mechane - Cultura Entretenida

Transcrição

mechane - Cultura Entretenida
MECHANE
Homens, Máquinas
e Grandes Pedras
MECHANE
Homens, Máquinas e Grandes Pedras
pag. 2
Homens, Máquinas e
Grandes Pedras
Dispondo apenas da força muscular como força
motriz, o Homem cedo tomou conhecimento das suas
limitações sempre que tentava transportar qualquer
objecto de apreciável peso.
MECHANE
Homens, Máquinas e Grandes Pedras
pag. 3
MECHANE – Homens, Máquinas e Grandes Pedras revela-nos o artifício e a astúcia
usados pelo Homem, desde o neolítico até à era pré industrial, para ultrapassar os
desafios colocados pelo transporte e montagem das Grandes Pedras utilizadas nas suas
construções.
Num ambiente dominado pela força da gravidade e pelo atrito, dispondo de materiais
com uma resistência limitada, fascinado pela ideia de erguer construções cuja grandeza
pudesse despertar o respeito dos seus semelhantes e a benevolência dos deuses,
estranhamente excitado perante o desafio de transportar e exibir Grandes Pedras, o
Homem encontrou na técnica, ela própria sinónimo de astúcia e artifício, a resposta aos
problemas com que se deparou.
De acordo com a mitologia grega, Prometeu e Epimeteu foram encarregues pelos
deuses de distribuírem em justa medida pelas estirpes mortais, antes de estas verem a
luz, as faculdades naturais; terão cometido o erro, devido ao facto de Epimeteu não ter
sido suficientemente hábil no cumprimento dessa ordem, de consumirem todas essas
faculdades naturais nos seres destituídos de razão, deixando o género humano nu, sem
abrigo e sem armas.
Chegado o dia fatal para o Homem também ele ver a luz, Prometeu que chegara para
verificar a distribuição, ao concluir que não restavam mais faculdades naturais que
pudessem ser entregues ao Homem, terá decidido roubar o saber técnico e o fogo a
Héfaistos e a Atena, dando-os ao Homem, permitindo assim que este praticasse as artes.
O Homem passara a dispor da capacidade de imaginar mecanismos, designados pelos
gregos de mechanai, podendo assim criar as máquinas.
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Homens, Máquinas e Grandes Pedras
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A utilização de dispositivos mecânicos multiplicadores de força capazes de auxiliar o
Homem na realização das suas tarefas revelava ao mundo a utilização da máquina,
primeiro nas suas formas mais simples de plano inclinado e de alavanca e depois num
crescendo de complexidade resultante da combinação destas duas formas básicas.
A techné grega, a ars romana, ou mais tarde os ingenia – as artes e as técnicas, emergem
assim como expressões da vontade do Homem em diferentes épocas, para se impor à
Natureza, através do seu engenho.
As Grandes Pedras puderam assim ser recolhidas na paisagem ou extraídas das
pedreiras, desbastadas para a forma pretendida, transportadas até aos locais eleitos,
aí erigidas e finalmente apreciadas por gerações sucessivas de pessoas muitas vezes
incrédulas sobre como terá sido possível realizar tais proezas.
A exposição Mechane – Homens, Máquinas e
Grandes Pedras, incluindo 15 modelos de máquinas e
8 dioramas, todos construídos como reproduções fiéis
das máquinas e cenas de trabalho usadas em cada
época, ajuda-nos assim a compreender a forma como
tais proezas foram alcançadas!
MECHANE
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AQUILINO RAIMUNDO
O engenho e a arte
Como terá o Homem erigido essa construção?
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Ao longo do exercício da minha actividade de engenheiro dedicado aos processos
construtivos, tenho sido, por imperativo desta profissão obrigado a imaginar
repetidamente, dia após dia, formas simples e económicas para erigir as diferentes
construções.
Imaginar e estabelecer um princípio, um meio e um fim para colocar de pé qualquer
construção, tendo a preocupação de o fazer da forma mais simples, i.e., escolhendo
o caminho mais curto, é uma tarefa fascinante e que coloca os construtores de hoje
perante os mesmos desafios básicos de outros do passado.
Ao observar as realizações de épocas antigas, em especial as que utilizaram na sua
construção Grandes Pedras, algumas ultrapassando as 1000 toneladas de peso, e ao
tentar responder a essa pergunta chave - Como terá o Homem erigido essa construção? fui interiorizando o facto de que a habilidade humana para transportar Grandes Pedras
ter-se-á revelado desde épocas muito remotas, sendo de isso testemunho os vários
exemplos encontrados em diferentes locais do planeta.
Algumas representações egípcias e assírias chegadas até nós mostram o transporte
de estátuas colossais, montadas sobre trenós arrastados sobre rolos de madeira ou
directamente sobre o solo, sendo a força motriz fornecida pela força muscular de
verdadeiros exércitos de puxadores de cordas auxiliados apenas pelos mais simples
equipamentos, tais como alavancas, pastas lubrificantes, rolos, rampas, cordas e trenós.
As antas, os dólmenes, os menhires, os cromeleques e outras construções megalíticas
atribuídas a sociedades neolíticas espalhadas um pouco por todo o planeta, são também
um bom exemplo da habilidade humana para efectuar este tipo de transportes.
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Os obeliscos egípcios foram uma das Grandes Pedras, - talvez a mais famosa de todas
elas -, que desde a primeira vez em que foram extraídos das pedreiras há cerca de 4500
anos no Antigo Egipto, nunca mais deixaram de ser transportados de um local para
outro por diferentes sociedades em distintas épocas, atravessando mares e oceanos até
serem alguns deles ainda hoje exibidos no centro de famosas praças como as de Roma,
Paris ou de outras cidades; tal é a carga simbólica dessa coluna de pedra montada na
vertical e rematada por uma pirâmide, outrora importante elemento do culto solar
egípcio.
Os gregos, desprovidos de verdadeiros exércitos de puxadores de cordas, terão
impulsionado a criação de dispositivos mecânicos de multiplicação de força, sendo-lhes
atribuída a utilização de guinchos.
Aos romanos, herdeiros do mundo grego e possuidores de um espírito prático, é
atribuída a utilização generalizada das gruas equipadas com rodas motrizes, roldanas e
diferenciais, entre outros.
Após a queda do Império Romano e até ao séc. XIII assiste-se a um abrandamento
do ritmo de criações mecânicas aplicadas às tarefas da construção, sendo possível
mais tarde, já a partir do séc. XVI, identificar um arsenal de equipamentos mecânicos
incluindo já gruas de superior complexidade anunciadoras da verdadeira revolução
mecânica que haveria de mudar o mundo.
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Em qualquer um destes casos é evidente que a concretização de tão gigantescas
realizações pressupõe uma organização social capaz de administrar centenas ou
mesmos milhares de homens mantendo-os disciplinados na execução das diferentes
tarefas.
Transportadas as Grandes Pedras para os locais que o Homem para elas escolheu,
perdido em grande parte dos casos o registo detalhado das tarefas realizadas e dos
equipamentos auxiliares utilizados nessas tarefas, resta-nos hoje imaginar a forma
como os homens de então o fizeram.
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GUINCHOS DE
TAMBOR VERTICAL
O guincho de maior uso na antiguidade para arrastar cargas foi certamente o de tambor
vertical, sendo designado nos nossos dias entre os homens do mar por cabrestante
pelo facto da corda não ser armazenada no tambor, limitando-se neste caso a enrolar
algumas poucas voltas em torno deste.
Este tipo de guincho foi especialmente indicado para rebocar pedras ou objectos
similares nos estaleiros de construção.
Em termos gerais o guincho de tambor vertical é constituído por um elemento de forma
cilíndrica funcionando como eixo, em torno do qual se enrola uma corda dando algumas
voltas, apoiado numa estrutura de madeira formando um cavalete e com um conjunto
de barras horizontais, designadas alavancas onde se exerce a força que fará rodar o
tambor vertical.
Dependendo da força que se pretendia que o guincho fizesse o dispositivo podia ser
accionado por um número maior ou menor de homens e animais, sendo normal utilizar
de 4 homens a mais de 30 por guincho. Em trabalhos de elevada responsabilidade onde
as cargas poderiam estar a ser elevadas em vez de simplesmente arrastadas sobre o
solo, o número de animais utilizados nunca era suficiente para fazer rodar o guincho de
forma a deixar para a força muscular humana complementar o controlo das paragens e
arranques do movimento.
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Uma pequena força de sustentação exercida numa
extremidade da corda pode suportar uma muito
maior força na outra extremidade, sendo este o
princípio através do qual funciona o guincho ou
cabrestante.
Os homens e os animais podiam assim exercer toda a sua força nas alavancas do
guincho fazendo rodar o tambor, e tirando todo o proveito do efeito multiplicativo da
força que o guincho lhes proporcionava, sem a preocupação da corda se desenrolar no
tambor.
A relação entre as forças nas duas extremidades da corda varia exponencialmente com o
coeficiente de atrito entre a corda e o tambor e com o número de voltas enroladas neste,
i.e. pequenos aumentos do atrito assim como pequenos aumentos do número de voltas,
fazem aumentar muitíssimo a força que um homem pode suportar na corda ao segurar
a outra extremidade.
Esta é a razão porque as gravuras antigas mostram a corda enrolada normalmente
apenas 4 ou 5 voltas em torno do tambor dos guinchos, sendo suficiente uma pequena
força para evitar que a corda escorregue em torno do tambor.
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A GRUA TORRE DE
TIPO FRANÇÊS
A história ocidental da grua propulsionada pela energia muscular humana, remonta aos
tempos da Grécia Antiga, de onde nos chegam relatos da sua utilização em obras desde o
século V a.C.
A busca de soluções mais eficazes que utilizassem o peso do homem, em vez da
força transmitida pelos seus braços, para accionar os dispositivos mecânicos que
propulsionavam as gruas, conduziu à descoberta da roda de pisar, relativamente à qual
chegaram até nós referencias do seu funcionamento em Bizâncio a partir do século III
a.C.
A roda de pisar popularizada durante o Império Romano foi durante os cerca de 18
séculos seguintes a mais importante melhoria introduzida nos dispositivos de elevação.
A grua torre cuja roda de pisar gira em conjunto com a lança, foi muito usada em França
nos séculos XVII e XVIII nos estaleiros de construção, sendo considerada por muitos
como uma invenção francesa, a qual permitiu com relativa facilidade não só elevar
e arrear as cargas mas também deslocá-las na horizontal, posicionando-as no local
desejado dentro do alcance da máquina.
Claude Perrault (1613-1688), arquitecto francês terá sido provavelmente o primeiro a
conceber esta máquina, a qual é mais tarde descrita por outros especialistas destacandose entre eles o engenheiro alemão Jacob Leupold (1674-1727). Jean-Rodolphe Perronet
(1708-1794), arquitecto e engenheiro francês volta a recrear este tipo de grua ao concebêla no ano de 1750 para a usar no apoio à construção da ponte de pedra de Orleães sobre o
Rio Loire, em França.
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Este tipo de grua conhecido como grua de “tipo francês”, era genericamente formada
por uma roda de pisar acoplada a um tambor, funcionando o conjunto como contrapeso
e, estando estes elementos ligados a uma lança inclinada rodando todo o conjunto de
forma solidária e de uma volta completa sobre um cavalete de madeira formando a base.
Em torno do tambor estava enrolada uma corda, a qual seguia até à extremidade da
lança onde uma roldana a reenviava para baixo para suspender a carga.
Dentro da roda de pisar eram colocados um ou dois homens, que ao caminharem a
faziam girar pela acção do peso do seu corpo.
Uma grua deste tipo elevava normalmente pesos
da ordem de 1 tonelada não devendo ultrapassar
a velocidade de 2 metros por minuto na subida ou
descida da carga.
As gruas representadas ao longo dos tempos em manuscritos, gravuras, pinturas e
esculturas, mostraram desempenhar um importante papel no desenvolvimento das
sociedades respectivas funcionando como verdadeiros símbolos de riqueza e poder
tecnológico. A este facto não terá sido alheia a inclusão da sua descrição na célebre
Enciclopédia Francesa de (1751-1781).
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O CAVALEIRO DE BRONZE
E A PEDRA DO TROVÃO
O pedestal da estátua equestre de Pedro o Grande inaugurada em São Petersburgo no
ano de 1782, da autoria de Etienne-Maurice Falconet, é uma pedra gigantesca de granito,
designada nas lendas locais por Pedra do Trovão, muitas vezes referida como a maior
pedra jamais transportada pelo Homem e cujo peso foi estimado em cerca de 1800
toneladas.
A pedra foi encontrada na Rússia no ano de 1768 nas terras pantanosas da região de
Lakhta a cerca de 6 quilómetros da costa do Golfo da Finlândia, tendo sido transportada
por terra e por mar numa distância total de mais de 2 dezenas de quilómetros até ao
local de edificação da estátua.
O dispositivo de transporte em terra idealizado pelo tenente-coronel Marin Carburi,
consistiu genericamente numa robusta plataforma, sobre a qual assentava a enorme
pedra, deslocando-se o conjunto assim formado sobre esferas de aproximadamente 14
centímetros de diâmetro as quais rolavam por sua vez sobre calhas apoiadas no solo gelado.
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A primeira aplicação prática do rolamento de esferas para grandes cargas tinha sido
realizada.
A força para fazer deslocar a gigantesca pedra e a sua plataforma sobre as esferas era
fornecida por uma quantidade de guinchos variando entre dois a seis, dependendo da
força necessária para vencer a inclinação do caminho.
Para fazer girar o tambor de cada um dos guinchos, em
torno do qual se enrolava uma corda com cerca de 4
centímetros de diâmetro, eram utilizados 32 homens.
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TRANSPORTE DE PEDRA
PARA O FRONTÃO DA
FACHADA NASCENTE
DO LOUVRE
A fachada nascente do Louvre, considerada actualmente a principal obra-prima da
arquitectura classicista francesa, concebida pelo arquitecto francês Claude Perrault (16131688) e construída essencialmente durante o terceiro quartel do século XVII, divide-se
em cinco partes, sendo o corpo central rematado por um frontão em cuja coroação foram
usadas pedras de grandes dimensões transportadas das pedreiras de Meudon, distando
do Louvre mais de dez quilómetros.
Claude Perrault tradutor da obra clássica do grande arquitecto e engenheiro romano
Vitruvio, foi também o inventor das máquinas que permitiram transportar as pedras de
grandes dimensões usadas na construção do frontão.
Com dimensões aproximadas de dezasseis metros de comprimento, dois metros e
meio de largura e meio metro de espessura e pesando cerca de 50 toneladas, as pedras
eram muito frágeis sendo fáceis de quebrar caso não fossem elevadas através do
funcionamento simultâneo de todos os guinchos que equipavam as máquinas.
O encarregado da operação de elevação vigiava constantemente as cordas que
suspendiam a pedra, para através do som que emitiam ao serem puxadas à semelhança
das cordas de uma guitarra, se certificar que todas elas recebiam cargas equivalentes.
Quando pretendia que alguma corda fosse mais carregada ou relaxada dava instruções
aos homens que accionavam o respectivo guincho, para assim proceder.
Para evitar erros de comunicação os guinchos
encontravam-se numerados.
Em termos gerais a máquina usada no transporte das pedras era constituída por
duas treliças longitudinais de madeira sobre as quais assentava um estrado onde se
localizavam os guinchos que efectuavam a elevação da pedra para a suspender no interior
da máquina.
A pedra assentava sobre uma plataforma de madeira possuindo duas vigas longitudinais
onde estavam montadas as roldanas inferiores de reenvio das cordas de elevação.
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As duas treliças longitudinais assentavam sobre dispositivos equipados com rolos e
accionados por alavancas, deslocando-se sobre um caminho preparado com vigas de
madeira.
Todo o conjunto assim formado era também rebocado por guinchos amarrados a estacas
de madeira cravadas no solo ao longo do caminho.
Os dispositivos multiplicadores de força presentes na constituição da máquina foram as
alavancas de accionamento dos tambores dos guinchos e dos rolos e ainda as roldanas
montadas em grupos formando cadernais.
Para a elevação da pedra podiam ser usados 32 homens,
cuja força multiplicada pelos referidos dispositivos,
equivalia a cerca de 160 toneladas, as quais se reduziam
a metade devido ao elevado atrito existente entre as
partes móveis da máquina, resultando numa força
disponível de 80 toneladas para elevar a pedra de 50
toneladas.
Para a movimentação da máquina carregada com a pedra ao longo do caminho,
podiam ser utilizados 24 homens no accionamento dos rolos da base e 16 homens em
dois guinchos que ajudavam a rebocar o conjunto. A força destes 40 homens depois de
multiplicada pelas alavancas e cadernais equivalia a cerca de 100 toneladas, as quais
mesmo reduzidas a metade pelo atrito equivalem ao peso da pedra.
LISTA de modelos
1.
Máquinas Simples
•Alavanca, roldanas, roda e eixo, plano inclinado,
cunha e parafuso
2.
Maquinas de força
•Guincho ligeiro de tambor horizontal
•Guincho de tambor horizontal
•Guincho ligeiro de Filippo Brunelleschi
•Guincho de tambor vertical com roletes de apoio
•Guincho de tambor vertical
3. Máquinas de Estacas
•Bate estacas equipado com guincho
•Bate de estacas equipado com embraiagem
•Bate estacas de mastro regulavel
•Extractor de estacas
4.
Máquinas de Elevação
•Máquina para montar pequenos obeliscos
•Grua torre de tipo francês
•Grua tripé de Vitruvio
•Grua “Castello” de Filippo Brunelleschi
•Grua de Rondelet
5. Maquinas de Escavaçao
•Pá mecânica de Bélidor
Escalas de 1:2 a 1:10
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1. Máquinas SiMples
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1. Máquinas Simples
Alavanca, roldanas,
roda e eixo Plano
inclinado, cunha e
parafuso
As máquinas simples, designadas alavanca e plano
inclinado, são desde tempos imemoriais utilizadas pelo
Homem como dispositivos multiplicadores de força
auxiliando-o na movimentação de grandes cargas.
A combinação destas duas formas fundamentais de
máquinas simples e das suas derivadas, roldanas, roda
e eixo, cunha e parafuso, permitiu obter máquinas cada
vez mais sofisticadas, sendo ainda hoje os componentes
fundamentais de todos os órgãos das máquinas
modernas.
Estes dispositivos funcionam como prolongamentos do
corpo humano, ele próprio também regido pelas mesmas
leis físicas.
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2. Máquinas de Força
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2. Máquinas de Força
Guincho ligeiro de
tambor horizontal
O guincho ligeiro de tambor horizontal era normalmente
utilizado para elevar pequenas cargas em poços e
construções semelhantes.
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2. Máquinas de Força
Guincho de tambor
horizontal
O guincho de tambor horizontal era utilizado para elevar
cargas consideráveis em trabalhos de construção e minas.
O accionamento deste tipo de guincho podia ser feito por
4 homens podendo elevar cargas superiores a 500 quilos.
A corda podia ser passada por um furo existente no
tambor, sendo aí fixada, ou em alternativa podia ser
enrolada varias voltas em torno do tambor permitindo
suspender um recipiente em cada extremidade.
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2. Máquinas de Força
Guincho ligeiro de
Filippo Brunelleschi
Guincho accionado por quatro homens através de duas
alavancas, concebido por Brunelleschi (1377-1446) e
usado no transporte de materiais durante a construção
da lanterna da famosa cúpula da Catedral de Florença,
na primeira metade do séc. XV. A roda da engrenagem
vertical estava equipada com os típicos roletes
desenvolvidos por Brunelleschi, com o objectivo de reduzir
o atrito. O guincho possuía ainda um sistema inovador
de travão que permitia imobilizar a carga suspensa,
permitindo aos homens descansar se necessário. Este
guincho podia elevar cargas até cerca de 2 toneladas.
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2. Máquinas de Força
Guincho de tambor
vertical com roletes
de apoio
Guincho equipado com roletes montados entre o tambor e
o respectivo cavalete de apoio, com o objectivo de reduzir o
atrito entre ambos.
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2. Máquinas de Força
Guincho de tambor
vertical
Guincho comum de quatro alavancas normalmente
accionado por oito homens e capaz de exercer uma força
de cerca de 4 toneladas, podendo rebocar numa superfície
plana um objecto pesando mais de 10 toneladas.
O guincho de tambor vertical é de utilização muito antiga
sendo já discutido nos problemas de mecânica, do sábio
grego, Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.).
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3. Máquinas de Estacas
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3. Máquinas de Estacas
Bate estacas
equipado com
guincho
Bate estacas em funcionamento no ano de 1714 nas
antigas eclusas de Mardick, e descrito pelo engenheiro
francês Bernard Forest De Bélidor (1697-1761) na sua
famosa obra “Arquitectura Hidráulica”.
A massa de cerca de 700 quilos podia percutir a cabeça da
estaca cerca de 40 vezes por hora, sendo elevada através
de um guincho de tambor vertical accionado por quatro
homens.
Para fazer descer o gancho de suspensão da massa era
necessário rodar o tambor do guincho no sentido inverso.
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3. Máquinas de Estacas
Bate estacas
equipado com
embraiagem
Bate estacas equipado com embraiagem para descida
rápida do gancho de suspensão da massa sem ter de
inverter o sentido de rotação do tambor do guincho,
podendo ainda este gancho abrir de forma automática
para largar a massa sem intervenção humana. Com a
introdução da embraiagem passou a ser possível usar
cavalos para accionar o guincho por não ser necessário
inverter o seu sentido de rotação. O número de percussões
por hora foi também substancialmente aumentado.
Este tipo de bate estacas terá sido inventado pelo
relojoeiro londrino Vauloué, tendo sido usado na
construção da ponte de Westminster, onde foi montado
sobre uma barcaça e accionado por cavalos.
O engenheiro francês Bernard Forest De Bélidor (1697-1761)
descreve-o na sua famosa obra “Arquitectura Hidráulica”,
numa versão accionada por homens.
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3. Máquinas de Estacas
Bate estacas com
mastro regulável
Bate estacas proposto pelo engenheiro francês Bernard
Forest De Bélidor (1697-1761), capaz de cravar estacas
inclinadas. O sistema de roda dupla que equipa o guincho
permite baixar e subir o gancho de suspensão da massa
de cerca de 500 quilos. A subida desta massa era feita por
seis homens.
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3. Máquinas de Estacas
Extractor de estacas
O extractor de estacas descrito por Bernard Forest De
Bélidor (1697-1761) é fundamentalmente formado por
uma robusta alavanca de madeira de carvalho com uma
secção quadrada de trinta centímetros de lado, e um
comprimento de cerca de cinco metros e meio. Uma das
suas extremidades está amarrada à cabeça da estaca
enquanto a outra é puxada para baixo através da acção do
guincho de tambor horizontal e do cadernal.
A força resultante permitia arrancar as estacas que
estivessem cravadas no solo.
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4. Máquinas de Elevação
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4. Máquinas de Elevação
Máquina para
montar pequenos
obeliscos
Máquina usada na montagem dos dois obeliscos que
ornaram a Ponte Imperador Carlos VI em Nuremberga
sobre o Rio Pegnitz, terminada em 1728. Esta máquina
descrita pelo matemático e arquitecto alemão Johann
Jacob Schubler, falecido em 1741, era formada por uma
estrutura de madeira sobre a qual apoiava um sistema
de rolos accionados por alavancas, em torno dos quais
se enrolavam as cordas em cinco ou seis voltas e que
suspendiam o obelisco depois de passarem pelos
cadernais de cinco ramais, permitindo mover a carga
assim suspensa tanto vertical como horizontalmente.
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4. Máquinas de Elevação
Grua torre de tipo
francês
A grua torre geralmente apelidada de tipo francês, terá
sido provavelmente concebida pela primeira vez pelo
arquitecto francês Claude Perrault (1613-1688), sendo
posteriormente recriada e melhorada entre outros por
Jean-Rodolphe Perronet (1708-1794) e já em pleno século
XIX por Jean-Baptiste Rondelet (1743-1829).
A característica principal deste tipo de grua residia no
facto da sua roda de pisar girar em conjunto com a lança,
permitindo não só mover as cargas na direcção vertical
mas também de as deslocar na direcção horizontal,
colocando-as na posição desejada dentro do seu raio de
acção.
O accionamento da roda de pisar podia ser feito nas
situações mais correntes por um ou dois homens,
elevando facilmente uma carga de uma tonelada.
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4. Máquinas de Elevação
Grua tripé de
Vitruvio
A grua tripé descrita pelo arquitecto e engenheiro
romano Vitruvio que viveu no século I a.C., na sua célebre
obra “Tratado de Arquitectura”, é uma grua simples
formada por um robusto tripé de madeira equipado com
um guincho de tambor horizontal e com um sistema
de cadernal que permitiam em conjunto multiplicar
substancialmente a carga aplicada pelos homens nas
alavancas do tambor do guincho.
Este tipo de grua não permitia deslocar a carga
horizontalmente, mas tinha a vantagem de se poder
montar a si própria, sem recurso a outros dispositivos.
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4. Máquinas de Elevação
Grua de Rondelet
Grua concebida pelo arquitecto francês Jean-Baptiste
Rondelet (1743-1829), para os trabalhos de construção
da cúpula da Igreja neoclássica de Santa Genoveva,
terminados em 1790 em Paris, actualmente conhecida
como o Panteão.
A grua em causa tinha uma altura total de cerca de onze
metros sendo accionada por uma roda com um diâmetro
aproximado de cinco metros, equipada com pegas. A
lança da grua era ajustável permitindo colocar a carga a
diferentes distâncias do eixo de rotação da grua.
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4. Máquinas de Elevação
Grua “castello” de
Filippo Brunelleschi
Grua concebida e fabricada no ano de 1423 por
Brunelleschi (1377-1446) para montar as pedras formando
o reforço estrutural da cúpula de tijolo da Catedral de
Florença. Esta grua, construída com madeira de pinho,
nogueira e ulmeiro, estava equipada com um dispositivo
de ajuste de precisão que permitia regular a posição da
pedra durante o seu assentamento. A lança, para além
de rodar no plano horizontal, possuía um dispositivo de
ajuste com um fuso roscado, que deslocava a carga de
cerca de 500 quilos aproximando-a ou afastando-a do
mastro. Um sistema de contrapeso também ajustável no
plano horizontal através de outro fuso roscado permitia
equilibrar a carga suspensa.
No ano de 1460, já depois da morte de Brunelleschi, esta
grua ainda se mantinha em funcionamento na obra da
Catedral, tendo nomeadamente sido usada na montagem
da esfera de bronze de oito pés de altura que encimava
a cúpula, realizada pelo escultor Andrea de Verrocchio,
em cuja oficina trabalhava um jovem aprendiz chamado
Leonardo da Vinci, o qual fascinado pelas máquinas de
Brunelleschi decidiu registá-las nos seus famosos esboços.
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5. Máquinas de Escavação
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5. Máquinas de Escavação
Pá mecânica de
Bélidor
Pá mecânica accionada por roda de pisar, descrita por
Bernard Forest De Bélidor (1697-1761), como especialmente
indicada para efectuar escavações entre duas paredes
paralelas de estacas pranchas cravadas em terrenos
submersos.
Esta máquina podia dragar até cerca de sete metros de
profundidade a partir da superfície.
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6. Dioramas
1.
Neolítico
•Grande Menhir Quebrado de Carnac
•Anta Grande do Zambujeiro
2.
Roma
•Coluna Trajana
•Trilítico de Heliopolis
3.
Luzes
•Montagem de Pequeno Obelisco
•A Pedra do Trovao
•Transporte de Pedra para a Fachada do Louvre
Escala 1:32
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DADOS ÚTEiS
Tamanho da peça maior de 1,80 x 1,80 metros em planta e
2,4 metros de altura.
Dimensões mínimas da sala: 400 m2 e 3 metros de altura.
A exposição inclui modelos e dioramas com seus painéis
de informação correspondentes. Não incluindo a
iluminação.
Em opção podem ser incluídas animações, guias didáticas
e folhetos impressos.
em colaboração
Astecil Lda
Rua José Ribeiro da Costa, 219 Loja D
2070-099 Cartaxo - Portugal
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