce, no período peri-menopausa, poderia resultar em inibição da ateroesclerose e, portanto, efeito protetor. A isso, chama-se “janela de oportunidade”. Iniciando hormonioterapia a partir dos 60 anos ou 10 anos após a menopausa, pode ser considerado tardio para evitar a ateroesclerose, podendo até induzir lesão precoce devido à instabilidade da placa e ativação de fatores tissulares que levam sua ruptura e trombose. Como tratar? Tipos, Vias de administração e Metabolismo dos Estrógenos e Progestágenos Os estrógenos e progestágenos são transportados pelas proteínas plasmáticas (TBG, SHBG) e 1-5% é transportado como esteroide livre. Enquanto os progestágenos não sofrem metabolização na circulação entero-hepática, os estrógenos sofrem ação da 1ª passagem hepática levando a formação de metabólitos ativos com subsequente sobrecarga hepática e aumento da síntese de proteínas hepáticas dependentes de estrogênio como o angiotensinogenio, SHBG e fatores de coagulação. Os estrógenos sintéticos (etinilestradiol) tem maior impacto na função hepática do que os estrógenos naturais (estradiol e valerato de estradiol). Ambos preservam a massa óssea e são eficazes na sintomatologia, porém os naturais são mais adequados na THM. Estrógenos e progestágenos são lipofílicos, sendo adequados para uso transdérmico. A apresentação oral tem como vantagens o menor custo, a maior facilidade de administração, bem como a possibilidade de ajuste de dose e interrupção sempre que for necessário, entretanto, esta via leva a uma diminuição da biodisponibilidade antes de atingir órgãos-alvos e consequentemente a dose tem que ser maior que a via não-oral. Os estudos atuais apontam para o uso do estradiol transdérmico pela diminuição do risco de trombose e também para mulheres portadoras de outros fatores de risco como diabetes melitus. Os progestágenos são esteroides que podem ser sintéticos ou naturais. A progesterona micronizada é o único progestágeno natural, os sintéticos são derivados da molécula de progesterona ou testosterona. Pequenas mudanças estruturais nas moléculas originais levam a diferenças consideráveis na atividade de cada um dos progestágenos. A drosperinona, por exemplo, tem uma atividade antimineralocorticoide e antiandrogênica, podendo ser a escolha em pacientes com predisposição a retenção hídrica e hiperandrogênicas. Esquemas terapêuticos Mulheres com útero: Esquema combinado cíclico: a pres- 13 crição de estrogénos de forma contínua associados a progestágenos utilizados durante 12 dias (do 1º dia ao 12º do mês). Esquema combinado contínuo: estrógenos e progestagenos de forma continua. Na pós-menopausa pode-se utilizar o esquema combinado contínuo, principalmente naquelas mulheres que não desejam menstruar. Mulheres histerectomizadas: indica-se o esquema com estrogênios isoladamente. Contra-indicações a THM Pacientes portadores ou com risco aumentado de câncer de mama e de endométrio, meningioma e melanoma; fenômenos tromboembólicos pregressos; doença hepática ou renal aguda; insuficiência hepática ou renal grave; doenças cardiovasculares graves e sangramento uterino anormal. Monitorização Clínica: Baseia-se na reavaliação dos sintomas climatéricos Sintomas vasomotores (fogachos) – Avalia-se a presença, intensidade e frequência. Sintomas psíquicos típicos do climatério Sexualidade e queixas vulvovaginais – Neste item incluímos prazer sexual, libido e dispareunia (decorrente de alterações na lubrificação vaginal e vasocongestão pélvica), urgência e infecções urinárias de repetição. Avaliação laboratorial/ radiológica Hormonal: FSH, Estradiol, SHBG, bioquímica, marcadores inflamatórios (ex: PCR US, fibrinogênio, homocisteína, lipoproteína a) se história familiar de doença arterial coronariana precoce. Mamografia Digital: Preconiza-se realizar o exame antes de iniciar a THM e depois anualmente. Algumas mulheres podem desenvolver aumento da densidade mamográfica especialmente aquelas com dose elevada de THM combinado contínuo. Ultrassonografia mamária: Deve ser avaliada concomitante à mamografia para facilitar a interpretação dos achados radiológicos, especialmente quando a densidade mamária se encontra aumentada ou na presença de assimetria ou nódulo à mamografia. Ressonância Nuclear Magnética da Mama: é o padrão ouro da imagem ma- jornal da ASSEX mária. Utilizada quando os métodos convencionais deixam dúvida. Tomossíntese Digital Mamária: Inovação tecnológica permite a detecção precoce do câncer de mama, principalmente em mamas mais densas. A imagem tridimensional gerada da mama, reduz ou elimina os efeitos da sobreposição de tecidos que podem reduzir a visibilidade de alterações malignas. A tomossíntese mamária, entretanto, não deve ser utilizada como substituta dos métodos de diagnóstico por imagem convencionais, sobretudo, da mamografia no rastreamento do câncer de mama. Ultrassonografia Pélvica ou Transvaginal: Avalia-se a espessura do eco endometrial, a homogeneidade, a ecogenicidade e a regularidade da interface do endométrio e miométrio e a eventual presença de líquido intra-cavitário. Nos pacientes sem THM ou em esquema combinado contínuo, recomenda- se a investigação morfológica quando a espessura endometrial for maior ou igual a 4-5 mm, pois abaixo deste valor o endométrio é em geral atrófico e compatível com a situação hipoestrogênica ou da THM em uso. O padrão de sangramento que ocorre nos esquemas estroprogestativos auxilia-nos a pressupor as características morfológicas do endométrio. Assim, quando se utiliza o esquema seqüencial com 12 dias de progesterona associado a estrogênio contínuo, o sangramento por deprivação que acontece em 70-80% das mulheres, costuma ocorrer após o 10º dia do uso da progesterona. Isto sugere ser o endométrio parcial ou totalmente secretor. Porém quando ocorre antes do décimo dia o endométrio é provavelmente proliferativo. Quando se usa esse esquema, recomenda-se realizar a USG ao término do uso de progesterona ou logo após o término do sangramento; nestes casos a medida do eco endometrial não deve ultrapassar 8 mm. Ultrassonografia de Abdome Total: Rastreio inclusive de doença biliar, que contra-indica a via oral. Densitometria Óssea: A avaliação da densidade mineral óssea deve ser feita antes de ser instituída a THM e no seguimento anual. A paciente deve ser avaliada inicialmente 2 ou 3 meses após ser instituída a medicação para que se possa ajustar a dose de estrogênio e progesterona ou apenas de estrogênio, caso a paciente seja histerectomizada; em seguida a cada 6 meses. A duração do tratamento é baseada na sua indicação. Essa indicação, a dose e o tipo de THM devem ser reavaliados anualmente. Drogas comercializadas Princípio ativo / Dose Natifa, Estrell, Estrofem (via oral) Estradiol 1mg Natifa Pro, Suprelle, Activelle (via oral) Estradiol 1 mg/ Noretisterona 0.5 mg Femoston 1 / 10 (via oral) Estradiol1mg, Diidrogesterona 10 mg Femoston Conti (via oral) Estradiol1mg, Diidrogesterona 5 mg Climene Valerato de estradiol 2mg/Ciproterona 1mg Merigest Estradiol 2mg/ Noretisterona 0.7 mg Suprema/ Kliogest (via oral) Estradiol 2 mg /Noretisterona 1 mg Duphaston (via oral) Diidrogesterona 10 mg Estreva gel (transdérmico) 17ß estradiol 0,1 % Evocanil/ Utrogestan (via oral e intra-vaginal) Progesterona oral micronizada 100 mcg (intravaginal) 200 mcg (via oral) Estradot (adesivo transdérmico) Estradiol 25 mcg, 50 mcg ou 100 mcg Mirena (endoceptivo) Levonorgestrel 52 mg. Taxa inicial de liberação de 20 mcg/ 24 h Oestrogel 17β estradiol 0,6 % pump ou régua Sandrena gel (transdérmico) 17β estradiol sachets de 0.5 ou 1.0 g/dia jornal da ASSEX 14 Referências Bibliográficas 1. Treatment of the Postmenopausal Woman – third edition. Basic and Clinical Aspects Edit by Rogerio A. Lobo, M.D .Isbn: 978-0-12-369443-0 .Elservier inc. 2007 (não sei como é o padrão der eferecnia p livros) 2. The 2012 hormone therapy position statement of: The North American Menopause Society. Menopause 2012 Mar;19(3):257-71. 3. Menopausal Hormone Therapy. Pardini, D. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2007 Aug;51(6):938-42 4. Executive Summary: Postmenopausal Hormone Therapy: An Endocrine Society Scientific Statement. J Clin Endocrinol Metab, July 2010, 95(Suppl 1):S1–S66 5. Rose SL., Tidwell A L., Bujnoch LJ., Kushwaha AC, Nordmann AS., R Sexton, Jr. Implementation of breast thomosynthesis in a routine screening practice: an observational study ,A.J.R. June 2013, Volume 200, Number 6, j 2013 6. Ciatto S, Houssami N, Bernardi D, Caumo F, Pellegrini M, Brunelli S, Tuttobene P, Bricolo P, Fantò C, Valentini M, Montemezzi S, Macaskill P. Integration of 3D digital mammography with tomosynthesis for population breast-cancer screening (STORM): a prospective comparison study Lancet Oncol. 2013 Jun;14(7):583-9 HIGHLIGHTS DE CONGRESSOS Endo 2015 - San Diego, CA, EUA - Março/2015 Sessão: Meet the professor Palestrante: Jacqueline Jonklaas, MD, PHD, Georgetown University Tema: Riscos-benefícios do Tratamento com Radioiodo Resumo por: Dra. Monica Wolff, médica do ambulatório de tireoide e tireoide pós-iodo do IEDE. Dra. Monica Wolff Médica do ambulatório de tireoide e tireoide pós-iodo do IEDE N ão está claro que pacientes com cancer de tireoide se beneficiam do tratamento com Radioiodoterapia (RAI). A decisão depende dos benefícios ou riscos relativos ao tratamento, em particular como se indica o RAI, discutidos pela Dra. Jonklaas. A avaliação do tecido tireoidiano remanescente no pós-operatório pode ser realizada com a dosagem de tireoglobulina e ultrassonografia cervical após a administração ou não do iodo radioativo. No caso de ablação de remanescentes tireoidianos após tireoidectomia total os benefícios dependem do estadiamento de risco da doença. A Dra. Jonklaas discutiu as doses recomendadas em função do risco conforme colocado na tabela abaixo onde estão descritas as indicações para RAI de acordo com as características do tumor encontrado. Resumidamente, o RAI não está indicado em tumores menores ou iguais a 1 cm e em tumores de 1 a 4 cm sem invasão extratiroideana, sem metástases cervicais ou à distância. Está indicado em tumores histologicamente agressivos ou com invasão vascular. Os pacientes com metástases captantes em linfonodos ou à distância costumam ter têm boa resposta ao RAI. Os benefícios em pacientes com risco intermediário incluem a diminuição do risco de recorrência e o aumento de sobrevida. Alguns efeitos colaterais do RAI descritos: •Raros: sialoadenite, xeroftalmia, epífora, efeitos adversos nasais, antecipação Riscos x Benefícios do Radioiodo Estágio TNM/ Risco ATA Características tumorais Benefício x Risco do RAI Dose de RAI Estágio I-II ATA baixo risco Tamanho 1 a 4 cm Riscos podem exceder benefícios Nenhuma (considerar agressividade pela histologia etc.) Estágio I-III ATA risco intermediário Tamanho > 4 cm Mínima ITE ou linfonos cervicais centrais Benefício pode exceder