baixar revista completa - RBPA – Revista Brasileira de Produtos
Transcrição
baixar revista completa - RBPA – Revista Brasileira de Produtos
ISSN:1517-8595 volume 5, número 1, janeiro - julho, 2003 Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.5, n.1, p.1-100, 2003 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA ÁREA DE ARMAZENAMENTO E PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.5, n.1, (2003). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2003. Campina Grande, Volume 5, Número 1, janeiro-junho, 2003. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: produção de mel, apicultura Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 Número 5 Volume 1 Janeiro-Junho 2003 ISSN 1517-8595 Conteúdo Artigos Científicos TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE CONCENTRADA (Heat and mass transfer in heterogeneous solids: A theoretical study by lumped analysis) Genival da Silva Almeida, Fabrício José Nóbrega Cavalcante, Antonio Gilson Barbosa de Lima ............................. ATIVIDADE DE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA DE MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Water activity, microbiological increase and dry matter loss of the coffee grains (Coffea arabica L.) in different storage conditions) Paulo César Afonso Júnior, Paulo César Corrêa, Fabrício Schwanz da Silva, Deise Menezes Ribeiro ..................... AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO (Physicochemical evaluation of the cassava flour during the storage) Cândido José Ferreira Neto, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz .................... EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE DISTINTAS VARIEDADES (Effect of the beneficiation in the mechanical and physical properties of the rice grains of different varieties) Fabrício Schwanz da Silva, Paulo César Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso Júnior ...................................................................................................................................................... COMPONENTES QUÍMICOS E ESTUDO DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO EM VAGENS DE ALGAROBA (Chemical components and study of the equilibrium moisture content in mesquite beans) Francisco de Assis Cardoso Almeida, José Euflávio da Silva, Maria Elessandra R. Araújo, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Silvana A. de Almeida .................................................................................................................. OBTENÇÃO DO MELHOR PROCESSO DE EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DO CALDO DE ALGAROBA (Prosopis juliflora (Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO DE AGUARDENTE (The best process determination of extraction and fermentation of the mesquite (Prosopis juliflora (SW.) DC) broth to obtain liquor) Clóvis Gouveia Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga, Vital de Sousa Queiroz .. ESTUDO DA SOLUBILIDADE DAS PROTEÍNAS PRESENTES NO SORO DE LEITE E NA CLARA DE OVO (Analysis of whey and egg white proteins solubility) Daniela Helena Pelegrine, Carlos Alberto Gasparetto ................................................................................................ ANÁLISES DO CONSUMO ENERGÉTICO E SENSORIAL EM SECAGEM DE MANJERICÃO SOB DIFERENTES TRATAMENTOS DE AR (Energetic consumption and sensorial analysis of basil drying under several kinds of air treatment) Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior ....................................................................................................... AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp powder) Pablícia Oliveira Galdino, Alexandre José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva .................................................................................................................................................................... Página 1 17 25 33 43 51 57 67 73 PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR DE BANDEJA (Production of acerola raisins in tray dryer) Marcos F. de Jesus, Viviane L. Scaranto, Vahideh R. R. Jalali, Gabriel Franciso da Silva ........................................ ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Study of the hidroximetilfurfural alterations and the diastase activity in honey of bee in different condition of storage) Zilmar Fernandes Nóbrega Melo, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata . 81 87 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 ISSN: 1517-8595 TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE CONCENTRADA Genival da Silva Almeida1, Fabrício José Nóbrega Cavalcante2, Antonio Gilson Barbosa de Lima3 RESUMO A secagem é uma das etapas do pré-processamento dos produtos agrícolas que tem por finalidade retirar parte da água neles contida, sendo definida como um processo simultâneo de transferência de calor e massa entre o produto e o ar de secagem. O objetivo desse trabalho é desenvolver um modelo matemático para predizer o fenômeno de transferência de calor e massa em corpos com forma arbitrária baseado-se numa análise concentrada e supondo que o mesmo é composto por dois materiais distintos. Vários resultados são apresentados para a verificar a influência da variação das propriedades de um corpo heterogêneo. Dos resultados obtidos pode-se concluir que um sólido que apresente propriedades distintas, especificamente densidade e calor específico, terá uma cinética de secagem diferente daquela que teria um sólido homogêneo tomado para estudo com propriedades constantes. Neste sentido o modelo proposto permite uma análise mais precisa do fenômeno. Palavras-chave: Secagem, análise concentrada, sólido heterogêneo. HEAT AND MASS TRANSFER IN HETEROGENEOUS SOLIDS: A THEORETICAL STUDY BY LUMPED ANALYSIS ABSTRACT The drying is one of the stages of the pre-processing of the agricultural products and it is used to remove the water inside the solid. In a general way, it is defined as a simultaneous process of heat and mass transfer between the product and the drying air. The objective of this work is to develop a mathematical model to describe the phenomenon of the heat and mass transfer in bodies with arbitrary shape considering that they are composed by two different materials. The study is based on lumped analysis. Many results are presented to verify the influence of the change of the thermo-physical properties of a heterogeneous body. The obtained results allows us to conclude that a solid which presents different properties, specifically density and specific heat, will have a drying kinetics different from a homogeneous solid one for a study with constant properties. The proposed model allows us to analyze accurately the drying phenomenon. Keywords: Drying, lumped analysis, heterogeneous solid . ________________________ Protocolo 80 de 10 / 2 / 2003 1 Mestre em Engenharia Mecânica, Departamento de Engenharia Mecânica, CCT, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 58109- 970, Cx. Postal 10069, Campina Grande-PB, Brasil. 2 Aluno de Graduação, Departamento de Engenharia Mecânica (DEM), Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UFPB, Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande, PB. 3 Professor Doutor do Departamento de Engenharia Mecânica, CCT, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), CEP 58109-970, Caixa Postal 10069, Campina Grande-PB, Brasil. Fone (083) 310-1317, e-mail: [email protected] 1 2 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., INTRODUÇÃO Um vasto número de estudos tem sido conduzido para analisar o processo de secagem, uns consideram as condições externas do ar, tais como, temperatura, umidade relativa e velocidade, relacionadas à taxa de secagem do sólido, enquanto outros consideram as condições internas ao produto com ênfase aos mecanismos de movimento de umidade e seus efeitos sobre o mesmo (Lima, 1999). Os modelos matemáticos de secagem podem ser usados para predizer o comportamento de secagem para um determinado tipo de produto em particular. Tais modelos podem ser usados para determinar o efeito da mudança de certos parâmetros na eficiência da secagem ou para minimizar os custos de operação do sistema. A distribuição de temperatura e umidade no interior de um sólido submetido a um processo de secagem, depende fortemente das propriedades físicas do material de que é feito o sólido e das condições de transferência de calor e/ou massa entre a superfície e o fluido ambiental, no qual o sólido é posto para secar. A distribuição de temperatura e/ou umidade num processo transiente, em sólido submetido à secagem, será uniforme em relação às coordenadas espaciais se a resistência interna a transferência de calor e/ou massa for pequena se comparada à resistência a convecção na superfície do sólido. Uma análise matemática que considera resistência interna ao transporte de calor e/ou massa desprezível é chamado de análise concentrada, sendo mais simples do que aquele em que se usa uma análise distribuída, pois este último envolve a resolução das equações de difusão de calor e/ou massa. Dentre vários trabalhos em que se modela o fenômeno de secagem por análise concentrada (camada fina) pode-se citar Henderson e Pabis (1962); para trigo; Misra e Brooker (1980), para milho; Hutchison e Otten (1982), para feijões brancos e soja; Bala e Ziauddin (1990), no estudo de canola; Alsina et al. (1999), com goiabas em cubo; Lopez et al. (2000), para legumes de mercados atacadistas; Basunia e Abe (2001), para arroz duro tipo japonês; Chen et al. (2001), para kiwi; Almeida et al. (2002), para vagens de algaroba, dentre outros tais como Parry (1985), Parti (1993), Sinicio et al. (1995), Cavalcanti Mata e Menegalli (1997), Ozdemir e Devres (1999) Yaldiz et al. (2001), Lima (2001) e Silva (2002). Diante do exposto, torna-se importante o conhecimento dos efeitos da secagem sobre as propriedades químicas e biológicas dos produtos, Almeida et al. uma vez que estas afetam sensivelmente os fenômenos transferência de calor e massa, principalmente em alimentos. Visando dar uma contribuição na predição do fenômeno de secagem, este trabalho tem como objetivos: Desenvolver modelos matemáticos para descrição do fenômeno de transferência de calor e massa em sólidos com forma arbitrária supondo que o mesmo é composto por dois materiais distintos, baseados numa análise concentrada. Formular e implementar um programa computacional com as equações que governam o problema, visando a aplicação do modelo estabelecido. Simular a variação do teor de umidade adimensional e temperatura adimensional em função dos parâmetros de processo para transferência de calor e massa. Analisar os resultados obtidos, observando a influência da variação das propriedades de um sólido composto por dois materiais distintos, bem como os processos de transferência de calor e massa acoplados. MODELAGEM MATEMÁTICA Como pôde ser constatado, todos os trabalhos citados que usam os modelos concentrados supõem que o sólido é homogêneo, o que é irreal. Para um estudo da transferência de calor e massa, em um sólido heterogêneo (composto por dois materiais distintos), considere a Figura 1. Nesta figura, V é o volume (m3), A é a área (m2), Cp é o calor específico (J/kgK), K é a condutividade térmica (W/mK), M é o teor de umidade (kg/kg), T é a temperatura (oC) e hm e hc são os coeficientes de transferência de massa (m/s) e calor (W/m2K), respectivamente. Na modelagem matemática, são assumidas as seguintes considerações: Material composto unicamente de água na fase líquida e matéria sólida; As propriedades termo-físicas constantes para cada sólido; Nenhuma geração de energia ou massa ocorre; Gradientes de temperatura e teor de umidade internos são desprezíveis em cada sólido individualmente; Fenômeno ocorre sob condição convectiva na superfície; Dilatação do sólido devido à elevação de temperatura durante a secagem como sendo desprezível; Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., Contração volumétrica devido à perda de água, desprezível; Condução de calor e massa ocorrem unicamente na interface entre os sólidos; Material composto unicamente de água na fase líquida e matéria sólida. Almeida et al. 3 Sendo assim, do ponto de vista da transferência de calor neste sólido, o seguinte comportamento da temperatura no interior do sólido, por exemplo, pode ser evidenciado na Figura 2: Figura 1 – Esquema representativo do sólido composto por dois materiais diferentes. contato. No entanto, geralmente, considera-se desprezíveis a convecção e radiação. Este último fator representa a maior resistência ao fluxo de calor, pois, o fluido tem, geralmente, uma condutividade térmica menor que a do sólido. Designando Ac por área de contato e Av a área vaga na interface entre os sólidos, tem-se que (Holman, 1983): T T2 T1 ΔX1 ΔX2 X Figura 2 – Efeito da resistência térmica de contato na distribuição de temperatura no sistema do sólido heterogêneo. A queda de temperatura ocorre exatamente na interface dos dois sólidos e é devido a uma resistência térmica de contato. Um balanço de energia entre os dois sólidos dá como resultado: q 21 R c A c T2 T1 q 21 T2 T1 T T Kf A v 2 1 Lv Lv Lv 2K1Ac 2K 2Ac T T 2 1 (2) 1 R cA onde Lv é a espessura do espaço vago, Kf é a condutividade térmica do fluido que preenche esse espaço e A a área total de transferência de calor. Então: (1) onde a quantidade Rc é denominada coeficiente de contato (°C/W). O mecanismo físico da resistência de contato é devido às irregularidades existentes entre as superfícies em contato, cujos espaços vazios geralmente é preenchido por fluido. Nesta região, a transferência de calor se dá por: Condução sólido-sólido pelos pontos de contato, Condução, convecção e radiação através dos fluidos aprisionados nos espaços criados pelo Rc 1 Lv LV 2K A 2K A 2 c 1 c A Kf Av LVA (3) O maior problema desta teoria simples é a dificuldade efetiva dos valores de Ac, Av e Lv para as superfícies de contato. Infelizmente, não existe uma teoria satisfatória que permita predizer com boa exatidão a resistência térmica de contato, nem estudos que forneçam correlações empíricas perfeitamente confiáveis. Isto se deve às muitas condições Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., 4 superficiais complexas que podem ser encontradas na prática (Holman, 1983). Desta forma, neste trabalho, o Rc foi assumido ser: K A Rc 1 1 X1 (4) Almeida et al. h A d Y2 m 2 , G dt V2 substituindo nas equações (6a) e (7a) tem-se que: X1 G M1 X1M 2 0 (9) e A mesma analogia pode ser feita para o transporte de massa de forma que Rc assume a forma equivalente ao apresentado para transporte de calor. Sendo assim: D A Rc 1 1 X1 (5) X 2 Y2 G M 2 X 2 M1 Y2 M e (10) As equações (9) e (10) são resolvidas simultaneamente, obtendo-se uma equação diferencial envolvendo somente M1. Esta equação é dada por: G 2 Y X X G Y X M Y X M 2 1 2 2 1 1 2 1 e onde D é o coeficiente de difusão de massa. (11) Análise da transferência de massa Considerando o sólido apresentado na Figura 1, e realizando a análise para transferência de massa, tem-se as seguintes equações diferenciais ordinárias: Sólido 1: D1A1 M 2 M1 V1 dM1 X1 dt (6a) (6b) 1 X1 X 2 Y2 X1 X 2 Y2 2 4X1Y2 2 b2 2 (13a-b) As condições iniciais para o problema são: (7a) M1 M 2 0, t t Aplicando estas equação (12) obtém-se: N1 (7b) b2 M o M e b 2 b1 (14a-b) (8a-d) condições iniciais na (15a) e N2 Considerando os seguintes parâmetros: D A D1A1 , X2 1 1 1 , V1X1 2 V2 X1 M1 M 2 M o e para t = 0 ou ainda: h mA2 D A d 1 1 1 M 2 V X V dt 2 2 1 2 D A h A 1 1 1 M1 M e m 2 X V 2 1 2 V2 (12) onde os parâmetros b1 e b2 são dados a seguir. As constantes N1 e N2 são obtidas aplicando as condições iniciais: Sólido 2: D A h m A 2 M e M 2 1 1 1 M1 M 2 2 X1 dM 2 V2 dt X1 M1 N1e b1t N 2 e b 2 t M e 1 X1 X 2 Y2 X1 X 2 Y2 2 4X1Y2 2 b1 2 ou ainda: D1A1 D A d M1 1 1 M 2 0 V1X1 dt V1X1 Resolvendo a equação (3.8) obtém-se a solução geral, que na forma dimensional em relação a M1 resulta em: b1 M o M e b 2 b1 (15b) Para M2, a solução pode ser obtida pela substituição da relação para M1, da equação (12), na equação (11), resultando em: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., (16) M Me , tem-se que: M0 Me b 2 b1t b1 b 2 t e e M1* b 2 b1 b 2 b1 (17) b 2 b 1 1 e b1t M*2 b b X 1 1 2 b1 b 1 2 e b 2 t b b X 1 1 2 5 F2 B 2 G T2 B 2 T1 F2 T b b M 2 N1eb1t 1 1 N 2eb 2 t 1 2 Me X1 X1 * Definindo M Almeida et al. (17b) (22) As equações (21) e (22) são resolvidas simultaneamente, obtendo-se uma equação diferencial envolvendo somente T1. O operador G denota diferenciação em relação ao tempo. Assim: G 2 F B B G F B T F B T 2 1 2 2 1 1 2 1 (23) Resolvendo a equação (23) obtém-se a solução geral, que escrita na forma adimensional em relação a T1 fica da seguinte forma: Análise da transferência de calor T1 C1e m1t C 2 e m 2 t T Realizando um balanço de energia em cada sólido da Figura 1, têm-se as seguintes equações diferenciais ordinárias: Para T2 a solução pode ser obtida pela substituição da relação para T1 da equação (24) na equação (21) assumindo a forma: m m T2 C1em1t 1 1 C2em2t 1 2 T (25) B B1 1 Sólido 1: K1A1 T2 T1 1V1C P1 dT1 X1 dt (18a) Que pode ser escrita na forma: K1A1 d K1A1 T 0 T1 1V1CP X1 dt 1V1CP X1 2 1 1 18b) (19b) C1 T1 T2 0 em t = 0. t t (27a-b) m2 (To T ) m 2 m1 (28a) e (20a-c) e re-escrevendo as equações (18) e (19), numa forma mais simplificada, obtêm-se: e T1 T2 To e Então, obtêm-se: K1A1 K1A1 B1 , B2 , 1V1C P1X1 2 V2 C P 2 X1 B1 G T1 B1T2 0 (26a-b) As constantes C1 e C2 são obtidas aplicando as condições iniciais. Estas são dadas: Definindo os seguintes parâmetros: h cA 2 F2 2V2CP2 1 B1 B2 F2 B1 B2 F2 2 4B1F2 2 m1 2 (19a) Que pode ser escrita na forma: h cA2 K1A1 d T2 V C V C X dt 2 2 P2 1 2 2 P2 hcA2 K1A1 T1 T 2 V2 C P2 X1 2 V2 C P2 Os parâmetros, m1 e m2 são dados a seguir. 1 B1 B2 F2 B1 B2 F2 2 4B1F2 2 m2 2 Sólido 2: KA dT hcA2 T T2 1 1 T1 T2 2V2CP2 2 X1 dt (24) (21) C2 m1 (To T ) m 2 m1 Definindo T* (28b) T T , tem-se que: To T m 2 m1t m1 m 2 t e e T1* m 2 m1 m 2 m1 (29a) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., 6 m 2 m1 m1t 1 e T2* B1 m 2 m1 m1 m 2 m 2 t 1 e B1 m 2 m1 e (29b) Análise simultânea da transferência de calor e massa Para a análise de simultaneidade da transferência de calor e massa, foi considerado, para o balanço de energia, o mesmo sólido ilustrado na Figura 1 e realizou-se a análise para transferência de calor com consideração de que existe convecção térmica e influência da variação da massa devido ao aquecimento do vapor e evaporação na superfície do sólido. Neste caso as seguintes equações são obtidas: (30a) Que pode ser escrita na forma: K1A1 K1A1 d T 0 T 1V1C P X1 dt 1 1V1C P X1 2 1 1 (30b) Sólido 2: h c A 2 T T2 K1A1 T2 T1 X1 dM 2 h fg C p T T2 dt dT 2 V2 C P2 2 dt 2 V2 (31a) Que pode ser escrita na forma: hcA2 C dM 2 K1A1 v T2 2 V2 C P2 2 V2 C P2 X1 C P2 dt h K1A1 fg dM 2 T1 C P2 dt 2 V2 C P2 X1 (31b) (33) Por outro lado, pode-se reescrever a equação (25) na forma: dM 2 h m A 2 M e M 2 1D1A1 M1 M 2 dt V2 2 X1V2 (34) Usando-se dos parâmetros definidos nas equações 8a-d e 15a-b, pode-se reescrever a equação (34) na forma: (35) onde: Y N b X N b W1 Y2 N1 2 1 1 2 1 1 X1 X1 (36a) Y N b X N b W1 Y2 N 2 2 2 2 2 2 2 X1 X1 (36b) Substituindo-se a equação (35) na equação (33) e resolvendo as equações (32) e (33) simultaneamente, obtém-se uma equação diferencial envolvendo somente T1. O operador G denota diferenciação em relação ao tempo. Assim pode-se escrever: 2 Cv bt b t W1e 1 W2e 2 G G F2 B1 B2 CP2 T 1 Cv F2B1 B1 W1eb1t W2e b 2 t CP2 h fg B1 W1e b1t W2eb 2 t CP 2 C v W1eb1t W2e b 2 t F2B1 C P2 (37) h A c 2 C v dM 2 T 2 V2 C P2 C p d t 2 Os parâmetros B1, B2 e F2 já foram definidos anteriormente nas equações (20a-c). Reescrevendo as equações (30) e (31), numa forma mais simplificada, obtem-se: B1 G T1 B1T2 0 C dM 2 F2 B 2 v G T2 B 2 T1 C P2 dt h fg dM 2 C v dM 2 F2 T C P2 dt C P2 dt dM 2 W1eb1t W2eb2t dt Sólido 1: K1A1 T2 T1 1V1C P1 dT1 X1 dt Almeida et al. (32) A equação (37) é uma equação diferencial de 2ª ordem, não-linear e não-homogênea. Tal equação não pode ser resolvida de forma fechada, para a obtenção de uma solução exata. No entanto, para efeito de simplificação foi desconsiderada a energia necessária para aquecer o vapor d’água desde a temperatura na superfície do sólido até a temperatura do fluido, podendo desta forma ser Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., obtida a sua solução. A equação (37) na sua forma simplificada é dada por: G 2 F B B G F B T 2 1 2 2 1 1 h fg B1 W1e b1t W2 e b 2 t F2 B1T C P2 (38) Com o auxílio do Software Mathematica®, a equação (38) foi resolvida, obtendo-se a solução, que é dada por: b 2H b b 2H b H H B H 2 1 6 1 11 1 10 1 2 6 T1 32B1eH 2 t F2 B1b 2H12 2 Almeida et al. 7 H11 C P2 F2 H1H 5 h fg 2B1 1 e H 4 t F2 W1 H1H 7 W2 H12 b 22 C P2 F2 H 5 H 7 h fg W1 b 2 C P2 F2 H 5 H 7 h fg H 8 B1F2 C P2 F2 H 5 h fg H 9 (40l) (40m) Na forma adimensional, a equação (39) é dada por: T T T1 1 To T (41) (39) Sendo os valores das variáveis que aparecem em T1, dadas por: H1 F2 B 2 B1 H1 4B1F2 H12 H2 2 H1 4B1F2 H12 H3 2 H 4 4B1F2 H12 H 5 1 e H 4 t H1 T To H t H 4 1 e 4 2e H 3 t T 1 e H 4 t To H 6 C P2 H1H 5 2B1 1 e H 4 t h fg W2 H7 1 eH4t H1 1 eH4t 2eb2 H4 t H4 (40a) (40b) (40c) (40d) (40e) (40f) (40g) H 8 1 e H 4 t H12 W1 1 e H 4 t 2e b1 H 4 t H H W 1 4 1 2B1 1 e H 4 t F2 W2 (40h) H 9 1 e H 4 t H1 W1 W2 H W 1 e 4 t W 2e b1 H 3 t W W 1 1 2 H4 1 e H 4 t W 2e b1 H 3 t W 2 2 (40i) H10 b 2 C P2 H 5 b 2 H 6 1 B1C P2 F2 H 5 H 7 h fg W2 (40j) Para T2 a solução foi obtida derivando a equação (39) em relação a T1 e substituindo na equação (32). Assim tem-se que: dT1 32B1H 2 e H 2 t F2 dt b 2 H b b 2 H b H H B H 2 1 6 1 11 1 10 2 6 B1b 2 H12 2 (42) e dT T2 T1 1 B1 dt (43) Na forma adimensional, tem-se que: T T T2* 2 To T (44) Todas as resoluções das equações estão no anexo, juntamente com os programas computacionais. Para obtenção dos resultados, foi desenvolvido um código computacional em linguagem C++. Os resultados foram expostos em forma gráfica, utilizando o software Grapher®. A metodologia empregada para a geração dos resultados foi a da variação das propriedades, densidade e calor específico dos sólidos, mantendo-se constantes as demais. Essa variação foi dada em proporções diferentes e com valores coerentes fisicamente, mas aleatórios. O valor da densidade e do calor específico, ambos medidos para o sólido considerado homogêneo foi obtido a partir dos valores destas grandezas para um sólido heterogêneo, usando as seguintes equações: V1 1 V1 V2 V2 2 V1 V2 (45) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., 8 CP C P1 C P2 2 (46) RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a validação da metodologia, os resultados do teor de umidade médio e temperatura média, obtidos neste trabalho, foram comparados com resultados obtidos da literatura (Lima, 2001), para um sólido considerado homogêneo. A Tabela 1 apresenta todos os valores dos parâmetros usados neste trabalho, para a situação em que os fenômenos de transferência de calor e massa ocorrem de forma independente. Tabela 1 – Parâmetros físicos, usados neste trabalho, para o fenômeno de transferência de calor e massa desacoplados Parâmetro Valor hm 1,61.10-9 m/s D 2,8.10-10 m2/s hc 0,0255 W/m2K K1 0,1 W/mK ΔX1 0,005 m ΔX2 0,003 m D* 2,8.10-10 m2/s L* 2 (ΔX1 + ΔX2) = 0,016 m *Usados no modelo de Lima (2001) para validação do modelo proposto neste trabalho. A validação do modelo matemático desenvolvido neste trabalho pode ser verificada pelo excelente ajuste nas curvas mostradas nas Figuras 3 e 9, ou seja, quando não há variações nos valores da densidade e do calor específico, o sólido heterogêneo tem um comportamento semelhante ao de um sólido considerado homogêneo. Todos os resultados foram gerados, tomando como análise os sólidos 1 e 2 de forma esférica, com raios ΔX1 e (ΔX2 + ΔX1), respectivamente. No entanto, qualquer outra geometria pode ser utilizada para análise. Os valores de ΔX1 e ΔX2 foram assumidos tal que o número de Biot de transferência fosse inferior a 0,1. Os resultados apresentados nas Figuras 3-14 referem-se ao caso em que os fenômenos de transferência de calor e massa ocorrem de forma desacoplada. As Figuras 4 – 7 ilustram o efeito das densidades dos sólidos no transporte de massa. A partir da análise da Figura 4, pode-se perceber que o aumento da densidade no sólido 2, proporciona um aumento na velocidade de perda de massa dos sólidos 1 e 2. Verifica-se que a consideração de que um sólido heterogêneo se comporta como Almeida et al. homogêneo, retarda o fenômeno de transferência de massa. Então, a densidade tem seu papel importante, no processo de secagem. Para um corpo com densidades diferentes, sendo a do sólido 2 maior que a do sólido 1, a taxa da perda de umidade é acelerada. A explicação está no fato de que o sólido 2 possui maior massa por unidade de volume e conseqüentemente uma maior quantidade de água, proporcionando uma maior perda de umidade no início do processo, quando relacionado ao modelo reportado por Lima (2001) para sólido homogêneo, persistindo em quase todo o processo, equilibrando-se no final. De forma contrária, a Figura 5 mostra o efeito da densidade, desta feita com os valores das densidades invertidas. Verifica-se que o sólido heterogêneo retarda o fenômeno de transferência de massa. Isso é devido a baixa densidade do sólido 2. Como para um sólido homogêneo, tem-se ρ > ρ2, este tem maior perda de massa. As Figuras 6 e 7 ilustram, novamente, a influência da densidade, no comportamento dos sólidos, de forma mais intensa, devido a uma maior diferença das densidades. O sólido 1, apesar de ter a menor densidade, forma com o sólido 2 um único sólido e que, apesar de terem propriedades diferentes, agem como um único material. Do exposto, quanto maior for a diferença entre as densidades dos sólidos 1 e 2 e aquela correspondente a um sólido heterogêneo suposto homogêneo com densidade de valor igual ao obtido pela equação (45), maior será o erro cometido na análise. Na análise da transferência de massa a variação do calor específico não exerceu mudanças consideráveis na cinética de secagem. A Figura 8 ilustra este efeito. As Figuras 10 e 11 ilustram o efeito do calor específico no transporte de calor nos sólidos 1 e 2. Comparando com o comportamento de um sólido considerado homogêneo, o sólido 2, tendo calor específico maior, demora a se aquecer, ou seja, o processo de transferência de calor torna-se mais lento, e, conseqüentemente, o sólido 1 também tem seu fenômeno de aquecimento retardado. Por outro lado, se o calor específico do sólido 1 (interno) é maior que o do sólido 2 (externo), a transferência de calor é acelerada. Isso porque o calor que chega no sólido 2 é facilmente transferido para o sólido 1, acelerando o processo. Para transferência de calor, o sólido é mais sensível à variação do calor específico do que a variação da densidade. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., Almeida et al. 9 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 M* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 5.0E+002 1.0E+003 1.5E+003 2.0E+003 2.5E+003 t (h) Figura 3 – Comparação entre os resultados do teor de umidade médio adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001).(ρ=ρ1=ρ2=900 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300J/kgK). 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 M* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 5.0E+002 1.0E+003 1.5E+003 2.0E+003 2.5E+003 t (h) Figura 4 – Comparação entre os resultados do teor de umidade médio adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ1=900 kg/m3, ρ2=2100 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK). 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 M* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 5.0E+002 1.0E+003 1.5E+003 2.0E+003 2.5E+003 t (h) Figura 5 – Comparação entre os resultados do teor de umidade médio adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ1=2100 kg/m3, ρ2=900 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., 10 Almeida et al. 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 M* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 5.0E+002 1.0E+003 1.5E+003 2.0E+003 2.5E+003 t (h) Figura 6 – Comparação entre os resultados do teor de umidade médio adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ1=900 kg/m3, ρ2=4100 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK). 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 M* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 5.0E+002 1.0E+003 1.5E+003 2.0E+003 2.5E+003 t (h) Figura 7 – Comparação entre os resultados do teor de umidade médio adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ1=4100 kg/m3, ρ2=900kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK). 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 M* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 5.0E+002 1.0E+003 1.5E+003 2.0E+003 2.5E+003 t (h) Figura 8 – Comparação entre os resultados do teor de umidade médio adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ=ρ 1=ρ2=900 kg/m3, Cp1=700 J/kgK, Cp2=1300 J/kgK). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., Almeida et al. 11 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 T* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 4.0E+001 8.0E+001 1.2E+002 1.6E+002 2.0E+002 t (h) Figura 9 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ=ρ 1=ρ2=900 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK). 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 T* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 4.0E+001 8.0E+001 1.2E+002 1.6E+002 2.0E+002 t (h) Figura 10 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ=ρ 1=ρ2=900 kg/m3, Cp1=700 J/kgK, Cp2=1300 J/kgK). 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 T* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 4.0E+001 8.0E+001 1.2E+002 1.6E+002 2.0E+002 t (h) Figura 11 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ=ρ1=ρ2=900 kg/m3, Cp1=1300 J/kgK, Cp2=700 J/kgK). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., 12 As Figuras 12 e 13 ilustram a influência do calor específico no comportamento dos sólidos, desta feita de forma mais intensa, devido a uma maior diferença entre o valor desta propriedade termo-física. Na análise da transferência de calor, a variação da densidade não afeta a cinética de aquecimento do sólido. A única diferença encontrada foi o tempo em que os corpos chegaram ao equilíbrio e que é proporcional à densidade, ou seja, quanto maior a densidade maior o tempo que o corpo leva para chegar ao teor de umidade de equilíbrio. Comparando-se as Figuras 3-8 com as Figuras 9–14, verifica-se que a taxa de secagem é sempre inferior a taxa de aquecimento dos sólidos, como esperado. Nenhuma diferença significativa entre os teores de umidade M1* e M *2 e temperatura T1* e T2* no interior do sólido heterogêneo ocorreu. Isto é atribuído ao baixo número de Biot de transferência obtido em cada caso. Aumentandose o número de Biot, o efeito vai se tornando cada vez mais nítido, contudo o método de análise concentrada vai deixando de ter validade. Para a análise simultânea de transferência de calor e massa, alguns parâmetros de entrada foram mudados, visando a uma melhor inter- Almeida et al. pretação dos resultados obtidos. Os seguintes valores foram utilizados hm = 3,15.10-9 W/m2K, hc = 1,5 W/m2K, T=60 oC,To=25 oC, Mo=0,8 kg/kg, Me=0,2 kg/kg. O restante das propriedades dos sólidos foram mantidas como mostra a Tabela 1. A Figura 15 ilustra a validade do modelo concentrado que considera o fenômeno de transferência de calor e massa acoplados, pela comparação entre os resultados apresentados pela formulação dada pelas equações (17a-b) e aquelas mostradas pelas equações (41) e (44) para hfg=0 J/kg. Verifica-se a excelente concordância entre os resultados. A influência da transferência de massa na transferência de calor pode ser verificada nas Figuras 16 e 17, onde se considera que uma parcela da energia da transferência de calor que chega ao sólido por convecção é gasta para evaporar a água que se encontra na superfície do sólido externo (sólido 2), proporcionando o retardamento do fenômeno de aquecimento dos sólidos 1 e 2. Isto é visto nitidamente em ambas as figuras e de forma mais intensa na Figura 16 devido a um valor mais acentuado para o hfg que aquele usado no caso apresentado na Figura 17. 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 T* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 4.0E+001 8.0E+001 1.2E+002 1.6E+002 2.0E+002 t (h) Figura 12 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ=ρ1=ρ2=900 kg/m3, Cp1=700 J/kgK, Cp2=2300 J/kgK). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., Almeida et al. 13 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 T* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 4.0E+001 8.0E+001 1.2E+002 1.6E+002 2.0E+002 t (h) Figura 13 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtides a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ=ρ1=ρ2=900 kg/m3, Cp1=2300 J/kgK, Cp2=700 J/kgK). 1 Lima (2001) 0.8 Sólido 1 Sólido 2 T* 0.6 0.4 0.2 0 0.0E+000 4.0E+001 8.0E+001 1.2E+002 1.6E+002 2.0E+002 t (h) Figura 14 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos neste trabalho e aqueles obtidos a partir do modelo proposto por Lima (2001). (ρ1=900 kg/m3, ρ2=2100 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK) 1.00 T1* Desacoplado 0.80 T2* Desacoplado T1* Acoplado 0.60 T* T2* Acoplado 0.40 0.20 0.00 0.00 20000.00 40000.00 60000.00 t (s) Figura 15- Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos nos casos desacoplado e no caso acoplado. (ρ=ρ1=ρ2=1500 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK, hfg=0 J/kg). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., 14 Almeida et al. 1.00 T1* Desacoplado 0.80 T2* Desacoplado T1* Acoplado 0.60 T* T2* Acoplado 0.40 0.20 0.00 0.00 20000.00 40000.00 60000.00 t (s) Figura 16 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos nos casos desacoplado e no caso acoplado. (ρ=ρ1=ρ2=1300 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK, hfg=2,5.106 J/kg). 