Tucano tem bico reconstituído com prótese desenvolvida na

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Tucano tem bico reconstituído com prótese desenvolvida na
Tucano tem bico reconstituído com prótese desenvolvida na Coppe
Pesquisadores da Coppe/UFRJ ajudaram a reconstituir o bico de um tucano fêmea com
prótese produzida em impressora 3-D. Foi a primeira experiência realizada no Brasil
utilizando a técnica. Batizado de Tieta, o pássaro da espécie tucano-de-bico-preto
(Ramphastos vitellinus) foi apreendido pela Polícia Federal com parte superior do bico
quebrada e levado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama, em
Seropédica (RJ). Após cirurgia veterinária, Tieta encontra-se recuperada e adaptada ao
bico reconstituído.
O trabalho foi coordenado pelo engenheiro Roched Seba, pesquisador do grupo de
Design de Serviços e Inovação Social (Desis) da Coppe. Sensibilizado com a situação, o
pesquisador, que também é diretor do Instituto Vida Livre, onde desenvolve serviços
voltados à preservação da vida silvestre, assumiu a tutela do animal. E sob a orientação
da professora Carla Cipolla, do Programa de Engenharia de Produção da Coppe,
concebeu um projeto para reconstituir a parte danificada do bico do tucano, por meio de
uma prótese confeccionada com o auxílio da impressora 3-D da Coppe.
Articulação entre instituições resultou no sucesso do trabalho
Para concluir o trabalho, o pesquisador iniciou uma intensa articulação com vários
especialistas e instituições: o Ibama disponibilizou o tucano para o projeto; o Jardim
Botânico permitiu o uso de um tucano taxidermizado (empalhado) para elaboração de
um modelo; o escaneamento do bico fraturado foi feito no Núcleo de Experimentação
Tridimensional da PUC-Rio; o pesquisador Gustavo Cleinman, da Coppe, fez o desenho
tridimensional; e o bico foi impresso em ABS (acrilonitrila butadieno estireno) no
laboratório Pro-PME da Coppe. Em seguida, quatro próteses, com pesos e densidades
diferentes para testes de adequação, foram elaboradas pelo consultor de prototipagem do
Prop-PME, Felipe Lopes.
O protótipo selecionado foi pintado com esmalte atóxico e coberto por uma resina, feita
à base de mamona, pela empresa Matéria Brasil. A última etapa foi a realização da
cirurgia, realizada pelo veterinário Thiago Muniz, do Instituto Vida Livre, no Hospital
de Clínicas Veterinárias, da Universidade Anhanguera, em Itaboraí (RJ).
Tieta recuperou-se rapidamente da cirurgia e, em três dias, já estava adaptada ao bico
reconstruído. A ave segue sob acompanhamento do veterinário do instituto e medicada
com antibióticos.
“Sem a parte frontal do bico, Tieta teria uma vida precária e dependente para conseguir
se alimentar. Com a prótese, ela não poderá ser solta, pois necessitará de
acompanhamento. Mas poderá ter uma vida mais autônoma”, explica Roched.
O destino de Tieta será decidido pelo Ibama. O desejo de Roched é que a ave fique em
um parque (santuário), com possibilidade de visita, para que as pessoas possam
conhecer sua história. “Deve ser encarado como algo pedagógico, inclusive para
conhecimento da gestão da solução, que mobilizou diversas instituições”, afirmou o
pesquisador.