risco Considerar 30-100 mCi Estágio I-IVa ATA risco intermediário Tamanho > 4 cm Mínima ITE ou linfonos cervicais laterais ou mediastinais Benefício pode exceder risco Considerar 100-150 mCi Estágio I-IVc ATA alto risco Grande ITE Metástases à distância Benefício excede o risco Considerar 100-200 mCi ITE = Invasão extratiroideana; ATA= American Thyroid Association jornal da ASSEX 15 da menopausa, diminuição do número de espermatozóides, possibilidade de uma segunda doença maligna. •Frequentes: tireoidites A preparação para terapia com RAI inclui o aumento do TSH, seja por retirada do hormônio tiroidiano ou por aplicação de TSH recombinante. A dieta com baixo teor de iodo é questionada. Medi- camentos e contrastes contendo iodo não devem ter sido administrados previamente por via oral ou endovenosa. Principais conclusões da apresentação: 1.Pacientes de baixo risco não se beneficiam com RAI 2.Pacientes de risco intermediário se beneficiam com doses baixas de RAI (30 a 100mci). 3.Pacientes com alto risco se beneficiam com doses de até 200 mCi. Conclusão Foi reforçada a idéia da não indicação da RAI para os pacientes de baixo risco. Nos demais casos a dose administrada é individualizada em função do risco (intermediário ou alto). DISCUSSÃO DE CASO CLÍNICO Osteoporose: Caso clínico e rotina de avaliação do serviço de doenças osteometabólicas (DOM) do IEDE. Caso clínico M Maria Caroline A. Coelho, Joyce Cantoni, Nathalie Morais, Maurício Barbosa Lima, Rosita Fontes AS, feminino, 47 anos, branca, encaminhada com queixa de “perda óssea”. Sua ginecologista diagnosticou osteoporose após realizar densitometria óssea (DO). Negava dores ósseas ou articulares e sintomas gastrointestinais, passado de nefrolitíase ou fraturas, uso atual ou pregresso de anticonvulsivantes, glicocorticoides, tiazolidinedionas, heparina, antidepressivos ou inibidores de bomba de prótons. Referia diagnóstico de hipertireoidismo ‘há 3 anos’. Fez uso de droga antitireoidiana (DAT) por 18 meses e foi tratada com Na ¹³¹I há pouco mais de 1 ano; está há 8 meses sem uso de DAT. Relata estar em amenorreia desde a interrupção da DAT, e desde então tem episódios eventuais de “fogachos”, além de “secura vaginal” (sic). Sua ginecologista contraindicou reposição hormonal estrogênica devido a histórico de câncer de mama da mãe, que também tem osteoporose e apresentou fratura patológica de colo de fêmur aos 67 anos. Sempre foi sedentária, tem passado de tabagismo (dos 17 aos 45 anos – 28 maços/ano) e é etilista social. Sua alimentação atual conta com ingestão de 1 a 2 copos de leite ao dia; eventualmente acrescenta queijos e outros produtos lácteos. Na infância e adolescência ingeria poucos laticínios ou outros alimentos ricos em cálcio. Ao exame apresentava: 51,2 Kg, 1,58 m e IMC de 20,5 kg/m2 (informava que na juventude sua altura era 1,60 m). A tireóide era pequena e não apresentava sinais de oftalmopatia. Não foram identificadas deformidades ou alterações ósseas. O restante do exame físico era normal. Exames laboratoriais Exames Resultados Valores de Referência Cálcio total sérico 9,4 mg/dL 8,8- 10,2 mg/dL Fósforo sérico 3,3 mg/dL 2,5-4,5 mg/dL Creatinina sérica 0,8 mg/dL 0,6- 1,1 mg/dL jornal da ASSEX 16 Albumina 3,8 g/dL 3,5-5,0 g/dL PTH 39 pg/mL 12-65 pg/mL Fosfatase alcalina 98 U/L 35-104 U/L 25- hidroxi vitamina D 24,4 ng/mL 30-100 ng/mL Calciúria 24 horas 2,3 mg/Kg/dia Até 4,0 mg/Kg/dia CTX 1,3 ng/mL 0,025-0,573 ng/mL (pré-menopausa) TSH 2,1 mcUI/mL 0,3-5,0 mcUI/mL T4L 1,5 ng/dL 0,8-1,9 ng/dL FSH 66 mUI/mL >30 mUI/mL (menopausa) LH 52 mUI/mL > 15 mUI/mL (menopausa) Glicose 80 mg/dL 70-99 mg/dL Exames