Língua Portuguesa – 3º ano Ensino Médio - PAEBES
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Língua Portuguesa – 3º ano Ensino Médio - PAEBES
ISSN 2237-8324 PAEBES 2015 PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESPÍRITO SANTO REVISTA PEDAGÓGICA LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO Paulo César Hartung Gomes Governador do Estado do Espírito Santo César Roberto Colnaghi Vice Governador do Estado do Espírito Santo Haroldo Corrêa Rocha Secretário de Estado da Educação Eduardo Malini Subsecretário de Estado de Administração e Finanças Caroline Falco Fernandes Valpassos Gerente de Informação e Avaliação Educacional Subgerência de Avaliação Educacional Fabíola Mota Sodré (Subgerente) Claudia Lopes de Vargas Denise Moraes e Silva Gloriete Carnielli Subgerência de Estatística Educacional Denise Pereira da Silva (Subgerente) Andressa Mara Malagutti Assis (Estatística) Elzimar Sobral Scaramussa Regina Helena Schaffeln Ximenes Apresentação Caro Educador, O Estado do Espírito Santo completou, em 2015, o 16º ano do Programa de Avaliação da Educação Básica (PAEBES). A implementação de uma avaliação em larga escala é imprescindível para um melhor monitoramento da qualidade e da equidade educacional. No decorrer dessa trajetória, o programa forneceu subsídios para a tomada de decisão e para o direcionamento de investimentos, com vistas à melhoria na qualidade da educação nas escolas, voltadas principalmente para a otimização do trabalho pedagógico na construção de estratégias de aprendizagem. A Coleção 2015 de divulgação do PAEBES apresenta os resultados das provas e dos questionários socioeconômicos aplicados nas turmas de 1º, 2º, 3º e 5º anos e 8ªsérie/9º ano do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio, possibilitando aos sistemas de ensino conhecer o desempenho de nossas crianças e jovens e refletir sobre o que as escolas podem fazer para melhorar esse ensino. Esse material precisa constituir-se em instrumento efetivo de consultas para gestores e professores no acompanhamento e no planejamento de intervenções, pois a avaliação não se relaciona apenas à “aprovação” ou “reprovação” dos estudantes, como também à análise dos resultados, de modo a contribuir para que cada escola realize seu planejamento à luz das necessidades de aprendizagem dos alunos. Nessa parceria, contamos com o compromisso dos nossos profissionais de Educação e aproveitamos para parabenizar a todos pelas melhorias conquistadas, o que, em última instância, significa a construção de uma sociedade com mais igualdade de oportunidades. Forte abraço, Haroldo Corrêa Rocha Secretário de Estado da Educação SUMÁRIO 13 18 1. POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO?? 3. COMO É A AVALIAÇÃO NO PAEBES? 15 2. O QUE É AVALIADO NO PAEBES? 47 5. COMO A ESCOLA PODE SE APROPRIAR DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO? 45 53 4. COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO PAEBES? 6. QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS PARA DESENVOLVER DETERMINADAS HABILIDADES? Prezado(a) educador(a), Apresentamos a Revista Pedagógica do PAEBES 2015. Esta publicação faz parte da coleção de divulgação dos resultados da avaliação realizada no final do ano de 2015. Para compreender os resultados dessa avaliação, é preciso responder aos seguintes questionamentos. POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO? O QUE É AVALIADO NO PAEBES? COMO É A AVALIAÇÃO NO PAEBES? COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO PAEBES? 1 POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO? Uma das dúvidas mais frequentes, quando se fala em avaliação externa em larga escala, é: por que avaliar um sistema de ensino, se já existem as avaliações internas nas escolas? PAEBES 2015 Revista Pedagógica Para responder a essa pergunta, é dem envidar esforços no sentido de dos estudantes, e concentrem seus es- preciso, em primeiro lugar, diferenciar estabelecer políticas que contribuam forços em levá-los a vencer as dificul- avaliação externa de avaliação interna. para a melhoria do desempenho dos dades apontadas por esses resultados. Avaliação interna é aquela que estudantes de toda a rede e também Essas estratégias passam por um ocorre no âmbito da escola. O edu- têm a possibilidade de atuar em casos estudo acurado dos materiais dispo- cador, que elabora, aplica e corrige o pontuais, como escolas ou regiões es- nibilizados para as escolas: os conteú- teste para, em seguida, analisar seus pecíficas que apresentem o mesmo dos do site do programa, as revistas de resultados faz parte da unidade esco- tipo de dificuldade. divulgação de resultados, os encartes lar em que o processo educacional é levado a efeito. Além da dimensão da rede de contendo os resultados da escola, em ensino, as escolas, individualmente, cada disciplina e etapa avaliada for- A avaliação externa em larga es- podem e devem utilizar os resultados mam um conjunto robusto de informa- cala, por sua vez, constitui um procedi- da avaliação para verificar o desen- ções que merece atenção e análise. mento avaliativo baseado na aplicação volvimento, pelos estudantes, das ha- Esse conjunto foi pensado com de testes e questionários padroniza- bilidades esperadas para a etapa de a intenção de fornecer, aos gestores dos, para um grande número de estu- escolaridade em que estão inseridos. e aos professores, o máximo de ele- dantes. Esses testes são elaborados É relevante lembrar que esses resulta- mentos para que possam avaliar, por com tecnologias e metodologias bem dos precisam ser pensados à luz dos meio de dados obtidos externamente definidas e específicas, por agentes conteúdos trabalhados à escola, como está o desempenho de externos à escola. A avaliação exter- pela escola: as Matrizes de Referên- seus estudantes, em comparação com na possibilita verificar a qualidade e a cia, base para a elaboração dos testes, as demais escolas da rede, e quais são efetividade do ensino ofertado a uma devem estar relacionadas a esses con- os pontos que demandam uma aten- determinada população (estado ou mu- teúdos, sem, no entanto, substituí-los. ção maior, no trabalho desenvolvido no nicípio, por exemplo). As unidades escolares têm a possibili- interior da escola. curriculares Mas como os dados obtidos por dade de observar se o currículo adota- Desse modo, fica patente que as esse tipo de avaliação podem con- do contempla as habilidades conside- informações obtidas a partir dos testes tribuir para melhorar os processos radas mínimas para que os estudantes da avaliação externa em larga escala, educativos, no interior das escolas, e, consigam caminhar, a cada etapa ven- isoladamente, não solucionam os pro- consequentemente, os resultados das cida, rumo à aquisição dos conheci- blemas da educação brasileira, nem redes de ensino? Esse é um questio- mentos necessários para se tornarem têm essa pretensão. A trilha que pode- namento muito observado entre as cidadãos críticos e conscientes de seu rá levar a essa solução é a forma como equipes gestoras e pedagógicas das papel na sociedade. os dados serão utilizados. E, nesse escolas que recebem os resultados da Verificada a correlação Currículo X aspecto, somente os educadores en- Matriz de Referência, gestores e pro- volvidos com o processo educacional É necessário ter em mente que fessores podem atuar de diversas ma- poderão estabelecer o melhor cami- a avaliação externa em larga escala neiras. Algumas estão indicadas nesta nho a seguir. tem como objetivo oferecer, por meio publicação, nas seções 5 - Como a As próximas seções têm o objeti- de seus resultados, um importante escola pode se apropriar dos resulta- vo de auxiliá-los nessa trajetória, ofe- subsídio para as tomadas de decisão, dos da avaliação? e 6 - Que estraté- recendo informações relevantes para inicialmente na esfera das redes de gias pedagógicas podem ser utiliza- que a apropriação e a análise dos re- ensino. Os dados oriundos dos testes das para desenvolver determinadas sultados da avaliação externa em larga respondidos pelos estudantes formam habilidades? O importante é descobrir escala sejam produtivas para sua esco- um painel que ilustra o que está sen- as estratégias mais adequadas para la e para sua prática profissional. do ensinado e o que os estudantes que todos os membros da comunidade estão aprendendo, em cada discipli- escolar se apropriem dos resultados na e etapa avaliada; de posse dessas da avaliação, compreendendo sua im- informações, os gestores de rede po- portância e seu significado para a vida avaliação externa. 14 2 O QUE É AVALIADO NO PAEBES? Antes de iniciar a elaboração dos testes para a avaliação, é imprescindível determinar, com clareza, o que se deseja avaliar. PAEBES 2015 Revista Pedagógica Matriz de Referência O QUE É UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA? As Matrizes de Referência indicam as habilidades que As Matrizes de Referência relacionam os conhecimen- se deseja avaliar nos testes do PAEBES. Importa registrar tos e as habilidades para cada etapa de escolaridade ava- que as Matrizes de Referência são uma parte do Currículo, liada, ou seja, elas detalham o que será avaliado, tendo em ou da Matriz Curricular: as avaliações em larga escala não vista as operações mentais desenvolvidas pelos estudantes pretendem avaliar o desempenho dos estudantes em todos em relação aos conteúdos escolares que podem ser afe- os conteúdos presentes no Currículo, mas, sim, nas habili- ridos pelos testes de proficiência. No que diz respeito ao dades consideradas fundamentais para que os estudantes PAEBES, o que será avaliado está indicado nas Matrizes de progridam em sua trajetória escolar. Referência desse programa. O Tópico agrupa um conjunto de habilidades, indicadas pelos descritores, que possuem afinidade entre si. Os Descritores descrevem as habilidades que serão avaliadas por meio dos itens que compõem os testes de uma avaliação em larga escala. 16 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE EM I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA D1 Localizar informações explícitas em um texto. D3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. D4 Inferir uma informação implícita em um texto. D6 Identificar o tema de um texto. D14 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DE TEXTOS D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.). D23 Identificar o gênero de textos variados. D12 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema. D21 Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema. IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DE TEXTOS D2 Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto. D7 Identificar a tese de um texto. D8 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la. D24 Reconhecer diferentes estratégias de argumentação. D9 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto. D10 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. D11 Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. D15 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc. V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO D16 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. D18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão. D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos. D22 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos estilísticos. VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA D13 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. 17 3 COMO É A AVALIAÇÃO NO PAEBES? Para elaborar os testes do PAEBES, é necessário estabelecer como se dará esse processo, a partir das habilidades elencadas nas Matrizes de Referência, e como será o processamento dos resultados desses testes. Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 1ª ETAPA – ELABORAÇÃO DOS ITENS QUE COMPORÃO OS TESTES. Item 1. Enunciado – estímulo para que o estudante mobilize recursos cognitivos, visando solucionar o problema apresentado. O que é um item? 2. Suporte – texto, imagem e/ou outros recursos que servem de base para a resolução do item. Os itens de Mate- O item é uma questão utilizada nos testes das avaliações em larga escala. mática e de Alfabetização podem não apresentar suporte. 3. Comando – texto necessariamente relacionado à ha- bilidade que se deseja avaliar, delimitando com clareza a Como é elaborado um item? tarefa a ser realizada. O item se caracteriza por avaliar uma única habilidade, indicada por um descritor da Matriz de Referência do teste. O item, portanto, é unidimensional. 4. Distratores – alternativas incorretas, mas plausíveis – os distratores devem referir-se a raciocínios possíveis. 5. Gabarito – alternativa correta. Um item é composto pelas seguintes partes: Leia o texto abaixo. Curaçao, um simpático e colorido paraíso 5 10 15 Há uma lenda que explica a razão de Curaçao ser uma ilha tão colorida. Consta que um governador, há muitos anos, sentia dores de cabeça terríveis por todas as construções serem pintadas de branco e refletirem muito a luz do sol. Ele teria então sugerido algo a seus conterrâneos: colocar outras cores nas fachadas de suas residências e comércios; ele mesmo passaria a usar o amarelo em todas as construções que tivessem a ver com o governo. E assim nasceu o colorido dessa simpática e pequena ilha do Caribe. E quem se importa se a história é mesmo real? Todo o colorido de Punda e Otrobanda combina perfeitamente com os muitos tons de azul que você vai aprender a reconhecer no mar que banha Curaçao, nos de branco, presentes na areia de cada uma das praias de cartão-postal, ou nos verdes do corpo das iguanas, o animal símbolo da ilha. Acostume-se, aliás, a encontrar bichinhos pela ilha. Sejam grandes como os golfinhos e focas do Seaquarium, os lagartos que vivem livres perto das cavernas Hato, ou os muitos peixes que vão cercar você assim que entrar nas águas da lindíssima praia de Porto Mari. Tudo em Curaçao parece querer dar um “oi” para o visitante assim que o avista. A ilha, porém, tem mais do que belezas naturais. Descoberta apenas um ano antes do Brasil, Curaçao também teve um histórico [...] que rendeu ao destino uma série de atrações [...], como o museu Kura Hulanda, ou as Cavernas Hato. [...] Disponível em: <http://zip.net/bhq1CS>. Acesso em: 11 out. 2013. Fragmento. (P070104F5_SUP) (P070105F5) De acordo com esse texto, qual é o animal símbolo da ilha? A) A foca. B) A iguana. C) O golfinho. D) O lagarto. 19 PAEBES 2015 Revista Pedagógica 2ª ETAPA – ORGANIZAÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE. CADERNO DE TESTE Cadernos de Teste Como é organizado um caderno de teste? A definição sobre o número de itens é crucial para a composição dos cadernos de teste. Por um lado, o teste deve conter muitos itens, pois um dos objetivos da avaliação em larga escala é medir de forma abrangente as habilidades essenciais à etapa de escolaridade que será avaliada, de forma a garantir a cobertura de toda a Matriz de Referência adotada. Por outro lado, o teste não pode ser longo, pois isso inviabiliza sua resolução pelo estudante. Para solucionar essa dificuldade, é utilizado um tipo de planejamento de testes denominado Blocos Incompletos Balanceados – BIB . O que é um BIB – Bloco Incompleto Balanceado? No BIB, os itens são organizados em blocos. Alguns desses blocos formam um caderno de teste. Com o uso do BIB, é possível elaborar muitos cadernos de teste diferentes para serem aplicados a estudantes de uma mesma série. Podemos destacar duas vantagens na utilização desse modelo de montagem de teste: a disponibilização de um maior número de itens em circulação no teste, avaliando, assim, uma maior variedade de habilidades; e o equilíbrio em relação à dificuldade dos cadernos de teste, uma vez que os blocos são inseridos em diferentes posições nos cadernos, evitando, dessa forma, que um caderno seja mais difícil que outro. Itens são organizados em blocos que são distribuídos em cadernos. CADERNO DE TESTE 20 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 VERIFIQUE A COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE DA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO: Língua Portuguesa Matemática 91 x 91 x 91 itens divididos em: 7 blocos de Língua Portuguesa com 13 itens cada 91 itens divididos em: 7 blocos de Matemática com 13 itens cada 7x 7x 2 blocos (26 itens) de Língua Portuguesa 2 blocos (26 itens) de Matemática formam um caderno com 4 blocos (52 itens) CADERNO DE TESTE 21x Ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos. 21 PAEBES 2015 Revista Pedagógica 3ª ETAPA – PROCESSAMENTO DOS RESULTADOS. Teoria de Resposta ao Item (TRI) e Teoria Clássica dos Testes (TCT) Existem, principalmente, duas formas de produzir a medida de desempenho dos estudantes submetidos a uma avaliação externa em larga escala: (a) a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e (b) a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Ao desempenho do estudante nos testes Os resultados analisados a partir da Teoria Clássica dos Testes (TCT) são padronizados é atribuída uma proficiên- calculados de uma forma muito próxima às avaliações realizadas pelo cia, não uma nota. professor em sala de aula. Consistem, basicamente, no percentual de acertos em relação ao total de itens do teste, apresentando, também, o percentual de acerto para cada descritor avaliado. Teoria de Resposta ao Item (TRI) A Teoria de Resposta ao Item (TRI), por sua vez, permite a produção de uma medida mais robusta do desempenho dos estudantes, porque leva em consideração um conjunto de modelos estatísticos capazes de determinar um valor/ peso diferenciado para cada item a que o estudante respondeu no teste de proficiência e, com isso, estimar o que o estudante é capaz de fazer, tendo em vista os itens respondidos corretamente. Não podemos medir diretamente o conhecimento ou a aptidão de um estudante. Os modelos matemáticos usados pela TRI permitem estimar esses traços não observáveis. A TRI nos permite: Comparar resultados de di- Avaliar com alto grau de Comparar os resultados en- ferentes avaliações, como o precisão a proficiência de tre diferentes séries, como o Saeb. estudantes início e fim do Ensino Médio. áreas de em amplas conhecimento sem submetê-los a longos testes. 22 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 A proficiência relaciona o conhecimento do estudante com a probabilidade de acerto nos itens dos testes. Cada item possui um grau de dificuldade próprio e parâmetros diferenciados, atribuídos através do processo de calibração dos itens. A proficiência é estimada considerando o padrão de respostas dos estudantes, de acordo com o grau de dificuldade e com os demais parâmetros dos itens. Que parâmetros são esses? Parâmetro A Parâmetro B Parâmetro C Discriminação Dificuldade Acerto ao acaso Capacidade de um item de discri- Mensura o grau de dificuldade dos Análise das respostas do estudan- minar os estudantes que desen- itens: fáceis, médios ou difíceis. te para verificar o acerto ao acaso volveram as habilidades avaliadas e aqueles que não as desenvolveram. Os itens são distribuídos de forma nas respostas. equânime entre os diferentes ca- Ex.: O estudante errou muitos itens dernos de testes, o que possibilita a de baixo grau de dificuldade e acer- criação de diversos cadernos com tou outros de grau elevado (situa- o mesmo grau de dificuldade. ção estatisticamente improvável). O modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões e reestima a proficiência para um nível mais baixo. 23 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Escala de Proficiência - Língua Portuguesa O QUE É UMA ESCALA DE PROFICIÊNCIA? A Escala de Proficiência tem o objetivo de traduzir me- Os resultados dos estudantes nas avaliações em larga didas de proficiência em diagnósticos qualitativos do de- escala da Educação Básica realizadas no Brasil usualmente sempenho escolar. Ela orienta, por exemplo, o trabalho do são inseridos em uma mesma Escala de Proficiência, esta- professor com relação às competências que seus estudan- belecida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação tes desenvolveram, apresentando os resultados em uma es- Básica (Saeb). Como permitem ordenar os resultados de pécie de régua em que os valores de proficiência obtidos desempenho, as Escalas são ferramentas muito importantes são ordenados e categorizados em intervalos, que indicam para a interpretação desses resultados. o grau de desenvolvimento das habilidades para os estudantes que alcançaram determinado nível de desempenho. COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS DESCRITORES Identifica letras APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA Reconhece convenções gráficas * Manifesta consciência fonológica Lê palavras ESTRATÉGIAS DE LEITURA PROCESSAMENTO DO TEXTO Localiza informação D1 Identifica tema D6 Realiza inferência D3, D4, D5, D16, D17, D18, D19 e D22 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D12 e D23 Estabelece relações lógico-discursivas D2, D9, D11 e D15 Identifica elementos de um texto narrativo D10 Estabelece relações entre textos D20 Distingue posicionamentos D14, D7, D8, D21 e D24 Identifica marcas linguísticas D13 PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO * As habilidades relativas a essas competências não são avaliadas nessa etapa de escolaridade. 24 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 A gradação das cores indica a complexidade da tarefa. Os professores e toda a equipe pedagógica da escola podem verificar as habilidades já desenvolvidas pelos estu- dantes, bem como aquelas que ainda precisam ser trabalhadas, em cada etapa de escolaridade avaliada, por meio da interpretação dos intervalos da Escala. Desse modo, os Abaixo do Básico educadores podem focalizar as dificuldades dos estudantes, planejando e executando novas estratégias para apri- Básico morar o processo de ensino e aprendizagem. Proficiente Avançado 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 25 PAEBES 2015 Revista Pedagógica COMO É A ESTRUTURA DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA? Na primeira coluna da Escala, são apresentados As competências estão dispostas nas várias linhas os grandes Domínios do conhecimento em Língua da Escala. Para cada competência, há diferentes graus Portuguesa, para toda a Educação Básica. Esses Do- de complexidade, representados por uma gradação de mínios são agrupamentos de competências que, por cores, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a sua vez, agregam as habilidades presentes na Matriz cor mais clara indica o primeiro nível de complexidade da de Referência. Nas colunas seguintes são apresenta- competência, passando pelas cores/níveis intermediá- das, respectivamente, as competências presentes na rios e chegando ao nível mais complexo, representado Escala de Proficiência e os descritores da Matriz de pela cor mais escura. Referência a elas relacionados. COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS ESTRATÉGIAS DE LEITURA DESCRITORES Localiza informação D1 Identifica tema D6 Realiza inferência D3, D4, D5, D16, D17, D18, D19 e D22 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D12 e D23 PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO AS INFORMAÇÕES PRESENTES NA ESCALA DE PROFICIÊNCIA PODEM SER INTERPRETADAS DE TRÊS FORMAS: Primeira Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade das competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da Escala. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as habilidades relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que oriente o planejamento do professor, bem como as práticas pedagógicas em sala de aula. 26 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser observados, numa escala numérica de 0 a 500, intervalos divididos em faixas de 25 pontos. Cada intervalo corresponde a um nível e um conjunto de níveis forma um Padrão de Desempenho. Esses Padrões são definidos pela Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo (SEDU) e representados em verde. Eles trazem, de forma sucinta, um quadro geral das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a partir do conjunto de habilidades que desenvolveram. 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Segunda Terceira Ler a Escala por meio dos Padrões Interpretar a Escala de Proficiência e Níveis de Desempenho, que apresen- a partir do desempenho de cada instân- tam um panorama do desenvolvimento cia avaliada: estado, Superintendência dos estudantes em determinados inter- Regional de Educação (SRE) e escola. valos. Assim, é possível relacionar as Desse modo, é possível relacionar o in- habilidades desenvolvidas com o per- tervalo em que a escola se encontra ao centual de estudantes situado em cada das demais instâncias. Padrão. 27 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Padrões de Desempenho Estudantil O QUE SÃO PADRÕES DE DESEMPENHO? Os Padrões de Desempenho constituem uma caracterização das competências e habilidades desenvolvidas pelos estudantes de determinada etapa de escolaridade, em uma disciplina / área de conhecimento específica. Essa caracterização corresponde a intervalos numéricos estabelecidos na Escala de Proficiência (vide p. 24). Esses intervalos são denominados Níveis de Desempenho, e um agrupamento de níveis consiste em um Padrão de Desempenho. Padrão de Desempenho muito abaixo do mínimo esperado para a ABAIXO DO BÁSICO Até 250 pontos etapa de escolaridade e área do conhecimento avaliadas. Para os estudantes que se encontram nesse padrão de desempenho, deve ser dada atenção especial, exigindo uma ação pedagógica intensiva por parte da instituição escolar. Padrão de Desempenho básico, caracterizado por um processo inicial BÁSICO De 250 até 300 pontos de desenvolvimento das competências e habilidades correspondentes à etapa de escolaridade e área do conhecimento avaliadas. Padrão de Desempenho adequado para a etapa e área do conhe- PROFICIENTE De 300 até 350 pontos cimento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão, demonstram ter desenvolvido as habilidades essenciais referentes à etapa de escolaridade em que se encontram. Padrão de Desempenho desejável para a etapa e área de conheci- AVANÇADO Acima de 350 pontos mento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão demonstram desempenho além do esperado para a etapa de escolaridade em que se encontram. Apresentaremos, a seguir, as descrições das habilidades relativas aos Níveis de Desempenho da 3ª série do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa, de acordo com a descrição pedagógica apresentada pelo Inep, nas Devolutivas Pedagógicas da Prova Brasil, e pelo CAEd, na análise dos resultados do PAEBES 2015. Esses Níveis estão agrupados por Padrão de Desempenho e vêm acompanhados por exemplos de itens. Assim, é possível observar em que Padrão a escola, a turma e o estudante estão situados e, de posse dessa informação, verificar quais são as habilidades já desenvolvidas e as que ainda precisam de atenção. 28 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 ABAIXO DO BÁSICO COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 25 Identifica letras APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação ESTRATÉGIAS DE LEITURA Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas 50 75 100 125 150 175 225 250 Até 250 pontos 29 200 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Nível de desempenho 1 Até 250 pontos »» Localizar informações explícitas em fragmentos de romances e crônicas. »» Reconhecer expressões características da linguagem (científica, jornalística, etc.) e a relação entre expressão e seu referente em reportagens e artigos de opinião. »» Inferir o efeito de sentido de expressão e opinião em crônicas e reportagens. »» Identificar tema e assunto em poemas e charges, relacionando elementos verbais e não verbais. »» Identificar elementos da narrativa em história em quadrinhos. »» Reconhecer a finalidade de recurso gráfico em artigos. »» Reconhecer o sentido estabelecido pelo uso de expressões, de pontuação, de conjunções em poemas, charges, fragmentos de romances e em anedota. »» Inferir o sentido de palavra em letras de música e reportagens. »» Reconhecer relações de causa e consequência e características de personagens em lendas e fábulas. »» Reconhecer recurso argumentativo em artigos de opinião. »» Inferir efeito de sentido da repetição de expressões em crônicas. »» Inferir causa da ação de um personagem em tirinha. »» Reconhecer o objetivo comunicativo de reportagem. Leia o texto abaixo. Piada A menina foi visitar a avó no campo. A avó tinha uma criação enorme de aves, e a menina, que morava na cidade, ficou encantada. E de repente, passeando pela fazenda da avó, ela viu um pavão. Voltou correndo para casa e, toda alegre, avisou à vovó: – Vovó! Vovó! Uma de suas galinhas está dando flor! Para você morrer de rir. Belo Horizonte: Leitura, 2001, p. 13. (P120784ES_SUP) (P120785ES) No trecho “Uma de suas galinhas está dando flor!”, o ponto de exclamação reforça a ideia de A) crítica. B) espanto. C) impaciência. D) indignação. E) medo. Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito do uso de determinado tipo de pontuação. A compreensão do texto é importante para a resposta correta desse item, visto que os sinais de pontuação manifestam efeitos particulares, mas que dependerão dos objetivos comunicativos da escrita na qual eles estejam inseridos. O texto eleito como suporte é uma anedota, na qual é descrito o encantamento de uma menina da cidade ao visitar a avó no campo. No comando, recorta-se a fala da menina, que é finalizada pelo ponto de exclamação, ao admirar um pavão, animal que ela desconhecia, já que a mesma inferiu tratar-se de uma galinha com uma flor. A partir desse contexto, pretende-se avaliar que os estudantes saibam qual ideia seria reforçada pelo uso de tal sinal de pontuação. Os estudantes que escolheram a alternativa B responderam satisfatoriamente à expectativa avaliativa do item em questão, compreendendo a sugestão implícita promovida pela fala da menina e reforçada pelo ponto de exclamação. 30 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 BÁSICO COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 250 Identifica letras APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação ESTRATÉGIAS DE LEITURA Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas 275 300 325 De 250 a 300 pontos 31 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Nível de desempenho 2 De 250 a 275 pontos »» Localizar informações explícitas em crônicas, fábulas e reportagens. »» Identificar os elementos da narrativa em letras de música e fábulas. »» Reconhecer a finalidade de abaixo-assinado e verbetes. »» Reconhecer relação entre pronomes e seus referentes e relações de causa e consequência em fragmentos de romances, diários, crônicas, reportagens e máximas (provérbios). »» Inferir tema e ideia principal em notícias, crônicas e poemas. »» Inferir o sentido de palavra ou expressão em história em quadrinhos, poemas e fragmentos de romances. »» Comparar textos de gêneros diferentes que abordem o mesmo tema. »» Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. »» Interpretar o sentido de conjunções, de advérbios e as relações entre elementos verbais e não verbais em tirinhas, fragmentos de romances, reportagens e crônicas. »» Reconhecer relações de sentido estabelecidas por conjunções ou locuções conjuntivas em letras de música e crônicas. »» Reconhecer o uso de expressões características da linguagem (científica, profissional, etc.), marcas linguísticas que evidenciam o locutor em reportagem e a relação entre pronome e seu referente em artigos e reportagens. »» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal em notícias e charges. Leia o texto abaixo. A hora do planeta 5 10 Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro, mas, no dia 26 de março passado, a iniciativa tinha um significado maior. Ao todo, 123 cidades brasileiras ficaram às escuras por uma hora, solidárias à campanha A hora do planeta. Criada pela WWF-Austrália em 2007, a iniciativa foi uma maneira simbólica que a organização não governamental – comprometida com a conservação da natureza – encontrou para mobilizar a sociedade e seus governantes quanto ao aquecimento global. É um exemplo de que é possível trazer para a prática uma ideia que começou na internet, defende a superintendente do WWF-Brasil, Regina Cavini, coordenadora nacional da campanha. “As redes sociais hoje abrem espaço para as pessoas se mostrarem proativas e exercerem o ativismo nas redes. No entanto, a internet ainda é uma ferramenta nova e não aprendemos a usá-la em todo seu potencial”, diz Regina [...]. Apesar de investir nesse enfoque, a ativista não acredita que a internet seja o futuro do ativismo ambiental. “A ferramenta não vai substituir [...] a prática, mas fazer parte do dia a dia, como um importante aliado [...]”. No próximo ano, A hora do planeta está prevista para o dia 28 de março, das 20h às 21h. Fique ligado! Ou melhor, desligado. LEDÓ, Maria Júlia. Revista do Correio, 27 nov. 2011. (P100155E4_SUP) (P100158E4) Nesse texto, o trecho em que o autor estabelece contato direto com o leitor é: A) “Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro,...”. (ℓ. 1) B) “... a iniciativa tinha um significado maior.”. (ℓ. 1-2) C) “... 123 cidades brasileiras ficaram às escuras...”. (ℓ. 2) D) “‘A ferramenta não vai substituir [...] a prática,...’”. (ℓ. 12) E) “Fique ligado! Ou melhor, desligado.”. (ℓ. 14) Esse item avalia a habilidade de identificar, em um texto, tudante deveria proceder à leitura do texto, reconhecendo o as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlo- caráter expositivo predominante na descrição da campanha cutor. Para avaliar essa habilidade, o suporte traz uma repor- “A hora do planeta”. Porém, no final do último parágrafo, o tagem na qual o autor discorre sobre uma ação de conscien- autor emprega o modo verbal imperativo no trecho “Fique tização sobre o aquecimento global. ligado!”, direcionando sua fala ao interlocutor. Observando Para identificar, por meio das marcas linguísticas, em qual trecho do texto o autor se dirige diretamente ao leitor, o es- todos esses aspectos, o respondente deveria concluir que o gabarito é a alternativa E. 32 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Nível de desempenho 3 De 275 a 300 pontos »» Localizar informações explícitas em artigos de opinião e crônicas. »» Identificar finalidade e elementos da narrativa em fábulas e contos. »» Identificar a finalidade de relatórios científicos. »» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo assunto em reportagens, contos e enquetes. »» Reconhecer opiniões divergentes sobre o mesmo tema em diferentes textos. »» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e consequência e entre pronomes e seus referentes em fragmentos de romances, fábulas, crônicas, artigos de opinião e reportagens. »» Reconhecer o sentido de expressão e de variantes linguísticas em letras de música, tirinhas, poemas e fragmentos de romances. »» Inferir tema, tese e ideia principal em contos, letras de música, editoriais, reportagens, crônicas, artigos e em resenha. »» Reconhecer o tema de uma crônica. »» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em charges e história em quadrinhos. »» Inferir informações em fragmentos de romance. »» Inferir o efeito de sentido da pontuação e da polissemia como recurso para estabelecer humor ou ironia em tirinhas, anedotas e contos. »» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos em contos, artigos, crônicas e em romance. »» Inferir informação e o efeito de sentido produzido por expressão em reportagens e tirinhas. »» Reconhecer variantes linguísticas em artigos. 33 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Leia o texto abaixo. Helena – Capítulo XIII 5 10 Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespero comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar. A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos do infortúnio se houvessem desencadeado sobre ela. Em vão tentava abafar os soluços, cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações soltas, enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte o mais pronto dos remédios. Colérica, rompeu com as mãos o corpinho do vestido; e pôde à larga desafogar-se dos suspiros que o enchiam. Chorou muito; chorou todas as lágrimas poupadas durante aqueles meses plácidos e felizes, leite da alma com que fez calar a pouco e pouco os vagidos de sua dor. ASSIS, Machado. Helena. São Paulo: Ática, 1997. Fragmento. (P100159E4_SUP) (P100160E4) Nesse texto, no trecho “Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama,...” (ℓ. 3-4), as formas verbais destacadas indicam que as ações A) estão acontecendo. B) foram concluídas. C) podem acontecer. D) são contínuas. E) serão realizadas. Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito de sentido decorrente do uso de recursos ortográficos ou morfossintáticos. No item em questão, o texto utilizado como suporte é o fragmento do romance Helena, de Machado de Assis, no qual o narrador descreve minuciosamente um momento de sofrimento da personagem título da obra. Para a resolução do item, é necessário que os estudantes identifiquem as mudanças de sentido decorrentes das variações nos padrões gramaticais da língua. No contexto, especificamente, eles deveriam perceber a escolha das formas verbais no pretérito perfeito como recurso expressivo do autor para indicar um fato passado não habitual, com início e término no passado. Os estudantes que marcaram a alternativa B identificaram corretamente a intencionalidade do autor em empregar as formas verbais em destaque no comando para resposta: sugerir que as ações foram concluídas. 34 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 PROFICIENTE COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 300 Identifica letras APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação ESTRATÉGIAS DE LEITURA Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas 325 350 375 De 300 a 350 pontos 35 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Nível de desempenho 4 De 300 a 325 pontos »» Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos. »» Localizar a informação principal em reportagens. »» Identificar ideia principal e finalidade em notícias, reportagens e resenhas. »» Identificar a finalidade e a informação principal em notícias. »» Reconhecer características da linguagem (científica, jornalística, etc.) em reportagens. »» Reconhecer variantes linguísticas em contos, notícias e reportagens. »» Reconhecer elementos da narrativa em crônicas. »» Reconhecer argumentos e opiniões em notícias, artigos de opinião e fragmentos de romances. »» Identificar o argumento em contos. »» Diferenciar abordagem do mesmo tema em textos de gêneros distintos. »» Inferir informação em contos, crônicas, notícias e charges. »» Inferir sentido de palavras, da repetição de palavras, de expressões, de linguagem verbal e não verbal e de pontuação em charges, tirinhas, contos, crônicas e fragmentos de romances. »» Inferir informação, sentido de expressão e o efeito de sentido decorrente do uso de recursos morfossintáticos em crônicas. »» Inferir o sentido decorrente do uso de recursos gráficos em poemas. »» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal e o efeito de humor em tirinhas. »» Reconhecer a relação entre os pronomes e seus referentes em contos. »» Reconhecer elementos da narrativa em contos. »» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos em poemas. »» Reconhecer ideia comum e opiniões divergentes sobre o mesmo tema na comparação entre diferentes textos. »» Reconhecer ironia e efeito de humor em crônicas e entrevistas. »» Reconhecer a relação de causa e consequência em piadas e fragmentos de romance. »» Comparar poemas que abordem o mesmo tema. »» Diferenciar fato de opinião em contos, artigos, reportagens e em crônica. »» Diferenciar tese de argumentos em artigos, entrevistas e crônicas, e reconhecer um argumento utilizado para defender uma ideia em entrevista. 36 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Leia o texto abaixo. A herança Tenho muito carinho pelo meu telefone fixo. E isso desde os tempos em que ele não era chamado de telefone fixo, mas apenas de telefone. Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo assim, já que circula com desenvoltura pela casa toda. Meu pai não foi homem de muitas posses [...] nunca comprou nada, com raras exceções, nada que pudesse ficar, por exemplo, como herança. Entre as exceções, havia um telefone. [...] Era isso que eu queria dizer. Ganhei de herança do meu pai um telefone. [...] E é essa linha que eu vejo agora vivendo seus últimos dias. De pouco me serve aquele telefone fixo. Amigos, colegas, parentes, propostas de trabalho, chateações de telemarketing – tudo chega a mim pelo telefone celular. XEXEO, Artur. Revista O Globo. n. 316, 15 ago. 2010. (P120356ES_SUP) (P120356ES) Nesse texto, sobre a mobilidade do telefone, há uma opinião do narrador em: A) “... ele não era chamado de telefone fixo,...”. B) “Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo assim,...”. C) “... nunca comprou nada, com raras exceções,...”. D) “Entre as exceções, havia um telefone.”. E) “De pouco me serve aquele telefone fixo.”. Esse item avalia a habilidade de distinguir um fato de uma opinião. Essa habilidade requer dos estudantes a identificação de marcas opinativas, de subjetividade, que revelam a presença, a “voz” do autor/locutor do texto, diferenciando essa opinião do que é uma ação objetiva. Para avaliar essa habilidade, foi utilizado como suporte para o item o fragmento de uma crônica, narrada em primeira pessoa, na qual o narrador relata sua relação com o telefone fixo herdado do pai. Nesse item, o estudante deveria, após realizar uma leitura global do texto, reconhecer a presença de um narrador-personagem que, além de descrever as ações, também revela seus julgamentos e impressões pessoais acerca da história. Nesse sentido, o item destaca passagens do texto entre as quais o estudante deveria reconhecer aquela que expressa uma opinião do narrador. Portanto, os estudantes que assinalaram a alternativa B, o gabarito, demonstraram ter reconhecido o trecho em que o narrador aponta sua percepção a respeito do telefone. 37 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Nível de desempenho 5 De 325 a 350 pontos »» Localizar informação explícita em resenhas. »» Identificar ideia principal e elementos da narrativa em reportagens e crônicas. »» Identificar a informação principal em reportagens. »» Identificar argumento em reportagens e crônicas e o trecho que comprova a tese defendida em artigo de opinião. »» Reconhecer o efeito de sentido da repetição de expressões e palavras, do uso de pontuação, de variantes linguísticas e de figuras de linguagem em poemas, contos e fragmentos de romances. »» Reconhecer variantes linguísticas e o efeito de sentido de recursos gráficos em crônicas e artigos. »» Reconhecer a relação de causa e consequência em contos. »» Reconhecer a relação de causa e consequência e relações de sentido marcadas por conjunções em reportagens, artigos, ensaios, crônicas, contos e cordéis. »» Reconhecer diferentes opiniões entre cartas de leitor que abordam o mesmo tema. »» Reconhecer o tema comum entre textos de gêneros distintos. »» Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de figuras de linguagem e de recursos gráficos em poemas e fragmentos de romances. »» Diferenciar fato de opinião em artigos, reportagens e resenhas. »» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em tirinhas. »» Identificar elementos da narrativa e a relação entre argumento e ideia central em crônicas. »» Reconhecer a finalidade de propagandas. »» Reconhecer o tema em poemas. »» Inferir o sentido de palavras e expressões em piadas e letras de música. »» Inferir informação em artigos. »» Inferir o sentido de expressão em fragmentos de romances. »» Recuperar o referente do advérbio de lugar “lá” em reportagem. 38 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Leia o texto abaixo. O segredo dos inovadores 5 10 15 Não é dinheiro, nem status, nem reconhecimento o que motiva, em primeiro lugar, os inovadores. Muito menos pressão. Mas o prazer da descoberta: a sensação de aprender e vencer desafios. Está aí a condição essencial para as empresas conseguirem atrair e reter talentos para gerar inovação dos negócios, segundo um estudo intitulado “O Princípio do Progresso”, que acaba de ser lançado pela editora da escola de negócios de Harvard. A forma como se chegou a essa conclusão foi “inusual”. Os pesquisadores conseguiram que centenas de empregados, todos envolvidos em processos de inovação em suas empresas, escrevessem diários sobre seus sentimentos no trabalho. Daí saíram 64 mil comentários. Com base nesse material, viu-se que quanto mais as empresas geravam em seus funcionários a sensação de progresso individual, mesmo em pequenas coisas, mais fácil era ter equipes engajadas para inovar e não cair na aposentadoria mental. Em poucas palavras, a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde se mantém sempre o prazer de aprender. O que os pesquisadores de Harvard alertam é o seguinte: num mundo cada vez mais competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador – e, portanto, empregados engajados – está condenado. Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos inovadores que, muitas vezes, preferem correr riscos e abrir seus próprios negócios. DIMENSTEIN, Gilberto. Disponível em: <http://portal.aprendiz.uol.com.br/2011/09/14/o-segredo-dos-inovadores/>. Acesso em: 22 nov. 2011. Fragmento. (P100110E4_SUP) O argumento que comprova a tese de que a motivação do profissional está na sensação de aprender e vencer desafios é: A) “Os pesquisadores conseguiram que centenas de empregados [...] escrevessem diários sobre seus sentimentos no trabalho.”. (ℓ. 7-9) B) “... quanto mais as empresas geravam em seus funcionários a sensação de progresso individual [...] mais fácil era ter equipes engajadas...”. (ℓ. 10-12) C) “... a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde se mantém sempre o prazer de aprender.”. (ℓ. 13-14) D) “... num mundo cada vez mais competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador [...] está condenado.”. (ℓ. 15-17) E) “Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos inovadores...”. (ℓ. 18-19) (P100111E4) Estabelecer relação entre a tese e os argumentos ofe- são e para que servem os argumentos na dissertação. O recidos para sustentá-la é a habilidade aferida por meio texto “O segredo dos inovadores” tem como tese a ideia de desse item. Essa habilidade requer o reconhecimento, pe- que a sensação de aprender e vencer desafios é a principal los estudantes, do embasamento apresentado no texto para motivação para os profissionais. E, para sustentar tal tese, apoiar a ideia defendida pelo autor. um dos argumentos utilizados foi o resultado da pesquisa O suporte desse item traz um artigo de opinião veicula- “O Princípio do Progresso”, na qual foi constatado o fato de do em um portal eletrônico direcionado à discussão educa- que os colaboradores mais engajados eram aqueles mais cional, e sua tese é apresentada resumidamente no primeiro envolvidos em processos de inovação em suas empresas. parágrafo. Essa informação está presente no trecho da alternativa B, e Para resolver esse item, é essencial que os discentes sejam hábeis na identificação da tese e na distinção do que 39 a escolha dessa opção indica que os estudantes já desenvolveram a habilidade avaliada. PAEBES 2015 Revista Pedagógica AVANÇADO COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 350 APROPRIAÇÃO DO Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação ESTRATÉGIAS DE LEITURA Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO 400 425 450 475 500 Identifica letras SISTEMA DA ESCRITA 375 Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas Acima de 350 pontos 40 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Nível de desempenho 6 De 350 a 375 pontos »» Localizar informações explícitas, ideia principal e expressão que causa humor em contos, crônicas e artigos de opinião. »» Identificar variantes linguísticas em letras de música. »» Reconhecer efeitos estilísticos em poemas. »» Reconhecer ironia e efeitos de sentido decorrentes da repetição de palavras em sinopses. »» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação entre diferentes textos. »» Reconhecer a finalidade e a relação de sentido estabelecida por conjunções em lendas e crônicas. »» Reconhecer finalidade e traços de humor em reportagens. »» Reconhecer o efeito de sentido do humor em tirinhas. »» Reconhecer o tema em contos e fragmentos de romances. »» Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em crônicas e circunstância de lugar marcada por adjunto adverbial de lugar em resenha. »» Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas. »» Inferir o sentido e o efeito de sentido de palavras ou de expressão em poemas, crônicas e fragmentos de romances. »» Reconhecer a ideia defendida em artigo de opinião. »» Inferir característica do eu lírico em letra de música. 