A arte de fazer cerveja artesanal de acordo com o gosto do freguês

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A arte de fazer cerveja artesanal de acordo com o gosto do freguês
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Setembro2013
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A arte de fazer cerveja
artesanal de acordo
com o gosto do freguês
A chegada das cervejas artesanais ao mercado está mudando o
jeito das pessoas apreciarem a bebida. Aos poucos os consumidores
estão redescobrindo o prazer e as
sutilezas da cerveja, o que era impensável enquanto apenas as grandes marcas dominaram as mesas de
bar.
Bairro Alto também tem seus
cervejeiros e um deles é o Billy Tattoo, um curioso que em
busca de uma cerveja de melhor qualidade resolveu fabricar a bebida em casa.
Tatuador de profissão, Billy, sempre gostou de beber cerveja, mas andava insatisfeito com o que encontrava no mercado. “Há uns dois anos comecei a reparar que a qualidade da cerveja não era boa. E algumas vezes a
bebida até me fazia mal. Numa festa
de tatuadores conheci uma cerveja artesanal e descobri que era feita aqui
em Curitiba. Conheci o processo de
fabricação e uma semana depois fiz um
curso sobre cervejas artesanais”, conta Billy.
Ele passou então a estudar o assunto com mais cuidado e em quatro
meses montou a estrutura para fabricar sua própria cerveja em casa. Billy
logo fez contato com a Associação dos
Cervejeiros Artesanais do Paraná e participou de um concurso. Ele não ganhou o primeiro prêmio, mas conseguiu uma boa pontuação para sua One
Strong, um incentivo para continuar
na atividade.
Desde então, Billy não parou de
estudar a composição das cervejas e
aperfeiçoou o seu trabalho. Atualmente ele se concentra na fabricação de três
rótulos, ou tipos de cerveja: a Northern State, cerveja do tipo escocês; a
One Strong, a primeira que aprendeu a
fazer; e a IPA (India Pale Ale) Cacau,
uma cerveja que tem um gosto amargo
mais acentuado e com bom teor alcoólico. Ele até criou uma marca para identificar a bebida que sai da sua minicervejaria, a Wasch Bier Cerveja Artesanal. Atualmente Billy fabrica 180 litros de cerveja por mês. Seu público é
formado por amigos, a família e seus
clientes da tatuagem. Ele afirma que
sua intenção é aumenta a cervejaria.
Billy já investiu cerca de R$ 9.000 na
pequena fábrica, mas pretende legalizar a produção para disputar a fatia
do mercado que se interessa por uma
bebida diferenciada.
Personalizada - Além dos três tipos de cerveja em que se especializou,
Billy também faz a bebida personalizada. E não estamos falando apenas
do rótulo. Para alguns consumidores
mais exigentesvBilly desenvolve uma
fórmula especial que pode realçar ou
dimininuir certas características da cer-
veja. “Pode ser uma bebida com mais
ou menos teor alcoólico. Posso controlar o gosto do malte, o amargor. Pode
ser uma cerveja mais maltada. Tudo de
acordo com o que o consumidor quer”,
explica Billy. Ele contou que nesse
caso, são necessários dois meses, no
mínimo, para fazer a cerveja desenvolvida. Billy só aceita encomenda acima
de 30 litros de cerveja personalizada,
para compensar o trabalho.
Enquanto não regulariza sua cervejaria Billy se divide entre as tatuagens e a cerveja. “Durante a semana
atendo os clientes da tatoo e no sábado e domingo faço a cerveja”, conta.
Como todo o processo deve ser
controlado, Billy tem que acompanhar
cada passo e faz todo o trabalho sozinho. “Conto com a ajuda do meu pai
(Virgílio Wasch) para ajudar em algumas fases. Mas faço tudo, até os rótulos que eu mesmo desenho”, disse Billy. Para não errar a “receita”, o cervejeiro conta com um programa de computador que registra o processo de fabricação de cada tipo de cerveja. “Assim fica mais fácil, tenho um padrão
estabelecido a seguir, o que mantém
sempre o mesmo sabor de cada cerveja”, acrescenta.
A mini-cervejaria de Billy recebe
visitas freqüentes. São clientes que
aproveitam para experimentar ou curiosos que souberam da cerveja e aparecem para conhecer o trabalho. Para
O cervejeiro, a cerveja
e a “cervejaria” do
mestre da tatuagem,
Billy Tattoo, no Bairro
Alto
tanto, ele mantém algumas garrafas no
freezer. Aliás, Billy dá algumas dicas
para quem está se iniciando na arte de
beber cervejas artesanais. “A cerveja
tem que ficar na temperatura da geladeira, mas nunca estupidamente gelada
porque altera o gosto. Outra coisa, as
garrafas devem ser deixadas em pé, nunca deitadas porque isso pode mudar o
sabor”, fala. O melhor a fazer é seguir
as orientações de quem entende do assunto e procurar uma cerveja artesanal
para descobrir o que ela tem que tanto
encanta os amantes dessa bebida.

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