complementares Densitometria óssea: Discussão A osteoporose (OP) é doença frequente, especialmente em mulheres após a menopausa. É uma doença ¨silenciosa¨, geralmente só ocorrendo sintomas, como dor, na presença de fraturas. As fraturas osteoporóticas estão associadas à piora da qualidade de vida e aumento da mortalidade e ainda, impactam significativamente nos custos da saúde, pública e privada. A definição de osteoporose é densitométrica, mas leva em consideração a idade do paciente, histórico de fraturas ou presença de causas secundárias. No caso de mulheres pré-menopausa ou homens antes dos 50 anos define-se como massa óssea abaixo do esperado para a idade cronológica a presença de Z-score ≤ -2 em pelo menos um dos sítios pesquisados. Considera-se que há osteoporose se houver histórico de fratura patológica (de fragilidade, por trauma de baixo impacto ou espontânea) ou causas secundárias associadas. Para mulheres na pós-menopausa e homens acima de 50 anos, define-se como osteoporose a presença de T-score ≤ -2,5 e osteopenia se T-score entre -1 e -2,5. No entanto, se o paciente tiver apresentado uma fratura patológica, será definido como osteoporose, independente da densidade mineral óssea. No IEDE a rotina de solicitação de densitometria óssea (DO) segue da diretriz americana de 2014, ou seja, para mulheres acima de 65 anos ou homens acima de 70 anos. Para pacientes que apresentem fator de risco adicional para osteoporose, é solicitada mais precocemente. A interpretação adequada da DO é fundamental, tanto para diagnóstico como para o seguimento do paciente com OP. Deve-se verificar se a técnica de aquisição foi adequada e se o paciente foi bem posicionado no aparelho. Na coluna lombar são excluídas da análise uma ou mais vértebras apresen- 17 tarem variação maior que 1,0 de T-score ou Z-score em relação às demais, desde que permaneçam pelo menos duas vértebras para serem analisadas. A radiografia de coluna torácica e lombar ou outros métodos de imagem auxiliam na verificação do motivo da discordância, que poderá ser, por exemplo, fratura silenciosa ou osteoartrite/osteoartrose. As DO subsequentes devem ser realizadas no mesmo aparelho, para análise comparativa adequada. Considera-se que houve ganho ou perda de massa óssea para variações da densidade mineral óssea (DMO) no fêmur total ou coluna lombar) maiores que o coeficiente de variação (CV ) do aparelho que deve ser informado no laudo do exame, sendo em geral, em torno de 2%. Nesta paciente a menopausa foi aos 45 anos, sendo recomendada a DO. O T score de - 2,9 em coluna caracterizava osteoporose. Na avaliação clínica inicial pesquisa-se outros fatores de risco tais como: cor branca, tabagismo e etilismo, sedentarismo (<150 min/semana de atividade física), índice de massa corporal (IMC) < 20 kg/m2, imobilização prolongada e história pessoal ou familiar (1o grau) de fraturas/osteoporose. Também investiga-se possíveis causas secundárias para OP, como: mieloma múltiplo, menopausa precoce, hipertireoidismo, doença renal crônica, doença celíaca, artrite reumatoide e outras doenças do colágeno, hiperparatireoidismo, hipercalciúria, hipovitaminose D, tubulopatias e uso de medicamentos passíveis de causar osteoporose (inibidores de bomba de prótons, glicocorticoides, anticonvulsivantes, heparina, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, tiazolidinedionas, antirretrovirais, inibidores da aromatase e anti-androgênicos, entre outros). A anamnese alimentar identifica o padrão alimentar e ingestão diária de cálcio na infância, adolescência e idade adulta. Por fim é fundamental que se avalie o risco de