Plano de Internacionalização

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Plano de Internacionalização
PROJETO PLANO DE INTERNACIONALIZAÇÃO
PLANO E ESTRATÉGIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO
DAS EMPRESAS INOVA-RIA
(5 MERCADOS SELECIONADOS)
NO ÂMBITO DO
PROJETO 23285 – SIACPAE
MILESTONE 3 – RELATÓRIO FINAL
Inova-Ria – Rede de Inovação em Aveiro
Versão 2.0
30 de outubro de 2014
Copyright © Ictech
Durante a duração do trabalho a informação contida neste documento é confidencial e propriedade da
Ictech. Lda. e da Inova-Ria, não podendo ser divulgada ou distribuída a outrem sem expressa
autorização das duas entidades. Após a conclusão do trabalho, esta informação é da exclusiva
propriedade da Inova-Ria.
Índice
1
Sumário Executivo
2
Introdução
3
4
4.1
4.2
4.3
Plano de Internacionalização – uma visão transversal
Consequências em inovação e tecnologia
Recursos necessários a nível operacional e de gestão
Uma estratégia de Internacionalização para a Inova-Ria
4.3.1 Movimento de networking
4.3.2 Plano de atuação
4.3.3 Implementação
4.3.4 Aprendizagem
4.3.5 Estrutura e mecanismos de apoio por parte da Inova-Ria
Caracterização Geral dos Mercados Geográficos
Mercado Geográfico do Norte da Europa
5.1.1 Panorama geral
5.1.2 Economia em geral
5.1.3 As tecnologias de informação e comunicação no Norte da Europa
5.2 Mercado Geográfico dos Estados Unidos da América
5.2.1 Panorama geral
5.2.2 Economia em geral
5.2.3 As Tecnologias de Informação e Comunicação nos EUA
5.2.4 Ficha de mercado
5.3 Mercado Geográfico do Brasil
5.3.1 Panorama geral:
5.3.2 Economia em geral:
5.3.3 As Tecnologias da Informação e Comunicação no Brasil
5.3.4 Ficha de mercado
5.1
6
11
Processo de seleção dos submercados alvo
Enquadramento com os estudos e informação disponíveis
Identificação dos submercados âmbito - aplicação da metodologia ISIS
Metodologia ISIS - Avaliação da atratividade e hierarquização dos submercados
3.3.1 Análises de fatores de contexto geral e transacional
3.3.2 Análise dos fatores internos
3.3.3 Seleção dos mercados potenciais
3.4 Síntese do processo de convergência do âmbito do estudo
3.5 Avaliação e hierarquização dos oito submercados
3.1
3.2
3.3
5
5
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15
15
15
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17
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33
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41
42
45
48
50
50
51
54
58
Submercados Setoriais para Internacionalização
61
Segmento de mercado: Smart Cities (Norte da Europa)
61
6.1.1 Contexto do mercado das Smart Cities
61
6.1.2 Análise de fatores de contexto geral
63
6.1.3 Análise de fatores de contexto transacional
65
6.1.4 Análise dos fatores internos
69
6.1.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para as Smart Cities
69
6.2 Segmento de mercado: Outsourcing de TICE nos mercados dos EUA e Norte da Europa 78
6.2.1 Contexto do mercado de Outsourcing
78
6.2.2 Análise de fatores de contexto geral
82
6.2.3 Análise de fatores de contexto transacional
86
6.2.4 Análise dos fatores internos
92
6.2.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para o Outsourcing
93
6.3 Segmento de mercado: Setor do Mar no Norte da Europa
98
6.3.1 Contexto do mercado da Economia do Mar
98
6.3.2 Análise de fatores de contexto geral
103
6.3.3 Análise de fatores de contexto transacional
104
6.3.4 Análise dos fatores internos
106
6.1
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6.3.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para a Economia do Mar
Segmento de mercado: Educação/eLearning no Brasil
6.4.1 Contexto do mercado da Educação/eLearning
6.4.2 Análise de fatores de contexto geral
6.4.3 Análise de fatores de contexto transacional
6.4.4 Análise dos fatores internos
6.4.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para a Educação/eLearning
107
120
120
121
128
134
135
7
Conclusão
142
8
Referências bibliográficas gerais
146
6.4
Anexo 1 – Mercados setoriais estudados na primeira fase do projeto
148
Anexo 2 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com Smart Cities
152
Anexo 3 – Contactos relacionados com a Economia do Mar no Norte da Europa
154
Anexo 4 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com a Economia do Mar
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1 Sumário Executivo
Vários anos após o início da crise económica e financeira à escala global, iniciada em 2008, o mundo
continua a não encontrar o caminho para o crescimento. As previsões apontavam para que no final de
2014 a economia mundial crescesse entre os 2,5% a 3%, valor insuficiente para que se verifique uma
recuperação económica consolidada. Por consequência, e especialmente para as empresas dos países
da periferia europeia, como é o caso de Portugal, as medidas de estímulo ao crescimento económico
na Europa não têm apresentado os resultados desejados, situação que, a par dos enormes
constrangimentos ao nível do consumo interno, tem determinado uma indesejável paralisia da atividade
económica.
Neste quadro, a crise financeira pode e deve estimular as empresas a seguirem uma alternativa à sua
zona de conforto habitual, que as ajude a consolidar a presença em novos mercados através de,
designadamente, parcerias de carácter comercial e tecnológico. A internacionalização é certamente
uma resposta para um crescimento sustentável e para garantia da empregabilidade, sobretudo no setor
das TICE (Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica), setor alvo desta análise e no qual
a maior parte das empresas da Inova-Ria se encontram integradas.
O estudo final que agora se apresenta desenvolve-se a partir da aplicação de uma metodologia
especialmente concebida pela Ictech, e aprovada pela Inova-Ria, a um conjunto de 35 segmentos de
mercado obtidos pela combinação de quatro grandes geografias (Norte da Europa, EUA, Brasil e
PALOP) com um conjunto de clusters tecnológicos ligados às TICE. Através do enfoque gradual do
estudo, este trabalho coloca toda a ênfase e pormenor em apenas cinco mercados setoriais para os
quais se desenhou uma estratégia genérica de internacionalização e se elencaram algumas
especificidades relacionadas com cada um dos mercados estudados.
Foi, assim, feita uma análise aprofundada de acordo com a metodologia estabelecida e descrita
exaustivamente em relatórios anteriores. As análises aprofundadas aos segmentos de mercado
selecionados preliminarmente iniciaram-se pelo estudo dos diversos fatores de contexto geral numa
perspetiva dos diversos submercados (fatores STEP: fatores sociais, tecnológicos, económicos,
políticos, ambientais, éticos, regulatórios e legais). Seguidamente foram analisados os fatores de
contexto transacional da Inova-Ria numa potencial entrada nesses submercados, utilizando a análise
de Porter: tipificação e caracterização dos clientes, existência e caraterização de fornecedores locais,
produtos substitutos locais e ou globais, concorrência local e global, e finalmente, o potencial para
novos entrantes.
Após estas análises de contexto, e tendo em conta o conjunto de empresas da Inova-Ria, foi analisada
a componente externa através de uma análise SWOT com o detalhe das oportunidades que
potencialmente podem ser valorizadas e aproveitadas pelas empresas Inova-Ria e a capacidade de
ultrapassar as ameaças relacionadas com um potencial ataque a esses submercados.
Na componente quantitativa da metodologia foi avaliado e classificado cada um dos fatores para a
estratégia de internacionalização das empresas Inova-Ria e ajustada essa classificação para o que
seria uma situação ótima de atratividade de cada fator. Nos resultados obtidos, foi constatada a
dificuldade destes processos de internacionalização. Qualquer dos submercados estudados apresenta
dificuldades significativas, facto que é traduzido pela pontuação obtida face ao máximo possível,
refletindo as dificuldades potenciais de um qualquer processo de internacionalização.
Em função das conclusões dos dois relatórios preliminares e de todo o trabalho de estudo e na
sequência do diálogo ocorrido com a Inova-Ria foram escolhidos os seguintes submercados para a o
Plano de Internacionalização que este relatório descreve:
1. ”Smart Cities” - Mercado geográfico: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia
(Norte da Europa). Nestes países, os cidadãos assumem uma forte componente comunitária e de
cidadania, as comunicações físicas são difíceis em certas épocas do ano e o estar “on-line” é uma
necessidade representando, por isso, uma oportunidade de mercado por excelência para o
desenvolvimento da IoT e para a aplicação do conceito de digitalização em zonas urbanas – as
Smart Cities;
2. “Outsourcing” - Mercado geográfico: EUA. Aspetos ligados a uma abordagem “follower” ligada
a eventuais fornecimentos de serviços e de outsourcing de atividades na área das TICE;
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3. ”Outsourcing” - Mercado geográfico: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia
(Norte da Europa). Aspetos ligados a uma abordagem “follower” relacionada com eventuais
fornecimentos de serviços e de outsourcing de atividades na área das TICE, agora focados num
mercado Europeu com as suas especificidades e diferenças em relação aos EUA;
4. ”Economia do Mar” – Mercado geográfico: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e
Suécia (Norte da Europa). O mar apresenta para a maior parte destes países a via de escoamento
de exportações, de chegada de importações e de exploração económica de recursos, incluindo
energias renováveis (e.g. eólicas em alto mar). Nestes países, encontram-se igualmente alguns
dos maiores centros logísticos portuários do mundo, o que propicia excelentes oportunidades para
aplicação de produtos e serviços das empresas TICE da Inova-Ria;
5. ”Educação/eLearning” – Mercado geográfico: Brasil. Aspetos ligados ao setor da educação,
sistemas e tecnologias de informação e comunicação como recursos estratégicos para o aumento,
melhoria e abrangência do setor da educação nas componentes de gestão de recursos e da
aprendizagem, aquisição de conhecimento e criação de valor necessários para o desenvolvimento
do País.
Na nossa visão, um plano de internacionalização consistente e praticável deve endereçar os seguintes
pontos:
 Que modelo adotar para a internacionalização?
 Quais os tipos de produtos ou serviços a internacionalizar?
 Quem são os potenciais clientes, parceiros ou outros que possam beneficiar dos nossos
produtos e/ou serviços?
 Quem são as entidades que nos podem facilitar a via da internacionalização num determinado
segmento de mercado?
 Que eventuais riscos existem e que ações são necessárias para implementar esta via de
negócio?
Estas foram as principais questões que procurámos responder para cada um dos cinco mercados
setoriais selecionados como alvo principal da internacionalização das empresas da Inova-Ria.
A estratégia genérica de internacionalização apontada neste estudo tem em conta o conhecimento
das empresas da Inova-Ria, assumindo-se que, apesar do conhecimento tecnológico existente e das
ações já empreendidas, elas têm ainda uma experiência embrionária em relação aos mercados
externos. Tendo em conta os mercados selecionados, parece-nos claro que, no que toca ao
outsourcing, a experiência existente está condicionada ao funcionamento no mercado português,
podendo, por isso, colocar problemas na sua transferência para mercados claramente mais exigentes
e habituados a metodologias de funcionamento diferentes e com extremo rigor em termos de
organização e planeamento. Por outro lado, se a experiência das empresas é grande no
desenvolvimento de produtos e aplicações, num contexto alargado da economia digital, a questão
coloca-se na agilidade e na pertinência dessa experiência para o mercado exigente e
tecnologicamente evoluído do Norte da Europa. Quanto à experiência em aplicações de sistemas de
informação, e mesmo em aplicações para a educação e eLearning, ela é significativa na Inova-Ria,
mas o mercado brasileiro assume, como demonstraremos adiante, uma exigência de competitividade
quer em relação aos grandes players mundiais do setor, quer à concorrência local, bastante grande.
As dificuldades são de monta e, como a metodologia quantificada revelou, estamos perante um
enorme desafio, na medida em que a estratégia tem de se adequar a esta característica.
Assim, as linhas estratégicas transversais que propomos apontam essencialmente para métodos
alternativos e táticos indiretos, aproveitando parcerias e players já instalados, em detrimento de
estratégias diretas, nas quais poderíamos incluir a exportação direta ou a aquisição ou fusão com
atores locais, soluções que nos parecem de mais difícil implementação numa fase imediata. Perante
esta realidade, num quadro de estratégias indiretas, a primeira opção é a de angariar conhecimentos
e entrar indiretamente nos mercados, usando mecanismos de outsourcing em que as empresas da
Inova-Ria fornecem indiretamente os mercados trabalhando para players já instalados quer através
da colaboração em subpartes de produtos ou serviços, quer fornecendo produtos que são depois
comercializados por esses players.
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Outra possibilidade passa pela participação em projetos de desenvolvimento em comum, em
programas de financiamento, tal como o H2020 ou o Portugal 2020, colaborando com entidades já
instaladas no mercado ou outras empresas portuguesas que tenham, por via de outras áreas de
negócio, acesso direto a esses mercados geográficos. Propomos que as estratégias diretas fiquem
para fases posteriores do processo.
Para o desenvolvimento e implementação das estratégias indiretas descritas acima seria
implementado um plano incluindo quatro fases ou processos:
 Networking – prospeção de parceiros, estabelecimento de contactos e preparação das ações
colaborativas;
 Plano – elaboração e opção pelas alternativas estratégicas disponíveis;
 Implementação – escolha de parceiros e definição de ações concretas a empreender;
 Balanço e aprendizagem – partilha da experiência, dos sucessos e insucessos das empresas
da Inova-Ria, beneficiando o seu conjunto e construindo sinergias.
Como base de apoio a este processo, a Inova-Ria assumiria um papel de suporte preponderante na
preparação logística das ações, na elaboração de propostas de contratualização e suporte, na gestão
e controlo dos projetos e nos processos de formação e aprendizagem, aliviando as estruturas das
empresas suas associadas e proporcionando sinergias transversais, que, de uma forma generalizada,
farão aumentar a competitividade geral do grupo.
Partindo destas ideias gerais para o todo do processo, o estudo revelou algumas particularidades em
cada um dos submercados, que a seguir sumarizamos:

Norte da Europa: ”Smart Cities” – existem claras oportunidades para atuação neste mercado. O
estudo encontrou um conjunto alargado de cidades já abertas a iniciativas nesta área e prontas
para receber ideias de desenvolvimento. Os produtos ou serviços alinham-se em nove áreas
distintas: mobilidade urbana, construção, infraestruturas integradas, cidadania, gestão e
planeamento, partilha de conhecimento, métricas, indicadores e dados abertos. Os clientes são
essencialmente institucionais, mas as entidades gestoras de bens ou serviços comuns também
podem ser incluídas. A concorrência é feroz e assumida pelas grandes empresas de TICE globais,
algumas das quais estão sediadas no mercado geográfico alvo. O potencial para os novos
entrantes da Inova-Ria deverá focar-se claramente na inovação, na ideia diferente, útil e na
colaboração com estas entidades, sendo que a participação em iniciativas do H2020 parece uma
excelente via de entrada, a par da presença em eventos internacionais de obtenção de
conhecimento e colaboração.

EUA e Norte da Europa: ”Oportunidades em Outsourcing” – as oportunidades no setor do
outsourcing parecem concentrar-se preferencialmente no subsetor do Information Technology
Outsourcing (aplicações, centros de dados, testes, assistência técnica, etc.) mais adequado aos
perfis das empresas Inova-Ria que o Business Process Outsourcing, mais dedicado às atividades
e à informação associada à gestão de negócios, onde a concorrência dos grandes players,
especialmente as consultoras globais, é bastante forte. A localização física em relação ao mercado
geográfico também é condicionante – a situação de offshore em relação aos EUA e o facto de
haver um protecionismo ao “made in USA” pode ser desvantajoso em relação ao mercado europeu,
mais aberto e mais próximo. Por outro lado, o aspeto da língua nos EUA, o inglês, mais fácil de
tratar em Portugal do que a adaptação às línguas utilizadas no Norte da Europa, pode ser uma
desvantagem em relação ao Norte da Europa, pelo que os dois mercados se equiparam. Em
relação à concorrência, ela é significativa quer no arco do sul da Ásia, quer até no leste europeu e
Irlanda, havendo mesmo países preocupados em organizar as empresas à escala nacional no
ataque a estas oportunidades (e.g. Malásia). A exigência de excelência, a necessidade de
cumprimento de requisitos, de prazos e uma demonstração à partida da existência de processos
de trabalho que deem credibilidade e confiança a potenciais parceiros são aspetos críticos. O preço
só é uma vantagem competitiva se cumpridos os aspetos referidos anteriormente. A participação
em grandes eventos de outsourcing a nível global é fundamental para começar.

Norte da Europa: ”Economia do Mar” – apresentando-se politicamente como incontornável e
prioritário, este segmento, quando analisado em detalhe, mostra severas fragilidades na existência
de políticas públicas integradas de facto. Aparecendo em todos os programas de financiamento
como prioritário, as abordagens coordenadas a nível dos países são ainda embrionárias, pelo que
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a penetração tem ainda de ser feita setor a setor. Foram identificados os seguintes setores: pescas,
energias marinhas, transportes, náutica de recreio, aquacultura, gestão de recurso e construção
naval e ainda alguns setores transversais tais como: localização e cartografia, gestão de portos,
gestão de tráfego e fiscalização, emergência e salvamento. Os produtos/serviços podem
concentrar-se na análise de dados, em sistemas de informação geográfica, telemetria, gestão de
processos e operações, robótica e comunicações. O maior potencial para as empresas Inova-Ria
foi identificado para os seguintes temas: comunicações costeiras, rastreio de carga, radares,
sistemas autónomos, vigilância ambiental, desastres naturais, normas de segurança, gestão de
embarcações e gestão de recursos marinhos. A concorrência aparece em duas frentes: as
empresas especializadas nos diversos setores, muitas delas sediadas na região escolhida, e os
grandes players globais das TICE, que também cobrem e têm divisões relacionadas com o Mar.
Neste segmento, a principal exigência está na resiliência e qualidade dos produtos para trabalhar
em ambientes hostis e condições climatéricas extremas. As novas rotas do Ártico são apenas um
exemplo para os desafios que aqui se colocam. Sendo o preço, uma condicionante, pensamos que
o cumprimento de regulamentos e o funcionamento em condições hostis são desafios ainda mais
críticos.

Brasil: ”Educação/eLearning” – A Educação no Brasil é um setor em franca expansão, no qual
as instituições públicas e privadas locais estão a apostar à escala da dimensão continental do país.
É, sem dúvida, um setor crítico para o desenvolvimento e para a competitividade do Brasil, pelo
que as oportunidades existem em número apreciável. Os produtos estão alinhados com a atividade
e os conhecimentos das empresas Inova-Ria: multimédia, desenvolvimentos em web, blogs, redes
sociais, gestão de conteúdos e sistemas de gestão educativa, etc. (apenas alguns exemplos de
áreas de aplicação). Os bens concretos a internacionalizar podem passar por produtos para a sala
de aula, plataformas de ensino, equipamentos escolares e sistemas de comunicações para a
escola, formação e qualificação de professores e gestores de escolas na utilização das TICE. Em
paralelo com as oportunidades, também existe uma significativa quantidade de players já instalados
no mercado quer em termos de empresas nacionais, quer em termos de representantes dos
grandes players globais do setor. Por outro lado, as exigências à entrada neste mercado são mais
difíceis, pois o país está ainda mal posicionado em termos de transparência e a regulação e prática
do mercado é ainda protecionista em relação às empresas locais. A disponibilidade de players
locais é aqui fundamental, a par da interiorização da cultura brasileira e dos aspetos particulares
da língua.
A Figura 1 apresenta uma perspetiva para uma avaliação global dos submercados estudados,
posicionados em relação ao seu potencial e à capacidade das empresas da Inova-Ria em atuar nesses
mesmos submercados. O potencial de negócios resulta do confronto entre as oportunidades, por um
lado, e as ameaças e a concorrência, por outro. A capacidade de realização, por sua vez, dá uma
indicação da soma de três componentes que têm de existir para que os negócios se concretizem:
competências técnicas; capacidade de gestão; e força comercial para levar os produtos e serviços até
aos mercados.
Desta avaliação sumária, concluímos que o mercado com maiores perspetivas de sucesso é o das
Smart Cities no Norte da Europa, para o qual apenas falta à Inova-Ria concretizar um pouco melhor a
sua capacidade de realização. A experiência de Outsourcing nas empresas da Inova-Ria e os produtos
e serviços existentes para o setor da educação/eLearning apresentam uma boa capacidade de
realização, mas as necessidades de mudança associadas a processos e os níveis de excelência no
caso do Outsourcing e a séria concorrência na educação/e-Learning do Brasil reduzem um pouco o
potencial de negócio. A situação agrava-se no caso do Outsourcing para os EUA, onde nos parece
mais difícil de aproveitar a experiência existente de Outsourcing, a que acresce o forte nível da
concorrência já instalada no mercado. No caso da Economia do Mar, juntam-se dois aspetos
negativos: a pouca experiência em produtos para o Mar e a séria concorrência local já instalada e a
trabalhar no mercado geográfico alvo.
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Figura 1 – Avaliação da capacidade de realização VS potencial de negócio para os cinco mercados estudados.
A conclusão final deste projeto é de que existe, de facto, potencial de internacionalização nestes
mercados, mas o caminho é longo e tem de ser percorrido sem eliminação de etapas, consolidando
bem as fases iniciais do processo de construção de credibilidade e aumentando gradualmente a
confiança das empresas Inova-Ria nesses mercados, através da apresentação de trabalho
competente nas vertentes tecnológicas, de inovação e de excelência no cumprimento escrupuloso de
compromissos.
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2 Introdução
Nos termos do “Caderno de Encargos”, o objeto do presente Projeto visa desenhar e articular um plano
e uma estratégia coerente de internacionalização para a Inova-Ria (também designado por Plano de
Internacionalização), como instituição e, simultaneamente, a internacionalização de eventuais
empresas ou agrupamentos de empresas, com oferta integrada, que possam ser criados para alguns
mercados específicos.
Ainda, de acordo com o Caderno de Encargos do Projeto, o Plano de Internacionalização tem como
alvo os seguintes mercados geográficos amplos: Brasil, Estados Unidos da América, Norte da Europa
e PALOP com hierarquização de, no máximo, cinco segmentos de mercado concretos e com o
principal objetivo de estudar esses mercados-alvo internacionais, designadamente através da seguinte
sequência de ações:
a) Identificação dos principais mercados geográficos de destino/caracterização dos clusters de
clientes ou parceiros alvo, com potencial para absorver as soluções desenvolvidas no quadro
de ação da Inova-Ria, através da definição de uma shortlist inicial de segmentos de mercado
com potencial – com um máximo de oito mercados. Para facilitação desta seleção e obtenção
de informação adequada, foi feita a identificação de parceiros facilitadores do processo de
recolha e análise da informação e conhecimento sobre o mercado;
b) A hierarquização desses mercados foi feita através da avaliação da atratividade e do potencial
de negócio setorial ou de cluster, suportada numa definição da estratégia de entrada,
envolvendo, nomeadamente:
i
Elaboração de relatórios de mercado/country/setorial profiling
ii
Análise do enquadramento político, económico, social, tecnológico, ambiental e legal;
iii
Caracterização das vantagens
concorrência e substitutos;
iv
Identificação dos principais atores da cadeia de valor, tais como tipos de clientes e
fornecedores;
v
Identificação dos pontos fortes e oportunidades de melhoria da internacionalização no
mercado alvo;
competitivas, ameaças de novas entradas,
c) Com base nesta análise foram selecionados até (no máximo) cinco segmentos de mercado,
para os quais foi elaborada uma abordagem concreta do Plano de Internacionalização.
Este relatório, na sequência dos dois anteriores, que responderam sucessiva e cumulativamente às
alíneas a) e b), consolida todo o trabalho, completando as tarefas respeitantes à alínea c) e propondo
à Inova-Ria o conjunto de cinco cenários com potencial de internacionalização, que, sendo a última
fase do trabalho deste projeto, não é mais do que a fase preliminar do trabalho de internacionalização
que se considera premente para o sucesso das empresas da Inova-Ria no seu conjunto. A seleção do
conjunto final de cinco mercados decorreu de um trabalho mais aprofundado de estudo em linha com
a metodologia proposta para o projeto. Esse trabalho envolveu para cada uma das oito possibilidades,
a efetivação de uma análise STEP, seguida de uma análise competitiva e de uma seleção de fatores
de oportunidade e ameaça em relação à potencial penetração das empresas Inova-Ria nesses
mercados.
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Este relatório desenvolve-se, assim, em quatro capítulos principais. A seguir a esta introdução,
descreve-se de uma forma sumária todo o processo de trabalho, bem como a metodologia ISIS
(Copyright © Ictech) utilizada para analisar e hierarquizar sucessivamente os mercados, de forma a
reduzir o estudo a uma dimensão aceitável para o tempo e recursos disponíveis sem perder acutilância
e optando pelos submercados com maior potencial. No capítulo 4, é feita uma descrição das ideias e
sugestões gerais e de caráter transversal para a estratégia de internacionalização, que foi considerada
relevante pela equipa de projeto no âmbito do presente estudo. No capítulo seguinte, foram elencados
os três mercados geográficos finais e que enquadram os cinco mercados setoriais selecionados. São
descritas as caraterísticas dos países e regiões selecionados e abordados os condicionalismos
macroeconómicos de qualquer eventual estratégia de internacionalização para esses países.
Finalmente, no capítulo 6, foram analisados os mercados setoriais, tendo como base as ideias gerais
enunciadas para a estratégia de internacionalização e para cada um dos mercados setoriais,
descrevendo as especificidades e essencialmente tentando corresponder às seguintes questões: Que
produtos e/ou serviços? Quem são os clientes e ou parceiros? Que entidades nos podem facilitar a
entrada? e Que eventuais riscos existem?
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3 Processo de seleção dos submercados alvo
Os condicionalismos do mercado nacional e os fenómenos de globalização no domínio das tecnologias
que representam o contexto de negócio TICE, conjunto de tecnologias alvo deste trabalho, obrigam a
que as empresas associadas da Inova-Ria tenham de encarar com atenção e de uma forma
empenhada a possibilidade de internacionalização dos seus produtos e serviços. Internacionalização
não é mais do que fazer negócios num espaço mais amplo do que aquele onde se movimentam
naturalmente os recursos dessas empresas. Neste estudo, Plano de Internacionalização não é mais
do que um Plano Estratégico e de Marketing que permita às empresas alvo do estudo abordar
mercados diferentes dos habituais que atualmente se centram no mercado português.
Uma estratégia de internacionalização pode passar pela exportação direta ou indireta através de
subcontratação de produtos e/ou serviços, o licenciamento de marcas, a fabricação de produtos, a
prestação de serviços, o franchising, as joint-venture, as alianças estratégicas ou pode igualmente
assumir-se através de investimento direto no estrangeiro por aquisições, fusões, incorporações ou
parcerias. Encara-se ainda como internacionalização a participação em consórcios internacionais de
investigação, desenvolvimento e inovação, sobretudo nos casos onde as empresas Inova-Ria ainda
não detêm conhecimento tecnológico suficiente e/ou o estado de desenvolvimento dos produtos e/ou
serviços é embrionário. O trabalho, alavancado pela experiência dos consultores Ictech na abordagem
a mercados externos e na definição de estratégias empresariais a longo prazo, suportou-se nas tarefas
e modelos de trabalho a seguir descritas, e teve (tem) como ambição, despertar e apoiar nas
empresas/clusters-alvo a necessidade de estudos mais concretos e de âmbito mais restrito, adaptados
a cada caso em particular, proporcionando ideias e identificando, neste momento, necessidades ainda
não completamente identificadas. Ver Figura 2.
Figura 2 – Metodologia de trabalho e utilização do modelo ISIS (Copyright © Ictech)
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3.1
Enquadramento com os estudos e informação disponíveis
Este trabalho teve como enquadramento os resultados obtidos no âmbito de um projeto mais vasto
(SIACPAE), o qual já identificara anteriormente um conjunto de condicionalismos e definira um quadro
de análise comum. O primeiro passo do trabalho incluiu a análise dos diversos estudos que resultaram
até ao momento dos trabalhos do Projeto SIACPAE, desenhando e articulando uma estratégia
coerente de internacionalização da associação Inova-Ria, como instituição, e simultaneamente a
internacionalização de eventuais agrupamentos (clusters) de empresas, com oferta integrada, que
pudessem ser criados para uma parte ou para a totalidade dos mercados identificados.
O enquadramento e o macro âmbito do trabalho foram balizados pelas seguintes fronteiras:
 Atores-chave: Associação e Empresas Inova-Ria
 Mercados geográficos: Norte Europa, Brasil, PALOP e Estados Unidos da América;
 Setor de atividade e players internacionais nas TICE (Tecnologias da Informação,
Comunicação e Eletrónica):
o Comunicações e Telecomunicações
o Sistemas de Informação
o Eletrónica
o Energia
Para além do quadro circunscrito à informação existente no projeto SIACPAE, a Ictech localizou e
estudou documentação muito diversificada referente ao cruzamento das três componentes anteriores.
Ver Figura 3.
A Ictech procurou informação primária e secundária em diversas fontes:
- informação primária livre,
- informação de investigação restrita, e
- relatórios reservados e bases de dados internas secundárias.
Figura 3 – Intersecção dos temas do estudo.
Os objetivos deste estudo passaram, assim, pela identificação dos principais mercados de destino
com potencial para absorver as soluções desenvolvidas no quadro de ação da Inova-Ria, através da
convergência dos mercados geográficos definidos para mercados setoriais restritos, dando origem a
uma shortlist, através de uma metodologia desenvolvida pela Ictech, e, no final, com a apresentação
de uma estratégia e o desenvolvimento de um plano de internacionalização para as empresas InovaRia para cinco mercado setoriais específicos.
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Identificação dos submercados âmbito - aplicação da metodologia ISIS©
3.2
Com base em toda a informação estudada e com o acordo da Inova-Ria, foram selecionados, após um
estudo preliminar sobre 35 opções, oito submercados condicionados aos mercados geográficos amplos
definidos no âmbito do Caderno de Encargos. Esta redução do âmbito do trabalho tornou-o mais focado
e permitiu um maior aprofundamento da metodologia de trabalho. A escolha teve em conta critérios,
sobretudo, ao nível dos seguintes elementos:




estado de desenvolvimento dos mercados geográficos alvo;
apetência dos respetivos mercados para produtos e serviços nas áreas das TICE;
existência de mercado a nível de clientes e/ou parceiros que possam ajudar na penetração
estratégica a empreender;
apoio ou inexistência de barreiras governamentais, regulatórias ou outras, à presença ou à
interação com empreendedores estrangeiros.
Para a seleção final dos oito submercados, foi apresentado à Inova-Ria um relatório preliminar
(Milestone 1), incluindo as bases e as justificações para a proposta de seleção. A lista final foi
consensualizada com a Inova-Ria.
Nesse relatório preliminar, foi ainda aprofundada a Metodologia ISIS© que aqui se apresenta em resumo
e que teve em consideração os comentários e as propostas de melhoria da equipa da Inova-Ria.
3.3
Metodologia ISIS© - Avaliação da atratividade e hierarquização dos
submercados
Tratou-se da parte mais complexa do estudo proposto. Face às limitações temporais e à profundidade
das justificações necessárias, foi seguida uma metodologia de análise quantitativa simples, proprietária
da Ictech, denominada Modelo ISIS© (Integrated Strategic Information System)1, genericamente
aplicado em análises estratégicas e de marketing, e que aqui foi aplicada de uma forma reducionista
somente ao problema da internacionalização.
Esta metodologia compõe-se de três passos que a seguir se descrevem resumidamente2:
3.3.1
Análises de fatores de contexto geral e transacional
Adotou-se uma abordagem concêntrica e clássica apoiada na análise STEP, estendida a aspetos de
ambiente e valores e do modelo de Porter, aplicada aos oito submercados selecionados anteriormente,
de forma a estudar os seus contextos geral e transacional. Ver Figura 4. Neste caso, o centro da
análise são as Empresas Inova-Ria e o âmbito de estudo não é geral, mas sim restrito aos
submercados selecionados.
Neste passo, foi construída uma matriz de valorização de atratividade dos submercados avaliada para
cada um dos fatores da análise STEP estendida, sempre encarados do ponto de vista das TICE,
incluindo em particular fatores sociais, tecnológicos, económicos, políticos, ambientais, éticos,
regulatórios e legais.
Passando do contexto geral para o contexto transacional e aplicando a análise clássica de Porter,
temos uma situação semelhante, em que a atratividade dos submercados é avaliada para os fatores
seguintes também restritos ao setor das TICE: tipo e caracterização dos clientes, existência e
caraterização de fornecedores locais, existência de produtos substitutos locais e ou globais,
concorrência local e global, e potencial para novos entrantes.
1
2
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Para um maior detalhe sobre o racional da metodologia e a sua aplicação a este estudo, ver os dois relatórios
anteriormente apresentados.
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Cada um dos aspetos foi valorizado em termos de atratividade de acordo com uma fórmula de
transformação de modo a obter-se o valor da atratividade de cada submercado face às duas análises
em simultâneo.
Figura 4 – Representação dos níveis de contexto geral e transacional a aplicar aos submercados.
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3.3.2
Análise dos fatores internos
A identificação dos pontos fortes e oportunidades de melhoria da internacionalização nos
submercados selecionados foi feita através da sobreposição da aplicação da técnica SWOT, tal como
ilustrado na Figura 5.
A aplicação do modelo SWOT não foi feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster Inova-Ria
no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro com uma análise detalhada
por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, foram avaliados
sobretudo os fatores externos da análise SWOT, ou seja: as oportunidades, como fator benéfico, e as
ameaças, como fator prejudicial.
Figura 5 – Complemento com a Análise SWOT restrita ao setor e ao contexto Inova-Ria.
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Na sequência desta análise, foi ponderado o valor de atratividade já calculado anteriormente com um
fator aditivo que potenciou ou não cada um dos submercados.
3.3.3
Seleção dos mercados potenciais
Com base nas matrizes e nos valores obtidos para a atratividade de cada submercado, foi elaborada
uma lista hierarquizada de onde foram selecionados os cinco submercados que foram objeto do
trabalho final que agora se apresenta.
3.4
Síntese do processo de convergência do âmbito do estudo
De acordo com a metodologia aprovada e descrita no ponto anterior, foi seguido um processo de
convergência no âmbito do trabalho até se chegar ao objetivo final: elaborar um Plano de
Internacionalização para cinco mercados setoriais específicos, selecionados a partir de quatro
mercados geográficos amplos. Ver Figura 6.
Figura 6 – Evolução e convergência do processo de estudo.
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A partir do estudo de 35 combinações possíveis entre os mercados geográficos e os setores com maior
potencial para as empresas Inova-Ria (ver lista completa das combinações analisadas e respetivas
referências no Anexo 1), foi apresentada uma proposta inicial de aprofundamento do estudo para os
13 submercados seguintes3:
3
Ver Relatório Preliminar correspondente ao Milestone 1 para um maior detalhe.
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A. Mercados desenvolvidos
1. Norte da Europa – Energias renováveis (NEU7) – este conjunto de países está
especialmente apetente para temas ambientais. Por outro lado, as suas necessidades de
energia, face às características climáticas, são acentuadas. Assim, o desenvolvimento de
produtos ou serviços de TICE para a fileira de desenvolvimento das energias renováveis é,
sem dúvida, uma oportunidade a explorar.
2. Norte da Europa – Smart Cities (NEU9 + NEU10, NEU6, NEU4, NEU3, etc.) – países
desenvolvidos onde os cidadãos assumem uma forte componente comunitária e de
cidadania, onde as comunicações físicas são difíceis e onde o estar “on-line” é uma
necessidade são um mercado por excelência para o desenvolvimento da IoT e para a
aplicação do conceito de digitalização em zonas urbanas – Smart Cities.
3. Norte da Europa – Economia do Mar (NEU11) – o mar apresenta para a maior parte
destes países a via de escoamento de exportações, de chegada de importações e de
exploração económica de recursos, incluindo energias renováveis (e.g. eólicas em alto
mar). Além disso, nestes países encontram-se alguns dos maiores centros logísticos
portuários do mundo, com excelentes oportunidades para aplicação de produtos e serviços
das TICE da Inova-Ria.
4. Estados Unidos da América - Smart Cities (NEU9 + NEU10, NEU6, NEU4, NEU3, etc.)
- os EUA são um mercado maduro e que contém em si próprio grandes sementes de
desenvolvimento, inovação e empreendedorismo, sendo, simultaneamente, um mercado
exigente e ambicioso na qualidade que exige e nos padrões de fiabilidade e excelência. A
competição pelo preço, neste mercado, está fora de causa, pelo que a aposta tem de ser
feita através da qualidade e excelência para se penetrar neste mercado. O segmento da
IoT e das smart cities, digitalização, numa palavra, parece ser, neste contexto, a melhor via
para tentar entrar nos EUA.
B. Mercados emergentes
5. Brasil – Educação/eLearning (BR2) – ultrapassadas algumas fases do desenvolvimento
em que o combate à pobreza seria o principal objetivo, tudo indica que o Brasil terá, nos
próximos anos, de voltar-se decididamente para a educação e para a melhoria das
condições em que a transmissão de conhecimento e a aprendizagem se desenvolvem no
País.
6. Brasil – Mobilidade (BR3) – a apetência dos brasileiros para a utilização das
comunicações móveis está patente na evolução dos operadores móveis no Brasil e do seu
sucesso (e.g. VIVO). Por este efeito, o desenvolvimento de aplicações móveis em todos os
campos poderá ser um domínio interessante de entrada no mercado brasileiro. Sendo as
aplicações um bem intangível, isso poderá contornar algumas das dificuldades constatadas
no Brasil, de proteção à manufatura local e de limitações na importação de bens.
C. Mercados em desenvolvimento
7. Angola - Petróleo (AO1) – o setor do petróleo, a par da indústria diamantífera, é
fundamental em Angola. Não tem problemas de financiamento, exige qualidade de
excelência e assistência permanente — os sistemas não podem ser deixados “no ar”.
Embora lidando com a indústria química por excelência, o setor do petróleo é um manancial
de oportunidades para bens e serviços ligados às TICE: controladores, sensores, sistemas
de gestão, eletrónica, etc. Além disso, ligados às empresas de petróleo, existem muitas
empresas de saúde, formação, gestão, qualidade, higiene e segurança, etc. que podem
adicionalmente apresentar mercados sectoriais interessantes.
8. Angola – Saúde (AO4) – a saúde é uma das prioridades do Governo Angolano.
Ultrapassado o síndroma da guerra e estando priorizada pelas autoridades a redistribuição
pela população dos benefícios financeiros da economia angolana, a saúde será certamente
um dos campos de desenvolvimento imediato. As distâncias são grandes e a existência de
conhecimentos muito rara e localizada – equipamentos de diagnóstico e sensorização à
distância facilitariam imenso. Métodos de gestão, cartões de identificação, sistemas de
informação serão certamente outros aspetos a estudar.
9. Cabo Verde – Educação/eLearning (CV4) – um dos principais problemas de Cabo Verde
tem a ver com a necessidade de formar as suas populações. A dificuldade dos transportes
inter-ilhas, as condições climáticas, a falta crónica de financiamentos face à pobreza dos
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recursos do país, obriga à inovação e à imaginação para que as pessoas adquiram
conhecimento, provavelmente a única riqueza a que os cabo-verdianos poderão
ambicionar em ambiente tão hostil.
10. Cabo Verde – IT Cluster (CV1) – o País está a apostar na fileira do IT como sendo uma
aposta de valor acrescentado naquela zona de África. Esta proposta não é mais que uma
forma de aprofundar este aspeto: O que é que está a ser feito? Quem são os principais
atores? Que oportunidades existem? No contexto das TICE, é incontornável não propor
este estudo, havendo esta prioridade do Governo do país.
11. Cabo Verde – Turismo (CV2) – o desenvolvimento de um turismo de captação de cidadãos
da Europa e Américas é, talvez, a principal possibilidade de Cabo Verde desenvolver uma
atividade económica que lhe traga as divisas tão necessárias à sua subsistência e
desenvolvimento. Nos últimos anos, têm-se registado desenvolvimentos fortes nesta
atividade, mas as oportunidades existem e podem ser crescentemente aproveitadas. O
desenvolvimento de equipamentos e sistemas para o setor seria uma possibilidade
interessante.
D. Segmentos de estudo transversal:
12. Norte da Europa/EUA/Brasil – Segurança da Informação – aspetos ligados à
preservação, proteção, salvaguarda e garantia de consistência da informação e do seu
encaminhamento e transporte, bem como a garantia de utilização da informação disponível
e do desempenho dos equipamentos que a armazenam e transportam sem violação, são
tópicos que têm sido preocupação dos cidadãos e das instituições dos países
desenvolvidos, onde o principal bem transacionado é certamente a informação. Para este
mercado, propunha-se o estudo transversal do setor da segurança da informação, seus
players, características competitivas e potenciais mercados neste âmbito geográfico.
13. Moçambique/São Tomé e Príncipe - Oportunidades transversais (MZ1, ST1) –
pretendia-se aqui estudar os investimentos em curso por parte de empresas,
nomeadamente, portuguesas, nestes dois países e verificar da possibilidade das TICE
entrarem como parceiras ou através de produtos associados aos objetivos principais
dessas empresas. Seriam identificadas as oportunidades, os players, as formas de
contactar e as formas de seguir atrás (“followers”) desses negócios, oferecendo produtos
e sistemas TICE nestes dois mercados de muito potencial ainda não concretizado.
No quadro deste estudo, o conceito “follower” significa o aproveitamento indireto de vias abertas por
outras empresas e/ou outras entidades com quem a Inova-Ria tenha potenciais relacionamentos e que
estejam já presentes nesses mercados geográficos.
Com base nestas 13 propostas e o conhecimento e experiência da Inova-Ria, e em consequência do
diálogo entre a equipa de projeto e a Inova-Ria, foram selecionados oito submercados para
aprofundamento do estudo.
A Figura 7 representa os resultados desse diálogo, com a seleção de oito submercados para a
continuação do estudo. Destes oito submercados, dois não foram previstos à partida e resultaram do
trabalho de prospeção feito, entretanto, pelo que importa fazer uma descrição também para eles:
1. EUA: ”Oportunidades em Outsourcing” - Introduzido nesta fase em consequência do debate
resultante do estudo e cobrindo aspetos ligados à possibilidade de uma abordagem “follower” ligada
a eventuais possibilidades de fornecimento de serviços e de “outsourcing” de atividades na área
das TICE.
2. Brasil: ”Cibersegurança” – Aspetos ligados à preservação, proteção, salvaguarda e garantia de
consistência da informação e do seu encaminhamento e transporte bem como a garantia de
utilização da informação disponível e dos equipamentos que a armazenam e transportam sem
violação são tópicos que têm estado nas preocupações dos cidadãos e das instituições dos países
desenvolvidos, onde o principal bem transacionado é, certamente, a informação. O estudo será
transversal ao setor da segurança da informação, seus players, características competitivas e
potenciais mercados neste âmbito geográfico.
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Os seis restantes já tinham sido alvo de análise e foram descritos acima:
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Brasil: ”Educação/eLearning”.
Angola: ”Petróleo”.
Angola: ”Saúde”.
Moçambique: ”Oportunidades transversais”.
Norte da Europa: ”Economia do mar”.
Norte da Europa: ”Smart Cities.
Figura 7 – Seleção dos oito submercados, de acordo com a Inova-Ria, a partir dos 13 submercados
apresentados no primeiro relatório.
3.5
Avaliação e hierarquização dos oito submercados
Prosseguindo o estudo, e na sequência da aplicação da Metodologia ISIS©, foi obtida uma
hierarquização dos oito submercados do ponto de vista de uma política de internacionalização das
empresas da Inova-Ria e tendo em conta os diversos fatores envolvidos na metodologia. O resultado
desse trabalho da quantificação da atratividade é apresentado na Tabela 1.
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Atratividade
Peso
(%)
Subm.
1
Subm.
2
Subm.
3
Subm.
4
Subm.
5
Subm.
6
Subm.
7
Subm.
8
EUA
Outsourc.
Brasil
Ciberseg.
Brasil
eLearning
Angola
Saúde
Angola
Petróleo
Moçamb.
Transv.
Norte Eur.
Mar
Norte Eur.
SmartCit.
STEP
50
7,15
5,75
6,30
4,95
4,95
5,60
8,55
8,25
PORTER
50
6,05
6,05
7,20
6,50
4,80
7,55
5,60
7,20
+4,0
-0,2
+1,4
-0,8
-1,8
+5,0
0,0
+4,0
14,26
11,75
13,88
11,27
9,40
14,47
14,15
17,23
SWOT
ATRACTIVIDADE
TOTAL
100
Tabela 1 – Avaliação da atratividade total dos oito submercados em estudo.
Em geral, a conclusão principal apontou para uma dificuldade generalizada em “atacar” estes
submercados. A classificação máxima, de acordo com a metodologia definida acima, seria 24 pontos.
Constatámos que o máximo alcançado é de 17, sendo a média de cerca de 13 pontos. Sabendo-se
que estes oito submercados já resultaram de uma primeira seleção, sendo por isso já aqueles que
apresentavam mais potencial, este resultado reflete bem as dificuldades gerais de internacionalização
para mercados globais. Em particular, e tendo em conta as análises para cada um dos submercados
refletidas neste quadro, conclui-se que os cinco mercados que se destacam são os seguintes:

Norte da Europa: ”Smart Cities” e “Economia do Mar” – Estes dois mercado apresentam alto
potencial para as empresas Inova-Ria. A competência tecnológica existente nas empresas InovaRia é significativa e existe capacidade para lidar com a concorrência neste segmento. A procura de
TICE nestes países é muito significativa, até pelas suas preocupações ambientais e o seu alto
poder de compra. Por outro lado, apesar de algumas ameaças no caso do Mar, nomeadamente a
dificuldade em enfrentar a forte concorrência neste setor, da análise efetuada, constata-se o
potencial para ultrapassar as ameaças e aproveitamento das oportunidades nestes dois
submercados.

Moçambique: ”Oportunidades transversais” – Não sendo um mercado de dimensão
significativa, admite-se que este submercado tem um potencial significativo para ser aproveitado
em termos de nichos que se podem tornar interessantes. A capacidade tecnológica dos atores
locais pode ser suprida pela capacidade tecnológica das empresas Inova-Ria. A capacidade das
empresas Inova-Ria de poderem vir a ser “followers” de outras empresas portuguesas com forte
presença no País parece reunir um elevado potencial, a par da existência de capacidade para o
implementar.
EUA: ”Oportunidades em Outsourcing” – A possibilidade das empresas da Inova-Ria
trabalharem em “outsourcing” de atividades na área das TICE para outros atores nos EUA
apresenta potencial significativo. As únicas ameaças prendem-se com abordagens políticas de
oposição a eventuais movimentos de deslocalização de trabalho para fora dos EUA e proteção do
emprego de jovens de formação local. Apesar de tudo, a dimensão do mercado parece ser
compatível com a ultrapassagem desta ameaça.
Brasil: ”Educação/eLearning” – O foco na edução existente e absolutamente necessário na fase
atual de desenvolvimento da economia brasileira é uma oportunidade. A utilização das TICE neste
domínio é por isso uma consequência óbvia. A participação das empresas Inova-Ria neste domínio
parece, por isso, com grande potencial. Contudo, a análise competitiva apresenta algumas
ameaças, pois a presença de firmas globais é intensa no Brasil, constituindo-se numa fortíssima
concorrência. Ultrapassada esta ameaça com estratégias adequadas, o mercado parece ser uma
aposta interessante.


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Os mercados, cuja análise de potencial foi considerado mais reduzido e que fizeram, portanto, parte da
proposta de remoção do estudo, foram os seguintes:



Brasil: ”Cibersegurança” – Embora apresentando potencial face a todo o conjunto de ameaças
sérias à segurança informática, este mercado pareceu oferecer alguma dificuldade por dois fatores
essenciais: a falta de competências tecnológicas nas empresas da Inova-Ria; e a dificuldade de
entrada num segmento de mercado crítico onde certamente vão existir privilégios para empresas
já presentes no mercado.
Angola: ”Saúde” – Também o setor da saúde não aparentou ser o mais forte nas empresas InovaRia do ponto de vista de competências generalizadas. Além disso, o setor não apresenta ainda um
desenvolvimento significativo e as necessidades são ainda a níveis demasiado básicos e a
montante das exigências em TICE, sendo que, nos nichos onde esta necessidade já se faz sentir,
existe uma presença significativa de empresas, muitas delas portuguesas.
Angola: ”Petróleo” – No mercado do petróleo não existe competência tecnológica setorial na
Inova-Ria, embora pudessem existir competências de suporte ao setor, tal como é profundamente
demonstrado nos produtos possíveis para esta atividade e no conceito do “poço digital”. Contudo,
o mercado é pequeno e altamente regulado e dominado por um ator individual, pelo que a entrada
seria certamente muito difícil e custosa. Daí a menor prioridade atribuída a este submercado.
Tendo em conta as conclusões do estudo acima descritas, a Inova-Ria decidiu aprofundar o
plano de internacionalização para os seguintes submercados setoriais:
1. Mercado geográfico do Norte da Europa, submercado setorial da Smart Cities;
2. Mercado geográfico dos EUA, submercado setorial do outsourcing em TICE;
3. Mercado geográfico do Norte da Europa, submercado setorial do outsourcing numa atitude
similar e em extensão à abordagem nos EUA;
4. Mercado geográfico do Norte da Europa, submercado setorial da Economia do Mar;
5. Mercado geográfico do Brasil, submercado setorial da Educação/eLearning.
Foi, assim, preferido estudar a extensão da solução outsourcing também ao Norte da Europa em
detrimento do mercado de seguidor em relação a Moçambique. Em qualquer caso, existe já
documentação significativa para este mercado no segundo Relatório Preliminar (Milestone 2), pelo que,
em qualquer altura, ele pode ser retomado como alvo para um plano de internacionalização.
Os resultados do estudo para estes cinco submercados setoriais, sua caracterização e propostas de
internacionalização são o principal objetivo deste documento.
A Figura 8 ilustra todo o processo de convergência descrito acima.
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Figura 8 – Processo de convergência do estudo até aos Planos de Internacionalização.
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4 Plano de Internacionalização – uma visão transversal
Tendo em conta todo o trabalho acumulado ao longo deste projeto e as conclusões retiradas das
matrizes de atratividade em relação aos diversos fatores estudados, definiu-se o Plano de
Internacionalização, atacando, sobretudo, todos aqueles aspetos que prejudicam os valores de
atratividade e tentando eliminá-los ou evitar que eles se tornem severamente prejudiciais.
Uma vez escolhida a estratégia geral de internacionalização, o respetivo plano visa responder às
seguintes questões principais:
I.
II.
III.
IV.
QUAIS são os produtos ou tipos de produtos ou serviços que são potenciais vencedores
nos mercados selecionados?
QUEM vão ser os potenciais clientes, parceiros ou outros atores que vão beneficiar dos
produtos e/ou serviços das empresas Inova-Ria?
QUEM são os principais facilitadores do processo local em relação aos mercados alvo?
COMO e sob que formas se podem fazer chegar os produtos e/ou serviços das empresas
Inova-Ria àqueles mercados?
Adicionalmente, o Plano de Internacionalização deverá ainda abordar os seguintes aspetos:




QUE riscos estão envolvidos? O que pode correr mal e como reagir?
QUE ações a curto-prazo (seis meses a um ano) poderão ser empreendidas para potenciar
melhor o sucesso do Plano?
QUE recursos serão necessários?
QUE ações futuras poderão melhorar este trabalho, sobretudo do ponto de vista do
estabelecimento das estratégias de cada uma das empresas?
O documento da Comissão Europeia intitulado “Internationalisation of European SME” (2010) dá conta
de cinco principais tipologias de internacionalização: exportação, importação, investimento direto
estrangeiro (IDE), cooperação tecnológica (c/ empresas estrangeiras) e subcontratação.
Os dois modos de internacionalização mais comuns são a exportação e a importação: 25% das PME
dentro da UE27 exportam e de entre elas 50% fazem-no para além do mercado europeu; 29% das PME
dentro da UE27 importam, das quais 50% fazem-no para além do mercado europeu.
Para além disso: 7% das PME da UE27 estão envolvidas em cooperação tecnológica com parceiros
estrangeiros; 7% das PME da UE27 são subcontratantes de um parceiro externo; 7% têm
subcontratantes estrangeiros; 2% das PME são ativos em investimento direto estrangeiro.
O mesmo estudo afirma que existe também uma ligação direta entre o nível de internacionalização e a
dimensão da empresa. Quanto maior a empresa, mais ela tende a internacionalizar. Isto parece aplicarse a qualquer um dos modos de internacionalização. Para as exportações, as percentagens de
empresas ativas são 24% de microempresas, 38% de pequenas empresas e 53% de médias empresas,
enquanto que para as importações as respetivas percentagens são de 28%, 39% e 55%. Ainda neste
contexto, um dado relevante prende-se com a conclusão de que a probabilidade de uma empresa se
tornar exportadora é superior para as empresas que previamente desenvolveram atividades de
importação - um fato raramente presente no discurso coletivo sobre formas de internacionalização.
Especificando para o caso das PME, uma das maiores dificuldades é o desconhecimento dos mercados
no exterior. Isto sugere que o acesso a informação — qualificada e adaptada às suas necessidades —
continua a ser um desafio importante para as PME. Geralmente, as PME precisam de (mais)
aconselhamento sobre o processo de internacionalização, bem como de conhecimento detalhado (e
difícil de obter) sobre os mercados-alvo, que as associações e/ou clusters podem mais facilmente
angariar, segundo lógicas de eficiência coletiva, e fornecer de forma personalizada às necessidades
específicas de cada empresa ou de grupos/parcerias de empresas. Também a identificação de “pontos
de entrada” de confiança e contactos em mercados-alvo são aspetos que ajudam as PME a enfrentar
o processo de internacionalização, especialmente no início, quando o grau de incerteza é maior.
Pesquisas recentes reforçam a ideia de que encontrar parceiros apropriados no mercado-alvo é um
fator chave no sucesso das operações de internacionalização das PME.
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Para as PME, as alianças no processo de internacionalização poderão ser ferramentas valiosas, por
permitirem partilhar custos, dar maior visibilidade ou alargar as valências. Para estabelecer uma
aliança, as empresas dispõem de vários formatos em função do maior ou menor comprometimento de
cada uma:
 Grupo de empresas — as empresas cooperam entre si para desenvolvimento dos negócios nos
mercados internacionais, através de algumas iniciativas comuns: e.g. estudos de mercado,
presença em eventos ou representações coletivas, com economias de escala e uma oferta mais
alargada de serviços;
 Acordo de distribuição ou de representação — estes tipos de acordos poderão garantir acesso
mais rapidamente a determinados mercados sem obrigar à criação de delegações próprias, com
consequentes custos associados;
 Consórcio — a criação de uma entidade com personalidade jurídica autónoma permite que várias
empresas se associem para canalizarem as suas ofertas para um mercado específico. Neste
modelo é possível alcançar melhores resultados quando as empresas têm dimensões
semelhantes. Um exemplo da aplicação deste tipo de associação é a resposta a concursos em
que, de um modo isolado, nenhuma das empresas tem capacidade de resposta quer pela
dimensão, quer pelas valências exigidas.
 Filial, sucursal ou subsidiária — formas de criar uma presença mais forte no país para onde se
pretende exportar, de modo a garantir uma presença mais forte no mercado e o estabelecimento
de relações mais estreitas com os clientes.
4.1
Consequências em inovação e tecnologia
A inovação terá de ser dirigida para o desenvolvimento de produtos e serviços de alto valor
acrescentado do ponto de vista tecnológico identificando os requisitos (e.g. conhecimentos
necessários), melhorias e mudanças (e.g. mudanças operacionais, de processos, etc.) para que a
estratégia de internacionalização possa ser bem-sucedida. As exigências destes mercados sob o ponto
de vista tecnológico são elevadas, pois as normas relevantes em alguns casos ainda não estão
completamente estabilizadas — por exemplo, tecnologias de rede para interligação de sensores — o
que obriga a uma vigilância apertada e permanente, através do acompanhamento dos fóruns
internacionais onde o trabalho de normalização está a decorrer.
Apesar das dificuldades, crê-se que as tecnologias a incorporar estão acessíveis no que diz respeito a
recursos humanos devidamente qualificados. Para todos os processos de análise, desenvolvimento e
vigilância tecnológica é possível identificar profissionais, em Portugal, capazes de os assegurar.
As empresas que optarem pelo mercado de outsourcing deverão ajustar as suas competências
tecnológicas às necessidades dos clientes. No caso dos serviços de desenvolvimento de aplicações,
as opções estão, por exemplo, no tipo de plataformas — web, aplicações em mobilidade — ou ao nível
dos sistemas operativos.
4.2
Recursos necessários a nível operacional e de gestão
Os mercados estudados são, todos eles, de uma grande exigência quanto ao cumprimento da
qualidade nas entregas e dos prazos previamente contratados, o que obriga a uma responsabilização
adicional e a uma nova cultura organizacional. Este movimento de internacionalização pode ainda ser
uma motivação adicional para a necessidade inadiável de se implementarem novos processos nas
empresas que ajudem a garantir a sua competitividade.
Na vertente de gestão, é ainda importante garantir o cumprimento das normas de gestão da qualidade,
ambiente e responsabilidade social, que são normalmente exigidas nos contratos para estes mercados
em particular. A entrada no mercado do outsourcing terá implicações igualmente na parte organizativa,
com a necessidade de cumprir as normas de gestão que são requisitos básicos em muitos dos
concursos para fornecimento deste tipo de serviços: e.g. CMMI, ISO 9001.
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4.3
Uma estratégia de Internacionalização para a Inova-Ria
No contexto deste estudo, e tendo em conta o trabalho de análise exaustiva feita nos submercados
estudados, a Ictech concebeu a estratégia de internacionalização que a seguir se apresenta e que tem
em conta uma perspetiva pragmática do potencial das empresas da Inova-Ria e das suas possibilidades
de desenvolvimento no curto e médio prazos. A estratégia é composta por cinco processos que se
desagregam em atividades. Apresenta-se na Tabela 2, abaixo, o resumo do processo (ver ilustração
na Figura 9), o qual é um pouco mais detalhado nos pontos seguintes.
1. Movimento de rede e definição de parceiros e áreas tecnológicas dentro de cada
segmento de mercado
a. Feiras e conferências
b. Encontros e reuniões e outras missões específicas:
i) Centros e instituições de I&D
ii) Reuniões Empresariais
2. Plano de atuação
a. Estratégia indireta: estabelecimento de contratos de subcontratação ou de
parcerias de cooperação
b. Estratégia direta preliminar: Participação em consórcios de I&D: H2020 e
P2020
c. Estratégia direta orgânica: Estabelecimento de parcerias de investimento
3. Implementação da atuação escolhida em três fases
a. Escolha dos parceiros;
b. Definição do Plano de Operacionalização
c. Implementação
4. Balanço e aprendizagem para o futuro
a. Sessões de trabalho de partilha e balanço
b. Relatório de aprendizagem para experiências futuras
c. Apoio a “newcomers” – novas empresas para internacionalização.
5. Implementação pela Inova-Ria de estruturas de apoio
a. Apoio logístico às missões no local, a feiras e conferências
b. Apoio à elaboração de propostas e contratualização
c. Apoio durante a fase de execução – gestão e controlo de projetos
d. Estabelecimento de processos de formação tecnológica e obtenção de
competências
e. Estabelecimento de processos de balanço e aprendizagem
Tabela 2 – Estratégia geral de internacionalização das empresas Inova-Ria.
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Figura 9 – Processo de Internacionalização da Inova-Ria.
4.3.1
Movimento de networking
O estabelecimento de contactos e a formalização de conhecimento com pessoas dos diversos
mercados setoriais selecionados é o primeiro passo para a internacionalização. Os mercados
selecionados, até pela consequente componente de mudança organizacional e de descoberta de novas
vias de desenvolvimento da Inova-Ria, são desafiantes para um grande conjunto de empresas da
Associação, não sendo os players internacionais conhecidos das diversas equipas de gestão das
empresas. O primeiro passo é, por isso, a presença ativa nos grandes eventos internacionais dos
diversos setores, estabelecendo contactos, apresentando as empresas mesmo que numa primeira fase
não existam produtos completamente desenvolvidos ou serviços devidamente implementados nas
áreas em causa. Esta primeira participação visa sinalizar aos atores já instalados nesses mercados o
interesse da Inova-Ria em abordar esses mercados e a disponibilidade de competências e experiência
de base que podem ser interessantes e aproveitáveis por esses players.
Numa fase posterior, obtidas as competências adicionais necessárias e iniciado o desenvolvimento de
produtos e/ou serviços no contexto de cada um dos mercados, passará a ser possível às empresas
Inova-Ria apresentarem-se já como expositoras e participantes de pleno direito.
Uma alternativa mais vantajosa, mas também mais trabalhosa de organizar e mais custosa em
recursos, embora com vantagens por ser mais focalizada, passa pela seleção de um conjunto de
players mais importantes de cada um dos submercados e no desenvolvimento de missões específicas,
levando as empresas interessadas a um contacto mais direto e focalizado com esses grandes players.
Esta possibilidade proporcionará um conhecimento mútuo e sobretudo o estabelecimento de relações
de confiança e parceria que podem desencadear a elaboração de contratos e trabalhos em conjunto.
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Estas missões terão como objetivos empresas, mas também centros de desenvolvimento e inovação.
Não sendo exaustivo, este relatório apresenta algumas pistas sobre alguns desses grandes players.
Propõe-se que um trabalho mais focado e intensivo seja feito para detalhe e elaboração dos programas
detalhados dessas missões.
Figura 10 – As vantagens do movimento de “networking”.
4.3.2
Plano de atuação
Nesta fase do processo de internacionalização, a estratégia considerada mais adequada passa pela
adoção de um método indireto em que as empresas da Inova-Ria, com as suas competências
específicas nas TICE, se assumem como facilitadores e potenciais subcontratados para o
desenvolvimento de produtos e/ou prestação de serviços alinhados com players já instalados nos
mercados setoriais selecionados. Uma estratégia de atuação direta nesses mercados só será possível
quando as competências tecnológicas específicas das empresas forem notórias e possam aí ser
promovidas. Uma forma de acelerar a possibilidade desta atitude mais direta passa pela participação
conjunta das empresas da Inova-Ria em ações e projetos de desenvolvimento e inovação em parceria,
por exemplo, no contexto dos programas internacionais H2020 e do programa nacional Portugal 2020.
Uma estratégia direta mais ambiciosa, mas que que deve ser enquadrada apenas de aplicação pontual,
passa por ações de investimento conjunto com fusão ou aquisição de/ou por alguns dos players
identificados no processo anterior. Trata-se de uma estratégia mais difícil, por necessitar de
reconhecimento exterior e de capacidades de financiamento que não se vislumbram como sendo uma
potencialidade alargada ao conjunto das empresas Inova-Ria. Os mesmos problemas se colocam em
outras estratégias de exportação direta ou deslocalização para os países identificados, que se
assumem ainda mais difíceis e por isso não incluídas como opção.
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Figura 11 – Possíveis estratégias de internacionalização nos mercados escolhidos.
Após a definição da estratégia a adotar na internacionalização, as empresas devem organizar um plano
de atividades que lhes permita chegar a esse objetivo, que passará pela elaboração de um documento
que reúna a informação relevante, nomeadamente:
 Estratégia — trajetória escolhida para se atingir a internacionalização dos negócios em função
da estratégia empresarial e da informação disponível dos mercados a conquistar;
 Modelos a adotar — formas organizativas do negócio selecionadas e que se adequam à
estratégia;
 Produtos e/ou serviços — que melhor se irão adaptar ao mercado em causa,
 Marketing — as formas de comunicação e de recolha de informação de negócio a serem
implementadas;
 Percursos — fases do processo de internacionalização devidamente calendarizadas e com
atribuição de recursos;
 Organização de gestão — modelos de gestão a adotar: agentes, parceiros, etc.;
 Investimento — recursos financeiros a disponibilizar para fazer face aos gastos com as iniciativas
do projeto;
 Financiamento.
Como todos os planos, este documento será um auxiliar precioso nas etapas seguintes, sobretudo na
identificação dos investimentos e financiamentos necessários. Este projeto deverá seguir e
implementar as decisões estratégicas tomadas e deverá cobrir as fases de entrada no mercado, de
consolidação e manutenção das operações, após a entrada no mercado, e, eventualmente, da
evolução futura do modelo de aproximação ao mercado.
4.3.3
Implementação
Escolhidas as opções estratégicas pelas empresas, individualmente ou em grupo, trata-se agora da
implementação dos projetos e das ações definidas: a escolha concreta e o contacto com os diversos
parceiros, a implementação dos planos de operacionalização e a sua implementação no contexto
definido, nunca perdendo de vista a necessidade de uma capacidade de gestão forte que exige
competências específicas adequadas e uma constante procura pelo cumprimento escrupuloso de
calendários e especificações técnicas. O contexto dos mercados geográficos escolhidos representa-se
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através de um quadro de fornecimentos de excelência, não podendo ser admitidas falhas de
cumprimento de especificações ou de prazos e condições de entrega.
A concretização de um projeto de internacionalização obriga à identificação dos recursos necessários
para a sua implementação, sejam recursos já existentes ou a adquirir, sejam recursos internos ou
externos:




Recursos físicos, nomeadamente, equipamentos, máquinas, computadores, veículos, e outros
recursos similares que possam ou tenham de ser mobilizados;
Recursos materiais, nomeadamente catálogos, software, informação técnica, e outro tipo de
recursos materiais associados ao processo de comercialização dos produtos da empresa;
Recursos humanos, necessários para cobrir todas as frentes em que se desenvolve a atividade de
internacionalização: gestão do negócio, marketing e vendas, prestação do serviço e apoio. No
marketing e vendas é crucial identificar os colaboradores, ou parceiros, capazes de garantir a
presença da empresa nos eventos, identificar as oportunidades e acompanhar os clientes no
sentido de garantir a sua fidelização. No desenvolvimento e eventual fabricação de produtos ou
prestação de serviços, os colaboradores devem possuir as competências adequadas sob o ponto
de vista técnico e as atitudes corretas perante o cliente. Todos os elementos associados à gestão
têm de ser capazes de fazer o reporting e controlo de todo o processo, de modo a que a entrega
seja feita cumprindo os mais exigentes padrões de excelência.
Recursos financeiros, nomeadamente o capital de investimento necessário, fixo e circulante, para
financiar a existência do projeto empresarial no mercado quer na criação das infraestruturas de
arranque, quer para suportar a estrutura durante o tempo em que o projeto empresarial não liberta
fundos para se autofinanciar.
4.3.4
Aprendizagem
O desenvolvimento e a evolução só são possíveis se houver uma constante aprendizagem com a
experiência e com os erros cometidos. Esta fase é, por isso, fundamental para corrigir rotas e para
eliminar ineficácias e problemas. O estabelecimento de um conjunto de mecanismos de debriefing, de
grupos de controlo e thinktanks de reflexão sobre o que correu bem e o que correu mal, o que é para
repetir e aquilo que falhou, os resultados pretendidos e os obtidos, é fundamental quer para corrigir
estratégias, quer para que outras empresas possam beneficiar do conhecimento adquirido pelos “mais
experientes”. Este processo exige humildade por parte das empresas, capacidade de reflexão e
capacidade para autorreconhecer erros e ineficácias, única forma de se aprender e poder corrigir. Os
resultados deste processo são incorporados como melhorias em futuras iterações do ciclo de
internacionalização.
4.3.5
Estrutura e mecanismos de apoio por parte da Inova-Ria
Concretizando a missão e os propósitos da própria associação Inova-Ria, esta tem um papel essencial
a desempenhar no desenho e montagem de mecanismos de suporte às diversas fases deste processo
de internacionalização. Desde o apoio na organização das missões de networking, formando as
equipas e fazendo os planos de contacto e de trabalho, até à organização das sessões de
aprendizagem e elaboração de relatórios com a consolidação das conclusões, vantagens e
desvantagens das opções escolhidas. A intervenção da Inova-Ria deve ainda passar, naturalmente,
pela ajuda na elaboração de contratos e projetos de concurso a financiamentos e apoio à gestão
concreta de alguns projetos, complementando sempre as competências e as próprias estruturas de
cada uma das empresas, a par do apoio a cada uma delas na sua própria estratégia de
desenvolvimento.
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5 Caracterização Geral dos Mercados Geográficos
Nos pontos seguintes serão examinados, de uma forma sucinta, os três mercados geográficos
correspondentes aos cinco submercados setoriais selecionados para elaboração dos Planos de
Internacionalização. Sendo o conjunto dos países definidos neste projeto como “Norte da Europa”
(Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia) um conjunto de populações com alto rendimento,
exigências ambientais importantes e uma enorme apetência, por várias razões, pelas novas tecnologias
digitais e de rede, este mercado não poderia estar fora de qualquer exercício de internacionalização de
empresas ligadas às TICE. Assim, este amplo mercado geográfico acabou por ser selecionado como
altamente prioritário com um enfoque especial nos setores do mar, smart cities e ainda como alvo de
possível subcontratação (outsourcing) de empresas da Inova-Ria. O mercado dos Estados Unidos da
América, com o seu desenvolvimento na Economia Digital em geral, foi selecionado também por via do
seu potencial para a colaboração das empresas da Inova-Ria em parcerias com companhias a trabalhar
nesse mercado. Finalmente, como participante de língua portuguesa, o mercado geográfico do Brasil
acabou sendo selecionado com potencial para a expansão internacional das empresas Inova-Ria para
o setor da Educação e eLearning.
5.1
Mercado Geográfico do Norte da Europa
Figura 12 – Mapa dos países nórdicos.
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5.1.1
Panorama geral
Os países do norte da Europa considerados neste estudo — Finlândia, Dinamarca, Noruega e Suécia
— representam uma população de cerca de 26 milhões de pessoas. A Alemanha, por seu lado, tem
uma população de cerca de 81 milhões de pessoas.
A Tabela 3 apresenta a percentagem de jovens (abaixo de 15 anos) para cada um destes países e a
sua posição neste índice a nível mundial (229 países). Estes valores apontam para populações
relativamente pouco jovens, à semelhança do que acontece um pouco em toda a Europa.
Ordem
País
Percentagem
165
Noruega
18,2%
181
Dinamarca
17,0%
182
Suécia
16,9%
192
Finlândia
15,8%
226
Alemanha
13,0%
Tabela 3 – Percentagem de jovens relativamente à população total
Fonte: World by Map.
No seu conjunto, a zona constituída pelos países nórdicos e pela Alemanha apresenta os melhores
índices de desenvolvimento, segundo vários pontos de vista, nomeadamente, a nível europeu, onde,
por exemplo, ocupam os quatro lugares de topo no que diz respeito a inovação.
5.1.2
Economia em geral
Os países nórdicos são o exemplo mais vezes referido do êxito do estado-providência, modelo de
governança em que se alia uma economia de mercado muito competitiva, a políticas governamentais
de redistribuição da riqueza através de uma forte carga fiscal e de uma sólida intervenção em setores
de atividade considerados chave, nomeadamente, os da assistência social e médica.
Os indicadores macroeconómicos (ver Tabela 4) mostram claramente que estes países têm economias
maduras que, sem grandes taxas de crescimento, são das que na Europa têm resistido melhor à crise
que se instalou desde 2008. A título de comparação, podemos indicar que o PIB português per capita
em 2013 foi de 21.429 USD4.
Alemanha
Dinamarca
Finlândia
Noruega
Suécia
81
6
5
5
10
3.598
320
273
519
553
43.872
59.718
50.143
102.126
57.077
Crescimento real do PIB (%)
1,4
1,1
-0,2
2,1
2,2
Consumo privado (%)
1,4
1,0
0,6
2,3
2,5
Consumo público (%)
1,1
0,3
0,5
1,7
1,7
Taxa de desemprego – média (%)
5,0
7,0
8,6
3,0
7,7
Taxa de inflação – média (%)
1,4
1,4
1,3
2,1
0,6
Dívida pública (% do PIB)
78,0
49,2
59,6
33,7
41,8
População (Milhões)
PIB a preços de mercado
(109
USD)
PIB per capita (USD)
Tabela 4 – Indicadores macroeconómicos do norte da Europa (2014).
4
Fonte: ONU.
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Se analisarmos outros indicadores, mais ligados ao desenvolvimento social e da sociedade da
informação, estes países também se apresentam entre os primeiros, ver Tabela 5.
Indicador
Alemanha
Dinamarca
Finlândia
Noruega
Suécia
Posição no Innovation Union
Scoreboard 2013
(UE, 27 países)
2
3
4
n.d.
1
Posição no Networked Readiness
Index 2014 (World Economic Forum,
148 países)
12
13
1
5
3
Posição na interação com entidades
públicas (Eurostat, 39 países)
14
2
5
3
4
Tabela 5 – Indicadores de desenvolvimento do Norte da Europa.
Nesta tabela, podemos verificar que, no que diz respeito a inovação, os países nórdicos e a Alemanha
ocupam os primeiros lugares da estatística organizada pela União Europeia. Quando comparados com
indicadores globais abrangendo mais países, como os do Networked Readiness Index, podemos
observar que a Finlândia, a Suécia e a Noruega estão entre os cinco melhores.
No caso da interação com as entidades públicas que indicam o grau de adesão às TICE e, de algum
modo, o desenvolvimento do governo eletrónico, surgem novamente colocados no topo.
Nos pontos seguintes, abordaremos os países de uma forma separada.
Alemanha
A Alemanha tem o maior PIB da Europa e é um dos maiores exportadores a nível mundial, com as suas
exportações a representarem mais de 7,5% a nível do comércio global. A sua mão-de-obra altamente
especializada é a base de uma indústria poderosa, nomeadamente, em maquinaria, automóveis e
produtos químicos. Desta forma, a indústria tem um peso muito significativo na economia, o maior a
nível europeu.
O PIB alemão sofreu uma queda importante em 2009, maior do que a UE a 27, mas em contrapartida
a economia alemã foi a que mais rapidamente reagiu nos anos seguintes. Embora com crescimentos
moderados nos últimos anos — que se devem manter nos próximos anos —, a Alemanha ainda é a
economia mais resiliente da zona Euro. Ver Tabela 6.
2011
2012
2013
2014(1)
2015(1)
2016(1)
81,7
81,7
81,8
81,9
82,1
82,2
3.627
3.430
3.626
3.598
3.642
3.765
44.407
41.996
44.361
43.872
44.235
45.575
Crescimento real do PIB (%)
3,4
0,9
0,5
1,4
1,6
1,5
Consumo privado (%)
2,3
0,7
1,1
1,4
1,5
1,5
Consumo público (%)
1,0
1,0
0,5
1,1
1,2
1,1
Taxa de inflação – média (%)
2,5
2,1
1,6
1,4
1,7
1,9
Dívida pública (% do PIB)
80,1
81,0
79,9
78,0
75,4
72,7
População (Milhões)
PIB a preços de mercado
(109
PIB per capita (USD)
USD)
Tabela 6 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Alemanha
(1) Estimativa
Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)
Se bem que a Alemanha desempenhe um papel central na gestão da crise da Zona Euro, a nível
doméstico, os objetivos do Governo passam por assegurar, a médio prazo, saldos orçamentais
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sustentáveis, sem descurar uma política fiscal cautelosa. Assim, e sem recorrer a um aumento da dívida
pública e da carga fiscal, o aumento da despesa social e do investimento em infraestruturas, educação
e I&D será suportado pelos saldos federais dos próximos anos e um potencial aumento das
contribuições para a Segurança Social. Outro objetivo passa por restaurar a saúde do sistema
financeiro. A Zona Euro está longe de um consenso quanto a uma união bancária credível e com
capacidade de recapitalização. Finalmente, um último grande objetivo, a longo prazo, reside na
denominada Revolução Energética. Com o anúncio da desativação das suas centrais nucleares até
2022, a Alemanha pretende aumentar a produção de energia a partir do gás natural, o que requer um
forte investimento numa rede de centrais e a adoção das energias renováveis. Tais medidas terão,
naturalmente, como consequência, um aumento da fatura energética das famílias e das empresas.
A Alemanha, juntamente com o Japão e os EUA, está num grupo restrito de países que dominam em
termos de inovação vários setores industriais, como o das máquinas e equipamentos, o da indústria
elétrica e eletrónica ou o dos produtos farmacêuticos. A economia alemã encontra-se na vanguarda
europeia de um grande número de setores industriais, com predomínio de produtos de elevado valor
acrescentado e nível tecnológico.
Dinamarca
Após a crise de 2008, a economia dinamarquesa tem vindo a recuperar da quebra no setor imobiliário
e da recessão que se instalaram no país, à semelhança de todo mundo, e, especialmente, na Europa.
Em 2010 e 2011, o crescimento ocorreu sobretudo à custa do consumo e investimento público, tendo
o PIB contraído no ano seguinte. As expectativas apontam para um crescimento do PIB em torno dos
1,5% até 2018.
2011
2012
2013
2014(1)
2015(1)
2016(1)
População (Milhões)
5,6
5,6
5,6
5,6
5,6
5,7
PIB a preços de mercado (109 USD)
313
334
315
324
320
326
56.411
59.856
56.250
57.718
59.783
57.543
Crescimento real do PIB (%)
1,6
1,1
-0,4
0,1
1,1
1,5
Consumo privado (%)
1,7
-0,5
0,5
0,1
1,0
1,4
Consumo público (%)
0,4
-1,5
0,7
-0,3
0,3
0,6
Taxa de inflação – média (%)
2,2
2,7
2,4
0,8
1,4
1,7
Dívida pública (% do PIB)
42,7
46,4
45,6
46,9
49,2
50,4
PIB per capita (USD)
Tabela 7 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Dinamarca
(1) Estimativa
Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)
Para já, não se espera uma recuperação sustentada do consumo privado, apesar das medidas criadas
pelo governo. Com o desemprego a descer ligeiramente e as famílias a conseguirem diminuir as
enormes dívidas a que estão obrigadas, espera-se que o consumo privado evolua positivamente,
estimulando a economia.
A crise financeira de 2008 deixou marcas no sistema bancário dinamarquês, que tem vindo a recuperar
com ajudas substanciais do Governo. Por outro lado, as exportações ainda não deram o salto esperado
após a contração provocada pela crise na zona Euro.
No médio prazo, o principal desafio para o Executivo dinamarquês consiste em conciliar o crescimento
económico com a diminuição do défice orçamental, que, até 2009, acumulou vários anos de superavit.
Globalmente, a Dinamarca é um parceiro relativamente importante para Portugal, tendo-se registado
um saldo positivo a favor de Lisboa em 2013, fruto do incremento das exportações e da contração das
importações.
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Finlândia
A Finlândia conseguiu passar de uma economia de base agrícola e florestal, no final da 2ª Guerra
Mundial, para uma nação com um dos mais altos rendimentos per capita e das mais produtivas da
Europa. Segundo o índice do The Global Competitiveness Report 2013-2014, do Fórum Económico
Mundial, a Finlândia ocupa o melhor lugar entre os países da União Europeia. Após um crescimento
com uma média anual de 3,5%, entre 2000 e 2007, entrou em recessão, da qual tem vindo a recuperar
lentamente. Ver Tabela 8.
A contração da economia nota-se nos principais indicadores económicos, nomeadamente, nas
importações e consumo privado, ilustrando o contágio que tem sofrido das economias em maiores
dificuldades.
2011
2012
2013
2014(1)
2015(1)
2016(1)
5,35
5,37
5,38
5,40
5,42
5,43
237
264
250
269
276
277
44.347
49.125
46.416
49.767
50.985
50.980
Crescimento real do PIB (%)
3,0
1,3
1,5
2,2
2,4
2,2
Consumo privado (%)
1,7
1,7
2,0
2,5
2,4
2.3
Consumo público (%)
1,0
0,8
1,3
1,7
1,3
1,0
Taxa de desemprego – média (%)
7,8
8,0
8,0
7,7
7,4
7,0
Taxa de inflação – média (%)
3,0
0,9
-0,1
0,6
1,9
2,3
Dívida pública (% do PIB)
38,6
38,2
41,3
41,8
41,2
39,9
População (Milhões)
9
PIB a preços de mercado (10 USD)
PIB per capita (USD)
Tabela 8 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Finlândia
(1) Estimativa
Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)
Prevê-se que, a partir de 2014/2015, o PIB comece a crescer de uma forma sustentada, com o consumo
interno a expandir, assim como outros indicadores económicos. A dívida pública tem vindo agravar-se
em função das medidas tomadas como resposta à crise de 2008, embora se mantenha entre as mais
baixas da zona Euro.
As relações comerciais entre Portugal e a Finlândia têm sofrido, nos últimos anos, as consequências
da crise financeira, com as exportações portuguesas a registar um incremento em 2013. A
concentração das exportações é muito significativa, pois mais de metade corresponde a minerais e
minérios, destacando-se ainda os têxteis, as máquinas e aparelhos e o vestuário, mas todos estes com
valores abaixo dos 10%.
Em termos de grau de intensidade tecnológica, as exportações portuguesas eram dominadas, em 2011
(último ano disponível), pelos produtos de baixa e média-baixa tecnologia, com mais de 80%.
Quanto aos serviços, a Finlândia ocupou o 18º lugar como mercado cliente dos serviços portugueses.
Tradicionalmente a balança comercial de serviços bilateral é favorável a Portugal.
Noruega
Apostando em empresas de capital maioritariamente público, o governo norueguês consegue exercer
o controlo sobre áreas relevantes nos planos económico e social, nomeadamente, o setor dos
combustíveis fósseis — petróleo e gás natural. A riqueza em recursos naturais constitui uma das
principais características do país: 11º maior produtor mundial de energia hidroelétrica, segundo maior
exportador mundial de peixe, 7º maior exportador de petróleo e terceiro de gás a nível mundial.
A par de uma gestão criteriosa dos recursos naturais, o governo tem conseguido resultados que lhe
garantem uma saúde financeira quase inigualável, nomeadamente, através do fundo soberano, o
segundo maior do mundo.
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As expetativas vão no sentido da procura interna sustentar um aumento consistente das importações
norueguesas. O desemprego continua em níveis baixos: 3,5% em 2013, com as projeções a indicarem
uma descida nos próximos anos.
Os indicadores macroeconómicos da Noruega são o espelho de uma economia sólida e capaz de
ultrapassar a crise económica que se instalou em praticamente todo o mundo desde 2008. Ver Tabela
9.
2011
2012
2013(1)
2014(1)
2015(1)
2016(1)
5,0
5,0
5,0
5,1
5,1
5,1
491
500
511
519
528
564
98.730
99.830
101.294
102.126
103.298
109.705
Crescimento real do PIB (%)
1,1
2,8
0,8
2,1
2,7
3,1
Consumo privado (%)
2,6
3,0
2,1
2,3
2,8
3,3
Consumo público (%)
1,1
1,8
1,6
1,7
1,9
2,0
Taxa de desemprego – média (%)
3,3
3,2
3,5
3,0
3,0
2,9
Taxa de inflação – média (%)
1,3
0,7
2,1
2,1
2,4
2,4
Dívida pública (% do PIB)
28,4
29,6
32,6
33,7
35,0
35,7
População (Milhões)
PIB a preços de mercado
(109
USD)
PIB per capita (USD)
Tabela 9 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Noruega
(1) Estimativa
Prevê-se que o Governo enverede por medidas que aliviem os encargos fiscais das empresas e,
eventualmente, das famílias, embora de imediato sem um impacto significativo na economia. Outras
prioridades apontam o aumento do emprego, a promoção do investimento e a melhoria dos sistemas
da saúde e da educação. Os grandes investimentos públicos deverão ser dirigidos para o reforço das
infraestruturas, a educação, saúde, justiça e forças de segurança.
O setor bancário norueguês é robusto, com uma baixa exposição direta às economias em crise e bem
mais forte do que na maioria dos países europeus, onde as economias enfraquecidas e o crédito mal
parado são ainda problemas presentes, apesar dos bancos noruegueses continuarem expostos aos
riscos dos créditos concedidos ao setor imobiliário, à indústria naval, à habitação e ao endividamento
das famílias, em geral.
Suécia
A Suécia passou de um crescimento sustentado do PIB (média de 3,2% ao ano) para uma recessão
em 2008 e, sobretudo, em 2009, conseguindo voltar ao crescimento em 2010, com um valor
impressionante de 6,1%. A partir de 2011, tem conseguido crescimentos não tão expressivos como o
de 2010, devido à contaminação da desaceleração sentida nas economias da zona Euro, oscilando
entre 1,5 e 3%. As perspetivas para os próximos anos apontam para crescimento acima dos 2%, já a
partir de 2014.
Relativamente ao investimento, espera-se que um reforço gradual da procura, doméstica e externa,
sustentará a retoma, com algumas projeções a apontar valores para o crescimento anual de cerca de
4,3% entre 2015 e 2018.
O setor bancário sueco tem respondido bastante bem à crise financeira de 2008, sendo baixa a
exposição direta da banca sueca à dívida soberana das economias mais problemáticas da Zona Euro.
No entanto, existe algum risco devido ao elevado endividamento imobiliário e da sobreavaliação do
valor da habitação, estando em formação um fundo de estabilidade financeira para garantir liquidez em
caso de crise.
Ao cumprir com as regras rigorosas que estabelecem valores quanto ao teto do défice orçamental, a
Suécia tem contas públicas equilibradas, sendo que a previsão do défice para 2015 aponta para um
valor da ordem de 1,9%, longe dos valores dos países mais endividados da zona Euro. Ver Tabela 10.
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2011
2012
2013
2014(1)
2015(1)
2016(1)
População (Milhões)
9,5
9,6
9,6
9,7
9,8
9,8
PIB a preços de mercado (109 USD)
536
524
559
553
556
574
56.546
54.874
58.057
57.077
56.970
58.461
Crescimento real do PIB (%)
3,0
1,3
1,5
2,2
2,4
2,2
Consumo privado (%)
1,7
1,7
2,0
2,5
2,4
2.3
Consumo público (%)
1,0
0,8
1,3
1,7
1,3
1,0
Taxa de desemprego – média (%)
7,8
8,0
8,0
7,7
7,4
7,0
Taxa de inflação – média (%)
3,0
0,9
-0,1
0,6
1,9
2,3
Dívida pública (% do PIB)
38,6
38,2
41,3
41,8
41,2
39,9
PIB per capita (USD)
Tabela 10 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Suécia
(1) Estimativa
A política económica do Governo sueco centra-se na criação de emprego, sobretudo no emprego
jovem, através de programas de trabalho temporário e de incentivos para promover a formação de
desempregados. Com o objetivo de promover o mercado habitacional, foram ainda anunciadas
medidas que incluem a baixa de impostos sobre a propriedade, a promoção do subarrendamento e
estímulos à construção de habitação.
5.1.3
As tecnologias de informação e comunicação no Norte da Europa
A Tabela 11 apresenta dois dos muitos indicadores que podem ser utilizados para demonstrar o grau
de desenvolvimento dos cidadãos dos países do Norte da Europa, no que diz respeito à utilização das
TICE.
País
Terminais móveis Utilização da
por 100 hab.
Internet (%)
Finlândia
172
90
Dinamarca
127
92
Alemanha
121
82
Suécia
124
93
Noruega
116
95
Tabela 11 – Terminais móveis e Internet no Norte da Europa.
Fonte: ITU
Programa H2020
O programa Horizonte 2020 é um dos instrumentos utilizados pela Comissão Europeia para prosseguir
as suas políticas, definindo as prioridades que devem ser atribuídas aos financiamentos em
Investigação, Desenvolvimento e Inovação.
Sendo o H2020 um instrumento fundamental da Comissão Europeia para promoção da inovação, faz
sentido alinhar eventuais ações para desenvolvimento e experimentação de produtos e soluções nas
áreas das Smart Cities e da Economia do Mar com a estrutura e prioridades do Programa nessas áreas.
O programa H2020 está estruturado em três grandes pilares:



Pilar I – Excelência Científica: apoiar a União Europeia a tornar-se líder mundial em ciência;
Pilar II – Liderança Industrial: fortalecer a liderança industrial em inovação;
Pilar III – Desafios Societais: abordar as principais preocupações partilhadas por todos os
europeus;
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Em especial no Pilar II – Liderança Industrial, foram consideradas relevantes as seguintes subáreas:
a) ICT, Information and Communication Techologies – micro-eletrónica, sistemas embebidos,
computação da próxima geração, internet do futuro, robótica e fotónica.
b) Nanotecnologias, Materiais Avançados, Processos e Fabricos Avançados, Biotecnologia:
o
o
o
o
Novos nanomateriais e nanotecnologias;
Materiais com novas funcionalidades e melhor desempenho;
Fábricas do futuro, edifícios energeticamente eficientes;
Processos e materiais em setores como a agricultura, alimentação e florestas, química
industrial e saúde.
c) Espaço – desenvolver e explorar as infraestruturas espaciais para satisfazer as necessidades da
Europa.
Da mesma forma, para o Pilar III - Desafios Societais, definiram-se as seguintes linhas de atividade
prioritárias:
 Saúde, alterações demográficas e bem-estar;
 Bio economia, incluindo segurança alimentar, agricultura e florestas sustentáveis,
investigação marinha, marítima, em lagos e em rios;
 Energia segura, eficiente e sustentável;
 Transportes inteligentes, verdes e integrados;
 Ação Climática, eficiência na utilização de recursos e matérias-primas;
 A Europa num Mundo em mudança - Sociedades inclusivas, inovadoras e pensadoras;
 Sociedades Seguras - proteção da segurança da Europa e dos seus cidadãos.
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5.2
Mercado Geográfico dos Estados Unidos da América
Figura 13 – Mapa dos EUA.
Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)
5.2.1
Panorama geral
Os Estados Unidos da América (EUA) são o terceiro maior país do mundo, com uma extensão de 4,5
mil quilómetros (de Este a Oeste) e 2,6 mil quilómetros (de Norte a Sul) e uma área superior a 9 milhões
de km², sendo um país da mesma ordem de grandeza, em termos geográficos, da China e do Brasil e
o dobro do conjunto dos países que formam a União Europeia (UE)5.
O país é o terceiro mais populoso do mundo, superado somente pela China (1300 milhões de
habitantes) e Índia (1100 milhões de habitantes). A sua população é de aproximadamente 320 milhões
de habitantes, um número que representa aproximadamente 4,5% da população mundial. Com uma
taxa de crescimento da população de 0,8% ao ano (entre 2010 e 2015), o país apresenta uma
densidade populacional relativamente baixa.
O território dos Estados Unidos é limitado, ao Norte, pelo Canadá; ao Sul, pelo México; a Oeste pelo
oceano Pacífico; e a Leste pelo oceano Atlântico.
Devido à sua extensão territorial, existe uma grande variedade de paisagens: florestas temperadas,
pantanais, planícies, montanhas rochosas, desertos, florestas húmidas, regiões árticas e ilhas
vulcânicas e uma grande variedade de climas dos quais se destacam o subtropical, o polar, o
mediterrâneo e o temperado.
O nível de imigração para os EUA é elevado, o que se reflete numa grande variedade de grupos étnicos,
religiosos e culturais. Etnicamente, a população dos Estados Unidos é constituída por alemães,
irlandeses, ingleses, italianos, escandinavos, polacos, franceses, hispânicos, africanos e asiáticos. Em
5Fonte:
Economist Intelligence Unit (EIU)
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2011, os residentes nascidos no estrangeiro ascendiam a 40,4 milhões, representando cerca de 13%
da população6.
Cerca de 54% dos habitantes do país e 55% do produto interno bruto (PIB) 7 estão concentrados nos
dez estados mais populosos (Califórnia, Texas, Nova Iorque, Flórida, Illinois, Pensilvânia, Ohio,
Geórgia, Michigan e Carolina do Norte), que se situam nas zonas costeiras dos oceanos Atlântico e
Pacífico, bem como nas regiões circundantes dos Grandes Lagos e no estado do Texas.
5.2.2
Economia em geral
A economia dos Estados Unidos é a maior do mundo, destacando-se em diversos setores (indústria,
tecnologia, finanças, agricultura, extração mineira e turismo) e funcionando totalmente dentro de
parâmetros capitalistas, ancorada num mercado consumidor interno forte e em exportações de bens,
produtos e serviços.
Os EUA produzem grande quantidade de géneros agropecuários, sendo um dos maiores produtores
mundiais de milho, trigo, açúcar e tabaco, com esta produção concentrada essencialmente na região
sul do país.
A extração petrolífera e de minérios têm também destaque económico nos Estados Unidos. Os EUA
possuem depósitos de gás natural e petróleo essencialmente nos estados do Texas e Alasca, assim
como possuem igualmente depósitos de ouro, urânio e carvão mineral extraídos nos estados do
Wyoming, Kentucky e Virgínia Ocidental.
O turismo nos Estados Unidos é igualmente relevante para a economia do país, sendo a terceira nação
do mundo mais visitada por turistas estrangeiros (cerca de 1,5 mil milhões de turistas/ano).
Os EUA destacam-se, no entanto, nos produtos industrializados e tecnologia. Na indústria americana,
distinguem-se os setores da produção automóvel, tecnologias de informação, da medicina, do setor
aeroespacial e do setor do equipamento, sendo considerada como uma das mais desenvolvidas em
termos tecnológicos, desenvolvimento que se reflete na própria economia do país. De acordo com a
UNESCO, os EUA encontra-se no topo dos países em termos de investigação e desenvolvimento.
Grande parte da indústria norte-americana concentra-se nas regiões sudeste e nordeste, embora
também haja grande produção de produtos manufaturados no estado da Califórnia, nomeadamente a
produção de software e produtos de informática e eletrónica de consumo, concentrando-se uma grande
parte dessas empresas na conhecida região de Silicon Valley, na cidade de San José (Califórnia).
O centro financeiro do país concentra-se principalmente em Wall Street (Nova Iorque), onde está
localizada a maior bolsa de valores do mundo, a New York Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova
Iorque).
Atualmente o setor dos serviços é o de maior relevância na economia Norte-Americana. Este setor
absorve cerca de 75% da população ativa e estima-se que setor contribua com 80% para a formação
do PIB, seguido da indústria que representa (19%) e do setor agrícola (1%).
Para 2014, as estimativas da EIU (Economist Intelligence Unit) e do FMI (Fundo Monetário
Internacional) apontavam para uma taxa de crescimento do PIB de 2,2%. O desemprego continuaria a
baixar, situando-se em 6,2%, enquanto a taxa de inflação deveria subir para 2%. O défice do setor
público prosseguiria a sua trajetória descendente (-2,8% do PIB), o mesmo acontecendo com o saldo
negativo da balança corrente (-2,2% do PIB).
6
7
Fonte: 2002-2013 Migration Policy Institute.
Fonte: U.S. Bureau of Economic Analysis (NIPA).
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Tabela 12 – Principais Indicadores Macroeconómicos (EUA).
Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU) – ViewsWire October 2014
Notas: (a) Valores atuais; (b) Estimativas; (c) Previsões
De acordo com os dados da EIU, destacam-se as seguintes projeções para a economia dos EUA ao
longo dos próximos cinco anos:
 O dinamismo do setor privado e do setor público deverá contribuir para que a economia registe um
crescimento de 3,2% em 2015 e para o período 2015-2019 as projeções apontam para crescimentos
de 2,6% em média anual;
 O crescimento económico no período terá por base o incremento do consumo privado, como
resultado do aumento gradual do emprego e dos salários, e o dinamismo do investimento;
 Os acordos alcançados em 2013 perspetivam o sucesso na conciliação do crescimento económico,
com o controle da despesa pública e com uma subida de impostos, o que permitirá reduzir
gradualmente o défice orçamental federal, que não deverá ultrapassar 1,8% do PIB no período
2017-2019. A dívida pública federal deverá também registar uma tendência decrescente, não indo
além de 84% do PIB em 2019;
 A política monetária expansiva vai permitir a manutenção das taxas de juro excecionalmente baixas
até 2015, estimulando investimentos no setor privado. O investimento deverá continuar a registar
variações positivas nos próximos anos com uma média de crescimento de 6% entre 2015 e 2019;
 Depois dos 2% estimados para 2014, a taxa de inflação deverá rondar os 2,3% entre 2015 e 2019
(média anual); em termos de desemprego prevê-se uma diminuição gradual para 5,5% em 2018;
 O défice da conta corrente deverá continuar a diminuir, não ultrapassando 1,6% do PIB no final do
período 2017-2019 (2,2% em 2014). Prevê-se ainda que o dólar americano valorize relativamente
ao euro entre 2015 e 2016, sendo expectável que o euro recupere algum terreno em 2017-2019.
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Relações Económicas com Portugal
Nos últimos cinco anos, a balança comercial de bens e serviços entre Portugal e os EUA tem sido
amplamente favorável ao nosso país. De salientar que o crescimento médio anual das exportações, no
período 2009-2013, foi de cerca de 15%, enquanto as importações aumentaram em cerca de 1%.
Em 2013, as vendas de bens e serviços para o mercado americano aumentaram 10% face ao ano
anterior e as importações registaram um decréscimo de 4%, tendo o saldo alcançado perto de 1,7 mil
milhões de euros. As exportações para os EUA atingiram, assim, o dobro das nossas importações em
2013, mantendo sensivelmente o mesmo padrão durante o ano de 2014.
Tabela 13 – Evolução da Balança Comercial Bilateral de Bens e Serviços (EUA).
Fonte: Banco de Portugal; Unidade: milhão de EUR.
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2009-2013;
(b) Taxa de variação homóloga 2013-2014 Componente de Bens com base em informação do INE – Instituto
Nacional de Estatística, ajustada para valores fob.
Serviços
No âmbito dos serviços, e segundo dados do Banco de Portugal, constata-se que em 2013 os EUA
foram responsáveis por 5,5% das vendas de Portugal ao exterior e por 7,4% das aquisições, os valores
mais elevados dos últimos cinco anos.
Na área dos serviços, a balança bilateral tem sido igualmente favorável a Portugal, tendo sido registada
uma evolução positiva ao longo dos últimos cinco anos. As exportações de serviços para os EUA
atingiram 1200 milhões de euros em 2013 (o que representou um aumento de 14% relativamente a
2012), enquanto as importações alcançaram cerca de 800 milhões de euros (+7,6%), o que se traduziu
num superavit de 395 milhões de euros, o valor mais elevado do período em análise.
Tabela 14 – Balança de Serviços de Portugal com os EUA
Fonte: Banco de Portugal;
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento no período 2009-2013;
(b) Taxa de variação homóloga 2013-2014
Ainda segundo o Banco de Portugal, são as viagens e turismo (42% do total exportado em 2013) e os
transportes (27%) que mais se destacam nas exportações portuguesas de serviços para os EUA.
Em relação às importações, sublinha-se a importância dos transportes (28% do total em 2013) e das
viagens e turismo (26%).
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5.2.3
As Tecnologias de Informação e Comunicação nos EUA
Os EUA dispõem de uma infraestrutura de telecomunicações extensa que permite suportar o
crescimento geral das TICE. A utilização da banda larga fixa estende-se a cerca de um terço dos
Americanos e na banda larga móvel a cobertura é de 100% da população. Estes valores, traduzem, de
longe, a melhor performance dos países da OCDE em termos de números absolutos de clientes ligados,
o que representa um mercado gigantesco, sendo que as diferenças entre zonas urbanas e rurais
embora existam não são significativas.
Total fixed (wired) broadband subscriptions, by country, millions, December 2013
United States
Japan
Germany
France
United Kingdom
Korea
Italy
Mexico
Spain
Canada
Turkey
Netherlands
Poland
Australia
Belgium
Switzerland
Sweden
Greece
Portugal
Chile
Denmark
Hungary
Austria
Israel
Norway
Czech Republic
Finland
New Zealand
Ireland
Slovak Republic
Slovenia
Estonia
Luxembourg
Iceland
0
20
40
60
80
100
Figura 14 – Total de subscrições de banda larga fixa, por País e milhão de habitantes.
Fonte: OECD (Dezembro de 2013)
Figura 15 – Total de subscrições de banda larga móvel, por País e milhão de habitantes.
Fonte: OECD (Dezembro de 2013)
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Velocidades de acesso de adoção de banda larga fixa em zonas urbanas e não urbanas
Entre 200 Kbps e
768 Kbps
Entre 768 Kbps e
3 Mbps
Entre 1,5 Mbps e
6 Mbps
Total dos EUA
64%
40%
28%
Áreas urbanas dos EUA
65%
43%
30%
Áreas não-urbanas dos EUA
63%
37%
24%
Tabela 15 – Velocidade de adoção de banda larga fixa nas áreas urbanas e não-urbanas dos EUA
Fonte: FCC Report (2012)
A extensão do mercado dos EUA é também visível no número de operadores existentes, não se
constatando a existência de monopólios geográficos como é comum em outros países. Em grande
parte do território do País, a concorrência é um facto: 70% da população pode escolher entre cinco ou
mais operadores e 98% pode optar por mais de dois operadores. São exceções apenas as regiões
menos povoadas do Centro-Oeste e o Alasca.
Figura 16 – Cobertura geográfica em número de operadores disponíveis.
Fonte: FCC Report (2012)
Em termos de cobertura geográfica, a situação é semelhante: em mais de 77% da extensão de estradas
e em mais de 51% do território existe cobertura de mais de dois operadores.
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Figura 17 – Número de Operadores com Cobertura (Outubro de 2012).
Se analisarmos os equipamentos terminais, a conclusão sobre as oportunidades do mercado é
semelhante: 55% de todos os clientes dispõem de smartphone, sendo que nas aquisições recentes
essa percentagem sobe para 67%.
Figura 18 – Rácios de Penetração de Smartphones nos EUA (4T de 2009 a 2T de 2012) 8.
Neste contexto, fica claro que o mercado é enorme para as aplicações de TICE em todos os segmentos
seja em casa, no automóvel ou na rua. A existência de disponibilidade quer da rede, quer em terminais
para acesso ao mundo digital é quase universal num mercado de 320 milhões de pessoas.
8
Nielsenwire, The Nielsen Company, Two Thirds of New Mobile Buyers Now Opting for Smartphones, July 12,
2012. Ver também http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/two-thirds-of-new-mobile-buyers-nowopting-for-smartphones/ (acedido em Nov. 19, 2012).
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5.2.4
Ficha de mercado
Área
9.161.923 km2
População
316,4 milhões habitantes (estimativa 2013)
Densidade Populacional
4,5 hab./Km2
Designação oficial
Estados Unidos da América (EUA)
Presidente
Barack H. Obama (reeleito em Nov 2012; próximas eleições em Nov
de 2016)
Capital
Washington, D.C. – 5,7 milhões hab. (estimativa 2012, US Census)
Outras cidades importantes
Nova Iorque (18,9 milhões hab.), Los Angeles (12,8 milhões hab.),
Chicago (9,5 milhões hab.), Filadélfia (7,1 milhões hab.), Houston
(6,4 milhões hab.), Miami (6,4 milhões hab.), Dallas (6,1 milhões
hab.) e Atlanta (6,1 milhões hab.)
Religião
Maioritariamente protestante (51,3%) e católica (23,9%)
Língua oficial
Os EUA não decretaram uma língua oficial. A língua utilizada é o
inglês, predominando o espanhol em algumas regiões do país
Unidade monetária
1 Dólar dos EUA (USD) = 0.7533 EUR (média 2014);
1 Dólar dos EUA (USD) = 0.925 EUR (1 de abril de 2015);
Risco País
Risco Geral - AA (AAA = risco menor; D = risco maior)
Risco político
AA
Risco de estrutura económica A (The Economist Intelligence Unit, nov 2013)
Risco de crédito
País "não classificado" na tabela de risco da OCDE. Não é aplicável
o sistema de prémios mínimos
Principais relações
internacionais e regionais
Os EUA integram, entre outras, a Organização para a Segurança e
Cooperação na Europa (Organization for Security and Co-operation
in Europe – OSCE), o Banco Europeu para a Reconstrução e
Desenvolvimento (European Bank for Reconstruction and
Development – EBRD), o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), o Banco Africano de Desenvolvimento (African Development
Bank – AfDB), o Banco Asiático de Desenvolvimento (Asian
Development Bank – ADB), o Banco de Compensações
Internacionais (Bank for International Settlements – BIS) e a
Organização das Nações Unidas (United Nations – UN) e suas
agências especializadas. Este país é, ainda, membro da
Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization –
WTO), desde 1 de janeiro de 1995.
Ao nível regional faz parte do Acordo Norte-Americano de Livre
Comércio (North American Free Trade Agreement – NAFTA), do
Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico (Asia-Pacific Economic
Cooperation – APEC), do Conselho de Cooperação Económica do
Pacífico (Pacific Economic Cooperation Council – PECC) e da
Organização dos Estados Americanos – OEA (Organization of
American Sates – OAS).
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Relacionamento com a União O relacionamento dos EUA com a UE baseia-se na Nova Agenda
Europeia (UE)
Transatlântica, lançada em 1995, e na Parceria Económica
Transatlântica, lançada em 1998. Mais recentemente, no Verão de
2013, perante as conclusões e recomendações do Grupo de
Trabalho de Alto Nível criado pela UE e EUA, deu-se início formal às
negociações de um Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio
e Investimento entre a UE e os EUA (Transatlantic Trade and
Investment Partnership – TTIP), com o objetivo de eliminar as
barreiras comerciais (aduaneiras e não aduaneiras), facilitando a
compra e venda de bens e serviços por empresas nos dois
mercados.
Ambiente de Negócios
Competitividade (Rank no Global
Competitiveness Index 2014-15): 3 em 148.
Facilidade Negócios (Rank no Ease of Doing
Business Report 2014): 7 em 189.
Transparência (Rank no Corruption Perceptions
Index 2013): 19 em 177.
Ambiente de Negócio (Posição no Business
Environment Ranking 2014-2018, da EIU Economist Intelligence Unit, entre 82 países): 7.
Facilidade Comercial (Posição no Enabling Trade
Index 2014 - 138 países) – entre parêntesis, a
posição no sub indicador de acesso ao mercado
– pilar 1 (acesso ao mercado doméstico): 15 (27)
Liberdade Económica (Posição no Economic
Freedom Index): 12 em 178
Fonte: AICEP
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5.3
Mercado Geográfico do Brasil
Figura 19 – Mapa do Brasil.
Fonte: http://www.ezilon.com/maps/images/southamerica/map-of-Brazil.gif
5.3.1
Panorama geral:
O Brasil é o quinto maior país do mundo, com uma área total de 8,5 milhões de quilómetros quadrados,
abrangendo cerca de metade da América do Sul e sendo o maior e mais populoso país deste
continente. As distâncias são à escala continental: 4.420 quilómetros de norte a sul e 4.328 km de leste
a oeste, uma costa atlântica de 7.367 quilómetros, num total de 23.102 quilómetros. Tem como vizinhos
todos os países da América do Sul, exceto Chile e Equador. O Brasil é o quinto país mais populoso do
mundo, com cerca 204 milhões de cidadãos9.
Depois de mais de três séculos sob o domínio dos portugueses, o Brasil ganhou a sua independência
em 1822, mantendo um sistema de governo monárquico até à abolição da escravatura em 1888 e a
subsequente proclamação da república pelos militares em 1889. Os exportadores de café brasileiro
dominaram politicamente o país, até o líder populista Getúlio Vargas subir ao poder em 1930. O Brasil
passou por mais de meio século de governo populista e militar até 1985, quando o regime militar
pacificamente cedeu o poder a governos civis. O Brasil continua na senda do crescimento industrial e
agrícola e do desenvolvimento social. Explora vastos recursos naturais e possui uma extensa mão-deobra. Hoje é líder económico da América do Sul, sendo um dos primeiros países desta região a iniciar
o verdadeiro desenvolvimento económico. A grande desigualdade de rendimentos e o crime
permanecem, contudo, problemas prementes, bem como mais recentemente a diminuição do ritmo de
crescimento económico.
Hoje, o Brasil é líder mundial na produção de alguns alimentos e minerais. Também em outros setores
como, por exemplo, o aço, o alumínio, a produção automóvel, o setor aeroespacial, a pasta de madeira,
os produtos químicos e as indústrias têxteis, estão altamente desenvolvidos. O PIB brasileiro em 2013
foi de 4,8 biliões R$, um crescimento de 2,3% em relação a 2012 10. No entanto, esta evolução não se
verificou em 2014, ano em que o PIB apresentou um crescimento residual de 0,1% e a previsão para
2015 aponta mesmo uma contração de 0,9%.
9
Estimativa para o início de 2015 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
10
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Figura 20 – Crescimento populacional no Brasil.
5.3.2
Economia em geral:
A economia brasileira registou um forte desempenho durante a maior parte do período 2007-2012, com
uma taxa de crescimento médio real do PIB de 3,6% ao ano, embora com flutuações importantes. O
crescimento beneficiou da forte procura doméstica e condições externas favoráveis, incluindo forte
procura e preços elevados no mercado internacional das commodities brasileiras, o que impulsionou o
país em termos comerciais.
O crescimento, suportado por políticas macroeconómicas sólidas, concentrou-se em alcançar um
superavit primário, no cumprimento de rigorosas metas de inflação e num sistema de taxa de câmbio
flutuante, o que contribuiu para consolidar a estabilidade macroeconómica. Ajudada por uma moeda
que se valorizou, e apesar do forte crescimento da procura interna, a inflação foi mantida sob controlo,
geralmente dentro da faixa de variação permitida pelas metas definidas. O crescimento económico
sustentado ao longo de quase uma década e as políticas de rendimento permitiram ao Brasil fazer
importantes progressos na redução da pobreza e na desigualdade de rendimentos, melhorando em
simultâneos os números do emprego.
Desde o segundo semestre de 2011, no entanto, o crescimento tem desacelerado significativamente e
a taxa de crescimento real médio, em 2012, foi de apenas 0,9%. Esta perda de dinamismo pode ser
atribuída, em parte, à valorização do Real e à desaceleração da economia mundial, mas também reflete
problemas estruturais que afetam a competitividade da economia brasileira, tais como infraestruturas
inadequadas, insuficiente acesso ao crédito e carga fiscal muito elevada. Para resolver estes
problemas, o Governo tem adotado medidas destinadas a eliminar as limitações nas infraestruturas,
ampliar as concessões e parcerias entre os setores privado e público e reduzir a carga fiscal em
algumas indústrias de transformação.
Para apoiar os setores afetados pela perda de competitividade, o governo brasileiro tomou algumas
medidas que têm um impacto restritivo à importação, incluindo o aumento temporário das tarifas
aduaneiras, a utilização de margens preferenciais para bens e serviços domésticos nas compras
governamentais, a par do aumento da disponibilidade do crédito à exportação e de uma redução do
nível de intermediação financeira. Em meados de 2011, o Banco Central baixou a taxa de referência
do Banco Central do Brasil (BCB) - taxa SELIC, para um nível baixo recorde para os padrões brasileiros.
Do lado fiscal, o Governo foi capaz de fornecer estes estímulos, mantendo um superavit primário
durante todo o período de análise.
O período 2007-2012 foi assim especialmente dinâmico para o comércio externo no Brasil. As
exportações cresceram a uma taxa média de 8,6% entre 2007 e 2012, refletindo uma forte procura
externa pelos seus produtos. Mineração e exportação de produtos agrícolas representaram a maior
parte deste crescimento, aumentando, em comparações anuais, de 15,4% e 12,3%, respetivamente.
As exportações de produtos manufaturados aumentaram a uma taxa média anual de apenas 1,8%, e
a sua participação no total das exportações de mercadorias diminuiu significativamente: de 47% em
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2007, para 34% em 2012. A participação dos produtos primários aumentou de 50% para 63%, devido,
em especial, ao forte desempenho dos minérios.
O crescimento das importações superou as exportações durante o período em análise, expandindo a
uma taxa anual de 13,1% entre 2007 e 2012, o que determinou que o superavit comercial se reduzisse.
O défice comercial do Brasil no setor de produção aumentou de forma acentuada, com as importações
de produtos manufaturados a crescerem a uma taxa média anual de 16,2% no período, atingindo 73%
do total das importações em 2012.
O défice estrutural na balança comercial de serviços também aumentou durante o período de análise,
em grande parte por conta de pagamentos mais elevados de equipamentos, viagens e transporte.
Depois de anos de superavit consecutivos, em 2008 o saldo da balança comercial do Brasil mergulhou
em défice. O défice manteve-se em torno dos 4% do PIB em 2014. No entanto, os grandes fluxos de
capitais, especialmente investimentos diretos estrangeiros (IDE), têm mais do que compensado o
défice em termos de conta corrente. Em meados de 2012, o Brasil foi o sexto maior beneficiário de IDE.
Durante a última década, o país tem mantido políticas macroeconómicas de controlo da inflação e
promoção do crescimento económico. A inflação foi de 6,3% em abril de 2014, enquanto o desemprego
urbano se situou 4,9% (valor de referência a abril de 2014), caindo de 6% em meados de 2013. As
taxas de juros continuam altas em comparação internacional: a taxa SELIC atingiu um mínimo histórico
de 7,25% em outubro de 2012, mas, a partir de Abril de 2013 retomou as subidas, atingindo em Março
de 2015 o valor de 12,75%, ainda assim um valor baixo para os padrões brasileiros, pois no fim do
século XX a taxa SELIC rondava os 30 a 40%.
2011
2012
2013
2014
2015(1)
2016(1)
197
199
201
203
205
206
2.474
2.247
2.245
2.202
2.039
2.065
12.530
11.280
11.170
10.860
9.970
10.020
Crescimento real do PIB (%)
2,7
1,0
2,3
0,1
-0,5
1,2
Consumo privado (var %)
4,1
3,2
2,3
1,8
2,5
2,9
Consumo público (var %)
1,9
3,3
1,9
3,5
3,0
3,3
Taxa de inflação – média (%)
6,6
5,4
6,2
6,3
7,3
5,7
Dívida pública (% do PIB)
16,3
19,6
21,5
24,9
29,3
31,7
População (Milhões)
PIB a preços de mercado
(109
PIB per capita (USD)
USD)
Tabela 16 – Principais Indicadores Macroeconómicos.
(1) - Estimativa
Fonte: AICEP – Brasil Ficha de Mercado (2014) e Síntese País (2015)
Um dos objetivos da política do Brasil tem sido o reforço da integração económica regional. O Brasil é
um dos membros fundadores do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e assinou acordos comerciais
preferenciais com a Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México e Peru. Em conjunto com os seus
parceiros do MERCOSUL, o Brasil tem também acordos preferenciais de comércio atualmente em vigor
com a Índia e Israel. Existem também acordos preferenciais bilaterais no âmbito da Associação LatinoAmericana de Integração (ALADI) com a Guiana e Suriname. A União Europeia e o Mercosul têm
mantido as negociações a fim de criar um Acordo de Comércio Livre entre as duas regiões.
O Brasil mantém uma política de zonas de comércio livre para as importações e exportações, com
incentivos a serem concedidos para fomentar a produção, o desenvolvimento e a integração regional
das áreas de fronteira da região norte. Foram já criadas zonas de comércio livre em diversos estados,
sendo a principal a Zona Franca de Manaus (ZFM), na região amazónica. Às empresas estabelecidas
na ZFM são concedidas isenções fiscais pelos governos federal e estadual. Um dos requisitos para a
concessão de tais benefícios reside no cumprimento dos critérios PPB (Processo Produtivo Básico), as
etapas fabris mínimas necessárias para produzir determinado produto além de uma série de exigências
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RCT0015-2014
ambientais e sociais. Todas as importações para a ZFM necessitam de uma licença. Os incentivos ao
abrigo da ZFM programa vão estar em vigor até 2023.
O setor agrícola brasileiro desempenha um papel importante na economia, especialmente como fonte
de exportações e emprego. O setor agroindustrial desempenha ainda um papel crucial na contribuição
para o superavit da balança comercial. As exportações de produtos agroalimentares atingiram um nível
recorde de cerca de 100 mil milhões de Reais em 201311.
O Brasil tem um setor industrial muito diversificado. No entanto, o setor perdeu dinamismo devido a
uma erosão de competitividade, o que se traduziu no aumento das importações e de crescimento lento
das exportações. As importações de produtos manufaturados têm aumentado, captando uma parte
significativa do crescimento do consumo e do setor da indústria transformadora, tendo a balança
comercial registado um défice recorde de 81 mil milhões de USD em 2012. Num esforço para reverter
esta situação, o Governo tem reforçado a importância dada à política industrial, em parte através de
dois planos nacional abrangentes: a Política de Desenvolvimento Produtivo (2008-2010) e o Plano
Brasil Maior (2011-2014). Os instrumentos utilizados para promover o setor da indústria transformadora
no âmbito destes programas incluem linhas de crédito em condições favoráveis, concursos públicos,
incentivos fiscais e medidas fronteiriças de apoio.
O Brasil é quase autossuficiente na produção de energia primária, a extração de petróleo tem vindo a
expandir-se cada vez mais, apresentando um crescimento médio de 20,5%, de 2007 a 2011. Não
obstante a crescente procura interna, o Brasil tornou-se um exportador líquido de petróleo bruto pela
primeira vez em 2007 e tem expandido significativamente seu excedente comercial desde então. No
entanto, a dependência de importações de produtos petrolíferos refinados aumentou devido à
insuficiente capacidade de refinação. O Brasil depende de grandes importações de gás natural, embora
a produção nacional tenha aumentado 41% entre 2007 e 2012. A empresa estatal Petrobras tem
mantido a sua posição dominante na produção, refinação, distribuição e retalho no mercado de petróleo
e produtos petrolíferos, representando cerca de 90% do total da produção de petróleo no país e 98%
do total da capacidade de refinação. O Brasil continua a ser o segundo maior produtor de etanol.
Figura 21 – Principais Indicadores por macrorregião do Brasil.
11
Fonte: AgroStat - Brasil.
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O Brasil tem aproximadamente 204 milhões de habitantes12 e 65 milhões de domicílios particulares
permanentes13, com cerca de 80% de sua população a viver em áreas urbanas. De facto, a urbanização
é um aspeto distintivo do crescimento do Brasil, com a população crítica para a economia a viver e a
trabalhar em zonas urbanas. Elemento fundamental desta transformação é a habitação de baixo custo
e com acesso a Internet (43% do total), impulsionando maiores rendimentos e a capacidade de
aprofundar uma economia digital. Devido a essa transformação, e proporcionadas pela expansão da
banda larga, vão surgindo oportunidades para fornecedores de tecnologia e serviços no
desenvolvimento de soluções verticais de TI.
O Brasil tem uma economia extensa e diversificada, oferecendo às empresas portuguesas inúmeras
oportunidades de parcerias e de exportação dos seus produtos e serviços. No entanto, fazer negócios
no Brasil requer um profundo conhecimento do ambiente local, envolve custos, diretos e indiretos,
referidos tradicionalmente como o "custo Brasil". Tais custos são muitas vezes relacionados com os
custos de distribuição, as normas e procedimentos federais ou estaduais, as leis laborais e ambientais,
e, sobretudo, a uma complexa estrutura tributária. A logística representa também um desafio particular,
dada a falta de uma infraestrutura adequada para responder a quase uma década de expansão
económica. Para além dos custos tributários, existe também um complexo sistema aduaneiro e jurídico.
O Governo brasileiro é o maior comprador de bens e serviços. Ganhar contratos com o governo, no
entanto, pode ser desafiante. As empresas exportadoras podem encontrar-se em situação de
desvantagem competitiva se não tiverem uma presença significativa no país, através de parcerias com
entidades brasileiras ou algum tipo de empresa subsidiária, assim como a paciência e recursos
financeiros para responder a dificuldades legais e entraves burocráticos.
O setor brasileiro de infraestruturas vai receber investimentos estimados em 800 mil milhões de USD
no período de 2013 a 2017. O montante será dividido entre os setores de infraestrutura e energia, com
um maior montante atribuído para o desenvolvimento de infraestruturas, como estradas, caminhos-deferro, portos e aeroportos.
O setor da construção no Brasil está numa fase de crescimento significativo. As principais cidades
foram objeto de investimentos importantes em construção relacionados com o Campeonato do Mundo
de Futebol 2014 e, especificamente para o Rio de Janeiro, com os Jogos Olímpicos de Verão, de 2016.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro estima que os investimentos no Estado entre 2010 e 2016
alcancem os 50 mil milhões de USD, incluindo infraestruturas e transportes. A maioria destes
investimentos será feita no modelo brasileiro de PPP (Parceria Público-Privada).
Os primeiros Jogos Olímpicos a serem realizados na América do Sul vão gerar inúmeras oportunidades
de negócios para as empresas portuguesas em vários setores. Os principais projetos incluem
infraestruturas logísticas, melhorias nos portos, modernização de aeroportos, construção de
transportes de massa e saneamento. O financiamento dos projetos será apoiado com uma significativa
dotação pelo Governo Brasileiro no âmbito da fase dois do seu Plano de Aceleração do Crescimento
(PAC). Este programa engloba investimentos em infraestruturas logísticas, energia, serviços sociais e
mobilidade urbana.
Outras áreas promissoras para as exportações portuguesas incluem o petróleo e o gás, equipamentos
agrícolas, construção civil, indústria aeroespacial e de aviação, educação, segurança e dispositivos de
segurança da informação (cibersegurança), equipamentos para medicina, produtos para o desporto,
tecnologias ambientais e transportes.
5.3.3
As Tecnologias da Informação e Comunicação no Brasil
O crescimento do mercado das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil tem sido
impressionante. O setor das TIC foi um dos mais afetados positivamente pelo processo de abertura
económica observada no Brasil na década de 1990, tendo o valor relativo do mercado das TIC quase
duplicado ao longo de uma década.
Em 2013, o crescimento dos investimentos em Tecnologia da Informação no Brasil continuou muito
significativo, com um aumento de 15,4% em relação a 2012. Comparado às demais economias
12
13
Fonte: IBGE – estimativa 2015.
Fonte: PNAD 2013 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) – IBGE.
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mundiais, o Brasil também se destacou, considerando que a média mundial de crescimento foi de 4,8%.
Com esse resultado, o Brasil ficou entre os dez maiores crescimentos setoriais, mantendo a sétima
posição no ranking mundial de investimentos em TI.
De acordo com os dados obtidos em estudo da IDC14, contratado pela Associação Brasileira das
Empresas de Software (ABES) e que confirma o Brasil como o sétimo país do mundo que mais gasta
em tecnologia, o mercado doméstico de Tecnologia da Informação, que inclui hardware, software e
serviços, movimentou 62 mil milhões de USD em 2013, representando cerca de 3% do PIB brasileiro e
3% do total de investimentos de TI no mundo, um resultado muito positivo e superior às participações
apontadas no ano anterior. Deste valor, 11 mil milhões de USD vieram do mercado de software e 14
mil milhões de USD do mercado de serviços, sendo que a soma destes dois segmentos já superou
40% do mercado total de TI, um forte indicativo da passagem do Brasil para o grupo de economias que
privilegiam o desenvolvimento de soluções e sistemas.
O setor de software teve um crescimento de 13,5% em 2013. Já o setor de serviços apresentou um
crescimento mais modesto, com aumento de 7,7% sobre o ano anterior. No conjunto, software e
serviços tiveram um crescimento de 10,1%, acima da grande maioria dos demais setores da economia
brasileira, e também acima do PIB do país, que foi da ordem de 2,3%.
Em 2013, a utilização de programas de computador desenvolvidos no país (standard e sob encomenda)
cresceu 15,3%, superior aos 12,9% de crescimento identificado no uso de programas de computador
desenvolvidos no exterior, reforçando a tendência de crescimento que vem sendo apontada desde
2004.
O mercado nacional é explorado por cerca de 11 mil empresas, dedicadas ao desenvolvimento,
produção, distribuição de software e de prestação de serviços. Daquelas que atuam no
desenvolvimento e produção de software, cerca de 93% são classificadas como micro e pequenas
empresas. Finanças, Serviços e Telecomunicações representaram praticamente 51% do mercado
residencial, seguidos por Indústria, Governo e Comércio. Já em termos de crescimento, o Comércio foi
o setor que apresentou o maior aumento nos investimentos, com variação positiva de mais de 27% em
relação a 2012.
Segmentação do Mercado
Mercado
Doméstico
Mercado
Exportação
Mercado
Total
Software
10.736
209
10.945
Serviços
14.405
598
15.003
Subtotal: Software e Serviços
Hardware
25.141
36.472
Subtotal: Tecnologias de Informação
807
360
61.613
1.167
25.948
36.832
62.780
Telecom
100.986
--
100.986
Outros Serviços (*)
6.170
2.280
8.450
TI in House (**)
53.450
--
53.450
Subtotal Outros
Total Mercado TICE
160.606
222.219
2.280
3.447
162.886
225.666
Tabela 17 – Mercado Total das TIC no Brasil – 2013 (em milhões de USD)
(*) Outros Serviços . BPO Business Consulting, Operações Internacionais, Outros Serviços
(**) Fonte IDC - BRASSCOM
Fonte: Mercado Brasileiro de Software Panorama e Tendências – ABES 2014
14
Fonte: Mercado Brasileiro de Software - Panorama e Tendências – 2014 (ABES)
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Participação por região
O referido estudo da ABES apresenta também a concentração regional dos investimentos do mercado
de TICE no Brasil. No segmento de software, a região Sudeste do país reuniu o maior volume de
recursos alocados ao setor em 2013, com 65% de participação. O Norte do país foi o que menos
investiu no setor, com apenas 2% de participação.
No segmento de serviços, o Sudeste do Brasil foi também a região com o maior volume de
investimentos com participação de 63%, seguido da região Centro-Oeste (14%), Sul (12%), Nordeste
(9%) e Norte (2%).
Figura 22 – Distribuição Regional do Mercado Brasileiro de TI.
Brasil “Networked Readiness Index”
Apesar de um ligeiro aumento na pontuação obtida no indicador NRI (Networked Readiness Index),
graças às melhorias na sua infraestrutura de TIC, (ficando na 56ª. posição nesse aspeto), o Brasil cai
nove posições no ranking geral, ficando no lugar 69, decorrente do facto de outras economias terem
sido mais rápidas a abraçar a revolução digital. Em aspetos parcelares, o país apresenta níveis
relativamente altos de utilização das tecnologias da informação e comunicação, com cerca de metade
da sua população a utilizar a Internet, uma indústria de comércio eletrónico bem-desenvolvida (30º.
lugar), um governo empenhado em oferecer um número significativo dos seus serviços on-line (32º.
lugar), o que resulta numa participação significativa dos cidadãos (31º. lugar) – ver Tabela 18. Contudo,
e como se pode ver na Figura 23, o Brasil ainda compara negativamente, em termos do indicador geral,
com os mercados mais desenvolvidos, também estudados neste relatório, da América do Norte e do
Norte da Europa.
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2012
Lugar Valor
1
2
Networked Readiness Index
65
3,9
69
4,0
Environment subindex
101
3,5
116
3,4
Political and regulatory environment
77
3,6
78
3,6
Business and innovation environment
121
3,5
135
3,3
72
4,7
76
4,7
Infrastructure and digital content
68
4,0
56
4,5
Affordability
67
5,3
91
5,0
Skills
86
4,7
91
4,6
Usage subindex
54
3,8
47
4,1
Individual usage
66
3,3
59
4,2
Business usage
33
4,0
41
3,9
Government usage
59
4,0
54
4,3
53
3,7
57
3,6
Economic impacts
52
3,5
64
3,3
Social impacts
54
3,9
58
3,9
Readiness subindex
3
4
5
6
7
8
Impact subindex
9
10
2014
Lugar Valor
Tabela 18 – Indicadores de desenvolvimento digital do Brasil
Fonte: The Global Information Technology Report 2014 – World Economic Forum.
Figura 23 – Indicador de preparação para a economia digital nos dois lados do Atlântico.
Fonte: Networked Readiness Index 2014 – World Economic Forum.
Estes dados não impedem que um ambiente pobre na inovação nos negócios (135ª posição),
juntamente com deficiências e fragilidades no seu sistema de ensino (121ª. posição) - nomeadamente
na área da matemática e ciência (136ª. posição) - impeçam o pleno aproveitamento do impacto
económico que as TICE poderiam proporcionar (64ª. posição); apenas uma pequena parte da sua
população está envolvida em tarefas e empregos que envolvem conhecimento intensivo (75ª. posição).
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5.3.4
Ficha de mercado
Área
8.515.692 km2 (IBGE – 5º país em extensão territorial)
População
204 milhões (estimativa IBGE para início de 2015)
Densidade Populacional
23,6 habitantes/Km2
Designação oficial
República Federativa do Brasil
Presidente
Dilma Rousseff, desde janeiro de 2011, reeleita nas eleições de 2014
Capital
Brasília – 2,5milhões de habitantes (IBGE, 2007)
Outras cidades importantes
São Paulo (11 milhões), Rio de Janeiro (6,1 milhões), Salvador (2,9
milhões), Fortaleza (2,4 milhões), Belo Horizonte (2,4 milhões)
Religião
A maioria da população professa a religião Católica Romana (73,6%),
embora a Constituição consagre a livre prática de todas as religiões
Língua oficial
Português
Unidade monetária
Real do Brasil (BRL)
1 EUR = 3,0512 BRL (Banco de Portugal – média de maio 2014)
Risco País
Risco geral - BBB (AAA = risco menor; D = risco maior) – EIU, março
2014
Risco político
Risco Político – BBB
Risco de estrutura
económica
Risco de Estrutura Económica – BBB
Risco de crédito
3 (1 = risco menor; 7 = risco maior) – COSEC, maio de 2014
Principais relações
internacionais e regionais
O Brasil é membro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (InterAmerican Development Bank – IDB) e da Organização das Nações
Unidas (United Nations – UN) e suas agências especializadas
(Specialized Agencies, Related Organizations, Funds, and Others UN
Entities). Integra, ainda, a Organização Mundial de Comércio (World
Trade Organization – WTO), desde 1 de janeiro de 1995.
Ao nível regional, o Brasil faz parte do Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL, que se encontra, ainda, numa etapa do processo de
integração definida como União Aduaneira, cujo objetivo final é evoluir
para um Mercado Comum, compreendendo não só o livre comércio entre
os países membros, a aplicação da Tarifa Externa Comum – TEC face
a países terceiros, mas também, a livre circulação dos fatores de
produção: capital e trabalho), da Associação Latino-americana de
Integração (ALADI), do Sistema Económico Latino-americano e do
Caribe (Sistema Económico Latino-americano y del Caribe – SELA), da
Organização dos Estados Americanos (OEA), da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) e é ainda membro associado da
Comunidade Andina (Comunidad Andina)
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Relacionamento com a
União Europeia (UE)
O relacionamento do Brasil com a União Europeia rege-se,
fundamentalmente, por dois Acordos, pelo Acordo-Quadro de
Cooperação Brasil/UE, em vigor desde 1 de novembro de 1995 e que,
em termos de comércio de mercadorias, assume a natureza de acordo
não preferencial em que as partes se concedem mutuamente o
tratamento da nação mais favorecida (MFN – Most Favoured Nation:
conceito de não descriminação onde cada membro da OMC concede
aos produtos de um outro membro um tratamento não menos favorável
do que o tratamento que concede aos produtos semelhantes de qualquer
outro país membro) e, ao nível supranacional, pelo Acordo-Quadro InterRegional de Cooperação Mercosul/UE, em vigor desde 1 de julho de
1999 e que tem por objetivo, entre outros, a preparação das condições
para a criação de um Acordo de Associação Inter-Regional que incluirá
a liberalização do comércio e serviços.
As negociações para a celebração de um Acordo Inter-Regional entre a
UE e o MERCOSUL foram relançadas em maio de 2010, aguardandose, neste momento, a marcação de uma data para a apresentação das
propostas de ambas as partes sobre o comércio de bens e serviços e
contratação pública (informações atualizadas sobre as negociações em
curso podem ser obtidas no Overview of Ongoing Negotiations). Mais
informação sobre o relacionamento bilateral pode ser consultada no
Portal – European External Action Service (EEAS)
Ambiente de Negócios
Competitividade (Rank no Global Competitiveness
Index 2013/14): 56 em 148
Facilidade de Negócios (Rank no Ease of Doing
Business Rep. 2014): 116 em 189.
Transparência (Rank no Corruption Perceptions
Index 2013): 72 em 177
Ambiente de Negócio (Posição no Business
Environment Rankings 2014-2018, da EIU Economist Intelligence Unit, entre 82 países): 43.
Facilidade Comercial (Posição no Enabling Trade
Index 2014 - 138 países) – entre parêntesis, a
posição no sub indicador de acesso ao mercado –
pilar 1 (acesso ao mercado doméstico): 86 (108)
Liberdade Económica (Posição no Economic
Freedom Index): 114 em 178
Fonte: Brasil Ficha de Mercado (AICEP maio 2014)
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6 Submercados Setoriais para Internacionalização
Explorados e descritos os três mercados geográficos de âmbito dos mercados setoriais selecionados,
ir-se-á em seguida abordar e descrever em detalhe o contexto geral, transacional e os fatores críticos
relacionados com os cinco mercados setoriais para os quais foi aprofundada a análise.
6.1
6.1.1
Segmento de mercado: Smart Cities (Norte da Europa)
Contexto do mercado das Smart Cities
A aposta nas Smart Cities e nas suas componentes surgiu um pouco por todo o Mundo, integrando as
TICE como parte da solução para alguns dos maiores desafios que se colocam atualmente à gestão
urbana: mobilidade, energia, ambiente e participação cívica.
Como se observa na Figura 24, a percentagem da população urbana tem vindo a subir nos últimos
anos de um modo consistente, atingindo nos países alvo valores já acima dos 80%. A tendência de
urbanização tem sido sentida a nível mundial, com a Europa e a América do Norte a ocuparem os
lugares cimeiros. Na Europa, os países nórdicos e a Alemanha apresentam valores de urbanização
superiores à média.
Com esta afluência às cidades, estas têm-se vindo a deparar com novos problemas, de uma nova
dimensão e magnitude, onde a tecnologia pode dar um contributo importante para a sua resolução.
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030
Mundo
Europa
Norte da Europa***
Figura 24 – Comparação da percentagem de população urbana.
*** Neste contexto, Norte da Europa corresponde aos países alvo deste estudo.
Nota: Gráfico construído com dados das Nações Unidas: Department of Economic and Social Affairs.
Utilizando como referência as 40 cidades que fazem parte do Ericsson Networked Society City Index
2014, constata-se que entre as dez primeiras estão Estocolmo (1), Copenhaga (5), Helsínquia (6), Oslo
(8) e que, na Alemanha, Berlim e Munique surgem respetivamente em 14º e 16º lugar, demonstrando
que o Norte da Europa apresenta um nível de maturidade assinalável, no que diz respeito às Smart
Cities. Este indicador tem uma componente tecnológica, que avalia a disponibilidade, o preço e a
utilização das TICE, e uma componente de desenvolvimento nas vertentes social, económica e
ambiental.
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Como exemplo do nível de desenvolvimento das cidades do Norte da Europa na adesão às iniciativas
Smart Cities, pode utilizar-se a ordenação definida pelo sítio www.smart-cities.eu, onde se encontram
nos dez primeiros lugares oito cidades nórdicas.
Desta análise, constata-se que as cidades escandinavas, pelo menos as de maior dimensão, já se
encontram num estado avançado de maturidade no que se refere a Smart Cities ou, no mínimo, estão
reunidas as condições para que adiram facilmente a iniciativas nesta área.
Antes de se avançar com a análise, é importante encontrar uma definição ou um enquadramento do
conceito de Smart City para balizar o estudo. Utilizando como referência o estudo “Mapping Smart
Cities in the EU” do Parlamento Europeu, uma definição possível é a seguinte:
“Smart City é uma cidade que procura resolver os problemas públicos através de soluções
suportadas em TIC com base em parcerias municipais que agregam as várias partes
interessadas”15
Neste contexto propõem-se seis características básicas em que se devem suportar as Smart Cities:
 Governação inteligente — significa juntar a governação intra e intercidade/município, incluindo os
serviços e interações que as interligam e, quando relevante, as organizações comunitárias, públicas,
privadas e civis de modo que a cidade possa funcionar eficiente e efetivamente como um organismo
uno. O instrumento privilegiado para atingir estes objetivos são as TICE (infraestruturas, hardware
e software). É fundamental que as parcerias público-privadas e todos os intervenientes colaborem
na prossecução de objetivos comuns ao nível de cidade. Os objetivos incluem transparência e dados
abertos usando as TICE e o governo eletrónico com tomada de decisão participativa e serviços
eletrónicos disponíveis para todos os cidadãos;
 Economia inteligente — está associada a negócio e comércio eletrónicos, à produtividade
aumentada, produção industrial e inovação baseadas em TICE e, consequentemente, novos
produtos, serviços e modelos de negócio. A economia inteligente também implica a interligação local
e global com fluxos físicos e virtuais de mercadorias, serviços e conhecimento;
 Mobilidade inteligente — pressupõe transportes e sistemas de logística com uma grande
incorporação de TICE. Por exemplo, os sistemas de transporte sustentáveis, seguros e interligados
podem abranger autocarros, comboios, carros, bicicletas e percursos pedestres. A mobilidade
inteligente dá prioridade a meios suaves de locomoção. A informação relevante disponível em tempo
real pode ser acedida pelo público para poupar tempo e melhorar a eficiência. Os utilizadores do
sistema de mobilidade também podem fornecer os seus próprios dados em tempo real ou contribuir
para o planeamento a longo prazo;
 Ambiente inteligente — inclui a energia inteligente — energias renováveis, smart grids, medição
— controlo e monitorização da poluição, renovação de edifícios, edifícios sustentáveis, planeamento
urbano verde, bem como a eficiência na utilização, reutilização e substituição de recursos. Serviços
urbanos como a iluminação das ruas, gestão de resíduos, os sistemas de esgotos e os recursos
hídricos que são controlados para avaliar o sistema, reduzir a poluição e melhorar a qualidade da
água são alguns bons exemplos;
 Cidadão inteligente — promove pessoas com competências digitais, que trabalham em ambientes
com forte implementação das TICE, tendo acesso a educação e formação, gestão de capacidades
e de recursos humanos, numa sociedade inclusiva que melhora a criatividade e promove a inovação;
 Vida inteligente — cria as condições para estilos de vida, comportamentos e consumos baseados
em TICE. A vida inteligente também é a vida sã e segura em cidades culturalmente ativas com
instalações culturais com boas condições de alojamento. Implica, igualmente, altos níveis de coesão
social e capital social.
Os componentes associados a Smart Cities são, normalmente, agrupados em 3 classes de fatores:
 Tecnológicos — infraestruturas físicas, tecnologias “inteligentes”, tecnologias móveis, virtualização,
redes digitais;
 Humanos — recursos humanos, capital social;
 Institucionais — política de governação, regulamentos e diretivas.
Smart City is ‘a city seeking to address public issues via ICT-based solutions on the basis of a multi- stakeholder,
municipally based partnership’.
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Numa vertente tecnológica, identificam-se vários níveis de intervenção:
 Interface física — inclui a ligação ao “mundo real” quer através dos sensores necessários à recolha
de informação, quer dos equipamentos para permitem a atuação sobre elementos físicos;
 Rede de comunicação — os dados recolhidos pelos sensores e as instruções de atuação circulam
numa rede constituída por modems, gateways agregadores e infraestrutura de transmissão;
 Agregação e processamento de dados — os dados recebidos são, numa primeira fase,
agregados em bruto e posteriormente processados e associados de modo a serem úteis à camada
aplicacional;
 Aplicação — a este nível é feita a interface com o utilizador e geridas as regras de negócio.
Na prática, as fabricantes posicionam-se em mais do que um destes níveis de intervenção, conforme a
sua estratégia de negócio. Os fornecedores de soluções verticais acabam por intervir em todos os
níveis, à custa de desenvolvimento interno ou por integração de soluções de terceiros.
6.1.2
Análise de fatores de contexto geral
Neste estudo, foi recolhida informação sobre o mercado das Smart Cities no Norte da Europa que
permitirá avaliar a sua importância no conjunto de fatores típicos de uma análise STEP
Aspetos sociais
Os países do Norte da Europa apresentam-se normalmente nos lugares de topo de todos os
indicadores relacionados com aspetos sociais, sendo apontados como exemplo de que é possível juntar
desenvolvimento económico à proteção social e à participação cívica. Neste sentido, as populações
das cidades do Norte da Europa estão preparadas para usufruir das inovações associadas às Smart
Cities quer do ponto de vista de utilização da tecnologia, quer do ponto de vista cívico.
Aspetos tecnológicos
As tecnologias que serão usadas nas Smart Cities já estão, na sua grande maioria, disponíveis, nos
vários níveis de intervenção. Os sensores já existem em grande profusão — medição de indicadores
atmosféricos, tráfego, energia, água. Também já existem soluções ao nível da rede, capazes de
responderem aos desafios colocados, mas assiste-se, atualmente, a uma grande dinâmica no
desenvolvimento de novos paradigmas que sejam mais eficientes para as aplicações da Internet of
Things em que as Smart Cities se inserem. Nas camadas superiores em que se faz o processamento
dos dados também já estão disponíveis as ferramentas, plataformas e técnicas para que seja retirado
o máximo proveito desses mesmos dados.
Aspetos económicos
Como foi referido atrás, os países do Norte da Europa apresentam indicadores invejáveis nas várias
perspetivas em que normalmente são analisadas as economias nacionais - sobre este aspeto, ver o
ponto 5.1.2.
Aspetos políticos
Juntamente com uma grande estabilidade política, nestes países o estado tem uma intervenção
significativa nas áreas assistenciais e na abertura da governação à sociedade civil, num ambiente
propício à criação de oportunidades iguais para todos.
Aspetos ambientais
As questões ambientais fazem parte das preocupações que estão na génese de algumas iniciativas no
contexto das Smart Cities. Questões como a gestão dos recursos hídricos, o controlo da poluição
atmosférica ou a criação de sistemas energéticos mais eficientes são alguns dos temas mais referidos
e tratados nas iniciativas Smart Cities. Assim, as questões ambientais serão uma preocupação
permanente de quem opera neste contexto e requisitos sempre presentes.
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Aspetos éticos
O conjunto destes países representa o mais baixo nível percebido quanto a corrupção, como se pode
observar na Tabela 19. Além disso, são países que recebem muitos emigrantes que conseguiram
integrar com bom ambiente de acolhimento.
Indicador
Alemanha
Dinamarca
Finlândia
Noruega
Suécia
Competitividade
(Posição no Global Competitiveness
Index 2013-14) – 148 países
4
15
3
11
6
Facilidade de Negócios
(Posição no Ease of Doing Business
Report 2014) – 189 países
21
5
12
9
14
Transparêcia
(Posição no Corruption Perceptions
Index 2013) – 177 países
12
1
3
5
3
Ambiente de Negócio (Posição no
Business Environment Rankings 20142018, da EIU - Economist Intelligence
Unit, entre 82 países)
12
10
9
11
6
Posição no Economic Freedom Index
2014 (178 países)
18
10
19
32
20
18(46)
17(46)
5(46)
12(41)
9(46)
Posição no Enabling Trade Index 2014
(138 países) – entre parêntesis, a
posição no sub indicador de acesso ao
mercado – pilar 1 (acesso ao mercado
doméstico).
Tabela 19 – Indicadores de negócios no Norte da Europa.
Aspetos regulatórios e legais
Os países do Norte da Europa pertencem à União Europeia, com a exceção da Noruega, que, em muito
casos, também acaba por adotar a legislação europeia. Como tal, estão sujeitos às diretivas da
Comissão e Parlamento Europeus, sendo relevante para as Smart Cities toda a legislação em torno de
questões tais como ambiente, privacidade e concursos públicos. Além disso, sendo as intervenções
em espaço público, existe tipicamente legislação específica aplicável com origem nas autoridades
regionais ou municipais.
6.1.3
Análise de fatores de contexto transacional
Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, proceder-se-á agora à análise de todos
aqueles fatores externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é
de compra, venda ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a
as suas empresas e o submercado das Smart Cities no Norte da Europa.
O modelo de Porter (também chamado de avaliação do contexto competitivo) introduziu o conceito de
“vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto de fatores cuja análise reflete a intensidade
competitiva do negócio. Este segmento de mercado será analisado de acordo com os fatores definidos
para o modelo.
Considerando o modelo de referência para as Smart Cities da Figura 25, identificam-se no topo os
objetivos e as políticas públicas que condicionam o desenvolvimento das cidades. As indústrias e os
serviços que servem as cidades, subordinados a estes objetivos e políticas, asseguram o dia-a-dia das
cidades e dos cidadãos. As TICE serão facilitadoras destes serviços, criando as infraestruturas físicas
e de dados que irão suportar e facilitar a prestação dos serviços aos cidadãos.
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No caso concreto das empresas Inova-Ria, existem oportunidades em quase todas as áreas na camada
de “infraestruturas e tecnologias” quer seja por desenvolvimento interno, quer por integração de
soluções e produtos de terceiros.
Figura 25 – Modelo de referência Smart Cities
Sendo um processo em construção, a tendência genérica será o incremento das iniciativas Smart Cities
nas várias frentes em que este movimento se desdobra.
Considerando as orientações do “Operational Implementation Plan: First Public Draft” elaborado pela
European Innovation Partnership on Smart Cities and Communities, identificam-se algumas áreas
prioritárias:
 Mobilidade Urbana Sustentável — soluções com o objetivo de criar sistemas de mobilidade
eficientes e integrados que permitam a sua monitoria e gestão através dos diferentes modos,
conduzindo a um menor impacto ambiental e a:
- melhor integração e gestão dos transportes coletivos que contribuam para uma
multimodalidade porta-a-porta integrada;
- melhores sistemas urbanos de distribuição e logística.
 Construções, privadas e públicas, mais amigas do ambiente — reduzindo a utilização da
energia e, de um modo mais geral, o impacto ambiental, potenciando indústrias competitivas,
com sistemas integrados de monitoria;
 Infraestruturas integradas — integração das vários infraestruturas (energia, transportes,
comunicações, gás, etc.), evitando a sua replicação. As opções passam por dar novas
funcionalidades a infraestruturas já existentes, ter um cadastro de redes atualizado, aberto e
acessível, facilitando a sua reutilização;
 Foco no cidadão — trabalho colaborativo entre as indústrias, sociedade civil e diferentes níveis
da administração pública e os cidadãos para atingir interesses comuns, considerando as TICE,
a mobilidade e a energia num ambiente urbano. Apesar do que já foi feito nestas áreas, podem
ser reforçadas soluções para permitir que os cidadãos resolvam os seus problemas e que
colaborem, mais ativamente, na resolução dos problemas da comunidade;
 Gestão e planeamento integrados — envolvendo a coordenação das várias áreas e recursos
de planeamento para se atingirem os objetivos comuns. As TICE serão fundamentais na
disponibilização e gestão da informação entre os vários atores responsáveis pela gestão e
planeamento das cidades;
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 Partilha do conhecimento — a partilha de conhecimento entre as cidades e entre setores e
atores é vital para as inovações nas Smart Cities. Boas ferramentas e práticas serão cruciais;
 Métricas e indicadores — embora já estejam disponíveis um grupo significativo de indicadores
cobrindo as várias áreas de intervenção das Smart Cities, a comparação entre cidades não é
tarefa fácil. A disponibilização de indicadores fiáveis e comparáveis entre si vai exigir esforço na
recolha e processamento de dados com origens muito diferenciadas.
 Dados abertos (open data) — a utilização de dados disponibilizados pelas mais variadas fontes
e devidamente integrados e processados continuarão a permitir a criação de novos modelos de
negócio.
Existe uma consciência generalizada de que a aplicação das TICE pode facilitar a vida dos cidadãos,
os negócios das empresas e a gestão da administração pública se devidamente enquadrada e
integrada.
Tipo e caracterização dos clientes
Um dos grandes clientes das soluções Smart Cities acaba por ser o Estado, a nível central, regional
ou local. Em particular, as instâncias do Estado a nível local são decisivas para a implementação e
concretização das iniciativas Smart Cities, funcionando, em inúmeros casos, como cliente prioritário.
Existem, contudo, muito mais entidades interessadas em criar negócios sobre as oportunidades Smart
Cities, muitos deles sob a forma de concessão das autarquias, como gestores de espaços públicos e
de sistemas de informação baseados em dados disponibilizados pelos organismos públicos. De igual
forma, todas as entidades, públicas e privadas, que têm a seu cargo a gestão de bens ou serviços
básicos como água, transportes, energia ou saneamento são potenciais clientes de soluções Smart
Cities.
Existência e caraterização de fornecedores locais
A oferta de soluções para as Smart Cities far-se-á sobretudo a nível global, estando, neste momento
todos os grandes fornecedores da área das TICE, e não só, a posicionarem-se e a desenvolver
produtos e soluções. Alguns destes grandes fornecedores têm sede, ou bases, no Norte da Europa
(e.g. ABB e Siemens), pelo que esses estarão a trabalhar em “casa”. Além destes, existem um
conjunto enorme de fornecedores, muitos deles start-ups, nestes países, com soluções inovadoras
para Smart Cities.
Concorrência local e global
Os grandes fornecedores, normalmente associados às TI (IBM, HP, Capgemini, Oracle, ATOS, etc.) já
estão no terreno, oferecendo soluções para responder aos desafios colocados pelas Smart Cities . Por
outro lado, os fornecedores de grandes soluções de engenharia — energia, transporte ferroviários e
marítimos ou petróleo — também já incluíram nos seus portefólios equipamentos e soluções dirigidos
a esta problemática. Estão neste caso a ABB, Silver Spring, Siemens ou Honeywell. A juntarem-se a
estes, há também os fornecedores de soluções para serviços básicos (energia, água, transporte) que
também já têm produtos destinados a Smart Cities (ver ABB, AGT, etc.). Eis uma súmula dos principais
fornecedores do setor:
 ABB, Suíça — Atua sobretudo nas áreas de automação, energia e tração elétrica, tendo também
soluções para comunicações.
 AGT International, Suíça — Especialista em IoT, análise de dados, soluções de cloud e
serviços. As suas plataformas e aplicações destinam-se sobretudo a otimização de operações,
gestão urbana, tráfego, gestão hospitalar, etc.
 ATOS, França — Desenvolve produtos e presta serviços em muitas áreas de atividade tais como
segurança civil, multimédia, redes e comunicações, gestão de pagamentos, operações de
telecomunicações, gestão de mobilidade, administração pública, etc.
 Autodesk, EUA — Especializada em sistemas CAD com aplicações nas mais variadas
indústrias, disponibiliza soluções para Smart Cities nas áreas de planeamento, projeto,
construção e gestão.
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 Capgemini, França — Como fornecedor global de soluções de TI, tem soluções com aplicação
nas Smart Cities tais como governo eletrónico, planeamento e gestão de infraestruturas e
recursos, gestão da mobilidade ou Big Data.
 Cisco, EUA — Além de equipamentos de conetividade, a Cisco oferece soluções integradas
para áreas como segurança, estacionamento, comunicação ou gestão de tráfego.
 Ericsson, Suécia — Fornece soluções completas de telecomunicações desde as infraestruturas
até às plataformas de gestão e de serviços.
 Esri, EUA — É uma empresa americana especializada em soluções de informação geográfica,
sendo líder mundial em muitas aplicações desta área.
 Firetide (UNICOM), EUA — Especialista em soluções de comunicações sem fios,
nomeadamente para ambiente e contextos de alta criticidade.
 General Electric, EUA — Multinacional com interesse em áreas como energia, água, petróleo e
gás, gestão de energia, aviação, saúde e transportes.
 Hitachi, Japão — Multinacional com atividade em várias áreas tecnológicas TIC: sistemas de
energia, transportes, equipamentos industriais, Smart Cities, maquinaria para construção civil,
sistemas automóveis e eletrónica de consumo.
 Honeywell, EUA — Multinacional tecnológica com interesses e produtos em eletrónica de
consumo, aeroespacial e defesa, segurança, construção e edifícios, processos industriais,
eficiência energética, petróleo e gás, transportes e saúde;
 Huawei, China — Empresa especializada em sistemas e soluções de comunicações com
aplicação em atividades como segurança, governo eletrónico, transportes, sistemas de energia,
comunicação social e entretenimento, petróleo e gás, saúde e produção industrial;
 IBM, EUA — Multinacional de TI com soluções e serviços em praticamente todas as áreas da
economia.
 Itron, EUA — Empresa tecnológica com produtos e soluções para a gestão eficiente de energia
e água, através de sistemas de medição e de otimização.
 Libellium, Espanha — Fabricante de sensores e equipamentos de comunicações com
aplicações em várias áreas da atividade económica, com ênfase nas IoT e Smart Cities.
 Living PlanIT, Suiça — Empresa com produtos de middleware baseado em soluções cloud para
recolha e processamento de informação de sensores e controlo de atuadores, com aplicações
em áreas das Smart Cities.
 Microsoft, EUA — Tem em desenvolvimento soluções em áreas como a eficiência na gestão
dos recursos urbanos, segurança, saúde ou educação.
 Oracle, EUA — À volta dos seus motores de bases de dados, oferece soluções dirigidas às
Smart Cities e governo eletrónico;
 OSIsoft, EUA— Fornece plataformas para análise de dados e big data.
 SAP, Alemanha — Líder mundial de ERP, também oferece aplicações dirigidas às Smart Cities
nomeadamente através de análise de dados, Big Data e gestão urbana;
 Schneider Electric, França — Produtos na área da energia elétrica, desde as infraestruturas até
sistemas de gestão de instalações elétricas, infraestruturas de data centres, iluminação, sistemas
e controladores industriais, sensores e motores.
 Siemens, Alemanha — Empresa tecnológica com produtos nas mais variadas áreas, como:
automação, eletrodomésticos, energia, tração elétrica ou saúde. Produtos com aplicação em
atividades económicas como: automóveis, química, data centres, vidro e solar, administração
pública, petróleo e gás, minas e metais, equipamentos e automação industrial, gestão da água e
Smart Cities.
 Silver Spring, EUA — Produtos e soluções nas áreas de gestão da rede de energia, telemetria
e redes de comunicações.
 Toshiba, Japão — Produtos de eletrónica de consumo, computação pessoal, telecomunicações,
equipamentos para diagnóstico médico, imagem e vídeo.
 Urbiotica, Espanha — Produtos e soluções de sensores, comunicações sem fios e plataforma
de gestão com aplicações em mobilidade urbana, gestão de tráfego e estacionamento, e medição
de som;
 Worldsensing, Espanha — Fornecimento de produtos e soluções de deteção, medição e de
comunicação com aplicação em áreas como gestão de trânsito e estacionamento, geotecnia,
instalações industriais, petróleo e gás.
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Potencial para novos entrantes
Existe um potencial enorme para os novos entrantes, pelo menos na fase inicial em que, ainda, se
estão a demonstrar, através de pilotos e provas de conceito, os produtos e soluções que realmente
terão aceitação pelo mercado e sobre as quais será possível construir modelos de negócios viáveis,
sob o ponto de vista económico.
6.1.4
Análise dos fatores internos
Enquanto na análise contextual foram analisados os submercados numa perspetiva externa, o estudo
partirá agora para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando chegar aos fatores
benéficos e prejudiciais, característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir com tudo o que
externamente já foi caracterizado para o mercado das Smart Cities no Norte da Europa.
A aplicação do modelo SWOT não será feita por empresa, mas sim genericamente ao cluster InovaRia no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro como análise detalhada
por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, serão avaliados
sobretudo os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não variarão
de submercado para submercado, ou seja:
 as oportunidades, como fator benéfico, e
 as ameaças, como fator prejudicial,
… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o submercado das Smart Cities no
Norte da Europa.
Oportunidades
As oportunidades para as empresas da Inova-Ria são grandes, na medida em que existe lugar para o
aparecimento de novos produtos e soluções que cubram áreas específicas no espaço criado pelas
Smart Cities, nomeadamente:
 Gestão da mobilidade;
 Gestão da energia;
 Processamento e disponibilização de dados;
 Sistemas de sensores.
Ameaças
As ameaças que se vislumbram estão relacionadas com o estado de maturidade do mercado das Smart
Cities e de não se conhecerem com clareza os modelos de negócio que vingarão no futuro.
Por outro lado, a concorrência é feroz nesta área, sobretudo por empresas start-ups que surgem todos
os dias a tentarem atacar alguns dos nichos de mercado.
6.1.5
Estratégia e Plano de Internacionalização para as Smart Cities
Nos pontos seguintes serão abordadas as ideias básicas para internacionalizar as empresas da InovaRia no setor das Smart Cities na região do Norte da Europa, incluindo Alemanha, Dinamarca, Finlândia,
Noruega e Suécia. Ao incluir a internacionalização nas suas decisões estratégicas, as empresas terão
de encetar as ações necessárias para, de uma forma coerente, abordarem todas as fases, desde a
definição da oferta, até aos parceiros com que farão a aproximação aos novos mercados. O plano de
internacionalização delineado neste documento corresponde o início de um processo complexo, que
passará pelo planeamento das etapas para entrada no mercado e, por último, pela consolidação da
atividade internacional, com a implementação do projeto de internacionalização.
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Perspetivas específicas do Mercado
Complementando a análise de Porter feita anteriormente, os mercados geográficos incluídos nesta
análise do segmento de mercado dedicado às Smart Cities colocam alguns desafios em função das
suas especificidades.
Até agora, a visão para tornar “Smart” correspondia em muitos casos a sistemas complexos que só
estavam ao alcance das grandes empresas, limitando de algum modo a entrada de PME’s nos negócios
de gestão urbana. A mudança de paradigma no sentido da criação de ecossistemas de informação nas
Smart Cities com interfaces abertas permite o aparecimento de pequenas ou médias empresas com
soluções focadas em problemas concretos que se interligam 16.
As PME’s podem aproveitar esta envolvente, com várias estratégias:
 Venda direta aos utilizadores — Os habitantes de uma cidade poderão adquirir produtos ou
subscrever serviços diretamente se sentirem que podem obter benefícios, principalmente em
áreas como sustentabilidade ou mobilidade;
 Desenvolvimento sobre open data — A disponibilização de dados em acesso livre permite o
desenvolvimento de aplicações com interesse direto para cidadãos e autarquias;
 Políticas “normalizadas” — O facto de muitas autarquias tenderem a usar as mesmas normas
e as mesmas políticas na disponibilização de informação e contratação de serviços cria
oportunidades para as PME’s que terão, assim, um mercado mais vasto para os seus produtos;
 Utilizar as plataformas de compras públicas — Os responsáveis pela gestão urbana cada vez
mais utilizam plataformas centralizadas para efetuar as compras abrindo o leque de
oportunidades para as PME’s.
Partindo da informação disponível no “Market Place of the European Innovation Partnership on Smart
Cities and Communities”17, é possível identificar cidades registadas que estão envolvidas de algum
modo em projetos ou iniciativas de Smart Cities. A Tabela 20 indica o número de cidades registadas
por país, dando uma primeira indicação das entidades que já estão envolvidas em iniciativas deste tipo.
A título de nota, importa referir que as informações obtidas em várias fontes sobre o estado de
desenvolvimento das cidades, no que diz respeito a Smart Cities, não são completamente coerentes,
nomeadamente, na classificação do seu estado de implementação das soluções.
País
Cidades registadas
Alemanha
73
Dinamarca
24
Finlândia
10
Noruega
9
Suécia
48
Total
164
Tabela 20 – Número de cidades registadas.
Segundo o estudo “Mapping Smart Cities in the EU”18 entre os países com maior percentagem de Smart
Cities, encontram-se a Noruega, a Suécia e a Dinamarca. O mesmo estudo refere igualmente, que a
maior parte das iniciativas ainda não se encontravam consolidadas. Em 2011, 51% das cidades com
mais de 100 mil habitantes já cumpriam pelo menos um dos critérios definidos para a classificação
como “Smart”19.
16
Fonte: GIGAOM: Smart cities: Opportunities for startups
Link: https://eu-smartcities.eu/smartcities-profiles
18 Relatório elaborado por RAND, por solicitação da Comissão de Indústria, Investigação e Indústria do
Parlamento Europeu
19 Segundo as Nações Unidas (http://data.un.org/Data.aspx?d=POP&f=tableCode:240), existem 116 cidades com
mais de 100 mill habitantes nos países em estudo:
17
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Das seis características de uma Smart City — ambiente, governo, economia, mobilidade, pessoas e
estilo de vida — o ambiente e a mobilidade são as que estão mais presentes nas iniciativas e projetos 20.
Em oposição, as caraterísticas governo e economia são as que são menos tratadas nas várias
iniciativas.
O número de características tratadas nas iniciativas ativas está relacionado com o tamanho da cidade.
Quanto maior a população, maior o número de características tratadas
Do mesmo estudo, ressalta que quase todas as cidades dos países nórdicos podem ser caracterizadas
como Smart Cities. Estes países, contudo, têm tido aproximações diferentes a este tema,
nomeadamente quanto à intervenção dos governos centrais. Em seguida, e sem se pretender constituir
uma lista exaustiva, apresentam-se alguns exemplos de iniciativas ou pontos de contacto nos diversos
países.
Alemanha
Devido à sua estrutura em federação, o governo nacional alemão não define uma política central para
as Smart Cities, passando essa responsabilidade para as entidades do estado a nível regional e local21.
Sendo a Alemanha muito urbanizada e com muitas cidades de pequena dimensão (menores que 100
mil habitantes) o desenvolvimento das cidades colocará desafios significativos aos responsáveis pela
sua gestão.
A plataforma “Morgenstadt: City Insights” resultou de uma aliança entre três ministérios, parceiros da
indústria, de cidades da vanguarda da sustentabilidade urbana e dos institutos Fraunhofer. Esta
plataforma opera em várias áreas relevantes para as empresas Inova-Ria, nomeadamente:
 Energia — a cidade do futuro não deverá depender da energia fóssil, apostando em fontes de
energias renováveis e em sistemas inteligentes de gestão da rede de distribuição;
 Produção e logística — espera-se que o transporte e a logística associada a uma cidade ocorram
de uma forma fluída, com o suporte das TIC, com uma estrutura de suporte ao comércio, serviços
e produção dentro das cidades;
 Mobilidade — as várias formas de transportes urbanos deverão garantir um nível elevado de
qualidade de vida e ao mesmo tempo ter um impacto nulo no meio ambiente;
 Informação e comunicação — As TIC garantem já hoje a comunicação entre muitos dos agentes
e sistemas que controlam e dão vida a uma cidade: equipamentos, edifícios, veículos e pessoas;
 Processos e organização das cidades — As pessoas terão muitas oportunidades para uma
participação mais ativa nas decisões relevantes para as suas cidades, através de processos
mais flexíveis e participação na governação;
 Segurança — novas tecnologias e materiais associadas a ferramentas mais poderosas de
planeamento assegurarão a segurança dos futuros sistemas urbanos.
Os projetos Smart Cities estão a decorrer por toda a Alemanha, organizados em iniciativas tais como:
 EnEff Stadt: Research for Energy Efficiency22 — lançado pelo Ministério da Economia Federal,
promove a pesquisa na eficiência, nomeadamente, para aquecimento e arrefecimento das
habitações;
 100% Erneuerbare-Energie-Regionen23 — identifica e apoia municípios e regiões que têm como
objetivo o fornecimento energético sempre oriundo de fontes renováveis.
20
Os aspetos ambientais e energéticos são referido com três dos indicadores que constam dos objetivos da UE
para 2020 (http://ec.europa.eu/europe2020/targets/eu-targets/index_en.htm).
21 Six-Nations Smart Cities Forum
22 http://www.eneff-stadt.info/en
23 http://www.100-ee.de
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Dinamarca
Segundo o Ministério de Negócios Estrangeiros 24, a Dinamarca oferece as melhores perspetivas para
quem procura desenvolver, testar, demonstrar e implementar soluções para Smart Cities por três tipos
de razões25:
 Existem grandes expectativas em torno do crescimento deste mercado num futuro próximo;
 As autarquias dinamarquesas procurarão propostas internacionais para levar mais longe as
soluções de Smart Cities;
 Estas cidades estarão à procura de soluções que se suportem em TICE para resolver os seus
problemas e atingir os seus objetivos de desenvolvimento.
Atualmente, e segundo dados do CEDI, 50% dos municípios dinamarqueses estão envolvidos em
iniciativas de Smart Cities e 80% destes municípios esperam aumentar a as suas iniciativas nos
próximos dois anos. Neste contexto, surgirão muitas oportunidades para que investidores estrangeiros
estabeleçam parceiras com as autarquias e regiões dinamarquesas no âmbito das Smart Cities.
Vários centros de investigação e universidades estão envolvidos em projetos para Smart Cities, como,
por exemplo:
 DTU-CITIES26;
 AarhusUniversity-SmartCities27:
 DanishOutdoorLightingLab (DOLL)28.
Pelo lado das autarquias, é possível encontrar exemplos de sucesso na construção das Smart Cities:
 Copenhaga — A cidade pretende tornar-se a primeira capital neutra em carbono em 2025. Para
isso, deverá implementar novas soluções para gestão da água, aquecimento, transportes e lixo
e encontrar fontes alternativas de energia;
 Aarhus — Tem como objetivo caminhar para a digitalização da cidade em estreita colaboração
com os cidadãos, a academia, as empresas privadas e as autoridades públicas.
Finlândia
A Finlândia tem apostado na criação de cidades sustentáveis ambiental, social e economicamente. O
Forum Virium Helsinki29 coordena iniciativas em torno das cidades entre as quais a “Estratégias das
seis cidades”. A “Estratégia das seis cidades – serviços abertos e inteligentes” 30 é um projeto com vista
ao desenvolvimento urbano sustentável agregando as seis maiores cidades da Finlândia: Helsínquia,
Espoo, Vantaa, Tampere, Turku e Oulu, com o objetivo de criar conhecimento, negócios e empregos,
alinhada com o programa dos fundo estruturais da Finlândia para o crescimento sustentável e emprego
(2014–2020).
Noruega
O governo norueguês definiu uma agenda digital assente em quatro pilares 31:
 Noruega online — promoção do acesso online e cobertura de banda larga para toda a população.
 Revolução digital — aposta e suporte à criação de valor e reorganização digital através de
enquadramento favorável a área críticas para o seu desenvolvimento.
 Base para o crescimento — os elementos chave que podem assegurar uma política de longo
prazo e criação de valor;
 Implementação — responsabilidades e acompanhamento.
24
Link: http://www.investindk.com
Link: http://www.investindk.com/~/media/Files/Sheets/ICT/Smart%20City.ashx
26 Link: http://smart-cities-centre.org
27 Link: http://smartcities.au.dk
28 Link: http://www.lightinglab.dk/uk/
29 Link: http://www.forumvirium.fi/en
30 Link: http://6aika.fi/in-english/
31 Link: https://www.regjeringen.no/en/dokumenter/meld.-st.-23-2012-2013/id718084
25
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Na parte referente à revolução digital identificam-se as áreas relevantes onde as TIC poderão contribuir
de um modo decisivo para a sua concretização e onde se incluem áreas relevantes para as Smart
Cities:





Digitalização dos processos de negócio e comerciais, incluindo pagamentos;
Abertura e reutilização da informação do setor público;
Serviços de saúde e cuidados aos cidadãos com intervenção das autarquias;
Redução do impacto ambiental da atividade humana;
Desmaterialização dos processos e digitalização do setor dos serviços e processos no setor
público;
 Smart ICT — Smart Grids, Smart Buildings e Intelligent transport systems.
Estão particularmente presentes na Noruega, e também nos outros países nórdicos, as referências a
iniciativas no que concerne à sustentabilidade energética de que se apresentam dois exemplos:
 ENOVA — empresa pública, detida pelo ministério do Petróleo e Energia, criada em 2001 para
promover a mudança para um consumo de energia mais sustentável ambientalmente. Apoia
projetos e medidas que conduzam a uma redução ou conversão e maior utilização de energias
renováveis;
 Smart Cities @ NTNU — grupo de estudos e investigação da Universidade de Trondheim que
aposta em tecnologias — materiais, urbanismo e informação — para cidades mais eficientes
energeticamente, resilientes e saudáveis.
Suécia
Kista Science City constitui uma referência a nível das atividades TICE ao congregar numa mesma
área mais de mil empresas que seguiram os passos da IBM e Ericsson e que se instalaram ainda nos
anos 1970 naquele local.32 O Sjeste eGov lab (www.egovlab.eu), associado à Universidade de
Estocolmo, assume um papel importante como promotor de projetos e iniciativas na área do governo
eletrónico e das suas implicações a nível municipal.
A administração da Suécia está organizada em 290 autoridades locais com os mesmos poderes
independentemente do tamanho, enquanto os ministérios são relativamente “magros” 33. Estas
autoridades locais estão focadas presentemente na conversão, ou aprofundamento, no sentido de
aumentar a presença do conceito Smart City nos seus territórios e nas suas populações.
Embora existam movimentos e iniciativas para a transformação em cidades e comunidades
sustentáveis, as TIC não têm estado sempre nas agendas públicas. Não existindo uma equipa a nível
central dedicada às Smart Cities, a responsabilidade destes temas têm estado entre o Ministério dos
Assuntos Sociais (infraestruturas urbanas) e as TIC com o ministério das Empresas, Energia e
Comunicações.
O governo sueco lançou “A Digital Agenda for Sweden”34, que define os grandes objetivos para o país
para a implementação das redes de comunicações e a adoção dos serviços proporcionados pelas TIC
por parte da população em geral. Entre estes objetivos, encontra-se o da digitalização completa da
informação geográfica. O documento ressalta igualmente a sustentabilidade e a responsabilidade
ambientais como área onde as TIC podem dar um contributo relevante.
6.1.5.1.1
Aspetos regulatórios específicos
No processo de criação das Smart Cities é necessário melhorar a regulamentação aplicada em algumas
áreas, para ser possível retirar todo o potencial das iniciativas que estão a decorrer. A responsabilidade
de definição de políticas e a elaboração da regulamentação está repartida entre as instâncias
comunitárias, os governos dos estados membros e os dirigentes regionais e autárquicos. Neste quadro,
qualquer alteração obriga a processos, por vezes, longos de coordenação e concertação. Esta
32
Link: http://www.vinnova.se/en
Fonte: Six-Nations Smart Cities Forum
34 Link: http://www.government.se/content/1/c6/18/19/14/70f489cb.pdf
33
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envolvente pode levar a que alguns investimentos sejam retardados devido às incertezas regulatórias
que ainda subsistem35.
Os desafios regulatórios entroncam em questões como a gestão da informação privada quer a
disponibilizada pelos serviços através de iniciativas Open Data, quer pela informação recolhida pelos
sensores para ser processada centralmente. Ao se interligarem sistemas (por exemplo: gestão de
energia e controlo de tráfego) a complexidade aumenta e podem surgir vulnerabilidades de segurança
e privacidade que não se colocavam em qualquer dos sistemas isoladamente.
A regulamentação ambiental é crítica para as Smart Cities, em áreas como a poluição das cidades,
gestão das águas e efluentes ou resíduos urbanos. Sendo os transportes um dos principais focos das
intervenções no âmbito das Smart Cities, todas as questões relacionadas com a segurança rodoviária
passam a ser relevantes. Ainda outra área relevante são as telecomunicações e a legislação associada
que deverá ser revista em breve tendo em conta o objetivo da União Europeia em criar um mercado
único para as comunicações eletrónicas.
Além de toda a legislação e regulamentação aplicável a cada um dos setores em que se desdobram
as Smart Cities, os governos precisam de criar quadros regulatórios abrangentes para ultrapassarem
alguns dos problemas que são apontados como limitadores de uma maior escala na sua
implementação36.
Produtos e serviços a internacionalizar
Existem empresas da Inova-Ria com produtos no setor das Smart Cities que já iniciaram o seu percurso
de internacionalização quer diretamente, quer através de parcerias internacionais. Este deverá ser o
caminho a seguir pelas empresas que pretenderem apostar em produtos e serviços para as Smart
Cities que terão obrigatoriamente de se internacionalizar para recuperar os investimentos no
desenvolvimento. Entre abordagens mais diretas ou indiretas, através de parceiros, a decisão terá de
ser tomada produto a produto e mercado a mercado. Não sendo um mercado maduro, as Smart Cities
oferecem oportunidades interessantes a novos entrantes.
Há bastantes empresas da Inova-Ria com experiência em projetos em cooperação nacional e
internacional, que serão fundamentais para a consolidação das competências necessárias para o
desenvolvimento de produtos e soluções para as Smart Cities onde se colocam desafios novos a nível
das tecnologias, do modo de as utilizar no dia-a-dia das cidades e dos modelos de negócio subjacentes.
Os quadros comunitários, H2020, e as iniciativas nacionais, Portugal 2020, de apoio à investigação
aplicada, desenvolvimento e inovação serão determinantes para as empresas que, de acordo com as
suas estratégias próprias, pretendam encontrar ajudas para ultrapassar algumas barreiras à entrada.
Conforme referido na Figura 25, os produtos a internacionalizar podem cobrir uma ou várias das
seguintes vertentes tecnológicas:
 Sistema de sensores — isolados ou interligados em rede para aplicações específicas, por
exemplo: trânsito, energia, saúde ou poluição;
 Plataformas de comunicação — equipamentos e sistemas que garantam a recolha da
informação e a sua agregação até um ponto central de processamento;
 Plataforma de serviços — estrutura de serviços instanciada em plataformas aplicacionais ou
sistemas autónomos para corresponder a necessidades concretas: gestão de tráfego, meioambiente, consumo energético, gestão autárquica, participação cívica dos cidadãos, educação,
cuidados de saúde, etc.;
 Processamento e disponibilização de informação — a partir de dados disponibilizadas pelas
entidades públicas e privadas, aplicações que agreguem, processem e entreguem, ao utilizador
final ou a plataformas de serviços, informação devidamente organizada e ligada.
Neste momento, as empresas Inova-Ria já têm soluções em algumas destas áreas que podem/devem
ser potenciadas através da internacionalização. Contudo, é necessário alargar a oferta através de
35
Fonte: Market Place of the European Innovation Partnership on Smart Cities and Communities (eusmartcities.eu)
36 Fonte: Osborne Clarke: Smart cities in Europe – Enabling innovation.
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identificação e desenvolvimento de produtos e serviços alinhados com a estratégia de negócio de cada
empresa.
Potenciais parceiros e facilitadores locais
As parcerias a criar devem permitir colmatar limitações das empresas Inova-Ria sob os seguintes
aspetos:
 Acesso ao mercado — neste domínio, as associações empresariais portuguesas e as dos
países alvo podem ser úteis ao facilitar o contacto com os potenciais clientes;
 Escala de negócio — em alguns casos, o desafio está acima das capacidades operacionais das
empresas portuguesas pela sua dimensão ou complexidade, nomeadamente, devido ao suporte
local que é necessário garantir. Nesta situação, é fundamental a colaboração com empresas que
estejam implantadas no mercado e que possam suprir as necessidades operacionais;
 Maturidade tecnológica — quando os produtos ainda estão numa fase embrionária, a ligação
a empresas que já atuam nos setores pode contribuir para acelerar o seu processo de
amadurecimento, por exemplo, em casos em que o produto em causa irá acrescentar
funcionalidades a soluções que já estão no mercado.
Estão a decorrer atualmente muitos projetos financiados pela UE que tratam o tema das Smart Cities
em vários estádios de maturidade tecnológica: desde projeto de investigação a pilotos pré-comerciais.
O acompanhamento e a participação nestes projetos é um excelente veículo de internacionalização,
pelas redes de contactos que se criam e pela atualização tecnológica que proporcionam. Indicam-se
de seguida alguns exemplos de projetos com participação dos países nórdicos, sem se pretender cobrir
o tema de uma forma exaustiva:








Triangulum37 — um dos três projetos farol do H2020 para as Smart Cities com demonstração e
disseminação de resultados de tecnologias e soluções em três cidades: Manchester, Eindhoven e
Stavanger e posteriormente transferidos para Leipzig, Praga e Sabadell;
Growsmarter38 — um dos três projetos farol do H2020 para as Smart Cities que pretende estimular
a utilização de soluções “smart” através de três cidades farol: Estocolmo, Colónia e Barcelona;
ALMANAC39 — tem como objetivo o desenvolvimento de uma plataforma que integre redes IoT
com redes de acesso para a criação de sistemas de informação integrados para aplicações
dirigidas à sustentabilidade das Smart Cities;
READY4SmartCities40 — pretende aumentar a interoperabilidade para a adoção de tecnologias
semânticas em sistemas de energia para obter a redução do consumo e das emissões;
RERUM41 — desenvolvimento, avaliação e demonstração de um modelo de referência para redes
seguras e fiáveis de objetos “smart” que suportem as aplicações Smart Cities;
The RADICAL42 — plataforma integrada baseada em redes sociais e infraestruturas de Smart
Cities, incluindo sensores e infraestruturas IoT, avaliando a interoperabilidade entre diferentes
cidades e soluções tecnológicas;
CityPulse43 — aproximação inovadora a aplicações smart city adotando um aproximação integrada
à Internet das Coisas e à Internet das Pessoas. Facilitará a criação de aplicações em tempo real e
fiáveis.
COPCAMS44 — alavanca os avanços mais recentes em plataformas de computação embutida para
o desenvolvimento em larga escala de sistemas integrados de visão que permitirão aplicações de
alto nível a partir da extração de informação semântica das imagens recolhidas.
37
Link: http://www.iao.fraunhofer.de/lang-en/business-areas/mobility-and-urban-systems-engineering/1112-eusponsors-sustainable-city-concepts.html
38 Link: http://www.grow-smarter.eu/home/
39 Link: http://www.almanac-project.eu/news.php
40 Link: http://www.ready4smartcities.eu
41 Link: https://ict-rerum.eu/consortium/
42 Link: http://www.radical-project.eu
43 Link: http://www.ict-citypulse.eu
44 Link: http://www.copcams.eu
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



e-balance45 — tem como objetivo integrar os clientes de energia nas futuras smart grids de modo
a estudar os futuros problemas ambientais com técnicas holísticas baseadas em TIC, novos
modelos de negócio e o comportamento dos consumidores em condições reais;
DEWI46 — foca-se no desenvolvimento de redes de sensores sem fios, comunicações e aplicações.
Serão testadas soluções para interoperabilidade e conectividade sem fios em smart cities;
SPARKS47 — assegurar a cibersegurança e a resiliência das smart grids é de importância vital
tendo em conta a dependência das TIC das futuras redes de distribuição de energia.
OrPHEuS 48 — soluções para a otimização da interação entre múltiplas redes de distribuição de
energia que estão ligadas por pontos de acoplamento. Serão testadas nas cidades de Ulm e
Skellefteå.
Estratégia de promoção e venda no exterior
Um dos mecanismos mais utilizados para o encontro de parceiros e conhecimento de pessoas, mas
também para adquirir conhecimentos sobre os produtos e serviços disponíveis nos mercados e
posteriormente para a apresentação dos nossos próprios produtos, passa pela presença assídua em
eventos internacionais representativos do setor.
6.1.5.4.1
Congressos, Feiras e Exposições
Apresentam-se no Anexo 2 alguns eventos relacionados de algum modo com a temática das Smart
Cities durante o ano de 2015, tendo a maior parte deles uma periodicidade anual.
6.1.5.4.2
Ações de Promoção e Comunicação
As ações de promoção e comunicação são mais importantes depois do processo de internacionalização
iniciado no sentido de reforçar a presença nos mercados recém-conquistados, afirmando a
continuidade da aposta da presença. Os eventos podem ser os mesmos do ponto anterior mas a
postura da presença passa por outras formas:




apresentação de produtos e serviços;
comunicação de conhecimentos tecnológicos e inovações;
apresentação de peritos; e
participação na regulação do setor com propostas e contribuições.
Deverá ser elaborado um Plano Anual, incluindo as presenças possíveis e os desafios a colocar
internamente, para que elas se concretizem.
A participação em consórcios internacionais de investigação ou discussão sobre os grandes desafios
do mercado é também pertinente.
No contexto da estratégia de internacionalização descrita, as ações de prospeção, estabelecimento de
interligações e angariação de conhecimento tecnológico apresentam-se como críticos para o sucesso
da estratégia. Neste ponto, sem caráter exaustivo, apresentam-se algumas soluções e ideias para a
sua implementação.
6.1.5.4.3
Prospeção de concursos
A contínua procura por oportunidades é uma necessidade e uma das vias passa pelo conhecimento
atempado dos desafios ao mercado colocados publicamente pelos potenciais clientes. O site
www.globaltenders.com/tenders-portugal.htm , que se assume como a maior base de dados de
concursos públicos do mundo, é assim uma possível via para manter esse conhecimento e explorar o
tipo de oportunidades que por esse mundo fora se apresentam quer sejam lançadas por instituições
públicas ou privadas.
45
Link: http://www.e-balance-project.eu
Link: http://www.dewi-project.eu
47 Link: https://project-sparks.eu
48 Link: http://www.orpheus-project.eu
46
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Riscos de Internacionalização
Os riscos da internacionalização estão associados sobretudo à não concretização de negócios que
compensem os investimentos em desenvolvimento e prospeção:
 Produto desajustado à realidade do mercado — a apresentação em feiras e exposições ou a
participação em projeto de cooperação internacional com instituições do mercado alvo permitem
conhecer melhor o mercado e as necessidades concretas;
 Não cumprimento de requisitos regulamentares, normativos ou legais — o cumprimento, e
respetiva certificação quando relevante, das normas aplicáveis é fundamental em mercados tão
exigentes como os do Norte da Europa, por exemplo: normas de gestão da qualidade, gestão de
gestão ambiental ou responsabilidade social. Em casos específicos, poderão ser impostas
certificações de competência tecnológica;
 Excessiva concorrência local ou global — para responder a esta ameaça, é vital a especialização
numa área tecnológica ou numa área de negócio onde a concorrência não seja tão forte.
Os riscos contratuais não são críticos nestes mercados, pois como se refere na parte dos mercados
geográficos, eles apresentam os melhores indicadores a nível transparência e facilidade de realização
de negócios.
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6.2
Segmento de mercado: Outsourcing de TICE nos mercados dos EUA e
Norte da Europa
Este mercado setorial, em particular, foi estudado em duas geografias: o mercado dos EUA e do Norte
da Europa. Apesar disso, existe um tronco comum na descrição que se desdobra nas duas geografias
sempre que necessário.
6.2.1
Contexto do mercado de Outsourcing
As atividades de outsourcing são, normalmente, classificadas em duas grandes áreas, em função do
tipo de incorporação tecnológica:
 BPO (Business Process Outsourcing) — engloba as atividades associadas mais diretamente ao
negócio do cliente, tais como:
- Call center e apoio a clientes;
- Engenharia e projeto;
- Gestão de instalações;
- Finanças e contabilidade;
- Serviços de recursos humanos;
- Processos de conhecimento;
- Serviços jurídicos;
- Logística;
- Marketing e comunicação;
- Compras e aprovisionamento;
- Processamento de salários;
- Produção e desenvolvimento;
- Vendas;
 ITO (Information Technology Outsourcing) — implica competências em tecnologias de
informação e pode ser prestado local ou remotamente, incluindo:
- Desenvolvimento de aplicações;
- Gestão de aplicações;
- Gestão de estações de trabalho;
- Serviços de infraestruturas e centro de dados;
- Assistência técnica em TI;
- Testes;
- Outros serviços IT.
Tendo em conta as características da maior parte das empresas da Inova-Ria, foram considerados
como relevantes no âmbito deste estudo apenas os serviços ITO.
Aspetos gerais do mercado de outsourcing ITO com foco nos EUA
Tendo em conta as etapas do processo de desenvolvimento de aplicações, o outsourcing pode recair
sobre uma ou várias das suas fases e etapas (ver Figura 26):
 Estratégia — o cliente contrata o prestador de serviços para definir juntamente com as equipas
internas a melhor estratégia e arquitetura para os seus sistemas de informação: sistemas a
instalar, utilização de soluções off-the-shelf ou personalizadas, tipos de fornecedores, etc.;
 Construção — o fornecedor é responsável por algumas ou todas as etapas em que se subdivide
esta fase:
- Análise e conceção — no limite a contratação pode incluir todo o processo associado ao
desenvolvimento de sistemas, incluindo as etapas de análise de requisitos e de conceção e
arquitetura;
- Desenvolvimento — o desenvolvimento pode incorporar várias das plataformas disponíveis
atualmente: www, Apps, soluções corporativas, etc.
- Testes e validação — os testes poderão ser separados do desenvolvimento e contratados a
fornecedores diferentes;
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 Operação — pode incidir sobre diversas vertentes:
- Gestão de aplicações — Configuração e manutenção de aplicações;
- Gestão da infraestrutura — Operação e manutenção de sistemas de TI
- Serviços cloud — alojamento de dados e aplicações;
- Assistência técnica aos utilizadores.
Figura 26 – Cadeia de valor do mercado outsourcing ITO
A localização relativa do cliente e do fornecedor de outsourcing condiciona o modo como o negócio se
desenvolve49:
 Onshore — o prestador de serviços e o cliente estão sediados no mesmo país;
 Nearshore — o cliente e o prestador estão em países próximos geográfica e, em muitos casos,
culturalmente;
 Offshore — o prestador está instalado num país distante do país do cliente.
Os gestores das empresas cliente sentem-se mais confiantes com as opções onshore e nearshore,
relativamente à opção offshore, devido à proximidade geográfica, a que está normalmente associada
uma maior afinidade cultural50. No caso dos EUA, este ponto pode penalizar as empresas da InovaRia.
As organizações recorrem aos serviços de outsourcing por uma variedade de razões:







Redução de custos;
Foco no core do negócio;
Acesso a recursos;
Melhoria da qualidade de serviço;
Transformação do negócio;
Maior flexibilidade financeira;
Maior transparência nos custos.
De entre todas estas justificações, a redução de custos é, segundo vários estudos, a mais
frequentemente invocada para justificar a opção pela aquisição de serviços em outsourcing. A primeira
intenção é, pois, cortar os custos, acelerar a chegada ao mercado dos seus produtos ou iniciar novos
projetos com base em custos baixos de mão-de-obra. Os contratos baseados em mão-de-obra barata
têm, muitas vezes, uma perspetiva de curto prazo, mas com o tempo as organizações vão criando laços
49
50
Fonte: Inovaria: Micro Outsourcing — Oportunidades e Orientações Estratégicas para PME TICE.
Fonte: Black Book of Outsourcing.
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mais fortes com os fornecedores e passam a privilegiar outros critérios associados à qualidade dos
serviços prestados.
Segundo alguns especialistas da área de outsourcing em IT51, 2015 poderá trazer melhores resultados
ao negócio do outsourcing. Nos últimos anos, nota-se um aumento do outsourcing com características
offshore em formato híbrido, um maior foco na integração do serviço interno, um modelo de consultoria
low cost, acordos mais pequenos e maiores exigências na governação dos resultados do outsourcing.
Os processos de outsourcing serão focados no negócio, com forte tendências no sentido de terminar
com, ou pelo menos diminuir, o esforço dos grandes processos de RFP. Para clarificação, apresentamse a seguir algumas tendências.
I. Offshoring híbrido aumenta — Um modelo híbrido, combinando serviços internos e externos, tem
vindo a ganhar a atenção dos gestores como alternativa ao offshoring puro. Já existem casos de
sucesso em várias áreas. Á medida que as empresas crescem e desenvolvem as suas
capacidades de gestão, elas estão em melhor posição para tirar melhor partido dos modelos
híbridos.
II. Regressa a integração de serviços — Depois de terem dado uma oportunidade aos modelos de
outsourcing puro, os gestores começaram a orientar as organizações para a integração de
serviços. A integração de serviço e a gestão de fornecedores emergiram como uma prioridade
máxima em 2014, quando algumas empresas se focaram em controlar o valor dos acordos de
fornecimento não otimizados durante muitos anos. Os gestores consideram que as suas
estruturas de gestão estão muito fragmentadas e, em resposta, tendem a otimizar as suas
estruturas internas de modo a melhorar a sua capacidade de controlar os seus fornecedores.
III. Os grandes negócios tornam-se mais pequenos e os pequenos tornam-se grandes — O
Multisourcing passou a ser a tendência, com os grandes acordos a serem substituídos por
conjuntos de acordos de menor dimensão. Esta tendência não está generalizada, mas há clientes
que já perceberam que têm muito a ganhar com a diversificação de fornecedores.
IV. A governação tornou-se mais difícil — Com o multisourcing a aumentar entre prestadores de
serviços globais, a gestão passou a ter enfrentar desafios de uma escala superior. A gestão de
outsourcing como um portefólio, com métricas consistentes, relatórios e modelos de gestão de
desempenho ainda não é um processo maduro nem prática corrente em muitos dos clientes de
outsourcing.
V. Contratos baseados em resultados — Haverá um incremento das solicitações ao mercado com
base em resultados. Este aspeto permitirá aos fornecedores alinhar a sua compensação com os
resultados esperados e o respetivo valor para o cliente.
VI. Tendência de normalização — A cloud, o utility computing e a virtualização convergirão num
mesmo negócio. À medida que a indústria se sinta mais confortável com a cloud, também serão
mais percetíveis os benefícios da normalização: por exemplo, o aumento da eficiência, a
virtualização e menores despesas de suporte.
VII. O risco associado aos fornecedores será o centro da discussão — As empresas dedicarão
mais atenção aos riscos relacionados com os seus fornecedores de IT. Como os clientes finais
estão, cada vez mais cientes da cadeia de provisão, o risco de uma marca ser manchada por
uma falha de um fornecedor cresce dramaticamente. Assim, o risco passará a ser uma
preocupação diária da gestão, em vez de apenas surgir nas reuniões trimestrais de controlo. As
perturbações políticas e económicas sentidas em países como a Ucrânia ou a Rússia colocam
aos clientes de outsourcing novas preocupações com a localização dos seus fornecedores.
VIII. Fontes múltiplas (multisource) multiplicam-se — Existem poucas dúvidas de que acordos mais
pequenos entre múltiplos fornecedores será o modelo que tendencialmente será adotado nas TI.
No futuro, o número de fornecedores por cliente irá aumentar. O número de prestadores de
serviços que cada companhia tem como fornecedores vai crescer significativamente. Isto
significa que os requisitos de gestão também aumentarão.
51
Fonte: Stephanie Overby, http://www.cio.com/article/2864429/outsourcing/10-outsourcing-trends-to-watch-in2015.html
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IX. Os RFP desaparecem — Com as mudanças rápidas de tecnologia, o RFP tradicional toma
demasiado tempo e tem custos elevados. Por vezes, quando as propostas chegam, os requisitos
de negócio alteraram-se. Surgirão novos processos de compras, com mercados de serviços, que
tomarão o lugar dos RFP. As grandes empresas têm de trabalhar colaborativamente com os
fornecedores de serviços para compreender realmente como isso pode ser implementado.
X. Automatização e Cloud — Existem muitas expectativas à volta do que se designa, por vezes, como
ARC (Automation, Robots, Cloud) que irá revolucionar o setor de outsourcing, ao possibilitar a
automatização de processos de negócio que neste momento são assegurados em outsourcing,
por um lado, e, por outro, com os serviços baseados em cloud, tornar possível baixar
significativamente os custos com TI. Esta tendência irá certamente ter um impacto nos negócios
de outsourcing, pois pode eliminar muitas oportunidades de negócio BPO, através da
automatização e fará descer os custos em infraestruturas e gestão de aplicações com a adesão
a serviços cloud5253.
Especificidade do outsourcing para o Norte da Europa
A estrutura do setor de outsourcing é semelhante à apresentada, com diferenças na dimensão, muito
inferior ao gigantesco mercado norte-americano, e ao facto de Portugal passar a estar numa zona
geográfica mais próxima dos clientes e poder ser considerado um parceiro nearshoring.
A concorrência neste mercado de ITO não é tão feroz como nos EUA, mas à medida que o mercado
amadurece, é expectável que que a procura de serviços ITO cresça. Devido ao facto dos atuais
prestadores de serviços ITO estarem a expandir a sua oferta e estarem a surgir novos prestadores, os
clientes passam a dispor de uma oferta mais alargada para fazerem as suas escolhas. Neste momento,
existem aqui oportunidades para prestadores ITO de países em desenvolvimento enquanto puderem
oferecer preços competitivos. Mas a aposta deve passar por apresentar argumentos adicionais aos
clientes para além do habitual preço baixo, oferecendo, por exemplo, um grau de especialização
elevado numa tecnologia ou num campo de aplicação 54.
As razões para o recurso a outsourcing na Europa seguem, genericamente, as referências dos EUA,
como apontam alguns estudos55, cujas principais conclusões são:
 As empresas manterão, ou aumentarão, o nível de externalização. Cerca de 80% dos
respondentes ao inquérito levado a cabo pela Whitelane Research assim o indicam, com a
perspetiva de que ainda exista potencial de crescimento significativo;
 A redução de custos continua a ser o principal argumento para a aquisição de serviços de
outsourcing. A preocupação com o core do negócio e sua transformação são as razões cada vez
mais indicadas.
 De um modo geral, as motivações não financeiras tornam-se mais importantes, acompanhando
a maturidade do mercado e um maior nível de confiança no prestador de serviço.
 Existe uma avaliação global dos clientes relativamente aos contratos de outsourcing que, no
presente, é claramente positiva: cerca de 90%, embora com diferenças entre os vários
prestadores.
Análise das competências TICE no Norte da Europa56
Alemanha
A procura de profissionais qualificados no setor TICE está associada diretamente à escassez de
recursos com competências na área na qual se tem assistido a um aumento dos empregados com
contrato de trabalho regular. Foi sentido um acréscimo significativo no número de alunos em cursos
relacionados com TICE, em parte fruto de uma reestruturação no sistema educativo, que facilitou o
acesso a alguns destes cursos. Os especialistas continuam a apontar a necessidade das empresas
52
James R. Slaby (HfS Research), Robotic Automation Emerges as a Threat to Traditional Low-Cost
Outsourcing.
53 Fonte: The ISG Outsourcing Index™ — Global Market Data and Insights First Quarter 2015.
54 Fonte: CBI: Market Comptetitiveness for information Technology OutSourcing (ITO).
55 Ver, por exemplo, IT Outsourcing Study Europe 2014/2015 — Whitelane Research.
56 Fonte: e-SKILLS IN EUROPE.
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terem de colaborar no esforço para ultrapassar a escassez de profissionais, através de cursos internos
e de outsourcing.
Dinamarca
Têm-se assistido a um aumento do ensino das tecnologias de informação nas escolas desde os
primeiros anos. A partir de 2005, a entrada de novos estudantes no ensino superior em cursos TICE
duplicou. Com estes valores, os peritos estão otimistas quanto à capacidade do país em formar os
especialistas necessários.
A tendência geral nas atividades de “digitalização” está focada em áreas específicas de negócios, por
exemplo, no apoio social ou energia e ambiente, onde se espera que as TI tenham um papel decisivo
para a concretização dos objetivos para os respetivos setores.
Finlândia
A Finlândia é geralmente reconhecida como uma das mais avançadas sociedades e economias
baseadas em conhecimento. A população apresenta índices de literacia em TI claramente acima da
média europeia. Com os profissionais TICE a representarem quase 6% do emprego em 2011, a
Finlândia tem a segundo maior percentagem de profissionais TICE na União Europeia. Com a
contração dos negócios da Nokia, estima-se que cerca de 14% da força laboral em TI tenha sido
afetada, dando origem mesmo a desemprego no setor. Entretanto, tem havido um grande investimento
externo com uma série de empresas a aproveitar as competências TICE disponíveis para criar os seus
próprios centros de desenvolvimento. Por seu lado, a própria Nokia vendeu uma parte das suas
atividades a duas empresas indianas associadas ao outsourcing: HCL Technologies e TATA
Consultancy Services. Apesar de todas as perturbações, o setor TICE ainda continua a ser um pilar da
economia finlandesa, possivelmente o mais importante.
Suécia
Os principais atores no campo das TICE na Suécia têm consciência da procura incessante por mais
profissionais com as competências adequadas para responder às necessidades do mercado, tendo
sido identificada a falta de cerca de 30 mil pessoas em 2012.
6.2.2
Análise de fatores de contexto geral
Neste ponto, foi recolhida informação sobre o submercado que permitirá avaliar a sua importância no
conjunto de fatores típicos de uma análise STEP.
Aspetos sociais
EUA
Hoje, a procura de trabalhadores das TIC está a ultrapassar a oferta
— como foi o caso durante muitos
anos, exceto após o fenómeno dotcom. Segundo as estatísticas oficiais dos EUA57, existe a perspetiva
de que serão necessários cerca de 1,2 milhões de novos trabalhadores nas várias profissões
associadas às TI (ver Tabela 21). Estes empregos devem cobrir os postos de trabalho entretanto
criados e os que ficarão vagos.
As principais profissões indicadas na Tabela 21 são:
 Os desenvolvedores de software que constituem o grupo profissional com maior expressão na
indústria. Criam programas de computador e supervisionam todo o processo de design, desde o
planeamento inicial, à evolução das aplicações;
 Os programadores escrevem o código-fonte, seguindo as orientações e as especificações
definidas pelos desenvolvedores. Embora haja grandes expectativas relativamente à procura, os
números não são tão elevados devido ao recurso ao outsourcing em países estrangeiros;
 Os analistas de sistemas servem de ligação entre os departamentos de TI e a gestão. Analisam
os sistemas de computador de uma organização e fazem recomendações no sentido de otimizar os
57
Fonte: Bureau of Labor Statistics, http://data.bls.gov/projections/occupationProj
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processos de negócio associados. Os analistas de sistemas de computador asseguram igualmente
funções de consultores para as áreas de TI;
 Os especialistas de suporte de computador constituem cerca de 8% da indústria de TI. Prestam
ajuda e aconselham utilizadores finais ou organizações sobre aplicações ou equipamentos
específicos, tanto internamente, a partir de um departamento central de TI, como externamente.
Espera-se um crescimento significativo deste grupo enquanto as organizações continuarem a fazer
upgrades a sistemas de computadores cada vez mais complexos.
De todos os novos empregos criados, cerca de 522 mil terão a seu cargo as atividades de programação
e desenvolvimento de aplicações.
Título
Necessidades
de emprego (1)
2012
Investigadores
2022
Variação
2012-2022(1)
#
%
Novos
empregos
2012-2022(1)
27
31
4
15%
8
596
751
155
26%
249
1.503
1.782
280
19%
522
Administradores de bases de dados e sistemas e
arquitetos de redes
629
710
82
13%
184
Especialistas de suporte
722
845
123
17%
237
Outros
206
214
8
4%
40
3.682
4.334
651
18%
1.240
Analistas
Desenvolvedores e programadores
Total
Tabela 21 – Projeções de emprego para a área das TI nos EUA
(1) Números em milhares
Com todas as limitações associadas a projeções deste tipo, e com um horizonte alvo tão longínquo,
sobretudo numa indústria em que a evolução tecnológica é rápida e, por vezes, disruptiva, os valores
dão apenas uma imagem indicativa das necessidades esperadas nas áreas da computação e da
informática, certamente válida para o curto-prazo. Estes valores ilustram a dimensão da atividade de
TI nos EUA. Devido à procura de técnicos e gestores das áreas de TI, os salários têm crescido mais
do que em profissões equivalentes noutras indústrias. 58
Além dos postos de trabalhos criados nos EUA, os contratos de outsourcing irão dar origem a muitos
outros um pouco por todo o mundo: Índia, China, Leste Europeu, Indochina, América do Sul, etc.
Norte da Europa
Uma pesquisa empírica com inquéritos a CIO’s e gestores de RH em oito países europeus em 2012,
estimou a procura de e-skills (profissionais de TIC) na União Europeia em cerca de 274 mil. Isto inclui
73 mil vagas para perfis de administração, arquitetura e análise em TIC e de aproximadamente 201 mil
para outros profissionais TIC. Ver Tabela 22 para detalhes nos quatro países da União Europeia
incluídos neste estudo.
58
Lauren Csorny, “Careers in the growing field of information technology services”, Beyond the Numbers:
Employment & Unemployment, vol. 2, no. 9 (U.S. Bureau of Labor Statistics, April 2013),
http://www.bls.gov/opub/btn/volume-2/careers-in-growing-field-of-information-technology-services.htm
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Parâmetro
Alemanha
Dinamarca
Finlândia
Suécia
Profissionais de TIC em 2012 (em milhares)
1.261
135
135
251
Profissionais de TIC em 2012 (em % da força de trabalho)
3,1%
5,0%
5,5%
5,4%
Escassez de profissionais — em 2012 (em milhares)
82
5,5
5,5
10
Escassez de profissionais — previsão 2015 (em milhares)
121
14
12
31
Escassez de profissionais — previsão 2020 (em milhares)
156
27
17
57
Previsão de empregos TIC 2015 (em milhares)
1.299
133
137
246
Previsão de empregos TIC 2020 (em milhares)
1.425
132
148
255
Profissionais 2012 – Arquitetos e analistas (em milhares)
295
25
40
88
Profissionais 2012 – Técnicos profissionais - ISCO nível 2 (em milhares)
693
57
68
85
Profissionais 2012 – Técnicos - ISCO nível 3 (em milhares)
273
53
28
77
16.526
1 426
1.119
1.620
3,3
4,2
3,4
2,6
Novos diplomados TIC em 2011
Diplomados por 1000 habitantes (20-24 anos)
Tabela 22 – Indicador sobre competências TIC
Fonte: E-SKILLS for jobs in Europe: measuring progress and moving ahead – fevereiro de 2014
Consultado em http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/4398 (abril de 2015)
NOTA: Neste estudo não foi contemplada a Noruega
Aspetos tecnológicos
A atividade ITO tem, pela sua natureza uma ligação permanente e próxima com as TI e as suas
evoluções que se reflete, quase imediatamente, no dia-a-dia de todos os profissionais da área.
As tecnologias de desenvolvimento de aplicações têm evoluído em várias vertentes, obrigando a um
esforço permanente para que os profissionais se mantenham atualizados. Estando as competências TI
“disponíveis” a nível global, as empresas que pretenderem passar a oferecer serviços ITO deverão
encontrar uma área de mercado com um maior nível de especialização: sistemas de base dados,
processamento Big Data, sistemas de informação geográfica, aplicações móveis, jogos, etc.
Começam a surgir alternativas ao outsourcing através da automatização de processo59. Atualmente, já
é possível implementar estes processos, ultrapassando as limitações de orçamento e os tempos de
implementação de soluções de TI desenvolvidas à medida. Estas alternativas baseadas no que se
designa como “robot automation” são atrativas sempre que for possível definir e sistematizar as regras
a serem aplicadas.
A facilidade de implementação destes mecanismos de automatização de processos sem necessidade
de dominar as competências TI, mas apenas conhecendo o negócio e as regras, permite que outros
profissionais as utilizem, ameaçando os negócios de outsourcing BPO e ITO.
Esta tecnologia é relevante, sobretudo quando existe uma necessidade a curto prazo e/ou a previsão
de utilização do processo seja de curta duração.
59
James R. Slaby (HfS Research) Robotic Automation Emerges as a Threat to Traditional Low-Cost Outsourcing
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Aspetos económicos
As últimas evoluções do câmbio entre o dólar e o euro, a manterem-se, criam condições favoráveis à
exportação de serviços de outsourcing para os EUA devido às condições financeiras atrativas criadas
pela descida do euro face ao dólar. A juntar a isto, existe alguma estagnação económica do lado
europeu, quando comparada com o crescimento da economia norte-americana.
O crescimento económico, aguardado há alguns anos para os países da União Europeia, irá também
possibilitar o surgimento de novas oportunidades.
Aspetos políticos
Os EUA apresentam uma grande estabilidade política que se reflete no enquadramento legislativo, não
existindo, sob este ponto de vista, riscos significativos.
Sendo o Norte da Europa, com a exceção da Noruega, pertencente à União Europeia, não existem
aspetos políticos que condicionem, à partida, a exportação deste tipo de serviços.
Aspetos ambientais
Embora a atividade de desenvolvimento de software não apresente uma relação forte com os aspetos
ambientais nem a jusante, nem a montante da cadeia de valor em que se insere, exceto no consumo
de energia nos data centers, pode ser relevante que os prestadores de outsourcing cumpram com as
boas práticas relacionadas sobretudo tendo em conta os mercados do Norte da Europa, onde existe
uma forte consciência ambiental entre a população. A certificação, através das normas internacionais
de gestão ambiental — ISO 14000, é uma forma de evidenciar as preocupações e a conformidade no
que diz respeito ao ambiente.
Aspetos éticos
No Norte da Europa existe uma consciência social muito presente entre a população, pelo que as
preocupações sociais das empresas serão sempre um requisito de entrada nestes mercados, embora
possa não estar explícito nos pedidos de consulta dos clientes. Assim, será um bom argumento de
venda a evidência das preocupações sociais, através de um sistema CSR (Corporate Social
Responsibility).
Nos EUA, os aspetos sociais estão na ordem do dia, com as empresas a sentirem necessidade de
demonstrarem que seguem as melhores práticas, sobretudo por pressão da comunicação social que
acaba por passar para a opinião pública.
Por exemplo, o outsourcing pode ter impactos nas relações laborais entre os profissionais envolvidos
e as entidades patronais, quando estas, para responderem às pressões que os clientes exercem sobre
os preços, acabam transferindo toda esta pressão até aos colaboradores dos outsourcers, que podem
estar a trabalhar em países praticamente sem proteção social.
Aspetos regulatórios e legais
Os fornecedores de serviços de outsourcing devem ter em atenção que os clientes estão
particularmente atentos a determinadas questões como a proteção dos direitos de autor e a proteção
dos seus dados. Na Europa, estas preocupações estão transcritas em diretivas europeias como, por
exemplo, a 2009/24/EC relativa à proteção jurídica dos programas de computador60. Esta diretiva foi
transcrita para os diversos países, que genericamente seguiram o texto original introduzindo alterações
pelo que deve ser consultada a lei correspondente em cada país.
A proteção de dados pessoais é outra vertente que os prestadores de outsourcing devem cumprir,
nomeadamente, na compatibilidade com as diretivas europeias 95/46/EC e 97/66/EC.
Nos EUA existem normas com objetivos semelhantes que têm de ser acauteladas durante os trabalhos
com destino de empresas norte-americanas.
60
Fonte: CBI: EU Buyer Requirements for IT Outsourcing
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A segurança dos dados é um desafio permanente para os profissionais de TI, com especial incidência
nas organizações que prestam serviços, sendo importante e em alguns concursos, obrigatória a
certificação segundo as normas da série ISO 27000.
Os clientes necessitam que as empresas fornecedores sejam capazes de garantir uma qualidade
constante ao longo de todo o processo de prestação de serviços. A certificação, segundo as normas
ISO 9001, é um modo de evidenciar essa capacidade, normalmente reconhecida como tal e, por isso,
apresentada como requisito em muitas consultas públicas para fornecimento de serviços.
No caso do desenvolvimento de software, existem outras normas mais específicas, como o modelo
CMMI, que é aceite a nível global como uma evidência de que a empresa está preparada e organizada
para prestar serviços de qualidade.
Para serviços em determinadas áreas de atividade existem normas ainda mais dirigidas como o PCI
DSS61 para os pagamentos por cartão ou “Code of Practice for Cloud Service Providers62” para os
serviços baseados em nuvem, com o qual se pretende demonstrar transparência, capacidade e
responsabilidade.
6.2.3
Análise de fatores de contexto transacional
Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, abordam-se agora todos aqueles fatores
externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é de compra, venda
ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a as suas empresas
e o submercado do outsourcing nos EUA e Norte da Europa.
O modelo de Porter (também chamado de avaliação do contexto competitivo) introduziu o conceito de
“vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto de fatores, cuja análise reflete a intensidade
competitiva do negócio. Este segmento de mercado será analisado de acordo com os fatores definidos
para o modelo.
Tipo e caracterização dos clientes
Os clientes para a atividade de outsourcing têm necessidade de contratar serviços especializados de
desenvolvimento de sistemas e aplicações com diferentes níveis de externalização. Estas empresas
podem pretender o software para utilização própria ou para colocar em clientes seus. Pode ainda ser
considerado, num nível mais, baixo a contratação pura e simples de mão-de-obra gerida diretamente
pelo cliente. Num nível superior, temos a contratação do desenvolvimento de sistemas a partir de
especificações, mais ou menos genéricas, das entradas e saídas pretendidas. Na realidade existem
muitas cambiantes entre estes extremos, com maior ou menor intervenção e controlo do cliente
durante o processo de desenvolvimento.
Na prática, os clientes de serviços ITO podem estar associados a todos os setores da atividade
económica63:




Indústria
Serviços
Comércio e distribuição
Governo e setor público
Quando se desagrega cada uma das indústrias, podem encontrar-se clientes de serviços ITO em
setores tais como:





Automóvel
Tecnologias limpas
Bens de consumo
Médica e farmacêutica
Transformadora
61
Link: https://www.pcisecuritystandards.org/security_standards/
Link: http://www.cloudindustryforum.org/code-of-practice/cop
63 Fonte: EY, Outsourcing in Europe
62
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



Minas e metalurgia
Petróleo e gás
Energia
Etc.
No mercado de serviços existem clientes potenciais em quase todas as atividades:









Finanças e seguros
Informática
Consultoria
Comunicação social e entretenimento
Serviços especializados
Mediação imobiliária
Tecnologia
Telecomunicações
Saúde
Segundo os dados da ISG (Information Services Group), que publica regularmente indicadores a nível
mundial sobre outsourcing, no primeiro trimestre de 2015 serão concluídos negócios no valor de 24 mil
milhões de USD, em que mais de metade do valor terá origem na Europa, cerca de um terço nos EUA
e o restante na Ásia e Pacífico. Embora, no caso da Europa, uma parte muito significativa destes
negócios esteja relacionada com países não incluídos neste estudo, como o Reino Unido ou a França,
estes valores mostram a dimensão dos serviços outsourcing a nível Europeu64.
Existência e caraterização de fornecedores locais
Nos EUA, as relações de outsourcing entre as empresas destinam-se, sobretudo, a cobrir
competências internas que as empresas não detém e não pretendem desenvolver por não estarem
alinhadas com a sua estratégia, ou que apenas respondem a necessidades pontuais. Podemos citar
exemplos, tais como a inexistência de competência tecnológica específica num determinado sistema
de base de dados ou num sistema operativo específico. A utilização de outsourcing onshore nos EUA
não está, normalmente, relacionada a necessidade baixar os custos. Neste sentido, a concorrência
por parte de fornecedores locais não tem como causa principal a diminuição de custos, pelo que para
entrar em concorrência com estes fornecedores é preciso apresentar uma oferta com uma nível de
excelência ao nível do que os clientes esperam dos fornecedores nacionais.
Algumas empresas fornecedoras criaram pontos de presença nos EUA que asseguram a interface
com os clientes e canalizam os pedidos para as estruturas nos seus países de origem, tipicamente
asiáticos, do leste europeu e da América do Sul.
Relativamente ao Norte da Europa, as empresas portuguesas apresentam-se como nearshore, pois
partilham afinidades culturais e políticas através das instituições da União Europeia. Como foi já
referido, todos os países do Norte da Europa dispõem de profissionais devidamente qualificados,
embora não em número suficiente.
Neste caso, a concorrência nacional é forte, podendo as empresas portuguesas apostar no preço como
argumento de venda, desde que se aproximem dos níveis de organização e inovação tecnológicas que
caracterizam as empresas daqueles países.
Produtos substitutos locais e ou globais
Todos estes países apresentam os melhores resultados em vários dos índices disponíveis para
caracterizar o desenvolvimento tecnológico, tanto a nível de infraestruturas, como ao nível das
competências nas áreas de TIC dos seus cidadãos. Todos eles têm indústrias de TI muito evoluídas,
pelo que o recurso a outsourcing surge principalmente por razões de custo.
O perigo de qualquer fornecedor de ITO ser substituído por outro, nestes mercados, é enorme, tanto
pelas capacidades existentes no país como pela forte concorrência existente a nível global.
64
Fonte: ISG (Information Services Group): The ISG Outsourcing Index™ — Global Market Data and Insights
First Quarter 2015
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Para combater os riscos de substituição um potencial prestador de serviços ITO, as empresas devem:
 Assumir-se como fornecedor preferencial para reduzir o risco de ser substituído pelos
departamentos internos de TI. Para isso, é importante satisfazerem e ultrapassarem as
expectativas dos clientes, em áreas como fiabilidade, qualidade, redução de custos, flexibilidade,
inovação e tecnologia;
 Manterem-se atualizadas com os novos modelos, como a computação em nuvem, com
processos de migração rápidos e eficazes. Os pedidos para soluções na nuvem têm vindo a
crescer e todas as previsões apontam para que se tornem regra;
 Especializarem-se e focarem-se em mercados de nicho. Quanto mais especializado for, mais
difícil será aos potenciais clientes encontrarem substitutos.
A substituição dos produtos/serviços das empresas da Inova-Ria por parte da concorrência é uma
ameaça muito significativa e pode acontecer quer por atuação nas características do próprio
produto/serviço, quer no preço por melhorias de eficiência de custos, com a possibilidade de baixar
margens.
Concorrência local e global
A concorrência na área do outsourcing de software coloca-se a nível global. Tem expressão mais
significativa nas áreas geográficas descrita nos pontos seguintes. Ver Figura 27.
Figura 27 – Fornecedores de outsourcing para os EUA
a) Índia
Desde há muitos anos que a Índia é o país que imediatamente é associado ao outsourcing de software,
tendo-se desenvolvido uma infinidade de empresas que têm vindo a subir na cadeia de valor da
indústria de software, incluindo grandes empresas como, por exemplo, a Wipro ou a HCL Technologies.
b) China
Depois de conquistar a hegemonia mundial a nível da produção de bens e equipamentos, a China já
apresenta várias e poderosas empresas destinadas à prestação de serviços de TI, incluindo o
desenvolvimento de software.
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Estudos de consultoras como a IDC65 apontam para crescimentos anuais superiores a 20%, os quais
se irão manter nos próximos anos. Nos últimos anos, tem-se assistido a um desenvolvimento rápido no
mercado de outsourcing na China, com uma série de fusões e aquisições. Apesar da recessão nos
mercados norte-americano e europeu, as previsões de receitas são positivas para os próximos anos.
As flutuações cambiais têm prejudicado as empresas chinesas que têm visto seus lucros diminuírem.
Alguns dos fornecedores tendem a instalar-se em zonas menos desenvolvidas da China, de modo a
beneficiar dos custos mais baixos da mão-de-obra.
A complexa envolvente política e económica internacional coloca novos desafios ao crescimento dos
fornecedores chineses de outsourcing devido sobretudo ao aumento dos custos com o trabalho e à
instabilidade cambial.
Pode indicar-se como o exemplo mais significativo do outsourcing na China, a Pactera Technology
International Ltd.
c) Leste europeu
Os países do leste europeu como a Polónia, a Bielorrússia ou a Rússia dispõem de técnicos
qualificados capazes de responder aos desafios postos pelo desenvolvimento de software, assim como
as competências de gestão associadas.
Por exemplo, na Ucrânia66, o volume de negócios em outsourcing de TI ultrapassa os 2 mil milhões de
USD por ano, com taxas de crescimento acima de 20%, envolvendo mais de 50 mil profissionais e mais
de 500 empresas. Mais especificamente, no desenvolvimento de software as receitas rondavam os mil
milhões de USD.
d) Indochina e Malásia
Mais recentemente alguns países da Indochina — Vietname, Laos e Camboja — têm vindo a criar uma
indústria de prestação de serviços nas TI, com especial enfoque na operação de processos de negócio.
A Malásia criou uma estrutura de apoio à exportação de serviços de outsourcing: Outsourcing Malaysia,
que facilita o acesso ao mercado às empresas malaias.
Os clientes de ITO demonstram bastante poder devido ao nível de concorrência existente no setor.
Para os fornecedores negociarem em melhores condições devem:
 Especializarem-se num nicho de mercado ou oferta de produtos/serviços inovadores;
 Apresentarem-se de um modo transparente aos seus potenciais clientes de modo a ganhar a
sua confiança;
 Identificarem e anteciparem os requisitos dos clientes de modo a responderem-lhes, antecipando
as suas expectativas;
 Construírem relações de longo prazo com os clientes para limitar os riscos de serem substituídos.
Apesar das dificuldades, este mercado oferece muitas oportunidades a fornecedores de países que
consigam competir com custos mais baixos, garantindo os níveis de organização e tecnológico que
existem nos mercados destino. As respostas à concorrência existente nestes mercados, local e global,
devem passar por:
 Especialização num determinado mercado horizontal ou vertical;
 Oferta de soluções cloud para ir de encontro às inovações tecnológicas, mantendo-se a
competitividade tecnológica;
 Comparação com os fornecedores vizinhos, cultural e/ou geograficamente, dos clientes.
A concorrência diminui o poder dos fornecedores, pois existem muitos empresas com produtos e
serviços semelhantes tendo como consequência a possibilidade dos clientes exercerem controlo sobre
o mercado impondo as regras e as condições de acesso. Só é possível aumentar o poder dos
fornecedores se estes assumirem um maior nível de especialização. Quando se especializam num
mercado, por exemplo, software para a indústria naval, ou quando oferecem um alto grau da inovação,
os prestadores ITO podem aumentar as suas oportunidades e o seu poder.
Ver ID. “China-Based Offshore Software Development Market to Reach USD 13.8 billion in 2017 at CAGR of
22.3%”.
66 Fonte: Ukrainian IT Market 2013: Fresh Stats and Forecasts
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A oferta de serviços de outsourcing é, assim, feita pelas grandes empresas mundiais que atuam a nível
global, algumas delas sediadas na Europa. Apresentam-se de seguida alguns exemplos sem caráter
exaustivo:
 HCL Technologies — Com sede na Índia, deverá apresentar receitas de 5,7 mil milhões de
dólares e lucros superiores a mil milhões, no final de 2014. A HCL, pertencendo ao clube muito
restrito de empresas do setor das TIC que ultrapassam, em receitas, a fasquia de mil milhões de
dólares. Opera em mais de 30 países com cerca de 100 mil empregados, com escritórios nos
cinco países do Norte da Europa alvo deste estudo.
 Accenture — Empresa, sediada nos EUA, que oferece serviços de consultoria na área da gestão
e das TI, sedo projetado um volume de receitas superiores a 30 mil milhões de dólares em 2014.
Dispõe de mais de 300 mil empregados distribuídos por 56 países, incluindo o Norte da Europa.
 Capgemini — Vai apresentar resultados de 10 mil milhões de dólares em 2014, resultado de
consultoria e prestação de serviços. Com mais de 140 mil empregados (56 mil na Índia) no final
de 2014. Tem sede em França.
 CGI — Sede no Canadá. Tem 68 mil empregados em 40 países a nível mundial, incluindo o
Norte da Europa. Deverá ter receitas em 2014 de 10,5 mil milhões de dólares.
 Cognizant — Com receitas previsíveis em 2014 de 10 mil milhões e mais 210 mil empregados,
tem escritórios em todo o mundo. Tem sede no estado de New Jersey, nos EUA.
 Wipro — Com a sede na Índia, a Wipro vai apresentar receitas no valor de 1,9 mil milhões em
2014. Tem 146 mil empregados a nível global.
 Computacenter — É um dos fornecedores na área das TI com sede na Europa, Reino Unido,
com uma faturação estimada de 3,1 mil milhões de libras em 2014. Está relativamente focada na
Europa, sobretudo no Reino Unido, Alemanha, França e Bélgica.
 CSC — Empresa norte-americana, estado de Virgínia, com 72 mil empregados e clientes em
mais de 70 países. Vai apreentar uma receita de 12,6 mil milhões de dólares em 2014. Tem
escritórios em todos os países do estudo, com exceção da Finlândia.
 Tech Mahindra — Receitas estimadas de 3 mil milhões de dólares em 2014 e um terço das quais
a ter origem na Europa. Tem 89 mil empregados espalhado pelo mundo inteiro,
 TCS (Tata Consultancy Services) — Com sede na Índia tem uma receita expectável superior a
13 mil milhões de dólares no ano fiscal de 2014. Embora com clientes por toda a Europa, tem
cerca de dois terços das receitas no Reino Unido. Tem mais de 300 mil empregados espalhados
por todo o Mundo.
 Sopra/Steria — Com sede em França, a associação entre a Sopra e a Steria criou um grupo com
3,3 mil milhões de euros de receita anunciada para 2014. Tem cerca de 36 mil funcionários, com
16 mil em França.
 Infosys — Sediada na Índia, vai ter receitas de 8,2 mil milhões de dólares em 2014. Tem 160 mil
empregados.
 Atos — Receitas previsíveis em 2014 de 9 mil milhões de euros, com sede em França e com um
total de 85 mil empregados.
 Indra — Com sede em Espanha, vai garantir três mil milhões de Euros de receitas em 2014 e
uma força de trabalho de 43 mil profissionais, espalhados por 149 países.
Num outro grupo de concorrentes num nível mais baixo de receita existem, entre outras empresas:








Endava — Roménia
IGATE — EUA
Kuehne & Nagel
Luxoft — Suíça
MAYKOR — Rússia
Mindtree — EUA
NNIT A/S — Dinamarca
Xchanging — Reino Unido
Além destas existe uma miríade de empresas que atuam neste ramo de atividade, oferecendo serviços
ITO, muitas delas com sede em países europeus, sendo de realçar as empresas do leste europeu67
67
Link: http://itonews.eu
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(Ucrânia, Rússia, Bielorrússia, etc.) e de outros países europeus comunitários como a Roménia,
Espanha, Polónia, Hungria, e Irlanda. No confronto direto com estes países, Portugal consegue
apresentar níveis salariais mais baixos do que países como Espanha e Irlanda, com os mesmos níveis
de competências e infraestruturas de apoio68.
Potencial para novos entrantes
Os novos entrantes nesta área de negócio têm de apostar na capacidade de gerir de uma forma capaz
e rigorosa a sua atividade, de modo a obter a confiança dos clientes, que, após vários insucessos,
passaram a impor regras muito rígidas no relacionamento, sobretudo na gestão dos projetos e dos
seus resultados.69
Uma das tendências dos últimos anos, tem sido a diversificação de prestadores de serviços, pondo
parcialmente em causa os grandes projetos de difícil gestão. Muitos clientes estão a apostar em
aumentar o número dos seus fornecedores, tendência que obriga a ter mais recursos na gestão dos
projetos, mas apresenta níveis de risco mais baixos, ao evitar as consequências dramáticas do
falhanço de alguns projetos de grande dimensão.
Os negócios de outsourcing estão a tornar-se cada vez mais pequenos, principalmente nos EUA, com
as empresas a não quererem arriscar o investimento de grandes somas envolvidas nos grandes
contratos.70 A passagem para negócios de mais baixos valores está ter impacto mais significativo na
América do Norte. Nota-se que o valor está a descer, enquanto o número de contratos se mantém ou
tem tendência para subir. 71 Também se assiste a uma saturação do mercado, não se prevendo que
surja nenhum contrato gigante nos próximos tempos. Por seu lado, o crescimento estará sobretudo
no mercado dos negócios com valores médios ou baixos, onde ainda poderá haver crescimentoao
nível do multisourcing. Deste modo, as empresas podem escolher entre um conjunto de fornecedores
validados, o que significa que podem fazer um “leilão” para os seus projetos com um leque mais
alargado de escolhas.
As empresas que tiveram sucesso no regime de multisourcing encontraram forma de ultrapassar os
desafios táticos, de modo a focarem-se nas questões estratégicas.
A concorrência que se cria pode beneficiar os clientes de outsourcing, mas, ao mesmo tempo, estes já
começam a solicitar aos fornecedores que cooperem. Os fornecedores, por seu lado, entendem que
podem beneficiar de algum nível de cooperação na conquista e retenção dos seus clientes, oferecendo,
em alguns casos, serviços integrados cobrindo mais valências.72
A economia de outsourcing é muito menos linear do que a comparação entre salários possa sugerir.
Não existe uma verdadeira “bolsa” de trabalho no desenvolvimento de software, o qual não pode ser
comparado com negócios da produção de cobre ou de trigo. Além disso, existem riscos associados
diretamente ao outsourcing de desenvolvimento. Não há garantia da qualidade da mão-de-obra que
está a ser contratada. Muitas vezes, um programador interno pode custar cinco vezes mais, mas tornarse mais competitivo se produzir software com menos erros e com garantias superiores. Os novos
entrantes terão de se afirmar, não só, pelas suas competências técnicas, mas, fundamentalmente, pela
capacidade de gestão e rigor que conseguirem colocar nos serviços prestados, de modo a não erodir
as vantagens financeiras que advêm dos salários mais baixos.
O eventual acesso ao mercado por parte de novos fornecedores constitui, de algum modo, uma ameaça
para os fornecedores instalados. Para estes, é fundamental que atuem de modo a minimizar esta
ameaça, através de ações como:
 Melhorar a comunicação, evidenciando as suas competências e o grau de qualidade e
transparência que colocam nos seus serviços e nas relações com os clientes;
 Transformar-se num fornecedor privilegiado de modo a ser dificilmente substituído por outro.
Para isso tem de satisfazer as exigências e expectativas dos clientes, tais como confiança,
qualidade, redução de custos, flexibilidade, inovação, etc.
 Especialização num mercado vertical ou horizontal.
Fonte: APO — Portugal as a Nearshore Outsourcing Destination.
Fonte: Venture Pact (http://venturepact.com)
70 Link: http://www.cio.com/article/2405917/outsourcing/why-it-outsourcing-deals-are-getting-smaller.html
71 Link: http://www.cio.com/article/2405917/outsourcing/why-it-outsourcing-deals-are-getting-smaller.html
72 Fonte: Outsourcing exec urges: “Stop outsourcing your software development”.
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6.2.4
Análise dos fatores internos
Enquanto na análise contextual foram vistos os submercados numa perspetiva externa, a análise
partirá agora de dentro da Inova-Ria para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando
chegar aos fatores benéficos e prejudiciais, característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir
com tudo o que externamente já foi caracterizado para o mercado do outsourcing nos EUA e Norte da
Europa.
A aplicação do modelo SWOT não será feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster InovaRia no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro através da análise
detalhada por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, serão
avaliados, sobretudo, os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não
variarão de submercado para submercado, ou seja:
 as oportunidades, como fator benéfico, e
 as ameaças, como fator prejudicial,
… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o mercado do outsourcing nos EUA
e Norte da Europa.
Oportunidades
A capacidade de desenvolvimento de software “instalada” nas empresas da Inova-Ria potencia a
criação de negócios baseados em modelos de outsourcing.
Os custos da mão-de-obra em Portugal, associados às últimas descidas do Euro relativamente ao
Dólar, permitem que o desenvolvimento de software possa ser competitivo e interessante, sob o ponto
de vista financeiro, para as empresas clientes quer nos EUA, quer no Norte da Europa. Os níveis
salariais mais baixos quando comparados com países como a Espanha, a Irlanda ou a República
Checa permitem que as empresas portuguesas se apresentem com melhores condições ao mercado
europeu e norte-americano.
As perturbações políticas e económicas sentidas em países como a Ucrânia ou a Rússia podem criar
mais oportunidades para empresas portuguesas entrarem neste negócio quer por substituição direta,
quer por entrada na cadeia de valor de algumas das empresas que já estão implantadas.
Ameaças
A concorrência é forte nesta área, havendo zonas do globo que, devido ao custo mais baixo da mãode-obra, conseguem ter uma oferta muito atrativa no outsourcing de desenvolvimento de software.
Temos nesta situação o Leste Europeu (e.g. Bielorrússia, Rússia, Polónia, Estónia, Ucrânia), a Índia, a
China e a Península da Indochina (Vietname, Laos, Camboja, Malásia) e alguns países da União
Europeia.
A maior parte desta oferta está organizada em grandes empresas (por exemplo: Plactera e Wipro
Technologies) ou em estruturas promovidas pelos governos como a Outsourcing Malaysia. Por seu
lado, a Inova-Ria não apresenta, ainda, uma estrutura que permita a oferta integrada dessa capacidade
de uma forma agregada perante o mercado, o que se torna aparentemente numa desvantagem.
Uma percentagem significativa, os especialistas apontam para valores entre 30% e 50%, dos projetos
de outsourcing falham por:



razões ligadas a problemas de competências dos fornecedores,
falhas de comunicação entre os clientes e as empresas de outsourcing, e ainda por
deficiente acompanhamento dos projetos.
Para ultrapassar estas questões, têm surgido imensas propostas de organização do trabalho e das
relações entre clientes e fornecedores, que são fundamentais para que o mercado de outsourcing se
mantenha e evolua positivamente e, para que isso aconteça, as capacidades de gestão associadas
têm de existir em todos os intervenientes no processo.
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6.2.5
Estratégia e Plano de Internacionalização para o Outsourcing
Nos pontos seguintes abordam-se as ideias básicas para internacionalizar as empresas da Inova-Ria
no setor do outsourcing nas regiões dos EUA e do Norte da Europa. Ao incluir a internacionalização
nas suas decisões estratégicas, as empresas terão de encetar as ações necessárias para, de uma
forma coerente, abordarem todas as fases do processo, desde a definição da oferta, até aos parceiros
com que farão a aproximação aos novos mercados. O plano de internacionalização delineado neste
documento corresponde o início de um processo complexo, que passará pelo planeamento das etapas
para entrada no mercado e, por último, pela consolidação da atividade internacional, com a
implementação do projeto de internacionalização.
Cada uma das empresas deverá definir claramente as competências internas que pretende valorizar
através da prestação de serviços de outsourcing tendo em conta o risco envolvido e as adaptações
necessárias, as certificações que, eventualmente, será preciso obter, e os impactos no funcionamento
interno. Partindo da análise do mercado apresentada, cada uma das empresas Inova-Ria poderá
construir o seu próprio plano de internacionalização, afinando as recomendações listadas à sua
realidade.
Neste contexto, as empresas podem optar por estender a sua oferta para fora do país, não alterando o
seu portefólio, ou criar linhas específicas de serviços exclusivamente para o mercado externo. No limite,
toda a empresa pode passar a estar orientada exclusivamente para o exterior, fazendo depender as
suas receitas exclusivamente do mercado exterior. Ao centrar a sua atividade no mercado global, a
empresa poderá sentir a necessidade de, no futuro, criar delegações comerciais e, eventualmente,
produtivas junto dos clientes para criar laços mais fortes e aumentar o grau de confiança mútuo, e,
desse modo, poder aspirar a contratos para atividades mais valorizadas.
A diferenciação dos produtos e serviços que é fundamental assegurar para as empresas se
abalançarem em mercados tão globalizados, e por isso mesmo competitivos, passa por duas
aproximações principais:
 Preço — no caso do outsourcing, implicará competir com países com níveis salariais mais baixos
que o português, como são os casos de alguns países asiáticos e do leste europeu, se este for
o principal argumento de venda. Neste capítulo, porém, Portugal apresenta vantagens quando
comparado com outros países europeus, como a Irlanda ou a Espanha, na medida em que é
mais competitivo ao nível remuneratório e apresenta níveis semelhantes nas áreas das
competências dos profissionais e nas infraestruturas tecnológicas;
 Serviço/produto — a diferenciação ao nível dos serviços de outsourcing pode ser conseguida,
por exemplo, pelas competências dos profissionais, pelo nível de organização do serviço,
evidenciada pelas certificações, ou pela especialização em áreas de negócio específicas.
Considerando o investimento necessário para operações de promoção e angariação de clientes,
nomeadamente a instalação ou contratação de agentes locais e missões a eventos do setor do
outsourcing, é importante criar uma forma de associação onde seja possível repartir, de algum modo,
os custos. Este papel pode perfeitamente ser assumido pela Inova-Ria, como elemento agregador.
Sendo o mercado de outsourcing extremamente competitivo devido à existência da oferta qualificada
de serviços de IT por todo o mundo, fruto da ubiquidade dos conhecimentos tecnológicos e do processo
de globalização em curso, muita da oferta reside em países com níveis salariais mais baixos que o
português, fazendo com que a simples aposta no preço baixo não será suficiente, se não estiver
associada a níveis elevados de competência técnica e estruturas organizativas eficazes que sejam
capazes de garantir os escalões mais exigentes de qualidade, segundo os standards internacionais.
Para ser possível estruturar as ações no sentido da internacionalização numa área como o outsourcing,
é fundamental identificar e caracterizar os serviços que serão incluídos na oferta. Considerando a
classificação apresentada no ponto 6.2.1, as empresas Inova-Ria devem listar as áreas de atividade
em que pretendem atuar, considerando as competências tecnológicas que detêm ou que pretendem
adquirir. As alternativas também se colocam no elemento diferenciador a desenvolver — preço,
qualidade do serviço prestado, área tecnológica ou atividade económica — ou no grau e na forma de
associação entre as empresas.
As diferenças entre as duas regiões selecionadas, EUA e Norte da Europa, em relação ao setor do
outsourcing, são subtis, sendo que a abordagem é sensivelmente a mesma, à parte o facto de a maioria
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dos países considerados na região do Norte da Europa pertencer à União Europeia. A seguir, serão
elencadas algumas ideias para a elaboração de um plano de internacionalização neste setor,
salvaguardando que alguns detalhes podem aparecer especificados para um ou outro daqueles
mercados geográficos.
Perspetivas específicas do mercado
A constatação de alguma escassez de recursos humanos qualificados nestas áreas, que se possa
sentir nos EUA, aponta para que as grandes necessidades de subcontratação se mantenham durante
os próximos anos neste mercado. A seleção das etapas do processo TI em que as empresas da InovaRia se irão apresentar ao mercado norte-americano tem implicações na estrutura interna a montar. Se
o desenvolvimento e os testes são possíveis sem uma ligação em “tempo real” ao cliente, a não ser
para pontos de controlo da atividade, já a prestação de serviços de assistência técnica ou gestão de
aplicações e infraestruturas obrigará a uma maior ligação ao cliente, com implicações, por exemplo, no
horário de trabalho a praticar.
Constatou-se também uma significativa escassez de recursos humanos qualificados nestas áreas um
pouco por toda a Europa, explicitada no ponto 6.2.2.1 para os países do Norte da Europa. Esta
escassez aponta para que as grandes necessidades de subcontratação se mantenham durante os
próximos anos também neste mercado.
Produtos e serviços a internacionalizar
As empresas da Inova-Ria devem definir claramente quais as fases e etapas do ciclo ITO em que irão
participar (ver Figura 28):
 Estratégia
- Planeamento e estratégia tecnológica
 Construção
- Análise e conceção de sistemas e aplicações;
- Realização ou construção dos sistemas e aplicações;
- Testes e validação;
 Exploração
- Alojamento de aplicações;
- Operação e gestão de sistemas, plataformas e aplicações;
- Assistência técnica.
Fases
Estratégia
Estratégia e
planeamento
Etapas
Construção
Análise e
conceção
Desenvolvimento
Operação
Testes e
validação
Gestão de
aplicações
Gestão da
infraestrutura
Assistência
técnica
Figura 28 – Fases e etapas ITO.
As primeiras etapas exigem um grau de confiança elevado entre o cliente e o fornecedor, que,
certamente, não será possível estabelecer desde o início, pelo que não deverão ser consideradas na
estratégia de curto prazo. Entre outras componentes, as empresas da Inova-Ria devem clarificar se é
importante focarem-se nas etapas de construção ou nas de apoio à operação.
Para conseguirem minimizar alguns dos problemas relacionados com a concorrência em mercado livre,
é importante apostarem num grau significativo de especialização quer pelas tecnologias envolvidas
(www, aplicações móveis, Big Data, etc.), quer pela atividade em que se inserem os sistemas e
aplicações (ERP, Smat Cities, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Autárquica, etc.).
Potenciais parceiros e facilitadores locais
Para ultrapassar as barreiras iniciais de acesso ao mercado, é fundamental encontrar parceiros /
facilitadores locais que criem as ligações necessárias para se ultrapassar as barreiras à entrada no
mercado:
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 Entidades oficiais — através das delegações instaladas no terreno: e.g. embaixadas, delegações
AICEP;
 Entidades privadas — agentes ou simples “antenas” que possam identificar oportunidades de
negócio;
 Parceiros de negócio — empresas que já estejam instaladas nos mercados e que potenciem
negócios por complementaridade de ofertas ou por agilização de contactos e oportunidades.
Os portais que agregam consultas para serviços de outsourcing poderão servir como uma ferramenta
importante para a identificação de oportunidades de negócio. Contudo, a maior parte dos portais
marketplaces, que são uma forma relativamente vulgarizada para a identificação de oportunidades de
trabalho para freelancers, muitos deles associados às TI, poderá não se adaptar ao estabelecimento
de negócio entre empresas73. Principalmente no caso de desenvolvimento de novos produtos, as
empresas encontram os seus parceiros preferencialmente através de referências e do histórico
disponível, em detrimento de anúncios de larga divulgação.
Os potenciais clientes podem estar associados a qualquer setor da atividade económica e/ou ao setor
público74, tal como vimos em 6.2.3.1, mas, no limite, os clientes para serviços ITO, para a Inova-Ria,
podem ser encontrados em setores tais como:75







Automóvel
Bens de consumo
Médicas e farmacêutica
Transformadora
Minas e metalurgia
Petróleo e gás
Energia
No setor do comércio e distribuição, consideram-se o comércio retalhista e grossista e os transportes
de pessoas e mercadorias e nos serviços, sobressaindo setores como:







Finanças e seguros
Consultoria
Meios de comunicação e entretenimento
Imobiliário
Tecnologia
Telecomunicações
Saúde
O plano de internacionalização poderá incluir a celebração de contratos com parceiros que facilitem o
acesso a clientes. Estes parceiros deverão estar perfeitamente inseridos e ser conhecedores dos
mercados locais.
Estratégia de promoção e venda no exterior
Existem anualmente várias exposições e eventos relacionados com o outsourcing um pouco por todo
o mundo, promovidos pelas organizações do setor:
 IAOP (International Association of Outsourcing Professionals) — é a principal organização global
na área do outsourcing que tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento do mercado,
permitindo a ligação entre os fornecedores, clientes e consultores e fomentando a comunicação,
o reconhecimento e as certificações profissionais. Conta com mais 120 mil membros e
associados. Organiza anualmente o “Outsourcing World Summit®”.
 Shared Services & Outsourcing Network — organização à escala mundial que agrega
profissionais das áreas de outsourcing e serviçso partilhados, com escritórios em várias partes
do mundo: Nova Iorque, Londres, Singapura, Sydney, Dubai e Berlim. Com mais de 80.000
membros, disponibiliza recursos e organiza eventos por todo o mundo.
73
Link: http://www.quora.com/What-is-the-best-marketplace-for-outsourcing-software-development
Fonte: EY, Outsourcing in Europe — An in-depth review of drivers, risks and trends in the European outsourcing
market.
75 Fonte: Global Services: http://www.globalservicesmedia.com
74
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Riscos de Internacionalização
O processo de internacionalização apresenta riscos de vária ordem:
 Riscos financeiros — a flutuação cambial pode ser a diferença entre um bem ou mal sucedido
negócio. É importante antecipar as flutuações cambiais e, se possível, colocar cláusulas de
salvaguarda para variações extremas;
 Avaliação do produto/serviço — a adequação do serviço ao mercado é fundamental. No limite,
no caso dos serviços de outsourcing, cada cliente terá o seu serviço devidamente personalizado;
 Enquadramento regulatório e normativo — cada país apresenta particularidades legislativas
que, numa primeira fase, poderão escapar a um estrangeiro. Assim é importante garantir que
desde o início existem parceiros locais que identifiquem todos os aspetos regulamentares
aplicáveis aos negócios em causa: laborais, fiscais, comerciais, ambientais, etc.
 A barreira linguística — embora o Inglês se tenha imposto como a língua franca e seja falado
pela maioria dos profissionais que atua das TIC, não é garantido que para determinado temas,
como os relacionados com contratos, esse conhecimento seja suficiente. Nestes casos pode ser
recomendável a utilização de serviços especializados de tradução que garantam que todas as
cláusulas são devidamente entendidas de parte a parte. Este aspeto é especialmente pertinente
para a região do Norte da Europa.
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6.3
Segmento de mercado: Setor do Mar no Norte da Europa
O mar apresenta para a maior parte destes países a via de escoamento de exportações, de chegada
de importações e de exploração económica de recursos, incluindo energias renováveis (e.g. eólicas em
alto mar). Além disso, nestes países encontram-se alguns dos maiores centros logísticos portuários da
Europa e do mundo.
Este segmento de mercado é definido no âmbito dos aspetos ligados à possibilidade de fornecimento
de produtos, soluções e serviços TICE para atividades ligadas ao Mar e às zonas costeiras no Norte
da Europa. Apresenta-se a seguir a análise obtida de acordo com a metodologia aprovada.
6.3.1
Contexto do mercado da Economia do Mar
O setor do Mar tem vindo a receber a atenção dos governos europeus como sendo um polo de
desenvolvimento das economias, através da revitalização dos setores tradicionais, como a pesca, ou
de estímulos para o crescimento de atividades mais recentes, nomeadamente, a produção de energia
e a aquacultura. Estas intenções estão expressas em muitos documentos como, por exemplo, no Plano
de Ação para uma Estratégia Marítima da União Europeia, que prevê a criação de mais de sete milhões
de postos de trabalho na Europa, até 2020, associados às atividades marítimas.
Em conjunto, a costa do Mar do Norte é uma região fundamental para a estratégia da Economia Azul
de Europa, com previsões a apontar para valores de 150 mil milhões de euros de VAB e cerca de
850.000 pessoas. Embora estes valores incluam países, como o Reino Unido ou os Países Baixos, que
não fazem parte do objeto deste estudo, representam bem a dimensão deste setor económico. A
economia marítima da Noruega constitui um VAB enorme, estimado em 80 mil milhões de USD, e
emprega aproximadamente 150 mil pessoas, em 14 mil empresas. Mas a parte de leão deste valor
(80%) pertence à extração de petróleo e gás ao largo de Stavanger.
No caso da Dinamarca, na costa do Mar do Norte tem associado um VAB de 2,2 mil milhões de USD e
mais de 12 mil empregos, com uma parte muito significativa das receitas associada à indústria do
petróleo. O turismo costeiro e o transporte marítimo contribuem sobretudo para o emprego.
Na Suécia, a região de Västsverige ao redor de Gothenburg tem a mais alta concentração de atividades
marítimas do país, dando origem a cerca de 12 mil empregos, principalmente em estaleiros, reparação
de navios e transporte fluvial.
A costa alemã do Mar do Norte emprega à volta de 170 mil pessoas em quatro mil empresas e um VAB
de 14 mil milhões de USD. Tem especial expressão a pesca e o transporte marítimo. Após um declínio
em resultado da crise de 2008, o transporte marítimo de alto mar está a recuperar nos últimos anos.
Esta costa está situada na zona europeia mais ativa em termos de navegação de alto mar, que,
conjuntamente com as costas holandesa, belga e francesa, com 50% do movimento de mercadorias a
ter origem fora da União Europeia. Devido a constrangimentos que estão a surgir em alguns portos
pelo aumento dos movimentos portuários, espera-se que as TICE ajudem a ultrapassar o problema.
Por seu lado, as TICE têm vindo a alargar o seu âmbito de utilização em quase todas as atividades
humanas, não sendo exceção as relacionadas com o mar. As várias atividades do setor do Mar podem
ser enquadradas, para os objetivos deste estudo, em dois grandes grupos: verticais e de apoio. Ver
Figura 29.
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Figura 29 – Atividades no setor do Mar
Atividades verticais
As atividades verticais correspondem, grosso modo, às fileiras económicas seguintes:
Pescas
Comporta a pesca propriamente dita e o processamento e comercialização do pescado. As TICE
podem dar um grande contributo para, por exemplo:
 Gestão das operações: planeamento e otimização de percursos;
 Gestão do pescado (lota).
O número de empregos associados à pesca, indicados na Tabela 23, mostra a importância relativa
desta atividade nos diversos países. Verifica-se que a pesca tem uma representatividade claramente
maior na Noruega.
País
Empregos
%
Alemanha
11.566
0,01%
Dinamarca
5.767
0,10%
Finlândia
4.271
0,08%
Noruega
17.551
0,34%
Suécia
3.837
0,04%
Tabela 23 – Empregos associados à atividade de pesca.
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Energias marinhas
As energias marinhas incluem todas as atividades associadas à geração de energia elétrica a partir do
mar quer seja aproveitando as ondas e as marés, quer instalando estações eólicas em mar aberto.
A energia eólica offshore é um dos setores com mais rápido desenvolvimento na Alemanha, na
sequência da decisão do governo de descontinuar a produção de energia nuclear e elevar os objetivos
em termos de proteção ambiental.
Em março de 2013, estavam em operação um total de 320 megawatts (MW), dos quais 50 MW no Mar
Báltico, mais 1.600 MW em construção e 10 mil MW aprovados, a maioria no Mar do Norte.
Num curto período de tempo, o Mar do Norte tornou-se na concentração mais importante de turbinas
de vento offshore no mundo. Já foram instaladas turbinas com uma capacidade de 5.000 MW, com os
países do Mar do Norte a terem um papel central no desenvolvimento desta tecnologia. Ver Tabela 24.
Alemanha
Instalações
Número de turbinas
Capacidade instalada (MW)
Dinamarca
Finlândia
Noruega
Suécia
16
12
2
1
6
258
513
9
1
91
1.049
1.271
26
2
212
Tabela 24 – Instalações de eólicas offshore.
O país com mais instalações de produção de energia eólica offshore na Europa é o Reino Unido, com
um total de cerca de 4.500 MW de potência instalada. Entre os países que são objeto deste estudo
destacam-se a Alemanha e a Dinamarca, com 1.049 e 1.271 MW, respetivamente. O gráfico da Figura
30 mostra a distribuição das eólicas offshore pelas bacias mais importantes.
Mar
Báltico
14%
Oceano
Atlântico
23%
Mar do
Norte
63%
Figura 30 – Distribuição das eólicas offshore.
Devido à maturidade do mercado e à sua especificidade, o mercado dos hidrocarbonetos no Mar no
Norte não é considerado neste estudo, embora represente uma importante fonte de emprego e receita,
bem como uma fonte de energia essencial com baixo risco geopolítico, ao contrário de importações de
países terceiros que podem ser ameaçadas pela instabilidade política do estado da origem ou dos
países de trânsito. Dentro da região de Mar do Norte, os países com produção significativa são a
Noruega, o Reino Unido, os Países Baixos e a Dinamarca. Esta indústria terá atingido o seu pico em
meados dos anos de 1990, estando agora em declínio. Contudo, ainda assegura emprego e receitas
significativas, com muitas reservas inexploradas, sobretudo na Noruega.
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Transporte marítimo
Esta atividade engloba o transporte de mercadorias e as atividades subsidiárias como a carga e
descarga de mercadorias nos portos. Apesar das dificuldades em valorizar com rigor as mercadorias
que circulam por mar, estimativas, como a da International Chamber of Shipping, apontam para 90%
como sendo a percentagem do comércio mundial que é escoada por via marítima. Para controlar e gerir
todo este volume de mercadoria e informação associada, são fundamentais sistemas informáticos, em
áreas como:
 Gestão de carga
 Gestão de rotas
 Gestão da atividade portuária
As principais características do transporte marítimo no Mar do Norte são:
 Grandes volumes de operações devido à pujança das economias da região;
 Rede de serviços eficazes que garantem a integração com os portos da vizinhança, os portos
interiores e o mar Báltico
 Competição feroz entre os portos da região para atrair as cargas de alto mar, resultando em altas
eficiências operacionais.
Náutica de recreio e turismo
Consideram-se nesta atividade o turismo de cruzeiro e a utilização de embarcações para lazer. O
contributo das TICE, especificamente para esta atividade, terá a ver, por exemplo, com a criação de
serviços informativos.
Estima-se que o setor dos cruzeiros na região do Mar do Norte seja responsável por cerca de mil
milhões de euros de VAB, garantindo à volta de dez mil empregos.
Aquacultura
Inclui as atividades de propagação, crescimento e engorda de espécies aquáticas destinadas à
alimentação humana. Encontramos exemplos de utilização de TICE em sistemas de monitorização ou
em sistemas de gestão das operações.
A bacia do Mar do Norte apresenta algumas limitações para a implantação de infraestruturas de
aquacultura devido a razões como o clima, a temperatura da água, a falta de sítios protegidos e, em
algumas zonas, ao nível de poluição. Não se espera grande crescimento na aquacultura, com a
exceção da Noruega, onde a indústria do salmão mostrou o seu potencial, principalmente desde 2008.
A aquacultura existe em todos os países em análise, mas na Noruega tem a sua maior expressão,
ultrapassando em dez vezes a produção agregada dos outros países76 e apresentando crescimentos
de, pelo menos, 4%. Paralelamente com a atividade propriamente dita, também se desenvolveu um
forte setor tecnológico que fornece soluções à aquacultura.
No caso específico da Noruega, a pesca e a aquacultura são atividades importantes, empregando cerca
de 28 mil profissionais, predominantemente em PME’s. A aquacultura está focada, principalmente, na
produção de salmão.
Gestão de recursos marinhos
Pode estar orientada para atividades de negócio em volta da exploração dos recursos marinhos: pesca
e extração mineral ou voltada para as preocupações ambientais, garantindo a continuidade dos
recursos ou identificando focos de poluição.
Construção naval
A construção naval é relevante para as TICE enquanto oportunidade para incorporar as soluções
tecnológicas que podem suportar e facilitar a atividade a que se destina a embarcação. Quando
76
Fonte: Eurostat.
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destinados a turismo, podem ser consideradas soluções de domótica, ou quando têm por objetivo a
pesca, soluções de gestão de recursos marinhos.
A hegemonia dos estaleiros asiáticos (Japão, Coreia do Sul e China) é de tal ordem que estes países,
no seu conjunto, representam mais de 90%, em tonelagem, da construção naval a nível mundial.
Contudo existe uma atividade significativa na construção naval, nos países do Norte da Europa, com
posições firmadas em determinados nichos de mercado, como navios de cruzeiro, dragas e navios para
atividades offshore. Nos últimos anos, os estaleiros na Noruega especializaram-se na criação e
fabricação de navios e plataformas de apoio a atividades offshore.
Atividades de apoio
As atividades de apoio são, genericamente, transversais às atividades verticais, tornam possível e
segura a navegação no mar e o seu aproveitamento para a atividade económica. As TICE serão
fundamentais em áreas como:
 Localização, cartografia e meteorologia — os sistemas de localização e cartografia são a base
da navegação marítima e para a localização de equipamentos e recursos. Juntamente com estes,
a informação meteorológica também é fundamental no planeamento de rotas e na utilização do mar;
 Fiscalização, emergência e salvamento — a fiscalização das atividades marítimas reveste-se de
especial importância devido às infrações que são praticadas constantemente no mar quer do ponto
de vista legal, quer do ponto de vista ambiental. Sendo o ambiente marítimo, de um modo geral,
hostil para o homem, as situações de emergência ocorrem com bastante frequência, por condições
ambientais adversas ou por avaria dos equipamentos;
 Gestão de portos, marinas e equipamentos offshore — os portos, marinas e agora os
equipamentos colocados em alto-mar oferecem importantes desafios aos responsáveis pela sua
gestão, sobretudo devido ao volume de informação envolvida;
 Gestão de tráfego marítimo — é fundamental fazer-se uma gestão rigorosa do tráfego marítimo
por razões diversas, tais como a segurança de pessoas e bens, controlo de atividades ou de
congestionamento;
Áreas TICE
As TICE podem contribuir de um modo mais ou menos significativo para todas estas atividades. A
Figura 31 mostra as principais áreas TICE com relevância para as diversas atividades no setor do Mar:
 Sistemas de informação geográfica — a navegação é um dos problemas que se coloca quando
se pretende viajar, sendo por isso fundamental em todas as atividades que decorrem no mar;
 Sistemas de comunicação — as TICE estão na base de todos os sistemas de comunicação que,
no mar, assumem uma importância crucial;
 Gestão de processos e operações — existem processos de grande complexidade ligados ao Mar,
como a gestão de cargas e descargas em portos ou a gestão da atividade piscatória, onde as TICE
são fundamentais para os operacionalizar;
 Análise de dados — com a evolução tecnológica e científica constante, é possível recolher
quantidades cada vez maiores de dados que são determinantes em algumas atividades. A análise
em tempo útil desta quantidade enorme de dados permite melhorias relevantes em eficácia e
eficiência em áreas como a gestão ambiental ou a exploração de recursos submarinos;
 Telemetria — para a recolha da informação que permita a tomada de decisões em tempo útil é
fundamental a recolha de dados fiáveis e em tempo real quer seja para o controlo ambiental, quer
seja para a identificação do melhor banco de pesca ou para responder a alterações nas condições
dos tanques de aquacultura;
 Robótica — a robótica está tipicamente associada à telemetria de modo a ser possível a recolha
de dados em locais ou em condições extremas. Assume particular relevância, por exemplo, na
gestão de recursos marinhos.
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Análise de
dados
Sistemas de
informação
geográfica
Telemetria
Gestão de
processos e
operações
Robótica
Sistemas de
comunicações
Figura 31 – Áreas TICE com interesse no setor do Mar.
6.3.2
Análise de fatores de contexto geral
Neste estudo, foi recolhida informação sobre o submercado a qual permitirá avaliar a sua importância
no conjunto de fatores típicos de uma análise STEP
Aspetos sociais
Os países do Norte da Europa apresentam-se normalmente nos lugares de topo de todos os
indicadores relacionados com aspetos sociais, sendo apontados como exemplo de que é possível juntar
desenvolvimento económico à proteção social e à participação cívica. Desde sempre ligadas ao Mar e
ao comércio marítimo, as populações destes países têm uma grande inclinação para utilizar e usufruir
do mar e de tudo o que com ele está relacionado.
Neste sentido, as populações das cidades do Norte da Europa são um bom campo de aplicação de
todas as tecnologias que se relacionam, de algum modo, com o Mar.
Aspetos tecnológicos
As tecnologias necessárias para as atividades marítimas já estão, na sua grande maioria, disponíveis.
Os sensores já existem em grande profusão — temperatura, poluição, etc. Também já existem soluções
ao nível das comunicações capazes de responderem aos desafios colocados.
Nas camadas superiores em que se faz o processamento dos dados também já estão disponíveis as
ferramentas, plataformas e técnicas para que seja retirado o máximo proveito desses mesmos dados.
O ambiente a bordo das embarcações é hostil para os equipamentos elétricos e eletrónicos, devido aos
altos níveis de salinidade e humidades existentes. Além disso, o espaço é reduzido, e os equipamentos
estão sujeitos por vezes a vibrações mecânicas, o que obriga a que a conceção e construção dos
sistemas destinados a serem embarcados devam ter em conta estes aspetos.
Aspetos económicos
Como foi referido anteriormente, os países do Norte da Europa apresentam indicadores positivos nas
várias perspetivas em que, normalmente, são analisadas as economias nacionais. Desde o PIB per
capita, dos maiores do mundo, até ao nível de dívida pública, a posição destes países nos vários índices
é invejável.
Estas economias estão assentes nos recursos naturais, numa maturidade tecnológica significativa,
numa capacidade inovadora eficaz e numa cultura nas empresas sofisticada, que têm conduzido a um
ambiente económico estável. Toda esta envolvente resulta em condições adequadas à promoção do
desenvolvimento da inovação e dos negócios, com base em mão-de-obra altamente qualificada e em
instituições com uma reputação ética invejável. Ver Tabela 19.
Aspetos políticos
Nestes países, juntamente com uma grande estabilidade política, o Estado assume uma intervenção
significativa nas áreas assistenciais consideradas chave para a criação de oportunidades iguais para
todos.
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Aspetos ambientais
Os aspetos ambientais assumem uma enorme importância quando se refere o Mar e os ambientes
marinhos. As preocupações ambientais têm como principais alvos a gestão dos recursos piscatórios e
o controlo da poluição. A pressão exercida sobre os bancos de pesca está sob permanente vigilância,
sob pena de se comprometer, em definitivo, a exploração futura. Os casos de poluição, por seu lado,
são conhecidos, estando toda a sociedade consciente da necessidade urgente e constante da sua
deteção no sentido de mitigar os efeitos perniciosos.
Aspetos éticos
Estes países apresentam baixos níveis percebidos quanto a corrupção, como se pode observar na
Tabela 19. Além disso, são países que recebem muitos emigrantes e onde estes conseguem encontrar
um bom ambiente de acolhimento.
Aspetos regulatórios e legais
As atividades marítimas estão fortemente reguladas, segundo várias perspetivas: o comércio
internacional, a gestão ambiental ou a utilização de recursos marinhos. Devido ao envolvimento, em
muitos casos, de vários países, a legislação aplicável torna-se, por vezes, complexa. Sendo países
europeus e comunitários, com a exceção da Noruega, o quadro legislativo aplicável estará muito
dependente das diretivas comunitárias.
Nomeadamente a legislação do trabalho aplicável às tripulações tem vindo a ser cada vez mais
restritiva, obrigando em alguns casos ao registo das horas de trabalho e de descanso.
6.3.3
Análise de fatores de contexto transacional
Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, serão agora detalhados todos aqueles
fatores externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é de
compra, venda ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a as
suas empresas e o submercado da Economia do Mar no Norte da Europa.
O modelo de Porter introduziu o conceito de “vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto
de fatores cuja análise reflete a intensidade competitiva do negócio. De seguida, será analisado este
segmento de mercado de acordo com os fatores definidos para o modelo.
Tipo e caracterização dos clientes
Os clientes das soluções TICE para o setor do Mar são de vários tipos: os responsáveis pelas atividades
ligadas ao Mar, construtores de embarcações, proprietários de navios, etc. No primeiro caso, os
gestores das atividades marítimas definem os seus requisitos e procedem às aquisições diretamente.
Noutros casos, os requisitos dos clientes finais são colocados através dos fabricantes que incorporam
de raiz os sistemas durante a construção.
Existência e caraterização de fornecedores locais
Se as atividades ligadas ao mar estão desenvolvidas nos países do Norte da Europa, também estão
os fornecedores de soluções para este setor. Tendo este setor requisitos exigentes em termos de
fiabilidade e segurança, características que normalmente se associam às empresas desta região do
Mundo, a concorrência local está muito bem colocada.
Concorrência local e global
Como o setor do Mar é uma área de atividade com uma longa história, nomeadamente nos países em
análise, existem atores instalados que dominam o mercado e que têm acompanhado as tendências de
“informatização” dos processos e equipamentos. Muitos destes fornecedores estão sediados no Norte
da Europa.
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Devido à extensão e diversidade do tema, não é possível identificar, pelo menos no enquadramento
deste estudo, de uma forma exaustiva, todos os fornecedores relevantes, pelo que se optou por se
referir apenas alguns exemplos de empresas que oferecem soluções que são utilizadas em algumas
das atividades identificadas. As empresas são referenciadas no capítulo dedicado ao plano de
internacionalização. Ver ponto 6.3.5.
Potencial para novos entrantes
Do rastreio da carga em tempo real, até aplicações de gestão de tripulação e passageiros e aos radares
de nova geração, os navios de longo curso usufruem, cada vez mais, dos benefícios das TICE. Os
ambientes marítimos não só são críticos em termos de sobrevivência, como funcionam, normalmente,
em modo autónomo, com as tripulações dependentes do seu bom funcionamento.
Os responsáveis não podem arriscar abraçar novas tecnologias que ainda não tenham sido testadas
em todos os ambientes e situações, pelo que os navios, muitas vezes, ainda não estão equipados com
tecnologia de última geração. Identificam-se de seguida algumas alterações que se devem concretizar
nos próximos anos no que diz respeito a utilização das TICE no setor do Mar:
 Comunicações costeiras — sobretudo para atividades junto à costa — plataformas petrolíferas,
aquacultura — existem alternativas às comunicações satélite: soluções baseadas em links de microondas são interessantes quando existe linha de vista. Outras opções utilizadas baseiam-se em
tecnologias Wi-Fi. Exemplo: SeaFi;
 Rastreio de carga — o rastreio da carga nos navios e nos portos já começa a ser uma realidade,
devido às vantagens para os sistemas logísticos associados e à disponibilidade da tecnologia. Além
da sua posição, os sensores podem registar e comunicar informação complementar com as
condições ambientais de armazenamento para produtos mais sensíveis. Exemplo: Globe Tracker;
 Radares — a informação dos radares passa a ser integrada em sistemas que agregam outro tipo
de informação, como imagens satélite ou informação meteorológica, de modo a criar aplicações que
forneçam uma visão integrada da situação das embarcações. A par desta evolução, os radares têm
evoluído tecnologicamente de modo a ultrapassar algumas limitações como a deteção a curta
distância;
 Sistemas autónomos — espera-se que nos próximos anos aumentem o número de equipamentos
com capacidade de, em modo autónomo, realizarem as funções a que se destinam, substituindo
operadores humanos ou enfrentando condições inóspitas para o homem;
 Vigilância ambiental — a preocupação ambiental irá conduzir à necessidade colocar no terreno
mais medidas ativas para controlar os efeitos nocivos da intervenção humana nas vertentes de
sobre utilização dos recursos naturais e de poluição;
 Desastres naturais — a prevenção ou mitigação dos efeitos dos desastres naturais será uma
preocupação cada vez maior, com especial acuidade nas zonas costeiras, levando à instalação de
sistemas específicos que através da análise de um conjunto alargado de dados consiga antecipar
esses mesmos desastres e fazer acionar medidas de proteção e de alarme;
 Normas de segurança — as normas de segurança de pessoas e bens conduzirão à necessidade
de implantação de novos sistemas ou atualização dos existentes;
 Gestão do navio — atualmente são gerados muitos dados numa embarcação através de sensores
de muitos tipos. Muita desta informação é recolhida na “caixa negra” de modo a permitir a sua leitura
em caso de acidente. Os sistemas que fazem a recolha e processamento destes dados ainda não
utilizam redes TCP/IP. Há medida que os sensores aumentam em número, torna-se mais importante
a instalação de soluções que permitam que os dados circulem mais facilmente dentro do navio e
entre este e terra firme.
As áreas de atividade mais maduras (ex. transportes marítimos e portos) já estão “dominadas” pelos
fornecedores que estão no mercado há muito anos. As oportunidades para novos atores podem surgir
em processos de modernização de equipamentos por iniciativa dos proprietários ou, por exemplo, por
exigência de nova legislação.
Em áreas mais recentes, como a aquacultura ou a gestão dos recursos marinhos, as oportunidades
para novos entrantes são, à partida, maiores, pois existem novas aplicações das TICE por identificar e
desenvolver.
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Devido à abrangência foi feita uma avaliação pela Ictech estudando cada uma das áreas segundo o
seu potencial, cujos resultados se apresentam na Tabela 25.
Área de atividade
Potencial
(1 ... 5)
Exemplos
Transporte marítimo
2
Sistema de rastreio de carga
Gestão da atividade portuária
Pescas
3
Gestão de recursos piscatórios
Sistemas de planeamento e otimização de percursos
Náutica de recreio e turismo
3
Sistemas de divulgação de informação
Energias marinhas
4
Sistemas de monitoria
Construção naval
2
Domótica
Sistemas de gestão de recursos
Aquacultura
3
Sistemas de monitoria
Sistemas de gestão de operações
Gestão de recursos marinhos
4
Sistemas de monitoria
Análise de dados
Localização, cartografia e
meteorologia
3
Sistemas de informação geográfica
Sistemas de recolha e processamento de dados
meteorológicos
Fiscalização, emergência e
salvamento
3
Sistemas de comunicação de emergência
Análise de dados para previsão de tempestades
Gestão de portos e marinas
2
Rastreio de carga
Gestão de tráfego marítimo
1
Rastreio de navios (e-navigation)
Tabela 25 – Potencial para novos entrantes por área de atividade.
6.3.4
Análise dos fatores internos
Enquanto na observação contextual foram analisados os submercados numa perspetiva externa, a
estudo partirá agora para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando chegar aos fatores
benéficos e prejudiciais, característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir com tudo o que
externamente já foi caracterizado para o mercado da Economia do Mar no Norte da Europa.
A aplicação do modelo SWOT não será feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster InovaRia no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro de análise detalhada
por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, são avaliados,
sobretudo, os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não variarão
de submercado para submercado, ou seja:
 as oportunidades, como fator benéfico, e
 as ameaças, como fator prejudicial,
… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o mercado da Economia do Mar no
Norte da Europa.
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Oportunidades
Estas áreas TICE podem ser relacionadas com as atividades do setor do Mar, conforme se propõe na
Tabela 26. Devido à vastidão do tema, não é possível estabelecer todas as relações possíveis numa
simples tabela. Pretende-se dar um conjunto de pistas para que estas relações sejam aprofundadas e
encontradas oportunidades de negócio.
Análise
de dados
Transporte marítimo
✔
Pescas
✔
Náutica de recreio e
turismo
Energia marinha
Gestão de
Sistemas de Telemetria
processos
informação
e
e
geográfica
sensores
operações
✔
Sistemas de
comunicações
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
Construção naval
Aquacultura
✔
Gestão de recursos
marinhos
✔
✔
✔
✔
Localização, cartografia
e meteorologia
✔
✔
Fiscalização,
emergência e
salvamento
✔
✔
Gestão de portos e
marinas
Gestão de tráfego
marítimo
Robótica
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
✔
Tabela 26 – Relacionamento entre as áreas TICE e as atividades do setor do Mar.
Ameaças
As principais ameaças para a entrada das empresas da Inova-Ria prendem-se sobretudo com a
existência de um número muito elevado de fabricantes com um grande historial com os operadores que
intervêm neste submercado. Além disso, muitas dessas empresas têm as suas sedes nos países em
análise, o que reforça essa ligação.
6.3.5
Estratégia e Plano de Internacionalização para a Economia do Mar
Nos pontos seguintes são abordadas as ideias básicas para internacionalizar as empresas da InovaRia no setor da Economia do Mar na região do Norte da Europa, incluindo a Alemanha, Dinamarca,
Finlândia, Noruega e Suécia.
Perspetivas específicas do mercado
A experiência e disponibilidade de produtos e serviços para este segmento de mercado no contexto
das empresas da Inova-Ria não é um dado adquirido. Nesse contexto, as estratégias de
internacionalização disponíveis e passíveis de sucesso a curto prazo não podem assumir uma
abordagem direta, antes deverão tomar uma atitude indireta. A perspetiva sobre o enquadramento
estratégico de abordagem do segmento de mercado dedicado à Economia do Mar (também apelidada
de “Oceano Digital” ou “Smart Ocean”, ou numa visão mais restrita “Smart Coast”) no Norte da Europa,
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conceito geográfico que no presente trabalho envolve a Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e
Suécia, será abordada nos pontos seguintes.
A abordagem indireta recomendada passa pelo estabelecimento de parcerias e consórcios de
colaboração com atores já envolvidos com a Economia do Mar quer estejam ou não já instalados
naquela zona geográfica. Os atores, que poderão ser instrumentais nesta estratégia, dividem-se nos
seguintes grupos:
 Atores globais – empresas com uma forte atitude estratégica em relação à Economia do Mar;
 Atores Locais – empresas com um papel significativo na Economia do Mar no contexto do
mercado geográfico definido;
 Empresas portuguesas – com potencial de entrada através de produtos que possam ser
importantes no contexto da Economia do Mar, mesmo que não a ela diretamente dirigidos.
No contexto da estratégia direta de construção de uma fileira dedicada à Economia do Mar no cluster
Inova-Ria, é então fundamental aproveitar os mecanismos de financiamento incluídos nos programas
de apoio H2020 e Portugal 2020, construindo consórcios tendo como objetivo a participação em
projetos de investigação, desenvolvimento e inovação que proporcionem a criação desse conhecimento
e o desenvolvimento de uma oferta de produtos coerente e alargada.
Finalmente, uma possibilidade mais remota de estratégia direta seria a aquisição e/ou fusão com
empresas existentes que fossem já detentoras de conhecimento, produtos e serviços neste mercado.
Neste caso, os objetivos seriam:





Melhorias no sistema de competências e conhecimento na área;
Superação de insuficiências tecnológicas
Redução de custos de produção e de preços por deslocalização e/ou subcontratação;
Complemento e sinergias com outros mercados e segmentos de negócios;
Otimização de estruturas de produção e de carteiras de produtos e serviços com outras fileiras
das TICE
Esta possibilidade parece ser de implementação e viabilização mais difíceis, não por falta de
financiamento disponível, pois ele existe, mas pela inexistência de colaterais que o possam suportar
face à dimensão das empresas da Inova-Ria e, de novo, num círculo vicioso, dificilmente desmontável
face à inexistência de história no ataque a este segmento de mercado.
A título de exemplo, apresentam-se alguns dos atores principais no mercado geográfico com os quais
pode ser estabelecida essencialmente uma estratégia indireta, mas com os quais também não é de
excluir uma estratégia direta, através de mecanismos de fusão, desde que a Inova-Ria consiga
demonstrar possuir competências e conhecimentos úteis e pertinentes:
Fornecedores de âmbito global no setor:
 Alewijnse Marine Systems, Holanda, o desenvolvimento e fabrico de sistemas elétricos e de
engenharia integrados para o setor marítimo.
 Esri, EUA, é uma referência na área dos sistemas de informação geográfica, oferecendo também
soluções e produtos dedicados, sobretudo, à gestão ambiental em ambientes marinhos.
 Imtech Marine, Holanda, com um forte papel no negócio offshore.
 Liebherr, Suiça, líder em gruas marítimas, automação e equipamentos de manipulação de carga.
 Rolls-Royce Marine, UK, é líder em termos de equipamentos marítimos englobando a conceção,
o fornecimento e o suporte a sistemas de energia e propulsão. A Rolls-Royce tem uma posição forte
no offshore e nos setores navais em geral.
 Smart Ocean, Irlanda, associação de empresas irlandesas que pretende potenciar as
competências e capacidades das suas associadas (cerca de 50) na área das TICE aplicadas ao
setor do Mar. A sua visão aponta para que, antes de 2020, a Irlanda seja líder no desenvolvimento
e comercialização de produtos de próxima geração nas áreas da energia renovável marítima,
monitorização ambiental, aquacultura e outras tecnologias aplicadas a ambientes marítimos. Este
conjunto de empresas tem produtos como sistemas de sensores remotos, ferramentas de gestão e
visualização de dados, modelação e simulação.
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Fornecedores globais, baseados no Norte da Europa:
 ABB, Finlândia, Noruega e Suiça (com uma cobertura geral deste setor), em conjunto com o
estaleiro italiano Fincantieri, a ABB constitui uma joint venture em Itália (Seastema SpA), envolvida
na conceção, desenvolvimento e implementação de sistemas de automação integrados para o
negócio naval, incluindo cruzeiros, ferries e grandes iates. Este fornecedor tem uma extensíssima
gama de produtos nas áreas de energia, transporte e automação industrial, sendo muitos deles
aplicáveis a embarcações e plataformas eólicas em mar aberto. Mais especificamente os seus
produtos cobrem a geração e distribuição de energia, tração elétrica, sistemas de eficiência
enérgica, sensores, etc.
 Cargotec, Finlândia, é uma companhia global de serviços e produtos de transporte e carga com as
marcas MacGregor, Kalmar and Hiab Cargotec. MacGregor oferece soluções integradas de carga
para transporte marítimo e indústrias offshore. A Kalmar oferece soluções de manipulação de carga
em portos, terminais e centros de distribuição logística para a indústria pesada e a Hiab soluções
de carga em rodovias.
 Codie, Alemanha, apresenta soluções que englobam a gestão de frotas, através da gestão da
tripulação, sistema de gestão de manutenções, incluindo a gestão dos procedimentos de segurança.
O software está organizado de um modo modular adaptando-se às necessidades concretas de cada
situação.
 Ericsson, Suécia, desenvolve a sua atividade principal na área de produtos e soluções de
telecomunicações, disponibilizando também soluções integradas para embarcações que agregam
sistemas de comunicações, serviços de cloud e, mesmo, aplicações de gestão da atividade
marítima. Essas aplicações permitem a gestão de frota, monitorização de motores e preços de
combustível, controlo e vias de navegação, bem como o bem-estar da tripulação.
 Kongsberg Maritime, Noruega, oferece uma panóplia de produtos e soluções muito completa para
muitas atividades ligadas ao Mar e em particular sistemas para o offshore, tais como: sistemas de
gestão das operações a bordo, software de gestão de frotas; sistemas de vídeo para ambientes
subaquáticos, automação e motores, sistemas de segurança, simuladores, sensores e
transmissores, medida e gestão de tanques e gestão de eólicas.
 SAM Electronics, Alemanha, é um líder mundial na construção naval e sobretudo na integração
de sistemas elétricos e eletrónicos para todos os tipos de navios.
 Siemens, Alemanha, oferece produtos e soluções em várias áreas relevantes para o setor do Mar,
nomeadamente produção e eficiência energética, sistemas de propulsão, instrumentação e
automação industrial. Concretamente a Siemens tem uma grande implantação nos sistemas de
produção de energia eólica, através do fornecimento das suas turbinas. Também oferece soluções
de segurança de bens e pessoas.
 Wärtsilä, Finlândia, é líder global para soluções de energia marítima e para os mercados de
energia. É o segundo maior fornecedor global de motores de navio e o líder mundial de motores
médios a quatro tempos. Nos últimos anos comprou várias empresas de desenho de navios
incluindo o grupo alemão SCHIFFKO (2006) e a Vik-Sandvik.
 Alfa Laval Group, Suécia gere 32 unidades de produção e 102 centros de serviço a nível mundial.
Este grupo tem receitas de 24,7 mil milhões de SEK (2010) com uma carteira de produtos
diversificada, incluindo soluções de navegação, elétricas e eletrónicas.
Empresas de comunicações incluindo satélite:




Inmarsat, UK
EADS/Astrium, França
Telenor Satellite Broadcasting, Noruega
Cobham SATCOM, UK.
Perfurações em offshore
O crescimento do mercado de petróleo e gás reforçou a importância das soluções de perfuração
offshore, sendo cada vez mais importantes para o setor naval. Os fornecedores de sistemas europeus
mais importantes neste setor são a Saipem, de França, a Technip, da Itália, e ainda a Aker Solutions
Group, com sede na Noruega, apresentando-se como as principais empresas de engenharia offshore
a nível europeu.
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Equipamento elétrico e eletrónico marítimo
 Kongsberg Maritime, Noruega, tem um centro de produção em Zhenjiang/China focado no
fornecimento de unidades de controlo e distribuição elétrico para a indústria marítima.
 Consilium, Suécia, operando uma unidade de fabrico para produtos de navegação a partir da
China.
6.3.5.1.1
Perspetivas específicas do Mercado
Complementando a análise do contexto de mercado feita anteriormente (ver 6.3.1), os mercados
geográficos incluídos nesta análise do segmento de mercado dedicado à Economia do Mar apresentam
as seguintes especificidades e desafios.7778
Alemanha
A Economia do Mar na Alemanha dá emprego a cerca de 160 mil trabalhadores em cerca de quatro mil
empresas concentradas em quatro grandes áreas:




Ems-Axis – região no noroeste da Alemanha ao longo do rio Ems;
Região metropolitana de Bremen-Oldenburg;
Região metropolitana de Hamburgo e respetivo interior adjacente;
Região de Schleswig-Holstein.
O tipo de atividades concentra-se nas seguintes grandes fileiras:



Construção e reparação naval,
Setor de exploração de eólicas offshore,
Fabrico de equipamentos (com orientação para a resolução de problemas ambientais).
Existem diversas definições de política estratégica para o setor, entre as quais se realça o Plano de
Desenvolvimento Marítimo – uma estratégia integrada para a política marítima da Alemanha, em que a
máxima prioridade vai para o reforço da competitividade alemã na economia do mar e na completa
utilização do seu potencial de emprego. Outros aspetos de realce nesse plano são: a sustentabilidade
e a diversidade biológica e o seu impacto na indústria marítima.
Dinamarca
A Dinamarca é líder na indústria marítima global e em atividades de transporte marítimo utilizando
tecnologias avançadas. A Dinamarca oferece um quadro regulamentar estável e excecionalmente
favorável, prosseguindo uma política industrial de longo prazo, o que resultou em vantagens e boas
condições de negócio para as indústrias marítimas. As grandes fileiras do setor marítimo na Dinamarca
são os seguintes:


Indústria naval - O transporte marítimo é uma aposta fundamental, estando as companhias de
navegação dinamarquesas na vanguarda do transporte marítimo global. A maior empresa do
mundo de transporte é dinamarquesa - AP Moller-Maersk Group, e existem outras também muito
importantes: Torm, DFDS, J. Lauritzen, Svitzer e Norden. A frota explorada por companhias de
navegação dinamarquesas transporta cerca de 10% de todos os bens comercializados
globalmente;
Offshore - A indústria offshore dinamarquesa, sobretudo apostada na energia eólica de alto-mar
(Mar do Norte e Mar Báltico), na energia das ondas e suportando a exploração de petróleo e gás
no mar do Norte com o desenvolvimento de material, logística, segurança e gestão de instalações,
está na vanguarda do desenvolvimento tecnológico. O setor offshore dinamarquês inclui grandes
empresas, tais como Maersk, Vestas, Danfoss, DONG Energy, Siemens e Vattenfall. O setor é
composto por mais de 230 empresas, várias universidades e organizações que empregam mais de
13 mil pessoas. No antigo estaleiro da Odense Steel em Lindoe, existe um centro para investigação
77
Fonte: ECORYS, SPRO, MRAG - Study on Blue Growth and Maritime Policy within the EU North Sea Region
and the English Channel - Final Report FWC MARE/2012/06 – SC E1/2012/01 - Client: DG Maritime Affairs and
Fisheries - Rotterdam/Brussels, 4th March 2014
78 Fonte: Maritime Clusters in the Baltic Sea Region - Estonia, Finland, Germany, Latvia, Lithuania, Poland and
Sweden”
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
e desenvolvimento de energia eólica offshore, fundições de turbinas de energia e centrais de
energia das ondas. O centro de I&D de Offshore da Dinamarca localiza-se em Esbjerg e é o centro
de competência e inovação nacional oficial para a indústria offshore dinamarquesa. O Centro de
Offshore facilita a cooperação no setor, gere projetos de desenvolvimento, proporciona atividades
de partilha de conhecimento e promove o setor offshore dinamarquês a nível internacional. A
Dinamarca tem uma longa tradição de exploração de energia eólica - com impressionantes
resultados da investigação durante os últimos 25 anos, mais de 30% do consumo atual de
eletricidade na Dinamarca é produzida por meio da energia eólica, e a meta é chegar a 50% até
2020.
Tecnologia marítima avançada - As fortes tradições navais na Dinamarca levaram a uma ampla
gama de soluções tecnológicas avançadas para a indústria naval. Neste contexto existem várias
empresas dinamarquesas na vanguarda da tecnologia marítima avançada:
 A Thrane & Thrane é líder mundial em soluções de comunicação via satélite para a
indústria, abrangendo localidades marítimas normalmente não cobertas pela tecnologia de
comunicação tradicional;
 A Logimatic é uma empresa de TI dinamarquesa com origens na indústria marítima que
agora desenvolve software e soluções avançadas para logística, manutenção da frota e
aquisições para a indústria naval;
 A Blueline desenvolve e produz PC e monitores LCD robustos para ambientes agrestes,
como o ambiente marítimo. Estas soluções são resistentes a vibrações, choques, líquidos,
frio e calor extremos, bem como a outros riscos relacionados com o ambiente;
 A Gatehouse foi um dos pioneiros no âmbito dos sistemas de identificação automática
(AIS) e hoje permanece líder da indústria para a vigilância costeira e portuária.
A Dinamarca não é apenas líder mundial no âmbito do transporte e da tecnologia para a indústria
marítima. A Dinamarca também foi classificado como o melhor mercado de teste para a Informação e
Tecnologia de Comunicações (TIC).
Finlândia
O cluster marítimo finlandês é de exportação intensiva e, como tal, é muito dependente do mercado
internacional. Existem apenas cinco estaleiros de construção naval que são vulneráveis a mudanças
da procura externa e em conjunto com as empresas offshore estão ligados a 300 fornecedores de
indústria naval e de equipamentos de movimentação de carga marítima. A rede de subcontratantes é
ampla e consiste principalmente de PME’s, que sobreviveram à crise de forma diferenciada. Em termos
de postos de trabalho o setor emprega cerca de 40 mil trabalhadores, com um negócio de 14 mil milhões
de euros.
As principais áreas de competência são a construção de navios oceânicos, mega iates e navios para
operarem no Ártico. Neste caso, a Finlândia também possui capacidades na construção e manutenção
de plataformas offshore. O setor complementa-se, assim, com a indústria de equipamentos de
manipulação de carga.
O maior desafio para os finlandeses é manter esta capacidade e infraestrutura dentro do país, pois a
companhia de origem coreana que possui os estaleiros finlandeses está em processo de encerramento
de alguns deles. Os portos finlandeses são de pequena dimensão e são em grande quantidade,
competindo entre eles.
Enumeram-se abaixo alguns exemplos recentes da atividade de inovação e iniciativas que envolvem a
indústria naval finlandesa:
 Finnish Metals e Engineering Competence Cluster Fimecc Ltd, com um programa específico de
I&D dedicado à indústria naval (2009-2013) no valor de 43 milhões de Euros e que envolveu 24
empresas e 11 universidades;
 Marine Business Park de Vuosaari, Helsínquia, envolvendo algumas das empresas mais
destacadas no setor: e.g. ABB Marine Systems e Aker Arctic (tecnologia para navegação no
Ártico e Antártico);
 Uma plataforma de inovação da indústria marinha do Sudoeste da Finlândia, recentemente
estabelecida, envolvendo sete universidades, quatro cidades e dezenas de empresas incluindo
novos grupos de pesquisa para a tecnologia de investigação marinha e de negócio. São
exemplos dos resultados a construção atual de um grande ferry de passageiros mais amigo do
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ambiente, utilizando GNL como combustível e ainda do estaleiro STX Turku para a Viking Line
Abp (empresa de cruzeiros);
 Auramarine Ltd, com tecnologia Crystal Ballast - sistema revolucionário de tratamento da água
de lastro dos navios perfeitamente integrado com os sistemas existentes e combinando filtragem
automática com desinfeção por UV;
 Eniram Vessel Platform (EVP), Optimum Speed Assistant (OSA) e Dynamic Trimming Assistant
(DTA) com Eniram Ltd – novo software-onboard com sistemas de tempo real para controlo e
otimização do desempenho do navio resultando em economias substanciais de custos de
combustível.
Noruega
A economia do mar na Noruega concentra-se:



na região de Stavanger, como centro das operações de petróleo e gás em offshore, sendo a
Noruega um líder mundial em termos da extração em águas profundas,
na região Ocidental, focando-se na aquacultura, especialmente na produção de salmão e com
um potencial de desenvolvimento para outras espécies. Este setor tem crescido sensivelmente
sobretudo para satisfazer a procuras nos países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China);
na Costa Ocidental da Noruega, com a sua indústria de construção naval particularmente ligada
ao negócio offshore.
As estratégias e políticas da Noruega em relação ao setor focam-se num forte crescimento e
desenvolvimento. Existem políticas estratégicas de suporte para os setores:






do petróleo e gás, através de desenvolvimentos e inovações a longo prazo, mantendo-se a
Noruega como líder tecnológico da área;
eólicas de alto-mar;
construção naval e de equipamentos para águas profundas ligados aos negócios offshore;
indústria de aquacultura;
turismo de cruzeiros; e ainda
a proteção costeira.
Para estas políticas, são chamadas a colaborar as diversas entidades do país, nomeadamente,
empresas, universidades e outras instituições, num espírito de colaboração com objetivos estratégicos
para a economia norueguesa.
Suécia
O setor da construção naval entrou em declínio nos anos 70 e 80. Na Suécia, hoje, é a logística marítima
(portos, terminais, companhias de navegação e serviços relacionados) que emprega mais de metade
dos trabalhadores da fileira marítima. As regiões de Västra Götaland (45%), Stockholm (22%) e Skåne
(11%) são as regiões mais determinantes. A fileira marítima inclui assim cerca de duas mil companhias
e 44 mil trabalhadores, sendo que as companhias de construção naval têm ainda, apesar de tudo, um
número significativo de trabalhadores – cerca de 35% do setor.
Nos últimos anos, constatou-se um forte crescimento no setor offshore, sobretudo na região ocidental
da Suécia, para o mercado offshore norueguês. A Suécia tem duas das empresas mais importantes do
mundo no projeto de estruturas offshore: a Bassoe Technology AB, especializada na conceção e
construção das unidades móveis offshore (projetos recentes incluem barcaças de perfuração, unidades
semi-submersíveis, alojamento em ambiente hostil e unidades de perfuração); e a Consultants GVA,
que fornece projetos para embarcações offshore, plataformas de perfuração e unidades de alojamento.
O interesse na cooperação no setor offshore resultou no desenvolvimento do consórcio colaborativo
OffshoreVäst, onde cerca de 50 organizações trabalham em conjunto para fortalecer o desenvolvimento
da indústria offshore sueca.
Quatro instituições universitárias (Chalmers University of Technology, University of Gothenburg, Kalmar
Maritime Academy e KTH Royal Institute of Technology, em Estocolmo) são as principais entidades de
pesquisa e educação marítima. A Universidade Marítima Mundial, em Malmö, foi fundada em 1983 pela
Organização Marítima Internacional (IMO). Trata-se de um centro de excelência para a formação
marítima de pós-graduação e pesquisa. Os institutos SSPA, SP e Swerea estudam e desenvolvem
projetos relacionados com negócios dentro do setor marítimo. Há também I&D em energias renováveis
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em mar alto, aquacultura, turismo marítimo e costeiro, extração de minerais do fundo do mar e
biotecnologia azul.
O transporte marítimo de mercadorias é vital para a economia sueca, uma vez que 90% das
exportações e importações do país seguem essa via. Vários portos operam internacionalmente, mas o
porto de Gotemburgo é o maior.
Programa H2020
O H2020 é uma oportunidade a não perder, no quadro de uma estratégia de angariação de
conhecimentos, estabelecimento de redes e abordagem preliminar a este segmento de mercado,
especialmente no quadro do seu pilar 3 – Desafios Societais, que inclui os seguintes objetivos com
interesse para este tema:
 Objetivo 3.2 – Agricultura, incluindo segurança alimentar, agricultura sustentável e florestas,
investigação marinha, marítima e em águas interiores e bio economia
 Objetivo 3.3 – Energia eficiente, limpa e segura
 Objetivo 3.4 – Transportes inteligentes, verdes e integrados
 Objetivo 3.5 – Ambiente, ações climáticas, ambiente, eficiência nos recursos e nas matériasprimas
 … e ainda os objetivos com caráter transversal na área das TICE: comunicações,
desenvolvimento de software, robótica, etc.
6.3.5.1.2
Aspetos regulatórios
Face aos impactos ambientais e aos diversos perigos para a vida humana, o setor é altamente regulado
e são diversas as normas cujo respeito é fundamental. Assim, as listas de Certificação e Homologação
são a principal ponto de referência para a implementação internacional de produtos e serviços
O processo de homologação, conforme exigido pelos regulamentos do IMO (Organização Marítima
Internacional), pelos Estados de bandeira e pelas sociedades de classificação está estruturado em três
etapas. O fornecedor tem de apresentar o pedido juntando a informação adequada: desenhos e fichas
técnicas aplicáveis, resultado de testes, dados suficientes para verificação do cumprimento das normas
e informações específicas adicionais relacionadas com a aplicação. A Sociedade Classificadora
executa então a avaliação da conceção, testes do protótipo, a avaliação de gestão e avaliação de
produção (executada por inspetores locais utilizando listas de verificação normalizadas). Todas as
tarefas de avaliação incluem a etapa 2 do Processo de Aprovação Tipo. O controlo de produção é
normalmente realizado numa base anual. Novos produtos ou modificações em produtos existentes
podem exigir análises de projeto adicionais. Como etapa final, o certificado é emitido ao fornecedor.
Em geral, é válido por cinco anos. A sociedade de certificação coloca o produto na lista dos produtos
homologados (algumas destas listas estão publicadas nos sites das respetivas sociedades de
certificação) e o fabricante pode comercializar o produto como tipo aprovado pela sociedade de
certificação.
Papel e impacto do Diretiva Europeia sobre Equipamento Marítimo
As homologações apresentam-se aos fornecedores como uma pré-condição importante para a
comercialização de seus produtos no setor marítimo. No entanto, é um fator de custo importante
também a ter em conta. O reconhecimento mútuo de tais aprovações por diferentes sociedades de
classificação e pelos “Estados de Bandeira” proporciona uma vantagem competitiva em relação ao
custo da certificação, sendo também um objetivo no que diz respeito à implementação de regulamentos
e padrões disponíveis harmonizados. A Diretiva Europeia sobre Equipamento Marítimo fornece uma
base para o reconhecimento mútuo dos produtos em sete categorias de equipamentos a serem
instalados em embarcações com pavilhão Europeu.
Para os produtos certificados no âmbito da Diretiva, a Comissão Europeia está a executar um Banco
de Dados (base de dados Mared) que permite uma avaliação das quotas de mercado e o
desenvolvimento atempado de número de certificados. Isso dá uma ideia sobre as quotas de mercado
e desenvolvimento de mercado para as categorias de itens abrangidos pela Diretiva, nomeadamente,
meios de salvação, equipamento MARPOL, equipamentos de segurança de incêndio, equipamentos
de navegação e equipamentos de rádio comunicação, equipamentos SOLAS Capítulo II e
equipamentos COLREGS. A análise dos dados a partir de 2012 mostra que as empresas de quatro
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países (Alemanha, China, Coreia do Sul e Reino Unido) representam mais de 50% das entradas do
banco de dados. Se forem somadas as entradas de empresas provenientes da Noruega, Japão e Itália,
estas representam ao todo uma quota de 75% de todos os certificados. Para rádio e equipamentos de
comunicação, o Japão assume uma liderança forte, com mais de 40% de todas as entradas do banco
de dados por si só. Se forem adicionadas as entradas do banco de dados da Dinamarca, Reino Unido
e Alemanha, neste tipo de equipamentos, a percentagem sobe para cerca de 85%.79
Produtos e serviços a internacionalizar
Durante muito tempo, o papel das TICE na Economia do Mar limitava-se à extensão dos aspetos mais
comuns de comunicações e serviços de informação de caráter geral às atividades marítimas, sobretudo
à gestão e operação de navios e transportes marítimos. O desenvolvimento mais recente ocorreu em
duas vertentes paralelas: a diversificação e as possibilidades abertas com a digitalização e
miniaturização das TICE e, por outro lado, os potenciais entretanto descobertos na exploração dos
mares e oceanos em resultado do alargamento das zonas em que cada país pode explorar esses
ambientes, abrindo portas a novos produtos e serviços, alguns deles onde ainda mal se vislumbra a
forma final que vão assumir. Daí, o surgimento do conceito de “Economia do Mar”” e ainda o
alargamento do conceito de “Smart” (“Digital”) também aos oceanos: “Smart Ocean”.
Na análise de contexto realizada anteriormente, localizaram-se os seguintes conjuntos de tecnologias
com potencial neste mercado. De seguida, desenvolveu-se, adicionalmente, algumas ideias para
conjuntos de produtos e serviços em cada um dos grupos definidos:

Análise de Dados, as opções de “big data” na construção de sistemas de dados em áreas tão
diversificadas como a gestão dos recursos marítimos, a gestão dos meios de transporte e logísticos
que utilizem os oceanos, a compilação de dados meteorológicos e de análise e prospeção dos
fundos marinhos são temas de exploração pelas TICE

Sistemas de Informação Geográfica, cobrindo em tópicos tais como a localização de recursos,
meios de transporte e equipamentos de sensorização

Telemetria, incluindo todos os sistemas de medição e sensorização de equipamentos, recursos e
meios à distância proporcionando a tomada de decisão e controlo centralizado

Gestão de processos e operações, abrangendo todos os sistemas de informação de gestão e
controlo de suporte à decisão e à elaboração de relatórios de análise sobre as situações

Robótica, em meios onde a presença humana não é natural e as condições de habitabilidade são
difíceis, o desenvolvimento e implementação de meios tecnológicos que possam permitir a
visualização, a análise e a recolha de materiais em meios oceânicos e em profundidade

Sistemas de comunicações, as telecomunicações são fundamentais para que pessoas e
equipamentos possam comunicar entre si e com as bases de controlo “onshore” e/ou “offshore”
Na Figura 32 podem verificar-se um conjunto de tendências, produtos e serviços e tecnologias
adequadas a este segmento de mercado, alinhadas de acordo com um quadro temporal futurista.
79
Fonte: Balance technology consulting - “COMPETITIVE POSITION AND FUTURE OPPORTUNITIES OF THE
EUROPEAN MARINE SUPPLIES INDUSTRY” - Funded by the European Commission, DG Enterprise and
Industry, Contract No. SI2.630862 - Final Report.
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Figura 32 – Roteiro de tendências, oportunidades de produtos e serviços e tecnologias utilizáveis na Economia
do Mar.
Adaptado de: UK Marine Industries Roadmap & Capability Study – Technology Strategy Board – UK Marine
Industries Alliance, BIS, Transport KTN.
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Potenciais parceiros e facilitadores locais
O Plano de Internacionalização deverá incluir a celebração de parcerias que facilitem o acesso a
clientes. Estes parceiros deverão estar perfeitamente inseridos e ser conhecedores dos mercados
locais. Os eventuais facilitadores locais agrupam-se da seguinte forma:

Programas de financiamento e/ou Instituições de investigação, muitas vezes de
financiamento público dedicadas ao estudo e desenvolvimento de projetos de aplicação
tecnológica ao serviço da economia do mar;

Instituições públicas e departamentos governamentais, de desenvolvimento económico e
de incentivo ao investimento e criação de emprego no quadro da economia do mar; e finalmente

Empresas privadas dedicadas ao estabelecimento de negócios relacionados com a economia
do mar e à aplicação dos conceitos digitais nesse setor da economia.
No Anexo 3 apresenta-se uma listagem de possíveis entidades enquadráveis nestes grupos e
relacionadas com os mercados geográficos em causa.
Estratégia de promoção e venda no exterior
No contexto da estratégia de internacionalização descrita, as ações de prospeção, estabelecimento de
interligações e angariação de conhecimento tecnológico apresentam-se como críticas para o sucesso
da estratégia. Neste ponto, sem caráter exaustivo, apresentam-se algumas soluções e ideias para a
sua implementação.
Um dos mecanismos mais utilizados para o encontro de parceiros, conhecimento de pessoas e também
para adquirir conhecimentos sobre os produtos e serviços disponíveis nos mercados (e posteriormente
para a apresentação dos próprios produtos) passa pela presença assídua em eventos internacionais
representativos do setor.
6.3.5.4.1
Congressos, Feiras e Exposições
Constata-se a existência de um conjunto de eventos incontornáveis em qualquer processo de
internacionalização neste setor. No Anexo 4 revela-se uma lista exaustiva, seguida de uma pequena
seleção, e na Figura 33, ilustra-se uma súmula agregada por cada subárea da Economia do Mar.



OCEANS’15 – organizado pelo MTS/IEEE em Washington, de 19 a 23 de Outubro de 2015. O
OCEANS’15 é um fórum excelente para avaliação e estabelecimento de contactos em todos
os tópicos nas áreas de tecnologia marítima e engenharia dos oceanos.
Second Blue Planet Symposium - este Simpósio tem como objetivo "transferir as observações
do oceano para os utilizadores". Ele vai coordenar tarefas ligadas ao mar no âmbito do Grupo
de Observação da Terra (GEO); discutir a implementação de sistemas de observação
oceânica; e aumentar a consciência dos benefícios sociais das observações do oceano para a
comunidade em geral, especialmente para os doadores e decisores políticos. O simpósio será
organizado de acordo com os componentes Blue Planet: observações do oceano sustentado;
Ecossistemas sustentados e segurança alimentar; Previsão do oceano e Serviços; Serviços
para a Zona Costeira; Clima Oceânico e Carbono; e Desenvolvimento de Capacidade e
Consciência Social. Terá um foco particular na região da Ásia-Pacífico, ligando observações
para benefícios societais, como para os pequenos Estados insulares (SIDS) desenvolvimento
e ambientes costeiros e da economia azul. O GEO coordena o trabalho da Blue Planet e é
composto por 90 países-membros, a Comissão Europeia (CE) e mais de 70 organizações
participantes.
Dia Mundial dos Oceanos 2015 – celebra-se anualmente a 8 de Junho. Este Dia procura: alertar
todos para a importância do Oceano na vida quotidiana; informar o público sobre o impacto das
ações humanas no Oceano; desenvolver um movimento mundial do cidadão, a favor do
Oceano; e mobilizar e unir a população do mundo num projeto para a gestão sustentável dos
oceanos. Data: 08 de junho de 2015. Local: em todo o mundo.
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Figura 33 – Roteiro de eventos mundiais dedicados à Economia do Mar.
Adaptado de: http://www.eventseye.com/, http://www.ihsmaritime360.com/events (acesso em Abril de 2015)
6.3.5.4.2
Ações de Promoção e Comunicação
As ações de promoção e comunicação são mais importantes, depois do processo de
internacionalização iniciado no sentido de reforçar a presença nos mercados recém-conquistados,
afirmando a continuidade da aposta da presença. Os eventos podem ser os mesmos do ponto anterior,
mas a postura da presença passa por outras formas:

apresentação de produtos e serviços

comunicação de conhecimentos tecnológicos e inovações

apresentação de peritos; e

participação na regulação do setor com propostas e contribuições
Deverá ser elaborado um Plano Anual, incluindo as presenças possíveis e os desafios a colocar
internamente, para que elas se concretizem.
A participação em consórcios internacionais de investigação ou discussão sobre os grandes desafios
do mercado é também pertinente.
6.3.5.4.3
Prospeção de concursos
A contínua procura por oportunidades é uma necessidade e uma das vias passa pelo conhecimento
atempado dos desafios ao mercado colocados publicamente pelos potenciais clientes. O site
www.globaltenders.com/tenders-portugal.htm, que se assume como a maior base de dados de
concursos públicos do mundo, é assim uma possível via para manter esse conhecimento e explorar o
tipo de oportunidades que por esse mundo fora se apresentam, sejam lançadas por iniciativa de
instituições públicas ou privadas.
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Riscos de Internacionalização
Toda a atividade que pode redundar em benefícios altos, como se pretende com a internacionalização,
envolve um grau de risco acentuado. No texto que se segue resumem-se os três riscos maiores da
estratégia de internacionalização no setor da Economia do Mar:
Cumprimento das normas regulatórias do setor e/ou as de caráter ambiental
Como foi já referido anteriormente, o caráter perigoso para infraestruturas e pessoas da atividade neste
setor obrigou a uma consistente construção de um edifícios de regras, normas e diretivas europeias,
que condicionam severamente a ação no setor. Este edifício cresceu com os perigos ambientais em
que a atividade incorre ao perturbar o difícil equilíbrio ambiental dos oceanos – novas regras, desta vez
de caráter ambiental, juntaram-se á estrutura já existente do ponto de vista da segurança física e da
informação. O conhecimento aprofundado deste conjunto de normas é fundamental para a abordagem
ao setor. Não será possível trabalhar nele sem se demonstrar, até para com os parceiros, um domínio
completo do setor e a capacidade para ultrapassar esses obstáculos no desenvolvimento, fabricação e
operação dos diversos produtos e serviços.
Excelência no cumprimento dos requisitos do cliente, incluindo datas de entrega
Não existe complacência nem compreensão nestes mercados para incumprimentos de qualquer
natureza, para os quais não existam razões ponderosas. Neste contexto de trabalho, os gestores e as
equipas têm de cumprir os compromissos e alguma flexibilidade e compreensão existentes noutras
atividades são nestes casos completamente inaceitáveis. A formação dos gestores operacionais e das
equipas de desenvolvimento para esta situação é fundamental para o sucesso, pelo que um esforço
significativo tem de ser feito para obter esse conhecimento, no que diz respeito a métodos de trabalho
e de controlo, e depois para o seu estrito cumprimento.
Competência tecnológica
Apesar da competência tecnológica ser, talvez, o ativo mais forte das empresas da Inova-Ria, o caráter
exploratório deste segmento, a inexistência em Portugal de um verdadeiro cluster dedicado à tecnologia
do Mar, torna este aspeto crítico e sujeito a risco. A formação terá de ser acelerada e o recurso a
soluções internacionais uma prioridade. É fundamental interiorizar rapidamente nestas empresas o
conhecimento que outros levaram anos a acumular. O estabelecimento de parcerias é, mais uma vez,
a possível solução, a participação em consórcios de trabalho internacionais e com parceiros que
dominam a tecnologia, é também uma via adicional possível.
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6.4
Segmento de mercado: Educação/eLearning no Brasil
O setor da educação e do eLearning é hoje uma área de aplicação das novas tecnologias da informação
e comunicação. Sendo o conhecimento um bem assumidamente fundamental para o desenvolvimento
económico, assumindo-se como sendo exponencial o aumento do conhecimento necessário para viver
no mundo atual, as áreas da educação não poderiam fugir a esta revolução tecnológica. Em particular
o mercado do Brasil, um país em desenvolvimento acelerado, não poderia fugir à necessidade de
rapidamente acompanhar os paradigmas mais atuais na modernização dos meios de gestão e
transmissão do conhecimento necessário ao desenvolvimento económico.
6.4.1
Contexto do mercado da Educação/eLearning
Ultrapassadas algumas fases do seu processo de desenvolvimento, em que a diminuição substancial
da pobreza foi o principal objetivo, o Brasil terá nos próximos anos de voltar-se decididamente para a
educação e para a melhoria das condições em que a transmissão de conhecimento e a aprendizagem
se desenvolvem no País.
Apesar do fluxo de investimentos públicos e privados que o setor da educação tem recebido nos últimos
anos, o Brasil necessita de melhorar o seu "ecossistema educativo" para fazer face aos requisitos de
aptidão, conhecimento e inovação de um país que se esforça para melhorar a qualidade de vida de
todos os seus cidadãos. Desde a década de 1990 que a economia do Brasil se tem modernizado e
crescido, registando-se igualmente um crescimento, em tamanho e qualidade, das suas instituições de
ensino superior. O acesso a melhor educação continua, no entanto, ainda a ser um desafio fundamental
para o país.
No ensino primário e secundário, a qualidade da educação permanece baixa, quando comparada com
outros países (o Brasil ocupa o antepenúltimo lugar do Índice Global de capacidades cognitivas e nível
de escolaridade, num estudo global de 2014 envolvendo 39 países e uma região80). Apesar de algumas
universidades públicas brasileiras serem globalmente competitivas, como por exemplo a Universidade
de Campinas e a Universidade de São Paulo, elas são duas de apenas quatro universidades sulamericanas que fazem parte da lista das 400 universidades pertencentes ao “2014-15 Times Higher
Education World University Ranking”. De facto, apenas 11% da população brasileira possui qualificação
de nível secundário81.
O ensino superior brasileiro, no entanto, está a mudar rapidamente. De 2002 a 2012 o número de
alunos a frequentar o ensino superior no Brasil duplicou para cerca de sete milhões. Com apenas 17%
dos brasileiros com idade entre 18 e 24 anos na universidade, o governo comprometeu-se a aumentar
esta percentagem para 33%, até 2020.
Com uma grande parte da população jovem e com o crescimento de setores industriais, como por
exemplo o petróleo, que exigem trabalhadores qualificados, a procura pelo ensino superior vai continuar
a aumentar. Para responder a este lucrativo e crescente mercado (e uma vez que o setor público não
tem dinheiro para expandir a oferta), essa procura está a ser satisfeita por instituições privadas. Fundos
privados, corporações e bancos de investimento estão agora a comprar e restruturar as instituições
educacionais no Brasil a um ritmo bastante rápido.
As oportunidades para aprender e inovar com as TICE são inumeráveis. No entanto, apesar dos
investimentos significativos, os sistemas educativos formais continuam a enfrentar desafios na
preparação dos jovens com os conhecimentos e aptidões nas tecnologias da informação e
comunicação fundamentais para o sucesso e para o desenvolvimento económico, como foi já visto.
Um recente relatório da OCDE sobre as perspetivas da ciência, da tecnologia e da indústria indica que
os modelos tradicionais de educação não estão a preparar de forma adequada os alunos para
responder à procura do mercado de emprego. O relatório enfatiza ainda que a educação formal
80
81
Fonte: Pearson/The Economist - Index of cognitive skills and educational attainment 2014.
Fonte: The Economist 2012.
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continua a ser o principal veículo para melhorar as competências necessárias de estímulo à inovação
e que os governos precisam tomar medidas para resolver as limitações do sistema público. 82
Muitos especialistas têm associado as limitações dos sistemas educativos à falta de uma verdadeira
integração das tecnologias da informação e comunicação na educação. A falta desta integração afeta
negativamente a aquisição de conhecimentos na utilização das TICE, em geral, e na aquisição de
competências em TICE, em particular, mesmo quando estas tecnologias estão aparentemente
disponíveis na sala de aula através da existência de computadores e Internet.
Muitos são os fatores responsáveis por esta situação, incluindo a falta de aplicações adequadas; falta
de apoio técnico; ausência de fornecimento de energia elétrica de uma forma confiável; inadequação
do rácio aluno-computador-professor; aprendizagem das TICE restringida ao estudo da informática
básica e não extensiva a uma utilização transversal como facilitador em outras disciplinas; e, não menos
importante, a capacidade limitada de professores para fazer um uso mais integrado das TICE para o
ensino e a aprendizagem. 83
Existem diversas iniciativas regionais, como por exemplo a Rede Latino-americana de Portais
Educativos (RELPE), que reúne 19 países na região e Espanha, com o objetivo de tornar as TICE uma
parte integrante da educação através da formação e disponibilização de recursos para aumentar as
qualificações dos professores em TICE.84
As investigações realizadas permitem concluir que muitos esforços envolvendo as TICE no domínio da
educação têm sido implementados com intervenções dispersas e independentes por ministérios,
departamentos ou agências, limitando o seu impacto.
O aproveitamento do potencial das TICE na educação requer uma abordagem integrada e coordenada
entre os diversos interessados. Uma estratégia nacional, que oriente o trabalho dos vários ministérios,
reforce a complementaridade de esforços e reduza a redundância. Em alguns países os ministérios do
trabalho, das telecomunicações, da juventude ou desenvolvimento humano, educação,
desenvolvimento social e até mesmo a indústria trabalham em conjunto para identificar áreas de
interesse comum e desenvolver ações focadas em objetivos concretos.
6.4.2
Análise de fatores de contexto geral
Neste estudo, foi recolhida informação sobre o segmento de mercado da Educação/eLearning que
permitirá avaliar a sua importância no conjunto de fatores típicos de uma análise STEP.
Aspetos sociais
Os principais indicadores sociais melhoraram ao longo da última década. O governo atual tem atribuído
alta prioridade a programas de desenvolvimento social. "Fome Zero", por exemplo, é a estratégia do
governo federal para erradicar a pobreza extrema, nomeadamente, promovendo a segurança alimentar
e nutricional, bem como o acesso da população mais vulnerável aos seus direitos como cidadãos. Neste
contexto, o governo combinou os programas de transferência social existentes num único programa
unificado de transferência condicionada de fundos, "Bolsa Família", para a maioria das famílias
desfavorecidas, que oferece subsídios financeiros, bem como um acesso combinado aos direitos
sociais básicos (por exemplo: saúde, alimentação, educação e assistência social). Estão a ser
conduzidos esforços para melhorar a eficiência do programa através de uma melhor seleção do públicoalvo. No entanto, ainda há muito a ser feito para resolver as desigualdades entre as áreas rurais e
urbanas, de género, raciais e para garantir que o acesso a bens e serviços beneficie todos os grupos
sociais.
82
Fonte: OECD, OECD Science, Technology and Industry Outlook 2012 (OECD Publishing, 2012), 486,
http://dx.doi.org/10.1787/sti_outlook-2012-en.
83 Fonte: Robert B. Kozma and Shafika Isaacs, Transforming Education: the Power of ICT Policies, (Paris:
UNESCO, 2011), http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002118/211842e.pdf
84 Fonte: Red Latinoamericana de Portales Educativos (RELPE), www.relpe.org/
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Em 2013, o Brasil ocupava a posição 79ª (em 179 países) no Índice de Desenvolvimento Humano da
ONU, uma posição bastante modesta, em comparação com os níveis de desenvolvimento económico
e sofisticação tecnológica do país.85
De acordo com o relatório de monitoria MDG 86, em 2012 a percentagem de população a viver em
pobreza extrema (menos de 1,25 USD por dia) era de 3,5%, ou seja, cerca de 7,1 milhões de pessoas,
apesar de tudo uma melhoria significativa em relação a 2002, quando a pobreza extrema afetava 11,6%
da população, cerca de 20 milhões de habitantes. O objetivo definido pelo Governo brasileiro é a
redução da pobreza extrema até ao final de 2015 para um quarto do nível de 1990 (25,5%). 87 Também
de acordo com os indicadores do World Bank, a percentagem de população pobre em 2013
correspondia a 8,9% ou seja, cerca de 17,8 milhões de habitantes.
O Brasil é ainda, por isto, um dos países com maiores desigualdades sociais do mundo: os 20% mais
pobres respondem por 4,2% do produto nacional. De acordo com o World Bank, o índice de Gini do
Brasil, que pretende medir a desigualdade social, teve o seu valor máximo em 1989, com 63,3 pontos,
sendo ainda 52,7, em 2012, uma das taxas de desigualdade mais elevadas do mundo. Em outras
palavras, a riqueza e distribuição dos rendimentos continuam a ser muito desequilibrados, em particular
nas regiões mais a norte e no nordeste. A desigualdade no Brasil está também relacionada com a raça:
65% dos 10% mais pobres são negros ou mestiços, enquanto 86% dos 1% mais ricos são brancos.
Especialmente durante a última década, a pobreza e a desigualdade têm diminuído notavelmente. De
1999 a 2009, o aumento do rendimento per capita dos 10% mais pobres foi quase quatro vezes maior
do que o dos 10% mais ricos. A partir de 2002, aproximadamente 40 milhões de pessoas passaram
para a classe média, enquanto 35 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza. Da mesma forma,
grupos tradicionalmente desfavorecidos, como os não-brancos e a população do nordeste,
experimentaram um crescimento mais rápido do rendimento em comparação com o resto da sociedade.
A redução da desigualdade é ainda mais notável quando se compara o Brasil com outros países. A
desigualdade no Brasil desceu quase duas vezes mais rápido do que a média latino-americana,
enquanto nos outros países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ou nos países da
OCDE como um grupo, a desigualdade tem aumentado, entre o início da década de 1990 e o final da
década de 2000.88
O acesso à educação melhorou nos últimos anos, mas ainda existem desequilíbrios regionais entre o
nordeste e as regiões do sul e do sudeste, especialmente ao nível do ensino superior. A taxa de
analfabetismo no Brasil caiu para 8,3% em 2013, mas continua a afetar a população pobre da região
nordeste, onde 16,6% da população, com idade de 15 anos, não sabe ler. A percentagem de
analfabetos no Brasil tem caído constantemente ao longo dos últimos dez anos, a partir dos 11,5%
registados em 2004, de acordo com os números da Censo Nacional por Amostra Domiciliária, ou PNAD.
Em números absolutos, cerca de 13 milhões de pessoas de um total de 201,5 milhões de brasileiros,
são incapazes de ler ou escrever, segundo o estudo. 89
O mesmo estudo mostra que no Nordeste, a taxa de iliteracia era cerca de 16,6%, em 2013, quase 6%
menos que em 2004, quando a taxa era de 22,4%. A iliteracia é particularmente alta entre pessoas com
mais de 60 anos, 23,9% da população, enquanto é quase inexistente entre o segmento mais jovem,
com apenas cerca de 1% na faixa etária dos 15 aos 19 anos. Existe também um ligeiro aumento na
duração do tempo que os brasileiros estão na escola, que atingiu uma média de 7,7 anos. Mais de 98%
das crianças entre 6 e 14 anos vão à escola, mas essa percentagem cai para 84,3% entre os
adolescentes dos 15 aos 17 anos.90
Aspetos tecnológicos
A utilização da tecnologia para apoiar a educação está em curso há já muitos anos no Brasil, apoiada
na expectativa de mudança e transformação do processo de ensino e no aumento do desempenho
escolar. O acesso às TICE e o seu uso proficiente pelos cidadãos são condições essenciais para o
85
Fonte: UN 2014 Human Development Statistical Tables.
Fonte: Millenium Development Goals, Maio de 2014.
87 Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, Relatório Brasil 2014.
88 Fonte: OCDE 2013.
89 Fonte: PNAD 2013.
90 Fonte: UN 2014 Human Development Statistical Tables.
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desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento. Estas tecnologias têm vindo a
produzir impactos sociais relevantes, nomeadamente, na inclusão social. No caso dos jovens em idade
escolar, tais impactos são ainda mais notáveis, pois as TICE e, sobretudo, as redes sociais, têm
transformado de um modo rápido e profundo os seus processos de socialização e a forma como se
relacionam com o mundo à sua volta. As novas gerações chegam às escolas com competências para
utilizarem os computadores e trabalharem eficazmente neste ambiente virtual.
No Brasil existem programas do governo federal para o fomento da utilização das TICE na educação.
O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), um programa educacional com o objetivo
de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica - inicialmente
denominado de Programa Nacional de Informática na Educação, foi originalmente lançado pelo
Ministério da Educação, em abril de 1997. O programa leva às escolas computadores, recursos digitais
e conteúdos educacionais. Em contrapartida, os estados e os municípios devem garantir a estrutura
adequada para receber os laboratórios e qualificar os educadores para uso dos computadores e
tecnologias educativas.
Em relação à utilização das TICE em geral, os consumidores brasileiros gastam em média mais de 27
horas por mês a navegar na internet, em que mais de um terço desse tempo é em sites de media social.
Números de 2012 indicam que o Brasil tem mais de 86 milhões de utilizadores de Internet. As redes
sociais são muito populares num país onde os serviços telefónicos são ainda caros e irregulares. O
Brasil é o segundo país do continente americano em termos de utilizadores individuais do Facebook e
Twitter, imediatamente a seguir aos EUA: depois dos residentes nos Estados Unidos, os brasileiros
representam o maior grupo nacional de utilizadores do Facebook (65 milhões), do Twitter (41 milhões),
e do YouTube. Segundo a eMarketer, 79% dos brasileiros com acesso à Internet usam media social.
Em dezembro de 2014, existiam cerca de 281 milhões de telefones móveis em operação no Brasil 91,
correspondendo a uma densidade de 138 telefones móveis por 100 habitantes. Estudos mostram que
existem mais brasileiros com acesso à Internet por através de dispositivos móveis do que por outros
meios. O setor de telecomunicações foi privatizado no Brasil, mas, tal como noutros setores básicos, o
governo mantém ainda alguns níveis de envolvimento e restrições ao envolvimento de empresas
estrangeiras.
Dez/13
Dez/14
271 milhões
281 milhões
Pré-pago
78%
76%
Densidade (por 100 hab.)
134
138
581 mil
258 mil
0,2%
0,1%
9,3 milhões
9,6 milhões
3,5%
3,6%
Telemóveis
Crescimento ao Mês
Crescimento ao Ano
Tabela 27 – Total de telemóveis registados no Brasil
Fonte: Teleco 2015.
Em relação a meios de pagamento eletrónico, o Brasil é o quarto maior mercado de cartões de
débito/crédito do mundo, com a penetração mais alta de qualquer país da América Latina: uma média
de 2,1 cartões por pessoa. Os métodos de pagamento mais comuns são cartões de débito e crédito,
tais como o Visa, MasterCard, American Express, Diners Club Hipercard. A Cielo e a Rede também
oferecem serviços de pagamentos eletrónicos.
91
Fonte: Anatel.
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Aspetos económicos
O setor da educação no Brasil é o décimo maior setor na economia brasileira, movimentando cerca de
75 mil milhões de USD por ano. O Brasil tem 51 milhões de alunos no ensino básico (que inclui préescola, ensino primário e ensino secundário) e cerca de seis milhões de estudantes estão matriculados
em cursos universitários. Cerca de 75% dos estudantes de pós-graduação estão matriculados em
instituições privadas, movimentando 12,5 mil milhões de USD por ano. Em 2015, 10 milhões de
estudantes estarão nas universidades, muitos dos quais serão apoiados por empréstimos do Governo
Federal (com empréstimos FIES, os alunos podem obter financiamento até 100% da sua educação,
enquanto que através do programa PROUNI de empréstimos os estudantes da escola pública garantem
um financiamento até 50%).
O Brasil, um país com dimensões continentais, enfrenta muitos desafios para oferecer um alto padrão
de qualidade no ensino para a sua população, de modo a poder continuar a sua trajetória de
crescimento.
O setor da educação no Brasil tem crescido exponencialmente nos últimos anos e deve continuar a
crescer nos próximos anos, impulsionado por uma economia estável e pelo crescimento da classe
média. Nos últimos cinco anos, a nova classe emergente tem revelado uma predisposição para
melhorar a sua formação, procurando o ensino superior e cursos de formação profissional. O orçamento
do Ministério da Educação foi de 5,5% do Produto Interno Bruto do Brasil, 19 mil milhões de USD, em
2013, com um forte investimento em novas salas de aula, infraestruturas, tecnologias de aprendizagem,
livros didáticos e outros programas e meios pedagógicos.
Além dos investimentos do governo, o setor privado da educação no Brasil (incluindo material escolar,
materiais e outros bens e serviços relacionados com a educação) é uma indústria que vale quatro mil
milhões de USD, onde muitas oportunidades estão disponíveis para as empresas portuguesas. Do valor
global da indústria da educação no Brasil, os materiais escolares correspondem a 44% do total,
enquanto os livros para cursos universitários correspondem a 18%, livros para o ensino básico
correspondem a 20% e os sistemas educativos alternativos valem 9%. As escolas de línguas
correspondem a cerca de 9%.
De acordo com o relatório “Brazil Education Services Market Forecast to 2015”, o Brasil tornou-se num
mercado de educação altamente lucrativo. Um dos principais fatores para esse crescimento sem
precedentes foi a revisão do quadro regulamentar do setor. Também os programas de apoio à
educação pós-secundária e a oportunidade das instituições se reformularem como organizações
rentáveis financeiramente contribuíram para este resultado.
Ao contrário do ensino básico, o ensino superior brasileiro é dominado por instituições privadas, que
são capazes de atender à procura pelos cursos para os quais não existe oferta das instituições públicas.
As instituições de ensino superior do setor privado concentram a sua atenção na resposta a exigências
profissionais impostas pelo mercado de trabalho e no desenvolvimento de programas de formação
flexíveis para atender às necessidades dos trabalhadores. No meio da forte procura pela indústria de
profissionais qualificados, existe a necessidade de desenvolvimento de infraestruturas educativas. No
período compreendido entre 2012-2015, a taxa de crescimento anual das matrículas no ensino superior
deve corresponder a cerca de 4,5%.
Existe também uma procura crescente por educação profissional no país. O número de institutos
técnicos quase que triplicou nos últimos oito anos e os institutos têm ampliado o seu âmbito de
formação. A expansão do sistema é considerada vital para um país com grande necessidade de
trabalhadores qualificados. Também a educação à distância tem ganho impulso, pois o custo deste tipo
de formação é muito menor em comparação com o ensino tradicional em sala de aula. A utilização da
Internet tornou-se uma fonte de informações muito importante e mantém um lugar cimeiro na educação.
No início, a educação on-line no Brasil abrangeu a formação elementar e, em 2010, existiam 9,4
milhões de utilizadores de formação on-line. Mas com a disponibilidade de cada vez mais cursos de
formação superior em plataformas digitais, o papel da educação on-line vai continuar a reforçar-se com
enormes oportunidades no futuro para os intervenientes públicos e privados.
O investimento na educação pública brasileira deverá quase duplicar nos próximos dez anos. O Plano
Nacional de Educação (PNE) prevê um investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país na
área até 2024 e pretende-se que, em 2024, 33% da população entre 18 e 24 anos esteja matriculada
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numa instituição de ensino superior. Em 2012, esse rácio era de 15,4%, segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Aspetos políticos
Contexto nacional:
O Brasil é uma República Federal composta por 26 Estados, um Distrito Federal (Brasília) e 5.560
municipalidades. O Brasil é uma democracia representativa, com um Presidente que age
simultaneamente como Chefe de Estado e do Governo Federal. Todos os corpos legislativos e
executivos, ao nível Federal, Estado e Municipal, são eleitos com mandatos quadrienais. O corpo
legislativo federal é o Congresso Nacional, dividido entre o Senado e a Câmara de Deputados. Cada
Estado tem uma legislatura estatal e um Governador diretamente eleito que encabeça o executivo
estatal e escolhe os seus membros. A Constituição define uma estrutura de justiça independente.
Hoje o Brasil é uma democracia estabilizada com um sistema político e institucional bem desenvolvido.
Ainda assim, algumas limitações persistem, as quais são suscetíveis de ter um impacto negativo sobre
a boa governação, os direitos humanos e segurança dos cidadãos. Os desafios mais importantes
incluem:
a) Dificuldade em eleger maiorias parlamentares estáveis no quadro do atual sistema político, o que
cria uma série de problemas ao exercício do pleno poder legislativo e executivo;
b) Ligações entre os três níveis de governo (federal, estadual e municipal) relativamente frágeis, o
que complica a definição e implementação de políticas e reformas a nível nacional, dificultando a
integração nacional e o desenvolvimento equilibrado das diferentes regiões.
c) Frequentes casos de corrupção e uso ilegal de recursos públicos (em 2014 o Brasil teve a
classificação 69 entre 175 países no estudo da Transparency International);
d) Complexidade legal e regulamentar e necessidade de melhorar o funcionamento do sistema
judiciário, para aumentar a eficiência da administração pública e permitir aos cidadãos e agentes
económicos o pleno exercício dos seus direitos. Uso excessivo da força por agentes da lei, acesso
limitado à justiça para os mais pobres e mais vulneráveis da sociedade e os abusos contra povos
indígenas são outras causas de preocupação;
e) Violência, particularmente grave nas grandes cidades e que está frequentemente associada com o
narcotráfico e a exclusão social, gerando um forte sentimento de insegurança entre os cidadãos.
Contexto regional e internacional:
Nos últimos anos, o Brasil tem seguido uma política externa cada vez mais assertiva, desempenhando
um papel ativo em fóruns multilaterais e posicionando-se como um representante dos países
emergentes e como um grande defensor dos países mais pobres, especialmente em África.
É de salientar que, em muitas das grandes questões mundiais, a posição do Brasil tem sido
convergente com a União Europeia. Ambos acreditam que o desenvolvimento sustentável pode ser
mais facilmente alcançável num mundo multipolar, partilhando a opinião de que a integração regional
é o melhor caminho para alcançar a prosperidade e a paz. Os seus pontos de vista coincidem
igualmente sobre outras questões de interesse multilateral, como, por exemplo, a luta contra a pobreza,
as alterações climáticas, a paz e a segurança.
A nível regional, o Brasil tem como objetivo reforçar o seu papel de protagonista na América do Sul,
intervindo em crises ou conflitos envolvendo países vizinhos, de modo a promover a estabilidade
regional, e tem apoiado vários processos de integração no subcontinente. O Brasil tem desempenhado
um papel político importante no âmbito do Mercosul - e as negociações da Associação União EuropeiaMercosul – apoiando a negociação de acordos de comércio livre com países terceiros e o alargamento
do Mercosul.
O Brasil tem também mantido relações bilaterais privilegiadas com os países vizinhos e assinou
acordos comerciais com a Comunidade Andina e o México. O país tem também diversificado as suas
relações bilaterais, estabelecendo relações mais estreitas com outras potências regionais, como, por
exemplo, a Índia, a China, Rússia ou África do Sul, mas também com países árabes e países africanos.
O Brasil tem também mantido relações equilibradas com os EUA e com a União Europeia.
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Aspetos ambientais
O meio ambiente do Brasil é um dos mais ricos e diversificados do mundo. A riqueza natural do Brasil
inclui não só as florestas tropicais densas da Amazónia, mas também o biótipo importante da savana,
como o Cerrado, o biótipo árido do Caatinga, a Floresta Atlântica, os “gramados” do Pampa e os “brejos”
do Pantanal. Muita da fauna e flora do Brasil não se encontra em mais nenhuma parte do mundo e os
seus ecossistemas contêm mais de 15% das plantas e espécies animais conhecidas. O Brasil tem
também 12% das reservas mundiais de água doce.
As mudanças climáticas devem afetar os ecossistemas naturais de Brasil, aumentando o risco de perda
de biodiversidade. Os recursos hídricos estão em risco em muitas áreas. Existem indicações que as
mudanças climáticas globais e o desmatamento da floresta podem conduzir a alterações significativas
no sistema hidrológico do Amazonas, com consequências potencialmente catastróficas para a floresta
tropical e para toda a região.
A poluição urbana é outro grande problema no Brasil. Em muitos casos, os fortes fluxos de migração
das zonas rurais para as zonas urbanas durante as últimas décadas resultaram num crescimento
demográfico explosivo e incontrolável, que não foi acompanhado pelo desenvolvimento paralelo das
infraestruturas básicas. Os níveis de poluição do ar são elevados nas grandes cidades, principalmente
devido ao congestionamento do tráfego e a concentração da atividade industrial. Os problemas
relacionados com a falta de saneamento são, por vezes, piores em cidades pequenas ou médias do
que em grandes cidades, que têm mais recursos para lidar com estes problemas.
Aspetos éticos
Embora tenha sido aprovada uma posição forte do governo contra a corrupção, os riscos não
diminuíram. O tráfico de influências, ou a prática ilegal de usar da influência de alguém no governo para
obter favores ou tratamento preferencial, prejudica a integridade e transparência nos negócios. A
desconfiança dos cidadãos no setor público é significativa, as sondagens de opinião realizadas indicam
que os partidos políticos e o parlamento são consideradas as instituições mais afetadas pela corrupção.
As empresas que operam no Brasil têm de lidar com inúmeras agências reguladoras. Com efeito, este
excesso de burocracia pode aumentar a probabilidade de pedidos de subornos por funcionários
públicos. Num estudo de 2009, 70% dos empresários e gestores brasileiros identificam a corrupção
como um dos principais entraves ao desenvolvimento económico.
O suborno em negócios internacionais é também pouco combatido. Embora o país tenha ratificado a
Convenção da OCDE contra o suborno, um relatório de 2012 indica que há pouca fiscalização. Doze
anos após a sua ratificação, apenas um caso chegou a tribunal e foram conduzidas somente duas
investigações.
Ao nível local, o sistema brasileiro permite aos políticos e burocratas um grande poder discricionário
sobre a utilização dos fundos públicos. Esta facilidade pode tornar os governos locais particularmente
propensos à corrupção, pois a qualidade, procedimentos e capacidade de aplicação das leis para
garantir a integridade variam de Estado para Estado.
As leis aplicáveis à contratação pública de bens e serviços são adequadas, no entanto, as empresas
podem facilmente ser sujeitas a pedidos de suborno ou outras irregularidades na realização de
contratos públicos. Isto deve-se principalmente aos fracos e ineficientes mecanismos de controlo. Os
escândalos envolvendo ministros e dirigentes das empresas em 2012 também evidenciaram as
alegações de corrupção em concursos públicos.92
Aspetos regulatórios e legais
Respondendo às necessidades dos seus cidadãos, o Brasil aposta nos programas de ajuda direta para
melhorar os rácios do ensino básico e confia no setor privado para levar por diante os seus planos na
educação de nível superior. Vários programas estatais oferecem bolsas de estudo e créditos a juros
92
Fonte: Transparency International.
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reduzidos para financiar as mensalidades no ensino superior (FIES), universitário (Universidade para
Todos, o Prouni) e técnico (Pronatec).
Fundo de Financiamento Estudantil (FIES): O Fundo de Financiamento Estudantil é um programa
do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação no ensino superior de estudantes
matriculados em instituições não gratuitas. Podem recorrer ao financiamento os estudantes
matriculados em cursos superiores que tenham avaliação positiva nos processos conduzidos pelo
Ministério da Educação. Tem as seguintes características:





Financiamento de até 100% da mensalidade
Tempo máximo de financiamento: duração do curso
O financiamento pode ser contratado até o último dia do semestre
Taxa de juros extremamente reduzida (3,4% ao ano ou 0,28% ao mês)
Início de pagamento: um ano e meio após o fim do curso (prazo de carência)
Programa Universidade para Todos (PROUNI): o Programa Universidade para Todos é uma iniciativa
do governo federal para facilitar o acesso de alunos carecidos ao ensino superior. Criado em 2004, o
ProUni oferece bolsas de estudos de 50% ou 100% da mensalidade em faculdades particulares.
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC): foi criado pelo
Governo Federal, em 2011, com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos
de educação profissional e tecnológica no país, além de contribuir para a melhoria da qualidade do
ensino médio público. Os cursos, financiados pelo Governo Federal, são disponibilizados de forma
gratuita por instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e das redes
estaduais, distritais e municipais de educação profissional e tecnológica. Desde 2013, as instituições
privadas, devidamente habilitadas pelo Ministério da Educação, também passaram a disponibilizar
cursos deste Programa.
Também para a formação pública de base existem apoios governamentais através do Fundeb. O
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) é um conjunto de
fundos de apoio financeiro constituído por recursos dos três níveis da administração pública do Brasil
para promover o financiamento da educação básica pública. Foi criado em janeiro de 2007 e cobre,
além do ensino fundamental - objetivo de anteriores iniciativas - a educação infantil, o ensino médio e
a educação de jovens e adultos. Vai estender-se até 2020, sendo a contribuição atual dos estados e
municípios de 20% do total das suas receitas próprias às quais o governo federal adiciona, no mínimo,
10% do montante reunido pelos estados e municípios. Com este mecanismo, o Fundo vai atingir em
2014 um montante de cerca de 126 mil milhões de R$, o que, quando comparado com o valor de 47
mil milhões de R$ em 2007, revela a aposta que o Brasil está a fazer na educação dos seus cidadãos.
No caso específico do mercado de trabalho brasileiro, o investidor deve ter em atenção os seguintes
pontos:

O mercado de trabalho é fortemente regulamentado no Brasil. Os conflitos laborais são
normalmente resolvidos em tribunais judiciais e os sindicatos são muito participativos nas
relações laborais.

A legislação laboral é bastante complexa e completa, sendo notoriamente favorável aos
trabalhadores;

Todos os trabalhadores têm direito a mais um mês de salário por ano como obrigatório,
correspondendo ao subsídio de Natal.

Os empregadores devem contribuir para a segurança social federal e instituições de
previdência.

O sistema de segurança social cobre os riscos principais do trabalhador, mas os empregadores
podem necessitar de aumentar determinados benefícios para os níveis de gestão mais altos.
A discriminação no trabalho é proibida.

Os pedidos de contratação de pessoal estrangeiro são controlados pelas autoridades federais.

O despedimento do trabalhador é regulamentado pelo governo federal. Existe uma extensa
legislação no domínio da segurança social e do trabalho que rege as relações
empregador/empregado.
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6.4.3
Análise de fatores de contexto transacional
Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, abordam-se agora todos aqueles fatores
externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é, de compra,
venda ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a as suas
empresas e o submercado da Educação/eLearning no Brasil.
O modelo de Porter (também chamado de avaliação do contexto competitivo) introduziu o conceito de
“vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto de fatores cuja análise reflete a intensidade
competitiva do negócio. Analisa-se abaixo este segmento de mercado, de acordo com os fatores
definidos para o modelo.
Tipo e caracterização dos clientes
Existem dois tipos principais de clientes para soluções de aprendizagem apoiada em tecnologia: as
instituições do Estado ligadas à educação ao nível federal, estadual ou municipal, e os grupos
económicos que gerem as escolas privadas. Ambos atuam nos diversos níveis de ensino: pré-escolar,
fundamental (primário), médio (secundário) e ensino superior:
Em relação aos principais grupos económicos privados a operar no mercado da educação brasileiro
podem destacar-se os seguintes:
Grupo Positivo:
Fundado em 1972, na cidade de Curitiba (PR), o Grupo Positivo é, hoje, a maior
corporação educacional do Brasil, sendo líder em três grandes segmentos de
negócios:
Na área Educacional, o Grupo Positivo conta com as Escolas Positivo, unidades de
Educação Básica que atendem alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio,
com o Curso Positivo e com a Universidade Positivo.
Na área Gráfico-Editorial, conta com a Editora Positivo, responsável pelo Sistema de
Ensino Positivo, direcionado à rede particular e pelo Sistema de Ensino Aprende
Brasil, desenvolvido para a rede pública municipal. A Editora Positivo também é
responsável pela edição do Dicionário Aurélio. Já a Posigraf é um dos maiores
parques gráficos de impressoras rotativas do país.
Na área de Informática, o Grupo possui a Positivo Informática, líder na produção de
computadores, software e soluções educacionais para os mercados geral e
corporativo.
Site: www.positivo.com.br
Colégio Objetivo:
O Colégio Objetivo é uma instituição de ensino brasileira que teve origem em São
Paulo, em 1971, De lá para cá, o Colégio Objetivo cresceu e expandiu-se em filiais
por todo o Brasil, sendo que algumas operam sob sistema de franchise. É uma das
maiores organizações privadas educacionais do país. No Brasil foram registados mais
de 350 mil alunos nas 543 unidades existentes. A Universidade Paulista faz parte do
Colégio Objetivo.
Site: www.objetivo.br
Abril Educação:
A Abril Educação S.A. é a maior instituição do mercado brasileiro no segmento de
educação básica. Além das editoras Ática e Scipione, possui também os sistemas de
ensino SER: Anglo, pH, Maxi, Motivo, GEO, Farias Brito e ainda a Etb - Sistema de
Ensino Técnico, o Anglo Vestibulares, a rede de escolas pH, o Colégio Motivo, o
Centro Educacional Sigma, o modelo de ensino O Líder em Mim, as redes de escolas
de inglês Red Balloon e Wise Up, a rede de ensino móvel Edumobi, a AlfaCon
Preparatórios para Concursos e a MSTech. Atualmente, a Abril Educação satisfaz
com produtos e/ou serviços mais de 130 mil escolas e cerca de 30 milhões de alunos
em todos os estados do Brasil.
Site: www.abrileducacao.com.br
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Kroton Educacional:
A Kroton Educacional é uma das maiores organizações educacionais privadas do
Brasil e do mundo, com mais de 45 anos de prestação de serviços no Ensino Básico
e mais de dez anos no Ensino Superior. Em 2010, a Kroton adquiriu o Grupo IUNI
Educacional, instituição que também atuava na graduação e pós-graduação
presencial; em 2011, adquiriu a Universidade Norte do Paraná (Unopar), a maior
instituição de Educação à Distância do país. Finalmente, em 2013, a Kroton realizou
o seu maior investimento anunciando a fusão com a Anhanguera e, com isso,
consolidou a sua liderança tanto no ensino Presencial como na Educação a Distância.
Site: www.kroton.com.br
Estácio:
Com 45 anos de atuação no setor da educação, a Estácio é uma das melhores redes
de ensino superior do Brasil, integrando Universidade, Centros Universitários e
Faculdades, presente em todo o Brasil e atualmente com mais de 430 mil alunos. A
Estácio oferece cursos de graduação (bacharelados, licenciaturas e tecnólogos 93) e
pós-graduação.
Site: estacio.com.br
Existência e caraterização de fornecedores locais
Existe muita oferta local de soluções TIC para a educação no Brasil quer através da comercialização
de soluções de fabricantes estrangeiros, quer através do desenvolvimento de soluções próprias. A
importância da língua neste tipo de aplicações e a pouca interiorização no Brasil da linguagem
tecnológica universal, o inglês, reforça este aspeto, pois no mínimo, as aplicações necessitam da
tradução para português.
Produtos e tecnologias para a Educação e eLearning
Há muitos anos que a tendência de utilizar tecnologia para apoiar a educação se acentua. Algumas
das formas mais comuns de integração das TICE na educação incluem:




93
Os laboratórios equipados com computadores são frequentemente utilizados para disponibilizar
acesso à tecnologia quando os recursos dos alunos são escassos. Embora estes laboratórios
permitam alguma exposição à tecnologia, limitam a capacidade da incorporação total da tecnologia
nos diversos programas de ensino e a sua utilização fora daqueles espaços, sendo, na maior parte
dos casos, apenas utilizados para ensinar informática.
Os conteúdos e as formas de aprendizagem incentivam a utilização dos computadores e da
Internet. Os alunos acedem aos computadores durante uma parte do dia escolar e são
incentivados a fazê-lo em casa com objetivo melhorar a sua aprendizagem, despertar o sentido da
pesquisa e da autoaprendizagem de uma forma transversal a vários temas do currículo. Esta forma
pode ser potenciada com a utilização de quadros interativos que permitem partilhar e atuar com a
audiência sobre o trabalho em evolução, facilitando a comunicação entre os intervenientes.
Utilização de aplicações de partilha de conteúdos e informação para facilitar a comunicação entre
alunos e professores explorando elementos das redes sociais, do e-mail e outras formas de
partilha de informação em rede, virtualizando a escola que agora passa a poder estar presente em
vários locais em simultâneo.
Sistemas de gestão organizacional e administrativa da escola e dos alunos no seu conjunto,
facilitando e dando eficácia aos investimentos escolares a todos os níveis e de uma forma vertical
desde o governo até ao aluno em casa e à relação com os educadores em geral.
No Brasil, um tecnólogo é um profissional com um curso de nível superior em tecnologia. Contudo, este
conceito de tecnologia é relativamente alargado abrangendo, por exemplo, áreas tais como ambiente e saúde,
controlo e processos industriais, gestão e negócios, hospitalidade e lazer, informação e comunicação,
infraestruturas, cultura e design, segurança, etc.
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No espaço da sala de aula, em particular, a utilização e integração das TICE apresenta alguns tópicos
tecnológicos com relevância para as empresas da Inova-Ria:
Multimédia
Os cursos organizados com recurso a tecnologias multimédia oferecem vantagens em termos
pedagógicos em comparação com os métodos tradicionais de ensino:



Permitem um controlo mais efetivo e eficaz sobre o próprio progresso de aprendizagem,
garantindo a sua avaliação em tempo real e informação sobre as dificuldades;
Garantem assistência apropriada para as diversas ocorrências;
Permitem uma aprendizagem ajustada às capacidades e ritmos do indivíduo.
Figura 34 – A sala de aula centrada no estudante.
Fonte: Intel, “The positive Impact of eLearning -2012 Update”.
Blogs
Os blogs ou weblogs de sala de aula estão a ficar cada vez mais populares entre os professores e
começam a fazer parte da sua própria formação. Um blog é uma página web constituída por posts,
normalmente breves comentários e contribuições frequentemente atualizados, organizados
cronologicamente, como um diário. Um blog estabelece redes entre web sites, ou mesmo com outros
blogs. Muitos peritos preveem que os blogs se tornarão ferramentas pedagógicas de maior sucesso
que os web sites.
Conteúdos pedagógicos
A educação não pode existir sem conteúdos pedagógicos. Os conteúdos têm de ser considerados
como mais do que informação factual, pois abrangem todos os aspetos do tema: conceitos, princípios,
relações, contradições, métodos de avaliação do progresso da aprendizagem, gestão de dúvidas e
questões. A pedagogia inclui as ações e estratégias para ensinar, a organização da experiência da
aprendizagem, na sala de aula ou fora dela, respondendo às diversas necessidades do aluno, fazendo
a avaliação e implementando, com base no conhecimento prévio do aluno, a transformação das ideias
em elementos compreendidos e assimilados.
Com a utilização das TICE podemos melhorar os resultados e aumentar as oportunidades de dar mais
eficácia às experiências de aprendizagem. As TICE encorajam as interações, desenvolvem uma cultura
colaborativa, uma aprendizagem ativa e permitem um feedback no contexto adequado. Com
criatividade, as TICE podem dar vida a conceitos abstratos ao trazerem para o processo formativo a
vida real, através da simulação e modelização, capturando e analisando eventos reais.
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eLearning
A simbiose entre a aprendizagem à distância e as telecomunicações está a ficar cada vez mais forte,
permitindo novas soluções para velhos problemas, recursos educacionais inovadores e novas práticas
pedagógicas. Um dos resultados mais inovadores e promissores desta relação é o chamado
“eLearning”, a educação on-line, essencialmente um processo pelo qual professores e estudantes
estão interligados através de uma rede de computadores e de meios eletrónicos.
O conceito de eLearning e a forma como ele se relaciona com a utilização eficaz das TICE é
extremamente importante para a melhoria da aprendizagem, pois trabalha a interseção entre a
aprendizagem e as tecnologias, sendo estas uma ferramenta e não um fim em si. O termo “eLearning”
altera, primeiro, o clássico foco da pedagogia para a aprendizagem e, em segundo lugar, inclui as
tecnologias de rede digital que alargam os limites da sala de aula tradicional.
Podemos identificar diversos benefícios no “eLearning”, incluindo, por exemplo, a liberdade de
aprendizagem em qualquer momento ou em qualquer local, a interação assíncrona com o professor e
o trabalho colaborativo em grupo.
Os produtos de eLearning alinham-se nos seguintes grandes grupos:
Sistema de Gestão de Ensino (Learning Management System - LMS)
Os Sistema de Gestão de Ensino (LMS) são aplicações de software projetadas para a gestão de
programas de formação e educação. Os LMS tanto ajudam a gerir a sala de aula presencial, como a
aprendizagem on-line (também conhecida como eLearning). Este tipo de sistemas disponibiliza as
ferramentas necessárias para a gestão, criação, programação, formação ou aprendizagem numa
escola ou numa empresa.
Embora uma solução LMS virada para a utilização em empresas tenha objetivos diferentes de outra
utilizada em ambiente educativo, ambas partilham características comuns. Estas incluem a capacidade
de gerir o calendário do curso, a criação e gestão de utilizadores e papéis (aluno e formador), produção
de relatórios, mensagens e notificações para aluno e formador, distribuição de conteúdos via web e a
capacidade de avaliar e testar os alunos. Uma solução LMS mais adaptada ao ambiente empresarial
terá também de suportar a gestão de competências ao nível individual ou organizacional.
Figura 35 – LMS: funcionalidades mais importantes
Fonte. EXIR, Knowledge Solutions, http://www.exir.me/portal/systems-solutions/lms
Sistema de Gestão de Conteúdos para Ensino (Learning Content Management System – LCMS)
Os Sistema de Gestão de Conteúdos para Ensino (LCMS) são usados para criar, armazenar, montar
e entregar conteúdo personalizados de eLearning sob a forma de objetos de aprendizagem.
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Se bem que os limites sejam algo difusos, as funcionalidades típicas dos produtos LMS e LCMS são
as seguintes:
Funcionalidades dos LMS:







Gestão de currículos e gestão da qualificação e certificação
Registo e administração dos estudantes e formadores
Gestão de competências
Gestão dos registos de formação
Gestão de eventos de formação (calendarização, acompanhamento, etc.)
Produção de relatórios
Produção de conteúdos
Funcionalidades dos LCMS:





Desenvolvimento e adaptação de conteúdos colaborativos
Ferramentas de gestão e adaptação de conteúdos
Publicação e distribuição
Implementação de fluxos de trabalho
Integração funcional com produtos LMS
Sistema de Gestão de Conteúdo (Content Management System – CMS)
Finalmente, os Sistemas de Gestão de Conteúdos (Content Management System – CMS) são
aplicações utilizadas para criar, editar, gerir e publicar conteúdos de forma consistente e organizada,
permitindo que os mesmos sejam modificados, removidos e adicionados com facilidade. Os CMS são
frequentemente usados para armazenar, controlar e fornecer documentação empresarial,
nomeadamente, notícias, artigos, manuais de operação, manuais técnicos, guias de vendas e
brochuras de marketing. Os conteúdos podem incluir arquivos de computador, imagens, áudios,
vídeos, documentos eletrónicos e conteúdo Web.
Figura 36 – Cadeia de valor do mercado do eLearning.
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Concorrência local e global
Apresentam-se a seguir alguns dos principais fornecedores de produtos para a Educação e eLearning
presentes no mercado brasileiro (ver Figura 37):

Blackboard - é uma empresa internacional com sede em Washington, EUA, que fornece
aplicações de software e serviços para o setor da educação. Tem como clientes empresas de
prestação de serviços de educação, corporações e organizações governamentais. O seu produto
para a educação é o Blackboard Learn, com presença significativa no mercado brasileiro.

IBM-Kenexa - foi adquirida pela IBM em 2012. O produto IBM Kenexa LCMS on Cloud é um
Sistema de Gestão de Conteúdos de Aprendizagem (LCMS) adaptável destinado ao
desenvolvimento e realização de formação eficaz dos colaboradores de uma empresa.

Moodle - é uma plataforma de ensino open-source, desenvolvida pela Moodle HQ, sediada na
Austrália. A Moodle HQ é financiada por uma rede global de parceiros que fornecem os serviços
Moodle. No Brasil existem três parceiros que fornecem soluções de ensino Moodle, sendo o mais
importante a CrossKnowledge.

Mzinga - é uma empresa com sede em Waltham, Massachusetts. Social OmniSocial é a sua
solução de software que integra comunicação, aprendizagem e partilha de conhecimentos,
incluindo redes sociais e colaboração, aprendizagem formal e informal.

Saba Software - está sediada em Redwood Shores, na Califórnia. Iniciou-se no mercado do ensino
e expandiu-se para a gestão de competências, cobrindo atualmente o ensino, a aquisição de
competências, o planeamento de recursos humanos, o planeamento organizacional e a
colaboração social. No mercado brasileiro tem uma forte presença no ensino com o produto
Learning@Work.

SkillSoft - está sediada em Nashua, New Hampshire. A SkillSoft é um dos maiores fornecedores
de eLearning para o mercado brasileiro, com uma sólida reputação como fornecedor de conteúdos
de aprendizagem. Anunciou recentemente a aquisição da SumTotal Systems, uma das maiores
empresas globais de software de gestão de talento, aprendizagem e da força de trabalho. No Brasil
(e na América Latina) a principal parceira da Skillsoft é a MindQuest, responsável pela
comercialização, customização e implementação de programas de educação corporativa.

SumTotal Systems - com sede em Gainesville, Florida, tem crescido organicamente e através de
aquisições tornando-se um grande fornecedor de soluções para gestão de competências. O
principal produto é a ToolBook, para preparação de conteúdos de formação e organização de
materiais pedagógicos. Tem uma presença significativa no mercado brasileiro na área de soluções
para gestão de competências nas grandes empresas.
Potencial para novos entrantes
Sendo verdade que o mercado brasileiro é gigantesco, também não deixa de ser verdade que uma
parte substancial desse mesmo mercado já está tomada por fornecedores locais ou internacionais.
Pese embora existirem dificuldades de entrada já identificadas, que acentuam a necessidade do
estabelecimento de uma rede de contactos local eficaz, existe um potencial interessante para a entrada
de empresas da Inova-Ria no mercado brasileiro com soluções para a educação baseadas em
tecnologias TICE.
Para concretização desse potencial do mercado brasileiro, devem ser considerados os seguintes
princípios gerais:

O Brasil é um país altamente competitivo e nas suas regiões mais desenvolvidas (Rio de Janeiro e
S. Paulo) o mercado encontra-se bastante saturado. É, por isso, muito importante diferenciar a
oferta das empresas da Inova-Ria;
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

Para ser bem-sucedido no Brasil, é necessário estar fisicamente presente, ser capaz de falar com
as pessoas cara a cara de modo a desenvolver e construir relacionamentos pessoais e estabelecer
laços de confiança.
O Brasil é um mercado que tem de ser pensado a longo prazo, não é um mercado para resultados
rápidos. A estratégia de entrada no mercado deve refletir esta realidade com uma abordagem
profissional, forte acompanhamento e uma agenda de longo prazo.
6.4.4
Análise dos fatores internos
Enquanto na análise contextual foram analisados os submercados numa perspetiva externa, a análise
partirá agora para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando chegar aos fatores
benéficos e prejudiciais característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir com tudo o que
externamente já foi caracterizado para o mercado da Educação/eLearning no Brasil.
A aplicação do modelo SWOT não será feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster InovaRia no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro através de uma análise
detalhada por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, serão
avaliados, sobretudo, os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não
variarão de mercado para mercado, ou seja:
 as oportunidades, como fator benéfico, e
 as ameaças, como fator prejudicial,
… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o mercado das TICE no setor da
educação e em especial do eLearning no Brasil.
Figura 37 – Presença dos maiores fornecedores de eLearning no Brasil.
Oportunidades
As oportunidades das empresas Inova-Ria prendem-se principalmente com a dimensão do mercado
e a língua comum, embora seja necessário ter um cuidado especial nas adaptações devidas à forma
como o Português é falado e escrito no Brasil.
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Ameaças
As ameaças estão ligadas sobretudo à escala do país, para a qual as empresas Inova-Ria poderão não
ter a dimensão adequada, e à existência de uma forte concorrência local e uma presença forte por
parte das empresas globais.
6.4.5
Estratégia e Plano de Internacionalização para a Educação/eLearning
Perspetivas específicas do mercado
Com a adoção de uma estratégia de internacionalização de uma empresa, pretende-se definir o
"caminho" a ser trilhado para expor a sua atividade a mercados externos, o que geralmente
compreende duas questões críticas: para onde internacionalizar (quais mercados) e como
internacionalizar (que modelo de internacionalização). Ao incluir a internacionalização nas suas
decisões estratégicas, as empresas terão de encetar as ações necessárias de uma forma coerente
desde a definição da oferta, até aos parceiros com que farão a aproximação aos novos mercados.
Para ser possível estruturar as ações no sentido da internacionalização numa área como a Educação
e eLearning, é fundamental identificar e caracterizar os produtos e/ou serviços que serão incluídos na
oferta. Nesse sentido as empresas Inova-Ria devem listar as áreas de atividade em que pretendem
atuar, considerando as suas carteiras de produtos e serviços. No ponto 6.4.5.2 são indicados exemplos
de produtos e serviços que, tendo em consideração os resultados da análise efetuada ao mercado
brasileiro de Educação e eLearning, apresentam potencial de internacionalização no mercado.
O sucesso na cultura empresarial brasileira requer fortes relações interpessoais que são a pedra
angular de parcerias de negócios eficazes e produtivas. Na maioria dos casos, as empresas necessitam
de uma presença efetiva local e, por isso, devem investir tempo no desenvolvimento de relações com
frequentes deslocações ao Brasil. No caso das empresas da Inova-Ria, a língua comum é um facilitador
das relações interpessoais que deve ser explorado, devendo ser acauteladas as diferenças culturais
existentes.
Para o desenvolvimento de novos negócios no mercado brasileiro é essencial trabalhar com um
representante ou distribuidor qualificado, podendo em alguns casos existir vantagens na montagem de
um escritório permanente no Brasil. É difícil para as empresas internacionais envolverem-se em
contratos públicos de âmbito federal ou estadual sem um parceiro do Brasil, ou uma presença física no
Brasil.
Em relação a apoios nacionais ao processo de internacionalização, será importante aproveitar as
condições de financiamento incluídas nos programas de apoio H2020 e Portugal 2020, construindo
consórcios tendo com o objetivo da participação em projetos de investigação, desenvolvimento,
inovação, qualificação e internacionalização que proporcionem o conhecimento aprofundado do
mercado brasileiro e das suas oportunidades de negócio e reforcem a fileira da Educação/eLearning
no contexto das empresas da Inova-Ria.
Produtos e serviços a internacionalizar
Após análise dos produtos e serviços desenvolvidos pelas empresas da Inova-Ria classificados como
relevantes para o setor da Educação/eLearning no mercado brasileiro, foram identificados os seguintes
com capacidade de internacionalização:
Formação, escola e sala de aula
Existe uma grande experiência entre as empresas da Inova-Ria no que diz respeito ao desenvolvimento
de produtos para o setor da Educação. Por exemplo do consórcio E-xample, que agrega o
conhecimento, produtos e serviços de 26 empresas portuguesas nas áreas da aprendizagem e
tecnologias de educação, incluindo empresas assocadas da Inova-Ria. Os produtos desenvolvidos por
este consórcio incluem:
1. Produtos para a sala de aula que permitem uma melhor comunicação e interação entre alunos
e professores, melhorando e flexibilizando a experiência de ensino e aprendizagem:
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
Computadores pessoais ou tablets adequados à utilização pelos alunos;

Quadros interativos que melhorem e facilitem a comunicação dentro da sala de aula.
2. Plataformas de ensino, que tornam a experiência de aprendizagem mais aliciante e eficaz para
alunos e professores, melhorando de forma contínua e sustentada o aproveitamento escolar:

Conteúdos pedagógicos multimédia adequados ao currículo escolar e à interação entre
o professor e os alunos;

Blogs e wikis de âmbito escolar, servindo de suporte à partilha de informação dentro
do ambiente escolar;

Ferramentas LMS de gestão e calendarização das atividades escolares, gestão dos
eventos educacionais e do processo de avaliação e qualificação;

Acesso remoto aos conteúdos de formação.
3. Equipamentos escolares e sistemas de comunicações para a Escola, que permitem garantir
uma ligação permanente dos computadores da escola, dos alunos e dos professores, entre si,
bem como o acesso ao mundo exterior com elevada qualidade, incluindo políticas de segurança
da informação, designadamente, cópias de segurança e recuperação e relatórios.
4. Formação e qualificação dos professores e gestores escolares na utilização e produção de
conteúdos TICE de forma a comunicar o novo paradigma de ensino para mobilizar toda a
estrutura a integrar no projeto.
5. Sistemas de gestão organizacional e administrativa da escola e dos alunos no seu conjunto,
facilitando e dando eficácia aos investimentos escolares a todos os níveis e de uma forma
vertical, desde o governo, até ao aluno em casa e à relação com os educadores em geral.
Diretamente relacionado com as atividades do Consórcio E-xample, foi criado o projeto Edulabs que
tem como principal objetivo levar a tecnologia móvel até alunos e professores. Durante os próximos
dois anos, serão distribuídos, no âmbito do Projeto Edulabs, cerca de mil tablets por alunos de vinte
escolas. O projeto iniciou-se no ano letivo de 2014/2015.
Com o projeto Edulabs, as salas de aula terão sistemas tecnológicos integrados de hardware, software
e plataformas de ensino que deverão constituir o núcleo do ecossistema escolar focado na componente
ensino e aprendizagem, de utilização fácil atrativa e mobilizadora para todos os atores do ensino.
Figura 38 – Modelo tecnológico da e-Escola – equipamentos.
Fonte: E-xample, Agrupamento de Empresas portuguesas de TIC na área da Educação, “Inovar na Educação: o
Aluno e a Famíla no Centro”, Workshop APDC, 2010.
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Existe também experiência nas empresas da Inova-Ria no desenvolvimento de produtos vocacionados
para a gestão da escola e não relacionados com os aspetos pedagógicos. É o caso dos seguintes
produtos com potencial de internacionalização:
Gestão de refeitórios escolares
Unicard Kids é uma solução de gestão de refeitórios de escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico e Jardins
de Infância. Tem como objetivo automatizar um conjunto de processos relativos à marcação e
pagamento de refeições, permitindo uma gestão centralizada de todos os processos inerentes, de
forma mais simples e eficaz. O componente de transportes escolares é o elo final do sistema, permitindo
uma gestão completamente integrada.
O produto permite o agendamento de refeições através de um portal web ou de quiosques instalados
em locais bem definidos. A cada aluno é atribuído um cartão, que é usado para o pagamento das
refeições. Para isso, a conta relativa a este cartão deverá ser previamente carregada, evitando a
necessidade de emissão de faturas e inconvenientes da cobrança das mesmas. O cartão pode ser
carregado através de locais com operadores, em quiosques (utilizando notas e moedas), em ATM ou
a partir do portal web.
Gestão integrada da escola:
O produto SIGE, Sistema Integrado de Gestão de Escolas, baseia-se na atribuição de um cartão
multifunções a cada utilizador, que serve para a sua identificação, para permitir o acesso ao recinto
escolar e áreas específicas e ainda como meio de pagamento dentro da escola.
De realçar a capacidade deste produto de apoiar a gestão escolar, através do controlo imediato de
todas as transações e da elaboração de um conjunto de relatórios que possibilitam um total domínio
sobre os movimentos de pessoas e bens dentro da escola.
Potenciais parceiros e facilitadores locais
Um dos passos fundamentais na preparação de um plano de internacionalização passa pela
identificação de potenciais facilitadores locais, que criem as ligações necessárias para se ultrapassar
as barreiras à entrada no mercado:
 Entidades oficiais — através das delegações instaladas no terreno: p. ex. Embaixada de
Portugal, AICEP (Serviços Comerciais da Embaixada de Portugal);
 Entidades privadas — associações privadas, Câmaras de Comércio e Indústria, agentes
comerciais ou simples “antenas” que possam identificar oportunidades de negócios;
 Parceiros de negócio — empresas que já estejam instaladas nos mercados que potenciem
negócios por complementaridade de ofertas.
A seguir apresenta-se uma tabela com alguns exemplos de entidades com potencial facilitador num
processo de internacionalização neste mercado.
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Entidades oficiais:
Informações gerais e legais sobre o
mercado
AICEP Portugal Global: http://www.portugalglobal.pt/
Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil:
http://www.camaraportuguesa.com.br/
Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX):
http://www.funcex.org.br/
AICEP Brasil (S. Paulo): [email protected])
Embaixada Portuguesa no Brasil (Brasília):
http://www.embaixadadeportugal.org.br/;
([email protected]);
Fundação Luso-Brasileira: http://www.fund-luso-brasileira.org/
Federação das Camaras Portuguesas de Comércio no Brasil
http://www.brasilportugal.org.br
Dados estatísticos sobre o
mercado
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:
http://www.desenvolvimento.gov.br/
Banco Mundial: http://data.worldbank.org/indicator
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas: http://www.ibge.gov.br
Organismos públicos/ Agências
governamentais
Ministério da Educação: http://www.mec.gov.br/
Senado Federal (legislação): http://www.senado.gov.br/legislacao/
Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX):
http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/siscomex.htm
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): http://www.inpi.gov.br/
Agência brasileira de Promoção das Exportações e dos Investimentos
(Apex): http://www.apexbrasil.com.br/
Ministério das Relações Exteriores: http://www.itamaraty.gov.br
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:
http://www.mdic.gov.br/sitio/
Portal do Governo Federal: http://www.brasil.gov.br/
Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/
Brasil Global: http://www.brasilglobalnet.gov.br/
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI):
http://www.abdi.com.br/
Entidades privadas:
No caso do Brasil, existem diversas associações dedicadas ao tema das tecnologias educativas que
podem facilitar o entendimento e a entrada no mercado, das quais as principais são:
Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT) - entidade não-governamental, de caráter
técnico-científico, filantrópico, sem fins lucrativos e de utilidade pública municipal. Tem como objetivo:
”impulsionar, no país, os esforços comuns e a aproximação mútua para o desenvolvimento qualitativo
e quantitativo da Tecnologia Educacional, em favor da promoção humana e da coletividade". A
instituição organiza cursos, congressos e seminários em todo o país, dos quais se destaca:

O 5º Congresso Brasileiro de Tecnologia Educacional, a realizar nos dias 17 e 18 de
Novembro de 2014 na Cidade de São Sebastião do Paraíso, estado de Minas Gerais. A
temática do evento esteve voltada para as “Tecnologias para a integração do desenvolvimento
educacional - Interfaces na sociedade: Educação, Educação a Distância, Inclusão, Meio
Ambiente e Saúde”. O evento constituiu um espaço de discussão entre parlamentares,
educadores, estudantes e dirigentes de empresas públicas e privadas.
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
O 46º Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional, que decorreu nos dias 10 e 11 de
junho de 2014 no Rio de Janeiro sob o tema:”A Educação em uma era digital: a nova sala de
aula virtual e presencial”.

Está agendado para os dias 1 a 4 de julho de 2015 o 5º Congresso Internacional de
Tecnologia Educativa da ABT, sob o lema “Expectativas e Ações Transformadoras: A
Humanidade em Foco”, a ser realizado no Campus Muzambinho, no Instituto Federal Sul de
Minas Gerais. O Congresso, realizado a cada dois anos, desenvolve discussões sobre
educação, tecnologia e inovação e práticas pedagógicas que contribuam para uma efetiva
transformação social. Pela primeira vez, o evento será sediado no interior do Brasil. Isso porque
um dos principais objetivos do encontro é promover a socialização de conhecimentos entre
profissionais que atuam nos grandes centros e interior. Para alcançar o objetivo, a expectativa
é agregar um grande número de interessados nos debates sobre Educação. O público-alvo do
evento são os estudantes, professores dos diferentes níveis educacionais, diretores
educacionais, secretarias de Educação, Saúde, Meio Ambiente e Comunicação,
instituições/empresas, associações e profissionais das diversas áreas de conhecimento. A
programação do evento incluirá os seguintes eixos temáticos: Ciências Agrárias, Comunicação
– Tecnologias da Informação e Comunicação, Educação a Distância, Inclusão e Diversidade e
Meio Ambiente e Sustentabilidade.94
Associação Brasileira de Desenho Instrucional (ABRADI) - sociedade sem fins lucrativos, que
representa a categoria profissional dos criadores pedagógicos com o objetivo de promover o estudo, a
pesquisa, o desenvolvimento de competências, a promoção e a divulgação da profissão. Realiza
reuniões, encontros, cursos, palestras, mesas redondas, exposições, conferências, simpósios e
congressos online e presenciais, assim como a elaboração de estudos e pesquisas. 95
Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (ABEHTE) - entidade
privada que pretende congregar investigadores de hipertexto e tecnologias aplicadas à educação com
o objetivo de promover, desenvolver e divulgar entre os interessados os estudos hipertexto e as
aplicações das tecnologias digitais na aprendizagem de conteúdos diversos no Brasil. A ABEHTE
organiza periodicamente o Encontro Nacional de Hipertexto e Tecnologias Educacionais, que este ano
se realiza de 15 a 17 de julho em São Luís, na Universidade Federal do Maranhão na sua 6ª edição.96
Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED) - sociedade científica, sem fins lucrativos,
criada em 1995 por um grupo de educadores interessados em novas tecnologias de aprendizagem e
em educação à distância, que tem por objetivos: estimular a prática e o desenvolvimento de projetos
em educação a distância em todas as suas formas; incentivar a prática da mais alta qualidade de
serviços para alunos, professores, instituições e empresas que utilizam a educação a distância; apoiar
a "indústria do conhecimento" do país procurando reduzir as desigualdades causadas pelo isolamento
e pela distância dos grandes centros urbanos; promover o aproveitamento de "media" diferentes na
realização de educação à distância; e fomentar o espírito de abertura, de criatividade, inovação, de
credibilidade e de experimentação na prática da educação a distância. A ABED organiza
periodicamente o Congresso Internacional ABED de Educação a Distância (CIAED), evento
considerado como o mais importante que ocorre no Brasil nesta área e cuja 20ª edição se realizou de
6 a 9 de outubro de 2014 em Curitiba, Paraná. O próximo encontro, o 21° CIAED, com o tema "Se eu
fosse Ministro da Educação, eu faria o seguinte a propósito da EAD...", abre espaço para que
investigadores, educadores e dirigentes organizacionais possam apresentar trabalhos científicos
baseados em investigação científica; apresentar novas experiências inovadoras; participar de mesasredondas com especialistas do Brasil e de outros países; realizar palestras; inserir-se em grupos de
trabalho de diferentes linhas de atuação; e estabelecer contatos profissionais. Será realizado de 25 a
29 de outubro de 2015 em Bento Gonçalves (RS). 97
94
Link: http://www.ifsuldeminas.edu.br/index.php/pt/noticias/3805-congresso-abt
Link: http://www.abradi.com.br/
96 Link: http://hiper2015slz.wix.com/hipertextonacional
97 Link: http://www.abed.org.br/congresso2015/545.html
95
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Para a definição do modelo de Internacionalização, com a identificação das áreas de negócio e formas
de operacionalização do processo de intervenção a nível internacional, devem ser trabalhadas as
seguintes variáveis:
 Definição dos cenários estratégicos para efeitos da implementação de uma estratégia de
internacionalização a ser implementada para os mercados selecionados;
 Definição das opções estratégicas a serem adotadas para cada mercado;
 Definição do modelo de processo de internacionalização a ser implementado
No caso do mercado brasileiro e em relação a possíveis estruturas locais de apoio ao negócio:
 Para os investidores estrangeiros, a forma mais comum de fazer negócios é através de uma
subsidiária ou sociedade de responsabilidade limitada.
 As filiais são difíceis de constituir e dependem de aprovação por decreto presidencial. É mais
simples quer em termos de burocracia, quer na obtenção das necessárias aprovações, criar
uma empresa de responsabilidade limitada.
 Em geral, não há requisitos mínimos de capital, exceto no caso das instituições financeiras.
Embora a participação de uma entidade local não seja obrigatória, em geral é útil assegurar
essa participação.
Os investidores estrangeiros geralmente incorporam novas empresas ou adquirem empresas já
existentes. No entanto, a criação de novas empresas é relativamente simples e pouco exigente
financeiramente, levando normalmente cerca de um mês.
Em relação à localização da empresa, esta é normalmente determinada por fatores diretamente ligados
ao negócio: os regulamentos aplicáveis aos diversos aspetos da atividade, tais como taxas e incentivos,
podem variar de estado para estado. Existem programas federais específicos para apoiar o
investimento em regiões mais carenciadas, como sejam as regiões Norte e Nordeste. É também
aconselhável analisar a situação com as agências estaduais de apoio ao desenvolvimento.
No que diz respeito aos aspetos financeiros, são de realçar os seguintes pontos:




O investimento estrangeiro no Brasil é normalmente elegível para incentivos económicos. Quer
o governo federal, quer os estados oferecem incentivos ao investimento estrangeiro em
determinadas áreas subdesenvolvidas ou em áreas consideradas estratégicas;
Empresas controladas por capital estrangeiro podem utilizar o mercado bolsista para obter
capital através de ofertas públicas de aquisição ou outros mecanismos;
Diversos serviços de crédito financeiro estão disponíveis através dos bancos nacionais e
estrangeiros que operam no Brasil;
Existe a possibilidade de obter financiamento de longo prazo através de empresas de
investimento e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Estratégia de promoção e venda no exterior
6.4.5.4.1
Ações de Rede – Congressos e Conferências
Além de alguns exemplos já referidos de organizações patrocinadas por algumas associações
pertinentes, salienta-se ainda a seguinte:
Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE) - evento internacional que realizará a sua
quarta edição em Maceió, estado de Alagoas, de 26 a 30 de outubro de 2015. O IV Congresso Brasileiro
de Informática na Educação realiza-se conjuntamente com a X Conferência Latino-Americana de
Objetos e Tecnologias de Aprendizagem (LACLO) e congrega os primeiros eventos de Informática na
Educação do Brasil (XXVI Simpósio Brasileiro de Informática na Educação e o XXI Workshop de
Informática na Escola). O CBIE é voltado essencialmente para a discussão sobre a investigação e os
desafios sobre a Educação, tendo como premissa o uso das tecnologias digitais da informação e
comunicação no ensino com vistas à melhoria da qualidade educacional. 98
98 Link:
http://ic.ufal.br/evento/cbie_laclo2015/
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6.4.5.4.2
Feiras e Exposições
Existem diversas feiras no Brasil dedicadas ao tema da Educação, onde a tecnologia educativa tem um
papel e uma presença importante. Para 2015 estão já agendadas as seguintes feiras e exposições:
Bett Brasil Educar 2015 - de 20 a 23 de Maio em São Paulo, no São Paulo Expo Exhibition &
Convention Center. Trata-se do maior evento de educação da América Latina. O público-alvo são os
profissionais ligados à educação, diretores e coordenadores, representantes públicos e profissionais
de áreas afins, compradores e decisores dos mais altos níveis educacionais de instituições públicas e
privadas e interessados nas novidades e soluções educacionais. Os objetivos passam pela promoção
da tecnologia na educação, para instituições públicas e privadas (todos os níveis de graduação) e ainda
por desmistificar os desafios de incorporação da tecnologia na sala de aula e no currículo escolar,
elevando as instituições aos padrões internacionais de ensino.99
Interdidática 2015, Feira Internacional de Tecnologia Educativa, realiza-se de 15 a 17 de setembro de
2015 em São Paulo. A feira destina-se a profissionais ligados à educação nas suas diversas áreas e
funções entre gestores públicos federais, estaduais e municipais, professores, técnicos e diretores de
ensino com evidente presença e ligação à área de tecnologia educacional. Nesta feira estarão
presentes diversos segmentos de empresas: hardware, software, sistemas e soluções para o ensino
proporcionando aprendizagem sobre todo o tipo de soluções para a sala de aula inovadora.100
Educasul 2015 - será realizada entre os dias 10 e 11 de setembro de 2015, no Centrosul, em
Florianópolis, e irá reunir educadores de todo o Brasil. Está direcionada a gestores, especialistas em
assuntos educacionais, administradores escolares e coordenadores pedagógicos de instituições de
educação básica e ensino superior, académicos de cursos de licenciatura e demais profissionais da
educação. O evento promove a mostra de produtos e serviços para a educação para alunos e
educadores, iniciativas para uma educação sustentável, além de trabalhos académicos e fóruns sobre
as últimas tendências educativas e suas aplicações.101
Conferência de Tecnologias Móveis na Aprendizagem, realiza-se no dia 28 de abril de 2015 em
São Paulo. Trata-se de uma importante oportunidade para todos aqueles que desejam expandir os
conhecimentos que envolvem questões do universo digital, mas de uma forma prática para tratar de
Tecnologia Educacional.102
Riscos de Internacionalização
O processo de internacionalização para este mercado brasileiro apresenta alguns riscos:



Risco cambial: o risco cambial é importante quando se pondera uma decisão de investimento no
estrangeiro. A possível desvalorização da moeda do país de destino penaliza o valor a receber em
Euros quando a empresa fizer a repatriação dos lucros. Este é um risco relevante para
investimentos no Brasil, tendo em consideração a evolução da sua moeda nos últimos anos;
Adequação do produto/serviço — a adequação do serviço ao mercado é fundamental. No limite,
no caso dos serviços de outsourcing para produtos locais de Educação/eLearning, cada cliente terá
o seu serviço devidamente personalizado, mas na entrada mais direta no mercado com produtos e
serviços próprios é fundamental ter uma noção da reação do mercado ao produto e do alinhamento
com os consumidor local;
Enquadramento regulatório e normativo — o Brasil, como qualquer país, apresenta
particularidades legislativas, que, numa primeira fase, poderão escapar a um estrangeiro. Assim, é
importante garantir que desde o início existem parceiros locais que identifiquem todos os aspectos
regulamentares aplicáveis aos negócios em causa: laborais, fiscais, comerciais, ambientais, etc.
99
Site: www.bettbrasileducar.com.br/
Site: interdidatica.com.br/interdidatica/
101 Site: www.capacitareventos.com.br/eventos/educasul-2015/
102 Site: interdidatica.com.br/interdidatica/conferencia-de-tecnologias-moveis-na-aprendizagem/
100
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7 Conclusão
Com este relatório conclui-se o projeto de análise dos mercados potenciais para uma estratégia de
internacionalização das empresas da Inova-Ria em tecnologias TICE. Nele se inclui todo o conjunto de
informação em relação aos cinco mercados setoriais que resultaram da aplicação da metodologia
acordada, tendo em conta a opinião da equipa da Inova-Ria. A partir dessa informação de base,
elaborou-se uma estratégia de internacionalização adequada aos condicionalismos da Inova-Ria e às
características dos mercados estudados.
Neste trabalho foi feita uma análise aprofundada de acordo com a metodologia estabelecida e
sumariamente descrita neste relatório. Foram feitos estudos aprofundados dos fatores de contexto dos
diversos submercados (fatores STEP). Da mesma forma, foi analisado o contexto transacional da
Inova-Ria na sua potencial entrada nesses mercados setoriais, utilizando os fatores da metodologia de
Porter. Após estas análises de contexto e com uma perspetiva de conjunto das empresas da InovaRia, analisou-se a componente externa de uma típica análise SWOT, incluindo um estudo com o
detalhe possível das oportunidades que potencialmente podem ser valorizadas e aproveitadas pelas
empresas Inova-Ria e a capacidade de ultrapassar as ameaças que se constituem numa potencial
abordagem a esses submercados.
Na componente quantitativa da metodologia, foi feita uma avaliação transversal dos diversos fatores,
procurando-se não só uma quantificação da atratividade de cada um deles para a estratégia de
internacionalização das empresas Inova-Ria, ajustando a pontuação perante o que seria uma situação
ótima de atratividade de cada fator. No seguimento das quantificações efetuadas, constatou-se a
dificuldade deste processo de internacionalização. Qualquer dos submercados apresenta problemas e
isso é visível na pontuação obtida, algo modesta, refletindo o quão difícil será potencializar ao máximo
as oportunidades apresentadas para cada um dos submercados.
Em função de todo o trabalho realizado no âmbito do estudo, das conclusões apresentadas nos dois
relatórios preliminares e na sequência do diálogo ocorrido com a Inova-Ria foram escolhidas cinco
combinações entre os mercados geográficos propostos e os setores TICE pertinentes.
Os mercados assumidos como de maior potencial foram os submercados do Norte da Europa (Smart
Cities e Economia do Mar), as oportunidades de Outsourcing nos mercados mais desenvolvidos: EUA
e Norte da Europa, e, finalmente, a Educação/eLearning no Brasil.
A estratégia genérica de internacionalização apontada neste estudo para os mercados selecionados
teve em conta, por exemplo, no que toca ao outsourcing, o facto de que a experiência existente foi
condicionada ao funcionamento no mercado português, podendo este facto colocar problemas na
transferência para mercados mais exigentes e habituados a metodologias de funcionamento
diferentes, com exigências em termos de organização e planeamento.
Quanto à experiência em aplicações para a educação e eLearning, ela é significativa na Inova-Ria,
mas o mercado Brasileiro assume uma exigência de competitividade quer em relação aos grandes
players mundiais do setor, quer à concorrência local, que é bastante forte. Assim, as linhas
estratégicas transversais propostas apontam para a adoção de estratégias indiretas, aproveitando
parcerias e players já instalados, em detrimento de estratégias diretas, nas quais poderiam ser
incluídas a exportação direta ou aquisição/fusão com atores locais, soluções que parecem ser de mais
difícil implementação numa primeira fase. Assim, e num quadro de estratégias indiretas, a primeira
atividade a desenvolver é a de angariar conhecimentos e entrar indiretamente nos mercados usando
mecanismos de outsourcing e parcerias em que as empresas da Inova-Ria fornecem indiretamente os
mercados trabalhando para players já instalados quer através da colaboração em subpartes de
produtos ou serviços, quer fornecendo produtos que são depois comercializados por esses players.
Outra possibilidade passa pela participação em projetos de desenvolvimento comuns enquadrados
em programas de financiamento, tal como o H2020 ou o Portugal 2020, colaborando com entidades
já instaladas no mercado ou com empresas portuguesas que tenham, por via de outras áreas de
negócio, acesso direto a esses mercados geográficos. As estratégias diretas, tais como as descritas
acima, ficariam reservadas para fases posteriores do processo.
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Para desenvolvimento e implementação das estratégias indiretas descritas acima seria implementado
um plano com quatro fases ou processos:
 Networking – prospeção de parceiros, estabelecimento de contactos e preparação das ações
colaborativas;

Planeamento – elaboração e opção pelas alternativas estratégicas possíveis;

Implementação – escolha de parceiros e definição de ações concretas a empreender;

Balanço e aprendizagem – partilha da experiência, dos sucessos e insucessos, das
empresas da Inova-Ria, beneficiando o seu conjunto e construindo sinergias.
Como base de apoio a este processo, a Inova-Ria assumiria um papel de suporte preponderante na
preparação logística das ações, na elaboração de propostas de contratualização e suporte, na gestão
e controlo dos projetos, nos processos de formação e aprendizagem, aliviando as estruturas das
empresas suas associadas, proporcionando sinergias transversais e genericamente aumentando a
competitividade geral do grupo.
As especificidades de cada um dos submercados merecem ainda os seguintes comentários. Para o
Norte da Europa - Smart Cities, o estudo encontrou um conjunto alargado de cidades já abertas a
iniciativas nesta área e prontas para receber ideias de desenvolvimento. O potencial para os novos
entrantes da Inova-Ria deverá focar-se na inovação, na ideia diferente, útil e na colaboração com estas
entidades, sendo que a participação em iniciativas do H2020 é uma excelente via de entrada, a par da
presença em eventos internacionais de obtenção de conhecimento e colaboração. No caso do
Outsourcing nos EUA e Norte da Europa, as oportunidades parecem concentrar-se preferencialmente
no subsetor do Information Technology Outsourcing (aplicações, centros de dados, testes, assistência
técnica, etc.), sendo que a localização física em relação ao mercado geográfico também é
condicionante. Em relação à concorrência, ela é significativa quer no arco do sul da Ásia, quer até no
leste europeu e Irlanda, havendo mesmo países preocupados em organizar as empresas à escala
nacional no ataque a estas oportunidades (e.g. Malásia). A exigência de excelência é grande, sendo
necessário garantir o cumprimento de requisitos e prazos, tornando-se crítico demonstrar, à partida, a
existência e adoção de processos de trabalho que deem credibilidade e confiança a potenciais
clientes. O preço só é vantagem competitiva se cumpridos os aspetos referidos. Para a economia do
mar no Norte da Europa localizou-se o maior potencial para as empresas Inova-Ria nos seguintes
temas: comunicações costeiras, rastreio de carga, radares, sistemas autónomos, vigilância ambiental,
desastres naturais, normas de segurança, gestão de embarcações e gestão dos recursos marinhos.
A concorrência aparece em duas frentes: as empresas especializadas nos diversos setores, muitas
delas sediadas na região escolhida, e os grandes players globais das TICE, que também cobrem e
têm divisões relacionadas com o Mar. Neste segmento, o cumprimento de regulamentos e o
funcionamento em condições ambientais particularmente hostis são talvez os desafios mais críticos.
Finalmente, para o mercado da Educação/eLearning no Brasil salienta-se que a internacionalização
pode passar por produtos para a sala de aula, plataformas de ensino, equipamentos escolares e
sistemas de informação para a escola, bem como para a formação e qualificação de professores e
gestores de escolas na utilização das TICE. As exigências à entrada neste mercado são difíceis, pois
o país está ainda mal posicionado em termos de transparência, e a regulação e prática do mercado é
ainda protecionista em relação às empresas locais. A disponibilidade de players locais é aqui
fundamental, a par da interiorização da cultura brasileira e dos aspetos particulares da língua.
A Figura 39 apresenta uma perspetiva final para uma avaliação global dos submercados estudados,
posicionados em relação ao seu potencial e à capacidade das empresas da Inova-Ria para atuar neles.
O potencial de negócios resulta de uma avaliação das oportunidades em confronto com as ameaças
e a concorrência. A capacidade de realização, por sua vez, dá uma indicação da soma das
competências técnicas, capacidade de gestão e força comercial para levar os produtos e serviços até
aos mercados. Desta avaliação, conclui-se que o mercado com maiores perspetivas de sucesso é o
das Smart Cities no Norte da Europa, para o qual é necessário concretizar um pouco melhor a
capacidade de realização das empresas da Inova-Ria. A experiência de Outsourcing nas empresas
da Inova-Ria e os produtos e serviços existentes para o setor da educação/eLearning apresentam uma
boa capacidade de realização, mas as necessidades de mudança associadas a processos, os níveis
de excelência no caso do Outsourcing e a séria concorrência na educação/e-Learning do Brasil
reduzem um pouco o potencial de negócio. A situação agrava-se no caso do Outsourcing para os
EUA, onde parece ser mais difícil de aproveitar a experiência existente de Outsourcing, a que acresce
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o forte nível da concorrência já instalada no mercado. No caso da Economia do Mar, juntam-se dois
aspetos menos consistentes: a pouca experiência existente em produtos para o Mar e a concorrência
local já instalada e a trabalhar no mercado geográfico alvo.
Figura 39 – Avaliação dos cinco mercados estudados no quadro de capacidade de realização
VS potencial de negócio.
Terminado este projeto, a conclusão final é a de que existe potencial de internacionalização nos
mercados analisados, mas o caminho é longo e tem de ser percorrido sem eliminação de etapas,
consolidando bem as fases iniciais do processo de construção de credibilidade e aumentando
gradualmente a confiança das empresas Inova-Ria nesses mercados, através da apresentação de
trabalho competente, com conhecimento tecnológico e de excelência no cumprimento escrupuloso de
compromissos assumidos.
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8 Referências bibliográficas gerais
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AGROGES, “Plano estratégico para a internacionalização do sector dos vinhos em Portugal”,
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Centro Tecnológico do Calçado, “Internacionalização, Guia do Empresário”, s/d
Coelho, P. (2014), “A emergência do E-learning: Uma análise sobre as plataformas de educação online
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DG Internal Policies (2015), “Ocean research in H2020: the Blue Growth Potential”
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ECORYS (2014), , “Study on Blue Growth and Maritime Policy within the EU North Sea Region and the
English Channel”, DG Maritime Affairs and Fisheries”
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Gartner, “Emerging Market Analysis Brazil”
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Portugal e Silicon Valley”, TICE.PT, s/d
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industries to 2030”
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SmartCitiesCouncil (2014), “Smart cities Readiness guide”
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(Ecorys)
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brasileira do ramo de integração de sistemas de tecnologia da informação e comunicação”, São Paulo
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e Alemanha - Caderno Suplementar 4 - Mercados em análise: EUA”, AICEP,
U.S. INTERNATIONAL TRADE IN GOODS AND SERVICES, U.S. Bureau of Economic Analysis, July
2014
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White House (2010), “Final Recommendations of the Interagency Ocean Policy - Task Force”
World Trade Organization – Trade Policy Review
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Anexo 1 – Mercados setoriais estudados na primeira fase do
projeto
Mercado geográfico: Norte da Europa, incluindo Alemanha, Dinamarca,
Finlândia, Noruega e Suécia

NEU1 - Construção Civil/habitação - Produtos e serviços de apoio à construção civil e à
implementação de casas domotizadas: aplicações, sensores, equipamentos de controlo, etc.

NEU2 - Agricultura e ambiente – As TICE como elementos de controlo a partir de informações
meteorológicas, controlo de espécies e gestão de florestas e plantações, controlo e sensorização
ambiental, etc.

NEU3 - Saúde – Equipamentos e serviços de apoio a centros de saúde, hospitais com foco na
partilha de equipamentos sofisticados à distância, imagiologia e especialistas. Serviços de saúde
online, desenvolvimento de aplicações móveis (digital health).

NEU4 - Transportes – Equipamentos e serviços de suporte a caminho-de-ferro - equipamentos de
automatização, controlo e seguimento de composições bem como gestão de infraestruturas; etc.

NEU5 - Água – Equipamentos e serviços de apoio à fileira de produção e distribuição de água equipamentos de controlo e gestão, sensores, sistemas de informação, etc.

NEU6 - Governo eletrónico – Aplicações de suporte às iniciativas de desmaterialização dos
processos administrativos da administração pública, aos níveis central, regional e local.

NEU7 - Energias renováveis – Produtos e serviços no setor das energias renováveis e poupanças
de energia, controlo consumo, sensores, etc

NEU8 - Comunicações móveis – desenvolvimento de aplicações e conteúdos; mobile Money;
mobile health.

NEU9 - Smart cities – desenvolvimento de sensores para as áreas da energia e transportes;
desenvolvimento de aplicações para smart cities; Arquiteturas e soluções Big Data.

NEU10 - Economia Digital – soluções para serviços financeiros; mobile Money e mPayments;

NEU11 - Economia do mar – soluções para as indústrias associadas ao mar como a pesca,
omércio marítima ou gestão ambiental.
Mercado geográfico: Brasil

BR1 - Saúde – Equipamentos e serviços de apoio a centros de saúde, hospitais com foco na
partilha de equipamentos sofisticados à distância, imagiologia e especialistas. Serviços de saúde
online, desenvolvimento de aplicações móveis (digital health, mHealth).

BR2 - Educação e eLearning – Equipamentos e serviços de apoio nas escolas, tele-escola,
implementação de internet, e WI-Fi, etc. Desenvolvimento de conteúdos e de soluções
aplicacionais para formação técnica.

BR03 – Comunicações móveis – desenvolvimento de aplicações e conteúdos; mobile Money;
mobile health.

BR4 – Smart cities – desenvolvimento de sensores para as áreas da energia e transportes;
desenvolvimento de aplicações para smart cities; Arquiteturas e soluções Big data.

BR05 – Economia Digital – soluções para serviços financeiros; mobile Money e mPayments;
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Mercado geográfico: Países Africanos de Expressão Oficial Portuguesa
Mercado geográfico: Angola

AO1 – Petróleo - Produtos e serviços de apoio a toda a fileira da indústria petrolífera tais
controlo, sensores, gestão de equipamentos (hardware e software), sistemas de gestão e
logística, etc.

AO2 – Construção Civil/habitação - Produtos e serviços de apoio à construção civil e à
implementação de casas domotizadas: aplicações, sensores, equipamentos de controlo, etc.

AO3 - Agricultura e ambiente – As TICE como elementos de controlo a partir de informações
meteorológicas, controlo de espécies e gestão de florestas e plantações, controlo e sensorização
ambiental, etc.

AO4 - Saúde – Equipamentos e serviços de apoio a centros de saúde, hospitais com foco na
partilha de equipamentos sofisticados à distância, imagiologia e especialistas.

AO5 - Educação – Equipamentos e serviços de apoio nas escolas, telescola, implementação de
internet, e Wi-Fi, etc.

AO6 - Transportes – Equipamentos e serviços de suporte a caminho-de-ferro - equipamentos de
automatização, controlo e seguimento de composições bem como gestão de infraestruturas; etc.

AO7 – Água – Equipamentos e serviços de apoio à fileira de produção e distribuição de água equipamentos de controlo e gestão, sensores, sistemas de informação, etc.
Mercado geográfico: Cabo Verde

CV1 – IT Cluster - Explorar a driving force do Governo sobre o IT cluster – o que é, quais são os
objetivos, que meios existem – o que se pretende?

CV2 – Turismo – juntar os objetivos de eficácia e qualidade com o setor mais importante do
País, o turismo: sistemas eficácia em energia, comunicações, poupanças energéticas,
transportes ambientais e eficazes, etc. em hotéis, resorts, etc.

CV3 – Energias renováveis – produtos e serviços no setor das energias renováveis e
poupanças de energia, controlo, sensores, etc.

CV4 - - Educação – equipamentos e serviços para melhorar a oferta educativa e proporcionar
educação a todos.

CV5 – Indústria farmacêutica – Explorar e perceber o que fazer com esta aposta na indústria
farmacêutica – oportunidades para sistemas de informação e produtos eletrónicos.
Mercado geográfico: Guiné-Bissau
Tendo em conta a análise feita, os fatores de risco existentes e o tipo de produtos e serviços a
providenciar pelas empresas Inova-Ria, que exigem uma sociedade económica e socialmente em vias
de desenvolvimento, capaz de beneficiar da utilização em geral das tecnologias de informação e
comunicação, não nos parece que a Guiné-Bissau constitua um mercado-alvo a incluir no estudo nos
próximos anos.
Mercado geográfico: Moçambique

MZ1 – Grandes Empreendimentos/Investimentos – Aproveitando e antecipando os potenciais
de desenvolvimento de Moçambique, a proposta passa por definir e perceber quais os grandes
investimentos que se estão a preparar para Moçambique e tentar perceber se nesses
investimentos de grandes empresas existem oportunidades e trabalho para as TICE. Estamos a
pensar em empresas de turismo com a instalação de grandes resorts, com soluções para a
indústria hoteleira, empresas petrolíferas, na exploração do gás, empresas de mineração ou
transformação com as suas exigências de controlo e de energia, grandes construtoras civis ou
outros empreendimentos específicos.
Mercado geográfico: São Tomé e Príncipe

ST1 – Grandes Empreendimentos/Investimentos – Aproveitando e antecipando os potenciais
de desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, a proposta passa por definir e perceber quais os
grandes investimentos que se estão a preparar para São Tomé e Príncipe e tentar perceber se
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nesses investimentos de grandes empresas existem oportunidades e trabalho para as TICE.
Estamos a pensar em empresas de turismo com a instalação de grandes resorts, com soluções
para a indústria hoteleira, empresas petrolíferas, na exploração agrícola do cacau ou
transformação com as suas exigências de controlo e de energia, construtoras civis ou outros
empreendimentos específicos.
Mercado geográfico: Estados Unidos da América

EUA01 – IoT (Internet of Things) – desenvolvimento de soluções específicas para a IoT
(Internet das Coisas) incluindo sensores, arquiteturas, redes de comunicações, Big Data,
aplicáveis a cinco primeiros setores chave: wearables, indústria automóvel, ambientes
domésticos, Smart Cities e ambientes Industriais.

EUA02 - Saúde – Equipamentos, Soluções e Serviços de apoio a centros de saúde e hospitais
com foco na partilha de equipamentos sofisticados (e.g. imagiologia) e especialistas - à
distância,…). Serviços de saúde online, desenvolvimento de aplicações móveis (digital health,
mHealth).

EUA03 - Educação e eLearning – Equipamentos e serviços de apoio nas escolas, tele-escola,
implementação de internet, e Wi-Fi, etc. Desenvolvimento de conteúdos e de soluções
aplicacionais para formação técnica.

EUA04 – Comunicações móveis – desenvolvimento de aplicações e conteúdos (mobile
Money; mobile health,..) e soluções M2M.

EUA05 – Economia Digital – soluções para serviços financeiros; mobile Money e mPayments;
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Anexo 2 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com Smart
Cities
Evento
Local
Data (2015)
Smart Cities Expo Montreal
Montréal
25 a 27 de março
Monetising the Internet of Things 2015
Frankfurt
15 e 16 de abril
Traffex
Birmingham
21 a 23 de abril
Internet of Things Summit 2015
San Jose
28 e 29 de abril
M2M World Congress 2015
Londres
28 e 29 de abril
Smart to Future Cities
Londres
28 e 29 de abril
ThingsCon
Berlim
8 e 9 de maio
Internet of Things European Summit
Bruxelas
11 a 14 de maio
Internet of Things
São Francisco
12 a 15 de maio
International Conference on Smart Cities and Green ICT
Systems (SMARTGREENS)
Metropolitan Solutions
Lisboa
20 a 22 de maio
Berlim
20 a 22 de maio
The Connected Conference
Paris
28 a 30 de maio
Global Smart Home Summit
Xangai
28 e 29 de maio
TMForum Live
Nice
1 a 4 de junho
Smart City Event 2015
Amesterdão
2 a 5 de junho
Major Cities of Europe Conference
Hamburgo
8 a 10 de junho
IoT Expo
Dubai
9 e 10 de junho
M2M and IoT Strategies Summit
Barcelona
9 a 11 de junho
Intelligent Sensing Programme - Internet of Things
Londres
10 de junho
IoT Week Lisbon
Lisboa
15 a 18 de junho
Sierra Wireless Innovation Summit 2015
Paris
17 de junho
Connected Cars 15
Amesterdão
24 e 25 de junho
Innovative City
Nice
24 e 25 de junho
Entreprise Apps World
Londres
24 e 25 de junho
IoT Cloud World Forum 2015
Londres
25 e 26 de junho
Smart Cities Meed
Dubai
1 e 2 de setembro
Smart Cities Week
Washington
14 a 16 de setembro
i-Connect
Lyon
15 de setembro
IoT Solutions World Congress
Barcelona
16 a 18 de setembro
IoT Security
Boston
22 e 23 de setembro
Industry of Things World
Berlim
21 e 22 de setembro
Internet of Things World Europe 2015
Berlim
6 e 7 de outubro
IEEE First International Smart Cities Conference (ISC2)
Guadalara
25 a 28 de outubro
The 5th International Conference on the Internet of Things
(IoT2015)
IoT WORLD FORUM 2015
Seul
26 a 28 de outubro
Oxford
18 a 19 de novembro
Smart City Expo World Congress
Barcelona
17 a 19 de novembro
The Internet of Things World Forum 2015
Dubai
6 a 8 de dezembro
Gulf Traffic
Dubai
7 a 9 dezembro
IEEE 2nd World Forum on Internet of Things (WF-IoT)
Milão
14 a 16 de dezembro
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Anexo 3 – Contactos relacionados com a Economia do Mar no
Norte da Europa
Programas de financiamento e/ou Instituições de investigação
Internacional
World Ocean Circulation Experiment
Undersea Research Center (NATO)
MAST (Marine Science and Technology) programme, European Commission
International Council for the Exploration of the Sea
Intergovernmental Oceanographic Commission, UNESCO
European Geophysical Society
Scientific Committee on Oceanic Research
European Maritime Safety Agency
European Environment Agency
EU NAVFOR: EU counter-piracy military operation off the Somali coast
Regional Fisheries Management Organisations (RFMOs)
Conference of peripheral maritime regions (CPMR)
International Maritime Industries Forum (IMIF)
European science foundation – Marine Board
Conference of Atlantic Arc Cities
IMARES – marine ecology research institute
Deltares research institute
Scpinfonet: Research on the the green economy
Wastenet: The Waste and Resources Research Community Web Portal
Finlândia
Finnish Institute of Marine Research
Noruega
Institute of Marine Research
Norwegian Seafood Federation
The Norwegian Seafood Association
Norwegian Seafood Export Council
National Institute for Food and Seafood Research (NIFES)
The Fisheries and Aquaculture Research Fund
Nofima - research and development for the fisheries, aquaculture and food industries
Norwegian Fishermen’s Sales Organization
The Norwegian Fishermen’s Association
Suécia
Stockholm Marine Research Centre
SVID (The Swedish Industrial Design Foundation)
Instituições públicas e departamentos governamentais
Finlândia
Baltic Institute of Finland
Noruega
Ministry of Fisheries and Coastal Affairs
Norwegian College of Fisheries Science
Suécia
Start-Up Stockholm
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VINNOVA (Swedish Governmental Agency for Innovation Systems)
Verksamt.se (The Swedish Business Link to Government)
Organizações por bacia marítima
Mar Ártico:
The Northern Dimension
Arctic Council
Nordic cooperation (Norden)
Barents Euro-Arctic Council
Mar Báltico:
Baltic Development Forum
Baltic Sea Parliamentary Conference
Working group on maritime policy
Baltic Sea States sub-regional cooperation
Working group on maritime policy
Council of the Baltic Sea States
Experts group on Maritime Policy
VASAB
Maritime spatial planning
HELCOM-VASAB
Helsinki Commission (Helcom)
Mar do Norte
Alfred Wegener Institute for Polar and Marine Research (D)
Federal Institute for Waterway Engineering (D)
British Geological Survey (GB)
British Oceanographic Data Centre (GB)
Federal Nature Conservation Agency (D)
Federal Maritime and Hydrographic Office (D)
Centre for Environment, Fisheries & Aquaculture Science (GB)
Geological Survey of Denmark and Greenland (DK)
International Council for the Exploration of the Sea
Institute of Marine Research, University of Hamburg (D)
Institutes for Fishery and Fishery Ecology / Federal Research Centre for Fisheries (D)
Institute for Sea Fisheries / Federal Research Centre for Fisheries (D)
National Institute for Coastal and Marine Management (NL)
School of Biological Sciences, University of Wales, Swansea and Bangor (GB)
Netherlands Institute of Applied Geo-science TNO - National Geological (NL)
Federal Environmental Agency (D)
North Directorate for Water and Navigation North Region (D)
Northwest Directorate for Water and Navigation North West Region (D)
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Setor privado
A seguir listamos algumas das empresas especializadas marítimas que servem o mercado marítimo e
offshore na Europa. Estas empresas operam um ou vários dos segmentos do vasto mercado marítimo.
Empresas altamente especializadas no mercado marítimo:
Sistemas elétricos/eletrónicos e equipamento náutico, e.g.:
Consilium, Suécia;
Interschalt, Alemanha;
Kelvin Hughes, UK;
Martek Marine, UK;
Raytheon Anschütz, Alemanha;
SAM Electronics, Alemanha;
Transas, Rússia/UK.
Líderes mundiais que cobrem principalmente o segmento marítimo:
Aker Solutions, Noruega;
iXBlue, França;
Jeppesen Marine, Dinamarca;
Jotron, Noruega;
Kongsberg Maritime, Noruega;
Saipem, Itália;
Technip, França;
Empresas com forte envolvimento no mercado marítimo mas fornecendo para outros mercados:
Sistemas auxiliares, e.g.:
Autronica Fire & Security, Noruega;
Hamworthy, UK.
Satellite communication, e.g.:
Cobham SATCOM, UK;
EADS/Astrium, França;
Inmarsat, UK;
Telenor Satellite Broadcasting, Noruega.
Empresas industriais genéricas com baixas receitas no Mercado marítimo mas ainda
significativas a nível global, e.g.:
ABB e Liebherr, Suiça;
Alfa Laval, Suécia;
AkzoNobel, Holanda;
Bosch e Siemens, Alemanha;
GEA Westfalia Separator, Alemanha;
Schneider Electric, França;
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Anexo 4 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com a
Economia do Mar
Evento
ARCTIC SHIPPING NORTH
AMERICA CONFERENCE
Date
Out 2015
(?)
ASBA Annual Cargo
Conference
Bari-Ship Maritime
Exhibition
Breakbulk Europe
30 Set-02
Out 2015
21-23
Maio 2015
18-21
Maio 2015
Caribbean Shipping
Exhibition
China Ship Finance and
Strategy Forum
CONXEMAR
13-15 Oct
2015
19 Nov
2015
DANFISH
INTERNATIONAL
Digital Ship Singapore
Digital Ship Tokyo
East Med Marine Expo
ENERGY OCEAN
Eastern Canadian
Fisheries EXPO.
Europort
FISH CANADA /
WORKBOAT CANADA
05-07 Out
2015
07-09 Out
2015
13-14 Out
2015
02-03 Set
2015
07-08
Maio 2015
02-04
Junho
2015
06-07 Fev
2015
03-06 Nov
2015
22-23 Jan
2016
Gastech 2015
27-30 Oct
2015
Hafengeburtstag Hamburg
IAPH World Ports
Conference
08-10
Maio 2015
01-05
Junho
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Descrição
Evento líder no que respeita ao setor da navegação
no Ártico a realizar-se nos EUA, dedicado às
oportunidades comerciais e desafios estratégicos
nas operações no Ártico.
Periodicida
de
Anual
Local
?, Canadá
USA
Iniciada em 2009 é a única feira marítima que se
realiza no Japão Ocidental.
Trata-se da maior feira do mundo e de um forum de
formação dedicado ao transporte de carga geral
fracionada e à respetiva logística.
International Frozen Seafood Products Exhibition
Feira Internacional das Pescas
Conferência e feira dedicada às comunicações
marítimas
Conferência e feira dedicada às comunicações
marítimas
Trata-se da única feira desta dimensão especializada
em tecnologia marítima no Mediterrâneo Oriental.
Ela inclui equipamentos marítimos e da indústria de
navegação, equipamentos para estaleiros,
lubrificantes, combustíveis, etc.
Evento dedicado à promoção do desenvolvimento
de energia limpa e sustentável utilizando os oceanos
globais.
Oportunidade de encontrar pessoas dedicadas à
pesca em navio e na costa, equipamentos de pesca,
processamento de peixe, desenho e construção de
embarcações, etc.
Europort é um local de reunião para a construção
naval de estruturas complexas com objetivos
especiais.
Feira comercial da indústria da pesca.
Esta feira atrai mais de 20 mil presenças comerciais
e técnicas, cerca de 500 expositores, 250 executivos
nível C e 2 mil conferencistas.
Maior festival do mundo dedicado aos portos.
Esta conferência organizada pela Associação
Internacional dos Portos desenvolve abordagens
inovadoras e soluções orientadas para a
sustentabilidade do crescimento dos portos no
longo prazo.
Imbari, Japão
Antuérpia,
Bélgica
Anual
De 2 em 2
anos
Dominican
Republic
Shanghai,
China
Vigo, Espanha
Aalborg,
Dinamarca
Singapura
Tóquio, Japão
Limassol,
Chipre
Anual
De 2 em 2
anos
Portland, ME,
USA
Yarmouth,
NS, Canadá
Roterdão,
Holanda
De 2 em 2
anos
Moncton,
Canadá
Singapura
Anual
Hamburg,
Alemanha
Hamburgo,
Alemanha
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Evento
ICELANDIC FISHERIES
EXHIBITION
IISM (INTERNATIONAL
INDONESIA SEAFOOD &
MEAT)
INTERNATIONAL ALGAE
CONGRESS
ITECHMER LORIENT
Korea Ship Finance
Forum – 9th
Kormarine
London International
Shipping Week
Marine Money Ship
Finance Forum – 14th
Marine Money Asia
Week
Marine Money Week
New York
Marintec China
Date
Set 2017
(?)
15-17 Out
2015
01-03 Dez
2015
14-16 Out
2015
28 Oct
2015
20-23 Out
2015
07-11 Set
2015
22-23 Set
2015
22-23 Set
2015
16-18
Junho
2015
01-04 Dec
2015
Maritime Manpower
Singapore Conference
2015
Maritime Security 2015
West
16 Julho
2015
MAST (Maritime Systems
& Technology) EURASIA
MIDDLE EAST
WORKBOATS
Junho
2015 (?)
28-30 Set
2015
MARINE Maintenance
World Expo
29 Set – 01
Out 2015
Nor Shipping
02-05
Junho
2015
NORTH ATLANTIC
SEAFOOD FORUM
CONFERENCE
Ocean Business 2015
Ictech
RCT0015-2014
17-19 Ago
2015
Mar 2016
(?)
14-16 Abr
2015
Descrição
Evento internacional dedicado a toda a indústria das
pescas: apanha, localização, processamento,
embalagem e marketing do produto final.
Conferência e exposição sobre peixe e marisco
incluindo tecnologias da cadeia de frio
Congresso internacional dedicado às algas.
Feira dedicada ao equipamento, processamento e
serviços da indústria das pescas, construção e
manutenção naval.
Periodicida
de
De 2 em 2
anos
Kópavogur,
Islândia
Anual
Jakarta,
Indonésia
Anual
Lisboa,
Portugal
De 2 em 2
anos
Anual
Feira Internacional do Mar, Construção naval e
offshore.
Junta os líderes de todos os setores de navegação
em Londres.
Evento líder na Ásia dedicado ao financiamento do
negócio do Mar.
Local
Lorient,
França
Busan, Coreia
do Sul
Coreia do Sul
London, UK
Anual
Singapura
Singapura
Presença de mais de 1000 pessoas representando as
maiores companhias de navegação, fretadores,
fundos de capital privado, financiadores, etc.
A mais reconhecida feira comercial dedicada aos
mais recentes projetos de navios, engenharia de
offshore e tecnologia aplicada aos portos.
Plataforma para que a elite da indústria possa
discutir assuntos marítimos e uma oportunidade
para contactos com pessoas de todo o mundo.
Aborda as necessidades dos governos, aspetos legais
e infraestruturas críticas para a segurança das linhas
costeiras.
Conferência global e feira comercial dedicada à
segurança e defesa marítimas.
Feira e conferências sobre navios comerciais.
Feira internacional dedicada às tecnologias de
manutenção naval, serviços, sistemas e manutenção
de plataformas offshore.
Trata-se de uma feira de alta qualidade, com
conferências importantes proporcionando uma
excelente oportunidade de estabelecimento de
contactos na indústria marítima internacional.
Feira comercial dedicada ao marisco.
Ocean Business inclui uma feira internacional de
tecnologia dos oceanos. Em paralelo realizam-se
demonstrações e sessões de formação. Inclui ainda a
Offshore Survey, uma conferência técnica e o Ocean
Careers, uma sessão interativa dedicada ao
recrutamento no setor.
Nova Iorque,
EUA
Shanghai,
China
Singapore
Califórnia,
USA
Anual
De 2 em 2
anos
Anual
De 2 em 2
anos.
Anual
De 2 em 2
anos
?, Europa
Abu Dhabi,
UAE
Antuérpia,
Bélgica
Oslo, Noruega
?, Noruega
Southampton,
UK
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Evento
OI - OCEANOLOGY
INTERNATIONAL
Date
15-17 Mar
2016
Pacific International
Maritime and Naval
Exposition
06-08 Out
2015
Philippines Marine,
Shipbuilding & Offshore
Exhibition 2015
POLAR FISH
17-19
Junho
2015
Sea Asia (Singapore
Maritime Week)
21-23 Abr
2015
TOC Americas
13-15 Oct
2015
TOC Asia
21-22 Abr
2015
TOC Europe
09-11
Junho
2015
TOC Middle East
08-09 Dec
2015
UDT EUROPE
03-05
Junho
2015
16-18
Junho
2015
Sea Work International
Out 2016
(?)
Sinaval - Eurofishing
21-23 Abr
2015
Unmanned Muitipurpose Vehicle Systems
UVS TECH
WCO - WORLD OCEAN
CONGRESS
Out 2015
(?)
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Out 2015
Descrição
Feira de oceanologia.
Calendarizada para coincidir com as celebrações
anuais da Royal Australian Navy, Pacific 2015,
apresentará os desenvolvimentos mais recentes no
domínio das tecnologias navais, submarinas e
comerciais marítimas.
Único evento dedicado à construção naval, realizado
nas Filipinas, reunindo um grande conjunto de
empresas.
Ponto de encontro dos produtores e fornecedores
do Atlântico Norte de equipamentos de pesca e
processamento.
Desde o seu lançamento em 2007, a Sea Asia
tornou-se uma plataforma para o negócio da
indústria, ponto de contacto e uma mostra de novos
produtos e serviços na região da Ásia Pacífico,
atraindo cerca de 14 mil participantes incluindo CEO,
presidentes, decisores e profissionais do mar.
A TOC Americas reúne todos os interessados na
cadeia de valor dos contentores como um elemento
vital na produtividade e logística operacional dos
portos e transportes marítimos.
A TOC Asia reúne todos os interessados na cadeia de
valor dos contentores como um elemento vital na
produtividade e logística operacional dos portos e
transportes marítimos.
Encontro europeu de todos os interessados na
cadeia de valor dos fornecedores de produtos e
serviços ligados aos contentores. Esta feira é
dedicada a todos os BCO (Beneficial Cargo Owner),
transportadores, 3PL (Third Party Logistics),
autoridades portuárias, terminais ou outros
fornecedores.
A TOC do Médio Oriente reúne todos os
interessados na cadeia de valor dos contentores
como um elemento vital na produtividade e logística
operacional dos portos e transportes marítimos.
Feira e conferência para tecnologias de defesa
submarina.
A maior feira internacional dedicada a navios
comerciais a nível Europeu realizada num contexto
portuário em Southampton há já 3 anos. Atrai mais
de 7 mil pessoas de mais de 50 países reunindo
compradores, vendedores, inovadores e
legisladores.
Feira internacional sobre construção naval, portos,
pescas e energia dos oceanos.
Forum e feira internacional dedicada a veículos
autónomos não tripulados multi-objetivo para
sistemas complexos de petróleo e energia.
Exposição e congresso mundial sobre os oceanos.
Periodicida
de
De 2 em 2
anos
Local
Londres, UK
Sydney,
Australia
Filipinas
De 2 em 2
anos
De 2 em 2
anos
Sisimiut,
Gronelândia,
Dinamarca
Singapura
Panamá
Anual
Singapura
Anual
Roterdão,
Holanda
Anual
Dubai
Anual
Roterdão,
Holanda
Anual
De 2 em 2
anos
Anual
Anual
Southampton,
UK
Bilbau,
Espanha
Moscovo,
Rússia
?, China
Ictech
RCT0015-2014
Evento
Date
SEAFOOD EXPO GLOBAL /
SEAFOOD PROCESSING
GLOBAL
SLOW FISH
21-23 Abr
2015
SEAWORK
16-18 Jun
2015
SEAFOOD BARCELONA
Ictech
RCT0015-2014
14-16
Maio 2015
21-23 Set
2015
Descrição
Exposição dedicada ao marisco e processamento de
marisco, juntando fornecedores e permitindo
descobrir tendências da indústria e tecnologias.
Exposição dedicada à sustentabilidade das pescas.
Conferência líder em actividades comerciais no setor
do mar.
Feira dedicada aos alimentos vindos do mar.
Periodicida
de
Anual
De 2 em 2
anos
Anual
Anual
Local
Bruxelas,
Bélgica
Génova, Itália
Southampton,
UK
Barcelona,
Espanha
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