Anais - Estado do Paraná

Transcrição

Anais - Estado do Paraná
10
ANAIS DA IV MOSTRA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA
Volume 1 - ANO 2008
“Semeando o Conhecimento”
Umuarama, PR
2008
11
ANAIS DA IV MOSTRA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA
Volume 1 - ANO 2008
Umuarama, PR
2008
12
ANAIS DA IV MOSTRA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA
Volume 1 - ANO 2008
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA
28 a 29 de agosto de 2008
TIRAGEM
200 Exemplares
Organizadores
a
Prof. Dr . Marizangela Rizzatti Ávila
Prof. Dro. Carlos Alberto Scapim
Prof. Dro. Alexsander Seleguini
Normalização Técnica
Maria Dolores Machado
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos são de exclusiva
responsabilidade dos autores.
É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra, desde que citada à fonte.
IMPRESSÃO
Masson Gráfica e Editora Ltda-ME
Rua Caracas, 678
Vila Morangueira - 87040-010 – Maringá, PR
Fone: 44-3025-2747
CNPJ: 07.875.944/0001-51
13
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
M916
Mostra de Trabalhos científicos de agronomia (4. : 2008 :
Umuarama, PR)
Anais da IV Mostra de Trabalhos científicos de agronomia
: semeando o conhecimento (28 e 29 de agosto de 2008 /
organizadores Marizangela Rizzati Ávila, Carlos Alberto
Scapim, Alexsander Seleguini. -- Umuarama,PR :
UEM/CCA/Campus Regional de Umuarama, 2008.
110 p.
1. Agronomia. 2. Agronomia – Grãos. 3. Agronomia Hortaliças. 4. Agronomia – Novas tecnologias. 5.
Agricultura. 6. Região do Arenito I. Ávila, Marizangela
Rizzati. II. Scapim, Carlos Alberto. III. Seleguini,
Alexsander. IV. Universidade Estadual de Maringá, Centro
de Ciências Agrárias, Departamento de Agronomia, Campus
Regional de Umuarama. V. Título.
CDD 21.ed. 630
Bibliotecária: Elaine Cristina Soares Lira
CRB-1202/9ª
14
Universidade Estadual de Maringá
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Agronomia
Campus Regional de Umuarama
15
ANAIS DA IV MOSTRA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA
ANO 2008
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA
Reitor: Décio Sperandio
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dro. Carlos Alberto Scapim
Diretor Campus Regional de Umuarama: Prof. Dro. Osvaldo Joaquim dos Santos
COMISSÃO ORGANIZADORA
Andrea Beatriz Mendes Bonato
Antonio Nolla
Claúdia Regina Dias Arieira
Eder Pereira Gomes
Erci Marcos Del Quiqui
Fernanda Bueno Sarro
Heriksen Higashi dos Santos
Ivan Walisson Carrito
Jean Carlos de Lima
Juliana Aparecida Povh
Leandro Bochi da Silva Volk
Lincon Diego Sotocorno
Lucas da Rocha Ferreira
Marcibela Stülp
Marizangela Rizzatti Ávila
Rafael Meier de Mattos
Rafaela Alenbrant Migliavacca
Renan Alenbrant Migliavacca
Telmo Antonio Tonin
Tereza Cristina Sassari
Vanilde Ferreira de Souza
COMISSÃO CIENTÍFICA
Antonio Nolla
Claúdia Regina Dias Arieira
Leandro Bochi da Silva Volk
Marizangela Rizzatti Ávila
Carlos Alberto Scapim
ORGANIZADORES
Marizangela Rizzatti Ávila
Carlos Alberto Scapim
Alexsander Seleguini
CAPA
Mariangela Rizzatti Ávila
16
Sumário
INDICAÇÃO DE ESPÉCIES NATIVAS PARA RESTAURAÇÃO DE MATA
10
CILIAR NO ARENITO CAIUÁ
DEL QUIQUI, E.M.; BORGHI, W.A.; POSSENTI, J.C. e BROCH, D.L.
TOMADA DE DECISÃO DE CALAGEM PARA A CULTURA DA SOJA EM
17
SISTEMA DE SEMEADURA DIRETO
GAVIOLLI, T.O.; NOLLA, A.; VOLK, L.B.S.; PALMA, I.P. e SANDER, G.
PERFORMANCE DA CULTURA DA SOJA SOB DIFERENTES NÍVEIS DE
21
ACIDEZ EM UM ARGISSOLO SOB MATA NATURAL
GAVIOLLI, T.O.; NOLLA, A.; VOLK, L.B.S.; PALMA, I.P. e SANDER, G.
PRODUTIVIDADE E CAPACIDADE DE EXPANSÃO DE HÍBRIDOS DE
25
MILHO PIPOCA SOB EFEITO DA IRRIGAÇÃO COM DIFERENTES Kc NA
REGIÃO DO ARENITO CAIUÁ
FEDRI, G.; AVILA, M.R.; GOMES, E.P., SCAPIM, C.A.; D.A.O., BARIZÃO;
ALBRECHT, L.P. e RODOVALHO, M.A.
DESEMPENHO
VEGETATIVO
DE
HÍBRIDOS
DE
MILHO
PIPOCA
29
CULTIVADOS SOB IRRIGAÇÃO COM DIFERENTES Kc NA REGIÃO DO
ARENITO CAIUÁ
FEDRI, G.; AVILA, M.R.; GOMES, E.P., SCAPIM, C.A.; D.A.O., BARIZÃO e
ALBRECHT, L.P.
QUALIDADE DAS SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA SOB EFEITO DE
33
APLICAÇÕES DE GLYPHOSATE
INTROVINI,
E.P;
ALBRECHT,
L.P;
PAIOLA-ALBRECHT,
A.JR.;
ALONSO, D.G.; OLIVEIRA JR., R.S.; BRACCINI, A.L. e BARBOSA, M.C.
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA INOCULAÇÃO DAS SEMENTES DE
37
ARROZ (Oryza sativa L.) COM Azospirillum
PAIOLA-ALBRECHT; A.JR.; ALBRECHT, L.P.; ÁVILA, M.R.; BRACCINI,
A.L., BARBOSA, M.C.; DEMENECK, VIEIRA, P.D. e BAZO, G.L.
QUALIDADE DE FIBRA DE ALGODÃO EM RESPOSTA À APLICAÇÃO DE
40
BIORREGULADOR
RICCI, T.T.; ALBRECHT, L.P.; BRACCINI, A.L.; ÁVILA, M.R.; STÜLP,
M.; BARBOSA, M.C. e PAIOLA-ALBRECHT, A.JR.
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SUBSTRATOS PARA PRODUÇÃO DE
MUDAS DE ALFACE AMERICANA NO SISTEMA ORGÂNICO
CHIAMOLERA, F.M.; CUNHA, T.P.L.C.; KANO, C. e FILHO, J.A.A.F.
17
44
INFECÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE Meloidogyne incognita EM TRÊS
48
CULTIVARES DE ALFACE
MILANI, K.F.; CHIAMOLERA, F.M.; CUNHA T.P.L.C.; PUERARI, H.H.;
DIAS-ARIEIRA, C.R. e HORA, R.C.
CRESCIMENTO DE PLANTAS DE MILHO EM UM LATOSSOLO ARENOSO
53
ADUBADO COM CINZA DE CASCA DE ARROZ E DUAS FONTES DE
NITROGÊNIO
PALMA, I.P.; NOLLA, A.; VOLK, L.B.S.; GAVIOLLI, T.O. e SANDER, G.
AVALIAÇÃO DE DOSES CRESCENTE DE FÓSFORO E CALCÁRIO NO
58
RENDIMENTO DO MILHO EM UM LATOSSOLO ARENOSO SOB SISTEMA
PLANTIO DIRETO
SANDER, G.; NOLLA, A.; VOLK, L.B.S.; PALMA, I.P.; GAVIOLLI, T.O. e
SILVA, W.
AVALIAÇÃO DO SISTEMA RADICULAR DE MILHO ADUBADO COM
63
CINZA DE CASCA DE ARROZ E DUAS FONTES DE NITROGÊNIO
CULTIVADO EM LATOSSOLO ARENOSO
SANDER, G.; VOLK, L.B.S.; NOLLA, A.; GAVIOLLI, T.O. e PALMA, I.P.
NECESSIDADE HÍDRICA E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO GIRASSOL
67
SOB PLANTIO DIRETO E DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
SUPLEMENTAR NA REGIÃO DO ARENITO CAIUÁ, ESTADO DO PARANÁ
PETRI, F.; GOMES, E.P.; ÁVILA, M.R.; BALAN, G. e ROTTA, A.
SEÇÕES
70
DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE SONHO À BASE DE
73
SOFTWARE
PARA
DIMENSIONAMENTO
DE
CANAIS
DE
ECONÔMICAS
MARTINS, E.A.S.; GOMES, E.P. e SANTOS, R.P.B.
MANDIOCA COM ADIÇÃO DE FARINHA DE AVEIA E PROTEÍNAS DE
SOJA: OTIMIZAÇÃO DA ACEITABILIDADE SENSORIAL
NAVACCHI, M.F.P.; ROCHA, K.C.; RIBEIRO, J.C.; HORA, R.C.;
PEQUENO, M.G. e TAKEUCHI, K.P.
APLICAÇÃO DE URÉIA VIA ÁGUA RESIDUÁRIA DE INDÚSTRIA DE
76
AÇÚCAR E ALCOOL EM CANA-DE-AÇÚCAR Saccharum officinarum L.
GAVA. R.; MOCINI, D. e FREITAS, P.S.L.
AÇÃO DA VINHAÇA NO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA CANA-
79
DE-AÇÚCAR Saccharum officinarum L.
GAVA. R.; MOCINI, D. e FREITAS, P.S.L.
INFLUÊNCIA
DA
DOSAGEM
DE
APLICAÇÃO
DE
VINHAÇA
NA
INCIDÊNCIA DE PERFILHOS MORTOS DA CANA-DE-AÇÚCAR Saccharum
18
82
officinarum L.
GAVA. R.; MOCINI, D. e FREITAS, P.S.L.
INFLUÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR NA
85
PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR Saccharum officinarum L.
GAVA. R.; MOCINI, D. e FREITAS, P.S.L.
VIGOR DAS SEMENTES DE QUIABO TRATADAS COM FITORREGULADOR
VIEIRA, P.V.D.; ALBRECH, L.P.; PAIOLA-ALBRECHT, A.JR.;
88
BRACCINI, A.L.; BAZO, G.L.; INTROVINI, E.P.; GASPAROTTO, A.C. e
PRADO, D.M.
COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA SOJA SOB EFEITO DA APLICAÇÃO
91
DE BIORREGULADOR E Ca E B
ALBRECHT, L.P.; ÁVILA, M.R.; BRACCINI, A.L.; BARBOSA, M.C.;
RICCI, T.T.; PAIOLA-ALBRECHT, A.JR.; BAZO, G.B. e VIEIRA, P.V.D.
EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES COM REGULADOR DE
94
CRESCIMENTO NO POTENCIAL FISIOLÓGICO DAS SEMENTES DE
FEIJÃO-VAGEM E ERVILHA
BAZO, G.L.; ALBRECH, L.P.; ÁVILA, M.R.; BRACCINI, A.L.; PRADO,
D.M.; PAIOLA-ALBRECHT, A.JR.; VIEIRA, P.V.D. e GASPAROTTO,
A.C.
REAÇÃO DE VARIEDADES DE GIRASSOL (Helianthus annuus L.) USADAS
98
PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL À Meloidogyne javanica, M. incognita E M.
paranaensis
SANTANA, S.M.; DIAS-ARIEIRA, C.R.; SILVA, M.L.; YAMAGATA, C.M.
e BARIZÃO. D.A.O.
UTILIZAÇÃO DE REGULADOR VEGETAL, ADUBO FOLIAR E IRRIGAÇÃO 102
NA CULTURA DO FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) CONDUZIDA EM SOLO
DE ARENITO NO OUTONO/INVERNO
BARIZÃO. D.A.O.; ÁVILA, M.R.; GOMES, E.P. e FEDRI, G.
19
Apresentação
A Universidade Estadual de Maringá - UEM - é uma instituição que representa a conquista da
excelência, tanto no ensino, quanto na pesquisa e na extensão universitária. Os Campi Regionais da
UEM, localizados nas cidades pólo de desenvolvimento da região noroeste do Estado do Paraná –
Umuarama, Goioerê, Cianorte, Diamante do Norte e Cidade Gaúcha – oferecem esta excelência em
todas as suas atividades para uma população que sempre busca a construção do saber como uma de
suas metas estruturais.
No Campus Regional de Umuarama, o curso de Agronomia exerce um papel fantástico para o
desenvolvimento consistente e sustentável de uma vasta região, congregando professores, acadêmicos,
pesquisadores e produtores rurais.
Visando aumentar e incrementar este desenvolvimento, a Semana da Agronomia - SEAGRO em sua sexta edição, no ano de 2008, conjuntamente com a quarta Mostra de Trabalhos Científicos em
Agronomia, vem reunir palestras, mini cursos e apresentação de trabalhos de grande relevância para a
realidade da Agronomia e matérias afetas em toda a região noroeste do Estado do Paraná, gerando
uma inserção regional plenamente contextualizada nos trabalhos científicos que compõem esta obra,
todos voltados para a aplicação prática e direta dos ensinamentos agronômicos.
Com esta reunião de acadêmicos, professores e pesquisadores, o Curso de Agronomia do Campus
Regional de Umuarama cumpre uma de suas principais diretrizes, que é a de promover a integração
entre a teoria e a prática, priorizando as características regionais, com suas culturas específicas e
possibilidades de desenvolvimento.
Já que o nome Umuarama vem do tupi-guarani e significa lugar alto e de bom clima para o
encontro de amigos, nada mais propício que a Universidade Estadual de Maringá “fincar” suas raízes
nesta terra abençoada e lançar a luz do conhecimento agronômico nesta vasta região. Para tanto,
contamos com o apoio direto e constante dos órgãos de apoio à atividade agrícola, da Prefeitura
Municipal de Umuarama e das cidades de abrangência geo-educacional, bem como de um quadro de
servidores e acadêmicos que com seus trabalhos técnicos e científicos enriquecem as práticas de
Agronomia e enobrecem a função de fazer a vida brotar do solo.
Que essa obra alcance todas as pessoas que compartilham o desejo de crescimento sustentável de
nossa região, e que as idéias aqui relatadas possam ser o início de práticas enriquecedoras para
Umuarama, para o Paraná e para o Brasil.
Prof. Dro. Telmo Antonio Tonin
Vice-Coordenador de Colegiado do Curso de Agronomia
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INDICAÇÃO DE ESPÉCIES NATIVAS PARA RESTAURAÇÃO DE MATA CILIAR
NO ARENITO CAIUÁ
Erci Marcos Del Quiqui1; Wagner Antonio Borghi2; Jean Carlo Possenti3 e Dirceu Luiz
Broch4
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
2
CEEP de Diamante do Norte, Diamante do Norte -PR
3
Universidade Federal Tecnológica do Paraná ,Departamento de Agronomia- Campus de Dois Vizinhos - PR
4
Fundação MS, Maracaju - Ms
Introdução
O processo de ocupação do território brasileiro caracterizou-se pela falta de
planejamento e conseqüente destruição dos recursos naturais, particularmente as florestas
nativas representadas pelos diferentes biomas (MARTINS, 2001).
No Estado do Paraná, este processo não foi diferente. A Região Noroeste, com seus
solos arenosos, derivados do Arenito Caiuá, apresenta um intenso processo erosivo, causado
principalmente pelo desmatamento ocorrido durante sua colonização, associado ao
desrespeito à aptidão agrícola da região. No final do século passado, 83% da área do Estado
estavam cobertos com florestas e o restante ocupado por campos naturais, afloramentos
rochosos, restingas e outras formações não florestais. Atualmente, a situação é crítica, sendo
alarmante na região noroeste. Tal afirmativa indica restar menos de 7% de cobertura florestal
no Estado e menos de 1% na região noroeste (CAMPOS, 1999).
As matas são formações associadas aos cursos d’água possuindo largura variável e
apresentando variações em sua estrutura e composição florística. Elas desempenham
importantes funções ecológicas e hidrológicas na bacia hidrográfica, melhorando a qualidade
da água, permitindo uma melhor regularização dos recursos hídricos, dando estabilidade aos
solos marginais e promovendo o melhor desenvolvimento, sustentação e proteção da fauna
ribeirinha e dos organismos aquáticos (ROSA, 1991).
O Código Florestal no seu art. 2º da Lei Federal nº. 4.771/65 considera necessária a
manutenção das áreas de preservação permanente e de reserva legal.
Apesar dessas formações serem protegidas por lei desde 1965 e depois contempladas
novamente na Constituição Federal de 1988; as matas ciliares, continuam sendo intensamente
devastadas, seja para retirada de madeira, para exploração agropecuária ou simplesmente por
ação antrópica indiscriminada (AB’SABER, 2001).
21
Há uma necessidade urgente de reversão desse processo. Entretanto, para tornar tal
reversão possível se fazem necessários estudos na estrutura florística nas áreas de mata ciliar
remanescentes. Dentre tais remanescentes, no município de Diamante do Norte, Estado do
Paraná, destaca-se a Estação Ecológica do Caiuá, com uma área de 1.427,30ha, que margeia o
Rio Paranapanema.
Em função do processo acelerado de degradação e fragmentação das florestas
tropicais em todo o mundo, e a busca de alternativas para o seu manejo e recuperação, há a
necessidade de utilização de métodos que avaliem o estado de conservação destas florestas.
Um método diagnóstico utilizado para inferir sobre o estado de conservação de florestas
naturais é aquele baseado em usos de indicadores, dentre eles, a análise estrutural da floresta,
através da sua composição florística e índices fornecidos pela combinação de parâmetros
fitossociológicos (KOOP; RIJKSEN; WIND, 1994).
Este trabalho teve como objetivo caracterizar a mata ciliar do Rio Paranapanema à
jusante da barragem da Usina Hidrelétrica de Rosana, na Estação Ecológica do Caiuá,
analisando a composição florística e a estrutura florestal com função de indicar espécies
arbóreas para a restauração de áreas ciliares pertencentes ao bioma Floresta Estacional
Semidecidual.
Palavras-chave: Restauração de áreas degradadas. Mata ciliar. Espécies florestais.
Material e métodos
A área de estudo localiza-se no município de Diamante do Norte, região Noroeste do
Paraná, com coordenadas UTM baseada no meridiano 45º W.G. 227 – 231Km e 7453 –
7456Km do Equador, com vegetação de Floresta Estacional Semidecidual Submontana nas
partes mais elevadas e Aluvial em uma faixa restrita, influenciada por inundações periódicas
do Rio Paranapanema (IBGE, 1992) e clima segundo Köeppen do tipo Cfa; a precipitação
média anual está entre 1.200mm e 1.400mm, sendo os meses de dezembro, janeiro e fevereiro
os mais chuvosos (INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ, 1994). A maior parte dos
solos foram formados pelo Arenito Caiuá, ocorrendo solos derivados de sedimentos fluviais
nas porções adjacentes ao rio.
Para o estabelecimento das áreas amostrais, foram utilizadas imagens digitais
obtidas pelo sensor TM+ (Thematic Mapper) do satélite Landsat-7, WRS (Word Referenced
System) 223_076.
22
A análise florística e fitossociológica foi efetuada em parcelas de 50x30m dispostas
perpendicularmente ao leito do rio. Cada parcela foi dividida em sub-parcelas de 10x30m
onde foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com DAP >0,05m. A identificação das
espécies arbóreas foi efetuada por pesquisadores e mateiros familiarizados da região. O
material necessário para comparação e identificação foi devidamente preparado, e as exsicatas
armazenadas no herbário da Universidade Estadual de Maringá. Para a análise
fitossociológica foi utilizado o programa desenvolvido pelo núcleo de processamento de
dados da Universidade Estadual de Maringá, que forneceu os parâmetros de densidade,
freqüência e dominância absoluta e relativa e os índices de valores de importância (IVI) e de
diversidade de Shannon Weaver (H’).
Resultados e Discussão
No levantamento florístico foram amostrados 1.487 indivíduos, pertencentes a 73
espécies, 33 famílias e 63 gêneros (Tabela 1).
As famílias mais ricas em gêneros foram Leguminosae (12), seguida por Myrtaceae
(5), Euphorbiaceae (4), Lauraceae, Meliaceae, Rubiaceae e Rutaceae (3), Anacardiaceae,
Apocynaceae, Moraceae, Polygonaceae, Sapotaceae e Ulmaceae (2). Nestas famílias estão
contidos 71,4% dos gêneros e dezoito famílias foram representadas por um único gênero
(28,6%).
Tabela 1. Espécies arbóreas classificadas em nível de família, gênero, espécie e grupo
ecológico para a vegetação adulta da mata ciliar (DAP > 5cm) à jusante da
barragem da Usina Hidrelétrica de Rosana, Município de Diamante do Norte - PR.
FAMÍLIA
NOME CIENTÍFICO
NOME COMUM
Anacardiaceae
Mangifera indica
Tapirira guianensis
Guatteria sp
Peschiera fuchsiaefolia
Aspidosperma polyneuron
Protium heptaphyllum
Cecropia pachystachya
Maytenus alaternoides
Maytenus ilicifolia
Sloanea guianensis
Securinega guaraiuva
Croton floribundus
Actinotemon concolor
Croton urucurana
Alchornea triplinervia
Manga
Camboatá
Guatéria
Leiteiro
Peroba
Almecega
Embaúba
Cafezinho
Espinheira Santa
Pateiro
Araçázeiro
Capixingui
Laranja do mato
Sangra d'água
Tapiá
Annonaceae
Apocynaceae
Burseraceae
Cecropiaceae
Celastraceae
Elaeocarpaceae
Euphorbiaceae
23
GRUPO
ECOLÓGICO
Nd
SI
ST
P
ST
SI
P
SI
ST
ST
ST
P
Nd
P
P
Flacourtiaceae
Guttiferae
Lauraceae
Lecythidaceae
Leguminosae Caesalpinoideae
Leguminosae Mimosoideae
Leguminosae Papilionoideae
Melastomataceae
Meliaceae
Moraceae
Myrsinaceae
Myrtaceae
Nyctaginaceae
Palmae
Phytolaccaceae
Polygonaceae
Rhamnaceae
Rosaceae
Rubiaceae
Rutaceae
Sapindaceae
Sapotaceae
Casearia gossypiosperma
Calophyllum brasiliensis
Nectandra mollis
Ocotea diospyrifolia
Mezilaurus sp
Nectandra cissiflora
Nectandra falciflolia
Cariniana estrellensis
Holocalyx balansae
Peltophorum dubium
Apuleia leiocarpa
Hymenaea stilbocarpea
Copaifera langsdorffii
Inga fagifolia
Zygia cauliflora
Albizia hasslerii
Parapiptadenia rigida
Inga uruguensis
Poecilanthe parviflora
Lonchocarpus guilleminianus
Lonchocarpus muehlbergianus
Sweetia fruticosa
Miconia dyscolor
Trichilia hirta
Melia azedrach
Guarea kunthiana
Guarea guidonia
Ficus obtuscula
Chlorophora tinctoria
Rapanea ferruginea
Myrciaria tenella
Eugenia involucrata
Campomanesia xanthocarpa
Blepharocalyx salicifolius
Myrciaria trunciflora
Eugenia uniflora
Plinia rivularis
Bougainvillea glabra
Syagrus romanzoffiana
Gallesia integrifolia
Triplaris brasiliana
Ruprechtia laxiflora
Colubrina glandulosa
Quillaja brasiliensis
Coussaria platyphylla
Genipa americana
Citrus sp
Citrus sp
Citrus aurantium
Esenbeckia febrifuga
Zanthoxyllum rhoifolium
Allophyllus edulis
Pouteria caimito
Chrysophyllum gonocarpum
24
Espeteiro
Guanandi
Canela
Canela folha larga
Canela figueira
Canelão
Canelinha
Jequitibá
Alecrim
Canafístula
Garapeiro
Jatobá
Óleo de copaíba
Ingá miúdo
Amarelinho
Farinha seca
Gurucaia
Ingá graúdo
Coração de nego
Embira de sapo
Feijão cru
Guaiçara
Quaresmeira
Catiguá
Cinamomo
Guária
Marinheiro
Figueira
Moreira
Capororoca
Cambuí
Cerejeira
Guabirobeira
Guamirim
Jaboticabeira
Pitangueira
Piúna
Primavera
Jerivá
Pau d'alho
Pau formiga
Correeira
Sobrasil
Saboneteira
Jasmim do mato
Jenipapo
Laranja
Limão rosa
Apipu
Limãozinho
Mamica de porca
Vacum
Grão de onça
Guatambu
SI
ST
ST
ST
ST
ST
ST
ST
ST
SI
ST
ST
ST
SI
Nd
SI
SI
SI
P
SI
SI
ST
Nd
ST
Nd
Nd
SI
ST
ST
SI
ST
SI
SI
Nd
SI
ST
ST
SI
SI
ST
SI
SI
SI
P
Nd
ST
Nd
Nd
Nd
ST
SI
P
SI
ST
Solanaceae
Ulmaceae
Vochysiaceae
Solanum sp
Trema micrantha
Celtis sp
Vochysia tucanorum
Jurubeba do mato
Grandiuva
Grão de galo
Pau tucano
P
P
P
P
P = pioneira; SI = secundária inicial; ST = secundária tardia, Nd = não determinado.
As famílias com maior número de espécies foram as do grupo das Leguminosae (14
espécies), seguida por Myrtaceae (7), Euphorbiaceae e Lauraceae (5), Meliaceae e
Rubiaceae (4) e Rutaceae (3). Nestas famílias estão contidos 57,5% das espécies.
Confirmando a importância em florestas ciliares e semidecíduas, as famílias Leguminosae,
Myrtaceae, Rutaceae, Meliaceae, Lauraceae e Euphorbiaceae foram as que mais se
destacaram (MARANGON; SOARES; FELICIANO, 2003).
O índice de diversidade de Shannon Weaver foi H’=3,32. A presença de uma área
aluvial alagada, paralela ao dique marginal, levou a uma grande concentração de indivíduos
em poucas espécies. O índice de diversidade obtido neste estudo, encontra-se dentro dos
limites observados para florestas ciliares da região sudeste do Brasil, entre H’=2,45 e 4,33.
A análise dos parâmetros fitossociológicos mostrou que cinco espécies detentoras
dos maiores valores de importância, apresentaram uma grande concentração de indivíduos
(44,2%). As espécies Triplaris brasiliana, Calophyillum brasilienses, Gallesia integrifolia,
Sloanea guianensis, Cecropia pachystachya, Hymaenea stilbocarpea e Zygia cauliflora,
foram responsáveis por 43,4% do IVI (índice de valor de importância). A lista das onze
espécies com os maiores valores de importância foi completa por Vochysia tucanorum,
Guarea guidonea, Solanum sp e Ficus obstosiuscula totalizando 53,9%. Sessenta e duas
espécies foram responsáveis por 46,1% do IVI% total.
A espécie de maior valor de importância e com maior valor de densidade e
freqüência, foi Triplaris brasiliana, espécie que apresentou o maior número de indivíduos
(213), bem distribuídos nas áreas úmidas, mas sem excesso de água sobre a lombada do dique
marginal.