queda, especialmente em idosos, identificando fatores de risco como número de quedas do último ano, deficiência visual, dificuldade de deambulação, hipotensão postural, neuropatia periférica e labirintopatias. Em nosso serviço, realizamos o teste Up and Go que tem boa acurácia para predizer o risco de queda em pacientes com OP e fragilidade. jornal da ASSEX A paciente apresentava como fatores de risco para OP a cor branca; passado de tabagismo; diagnóstico prévio de hipertireoidismo; alimentação pobre em leite e derivados na adolescência, início da idade adulta e atual; e história familiar de OP. Os exames laboratoriais solicitados na avaliação inicial no serviço de DOM incluem: hemograma, cálcio total, albumina, fósforo, PTH, creatinina, fosfatase alcalina total, fosfatase alcalina óssea, marcadores de reabsorção óssea (CTX sérico ou NTX na segunda urina da manhã em jejum), transaminases, gama-GT, 25-hidroxi-Vitamina D (VD), TSH, EAS (urina tipo 1) e calciúria, fosfatúria e creatinina urinárias de 24h. Outros exames, como por exemplo, LH, FSH, testosterona, anti-endomísio e anti-tranglutaminase, podem ser solicitados de acordo com a idade, história e suspeita clínica. A realização complementar de radiografias é realizada em pacientes com perda documentada (−2 cm) ou relatada (−4 cm) de estatura desde a idade adulta jovem e se há deformidades ósseas. O tratamento visa fornecer substratos adequados, como cálcio, VD e fósforo e inibir a reabsorção e/ou aumentar a formação; é selecionado em função do histórico, exame físico e exames complementares individuais de acordo com tratamentos prévios, gravidade da OP e comorbidades. As causas secundárias de OP são tratadas e, quando possível, drogas associadas à OP são descontinuadas. Mudanças no estilo de vida são recomendáveis com a inclusão de atividades físicas de impacto como musculação. Se não há hipercalciúria a complementação com cálcio é recomendada naqueles com dieta pobre em cálcio. Esta é realizada, preferencialmente, através da dieta, visando obter ingestão de 1000 a 1200 mg/dia. Quando isto não é possível, pode ser realizada com medicamentos contendo cálcio. Esta paciente foi orientada a praticar musculação supervisionada por profissional especializado. Como o conteúdo estimado de ingestão de cálcio na sua dieta era inferior a 1000 mg/dia, foi orientada para dieta contendo 1200 mg/dia. A reposição de VD é avaliada caso a caso e, quando instituída, a dose é calculada considerando-se que para um aumento de 10 ng/mL no sangue são necessárias de 1.000 a 1.500 unidades/ dia de VD. No nosso serviço limitamos o máximo a 4.000 un/dia, exceto em situações especiais, como por exemplo, deficiência de absorção de VD. A vitamina D (VD) encontrava-se abaixo de 30 ng/mL que seria diagnóstico de insuficiência de VD segundo o critério da Endocrine Society. No entanto era superior a 20 ng/mL, que é o ponto de corte acima do qual o Institute of Medicine considera como VD suficiente para 97,5% da população. Optamos por não prescrever esta medicação. Atente-se que o PTH não é um bom indicador de insuficiência de VD, uma vez que até 1/3 dos pacientes têm VD baixa, mas jamais elevam o PTH. O poster ‘VD na osteoporose pós-menopausa e sua relação com parâmetros clínicos e laboratoriais’ neste número do jornal fornece dados obtidos neste serviço sobre a relação entre VD e PTH. A reposição hormonal com estrogênios é recomendada nas pacientes em pós-menopausa se não há contra-indicação, uma vez que protege o osso de perda significativa adicional; como nem sempre é suficiente como medida isolada para a recuperação da massa óssea pode ser usada associada a outras medicações. Os antirreabsortivos como os bisfosfonatos orais (dose semanal ou mensal) ou injetáveis (em intervalos entre as doses de até 1 ano), sendo estes últimos mais potentes; no entanto podem provocar hipocalcemia no período da aplicação, sendo importante a monitorização e a suplementação com cálcio. Outras medicações incluem o antirreabsortivo denosumabe e os agonistas seletivos dos receptores de estrogênios (SERMs), como o raloxifeno. Existem ainda as medicações formadoras de osso ou anabólicas, como o ranelato de estrôncio e a teriparatida, que é reservada para os casos que cursam com fraturas graves; é administrada por via subcutânea, diariamente, por um período de 18 a 24 meses, seguida de um ciclo de antirreabsortivos. As medicações injetáveis de ambos os grupos, especialmente a teriparatida, são indicadas para pacientes com OP grave, fraturas patológicas, múltiplas ou comorbidades que contraindiquem o tratamento por via oral. Qualquer das opções considera também a capacidade de adesão do paciente. A paciente apresentava o marcador de reabsorção CTX elevado refletindo a reabsorção óssea aumentada da osteoporose 18 pós-menopausa. A reposição hormonal estrogênica não foi uma opção a ser considerada devido ao histórico de câncer na família. Foi prescrito o antirreabsortivo alendronato de sódio na dose de 70 mg/ semana, que é a medicação com a qual temos maior experiência no nosso serviço e utilizada como opção inicial quando há aumento de CTX. Uma vez iniciado o tratamento esperase que o CTx ou outro marcador de reab- jornal da ASSEX sorção caia para níveis de pré-menopausa, uma vez que os valores de pós menopausa refletem reabsorção óssea aumentada devido à deficiência estrogênica. A monitoração é realizada dosando o marcador de reabsorção trimestralmente visando avaliar o resultado precoce do tratamento, já que as modificações na DO demoram de 1 a 2 anos para serem evidentes. A partir do terceiro mês de tratamento a paciente mantinha o CTx entre 0,199-0,215 ng/mL, mostrando queda de 83% em relação ao valor inicial. Demonstramos em um estudo anterior que queda de 65% do MR é acompanhado de ganho significativo de massa óssea. Após dois anos nos de tratamento a DMO era de -1,1 em coluna e de 0,08 em colo de fêmur. A paciente encontra-se no terceiro ano de tratamento com DO normal, mantém a dieta suficiente em cálcio e o antirreabsortivo. PESQUISA NO IEDE jornal da ASSEX 19 AGENDA Congressos em 2015 Julho SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR NA PRÁTICA CLÍNICA Data: 11 de julho Local: Windsor Flórida Hotel, Rio de Janeiro Informações: www.acfarmaceutica.com.br Agosto CBAEM Data: 11 a 14 de agosto Local: Centro de Convenções de Vitória ,Vitória Informações: www.cebaem2015.com.br PRIMER 2015 Data: 21 e 22 de agosto Local: Windsor Flórida Hotel, Rio de Janeiro Informações: www.acfarmaceutica.com.br 20 ENDORIO WINDSOR ATLANTICA Data: 28 e 29 de agosto Local: Copacabana, Rio de Janeiro Informações: www.sbemrj.org.br jornal da ASSEX Dezembro 44º ENCONTRO ANUAL DO IEDE Data: 11 a 13 de dezembro Local: Hotel Portobello, Mangaratiba/RJ Informações: www.assex.org.br Setembro EUROPEAN DIABETES (EASD) Data: 14 a 18 de setembro Local: Estocolmo, Suécia Informações: www.easd.org Confira os cursos exclusivos que preparamos para você no segundo semestre de 2015! 3 de Outubro de 2015 www.cursosapgen.com.br 23 e 24 de Outubro de 2015 www.cursotodda.com.br Não deixe de se inscrever: www.acfarmaceutica.com.br Em breve! © 2015 Desenvolvido por AC Farmacêutica | www.acfarmaceutica.com.br Em nossa agenda, o conhecimento sempre tem lugar de destaque!