1.00 T1* Desacoplado 0.80 T2* Desacoplado T1* Acoplado 0.60 T* T2* Acoplado 0.40 0.20 0.00 0.00 20000.00 40000.00 60000.00 t (s) Figura 17 – Comparação entre os resultados da temperatura média adimensional obtidos nos casos desacoplado e no caso acoplado. (ρ=ρ1=ρ2=1300 kg/m3, Cp=Cp1=Cp2=1300 J/kgK, hfg=1,0.106 J/kg). A temperatura de equilíbrio é atingida primeiramente no caso desacoplado, com um calor latente de vaporização hfg=0 J/Kg, e de forma mais lenta para hfg>0. A transferência de calor é acentuada no início do processo e bastante lenta no fim do processo, como esperado. Do exposto, verifica-se que uma formulação matemática que engloba os fenômenos de evaporação e aquecimento do vapor na superfície do sólido gera menores taxas de aquecimento, proporcionando uma maior confiabilidade nos resultados obtidos e na tomada de decisão, no que diz respeito à qualidade do produto no final do processo. Para finalizar, dada a quantidade de informações fornecidas e o bom ajuste obtido nas comparações apresentadas, pode-se afirmar que a metodologia e os modelos são versáteis. Apesar deste trabalho se direcionar a secagem de sólidos esféricos, esta metodologia pode ser usada para descrever processos de umidificação e resfriamento em sólidos com geometria arbitrária, tendo em vista que os comprimentos característicos indepedem da forma do sólido. CONCLUSÕES A partir dos resultados apresentados, pode-se concluir que: gerados e As propriedades dos materiais necessitam de uma atenção maior nos problemas que envolvem fluxo de calor e massa, uma vez que estas influenciam no processo de secagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., Quando se tem um sólido que apresenta propriedades distintas, especificamente densidade e calor específico, este terá um comportamento na cinética de secagem diferente de um sólido tomado para estudo com propriedades médias. A consideração do corpo heterogêneo nos assegura uma melhor análise no processo de secagem, obtendo-se resultados mais concretos e mais reais. Como o estudo foi feito para sistemas concentrados (número de Biot de transferência baixo), caracterizando uma secagem lenta, verificou-se que o sólido 2, sólido externo, tem uma grande influência, no processo devido às propriedades dele, agindo como um controlador do fenômeno. Trabalhou-se na modelagem matemática com sólido de forma arbitrária, o que abre um leque de aplicações para o modelo desenvolvido. Para a análise do caso simultâneo de transferência de calor e massa, verificou-se a grande influência da transferência de massa na transferência de calor, e que para um sólido considerado heterogêneo, este efeito é apresentado mais precisamente, uma vez que, se suas propriedades físicas são distintas, tem-se os fenômenos de transferência de calor e massa de forma diferenciada. Verificou-se que, quando se engloba na formulação matemática os fenômenos de evaporação e aquecimento do vapor na superfície do sólido, tem-se uma menor taxa de aquecimento dele, obtendo-se, assim, resultados mais confiáveis e uma maior segurança na tomada de decisões, uma vez que estes resultados tem uma influência significante em relação à qualidade do produto. AGRADECIMENTOS Os autores expressam seus agradecimentos a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) processo nº 476457/2001-7 pelo suporte financeiro concedido a esta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, F. A. C.; Gouveia, J. P. G.; Silva, J. E.; Vilamil, J. M. P.; SILVA, M. M. Secagem natural e artificial de vagens de algaroba. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v.27, n.1, p.48-57, 2002. Almeida et al. 15 Alsina, O. L.S., Almeida, M.M., Silva, Y.C., SÁ, R.M. Estudo do efeito das variáveis de operação na secagem de fatias de goiaba: aplicação de um modelo difusional, In: Congresso de Engenharia de Processos do Mercosul (ENPROMER), 2, 1999. Florianópolis - SC. Anais... FlorianópolisSC, 1999, 1 CD-ROM. Bala, B. K., Ziauddin, A. T. M. Drying characteristics of canola. Transactions of the ASAE, v.33, n.3, p.871-876, 1990. Basunia, M.A., Abe, T., Thin-layer solar drying characteristics of rough rice under natural convection. Journal of Food Engineering, v.47, p.295-301, 2001. Cavalcanti Mata, M. E. R. M., Menegalli, F. C. Influence of the initial moiture contents and air velocity in the drying rate in thinlayers of bean grains. Inter-American Drying Conference, Itu, Proceedings…, vol. B, p. 569-577, 1997. Chen, X.D,. Pirini, W., Ozilgen, M., The reaction engineering approach to modeling drying of thin layer of pulped Kiwifruit flesh under conditions of small Biot numbers. Chemical Engineering and Processing, v.40, p.311–320, 2001. Henderson, S. M., Pabis, S. Grain drying theory ,VI. The effect of airflow rate on the drying index. Journal of Agricultural Engineering Research. v.7, p.85-89, 1962. Holman, J.P. Transferência de calor. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983, 639p. Hutchison, D., Otten, S. L. Thin-layer drying of soybeans and white beans. Ottawa, Ontario: Canadian Society of Agricultural Engineering, 1982. CSAE Paper No. 82-104. Lima, A. G. B. Fenômeno de difusão em sólidos esferoidais prolatos. Estudo de caso: secagem de bananas. Universidade Estadual de Campinas. 1999. 256p. Tese (Doutorado). Lima, L.A. Difusão em sólidos com geometria arbitrária: uma abordagem concentrada. Universidade Federal da Paraíba. 2001, 49p. Relatório PIBIC/UFPB-CCT. Lopez, A., Iguaz, A., Esnoz, A., Viseda, P. Thin layer drying behavior of vegetables wasters from wholesale market. Drying Technology, v.18 n.4, p.995-1006, 2000.. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 16 Transporte de calor e massa em sólidos heterogêneos....., Misra, M. K., Brooker, D. B. Thin-layer drying and rewetting equation for shelled yellow corn. Transaction of the ASAE, v.23, n.5, p.12541260, 1980. Ozdemir, M., Devres, Y.O. The thin layer drying characteristics of hazelnuts during roasting. Journal of Food Engineering, v.42, p.225-233, 1999. Parry, J. L. Mathematical modeling and computer simulation of heat and mass transfer in agricultural grain drying. A review. Journal of Agricultural Engineering Research, v.32, p.129, 1985. Parti, M. Selection of mathematical models for drying grain in thin-layers. Journal of , Almeida et al. Agricultural Engineering p.339-352, 1993. Research, v.54, Silva, J. B. Secagem de sólidos em camada fina via análise concentrada: modelagem e simulação. Universidade Federal da Paraíba, 2002. 64 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica). Sinicio, R., Muir, W. E., Jayas, D. S., Cenkoskwi, S. Thin-layer drying and wetting of wheat. Posthaverst Biology and Technologic. N. 5, p. 261-275, 1995. Yaldiz, O., Ertekin, C., Uzun, H. I., Mathematical modeling of thin layer solar drying of sultana grapes. Energy, v.26, p.457–465, 2001. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.1-16, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 ISSN: 1517-8595 17 ATIVIDADE DE AGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA DE MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO Paulo Cesar Afonso Júnior1, Paulo Cesar Corrêa2, Fabrício Schwanz da Silva3, Deise Menezes Ribeiro4 RESUMO Com o presente trabalho objetivou-se avaliar a influência das condições de armazenamento e teor de umidade sobre a atividade de água, perda de matéria seca dos grãos e o crescimento microbiológico no café armazenado. Nas condições de armazenamento em que o trabalho foi realizado, a análise dos resultados obtidos permitiu concluir que a disponibilidade de água em todos os tratamentos estudados apresentou-se sempre baixa (inferior a 0,664), independentemente do teor de umidade dos grãos de café, da temperatura e do período de armazenagem, o que impossibilitou o desenvolvimento de fungos toxigênicos nos testes realizados, e que o café submetido às diferentes condições de temperatura, teor de umidade inicial e período de armazenagem não apresentou perda significativa de matéria seca. Palavras-chave: café, armazenamento, matéria seca, atividade de água WATER ACTIVITY, MICROBIOLOGICAL INCREASE AND DRY MATTER LOSS OF THE COFFEE GRAINS (Coffea Arabica L.) IN DIFFERENT STORAGE CONDITIONS ABSTRACT The present work aimed to evaluate the influence that storage conditions and moisture content have on the water activity, loss of dry matter and the microbiological growth in stored. The results allowed us to conclude that the water availability was lower than 0,664 in every tests. It made impossible the growth of the fungi, and there wasn’t a significant loss of the dry matter in stored coffee which was submitted to different temperature initial moisture content. Keywords: coffee, storage, dry matter, water activity INTRODUÇÃO O armazenamento do café sob condições inadequadas é considerado um dos principais fatores determinantes de perdas qualitativas e quantitativas (Coelho et al., 2001). A perda de matéria seca, associada à atividade respiratória dos grãos, pode estar intimamente relacionada à sua perda qualitativa. Segundo Popinigs (1985), a velocidade respiratória de um grão é influenciada pelo seu teor de umidade, pela temperatura de armazenamento, permeabilidade das membranas, tensão de oxigênio e luz. _________________ Protocolo 87 de 10 / 6 / 2003 1 Eng. Agrícola, D.S., pesquisador EMBRAPA-CAFÉ, Brasília-DF, CEP 70.770-901, [email protected] Eng. Agrônomo, D.S., Professor Adjunto no DEA-UFV, Viçosa, MG. Fone: (31) 3891-2270 [email protected] 3 Eng. Agrícola, M.S., Doutorando no DEA-UFV, cep 36.571-000. Viçosa, MG, fabrí[email protected] 4 Eng. Agrícola, M.S., Doutoranda no DEA-UFV, cep 36.571-000. Fone: (31) 3899-2030 Viçosa, MG, [email protected] 2 18 Atividade de água, crescimento microbiológico e perda de matéria seca dos grãos de café......, Afonso Júnior et al Contudo, não foram encontrados na literatura relatos sobre a perda de matéria seca dos grãos de café no armazenamento, embora para milho, estudos que avaliam os efeitos da temperatura, umidade relativa do ar, teor de umidade do grão e danos mecânicos sobre essa perda, vêm sendo feitos desde a década de 60 (Saul e Steele,1966; Steele et al.,1969; NG et al., 1998; Wilcke et al., 1998). Ainda para o milho, Gupta et al. (1998) estudaram as relações entre a perda de matéria seca e a qualidade dos grãos em diferentes teores de umidade e danos mecânicos, para determinar o máximo de perda de matéria seca que permitisse a obtenção de um produto de qualidade aceitável. Os autores verificaram que o milho com 18% de umidade pode apresentar perda de matéria seca superior a 1%, em casos de grãos isentos de danos mecânicos, e ainda ser considerado de qualidade aceitável. Admitindo o mesmo nível de dano mecânico, elevando-se o teor de umidade para 22%, observaram que a perda de matéria seca não pode ser maior que 0,25% para obter um produto final nos padrões de qualidade exigido pelo mercado. Dois anos mais tarde, Pimenta et al. (2000), avaliando o peso, a acidez, os sólidos solúveis, os açúcares e os compostos fenólicos de café colhidos em diferentes estádios de maturação, levantaram a hipótese de que os polissacarídeos presentes nos grãos de café, advindos da degradação do amido, podem ser metabolizados e produzir o dióxido de carbono (CO2). Esses autores sugerem que tal fato leve à perda de peso no armazenamento e à produção de alguns ácidos prejudiciais à qualidade do produto. De acordo com Harris e Limbland (1978), a perda de matéria seca por respiração em grãos de cereais, da ordem de 0,3% ao mês, ocorre apenas para produtos com teor de umidade a 15 %(b.u.), quando submetidos à temperatura superior a 38 °C. Em temperaturas em torno de 26 °C, para o mesmo teor de umidade, esta perda reduz-se à terça parte. No preparo do café “via úmida”, produzindo-se o café descascado, observa-se que, de acordo com o volume processado, muitas vezes o produto fica armazenado com teores de umidade iguais ou até superiores a 20 %, nas próprias tulhas, aguardando a sua secagem nos secadores mecânicos. Grãos e sementes secos e com baixo nível de danificação mecânica, apresentam condições de estabilidade e têm baixa taxa respiratória durante a armazenagem. O aumento do teor de umidade induz o aumento desta taxa e o aumento da taxa metabólica dos fungos presentes na superfície e no interior destes grãos. A energia liberada, na forma . de calor, proporciona o aumento da temperatura da massa de produto (Tripples, 1995). Pode-se observar que nos últimos tempos novas exigências ou parâmetros qualitativos vêm sendo acrescidos ao agronegócio café, principalmente pelos países importadores. Destes, o principal tem sido o monitoramento da ocratoxina, conhecida pela sigla OTA, e que é produzida principalmente pelas linhagens de fungo Penicillium verrucosum e Aspergillius ochraceus. Enquanto A. ochraceus é relatado como sendo predominante de climas tropicais e ,P. verrucosum , e encontrado em zonas temperadas (Moss, 1996). Christensen e Kaufmann (1974), estudaram diversos produtos de origem vegetal e verificaram a atividade de água mínima para a sobrevivência dos principais fungos sob condições ótimas de temperatura (26 a 30°C). Os valores obtidos para os microrganismos estudados se encontram na Quadro 1. A presença da água no produto pode ser medida de diferentes formas mas nem todos os métodos indicam a disponibilidade da água para os microrganismos, uma vez que nem toda a água do grão está igualmente disponível. A disponibilidade de água em materiais higroscópicos, tais como frutos e derivados, é melhor indicada pela atividade de água (Aw) ou pela umidade de equilíbrio com a umidade relativa do ar ambiente. A atividade de água e a umidade relativa quando atingido o equilíbrio são numericamente iguais (Brooker et al., 1992). Quadro 1. Atividade de água (Aw) mínima para sobrevivência de fungos. Fungos Atividade de Água Aspergillus restrictus 0,70 Aspergillus halophilicus 0,68 Aspergillus glaucus 0,73 Aspergillus candidus 0,80 Aspergillus ochraceus 0,80 Aspergillus flavus 0,85 Penicillum (diversas espécies) 0,85 Especificamente para o café, não foi encontrada na literatura especializada informação sobre a ecologia dos fungos toxigênicos, principalmente relacionadas à atividade de água. Enfim, a ausência de estudos sobre a influência das condições de armazenamento, temperatura, teor de umidade e atividade de água sobre a ocorrência de fungos e bactérias e sobre as perdas de matéria seca é que motivaram a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 Atividade de água, crescimento microbiológico e perda de matéria seca dos grãos de café......, Afonso Júnior et al .19 realização deste trabalho. Assim, objetivou-se com este estudo, de maneira geral, avaliar a influência das condições de armazenamento e teor de umidade sobre a atividade de água, perda de matéria seca dos grãos e desenvolvimento microbiológico no café armazenado. Especificamente, objetivou-se quantificar a perda de matéria seca e a atividade de água destes grãos e analisar o seu efeito na ocorrência de fungos toxigênicos para diferentes teores de umidade e em diferentes temperaturas. recomendações das Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992). Os resultados obtidos foram interpretados por meio de análise de variância e regressão. Os modelos foram escolhidos baseados na significância dos coeficientes de regressão (’s), utilizando-se o teste de “t” ao nível de 5% de probabilidade, no coeficiente de determinação (R2) e no fenômeno em estudo. MATERIAL E MÉTODOS Na Tabela 1, são apresentados os valores médios dos teores de umidade e atividade de água dos diferentes lotes de café, durante o armazenamento do produto, em condições controladas de temperatura. Verifica-se, pelos resultados apresentados, de modo geral, a tendência de redução do teor umidade dos lotes de produto armazenados com o prolongamento do período de armazenamento, principalmente, para o café com teor de umidade inicial mais elevado, para todas as temperaturas investigadas. Essas alterações ocorreram devido, principalmente, às mudanças de umidade relativa do ar ambiente e, conseqüentemente, da atividade de água, ocorridas durante o período de armazenamento, conforme indicado pela Tabela 1. No entanto, nota-se que os teores de umidade de todas as amostras de café, já a partir do sexto mês de armazenagem, apresentaram valores tendendo ao equilíbrio higroscópico e sempre inferiores a 13% b.u., o que, conforme a literatura especializada, representa um limite para o armazenamento seguro do café. Observa-se, ainda, na tabela apresentada, uma relação de proporcionalidade direta entre os valores de teor de umidade do café e atividade de água do produto, ou seja, a redução da umidade relativa do ar ambiente, nos diferentes níveis de temperatura, proporcionou uma diminuição dos teores de umidade do produto. Na Tabela 2, são apresentadas as equações de regressão ajustadas para os diferentes níveis de temperatura de armazenamento do café, que relacionam o período de armazenagem e o teor de umidade inicial do produto com a massa de matéria seca de mil grãos e a massa específica aparente da matéria seca do café analisado. Verifica-se que não ocorreu efeito significativo da temperatura e teor de umidade inicial sobre a perda de matéria seca nos cafés armazenados ao final do período de 12 meses de armazenagem, independentemente do teste analisado. Este trabalho foi realizado no Laboratório de Propriedades Físicas e Avaliação de Qualidade de Produtos Agrícolas do Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (CENTREINAR) e no Laboratório de Fisiologia de Microrganismos do Departamento de Microbiologia, todos localizados no campus da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Foram utilizadas amostras de café da variedade Catuaí Vermelho, descascado e seco à sombra com os teores de umidade de aproximadamente 19, 17, 15, 13, 11 e 9% (base úmida), acondicionadas em embalagens convencionais de juta, e armazenadas em câmaras com temperatura controlada de 10, 20, 30 e 40 °C, durante doze meses. As diversas avaliações foram feitas no início e a cada três meses de armazenamento. A ocorrência de fungos foi determinada pelo método clássico de contagem em placas. A determinação da atividade de água (AW) de cada amostra foi feita, utilizando o medidor de atividade de água, modelo AW Sprint TH 500. Para quantificar a perda de matéria seca do café armazenado sob as diferentes condições, foram utilizadas as avaliações da massa da matéria seca de mil grãos e da massa específica aparente da matéria seca. Para a avaliação da massa da matéria seca de mil grãos, utilizou-se a metodologia proposta por Proctor e Rowley (1983). De cada um dos tratamentos, foram retiradas, aleatoriamente, três sub-amostras de mil grãos, as quais foram secas em estufa a 105 0C até peso constante, e pesadas, após o seu resfriamento, em dessecador até a temperatura ambiente, utilizando-se uma balança analítica com precisão de 0,001 g. A avaliação da massa específica aparente da matéria seca de cada amostra foi realizada em três repetições, utilizando-se uma balança de peso hectolítrico, de capacidade de ¼ de litro. Para a determinação do teor de umidade foi utilizado o método padrão de estufa, conforme as RESULTADOS E DISCUSSÃO Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 20 Atividade de água, crescimento microbiológico e perda de matéria seca dos grãos de café......, Afonso Júnior et al . Tabela 1. Valores médios de teor de umidade (%b.u.) e atividade de água (adimensional) do café armazenado em diferentes condições de temperatura durante o período de 12 meses. Temperatura de Armazenagem (ºC) 10 20 30 40 10 20 30 40 Inicial (0) 9,1 11,0 13,0 15,0 17,6 19,2 9,1 11,0 13,0 15,0 17,6 19,2 9,1 11,0 13,0 15,0 17,6 19,2 9,1 11,0 13,0 15,0 17,6 19,2 0,619 0,656 0,597 0,561 0,637 0,664 0,619 0,656 0,597 0,561 0,637 0,664 0,619 0,656 0,597 0,561 0,637 0,664 0,619 0,656 0,597 0,561 0,637 0,664 Período de Armazenamento (meses) 3 6 9 Teor de umidade (% b.u.) 10,5 8,9 8,3 9,7 8,9 8,2 10,0 9,0 8,3 10,1 8,7 8,3 10,8 9,0 8,4 11,2 9,2 8,4 13,3 12,2 11,7 12,9 12,0 11,1 14,0 12,1 11,9 13,2 12,3 11,8 14,0 12,4 12,3 15,2 12,6 12,2 11,5 10,7 9,4 11,5 10,7 9,3 11,7 10,9 9,9 11,9 11,0 9,5 12,2 11,4 9,8 12,3 11,5 9,9 7,9 6,2 5,7 8,0 6,0 5,5 8,0 6,2 5,5 7,8 6,3 5,6 8,3 6,5 5,7 8,5 6,6 5,9 Atividade de Água (adimensional) 0,559 0,498 0,601 0,583 0,510 0,569 0,541 0,485 0,649 0,524 0,488 0,521 0,573 0,509 0,552 0,585 0,505 0,519 0,596 0,574 0,608 0,613 0,570 0,594 0,583 0,570 0,657 0,557 0,553 0,631 0,592 0,547 0,615 0,608 0,552 0,627 0,588 0,556 0,520 0,577 0,498 0,521 0,580 0,562 0,502 0,564 0,566 0,543 0,612 0,587 0,510 0,613 0,562 0,492 0,505 0,390 0,376 0,521 0,386 0,378 0,490 0,382 0,367 0,458 0,355 0,375 0,506 0,376 0,379 0,521 0,377 0,393 12 9,2 9,3 9,1 9,2 9,2 9,3 11,6 11,4 11,5 11,6 11,8 11,7 8,5 8,3 8,3 8,4 8,8 8,9 5,6 5,5 5,6 5,7 6,0 6,3 0,510 0,508 0,498 0,501 0,502 0,499 0,553 0,540 0,542 0,597 0,577 0,513 0,468 0,444 0,456 0,473 0,448 0,454 0,485 0,428 0,422 0,436 0,440 0,432 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 Atividade de água, crescimento microbiológico e perda de matéria seca dos grãos de café......, Afonso Júnior et al .21 Tabela 2. Equações de regressão ajustadas para massa de matéria seca de mil grãos (MS) e massa específica aparente da matéria seca do café (MS), em função do período de armazenamento (P) e do teor de umidade inicial (UI), para os diferentes níveis de temperatura (T) e respectivos coeficientes de determinação. Propriedade Temperatura (ºC) 10 M̂S = 136,95 R2 n.s. Massa de Matéria Seca 20 M̂S = 137,23 n.s. De mil grãos 30 M̂S = 137,21 n.s. (g) 40 n.s. 10 M̂S = 137,89 ̂MS = 368,93 Massa Específica 20 ̂MS = 367,59 n.s. Aparente da Matéria Seca 30 ̂MS = 368,47 n.s. 40 ̂MS = 367,53 n.s. -3 (kg.m ) Equação n.s. n.s. – não significativo Os efeitos do período de armazenagem e do teor de umidade inicial do produto sobre a massa de matéria seca de mil grãos e a massa específica aparente da matéria seca do café são mostrados nas Figuras 2 a 5. Segundo Thompson (1972), o histórico da cultura, o teor de umidade inicial dos grãos e a interação entre temperatura de armazenagem e umidade relativa do ambiente podem influenciar a taxa respiratória e, dessa forma, a perda de matéria 140 138 136 134 132 8 10 141 138 135 132 8 10 16 3 18 20 a 0 12 12 9 14 Umidade Inicial (% b.u.) observados estimados 144 12 12 U MS observados estimados Matéria Seca de Mil Grãos (g) Matéria Seca de Mil Grãos (g) MS seca desse produto no armazenamento. Portanto, os resultados obtidos sugerem que o baixo nível de umidade relativa do ambiente e, conseqüentemente, de atividade de água, tenha contribuído decisivamente para uma significativa redução da taxa respiratória e manutenção da matéria seca do produto, mesmo para os níveis mais elevados de umidade inicial e temperatura de armazenamento do café. 6 Período (meses) P 9 14 Umidade Inicial (% b.u.) U 16 3 18 20 0 6 Período (meses) P b Figura 2. Valores observados e estimados de massa de matéria seca de mil grãos de café, em função do período de armazenamento e do teor de umidade inicial do produto, para a temperatura de armazenagem de 10 (a) e 20 ºC (b). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 Atividade de água, crescimento microbiológico e perda de matéria seca dos grãos de café......, Afonso Júnior et al 22 MS observados estimados Matéria Seca de Mil Grãos (g) Matéria Seca de Mil Grãos (g) MS 144 141 138 135 132 . observados estimados 144 141 138 135 132 8 8 10 12 12 16 Umidade Inicial (% b.u.) 10 3 18 20 U 12 12 9 14 6 Período (meses) 0 9 14 Umidade Inicial (% b.u.) P 16 3 18 20 U a 6 Período (meses) 0 P b Figura 3. Valores observados e estimados de massa de matéria seca de mil grãos de café, em função do período de armazenamento e do teor de umidade inicial do produto, para a temperatura de armazenagem de 30 ºC (a) e 40 ºC (b). ME ME observados estimados 380 375 375 360 -3 365 (kg.m ) 380 MS -3 MS (kg.m ) observados estimados 370 370 365 360 355 355 8 8 10 U 16 3 18 20 a 0 12 12 9 14 Umidade Inicial (% b.u.) 10 12 12 6 Período (meses) P 9 14 Umidade Inicial (% b.u.) U 16 3 18 20 0 6 Período (meses) P b Figura 4. Valores observados e estimados de massa específica aparente da matéria seca (MS) dos grãos de café, em função do período de armazenamento e do teor de umidade inicial do produto, para a temperatura de armazenagem de 10 ºC (a) e 20 ºC (b). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 Atividade de água, crescimento microbiológico e perda de matéria seca dos grãos de café......, Afonso Júnior et al ME observados estimados observados estimados 380 380 375 375 -3 -3 (kg.m ) (kg.m ) ME .23 370 370 MS MS 365 360 355 360 355 8 8 10 3 18 20 9 14 6 16 12 12 9 14 Umidade Inicial (% b.u.) 10 12 12 U 365 Período (meses) 0 P a Umidade Inicial (% b.u.) U 16 3 18 20 0 6 Período (meses) P b Figura 5. Valores observados e estimados de massa específica aparente da matéria seca (MS) dos grãos de café, em função do período de armazenamento e do teor de umidade inicial do produto, para a temperatura de armazenagem de 30 ºC (a) e 40 ºC (b). CONCLUSÕES Nas condições de armazenamento em que o trabalho foi realizado, a análise dos resultados obtidos permitiu concluir que: - a disponibilidade de água em todos os tratamentos estudados apresentou-se sempre baixa (inferior a 0,664), independentemente do teor de umidade dos grãos de café, da temperatura e do período de armazenagem, o que impossibilitou o desenvolvimento de fungos toxigênicos nos testes realizados; - o café armazenado nas diferentes condições de temperatura, teor de umidade inicial e período de armazenagem não apresentou perda significativa de matéria seca. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regra para análise de sementes. Brasília: DNDV/CLAV, 1992. 365p. Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. Westport: The AVI Publishing Company, 1992. 450 p. Christensen, C. M.; Kaufmann, H. H. Microflora. In: Christensen, C. M. Storage of cereal grain and their products. St. Paul: American Association of Cereal Chemists, 1974. p. 158-192. Coelho, K.F.; Pereira, R.G.F.A.; Vilella, E.R. Qualidade do café beneficiado em função do tempo de armazenamento e de diferentes tipos de embalagens. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. especial, n. 2, p.2227, 2001. Gupta, P.; Wilcke, W.F.; Morey, R.V.; Meronuck, R.A. Effect of dry matter loss on corn quality. 1998 ASAE Annual International Meeting. Paper n. 986042. Harris, K.L.; Limbland, C. Post-harvest grain loss assessment methods. St. Paul: American Association of Cereal Chemistis, 1978. 193p. Moss, M.D. Mode of formation of ochratoxin A Food Addtives and Contaminants 13, supplement 10, 5-9, 1996. Ng, H.F., Wilcke, W.F., Morey, R.V., Meronuck, R.A., Lang, J.P. Mechanical damage and corn storability. Transactions of the ASAE, v. 41, n. 4, p. 1095-1100, 1998. Pimenta, C.J.; Costa, L.; Chagas, S.J.R. Peso, acidez, sólidos solúveis, açúcares e compostos fenólicos em café (Coffea arabica L.), colhidos em diferentes estágios de maturação. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. especial, n.1, p.23-30, 2000. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 24 Atividade de água, crescimento microbiológico e perda de matéria seca dos grãos de café......, Afonso Júnior et al Popinigis, F. Fisiologia da Semente. Brasília: AGIPLAN, 1985. 285p. Proctor, D.L.; Rowley, J.Q. The thousand grain mass (TGM): a basis for better assessment of weight losses in storage grain. Tropical Storage Prod. Inf. v.45, p.19-23, 1983. Saul, R.A.; Steele, J.R. Why damaged shelled corn costs more to dry. Agricultural Engineering, St. Joseph, v.47, n.6, p.326-329, 337, 1966. Steele, J.L., Saul, R.A., Hukill, W.V. Deterioration of shelled corn as measured by carbon dioxide production. Transactions of the ASAE, v. 12, n.5, p. 685-689, 1969. . Thompson, T.L. Temporary storage of highmoisture shelled corn using continuous aeration. Transactions of the ASAE, v. 15, n.2, p. 333-337, 1972. Tripples, K.H. Quality and nutritional changes in stored grain. In: JAYAS, D.S.; WHITE, N.D.G.; MUIR, W.E. (Ed.) Storage-grain ecosystems. New York: Marcel Dekker, 1995. p. 325-351. Wilcke, W.F., Gupta, P., Morey, R.V., Meronuck, R.A. Effect of changing temperature on deterioration of shelled corn. ASAE Annual International Meeting, Orlando, 1998. Paper n. 986041. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.17-24, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 ISSN: 1517-8595 25 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO Cândido José Ferreira Neto 1, Rossana M. F. de Figueirêdo 2, Alexandre José de Melo Queiroz 2 RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar as características físico-químicas (composição centesimal) e acidez alcoólica em amostras de farinhas de mandioca seca e temperadas ao longo de um período de armazenamento de cento e oitenta dias. Os materiais foram constituídos de cinco amostras sendo uma de farinha de mandioca sem mistura e quatro de farinhas de mandioca temperadas embaladas em sacos de polipropileno pigmentado (PP), capacidade 500g. Avaliações foram realizadas quanto ao teor de umidade, conteúdo mineral, proteínas, lipídios, carboidratos e acidez alcoólica. Os resultados mostraram que todos os parâmetros estudados estão de acordo com os padrões físico-químicos fixados pela legislação vigente evidenciando que as condições de armazenamento e embalagens utilizadas foram adequadas. Palavras-chaves: Manihot esculenta Crantz, composição centesimal, embalagem PHYSICOCHEMICAL EVALUATION OF THE CASSAVA FLOUR DURING THE STORAGE This work had as aim to evaluate the physicochemical characteristics (centesimal composition) and alcoholic acidity in dry and temperature samples of cassava flour for a hundred and eighty days of storage. There were five samples to represent the materials. One sample of cassava flour didn t have blend and four others were samples of temperature cassava flour, wrapped in colored poly propylene 500g content bag. It was appraised the moisture, mineral content, proteins, lipids, carbohydrates and alcoholic acidity of the materials. The results showed that all the studied parameters are in agreement with the physical-chemical patterns fastened by the effective legislation. It evidences that the storage conditions and the used packing were appropriate. Keywords: Manihot esculenta Crantz, centesimal composition, packing INTRODUÇÃO No Brasil, a cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz) é secular, sempre visando a produção de raízes. As raízes de mandioca recém-colhidas possuem alto teor de umidade em torno de 60%, e como tal podem ser classificadas como um produto perecível ficando sua conservação restrita a algumas horas após a colheita. Desta forma a utilização por períodos de tempo mais longos se dá através de produtos desidratados, reduzindo-se o teor de umidade para níveis que impeçam o desenvolvimento microbiano com conseqüente deterioração do produto. Estes produtos desidratados são, principalmente, os diversos tipos de farinhas de mandioca largamente empregadas na alimentação humana, o amido utilizado tanto no preparo caseiro como industrial e a raspa utilizada para ração animal (Vilela, 1987). __________________ 1 Aluno de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 2 26 Avaliação físico-química de farinhas de mandioca durante o armazenamento, Ferreira Neto et al. No Nordeste o destino final das raízes de mandioca é, geralmente, a produção de farinha de mesa ou seca (cerca de 70%), a produção de fécula ou goma (em torno de 20%) e o restante tem emprego como complemento de ração animal. A farinha de mandioca é ainda o principal derivado da mandioca na alimentação humana no Brasil chegando a ser, em algumas regiões do Norte e Nordeste, a principal fonte de energia (Nunes, 1991). É também considerada um alimento essencialmente energético em função do baixo teor de proteína e elevado teor de carboidratos. A incorporação de temperos à farinha desponta como uma alternativa de aumentar o poder nutricional e o valor agregado do produto. Por fim, este trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento das farinhas de mandioca sem mistura e temperadas, em suas características físico-químicas, durante um período de 180 dias de armazenamento. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Tecnologia de Alimentos, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, durante o período compreendido entre junho e dezembro de 2001. A farinha de mandioca sem mistura (Amostra A 0) foi adquirida em uma unidade produtora localizada no município de Sapé, ao leste do estado da Paraíba, e a partir desta foram produzidas quatro amostras de farinhas temperadas (Amostras A1, A2, A3 e A4) elaboradas variando-se a concentração dos componentes adicionados (Tabela 1) e submetidas às operações de processamento ilustradas no fluxograma da Figura 1. A etapa de torrefação foi realizada em tacho metálico com agitador mecânico, aquecido em fogo brando durante cinco minutos. As amostras foram embaladas em sacos de polipropileno pigmentado (PP) com capacidade 500g, com a finalidade de evitar a influência da luz, ficando todas as amostras armazenadas a temperatura ambiente durante 180 dias. Tabela 1 - Composição das amostras de farinhas de mandioca temperadas. Concentração (%) Amostra Corante à base de Sal Cebola em pó urucum A0 A1 10 1 A2 15 1 A3 10 1 1 A4 15 1 1 PESAGEM DOS MATERIAIS HOMOGENEIZAÇÃO TORREFAÇÃO RESFRIAMENTO EMBALAGEM ESTOCAGEM Figura 1. Fluxograma de processamento das farinhas de mandioca temperadas. A avaliação das características físicoquímicas (composição centesimal) das amostras foi realizada após o processamento (Período P 0) e a cada 30 dias (Períodos P0, P1, P2, P3, P4, P5 e P6). As análises de umidade, proteínas, lipídios e minerais, foram feitas em triplicata, de acordo com as metodologias da AOAC (1984). A fração de carboidratos foi obtida por diferença das outras frações analisadas e os resultados expressos em Manteiga 3 3 percentual (p/p). O valor calórico total foi calculado a partir dos coeficientes calóricos correspondentes para proteínas, lipídios e carboidratos, respectivamente 4, 9 e 4 kcal/g (ANVISA, 2001) e o resultado expresso em kcal/100g. A acidez alcoólica das amostras foi feita em triplicata com auxílio de potenciômetro, utilizandose a técnica de titulação com solução de NaOH padronizada (AOAC, 1984) e os resultados expressos em porcentagem (v/p). O delineamento estatístico utilizado foi em esquema fatorial 5 x 7 (5 amostras x 7 períodos de armazenamento) com três repetições. A análise foi realizada através do programa computacional ASSISTAT, versão 6.2 (Silva, 1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO Umidade Os valores médios de umidade das farinhas de mandioca sem mistura e temperadas para a interação período de armazenamento versus Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 Avaliação físico-química de farinhas de mandioca durante o armazenamento, Ferreira Neto et al. amostras, são apresentados na Tabela 2. O teor de umidade das farinhas sem mistura e temperadas sofreu variações, com tendência de aumento durante o armazenamento, como se constata pelas alterações significativas nos valores de umidade em todas as amostras, resultando em acréscimos nos teores finais em relação aos iniciais. Na Amostra A 3, a umidade permaneceu estável do início do armazenamento até o Período P 5, apresentando diferença significativa, apenas entre o Período P 6 e os demais. Em termos percentuais verifica-se aumento com as seguintes diferenças 27 entre os valores iniciais e finais: Amostra A 0, 8,710%, Amostra A 1, 22,716%, Amostra A 2, 23,636%, Amostra A 3, 12,118% e Amostra A 4, 33,418%. De acordo com esses percentuais a Amostra A 0 apresentou a menor variação entre os valores iniciais e finais e a Amostra A 4 a maior variação percentual entre esses valores; entretanto, todas as amostras estão dentro dos padrões estabelecidos pela legislação (Brasil, 1978) que estabelece índice máximo de umidade de 14% para farinhas de mandioca. Tabela 2. Valores médios da umidade (%) das diferentes amostras, durante os 180 dias de armazenamento. Amostras Período de armazenamento Ao A1 A2 A3 A4 Po 7,669 dA 3,218 dC 2,640 dD 3,829 bB 2,729 dD P1 7,705 dA 3,258 dC 2,734 dE 3,860 bB 3,098 cD P2 8,006 bA 3,410 cC 2,876 cE 3,871 bB 3,173 cD P3 7,662 dA 4,307 aB 2,894 cE 3,794bC 3,093 cD P4 7,747 cdA 3,942 bB 2,895 cE 3,769 bC 3,344 bD P5 7,864 cA 3,968 bB 3,117 bE 3,831 bC 3,435 bD P6 8,337 aA 3,949 bC 3,264 aE 4,293 aB 3,641 aD DMS para colunas = 0,138; DMS para linhas = 0,127; MG = 4,321; CV (%) = 1,287 DMS Desvio mínimo significativo, MG Média geral, CV Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Verifica-se que a Amostra A 0 apresenta os maiores teores de umidade do início até o final do armazenamento. Este comportamento era esperado, uma vez que este material não foi submetida a etapa de torrefação, estando de acordo com a mesma faixa de valores determinados por YARI et al. (2000), que encontraram um teor médio de umidade de 9,01 1,91%, ao estudarem em as características físico-químicas de farinhas produzidas no sul do estado de Santa Catarina. Minerais Os valores médios determinados para minerais em função do período de armazenamento, indicam diminuição para todas as amostras dos valores finais com relação aos iniciais, conforme apresentado na Tabela 3, conseqüência, provavelmente, do aumento da umidade com o decorrer do tempo. Observa-se, também, que o percentual de redução foi menor para a Amostra A0, com 2,97%, e maior para a Amostra A 1, que atingiu índice de 20,79%. Para as demais amostras os percentuais foram de 6,50% para a Amostra A2, 3,50% na Amostra A 3 e 8,56% na Amostra A 4. Com relação à Amostra A2, observa-se estabilidade do teor de cinzas do período inicial P 0 até o Período P5, apresentando alteração significativa apenas entre o Período P 6 e os demais. O coeficiente de variação para a interação Período de armazenamento x Amostras, foi de 1,705%, o que representa uma ótima precisão experimental, de acordo com Ferreira (1991). Na Amostra Ao, os valores médios dos minerais estão compatíveis com os 2% da tolerância máxima permitida pela legislação Brasil (1978) e, se deduzida a porcentagem de cloreto de sódio adicionado na quantidade de 1% nas Amostras A1, A2, A3 e A4, estas também se situariam dentro dos limites. No Período P0, o valor médio dos minerais da farinha de mandioca seca Amostra A 0, foi 1,143% estando acima dos valores médios determinados por Yari et al. (2000) que foram da ordem de 0,84 0,09%, e Maravalhas (1961) que encontrou teor médio de 1,0% em cinco amostras de farinha. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 Avaliação físico-química de farinhas de mandioca durante o armazenamento, Ferreira Neto et al. 28 Tabela 3. Valores médios de minerais (%) das diferentes amostras, durante os 180 dias de armazenamento Período de armazenamento Po P1 P2 P3 P4 P5 P6 Ao 1,143 bcE 1,107 cD 0,995 dD 1,253 aE 1,201 abD 1,149 bcD 1,109 cD A1 2,708 aA 2,499 bA 2,357 cB 2,057 efC 2,108 deBC 2,009 fC 2,145 dB Amostras A2 2,413 aB 2,448 aA 2,467 aA 2,468 aA 2,435 aA 2,384 aA 2,237bA A3 2,116 aD 1,925 deC 1,847 eC 1,947 cdD 2,090 abC 2,022 bcC 2,043 abC A4 2,278 aD 2,235 abcB 2,317 aB 2,210 bcB 2,170 cdB 2,106 deB 2,083 eBC DMS para colunas = 0,085; DMS para linhas = 0,078; MG = 2,002; CV (%) = 1,705 DMS Desvio mínimo significativo, MG Média geral, CV Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Proteínas No que se refere aos teores de proteína total (Tabela 4) constata-se oscilação desses valores, para mais e para menos, durante todo o período de análise. A média obtida para a Amostra A 0 foi de 1,33% abaixo do limite estabelecido por Brasil (1978) de 1,5% no mínimo, Conceição (1981) 1,5 2,5% e Albuquerque (1969) 1,5 2,5%. Para as demais amostras, os valores médios foram de 2,44% para a Amostra A1, 2,41% para a Amostra A2, 2,37% para a Amostra A 3 e de 2,39 para a Amostra A4. É importante observar que esses valores médios estão de acordo com os padrões em vigor. Quanto às variações entre os valores iniciais e finais, observam-se os seguintes índices percentuais: a Amostra A 0 teve um acréscimo de 6,96%; na Amostra A1 ocorreu pequena variação, com decréscimo de 1,66%; para as demais amostras verifica-se diminuição de 10,16%, 12,21% e 9,53%, respectivamente, para as Amostras A2, A3 e A4. Com relação às alterações significativas, nota-se pouca estabilidade das amostras, sendo que a Amostra A 3 apresentou estabilidade do período inicial P0 até o Período P 4. As demais amostras ficaram estáveis nos períodos intermediários com A0, A1 e A2 em P3 a P5 e Amostra A4 entreP2 e P4. Tabela 4. Valores médios de proteína total (%) das diferentes amostras, durante os 180 dias de armazenamento Período de armazenamento PO P1 P2 P3 P4 P5 P6 Ao 1,250 bC 1,152 cC 1,003 dD 1,510 aC 1,559 aC 1,491 aC 1,337 bD A1 2,475 abAB 2,353 cdB 2,295 dC 2,537 aA 2,538 aA 2,455 abA 2,434 bcA Amostras A2 2,550 aA 2,501 aA 2,375 bcBC 2,403 bB 2,403 bB 2,355 bcB 2,291 cB A3 2,433 aB 2,375 abB 2,433 aAB 2,431 abB 2,461 aAB 2,339 bB 2,136 cC A4 2,466 aAB 2,361 bB 2,466 aA 2,462 aAB 2,417 abB 2,365 bB 2,231 cB DMS para colunas = 0,093; DMS para linhas = 0,086; MG = 2,18989; CV (%) = 1,713 DMS Desvio mínimo significativo, MG Média geral, CV Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Lipídios totais Nos valores de lipídios totais verificam-se, exceto para a amostra A 0, reduções dos valores finais com relação aos iniciais, conforme apresentado na Tabela 5. Com relação às alterações em percentual entre os valores iniciais e finais, vêse que a Amostra A1 apresentou a maior variação no teor de lipídios durante o armazenamento, com redução de 10,02%, enquanto a Amostra A 3 apresentou o menor percentual de redução, com 3,16%. Se subtraídos os 3% de gordura adicionados as Amostras, A 3 e A4 obter-se-á teor de lipídios totais, para todas as amostras, superior aos 0,3% encontrados por Albuquerque & Cardoso (1980) em amostras de farinha sem mistura. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 Avaliação físico-química de farinhas de mandioca durante o armazenamento, Ferreira Neto et al. Tabela 5. Valores médios de lipídios armazenamento Período de armazenamento A0 P0 0,914 aE P1 0,890 aD P2 0,882aD P3 0,879 aE P4 0,80 aE P5 0,874 aC P6 0,860 aC 29 totais (%) das diferentes amostras, durante o período de A1 1,178 aD 1,120 abC 0,965 cd 1,173 aD 1,116 abD 1,117 aB 1,060 bBC Amostras A2 1,357 aC 1,168 cdC 1,236 bcC 1,321 abC 1,282 abC 1,178 cdB 1,127 dB A3 4,178 aB 4,120 abB 3,965 cB 4,173 aB 4,116 abB 4,205 aA 4,046 bcB A4 4,351 aA 4,231 bcdA 4,221 cdeA 4,321 abA 4,282 abcA 4,178 deA 4,127 eA DMS para colunas = 0,098; DMS para linhas = 0,091; MG = 2,318; CV (%) = 1,708 DMS Desvio mínimo significativo, MG Média geral, CV Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Carboidratos Na Tabela 6 são apresentados os valores de carboidratos das diferentes amostras, calculados ao longo do período de armazenamento a partir das demais frações analisadas quais sejam, umidade, minerais, proteínas e lipídios. Constatam-se baixas variações dos valores deste parâmetro entre os valores iniciais e finais para todas as amostras. Tabela 6. Valores médios de carboidratos em (%) para as diferentes amostras, durante o armazenamento Período de armazenamento P0 P1 P2 P3 P4 P5 P6 A0 89,009+0,081 89,145+0,038 89,135+0,009 88,696+0,046 88,613+0,046 88,622+0,034 88,357+0,042 A1 90,420+0,047 90,769+0,118 90,972+0,013 90,127+0,010 90,296+0,051 90,403+0,069 90,345+0,020 Valor calórico total Os valores médios calculados para os valores calóricos totais, apresentados na Tabela 7, são típicos de um alimento essencialmente energético, como observado por Fukuda & Borges, 1988. Nota-se pela avaliação dos dados, que os maiores valores de energia foram medidos nas Amostras A 3 e A4, o que pode ser explicado como uma conseqüência da adição de gordura animal nessas amostras num percentual de 3%. Como o Amostras A2 91,040+0,045 91,411+0,423 91,702+0,923 90,934+0,024 90,985+0,063 90,966+0,029 91,083+0,054 A3 87,443+0,096 87,720+0,074 87,884+0,135 87,656+0,082 87,564+0,022 87,636+0,073 87,482+0,066 A4 88,167+0,057 88,075+0,026 87,823+0,088 87,915+0,107 87,786+0,063 87,916+0,051 87,918+0,076 teor de lipídios contribui com peso nove no cálculo do valor calórico total, já era esperado esta elevação na energia dessas duas amostras. Verifica-se também, que houve uma diminuição discreta dos valores finais com relação aos iniciais, para todas as amostras, porém, esses valores de energia são superiores ao encontrado por Mendez et al. (1992), que foi de 346,07 Kcal/100g em farinha de mandioca torrada com 3,08% de umidade. Tabela 7. Valores médios de energia em (Kcal/100g) para as diferentes amostras, durante o armazenamento Amostras Período de armazenamento A0 A1 A2 A3 A4 P0 369,266+0,238 383,083+0,083 386,573+0,514 397,109+0,184 401,591+0,587 P1 369,418+0,082 376,078+0,329 385,040+0,042 397,464+0,073 399,825+0,295 P2 368,296+0,301 381,759+0,275 384,807+0,209 396,957+0,058 399,145+0,225 P3 368,734+0,140 381,207+0,357 385,190+0,274 397,902+0,285 400,394+0,158 P4 368,728+0,042 381,377+0,262 385,092+0,289 398,223+0,560 399,354+0,201 P5 368,314+0,192 381,926+0,376 383,888+0,239 397,748+0,123 398,728+0,221 P6 366,516+0,096 372,714+0,518 380,684+0,087 394,889+0,331 397,736+0,213 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 30 Avaliação físico-química de farinhas de mandioca durante o armazenamento, Ferreira Neto et al. Acidez alcoólica Os valores obtidos para o percentual de acidez alcoólica na amostra A 1 durante o período de análise (Tabela 8) refletem variações com pequena elevação quando comparados os valores referentes aos Períodos P0 e P6. Analisando-se estatisticamente o teor de acidez alcoólica (%) durante o armazenamento nas Amostras A 0, A2 e A3, observa-se que não ocorreram diferenças significativas pelo teste de Tukey (p<0,05). No início do armazenamento e no Período P 1 não existe diferença significativa entre as farinhas de mandioca temperadas. Em termos percentuais, obteve-se índices de variação de 13,62% para a Amostra A 4 e, para a Amostra A1, uma variação de 0,250%, entre os valores iniciais e finais. Os resultados médios da acidez alcóolica das farinhas estão bem abaixo dos 2% permitidos por Brasil (1978) e acima dos 0,3% determinado sob condições especiais, por Nunes (1991). Tabela 8. Valores médios de acidez alcoólica (%) das diferentes amostras, durante os 180 dias de armazenamento Período de armazenamento Po P1 P2 P3 P4 P5 P6 Ao 0,589 aB 0,588 aB 0,597 aB 0,598 aC 0,601 aC 0,601 aC 0,600 aC A1 0,779 bA 0,791 abA 0,797 abA 0,798 abB 0,801 aB 0,600 cB 0,801 aB Amostras A2 0,795 aA 0,795 aA 0,797 aA 0,797 aB 0,811 aB 0,803 aA 0,799 aB A3 0,789 aA 0,788 aA 0,797 aA 0,798 aB 0,800 aB 0,800 aA 0,801 aB A4 0,793 dA 0,793 dA 1,000 eC 1,000 bA 1,033 aA 0,800 dA 0,901 cA DMS para colunas = 0,002; DMS para linhas = 0,018; MG = 0,747; CV (%) = 1,065 DMS Desvio mínimo significativo, MG Média geral, CV Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Neste trabalho, no qual se estudaram as características físico-químicas (composição centesimal) e acidez alcoólica das farinhas de mandioca sem mistura e temperadas durante o armazenamento (180 dias) pode-se concluir que: As análises químicas e físico-químicas apresentaram resultados compatíveis com a legislação vigente, para a maior parte dos parâmetros avaliados, exceto para minerais, cujo teor permitido pela legislação é de no máximo 2%. Sendo assim, somente a farinha de mandioca sem mistura apresentou teor de minerais dentro dos padrões prefixados pela legislação segundo o Ministério da Agricultura (Brasil, 1978). As amostras de farinha de mandioca temperada, A 1, A2, A3 e A4 apresentaram, de forma geral, teor de minerais acima de 2%, devido à adição de cloreto de sódio na elaboração dessas amostras. O valor calórico total em Kcal/100g foi em média respectivamente, 368,467%, 379,735%, 384,468%, 397,185% e 399,539% para as Amostras A0, A1, A2, A3 e A4, evidenciando que o produto avaliado possui valor energético elevado. Albuquerque, M.; Cardoso, E. M. R. A mandioca no trópico úmido. Brasília: Editerra, 1980. 251p. Albuquerque, M. A mandioca na Amazônia. Ministério do Interior, Superintendência do SUDAM. Desenvolvimento da Amazônia Belém, 1969, 222p. Association of Official Analytical Chemists (AOAC). Official methods of analysis. 14. ed. Arglinton: AOAC, 1984. v. 1. 1141p. Brasil. Resolução n. 12 de 24 de julho de 1978. Estabele Padrões de Identidade e Qualidade. Aprova Nornas Técnicas Especiais do Estado de São Paulo, revistas pela Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 de julho de 1978. Conceição, A. J. A mandioca 2. ed. São Paulo: Nobel, 1981. 174p. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 Avaliação físico-química de farinhas de mandioca durante o armazenamento, Ferreira Neto et al. Ferreira, P. V. Estatística experimental aplicada à agronomia. Maceió: EDUFAL, 1991. 437p. Fukuda, W. M. G.; Borges, M. F. Avaliação qualitativa de cultivares de mandioca de mesa. Revista Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v. 7, n. 1, p. 63 71, 1988. Yari, S.; Amante, E. R.; Pinto, V. G. S. Características físico-químicas de amostras de farinhas do Sul de Santa Catarina. In: Congresso Brasileiro de Ciências e Tecnologia de Alimentos, 17., 2000, Fortaleza. Resumos... Fortaleza: Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2000. v.1, p. 3.82. Maravalhas, N. Estudo sobre a farinha de mandioca. Revista de Química Industrial, Rio de janeiro, v. 353, n. 30, p. 13 18, 1961. 31 Mendez, M. H. M.; Derivi, S. C. N.; Rodrigues, M. C. R.; Fernandes, M. L. Tabela de composição de alimentos. Niterói: Editora Universitária -Universidade Federal Fluminense, 1992. 40p. Nunes, C. F. L. A. Influência da época de colheita no rendimento e qualidade da farinha de mandioca (Manihot esculenta Crantz). 1991. 118 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1991. Silva, F. A. S. The ASSISTAT software: statistical assistance. In: International Conference On Computers In Agriculture, 6., Cancun, 1996. Anais... Cancun American Society of Agricultural Engineers, 1996. p. 294-298. Vilela, E. R.; Juste Junior, E. S. G. Tecnologia da farinha de mandioca. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 145, n. 13, p. 60 62, 1987. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 32 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA Centro de Ciências e Tecnologia PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA CAMPINA GRANDE PB MESTRADO Reconhecido pela CAPES Conceito 5 ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Linhas de Pesquisa Manejo de Solo, Água, Planta Salinidade Engenharia de Irrigação e Drenagem Sensoriamento Remoto Planejamento de Áreas Irrigadas PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS Linhas de Pesquisa Armazenagem de Produtos Agrícolas Processamento de Produtos Agrícolas Crioconservação de Produtos Agrícolas Propriedades Físicas de Materiais Biológicos Tecnologia Pós-Colheita CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA Linhas de Pesquisa Construções de Silos Materiais Convencionais e Não-convencionais em Construções Rurais Madeira e Estrutura de Madeira Conforto Térmico de Instalações para Animais e Vegetais INSCRIÇÕES Documentos exigidos: Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4 Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente Histórico escolar da graduação Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor 2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG) Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação Docente e Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo integral, com ou sem recebimento de remuneração, se for o caso Períodos de Inscrição: Maio para início do Curso em Setembro Setembro para início do Curso em Março Endereço: COPEAG Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1 o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó CEP 58.109-970, Campina Grande, PB Fone: (0xx83) 310.1055, Fax: (0xx83) 310.1185 http://www.deag.ufpb.br/~copeag, Email: [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.25-31, 2003 This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 ISSN: 1517-8595 33 EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE DISTINTAS VARIEDADES Fabrício Schwanz da Silva1, Paulo Cesar Corrêa2, André Luís Duarte Goneli3, Rodrigo Martins Ribeiro4, Paulo Cesar Afonso Júnior5 RESUMO O conhecimento das propriedades físicas e mecânicas dos produtos agrícolas é de fundamental importância para uma correta conservação e para o projeto, dimensionamento, construção e operação dos diversos equipamentos utilizados nas principais operações de pós-colheita destes produtos. Para o caso específico do arroz, equipamentos e operações, quando mal dimensionados e realizadas, podem gerar a quebra dos grãos e, conseqüentemente, uma redução nos preços de comercialização. Com este trabalho objetivou-se, determinar a influência do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz de distintas variedades. Foram utilizados grãos de arroz em casaca, integral (descascados) e polidos de três variedades (Urucúia, Confiança e Jequitibá), com teor de umidade de 12% b.u. Pode-se concluir com os resultados obtidos neste experimento que a massa específica aparente de todas as variedades aumenta com o beneficiamento dos grãos de arroz, podendo este aumento ser de até 51% e as variedades diferem estatisticamente entre si; a massa específica real, de forma geral, não sofre a influência do beneficiamento e das variedades; a porosidade da massa de grãos de arroz sofre influência do beneficiamento, sendo maior para os grãos em casca e menor para os polidos, sendo está diferença de até 26%; os coeficientes de atrito externo estático e dinâmico diminuem com o beneficiamento em todos os materiais de parede e variedades, sendo que o coeficiente de atrito estático tem maior influência da variedade do que o coeficiente dinâmico; os maiores coeficientes de atrito são oriundos do atrito com a superfície de madeira e os menores com a de aço e a força de compressão necessária para promover o colapso dos grãos de arroz é afetada significativamente com o beneficiamento, não sofrendo influência da variedade do produto. Palavras-chave: Oriza sativa L., beneficiamento, propriedades físicas e mecânicas EFFECT OF THE BENEFICIATION IN THE MECHANICAL AND PHYSICAL PROPERTIES OF THE RICE GRAINS OF DIFFERENT VARIETIES ABSTRACT The physical and mechanical properties knowledge of agricultural products is very important to a correct conservation of them and to the designing, manufacturing and operation of the equipment used in the main post harvest operations. For the rice case, when the processing equipment is not designed properly it can cause the grain break and low marketing values. This work aimed to determine the influence the processing at the physical and mechanical properties of three varieties of rice grains (Urucuia, Confiança and Jequitibá). Rough rice, brown rice and milled rice with 12% w.b. moisture content were used. The results of the experiments showed that the apparent density of all types of rice increases due to the rice g rains processing and this increase can reach up to 51% and the varieties Keywords: Oriza sativa L., processing, physical and mechanical properties __________________ Protocolo 88 de 10/ 6/ 2003 1 Eng. Agrícola, M.S., Doutorando no DEA-UFV, Viçosa - MG, CEP: 36571-000, fabrí[email protected] Eng. Agrônomo, D.S., Professor Adjunto no DEA-UFV, Viçosa - MG 3 Eng. Agrônomo, Mestrando no DEA-UFV, Viçosa - MG 4 Bolsista PIBIC/FAPEMIG no DEA-UFV, Viçosa - MG 5 Enga. Agrícola, D.S., Pesquisador EMBRAPA CAFÉ, Brasília - DF 2 34 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. differ statistically. The processing and the varieties don’t influence the real density, broadly. The porosity of the rice grains mass varies according to the processing. It’s bigger to the rough rice and it’s less to the polished one. This difference is up to 26%. The static and dynamic external coefficients of friction decrease with the processing in all wall material types and different varieties of then. The static coefficient of friction is more influenced by the variety than the dynamic coefficient. The higher coefficients of frictions are on wood surface and the lower ones are on steel surface. The compression power needed to collapse the rice grains is affected significantly by its processing and it’s not affected by the variety of the product. INTRODUÇÃO Dentre os cereais mais cultivados no mundo, destaca-se o arroz, constituindo-se na base alimentar de grandes contingentes humanos e inúmeros esforços são realizados visando à manutenção da qualidade dos grãos desta cultura nas diversas operações de pós-colheita. No Brasil, segundo Vieira & Carvalho (1999), o arroz é um cereal consumido principalmente na forma de grãos inteiros, como produto de mesa, sendo mais conhecidos três tipos de produtos: o arroz integral (descascado), o arroz branco (polido) e o arroz parboilizado, os quais são oriundos do arroz em casca e obtidos por diferentes processos de pós-colheita que geram mudanças físicas, químicas e estruturais nos grãos. O arroz é um produto agrícola que tem seu valor de comercialização dependente da qualidade física dos grãos verificada após o beneficiamento. O percentual de grãos inteiros é o parâmetro de maior importância para a indústria do arroz (Marchezan, 1991). O conhecimento das propriedades físicas e mecânicas dos produtos agrícolas é de fundamental importância para uma correta conservação e para o projeto, dimensionamento, construção e operação dos diversos equipamentos utilizados nas principais operações de pós-colheita destes produtos (Afonso Júnior, 2001; Silva & Corrêa, 2000). No caso específico do arroz, equipamentos e operações, quando mal dimensionados e realizadas, podem gerar a quebra dos grãos e, conseqüentemente, uma redução nos preços de comercialização. A fim de minimizar os custos de produção para maior competitividade e melhoria da qualidade do produto processado, a determinação e o conhecimento do comportamento das propriedades dos grãos de arroz são os principais fatores a contribuírem para o adequado desenvolvimento de processos e simulações, que visem aperfeiçoar o sistema produtivo dessa cultura. Informações referentes à porosidade e à massa específica, dentre outras características físicas dos produtos agrícolas, são consideradas de grande importância para estudos envolvendo transferência de calor e massa e movimentação de ar em massas granulares. Juntamente com o teor de umidade, o volume, a massa específica e a porosidade são parâmetros básicos para o estudo das condições de secagem e armazenagem de produtos agrícolas e, conseqüentemente, possibilitar a predição de perdas de qualidade do material até o momento de sua comercialização. A massa específica pode ser definida como a razão entre a massa e o volume ocupado por determinado produto. Este conceito aplicado à massa e volume de apenas um grão determina a massa específica real ou unitária. Já a aplicação do conceito para uma determinada massa ou quantidade de produto estabelece a definição da característica massa específica aparente ou granular (Pabis et al., 1998). Já a porosidade de uma massa granular de acordo com Sasseron (1980), é definida como a relação entre o volume de espaços vazios ocupados pelo ar nos espaços intergranulares e o volume total da massa de grãos. A porosidade pode ser determinada por métodos diretos, volume de líquido acrescentado à massa de grãos, e por métodos indiretos, com o uso de picnômetro de comparação ar. Vários autores, ao longo dos anos, destacam que o conhecimento de outras propriedades físicas, como por exemplo, dos coeficientes de atrito externo, ou seja, dos grãos contra a superfície dos materiais de parede de equipamentos e silos, são necessários e fundamentais para o projeto racional e seguro de equipamentos de transporte, processamento e armazenamento (Suthar & Das, 1996; Milani, 1993; Mohsenin, 1986; Lawton, 1980), visto que esta propriedade desempenha um importante papel no comportamento de pressões e fluxo em silos. O coeficiente de atrito é definido pela relação entre a força de atrito (força que atua como resistência ao movimento) e a força normal sobre a superfície do material empregado na construção da parede. Para os produtos biológicos, segundo Mohsenin (1986), são considerados dois Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. tipos de coeficientes de atrito: o atrito estático, determinado pela força que é capaz de vencer a oposição ao movimento e o atrito dinâmico, determinado pela força que se manifesta na superfície de contato quando há movimento, dependendo principalmente da natureza e do tipo dos materiais em contato. Os aparelhos apropriados para medir as propriedades físicas e de fluxo dos produtos armazenados são os de cisalhamento (Calil Jr.,, 1990), onde, entre estas propriedades, encontramse os coeficientes de atrito externo estático e dinâmico. Jenike realizou um estudo muito importante para a determinação dessas propriedades, desenvolvendo uma metodologia e um aparelho de cisalhamento apropriado para produtos armazenados, a célula de carga de Jenike ou Jenike Shear Cell como é conhecida internacionalmente, sendo este um aparelho de cisalhamento direto com movimento de translação, o qual, desde então, tem sido usado por pesquisadores em todo o mundo e adotado e recomendado pelas principais normas internacionais (Milani, 1993; Calil Jr., 1990). Com os parâmetros determinados por meio deste equipamento, são possíveis a determinação e a predição das pressões que ocorrerão na estrutura e, principalmente, dos tipos de fluxo, o que é muito importante no processamento e na expedição do produto armazenado a granel. Haaker (1990) relata em seu estudo que da maioria dos aparelhos de avaliação de cisalhamento, um dos mais utilizados é o de Jenike, no qual as propriedades dos produtos são medidas de acordo com um método bem descrito, levando, em geral, a resultados seguros para projetos de silos. De acordo Satake e Yamashita citados por Shitanda et al. (2002), o processamento e o beneficiamento do arroz envolvem um número muito grande de operações unitárias, durante as quais os grãos ficam expostos a várias forças que podem ser devido a impacto, cisalhamento e atrito, principalmente, durante o seu descascamento e beneficiamento. (Shitanda et al., 2002). Ojayi & Clark (1997) afirmam que a magnitude do dano causado, durante o processamento, depende das propriedades físicas e mecânicas dos grãos. O conhecimento das propriedades mecânicas dos grãos de arroz, principalmente, da resistência do grão a compressão, é importante para a análise e a determinação da quebra e ou fissura dos mesmos durante seu processamento (Wouters & Baerdemaeker ,1988; Pomeranz & Webb, 1985). Em vista do exposto, e, considerando a escassez de dados na literatura científica específica 35 da área, objetivou-se, com este trabalho, determinar a influência do beneficiamento dos grãos de arroz nas propriedades físicas e mecânicas de distintas variedades. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Propriedades Físicas e Avaliação de Qualidade de Produtos Agrícolas, localizado no Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem - Centreinar, no campus da Universidade Federal de Viçosa – UFV, Viçosa MG. Foram utilizados grãos inteiros de arroz tipo longo fino, de três variedades: Confiança (sequeiro), Urucúia e Jequitibá (irrigados) em três níveis de beneficiamento, em casca, descascado (integral) e polido, com teor de umidade de aproximadamente 12% b.u., determinado pelo método da estufa, 105 ± 3ºC, por 24 horas de acordo com Brasil (1992). Os distintos graus de beneficiamento foram obtidos por intermédio do descascamento e brunimento dos grãos com casca em uma “máquina testadora de arroz”, sendo este equipamento padrão para teste de rendimento e qualidade do produto. A massa específica global ou aparente (g) foi determinada, utilizando-se uma balança de peso hectolítrico da marca Dallemole, com capacidade de um litro, em cinco repetições para cada variedade e grau de beneficiamento. A porosidade da massa granular de arroz das três variedades foi determinada, para os grãos com casca, descascados e polidos, pela média de cinco repetições, utilizando um picnômetro de comparação a ar construído no Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, segundo processo descrito por Day, citado por Moshenin (1986). A determinação da massa específica unitária ou real () foi realizada, matematicamente, em função da porosidade () e da massa específica global (g) da massa de grãos de acordo com a seguinte relação (Moshenin, 1986): g 1 (1) Os coeficientes de atrito externo (’) estático e dinâmico foram determinados em cinco repetições com a utilização do equipamento de cisalhamento de Jenike, internacionalmente por “Jenike Shear Cell”, modelo TSG 70-140, recomendado e adotado pelas principais normas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. 36 internacionais de silos, entre elas a australiana, européia e alemã. As determinações foram realizadas de acordo com a metodologia descrita por Milani (1993) e Jenike (1980). Para a realização dos testes utilizou-se uma célula de cisalhamento de alumínio de 70 cm2 e os materiais de parede empregados nos testes foram: aço, madeira e concreto. Para medir o atrito, entre o produto e o material da parede do silo, a base da célula de cisalhamento, foi substituída por uma placa quadrada de cada material confeccionada com as medidas de 150 x 150 mm de lado e 5 mm de espessura. As forças de cisalhamento foram medidas sob diferentes cargas normais de 0, 1, 2, 3, 4 e 5 kg. O lugar geométrico da parede (IWYL) é a reta obtida por regressão, unindo os pares dos valores calculados de tensão normal (w) e tensão de cisalhamento (w), formando com a horizontal o ângulo de atrito com a parede (w). O coeficiente de atrito com a parede (’) foi determinado matematicamente pela seguinte equação: ' tan w (2) Para cada carga normal, as tensões normais (w) e de cisalhamento (w) foram calculadas, utilizando-se as seguintes equações: Tensão normal (w): w W wt (W r W r W m ) Vr (3) Tensão de cisalhamento (w): w A caracterização do material de parede foi representada pela rugosidade média (Ra) das superfícies, medidas com a utilização de um rugosímetro digital, modelo SJ-201, em dez repetições, na direção do deslocamento dos grãos. A utilização do valor da rugosidade média, deve-se ao fato de ser o parâmetro tradicional para representar a rugosidade de superfícies. A determinação da resistência à compressão foi realizada através de ensaios de compressão uniaxial, segundo metodologia descrita no ASAE Standards (2000), individualmente, em amostra de 30 grãos de cada variedade e nível de beneficiamento. Os grãos foram comprimidos em sua posição natural de repouso, utilizando-se uma máquina universal de teste, modelo TA-HDi Texture Analyser, conjugada a um computador. A compressão do produto foi realizada com uma velocidade constante de aproximação de 0,14 mm.s-1, conforme Shitanda et al. (2002). O comportamento dos grãos foi analisado por meio do software Texture Analiser, cuja interface gráfica permitiu obter os pontos referentes ao colapso dos grãos e suas respectivas forças, através de gráficos da curva de força-deformação. Os resultados obtidos para as variáveis estudadas foram submetidos à análise de variância, seguindo um delineamento inteiramente casualizado, utilizando um esquema fatorial 3 x 3 (três variedades e três graus de beneficiamento) com cinco repetições para as propriedades físicas e trinta para a compressão, para cada tratamento. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO sw *g A (4) em que, Wwt = peso total da amostra incluindo anel de cisalhamento, tampa e produto armazenado, kg; peso da amostra de material da parede, kg; Wm = Ww = Sw = carga sobre o pendural de pesos do teste de atrito, kg; força de cisalhamento registrada, kg; Vr = Volume do anel de cisalhamento, m3; A = área da secção transversal da célula, m2; G = constante gravitacional, m.s-2; Wr = peso do anel de cisalhamento, kg; e WL = peso da tampa de cisalhamento, kg. Os valores médios das propriedades físicas, massa específica real, massa específica aparente e porosidade dos grãos de arroz para os fatores estudados, variedade e nível de beneficiamento, encontram-se no na Tabela 1. Nesta tabela pode-se observar que, tanto massa específica aparente quanto para a porosidade, para, praticamente, as 3 variedades, diferem significativamente entre si, para cada nível de beneficiamento. Não se observa este resultado para a massa específica real. No caso da porosidade, esta diminui com o beneficiamento, ou seja, com a retirada da casca e do polimento do grão integral (descascado). O que se deve, possivelmente, `a característica pilosa da casca do arroz, permitindo um maior índice de vazios na massa de grãos, enquanto que, com o beneficiamento, o volume de espaços intergranulares diminui, diminuindo conseqüentemente a porosidade da massa. Com relação às Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. variedades, não foram observadas diferenças significativas para esta propriedade, para os grãos de arroz integral, apresentando somente diferença significativa entre as variedades Urucúia e Jequitibá para os grãos com casca e grãos polidos. Os valores da porosidade determinados para os grãos de arroz em casca, neste experimento, foram 37 superiores aos encontrados por Brooker citado por Silva & Corrêa (2000) e por Wratten et al. (1969), que encontram valores de, aproximadamente, 60% para grãos com teor de umidade de 12% b.u., o que se deve, possivelmente, à utilização de variedades diferentes das utilizadas neste experimento. Tabela 1. Valores médios da porosidade e massas específicas aparente e real dos grãos de arroz com casca, integral e polido de três variedades. Nível de Beneficiamento Urucúia Variedade Confiança Jequitibá -3 Casca Integral Polido Casca Integral Polido Casca Integral Polido 65,64 A a 49,79 A b 47,04 B c Massa Específica Aparente (kg.m ) 518,06 B c 779,65 A b 795,22 B a Porosidade (%) 64,69 AB a 49,89 A b 47,83 AB c 1481,79 B a 1522,47 A a 1520,18 A a Massa Específica Real (kg.m-3) 1468,13 B b 1557,41 A a 1524,36 A a 508,98 C c 764,42 B b 805,12 A a CV (%) 0,35 548,47 A c 754,28 C b 780,53 C a 1,52 64,02 B a 49,12 A b 48,87 A b 1,58 1524,73 A a 1532,51 A a 1526,83 A a Para cada teste realizado, as médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. A massa específica aparente apresentou diferença significativa entre as variedades estudadas em todos os níveis de beneficiamento, devida, possivelmente, às características físicas intrínsecas de cada uma delas. Esta propriedade aumentou com o beneficiamento, possivelmente devido à redução de volume dos grãos pela retirada da casca e pelo polimento que eles sofrem, sendo esta redução de volume superior à redução de massa deles, considerando que o material retirado em cada operação unitária é de menor massa específica. De acordo com Webb citado por Brooker et al. (1992), a massa específica aparente dos grãos de arroz longo varia de 541-579 kg.m-3; Wratten et al. (1969) encontraram valores para esta propriedade de aproximadamente 582 kg.m-3 para grãos longos com teor de umidade de 12% b.u., e para este mesmo tipo de grão e teor de umidade, Brooker et al. (1992) informa que a massa específica aparente está em torno de 586 kg.m-3, sendo estes valores superiores aos encontrados para as variedades analisadas, no presente experimento. Assim como, para a porosidade, a diferença encontrada entre os valores da massa específica aparente, deve-se possivelmente, às diferentes variedades e tipos de arroz empregados nos testes. No caso da massa específica real, esta, praticamente, não apresentou diferença significativa entre as variedades, exceção feita aos grãos de arroz com casca, onde a variedade Jequitibá foi superior as outras duas (Urucúia e Confiança) que não diferiram, significativamente, entre si. Os valores encontrados, nesta pesquisa, foram superiores ao determinados por Wratten (1969), que, trabalhando com grãos longo da variedade Bluebonnet com teor de umidade de 12% encontrou para esta propriedade valores de 1384 kg.m-3. De acordo com Baudet (1998), a casca dos grãos de arroz possui, um papel protetor, durante o armazenamento, e esta estruturalmente separada da cariopse, fato que permite a sua retirada, facilmente, durante o beneficiamento. Nos grãos secos, fica um espaço interno maior, ocupado por ar entre a casca e a cariopse, por isso que os grãos com casca apresentam menor massa específica do que aqueles descascados. Com os resultados obtidos, podemos verificar de forma geral, na Tabela 1, esta Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. 38 tendência de aumento das massas específicas aparente e real com o processo de beneficiamento. Através dos resultados obtidos, pode-se calcular que o descascamento e o polimento do arroz gera um aumento médio de aproximadamente 46% e 4%, respectivamente, na massa específica aparente, sendo toda a operação de beneficiamento responsável por um aumento médio de 51% desta propriedade. No caso da porosidade, ocorre uma diminuição de 23% e 3%, respectivamente, no descascamento e polimento dos grãos de arroz, sendo, 26% a diminuição total desta propriedade durante todo o beneficiamento. Nas Tabelas 2 e 3 encontram-se, respectivamente, os valores médios dos coeficientes de atrito externo estático e dinâmico dos grãos de arroz para as diferentes variedades e níveis de beneficiamento em cada material de parede. Tabela 2. Valores médios dos coeficientes de atrito estático dos grãos de arroz com casca, integral e polido de três variedades em cada material de parede Nível de Beneficiamento Urucúia Casca Integral Polido 0,4112 A a 0,2857 C b 0,2249 C c Casca Integral Polido 0,2270 A a 0,1755 B b 0,1365 B c Casca Integral Polido 0,3894 A a 0,2571 C b 0,2316 B c Variedade Confiança Coeficiente de Atrito Estático na Madeira 0,3537 C a 0,3107 B b 0,2305 B c Coeficiente de Atrito Estático no Aço 0,1732 C a 0,1578 C b 0,1419 B c Coeficiente de Atrito Estático no Concreto 0,3430 C a 0,2777 B b 0,2283 B c Jequitibá CV (%) 1,72 0,3748 B a 0,3190 A b 0,2447 A c 4,12 0,2123 B a 0,1921 A b 0,1547 A c 1,78 0,3544 B a 0,3327 A b 0,2445 A c Para cada teste realizado, as médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Tabela 3. Valores médios dos coeficientes de atrito dinâmico dos grãos de arroz com casca, integral e polido de três variedades em cada material de parede Nível de Beneficiamento Urucúia Casca Integral Polido 0,4049 A a 0,2359 B b 0,1941 B c Casca Integral Polido 0,1610 A a 0,1088 B b 0,0987 B c Casca Integral Polido 0,3092 A a 0,2224 C b 0,2151 B c Variedade Confiança Coeficiente de Atrito Dinâmico na Madeira 0,3334 C a 0,2570 A b 0,1994 B c Coeficiente de Atrito Dinâmico no Aço 0,1210 B a 0,1101 B b 0,1031 AB c Coeficiente de Atrito Dinâmico no Concreto 0,2912 B a 0,2337 B b 0,2035 C c Jequitibá CV (%) 1,52 0,3635 B a 0,2572 A b 0,2074 A c 2,59 0,1655 A a 0,1179 A b 0,1070 A c 2,46 0,3070 A a 0,2761 A b 0,2299 A c Para cada teste realizado, as médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Pode-se verificar, nas Tabelas 2 e 3, que, tanto o coeficiente de atrito estático, como o dinâmico, diminuíram com o beneficiamento, independentemente, do material de parede e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. variedade, apresentando diferença significativa entre os grãos com casca, integral e polido, o que confirma o efeito do descascamento e brunimento nestas propriedades do arroz. Em todas as variedades e materiais de parede, os coeficientes de atrito diminuíram, significativamente, com o nível de beneficiamento dos grãos, sendo que os grãos polidos apresentaram os menores valores de coeficiente de atrito. Este fato já era esperado, considerando que o processo de polimento a que os grãos são submetidos, resulta em uma superfície mais lisa, concordando com Mohsenin (1986), o qual afirma que o atrito e, conseqüentemente, seus coeficientes, são afetados, principalmente, pela natureza e pelo tipo das superfícies em contato. Quanto às variedades, observa-se, na Tabela 2, que, para os grãos de arroz em casca, elas diferem, significativamente, entre si, independentemente, do material de parede, sendo os maiores coeficientes de atrito estático obtidos pela variedade Urucúia e os menores pela Confiança. Já para o grão integral e grão polido, em praticamente todos os tratamentos, a variedade Jequitibá é responsável pelos maiores coeficientes, diferindo, significativamente, das outras duas variedades, as quais não diferem entre si, exceção feita para a superfície de madeira onde todas diferem, significativamente, entre si, sendo os coeficientes gerados pela variedade Urucúia os menores e os da variedade Jequitibá, os maiores. Para os coeficientes de atrito dinâmico, pode verificar-se, na Tabela 3, que as variedades Confiança e Urucúia, praticamente não diferem entre si para os grãos de arroz integral e polido, sendo os maiores coeficientes obtidos pela variedade Jequitibá. Já para os grãos com casca, na superfície de madeira, as variedades diferem, significativamente, entre si, independentemente, do material de parede, sendo os maiores coeficientes de atrito estático obtidos pela variedade Urucúia e os menores pela Confiança. Nas demais superfícies, as variedades Urucúia e Jequitibá não diferem, significativamente, entre si, gerando os maiores coeficientes de atrito dinâmico. A retirada da casca gerou uma diminuição média de aproximadamente 18% nos valores do coeficiente de atrito estático e de 25% do atrito dinâmico dos grãos de arroz, enquanto que o polimento do grão integral promoveu uma diminuição de 13% no coeficiente dinâmico e 20% no estático. Os coeficientes de atrito estático e dinâmico dos grãos polidos diminuíram aproximadamente 34% quando comparados com os valores para os grãos em casca. 39 Benedetti (1987), trabalhando com arroz em casca com teor de umidade de 11,4%, nas superfícies de madeira, concreto e aço, encontrou, respectivamente, os seguintes coeficientes de atrito estático: 0,364; 0,533 e 0,221. Para estas mesmas superfícies, Brooker et al. citado por Fontana (1986), determina uma faixa de valores para os coeficientes de atrito, sendo de 0,40 a 0,45; 0,45 a 0,60 e 0,40 a 0,50, para a superfície de madeira, concreto e aço, respectivamente. Os coeficientes de atrito estático determinados, neste experimento, foram semelhantes ao encontrados por Benedetti (1987) para as superfícies de aço e madeira, e inferiores para a de concreto, o mesmo ocorrendo quando estes coeficientes são comparados com as faixas apresentadas por Fontana (1986). A diferença nos valores possivelmente deve-se ao fato da superfície dos materiais empregados apresentarem rugosidades diferentes ou devido à metodologia e equipamentos utilizados nas determinações destas propriedades. Nota-se portanto que para permitir a comparação entre resultados de diferentes pesquisas é fundamental que as superfícies dos materiais de parede sejam caracterizados, pelo menos pela determinação de sua rugosidade média. A fim de permitir futuras comparações, as rugosidades médias (Ra) das superfícies dos materiais de parede empregados neste estudo foram de 0,64; 3,22 e 3,56 m para o aço, concreto e madeira, respectivamente. A rugosidade média da superfície de vidro liso foi de 0,02 m, sendo o vidro considerado um material “polido” ou muito “liso”. Na Tabela 4, são apresentados os valores médios das forças de colapso e ruptura dos grãos de arroz das distintas variedades para os diferentes níveis de beneficiamento. Observa-se, na Tabela 4, que não existe diferença significativa da força de colapso para os grãos das distintas variedades estudadas, sendo este resultado semelhante ao encontrado por Shitanda et al. (2002) trabalhando com grãos de arroz com casca das variedades Akitakomachi, Delta e L201. A força necessária para promover a ruptura dos grãos foi diferente significativamente para cada nível de beneficiamento do arroz de todas as variedades, sendo maior para o arroz com casca e menor para o polido, resultado este já observado por Lu e Siebenmorgen (1995) ao trabalharem com as variedades de arroz Lemont e Tebonnet. Isto possivelmente ocorre devido à proteção oferecida pela casca e a película de recobrimento do grão integral, o que justifica o fato das etapas do beneficiamento, descascamento Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 40 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. e brunimento, serem as principais responsáveis pela ruptura dos grãos. Tabela 4. Valores médios da força de ruptura por compressão dos grãos de arroz com casca, integral e polido das três variedades. Nível de Beneficiamento Casca Integral Polido CV = 10,38 % Variedade Confiança Força (N) 99,00 a A 77,45 a B 70,34 a C d.m.s. = 2,94 Urucúia 101,18 a A 77,30 a B 70,63 a C Jequitibá 98,10 a A 75,46 a B 67,37 a C Médias com a mesma letra maiúscula e minúscula na coluna e na linha, respectivamente, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. CONCLUSÕES AGRADECIMENTOS Pode-se concluir com os resultados obtidos neste experimento que: Os autores agradecem ao CNPq e ao programa FINEP/RECOPE pelo auxílio financeiro. a massa específica aparente de todas as variedades aumenta com o beneficiamento dos grãos de arroz, podendo este aumento ser de até 51% e as variedades diferem estatisticamente entre si; a massa específica real, de forma geral, não sofre a influência do beneficiamento e das variedades; a porosidade da massa de grãos de arroz sofre influência do beneficiamento, sendo maior para os grãos em casca e menor para os polidos, sendo está diferença de até 26%; os coeficientes de atrito externo estático e dinâmico diminuem com o beneficiamento em todos os materiais de parede e variedades, sendo que o coeficiente de atrito estático tem maior influência da variedade do que o coeficiente dinâmico; os maiores coeficientes de atrito são oriundos do atrito com a superfície de madeira e os menores com a de aço e a força de compressão necessária para promover o colapso dos grãos de arroz é afetada significativamente com o beneficiamento, não sofrendo influência da variedade do produto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Afonso Júnior, P.C. Aspectos físicos, fisiológicos e de qualidade do café em função da secagem e do armazenamento. 2001. 351 p. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) – Departamento de Engenahria Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. ASAE Standards. American Society of Agricultural Engineers, St. Joseph, MI, 2000. Baudet, M.L. Armazenamento de sementes de arroz. In: PESKE, S.T.; NEDEL, J.L.; BARROS, A.C.S.A. Produção de arroz irrigado. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária – UFPel: Pelotas, 1998. p.469490. Benedetti, B.C. Influência do teor de umidade sobre propriedades físicas de vários grãos. 1987. 125 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. Brasil, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: DNDV/CLAV, 1992. 365p. Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. Westport: The AVI Publishing Company, 1992. 450 p. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz....., Silva et al. Calil Jr., C. Recomendações de fluxo e de cargas para o projeto de silos verticais. São Carlos: USP, 1990. 198 p. Fontana, C. Propriedades físicas e térmicas do arroz. Santa Maria: Ed. UFSM, 1986, 68 p. (Caderno Didático) Haaker, G.F.J.C.R. Progress in measuring bulk solid properties. In: Chisa Conferation 115. Prague, 1990. 10p. Jenike, A.W. Storage and flow of solids. Salt Lake City: University of Utah. 1980. 197p. Lawton, P.J. Coefficients of friction between cereal grain and various silo wall materials. Journal of Agricultural Engineering Research, London, v.25, n.1, p.75-86, 1980. Lu, R; Siebenmorgen, T.J. Correlation of head rice yield to selected physical and mechanical properties of rice kernels. Transactions of the ASAE, St Joseph, v.38, n.3, p.889-894, 1995. Marchezan, E. Grãos inteiros em arroz. Lavoura Arrozeira, Porto Alegre, v.44, p.3-8, 1991. Milani, A.P. Determinação das propriedades de produtos armazenados para projetos de pressões e fluxo em silos. 1993. 272 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 41 Pabis, S.; Jayas, D.S.; Cenkowski, S. Grain drying: theory and practice. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1998. 303p. Pomeranz, Y.; Webb, B.D. Rice hardness and functional properties. Cereal Foods World, St. Paul, v.30, n.11, p.784-790, 1985. Sasseron, J.L. Características dos grãos armazenados. Viçosa: Centreinar, 1980. 65p. Shitanda, D.; Nishiyama, Y; Koide, S. Compressive strength properties of rough rice considering variation of contact area. Journal of Food Engineering, London, v.53, p.53-58, 2002. Silva, J.S.; Corrêa, P.C. Estrutura, composição e propriedades dos grãos. In: SILVA, J.S. Secagem e Armazenamento de produtos agrícolas. Juiz de Fora: Instituto Maria, 2000. p.21-37. Suthar, S.H.; Das, S.K. Some physical properties of karingda [Citrullus lanatus (Thumb) Mansf] seeds. Journal of Agricultural Engineering Research, London, v.65, n.1, p.15-22, 1996. Vieira, N.R.A.; Carvalho, J.L.V. Qualidade tecnológica. In: Vieira, N.R.A.; Santos, A.B.; Sant’Ana, E.P. A cultura do arroz no Brasil. EMBRAPA Arroz e Feijão: Santo Antônio de Goiás, 1999. p.582-604. Mohsenin, N.N. Physical properties of plant and animal materials. New York: Gordon and Breach Publishers, 1986. 841 p. Wouters, A.; Baerdemaeker, J. Effect of moisture content on mechanical properties of rice kernel under quasi-static compressive loading. Journal of Food Engineering, London, v.7, p.83-111, 1988. Ojayi, O.A; Clark, B. High velocity impact of maize kernels. Journal of Agricultural Engineering Research, London, v.67, n.2, p.97-104, 1997. Wratten, F.T.; Poole, W.D.; Chesness, J.L, Bal, S.; Ramarao, V. Physical and thermal properties of rough rice. Transactions of the ASAE, St . Joseph., v.12, n.6, p.801-803, 1969. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.33-41, 2003 42 EDITAL DE SELEÇÃO DE CANDIDATOS Doutorado em Engenharia de Processos O curso de Doutorado em Engenharia de Processos foi criado por Resolução 01/99 do CONSUNI da UFPB. Foi credenciado pela CAPES em março/2002. As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos são abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição realizado entre outubro e novembro do ano anterior. DOCUMENTOS EXIGIDOS: Formulário de Inscrição devidamente preenchido Duas cartas de Recomendação (formulário específico) 2 fotos de 3x4 recentes Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes) Históricos Escolares da graduação e do Mestrado Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso Cópia autenticada da carteira de identidade. Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae,(peso 4) Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso.(peso 2) O Plano de Tese , com um máximo de 6 páginas, deverá incluir introdução, justificativa, objetivos e metodologia. Apresentação Oral do Plano de Tese: 02 e 03 de dezembro de 2002 Vagas: 20 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS LINHAS DE PESQUISA : PROCESSOS TÉRMICOS E DE SEPARAÇÃO DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA DE MATERIAIS OBJETIVOS: O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba tem uma ampla e reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de engenharia. Modernamente, tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que privilegiem atuações multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas. O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes dos Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos relativos à Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais. O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e formação de pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da Engenharia aplicados ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos envolvidos nas industrias de diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico, farmacêutico, metalúrgico, agroalimentar, etc. Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP. Cada uma das duas linhas de pesquisa oferecidas pelo programa inclui grandes temas de pesquisa de natureza multidisciplinar que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos voltados para a área de Desenvolvimento de processos. Maiores informações consultar http://www.cct.ufcg.edu.br/ Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 ISSN:1517-8595 43 COMPONENTES QUÍMICOS E ESTUDO DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO EM VAGENS DE ALGAROBA Francisco de Assis C. Almeida1, José Euflávio da Silva2, Maria Elessandra R. Araújo2, Josivanda P. Gomes de Gouveia1, Silvana A. de Almeida2 RESUMO As sementes de algaroba (Prosopis juliflora (SW) D.C) foram submetidas ao processo de dessorção, sob condições de temperatura a 20 e 30 °C e umidade relativa variando de 16,3 a 87,7%, até atingir a umidade de equilíbrio. Posteriormente, ajustou-se aos dados experimentais cinco modelos matemáticos de sorção (GAB, BET, Halsey, Smith e Oswin) com a finalidade de se obter os parâmetros desses modelos e escolher aquele que melhor representasse as isotermas de dessorção. A escolha do melhor ajuste deu-se em função do coeficiente de determinação (R2), desvio médio relativo (P) e o erro médio estimado (SE). De acordo com os resultados, o modelo de GAB, foi o que obteve melhor ajuste às isotermas de dessorção, podendo ser empregado para cálculo da umidade de equilíbrio higroscópico das sementes. As vagens de algaroba secas e trituradas apresentaram 35,24% de sacarose, 14,95% de fibras, 9,15% de proteína bruta que lhe confere um valor altamente energético. Palavras chave: teor de umidade, análise química, Prosopis juliflora CHEMICAL COMPONENTS AND STUDY OF THE EQUILIBRIUM MOISTURE CONTENT IN MESQUITE BEANS ABSTRACT The mesquite seeds (Prosopis juliflora (SW) D.C) were submitted to the desorption process, at the temperatures of 20 and 30 °C, and relative humidity varying from 16.3 to 87.7% until the equilibrium. Five mathematical models of sorption (GAB, BET, Halsey, Smith and Oswin) were adjusted to the experimental data to obtain the parameters of theses models and to choose the best one to represent the desorption isotherms. The choice of the best fit was based on the coefficient of determination (R2), relative medium deviation (P) and the average error esteemed (SE). The GAB model was the one which best represented the desorption isotherms; it may be used for the calculation on the hygroscopic equilibrium humidity of the seeds. The beans of dry and triturated mesquite presented 35.24% of sucrose, 14.95% of fibers, 9.15% of rude protein that make then a big energetic value. Keywords: moisture content, chemical analysis, Prosopis juliflora INTRODUÇÃO A algaroba (Prosopis juliflora (SW) D.C) é uma leguminosa, não oleaginosa, nativa das regiões áridas e semi-áridas das Américas, África e Ásia, sendo que nesta última se concentra a maioria das 44 espécies do gênero Prosopis, apresentando, portanto, admirável amplitude de adaptação (Perez e Moraes, 1991). Introduzida no __________________________ Protocolo 81 de 4/ 12 /2002 1 Professor da UFCG/CCT/DEAg. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Engenharia Agrícola pela UFPB Brasil, principalmente no Nordeste há mais de 50 anos, cujo objetivo principal é o de alimentar animais, além de ser utilizada em reflorestamento, produção de madeira, carvão vegetal, estacas e apicultura. Constitui-se numa das raras espécies capazes de possibilitar aos animais e ao próprio homem uma convivência harmoniosa com o fenômeno adverso e periódico das secas (Souza, 1998). 44 Componentes químicos e estudo da umidade de equilíbrio em vagens de algaroba, Almeida et al. Tendo em vista essas características positivas da algarobeira, o produtor nordestino reconhece nela uma grande aliada para alimentar os rebanhos bovinos, caprinos e ovinos, principalmente nos períodos de longas estiagens, pois além de todas as características acima citadas, as suas vagens são de grande aceitabilidade por esses animais (Pinheiro, 1993). Portanto, a determinação de parâmetros de qualidade como o teor de umidade e propriedades químicas do farelo da vagem da algaroba, que são utilizados para sua comercialização é de vital importância para os produtores rurais. As vagens de algaroba são higroscópicas, tendo relação de atividade de água com a umidade de equilíbrio que deve ser estudada por fornecer informações na definição dos parâmetros de secagem. A determinação da atividade de água é uma das medidas mais importantes no processamento e na análise dos materiais biológicos, devido a sua importância no que diz respeito à qualidade e estabilidade. A afinidade existente entre a água e os outros componentes de um produto definem sua higroscopicidade que é muito marcante nos produtos e torna-se uma característica fundamental a influenciar os processos de manuseio, estocagem e consumo de materiais biológicos (Texeira Neto, 1993). O estudo da atividade de água pode ser feito através das isotermas de sorção. Uma isoterma é uma curva que descreve, em uma umidade específica, a relação de equilíbrio de uma quantidade de água sorvida por componentes do material biológico e a pressão de vapor ou umidade relativa, a uma dada temperatura. Esta relação depende da composição química dos alimentos (Park et al., 2001). Com o intuito de prever o comportamento de isotermas, diversos autores propuseram equações matemáticas empíricas e teóricas para ajuste de isotermas de sorção. Estas equações são úteis no conhecimento das características dos produtos tanto no armazenamento quanto na secagem. Dentre as diversas equações utilizadas para expressar a atividade de água dos produtos agrícolas, em função da temperatura e umidade relativa, as mais comuns, por sua relativa precisão e generalidade podem ser citadas a de GAB, BET, Oswin, Smith e Halsey (Prado et al., 1999; Corrêa e Almeida, 1999; Unadi et al., 1998). Diante do exposto esse trabalho objetivou o estudo da atividade de água através das curvas de dessorção para as temperaturas de 20 e 30 ºC utilizando o método gravimétrico estático na faixa de umidade relativa de 16,3 a 87,7% e caracterizar as vagens de algaroba mediante estudo dos seus componentes químicos. MATERIAL E MÉTODOS A matéria-prima utilizada foi as vagens de algaroba (Prosopis juliflora (SW) D.C) procedentes de propriedades rurais do município de Cuité, PB, com umidade inicial entre 18 e 20% b.u. Os testes foram realizados no Laboratório de Armazenamento de Produtos Agrícolas da Universidade Federal de Campina Grande. Os teores de umidade de equilíbrio das vagens de algaroba foram determinados por meio do método estático, utilizando-se soluções aquosas de ácido sulfúrico (H2SO4) em água destilada, para uma faixa de umidade relativa de 16,3 a 87,7%, de acordo com metodologia citada por Hall (1971). Os testes foram conduzidos as temperaturas de 20 e 30 ± 1 ºC. Para isto foram utilizadas três estufas B.O.D, com o objetivo de se manter as amostras nas temperaturas e umidade desejadas. As amostras foram colocadas em triplicatas em cestas de tela de arame e em seguida armazenadas em potes de vidro herméticos com as respectivas soluções de ácido, para cada valor de umidade relativa desejada. As amostras com teor de umidade previamente determinado foram pesadas em intervalos regulares de tempo: 24, 48 e 96 horas respectivamente, para a 1ª, 2ª e 3ª semanas até se alcançar o ponto de equilíbrio. Depois de alcançado o equilíbrio, as amostras foram levadas à estufa com temperatura de 105 ± 3 ºC por 24 horas (Brasil, 1992) a fim de se obter a sua massa seca. O teor de umidade de equilíbrio (base seca) foi calculado, com base na diferença entre a massa da amostra no equilíbrio e a massa seca. Para o ajuste das isotermas de sorção, foram testados as equações de BET, Halsey, Oswin, Smith e GAB com a finalidade de se obter os coeficientes das equações citadas. A análise de regressão não linear do pacote estatístico Statistica foi usada para estimar as constantes das equações de isotermas de dessorção. Os critérios usados para escolha do melhor ajuste foram o coeficiente de determinação (R2), erro médio estimado (SE) e o desvio médio relativo P (%) conforme descrito a seguir: P SE 100 n n i 1 M Mp i i (1) Mi Mi Mpi 2 GLR (2) em que: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 Componentes químicos e estudo da umidade de equilíbrio em vagens de algaroba, Almeida et al. 45 M i = valores obtidos experimentalmente Mpi = valores preditos pelo modelo n = número de dados experimentais GLR = Grau de Liberdade de modelo seguida por uma digestão em meio alcalino. O resíduo da inceneração desse material fornece os subsídios para o cálculo da fração de fibras. Para a determinação da umidade inicial e final das vagens de algaroba, utilizou-se o método da estufa (Brasil, 1992). A matéria seca foi obtida por diferença do teor de umidade. Nas análises de proteínas, foi utilizado o método Micro-Kjedalh, o qual é realizado com base na determinação do nitrogênio total da amostra, que através de cálculo foi convertido em nitrogênio protéico. A metodologia utilizada para determinação de lipídeos baseou-se na extração continua em aparelho Soxhlet a qual é baseada na perda de peso do material submetido à extração com éter etílico ou na quantidade de material dissolvido pelo solvente. As análises de cinzas foram obtidas segundo as normas analíticas da AOAC (1992). As amostras foram carbonizadas em bico de Bunsen, em seguida incineradas em uma mufla a 550 °C. Depois, foram resfriadas em dessecador e pesadas. Para a determinação de açúcares, foi utilizado o método da antrona que se fundamenta na hidrólise pelo acido sulfúrico concentrado, que, quando aquecido com a hexose, sofre reação de condensação, formando um produto de coloração verde, cuja intensidade da cor é lida em espectofotômetro a 620 nm. O processo utilizado para determinação de fibra foi o de Hennemberg que consta fundamentalmente de uma digestão em meio ácido, Na Tabela 1, encontram-se os dados de umidade de equilíbrio obtidos experimental-mente onde se observa mediante a mudança de temperatura, resultados diferenciados para estas concordando, também com os dados de estudos realizados por Brooker (1992) e Morey (1995). Os valores para as constantes das diversas equações encontram-se na Tabela 2, com os respectivos coeficientes de determinação (R2), desvio médio relativo (P) e erro médio estimado (SE). Considerando-se o valor do coeficiente de determinação (R2), tem-se que as equações de GAB, BET, Oswin, Smith e Halsey descrevem satisfatoriamente as isotermas de sorção das vagens de algaroba para as atividades de água variando de 16,3 a 87,7%, uma vez que seus coeficientes ficaram acima de 90%. A análise dos dados da Tabela 2 indica que as equações de GAB e Halsey foram as que apresentaram melhores coeficientes de determinação (R2) e, também, a menor desvio médio relativo (P) entre os dados obtidos e os calculados; portanto, são as equações que melhor se ajustaram aos dados obtidos, contudo, a equação de GAB apresentou o melhor ajuste às isotermas de algaroba para as temperaturas estudadas obtendo-se os menores desvio médio relativo, erro médio estimado e maior coeficientes de determinação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Dados experimentais da atividade de água e umidade de equilíbrio das vagens de algaroba para as temperaturas de 20 e 30°C T = 20 ºC aw 0,1630 0,3307 0,5670 0,6990 0,8770 T = 30 ºC Xe 0,0702 0,0844 0,1210 0,1687 0,3118 Para a temperatura de 30 °C (Tabela 2) as equações de Smith e Oswin apresentaram os maiores erros relativos 20,5 e 16,7% respectivamente, indicando uma menor representatibilidade para prenunciar com segurança os dados das isotermas das vagens de algaroba dentro da faixa de temperatura estudada, uma vez aw 0,1700 0,3244 0,5660 0,6789 0,8750 Xe 0,0660 0,0730 0,1077 0,1549 0,3298 que conforme Lomauro et al. (1985) o valor do desvio relativo médio (P) deve ser menor que 10%. Conforme o coeficiente de determinação (R2), desvio relativo médio (P) e o erro médio estimado (SE), verifica-se que o melhor ajuste foi o modelo de GAB, seguido de Halsey, podendo ser utilizado para o cálculo da umidade de equilíbrio Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 46 Componentes químicos e estudo da umidade de equilíbrio em vagens de algaroba, Almeida et al. higroscópico das vagens de algaroba. Dados estes concordantes com os obtidos por Araújo (2001) e Park et al. (2001) ao estudarem isotermas de dessorção da goiaba e pêra, respectivamente. O mesmo foi observado por Kechaou e Maalej (1999) ao analisarem os dados de isotermas de dessorção da banana em uma faixa de atividade de água entre 0,1 a 0,90 e temperaturas de 35,50 e 70 ºC. A isoterma de dessorção das vagens de algaroba (Figura 1) evidencia o efeito da temperatura sobre a taxa de dessorção que é mais alta no início do processo; diminuindo continuamente à medida que se aproxima da umidade de equilíbrio. Comportamento que conduz a afirmativa de aumento da taxa de dessorção com a diminuição da umidade relativa. Tabela 2 - Parâmetros de ajuste das isotermas de dessorção para as temperaturas de 20 e 30 °C Equação GAB xm C k R2 (%) P (%) SE Distribuição dos resíduos xm C BET Oswin Smith Halsey 2 R (%) P (%) SE Distribuição dos resíduos a b R2 (%) P (%) SE Distribuição dos resíduos a b R2 (%) P (%) SE Distribuição dos resíduos a b R2 (%) P (%) SE Distribuição dos resíduos Ainda em análise a Figura 1, a partir de valores de atividade de água acima de 0,70 observa-se uma tendência à inversão da 20 ºC 30 ºC 0,0588 0,052 1346 0,925 99,96 1,071 0,002 6880 0,963 99,81 2,441 0,005 Aleatório 214,48 360,12 0,0005 92,97 13,51 0,033 0,0003 90,73 16,70 0,039 Tendencioso 0,116 0,495 98,51 10,738 0,012 0,105 0,581 98,09 16,514 0,015 Tendencioso 0,127 0,031 97,42 11,611 0,016 0,142 0,014 95,51 20,504 0,023 Tendencioso 0,019 1,642 99,74 3,555 0,005 0,028 1,418 99,41 6,755 0,008 Aleatório dependência da temperatura, ou seja, a algaroba dissolver mais umidade em temperaturas mais altas. Isto pode ser explicado devido à dissolução Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 Componentes químicos e estudo da umidade de equilíbrio em vagens de algaroba, Almeida et al. dos açúcares de frutos, que aumenta significativamente, quando a temperatura é aumentada (Gabas, 1998). Souza et al. (2002) ao verificarem o processo de desidratação osmótica de goiaba, seguida de secagem, observaram um aumento da quantidade de sólidos solúveis, explicada pela maior absorção de sólidos solúveis e mais rápidas perda de água, e, conseqüente, redução da atividade de água provocada pelas trocas difusionais e a pressão osmótica sobre o tecido do fruto. Mediante os dados dos resíduos (Figura 2) obtidos pela diferença entre os valores 47 experimentais e os valores calculados para cada equação estudada, as equações de GAB e Halsey apresentaram distribuição aleatória de seus resíduos, podendo ser, portanto, utilizado de forma satisfatória para representar a atividade de água das vagens de algaroba. No entanto, as equações de Oswin, BET e Smit apresentam uma distribuição tendenciosa dos resíduos, indicando desta forma serem equações menos preditivas para estudo das isotermas de dessorção deste produto. 0,40 Umidade de equilibrio (decimal) 0,35 20°C 30°C ___GAB 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 Atividade de água (decimal) Figura 1. Isotermas de dessorção das vagens de algaroba para as temperaturas de 20 e 30 °C ajustadas pelo modelo de GAB Na Tabela 3, estão contidos os dados das análises químicas das vagens de algaroba secas em um secador de leito fixas e trituradas em moinho. Em análise aos dados, observa-se que a algaroba apresenta um alto índice de matéria seca e matéria orgânica e níveis de proteína que se assemelham aos grãos de milho (Silva, 1986), apresentando ainda bons níveis de fibra bruta e sacarose. Os resultados da composição química das vagens de algaroba trituradas, quando comparadas aos da literatura nacional e estrangeira com os de Alsina et al. (1996), Cavalcanti-Mata et al. (1986) e Del Vale et al. (1983), mostraram valores que estão acima da média obtido por esses autores, no caso da sacarose, segundo Silva (1986) essas diferenças deve-se provavelmente, a fatores tais como: cultivares de plantas, origem, idade da planta, clima, solo, entre outros. Especificamente, com relação aos teores de proteína bruta em comparação com a literatura citada são comparados aos de Alsina et al. (1996), os de cinza semelhantes aos de Silva et al. (2001), superiores aos de Silva (1983) e inferiores aos obtidos por Silva (1986). Esta planta apresenta em sua composição química de 34,32-35,82% de sacarose, 8,98-9,40% de proteínas, 96,30% de matéria orgânica. Constituindo-se num excelente alimento de engorda, além de ser relativamente rico em proteínas. Possuindo um teor de cinzas em aproximadamente 3,7% e a umidade 7,05%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 48 Componentes químicos e estudo da umidade de equilíbrio em vagens de algaroba, Almeida et al. Figura 2. Distribuição dos resíduos para as equações matemáticas analisados, em função dos valores estimados para as temperaturas de 20 e 30 ºC. Tabela 3. Análise química do farelo das vagens de algaroba Amostra Matéria Proteína Sacarose Gordura seca bruta bruta Nº (%) (%) (%) (%) 01 92,82 9,01 34,32 1,25 03 93,01 8,98 35,82 1,55 02 93,03 9,40 35,57 1,84 CONCLUSÕES Fibra bruta (%) 14,41 15,41 15,04 Cinza (%) 3,55 3,68 3,87 Matéria orgânica (%) 96,45 96,35 96,13 Umidade (%) 7,18 7,00 6,96 As equações utilizadas para predizer o A umidade de equilíbrio higroscópico das vagens de algaroba aumenta com o aumento da umidade relativa do ar e diminuição da temperatura. equilíbrio higroscópico das vagens de algaroba ajustaram se satisfatoriamente aos dados experimentais das isotermas de sorção, sendo a melhor delas a de GAB por ter apresentado os maiores coeficientes de determinação e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 Componentes químicos e estudo da umidade de equilíbrio em vagens de algaroba, Almeida et al. menores valores dos erros médios relativos e estimados e distribuição aleatórias dos resíduos. As vagens de algaroba são basicamente constituídas de matéria orgânica e matéria seca, seguida de sacarose, fibra, proteína cinza e gorduras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adam, E., Muhlbauer, W., Esper, A., Wolf, W.F., Spiess, W. Effect of temperature on water sorption equilibrium of onion (Allium cepa L.). Drying Technology, New York, v.18, n.9, p.2117-2129, 2000. Alsina, O.L.S., Aragão, R.F., Monteiro.L.F. Estudo sobre as condições de secagem de vagens de algaroba. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 25, 1996, Bauru. Anais... Bauru: SBEA, 1996. CD Rom. Araújo, M.E.R. Predição da cinética de secagem do fruto da goiabeira (Psidium guajava). Campina Grande: UFCG, 2001. 79p. (Dissertação Mestrado). Araújo, M.E.R., Almeida, F.A.C., Gouveia, J.P.G., Silva, M.M. Atividade de água em goiaba (Psidium guajava L.), In: XXX Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: SBEA, 2001. AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS Official Methods of Analysis, 14. ed. Arlington, Virgínia, 1992. BRASIL, Regras para análise de sementes. Brasília: Departamento Nacional de Produção Vegetal, 1992. 