41 PAEBES 2015 Revista Pedagógica Leia o texto abaixo. Amor Maior 5 10 15 20 25 Eu quero ficar só Mas comigo só Eu não consigo Eu quero ficar junto Mas sozinho só Não é possível... É preciso amar direito Um amor de qualquer jeito Ser amor a qualquer hora Ser amor de corpo inteiro Amor de dentro prá fora Amor que eu desconheço... Quero um amor maior Um amor maior que eu Quero um amor maior, yeah! Um amor maior que eu... [...] Então seguirei Meu coração até o fim Prá saber se é amor Magoarei mesmo assim Mesmo sem querer Prá saber se é amor Eu estarei mais feliz Mesmo morrendo de dor, yeah! Prá saber se é amor Se é amor [...]. FLAUSINO, Rogério. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/jota-quest/68366>. Acesso em: 26 mar. 2010. Fragmento. (P120139ES_SUP) (P120139ES) Nesse texto, em relação à procura por um amor intenso, o eu lírico se caracteriza como A) leviano. B) maravilhado. C) persistente. D) saudosista. E) solitário. Esse item avalia a habilidade de os estudantes inferirem Esse item requer que o respondente construa significa- informações que não se encontram na superfície textual, a dos para o que lê, por meio de pistas oferecidas pelo corpo partir do entendimento dos elementos dispostos na escrita textual e da associação com seus conhecimentos prévios. do texto. O texto utilizado como suporte é uma letra de mú- Dessa forma, os estudantes que escolheram a alternativa C sica de um grupo musical bastante popular no país, com um como resposta perceberam, pelas passagens do texto, que vocabulário acessível aos estudantes dessa etapa de esco- a voz que fala no texto confessa o desejo de viver uma rela- larização. O texto versa sobre a busca obcecada do eu lírico ção amorosa intensa, já apontando essa persistência ambi- pelo amor romântico. ciosa desde o título “Amor maior”. 42 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Nível de desempenho 7 De 375 a 400 pontos »» Diferenciar fatos de opiniões e opiniões diferentes em artigos e notícias. »» Inferir o sentido de palavras em poemas. »» Localizar ideia principal em manuais, reportagens, artigos e teses. »» Identificar a ideia central e o argumento em apresentações de livros, reportagens, editoriais e crônicas. »» Identificar elementos da narrativa em crônicas, contos e fragmentos de romances. »» Identificar ironia e tema em poemas e artigos. »» Inferir efeito de humor e ironia em tirinhas e charges. »» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunção em artigos, reportagens e fragmentos de romances. »» Reconhecer a relação de causa e consequência em reportagens e fragmentos de romances. »» Reconhecer o efeito de sentido de recursos gráficos em artigos. »» Reconhecer variantes linguísticas em letras de música e piadas. »» Reconhecer a finalidade de reportagens, resenhas e artigos. Leia o texto abaixo. Disponível em: <http://aescritanasentrelinhas.d3estudio.com.br/wp-content/uploads/2011/02/calvin0001.jpg>. Acesso em: 8 nov. 2011. (P120290C2_SUP) O humor desse texto está A) na confiança do menino em relação às suas habilidades. B) na expressão facial do menino no segundo quadrinho. C) na lembrança do menino do período em que era bebê. D) no alto valor cobrado pelo desenho de giz de cera. E) no desenvolvimento das habilidades motoras do menino. (P120290C2) A habilidade avaliada por esse item é a de reconhecer efeitos de humor em um texto. Essa competência está associada à quebra da expectativa criada pelo leitor, geralmente presente no final do texto. que compre um desenho feito por ele, pois, em sua concepção, o trabalho é resultado de muito esforço. Nos três primeiros quadrinhos o menino faz uma contextualização da forma como ele desenvolveu as habilidades O suporte utilizado apresenta uma história em quadri- necessárias para compor sua obra de arte. No último quadri- nhos, gênero frequente no ambiente escolar; porém, nesse nho, ao apresentar o desenho, o pai revela ao menino que caso, o texto apresenta quatro quadrinhos e falas mais lon- não pagará o alto valor cobrado pelo seu desenho (500,00 gas dos personagens, o que poderia contribuir para a difi- dólares). Os estudantes que escolheram a alternativa D con- culdade do item. seguiram inferir que o humor do texto é o fato de o menino Para chegar ao gabarito, os estudantes devem perceber que o menino de seis anos é persuasivo ao propor ao pai 43 demonstrar convicção de que seu desenho infantil feito com giz de cera tem alto valor. PAEBES 2015 Revista Pedagógica Nível de desempenho 8 Acima de 400 pontos »» Reconhecer o efeito de sentido resultante do uso de recursos morfossintáticos e ortográficos em artigos e letras de música. »» Reconhecer o conflito gerador do enredo em fábula. »» Reconhecer a finalidade de cartas de leitor. Leia os textos abaixo. Antena de celular faz mal à saúde? Texto 1 Texto 2 A exposição permanente às radiações eletromagnéticas pode causar cefaleia, insônia e até alterações cardiovasculares. A Organização Mundial da Saúde ainda não declarou qual a distância prudente entre uma casa e uma torre de telefonia celular, mas órgãos ambientalistas adotam 300 m como uma medida segura. Não há comprovação de que a radiação das antenas de telefonia celular cause dano à saúde. A única evidência se refere à tolerância humana aos níveis de radiação eletromagnética. O problema é que não há uma fiscalização dos órgãos competentes sobre esses níveis, produzidos também por outras fontes, como antenas de rádio e TV. José Carlos Virtuoso, professor de engenharia ambiental Adroaldo Raizer, professor de eletromagnetismo Casa Claudia, mar. 2004, ano 28, n. 3. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P120102ES_SUP) (P120112ES) Esse dois textos têm por finalidade A) descrever uma pesquisa. B) ensinar um procedimento. C) expor uma opinião. D) relatar um fato. E) vender um produto. Esse item avalia a habilidade de os estudantes identificarem a finalidade de textos de diferentes gêneros. Identificar a finalidade de um texto é uma habilidade fundamental, pois possibilita aos estudantes dominar os diferentes propósitos comunicativos dos diversos gêneros textuais presentes nas esferas sociais de interação. Nesse caso, especificamente, busca-se avaliar se os estudantes conseguem perceber qual é o objetivo enunciativo das cartas de leitores de curta extensão, gênero que circula na comunidade escolar e que tem uma função específica: expor críticas e/ou comentários a respeito das matérias apresentadas em jornais ou revistas. Para realizar essa tarefa, os estudantes precisam analisar a estrutura dos textos, conjugando o seu conteúdo, e perceber o posicionamento dos autores dos textos 1 e 2. Pautados nessas informações, podem concluir qual é o objetivo dos textos e chegar ao gabarito. Os estudantes que assinalaram a alternativa C conseguiram conjugar todos os elementos constitutivos dos textos (estrutura, linguagem, tipologia textual, referência bibliográfica), reconhecendo, dessa forma, que o objetivo comunicativo pretendido é expor uma opinião. 44 4 COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO PAEBES? Realizado o processamento dos testes, ocorre a divulgação dos resultados obtidos pelos estudantes. PAEBES 2015 Revista Pedagógica O processo de avaliação em larga escala não acaba quando os resultados chegam à escola. Ao contrário, a partir desse momento toda a escola deve analisar as informações recebidas, para compreender o diagnóstico produzido sobre a aprendizagem dos estudantes. Em continuidade, é preciso elaborar estratégias que visem à garantia da melhoria da qualidade da educação ofertada pela escola, expressa na aprendizagem de todos os estudantes. Para tanto, todos os agentes envolvidos – gestores, professores, famílias – devem se apropriar dos resultados produzidos pelas avaliações, incorporando-os à discussão sobre as práticas desenvolvidas pela escola. O encarte de divulgação dos resultados da escola traz uma sugestão de roteiro para a leitura dos resultados obtidos pelas avaliações do PAEBES. Esse roteiro pode ser usado para interpretar os resultados divulgados no Portal da Avaliação http:// www.paebes.caedufjf.net/ e no encarte Escola à vista! 46 5 COMO A ESCOLA PODE SE APROPRIAR DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO? Apresentamos, a seguir, um Estudo de Caso de apropriação dos resultados da avaliação externa. Este estudo representa uma das diversas possibilidades de trabalho com os resultados, de acordo com a realidade vivida pela comunidade escolar. PAEBES 2015 Revista Pedagógica Mudanças a partir da apropriação dos resultados da avaliação externa Juliana era professora das sé- orientá-la sobre como proceder em dizagem de seus estudantes. Na ries iniciais do Ensino Fundamental relação ao planejamento. Foi nesse sala dos professores, Juliana sem- na escola Silmara Rosa. Quando se primeiro contato que a professora pre escutava que a maior parte dos formou em Pedagogia, Juliana esta- começou a perceber que perten- estudantes não possuía incentivo va ciente do seu papel de alfabeti- ceria a um universo bem diferente familiar e que os responsáveis qua- zadora e sabia que haveria muitos daquele que imaginava encontrar. se não apareciam na escola para desafios a serem enfrentados para Suas preocupações, enquanto saber da vida escolar de seus filhos. garantir a aprendizagem de seus graduanda em Pedagogia, sempre Na verdade, por conta da pouca estudantes. No entanto, a professo- foram voltadas para o saber ensinar adesão, a direção já não realizava ra, recém-formada, não imaginava e para o saber alfabetizar. Durante mais reuniões de pais. Sem diálogo que diversos fatores iriam influen- os momentos de formação, sua tur- com a família, a responsabilidade ciar em seu trabalho. ma esteve em contato constante pela educação dos estudantes fi- Ao ser efetivada em sua atual com aspectos relacionados à impor- cava exclusivamente com a escola escola, a primeira ação de Julia- tância da utilização das orientações e, principalmente, com os professo- na foi conhecer o Projeto Político curriculares e da construção de pla- res. Isso era uma queixa recorrente Pedagógico, o PPP, como se refe- nos de aula, com foco no uso de entre seus colegas de trabalho, que riam seus professores formadores. diferentes metodologias e práticas alegavam não conseguir grandes Além disso, buscou com os novos pedagógicas. avanços na aprendizagem dos seus colegas, orientações sobre o plane- Além disso, algumas disciplinas estudantes por conta dos fatores jamento e a proposta curricular da faziam referência constante ao PPP extraescolares e pela falta de apoio rede. Entretanto, ao chegar à escola e Juliana sabia que ele deveria ser familiar. e solicitar o PPP, o acesso ao docu- consultado e atualizado periodica- Apesar de se sentir prepara- mento não foi simples e fácil, pois mente pelos gestores e pela equipe da para enfrentar a vida docente, estava desatualizado. Ao consultar pedagógica. Esse documento de- Juliana descobriu que, na prática, os colegas, poucos conseguiram veria apresentar detalhes da esco- era preciso, sim, saber ensinar, sa- la, com os objetivos educacionais e ber alfabetizar, saber planejar aulas. os meios que seriam utilizados para Percebeu que seus cursos foram um rendimento adequado pelos es- de grande valia, mas era preciso, tudantes. Assim, ao