Considerada como espécie preferencial por mata ciliar, apresentando distribuição
restrita, mas com populações numerosas, expressando adaptação para condições ambientais
específicas e restritivas (LOBO; JOLY, 2001), Calophyllum brasilienses, foi a segunda
espécie que apresentou maior valor de importância, devido principalmente ao número de
indivíduos e diâmetro do caule.
25
Característica de solos de alta fertilidade, encontrada preferencialmente em solos
úmidos e profundos, Gallesia integrifolia foi a espécie que ocupou a terceira posição em valor
de importância, principalmente pelo diâmetro do caule dos indivíduos amostrados.
Quanto ao estágio sucessional, 36% das espécies pertenceram à classe sucessional
tardia, 47% a classes iniciais de sucessão e 16% não foram classificadas. Dentre as onze
espécies de maior valor de importância, o resultado foi semelhante, 45% das espécies
pertenceram à classe sucessional tardia, 46% a classes iniciais de sucessão e 9% não foram
classificadas. Na regeneração artificial de áreas semelhantes, os modelos de implantação
deverão se basear no conceito de sucessão secundária onde as espécies ou grupo de espécies
de diferentes grupos ecológicos irão se suceder no ecossistema. Dessa maneira, deverá se
utilizar a máxima diversidade de espécies nativas possível com grande número de indivíduos
de espécies de estágios iniciais de sucessão por área, e, um número menor de indivíduos de
espécies secundárias tardias.
Referências
AB’SABER, A. N. O suporte geológico das florestas beiradeiras (ciliares). In: RODRIGUES,
R. R; LEITÃO FILHO, H. F. (Ed.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo:
Edusp, p. 15-25. 2001.
CAMPOS, J. B. A pecuária e a degradação social e ambiental do noroeste do Paraná.
Cadernos da Biodiversidade, Curitiba, v. 2, p. 1-3. 1999.
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Cartas climáticas do estado do Paraná.
Londrina, 1994.
IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992. (Série Manuais
Técnicos em Geociência, 1).
KOOP, H.; RIJKSEN, H.; WIND, J. Tools to diagnose forest integrity: an appraisal method
substantiated by silvi-star assessment of diversity and forest structure. In: BOYLE, T. J. B.;
BOONTAWEE, B. Measuring and monitoring biodiversity in tropical and temperate
forests. Bogor: CIFOR/IUFRO. 1994. p. 309-334.
LOBO, P. C.; JOLY, C. A. Aspectos ecofisiológicos da vegetação de mata ciliar do sudeste
do Brasil. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. F. (Ed.). Matas Ciliares:
conservação e recuperação. São Paulo: EDUSP, 2001. p. 143-157.
MARANGON, L. C.; SOARES, J. J.; FELICIANO, A. L. P. Florística arbórea da mata da
Pedreira, Município de Viçosa, Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa, v. 27, n. 2, p. 207215, 2003.
MARTINS, S. V. Recuperação de matas ciliares. Viçosa: Aprenda Fácil Editora, 2001.
26
ROSA, J. Reflorestamento permanente da mata ciliar. Divisão de controle do meio
ambiente. São Paulo: RIPASA, 1991.
27
TOMADA DE DECISÃO DE CALAGEM PARA A CULTURA DA SOJA EM
SISTEMA DE SEMEADURA DIRETO
Thiago de O. Gaviolli1; Antonio Nolla1; Leandro B. da S. Volk1; Itamar P. da Palma1 e
Gerson Sander1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
Uma das principais causas do baixo potencial produtivo dos solos brasileiros são a
acidez e o baixo teor de nutrientes, o que torna necessária a prática de calagem para
restabelecer o potencial produtivo (NOLLA; ANGHINONI, 2004). As recomendações de
calagem para o sistema de plantio convencional estão sendo utilizadas, com alterações para o
sistema de semeadura direta – SSD (ANGHINONI; SALET, 2000). Entretanto, este sistema
possui acúmulo superficial de matéria orgânica e nutrientes e menor toxidez do alumínio
(ANGHINONI; SALET, 2000), o que o diferencia do sistema convencional. Assim, uma
opção atualmente utilizada na semeadura direta no Paraná, estabelece como critérios de
calagem a V = 65% e o pH CaCl2 = 5,6, amostrando a camada de 0-5cm; a necessidade de
calcário objetiva elevar a V a 65% (amostragem 0-20cm) (CAIRES; BANZATTO;
FONSECA, 2000). É necessário testar essas recomendações para verificar se as alterações nos
critérios de calagem são adequadas para solos arenosos, ou se outros índices e metodologias
são mais adequados para a calagem em semeadura direta.
O objetivo do trabalho foi relacionar condições de acidez com a performance da soja
em solos arenosos para avaliar os critérios de calagem utilizados para o SSD.
Palavras-chave: Solos arenosos. Sistemas conservacionistas. Critérios de calagem.
Material e métodos
O experimento foi realizado pelo laboratório de solos da UEM - CAU. Utilizou-se
como base experimental um Argissolo Vermelho distrófico típico (PVd), sob mata natural, do
qual foram coletadas amostras indeformadas de solo (colunas), em tubos de PVC (250 x
150mm de altura e diâmetro, respectivamente). Aplicou-se, na superfície do solo das colunas,
o equivalente a 0, ½, 1 (1.250kg ha-1) e 2 vezes a necessidade de calagem (V=60% - PRNT
100%). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 4 repetições. Após a
aplicação dos tratamentos, as colunas foram incubadas durante 45 dias, com umidade próxima
à capacidade de campo. Posteriormente, realizou-se a semeadura da soja (4 plantas por
28
coluna), cultivar CD-213RR, a qual foi tratada com fungicida, cobalto e molibdênio (CoMo) e
inoculada. Aplicou-se 100kg ha-1 de K2O e P2O5 no sulco de semeadura. Aos 30 dias da
emergência das plântulas, realizou-se a coleta da parte aérea, obtendo-se a massa fresca e
seca. Em seguida as colunas foram desmontadas, separando-se as raízes das plantas do solo,
obtendo-se a massa fresca do sistema radicular. Realizou-se a quantificação do comprimento
do sistema radicular pelo método de Tennant (1975) e raio da raiz utilizando a fórmula
proposta por Barber (1995). O solo das colunas foi seco ao ar e passado em peneira com
malha de 2mm, determinando-se o pH H2O, pH CaCl2, Ca+2, Mg+2, K+, Al+3, P e H+ + Al+3,
seguindo a metodologia descrita pela Embrapa (1999).
Estabeleceram-se relações entre os atributos de acidez do solo e parâmetros de planta
de maneira. Todos os resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa
SANEST e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e discussão
A aplicação de calcário aumentou o crescimento das plantas de soja. O acúmulo de
matéria fresca e seca da parte aérea aumentou em até 7 e 10%, respectivamente, quando
aplicou-se calcário. A matéria fresca radicular aumentou em até 19,7%, quando comparou-se
a testemunha e a aplicação máxima de calcário (Tabela 1). Segundo Ritchey, Silva e Costa
(1983), o sistema radicular apresenta uma maior sensibilidade ao alumínio e à carência de
nutrientes.
A aplicação de doses crescentes de calcário não aumentou o comprimento do sistema
radicular (Tabela 1). Provavelmente, apesar de se verificar uma necessidade de calcário, as
raízes da soja estavam se desenvolvendo em vasos mantidos próximos à capacidade de
campo. Isto reduz a necessidade das plantas aumentarem a exploração do solo pelas raízes
para absorverem os nutrientes necessários para seu desenvolvimento.
O raio da raiz não foi reduzido com a aplicação de doses crescentes de calcário
(Tabela 1). Isto ocorreu porque o solo estudado apresentava uma concentração baixa de
alumínio trocável (0,2cmolc kg-1). Um dos principais problemas decorrentes dos efeitos
tóxicos do alumínio é inibição da expansão e conseqüente engrossamento das raízes
(TAYLOR, 1988).
Os critérios para a tomada de decisão de calagem fornecidos pelos parâmetros de
planta considerados (matéria fresca radicular e matéria seca da parte aérea), de maneira geral,
apresentaram-se bastante similares (Tabela 2). De forma geral, considerando o pH como
índice referencial de acidez, percebe-se que os valores médios encontrados (4,9 e 5,0), são
29
menores que o valor atualmente utilizado para a tomada de decisão de calagem (pH 5,6) para
o sistema semeadura direta (CAIRES; BANZATTO; FONSECA, 2000). Assim, o critério de
recomendar calagem quando o pH for menor a 5,5 pode estar superestimado para o SSD em
solos arenosos.
Tabela 1. Matéria fresca e seca da parte aérea, matéria fresca, comprimento e raio do sistema
radicular em função da aplicação superficial de doses crescentes de calcário em
um Argissolo Vermelho distrófico típico sob campo natural.
Dose de
Matéria fresca
Matéria
Matéria
Comprimento
Raio de
calcário aplicado
parte Aérea
seca parte
fresca
Radicular
Radicular
Aérea
Radicular
Kg ha-1
-----------------------g coluna-1------------
m planta-
mm
1
---0
29,13 b
6,35 b
15,41 c
19,21 a
0,25 a
625
29,66 b
6,57 b
16,69 b
19,22 a
0,26 a
1250
31,41 a
6,99 a
18,23 a
19,22 a
0,27 a
2500
31,30 a
6,91 a
18,45 a
19,04 a
0,28 a
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
Avaliando-se critérios baseados na saturação por bases, observa-se que os valores
encontrados (49 - 51%) foram inferiores ao valor de 65%, atualmente utilizado como critério
de calagem para o estado do Paraná (CAIRES; BANZATTO; FONSECA, 2000) e igual aos
50% estabelecidos para solos de São Paulo para arroz e café, e para solos dos cerrados
(SOUSA; LOBATO, 2004).
Tabela 2. Índices de calagem, baseados no ponto de máximo atingido pelos atributos das
plantas de soja cultivada em colunas amostradas de um Argissolo Vermelho
distrófico típico originalmente sob mata natural.
Índices de calagem
Matéria seca parte aérea
Matéria fresca radicular
pH CaCl2
4,9
5,0
Saturação por bases (V%)
49
51
Referências
30
ANGHINONI, I.; SALET, R. L. Reaplicação de calcário no sistema plantio direto
consolidado. In: KAMINSKI, J. (Coord.). Uso de corretivos da acidez do solo no plantio
direto. Pelotas: Núcleo Regional Sul, 2000. p. 41-59. (Boletim Técnico, 4).
BARBER, S. A. Soil nutrient bioavailability: a mechanistic approach. 2nd ed. New York:
John Wiley & Sons, 1995.
CAIRES, E. F.; BANZATTO, D. A.; FONSECA, A. F. Calagem na superfície em sistema
plantio direto. Rev. Bras. Cienc. Solo, Campinas, SP, v. 24, p. 161-169, 2000.
EMBRAPA. Manual de Análises Químicas de Solos, Plantas e Fertilizantes. Brasília, DF,
1999. 370 p.
NOLLA, A.; ANGHINONI, I. Métodos utilizados para a correção da acidez do solo no Brasil.
Rev. Cienc. Exatas Nat., Guarapuava, PR, v. 6, p. 97-111, 2004.
RITCHEY, K. D.; SILVA, J. E.; COSTA, U. F. Relação entre o teor de cálcio no solo e o
desenvolvimento de raízes avaliado por um método biológico. Rev. Bras. Cien. Solo,
Campinas, SP, v. 7, 269-275, 1983.
SOUSA, D. M. G.; LOBATO; E. Cerrado: Correção do solo e adubação. 2. ed. Brasília,
DF, Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 416 p.
TAYLOR, G. J. The physiology of aluminum phytotoxicity. In: SIEGAL, H.; SIEGAL, A.
(Ed.) Metals Ions in Biological Systems. New York: Marcel Dekker, 1988. p. 123-163.
TENNANT, D. A test of a modified line intersect method of estimating root length. J Appl.
Ecol., Oxford, v. 63, p. 995-1001, 1975.
31
PERFORMANCE DA CULTURA DA SOJA SOB DIFERENTES NÍVEIS DE ACIDEZ
EM UM ARGISSOLO SOB MATA NATURAL
Thiago de Oliveira Gaviolli1; Antonio Nolla1; Leandro B. da S. Volk1; Itamar P. da
Palma1 e Gerson Sander1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
No sistema semeadura direta há uma dinâmica diferenciada do convencional, devido
ao acúmulo superficial de matéria orgânica e nutrientes e menor toxidez do alumínio
(ANGHINONI; SALET, 2000). Baseando-se na recomendação de calagem para o sistema
convencional (elevar a saturação por bases até 70%), há uma elevada necessidade de calcário;
porém observam-se rendimentos adequados após longos períodos sem reaplicação de calcário,
sem a correspondente resposta no rendimento das culturas. Assim, uma opção atualmente
utilizada na semeadura direta no Paraná, estabelece como critérios de calagem a V = 65% e o
pH CaCl2 = 5,6, amostrando a camada de 0-5cm; a necessidade de calcário objetiva elevar a V
a 65% (amostragem 0-20cm) (CAIRES; BANZATTO; FONSECA, 2000). No entanto,
questiona-se se esta recomendação pode ser utilizada para solos arenosos sob semeadura
direta, pois a opção atualmente utilizada baseou-se em alguns experimentos de resposta à
adição de calcário em semeadura direta, generalizando-se os resultados no estado, que possui
solos heterogêneos.
Dessa forma o presente trabalho teve como objetivo relacionar condições de acidez
com o desempenho da soja em solos arenosos, para avaliar os critérios de decisão de calagem
utilizados para o sistema semeadura direta.
Palavras-chave: Calagem. Solos arenosos. Indicadores de calagem.
Material e métodos
O trabalho foi realizado na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Campus
Regional de Umuarama, junto ao laboratório de análise de solos, utilizando-se de um
Argissolo Vermelho distrófico típico (PVd), sob mata natural, onde coletou-se amostras
indeformadas de solo (colunas), em tubos de PVC (250 x 150mm de altura e diâmetro,
respectivamente). Aplicou-se superficialmente o equivalente a 0, ½, 1 e 2 vezes a necessidade
de calagem (V=60% - PRNT 100%), utilizando-se um delineamento inteiramente casualizado
com 4 repetições.
32
As colunas foram incubadas durante 45 dias, com umidade próxima à capacidade de
campo, realizando-se posteriormente a semeadura da soja, cultivar CD-213RR, a qual foi
tratada com fungicida, com cobalto e molibdênio (CoMo) e inoculada com bactérias
Bradyrhizobium elkanii e Bradyrhizobium japonicum, realizando-se adubação no sulco de
semeadura na dosagem de 100kg ha -1 de K2O e P2O5, na forma de cloreto de potássio e super
fosfato simples. Manteve-se 4 plantas por coluna. Após 30 dias da emergência, realizou-se a
coleta da parte aérea, obtendo-se a massa fresca e seca. As colunas foram desmontadas
separando-se as raízes das plantas do solo, obtendo-se a massa fresca e seca do sistema
radicular, também realizou-se a quantificação do comprimento do sistema radicular pelo
método de Tennant (1975) e do raio da raiz utilizando a fórmula proposta por Barber (1995).
Todos os resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa SANEST
e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e discussão
Ocorreu um aumento na matéria fresca da parte aérea com a adição de doses
crescentes de calcário aplicadas ao solo. O valor máximo da matéria fresca da parte aérea foi
obtido quando aplicou-se 2.300kg ha-1 de calcário, valor superior à necessidade de calcário
(1.250kg ha-1) para elevar a saturação por bases a 60% (QUAGGIO, 2000). Isso indica que a
dose de calcário estipulada (QUAGGIO, 2000) pode estar subestimada para solos arenosos
(Figura 1a). Da mesma forma, a matéria seca aumentou à medida que aplicou-se doses
crescentes de calcário, obtendo-se um valor máximo de massa de matéria seca quando
aplicou-se 1.750kg ha-1 (Figura 1b). Isso reforça a indicação de que para solos arenosos, fazse necessário a aplicação de doses superiores de calcário ao recomendado para elevar a
saturação por bases a 60% (QUAGGIO, 2000) para a cultura da soja. Isto, provavelmente
ocorreu porque em solos arenosos, a capacidade de troca de cátions é inferior a solos argilosos
de alto potencial produtivo (MELLO et al., 1989). Nessas condições a aplicação de calcário é
necessária para que ocorra uma fertilização cálcica e magnesiana (SOUSA; LOBATO, 2004),
o que eleva a saturação por bases a níveis adequados e aumenta o desenvolvimento da parte
aérea das plantas.
A aplicação de doses crescentes de calcário também aumentou a acumulação de
matéria fresca do sistema radicular da soja (Figura 1c), indicando que o melhor
desenvolvimento do sistema radicular foi obtido nos tratamentos onde se aplicou 2.214kg ha-1
de calcário. Já matéria seca do sistema radicular não aumentou com a aplicação de doses
33
crescentes de calcário (Figura 1d), o que não era esperado, pois a concentração de umidade
32,0
31,0
30,5
30,0
29,5
29,0
2
2
y = -5E-07x + 0,0023x + 28,93 R = 0,88**
28,5
500
1000
1500
2000
Dose de calcário (kg ha -1)
19
18
17
16
y = -7E-07x 2 + 0,0031x + 15,31 R2 = 0,98**
15
500
1000
1500
2000
6,8
6,7
6,6
6,5
6,4
6,3
y = -2E-07x 2 + 0,0007x + 6,31 R2 = 0,92**
6,2
0
500
1,5
2000
2500
1,0
0,5
2
y = -1E-05x + 1,296 R = 0,008
ns
0,0
0
2500
500
1000
1500
2000
2500
-1
Dose de calcário (kg ha )
e
0,30
Raio radicular médio (mm)
Compr. radicular (m planta -1)
1500
d
Dose de calcário (kg ha -1)
19,5
1000
Dose de calcário (kg ha -1)
c
0
b
6,9
2500
-1
M. fresca radicular (g coluna -1)
0
7,0
-1
M. seca p. aérea (g coluna
a
31,5
M. seca radicular (g coluna )
M. fresca p. aérea (g coluna
)
-1
)
das raízes era bastante semelhante entre si.
19,2
18,9
18,6
18,3
y = -7E-05x + 19,25 R2 = 0,76ns
18,0
f
0,28
0,26
0,24
0,22
y = -5E-09x 2 + 2E-05x + 0,25 R2 = 0,99ns
0,20
0
500
1000
1500
2000
2500
Dose de calcário (kg ha -1)
0
500
1000
1500
2000
Dose de calcário (kg ha -1)
2500
Figura 1. Relação da aplicação de doses crescentes de calcário com a matéria fresca (a) e seca
(b) da parte aérea, matéria fresca (c) e seca (d) do sistema radicular, com o
comprimento do sistema radicular (e) e com o raio radicular (f) da soja cultivada em
colunas amostradas de um Argissolo Vermelho originalmente sob mata natural.
34
A aplicação de doses crescentes de calcário não aumentou o comprimento do sistema
radicular (Figura 1e). Isto pode ter ocorrido, porque apesar de se verificar uma necessidade de
calcário de no mínimo 1.750kg ha-1 (Figura 1b), as raízes das plantas estavam se
desenvolvendo em vasos mantidos próximos à capacidade de campo. Isto reduz a necessidade
das plantas aumentarem a exploração do solo pelas raízes para absorverem os nutrientes
necessários para seu desenvolvimento.
O raio da raiz não foi reduzido com a aplicação de doses crescentes de calcário (Figura
1f). Isto ocorreu porque o solo estudado apresentava uma concentração baixa de alumínio
trocável (0,2cmolc kg-1). Um dos principais problemas decorrentes dos efeitos tóxicos do
alumínio é inibição da expansão e conseqüente engrossamento das raízes (TAYLOR, 1988).
Referências
ANGHINONI, I.; SALET, R. L. Reaplicação de calcário no sistema plantio direto
consolidado. In: KAMINSKI, J. (Coord.). Uso de corretivos da acidez do solo no plantio
direto. Pelotas: Núcleo Regional Sul, 2000. p. 41-59. (Boletim Técnico, 4).
BARBER, S. A. Soil nutrient bioavailability: a mechanistic approach. 2nd ed. New York:
John Wiley & Sons, 1995. 414 p.
CAIRES, E. F.; BANZATTO, D. A.; FONSECA, A. F. Calagem na superfície em sistema
plantio direto. Rev. Bras. Cien. Solo, Campinas, SP, v. 24, p. 161-169, 2000.
MELLO, F. de A. F. et al. Fertilidade do solo. 3. ed. Piracicaba: Nobel, 1989. 400 p.
QUAGGIO, J. A. Acidez e calagem em solos tropicais. Campinas: IAC, 2000. 111p.
SOUSA, D. M.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. 2. ed. Brasília, DF:
Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 416 p.
TAYLOR, G. J. The physiology of aluminum phytotoxicity. In: SIEGAL, H.; SIEGAL, A.
(Ed.) Metals ions in biological systems. New York: Marcel Dekker, 1988. p. 123-163.
TENNANT, D. A test of a modified line intersect method of estimating root length. J. Appl.
Ecol, Oxford, v. 63, p. 995-1001, 1975.
35
PRODUTIVIDADE E CAPACIDADE DE EXPANSÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO
PIPOCA SOB EFEITO DA IRRIGAÇÃO COM DIFERENTES Kc NA REGIÃO DO
ARENITO CAIUÁ
1
Gregory Fedri ; Marizangela Rizzatti Ávila1; Eder Pereira Gomes1; Carlos Alberto
Scapim2; Davi Antonio Oliveira Barizão1; Leandro Paiola Albrecht2 e Marcos Araújo
Rodovalho2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
A produção de milho pipoca está se expandindo no Brasil. No entanto, há pouca
informação disponível sobre a melhor época de semeadura, a viabilidade no cultivo em
safrinha, o zoneamento edafoclimático para cultivares nacionais, os coeficientes culturais para
manejo de irrigação, entre outros aspectos de interesse fitotécnico e também com o
melhoramento das cultivares nacionais, buscando-se a qualidade dos híbridos americanos
(OLIVEIRA et al., 2007). A irrigação para a cultura do milho pode ser viável
economicamente quando o fator limitante é a água e/ou o preço de venda do produto é
favorável, o que possibilita a minimização de risco e estabilidade no rendimento (REZENDE;
ALBUQUERQUE; COUTO, 2003) fato que também pode ser observado para a cultura de
milho pipoca.
Desta forma o presente trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade e
capacidade de expansão de diferentes híbridos de milho pipoca cultivados sob diferentes
coeficientes de cultura na região do arenito caiuá.
Palavras-chave: Zea mays L., Solo arenoso. Irrigação. Rendimentos.
Material e Métodos
O ensaio for instalado no ano agrícola de 2008 na Fazenda do Campus Avançado de
Umuarama, PR, pertencente à Universidade Estadual de Maringá. O delineamento
experimental adotado foi em blocos casualizados com quatro repetições em esquema de
parcela subdividida. As parcelas foram compostas por diferentes valores de coeficientes da
cultura (Kc) (0; 0,8; 1; 1,2 e 1,4Kc) e as subparcelas pelos híbridos (Jade – triplo; e IAC 125 –
top cross), um fatorial 2x5. O dimensionamento das subparcelas era de vinte metros
quadrados (4 x 5m), sendo 0,9m entre as linhas e 0,2m entre plantas.
36
Os valores de Kc foram pré-fixados de forma decendial de acordo com Alfonsi et al.
(1990), citado por Pereira, Angelocci e Sentelhas (2002) desta forma, a cada 10 dias de ciclo
mudava-se o Kc , portanto ao considerar-se um ciclo de 110 dias, estes foram os respectivos
valores considerando um ciclo de 110 dias estes valores foram: 0,4; 0,5; 0,6; 0,7; 0,8; 1,0; 1,2;
1,0; 0,8 e 0,5 (Kc) sendo que no último decêndio a irrigação foi suspensa a fim de se realizar a
colheita. A partir do Kc recomendado para a cultura foram propostos outros três valores
decendiais de Kc que foram calculados da seguinte forma: um décimo abaixo, um e dois
décimos acima do Kc da cultura respectivamente. Assim foram encontrados os seguintes
valores: 0,3; 0,4; 0,5; 0,6; 0,6; 0,8; 1,0; 0,8; 0,6; e 0,4 (0,8 Kc); 0,5; 0,6; 0,7; 0,8; 1,0; 1,2; 1,4;
1,2; 1,0 e 0,6 (1,2 Kc) e 0,6; 0,7; 0,8; 1,0; 1,1; 1,4; 1,7; 1,4; 1,1 e 0,7 (1,4 Kc).
Iniciou-se a colheita quando os grãos apresentavam 18% de umidade. A produtividade
foi determinada a partir do peso total de grãos debulhados em cada parcela, corrigidos para
14% de umidade. A capacidade de expansão foi obtida a partir da razão entre o volume de
pipoca expandida, medida numa proveta com capacidade de 2.000mL e a massa de 30g de
grãos, medido em balança de precisão. Foram avaliadas duas amostras por parcela. Na
obtenção da capacidade de expansão, foi utilizado um pipocador desenvolvido pela Embrapa Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária (CNPDIA).
Após as avaliações os dados obtidos para todas as variáveis foram submetidos à análise de
variância. Independente da significância pelo teste F (P<0,05), na interação (híbridos x
coeficientes da cultura), foram realizados os desdobramentos necessários para verificar
possíveis efeitos da interação. A avaliação dos efeitos de híbridos para cada coeficiente da
cultura foi realizada pelo teste F, conclusivo (P<0,05). A avaliação dos coeficientes de
cultura para cada híbrido foi analisada por regressão a fim de verificar o comportamento das
características a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
É possível identificar que o híbrido Jade foi superior em produtividade, dentro de
todos os coeficientes de Kc. Quanto à capacidade de expansão (CE), somente quando a
irrigação foi ausente (Kc = 0), o genótipo IAC 125 (1) não foi superior ao Jade (2). Não
havendo, portanto, uma relação positiva entre produtividade e expansão da pipoca, porém,
existindo irrigação, há distinção fenotípica entre os híbridos, quanto a CE (Tabela 1).
No tocante ao efeito do Kc, na CE apenas o IAC 125 foi responsivo, com seu CE
aumentando com a elevação do Kc (Figura 1B). Na variável produtividade, o híbrido 1
manteve a tendência linear positiva, enquanto o híbrido 2, apresentou comportamento
37
quadrático. Ambos apontam para um Kc superior ao usual na cultura do milho (1Kc)
(PEREIRA; ANGELOCCI; SENTELHAS, 2002; REZENDE; ALBUQUERQUE; COUTO,
2003).
Tabela 1. Produtividade e capacidade de expansão para dois híbridos de milho pipoca,
cultivados com diferentes coeficientes da cultura. Umuarama, PR (2007/2008).
Coeficiente da cultura
Híbridos1
0
1. IAC 125
2. JADE
Média
C.V. (%)
1.118,91 B
3.099,08 A
2.108,99
6,31
1. IAC 125
2. JADE
Média
C.V. (%)
1
34,66 A
36,58 A
35,62
0,8
1,2
Kc
Produtividade (kg ha-1)
2.315,61 B
2.769,43 B
3.484,88 B
3.735,06 A
5.495,57 A
5.783,60 A
3.025,34
4.132,50
4.634,24
1,4
5.208,37 A
4.488,76 B
4.848,56
Capacidade de expansão (mL g-1)
40,25 A
41,08 A
40,00 A
36,16 B
36,66 B
38,75 B
38,21
38,87
39,38
41,08 A
37,00 B
39,04
4,28
Médias seguidas de mesma letra maiúscula, em cada coluna, para a mesma variável, não diferem entre si pelo teste F, a 5%
de probabilidade.
