Língua Portuguesa – 3º ano Ensino Médio - PAEBES

Transcrição

Língua Portuguesa – 3º ano Ensino Médio - PAEBES
ISSN 2237-8324
PAEBES
2015
PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
BÁSICA DO ESPÍRITO SANTO
REVISTA PEDAGÓGICA
LÍNGUA PORTUGUESA
3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Paulo César Hartung Gomes
Governador do Estado do Espírito Santo
César Roberto Colnaghi
Vice Governador do Estado do Espírito Santo
Haroldo Corrêa Rocha
Secretário de Estado da Educação
Eduardo Malini
Subsecretário de Estado de Administração e Finanças
Caroline Falco Fernandes Valpassos
Gerente de Informação e Avaliação Educacional
Subgerência de Avaliação Educacional
Fabíola Mota Sodré (Subgerente)
Claudia Lopes de Vargas
Denise Moraes e Silva
Gloriete Carnielli
Subgerência de Estatística Educacional
Denise Pereira da Silva (Subgerente)
Andressa Mara Malagutti Assis (Estatística)
Elzimar Sobral Scaramussa
Regina Helena Schaffeln Ximenes
Apresentação
Caro Educador,
O Estado do Espírito Santo completou, em 2015, o 16º ano do Programa de Avaliação da Educação Básica (PAEBES). A implementação de uma avaliação em larga escala
é imprescindível para um melhor monitoramento da qualidade e da equidade educacional. No decorrer dessa trajetória, o programa forneceu subsídios para a tomada de
decisão e para o direcionamento de investimentos, com vistas à melhoria na qualidade
da educação nas escolas, voltadas principalmente para a otimização do trabalho pedagógico na construção de estratégias de aprendizagem.
A Coleção 2015 de divulgação do PAEBES apresenta os resultados das provas
e dos questionários socioeconômicos aplicados nas turmas de 1º, 2º, 3º e 5º anos e
8ªsérie/9º ano do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio, possibilitando
aos sistemas de ensino conhecer o desempenho de nossas crianças e jovens e refletir
sobre o que as escolas podem fazer para melhorar esse ensino.
Esse material precisa constituir-se em instrumento efetivo de consultas para gestores e professores no acompanhamento e no planejamento de intervenções, pois a avaliação não se relaciona apenas à “aprovação” ou “reprovação” dos estudantes, como
também à análise dos resultados, de modo a contribuir para que cada escola realize seu
planejamento à luz das necessidades de aprendizagem dos alunos.
Nessa parceria, contamos com o compromisso dos nossos profissionais de Educação
e aproveitamos para parabenizar a todos pelas melhorias conquistadas, o que, em última
instância, significa a construção de uma sociedade com mais igualdade de oportunidades.
Forte abraço,
Haroldo Corrêa Rocha
Secretário de Estado da Educação
SUMÁRIO
13
18
1. POR QUE AVALIAR A
EDUCAÇÃO NO ESPÍRITO
SANTO??
3. COMO É A
AVALIAÇÃO NO
PAEBES?
15
2. O QUE É AVALIADO
NO PAEBES?
47
5. COMO A ESCOLA
PODE SE APROPRIAR
DOS RESULTADOS DA
AVALIAÇÃO?
45
53
4. COMO SÃO
APRESENTADOS OS
RESULTADOS DO
PAEBES?
6. QUE ESTRATÉGIAS
PEDAGÓGICAS PODEM
SER UTILIZADAS
PARA DESENVOLVER
DETERMINADAS
HABILIDADES?
Prezado(a) educador(a),
Apresentamos a Revista Pedagógica do PAEBES 2015.
Esta publicação faz parte da coleção de divulgação dos resultados da avaliação realizada
no final do ano de 2015.
Para compreender os resultados dessa avaliação, é preciso responder aos seguintes questionamentos.
POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO?
O QUE É AVALIADO NO PAEBES?
COMO É A AVALIAÇÃO NO PAEBES?
COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO PAEBES?
1
POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO NO
ESPÍRITO SANTO?
Uma das dúvidas mais frequentes, quando se fala em avaliação
externa em larga escala, é: por que avaliar um sistema de ensino, se já existem as avaliações internas nas escolas?
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Para responder a essa pergunta, é
dem envidar esforços no sentido de
dos estudantes, e concentrem seus es-
preciso, em primeiro lugar, diferenciar
estabelecer políticas que contribuam
forços em levá-los a vencer as dificul-
avaliação externa de avaliação interna.
para a melhoria do desempenho dos
dades apontadas por esses resultados.
Avaliação interna é aquela que
estudantes de toda a rede e também
Essas estratégias passam por um
ocorre no âmbito da escola. O edu-
têm a possibilidade de atuar em casos
estudo acurado dos materiais dispo-
cador, que elabora, aplica e corrige o
pontuais, como escolas ou regiões es-
nibilizados para as escolas: os conteú-
teste para, em seguida, analisar seus
pecíficas que apresentem o mesmo
dos do site do programa, as revistas de
resultados faz parte da unidade esco-
tipo de dificuldade.
divulgação de resultados, os encartes
lar em que o processo educacional é
levado a efeito.
Além da dimensão da rede de
contendo os resultados da escola, em
ensino, as escolas, individualmente,
cada disciplina e etapa avaliada for-
A avaliação externa em larga es-
podem e devem utilizar os resultados
mam um conjunto robusto de informa-
cala, por sua vez, constitui um procedi-
da avaliação para verificar o desen-
ções que merece atenção e análise.
mento avaliativo baseado na aplicação
volvimento, pelos estudantes, das ha-
Esse conjunto foi pensado com
de testes e questionários padroniza-
bilidades esperadas para a etapa de
a intenção de fornecer, aos gestores
dos, para um grande número de estu-
escolaridade em que estão inseridos.
e aos professores, o máximo de ele-
dantes. Esses testes são elaborados
É relevante lembrar que esses resulta-
mentos para que possam avaliar, por
com tecnologias e metodologias bem
dos precisam ser pensados à luz dos
meio de dados obtidos externamente
definidas e específicas, por agentes
conteúdos
trabalhados
à escola, como está o desempenho de
externos à escola. A avaliação exter-
pela escola: as Matrizes de Referên-
seus estudantes, em comparação com
na possibilita verificar a qualidade e a
cia, base para a elaboração dos testes,
as demais escolas da rede, e quais são
efetividade do ensino ofertado a uma
devem estar relacionadas a esses con-
os pontos que demandam uma aten-
determinada população (estado ou mu-
teúdos, sem, no entanto, substituí-los.
ção maior, no trabalho desenvolvido no
nicípio, por exemplo).
As unidades escolares têm a possibili-
interior da escola.
curriculares
Mas como os dados obtidos por
dade de observar se o currículo adota-
Desse modo, fica patente que as
esse tipo de avaliação podem con-
do contempla as habilidades conside-
informações obtidas a partir dos testes
tribuir para melhorar os processos
radas mínimas para que os estudantes
da avaliação externa em larga escala,
educativos, no interior das escolas, e,
consigam caminhar, a cada etapa ven-
isoladamente, não solucionam os pro-
consequentemente, os resultados das
cida, rumo à aquisição dos conheci-
blemas da educação brasileira, nem
redes de ensino? Esse é um questio-
mentos necessários para se tornarem
têm essa pretensão. A trilha que pode-
namento muito observado entre as
cidadãos críticos e conscientes de seu
rá levar a essa solução é a forma como
equipes gestoras e pedagógicas das
papel na sociedade.
os dados serão utilizados. E, nesse
escolas que recebem os resultados da
Verificada a correlação Currículo X
aspecto, somente os educadores en-
Matriz de Referência, gestores e pro-
volvidos com o processo educacional
É necessário ter em mente que
fessores podem atuar de diversas ma-
poderão estabelecer o melhor cami-
a avaliação externa em larga escala
neiras. Algumas estão indicadas nesta
nho a seguir.
tem como objetivo oferecer, por meio
publicação, nas seções 5 - Como a
As próximas seções têm o objeti-
de seus resultados, um importante
escola pode se apropriar dos resulta-
vo de auxiliá-los nessa trajetória, ofe-
subsídio para as tomadas de decisão,
dos da avaliação? e 6 - Que estraté-
recendo informações relevantes para
inicialmente na esfera das redes de
gias pedagógicas podem ser utiliza-
que a apropriação e a análise dos re-
ensino. Os dados oriundos dos testes
das para desenvolver determinadas
sultados da avaliação externa em larga
respondidos pelos estudantes formam
habilidades? O importante é descobrir
escala sejam produtivas para sua esco-
um painel que ilustra o que está sen-
as estratégias mais adequadas para
la e para sua prática profissional.
do ensinado e o que os estudantes
que todos os membros da comunidade
estão aprendendo, em cada discipli-
escolar se apropriem dos resultados
na e etapa avaliada; de posse dessas
da avaliação, compreendendo sua im-
informações, os gestores de rede po-
portância e seu significado para a vida
avaliação externa.
14
2
O QUE É AVALIADO NO PAEBES?
Antes de iniciar a elaboração dos testes para a avaliação, é imprescindível determinar, com clareza, o que se deseja avaliar.
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Matriz de Referência
O QUE É UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA?
As Matrizes de Referência indicam as habilidades que
As Matrizes de Referência relacionam os conhecimen-
se deseja avaliar nos testes do PAEBES. Importa registrar
tos e as habilidades para cada etapa de escolaridade ava-
que as Matrizes de Referência são uma parte do Currículo,
liada, ou seja, elas detalham o que será avaliado, tendo em
ou da Matriz Curricular: as avaliações em larga escala não
vista as operações mentais desenvolvidas pelos estudantes
pretendem avaliar o desempenho dos estudantes em todos
em relação aos conteúdos escolares que podem ser afe-
os conteúdos presentes no Currículo, mas, sim, nas habili-
ridos pelos testes de proficiência. No que diz respeito ao
dades consideradas fundamentais para que os estudantes
PAEBES, o que será avaliado está indicado nas Matrizes de
progridam em sua trajetória escolar.
Referência desse programa.
O Tópico agrupa um conjunto de habilidades, indicadas pelos descritores,
que possuem afinidade entre si.
Os Descritores descrevem as habilidades que serão avaliadas por meio
dos itens que compõem os testes de
uma avaliação em larga escala.
16
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE EM
I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA
D1
Localizar informações explícitas em um texto.
D3
Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4
Inferir uma informação implícita em um texto.
D6
Identificar o tema de um texto.
D14
Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.
II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DE TEXTOS
D5
Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.).
D23
Identificar o gênero de textos variados.
D12
Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS
D20
Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema.
D21
Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.
IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DE TEXTOS
D2
Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um
texto.
D7
Identificar a tese de um texto.
D8
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
D24
Reconhecer diferentes estratégias de argumentação.
D9
Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.
D10
Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
D11
Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.
D15
Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc.
V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO
D16
Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
D17
Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.
D18
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
D19
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
D22
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos estilísticos.
VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
D13
Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.
17
3
COMO É A AVALIAÇÃO NO PAEBES?
Para elaborar os testes do PAEBES, é necessário estabelecer como se dará esse processo, a partir das habilidades elencadas nas Matrizes de Referência, e como será o
processamento dos resultados desses testes.
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
1ª ETAPA – ELABORAÇÃO DOS ITENS QUE COMPORÃO OS TESTES.
Item
1. Enunciado – estímulo para que o estudante mobilize
recursos cognitivos, visando solucionar o problema apresentado.
O que é um item?
2. Suporte – texto, imagem e/ou outros recursos que servem de base para a resolução do item. Os itens de Mate-
O item é uma questão utilizada nos testes das
avaliações em larga escala.
mática e de Alfabetização podem não apresentar suporte.
3. Comando –
texto necessariamente relacionado à ha-
bilidade que se deseja avaliar, delimitando com clareza a
Como é elaborado um item?
tarefa a ser realizada.
O item se caracteriza por avaliar uma única habilidade, indicada por um descritor da Matriz de Referência
do teste. O item, portanto, é unidimensional.
4. Distratores – alternativas incorretas, mas plausíveis – os
distratores devem referir-se a raciocínios possíveis.
5. Gabarito – alternativa correta.
Um item é composto pelas seguintes partes:
Leia o texto abaixo.
Curaçao, um simpático e colorido paraíso
5
10
15
Há uma lenda que explica a razão de Curaçao ser uma ilha tão colorida. Consta que
um governador, há muitos anos, sentia dores de cabeça terríveis por todas as construções
serem pintadas de branco e refletirem muito a luz do sol. Ele teria então sugerido algo a
seus conterrâneos: colocar outras cores nas fachadas de suas residências e comércios;
ele mesmo passaria a usar o amarelo em todas as construções que tivessem a ver com o
governo. E assim nasceu o colorido dessa simpática e pequena ilha do Caribe.
E quem se importa se a história é mesmo real? Todo o colorido de Punda e Otrobanda
combina perfeitamente com os muitos tons de azul que você vai aprender a reconhecer no
mar que banha Curaçao, nos de branco, presentes na areia de cada uma das praias de
cartão-postal, ou nos verdes do corpo das iguanas, o animal símbolo da ilha.
Acostume-se, aliás, a encontrar bichinhos pela ilha. Sejam grandes como os golfinhos e
focas do Seaquarium, os lagartos que vivem livres perto das cavernas Hato, ou os muitos
peixes que vão cercar você assim que entrar nas águas da lindíssima praia de Porto Mari.
Tudo em Curaçao parece querer dar um “oi” para o visitante assim que o avista.
A ilha, porém, tem mais do que belezas naturais. Descoberta apenas um ano antes do
Brasil, Curaçao também teve um histórico [...] que rendeu ao destino uma série de atrações
[...], como o museu Kura Hulanda, ou as Cavernas Hato. [...]
Disponível em: <http://zip.net/bhq1CS>. Acesso em: 11 out. 2013. Fragmento. (P070104F5_SUP)
(P070105F5)
De acordo com esse texto, qual é o animal símbolo da ilha?
A) A foca.
B) A iguana.
C) O golfinho.
D) O lagarto.
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PAEBES 2015 Revista Pedagógica
2ª ETAPA – ORGANIZAÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE.
CADERNO DE TESTE
Cadernos de Teste
Como é organizado um caderno de teste?
A definição sobre o número de itens é crucial para a composição dos
cadernos de teste. Por um lado, o teste deve conter muitos itens, pois um
dos objetivos da avaliação em larga escala é medir de forma abrangente as
habilidades essenciais à etapa de escolaridade que será avaliada, de forma a
garantir a cobertura de toda a Matriz de Referência adotada. Por outro lado, o
teste não pode ser longo, pois isso inviabiliza sua resolução pelo estudante.
Para solucionar essa dificuldade, é utilizado um tipo de planejamento de testes denominado Blocos Incompletos Balanceados – BIB .
O que é um BIB – Bloco Incompleto Balanceado?
No BIB, os itens são organizados em blocos. Alguns desses blocos formam um caderno de teste. Com o uso do BIB, é possível elaborar muitos
cadernos de teste diferentes para serem aplicados a estudantes de uma
mesma série. Podemos destacar duas vantagens na utilização desse modelo
de montagem de teste: a disponibilização de um maior número de itens em
circulação no teste, avaliando, assim, uma maior variedade de habilidades; e
o equilíbrio em relação à dificuldade dos cadernos de teste, uma vez que os
blocos são inseridos em diferentes posições nos cadernos, evitando, dessa
forma, que um caderno seja mais difícil que outro.
Itens
são organizados em blocos
que são distribuídos
em cadernos.
CADERNO DE TESTE
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Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
VERIFIQUE A COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE DA 3ª SÉRIE
DO ENSINO MÉDIO:
Língua Portuguesa
Matemática
91 x
91 x
91 itens divididos em: 7 blocos de Língua
Portuguesa com 13 itens cada
91 itens divididos em: 7 blocos de
Matemática com 13 itens cada
7x
7x
2 blocos (26 itens) de Língua Portuguesa
2 blocos (26 itens) de Matemática
formam um caderno com 4 blocos (52 itens)
CADERNO DE TESTE
21x
Ao todo, são 21 modelos
diferentes de cadernos.
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PAEBES 2015 Revista Pedagógica
3ª ETAPA – PROCESSAMENTO DOS RESULTADOS.
Teoria de Resposta ao Item (TRI) e
Teoria Clássica dos Testes (TCT)
Existem, principalmente, duas formas de produzir a medida de desempenho dos estudantes submetidos a uma avaliação externa em larga
escala: (a) a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e (b) a Teoria de Resposta
ao Item (TRI).
Ao desempenho do estudante nos testes
Os resultados analisados a partir da Teoria Clássica dos Testes (TCT) são
padronizados é atribuída uma proficiên-
calculados de uma forma muito próxima às avaliações realizadas pelo
cia, não uma nota.
professor em sala de aula. Consistem, basicamente, no percentual de
acertos em relação ao total de itens do teste, apresentando, também, o
percentual de acerto para cada descritor avaliado.
Teoria de Resposta ao Item (TRI)
A Teoria de Resposta ao Item (TRI), por sua vez, permite a produção de uma
medida mais robusta do desempenho dos estudantes, porque leva em consideração um conjunto de modelos estatísticos capazes de determinar um valor/
peso diferenciado para cada item a que o estudante respondeu no teste de
proficiência e, com isso, estimar o que o estudante é capaz de fazer, tendo em
vista os itens respondidos corretamente.
Não podemos medir diretamente o conhecimento ou
a aptidão de um estudante. Os modelos matemáticos
usados pela TRI permitem estimar esses traços não
observáveis.
A TRI nos permite:
Comparar resultados de di-
Avaliar com alto grau de
Comparar os resultados en-
ferentes avaliações, como o
precisão a proficiência de
tre diferentes séries, como o
Saeb.
estudantes
início e fim do Ensino Médio.
áreas
de
em
amplas
conhecimento
sem submetê-los a longos
testes.
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Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
A proficiência relaciona o conhecimento do estudante com a probabilidade de acerto nos itens
dos testes.
Cada item possui um grau de dificuldade próprio e parâmetros diferenciados, atribuídos através do
processo de calibração dos itens.
A proficiência é estimada considerando o padrão de respostas dos estudantes,
de acordo com o grau de dificuldade e com os demais parâmetros dos itens.
Que parâmetros são esses?
Parâmetro A
Parâmetro B
Parâmetro C
Discriminação
Dificuldade
Acerto ao acaso
Capacidade de um item de discri-
Mensura o grau de dificuldade dos
Análise das respostas do estudan-
minar os estudantes que desen-
itens: fáceis, médios ou difíceis.
te para verificar o acerto ao acaso
volveram as habilidades avaliadas
e aqueles que não as desenvolveram.
Os itens são distribuídos de forma
nas respostas.
equânime entre os diferentes ca-
Ex.: O estudante errou muitos itens
dernos de testes, o que possibilita a
de baixo grau de dificuldade e acer-
criação de diversos cadernos com
tou outros de grau elevado (situa-
o mesmo grau de dificuldade.
ção estatisticamente improvável).
O modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões e
reestima a proficiência para um nível mais baixo.
23
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Escala de Proficiência - Língua Portuguesa
O QUE É UMA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
A Escala de Proficiência tem o objetivo de traduzir me-
Os resultados dos estudantes nas avaliações em larga
didas de proficiência em diagnósticos qualitativos do de-
escala da Educação Básica realizadas no Brasil usualmente
sempenho escolar. Ela orienta, por exemplo, o trabalho do
são inseridos em uma mesma Escala de Proficiência, esta-
professor com relação às competências que seus estudan-
belecida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação
tes desenvolveram, apresentando os resultados em uma es-
Básica (Saeb). Como permitem ordenar os resultados de
pécie de régua em que os valores de proficiência obtidos
desempenho, as Escalas são ferramentas muito importantes
são ordenados e categorizados em intervalos, que indicam
para a interpretação desses resultados.
o grau de desenvolvimento das habilidades para os estudantes que alcançaram determinado nível de desempenho.
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
DESCRITORES
Identifica letras
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
Reconhece convenções gráficas
*
Manifesta consciência fonológica
Lê palavras
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
Localiza informação
D1
Identifica tema
D6
Realiza inferência
D3, D4, D5, D16, D17, D18, D19 e D22
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
D12 e D23
Estabelece relações lógico-discursivas
D2, D9,
D11 e D15
Identifica elementos de um texto narrativo
D10
Estabelece relações entre textos
D20
Distingue posicionamentos
D14, D7, D8, D21 e D24
Identifica marcas linguísticas
D13
PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
* As habilidades relativas a essas competências não são avaliadas nessa etapa de escolaridade.
24
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
A gradação das cores indica a
complexidade da tarefa.
Os professores e toda a equipe pedagógica da escola
podem verificar as habilidades já desenvolvidas pelos estu-

dantes, bem como aquelas que ainda precisam ser trabalhadas, em cada etapa de escolaridade avaliada, por meio
da interpretação dos intervalos da Escala. Desse modo, os
Abaixo do Básico
educadores podem focalizar as dificuldades dos estudantes, planejando e executando novas estratégias para apri-
Básico
morar o processo de ensino e aprendizagem.
Proficiente
Avançado
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
275
300
325
350
375
400
425
450
475
500





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
25
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
COMO É A ESTRUTURA DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
Na primeira coluna da Escala, são apresentados
As competências estão dispostas nas várias linhas
os grandes Domínios do conhecimento em Língua
da Escala. Para cada competência, há diferentes graus
Portuguesa, para toda a Educação Básica. Esses Do-
de complexidade, representados por uma gradação de
mínios são agrupamentos de competências que, por
cores, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a
sua vez, agregam as habilidades presentes na Matriz
cor mais clara indica o primeiro nível de complexidade da
de Referência. Nas colunas seguintes são apresenta-
competência, passando pelas cores/níveis intermediá-
das, respectivamente, as competências presentes na
rios e chegando ao nível mais complexo, representado
Escala de Proficiência e os descritores da Matriz de
pela cor mais escura.
Referência a elas relacionados.
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
DESCRITORES
Localiza informação
D1
Identifica tema
D6
Realiza inferência
D3, D4, D5, D16, D17, D18,
D19 e D22
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
D12 e D23
PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
AS INFORMAÇÕES PRESENTES NA ESCALA DE PROFICIÊNCIA
PODEM SER INTERPRETADAS DE TRÊS FORMAS:
Primeira
Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade
das competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da
Escala. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as
habilidades relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que
oriente o planejamento do professor, bem como as práticas pedagógicas em
sala de aula.
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Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser observados, numa
escala numérica de 0 a 500, intervalos divididos em faixas de 25 pontos. Cada
intervalo corresponde a um nível e um conjunto de níveis forma um Padrão de
Desempenho. Esses Padrões são definidos pela Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo (SEDU) e representados em verde. Eles trazem, de forma
sucinta, um quadro geral das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a
partir do conjunto de habilidades que desenvolveram.
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
275
300
325
350
375
400
425
450
475
500




Segunda
Terceira
Ler a Escala por meio dos Padrões
Interpretar a Escala de Proficiência
e Níveis de Desempenho, que apresen-
a partir do desempenho de cada instân-
tam um panorama do desenvolvimento
cia avaliada: estado, Superintendência
dos estudantes em determinados inter-
Regional de Educação (SRE) e escola.
valos. Assim, é possível relacionar as
Desse modo, é possível relacionar o in-
habilidades desenvolvidas com o per-
tervalo em que a escola se encontra ao
centual de estudantes situado em cada
das demais instâncias.
Padrão.
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PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Padrões de Desempenho Estudantil
O QUE SÃO PADRÕES DE DESEMPENHO?
Os Padrões de Desempenho constituem uma caracterização das competências e
habilidades desenvolvidas pelos estudantes de determinada etapa de escolaridade, em uma disciplina / área de conhecimento específica.
Essa caracterização corresponde a intervalos numéricos estabelecidos na Escala
de Proficiência (vide p. 24). Esses intervalos são denominados Níveis de Desempenho, e um agrupamento de níveis consiste em um Padrão de Desempenho.
Padrão de Desempenho muito abaixo do mínimo esperado para a
ABAIXO DO BÁSICO
Até 250 pontos
etapa de escolaridade e área do conhecimento avaliadas. Para os estudantes que se encontram nesse padrão de desempenho, deve ser
dada atenção especial, exigindo uma ação pedagógica intensiva por
parte da instituição escolar.
Padrão de Desempenho básico, caracterizado por um processo inicial
BÁSICO
De 250 até 300 pontos
de desenvolvimento das competências e habilidades correspondentes à etapa de escolaridade e área do conhecimento avaliadas.
Padrão de Desempenho adequado para a etapa e área do conhe-
PROFICIENTE
De 300 até 350 pontos
cimento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão,
demonstram ter desenvolvido as habilidades essenciais referentes à
etapa de escolaridade em que se encontram.
Padrão de Desempenho desejável para a etapa e área de conheci-
AVANÇADO
Acima de 350 pontos
mento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão demonstram desempenho além do esperado para a etapa de escolaridade em que se encontram.
Apresentaremos, a seguir, as descrições das habilidades relativas aos Níveis de
Desempenho da 3ª série do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa, de acordo
com a descrição pedagógica apresentada pelo Inep, nas Devolutivas Pedagógicas
da Prova Brasil, e pelo CAEd, na análise dos resultados do PAEBES 2015.
Esses Níveis estão agrupados por Padrão de Desempenho e vêm acompanhados
por exemplos de itens. Assim, é possível observar em que Padrão a escola, a turma
e o estudante estão situados e, de posse dessa informação, verificar quais são as
habilidades já desenvolvidas e as que ainda precisam de atenção.
28
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
ABAIXO DO BÁSICO
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
25
Identifica letras
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
Reconhece convenções gráficas
Manifesta consciência fonológica
Lê palavras
Localiza informação
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
Identifica tema
Realiza inferência
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
50
75
100
125
150
175
225
250













Até 250 pontos
29
200
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Nível de desempenho 1
Até 250 pontos
»» Localizar informações explícitas em fragmentos de romances e crônicas.
»» Reconhecer expressões características da linguagem (científica, jornalística, etc.) e a relação entre expressão e seu
referente em reportagens e artigos de opinião.
»» Inferir o efeito de sentido de expressão e opinião em crônicas e reportagens.
»» Identificar tema e assunto em poemas e charges, relacionando elementos verbais e não verbais.
»» Identificar elementos da narrativa em história em quadrinhos.
»» Reconhecer a finalidade de recurso gráfico em artigos.
»» Reconhecer o sentido estabelecido pelo uso de expressões, de pontuação, de conjunções em poemas, charges,
fragmentos de romances e em anedota.
»» Inferir o sentido de palavra em letras de música e reportagens.
»» Reconhecer relações de causa e consequência e características de personagens em lendas e fábulas.
»» Reconhecer recurso argumentativo em artigos de opinião.
»» Inferir efeito de sentido da repetição de expressões em crônicas.
»» Inferir causa da ação de um personagem em tirinha.
»» Reconhecer o objetivo comunicativo de reportagem.
Leia o texto abaixo.
Piada
A menina foi visitar a avó no campo. A avó tinha uma criação enorme de aves, e a menina, que
morava na cidade, ficou encantada. E de repente, passeando pela fazenda da avó, ela viu um
pavão. Voltou correndo para casa e, toda alegre, avisou à vovó:
– Vovó! Vovó! Uma de suas galinhas está dando flor!
Para você morrer de rir. Belo Horizonte: Leitura, 2001, p. 13. (P120784ES_SUP)
(P120785ES)
No trecho “Uma de suas galinhas está dando flor!”, o ponto de exclamação reforça a ideia de
A) crítica.
B) espanto.
C) impaciência.
D) indignação.
E) medo.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito do uso
de determinado tipo de pontuação. A compreensão do texto é importante para a
resposta correta desse item, visto que os sinais de pontuação manifestam efeitos
particulares, mas que dependerão dos objetivos comunicativos da escrita na qual
eles estejam inseridos. O texto eleito como suporte é uma anedota, na qual é descrito o encantamento de uma menina da cidade ao visitar a avó no campo. No comando, recorta-se a fala da menina, que é finalizada pelo ponto de exclamação, ao
admirar um pavão, animal que ela desconhecia, já que a mesma inferiu tratar-se de
uma galinha com uma flor. A partir desse contexto, pretende-se avaliar que os estudantes saibam qual ideia seria reforçada pelo uso de tal sinal de pontuação.
Os estudantes que escolheram a alternativa B responderam satisfatoriamente
à expectativa avaliativa do item em questão, compreendendo a sugestão implícita
promovida pela fala da menina e reforçada pelo ponto de exclamação.
30
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
BÁSICO
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
250
Identifica letras
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
Reconhece convenções gráficas
Manifesta consciência fonológica
Lê palavras
Localiza informação
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
Identifica tema
Realiza inferência
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
275
300
325













De 250 a 300 pontos
31
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Nível de desempenho 2
De 250 a 275 pontos
»» Localizar informações explícitas em crônicas, fábulas e reportagens.
»» Identificar os elementos da narrativa em letras de música e fábulas.
»» Reconhecer a finalidade de abaixo-assinado e verbetes.
»» Reconhecer relação entre pronomes e seus referentes e relações de causa e consequência em fragmentos de
romances, diários, crônicas, reportagens e máximas (provérbios).
»» Inferir tema e ideia principal em notícias, crônicas e poemas.
»» Inferir o sentido de palavra ou expressão em história em quadrinhos, poemas e fragmentos de romances.
»» Comparar textos de gêneros diferentes que abordem o mesmo tema.
»» Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas.
»» Interpretar o sentido de conjunções, de advérbios e as relações entre elementos verbais e não verbais em tirinhas,
fragmentos de romances, reportagens e crônicas.
»» Reconhecer relações de sentido estabelecidas por conjunções ou locuções conjuntivas em letras de música e
crônicas.
»» Reconhecer o uso de expressões características da linguagem (científica, profissional, etc.), marcas linguísticas que
evidenciam o locutor em reportagem e a relação entre pronome e seu referente em artigos e reportagens.
»» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal em notícias e charges.
Leia o texto abaixo.
A hora do planeta
5
10
Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro, mas, no dia 26 de março passado, a
iniciativa tinha um significado maior. Ao todo, 123 cidades brasileiras ficaram às escuras por
uma hora, solidárias à campanha A hora do planeta. Criada pela WWF-Austrália em 2007, a
iniciativa foi uma maneira simbólica que a organização não governamental – comprometida
com a conservação da natureza – encontrou para mobilizar a sociedade e seus governantes
quanto ao aquecimento global. É um exemplo de que é possível trazer para a prática uma
ideia que começou na internet, defende a superintendente do WWF-Brasil, Regina Cavini,
coordenadora nacional da campanha. “As redes sociais hoje abrem espaço para as pessoas
se mostrarem proativas e exercerem o ativismo nas redes. No entanto, a internet ainda é
uma ferramenta nova e não aprendemos a usá-la em todo seu potencial”, diz Regina [...].
Apesar de investir nesse enfoque, a ativista não acredita que a internet seja o futuro do
ativismo ambiental. “A ferramenta não vai substituir [...] a prática, mas fazer parte do dia a
dia, como um importante aliado [...]”. No próximo ano, A hora do planeta está prevista para
o dia 28 de março, das 20h às 21h. Fique ligado! Ou melhor, desligado.
LEDÓ, Maria Júlia. Revista do Correio, 27 nov. 2011. (P100155E4_SUP)
(P100158E4) Nesse texto, o trecho em que o autor estabelece contato direto com o leitor é:
A) “Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro,...”. (ℓ. 1)
B) “... a iniciativa tinha um significado maior.”. (ℓ. 1-2)
C) “... 123 cidades brasileiras ficaram às escuras...”. (ℓ. 2)
D) “‘A ferramenta não vai substituir [...] a prática,...’”. (ℓ. 12)
E) “Fique ligado! Ou melhor, desligado.”. (ℓ. 14)
Esse item avalia a habilidade de identificar, em um texto,
tudante deveria proceder à leitura do texto, reconhecendo o
as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlo-
caráter expositivo predominante na descrição da campanha
cutor. Para avaliar essa habilidade, o suporte traz uma repor-
“A hora do planeta”. Porém, no final do último parágrafo, o
tagem na qual o autor discorre sobre uma ação de conscien-
autor emprega o modo verbal imperativo no trecho “Fique
tização sobre o aquecimento global.
ligado!”, direcionando sua fala ao interlocutor. Observando
Para identificar, por meio das marcas linguísticas, em qual
trecho do texto o autor se dirige diretamente ao leitor, o es-
todos esses aspectos, o respondente deveria concluir que
o gabarito é a alternativa E.
32
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Nível de desempenho 3
De 275 a 300 pontos
»» Localizar informações explícitas em artigos de opinião e crônicas.
»» Identificar finalidade e elementos da narrativa em fábulas e contos.
»» Identificar a finalidade de relatórios científicos.
»» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo assunto em reportagens, contos e enquetes.
»» Reconhecer opiniões divergentes sobre o mesmo tema em diferentes textos.
»» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e consequência e entre pronomes
e seus referentes em fragmentos de romances, fábulas, crônicas, artigos de opinião e reportagens.
»» Reconhecer o sentido de expressão e de variantes linguísticas em letras de música, tirinhas, poemas e fragmentos
de romances.
»» Inferir tema, tese e ideia principal em contos, letras de música, editoriais, reportagens, crônicas, artigos e em resenha.
»» Reconhecer o tema de uma crônica.
»» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em charges e história em quadrinhos.
»» Inferir informações em fragmentos de romance.
»» Inferir o efeito de sentido da pontuação e da polissemia como recurso para estabelecer humor ou ironia em tirinhas, anedotas e contos.
»» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos em contos, artigos, crônicas e
em romance.
»» Inferir informação e o efeito de sentido produzido por expressão em reportagens e tirinhas.
»» Reconhecer variantes linguísticas em artigos.
33
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Leia o texto abaixo.
Helena – Capítulo XIII
5
10
Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a
cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespero
comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a
porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar.
A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem
oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos
do infortúnio se houvessem desencadeado sobre ela. Em vão tentava abafar os soluços,
cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações soltas,
enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte
o mais pronto dos remédios. Colérica, rompeu com as mãos o corpinho do vestido; e pôde
à larga desafogar-se dos suspiros que o enchiam. Chorou muito; chorou todas as lágrimas
poupadas durante aqueles meses plácidos e felizes, leite da alma com que fez calar a
pouco e pouco os vagidos de sua dor.
ASSIS, Machado. Helena. São Paulo: Ática, 1997. Fragmento. (P100159E4_SUP)
(P100160E4) Nesse texto, no trecho “Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se
de golpe à cama,...” (ℓ. 3-4), as formas verbais destacadas indicam que as ações
A) estão acontecendo.
B) foram concluídas.
C) podem acontecer.
D) são contínuas.
E) serão realizadas.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito de sentido decorrente do uso de recursos
ortográficos ou morfossintáticos.
No item em questão, o texto utilizado como suporte é
o fragmento do romance Helena, de Machado de Assis, no
qual o narrador descreve minuciosamente um momento de
sofrimento da personagem título da obra.
Para a resolução do item, é necessário que os estudantes identifiquem as mudanças de sentido decorrentes das
variações nos padrões gramaticais da língua. No contexto,
especificamente, eles deveriam perceber a escolha das formas verbais no pretérito perfeito como recurso expressivo
do autor para indicar um fato passado não habitual, com início e término no passado.
Os estudantes que marcaram a alternativa B identificaram corretamente a intencionalidade do autor em empregar
as formas verbais em destaque no comando para resposta:
sugerir que as ações foram concluídas.
34
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
PROFICIENTE
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
300
Identifica letras
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
Reconhece convenções gráficas
Manifesta consciência fonológica
Lê palavras
Localiza informação
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
Identifica tema
Realiza inferência
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
325
350
375













De 300 a 350 pontos
35
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Nível de desempenho 4
De 300 a 325 pontos
»» Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas
e artigos.
»» Localizar a informação principal em reportagens.
»» Identificar ideia principal e finalidade em notícias, reportagens e resenhas.
»» Identificar a finalidade e a informação principal em notícias.
»» Reconhecer características da linguagem (científica, jornalística, etc.) em
reportagens.
»» Reconhecer variantes linguísticas em contos, notícias e reportagens.
»» Reconhecer elementos da narrativa em crônicas.
»» Reconhecer argumentos e opiniões em notícias, artigos de opinião e
fragmentos de romances.
»» Identificar o argumento em contos.
»» Diferenciar abordagem do mesmo tema em textos de gêneros distintos.
»» Inferir informação em contos, crônicas, notícias e charges.
»» Inferir sentido de palavras, da repetição de palavras, de expressões,
de linguagem verbal e não verbal e de pontuação em charges, tirinhas,
contos, crônicas e fragmentos de romances.
»» Inferir informação, sentido de expressão e o efeito de sentido decorrente do uso de recursos morfossintáticos em crônicas.
»» Inferir o sentido decorrente do uso de recursos gráficos em poemas.
»» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal e o efeito
de humor em tirinhas.
»» Reconhecer a relação entre os pronomes e seus referentes em contos.
»» Reconhecer elementos da narrativa em contos.
»» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos em poemas.
»» Reconhecer ideia comum e opiniões divergentes sobre o mesmo tema
na comparação entre diferentes textos.
»» Reconhecer ironia e efeito de humor em crônicas e entrevistas.
»» Reconhecer a relação de causa e consequência em piadas e fragmentos de romance.
»» Comparar poemas que abordem o mesmo tema.
»» Diferenciar fato de opinião em contos, artigos, reportagens e em crônica.
»» Diferenciar tese de argumentos em artigos, entrevistas e crônicas, e
reconhecer um argumento utilizado para defender uma ideia em entrevista.
36
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Leia o texto abaixo.
A herança
Tenho muito carinho pelo meu telefone fixo. E isso desde os tempos em que ele não era
chamado de telefone fixo, mas apenas de telefone. Embora eu perceba que ele não seja lá tão
fixo assim, já que circula com desenvoltura pela casa toda.
Meu pai não foi homem de muitas posses [...] nunca comprou nada, com raras exceções, nada
que pudesse ficar, por exemplo, como herança. Entre as exceções, havia um telefone. [...] Era
isso que eu queria dizer. Ganhei de herança do meu pai um telefone. [...]
E é essa linha que eu vejo agora vivendo seus últimos dias. De pouco me serve aquele telefone
fixo. Amigos, colegas, parentes, propostas de trabalho, chateações de telemarketing – tudo chega
a mim pelo telefone celular.
XEXEO, Artur. Revista O Globo. n. 316, 15 ago. 2010. (P120356ES_SUP)
(P120356ES) Nesse
texto, sobre a mobilidade do telefone, há uma opinião do narrador em:
A) “... ele não era chamado de telefone fixo,...”.
B) “Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo assim,...”.
C) “... nunca comprou nada, com raras exceções,...”.
D) “Entre as exceções, havia um telefone.”.
E) “De pouco me serve aquele telefone fixo.”.
Esse item avalia a habilidade de distinguir um fato de uma opinião. Essa habilidade requer dos estudantes a identificação de marcas opinativas, de subjetividade, que revelam a presença, a “voz” do autor/locutor do texto, diferenciando
essa opinião do que é uma ação objetiva. Para avaliar essa habilidade, foi utilizado como suporte para o item o fragmento de uma crônica, narrada em primeira
pessoa, na qual o narrador relata sua relação com o telefone fixo herdado do pai.
Nesse item, o estudante deveria, após realizar uma leitura global do texto,
reconhecer a presença de um narrador-personagem que, além de descrever as
ações, também revela seus julgamentos e impressões pessoais acerca da história. Nesse sentido, o item destaca passagens do texto entre as quais o estudante
deveria reconhecer aquela que expressa uma opinião do narrador.
Portanto, os estudantes que assinalaram a alternativa B, o gabarito, demonstraram ter reconhecido o trecho em que o narrador aponta sua percepção a respeito do telefone.
37
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Nível de desempenho 5
De 325 a 350 pontos
»» Localizar informação explícita em resenhas.
»» Identificar ideia principal e elementos da narrativa em reportagens e crônicas.
»» Identificar a informação principal em reportagens.
»» Identificar argumento em reportagens e crônicas e o trecho que comprova a tese defendida em artigo de opinião.
»» Reconhecer o efeito de sentido da repetição de expressões e palavras,
do uso de pontuação, de variantes linguísticas e de figuras de linguagem em poemas, contos e fragmentos de romances.
»» Reconhecer variantes linguísticas e o efeito de sentido de recursos gráficos em crônicas e artigos.
»» Reconhecer a relação de causa e consequência em contos.
»» Reconhecer a relação de causa e consequência e relações de sentido
marcadas por conjunções em reportagens, artigos, ensaios, crônicas,
contos e cordéis.
»» Reconhecer diferentes opiniões entre cartas de leitor que abordam o
mesmo tema.
»» Reconhecer o tema comum entre textos de gêneros distintos.
»» Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de figuras de linguagem e de recursos gráficos em poemas e fragmentos de romances.
»» Diferenciar fato de opinião em artigos, reportagens e resenhas.
»» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em tirinhas.
»» Identificar elementos da narrativa e a relação entre argumento e ideia
central em crônicas.
»» Reconhecer a finalidade de propagandas.
»» Reconhecer o tema em poemas.
»» Inferir o sentido de palavras e expressões em piadas e letras de música.
»» Inferir informação em artigos.
»» Inferir o sentido de expressão em fragmentos de romances.
»» Recuperar o referente do advérbio de lugar “lá” em reportagem.
38
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Leia o texto abaixo.
O segredo dos inovadores
5
10
15
Não é dinheiro, nem status, nem reconhecimento o que motiva, em primeiro lugar, os
inovadores. Muito menos pressão. Mas o prazer da descoberta: a sensação de aprender e
vencer desafios.
Está aí a condição essencial para as empresas conseguirem atrair e reter talentos para
gerar inovação dos negócios, segundo um estudo intitulado “O Princípio do Progresso”, que
acaba de ser lançado pela editora da escola de negócios de Harvard.
A forma como se chegou a essa conclusão foi “inusual”. Os pesquisadores conseguiram que
centenas de empregados, todos envolvidos em processos de inovação em suas empresas,
escrevessem diários sobre seus sentimentos no trabalho. Daí saíram 64 mil comentários.
Com base nesse material, viu-se que quanto mais as empresas geravam em seus
funcionários a sensação de progresso individual, mesmo em pequenas coisas, mais fácil
era ter equipes engajadas para inovar e não cair na aposentadoria mental.
Em poucas palavras, a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde
se mantém sempre o prazer de aprender.
O que os pesquisadores de Harvard alertam é o seguinte: num mundo cada vez mais
competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador – e, portanto, empregados
engajados – está condenado.
Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos
inovadores que, muitas vezes, preferem correr riscos e abrir seus próprios negócios.
DIMENSTEIN, Gilberto. Disponível em: <http://portal.aprendiz.uol.com.br/2011/09/14/o-segredo-dos-inovadores/>. Acesso em: 22 nov. 2011.
Fragmento. (P100110E4_SUP)
O argumento que comprova a tese de que a motivação do profissional está na sensação de
aprender e vencer desafios é:
A) “Os pesquisadores conseguiram que centenas de empregados [...] escrevessem diários sobre seus
sentimentos no trabalho.”. (ℓ. 7-9)
B) “... quanto mais as empresas geravam em seus funcionários a sensação de progresso individual [...]
mais fácil era ter equipes engajadas...”. (ℓ. 10-12)
C) “... a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde se mantém sempre o prazer de
aprender.”. (ℓ. 13-14)
D) “... num mundo cada vez mais competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador [...] está
condenado.”. (ℓ. 15-17)
E) “Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos inovadores...”.
(ℓ. 18-19)
(P100111E4)
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos ofe-
são e para que servem os argumentos na dissertação. O
recidos para sustentá-la é a habilidade aferida por meio
texto “O segredo dos inovadores” tem como tese a ideia de
desse item. Essa habilidade requer o reconhecimento, pe-
que a sensação de aprender e vencer desafios é a principal
los estudantes, do embasamento apresentado no texto para
motivação para os profissionais. E, para sustentar tal tese,
apoiar a ideia defendida pelo autor.
um dos argumentos utilizados foi o resultado da pesquisa
O suporte desse item traz um artigo de opinião veicula-
“O Princípio do Progresso”, na qual foi constatado o fato de
do em um portal eletrônico direcionado à discussão educa-
que os colaboradores mais engajados eram aqueles mais
cional, e sua tese é apresentada resumidamente no primeiro
envolvidos em processos de inovação em suas empresas.
parágrafo.
Essa informação está presente no trecho da alternativa B, e
Para resolver esse item, é essencial que os discentes
sejam hábeis na identificação da tese e na distinção do que
39
a escolha dessa opção indica que os estudantes já desenvolveram a habilidade avaliada.
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
AVANÇADO
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
350
APROPRIAÇÃO DO
Reconhece convenções gráficas
Manifesta consciência fonológica
Lê palavras
Localiza informação
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
Identifica tema
Realiza inferência
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
400
425
450
475
500













Identifica letras
SISTEMA DA ESCRITA
375
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
Acima de 350 pontos
40
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Nível de desempenho 6
De 350 a 375 pontos
»» Localizar informações explícitas, ideia principal e expressão que causa
humor em contos, crônicas e artigos de opinião.
»» Identificar variantes linguísticas em letras de música.
»» Reconhecer efeitos estilísticos em poemas.
»» Reconhecer ironia e efeitos de sentido decorrentes da repetição de
palavras em sinopses.
»» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação
entre diferentes textos.
»» Reconhecer a finalidade e a relação de sentido estabelecida por conjunções em lendas e crônicas.
»» Reconhecer finalidade e traços de humor em reportagens.
»» Reconhecer o efeito de sentido do humor em tirinhas.
»» Reconhecer o tema em contos e fragmentos de romances.
»» Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em crônicas e
circunstância de lugar marcada por adjunto adverbial de lugar em resenha.
»» Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas.
»» Inferir o sentido e o efeito de sentido de palavras ou de expressão em
poemas, crônicas e fragmentos de romances.
»» Reconhecer a ideia defendida em artigo de opinião.
»» Inferir característica do eu lírico em letra de música.
41
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Leia o texto abaixo.
Amor Maior
5
10
15
20
25
Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho só
Não é possível...
É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro prá fora
Amor que eu desconheço...
Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu... [...]
Então seguirei
Meu coração até o fim
Prá saber se é amor
Magoarei mesmo assim
Mesmo sem querer
Prá saber se é amor
Eu estarei mais feliz
Mesmo morrendo de dor, yeah!
Prá saber se é amor
Se é amor [...].
FLAUSINO, Rogério. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/jota-quest/68366>. Acesso em: 26 mar. 2010. Fragmento. (P120139ES_SUP)
(P120139ES)
Nesse texto, em relação à procura por um amor intenso, o eu lírico se caracteriza como
A) leviano.
B) maravilhado.
C) persistente.
D) saudosista.
E) solitário.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes inferirem
Esse item requer que o respondente construa significa-
informações que não se encontram na superfície textual, a
dos para o que lê, por meio de pistas oferecidas pelo corpo
partir do entendimento dos elementos dispostos na escrita
textual e da associação com seus conhecimentos prévios.
do texto. O texto utilizado como suporte é uma letra de mú-
Dessa forma, os estudantes que escolheram a alternativa C
sica de um grupo musical bastante popular no país, com um
como resposta perceberam, pelas passagens do texto, que
vocabulário acessível aos estudantes dessa etapa de esco-
a voz que fala no texto confessa o desejo de viver uma rela-
larização. O texto versa sobre a busca obcecada do eu lírico
ção amorosa intensa, já apontando essa persistência ambi-
pelo amor romântico.
ciosa desde o título “Amor maior”.
42
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Nível de desempenho 7
De 375 a 400 pontos
»» Diferenciar fatos de opiniões e opiniões diferentes em artigos e notícias.
»» Inferir o sentido de palavras em poemas.
»» Localizar ideia principal em manuais, reportagens, artigos e teses.
»» Identificar a ideia central e o argumento em apresentações de livros, reportagens, editoriais e crônicas.
»» Identificar elementos da narrativa em crônicas, contos e fragmentos de romances.
»» Identificar ironia e tema em poemas e artigos.
»» Inferir efeito de humor e ironia em tirinhas e charges.
»» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunção em artigos, reportagens e fragmentos de romances.
»» Reconhecer a relação de causa e consequência em reportagens e fragmentos de romances.
»» Reconhecer o efeito de sentido de recursos gráficos em artigos.
»» Reconhecer variantes linguísticas em letras de música e piadas.
»» Reconhecer a finalidade de reportagens, resenhas e artigos.
Leia o texto abaixo.
Disponível em: <http://aescritanasentrelinhas.d3estudio.com.br/wp-content/uploads/2011/02/calvin0001.jpg>. Acesso em: 8 nov. 2011. (P120290C2_SUP)
O humor desse texto está
A) na confiança do menino em relação às suas habilidades.
B) na expressão facial do menino no segundo quadrinho.
C) na lembrança do menino do período em que era bebê.
D) no alto valor cobrado pelo desenho de giz de cera.
E) no desenvolvimento das habilidades motoras do menino.
(P120290C2)
A habilidade avaliada por esse item é a de reconhecer
efeitos de humor em um texto. Essa competência está associada à quebra da expectativa criada pelo leitor, geralmente
presente no final do texto.
que compre um desenho feito por ele, pois, em sua concepção, o trabalho é resultado de muito esforço.
Nos três primeiros quadrinhos o menino faz uma contextualização da forma como ele desenvolveu as habilidades
O suporte utilizado apresenta uma história em quadri-
necessárias para compor sua obra de arte. No último quadri-
nhos, gênero frequente no ambiente escolar; porém, nesse
nho, ao apresentar o desenho, o pai revela ao menino que
caso, o texto apresenta quatro quadrinhos e falas mais lon-
não pagará o alto valor cobrado pelo seu desenho (500,00
gas dos personagens, o que poderia contribuir para a difi-
dólares). Os estudantes que escolheram a alternativa D con-
culdade do item.
seguiram inferir que o humor do texto é o fato de o menino
Para chegar ao gabarito, os estudantes devem perceber
que o menino de seis anos é persuasivo ao propor ao pai
43
demonstrar convicção de que seu desenho infantil feito com
giz de cera tem alto valor.
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Nível de desempenho 8
Acima de 400 pontos
»» Reconhecer o efeito de sentido resultante do uso de recursos morfossintáticos e ortográficos em artigos e letras de música.
»» Reconhecer o conflito gerador do enredo em fábula.
»» Reconhecer a finalidade de cartas de leitor.
Leia os textos abaixo.
Antena de celular faz mal à saúde?
Texto 1
Texto 2
A exposição permanente às radiações
eletromagnéticas pode causar cefaleia, insônia e
até alterações cardiovasculares. A Organização
Mundial da Saúde ainda não declarou qual a
distância prudente entre uma casa e uma torre
de telefonia celular, mas órgãos ambientalistas
adotam 300 m como uma medida segura.
Não há comprovação de que a radiação
das antenas de telefonia celular cause dano à
saúde. A única evidência se refere à tolerância
humana aos níveis de radiação eletromagnética.
O problema é que não há uma fiscalização
dos órgãos competentes sobre esses níveis,
produzidos também por outras fontes, como
antenas de rádio e TV.
José Carlos Virtuoso, professor de engenharia
ambiental
Adroaldo Raizer, professor de eletromagnetismo
Casa Claudia, mar. 2004, ano 28, n. 3. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P120102ES_SUP)
(P120112ES) Esse
dois textos têm por finalidade
A) descrever uma pesquisa.
B) ensinar um procedimento.
C) expor uma opinião.
D) relatar um fato.
E) vender um produto.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes identificarem a finalidade de
textos de diferentes gêneros. Identificar a finalidade de um texto é uma habilidade fundamental, pois possibilita aos estudantes dominar os diferentes propósitos
comunicativos dos diversos gêneros textuais presentes nas esferas sociais de
interação.
Nesse caso, especificamente, busca-se avaliar se os estudantes conseguem
perceber qual é o objetivo enunciativo das cartas de leitores de curta extensão,
gênero que circula na comunidade escolar e que tem uma função específica:
expor críticas e/ou comentários a respeito das matérias apresentadas em jornais
ou revistas.
Para realizar essa tarefa, os estudantes precisam analisar a estrutura dos textos, conjugando o seu conteúdo, e perceber o posicionamento dos autores dos
textos 1 e 2. Pautados nessas informações, podem concluir qual é o objetivo dos
textos e chegar ao gabarito.
Os estudantes que assinalaram a alternativa C conseguiram conjugar todos
os elementos constitutivos dos textos (estrutura, linguagem, tipologia textual, referência bibliográfica), reconhecendo, dessa forma, que o objetivo comunicativo
pretendido é expor uma opinião.
44
4
COMO SÃO APRESENTADOS
OS RESULTADOS DO PAEBES?
Realizado o processamento dos testes, ocorre a divulgação dos
resultados obtidos pelos estudantes.
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
O processo de avaliação em larga escala não acaba quando os resultados chegam à escola. Ao contrário, a partir desse
momento toda a escola deve analisar as informações recebidas, para compreender o diagnóstico produzido sobre a aprendizagem dos estudantes. Em continuidade, é preciso elaborar
estratégias que visem à garantia da melhoria da qualidade da
educação ofertada pela escola, expressa na aprendizagem de
todos os estudantes.
Para tanto, todos os agentes envolvidos – gestores, professores, famílias – devem se apropriar dos resultados produzidos
pelas avaliações, incorporando-os à discussão sobre as práticas
desenvolvidas pela escola.
O encarte de divulgação dos resultados da escola traz uma
sugestão de roteiro para a leitura dos resultados obtidos pelas
avaliações do PAEBES. Esse roteiro pode ser usado para interpretar os resultados divulgados no Portal da Avaliação http://
www.paebes.caedufjf.net/ e no encarte Escola à vista!
46
5
COMO A ESCOLA PODE SE
APROPRIAR DOS RESULTADOS DA
AVALIAÇÃO?
Apresentamos, a seguir, um Estudo de Caso de apropriação
dos resultados da avaliação externa. Este estudo representa
uma das diversas possibilidades de trabalho com os resultados,
de acordo com a realidade vivida pela comunidade escolar.
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Mudanças a partir da apropriação dos resultados da avaliação externa
Juliana era professora das sé-
orientá-la sobre como proceder em
dizagem de seus estudantes. Na
ries iniciais do Ensino Fundamental
relação ao planejamento. Foi nesse
sala dos professores, Juliana sem-
na escola Silmara Rosa. Quando se
primeiro contato que a professora
pre escutava que a maior parte dos
formou em Pedagogia, Juliana esta-
começou a perceber que perten-
estudantes não possuía incentivo
va ciente do seu papel de alfabeti-
ceria a um universo bem diferente
familiar e que os responsáveis qua-
zadora e sabia que haveria muitos
daquele que imaginava encontrar.
se não apareciam na escola para
desafios a serem enfrentados para
Suas preocupações, enquanto
saber da vida escolar de seus filhos.
garantir a aprendizagem de seus
graduanda em Pedagogia, sempre
Na verdade, por conta da pouca
estudantes. No entanto, a professo-
foram voltadas para o saber ensinar
adesão, a direção já não realizava
ra, recém-formada, não imaginava
e para o saber alfabetizar. Durante
mais reuniões de pais. Sem diálogo
que diversos fatores iriam influen-
os momentos de formação, sua tur-
com a família, a responsabilidade
ciar em seu trabalho.
ma esteve em contato constante
pela educação dos estudantes fi-
Ao ser efetivada em sua atual
com aspectos relacionados à impor-
cava exclusivamente com a escola
escola, a primeira ação de Julia-
tância da utilização das orientações
e, principalmente, com os professo-
na foi conhecer o Projeto Político
curriculares e da construção de pla-
res. Isso era uma queixa recorrente
Pedagógico, o PPP, como se refe-
nos de aula, com foco no uso de
entre seus colegas de trabalho, que
riam seus professores formadores.
diferentes metodologias e práticas
alegavam não conseguir grandes
Além disso, buscou com os novos
pedagógicas.
avanços na aprendizagem dos seus
colegas, orientações sobre o plane-
Além disso, algumas disciplinas
estudantes por conta dos fatores
jamento e a proposta curricular da
faziam referência constante ao PPP
extraescolares e pela falta de apoio
rede. Entretanto, ao chegar à escola
e Juliana sabia que ele deveria ser
familiar.
e solicitar o PPP, o acesso ao docu-
consultado e atualizado periodica-
Apesar de se sentir prepara-
mento não foi simples e fácil, pois
mente pelos gestores e pela equipe
da para enfrentar a vida docente,
estava desatualizado. Ao consultar
pedagógica. Esse documento de-
Juliana descobriu que, na prática,
os colegas, poucos conseguiram
veria apresentar detalhes da esco-
era preciso, sim, saber ensinar, sa-
la, com os objetivos educacionais e
ber alfabetizar, saber planejar aulas.
os meios que seriam utilizados para
Percebeu que seus cursos foram
um rendimento adequado pelos es-
de grande valia, mas era preciso,
tudantes. Assim, ao longo de sua
também, saber lidar com a diversi-
formação, considerando tantos ele-
dade encontrada em sua sala de
mentos do contexto escolar, Juliana
aula, com as histórias que seus es-
sempre buscou aproveitar todas as
tudantes traziam e com a realidade
oportunidades para se aperfeiçoar,
que envolvia a comunidade em que
fazendo com dedicação vários cur-
sua escola estava inserida. E isso,
sos e estágios que julgava interes-
inicialmente, foi um choque para a
santes para auxiliá-la nessas tarefas.
professora novata, cheia de planos
“
[...] na prática,
era preciso, sim, saber
ensinar, saber
alfabetizar, saber
planejar aulas [...] mas
era preciso, também,
saber lidar com a
diversidade
encontrada em sua
sala de aula [...]
A escola em que Juliana foi
e idealizações.
lotada era mediana, possuía, em
Juliana sabia que não apenas
seus três turnos, apenas 29 turmas.
a sua turma enfrentava essas difi-
Localizada em um bairro periférico,
culdades, sendo essa uma situação
a escola enfrentava problemas de
vivenciada por toda a escola. Por
cunho social para garantir a apren-
isso, seu primeiro passo foi conver-
48
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
sar com os outros professores mais
metodologia utilizada. Sua reação, a
iniciais, também, para conhecer me-
experientes e com mais tempo na
princípio, foi questionar o porquê de
lhor o programa de avaliação.
escola, para saber como lidavam
mais uma prova, sendo que já exis-
Na reunião, conduzida pela
com esses fatores, sem que eles
tiam outras. Como essa avaliação
coordenadora pedagógica Rita, foi
os desanimassem e atrapalhassem
poderia ajudar, sendo que ela já sa-
possível perceber que grande par-
seus trabalhos. Nesse percurso, ela
bia a situação de seus estudantes?
te dos professores, apesar de estar
ouviu diferentes histórias e opiniões
Será que a intenção era avaliar o de-
na escola havia bastante tempo, não
de seus colegas de trabalho, algu-
sempenho dos professores? Além
estava envolvida com o programa.
mas um pouco desanimadoras, mas
de seus próprios questionamentos,
E foi abordando essa situação que
outras bem estimulantes.
Juliana começou a ouvir o questio-
Rita iniciou a fala dela, demons-
Juliana era professora regente
namento de seus colegas que já es-
trando preocupação com o pouco
da turma do 3º ano do Ensino Fun-
tavam na rede desde o surgimento
engajamento de sua equipe com a
damental e, apesar de todas as di-
do programa de avaliação estadual,
avaliação e, também, com a mudan-
ficuldades encontradas, julgou que
e a cada fala ficava mais apreensiva
ça negativa nos resultados de um
o seu trabalho estava sendo de-
com o objetivo daquela avaliação.
ano para o outro.
senvolvido com êxito, uma vez que
A preocupação de Juliana justifica-
A coordenadora pedagógica
estava cumprindo o seu papel, inde-
va-se pelo fato de ela mesma saber
sabia de todas as dificuldades en-
pendente das barreiras no caminho.
que seus estudantes apresentavam
frentadas pela escola e pelos seus
Mas ela tinha consciência de que,
dificuldades e, portanto, não teriam,
professores, principalmente as re-
mesmo com toda a sua dedicação
dependendo do teste, um rendi-
lacionadas ao pouco envolvimento
e empenho, seus estudantes ainda
mento satisfatório. Ela seria punida
familiar e às condições socioeconô-
apresentavam muitas dificuldades, e
por isso? Seria vista pelos seus co-
micas da comunidade. Além disso,
estavam muito aquém daquilo que
legas como uma má profissional?
existiam algumas dificuldades em
era esperado deles no 3º ano do
Ensino Fundamental.
Desde o início da faculdade,
relação ao planejamento escolar. O
Juliana sempre se preocupou em
PPP, importante documento de ges-
Em abril, Juliana foi convidada
informar-se sobre os assuntos rela-
tão dos resultados de aprendiza-
para participar de uma reunião so-
cionados à educação, mas o tema
gem, por meio da projeção e da or-
bre o programa de avaliação esta-
avaliação externa não havia sido dis-
ganização, e acompanhamento de
dual que já existia há três anos na
cutido durante o curso, e ela pouco
todo o universo escolar, encontra-
rede. Juliana conhecia pouco sobre
tinha ouvido falar sobre esse assun-
va-se desatualizado. Os professores
avaliação externa, sabia de algumas
to. Por isso, apesar de não acreditar
não tinham o costume de consultar
avaliações nacionais, como a Ava-
que a reunião seria produtiva, pois,
a proposta curricular da rede. Rita
liação Nacional da Alfabetização
na maior parte das vezes, as reu-
sabia que um trabalho grande ainda
(ANA), a Prova Brasil e a Provinha
niões viravam grandes discussões,
haveria de ser feito.
Brasil, mas não conhecia qual era o
Juliana resolveu participar, com a in-
A coordenadora pedagógica
objetivo dessas avaliações, nem a
tenção de esclarecer suas dúvidas
conhecia detalhadamente os resul-
“
[...] sempre se preocupou em informar-se sobre os
assuntos relacionados à educação, mas o tema avaliação
externa não havia sido discutido [...]
49
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
“
[...] a avaliação
externa poderia ser
mais um importante
instrumento para
o planejamento
pedagógico e,
por meio dela,
era possível
acompanhar em
quais habilidades
os estudantes
apresentavam
dificuldade, em
cada etapa de
escolarização [...]
dos estudantes nas avaliações ex-
mentos, Rita apresentou novamente,
ternas, foi esse o primeiro esforço
pois já o tinha feito em outra data,
de atualização do documento.
os resultados de participação e
Rita estava envolvida com o pro-
proficiência dos anos anteriores, e
grama de avaliação desde o início,
marcou uma reunião para a semana
mas ainda não tinha conseguido
seguinte. Nessa reunião, a coorde-
uma forma de quebrar os tabus re-
nadora capacitaria os professores,
ferentes à avaliação e de fazer com
para que eles pudessem analisar
que a equipe da escola a enxergas-
os resultados das avaliações e rela-
se como um instrumento a favor do
cioná-los ao trabalho realizado pela
trabalho docente. Então, como se-
equipe escolar.
gunda estratégia, pensou que seria
Juliana saiu da reunião mais ali-
importante organizar uma reunião
viada e com mais interesse sobre
com os professores, mas seguindo
o tema. De acordo com exemplos
uma proposta diferenciada: antes de
apresentados, a avaliação exter-
falar da importância da aplicação do
na poderia ser mais um importante
teste, que seria em outubro, e co-
instrumento para o planejamento
mentar o resultado do ano anterior,
pedagógico e, por meio dela, era
Rita começou a apresentar alguns
possível acompanhar em quais habi-
exemplos de ações em diferentes
lidades os estudantes apresentavam
contextos escolares, mesmo que de
dificuldade, em cada etapa de esco-
outras redes de ensino, que tinham
larização, e, também, saber em quais
conseguido aumentar a participação
habilidades os estudantes possuíam
tados de sua escola, que nos dois
dos estudantes na avaliação e me-
mais facilidade. Juliana não estava
últimos anos mostravam uma defi-
lhorar os resultados obtidos a partir
mais preocupada com o julgamento
ciência enorme na aprendizagem:
do trabalho feito com base nos re-
que receberia por conta do resulta-
os resultados do primeiro ano da
sultados e na consulta aos docu-
do de seus estudantes, mas ansiosa
avaliação foram ruins, muito abaixo
mentos oficiais da rede, como as
para poder diagnosticar as dificulda-
do que ela e a equipe pedagógica
propostas curriculares e o PPP. Para
des e relacioná-las aos conteúdos
esperavam, e os do segundo ano
poder apresentar tais exemplos, Rita
apresentados nas orientações cur-
foram ainda piores. Ela precisava re-
fez várias pesquisas e pediu apoio a
riculares, apresentando, assim, um
verter essa situação, mas não conse-
sua Coordenadoria Regional. Aquela
norte para planejar seu trabalho. Ela
guia pensar sozinha em estratégias
reunião já estava sendo preparada
sabia que, provavelmente, as dificul-
e projetos: seria necessário ter o
por Rita havia muito tempo.
dades apresentadas por seus estu-
apoio dos professores e dividir com
Após a apresentação, Rita per-
dantes seriam as mesmas que eles
eles as angústias e as responsabili-
cebeu que os professores come-
já apresentavam em suas próprias
dades.
çaram a conversar entre si e a fazer
avaliações internas, mas seria possí-
A primeira estratégia seria, en-
perguntas sobre cada escola citada
vel ter essa confirmação e saber se
tão, dado o relato de Juliana ao ini-
como exemplo. Foi a primeira reu-
essa era a realidade dos estudan-
ciar o trabalho na escola, era atuali-
nião em que a coordenadora peda-
tes de toda a escola ou, especifica-
zar o PPP da escola. Como estavam
gógica enxergava algum interesse
mente, de sua turma. Seria possível,
trabalhando, naquele momento, com
por parte de seus professores. De-
também, saber se seus estudantes
as informações sobre o rendimento
pois de responder aos questiona-
conseguiriam, em um teste elabora-
50
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
“
Todos concordaram que incentivar a leitura era um caminho essencial
para melhorar o desempenho dos estudantes e que seria interessante
conseguir o apoio das famílias nesse trabalho.
do por outras pessoas, demonstrar
ferentes aos estudantes de Juliana,
era montar um “Cantinho de Leitura”
as habilidades que ela julgava que
mas ela, através das suas avaliações
na sua sala de aula, para estimular
eles já tinham consolidado.
internas, sabia que aquelas eram as
o gosto pela leitura, e fazer visitas
Como combinado, na segun-
mesmas dificuldades que seus es-
regulares à biblioteca escolar, moni-
da reunião sobre o programa de
tudantes apresentavam. Por curio-
torando a escolha dos livros e a lei-
avaliação, Rita apresentou como a
sidade, Juliana resolveu conhecer
tura dos mesmos pelos estudantes.
avaliação externa era pensada, sua
os resultados das outras etapas do
Para a implementação da sua ideia,
metodologia e seus instrumentos. A
ciclo de alfabetização, e descobriu
Juliana precisaria de alguns livros,
coordenadora não era especialista
que as dificuldades concentravam-
por isso, resolveu conversar com
no assunto, mas já o estava estu-
-se, também, em questões ligadas à
Rita para ver o que poderia ser feito.
dando havia um bom tempo, e sen-
leitura e à escrita.
Para Rita, a ideia de Juliana era
tiu-se segura para dividir com sua
Foi bem desanimador para Ju-
fácil de ser efetivada e muito inte-
equipe o que ela havia aprendido.
liana conhecer a realidade da sua
ressante, por isso resolveu compar-
Com o fim da segunda reunião, ela
escola na avaliação, ver oficializado
tilhá-la com os demais professores
solicitou que os professores anali-
aquilo que ela presenciava todos os
do Ciclo de Alfabetização. Seria
sassem os resultados obtidos nos
dias. Mas o que mais a incomodava
importante que todas as salas ti-
anos anteriores e propusessem
era o fato de alguns professores en-
vessem o seu “Cantinho de Leitura”
ações e projetos para melhorar o
cararem aquela situação como nor-
e, também, que fosse criada uma
desempenho de seus estudantes.
mal, pois já haviam se acostumado
agenda regular para a visita à biblio-
Rita passou o endereço do site para
e não acreditavam que era possível
teca. Incentivar e estimular a leitura
que eles conhecessem as revistas
reverter o quadro e conseguir me-
com certeza traria benefício para a
pedagógicas e a senha para que
lhorar o desempenho dos estudan-
aprendizagem dos estudantes, e a
todos pudessem acessar os resul-
tes. Para ela, era impossível aceitar
escola possuía recursos (livros) para
tados.
trabalhar sem perspectiva de me-
implementar tal projeto.
Então, com o que havia apren-
lhora, sem acreditar no seu trabalho
Para apresentar a proposta do
dido na reunião pedagógica e de
e no pontecial de seus estudantes.
“Cantinho de Leitura” para os outros
posse das revistas e dos resultados,
Era preciso ao menos tentar!
professores, Rita convocou uma
Juliana analisou os dados de anos
Desde os seus primeiros dias
reunião com os responsáveis pelo
anteriores e tentou interpretá-los
na escola, Juliana pensava em fazer
Ciclo de Alfabetização. Na reunião,
com o apoio da Matriz de Referên-
algum trabalho com seus estudan-
ela pediu que Juliana falasse sobre
cia e da Escala de Proficiência. Ao
tes utilizando a biblioteca, que pos-
a interpretação que tinha feito dos
pesquisar quais habilidades os es-
suía um bom número de livros infan-
resultados, das conclusões a que
tudantes do 3° ano apresentavam
tis e era pouco frequentada. Como
chegou e sobre o “Cantinho de Lei-
mais dificuldade, nas duas últimas
apresentado nas orientações curri-
tura”. A fala de Juliana foi bem aceita
edições da avaliação, percebeu
culares, ela sabia que trabalhar a lei-
pelos seus colegas e, com o decor-
que elas giravam em torno dos gê-
tura de vários gêneros textuais iria
rer da reunião, outras ideias com-
neros textuais e da produção escri-
melhorar a interpretação textual e a
plementares ao seu projeto foram
ta. Aqueles resultados não eram re-
escrita de sua turma. Sua ideia inicial
surgindo. Todos concordaram que
51
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
incentivar a leitura era um caminho
Durante todo o ano, o projeto
dos estudantes com a leitura e a vi-
essencial para melhorar o desem-
foi levado a sério pela escola. O tra-
são que a equipe pedagógica tinha
penho dos estudantes e que seria
balho compartilhado contribuiu não
da avaliação externa.
interessante conseguir o apoio das
só para a aprendizagem dos estu-
Quando apresentou o novo re-
famílias nesse trabalho. Sendo as-
dantes, mas também para o entro-
sultado, Rita parabenizou os profes-
sim, tiveram, em conjunto, a ideia
samento da equipe pedagógica e
sores por todo o empenho e pelo
de fazer “O Dia do Livro na Escola”
seu enriquecimento profissional. A
aumento da proficiência. Como con-
para inaugurar o “Cantinho de Leitu-
insistência da escola em buscar o
sequência do trabalho realizado ao
ra”: esse evento teria como principal
incentivo dos responsáveis conse-
longo do ano anterior, a escola teve
foco sensibilizar os responsáveis
guiu o apoio de alguns, antes pou-
um resultado satisfatório. A coor-
sobre a importância de incentivar
co envolvidos com a educação de
denadora pedagógica, nessa mes-
a leitura dos estudantes e mostrar-
seus filhos.
ma reunião, conversou com toda a
-lhes como poderiam fazer isso.
Com todo o trabalho desen-
equipe sobre as possibilidades de
Nas duas semanas seguintes,
volvido, Juliana e os demais pro-
continuidade e adaptação do proje-
Juliana e os outros professores tra-
fessores perceberam melhora no
to para os próximos anos. Ela sabia
balharam na elaboração do evento:
desempenho de seus estudantes,
que ainda havia um longo caminho
ensaiaram um grupo de estudantes
e estavam curiosos para conhecer
pela frente, mas o primeiro passo já
para uma apresentação teatral, ela-
o resultado da avaliação externa
havia sido dado, quando os profes-
boraram os convites para os pais,
aplicada naquele ano. Foi a primeira
sores entenderam que os resulta-
organizaram um “Cantinho de Lei-
vez que a escola desenvolveu um
dos poderiam ser utilizados para a
tura” em cada sala e conseguiram
trabalho pautado nos resultados da
melhoria do ensino da escola. Com
doações de livros. No evento “O Dia
avaliação externa da rede estadual,
o apoio de todos, Rita tratou de ofi-
do Livro na Escola”, cada estudante
por isso eles estavam ansiosos para
cializá-lo no PPP, buscando conti-
ganharia um livro de presente para
ver como esse trabalho havia im-
nuar a atualização dele para consul-
ler em casa e os responsáveis se-
pactado os resultados e para quais
ta dos profissionais da escola.
riam incentivados a acompanhar a
caminhos eles iriam apontar.
leitura dos estudantes.
Juliana que, inicialmente, havia
No começo do ano seguinte,
se assustado com a ideia da avalia-
Apesar de muitos pais não te-
a coordenadora pedagógica Rita
ção externa, viu nela a possibilidade
rem participado do evento, o grupo
marcou uma reunião com os pro-
de obter informações para trans-
de professores à frente do projeto
fessores do Ciclo de Alfabetização
formar a sua prática, melhorando a
ficou satisfeito com a participação e
para apresentar os resultados do
aprendizagem de seus estudantes.
com o envolvimento dos que esta-
ano anterior e conversar sobre eles.
Para o novo ano, a equipe pedagó-
vam presentes. A partir desse dia,
Rita acompanhou o trabalho realiza-
gica, que agora estava ciente do pa-
cada professor começaria a utilizar
do por Juliana e seus colegas, sabia
pel dessa avaliação, planejou novas
o “Cantinho de Leitura” de sua sala
que aquele resultado estava sen-
capacitações, para que todos pu-
e a levar seus estudantes à biblio-
do esperado por todos e sentiu-se
dessem conhecer mais esse instru-
teca. Foi combinado, também, que
realizada por ter conseguido que o
mento e implementar novas ações.
os pais seriam sempre lembrados
resultado das avaliações transfor-
da importância da leitura, através de
masse a prática de seus professo-
bilhetes e de reuniões na escola.
res e, consequentemente, a apren-
Além disso, os professores iriam se
dizagem dos estudantes. O projeto
reunir de 15 em 15 dias para com-
“Cantinho de Leitura”, proposto por
partilhar seus trabalhos e trocar ex-
Juliana, surgiu a partir da interpreta-
periências.
ção dos resultados da avaliação externa, e conseguiu mudar a relação
52
6
QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
PODEM SER UTILIZADAS PARA
DESENVOLVER DETERMINADAS
HABILIDADES?
Com o intuito de subsidiar o trabalho docente, o texto
seguinte traz sugestões para que os professores de Língua
Portuguesa trabalhem algumas habilidades com os estudantes, em sala de aula.
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
O TRABALHO COM TEMA, TESE E ARGUMENTAÇÃO NO
ENSINO MÉDIO
Em 2014, o principal motivo para a obtenção de nota
zero na prova de redação do Enem foi fuga ao tema. Mais
teriores, quais sejam: identificar o tema ou o sentido global e
o gênero dos textos.
de 217 mil candidatos cometeram esse erro, demonstrando
Tais habilidades integram Matrizes de Referência elabo-
ter dificuldades de interpretação de texto. O tema da reda-
radas a partir de estudos de diversas propostas curriculares
ção era “Publicidade infantil em questão no Brasil”, ou seja,
de ensino vigentes no país, além de pesquisas sobre livros
esperava-se que os candidatos dissertassem sobre a mani-
didáticos e debates com educadores em atividade nas redes
pulação que a publicidade exerce sobre um público ainda
de ensino e especialistas em educação. Essas matrizes são
inabilitado para ser exposto a ela, sem um pensamento críti-
formadas por um conjunto de habilidades que são espera-
co desenvolvido. No entanto, muitos comentaram a questão
das dos estudantes em diferentes etapas de escolarização
da participação de crianças em propagandas publicitárias, o
e passíveis de serem aferidas em testes padronizados de
que não era o caso. A abrangência do tema pode ter feito
desempenho.
com que muitos estudantes discutissem apenas a publicida-
Os estudantes que chegam ao 3º Ano do Ensino Médio
de ou só a questão infantil, sendo que alguns apenas tan-
sem ter desenvolvido bem as habilidades de identificar tema
genciaram esses assuntos.
e gênero textuais terão mais dificuldades para identificar a
Outro erro comumente cometido pelos estudantes que
tese de um texto, estabelecer relações entre a tese e os ar-
igualmente leva à nota zero é não seguir o tipo de texto exi-
gumentos que a sustentem e reconhecer diferentes estraté-
gido: o dissertativo-argumentativo. Isso é sinal de que muitos
gias de argumentação – habilidades esperadas para esse
candidatos não dominam as características desse tipo de
estágio de aprendizagem. Desse modo, o professor precisa
texto, o que implica um grave problema: há um número con-
reforçar o conhecimento de suas turmas sobre o que é tema:
siderável de estudantes concluindo o Ensino Médio sem ter
o assunto, a matéria tratada no texto. Isso pode ser feito por
desenvolvido suficientemente algumas habilidades referentes
meio de questões objetivas, acompanhadas de debate, so-
à Língua Portuguesa, que já são esperadas desde etapas an-
bre o que determinados textos abordam. Um exemplo de
atividade pode consistir em expor uma letra de música aos
estudantes, como “Asa branca”, de Luiz Gonzaga:
“
Asa Branca
(Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira)
Quando oiei a terra ardendo
Qua fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, uai
Os estudantes que chegam ao
3º Ano do Ensino Médio sem ter
desenvolvido bem as habilidades
de identificar tema e gênero
textuais terão mais dificuldades
para identificar a tese de um texto,
estabelecer relações entre a tese e
os argumentos que a sustentem e
reconhecer diferentes estratégias de
argumentação
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse a deus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas léguas
54
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Numa triste solidão
sentido vai sendo formado da consequência para a causa: a
Espero a chuva cair de novo
consequência é o calor extremo, sugerido pelas palavras ar-
Para eu voltar pro meu sertão
dendo, braseiro, fornaia, e a causa, a seca, a farta d’água, falta
de chuva.
Quando o verde dos teus oio
Demonstrado isso, os estudantes podem fazer a se-
Se espalhar na prantação
guinte atividade:
Eu te asseguro não chore não, viu
Qual é o tema do texto?
Que eu voltarei, viu
Meu coração
a. A solidão dos sertanejos.
Para ajudar os estudantes a identificarem o tema, sobretudo os que tiverem mais dificuldade, pode-se orientá-los a
observar no texto palavras e expressões que tenham sentidos
próximos, tais como: terra ardendo, fogueira, braseiro, fornaia,
farta d’água, “Espero a chuva cair de novo”. Observa-se que,
na ordem em que tais termos vão aparecendo no texto, o
b. A fauna sertaneja.
c. A seca do sertão.
d. A vegetação do sertão.
e. A festa de São João.
Avaliando-se que os estudantes apreenderam bem o
conteúdo desse exercício, pode-se passar para uma atividade semelhante, mas trabalhando agora com um texto dis-
“
sertativo-argumentativo, que é o foco desta nossa reflexão.
Apresentando aos estudantes um texto como o que segue
abaixo, é produtivo solicitar-lhes, a princípio, a identificação
Para ajudar os estudantes a identificar
o tema, sobretudo os que tiverem
mais dificuldade, pode-se orientálos a observar no texto palavras e
expressões que tenham sentidos
próximos
do tema, para reforçar essa habilidade.
Leia o texto abaixo:
Unesco quer que escola ensine a mediar conflitos
Adotado em países como Argentina, Espanha, França
e Austrália, a mediação dos conflitos pode entrar na grade
curricular das escolas como uma forma de reduzir a violência. A Unesco tem dialogado com o Ministério da Educação
nesse sentido. No Rio de Janeiro, pelo menos 20 escolas
públicas adotaram a ideia e mantêm projetos que ajudam
as crianças a mediar conflitos por meio de conversa. O objetivo é atacar a cultura da hipermasculinidade que reforça
a ideia de que a solução para os conflitos é feita por meio
da força. [...]
[...] “É preciso conscientizar os estudantes de que existem formas não-violentas de resolução de conflitos”, afirma
o sociólogo Jorge Werthein, da Unesco. Para ele, a cultura
de mediação propicia a prática do diálogo, a resolução de
conflitos, diminui o sentimento de insegurança dos estudantes, interfere nos níveis de violência e pode contribuir para
a melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem [...].”
(COLLUCCI, Cláudia. Folha de S. Paulo, 25 jul, 2005.
p. C 4. Fragmento.)
55
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
“
Os estudantes que tiverem dificuldade devem ser auxiliados pelo professor ou por colegas. Após a classe ter
compreendido que o tema é o ensino da mediação de con-
Para reforçar a habilidade de
identificar a tese de um texto, o
professor pode também apresentar
aos estudantes pequenos textos
dissertativos, pedindo-lhes para
identificar suas respectivas teses e
argumentos
flitos na escola, o professor pode questionar como esse
tema é tratado: de modo descritivo, narrativo ou dissertativo? Após ouvir algumas respostas, explicar o conceito de
texto dissertativo-argumentativo, cuja finalidade é defender
um ponto de vista sobre determinado assunto, por meio de
uma argumentação sólida e coerente. Trata-se, portanto, de
um gênero textual que visa ao convencimento do leitor/interlocutor. Por isso, ele sempre se baseia em uma tese: uma
proposição teórica, isto é, uma sentença declarativa, de intenção persuasiva, apoiada em argumentos convincentes
sobre o tema tratado. A tese é o elemento fundamental do
texto dissertativo-argumentativo.
A tese defendida pelo autor do texto acima é a de que
Antes disso, porém, importa ainda esclarecer que a escolha da alternativa B sugere uma leitura pouco acurada, que
leva a uma inferência equivocada, e que a alternativa D apre-
a mediação de conflitos propicia a prática do diálogo e di-
senta uma informação que se contrapõe à tese, consistindo
minui a violência. É produtivo induzir os estudantes a che-
em uma contradição.
Para reforçar a habilidade de identificar a tese de um
gar a esse entendimento por meio de uma questão objetiva, como a seguinte:
texto, o professor pode também apresentar aos estudantes
pequenos textos dissertativos, pedindo-lhes para identificar
A tese defendida pelo autor desse texto é a
de que a mediação de conflitos
a. deve ser uma disciplina escolar das escolas públicas
do Rio de Janeiro.
b. melhora a aprendizagem nas escolas públicas.
suas respectivas teses e argumentos, conforme o modelo a
seguir:
Identifique o sentido argumentativo dos
seguintes textos, e separe, por meio de
barras, a tese e o(s) argumento(s).
c. propicia a prática do diálogo e diminui a violência.
a. “Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para
d. reforça a ideia de que a resolução de desentendi-
o que preciso. É econômico, nunca dá defeito e tem
mentos ocorre pela força.
espaço suficiente para transportar toda a minha famí-
Avalia-se assim a habilidade de os estudantes reconhe-
lia.”
cerem a tese de um texto – tarefa que pode ser mais ou
b. “Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais;
menos complexa em função do nível de explicitude da tese.
além disso, todo ano batemos recordes de produção
Como vimos, nesse caso, a alternativa correta é a letra C,
agrícola. Sem contar que nosso parque industrial é
que apresenta a tese explicitada logo no primeiro parágrafo
um dos mais modernos do mundo. Definitivamente,
– como convém a textos dissertativo-argumentativos.
somos o país do futuro.”
Ao discutir a atividade, é produtivo o professor explicar,
sobretudo aos estudantes que assinalarem a alternativa A,
c. “Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem
que a informação de que 20 escolas do Rio de Janeiro já
tudo para dar errado: nossa diferença de idade é
adotaram a proposta da Unesco é um fato que compõe a ar-
grande e nossos gostos são quase que opostos.
gumentação que defende a tese, mas não a tese em si. Com
Além disso, a família dela é terrível.”
isso, já se delineia antecipadamente dois tópicos a serem
tratados em seguida: como estabelecer relação entre a tese
d. “Como o Brasil é um país muito injusto, toda política
e os argumentos oferecidos para sustentá-la e reconhecer
social por aqui implementada é vista como demago-
diferentes estratégias de argumentação.
gia, paternalismo.”
56
Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio PAEBES 2015
Ao debater sobre esse exercício, o professor pode explicitar como os argumentos se relacionam com as teses
de prestígio, como as universidades federais, hospitais-escola, santas casas etc.
que defendem: em (A), temos uma constatação (tese) se-
Há também o argumento pelo exemplo e pela ilustração,
guida das motivações (argumentos) que a fundamentam:
que podem tornar o texto mais claro, auxiliando sua com-
Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o
preensão. Na letra B da atividade anterior, vimos a tese de
que preciso (TESE)./ É econômico (argumento 1), /nunca dá
que o Brasil é o país do futuro defendida por meio de exem-
defeito (argumento 2)/ e tem espaço suficiente para trans-
plos, que são fatos citados para apoiar uma definição (a de
portar toda a minha família (argumento 3).
que o Brasil é o país do futuro). É um tipo de argumento que
Já em (B), o texto parte de exemplificações para, en-
fundamenta a tese. Já o argumento pela ilustração visa refor-
tão, enunciar uma proposição (tese): Veja bem (vocativo), o
çar a adesão a uma regra reconhecida e aceita, fornecendo
Brasil a cada ano exporta mais e mais (argumento 1);/ além
casos particulares que esclarecem o enunciado geral. Neste
disso, todo ano batemos recordes de produção agrícola
caso, a argumentação se desenvolve em sentido contrário:
(argumento 2)./ Sem contar que nosso parque industrial é
da tese (regra geral) para os argumentos (casos isolados),
um dos mais modernos do mundo (argumento 3)./ Definiti-
enquanto a argumentação por exemplos se desenvolve por
vamente, somos o país do futuro (TESE).
meio de casos isolados em direção à regra (tese).
A letra (C) retoma a mesma estrutura de (A): Embora a
Para esclarecer melhor esses conceitos, vamos a um
gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar erra-
exemplo prático de um conjunto de atividades que contemplam
do (TESE):/ nossa diferença de idade é grande (argumento
as seguintes habilidades exigidas pelas matrizes de referência:
1) e nossos gostos são quase que opostos (argumento 2).
1. Identificar a tese de um texto.
Além disso, a família dela é terrível (argumento 3).
2. Estabelecer relação entre a tese e os argumentos
E assim como (B), (D) parte de uma causa que funciona
como justificativa a uma enunciação, que, por sua vez, é a
consequência constatada: Como o Brasil é um país muito
injusto (argumento),/ toda política social por aqui implementada é vista como demagogia, paternalismo (TESE).
Com esse exercício, o professor auxilia o desenvolvimento das habilidades de identificar a tese de um texto e a
de estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
Por fim, cabe pontuar algumas estratégias de argumentação, que são os recursos utilizados para convencer o leitor/
interlocutor, para persuadi-lo, transmitindo credibilidade. Uma
das estratégias mais eficientes é o argumento de autoridade,
pois utiliza a citação para fortalecer a tese do argumentador.
Para reconhecer um argumento de autoridade, o estudante
deve identificar, no texto, alguma citação, direta ou indireta,
de pessoa especializada no assunto tratado. No caso do texto sobre a mediação de conflitos, o segundo parágrafo do
fragmento apresenta a opinião do sociólogo Jorge Werthein,
da Unesco, sobre o assunto. Além de apresentar formação
acadêmica pertinente ao tema abordado, o referido profissional ainda trabalha na Unesco, instituição de reputação
reconhecida internacionalmente. Caso o texto tratasse da
epidemia de dengue no verão, um argumento de autoridade
seria a opinião de um médico, vinculado a alguma instituição
57
oferecidos para sustentá-la.
3. Reconhecer diferentes estratégias de argumentação.
Leia o texto abaixo e responda as questões seguintes:
A ciência que explica porque se deve gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas
A maioria das pessoas busca a felicidade. Há economistas que pensam que a felicidade é o melhor indicador para a
saúde de uma sociedade. Sabemos que o dinheiro pode nos
deixar mais felizes, ainda que depois das necessidades básicas serem atendidas, ele não incremente tanto assim nossa
felicidade. Mas uma das grandes questões é como usar o
dinheiro, que (para a maioria de nós) é um recurso limitado.
Há uma pressuposição lógica que a maioria das pessoas faz quando gasta dinheiro: que já que um objeto físico
dura mais, ele nos deixará felizes por mais tempo do que
uma experiência temporária como ir a um show ou um pacote de viagem. Uma pesquisa recente revelou que essa
pressuposição está completamente equivocada.
“Um dos inimigos da felicidade é a adaptação”, disse o
Dr. Thomas Gilovich, um professor de psicologia na Universidade de Cornell que tem estudado a questão do dinheiro e da felicidade por mais de duas décadas. “Compramos
coisas para ficarmos felizes, e isso funciona. Mas só por um
tempo. As coisas novas são excitantes no início, mas então
nos adaptamos a elas.”
PAEBES 2015 Revista Pedagógica
Em vez de comprar o último iPhone ou um BMW novo,
b. Gilovich, um professor de psicologia na Universidade
Gilovich sugere que obteremos mais felicidade gastando di-
de Cornell que tem estudado a questão do dinhei-
nheiro em experiências tais como visitar exposições de arte,
ro e da felicidade por mais de duas décadas, sugere
fazer atividades na natureza, aprender coisas novas ou viajar.
que obteremos mais felicidade gastando dinheiro em
Os resultados obtidos por Gilovich são a síntese de es-
experiências, tais como visitar exposições de arte,
tudos psicológicos conduzidos por ele e outros cientistas
fazer atividades na natureza, aprender coisas novas
quanto ao paradoxo de Easterlin, que descobriu que o di-
ou viajar.
nheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só até certo
c. O dinheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só
ponto.
até certo ponto.
(ANDOLINI, Luciano. Papo de homem, 11 abr. 2015. Dis-
d. A maioria das pessoas busca a felicidade.
ponível em:<http://bit.ly/1PgjQSg>. Acesso em: 25 jan. 2016)
e. Uma das grandes questões é como usar o dinheiro.
1. Assinale a alternativa que apresenta a tese
defendida no texto:
a. Dinheiro traz felicidade.
b. A felicidade é o melhor indicador da saúde de uma
sociedade.
c. O inimigo da felicidade é a adaptação.
d. Gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas,
é o que traz felicidade.
e. O dinheiro é um recurso limitado para a maioria das
pessoas.
Gabarito: B. Neste caso, é importante que o professor
explicite aos estudantes que os argumentos contidos nas alternativas A e C, embora sejam embasados nos estudos do
professor Gilovich, não são estruturados como argumentos
de autoridade, pois não apresentam – isolados do contexto
– nenhum especialista no assunto tratado. Já a alternativa
D apresenta um argumento fundamentado no senso comum
e a E não apresenta um argumento, mas uma questão em
aberto.
3. Assinale a alternativa que apresenta um
argumento ilustrativo:
Gabarito: D. As demais alternativas apresentam argu-
a. Dinheiro não traz felicidade.
mentos contidos no texto, inclusive a alternativa A, que
b. O dinheiro é ilimitado para algumas pessoas.
apresenta apenas uma parte do argumento “o dinheiro é
capaz de comprar a felicidade, mas só até certo ponto”. A
c. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em expe-
tese é sugerida logo no título, mas se torna explícita somen-
riências.
te no quarto parágrafo.
d. As pessoas ricas são mais felizes.
2. Assinale a alternativa que apresenta um
argumento de autoridade:
a. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em experiências.
e. “Uma viagem me deixa mais feliz do que um celular
novo”, disse uma pessoa entrevistada na pesquisa.
Gabarito: E. Esta é a única alternativa que apresenta um
caso particular que reforça a tese defendida no texto.
58
Vice-Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (em exercício da Reitoria)
Marcos Vinício Chein Feres
Coordenação Geral do CAEd
Lina Kátia Mesquita de Oliveira
Coordenação da Unidade de Pesquisa
Tufi Machado Soares
Coordenação de Análises e Publicações
Wagner Silveira Rezende
Coordenação de Design da Comunicação
Rômulo Oliveira de Farias
Coordenação de Gestão da Informação
Roberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo
Coordenação de Instrumentos de Avaliação
Renato Carnaúba Macedo
Coordenação de Medidas Educacionais
Wellington Silva
Coordenação de Monitoramento e Indicadores
Leonardo Augusto Campos
Coordenação de Operações de Avaliação
Rafael de Oliveira
Coordenação de Processamento de Documentos
Benito Delage
Ficha catalográfica
Espírito Santo. Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo.
PAEBES – 2015/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.
v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual.
Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio.
ISSN 2237-8324
CDU 373.3+373.5:371.26(05)

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