longo de sua também, saber lidar com a diversi- formação, considerando tantos ele- dade encontrada em sua sala de mentos do contexto escolar, Juliana aula, com as histórias que seus es- sempre buscou aproveitar todas as tudantes traziam e com a realidade oportunidades para se aperfeiçoar, que envolvia a comunidade em que fazendo com dedicação vários cur- sua escola estava inserida. E isso, sos e estágios que julgava interes- inicialmente, foi um choque para a santes para auxiliá-la nessas tarefas. professora novata, cheia de planos “ [...] na prática, era preciso, sim, saber ensinar, saber alfabetizar, saber planejar aulas [...] mas era preciso, também, saber lidar com a diversidade encontrada em sua sala de aula [...] A escola em que Juliana foi e idealizações. lotada era mediana, possuía, em Juliana sabia que não apenas seus três turnos, apenas 29 turmas. a sua turma enfrentava essas difi- Localizada em um bairro periférico, culdades, sendo essa uma situação a escola enfrentava problemas de vivenciada por toda a escola. Por cunho social para garantir a apren- isso, seu primeiro passo foi conver- 48 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 sar com os outros professores mais metodologia utilizada. Sua reação, a iniciais, também, para conhecer me- experientes e com mais tempo na princípio, foi questionar o porquê de lhor o programa de avaliação. escola, para saber como lidavam mais uma prova, sendo que já exis- Na reunião, conduzida pela com esses fatores, sem que eles tiam outras. Como essa avaliação coordenadora pedagógica Rita, foi os desanimassem e atrapalhassem poderia ajudar, sendo que ela já sa- possível perceber que grande par- seus trabalhos. Nesse percurso, ela bia a situação de seus estudantes? te dos professores, apesar de estar ouviu diferentes histórias e opiniões Será que a intenção era avaliar o de- na escola havia bastante tempo, não de seus colegas de trabalho, algu- sempenho dos professores? Além estava envolvida com o programa. mas um pouco desanimadoras, mas de seus próprios questionamentos, E foi abordando essa situação que outras bem estimulantes. Juliana começou a ouvir o questio- Rita iniciou a fala dela, demons- Juliana era professora regente namento de seus colegas que já es- trando preocupação com o pouco da turma do 3º ano do Ensino Fun- tavam na rede desde o surgimento engajamento de sua equipe com a damental e, apesar de todas as di- do programa de avaliação estadual, avaliação e, também, com a mudan- ficuldades encontradas, julgou que e a cada fala ficava mais apreensiva ça negativa nos resultados de um o seu trabalho estava sendo de- com o objetivo daquela avaliação. ano para o outro. senvolvido com êxito, uma vez que A preocupação de Juliana justifica- A coordenadora pedagógica estava cumprindo o seu papel, inde- va-se pelo fato de ela mesma saber sabia de todas as dificuldades en- pendente das barreiras no caminho. que seus estudantes apresentavam frentadas pela escola e pelos seus Mas ela tinha consciência de que, dificuldades e, portanto, não teriam, professores, principalmente as re- mesmo com toda a sua dedicação dependendo do teste, um rendi- lacionadas ao pouco envolvimento e empenho, seus estudantes ainda mento satisfatório. Ela seria punida familiar e às condições socioeconô- apresentavam muitas dificuldades, e por isso? Seria vista pelos seus co- micas da comunidade. Além disso, estavam muito aquém daquilo que legas como uma má profissional? existiam algumas dificuldades em era esperado deles no 3º ano do Ensino Fundamental. Desde o início da faculdade, relação ao planejamento escolar. O Juliana sempre se preocupou em PPP, importante documento de ges- Em abril, Juliana foi convidada informar-se sobre os assuntos rela- tão dos resultados de aprendiza- para participar de uma reunião so- cionados à educação, mas o tema gem, por meio da projeção e da or- bre o programa de avaliação esta- avaliação externa não havia sido dis- ganização, e acompanhamento de dual que já existia há três anos na cutido durante o curso, e ela pouco todo o universo escolar, encontra- rede. Juliana conhecia pouco sobre tinha ouvido falar sobre esse assun- va-se desatualizado. Os professores avaliação externa, sabia de algumas to. Por isso, apesar de não acreditar não tinham o costume de consultar avaliações nacionais, como a Ava- que a reunião seria produtiva, pois, a proposta curricular da rede. Rita liação Nacional da Alfabetização na maior parte das vezes, as reu- sabia que um trabalho grande ainda (ANA), a Prova Brasil e a Provinha niões viravam grandes discussões, haveria de ser feito. Brasil, mas não conhecia qual era o Juliana resolveu participar, com a in- A coordenadora pedagógica objetivo dessas avaliações, nem a tenção de esclarecer suas dúvidas conhecia detalhadamente os resul- “ [...] sempre se preocupou em informar-se sobre os assuntos relacionados à educação, mas o tema avaliação externa não havia sido discutido [...] 49 PAEBES 2015 Revista Pedagógica “ [...] a avaliação externa poderia ser mais um importante instrumento para o planejamento pedagógico e, por meio dela, era possível acompanhar em quais habilidades os estudantes apresentavam dificuldade, em cada etapa de escolarização [...] dos estudantes nas avaliações ex- mentos, Rita apresentou novamente, ternas, foi esse o primeiro esforço pois já o tinha feito em outra data, de atualização do documento. os resultados de participação e Rita estava envolvida com o pro- proficiência dos anos anteriores, e grama de avaliação desde o início, marcou uma reunião para a semana mas ainda não tinha conseguido seguinte. Nessa reunião, a coorde- uma forma de quebrar os tabus re- nadora capacitaria os professores, ferentes à avaliação e de fazer com para que eles pudessem analisar que a equipe da escola a enxergas- os resultados das avaliações e rela- se como um instrumento a favor do cioná-los ao trabalho realizado pela trabalho docente. Então, como se- equipe escolar. gunda estratégia, pensou que seria Juliana saiu da reunião mais ali- importante organizar uma reunião viada e com mais interesse sobre com os professores, mas seguindo o tema. De acordo com exemplos uma proposta diferenciada: antes de apresentados, a avaliação exter- falar da importância da aplicação do na poderia ser mais um importante teste, que seria em outubro, e co- instrumento para o planejamento mentar o resultado do ano anterior, pedagógico e, por meio dela, era Rita começou a apresentar alguns possível acompanhar em quais habi- exemplos de ações em diferentes lidades os estudantes apresentavam contextos escolares, mesmo que de dificuldade, em cada etapa de esco- outras redes de ensino, que tinham larização, e, também, saber em quais conseguido aumentar a participação habilidades os estudantes possuíam tados de sua escola, que nos dois dos estudantes na avaliação e me- mais facilidade. Juliana não estava últimos anos mostravam uma defi- lhorar os resultados obtidos a partir mais preocupada com o julgamento ciência enorme na aprendizagem: do trabalho feito com base nos re- que receberia por conta do resulta- os resultados do primeiro ano da sultados e na consulta aos docu- do de seus estudantes, mas ansiosa avaliação foram ruins, muito abaixo mentos oficiais da rede, como as para poder diagnosticar as dificulda- do que ela e a equipe pedagógica propostas curriculares e o PPP. Para des e relacioná-las aos conteúdos esperavam, e os do segundo ano poder apresentar tais exemplos, Rita apresentados nas orientações cur- foram ainda piores. Ela precisava re- fez várias pesquisas e pediu apoio a riculares, apresentando, assim, um verter essa situação, mas não conse- sua Coordenadoria Regional. Aquela norte para planejar seu trabalho. Ela guia pensar sozinha em estratégias reunião já estava sendo preparada sabia que, provavelmente, as dificul- e projetos: seria necessário ter o por Rita havia muito tempo. dades apresentadas por seus estu- apoio dos professores e dividir com Após a apresentação, Rita per- dantes seriam as mesmas que eles eles as angústias e as responsabili- cebeu que os professores come- já apresentavam em suas próprias dades. çaram a conversar entre si e a fazer avaliações internas, mas seria possí- A primeira estratégia seria, en- perguntas sobre cada escola citada vel ter essa confirmação e saber se tão, dado o relato de Juliana ao ini- como exemplo. Foi a primeira reu- essa era a realidade dos estudan- ciar o trabalho na escola, era atuali- nião em que a coordenadora peda- tes de toda a escola ou, especifica- zar o PPP da escola. Como estavam gógica enxergava algum interesse mente, de sua turma. Seria possível, trabalhando, naquele momento, com por parte de seus professores. De- também, saber se seus estudantes as informações sobre o rendimento pois de responder aos questiona- conseguiriam, em um teste elabora- 50 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 “ Todos concordaram que incentivar a leitura era um caminho essencial para melhorar o desempenho dos estudantes e que seria interessante conseguir o apoio das famílias nesse trabalho. do por outras pessoas, demonstrar ferentes aos estudantes de Juliana, era montar um “Cantinho de Leitura” as habilidades que ela julgava que mas ela, através das suas avaliações na sua sala de aula, para estimular eles já tinham consolidado. internas, sabia que aquelas eram as o gosto pela leitura, e fazer visitas Como combinado, na segun- mesmas dificuldades que seus es- regulares à biblioteca escolar, moni- da reunião sobre o programa de tudantes apresentavam. Por curio- torando a escolha dos livros e a lei- avaliação, Rita apresentou como a sidade, Juliana resolveu conhecer tura dos mesmos pelos estudantes. avaliação externa era pensada, sua os resultados das outras etapas do Para a implementação da sua ideia, metodologia e seus instrumentos. A ciclo de alfabetização, e descobriu Juliana precisaria de alguns livros, coordenadora não era especialista que as dificuldades concentravam- por isso, resolveu conversar com no assunto, mas já o estava estu- -se, também, em questões ligadas à Rita para ver o que poderia ser feito. dando havia um bom tempo, e sen- leitura e à escrita. Para Rita, a ideia de Juliana era tiu-se segura para dividir com sua Foi bem desanimador para Ju- fácil de ser efetivada e muito inte- equipe o que ela havia aprendido. liana conhecer a realidade da sua ressante, por isso resolveu compar- Com o fim da segunda reunião, ela escola na avaliação, ver oficializado tilhá-la com os demais professores solicitou que os professores anali- aquilo que ela presenciava todos os do Ciclo de Alfabetização. Seria sassem os resultados obtidos nos dias. Mas o que mais a incomodava importante que todas as salas ti- anos anteriores e propusessem era o fato de alguns professores en- vessem o seu “Cantinho de Leitura” ações e projetos para melhorar o cararem aquela situação como nor- e, também, que fosse criada uma desempenho de seus estudantes. mal, pois já haviam se acostumado agenda regular para a visita à biblio- Rita passou o endereço do site para e não acreditavam que era possível teca. Incentivar e estimular a leitura que eles conhecessem as revistas reverter o quadro e conseguir me- com certeza traria benefício para a pedagógicas e a senha para que lhorar o desempenho dos estudan- aprendizagem dos estudantes, e a todos pudessem acessar os resul- tes. Para ela, era impossível aceitar escola possuía recursos (livros) para tados. trabalhar sem perspectiva de me- implementar tal projeto. Então, com o que havia apren- lhora, sem acreditar no seu trabalho Para apresentar a proposta do dido na reunião pedagógica e de e no pontecial de seus estudantes. “Cantinho de Leitura” para os outros posse das revistas e dos resultados, Era preciso ao menos tentar! professores, Rita convocou uma Juliana analisou os dados de anos Desde os seus primeiros dias reunião com os responsáveis pelo anteriores e tentou interpretá-los na escola, Juliana pensava em fazer Ciclo de Alfabetização. Na reunião, com o apoio da Matriz de Referên- algum trabalho com seus estudan- ela pediu que Juliana falasse sobre cia e da Escala de Proficiência. Ao tes utilizando a biblioteca, que pos- a interpretação que tinha feito dos pesquisar quais habilidades os es- suía um bom número de livros infan- resultados, das conclusões a que tudantes do 3° ano apresentavam tis e era pouco frequentada. Como chegou e sobre o “Cantinho de Lei- mais dificuldade, nas duas últimas apresentado nas orientações curri- tura”. A fala de Juliana foi bem aceita edições da avaliação, percebeu culares, ela sabia que trabalhar a lei- pelos seus colegas e, com o decor- que elas giravam em torno dos gê- tura de vários gêneros textuais iria rer da reunião, outras ideias com- neros textuais e da produção escri- melhorar a interpretação textual e a plementares ao seu projeto foram ta. Aqueles resultados não eram re- escrita de sua turma. Sua ideia inicial surgindo. Todos concordaram que 51 PAEBES 2015 Revista Pedagógica incentivar a leitura era um caminho Durante todo o ano, o projeto dos estudantes com a leitura e a vi- essencial para melhorar o desem- foi levado a sério pela escola. O tra- são que a equipe pedagógica tinha penho dos estudantes e que seria balho compartilhado contribuiu não da avaliação externa. interessante conseguir o apoio das só para a aprendizagem dos estu- Quando apresentou o novo re- famílias nesse trabalho. Sendo as- dantes, mas também para o entro- sultado, Rita parabenizou os profes- sim, tiveram, em conjunto, a ideia samento da equipe pedagógica e sores por todo o empenho e pelo de fazer “O Dia do Livro na Escola” seu enriquecimento profissional. A aumento da proficiência. Como con- para inaugurar o “Cantinho de Leitu- insistência da escola em buscar o sequência do trabalho realizado ao ra”: esse evento teria como principal incentivo dos responsáveis conse- longo do ano anterior, a escola teve foco sensibilizar os responsáveis guiu o apoio de alguns, antes pou- um resultado satisfatório. A coor- sobre a importância de incentivar co envolvidos com a educação de denadora pedagógica, nessa mes- a leitura dos estudantes e mostrar- seus filhos. ma reunião, conversou com toda a -lhes como poderiam fazer isso. Com todo o trabalho desen- equipe sobre as possibilidades de Nas duas semanas seguintes, volvido, Juliana e os demais pro- continuidade e adaptação do proje- Juliana e os outros professores tra- fessores perceberam melhora no to para os próximos anos. Ela sabia balharam na elaboração do evento: desempenho de seus estudantes, que ainda havia um longo caminho ensaiaram um grupo de estudantes e estavam curiosos para conhecer pela frente, mas o primeiro passo já para uma apresentação teatral, ela- o resultado da avaliação externa havia sido dado, quando os profes- boraram os convites para os pais, aplicada naquele ano. Foi a primeira sores entenderam que os resulta- organizaram um “Cantinho de Lei- vez que a escola desenvolveu um dos poderiam ser utilizados para a tura” em cada sala e conseguiram trabalho pautado nos resultados da melhoria do ensino da escola. Com doações de livros. No evento “O Dia avaliação externa da rede estadual, o apoio de todos, Rita tratou de ofi- do Livro na Escola”, cada estudante por isso eles estavam ansiosos para cializá-lo no PPP, buscando conti- ganharia um livro de presente para ver como esse trabalho havia im- nuar a atualização dele para consul- ler em casa e os responsáveis se- pactado os resultados e para quais ta dos profissionais da escola. riam incentivados a acompanhar a caminhos eles iriam apontar. leitura dos estudantes. Juliana que, inicialmente, havia No começo do ano seguinte, se assustado com a ideia da avalia- Apesar de muitos pais não te- a coordenadora pedagógica Rita ção externa, viu nela a possibilidade rem participado do evento, o grupo marcou uma reunião com os pro- de obter informações para trans- de professores à frente do projeto fessores do Ciclo de Alfabetização formar a sua prática, melhorando a ficou satisfeito com a participação e para apresentar os resultados do aprendizagem de seus estudantes. com o envolvimento dos que esta- ano anterior e conversar sobre eles. Para o novo ano, a equipe pedagó- vam presentes. A partir desse dia, Rita acompanhou o trabalho realiza- gica, que agora estava ciente do pa- cada professor começaria a utilizar do por Juliana e seus colegas, sabia pel dessa avaliação, planejou novas o “Cantinho de Leitura” de sua sala que aquele resultado estava sen- capacitações, para que todos pu- e a levar seus estudantes à biblio- do esperado por todos e sentiu-se dessem conhecer mais esse instru- teca. Foi combinado, também, que realizada por ter conseguido que o mento e implementar novas ações. os pais seriam sempre lembrados resultado das avaliações transfor- da importância da leitura, através de masse a prática de seus professo- bilhetes e de reuniões na escola. res e, consequentemente, a apren- Além disso, os professores iriam se dizagem dos estudantes. O projeto reunir de 15 em 15 dias para com- “Cantinho de Leitura”, proposto por partilhar seus trabalhos e trocar ex- Juliana, surgiu a partir da interpreta- periências. ção dos resultados da avaliação externa, e conseguiu mudar a relação 52 6 QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS PARA DESENVOLVER DETERMINADAS HABILIDADES? Com o intuito de subsidiar o trabalho docente, o texto seguinte traz sugestões para que os professores de Língua Portuguesa trabalhem algumas habilidades com os estudantes, em sala de aula. PAEBES 2015 Revista Pedagógica O TRABALHO COM TEMA, TESE E ARGUMENTAÇÃO NO ENSINO MÉDIO Em 2014, o principal motivo para a obtenção de nota zero na prova de redação do Enem foi fuga ao tema. Mais teriores, quais sejam: identificar o tema ou o sentido global e o gênero dos textos. de 217 mil candidatos cometeram esse erro, demonstrando Tais habilidades integram Matrizes de Referência elabo- ter dificuldades de interpretação de texto. O tema da reda- radas a partir de estudos de diversas propostas curriculares ção era “Publicidade infantil em questão no Brasil”, ou seja, de ensino vigentes no país, além de pesquisas sobre livros esperava-se que os candidatos dissertassem sobre a mani- didáticos e debates com educadores em atividade nas redes pulação que a publicidade exerce sobre um público ainda de ensino e especialistas em educação. Essas matrizes são inabilitado para ser exposto a ela, sem um pensamento críti- formadas por um conjunto de habilidades que são espera- co desenvolvido. No entanto, muitos comentaram a questão das dos estudantes em diferentes etapas de escolarização da participação de crianças em propagandas publicitárias, o e passíveis de serem aferidas em testes padronizados de que não era o caso. A abrangência do tema pode ter feito desempenho. com que muitos estudantes discutissem apenas a publicida- Os estudantes que chegam ao 3º Ano do Ensino Médio de ou só a questão infantil, sendo que alguns apenas tan- sem ter desenvolvido bem as habilidades de identificar tema genciaram esses assuntos. e gênero textuais terão mais dificuldades para identificar a Outro erro comumente cometido pelos estudantes que tese de um texto, estabelecer relações entre a tese e os ar- igualmente leva à nota zero é não seguir o tipo de texto exi- gumentos que a sustentem e reconhecer diferentes estraté- gido: o dissertativo-argumentativo. Isso é sinal de que muitos gias de argumentação – habilidades esperadas para esse candidatos não dominam as características desse tipo de estágio de aprendizagem. Desse modo, o professor precisa texto, o que implica um grave problema: há um número con- reforçar o conhecimento de suas turmas sobre o que é tema: siderável de estudantes concluindo o Ensino Médio sem ter o assunto, a matéria tratada no texto. Isso pode ser feito por desenvolvido suficientemente algumas habilidades referentes meio de questões objetivas, acompanhadas de debate, so- à Língua Portuguesa, que já são esperadas desde etapas an- bre o que determinados textos abordam. Um exemplo de atividade pode consistir em expor uma letra de música aos estudantes, como “Asa branca”, de Luiz Gonzaga: “ Asa Branca (Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira) Quando oiei a terra ardendo Qua fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, uai Os estudantes que chegam ao 3º Ano do Ensino Médio sem ter desenvolvido bem as habilidades de identificar tema e gênero textuais terão mais dificuldades para identificar a tese de um texto, estabelecer relações entre a tese e os argumentos que a sustentem e reconhecer diferentes estratégias de argumentação Por que tamanha judiação? Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por farta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Até mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Então eu disse a deus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe muitas léguas 54 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Numa triste solidão sentido vai sendo formado da consequência para a causa: a Espero a chuva cair de novo consequência é o calor extremo, sugerido pelas palavras ar- Para eu voltar pro meu sertão dendo, braseiro, fornaia, e a causa, a seca, a farta d’água, falta de chuva. Quando o verde dos teus oio Demonstrado isso, os estudantes podem fazer a se- Se espalhar na prantação guinte atividade: Eu te asseguro não chore não, viu Qual é o tema do texto? Que eu voltarei, viu Meu coração a. A solidão dos sertanejos. Para ajudar os estudantes a identificarem o tema, sobretudo os que tiverem mais dificuldade, pode-se orientá-los a observar no texto palavras e expressões que tenham sentidos próximos, tais como: terra ardendo, fogueira, braseiro, fornaia, farta d’água, “Espero a chuva cair de novo”. Observa-se que, na ordem em que tais termos vão aparecendo no texto, o b. A fauna sertaneja. c. A seca do sertão. d. A vegetação do sertão. e. A festa de São João. Avaliando-se que os estudantes apreenderam bem o conteúdo desse exercício, pode-se passar para uma atividade semelhante, mas trabalhando agora com um texto dis- “ sertativo-argumentativo, que é o foco desta nossa reflexão. Apresentando aos estudantes um texto como o que segue abaixo, é produtivo solicitar-lhes, a princípio, a identificação Para ajudar os estudantes a identificar o tema, sobretudo os que tiverem mais dificuldade, pode-se orientálos a observar no texto palavras e expressões que tenham sentidos próximos do tema, para reforçar essa habilidade. Leia o texto abaixo: Unesco quer que escola ensine a mediar conflitos Adotado em países como Argentina, Espanha, França e Austrália, a mediação dos conflitos pode entrar na grade curricular das escolas como uma forma de reduzir a violência. A Unesco tem dialogado com o Ministério da Educação nesse sentido. No Rio de Janeiro, pelo menos 20 escolas públicas adotaram a ideia e mantêm projetos que ajudam as crianças a mediar conflitos por meio de conversa. O objetivo é atacar a cultura da hipermasculinidade que reforça a ideia de que a solução para os conflitos é feita por meio da força. [...] [...] “É preciso conscientizar os estudantes de que existem formas não-violentas de resolução de conflitos”, afirma o sociólogo Jorge Werthein, da Unesco. Para ele, a cultura de mediação propicia a prática do diálogo, a resolução de conflitos, diminui o sentimento de insegurança dos estudantes, interfere nos níveis de violência e pode contribuir para a melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem [...].” (COLLUCCI, Cláudia. Folha de S. Paulo, 25 jul, 2005. p. C 4. Fragmento.) 55 PAEBES 2015 Revista Pedagógica “ Os estudantes que tiverem dificuldade devem ser auxiliados pelo professor ou por colegas. Após a classe ter compreendido que o tema é o ensino da mediação de con- Para reforçar a habilidade de identificar a tese de um texto, o professor pode também apresentar aos estudantes pequenos textos dissertativos, pedindo-lhes para identificar suas respectivas teses e argumentos flitos na escola, o professor pode questionar como esse tema é tratado: de modo descritivo, narrativo ou dissertativo? Após ouvir algumas respostas, explicar o conceito de texto dissertativo-argumentativo, cuja finalidade é defender um ponto de vista sobre determinado assunto, por meio de uma argumentação sólida e coerente. Trata-se, portanto, de um gênero textual que visa ao convencimento do leitor/interlocutor. Por isso, ele sempre se baseia em uma tese: uma proposição teórica, isto é, uma sentença declarativa, de intenção persuasiva, apoiada em argumentos convincentes sobre o tema tratado. A tese é o elemento fundamental do texto dissertativo-argumentativo. A tese defendida pelo autor do texto acima é a de que Antes disso, porém, importa ainda esclarecer que a escolha da alternativa B sugere uma leitura pouco acurada, que leva a uma inferência equivocada, e que a alternativa D apre- a mediação de conflitos propicia a prática do diálogo e di- senta uma informação que se contrapõe à tese, consistindo minui a violência. É produtivo induzir os estudantes a che- em uma contradição. Para reforçar a habilidade de identificar a tese de um gar a esse entendimento por meio de uma questão objetiva, como a seguinte: texto, o professor pode também apresentar aos estudantes pequenos textos dissertativos, pedindo-lhes para identificar A tese defendida pelo autor desse texto é a de que a mediação de conflitos a. deve ser uma disciplina escolar das escolas públicas do Rio de Janeiro. b. melhora a aprendizagem nas escolas públicas. suas respectivas teses e argumentos, conforme o modelo a seguir: Identifique o sentido argumentativo dos seguintes textos, e separe, por meio de barras, a tese e o(s) argumento(s). c. propicia a prática do diálogo e diminui a violência. a. “Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para d. reforça a ideia de que a resolução de desentendi- o que preciso. É econômico, nunca dá defeito e tem mentos ocorre pela força. espaço suficiente para transportar toda a minha famí- Avalia-se assim a habilidade de os estudantes reconhe- lia.” cerem a tese de um texto – tarefa que pode ser mais ou b. “Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais; menos complexa em função do nível de explicitude da tese. além disso, todo ano batemos recordes de produção Como vimos, nesse caso, a alternativa correta é a letra C, agrícola. Sem contar que nosso parque industrial é que apresenta a tese explicitada logo no primeiro parágrafo um dos mais modernos do mundo. Definitivamente, – como convém a textos dissertativo-argumentativos. somos o país do futuro.” Ao discutir a atividade, é produtivo o professor explicar, sobretudo aos estudantes que assinalarem a alternativa A, c. “Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem que a informação de que 20 escolas do Rio de Janeiro já tudo para dar errado: nossa diferença de idade é adotaram a proposta da Unesco é um fato que compõe a ar- grande e nossos gostos são quase que opostos. gumentação que defende a tese, mas não a tese em si. Com Além disso, a família dela é terrível.” isso, já se delineia antecipadamente dois tópicos a serem tratados em seguida: como estabelecer relação entre a tese d. “Como o Brasil é um país muito injusto, toda política e os argumentos oferecidos para sustentá-la e reconhecer social por aqui implementada é vista como demago- diferentes estratégias de argumentação. gia, paternalismo.” 56 Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015 Ao debater sobre esse exercício, o professor pode explicitar como os argumentos se relacionam com as teses de prestígio, como as universidades federais, hospitais-escola, santas casas etc. que defendem: em (A), temos uma constatação (tese) se- Há também o argumento pelo exemplo e pela ilustração, guida das motivações (argumentos) que a fundamentam: que podem tornar o texto mais claro, auxiliando sua com- Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o preensão. Na letra B da atividade anterior, vimos a tese de que preciso (TESE)./ É econômico (argumento 1), /nunca dá que o Brasil é o país do futuro defendida por meio de exem- defeito (argumento 2)/ e tem espaço suficiente para trans- plos, que são fatos citados para apoiar uma definição (a de portar toda a minha família (argumento 3). que o Brasil é o país do futuro). É um tipo de argumento que Já em (B), o texto parte de exemplificações para, en- fundamenta a tese. Já o argumento pela ilustração visa refor- tão, enunciar uma proposição (tese): Veja bem (vocativo), o çar a adesão a uma regra reconhecida e aceita, fornecendo Brasil a cada ano exporta mais e mais (argumento 1);/ além casos particulares que esclarecem o enunciado geral. Neste disso, todo ano batemos recordes de produção agrícola caso, a argumentação se desenvolve em sentido contrário: (argumento 2)./ Sem contar que nosso parque industrial é da tese (regra geral) para os argumentos (casos isolados), um dos mais modernos do mundo (argumento 3)./ Definiti- enquanto a argumentação por exemplos se desenvolve por vamente, somos o país do futuro (TESE). meio de casos isolados em direção à regra (tese). A letra (C) retoma a mesma estrutura de (A): Embora a Para esclarecer melhor esses conceitos, vamos a um gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar erra- exemplo prático de um conjunto de atividades que contemplam do (TESE):/ nossa diferença de idade é grande (argumento as seguintes habilidades exigidas pelas matrizes de referência: 1) e nossos gostos são quase que opostos (argumento 2). 1. Identificar a tese de um texto. Além disso, a família dela é terrível (argumento 3). 2. Estabelecer relação entre a tese e os argumentos E assim como (B), (D) parte de uma causa que funciona como justificativa a uma enunciação, que, por sua vez, é a consequência constatada: Como o Brasil é um país muito injusto (argumento),/ toda política social por aqui implementada é vista como demagogia, paternalismo (TESE). Com esse exercício, o professor auxilia o desenvolvimento das habilidades de identificar a tese de um texto e a de estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la. Por fim, cabe pontuar algumas estratégias de argumentação, que são os recursos utilizados para convencer o leitor/ interlocutor, para persuadi-lo, transmitindo credibilidade. Uma das estratégias mais eficientes é o argumento de autoridade, pois utiliza a citação para fortalecer a tese do argumentador. Para reconhecer um argumento de autoridade, o estudante deve identificar, no texto, alguma citação, direta ou indireta, de pessoa especializada no assunto tratado. No caso do texto sobre a mediação de conflitos, o segundo parágrafo do fragmento apresenta a opinião do sociólogo Jorge Werthein, da Unesco, sobre o assunto. Além de apresentar formação acadêmica pertinente ao tema abordado, o referido profissional ainda trabalha na Unesco, instituição de reputação reconhecida internacionalmente. Caso o texto tratasse da epidemia de dengue no verão, um argumento de autoridade seria a opinião de um médico, vinculado a alguma instituição 57 oferecidos para sustentá-la. 3. Reconhecer diferentes estratégias de argumentação. Leia o texto abaixo e responda as questões seguintes: A ciência que explica porque se deve gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas A maioria das pessoas busca a felicidade. Há economistas que pensam que a felicidade é o melhor indicador para a saúde de uma sociedade. Sabemos que o dinheiro pode nos deixar mais felizes, ainda que depois das necessidades básicas serem atendidas, ele não incremente tanto assim nossa felicidade. Mas uma das grandes questões é como usar o dinheiro, que (para a maioria de nós) é um recurso limitado. Há uma pressuposição lógica que a maioria das pessoas faz quando gasta dinheiro: que já que um objeto físico dura mais, ele nos deixará felizes por mais tempo do que uma experiência temporária como ir a um show ou um pacote de viagem. Uma pesquisa recente revelou que essa pressuposição está completamente equivocada. “Um dos inimigos da felicidade é a adaptação”, disse o Dr. Thomas Gilovich, um professor de psicologia na Universidade de Cornell que tem estudado a questão do dinheiro e da felicidade por mais de duas décadas. “Compramos coisas para ficarmos felizes, e isso funciona. Mas só por um tempo. As coisas novas são excitantes no início, mas então nos adaptamos a elas.” PAEBES 2015 Revista Pedagógica Em vez de comprar o último iPhone ou um BMW novo, b. Gilovich, um professor de psicologia na Universidade Gilovich sugere que obteremos mais felicidade gastando di- de Cornell que tem estudado a questão do dinhei- nheiro em experiências tais como visitar exposições de arte, ro e da felicidade por mais de duas décadas, sugere fazer atividades na natureza, aprender coisas novas ou viajar. que obteremos mais felicidade gastando dinheiro em Os resultados obtidos por Gilovich são a síntese de es- experiências, tais como visitar exposições de arte, tudos psicológicos conduzidos por ele e outros cientistas fazer atividades na natureza, aprender coisas novas quanto ao paradoxo de Easterlin, que descobriu que o di- ou viajar. nheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só até certo c. O dinheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só ponto. até certo ponto. (ANDOLINI, Luciano. Papo de homem, 11 abr. 2015. Dis- d. A maioria das pessoas busca a felicidade. ponível em:<http://bit.ly/1PgjQSg>. Acesso em: 25 jan. 2016) e. Uma das grandes questões é como usar o dinheiro. 1. Assinale a alternativa que apresenta a tese defendida no texto: a. Dinheiro traz felicidade. b. A felicidade é o melhor indicador da saúde de uma sociedade. c. O inimigo da felicidade é a adaptação. d. Gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas, é o que traz felicidade. e. O dinheiro é um recurso limitado para a maioria das pessoas. Gabarito: B. Neste caso, é importante que o professor explicite aos estudantes que os argumentos contidos nas alternativas A e C, embora sejam embasados nos estudos do professor Gilovich, não são estruturados como argumentos de autoridade, pois não apresentam – isolados do contexto – nenhum especialista no assunto tratado. Já a alternativa D apresenta um argumento fundamentado no senso comum e a E não apresenta um argumento, mas uma questão em aberto. 3. Assinale a alternativa que apresenta um argumento ilustrativo: Gabarito: D. As demais alternativas apresentam argu- a. Dinheiro não traz felicidade. mentos contidos no texto, inclusive a alternativa A, que b. O dinheiro é ilimitado para algumas pessoas. apresenta apenas uma parte do argumento “o dinheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só até certo ponto”. A c. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em expe- tese é sugerida logo no título, mas se torna explícita somen- riências. te no quarto parágrafo. d. As pessoas ricas são mais felizes. 2. Assinale a alternativa que apresenta um argumento de autoridade: a. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em experiências. e. “Uma viagem me deixa mais feliz do que um celular novo”, disse uma pessoa entrevistada na pesquisa. Gabarito: E. Esta é a única alternativa que apresenta um caso particular que reforça a tese defendida no texto. 58 Vice-Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (em exercício da Reitoria) Marcos Vinício Chein Feres Coordenação Geral do CAEd Lina Kátia Mesquita de Oliveira Coordenação da Unidade de Pesquisa Tufi Machado Soares Coordenação de Análises e Publicações Wagner Silveira Rezende Coordenação de Design da Comunicação Rômulo Oliveira de Farias Coordenação de Gestão da Informação Roberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo Coordenação de Instrumentos de Avaliação Renato Carnaúba Macedo Coordenação de Medidas Educacionais Wellington Silva Coordenação de Monitoramento e Indicadores Leonardo Augusto Campos Coordenação de Operações de Avaliação Rafael de Oliveira Coordenação de Processamento de Documentos Benito Delage Ficha catalográfica Espírito Santo. Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo. PAEBES – 2015/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual. Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio. ISSN 2237-8324 CDU 373.3+373.5:371.26(05)
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