188p. Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Theory and simulation of grain drying. In: Drying and storage of grains and oilseeds. Westport the AVI publishing Company, 1992. p.205-240. Cavalcanti-Mata, M.E.R.M.; Aragão, R.F.; Sousa, J.B.; Santos, E.S. Alterações dos percentuais dos componentes nutricionais das vagens de algaroba durante a secagem. Revista Nordestina de Armazenagem, Campina Grande, v.2, p.50-63, 1986. 49 Corrêa, P.C., Almeida, F.A.C. Comparação de modelos matemático de equilíbrio higroscópico para semente e fibras de algodão herbáceo, cultivar redenção. Revista de Oleaginosas e Fibrosa, Campina Grande, EMBRAPA-CNPA , v.3, n.1, p.7-12, 1999. Del Valle, F.R.; Escobebo,M.; Munoz,M.J.; Ortega,R; Bourges, H. Chemical and nutritional studies on mesquite beans Prosopis juliflora(SW) D.C., Journal of Food Science, v.48, p.914-919, 1983. Hall, C.W. Drying farm crops. Ann Arbor, Eduards Brothers, Michigan, 1971, 336p. Kechaou, N.; Maalej, M. Desorption isotherms of imported banana. Drying Technology, New York, v.17, n.6, p.1201-1213, 1999. Lomauro, C.J.; Bakshi, A.S.; Labuza, T.P. Evaluation of food moisture sorption isotherm equations. Par I: Fruit, vegetable and meat products. Lebensmittel-Wissenschaft and Technologies, London, v.18, p.112-22, 1985. Morey, V.; Wilcke, W.F.; Meronuck, R.A.; Lang, J.P. Relationship between equlibrium relative humidity and determination of shelled corn. Transactions of the ASAE, St. Joseph, v.38, n.4, p.1139-1145, 1995. Park, K.J.; Bim, A.; Brod, F.P.R. Obtenção das isotermas de sorção e modelagem matemática para pêra bartlett (Pyrus.sp.) com e sem desidratação osmótica. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.21, n.1, 2001. Prado, M.E.T.; Alonso, L.F.T.; Sales, A.F.; Park, K.J. Isotermas de sorção: determinação experimental e avaliação de modelos matemáticos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.19, n.1, 1999. Perez, S.C.J.A.; Moraes, J.A.P.V.; Efeito da cumarina e de sua interação com giberelina na germinação de Prosopis juliflora (sw) D.C. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.26, n.9, p.1493. 1991. Pinheiro, M.J.P., Sousa, R.P.; Espindola, G.B. Efeitos da adição de farelo de vagem de algaroba para suínos na fase de terminação. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.28, n.12, p.1943-1949. 1993. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 50 Componentes químicos e estudo da umidade de equilíbrio em vagens de algaroba, Almeida et al. Silva, D.S. Algaroba na alimentação de bovinos de corte em confinamento. Fortaleza: BNB. 1983,166p. guajava L.) seguida de secagem em estufa. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 2002, Belém. Anais... Belém: SBF, 2002. CD Rom. Silva, A.M.A. Valor nutritivo da algaroba Prosopis juliflora (SW) D.C. na alimentação de suínos. Viçosa: UFV. 1986. (Dissertação Mestrado). Texeira Neto, R.O.; Quast, D.G. Isotermas de adsorção de umidade em alimentos. Ciências e Tecnologia dos Alimentos, Campinas, v.8, p.141-197, 1993. Silva, S.A.; Souza, A.G.; Conceição, M.M.; Alencar, A.L.S.; Prasad, S.; Cavalheiro, J.M.O. Estudo termogravimétrico e calorimétrico para algaroba. Quimíca Nova, São Paulo, v.24, n.4, 2001. STATISTICA for Windows 5.0. Computer Program Manual. Tulsa, OK: StatSoft, Inc., 1995. Souza, A.G. Análise térmica de derivados de algaroba Prosopis juliflora (SW) D.C. João Pessoa: CCEN/UFPB, 1998. (Projeto Pesquisa). Souza, P.H.M.; Maia, G.A.; Souza Filho, M.S.M.; Figueirêdo, R.W.; Souza, A.C.R.; Elisa, S. Desidratação osmótica de goiaba (Psidium Unadi, A.; Fuller, R.J.; Macmillan, R.H. Prediction of the equilibrium moisture content of tomatoes. Food Australia, v.50, n.4, p.200203, 1998. Unadi, A.; Fuller, R.J.; Macmillan, R.H. Prediction of the equilibrium moisture content of tomatoes. Food Australia, v.50, n.4, p.200203, 1998. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.43-50, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.51-56, 2003 ISSN: 1517-8595 51 DETERMINAÇÃO DO MELHOR PROCESSO DE EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DO CALDO DE ALGAROBA (Prosopis juliflora (Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO DE AGUARDENTE Clóvis Gouveia Silva1, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata2, Maria Elita Duarte Braga2, Vital de Sousa Queiroz3 RESUMO A algarobeira é uma planta xerófita nativa de regiões áridas sendo suas vagens aproveitadas nos períodos secos para alimentação humana e animal. No entanto, nos período de índice pluviométrico normal este produto é pouco utilizado existindo este material em abundancia, sem aproveitamento industrial e com um desperdiço acentuado. Portanto, este trabalho teve como finalidade estudar O melhor método de extração dos açucares existentes nas vagens de algaroba e determinar o brix ideal para fermentação desses açúcares utilizando a Sacharomyces cerevisiae. O estudo desses itens teve por finalidade servir de parâmetros para produção de aguardente de algaroba. Diante dos resultados obtidos, concluiu-se nesta investigação que o melhor processo de extrair os açúcares das vagens de algaroba, dentre os estudados, é quando essas vagens são diluídas na proporção de 1:2 (1 kg de vagem/ 2 kg de água) e submetidas a uma pressão de 50 kgf/cm2 com prensagem manual ou a 250 kgf/cm2 com prensa automática. Constatou-se também que no processo de fermentação do caldo de algaroba, o melhor teor de sólidos solúveis médio encontra-se entre 18 e 20ºBrix encontrando-se ainda um valor residual de açúcares não fermentáveis de 2ºBrix. Palavras-chave: sólidos solúveis totais, algarobeira, temperaturas criogênicas THE BEST PROCESS DETERMINATION OF EXTRACTION AND FERMENTATION OF THE MESQUITE (Prosopis juliflora (SW.) DC) BROTH TO OBTAIN LIQUOR ABSTRACT The mesquite is a plant native to arid areas and its beans are utilized in the dry periods for human and animal feeding. However, in the period of normal pluviometer index this product is not used frequently, and it exists in abundance, without industrial use and with an accentuated waste. Therefore, this work had as purpose to study the extraction of sugar from the mesquite beans and to determine the ideal brix for the fermentation of this sugar using the Sacharomyces cerevisiae. The study of those items had for purpose to serve of parameters for production of mesquite liquor. According to the obtained results, it was concluded in this investigation that the best process of extracting of sugar from the mesquite beans, among the ones that were studied is when these beans are diluted in the proportion of 1:2 (1 kg of bean / 2 kg of water) and are submitted to a pressure of 50 kgf/cm2 with manual press machine or to 250 kgf/cm2 with automatic press machine. It was verified a residual value of not ferment sugar of 2ºBrix. Keyword: total soluble solids, mesquite, cryogenic temperatures ________________________ Protocolo 89 de 8/ 6/ 2003 1 Engenheiro de Alimentos, Mestre em Engenharia Agrícola 2 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, [email protected] e [email protected] 3 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Química e de Alimentos da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil 52 Extração e fermentação do caldo de algaroba para obtenção de aguardente, Silva et al. emulsificação, suspensão, inibição de sinérise (Azevedo, 1986). INTRODUÇÃO A algarobeira, Prosopis juliflora (Sw.) DC., (algarroba/algarrobo em espanhol, mesquite em inglês e mesquitobaum em alemão) é uma planta xerófita nativa de regiões áridas que vai do sudoeste americano até a patagônia na Argentina e em alguns desertos africanos. Os conquistadores espanhóis quando chegaram ao novo mundo, deram o nome de algarrobo, pela semelhança de seus frutos com as vagens da alfarroba (Ceratonia siliqua), abundante na região do mediterrâneo (Gomes, 1973, Arruda,1994). Apesar das numerosas espécies existentes desta importante xerófila, no Brasil cultiva-se apenas a Prosopis juliflora (Sw.) DC., espécie originária do deserto de Piura no Peru (Mendes citado por Silva, 2002). No nordeste brasileiro essa xerófita foi introduzida com a finalidade de ocupar as terras áridas e secas dessa região devido a sua rusticidade e por apresenta a importante característica de frutificar na época mais seca do ano, quando os estoques de forragens naturais atingem um estágio crítico, propiciando, desta forma, um alimento de grande valor nutricional, principalmente para a criação de caprinos e bovino. Quando ocorrem os períodos cíclicos de seca no nordeste brasileiro, a massa foliar da algarobeira (Figura 1) e as vagens da algaroba (Figura 2) tornam-se a única fonte alimentar economicamente viável que permite a sobrevivência da criação. Nesta época a algarobeira é evidenciada e lembrada pelos agricultores e órgãos de fomento. No entanto, quando esses períodos de seca não ocorrem a algarobeira serve como alvo de críticas pelos órgãos agrícolas incluindo-a até como uma praga. Isto se deve ao espaço que ela ocupa na propriedade e a propagação que dá indiscriminadamente feita pelas sementes que se encontram nas fezes dos animais. No entanto, em outros Países do mundo como Peru, Chile e Argentina onde os índios habitam determinadas regiões inóspitas como o deserto de Piúra as vagens de algaroba são utilizadas, ainda hoje, na alimentação humana Essas vagens são utilizadas no fabrico da farinha, bolos, pães, biscoitos, doces, geléias, mel, algarobina, refrescos, licor e outros produtos. A algarobina é uma bebida muito apreciada no Peru como fortificante e afrodisíaco. Atualmente já se aplica a goma da algaroba na indústria de alimentos como estabilizantes, espessantes, modificadores de texturas em certos sistemas de gel, inibição de formação de cristais, Figura 1. Algarobeira Figura 2. Vagens e sementes de algaroba Embora as vagens de algaroba sirvam também para a alimentação humana, o seu consumo com esta finalidade, torna-se difícil por não se constituir em um hábito alimentar. Considerando a grande produção regional (Paraíba) da vagem de algaroba, o alto teor de açúcar na vagem, além da expressiva quantidade de frutos desperdiçados no campo, dados esses levantados junto aos produtores, identificou-se a necessidade de desenvolver um projeto piloto, de maneira a demonstrar uma alternativa de aproveitamento da cultura, de modo a proporcionar um retorno financeiro significativo, para o produtor dessa cultura. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.51-56, 2003 Extração e fermentação do caldo de algaroba para obtenção de aguardente, Silva et al. Por causa de as vagens de algaroba serem uma fonte rica em açúcares, que são susceptíveis a fermentação, pensou-se em utilizá-lo na indústria de processos fermento-destilados, tentando demonstrar de maneira simples e objetiva, que a algaroba, pode ser utilizada como matéria prima para produção de aguardente (Alves,2001). Portanto, o objetivo deste trabalho foi: a) estudar alguns processos de extração dos açucares existentes nas vagens de algaroba e b) determinar o brix ideal de concentração do mosto (entre 10º e 20ºBrix), para fermentação desses açúcares utilizando a Sacharomyces cerevisiae. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da Universidade Federal de Campina Grande, conjuntamente, com o Laboratório de Produtos Fermento Destilado da Universidade Federal da Paraíba, ambos localizados no Estado da Paraíba, Brasil. Os frutos da algarobeira, Prosopis juliflora (S.w.) D.C., utilizados, neste trabalho, foram provenientes das cidades paraibanas de Serra Branca e Coxixola, na região dos Cariris Velhos, Santa Luzia, situada no sertão e da cidade de Campina Grande, no agreste da Borborema. Estes frutos foram coletados, manualmente, após queda natural, entre os meses de novembro de 2001 a março de 2002, correspondendo à safra 2001/2002. Inicialmente foi feita uma seleção das vagens de algaroba, excluindo-se as vagens que 53 apresentaram infestações por pragas, danos mecânicos, mofos, e atrofiamento, entre outros defeitos. O material selecionado foi pesado em uma balança com precisão de 0,1g, sendo este cortado e triturado em um liquidificador semiindustrial de capacidade de 10kg, até a obtenção de uma massa uniforme. Para obtenção do caldo de algaroba, o material triturado foi submetido a dois tipos de equipamento: a) prensa hidráulica automática e b) prensa hidráulica manual. Na prensa hidráulica automática do tipo Pinette Micadau, a pressão utilizada foi de 250 kgf/cm2 e as proporções de água e massa do produto foram de 1:1 (1 kg de vagem de algaroba para 1 kg de água), 1:2; 1:3 e 1:4. Na prensa hidráulica manual a pressão utilizada foi de 50 kgf/cm2. e a proporção de água e massa de algaroba foi de apenas 1:2 (1 kg de vagem de algaroba para 2 kg de água). As prensagens foram realizadas em um cilindro de aço inoxidável perfurado forrado por sacos de nylon de trama 90, no qual a matériaprima era inserida. O resíduo obtido da prensagem era submetido a uma nova trituração e prensagem para extrair todo açúcar existente no resíduo, aumentando a eficiência da operação. Essas etapas foram realizadas, utilizando-se parte da água deixada na primeira prensagem. Desta forma, os experimentos, montados para a determinar a melhor maneira de extrair os açúcares da algaroba, encontram-se na Tabela 1. Tabela 1 - Experimentos realizados para extração dos açúcares das vagens de algaroba Experimento Diluição na extração do mosto Pressão Tipo de Prensa 01 02 03 04 05 1:1 1:2 1:3 1:4 1:2 250 kgf/cm2. 250 kgf/cm2. 250 kgf/cm2. 250 kgf/cm2. 50 kgf/cm2. Automática Automática Automática Automática Manual Para determinar-se o rendimento extração utilizou-se a seguinte formula: %Re = Ex x 100 Z da (1) em que, Ex = massa do caldo a um padrão de 10 oBrix , kg Z = massa do produto extraída da prensa hidráulica (massa de algaroba + massa de água), kg Após a prensagem da vagem e filtração do material, o caldo obtido deste processo, denominado de mosto, sofreu uma diluição com a finalidade de ajustar-se aos parâmetros exigidos (°Brix, pH, temperatura) para fermentação. As diferentes concentrações do mosto, testadas, neste trabalho, com a finalidade de se Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.51-56, 2003 Extração e fermentação do caldo de algaroba para obtenção de aguardente, Silva et al. 54 determinar a melhor graduação alcoólica para o processo de fermentação foram de 10, 12, 14, 16, 18 e 20°Brix. Os mostos, depois de serem corrigidos, para as diferentes concentrações acima citadas, foram colocados para serem fermentados em dornas de inox, inoculando-se, no interior de cada uma dessa dorna, o fermento industrial (Saccharomycies cerevisae) na proporção de 20 gramas/litro de mosto. O processo de fermentação foi monitorado, quanto ao °Brix, pH, grau alcoólico (°GL) e temperatura de hora em hora. As determinações foram realizadas, seguindo-se as Normas do Instituto Adolfo Lutz (1985). trituração e a prensagem. Repetindo-se a operação com a água restante, procurando-se, dessa forma, extrair o máximo possível de açúcares. No entanto a pressão de 250kgf/cm2, também, apresentou o inconveniente de perfurar o nylon, ocasionando perda de rendimento. Observou-se, no experimento 3, que, apesar de obter-se um melhor rendimento em caldo e uma maior extração do açúcar contido na vagem, o teor de sólidos solúveis obtido apresentou um valor menor para ser fermentado, devido à grande quantidade de água utilizada na extração. Esse fator de diluição, também, dificulta o processo de prensagem (250 kgf/cm2) devido ao bloqueio dos poros do sistema filtrante (nylon) que ocasiona um rompimento desse sistema e conseqüente perda de parcela do produto. Referente ao experimento 4, foi constatado o mesmo procedimento que ocorreu com o experimento 3, onde, no processo de extração, se obteve um rendimento bem maior, e um teor de sólidos solúveis bem menor, ocasionado, também, uma ruptura do sistema filtrante e, conseqüentemente, perda do produto. No experimento 5, foi utilizada uma prensa manual na qual se adaptou um macaco hidráulico de pressão aproximada de 50 kgf/cm2, sendo utilizada a melhor diluição encontrada dentre os quatro experimentos anteriores (diluição 1:2). Nesses experimentos, obteve-se um rendimento próximo ao processo de extração 2, no entanto o teor de sólidos solúveis foi um pouco maior, isso se deve, naturalmente, as perdas não ocorridas com o rompimento do filtro. RESULTADOS E DISCUSSÃO Extração do caldo da algaroba Observa-se na Tabela 2, relativo ao experimento 1, que, para uma diluição de 1:1, obteve-se um teor de sólidos solúveis (°Brix) bastante elevado, porém o rendimento observado nessa extração foi baixo devido à extração ter sido executada de uma única vez, com uma quantidade de água muito pequena, ficando retido muito açúcar no resíduo. A pressão de 250 kgf/cm2 apresentou o inconveniente de estourar o filtro de nylon utilizado na prensagem. Na condução do experimento 2, este teve um teor de sólidos solúveis (°Brix) menor, mas o seu rendimento em relação ao experimento anterior foi maior devido à metodologia de extração onde um kg de água é utilizado inicialmente para realizar a Tabela 2 - Rendimento da Extração para diferentes diluições e diferentes tipos de extração. EXTRAÇÃO Experimentos 1 2 3 4 5 Mistura kgalg/kgágua 1:1 1:2 1:3 1:4 1:2 Prensa Automática Automática Automática Automática Manual 250 kgf/cm2 250 kgf/cm2 250 kgf/cm2 250 kgf/cm2 50 kgf/cm2 °Brix Rendimento (%) 30,8 a 20,1 b 14,5 c 9,2 d 22,3 b 42,0 c 72,0 a 62,5 b 61,9 b 73,1 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tuckey Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.51-56, 2003 Extração e fermentação do caldo de algaroba para obtenção de aguardente, Silva et al. Brix ideal para fermentação Na Tabela 3, encontra-se a evolução do grau alcoólico da fermentação para os valores de sólidos solúveis testados entre 10 e 20° Brix a uma temperatura média de aproximadamente 28,0°C e um pH médio de 4,8 no mosto. Na Figura 3, encontra-se a equação de terceiro grau que expressa esse comportamento do grau alcoólico em 55 função dos sólidos solúveis (°Brix). Os melhores resultados encontram-se entre 18 a 20 °Brix, e observa-se também que existe um valor residual médio de sólidos solúveis não fermentado de 2° Brix, o que pode ser atribuído à existência de outros sólidos solúveis infermentescíveis dissolvidos no mosto não convertidos em álcool durante o processo de bioconversão pela levedura utilizada. Tabela 3 - Comportamento do grau alcoólico da fermentação em função do teor de sólidos solúveis do mosto Fermento g/L ºBrix Temp. pH ºGL ºBrix residual 10 20 28,0 5,10 3,25 2,00 11 20 28,2 4,94 3,90 2,00 12 20 27,85 4,66 4,44 2,00 13 20 28,67 4,98 5,45 2,00 14 20 29,15 4,80 5,90 2,00 16 20 28,5 4,75 7,33 2,00 18 20 26,8 4,50 8,95 2,00 19 20 27,7 5,10 9,10 2,00 20 20 26,3 4,60 9,10 2,00 Melhor °Brix para fermentação 2 °GL = 15,309 - 3,584.°Brix + 0,313.°Brix - 0,007.°Brix3 10,0 8,5 °GL 7,0 5,5 4,0 2,5 8 10 12 14 16 18 20 22 °Brix Figura 3 - Grau alcoólico em função do teor de sólidos solúveis. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.51-56, 2003 56 Extração e fermentação do caldo de algaroba para obtenção de aguardente, Silva et al. Desta forma, para o processo de fermentação do mosto da algaroba, pode-se indicar, trabalhar com um teor de sólidos solúveis entre 18 e 20° Brix, visando a obter um teor alcoólico entre 8,6 e 9,0°GL. Este valor está bem próximo ao empregado na fabricação de aguardente de cana de açúcar, pois segundo Brown et al. citado por Silva (1998) para produção de aguardente de cana de açúcar, o teor alcoólico resultante do processo de fermentação deve situarse entre 7 a 10°GL, pois valores acima de 10 °GL, podem ocasionar uma diminuição da eficiência da levedura nas fermentações subseqüentes, enquanto que um teor abaixo de 7 °GL, prejudica o rendimento da fermentação. Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que: Alves, M. F. Aplicação da vagem da algaroba na produção de produtos fermentos destilados. João Pessoa. 2001. (Entrevista sobre Algaroba). Arruda, D. T. de Viabilidade técnico-econômica da produção de etanol e subproduto (ração) a partir da algaroba no semi-árido da Paraíba. 1994. 98 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Departamento de Engenharia da Produção, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. Azevedo, C.F. Algarobeira na alimentação animal e humana. EMPARN. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE ALGAROBA, 1, Natal.1986. p3. CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS o melhor rendimento do processo de extração do caldo encontrou-se quando a algaroba foi submetida a uma extração na proporção de 1:2 (1 kg de vagem / 2 kg de água) a uma pressão média de 50 kgf/cm2 ou a 250 kgf/cm2; o melhor teor de sólidos solúveis, expresso em °Brix, para o processo de fermentação alcoólica do caldo da algaroba encontra-se entre 18 a 20 °Brix, podendo-se trabalhar no valor médio de 19°Brix; No final do processo de fermentação existe um valor residual de sólidos solúveis médio de 2°Brix; Gomes, R.P. Forragens fartas na seca. 2ª ed. Nobel. São Paulo. 1973. 236p. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3ª ed. São Paulo. 1985. v.1. 533p. Silva, S. Termo de referência sobre algaroba, Ministério da Agricultura, Brasília-DF. 67 p. Silva, C. G. Desenvolvimento de um sistema micro-industrial para obtenção de aguardente bidestilada de algaroba (Prosopis Juliflora (Sw.) DC ), 2002. 88 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola), Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2002. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.51-56, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 ISSN: 1517-8595 57 ESTUDO DA SOLUBILIDADE DAS PROTEÍNAS PRESENTES NO SORO DE LEITE E NA CLARA DE OVO Daniela Helena Pelegrine1, Carlos Alberto Gasparetto2 RESUMO Neste trabalho foi analisada a influência da temperatura e do pH na solubilidade das proteínas presentes na clara do ovo. A solubilidade protéica foi determinada experimentalmente para temperaturas na faixa de 40-60C, incluindo a dependência do pH na faixa de 6,0 a 9,0 para a clara do ovo e 3,5 a 7,8 para o soro de leite. Os resultados mostraram que, tanto a temperatura quanto o pH exerceram grande influência na solubilidade dessas proteínas e que houve interação entre essas duas variáveis. No caso da clara de ovo, valores mínimos da solubilidade protéica foram alcançados a 60C, sendo a coagulação das proteínas da clara de ovo, a partir dessa temperatura, uma possível razão desse fenômeno. Para o soro de leite, os valores de solubilidade foram mínimos no pH próximo ao ponto isoelétrico das proteínas nele presentes. Palavras-chave: clara de ovo, soro de leite, solubilidade, proteína. ANALYSIS OF WHEY AND EGG WHITE PROTEINS SOLUBILITY ABSTRACT In this work it was analyzed the temperature and pH influences on egg white proteins solubility. The protein solubility was determined experimentally for temperatures in the range of 40-60C, including the pH dependence in the range from 6,0 to 9,0 for the egg white and from 3,5 to 7,8 for the whey of milk proteins. The results showed that, the temperature and the pH had great influence on those proteins solubility and there was interaction of those two variables. For the egg white, the minimum values of the proteins solubility were reached at 60C, and the coagulation of these proteins, starting from that temperature, is a possible reason for this phenomenon. For whey proteins, their solubility were minimum at pH close to their isoecletric point. Keywords: egg white, whey of milk, solubility, protein INTRODUÇÃO O soro de leite e a clara de ovo são produtos ingredientes de grande utilidade na indústria de alimentos. A clara de ovo, quando batida, forma uma película que ajuda a incorporação de ar em sistemas de bolos, merengues e suflês, fornecendo as características desejáveis de textura e ajudando na aparência desses alimentos (Alleoni, 1997; Ohata, 2000). Mine (1995) afirma que a clara de ovo é o único alimento que apresenta características polifuncionais, com propriedades de coagulação, formação de espuma, gelatinização e emulsificação. Devido às suas propriedades funcionais únicas, tais como gelatinização e formação de espuma, as proteínas da clara do ovo de galinha têm sido extensivamente usadas como ingredientes em alimentos processados, sendo ingredientes desejáveis em muitos alimentos, tais como nos produtos de padaria, merengues, biscoitos e derivados de carne (Mine, 1995; Wong et al, 1996). ________________________ Protocolo 95 de 6/ 8/ 2003 1 Aluna de pós-graduação – FEA/UNICAMP C.P.6121 - CEP 13.081-970 Campinas/SP. Tel:(0—19)3788-4057; email:[email protected] 2 Professor FEA-UNICAMP CEP 13.081-970 C.P. 6121 -- CEP 13083-970 Campinas/SP. Tel:(0—19)3788-4057; email:[email protected] 58 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto O soro do leite de vaca é um líquido que contém de 4 a 6 gramas de proteínas por litro. Tais proteínas apresentam propriedades funcionais e nutricionais excelentes devido ao seu conteúdo em aminoácidos sulfurados, em lisina e em triptofano. Quando não desnaturadas, as proteínas do soro do leite são altamente solúveis, boas formadoras de espumas e emulsões, além de formar géis a 85C (Kinsella, 1984; Wit & Klarenbeek, 1984). Após a secagem do soro por atomização, sua composição é de, aproximadamente, 10% de cinzas, 1% de gordura, 76% de lactose e 13% de proteínas, podendo ser concentrado a 35, 50, 70 e 80% de proteínas. O produto obtido após essa última concentração é denominado de concentrado protéico do soro de leite (WPC-Whey Protein Concentrated), indispensável na manipulação de diversos produtos, tais como laticínios, produots cárneos, fórmulas infantis e produtos de panificação, devido aos seus efeitos emulsificantes, espessantes e anti-alérgicos. Por outro lado, o fator primordial para que as proteínas acima citadas exibam características gelatinizantes, espumantes e emulsificantes é que tais proteínas sejam solúveis, sendo a solubilidade a propriedade funcional primária na determinação das demais propriedades (Nakai & Chan, 1985; Cândido, 1998). Em outras palavras, uma diminuição na solubilidade protéica afeta de maneira desfavorável a sua funcionalidade (Vojdani, 1996). Por exemplo, a gelatinização e a viscosidade resultam das propriedades hidrodinâmicas das proteínas, que por sua vez são afetadas pelo tamanho e forma da proteína e são independentes da composição e distribuição dos aminoácidos. Segundo Cândido (1998), a solubilidade da proteína em um sistema de multicomponentes é de grande importância na escolha de métodos para a produção de isolados protéicos, fracionamento de proteínas e purificação. Daí a importância de um estudo detalhado da solubilidade das proteínas presentes na clara de ovo e no soro do leite que, por sua vez, é influenciada por vários fatores tais como o pH e temperatura. O pH afeta a natureza e a distribuição de cargas de uma proteína. Em geral, as proteínas são mais solúveis em pHs baixos (ácidos) ou elevados (alcalinos) por causa do excesso de cargas do mesmo sinal, produzindo repulsão entre as moléculas e, conseqüentemente, contribuindo para sua maior solubilidade. De acordo com as observações de vários autores (kakalis & Regenstrein, 1986; Wit, 1989; Wong et al, 1996; Mann & Malik, 1996), quando uma solução protéica está no seu ponto isoelétrico, ou seja, quando a proteína num sistema aquoso apresenta carga líquida nula, as interações proteína-proteína aumentam, pois as forças eletrostáticas moleculares estão num mínimo; conseqüentemente, menos água interage com as moléculas de proteína, condição favorável para que as moléculas de proteína se aproximem, agreguem e precipitem. Ou seja, quanto mais próximo for o pH de uma solução protéica do seu ponto isoelétrico (pI), mais baixa será a solubilidade da mesma. A temperatura também é um fator que muito influencia na solubilidade protéica, já que quando esta aumenta suficientemente por um determinado período de tempo, a proteína é desnaturada devido à exposição dos grupos sulfidrila (SH-), inicialmente no interior das moléculas protéicas (Sood et al, 1976; Mine, 1996; Kim, 1998; Langendorff et al, 1999). Dentre os vários termos utilizados para designar a solubilidade protéica, encontram-se: proteínas solúveis em água (WPS), proteínas dispersas em água (WDP), índice de dispersibilidade da proteína (PDI) e índice de solubilidade do nitrogênio (NSI). Morr et al (1985) desenvolveram uma metodologia padronizada para determinação da solubilidade protéica pela modificação do NSI, visando sua aplicação a inúmeros produtos protéicos e à eliminação dos erros quando o método é usado por diferentes laboratórios. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais: Para as proteínas do soro de leite, o produto constituiu-se de um isolado protéico obtido a partir do soro doce de leite (ALACENTM895), adquirido junto à New Zeland Indústria e Comércio de Produtos Lácteos Ltda. Foi adquirido um lote de tamanho suficiente para a realização da determinação da composição centesimal e das análises da solubilidade protéica. No caso da clara de ovo, o produto utilizado foi a clara de ovo desidratada, adquirida junto à HL Brasil Indústria e Comércio Ltda, cujo lote também foi suficiente para a realização de todos os experimentos. Análises Físico-químicas: Para a caracterização do produto, foram realizadas as seguintes análises físico-químicas: Umidade (A.O.A.C., 1980 - Method 16192); Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto Cinzas (A.O.A.C, 1980 – Method 16196); Lipídios Totais (Bligh & Dyer, 1959); Proteínas (A.O.A.C., 1980 – Method 38012). Determinação da Solubilidade Protéica: A determinação da solubilidade protéica seguiu a metodologia proposta por Morr et al (1985) onde, cerca de 500 mg de amostra foi pesada em balança semi-analítica BOSCH-SEA200, dentro de um béquer de 100 ml e, a essa amostra foi misturada pequena quantidade de NaCl 0,1 M até a obtenção de uma pasta homogênea. A seguir, adicionou-se mais NaCl 0,1 M até o volume do béquer completar 40 ml. Em seguida, a mistura foi transferida para béqueres encamisados, dentro dos quais circulou água quente, que foram acoplados a um banho termostático Nova Técnica, através do qual a temperatura foi mantida a um certo valor, de acordo com o interesse de cada experimento. As temperaturas referentes a este experimento variou entre 40 a 60C, que é a máxima temperatura permitida para a utilização do pHâmetro. O pH de cada amostra foi ajustado ao valor de interesse e mantido através da adição de soluções de NaOH 0,1N ou HCl 0,1N, se necessário, após a leitura em pHâmetro Mettler Toledo - modelo 320. Dessa maneira, o pH da solução protéica do soro de leite variou entre 3,5 e 7,8, enquanto que para a clara do ovo, o pH da solução variou entre 6,0 e 9,0, que são as faixas aceitáveis de cada produto e de seus derivados. Após agitação das amostras, durante 1 hora, em agitador magnético Fisatom - modelo 752A, a dispersão foi transferida para um balão volumétrico de 50 ml, onde o volume foi completado com NaCl 0,1M. Em seguida a solução foi centrifugada a 13500 rpm por 30 minutos a 4C, em centrífuga Sorvall Instruments - modelo RC5C com rotor SS-34, e o sobrenadante foi filtrado em papel Whatman no2. Alíquotas de 2 ml foram tomadas e o conteúdo de proteínas solúvel nelas presente foram determinadas usando o sistema micro-Kjeldahl (A.O.A.C., 1980 – Method 38012). A porcentagem de proteína solúvel foi calculada de acordo com a seguinte equação: P.S . Amg ml 50 100 W mg S 100 59 em que, : P.S. teor de proteínas solúveis presentes na amostra %; A concentração protéica no sobrenadante mg ml ; W peso da amostra mg ; S concentração de proteína na amostra %. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Caracterização dos produtos: Os lotes dos produtos que foram utilizados na determinação da solubilidade protéica apresentaram composição centesimal características de cada produto, onde os resultados resumem-se na tabela a seguir. Tabela 1 - Composição centesimal do isolado protéico do soro de leite e da clara de ovo em pó. PRODUTO WPI CLARA DE OVO Umidade (%) 3,70 5,73 Cinzas (%) 1,50 0,62 Proteínas (%) 94,30 76,42 Lipídios Totais (%) 0,30 0,35 Medidas da solubilidade: Os experimentos foram realizados em quadruplicadas, para cada situação particular de temperatura e pH. As tabelas a seguir mostram as médias dos valores da solubilidade protéica e dos parâmetros necessários para a sua determinação, tanto para o soro do leite quanto para a da clara do ovo. Os valores presentes nessas tabelas foram calculados a partir da equação (1). (1) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto 60 Tabela 2. Valores da solubilidade protéica do soro de leite. Temp. (C) pH W (g) A %P. (g/ml) S. 40 3,50 4,50 5,65 6,80 7,80 0,5086 0,5025 0,5068 0,5090 0,5109 0,008429 0,007748 0,008248 0,008416 0,009034 87,13 81,76 86,29 87,67 92,76 43 3,50 4,50 5,65 6,80 7,80 0,5084 0,5186 0,5011 0,5179 0,5037 0,008410 0,007705 0,008407 0,008191 0,008449 87,71 78,78 88,96 83,85 88,94 50 3,50 4,50 5,65 6,80 7,80 0,5080 0,5018 0,5144 0,5064 0,5004 0,008348 0,006830 0,008692 0,007121 0,008358 87,13 72,17 89,60 74,56 88,56 57 3,50 4,50 5,65 6,80 7,80 0,5051 0,5164 0,5122 0,5095 0,5149 0,007807 0,006323 0,008460 0,006978 0,008274 81,95 64,93 87,58 72,62 85,20 60 3,50 4,50 5,65 6,80 7,80 0,5095 0,5150 0,5086 0,5102 0,5051 0,007759 0,006056 0,008861 0,006100 0,008359 80,74 62,35 92,38 68,16 87,75 Tabela 3.Valores da solubilidade protéica da clara de ovo. Temperatura (C) pH W (g) A %P.S (g/ml) . 40 6,00 6,43 7,50 8,56 9,00 0,5086 0,5086 0,5151 0,5093 0,5022 0,007074 0,007003 0,007878 0,007711 0,007683 91,05 90,09 100,0 6 99,06 99,97 43 6,00 6,43 7,50 8,56 9,00 0,5056 0,5022 0,5125 0,5075 0,5177 0,006960 0,007123 0,007414 0,007708 0,007604 90,07 92,78 94,66 99,37 96,10 50 6,00 6,43 7,50 8,56 9,00 0,5054 0,5032 0,5088 0,5030 0,5062 0,007315 0,007233 0,007213 0,007250 0,007341 94,70 94,05 92,75 94,31 94,62 57 6,00 6,43 7,50 8,56 9,00 0,5319 0,5002 0,5093 0,5036 0,5110 0,006778 0,005594 0,007304 0,006016 0,007454 83,37 73,12 93,83 78,16 95,45 60 6,00 6,43 7,50 8,56 9,00 0,5000 0,5064 0,5039 0,5021 0,5179 0,005225 0,005734 0,006673 0,007396 0,007376 68,37 74,08 86,64 96,38 93,03 Os valores da solubilidade das proteínas do soro de leite e da clara de ovo estão esboçadas nas figuras a seguir. Da Figura 1, observa-se que, para qualquer temperatura, os valores de solubilidade foram mínimos para o pH de 4,5 já que, nessas condições, as interações proteína-proteína aumentam pelo fato de as forças eletrostáticas estarem num valor mínimo e menos água interagir com as moléculas protéicas. Nota-se, portanto, que a solubilidade mínima não ocorreu no ponto isoelétrico da Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto lactoglobulina (5,2) e tal desvio deve-se ao fato de o produto não ser uma proteína pura, mas sim uma mistura das proteínas presentes no soro do leite, onde a precipitação ocorre no ponto isoelétrico das proteínas do soro do leite, e não no pI na lactoglobulina. À temperatura de 40C, onde a estrutura protéica é menos afetada pela ação do calor, observa-se que para pHs abaixo e acima do pI (4,5) a solubilidade aumenta, já que nessas condições as proteínas têm uma carga líquida positiva ou negativa, possibilitando que mais água 61 interaja com as moléculas protéicas. O fato de a solubilidade protéica diminuir com o aumento da temperatura para os pHs de 3,5 e 7,8 deve-se à coagulação, já que esses valores de pH estão próximos do ponto isoelétrico da Lactoalbumina e da Lactotransferrina, respectivamente. Para melhor visualização, a figura a seguir apresenta os valores da solubilidade das mesmas proteínas em função da temperatura, nos diversos pHs estudados. 