Figura 1. Produtividade (A) e capacidade de expansão (B), de dois híbridos de milho pipoca
em função da irrigação com diferentes coeficientes da cultura. Umuarama, PR
(2007/2008).
Referências
OLIVEIRA, F. A. et al. Desenvolvimento inicial do milho-pipoca ‘jade’ irrigado com água de
diferentes níveis de salinidade. Revista Verde, Mossoró, v. 2, n. 1, p. 45-52, 2007.
PEREIRA, A. R., ANGELOCCI, L. R., SENTELHAS, P. C. Agrometeorologia: fundamentos
e aplicações práticas. In: PEREIRA, A. R., ANGELOCCI, L. R., SENTELHAS, P. C.
Balanço hídrico de cultivos. Guaíba: Agropecuária, 2002. p. 269-288.
38
RESENDE, M.; ALBUQUERQUE, P. E. P.; COUTO, L. Manejo de Irrigação. In:
RESENDE, M.; ALBUQUERQUE, P. E .P.; COUTO, L. (Ed.). A cultura do milho
irrigado. Brasília, DF: Embrapa, 2003. p. 245-301.
39
DESEMPENHO VEGETATIVO DE HÍBRIDOS DE MILHO PIPOCA CULTIVADOS
SOB IRRIGAÇÃO COM DIFERENTES Kc NA REGIÃO DO ARENITO CAIUÁ
Gregory Fedri1; Marizangela Rizzatti Ávila1; Eder Pereira Gomes1; Carlos Alberto
Scapim2; Davi Antonio Oliveira Barizão1 e Leandro Paiola Albrecht2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
O milho pipoca é caracterizado por possuir grãos pequenos e duros que têm a
capacidade de estourar/expandir quando aquecidos em torno de 180ºC, diferenciando-se, deste
modo, do milho comum, apesar de pertencente à mesma espécie botânica Zea mays L.
(OLIVEIRA et al., 2007). O consumo nacional desse produto está em torno de 80 mil
toneladas, sendo 75%, desse milho importado da Argentina e Estados Unidos.
A região noroeste do Estado do Paraná se caracteriza por pequenas propriedades
agrícolas, com um solo de arenito e, a maioria da extensão de solo ocupado por pastagens
degradadas. Desta forma a diversificação das atividades agrícolas nas pequenas propriedades
é uma alternativa que inclui a adoção de culturas de maior valor econômico por área e/ou
aquelas a que se pode agregar valor. Contudo devido às características de solo e clima da
região a suplementação com água seria indispensável para o cultivo de milho pipoca, por ser
considerada uma cultura que demanda muita água.
Desta forma o presente trabalho teve como objetivo avaliar algumas características
agronômicas de diferentes híbridos de milho pipoca, cultivados sob diferentes coeficientes de
cultura na região do arenito caiuá.
Palavras-chave: Zea mays L. Solo arenoso. Irrigação. Plantas.
Material e Métodos
O ensaio for instalado no ano agrícola de 2008 na Fazenda do Campus Avançado de
Umuarama, PR, pertencente à Universidade Estadual de Maringá. O delineamento
experimental adotado foi em blocos casualizados com quatro repetições em esquema de
parcela subdividida. As parcelas foram compostas por diferentes valores de coeficientes da
cultura (Kc) (0; 0,8; 1; 1,2 e 1,4Kc) e as subparcelas pelos híbridos (Jade – triplo; e IAC 125 –
top cross), um fatorial 2x5. Cada subparcela irrigada continha quatro microaspersores, um em
cada canto, com bocal cinza e vazão de 36L h-1 à 15m.c.a de pressão. O dimensionamento das
40
subparcelas era de vinte metros quadrados (4 x 5m), sendo 0,9m entre as linhas e 0,2m entre
plantas.
Os valores de Kc foram pré-fixados de forma decendial de acordo com Alfonsi et al.
(1990), citado por Pereira, Angelocci e Sentelhas (2002) desta forma, a cada 10 dias de ciclo
mudava-se o Kc, portanto ao considerar-se um ciclo de 110 dias, estes foram os respectivos
valores: 0,4; 0,5; 0,6; 0,7; 0,8; 1,0; 1,2; 1,0; 0,8 e 0,5 (Kc), sendo que no último decêndio a
irrigação foi suspensa a fim de se realizar a colheita. A partir do Kc recomendado para a
cultura foram propostos outros três valores decendiais de Kc que foram calculados da seguinte
forma: um décimo abaixo, um e dois décimos acima do Kc da cultura respectivamente. Assim
foram encontrados os seguintes valores: 0,3; 0,4; 0,5; 0,6; 0,6; 0,8; 1,0; 0,8; 0,6; e 0,4 (0,8
Kc); 0,5; 0,6; 0,7; 0,8; 1,0; 1,2; 1,4; 1,2; 1,0 e 0,6 (1,2 Kc) e 0,6; 0,7; 0,8; 1,0; 1,1; 1,4; 1,7;
1,4; 1,1 e 0,7 (1,4 Kc).
O manejo de irrigação foi realizado por meio de balanço hídrico. Os valores de
precipitação (P) e evapotranspiração de referência (ETo) foram diariamente fornecidos pela
Estação Agroclimática do Campus, equipada com anemômetro, termohigrógrafo, tanque
classe A e pluviômetro. A evapotranspiração da cultura (ETc) foi estimada a partir do produto
da evapotranspiração de referência (ETo) pelo coeficiente de cultura (kc).
Antes da colheita avaliaram-se as características agronômicas: altura de plantas e
altura da inserção da primeira espiga. Após as avaliações os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância. Independente da significância pelo teste F (P<0,05), na interação
(híbridos x lâminas de irrigação), foram realizados os desdobramentos necessários para
verificar possíveis efeitos da interação. A avaliação dos efeitos de híbridos para cada coeficiente
de cultura foi realizada pelo teste F, conclusivo (P<0,05). Os coeficientes de cultura para
cada híbrido foram analisados por regressão a fim de verificar o comportamento das
características a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
As diferenças entre genótipos de milho pipoca ocorreram dentro dos Kc, no entanto,
não identificadas dentro de todos os níveis de Kc (Tabela 1). Porém, o efeito do Kc, para cada
híbrido, foi distinto para altura de planta e não significativo para altura de inserção de espiga
(Figura 1). O comportamento quadrático e, sobretudo o linear (IAC 125), denotam a
relevância da irrigação no desenvolvimento da cultura, apontada por Bergonci et al. (2001).
41
Tabela 1. Altura de plantas e altura de inserção da primeira espiga para dois híbridos de milho
pipoca, cultivados com diferentes coeficientes da cultura. Umuarama, PR (2007/2008).
Coeficiente da cultura
Híbridos1
0
1
1. IAC 125
2. JADE
Média
C.V. (%)
141,57 A
138,50 A
140,04
4,24
1. IAC 125
2. JADE
Média
C.V. (%)
85,95 A
80,75 A
83,35
0,8
165,50 A
162,25 A
163,88
Kc
Altura de planta (cm)
158,00 A
166,50 A
162,25
1,2
1,4
153,25 B
181,25 A
167,25
185,00 A
160,25 B
172,63
Altura de inserção da primeira espiga (cm)
92,50 A
89,50 A
87,10 A
88,50 A
83,50 B
86,50 A
90,50
86,50
86,80
88,75A
89,75A
89,25
1,94
Médias seguidas de mesma letra maiúscula, em cada coluna, para a mesma variável, não diferem entre si pelo teste F, a 5%
de probabilidade.
Figura 1. Altura da planta (A) e altura de inserção da primeira espiga (B) para dois híbridos de
milho pipoca em função da irrigação com diferentes coeficientes da cultura.
Umuarama, PR (2007/2008).
Referências
BERGONCI, J. I. et al. Eficiência da irrigação em rendimento de grãos e matéria seca de
milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 36, n. 7, p. 949-956, 2001.
OLIVEIRA, F. A. et al. Desenvolvimento inicial do milho-pipoca ‘ jade’ irrigado com água
de diferentes níveis de salinidade. Revista Verde, Mossoró, v. 2, n. 1, p. 45-52, 2007.
42
PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P. C. Agrometeorologia: fundamentos
e aplicações práticas. In: PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P. C.
Balanço hídrico de cultivos. Guaíba: Agropecuária, 2002. p. 269-288.
43
QUALIDADE DAS SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA SOB EFEITO DE
APLICAÇÕES DE GLYPHOSATE
1
Eduardo Paulo Introvini ; Leandro Paiola Albrecht1; Alfredo Júnior Paiola Albrecht1;
Diego G. Alonso1; Rubem S. de Oliveira Jr. 1; Alessandro de Lucca e Braccini1 e Mauro
Cezar Barbosa1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
Espera-se rápido aumento da área cultivada com soja geneticamente modificada para
resistência a glyphosate no Brasil. Cultivares resistentes ao glyphosate oferecem aos
agricultores a flexibilidade de controlar um amplo espectro de plantas daninhas. Apesar dos
custos mais elevados, associados à aquisição de sementes, os custos relativos ao controle de
plantas daninhas podem ser diminuídos (HEATHERLY; REDDY; SPERLOCK, 2005).
Em virtude da cultura da soja apresentar intensa atividade de pesquisa dirigida à
obtenção de informações que possibilitem aumentos na produtividade e redução nos custos de
produção (EMBRAPA, 2006), exige-se a constante reformulação, adaptação e introdução de
tecnologias, sobretudo em relação ao manejo da soja transgênica (RR), no que concerne ao
uso do glyphosate em pós-emergência e suas implicações no desempenho agronômico e na
qualidade das sementes.
Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar e a qualidade fisiológica e sanitária das
sementes de soja RR em função de doses crescentes glyphosate aplicados em pós-emergência.
Palavras-chave: Glycine max. Sementes. Soja RR. Glyphosate.
Material e Métodos
O experimento de campo foi instalado em uma propriedade rural, em Marialva,
localizada na região noroeste do Estado do Paraná. As avaliações foram conduzidas no
Laboratório de Tecnologia de Sementes do Núcleo de Pesquisa Aplicada à Agricultura
(NUPAGRI) da UEM, em Maringá - PR.
A adubação e os tratos culturais, incluindo manejo de pragas e doenças, foram os
mesmos preconizados pelo sistema de produção da região, segundo Embrapa Soja (2006). Foi
utilizada no experimento, a cultivar de soja CD 214 RR, pertencente ao grupo de maturação
precoce, com ciclo médio de 115 dias. As sementes de soja, da cultivar em questão, foram
semeadas em 01/12/2006, com espaçamento de 0,45m entre linhas. As pulverizações foliares,
dos diferentes tratamentos, foram efetuadas no estádio V 3 de desenvolvimento da cultura.
44
Foram cinco os tratamentos, incluindo a testemunha sem herbicida e quatro doses de Roundup
Original® (glyphosate): 1,0; 2,0; 3,0 e 4,0L ha-1.
A qualidade fisiológica das sementes foi avaliada por meio dos testes de germinação
(indicativo de viabilidade) e primeira contagem do teste de germinação (indicativo de vigor)
(BRASIL, 1992). A qualidade sanitária foi avaliada por meio do método do papel-filtro ou
“blotter test” (GOULART, 1997). O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados com quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância, teste t
e aplicada análise de regressão, para verificar o comportamento das variáveis, a 5% de
probabilidade. Não foi necessária a transformação dos dados, pois todas as pressuposições
básicas para análise de variância foram atendidas.
Resultados e Discussão
As variáveis relacionadas à qualidade das sementes (germinação – viabilidade e vigor;
e sanidade – incidência de fungos), apenas para a sanidade ocorreu resposta significativa. A
significância para sanidade é observada na Figura 1, em que se observa resposta linear
positiva em função do aumento nas doses de glyphosate. Nota-se que efeito crescente na
incidência de fungos, foi identificado somente para a espécie Cercospora kikuchii, portanto,
as demais espécies isoladas são apenas discriminadas e quantificadas na Tabela 1.
Substâncias com ação fitoalexínica na soja, como gliceolina, tem seu efeito
antimicrobiano diminuído, mesmo em concentrações extremamente baixas e não tóxicas de
glyphosate, atribuídas à inibição da síntese das referidas fitoalexinas (KEEN; HOLLIDAY;
YOSHIKAWA, 1982). Alterações também podem suceder na nutrição de mineral das plantas
de soja, como no caso do manganês (GORDON, 2006), envolvido na síntese de lignina, uma
proteção física a entrada de patógenos.
45
Figura 1. Regressão polinomial, para a porcentagem de plântulas normais e incidência de fungos
(Cercospora kikuchii), das sementes da cultivar de soja CD 214 RR, produzidas sob o
efeito da aplicação pós-emergente de glyphosate em Marialva - PR.
Tabela 1. Fungos isoladas discriminados pela avaliação de sanidade das sementes da cultivar
de soja CD 214 RR, produzidas sob o efeito da aplicação pós-emergente de glyphosate
em Marialva - PR.
Roundup Original®
(Glyphosate 360 g L-1)
0 (L ha-1)
1,0 (L ha-1)
2,0 (L ha-1)
3,0 (L ha-1)
4,0 (L ha-1)
Aspergillus
spp.
16,50
4,50
7,00
8,75
2,75
Fungos Isolados (%)
Cercospora
Fusarium
kikuchii
semitectum
15,25
13,00
10,00
7,75
18,75
13,75
19,75
5,00
22,75
4,25
Phomopsis
spp.
21,00
11,50
16,75
15,00
6,25
Total
65,75
33,75
56,25
48,5
31,25
Considerando que o fungo Cercospora kikuchii é agente etiológico do crestamento
foliar, uma doença de final de ciclo, e da mancha púrpura, na semente, uma elevação na sua
incidência, em detrimento da qualidade sanitária das sementes, também pode ocasionar
decréscimos na produtividade. A afirmativa se faz válida, sobretudo em anos de condições
climáticas mais favoráveis a proliferação desse fungo, uma vez que o mesmo pode afetar o
enchimento das sementes de soja.
Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.
Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365 p.
EMBRAPA. Tecnologias de produção de soja – Paraná – 2007. Londrina: Embrapa Soja,
2006. 208 p. (Sistemas de Produção).
46
GORDON, B. Manganese nutrition of glyphosate-resistant and conventional soybeans. In:
GREAT PLAINS SOIL FERTILITY CONFERENCE. Denver, CO, Proceedings… March
7-8, 2006, p. 224-226.
GOULART, A. C. P. Fungos em sementes de soja: detecção e importância. Dourados:
Embrapa, 1997. 58 p. (Documentos, 11).
HEATHERLY, L. G.; REDDY, K. N.; SPURLOCK, S. R. Weed management in glyphosateresistant and non-glyphosate-resistant soybean grown continuously and in rotation. Agron. J.
Madison, v. 97, p. 568-577, 2005.
KEEN, N. T.; HOLLIDAY, M. J.; YOSHIKAWA, M. Effects of glyphosate on glyceollin
production and the expression of resistance to Phytophthora megasperma f. sp. glycinea in
soybean. Phytopathology, Saint Paul, v. 72, n. 11, p. 1467-1470, 1982.
47
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA INOCULAÇÃO DAS SEMENTES DE
ARROZ (Oryza sativa L.) COM Azospirillum
Alfredo Júnior Paiola Albrecht1; Leandro Paiola Albrecht1; Marizangela Rizzatti
Ávila2; Alessandro de Lucca e Braccini1; Mauro Cezar Barbosa1; Paulo Vinicius
Demeneck Vieira1 e Gabriel Loli Bazo1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama – PR
Introdução
A cultura do arroz no campo pode estar associada com bactérias fixadoras de
nitrogênio do gênero Azospirillum. Nessa associação não ocorre, aparentemente, a invasão
dos tecidos vegetais pela bactéria e nem a formação de uma estrutura especializada para a
fixação do nitrogênio. Rodrigues et al., (2000) confirmam a existência de uma interação
estreita entre a planta de trigo e Azospirillum spp.. Cavallet et al. (2000) verificaram que a
inoculação das sementes com Azospirillum spp. aumentou significativamente a produtividade
média de grãos na cultura do milho. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a
eficiência da inoculação das sementes com Azospirillum spp. na cultura de arroz cultivado em
terras altas.
Palavras-chave: Produtividade. Inoculantes. Nitrogênio. Bactérias.
Material e Métodos
O experimento de campo foi instalado em área localizada na Fazenda Experimental de
Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá, no município de Maringá, região noroeste do
Estado do Paraná. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro
repetições. As parcelas foram constituídas de oito linhas de 5m de comprimento espaçadas de
0,50m entre si. O esquema detalhado dos tratamentos empregados encontra-se na (Tabela 1).
A densidade de semeadura foi de, aproximadamente, 106 sementes por metro linear
com população de 2.120.000 plantas ha-1. A adubação foi realizada manualmente seguindo os
critérios recomendados por Fageria (1998). O sistema de plantio adotado foi o direto,
realizado a semeadura no dia 18/10/2007 e utilizando sementes de arroz da cultivar IPR 117.
As sementes de arroz não receberam nenhum tratamento, exceto com o inoculante.
48
Tabela 1. Tratamentos da inoculação das sementes de arroz utilizando Azospirillum spp..
Tratamentos
Época de aplicação
1. Testemunha sem N e sem Azospirillum
2. Tratamento com a dose de N recomendada para a cultura
3. Tratamento com ½ dose de N recomendada para a cultura
Semeadura
4. Tratamento com ½ dose de N e inoculado com Azospirillum turfoso
5. Tratamento com ½ dose de N e inoculado com Azospirillum líquido
O inoculante utilizado foi a base de Azospirillum com população de 109 de células de
bactérias viáveis por grama ou por mL do produto; na dosagem de 200g e 200mL de
inoculante para 60.000 sementes da formulação turfosa e líquida, respectivamente. A
aplicação do inoculante nas sementes de arroz foi realizada utilizou-se calda açucarada na
concentração de 10%.
Avaliou-se: altura das plantas; matéria seca de planta no florescimento, produtividade
e massa de mil sementes. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância a 5% de
probabilidade (P<0,05) e, quando significativas, as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey (P<0,05).
Resultados e Discussão
Não houve diferença significativa (P>0,05) entre os tratamentos avaliados para as
variáveis altura de plantas, matéria seca no florescimento e massa de mil grãos. Verificou-se
diferença significativa (P<0,05) para a variável produtividade de grãos, em que os tratamentos
2; 4 e 5 foram estatisticamente iguais, diferindo apenas do tratamento 1 (Tabela 2).
Os incrementos observados na produtividade, em relação à testemunha são devidos,
possivelmente, a melhor formação das espiguetas na panícula, no pós-florescimento, o que
deve ter levado, ao maior número de grãos por panícula. Nota-se que a resposta ao nitrogênio
é mais pronunciada sob condições favoráveis durante o florescimento da cultura. Isto pode
ser explicado pelo fato do nitrogênio ser muito importante na diferenciação e formação da
panícula (MAGALHÃES JUNIOR et al., 2004).
O presente trabalho permite inferir que há viabilidade da utilização da metade da dose
de nitrogênio, em semeadura na cultura do arroz de sequeiro, associada à inoculação das
sementes com Azospirillum spp., tanto na formulação líquida quanto na turfosa, na dosagem
de 200mL ou 200g de inoculante. Além de ser vantajoso economicamente, a utilização de
49
Azospirillum spp. não apresenta, do ponto de vista ecológico e ambiental, impacto negativo ao
meio ambiente (HITZIGSOHN et al., 2000).
Tabela 2. Médias da altura de plantas, matéria seca no florescimento, massa de mil grãos e
produtividade da cultura do arroz, em resposta a diferentes tratamentos com
nitrogênio e inoculação das sementes com Azospiurillum spp.
Características avaliadas1
Altura de
Plantas
Matéria seca no
florescimento
Massa de
mil grãos
----- cm -----
------ % -----
----- g ----
0,99 A
1,03 A
1,02 A
1,00 A
1,04 A
51,32 A
51,61 A
51,64 A
50,97 A
52,38 A
29,08 A
30,14 A
29,57 A
30,43 A
30,53 A
---- kg ha-1 --1.969,26 B
2.567,30 A
2.431,46 AB
2.730,94 A
2.910,92 A
Média
1,01
51,58
29,95
2.521,97
C.V. (%)
4,37
7,40
1,91
9,31
Tratamentos
1.
2.
3.
4.
5.
Produtividade
1
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey, em nível de
5% de probabilidade.
Referências
CAVALETT, L. E. et al. Produtividade do milho em resposta à aplicação de nitrogênio e
inoculação das sementes com Azospirillum spp. Rev. Bras. Eng. Agric. Ambient., Campina
Grande, v. 4, n. 1, p. 129-132, 2000.
FAGERIA, N. K. Manejo da calagem e da adubação do arroz. In: BRESEGHELLO, F.;
STONE, L.F. (Ed.). Tecnologia para o arroz de terras altas. Santo Antônio de Goiás:
EMBRAPA Arroz e Feijão, 1998. p. 67-78.
HITZIGSOHN, R. et al. Plant-growth promotion in natural pastures by inoculation with
Azospirillum brasilense under suboptimal growth conditions. Arid Soil Res. Rehabi.,
Budapest, v. 13, p. 151-158, 2000.
MAGALHÃES JUNIOR, A. M. et al. Aspectos genéticos, morfológicos e de
desenvolvimento de plantas de arroz irrigado. In: GOMES, A. S.; MAGALHÃES JUNIOR,
A. M. (Ed.). Arroz irrigado no Sul do Brasil, Brasília, DF, 2004. p. 143-159.
RODRIGUES, O. et al. Nitrogen translocation in wheat inoculated with Azospirillum and
fertilized with nitrogen. Pesqui. Agropecu. Bras., Brasília, DF, v. 35, n. 7, p. 1473-1481,
2000.
50
QUALIDADE DE FIBRA DE ALGODÃO EM RESPOSTA À APLICAÇÃO DE
BIORREGULADOR
Thiago Toshio Ricci2; Leandro Paiola Albrecht2; Alessandro de Lucca e Braccini2;
Marizangela Rizzatti Ávila1; Marcibela Stülp1; Mauro Cezar Barbosa2 e Alfredo Júnior
Paiola Albrecht2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
Santos e Vieira (2005) comprovaram que o biorregulador Stimulate ®, aplicado via
sementes, é capaz de originar plântulas de algodoeiro mais vigorosas, com maior
comprimento, massa seca e porcentagem de emergência em areia e terra vegetal; a área foliar,
a altura e o crescimento inicial de plantas de algodão foram incrementados pela aplicação
desse biorregulador nas sementes.
Diante do exposto, a utilização de produtos a base de reguladores vegetais podem não só
influenciar na germinação e no desenvolvimento das plântulas de algodão, bem como
apresentar efeitos positivos no rendimento da cultura, e incrementar a qualidade da pluma.
Contudo, os resultados alcançados até o momento com a utilização de tal tecnologia ainda são
relativamente recentes, incipientes e não totalmente conclusivos, justificando mais estudos
nesse sentido.
Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do uso de biorregulador com
ação promotora, via tratamento de sementes e aplicação foliar, sobre a qualidade de fibra, da
cultivar de algodão CD 401.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum L. Pluma. Fitorregulador.
Material e Métodos
O experimento de campo foi instalado na Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI),
pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Maringá (UEM). As
determinações de rendimento e qualidade de fibra realizadas na Cooperativa Central de
Pesquisa Agrícola (COODETEC), em Cascavel - PR.
As sementes de algodão da cultivar CD 410 (ciclo precoce no Paraná) foram semeadas
manualmente em sulcos espaçados de 0,90m, na profundidade aproximada de 5cm. Para as
avaliações, foram consideradas apenas as quatro fileiras centrais, descartando-se 1,0m de cada
51
extremidade, totalizando, assim, uma área útil de 18,0m2. A semeadura foi realizada no dia
13/10/2005 e os tratamentos foram compostos por três formas de aplicação, uma via
tratamento de sementes e duas em pulverização foliar, em diferentes estádios fenológicos da
cultura (V3 e B1), com o biorregulador Stimulate® dez vezes mais concentrado, em diferentes
doses (0, 100, 150 e 200mL 100kg-1 de sementes e 0, 25, 37,5 e 50mL ha-1, foliar). O
Stimulate® é um biorregulador líquido da Stoller do Brasil Ltda., composto, na sua forma
concentrada, de 0,9g L-1 de cinetina (citocinina), 0,5g L-1 de ácido giberélico (giberelina) e
0,5g L-1 de ácido indol-butírico (auxina) (STOLLER DO BRASIL, 1998).
A qualidade de fibra foi avaliada por meio das seguintes características: comprimento
(em polegadas ou mm), uniformidade (ou % do índice de uniformidade), resistência (gf tex-1),
elongação (ou alongamento) e índice micronaire (relação entre finura e maturidade da fibra).
A classificação do algodão em pluma foi através do High Volume Instrument - HVI
(instrumento de alto volume) (SESTREN; LIMA, 2007).
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro
repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias, de todos os
tratamentos, comparadas pelo método de agrupamento de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
Enquanto as doses foram analisadas por regressão polinomial em nível de 5% de
probabilidade, para cada forma de aplicação (tratamento de sementes e pulverização foliar em
V3 e B1). Na escolha do melhor modelo de regressão foram adotados os seguintes critérios:
regressão significativa, desvios da regressão não-significativa e coeficiente de determinação.
Não foi necessária a transformação dos dados, pois todas as pressuposições básicas para
análise de variância foram atendidas.
Resultados e Discussão
Na Tabela 1 estão apresentados os resultados obtidos nas diferentes características de
qualidade de fibra, em resposta aos tratamentos com doses e formas de aplicação do
biorregulador na cultura do algodoeiro. Observa-se que apenas as características de
comprimento e uniformidade de fibra apresentaram resultados significativos pela análise de
variância dos dados, muito embora os coeficientes de variação tenham sido relativamente
baixos para todos os parâmetros avaliados nas fibras.
O tratamento das sementes com o biorregulador, e a aplicação foliar do produto no
estádio V3 superou significativamente o comprimento das fibras nas demais formas de
aplicação. Contudo, apenas nas doses de 25 e 50mL ha-1 da aplicação foliar do regulador no
52
estádio V3 promoveu diferença significativa no comprimento das fibras. Os demais
tratamentos não diferiram significativamente na referida característica.
No tocante à uniformidade das fibras, todas as formas de aplicação avaliadas no presente
trabalho apresentaram diferenças significativas, ou seja, tanto o tratamento de sementes,
quanto a pulverização foliar do biorregulador nos estádios de desenvolvimento V3 e B1,
independente da dose aplicada, melhoraram significativamente a uniformidade das fibras.
Na análise de regressão, verificaram-se diferenças significativas (P<0,05) para as
variáveis uniformidade de fibra (aplicação foliar no V 3 e tratamento de sementes) e
comprimento de fibra (tratamento de sementes). Todas as equações ajustadas apresentaram
tendência linear crescente (Tabela 2), ou seja, elevações na dose do biorregulador, aumentam
a qualidade da fibra, quanto a uniformidade (aplicação foliar e tratamento de sementes) e
comprimento (tratamento de sementes).
Tabela 1. Características de qualidade de fibra de algodão da cultivar CD 410, em resposta a
diferentes doses e formas de aplicação, em estádios de desenvolvimento distintos,
do produto Stimulate® 10X.
Tratamento1/Dose
1. Testemunha (0 mL)
2. TS (100mL 100 kg-1)
3. TS (150mL 100 kg-1)
4. TS (200mL 100 kg-1)
5. FL (25mL ha-1 – V3)
6. FL (37,5mL ha-1 – V3)
7. FL (50mL ha-1 – V3)
8. FL (25mL ha-1 – B1)
9. FL (37,5mL ha-1 – B1)
10. FL (50mL ha-1 – B1)
Média
C.V.(%)
Comprimento
--- mm --27,850 b
29,325 a
29,425 a
30,075 a
29,425 a
28,950 b
29,500 a
28,700 b
28,650 b
28,775 b
29,068
2,36
Características avaliadas2
Elongação
Uniformidade Resistência
-- % (UI) -- --- gf tex-1 ----- % --81,300 b
26,250 a
5,200 a
83,275 a
29,100 a
5,575 a
83,725 a
29,700 a
5,650 a
83,800 a
30,625 a
5,725 a
83,050 a
29,825 a
5,600 a
83,475 a
28,375 a
5,625 a
83,750 a
29,525 a
5,775 a
83,800 a
28,675 a
5,575 a
83,100 a
29,350 a
5,500 a
82,850 a
27,700 a
5,475 a
83,213
28,913
5,570
1,17
6,49
3,86
Micronaire
-- Índice -4,250 a
4,850 a
4,675 a
4,725 a
4,700 a
4,775 a
4,750 a
4,675 a
4,550 a
4,650 a
4,660
5,33
1
TS = tratamento de sementes (semeadura); FL = pulverização foliar (nos estádios V 3 e B1).
2
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo método de agrupamento de
Scott-Knott, em nível de 5% de probabilidade.
Na análise de regressão, verificaram-se diferenças significativas (P<0,05) para as
variáveis uniformidade de fibra (aplicação foliar no V 3 e tratamento de sementes) e
comprimento de fibra (tratamento de sementes). Todas as equações ajustadas apresentaram
tendência linear crescente (Tabela 2), ou seja, elevações na dose do biorregulador, aumentam
a qualidade da fibra, quanto a uniformidade (aplicação foliar e tratamento de sementes) e
comprimento (tratamento de sementes).
53
Tabela 2. Equações de regressão polinomial, ajustadas para as variáveis referentes a qualidade
de fibra do algodão, da cultivar CD 410, em resposta a diferentes doses e formas de
aplicação, do produto Stimulate® 10X.
Variável
Uniformidade
Uniformidade
Comprimento
R2
0,9443
0,8981
0,9548
Forma de aplicação
Foliar em V3
Tratamento de sementes
Tratamento de sementes
Equação
Ŷ = 81,485+0,0501*X
Ŷ = 81,561+0,0521*X
Ŷ = 27,959+0,0108*X
Com relação ao comprimento das fibras e sua uniformidade, ocorre uma forte relação
com outras características das fibras e da massa dos fios têxteis, conseqüentemente
influenciam nos processos subseqüentes à fiação e as características dos tecidos (SESTREN;
LIMA, 2007). Desde modo, fitorreguladores com o Stimulate ®, podem contribuir na cadeia
produtiva, gerando produtos com maior aptidão têxtil e, por conseguinte, aumentando a
rentabilidade dos produtores da fibra, já que agrega mais valor ao produto.
Referências
SANTOS, C. M. G.; VIEIRA, E. L. Efeito de bioestimulante na germinação de sementes,
vigor de plântulas e crescimento inicial do algodoeiro. Magistra, Cruz das Almas, v. 17, n. 3,
p. 124-130, 2005.
SESTREN, J. A.; LIMA, J. J. Características e classificação da fibra de algodão. In: FREIRE,
E.C. (Ed.) Algodão no cerrado do Brasil. Brasília, DF: ABRAPA, 2007. p. 765-820.
STOLLER DO BRASIL. Stimulate Mo em hortaliças: informativo técnico. Cosmópolis:
Stoller do Brasil. Divisão Arbore, 1998. 1v.
54
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SUBSTRATOS PARA PRODUÇÃO DE
MUDAS DE ALFACE AMERICANA NO SISTEMA ORGÂNICO
Fernando Marcelo Chiamolera1; Tatiana Pagan Loeiro da Cunha1; Cristiaini Kano1 e
Joaquim Adelino de Azevedo Filho1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
É crescente a demanda por substratos, utilizados principalmente na produção de
plantas ornamentais, hortaliças em recipientes e mudas (ABREU M.; ABREU, C.;
BATAGLIA, 2002). Grande parte dos substratos é produzida utilizando-se turfa como
componente principal, mas são crescentes os esforços visando à substituição deste material,
devido a questões de proteção ambiental (BAUMGARTEN, 2002). Os compostos orgânicos
podem atender plenamente esta demanda, principalmente em sistemas orgânicos de produção,
que impedem o uso de fertilizantes sintéticos de elevada solubilidade.
O sucesso de uma cultura depende em grande parte da utilização de mudas de alta
qualidade (MINAMI, 1995), sendo o substrato um dos principais fatores envolvidos na
formação da mesma, cuja sua escolha e o manejo correto são de grande importância à
obtenção deste tipo de muda. Os substratos podem ter diversas origens, ou seja, animal
(esterco, húmus), vegetal (tortas, bagaços, xaxim, serragem), mineral (vermiculita, perlita,
areia) e artificial (espuma fenólica, isopor).
Existem no mercado diversas marcas comerciais de substratos que são capazes de
proporcionar um desenvolvimento satisfatório das mudas. Entretanto, esses produtos contêm
adubos químicos solúveis, que são proibidos na agricultura orgânica, conforme preceituam as
entidades certificadoras de produtos orgânicos. Além disso, os produtores orgânicos devem
buscar alternativas que independam, ao máximo, da aquisição de insumos externos às
propriedades, como preceitua o princípio da auto-suficiência (independência) dos produtores
orgânicos.
Conforme informações da empresa BioRica®, o uso de vermiculita, em produção de
mudas, vem crescendo de forma exponencial, pois além de ser um condicionador de solos,
proporciona excelente enraizamento e germinação em solos antes compactados, retendo mais
nutrientes e água/ar, disponibilizando-os mais facilmente às plantas, além de servir de base de
toda nutrição vegetal. Regenera química, física e biologicamente solos tratados por método
químico ou térmico, não dispensando o uso de outros microrganismos benéficos do solo.
55
Tem-se recomendado comercialmente à mistura de 20 a 50% da vermiculita na composição
de substratos ou compostos.
O objetivo desse trabalho foi avaliar combinações de BioRica Vermiculita® expandida
bioenriquecida com composto orgânico de restos vegetais na produção de alface americana.
Palavras-chave: Lactuca sativa L. Mudas. Substrato.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em estufa da unidade experimental do Pólo Leste da
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, em Monte Alegre do Sul/SP, pertencente à
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - APTA/SAA, no período
de janeiro a fevereiro de 2008. Está localizada a 22º 43’ de latitude sul e 46º 37’ de longitude
oeste e altitude próxima de 920m.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com quatro
repetições e 11 tratamentos. Os tratamentos foram resultantes das combinações de cinco
porcentagens de vermiculita (0; 15; 30; 45 e 60%) com o composto de restos vegetais
(“composto A”) e com o composto de restos vegetais misturado com 30% de terra (“composto
B”) apresentados na Tabela 1.
Foram utilizadas sementes peletizadas da alface americana cultivar Lucy Brown
semeadas em bandeja de poliestireno expandido com 288 células.
A BioRica Vermiculita® expandida bioenriquecida utilizada no experimento possui
40% de SiO2; 3,5cmol dm-3 de Mg; pH = 7 e condutividade elétrica média de 0,6mS/cm.
A semeadura foi realizada no dia 04/01/2008 e a avaliação do desenvolvimento das
mudas, aos 31 dias após a semeadura, foi através da altura das mudas, do número de folhas,
da massa fresca e massa seca da parte aérea e das raízes e da porcentagem do total de
plântulas emergidas. As raízes foram separadas da parte aérea, lavadas e deixadas sobre um
papel para eliminar o excesso de umidade para posterior determinação de massa fresca. A
massa de material seco da parte aérea e das raízes das mudas foi obtida após secagem dessas
amostras em estufa de circulação forçada de ar a 65ºC até atingirem massa constante.
Os dados foram submetidos ao teste F da análise de variância e em caso de efeito
significativo para tratamentos realizou-se o teste de Tukey a 1% de probabilidade.
56
Resultados e Discussão
Houve diferença estatística entre os tratamentos para as características avaliadas,
exceto para a porcentagem do total de plântulas emergidas (Tabela 2).
A maior massa fresca e massa seca da parte aérea das mudas foi obtida no T2 (540 e 68,8 mg
muda-1) e T1 (471,7 e 59,5mg muda-1) não diferindo estatisticamente entre si.
Para a massa fresca e massa seca de raiz e para a altura das mudas, o T1 foi o
tratamento que teve maior valor (50,4 e 34mg muda -1 e 5,7cm) e quanto ao número de folhas
por muda, o T6 foi o tratamento que teve menor número.
Conclui-se que nas condições em que o experimento foi conduzido, entre os
tratamentos avaliados, as mudas obtidas do T1 foram as que apresentaram melhor
desempenho para a produção de mudas de alface americana cultivadas sem utilização de
adubação química e orgânica complementar em cobertura.
Com esse experimento obtiveram-se opções de substratos resultantes de misturas de
material orgânico, para serem utilizados na produção de mudas de hortaliças, em busca de
alternativas para diminuir a utilização de turfa como componente principal na composição de
substratos, pois são crescentes os esforços visando à substituição deste material, devido a
questões de proteção ambiental.
Tabela 1. Substratos utilizados para a produção de mudas de alface americana. APTA/Pólo
Leste, Monte Alegre do Sul/SP, 2008.
Tratamentos
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
T11
(100% Composto A + 0% Vermiculita)
(85% Composto A + 15% Vermiculita)
(70% Composto A + 30% Vermiculita)
(55% Composto A + 45% Vermiculita)
(40% Composto A + 60% Vermiculita)
(100% Vermiculita)
(100% Composto B + 0% Vermiculita)
(85% Composto B + 15% Vermiculita)
(70% Composto B + 30% Vermiculita)
(55% Composto B + 45% Vermiculita)
(40% Composto B + 60% Vermiculita)
Composto A = composto a base de restos vegetais; Composto B = composto a base de restos vegetais
misturado com 30% de terra.
57
Tabela 2. Massa fresca da parte aérea das mudas (MFPA), massa seca da parte aérea das
mudas (MSPA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da raiz (MSR), altura das
mudas, número de folhas por muda (NF) e total de plântulas emergidas obtidos em
cada tratamento utilizado. APTA/Pólo Leste, Monte Alegre do Sul/SP, 2008.
Tratamentos
MFPA
MSPA
-1
(mg muda )
MFR
-1
(mg muda )
MSR
-1
(mg muda )
Altura
NF
-1
(mg muda )
Total de
plântulas
(cm)
emergidas
(%)
1
471,7 A
59,5 A
50,4 A
34,0 A
5,7 A
4,0 A
93,0 A
2
540,0 A
68,8 A
33,3 B
26,7 AB
5,4 AB
4,0 A
92,0 A
3
250,0 B
32,8 BC
22,8 BCD
20,4 BCD
4,1 C
4,0 A
97,5 A
4
208,3 BCD
30,3 BCD
20,1 BCD
15,6 BCD
3,9 C
4,0 A
94,0 A
5
130,0 CD
20,5 CD
17,0 CD
14,3 CD
3,4 CD
3,75 A
96,5 A
6
100,0 D
17,6 D
10,1 D
8,5 D
2,7 D
3,0 B
83,0 A
7
214,9 BCD
34,8 BC
20,3 BCD
18,7 BCD
4,2 C
4,0 A
96,0 A
8
230,0 BC
40,0 B
25,2 BC
23,2 ABC
3,8 CD
4,0 A
92,0 A
9
208,3 BCD
34,7 BC
21,9 BCD
19,4 BCD
4,4 BC
3,75 A
90,0 A
10
174,3 BCD
30,8 BCD
20,6 BCD
19,0 BCD
3,9 C
4,0 A
93,0 A
11
220,0 BC
36,0 B
24,7 BC
16,5 BCD
4,0 C
3,75 A
94,0 A
19,0
16,1
23,9
24,6
11,0
7,0
6,1
32,2**
25,9**
12,8**
7,6**
13,1**
5,0**
0,97ns
CV (%)
F
ns
**
Não significativo pelo teste F da análise de variância.
Significativo a 1% de probabilidade.
Referências
ABREU, M. F.; ABREU, C. A.; BATAGLIA, O. C. Uso da análise química na avaliação da
qualidade de substratos e componentes. In: FURLANI, A. M. C. Caracterização, manejo e
qualidade de substratos para produção de plantas. Campinas, SP: Instituto Agronômico,
2002. p. 17-28.
BAUMGARTEN, A. Methods of chemical and physical evaluation of substrate for plants. In:
FURLANI, A.M.C. Caracterização, manejo e qualidade de substratos para produção de
plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 2002. p. 7-15.
MINAMI, K. Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. Piracicaba: T.A.
Queiroz, 1995, 135 p.
58
INFECÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE Meloidogyne incognita EM TRÊS
CULTIVARES DE ALFACE
Klayton Flávio Milani1; Fernando Marcelo Chiamolera1; Tatiana Pagan Loeiro da
Cunha1; Heriksen Higashi Puerari1; Cláudia Regina Dias-Arieira1 e Rerison Catarino
da Hora1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
Nos últimos anos o cultivo de hortaliças no Paraná vem experimentando aumentos
substanciais na produtividade. Dados da SEAB (2007) mostram que apesar da área cultivada
ter diminuído entre os anos de 1993 a 2003, passou de 65.601ha para 62.551ha, a produção
aumentou, no mesmo período, de 1.039.220t para 1.460.609t. Culturas como batata, alho e
cebola estão entre as hortaliças que apresentaram maiores reduções em área cultivada,
enquanto a alface, beterraba, cenoura e repolho destacam-se pelo aumento da mesma. A
alface (Lactuca sativa L.) é uma hortaliça folhosa de grande importância econômica no Brasil,
consumida principalmente na forma in natura. Esta hortaliça é altamente suscetível a
infestações por nematóides de galhas (Meloidogyne spp.), principalmente M. incognita e M.
javanica (NETSCHER; SIKORA, 1990). Esse patógeno tem alta taxa reprodutiva,
acumulando no solo grande quantidade de ovos (CAMPOS et al., 2001). O sintoma
ocasionado no sistema radicular é caracteristicamente a formação de galhas, no entanto, na
parte aérea eles são bastante variáveis. Plantas de alface, atacadas por nematóides, apresentam
sintomas como deficiência nutricional e nanismo, o que compromete o seu valor comercial
(NETSCHER; SIKORA, 1990). Perdas de 10 a 100% nesta cultura foram relatadas no
Panamá por Pinochet (1987). Apesar da suscetibilidade comprovada desta cultura a tais
patógenos, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a infecção e o desenvolvimento de
M. incognita no sistema radicular de diferentes cultivares de alface.
Palavras-chave: Lactuca sativa, nematóide de galhas, suscetibilidade.
Material e Métodos
Plântulas de alface de três cultivares, sendo essas, Amanda (crespa) Elisa (lisa) e Lucy
Brown (Americana), foram produzidas em bandejas de isopor contendo o substrato
Plantmax®. Após 15 dias da semeadura as plantas foram transplantadas para copos plásticos,
com capacidade de 300mL, contendo somente areia autoclavada. Apenas uma planta foi
59
transplantada por copo. Três dias após o transplantio, as mesmas foram inoculadas com uma
suspensão contendo aproximadamente 800 ovos e juvenis de M. incognita. O nematóide foi
inoculado através de orifícios abertos no solo ao redor de cada planta. O inóculo foi obtido a
partir de raízes de tomateiro cv. Santa Cruz, sendo extraídos segundo a metodologia de
Hussey e Barker, adaptada por Boneti e Ferraz (1981). As plantas foram mantidas em
condições ambientais e irrigadas sempre que necessário. Do primeiro até o 40° dia após a
inoculação, três plantas de cada cultivar foram coletadas a cada cinco dias. As raízes foram
lavadas em água e submetidas à técnica de coloração de Byrd, Kerpatrick e Barker (1983).
Posteriormente foram avaliadas ao microscópio óptico quanto à presença e ao estádio de
desenvolvimento dos nematóides, que foram classificados como: a) J2 (juvenil de segundo
estádio); b) J3 e J4 (juvenis de terceiro e quarto estádio); c) fêmeas. O experimento constou de
três tratamentos, sendo estes as diferentes cultivares de alface, e três repetições. Os dados
obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Observou-se que após cinco dias de inoculação já haviam juvenis no interior do
sistema radicular das cultivares de alface (Tabela 1) e que o número de espécimes as
diferentes cultivares foram estatisticamente iguais (P<0,05). Quinze dias após a inoculação,
detectou-se a presença de J3/J4 e fêmeas no sistema radicular das plantas. Neste período, o
menor número de J3/J4 foi observado para a cultivar Amanda (crespa), no entanto, foi nesta
que se obteve o maior número de fêmeas. Os maiores números de fêmeas foram observados
após 30 dias da inoculação. Este resultado é devido ao período médio necessário para que esta
espécie complete seu ciclo de vida no sistema radicular do hospedeiro, que em geral é de
aproximadamente quatro semanas. Observou-se ainda, que apesar de algumas diferenças
estatísticas nos números de juvenis ou fêmeas, o número total de nematóides no sistema
radicular das plantas, em todas as épocas de avaliação, foi estatisticamente igual para as
diferentes cultivares, o que mostra que não há diferença entre a suscetibilidade entre os
materiais avaliados. No trabalho realizado por Wilcken, Garcia e Silva (2004) todas as
cultivares de alface avaliadas também se comportaram como suscetíveis a M. incognita raça
2, inclusive as cultivares Lucy Brown e Elisa, nas quais o fator de reprodução foi igual a 2,33
e 1,25, respectivamente. Charchar e Moita (2005) citam como altamente suscetíveis a M.
incognita raça 1 e M. javanica as cultivares Vitória e Regina e como suscetíveis Vitória de
Verão, Baba, White Boston e Piracicaba-65. Além da suscetibilidade a M. javanica e M.
60
incognita citam-se ainda como patogênicos a cultura da alface as espécies M.arenaria, M.
hapla e M. petuniae (CHARCHAR; EISENBACK; HERSECHAMANN, 1999). Por outro
lado, outras cultivares de alface não avaliadas neste experimento, como Sea Green Nua, Bix,
Romana Balão e Ferry Morse, são citadas como resistentes ou altamente resistentes a espécies
de Meloidogyne (Charchar, 1991).
O trabalho permitiu concluir que não houve diferença significativa entre o número
total de nematóides no sistema radicular das diferentes cultivares avaliadas, independente da
época de avaliação.
Tabela 1. Número médio de nematóides nas raízes nas cultivares de alface até 40 dias após a
inoculação com 800 ovos de Meloidogyne incognita. Médias seguidas da mesma
letra, na mesma linha, não diferem entre si pelo teste Tukey 5%.
Dias após a
inoculação
Tratamentos
Estádio do nematóide
J2
5
(Elisa)
(Lucy Brown)
4,00
0,33
0
0
ns
4,33
0
0
0
ns
4,00
0,33
ns
6,00
7,33
0
0
4,33
9,67
J3/J4
0
Fêmeas
0
J2
0
0
9,67
ns
6,00
7,33
2,33
ns
5,67
2,33
J3/J4
0,33 a
2,67 b
1,67 ab
Fêmeas
4,33 b
2,33 a
3,33 ab
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
7,00 ns
10,67
7,33
J2
0a
J3/J4
Fêmeas
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
J2
25
(Amanda)
Fêmeas
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
20
Americana*
0
J2
15
Lisa*
J3/J4
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
10
Crespa*
J3/J4
Fêmeas
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
0a
3,33 b
6,67
ns
8,67
4,67
4,00
ns
2,00
2,67
10,67
10,67
2,00 a
9,33 b
1,67 a
7,00
ns
13,33
6,00
5,67
ns
17,33
12,67
40,00
20,33
10,67
14,67
61
ns
ns
J2
30
J3/J4
8,33 ab
1,00 a
11,33 b
ns
13,33
10,67
ns
22,33
17,67
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
34,33 ns
36,67
39,67
J2
0 ns
2,33
2,33
Fêmeas
35
J3/J4
Fêmeas
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
J2
40
J3/J4
Fêmeas
Total (J2+J3/J4+Fêmea)
5,67
20,33
2,00
ns
3,00
1,67
30,00
ns
13,33
7,67
32,00
ns
18,67
11,67
1,00
ns
3,67
5,00
9,33
ns
28,67
22,00
47,33 b
16,00 a
79,67
43,00
28,33 ab
38,67
ns
*Média de três repetições.
ns
Não significativo a 5% de probabilidade.
Referências
BONETI, J. I. S.; FERRAZ, S. Modificação do método de Hussey e Barker para extração de
ovos de Meloidogyne exigua de raízes de cafeeiro. Fitopatol. Bras., Brasília, DF, v. 6, p. 553,
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62
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v. 71, p. 379-381, 2004.
63
CRESCIMENTO DE PLANTAS DE MILHO EM UM LATOSSOLO ARENOSO
ADUBADO COM CINZA DE CASCA DE ARROZ E DUAS FONTES DE
NITROGÊNIO
1
1
Itamar P. Palma ; Antonio Nolla ; Leandro B. da S. Volk1; Thiago de Oliveira Gaviolli1
e Gerson Sander
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
Na região noroeste do Paraná, os solos da formação Caiuá caracterizam-se por serem
arenosos, pertencentes às classes texturais areia e areia franca. Em função dessas
características, esses solos apresentam limitações à produção de culturas de lavouras em
escala comercial. Considerando que a região é caracterizada por apresentar pequenas
propriedades com agricultura familiar, surge como alternativa o uso de adubos orgânicos e
resíduos agroindústrias como fontes baratas de nutrientes ao solo. O carbono é o elemento
principal existente nestes compostos, mas destacam-se também as presenças de N, P, K, Ca,
Mg, Cu, B, entre outros, que apresentam liberação lenta (ANTONIOLLI et al., 1996).
A CCA apresenta potencial de uso na correção da acidez do solo pelo aumento do pH
e como fonte de fósforo e potássio, justificando seu uso como substrato para a produção de
mudas de hortaliças conforme Santin e Vahl (1985) e Pauleto e Nachtigall (1990).
Dentre outros resíduos, pode-se destacar o lodo de biodigestor, ou biossólido,
resultante do processo de digestão anaeróbica de esterco suíno, que apresenta potencialidade
para utilização agrícola. Este resíduo contém considerável percentual de matéria orgânica e de
elementos essenciais para as plantas, podendo substituir, ainda que parcialmente, os
fertilizantes minerais.
O objetivo deste trabalho foi verificar a influência da adição de doses crescentes de
cinza de casca de arroz juntamente com duas fontes de nitrogênio em um Latossolo Vermelho
distrófico psamítico no desenvolvimento de plantas de milho.
Palavras-chave: Arenito. Solo. Adubação. Fertilidade.
Material e métodos
O experimento foi realizado na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Campus
Regional de Umuarama (CAU), junto ao Laboratório de Análise Química de Solos, no ano de
2007, utilizando-se um Latossolo Vermelho distrófico psamítico (LVd) coletado na camada
64
de 0 - 20cm. O solo foi seco ao ar e passado por peneira com abertura de malha de 2mm,
posteriormente acondicionado em vasos com capacidade de 3L. Os tratamentos utilizados
neste trabalho consistiram do fatorial duplo (4 x 3) de quatro doses de cinza da casca de arroz
(0, 35, 70 e 100Mg ha-1) e três formas de adubação nitrogenada: 0kg ha -1 de N (testemunha) e
doses equivalentes a 100kg ha-1 de N na forma de uréia (222kg ha-1) e de lodo de biodigestor
(6.670L ha-1). Nesses vasos foi semeado milho de forma a obter 2 plantas por vaso, as quais
foram conduzidas por 45 dias. O solo foi amostrado, seco ao ar e homogeneizado e destinado
a avaliação do pH em água, em cloreto de cálcio e em solução tampão SMP, assim como dos
teores de Al + H (SAMBATTI et al., 2003), e Al, Ca, Mg, P e K, conforme metodologias
descritas em Embrapa (1999). Após 45 dias da emergência das plantas, realizou-se a coleta
destas para serem analisadas, para obtenção de altura de planta, massa seca da parte aérea e
diâmetro médio de caule. A altura de planta foi obtida com auxilio de trena, medindo do nível
do solo ao ponto mais elevado da planta. As plantas foram secas em estufa com temperatura
de 65ºC até atingirem massa constante para a obtenção da massa seca da parte aérea. O
diâmetro médio de caule foi medido com paquímetro de forma perpendicular ao eixo do
caule, obtendo-se o maior e o menor diâmetro para uma mesma planta, em função da
disposição das folhas da planta de milho, e em seguida o diâmetro médio. O experimento
obedeceu ao delineamento de blocos inteiramente casualizados, com 4 repetições. A análise
de variância das médias dos resultados obtidos foi efetuada pelo teste de Tukey com nível de
5% de significância.
Resultados e discussão
Pode ser evidenciado nas Tabelas 1, 2 e 3 que com a adição de doses crescentes CCA,
independentemente do uso de adubação nitrogenada, os valores de pHCaCl2 e pHSMP
apresentaram aumento gradual e significativo, levando à redução dos teores de alumínio
trocável e a acidez potencial, o que também foi observado por Donega et al. (2007). Isso
ocorreu devido à liberação de carbonato de potássio durante a reação da cinza no solo,
equivalendo ao efeito da calagem (FERREIRA; SCHAWARZ; STRECK, 2000).
65
Tabela 1. Valores de pH em CaCl2, água e SMP e teores de Al, Al + H, Ca, Mg, K e P, em
função da adubação com CCA sem adição de nitrogênio para a cultura do milho.
pH
Tratamento
CaCl2
H2 O
Al3+
Al3+ + H+
Ca2+
Mg2+
K+
P
SMP
---------------------------- cmolc dm-3 -----------------------
mg dm-3
0 CCA
4,18 c
6,10 a
5,45 b
0,70 a
5,76 a
0,65 d
0,30 d
0,17 c
9,06 d
35 CCA
4,75 b
6,13 a
5,48 b
0,13 b
5,69 a
0,89 c
0,60 c
0,29 b
54,60 c
70 CCA
4,63 b
5,88 a
5,58 ab
0,10 b
5,43 ab
1,10 b
0,97 b
0,49 a
103,23 b
100 CCA
4,85 a
6,03 a
5,70 a
0,08 b
5,10 b
1,20 a
1,37 a
0,55 a
135,74 a
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
Tabela 2. Valores de pH em CaCl2, água e SMP e teores de Al, Al + H, Ca, Mg, K e P, em
função da adubação com CCA com adição de uréia para a cultura do milho.
pH
Tratamento
CaCl2
H2O
Al3+
Al3+ + H+
Ca2+
Mg2+
K+
P
SMP
---------------------------- cmolc dm-3 -----------------------
mg dm-3
0 CCA + Úréia
3,98 c
5,63 b
5,38 c
0,93 a
5,96 a
0,60 c
0,24 d
0,13 c
9,50 d
35 CCA + Uréia
4,55 b
6,03 a
5,50 b
0,23 b
5,63 b
0,91 b
0,58 c
0,23 b
52,31 c
70 CCA + Uréia
4,53 d
5,88 a
5,58 ab
0,08 c
5,43 bc
1,15 a
0,90 b
0,37 b
104,57 b
100 CCA + Uréia
4,83 a
6,00 a
5,60 a
0,05 c
5,36 c
1,19 a
1,20 a
0,47 a
131,35 a
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
Tabela 3. Valores de pH em CaCl2, água e SMP e teores de Al, Al + H, Ca, Mg, K e P, em
função da adubação com CCA com adição de lodo de biodigestor para a cultura do
milho.
pH
Tratamento
CaCl2
H2 O
Al3+
Al3+ + H+
Ca2+
Mg2+
K+
P
SMP
---------------------------- cmolc dm-3 -----------------------
mg dm-3
0 CCA + Lodo
4,33 c
6,08 a
5,40 b
0,73 a
5,89 a
0,66 c
0,30 c
0,18 c
9,30 d
35 CCA + Lodo
4,70 b
6,13 a
5,48 b
0,13 b
5,69 a
0,97 b
0,66 bc
0,29 b
57,09 c
70 CCA + Lodo
4,75 ab
5,93 a
5,60 a
0,08 b
5,36 b
1,24 a
1,08 ab
0,41 a
112,39 b
100 CCA + Lodo
4,93 a
5,98 a
5,65 a
0,08 b
5,23 b
1,51 a
1,46 a
0,47 a
152,01 a
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%
Ainda nas Tabelas 1, 2 e 3, observa-se que, com o aumento da doses de CCA
adicionado ao solo, os teores de Ca, Mg, P e K também aumentaram, como observado por
Antoniolli et al. (1996) e Gaviolli et al. (2007). A adubação nitrogenada na forma de uréia
(Tabela 2) e de lodo de biodigestor (Tabela 3) não influenciaram os teores de Ca, Mg, P e K.
Observa-se na Figura 1 que com o aumento das doses de CCA, a altura de plantas
(Figura 1a), a massa seca de plantas (Figura 1b) e o diâmetro médio de colmos (Figura 1c)
66
aumentaram até próximo a dose de 70Mg ha-1, o que se deveu ao maior fornecimento de
nutrientes pela CCA (Tabelas 1, 2 e 3), igualmente ao observado por Gaviolli et al. (2007).
Com o fornecimento de nitrogênio mineral na forma de uréia, que é prontamente
disponível, as plantas de milho apresentaram maior altura de planta (Figura 1a), maior massa
seca de planta (Figura 1b) e maior diâmetro médio de colmos (Figura 1c) que os demais
tratamentos.
Os tratamentos que receberam lodo de biodigestor apresentaram menor altura e massa
seca de plantas e menor diâmetro médio de colmos que os tratamentos que receberam uréia.
Isto ocorreu devido a imobilização temporária do nitrogênio contido no lodo pela microbiota
do solo e teve de ser mineralizado antes da planta o absorver. Os tratamentos que não
receberam nenhuma fonte de nitrogênio foram os que apresentaram as menores altura de
planta, massa seca de planta e diâmetro médio de colmo, semelhante ao observado em
Gaviolli et al. (2007).
b
a
c
Figura 1. Relação entre a aplicação de doses crescentes de cinza de casca de arroz e altura de
plantas (a), massa seca de planta (b) e diâmetro médio do caule (c), sem e com
adição de uréia e lodo de biodigestor.
67
Referências
ANTONIOLLI, Z. I. et al. Iniciação à minhocultura. Santa Maria: Ed. da Universidade
Federal de Santa Maria, 1996. 96 p.
BARBER, S. A. Soil nutrient bioavailability: a mechanistic approach. 2nd. ed. New York:
John Wiley & Sons, 1995. 414 p.
DONEGA, M. A. et al. Avaliação do uso de casca de arroz carbonizada no desenvolvimento
do sistema radicular do milho (Zea mays L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIENCIA
DO SOLO, 31., 2007, Gramado. Anais... Viçosa: SBCS, 2007.
EMBRAPA. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Brasília, DF:
Embrapa CTT, 1999. 370 p.
FERREIRA, T. N.; SCHWARZ, R. A.; STRECK, E. V. (Coord.). Solos: manejo integrado e
ecológico - elementos básicos. Porto Alegre: Emater/RS, 2000. 95 p.
GAVIOLLI, T. O. et al. Correção da acidez do solo, fertilização e crescimento do milho (Zea
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DE CIÊNCIA DO SOLO, 31., 2007, Gramado-RS. Anais... Porto Alegre, RS: UFRS, 2007.
CD ROM.
PAULETTO, E. A.; NACHTIGALL, G. R. Adição de cinza de casca de arroz em dois solos
do município de Pelotas, RS. Rev. Bras. Cien. Solo, Campinas, SP, n. 14, p. 255-58, 1990.
SAMBATTI, J. A. et al. Estimativa da acidez potencial pelo método do pH SMP em solos da
formação Caiuá – noroeste do estado do Paraná. Rev. Bras. Cien. Solo, Campinas, SP, v. 27,
p. 257-264, 2003.
SANTIN, M. J.; VAHL, L. C. . Aproveitamento da cinza de casca de arroz como corretivo
de acidez e da fertilidade do solo. Pelotas: CNPq.1995
TENNANT, D. A test of a modified line intersect method of estimating root length. J. Appl.
Ecol., Oxford, v. 63, p. 995-1001, 1975.
68
AVALIAÇÃO DE DOSES CRESCENTE DE FÓSFORO E CALCÁRIO NO
RENDIMENTO DO MILHO EM UM LATOSSOLO ARENOSO SOB SISTEMA
PLANTIO DIRETO
1
1
Gerson Sander ; Antonio Nolla ; Leandro B. da S. Volk1; Itamar P. Palma1; Thiago de
Oliveira Gaviolli1 e William Silva1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
A maioria dos solos do cerrado brasileiro apresentam problemas de acidez, com pHH2O baixo (<5,5), alta concentração de alumínio (> 1,0cmolc kg-1) e baixos teores de
nutrientes como o fósforo, cálcio e magnésio, abrangendo a camada superficial (0-20 cm) e
subsuperficial (> 20cm) (SOUSA; LOBATO, 2004). Dessa forma, para que seja obtido alto
rendimento das lavouras comerciais, é necessário a correção da acidez do solo, para que as
raízes explorem um maior volume, favorecendo a absorção de água e os nutrientes pelo
vegetal (NOLLA; ANGHINONI, 2006).
No sistema plantio direto, a manutenção da palhada na superfície do solo e a mínima
mobilização, a fertilização e calagem superficial, alteram a dinâmica de nutrientes, o que gera
aumento na sua disponibilidade, especialmente fósforo e cálcio (MUZILLI, 1983; SÁ, 1993;
NOLLA; ANGHINONI, 2004).
Além disso, tem sido observada a interação entre o calcário e o fósforo no solo, na
qual o aumento de um dos insumos provoca melhor eficiência de utilização do outro pelas
plantas (VIDOR; FREIRE, 1972; PÖTTKER; BEN, 1998; FREITAS; CANTARELLA;
CAMARGO, 1999). Isto ocorre, porque a aplicação do calcário, além de neutralizar parte do
Al+3 trocável devido ao aumento de pH, proporciona diminuição na retenção de fósforo, o que
contribui para o aumento na sua disponibilidade em solução (ERNANI et al., 1996; NOLLA,
2003).
O objetivo deste trabalho foi de verificar o efeito de combinações de diferentes níveis
de calcário e de fósforo de um latossolo no crescimento de plantas de milho em plantio direto.
Palavras-chave: Milho. Calagem. Plantio direto.
Material e métodos
O ensaio foi conduzido na área experimental da Universidade Estadual de Maringá
(UEM), Campus Regional de Umuarama (CAU), no ano de 2007, sob um Latossolo
69
Vermelho distrófico psamítico (LVd), em uma área de 1024 m 2. Inicialmente, o solo foi
amostrado com trado holandês na camada de 0-20 cm, para a caracterização química, descrita
na Tabela 1.
Tabela 1. Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Argissolo Vermelho Amarelo
distrófico típico sob campo natural.
pH
(H2O)
1:2,5
5,0
Ca
Mg
Al
P
K
----- cmolc dm-3 ----- - mg dm-31,0
0,4
0,6
3,5
78
S
H+Al
T
------cmolc dm-3-----1,63
3,17
4,80
V
--%-34
M.O
g kg-1
15
Ca, Mg, Al = (KCl 1 N); P, K = (HCl 0,05 N + H2SO4 0,025 N); S = soma de bases; H+Al = acidez potencial
(Acetato de cálcio); T= CTC pH 7; V= Saturação por bases; m = Saturação por alumínio; MO= (Walkley-Black).
Inicialmente, procedeu-se à dessecação das espécies espontâneas e naturais da área,
utilizando-se Glyfosate (Roundup) na dosagem de 5L ha-1 de produto comercial.
Posteriormente, foi estabelecido o sistema de plantio direto na área experimental, aplicando-se
na superfície do solo, diferentes doses - 0, 500, 1000 (necessidade de calagem - V=60% PRNT 100%) e 2000 kg ha-1 de calcário e de fósforo - 0, 40, 80 e 160kg ha-1 de P2O5 na forma
de superfosfato triplo. Os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial de 4x4 (4 doses de
calcário e 4 doses de fósforo), sendo 4 repetições, com parcelas de 4m x 4m.
No primeiro ano do experimento foi implantada a cultura do milho, cultivar DG-501,
na data 09/12/2007, sob o espaçamento entre linhas de 0,9 m, de forma a obter a população de
70.000 plantas ha-1. Na implantação do experimento aplicou-se 250kg ha-1 do formulado NPK
(20-00-20) no sulco de semeadura. Durante o cultivo do milho foram feitas aplicações com
fungicidas para o controle de doenças e pragas.
A colheita do milho foi efetuada manualmente aos 120 dias da semeadura, avaliandose a produção relativa de grãos nas duas linhas centrais de cada parcela, procedendo-se em
seguida à trilhagem, sendo então determinada a produção de grãos a 14% de umidade para
cada parcela.
Estabeleceram-se relações entre a produtividade do milho e as diferentes dosagens de
fósforo e calcário aplicadas superficialmente na implantação do plantio direto. Todos os
resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa SANEST e as médias serão
comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
70
Resultados e discussão
Observa-se, de modo geral, que a aplicação de calcário e de fósforo aumentou o
rendimento de grãos de milho, conforme esperado (Tabela 2). Observa-se que onde não
aplicou-se fósforo a produtividade do milho foi menor, para cada dosagem distinta de calcário
aplicada. Isso demonstra a importância da aplicação de fósforo no incremento de rendimento
do milho. Resultados semelhantes foram observados por Vidor e Freire (1972) em sistema de
plantio convencional e por Nolla, (2003) em sistema de plantio direto. A aplicação de doses
crescentes de fósforo, por sua vez, não aumentou o rendimento do milho, para cada dosagem
distinta de calcário aplicada, o que indica que as dosagens maiores (80 e 160kg ha-1) parecem
não ser necessárias para atingir os melhores rendimentos.
Tabela 2. Rendimento de grãos de milho (kg ha-1) afetado pela aplicação de diferentes doses
de calcário e fósforo em um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob sistema
de plantio direto.
Doses de calcário, kg ha-1
P2O5 adicionado,
kg ha-1
0
500
1000
0
2329 Cb
2638 Bb
3009
Ab
3117 Ab
40
2469 Ba
2759 Ba
3211
Aa
3600 Aa
80
2508 Ba
2701 Bab
3495 ABa
3792 Aa
160
2833 Ba
2857 Ba
3468
3695 Aa
Aa
2000
Pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, médias seguidas pela mesma letra maiúscula/minúscula não diferem
estatisticamente entre si na linha/coluna.
Nos tratamentos com aplicação de 1000kg ha-1 de calcário e de 40kg ha-1 de P2O5, o
rendimento de milho foi semelhante ao obtido nos tratamentos onde aplicou-se a maior
dosagem de calcário (2000kg ha-1) e de fósforo (160kg ha-1). Isto indica que, de acordo com
Raij (1991) e Novais e Smyth (1999), a adubação fosfatada pode estar contribuindo para
neutralizar parte do alumínio, o que dispensa a aplicação de dosagens superiores dos dois
insumos testados.
Além disso, observou-se uma maior resposta do rendimento de grãos de milho em
função da aplicação de fósforo no tratamento onde não aplicou-se calcário (504kg ha-1),
enquanto nos tratamentos com menor acidez (219 e 459kg ha -1 onde aplicou-se 0,5 e 1
tonelada por hectare de calcário, respectivamente) a resposta a fósforo foi menor. Segundo
Goepfert e Freire (1972), esta menor resposta da planta a fósforo nas condições de menor
acidez (maior efeito do calcário) e vice-versa, caracteriza uma relação de substituição entre os
dois insumos. Isto pode ter ocorrido porque o fósforo acumulado tende a reagir com alumínio
71
e manganês em solos ácidos, formando compostos estáveis [Al(OH)2H2PO4 e MnPO4] de
baixa solubilidade, que precipitam (RAIJ, 1991; NOVAIS; SMYTH, 1999) em função de sua
elevada afinidade química com estes metais (HAYNES, 1984).
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fósforo na produtividade de grãos e seus componentes nos cultivares de trigo. Bragantia,
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NOLLA, A.; ANGHINONI, I. Métodos utilizados para a correção da acidez do solo no Brasil.
Rev. Cien. Ex. Nat., Garapuava, v. 6, p. 97-111, 2004.
NOVAIS, R. F. de; SMYTH, T. J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais.
Viçosa: UFV/DPS, 1999. 399 p.
PÖTTKER, D.; BEN, J. R. Calagem em solos sob plantio direto e em campos nativos do Rio
grande do Sul. In: NUERNBERG, N. J. (Ed.) Conceitos e fundamentos do sistema plantio
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SOUSA, D. M.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. 2. ed. Brasília, DF:
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1972.
72
AVALIAÇÃO DO SISTEMA RADICULAR DE MILHO ADUBADO COM CINZA DE
CASCA DE ARROZ E DUAS FONTES DE NITROGÊNIO CULTIVADO EM
LATOSSOLO ARENOSO
1
Gerson Sander ; Leandro B. da S. Volk1; Antonio Nolla1; Thiago de Oliveira Gaviolli1 e
Itamar P. Palma1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
Os solos brasileiros caracterizam-se, de forma geral, por apresentarem pH ácido, baixa
fertilidade natural, alumínio trocável em valores considerados tóxicos e reduzidos teores de
fósforos e potássio. Na região noroeste do Paraná, os solos da formação Caiuá caracterizamse por serem arenosos, pertencentes às classes texturais areia e areia franca. Em função dessas
características, esses solos apresentam limitações à produção de culturas de lavouras em
escala comercial. A cinza de casca de arroz (CCA) apresenta potencial de uso na correção da
acidez do solo pelo aumento do pH e como fonte de fósforo e potássio, justificando seu uso
como substrato para a produção de mudas de hortaliças (SANTIN; VAHL, 1985).
Dentre outros resíduos, pode-se destacar o lodo de biodigestor, ou biossólido,
resultante do processo de digestão anaeróbica de esterco suíno, que apresenta potencialidade
para utilização agrícola. Este resíduo desempenha importante papel na produção agrícola e na
manutenção da fertilidade do solo (NASCIMENTO et al., 2004).
O objetivo deste trabalho foi verificar a influência da adição de doses crescentes de
(CCA), juntamente com duas fontes de nitrogênio em um Latossolo Vermelho distrófico
psamítico no desenvolvimento do sistema radicular da cultura do milho.
Palavras-Chave: Cinza de casca de arroz. Milho. Resíduos agroindustriais.
Material e métodos
O experimento foi realizado na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Campus
Regional de Umuarama (CAU), junto ao Laboratório de Análise Química de Solos, no ano de
2007, utilizando-se um Latossolo Vermelho distrófico psamítico (LVd) acondicionado em
vasos com capacidade de 3L. Os tratamentos utilizados neste trabalho consistiram do fatorial
duplo (4 x 3) de quatro doses de cinza da casca de arroz (0, 35, 70 e 100 Mg ha-1) e três
formas de adubação nitrogenada: 0kg ha -1 de N (testemunha) e doses equivalentes a 100kg ha1
de N na forma de uréia (222 kg ha -1) e de lodo de biodigestor (6.670 L ha-1). Nesses vasos
73
foi semeado milho de forma a obter 2 plantas por vaso, as quais foram conduzidas por 45 dias.
O solo foi amostrado, seco ao ar e homogeneizado e destinado a avaliação do pH em água, em
cloreto de cálcio e em solução tampão SMP, assim como dos teores de Al + H (SAMBATTI
et al., 2003), e Al, Ca, Mg, P e K, conforme metodologias descritas em Embrapa (1999). As
quantificações do comprimento do sistema radicular e do raio radicular foram realizados,
respectivamente pelo método de Tennant (1975) e Barber (1995). As raízes restantes foram
levadas à estufa a 65°C até apresentarem massa constante obtendo-se dessa forma, a massa
seca do sistema radicular.
O experimento obedeceu ao delineamento de blocos inteiramente casualizados, com
quatro repetições. A análise de variância das médias dos resultados obtidos foi efetuada pelo
teste de Tukey com nível de 5% de significância.
Resultados e discussão
Pode ser evidenciado nas Tabelas 1, 2 e 3 que com a adição de doses crescentes CCA,
independentemente do uso de adubação nitrogenada, os valores de pHCaCl2 e pHSMP
apresentaram aumento gradual e significativo, levando à redução dos teores de alumínio
trocável e a acidez potencial, o que também foi observado por Donega et al. (2007). Isso
ocorreu devido à liberação de carbonato de potássio durante a reação da cinza no solo,
equivalendo ao efeito da calagem (FERREIRA et al., 2000).
Tabela 1. Valores de pH em CaCl2, água e SMP e teores de Al, Al + H, Ca, Mg, K e P, em
função da adubação com CCA sem adição de nitrogênio para a cultura do milho.
pH
Tratamento
CaCl2
H2 O
Al3+
Al3+ + H+
Ca2+
Mg2+
K+
---------------------------- cmolc dm-3 ----------------------0 CCA
4,18 c
6,10 a
P
SMP
5,45 b
0,70 a
5,76 a
0,65 d
mg dm-3
0,30 d
0,17 c
9,06 d
35 CCA
4,75 b
6,13 a
5,48 b
0,13 b
5,69 a
0,89 c
0,60 c
0,29 b
54,60 c
70 CCA
4,63 b
5,88 a
5,58 ab
0,10 b
5,43 ab
1,10 b
0,97 b
0,49 a
103,23 b
100 CCA
4,85 a
6,03 a
5,70 a
0,08 b
5,10 b
1,20 a
1,37 a
0,55 a
135,74 a
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
Tabela 2. Valores de pH em CaCl2, água e SMP e teores de Al, Al + H, Ca, Mg, K e P, em
função da adubação com CCA com adição de uréia para a cultura do milho.
pH
Tratamento
CaCl2
H2O
Al3+
Al3+ + H+
Ca2+
Mg2+
K+
P
SMP
---------------------------- cmolc dm-3 -----------------------
mg dm-3
0 CCA + Úréia
3,98 c
5,63 b
5,38 c
0,93 a
5,96 a
0,60 c
0,24 d
0,13 c
9,50 d
35 CCA + Uréia
4,55 b
6,03 a
5,50 b
0,23 b
5,63 b
0,91 b
0,58 c
0,23 b
52,31 c
70 CCA + Uréia
4,53 d
5,88 a
5,58 ab
0,08 c
5,43 bc
1,15 a
0,90 b
0,37 b
104,57 b
100 CCA + Uréia
4,83 a
6,00 a
5,60 a
0,05 c
5,36 c
1,19 a
1,20 a
0,47 a
131,35 a
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
74
Tabela 3. Valores de pH em CaCl2, água e SMP e teores de Al, Al + H, Ca, Mg, K e P, em
função da adubação com CCA com adição de lodo de biodigestor para a cultura do
milho.
pH
Tratamento
CaCl2
H2 O
Al3+
Al3+ + H+
Ca2+
Mg2+
K+
P
SMP
---------------------------- cmolc dm-3 -----------------------
mg dm-3
0 CCA + Lodo
4,33 c
6,08 a
5,40 b
0,73 a
5,89 a
0,66 c
0,30 c
0,18 c
9,30 d
35 CCA + Lodo
4,70 b
6,13 a
5,48 b
0,13 b
5,69 a
0,97 b
0,66 bc
0,29 b
57,09 c
70 CCA + Lodo
4,75 ab
5,93 a
5,60 a
0,08 b
5,36 b
1,24 a
1,08 ab
0,41 a
112,39 b
100 CCA + Lodo
4,93 a
5,98 a
5,65 a
0,08 b
5,23 b
1,51 a
1,46 a
0,47 a
152,01 a
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
Ainda nas Tabelas 1, 2 e 3, observa-se que, com o aumento das doses de CCA
adicionado ao solo, os teores de Ca, Mg, P e K também aumentaram, como observado por
Donega et al. (2007). A adubação nitrogenada na forma de uréia (Tabela 2) e de lodo de
biodigestor (Tabela 3) não influenciaram os teores de Ca, Mg, P e K. Observa-se nas Figuras
1a e 1b que com o aumento das doses de CCA, a massa seca e o comprimento de raízes
aumentaram, o que se deve ao maior fornecimento de nutrientes pela CCA (Tabelas 1, 2 e 3).
b
a
c
Figura 1. Relação entre a aplicação de doses crescentes de cinza de casca de arroz e massa
seca de raiz (a), comprimento radicular médio (b) e diâmetro radicular médio (c),
sem e com adição de uréia e lodo de biodigestor.
75
Com o fornecimento de nitrogênio mineral na forma de uréia, que é prontamente
disponível, as plantas de milho apresentaram maior massa seca (Figura 1a) e comprimento de
raízes (Figura 1b). Os tratamentos que receberam lodo de biodigestor apresentaram menor
massa seca e comprimento de raízes que os tratamentos que receberam uréia, por que o
nitrogênio contido no lodo teve de ser mineralizado antes da planta o absorver. O diâmetro
radicular médio não foi afetado nem pela adição de CCA, nem pelas diferentes fontes de N
(Figura 1c).
Referências
BARBER, S. A. Soil nutrient bioavailability: a mechanistic approach. 2. ed. New York:
John Wiley & Sons, 1995. 414p.
DONEGA, M. A. et al. Avaliação do uso de casca de arroz carbonizada no desenvolvimento
do sistema radicular do milho (Zea mays L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIENCIA
DO SOLO, 31., 2007, Gramado. Anais... Viçosa: SBCS, 2007.
EMBRAPA. Manual de Análises Químicas de Solos, Plantas e Fertilizantes. Brasília, DF:
1999. 370 p. Comunicação para Transferência de Tecnologia.
FERREIRA, T. N.; SCHWARZ, R. A.; STRECK, E. V. Solos: manejo integrado e
ecológico - elementos básicos. Porto Alegre: EMATER, 2000. 95 p.
NASCIMENTO, C. W. A. et al. Alterações químicas em solos e crescimento de milho e
feijoeiro após aplicação de lodo de esgoto. Rev. Bras. Cien. Solo, Campinas, SP, v. 28, n. 2,
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SAMBATTI, J. A. et al. Estimativa da acidez potencial pelo método do pH SMP em solos da
formação Caiuá – noroeste do estado do Paraná. Rev. Bras. Cien. Solo, Campinas, SP, v. 27,
p. 257-264, 2003.
SANTIN, M. J. ; VAHL, L. C. Aproveitamento da cinza de casca de arroz como corretivo
de acidez e da fertilidade do solo. Pelotas: CNPq, 1985.
TENNANT, D. A test of a modified line intersect method of estimating root length.
J. Ecol., Oxford, v. 63, p. 995-1001, 1975.
76
NECESSIDADE HÍDRICA E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO GIRASSOL
SOB PLANTIO DIRETO E DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
SUPLEMENTAR NA REGIÃO DO ARENITO CAIUÁ, ESTADO DO PARANÁ
Fabiano Petri1; Eder Pereira Gomes1; Marizangela Rizzatti Ávila1; Guilherme Balan1 e
Anderson Rotta1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
O girassol é uma planta que se adapta em diversas condições edafoclimáticas, podendo
ser cultivada no Brasil desde o Rio Grande do Sul até o hemisfério norte, no estado de
Roraima (SMIRDELE; MOURÃO JUNIOR; GIANLUPPI, 2004). O déficit hídrico é o
principal fator limitante para o desenvolvimento das culturas em solos agricultáveis. As
necessidades hídricas do girassol ainda não estão perfeitamente definidas, existem
informações que indicam desde 200mm até mais de 900mm por ciclo. Entretanto na maioria
dos casos 400 a 500mm de água, bem distribuídos ao longo do ciclo, resultam em
rendimentos próximos ao potencial máximo (CASTRO; FARIAS, 2005).
O município de Umuarama, localizado na região do Arenito Caiuá, possui precipitação
anual da ordem de 1.700mm por ano, com apenas dois meses de relativa estiagem, junho e
julho. A primeira vista, essa situação parece bastante confortável, não justificando a utilização
de irrigação em cultivos anuais. No entanto, a ocorrência casual de curtos veranicos tem, por
vezes, comprometido a produção. Veranicos de poucos dias tem potencial de considerável
quebra de produtividade devido à baixa capacidade de armazenamento hídrico dos solos da
região. Diante deste cenário, a irrigação, praticada de forma suplementar pode ser tornar uma
opção de garantia de safra. Mas, o inconstante mercado agrícola e o considerável investimento
inicial na aquisição de equipamentos de irrigação têm sido empecilhos à expansão da
agricultura irrigada na região.
O presente trabalho tem por objetivo ampliar a discussão em torno deste tema, ou seja,
a viabilidade da irrigação de forma suplementar em culturas anuais na região do Arenito
Caiuá. Neste trabalho será avaliada a resposta da cultura do girassol à irrigação suplementar,
sob diferentes coeficientes de cultura para diferentes estádios fenológicos. A cultura de
girassol foi inicialmente escolhida por seu potencial de produção de biodiesel e por se ter
poucas informações na literatura sobre sua real necessidade hídrica.
Palavras-chave: Produtividade. Biodiesel. Solo arenoso.
77
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no Campus Experimental da Universidade Estadual de
Maringá do Município de Umuarama, localizado no Noroeste do Estado do Paraná, a 430
metros acima do nível do mar, latitude 23º 47' 55'' Sul e Longitude 53º 18' 48'' Oeste. O solo
da área foi classificado como latossolo vermelho-amarelo distrófico (EMBRAPA, 1999).
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e três repetições, sendo que quatro tratamentos recebiam lâminas de água
diferentes e a testemunha apenas água das chuvas. Cada parcela irrigada continha quatro
microaspersores, um em cada canto, e o dimensionamento das parcelas era de nove metros
quadrados (3 por 3m), sendo 0,7m entre as linhas e 0,3m entre plantas. Inicialmente, fez-se a
dessecação da área, correção do solo em nível de acidez, adubação conforme sistema de
produção para cultura do girassol, instalação do sistema de irrigação e semeadura direta no dia
01/09/2007.
A cultivar de girassol empregada foi a Helio 358. Após 40 dias foi realizada a
adubação de cobertura. O manejo de irrigação foi realizado por meio de balanço hídrico
(tanque classe A e pluviômetro). Foram estabelecidas cinco fases fenológicas com diferentes
valores de coeficiente de cultura. Estabeleceu-se para primeira fase (estabelecimento) um
período de 25 dias. Considerou-se como segunda fase (desenvolvimento vegetativo) o período
de 25 dias após semeadura até o início da inflorescência. Da inflorescência até início de
enchimento dos aquênios considerou-se como terceira fase (florescimento). Do enchimento
dos aquênios até a maturação, quarta fase (frutificação). Daí em diante, até a colheita, quinta
fase (maturação).
Os valores de coeficiente de cultura adotados nas distintas fases originaram-se dos
valores propostos por Doorenbos e Kassam (1994): 0,3 a 0,4, 0,7 a 0,8, 1,05 a 1,2, 0,7 a 0,8
0,35 a 0,45, respectivamente, para as fases 1,2,3,4 e 5. Foram adotados os seguintes valores de
kc: tratamento 1 (T1) - 0,2, 0,6, 1,0, 0,6, e 0,2, tratamento 2 (T2) - 0,3, 0,7, 1,1, 0,7 e 0,3,
tratamento 3 (T3) - 0,4, 0,8, 1,2, 0,8 e 0,4, tratamento 4 (T4) - 0,5, 0,9, 1,3, 0,9 e 0,5. A
testemunha (T0) não recebeu irrigação. Ao final de cada fase, em todos os tratamentos,
analisaram-se os seguintes parâmetros ao nível de 5% de probabilidade: massa verde, massa
seca, diâmetro de capitulo, diâmetro de haste, comprimento de planta e número folhas. No
final do experimento analisou-se a produtividade.
78
Resultados e Discussão
O total de chuva durante todo ciclo da cultura foi de 449mm. As lâminas de irrigação
aplicadas nos tratamentos foram iguais a 246, 290, 335 e 379mm, respectivamente para T1,
T2, T3 e T4. Houve 20 eventos de chuva e 34 eventos de irrigação. Esta diferença de número
de vezes demonstra que de uma forma geral, a chuva foi mal distribuída, necessitando assim,
de irrigação suplementar. As produções obtidas no final do ciclo foram: 2.270, 2.240, 2.530,
3.020 e 2.465kg ha-1, para T0, T1, T2, T3, T4 e T5, respectivamente. O tratamento 3 (T3) foi
consideravelmente superior aos demais tratamentos, demonstrando que os valores de
coeficientes de cultura (kc) iguais a 0,4, 0,8, 1,2, 0,8 e 0,4, respectivamente para as fases 1, 2,
3, 4 e 5, foram os mais adequados. Estes valores representam os limites superiores dos
coeficientes propostos por Doorenbos e Kassam (1994).
Referências
CASTRO, C.; FARIAS, J. R. B. Ecofisiologia do girassol. In: LEITE, R. M. V. C.;
BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C. (Ed.). Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa, 2005. p.
163-218.
DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Efeito da irrigação no rendimento das culturas.
Campina Grande: Universidade Federal de Paraíba, 1994. 306 p. (FAO. Irrigação e
Drenagem, 33).
EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação dos solos. Brasília, DF, 1999, 412 p.
SMIRDELE, O. J.; MOURÃO JUNIOR, M.; GIANLUPPI, D. Época de plantio de girassol
para as condições dos Cerrados de Roraima. Boa Vista: Embrapa, 2004. 5 p. (Comunicado
Técnico, 9).
79
SOFTWARE PARA DIMENSIONAMENTO DE CANAIS DE SEÇÕES
ECONÔMICAS
Elton Aparecido Siqueira Martins1; Eder Pereira Gomes2; Ricardo Paupitz Barbosa dos
Santos1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Eng. Agrícola - Campus do Arenito - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
Segundo Batista e Lara (2003), a equação de Manning é a mais utilizada para
determinar vazões em canais. Na posse de todas as variáveis geométricas, a utilização da
equação é direta. No entanto, numa situação em que a vazão depende da profundidade de
escoamento, a solução depende de um processo de resolução por tentativas, igualando as
variáveis hidráulicas às variáveis geométricas. Nestas situações a resolução pode levar algum
tempo e se tornar um tanto trabalhosa.
No intuito de facilitar a solução deste tipo de problema e obter um resultado com nível
de precisão desejado, desenvolveu-se neste trabalho, o software “DIM CANAL”, em
linguagem de programação visual, para realizar o dimensionamento de canais de seções
econômicas para o fluxo de fluidos. Além de resolver problemas que dependem de variáveis
hidráulicas, o programa realiza o dimensionamento de máxima eficiência (seção econômica),
ou seja, com a máxima capacidade de vazão por unidade de área (BERNARDO; SOARES;
MONTOVANI, 2005).
Palavras-chave: Equação de Manning. Programação visual. Vazão.
Material e Métodos
Para o desenvolvimento deste software (DIM CANAL) foi usado o compilador Visual
Basic 6.0. Como o próprio nome diz, é um compilador que usa linguagem de programação
orientada a objetos, ou seja, com esse compilador é possível criar interfaces gráficas similares
às usadas no sistema operacional “Windows” da Microsoft. Foi escolhido esse compilador
pelo fato dos aplicativos desenvolvidos nele oferecer praticidade ao usuário, desde que o
programador faça bom uso das ferramentas oferecidas pelo compilador, assim mesmo um
usuário que não conheça nada sobre a linguagem de programação é capaz de utilizar o
software desenvolvido sem dificuldades. O software desenvolvido para dimensionar quatro
tipos de seções de canais: trapezoidal, triangular, retangular e circular, sendo que os
80
dimensionamentos são todos para seções econômicas e realizadas pelo método das tentativas,
exceto o de seção circular.
Resultados e Discussão
O software “DIM CANAL”, necessita que o usuário informe a declividade (I) do local
que será construído o canal, o coeficiente de rugosidade(n) do material que será utilizado, a
vazão de projeto deste canal (Qprojeto), o valor de umas das dimensões da seção do canal (essa
dimensão é apenas para iniciar as tentativas para se obter as demais dimensões) e selecionar a
precisão que deseja para ir incrementando na dimensão inicial informada pelo usuário, o
incremento padrão das tentativas usadas pelo software é de 1cm, ou seja, se caso o usuário
não alterar a precisão do incremento ela será de 1cm (sendo que esse incremento pode variar
de 1mm a 1dm). Após o usuário informar as variáveis necessárias ao software, e pedir para
que ele dimensione a seção (clicando no botão “DIMENSIONAR”), o software começa a
realizar uma seqüência de tentativas ate atingir a vazão de projeto, e para cada tentativa
realizada o software mostra na tela os valores da área molhada, perímetro molhado, raio
hidráulico, vazão calculada, velocidade de escoamento e todas as dimensões da seção para
atender as variáveis citadas neste parágrafo. As dimensões da seção com a vazão de projeto
que o usuário queria saber são mostradas, pelo software, em uma figura da seção, para
facilitar a visualização do usuário. A Figura 1 mostra a interface do software responsável por
calcular as dimensões de um canal de seção trapezoidal.
Figura 1. Interface do software para canal de seção trapezoidal.
81
Como pode ser visto na Figura 1, depois de realizar o dimensionamento da seção é
possível salvar ou imprimir o resultado gerado pela execução do software. Para simplificar o
uso do software foi adicionada uma tabela com os valores dos coeficientes de rugosidade dos
principais materiais utilizados na construção de canais.
Referências
BAPTISTA, M.; LARA, M. Fundamentos de engenharia hidráulica. 2. ed. Belo Horizonte:
Ed. da Universidade Federal de Minas Gerais, 2003. 437 p.
BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de irrigação. 8. ed.
Viçosa: Ed. da Universidade Federal de Viçosa, 2006. 625 p.
HETTIHEWA, P. Visual Basic 6: aprenda em 24 horas. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 400
p.
WANG, W. Visual Basic 6. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 485 p.
82
DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE SONHO À BASE DE MANDIOCA
COM ADIÇÃO DE FARINHA DE AVEIA E PROTEÍNAS DE SOJA: OTIMIZAÇÃO
DA ACEITABILIDADE SENSORIAL
Meire Franci Polônio Navacchi2; Kellen Cristina Rocha2; Jean Carlos Ribeiro2; Rérison
Catarino da Hora1; Manoel Genildo Pequeno1; Katiuchia Pereira Takeuchi2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Tecnologia
em Alimentos - Campus de Umuarama - PR
Introdução
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma das mais importante de nossas plantas
cultivadas, tanto em termos econômicos quanto nutricionais. O sonho de massa de mandioca é
um tipo de pão produzido com mandioca, cozida e triturada, recheado com doce em pasta,
podendo ser utilizado a goiabada, o doce-de-leite, entre outros.
O enriquecimento nutricional de alimentos, além de melhorar a qualidade da
alimentação, traz novos apelos de marketing ao produto. A adição de proteínas de soja e
farinha de aveia aos produtos de panificação industrializados apresenta diversas vantagens
tecnológicas, como o aumento de retenção de umidade, melhoria da textura, ligamento,
coesão, rendimento final e valor nutricional (ARAÚJO; CARLOS; SEDYMA, 1997).
A Análise Sensorial de produtos alimentícios permite avaliar a aceitação e preferência
destes produtos antes do seu lançamento no mercado, para isso, o mais indicado é a aplicação
de testes afetivos utilizando escalas hedônicas para a quantificação da aceitação sensorial
(DUTCOSKI, 1996) e estimativa da intenção de compra pelos consumidores-alvo.
Assim, o objetivo deste trabalho foi desenvolver formulações de sonho à base de
massa de mandioca similar ao tradicional como uma forma alternativa de nutrição de celíacos
por não apresentar glúten, recheado com goiabada. Além disso, avaliar o impacto sensorial da
adição de componentes nutricionais como a proteína de soja e farinha de aveia na aceitação
sensorial e intenção de compra do produto.
Palavras-chave: Mandioca. Panificação. Testes de aceitação sensorial. Intenção de compra.
Material e Métodos
Foram utilizadas raízes de mandioca (Manihot esculenta Crantz), variedade Fécula
Branca, cultivada na Fazenda de ensino e pesquisa do Campus Regional de Umuarama/UEM,
proveniente do Projeto de Extensão Difusão de resultados de pesquisa e multiplicação de
variedades de mandioca adaptadas à região Noroeste do Paraná, do curso de Agronomia.
83
Nas formulações de sonho de mandioca foram utilizados os seguintes ingredientes:
açúcar cristal e refinado, sal, óleo de soja, fermento biológico liofilizado para panificação,
canela em pó, extrato hidrossolúvel de soja, farinha de aveia e goiabada (doce de goiaba),
sendo estes adquiridos no comércio local.
As raízes de mandioca foram cozidas, trituradas (Extrusora de Massa,G Paniz MS 05,
Brasil), pesadas e os ingredientes (açúcar cristal, o sal, o fermento biológico e o óleo) foram
adicionados e misturados até obter uma massa homogênea e moldável. Os sonhos (cerca de
20g) recheados com goiabada (5g) foram assados em forno (Forno Tedesco Turbo Power
Expert FTT 240E, Brasil) pré-aquecido a 180°C por cerca de 20 minutos. Após o assamento,
os mesmos foram envolvidos em uma fina camada da mistura de açúcar refinado e canela em
pó.
Foram avaliadas três formulações: sonho de mandioca tradicional (controle) e
enriquecidos com farinha de soja (10% p/p) e com farinha de aveia (10% p/p).
A estimativa do grau de aceitação sensorial dos sonhos de mandioca adicionando ou
não a farinha de aveia e proteínas de soja foi realizada em relação aos atributos aparência
global, sabor e textura, usando uma escala hedônica estruturada-mista de nove pontos (1 =
desgostei extremamente; 9 = gostei extremamente) e para a estimativa da intenção de compra
foi utilizada uma escala estruturada de cinco pontos (1 = não compraria; 5 = compraria
certamente), utilizando o julgamento de 33 provadores adultos, saudáveis, com interesse de
conhecer o produto. As amostras foram avaliadas em cabines individuais, iluminadas com luz
branca. A análise dos dados foi realizada utilizando a Análise de variância (ANOVA) e Teste
de comparação de médias de Tukey, ambos ao nível de probabilidade de 5%.
Resultados e Discussão
Os resultados da análise sensorial estão apresentados na (Tabela 1), na qual as médias
de aceitabilidade e intenção de compra para cada formulação de sonho de mandioca podem
ser comparadas, em relação a cada atributo.
As formulações de sonho de mandioca: tradicional e enriquecidos com adição de 10%
(p/p) de proteínas de soja e com adição de 10% (p/p) de farinha de aveia não apresentaram
diferenças significativas entre si (p<0,05), em relação aos atributos aparência global, sabor e
textura (Tabela 1). O mesmo comportamento foi observado para a estimativa de intenção de
compra das formulações de sonho de mandioca, ou seja, a adição de proteínas de soja ou
84
farinha de aveia não alteraram a intenção de compra pelos provadores em relação ao sonho de
mandioca tradicional.
Tabela 1. Médias de aceitação sensorial das formulações de sonho de mandioca para os
atributos aparência global, sabor, textura e intenção de compra.
Atributos*
Tradicional
a
Soja
7,5 a
Aparência global
7,3
Sabor
7,7 a
7,6 a
7,8 a
7,3 a
7,1 a
7,5 a
4,2 a
4,2 a
4,5 a
Textura
Intenção de compra
7,4
Aveia
a
*As médias de aceitabilidade de um mesmo atributo contendo letras iguais indicam que não há diferença
estatística significativa entre as amostras a p>0,05. DMS – Diferença mínima significativa analisada pelo Teste
de comparação de médias de Tukey (p<0,05).
Os sonhos de mandioca tradicional (controle) contendo apenas a mandioca e os
enriquecidos com proteínas de soja e farinha de aveia não apresentaram diferenças de
aceitação (p<0,05) em termos de aparência global, sabor, textura e intenção de compra. Os
sonhos de mandioca (tradicional e os enriquecidos) apresentaram alta aceitabilidade (p<0,05),
em torno de 7-8, que implica em “gostei moderadamente” e “gostei muito”. A intenção de
compra dos produtos foi alta, em torno de 4, que implica em “possivelmente compraria”.
As formulações contendo apenas mandioca ou com adição de proteínas de soja podem
ser uma alternativa de alimentação para os celíacos, já a formulação contendo aveia, que
contém glúten não poderia ser utilizada para a alimentação destes, mas sim como uma
alternativa de alimento rico em fibras, visto que as formulações não apresentaram diferenças
significativas entre si (p<0,05).
Referências
ARAÚJO, J. M. A.; CARLOS, J. C. S.; SEDYAMA, C. S. Isoflavonas em grãos de soja:
importância da atividade de β-glicosidase na formação do sabor amargo e adstringente.
Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, SP, v. 17, n. 2, p. 137-141, 1997.
DUTCOSKI, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Champagnat, 1996. 125 p.
85
APLICAÇÃO DE URÉIA VIA ÁGUA RESIDUÁRIA DE INDÚSTRIA DE AÇÚCAR E
ALCOOL EM CANA-DE-AÇÚCAR Saccharum officinarum L.
Ricardo Gava1; Décio Mocini1 e Paulo S. L. de Freitas2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Agrícola - Campus de Cidade Gaúcha - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
No passado as indústrias sucroalcooleiras eram consideradas potencialmente
poluidoras, pela grande quantidade e diversidade de resíduos acumulados, porém, graças a
tecnologias hoje existentes, os resíduos industriais ou subprodutos do processo, são passíveis
de reutilização. O uso da vinhaça para fertirrigação foi uma das grandes revoluções no manejo
da cultura da cana-de-açúcar no Brasil, porém ela não supre a necessidade da planta em todos
os nutrientes. Desta forma buscam-se melhores dosagens de aplicação em resposta à
produtividade. O grande problema é que em se buscar uma dosagem que supra a demanda da
cultura na maioria dos nutrientes, alguns deles são aplicados em excesso poluindo o solo e o
lençol freático, por tanto pode-se buscar alternativas como enriquecimento da vinhaça com
nutrientes.
A dosagem de a aplicação de vinhaça para enriquecimento do solo agrícola, deverá ser
calculada, considerando a profundidade e a fertilidade do solo, a concentração de potássio na
vinhaça e a extração média desse elemento pela cultura (CETESB, 2005). Os solos arenosos
utilizados para as atividades agrícolas, sofrem modificações em suas propriedades físicas
originais Paraná SEAB (1994), em virtude dessas alterações nas propriedades do solo, é
comum a presença de uma camada compactada na parte superior do seu perfil. O uso de
vinhaça traz resultados positivos na produtividade agrícola da cana-de-açúcar, além de gerar
economia com a aquisição de fertilizantes, Penatti et al. (1988). Também Freire e Cortez
(2000), citam que a vinhaça proporciona benefícios biológicos, físicos e químicos ao solo,
refletindo em maiores produtividades. Desta forma o presente trabalho buscou avaliar a
possibilidade de aplicar vinhaça enriquecida com nutrientes demandados pela cultura da cana,
como também aplicar uréia pelo sistema de aplicação de vinhaça já existente, o que acarreta
em economia de mão-de-obra, além de uma diminuição no trafego de máquinas que ocasiona
grande compactação do solo.
Palavras-chave: Enriquecimento de vinhaça. Uréia. Tráfego de máquinas. Compactação do
solo.
86
Material e Métodos
Foi utilizada a cana-de-açúcar da variedade RB 867515. A aplicação dos tratamentos
constaram de uma testemunha, e três diferentes doses de aplicação de vinhaça,
correspondendo a 150, 300 e 450m3 ha-1, sendo feita a adição de 200kg ha-1 de nitrogênio,
dissolvido na água residuária e 200kg ha-1 pelo método convencional por cobertura, sendo
feita a aplicação da uréia em sulco com profundidade de 0,15m e posterior cobertura do
mesmo, de acordo com unidades produtoras da região. As parcelas de 9m2 foram divididas em
blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições.
Tabela 1. Tratamentos e formas de adição de Nitrogênio.
Tratamentos
Dosagens de Vinhaça
m3ha-1
Forma de adição de
Nitrogênio
(Uréia)
T0
-
Sistema convencional
T1
150
Sistema convencional
T2
300
Sistema convencional
T3
450
Sistema convencional
T4
150
Diluída na vinhaça
T5
300
Diluída na vinhaça
T6
450
Diluída na vinhaça
Resultados e Discussão
Os tratamentos não apresentaram diferença significativa entre as formas de aplicação
como pode-se observar no gráfico a seguir. Isso significa que se pode realizar a aplicação de
Nitrogênio na cana-de-açúcar, por meio de dissolução de uréia em vinhaça obtendo-se assim o
mesmo efeito da aplicação convencional por cobertura. Uma grande vantagem na utilização
desta prática é a redução no tráfego de máquinas, que resulta em menor compactação do solo,
pois descarta a necessidade da aplicação de uréia ser feita com a utilização de cultivadores,
que podem então, ser substituídos por sistemas de fertirrigação já existentes.
87
Toneladas por hectare
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0
100
200
300
400
500
3
Dosagem de aplicação em m /ha
convencional
dissolução
Figura 1. Comparação das formas de adição de uréia.
Este método deve ser estudado também para outros nutrientes, visando o
enriquecimento da vinhaça para suprir os demais nutrientes exportados pela cultura.
Referências
CETESB. Enriquecimento do solo agrícola. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/>
Acesso em: 01 abr. 2008.
FREIRE, W. J.; CORTEZ, L. A. B. Vinhaça de cana-de-açúcar. Guaíba: Agropecuária,
2000. 203 p.
PENATTI, C. P. et al. Efeitos da aplicação de vinhaça e nitrogênio na soqueira da cana-deaçúcar. Boletim Técnico Coopersucar, São Paulo, v. 44, p. 32-38, 1988.
PARANÁ. Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Paraná Rural. Programa de
Desenvolvimento Rural do Paraná. Manual técnico do subprograma de manejo e
conservação do solo. Curitiba, 1994. 372 p.
88
AÇÃO DA VINHAÇA NO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA CANA-DEAÇÚCAR Saccharum officinarum L.
Ricardo Gava1; Décio Mocini1 e Paulo S. L. de Freitas2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Agrícola - Campus de Cidade Gaúcha - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
A produção de álcool e açúcar no Brasil e no mundo passa por um momento de grande
crescimento. A estimativa da produção nacional de cana-de-açúcar destinada à indústria
sucroalcooleira é de 475,07 milhões de toneladas, das quais 47,0% (223,48 milhões de
toneladas) são para a fabricação de açúcar e 53,0% (251,59 milhões de toneladas) são para a
produção de álcool. Quando comparada à safra 2006/07, verifica-se um crescimento de
10,62% (45,60 milhões de toneladas). No Norte/Nordeste, o aumento foi de 11,24% (6,23
milhões de toneladas). O referido aumento foi em função das boas condições climáticas, dos
bons tratos culturais, da irrigação e da introdução de novas variedades mais produtivas. No
Centro-Sul verificou-se um incremento de 10,52% (39,37 milhões de toneladas).
Com a expansão do setor sucroalcoleiro conseqüentemente há um aumento na geração
de subprodutos, dos quais o que mais se destaca é a vinhaça, pois para cada litro de álcool
produzido, são gerados aproximadamente 15 litros deste subproduto (CONAB, 2007). Está é
utilizada como fertilizante nas lavouras, influenciando diretamente no crescimento e
desenvolvimento da cultura. Camargo (1968), afirma que o crescimento e desenvolvimento da
cana-de-açúcar, quando cultivada em condições de campo, apresenta variação nas
características morfológicas e fisiológicas, pois os colmos se apresentam mais grossos, mais
curtos, as folhas mais largas e verdes, e o perfilhamento mais intenso. Porém, Planalsucar
(1986) e Casagrande (1991), identificaram que com o aumento da temperatura acima de 20ºC
ocorre o aumento no comprimento, diâmetro e número de internódios, sendo que a faixa ideal
para desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, situa-se entre 20 a 35ºC.
Palavras-chave: Vinhaça. Desenvolvimento. Características morfológicas e fisiológicas.
Material e Métodos
Foi analisado o desenvolvimento vegetativo da cana-de-açúcar da variedade RB
867515, sob a influencia de três diferentes doses de aplicação de vinhaça, correspondendo a
89
150, 300 e 450m3 ha-1, e uma testemunha. As parcelas de 9m2 foram divididas em blocos ao
acaso, com quatro tratamentos e quatro repetições, onde foram coletados em dez colmos
escolhidos ao acaso para obtenção de uma média, os seguintes parâmetros: altura útil,
medindo-se com o auxílio de uma trena, do solo até a primeira folha positiva, pois é a parte do
colmo utilizada pela indústria (Figura1A); altura total, medindo-se com o auxílio de uma
trena, do solo até o final da folha mais alta (Figura1B); diâmetro do colmo, medindo-se com
auxilio de um paquímetro à 0,20m do solo (Figura1C).
(B)
(A)
(C)
Figura 1. Altura útil (A), altura total (B) e diâmetro de colmo (C).
Resultados e Discussão
A altura útil e altura total sofreram alterações positivas quanto ao crescimento, porém
pouco significativas, com relação ao aumento de dosagem de aplicação de vinhaça, até a dose
de 450 m3ha-1, alcançando um aumento no crescimento total de aproximadamente 3%, e no
crescimento útil esse aumento chegou a 8%.
5,35
2,85
2,8
5,3
Altura (m2)
Altura (m2)
2,75
2,7
2,65
2,6
2,55
5,25
5,2
5,15
5,1
2,5
5,05
2,45
0
150
300
0
450
150
300
Dosagem de aplicação (m 3/ha)
Dosagem de aplicação (m 3/ha)
(A)
(B)
Figura 2. Altura útil (A), Altura Total (B).
90
450
Já o diâmetro se comportou de forma semelhante, alcançando um crescimento de
aproximadamente 3% até a dosagem de 300m3 ha-1. A partir daí, com o aumento da dosagem
houve uma diminuição do diâmetro, o que acarreta queda de produção de colmos.
30
Diâmetro (mm)
29,5
29
28,5
28
27,5
27
0
150
300
450
3
Dosagem de aplicação (m /ha)
Figura 3. Diâmetro de colmo.
Referências
CAMARGO, P. N. Fisiologia da cana-de-açúcar. Piracicaba: Esalq, 1968. 38 p.
CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira Cana-de-Açúcar. Safra 2007/2008,
terceiro levantamento, novembro/2007/ Companhia Nacional de Abastecimento. - Brasília:
Conab, 2007. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/3levcana.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2008.
CASAGRANDE, A. A. Tópicos de morfologia e fisiologia da cana-de-açúcar. Jaboticabal:
FUNEP, 1991. 157 p.
PLANALSUCAR. Cultura da cana-de-açúcar: manual de orientação. Piracicaba: IAA,
Coordenadoria Regional Sul, 1986. 56 p.
91
INFLUÊNCIA DA DOSAGEM DE APLICAÇÃO DE VINHAÇA NA
INCIDÊNCIA DE PERFILHOS MORTOS DA CANA-DE-AÇÚCAR Saccharum
officinarum L.
1
Ricardo Gava ; Décio Mocini1 e Paulo S. L. de Freitas2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Agrícola - Campus de Cidade Gaúcha - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
Muito se estuda sobre os efeitos da vinhaça aplicada em grandes quantidades no solo,
porém, poucas são as pesquisas destes efeitos para as plantas. Estudos classificam o
crescimento da cultura da cana-de-açúcar de acordo com o perfilhamento, tendo separado
também em três fases: a primeira fase corresponderia à formação dos perfilhos primários, a
segunda fase ao período de grande perfilhamento e a terceira fase corresponderia ao período
de senescência dos perfilhos. Visto que a aplicação de vinhaça é feita logo na fase inicial do
perfilhamento, a dosagem de aplicação pode interferir diretamente neste processo.
O perfilhamento corresponde ao processo de emissão de colmos por uma mesma
planta que recebem a denominação de perfilhos. Na fase inicial de desenvolvimento da
cultura da cana-de-açúcar, ocorre um intenso perfilhamento, seguido de uma diminuição no
número de colmos, decrescendo mais lentamente até a época de colheita (MACHADO et al.
1982). Se esta fase for prejudicada, pode-se haver grande perda na produção de colmos,
acarretando em grandes prejuízos.
Palavras-chave: Dosagem de aplicação. Formação de perfilhos. Crescimento da cultura.
Produção de colmos.
Material e Métodos
A aplicação dos tratamentos constaram de uma testemunha, e três diferentes doses de
aplicação de vinhaça, correspondendo a 150, 300 e 450m3 ha-1. Foi utilizada a cana-de-açúcar
da variedade RB 867515 muito utilizada por indústrias da região, que está localizada no
Terceiro Planalto Paranaense e, segundo a classificação de Köeppen, apresenta clima tipo Cfa,
subtropical, com temperatura média no mês mais frio inferior a 18°C (mesotérmico) e
temperatura média no mês mais quente acima de 22°C, com verões quentes, geadas pouco
freqüentes e tendência de concentração das chuvas nos meses de verão, contudo sem estação
92
seca definida e precipitação média anual de 1.300 a 1.400mm (INSTITUTO AGRONÔMICO
DO PARANÁ, 1994).
As parcelas de 9m2 foram divididas em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e
quatro repetições. Efetuou-se a contagem, após a fase de senescência dos perfilhos, em cada
uma das parcelas, relacionado a incidência de perfilhos mortos com a dosagem de aplicação
de vinhaça.
Resultados e Discussão
Ao aumentar a dosagem de aplicação de vinhaça até 450m3, ocorre uma diminuição na
Número de perfilhos mortos
(m 2)
incidência de perfílhos mortos como se pode observar no gráfico abaixo.
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
T0
T1
T2
T3
TRATAMENTOS
Figura 1. Incidência de perfílhos mortos.
Embora ocorra esta diminuição na incidência de perfílhos mortos que é benéfica, pois,
pode refletir em aumento de produção por área, ou até mesmo em redução do número de
mudas no momento do plantio, pode-se observar que o aumento na dosagem de aplicação
Número de perfilhos vivos (m 2)
também reduziu o perfilhamento como um todo.
34
33
32
31
30
29
28
27
26
25
T0
T1
T2
Tratamentos
Figura 2. Dosagem X perfilhamento.
93
T3
Ocorreu um aumento na capacidade de perfilhar até a dosagem de 150m3. A partir daí
ocorre redução que pode-se estabilizar até a dosagem de 450m 3.
Referências
CASAGRANDE, A. A. Tópicos de morfologia e fisiologia da cana-de-açúcar. Jaboticabal:
FUNEP, 1991. 157 p.
CHRISTOFFOLETI, P. J. Aspectos fisiológicos da brotação, perfilhamento e
florescimento da cana-de-açúcar. Piracicaba, Esalq, 1986. 80 p.
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Cartas Climáticas do Estado do Paraná.
Londrina, 1994, 49 p. (Documento, 18).
MACHADO, E. C. et al. Índices biométricos de duas variedades de cana-de-açúcar. Pesquisa
Agropecuaria Brasileiria, Brasília, DF, v. 17, n. 9, p. 1323-1329, 1982.
94
INFLUÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR NA
PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR Saccharum officinarum L.
Ricardo Gava1; Décio Mocini1 e Paulo S. L. de Freitas2
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
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Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
Uma exploração agrícola sustentável requer, entre outros fatores, a manutenção e/ou
melhoria da qualidade do solo, porém, a intensificação da exploração agrícola, aliada ao uso e
ao manejo inadequados, tem provocado modificações negativas nas propriedades químicas e
físicas do solo, aumentando sua erosão e reduzindo a produtividade das culturas. As
mudanças nas propriedades químicas do solo promovidas pela aplicação da vinhaça, sem
critérios, podem alterar suas propriedades físicas, como estabilidade de agregados e
densidade.
Também as adições de resíduos orgânicos podem resultar no aumento do teor de
matéria orgânica, alterando suas características físicas como a agregação de partículas.
Palavras-chave: Propriedades químicas e físicas do solo. Vinhaça. Densidade do solo.
Material e Métodos
As parcelas de 9m2 foram divididas em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e
quatro repetições. Foi analisado o desenvolvimento vegetativo da cana-de-açúcar da variedade
RB 867515, sob a influencia de três diferentes doses de aplicação de vinhaça, correspondendo
a 150, 300 e 450m3 ha-1, e uma testemunha, no desenvolvimento do sistema radicular, e
produtividade.
A distribuição vertical do sistema radicular foi tomada margeando a linha de plantio
com o uso de um amostrador cilíndrico de 0,1016m de diâmetro, 0,10m de altura (Figura 1A),
adaptado do método de tradagem citado por Vasconcelos (2003), introduzido no perfil do solo
em intervalos de 0,10m até a profundidade de 0,50m. As amostras de raízes coletadas foram
peneiradas com malha de 2mm, lavadas (Figura 1B) e secadas em estufa com circulação
forçada de ar, a 70ºC, por 96 horas para posterior pesagem (Figura 1C).
95
(A)
(B)
(C)
Figura 1. Aparelho utilizado para extração das raízes (A), processo de lavagem (B) e pesagem
(C).
Na Figura 2 pode-se observar um gráfico da distribuição do sistema radicular da canade-açúcar e o local onde foi extraído as amostras das raízes.
0,0
0,5
Profundidade (m)
1,0
Raizes
superficiais
1,5
Raizes de
sustentação
2,0
2,5
Raizes-cordão
3,0
3,5
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
Distância do centro da touceira (m)
Figura 2. Gráfico da distribuição do sistema radicular da cultura de cana-de-açúcar.
Resultados e Discussão
O Sistema Radicular teve aumento significativo (Figura 3A), sendo praticamente
linear até a dosagem de 300m3 ha-1. Paulino (2007) estudando as conseqüências da
fertirrigação utilizando vinhaça, no solo e na cultura da cana-de-açúcar determinou que a
aplicação de vinhaça aumentou quantitativamente a massa seca das raízes, mas a concentração
das raízes na camada superficial do solo diminuiu com o número de aplicações de vinhaça e,
96
na profundidade de 0,20 a 0,40m, aumentou. Porém o aumento da quantidade de raízes no
perfil do solo, não implicou em maiores produtividades.
Estudando a influência da aplicação de diferentes doses de vinhaça em Latossolo
Vermelho, Medina et al. (2002) concluíram que a aplicação de vinhaça aumentou a área total
3
Produtividade (t.ha -1)
Massa seca das raízes (gramas)
de raízes, principalmente na profundidade de 0 a 0,25m.
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0
150
300
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0
450
3
150
300
450
Dosagem de aplicação (m3.ha -1)
-1
Dosagem de aplicação (m .ha )
(A)
(B)
Figura 3. Desenvolvimento do sistema radicular (A), produtividade de colmos (B).
Como pode-se notar na figura 3B, a produtividade foi influenciada positivamente em
razão da aplicação até 150m3 ha-1 corroborando com Zolin (2007) que realizou um estudo
exploratório sobre a aplicação prolongada de vinhaça nas propriedades dos solos com canade-açúcar, e constatou que a partir da primeira aplicação de vinhaça ocorre um aumento no
teor de carbono orgânico do solo. Este aumento influenciou positivamente a densidade, a CTC
e a porosidade total do solo. A produtividade da cultura da cana-de-açúcar foi influenciada
positivamente pelo aumento da razão de adsorção de potássio no solo.
Referências
MEDINA, C. C. et al.. Crescimento radicular e produtividade de cana-de-açúcar em função de
doses de vinhaça em fertirrigação. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 23, n. 2, p. 179184, jul./dez. 2002.
PAULINO, J. Consequências da fertirrigação utilizando vinhaça, no solo e na cultura da
cana-de-açúcar (saccharum officinarum l.). 2007. 44 f. (Trabalho de Conclusão de Curso)Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2007.
VASCONCELOS, A. C. M. Desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea de
socas de cana-de-açúcar sob dois sistemas de colheita. 2002. 140 f. Tese (Doutorado) Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002.
ZOLIN, C. A. Estudo da aplicação prolongada de vinhaça nas propriedades dos solos
com cana-de-açúcar (saccharum officinarum l.). 2007. 26 f. (Trabalho de Conclusão de
Curso)-Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2007.
97
VIGOR DAS SEMENTES DE QUIABO TRATADAS COM FITORREGULADOR
Paulo Vinicius Demeneck Vieira1; Leandro Paiola Albrech1; Alfredo Júnior Paiola
Albrecht1; Alessandro de Lucca e Braccini1; Gabriel Loli Bazo1; Eduardo Pereira
Introvini1; Aline de Carvalho Gasparotto¹; Denise Maria Prado1.
Primeiro autor: Apresentado, e-mail: paulotwisen@hotmail
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
Introdução
O quiabo, espécie da família Malvaceae, pode apresentar respostas positivas no uso de
biorregulador, como as obtidas por pesquisas direcionadas a vários outros cultivos, como é o
caso do algodão, espécie da mesma família. Vieira (2005) obteve aumento na produção de
massa seca da raiz, parte aérea e o total das plantas, bem como a velocidade de crescimento
radicular vertical, a taxa de crescimento radicular vertical e o crescimento radicular vertical
do algodoeiro. Belmont et al. (2003), avaliando o efeito do Stimulate® sobre a germinação de
sementes de três cultivares de algodão registraram incremetos na germinação de sementes.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do biorregulador Stimulate® no
vigor das sementes de duas cultivares de quiabo, por meio de testes baseados no desempenho
de plântulas.
Palavras-chave: Abelmoschus esculentus. Biorregulador. Desempenho de plântulas.
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de Sementes do Núcleo de
Pesquisas Aplicadas a Agricultura (NUPAGRI) pertencente ao Departamento de Agronomia
da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Foram utilizados duas cultivares de quiabo,
‘Santa Cruz’ (cultivar 1) e ‘Amarelinho’ (cultivar 2), e quatro doses do
biorregulador
Stimulate® (0 ; 4 ; 8 e 16mL kg-1).
As sementes foram avaliadas por meio primeira contagem do teste de germinação
(indicativo de vigor), e crescimento de plântulas, mensurando o tamanho da plântula e raiz.
As avaliações seguiram as prescrições de Brasil (1992) e Nakagawa (1999).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 4 repetições. Os
tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 2x4, sendo duas cultivares e quatro doses
do biorregulador. Os dados foram submetidos a análise de variância (P<0,05). Foram
realizados os desdobramentos necessários e, as médias do tratamento qualitativo (cultivar)
foram comparadas pelo teste de f (conclusivo). Quanto ao tratamento quantitativo (doses) foi
98
aplicado o teste t, e as doses foram analisadas por regressão polinomial ao nível de 5% de
probabilidade.
Resultados e Discussão
A análise de variância apresentou diferença significativa (P<0,05) na interação
Cultivar x Doses, permitindo os desdobramentos, que apontaram diferenças entre as cultivares
dentro de cada dose e o ajuste de modelos de regressão para as doses dentro de cada cultivar.
No desempenho das plântulas entre duas cultivares de quiabo (‘Santa Cruz’ - cultivar
1 e ‘Amarelinho’ - cultivar 2) sob aplicação de diferentes doses de biorregulador, foi nítida a
superioridade, revelada pelo teste f, da cultivar 2 em relação a cultivar 1 para todas as
variáveis (primeira contagem do teste de germinação; comprimento das plântulas;
comprimento radicular); exceto para o variável comprimento de raiz na testemunha (dose 0),
em que não houve diferença estatística (P<0,05), representando que o biorregulador pode
alterar o desempenho das plântulas, comprovado pelo teste de crescimento (Tabela 1).
Tabela 1. Vigor (%), comprimento de plântula (cm) e comprimento de raiz (cm) em função
das cultivares ‘Santa Cruz’ (C1) e ‘Amarelinho’ (C2) e doses biorregulador
Stimulate® (0 ; 4 ; 8 e 16mL kg-1).
Variável
Cultivar1
0
4
8
16
CV (%)
Equação2
R2
Y=43,25+3X
0,99
Doses (mL kg-1)
Plântulas
C1
44,0 b
46,0 b
47,5 b
53,5 b
Normais
C2
94,5 a
89,5 a
91,0 a
90,0 a
Plântula
C1
5,7 b
5,7 b
6,4 b
5,5 b
(cm)
C2
6,6 a
7,8 a
8,1 a
8,3 a
9,9
Y=91,38
(%)
Raiz (cm)
C1
3,0 a
3,3 b
3,6 b
2,9 b
C2
3,7 a
4,3 a
4,8 a
5,1 a
7,0
Y=5,59+0,151X-0,0097X2
0,68
Y=6,437+0,515X
0,81
2
7,0
Y=2,935+0,1544X-0,0095X
0,92
Y=3,312+0,47X
0,97
1
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, para a mesma variável, não diferem estatisticamente pelo teste f
(P<0,05).
2
Equações ajustadas pela regressão polinomial, significativas pelo teste t (P<0,05).
O efeito das doses de Stimulate® sobre cada cultivar em particular foi identificado
através dos modelos de regressão ajustados. Verificou-se resposta significativa para a cultivar
1, enquanto a cultivar 2 não permitiu ajuste de nenhum modelo. A cultivar 1 apresentou
tendência linear positiva com o aumento das doses de biorregulador, no quesito número de
plântulas normais, um indicativo de vigor (Tabela 1).
99
Os comprimentos, seja de plântula total ou somente de raiz, apresentaram
comportamento, pela análise de regressão, idêntico para a mesma cultivar, nas duas variáveis;
a cultivar 1 com comportamento quadrático em função das doses e, a cultivar 2 com tendência
linear positiva com o acréscimo das doses.
É válido ressaltar, que diante das regressões, a aplicação do fitorregulador Stimulate ®,
com ação promotora sobre a fisiologia da semente, pode elevar o número de plântulas
normais, indicado pelo aumento de vigor, corroborando com alguns autores (VIEIRA;
CASTRO, 2002; BELMONT et al., 2003).
Notou-se aumento significativo para os comprimentos, no entanto, para algumas
cultivares (como foi o caso da 1), altas doses do Stimulate® podem, após um aumento no
vigor das plântulas, levar a uma diminuição na sua performance. Tal efeito denota que, doses
crescentes tem um limite no tocante ao efeito promotor, ultrapassando determinado limite,
ocorrem efeitos deletérios ao crescimento e desenvolvimento vegetal, provavelmente em
função do desbalanço hormonal (VIEIRA; CASTRO, 2001).
Referências
BELMONT, K. P. DE C. et al. Ação de fitorregulador de crescimento na germinação de
sementes de algodoeiro. CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., Goiânia, 2003.
Anais... Goiânia: [s.l.], 2003. CD ROM.
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.
Brasília, DF: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365 p.
NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In:
KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA NETO, J. B. Vigor de sementes:
conceitos e testes. Londrina: ABRATES. 1999. p. 1-21.
VIEIRA, E. L. Estimulante vegetal no crescimento e desenvolvimento inicial do sistema
radicular do algodoeiro em rizotrons. CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 5.,
2005, Salvador, BA Anais..., 2005. v. 1. p. 82.
VIEIRA, E. L.; CASTRO, P. R. C. Ação de Stimulate no desenvolvimento inicial de
plantas de algodoeiro (Gossypium hirsutum L.). Piracicaba: USP. Deptº. Ciências
Biológicas, 2002.
VIEIRA, E. L.; CASTRO, P. R. C. Ação de bioestimulante na germinação de sementes, vigor
de plântulas, crescimento radicular e produtividade de soja. Rev. Brás. Sem., Brasília, DF, v.
23, n. 2, p. 222-228, 2001.
100
COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA SOJA SOB EFEITO DA APLICAÇÃO DE
BIORREGULADOR E Ca E B
Leandro P. Albrecht1; Marizangela R. Ávila2; Alessandro L. Braccini1, Mauro Cezar
Barbosa1, Thiago T. Ricci1; Alfredo Júnior Paiola Albrecht1; Gabriel L. Bazo1 e Paulo
V. D. Vieira1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
Reguladores vegetais são compostos orgânicos que, em baixas concentrações, inibem,
promovem ou modificam processos morfológicos e fisiológicos nas plantas. Essas substâncias
naturais ou sintéticas podem ser aplicadas diretamente nas plantas com o objetivo de interferir
em diversos processos fisiológicos e/ou morfológicos, provocando alterações nos processos
vitais e estruturais das plantas, com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a
qualidade e facilitar a colheita. A ação dessas substâncias depende das condições ambientais,
assim como das características e potencialidades genéticas das plantas (VIEIRA;
MONTEIRO, 2002).
Entretanto, Rosolem, Boaretto e Nakagawa (1990) não detectaram resposta a fontes e
doses de Ca, aplicada via foliar na fase de pré-florescimento, em termos de rendimento e seus
componentes na cultura do feijoeiro. Segundo este mesmo autor existe alta correlação
negativa entre teor de Ca na planta e número de flores e vagens abortadas o que explica
também o resultado positivo do Ca e B no peso de sementes por planta a cultura do feijoeiro.
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do SETT (Ca e B) associado ou não
ao ST (Stimulate®), aplicados via pulverização foliar, em diferentes fases reprodutivas da
cultura da soja que tiveram suas sementes tratadas com ST (5mL kg-1 de sementes) antes da
semeadura.
Palavras-chave: Sett. Biorregulador. Desempenho de plântulas.
Material e Métodos
O experimento foi instalado em área localizada na Fazenda Experimental de
Iguatemi (FEI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no município de Maringá,
região noroeste do Estado do Paraná.
101
Os tratamentos consistiram da pulverização foliar de soluções de SETT e ST. As
dosagens e as combinações mais detalhadas dos tratamentos encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1. Esquema da combinação dos tratamentos realizados na cultura da soja com SETT e
ST (Stimulate®) aplicados via pulverização foliar em diferentes estádios
fenológicos.
Tratamentos
1. Controle
2. ST
3. SETT
4. ST + SETT
5.SETT
6. ST + SETT
Forma de aplicação
Dose
Estádio Fenológico
------------------Foliar
Foliar
Foliar + Foliar
Foliar
Foliar + Foliar
------------------250mL ha-1
3L ha-1
250mL ha-1 + 3L ha-1
3L ha-1
250mL ha-1 + (3L ha-1)
------------------R2
R2
R2 + R2
R1 + R3
R1 + (R1 + R3)
A cultivar utilizada para a semeadura foi a BRS 255RR, pertencente ao grupo de
maturação precoce, as quais foram tratadas com Vitavax-Thiram 200 SC®, Co-Mo,
Stimulate® - ST (5mL kg-1 ) e inoculante turfoso Masterfix.
Avaliou-se o número de vagens por planta. Partindo-se do rendimento de grãos nas
parcelas, foram calculadas as produtividades em kg ha -1. Determinou-se a massa de mil
sementes (g) de acordo com Brasil (1992).
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância a 5 % de probabilidade
(P<0,05) e, quando significativas, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05),
de acordo com.
Resultados e Discussão
A análise de variância dos dados revelou efeito significativo (P<0,05) para número
de vagens por planta e produtividade. Na Tabela 2 estão apresentados os resultados número de
vagens por planta, produtividade e massa de mil sementes da cultivar de soja BRS 255RR em
resposta aos tratamentos com os produtos SETT E ST aplicados via pulverização foliar, em
diferentes fases reprodutivas da cultura da soja que tiveram suas sementes tratadas com ST (5
mL kg-1 de sementes) antes da semeadura.
O número de vagens por planta e a produtividade de sementes aumentou
significativamente em relação ao tratamento controle (testemunha, sem pulverização)
independentemente do tratamento utilizado, estes resultados estão de acordo com os
alcançados por Bevilaqua, Silva Filho e Possenti (2002) com aplicação foliar de Ca e B via
pulverização foliar o que promoveu aumentou no número de vagens por planta, número de
102
sementes por vagem bem como o peso de sementes por planta, quando aplicados na fase de
floração em duas cultivares de soja. Corroboram também com Ávila et al. (2007), que
observaram que aplicações associadas do fertilizante líquido SETT (Ca + Bo) com ST em
diferentes estádios reprodutivos da cultura da promoveram ganhos de produtividade para
aplicações isoladas do Stimulate® e aplicações conjugadas do Stimulate + SETT.
Tabela 2. Médias do número de vagens por planta (N.V.P.), produtividade de sementes (PROD.) e
massa de mil sementes (MMS.) da cultivar de soja BRS 255RR em resposta aos
tratamentos com os produtos SETT e ST. Safra 2007/2008. Maringá-PR.
Tratamentos/Dose/Estádio Fenológico
1. Controle
2. ST
3. SETT
4. ST + SETT
5. SETT
6. ST + SETT
Média
1
0,25L ha-1
3L ha-1
0,25L ha-1 + 3L ha-1
3L ha-1
0,25L ha-1 + 3L ha-1
R2
R2
R2 + R2
R1 + R3
R1 + (R1 + R3)
Variáveis
N.V.P.
35,66 B
46,35 A
52,55 A
45,65 A
46,72 A
47,65 A
45,76
PROD.
kg ha-1
2.901,44 B
3.552,68 A
3.804,93 A
3.680,12 A
3.605,51 A
3.859,07 A
3567,29
MMS.
g
158,72 A
169,48 A
164,47 A
169,03 A
167,46 A
168,80 A
166,32
12,92
6,54
2,97
C.V(%)
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey, em nível de 5% de
probabilidade.
Referências
ÁVILA, M. R. et al. Eficiência do Stimulate associado ou não ao fertilizante líquido Sett na
cultura da soja. CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOLOGIA VEGETAL, 11., 2007,
Gramado. Resumos... Gramado: [s.l.], 2007. v. 19.
BEVILAQUA, G. A. P.; SILVA FILHO, P. M.; POSSENTI, J. C. Aplicação foliar de cálcio
e boro e componentes de rendimento e qualidade de sementes de soja. Ciência Rural, Santa
Maria, v. 32, n. 1, p.31-34, 2002.
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.
Brasília, DF: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365 p.
ROSOLEM, C. A.; BOARETTO, A. E.; NAKAGAWA, J. Adubação foliar do feijoeiro. VIII.
Fontes e doses de cálcio. Científica, São Paulo, v. 18, p. 81-86, 1990.
VIEIRA, E. L.; MONTEIRO, C. A. Hormônios vegetais. In: CASTRO, P. R. C.; SENA, J. O.
A.; KLUGE, R. A. (Ed.). Introdução à fisiologia do desenvolvimento vegetal. Maringá:
EDUEM, 2002. p. 79-104.
103
EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES COM REGULADOR DE
CRESCIMENTO NO POTENCIAL FISIOLÓGICO DAS SEMENTES DE FEIJÃOVAGEM E ERVILHA
Gabriel Loli Bazo1; Leandro Paiola Albrech1; Marizangela Rizzatti Ávila2; Alessandro
de Lucca e Braccini1; Denise Maria Prado1; Alfredo Júnior Paiola Albrecht1; Paulo
Vinicius Demeneck Vieira1; Aline de Carvalho Gasparotto¹
Primeiro autor: Apresentador, e-mai: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
A fisiologia e consequentemente a produção da soja, uma leguminosa como o feijãovagem e a ervilha, é afetada positivamente pela aplicação exógena de fitormônios,
denominados de reguladores de crescimento, seja sob condição de estresse ou não. Para as
variáveis plântulas normais, massa seca de plântulas, crescimento radicular vertical, número
de grãos por planta e massa seca de grãos por planta, existem efeitos significativos em relação
as concentrações de Stimulate® utilizadas na cultura da soja em tratamento de sementes
(VIEIRA; CASTRO, 2001).
O presente trabalho objetivou verificar a eficiência de diferentes doses do
biorregulador Stimulate ® em diferentes cultivares de ervilha (Pisum sativum) e feijão-vagem
(Phaseolus vulgaris) através da viabilidade e vigor das sementes.
Palavras-chave: Pisum sativum. Phaseolus vulgaris. Vigor. Germinação.
Material e Métodos
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Tecnologia de Sementes do
Núcleo de Pesquisas Aplicadas a Agricultura (NUPAGRI) pertencente ao Departamento de
Agronomia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O delineamento experimental para
as duas espécies foi inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os tratamentos foram
arranjados em esquema fatorial 3x5, sendo três cultivares de ervilha (‘Ervilha Jota Flor
Roxa’- 1, ‘Ervilha Telefone Alta’- 2 e ‘Ervilha Axé’-3) e cinco doses do biorregulador (0 ; 4 ;
8; 12 e 16mL kg-1), o mesmo se repete para o feijão-vagem, sendo as usadas as cultivares
‘Feijão-Vagem Torino Macarrão Trepador’-1, ‘Feijão-Vagem Baixo Manteiga’-2, ‘FeijãoVagem Napoli Macarrão Rasteiro’-3. Os testes de germinação, segundo a Regras para Análise
de Sementes (Brasil, 1992), foram instalados após 2 horas da aplicação do Stimulate®,
104
posteriormente sendo avaliados a por meio do teste de germinação (oitavo dia) e da
classificação do vigor de plântulas.
A classificação do vigor das plântulas foi realizada através das categorias fortes (alto
vigor) e fracas (baixo vigor) para as duas espécies, em conjunto com o teste de germinação.
Os resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais fortes (alto vigor)
computadas na primeira contagem e na contagem final do teste, segundo critérios de
Nakagawa (1999).
Os dados foram submetidos à análise de variância (P<0,05). Foram realizados os
desdobramentos necessários e, as médias do tratamento qualitativo (cultivar) foram
comparadas pelo teste de Tukey. Quanto ao tratamento quantitativo (doses) foi aplicado o
teste t, e as doses foram analisadas por regressão polinomial ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e discussão
A análise de variância apresentou diferença significativa (P<0,05) na interação
Cultivar x Doses, permitindo os desdobramentos, que apontaram diferenças entre as cultivares
dentro de cada dose e o ajuste de modelos de regressão para as doses dentro de cada cultivar,
para as duas espécies avaliadas (Tabela 1 e 2).
Para as duas espécies vegetais, tanto na germinabilidade como no vigor das sementes,
a cultivar denominada 2, foi a que tendeu a demonstrar os menores valores percentuais. O que
denota certa qualidade fisiológica inicial, do genótipo.
Para a espécie, feijão-vagem, apenas a cultivar 1, em ambos as variáveis, foi
significativa (P<0,05), apresentando comportamento quadrático, na regressão polinomial. No
entanto, para a espécie, ervilha, foi diagnosticada tendência linear (cultivar 1) e quadrática
(cultivar 2). A cultivar 2, para ambas as espécies, foi não significativa, justamente a de pior
desempenho fisiológico, possibilitando inferir que genótipo que demonstram baixa qualidade
inicial, tendem a não serem responsivos ao fitorregulador (Tabela 1 e 2).
Houve aumento significativo no percentual de plântulas normais e normais fortes, no
entanto, para algumas cultivares, de algumas espécies, altas doses do Stimulate® podem,
após um aumento na germinação e no vigor das plântulas, levar a uma diminuição na sua
performance. Tal efeito, aponta que, doses crescentes tem um limite no tocante ao efeito
promotor, ultrapassando determinado limite, ocorrem efeitos negativos ao crescimento e
desenvolvimento vegetal (tendência quadrática), provavelmente em função do desbalanço
hormonal (VIEIRA; CASTRO, 2001).
Portanto, o biorregulador Stimulate ® pode afetar positivamente o potencial fisiológico
105
das sementes de cultivares com qualidade inicial superior. Porém, efeitos deletérios podem
suceder em altas doses.
Tabela 1. Germinação (%) e vigor (%) de feijão-vagem, em função das cultivares ‘Torino
Macarrão Trepador’ (C1), ‘Baixo Manteiga’ (C2) e ‘Napoli Macarrão Rasteiro’
(C3) e doses biorregulador Stimulate® (0 ; 4 ; 8 ;12 e 16 mL kg-1).
Variável
Cultivar
0
4
8
12
Germinação (%)
C2
40,0b
77,0a
73,0a
74,0a
50,0b
63,0a
Y=43,8+7,575X-
0,85
47,0a
0,4063X2
20,79
46,0b
45,0b
44,0b
C3
72,0a
61,0ab
62,0ab
79,0a
59,0a
Y=66,60*
C1
28,0b
50,0a
44,0a
38,0b
36,0ab
Y=31,543+3,5286X-
Vigor – Normais
Fortes (%)
R2
(%)
Doses (mL kg )
C1
Equação
CV
16
-1
Y=46,4*
0,60
0,2143X2
15,10
C2
30,0b
28,0b
25,0b
25,0c
32,0b
Y=28,00*
C3
62,0a
42,0a
45,0a
58,0a
45,0a
Y=50,40*
Letras iguais na coluna, dentro de cada variável estudada, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). *Os
resultados obtidos nas doses não se ajustaram a nenhum modelo de regressão.
Tabela 2. Germinação (%) e vigor (%) de sementes de ervilha, em função das cultivares
‘Ervilha Flor Roxa’ (C1), ‘Ervilha Telefone Alta’ (C2) e ‘Ervilha Axé’ (C3) e
doses biorregulador Stimulate ® (0 ; 4 ; 8 ; 12 e 16 mL kg-1).
Variável
Cultivar
0
4
8
12
16
Doses (mL kg-1)
CV
Equação
R2
Y=77+0,35X
0,57
(%)
C1
77a
79a
80a
78b
85a
C2
50b
43c
51b
40b
38c
C3
62b
65b
78a
85a
64b
Y=58,286+4,4571X-0,2411X2
0,65
Vigor –
C1
65a
67a
67a
68a
70a
Y=65,2+0,275X
0,92
Normais
C2
37b
32b
42c
25c
27c
Fortes (%)
C3
35b
37b
57b
54b
54b
Germinação (%)
5,79
Y=44,4*
7,17
Y=32,6*
Y=32,4+3,4X-0,125X2
0,81
Letras iguais na coluna, dentro de cada variável estudada, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). *Os
resultados obtidos nas doses não se ajustaram a nenhum modelo de regressão.
Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes
Brasília, DF: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365 p.
NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In:
KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA NETO, J. B. Vigor de sementes:
conceitos e testes. Londrina, ABRATES, 1999. p. 1-21.
106
VIEIRA, E. L.; CASTRO, P. R. C. Ação de bioestimulante na germinação de sementes, vigor
das plântulas, crescimento radicular e produtividade de Soja. Rev. Bras. Sementes, Brasília,
DF, v. 23, n. 2, p. 222-228, 2001.
107
REAÇÃO DE VARIEDADES DE GIRASSOL (Helianthus annuus L.) USADAS
PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL À Meloidogyne javanica, M. incognita E M.
paranaensis
Simone de Melo Santana1; Cláudia Regina Dias Arieira1; Marcelo Lockes da Silva1;
Cinthia Miyuki Yamagata1 e Davi Antonio de Oliveira Barizão1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
O uso de biodiesel como combustível apresenta inúmeras vantagens. Dentre elas
citam-se o fato de ser uma fonte de energia renovável, ser biodegradável e possibilitar a
utilização de diferentes culturas vegetais. Diversas áreas agrícolas do Noroeste do Paraná vêm
sendo destinadas ao cultivo de algumas destas espécies. Porém, por tratar-se de uma região
que apresenta solo arenoso com histórico de cultivo de café, a ocorrência de nematóides, pode
vir a ser um fator limitante à produção de culturas como o girassol.
Até 1973, apenas M. javanica havia sido relatado parasitando o girassol no Brasil
(LORDELLO, 1973). Posteriormente, trabalhos confirmaram a suscetibilidade desta espécie
aos nematóides de galhas (SANTOS; RUANO, 1987; ASMUS et al., 2005, SHARMA;
AMABILE, 2004).
Baseando-se nestas informações, pode-se notar que não há consistência nos dados
experimentais obtidas até o momento. Assim, objetivou-se avaliar a suscetibilidade de
variedades de girassol aos nematóides M. javanica, M. incognita e M. paranaensis.
Palavras-chave: Meloidogyne. Girassol. Biodiesel. Suscetibilidade.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido junto ao Laboratório de Fitopatologia da UEM. Plântulas
de oito variedades de girassol (BRSG 02, BRSG 07, BRHS 01, BRHS 05, BRHS 09, Catissol
01, Hélio 358, Embrapa 122) e da testemunha (tomateiro cv. Santa Cruz) foram germinadas
em bandejas contendo substrato. Após 18 dias da germinação, elas foram transplantadas para
vasos de 3L contendo solo esterilizado. Decorridos três dias, as mesmas foram inoculadas
com suspensão de 4000 nematóides em 4mL de água, distribuída em orifícios abertos no solo
ao redor da planta. Para obtenção do inóculo, populações de M. incognita, M. javanica e M.
paranaensis, foram multiplicadas em raízes de tomateiro, durante três meses. Posteriormente,
os ovos foram extraídos, utilizando-se a metodologia adaptada por Boneti e Ferraz (1981).
108
Decorridos 60 dias da inoculação, determinou-se, pela contagem direta, o número de
galhas no sistema radicular. Os ovos foram extraídos das raízes conforme descrito
anteriormente e foram contados sob microscópio óptico. O fator de reprodução (FR) foi
calculado pela fórmula FR=(Pf/Pi), onde Pf e Pi correspondem as populações finais e iniciais,
respectivamente (OOSTENBRINK, 1966). As plantas foram classificadas como suscetíveis
quando FR > 1 e resistentes quando FR < 1 (OOSTENBRINK, 1966).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis repetições. As
médias foram submetidas à análise de variância e comparadas pelo teste de Tukey, a 5%.
Resultados e Discussão
Os dados obtidos mostram que todos os genótipos de girassol avaliados comportaramse como suscetíveis a M. javanica (FR>1) (Tabela 1). Além disto, os números de ovos e
galhas foram estatisticamente iguais à testemunha (P≤0,05).
Tabela 1. Número de galhas (NG), número de ovos (NO) e fator de reprodução (FR) de três
espécies de Meloidogyne em variedades de girassol. Médias seguidas pela mesma
letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Variedades de
girassol
M. paranaensis
M. javanica
M. incognita
NG
NO
FR
NG
NO
FR
NG
NO
FR
BRSG 02
130 a
4.598 a
1,57
85ns
12.675 ns
3,17
144 a
27.722 ab
6,93
BRSG 07
161 a
4.468 a
1,12
106
12.292
3,07
126 a
21.779 ab
5,44
BRHS 01
95 a
2.628 a
0,66
95
4.453
1,11
157 a
32.647 ab
8,16
BRHS 05
117 a
4.598 a
1,15
120
7.205
1,80
222 ab
35.351 ab
8,84
BRHS 09
166 a
3.753 a
0,94
161
15.692
3,92
162 a
16.729 a
4,18
Catissol 01
162 a
3.495 a
0,87
198
12.528
3,13
127 a
21.469 ab
5,37
Hélio 358
222 ab
4.247 a
1,06
124
8.185
2,05
173 a
33.346 ab
8,34
Embrapa 122
129 a
3.595 a
0,90
175
9.887
2,47
111 a
27.078 ab
6,77
Testemunha*
423 b
30.782 b
7,67
243
10.368
2,59
330 b
60.088 b
15,02
* Tomateiro cv. Santa Cruz
No trabalho realizado por Di Vito et al. (1996), M. javanica afetou a produção da
cultura e o efeito do nematóide sobre a planta pode ser visualizado uma semana após a
inoculação, com amarelecimento e redução no crescimento, sendo esses diretamente
proporcionais ao aumento no nível de inóculo.
109
A suscetibilidade de girassol também foi observada para M. incognita (Tabela 1), para
o qual, o fator de reprodução das variedades avaliadas variou entre 4,18 a 8,84. No entanto,
com exceção da cultivar BRHS 05, todas as demais apresentaram número de galhas inferiores
ao observado para o tomateiro (P≤0,05). A reprodução deste nematóide em girassol também
foi confirmada por Asmus et al. (2005), quando o fator de reprodução de M. incognita raça 2
na cultivar IAC Uruguai foi de 15,63. Anteriormente, a cultivar Issanka foi relatada como
suscetível a M. incognita raça 3 e M. javanica (SANTOS; RUANO, 1987).
Quanto a M. paranaensis observou-se que o número de ovos foi significativamente
inferior à testemunha para todas as cultivares avaliadas, contudo o índice de galhas da cultivar
Helio 358 foi igual ao tomateiro. FR>1 foi observado para as cultivares BRSG 02, BRSG 07,
BRHS 05 e Hélio 358 (Tabela 1). Para as demais cultivares, o fator de reprodução variou
entre 0,66 a 0,94. Considerando que o comportamento de algumas espécies pode sofrer a
influencia de fatores climáticos e da população do nematóide utilizada é importante evitar a
utilização destas cultivares em áreas infestadas por M. paranaensis.
O trabalho permite concluir que não se deve cultivar girassol em áreas em que
ocorram espécies de Meloidogyne, visto que este e outros trabalhos indicam a suscetibilidade
de variedades desta espécie aos nematóides das galhas.
Referências
ASMUS, G. L. et al. Reação de algumas culturas utilizadas no sistema plantio direto a
Meloidogyne incognita. Nematologia Brasileira, Campinas, SP, v. 29, n. 1, p. 47-52, 2005.
BONETI, J. I. S.; FERRAZ, S. Modificação do método de Hussey e Barker para extração de
ovos de Meloidogyne exigua de raízes de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, DF, v.
6, p. 553, 1981.
DI VITO, M.. et al. 1996. Relationship between initial population densities of Meloidogyne
javanica and yield of sunflower in microplots. Nematologia Mediterranea, Bari, v. 24, n. 1,
p. 109-112, 1996.
LORDELLO, L. G. E. Nematóides das plantas cultivadas. São Paulo: Nobel, 1973.
197p.
OOSTENBRINK, R. Major characteristics of the relation between nematodes and plants.
Mededeelingen der Landbouw-Hoogeschool, Wageningen, v. 66, p. 1-46. 1966.
110
SANTOS, M. A.; RUANO. O. Reação de plantas usadas como adubos verdes a Meloidogyne
incognita raça 3 e M. javanica. Nematol. Brás., Campinas, SP, v. 11, p. 184-197, 1987.
SHARMA, R. D.; AMABILE, R. F. Nematóides associados ao girassol em áreas de Cerrado
do Distrito Federal. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, Planaltina, DF, n .125. p. 1-13,
2004.
111
UTILIZAÇÃO DE REGULADOR VEGETAL, ADUBO FOLIAR E IRRIGAÇÃO NA
CULTURA DO FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) CONDUZIDA EM SOLO DE
ARENITO NO OUTONO/INVERNO
Davi Antonio Oliveira Barizão1; Marizangela Rizzatti Ávila1; Eder Pereira Gomes1 e
Gregory Fedri1; Alexsander Seleguini1
Primeiro autor: Apresentador, e-mail: [email protected]
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR
Introdução
O uso de tecnologias que proporcionam maiores produtividades e qualidade é
imprescindível no processo produtivo da cultura do feijoeiro, neste contexto, cita-se a
utilização de reguladores de crescimento, adubação foliar, utilização de irrigação, entre
outros.
Reguladores vegetais são compostos orgânicos que, em baixas concentrações, inibem,
promovem ou modificam processos morfológicos e fisiológicos das plantas.
Na atualidade reconhecem-se vários reguladores vegetais, que estão sendo utilizados
exogenamente em diversas culturas inclusive na cultura do feijoeiro apresentando ótimos
resultados. Dentre estes estão: auxina, giberelina e citocinina. Entretanto o momento correto
para aplicação destes reguladores ainda não está totalmente definido.
Além disso, a ação destes pode depender de diversos fatores, como, condições
climáticas, classe de solo, controle de pragas, aspectos nutricionais, as relações água-plantaatmosfera e as características e potencialidades genéticas das plantas (VIEIRA; MONTEIRO,
2002) bem como a interação destes. Estudos realizados com a interação de reguladores
vegetais e adubação foliar de cálcio e boro em diferentes culturas como, feijão, milho, arroz e
soja e em diferentes estágios fenológicos, cultivares e locais (ALLEONI; BOSQUEIRO;
STONE, 2000, MILLÉO; VENÂNCIO; MONFERDINI, 2000; VIEIRA; CASTRO, 2004;
ÁVILA et al., 2007) tem revelado resultados positivos em termos produtivos.
A associação dos nutrientes cálcio e boro em pulverização foliar vem se mostrando
promissora quando realizada no início do estágio reprodutivo da planta, pois suas principais
funções são de atuar na formação do pectato de cálcio, na germinação do grão de pólen e
crescimento do tubo polínico; translocação de açúcares e na formação da parede celular,
metabolismo de carboidratos, funcionamento das membranas celulares e auxílio na boa
produção e distribuição hormonal, é essencial para a germinação dos grãos de pólen,
crescimento do tubo polínico, formação das sementes e das paredes celulares é importante
112
também para a formação das proteínas contribuindo para o maior peso de grãos, melhor
qualidade das sementes e maior produtividade, respectivamente (MALAVOLTA; VITTI;
OLIVEIRA, 1997).
Outro fator importante para maiores ganhos produtivo é a disponibilidade de água para
as plantas. Em termos de resposta à deficiência hídrica, o feijoeiro tem demonstrado ser
altamente sensível no sub-período de préfloração ao início da formação de vagens e também
durante o enchimento de grãos e em menor escala no crescimento vegetativo, assim para obter
um rendimento de ao menos 80% do rendimento potencial, não pode faltar água para a cultura
no período que se estende desde antes do início da floração (quatro dias antes da plena
floração) até a plena frutificação (18 dias após a plena floração).
O período mais crítico do feijoeiro à deficiência hídrica coincide com o período de
maior consumo de água pela planta. O maior consumo médio diário para o feijoeiro (5,9mm)
ocorre durante o sub-período do início do florescimento ao início do enchimento de grãos em
função do maior índice de área foliar e da maior atividade fotossintética.
Diante do exposto o objetivo do presente trabalho é avaliar a eficiência da aplicação
em diferentes estádios de desenvolvimento de regulador vegetal e adubação foliar na cultura
do feijoeiro cultivado no outono/inverno em solo arenoso com baixa fertilidade sob sistema
irrigado e não irrigado.
Palavras-chave: Hormônio vegetal. Cultura do feijão. Produtividade.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em área localizada na Fazenda do Campus Regional de
Umuarama em Umuarama - PR. O local possui clima classificado como Cfa Köppen, latitude
de 23º47’ sul e longitude de 53º14’ a oeste de Greenwhich, com altitude de 403m e solo
classificado como Latossolo Vermelho Distrófico de textura arenosa.
A semeadura foi realizada no final do mês de fevereiro de 2008 sob palhada de
Brachiaria, utilizando sementes de feijão da cultivar IPR Colibri “carioca” (precoce e tipo I),
com espaçamento de 0,50m entre linhas e aproximadamente 12 sementes por metro linear há
uma profundidade aproximada de 5cm. As parcelas foram constituídas por seis linhas de 35m
de comprimento (5,0 linhas x 0,50m x 35,0m = 87,5m2) e divididas em sete sub-parcelas de
5m de comprimento.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro
repetições em esquema de parcela sub-dividida, onde: parcelas, tratamentos irrigado e não
113
irrigado e sub-parcelas, tratamentos com regulador vegetal (RV) e adubo foliar (Ca+Bo) em
diferentes estádios fenológicos do feijoeiro.
Após a semeadura a área foi irrigada a fim de que o início do ciclo fosse de condições
idênticas de umidade no solo. A adubação e os demais tratos culturais foram realizados
segundo (ARAUJO; RAVA; STONE, 1996).
O esquema detalhado dos tratamentos encontra-se apresentado na Tabela 1.
Tabela 1. Esquema dos tratamentos.
N.
IRRIGAÇÃO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Ausência
Presença
Ausência
Presença
Ausência
Presença
Ausência
Presença
Ausência
Presença
Ausência
Presença
Ausência
Presença
1
PRODUTOS
ESTÁDIO FENOLÓGICO1
Regulador de crescimento vegetal (RV)
RV
RV
RV
RV + (Ca+Bo)
RV+ (Ca+Bo)
RV+ (Ca+Bo)
RV+ (Ca+Bo)
(RV+ RV) + (Ca+Bo)
(RV+ RV) + (Ca+Bo)
(Ca+Bo)
(Ca+Bo)
V4
V4
R5
R5
R5
R5
V4 + R5
V4 + R5
(V4 + R5) + R5
(V4 + R5) + R5
R5
R5
V4 (emissão da terceira folha trifoliada) e R5 (aparecimento dos botões florais).
A irrigação foi realizada quando necessária e para tal baseou-se na ETc ocorrida no
período de condução do experimento.
O produto utilizado para fornecer cálcio e boro é caracterizado como: SETT, um
fertilizante líquido, composto de 10% de Cálcio e 2% de Boro.
O regulador vegetal utilizado foi o Stimulate, composto por três biorreguladores
vegetais: 0,09g L-1 de cinetina (citocinina), 0,05gL-1 de ácido giberélico (giberelina) e 0,05gL1
de ácido indol-butírico (auxina).
As pulverizações foliares foram efetuadas com o auxílio de um pulverizador costal
propelido a CO2, com pressão constante de 280 kPa, equipado com lança contendo 1 bico
leque da série Teejet tipo XR 110:02 e volume de calda de 200L ha-1.
A água utilizada para o preparo das soluções foi destilada e estavam com pH 7.
Contudo o pH da calda foi ajustado para 4,5 com o produto P51, em todas as soluções
adicionou-se 0,5% de Natur’L Óleo.
A pulverização em V4 foi realizada dia 05/04/2008, às 16:00 horas, com temperatura
média de 25oC, umidade relativa de 65% e velocidade do vento de 1km h-1; R5 no dia
114
19/05/2008, às 9:00 horas, com temperatura média de 22 oC, umidade relativa de 70% e
velocidade do vento de 0,6km h-1.
Uma semana antes da colheita avaliou-se o número de vagens por planta e o número
de sementes por vagem utilizando-se 15 plantas escolhidas aleatoriamente na área útil de cada
parcela.
Após a colheita pesaram-se os grãos produzidos em cada parcela, corrigiu-se a
umidade para 13% e calculou-se a produtividade. A massa de mil sementes, foi determinada
pesando-se 3 sub-amostras de 100 sementes, para cada repetição de campo.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos com
biorregulador e adubo foliar nas diferentes fases de desenvolvimento da cultura foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para comparação dos tratamentos
irrigado e não irrigado utilizou-se a análise de variância conclusiva (BANZATO; KRONKA,
2006).
Resultados e Discussão
O resultado da análise de variância apresentou interação significativa dos tratamentos
com regulador vegetal e adubação foliar com cálcio e boro nas diferentes fases de
desenvolvimento da cultura do feijoeiro x presença ou ausência de irrigação para todas os
componentes de produção feijoeiro (número de vagens por planta, número de sementes por
vagem e peso de mil sementes) e produtividade.
Através dos resultados apresentados na Tabela 2, verifica-se que o número de vagens
por planta aumentou independentemente de se utilizar regulador vegetal e adubação foliar
com cálcio e boro nas diferentes fases de desenvolvimento da cultura, onde se observou maior
número de vagens quando se utilizou irrigação. Quando se compara a pulverização de
regulador vegetal e adubação foliar com cálcio e boro nas diferentes fases de desenvolvimento
nos tratamentos que não receberam irrigação verifica-se que o maior número de vagens foi
alcançado quando
realizou-se pulverização de regulador vegetal
no estádio de
desenvolvimento R5 e o menor número de vagens foi encontrado quando não se realizou
tratamento das plantas (Testemunha). Para aqueles tratamentos que receberam irrigação
verifica-se que o maior número de vagens foi alcançado quando se realizou a pulverização das
plantas com em duas etapas, sendo a primeira somente com regulador vegetal no estádio de
desenvolvimento V4 e segunda com cálcio e boro no estádio de desenvolvimento R5, ou seja,
RV + (Ca+Bo) com 0,75mL ha-1 + 3,0L ha-1 em V4 + R5.
115
O número de sementes por vagem (Tabela 2) foi igual independentemente da cultura
ser irrigada ou não, com exceção de quando a cultura não foi irrigada e recebeu pulverização
de regulador vegetal e cálcio e boro nos estádios V4 e R5, ou seja, (RV+RV) + (Ca+Bo)
com doses de 0,35mL ha-1 + 0,35mL ha-1 + 3,0L ha-1 em (V4+R5) + R5 quando obteve-se 5
sementes por vagem. Quando se compara a pulverização de regulador vegetal e adubação
foliar com cálcio e boro nas diferentes fases de desenvolvimento nos tratamentos que não
receberam irrigação verifica-se que o menor número de sementes por vagem foi alcançado
quando realizou-se com regulador vegetal no estádio de desenvolvimento V4 e segunda com
cálcio e boro no estádio de desenvolvimento R5, ou seja, RV + (Ca+Bo) com 0,75mL ha-1 +
3,0L ha-1 em V4 + R5. Para aqueles tratamentos que receberam irrigação verifica-se que não
houve diferença significativa (P<0,05) entre o número de sementes por vagem para as plantas
que foram pulverizadas com regulador vegetal e com cálcio e boro nos diferentes estádios
fenológicos.
Os resultados da massa de mil sementes e produtividade da cultura do feijoeiro
submetidas a diferentes tratamentos estão apresentados na Tabela 3, estes confirmam maior
massa de mil sementes e maior produtividade quando a cultura do feijoeiro é irrigada
independentemente de se utilizar ou não reguladores de crescimento ou adubação foliar com
cálcio e boro. Quando se compara a massa de mil sementes e produtividade do tratamento que
não recebeu irrigação e receberam pulverizações com regulador vegetal e/ou cálcio e boro nos
diferentes estádios fenológicos observa-se que não houve diferença significativa (P<0,05)
ocorrendo o mesmo com o tratamento que recebeu irrigação.
Os resultados obtidos neste trabalho não estão de acordo com os alcançados por
Bevilaqua, Silva Filho e Possenti (2002) com aplicação foliar de Ca e B via pulverização
foliar o que promoveu aumentou no número de vagens por planta, número de sementes por
vagem bem como o peso de sementes por planta, quando aplicados na fase de floração em
duas cultivares de soja.
Trabalhando com a cultura da soja ÁVILA et al. (2007) observaram que aplicações
associadas do fertilizante líquido SETT (Ca + Bo) com Stimulate em diferentes estádios
reprodutivos da cultura promoveram ganhos de produtividade que variaram de 34,09 a
47,91% e de 32,86 a 40,67% para aplicações isoladas do Stimulate e aplicações conjugadas
do Stimulate + SETT, respectivamente o que não condiz os resultados alcançados neste
trabalho.
116
O aumento no número vagens por planta, sementes por vagem, massa de mil
sementes e produtividade quando realizou-se irrigação deve-se ao constante déficit hídrico
ocorrido no período de condução da cultura. Desta forma, ressalta-se a importância do cultivo
de feijoeiro irrigado em solos arenosos do noroeste do Paraná e principalmente no período de
semeadura de segunda safra com semeadura entre os meses de janeiro a março.
117
Tabela 2. Número de vagens por planta e número de sementes por vagem de plantas feijoeiro submetidas a diferentes tratamentos.
Pulverizações1(A)
Produto
Dose
(L ha-1)
Irrigação2 (B)
Estádio
Número de vagens
por planta
Ausência
Presença
Número de sementes por vagem
Ausência
Presença
fenológico
-
-
13 B b
21 B a
6Aa
6Aa
RV
0,75
V4
15 AB b
28 AB a
6Aa
6Aa
RV
0,75
R5
22 A b
22 AB a
6Aa
6Aa
RV + (Ca+Bo)
0,75 + 3,0
R5
19 AB b
25 AB a
6Aa
6Aa
RV + (Ca+Bo)
0,75 + 3,0
V4+R5
16 AB b
29 A a
6Aa
6Aa
(0,35+0,35) + 3,0
(V4+R5) + R5
16 AB b
23 AB a
5Bb
6Aa
3,0
R5
18 AB b
21 B a
6Aa
6Aa
24
6
Testemunha
(RV+RV) + (Ca+Bo)
(Ca+Bo)
Média
C.V. (A)
C.V. (B)
17
6
18
1
Médias seguidas de mesma letra maiúscula, em cada coluna, não diferem entre si de acordo com o Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
2
Médias seguidas de mesma letra minúscula, em cada linha, não diferem entre si pelo teste F, a 5% de probabilidade.
118
6
4
11
Tabela 3. Massa de mil sementes (g) e produtividade (kg ha-1) da cultura do feijoeiro submetidas a diferentes tratamentos.
Pulverizações1(A)
Produto
Dose
(L ha-1)
Irrigação2 (B)
Estádio
Massa de mil sementes
Ausência
Presença
Produtividade
Presença
Ausência
fenológico
-
-
207, 27 A b
222,17 A a
623,065 A b
767,384 A a
RV
0,75
V4
194, 30 A b
217,55 A a
657,990 A b
871,074 A a
RV
0,75
R5
208, 72 A b
207,87 A a
647,220 A b
775,242 A a
RV + (Ca+Bo)
0,75 + 3,0
R5
205, 75 A b
220,10 A a
567,470 A b
869,970 A a
RV + (Ca+Bo)
0,75 + 3,0
V4+R5
204,95 A b
201,37 A a
522,755 A b
682,302 A a
(0,35+0,35) + 3,0
(V4+R5)+R5
206,02 A b
213,22 A a
583,978 A b
680,717 A a
3,0
R5
200,92 A b
215,92 A a
590,749 A b
783,857 A a
215,90
527,600
Testemunha
(RV+RV) + (Ca+Bo)
(Ca+Bo)
Média
C.V. (A)
C.V. (B)
1
2
205,00
4,42
11,04
Médias seguidas de mesma letra maiúscula, em cada coluna, não diferem entre si de acordo com o Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Médias seguidas de mesma letra minúscula, em cada linha, não diferem entre si pelo teste F, a 5% de probabilidade.
119
775,790
3,58
21,87
Referências
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no desenvolvimento e produtividade do feijoeiro (Phaseolus vulgaris). Publicatio UEPG,
Ponta Grossa, v. 6, n.1, p. 23-35, 2000.
ARAUJO, R. S.; RAVA, C.A.; STONE, L. F. Cultura do feijoeiro comum no Brasil.
Piracicaba: POTAFÓS, 1996. 786 p
ÁVILA, M. R. et al. Eficiência agronômica do stimulate associado ou não ao fertilizante
líquido sett na cultura da soja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOLOGIA
VEGETAL, 11., 2007. Gramado. Anais... Porto Alegre: SBFV, 2007. Brazilian Journal of
Plant Physiology, Gramado, 2007. v. 19.
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S. N. Experimentação Agrícola. 4. ed. Jaboticabal:
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BEVILAQUA, G. A. P.; SILVA FILHO, P. M. S.; POSSENTI, J. C. Aplicação foliar de
cálcio e boro e componentes de rendimento e qualidade de sementes de soja. Ciência Rural,
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CASTRO, P. R. C.; VIEIRA, E. L. Aplicações de reguladores vegetais na agricultura
tropical. Guaíba: Livraria e Editora Agropecuária, 2001. 132 p.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das
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120