Empowerment do cidadão em saúde

Transcrição

Empowerment do cidadão em saúde
U NIVERSIDADE N O VA
E SCOL A N ACIONAL
DE
DE
L I SBO A
S AÚDE P ÚBLIC A
Curso de Mestrado em Saúde Pública
Autora:
Ana Lúcia Caeiro Ramos
LISBOA
24 de Novembro de 2003
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
U NIVERSIDADE N O VA
E SCOL A N ACIONAL
DE
DE
L I SBO A
S AÚDE P ÚBLIC A
Curso de Mestrado em Saúde Pública
Dissertação de Mestrado
Título da Dissertação
EMPOWERMENT DO CIDADÃO, EM SAÚDE:
Qual o papel do profissional de saúde? Qual a percepção do cidadão?
Orientador:
Professor Doutor Constantino Sakellarides
Autora:
Ana Lúcia Caeiro Ramos
24 de Novembro de 2003
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
AGRADECIMENTOS
Para a realização deste trabalho contei com a colaboração de várias pessoas
que, com o seu carinho, compreensão e muita paciência tornaram possível
este sonho.
Gostaria, então, de agradecer ao Professor Constantino Sakellarides por todo o
seu apoio e por me ter proporcionado uma viagem ao mundo do saber e do
conhecimento infindáveis, em cada conversa que tive o prazer de ter.
À Dr. Cecília Silva, um muito obrigada pela sua disponibilidade e simpatia.
A todos os intervenientes do estudo (profissionais de saúde e utentes), eu
agradeço a sua participação e prometo, desde já, continuar a ser curiosa em
relação ao tema deste estudo.
Por fim, à minha família que, tal como eu esperava, me ajudou
incondicionalmente em tudo, revelando-se mais uma vez como única e
inimitável.
A todos, um muito obrigado.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ÍNDICE GERAL
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ÍNDICE
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE ESQUEMAS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
LISTA DE ABREVIATURAS
RESUMO
ESTRUTURA DO TRABALHO
PARTE I – INTRODUÇÃO:
DEFINIÇÃO E ENQUADRAMENTO DA PROBLEMÁTICA DA
INVESTIGAÇÃO
1. DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
1.1. Definição do problema
2. CONCEPTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
2.1. A Participação dos Cidadãos nos Sistemas de Saúde
2.1.2. Direitos e Deveres dos Doentes
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
21
21
24
24
27
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
2.2. “Empowerment”: conceptualização
30
2.2.1. O “empowerment” do Cidadão em Saúde
32
2.2.2. Atitude Empoderadora num profissional de saúde 36
2.3. Relação utente-profissional de saúde
38
2.3.1. O papel de outros intervenientes
43
2.4. Interesses dos Utentes
45
2.4.1. Satisfação dos Pais
47
3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
49
4. O HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO DO OUTÃO
53
PARTE II – METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO
1. PROPÓSITO E OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO
1.1.
Propósito e problemática da investigação: formulação de
objectivos
58
2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO
61
3. OPÇÕES FUNDAMENTAIS DA INVESTIGAÇÃO
62
3.1. Desenho do estudo: Metodologia adoptada
62
3.2. População
63
3.3. Amostra: estratégia de amostragem e tamanho
64
3.4. Instrumentos de Medição
66
3.4.1. Questionário: estrutura e aplicação
67
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
3.4.2. Validade e Precisão
72
3.5. Definição de variáveis
74
80
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Grupo I – Grupo dos Profissionais de Saúde
81
4.1.1. Caracterização da população
82
4.1.2. Análise descritiva sumária das respostas
83
4.1.3. Análise e discussão dos resultados
88
4.1.4. Análise de conteúdo
99
4.2. Grupo II – Grupo dos Utentes
4.2.1.
Caracterização
104
da
amostra
104
4.2.2.
Análise
e
discussão
dos
resultados
108
4.2.3. Análise de conteúdo
116
PARTE III – CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO
119
2.
120
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS DA INVESTIGAÇÃO
3. REFLEXÃO FINAL
121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
124
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ANEXOS
I – QUESTIONÁRIO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
II – QUESTIONÁRIO DOS UTENTES
III – CONSISTÊNCIA INTERNA DOS ITENS DO QUESTIONÁRIO DO GRUPO I
IV – MATRIZ DE CORRELAÇÕES E NÍVEIS DE SIGNIFICÂNCIA DO GRUPO I
V – DIAPOSITIVOS DE APRESENTAÇÃO
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Modelo de “Empowerment” para a Enfermagem (GIBSON, 1991)
Quadro 2 – Atitude Empoderadora num Profissional de Saúde
Quadro 3 – Objectivos de estudo por grupo de inquiridos
Quadro 4 – Variáveis e perguntas de investigação no grupo 1
Quadro 5 – Variáveis e perguntas de investigação no grupo 2
Quadro 6 – Frequências de respostas ao questionário entregue aos
Profissionais de Saúde
Quadro 7 – Grupos de questões do questionário dos Profissionais de Saúde
Quadro 8 – Estatística descritiva do grau empoderador dos Profissionais de
Saúde
Quadro 9 – Distribuição das frequências de acordo com as habilitações
literárias dos utentes
Quadro 10 – Distribuição das frequências de acordo com o local onde as
crianças passam a maior parte do seu dia
Quadro 11 – Distribuição das frequências de acordo com a auto-avaliação da
saúde da criança
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Quadro 12 – Factores do Questionário entregue aos Utentes
Quadro 13 – Médias dos valores de empoderamento consoante as habilitações
literárias
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ÍNDICE DE ESQUEMAS
Esquema 1 – Factores implícitos num processo de tomada de decisão
Esquema 2 – Dimensões do “Empowerment”
Esquema 3 - Definição de “Empowerment” segundo os profissionais inquiridos
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Histograma do grau empoderador dos Profissionais de Saúde
Gráfico 2 - Atitude empoderadora e género dos profissionais
Gráfico 3 – Atitude empoderadora e grupos profissionais
Gráfico 4 – Relação entre o grau de empoderamento e a idade dos inquiridos
Gráfico 5 – Relação entre o grau de empoderamento e o local onde a criança
passa a maior parte do seu dia
Gráfico 6 – Resultados aplicando a Escala de Degner aos inquiridos
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
LISTA DE ABREVIATURAS
CRES – Conselho de Reflexão para a Saúde
OMS/ WHO – Organização Mundial de Saúde
R – coeficiente de correlação
p – nível de significância
SNS – Serviço Nacional de Saúde
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
RESUMO
Descrição do Problema
O problema que pretendemos estudar está relacionado com o empoderamento
do cidadão, em saúde. Esperamos através deste estudo analisar, nos serviços
que prestam cuidados a crianças no Hospital Ortopédico Sant´Iago do Outão, o
factor empoderamento, em duas vertentes: na vertente dos profissionais de
saúde (até que ponto é que os profissionais de saúde têm uma atitude
empoderadora e qual o seu papel no que respeita a esta temática) e sob o
ponto de vista dos utentes (será que os utentes têm interesse em se
envolverem no seu próprio plano de saúde, qual a atitude adoptada pelos
utentes, no que respeita ao empoderamento?).
Objectivos/ Questões de Investigação
Neste trabalho podemos, então, realçar dois objectivos principais:
avaliar o papel do profissional de saúde no “empowerment” do cidadão, em
saúde;
avaliar a percepção que os cidadãos têm acerca do “empowerment” em
saúde,
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
para assim contribuir para a operacionalização do conceito de “empowerment”
do cidadão, em saúde.
Desenho
O instrumento de colheita de dados que elegemos consistiu na utilização de
dois questionários: um para os utentes e outro, diferente, para os profissionais
de saúde.
Estes questionários resultaram da adaptação de questionários já existentes,
testados e validados, presentes em dois estudos que tivemos a oportunidade
de conhecer através da pesquisa bibliográfica: “Observational study of effect of
patient centredness and positive approach on outcomes of general practice
consultations” (LITTLE et al, 2001) e “Validation of a desire for information
scale” (DUGGAN et al, 2002).
Para a elaboração dos questionários contámos, ainda, com o apoio de dois
artigos que desenvolveram o uso de duas escalas (escala OPTION e escala de
Degner): “Shared decision making: developing the OPTION scale for measuring
patient involvement” (ELWYN et al, 2003) e “Variability in patient preferences
for participating in medical decision making: implication for the use of decision
support tools” (ROBINSON e THOMSON, 2001).
Participantes
Neste estudo participaram dois grupos distintos:
o
grupo
de
profissionais
de
saúde:
enfermeiros,
médicos
e
fisioterapeutas a desempenhar funções no Hospital Ortopédico Sant´Iago
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
do Outão, em serviços de Ortopedia Infantil (Consulta Externa, Medicina
Física e de Reabilitação e Internamento de Ortopedia Infantil);
o grupo de utentes constituído pelos acompanhantes de crianças (idade
inferior a 15 anos) internadas no serviço de ortopedia infantil, durante o
tempo do estudo.
Resultados e Conclusões
De acordo com os resultados do estudo, os itens incluídos nos questionários
apresentaram adequados índices de consistência interna ( = 0,8142, para os
profissionais de saúde e = 0,7989, para os utentes).
No que respeita aos profissionais de saúde, verificamos que estes apresentam
uma atitude empoderadora alta (média = 57,8), já que o valor máximo possível
de obter era de 69.
Ao relacionarmos a relação pessoal com o positivismo e clareza, obtivemos
uma correlação positiva (R = 0,546) e significativa (p = 0,05), o que evidencia o
facto de que existindo um diálogo claro e sem obstáculos, a relação entre
utentes e profissionais de saúde é melhorada.
A correlação entre a comunicação e a relação pessoal é, também, positiva e
significativa (R= 0,402 e p= 0,0479), indicando que quando uma aumenta,
também a outra aumenta, isto é, uma boa comunicação leva à melhoria da
relação pessoal entre utentes e profissionais de saúde, o que se traduz no
terreno apropriado para se constituir uma conversa empoderadora, entre dois
indivíduos empoderados.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
No que respeita aos resultados obtidos com os questionários entregues aos
utentes, quando correlacionámos as variáveis grau de empoderamento com as
habilitações literárias dos inquiridos, resultou um coeficiente de correlação de
0,408, associado a um nível de significância de 0,025 (menor que alfa, para
alfa = 0,05), portanto, estatisticamente significativo. Assim, tal como se
encontra descrito na teoria, verificámos que utentes com mais habilitações
literárias apresentam maior grau de empoderamento.
Ao correlacionarmos o grau de empoderamento dos utentes com o local onde
as crianças passam a maior parte do seu dia, verificamos que existe uma
correlação negativa significativa (R= -0,455, p=0,012), ou seja, o grau de
empoderamento é maior quando o local onde as crianças passam a maior
parte do seu dia é a casa.
Quando realizámos a análise da correlação entre o grau de empoderamento
dos utentes e a atitude empoderadora dos profissionais, verificamos que nos é
fornecido um valor de correlação de 0,640, tendo associado um valor de
significância menor que alfa, estatisticamente significativo (p=0,000), o que nos
diz que o aumento de uma variável pressupõe o aumento da outra, o que é
bastante importante. De facto, com estes resultados não restam dúvidas de
que
profissionais
de
saúde
empoderadores
proporcionam
utentes
empoderados, o que é um resultado felizmente esperado e confirmado.
O que este estudo acrescenta
Com este estudo, foi-nos possível confirmar alguns factos já investigados,
como o facto de profissionais de saúde do género feminino adoptarem uma
atitude mais empoderadora em relação aos seus colegas do género masculino,
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
além de ter sido possível, igualmente, constatar a existência de correlação
positiva e significativa entre as habilitações literárias dos utentes e o seu grau
de empoderamento.
Porém, com este estudo evidenciaram-se outros aspectos que deverão ser
sujeitos a novas investigações. Destes aspectos, salientamos o facto das
diferenças existentes entre os grupos profissionais e a atitude empoderadora,
bem como a influência do facto dos pais passarem menos tempo com as
crianças e a sua relação com o empoderamento.
Gostaríamos, ainda, de sublinhar a maior surpresa que este estudo nos
proporcionou. De facto, foi com enorme prazer que constatámos que
profissionais de saúde não são sinónimo de fraca atitude empoderadora. Com
este estudo, conseguimos provar que é real a existência de profissionais de
saúde empoderadores, apesar de algumas resistências, e que essa atitude
empoderadora promove cidadãos empoderados.
Palavras-chave
“empowerment”; participação; democracia participativa; envolvimento; cidadão;
desejo
de
informação;
preferência
dos
utentes;
escolha
informada;
comunicação em saúde.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho encontra-se, fundamentalmente, dividido em três partes.
Na primeira parte fazemos uma introdução à temática, bem como definimos o
problema, contextualizando-o.
A segunda parte deste trabalho baseia-se na metodologia da investigação.
Nesta segunda parte podemos encontrar a escolha metodológica e sua
justificação, assim como apresentamos os resultados obtidos e realizamos a
sua análise.
Por fim, com a terceira parte pretendemos descrever algumas considerações
finais acerca da temática que abordámos neste trabalho.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PARTE I
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO E ENQUADRAMENTO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
1. DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
1.1. Definição do Problema
O conceito de cidadania deve assentar na ideia-chave de “construção de
sentido para a vivência pessoal em sociedade que seja geradora de um
sentimento de pertença (que não se resuma apenas à identidade), de
participação e de emancipação humana (“empowerment”), tendo que se
expressar necessariamente numa acção quotidiana plena de reflexividade por
parte de cada pessoa, o que depende da consciência crítica e da construção
que cada um fizer de si mesmo, do mundo e da vida” (PATROCÍNIO, 2000).
Transformar o cidadão em protagonista da mudança política, promover o
diálogo entre o Estado e os cidadãos (governantes e governados), reforçando a
negociação social e devolvendo aos cidadãos as capacidades e talentos de
cada um, apelando à construção de um caminho comum são pilares
fundamentais na construção de uma democracia dialogante, que reconhece a
existência da pluralidade de pensamentos, opiniões, convicções e visões do
mundo, dando voz a todos os actores envolvidos, assumindo-os como
“presenças vivas no espaço comum da sociedade” (MOURA, 1997).
Assegurar a participação activa dos cidadãos (envolvendo escolhas e autoresponsabilização) consiste numa das funções dos profissionais de saúde, os
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
quais detêm um papel fundamental (mas não único) nesta temática, já que
necessitam de, juntamente com os serviços de saúde, assumir-se como
mediadores entre os dois pólos de negociação (cidadão e Estado), criando
contextos onde coexista a liberdade de discurso (elemento básico da
democracia) e um espaço onde os cidadãos se possam exprimir, sem reservas,
sentindo-se úteis e também eles responsáveis por tudo o que ocorre no seu
País.
Contudo, a realidade do Serviço Nacional de Saúde , tal como a descreve o
Conselho de Reflexão sobre a Saúde pode dificultar o alcance destes
objectivos: (...) está fechado sobre si mesmo, preocupado com os seus
problemas internos (...), raramente se estabelece um elo de ligação entre essas
preocupações e aquilo que as pessoas que procuram os serviços necessitam
de facto (...). O modelo de saúde do SNS regula-se muito mais em função dos
interesses profissionais dominantes do que em função dos seus clientes”
(CRES, 1998).
Num quadro onde aparentemente os “desinteressados” portugueses têm um
SNS que deles se “desinteressa”, duas alternativas parecem, segundo a
reflexão do CRES, colocar-se: a mercantilização da prestação de cuidados de
saúde e o alargamento da capacidade de escolha dos prestadores pelos
utentes, ou a capacitação do cidadão para influenciar directamente as
principais opções em matéria de saúde e para intervir sistematicamente na
forma como se operacionaliza a prestação de cuidados, criando uma
democracia processual e não meramente formal (CRES, 1998).
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Os cidadãos necessitam de se sentirem informados para que possam entrar
num processo de decisão e assim, informados, contribuírem para a obtenção
de um Sistema de Saúde com qualidade. Mas para que tal ocorra o próprio
Sistema e o Governo têm algumas missões, quer como prestador de
informação, quer como disseminador de informação.
É necessário, tal como o referiu SAKELLARIDES (1983) citado por
CARRONDO (1999), desenvolver um “processo de transformação cultural, em
que as decisões relativas aos problemas de todos deixem de ser tomadas por
poucos e se passe para uma situação em que, globalmente, cada um participa
naquilo que a todos diz respeito, sendo informado e estimulado a decidir de
forma autónoma naquilo que lhe é próprio”, sendo para isso necessários
instrumentos específicos que permitam evoluir do modelo tradicional de
decisão unilateral / vertical para um modelo participativo (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1999).
Tendo em conta tudo o que já foi até aqui referido, podemos afirmar que para
que a complexa construção da democracia dialogante e participativa possa
resistir às intempéries, são necessários alguns acabamentos que não se
revelam fáceis: a nível do sistema, para que se torne mais aberto e
transparente, mais conhecedor e próximo das necessidades dos cidadãos,
favorecendo uma maior interacção; da parte dos profissionais de saúde, cuja
responsabilidade na transmissão de conhecimento e parceria nas decisões se
revelam bastante importantes e, é claro, a nível dos cidadãos, que necessitam
de adoptar uma postura menos apática, mais interventiva e interessada naquilo
que a todos diz respeito.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Ser um parceiro nos cuidados de saúde implica partilha de poder,
envolvimento, influenciar, no que respeita a tomadas de decisão. Mas quantos
profissionais de saúde estão dispostos ou são capazes de partilhar o seu
conhecimento e habilidades, para deixar outra pessoa decidir o próximo passo?
Ser parceiro implica que a voz do outro é ouvida, mas será que esta voz tem
potencial para ser considerada?
2. CONCEPTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
2.1. A PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS NOS SISTEMAS DE SAÚDE
A inexistência de uma cultura de participação que se traduz na atitude apática
da comunidade, na maior parte das vezes, mais preocupada em sobreviver,
preferindo que as escolhas e as decisões sejam tomadas por outros, aliada à
resistência demonstrada pelos burocratas e profissionais (WHO, 1987 citado
por RODRIGUES, 1997) constituem talvez os mais sérios impedimentos à
participação da comunidade. Como corolário, esta fraca cultura de participação
reflecte-se na falta de empenhamento político e social na promoção da
participação da comunidade.
Este factor repercute-se, igualmente, na saúde de cada indivíduo, em que a
maioria não questiona nada, nem tão pouco assume-se como parte
responsável da sua própria saúde.
A participação e envolvimento dos cidadãos nos processos de decisão no
sector da saúde contribui para a obtenção de uma democracia mais
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
participativa e para tornar os profissionais de saúde e o próprio Estado mais
responsáveis perante os interesses dos cidadãos, tal como reforçou a OMS,
que em 1996, na Conferência de Ljubljana, recomenda que as reformas sejam
centradas nas pessoas e tenham em conta as suas necessidades e
expectativas, zelando para que a voz e escolha dos cidadãos influenciem
decisivamente o modo como os serviços de saúde são desenhados e operam.
Também a Declaração de Jacarta, em 1997 (OMS, 2002) refere que a
participação é essencial para dar apoio ao esforço, já que segundo o referido
nesta conferência, para ser eficaz é necessário que as pessoas estejam
envolvidas na acção de promoção da saúde e no processo de tomada de
decisão.
No texto final da conferência efectuada pela Comissão Independente
População e Qualidade de Vida, em 1999, afirmou-se que um processo de
mudança social deveria ocorrer, motivado pelo desejo das pessoas de
quererem fazer parte do processo e não serem apenas receptores passivos de
programas bem intencionados; um tal processo seria benéfico, pois quando as
pessoas são partes de, preocupam-se. Quando se preocupam, ocupam-se de,
agem, contribuindo para o bem-estar da sociedade (CRAVEIRO, 2000).
É também referido na literatura que fraca adesão ao tratamento encontra-se
associada ao aumento da morbilidade, mortalidade, e maiores custos de
saúde, além de pior qualidade de vida pelo que, também por este aspecto, se
torna importante e preponderante o incentivo à participação do cidadão.
Adaptando de FERRINHO (2002), existem uma série de factores que podem
influenciar uma tomada de decisão e, consequentemente, a participação.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
De acordo com o esquema 1, um processo de tomada de decisão consiste num
processo complexo, no qual intervém vários factores, entre os quais, as
expectativas
dos
utentes,
os
recursos
existentes
e
necessários,
os
conhecimentos pré-existentes e adquiridos. Se todo este complexo funcionar
de modo a suprimir alguns “vazios”, a tomada de decisão será feita de uma
forma partilhada e activa, combatendo assim o déficit democrático e
aumentando a satisfação e adesão ao tratamento.
Esquema 1: Factores implícitos num processo de tomada de decisão
Déficit democrático
Activismo/ Participação
Expectativas
Recursos
outros
Tomada de Decisão
Conhecimentos
outros
Utilização de serviços de saúde
Adesão, ou não ao tratamento
Satisfação
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
2.1.2. Direitos e Deveres dos Doentes
À medida que o sistema de saúde começa a informar melhor os cidadãos e a
tratá-los com respeito e dignidade, estes tomam mais depressa consciência
dos seus direitos e deveres face ao sistema (OPSS, 2001).
Assim, considerámos pertinente observar e analisar a Carta dos Direitos e
Deveres dos Doentes, documento este que consideramos importante, pois
revela interesse pelo utente e seu envolvimento no mundo da saúde.
Contudo, ao lermos esta carta, notámos que esta refere-se aos direitos e
deveres dos “doentes”, pelo que nos questionámos acerca da adequação desta
palavra “doente” ao contexto e intuito deste documento 1.
Os propósitos deste documento prendem-se com a reflexão e expressão das
aspirações das pessoas, bem como com a melhoria dos seus cuidados de
saúde e reconhecimento dos seus direitos como “doentes”. Assim sendo, o
documento procura encarar tanto a perspectiva dos profissionais de saúde,
como a dos “doentes”, o que implica uma complementaridade de direitos e de
responsabilidades: os “doentes” têm responsabilidades quer para consigo
próprios, e o seu tratamento, quer para com os profissionais de saúde, e ao
mesmo tempo os prestadores de cuidados de saúde gozam de igual protecção
dos seus direitos humanos, tal como as outras pessoas (OMS, 1994).
1
Tendo em conta o que nos diz o OPSS (2001), a variedade semântica existente (doente, utente, entre
outros) resulta, em parte, dos diferentes níveis de informação dos vários actores do sistema: a palavra
“doente” incorpora os conceitos de adesão e passividade, evidenciando a diferença de poderes entre os
cidadãos e os profissionais de saúde (o súbdito doente); por outro lado, na palavra “utente” encontra-se
implícito o exercício democrático, a cidadania. Consideramos, então, e tendo em conta esta clarificação
de conceitos que a palavra “doente”, numa carta que tem como principal objectivo o aumento da
informação e conhecimento por parte dos cidadãos, não é a mais adequada.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Reforçando o conteúdo da carta, a OMS (1994) refere que os “doentes” devem
estar conscientes das contribuições de ordem prática que eles próprios podem
dar para o óptimo funcionamento do sistema de saúde. A sua participação
activa nos processos de diagnóstico ou de terapêutica é frequentemente
desejável e por vezes indispensável. É sempre importante que os doentes
forneçam aos profissionais de saúde responsáveis todas as informações
requeridas para o seu diagnóstico e tratamento. O doente tem um papel
primordial, recíproco do profissional de saúde, ao assegurar que o diálogo
entre ambos é conduzido de boa fé.
De acordo com a Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes, o “conhecimento
dos direitos e deveres dos doentes, também extensivos a todos os utilizadores
do sistema de saúde, potencia a sua capacidade de intervenção activa na
melhoria progressiva dos cuidados e serviços. Evolui-se no sentido do doente
ser ouvido em todo o processo de reforma, em matéria de conteúdo dos
cuidados de saúde, qualidade dos serviços e encaminhamento das queixas”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).
O conteúdo desta carta vem reforçar algumas ideias que temos vindo a referir,
pois de acordo com esta, a carta representa um passo no caminho da
dignificação dos doentes, ”caminho que os doentes, os profissionais e a
comunidade devem percorrer lado a lado”, além de apresentar como objectivos
a consagração do cidadão, considerando-o como figura central do Sistema de
Saúde; o desenvolvimento de um bom relacionamento entre os “doentes” e os
prestadores de cuidados de saúde e, sobretudo, a estimulação de uma
participação mais activa por parte do “doente”.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Dos direitos referidos na carta, decidimos apenas salientar os seguintes:
o doente tem direito a ser informado acerca dos serviços de saúde existentes,
suas competências e níveis de cuidados;
o doente tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde;
o doente tem direito de acesso aos dados registados no seu processo clínico;
Todavia, não são só direitos que os “doentes” dispõem. A eles, estão também, implícitos
alguns deveres, que se revelam muito importantes, tais como:
o doente tem o dever de zelar pelo seu estado de saúde. Isto significa que deve
procurar garantir o mais completo restabelecimento e também participar na
promoção da própria saúde e da comunidade em que vive;
o doente tem o dever de fornecer aos profissionais de saúde todas as
informações necessárias para a obtenção de um correcto diagnóstico e adequado
tratamento;
o doente tem o dever de respeitar os direitos dos outros doentes;
o doente tem o dever de colaborar com os profissionais de saúde, respeitando as
indicações que lhe são recomendadas e, por si, livremente aceites;
o doente tem o dever de respeitar as regras de funcionamento dos serviços de
saúde;
o doente tem o dever de utilizar os serviços de saúde de forma apropriada e de
colaborar activamente na redução de gastos desnecessários.
2.2. “Empowerment”: conceptualização
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
O TERMO “EMPOWERMENT” NÃO É UMA PALAVRA FACILMENTE TRADUZIDA EM TODAS
AS LÍNGUAS, TAL COMO ACONTECE NA SUA TRANSFORMAÇÃO PARA A LÍNGUA
PORTUGUESA: EMPODERAMENTO. NO ENTANTO, EXISTEM ALGUNS TERMOS
RELACIONADOS COM O “EMPOWERMENT” QUE PODEM FACILITAR A SUA
COMPREENSÃO, COMO: PODER INTERIOR, CONTROLO, AUTO-CONFIANÇA, ESCOLHA
PRÓPRIA, INDEPENDÊNCIA, VIVER DE UMA FORMA DIGNA DE ACORDO COM OS SEUS
PRÓPRIOS VALORES, CAPACIDADE DE LUTAR PELOS SEUS DIREITOS.
Para a operacionalização do conceito de “empowerment” deveremos ter em
conta que o poder provém de diversas fontes sociais, económicas, culturais e
psicológicas e é considerado ilimitado, uma vez que é gerado incessantemente
nas interacções sociais (FILHO, 2002).
“Empowerment” refere-se, de uma forma geral, à expansão da liberdade de
escolha e de acção. “Empowerment” é a expansão das capacidades dos
indivíduos para participarem, negociarem, influenciarem, controlarem em tudo o
que diz respeito às suas vidas (WORLD BANK, 2002).
De acordo com a OMS (2001) “empowerment” é um processo contínuo, no qual
indivíduos e/ou comunidades adquirem e ganham confiança, auto-estima,
compreensão e poder necessários para articular os seus interesses, seguros
que essas acções são tomadas para as próprias pessoas se prepararem e,
mais largamente, ganharem controlo nas suas vidas. Segundo esta
organização, empoderar pessoas pode ajudá-las a compreender as suas
próprias situações e aumentar o controlo sobre os factores que afectam as
suas vidas.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
“Empowerment” ou empoderamento é fornecer a outros o poder para tomar
alguma
acção,
responsabilidades
o
que
pela
não
significa
eficácia
e
anarquismo
ou
abandono
das
resultados
(MANUFACTURING
MANAGEMENT, 2002). A MANUFACTURING MANAGEMENT (2002) refere,
ainda, alguns princípios do empoderamento: “o empoderamento serve como
um propósito, existe para atender aos objectivos do negócio; é um meio para
alcançar um fim, não um fim por si mesmo; o empoderamento ajuda os
empregados a ajudar a organização e a eles próprios”.
Em promoção da saúde, “empowerment” é referido como um processo através
do qual as pessoas obtém maior controlo sobre decisões e acções que afectam
a sua saúde.
“Empowerment” pode ser, ainda, definido como um processo social, cultural,
psicológico ou político através do qual os indivíduos e os grupos sociais estão
aptos para expressar as suas necessidades, expor as suas preocupações,
projectar estratégias para o envolvimento nas tomadas de decisão e executar
acções políticas, sociais e culturais para alcançar essas necessidades. Através
de tal processo as pessoas vêem uma próxima correspondência entre as suas
metas de vida e o sentido de como chegar até elas, e uma relação entre os
seus esforços e resultados subsequentes. (OMS, 1998).
“Empowerment” individual refere-se, primariamente, às habilidades individuais
para tomar decisões e controlar a sua própria vida. “Empowerment” comunitário
envolve indivíduos actuando em grupo para obter maior influência e controlo
dos determinantes da saúde e da qualidade de vida da própria comunidade, o
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
que é uma importante meta nas acções comunitárias para a saúde (OMS,
1998).
De acordo com o WORLD BANK (2002), são quatro os elementos-chave que
devem estar presentes num processo de “empowerment” e que deverão ser
incluídos numa reforma institucional:
Acesso à informação: informação é poder; cidadãos informados
encontram-se
melhor
preparados
para
ganharem
vantagem
de
oportunidades, acesso a serviços, exercer os seus direitos, entre outros, do
que cidadãos pouco ou nada informados;
Inclusão e participação: oportunidades para a participação em processos
de decisão é crucial, bem como o ter acesso a recursos e processos
disponíveis e a capacidade para influenciar a sua distribuição;
Responsabilidade;
Capacidade organizacional local: este factor refere-se à capacidade das
pessoas trabalharem em conjunto, à sua auto-organização e à mobilização
de recursos de modo a resolverem os problemas de interesse comum, uma
vez que comunidade organizadas encontram-se mais aptas a que a sua voz
seja ouvida e as suas exigências satisfeitas.
2.2.1. O “EMPOWERMENT” DO CIDADÃO, EM SAÚDE
Em 1986, a Carta de Otawa mencionava o “empowerment” da comunidade
como um tema central no discurso da promoção da saúde. Subsequentemente,
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
conferências internacionais em Sundsvall, Adelaide e Jakarta também
reforçaram este conceito.
Actualmente, o “empowerment” dos cidadãos faz parte, em muitos países, das
prioridades e políticas de saúde. No entanto, o “empowerment” da comunidade
é, ainda hoje, difícil de medir e implementar como parte da promoção da saúde.
DUNST e TRIVETTE citados por OUSCHAN et al (2000), consideram que o
“empowerment” do utente inclui comportamentos que são fortalecidos ou
aprendidos como resultado de experiências que incluem participação e autoconsciencialização das capacidades do utente, para que assim consigam
controlar e decidir acerca de importantes situações e eventos que ocorrem na
sua vida.
“Empowerment” tem sido considerado, simultaneamente, como um processo e
como um resultado. FUNNELL et al citados por OUSCHAN et al (2000),
definiram inicialmente “empowerment” como um processo que incluía a
descoberta e desenvolvimento de uma capacidade inerente, de modo a tornarse responsável pela própria vida. Posteriormente, os mesmos autores
associavam o “empowerment” do utente a um resultado. Segundo os mesmos
autores, os utentes são empoderados quando têm saberes, atitudes,
capacidades e auto-conhecimento necessários ao aumento da qualidade de
vida.
No contexto clínico, OUSCHAN et al (2000), apresentam o “empowerment”
como um processo que inclui três dimensões, tal como pretende demonstrar o
seguinte esquema:
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Esquema 2: Dimensões do “Empowerment”
Participação do utente
Educação do utente
Controlo do utente
percepção de controlo sobre a situação de saúde, por parte do utente;
participação no processo de decisão;
percepção de educação por parte do utente.
As dimensões do “empowerment” indicam a necessidade dos profissionais de
saúde promoverem uma comunicação com os utentes, no sentido de encorajálos à participação, aprendizagem e desenvolvimento do sentido de controlo da
sua doença/ problema de saúde.
O esquema 2 procura demonstrar a evidência de alguns estudos que revelam
que não só são importantes as atitudes dos utentes, mas também as acções
executadas pelos profissionais de saúde, como a educação e medidas de
suporte de informação. Este facto está evidenciado, por exemplo, no estudo de
Furthermore et al, citado por OUSCHAN (2000), onde os autores definem
“empowerment” como um processo educacional desenvolvido para auxiliar os
utentes a desenvolverem saberes, competências e grau de auto-conhecimento
necessários para assumirem de uma forma efectiva responsabilidades nas
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
decisões relacionadas com o próprio. Subsequentemente, o utente, mais do
que o profissional de saúde, é o solucionador do problema.
Considerámos pertinente abordar um modelo de “empowerment” para a
enfermagem, que encontrámos na pesquisa bibliográfica: o modelo de Gibson,
1991, (quadro 1) citado por OUSCHAN (2000).
Quadro 1: Modelo de “empowerment” para a Enfermagem (Gibson, 1991)
Domínio do Utente
Interacção
Utente – Enfermeiro
Domínio da Enfermagem
Auto-determinação
Confiança
Ajuda
Auto-eficácia
Empatia
Suporte
Controlo
Participação nos proces- Conselheiro
Motivação
sos de decisão
Aprendizagem
Crescimento
Domínio / Poder
Melhoria da qualidade de
vida
Melhor saúde
Sentido de justiça social
Estabelecimento
Educador
mútuo Facilitador
de objectivos
Defensor / Protector
Cooperação
Colaboração
Negociação
Organização
Legitimidade
Vencer barreiras organi-
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
zacionais
O modelo de Gibson foca a interacção entre o profissional de saúde (neste
caso, o enfermeiro) e o utente, no qual existem três dimensões: a primeira
dimensão relaciona-se com uma série de atributos relacionados com o utente;
a segunda, refere-se à interacção utente - enfermeiro; e a terceira, está
relacionada com o domínio da enfermagem.
Num contexto de “empowerment”, os utentes ganham poder como resultado de
uma mudança no controlo das decisões que influenciam as suas vidas. São os
próprios participantes que encontram os resultados ganhando poder e autoconfiança num processo de encontrar soluções para os problemas e
implementar soluções de modo a resolvê-los. O “empowerment” promove a
capacidade de construção de indivíduos heterogéneos que partilham conceitos
e interesses, fortalecendo o seu senso de luta, esforço e activismo comunitário
através de um processo de “empowerment” comunitário (LAVERACK, 2001).
2.2.2. Atitude empoderadora num profissional de saúde
Uma atitude empoderadora consiste, obviamente, numa atitude que promove o
“empowerment” do outro.
No que respeita aos profissionais de saúde, existem certamente algumas
diferenças de atitude e comportamento que promovem maior ou menor
“empowerment”.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
De acordo com TOWLE citado por ELWYN (1999), algumas competências para
favorecer o envolvimento dos utentes foram propostas, não se encontrando
contudo investigadas. A sugestão de TOWLE inclui as seguintes competências
num processo de envolvimento dos utentes num modelo de decisão partilhada:
desenvolver parceria com o utente;
estabelecer ou rever as preferências do utente, no que respeita à
informação;
estabelecer ou rever as preferências do utente no processo de partilha
de decisão;
assegurar escolhas e responder às ideias, expectativas e preocupações
dos utentes;
identificar escolhas e avaliar a evidência das mesmas;
apresentar as evidências, tendo em conta os passos anteriores,
ajudando o utente a reflectir e avaliar o impacto das decisões alternativas
com atenção e de acordo com os seus valores e estilo de vida;
fazer ou negociar uma decisão em partilha, gerindo os conflitos;
concordar com um plano de acção e estabelecer um “follow-up”.
Assim, de acordo com o descrito anteriormente, e tentando sintetizar o
fundamental para este estudo no que respeita a uma atitude empoderadora por
parte dos profissionais de saúde que prestam cuidados de saúde a crianças,
elaborámos o seguinte quadro:
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Quadro 2: Atitude empoderadora num profissional de saúde
Estabelece uma parceria com os pais da criança e com a criança, quando
possível;
Contextualiza o ambiente familiar da criança;
Conversa com os pais da criança acerca da situação de doença ou problema
de saúde;
Procura esclarecer algumas dúvidas que possam existir;
Utiliza uma linguagem apropriada, evitando termos técnicos;
Confronta os pais da criança com os vários tratamentos ou indicações
possíveis, permitindo-lhes a expressão das suas preferências;
Chega, junto com os pais da criança, a um consenso acerca da atitude a tomar;
Utiliza, para além da linguagem verbal, a escrita;
Responde às necessidades e expectativas dos pais da criança;
Certifica-se que os pais da criança apreenderam a informação e as indicações.
2.3. Relação utente- profissional de saúde
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Antes de examinar as preferências dos utentes, no que respeita à informação e
participação nas decisões, é necessário abordar os diferentes modelos de
interacção existentes entre os utentes e os profissionais de saúde.
O conceito de autonomia do utente tem sido largamente aceite como um
princípio ético. Segundo SCHATTNER e TAL (2002), o direito do utente
controlar o seu tratamento implicou que a medicina se afastasse do modelo
paternalista dos médicos, aumentando aparentemente o desejo de informação
dos utentes acerca do seu estado de saúde e o seu envolvimento nas decisões
médicas.
De facto, a tomada de decisão por parte dos utentes tem recebido considerável
atenção recentemente. Actualmente, de acordo com COOK (2001), muitos
utentes encontram-se intimamente envolvidos nas suas próprias decisões de
saúde, discutem os seus problemas e alternativas de tratamento ou acção
médica, expressam as suas preferências2.
Todavia, para que um utente possa ser considerado parceiro na decisão
médica, necessita de estar bem informado e estar em sintonia com muitos
outros factores, que por vezes constituem barreira na parceria dos cuidados. E
são muitas as barreiras existentes numa decisão partilhada, tal como refere
BRADOCK citado por SCHATTNER e TAL (2002): factores relacionados com
os profissionais de saúde, como o tempo insuficiente; factores relacionados
2
De acordo com estudos citados por COULTER (1999), os hipertensos beneficiam quando podem
adoptar por um papel mais activo; o mesmo acontece a utentes com cancro da mama, que ficam menos
deprimidos e ansiosos quando tratados por uma equipa de profissionais que adoptam um estilo de
consulta participativa; também, os diabéticos que se encontram mais activamente envolvidos na tentativa
de gerir a sua doença, obtém melhores níveis de controlo da glicémia. Por outro lado, os mesmos autores
referem que os utentes cujos médicos ignoram os seus valores e preferências podem receber um
tratamento que não responda às suas necessidades.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
com os utentes, como inadequada informação acerca de assuntos relacionados
com saúde.
As dificuldades de comunicação entre profissionais de saúde têm sido
analisadas por diversos autores. MISHLER citado por CHARLES (2000), refere
que os profissionais de saúde e os utentes falam com diferentes vozes, uma
vez que a voz da medicina é caracterizada por terminologia médica muitas
vezes inacessível e incompreensível, descrição de sintomas e a redução
destes a uma classificação usando o modelo biomédico. Por sua vez, a voz dos
utentes é caracterizada por um discurso com termos não-técnicos acerca de
uma experiência subjectiva da doença num contexto social. Dado que,
tipicamente, o profissional de saúde tem mais poder, os utentes sentem a sua
voz ultrapassada, silenciosa e despida de contexto social e de entendimento
pessoal.
A evidência demonstra a grande necessidade dos profissionais de saúde
desenvolverem competências de comunicação, pois uma pobre comunicação é
prejudicial à satisfação dos utentes, adesão dos utentes ao tratamento,
compreensão da informação fornecida e, inclusivé, nos resultados de saúde
(OUSCHAN, 2000).
DUGGAN et al (2001) referem que melhores níveis de satisfação em relação à
comunicação entre os profissionais de saúde resultam no aumento da adesão
às instruções clínicas, além de referirem a importância do modelo de
concordância, que enfatiza a necessidade de estabelecer parcerias entre os
profissionais e os utentes e onde as necessidades dos indivíduos são
conhecidas por ambas as partes.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ELWYN et al (1999) fazem ainda referência a outros factores capazes de
funcionar como barreira à decisão partilhada: falta de informação e relutância
para partilhar dados, tempo e “timing”, tipos de decisão.
No que respeita aos modelos existentes, de acordo com EMANUEL e
EMANUEL citado por COOK (2001) são quatro os modelos que caracterizam a
relação médico-doente:
modelo parental – este modelo, outrora designado por paternalista, é
caracterizado pela presença do médico como tutor, na medida em que este
presenteia o utente com informação, a qual vai proporcionar ao utente o
consentimento ao médico de realizar o tratamento que o profissional de
saúde considera ideal. Este modelo supõe que o médico ou profissional de
saúde sabe mais e melhor, considerando-se proprietário da saúde individual
do utente, escolhendo o que considera melhor para este último. Neste
modelo, o médico de um modo dominante, colhe a história do utente, realiza
um exame físico e, em seguida, informa o utente da causa do problema e
prescreve o melhor tratamento.
modelo de decisão informada – este modelo retrata o profissional de
saúde como um técnico perito, ou melhor, como uma completa fonte de
informação, e cujo papel consiste em informar o utente acerca de assuntos
médicos. Sendo possuidor de informação relevante e tendo conhecimento
dos seus valores e preferências, o utente pode proceder a uma tomada de
decisão. De acordo com BEKKER (1993), citado por ROBINSON (2001),
uma decisão informada é aquela onde uma escolha racional é feita por um
indivíduo racional, utilizando informação relevante acerca das vantagens e
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
desvantagens de todas as opções possíveis, de acordo com as crenças
individuais. CHARLES et al (1999) referem que uma decisão partilhada
ocorre quando o profissional de saúde e o utente partilham todos os
estadios do processo de decisão, simultaneamente;
modelo interpretativo – neste modelo, o profissional de saúde apresentase como um conselheiro, o qual tem a responsabilidade de elucidar os
valores do utente e ajudar este a seleccionar as intervenções que realizem
esses valores, requerendo que o profissional de saúde oiça mais do que
fale ;
modelo deliberativo – este é o mais interactivo dos quatro modelos,
retratando o profissional de saúde como um professor, uma vez que o papel
do profissional é comunicar a situação clínica, obter informação acerca dos
valores do utente e discuti-los. A interacção envolve debate intenso,
discussão, crítica e resolução. O utente é empoderado e cresce no que
respeita à sua auto-compreensão no processo. Obviamente, este modelo é
o menos utilizado na prática.
Num modelo de decisão partilhada, a informação flui do utente para o
profissional de saúde e deste para o outro. Enquanto o profissional de saúde
fornece informação relevante acerca das opções de tratamento, o utente
fornece informação acerca da sua experiência de vida, valores, preferências,
estilo de vida e conhecimento acerca do tratamento. Pode-se, então, dizer
como sugere BUTLER (2001), que se trata de um encontro entre dois peritos,
no qual ambos os intervenientes abordam perspectivas válidas: o perito do
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
diagnóstico e evidência clínica e o perito no seu próprio corpo e da sua
situação de vida. Um modelo deste tipo, poderia conter questões tais como:
Como é que se sentiria se falássemos e fizéssemos a decisão acerca do
tratamento conjuntamente?
Qual a sua opinião em relação aos antibióticos?
Gostaria de informação acerca da prevenção e auto-cuidado? E se a
resposta é afirmativa, prefere falar acerca desses assuntos, ler um folheto
ou ir a um site da internet que eu recomendo?
Do outro lado, o utente poderia questionar:
O que está a causar o problema?
Há alguma coisa que eu possa fazer para melhorar o problema?
Quais são as diferentes opções de tratamento?
Quais são os benefícios do tratamento?
Quais são os riscos do tratamento?
É essencial tratar o problema?
Que efeitos terão esses tratamentos nas minha vida e nas minhas
emoções?
Como posso prevenir futuros problemas?
Onde posso encontrar mais informação acerca do problema e
tratamento?
2.3.1. O papel de outros intervenientes
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
No entanto, não são só os profissionais de saúde e os utentes que estão
implícitos num processo de “empowerment”.
Tal como refere FILHO (2002), não é possível compreender a posição do
cidadão no sistema de saúde sem ter em conta a relação estabelecida entre
este e o cidadão, pelo que se deve ter em conta nesta relação a resposta que o
sistema de saúde, em particular, e a sociedade, em geral, dão às
necessidades, expectativas
e desejos
dos
cidadãos,
assim
como o
“empowerment” do cidadão na sociedade e o seu envolvimento dentro do
sistema (FERREIRA, 2001, citado por FILHO, 2002). Assim, o nível de
resposta do sistema de saúde e o nível de “empowerment” do cidadão estão
relacionados, influenciando-se mutuamente, sem contudo dependerem um do
outro.
Ainda de acordo com o mesmo autor, tendo como ponto de partida da resposta
do sistema ao cidadão, a informação que este disponibiliza, em quantidade e
qualidade adequadas, a consequência mais imediata é uma progressiva
consciencialização dos direitos e deveres dos cidadãos face ao sistema.
Posteriormente, isto levará a uma maior participação dos cidadãos e, como
corolário, a um maior “empowerment” que obrigará a um aumento do nível e da
distribuição da resposta do sistema.
Também o Estado e o Governo detém, aqui, um papel fundamental. COULTER
(1999), sintetiza o papel desta terceira entidade:
Financiar o desenvolvimento e avaliação da qualidade do material de
informação existente acerca dos problemas de saúde mais comuns;
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Estabelecer um sistema de acreditação de material de informação
existente e de websites, de modo a ajudar utentes e profissionais a
identificarem informação digna de confiança;
Estabelecer um sistema de disseminação da informação aos utentes em
diversos
serviços
como
departamentos
hospitalares,
farmácias
comunitárias, serviços de saúde, bibliotecas públicas, entre outros;
Assegurar que os serviços de cuidados primários de saúde detém
informação importante;
Assegurar que todos os profissionais de saúde tenham habilidade para
comunicar e que recebam formação de técnicas de comunicação de modo a
promover a decisão partilhada.
2.4. Interesses dos Utentes
Até agora temos visto os “ingredientes necessários” para a existência de um
sistema de saúde empoderador, com profissionais de saúde empoderadores e
cidadãos empoderados. Porém, quais são realmente os interesses dos
utentes?
Segundo VINCENT (2002), os utentes relacionam qualidade com uma série de
factores, tais como:
acessibilidade ao cuidado;
receptividade e empatia;
boa e clara comunicação;
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
tratamento adequado;
alívio de sintomas;
melhoria do estado de saúde;
segurança.
De acordo com o mesmo autor, o papel do utente na promoção da segurança,
implica que este:
ajude na procura de um diagnóstico exacto: tal como já foi sobejamente
referido, pouca e pobre comunicação consiste na maior parte das queixas
no que respeita à performance dos profissionais. Maus diagnósticos
resultam muitas vezes da falta de comunicação existente, por exemplo,
quando os utentes se referem aos seus sintomas, pois um diagnóstico
correcto e exacto depende de uma recolha de dados completa. Este autor
reforça a ideia de que os utentes preferem ser consultados por um médico
simpático, interessado nas suas preocupações e expectativas, que discuta
e procure o acordo em relação ao problema e seu tratamento;
participe na decisão do tratamento adequado ou na melhor estratégia a
adoptar: se os profissionais de saúde ignoram as preferências e valores dos
utentes,
estes
podem
receber
tratamento
desadequado
às
suas
necessidades. Utentes melhor esclarecidos e informados acerca do
prognóstico e opções de tratamento (incluindo benefícios, desvantagens e
outros efeitos) têm um maior potencial para aderir ao tratamento, levando a
melhores resultados (outcomes);
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
escolha uma entidade prestadora de cuidados adequada, experiente e
segura: por exemplo, se os pais de uma criança tivessem conhecimento de
que uma determinada unidade apresentava uma taxa de mortalidade
elevada nas cirurgias, provavelmente escolheriam outra unidade;
se assegure de que o tratamento é administrado apropriadamente,
monitorizado e que haja adesão: os utentes informados e que conhecem o
plano de tratamento, podem avaliar a performance dos profissionais de
saúde;
identifique efeitos colaterais e adversos e que actue da forma mais
adequada.
2.4.1. Satisfação dos Pais
Tendo em conta que este nosso trabalho vai inquirir os pais ou acompanhantes
de crianças, considerámos pertinente analisar os factores que os pais
consideram mais importantes no plano de tratamento do seu filho.
No que respeita à satisfação dos pais de crianças que recebem cuidados, num
contexto pediátrico, de acordo com CONNER e NELSON (1999), foram
encontrados na literatura vários factores de prestação de cuidados identificados
como importantes para as famílias cujas crianças recebem cuidados
pediátricos, os quais incluíam:
a acessibilidade: 27% dos pais que levavam as suas crianças às
urgências sentiram que as mesmas não eram atendidas com a rapidez
necessária;
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
o cuidado: um compreensivo e simpático médico foi referido como uma
grande contribuição para a satisfação dos pais. A um total de 166 pais de
crianças doentes foi pedido para se recordarem do momento em que pela
primeira vez lhes foi comunicada a doença da criança. Os resultados
demonstraram, após a correlação entre a satisfação dos pais e a
afectividade do médico, que um médico simpático foi o mais importante
factor de satisfação dos pais (35,7% de variância; p < 0,001);
os cuidados a doentes crónicos: pais de crianças com doenças crónicas
classificaram como importante a continuidade e consistência dos cuidados,
o diagnóstico, a educação e informação, envolvimento dos pais;
a comunicação: a comunicação é o domínio mais referido da satisfação,
no que respeita a cuidados pediátricos. Muitas dimensões da comunicação
foram identificadas, tais como um diálogo aberto e honesto, a partilha da
informação de factos, a comunicação de informação completa, a
preparação dos pais para o desconhecido. Os pais querem informações
médicas com sentido e capazes de serem compreendidas por eles. O modo
como a comunicação é fornecida também tem impacto na percepção e
satisfação dos pais, sendo a aproximação simpática e compreensiva a mais
favorável;
a competência: num estudo acerca da percepção dos pais de crianças
hospitalizadas para o tratamento de VIH/SIDA, os pais referiram ter mais
satisfação com os pediatras e especialistas, do que com os generalistas;
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
a continuidade dos cuidados: pais de crianças com doenças críticas e
crónicas referem menor satisfação nos cuidados de saúde quando existe
perda na continuidade dos cuidados dos prestadores;
ambiente: um artigo referiu que a atmosfera vivida na prestação de
cuidados afecta a satisfação dos pais das crianças;
participação dos pais nos cuidados: muitos investigadores identificaram
a participação dos pais nos cuidados e processos de decisão como
importantes elementos na satisfação dos mesmos.
De facto, o envolvimento dos pacientes nos processos de decisão constitui
uma tarefa clínica importante. No entanto, partilha de informação não é
sinónimo de partilhar decisões, e segundo ELWYN (1999), não há evidência
que os modelos disponíveis sobre o envolvimento de pacientes nos processos
de decisão são possíveis e praticáveis ou que os médicos têm as habilidades
necessárias para executá-lo.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
Para se conseguir obter um bom funcionamento do sistema de saúde, capaz
de responder aos objectivos da sua existência, é necessário a articulação entre
sistema, profissionais de saúde e cidadão.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
WAITZKIN (1984)
3
mostrou que, em 65% dos encontros, os internos
menosprezam ou subestimam o desejo de informação dos seus utentes
particulares, enquanto que apenas 6% consideram o desejo de informação dos
seus utentes.
No estudo de DEGNER (1997)3 que envolveu 1012 mulheres a quem se tinha
confirmado o diagnóstico de cancro da mama , 22% das mulheres quis
seleccionar o seu próprio tratamento, 44% quis seleccionar o tratamento
conjuntamente com o seu médico e 34% quis delegar essa decisão para os
médicos.
Também o tipo de informação dada pelos profissionais de saúde tem sido alvo
de investigação. Segundo KINDELAN e KENT (1987) 3 os utentes e os médicos
divergem no que respeita à importância dos diferentes tipos de informação
clínica: enquanto que os utentes avaliam como principal informação a que
incide no prognóstico, diagnóstico e etiologia das suas condições, os médicos
dão mais importância ao tratamento e terapêutica.
MUITOS
ESTUDOS DEMONSTRAM QUE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FORNECEM
INFORMAÇÃO DISPERSA AOS UTENTES.
DE
ACORDO COM ALGUNS ESTUDOS, OS
MÉDICOS FORNECEM INFORMAÇÃO DISPERSA AOS UTENTES, QUANDO A MAIORIA
DESTES REFERE QUERER QUE OS MÉDICOS LHES FORNEÇAM MAIS INFORMAÇÃO
(WAITZKIN 1984, PINDER 1990, BEISECKER 1990) 3.
ELWYN (2003)
REFERE QUE ALGUNS ESTUDOS CORRELACIONAM POSITIVAMENTE A
RELAÇÃO ENTRE UMA TOMADA DE DECISÃO PARTILHADA E O FACTO DO PROFISSIONAL
DE SAÚDE SER MULHER.
DE
FACTO, ESTES ESTUDOS EXAMINARAM O EFEITO DO
3
In SKILLSCASCADE.com – Are there problems in communication between doctors and patients? http://
www.skillscascade.com/files/research.htm. Outubro, 2002
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
GÉNERO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS E
UTENTES, REFERINDO QUE AS MULHERES FAZEM MAIS PARCERIA COM OS UTENTES,
TÊM UMA LINGUAGEM MAIS COOPERATIVA EM RELAÇÃO AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
DO GÉNERO MASULINO.
WAITZKIN (1984)
DEMONSTROU, AINDA, QUE OS INTERNOS AMERICANOS DEDICAM
POUCO MAIS DE UM MINUTO, EM MÉDIA, À TAREFA DE DAR INFORMAÇÃO, EM
20
ENTREVISTAS QUE DEMORAM
MÉDICOS BRITÂNICOS,
MINUTOS.
MAKOUL
ET AL
CONTUDO,
(1995)3
NO QUE RESPEITA AOS
REFERIRAM QUE AQUELES
EVIDENCIAM A IMPORTÂNCIA DO ESCLARECIMENTO, EXPLICAÇÃO E PLANEAMENTO:
DISCUTINDO
ACERCA
DOS
RISCOS
DE
MEDICAÇÃO,
DISCUTINDO
ACERCA
DA
CAPACIDADE DO UTENTE EM CUMPRIR O PLANO DE TRATAMENTO E INCENTIVANDO OS
UTENTES A DAREM A SUA OPINIÃO ACERCA DA MEDICAÇÃO PRESCRITA.
OUTRO FACTOR RELACIONADO COM TUDO O QUE JÁ FOI REFERIDO ANTERIORMENTE E
QUE PODE INFLUENCIAR NO
LINGUAGEM
UTILIZADA
“EMPOWERMENT”
PELOS
DO CIDADÃO É A COMPREENSÃO DA
PROFISSIONAIS
DE
SAÚDE.
MUITOS
ESTUDOS
EVIDENCIAM QUE ALÉM DE MUITOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE UTILIZAREM LINGUAGEM
QUE OS UTENTES NÃO COMPREENDEM, UTILIZAM-NA DE MODO A CONTROLAR O
ENVOLVIMENTO DOS UTENTES
4
.
Porém, no que respeita ao tempo da consulta, este tem aumentado nos últimos
anos de acordo com GLASCOE et al (1998): de 10.3 minutos num estudo de
1983 para 20.4 ± 6.7 minutos num estudo de 1997.
4
Korsh et al (1968), citado por SKILLSCASCADE (2002) relataram que o uso de linguagem técnica pelos
pediatras funcionou como barreira na comunicação em mais de metade das 800 visitas estudadas; as
mães ficavam confusas com os termos utilizados, embora raramente apelavam à clarificação dos termos.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
O puro limite da memória humana constitui outro dos factores que contribui
para o facto dos pais das crianças não compreenderem o vocabulário usado
nos encontros com os pediatras (GLASCOE et al, 1998). SIMON, citado por
GLASCOE et al, mostrou que 10% dos pais apresenta dificuldade para se
lembrarem do diagnóstico, enquanto que 23% referiram dificuldade em
recordar as instruções e dosagem da medicação.
A informação e comunicação entre profissionais de saúde e cidadãos deve,
portanto,
permitir que os utentes participem no processo de tomada de
decisão, de modo a conseguirem gerir o seu próprio processo clínico, e assim
aumentarem o seu “empowerment”. Vários estudos, citados por DUGGAN et al
(2001), demonstraram que níveis de satisfação de comunicação entre
profissionais de saúde e utentes resultam num aumento de adesão aos
tratamentos e instruções clínicas.
ROBINSON (2001) revela alguns estudos que demonstraram a importância de
algumas variáveis demográficas de modo a aumentar o potencial dos estudos.
Muitos estudos revelam que os utentes mais novos e com mais estudos
gostam de ser envolvidos nas decisões.
Num estudo realizado pela equipa de DUGGAN (2002), referente à validação
de uma escala de desejo de informação, é constatado que utentes mais velhos
têm tendência para desejar menos informação (R de Pearson = -0,432; p <
0.05), assim como acontece aos que abandonam a escola mais cedo (R de
Pearson= 0,115; p < 0,01). Este mesmo estudo refere, ainda, que pessoas
mais novas parecem mais interessadas no seu tratamento, procurando e
exigindo mais informação, ao contrário do que ocorre com os indivíduos com
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
idade superior aos 65 anos, que referem necessitar apenas da informação
fundamental ou, mesmo, de nenhuma. Este facto foi também confirmado por
ELWYN (2003), que obteve um valor de correlação do tipo Pearson significativa
entre a idade do utente e o seu interesse de envolvimento, tendo chegado à
conclusão que à medida que a idade vai aumentando, diminuí o interesse de
envolvimento.
O estado de saúde corrente e a severidade da doença constituem outros dos
factores que influenciam o envolvimento nas decisões. DEGNER e SLOAN
citados pelo autor acima referido, reportam que os utentes que fazem face a
um evento de vida ameaçador são mais passivos no que respeita a decisões
de tratamento comparativamente a um grupo de indivíduos saudáveis.
ROBINSON (2001) sugere, ainda, que os aspectos organizacionais do Sistema
de Saúde podem também interferir no processo de decisão partilhada, bem
como no desejo de envolvimento.
ELWYN (2003) refere que o envolvimento dos utentes numa tomada de
decisão partilhada tem sido, de facto, tema de debate. Porém, esta autora
refere que a área é complexa e o conceito não é fácil de medir. Segundo a
autora atrás citada, está relatado curiosamente que, tipicamente, menos de
50% dos utentes desejam envolver-se no processo de decisão, apesar da
possibilidade de que o envolvimento pode ter um efeito positivo, no que
respeita aos resultados de saúde.
4. A ORTOPEDIA INFANTIL NO HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO DO OUTÃO
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
As origens do Hospital Ortopédico Sant´Iago do Outão remontam, pelo menos,
à época romana. Fica situado na Serra da Arrábida, margem direita do Rio
Sado e dista cerca de 7 Km de Setúbal.
Foi integrado na organização hospitalar da Direcção Geral dos Hospitais e
classificado como Hospital Central Especializado em Ortopedia, em 1971.
Assegura os serviços da valência ortopédica e a urgência traumatológica da
área de influência do Hospital Distrital de S. Bernardo de Setúbal: concelhos de
Setúbal, Grândola, Palmela, Santiago do Cacém, Sines e, em menor
frequência, dos distritos de Lisboa, Évora, Beja, Faro e Santarém (HOSO).
O internamento é composto por cerca de 130 camas; está estruturado em cinco
unidades de internamento: duas de homens, duas de mulheres e uma de
ortopedia infantil; oferece ainda um serviço de quartos particulares.
No ambulatório funcionam consultas de ortopedia e traumatologia e, ainda, de
fisiatria e anestesiologia. Existe, também, a medicina física e de reabilitação,
bem como o apoio de laboratório e imagiologia.
Para prestar todos estes serviços, o hospital conta com cerca de 290
funcionários e colaboradores.
O serviço de Ortopedia Infantil consiste num serviço pequeno, acolhedor,
garantindo o bem-estar e satisfação dos que lá trabalham. Neste serviço,
desempenha funções a seguinte equipa multidisciplinar:
5 médicos ortopedistas;
1 médico anestesiologista;
10 enfermeiros;
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
10 auxiliares de acção médica;
1 professor.
Em colaboração directa com este serviço, funcionam também a Consulta
Externa de Ortopedia Infantil (10 enfermeiros) e o serviço de Medicina Física e
de Reabilitação (10 fisioterapeutas).
Os utentes e famílias que passam por este serviço têm, em geral, uma atitude
bastante positiva para com os profissionais de saúde, até porque algumas
destas crianças já tiveram mais do que um internamento, pois muitos das
crianças têm problemas congénitos, que necessitam de continuidade de
cuidados e, muitas vezes, mais do que uma intervenção cirúrgica, pelo que já
conhecem bastante bem os profissionais de saúde. O clima existente entre
profissionais e utentes é informal, aberto e sem obstáculos, facilitando a
expressão de dúvidas e a sua resolução.
Os profissionais que desempenham funções nesta instituição interrelacionamse quotidianamente, conhecendo-se uns aos outros, bem como à atitude
profissional de cada um. Por sua vez, a instituição desempenha também um
papel importante, promovendo um ambiente acolhedor e familiar, o que a torna,
de certo modo, particular.
No que respeita à maioria dos utentes que frequentam o serviço de Ortopedia
Infantil, podemos dizer que as crianças internadas são, principalmente, de duas
valências: ortopedia e traumatologia.
Principalmente, relativamente às crianças do foro ortopédico, com problemas
muitas vezes congénitos, podemos dizer com certeza que, talvez pelo facto de
se tratarem de crianças, destas necessitarem muitas vezes mais do que um
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
internamento e por serem seguidas continuamente ao longo de vários anos
pela equipa de Ortopedia Infantil, o internamento não é vivido como um
momento de stress, tal como se encontra descrito na teoria. O internamento
destas crianças é, sim, vivido na esperança de que mais um internamento/
intervenção cirúrgica pode melhorar a qualidade de vida da criança e, para
isso, profissionais de saúde, famílias e as próprias crianças trabalham num
mesmo sentido, o que as torna, também, de certo modo especiais.
Estas particularidades levam-nos a crer que os resultados obtidos neste
estudo, poder-se-ão generalizar para instituições de igual dimensão e contexto,
apesar da sua generalização para hospitais de grandes dimensões e que vivam
num contexto diferente do descrito anteriormente, teria que ser alvo de outro
estudo.
Todavia, não é nosso objectivo num só estudo investigar tudo e todos os
aspectos relacionados com esta temática que é o “empowerment”, pelo que
decidimos que este seria o nosso primeiro passo de alguns que se seguirão.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
PARTE II
Metodologia da Investigação
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
1. PROPÓSITO E OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO
1.1. Propósito e Problemática da Investigação: Formulação de
Objectivos
O objectivo deste estudo consiste em avaliar o papel do profissional de saúde
no “empowerment” do cidadão, em saúde, bem como avaliar a percepção que
os cidadãos têm acerca desta temática, na tentativa de operacionalizar o
conceito de “empowerment” do cidadão, em saúde.
Este estudo tem, então, a orientá-lo a seguinte pergunta:
QUE
ATRIBUTOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E UTENTES PODERÃO
CONDICIONAR A SUA ATITUDE FACE À QUESTÃO DO
“EMPOWERMENT”
DO
CIDADÃO, EM SAÚDE?
UMA
HIPÓTESE É UMA PREVISÃO EXPERIMENTAL, OU UMA EXPLICAÇÃO DA RELAÇÃO
ENTRE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS. UMA HIPÓTESE TRADUZ O ENUNCIADO DO PROBLEMA
PARA UMA PREVISÃO PRECISA E CLARA DOS RESULTADOS ESPERADOS. É A HIPÓTESE,
E NÃO O ENUNCIADO DO PROBLEMA, QUE ESTÁ SUJEITA À TESTAGEM EMPÍRICA,
ATRAVÉS DA RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS (POLIT E HUNGLER, 1995).
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
QUIVY E CAMPENHOUDT (1992) DEFINEM HIPÓTESE COMO UMA PROPOSIÇÃO QUE
PREVÊ UMA RELAÇÃO ENTRE DOIS TERMOS, QUE PODEM SER CONCEITOS OU
FENÓMENOS.
UMA
HIPÓTESE É, PORTANTO, UMA PROPOSIÇÃO PROVISÓRIA, UMA
PRESSUPOSIÇÃO, QUE DEVE SER VERIFICADA.
FORTIN (1999),
POR SUA VEZ, DESIGNA HIPÓTESE COMO SENDO UM ENUNCIADO
FORMAL DAS RELAÇÕES PREVISTAS ENTRE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS.
COMBINA,
ASSIM, O PROBLEMA E O OBJECTIVO NUMA EXPLICAÇÃO OU PREDIÇÃO CLARA DOS
RESULTADOS ESPERADOS DE UM ESTUDO.
No quadro seguinte, encontram-se descritos os objectivos (gerais e
específicos) em relação aos dois grupos que nos propusemos estudar: o grupo
dos profissionais de saúde e o grupo dos utentes.
Quadro 3: Objectivos de estudo por grupo de inquiridos
Qual a atitude do profissional de
Geral
Objectivo
Profissionais de Saúde
saúde face ao “empowerment” do
cidadão, em saúde?
Utentes
Qual a percepção que os cidadãos
têm de “empowerment” em saúde?
Específicos
Objectivos
Existe relação entre o género e o Existe relação entre a idade e o
grau empoderador?
desejo de empoderamento?
Existe relação entre a idade e o Existe relação entre a escolaridade
grau empoderador?
e o desejo de empoderamento?
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Existe relação entre a experiência Existe relação entre o número de
profissional e o grau empodera- filhos e o desejo de empoderador?
mento?
Existe diferença, no que respeita Será que pais de crianças que
ao grau empoderador, entre os passam mais tempo longe dos pais
Objectivos Específicos
diferentes grupos profissionais?
O
que
entendem
por
apresentam menor grau de empo-
“empo- deramento?
werment” do cidadão, em saúde?
Qual a relação que existe entre a
Qual o seu papel no que respeita à auto-avaliação
de
saúde
da
participação e envolvimento do criança e o grau de empoderamento?
cidadão?
De
que
factores
depende
a
satisfação dos utentes, em relação
aos
cuidados
prestados
pelos
profissionais de saúde?
Qual a posição dos utentes face à
escolha do plano de tratamento?
Específicos
Objectivos
Uma melhor comunicação entre profissionais de saúde e utentes,
traduz-se em maior empoderamento?
Profissionais
de
saúde
empoderadores
conduzem
a
cidadãos
empoderados?
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO
O tema escolhido encontra-se no domínio da democratização participativa nos
serviços de saúde, o que ficou a dever-se a vários factores.
Em primeiro lugar, à percepção da necessidade de assegurar a participação
activa dos cidadãos, processo no qual o papel dos profissionais de saúde é
preponderante; em segundo lugar, ao interesse e convicção pessoais de que
existe possibilidade de melhorar o funcionamento do sistema de saúde, com a
colaboração de todos os intervenientes e, em terceiro lugar, à percepção que a
população tem acerca do sistema de saúde 5.
Na tentativa de concretizar e operacionalizar este estudo, foi necessário definir
uma situação prática, na qual fosse possível estudar a influência dos
profissionais de saúde no “empowerment” do cidadão, em saúde. Para tal,
recorremos a uma outra área do nosso interesse: a prestação de cuidados à
criança.
Pensamos que com este estudo podemos atingir alguns objectivos que
consideramos muito importantes: a reflexão de todos os intervenientes neste
estudo
acerca
desta
temática
e
interiorizar
nos
mesmos
o
termo
“empowerment” que, de acordo com o que tivemos a possibilidade de observar,
é ainda um termo desconhecido pela maioria dos intervenientes.
5
Segundo o estudo coordenado pelo Professor Villaverde Cabral, publicado no livro Saúde e Doença em
Portugal (2002), mais de 75% dos portugueses mencionam o sector da saúde entre as duas principais
prioridades para a intervenção do Estado; 95% dos inquiridos referem que o Estado deveria investir um
pouco mais (41%) ou muito mais (54%) na saúde. De acordo, também, com o estudo Estado da Nação
realizado pela Data Crítica, Escola Superior de Comunicação Social, Diário de Notícias, TSF Rádio Jornal
e pela estação de televisão SIC, os inquiridos consideraram a saúde como o assunto considerado com
maior importância em 2002 (o que também ocorreu em 2001, havendo um aumento na importância deste
assunto, em 2002). É referida, igualmente, no Estado da Nação, a saúde como a primeira prioridade.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
3. OPÇÕES FUNDAMENTAIS DA INVESTIGAÇÃO
3.1. DESENHO DO ESTUDO: METODOLOGIA ADOPTADA
Na fase metodológica, são determinados os métodos que se utilizam para obter
as respostas às questões de investigação colocadas.
Esta fase assume um papel importante no decorrer deste trabalho, já que a
tomada de decisões metodológicas é fundamental para assegurar a fiabilidade
e a qualidade dos resultados de investigação.
O presente estudo consiste num estudo observacional, uma vez que o
investigador nada faz para afectar o resultado, observando simplesmente o que
acontece (PETRIE, 2000).
Justifica-se ser um estudo descritivo uma vez que pretende descrever factos;
segundo FORTIN (1999), um estudo descritivo tem como objectivo descriminar
os factores determinantes ou conceitos que eventualmente possam estar
associados ao fenómeno em estudo, além de ser possível, através deles,
procurar relações entre os conceitos afim de obter um perfil geral do fenómeno.
É transversal porque é realizado num determinado ponto temporal estipulado
pelo investigador.
NESTE
ESTUDO UTILIZOU-SE A COMBINAÇÃO DA METODOLOGIA QUANTITATIVA COM A
QUALITATIVA, DADO QUE PRETENDEMOS UTILIZAR TÉCNICAS DOCUMENTAIS COMO A
ANÁLISE DE CONTEÚDO, ALÉM DE QUESTIONÁRIOS AOS ACOMPANHANTES DAS
CRIANÇAS E AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
A utilização de metodologia quantitativa justifica-se pelo facto de ser um
processo sistemático da colheita de dados observáveis e quantificáveis;
baseado na observação de factos objectivos, de acontecimentos e de
fenómenos que existem independentemente do investigador, conduzindo a
resultados com o menor enviesamento possível. A objectividade, a perdição, o
controlo e a generalização são características inerentes a esta abordagem. O
facto do questionário ser um método acessível, de aplicação rápida e com
capacidade de identificar atributos numa população a partir de pequenos
grupos, contribuiu também para a escolha.
3.2. POPULAÇÃO
SEGUNDO FORTIN (1999),
UMA POPULAÇÃO É UMA COLECÇÃO DE ELEMENTOS OU
DE SUJEITOS QUE PARTILHAM CARACTERÍSTICAS COMUNS, DEFINIDAS POR UM
CONJUNTO DE CRITÉRIOS.
UMA POPULAÇÃO É, ASSIM, TODA A AGREGAÇÃO DE CASOS
QUE ATENDEM A UM CONJUNTO ELEITO DE CRITÉRIOS.
A população deste estudo consiste em dois grupos distintos:
médicos, enfermeiros e fisioterapeutas que prestam cuidados a crianças
no Internamento de Ortopedia Infantil, Medicina Física e de Reabilitação e
Consultas Externas de Ortopedia Infantil do Hospital Ortopédico Sant´Iago
do Outão (grupo 1);
acompanhantes de crianças que recorram ao Internamento de Ortopedia
Infantil do Hospital Ortopédico Sant´Iago do Outão durante o período de
tempo do estudo (grupo 2).
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
3.3. Amostra : Estratégia de Amostragem e Tamanho
SEGUNDO FORTIN (1999),
A AMOSTRA É UM SUB-CONJUNTO DE UMA POPULAÇÃO OU
DE UM GRUPO DE SUJEITOS QUE FAZEM PARTE DE UMA MESMA POPULAÇÃO.
QUALQUER FORMA, UMA RÉPLICA EM MINIATURA DA POPULAÇÃO ALVO.
A
É,
DE
AMOSTRA
DEVE SER REPRESENTATIVA DA POPULAÇÃO VISADA, ISTO É, AS CARACTERÍSTICAS DA
POPULAÇÃO DEVEM ESTAR PRESENTES NA AMOSTRA SELECCIONADA.
O
INVESTIGADOR DEVE CONSIDERAR A FIDELIDADE DAS ESTIMAÇÕES RELATIVAS À
POPULAÇÃO, A TÉCNICA DE AMOSTRAGEM, ASSIM COMO OS RESPECTIVOS CUSTOS.
O
OBJECTIVO DO INVESTIGADOR É OBTER UMA AMOSTRA SUFICIENTEMENTE GRANDE
PARA
DETECTAR
DIFERENÇAS
ESTATÍSTICAS,
QUESTÕES DE TEMPO E ECONOMIA.
EM
CONSIDERANDO
IGUALMENTE
TERMOS GERAIS, GRANDES AMOSTRAS
CONDUZEM A MELHORES APROXIMAÇÕES AOS PARÂMETROS DA POPULAÇÃO.
ENTANTO,
ESTAS
APROXIMAÇÕES
AS
NÃO
GARANTEM
NECESSARIAMENTE
NO
A
REPRESENTATIVIDADE.
A
AMOSTRAGEM REFERE-SE AO PROCESSO DE SELECÇÃO DE UMA PARTE DA
POPULAÇÃO PARA REPRESENTAR A SUA TOTALIDADE.
UMA
AMOSTRA CONSISTIRIA,
ENTÃO, NUM SUBCONJUNTO DE ENTIDADES QUE COMPÕEM A POPULAÇÃO.
ENTIDADES
QUE
COMPÕEM
AS
AMOSTRAS
E
AS
POPULAÇÕES
ESSAS
DESIGNAM-SE
ELEMENTOS.
No que respeita ao grupo dos profissionais de saúde (grupo 1): sabendo que o
total de profissionais de saúde a desempenhar funções no Internamento de
Ortopedia Infantil, Consultas Externas de Ortopedia Infantil e Medicina Física e
de Reabilitação são 6 médicos, 20 enfermeiros e 10 fisioterapeutas, não vamos
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
seleccionar qualquer amostra, aplicando o questionário à população, ou seja, a
todos os profissionais de saúde atrás mencionados.
No que respeita ao grupo dos representantes dos utentes (grupo 2), é
necessário seleccionar uma amostra. O método de amostragem que melhor se
enquadra neste grupo consiste no método de amostragem não-causal ou não
probabilístico. Este método é um processo de selecção segundo o qual cada
elemento da população não tem uma probabilidade igual de ser escolhido para
formar a amostra.
Dentro das amostragens não probabilísticas, considerámos mais adequado
utilizar o método de amostragem não probabilística acidental, uma vez que nos
iremos sujeitar aos utentes que se encontrem no serviço já referido, nos dias
do estudo.
A amostra acidental ou por conveniência é, então, formada por sujeitos que são
facilmente acessíveis e estão presentes num local determinado, num momento
preciso. Os sujeitos são, então, incluídos no estudo à medida que se
apresentam e até a amostra atingir o tamanho desejado.
TENDO
EM CONTA OS OBJECTIVOS DO NOSSO ESTUDO, E COM A FINALIDADE DE
UNIFORMIZAR A AMOSTRA, ESTABELECEMOS OS SEGUINTES CRITÉRIOS AOS QUAIS OS
INDIVÍDUOS DO GRUPO 2 DEVERÃO OBEDECER:
ACOMPANHANTES
DE UTENTES MENORES DE
15
ANOS E QUE RECORRAM AO
INTERNAMENTO DE ORTOPEDIA INFANTIL DURANTE O TEMPO DO ESTUDO;
UTENTES QUE COMPREENDAM A LÍNGUA PORTUGUESA;
UTENTES QUE SAIBAM LER E ESCREVER;
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
UTENTES QUE CONSIGAM EXPRESSAR-SE VERBALMENTE;
UTENTES
QUE ACEITEM PARTICIPAR NO ESTUDO EM CAUSA, ASSINANDO UMA
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO.
3.4. INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
A TÉCNICA SELECCIONADA PARA
A RECOLHA DE DADOS PROCUROU NÃO PERDER DE
VISTA O OBJECTIVO DA NOSSA INVESTIGAÇÃO E O CONTEXTO DA REALIZAÇÃO DO
ESTUDO.
EM
VIRTUDE DE CONSIDERARMOS QUE OS INSTRUMENTOS SÃO UM MEIO, E
NÃO O FIM DO TRABALHO, E FACE AO TEMPO DISPONÍVEL, BEM COMO À ABRANGÊNCIA
DO
TEMA,
UTILIZÁMOS
O
QUESTIONÁRIO,
TENDO
EM
VISTA
A QUESTÃO
DE
INVESTIGAÇÃO.
UM QUESTIONÁRIO CONSISTE NUM CONJUNTO DE ITENS DIFERENTES QUE POSSAM SER
COLOCADOS DE FORMA INTERROGATIVA, ENUNCIATIVA, AFIRMATIVA OU NEGATIVA COM
VÁRIAS ALTERNATIVAS, COM UM DETERMINADO FORMATO, UMA ORDEM DE PERGUNTAS
E UM CONTEÚDO CONCRETO SOBRE O TEMA QUE SE PRETENDE INVESTIGAR.
O QUESTIONÁRIO É UM DOS MÉTODOS DE COLHEITA DE DADOS QUE É HABITUALMENTE
PREENCHIDO PELOS PRÓPRIOS SUJEITOS, SEM ASSISTÊNCIA; PODE SER ENVIADO E
REENVIADO DE RETORNO PELO CORREIO.
É UM INSTRUMENTO DE MEDIDA QUE TRADUZ
OS OBJECTIVOS DE UM ESTUDO COM VARIÁVEIS MENSURÁVEIS.
AJUDA A ORGANIZAR,
A NORMALIZAR E A CONTROLAR OS DADOS, DE TAL FORMA QUE AS INFORMAÇÕES
PROCURADAS POSSAM SER COLHIDAS DE UMA FORMA RIGOROSA.
PARA
ALÉM DE SER UMA TÉCNICA ACESSÍVEL, O QUESTIONÁRIO PERMITE OBTER
RESPOSTAS MAIS PENSADAS, EM VIRTUDE DE EXISTIR A POSSIBILIDADE DE REFLEXÃO
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ANTES DA RESPOSTA; ALCANÇAR UMA UNIFORMIDADE NA FORMA COMO AS QUESTÕES
SÃO COLOCADAS AOS INQUIRIDOS, GARANTIR O SIGILO E O ANONIMATO.
NOS
QUESTIONÁRIOS ESCOLHIDOS, OPTÁMOS PELA UTILIZAÇÃO DAS ESCALAS DE
MEDIDA.
EXISTEM
VÁRIOS TIPOS DE ESCALAS.
CONTUDO,
TODAS AS ESCALAS
POSSUEM UM TRAÇO COMUM: O DE SITUAR A PESSOA NUM PONTO PRECISO DE UM
CONTINUUM OU NUMA SÉRIE ORDENADA DE CATEGORIAS. (FORTIN, 1999)
TENDO
EM CONTA OS OBJECTIVOS DESTE ESTUDO, CONSIDERÁMOS OPORTUNO
UTILIZAR A
ESCALA DE LIKERT, JÁ QUE ESTA ESCALA
PERMITE PEDIR AOS SUJEITOS
QUE INDIQUEM SE CONCORDAM MAIS OU MENOS RELATIVAMENTE A UM CERTO NÚMERO
DE ENUNCIADOS, UMA VEZ QUE METADE DAS AFIRMAÇÕES TÊM NATUREZA POSITIVA, E
A OUTRA METADE, NATUREZA NEGATIVA.
3.4.1. QUESTIONÁRIO: ESTRUTURA E APLICAÇÃO
Os questionários formulados foram adaptados de dois questionários já
existentes, validados e utilizados por outros autores, presentes em dois
estudos: “Observational study of effect of patient centredness and positive
approach on outcomes of general practice consultations” (LITTLE et al, 2001) e
“Validation of a desire for information scale” (DUGGAN et al, 2002).
Estes dois estudos foram aplicados no Reino Unido. Através da sua leitura,
considerámos que os factores evidenciados naqueles estudos não são
supostos variarem, aquando da sua reformulação para Portugal.
AMBOS OS QUESTIONÁRIOS SÃO FORMULADOS, MAIORITARIAMENTE, POR PERGUNTAS
DE RESPOSTA FECHADA, UMA VEZ QUE ESTAS SÃO UTILIZADAS PARA OBTER CERTAS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
INFORMAÇÕES FACTUAIS, PARA JULGAR A APROVAÇÃO OU DESAPROVAÇÃO ACERCA
DE UMA DADA OPINIÃO, CONHECER A POSIÇÃO DO INDIVÍDUO PERANTE UMA GAMA DE
AFIRMAÇÕES.
SÃO
AS QUE SE PRESTAM MELHOR À ANÁLISE ESTATÍSTICA; AS
RESPOSTA ESTÃO PREVISTAS NÃO PODENDO EXISTIR AMBIGUIDADE POR PARTE DE
QUEM RESPONDE; A CODIFICAÇÃO E A ANÁLISE DAS RESPOSTAS TORNA-SE BASTANTE
FACILITADA E AS RESPOSTAS SÃO SEMPRE RELEVANTES.
PORÉM,
DECIDIMOS QUE SERIA INTERESSANTE E PERTINENTE COLOCAR PERGUNTAS
DE RESPOSTA ABERTA, POIS QUANDO BEM FORMULADAS (CLARAS E CONCISAS) E
FACILMENTE INTERPRETADAS, CONSEGUE-SE OBTER UMA BOA INFORMAÇÃO, POIS
SÃO INDISPENSÁVEIS PARA RECOLHER INFORMAÇÃO ACERCA DE PROBLEMAS
DELICADOS, UMA VEZ QUE PERMITEM MAIOR FLEXIBILIDADE E LIBERDADE DE
EXPRESSÃO POR PARTE DO INQUIRIDO.
OPTÁMOS
PELO QUESTIONÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DIRECTA
(PREENCHIDO
PELO
SUJEITO) POIS PERMITE MAIOR ANONIMATO E OBTÉM UMA CONFRONTAÇÃO DIRECTA
COM AS PERGUNTAS, O QUE PODERIA NÃO OCORRER UTILIZANDO O MÉTODO DE
ENTREVISTA, POIS AS RESPOSTAS PODERIAM NÃO SER TÃO REALISTAS UMA VEZ QUE O
ENTREVISTADOR SERIA UM PROFISSIONAL DE SAÚDE, GRUPO ALVO QUE PRETENDEMOS
INVESTIGAR.
Embora apresentem algumas partes similares, os questionários construídos
são diferentes: um para os profissionais de saúde e outro para os
acompanhantes das crianças internadas.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Passamos, então, a apresentar cada um dos questionários. Em relação ao
questionário fornecido aos profissionais de saúde
6
, este é constituído
essencialmente por quatro partes:
uma parte que inclui as características descritivas, como género, idade,
profissão e experiência profissional;
outra parte que inclui questões de resposta fechada acerca da atitude do
profissional de saúde face ao “empowerment” (comunicação e relação com
os utentes, relação pessoal, promoção da saúde, positivismo e clareza);
a terceira parte (embora fisicamente não esteja dividida), inclui questões
de resposta fechada que têm como objectivo “major” definir o que o
profissional de saúde opina acerca da necessidade de informação;
Tanto na segunda, como na terceira parte do questionário, o respondente
dispunha de três possibilidades de resposta: concordo totalmente, concordo
e neutro/ não concordo. Escolhemos esta escala pois, tendo em conta a
temática do estudo, considerámos mais adequada a existência de uma
resposta mais neutra em detrimento de outras com natureza claramente
negativa.
a última parte do questionário é constituída por duas perguntas de
resposta aberta, que têm dois objectivos distintos: com a primeira pergunta
pretendemos conhecer o que os profissionais de saúde entendem por
“empowerment” e se este é um termo conhecido; a segunda questão dá-nos
a resposta acerca do papel do profissional de saúde no “empowerment” do
cidadão.
6
Anexo I
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
No que respeita ao questionário fornecido aos utentes7, este apresenta uma
estrutura semelhante, apresentando, porém, seis partes:
a primeira parte, descritiva, contém outros itens, para além do género e
idade do utente, como alguns elementos referentes ao acompanhante da
criança (idade, escolaridade, profissão, número de filhos);
a segunda parte consiste numa pergunta que tem como objectivo definir
a auto-avaliação da saúde da criança. Para isso, o respondente tem cinco
hipóteses de resposta: óptima, muito boa, boa, razoável, fraca;
na terceira parte do questionário pretendemos, através de perguntas de
resposta fechada, caracterizar a atitude empoderadora dos profissionais de
saúde, na visão dos utentes, através de itens semelhantes aos
apresentados no questionário dos profissionais de saúde (comunicação e
relação com os profissionais de saúde; promoção da saúde, positivismo,
interesse e clareza);
a quarta parte inclui questões de resposta fechada que têm como
objectivo “major” definir a opinião do utente acerca da necessidade de
informação;
Tanto na terceira, como na quarta parte do questionário, o respondente
apresenta cinco alternativas de resposta: duas de natureza positiva
(concordo totalmente, concordo), uma resposta neutra (nem concordo, nem
discordo) e duas de natureza negativa (discordo, discordo totalmente).
a quinta parte do questionário consta numa pergunta de resposta aberta,
através da qual se questiona a sua opinião acerca dos factores que
7
Anexo II
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
influenciam a satisfação dos utentes no que respeita
aos cuidados
prestados pelos profissionais de saúde;
por fim, a última parte do questionário consiste numa série de
afirmações relacionadas com a selecção do plano de tratamento, entre as
quais o respondente tem que escolher aquela que mais se adapta à sua
situação. A escala que o respondente tem à disposição consiste na escala
de Degner (ROBINSON, 2001), que foi realizada para caracterizar as
preferências na tomada de decisão dos utentes, num espectro que vai
desde o modelo parental até ao informado.
Consideramos importante salientar que na atribuição de valores aos itens,
medimos a atitude numa direcção positiva, atribuindo o valor mais elevado à
situação de resposta óptima, o que nos levou à recodificação de alguns itens.
TAL
COMO JÁ REFERIMOS, PARA A ELABORAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS CONTÁMOS
COM O APOIO DE DOIS ARTIGOS QUE DESENVOLVERAM O USO DE DUAS ESCALAS
(ESCALA OPTION E ESCALA DE DEGNER): “SHARED DECISION MAKING: DEVELOPING
THE
E
OPTION SCALE FOR MEASURING PATIENT INVOLVEMENT” (ELWYN ET AL, 2003)
“VARIABILITY
IN PATIENT PREFERENCES FOR PARTICIPATING IN MEDICAL DECISION
MAKING: IMPLICATION FOR THE USE OF DECISION SUPPORT TOOLS”
(ROBINSON
E
THOMSON, 2001).
A
ESCALA
OPTION,
QUE PROVÉM DE
“OBSERVAR
O ENVOLVIMENTO DO PACIENTE”,
FOI DESENVOLVIDA, JUSTAMENTE, PARA DESENVOLVER E AVALIAR A TOMADA DE
DECISÃO PARTILHADA.
ESTA
ESCALA EXAMINA SE OS PROBLEMAS FORAM BEM
DEFINIDOS, SE AS OPÇÕES FORAM FORMULADAS, A INFORMAÇÃO PROVIDENCIADA, SE
O ENTENDIMENTO DO UTENTE E SUAS PREFERÊNCIAS FORAM TIDAS EM CONTA E SE AS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
DECISÕES FORAM EXAMINADAS SOB O PONTO DE VISTA DAS DUAS PARTES, NA
PERSPECTIVA DO PROFISSIONAL E PELA PARTE DO UTENTE.
ROBINSON
E
THOMSON (2001)
FAZEM REFERÊNCIA A OUTRA ESCALA QUE
UTILIZÁMOS NO QUESTIONÁRIO QUE ENTREGÁMOS AOS UTENTES: A ESCALA DE
DEGNER. A ESCALA
DE
DEGNER
FOI ELABORADA COM O INTUITO DE CARACTERIZAR
AS PREFERÊNCIAS NUM PROCESSO DE DECISÃO NUM ESPECTRO, QUE VAI DESDE O
MODELO PATERNALISTA ATÉ AO MODELO INFORMADO, APRESENTANDO INFORMAÇÕES
COMO:
Prefiro fazer a selecção final do plano de tratamento;
Prefiro fazer a selecção final do tratamento, após considerar a opinião
dos profissionais de saúde;
Prefiro dividir responsabilidades com os profissionais de saúde acerca
do melhor plano de tratamento;
Prefiro que os profissionais decidam, após considerarem a minha
opinião;
Prefiro deixar todas as decisões de tratamento aos profissionais.
3.4.2. Validade e Precisão
Uma medida tem validade se for uma medida da variável que o investigador
pretende medir (HILL e HILL, 2002). A validade refere-se à proximidade da
verdade (PETRIE, 2000).
De acordo com HILL e HILL (2002), são três os principais tipos de validade:
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
validade de conteúdo: o questionário tem validade de conteúdo
adequada quando os itens formam uma amostra representativa de todos os
itens disponíveis para medir os aspectos das componentes;
validade teórica: um questionário tem uma boa validade teórica se for
uma medida da variável que o investigador pretende medir;
validade prática.
A validade de um questionário para medir atitudes, opiniões ou satisfações
pode ser muito influenciada pela tendência dos respondentes em dar respostas
socialmente desejáveis aos itens
do questionário. Esta tendência é
especialmente forte quando os itens se referem a assuntos íntimos ou
embaraçosos, ou quando a resposta verdadeira ameaça a auto-confiança do
respondente (HILL e HILL, 2002). Para evitar este tipo de situações, foram
duas as medidas adoptadas. Primeiro, no que respeita à escala de resposta
possível nos profissionais de saúde, optámos por não colocar vários pólos
negativos e agrupámos a resposta neutra com a não concordo, já que devido à
temática poderíamos obter respostas “socialmente desejáveis” que não
corresponderiam à verdade ; a outra medida adoptada, por outro lado, consistiu
no anonimato do questionário.
Outro conceito importante é o da fiabilidade. Diz-se que uma medida é fiável se
for consistente, consistência esta que pode ser definida de várias formas
diferentes (HILL e HILL, 2002). A estimação de fiabilidade interna alfa ( ) de
Cronbach apresenta grande importância neste estudo, pelo que decidimos
avaliar a consistência interna do nosso questionário.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
A precisão refere-se à forma pela qual um valor observado de uma quantidade
corresponde ao valor real (PETRIE, 2000).
Outro aspecto a que tivemos atentos foi o facto de considerarmos de extrema
importância a padronização das respostas aos questionários. Assim, aplicámos
os questionários aos utentes, tendo em conta que os respondentes
encontravam-se todos na mesma situação, ou seja, todos os respondentes
eram acompanhantes de crianças internadas no Serviço de Ortopedia Infantil,
com plano de tratamento (seja este conservador, cirúrgico ou outro).
Dado que os questionários apresentados foram adaptados de dois já
existentes, aplicados e validados (“Observational study of effect of patient
centredness and positive approach on outcomes of general practice
consultations” ((LITTLE et al, 2001)) e “Validation of a desire for information
scale” ((DUGGAN et al, 2002)) consideramos os mesmos válidos, fiáveis, com
poder de resposta e de interpretação e peso aceitável. Apresentam validade de
conteúdo e estrutural, uma vez que incorporam o domínio total dos fenómenos
em estudo: abarcam todas as componentes da definição e correspondem aos
conceitos teóricos respeitantes ao fenómeno em estudo.
Neste estudo, os questionários foram entregues e os utentes foram informados
para a possibilidade de esclarecimento de alguma questão ambígua. Para
limitar o efeito de “halo” (grupos de questões similares serem respondidas por
hábito ou rotina), incluímos algumas palavras negativas intercaladas com
perguntas com itens positivos, o que nos levou à sua recodificação, de modo a
que a pontuação máxima correspondesse à situação óptima.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
3.5. DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS
UMA VARIÁVEL , COMO O PRÓPRIO NOME INDICA, É ALGO QUE VARIA. SEGUNDO POLIT
E
HUNGLER (1995), UMA VARIÁVEL É TODA A QUALIDADE DE UMA PESSOA, GRUPO OU
SITUAÇÃO QUE VARIA OU ASSUME UM VALOR DIFERENTE.
NUM ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO E SEGUNDO A SUA UTILIZAÇÃO, AS VARIÁVEIS PODEM
SER CLASSIFICADAS DE DIFERENTES MANEIRAS, PODENDO SER MANIPULADAS E /OU
CONTROLADAS.
Dada a existência de dois grupos distintos neste estudo, são duas as tabelas
de variáveis a apresentar, correspondendo a primeira aos profissionais de
saúde (grupo 1), enquanto que a segunda refere-se aos pais ou pessoas
significativas das crianças que recorrem ao serviço já referido anteriormente,
no tempo em que decorre o estudo (grupo 2).
Nestes quadros encontram-se as variáveis a utilizar no estudo, bem como a
sua classificação, em termos de escala a utilizar, além de algumas perguntas
de investigação referentes a cada uma das variáveis, perguntas estas às quais
devo obter resposta, no final do estudo.
QUADRO 4: VARIÁVEIS E PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO NO GRUPO 1
NOME DA VARIÁVEL
Idade
(anos)
ESCALA
PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO
Qual a faixa etária dominante?
Intervalar Existe relação entre a idade e o nível de
empoderamento?
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Qual o género dominante entre os profissionais
Género
(masculino/
de saúde?
Nominal
Existe relação entre o género e o grau
feminino)
NOME DA VARIÁVEL
empoderador?
ESCALA
PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO
Quantos
experiência
Experiência
Profissional
anos
traduzem,
profissional
em
dos
média,
a
profissionais
Intervalar incluídos no estudo?
(anos)
Existe relação entre a experiência profissional
e o grau empoderador?
Que grupo profissional tem uma atitude mais
Profissão
(médico/
empoderadora?
Nominal
enfermeiro/
empoderador,
fisioterapeuta)
Ordinal
diferentes
grupos
de
saúde
e
utentes,
conduz
a
maior
empoderamento?
Relação pessoal
Ordinal
(CT; C; N/ NC)
Saúde
os
Uma melhor comunicação entre profissionais
(CT; C; N/ NC)
Promoção da
entre
profissionais?
Comunicação com
os utentes
Existe diferença, no que respeita ao grau
Ordinal
Uma boa relação entre profissionais de saúde
e utentes conduz a um maior “empowerment”?
Qual a proporção de profissionais de saúde
que referem falar acerca de formas de
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
promoverem a saúde dos utentes?
(CT; C; N/ NC)
Positivismo e
clareza
Qual a proporção de profissionais de saúde
Ordinal
os seus utentes?
(CT; C; N/ NC)
NOME DA VARIÁVEL
ESCALA
PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO
Qual a opinião dos profissionais de saúde em
Necessidade de
Informação
que referem falar de uma forma adequada com
relação à necessidade de informação?
Ordinal
Existe alguma relação entre a necessidade de
(CT; C; N/ NC)
informação e o empoderamento?
CT – concordo totalmente; C- concordo; N/ NC – neutro/ não concordo
Por outro lado, o seguinte quadro (quadro 5) refere-se ao grupo no qual se
encontram incluídos os pais ou pessoas significativas das crianças que
recorrem ao serviço referido anteriormente, no tempo em que decorre o estudo.
QUADRO 5: VARIÁVEIS E PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO NO GRUPO 2
NOME DA VARIÁVEL
Idade
(anos)
ESCALA
Intervalar
PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO
Qual o grupo etário que apresenta maior
frequência?
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Existe relação entre a idade e o nível de
empoderamento?
Género
(masculino/ feminino)
NOME DA VARIÁVEL
Nominal
Que género participa mais no plano de
saúde das crianças: feminino ou masculino?
ESCALA
PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO
Qual o grau de escolaridade que predomina
entre
Grau de escolaridade
os
pais
ou
acompanhantes
das
Nominal crianças?
Existe relação entre a escolaridade
e o
desejo de empoderamento?
Grau de Parentesco
(pai, mãe, outro)
Nominal
Qual o elemento que mais acompanha a
criança ao hospital?
Pais de famílias com mais filhos apresentam
Número de Filhos
(1, 2, 3 ou mais)
maior “empowerment”?
Ordinal
Existe relação entre o número de filhos e o
desejo de empoderamento?
Lugar onde a criança
Qual o local onde as crianças passam a
passa a maior parte
maior parte do tempo?
do tempo
Nominal Será que pais de crianças que passam mais
(casa, creche, avós,
tempo longe dos pais apresentam menor
outros)
Auto-avaliação de
nível de empoderamento?
Ordinal
Existe relação entre a auto-avaliação de
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
saúde
saúde
feita
pelos
utentes
e
o
seu
“empowerment”?
(óptima, muito boa,
boa, razoável, fraca)
NOME DA VARIÁVEL
ESCALA
Comunicação com os
profissionais de saúde
Uma
Ordinal
boa
relação
existente
entre
profissionais de saúde e utentes conduz a
um maior “empowerment”?
(CT; C; N; D;DT)
Qual a proporção de utentes que referem
Promoção da saúde
Ordinal
(CT; C; N; D;DT)
terem sido devidamente informados acerca
de formas de promoverem a sua saúde?
Positivismo, interesse
e clareza
PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO
Qual a proporção de utentes que afirma ter
Ordinal
uma relação positiva com os profissionais de
saúde?
(CT; C; N; D;DT)
Necessidade de
Informação
Ordinal
Qual a proporção de utentes que refere
necessidade em obter informação?
(CT; C; N; D;DT)
Tempo de consulta
(CT; C; N; D;DT)
Ordinal
Compreensão da
linguagem
(CT; C; N; D;DT)
Qual a proporção de utentes que consideram
o tempo de consulta adequado?
Qual
Ordinal
a
proporção
de
utentes
que
compreendem a linguagem utilizada pelos
profissionais de saúde?
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Apreensão da
informação
Ordinal
Qual a proporção de pessoas que referem
apreender toda a informação?
(CT; C; N; D;DT)
NOME DA VARIÁVEL
ESCALA
PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO
Selecção do plano de
tratamento
Nominal
Qual a preferência dos utentes, em relação a
selecção final do seu plano de tratamento?
(Escala de Degner)
CT – concordo totalmente; C – concordo; N – neutro/ nem concordo nem discordo;
D – discordo; DT – discordo totalmente
No entanto, e dado que existe, ainda, no instrumento de colheita de dados uma
parte de perguntas de resposta aberta, realizámos as questões seguintes aos
elementos do grupo 1:
O que entende por “empowerment” do cidadão, em saúde?
Qual o papel do profissional de saúde no “empowerment” do cidadão
em saúde, na sua opinião?
No que respeita aos indivíduos do grupo 2, a pergunta de resposta aberta
realizadas foi:
Quais os factores de que dependem a satisfação dos utentes em
relação aos profissionais de saúde e cuidados prestados?
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
CONSIDERANDO
QUE
A
INFORMAÇÃO
RECOLHIDA
É
DE
DIFERENTES
TIPOS
(QUANTITATIVO E QUALITATIVO) TIVEMOS QUE UTILIZAR TÉCNICAS DIFERENTES PARA O
SEU TRATAMENTO.
NO
QUE RESPEITA À PARTE QUANTITATIVA, UTILIZÁMOS O PROGRAMA INFORMÁTICO
SPSS 10.0. PARA A
ANÁLISE DA INFORMAÇÃO QUALITATIVA, UTILIZÁMOS A TÉCNICA
DE ANÁLISE DE CONTEÚDO.
A
ANÁLISE DE CONTEÚDO CONSISTE NUMA TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO QUE PERMITE
FAZER INFERÊNCIAS VÁLIDAS, PARA O CONTEXTO ONDE FORAM PRODUZIDAS E
REPLICÁVEIS, DOS DADOS PARA O SEU CONTEXTO
(KRIPPENDORF, 1980) CITADO POR
FERRINHO (2002).
TEM
COMO OBJECTIVO DESCONSTRUIR UM DISCURSO PARA VOLTAR A CONSTRUI-LO,
COM UM SIGNIFICADO PERTINENTE, CORRESPONDENDO AOS NOSSOS OBJECTIVOS.
PARA
TAL É NECESSÁRIO: SUMARIAR OS DADOS (REPRESENTAR E SELECCIONAR OS
DADOS, APRESENTANDO-OS EM TABELAS E GRÁFICOS); DESCOBRIR RELAÇÃO ENTRE
OS DADOS (VER SE HÁ RELAÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS) E DESCOBRIR RELAÇÕES
ENTRE OS DADOS DO CONTEÚDO E DADOS EXTERNOS AO CONTEÚDO)
OBTENDO
OS RESULTADOS, IMPÕE-SE A SUA APRESENTAÇÃO.
AO
LONGO DA
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS FAREMOS A SUA DISCUSSÃO, NO SENTIDO DE OS
COMPREENDER, BEM COMO CLARIFICAR A PROBLEMÁTICA EM ESTUDO.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
4.1. GRUPO I – GRUPO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
O QUESTIONÁRIO FOI ENTREGUE, TAL COMO JÁ SE REFERIU ANTERIORMENTE, A TODOS
OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
(MÉDICOS,
ENFERMEIROS E FISIOTERAPEUTAS) QUE
DESEMPENHAM FUNÇÕES NOS SERVIÇOS LIGADOS À
HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO
DO
OUTÃO (36
ORTOPEDIA INFANTIL
DO
FUNCIONÁRIOS, NO TOTAL),
TENDO-NOS SIDO ENTREGUES 25 QUESTIONÁRIOS PREENCHIDOS (CERCA DE 69,4%).
PENSAMOS
QUE OS RESULTADOS OBTIDOS NÃO SERIAM INFLUENCIADOS PELAS
RESPOSTAS DOS PROFISSIONAIS QUE NÃO RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO, OU
SEJA, ESTE FACTOR NÃO INTERFERE NA ZONA CRÍTICA DAS CONCLUSÕES.
4.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
COMECEMOS,
ENTÃO, POR CARACTERIZAR A POPULAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE.
QUANTO
AO
GÉNERO,
TAL
COMO
SERIA
DE
DISTRIBUIÇÃO PREDOMINANTEMENTE FEMININA
ESPERAR,
(72,0%),
EVIDENCIOU-SE
UMA
MANTENDO O PERFIL QUE
TEM CARACTERIZADO AS PROFISSÕES LIGADAS À SAÚDE
(COM
GRANDE PESO DA
PROFISSÃO DE ENFERMAGEM) COMO SENDO “PROFISSÕES BASICAMENTE FEMININAS”.
NO
QUE RESPEITA À IDADE DOS RESPONDENTES, VERIFICÁMOS QUE AS FAIXAS
ETÁRIAS DOS
31
AOS
45
ANOS E DOS
46
AOS
55
ANOS APRESENTARAM MAIOR
FREQUÊNCIA, O QUE NOS PERMITE DIZER QUE A MAIORIA
(56,7%) DOS PROFISSIONAIS
QUE DESEMPENHAM FUNÇÕES NO LOCAL JÁ REFERIDO SITUAM-SE NA IDADE MADURA.
QUANTO
À PROFISSÃO DOS INQUIRIDOS, A MAIORIA DOS RESPONDENTES FORAM
ENFERMEIROS COM 60% DAS RESPOSTAS.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
OUTRA
VARIÁVEL
QUE
CONSIDERÁMOS
DE
IMPORTANTE
ANÁLISE
FOI
A
DA
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL, QUE EVIDENCIOU O ELEVADO NÚMERO DE ANOS QUE, EM
MÉDIA, OS PROFISSIONAIS INQUIRIDOS TÊM DE DESEMPENHO PROFISSIONAL
DOS INQUIRIDOS TÊM MAIS DO QUE
QUAIS
33,3%
EXPLICADO
11
AFIRMARAM TER MAIS DE
PELO
FACTO
DA
(56,6%
ANOS DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL, DOS
20
MAIOR
ANOS DE EXPERIÊNCIA), O QUE PODE SER
PARTE
DOS
PROFISSIONAIS
DE
SAÚDE
DESEMPENHAR FUNÇÕES NESTA INSTITUIÇÃO HÁ MUITO TEMPO, PROVAVELMENTE
PELO FACTO DE SER UM HOSPITAL PEQUENO, COM GRANDE AMBIENTE FAMILIAR O QUE
FAZ COM QUE OS PROFISSIONAIS SE SINTAM BEM NO LOCAL ONDE DESEMPENHAM
FUNÇÕES E ACABEM POR FAZER A SUA CARREIRA NO MESMO.
4.1.2. Análise descritiva sumária das respostas
Consideramos adequado dar uma ideia geral das respostas dos respondentes
ao nosso questionário, o que se pode verificar no quadro 6.
Optámos, pela visualização dos resultados em percentagens, pois existem
alguns que se destacam. Vejamos:
Quadro 6: Frequências de respostas ao questionário (respondentes = 25)
Respostas (%)
Itens
CT
C
N/NC
1.Mostro interesse nas preocupações e problemas dos utentes.
68,0
32,0
0,0
2.Mostro pouco interesse no que os utentes querem saber.
0,0
16,0
84,0
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
3.Discuto e chego a um acordo acerca do plano de tratamento.
4,0
72,0
24,0
4.Não encorajo os utentes a fazerem-me perguntas.
0,0
12,0
88,0
5.Sou cuidadoso a explicar o plano de tratamento.
40,0
60,0
0,0
6.Mostro interesse em saber o tratamento que o utente prefere.
20,0
60,0
20,0
7.Conheço e compreendo bem os meus utentes.
32,0
60,0
8,0
8.Não me preocupo com necessidades emocionais dos utentes.
0,0
4,0
96,0
9.Dou pouca relevância à história dos meus utentes.
0,0
16,0
84,0
10.Abordo formas de diminuir o risco de futuras doenças.
36,0
60,0
4,0
11.Não aconselho como prevenir futuros problemas de saúde.
0,0
8,0
92,0
12.Explico claramente o problema.
32,0
60,0
8,0
13.Falo acerca de quando o problema ficará resolvido.
44,0
52,0
4,0
14.Tenho pouco interesse no efeito do problema na vida.
0,0
0,0
100,0
15.Considero que pessoas necessitam do máximo de informação
52,0
48,0
0,0
16.Demasiado conhecimento é mau.
8,0
8,0
84,0
17.O que não se sabe, não nos pode fazer mal.
0,0
16,0
84,0
18.Falo de modo a compreenderem tudo o que digo.
64,0
36,0
0,0
19.O tempo de consulta/ visita médica é adequado.
12,0
44,0
44,0
20.Tenho a noção que os utentes apreendem tudo o que referi.
12,0
52,0
36,0
21.Considero irrelevante o envolvimento e participação do utente.
0,0
8,0
92,0
22.Utilizo, maioritariamente, linguagem técnica.
0,0
24,0
76,0
23.As indicações importantes devem ser ditas e escritas.
40,0
60,0
0,0
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
CT – concordo totalmente
C – concordo
N/NC – neutro/ não concordo
Através das respostas observadas no quadro anterior, podemos destacar, de
imediato, alguns itens, aos quais os inquiridos tiveram uma resposta próxima
ou igual à resposta óptima e, portanto, do valor máximo.
As respostas dos inquiridos dão, portanto, uma imagem de interesse pelo
utentes, a vários níveis, e não apenas no que respeita à resolução imediata do
problema de saúde, já que evidenciam a importância da comunicação (itens 1 ,
2 e 18), da relação pessoal (itens 8 e 9), da promoção da saúde e educação
para a saúde (itens 11 e 14), além de revelarem interesse especial por algumas
das dimensões do “empowerment” (item 21).
De facto, se olharmos de uma forma “fotográfica” para as respostas dos
inquiridos (quadro 6), verificamos homogeneidade nas respostas, o que nos
suscita algumas questões:
será que o grupo de profissionais de saúde inquiridos é homogéneo?
será que o questionário adoptado não é um instrumento discriminativo?
A
RESPOSTA À PRIMEIRA QUESTÃO FALAREMOS EM SEGUIDA, ENQUANTO QUE A
RESPOSTA À SEGUNDA SERÁ FORNECIDA AQUANDO DA ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS
RESULTADOS, UM POUCO MAIS ADIANTE.
A justificação que consideramos mais adequada para a homogeneidade dos
dados provém da ideia de que o padrão de desempenho profissional dos
inquiridos é, de facto, semelhante, uma vez que tratam-se de profissionais de
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
saúde que desempenham funções há muito tempo no mesmo local, pelo que já
se conhecem muito bem, não havendo grande divergência a nível de atitudes.
Outro factor que pode contribuir para tal facto consiste na dimensão do
hospital. O Hospital em causa é uma unidade hospitalar pequena, com grande
ambiente familiar como já se referiu anteriormente, onde todos os funcionários
se conhecem e comunicam quotidianamente. Mesmo entre grupos profissionais
distintos, nota-se que todos se conhecem uns aos outros, bem como à sua
forma de trabalhar, o que contribuiu, provavelmente, para a homogeneidade
dos resultados.
Vejamos, então, as questões onde a dispersão das respostas foi maior.
De uma forma geral, a conclusão que se consegue retirar do padrão de
respostas obtido é um grau empoderador elevado entre os profissionais de
saúde inquiridos. Porém, existem pontos cruciais deste factor que suscitaram
algumas dúvidas.
No que respeita a alguns itens como, por exemplo: 1, 5, 6, 7, 10, 12, 13, 15, 18
e 23, a grande maioria dos inquiridos responderam de uma forma positiva.
Todavia, as respostas dividiram-se entre o “concordo” e o “concordo
totalmente”, o que faz transparecer que, em regra, as atitudes referidas nestas
afirmações são realizadas, embora existam provavelmente alguns casos que
se revelem como excepção.
Vejamos, a maioria dos inquiridos afirmaram, convictamente, que mostram
interesse nas preocupações e problemas dos utentes (item 1), mas houve
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
novamente uma percentagem de resposta na ordem dos 32% que não o
afirmou na totalidade. Efeito similar provocou o item 15 nos inquiridos.
Realmente, ao abordar-se a necessidade de informação dos utentes acerca da
sua doença e tratamento (item 15), os profissionais de saúde concordam com o
facto; porém, nem todos conseguem afirmá-lo na totalidade, fazendo
transparecer aquele factor que abordámos no início do enquadramento teórico
e que consistia uma das nossas dúvidas e resistência ao empoderamento dos
utentes por parte dos profissionais de saúde: Ser um parceiro nos cuidados de
saúde implica partilha de poder no que respeita a tomadas de decisão. Mas
quantos profissionais de saúde estão dispostos ou são capazes de partilhar
todo o seu conhecimento e habilidades, para deixar outra pessoa decidir o
próximo passo?
Padrão de resposta curioso foi, também, o que ocorreu com o item 23, que
referia-se à importância das indicação importantes serem ditas e escritas, item
este ao qual 40% dos respondentes concordaram totalmente com a afirmação.
As respostas a este item ainda se torna mais curiosa quando relacionadas com
as dadas aos itens 19 e 20, onde parte dos respondentes (44,0%) referiu
adoptar uma atitude neutra ou não concordar face à adequação do tempo de
visita médica e cerca de 36% dos inquiridos (segundo maior valor) afirma que
não tem a certeza de que os utentes apreendem tudo o que lhes é dito. Pois
bem, de imediato, surgiu-nos uma dúvida: Se apenas 12,0% dos inquiridos
afirma concordar totalmente com o tempo de visita médica e apenas 12,0% dos
inquiridos concordam totalmente que os utentes apreendem tudo o que lhes foi
referido, qual a razão para que nem todos os inquiridos concordem totalmente
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
com a afirmação que nos diz que as indicações importantes devem ser ditas e
escritas?
A única explicação que conseguimos arranjar consiste na chamada resistência
à mudança pois, embora os profissionais de saúde reconheçam que nem toda
a informação que foi fornecida aos utentes foi apreendida e que o tempo de
visita não é totalmente adequado, estão habituados apenas a transmitir
informação oral, o que provavelmente influenciou as respostas.
Provavelmente, podemos justificar o padrão de respostas ao item 6 com o
mesmo aspecto já referido anteriormente, ou seja, possivelmente nem todos os
profissionais de saúde são capazes de afirmar que mostram interesse em
saber o tratamento que o utente prefere, pois consideram-se “donos do
conhecimento” e com pouca vontade de partilhá-lo, tal como refere CAMPOS
(1996): “queixamo-nos de que a comunidade não participa, mas, ao mesmo
tempo e no fundo, não queremos que ela realmente participe na vida e na
gestão dos serviços de saúde”.
4.1.3. Análise e discussão dos resultados
PARA
MELHOR
ORGANIZAÇÃO
CONCOMITANTEMENTE,
QUAL
A
DE
HIPÓTESE
IDEIAS,
DECIDIMOS
OPERACIONAL
QUE
EXPLICITAR,
PRETENDEMOS
INVESTIGAR, BEM COMO A CONCLUSÃO A QUE CHEGÁMOS.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Hipótese Operacional 1.1.: a soma das cinco componentes de empoderamento
apresenta uma medida de empoderamento global com coeficiente de
fiabilidade interna (alfa) adequado.
Comecemos, então, pela avaliação da consistência interna dos itens do nosso
questionário8.
O Alpha de Cronbach é uma das medidas mais utilizadas para verificação da
consistência interna de um grupo de variáveis, aumentando com o número de
itens (perguntas) do questionário e com correlações mais elevadas entre os
itens.
De modo a melhor compreendermos os resultados e para ser mais fácil a sua
análise, agrupámos os itens do questionário em cinco grupos de questões, que
considerámos como componentes de empoderamento, tal como pretende
demonstrar o quadro 7:
QUADRO 7 – GRUPOS DE QUESTÕES DO QUESTIONÁRIO
GRUPOS
8
NÚMERO DE ITENS
DESCRIÇÃO DO FACTOR
Anexo III
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
UM
6
COMUNICAÇÃO E RELAÇÃO COM OS
DOIS
3
UTENTES
TRÊS
2
QUATRO
3
PROMOÇÃO DA SAÚDE
CINCO
9
POSITIVISMO E CLAREZA
RELAÇÃO PESSOAL
NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO
Ao analisarmos a consistência interna destes grupos de questões, através do
alfa de Cronbach, verificámos a existência de valores intermédios e
relativamente homogéneos, o que é bom porque indica que as componentes
contribuem mais ou menos de igual forma para o nível de empoderamento.
O coeficiente de fiabilidade interna alpha apresentou o valor 0,7533, valor este
que é razoável e que indica que a medida de nível de empoderamento feita
somando as cinco componentes do “empowerment” tem fiabilidade interna
adequada.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.1.: em conjunto, as cinco
componentes de empoderamento definem uma medida de empoderamento
geral com fiabilidade interna
= 0,753, pelo que a hipótese é aceitável.
Hipótese Operacional 1.2.: existe uma razoável interrelação entre os grupos de
questões.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Para responder a esta hipótese tivemos que construir a matriz de correlações,
que nos deu valores intermédios. O facto de todas as correlações serem
positivas revela que são componentes do “empowerment”. O facto de terem a
maioria valores significativos9 indica que as componentes provavelmente estão
genuinamente correlacionadas no Universo (HILL e HILL, 2002).
O facto das correlações apresentarem valores intermédios dá confiança de que
as componentes representam aspectos diferentes de “empowerment”, já que
segundo os autores atrás citados, quando as correlações têm valores
intermédios, é razoável concluir que cada uma das componentes mede duas
coisas : alguma coisa que todas as outras componentes também medem
(presumivelmente “empowerment”) e alguma coisa que as outras componentes
não medem.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.2.: a hipótese é aceitável, uma vez
que utilizando a matriz de correlações das componentes resultaram valores
intermédios, positivos e, maioritariamente, significativos.
Hipótese Operacional 1.3.: os inquiridos apresentam um grau empoderador
elevado.
9
Anexo IV
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
GOSTARÍAMOS,
IGUALMENTE,
DE
APROVEITAR
A
ANÁLISE
ESTATÍSTICA
PARA
CONFIRMAR O ALTO GRAU EMPODERADOR DOS INQUIRIDOS.
Quadro 8 – Estatítica
descritiva do nível de
empoderamento
N
Valid
25
Missing
0
Mean
57,8
Minimum
45
Maximum
67
Gráfico 1 – Histograma do Nível de Empoderamento
empoderamento dos profissionais
10
8
6
4
uency
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
2
Std. Dev = 4,96
Mean = 57,8
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
DE
FACTO, ATRAVÉS DO QUADRO
8
E DO GRÁFICO
1
PODEMOS VERIFICAR QUE A
MÉDIA DO GRAU EMPODERADOR RESPONDIDO PELOS INQUIRIDOS É ALTA
(57,8),
JÁ
QUE O VALOR MÁXIMO POSSÍVEL DE OBTER ERA DE 69.
PENSAMOS QUE ESTES VALORES ELEVADOS DE ATITUDE EMPODERADORA POR PARTE
DOS PROFISSIONAIS PRENDE-SE COM O FACTO DOS PROFISSIONAIS INQUIRIDOS TEREM
A CONSCIÊNCIA DE QUE O TRATAMENTO DAS CRIANÇAS NÃO ESTÁ FINALIZADO,
AQUANDO DA ALTA, COMO O TER CUIDADO COM AS IMOBILIZAÇÕES GESSADAS E O
ESTAR DESPERTO PARA ALGUNS SINAIS E SINTOMAS DE ALARME QUE SÓ AS PRÓPRIAS
CRIANÇAS E FAMÍLIA PODERÃO OBSERVAR, PELO QUE SÃO MESMO NECESSÁRIOS
NESTE CONTEXTO PROFISSIONAIS DE SAÚDE EMPODERADORES QUE ORIGINEM
UTENTES EMPODERADOS.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.3.: há evidência de que os
inquiridos apresentam um nível de empoderamento médio-alto, uma vez que
obtiveram como média 57,8, pelo que a hipótese é aceitável.
AGORA,
QUE JÁ ANALISÁMOS A CONSISTÊNCIA DO QUESTIONÁRIO E A SUA
FIABILIDADE, VAMOS ENTÃO PROCEDER AO CRUZAMENTO DE VARIÁVEIS, APESAR DE
SABERMOS,
À
PARTIDA,
QUE
NÃO
DEVEM
EXISTIR
MUITAS
DIFERENÇAS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS, DADA A HOMOGENEIDADE DAS RESPOSTAS JÁ
CONFIRMADA E ADEQUADAMENTE ARGUMENTADA.
Hipótese Operacional 1.4.: os inquiridos do género feminino apresentam uma
atitude mais empoderadora do que os do género masculino.
Para ilustrarmos a resposta a esta hipótese, decidimos mostrar o gráfico 2.
Através das caixas de bigodes, podemos verificar que é de facto o género
feminino aquele que apresenta uma atitude mais empoderadora, apesar de em
termos de mediana, as duas distribuições não diferirem muito.
De facto, como já foi referido na teoria, alguns estudos correlacionam
positivamente a relação entre uma tomada de decisão partilhada e o facto do
profissional de saúde ser mulher, uma vez que esta utilizaria uma linguagem
mais cooperativa.
Gráfico 2: Atitude empoderadora e género dos profissionais de saúde
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
70
60
50
2
40
N=
18
7
feminino
masculino
género
ESTES
FACTOS SÃO CONFIRMADOS, SABENDO QUE A MÉDIA OBTIDA PARA AS
MULHERES FOI DE
58,78,
ENQUANTO QUE A MESMA PARA OS HOMENS NÃO PASSOU
DOS 55,29.
TAL
COMO TAMBÉM FOI POSSÍVEL VERIFICAR, AS MEDIANAS SÃO REALMENTE
SEMELHANTES
(59
PARA AS MULHERES E
58
PARA OS HOMENS), PELO QUE A
DIFERENÇA EXISTENTE NÃO SE MANIFESTOU ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVA
(P=0,116, P> ,
PARA
=0,05) .
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.4.: de facto, os inquiridos do género
feminino apresentam uma atitude mais empoderadora, em relação aos
inquiridos masculinos, o que torna a hipótese aceitável. Porém, a diferença
existente não é estatisticamente significativa.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Hipótese Operacional 1.5.: existe relação entre a atitude empoderadora e o
grupo profissional.
De uma forma semelhante à resolução anterior, vamos utilizar o gráfico 3 para
melhor e mais facilmente ilustrar os resultados curiosos a que chegámos.
Gráfico 3 – Atitude empoderadora e grupo profissional
70
10
60
50
40
N=
15
enfermeiros
3
médicos
7
fisioterapeutas
profissão
De facto, estas caixas de bigodes indicam-nos que (e mais uma vez), embora
as medianas não difiram demasiado, o grupo profissional que apresenta o valor
máximo é o grupo dos médicos; porém, é também este grupo que apresenta, e
com grande diferença, o valor mais baixo. Assim, são os fisioterapeutas que de
uma forma mais consistente, apresentam uma atitude mais empoderadora,
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
apresentando em média 60,14, seguindo-se dos enfermeiros (média = 57,00)
e, só depois os médicos (média = 56,33).
Pensamos que estas respostas fazem sentido, uma vez que são os
fisioterapeutas que mais trabalham com os utentes num período de preparação
para a alta, e mesmo, num período pós-alta, o que pressupõe mais autonomia
e auto-responsabilização por parte do utente, do que quando este se encontra
internado (altura em que os enfermeiros e os médicos estão com o utente).
Parece-nos, igualmente, pertinente evidenciar a importância da comunicação
em cada um dos cursos: fisioterapia, medicina e enfermagem, e verificar a sua
relação com as respostas obtidas.
É de conhecimento geral, que no curso de medicina, o factor comunicação e a
componente relacional têm baixo peso relativamente às restantes áreas, o que
possivelmente pode reflectir-se em relações deste tipo.
Já no curso de enfermagem, onde a componente relacional (saber ser e saber
estar)
estão
sempre
presentes,
era
de
esperar
uma
atitude
mais
empoderadora. Contudo, verificámos, que a terceira componente (saber fazer)
provavelmente, na prática, exerce um grande peso, pelo que se obtiveram os
resultados já referidos.
No que respeita ao curso de fisioterapia, não há dúvidas de que este tem,
necessariamente, de se encontrar voltada para o utente e comunidade, pois o
trabalho dos profissionais só será conseguido, com a participação dos utentes.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
APESAR
DE EXISTIREM DIFERENÇAS, MAIS UMA VEZ ESTAS NÃO SE VERIFICARAM
ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS (P=0,224, P>
,
PARA
=0,05) .
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.5.: os fisioterapeutas apresentam
valores mais elevados de grau empoderador, em relação aos restantes grupos
profissionais, o que torna a hipótese aceitável. Porém, a diferença existente
não é estatisticamente significativa.
Hipótese Operacional 1.6.: a relação pessoal entre utentes e profissionais de
saúde apresenta uma correlação positiva e significativa com a comunicação
com os utentes.
Para responder a esta hipótese, necessitamos de cruzar estes dois
componentes do empoderamento e verificar qual a sua relação.
O coeficiente de correlação de Spearman mede a intensidade da relação entre
variáveis ordinais. De facto, utilizando o coeficiente de correlação de
Spearman, verificamos que, em relação a estas duas componentes, R = 0,402,
associado a um p = 0,047, ou seja menor que alfa, para alfa = 0,05, ou seja,
estatisticamente significativo.
A correlação entre a comunicação e a relação pessoal é positiva, indicando que
quando uma aumenta, também a outra aumenta, isto é, uma boa comunicação
leva à melhoria da relação pessoal entre utentes e profissionais de saúde, o
que se traduz no terreno apropriado para se construir uma conversa
empoderadora, entre dois indivíduos empoderados. Este valor moderado de
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
correlação, tem associado um nível de significância de teste de 0,047,
rejeitando a hipótese nula da correlação ser zero no universo.
Relembremo-nos que segundo DUGGAN (2002), melhores níveis de satisfação
em relação à comunicação entre os profissionais de saúde e os utentes,
resultam no aumento de adesão às instruções clínicas.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.6.: a hipótese é aceitável, uma vez
que se confirma a existência de uma moderada associação linear (R= 0,402)
entre a comunicação e a relação pessoal, estatisticamente significativa (p=
0,047).
Hipótese Operacional 1.7.: a relação pessoal entre utentes e profissionais de
saúde apresenta uma correlação positiva e significativa com a componente
positivismo e clareza.
O procedimento utilizado na resolução desta hipótese é idêntico ao da hipótese
anterior.
No que respeita à relação entre a relação pessoal e o positivismo e clareza,
existe também uma correlação positiva (R = 0,546) e significativa (p = 0,05), o
que evidencia o facto de que existindo um diálogo claro e sem obstáculos, a
relação entre utentes e profissionais de saúde é melhorada.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.7.: a hipótese é aceitável, uma vez
que se confirma a existência de uma boa correlação entre a relação pessoal e
o positivismo e clareza (R = 0,546, p = 0,05), para alfa = 0,05.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Em relação à idade e à experiência profissional, não se verificaram diferenças
significativas, nem quaisquer correlações.
4.1.4. ANÁLISE DE CONTEÚDO
SUBLINHANDO
O JÁ REFERIDO ANTERIORMENTE, O QUESTIONÁRIO APRESENTAVA
DUAS PERGUNTAS DE RESPOSTA ABERTA: A PRIMEIRA DIZIA RESPEITO À DEFINIÇÃO DE
“EMPOWERMENT”,
ENQUANTO QUE A SEGUNDA ENCONTRAVA-SE RELACIONADA COM
O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO QUE RESPEITA À PARTICIPAÇÃO E
ENVOLVIMENTO DO CIDADÃO EM SAÚDE.
ATENDENDO
ÀS RESPOSTAS DOS NOSSOS INQUIRIDOS À PRIMEIRA PERGUNTA,
CONSIDERAMOS IMPORTANTE REFERIR QUE CERCA DE METADE REFERE DESCONHECER
O TERMO
“EMPOWERMENT”,
TENHO CONHECIMENTO”,
CHEGANDO MESMO A DAR RESPOSTAS DO TIPO:
“NADA”, “NUNCA
OUVI FALAR EM TAL COISA”,
“NÃO
“NÃO
SEI
RESPONDER”.
SE NOS SURPREENDERAM ESTAS RESPOSTAS? NÃO ESTARÍAMOS A SER HONESTOS SE
AFIRMÁSSEMOS QUE SIM, POIS O TERMO
“EMPOWERMENT”
NÃO É, DE FACTO, AINDA,
CORRENTEMENTE UTILIZADO NO MEIO HOSPITALAR.
PORÉM, EMBORA À PARTIDA NÓS JÁ ESTIVÉSSEMOS À ESPERA DE RESPOSTAS DO TIPO
ACIMA INDICADAS, CONSIDERÁMOS IMPORTANTE CERTIFICARMO-NOS DE TAL FACTO.
NÃO
SE PENSE, CONTUDO, QUE UTILIZÁMOS O TERMO
DETRIMENTO DE ENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÃO
(QUE
“EMPOWERMENT”
EM
CERTAMENTE TODOS OS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
INQUIRIDOS CONHECEM E TÊM UMA IDEIA DO QUE SE TRATA) POR VAIDADE OU PARA
DEMONSTRAÇÃO DE ALGO, POIS NÃO FOI ESSA A RAZÃO.
A RAZÃO PRINCIPAL QUE NOS LEVOU A FALAR EM “EMPOWERMENT” NESTA QUESTÃO
TEVE, JUSTAMENTE, O OBJECTIVO DE INTRODUZIR ESTE TERMO (QUE CONSIDERAMOS
MUITO IMPORTANTE E FUNDAMENTAL QUE ESTEJA PRESENTE NO QUOTIDIANO DE
TODOS OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE) NOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE, POR
QUALQUER RAZÃO, DESCONHECIAM ESTE TERMO, TERMO ESTE QUE, AFINAL, FAZ
PARTE DO SEU DIA-A-DIA.
CONCEITO DE
ESTE OBJECTIVO DE DIFUSÃO, SE ASSIM SE PODE DIZER, DO
“EMPOWERMENT”
PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FOI BASTANTE
CONSEGUIDO, UMA VEZ QUE A MAIOR PARTE DOS QUE DESCONHECIAM O TERMO
QUESTIONARAM-NOS ACERCA DO MESMO E FICARAM ESCLARECIDOS.
ANALISEMOS,
AGORA, AS RESPOSTAS DADAS PELOS INQUIRIDOS QUE CONHECIAM O
TERMO “EMPOWERMENT”:
“Considero que o “empowerment” do cidadão possibilita maior envolvimento
deste nas decisões que lhe dizem respeito e que se revelam importantes
para a sua vida. Consequentemente, existe uma co-responsabilização no
plano de saúde.”
“ Envolvimento e participação nos cuidados de saúde com possibilidade de
discutir com os profissionais e optar pelos melhores cuidados para o seu caso.”
“É o envolvimento do utente nos cuidados, decisões e atitudes relativas à
sua saúde/ doença, de forma a que este participe de uma forma elucidada
e confiante no técnico, mas também que tenha responsabilidades nessas
mesmas decisões.”
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
“ O cidadão ter um papel activo nos cuidados de saúde e ser-lhe atribuído
poder de decisão.”
“Participação crítica e activa do cidadão, com poder, direitos e
autonomia.”
“Penso que tem a ver com a informação/ esclarecimento do utente acerca da
sua condição clínica e problemas e co-responsabilizá-lo para o seu programa
de tratamento/ reabilitação.”
“Julgo que consiste em responsabilizar o utente da sua saúde, dando-lhe
não só responsabilidade sobre o seu estado de saúde, como também o poder
para decidir relativamente às questões que o envolvem.”
“É dar oportunidade ao doente em participar no seu tratamento.”
“O doente tem que ser co-responsabilizado na sua recuperação e sua
saúde.”
“A participação do utente em tudo o que se relacione com a sua saúde, de
uma forma esclarecida.”
SINTETIZANDO,
RELAÇÃO AO
DE UMA FORMA GERAL, AS DEFINIÇÕES DADAS PELOS INQUIRIDOS EM
“EMPOWERMENT”,
PODEMOS SALIENTAR ALGUNS TERMOS QUE FORAM
REPETIDAMENTE FOCADOS, O QUE TENTÁMOS DEMONSTRAR COM O SEGUINTE
ESQUEMA:
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ESQUEMA 3: DEFINIÇÃO DE “EMPOWERMENT” SEGUNDO OS
PROFISSIONAIS INQUIRIDOS
NO QUE RESPEITA À SEGUNDA PERGUNTA DE RESPOSTA ABERTA, QUE SE REFERIA AO
PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO
LUGAR PARA DÚVIDAS.
“EMPOWERMENT”
DO CIDADÃO NÃO HOUVE
A GRANDE MAIORIA DOS INQUIRIDOS CONSIDERAM ESTE PAPEL
IMPORTANTE. VEJAMOS:
“O papel do profissional de saúde é preponderante, pois este deve promover
a participação do cidadão, explicando de uma forma clara o que se passa e
mostrando disponibilidade para esclarecimento de dúvidas.”
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
“Acho importante, mas na nossa sociedade, segundo a minha perspectiva, o
médico tem uma relação muito distante com os utentes e os utentes dão mais
importância aos conselhos dos médicos do que aos dos enfermeiros.”
“Falar de uma forma clara, numa linguagem perceptível e que leve a que o
utente tenha confiança nele e só assim os utentes conseguem falar sem
medos e sem rodeios.”
“O papel do profissional de saúde deve ser bastante activo, participativo e
fazer com que o cidadão reconheça que o profissional lhe dá visibilidade e
credibilidade, sendo fundamental a honestidade.”
“É essencial.”
“Preponderante.”
“Investir na prevenção.”
“Liderança.”
“ Tem um papel importante na informação e formação da população no que
respeita à saúde.”
“ O profissional de saúde tem um papel de educador no sentido de
disponibilizar toda a informação ao utente de modo a envolvê-lo e coreponsabilizá-lo no seu programa de reabilitação.”
“O papel do profissional de saúde é dar a informação necessária para que o
doente possa envolver-se no seu tratamento.”
“Cabe ao profissional de saúde estimular a participação do utente no seu
tratamento e responsabilizá-lo do seu estado de saúde, transmitindo-lhe
toda a informação relativa à sua condição.”
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
“Deve estabelecer uma boa relação com o utente e família, além de
minimizar as barreiras existentes.”
“ O profissional de saúde tem como dever transmitir ao utente, de forma
adequada toda a informação que se relacione com o episódio de doença e
explicar, não só os procedimentos e o plano de intervenção que se pretende
executar, mas também as outras opções de tratamento possíveis, de forma
a que o utente de uma forma esclarecida possa tomar as decisões que
considera correctas em relação à sua saúde.”
O
PADRÃO DE RESPOSTAS A ESTA SEGUNDA QUESTÃO É UM POUCO MAIS
HETEROGÉNEO QUE O DA PERGUNTA ANTERIOR, UMA VEZ QUE DE ACORDO COM AS
RESPOSTAS DADAS EXISTE, DE UMA FORMA UM POUCO CONFUSA, UMA IDEIA
PRINCIPAL, QUE SE REFERE AO PROFISSIONAL DE SAÚDE COMO EDUCADOR E FONTE
DE INFORMAÇÃO.
DE
FACTO, SALVO
ALGUMAS
EXCEPÇÕES
A MAIORIA DAS
RESPOSTAS COINCIDE COM O QUE TEMOS VINDO A CONFIRMAR: DE FACTO, OS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE INQUIRIDOS RESPEITAM O UTENTE, ADOPTAM UMA ATITUDE
EMPODERADORA E MANIFESTAMENTE CONSIDERAM-SE ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA
O “EMPOWERMENT” DO CIDADÃO, EM SAÚDE.
4.2. Grupo II – Grupo dos Utentes
4.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
DE
UMA FORMA SIMILAR AO QUE OCORREU COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE,
COMECEMOS POR CARACTERIZAR A AMOSTRA DOS UTENTES QUE RESPONDERAM AO
NOSSO QUESTIONÁRIO.
RELEMBREMOS QUE O
QUESTIONÁRIO FOI PREENCHIDO PELOS ACOMPANHANTES DAS
CRIANÇAS INTERNADAS, ACOMPANHANTES ESTES QUE CONSISTIRAM NOS PAIS
(100%
DAS RESPOSTAS), OU MAIS CONCRETAMENTE, NAS MÃES, O QUE EVIDENCIA O FACTO
TRADICIONAL E CULTURAL DE SEREM MUITO MAIS AS MÃES
(E
NÃO OS PAIS) A
ACOMPANHAREM DE UMA FORMA MAIS PRÓXIMA E PERMANENTE O INTERNAMENTO
DOS FILHOS.
NO
QUE RESPEITA À IDADE DOS RESPONDENTES (NESTE CASO, IDADE DOS PAIS DAS
CRIANÇAS), VERIFICAMOS QUE
50 %
DOS INQUIRIDOS APRESENTAM ENTRE
31
A
40
ANOS.
ATENDENDO AO NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS INQUIRIDOS (QUADRO 9), ESTE REVELASE MAIORITARIAMENTE A NÍVEL DO
LUGAR, AO
2.º
1.º CICLO
DO ENSINO BÁSICO E, EM SEGUNDO
CICLO, FAZENDO TRANSPARECER UMA POPULAÇÃO COM POUCAS
HABILITAÇÕES, A NÍVEL ACADÉMICO.
Quadro 9 – Distribuição das Frequências das Habilitações Literárias
Frequency PercentValid Percent Cumulative Percent
Valid
1º ciclo
10
33,3
33,3
33,3
2º ciclo
9
30,0
30,0
63,3
ensino secundário
7
23,3
23,3
86,7
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ensino universitário
3
10,0
10,0
96,7
pós- graduado
1
3,3
3,3
100,0
Total
30
100,0
100,0
QUANTO
AO NÚMERO DE FILHOS, A GRANDE MAIORIA DOS INQUIRIDOS TÊM ATÉ TRÊS
(83,3%),
FILHOS
O QUE PENSAMOS NÃO CONSTITUIR EXCEPÇÃO NO PADRÃO
NACIONAL PORTUGUÊS.
EM RELAÇÃO ÀS IDADES DAS CRIANÇAS, DESTACAM-SE DOIS GRUPOS ETÁRIOS:
O GRUPO COM IDADES COMPREENDIDAS ENTRE O ANO E OS QUATRO ANOS;
O GRUPO DE CRIANÇAS COM MAIS DE 13 ANOS.
OUTRO
FACTOR QUE CONSIDERÁMOS IMPORTANTE ANALISAR CONSISTE NO LOCAL
ONDE A CRIANÇA PASSA A MAIOR PARTE DO SEU DIA, NÃO SÓ PARA EVIDENCIAR O
PESO QUE A ESCOLA TEM NO DIA-A-DIA DA CRIANÇA, COMO TAMBÉM PARA VERIFICAR
SE EXISTE ALGUMA RELAÇÃO ENTRE O LOCAL QUE A CRIANÇA PASSA A MAIOR PARTE
DO SEU DIA E O NÍVEL DE EMPODERAMENTO DA FAMÍLIA.
CONFIRMEMOS, ENTÃO, OS VALORES NO QUADRO 10:
Quadro 10: distribuição das frequências do local onde a criança passa a
maior parte do seu dia
Frequency PercentValid Percent Cumulative Percent
Valid
casa
7
23,3
23,3
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
23,3
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
escola/ infantário
19
63,3
63,3
86,7
com os avós
4
13,3
13,3
100,0
Total
30
100,0
100,0
DE FACTO, TAL COMO ESPERÁVAMOS, A MAIOR PARTE DAS CRIANÇAS PASSA A MAIOR
PARTE DO SEU DIA NA ESCOLA OU NO INFANTÁRIO
OBVIAMENTE), TENDO APENAS
23,3%
(CONSOANTE
AS IDADES,
DOS INQUIRIDOS REFERIDO A CASA COMO O
LOCAL ONDE A CRIANÇA PASSA A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO.
O QUESTIONÁRIO
ENTREGUE AOS PAIS DAS CRIANÇAS INICIAVA COM UMA PERGUNTA,
COM A QUAL PRETENDÍAMOS QUE OS PAIS FIZESSEM UMA AUTO-AVALIAÇÃO DA SAÚDE
DA CRIANÇA.
O
ANALISEMOS AS RESPOSTAS, NO QUADRO 11.
PADRÃO DE RESPOSTAS A ESTA PRIMEIRA QUESTÃO APRESENTA ALGUMAS
PARTICULARIDADES: NENHUM RESPONDENTE OPTOU PELA OPÇÃO “FRACA” SAÚDE DA
CRIANÇA; E A MAIOR PARTE DAS RESPOSTAS CAÍRAM NO LADO OPTIMISTA DAS
OPÇÕES DE RESPOSTA, COM MAIOR PESO NA OPÇÃO “MUITO BOA” SAÚDE.
Quadro 11 - Distribuição das frequência de acordo com a auto-avaliação
da saúde da criança
Frequency
Percent
Valid Percent Cumulative Percent
Valid razoável
6
20,0
20,0
20,0
boa
8
26,7
26,7
46,7
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
DE
muito boa
9
30,0
30,0
76,7
óptima
7
23,3
23,3
100,0
Total
30
100,0
100,0
FACTO, CONSIDERAMOS CURIOSAS ESTAS RESPOSTAS, UMA VEZ QUE AS MESMAS
SÃO DADAS POR PAIS DE CRIANÇAS QUE SE ENCONTRAM INTERNADAS NO MOMENTO,
OU SEJA, MESMO ENCONTRANDO-SE OS PAIS E RESTANTE FAMÍLIA NUMA SITUAÇÃO DE
CRISE
(PELO
MENOS TEORICAMENTE FALA-SE QUE UMA DOENÇA NA CRIANÇA É
SEMPRE UMA SITUAÇÃO DE CRISE FAMILIAR), OS PRÓPRIOS INTERVENIENTES NÃO A
SENTEM COMO TAL, MOSTRANDO-SE MUITO OPTIMISTAS EM RELAÇÃO À SAÚDE DA
CRIANÇA.
PODEMOS
RELACIONAR ESTE FACTO COM ALGUNS FACTORES QUE JÁ ABORDÁMOS
ANTERIORMENTE, COMO O FACTO DO SERVIÇO EM CAUSA SER ACOLHEDOR, A EQUIPA
MULTIDISCIPLINAR SIMPÁTICA E COM ELEVADA ATITUDE EMPODERADORA, O QUE
FUNCIONA COMO “ESCUDO DE PROTECÇÃO” DA FAMÍLIA QUE SE ENCONTRA AFECTADA
POR UM PROBLEMA DE SAÚDE DA CRIANÇA, SENTINDO-SE, APESAR DE TUDO, BEM.
4.2.2. Análise e discussão dos resultados
TAL
COMO O FIZEMOS PARA O GRUPO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, VAMOS
CONTINUAR A APRESENTAR A HIPÓTESE OPERACIONAL, A SOLUCIONÁ-LA E A REFERIR
A SUA RESPECTIVA CONCLUSÃO.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Hipótese
Operacional
2.1.:
a
soma
das
quatro
componentes
de
empoderamento apresenta coeficiente de fiabilidade interna (alfa) adequado.
NO QUE RESPEITA AOS ITENS DO QUESTIONÁRIO, PROCURÁMOS RECORRER A GRUPOS
DE QUESTÕES, DE MODO A QUE A ANÁLISE FICASSE MAIS FACILITADA E MAIS
FACILMENTE COMPREENSIVA.
ASSIM, AGRUPÁMOS ALGUNS ITENS DOS QUESTIONÁRIO,
CONSTITUINDO-SE NO TOTAL QUATRO GRUPOS DE QUESTÕES, TAL COMO SE PODE
OBSERVAR NO QUADRO 12.
QUADRO 12 – FACTORES DO QUESTIONÁRIO
FACTORES
NÚMERO DE ITENS
DESCRIÇÃO DO FACTOR
UM
8
COMUNICAÇÃO E RELAÇÃO COM OS PROF. SAÚDE
DOIS
2
PROMOÇÃO DA SAÚDE
TRÊS
4
POSITIVISMO, INTERESSE E CLAREZA
QUATRO
10
ATITUDE EMPODERADORA DO UTENTE
Consideramos importante relembrar que o questionário entregue aos utentes
encontra-se como que sub-dividido em duas grandes partes de questões, uma
vez que a primeira parte (grupos 1, 2 e 3) se refere essencialmente ao
comportamento existente entre os utentes e os profissionais de saúde,
enquanto que o grupo 4 de questões refere-se à atitude adoptada pelo utente,
em relação à temática em estudo.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Ao analisarmos o coeficiente alfa de Cronbach deparámo-nos com um valor de
0, 6794.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.1.: em conjunto, as quatro
componentes de empoderamento definem uma medida de empoderamento
geral com fiabilidade interna
= 0,6794, pelo que a hipótese é aceitável.
Hipótese Operacional 2.2.: existe correlação positiva e significativa entre as
habilitações literárias dos utentes e a sua atitude de empoderamento.
Para verificar esta hipótese, fomos investigar as médias dos valores de
empoderamento, em relação às habilitações literárias dos inquiridos.
Quadro 13 – Médias dos valores de empoderamento consoante as habilitações
literárias
1.º ciclo do ensino básico
38,70
2.º ciclo
39,44
Ensino secundário
42,57
Ensino Universitário
45,67
ASSIM,
VERIFICÁMOS QUE A MÉDIA DE EMPODERAMENTO AUMENTA CONSOANTE
AUMENTAM AS HABILITAÇÕES LITERÁRIAS DOS RESPONDENTES (QUADRO 13).
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
AO
CORRELACIONARMOS AS DUAS VARIÁVEIS, RESULTOU UM
0,408,
ASSOCIADO A UM NÍVEL DE SIGNIFICÂNCIA DE
R
DE
SPEARMAN =
0,025 (MENOR QUE
ALFA, PARA
ALFA = 0,05), PORTANTO, ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVO.
ASSIM, TAL
COM
COMO SE ENCONTRA DESCRITO NA TEORIA, VERIFICÁMOS QUE CIDADÃOS
MAIS
HABILITAÇÕES
LITERÁRIAS
APRESENTAM
MAIOR
NÍVEL
DE
EMPODERAMENTO.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.2.: estes resultados dão uma
indicação de que existe correlação moderada positiva (R= 0,408) e significativa
(p = 0,025, menor que alfa) entre as habilitações literárias dos utentes e o seu
nível de empoderamento, pelo que a hipótese é aceitável.
Hipótese Operacional 2.3.: os inquiridos mais velhos apresentam níveis de
empoderamento mais baixos.
PARA
ILUSTRARMOS A RESOLUÇÃO DESTA HIPÓTESE OPERACIONAL, RECORREMOS
NOVAMENTE ÀS CAIXAS DE BIGODES (GRÁFICO 4).
Gráfico 4 – Relação entre o nível de empoderamento e a idade dos inquiridos
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
50
40
30
20
N=
10
até aos 30 anos
15
dos 31 aos 40 anos
5
dos 41 aos 50 anos
idade
Das caixas de bigodes apresentadas, podemos verificar que o padrão de
respostas não segue nenhuma ordem, exceptuando no que ocorre com os
valores mínimos de empoderamento. Realmente, à medida que a idade vai
aumentando, o valor mínimo de empoderamento é cada vez mais baixo, ou
seja, vai diminuindo de 36, 32 para 30.
Relembremos que a teoria confirma-nos isto mesmo, dizendo que utentes mais
velhos têm menor interesse em envolver-se, ou seja, utentes mais velhos têm
tendência para desejar menos informação.
No entanto, ao cruzar-se a variável idade com o nível de empoderamento, não
se obtém nenhum valor significativo.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.3.: através da estatística descritiva,
conseguimos perceber que à medida que a idade vai aumentando o valor
mínimo de empoderamento vai diminuindo, embora tal não se verifique quando
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
se analisam os valores máximos, bem como as medianas, pelo que a hipótese
não é aceitável, na totalidade.
Hipótese
Operacional
2.4.:
encontramos
diferenças
significativas
ao
analisarmos o nível de empoderamento com o local onde as crianças passam a
maior parte dos seus dias.
Para melhor ilustrarmos a resolução a esta hipótese, decidimos colocar o
gráfico 5.
Através da análise do gráfico 5, podemos verificar que o valor máximo de
empoderamento relaciona-se com o local casa. De facto, o valor médio de
empoderamento quando se trata da casa é de 43,57, quando se trata da escola
é de 40,47 e, finalmente, quando ficam com os avós, o resultado do nível de
empoderamento dos utentes diminuiu para os 37,0.
Gráfico 5 – Relação entre o nível de empoderamento e o local onde a
criança passa a maior parte do seu dia
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
50
atitude do utente
40
30
20
N=
7
casa
19
escola/ infantário
4
com os avós
lugar onde a criança passa a maior parte do seu dia
Verifiquemos, então, se estas diferenças se constituem significativas. Dado que
nem todas as distribuições são normais, apesar da homogeneidade das
variâncias, tivemos que prosseguir com um teste não-paramétrico, neste caso
com o Kruskal-Wallis, teste este que nos deu um valor de 6,301, tendo
associado um nível de significância 0,043 que é inferior a 0,05, pelo que se
rejeita a hipótese nula, podendo concluir-se que o nível de empoderamento é
diferente e estatisticamente significativa entre os locais onde as crianças
passam a maior parte do seu dia.
Ao correlacionarmos estas duas variáveis verificamos que existe uma
correlação negativa significativa (R= -0,455, p=0,012), ou seja, o nível de
empoderamento é maior quando o local onde as crianças passam a maior
parte do seu dia é a casa.
Pensamos que esta conclusão é aceitável, uma vez que se as crianças passam
a maior parte dos seus dias em sua casa, fazem-no com certeza na companhia
de seus pais, o que implica que existe uma grande proximidade entre pais e
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
filhos e, como corolário, os pais conhecem melhor os seus filhos e assim, estão
mais aptos (se assim se pode dizer) a discutir o melhor para os seus filhos.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.4.: há evidência de que existem
diferenças significativas entre o local onde as crianças passam a maior parte
dos seus dias e o nível de empoderamento, já que através da Estatística de
Teste de Kruskal-Wallis, surgiu-nos um valor de teste de 6,301, associado a um
valor estatístico de 0,043, menor que alfa, para alfa = 0,05, pelo que a hipótese
é aceitável.
Hipótese Operacional 2.5.: existe correlação positiva e significativa entre o nível
de empoderamento do utente e a atitude empoderadora do profissional de
saúde.
Ao analisarmos a correlação entre estas duas variáveis verificamos que nos é
fornecido um valor de R = 0,640, tendo associado um valor de p menor que
alfa, estatisticamente significativo (p=0,000), o que nos diz que o aumento de
uma variável pressupõe o aumento da outra, o que é bastante importante.
De facto, com estes resultados não restam dúvidas de que profissionais de
saúde empoderadores proporcionam utentes empoderados, o que é um
resultado felizmente esperado e confirmado.
Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.5.: esta hipótese é aceitável, uma
vez que correlacionando as variáveis em causa se obteve um coeficiente de
correlação = 0,640, associado a um nível de significância de 0,000, portanto
estatisticamente significativo.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
No que respeita ao cruzamento do nível de empoderamento dos utentes com
as variáveis número de filhos e auto-avaliação da saúde da criança, não se
obteve qualquer relação significativa.
Considerámos interessante analisar como se comportaram as respostas dos
utentes inquiridos, face a alguns itens específicos.
Por exemplo, em relação ao tempo de consulta é curioso verificar que cerca de
93,3% dos inquiridos consideram o tempo de consulta adequado (dos quais
20% concordam totalmente), quando cerca de 44% dos profissionais
adoptaram uma atitude neutra ou discordante face a este item. Pensamos que
estes resultados, à partida contraditórios, tenham uma certa lógica, uma vez
que os utentes antes de chegarem a uma situação de internamento são
consultados algumas vezes e este continuum (consulta- internamentomedicina física e de reabilitação- consulta) dá hipótese aos utentes de se
sentirem
suficientemente
seguidos
e
acompanhados
pela
equipa
de
profissionais de saúde. Por outro lado, por exemplo, os enfermeiros que
desempenham as suas funções no serviço de ortopedia infantil podem não ter
essa percepção, uma vez que apenas assistem
a uma visita médica de
escassos minutos, o que consideram pouco adequado.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
Quando se analisam as respostas dos utentes aos itens que abordavam a
compreensão da linguagem utilizada pelos profissionais de saúde, bem como o
conteúdo das conversas entre profissionais e utentes, as respostas foram, mais
uma
vez,
reveladoras
da
existência
de
profissionais
empoderadores
(relembremo-nos que 100% dos profissionais inquiridos afirmaram falar de
modo a serem compreendidos) e de utentes empoderados (83,3% dos
inquiridos afirmaram compreender o conteúdo das conversas que têm com os
profissionais, 83,9% referem compreender a linguagem utilizada pelos
profissionais).
NO
QUE RESPEITA À
ESCALA
DE
DEGNER,
PRESENTE NO QUESTIONÁRIO ENTREGUE
AOS UTENTES, VERIFICÁMOS O SEGUINTE:
Gráfico 6 – Resultados aplicando a Escala de Degner aos inquiridos
Prefiro fazer a selecção final do
tratamento, após considerar a opinião
dos profissionais de saúde.
23%
34%
Prefiro dividir responsabilidades com
os profissionais de saúde acerca do
melhor plano de tratamento.
13%
30%
Prefiro que os profissionais decidam,
após considerarem a minha opinião.
Prefiro deixar todas as decisões de
tratamento aos profissionais.
De acordo, com os resultados obtidos podemos dizer que cerca de 34% dos
inquiridos optaram pela opção que tinha por base o modelo paternalista,
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
evidenciando o poder atribuído à figura médica. No entanto, a grande maioria
dos respondentes (66%) optou por opções que tinham por base o modelo de
decisão partilhada, o que nos parece bastante positivo, já que nos indica o
interesse pela partilha no momento de decisão.
4.2.3. ANÁLISE DE CONTEÚDO
NO
QUESTIONÁRIO ENTREGUE AOS UTENTES, ENCONTRAVA-SE UMA PERGUNTA DE
RESPOSTA ABERTA, QUE PRETENDIA SABER QUAIS OS FACTORES DE SATISFAÇÃO
QUE, NA OPINIÃO DOS UTENTES, DEVERIAM ESTAR IMPLÍCITOS NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS E ATITUDE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE.
OBSERVEMOS AS RESPOSTAS OBTIDAS:
“Depende da parceria com o profissional de saúde, pois se o doente não
ajudar na recuperação, não vale de nada!”
“ Resolverem os problemas rápido, terem simpatia e sensatez.”
“Depende da atenção prestada ao meu filho.”
“Da forma como resolvem a situação relacionada com o meu filho.”
“Da atenção para com o doente e informação ao acompanhante.”
“Muita atenção e compreensão com o doente e também com os familiares.”
“Prestarem os esclarecimentos necessários e o cuidado no tratamento do
meu filho.”
“Carinho, atenção e cuidados necessários.”
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
“Empatia, disponibilidade e informação.”
“Simpatia e interesse.”
ANALISANDO AS RESPOSTAS OBTIDAS, PODEMOS VERIFICAR QUE A GRANDE FONTE DE
SATISFAÇÃO DOS CUIDADOS PRESTADOS PELOS PROFISSIONAIS CONSISTE NA
AFECTIVIDADE QUE OS MESMOS TÊM PARA COM A CRIANÇA E SEUS FAMILIARES.
NOTEMOS,
IGUALMENTE, QUE OS PAIS DAS CRIANÇAS INTERNADAS REFERIRAM
TAMBÉM REPETIDAMENTE O ASPECTO
“INFORMAÇÃO”,
O QUE EVIDENCIA O JÁ
DESCRITO NA LITERATURA, OU SEJA, O FACTO DA EXIGÊNCIA DOS UTENTES PARA COM
OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ESTAR A AUMENTAR, ALÉM DE DEMONSTRAR O
INTERESSE PELO PLANO DE TRATAMENTO DA CRIANÇA, MOSTRANDO O DESEJO DE
PARTICIPAR NO MESMO.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
PARTE III
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
1. LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO
A amostra e os viéses foram previamente discutidos, pelo que não é suposto
interferirem nas inferências do estudo.
No entanto, tal como todos os estudos, também este está sujeito a algumas
limitações, cuja principal consiste no facto do estudo ter incidido sobretudo
naquilo que os actores declaram ou dizem pensar.
No que respeita, propriamente, à metodologia, a amostra acidental é
correntemente utilizada embora de facto os sujeitos acessíveis possam ser
diferentes da população alvo. A amostra acidental tem a vantagem de ser
simples de organizar e pouco onerosa. Todavia, este tipo de amostra provoca
enviesamento e não indica que as primeiras pessoas contactadas sejam
representativas da população alvo, limitando a generalização dos resultados.
No entanto, pode ser usada com êxito em situações nas quais se pretendem
captar ideias gerais, identificar aspectos críticos.
AS
ESCALAS APRESENTAM, IGUALMENTE, VANTAGENS E DESVANTAGENS.
COMO
VANTAGENS, REFERIMOS O FACTO DE UMA BOA ESCALA SER ÚTIL ÀS COMPARAÇÕES
DE GRUPO, PODEREM SER UTILIZADAS VERBALMENTE OU POR ESCRITO, O QUE
CONSEQUENTEMENTE AS TORNA ADEQUADAS AO USO COM A MAIORIA DAS PESSOAS.
TODAVIA,
SÃO SUSCEPTÍVEIS A VÁRIOS FACTORES, COMO A TENDENCIOSIDADE NO
CONJUNTO
DE
RESPOSTAS.
TENDENCIOSIDADE,
TIVEMOS
NO
O
ENTANTO,
CUIDADO
DE
DE
NÃO
MODO
A
COLOCAR
EVITAR
OS
ESTA
ITENS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
QUESTIONÁRIO TODOS DA MESMA FORMA, OU SEJA, COLOCÁMOS ITENS ESCRITOS DE
UMA FORMA POSITIVA INTERCALADOS COM ITENS RELATADOS DE UMA FORMA
NEGATIVA, O QUE NOS CONDUZIU À RECODIFICAÇÃO DESTES ITENS DE MODO A QUE A
SITUAÇÃO ÓPTIMA FOSSE PONTUADA COM O VALOR MÁXIMO.
2. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS DA INVESTIGAÇÃO
Á
MEDIDA QUE FOMOS REALIZANDO ESTE TRABALHO E, DANDO
“FORMA”
AO NOSSO
ESTUDO, FOMOS CONSTATANDO A EXISTÊNCIA DE ALGUMAS QUESTÕES ÉTICAS E
LEGAIS PARA AS QUAIS TERÍAMOS QUE DAR RESPOSTA.
A ÉTICA, NO SEU SENTIDO MAIS AMPLO, É A CIÊNCIA DA MORAL E A ARTE DE DIRIGIR A
CONDUTA.
DE
UMA FORMA GERAL, A ÉTICA É O CONJUNTO DE PERMISSÕES E DE
INTERDIÇÕES QUE TÊM UM ENORME VALOR NA VIDA DOS INDIVÍDUOS E EM QUE ESTES
SE INSPIRAM PARA GUIAR A SUA CONDUTA
QUALQUER
(FORTIN, 1999).
INVESTIGAÇÃO EFECTUADA JUNTO DOS SERES HUMANOS LEVANTA
QUESTÕES MORAIS E ÉTICAS.
A
PRÓPRIA ESCOLHA DO TIPO DE INVESTIGAÇÃO
DETERMINA DIRECTAMENTE A NATUREZA DOS PROBLEMAS QUE SE PODEM COLOCAR.
OS
CONCEITOS EM ESTUDO, O MÉTODO DE COLHEITA DE DADOS E A DIVULGAÇÃO DE
CERTOS RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO PODEM, SE BEM ENTENDIDO, CONTRIBUIR
PARA O AVANÇO DOS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS, MAS POR OUTRO LADO, LESAR
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS PESSOAS.
NA
PERSECUÇÃO DA AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS, EXISTE UM LIMITE QUE NÃO
DEVE SER ULTRAPASSADO: ESTE LIMITE REFERE-SE AO RESPEITO PELA PESSOA E A
PROTECÇÃO DO SEU DIREITO DE VIVER LIVRE E DIGNAMENTE ENQUANTO SER HUMANO.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
FORAM
DETERMINADOS PELO CÓDIGOS DE ÉTICA, CINCO PRINCÍPIOS AOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS APLICÁVEIS AOS SERES HUMANOS, SENDO ELES: O DIREITO À
AUTODETERMINAÇÃO, O DIREITO À INTIMIDADE, O DIREITO AO ANONIMATO, O DIREITO À
PROTECÇÃO CONTRA O DESCONFORTO E O PREJUÍZO E, POR FIM, O DIREITO A UM
TRATAMENTO JUSTO E EQUITATIVO.
NO PRESENTE TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO, FOI NOSSA PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO, O
CUMPRIMENTO DESTES CINCO PRINCÍPIOS DE FORMA A ASSEGURAR A VALIDADE DO
ESTUDO E A PROTEGER OS DIREITOS E LIBERDADE DAS PESSOAS QUE NELE
PARTICIPAM.
ASSIM,
A PARTICIPAÇÃO DOS INQUIRIDOS QUE PARTICIPARAM FOI VOLUNTÁRIA, O
ESTUDO NÃO FOI DESENCADEADOR DE DANOS FÍSICOS OU PSICOLÓGICOS PARA OS
INQUIRIDOS, O INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS TEVE CARACTER ANÓNIMO E OS
DADOS RECOLHIDOS NÃO FORAM UTILIZADOS PARA OUTROS FINS, OS INQUIRIDOS
FORAM INFORMADOS QUE NÃO TINHAM BENEFÍCIOS POR PARTICIPAREM NO ESTUDO.
NO
SENTIDO DE NOS SER FACULTADA A AUTORIZAÇÃO PARA PROCEDERMOS À
APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS ELABORÁMOS UM PEDIDO POR ESCRITO, EM QUE
CONSTOU
O FIM E OBJECTIVOS DO ESTUDO, OS PARTICIPANTES, OS RECURSOS
NECESSÁRIOS E COMO É ÓBVIO, AS VANTAGENS DA REALIZAÇÃO DO ESTUDO.
PEDIDO
FOI
ENVIADO
AO
CONSELHO
DE
ADMINISTRAÇÃO
E
ESTE
AUTORIZADO,
POSTERIORMENTE.
3. REFLEXÃO FINAL
O
DESAFIO QUE HOJE SE COLOCA AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, ENQUANTO
PRESTADORES
DE
CUIDADOS
É,
SEM
DÚVIDA,
DUMA
DIMENSÃO
PARTICULAR
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ENQUANTO ENGLOBA O INDIVÍDUO, SEM ESQUECER OS FAMILIARES E A COMUNIDADE
EM QUE ESTÃO INTEGRADOS.
O
PROFISSIONAL DE SAÚDE, AO PRESTAR CUIDADOS, DEVERÁ IR DE ENCONTRO À
SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES DO UTENTE VISANDO CONTRIBUIR PARA UM BEM
ESTAR E ATINGIR ASSIM UM MELHOR GRAU DE SAÚDE.
AFIRMA-NOS HESBEEN (1997) QUE ESSE CUIDADO, ESSA ATENÇÃO É ÚNICA. NÃO É
PREESTABELECIDA NEM PROGRAMÁVEL NEM REPETIDA DE INDIVÍDUO PARA INDIVÍDUO.
DEVE
SER SEMPRE PENSADA, REPENSADA E CRIADA.
É
PARA O AUTOR, SINGULAR
COMO O É A SITUAÇÃO DE VIDA EM QUE O PRESTADOR DE CUIDADOS É LEVADO A
PRESTAR CUIDADOS A UMA PESSOA.
ESTA
PRESTAÇÃO DE CUIDADOS INDIVIDUALIZADA PRESSUPÕE UM CONHECIMENTO
PROFUNDO DO SER HUMANO.
PARA
ISSO É IMPORTANTE O USO DE COMPETÊNCIAS
TÉCNICAS MAS TAMBÉM HABILIDADES INTERPESSOAIS.
O
ESTABELECIMENTO DESTAS
RELAÇÕES É DE FACTO EXTREMAMENTE IMPORTANTE PARA HUMANIZAR OS CUIDADOS
QUE SE PRESTAM.
PARA
QUE A MUDANÇA SEJA EFECTUADA É NECESSÁRIO QUE AS PESSOAS
INTERIORIZEM EM SI ESSA NECESSIDADE DE MUDAR.
CONTINUA
A
SER
UM
PROCESSO
LONGO
E
A
MUDANÇA PESSOAL AINDA
LENTO,
POR
VEZES
PENOSO,
REPRESENTANDO SEMPRE O QUEBRAR COM UM EQUILÍBRIO ADQUIRIDO, MESMO QUE
NÃO SEJA UM EQUILÍBRIO REAL.
MAS
É SEM DÚVIDA ATRAVÉS DE UMA PARTICIPAÇÃO MAIS ACTIVA QUER DOS
PROFISSIONAIS QUER DOS UTENTES BEM COMO DA ARTICULAÇÃO EFECTIVA ENTRE OS
VÁRIOS NÍVEIS DE CUIDADOS QUE SERÁ POSSÍVEL ESSA MUDANÇA QUE CADA VEZ MAIS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
SE NOS AFIGURA COMO UM DESAFIO NESTE PROCESSO DE SAÚDE/DOENÇA DE CADA
UM DE NÓS.
COM
ESTE ESTUDO TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE VERIFICAR ESTES ASPECTOS JÁ
REFERENCIADOS NA TEORIA.
É
CERTO QUE, AO FALARMOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE, NÃO ESPERÁVAMOS
OBTER UMA ATITUDE FORTEMENTE EMPODERADORA.
NO
ENTANTO, AS RESPOSTAS
OBTIDAS DERAM CERTEZAS E INDICATIVOS GERAIS DE QUE OS PROFISSIONAIS
INQUIRIDOS CONSTITUEM PROFISSIONAIS EMPODERADORES.
QUAL A RAZÃO DESTES RESULTADOS?
É
ÓBVIO
QUE
NOS
QUESTIONÁMOS
ACERCA
DISCRIMINAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ESCOLHIDO.
DA
ADEQUAÇÃO
PORÉM,
E
PODER
DE
A ANÁLISE À CONSISTÊNCIA
INTERNA DO MESMO DEU-NOS BONS RESULTADOS, ASSIM COMO A SUA UTILIZAÇÃO
NOUTROS ESTUDOS, O QUE INDICA QUE AS QUESTÕES ERAM ADEQUADAS AO ESTUDO
DA TEMÁTICA EM CAUSA.
EXCLUÍDA
A QUESTÃO DO QUESTIONÁRIO NÃO SER ADEQUADO, RESTA-NOS A
ARGUMENTAÇÃO DE TAIS RESULTADOS.
SÃO
O
VÁRIOS OS FACTORES QUE DECERTO CONTRIBUÍRAM PARA ESTES RESULTADOS.
FACTO DA UNIDADE DE SAÚDE EM CAUSA SER DE PEQUENAS DIMENSÕES,
PROMOVER UM AMBIENTE FAMILIAR E ACOLHEDOR, CONTRIBUIU CERTAMENTE PARA
TAIS RESULTADOS.
COM
UMA INSTITUIÇÃO ASSIM, OS PROFISSIONAIS GOSTAM DO
LOCAL ONDE TRABALHAM E VÃO PROGREDINDO NA CARREIRA, O QUE FAZ COM QUE
CRESÇAM JUNTOS, QUE SE CONHEÇAM E ADQUIRAM UMA ATITUDE PROFISSIONAL
SEMELHANTE.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
COM
PROFISSIONAIS DE SAÚDE EMPODERADORES, NÃO NOS SURPREENDEU A
EXISTÊNCIA DE UTENTES EMPODERADOS, QUE TUDO FAZEM PARA COMPLEMENTAR O
TRABALHO FEITO EM CONJUNTO COM OS PROFISSIONAIS.
DE
FACTO, ESTE ESTUDO PROPORCIONOU-NOS UMA VIAGEM AO MUNDO DAS
INDAGAÇÕES, E ACIMA DE TUDO ESTA INVESTIGAÇÃO LEVOU-NOS À CONCLUSÃO DE
QUE
“NEM
TUDO O QUE PARECE É”, PELO QUE O MUNDO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE NEM SEMPRE É FECHADO E VOLTADO PARA SI MESMO.
HÁ
QUE CONTINUAR A
INVESTIGAR!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUTLER, C.; KINNERSLEY, P. et al – Antimicrobial practice: antibiotics and
shared
decision-making
in
primary
care.
Journal
of
Antimicrobial
Chemotherapy; 48 (2001), p. 435-440.
CAMPOS, António Correia e colaboradores – Que sistema de Saúde para o
Futuro? Lisboa, 1996.
CHARLES, C.; WHELAN, T.; GAFNI, A. – How to improve communication
between doctors and patients. BMJ, vol. 320 (2000), p. 1220-1221.
CHARLES, C.; WHELAN, T.; GAFNI, A. – What do you mean by partnership in
making decisions about treatment? BMJ, vol. 319 (1999), p. 780-782.
CONNER, Jeanette; NELSON, Eugene – Neonatal Intensive Care : Satisfaction
Measured from a parent´s perspective. Pediatrics, vol. 103, n.º 1 (Jan 1999).
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
COOK, Deborah – Patient autonomy versus parentalism. Critical Care
Medicine, vol. 29, n.º 2 (Fev 2000).
COULTER, Angela; ENTWISTLE, Vikki; GILBERT, David – Sharing decisions
with patients: is the information good enough? British Medical Journal, vol. 318
(30 Jan 1999), p. 318-322.
CRAVEIRO, Ana – Comissões de Acompanhamento Externo de Serviços de
Saúde: que contributo para o “empowerment” dos cidadãos? Lisboa: Escola
Nacional de Saúde Pública, 2000. Dissertação apresentada no âmbito do
Curso de Administração Hospitalar.
CRESWELL, John W. – Research Design: qualitative & quantitative
approaches. Londres: Sage Publications, 1994.
DUGGAN, C.; BATES, I.; STURMAN, S. – Measuring information preferences
of medical outpatients and their anxiety about illness. Londres: Centre for
Practice and Policy, School of Pharmacy, University of London, 2001.
DUGGAN, Catherine; BATES, Ian – Development and evaluation of a survey
tool to explore patients´perceptions of their prescribed drugs and their need for
drug information. The International Journal of Pharmacy Practice; 8 (2000), p.
42-52.
DUGGAN et al – What part pharmacists should play in providing medicinesrelated information. The Pharmaceutical Journal, vol. 266, (17 Mar 2001).
DUGGAN et al – Validation of a desire for information scale. The International
Journal of Pharmacy Practice, (Mar 2002).
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ELWYN, Glyn; EDWARDS, Adrian; GWYN, Richard; GROL, Richard – Towards
a feasible model for shared decision making: focus group study with general
practice registrars. BMJ, vol. 319 (18 Set 1999), p. 753-756.
ELWYN, Glyn; EDWARDS, Adrian; GWYN, Richard; GROL, Richard – Shared
decision making: development the OPTION scale for measuring patient
involvement. Quality Safety Health Care, 12 (2000), p. 93 - 99.
FERRINHO, Paulo – Apontamentos da cadeira Informação e Investigação em
Saúde. Escola Nacional de Saúde Pública, 2002.
FILHO, Hilson – Os Call Centers, no contexto do Sistema de Informação e
Conhecimento em Saúde para o Cidadão, em Portugal e o caso da “Saúde 24”.
Lisboa: Escola Nacional de Saúde Pública, 2002. Tese de Mestrado.
FORTIN, MARIE–FABIENNE, O PROCESSO
DE INVESTIGAÇÃO
–
DA CONCEPÇÃO À
REALIZAÇÃO, LOURES, LUSOCIÊNCIA, 1999;
GLASCOE, Frances et al – Brief approaches to educating patients and parents
in primary care. Pediatrics, vol. 101, n.º 6 (Jun 1998).
HESBEEN, WALTER – O
CUIDAR NO HOSPITAL- ENQUADRAR OS CUIDADOS DE
ENFERMAGEM NUMA PERSPECTIVA DE CUIDAR. LISBOA: LUSOCIÊNCIA, 2000.
HILL, MANUELA MAGALHÃES; HILL, ANDREW – INVESTIGAÇÃO POR QUESTIONÁRIO.
LISBOA, EDIÇÕES SÍLABO, 2002.
HOSO – FOLHETO INFORMATIVO
SOBRE O
HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO
DO
OUTÃO.
LAMONT, Sharon – Patient participation cannot guarantee “empowerment”.
BMJ, 3119:783 (18 Set 1999).
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
LAVERACK,
Glenn;
WALLERSTEIN,
Nina
–
Measuring
community
“empowerment”: a fresh look at organizational domains. Health Promotion
International, vol 16, n.º 2, (Jun 2001), p.179-185.
LITTLE, Paeul et al – Observational study of effect of patient centredness and
positive approach on outcomes of general practice consultations. BMJ, volume
323 (Out 2001), p. 908 – 911.
MAGUIRE, Peter; PITCEATHLY, Carolyn – Key communication skills and how
to acquire them. BMJ, 325 (28 Set.2002), p. 687- 700
MANUFACTURING MANAGEMENT – Empoderar, energizar: novos verbos
que
fazem
a
diferença.
http://www.plus.org/+business/mm/dicas/equipe
Outubro, 2002.
MINISTÉRIO DA SAÚDE – Carta dos Direitos e Deveres dos doentes.
Direcção-Geral da Saúde; 2.ª edição, 1999.
MINISTÉRIO DA SAÚDE – Saúde um Compromisso, 1999.
MOURA, Leonel - Da democracia dialogante à democracia radical. Janeiro,
1997. http://www.lxxl.pt/babel/biblioteca/dialog.html.
NETRA, Thakur; ROBERT, Perkel – Prevention in adulthood: forging a doctorpatient partnership. Primary Care; Clinics in Office Practice, volume 29, n.º 3
(Set 2000).
OBSERVATÓRIO PORTUGUÊS DOS SISTEMAS DE SAÚDE – O Relatório de
Primavera. Lisboa: Observatório Português dos Sistemas de Saúde, 2001.
OMS – Declaração sobre a promoção dos direitos dos doentes na Europa.
Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde, 1994.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
OMS – Health Promotion Glossary – Division of Health Promotion, Education
and Communications, 1998
OMS – Community participation in local health and sustainable development.
European Sustainable Development and Health Series: 4, 2001.
OMS – A Declaração de Jacarta sobre promoção da saúde no século XXI.
OMS, 2002. www.who.int/hpr/archive/docs/jakarta/portuguese2.pdf
OUSCHAN, Robyn; SWEENEY, Jillian; JONHSON, Lester – Dimensions of
patient “empowerment”: implications for professional services marketing. Health
Marketing Quarterly, vol. 18 (2000).
PATROCÍNIO, Tomás - Formação, Cidadania e Contemporaneidade. Évora,
Setembro 2000.
PETRIE, Aviva; SABIN, Caroline – Compêndio de estatística médica. Instituto
Piaget, Lisboa, 2000.
PESTANA, Maria; GAGEIRO, João – Análise de dados para ciências sociais: a
complementaridade do SPSS. Edições Sílabo, 2.ª edição, Lisboa, 2000.
POLIT, DENISE F.;HUNGLER, BERNARDETTE P., FUNDAMENTOS
DE
PESQUISA
EM
ENFERMAGEM, 3ª EDIÇÃO, ARTES MÉDICAS, PORTO ALEGRE, 1995.
RODRIGUES, PAULA – A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE:
A PERSPECTIVA DOS GESTORES.
1997. DISSERTAÇÃO
LISBOA: ESCOLA NACIONAL
APRESENTADA NO ÂMBITO DO
DE
SAÚDE PÚBLICA,
XXV CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
HOSPITALAR.
QUIVY, RAYMOND; CAMPENHOUDT, LUC VAN - MANUAL
DE INVESTIGAÇÃO EM
CIÊNCIAS SOCIAIS. 2ª ED. . LISBOA: GRADIVA, 1998
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE?
AUTORA:
ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS
ROBINSON, A.; THOMSON, R. – Variability in patient preferences for
participating in medical decision making: implication for the use of decision
support tools. Quality in Health Care, 10 (suppl I); i34-i38; 2001.
SKILLSCASCADE.com – Are there problems in communication between
doctors
and
patients?
http://
www.skillscascade.com/files/research.htm.
Outubro, 2002
SCHATTNER, Ami; TAL, MERAV – Truth telling and patient autonomy: the
patient´s point of view. American Journal of Medicine, vol. 113, n.º 1 (Jul 2002).
VILLAVERDE CABRAL, Manuel – Saúde e Doença em Portugal. Lisboa:
Instituto de Ciências Sociais, 2002.
VINCENT, C.; COULTER, A. – Patient safety: what about the patient? Quality
Safety Health Care, 11 (2002); p. 76-80.
WENSING, M. – Evidence-based patient “empowerment”. Quality Health Care.
www. Qualityhealthcare.com.
WORLD BANK – “empowerment” and poverty reduction: a sourcebook. PREM,
May, 2002.
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Documentos relacionados