100 95 90 Solubilidade (%) 85 80 75 70 65 40 43 50 57 60 60 55 3.5 4.5 5.65 6.8 7.8 pH Figura 1. Efeito da variação do pH na solubilidade das proteínas do soro de leite nas diversas temperaturas estudadas. 100 95 90 Solubilidade (%) 85 80 75 70 65 60 55 40 43 50 57 60 3.5 4.5 5.65 6.8 7.8 Temperatura (°C) Figura 2. Efeito da variação da temperatura na solubilidade das proteínas do soro de leite nos diversos pHs estudados. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 62 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto Das figuras anteriores, pode-se observar que no pH de menor solubilidade protéica (pH=4,5) a solubilidade diminuiu com a temperatura devido ao efeito da temperatura nas ligações envolvidas na estabilização das estruturas secundária e terciária, cujo desdobramento favorece a interação entre os grupos hidrofóbicos, reduzindo as interações proteína-água. Na neutralidade (pH=6,8) pode-se observar que a solubilidade diminui com a temperatura, o que indica que ocorreu desnaturação protéica pois, segundo Vojdani (1996), a solubilidade protéica aumenta com o aumento da temperatura, quando esta varia entre 0 a 50C e que uma diminuição da solubilidade nessas condições de temperatura se deve, principalmente, à desnaturação protéica. No pH de 5,65, a solubilidade protéica aumentou com o aumento da temperatura, o que indica que não houve coagulação nem agregação entre as moléculas protéicas, possivelmente pelo fato de não estar próximo ao ponto isoelétrico de nenhuma das proteínas do soro do leite. O mesmo procedimento acima descrito foi feito para o caso da clara de ovo em pó, cujos resultados serão apresentados nas figuras a seguir. Também foram esboçados os gráficos da superfície de resposta, mostrando a influência do pH e da temperatura, tanto na solubilidade do isolado protéico do soro de leite (WPI), quanto na da clara de ovo em pó. Das figuras 3 e 4 pode-se observar que, para qualquer valor de pH, valores mínimos da solubilidade protéica foram alcançados a 60C. A coagulação das proteínas da clara de ovo, a partir dessa temperatura, pode ser a razão desse fenômeno. Segundo Punidadas & Kellar (1999), acima de 57,5C a clara de ovo torna-se pegajosa e gelatinosa, devido à desnaturação protéica e/ou rápida evaporação da água presente no produto. Tal afirmação pode ser observada, no presente trabalho já que, em pHs próximos à neutralidade, (6,0-6,3) a solubilidade protéica diminuiu com a temperatura a partir de 57C e aumentou à temperatura na faixa entre 40 e 50C. Similarmente ao isolado protéico do soro de leite, a clara de ovo em pó trata-se de uma mistura que contêm vários tipos de proteínas, cada uma com um ponto isoelétrico diferente. Portanto, a menor solubilidade não ocorre necessariamente no ponto isoelétrico da ovoalbumina, principal proteína presente na clara de ovo. Quando o pH da solução aumentou para 9,0, a coagulação protéica foi observada para qualquer temperatura devido ao fato de a solubilidade diminuir com o aumento da temperatura. Uma possível explicação desse efeito é que o pH em questão está bem próximo ao pI da Avidina. 105 100 Solubilidade (%) 95 90 85 80 75 70 65 6 6.43 7.5 8.56 9 40 43 50 57 60 pH Figura 3. Efeito da variação do pH na solubilidade das proteínas da clara de ovo nas diversas temperaturas estudadas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto 63 105 100 Solubilidade (%) 95 90 85 80 75 6 6.43 7.5 8.56 9 70 65 40 43 50 57 60 Temperatura (°C) Figura 4. Efeito da variação da temperatura na solubilidade das proteínas da clara de ovo nos diversos pHs estudados. Os gráficos da superfície de resposta da solubilidade protéica em função do pH e temperatura, assim como os resultados da análise de varância (=1%), para o WPI e para a clara de ovo em pó serão apresentados a seguir. Tabela 4. Análise de Variância (WPI). Fonte G.L. Q.M F Ftab. Temperatura pH Temperatura/pH Erro 4 4 16 75 327 1160 82 0,75 439 1556 110 -- 3,6 3,6 2,3 Total 99 -- Tabela 5. Análise de variância (clara). Fonte G.L Q.M F Fta. Temperatura PH Temperatura/pH Erro 4 4 16 75 603 468 134 0,66 912 708 203 -- 3,6 3,6 2,3 Total 99 -- -- -Proteínas do soro de leite 76,975 79,277 81,58 83,882 86,185 88,487 90,79 93,092 95,395 97,697 above Figura 5. Superfície de resposta, mostrando a influência do pH e da temperatura na solubilidade das proteínas presentes no isolado protéico do soro do leite Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 64 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto Proteínas presentes na clara de ovo 68,295 71,59 74,885 78,18 81,475 84,77 88,065 91,36 94,655 97,95 above Figura 6 - Superfície de resposta mostrando a influência do pH e da temperatura na solubilidade das proteínas presentes na clara de ovo em pó. CONCLUSÕES: Da análise da solubilidade protéica, concluiu-se que: tanto a temperatura, quanto o pH influenciaram na solubilidade protéica, havendo evidência da interação entre essas duas propriedades; para o soro de leite, os valores de solubilidade foram mínimos no pH próximo ao ponto isoelétrico das proteínas nele presentes; para a clara de ovo em pó, valores mínomos da solubilidade foram alcançados a 60C, para qualquer valor de pH, o que indica uma possível coagulação das proteínas a partir dessa temperatura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alleoni, A. C. C. Efeito da temperatura e do período de armazenamento na qualidade do ovo, nos teores de S-albumina e nas propriedades funcionais das proteínas da clara de ovo. Campinas: UNICAMP/FEA, 1997. 104p. (Dissertação de Mestrado). A.O.A.C. Official methods of analysis. Washington: Sidney Willians, 1980. 1141p. Cândido, L. M. B. Obtenção de concentrados e hidrolisados protéicos de Tilápia do Nilo (Oreochromus Niloticus): composição, propriedades nutritivas e funcionais. Campinas, UNICAMP/FEA, 1998. 207p. (Tese de Doutorado). Kakalis, L. T.; Regenstein, J. M. Effect of pH and salts on the solubility of egg white protein. Journal of Food Science. v.51, n.6, p.1445-1455, 1986. Kim, J. C. Milk protein/stainless steel interaction relevant to the initial stage of fouling in thermal processing. Journal of Food Process Engineering, v.21, n.5, p.369-386, 1998. Kinsella, J.E. Milk protein: physicochemical and functional properties. Critical Review Food Science and Nutrition. v.21, n.3, p.197-287, 1984. Langendorff, V.; Cuvelçier, G.; Launay, B.; Michin, C.; Parker, A.; Kruif, C. G. Casein micelle/iota carragenan interactions in milk: influence of temperatura. Food Hydrocolloids, v.13, n.1, p.211-218, 1999. Mann, B.; Malik, R. C. Studies on some functional characteristics of whey proteinpolysaccharide complex. Journal of Food science and Technology, v.33, n.3, p.202-2-6, 1996. Mine, Y. Recent advances in the understanding of egg white protein functionality. Trends in Food Science and technology. v..6, n.7, p.225-232, 1995. Mine, Y. Effect of pH during the dry heating on the gelling properties of egg white proteins. Food Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 Estudo da solubilidade das proteínas presentes no soro de leite e na clara de ovo, Pelegrine & Gasparetto Research International. v29, n.2, p.155-161, 1996. Morr, C. V.; German, B.; Kinsella, J. E.; Regenstein, J. E.; Van Buren, J. P.; Kilara, A.; Lewis, B. A.; Mangino, M. E. A collaborative study to develop a standardised food protein solubility procedure. Journal of Food Science, v.50, n.6, p.1715-1718, 1985. Nakai, S.; Chan, L. Structure modification and functionality of whey proteins: quantitative structure-activity relationship approach. Journal of Dairy Science. v.68, n.10, p.2763-2772, 1985. Ohata, S. M. Comportamento reológico do ovo, gema e clara integral nas formas pasteurizada e reconstituída. Campinas: UNICAMP/FEA, 2000. 116p. (Dissertação de Mestrado). Punidadas, P.; Kellar, M. Selected physical properties of liquid egg products at pasteurization temperatures. Journal of Food Processing and Preservation, v.23, n.2, p.153-168, 1999. 65 Sood, S. M.; Sidhu, K. S.; Dewan, R. K. Voluminosity of bovine and buffalo casein micelles at different temperatures., Milchwissenschaft, v.31, n.8, p.470-473, 1976. Vojdani, F. Solubility. In: Hall, G.M. Methods of testing protein functionality. London: Blackie Academic & Professional, 1996. cap.2, p.11-60. Wit, J. N. Functional properties of whey proteins. In: Fox, P. F. Developments in dairy chemistry-4. New York: Elsevier Applied Science, 1989. cap. 8, p.285-321. Wit, J. N.; Klarenbeek, G. Effects of various heat treatments on structure and solubility of whey proteins. Journal of Dairy Science. v.7, n.11, p.2701-2710, 1984. Wong, Y. C.; Herald, T, J.; Hachmeister, K. A. Comparison between irradiated and thermally pasteurized liquid egg white on functional, physical and mocrological properties. Poultry Science, v.5, n.6, p.803-808, 1996. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.57-65, 2003 66 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA Centro de Ciências e Tecnologia PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA CAMPINA GRANDE – PB MESTRADO Reconhecido pela CAPES – Conceito 5 ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Linhas de Pesquisa Manejo de Solo, Água, Planta Salinidade Engenharia de Irrigação e Drenagem Sensoriamento Remoto Planejamento de Áreas Irrigadas PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS Linhas de Pesquisa Armazenagem de Produtos Agrícolas Processamento de Produtos Agrícolas Crioconservação de Produtos Agrícolas Propriedades Físicas de Materiais Biológicos Tecnologia Pós-Colheita CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA Linhas de Pesquisa Construções de Silos Materiais Convencionais e Não-convencionais em Construções Rurais Madeira e Estrutura de Madeira Conforto Térmico de Instalações para Animais e Vegetais INSCRIÇÕES Documentos exigidos: Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4 Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente Histórico escolar da graduação Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor 2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG) Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação Docente e Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo integral, com ou sem recebimento de remuneração, se for o caso Períodos de Inscrição: Maio para início do Curso em Setembro Setembro para início do Curso em Março Endereço: COPEAG – Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó CEP 58.109-970, Campina Grande, PB Fone: (0xx83) 310.1055, Fax: (0xx83) 310.1185 http://www.deag.ufpb.br/~copeag, Email: [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.66, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.67-72, 2003 ISSN: 1517-8595 ANÁLISES DO CONSUMO ENERGÉTICO E SENSORIAL EM SECAGEM DE MANJERICÃO SOB DIFERENTES TRATAMENTOS DE AR Anamaria Caldo Tonzar1, Vivaldo Silveira Júnior2 RESUMO Diversos tipos de tratamentos do ar têm sido utilizados atualmente para secagem de produtos, principalmente dos termo-sensíveis. O ar, após alguns tratamentos, resulta em temperaturas mais altas que a ambiente e umidades absolutas mais baixas, proporcionando maior perda de compostos responsáveis pela cor e sabor, entre outros, durante a secagem. O trabalho teve como objetivos a montagem e instrumentação de um sistema integrado de tratamento de ar e um secador de bandejas. O produto testado nos ensaios foi o manjericão e foram feitos experimentos visando comparar o consumo de energia para diferentes sistemas (secagem com aquecimento, com duplo tratamento, ambos com fluidos térmicos secundários, e a baixas pressões) para o mesmo tempo final de ensaio. Os ensaios foram sub-divididos de três formas: secagem com aquecimento, realizado com velocidade do ar de secagem em torno de 1,25 m/s e temperaturas de 40 ºC, 45 ºC e 50 ºC; secagem utilizando baixo vácuo, com pressões absolutas de 257,3 mmHg e 188,8 mmHg; e, finalmente, secagem com duplo tratamento de ar, para desumidificação e posterior aquecimento a temperatura de 45ºC. Para os ensaios que foram realizados à pressão atmosférica, foi feito o acompanhamento da atividade de água ao longo da secagem, enquanto que para os ensaios a baixo vácuo as medidas foram feitas antes e depois. Em todos os casos, o tempo total de ensaio foi de cinco horas e meia. Além da análise do consumo energético, foi realizado um painel sensorial, para detectar as diferenças quanto aos tratamentos efetuados, comparando-os com uma amostra de referência (disponível comercialmente). O manjericão submetido a pressão absoluta de 257 mmHg e à secagem com temperatura de 40 oC tornou-se escuro e desenvolveu fungos depois de um mês. O manjericão submetido a temperaturas mais altas e com pressão absoluta de secagem igual a 188 mmHg foi bem avaliado sensorialmente e mantive sua cor e aroma depois de um mês. Palavras-chave: Manjericão, Secagem, Avaliação sensorial, Consumo de energia. ENERGETIC CONSUMPTION AND SENSORIAL ANALYSIS OF BASIL DRYING UNDER SEVERAL KINDS OF AIR TREATMENT ABSTRACT Several kinds of air treatment are used to dry some products. Air, after some of these treatments, has higher temperatures than ambient ones and lower relative humidity’s than ambient that result in loss of components that are responsible for their color and flavor. This work has as goals the mounting and instrumentation of a system to treat ambient air and a tray dryer. The tested product was basil and the tests were done in order to compare the energy consumption for different systems (drying with heating, with double air treatment both those using secondary thermal fluids, and at low pressure) at the same total time of test experimentation. The tests were divided in three ways: drying with heating, constant air velocity of 1,25 m/s and temperatures of 40 oC, 45 oC and 50 oC; drying at low vacuum pressures, pressure of 257,3 mmHg and 188,8 mmHg; and, finally, drying with double air treatment, cold and hot, with dehumidification and heating at 45 oC. In experimental tests carried at atmospheric pressure condition, the water activity was used during the drying time for quality control of the drying. Keywords: basil, drying process, sensorial analysis, energy consumption __________________ Protocolo 93 de 25/ 7/ 2003 1 Eng. de Alimentos, Depto. de Eng. de Alimentos, FEA, UNICAMP, Campinas, SP, [email protected] 2 Eng. de Alimentos, Prof. Assistente, Depto. de Eng. de Alimentos, FEA, UNICAMP, C.P.: 6121, 13.083-970, Campinas, SP, [email protected] 67 68 Análises do consumo energético e sensorial em secagem de manjericão......, Tonzar & Silveira Júnior process, while in low vacuum treatment; the measures were done before and after the drying process. All the tests were done during five hours and half. Beyond the energy consumption analysis, a sensorial panel was done to detect the differences among treatment, comparing to a reference sample (bought in our local market). The basil that was submitted to air pressure of 257 mmHg and dried at 40oC became dark and developed fungus mould after a month. The basil, when submitted to higher drying temperatures and to188 mmHg pressure had good evaluations and maintained color and flavor after a month. confere características sensoriais ao manjericão, aceitáveis pelo consumidor. (Rocha et al., 1993) constataram que em amostras não pré-tratadas, a secagem de manjericão deve ser conduzida a temperaturas menores que 50 ºC, enquanto que para amostras pré-tratadas a temperatura de secagem pode ser maior. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de quantificar o consumo energético em diferentes processos de secagem, avaliando-os produtos sensorialmente e através da variação de atividade de água das amostras. Para isso foram montados diferentes sistemas de tratamento de ar que alimentavam um secador de bandejas. INTRODUÇÃO A secagem é usada em alimentos para evitar a deterioração de produtos frescos além de reduzir custos com transporte/armazenagem, reduzir peso e também criar novos produtos (Belghit et al., 2000). Para as ervas aromáticas tal método de conservação também é utilizado. Porém, no Brasil, a secagem normalmente é conduzida através do aquecimento resistivo do ar, a temperaturas superiores a 50 ºC. Quando se trabalha com produtos termo-sensíveis, tais condições causam perda do aroma e coloração no produto final. A otimização do processo de secagem deve se basear, então, na qualidade desejada para o produto e também no consumo energético (Nicoleti, 2001). Segundo Prasertsan & Saen-Saby (1998), a secagem precedida por tratamento do ar com bomba de calor promove um ambiente de secagem controlado, além de baixo consumo energético e boa qualidade do produto final. A secagem com pressões inferiores à atmosférica promovem maior preservação de compostos aromáticos e cor em produtos termo-sensíveis uma vez que se diminui a concentração de oxigênio durante a secagem (Mastrocola et al,. 1998). Ainda segundo Mastrocola et al (1998) a desidratação a 60 ºC, sem uso de pré-tratamentos, MATERIAIS E MÉTODOS O sistema de tratamento de ar acoplado ao secador consiste em tubos de aço inox ligados a duas coifas responsáveis pela sustentação dos trocadores de calor aletados. Toda essa estrutura foi isolada termicamente. Na entrada de ar para o sistema foi instalado um ventilador centrífugo e na outra extremidade teve-se, como opção independente, a conexão a uma linha de sucção por bomba de vácuo. Tal sistema encontra-se esquematizado na Figura 1. G 3 5 2 VS B A C 4 6 1 10 8 D 9 7 E A- Ventilador centrífugo B- Tocador de calor (baixa temperatura) C- Sistema de resfriamento de líquido D- Trocador de calor (alta temperatura) E- Sistema de aquecimento de líquido F- Secador G- Bomba de vácuo VS- Válvulas VS F VS Figura 1 - Esquema geral de montagem do protótipo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.67-72, 2003 Análises do consumo energético e sensorial em secagem de manjericão......, Tonzar & Silveira Júnior Para o monitoramento das condições do ar, foram instalados sensores de temperatura (Pt100), pressão (vacuômetro tipo Bourbon), massa (célula de carga da Alfa Instrumentos, modelo GL5, capacidade 5 kg e precisão de 1% da faixa nominal calibrada), velocidade e umidade relativa (ambos da marca Tri-Sense Cole Parmer). As linhas de utilidades de alta e de baixa temperaturas, responsáveis pela alimentação de fluidos térmicos, nos trocadores de calor aletados, utilizados nos tratamentos propostos, foram monitorados com sensores de temperatura (termopar tipo T). Proposta de ensaios Para o estudo do sistema de tratamento de ar e posterior utilização na secagem de manjericão foi planejada a realização de seis ensaios, conforme descritos abaixo: Aquecimento do ar: ensaio, utilizando somente o aquecimento do ar (parte quente do sistema projetado) e posterior secagem, à pressão atmosférica. A secagem foi realizada em três diferentes temperaturas: 40 ºC, 45 ºC e 50 ºC; Resfriamento e aquecimento do ar: resfriamento do ar até temperatura inferior a seu ponto de orvalho, ocorrendo, conseqüentemente, sua desumidificação, e posteriormente re-aquecimento e utilização na secagem, também à pressão atmosférica e com temperatura de secagem igual a 45 ºC; À baixa pressão: secagem conduzida a temperaturas próximas à ambiente, porém com variação da pressão absoluta em 257,3 mmHg e 188mmHg. Para todos os experimentos acima descritos, a velocidade do ar de secagem foi, aproximadamente, igual a 1,25 m/s e tempo de secagem de 5,5 h. Antes da realização dos experimentos acima descritos, foi realizada em ensaio de secagem preliminar, para avaliação do sistema montado e adequação do tempo de secagem. Preparo da amostra: O manjericão, antes de ser pesado, foi lavado e colocado sob papel absorvente. Outro papel foi colocado por cima e ligeiramente pressionado, para retirar a água superficial. Foram retiradas somente 69 aquelas folhas que tivessem áreas superficiais semelhantes (entre 3x10-4 m2 e 4x10-4 m2) e, em seguida pesadas. A massas pesadas, variaram entre 10 e 13 g de amostra. Análise de atividade de água Para os ensaios de aquecimento sensível, com temperaturas de secagem iguais a 40 ºC, 45 ºC e 50 ºC, e, ainda, para o ensaio de resfriamento / desumidificação e aquecimento (temperatura de secagem igual a 45 ºC), foram retiradas alíquotas da amostra do ensaio em andamento para a análise da atividade de água a cada hora, as quais foram recolocadas no secador após análise, com duração aproximada de cinco minutos. Dessa forma, foi possível a obtenção de curvas de atividade de água em função do tempo e temperatura de secagem. Para os ensaios realizados sob baixo vácuo, tal procedimento não foi viável e, nesse caso, o acompanhamento da secagem foi feito através da célula de carga. A atividade de água foi medida antes e depois do processo de secagem. Uma segunda comparação entre os tratamentos foi proposta, estabelecendo-se a atividade de água final, de 0,6, onde não ocorre mais o crescimento biológico (Beuchat, 1981) e, assim, pode-se comparar os diferentes processos, quanto ao consumo energético e tempo estimado de secagem para a garantia da estabilidade biológica e química. Painel sensória As amostras obtidas pelos diferentes métodos de secagem foram comparadas com uma amostra referência pelo método de comparação múltipla. A escala de medida utilizada foi de valores entre 1 e 9. Os avaliadores analisaram cor e aroma e, também, lhes foi solicitado algum comentário com relação à aparência do produto. A amostra referência (comercializada) apresentava-se moída, enquanto aquelas resultantes dos processos analisados apresentavam-se inteiras. Cálculo do consumo energético: As leituras da demanda elétrica pela aquisição de dados foram fornecidas pelo sinal analógico de comunicação. Através de conversões fornecidas pelo transformador de corrente e pelo transdutor foi possível determinar a corrente e conseqüentemente a potência utilizada, para aqueles equipamentos ligados ao transdutor, e assim integradas no período de operação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.67-72, 2003 70 Análises do consumo energético e sensorial em secagem de manjericão......, Tonzar & Silveira Júnior RESULTADOS E DISCUSSÃO Influência da temperatura de secagem na atividade de água/ perda de massa. A variação de atividade de água, apresentada pela Figura 2, considera os quatro tratamentos do ar à pressão atmosférica. Observase que um aumento da temperatura de secagem do ar promove diminuição mais rápida na atividade de água do manjericão. Para o aumento da temperatura, ocorre um aumento nas taxas de secagem, conseqüentemente, a evaporação de água superficial é maior e a diminuição da aw é mais acentuada. Observa-se, pela Figura 3, que os processos apresentam, num primeiro momento, queda gradual, no valor de atividade de água, mas que, em tempos diferentes, todas têm quedas abruptas nesses valores. A primeira fase está ligada ao acúmulo de energia e pequena evaporação da água livre contida na superfície do produto, enquanto na segunda fase apresentada, tem-se a liberação parcial ou total dessa energia livre acumulada. Para a secagem a 50 oC, observa-se que, após essa segunda fase, quase não há evaporação de água livre do produto e a atividade de água permanece praticamente inalterada. 1 0,9 0,8 Aw-45ºC 0,7 Aw Aw-40ºC Aw-50ºC 0,6 Aw-duplo45ºC 0,5 0,4 0,3 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (h) Figura 2 - Variação da atividade de água para diferentes tratamentos à pressão atmosférica. A variação da atividade de água mostra-se similar nos dois casos, onde a secagem é conduzida com temperaturas iguais; porém, para a secagem com duplo tratamento, esperava-se que a aw final fosse menor, uma vez que houve desumidificação do ar pelo processo. Deve-se observar que as condições de umidade relativa inicial para o duplo tratamento (88% UR) foram maiores que aquelas para o ensaio com secagem sensível a 45 ºC (45% UR). Observa-se que os processos conduzidos a baixo vácuo, também, apresentaram uma queda gradual de massa e, em tempos diferentes, queda abrupta na massa. Como as secagens foram conduzidas em temperaturas menores que 40 oC, aproximadamente 25 oC, a primeira fase de secagem durou mais tempo, quando comparados aos processos conduzidos à pressão atmosférica e temperaturas de secagem maiores, assim, o tempo total estipulado para os ensaios de secagem (5,5 h) foi insuficiente. Comparação sensorial Na Tabela 1, estão apresentados os tratamentos e as médias obtidas para cor e aroma no painel de análise sensorial. As médias seguidas pelas mesmas letras não apresentaram diferença significativa entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (P<0,05). Pelos dados da Tabela 1, nota-se que dos seis tratamentos realizados, quatro deles foram bem avaliados sensorialmente, quando comparados com a amostra de referência e observa-se que são os tratamentos com valores de atividade de água inferiores a 0,6. O tratamento a baixo vácuo, realizado sob pressão absoluta de 188,8 mmHg apresentou o melhor aroma, segundo os avaliadores, mas o tratamento aplicado não foi, suficientemente, eficaz para evitar o escurecimento e o desenvolvimento de microrganismos, cujos valores de atividade de água foi de 0,851. Talvez a associação do tratamento com pressões reduzidas e o aumento da temperatura possa ser uma opção para melhorar tal produto final. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.67-72, 2003 Análises do consumo energético e sensorial em secagem de manjericão......, Tonzar & Silveira Júnior 71 14,00 12,00 Variação de massa (g) 10,00 8,00 Vácuo - 257mmHg Vácuo - 188mmHg 6,00 4,00 2,00 0,00 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (h) Figura 3 - Variação da perda de massa para secagens a baixo vácuo. Tabela 1 - Comparação sensorial entre os tratamentos realizados Tratamento C A D B E F Média para cor Média para aroma Aw final 2,93 b 6,60 a 6,87 a 6,87 a 3,47 b 6,73 a 3,40 b 6,13 a 6,23 a 6,93 a 3,30 b 5,00 b 0,815 0,340 0,390 0,851 0,964 0,489 Aquecimento a 40 oC Aquecimento a 45 oC Aquecimento a 50 oC Baixo vácuo: 188,8 mmHg Baixo vácuo: 257,3 mmHg Duplo tratamento(Ts= 45 oC) NOTA: As letras a e b iguais apresentadas junto aos valores indicam que não há diferença significativa entre os tratamentos Em todos os casos, a presença de folhas inteiras foi considerada melhor, pois conferia aspecto de produto natural, não processado. Muitos avaliadores consideraram a amostra referência parecida com orégano, tanto em aparência, como em aroma. Foi observado que o produto triturado seria ideal para utilização em molhos ou formulações multicomponentes. E o uso das folhas inteiras teria diferente aplicação: ideal para colocação em pratos prontos por assemelhar-se ao produto in natura. Análise do consumo energético A Tabela 2 apresenta um resumo do consumo energético obtido nos diferentes processos de secagem, aos quais as amostras de manjericão foram submetidas. Além disso, são colocados também os tempos ideais (inter ou extrapolados) de secagem para que o manjericão atingisse aw próxima a 0,60 e a partir desse tempo calculado, a energia que seria gasta para os tratamentos utilizados. Também, pela análise da Tabela 2, percebese que, considerando o valor de aw igual a 0,6, o menor consumo de energia seria obtido, quando o sistema utilizado fosse aquele que seca o manjericão a 50 oC. Pelo painel sensorial, nota-se que esse tratamento teve boa aceitação. Entretanto, não foram realizados testes secando o manjericão a 50 oC por três horas para a confirmação da aceitação da amostra. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.67-72, 2003 72 Análises do consumo energético e sensorial em secagem de manjericão......, Tonzar & Silveira Júnior Tabela 2 - Comparação energética para os tratamentos Tratamento Consumo energético (para Tempo ideal 5,5h, em kWh) (h) o Aquecimento a 40 C 8,70 7,0 o Aquecimento a 45 C 13,20 5,0 o Aquecimento a 50 C 13,30 2,5 Pressão 188,8mmHg 10,60 17,5 Pressão 257,3mmHg 10,60 96 Duplo tratamento 18,90 4,0 CONCLUSÃO Para a secagem de manjericão, o aumento da temperatura promoveu a redução mais acelerada na atividade de água/perda de massa. Quando a temperatura de secagem foi a mesma, o manjericão seco com ar, o qual sofreu duplo tratamento, teve redução da atividade de água em menor tempo. A amostra seca a 40 oC apresentou o menor consumo energético depois de 5,5 h, mas sua avaliação sensorial foi a pior. Através do painel sensorial, constatou-se que quatro amostras foram consideradas boas pelos provadores após uma semana de tratamento e com notas médias superiores a 5,0, sendo aquelas tratadas a 45 oC, 50 oC, com ar duplamente tratado e seca a 45 oC e sob vácuo a 188 mmHg. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Belghit, A.; Kouhila, M. e Boutaleb, B. C. Experimental study of drying kinetcs by forced convection of aromatic plants. Energy Conversion & Management, v.41, p.13031321, 2000. Consumo Energético (para tempo ideal, em kWh) 11,10 12,00 6,05 33,70 185,00 13,75 Beuchat, L. R. Microbial stability as affected by water activity. Cereal Foods World, v.26, n.7, p.345-349, 1981. Mastrocola, D.; Barbanti, D. e Armagno, R. Richerche sull'essiccamento in corrente d'aria del basilico. Industrie Alimentari, v.27, n.259, p.341-344, 1998. Nicoleti, J. F. Cinética de secagem e encolhimento de fatias de abacaxi. São José do Rio Preto, 2001. 102p. Mestrado. Departamento de Tecnologia e Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual Paulista. Prasertsan, S. e Saen-Saby, P. Heat pump drying of agricultural materials. Drying Technology, v.16, n.1&2, p.235-250, 1998. Rocha, T.; Lebert, A. e Marty-Audouin, C. Effect of pretreatments and drying conditions on drying rate and colour retention of Basil (Ocimum Basilicum). Lebensm-Wiss.uTechnol., n.26, p.456-463, june, 1993. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.67-72, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 ISSN: 1517-8595 73 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ Pablícia O. Galdino1, Alexandre J. de M. Queiroz2, Rossana M. F. de Figueirêdo2, Ranilda N. G. da Silva1 RESUMO Nesse trabalho foi realizada a produção de polpa de umbu em pó mediante desidratação pelo método “foam-mat”, com secagem em estufa com circulação de ar e temperatura de secagem de 70C. Estudou-se a estabilidade do produto mediante o acompanhamento da evolução de suas propriedades durante o armazenamento por um período de 60 dias, em dois tipos de embalagem, sendo uma laminada e outra de polietileno, expostas a temperatura ambiente. Foram determinados umidade, ácido ascórbico, pH, acidez total titulável, açúcares redutores. Observou-se, após 60 dias de armazenamento, reduções nos valores de ácido ascórbico e açúcares redutores nas amostras de ambas as embalagens. Nas duas embalagens as amostras passaram por aumentos no teor de umidade e acidez total titulável. Em todas as características avaliadas as reduções ou aumentos verificados ao longo do armazenamento, ocorreram em menores proporções nos materiais em embalagens laminadas, indicando uma melhor conservação das amostras nesse tipo de acondicionamento. Palavras-chave: Spondias tuberosa, foam-mat, armazenamento. EVALUATION OF THE STABILITY OF THE UMBU PULP POWDER ABSTRACT In this work the production of powdered umbu pulp have been accomplished by dehydration by the "foam-mat" method and with drying accomplished in stove with circulation of air and temperature of 70 C. It has been studied the product stability by the accompaniment of the evolution of its properties during the storage for a period of 60 days, in two packing types, being a laminate one and another of polietileno, exposed the temperature sets. The moisture content, ascorbic acid, pH, total acidity and sugar reducer were studied. It was concluded that, after 60 days of storage, they happened reductions in the values of ascorbic acid and sugar reducer in the samples of both packing. Increases in moisture content and total acidity of the samples have been observed. In all the appraised characteristics the reductions or increases verified along the storage, happened in smaller proportions in the materials with laminate packing, indicating a better conservation of the samples in that packing type Keywords: Spondias tuberosa, foam-mat, storage INTRODUÇÃO O umbu é um produto nutricionalmente importante e se constitui, também, em uma fonte de renda para as famílias dos agricultores da região semi-árida do Nordeste. No entanto, como outras frutas, está sujeito aos efeitos da sazonalidade e perecibilidade. Na época de safra, entre os meses de dezembro e março, ocorre um excesso de oferta desta fruta que, uma vez colhida e em condições ambientais de preservação, dura entre dois e três dias. Em conseqüência disso é comum verificar, durante o pico produtivo, perda de parte da produção pelo excesso de maturação e pela ausência de uma infra-estrutura de conservação adequada (Maia et al., 1998). A desidratação de polpas de frutas com o objetivo de diminuir sua atividade de água, com conseqüente prolongamento da vida de prateleira e do tempo de armazenabilidade é um dos métodos de conservação disponíveis, impedindo a deterioração e perda do valor comercial. Além disso, introduz um novo produto no mercado, com características próprias e cujas propriedades se mantém por um tempo mais prolongado, viabilizando a regularização da oferta e melhorando o perfil do ________________________ Protocolo 92 de 1/ 8/ 2003 1 Aluna de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, UFCG 2 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 74 Avaliação da estabilidade da polpa de umbu em pó investimento na produção e no beneficiamento do material “in natura”, face aos benefícios que derivam da transformação do produto (Soares, 2001). Todo alimento deve ser protegido por uma embalagem que, além da função protetora, pode ter funções de propaganda e facilitar seu manuseio no processamento, armazenamento e uso pelo consumidor (Bobbio & Bobbio, 1992). Para que a embalagem possa cumprir todas as funções que lhe competem, é imprescindível que a sua escolha se faça por rígido planejamento, do qual conste o estudo da embalagem, em todos os seus aspectos e a viabilidade de sua utilização (Evangelista, 1994). Os métodos de conservação vem sendo aliados com os aditivos que são adicionados intencionalmente nos produtos alimentícios, melhorando ou realçando características, tais como aparência, odor, cor, sabor, textura, teor de umidade e também a segurança, evitando que bactérias ou reações enzimáticas deteriorem o alimento rapidamente ou que possam vir a causar dano a saúde do consumidor (Calil & Aguiar, 1999). O presente foi realizado com o objetivo de se avaliar a estabilidade da polpa de umbu em pó, produzido pelo processo foam-mat, durante 60 dias em embalagens de polietileno e laminada, submetidas às condições ambientais. MATERIAL E MÉTODOS A polpa de umbu em pó foi obtida mediante o processo foam-mat, onde elaborou-se a formulação do produto a ser desidratado utilizando-se um emulsionante, composto de monoglicerídeos, monoestearato de sorbina e polisorbato e espessante composto de carboximetil-celulose e goma guar, os quais foram adicionados à polpa de umbu, compondo, após homogeneização, o material que foi submetido à desidratação. O material resultante foi espalhado sobre bandejas de aço inoxidável e levado para desidratação em estufa com circulação forçada de ar, à temperatura de 70°C, durante um período de 5 horas. O produto desidratado foi retirado das bandejas e triturado em liqüidificador doméstico, para obtenção do produto finamente pulverizado. As amostras da polpa de umbu em pó foram acondicionadas em embalagens de polietileno e laminada (polietileno tereftalato, polietileno, alumínio, polietileno), contendo 25g cada, termoseladas e armazenadas em local seco e arejado à temperatura ambiente. As amostras assim armazenadas foram acompanhadas quanto à evolução de suas propriedades ácido ascórbico, Galdino et al. umidade, pH, acidez total titulável, açúcares redutores e cor durante um período de 60 dias, com análises realizadas a cada dez dias a partir do tempo inicial. A partir do tempo inicial, a cada dez dias eram retiradas amostras para as determinações físico-químicas de acordo com as seguintes metodologias: Umidade: utilizando-se aproximadamente 1g da amostra levada à estufa a 70°C até peso constante. Ácido ascórbico: segundo a metodologia da AOAC (1997) modificada por Benassi & Antunes (1988) que utiliza como solução extratora o ácido oxálico. Esse método baseia-se na titulação da amostra, empregando-se o 2,6 diclorofenolindofenol sódico que dá cor azul em solução alcalina e cor rósea em solução ácida. pH: realizada através do método potenciométrico, calibrando-se o potenciômetro através das soluções tampão (pH 4,0 e 7,0), a 20ºC, imergindo-se em seguida o elétrodo em béquer contendo a amostra e lendo-se o valor mostrado no visor do aparelho, com os resultados expressos em unidades de pH. Acidez total titulável: segundo o método acidimétrico da AOAC (1997), utilizando-se solução padronizada de NaOH 0,1N. Açúcares redutores: segundo o método de redução alcalina (AOAC, 1997) baseado na redução dos sais cúpricos e óxidos cuprosos presentes na solução de Fehling. Os resultados foram expressos em porcentagem (p/p). A análise estatística dos dados experimentais obtidos ao longo do armazenamento foi executada usando-se o programa computacional ASSISTAT, versão 6.5 (Silva & Azevedo, 2002), através do delineamento fatorial consistindo de 2 (tratamentos) x 7 (tempo de armazenamento) x 3 (repetições) e do delineamento inteiramente casualizado, com comparações entre as médias pelo teste de Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO Umidade Na Tabela 1 encontram-se os valores médios da umidade do umbu em pó durante o armazenamento. Verifica-se que a umidade inicial (zero dia), de 16,75%, é superior ao valor determinado por Soares (1996), ao desidratar a polpa de acerola pelo processo “foam-mat”, que foi de 7,24%, e por Apenburg (1971) de 1,5% para o coco em pó, também desidratado pelo mesmo processo. Pelos resultados expostos na Tabela 1 observa-se que a umidade nas embalagens Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 Avaliação da estabilidade da polpa de umbu em pó laminadas se manteve estatisticamente inalterada até os 50 dias, aumentando significativamente apenas entre 50 e 60 dias. Entre o tempo zero e o final do armazenamento aos 60 dias as amostras sofreram um aumento de 14,35% no teor de umidade, resultado divergente do observado por Figueirêdo et al. (2001) que não verificaram tendência de acréscimo da umidade do suco de acerola microencapsulado em spray dryer com o tempo de armazenamento. As umidades das amostras em embalagem de polietileno aumentaram ao longo do tempo de armazenagem, apesar dos aumentos nem sempre ocorrerem entre tempos subseqüentes, como se pode observar entre 10 e 20 dias e entre 20 e 40 dias onde os valores de umidade são estatisticamente iguais. Observa-se um aumento de 50,1% entre os teores de umidade medidos nos Galdino et al. 75 tempos inicial e final do armazenamento nessa embalagem. Tal comportamento foi observado por Soares et al. (2001) e Gomes (2002) ao estudarem a estabilidade da acerola em pó desidratada pelo processo “foam-mat” e em leito de jorro, respectivamente. Comparando-se os valores de umidade entre as embalagens para cada tempo individualmente, verifica-se que, exceto aos 10 dias, as amostras em embalagem laminada apresentaram valores inferiores em relação à embalagem de polietileno em todos os tempos de armazenamento, resultado de uma melhor proteção da embalagem laminada às amostras. Os valores médios de umidade, nos sete tempos de armazenamento, nas embalagens laminada e de polietileno foram de 17,7% e de 20,5%, respectivamente. Tabela 1 - Valores médios de umidade (%) do umbu em pó nas diferentes embalagens durante o armazenamento Embalagem Tempo de armazenamento (dia) 0 10 20 30 40 50 60 Laminada Polietileno 16,75 bA 17,88 abA 17,73 abB 17,77 abB 17,12 bB 17,49 bB 19,15 aB 16,75 eA 18,52 dA 19,16 cdA 20,23 cA 20,44 cA 23,51 bA 25,15 aA DMS para colunas = 1,51; DMS para linhas = 0,98; MG = 19,12%; CV% = 3,05 DMS – Desvio mínimo significativo, MG – Média geral, CV – Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Ácido ascórbico Analisando-se os resultados dos valores médios do ácido ascórbico do umbu em pó apresentados na Tabela 2, observa-se que o teor de ácido ascórbico na embalagem laminada se manteve estatisticamente inalterado até os vinte dias de armazenamento. A partir desse tempo houve uma perda significativa, porém, mantida até o final do armazenamento (60 dias). O comportamento do umbu em pó na embalagem de polietileno apresentou uma redução do ácido ascórbico a partir do décimo dia de armazenamento, em relação ao tempo zero, e aos 20 dias em relação ao tempo dez. Entre os tempos subseqüentes, 20 e 30 dias, não se tem redução, mas entre 20 e 40 dias a diminuição se verifica. Aos 40 e 50 dias o teor de ácido ascórbico permanece estável, assim como entre os 50 e 60 dias. Observando todos os intervalos é possível notar que na embalagem de polietileno, assim como na embalagem laminada as reduções mais consistentes se deram até os 20 dias e, embora aos 40 dias tenha-se determinado os menores teores de todas as amostras, ao final do armazenamento os valores obtidos retornam a níveis anteriores. Uma explicação para isto estaria na pouca proteção fornecida pelo polietileno, tornando o material sujeito a efeitos de microclimas criados na montagem dos ensaios. Comparando-se os valores do ácido ascórbico entre as embalagens, para cada tempo individualmente, verifica-se que os teores de ácido ascórbico mantidos pela embalagem laminada resultaram superiores em relação à embalagem de polietileno em todos os tempos de armazenamento, com as diferenças mínima de 12% aos 60 dias e máxima de 31% aos 20 dias. A perda máxima percentual de ácido ascórbico na embalagem laminada aos 40 dias foi de 39,18%. Já a perda máxima percentual aos 40 dias na embalagem de polietileno foi de 51,27%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 Avaliação da estabilidade da polpa de umbu em pó 76 Esses resultados divergem dos resultados obtidos por Soares et al. (2001) e Gomes (2002) que verificaram um percentual de redução do teor de ácido ascórbico de 15,63% e 24,96%, respectivamente. Figueirêdo et al. (2001) verificaram perdas de cerca de 2 e 3% no teor de ácido ascórbico no suco de acerola microencapsulado ao final de um Galdino et al. ano, embalado na mesma embalagem laminada, sendo bem inferior ao resultado encontrado nesse trabalho. Os valores médios de ácido ascórbico ao longo do armazenamento para as duas embalagens foram de 141,17 mg/100g (laminada) e 118,21% (polietileno). Tabela 2 - Valores médios do ácido ascórbico (mg/100g) do umbu em pó nas diferentes embalagens durante o armazenamento Embalagem Tempo de armazenamento (dia) Laminada Polietileno 0 178,05 aA 178,05 aA 10 168,41 aA 137,95 bB 20 173,37 aA 118,63 cB 30 117,03 bA 101,75 cdeB 40 108,29 bA 86,77 eB 50 118,54 bA 94,74 deB 60 124,51 bA 109,60 cdB DMS para colunas = 18,55; DMS para linhas = 11,99; MG =129,69 mg/100g; CV (%) = 5,53 DMS – Desvio mínimo significativo, MG – Média geral, CV – Coeficiente de variação Obs: Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade pH Analisando-se os resultados dos valores médios do pH do umbu em pó durante o armazenamento em embalagem laminada, apresentados na Tabela 3, constatam-se pH iguais nos tempos inicial e final. Nos seus estudos realizados com polpa de umbu maduro congelada, Ferreira (2000) observou que o pH permaneceu constante durante o período de 180 dias de armazenamento. Nos tempos intermediários observam-se teores menores, mas iguais entre os tempos 10, 20 e 40 e entre 30 e 50 dias. A igualdade estatística entre tempos de armazenamento intermediários alternados e entre os tempos zero e 60 dias indica uma independência entre os valores de pH e o tempo de armazenamento sob as condições da embalagem laminada. O valor médio do pH ao longo do tempo de armazenamento em embalagem laminada resultou em 2,86, com coeficiente de variação de 1,22%. Analisando-se os resultados dos valores médios do pH do umbu em pó durante o armazenamento em embalagem de polietileno, apresentados na Tabela 4, constata-se um comportamento ainda mais constante que o observado nas amostras em embalagem laminada, uma vez que não só os valores de pH inicial e final são estatisticamente iguais, como também se igualam aos observados nos tempos 20, 40 e 50 dias. O pH aos tempos 10 e 30 dias, por sua vez, se igualam entre si e com o valor medido aos 50 dias. Do conjunto de determinações pode-se concluir que o pH não variou no tempo observado, sob as condições da embalagem de polietileno. Este comportamento é similar ao estabelecido por Gomes (2002). O valor médio do pH ao longo do tempo de armazenamento totalizou 2,79, com coeficiente de variação de 2,24%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 Avaliação da estabilidade da polpa de umbu em pó Galdino et al. 77 Tabela 3 - Valores médios do pH do umbu em pó na embalagem laminada durante o armazenamento Tempo de armazenamento (dia) pH 0 3,03 a 10 2,83 cd 20 2,87 bc 30 2,77 de 40 2,85 cd 50 2,73 e 60 2,96 ab DMS = 0,10; MG = 2,86; CV (%) = 1,22 DMS – Desvio mínimo significativo, MG – Média geral, CV – Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Tabela 4 - Valores médios do pH do umbu em pó na embalagem de polietileno durante o armazenamento Tempo de armazenamento (dia) 0 10 20 30 40 50 60 pH 3,03 a 2,62 c 2,85 ab 2,60 c 2,84 b 2,75 bc 2,86 ab DMS = 0,18; MG =2,79; CV (%) = 2,25 DMS – Desvio mínimo significativo, MG – Média geral, CV – Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Acidez total titulável Analisando-se os resultados dos valores médios de acidez total titulável do umbu em pó durante o armazenamento em embalagem laminada, apresentados na Tabela 5, verificam-se pequenas oscilações nos seus valores médios, com diferença significativa apenas entre o tempo 10 e os tempos 30, 40 e 60 dias. Entre os demais tempos foram obtidos valores sem diferenças significativas do início ao final do armazenamento, o que conduz à conclusão de que a acidez não sofreu alterações importantes no período estudado. Embora sem diferença estatística, entre os tempos final e inicial de armazenamento foi medida a maior variação entre medias de acidez, num total de 3,58% ao final dos 60 dias armazenados. Esse resultado é similar aos obtidos por Ferreira (2002) e Almeida (1999) que verificaram na polpa de umbu congelada um pequeno acréscimo da acidez no final de 180 dias. Considerando a pouca variação deste índice no período de 60 dias as amostras mantiveram uma acidez média de 5,36, com um coeficiente de variação de 1,3%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 Avaliação da estabilidade da polpa de umbu em pó 78 Galdino et al. Tabela 5 - Valores médios da acidez total titulável (% ácido cítrico) do umbu em pó durante o armazenamento em embalagem laminada Tempo de armazenamento (dia) 0 10 20 30 40 50 60 Acidez total titulável (% ácido cítrico) 5,30 ab 5,24 b 5,32 ab 5,44 a 5,43 a 5,30 ab 5,49 a DMS = 0,19; MG =5,36%; CV (%) = 1,30 DMS – Desvio mínimo significativo, MG – Média geral, CV – Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Analisando-se os resultados dos valores médios de acidez total titulável do umbu em pó durante o armazenamento em embalagem de polietileno, apresentados na Tabela 6, verifica-se que não houve variação significativa entre os valores médios de acidez, apesar da diferença entre os tempos 10 e 60 dias, que se constituiu em caso isolado. Entre os tempos zero e 60 dias a diferença percentual foi ainda menor que a obtida com a embalagem laminada, atingindo um valor em torno de 2,89% divergindo do resultado obtido por Soares et al. (2001) que apresentou uma diminuição de 14,06% no percentual de acidez na polpa de acerola em pó. Diante da manutenção dos valores de acidez ao longo do armazenamento é possível considerar um valor médio representativo deste índice nos 60 dias avaliados, o qual situou-se em 5,31, com um coeficiente de variação de 1,78%. Tabela 6 - Valores médios do teor de acidez do umbu em pó na embalagem de polietileno durante o armazenamento Tempo de armazenamento (dia) 0 10 20 30 40 50 60 Acidez total titulável (% ácido cítrico) 5,30 ab 5,13 b 5,28 ab 5,36 ab 5,40 ab 5,24 ab 5,46 a DMS = 0,26; MG =5,31%; CV (%) = 1,79 DMS – Desvio mínimo significativo, MG – Média geral, CV – Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Açúcares redutores Analisando-se os resultados dos valores médios dos açúcares redutores do umbu em pó apresentados na Tabela 7, observa-se que os teores médios de açúcares redutores das amostras em embalagem laminada diminuíram gradativamente com o decorrer do tempo de armazenamento. Tais diminuições se fizeram sentir, na maioria dos casos, em intervalos de 20 dias, de tal forma que o teor inicial de açúcares se mantém estatisticamente inalterado nos primeiros dez dias, apresentando diferença significativa apenas aos vinte dias de armazenamento. O teor medido aos 20 dias também permaneceu estatisticamente inalterado aos 30 dias e diferiu do valor medido aos 40 dias. Igualmente no intervalo entre 50 e 60 dias de armazenamento têm-se teores de açúcares estatisticamente iguais. As amostras acondicionadas em embalagem de polietileno tiveram seus teores de açúcares redutores também reduzidos, mas em ritmo mais rápido, principalmente nos primeiros 20 dias de armazenamento. Dos vinte dias em diante as reduções passam a ser mais gradativas, com variações significativas, exceto entre 40 e 50 dias, ocorrendo entre intervalos de 20 dias, como entre 20 e 40 e 50 e 60, como ocorrido com a embalagem laminada. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 Avaliação da estabilidade da polpa de umbu em pó Comparando-se os valores dos açúcares redutores entre as embalagens, para cada tempo individualmente, verifica-se que as amostras em embalagem laminada mantiveram valores superiores em cinco dos seis intervalos de tempo de armazenamento em que foram medidos, demonstrando que a embalagem laminada, de maneira geral, preservou melhor o teor de açúcares durante o armazenamento. Galdino et al. 79 Ao longo do armazenamento o teor de açúcares redutores apresentou uma média de 67,87% para as amostras em embalagem laminada e 63,81% para as amostras em embalagem de polietileno. Os percentuais de perda de açúcares redutores nas embalagens laminada e de polietileno foram, respectivamente, 62,07% e 63,63%, sendo bem superior valor estabelecido por Soares et al. (2001). Tabela 7 - Valores médios de açúcares redutores (%glicose) do umbu em pó nas diferentes embalagens durante o armazenamento Embalagem Tempo de armazenamento (dia) 0 10 20 30 40 50 60 Laminado Polietileno 96,39 aA 95,38 aA 81,24 bA 78,82 bA 50,03 cA 36,67 dA 36,56 dA 96,39 aA 93,39 bB 70,79 cB 70,93 cB 46,71 dB 33,38 eB 35,06 eA DMS para colunas = 2,53; DMS para linhas = 1,64; MG =65,84%; CV (%) = 1,49 DMS – Desvio mínimo significativo, MG – Média geral, CV – Coeficiente de variação Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A umidade das amostras em embalagem laminada aumentou em 14,3% ao longo do armazenamento; na embalagem de polietileno ocorreu um aumento de 50,1%. O teor de ácido ascórbico em embalagem laminada sofreu redução entre o início e o final do armazenamento de 30,07%; na embalagem de polietileno ocorreu uma perda maior, totalizando 38,45%. As amostras armazenadas em ambas as embalagens não sofreram diminuição no pH entre o tempo inicial e final de armazenamento. O material em embalagem laminada sofreu um aumento da acidez total titulável de 3,58% ao final dos 60 dias de armazenamento. Na embalagem de polietileno verificou-se uma diferença ainda menor, cerca de 2,89%. Em ambas as embalagens o teor médio de açúcares redutores das amostras diminuiu gradativamente com o decorrer do tempo de armazenamento, sendo que na embalagem de polietileno essa redução deu-se em ritmo mais rápido, totalizando uma perda de 63,63%; Na embalagem laminada a redução totalizou 62,07%. Almeida, M.M. de. Armazenagem refrigerada de umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmara): alterações das características físicas e químicas de diferentes estádios de maturação. Campina Grande: UFPB, 1999. 89p. (Dissertação de Mestrado). Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC international, 16.ed. Gaitherburg: Patricia Cunniff, 1997. v.2, 1141p. Apenburg, O.R.O. Desidratação do côco pelo processo “foam mat” (côco em pó). Campinas: 1971. 37p. (Dissertação de Mestrado). Benassi, M.T.; Antunes, A.J. A comparison of meta-phosphoric and oxalic acids as extractant solutions for the determination of vitamin C in selected vegetables. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v. 31, n. 4, p. 507-513, 1998. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 80 Avaliação da estabilidade da polpa de umbu em pó Bobbio, F.O.; Bobbio, P.A. Introdução à química de alimentos. 2. ed. São Paulo: Varela, 1992. 223p. Calil, R.M.; Aguiar, J. de A. Aditivos nos alimentos. São Paulo, 1999. Evangelista, J. Tecnologia dos alimentos. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1994. 270p. Ferreira, J. C. Efeito do congelamento ultrarápido sobre as características físicoquímicas e sensoriais de polpa de umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmara) durante a armazenagem frigorificada. Campina Grande: UFPB, 2000. 112p. (Dissertação de Mestrado). Figueirêdo, R.M.F.; Grandin, A.; Martucci, E.T. Armazenamento do suco de acerola microencapsulado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.3, n.1, p.1–6, 2001. Gomes, P.M. de A. Estudo da polpa de acerola (Malpighia emarginata D. C) desidratada em Galdino et al. leite de jorro. Campina Grande, 2002. 86p. (Dissertação de Mestrado). Maia, G.A.; Oliveira, G.S.F. de O.; Figueiredo, R.W. Curso de especialização em tecnologia de processamento de sucos e polpa tropicais: matérias-primas. Brasília: ABEAS, 1998. v.2, cap.22, p.219-224. Silva, F.A.S.; Azevedo, C.A.V. Versão do programa computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. Campina Grande, v.4, n.1, p.71-78, 2002. Soares, E. C. Desidratação da polpa de acerola (Malpighia emarginata D.C.) pelo processo “foam-mat”. Fortaleza, 1996. 153p. (Dissertação de Mestrado). Soares, E.C.; Oliveira, G.S.F. de.; Maia, G.A.; Monteiro, J.C.S.; Silva Jr., A.; S. Filho, M. de S. de. Desidratação da polpa de acerola (Malpighia emarginata D.C.) pelo processo “foam-mat”. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.21, n.2, 2001. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.73-80, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.81-86, 2003 ISSN: 1517-8595 PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR DE BANDEJA Marcos F. de Jesus1, Viviane L. Scaranto1, Vahideh R. R. Jalali2, Gabriel F. da Silva2 RESUMO A aceroleira é uma planta da família das Malpighiáceas originária da América Tropical. A acerola tem sabor e aroma agradável, é considerada uma das maiores fontes de vitamina C natural, podendo ser consumida in natura e processada. Tendo em vista sua alta sensibilidade no período de comercialização em condições normais, não ultrapassando 4 dias após colheita no ponto climático do fruto (maduro), é necessária a utilização de meios de preservação e processamento para garantir sua qualidade nutricional e sensorial. Este trabalho tem como objetivo o estudo da produção de passas de acerola em secador de bandeja nas temperaturas de 40, 60 e 80oC para obtenção das condições ótimas de processamento. Foi aplicado o modelo difusional para ajustar os dados experimentais de secagem. O sistema utilizado para estudo da secagem consiste de um secador de bandeja: Fabbe-Primar, Modelo: 170, com circulação de ar e variação da temperatura de 25 a 300oC, com 10 bandejas. Foram obtidas passas de acerola de boa qualidade para as temperaturas de 40 e 60oC, sendo que a 80oC a secagem foi mais rápida mas as propriedades sensoriais foram afetadas. A degradação da vitamina C foi menor para as temperaturas mais baixas. Palavras-chave: Secador de bandeja, Passas de acerola, Frutas. PRODUCTION OF ACEROLA RAISINS IN TRAY DRYER ABSTRACT The West Indian cherry belongs Malpighiaceas family, originated from Tropical America. Acerola has pleasant flavor and smell; it is considered one of the biggest natural vitamin C sources. It can be consumed in processed form and in nature. Due to its high sensitivity in the period of commercialization in normal conditions, not exceeding 4 days after harvest at the climatic point of the fruit (mature), it is necessary to use the ways of preservation and processing to guarantee its nutritional and sensorial quality. The objective of this work was to study the production of acerola raisins in tray dryer at 40, 60 and 80oC to be obtained attainment the excellent conditions of processing. The diffusive model was applied to fit the experimental data of drying. The system used for the study of the drying consists of a tray dryer: Fabbe-Primar, Model: 170, with circulation of air and variation of the temperatures from 25 to 300oC, with 10 trays. Good quality acerola raisins were obtained for the temperatures of 40 and 60oC. The drying at 80oC was faster, but the sensorial properties were been affected. The vitamin C degradation was lesser for the lowest temperatures. Keywords: tray dryer, acerola raisins, fruits. ________________________________ Protocolo 82 de 17/ 5/ 2003 1 Alunos de Iniciação Científica - Universidade Federal de Sergipe - UFS 3 Professores do Departamento de Engenharia Química – Universidade Federal de Sergipe - UFS, Cidade Universitária, Jd. Rosa Elze, CEP: 49100-000, São Cristóvão - SE – Brasil, Telefone: (79)212-6686 - Fax: (79)212-6679 - Email: [email protected] 81 82 Produção de passas de acerola em secador de bandeja, INTRODUÇÃO O Nordeste é auto-suficiente em cereais, legumes, frutas e hortaliças. Tendo em vista a manipulação, como: colheita no momento e de forma adequada, transporte e embalagens apropriadas, entre outros fatores, as perdas destes produtos podem alcançar até 50% de sua produção, acarretando problemas sociais e econômicos, devido o aumento de preço e a falta de empregos. Como se estima uma grande área plantada e conseqüentemente produção anual superior às necessidades do mercado consumidor da região, a busca de alternativas tecnológicas para o plantio, beneficiamento e processamento destes produtos, para torná-los com especificações e qualidades exigidas para consumo interno e para exportação, poderá viabilizar o crescimento do setor agroindustrial do Nordeste, a partir de suas potencialidades, podendo ser a solução dos problemas sociais e econômicos da região. Uma das potencialidades desta região está na produção de frutas tropicais de sabor agradável e alto valor nutricional, cujo plantio está perfeitamente adaptado às condições do seu solo e clima. Geralmente são plantas xerófilas que resistem bem aos longos períodos de estiagem da seca. O cultivo de acerola vem se destacando na atualidade no Brasil, principalmente pela adaptação da planta ao clima tropical e subtropical, devido a grande produção de frutos de excelente qualidade e também pelo elevado teor de vitamina C no fruto, podendo gerar em cada 100g de polpa 5000 mg de vitamina C no corpo humano, o que é equivalente a 100 laranjas, também tem recebido muita atenção ultimamente por sua capacidade de combater os radicais livres devido as suas propriedades antioxidantes, por isso vem despertando grande interesse por parte dos consumidores. Devido a grande fragilidade da acerola após a colheita e durante o período de comercialização e pela característica da planta apresentar de 4 a 6 picos de produção em diversos meses do ano, juntamente com a necessidade da preservação de suas qualidades nutritivas, torna-se necessário o desenvolvimento de tecnologia para a produção de produtos de boa qualidade tanto no aspecto sensorial como nutritivo e econômico dentre os quais a secagem toma uma posição vantajosa devido a redução do seu peso, o qual baixa os custos com transporte, a melhor conservação do produto e o fato da secagem ser mais econômica do que outros processos de conservação. Após secagem o produto deve continuar com as mesmas características sensoriais e propriedades físicas e químicas desejáveis. Jesus et al. Um método usado para desidratação parcial dos frutos é o processo osmótico o qual tem sido estudado como pré-tratamento da desidratação e retenção de aroma. Algumas características favorecem o uso deste método, o qual conferem excelente cor e ótima textura no produto final, Rahman e Pereira 1996. A remoção de água de fruta pelo processo de osmose é favorecida porque as células de membrana dos frutos são semipermeáveis e deixam passar água para fora da célula e o açúcar para dentro da célula. No processo osmótico a remoção da água do fruto pode chegar até 50% por peso e a difusão do açúcar é lenta no início e aumenta com o tempo. Para Giangiacomo, Torreggiani e Abbo 1987, os efeitos da osmose como pré-tratamento são verificados principalmente no melhoramento nutricional, sensorial e propriedades funcionais dos produtos. O aspecto distintivo desse processo, quando comparado com outros métodos de desidratação, é a formulação direta realizável pela incorporação seletiva dos solutos, sem modificar a integridade do alimento. Na produção de passas de acerola por osmose as condições de concentração ideal do xarope, tempo de contato da fruta com o xarope e proporção de frutos em relação ao xarope já foram estudados anteriormente, Jalali e Sarmento 1995. Este trabalho tem como objetivo o estudo da produção de passas de acerola em secador de bandeja nas temperaturas de 40, 60 e 80oC e nas temperaturas de 75 e 80oC após pré-tratamento osmótico para obtenção das condições ótimas de processamento, considerando a qualidade do produto em relação ao valor nutritivo, propriedades sensoriais e conservação da vitamina C no produto final. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais A acerola para utilização na secagem foi adquirida no mercado de vendas da cidade de Aracaju. Os frutos foram classificados para retirada das acerolas verdes e danificadas. Os frutos de boa qualidade foram embalados em saco plásticos a vácuo para utilização posterior nos experimentos. Secagem em Bandeja Os frutos foram colocados em monocamada nas bandejas nas condições de temperaturas: 40, 60 e 80oC com pesagens regulares a cada 30 minutos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.81-86, 2003 Produção de passas de acerola em secador de bandeja, Para cada temperatura, foram usadas duas amostras para determinação da umidade. O peso final, para determinação da umidade, foi obtido colocando as amostras em estufa a 105oC por 24 horas. Alguns trabalhos foram realizados com objetivo de estudar a cinética de secagem em monocamada da acerola, Alsina, Silva, Brasileiro 1997, Nascimento 1999 e Silva 1998. Jesus et al. 83 secas a 75 e 80oC no pré-tratamento e secagem em bandeja durante o período de secagem com tomada de amostra em tempos regulares de 1 hora. Ajuste das Curvas de Secagem Os dados experimentais da secagem foram ajustados a equação proposta a seguir. U / Uo A.Exp(B.t) Pré-Secagem Após lavagem, os frutos in natura foram submersos em xarope a 65 Brix por um período de 15 horas. Em seguida, os frutos foram colocados em monocamada na estufa nas temperaturas de 75°C e 80oC, durante 5 horas, com pesagem a cada hora. As passas foram embaladas e armazenadas em geladeira para posteriores testes. (01) Onde U é a umidade variável em base úmida, Uo é a umidade Inicial em base úmida, A é a constante geométrica, B é a constante de secagem (s-1) e t é o tempo de secagem (s). RESULTADOS E DISCUSSÃO Secagem em Bandeja Análise de Vitamina C A análise da vitamina C foi realizada pelo Método de Tillmans, para o fruto in natura, para as passas secas a 75 e 80oC no pré-tratamento e secagem em bandeja durante o período de secagem com tomada de amostra em tempos regulares de 1 hora. Determinação do BRIX Para determinação do Brix foi utilizando um refratômetro com escala de 58 a 92o. Foram obtidos os Brix dos frutos in natura, para as passas As curvas de secagem obtidas no secador de bandeja nas temperaturas de 40, 60 e 80oC são mostras na Figura 1. Foram obtidas passas de acerola de boa qualidade para as temperaturas de 40 e 60oC, sendo que a 80oC, a secagem foi mais rápida, mas as propriedades sensoriais foram afetadas e, para a temperatura de 40oC, a secagem foi insuficiente para se obter passas com umidade adequada para o consumo. 1.00 0.80 Ubu(dec.) 0.60 0.40 0.20 T = 40oC T = 60oC T = 80oC 0.00 0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 Tempo (h) Figura 1. Curvas de secagem para acerola em secador de bandeja Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.81-86, 2003 Produção de passas de acerola em secador de bandeja, 84 Pré-secagem Para as temperaturas estudadas na présecagem de 75 e 80oC, Figura 2, foi observado que a umidade dos frutos é reduzida em cerca de 50% do valor inicial nas quinze horas estudadas para o xarope a 65 Brix. Em seguida, foi feita a secagem em bandeja, onde as curvas apresentaram o mesmo Jesus et al. comportamento nas temperaturas estudadas. A Figura 3 mostra a comparação com as curvas de secagem obtidas com a pré-secagem osmótica e sem ela. Foi observado que a taxa de secagem é menor para o teste com pré-secagem, no entanto as propriedades sensoriais para as passas obtidas neste caso são melhores. 1.00 In Natura 0.80 Ubu(dec.) 0.60 0.40 0.20 T = 75oC T = 80oC 0.00 0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 Tempo(h) Figura 2. Pré-secagem osmótica seguida de secagem em bandeja 1.00 In Natura 0.80 Ubu(dec.) 0.60 0.40 0.20 Sem pré-secagem Com pré-secgem 0.00 0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 Tempo(h) Figura 3. Comparação das curvas de secagem com e sem Pré-secagem osmótica a 80oC. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.81-86, 2003 Produção de passas de acerola em secador de bandeja, Jesus et al. 85 Análise de vitamina C Determinação do Brix Os resultados obtidos na análise de vitamina C para os frutos frescos e para as passas secas após pré-secagem osmótica e posterior secagem em bandeja nas temperaturas de 75 e 80oC durante 5 horas são mostrados na Tabela 1. A Figura 4 mostra o comportamento das curvas de degradação da vitamina C nas temperaturas de 75 e 80oC. Não foram observadas diferenças significativas entre os valores da vitamina C para estas condições de processamento, no entanto as perdas para o processo osmótico são superiores a 60%. Foi feita a determinação do Brix dos frutos in natura, após pré-secagem e durante a secagem no secador de bandeja nas condições de 75 e 80oC. Não foram observadas diferenças significativas entre os valores dos Brix para estas condições de processamento. Tabela 1: Vitamina C após processamento. Vitamina C (mg/100g) Tempo(h) T (75oC) T (80oC) In natura 1.250,00 1.250,00 15h Osmose 410,82 422,97 1 369,87 396,16 2 347,65 353,48 3 335,47 332,29 4 294,23 242,62 5 236,50 212,43 Tabela 2: Brix dos frutos in natura, após présecagem e durante a secagem Brix (oB) o Tempo(h) T (75 C) T (80oC) In natura 3,0 3,0 15h Osmose 26,5 28,6 1 32,4 35,2 2 41,3 45,0 3 59,8 63,0 4 64,6 69,0 5 73,1 76,0 Ajuste da curvas de secagem A Figura 6 mostra os ajustes das curvas para as temperaturas de 40, 60 e 80oC, como podemos observar o ajuste foi bom. U/Uo(adm.) 1.00 T = 40oC T = 60oC T = 80oC Ajuste 0.10 0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 Tempo (h) Figura 6. Ajuste da Curvas de Secagem da acerola em secador de bandeja CONCLUSÕES Foram obtidas passas de acerola de boa qualidade para as temperaturas de 40 e 60oC, sendo que a 80oC, a secagem foi mais rápida mas as propriedades sensoriais delas foram afetadas. A degradação da vitamina C foi menor para as temperaturas mais baixas. Nas temperaturas de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.81-86, 2003 86 Produção de passas de acerola em secador de bandeja, 75 e 80oC, a degradação da vitamina C foi superior a 60%, quando se utilizou a pré-secagem osmótica. Mesmo utilizando uma equação simplificada, o ajuste das curvas de secagem para acerola, nas temperaturas de 40, 60 e 80oC, foi bom. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rahman, M. S.; Pereira, C. O. Effect of Pretreatment on air drying date and thin layer drying kinetics of fresh cherry. In: Drying’96, Poland, p.1053-1060, 1996. Giangiacomo, R.; Torreggiani, D.; Abbo, E. Osmotic dehydration of fruit: Part 1. Sugars exchange between fruit and extracting. J. Food. Processing, cap.11, p. 183-195, 1987. Jesus et al. osmótica de acerola. In: Semana de Engenharia Química e Química Industrial, 3, Anais...UFS, São Cristóvão, 1995. Alsina, O. L. S; Silva, O S.; Brasileiro, I. M. N.; Drying kinetics of Indian cherry. In: Proceedings of the Inter-American conference (IADC), Proceeding, São Paulo, p.434-440, 1997. Nascimento, I, M. Cinética de secagem de acerola in natura em monocamada. Campina Grande, 1999. Dissertação, DEQ/UFPB. Silva, V. A. Efeito de pré-tratamentos químicos na taxa de secagem de acerola em monocamada. Campina Grande, 1998. Dissertação, DEQ/UFPB. Jalali, V. R. R.; Sarmento, .E.; Desidratação Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.81-86, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.87-97, 2003 ISSN: 1517-8595 ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO Zilmar Fernandes Nóbrega Melo1, Maria Elita Martins Duarte2, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata3 RESUMO Estudou-se o armazenamento de méis de abelhas africanizadas (Apis mellifera L.), coletados no brejo e cariri do estado da Paraíba. Com relação à florada, dois tipos de mel de abelha foram utilizados (mel de florada silvestre e mel de florada de baraúna), armazenados, por seis meses, em 3 diferentes condições de embalagens (E1- recipiente de polietileno opaco e exposto à luz e temperatura ambiente; E2- recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente). Os méis foram submetidos a análises físico-químicas mensalmente, objetivando quantificar as possíveis alterações do Hidroximetilfurfural-HMF e da Atividade Diastásica e verificar a eficiência destas embalagens na manutenção da qualidade dos méis. Os valores médios encontrados, ao longo do armazenamento, para o índice de HMF ficaram no intervalo de variação de 4,57 a 10,17 mg/kg de mel para o tipo silvestre e 1,08 a 7,12 mg/kg para o mel da florada de baraúna. Pelas análises estatísticas, verificou-se, para os dois méis, diferença significativa ao nível de 1% de probabilidade e que as médias diferem entre si. Houve para o HMF, diferença significativa entre as embalagens e a embalagem E2 foi a mais eficiente no controle do aumento deste índice nos dois méis. A Atividade Diastásica (DN) no mel Sivestre manteve-se no intervalo de variação de 13,37 a 18,71 DN e 9,14 a 13,25 DN no mel de baraúna e as análises estatísticas, quanto a este fator, para os dois méis, foram significativas ao nível de 1% de probabilidade confirmando a embalagem E2, nos dois méis analisados, como a mais eficiente na desaceleração do índice de Diastase em relação a E1 e E3. PALAVRAS-CHAVE: mel, armazenamento, embalagem. STUDY OF THE HIDROXIMETILFURFURAL ALTERATION AND THE DIASTASE ACTIVITY IN HONEY OF BEE IN DIFFERENT CONDITION OF STORAGE ABSTRACT The storage of African bees honey (Alpis mellifera L.), which was collected from slough and Cariri in Paraíba state, was studied. Considering the bloomed, two kinds of bee honey (wild bloomed honey and baraúna bloomed honey) were used and stored under three different conditions of packages ( E 1 – opaque polyethylene container, that was under environment light and temperature; E 2 – polyethylene container that was under environment temperature but it wasn’t under light environment; E 3 – translucent glass container which was exposed to environment temperature and light). The honey stayed 180 days in packages and their physiochemical characteristics were analyzed monthly to observe the possible alterations of Hydroximethylfurfurol – HMF and Diastasic Activity, to verify the efficiency of these packages in the honey quality index. The physiochemical analyses of the honey were done according to the Normative Instruction of the Agriculture and Provisioning Ministry (Brazil, 2000). During the storage time, the medium found values to the HMF index varied from 4.57 to 10.17 mg/Kg of honey and from 1.08 to 7.12 mg/Kg, to the wild and baraúna honey, respectively. _________________ Protocolo 77 de 12/ 11/ 2002 1 Mestre em Engenharia agrícola – Universidade Federal de Campina Grande 2 Profa. Dra. do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande Av. Aprígio Veloso No. 882, Campina Grande, Paraíba, Brasil, Telefone: 02183-3101287, Fax: 02183-3101185 e-mail: [email protected] 3 Prof. Dr. do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Paraíba, Av. Aprígio Veloso No. 882, Campina Grande, Paraíba, Brasil, Telefone: 02183-3101287, Fax: 02183-3101185 e-mail: [email protected] 87 88 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. According to the statistics analyses, a significant difference of 1% of probability for both honeys was verified, besides the averages are different among them. To the HMF, there was a significant difference among the packages and the E2 was the most efficient to the control of the increase of this index in both studied honeys. The Diastasic Activity (DN) varied from 13.37 to 18.71 DN on the Wild honey and the variation of the baraúna honey was from 9.14 to 13.25 DN. The statistics analyses were significative at 1% of probability and at the Tukey test for both honeys, the averages were different among them and the E2 package was more efficient than the E1 and E3 to the unacceleration of the diastase index for both honey. Keywords: honey, storage, package INTRODUÇÃO A história das abelhas sociais é bem antiga, fazendo-se presente na nossa vida desde a préhistória e naquela época, nas muitas civilizações primitivas, tanto o mel quanto as abelhas eram considerados sagrados. Mas a melhoria do sistema de produção do mel iniciou-se a partir de 1600 e a revolução só ocorreu em 1851, com o uso de colméias com quadros móveis (Crane, 1987) No Brasil, a produção do mel vem aumentando, e foi responsável em 1995 por aproximadamente 34.500 toneladas, sendo que a produção nordestina responde por 25% da produção total (Levy, 1998). Isso se deve, além de outros fatores, a grandes reservas florais que dão à produção do mel o suporte para as abelhas produzirem milhares de toneladas de um mel saboroso, de primeira qualidade, aceito pelo mercado externo mais exigente do mundo (Wiese, 1993). No Nordeste, o ecossistema da Caatinga é responsável por uma considerável parte da produção do mel de abelhas que eleva a região nordestina à condição de segundo maior produtor do país. Garantindo ao Nordeste a produção de um mel totalmente puro e livre de resíduos de agrotóxicos, propiciando a produção do chamado “mel orgânico”. O mel pode sofrer várias alterações de causas diversas. Algumas acontecem devido à falta de informação do próprio agricultor, quanto à tecnologia de extração, a forma de manejo adequado, equipamentos a serem utilizados e principalmente à forma de armazenamento e conservação. É importante conhecer a caracterização do mel, para garantir um produto de qualidade no mercado, cada vez mais exigente. Os méis são muito pouco estudados tendo em vista as suas qualidades nutricionais indiscutíveis. Recentemente vêm-se realizando análises físicoquímicas de méis, objetivando a sua padronização, como também, obtendo subsídios para garantir a qualidade desse produto, detectando as suas possíveis adulterações. Essa caracterização se faz necessária à qualidade do mel, pois é um alimento bastante usado no dia-a-dia de muitas famílias, principalmente, na alimentação de crianças e idosos, devido à riqueza de vitaminas e sais minerais, além de possuir propriedades antibacterianas e anticéptica, usado também na área terapêutica em tratamentos profiláticos. O conhecimento desses componentes durante o processamento e o armazenamento permite o controle da sua qualidade. Segundo White Júnior (1978), o hidroximetilfurfural é o resultado da transformação dos açúcares, frutose e glicose encontrados naturalmente no mel. Esse processo é acelerado com a elevação da temperatura, por isso, o HMF passou a ser usado como indicador de aquecimento, processamento inadequado ou mesmo adulteração com xaropes. O mesmo autor cita que geralmente, méis mais velhos mostram valores elevados do HMF. É muito pequena a quantidade de HMF em méis recentemente colhidos e é importante para indicar as condições de manipulação e armazenagem. Os níveis de HMF aceitos pela comunidade Européia, bem como pela Legislação Brasileira, são de no máximo 60 mg/kg (Veríssimo, Hooper e Crane citados por Silva, 2001). Além da temperatura e do tempo de armazenamento, o pH é também importante para a velocidade de formação do HMF (Bianchi citado por Noronha, 1997). As enzimas presentes em alguns méis, também, são responsáveis por transformações nas suas características físico-químicas e nutricionais durante o armazenamento. O mel no seu processo de formação contém enzimas próprias das plantas e dos insetos: invertase, amilase (diastase), glicose, oxidase, catalase e fosfatase. A invertase incorporada ao néctar pela saliva das abelhas transforma os açúcares, em particular a sacarose, que resulta numa mistura de glicose e frutose. As ações diastásicas conduzem a transformação de ¾ da sacarose. Por isso, quanto mais velho for o mel, menos sacarose conterá. A amilase é muito Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.87-97, 2003 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. importante para detectar os possíveis aquecimentos que possa ter sofrido o mel, em seu processo comercial, por motivo de a amilase ser muito instável frente às elevações de temperatura. Entretanto, deve-se considerar que a amilase deteriora-se à temperatura ambiente, quando o armazenamento for prolongado e, portanto, funciona como um indicativo da idade (período de validade) do mel de abelha. Objetivo Diante dos fatos relatados anteriormente, este trabalho teve como objetivo avaliar as alterações do Hidroximetilfurfural (HMF) e da Atividade Diastásica ocorridas na qualidade de 2 diferentes tipos de mel, quanto à florada, devido ao período de 180 dias de armazenamento, em três diferentes embalagens (E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à luz e temperatura ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente). MATERIAL E MÉTODOS Área do experimento Como área experimental, considerou-se o estado da Paraíba. As amostras foram obtidas em duas regiões distintas: Cariri e Brejo. Origem floral do mel Os méis analisados foram obtidos no período de julho a agosto de 2001, a partir de coletas feitas por apicultores das regiões do Brejo e do Cariri. As amostras foram armazenadas no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas, na Universidade Federal de Campina Grande, onde foram realizadas as análises físico-químicas, segundo metodologias recomendadas para cada determinação. Os méis foram coletados em uma mesma época, para as diferentes regiões. Identificou-se, inicialmente, quanto à origem botânica (segundo informações dos apicultores e de acordo com a localidade onde foram coletados), como sendo os mesmos de diferentes origens florais: Silvestre (tratamento T1) e Baraúna - Schinophisis brasiliensis- (tratamento T2). As amostras foram centrifugadas, filtradas e decantadas e, posteriormente, acondicionadas em recipientes de 400g e armazenadas, durante 6 meses onde, periodicmente, foram sendo utilizado nos ensaios (a cada 30 dias). 89 Temperatura de armazenamento Os méis foram armazenados nas diferentes embalagens, em temperatura ambiente de 26 °C ± 3 °C (temperatura média do período). Embalagens utilizadas para armazenamento As amostras foram armazenadas em embalagens de 400 g, em plástico branco, opaco (material de polietileno, E1), plástico ao abrigo da luz (material de polietileno, totalmente coberto com papel adesivo preto, E2), e vidro transparente (E3). Período de análises As amostras foram analisadas a fresco (recém colhidas), e, a cada mês, ao longo de seis meses de armazenamento. Análises Foram avaliadas as possíveis alterações ocorridas na qualidade do mel, quanto ao Hidroximetilfurfural e Atividade Diastásica. . Hidroximetilfurfural Este método dá suporte a verificação do superaquecimento, estocagem inadequada e adulteração com açúcar comercial. É um método quantitativo, onde se utiliza um espectrofotômetro nos comprimentos de ondas entre 284 e 336nm. É recomendado por Brasil (2000), o método é o de n° 980.23 (AOAC, 1996). Atividade Diastásica Este método fundamenta-se na hidrólise. O resultado é expresso como ml de solução de amido a 1% hidrolisado pela enzima em 1g de mel, durante 1 hora. É recomendado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 2000). Delineamento experimental Os resultados foram analisados, objetivando identificar mudanças no que se refere às características físico-químicas de méis, usando três diferentes tipos de embalagens e observar as alterações das características iniciais do produto. O experimento foi conduzido, segundo o delineamento fatorial (dois fatores: tempo, embalagem) inteiramente ao acaso e com três repetições. O fator tempo, com 7 níveis (0, 30, 60, 90, 120, 150 e 180) e o fator embalagem com 3 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 90 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. níveis (E1, E2 e E3), onde: E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à luz e temperatura ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Os resultados foram processados pelo programa Assistat, Versão 6.2, onde se obteve a análise de variância e a comparação entre médias (teste de Tuckey). RESULTADOS E DISCUSSÃO Hidroximetilfurfural (HMF) Mel da florada silvestre Segundo a análise de variância, Tabela 1, houve diferença significativa nos resultados do HMF no mel de florada silvestre, para o fator embalagem, para o fator período de tempo e para interação entre estes dois fatores. Na Tabela 2, encontram-se os resultados do teste de Tukey, que compara as médias obtidas de HMF para os fatores embalagem e tempo, em mel da florada silvestre. Percebe-se, pela Tabela 2, que a embalagem com proteção à luz (E2) foi a que manteve o HMF mais próximo do valor inicial. Embora tenha acontecido uma alteração significativa no mel sob proteção da luz, este processo foi mais acelerado nas demais embalagens, que não contam com a proteção. Quanto ao período de armazenamento, é evidente o aumento do valor do HMF com o aumento do tempo de armazenamento. Em alguns trabalhos, onde foram analisados méis de floradas de angico, de faveiro e silvestre, os autores observaram, também, um aumento no índice do HMF após o período de armazenamento, porém os valores não ultrapassaram o limite máximo permitido (Piro et al., 1998). Brasil (2000) relata que, em amostras de mel analisadas mesmo depois do armazenamento, os níveis de HMF em méis silvestres, mantiveram-se dentro dos padrões exigidos pela legislação vigente, onde o Ministério da Agricultura e do Abastecimento estabelece um máximo de 60 mg/Kg de mel.. Na Tabela 3, são mostrados os valores de HMF do mel da florada silvestre, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1 % de probabilidade. Tabela 1 – Análise de variância de HMF (mg /Kg de mel) da florada Silvestre, embalagens em função do tempo de armazenamento Análise de Variância Fonte de Variação Tempo Embalagem Interação Resíduo Total G.L 6 2 12 42 62 S.Q 199,887 70,138 16,181 1,469 287,677 Q.M 33,314 35,069 1,348 0,034 para as diferentes F 952,022** 1002,166** 38,534** ** Significativo a 1% de probabilidade Tabela 2 - Comparação entre as médias HMF (mg HMF/Kg mel), em mel da florada silvestre, para os diferentes tipos de embalagens e para os diferentes períodos de tempo Fator Fator Período Embalagem Médias de HMF Tempo(dias) Médias de HMF E1 8,37109a 0 4,57482 g E2 6,05876 c 30 6,06557 f E3 8,21481 b 60 6,90589 e 90 7,42231 d 120 8,36138 c 150 9,33452 b 180 10,1731a DMS-embalagem = 0,27326 DMS-Tempo = 0,14027 Obs: As médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. 91 Tabela 3 - Valores de HMF (mg hmf/Kg de mel) do mel da florada silvestre, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade Tempo Embalagens E2 4,68 eA 4,76 deB 5,20 dB 5,74 cB 6,19 cB 7,52 bC 8,28 aB E1 4,68 fA 6,63 eA 7,81 dA 8,12 dA 9,56 cA 10,58 bA 11,18 aA 0 30 60 90 120 150 180 E3 4,35 gA 6,79 fA 7,69 eA 8,32 dA 9,31 cA 9,89 bB 11,04 aA DMS- Coluna = 0,473 DMS-Linha = 0,371 MG = 7,548 CV% = 2,478 Obs: As médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey. Médias de 3 repetições. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Mel da florada da baraúna O valor médio inicial de HMF, encontrado no mel da florada de baraúna foi 1,086 mg hmf/Kg de mel 0,254. Este valor é inferior ao da florada silvestre em estudo - T1 (Tabelas 2 e 3). Para o mel da florada de baraúna não se encontraram parâmetros para comparação, pois até aqui não se registrou na literatura referências à florada citada. Segundo a análise de variância, Tabela 4, houve diferença significativa nos resultados do HMF no mel de florada baraúna para o fator embalagem, para o fator período de tempo e para interação entre esses dois fatores. Na Tabela 5, encontram-se os resultados do teste de Tukey, que compara as médias obtidas de HMF para os fatores embalagem e tempo, em mel da florada de baraúna. Na Tabela 6, são mostrados os valores de HMF do mel da florada de baraúna, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1 % de probabilidade. Observando os méis estudados, na embalagem de polietileno coberto (E2), os valores de HMF foram menores do que em polietileno opaco (E1) e vidro transparente (E3), indicando que a embalagem, ao abrigo da luz, contribuiu para desacelerar o aumento da taxa do Hidroximetilfurfural em relação as demais embalagens. Observou-se ainda neste experimento, que o mel de coloração mais escura (Silvestre) apresentou valores superiores do teor de HMF, em relação ao mel claro (Baraúna) (Tabelas 2 e 5), fato observado também por Horn (1997). Tabela 4 – Análise de variância de HMF (mg/Kg de mel) da florada Baraúna, para as diferentes embalagens em função do tempo de armazenamento Análise de Variância Fonte de Variação Tempo Embalagem Interação Resíduo Total G.L 6 2 12 42 62 S.Q 214,674 17,260 6,306 7,470 245,713 Q.M 35,779 8,630 0,525 0,177 F 201,141** 48,518** 2,954** ** Significativo a 1% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 92 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. Tabela 5 - Comparação entre as médias HMF(mg HMF/Kg mel) em mel da florada de baraúna, nos diferentes tipos de embalagens e para os diferentes períodos de tempo Fator Embalagem E1 E2 E3 Fator Período Tempo(dias) 0 30 60 90 120 150 180 Médias de HMF 3,9441a 3,0093 b 4,2367a Médias de HMF 1,0859 e 2,1773 d 2,9230 c 3,3362 c 4,4965 b 4,9658 b 7,1255 a DMS-Embalagem = 0,31625 DMS- Tempo = 0,61610 Obs: As médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Tabela 6 - Valores de Hidrometilfurfural (mg hmf/Kg de mel) do mel da florada da baraúna, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade Tempo 0 30 60 90 120 150 180 E1 1,08 fA 2,46 eA 3,18 deA 3,80 cdA 4,44 bcB 5,33 bA 7,30 aA Embalagens E2 1,08 eA 1,43 eB 2,14 deB 2,67 cdB 3,22 bcC 4,14 bB 6,36 aB E3 1,08 dA 2,64 cA 3,44 cA 3,82 cA 5,82 bA 5,42 bA 7,70 aA DMS/coluna = 1,067 DMS/linha = 0,837 MG = 3,730 CV%¨ = 11,308 Obs: As médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey. Médias de 3 repetições. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Na Figura 1, estão registrados os teores de HMF encontrados nas amostras analisadas ao longo de 180 dias, para os dois méis. Os resultados obtidos demonstram que os valores tendem a aumentar, gradativamente, com o tempo de armazenamento. Este fato se deve à temperatura ambiente e ao fato de a luz atuar como fatores determinantes para a concentração do mel. Segundo HOMEM (1988), WHITE et al. (1978) e BIANCHI (1989), quando a temperatura é superior a 40 °C, há uma aceleração na formação de HMF a níveis superiores ao estabelecido pela Legislação vigente. Entretanto, deve-se ressaltar que esse aumento ocorre, naturalmente, não afetando a sua qualidade dentro de um período de 180 dias. Segundo estes autores, o mel deve ser armazenado em recipientes e ao abrigo da luz, para evitar a produção do hidroximetilfurfural. O mel, quando aquecido, ou exposto a altas temperaturas e/ou luminosidade, seguramente se deteriora, transformando a frutose (primeiramente) e a glicose (em seguida) em HMF. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 Hidroximetilfurfural(mg/kg de mel) Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 93 Mel Silvestre Mel de baraúna 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Período de armazenamento(dias) 180 200 Figura 1 – Comparação entre os valores de HMF (mg/kg de mel) dos méis da florada silvestre e de baraúna, durante 6 meses de armazenamento Atividade Diastásica Mel da florada silvestre O valor médio inicial da atividade diastásica encontrado para os méis armazenados na Paraíba, de florada silvestre foi 18,72 DN 0,0208 DN. Valor inferior encontrado por BIANCHI (1989), para méis silvestres, que foi 17,65 DN. Comparando os resultados obtidos com os padrões exigidos pela legislação vigente para qualidade do mel, verificou-se que as amostras estudadas estavam dentro das especificações oficiais, uma vez que o valor mínimo de diastase exigido é de 8 DN. A análise de variância, Tabela 7, demonstrou diferença significativa ao nível de 1 % entre embalagens e entre os e períodos de tempo e, também, na interação entre estes dois fatores. Na Tabela 8, encontram-se os resultados do teste de Tukey, que compara as médias obtidas da atividade diastásica, para os fatores embalagem e tempo, em mel da florada silvestre. Observa-se, pela Tabela 8, que a embalagem de polietileno coberto (E2) conteve mais a atividade diastásica, quando comparadas às demais embalagens, pois atingiu níveis de diástase menores que as outras, ou seja, ocasionou uma desaceleração dos níveis de diástase, devido talvez, a embalagem em questão estar protegida da incidência da luz. Esta observação também foi percebida por AZEREDO (1999), ao acondicionar méis ao abrigo da luz. Deduz-se, portanto, que a incidência da luz, juntamente com temperaturas elevadas, são fatores determinantes nas alterações no índice de diastase. Ainda, observando a Tabela 24, percebe-se uma diminuição da atividade diastásica com o aumento do tempo de armazenamento do mel. Tabela 7 – Análise de variância Atividade Diastásica (DN)da florada Silvestre, para as diferentes embalagens em função do tempo de armazenamento Análise de Variância Fonte de Variação Tempo Embalagem Interação Resíduo Total G.L 6 2 12 42 62 S.Q 219,768 1,462 0,774 0,105 222,111 Q.M 36,628 0,7311 0,064 0,002 F 14586,142** 291,166** 25,707** ** Significativo a 1% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 94 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. Tabela 8 - Comparação entre as médias da atividade diastásica (DN), em mel da florada silvestre, para os diferentes tipos de embalagens e para os diferentes períodos de tempo de armazenamento Fator Fator Período Embalagem Médias de HMF Tempo(dias) Médias de HMF E1 16,5143a 0 18,7133a E2 16,1462 c 30 18,2867 b E3 16,3852 b 60 17,6267 c 90 16,5711 d 120 15,4533 e 150 14,4144 f 180 13,3744 g DMS-Embalagem = 0,0376 DMS-Tempo = 0,0732 Obs: As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Na Tabela 9, são mostrados os valores de atividade diastásica (DN) do mel da florada silvestre, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1 % de probabilidade. Observando a Tabela 9, percebe-se que a atividade diastásica diminui com o aumento do tempo de armazenamento, independentemente, da embalagem, no entanto eles aumentam mais lentamente, quando armazenados na embalagem protegida da luz (E2). Tabela 9 - Valores de atividade diastásica (DN) do mel da florada silvestre, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1 % de probabilidade. Tempo Embalagem E1 E2 E3 0 18,71 aA 18,71 aA 18,71 aA 30 18,27 bA 18,30 bA 18,28 bA 60 17,91 cA 17,41 cC 17,56 cB 90 16,77 dA 16,30 dC 16,63 dB 120 15,68 eA 15,09 eB 15,58 eA 150 14,60 fA 14,14 fB 14,50 fA 180 13,65 gA 13,05 gC 13,42 gB DMS/coluna = 0,126 DMS/linha = 0,099 MG = 16,349 CV% = 0,306 Obs: As médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey. Médias de 3 repetições. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Mel da florada de baraúna O valor médio inicial da atividade diastásica encontrado para os méis armazenados na Paraíba, de florada de baraúna foi 13,27 DN 0,0270 DN. Valor inferior ao encontrado por BIANCHI (1989), para méis silvestres, que foi 17,65 DN e também neste trabalho. No entanto, os resultados obtidos atendem a legislação vigente, como citado anteriormente. A análise de Variância, Tabela 10, revelou diferença significativa ao nível de 1 % entre embalagens e entre os e períodos de tempo e, também, na interação entre estes dois fatores. Na Tabela 11, encontram-se os resultados do teste de Tukey, que compara as médias obtidas da atividade diastásica, para os fatores embalagem e tempo, em mel da florada de baraúna. Na Tabela 12, são mostrados os valores de atividade diastásica (DN) do mel da florada de baraúna, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1 % de probabilidade. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. 95 Tabela 10 – Análise de variância de Atividade Diastásica (DN) da florada Baraúna, para as diferentes embalagens em função do tempo de armazenamento Análise de Variância Fonte de Variação Tempo Embalagem Interação Resíduo Total G.L 6 2 12 42 62 S.Q 128,301 12,743 4,571 1,541 147,158 Q.M 21,383 6,380 0,380 0,036 F 582,683** 173,617** 10,381** ** Significativo a 1% de probabilidade Tabela 11 - Comparação entre as médias da atividade diastásica (DN), em mel da florada de baraúna, para os diferentes tipos de embalagens e para os diferentes períodos de tempo de armazenamento Fator Fator Período Embalage Médias de HMF Tempo(dias) Médias de HMF m E1 11,9400 a 0 13,2567 a E2 10,8391 c 30 13,1311 a E3 11,4229 b 60 12,1011 b 90 11,3655 c 120 10,7511 d 150 10,0544 e 180 9,1444 f DMS- Embalagem = 0,1436 DMS-Tempo = 0,2798 Obs: As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Tabela 12 - Valores de atividade diastásica (DN) do mel da florada de baraúna, para interação embalagem x período de armazenamento, e resultados do teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade Tempo 0 30 60 90 120 150 180 E1 13,25 aA 13,25 aA 12,52 bA 12,14 bA 11,57 cA 10,77 dA 9,76 eA Embalagem E2 13,25 aA 12,80 aB 11,51 bB 10,50 cC 10,13 cC 9,55 dB 8,09 eB E3 13,25 aA 13,03 aB 12,26 bA 11,44 cB 10,55 dB 9,82 eB 9,58 eA DMS/coluna = 0,4847 DMS/linh = 0,3801 MG = 11,4001 CV% = 1,6803 Obs: As médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey. Médias de 3 repetições. E1 - recipiente de polietileno opaco e exposto à temperatura e luz ambiente; E2 - recipiente de polietileno exposto à temperatura ambiente e ao abrigo da luz; E3 - recipiente em vidro translúcido exposto à temperatura e luz ambiente. Observando a Tabela 12, percebe-se comportamento da atividade diastásica semelhante ao do mel silvestre, quanto ao tempo de armazenamento, no entanto o efeito apresentado pela embalagem E2, no mel de baraúna, não se evidenciou tanto, quanto para mel silvestre, durante seu armazenamento, talvez o fato do mel de baraúna ser mais claro do que o silvestre possa ser um dos fatores que influenciaram nessa resposta. Essa queda gradativa no índice de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 96 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. diástase, observada nos dois méis, desde o início do armazenamento, também, foi observado por PIRO (1996). Na Figura 2, estão registrados os teores de HMF encontrados, nas amostras analisadas ao longo de 180 dias, para os dois méis. 30 Mel silvestre Mel de baraúna Atividade Diastásica(DN) 25 20 15 10 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Período de armazenamento(dias) Figura 2 – Valores da Atividade Diastásica (DN) dos méis da florada silvestre e de baraúna, durante 6 meses de armazenamento CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Os teores médios de Hidroximetilfurfural (HMF) encontrado nos méis das floradas silvestre e baraúna foram 4,686 mg/Kg de mel 0,32 e 0,097 mg/Kg de mel 0,021 mg/Kg respectivamente, esses sofreram aumento significativo, devido às embalagens, sendo a embalagem protegida da luz; foi a que mais contribuiu para a desacelerar o aumento deste fator para ambos os méis. Existiu, também, aumento do HMF, a partir do primeiro mês até o final do armazenamento. A Atividade Diastásica média nos méis das floradas silvestre e baraúna foram 18,72 DN 0,02 e 13,27 DN 0,02 DN, respectivamente, esses sofreram aumento significativo devido às embalagens, sendo que a embalagem protegida da luz foi a que mais contribuiu para acelerar a perda deste fator para ambos os méis. Houve, também, uma perda gradativa e significativa da Atividade Diastásica, a partir do primeiro mês, até o final do armazenamento. A.O.A.C. Food composition, additives; natural contaminants. 15 ed. Virginia, USA: Kenneth Helrich, 1990.---p. Bianchi, E. M. Determinacion de HMF en la miel. Argentina: Centro de investigaciones Apicolas/Univ. Nacional de Santiago Del Estero, 1989. 8p. Brasil Instrução Normativa nº11, de 20 de outubro de 2000. Estabelece o regulamento técnico de identidade e qualidade de mel. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 de out. Seção 1, p.16-17. Crane, E. O Livro do mel. Nobel, 1987. 230p. 2.ed. São Paulo: Homem, G. R. Efeitos da estanhagem e de vernizes de latas de folhas-de-flandres sobre a estabilidade do mel de flor-de-laranjeira, 1998. 87f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1998. Horn, H. Intensive pratical cours on honey analysis. 1996. 43f. Dissertação (Mestrado em Entomologia), FFCLRP/USP, São Paulo,1997. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. Levy, Paulo S. Desenvolvimento apícola no semiárido do Brasil, In : CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 12, 1998, Salvador. Anais... Salvador, 1998, p.169-175. Noronha, P.R.G. Caracterização de Méis Cearenses Produzidos por Abelha Africanizadas: Parâmetros químicos, Composição Botânica e Colorimetria. 1997. 147 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. Piro, R..; Capolongo, F.; Baggio. Cinética de formación Del HMF y degradación de las enzimas en la miel. Vida Apícola, n.80, p. 4448, maio. 1996. 97 Silva, C. L. Caracterização reológica e físicoquímica de méis de abelha (Ápis mellifera L.) do estado do Piauí. 2001. 87f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. White, Jr., J. W. La Miel. IN: DADANT E HIJOS, La colmena y la abejas melifera. Montivideo: Hemisferio Sur. Traducido por Hannelare S. D. Marx. 1978. Wiese, H. Nova Apicultura, Guaíba RS: Editora Agropecuária,1993. 493p. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha......, Melo et al. ÁREA DE ARMAZENAMENTO PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS A Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande mantém 5 Laboratórios dentre eles o Laboratório de Análises Químicas, atendendo diversas linhas de pesquisas dentre as quais as de: Alterações dos constituintes químicos de grãos e sementes armazenadas em unidades convencionais e sob atmosfera controlada; Alterações das características físico-químicas e dos constituintes químicos dos frutos sob condições ambientais, a temperaturas de refrigeração e de congelamento; Alterações químicas e físico-químicas de diferentes tipos de carne Estudo de novas técnicas de medição dos constituintes químicos LABORATÓRIO DE ANÁLISES QUÍMICAS O Laboratório de Análises Químicas atende principalmente os Cursos de Graduação e PósGraduação em Engenharia Agrícola e o Doutorado em Engenharia de Processos da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 – Caixa Postal 10.087 Fones (083)310-1287; 310-1194 FAX 310-1185 Email- [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.1, p.98, 2003 NORMAS DE PUBLICAÇÃO NORMAS DE PUBLICACIÓN PUBLICATION NORMS Os textos deverão ser encaminhados ao Editor da Revista em disquete e 2 vias impressas, ou via e-mail [email protected]. Artigos Científicos: deverão ter a seguinte seqüência: Título, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos (facultativo) e Referências Bibliográficas. Artigos Técnicos: Devem ser redigidos em linguagem técnica de fácil compreensão, sobre assuntos de interesse da comunidade que demonstrem uma contribuição significativa sobre o assunto. Os artigos devem conter: Titulo, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Descrição do Assunto, Conclusões e Referências Bibliográficas. Texto: A composição dos textos deverão ser feitas no Editor de texto - Word para Windows versão 6.0 ou superior, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 11, exceto para as notas de rodapé e título, que deverão apresentar tamanho 8 e 12, respectivamente. O formato do texto deverá ter a seguinte disposição - tamanho carta, orientação de retrato disposto em duas colunas, margens superior e inferior, direita e esquerda de 2,5 cm, numeradas, espaço simples e no máximo de 20 laudas. Todos os itens deverão estar em letra maiúscula, negrito, itálico e centralizados, exceto as Palavras-chave e Keywords e Subítens que deverão ser alinhados a esquerda em letras minúsculas e com a primeira letra em maiúscula. Os nomes dos autores deverão estar dois espaços simples abaixo do título, escritos por extenso e em negrito, separados por vírgula. Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. Bulk storage of flour In: Christensen C.M. (2aed.). Storage of cereal grains and their products. St. Paul, Minnesota : American Association of Cereal Chemist, 1974. cap. 9, p.361-382. c) Journals Biswal, R.N., Bozokgmehk, K. Mass transfer in mixed solute osmotic dehydration of apple rings. Trans. of ASAE, v.35, n.1, p.257-265, 1992. d) Dissertation and Thesis Fortes, M. A non-equilibrium thermodynamics approach to transport phenomena in capillary-porous media with special reference to drying of grains and foods. Purdue University, 1978, 226 p. (Thesis Ph.D.). e) Papers presented in congress (Annals, Abstracts, Proceedings, Diskettes, CD Roms)) Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Menegalli, F.C. Bean seeds drying simulation. In: InterAmerican drying Conference, 1, 1997, Itu Proceedings… Campinas-SP, Brazil : UNICAMP, July, 1997. v. B, p.508-515. or (CD Rom). In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE CONCENTRADA (Heat and mass transfer in heterogeneous solids: A theoretical study by lumped analysis) Genival da Silva Almeida, Fabrício José Nóbrega Cavalcante, Antonio Gilson Barbosa de Lima ATIVIDADE DE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA DE MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Water activity, microbiological increase and dry matter loss of the coffee grains (Coffea arabica L.) in different storage conditions) Paulo César Afonso Júnior, Paulo César Corrêa, Fabrício Schwanz da Silva, Deise Menezes Ribeiro AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO (Physicochemical evaluation of the cassava flour during the storage) Cândido José Ferreira Neto, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE DISTINTAS VARIEDADES (Effect of the beneficiation in the mechanical and physical properties of the rice grains of different varieties) Fabrício Schwanz da Silva, Paulo César Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso Júnior COMPONENTES QUÍMICOS E ESTUDO DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO EM VAGENS DE ALGAROBA (Chemical components and study of the equilibrium moisture content in mesquite beans) Francisco de Assis Cardoso Almeida, José Euflávio da Silva, Maria Elessandra R. Araújo, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Silvana A. de Almeida OBTENÇÃO DO MELHOR PROCESSO DE EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DO CALDO DE ALGAROBA (Prosopis juliflora (Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO DE AGUARDENTE (The best process determination of extraction and fermentation of the mesquite (Prosopis juliflora (SW.) DC) broth to obtain liquor) Clóvis Gouveia Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga, Vital de Sousa Queiroz ESTUDO DA SOLUBILIDADE DAS PROTEÍNAS PRESENTES NO SORO DE LEITE E NA CLARA DE OVO (Analysis of whey and egg white proteins solubility) Daniela Helena Pelegrine, Carlos Alberto Gasparetto ANÁLISES DO CONSUMO ENERGÉTICO E SENSORIAL EM SECAGEM DE MANJERICÃO SOB DIFERENTES TRATAMENTOS DE AR (Energetic consumption and sensorial analysis of basil drying under several kinds of air treatment) Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp powder) Pablícia Oliveira Galdino, Alexandre José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR DE BANDEJA (Production of acerola raisins in tray dryer) Marcos F. de Jesus, Viviane L. Scaranto, Vahideh R. R. Jalali, Gabriel Franciso da Silva ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Study of the hidroximetilfurfural alterations and the diastase activity in honey of bee in different condition of storage) Zilmar Fernandes Nóbrega Melo, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata