carlos vargas

Portugal Night
ID: 35429213
01-04-2011
Tiragem: 10000
Pág: 54
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Mensal
Área: 21,26 x 28,98 cm²
Âmbito: Lazer
Corte: 1 de 7
CARLOS
VARGAS
Tem 33 anos é Dj e Produtor. Natural da
Figueira da Foz, é um dos nomes que tem
vindo a marcar a sua posição no mercado
Português, sendo hoje uma referência dentro
do sector musical onde se movimenta; o
Soulful/Deep House.
De bom gosto inquestionável, é na Produção
que Vargas tem visto o seu nome crescer
a olhos vistos, seja no registo nacional
seja Internacional provando que para se
conseguir trabalhar uma carreira de sucesso
não é necessário estar nos grandes centros
urbanos.
Carlos Vargas é uma pedrada no charco e
merece ser acompanhado de bem perto.
Portugal Night
ID: 35429213
01-04-2011
Tiragem: 10000
Pág: 55
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Mensal
Área: 21,26 x 28,93 cm²
Âmbito: Lazer
Corte: 2 de 7
“O meu pai é músico de jazz, por isso, desde
pequeno que vivo no meio dos músicos e
desse género de música. ”
F
ala-nos um pouco te ti...
como vives o dia-a-dia?
Basicamente, durante a semana
o meu dia-a-dia é vivido entre o
estúdio e a minha casa, variando
no fim de semana, com os gigs. À
noite, durante a semana, sou da
minha mulher e do meu filho.
Como é que se deu a tua
aproximação ao djing?
Tinha 23 anos quando comecei
a sentir o gosto pelo djing pela
primeira vez.
Como é que as coisas se
processaram a seguir?
O interesse foi crescendo, numa
fase inicial, como hobby. Depois,
passou a ser mais sério a partir
de 2006, quando decidi assumir a
carreira de forma profissional.
Define-me o teu estilo musical
como dj?
O meu estilo varia entre o
Clubbing, Soulful e o Deep
House dependendo dos espaços
onde toco, sempre com muitas
influências Soul, Funk, Disco e Jazz
das quais não abdico.
Porque optaste por este estilo
que apenas recentemente
começou a despoletar o gosto
ENTREVISTA POR JORGE SILVA
FOTOGRAFIA: NUNO RIBEIRO
do público e dos profissionais
portugueses?
Não foi uma questão de opção.
Como Dj não me imagino dentro
de nenhum outro estilo. O meu
pai é músico de jazz, por isso,
desde pequeno que vivo no meio
dos músicos e desse género de
música. As minhas influências
musicais vêm de artistas como
George Duke, Teddy Pendergrass,
Earth, Wind & Fire, Michael Jackson,
Chacka Khan ou Jamiroquai, entre
outros que sempre me indicaram
o caminho a seguir, quer como Dj
quer como Produtor. Por isso não
poderia haver outra lógica para o
meu percurso. Não vejo o Dj como
uma adaptação a este ou outro
estilo. Não depende de nós, está
sim dentro de nós.
Achas-te versátil?
Sim, considero-me um Dj versátil,
naturalmente que dentro da linha
que domino.
Em que zona do país preferes
actuar e porquê?
No norte e Algarve, sem dúvida.
Penso que há uma maior
aproximação e abertura ao estilo
que represento, embora note que
começa a haver cada vez mais
abertura um pouco por todo o
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01-04-2011
Tiragem: 10000
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país, algo que não acontecia ainda
há muito pouco tempo.
Dá-me nomes de discotecas da
tua referência ou residências
que mantenhas actualmente?
Espaços da minha preferência,
a discoteca Vogue no Porto e
Sétima Onda no Algarve. No que
diz respeito às minhas residências,
que adoro, mantenho no Zeitgeist
Caffe da Figueira da Foz e no Still
Is em Coimbra que convido desde
já todos a visitarem.
Gigs que te tenham marcado?
Três em particular, Theatro Circo
Café em Braga, Vogue no Porto e
Sétima Onda no Algarve.
O que te marcou nessa noites?
O ambiente das casas nessas
noites foi deveras especial.
Passaste também por algumas
casas no estrangeiro. Fala-nos
um pouco dessas experiências?
Foram experiências únicas e que
me mostraram qual o caminho
que tenho que seguir. Como
termos profissionais. Fazemme ver e acreditar que para a
minha maturação como Produtor
Internacional é muito importante
poder aprender métodos
diferentes de criar música.
Sinto que para atingir os meus
objectivos a longo prazo é com
artistas deste calibre que tenho
que estar, pois é com eles que vou
evoluir.
Em termos de Produção
tens desenvolvido trabalhos
bastante interessantes e
assinado por algumas labels de
referência internacional. Podes
falar-nos um pouco deles?
Actualmente trabalho com as
americanas Look At You, Newav
Media e Deep Haven. Com as
Britânicas Daddyfunk e Solid
Ground. Com a italiana Gotta Keep
Faitth, com a brasileira Grooveland
e mais recentemente com a suiça
Purple Music.
Com todas elas estou envolvido
em projectos de Originais e
Remisturas, dos quais destaco
obviamente o meu EP “Missing
“Não basta tirar um curso de produção
em qualquer lado para se fazer música
pessoal.”
profissional o meu objectivo
é conhecer novas formas de
ouvir e sentir a música. Londres
e Birmingham em Inglaterra
ficaram-me na cabeça sem dúvida
nenhuma. A entrega das pessoas a
um estilo de música é indescritível.
Quais os teus Djs de eleição?
O Dimitri from Paris, Grant Nelson,
Dixon e Louie Vega.
Tens já alguns projectos com
nomes fortes do panorama
mundial, podes-nos falar um
pouco deles?
Trabalhar com nomes como
Kenny Bobien, Stephanie Cooke,
Alfred Azzetto, Vincent Valler,
Nicole Mitchell, DJN Project, Dolls
Combers, Seb Skalski, Arnold Jarvis
ou Sandy Spady é sem dúvida
nenhuma muito gratificante em
You” que contou com a Nicole
Mitchell no vocal. Atingiu o Nº1
de vendas de compilações do
Traxsource, incluído no Promo
Sampler da Solid Ground,
juntamente com trabalhos de
artistas como Richard Earnshaw,
Groove Assassin, Lady Alma, Mark
De Clive-Lowe ou Lenny Fontana.
Em termos de Remisturas, tenho
a sair em breve duas Remisturas
pela Purple, uma para o Vincent
Valler e outra para o Seb Skalski.
Tenho ainda outra para o Kenny
Bobien na Newav Media e uma
outra para os Dolls Combers na
Deep Haven isto, entre vários
outros projectos ainda no segredo
do meu estúdio.
Foste também o primeiro
português a assinar pela Purple
Music, editora do consagrado
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Jamie Lewis. O que sentiste?
Senti uma alegria muito grande.
Trabalhar com a Purple Music
era um objectivo que perseguia
desde que comecei a produzir.
Sinceramente não pensava atingilo já mas, acho que o facto de o
ter conseguido reflecte também
a qualidade e repercussão do que
faço lá fora.
Do ponto de vista técnico, o grau
de profissionalismo que artistas
como o Jamie, o Alfred Azzetto,
o Vincent Valler ou o Seb Skalski
entre outros me estão a transmitir
só me engrandece como
profissional e fazem-me acreditar
que ainda tenho tudo a aprender.
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que saber empregar o estado de
espírito necessário para cada caso
específico.
Como estimulas a tua
criatividade? Psicologicamente
precisas de estar bem disposto
para elaborares um trabalho
mais coerente ou as coisas
Um Dj tem que ser
obrigatoriamente Produtor
para poder marcar a sua
posição no mercado?
Penso que actualmente o
mercado está muito saturado.
Claro que devido a isso, se tiveres
qualidade como Produtor, a força
para impulsionar uma carreira
pode ser outra. No entanto, penso
que um bom Dj que não seja
Produtor pode perfeitamente
fazer uma carreira de sucesso.
Mais uma vez, somos bons no que
somos e pessoalmente admiro Djs
que conseguem ter a clareza de
admitir que a Produção não passa
pelos seus planos.
Temos vários exemplos de Djs
de Top no nosso país que não
fluem-te de acordo com o teu
estado de espírito?
Depende. Geralmente o facto
de estar mais ou menos bem
disposto influência a energia que
passo para o trabalho. Acho que
isso acontece em qualquer tipo
de arte, mas também faz parte de
todo o processo. Apenas tenho
produzem. Na minha opinião, em
Portugal está-se a banalizar muito
o Produtor. Não basta tirar um
curso de produção em qualquer
lado para se fazer música. É
preciso ter qualidade no que se
faz, só assim vamos conseguir
fazer alguma coisa de marcante,
seja como Dj ou como Produtor.
Quem pensa o contrário está
enganado.
És um dos nomes nacionais que
ao contrário dos outros tem tido
um grande destaque no Trax
Source ao invés do Beatport
tendo já atingido o número um
nas compilações. A que se deve
isso?
Em termos de consumo o
Traxsource é muito mais
virado para o que faço. No
Beatport privilegiam-se
outros estilos. É tudo uma
questão de orientação e
enquadramento dentro do
mercado.
Quais os artistas que te
conseguem surpreender atrás
dos decks?
Todos aqueles que se conseguem
exprimir de uma maneira própria,
criativa e que conseguem
despertar reacções mantendo
um equilíbrio entre a sua própria
expressão e toda a generosidade
que um Dj deve ter para com o
seu público. Em suma,
aqueles que num Set
conseguem generosamente
ser egoístas musicalmente.
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E músicas que te tenham
surpreendido?
“I Wanna Go” Stereo Mutants Ft.
Jannae Jordan (Mr. Moon ReTouch)
“Disco Galaxy” Seb Skalski,
“Sublim3” Soul Purpose e “Yah
Mo Be There” James Inghram &
Michael McDonald (Grant Nelson
Edit).
Como te esta a correr este ano
de 2011?
Muito bem. Sinceramente
está a ultrapassar as minhas
melhores expectativas. Estou a
ter experiências maravilhosas,
tanto no estúdio como nos Gigs,
e a conhecer gente fantástica e
excelentes profissionais.
Como interpretas a actual
questão dos direitos de autor?
Qual a tua opinião para os
Dj’s poderem trabalhar em
tranquilidade com as produções
de terceiros?
Penso que deveria haver uma
melhor adaptação da parte das
entidades competentes para uma
integração mais eficaz do
formato digital. O exemplo vem
de cima e não me parece que ele
esteja a ser dado. Como Produtor,
sei que o digital vai ter sempre
um lado negativo no meu
trabalho, mas acho muito redutor
ver apenas as coisas por esse
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prisma.
Quer se queira quer não, o futuro
está no digital e não me parece a
titulo de exemplo, que proibir os
Djs de passar músicas em cds que
não o software próprio para isso
seja nem de perto nem de longe o
caminho a tomar.
Se não fosses Dj que tipo de
pessoa serias tu?
Não faço a mínima ideia. Pai e
marido seria certamente.
Conta-nos uma experiência
engraçada que tenhas tido
numa das tuas actuações ao
longo da tua carreira?
Numa das minhas idas a
Inglaterra, acabo de tocar num
Club em Londres, isto num sábado
e o promotor leva-me ao hotel
para descansar e arrancar no dia
a seguir. No domingo, acordo e
vou para a estação de comboios
que me ia levar para o aeroporto.
Quando lá chego dizem-me que
os comboios estavam todos
em manutenção e assim não
tinha como ir apanhar o avião.
O promotor tinha o telefone
desligado, eu não conhecia
ninguém por ali, e tinha uma
hora para estar no aeroporto, que
ficava a 40 Km. Acabei por ter que
negociar com um taxista indiano
que me levou uma pequena
fortuna para me levar até ao
aeroporto. Cheguei a tempo de
apanhar o meu voo e fiquei a
saber toda a história da vida dele
e dos seus oito filhos que viviam
na Índia.
Achas que o marketing é
actualmente importante na
carreira do dj?
Hoje em dia o marketing é
preponderante na carreira
de um Dj que pretenda obter
um determinado patamar no
mercado, e faz todo o sentido que
assim seja. Com a proliferação
tão elevada de Djs que temos,
os meios que servem a Indústria
deixam de ter capacidade de os
seguir a todos. O mercado está
em ebulição, todos querem ser
Djs e se ficarmos em casa à espera
que nos venham bater à porta, vai
certamente correr mal.
É um bocado aquela máxima
que diz que se queres ser visto,
aparece.
Como descreves o movimento
do Deep House / Soulfulf no
nosso país?
Está a crescer a olhos vistos.
Actualmente temos já excelentes
Djs e Promotores a investir muito
neste género musical. A vinda ao
nosso país muito recentemente
de nomes como Grant Nelson,
Dimitri from Paris, Osunlade
ou Joe Claussell, entre muitos
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outros atesta isso mesmo. Estou
confiante que o futuro será muito
bom.
Como é que defines o actual
ambiente nocturno português
se comparado com o de outros
países?
Para a realidade do nosso
mercado, penso que as coisas
não estão más. Como tudo
temos muita coisa que não
interessa, mas no geral, acho que
conseguimos ter um mercado
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homogéneo e com alguma
qualidade.
Já temos casas em Portugal ao
nível do que de melhor há na
Europa e cada vez mais sinto
uma melhoria ao nível das infraestruturas. Actualmente, as casas
preocupam-se em dar melhores
condições aos seus clientes. Já
começamos a ver casas com
notórias preocupações com o
sistema de som, o que se vai
reflectir ao nível do ambiente.
É claro, que também há ainda
“O mercado está em ebulição, todos querem
ser Djs e se ficarmos em casa à espera que nos
venham bater à porta, vai certamente correr mal.”
muito amadorismo e falta
de visão por parte de muita
gente que anda no meio, mas
isso infelizmente nunca irá
desaparecer. A maneira medíocre
como algumas pessoas vêem a
noite só é comparável à pouca
falta que fazem no meu trabalho.
O que dispensavas na dance
scene portuguesa?
Maus Djs, gerentes, promotores,
seguranças e algum público.
A noite é para ser desfrutada,
não para servir de escape a
frustrações de vida.
Achas positivo o acesso à
música de dança estar bastante
facilitado devido a internet?
Porquê?
Claro que sim. O acesso à música
é sempre muito positivo, seja
ela de dança ou de outro estilo
qualquer.
O que é para ti a noite perfeita?
Uma noite em que a música
agrada, cria sensações e reacções
positivas. Uma noite em que as
pessoas se divertem e vão felizes
e em paz para casa fazer filhos,
que por sua vez, mais tarde vão
desfrutar também da mesma
maneira.
O que é que quanto mais
procuras menos encontras?
A música perfeita.
Temas da tua vida?
A minha família.
Como te descreves?
Uma pessoa calma, que adora
fazer os outros sentirem-se bem,
sentindo-me também eu bem por
isso.
Um segredo?
Faço a melhor salada do mundo.
Em casa, que estilos de música
ouves?
Soul, Disco, Jazz e Funk.
Uma mensagem para todos
aqueles que estão a ler esta
entrevista e que ficaram
interessados em conhecer
melhor o teu trabalho.
Estejam atentos aos meus
próximos discos, acho que vão
gostar.
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