Empowerment do cidadão em saúde
Transcrição
Empowerment do cidadão em saúde
U NIVERSIDADE N O VA E SCOL A N ACIONAL DE DE L I SBO A S AÚDE P ÚBLIC A Curso de Mestrado em Saúde Pública Autora: Ana Lúcia Caeiro Ramos LISBOA 24 de Novembro de 2003 TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS U NIVERSIDADE N O VA E SCOL A N ACIONAL DE DE L I SBO A S AÚDE P ÚBLIC A Curso de Mestrado em Saúde Pública Dissertação de Mestrado Título da Dissertação EMPOWERMENT DO CIDADÃO, EM SAÚDE: Qual o papel do profissional de saúde? Qual a percepção do cidadão? Orientador: Professor Doutor Constantino Sakellarides Autora: Ana Lúcia Caeiro Ramos 24 de Novembro de 2003 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS AGRADECIMENTOS Para a realização deste trabalho contei com a colaboração de várias pessoas que, com o seu carinho, compreensão e muita paciência tornaram possível este sonho. Gostaria, então, de agradecer ao Professor Constantino Sakellarides por todo o seu apoio e por me ter proporcionado uma viagem ao mundo do saber e do conhecimento infindáveis, em cada conversa que tive o prazer de ter. À Dr. Cecília Silva, um muito obrigada pela sua disponibilidade e simpatia. A todos os intervenientes do estudo (profissionais de saúde e utentes), eu agradeço a sua participação e prometo, desde já, continuar a ser curiosa em relação ao tema deste estudo. Por fim, à minha família que, tal como eu esperava, me ajudou incondicionalmente em tudo, revelando-se mais uma vez como única e inimitável. A todos, um muito obrigado. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ÍNDICE GERAL UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ÍNDICE ÍNDICE GERAL ÍNDICE ÍNDICE DE QUADROS ÍNDICE DE ESQUEMAS ÍNDICE DE GRÁFICOS LISTA DE ABREVIATURAS RESUMO ESTRUTURA DO TRABALHO PARTE I – INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO E ENQUADRAMENTO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 1. DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 1.1. Definição do problema 2. CONCEPTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 2.1. A Participação dos Cidadãos nos Sistemas de Saúde 2.1.2. Direitos e Deveres dos Doentes UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 21 21 24 24 27 TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 2.2. “Empowerment”: conceptualização 30 2.2.1. O “empowerment” do Cidadão em Saúde 32 2.2.2. Atitude Empoderadora num profissional de saúde 36 2.3. Relação utente-profissional de saúde 38 2.3.1. O papel de outros intervenientes 43 2.4. Interesses dos Utentes 45 2.4.1. Satisfação dos Pais 47 3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 49 4. O HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO DO OUTÃO 53 PARTE II – METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO 1. PROPÓSITO E OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO 1.1. Propósito e problemática da investigação: formulação de objectivos 58 2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO 61 3. OPÇÕES FUNDAMENTAIS DA INVESTIGAÇÃO 62 3.1. Desenho do estudo: Metodologia adoptada 62 3.2. População 63 3.3. Amostra: estratégia de amostragem e tamanho 64 3.4. Instrumentos de Medição 66 3.4.1. Questionário: estrutura e aplicação 67 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 3.4.2. Validade e Precisão 72 3.5. Definição de variáveis 74 80 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. Grupo I – Grupo dos Profissionais de Saúde 81 4.1.1. Caracterização da população 82 4.1.2. Análise descritiva sumária das respostas 83 4.1.3. Análise e discussão dos resultados 88 4.1.4. Análise de conteúdo 99 4.2. Grupo II – Grupo dos Utentes 4.2.1. Caracterização 104 da amostra 104 4.2.2. Análise e discussão dos resultados 108 4.2.3. Análise de conteúdo 116 PARTE III – CONSIDERAÇÕES FINAIS 1. LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO 119 2. 120 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS DA INVESTIGAÇÃO 3. REFLEXÃO FINAL 121 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 124 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ANEXOS I – QUESTIONÁRIO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE II – QUESTIONÁRIO DOS UTENTES III – CONSISTÊNCIA INTERNA DOS ITENS DO QUESTIONÁRIO DO GRUPO I IV – MATRIZ DE CORRELAÇÕES E NÍVEIS DE SIGNIFICÂNCIA DO GRUPO I V – DIAPOSITIVOS DE APRESENTAÇÃO UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 – Modelo de “Empowerment” para a Enfermagem (GIBSON, 1991) Quadro 2 – Atitude Empoderadora num Profissional de Saúde Quadro 3 – Objectivos de estudo por grupo de inquiridos Quadro 4 – Variáveis e perguntas de investigação no grupo 1 Quadro 5 – Variáveis e perguntas de investigação no grupo 2 Quadro 6 – Frequências de respostas ao questionário entregue aos Profissionais de Saúde Quadro 7 – Grupos de questões do questionário dos Profissionais de Saúde Quadro 8 – Estatística descritiva do grau empoderador dos Profissionais de Saúde Quadro 9 – Distribuição das frequências de acordo com as habilitações literárias dos utentes Quadro 10 – Distribuição das frequências de acordo com o local onde as crianças passam a maior parte do seu dia Quadro 11 – Distribuição das frequências de acordo com a auto-avaliação da saúde da criança UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Quadro 12 – Factores do Questionário entregue aos Utentes Quadro 13 – Médias dos valores de empoderamento consoante as habilitações literárias UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ÍNDICE DE ESQUEMAS Esquema 1 – Factores implícitos num processo de tomada de decisão Esquema 2 – Dimensões do “Empowerment” Esquema 3 - Definição de “Empowerment” segundo os profissionais inquiridos UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Histograma do grau empoderador dos Profissionais de Saúde Gráfico 2 - Atitude empoderadora e género dos profissionais Gráfico 3 – Atitude empoderadora e grupos profissionais Gráfico 4 – Relação entre o grau de empoderamento e a idade dos inquiridos Gráfico 5 – Relação entre o grau de empoderamento e o local onde a criança passa a maior parte do seu dia Gráfico 6 – Resultados aplicando a Escala de Degner aos inquiridos UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS LISTA DE ABREVIATURAS CRES – Conselho de Reflexão para a Saúde OMS/ WHO – Organização Mundial de Saúde R – coeficiente de correlação p – nível de significância SNS – Serviço Nacional de Saúde SPSS – Statistical Package for the Social Sciences UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS RESUMO Descrição do Problema O problema que pretendemos estudar está relacionado com o empoderamento do cidadão, em saúde. Esperamos através deste estudo analisar, nos serviços que prestam cuidados a crianças no Hospital Ortopédico Sant´Iago do Outão, o factor empoderamento, em duas vertentes: na vertente dos profissionais de saúde (até que ponto é que os profissionais de saúde têm uma atitude empoderadora e qual o seu papel no que respeita a esta temática) e sob o ponto de vista dos utentes (será que os utentes têm interesse em se envolverem no seu próprio plano de saúde, qual a atitude adoptada pelos utentes, no que respeita ao empoderamento?). Objectivos/ Questões de Investigação Neste trabalho podemos, então, realçar dois objectivos principais: avaliar o papel do profissional de saúde no “empowerment” do cidadão, em saúde; avaliar a percepção que os cidadãos têm acerca do “empowerment” em saúde, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS para assim contribuir para a operacionalização do conceito de “empowerment” do cidadão, em saúde. Desenho O instrumento de colheita de dados que elegemos consistiu na utilização de dois questionários: um para os utentes e outro, diferente, para os profissionais de saúde. Estes questionários resultaram da adaptação de questionários já existentes, testados e validados, presentes em dois estudos que tivemos a oportunidade de conhecer através da pesquisa bibliográfica: “Observational study of effect of patient centredness and positive approach on outcomes of general practice consultations” (LITTLE et al, 2001) e “Validation of a desire for information scale” (DUGGAN et al, 2002). Para a elaboração dos questionários contámos, ainda, com o apoio de dois artigos que desenvolveram o uso de duas escalas (escala OPTION e escala de Degner): “Shared decision making: developing the OPTION scale for measuring patient involvement” (ELWYN et al, 2003) e “Variability in patient preferences for participating in medical decision making: implication for the use of decision support tools” (ROBINSON e THOMSON, 2001). Participantes Neste estudo participaram dois grupos distintos: o grupo de profissionais de saúde: enfermeiros, médicos e fisioterapeutas a desempenhar funções no Hospital Ortopédico Sant´Iago UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS do Outão, em serviços de Ortopedia Infantil (Consulta Externa, Medicina Física e de Reabilitação e Internamento de Ortopedia Infantil); o grupo de utentes constituído pelos acompanhantes de crianças (idade inferior a 15 anos) internadas no serviço de ortopedia infantil, durante o tempo do estudo. Resultados e Conclusões De acordo com os resultados do estudo, os itens incluídos nos questionários apresentaram adequados índices de consistência interna ( = 0,8142, para os profissionais de saúde e = 0,7989, para os utentes). No que respeita aos profissionais de saúde, verificamos que estes apresentam uma atitude empoderadora alta (média = 57,8), já que o valor máximo possível de obter era de 69. Ao relacionarmos a relação pessoal com o positivismo e clareza, obtivemos uma correlação positiva (R = 0,546) e significativa (p = 0,05), o que evidencia o facto de que existindo um diálogo claro e sem obstáculos, a relação entre utentes e profissionais de saúde é melhorada. A correlação entre a comunicação e a relação pessoal é, também, positiva e significativa (R= 0,402 e p= 0,0479), indicando que quando uma aumenta, também a outra aumenta, isto é, uma boa comunicação leva à melhoria da relação pessoal entre utentes e profissionais de saúde, o que se traduz no terreno apropriado para se constituir uma conversa empoderadora, entre dois indivíduos empoderados. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS No que respeita aos resultados obtidos com os questionários entregues aos utentes, quando correlacionámos as variáveis grau de empoderamento com as habilitações literárias dos inquiridos, resultou um coeficiente de correlação de 0,408, associado a um nível de significância de 0,025 (menor que alfa, para alfa = 0,05), portanto, estatisticamente significativo. Assim, tal como se encontra descrito na teoria, verificámos que utentes com mais habilitações literárias apresentam maior grau de empoderamento. Ao correlacionarmos o grau de empoderamento dos utentes com o local onde as crianças passam a maior parte do seu dia, verificamos que existe uma correlação negativa significativa (R= -0,455, p=0,012), ou seja, o grau de empoderamento é maior quando o local onde as crianças passam a maior parte do seu dia é a casa. Quando realizámos a análise da correlação entre o grau de empoderamento dos utentes e a atitude empoderadora dos profissionais, verificamos que nos é fornecido um valor de correlação de 0,640, tendo associado um valor de significância menor que alfa, estatisticamente significativo (p=0,000), o que nos diz que o aumento de uma variável pressupõe o aumento da outra, o que é bastante importante. De facto, com estes resultados não restam dúvidas de que profissionais de saúde empoderadores proporcionam utentes empoderados, o que é um resultado felizmente esperado e confirmado. O que este estudo acrescenta Com este estudo, foi-nos possível confirmar alguns factos já investigados, como o facto de profissionais de saúde do género feminino adoptarem uma atitude mais empoderadora em relação aos seus colegas do género masculino, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS além de ter sido possível, igualmente, constatar a existência de correlação positiva e significativa entre as habilitações literárias dos utentes e o seu grau de empoderamento. Porém, com este estudo evidenciaram-se outros aspectos que deverão ser sujeitos a novas investigações. Destes aspectos, salientamos o facto das diferenças existentes entre os grupos profissionais e a atitude empoderadora, bem como a influência do facto dos pais passarem menos tempo com as crianças e a sua relação com o empoderamento. Gostaríamos, ainda, de sublinhar a maior surpresa que este estudo nos proporcionou. De facto, foi com enorme prazer que constatámos que profissionais de saúde não são sinónimo de fraca atitude empoderadora. Com este estudo, conseguimos provar que é real a existência de profissionais de saúde empoderadores, apesar de algumas resistências, e que essa atitude empoderadora promove cidadãos empoderados. Palavras-chave “empowerment”; participação; democracia participativa; envolvimento; cidadão; desejo de informação; preferência dos utentes; escolha informada; comunicação em saúde. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho encontra-se, fundamentalmente, dividido em três partes. Na primeira parte fazemos uma introdução à temática, bem como definimos o problema, contextualizando-o. A segunda parte deste trabalho baseia-se na metodologia da investigação. Nesta segunda parte podemos encontrar a escolha metodológica e sua justificação, assim como apresentamos os resultados obtidos e realizamos a sua análise. Por fim, com a terceira parte pretendemos descrever algumas considerações finais acerca da temática que abordámos neste trabalho. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PARTE I INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO E ENQUADRAMENTO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 1. DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 1.1. Definição do Problema O conceito de cidadania deve assentar na ideia-chave de “construção de sentido para a vivência pessoal em sociedade que seja geradora de um sentimento de pertença (que não se resuma apenas à identidade), de participação e de emancipação humana (“empowerment”), tendo que se expressar necessariamente numa acção quotidiana plena de reflexividade por parte de cada pessoa, o que depende da consciência crítica e da construção que cada um fizer de si mesmo, do mundo e da vida” (PATROCÍNIO, 2000). Transformar o cidadão em protagonista da mudança política, promover o diálogo entre o Estado e os cidadãos (governantes e governados), reforçando a negociação social e devolvendo aos cidadãos as capacidades e talentos de cada um, apelando à construção de um caminho comum são pilares fundamentais na construção de uma democracia dialogante, que reconhece a existência da pluralidade de pensamentos, opiniões, convicções e visões do mundo, dando voz a todos os actores envolvidos, assumindo-os como “presenças vivas no espaço comum da sociedade” (MOURA, 1997). Assegurar a participação activa dos cidadãos (envolvendo escolhas e autoresponsabilização) consiste numa das funções dos profissionais de saúde, os UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS quais detêm um papel fundamental (mas não único) nesta temática, já que necessitam de, juntamente com os serviços de saúde, assumir-se como mediadores entre os dois pólos de negociação (cidadão e Estado), criando contextos onde coexista a liberdade de discurso (elemento básico da democracia) e um espaço onde os cidadãos se possam exprimir, sem reservas, sentindo-se úteis e também eles responsáveis por tudo o que ocorre no seu País. Contudo, a realidade do Serviço Nacional de Saúde , tal como a descreve o Conselho de Reflexão sobre a Saúde pode dificultar o alcance destes objectivos: (...) está fechado sobre si mesmo, preocupado com os seus problemas internos (...), raramente se estabelece um elo de ligação entre essas preocupações e aquilo que as pessoas que procuram os serviços necessitam de facto (...). O modelo de saúde do SNS regula-se muito mais em função dos interesses profissionais dominantes do que em função dos seus clientes” (CRES, 1998). Num quadro onde aparentemente os “desinteressados” portugueses têm um SNS que deles se “desinteressa”, duas alternativas parecem, segundo a reflexão do CRES, colocar-se: a mercantilização da prestação de cuidados de saúde e o alargamento da capacidade de escolha dos prestadores pelos utentes, ou a capacitação do cidadão para influenciar directamente as principais opções em matéria de saúde e para intervir sistematicamente na forma como se operacionaliza a prestação de cuidados, criando uma democracia processual e não meramente formal (CRES, 1998). UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Os cidadãos necessitam de se sentirem informados para que possam entrar num processo de decisão e assim, informados, contribuírem para a obtenção de um Sistema de Saúde com qualidade. Mas para que tal ocorra o próprio Sistema e o Governo têm algumas missões, quer como prestador de informação, quer como disseminador de informação. É necessário, tal como o referiu SAKELLARIDES (1983) citado por CARRONDO (1999), desenvolver um “processo de transformação cultural, em que as decisões relativas aos problemas de todos deixem de ser tomadas por poucos e se passe para uma situação em que, globalmente, cada um participa naquilo que a todos diz respeito, sendo informado e estimulado a decidir de forma autónoma naquilo que lhe é próprio”, sendo para isso necessários instrumentos específicos que permitam evoluir do modelo tradicional de decisão unilateral / vertical para um modelo participativo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999). Tendo em conta tudo o que já foi até aqui referido, podemos afirmar que para que a complexa construção da democracia dialogante e participativa possa resistir às intempéries, são necessários alguns acabamentos que não se revelam fáceis: a nível do sistema, para que se torne mais aberto e transparente, mais conhecedor e próximo das necessidades dos cidadãos, favorecendo uma maior interacção; da parte dos profissionais de saúde, cuja responsabilidade na transmissão de conhecimento e parceria nas decisões se revelam bastante importantes e, é claro, a nível dos cidadãos, que necessitam de adoptar uma postura menos apática, mais interventiva e interessada naquilo que a todos diz respeito. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Ser um parceiro nos cuidados de saúde implica partilha de poder, envolvimento, influenciar, no que respeita a tomadas de decisão. Mas quantos profissionais de saúde estão dispostos ou são capazes de partilhar o seu conhecimento e habilidades, para deixar outra pessoa decidir o próximo passo? Ser parceiro implica que a voz do outro é ouvida, mas será que esta voz tem potencial para ser considerada? 2. CONCEPTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 2.1. A PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS NOS SISTEMAS DE SAÚDE A inexistência de uma cultura de participação que se traduz na atitude apática da comunidade, na maior parte das vezes, mais preocupada em sobreviver, preferindo que as escolhas e as decisões sejam tomadas por outros, aliada à resistência demonstrada pelos burocratas e profissionais (WHO, 1987 citado por RODRIGUES, 1997) constituem talvez os mais sérios impedimentos à participação da comunidade. Como corolário, esta fraca cultura de participação reflecte-se na falta de empenhamento político e social na promoção da participação da comunidade. Este factor repercute-se, igualmente, na saúde de cada indivíduo, em que a maioria não questiona nada, nem tão pouco assume-se como parte responsável da sua própria saúde. A participação e envolvimento dos cidadãos nos processos de decisão no sector da saúde contribui para a obtenção de uma democracia mais UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS participativa e para tornar os profissionais de saúde e o próprio Estado mais responsáveis perante os interesses dos cidadãos, tal como reforçou a OMS, que em 1996, na Conferência de Ljubljana, recomenda que as reformas sejam centradas nas pessoas e tenham em conta as suas necessidades e expectativas, zelando para que a voz e escolha dos cidadãos influenciem decisivamente o modo como os serviços de saúde são desenhados e operam. Também a Declaração de Jacarta, em 1997 (OMS, 2002) refere que a participação é essencial para dar apoio ao esforço, já que segundo o referido nesta conferência, para ser eficaz é necessário que as pessoas estejam envolvidas na acção de promoção da saúde e no processo de tomada de decisão. No texto final da conferência efectuada pela Comissão Independente População e Qualidade de Vida, em 1999, afirmou-se que um processo de mudança social deveria ocorrer, motivado pelo desejo das pessoas de quererem fazer parte do processo e não serem apenas receptores passivos de programas bem intencionados; um tal processo seria benéfico, pois quando as pessoas são partes de, preocupam-se. Quando se preocupam, ocupam-se de, agem, contribuindo para o bem-estar da sociedade (CRAVEIRO, 2000). É também referido na literatura que fraca adesão ao tratamento encontra-se associada ao aumento da morbilidade, mortalidade, e maiores custos de saúde, além de pior qualidade de vida pelo que, também por este aspecto, se torna importante e preponderante o incentivo à participação do cidadão. Adaptando de FERRINHO (2002), existem uma série de factores que podem influenciar uma tomada de decisão e, consequentemente, a participação. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS De acordo com o esquema 1, um processo de tomada de decisão consiste num processo complexo, no qual intervém vários factores, entre os quais, as expectativas dos utentes, os recursos existentes e necessários, os conhecimentos pré-existentes e adquiridos. Se todo este complexo funcionar de modo a suprimir alguns “vazios”, a tomada de decisão será feita de uma forma partilhada e activa, combatendo assim o déficit democrático e aumentando a satisfação e adesão ao tratamento. Esquema 1: Factores implícitos num processo de tomada de decisão Déficit democrático Activismo/ Participação Expectativas Recursos outros Tomada de Decisão Conhecimentos outros Utilização de serviços de saúde Adesão, ou não ao tratamento Satisfação UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 2.1.2. Direitos e Deveres dos Doentes À medida que o sistema de saúde começa a informar melhor os cidadãos e a tratá-los com respeito e dignidade, estes tomam mais depressa consciência dos seus direitos e deveres face ao sistema (OPSS, 2001). Assim, considerámos pertinente observar e analisar a Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes, documento este que consideramos importante, pois revela interesse pelo utente e seu envolvimento no mundo da saúde. Contudo, ao lermos esta carta, notámos que esta refere-se aos direitos e deveres dos “doentes”, pelo que nos questionámos acerca da adequação desta palavra “doente” ao contexto e intuito deste documento 1. Os propósitos deste documento prendem-se com a reflexão e expressão das aspirações das pessoas, bem como com a melhoria dos seus cuidados de saúde e reconhecimento dos seus direitos como “doentes”. Assim sendo, o documento procura encarar tanto a perspectiva dos profissionais de saúde, como a dos “doentes”, o que implica uma complementaridade de direitos e de responsabilidades: os “doentes” têm responsabilidades quer para consigo próprios, e o seu tratamento, quer para com os profissionais de saúde, e ao mesmo tempo os prestadores de cuidados de saúde gozam de igual protecção dos seus direitos humanos, tal como as outras pessoas (OMS, 1994). 1 Tendo em conta o que nos diz o OPSS (2001), a variedade semântica existente (doente, utente, entre outros) resulta, em parte, dos diferentes níveis de informação dos vários actores do sistema: a palavra “doente” incorpora os conceitos de adesão e passividade, evidenciando a diferença de poderes entre os cidadãos e os profissionais de saúde (o súbdito doente); por outro lado, na palavra “utente” encontra-se implícito o exercício democrático, a cidadania. Consideramos, então, e tendo em conta esta clarificação de conceitos que a palavra “doente”, numa carta que tem como principal objectivo o aumento da informação e conhecimento por parte dos cidadãos, não é a mais adequada. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Reforçando o conteúdo da carta, a OMS (1994) refere que os “doentes” devem estar conscientes das contribuições de ordem prática que eles próprios podem dar para o óptimo funcionamento do sistema de saúde. A sua participação activa nos processos de diagnóstico ou de terapêutica é frequentemente desejável e por vezes indispensável. É sempre importante que os doentes forneçam aos profissionais de saúde responsáveis todas as informações requeridas para o seu diagnóstico e tratamento. O doente tem um papel primordial, recíproco do profissional de saúde, ao assegurar que o diálogo entre ambos é conduzido de boa fé. De acordo com a Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes, o “conhecimento dos direitos e deveres dos doentes, também extensivos a todos os utilizadores do sistema de saúde, potencia a sua capacidade de intervenção activa na melhoria progressiva dos cuidados e serviços. Evolui-se no sentido do doente ser ouvido em todo o processo de reforma, em matéria de conteúdo dos cuidados de saúde, qualidade dos serviços e encaminhamento das queixas” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999). O conteúdo desta carta vem reforçar algumas ideias que temos vindo a referir, pois de acordo com esta, a carta representa um passo no caminho da dignificação dos doentes, ”caminho que os doentes, os profissionais e a comunidade devem percorrer lado a lado”, além de apresentar como objectivos a consagração do cidadão, considerando-o como figura central do Sistema de Saúde; o desenvolvimento de um bom relacionamento entre os “doentes” e os prestadores de cuidados de saúde e, sobretudo, a estimulação de uma participação mais activa por parte do “doente”. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Dos direitos referidos na carta, decidimos apenas salientar os seguintes: o doente tem direito a ser informado acerca dos serviços de saúde existentes, suas competências e níveis de cuidados; o doente tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde; o doente tem direito de acesso aos dados registados no seu processo clínico; Todavia, não são só direitos que os “doentes” dispõem. A eles, estão também, implícitos alguns deveres, que se revelam muito importantes, tais como: o doente tem o dever de zelar pelo seu estado de saúde. Isto significa que deve procurar garantir o mais completo restabelecimento e também participar na promoção da própria saúde e da comunidade em que vive; o doente tem o dever de fornecer aos profissionais de saúde todas as informações necessárias para a obtenção de um correcto diagnóstico e adequado tratamento; o doente tem o dever de respeitar os direitos dos outros doentes; o doente tem o dever de colaborar com os profissionais de saúde, respeitando as indicações que lhe são recomendadas e, por si, livremente aceites; o doente tem o dever de respeitar as regras de funcionamento dos serviços de saúde; o doente tem o dever de utilizar os serviços de saúde de forma apropriada e de colaborar activamente na redução de gastos desnecessários. 2.2. “Empowerment”: conceptualização UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS O TERMO “EMPOWERMENT” NÃO É UMA PALAVRA FACILMENTE TRADUZIDA EM TODAS AS LÍNGUAS, TAL COMO ACONTECE NA SUA TRANSFORMAÇÃO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA: EMPODERAMENTO. NO ENTANTO, EXISTEM ALGUNS TERMOS RELACIONADOS COM O “EMPOWERMENT” QUE PODEM FACILITAR A SUA COMPREENSÃO, COMO: PODER INTERIOR, CONTROLO, AUTO-CONFIANÇA, ESCOLHA PRÓPRIA, INDEPENDÊNCIA, VIVER DE UMA FORMA DIGNA DE ACORDO COM OS SEUS PRÓPRIOS VALORES, CAPACIDADE DE LUTAR PELOS SEUS DIREITOS. Para a operacionalização do conceito de “empowerment” deveremos ter em conta que o poder provém de diversas fontes sociais, económicas, culturais e psicológicas e é considerado ilimitado, uma vez que é gerado incessantemente nas interacções sociais (FILHO, 2002). “Empowerment” refere-se, de uma forma geral, à expansão da liberdade de escolha e de acção. “Empowerment” é a expansão das capacidades dos indivíduos para participarem, negociarem, influenciarem, controlarem em tudo o que diz respeito às suas vidas (WORLD BANK, 2002). De acordo com a OMS (2001) “empowerment” é um processo contínuo, no qual indivíduos e/ou comunidades adquirem e ganham confiança, auto-estima, compreensão e poder necessários para articular os seus interesses, seguros que essas acções são tomadas para as próprias pessoas se prepararem e, mais largamente, ganharem controlo nas suas vidas. Segundo esta organização, empoderar pessoas pode ajudá-las a compreender as suas próprias situações e aumentar o controlo sobre os factores que afectam as suas vidas. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS “Empowerment” ou empoderamento é fornecer a outros o poder para tomar alguma acção, responsabilidades o que pela não significa eficácia e anarquismo ou abandono das resultados (MANUFACTURING MANAGEMENT, 2002). A MANUFACTURING MANAGEMENT (2002) refere, ainda, alguns princípios do empoderamento: “o empoderamento serve como um propósito, existe para atender aos objectivos do negócio; é um meio para alcançar um fim, não um fim por si mesmo; o empoderamento ajuda os empregados a ajudar a organização e a eles próprios”. Em promoção da saúde, “empowerment” é referido como um processo através do qual as pessoas obtém maior controlo sobre decisões e acções que afectam a sua saúde. “Empowerment” pode ser, ainda, definido como um processo social, cultural, psicológico ou político através do qual os indivíduos e os grupos sociais estão aptos para expressar as suas necessidades, expor as suas preocupações, projectar estratégias para o envolvimento nas tomadas de decisão e executar acções políticas, sociais e culturais para alcançar essas necessidades. Através de tal processo as pessoas vêem uma próxima correspondência entre as suas metas de vida e o sentido de como chegar até elas, e uma relação entre os seus esforços e resultados subsequentes. (OMS, 1998). “Empowerment” individual refere-se, primariamente, às habilidades individuais para tomar decisões e controlar a sua própria vida. “Empowerment” comunitário envolve indivíduos actuando em grupo para obter maior influência e controlo dos determinantes da saúde e da qualidade de vida da própria comunidade, o UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS que é uma importante meta nas acções comunitárias para a saúde (OMS, 1998). De acordo com o WORLD BANK (2002), são quatro os elementos-chave que devem estar presentes num processo de “empowerment” e que deverão ser incluídos numa reforma institucional: Acesso à informação: informação é poder; cidadãos informados encontram-se melhor preparados para ganharem vantagem de oportunidades, acesso a serviços, exercer os seus direitos, entre outros, do que cidadãos pouco ou nada informados; Inclusão e participação: oportunidades para a participação em processos de decisão é crucial, bem como o ter acesso a recursos e processos disponíveis e a capacidade para influenciar a sua distribuição; Responsabilidade; Capacidade organizacional local: este factor refere-se à capacidade das pessoas trabalharem em conjunto, à sua auto-organização e à mobilização de recursos de modo a resolverem os problemas de interesse comum, uma vez que comunidade organizadas encontram-se mais aptas a que a sua voz seja ouvida e as suas exigências satisfeitas. 2.2.1. O “EMPOWERMENT” DO CIDADÃO, EM SAÚDE Em 1986, a Carta de Otawa mencionava o “empowerment” da comunidade como um tema central no discurso da promoção da saúde. Subsequentemente, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS conferências internacionais em Sundsvall, Adelaide e Jakarta também reforçaram este conceito. Actualmente, o “empowerment” dos cidadãos faz parte, em muitos países, das prioridades e políticas de saúde. No entanto, o “empowerment” da comunidade é, ainda hoje, difícil de medir e implementar como parte da promoção da saúde. DUNST e TRIVETTE citados por OUSCHAN et al (2000), consideram que o “empowerment” do utente inclui comportamentos que são fortalecidos ou aprendidos como resultado de experiências que incluem participação e autoconsciencialização das capacidades do utente, para que assim consigam controlar e decidir acerca de importantes situações e eventos que ocorrem na sua vida. “Empowerment” tem sido considerado, simultaneamente, como um processo e como um resultado. FUNNELL et al citados por OUSCHAN et al (2000), definiram inicialmente “empowerment” como um processo que incluía a descoberta e desenvolvimento de uma capacidade inerente, de modo a tornarse responsável pela própria vida. Posteriormente, os mesmos autores associavam o “empowerment” do utente a um resultado. Segundo os mesmos autores, os utentes são empoderados quando têm saberes, atitudes, capacidades e auto-conhecimento necessários ao aumento da qualidade de vida. No contexto clínico, OUSCHAN et al (2000), apresentam o “empowerment” como um processo que inclui três dimensões, tal como pretende demonstrar o seguinte esquema: UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Esquema 2: Dimensões do “Empowerment” Participação do utente Educação do utente Controlo do utente percepção de controlo sobre a situação de saúde, por parte do utente; participação no processo de decisão; percepção de educação por parte do utente. As dimensões do “empowerment” indicam a necessidade dos profissionais de saúde promoverem uma comunicação com os utentes, no sentido de encorajálos à participação, aprendizagem e desenvolvimento do sentido de controlo da sua doença/ problema de saúde. O esquema 2 procura demonstrar a evidência de alguns estudos que revelam que não só são importantes as atitudes dos utentes, mas também as acções executadas pelos profissionais de saúde, como a educação e medidas de suporte de informação. Este facto está evidenciado, por exemplo, no estudo de Furthermore et al, citado por OUSCHAN (2000), onde os autores definem “empowerment” como um processo educacional desenvolvido para auxiliar os utentes a desenvolverem saberes, competências e grau de auto-conhecimento necessários para assumirem de uma forma efectiva responsabilidades nas UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS decisões relacionadas com o próprio. Subsequentemente, o utente, mais do que o profissional de saúde, é o solucionador do problema. Considerámos pertinente abordar um modelo de “empowerment” para a enfermagem, que encontrámos na pesquisa bibliográfica: o modelo de Gibson, 1991, (quadro 1) citado por OUSCHAN (2000). Quadro 1: Modelo de “empowerment” para a Enfermagem (Gibson, 1991) Domínio do Utente Interacção Utente – Enfermeiro Domínio da Enfermagem Auto-determinação Confiança Ajuda Auto-eficácia Empatia Suporte Controlo Participação nos proces- Conselheiro Motivação sos de decisão Aprendizagem Crescimento Domínio / Poder Melhoria da qualidade de vida Melhor saúde Sentido de justiça social Estabelecimento Educador mútuo Facilitador de objectivos Defensor / Protector Cooperação Colaboração Negociação Organização Legitimidade Vencer barreiras organi- UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS zacionais O modelo de Gibson foca a interacção entre o profissional de saúde (neste caso, o enfermeiro) e o utente, no qual existem três dimensões: a primeira dimensão relaciona-se com uma série de atributos relacionados com o utente; a segunda, refere-se à interacção utente - enfermeiro; e a terceira, está relacionada com o domínio da enfermagem. Num contexto de “empowerment”, os utentes ganham poder como resultado de uma mudança no controlo das decisões que influenciam as suas vidas. São os próprios participantes que encontram os resultados ganhando poder e autoconfiança num processo de encontrar soluções para os problemas e implementar soluções de modo a resolvê-los. O “empowerment” promove a capacidade de construção de indivíduos heterogéneos que partilham conceitos e interesses, fortalecendo o seu senso de luta, esforço e activismo comunitário através de um processo de “empowerment” comunitário (LAVERACK, 2001). 2.2.2. Atitude empoderadora num profissional de saúde Uma atitude empoderadora consiste, obviamente, numa atitude que promove o “empowerment” do outro. No que respeita aos profissionais de saúde, existem certamente algumas diferenças de atitude e comportamento que promovem maior ou menor “empowerment”. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS De acordo com TOWLE citado por ELWYN (1999), algumas competências para favorecer o envolvimento dos utentes foram propostas, não se encontrando contudo investigadas. A sugestão de TOWLE inclui as seguintes competências num processo de envolvimento dos utentes num modelo de decisão partilhada: desenvolver parceria com o utente; estabelecer ou rever as preferências do utente, no que respeita à informação; estabelecer ou rever as preferências do utente no processo de partilha de decisão; assegurar escolhas e responder às ideias, expectativas e preocupações dos utentes; identificar escolhas e avaliar a evidência das mesmas; apresentar as evidências, tendo em conta os passos anteriores, ajudando o utente a reflectir e avaliar o impacto das decisões alternativas com atenção e de acordo com os seus valores e estilo de vida; fazer ou negociar uma decisão em partilha, gerindo os conflitos; concordar com um plano de acção e estabelecer um “follow-up”. Assim, de acordo com o descrito anteriormente, e tentando sintetizar o fundamental para este estudo no que respeita a uma atitude empoderadora por parte dos profissionais de saúde que prestam cuidados de saúde a crianças, elaborámos o seguinte quadro: UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Quadro 2: Atitude empoderadora num profissional de saúde Estabelece uma parceria com os pais da criança e com a criança, quando possível; Contextualiza o ambiente familiar da criança; Conversa com os pais da criança acerca da situação de doença ou problema de saúde; Procura esclarecer algumas dúvidas que possam existir; Utiliza uma linguagem apropriada, evitando termos técnicos; Confronta os pais da criança com os vários tratamentos ou indicações possíveis, permitindo-lhes a expressão das suas preferências; Chega, junto com os pais da criança, a um consenso acerca da atitude a tomar; Utiliza, para além da linguagem verbal, a escrita; Responde às necessidades e expectativas dos pais da criança; Certifica-se que os pais da criança apreenderam a informação e as indicações. 2.3. Relação utente- profissional de saúde UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Antes de examinar as preferências dos utentes, no que respeita à informação e participação nas decisões, é necessário abordar os diferentes modelos de interacção existentes entre os utentes e os profissionais de saúde. O conceito de autonomia do utente tem sido largamente aceite como um princípio ético. Segundo SCHATTNER e TAL (2002), o direito do utente controlar o seu tratamento implicou que a medicina se afastasse do modelo paternalista dos médicos, aumentando aparentemente o desejo de informação dos utentes acerca do seu estado de saúde e o seu envolvimento nas decisões médicas. De facto, a tomada de decisão por parte dos utentes tem recebido considerável atenção recentemente. Actualmente, de acordo com COOK (2001), muitos utentes encontram-se intimamente envolvidos nas suas próprias decisões de saúde, discutem os seus problemas e alternativas de tratamento ou acção médica, expressam as suas preferências2. Todavia, para que um utente possa ser considerado parceiro na decisão médica, necessita de estar bem informado e estar em sintonia com muitos outros factores, que por vezes constituem barreira na parceria dos cuidados. E são muitas as barreiras existentes numa decisão partilhada, tal como refere BRADOCK citado por SCHATTNER e TAL (2002): factores relacionados com os profissionais de saúde, como o tempo insuficiente; factores relacionados 2 De acordo com estudos citados por COULTER (1999), os hipertensos beneficiam quando podem adoptar por um papel mais activo; o mesmo acontece a utentes com cancro da mama, que ficam menos deprimidos e ansiosos quando tratados por uma equipa de profissionais que adoptam um estilo de consulta participativa; também, os diabéticos que se encontram mais activamente envolvidos na tentativa de gerir a sua doença, obtém melhores níveis de controlo da glicémia. Por outro lado, os mesmos autores referem que os utentes cujos médicos ignoram os seus valores e preferências podem receber um tratamento que não responda às suas necessidades. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS com os utentes, como inadequada informação acerca de assuntos relacionados com saúde. As dificuldades de comunicação entre profissionais de saúde têm sido analisadas por diversos autores. MISHLER citado por CHARLES (2000), refere que os profissionais de saúde e os utentes falam com diferentes vozes, uma vez que a voz da medicina é caracterizada por terminologia médica muitas vezes inacessível e incompreensível, descrição de sintomas e a redução destes a uma classificação usando o modelo biomédico. Por sua vez, a voz dos utentes é caracterizada por um discurso com termos não-técnicos acerca de uma experiência subjectiva da doença num contexto social. Dado que, tipicamente, o profissional de saúde tem mais poder, os utentes sentem a sua voz ultrapassada, silenciosa e despida de contexto social e de entendimento pessoal. A evidência demonstra a grande necessidade dos profissionais de saúde desenvolverem competências de comunicação, pois uma pobre comunicação é prejudicial à satisfação dos utentes, adesão dos utentes ao tratamento, compreensão da informação fornecida e, inclusivé, nos resultados de saúde (OUSCHAN, 2000). DUGGAN et al (2001) referem que melhores níveis de satisfação em relação à comunicação entre os profissionais de saúde resultam no aumento da adesão às instruções clínicas, além de referirem a importância do modelo de concordância, que enfatiza a necessidade de estabelecer parcerias entre os profissionais e os utentes e onde as necessidades dos indivíduos são conhecidas por ambas as partes. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ELWYN et al (1999) fazem ainda referência a outros factores capazes de funcionar como barreira à decisão partilhada: falta de informação e relutância para partilhar dados, tempo e “timing”, tipos de decisão. No que respeita aos modelos existentes, de acordo com EMANUEL e EMANUEL citado por COOK (2001) são quatro os modelos que caracterizam a relação médico-doente: modelo parental – este modelo, outrora designado por paternalista, é caracterizado pela presença do médico como tutor, na medida em que este presenteia o utente com informação, a qual vai proporcionar ao utente o consentimento ao médico de realizar o tratamento que o profissional de saúde considera ideal. Este modelo supõe que o médico ou profissional de saúde sabe mais e melhor, considerando-se proprietário da saúde individual do utente, escolhendo o que considera melhor para este último. Neste modelo, o médico de um modo dominante, colhe a história do utente, realiza um exame físico e, em seguida, informa o utente da causa do problema e prescreve o melhor tratamento. modelo de decisão informada – este modelo retrata o profissional de saúde como um técnico perito, ou melhor, como uma completa fonte de informação, e cujo papel consiste em informar o utente acerca de assuntos médicos. Sendo possuidor de informação relevante e tendo conhecimento dos seus valores e preferências, o utente pode proceder a uma tomada de decisão. De acordo com BEKKER (1993), citado por ROBINSON (2001), uma decisão informada é aquela onde uma escolha racional é feita por um indivíduo racional, utilizando informação relevante acerca das vantagens e UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS desvantagens de todas as opções possíveis, de acordo com as crenças individuais. CHARLES et al (1999) referem que uma decisão partilhada ocorre quando o profissional de saúde e o utente partilham todos os estadios do processo de decisão, simultaneamente; modelo interpretativo – neste modelo, o profissional de saúde apresentase como um conselheiro, o qual tem a responsabilidade de elucidar os valores do utente e ajudar este a seleccionar as intervenções que realizem esses valores, requerendo que o profissional de saúde oiça mais do que fale ; modelo deliberativo – este é o mais interactivo dos quatro modelos, retratando o profissional de saúde como um professor, uma vez que o papel do profissional é comunicar a situação clínica, obter informação acerca dos valores do utente e discuti-los. A interacção envolve debate intenso, discussão, crítica e resolução. O utente é empoderado e cresce no que respeita à sua auto-compreensão no processo. Obviamente, este modelo é o menos utilizado na prática. Num modelo de decisão partilhada, a informação flui do utente para o profissional de saúde e deste para o outro. Enquanto o profissional de saúde fornece informação relevante acerca das opções de tratamento, o utente fornece informação acerca da sua experiência de vida, valores, preferências, estilo de vida e conhecimento acerca do tratamento. Pode-se, então, dizer como sugere BUTLER (2001), que se trata de um encontro entre dois peritos, no qual ambos os intervenientes abordam perspectivas válidas: o perito do UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS diagnóstico e evidência clínica e o perito no seu próprio corpo e da sua situação de vida. Um modelo deste tipo, poderia conter questões tais como: Como é que se sentiria se falássemos e fizéssemos a decisão acerca do tratamento conjuntamente? Qual a sua opinião em relação aos antibióticos? Gostaria de informação acerca da prevenção e auto-cuidado? E se a resposta é afirmativa, prefere falar acerca desses assuntos, ler um folheto ou ir a um site da internet que eu recomendo? Do outro lado, o utente poderia questionar: O que está a causar o problema? Há alguma coisa que eu possa fazer para melhorar o problema? Quais são as diferentes opções de tratamento? Quais são os benefícios do tratamento? Quais são os riscos do tratamento? É essencial tratar o problema? Que efeitos terão esses tratamentos nas minha vida e nas minhas emoções? Como posso prevenir futuros problemas? Onde posso encontrar mais informação acerca do problema e tratamento? 2.3.1. O papel de outros intervenientes UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS No entanto, não são só os profissionais de saúde e os utentes que estão implícitos num processo de “empowerment”. Tal como refere FILHO (2002), não é possível compreender a posição do cidadão no sistema de saúde sem ter em conta a relação estabelecida entre este e o cidadão, pelo que se deve ter em conta nesta relação a resposta que o sistema de saúde, em particular, e a sociedade, em geral, dão às necessidades, expectativas e desejos dos cidadãos, assim como o “empowerment” do cidadão na sociedade e o seu envolvimento dentro do sistema (FERREIRA, 2001, citado por FILHO, 2002). Assim, o nível de resposta do sistema de saúde e o nível de “empowerment” do cidadão estão relacionados, influenciando-se mutuamente, sem contudo dependerem um do outro. Ainda de acordo com o mesmo autor, tendo como ponto de partida da resposta do sistema ao cidadão, a informação que este disponibiliza, em quantidade e qualidade adequadas, a consequência mais imediata é uma progressiva consciencialização dos direitos e deveres dos cidadãos face ao sistema. Posteriormente, isto levará a uma maior participação dos cidadãos e, como corolário, a um maior “empowerment” que obrigará a um aumento do nível e da distribuição da resposta do sistema. Também o Estado e o Governo detém, aqui, um papel fundamental. COULTER (1999), sintetiza o papel desta terceira entidade: Financiar o desenvolvimento e avaliação da qualidade do material de informação existente acerca dos problemas de saúde mais comuns; UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Estabelecer um sistema de acreditação de material de informação existente e de websites, de modo a ajudar utentes e profissionais a identificarem informação digna de confiança; Estabelecer um sistema de disseminação da informação aos utentes em diversos serviços como departamentos hospitalares, farmácias comunitárias, serviços de saúde, bibliotecas públicas, entre outros; Assegurar que os serviços de cuidados primários de saúde detém informação importante; Assegurar que todos os profissionais de saúde tenham habilidade para comunicar e que recebam formação de técnicas de comunicação de modo a promover a decisão partilhada. 2.4. Interesses dos Utentes Até agora temos visto os “ingredientes necessários” para a existência de um sistema de saúde empoderador, com profissionais de saúde empoderadores e cidadãos empoderados. Porém, quais são realmente os interesses dos utentes? Segundo VINCENT (2002), os utentes relacionam qualidade com uma série de factores, tais como: acessibilidade ao cuidado; receptividade e empatia; boa e clara comunicação; UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS tratamento adequado; alívio de sintomas; melhoria do estado de saúde; segurança. De acordo com o mesmo autor, o papel do utente na promoção da segurança, implica que este: ajude na procura de um diagnóstico exacto: tal como já foi sobejamente referido, pouca e pobre comunicação consiste na maior parte das queixas no que respeita à performance dos profissionais. Maus diagnósticos resultam muitas vezes da falta de comunicação existente, por exemplo, quando os utentes se referem aos seus sintomas, pois um diagnóstico correcto e exacto depende de uma recolha de dados completa. Este autor reforça a ideia de que os utentes preferem ser consultados por um médico simpático, interessado nas suas preocupações e expectativas, que discuta e procure o acordo em relação ao problema e seu tratamento; participe na decisão do tratamento adequado ou na melhor estratégia a adoptar: se os profissionais de saúde ignoram as preferências e valores dos utentes, estes podem receber tratamento desadequado às suas necessidades. Utentes melhor esclarecidos e informados acerca do prognóstico e opções de tratamento (incluindo benefícios, desvantagens e outros efeitos) têm um maior potencial para aderir ao tratamento, levando a melhores resultados (outcomes); UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS escolha uma entidade prestadora de cuidados adequada, experiente e segura: por exemplo, se os pais de uma criança tivessem conhecimento de que uma determinada unidade apresentava uma taxa de mortalidade elevada nas cirurgias, provavelmente escolheriam outra unidade; se assegure de que o tratamento é administrado apropriadamente, monitorizado e que haja adesão: os utentes informados e que conhecem o plano de tratamento, podem avaliar a performance dos profissionais de saúde; identifique efeitos colaterais e adversos e que actue da forma mais adequada. 2.4.1. Satisfação dos Pais Tendo em conta que este nosso trabalho vai inquirir os pais ou acompanhantes de crianças, considerámos pertinente analisar os factores que os pais consideram mais importantes no plano de tratamento do seu filho. No que respeita à satisfação dos pais de crianças que recebem cuidados, num contexto pediátrico, de acordo com CONNER e NELSON (1999), foram encontrados na literatura vários factores de prestação de cuidados identificados como importantes para as famílias cujas crianças recebem cuidados pediátricos, os quais incluíam: a acessibilidade: 27% dos pais que levavam as suas crianças às urgências sentiram que as mesmas não eram atendidas com a rapidez necessária; UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS o cuidado: um compreensivo e simpático médico foi referido como uma grande contribuição para a satisfação dos pais. A um total de 166 pais de crianças doentes foi pedido para se recordarem do momento em que pela primeira vez lhes foi comunicada a doença da criança. Os resultados demonstraram, após a correlação entre a satisfação dos pais e a afectividade do médico, que um médico simpático foi o mais importante factor de satisfação dos pais (35,7% de variância; p < 0,001); os cuidados a doentes crónicos: pais de crianças com doenças crónicas classificaram como importante a continuidade e consistência dos cuidados, o diagnóstico, a educação e informação, envolvimento dos pais; a comunicação: a comunicação é o domínio mais referido da satisfação, no que respeita a cuidados pediátricos. Muitas dimensões da comunicação foram identificadas, tais como um diálogo aberto e honesto, a partilha da informação de factos, a comunicação de informação completa, a preparação dos pais para o desconhecido. Os pais querem informações médicas com sentido e capazes de serem compreendidas por eles. O modo como a comunicação é fornecida também tem impacto na percepção e satisfação dos pais, sendo a aproximação simpática e compreensiva a mais favorável; a competência: num estudo acerca da percepção dos pais de crianças hospitalizadas para o tratamento de VIH/SIDA, os pais referiram ter mais satisfação com os pediatras e especialistas, do que com os generalistas; UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS a continuidade dos cuidados: pais de crianças com doenças críticas e crónicas referem menor satisfação nos cuidados de saúde quando existe perda na continuidade dos cuidados dos prestadores; ambiente: um artigo referiu que a atmosfera vivida na prestação de cuidados afecta a satisfação dos pais das crianças; participação dos pais nos cuidados: muitos investigadores identificaram a participação dos pais nos cuidados e processos de decisão como importantes elementos na satisfação dos mesmos. De facto, o envolvimento dos pacientes nos processos de decisão constitui uma tarefa clínica importante. No entanto, partilha de informação não é sinónimo de partilhar decisões, e segundo ELWYN (1999), não há evidência que os modelos disponíveis sobre o envolvimento de pacientes nos processos de decisão são possíveis e praticáveis ou que os médicos têm as habilidades necessárias para executá-lo. 3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO Para se conseguir obter um bom funcionamento do sistema de saúde, capaz de responder aos objectivos da sua existência, é necessário a articulação entre sistema, profissionais de saúde e cidadão. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS WAITZKIN (1984) 3 mostrou que, em 65% dos encontros, os internos menosprezam ou subestimam o desejo de informação dos seus utentes particulares, enquanto que apenas 6% consideram o desejo de informação dos seus utentes. No estudo de DEGNER (1997)3 que envolveu 1012 mulheres a quem se tinha confirmado o diagnóstico de cancro da mama , 22% das mulheres quis seleccionar o seu próprio tratamento, 44% quis seleccionar o tratamento conjuntamente com o seu médico e 34% quis delegar essa decisão para os médicos. Também o tipo de informação dada pelos profissionais de saúde tem sido alvo de investigação. Segundo KINDELAN e KENT (1987) 3 os utentes e os médicos divergem no que respeita à importância dos diferentes tipos de informação clínica: enquanto que os utentes avaliam como principal informação a que incide no prognóstico, diagnóstico e etiologia das suas condições, os médicos dão mais importância ao tratamento e terapêutica. MUITOS ESTUDOS DEMONSTRAM QUE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FORNECEM INFORMAÇÃO DISPERSA AOS UTENTES. DE ACORDO COM ALGUNS ESTUDOS, OS MÉDICOS FORNECEM INFORMAÇÃO DISPERSA AOS UTENTES, QUANDO A MAIORIA DESTES REFERE QUERER QUE OS MÉDICOS LHES FORNEÇAM MAIS INFORMAÇÃO (WAITZKIN 1984, PINDER 1990, BEISECKER 1990) 3. ELWYN (2003) REFERE QUE ALGUNS ESTUDOS CORRELACIONAM POSITIVAMENTE A RELAÇÃO ENTRE UMA TOMADA DE DECISÃO PARTILHADA E O FACTO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE SER MULHER. DE FACTO, ESTES ESTUDOS EXAMINARAM O EFEITO DO 3 In SKILLSCASCADE.com – Are there problems in communication between doctors and patients? http:// www.skillscascade.com/files/research.htm. Outubro, 2002 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS GÉNERO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS E UTENTES, REFERINDO QUE AS MULHERES FAZEM MAIS PARCERIA COM OS UTENTES, TÊM UMA LINGUAGEM MAIS COOPERATIVA EM RELAÇÃO AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO GÉNERO MASULINO. WAITZKIN (1984) DEMONSTROU, AINDA, QUE OS INTERNOS AMERICANOS DEDICAM POUCO MAIS DE UM MINUTO, EM MÉDIA, À TAREFA DE DAR INFORMAÇÃO, EM 20 ENTREVISTAS QUE DEMORAM MÉDICOS BRITÂNICOS, MINUTOS. MAKOUL ET AL CONTUDO, (1995)3 NO QUE RESPEITA AOS REFERIRAM QUE AQUELES EVIDENCIAM A IMPORTÂNCIA DO ESCLARECIMENTO, EXPLICAÇÃO E PLANEAMENTO: DISCUTINDO ACERCA DOS RISCOS DE MEDICAÇÃO, DISCUTINDO ACERCA DA CAPACIDADE DO UTENTE EM CUMPRIR O PLANO DE TRATAMENTO E INCENTIVANDO OS UTENTES A DAREM A SUA OPINIÃO ACERCA DA MEDICAÇÃO PRESCRITA. OUTRO FACTOR RELACIONADO COM TUDO O QUE JÁ FOI REFERIDO ANTERIORMENTE E QUE PODE INFLUENCIAR NO LINGUAGEM UTILIZADA “EMPOWERMENT” PELOS DO CIDADÃO É A COMPREENSÃO DA PROFISSIONAIS DE SAÚDE. MUITOS ESTUDOS EVIDENCIAM QUE ALÉM DE MUITOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE UTILIZAREM LINGUAGEM QUE OS UTENTES NÃO COMPREENDEM, UTILIZAM-NA DE MODO A CONTROLAR O ENVOLVIMENTO DOS UTENTES 4 . Porém, no que respeita ao tempo da consulta, este tem aumentado nos últimos anos de acordo com GLASCOE et al (1998): de 10.3 minutos num estudo de 1983 para 20.4 ± 6.7 minutos num estudo de 1997. 4 Korsh et al (1968), citado por SKILLSCASCADE (2002) relataram que o uso de linguagem técnica pelos pediatras funcionou como barreira na comunicação em mais de metade das 800 visitas estudadas; as mães ficavam confusas com os termos utilizados, embora raramente apelavam à clarificação dos termos. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS O puro limite da memória humana constitui outro dos factores que contribui para o facto dos pais das crianças não compreenderem o vocabulário usado nos encontros com os pediatras (GLASCOE et al, 1998). SIMON, citado por GLASCOE et al, mostrou que 10% dos pais apresenta dificuldade para se lembrarem do diagnóstico, enquanto que 23% referiram dificuldade em recordar as instruções e dosagem da medicação. A informação e comunicação entre profissionais de saúde e cidadãos deve, portanto, permitir que os utentes participem no processo de tomada de decisão, de modo a conseguirem gerir o seu próprio processo clínico, e assim aumentarem o seu “empowerment”. Vários estudos, citados por DUGGAN et al (2001), demonstraram que níveis de satisfação de comunicação entre profissionais de saúde e utentes resultam num aumento de adesão aos tratamentos e instruções clínicas. ROBINSON (2001) revela alguns estudos que demonstraram a importância de algumas variáveis demográficas de modo a aumentar o potencial dos estudos. Muitos estudos revelam que os utentes mais novos e com mais estudos gostam de ser envolvidos nas decisões. Num estudo realizado pela equipa de DUGGAN (2002), referente à validação de uma escala de desejo de informação, é constatado que utentes mais velhos têm tendência para desejar menos informação (R de Pearson = -0,432; p < 0.05), assim como acontece aos que abandonam a escola mais cedo (R de Pearson= 0,115; p < 0,01). Este mesmo estudo refere, ainda, que pessoas mais novas parecem mais interessadas no seu tratamento, procurando e exigindo mais informação, ao contrário do que ocorre com os indivíduos com UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS idade superior aos 65 anos, que referem necessitar apenas da informação fundamental ou, mesmo, de nenhuma. Este facto foi também confirmado por ELWYN (2003), que obteve um valor de correlação do tipo Pearson significativa entre a idade do utente e o seu interesse de envolvimento, tendo chegado à conclusão que à medida que a idade vai aumentando, diminuí o interesse de envolvimento. O estado de saúde corrente e a severidade da doença constituem outros dos factores que influenciam o envolvimento nas decisões. DEGNER e SLOAN citados pelo autor acima referido, reportam que os utentes que fazem face a um evento de vida ameaçador são mais passivos no que respeita a decisões de tratamento comparativamente a um grupo de indivíduos saudáveis. ROBINSON (2001) sugere, ainda, que os aspectos organizacionais do Sistema de Saúde podem também interferir no processo de decisão partilhada, bem como no desejo de envolvimento. ELWYN (2003) refere que o envolvimento dos utentes numa tomada de decisão partilhada tem sido, de facto, tema de debate. Porém, esta autora refere que a área é complexa e o conceito não é fácil de medir. Segundo a autora atrás citada, está relatado curiosamente que, tipicamente, menos de 50% dos utentes desejam envolver-se no processo de decisão, apesar da possibilidade de que o envolvimento pode ter um efeito positivo, no que respeita aos resultados de saúde. 4. A ORTOPEDIA INFANTIL NO HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO DO OUTÃO UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS As origens do Hospital Ortopédico Sant´Iago do Outão remontam, pelo menos, à época romana. Fica situado na Serra da Arrábida, margem direita do Rio Sado e dista cerca de 7 Km de Setúbal. Foi integrado na organização hospitalar da Direcção Geral dos Hospitais e classificado como Hospital Central Especializado em Ortopedia, em 1971. Assegura os serviços da valência ortopédica e a urgência traumatológica da área de influência do Hospital Distrital de S. Bernardo de Setúbal: concelhos de Setúbal, Grândola, Palmela, Santiago do Cacém, Sines e, em menor frequência, dos distritos de Lisboa, Évora, Beja, Faro e Santarém (HOSO). O internamento é composto por cerca de 130 camas; está estruturado em cinco unidades de internamento: duas de homens, duas de mulheres e uma de ortopedia infantil; oferece ainda um serviço de quartos particulares. No ambulatório funcionam consultas de ortopedia e traumatologia e, ainda, de fisiatria e anestesiologia. Existe, também, a medicina física e de reabilitação, bem como o apoio de laboratório e imagiologia. Para prestar todos estes serviços, o hospital conta com cerca de 290 funcionários e colaboradores. O serviço de Ortopedia Infantil consiste num serviço pequeno, acolhedor, garantindo o bem-estar e satisfação dos que lá trabalham. Neste serviço, desempenha funções a seguinte equipa multidisciplinar: 5 médicos ortopedistas; 1 médico anestesiologista; 10 enfermeiros; UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 10 auxiliares de acção médica; 1 professor. Em colaboração directa com este serviço, funcionam também a Consulta Externa de Ortopedia Infantil (10 enfermeiros) e o serviço de Medicina Física e de Reabilitação (10 fisioterapeutas). Os utentes e famílias que passam por este serviço têm, em geral, uma atitude bastante positiva para com os profissionais de saúde, até porque algumas destas crianças já tiveram mais do que um internamento, pois muitos das crianças têm problemas congénitos, que necessitam de continuidade de cuidados e, muitas vezes, mais do que uma intervenção cirúrgica, pelo que já conhecem bastante bem os profissionais de saúde. O clima existente entre profissionais e utentes é informal, aberto e sem obstáculos, facilitando a expressão de dúvidas e a sua resolução. Os profissionais que desempenham funções nesta instituição interrelacionamse quotidianamente, conhecendo-se uns aos outros, bem como à atitude profissional de cada um. Por sua vez, a instituição desempenha também um papel importante, promovendo um ambiente acolhedor e familiar, o que a torna, de certo modo, particular. No que respeita à maioria dos utentes que frequentam o serviço de Ortopedia Infantil, podemos dizer que as crianças internadas são, principalmente, de duas valências: ortopedia e traumatologia. Principalmente, relativamente às crianças do foro ortopédico, com problemas muitas vezes congénitos, podemos dizer com certeza que, talvez pelo facto de se tratarem de crianças, destas necessitarem muitas vezes mais do que um UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS internamento e por serem seguidas continuamente ao longo de vários anos pela equipa de Ortopedia Infantil, o internamento não é vivido como um momento de stress, tal como se encontra descrito na teoria. O internamento destas crianças é, sim, vivido na esperança de que mais um internamento/ intervenção cirúrgica pode melhorar a qualidade de vida da criança e, para isso, profissionais de saúde, famílias e as próprias crianças trabalham num mesmo sentido, o que as torna, também, de certo modo especiais. Estas particularidades levam-nos a crer que os resultados obtidos neste estudo, poder-se-ão generalizar para instituições de igual dimensão e contexto, apesar da sua generalização para hospitais de grandes dimensões e que vivam num contexto diferente do descrito anteriormente, teria que ser alvo de outro estudo. Todavia, não é nosso objectivo num só estudo investigar tudo e todos os aspectos relacionados com esta temática que é o “empowerment”, pelo que decidimos que este seria o nosso primeiro passo de alguns que se seguirão. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS PARTE II Metodologia da Investigação UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 1. PROPÓSITO E OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO 1.1. Propósito e Problemática da Investigação: Formulação de Objectivos O objectivo deste estudo consiste em avaliar o papel do profissional de saúde no “empowerment” do cidadão, em saúde, bem como avaliar a percepção que os cidadãos têm acerca desta temática, na tentativa de operacionalizar o conceito de “empowerment” do cidadão, em saúde. Este estudo tem, então, a orientá-lo a seguinte pergunta: QUE ATRIBUTOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E UTENTES PODERÃO CONDICIONAR A SUA ATITUDE FACE À QUESTÃO DO “EMPOWERMENT” DO CIDADÃO, EM SAÚDE? UMA HIPÓTESE É UMA PREVISÃO EXPERIMENTAL, OU UMA EXPLICAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS. UMA HIPÓTESE TRADUZ O ENUNCIADO DO PROBLEMA PARA UMA PREVISÃO PRECISA E CLARA DOS RESULTADOS ESPERADOS. É A HIPÓTESE, E NÃO O ENUNCIADO DO PROBLEMA, QUE ESTÁ SUJEITA À TESTAGEM EMPÍRICA, ATRAVÉS DA RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS (POLIT E HUNGLER, 1995). UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS QUIVY E CAMPENHOUDT (1992) DEFINEM HIPÓTESE COMO UMA PROPOSIÇÃO QUE PREVÊ UMA RELAÇÃO ENTRE DOIS TERMOS, QUE PODEM SER CONCEITOS OU FENÓMENOS. UMA HIPÓTESE É, PORTANTO, UMA PROPOSIÇÃO PROVISÓRIA, UMA PRESSUPOSIÇÃO, QUE DEVE SER VERIFICADA. FORTIN (1999), POR SUA VEZ, DESIGNA HIPÓTESE COMO SENDO UM ENUNCIADO FORMAL DAS RELAÇÕES PREVISTAS ENTRE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS. COMBINA, ASSIM, O PROBLEMA E O OBJECTIVO NUMA EXPLICAÇÃO OU PREDIÇÃO CLARA DOS RESULTADOS ESPERADOS DE UM ESTUDO. No quadro seguinte, encontram-se descritos os objectivos (gerais e específicos) em relação aos dois grupos que nos propusemos estudar: o grupo dos profissionais de saúde e o grupo dos utentes. Quadro 3: Objectivos de estudo por grupo de inquiridos Qual a atitude do profissional de Geral Objectivo Profissionais de Saúde saúde face ao “empowerment” do cidadão, em saúde? Utentes Qual a percepção que os cidadãos têm de “empowerment” em saúde? Específicos Objectivos Existe relação entre o género e o Existe relação entre a idade e o grau empoderador? desejo de empoderamento? Existe relação entre a idade e o Existe relação entre a escolaridade grau empoderador? e o desejo de empoderamento? UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Existe relação entre a experiência Existe relação entre o número de profissional e o grau empodera- filhos e o desejo de empoderador? mento? Existe diferença, no que respeita Será que pais de crianças que ao grau empoderador, entre os passam mais tempo longe dos pais Objectivos Específicos diferentes grupos profissionais? O que entendem por apresentam menor grau de empo- “empo- deramento? werment” do cidadão, em saúde? Qual a relação que existe entre a Qual o seu papel no que respeita à auto-avaliação de saúde da participação e envolvimento do criança e o grau de empoderamento? cidadão? De que factores depende a satisfação dos utentes, em relação aos cuidados prestados pelos profissionais de saúde? Qual a posição dos utentes face à escolha do plano de tratamento? Específicos Objectivos Uma melhor comunicação entre profissionais de saúde e utentes, traduz-se em maior empoderamento? Profissionais de saúde empoderadores conduzem a cidadãos empoderados? UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO O tema escolhido encontra-se no domínio da democratização participativa nos serviços de saúde, o que ficou a dever-se a vários factores. Em primeiro lugar, à percepção da necessidade de assegurar a participação activa dos cidadãos, processo no qual o papel dos profissionais de saúde é preponderante; em segundo lugar, ao interesse e convicção pessoais de que existe possibilidade de melhorar o funcionamento do sistema de saúde, com a colaboração de todos os intervenientes e, em terceiro lugar, à percepção que a população tem acerca do sistema de saúde 5. Na tentativa de concretizar e operacionalizar este estudo, foi necessário definir uma situação prática, na qual fosse possível estudar a influência dos profissionais de saúde no “empowerment” do cidadão, em saúde. Para tal, recorremos a uma outra área do nosso interesse: a prestação de cuidados à criança. Pensamos que com este estudo podemos atingir alguns objectivos que consideramos muito importantes: a reflexão de todos os intervenientes neste estudo acerca desta temática e interiorizar nos mesmos o termo “empowerment” que, de acordo com o que tivemos a possibilidade de observar, é ainda um termo desconhecido pela maioria dos intervenientes. 5 Segundo o estudo coordenado pelo Professor Villaverde Cabral, publicado no livro Saúde e Doença em Portugal (2002), mais de 75% dos portugueses mencionam o sector da saúde entre as duas principais prioridades para a intervenção do Estado; 95% dos inquiridos referem que o Estado deveria investir um pouco mais (41%) ou muito mais (54%) na saúde. De acordo, também, com o estudo Estado da Nação realizado pela Data Crítica, Escola Superior de Comunicação Social, Diário de Notícias, TSF Rádio Jornal e pela estação de televisão SIC, os inquiridos consideraram a saúde como o assunto considerado com maior importância em 2002 (o que também ocorreu em 2001, havendo um aumento na importância deste assunto, em 2002). É referida, igualmente, no Estado da Nação, a saúde como a primeira prioridade. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 3. OPÇÕES FUNDAMENTAIS DA INVESTIGAÇÃO 3.1. DESENHO DO ESTUDO: METODOLOGIA ADOPTADA Na fase metodológica, são determinados os métodos que se utilizam para obter as respostas às questões de investigação colocadas. Esta fase assume um papel importante no decorrer deste trabalho, já que a tomada de decisões metodológicas é fundamental para assegurar a fiabilidade e a qualidade dos resultados de investigação. O presente estudo consiste num estudo observacional, uma vez que o investigador nada faz para afectar o resultado, observando simplesmente o que acontece (PETRIE, 2000). Justifica-se ser um estudo descritivo uma vez que pretende descrever factos; segundo FORTIN (1999), um estudo descritivo tem como objectivo descriminar os factores determinantes ou conceitos que eventualmente possam estar associados ao fenómeno em estudo, além de ser possível, através deles, procurar relações entre os conceitos afim de obter um perfil geral do fenómeno. É transversal porque é realizado num determinado ponto temporal estipulado pelo investigador. NESTE ESTUDO UTILIZOU-SE A COMBINAÇÃO DA METODOLOGIA QUANTITATIVA COM A QUALITATIVA, DADO QUE PRETENDEMOS UTILIZAR TÉCNICAS DOCUMENTAIS COMO A ANÁLISE DE CONTEÚDO, ALÉM DE QUESTIONÁRIOS AOS ACOMPANHANTES DAS CRIANÇAS E AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS A utilização de metodologia quantitativa justifica-se pelo facto de ser um processo sistemático da colheita de dados observáveis e quantificáveis; baseado na observação de factos objectivos, de acontecimentos e de fenómenos que existem independentemente do investigador, conduzindo a resultados com o menor enviesamento possível. A objectividade, a perdição, o controlo e a generalização são características inerentes a esta abordagem. O facto do questionário ser um método acessível, de aplicação rápida e com capacidade de identificar atributos numa população a partir de pequenos grupos, contribuiu também para a escolha. 3.2. POPULAÇÃO SEGUNDO FORTIN (1999), UMA POPULAÇÃO É UMA COLECÇÃO DE ELEMENTOS OU DE SUJEITOS QUE PARTILHAM CARACTERÍSTICAS COMUNS, DEFINIDAS POR UM CONJUNTO DE CRITÉRIOS. UMA POPULAÇÃO É, ASSIM, TODA A AGREGAÇÃO DE CASOS QUE ATENDEM A UM CONJUNTO ELEITO DE CRITÉRIOS. A população deste estudo consiste em dois grupos distintos: médicos, enfermeiros e fisioterapeutas que prestam cuidados a crianças no Internamento de Ortopedia Infantil, Medicina Física e de Reabilitação e Consultas Externas de Ortopedia Infantil do Hospital Ortopédico Sant´Iago do Outão (grupo 1); acompanhantes de crianças que recorram ao Internamento de Ortopedia Infantil do Hospital Ortopédico Sant´Iago do Outão durante o período de tempo do estudo (grupo 2). UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 3.3. Amostra : Estratégia de Amostragem e Tamanho SEGUNDO FORTIN (1999), A AMOSTRA É UM SUB-CONJUNTO DE UMA POPULAÇÃO OU DE UM GRUPO DE SUJEITOS QUE FAZEM PARTE DE UMA MESMA POPULAÇÃO. QUALQUER FORMA, UMA RÉPLICA EM MINIATURA DA POPULAÇÃO ALVO. A É, DE AMOSTRA DEVE SER REPRESENTATIVA DA POPULAÇÃO VISADA, ISTO É, AS CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO DEVEM ESTAR PRESENTES NA AMOSTRA SELECCIONADA. O INVESTIGADOR DEVE CONSIDERAR A FIDELIDADE DAS ESTIMAÇÕES RELATIVAS À POPULAÇÃO, A TÉCNICA DE AMOSTRAGEM, ASSIM COMO OS RESPECTIVOS CUSTOS. O OBJECTIVO DO INVESTIGADOR É OBTER UMA AMOSTRA SUFICIENTEMENTE GRANDE PARA DETECTAR DIFERENÇAS ESTATÍSTICAS, QUESTÕES DE TEMPO E ECONOMIA. EM CONSIDERANDO IGUALMENTE TERMOS GERAIS, GRANDES AMOSTRAS CONDUZEM A MELHORES APROXIMAÇÕES AOS PARÂMETROS DA POPULAÇÃO. ENTANTO, ESTAS APROXIMAÇÕES AS NÃO GARANTEM NECESSARIAMENTE NO A REPRESENTATIVIDADE. A AMOSTRAGEM REFERE-SE AO PROCESSO DE SELECÇÃO DE UMA PARTE DA POPULAÇÃO PARA REPRESENTAR A SUA TOTALIDADE. UMA AMOSTRA CONSISTIRIA, ENTÃO, NUM SUBCONJUNTO DE ENTIDADES QUE COMPÕEM A POPULAÇÃO. ENTIDADES QUE COMPÕEM AS AMOSTRAS E AS POPULAÇÕES ESSAS DESIGNAM-SE ELEMENTOS. No que respeita ao grupo dos profissionais de saúde (grupo 1): sabendo que o total de profissionais de saúde a desempenhar funções no Internamento de Ortopedia Infantil, Consultas Externas de Ortopedia Infantil e Medicina Física e de Reabilitação são 6 médicos, 20 enfermeiros e 10 fisioterapeutas, não vamos UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS seleccionar qualquer amostra, aplicando o questionário à população, ou seja, a todos os profissionais de saúde atrás mencionados. No que respeita ao grupo dos representantes dos utentes (grupo 2), é necessário seleccionar uma amostra. O método de amostragem que melhor se enquadra neste grupo consiste no método de amostragem não-causal ou não probabilístico. Este método é um processo de selecção segundo o qual cada elemento da população não tem uma probabilidade igual de ser escolhido para formar a amostra. Dentro das amostragens não probabilísticas, considerámos mais adequado utilizar o método de amostragem não probabilística acidental, uma vez que nos iremos sujeitar aos utentes que se encontrem no serviço já referido, nos dias do estudo. A amostra acidental ou por conveniência é, então, formada por sujeitos que são facilmente acessíveis e estão presentes num local determinado, num momento preciso. Os sujeitos são, então, incluídos no estudo à medida que se apresentam e até a amostra atingir o tamanho desejado. TENDO EM CONTA OS OBJECTIVOS DO NOSSO ESTUDO, E COM A FINALIDADE DE UNIFORMIZAR A AMOSTRA, ESTABELECEMOS OS SEGUINTES CRITÉRIOS AOS QUAIS OS INDIVÍDUOS DO GRUPO 2 DEVERÃO OBEDECER: ACOMPANHANTES DE UTENTES MENORES DE 15 ANOS E QUE RECORRAM AO INTERNAMENTO DE ORTOPEDIA INFANTIL DURANTE O TEMPO DO ESTUDO; UTENTES QUE COMPREENDAM A LÍNGUA PORTUGUESA; UTENTES QUE SAIBAM LER E ESCREVER; UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS UTENTES QUE CONSIGAM EXPRESSAR-SE VERBALMENTE; UTENTES QUE ACEITEM PARTICIPAR NO ESTUDO EM CAUSA, ASSINANDO UMA DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO. 3.4. INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO A TÉCNICA SELECCIONADA PARA A RECOLHA DE DADOS PROCUROU NÃO PERDER DE VISTA O OBJECTIVO DA NOSSA INVESTIGAÇÃO E O CONTEXTO DA REALIZAÇÃO DO ESTUDO. EM VIRTUDE DE CONSIDERARMOS QUE OS INSTRUMENTOS SÃO UM MEIO, E NÃO O FIM DO TRABALHO, E FACE AO TEMPO DISPONÍVEL, BEM COMO À ABRANGÊNCIA DO TEMA, UTILIZÁMOS O QUESTIONÁRIO, TENDO EM VISTA A QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO. UM QUESTIONÁRIO CONSISTE NUM CONJUNTO DE ITENS DIFERENTES QUE POSSAM SER COLOCADOS DE FORMA INTERROGATIVA, ENUNCIATIVA, AFIRMATIVA OU NEGATIVA COM VÁRIAS ALTERNATIVAS, COM UM DETERMINADO FORMATO, UMA ORDEM DE PERGUNTAS E UM CONTEÚDO CONCRETO SOBRE O TEMA QUE SE PRETENDE INVESTIGAR. O QUESTIONÁRIO É UM DOS MÉTODOS DE COLHEITA DE DADOS QUE É HABITUALMENTE PREENCHIDO PELOS PRÓPRIOS SUJEITOS, SEM ASSISTÊNCIA; PODE SER ENVIADO E REENVIADO DE RETORNO PELO CORREIO. É UM INSTRUMENTO DE MEDIDA QUE TRADUZ OS OBJECTIVOS DE UM ESTUDO COM VARIÁVEIS MENSURÁVEIS. AJUDA A ORGANIZAR, A NORMALIZAR E A CONTROLAR OS DADOS, DE TAL FORMA QUE AS INFORMAÇÕES PROCURADAS POSSAM SER COLHIDAS DE UMA FORMA RIGOROSA. PARA ALÉM DE SER UMA TÉCNICA ACESSÍVEL, O QUESTIONÁRIO PERMITE OBTER RESPOSTAS MAIS PENSADAS, EM VIRTUDE DE EXISTIR A POSSIBILIDADE DE REFLEXÃO UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ANTES DA RESPOSTA; ALCANÇAR UMA UNIFORMIDADE NA FORMA COMO AS QUESTÕES SÃO COLOCADAS AOS INQUIRIDOS, GARANTIR O SIGILO E O ANONIMATO. NOS QUESTIONÁRIOS ESCOLHIDOS, OPTÁMOS PELA UTILIZAÇÃO DAS ESCALAS DE MEDIDA. EXISTEM VÁRIOS TIPOS DE ESCALAS. CONTUDO, TODAS AS ESCALAS POSSUEM UM TRAÇO COMUM: O DE SITUAR A PESSOA NUM PONTO PRECISO DE UM CONTINUUM OU NUMA SÉRIE ORDENADA DE CATEGORIAS. (FORTIN, 1999) TENDO EM CONTA OS OBJECTIVOS DESTE ESTUDO, CONSIDERÁMOS OPORTUNO UTILIZAR A ESCALA DE LIKERT, JÁ QUE ESTA ESCALA PERMITE PEDIR AOS SUJEITOS QUE INDIQUEM SE CONCORDAM MAIS OU MENOS RELATIVAMENTE A UM CERTO NÚMERO DE ENUNCIADOS, UMA VEZ QUE METADE DAS AFIRMAÇÕES TÊM NATUREZA POSITIVA, E A OUTRA METADE, NATUREZA NEGATIVA. 3.4.1. QUESTIONÁRIO: ESTRUTURA E APLICAÇÃO Os questionários formulados foram adaptados de dois questionários já existentes, validados e utilizados por outros autores, presentes em dois estudos: “Observational study of effect of patient centredness and positive approach on outcomes of general practice consultations” (LITTLE et al, 2001) e “Validation of a desire for information scale” (DUGGAN et al, 2002). Estes dois estudos foram aplicados no Reino Unido. Através da sua leitura, considerámos que os factores evidenciados naqueles estudos não são supostos variarem, aquando da sua reformulação para Portugal. AMBOS OS QUESTIONÁRIOS SÃO FORMULADOS, MAIORITARIAMENTE, POR PERGUNTAS DE RESPOSTA FECHADA, UMA VEZ QUE ESTAS SÃO UTILIZADAS PARA OBTER CERTAS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS INFORMAÇÕES FACTUAIS, PARA JULGAR A APROVAÇÃO OU DESAPROVAÇÃO ACERCA DE UMA DADA OPINIÃO, CONHECER A POSIÇÃO DO INDIVÍDUO PERANTE UMA GAMA DE AFIRMAÇÕES. SÃO AS QUE SE PRESTAM MELHOR À ANÁLISE ESTATÍSTICA; AS RESPOSTA ESTÃO PREVISTAS NÃO PODENDO EXISTIR AMBIGUIDADE POR PARTE DE QUEM RESPONDE; A CODIFICAÇÃO E A ANÁLISE DAS RESPOSTAS TORNA-SE BASTANTE FACILITADA E AS RESPOSTAS SÃO SEMPRE RELEVANTES. PORÉM, DECIDIMOS QUE SERIA INTERESSANTE E PERTINENTE COLOCAR PERGUNTAS DE RESPOSTA ABERTA, POIS QUANDO BEM FORMULADAS (CLARAS E CONCISAS) E FACILMENTE INTERPRETADAS, CONSEGUE-SE OBTER UMA BOA INFORMAÇÃO, POIS SÃO INDISPENSÁVEIS PARA RECOLHER INFORMAÇÃO ACERCA DE PROBLEMAS DELICADOS, UMA VEZ QUE PERMITEM MAIOR FLEXIBILIDADE E LIBERDADE DE EXPRESSÃO POR PARTE DO INQUIRIDO. OPTÁMOS PELO QUESTIONÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DIRECTA (PREENCHIDO PELO SUJEITO) POIS PERMITE MAIOR ANONIMATO E OBTÉM UMA CONFRONTAÇÃO DIRECTA COM AS PERGUNTAS, O QUE PODERIA NÃO OCORRER UTILIZANDO O MÉTODO DE ENTREVISTA, POIS AS RESPOSTAS PODERIAM NÃO SER TÃO REALISTAS UMA VEZ QUE O ENTREVISTADOR SERIA UM PROFISSIONAL DE SAÚDE, GRUPO ALVO QUE PRETENDEMOS INVESTIGAR. Embora apresentem algumas partes similares, os questionários construídos são diferentes: um para os profissionais de saúde e outro para os acompanhantes das crianças internadas. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Passamos, então, a apresentar cada um dos questionários. Em relação ao questionário fornecido aos profissionais de saúde 6 , este é constituído essencialmente por quatro partes: uma parte que inclui as características descritivas, como género, idade, profissão e experiência profissional; outra parte que inclui questões de resposta fechada acerca da atitude do profissional de saúde face ao “empowerment” (comunicação e relação com os utentes, relação pessoal, promoção da saúde, positivismo e clareza); a terceira parte (embora fisicamente não esteja dividida), inclui questões de resposta fechada que têm como objectivo “major” definir o que o profissional de saúde opina acerca da necessidade de informação; Tanto na segunda, como na terceira parte do questionário, o respondente dispunha de três possibilidades de resposta: concordo totalmente, concordo e neutro/ não concordo. Escolhemos esta escala pois, tendo em conta a temática do estudo, considerámos mais adequada a existência de uma resposta mais neutra em detrimento de outras com natureza claramente negativa. a última parte do questionário é constituída por duas perguntas de resposta aberta, que têm dois objectivos distintos: com a primeira pergunta pretendemos conhecer o que os profissionais de saúde entendem por “empowerment” e se este é um termo conhecido; a segunda questão dá-nos a resposta acerca do papel do profissional de saúde no “empowerment” do cidadão. 6 Anexo I UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS No que respeita ao questionário fornecido aos utentes7, este apresenta uma estrutura semelhante, apresentando, porém, seis partes: a primeira parte, descritiva, contém outros itens, para além do género e idade do utente, como alguns elementos referentes ao acompanhante da criança (idade, escolaridade, profissão, número de filhos); a segunda parte consiste numa pergunta que tem como objectivo definir a auto-avaliação da saúde da criança. Para isso, o respondente tem cinco hipóteses de resposta: óptima, muito boa, boa, razoável, fraca; na terceira parte do questionário pretendemos, através de perguntas de resposta fechada, caracterizar a atitude empoderadora dos profissionais de saúde, na visão dos utentes, através de itens semelhantes aos apresentados no questionário dos profissionais de saúde (comunicação e relação com os profissionais de saúde; promoção da saúde, positivismo, interesse e clareza); a quarta parte inclui questões de resposta fechada que têm como objectivo “major” definir a opinião do utente acerca da necessidade de informação; Tanto na terceira, como na quarta parte do questionário, o respondente apresenta cinco alternativas de resposta: duas de natureza positiva (concordo totalmente, concordo), uma resposta neutra (nem concordo, nem discordo) e duas de natureza negativa (discordo, discordo totalmente). a quinta parte do questionário consta numa pergunta de resposta aberta, através da qual se questiona a sua opinião acerca dos factores que 7 Anexo II UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS influenciam a satisfação dos utentes no que respeita aos cuidados prestados pelos profissionais de saúde; por fim, a última parte do questionário consiste numa série de afirmações relacionadas com a selecção do plano de tratamento, entre as quais o respondente tem que escolher aquela que mais se adapta à sua situação. A escala que o respondente tem à disposição consiste na escala de Degner (ROBINSON, 2001), que foi realizada para caracterizar as preferências na tomada de decisão dos utentes, num espectro que vai desde o modelo parental até ao informado. Consideramos importante salientar que na atribuição de valores aos itens, medimos a atitude numa direcção positiva, atribuindo o valor mais elevado à situação de resposta óptima, o que nos levou à recodificação de alguns itens. TAL COMO JÁ REFERIMOS, PARA A ELABORAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS CONTÁMOS COM O APOIO DE DOIS ARTIGOS QUE DESENVOLVERAM O USO DE DUAS ESCALAS (ESCALA OPTION E ESCALA DE DEGNER): “SHARED DECISION MAKING: DEVELOPING THE E OPTION SCALE FOR MEASURING PATIENT INVOLVEMENT” (ELWYN ET AL, 2003) “VARIABILITY IN PATIENT PREFERENCES FOR PARTICIPATING IN MEDICAL DECISION MAKING: IMPLICATION FOR THE USE OF DECISION SUPPORT TOOLS” (ROBINSON E THOMSON, 2001). A ESCALA OPTION, QUE PROVÉM DE “OBSERVAR O ENVOLVIMENTO DO PACIENTE”, FOI DESENVOLVIDA, JUSTAMENTE, PARA DESENVOLVER E AVALIAR A TOMADA DE DECISÃO PARTILHADA. ESTA ESCALA EXAMINA SE OS PROBLEMAS FORAM BEM DEFINIDOS, SE AS OPÇÕES FORAM FORMULADAS, A INFORMAÇÃO PROVIDENCIADA, SE O ENTENDIMENTO DO UTENTE E SUAS PREFERÊNCIAS FORAM TIDAS EM CONTA E SE AS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS DECISÕES FORAM EXAMINADAS SOB O PONTO DE VISTA DAS DUAS PARTES, NA PERSPECTIVA DO PROFISSIONAL E PELA PARTE DO UTENTE. ROBINSON E THOMSON (2001) FAZEM REFERÊNCIA A OUTRA ESCALA QUE UTILIZÁMOS NO QUESTIONÁRIO QUE ENTREGÁMOS AOS UTENTES: A ESCALA DE DEGNER. A ESCALA DE DEGNER FOI ELABORADA COM O INTUITO DE CARACTERIZAR AS PREFERÊNCIAS NUM PROCESSO DE DECISÃO NUM ESPECTRO, QUE VAI DESDE O MODELO PATERNALISTA ATÉ AO MODELO INFORMADO, APRESENTANDO INFORMAÇÕES COMO: Prefiro fazer a selecção final do plano de tratamento; Prefiro fazer a selecção final do tratamento, após considerar a opinião dos profissionais de saúde; Prefiro dividir responsabilidades com os profissionais de saúde acerca do melhor plano de tratamento; Prefiro que os profissionais decidam, após considerarem a minha opinião; Prefiro deixar todas as decisões de tratamento aos profissionais. 3.4.2. Validade e Precisão Uma medida tem validade se for uma medida da variável que o investigador pretende medir (HILL e HILL, 2002). A validade refere-se à proximidade da verdade (PETRIE, 2000). De acordo com HILL e HILL (2002), são três os principais tipos de validade: UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS validade de conteúdo: o questionário tem validade de conteúdo adequada quando os itens formam uma amostra representativa de todos os itens disponíveis para medir os aspectos das componentes; validade teórica: um questionário tem uma boa validade teórica se for uma medida da variável que o investigador pretende medir; validade prática. A validade de um questionário para medir atitudes, opiniões ou satisfações pode ser muito influenciada pela tendência dos respondentes em dar respostas socialmente desejáveis aos itens do questionário. Esta tendência é especialmente forte quando os itens se referem a assuntos íntimos ou embaraçosos, ou quando a resposta verdadeira ameaça a auto-confiança do respondente (HILL e HILL, 2002). Para evitar este tipo de situações, foram duas as medidas adoptadas. Primeiro, no que respeita à escala de resposta possível nos profissionais de saúde, optámos por não colocar vários pólos negativos e agrupámos a resposta neutra com a não concordo, já que devido à temática poderíamos obter respostas “socialmente desejáveis” que não corresponderiam à verdade ; a outra medida adoptada, por outro lado, consistiu no anonimato do questionário. Outro conceito importante é o da fiabilidade. Diz-se que uma medida é fiável se for consistente, consistência esta que pode ser definida de várias formas diferentes (HILL e HILL, 2002). A estimação de fiabilidade interna alfa ( ) de Cronbach apresenta grande importância neste estudo, pelo que decidimos avaliar a consistência interna do nosso questionário. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS A precisão refere-se à forma pela qual um valor observado de uma quantidade corresponde ao valor real (PETRIE, 2000). Outro aspecto a que tivemos atentos foi o facto de considerarmos de extrema importância a padronização das respostas aos questionários. Assim, aplicámos os questionários aos utentes, tendo em conta que os respondentes encontravam-se todos na mesma situação, ou seja, todos os respondentes eram acompanhantes de crianças internadas no Serviço de Ortopedia Infantil, com plano de tratamento (seja este conservador, cirúrgico ou outro). Dado que os questionários apresentados foram adaptados de dois já existentes, aplicados e validados (“Observational study of effect of patient centredness and positive approach on outcomes of general practice consultations” ((LITTLE et al, 2001)) e “Validation of a desire for information scale” ((DUGGAN et al, 2002)) consideramos os mesmos válidos, fiáveis, com poder de resposta e de interpretação e peso aceitável. Apresentam validade de conteúdo e estrutural, uma vez que incorporam o domínio total dos fenómenos em estudo: abarcam todas as componentes da definição e correspondem aos conceitos teóricos respeitantes ao fenómeno em estudo. Neste estudo, os questionários foram entregues e os utentes foram informados para a possibilidade de esclarecimento de alguma questão ambígua. Para limitar o efeito de “halo” (grupos de questões similares serem respondidas por hábito ou rotina), incluímos algumas palavras negativas intercaladas com perguntas com itens positivos, o que nos levou à sua recodificação, de modo a que a pontuação máxima correspondesse à situação óptima. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 3.5. DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS UMA VARIÁVEL , COMO O PRÓPRIO NOME INDICA, É ALGO QUE VARIA. SEGUNDO POLIT E HUNGLER (1995), UMA VARIÁVEL É TODA A QUALIDADE DE UMA PESSOA, GRUPO OU SITUAÇÃO QUE VARIA OU ASSUME UM VALOR DIFERENTE. NUM ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO E SEGUNDO A SUA UTILIZAÇÃO, AS VARIÁVEIS PODEM SER CLASSIFICADAS DE DIFERENTES MANEIRAS, PODENDO SER MANIPULADAS E /OU CONTROLADAS. Dada a existência de dois grupos distintos neste estudo, são duas as tabelas de variáveis a apresentar, correspondendo a primeira aos profissionais de saúde (grupo 1), enquanto que a segunda refere-se aos pais ou pessoas significativas das crianças que recorrem ao serviço já referido anteriormente, no tempo em que decorre o estudo (grupo 2). Nestes quadros encontram-se as variáveis a utilizar no estudo, bem como a sua classificação, em termos de escala a utilizar, além de algumas perguntas de investigação referentes a cada uma das variáveis, perguntas estas às quais devo obter resposta, no final do estudo. QUADRO 4: VARIÁVEIS E PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO NO GRUPO 1 NOME DA VARIÁVEL Idade (anos) ESCALA PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO Qual a faixa etária dominante? Intervalar Existe relação entre a idade e o nível de empoderamento? UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Qual o género dominante entre os profissionais Género (masculino/ de saúde? Nominal Existe relação entre o género e o grau feminino) NOME DA VARIÁVEL empoderador? ESCALA PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO Quantos experiência Experiência Profissional anos traduzem, profissional em dos média, a profissionais Intervalar incluídos no estudo? (anos) Existe relação entre a experiência profissional e o grau empoderador? Que grupo profissional tem uma atitude mais Profissão (médico/ empoderadora? Nominal enfermeiro/ empoderador, fisioterapeuta) Ordinal diferentes grupos de saúde e utentes, conduz a maior empoderamento? Relação pessoal Ordinal (CT; C; N/ NC) Saúde os Uma melhor comunicação entre profissionais (CT; C; N/ NC) Promoção da entre profissionais? Comunicação com os utentes Existe diferença, no que respeita ao grau Ordinal Uma boa relação entre profissionais de saúde e utentes conduz a um maior “empowerment”? Qual a proporção de profissionais de saúde que referem falar acerca de formas de UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS promoverem a saúde dos utentes? (CT; C; N/ NC) Positivismo e clareza Qual a proporção de profissionais de saúde Ordinal os seus utentes? (CT; C; N/ NC) NOME DA VARIÁVEL ESCALA PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO Qual a opinião dos profissionais de saúde em Necessidade de Informação que referem falar de uma forma adequada com relação à necessidade de informação? Ordinal Existe alguma relação entre a necessidade de (CT; C; N/ NC) informação e o empoderamento? CT – concordo totalmente; C- concordo; N/ NC – neutro/ não concordo Por outro lado, o seguinte quadro (quadro 5) refere-se ao grupo no qual se encontram incluídos os pais ou pessoas significativas das crianças que recorrem ao serviço referido anteriormente, no tempo em que decorre o estudo. QUADRO 5: VARIÁVEIS E PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO NO GRUPO 2 NOME DA VARIÁVEL Idade (anos) ESCALA Intervalar PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO Qual o grupo etário que apresenta maior frequência? UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Existe relação entre a idade e o nível de empoderamento? Género (masculino/ feminino) NOME DA VARIÁVEL Nominal Que género participa mais no plano de saúde das crianças: feminino ou masculino? ESCALA PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO Qual o grau de escolaridade que predomina entre Grau de escolaridade os pais ou acompanhantes das Nominal crianças? Existe relação entre a escolaridade e o desejo de empoderamento? Grau de Parentesco (pai, mãe, outro) Nominal Qual o elemento que mais acompanha a criança ao hospital? Pais de famílias com mais filhos apresentam Número de Filhos (1, 2, 3 ou mais) maior “empowerment”? Ordinal Existe relação entre o número de filhos e o desejo de empoderamento? Lugar onde a criança Qual o local onde as crianças passam a passa a maior parte maior parte do tempo? do tempo Nominal Será que pais de crianças que passam mais (casa, creche, avós, tempo longe dos pais apresentam menor outros) Auto-avaliação de nível de empoderamento? Ordinal Existe relação entre a auto-avaliação de UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS saúde saúde feita pelos utentes e o seu “empowerment”? (óptima, muito boa, boa, razoável, fraca) NOME DA VARIÁVEL ESCALA Comunicação com os profissionais de saúde Uma Ordinal boa relação existente entre profissionais de saúde e utentes conduz a um maior “empowerment”? (CT; C; N; D;DT) Qual a proporção de utentes que referem Promoção da saúde Ordinal (CT; C; N; D;DT) terem sido devidamente informados acerca de formas de promoverem a sua saúde? Positivismo, interesse e clareza PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO Qual a proporção de utentes que afirma ter Ordinal uma relação positiva com os profissionais de saúde? (CT; C; N; D;DT) Necessidade de Informação Ordinal Qual a proporção de utentes que refere necessidade em obter informação? (CT; C; N; D;DT) Tempo de consulta (CT; C; N; D;DT) Ordinal Compreensão da linguagem (CT; C; N; D;DT) Qual a proporção de utentes que consideram o tempo de consulta adequado? Qual Ordinal a proporção de utentes que compreendem a linguagem utilizada pelos profissionais de saúde? UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Apreensão da informação Ordinal Qual a proporção de pessoas que referem apreender toda a informação? (CT; C; N; D;DT) NOME DA VARIÁVEL ESCALA PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO Selecção do plano de tratamento Nominal Qual a preferência dos utentes, em relação a selecção final do seu plano de tratamento? (Escala de Degner) CT – concordo totalmente; C – concordo; N – neutro/ nem concordo nem discordo; D – discordo; DT – discordo totalmente No entanto, e dado que existe, ainda, no instrumento de colheita de dados uma parte de perguntas de resposta aberta, realizámos as questões seguintes aos elementos do grupo 1: O que entende por “empowerment” do cidadão, em saúde? Qual o papel do profissional de saúde no “empowerment” do cidadão em saúde, na sua opinião? No que respeita aos indivíduos do grupo 2, a pergunta de resposta aberta realizadas foi: Quais os factores de que dependem a satisfação dos utentes em relação aos profissionais de saúde e cuidados prestados? UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS CONSIDERANDO QUE A INFORMAÇÃO RECOLHIDA É DE DIFERENTES TIPOS (QUANTITATIVO E QUALITATIVO) TIVEMOS QUE UTILIZAR TÉCNICAS DIFERENTES PARA O SEU TRATAMENTO. NO QUE RESPEITA À PARTE QUANTITATIVA, UTILIZÁMOS O PROGRAMA INFORMÁTICO SPSS 10.0. PARA A ANÁLISE DA INFORMAÇÃO QUALITATIVA, UTILIZÁMOS A TÉCNICA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO. A ANÁLISE DE CONTEÚDO CONSISTE NUMA TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO QUE PERMITE FAZER INFERÊNCIAS VÁLIDAS, PARA O CONTEXTO ONDE FORAM PRODUZIDAS E REPLICÁVEIS, DOS DADOS PARA O SEU CONTEXTO (KRIPPENDORF, 1980) CITADO POR FERRINHO (2002). TEM COMO OBJECTIVO DESCONSTRUIR UM DISCURSO PARA VOLTAR A CONSTRUI-LO, COM UM SIGNIFICADO PERTINENTE, CORRESPONDENDO AOS NOSSOS OBJECTIVOS. PARA TAL É NECESSÁRIO: SUMARIAR OS DADOS (REPRESENTAR E SELECCIONAR OS DADOS, APRESENTANDO-OS EM TABELAS E GRÁFICOS); DESCOBRIR RELAÇÃO ENTRE OS DADOS (VER SE HÁ RELAÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS) E DESCOBRIR RELAÇÕES ENTRE OS DADOS DO CONTEÚDO E DADOS EXTERNOS AO CONTEÚDO) OBTENDO OS RESULTADOS, IMPÕE-SE A SUA APRESENTAÇÃO. AO LONGO DA APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS FAREMOS A SUA DISCUSSÃO, NO SENTIDO DE OS COMPREENDER, BEM COMO CLARIFICAR A PROBLEMÁTICA EM ESTUDO. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 4.1. GRUPO I – GRUPO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE O QUESTIONÁRIO FOI ENTREGUE, TAL COMO JÁ SE REFERIU ANTERIORMENTE, A TODOS OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE (MÉDICOS, ENFERMEIROS E FISIOTERAPEUTAS) QUE DESEMPENHAM FUNÇÕES NOS SERVIÇOS LIGADOS À HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO DO OUTÃO (36 ORTOPEDIA INFANTIL DO FUNCIONÁRIOS, NO TOTAL), TENDO-NOS SIDO ENTREGUES 25 QUESTIONÁRIOS PREENCHIDOS (CERCA DE 69,4%). PENSAMOS QUE OS RESULTADOS OBTIDOS NÃO SERIAM INFLUENCIADOS PELAS RESPOSTAS DOS PROFISSIONAIS QUE NÃO RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO, OU SEJA, ESTE FACTOR NÃO INTERFERE NA ZONA CRÍTICA DAS CONCLUSÕES. 4.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO COMECEMOS, ENTÃO, POR CARACTERIZAR A POPULAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. QUANTO AO GÉNERO, TAL COMO SERIA DE DISTRIBUIÇÃO PREDOMINANTEMENTE FEMININA ESPERAR, (72,0%), EVIDENCIOU-SE UMA MANTENDO O PERFIL QUE TEM CARACTERIZADO AS PROFISSÕES LIGADAS À SAÚDE (COM GRANDE PESO DA PROFISSÃO DE ENFERMAGEM) COMO SENDO “PROFISSÕES BASICAMENTE FEMININAS”. NO QUE RESPEITA À IDADE DOS RESPONDENTES, VERIFICÁMOS QUE AS FAIXAS ETÁRIAS DOS 31 AOS 45 ANOS E DOS 46 AOS 55 ANOS APRESENTARAM MAIOR FREQUÊNCIA, O QUE NOS PERMITE DIZER QUE A MAIORIA (56,7%) DOS PROFISSIONAIS QUE DESEMPENHAM FUNÇÕES NO LOCAL JÁ REFERIDO SITUAM-SE NA IDADE MADURA. QUANTO À PROFISSÃO DOS INQUIRIDOS, A MAIORIA DOS RESPONDENTES FORAM ENFERMEIROS COM 60% DAS RESPOSTAS. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS OUTRA VARIÁVEL QUE CONSIDERÁMOS DE IMPORTANTE ANÁLISE FOI A DA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL, QUE EVIDENCIOU O ELEVADO NÚMERO DE ANOS QUE, EM MÉDIA, OS PROFISSIONAIS INQUIRIDOS TÊM DE DESEMPENHO PROFISSIONAL DOS INQUIRIDOS TÊM MAIS DO QUE QUAIS 33,3% EXPLICADO 11 AFIRMARAM TER MAIS DE PELO FACTO DA (56,6% ANOS DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL, DOS 20 MAIOR ANOS DE EXPERIÊNCIA), O QUE PODE SER PARTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DESEMPENHAR FUNÇÕES NESTA INSTITUIÇÃO HÁ MUITO TEMPO, PROVAVELMENTE PELO FACTO DE SER UM HOSPITAL PEQUENO, COM GRANDE AMBIENTE FAMILIAR O QUE FAZ COM QUE OS PROFISSIONAIS SE SINTAM BEM NO LOCAL ONDE DESEMPENHAM FUNÇÕES E ACABEM POR FAZER A SUA CARREIRA NO MESMO. 4.1.2. Análise descritiva sumária das respostas Consideramos adequado dar uma ideia geral das respostas dos respondentes ao nosso questionário, o que se pode verificar no quadro 6. Optámos, pela visualização dos resultados em percentagens, pois existem alguns que se destacam. Vejamos: Quadro 6: Frequências de respostas ao questionário (respondentes = 25) Respostas (%) Itens CT C N/NC 1.Mostro interesse nas preocupações e problemas dos utentes. 68,0 32,0 0,0 2.Mostro pouco interesse no que os utentes querem saber. 0,0 16,0 84,0 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 3.Discuto e chego a um acordo acerca do plano de tratamento. 4,0 72,0 24,0 4.Não encorajo os utentes a fazerem-me perguntas. 0,0 12,0 88,0 5.Sou cuidadoso a explicar o plano de tratamento. 40,0 60,0 0,0 6.Mostro interesse em saber o tratamento que o utente prefere. 20,0 60,0 20,0 7.Conheço e compreendo bem os meus utentes. 32,0 60,0 8,0 8.Não me preocupo com necessidades emocionais dos utentes. 0,0 4,0 96,0 9.Dou pouca relevância à história dos meus utentes. 0,0 16,0 84,0 10.Abordo formas de diminuir o risco de futuras doenças. 36,0 60,0 4,0 11.Não aconselho como prevenir futuros problemas de saúde. 0,0 8,0 92,0 12.Explico claramente o problema. 32,0 60,0 8,0 13.Falo acerca de quando o problema ficará resolvido. 44,0 52,0 4,0 14.Tenho pouco interesse no efeito do problema na vida. 0,0 0,0 100,0 15.Considero que pessoas necessitam do máximo de informação 52,0 48,0 0,0 16.Demasiado conhecimento é mau. 8,0 8,0 84,0 17.O que não se sabe, não nos pode fazer mal. 0,0 16,0 84,0 18.Falo de modo a compreenderem tudo o que digo. 64,0 36,0 0,0 19.O tempo de consulta/ visita médica é adequado. 12,0 44,0 44,0 20.Tenho a noção que os utentes apreendem tudo o que referi. 12,0 52,0 36,0 21.Considero irrelevante o envolvimento e participação do utente. 0,0 8,0 92,0 22.Utilizo, maioritariamente, linguagem técnica. 0,0 24,0 76,0 23.As indicações importantes devem ser ditas e escritas. 40,0 60,0 0,0 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS CT – concordo totalmente C – concordo N/NC – neutro/ não concordo Através das respostas observadas no quadro anterior, podemos destacar, de imediato, alguns itens, aos quais os inquiridos tiveram uma resposta próxima ou igual à resposta óptima e, portanto, do valor máximo. As respostas dos inquiridos dão, portanto, uma imagem de interesse pelo utentes, a vários níveis, e não apenas no que respeita à resolução imediata do problema de saúde, já que evidenciam a importância da comunicação (itens 1 , 2 e 18), da relação pessoal (itens 8 e 9), da promoção da saúde e educação para a saúde (itens 11 e 14), além de revelarem interesse especial por algumas das dimensões do “empowerment” (item 21). De facto, se olharmos de uma forma “fotográfica” para as respostas dos inquiridos (quadro 6), verificamos homogeneidade nas respostas, o que nos suscita algumas questões: será que o grupo de profissionais de saúde inquiridos é homogéneo? será que o questionário adoptado não é um instrumento discriminativo? A RESPOSTA À PRIMEIRA QUESTÃO FALAREMOS EM SEGUIDA, ENQUANTO QUE A RESPOSTA À SEGUNDA SERÁ FORNECIDA AQUANDO DA ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS, UM POUCO MAIS ADIANTE. A justificação que consideramos mais adequada para a homogeneidade dos dados provém da ideia de que o padrão de desempenho profissional dos inquiridos é, de facto, semelhante, uma vez que tratam-se de profissionais de UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS saúde que desempenham funções há muito tempo no mesmo local, pelo que já se conhecem muito bem, não havendo grande divergência a nível de atitudes. Outro factor que pode contribuir para tal facto consiste na dimensão do hospital. O Hospital em causa é uma unidade hospitalar pequena, com grande ambiente familiar como já se referiu anteriormente, onde todos os funcionários se conhecem e comunicam quotidianamente. Mesmo entre grupos profissionais distintos, nota-se que todos se conhecem uns aos outros, bem como à sua forma de trabalhar, o que contribuiu, provavelmente, para a homogeneidade dos resultados. Vejamos, então, as questões onde a dispersão das respostas foi maior. De uma forma geral, a conclusão que se consegue retirar do padrão de respostas obtido é um grau empoderador elevado entre os profissionais de saúde inquiridos. Porém, existem pontos cruciais deste factor que suscitaram algumas dúvidas. No que respeita a alguns itens como, por exemplo: 1, 5, 6, 7, 10, 12, 13, 15, 18 e 23, a grande maioria dos inquiridos responderam de uma forma positiva. Todavia, as respostas dividiram-se entre o “concordo” e o “concordo totalmente”, o que faz transparecer que, em regra, as atitudes referidas nestas afirmações são realizadas, embora existam provavelmente alguns casos que se revelem como excepção. Vejamos, a maioria dos inquiridos afirmaram, convictamente, que mostram interesse nas preocupações e problemas dos utentes (item 1), mas houve UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS novamente uma percentagem de resposta na ordem dos 32% que não o afirmou na totalidade. Efeito similar provocou o item 15 nos inquiridos. Realmente, ao abordar-se a necessidade de informação dos utentes acerca da sua doença e tratamento (item 15), os profissionais de saúde concordam com o facto; porém, nem todos conseguem afirmá-lo na totalidade, fazendo transparecer aquele factor que abordámos no início do enquadramento teórico e que consistia uma das nossas dúvidas e resistência ao empoderamento dos utentes por parte dos profissionais de saúde: Ser um parceiro nos cuidados de saúde implica partilha de poder no que respeita a tomadas de decisão. Mas quantos profissionais de saúde estão dispostos ou são capazes de partilhar todo o seu conhecimento e habilidades, para deixar outra pessoa decidir o próximo passo? Padrão de resposta curioso foi, também, o que ocorreu com o item 23, que referia-se à importância das indicação importantes serem ditas e escritas, item este ao qual 40% dos respondentes concordaram totalmente com a afirmação. As respostas a este item ainda se torna mais curiosa quando relacionadas com as dadas aos itens 19 e 20, onde parte dos respondentes (44,0%) referiu adoptar uma atitude neutra ou não concordar face à adequação do tempo de visita médica e cerca de 36% dos inquiridos (segundo maior valor) afirma que não tem a certeza de que os utentes apreendem tudo o que lhes é dito. Pois bem, de imediato, surgiu-nos uma dúvida: Se apenas 12,0% dos inquiridos afirma concordar totalmente com o tempo de visita médica e apenas 12,0% dos inquiridos concordam totalmente que os utentes apreendem tudo o que lhes foi referido, qual a razão para que nem todos os inquiridos concordem totalmente UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS com a afirmação que nos diz que as indicações importantes devem ser ditas e escritas? A única explicação que conseguimos arranjar consiste na chamada resistência à mudança pois, embora os profissionais de saúde reconheçam que nem toda a informação que foi fornecida aos utentes foi apreendida e que o tempo de visita não é totalmente adequado, estão habituados apenas a transmitir informação oral, o que provavelmente influenciou as respostas. Provavelmente, podemos justificar o padrão de respostas ao item 6 com o mesmo aspecto já referido anteriormente, ou seja, possivelmente nem todos os profissionais de saúde são capazes de afirmar que mostram interesse em saber o tratamento que o utente prefere, pois consideram-se “donos do conhecimento” e com pouca vontade de partilhá-lo, tal como refere CAMPOS (1996): “queixamo-nos de que a comunidade não participa, mas, ao mesmo tempo e no fundo, não queremos que ela realmente participe na vida e na gestão dos serviços de saúde”. 4.1.3. Análise e discussão dos resultados PARA MELHOR ORGANIZAÇÃO CONCOMITANTEMENTE, QUAL A DE HIPÓTESE IDEIAS, DECIDIMOS OPERACIONAL QUE EXPLICITAR, PRETENDEMOS INVESTIGAR, BEM COMO A CONCLUSÃO A QUE CHEGÁMOS. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Hipótese Operacional 1.1.: a soma das cinco componentes de empoderamento apresenta uma medida de empoderamento global com coeficiente de fiabilidade interna (alfa) adequado. Comecemos, então, pela avaliação da consistência interna dos itens do nosso questionário8. O Alpha de Cronbach é uma das medidas mais utilizadas para verificação da consistência interna de um grupo de variáveis, aumentando com o número de itens (perguntas) do questionário e com correlações mais elevadas entre os itens. De modo a melhor compreendermos os resultados e para ser mais fácil a sua análise, agrupámos os itens do questionário em cinco grupos de questões, que considerámos como componentes de empoderamento, tal como pretende demonstrar o quadro 7: QUADRO 7 – GRUPOS DE QUESTÕES DO QUESTIONÁRIO GRUPOS 8 NÚMERO DE ITENS DESCRIÇÃO DO FACTOR Anexo III UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS UM 6 COMUNICAÇÃO E RELAÇÃO COM OS DOIS 3 UTENTES TRÊS 2 QUATRO 3 PROMOÇÃO DA SAÚDE CINCO 9 POSITIVISMO E CLAREZA RELAÇÃO PESSOAL NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO Ao analisarmos a consistência interna destes grupos de questões, através do alfa de Cronbach, verificámos a existência de valores intermédios e relativamente homogéneos, o que é bom porque indica que as componentes contribuem mais ou menos de igual forma para o nível de empoderamento. O coeficiente de fiabilidade interna alpha apresentou o valor 0,7533, valor este que é razoável e que indica que a medida de nível de empoderamento feita somando as cinco componentes do “empowerment” tem fiabilidade interna adequada. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.1.: em conjunto, as cinco componentes de empoderamento definem uma medida de empoderamento geral com fiabilidade interna = 0,753, pelo que a hipótese é aceitável. Hipótese Operacional 1.2.: existe uma razoável interrelação entre os grupos de questões. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Para responder a esta hipótese tivemos que construir a matriz de correlações, que nos deu valores intermédios. O facto de todas as correlações serem positivas revela que são componentes do “empowerment”. O facto de terem a maioria valores significativos9 indica que as componentes provavelmente estão genuinamente correlacionadas no Universo (HILL e HILL, 2002). O facto das correlações apresentarem valores intermédios dá confiança de que as componentes representam aspectos diferentes de “empowerment”, já que segundo os autores atrás citados, quando as correlações têm valores intermédios, é razoável concluir que cada uma das componentes mede duas coisas : alguma coisa que todas as outras componentes também medem (presumivelmente “empowerment”) e alguma coisa que as outras componentes não medem. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.2.: a hipótese é aceitável, uma vez que utilizando a matriz de correlações das componentes resultaram valores intermédios, positivos e, maioritariamente, significativos. Hipótese Operacional 1.3.: os inquiridos apresentam um grau empoderador elevado. 9 Anexo IV UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS GOSTARÍAMOS, IGUALMENTE, DE APROVEITAR A ANÁLISE ESTATÍSTICA PARA CONFIRMAR O ALTO GRAU EMPODERADOR DOS INQUIRIDOS. Quadro 8 – Estatítica descritiva do nível de empoderamento N Valid 25 Missing 0 Mean 57,8 Minimum 45 Maximum 67 Gráfico 1 – Histograma do Nível de Empoderamento empoderamento dos profissionais 10 8 6 4 uency UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 2 Std. Dev = 4,96 Mean = 57,8 TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS DE FACTO, ATRAVÉS DO QUADRO 8 E DO GRÁFICO 1 PODEMOS VERIFICAR QUE A MÉDIA DO GRAU EMPODERADOR RESPONDIDO PELOS INQUIRIDOS É ALTA (57,8), JÁ QUE O VALOR MÁXIMO POSSÍVEL DE OBTER ERA DE 69. PENSAMOS QUE ESTES VALORES ELEVADOS DE ATITUDE EMPODERADORA POR PARTE DOS PROFISSIONAIS PRENDE-SE COM O FACTO DOS PROFISSIONAIS INQUIRIDOS TEREM A CONSCIÊNCIA DE QUE O TRATAMENTO DAS CRIANÇAS NÃO ESTÁ FINALIZADO, AQUANDO DA ALTA, COMO O TER CUIDADO COM AS IMOBILIZAÇÕES GESSADAS E O ESTAR DESPERTO PARA ALGUNS SINAIS E SINTOMAS DE ALARME QUE SÓ AS PRÓPRIAS CRIANÇAS E FAMÍLIA PODERÃO OBSERVAR, PELO QUE SÃO MESMO NECESSÁRIOS NESTE CONTEXTO PROFISSIONAIS DE SAÚDE EMPODERADORES QUE ORIGINEM UTENTES EMPODERADOS. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.3.: há evidência de que os inquiridos apresentam um nível de empoderamento médio-alto, uma vez que obtiveram como média 57,8, pelo que a hipótese é aceitável. AGORA, QUE JÁ ANALISÁMOS A CONSISTÊNCIA DO QUESTIONÁRIO E A SUA FIABILIDADE, VAMOS ENTÃO PROCEDER AO CRUZAMENTO DE VARIÁVEIS, APESAR DE SABERMOS, À PARTIDA, QUE NÃO DEVEM EXISTIR MUITAS DIFERENÇAS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS, DADA A HOMOGENEIDADE DAS RESPOSTAS JÁ CONFIRMADA E ADEQUADAMENTE ARGUMENTADA. Hipótese Operacional 1.4.: os inquiridos do género feminino apresentam uma atitude mais empoderadora do que os do género masculino. Para ilustrarmos a resposta a esta hipótese, decidimos mostrar o gráfico 2. Através das caixas de bigodes, podemos verificar que é de facto o género feminino aquele que apresenta uma atitude mais empoderadora, apesar de em termos de mediana, as duas distribuições não diferirem muito. De facto, como já foi referido na teoria, alguns estudos correlacionam positivamente a relação entre uma tomada de decisão partilhada e o facto do profissional de saúde ser mulher, uma vez que esta utilizaria uma linguagem mais cooperativa. Gráfico 2: Atitude empoderadora e género dos profissionais de saúde UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 70 60 50 2 40 N= 18 7 feminino masculino género ESTES FACTOS SÃO CONFIRMADOS, SABENDO QUE A MÉDIA OBTIDA PARA AS MULHERES FOI DE 58,78, ENQUANTO QUE A MESMA PARA OS HOMENS NÃO PASSOU DOS 55,29. TAL COMO TAMBÉM FOI POSSÍVEL VERIFICAR, AS MEDIANAS SÃO REALMENTE SEMELHANTES (59 PARA AS MULHERES E 58 PARA OS HOMENS), PELO QUE A DIFERENÇA EXISTENTE NÃO SE MANIFESTOU ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVA (P=0,116, P> , PARA =0,05) . Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.4.: de facto, os inquiridos do género feminino apresentam uma atitude mais empoderadora, em relação aos inquiridos masculinos, o que torna a hipótese aceitável. Porém, a diferença existente não é estatisticamente significativa. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Hipótese Operacional 1.5.: existe relação entre a atitude empoderadora e o grupo profissional. De uma forma semelhante à resolução anterior, vamos utilizar o gráfico 3 para melhor e mais facilmente ilustrar os resultados curiosos a que chegámos. Gráfico 3 – Atitude empoderadora e grupo profissional 70 10 60 50 40 N= 15 enfermeiros 3 médicos 7 fisioterapeutas profissão De facto, estas caixas de bigodes indicam-nos que (e mais uma vez), embora as medianas não difiram demasiado, o grupo profissional que apresenta o valor máximo é o grupo dos médicos; porém, é também este grupo que apresenta, e com grande diferença, o valor mais baixo. Assim, são os fisioterapeutas que de uma forma mais consistente, apresentam uma atitude mais empoderadora, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS apresentando em média 60,14, seguindo-se dos enfermeiros (média = 57,00) e, só depois os médicos (média = 56,33). Pensamos que estas respostas fazem sentido, uma vez que são os fisioterapeutas que mais trabalham com os utentes num período de preparação para a alta, e mesmo, num período pós-alta, o que pressupõe mais autonomia e auto-responsabilização por parte do utente, do que quando este se encontra internado (altura em que os enfermeiros e os médicos estão com o utente). Parece-nos, igualmente, pertinente evidenciar a importância da comunicação em cada um dos cursos: fisioterapia, medicina e enfermagem, e verificar a sua relação com as respostas obtidas. É de conhecimento geral, que no curso de medicina, o factor comunicação e a componente relacional têm baixo peso relativamente às restantes áreas, o que possivelmente pode reflectir-se em relações deste tipo. Já no curso de enfermagem, onde a componente relacional (saber ser e saber estar) estão sempre presentes, era de esperar uma atitude mais empoderadora. Contudo, verificámos, que a terceira componente (saber fazer) provavelmente, na prática, exerce um grande peso, pelo que se obtiveram os resultados já referidos. No que respeita ao curso de fisioterapia, não há dúvidas de que este tem, necessariamente, de se encontrar voltada para o utente e comunidade, pois o trabalho dos profissionais só será conseguido, com a participação dos utentes. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS APESAR DE EXISTIREM DIFERENÇAS, MAIS UMA VEZ ESTAS NÃO SE VERIFICARAM ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS (P=0,224, P> , PARA =0,05) . Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.5.: os fisioterapeutas apresentam valores mais elevados de grau empoderador, em relação aos restantes grupos profissionais, o que torna a hipótese aceitável. Porém, a diferença existente não é estatisticamente significativa. Hipótese Operacional 1.6.: a relação pessoal entre utentes e profissionais de saúde apresenta uma correlação positiva e significativa com a comunicação com os utentes. Para responder a esta hipótese, necessitamos de cruzar estes dois componentes do empoderamento e verificar qual a sua relação. O coeficiente de correlação de Spearman mede a intensidade da relação entre variáveis ordinais. De facto, utilizando o coeficiente de correlação de Spearman, verificamos que, em relação a estas duas componentes, R = 0,402, associado a um p = 0,047, ou seja menor que alfa, para alfa = 0,05, ou seja, estatisticamente significativo. A correlação entre a comunicação e a relação pessoal é positiva, indicando que quando uma aumenta, também a outra aumenta, isto é, uma boa comunicação leva à melhoria da relação pessoal entre utentes e profissionais de saúde, o que se traduz no terreno apropriado para se construir uma conversa empoderadora, entre dois indivíduos empoderados. Este valor moderado de UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS correlação, tem associado um nível de significância de teste de 0,047, rejeitando a hipótese nula da correlação ser zero no universo. Relembremo-nos que segundo DUGGAN (2002), melhores níveis de satisfação em relação à comunicação entre os profissionais de saúde e os utentes, resultam no aumento de adesão às instruções clínicas. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.6.: a hipótese é aceitável, uma vez que se confirma a existência de uma moderada associação linear (R= 0,402) entre a comunicação e a relação pessoal, estatisticamente significativa (p= 0,047). Hipótese Operacional 1.7.: a relação pessoal entre utentes e profissionais de saúde apresenta uma correlação positiva e significativa com a componente positivismo e clareza. O procedimento utilizado na resolução desta hipótese é idêntico ao da hipótese anterior. No que respeita à relação entre a relação pessoal e o positivismo e clareza, existe também uma correlação positiva (R = 0,546) e significativa (p = 0,05), o que evidencia o facto de que existindo um diálogo claro e sem obstáculos, a relação entre utentes e profissionais de saúde é melhorada. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 1.7.: a hipótese é aceitável, uma vez que se confirma a existência de uma boa correlação entre a relação pessoal e o positivismo e clareza (R = 0,546, p = 0,05), para alfa = 0,05. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Em relação à idade e à experiência profissional, não se verificaram diferenças significativas, nem quaisquer correlações. 4.1.4. ANÁLISE DE CONTEÚDO SUBLINHANDO O JÁ REFERIDO ANTERIORMENTE, O QUESTIONÁRIO APRESENTAVA DUAS PERGUNTAS DE RESPOSTA ABERTA: A PRIMEIRA DIZIA RESPEITO À DEFINIÇÃO DE “EMPOWERMENT”, ENQUANTO QUE A SEGUNDA ENCONTRAVA-SE RELACIONADA COM O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO QUE RESPEITA À PARTICIPAÇÃO E ENVOLVIMENTO DO CIDADÃO EM SAÚDE. ATENDENDO ÀS RESPOSTAS DOS NOSSOS INQUIRIDOS À PRIMEIRA PERGUNTA, CONSIDERAMOS IMPORTANTE REFERIR QUE CERCA DE METADE REFERE DESCONHECER O TERMO “EMPOWERMENT”, TENHO CONHECIMENTO”, CHEGANDO MESMO A DAR RESPOSTAS DO TIPO: “NADA”, “NUNCA OUVI FALAR EM TAL COISA”, “NÃO “NÃO SEI RESPONDER”. SE NOS SURPREENDERAM ESTAS RESPOSTAS? NÃO ESTARÍAMOS A SER HONESTOS SE AFIRMÁSSEMOS QUE SIM, POIS O TERMO “EMPOWERMENT” NÃO É, DE FACTO, AINDA, CORRENTEMENTE UTILIZADO NO MEIO HOSPITALAR. PORÉM, EMBORA À PARTIDA NÓS JÁ ESTIVÉSSEMOS À ESPERA DE RESPOSTAS DO TIPO ACIMA INDICADAS, CONSIDERÁMOS IMPORTANTE CERTIFICARMO-NOS DE TAL FACTO. NÃO SE PENSE, CONTUDO, QUE UTILIZÁMOS O TERMO DETRIMENTO DE ENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÃO (QUE “EMPOWERMENT” EM CERTAMENTE TODOS OS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS INQUIRIDOS CONHECEM E TÊM UMA IDEIA DO QUE SE TRATA) POR VAIDADE OU PARA DEMONSTRAÇÃO DE ALGO, POIS NÃO FOI ESSA A RAZÃO. A RAZÃO PRINCIPAL QUE NOS LEVOU A FALAR EM “EMPOWERMENT” NESTA QUESTÃO TEVE, JUSTAMENTE, O OBJECTIVO DE INTRODUZIR ESTE TERMO (QUE CONSIDERAMOS MUITO IMPORTANTE E FUNDAMENTAL QUE ESTEJA PRESENTE NO QUOTIDIANO DE TODOS OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE) NOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE, POR QUALQUER RAZÃO, DESCONHECIAM ESTE TERMO, TERMO ESTE QUE, AFINAL, FAZ PARTE DO SEU DIA-A-DIA. CONCEITO DE ESTE OBJECTIVO DE DIFUSÃO, SE ASSIM SE PODE DIZER, DO “EMPOWERMENT” PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FOI BASTANTE CONSEGUIDO, UMA VEZ QUE A MAIOR PARTE DOS QUE DESCONHECIAM O TERMO QUESTIONARAM-NOS ACERCA DO MESMO E FICARAM ESCLARECIDOS. ANALISEMOS, AGORA, AS RESPOSTAS DADAS PELOS INQUIRIDOS QUE CONHECIAM O TERMO “EMPOWERMENT”: “Considero que o “empowerment” do cidadão possibilita maior envolvimento deste nas decisões que lhe dizem respeito e que se revelam importantes para a sua vida. Consequentemente, existe uma co-responsabilização no plano de saúde.” “ Envolvimento e participação nos cuidados de saúde com possibilidade de discutir com os profissionais e optar pelos melhores cuidados para o seu caso.” “É o envolvimento do utente nos cuidados, decisões e atitudes relativas à sua saúde/ doença, de forma a que este participe de uma forma elucidada e confiante no técnico, mas também que tenha responsabilidades nessas mesmas decisões.” UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS “ O cidadão ter um papel activo nos cuidados de saúde e ser-lhe atribuído poder de decisão.” “Participação crítica e activa do cidadão, com poder, direitos e autonomia.” “Penso que tem a ver com a informação/ esclarecimento do utente acerca da sua condição clínica e problemas e co-responsabilizá-lo para o seu programa de tratamento/ reabilitação.” “Julgo que consiste em responsabilizar o utente da sua saúde, dando-lhe não só responsabilidade sobre o seu estado de saúde, como também o poder para decidir relativamente às questões que o envolvem.” “É dar oportunidade ao doente em participar no seu tratamento.” “O doente tem que ser co-responsabilizado na sua recuperação e sua saúde.” “A participação do utente em tudo o que se relacione com a sua saúde, de uma forma esclarecida.” SINTETIZANDO, RELAÇÃO AO DE UMA FORMA GERAL, AS DEFINIÇÕES DADAS PELOS INQUIRIDOS EM “EMPOWERMENT”, PODEMOS SALIENTAR ALGUNS TERMOS QUE FORAM REPETIDAMENTE FOCADOS, O QUE TENTÁMOS DEMONSTRAR COM O SEGUINTE ESQUEMA: UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ESQUEMA 3: DEFINIÇÃO DE “EMPOWERMENT” SEGUNDO OS PROFISSIONAIS INQUIRIDOS NO QUE RESPEITA À SEGUNDA PERGUNTA DE RESPOSTA ABERTA, QUE SE REFERIA AO PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO LUGAR PARA DÚVIDAS. “EMPOWERMENT” DO CIDADÃO NÃO HOUVE A GRANDE MAIORIA DOS INQUIRIDOS CONSIDERAM ESTE PAPEL IMPORTANTE. VEJAMOS: “O papel do profissional de saúde é preponderante, pois este deve promover a participação do cidadão, explicando de uma forma clara o que se passa e mostrando disponibilidade para esclarecimento de dúvidas.” UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS “Acho importante, mas na nossa sociedade, segundo a minha perspectiva, o médico tem uma relação muito distante com os utentes e os utentes dão mais importância aos conselhos dos médicos do que aos dos enfermeiros.” “Falar de uma forma clara, numa linguagem perceptível e que leve a que o utente tenha confiança nele e só assim os utentes conseguem falar sem medos e sem rodeios.” “O papel do profissional de saúde deve ser bastante activo, participativo e fazer com que o cidadão reconheça que o profissional lhe dá visibilidade e credibilidade, sendo fundamental a honestidade.” “É essencial.” “Preponderante.” “Investir na prevenção.” “Liderança.” “ Tem um papel importante na informação e formação da população no que respeita à saúde.” “ O profissional de saúde tem um papel de educador no sentido de disponibilizar toda a informação ao utente de modo a envolvê-lo e coreponsabilizá-lo no seu programa de reabilitação.” “O papel do profissional de saúde é dar a informação necessária para que o doente possa envolver-se no seu tratamento.” “Cabe ao profissional de saúde estimular a participação do utente no seu tratamento e responsabilizá-lo do seu estado de saúde, transmitindo-lhe toda a informação relativa à sua condição.” UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS “Deve estabelecer uma boa relação com o utente e família, além de minimizar as barreiras existentes.” “ O profissional de saúde tem como dever transmitir ao utente, de forma adequada toda a informação que se relacione com o episódio de doença e explicar, não só os procedimentos e o plano de intervenção que se pretende executar, mas também as outras opções de tratamento possíveis, de forma a que o utente de uma forma esclarecida possa tomar as decisões que considera correctas em relação à sua saúde.” O PADRÃO DE RESPOSTAS A ESTA SEGUNDA QUESTÃO É UM POUCO MAIS HETEROGÉNEO QUE O DA PERGUNTA ANTERIOR, UMA VEZ QUE DE ACORDO COM AS RESPOSTAS DADAS EXISTE, DE UMA FORMA UM POUCO CONFUSA, UMA IDEIA PRINCIPAL, QUE SE REFERE AO PROFISSIONAL DE SAÚDE COMO EDUCADOR E FONTE DE INFORMAÇÃO. DE FACTO, SALVO ALGUMAS EXCEPÇÕES A MAIORIA DAS RESPOSTAS COINCIDE COM O QUE TEMOS VINDO A CONFIRMAR: DE FACTO, OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE INQUIRIDOS RESPEITAM O UTENTE, ADOPTAM UMA ATITUDE EMPODERADORA E MANIFESTAMENTE CONSIDERAM-SE ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA O “EMPOWERMENT” DO CIDADÃO, EM SAÚDE. 4.2. Grupo II – Grupo dos Utentes 4.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS DE UMA FORMA SIMILAR AO QUE OCORREU COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, COMECEMOS POR CARACTERIZAR A AMOSTRA DOS UTENTES QUE RESPONDERAM AO NOSSO QUESTIONÁRIO. RELEMBREMOS QUE O QUESTIONÁRIO FOI PREENCHIDO PELOS ACOMPANHANTES DAS CRIANÇAS INTERNADAS, ACOMPANHANTES ESTES QUE CONSISTIRAM NOS PAIS (100% DAS RESPOSTAS), OU MAIS CONCRETAMENTE, NAS MÃES, O QUE EVIDENCIA O FACTO TRADICIONAL E CULTURAL DE SEREM MUITO MAIS AS MÃES (E NÃO OS PAIS) A ACOMPANHAREM DE UMA FORMA MAIS PRÓXIMA E PERMANENTE O INTERNAMENTO DOS FILHOS. NO QUE RESPEITA À IDADE DOS RESPONDENTES (NESTE CASO, IDADE DOS PAIS DAS CRIANÇAS), VERIFICAMOS QUE 50 % DOS INQUIRIDOS APRESENTAM ENTRE 31 A 40 ANOS. ATENDENDO AO NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS INQUIRIDOS (QUADRO 9), ESTE REVELASE MAIORITARIAMENTE A NÍVEL DO LUGAR, AO 2.º 1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO E, EM SEGUNDO CICLO, FAZENDO TRANSPARECER UMA POPULAÇÃO COM POUCAS HABILITAÇÕES, A NÍVEL ACADÉMICO. Quadro 9 – Distribuição das Frequências das Habilitações Literárias Frequency PercentValid Percent Cumulative Percent Valid 1º ciclo 10 33,3 33,3 33,3 2º ciclo 9 30,0 30,0 63,3 ensino secundário 7 23,3 23,3 86,7 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ensino universitário 3 10,0 10,0 96,7 pós- graduado 1 3,3 3,3 100,0 Total 30 100,0 100,0 QUANTO AO NÚMERO DE FILHOS, A GRANDE MAIORIA DOS INQUIRIDOS TÊM ATÉ TRÊS (83,3%), FILHOS O QUE PENSAMOS NÃO CONSTITUIR EXCEPÇÃO NO PADRÃO NACIONAL PORTUGUÊS. EM RELAÇÃO ÀS IDADES DAS CRIANÇAS, DESTACAM-SE DOIS GRUPOS ETÁRIOS: O GRUPO COM IDADES COMPREENDIDAS ENTRE O ANO E OS QUATRO ANOS; O GRUPO DE CRIANÇAS COM MAIS DE 13 ANOS. OUTRO FACTOR QUE CONSIDERÁMOS IMPORTANTE ANALISAR CONSISTE NO LOCAL ONDE A CRIANÇA PASSA A MAIOR PARTE DO SEU DIA, NÃO SÓ PARA EVIDENCIAR O PESO QUE A ESCOLA TEM NO DIA-A-DIA DA CRIANÇA, COMO TAMBÉM PARA VERIFICAR SE EXISTE ALGUMA RELAÇÃO ENTRE O LOCAL QUE A CRIANÇA PASSA A MAIOR PARTE DO SEU DIA E O NÍVEL DE EMPODERAMENTO DA FAMÍLIA. CONFIRMEMOS, ENTÃO, OS VALORES NO QUADRO 10: Quadro 10: distribuição das frequências do local onde a criança passa a maior parte do seu dia Frequency PercentValid Percent Cumulative Percent Valid casa 7 23,3 23,3 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 23,3 TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS escola/ infantário 19 63,3 63,3 86,7 com os avós 4 13,3 13,3 100,0 Total 30 100,0 100,0 DE FACTO, TAL COMO ESPERÁVAMOS, A MAIOR PARTE DAS CRIANÇAS PASSA A MAIOR PARTE DO SEU DIA NA ESCOLA OU NO INFANTÁRIO OBVIAMENTE), TENDO APENAS 23,3% (CONSOANTE AS IDADES, DOS INQUIRIDOS REFERIDO A CASA COMO O LOCAL ONDE A CRIANÇA PASSA A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO. O QUESTIONÁRIO ENTREGUE AOS PAIS DAS CRIANÇAS INICIAVA COM UMA PERGUNTA, COM A QUAL PRETENDÍAMOS QUE OS PAIS FIZESSEM UMA AUTO-AVALIAÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA. O ANALISEMOS AS RESPOSTAS, NO QUADRO 11. PADRÃO DE RESPOSTAS A ESTA PRIMEIRA QUESTÃO APRESENTA ALGUMAS PARTICULARIDADES: NENHUM RESPONDENTE OPTOU PELA OPÇÃO “FRACA” SAÚDE DA CRIANÇA; E A MAIOR PARTE DAS RESPOSTAS CAÍRAM NO LADO OPTIMISTA DAS OPÇÕES DE RESPOSTA, COM MAIOR PESO NA OPÇÃO “MUITO BOA” SAÚDE. Quadro 11 - Distribuição das frequência de acordo com a auto-avaliação da saúde da criança Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid razoável 6 20,0 20,0 20,0 boa 8 26,7 26,7 46,7 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS DE muito boa 9 30,0 30,0 76,7 óptima 7 23,3 23,3 100,0 Total 30 100,0 100,0 FACTO, CONSIDERAMOS CURIOSAS ESTAS RESPOSTAS, UMA VEZ QUE AS MESMAS SÃO DADAS POR PAIS DE CRIANÇAS QUE SE ENCONTRAM INTERNADAS NO MOMENTO, OU SEJA, MESMO ENCONTRANDO-SE OS PAIS E RESTANTE FAMÍLIA NUMA SITUAÇÃO DE CRISE (PELO MENOS TEORICAMENTE FALA-SE QUE UMA DOENÇA NA CRIANÇA É SEMPRE UMA SITUAÇÃO DE CRISE FAMILIAR), OS PRÓPRIOS INTERVENIENTES NÃO A SENTEM COMO TAL, MOSTRANDO-SE MUITO OPTIMISTAS EM RELAÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA. PODEMOS RELACIONAR ESTE FACTO COM ALGUNS FACTORES QUE JÁ ABORDÁMOS ANTERIORMENTE, COMO O FACTO DO SERVIÇO EM CAUSA SER ACOLHEDOR, A EQUIPA MULTIDISCIPLINAR SIMPÁTICA E COM ELEVADA ATITUDE EMPODERADORA, O QUE FUNCIONA COMO “ESCUDO DE PROTECÇÃO” DA FAMÍLIA QUE SE ENCONTRA AFECTADA POR UM PROBLEMA DE SAÚDE DA CRIANÇA, SENTINDO-SE, APESAR DE TUDO, BEM. 4.2.2. Análise e discussão dos resultados TAL COMO O FIZEMOS PARA O GRUPO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, VAMOS CONTINUAR A APRESENTAR A HIPÓTESE OPERACIONAL, A SOLUCIONÁ-LA E A REFERIR A SUA RESPECTIVA CONCLUSÃO. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Hipótese Operacional 2.1.: a soma das quatro componentes de empoderamento apresenta coeficiente de fiabilidade interna (alfa) adequado. NO QUE RESPEITA AOS ITENS DO QUESTIONÁRIO, PROCURÁMOS RECORRER A GRUPOS DE QUESTÕES, DE MODO A QUE A ANÁLISE FICASSE MAIS FACILITADA E MAIS FACILMENTE COMPREENSIVA. ASSIM, AGRUPÁMOS ALGUNS ITENS DOS QUESTIONÁRIO, CONSTITUINDO-SE NO TOTAL QUATRO GRUPOS DE QUESTÕES, TAL COMO SE PODE OBSERVAR NO QUADRO 12. QUADRO 12 – FACTORES DO QUESTIONÁRIO FACTORES NÚMERO DE ITENS DESCRIÇÃO DO FACTOR UM 8 COMUNICAÇÃO E RELAÇÃO COM OS PROF. SAÚDE DOIS 2 PROMOÇÃO DA SAÚDE TRÊS 4 POSITIVISMO, INTERESSE E CLAREZA QUATRO 10 ATITUDE EMPODERADORA DO UTENTE Consideramos importante relembrar que o questionário entregue aos utentes encontra-se como que sub-dividido em duas grandes partes de questões, uma vez que a primeira parte (grupos 1, 2 e 3) se refere essencialmente ao comportamento existente entre os utentes e os profissionais de saúde, enquanto que o grupo 4 de questões refere-se à atitude adoptada pelo utente, em relação à temática em estudo. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Ao analisarmos o coeficiente alfa de Cronbach deparámo-nos com um valor de 0, 6794. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.1.: em conjunto, as quatro componentes de empoderamento definem uma medida de empoderamento geral com fiabilidade interna = 0,6794, pelo que a hipótese é aceitável. Hipótese Operacional 2.2.: existe correlação positiva e significativa entre as habilitações literárias dos utentes e a sua atitude de empoderamento. Para verificar esta hipótese, fomos investigar as médias dos valores de empoderamento, em relação às habilitações literárias dos inquiridos. Quadro 13 – Médias dos valores de empoderamento consoante as habilitações literárias 1.º ciclo do ensino básico 38,70 2.º ciclo 39,44 Ensino secundário 42,57 Ensino Universitário 45,67 ASSIM, VERIFICÁMOS QUE A MÉDIA DE EMPODERAMENTO AUMENTA CONSOANTE AUMENTAM AS HABILITAÇÕES LITERÁRIAS DOS RESPONDENTES (QUADRO 13). UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS AO CORRELACIONARMOS AS DUAS VARIÁVEIS, RESULTOU UM 0,408, ASSOCIADO A UM NÍVEL DE SIGNIFICÂNCIA DE R DE SPEARMAN = 0,025 (MENOR QUE ALFA, PARA ALFA = 0,05), PORTANTO, ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVO. ASSIM, TAL COM COMO SE ENCONTRA DESCRITO NA TEORIA, VERIFICÁMOS QUE CIDADÃOS MAIS HABILITAÇÕES LITERÁRIAS APRESENTAM MAIOR NÍVEL DE EMPODERAMENTO. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.2.: estes resultados dão uma indicação de que existe correlação moderada positiva (R= 0,408) e significativa (p = 0,025, menor que alfa) entre as habilitações literárias dos utentes e o seu nível de empoderamento, pelo que a hipótese é aceitável. Hipótese Operacional 2.3.: os inquiridos mais velhos apresentam níveis de empoderamento mais baixos. PARA ILUSTRARMOS A RESOLUÇÃO DESTA HIPÓTESE OPERACIONAL, RECORREMOS NOVAMENTE ÀS CAIXAS DE BIGODES (GRÁFICO 4). Gráfico 4 – Relação entre o nível de empoderamento e a idade dos inquiridos UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 50 40 30 20 N= 10 até aos 30 anos 15 dos 31 aos 40 anos 5 dos 41 aos 50 anos idade Das caixas de bigodes apresentadas, podemos verificar que o padrão de respostas não segue nenhuma ordem, exceptuando no que ocorre com os valores mínimos de empoderamento. Realmente, à medida que a idade vai aumentando, o valor mínimo de empoderamento é cada vez mais baixo, ou seja, vai diminuindo de 36, 32 para 30. Relembremos que a teoria confirma-nos isto mesmo, dizendo que utentes mais velhos têm menor interesse em envolver-se, ou seja, utentes mais velhos têm tendência para desejar menos informação. No entanto, ao cruzar-se a variável idade com o nível de empoderamento, não se obtém nenhum valor significativo. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.3.: através da estatística descritiva, conseguimos perceber que à medida que a idade vai aumentando o valor mínimo de empoderamento vai diminuindo, embora tal não se verifique quando UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS se analisam os valores máximos, bem como as medianas, pelo que a hipótese não é aceitável, na totalidade. Hipótese Operacional 2.4.: encontramos diferenças significativas ao analisarmos o nível de empoderamento com o local onde as crianças passam a maior parte dos seus dias. Para melhor ilustrarmos a resolução a esta hipótese, decidimos colocar o gráfico 5. Através da análise do gráfico 5, podemos verificar que o valor máximo de empoderamento relaciona-se com o local casa. De facto, o valor médio de empoderamento quando se trata da casa é de 43,57, quando se trata da escola é de 40,47 e, finalmente, quando ficam com os avós, o resultado do nível de empoderamento dos utentes diminuiu para os 37,0. Gráfico 5 – Relação entre o nível de empoderamento e o local onde a criança passa a maior parte do seu dia UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 50 atitude do utente 40 30 20 N= 7 casa 19 escola/ infantário 4 com os avós lugar onde a criança passa a maior parte do seu dia Verifiquemos, então, se estas diferenças se constituem significativas. Dado que nem todas as distribuições são normais, apesar da homogeneidade das variâncias, tivemos que prosseguir com um teste não-paramétrico, neste caso com o Kruskal-Wallis, teste este que nos deu um valor de 6,301, tendo associado um nível de significância 0,043 que é inferior a 0,05, pelo que se rejeita a hipótese nula, podendo concluir-se que o nível de empoderamento é diferente e estatisticamente significativa entre os locais onde as crianças passam a maior parte do seu dia. Ao correlacionarmos estas duas variáveis verificamos que existe uma correlação negativa significativa (R= -0,455, p=0,012), ou seja, o nível de empoderamento é maior quando o local onde as crianças passam a maior parte do seu dia é a casa. Pensamos que esta conclusão é aceitável, uma vez que se as crianças passam a maior parte dos seus dias em sua casa, fazem-no com certeza na companhia de seus pais, o que implica que existe uma grande proximidade entre pais e UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS filhos e, como corolário, os pais conhecem melhor os seus filhos e assim, estão mais aptos (se assim se pode dizer) a discutir o melhor para os seus filhos. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.4.: há evidência de que existem diferenças significativas entre o local onde as crianças passam a maior parte dos seus dias e o nível de empoderamento, já que através da Estatística de Teste de Kruskal-Wallis, surgiu-nos um valor de teste de 6,301, associado a um valor estatístico de 0,043, menor que alfa, para alfa = 0,05, pelo que a hipótese é aceitável. Hipótese Operacional 2.5.: existe correlação positiva e significativa entre o nível de empoderamento do utente e a atitude empoderadora do profissional de saúde. Ao analisarmos a correlação entre estas duas variáveis verificamos que nos é fornecido um valor de R = 0,640, tendo associado um valor de p menor que alfa, estatisticamente significativo (p=0,000), o que nos diz que o aumento de uma variável pressupõe o aumento da outra, o que é bastante importante. De facto, com estes resultados não restam dúvidas de que profissionais de saúde empoderadores proporcionam utentes empoderados, o que é um resultado felizmente esperado e confirmado. Conclusão sobre a Hipótese Operacional 2.5.: esta hipótese é aceitável, uma vez que correlacionando as variáveis em causa se obteve um coeficiente de correlação = 0,640, associado a um nível de significância de 0,000, portanto estatisticamente significativo. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS No que respeita ao cruzamento do nível de empoderamento dos utentes com as variáveis número de filhos e auto-avaliação da saúde da criança, não se obteve qualquer relação significativa. Considerámos interessante analisar como se comportaram as respostas dos utentes inquiridos, face a alguns itens específicos. Por exemplo, em relação ao tempo de consulta é curioso verificar que cerca de 93,3% dos inquiridos consideram o tempo de consulta adequado (dos quais 20% concordam totalmente), quando cerca de 44% dos profissionais adoptaram uma atitude neutra ou discordante face a este item. Pensamos que estes resultados, à partida contraditórios, tenham uma certa lógica, uma vez que os utentes antes de chegarem a uma situação de internamento são consultados algumas vezes e este continuum (consulta- internamentomedicina física e de reabilitação- consulta) dá hipótese aos utentes de se sentirem suficientemente seguidos e acompanhados pela equipa de profissionais de saúde. Por outro lado, por exemplo, os enfermeiros que desempenham as suas funções no serviço de ortopedia infantil podem não ter essa percepção, uma vez que apenas assistem a uma visita médica de escassos minutos, o que consideram pouco adequado. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS Quando se analisam as respostas dos utentes aos itens que abordavam a compreensão da linguagem utilizada pelos profissionais de saúde, bem como o conteúdo das conversas entre profissionais e utentes, as respostas foram, mais uma vez, reveladoras da existência de profissionais empoderadores (relembremo-nos que 100% dos profissionais inquiridos afirmaram falar de modo a serem compreendidos) e de utentes empoderados (83,3% dos inquiridos afirmaram compreender o conteúdo das conversas que têm com os profissionais, 83,9% referem compreender a linguagem utilizada pelos profissionais). NO QUE RESPEITA À ESCALA DE DEGNER, PRESENTE NO QUESTIONÁRIO ENTREGUE AOS UTENTES, VERIFICÁMOS O SEGUINTE: Gráfico 6 – Resultados aplicando a Escala de Degner aos inquiridos Prefiro fazer a selecção final do tratamento, após considerar a opinião dos profissionais de saúde. 23% 34% Prefiro dividir responsabilidades com os profissionais de saúde acerca do melhor plano de tratamento. 13% 30% Prefiro que os profissionais decidam, após considerarem a minha opinião. Prefiro deixar todas as decisões de tratamento aos profissionais. De acordo, com os resultados obtidos podemos dizer que cerca de 34% dos inquiridos optaram pela opção que tinha por base o modelo paternalista, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS evidenciando o poder atribuído à figura médica. No entanto, a grande maioria dos respondentes (66%) optou por opções que tinham por base o modelo de decisão partilhada, o que nos parece bastante positivo, já que nos indica o interesse pela partilha no momento de decisão. 4.2.3. ANÁLISE DE CONTEÚDO NO QUESTIONÁRIO ENTREGUE AOS UTENTES, ENCONTRAVA-SE UMA PERGUNTA DE RESPOSTA ABERTA, QUE PRETENDIA SABER QUAIS OS FACTORES DE SATISFAÇÃO QUE, NA OPINIÃO DOS UTENTES, DEVERIAM ESTAR IMPLÍCITOS NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS E ATITUDE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. OBSERVEMOS AS RESPOSTAS OBTIDAS: “Depende da parceria com o profissional de saúde, pois se o doente não ajudar na recuperação, não vale de nada!” “ Resolverem os problemas rápido, terem simpatia e sensatez.” “Depende da atenção prestada ao meu filho.” “Da forma como resolvem a situação relacionada com o meu filho.” “Da atenção para com o doente e informação ao acompanhante.” “Muita atenção e compreensão com o doente e também com os familiares.” “Prestarem os esclarecimentos necessários e o cuidado no tratamento do meu filho.” “Carinho, atenção e cuidados necessários.” UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS “Empatia, disponibilidade e informação.” “Simpatia e interesse.” ANALISANDO AS RESPOSTAS OBTIDAS, PODEMOS VERIFICAR QUE A GRANDE FONTE DE SATISFAÇÃO DOS CUIDADOS PRESTADOS PELOS PROFISSIONAIS CONSISTE NA AFECTIVIDADE QUE OS MESMOS TÊM PARA COM A CRIANÇA E SEUS FAMILIARES. NOTEMOS, IGUALMENTE, QUE OS PAIS DAS CRIANÇAS INTERNADAS REFERIRAM TAMBÉM REPETIDAMENTE O ASPECTO “INFORMAÇÃO”, O QUE EVIDENCIA O JÁ DESCRITO NA LITERATURA, OU SEJA, O FACTO DA EXIGÊNCIA DOS UTENTES PARA COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ESTAR A AUMENTAR, ALÉM DE DEMONSTRAR O INTERESSE PELO PLANO DE TRATAMENTO DA CRIANÇA, MOSTRANDO O DESEJO DE PARTICIPAR NO MESMO. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS PARTE III CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS 1. LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO A amostra e os viéses foram previamente discutidos, pelo que não é suposto interferirem nas inferências do estudo. No entanto, tal como todos os estudos, também este está sujeito a algumas limitações, cuja principal consiste no facto do estudo ter incidido sobretudo naquilo que os actores declaram ou dizem pensar. No que respeita, propriamente, à metodologia, a amostra acidental é correntemente utilizada embora de facto os sujeitos acessíveis possam ser diferentes da população alvo. A amostra acidental tem a vantagem de ser simples de organizar e pouco onerosa. Todavia, este tipo de amostra provoca enviesamento e não indica que as primeiras pessoas contactadas sejam representativas da população alvo, limitando a generalização dos resultados. No entanto, pode ser usada com êxito em situações nas quais se pretendem captar ideias gerais, identificar aspectos críticos. AS ESCALAS APRESENTAM, IGUALMENTE, VANTAGENS E DESVANTAGENS. COMO VANTAGENS, REFERIMOS O FACTO DE UMA BOA ESCALA SER ÚTIL ÀS COMPARAÇÕES DE GRUPO, PODEREM SER UTILIZADAS VERBALMENTE OU POR ESCRITO, O QUE CONSEQUENTEMENTE AS TORNA ADEQUADAS AO USO COM A MAIORIA DAS PESSOAS. TODAVIA, SÃO SUSCEPTÍVEIS A VÁRIOS FACTORES, COMO A TENDENCIOSIDADE NO CONJUNTO DE RESPOSTAS. TENDENCIOSIDADE, TIVEMOS NO O ENTANTO, CUIDADO DE DE NÃO MODO A COLOCAR EVITAR OS ESTA ITENS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS QUESTIONÁRIO TODOS DA MESMA FORMA, OU SEJA, COLOCÁMOS ITENS ESCRITOS DE UMA FORMA POSITIVA INTERCALADOS COM ITENS RELATADOS DE UMA FORMA NEGATIVA, O QUE NOS CONDUZIU À RECODIFICAÇÃO DESTES ITENS DE MODO A QUE A SITUAÇÃO ÓPTIMA FOSSE PONTUADA COM O VALOR MÁXIMO. 2. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS DA INVESTIGAÇÃO Á MEDIDA QUE FOMOS REALIZANDO ESTE TRABALHO E, DANDO “FORMA” AO NOSSO ESTUDO, FOMOS CONSTATANDO A EXISTÊNCIA DE ALGUMAS QUESTÕES ÉTICAS E LEGAIS PARA AS QUAIS TERÍAMOS QUE DAR RESPOSTA. A ÉTICA, NO SEU SENTIDO MAIS AMPLO, É A CIÊNCIA DA MORAL E A ARTE DE DIRIGIR A CONDUTA. DE UMA FORMA GERAL, A ÉTICA É O CONJUNTO DE PERMISSÕES E DE INTERDIÇÕES QUE TÊM UM ENORME VALOR NA VIDA DOS INDIVÍDUOS E EM QUE ESTES SE INSPIRAM PARA GUIAR A SUA CONDUTA QUALQUER (FORTIN, 1999). INVESTIGAÇÃO EFECTUADA JUNTO DOS SERES HUMANOS LEVANTA QUESTÕES MORAIS E ÉTICAS. A PRÓPRIA ESCOLHA DO TIPO DE INVESTIGAÇÃO DETERMINA DIRECTAMENTE A NATUREZA DOS PROBLEMAS QUE SE PODEM COLOCAR. OS CONCEITOS EM ESTUDO, O MÉTODO DE COLHEITA DE DADOS E A DIVULGAÇÃO DE CERTOS RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO PODEM, SE BEM ENTENDIDO, CONTRIBUIR PARA O AVANÇO DOS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS, MAS POR OUTRO LADO, LESAR OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS PESSOAS. NA PERSECUÇÃO DA AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS, EXISTE UM LIMITE QUE NÃO DEVE SER ULTRAPASSADO: ESTE LIMITE REFERE-SE AO RESPEITO PELA PESSOA E A PROTECÇÃO DO SEU DIREITO DE VIVER LIVRE E DIGNAMENTE ENQUANTO SER HUMANO. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS FORAM DETERMINADOS PELO CÓDIGOS DE ÉTICA, CINCO PRINCÍPIOS AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS APLICÁVEIS AOS SERES HUMANOS, SENDO ELES: O DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO, O DIREITO À INTIMIDADE, O DIREITO AO ANONIMATO, O DIREITO À PROTECÇÃO CONTRA O DESCONFORTO E O PREJUÍZO E, POR FIM, O DIREITO A UM TRATAMENTO JUSTO E EQUITATIVO. NO PRESENTE TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO, FOI NOSSA PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO, O CUMPRIMENTO DESTES CINCO PRINCÍPIOS DE FORMA A ASSEGURAR A VALIDADE DO ESTUDO E A PROTEGER OS DIREITOS E LIBERDADE DAS PESSOAS QUE NELE PARTICIPAM. ASSIM, A PARTICIPAÇÃO DOS INQUIRIDOS QUE PARTICIPARAM FOI VOLUNTÁRIA, O ESTUDO NÃO FOI DESENCADEADOR DE DANOS FÍSICOS OU PSICOLÓGICOS PARA OS INQUIRIDOS, O INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS TEVE CARACTER ANÓNIMO E OS DADOS RECOLHIDOS NÃO FORAM UTILIZADOS PARA OUTROS FINS, OS INQUIRIDOS FORAM INFORMADOS QUE NÃO TINHAM BENEFÍCIOS POR PARTICIPAREM NO ESTUDO. NO SENTIDO DE NOS SER FACULTADA A AUTORIZAÇÃO PARA PROCEDERMOS À APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS ELABORÁMOS UM PEDIDO POR ESCRITO, EM QUE CONSTOU O FIM E OBJECTIVOS DO ESTUDO, OS PARTICIPANTES, OS RECURSOS NECESSÁRIOS E COMO É ÓBVIO, AS VANTAGENS DA REALIZAÇÃO DO ESTUDO. PEDIDO FOI ENVIADO AO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E ESTE AUTORIZADO, POSTERIORMENTE. 3. REFLEXÃO FINAL O DESAFIO QUE HOJE SE COLOCA AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, ENQUANTO PRESTADORES DE CUIDADOS É, SEM DÚVIDA, DUMA DIMENSÃO PARTICULAR UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ENQUANTO ENGLOBA O INDIVÍDUO, SEM ESQUECER OS FAMILIARES E A COMUNIDADE EM QUE ESTÃO INTEGRADOS. O PROFISSIONAL DE SAÚDE, AO PRESTAR CUIDADOS, DEVERÁ IR DE ENCONTRO À SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES DO UTENTE VISANDO CONTRIBUIR PARA UM BEM ESTAR E ATINGIR ASSIM UM MELHOR GRAU DE SAÚDE. AFIRMA-NOS HESBEEN (1997) QUE ESSE CUIDADO, ESSA ATENÇÃO É ÚNICA. NÃO É PREESTABELECIDA NEM PROGRAMÁVEL NEM REPETIDA DE INDIVÍDUO PARA INDIVÍDUO. DEVE SER SEMPRE PENSADA, REPENSADA E CRIADA. É PARA O AUTOR, SINGULAR COMO O É A SITUAÇÃO DE VIDA EM QUE O PRESTADOR DE CUIDADOS É LEVADO A PRESTAR CUIDADOS A UMA PESSOA. ESTA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS INDIVIDUALIZADA PRESSUPÕE UM CONHECIMENTO PROFUNDO DO SER HUMANO. PARA ISSO É IMPORTANTE O USO DE COMPETÊNCIAS TÉCNICAS MAS TAMBÉM HABILIDADES INTERPESSOAIS. O ESTABELECIMENTO DESTAS RELAÇÕES É DE FACTO EXTREMAMENTE IMPORTANTE PARA HUMANIZAR OS CUIDADOS QUE SE PRESTAM. PARA QUE A MUDANÇA SEJA EFECTUADA É NECESSÁRIO QUE AS PESSOAS INTERIORIZEM EM SI ESSA NECESSIDADE DE MUDAR. CONTINUA A SER UM PROCESSO LONGO E A MUDANÇA PESSOAL AINDA LENTO, POR VEZES PENOSO, REPRESENTANDO SEMPRE O QUEBRAR COM UM EQUILÍBRIO ADQUIRIDO, MESMO QUE NÃO SEJA UM EQUILÍBRIO REAL. MAS É SEM DÚVIDA ATRAVÉS DE UMA PARTICIPAÇÃO MAIS ACTIVA QUER DOS PROFISSIONAIS QUER DOS UTENTES BEM COMO DA ARTICULAÇÃO EFECTIVA ENTRE OS VÁRIOS NÍVEIS DE CUIDADOS QUE SERÁ POSSÍVEL ESSA MUDANÇA QUE CADA VEZ MAIS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS SE NOS AFIGURA COMO UM DESAFIO NESTE PROCESSO DE SAÚDE/DOENÇA DE CADA UM DE NÓS. COM ESTE ESTUDO TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE VERIFICAR ESTES ASPECTOS JÁ REFERENCIADOS NA TEORIA. É CERTO QUE, AO FALARMOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE, NÃO ESPERÁVAMOS OBTER UMA ATITUDE FORTEMENTE EMPODERADORA. NO ENTANTO, AS RESPOSTAS OBTIDAS DERAM CERTEZAS E INDICATIVOS GERAIS DE QUE OS PROFISSIONAIS INQUIRIDOS CONSTITUEM PROFISSIONAIS EMPODERADORES. QUAL A RAZÃO DESTES RESULTADOS? É ÓBVIO QUE NOS QUESTIONÁMOS ACERCA DISCRIMINAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ESCOLHIDO. DA ADEQUAÇÃO PORÉM, E PODER DE A ANÁLISE À CONSISTÊNCIA INTERNA DO MESMO DEU-NOS BONS RESULTADOS, ASSIM COMO A SUA UTILIZAÇÃO NOUTROS ESTUDOS, O QUE INDICA QUE AS QUESTÕES ERAM ADEQUADAS AO ESTUDO DA TEMÁTICA EM CAUSA. EXCLUÍDA A QUESTÃO DO QUESTIONÁRIO NÃO SER ADEQUADO, RESTA-NOS A ARGUMENTAÇÃO DE TAIS RESULTADOS. SÃO O VÁRIOS OS FACTORES QUE DECERTO CONTRIBUÍRAM PARA ESTES RESULTADOS. FACTO DA UNIDADE DE SAÚDE EM CAUSA SER DE PEQUENAS DIMENSÕES, PROMOVER UM AMBIENTE FAMILIAR E ACOLHEDOR, CONTRIBUIU CERTAMENTE PARA TAIS RESULTADOS. COM UMA INSTITUIÇÃO ASSIM, OS PROFISSIONAIS GOSTAM DO LOCAL ONDE TRABALHAM E VÃO PROGREDINDO NA CARREIRA, O QUE FAZ COM QUE CRESÇAM JUNTOS, QUE SE CONHEÇAM E ADQUIRAM UMA ATITUDE PROFISSIONAL SEMELHANTE. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE EMPODERADORES, NÃO NOS SURPREENDEU A EXISTÊNCIA DE UTENTES EMPODERADOS, QUE TUDO FAZEM PARA COMPLEMENTAR O TRABALHO FEITO EM CONJUNTO COM OS PROFISSIONAIS. DE FACTO, ESTE ESTUDO PROPORCIONOU-NOS UMA VIAGEM AO MUNDO DAS INDAGAÇÕES, E ACIMA DE TUDO ESTA INVESTIGAÇÃO LEVOU-NOS À CONCLUSÃO DE QUE “NEM TUDO O QUE PARECE É”, PELO QUE O MUNDO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NEM SEMPRE É FECHADO E VOLTADO PARA SI MESMO. HÁ QUE CONTINUAR A INVESTIGAR! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUTLER, C.; KINNERSLEY, P. et al – Antimicrobial practice: antibiotics and shared decision-making in primary care. Journal of Antimicrobial Chemotherapy; 48 (2001), p. 435-440. CAMPOS, António Correia e colaboradores – Que sistema de Saúde para o Futuro? Lisboa, 1996. CHARLES, C.; WHELAN, T.; GAFNI, A. – How to improve communication between doctors and patients. BMJ, vol. 320 (2000), p. 1220-1221. CHARLES, C.; WHELAN, T.; GAFNI, A. – What do you mean by partnership in making decisions about treatment? BMJ, vol. 319 (1999), p. 780-782. CONNER, Jeanette; NELSON, Eugene – Neonatal Intensive Care : Satisfaction Measured from a parent´s perspective. Pediatrics, vol. 103, n.º 1 (Jan 1999). UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS COOK, Deborah – Patient autonomy versus parentalism. Critical Care Medicine, vol. 29, n.º 2 (Fev 2000). COULTER, Angela; ENTWISTLE, Vikki; GILBERT, David – Sharing decisions with patients: is the information good enough? British Medical Journal, vol. 318 (30 Jan 1999), p. 318-322. CRAVEIRO, Ana – Comissões de Acompanhamento Externo de Serviços de Saúde: que contributo para o “empowerment” dos cidadãos? Lisboa: Escola Nacional de Saúde Pública, 2000. Dissertação apresentada no âmbito do Curso de Administração Hospitalar. CRESWELL, John W. – Research Design: qualitative & quantitative approaches. Londres: Sage Publications, 1994. DUGGAN, C.; BATES, I.; STURMAN, S. – Measuring information preferences of medical outpatients and their anxiety about illness. Londres: Centre for Practice and Policy, School of Pharmacy, University of London, 2001. DUGGAN, Catherine; BATES, Ian – Development and evaluation of a survey tool to explore patients´perceptions of their prescribed drugs and their need for drug information. The International Journal of Pharmacy Practice; 8 (2000), p. 42-52. DUGGAN et al – What part pharmacists should play in providing medicinesrelated information. The Pharmaceutical Journal, vol. 266, (17 Mar 2001). DUGGAN et al – Validation of a desire for information scale. The International Journal of Pharmacy Practice, (Mar 2002). UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ELWYN, Glyn; EDWARDS, Adrian; GWYN, Richard; GROL, Richard – Towards a feasible model for shared decision making: focus group study with general practice registrars. BMJ, vol. 319 (18 Set 1999), p. 753-756. ELWYN, Glyn; EDWARDS, Adrian; GWYN, Richard; GROL, Richard – Shared decision making: development the OPTION scale for measuring patient involvement. Quality Safety Health Care, 12 (2000), p. 93 - 99. FERRINHO, Paulo – Apontamentos da cadeira Informação e Investigação em Saúde. Escola Nacional de Saúde Pública, 2002. FILHO, Hilson – Os Call Centers, no contexto do Sistema de Informação e Conhecimento em Saúde para o Cidadão, em Portugal e o caso da “Saúde 24”. Lisboa: Escola Nacional de Saúde Pública, 2002. Tese de Mestrado. FORTIN, MARIE–FABIENNE, O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO – DA CONCEPÇÃO À REALIZAÇÃO, LOURES, LUSOCIÊNCIA, 1999; GLASCOE, Frances et al – Brief approaches to educating patients and parents in primary care. Pediatrics, vol. 101, n.º 6 (Jun 1998). HESBEEN, WALTER – O CUIDAR NO HOSPITAL- ENQUADRAR OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NUMA PERSPECTIVA DE CUIDAR. LISBOA: LUSOCIÊNCIA, 2000. HILL, MANUELA MAGALHÃES; HILL, ANDREW – INVESTIGAÇÃO POR QUESTIONÁRIO. LISBOA, EDIÇÕES SÍLABO, 2002. HOSO – FOLHETO INFORMATIVO SOBRE O HOSPITAL ORTOPÉDICO SANT´IAGO DO OUTÃO. LAMONT, Sharon – Patient participation cannot guarantee “empowerment”. BMJ, 3119:783 (18 Set 1999). UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS LAVERACK, Glenn; WALLERSTEIN, Nina – Measuring community “empowerment”: a fresh look at organizational domains. Health Promotion International, vol 16, n.º 2, (Jun 2001), p.179-185. LITTLE, Paeul et al – Observational study of effect of patient centredness and positive approach on outcomes of general practice consultations. BMJ, volume 323 (Out 2001), p. 908 – 911. MAGUIRE, Peter; PITCEATHLY, Carolyn – Key communication skills and how to acquire them. BMJ, 325 (28 Set.2002), p. 687- 700 MANUFACTURING MANAGEMENT – Empoderar, energizar: novos verbos que fazem a diferença. http://www.plus.org/+business/mm/dicas/equipe Outubro, 2002. MINISTÉRIO DA SAÚDE – Carta dos Direitos e Deveres dos doentes. Direcção-Geral da Saúde; 2.ª edição, 1999. MINISTÉRIO DA SAÚDE – Saúde um Compromisso, 1999. MOURA, Leonel - Da democracia dialogante à democracia radical. Janeiro, 1997. http://www.lxxl.pt/babel/biblioteca/dialog.html. NETRA, Thakur; ROBERT, Perkel – Prevention in adulthood: forging a doctorpatient partnership. Primary Care; Clinics in Office Practice, volume 29, n.º 3 (Set 2000). OBSERVATÓRIO PORTUGUÊS DOS SISTEMAS DE SAÚDE – O Relatório de Primavera. Lisboa: Observatório Português dos Sistemas de Saúde, 2001. OMS – Declaração sobre a promoção dos direitos dos doentes na Europa. Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde, 1994. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS OMS – Health Promotion Glossary – Division of Health Promotion, Education and Communications, 1998 OMS – Community participation in local health and sustainable development. European Sustainable Development and Health Series: 4, 2001. OMS – A Declaração de Jacarta sobre promoção da saúde no século XXI. OMS, 2002. www.who.int/hpr/archive/docs/jakarta/portuguese2.pdf OUSCHAN, Robyn; SWEENEY, Jillian; JONHSON, Lester – Dimensions of patient “empowerment”: implications for professional services marketing. Health Marketing Quarterly, vol. 18 (2000). PATROCÍNIO, Tomás - Formação, Cidadania e Contemporaneidade. Évora, Setembro 2000. PETRIE, Aviva; SABIN, Caroline – Compêndio de estatística médica. Instituto Piaget, Lisboa, 2000. PESTANA, Maria; GAGEIRO, João – Análise de dados para ciências sociais: a complementaridade do SPSS. Edições Sílabo, 2.ª edição, Lisboa, 2000. POLIT, DENISE F.;HUNGLER, BERNARDETTE P., FUNDAMENTOS DE PESQUISA EM ENFERMAGEM, 3ª EDIÇÃO, ARTES MÉDICAS, PORTO ALEGRE, 1995. RODRIGUES, PAULA – A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: A PERSPECTIVA DOS GESTORES. 1997. DISSERTAÇÃO LISBOA: ESCOLA NACIONAL APRESENTADA NO ÂMBITO DO DE SAÚDE PÚBLICA, XXV CURSO DE ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR. QUIVY, RAYMOND; CAMPENHOUDT, LUC VAN - MANUAL DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS. 2ª ED. . LISBOA: GRADIVA, 1998 UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: EMPOWERMENT DO CIDADÃO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO? QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE? AUTORA: ANA LÚCIA CAEIRO RAMOS ROBINSON, A.; THOMSON, R. – Variability in patient preferences for participating in medical decision making: implication for the use of decision support tools. Quality in Health Care, 10 (suppl I); i34-i38; 2001. SKILLSCASCADE.com – Are there problems in communication between doctors and patients? http:// www.skillscascade.com/files/research.htm. Outubro, 2002 SCHATTNER, Ami; TAL, MERAV – Truth telling and patient autonomy: the patient´s point of view. American Journal of Medicine, vol. 113, n.º 1 (Jul 2002). VILLAVERDE CABRAL, Manuel – Saúde e Doença em Portugal. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2002. VINCENT, C.; COULTER, A. – Patient safety: what about the patient? Quality Safety Health Care, 11 (2002); p. 76-80. WENSING, M. – Evidence-based patient “empowerment”. Quality Health Care. www. Qualityhealthcare.com. WORLD BANK – “empowerment” and poverty reduction: a sourcebook. PREM, May, 2002. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA – ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA – CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO