avaliação acústica de salas de aula em escolas - O GVA
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avaliação acústica de salas de aula em escolas - O GVA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - VIBRAÇÕES E ACÚSTICA MARLENNE GIOVANNA URÍA TORO AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE SALAS DE AULA EM ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM-PA: UMA PROPOSIÇÃO DE PROJETO ACÚSTICO Belém – Pará – Brasil Outubro 2005 MARLENNE GIOVANNA URÍA TORO AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE SALAS DE AULA EM ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM-PARÁ: UMA PROPOSIÇÃO DE PROJETO ACÚSTICO Dissertação apresentada à Universidade Federal do Pará como requisito para obtenção de Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Newton Sure Soeiro, Dr. Eng. Belém – Pará – Brasil Outubro 2005 MARLENNE GIOVANNA URÍA TORO AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE SALAS DE AULA EM ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM-PA: UMA PROPOSIÇÃO DE PROJETO ACÚSTICO Dissertação submetida à Banca examinadora para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica na Área de Vibrações e Acústica Belém-Pará, 31 de outubro de 2005 BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Orientador Prof. Newton Sure Soeiro, Dr. Eng. Universidade Federal do Pará _____________________________________ Prof. Samir Nagi Yousri Gerges , PhD. . Universidade Federal de Santa Catarina _____________________________________ Prof. Gustavo da Silva Vieira de Melo Dr. Eng. Universidade Federal do Pará Dedicatória A Deus, pela FÉ, que nos permite arriscar tudo por um sonho e fazer do hoje um fundamento de amanhã. A minha irmã Maricely, que fez possível cumprir esta meta em minha vida........e por ensinar-me que “Nada é Impossível”. A meus Pais Mario e Celinda, por dar-me sempre o exemplo de Profissionalismo, Amor, Sacrifício e Entrega,.....os Amo. A minha Irmã Rosário, por ser um Exemplo constante. A meus sobrinhos, por seu amor e por entender as limitações do tempo. Agradecimentos À CAPES, pelo apoio financeiro. À Universidade Federal do Pará - UFPA. Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. A cada um dos membros do Grupo de Vibrações e Acústica meu eterno agradecimento, de forma especial a meus amigos com os quais compartilhei cada minuto deste objetivo, muito obrigada Rubenildo, Sérgio, Aviz, Reginaldo, Alexandre, Alan e Diana. Ao Professor Newton, pela oportunidade, orientação e por ser sempre um Exemplo de Trabalho. Ao professor Gustavo pela ajuda incondicional e o apoio em muitos momentos. A meus amigos “reais” que se converteram “virtuais” para dar-me força. A Heliana por sua amizade e pela ajuda incondicional em todo momento. U76a URÍA, Marlenne Avaliação Acústica de Salas de Aula em Escolas Públicas na cidade de Belém-Pa/Marlenne Uría;Orientador, Newton Sure Soeiro.– Belém, 2005. Dissertação (Mestrado) –Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica. Universidade Federal do Pará. 2005. 1. Acústica de Salas .2 . I. Título. CDD: VI Sumário LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE SÍMBOLOS RESUMO ABSTRACT IX XII XIV XV XVI XVII CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO GERAL 1.2 HISTÓRICO 1.3 IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE ESCOLAR 1.4 JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO DO TEMA 1.5 OBJETIVOS 1.5.1 Objetivo Geral 1.5.2 Objetivos Específicos 1.6 METODOLOGIA DO PROJETO 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO 18 18 19 21 23 24 24 24 24 25 CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27 CAPÍTULO III – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 DEFINIÇÕES PRÉVIAS 3.2 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA 3.2.1 Campo Direto 3.2.2 Campo Reverberante 3.2.3 Medição 3.2.4 Legislação 3.3 RUÍDO DE FUNDO 3.3.1 Curvas NC 3.3.2 Legislação 3.4 TEMPO DE REVERBERAÇÃO 3.4.1 Valores Recomendados de Tempo de Reverberação 3.4.2 Cálculo de Tempo de Reverberação 3.5 INTELIGIBILIDADE DA FALA 3.5.1 Características da Mensagem Oral 3.5.2 Grau da Inteligibilidade da Fala 3.5.3 Diretividade da Voz Humana 3.5.4 Cálculo da Inteligibilidade da Fala 3.5.4.1 Métodos Subjetivos 3.5.4.2 Formulação Matemática 3.5.5 Relação entre Tempo de Reverberação e Inteligibilidade da Fala 3.6 RELAÇÃO SINAL/RUÍDO 32 32 35 35 36 36 37 37 38 39 41 41 41 46 46 47 47 48 48 49 50 51 VII CAPÍTULO IV – COLETA DE DADOS E ANÁLISE EXPERIMENTAL 4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS SALAS DE AULA 4.1.1 Procedimento Experimental 4.1.2 Equipamentos 4.1.3 Metodologia de Medição 4.1.4 Condições de Medição 4.1.5 Procedimento Analítico 4.2 ESCOLA ESTADUAL PAES DE CARVALHO 4.2.1 Procedimento Experimental 4.2.1.1 Medição de Nível de Pressão Sonora 4.2.1.2 Medição de Ruído de Fundo 4.2.1.3 Avaliação de Curvas NC 4.2.1.4 Medição para Estabelecimento da Relação Sinal/Ruído 4.2.3 Procedimento Analítico a) Cálculo do Tempo de Reverberação com Uso do Excel b) Cálculo da Inteligibilidade Método Subjetivo Formulação Matemática (%ALC) 4.2.2.3 Análises das Proporções da Sala 4.2.2.4 Modos e Densidade Modal 4.3 ESCOLA VISCONDE DE SOUZA FRANCO 4.4 ESCOLA ESTADUAL AUGUSTO MEIRA 4.5 ESCOLA MUNICIPAL BENVINDA DE FRANÇA MESSIAS 4.6 LICEU-ESCOLA 4.7 ESCOLA SILVIO NASCIMENTO 4.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 53 54 54 55 56 58 59 60 69 69 69 72 73 75 75 77 77 81 84 86 90 90 104 114 114 126 CAPÍTULO V – MODELAGEM ACÚSTICA – RAYNOISE - ESTUDO DE CASO 5.1 INTRODUÇÃO 5.2 O SOFTWARE RAYNOISE 5.2.1 Método da Fonte Imagem Especular (Mirror Image Source Method-MISM} 5.2.2 Método de Traçado de Raios (Ray Tracing Method – RTM) 5.2.3 Métodos Híbridos 5.2.3.1 Método dos Raios Cônicos (CBM) 5.3.3.2 Método dos Raios Triangulares (TBM) 5.3 SALA ESTUDADA 5.4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 5.4.1 Medição de Ruído de Fundo 5.4.2 Determinação dos Níveis de Pressão Sonora na Sala 5.4.3 Determinação dos Níveis de Potência Sonora da Fonte (NWS) 5.4.4 Medição do Tempo de Reverberação na Sala 5.5 PROCEDIMENTO DE MODELAGEM DA SALA 5.5.1 Curva de Propagação Sonora 129 129 130 131 132 133 133 136 136 137 137 137 138 140 141 141 VIII 5.5.2 Resultados da Simulação Numérica e Analítica da Sala 5.5.3 Calibração dos Modelos da Sala 5.6 COMENTÁRIOS FINAIS CAPÍTULO VI – PROPOSTA ACÚSTICO-ARQUITETÔNICA DE UM AMBIENTE ESCOLAR MODELO 6.1 PRESUPOSTOS BASICOS DE UM AMBIENTE PEDAGOGICO 6.2 PROPOSTA DA SALA DE AULA MODELO 6.2.1 Fatores Arquitetonicos 6.2.2 Fatores Acústicos 6.3 ANÁLISE ACUSTICA DA SALA DE AULA PROPOSTA 6.4 MODELO DIFUSO x RAYNOISE 6.5 COMENTÁRIOS FINAIS CAPÍTULO VII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1 CONCLUSÃO 7.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 141 143 146 148 148 150 151 155 156 161 162 167 167 170 171 174 IX Lista de Figuras CAPÍTULO III Figura 3.1 Esquema da divisão do som ao encontrar um obstáculo Figura 3.2 Curvas de Critério de Ruído NC Figura 3.3 Tempos de reverberação recomendados Figura 3.4 Obtenção do %ALCons a partir de RT e de LD-LR CAPÍTULO IV Figura 4.1 Medidor de Nível de Pressão Sonora Figura 4.2 Calibrador Figura 4.3 Posicionamento da Escola Estadual Paes de Carvalho na Região Metropolitana de Belém-PA Figura 4.4 Planta Geral da Escola Paes de Carvalho Figura 4.5 Planta Acústica da Sala 15 Figura 4.6 Planta Baixa da Sala 15 Figura 4.7 Planta Acústica da Sala 16 Figura 4.8 Planta Baixa da Sala 16 Figura 4.9 Planta Acústica Sala 18 Figura 4.10 Planta Baixa da Sala 18 Figura 4.11 Valores obtidos de Nível de Pressão Sonora em cada Sala Figura 4.12 Níveis de Ruído de Fundo para as três Salas Figura 4.13 Espectro em Banda de Oitava para a Sala 15 Figura 4.14 Espectro em Banda de Oitava para a Sala 16 Figura 4.15 Espectro em Banda de Oitava para a Sala 18 Figura 4.16 Determinação da Curva NC para as Salas de Aula Figura 4.17 Esquema de medição para Quantificação da Relação Sinal/Ruído Figura 4.18 Parâmetros para a Determinação da Relação Sinal Ruído Figura 4.19 Planilha de Cálculo do Tempo de Reverberação Sala 15 Figura 4.20 Percentagem de Acertos por Posição Sala 15 Figura 4.21 Percentagem de Acertos por Posição Sala 16 Figura 4.22 Percentagem de Acertos por Posição Sala 18 Figura 4.23 Perda de articulação de consoantes (%ALC) Figura 4.24 Proporções das Salas 15, 16,18 da Escola Estadual Paes de Carvalho Figura 4.25 Modos da Sala 15 Figura 4.26 Modos da Sala 16 Figura 4.27 Modos da Sala 18 Figura 4.28 Posicionamento da Escola Estadual Visconde de Souza Franco na Região Figura 4.29 Planta Geral da Escola Visconde Souza Franco Figura 4.30 Planta Acústica da Sala 12 da escola Visconde de Souza Franco Figura 4.31 Planta Baixa da Sala 12 da Escola Visconde de Souza Franco Figura 4.32 Planta Acústica da Sala 24 da Escola Visconde de Souza Franco Figura 4.33 Planta Baixa da Sala 24 da Escola Visconde de Souza Franco 34 39 42 50 56 56 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 71 71 72 73 73 76 79 80 81 83 85 87 87 88 91 92 93 94 95 96 X Figura 4.34 Figura 4.35 Figura 4.36 Figura 4.37 Figura 4.38 Figura 4.39 Figura 4.40 Figura 4.41 Figura 4.42 Figura 4.43 Figura 4.44 Figura 4.45 Figura 4.46 Figura 4.47 Figura 4.48 Figura 4.49 Figura 4.50 Figura 4.51 Figura 4.52 Figura 4.53 Figura 4.54 Figura 4.55 Posicionamento da Escola Estadual Augusto Meira na Região Metropolitana de Belém-PA Planta Geral da Escola Estadual Augusto Meira Planta Acústica da Sala de Aula A1B Planta Baixa da Sala de Aula A1B Planta Acústica da Sala de Aula A2G Planta Baixa da Sala de Aula A2G Posicionamento da Escola Municipal Benvinda de França Messias na Região Metropolitana de Belém-PA Planta Geral da Escola Municipal Benvinda de França Messias Planta Acústica da Sala 01 Planta Baixa da Sala 01 Planta Acústica da Sala 03 Planta Baixa da Sala 03 Planta Acústica da Sala 04 Planta Baixa da Sala 04 Posicionamento do Liceu-Escola na Região Metropolitana de BelémPA Planta Geral do Liceu-Escola Planta Acústica da Sala Tipo “N” do Liceu-Escola Planta Baixa da Sala “N” do Liceu-Escola Posicionamento da Escola Municipal Silvio Nascimento na Região Metropolitana de Belém-PA Planta Geral da Escola Municipal Silvio Nascimento Planta Acústica da Sala “D” da Escola Silvio Nascimento Planta Baixa da Sala “D” da Escola Silvio Nascimento CAPÍTULO V Figura 5.1 Trajetos de Reflexão de Primeira Ordem em Salas Retangulares Figura 5.2 Fonte Imagem de Terceira Ordem S124 Figura 5.3 Teste de Visibilidade: Receptor R1 visível a F1 e R1’ não visível a F1 Figura 5.4 Feixe de Raios Cônicos e uma Fonte Imagem Visível Figura 5.5 Sobreposição dos Cones e a Compensação Feita pela Ponderação Máxima no Centro e Mínima nas Bordas Figura 5.6 Fenômeno de Estreitamento de Raio Figura 5.7 Receptor 1, Relativo à Fonte Imagem Falsa e Receptor 2, Relativo à Fonte imagem Perdida Figura 5.8 Vista em Perspectiva da Sala Objeto de Estudo Figura 5.9 Esquema para Medição dos Níveis de Pressão Sonora Figura 5.10 Posicionamento da Fonte Sonora e dos Pontos de Medição de NPS para Determinação da Potência Sonora Figura 5.11 Curva de Propagação Sonora Experimental, Numérica e Analítica Figura 5.12 Curvas de Propagação Sonora Experimental, Numérica e Analítica, para os Modelos Calibrados Figura 5.13 Comparação dos Níveis de Pressão Sonora para os dois Modelos 98 99 100 101 102 103 106 107 108 109 110 111 112 113 117 118 119 120 122 123 124 125 131 132 132 134 134 135 135 136 138 139 144 145 147 XI CAPÍTULO VI Figura 6.1 Elementos do Edifício Escolar Proposto pela SEDUC. Figura 6.2 Diagrama de Bolt-Bereanek-Newmann para a Sala de Aula-SEDUC Figura 6.3 Diagrama de Bolt-Bereanek-Newmann para a Sala Proposta Figura 6.4 Forma da Sala de Aula Proposta Figura 6.5 Raios Acústicos Figura 6.6 Ventos em relação a Sala Figura 6.7 Planta Geral do Bloco Básico Proposto Figura 6.8 Modelo da Sala de Aula com Indicação da Fonte Sonora Figura 6.9 Distribuição do Campo Acústico na Banda de 125 Hz Figura 6.10 Distribuição do Campo Acústico na Banda de 250 Hz. Figura 6.11 Distribuição do Campo Acústico na Banda de 500 Hz Figura 6.12 Distribuição do Campo Acústico na Banda de 1000 Hz Figura 6.13 Distribuição do Campo Acústico na Banda de 2000 Hz. Figura 6.14 Distribuição do Campo Acústico na Banda de 4000 Hz Figura 6.15 Curvas de Propagação Sonora Numérica e Analítica Figura 6.16 Plantas de Distribuição e Seções da Proposta das Salas de Aula Figura 6.17 Seções da Sala de Aula Proposta Figura 6.18 Perspectivas das Salas de Aula 150 151 152 152 153 154 154 156 158 159 159 160 160 161 162 164 165 166 XII Lista de Tabelas CAPÍTULO III Tabela 3.1 Nível de critério de Avaliação para Ambientes Externos em dB(A) Tabela 3.2 Valores de Nível Sonoro para Conforto em dB(A) Tabela 3.3 Legislações internacionais nos parâmetros de qualidade acústica em Salas de Aula Tabela 3.4 Níveis de Pressão Som para Conforto, segundo a NBR 10152 Tabela 3.5 Características mais relevantes da mensagem oral Tabela 3.6 Relação Reverberação x Inteligibilidade Tabela 3.7 Relação Sinal/Ruído x Inteligibilidade CAPÍTULO IV Tabela 4.1 Relação de Escolas eleitas para Avaliação Acústica Tabela 4.2 Salas e Turnos avaliados em cada Escola Tabela 4.3 Resultado das medições por Mapeamento Tabela 4.4 Resultado das medições por Pontos Tabela 4.5 Tempos de Reverberação por Banda de Oitava Tabela 4.6 Listas de Palavras Monossilábicas Usadas no Teste de Inteligibilidade Tabela 4.7 Classificação da Inteligibilidade segundo Meyer (1998) Tabela 4.8 Classificação da Inteligibilidade - Sala 15 Tabela 4.9 Classificação da Inteligibilidade - Sala 16 Tabela 4.10 Classificação da Inteligibilidade - Sala 18 Tabela 4.11 Tabela de Classificação da Inteligibilidade (%ALCons) Tabela 4.12 Valores de %ALCons para as Salas de Aula Tabela 4.13 Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados Escola Estadual Paes de Carvalho Tabela 4.14 Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados Escola Visconde Souza Franco Tabela 4.15 Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados Escola Estadual Augusto Meira Tabela 4.16 Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados Escola Municipal Benvinda de França Messias Tabela 4.17 Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados Liceu- Escola Tabela 4.18 Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados Escola Silvio Nascimento Tabela 4.19 Valores dos Diferentes Parâmetros Avaliados nas Escolas 37 37 38 40 46 51 52 53 55 57 57 75 77 78 78 79 80 81 83 89 97 104 114 121 126 127 XIII CAPÍTULO V Tabela 5.1. Resultado das Medições de Ruído de Fundo Tabela 5.2. Níveis de Pressão Sonora Medidos no Interior da Sala Tabela 5.3. Níveis de Pressão Sonora e de Potência Sonora – Fonte Onidirecional Tabela 5.4. Valores de Tempo de Reverberação e de Coeficiente de Absorção Médio Tabela 5.5. Valores de Coeficiente de Absorção Sonoro Tabela 5.6. Valores de αm ajustados para os modelos Numérico e Analítico 140 142 143 CAPÍTULO VI Tabela 6.1. Relação de Material a ser Usado na Sala de Aula Tabela 6.2. Valores dos Níveis de Potencia Sonora para a Voz do Professor Tabela 6.3. Valores de Coeficiente de Absorção Sonora Tabela 6.4. Tempo de Reverberação em Segundos 149 156 157 158 137 138 140 XIV Lista de Abreviaturas e Siglas NPSmax Nível de Pressão Sonora Máximo NPS Nível de Pressão Sonora NBR Norma Brasileira Registrada LAeq Nível de Pressão Sonora equivalente CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente RF Ruído de Fundo NC Curvas de Critério de Ruído TR Tempo de Reverberação IDF Índice de Discriminação de Fala %ALC Percentagem de Perda de Articulação de Consoantes S/R Sinal/Ruído ASHA American Speech Language – Hearing Association ANSI American National Standards Institute MISM Mirror Image Ssource Method (Método de Fonte Imagem especular) RTM Ray-Tracing Method ( Método de Raios Acústicos) XV Lista de Símbolos A Absorção de um recinto (sabines) ATOT Absorção total de um recinto (sabines) %ALC Percentagem de perda de articulação de consoantes (%) α Coeficiente de Absorção Sonora (%) αm Coeficiente médio de Absorção Sonora (%) R Constante de Sala (m2) DC Distância crítica (m) r Distância do ponto considerado a fonte sonora (m) Q Fator de Diretividade Log Logaritmo decimal LD Nível de Campo Direto (dB) LR Nível de Campo Reverberante (dB) S/N Relação Sinal/Ruído (dB) S Área de Superfície de um recinto (m2) STOT Área de Superfície Total de um Recinto (m2) TR Tempo de Reverberação (s) V Volume da Sala (m3) XVI RESUMO Nas últimas décadas o ruído urbano tem sido a forma de poluição que atinge o maior número de pessoas, sendo considerado como uma questão de saúde pública. Este fator ganha destaque, quando se analisa o ambiente escolar em salas de aula construídas com qualidade acústica inadequada. O problema ao parecer imperceptível, origina sérias implicações para o aprendizado e o bem estar dos usuários. Desta forma, este trabalho propõe uma contribuição significativa para a área de educação, através da análise de salas de aula de escolas estaduais e municipais da cidade de Belém do Pará, sob um ponto de vista arquitetônico que engloba a vertente acústica, a qual é, na maioria dos casos, simplesmente negligenciada, a fim de garantir as condições necessárias para que estes ambientes possam desempenhar seu principal objetivo, a saber, propiciar meios para um ótimo nível de aprendizagem. Para tal, foram avaliadas seis salas de aula de escolas públicas, nas quais se efetuaram medições do Nível de Pressão Sonora, Ruído de Fundo, estimativa do Tempo de Reverberação e Análise da Inteligibilidade da Fala. Por outro lado, frente à comprovação da não adequação acústica das salas de aula pesquisadas, apresenta-se uma nova proposta de projeto acústico arquitetônico para uma sala de aula modelo, que contempla as considerações necessárias para garantir um desempenho acústico adequado, para a qual foi realizada uma modelagem acústica através do método de análise denominado de acústica de raios, utilizando o software comercial RAYNOISE, com o objetivo de comprovar a adequação acústica da sala de aula modelo. XVII ABSTRACT During the last decades, urban noise has become the kind of pollutant reaching the greatest number of people, being considered as a matter of public health. Emphasis is given to this problem when analyzing classrooms with inadequate acoustic characteristics. While seeming to be an imperceptible problem, it poses serious difficulties to the learning process. Thus, the present work represents a contribution to the educational area, through the analysis of public schools’ classrooms in the city of Belém-PA, under an architectural point of view that takes into account the acoustical aspects, which are, in most cases, simply neglected, in order to guarantee the necessary conditions for these environments to reach their goal, i.e., to allow the development of a high level learning process. Therefore, six public school classrooms were evaluated by means of measurements of Sound Pressure Level, Background Noise Level, Reverberation Time estimates and Speech Intelligibility analysis. On the other hand, facing the acoustical inadequacy of the studied classrooms, a new proposal is presented for the project of future classrooms, considering the acoustical characteristics as the main issue, based on ray tracing modeling using the commercial software RAYNOISE, in order to prove the acoustical adequacy of the new standard classroom being proposed. 18 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO GERAL O rápido crescimento das cidades, o inadequado uso e ocupação do solo causam uma grande deterioração da qualidade de vida, tornando o ambiente urbano cada vez mais ruidoso e insalubre. Sabe-se que o ruído é um fator antigo que tem contribuído significativamente para a poluição do ar, a tal ponto que, nas últimas décadas, o ruído urbano tem sido apontado como uma das formas de poluição que atinge o maior número de pessoas, sendo considerado como uma questão de saúde pública. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a poluição sonora é a terceira forma de poluição, perdendo apenas para a poluição do ar e da água, que vem se agravando, exigindo soluções que controlem seus efeitos no meio ambiente e a sadia qualidade de vida dos cidadãos. A saúde é um componente fundamental da qualidade de vida do homem, que se reflete na sua capacidade produtiva. Um ambiente ruidoso dá lugar à fadiga, perda de concentração, nervosismo, reações de estresse, ansiedade, falta de memória, baixa produtividade, cansaço, irritação, problemas com as relações humanas, dificuldade na aprendizagem, etc. (WHO, 1999). Este fator ganha destaque, quando se analisa o ambiente escolar em salas de aulas construídas com a qualidade acústica inadequada. O problema a princípio é invisível, porém, traz sérias implicações para o aprendizado e o bem estar dos usuários. Nas atividades educacionais, a influência do ruído no aproveitamento escolar se vê refletida na capacidade de atenção do indivíduo e reduz o rendimento no trabalho, tanto intelectual quanto fisicamente. 19 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ No caso de professores(as) os danos estão relacionados com problemas vocais, devido ao esforço de melhorar o grau de inteligibilidade. Por isso, qualquer problema em sua capacidade de transmissão do conhecimento ocasionará prejuízos para o(a) próprio(a) professor(a) e também para os alunos que terão maiores dificuldades em absorver o que está sendo proferido. As edificações escolares devem, então, ser capazes de produzir condições propícias ao desenvolvimento satisfatório das atividades de seus usuários, satisfazendo diferentes necessidades ambientais, isto é: proteção frente às diferentes condições climáticas sejam elas temperatura, vento ou umidade; garantia de qualidade acústica, proteção contra ruídos intrusivos e inteligibilidade ótima da palavra; garantia de condições ideais de visão e iluminação, natural ou artificial; proteção contra poluição e qualidade interna do ar; estabilidade estrutural da edificação, salubridade, higiene, segurança e conforto, dentre outros. Desta forma, surge o constante interesse dos especialistas nesta área de acústica em obter soluções que controlem os efeitos sobre o meio ambiente e sobre os problemas acústicos nas edificações, com a finalidade de estabelecer métodos de avaliação das condições necessárias para um ambiente acusticamente adequado às atividades e ocupação do ser humano. Diante do acima exposto, este trabalho apresenta uma contribuição significativa para a área de educação, através da análise de salas de aula de escolas estaduais do Pará, sob um ponto de vista arquitetônico que engloba a avaliação acústica, a qual é, na maioria dos casos, simplesmente negligenciada, a fim de garantir as condições necessárias para que estes ambientes possam desempenhar seu principal objetivo, a saber, propiciar meios para um ótimo nível de aprendizagem. 1.2 HISTÓRICO (Segundo CARRION, 2001) A primeira referência escrita onde se conjugam critérios acústicos e arquitetônicos corresponde ao romano Vitruvio no século I aC. Em sua opinião, a geometria dos teatros gregos (em forma de leque) e dos romanos (a clássica areia) estava baseada em uma 20 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ definição prévia da acústica, mas adequada em cada caso; no entanto, até finais do século XIX, a acústica era considerada uma ciência inexata. Em todas as épocas se construíram salas, com melhor ou pior acústica. O certo é que na maioria dos casos, somente aquelas consideradas como excelentes resistiram ao transcurso dos anos. Por outro lado, deve-se ter em conta que os êxitos nos projetos do ponto de vista acústico foram uma combinação de intuição e experiência, embora o principal ingrediente tenha sido a boa sorte: sorte na definição das formas e sorte na eleição dos materiais construtivos. Caberia perguntar até que ponto os arquitetos projetavam, conscientemente, os edifícios de acordo com as necessidades específicas acústico-musicais, para lograr uma perfeita conjunção entre forma e função. A evolução da arquitetura da igreja protestante constitui um bom exemplo do efeito das exigências acústicas sobre o volume da sala. Quando o sermão se converteu em um elemento primordial do serviço, o volume da igreja de nova construção foi reduzido, conseguindo assim uma melhor compreensão da palavra como conseqüência da diminuição da reverberação. Ao final do século XIX, e concretamente em 1877, o físico inglês Lord Rayleigh publicou um tratado com o título de Theory of Sound (Teoria do Som) que continha os fundamentos teóricos desta ciência e que ainda hoje é usada como referência. Não deixa de ser curioso que em uma época caracterizada por descobrimentos revolucionários em campos como da física atômica, o progresso da acústica, que pretende explicar um fenômeno tão cotidiano como o comportamento do som em um recinto, fosse tão lento. Com certeza, o motivo principal não era outro senão a falta de equipamento eletrônico para fazer as medições objetivas. O único sistema disponível era o ouvido humano, mas sua rápida adaptação a qualquer tipo de recinto com independência de seu comportamento acústico impossibilitava seu uso como instrumento de medida. Em 1895 Wallace Clement Sabine começou seu trabalho pioneiro encaminhado na aplicação da acústica na arquitetura e em 1898, durante o estudo acústico da nova Boston Music Hall, descobriu que a reverberação de um recinto é inversamente proporcional à 21 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ quantidade da absorção sonora do mesmo. Havia nascido a célebre equação de reverberação de Sabine, utilizada universalmente até nos dias atuais como parâmetro primordial para a caracterização acústica de uma sala. A acústica se consolida como uma nova ciência a partir dos anos 80, com posterioridade à prematura morte de Sabine, em 1919, fundamentalmente pelo desenvolvimento da tecnologia de microfones, amplificadores a válvulas e sua utilização como ferramenta habitual nos trabalhos de campo. Posteriormente, com a evolução dos equipamentos eletrônicos de medição, tem sido possível relacionar uma série de parâmetros subjetivos tais como: inteligibilidade da palavra, clareza musical, reverberação, envolvimento espacial do som ou intimidade acústica com outros parâmetros objetivos obtidos diretamente a partir das medições “in situ”. A utilização de programas de simulação acústica, no início da década de 80, foi um salto qualitativo importante na melhoria das previsões efetuadas em relação aos resultados finais com o recinto construído. Tais previsões consistiam em um cálculo estimativo dos parâmetros acústicos mais representativos do recinto e foram considerados como um notável avanço em relação a tempo e custo, com respeito ao uso exclusivo de maquetes que permitiam estudar também o comportamento das ondas sonoras em seu interior. Como complemento a ambos os sistemas aparecem, já na década dos anos 90, os denominados sistemas de criação de som virtual, que permitem a realização de “auralização”, processo através do qual é possível realizar uma escuta, em qualquer ponto de um recinto, de uma mensagem oral ou uma passagem musical, com a particularidade de que isto se leva a cabo de forma virtual (antes de que tal recinto seja construído ou remodelado). 1.3 IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE ESCOLAR O espaço escolar é o espaço onde o aluno desenvolve a maior parte de sua atividade, portanto, se devem adaptar as condições que determinam a idéia de educação que se pretende desenvolver. 22 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ Por outro lado, a organização de espaço se apresenta como um problema didático fundamental, já que contribui para definir a situação de ensino-aprendizagem e a eficácia da transmissão instrutiva. Os objetivos que se perseguem em um nível educativo, as condicionantes arquitetônicas, as características dos alunos, incluindo a metodologia que se utiliza, servem para definir como deve ser o espaço escolar. Por isso, a concepção das instituições de educação deve ser uma obra em equipe dos membros do corpo docente, alunos, arquitetos, construtores, sociólogos, pais e representantes da administração. Só a atuação conjunta de todos os elementos implicados no processo permitirá atender, nas melhores condições, a totalidade do que é o aluno, e articular adequadamente os meios materiais para que a ação educativa resulte a mais eficaz possível. O espaço fica assim definido por diferentes profissionais que atuam em níveis distintos, onde as conseqüências para o educando são facilmente reconhecidas. No caso da Arquitetura a configuração do espaço é decisiva, concebida como a disposição de construções para o uso e ambientação da pessoa segundo a finalidade determinada. No século XX, a concepção social com relação à escola varia e se perfilam maiores e específicas exigências para o edifício escolar. Assim, os higienistas (1880 a 1912 aproximadamente), buscando o meio físico ideal, marcam as condições adequadas de iluminação, ventilação, condições acústicas etc. No entanto, as concepções pedagógicas da nova escola manifestam a necessidade de uma maior adaptabilidade dos edifícios a sua função e incorporar orientações às escolas que lhes permitam deixar de ser o meio inerte no qual se desenvolve o ensino. Paralelamente, surgem novas concepções que consideram a escola como um centro de comunicação interna e de relações com o exterior, buscando combinar adequadamente a abertura de espaços e uma certa atmosfera de intimidade. A estas novas soluções se juntam preocupações pela segurança, a estética, e a relação com o entorno físico. 23 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ O projeto dos edifícios escolares não está ausente na preocupação pelas divisões do espaço e sua localização. A distribuição interna atende a necessidade de acessos curtos às diferentes salas, evitar a existência de corredores de muito trânsito junto a lugares de trabalho, assegurar a iluminação e ventilação naturais, orientação com respeito às zonas verdes, zonas silenciosas e ruidosas e uma dosagem adequada dos serviços higiênicos. Nas zonas externas podem-se incluir as zonas verdes e a zona para jogos esportivos e, para lograr condições acústicas, se busca evitar os ruídos exteriores mediante o isolamento natural (orientação do edifício e distribuição de espaços) ou pela incorporação de revestimentos em obra (fibra de vidro e cortiça). 1.4 JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO DO TEMA O campo da acústica como muitos outros campos da ciência é extremamente amplo, abrangendo disciplinas tão diversas como a acústica ambiental, a acústica musical, a psicoacústica e a acústica arquitetônica, entre outras. É no campo da acústica arquitetônica que este trabalho encontra sua principal motivação, tal que os conceitos e fundamentos desta disciplina são usados para a avaliação de espaços escolares e a proposição e desenvolvimento de um projeto acústico arquitetônico na área de educação, por ser o espaço escolar muito importante para o processo de ensinoaprendizagem. Por outro lado, a melhoria da acústica da sala de aula torna possível atender também aos problemas na área da saúde, tal que possa ser evitado o dano das cordas vocais dos professores, devido ao esforço feito no sentido de aumentar a inteligibilidade da fala nas salas de aula, ao mesmo tempo em que se elimina a fadiga, o cansaço e o estresse dos alunos, que são problemas que afetam a maioria da população estudantil das escolas em diferentes cidades do Brasil e do mundo. Em Belém, como na maioria das cidades, os projetos naquele setor ainda não contemplam soluções acústico-arquitetônicas que permitam garantir melhorias em nível de aprendizagem escolar. Tais condicionantes geram uma necessidade de estabelecer, além das diretrizes e regulamentos, uma solução global que em todos os aspectos permitam melhorar qualitativa e 24 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ quantitativamente as condições para garantir um adequado conforto acústico em nível de ambiente escolar. 1.5 OBJETIVOS 1.5.1 Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é produzir uma contribuição ao projeto acústico arquitetônico de edificações escolares públicas, que permita melhorar as condições atuais em que se desenvolvem as escolas nesta cidade, no que diz respeito à melhoria do processo ensino-aprendizagem através da adequação da inteligibilidade da fala nas salas de aula. 1.5.2 Objetivos Específicos • Realizar um diagnóstico das condições acústicas de salas de aulas, localizadas em escolas da região metropolitana do município de Belém-PA, a partir da quantificação dos seguintes parâmetros acústicos: Ruído de Fundo, Nível de Pressão Sonora, Tempo de Reverberação e Inteligibilidade da Fala. • Propor uma nova concepção de sala de aula, que atenda às necessidades de conforto acústico necessário ao processo de ensino-aprendizagem, comprovando sua eficiência a partir da análise da acústica geométrica. 1.6 METODOLOGIA DO PROJETO A primeira etapa deste trabalho diz respeito à revisão bibliográfica, que tem o objetivo de verificar as legislações, as normas e os trabalhos já desenvolvidos sobre o assunto objeto deste trabalho. Com base nesta revisão, foram definidos os parâmetros acústicos e as considerações que permitem ser tomadas como base para uma ótima realização do projeto. Na segunda etapa foi realizado o trabalho de campo, onde, primeiramente, os esforços desenvolvidos foram direcionados para a caracterização acústica dos ambientes pesquisados, ou seja, a determinação do Ruído de Fundo, Nível de Pressão Sonora, Tempo de Reverberação e Inteligibilidade da Fala, todos para as salas vazias e ocupadas. 25 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ Posteriormente, foi feita uma avaliação ambiental no que diz respeito à posição da sala de aula no prédio, relacionando-a ao ruído de fundo originado pela proximidade às fachadas, no caso em que a sala se encontra próxima a avenidas, áreas de circulação, salas adjacentes, atividades esportivas e recreativas. Finalmente, observou-se em cada uma das salas o volume, número de cadeiras, as reflexões das paredes, pisos e tetos, bem como o dimensionamento das janelas, tal que estas informações possam servir para a posterior definição de uma melhor qualidade acústica na concepção e elaboração de um novo projeto arquitetônico. Em seguida, a partir da acústica geométrica, foram feitas simulações com o software RAYNOISE, para uma melhor visualização do comportamento das Salas de Aula, permitindo a formulação de uma proposta acústico-arquitetônica adequada para as mesmas. Como última etapa, foi feita uma análise dos resultados da pesquisa para a elaboração de uma proposta de projeto arquitetônico que contemple todas as considerações arquitetônicas como funcionalidade, boas condições de iluminação e ventilação, proporcionalidade e de conforto acústico que estas salas de aulas requerem. 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho consta de seis capítulos, onde o Capítulo I abrange um histórico que apresenta as características acústico-arquitetônicas relacionadas ao ambiente escolar ao longo do tempo. Em seguida, apresenta a justificativa e motivação do tema, os objetivos, a metodologia, e a estrutura do trabalho. No Capítulo II apresenta-se a Revisão Bibliográfica, em ordem cronológica dos artigos, livros e normas referentes às salas de aulas e ao estudo das condições em que estas se desenvolvem, no que diz respeito às características acústicas necessárias. O Capítulo III apresenta a fundamentação teórica que dá suporte ao desenvolvimento da dissertação, destacando os aspectos acústico-arquitetônicos mais importantes para caracterizar qualitativa e quantitativamente o desempenho de um ambiente construído de forma geral e, posteriormente, direcionando para os ambientes escolares, destacando, por exemplo, os parâmetros: tempo de reverberação, inteligibilidade da fala, etc. 26 Capítulo I. Introdução. _________________________________________________________________________ O Capítulo IV, destinado à coleta de dados e análise experimental, apresenta uma descrição dos procedimentos experimentais que foram usados para a caracterização acústicoarquitetônica dos ambientes construídos, bem como as normas técnicas relacionadas e os equipamentos usados com esta finalidade. Mostra, ainda, a delimitação do grupo de escolas que foram estudadas para a caracterização do estágio atual do problema acústicoarquitetônico, sendo esta a população com que se procedeu ao levantamento experimental. No Capítulo V apresenta-se a modelagem acústica de salas de aula no programa RAYNOISE para mostrar o desempenho deste com a finalidade de comparar os resultados com aqueles registrados pelos procedimentos experimentais, validando assim o procedimento numérico. O Capítulo VI apresenta uma proposta de projeto acústico-arquitetônico de um ambiente escolar, fazendo uma descrição do mesmo, inclusive com a utilização de esquemas, desenhos, etc., permitindo assim uma boa visualização e compreensão do mesmo. Finalmente, no Capítulo VII, apresentam-se as conclusões e recomendações dos resultados obtidos, destacando os aspectos de diagnóstico e as medidas que foram propostas para corrigir os desvios encontrados. Posteriormente, formulam-se as proposições de estudos futuros dentro do tema deste trabalho, buscando ampliar as conquistas que foram alcançadas com respeito ao desempenho acústico-arquitetônico de ambientes escolares. 27 Capítulo II. Revisão Bibliográfica. ______________________________________________________________ CAPÍTULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Durante a pesquisa bibliográfica executada e direcionando a busca para trabalhos relacionados ao conforto acústico de salas de aula, foram encontrados artigos que, em sua maioria, relatam a existência de salas de aula com deficiências nos parâmetros que definem uma boa qualidade acústica. Em junho de 2002, o “American National Standards Institute” aprova a norma ANSI S12.60-2002. Esta nova norma, para Salas de Aula e outros espaços da aprendizagem, determina que os níveis de ruído em salas de aula equipadas não devem exceder 35 dB(A) e que o Tempo de Reverberação deve ser da ordem de 0,6 s. Para uma sala típica, os níveis de som para o discurso devem ser de 67 dB(A), a 1 m de distância, e de 50 dB(A) para a parte posterior da sala. A relação Sinal/Ruído é uma comparação simples que é possível utilizar para estimar como o discurso pode ser compreensível em um ambiente. O nível sonoro da voz de um professor em dB menos o nível de ruído de fundo na Sala é a relação Sinal/Ruído, que mostra ser maior a inteligibilidade do discurso quanto maior seja o seu valor. O controle do Nível de Ruído de Fundo e do Tempo de Reverberação depende de uma variedade de fatores entre os quais se destacam a localização da Sala de Aula, da construção do prédio e a opção dos materiais (ROMAN, 2002). Barbosa (1993) estudou as condições acústicas das salas de aula do bloco maternal, no Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), relatando medidas de nível de pressão sonora, tempo de reverberação, ensaios de inteligibilidade e a influência dos sistemas construtivos. O tempo de reverberação ficou muito maior que o ideal, e a inteligibilidade alcançou uma percentagem de 84,7%. Por outro lado, evidencia a necessidade de reparo nas condições acústicas do ambiente estudado, como o aumento do isolamento dos fechamentos laterais e o aumento na absorção interna da sala. Capítulo II. Revisão Bibliográfica. 28 ______________________________________________________________ Russo (1995), professora de Distúrbios da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em um trabalho sobre a importância da acústica e da psico-acústica para a audiologia, argumenta que a influência da acústica das salas de aulas na percepção da fala retoma conceitos teóricos importantes com ênfase na propagação do som no ambiente e a influência da reverberação e da relação sinal/ruído na percepção de sons da fala pelo aluno. Quando faz referência ao papel da acústica da sala de aula na inteligibilidade da fala, a autora informa que a percepção auditiva é essencial no processo da comunicação entre estudantes e professores em sala de aula. Por outro lado, considera que, além dos programas de conservação da audição para o trabalhador exposto a elevados níveis de ruído, deve-se ampliar a área de atuação no ambiente escolar, o que poderá contribuir para que sejam minimizados os efeitos negativos para o reconhecimento da fala e, conseqüentemente, para o processo de aprendizagem do aluno nas várias escolas existentes no país. Um estudo feito por Tavares e Clímaco (1999) faz referência aos estudos anteriores de edificações escolares em Brasília que apresentaram condições acústicas inadequadas, de modo que os sons gerados interna e externamente aos edifícios foram causadores de prejuízos ao trabalho e à saúde dos seus ocupantes. Estas pesquisas investigaram o desempenho acústico das edificações e a que aspectos dos projetos arquitetônicos se deviam as deficiências, estabelecendo correções para as salas existentes além de buscar como evitar os mesmos problemas. Para isso, na metodologia foram selecionadas cinco escolas do ensino fundamental da rede pública de Brasília que apresentaram diferentes tipologias (pequenas variações de projeto padrão) e efetuados cálculos de absorção e de tempo de reverberação para as salas de aula e biblioteca, a fim de serem comparados aos valores recomendados dos referidos parâmetros, realizando também entrevistas para averiguar o nível de insatisfação apontado. Os problemas que foram destacados dizem respeito ao ruído interno devido à organização interna dos espaços e às especificações, tanto dos sistemas construtivos quanto dos revestimentos, os quais não favorecem a absorção sonora. Os autores concluem que, dentre os espaços analisados, quanto maior a área descoberta da escola e quanto maior a separação entre área de pátio e área de circulação, melhor o desempenho das salas de aula. Pedrazzi et al. (2001), avaliando o desempenho acústico em salas de aula do CEFETPR, apresentaram uma análise das características acústicas das salas de aula do bloco de engenharia, para o qual avaliaram o comportamento dos usuários quanto ao nível de ruído Capítulo II. Revisão Bibliográfica. 29 ______________________________________________________________ existente e pelo desconforto por ele gerado, e pelas leituras de níveis de ruído executadas nas salas de aula. A metodologia aplicada analisou o desempenho acústico nas salas de aula em duas etapas: junto aos alunos, usuários das salas de aula, com a aplicação de questionários e avaliação dos níveis de ruído no interior das salas de aula. Consideraram duas situações de medidas nas salas para leitura: com todas as janelas abertas, para se obter a maior influência do nível de ruído externo e com todas as janelas fechadas, para verificar a redução de ruído proporcionado pelas esquadrias e vidros existentes. Os autores compararam estes valores com aqueles dos parâmetros de conforto e aceitabilidade tabelados para escolas, determinando que o nível sonoro existente no ambiente da sala de aula em estudo não é aceitável e muito menos confortável. Bertolli (2001), avaliou as melhorias de conforto ambiental das escolas da rede pública de Campinas-SP, onde foram escolhidas 15 escolas. Parte do processo de avaliação consistiu de: observação da edificação, aplicação de questionários para alunos, professores, funcionários e diretores. A autora considerou duas frentes de atuação para avaliar as condições de conforto acústico do ambiente: a qualidade interna do ambiente e a influência do meio externo. O objetivo do trabalho foi de avaliar o conforto ambiental, sob o ponto de vista acústico, de prédios escolares. Na metodologia empregada, foram medidos os níveis de pressão sonora (NPS) e estimados os tempos de reverberação. Nas salas de aula, nos corredores e nos pátios, as medidas de NPS foram realizadas em três situações: salas de aula e escola vazias, sala de aula vazia em horário de recreio e salas de aula ocupadas. Nos casos em que nas salas existiam equipamentos ruidosos (por exemplo, ventiladores) as medidas eram repetidas com e sem o equipamento funcionando. Quanto à avaliação da satisfação, a característica é estimada pelos alunos como boa, embora os professores indiquem uma insatisfação quanto ao desempenho acústico das salas de aula. Esse resultado indicou que as medidas físicas nem sempre refletem a subjetividade do problema. Em Müller et al. (2002), duas escolas estaduais do Rio de Janeiro-RJ foram objeto de ensaios da inteligibilidade da palavra, onde testes de inteligibilidade foram aplicados aos alunos através de um ditado com vinte palavras monossilábicas e sílabas sem sentido na língua portuguesa. Foram realizados dois testes em cada sala de aula: o primeiro com um nível sonoro aproximadamente igual àquele medido durante uma aula normal na escola tradicional e um teste com nível sonoro pelo menos 10 dB(A) acima. Os resultados mostraram Capítulo II. Revisão Bibliográfica. 30 ______________________________________________________________ claramente a influência do ruído de fundo no índice de acertos das duas turmas ensaiadas. Na sala onde as paredes não iam até o teto, (salas panorâmicas), os índices de acerto para a lista com menor nível sonoro alcançou no máximo 50%, enquanto que na sala com arquitetura interna tradicional, para as mesmas condições de ensaio, esses acertos não foram menores que 80%. O objetivo desta pesquisa foi de apoiar um programa de certificação de imobiliário escolar e aumentar a qualidade acústica das salas de aula. Bertolli (2002) trabalhou, também, no estudo de uma sala do prédio da pós-graduação da Engenharia Civil da UNICAMP, a qual foi escolhida por sua proximidade às zonas de estacionamento, apresentando formato de auditório. Teve-se como objetivo avaliar o fenômeno da propagação de som nesse ambiente e as sensações que este produz nas pessoas. Na metodologia, realizou primeiramente uma pesquisa com o objetivo de verificar as legislações e normas existentes relativas ao conforto acústico no interior das edificações, de maneira especial em relação a salas de aula. Em seguida, efetuou medições sonoras de modo a se determinar, de forma quantitativa, os valores das variáveis acústicas que influenciam na qualidade dos ambientes. A autora conclui que, primeiramente se deve fazer um estudo dos raios acústicos para se determinar as superfícies que devem ser absorventes e aquelas que devem ser reflexivas. Deve-se, também, procurar distribuir os materiais de forma simétrica pelo ambiente para que não ocorram grandes diferenças de níveis sonoros entre posições da sala. No caso dos EUA, uma publicação do Comitê Técnico em Acústica Arquitetônica da Sociedade Americana de Acústica indica que a inteligibilidade da fala é de 75% ou menos em muitos testes realizados. Isto significa que em testes de inteligibilidade da fala, ouvintes com audição normal podem ouvir apenas 75% das palavras lidas de uma lista, o que seria equivalente a ler um livro faltando toda quarta palavra, sendo esperado que se entenda o material nele contido. Obviamente, isto se torna ainda mais complicado para crianças pequenas, pois devido a seu vocabulário e experiência limitadas, quando perdem algumas palavras da exposição da professora, são menos capazes de “preencher” os pensamentos perdidos (SEEP et al., 2002). Viveiros (2002) considera que as vias de tráfego são as principais fontes de ruído em áreas urbanas. Baseado em uma dissertação de mestrado, este artigo apresenta uma Capítulo II. Revisão Bibliográfica. 31 ______________________________________________________________ metodologia de investigação do impacto de ruído de tráfego urbano em edificações escolares onde foram analisados os indicadores de ruído urbano e os parâmetros de inteligibilidade da fala em salas de aula. O que se pretendeu foi levantar questões que contribuam na elaboração de uma regulamentação para o planejamento do impacto de ruído de tráfego em edificações escolares. Seep et al. (2002) fazem referência ao custo de renovação, o qual é considerado pequeno quando comparado aos custos sociais provenientes de salas de aula com baixa qualidade acústica, devido ao prejuízo para o aprendizado de milhões de crianças. Eniza e Garevilla (2003) mencionam, na pesquisa desenvolvida em duas escolas da rede privada do Distrito Federal, que os NPS’s nas aulas variam de 81,8 a 84,7 dB(A), mostrando como os ambientes de salas de aula são inadequados para a finalidade a que se destinam. Os autores consideram que os altos índices medidos são preocupantes. Segundo Melo (2004), uma das principais causas do problema referido no artigo anterior é a falta de planejamento arquitetônico das salas. Estudar o projeto, levando-se em consideração o fator acústico, evita que os gastos sejam maiores no futuro, considerando que corresponde a 1% do valor total da obra o custo econômico para resolver de modo preventivo os problemas de acústica numa sala de aula antes de ser projetada, comparado com um percentual de 15% do valor total quando a intervenção para correção acústica se dá após a edificação. Pode-se observar na revisão bibliográfica a preocupação geral dos diferentes autores em buscar o conforto acústico nas Salas de Aula, identificando assim a necessidade de solucionar um problema que afeta a maioria da população estudantil das escolas, nas diferentes cidades do Brasil e em outras partes do mundo. Este trabalho pretende além das propostas estabelecidas até hoje, contribuir com uma Solução Arquitetônica, como orientação para as futuras edificações escolares estaduais, tendo como referência o já estabelecido e incorporando as novas considerações que o desenvolvimento deste projeto exija. Capítulo III. Fundamentação Teórica. 32 _______________________________________________________________ CAPÍTULO III FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. O objetivo deste capítulo é o de apresentar a fundamentação teórica necessária para que os conceitos principais da acústica arquitetônica fiquem inseridos dentro da forma em que se deve fazer a caracterização de uma sala de aula. Portanto, além de definir os conceitos deve ficar claro também que, para caracterizar a qualidade acústica de uma sala de aula, existem parâmetros bem definidos, como: • Nível de Pressão Sonora; • Ruído de Fundo; • Tempo de Reverberação; • Inteligibilidade da Fala; e • Relação Sinal/Ruído. 3.1 DEFINIÇÕES PRÉVIAS Para a concepção de como uma sala de aula deve ser projetada, tem-se a necessidade de descrever previamente alguns conceitos que permitam entender as propriedades básicas do som. Entende-se por Som a uma alteração física num meio, que pode ser sólido, liquido ou gasoso, a qual pode ser percebida pelo ouvido humano. Para que estas perturbações possam propagar-se através do meio, é necessário que o mesmo tenha inércia e elasticidade. Em geral, o som se irradia em ondas para todas as direções a partir de uma fonte, até encontrar obstáculos como paredes ou tetos. Duas características dessas ondas sonoras são de interesse particular para a acústica arquitetônica: intensidade e freqüência. Intensidade Sonora é uma medida física de uma onda sonora, relacionada com quão forte o som é percebido. 33 Capítulo III. Fundamentação Teórica. _______________________________________________________________ Também pode-se medir a Freqüência de uma onda sonora a qual é percebida como tom. Se o som tem apenas uma freqüência é chamada de tom puro, mas muitos sons do dia a dia, como a fala, música e ruído, são sons complexos compostos por uma mistura de freqüências diferentes. A importância da freqüência surge quando a onda sonora encontra uma superfície: o som reagirá diferentemente em freqüências distintas. Os seres humanos estão mais sujeitos a serem incomodados por ruídos de média e alta freqüência, especialmente por tons puros. Quando o som incide sobre uma superfície, vários fenômenos podem acontecer: • Transmissão: O som é transmitido através de uma superfície, de um lado para outro, ao fazê-la vibrar; • Absorção: As superfícies dissipam a energia sonora, transformando-a em calor; • Reflexão: O som incidente em uma superfície pode ser refletido de forma especular ou difusa. Os fenômenos acima descritos podem ocorrer simultaneamente. Por exemplo, uma onda sonora pode ao mesmo tempo ser refletida e absorvida por uma parede, conforme mostrado na Fig. 3.1, onde podem ser definidos os coeficientes de absorção α, de reflexão r e de transmissão τ, conforme abaixo: α= Energia Absorvida ; Energia Incidente (3.1) r= Energia Refletida ; Energia Incidente (3.2) τ= Energia Transmitida . Energia Incidente (3.3) Capítulo III. Fundamentação Teórica. 34 _______________________________________________________________ Figura 3.1- Esquema da divisão da energia sonora de uma onda ao encontrar um obstáculo (FERNENDEZ, 2002). Como resultado, a onda refletida pode não ser tão intensa como a onda inicial. As freqüências do som também fazem diferença, pois muitas superfícies absorvem sons de altas freqüências e refletem sons de baixas freqüências com maior facilidade. Eco: O Eco é uma conseqüência imediata da reflexão sonora. Define-se eco como a repetição de um som que chega ao ouvido por reflexão 1/15 de segundo ou mais depois do som direto. Considerando-se a velocidade do som em 343 m/s, o objeto que causa essa reflexão no som deve estar a uma distância de 24 m ou mais. Ondas Estacionárias: é um fenômeno que ocorre em recintos fechados. Consiste na superposição de duas ondas de igual freqüência que se propagam em sentidos opostos. Ao se sobreporem, a coincidência dos comprimentos de onda faz com que os nós e os ventres ocupem alternadamente as mesmas posições, produzindo a impressão de uma onda estacionária. Em locais fechados o som refletido entre paredes paralelas pode criar esse efeito, causando graves problemas acústicos para o ambiente. Eco Palpitante (Flutter Echo): ocorre devido à capacidade do ouvido humano de perceber com muita facilidade a ocorrência de sons com grande periodicidade, situação esta que acontece freqüentemente em locais com superfícies refletoras e paralelas, mesmo quando a distância entre tais superfícies é menor que aquela descrita como necessária para a Capítulo III. Fundamentação Teórica. 35 _______________________________________________________________ ocorrência de um Eco. Nestes casos, o eco palpitante produzirá a sensação de um “som de campainha”. 3.2 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA A energia sonora total presente em qualquer ponto de uma sala se obtém como a soma de uma energia de valor variável, que depende da localização do ponto, e outra de valor constante. Supõe-se que a causa é uma fonte sonora de diretividade conhecida e com uma potência acústica bem definida. A energia de valor variável corresponde ao som direto e diminui à medida que o receptor se afasta da fonte. A energia de valor constante está associada ao som indireto, ou refletido. O fato de tal energia não depender do ponto em consideração provém da aplicação da teoria estatística a todo som refletido e, em conseqüência, de tratar por igual todas as reflexões, sejam precoces ou tardias. Esta hipótese leva a resultados evidentemente aproximados, embora apresente a vantagem da simplicidade de cálculo da energia total. Geralmente não se trabalha em termos de energia, mas sim de Nível de Pressão Sonora (NPS) o qual é totalmente equivalente, desde que se conheçam as características do campo acústico, além da distância da fonte ao receptor. Isto se deve ao fato de que, na prática, o NPS é facilmente medido. Portanto, a pressão sonora total em um ponto qualquer de um recinto obtém-se a partir da contribuição das pressões do som direto e do som refletido. 3.2.1 Campo Direto A zona onde predomina o som direto se denomina zona de campo direto. A esta zona pertencem os pontos, mais próximos à fonte sonora e nela o NPS, chamado de nível de campo direto LD, diminui 6 dB cada vez que se dobra a distância da fonte. É como se o receptor (aluno) estivesse localizado no espaço livre. 3.2.2 Campo Reverberante A zona onde predomina o som refletido (também denominado som reverberante) recebe o nome de zona de campo reverberante. A ela pertencem os pontos mais afastados da Capítulo III. Fundamentação Teórica. 36 _______________________________________________________________ fonte sonora. Nesta zona o NPS, denominado nível de campo reverberante LR, permanece constante. A distância para a qual LD = LR se denomina distância crítica, DC.. Assim, diante do acima colocado, a energia radiada por uma fonte sonora em um ambiente fechado chega ao ouvinte localizado em um ponto qualquer deste, de duas formas diferentes: uma parte da energia chega de forma direta (som direto), como se a fonte e receptor estivessem no espaço livre. No entanto, a outra parte chega de forma indireta (som refletido), associada às sucessivas reflexões que sofre a onda sonora quando incide sobre as diferentes superfícies do recinto (sala de aula). Em um ponto qualquer da sala de aula, a energia correspondente ao som direto, depende exclusivamente da distância da fonte sonora. No entanto, a energia associada a cada reflexão depende do caminho percorrido pelo raio sonoro, assim como do grau de absorção acústica dos materiais usados como revestimentos das superfícies implicadas. Logicamente, quanto maior for a distância percorrida e mais absorvente forem os materiais usados, menor será a energia associada, tanto ao som direto quanto às sucessivas reflexões (CARRION, 2001). 3.2.3 Medição A medição dos Níveis de Pressão Sonora são a principal atividade para avaliação dos problemas do ruído em um ambiente. A norma NBR 10151 especifica um método para medição de ruído. O método de avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora equivalente (LAeq), em decibels ponderados em “A”, comumente chamado dB(A). Por outro lado, devem ser seguidos os seguintes procedimentos de medição no interior de edificações: • As medições em ambientes internos devem ser efetuadas a uma distância de no mínimo 1 m de quaisquer superfícies como paredes, tetos, pisos e móveis; • Os níveis de pressão sonora em interiores devem ser o resultado da média aritmética dos valores medidos em pelo menos 3 posições distintas, sempre que possível afastadas entre si de pelo menos 0,5 m; 37 Capítulo III. Fundamentação Teórica. _______________________________________________________________ • As medições devem ser efetuadas nas condições de utilização normal do ambiente, isto é com as janelas abertas ou fechadas de acordo com o objetivo de interesse. 3.2.4 Legislação Na ausência de Lei Orgânica do Município e do planejamento por zoneamento, a referência passa a ser as Normas Técnicas NBR 10151 e NBR 10152, seguindo as resoluções do CONAMA, as quais fornecem dados de acordo com as tabelas 3.1 e 3.2. Tabela 3.1 - Nível de Critério de Avaliação para Ambientes Externos em dB(A). TIPOS DE ÁREAS DIURNO Área estritamente residencial urbana, de hospitais ou escolas NOTURNO 50 45 Fonte: NBR 10151 Tabela 3.2 - Valores de Nível Sonoro para Conforto em dB(A). LOCAIS - ESCOLAS dB(A) Salas de Aula, laboratórios Circulação 40-50 45-55 Fonte: NBR 10152 De acordo com as diferentes propostas uma sala de aula com condições acústicas satisfatórias, deve apresentar níveis de pressão sonora menor de 30 dB(A). Na tabela 3.3 podem-se observar os valores estabelecidos por diferentes países para os diferentes parâmetros. 3.3 RUÍDO DE FUNDO O ruído de fundo ou ruído ambiente pode ser considerado como todo aquele ruído existente em um determinado local que não diz respeito ao objeto de apreciação ou medição. Para o caso de escolas, e mais especificamente salas de aula, o ruído de fundo é todo aquele ruído além da voz do professor (LOSSO, 2003). Capítulo III. Fundamentação Teórica. 38 _______________________________________________________________ Tabela 3.3-Legislações internacionais nos parâmetros de qualidade acústica em Salas de Aula Fonte: VIVEIROS (2002) 3.3.1 Curvas NC Para a avaliação do grau de perturbação que um determinado ruído de fundo provoca sobre um ouvinte deve-se fazer a comparação dos níveis de ruído existentes nas salas para cada banda de oitava compreendida entre as freqüências de 63 Hz e 8 kHz com um conjunto de curvas de referência denominadas NC, conforme mostradas na Fig. 3.2. As curvas NC são utilizadas para estabelecer os níveis de Classe recomendados para diferentes tipos de espaços em função de seu uso, de acordo com o estabelecido na Tabela 3.4. As curvas NC seguem, de forma aproximada, a evolução da sensibilidade do ouvido em função da freqüência. Isto significa que, para uma determinada curva NC, os níveis de NPS máximos permitidos a baixas freqüências (sons graves) são sempre mais elevados que os Capítulo III. Fundamentação Teórica. 39 _______________________________________________________________ correspondentes a freqüências altas (sons agudos), já que o ouvido é menos sensível à medida que a freqüência considerada é menor. Figuras 3.2 - Curvas de Critério de Ruído NC. 3.3.2 Legislação A norma NBR 10152 considera para Salas de Aula que o NC deve estar entre as curvas NC 35 e NC 45 como mostrado na tabela 3.4. Diz-se que um ambiente cumpre uma determinada especificação NC, quando os níveis de ruído de fundo, medidos por bandas de oitava, estão abaixo da curva NC correspondente, para todas as freqüências compreendidas entre 63 Hz e 8 kHz. Capítulo III. Fundamentação Teórica. 40 _______________________________________________________________ Tabela 3.4-Níveis de Pressão Sonora para Conforto. Fonte NBR 10152 Em cada caso, o cumprimento da especificação NC supõe o primeiro passo para se conseguir um conforto acústico e um grau de inteligibilidade adequado (CARRION, 2001). Para fazer uma análise das condições de viabilidade do desempenho acústico das salas de aula são consultadas as condições de conforto de NPS(médio) e NC, pois representam o nível sonoro de conforto. Os valores de conforto de NPS(médio) são os parâmetros fundamentais para a classificação, sendo as freqüências associadas a estes valores de grande importância para o dimensionamento do isolamento acústico, pois representam uma referência de valores críticos a serem evitados (BERTOLLI, 2001). 41 Capítulo III. Fundamentação Teórica. _______________________________________________________________ 3.4 TEMPO DE REVERBERAÇÃO O tempo de reverberação é uma importante característica de ambientes fechados, usado para determinar o quão rapidamente o som decai numa sala. Para determinar o tempo ótimo de reverberação tem-se a Norma NBR 12179 Tratamento Acústico em Recintos Fechados, que indica o valor ideal de acordo com o volume dos ambientes e as atividades neles desenvolvidas. De acordo com o Comitê Técnico em Acústica Arquitetônica da Sociedade Americana de Acústica, o tempo de reverberação para Salas de Aula deve estar na faixa de 0,4 a 0,6 s. O tempo máximo de reverberação para se atingir a inteligibilidade verbal numa sala de aula típica é TR = 0,5 s (SEEP et al., 2000). 3.4.1 Valores Recomendados de Tempo de Reverberação Habitualmente, quando se estabelece um único valor recomendado de TR para um dado recinto, costuma-se fazer referência ao obtido como sendo a média aritmética dos valores correspondentes às bandas de 500 Hz e 1 kHz, que é representado por TRmédio . Em geral, o valor mais adequado de TR depende tanto do volume do recinto como da atividade a ser realizada nesse ambiente. Por exemplo, como se trata de salas destinadas à palavra, é conveniente que os valores de TR sejam baixos, com o objetivo de se conseguir uma boa inteligibilidade. Entretanto, no caso de salas de concertos são recomendáveis valores apreciavelmente mais elevados, a fim de que a audição musical resulte ótima. A Fig. 3.3 mostra os valores de TR indicados para ambientes distintos. 3.4.2 Cálculo do Tempo de Reverberação Existem fórmulas distintas para o cálculo teórico do TR. Entretanto, a fórmula clássica por excelência, e aceita como de referência em nível internacional por sua facilidade de cálculo, é denominada fórmula de Sabine, cuja expressão matemática, obtida aplicando a teoria acústica estatística, negligenciando o efeito da absorção produzida pelo ar, é a seguinte: TR = 0,161 V A (3.4) Capítulo III. Fundamentação Teórica. 42 _______________________________________________________________ onde, V é o volume do recinto (em m3) e Atot é a absorção total do recinto em sabines. Figura 3.3 – Tempos de Reverberação Recomendados. O grau de absorção do som de um material qualquer é representado pelo coeficiente de absorção sonora α, o qual é definido como a relação entre a energia absorvida pelo material e a energia incidente sobre ele, conforme a eq. (3.1). 43 Capítulo III. Fundamentação Teórica. _______________________________________________________________ O valor de α está diretamente relacionado com as propriedades físicas do material e varia com a freqüência, assumindo valores entre 0 (para material totalmente refletivo) e 1 (para material com absorção sonora total). O parâmetro A (absorção) de um material qualquer é obtido como resultado de se multiplicar o coeficiente de absorção α pela área S de sua superfície. A unidade de absorção é o sabine (1 sabin corresponde à absorção de 1 m2 de janela aberta). Finalmente, uma vez que um recinto é constituído por distintas superfícies recobertas de materiais diversos, se define a absorção total Atot como a soma de todas as absorções individuais, ou seja: Atot = α1 S1+ α2 S2 +…+ αn Sn (3.5) A partir de A é possível calcular o coeficiente médio de absorção αm, dividindo a absorção total Atot pela superfície total do recinto St: αm = Atot S tot (3.6) O TR calculado a cada freqüência de interesse mediante a fórmula de Sabine não leva em conta a localização do receptor, uma vez que a mesma surge exclusivamente da aplicação da acústica estatística. Por outro lado, é preciso comentar que, apesar da utilização universal desta fórmula, sua validez se circunscreve ao caso de recintos com as seguintes características (CARRION, 2001): • Decaimento energético exponencial associado a um campo sonoro perfeitamente difuso (a energia se propaga com a mesma probabilidade em todas as direções); • Sala com geometria irregular; • Coeficiente médio de absorção α inferior a, aproximadamente, 0,2 44 Capítulo III. Fundamentação Teórica. _______________________________________________________________ Fórmula de Eyring: Eyring verificou uma falha na fórmula de Sabine, que consiste no fato de que, quando o αsab = 1, ou seja, a absorção do ambiente é total, o TR não é nulo, propondo a seguinte expressão para o TR (BISTAFA e BRADLEY, 2000): TR = − 0,16V S . ln(1 − a m ) (3.7) onde S é a área total das paredes do ambiente e αm é dado por: n am = ∑S a i i =1 i S (3.8) Comparação entre as duas formulações A fórmula de Sabine deve ser usada quando: • O coeficiente médio de absorção for baixo (menor que 0,2); • Os materiais absorventes estejam distribuídos uniformemente; • Os coeficientes de absorção não são precisos; • Não se exige grande precisão nos cálculos. A fórmula de Eyring deve ser usada quando: • Os materiais absorventes estejam distribuídos uniformemente; • Se conhece com exatidão os coeficientes de absorção; • Se exige cálculo preciso do tempo de reverberação. Embora o TR seja um parâmetro fundamental no projeto acústico de recintos, na prática se utiliza uma série de parâmetros complementares fundamentados na acústica geométrica e que dependem da situação do receptor. A otimização de todos eles na fase de projeto permite garantir com um elevado grau de confiabilidade a obtenção de uma acústica adequada, uma vez construído o recinto. Capítulo III. Fundamentação Teórica. 45 _______________________________________________________________ Um dos requisitos básicos para conseguir um bom conforto e uma boa inteligibilidade da palavra é que o nível de campo reverberante LR seja suficientemente baixo. Se o espaço objeto de estudo tem um grande volume e/ou está pouco, ou nulamente, tratado com materiais absorventes (espaço excessivamente ‘vivo’), o nível do campo reverberante resultará muito alto, já que o tempo de reverberação do mesmo será demasiado elevado, o que significa que a distância crítica DC será pequena. Assim, afastando-se da fonte sonora facilmente se adentra a zona de campo reverberante onde a inteligibilidade da fala não é boa. No caso de salas de conferências e salas de aulas, o valor de TR recomendado, considerando volumes situados entre 100 e 10.000 m3 se encontrara entre: 0.7 ≤ TR ≤ 1s. É conveniente também que a variação de tal valor em função do grau de ocupação da sala seja o menor possível, com o objetivo de que suas características acústicas não dependam do número de pessoas presentes em cada caso. O tempo de reverberação longo é uma deficiência comum de salas de aula, porém há como resolver o problema. Idealmente, salas de aula devem ter TR na faixa de 0,4 - 0,6 s, entretanto, muitas salas de aula têm TR de 1 s ou mais. Existem duas maneiras de reduzir o TR de uma sala: reduzindo o volume ou aumentando a absorção sonora da sala. Entretanto, reduzir o volume não é só uma opção, e sim uma alternativa desejável para muitas salas de aulas antigas com tetos altos. Finalmente, é conveniente que o tempo de reverberação permaneça o mais constante possível com relação à freqüência, especialmente às freqüências baixas (bandas de oitava centradas em 125 e 250 Hz, já que um aumento de reverberação em baixa freqüência produz um resultado não favorável do grau de inteligibilidade da palavra). Por outro lado, a partir da banda de oitava centrada em 2 kHz, existe uma diminuição inevitável dos valores do tempo de reverberação devido à absorção produzida pelo ar. Tal diminuição se faz particularmente perceptível quando se trata de espaços grandes. Capítulo III. Fundamentação Teórica. 46 _______________________________________________________________ 3.5 INTELIGIBILIDADE DA FALA O conceito de inteligibilidade é bastante genérico, podendo ser definido como a razão pela qual se entendem os sons. A inteligibilidade pode ser aplicada à linguagem (palavra articulada), ao canto, às notas musicais, ou até a outros sons. A inteligibilidade da linguagem é mais usual, uma vez que a voz é o som ouvido em mais de 90% das vezes no dia-a-dia de uma pessoa. Quando se refere à comunicação em um ambiente, a inteligibilidade é definida como “inteligibilidade acústica da linguagem” e é a principal característica acústica de um ambiente, pois reflete o grau de entendimento das palavras no seu interior. Para os locais onde a comunicação é primordial, (auditório, cinemas, teatros, igrejas, salas de aula e conferências, etc.) a boa inteligibilidade acústica é um fator decisivo (FERNANDEZ, 2000). 3.5.1 Características da Mensagem Oral Quando uma pessoa emite uma mensagem, utiliza um tempo maior na emissão de vogais que nas consoantes. As vogais constituem o chamado regime permanente da fala, enquanto que as consoantes associam-se ao regime transitório. A duração média de uma vogal é da ordem de 90 ms, reduzindo a 20 ms no caso de uma consoante. O fato de que a duração das vogais é mais elevada, faz com que o nível de pressão sonora associado às mesmas seja da ordem de 12 dB maior que o correspondente às consoantes. O conteúdo de freqüência é maior em baixas freqüências, no entanto, as consoantes apresentam uma maior contribuição de altas freqüências (ver Tab. 3.5). Tabela 3.5 - Características mais relevantes da mensagem oral. Duração ≈ 90 ms Vogais Consoantes ≈ 20 ms Conteúdo Nível Contribuição à em freqüência Intelig. Palavra Baixas freqüências Nível vogais Baixa Altas freqüências Nível consoantes + 12 dB Alta Fonte: CARRION, 2001. Capítulo III. Fundamentação Teórica. 47 _______________________________________________________________ 3.5.2 Grau de Inteligibilidade da Fala O grau de inteligibilidade da fala está estreitamente relacionado com a correta percepção em altas freqüências. Em conseqüência, são as consoantes que determinam a compreensão da mensagem oral. A informação contida nas vogais é redundante. Para que o conforto acústico, como o grau de inteligibilidade em uma sala, seja correto é necessário evitar a aparição de ecos, focalizações do som e eco palpitante. Assim, deve-se evitar a existência de grandes paredes paralelas refletivas, aplicando-se uma pequena inclinação (da ordem de 5o) a uma das duas paredes ou, então, aplicar um material absorvente pelo menos sobre uma das duas paredes problemáticas. A presença de ecos pode ser devida a uma geometria inadequada. Este tipo de anomalia se apresenta quando o tempo de reverberação é bem curto. As possíveis soluções para prevenir ou eliminar ecos são as seguintes: • Colocar material absorvente diante das superfícies problemáticas. Em qualquer caso é melhor evitar a utilização de grandes quantidades de absorção, porque poderia levar a uma diminuição excessiva do tempo de reverberação. Como norma prática, a porcentagem da superfície tratada para evitar, exclusivamente, a aparição destas anomalias não deve ser superior a 10% da superfície total da sala. • Reorientar as superfícies problemáticas a fim de redirecionar o som refletido a outras zonas não problemáticas. No que diz respeito à prevenção de focalizações, deve-se evitar as formas côncavas nas paredes e tetos. 3.5.3 Diretividade da Voz Humana Em geral, qualquer fonte sonora irradia mais potência em uma direção que em outras e, portanto, apresenta uma certa diretividade. A diretividade depende da freqüência e aumenta com a mesma. Capítulo III. Fundamentação Teórica. 48 _______________________________________________________________ A forma de expressar a diretividade de uma fonte sonora em um ponto qualquer do espaço é mediante o denominado fator de diretividade Q. O fator Q depende da relação entre o nível de pressão sonora produzido pela fonte sonora na direção considerada e o nível que se obteria se a fonte não fosse diretiva. Quanto maior for o NPS em uma direção determinada, maior será o valor de Q em tal direção. A voz humana apresenta algumas características de diretividade que são determinadas pelo sistema de fonação e da forma da cabeça, sendo a direção frontal a de maior diretividade. Embora a diretividade aumente com a freqüência, para efeitos práticos se considera que o fator de diretividade da voz humana na direção frontal é Q = 2. 3.5.4 Cálculo da Inteligibilidade da Fala 3.5.4.1 Métodos Subjetivos A metodologia empregada é chamada de “Método Subjetivo de Índice de Acerto por Sílabas Padronizadas”, sendo o tipo de análise mais aceito pela comunidade cientifica. O método consiste em distribuir pessoas com audição normal no ambiente a ser estudado e, através de um orador (ou gravações da voz de locutores), pronunciar um lote de palavras normalizadas (monossílabas, dissílabas, polissílabas, sílabas sem sentido, frases, etc.) que são anotadas pelos ouvintes. As fichas são analisadas estatisticamente, obtendo-se o índice de acerto para cada posição e para cada ouvinte. Então, a inteligibilidade de cada posição do ambiente é calculada a partir deste índice de acerto. A porcentagem de acerto é chamada de Índice de Discriminação da Fala (IDF) (FERNANDEZ, 2000). Se, por exemplo, a percentagem média de sílabas detectadas corretamente em um dos ambientes foi de 85%, então se considera que a perda de informação seja de 15%. Como tal perda se associará a uma percepção incorreta das consoantes, Peutz denomina de Percentual de Perda da Articulação de Consoantes (%ALCons = 15%), que é um parâmetro indicativo da perda. Assim, quanto maior for esta última, pior será o grau de inteligibilidade existente (CARRIÓN, 2001). Esta perda de articulação de consoantes será definida seguidamente na formulação matemática. 49 Capítulo III. Fundamentação Teórica. _______________________________________________________________ 3.5.4.2 Formulação Matemática Uma segunda forma para se determinar a inteligibilidade da fala é encontrar uma lei matemática que, a partir do conhecimento de uma série de parâmetros acústicos do recinto em estudo, permita encontrar o valor de %ALCons, em cada ponto do mesmo, sem a necessidade de ter que realizar as laboriosas provas de audiência. Logicamente, uma vez estabelecida tal lei, seria possível predizer a inteligibilidade da fala em qualquer ponto de um recinto ainda por construir. Fazendo uso da teoria da acústica estatística, Peutz deduziu que o valor de %ALCons em um ponto dado podia ser determinado, simplesmente, a partir do conhecimento do tempo de reverberação TR e da diferença entre os níveis de pressão sonora de campo direto LD e de campo reverberante LR em tal ponto. Para o cálculo de LD - LR a fórmula a utilizar é a seguinte: LD − LR = 10 log( QxR ) − 17 r2 (3.9) onde log representa o logaritmo decimal; Q é o fator de diretividade da fonte sonora na direção considerada (Q = 2 para voz humana considerando a direção frontal do orador); R é a constante da sala (m2 ); e r é a distância do ponto considerado à fonte sonora (m). Como tanto TR como R dependem do coeficiente médio de absorção αm seu conhecimento, junto com o volume V e da superfície total Stot permitem calcular os valores de TR e de LD - LR. Em nível prático, geralmente se elege para o cálculo o valor de α correspondente à banda de 2 kHz, por ser de máxima contribuição à inteligibilidade da palavra. A Fig. 3.4 permite determinar o valor de %ALCons (eixo de ordenadas esquerdo) a partir dos valores de TR (eixo de ordenadas direito) e da diferença LD - LR (eixo das abscissas). Capítulo III. Fundamentação Teórica. 50 _______________________________________________________________ Figura 3.4 - Obtenção da %ALCons a partir de TR e de LD - LR. 3.5.5 Relação entre o Tempo de Reverberação e a Inteligibilidade da Fala Quando se emite uma mensagem oral, a duração das vogais e seu correspondente nível de pressão sonora é maior que das consoantes. O conteúdo de freqüência das vogais é maior nas baixas freqüências, enquanto que as consoantes apresentam um maior conteúdo de altas freqüências. Em uma sala com um tempo de reverberação alto, o decaimento energético de uma vogal emitida na mesma é apreciavelmente mais lento que o decaimento próprio (aquele que se observaria se a vogal fosse emitida no espaço livre). Tal fato, junto com a maior duração e nível comentado anteriormente, provoca um solapamento temporal da vogal com a consoante emitida imediatamente depois. A Tab. 3.6 estabelece a relação entre Reverberação e Inteligibilidade. A simultaneidade temporal da vogal e da consoante com seus correspondentes níveis, assim como as características espectrais de ambos sons, são as causas do mascaramento parcial ou total da consoante produzido pela vogal. Capítulo III. Fundamentação Teórica. 51 _______________________________________________________________ Finalmente, como o grau de inteligibilidade está estreitamente ligado à correta percepção das consoantes, por seu importante conteúdo de altas freqüências, o mascaramento das mesmas devido a um excesso de reverberação provoca uma perda de inteligibilidade na sala. Tabela 3.6 - Relação Reverberação x Inteligibilidade. Reverberação X Inteligibilidade • A inteligibilidade varia com o inverso do quadrado do Tempo de reverberação. • Para uma boa inteligibilidade da linguagem o tempo de reverberação TR60 deve permanecer abaixo de 1 s. • O nível de campo reverberante depende da absorção das superfícies do local, do volume do ambiente e do nível do som gerado. • Em algumas avaliações da inteligibilidade é usado o EDT (Early Decay Time) como medida da reverberação (mesma definição do T60 tomada para os primeiros 10dB). Fonte: FERNANDEZ, 2000. 3.6 RELAÇÃO SINAL/RUÍDO (S/N) É uma comparação útil para estimar o quão compreensível é a fala em uma sala. O nível sonoro da voz da professora em dB, menos o nível de ruído de fundo na sala, em dB, é igual à relação S/N em dB. Quanto maior a S/N maior é a inteligibilidade da fala. Se a S/N é negativa (o ruído de fundo é maior que a voz da professora), será difícil ser a professora compreendida. Tipicamente, a S/N é menor nos fundos da sala de aula, onde o nível sonoro da voz da professora cai, ou perto da fonte de ruído, situação que ocorre, por exemplo, perto de um ar condicionado da parede. Estudos têm mostrado que, em salas de aula que têm S/N menor que +10 dB, a inteligibilidade da fala é significativamente degradada para crianças com audição mediana. Crianças com alguma deficiência auditiva precisam no mínimo de +15 dB de S/N (SEEP, 2002). Picard e Bradley concluíram que os métodos convencionais de determinação da relação sinal/ruído podem superestimar os níveis da fala, pois integram a voz do professor Capítulo III. Fundamentação Teórica. 52 _______________________________________________________________ com o ruído de fundo existente. Para uma avaliação mais precisa deve-se medir o nível sonoro da voz do professor subtraindo-o do ruído de fundo, para então compará-lo ao ruído de fundo. Uma diferença menor entre o sinal e o ruído de fundo significa maior esforço vocal por parte do professor, pois naturalmente o nível da fala precisa ser aumentado para ser compreendido pelos ouvintes. A situação mais crítica ocorre com os alunos localizados mais distantes do professor, pois as vozes vão decrescendo com a distância e ao chegar nos mais distantes, pode estar incorporada ao campo reverberante, ou seja, estaria incorporada no ruído de fundo. Também, locais próximos às fontes sonoras, como alunos perto de uma janela aberta voltada para a rua ou alunos próximos a ventiladores podem ser considerados similarmente críticos (LOSSO, 2003). A Tab. 3.7 mostra a relação entre ruído e inteligibilidade. Tabela 3.7 - Relação Sinal/Ruído x Inteligibilidade. Ruído X Inteligibilidade • A relação Sinal/Ruído (S/N) é fundamental para a inteligibilidade. • Para S/N entre 0 e +10 dB a inteligibilidade será inaceitável; para S/N entre +20 e +30 dB será boa; e para S/N entre +30 e +40 dB a inteligibilidade será excelente. • ção em que chega ao ouvinte o ruído mascarante é importante. Quando a direção é a mesma do som da fala o mascaramento será maior. • O mascaramento do ruído será maior quando seu espectro for mais intenso na banda de transmissão de informações (1 a 4 kHz) Fonte: FERNANDEZ, 2000. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________53 CAPITULO IV COLETA DE DADOS, ANÁLISE EXPERIMENTAL E ANALÍTICA Com o objetivo de avaliar o conforto acústico nas escolas de Belém-PA foi delimitado um grupo de escolas do setor público (Estadual e Municipal), localizadas em bairros distintos da região metropolitana de Belém, para as quais foram feitos levantamentos de parâmetros acústicos e arquitetônicos, de modo a se caracterizar a qualidade acústica das mesmas. A Tabela 4.1 apresenta a relação de escolas que foram pesquisadas, sendo a sua escolha realizada a partir do posicionamento das escolas na região metropolitana de BelémPA, a importância histórico-cultural das mesmas e pelas características arquitetônicas que apresentam. Tabela 4.1- Relação de Escolas Elegidas para Avaliação Acústica ESCOLAS BAIRRO ESTADUAIS EEEFM. Visconde de Souza Franco EEEM. Augusto Meira EEEM. Paes de Carvalho Marco São Braz Comércio MUNICIPAIS EM. Silvio Nascimento EM. Benvinda de França Messias. Liceu- Escola Condor São Braz Icoaraci Neste capítulo são apresentadas as ações desenvolvidas para o levantamento de dados sobre cada uma das escolas selecionadas e os procedimentos analíticos utilizados para tratar e analisar estes dados, tal que seja possível estabelecer, de forma qualitativa e quantitativa, o estado atual das escolas pesquisadas sob o ponto de vista da acústica. Assim, uma vez caracterizada a situação atual das escolas e identificada as situações de inadequação das mesmas, será possível efetivar a proposição de uma proposta de Sala de Aula que, a partir de soluções acústico-arquitetônicas adequadas, possibilite a obtenção de um ambiente com desempenho adequado para a atividade de ensino-aprendizagem. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________54 4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS SALAS DE AULA O procedimento utilizado, objetivando a caracterização das salas de aulas das diferentes escolas, teve por base a necessidade da medição dos seguintes parâmetros para a caracterização acústica: • Nível de Pressão Sonora (NPS); • Ruído de Fundo; • Tempo de Reverberação; • Relação Sinal/Ruído. Por outro lado, foi, ainda, realizado um levantamento arquitetônico das diferentes Salas de Aula, bem como feito uso dos seguintes procedimentos analíticos: • Planilha para simulação de tratamento acústico (TR); • Inteligibilidade da Fala: Método Subjetivo e Formulação Matemática; • Proporções da Sala; • Modos e Densidade Modal; • Comprimento de Ondas. 4.1.1 Procedimento Experimental As medições dos parâmetros acústicos na parte experimental foram realizadas, para Ruído de Fundo, em época de férias (entre os meses de janeiro e início de fevereiro), uma vez que as escolas municipais funcionam em quatro turnos, o que impossibilitava as medições entre um turno e outro. Os demais parâmetros foram medidos no início do período escolar de 2005. O Ruído de Fundo e o NPS foram quantificados como sendo o valor médio determinado a partir da medição do NPS em um total de cinco pontos. Por outro lado, segundo o perfil de cada bairro, foi estabelecida a realização de medição em pelo menos dois turnos de trabalho, em cada uma das escolas pesquisadas, de acordo com o apresentado na Tabela 4.2. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________55 No caso particular de medição de Ruído de Fundo, no período escolar, as mesmas foram realizadas em apenas um ponto de medição, tendo por base a restrição de tempo para a realização dessas novas medições. Tabela 4.2 - Salas e Turnos Avaliados em Cada Escola. ESCOLA TURNOS ( *) N° DE SALAS OBSERVAÇÃO ESTADUAIS Visconde de Souza Franco Augusto Meira Paes de Carvalho MUNICIPAIS Silvio Nascimento Benvinda de França Messias Liceu-Escola M, T, 2 Salas M, T, N 2 Salas M, T 3 Salas M, I Sala Tipo M, I, N 3 Salas M, T Sala Tipo (*) M: Manha. I: Intermediário Sala 02: janela para fachada principal Sala 03: janela para o campo desportivo Sala A1B: janela para quadra esportiva Sala A2K: circulação interna Sala 16: janela a fachada lateral Sala 15: frente para o pátio Sala 18: janela para o Ginásio Próxima a quadra esportiva Sala 01: tipo de vazamento Sala 03: proximidade à avenida Sala 04: localização tranqüila T: Tarde N: Noite 4.1.2 Equipamentos Os equipamentos usados para a realização das medições de Ruído de Fundo e NPS nas Salas de Aula das escolas são a seguir apresentados: • Medidor de Nível de Pressão Sonora Tipo 2238 com filtro de banda de 1/3 e 1/1 oitava, marca Bruel & Kjaer ver (Fig. 4.1); • Tripé para medidor; • Microfone free field ½”, marca Bruel & Kjaer Tipo 4188 ; • Protetor de vento para microfone marca Bruel & Kjaer; • Calibrador acústico marca Bruel & Kjaer Tipo 4231 ver (Fig. 4.2). Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________56 O medidor de nível de pressão sonora foi configurado da seguinte forma: Largura de banda, 1/3 de oitava na faixa de freqüência delimitada pelas bandas de 31,5 Hz a 8 kHz; Ponderação, Escala A; Tipo de Resposta, Rápida e Correção de filtro para incidência Aleatória. Figura 4.1- Medidor de Nível de Pressão Sonora. Figura 4.2- Calibrador. 4.1.3 Metodologia de Medição No que diz respeito às medições, buscou-se, inicialmente, estabelecer um procedimento único de medição, objetivando o estabelecimento de um procedimento padrão para a realização de Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________57 todas as medições. Assim, tomando por base a Escola Benvinda de França Messias, obtiveram medições de NPS pontos distintos, para tempos de leitura distintos, de modo a inferir quando ocorria a estabilização da leitura, o que ocorreu para um período de três minutos e cinqüenta e dois segundos, correspondendo a um valor de três varreduras no medidor de nível de pressão sonora. Em seguida, objetivando determinar o número de pontos mínimo para caracterizar o NPS na Sala de Aula, foi realizada uma bateria de medições do NPS a partir de uma malha de dezesseis pontos, cujo resultado é apresentado na Tabela 4.3, onde o valor médio obtido foi comparado com o resultado da medição em apenas 5 (cinco) pontos, sendo quatro posicionados nos cantos da sala de aula e 1 um no seu centro, cujos resultados são apresentados na Tabela 4.4. Tabela 4.3 - Resultado das medições dos NPS em dB(A) por mapeamento. MAPEAMENTO Leq PTS dB(A) P1 75,5 P2 75,7 P3 78,0 P4 76,6 P5 76,4 P6 77,0 P7 72,3 P8 77,3 Lmax dB(A) 90,9 96,9 93,2 94,4 89,6 92,6 89,5 92,5 PTS P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 Média Leq dB(A) 79,8 77,4 77,2 78,3 80,0 81,7 81,9 80,7 78,11 Lmax dB(A) 99,7 98,2 91,8 94,2 103,5 104,6 104,0 95,0 96,31 Tabela 4.4 - Resultado das medições dos NPS em dB(A) por pontos. 5 PTS DE MEDIÇÃO PTS Leq dB(A) Lmax dB(A) P1 93,4 78,0 P2 94,6 78,6 P3 86,9 71,4 P4 84,7 73,4 P5 (central) 90,9 75,8 90,3 Média 76,2 Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________58 A comparação dos valores médios de Leq permite verificar que não há uma diferença significativa entre realizar a medição em dezesseis pontos e cinco pontos, o que levou a escolha de se proceder a medição em apenas cinco pontos em cada sala a ser pesquisada, aproveitando-se melhor o tempo disponível para as medições. 4.1.4 Condições de Medição As condições em que foram realizadas as medições foram estabelecidas a partir das características reais de utilização de cada uma das salas de aulas pesquisadas. Assim, como na maioria dos casos, as salas não têm nenhum condicionamento climático, as seguintes condições para a realização das medições de NPS e Ruído de Fundo foram estabelecidas, objetivando caracterizar a contribuição para a janela aberta ou fechada e uso do ventilador de teto: • Sala Ocupada: Janela aberta, Ventilador Ligado (Condição Habitual); • Ruído de Fundo: -Janela aberta, Ventilador Ligado; - Janela fechada, Ventilador Desligado. Por outro lado, no caso particular das salas de aula da escola Silvio Nascimento, Liceu-Escola e uma das salas da escola Benvinda de França Messias, dadas as características de controle climático interno a partir de paredes com elementos vazados, as seguintes condições foram estabelecidas: • Sala Ocupada: Ventilador Ligado; • Ruído de Fundo: - Ventilador Ligado; - Ventilador Desligado As comparações se estabeleceram entre Sala Cheia (Condição Habitual) e Ruído de Fundo (Janela Aberta, Ventilador Ligado) para medir a contribuição da voz da professora e a presença dos alunos na sala. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________59 Para efeito de quantificação da contribuição das fontes sonoras, representativas do tráfego de veículos e funcionamento de ventiladores, a comparação se deu a partir das duas modalidades de medição para Ruído de Fundo. 4.1.5 Procedimento Analítico Alguns parâmetros que atestam a qualidade acústica de um ambiente podem ser determinados de forma analítica, a partir de modelos matemáticos desenvolvidos com o objetivo de quantificar estes parâmetros. Por outro lado, as dimensões geométricas dos ambientes podem ser usadas para a determinação dos seus modos acústicos, de sua densidade modal e possibilita, ainda, verificar se as proporções entre as dimensões são adequadas para um bom desempenho acústico. Neste trabalho, o parâmetro Tempo de Reverberação, que pode ser obtido através de procedimento experimental, foi determinado analiticamente devido o atraso na aquisição de instrumentação adequada, que ocorreu por dificuldades no processo de importação. A quantificação da Inteligibilidade da Fala, embora tenha sido obtida pelo Método Subjetivo de Índice de Acerto por Sílabas Padronizadas, foi também determinado por formulação matemática. Para evitar descrições longas e repetitivas dos procedimentos usados, optou-se por apresentar em detalhe apenas as informações referentes a uma das escolas pesquisadas. Assim, a Escola Estadual Paes de Carvalho foi escolhida devido a sua importância histórica e por estar inserida em condições ambientais adversas. Portanto, apresenta-se o cálculo em detalhe de cada parâmetro analisado, a planta geral da escola, identificando-se a localização de cada uma das salas de aula e as plantas baixas de cada uma das salas, com as seções e identificação dos pontos onde foram realizadas as medições dos diferentes parâmetros, além dos materiais que constituem as superfícies das paredes de cada sala. Finalmente, para as outras escolas pesquisadas, são apresentadas as plantas gerais e plantas baixas, mas os resultados obtidos são apresentados de forma resumida. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________60 4.2 ESCOLA ESTADUAL PAES DE CARVALHO. A escola Estadual Paes de Carvalho está localizada na praça Saldanha Marinho N°10, na rua João Diogo entre rua São Francisco e Av. 16 de Novembro, no bairro do Comércio, dentro do centro histórico de Belém. Nesta área existe predominância de edificações de 02 ou mais pavimentos que equivalem a prédios de até 10 m de altura, (ver fig 4.3 a qual demonstra a predominância de áreas residenciais e terrenos baldios). O prédio da Escola Estadual Paes de Carvalho, foi construído na 1° metade do século XIX. O prédio sofreu muitas reformas, sendo que no ano de 1989 teve sua última reforma, onde foi anexado um antigo prédio da Prefeitura, com o intuito de criar maiores condições para o aprendizado, com o aumento do número de salas de aula. O prédio hoje se encontra totalmente descaracterizado no seu interior, resguardando apenas as linhas originais de sua fachada, que apesar do tempo continua refletindo mostrando a história do Pará. As Figs. 4.4 a 4.10 mostram as plantas, Geral, Baixas e Acústicas das salas objeto de estudo. A quantificação dos parâmetros estudados encontra-se descrita ao longo do texto e são apresentados de forma resumida na Tabela 4.13. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________61 Figura 4.3 – Posicionamento da Escola Estadual Paes de Carvalho na Região Metropolitana de Belém-PA. Fonte: Prefeitura de Belém (2001) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________62 Figura 4.4- Planta Geral da Escola Paes de Carvalho Fonte: Vista Aérea, Ortofotos CODEIM (1998} Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________63 Figura 4.5- Planta Acústica da Sala 15 da Escola Paes de Carvalho. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________64 Fig. 4.6 – Planta Baixa da Sala 15 da Escola Paes de Carvalho Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________65 Figura 4.7 - Planta Acústica da Sala 16 da Escola Paes de Carvalho. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________66 Figura 4.8 - Planta Baixa da Sala 16 da Escola Paes de Carvalho. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________67 Figura 4.9 - Planta Acústica da Sala 18 da Escola Paes de Carvalho. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________68 Figura 4.10 – Planta Baixa da Sala 18 da Escola Paes de Carvalho. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________69 4.2.1Procedimento Experimental 4.2.1.1 Medição de Nível de Pressão Sonora O NPS foi obtido através de medições no ambiente, seguindo-se o procedimento descrito anteriormente neste capítulo, para um total de cinco pontos no interior de cada uma das salas de aula da escola. O medidor registrou o nível de pressão sonora global equivalente (Leq) e os valores máximos presentes em cada um dos intervalos de tempo de medição. Posteriormente, a partir dos dados obtidos foi estabelecido o valor médio de NPS, para cada uma das salas de aula, o qual é usado para comparar com os parâmetros de conforto e aceitabilidade estabelecidos pela NBR 10152-87 para salas de aula, ou seja, 40 dB(A) e 50 dB(A), respectivamente. A Tabela 4.13 apresenta os dados obtidos e permite verificar que as três salas de aula da escola Paes de Carvalho não atendem a nenhum dos dois limites. A Fig. 4.11 apresenta os valores de Leq e NPSmax. Figura 4.11- Valores Obtidos de Nível de Pressão Sonora em Cada Sala 4.2.1.2- Medição de Ruído de Fundo Os valores de ruído de fundo foram obtidos para os mesmos cinco pontos em que se mediu o NPS. As medições ocorreram na época de férias escolares, uma vez que a escola funciona com quatro turnos diários e com apenas um breve intervalo de tempo entre cada um dos turnos. Como já mencionado, as medições de ruído de fundo foram realizadas em duas condições distintas, ou seja, janela aberta com ventilador ligado e janela fechada com ventilador desligado, no turno da manhã e da tarde. Entretanto, foi verificado que os resultados encontrados não apresentavam alterações significativas. A Fig. 4.12 apresenta os resultados obtidos para cada uma das salas referentes ao turno da manhã. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________70 Figura 4.12 - Níveis de Ruído de Fundo para as Três Salas. A análise da Fig. 4.12 mostra que o parâmetro Leq, obtido para as três Salas consideradas, traduz o que ocorre devido ao posicionamento de cada sala na planta da escola. A sala 16 está localizada na fachada orientada à rua João Diogo e sofre forte influência do ruído de tráfego desta rua, apresentando uma diferença clara entre as condições de janela aberta e fechada. A sala 15, situada no pavimento superior, apresenta um amplo vazamento acústico dirigido ao corredor orientado para o pátio central da edificação, e a sala 18, localizada frente ao pátio interno, apresentaram valores menores do que da sala 16, uma vez que este pátio é usado pelos alunos durante o recreio e como as medições foram realizadas na época das férias escolares não havia a presença de pessoas neste pátio. Uma vez que o Medidor de Nível Sonoro usado permite a determinação do espectro sonoro, foi possível a obtenção do espectro sonoro em banda de oitava para cada um dos cinco pontos de medição localizados em cada uma das salas de aula, conforme mostrado nas Figs. 4.13, 4.14 e 4.15. Nas referidas figuras, observa-se que os maiores níveis sonoros encontrados estão na banda de oitava correspondente á freqüência central de 500 Hz e assumem os seguintes valores: Sala 15 = 75.7 dB(A); Sala 16 = 62,8 dB(A) e Sala 18 = 72,6 dB(A). Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________71 Figura 4.13 – Espectro em Banda de Oitava para a Sala 15. Figura 4.14 – Espectro em Banda de Oitava para a Sala 16. Figura 4.15 – Espectro em Banda de Oitava para a Sala 18. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________72 4.2.1.3- Avaliação de Curvas NC As curvas de avaliação de ruído, encontradas na norma NBR 10152-87, são conjuntos de bandas de oitava que podem ser comparados com o nível de pressão sonora do ambiente. Assim, a partir da Medição do espectro médio para cada uma das salas, é possível marcar sobre as curvas NC, os níveis sonoros por banda de freqüência. Então, visualiza-se qual a classe de NC que se acha associada ao ambiente sob análise, que é o valor mais alto de NC obtido da interseção das curvas padrão com os pontos marcados, conforme pode ser observado na Fig. 4.16, a qual fornece as seguintes classes de NC: Sala 15 e Sala 18 com valores acima da Curva NC 70 estimando para a Sala 15 = NC 77; Sala 16 = NC 65 e Sala 18 = NC 75. Estes valores estão bem acima dos limites recomendados pela norma NBR 1015287, ou seja, NC 35 – NC 45. Sala 15. Sala 16. Sala 18. Figura 4.16 – Determinação da Curva NC para as salas de aula. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________73 4.2.1.4 Medição para Estabelecimento da Relação Sinal/Ruído A determinação da relação Sinal/Ruído para cada sala de aula foi feita a partir da medição do nível de pressão sonora, com janela aberta e ventiladores ligados, tendo por objetivo estabelecer a contribuição da voz da professora, posicionada a 1 m do quadro de giz, no eixo central da sala e em condições normais de ditado de aula, com o medidor posicionado frontalmente à professora, no eixo central da sala, a uma distância de 1 m, conforme mostrado na Fig. 4.17. Os resultados são apresentados na Fig. 4.18. Figura 4.17 – Esquema de Medição para Quantificação da Relação Sinal/Ruído. Figura 4.18 – Parâmetros para a Determinação da Relação Sinal/Ruído. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________74 Para a determinação da relação Sinal/Ruído é necessário determinar-se o NPS devido à voz do professor (Sinal), o que é feito subtraindo o ruído de fundo do valor do NPS medido na sala de aula, com a contribuição do ruído de fundo e da voz do professor, como segue: SALA 15 NPS = 10 log(10 78, 9 10 − 10 71, 6 10 ) = 78dB( A) Relação Sinal/Ruído = 78 dB(A) – 71,6dB(A) = 7,6 dB(A) SALA 16 NPS = 10 log(10 74 , 4 10 − 10 74 , 6 10 ) = Ruído de Fundo > NPS com a Voz do Professor. Relação Sinal/Ruído = Valor negativo. SALA 18 NPS = 10 log(10 79 , 9 10 − 10 79 , 5 10 ) = 69,34dB( A) Relação Sinal/Ruído = 69,34dB(A) – 79,5dB(A) = -10,15dB(A) Como pode ser percebido, somente no caso da sala 15 o NPS da voz do professor está acima do ruído de fundo, mas abaixo do que é recomendado para que se tenha uma boa inteligibilidade da palavra. Para as salas 16 e 18 a relação sinal ruído traduz uma total inadequação do ambiente para a aprendizagem e uma constatação de que o professor não eleva o nível de sua voz para se fazer entendido pelos alunos. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________75 4.2.3 Procedimento Analítico a) Cálculo do Tempo de Reverberação com Uso de Planilha do Excel O Tempo de Reverberação para cada uma das salas foi calculado tendo por base uma planilha desenvolvida no software EXCEL, Valle (2004), a qual permite o uso das fórmulas de Sabine e Eyring, informando-se os tipos de materiais e as superfícies correspondentes. A Fig. 4.19 apresenta uma visão geral da planilha de cálculo para os valores correspondentes à Sala 15 e a Tabela 4.5 apresenta os valores de Tempo de Reverberação calculados para todas as salas, segundo Sabine e Eyring. Tabela 4.5 – Tempos de Reverberação por Banda de Oitava TEMPO DE REVERBERAÇÃO(s) SALA TR 125 250 500 1000 2000 4000 15 Sabine 1,70 1,46 1,39 1,18 1,09 1,05 Eyring 1,62 1,38 1,31 1,10 1,01 0,97 Sabine 2,20 1,72 1,54 1,33 1,18 1,12 Eyring 2,13 1,65 1,47 1,26 1,11 1,05 Sabine 2,70 2,14 1,90 1,64 1,46 1,38 Eyring 2,62 2,06 1,82 1,56 1,38 1,30 16 18 Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________76 Figura 4.19 – Planilha de Cálculo do Tempo de Reverberação - Sala 15 Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________77 b) Cálculo da Inteligibilidade. Método Subjetivo Os testes de Inteligibilidade foram realizados segundo o mesmo procedimento empregado pelo INMETRO, na avaliação da qualidade acústica de salas de aula localizadas no município do Rio de Janeiro – RJ (MÜLER e NABUCO, 2002). A base de palavras usadas no ditado constou de um total de 100 palavras monossilábicas (5 listas de 20 palavras cada uma), conforme registrado na Tabela 4.6. O resultado do teste é obtido a partir da identificação do número de acertos por parte dos alunos, estabelecendo-se um percentual de entendimento por fila de carteiras e, em seguida, uma média para a sala toda. Tabela 4.6 – Listas de Palavras Monossílabas Usadas no Teste de Inteligibilidade. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Lista 1 CHÃO NUS MÃE FLOR NÓS TU BOM COR GRÃO VAI DAR DOIS NEI FIM FÉ TRI RIM FLA COM DÓ Lista 2 MEL CRUZ VÉU LÁ XIS VIR PRA LUZ SOL UM QUIS DEZ VÓ DOR MÃO NUM RÃ EU MIL NÉ Lista 3 FÃ NÃO BOI OI MAR POR LÓ CHÃO JÓ PÁ TEU ROL TRÊS CAI SÃO PAI SOM IR JÁ BEM Lista 4 LER PUM TEM TOM PÃO BIS SUL VÊ FLU DEI DEUS GIZ REI SÉ BEL PAR VOZ TREM SEIS AI Lista 5 TER PÓ CÉU PUS SEM PAU CHÁ LAR TIL VÃO GÁS QUEM SER AR VI ZÉ TAL SÓ QUAL SIM Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________78 Durante o ditado das palavras, os alunos foram mantidos nas mesmas posições, uma vez que eles manifestaram a intenção de não mudar de posição durante o ditado de cada uma das listas de palavras usadas. O Índice de Discriminação de Fala (IDF), obtido no teste, deve ser avaliado conforme o estabelecido na Tabela 4.7. Tabela 4.7 -Classificação da Inteligibilidade segundo Meyer (1998). IDF(%) INTELIGIBILIDADE 85-100 Excelente 75-85 Boa 65-75 Satisfatória 50-65 Pobre 0-50 Ruim Fonte: FERNANDEZ (2000) Na sala 15 os ditados foram realizados com uma quantidade total de 29 alunos do 2° ano, com idades entre 15 e 18 anos, obtendo-se assim uma média de 88 % de acertos nos testes. Os resultados foram classificados segundo a qualificação da tabela 4.7 e são mostrados na Tabela 4.8. Tabela 4.8 - Classificação da Inteligibilidade Sala 15. IDF(%) Inteligibilidade N° Alunos 85-100 Excelente 25 75-85 Boa 4 65-75 Satisfatória X 50-65 Pobre X 0-50 Ruim X Fonte: FERNANDEZ (2000) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________79 Os resultados de percentagem de acerto por posição podem ser obtidos da Fig.4.20 Figura 4.20 - Percentagem de Acertos por Posição - Sala 15. Para a sala 16, a média de acertos foi de 85,6%, para um total de 17 alunos do 3° ano, com idade entre 17 a 20 anos, classificando-se a percentagem de acertos como mostrado na Tabela 4.9 e a percentagem de acertos por posição conforme a Fig. 21. Tabela 4.9 - Classificação da Inteligibilidade da Sala 16 Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________80 Figura 4.21 - Percentagem de Acertos por Posição - Sala 16. A sala 18, com um total de 33 alunos do 3°ano, com idade entre 16 e 20 anos, registrou uma média de acertos de 87,1 %, classificando-se a percentagem de acertos como mostrado na Tabela 4.10 e a percentagem de acertos por posição conforme a Fig. 4.22. Tabela 4.10 - Classificação da Inteligibilidade. Sala 18. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________81 Figura 4.22 - Percentagem de Acertos por Posição - Sala 18. Formulação Matemática (%ALC) Como já descrito no Capítulo III, o procedimento consiste na determinação da diferença do NPS (LD – LR), entre os valores obtidos para os campos direto e reverberante, através do uso da equação (3.9) e, juntamente com o valor do Tempo de Reverberação para a banda de oitava correspondente à freqüência central de 2 kHz para determinar o valor de % ALCons através da Fig. 3.4. A Classificação da Inteligibilidade se faz através da Tabela 4.11. Tabela 4.11 - Tabela de Classificação da Inteligibilidade (%ALCons). Valoração Subjetiva %ALCons Excelente 1,4%-0% Buena 4,8%-1,6% Aceitável 11,4%-5,3% Pobre 24,2%-12% Ruim 46,5%-27% Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________82 O procedimento de cálculo é a seguir apresentado, de forma detalhado, para a sala 15 e a Tabela 4.12 apresenta o resultado da %ALCons para todas as salas pesquisadas da Escola Estadual Paes de Carvalho: SALA 15 Dimensões: 8,50 x 8,48 x 3,65m3 Para a determinação da diferencia do NPS (LD-LR) é usada a seguinte formulação Q.R LD − LR = 10 log 2 − 17dB r onde o valor de Q=2 Fator de Diretividade da fonte sonora na direção considerada (Q=2 no caso da voz humana , considerando a direção frontal do orador) O valor da Constante da Sala: R = ST α (1 − α ) Da Figura 4.19 Planilha de Cálculo de Tempo de Reverberação forem considerados os valores de α para a banda de freqüência de 2kHz (maior contribuição a fala) obtendo o valor α= ∑ (Sα ) ST α = 38,63; S= 270,5 α Material Superfície α (2kHz) (*) 31 72,10 0,02 1,44 34 14,40 0,07 1,01 37 98,00 0,04 3,92 38 83,00 0,10 8,30 39 3,00 1,00 3,00 Alunos 40 20,40 Ar 0,56 270,5 38,63 α= 38,63 = 0,142 270,5 Substituindo o valor de α e da somatória das Superfícies , na formula da Constante da Sala: R= 270,5(0,142) (1 − 0,142) 38,41 = 44,76 0,858 R = 44,76 Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________83 O valor de r é considerado pela distancia desde a fonte sonora (voz do professor) até o aluno localizado na última fila. r =7 2 x 44,76 LD − LR = 10 log − 17dB 2 7 LD − LR = −14,38 TR Sabine =1,09 obtido a partir da planilha do Calculo de TR Entrando com os valores de TR obtido e com a diferencia de NPS(LD-LR) na figura obtemos a % ALCons = 10 Figura 4.23 - Perda de articulação de consoantes (% ALC). Tabela 4.12 – Valores de %ALCons para as Salas de Aula SALA DE AULA Perda de Consoantes % ALCons [%] 15 10 16 11 18 12 Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________84 4.2.2.3 Análises das Proporções da Sala Considerando que a geometria de uma sala é um aspecto muito importante no estabelecimento da qualidade acústica de um ambiente, foi feita uma análise da adequação das salas de aula no que diz respeito às proporções geométricas das dimensões das mesmas. Para tal, foi usado o diagrama de Bolt/Beranek/Newman alimentado pelos valores de comprimento, largura e altura das salas. No diagrama de Bolt/Beranek/Newman a posição relativa à sala analisada está representada por um círculo vermelho, e as melhores proporções estão representadas por pequenos quadrados coloridos, mas qualquer resultado dentro da curva pontilhada sinaliza para a adequação do ambiente. Por outro lado, os autores do diagrama estabelecem as seguintes regras básicas de orientação para a definição das dimensões de uma sala: • Não podem existir dimensões iguais ou múltiplas entre si: (dentro de 5% de tolerância, para mais ou para menos). Por exemplo, uma pequena sala com 1,5 m de largura por 1,5 m de comprimento; ou ainda 1m de largura por 2 m de comprimento. Isso causa ressonâncias indesejáveis (também chamados “modos" ou "ondas estacionárias"); • A maior dimensão não pode ser igual ou maior que 3 (três) vezes a menor: Por exemplo, se uma sala tem 2,4 m de altura (menor dimensão), deve ter no máximo uns 7 m de comprimento (maior dimensão); • Convencionando-se que a maior dimensão é o comprimento (C); a menor a altura (H); e a intermediária, a largura (L); a sala precisa satisfazer às seguintes condições: C/H > L/H e C/H ≤ (4,5 * L/H – 4). (SILVA, 2002). A Fig. 4.24 apresenta os diagramas de Bolt/Beranek/Newman, para as salas de aula 15, 16 e 18 da Escola Estadual Paes de Carvalho, onde apenas a sala 16 é avaliada como adequada por este critério. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________85 SALA 15: SALA 16: SALA 18: Figura 4.24 - Proporções das Salas 15, 16,18 da Escola Estadual Paes de Carvalho. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________86 4.2.2.4 Modos e Densidade Modal. A combinação de ondas incidentes e refletidas em uma sala dá lugar às interferências construtivas e destrutivas o que é o mesmo, a aparição das denominadas ondas estacionária ou modos próprios da sala. Cada modo próprio está associado a uma freqüência, igualmente denominada própria, e por um nível de pressão sonora que varia em função do ponto considerado. O estudo analítico dos modos próprios se realiza mediante a Teoria da acústica ondulatória que, conjuntamente com a acústica geométrica e a estatística constituem as três teorias clássicas que fazem possível conhecer com rigor o comportamento do som em um recinto qualquer. O número de modos próprios é ilimitado, embora sua distribuição ao longo do eixo de freqüência seja discreta, aumentando sua densidade com a freqüência. A presença de todos eles provoca em cada ponto uma concentração de energia em torno das diversas freqüências próprias, a qual confere um som característico a cada sala. Os valores das freqüências próprias associados aos diferentes modos próprios dependem da geometria e das dimensões do recinto e, em geral, sua determinação resulta muito complexa (CARRION, 1998). Gráficos usados para mostrar os modos da sala, dimensões (comprimento, largura e altura) são usados em ms. As Fig. 4.25, 4.26 e 4.27 apresentam os resultados das simulações para as salas 15, 16 e 18 da Escola Estadual Paes de Carvalho. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________87 SALA 15 Figura 4.25 - Modos da Sala 15 (dimensões: 8,50 x 8,48 x 3,65 m3) SALA 16 Figura 4.26 - Modos da Sala 16 (dimensões 8,63 x 5,28 x 3,65m3). Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________88 SALA 18: Figura 4.27 - Modos da Sala 18 (dimensões: 8,85 x 8,47 x 3,65 m3) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________89 Tabela 4.13 - Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados - Escola Estadual Paes de Carvalho. NP S RUIDO DE FUNDO dB (A) SALA L.eq J.A/ V.L L.máx L.eq L.máx TR J.F/ V.D Leq INTELIG. FALA 2KHz L.máx Testes %ALC S/R PROPORÇÃO dB(A) (Experimental) (Analítico) 15 73,2 86 61,9 67,3 50,4 58,7 1,09 88,8 10% 7,6 Inadequada 16 72,1 84,9 70,3 83,5 63,04 75,8 1,18 85,6 10% RF>S Adequada 18 Valores 76,2 40- 50 87,6 62 35dB 64,7 51,7 69,4 1,39 (*3)0,4(ASHA) 87,1 12% ≤5% -10,15 15dB(A) Inadequada Adequada Recomendados (*1) NBR (*2)ANSI STANDARD 0,6 (ANSI) (*1): NBR 10152/87 • • O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. Nveis superiores aos estabelecidos são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano a saúde. (*2): (ANSI S12.60-2002, S) • • • Os níveis de ruído em salas de aula não devem exceder os 35 dB. O tempo de Reverberação não deve exceder os 0,6 seg. A relação Sinal/Ruído deve ser de +15dB para uma inteligibilidade adequada do discurso. (*3): ASHA: American Speech and Hearing Association : 15dB S/N para a inteligibilidade adequada do discurso. : 0,4 para o tempo de reverberação nas Salas de Aula.. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________90 4.3 ESCOLA VISCONDE DE SOUZA FRANCO A escola Visconde de Souza Franco encontra-se localizada no bairro do Marco na avenida Almirante Barroso, um dos motivos pelos quais foi esta escola motivo de estudo, considerando-se esta avenida como a de maior fluxo de tráfego da cidade, e o interesse de analisar como isto poderia influenciar nos resultados das medições. Nesta escola foram estudadas duas Salas de Aula, uma delas (Sala 24) localizada no primeiro pavimento na fachada principal da Escola orientada a Av. Almirante e a outra (Sala 12) na fachada posterior do prédio. A Fig. 4.28 mostra a Planta Geral da Escola Visconde de Souza Franco e as Figs. 4.29 a 4.33 mostram as Plantas Baixas e Acústicas das salas 12 e 24, nas quais se deteve o estudo. Os dados obtidos, no que diz respeito ao comportamento acústico de ambas as salas, são apresentados de forma resumida na Tabela 4.14. De forma conclusiva, observando os dados contidos nesta tabela pode-se concluir que as referidas salas são acusticamente inadequadas para as suas finalidades. 4.4 ESCOLA ESTADUAL AUGUSTO MEIRA O edifício para o CEAM situado no bairro de São Brás (Av. José Bonifácio com Av. Gentil Bitencourt ) foi inaugurado em 1° de abril do ano de 1965. A escola encontra-se localizada na Avenida Jose Bonifácio , avenida muito transitada. Foram escolhidas duas Salas: a Sala A1B encontra-se situada próxima à avenida com a Janela orientada para a área de estacionamento e de forma perpendicular à avenida como mostra a figura a Fig. 4.34, e as Figs. 4.35 a 4.37 mostram a Planta Geral da Escola e as Plantas Baixas e Acústicas das salas A1B e A2G, nas quais se deteve o estudo. Os dados obtidos, para a sala A1B com um total de 28 alunos da 5° série e para a sala A2G com 28 alunos da 8° série, no que diz respeito ao comportamento acústico de ambas as salas, são apresentados de forma resumida na Tabela 4.15 e, da mesma forma que para as outras escolas já apresentadas, pode-se concluir, de forma geral, que as referidas salas são acusticamente inadequadas para as suas finalidades. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________91 Figura 4.28 – Posicionamento da Escola Estadual Visconde de Souza Franco na Região Metropolitana de Belém-PA. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________92 Fontes: Uso da Edificação, Prefeitura de Belém 2001, Vista Aérea, CODEIM 1998 Figura 4.29 - Planta Geral da Escola Visconde Souza Franco. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________93 Figura 4.30 – Planta Acústica da Sala 12 da Escola Visconde de Souza Franco. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________94 Figura 4.31 – Planta Baixa da Sala 12 da Escola Visconde de Souza Franco. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________95 Figura 4.32 – Planta Acústica da Sala 24 da Escola Visconde de Souza Franco. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________96 Figura 4.33 – Planta Baixa da Sala 24 da Escola Visconde de Souza Franco. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________97 Tabela 4.14 - Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados - Escola Visconde de Souza Franco. NPS dB(A) SALA RUÍDO DE FUNDO dB(A) TR(s) Intelig. Fala J.A/V.L 2 KHz Testes %ALCons J.F/V.D S/R PROPORÇÃO Leq Lmax Leq Lmax Leq Lmax 24 76,4 90,1 63,9 72,3 59,8 67,9 1,1 73,6 10% RF>S Inadequada 12 70,5 83,1 64,1 72,7 62,1 70,2 1,0 82,7 9% -10,16 Inadequada ≤5% 15dB(A) Adequada 0,4 Valores 40- 50 (*3) (ASHA) 0,6 Recomendados (*1) NBR (*2) ANSI) (*3) (ASHA) (*1): NBR 10152/87 • • O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. Nveis superiores aos estabelecidos são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano a saúde. (*2): (ANSI S12.60-2002, S) • • • Os níveis de ruído em salas de aula não devem exceder os 35 dB. O tempo de Reverberação não deve exceder os 0,6 seg. A relação Sinal/Ruído deve ser de +15dB para uma inteligibilidade adequada do discurso. (*3): ASHA: American Speech and Hearing Association : 15dB S/N para a inteligibilidade adequada do discurso. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________98 Figura 4.34 – Posicionamento da Escola Estadual Augusto Meira na Região Metropolitana de Belém-PA Fonte: Prefeitura de Belém (2001) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________99 Figura 4.35 – Planta Geral da Escola Estadual Augusto Meira Fonte: Vista Aérea, CODEIM (1998) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________100 Figura 4.36 - Planta Acústica da Sala de Aula A1B. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________101 Figura 4.37 – Planta Baixa da Sala de Aula A1B Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________102 Figura 4.38 – Planta Acústica da Sala de Aula A2G. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________103 Figura 4.39 - Planta Baixa da Sala de Aula A2G. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________104 Tabela 4.15 - Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados – Escola Estadual Augusto Meira. NPS dB(A) SALA Leq Lmax RUÍDO DE FUNDO TR J.A/ V.L 2KHz Leq Lmax J.F/ V.D Leq Intelig. Fala S/R PROPORÇÃO Testes %ALC dB(A) 78,8 12% Negativo Inadequada 88,3 7% -10 Inadequada ≤5% 15dB(A) Adequada Lmax A1B 76,06 89 68,3 73,3 64,3 76,6 A2G 75,2 88,1 64,13 74,6 65,1 75,4 Valores 40- 50 0,4 Recomendados *1 (ASHA) 1,25 (*1): NBR 10152/87 • • O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. Níveis superiores aos estabelecidos são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano a saúde. (*2): (ANSI S12.60-2002, S) • • • Os níveis de ruído em salas de aula não devem exceder os 35 dBA. O tempo de Reverberação não deve exceder os 0,6 seg. A relação Sinal/Ruído deve ser de +15dB para uma inteligibilidade adequada do discurso. (*3): ASHA: American Speech and Hearing Association : 15dB S/N para a inteligibilidade adequada do discurso. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. ________________________________________________________________________105 4.5 ESCOLA MUNICIPAL BENVINDA DE FRANÇA MESSIAS Esta escola foi selecionada para fazer parte dos estudos devido à sua localização e pela característica física de suas salas de aula, as quais apresentam elementos vazados para permitir a ventilação interna, mas deixando passar livremente o ruído externo ao ambiente da Sala de Aula. Sua localização é no Bairro de São Braz, que é um bairro de tráfego intenso de veículos, estando posicionada próximo à Av. Almirante Barroso, conforme mostrado na Fig. 4.38. Na Fig. 4.39 é apresentada a planta geral da escola Benvinda de França Messias, com a identificação das três salas escolhidas para serem analisadas, de acordo com a localização e as características físicas de cada uma destas salas. A sala 01, com as plantas baixa e acústica mostradas, respectivamente, nas Figs. 4.40 e 4.41, apresenta um tratamento de ventilação através de elementos vazados, com furos de 100 mm de diâmetro, e com as paredes que apresentam área vazada devido ao fato de não chegarem até o teto (Salas Panorâmicas). Por outro lado, os muros não estão unidos aos pilares, permitindo, por um lado melhorar a ventilação, mas prejudicando a acústica por deixar passar livremente o ruído externo às salas de Aula. A sala 03 tem as janelas orientadas para a Rua José Bonifácio.Assim, a escolha desta sala foi feita para avaliar se a mesma apresentaria diferença significativa no que diz respeito ao ruído de fundo, em relação às outras salas, sendo este o mesmo motivo pelo qual se selecionou a sala 04, uma vez que esta se encontra em uma posição mais favorável ao silencio dentro da escola. As Figs. 4.42 a 4.45 apresentam as Plantas Baixa e Acústica relativas às salas 03 e 04. Os dados obtidos para a Escola Benvinda de França Messias são apresentados na Tabela 4.16. Nesta tabela pode ser observado que os NPS`s medidos nas salas 01 e 03 são elevados e estão em acordo com as suas localizações, onde o ruído externo excessivo contribui de forma significativa para estes resultados, principalmente, para a sala 01 que está posicionada em frente à Av. Almirante Barroso, que é uma avenida de tráfego intenso de veículos. Finalizando, pode-se concluir, como para as escolas anteriores, que as salas de aula desta escola são acusticamente inadequadas para a função a que se destinam. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________106 Figura 4.40 - Posicionamento da Escola Municipal Benvinda de França Messias na Região Metropolitana de Belém-PA Fonte: Uso da Edificação, Prefeitura de Belém ( 2001); Vista Aérea , CODEIM (1998) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________107 Figura 4.41– Planta Geral da Escola Municipal Benvinda de França Messias. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________108 Figura 4.42 - Planta Acústica da Sala 01. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________109 Figura 4.43 - Planta Baixa da Sala 01. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________110 Figura 4.44 – Planta Acústica da Sala 03. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________111 Figura 4.45 – Planta Baixa da Sala 03. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________112 Figura 4.46 – Planta Acústica da Sala 04. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________113 Figura 4.47 – Planta Baixa da Sala 04. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________114 Tabela 4.16 - Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados - Escola Municipal Benvinda de França Messias. NPS dB(A) RUÍDO DE FUNDO dB(A) J.A/ V.L SALA Leq Lmax Lmax Leq V. L J.F/ V.D TR(s) Intelig. Fala 2kHz Testes %ALCons S/R PROPORÇÃO dB(A) Lmax Leq V. D 1 78 96,2 66,8 76,5 65,3 74,9 1,27 X 10% 3 74,7 90,7 69,1 79,0 62,0 79,4 0,89 69,1 7% Inadequada 4 77,3 85,6 63,4 74,7 55,5 62,8 1,77 63,1 15% Adequada Valores 40- 50 Recomendado *1 0,4 (ASHA) ≤5% -10,15 15dB(A) Inadequada Adequada (*1): NBR 10152/87 • • O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. Nveis superiores aos estabelecidos são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano a saúde. (*2): (ANSI S12.60-2002, S) • • • Os níveis de ruído em salas de aula não devem exceder os 35 dB. O tempo de Reverberação não deve exceder os 0,6 seg. A relação Sinal/Ruído deve ser de +15dB para uma inteligibilidade adequada do discurso. (*3): ASHA: American Speech and Hearing Association : 15dB S/N para a inteligibilidade adequada do discurso. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. ________________________________________________________________________115 4.6 LICEU-ESCOLA Esta escola encontra-se localizada no Bairro de Icoaraci, entre as ruas Coronel Juvêncio Sarmento e a travessa Andradas, bairro basicamente residencial com 02 escolas estaduais, 10 linhas de ônibus. Esta escola foi selecionada em virtude de apresentar uma geometria de sala de aula não convencional. Trata-se de uma geometria hexagonal que apresenta nas paredes tijolos furados que servem para melhorar a ventilação do ambiente, ao mesmo tempo em que não recebe influência de ruído externo, uma vez que no planejamento geral da escola percebe-se o cuidado em afastar a sala de aula da fachada principal do prédio. A Fig. 4.46 mostra a Planta Geral do Liceu-Escola e as Figs. 4.47 e 4.49 mostram as Plantas Baixas e Acústicas da sala do tipo “N”, respectivamente. As medições nesta escola foram realizadas com um total de 27 alunos da 1°série e os dados obtidos para sala “N” são apresentados na Tabela 4.17. De um modo geral, como no caso das outras escolas, a sala pesquisada é inadequada acusticamente para a sua finalidade. 4.7 ESCOLA SILVIO NASCIMENTO A escola municipal de 10 Grau Prof. Silvio Nascimento, está localizada no Bairro do Condor, que ocupa um dos espaços periféricos ao sul da área metropolitana da Grande Belém, considerado um dos mais populosos, com uma população estimada em 71.121 habitantes, segundo os dados estatísticos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1990, encontra-se situada na Avenida Alcindo Cacela, N0 4164, entre a Rua dos Apinagés e passagem Parintins, às proximidades do Rio Guamá, conforme pode ser visualizado na Fig. 4.50. Alunos e professores reclamam da infra-estrutura física da escola, principalmente, quanto à ventilação, haja vista o calor excessivo que predomina nas salas de aula. Por outro lado, nas salas de aula os alunos e professores ficam expostos continuamente aos ruídos externos, fazendo com que os professores sejam obrigados a elevar a voz para se fazerem compreendidos pelos alunos. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. ________________________________________________________________________116 A sala D da escola Silvio Nascimento, conforme pode ser observada na Fig. 4.51, encontra-se posicionada frente à quadra esportiva da escola, sendo que a ventilação se da através de tijolos furados em ambas paredes laterais e, portanto, recebe por ambos os lados o ruído de tráfego e aquele proveniente das atividades esportivas, respectivamente. As Figs. 4.52 e 4.53 apresentam as Plantas Baixa e Acústica da referida sala de aula. A Tabela 4.18 apresenta os dados que foram levantados para a sala D. Como pode ser observado nesta tabela, o NPS medido ficou acima daquele recomendado para este tipo de sala e, durante a medição, foi registrado um NPSonora máximo de 92,7 dB(A). De um modo geral, as características desta sala não difere muito das salas de aulas das outras escolas, no que diz respeito a sua adequação acústica, ou seja, ela também não é adequada para a sua finalidade. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________117 Figura 4.48 - Posicionamento do Liceu-Escola na Região Metropolitana de Belém-PA. Fonte: Prefeitura de Belém (2001} Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________118 Figura 4.49 - Planta Geral do Liceu-Escola Fonte: Vista Aérea, CODEIM (1998) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________119 Figura 4.50 – Planta Acústica Sala “N” do Liceu-Escola. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________120 Figura 4.51 – Planta Baixa da Sala “N” do Liceu-Escola. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________121 Tabela 4.17 - Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados - Liceu- Escola. NPS dB(A) RUÍDO DE FUNDO dB(A) SALA V. L Leq Lmax 94,8 Leq 62,4 V. D Lmax 68,4 Leq 56,1 TR(s) INTELIG. FALA 2kHz Testes S/R PROPORÇÃO %ALCons dB(A) Lmax 66,6 N 81,5 X Valores 40- 50 0,4 Recomendados (*1) (ASHA) X X X Não se aplica ≤5% 15dB(A) Adequada (*1): NBR 10152/87 * O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. * Nveis superiores aos estabelecidos são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano a saúde. (*2): (ANSI S12.60-2002, S) • • • Os níveis de ruído em salas de aula não devem exceder os 35 dB. O tempo de Reverberação não deve exceder os 0,6 seg. A relação Sinal/Ruído deve ser de +15dB para uma inteligibilidade adequada do discurso. (*3): ASHA: American Speech and Hearing Association : 15dB S/N para a inteligibilidade adequada do discurso. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________122 Figura 4.52 - Posicionamento da Escola Municipal Silvio Nascimento na Região Metropolitana de Belém-PA. Fonte: Prefeitura de Belém (2001) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________123 Figura 4.53 - Planta Geral da Escola Municipal Silvio Nascimento. Fonte: Vista Aérea, CODEIM (1998) Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________124 Figura 4.54 – Planta Acústica da Sala “D” da Escola Silvio Nascimento. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________125 Figura 4.55 –Planta Baixa da Sala “D” da Escola Silvio Nascimento. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. _________________________________________________________________________________________________________________126 Tabela 4.18 - Resumo dos Resultados dos Diferentes Parâmetros Avaliados – Escola Silvio Nascimento. NPS dB(A) RUÍDO DE FUNDO dB(A) SALA V. L Leq Lmax 92,7 Leq 67,9 V. D Lmax 92,7 Leq 65,7 TR(s) INTELIG. FALA S/R PROPORÇÃO 2KHz Testes %ALCons dB(A) 1,17 F 10% -16,32 Inadequada ≤5% 15dB(A) Adequada Lmax 81,8 D 75,4 Valores 40- 50 0,4 Recomendados *1 (ASHA) (*1): NBR 10152/87 * O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. * Nveis superiores aos estabelecidos são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano a saúde. (*2): (ANSI S12.60-2002, S) Os níveis de ruído em salas de aula não devem exceder os 35 dB(A). • • • O tempo de Reverberação não deve exceder os 0,6 s A relação Sinal/Ruído deve ser de +15dB para uma inteligibilidade adequada do discurso. (*3): ASHA: American Speech and Hearing Association : 15dB(A) S/N para a inteligibilidade adequada do discurso. Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. ________________________________________________________________________127 4.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo como objetivo deste capítulo avaliar os parâmetros que definem uma boa qualidade acústica para as salas de aula de escolas da região metropolitana de Belém-PA, foram escolhidas escolas que de certo modo representam as diversas situações encontradas no município. Entretanto, o resultado deste levantamento é altamente preocupante, uma vez que, de um modo geral, todas as salas encontram-se inadequadas para a atividade a que se destinam, tendo por base a qualidade acústica que deve ter um ambiente como este. A Tabela 4.19 apresenta os dados obtidos para todas as salas estudadas, tal que é possível uma comparação entre elas. No que diz respeito ao NPS, a sala “N” do Liceu-Escola foi a que apresentou o maior valor (81,5 dB(A)), embora não apresente o maior nível máximo registrado durante a medição, o qual foi obtido para a sala 01 da escola Benvinda de França Messias (96,2 dB(A)). Tabela 4.19 - Valores dos Diferentes Parâmetros Avaliados nas Escolas NPS Escola Salas dB(A) Leq Lmax 15 73,2 RUÍDO DE FUNDO dB(A) Leq Lmax Leq Lmax (*) J.F J.A / V.L / V.D 86,0 61,9 67,3 50,4 58,7 16 72,1 84,9 70,3 83,5 63,0 18 76,2 87,6 62,0 64,7 24 76,4 90,1 63,9 12 70,5 83,1 A1B A2G TR (s) INTEL.FALA(%) S/R Testes %ALC dB(A) 1,4 88,8 10% 75,8 1,18 85,6 10% RF>.S Adequa.. 51,7 69,4 1,39 87,1 12% -10,15 Inadeq. 72,3 59,8 67,9 1,1 73,6 10% RF>.S Inadeq. 64,1 72,7 62,1 70,2 1,0 82,7 9% -10,16 Inadeq. 76,06 89,0 68,3 73,3 64,3 76,6 1,25 78,8 12% Negat Inadeq. 75,2 88,1 64,1 74,6 65,1 75,4 X 88,3 7% -10 Inadeq. 1 78,0 96,2 66,8 76,5 65,3 74,9 1,27 X 10% -10,15 Inadeq 3 74,7 90,7 69,1 79,0 62,0 79,4 0,89 69,1 7% X Inadeq 4 77,3 88,6 63,4 74,7 55,5 62,8 1,77 63,1 15% X Adeq. L.E N 81,5 94,8 62,4 68,4 56,1 66,6 X 10% X S.N D 75,4 92,7 67,9 92,7 65,7 81,8 1,17 10% -16,32 PdeC AM VSF B.F.M (*1)X 78,5 7,6 Propor. Inadeq. Inadeq. (*) Janela aberta / Ventilador ligado; Janela fechada / Ventilador desligado (*1) Os valores em X forem salas de primeira serie onde não foi possível avaliar mediante testes. Os valores de Ruído de Fundo registrados na Tabela 4.19 estão todos elevados para uma sala de aula, o que faz com que os professores, se quiserem ser compreendidos pelos seus Capítulo IV. Coleta de Dados, Análise Experimental e Analítica. ________________________________________________________________________128 alunos, elevem em muito o nível de suas vozes sacrificando, assim, as suas cordas vocais, as quais poderão vir a apresentar problemas com o tempo. A sala 16 da Escola Estadual Paes de carvalho foi a que apresentou o maior valor para a condição de janela aberta e ventilador ligado (70,3 dB(A)) e a sala D da escola Silvio Nascimento foi a que apresentou o maior valor para a condição de janela fechada e ventilador desligado (65,7 dB(A)). Em relação ao Tempo de Reverberação, os valores quantificados para cada uma das salas estudadas ficaram bem acima do valor de 0,4 s recomendado pela “American Speech and Hearing Association – ASHA”. No que diz respeito a este parâmetro, a sala 04 da escola Benvinda de França Messias foi a que apresentou o maior valor (1,77 s) e a sala 03, da mesma escola, o menor valor (0,89 s). Quanto à Inteligibilidade os testes indicaram que, pela classificação de Meyer (1998), a maioria das salas receberam a classificação de Boa. Entretanto, no que diz respeito à Articulação de Consoantes nenhuma das salas foi considerada adequada para a sua função, uma vez que o parâmetro %ALCons deve ser menor do que 5 % e o menor valor registrado para este parâmetro na Tabela 4.19 foi de 7 % para as salas A2G e 03 das Escolas Augusto Meira e Benvinda de França Messias, respectivamente, embora as salas possam ser consideradas com desempenho razoável, uma vez que o %ALCons encontra-se dentro da faixa de 6,5 a 15 %. Para todas as salas estudadas, a quantificação da Relação Sinal/Ruído demonstra que o nível sonoro da voz do professor não foi satisfatório para uma compreensão perfeita por parte dos alunos dos assuntos que foram objeto da aula ministrada, uma vez que o valor ideal para este parâmetro é o valor de + 15 dB(A). Assim, nas condições atuais em que se encontra cada uma destas salas de aula, os professores necessitam forçar as cordas vocais para alcançar níveis sonoros que permitam uma relação Sinal/Ruído desta ordem. Por último, quando se avaliam os parâmetros geométricos das salas de aula, ou seja, verificam-se as Proporções entre as dimensões das salas a partir do diagrama Bolt/Beranek/Newman, somente a sala 16 da Escola Estadual Paes de Carvalho e a sala 04 da escola Benvinda de França Messias apresentam as proporções adequadas.Finalmente, a avaliação dos diferentes parâmetros estudados permite concluir que as salas de aulas, de um modo geral não estão nas condições necessárias para cumprir de forma eficiente com os seus objetivos. 129 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ CAPÍTULO V MODELAGEM ACÚSTICA – RAYNOISE – ESTUDO DE CASO 5.1 INTRODUÇÃO De um modo geral, os profissionais que desenvolvem suas atividades na área da acústica de interiores fazem uso ostensivo da equação tradicional de Sabine, desenvolvida no século XIX. Entretanto, esta equação, como já descrito neste trabalho, tem sua aplicabilidade quando o campo sonoro é difuso, o que raramente acontece nos ambientes reais, como por exemplo, escritórios, salas de aula, galpões industriais, etc. devido à distribuição heterogênea da absorção presente nestes ambientes e, ainda, pelo fato de que uma das dimensões do ambiente é normalmente bem menor que as outras duas. Por outro lado, diversos pesquisadores, cientes destas dificuldades, têm desenvolvido métodos de cálculo que possam contornar estas limitações, mas tornando necessária uma melhor definição dos dados a serem processados e um tempo de cálculo acentuado e que não dispensa o uso de computador. Entre estes métodos pode-se destacar os seguintes: • Método de Elementos Finitos e Método de Elementos de Contorno, os quais se baseiam na teoria da Análise Modal; • Análise Estatística Energética que utiliza o princípio da conservação de energia, em que todas as definições e formulações são obtidas considerando-se os valores médios no espaço e na freqüência; • Acústica Geométrica que é a teoria mais usada para a simulação de salas em computador, inclusive por ser a mais intuitiva em função da analogia com a óptica. Neste capítulo apresenta-se um estudo de caso através da simulação computacional do comportamento acústico de uma sala do prédio do Laboratório de Engenharia Mecânica da UFPA, a partir do software comercial RAYNOISE, o qual utiliza os conceitos da Acústica Geométrica. Este estudo é realizado objetivando-se estabelecer uma metodologia de análise confiável de simulação, que validada por dados experimentais, possa ser usada para atestar a efetividade do projeto acústico de uma sala de aula, apresentado como uma proposta adequada para as escolas da rede municipal e estadual de educação do estado do Pará. 130 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ 5.2 O SOFTWARE RAYNOISE O RAYNOISE é um programa comercial que foi desenvolvido para simular o comportamento acústico de qualquer volume, seja ele fechado, parcialmente fechado ou totalmente aberto, ou seja, ele permite realizar um estudo de qualquer recinto, com qualquer geometria. Sua base teórica possibilita o cálculo da propagação acústica dentro do modelo físico, incluindo: reflexões especulares e difusas; absorção do ar; absorção dos materiais usados nas paredes, piso e teto; e a transmissão através de paredes. Por outro lado, apresenta possibilidade de importação do modelo construído em outras plataformas computacionais, tais como AutoCad, ANSYS, IDEAS, PATRAN, etc. a partir do qual os seguintes procedimento de cálculo podem ser implementados: • Determinação de tempo de reverberação; • Obtenção de Mapas Acústicos; • Avaliação e otimização da inteligibilidade da palavra; • Melhor combinação de materiais absorventes; • Obtenção de Ecogramas; • Etc. O RAYNOISE tem a sua estrutura teórica baseada no principio da acústica geométrica, que assume que a energia sonora segue o caminho tracejado pelos raios sonoros, do mesmo modo que ocorre no caso da óptica geométrica. A teoria dos raios acústicos considera que o som se propaga em forma de um raio, com propriedades semelhantes às encontradas na óptica geométrica. A reflexão é o fenômeno mais importante para esta teoria. Para se chegar a esta simplificação, considera-se que o comprimento de onda é infinitamente pequeno, comparado às dimensões da Sala. Em geral, esta condição é verificada na prática, mas deve-se ficar atento ao fato de que, em baixas freqüências, esta consideração pode não ser satisfatória (GERGES, 2000). A arquitetura do programa é versátil e de fácil uso por parte dos usuários. A sua base teórica é construída através de algoritmos que implementam os métodos da fonte imagem especular (MISM) e de traçado de raios (RTM), colocando á disposição dos usuários métodos híbridos que mesclam a natureza determinística, derivada do MISM, com algumas características estatísticas do RTM. 131 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ 5.2.1 Método da Fonte Imagem Especular (Mirror Image Source Method - MISM) O MISM assume que o som se propaga como um raio. Cada raio comporta-se como uma onda plana, embora seja considerada a atenuação devido à divergência esférica. Por outro lado, os efeitos ondulatórios são negligenciados, tais como difração e interferência, o que faz com que este comportamento se verifique apenas para freqüências altas, onde o comprimento de onda é muito menor do que as dimensões da sala. No MISM, fontes imagem especular virtuais são usadas para permitir o traçado dos raios que identificam os caminhos de reflexão sonora de um receptor para a fonte. Isto pode ser facilmente ilustrado com um simples problema bidimensional de uma caixa retangular, contendo uma fonte esférica no ponto S e um receptor no ponto R, conforme mostrado na Fig. 5.1. O procedimento é iniciado a partir da construção das imagens especulares do ponto S, com respeito a todas as paredes, ou seja, as fontes imagem de primeira ordem S1, S2, S3 e S4. Em seguida, a partir da determinação dos pontos de interseção das linhas SiR com as paredes i correspondentes, pode-se rapidamente traçar as trajetórias de reflexão de primeira ordem, conforme mostrado na Fig. 5.1. De forma idêntica, procede-se para a determinação de fontes imagem especular de ordem superiores, conforme mostrado na Fig. 5.2 a qual estabelece a construção de uma fonte imagem de terceira ordem identificada por S124. Este processo tem que ser continuado até uma ordem prescrita de fontes imagem, após o que a contribuição energética de cada fonte imagem é computada levando-se em conta a distância percorrida e as atenuações ocorridas em cada reflexão. Figura 5.1 -Trajetos de Reflexão de Primeira Ordem em Salas Retangulares. 132 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Figura 5.2 – Fonte Imagem de Terceira Ordem S124. A principal limitação deste método é a necessidade de se realizar testes de visibilidade para modelos de salas não retangulares. Esses testes podem demandar longos tempos de processamento computacional, principalmente quando a geometria da sala é muito irregular, há a presença de muitos objetos no interior da sala e o número de reflexão por parte de cada raio é elevado. A Fig. 5.3 mostra um exemplo de um teste de visibilidade no qual o receptor R1’ não é visível à fonte F1. Figura 5.3 – Teste de Visibilidade: Receptor R1 visível a F1 e R1’ não visível a F1. 5.2.2 Método de Traçado de Raios (Ray Tracing Method - RTM) No método de Traçado de Raios (RTM), supõe-se que a energia emitida pela fonte sonora está distribuída em um número discreto de raios sonoros. Cada raio tem uma energia inicial igual à energia total da fonte dividida pelo número dos raios e viaja na velocidade do som, colidindo com as paredes, piso e teto onde é refletido de acordo com a lei da reflexão especular. O nível de energia de cada raio diminui a cada vez que ocorre uma reflexão, 133 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ através das propriedades de absorção dos materiais, e de forma progressiva pela absorção do ar presente no ambiente. Quando o nível de energia presente no raio não for mais significativo a sua propagação é interrompida e inicia-se o traçado do próximo raio. A fim de calcular a energia sonora em pontos diferentes de uma sala, uma malha receptora constituída de volumes finitos é definida e inicia-se um processo de verificação para identificar os raios que cruzam o volume receptor. O número de raios que cruza o volume receptor e as contribuições de energia desses raios permite a determinação do nível de pressão sonora. As perdas devido à divergência esférica são incluídas em conseqüência da separação crescente entre os raios enquanto eles se afastam da fonte com o passar do tempo. A precisão dos resultados obtidos com este método apresenta limitações devido à emissão de um número limitado de raios, o que não garante que todos os percursos dos raios entre fonte e receptor sejam encontrados, e pelas dimensões finitas da célula receptora, o que cria a possibilidade de se coletar falsos percursos ou coletar um mesmo percurso mais de uma vez. 5.2.3 Métodos Híbridos Os métodos híbridos combinam a natureza determinística derivada do MISM com algumas características estatísticas do RTM, de modo a reduzir de forma significativa o tempo de computação, além de eliminar a maioria das incertezas devido a natureza estatística dos raios presente no RTM. No programa comercial RAYNOISE estão disponibilizados os seguintes métodos híbridos: o Método dos Raios Cônicos (Conical Beam Method – CBM) e o Método dos Raios Triangulares (Triangular Beam Method – TBM). 5.2.3.1 Método dos Raios Cônicos (CBM) Neste método, feixes de raios na forma de cones são emitidos com seus vértices posicionados sobre a fonte, conforme mostrado na Fig. 5.4. A propagação dos cones através da sala é assegurada pela aplicação de um algoritmo de raios acústicos aos seus eixos. Uma fonte imagem visível é encontrada quando um ponto de recepção se encontra dentro do volume varrido pelo cone. Sua contribuição é calculada facilmente, usando a divergência esférica no cone e, ao contrário do método da fonte imagem especular, nenhum teste de visibilidade é necessário. 134 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Figura 5.4 – Feixe de Raios Cônicos e uma Fonte Imagem Visível. A utilização do CBM leva ao aparecimento de dois problemas. O primeiro deles consiste na detecção do mesmo caminho devido ao fato da sobreposição de cones adjacentes, conforme mostrado na Fig. 5.5, que tem origem no fato dos cones não cobrirem de forma completa a superfície esférica da fonte. Entretanto, o uso de um algoritmo de ponderação da energia recebida faz com que as múltiplas contribuições produzam na média o nível sonoro correto. Figura 5.5 – Sobreposição dos Cones e a Compensação Feita pela Ponderação Máxima no Centro e Mínima nas Bordas. À medida que o cone se propaga à frente de propagação cresce e aumenta a chance desta atingir uma aresta, fazendo com que haja o aparecimento do efeito de estreitamento do raio e, conseqüentemente, algumas das fontes imagem visíveis serão associadas com um caminho de reflexão errado e podem, por isso, não serem consideradas, como mostrado na 135 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Fig. 5.6. Por outro lado, alguma fonte imagem falsa pode ser considerada, principalmente, nas fontes imagens de ordem elevada, o que pode ser reduzido por um número maior de raios e, conseqüentemente, um ângulo sólido menor do cone, mas com um maior tempo de processamento computacional. Entretanto, as falsas fontes imagem tendem a compensar as fontes imagem perdidas pelo estreitamento dos raios. Na Fig. 5.7 visualiza-se o receptor 1, relativo a uma fonte imagem falsa, e o receptor 2, relativo a uma fonte imagem perdida. Figura 5.6 – Fenômeno de Estreitamento de Raio. Figura 5.7 – Receptor 1, Relativo à Fonte Imagem Falsa e Receptor 2, Relativo à Fonte Imagem Perdida. 136 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ 5.2.3.2 Método dos Raios Triangulares (TBM) Este método é similar ao método CBM, diferenciando-se deste por utilizar pirâmides de base triangular para repartir a frente de onda, ao invés de cones. Assim, não apresenta o problema de superposição de feixes apresentado pelo CBM, uma vez que as pirâmides adjacentes cobrem perfeitamente a fonte esférica. Entretanto, o problema de estreitamento de feixes permanece. No que diz respeito à utilização dos métodos híbridos, o método cônico é mais efetivo nos casos onde o campo reverberante é muito forte e o método triangular é preferível quando o campo direto é o predominante (GONZALES, 1999). 5.3 SALA ESTUDADA Como sala de estudo foi usada a sala Nº 134, do Laboratório de Engenharia Mecânica – LABEM, da Universidade Federal do Pará, a qual foi escolhida por se tratar de uma sala simples e estar desocupada, ou seja, sem mobília. Trata-se de uma sala de base retangular com 4,17 m de largura, 5,72 m de comprimento e 3,30 m de altura. Tanto as paredes opostas quanto o piso e o teto são paralelas e as arestas apresentam ângulos próximos de 90 graus. As paredes são de alvenaria e há a presença de uma porta de madeira de 2,10 m de altura por 1 m de largura, bem como uma abertura para instalação de ar condicionado delimitando uma superfície de vazamento de 0,45 m x 0,70 m. A Fig. 5.8 mostra uma vista em perspectiva da sala estudada, com destaque para a posição da porta, da abertura vazada para posicionamento do aparelho de ar-condicionado, balcão da pia e fonte sonora. Figura 5.8 – Vista em Perspectiva da Sala Objeto de Estudo. 137 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ 5.4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS Com o objetivo de validar o procedimento de modelagem acústica, a partir do programa RAYNOISE, foram realizados procedimentos experimentais que tiveram por base a quantificação de parâmetros acústicos a serem usados como elemento de referência para comparação com os resultados a serem gerados no RAYNOISE. Assim, os seguintes parâmetros foram obtidos para a sala em estudo: Nível de Pressão Sonora, Ruído de Fundo e Tempo de Reverberação. 5.4.1 Medição do Ruído de Fundo O ruído de fundo presente no ambiente foi quantificado a partir de um total de seis pontos posicionados no interior da sala, conforme distribuição de pontos apresentada na Fig. 5.9. O objetivo desta determinação foi o de se criar posteriormente na sala um campo acústico com energia tal que não fosse necessária a correção posterior nos níveis de pressão sonora medidos. A tabela 5.1 apresenta os resultados obtidos para cada um dos pontos, bem como o valor médio para a sala. Tabela 5.1 - Resultado das Medições de Ruído de Fundo .FREQUENCIA (Hz) 250 500 1000 2000 4000 RUÍDO DE FUNDO (dBA) P1 42,6 45,1 34,6 33,2 29,8 P2 44,3 41,2 32,1 33,6 28,0 P3 41,9 40,7 35,8 32,4 28,3 P4 40,5 41,4 34,7 31,6 28,3 P5 40,3 38,5 32,8 29,1 32,4 P6 44,3 39,3 32,9 30,5 34,5 MÉDIA (dBA) 42.5 41.6 34.0 32.0 30.9 5.4.2 Determinação dos Níveis de Pressão Sonora na Sala A medição do NPS foi feita a partir de uma fonte sonora onidirecional, posicionada no canto da sala e distante das paredes de 0,50 m em conformidade com a Fig. 5.8, alimentada por um sinal gerado no analisador de freqüência, o qual foi amplificado de modo a gerar um campo de pressão sonora no interior da sala com níveis bem acima (maior do que 15 dB) do ruído de fundo medido, para cada uma das bandas de oitava, tal que não fosse necessária correção do NPS para o ruído de fundo. A graduação do amplificador foi preservada para 138 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ posteriormente se proceder à quantificação do nível de potência sonora da fonte nesta graduação. Um total de seis pontos foram disposto no interior da sala, a uma altura de 1,0 m do piso, conforme pode ser visualizado na Fig. 5.9, a qual também destaca a forma na qual a fonte sonora foi posicionada no interior da sala e a posição do microfone em um dos pontos de medição. Os resultados para o NPS medido são apresentados na Tabela 5.2. Figura 5.9 – Esquema para Medição dos Níveis de Pressão Sonora. Tabela 5.2 – Níveis de Pressão Sonora Medidos no Interior da Sala FREQÜÊNCIA (Hz) 250 500 1000 2000 4000 NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA (dBA) P1 92,7 91,0 86,9 87,3 83,9 P2 92,5 91,5 87,6 87,3 83,7 P3 92,0 90,9 86,8 87,1 83,6 P4 91,0 91,0 87,3 87,0 83,4 P5 90,9 91,8 86,6 87,0 83,3 P6 89,4 90,8 87,6 86,7 83,3 5.4.3 Determinação dos Níveis de Potência Sonora da Fonte (NWS) A modelagem da sala nas condições operacionais, nas quais foram realizadas as medições de nível de pressão sonora, requer o conhecimento do nível de potência sonora 139 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ (NWS) da fonte sonora usada para excitar o ambiente e gerar o campo acústico no interior da sala. Assim, uma vez que não se dispunha do NWS da fonte sonora e nem de um ambiente acusticamente normalizado (câmara anecóica, semi-anecóica ou reverberante), foi realizado um ensaio em um ambiente externo com características de um campo livre delimitado por uma superfície refletora, segundo orientações da série de normas ISO 3740, as quais descrevem os procedimentos a serem usados para a determinação do NWS de máquinas e equipamentos em diferentes tipos de campos sonoros. Por outro lado, sendo a fonte sonora onidirecional de boa qualidade, o procedimento foi adaptado, de modo que somente cinco valores de nível de pressão sonora foram medidos na superfície imaginária da semi-esfera de raio igual a 1 m que envolve a fonte sonora, ou seja, um ponto foi posicionado acima da fonte e os outros quatro pontos foram posicionados em um círculo paralelo à superfície refletora e distante dela de uma altura h, delimitada pelo raio unitário e o ângulo de 45 graus como mostrado na Fig. 5.10. Assim, o ponto superior foi designado por Ps e os demais por Pd, Pe, Pf e Pt. Figura 5.10 – Posicionamento da Fonte Sonora e dos Pontos de Medição de NPS para Determinação da Potência Sonora. Obtidos os níveis de pressão sonora nos pontos selecionados sob a superfície da semiesfera, o nível de potência sonora da fonte pôde ser calculado, em bandas de oitava, através da seguinte equação: NWS = N P S − 20.log ( r ) − 8 (5.1) onde NPS é o nível de pressão sonora médio em dB. A Tabela 5.3 relaciona os níveis de pressão sonora medidos em cada um dos pontos, bem como o NWS para a fonte sonora utilizada. 140 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Tabela 5.3 – Níveis de Pressão Sonora e de Potência Sonora – Fonte Onidirecional NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA (dB) FREQÜÊNCIA (Hz) 200,0 250,0 315,0 400,0 500,0 630,0 800,0 1000,0 1250,0 1600,0 2000,0 2500,0 3150,0 4000,0 5000,0 Pd Pe Pf Pt Ps MÉDIA NWS (dBA) 88,6 89,5 88,5 85,5 80,5 70,7 77,1 81,8 80,0 79,0 75,5 77,9 78,2 77,2 77,1 88,9 89,6 88,6 86,2 81,6 76,6 72,1 82,1 82,5 80,3 76,5 73,2 78,5 71,6 75,1 88,7 89,5 88,1 84,5 78,8 70,5 79,9 83,2 81,1 78,3 78,6 82,8 80,3 78,7 76,3 89,2 90,0 88,8 86,3 82,5 75,1 73,7 81,5 80,7 79,7 78,1 80,9 80,6 74,0 75,6 88,6 88,8 86,9 81,8 73,3 83,6 88,3 87,6 77,7 85,1 86,6 86,0 84,5 84,2 78,7 88,8 89,5 88,2 85,2 80,3 78,2 82,4 83,9 80,6 81,3 81,3 82,0 81,1 79,3 76,7 96,8 97,5 96,2 93,1 88,3 86,2 90,4 91,9 88,6 89,2 89,3 90,0 89,1 87,3 84,7 NWS (dBA) 101,6 95,0 95,3 94,3 92,2 5.4.4 Medição do Tempo de Reverberação na Sala A medição de tempo de reverberação foi realizada com o objetivo de se determinar o coeficiente de absorção sonora médio para a sala em estudo. O procedimento experimental utilizado foi o da medição da função resposta impulsiva, a qual foi realizada em um total de seis pontos, distribuídos de forma aleatória no volume interno da sala, para uma excitação de impacto proveniente do choque entre dois pedaços de madeira. O valor do coeficiente de absorção médio da sala foi obtido a partir da formulação de Sabine, tendo como base o tempo de reverberação médio obtido da média aritmética dos valores medidos nos pontos considerados. A Tabela 5.4 apresenta os valores de tempo de reverberação e do coeficiente de absorção sonora médio da sala por banda de oitava. Tabela 5.4 – Valores de Tempo de Reverberação e de Coeficiente de Absorção Médio. FREQÜÊNCIA (Hz) 250 500 1000 2000 4000 TEMPO DE REVERBERAÇÃO (s) P1 2,99 2,54 2,17 2,07 1,79 P2 2,55 2,44 1,98 1,93 1,71 P3 2,66 2,36 2,03 1,89 1,68 P4 P5 P6 2,76 x 2,63 2,67 2,54 2,47 2,05 2,0 2,04 2,03 1,93 1,97 1,75 1,72 1,70 MÉDIA 2,71 2,50 2,04 1,97 1,72 αm (%) 0,04 0,04 0,05 0,06 0,06 141 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ 5.5 PROCEDIMENTO DE MODELAGEM DA SALA A sala objeto de estudo foi simulada através do programa RAYNOISE. Entretanto, como todo processo de simulação pressupõem a existência de um modelo, que nada mais é do que uma representação aproximada da realidade, uma vez que ele incorpora as limitações provenientes tanto do procedimento de cálculo empregado quanto da determinação precisa dos dados de entrada, a calibração do modelo a partir de dados experimentais torna-se necessária. Assim, neste item será apresentada uma comparação dos resultados do programa RAYNOISE com dados experimentais e dados de um modelo analítico (Propagação Sonora em Campo Difuso), seguindo uma metodologia que toma por base a Curva de Propagação Sonora, a qual é definida na norma VDI-3760. 5.5.1 Curva de Propagação Sonora A curva de propagação sonora é a representação gráfica da função Propagação Sonora – PS(r) definida pela norma alemã VDI-3760 como sendo a diferença do nível de pressão sonora (NPS(r)), causado por uma fonte pontual fixa não direcional e de emissão estacionária, e o seu nível de potência sonora (NWS), em função da distância entre fonte e receptor, conforme a seguinte expressão matemática: PS(r) = NPS(r) – NWS (5.2) Assim, para uma certa distância r, a propagação sonora quantifica a influência do envoltório no nível de ruído de uma sala. 5.5.2 Resultados da Simulação Numérica e Analítica da Sala A simulação numérica foi realizada no programa comercial RAYNOISE através do método híbrido de análise, selecionando a opção de feixes de raio cônicos combinada com a opção MAPPING, a qual utiliza como critério para abandonar um feixe de raios o parâmetro Ordem de Reflexão, ao mesmo tempo em que estabelece que a computação da energia sonora seja feita a partir da definição das superfícies de recepção dos raios. 142 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ A geometria da sala sob estudo foi gerada no programa AUTOCAD 2000, com a posição da fonte sonora onidirecional e dos pontos receptores de acordo com a Fig. 5.9, bem como foram informados ao programa RAYNOISE os seguintes parâmetros adicionais: • Número de Raios = 50.000; • Ordem de Reflexão = 30; • Absorção Sonora do Ar, de acordo com valores constantes da biblioteca do programa RAYNOISE; • Níveis de Potência Sonora da fonte, de acordo com a Tabela 5.3; • Valores de Coeficiente de Absorção para os materiais da porta, balcão e superfície vazada, obtidos da literatura técnica disponível e apresentados na Tabela 5.5. • Valores de Coeficiente de Absorção para o piso, teto e paredes da sala, determinados a partir dos valores de α listados nas Tabelas 5.4 e 5.5; Tabela 5.5 – Valores de Coeficiente de Absorção Sonoro FREQÜÊNCIA (Hz) 250 500 1000 2000 4000 PORTA 0,11 0,10 0,07 0,06 0,70 α (%) BALCÃO 0,01 0,01 0,01 0,07 0,02 ABERTURA 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 As curvas de propagação sonora, para cada uma das bandas de oitava, são apresentadas na Fig. 5.11, juntamente com aquelas obtidas para os dados experimentais. Por outro lado, a abordagem analítica, com base no modelo de campo difuso, estabelece que , a função de propagação sonora dada por: 1 4(1 − α m ) PS (r ) = 10log + 2 S .α m 4.π .r (5.3) utilizando valores de αm idênticos aos usados na simulação numérica no programa RAYNOISE, leva às curvas de propagação sonora também apresentadas na Fig. 5.11. Como pode ser observado na Fig. 5.11, as respostas obtidas pela simulação numérica e analítica afastam-se daquela obtida experimentalmente, o que pode ser explicado pela simplificação teórica das abordagens e da imprecisão nos valores de coeficiente de absorção 143 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ utilizados para representar a absorção sonora dos materiais presentes na sala sob estudo. Entretanto, a simulação numérica realizada no RAYNOISE apresenta um comportamento melhor, quando comparado aos dados experimentais, do que o modelo analítico baseado na teoria do campo difuso. 5.5.3 Calibração dos Modelos da Sala A diferença entre as curvas de propagação sonora podem ser minimizadas a partir da alteração dos dados de entrada dos modelos, principalmente, no que diz respeito à propriedade de absorção dos materiais que constituem as superfícies da sala, sem, entretanto, ultrapassar os limites teóricos estabelecidos para o parâmetro que representa esta propriedade nos modelos, ou seja, o coeficiente de absorção sonora. Assim, com alterações dos valores de αm (Tabela 5.6), a partir do uso da formulação de campo difuso, as curvas de propagação sonora se modificam, fazendo com que se confundam com aquela devido aos dados experimentais, conforme mostrado na Fig. 5.12. Tabela 5.6 – Valores de αm ajustados para os modelos Numérico e Analítico. αm(%)/Freq.(Hz) 250 500 1000 2000 4000 Numérico 0,30 0,07 0,19 0,18 0,22 Analítico 0,36 0,09 0,18 0,17 0,22 144 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Figuras 5.11 – Curvas de Propagação Sonora Experimental, Numérica e Analítica. 145 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Figura 5.12 – Curvas de Propagação Sonora Experimental, Numérica e Analítica, para os Modelos Calibrados. 146 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Por outro lado, após a calibração dos modelos, o campo sonoro fica perfeitamente caracterizado a partir dos níveis de pressão sonora calculados em qualquer ponto dentro do ambiente, conforme pode ser observado na Fig. 5.13, uma vez que os modelos reproduzem com precisão aceitável os valores obtidos experimentalmente. 5.6 COMENTÁRIOS FINAIS Neste capítulo foram apresentados procedimentos de análise numérica e analítica que podem ser usados para a análise das características do campo acústico em recintos fechados. Um caso exemplo foi apresentado e analisado, segundo duas formas distintas de abordagem, a numérica e a analítica. O resultado destas abordagens mostrou que a abordagem numérica através do programa comercial RAYNOISE apresentou um desempenho melhor, quando comparado com os dados obtidos de modo experimental, do que o modelo analítico, o qual é muito usado por profissionais da área da arquitetura na concepção e tratamento acústico de ambientes. Por outro lado, ambas as formas de análise apresentaram desvios nos valores da curva de propagação sonora em relação aos dados experimentais obtidos para a sala sob estudo, o que se explica pela imprecisão dos dados de entrada da análise, seja no que se refere à propriedade de absorção dos materiais presentes na sala ou das características da fonte sonora utilizada durante as medições, representadas em ambos os modelos pelo nível de potência sonora. Uma tentativa de calibração mostrou que, com alterações nos valores do coeficiente de absorção sonora, é possível a obtenção de curvas de propagação sonora bem próximas daquelas obtidas experimentalmente e, em conseqüência, uma boa previsão do campo sonoro no ambiente, a partir da determinação dos níveis de pressão sonora calculados em vários pontos dentro do mesmo. 147 Capítulo V. Modelagem Acústica – RAYNOISE – Estudo de Caso. _________________________________________________________________________ Figura 5.13 – Comparação dos Níveis de Pressão Sonora para os dois Modelos. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 148 ____________________________________________________________ CAPÍTULO VI PROPOSTA ACÚSTICO-ARQUITETÔNICA DE UM AMBIENTE ESCOLAR MODELO A pesquisa desenvolvida nas escolas das redes municipal e estadual mostra, a princípio, uma realidade que preocupa uma vez que grande maioria delas apresenta uma acústica inadequada e sofre com o intenso ruído externo, provindo principalmente do tráfego terrestre, provocando, ainda, o aumento dos ruídos internos, produzidos pelos próprios alunos, o que prejudica ainda mais a aprendizagem, devido principalmente à dificuldade de concentração e a comunicação truncada, além de levar ao aparecimento de problemas no aparelho fonador do professor ao longo dos anos, pela necessidade que tem de falar em um nível de voz mais alto com o objetivo de se fazer entendido pelos alunos. Neste capítulo apresenta-se uma proposta alternativa de sala de aula, mantendo-se a estrutura modular dos prédios, mas tal que as características geométricas e de materiais de cada módulo possa contribuir para estabelecer um ambiente acusticamente adequado à atividade de ensino, garantindo melhores condições de trabalho e saúde, para a população envolvida, bem como contribuindo, em última instância, para níveis elevados de aprendizagem. Finalmente, a proposta é analisada no software RAYNOISE, como forma de se constatar sua adequação aos objetivos já delineados. 6.1 PRESUPOSTOS BÁSICOS DE UM ESPAÇO PEDAGÓGICO A construção de um edifício escolar exige projetos adequados que ofereçam facilidade e rapidez de execução e resultem em um edifício com mínimas exigências de conservação, materiais bons e adequados, sem prejuízo da qualidade e da economia. Dentro deste contexto, o projeto arquitetônico de escolas para ensino da rede estadual e municipal é geralmente padronizado, concebendo o prédio escolar como uma estrutura modular composta por células que representam as salas de aula. A padronização dos ambientes baseia-se nas dimensões, exigências ambientais, instalações, equipamentos e componentes básicos. Assim, a partir desta padronização, o projetista organiza o espaço dentro de um determinado terreno, considerando a legislação vigente do local. Entretanto, nota-se que o projetista usa pouco material de referência, Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 149 ____________________________________________________________ enquanto cria a forma, limitando-se aos códigos e algumas listas de checagem, raramente aplicando ao projeto simulação e/ou otimização (CHVATAL et al. 1998). Por outro lado, o projeto do edifício escolar deve levar em consideração questões relativas a isolamentos, nível de ruídos externos, clima, insolação, ventilação, iluminação, natureza do subsolo, topografia, dimensões dos espaços internos, área disponível, bem como outros aspectos que podem ser considerados relevantes para a realidade local. A Tabela 6.1 apresenta, de modo resumido alguns elementos importantes que devem ser observados durante o projeto do edifício escolar, ou seja, as condicionantes ambientais a serem respeitadas. É preciso ressaltar, ainda, que algumas soluções ideais para a acústica arquitetônica podem esbarrar em outros aspectos igualmente importantes para o projeto tais como conforto térmico, iluminação ou funcionalidade, o que leva à necessidade da busca da conciliação entre eles e a satisfação dos usuários. Tabela 6.1 - Condicionantes Ambientais da Sala de Aula. Fonte: Ficha Técnica Funda-Escola. Deve-se, ainda, observar a densidade populacional, a qual pode ser definida pela lotação do ambiente. Este fator depende, principalmente, da disponibilidade de área útil por aluno dentro da sala de aula. Para o ensino fundamental, recomenda-se no mínimo 1,5 m2 por Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 150 ____________________________________________________________ aluno e uma lotação máxima por professor de 30 alunos. A flexibilidade de uso desse espaço educacional é visto como importante. Assim, as salas de aulas devem ter formato e dimensões que permitam arranjos variados das carteiras e mesas para abrigarem atividades de ensino como trabalhos individuais, em pequenos grupos ou em conjuntos. (KOWALTOWSKI e MIKANI, 2001) 6.2 PROPOSTA DE SALA DE AULA MODELO Inicialmente, apresenta-se o modelo de edifícios que hoje são usados pela Secretaria de Educação – SEDUC, os quais consistem de um Bloco Básico composto por um total de cinco salas de aula, conforme mostrado na Fig. 6.1, a qual apresenta uma planta baixa geral do bloco e as vistas lateral e frontal de um módulo de sala de aula. Figura 6.1 – Elementos do Edifício Escolar Proposto pela SEDUC. Sob o ponto de vista da acústica, o modelo proposto pela SEDUC não representa uma alternativa técnica adequada para ambientes que se destinam á sala de aula, uma vez que a sua concepção apresenta uma considerável área de vazamento, representada pelas paredes confeccionadas por tijolos furados, contribuindo para que os ruídos externos tornem a relação sinal/ruído inadequada, devido aos altos valores de ruído de fundo, o que interrompe o Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 151 ____________________________________________________________ processo de aprendizagem, conforme constatado nas escolas avaliadas no Capítulo IV deste trabalho. Por outro lado, as relações geométricas das dimensões da sala de aula levam a um ponto fora da região recomendada pelo diagrama de Bolt – Beranek – Newmann, conforme mostrado na Fig. 6.2. Figura 6.2 – Diagrama de Bolt – Bereanek – Newmann para a Sala de Aula – SEDUC. Assim, a sala de aula proposta objetiva minimizar os problemas acústicos encontrados na sala de aula da SEDUC, além de possibilitar conforto térmico e lumínico, tornando a proposição um ambiente qualificado tanto sob o ponto de vista da acústica quanto da arquitetura. Para tal, os seguintes fatores serão considerados: • No aspecto arquitetônico: Geometria (as proporções adequadas, forma e tamanho da sala) e Conforto Térmico e Lumínico (ventilação cruzada, tamanho das janelas, orientação e posição de projeto das aberturas). • No aspecto acústico: Localização; Revestimentos internos; e Vazamentos. 6.2.1 Fatores Arquitetônicos No que diz respeito a estes fatores, a premissa básica de orientação da nova proposta foi a de manter as dimensões da edificação o mais próximo possível daquelas estipuladas pela Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 152 ____________________________________________________________ SEDUC. Assim, uma pequena alteração na altura da sala, de 3,00 m para 3,50 m, já possibilita uma adequação do ambiente ao diagrama Bolt – Beranek – Newmann, como mostrado na Fig. 6.3, tal que as dimensões básicas da sala de aula fica sendo 8.00 x 6.00 x 3.50 m. Figura 6.3 – Diagrama de Bolt – Bereanek – Newmann para a Sala Proposta. Uma vez estabelecidas às dimensões e proporções corretas para a Sala se considerou criar ligeiras inclinações nas paredes, tendo por base que as paredes divergentes direcionam as reflexões para o fundo da sala, mas sem alterar a área de planta proposta pela SEDUC. Então, foram propostos ângulos de inclinação de 10° e de 27° nas paredes laterais, ficando a forma da sala como apresentada na Fig. 6.4. Figura 6.4 – Forma da Sala de Aula Proposta Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 153 ____________________________________________________________ Na figura 6.5 podemos observar a forma em que a inclinação das paredes ajudam a direcionar as reflexões laterais para o fundo da sala. Figura 6.5 – Raios Acústicos No que diz respeito ao conforto térmico, as primeiras considerações que são usualmente feitas pelo projetista tratam da orientação solar e da ventilação através da localização das aberturas dos ambientes que compõem o programa de projeto. Assim, observa-se a posição da edificação segundo as direções norte, sul, leste e oeste, bem como a direção predominante do vento em relação à orientação do ambiente e das aberturas (ventilação cruzada em diferentes posicionamentos)(DA GRAÇA et. al., 2001). Em relação à iluminação, buscou-se aproveitar a iluminação natural, a qual nos climas tropicais úmidos, como no caso de Belém-PA, reduz de forma significativa a utilização de luz elétrica, pois este tipo de clima permite a iluminação natural durante quase todo o período diurno anual. Por outro lado, o controle da insolação é importante também em relação ao conforto térmico e quebra-sóis podem ser usados tanto para o re-direcionamento, como para difusão da luz. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 154 ____________________________________________________________ No caso da proposta, as aberturas tiveram como parâmetro para ventilação natural 1/8 da área do piso da sala de aula, definindo uma área de aberturas de 6m2 para uma área de 48m2 de piso. Portanto, de forma a captar o vento e permitir a ventilação cruzada dos espaços internos, esta área de abertura foi posicionada na direção predominante do vento que, no caso de Belém-PA, é N 45° L, conforme mostrado na Fig. 6.5, ficando o Bloco Básico de Salas de Aula conforme a configuração apresentada na Fig. 6.6. Figura 6.6 - Ventos em relação à Sala Figura 6.7 – Planta Geral do Bloco Básico Proposto. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 155 ____________________________________________________________ 6.2.2 Fatores Acústicos Na sala de aula o que se busca é uma condição adequada para a inteligibilidade da fala, uma boa distribuição do som e um tempo ótimo de reverberação, tal que se tenha uma boa concentração e um ótimo nível de aprendizagem. Portanto, a sala proposta deverá possibilitar um ambiente adequado para a aprendizagem e, neste caso, deverá atender as seguintes recomendações: 1. Apresentar uma relação Sinal/Ruído acima de +15 dB enquanto que o tempo de reverberação deve estar na faixa de 0,4 a 0,6 s; 2. Evitar paralelismo, de modo a prevenir o aparecimento de defeitos acústicos (ecos e ecos palpitantes) que normalmente ocorrem entre fechamentos verticais e entre piso e teto. O paralelismo e os materiais altamente reflexivos acentuam os problemas levantados em relação à organização interna do ambiente; 3. O Nível Maximo de Ruído de Fundo na sala de aula deve ser baixo. Para atender estas recomendações, a proposta de sala nova prevê a utilização de materiais distintos daqueles usados na proposta conceitual da SEDUC, uma vez que a obtenção de um tempo de reverberação baixo está associada à utilização de materiais acústicos que permitam o aumento da absorção da energia sonora no ambiente, frente a impossibilidade de diminuição do volume do ambiente. Por outro lado, as inclinações que foram dadas nas paredes da sala, juntamente com a colocação de material absorvente no fundo da sala, já permitem prevenir a existência de eco e do eco palpitante, mas torna-se necessário ainda o uso de persianas acústicas nas aberturas, de modo a permitir a iluminação e ventilação natural e minimizar a entrada de ruído externo, minimizando o ruído de fundo no ambiente. A Tabela 6.1 apresenta a relação de material a ser usada na edificação da nova sala de aula proposta. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 156 ____________________________________________________________ Tabela 6.2 – Relação de Material a ser Usado na Sala de Aula 6.3 ANÁLISE ACÚSTICA DA SALA DE AULA PROPOSTA A análise acústica da sala de aula proposta foi realizada no programa comercial RAYNOISE através do método híbrido de análise, selecionando a opção de feixes de raio cônicos combinada com a opção MAPPING, a qual utiliza como critério para abandonar um feixe de raios o parâmetro Ordem de Reflexão, ao mesmo tempo em que estabelece que a computação da energia sonora seja feita a partir da definição das superfícies de recepção dos raios, exatamente do mesmo modo em que se fez para a sala estudada no Capítulo V deste trabalho. A geometria da sala proposta foi gerada no programa AUTOCAD 2004 e é apresentada na Fig. 6.7, já no ambiente do programa RAYNOISE. Nesta figura pode ser identificada, ainda, a posição da fonte sonora, a qual representa a voz do professor com níveis de potência sonora disponíveis na biblioteca do RAYNOISE e aqui apresentados na Tabela .2. Figura 6.8 – Modelo da Sala de Aula com Indicação da Fonte Sonora. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 157 ____________________________________________________________ Tabela 6.3 – Valores dos Níveis de Potência Sonora para a Voz do Professor. BANDA DE OITAVA (Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 NWS (dB) 64 64 64 64 64 64 Para a execução da simulação numérica foram informados ao programa RAYNOISE os seguintes parâmetros adicionais: • Número de Raios = 50.000; • Ordem de Reflexão = 30; • Absorção Sonora do Ar, de acordo com valores constantes da biblioteca do programa RAYNOISE; • Valores de Coeficiente de Absorção para os materiais da parede, piso, teto, etc. conforme a Tabela 6.3. Tabela 6.4 – Valores de Coeficiente de Absorção Sonora Material Material Material Material Material Material Material FREQÜÊNCIA 1 2 3 4 5 6 7 (Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 0,36 0,36 0,1 0,07 0,35 0,15 0,2 0,36 0,44 0,6 0,57 0,25 0,11 0,08 0,09 0,31 0,8 0,56 0,18 0,1 0,06 0,18 0,29 0,82 0,82 0,12 0,07 0,05 0,17 0,39 0,78 0,59 0,07 0,06 0,04 0,22 0,25 0,6 0,34 0,04 0,7 0,06 Durante a simulação, uma malha de pontos posicionada paralela ao piso foi concebida de modo a se obter o NPS nas bandas de oitava e, assim, poder visualizar o campo acústico no ambiente. As Figs. 6.8 a 6.13 mostram o campo acústico na malha de pontos em um diagrama de cor para cada uma das bandas de oitava. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 158 ____________________________________________________________ Outra informação importante é o tempo de reverberação do ambiente (RT60) o qual foi calculado pelo RAYNOISE em um total de cinco pontos, dando o resultado apresentado na Tabela 6.4. Tabela 6.4 – Tempo de Reverberação em Segundos. FREQUÊNCIA (Hz) PONTOS DE OBTENÇÃO DO RT60 RT60 médio 125 1 0,54 2 0,54 3 0,54 4 0,55 5 0,54 250 500 0,38 0,76 0,39 0,76 0,39 0,75 0,39 0,77 0,39 0,74 0,39 0,76 1000 0,6 0,6 0,6 0,61 0,6 0,60 2000 0,61 0,61 0,6.1 0,62 0,6 0,61 4000 0,51 0,52 0,52 0,52 0,5 0,51 0,54 Figura 6.9 – Distribuição do Campo Acústico na Banda de Oitava de 125 Hz. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo ____________________________________________________________ Figura 6.10 – Distribuição do Campo Acústico na Banda de Oitava de 250 Hz. Figura 6.11 – Distribuição do Campo Acústico na Banda de Oitava de 500 Hz. 159 Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo ____________________________________________________________ Figura 6.12 – Distribuição do Campo Acústico na Banda de Oitava de 1000 Hz. Figura 6.13 – Distribuição do Campo Acústico na Banda de Oitava de 2000 Hz. 160 Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 161 ____________________________________________________________ Figura 6.14 – Distribuição do Campo Acústico na Banda de Oitava de 4000 Hz. 6.4 MODELO DIFUSO x RAYNOISE Para verificar a possibilidade de uso do modelo difuso para a previsão do NPS no interior da sala de aula proposta, foi feito o mesmo procedimento já adotado no Capítulo V deste trabalho e que diz respeito à comparação das Curvas de Propagação Sonora numérica e analítica, sendo a curva analítica obtida através da Eq. (5.3) e os valores de αm calculados a partir dos valores de absorção e área de revestimento usados na simulação numérica no programa RAYNOISE. O resultado desta comparação é apresentado no conjunto de curvas apresentadas nas Figs. 6.14. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 162 ____________________________________________________________ CPS 250 Hz -6,0 -8,0 -10,0 -12,0 -14,0 -16,0 -18,0 PS (dB) PsS (dB) CPS 125 Hz -6,0 -8,0 -10,0 -12,0 -14,0 -16,0 -18,0 2,3 2,7 3,5 3,6 4,5 2,3 2,7 3,5 3,6 4,5 Raynoise -10,5 -12,0 -12,6 -13,0 -12,9 Raynoise -15,5 -15,8 -16,0 -14,8 -12,6 Analítico -11,36 -12,89 -12,89 -13,56 -13,66 Analítico -12,6 -14,76 -15,5 -15,8 -16,0 Distância (m ) Distância (m) CPS 1000 Hz -6,0 -8,0 -10,0 -12,0 -14,0 -16,0 -18,0 PS (dB) PS (dB) CPS 500 Hz -6,0 -8,0 -10,0 -12,0 -14,0 -16,0 -18,0 2,3 2,7 3,5 3,6 4,5 2,3 2,7 3,5 3,6 4,5 Raynoise -12,8 -12,9 -13,0 -12,4 -11,0 Raynoise -14,6 -14,8 -15,0 -14,0 -12,1 Analítico -11,0 -12,4 -12,8 -12,9 -13,0 Analítico -12,1 -14,0 -14,6 -14,8 -15,0 Distância (m ) Distância (m ) -6,0 -8,0 -10,0 -12,0 -14,0 -16,0 -18,0 CPS 4000 Hz PS (dB) PS(dB) CPS 2000 Hz 2,3 2,7 3,5 3,6 4,5 Raynoise -13,7 -13,9 -14,1 -13,2 -11,6 Analítico -11,6 -13,2 -13,7 -13,9 -14,1 Distância (m ) -6,0 -8,0 -10,0 -12,0 -14,0 -16,0 -18,0 2,3 2,7 3,5 3,6 4,5 Raynoise -13,0 -13,2 -13,2 -12,5 -11,1 Analítico -11,1 -12,5 -13,0 -13,2 -13,2 Distância (m) Figura 6.15 – Curvas de Propagação Sonora Numérica e Analítica 6.5 COMENTÁRIOS FINAIS Neste capítulo foi apresentada uma proposta de uma nova sala de aula, tal que se viabilizasse um ambiente adequado tanto no que diz respeito ao conforto acústico quanto ao conforto térmico e lumínico. Fatores de importância acústica e arquitetônica foram levados em conta, dando origem a uma nova forma de sala e ao uso de materiais acusticamente adequados, sem, entretanto, alterar significativamente as dimensões principais da sala de aula originalmente propostas pela SEDUC. Assim, no que se refere às proporções entre as dimensões principais, estas levaram a uma adequação do ambiente ao diagrama Bolt – Beranek – Newmann. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo 163 ____________________________________________________________ Para comprovar a adequação acústica da sala proposta, foi realizada uma simulação no programa RAYNOISE e feito o cálculo do tempo de reverberação em cinco pontos, obtendose um tempo de reverberação médio, por banda de oitava, dentro da faixa de valores recomendados para este tipo de ambiente, ou seja, de 0,4 a 0,6 s, havendo um desvio para mais (0,76 s) apenas na banda de 500 Hz. O mapeamento do NPS no interior da sala foi feito para uma malha de quarenta e dois pontos, produzindo diagramas de cor que permitem uma visibilidade da distribuição do campo acústico por banda de oitava. Finalmente, um teste foi realizado para verificar a adequação do uso do modelo analítico de campo difuso para a sala proposta, tendo por base a Curva de Propagação Sonora. As curvas quando sobrepostas, ou seja, as CPS numérica e analítica, mostram que há uma boa concordância entre os dois modelos apenas para os pontos que estão posicionados aproximadamente no centro da sala, sendo que a maior concordância se deu na banda de oitava de 125 Hz, o que mostra a adequação do modelo analítico para reproduzir os resultados do RAYNOISE na baixa freqüência. Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo ____________________________________________________________ Figura 6.16 -Planta de Distribuição da Proposta da Salas de Aula. 130 Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo ____________________________________________________________ Figura 6.17– Seçôes da Sala de Aula Proposta 131 Capítulo VI. Proposta Acústico Arquitetônica de um Ambiente Escolar Modelo ____________________________________________________________ Figura 6.18 - Perspectivas das Salas de Aula. 132 167 Capítulo VII. Conclusões e Recomendações. _________________________________________________________________________ CAPÍTULO VII CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1 CONCLUSÕES O presente trabalho teve como objetivo geral contribuir de forma significativa para a melhoria de projetos acústico-arquitetônicos de edificações escolares públicas, visando o progresso das condições atuais em que se desenvolvem as escolas na cidade de Belém-PA, principalmente, no que diz respeito à melhoria do processo ensino-aprendizagem através da adequação da inteligibilidade da fala nas salas de aula. Assim, foi realizada uma Revisão Bibliográfica referente às salas de aulas, e ao estudo das condições em que estas se desenvolvem, no que diz respeito às características acústicas necessárias, além de um estudo sobre a fundamentação teórica direcionada para os ambientes escolares, destacando, principalmente, os parâmetros tempo de reverberação e inteligibilidade da fala, a qual contribuiu para a formação de um acervo teórico importante para a sustentação deste trabalho e verificação do estado da arte, direcionando para a necessidade de estudo e proposição de um modelo de sala de aula para as escolas públicas. Portanto, a partir da comprovação da natureza do problema e da adequação dos objetivos deste trabalho, foi feita a delimitação de um grupo de escolas do setor público estadual e municipal, localizadas em bairros distintos da região metropolitana de BelémPA, para as quais foram feitos levantamentos de parâmetros acústicos e arquitetônicos, de modo a se caracterizar a qualidade acústica das mesmas, sendo a escolha realizada a partir do posicionamento das escolas na região metropolitana de Belém-PA, da importância histórica-cultural das mesmas e pelas características arquitetônicas que apresentam. O resultado do levantamento dos parâmetros acústicos relativos às escolas pesquisadas é altamente preocupante, uma vez que, de um modo geral, todas as salas de 168 Capítulo VII. Conclusões e Recomendações. _________________________________________________________________________ aula destas escolas encontram-se inadequadas para a atividade a que se destinam, tendo por base a qualidade acústica que deve ter um ambiente como este. A comparação dos Níveis de Pressão Sonora medidos em cada uma das escolas mostra que a sala do tipo “N” do Liceu-Escola foi a que apresentou o maior valor (81,5 dB(A)), embora não apresente o maior nível máximo registrado durante a medição, o qual foi obtido para a sala 01 da escola Benvinda de França Messias (96,2 dB(A)). De um modo geral, todas as escolas estão com valores de NPS bem acima da faixa aceitável que é de 40 a 50 dB(A). Os valores de Ruído de Fundo registrados para cada uma das salas de aula das escolas pesquisadas estão bem acima dos valores recomendados na literatura técnica pesquisada, o que faz com que os professores, se quiserem ser compreendidos pelos seus alunos, elevem em muito o nível de suas vozes sacrificando, assim, as suas cordas vocais, as quais poderão vir a apresentar problemas com o tempo. A sala 16 da Escola Estadual Paes de carvalho foi a que apresentou o maior valor para a condição de janela aberta e ventilador ligado (70,3 dB(A)) e a sala D da escola Silvio Nascimento foi a que apresentou o maior valor para a condição de janela fechada e ventilador desligado (65,7 dB(A)). No que refere-se ao Tempo de Reverberação, os valores quantificados para cada uma das salas estudadas ficaram bem acima do valor de 0,4 s recomendado pela “American Speech and Hearing Association – ASHA”. Por outro lado, a sala 04 da escola Benvinda de França Messias foi a que apresentou o maior valor (1,77 s) e a sala 03, da mesma escola, o menor valor (0,89 s). Quanto a Inteligibilidade os testes indicaram que, pela classificação de Meyer (1998), a maioria das salas receberam a classificação de Boa. Entretanto, no que diz respeito à Articulação de Consoantes nenhuma das salas foi considerada adequada para a sua função, uma vez que o parâmetro %ACL deve ser menor do que 5 % e o menor valor registrado para este parâmetro foi de 7 % para as salas A2G e 03 das Escolas Augusto Meira e Benvinda de França Messias, respectivamente, embora as salas possam ser 169 Capítulo VII. Conclusões e Recomendações. _________________________________________________________________________ consideradas com desempenho razoável, uma vez que o %ACL encontra-se dentro da faixa de 6,5 a 15 %. A quantificação da Relação Sinal/Ruído, para as salas de aula estudadas, demonstra que o nível sonoro da voz do professor não foi satisfatório para uma compreensão perfeita por parte dos alunos dos assuntos que foram objeto da aula ministrada, uma vez que o valor ideal para este parâmetro é de 15 dB(A). Assim, nas condições atuais em que se encontra cada uma destas salas de aula, os professores necessitam forçar as cordas vocais para alcançar níveis sonoros que permitam uma relação Sinal/Ruído desta ordem. Por último, quando se avalia os parâmetros geométricos das salas de aula, ou seja, verifica-se as Proporções entre as dimensões das salas a partir do diagrama Bolt/Beranek/Newman, somente a sala 16 da Escola Estadual Paes de Carvalho e a sala 04 da escola Benvinda de França Messias apresentam as proporções adequadas. Como fica patente, pela descrição feita, a avaliação dos diferentes parâmetros estudados permite concluir que as salas de aulas, de um modo geral não estão nas condições necessárias para cumprir de forma eficiente com os seus objetivos. Diante deste quadro, este trabalho desenvolveu uma proposta alternativa de sala de aula, mantendo-se a estrutura modular dos prédios, mas tal que as características geométricas e de materiais de cada módulo possa contribuir para estabelecer um ambiente acusticamente adequado à atividade de ensino, garantindo melhores condições de trabalho e saúde, para a população envolvida, bem como contribuindo, em última instância, para níveis elevados de aprendizagem. Ajudaram na conquista dessa meta, a análise de fatores acústicos e arquitetônicos, que deram origem a uma nova forma de sala e ao uso de materiais acusticamente adequados, alterando-se de forma pouco drástica a altura da sala de aula, como inicialmente proposta pela SEDUC, tal que se obteve uma adequação do ambiente ao diagrama Bolt – Beranek – Newmann. 170 Capítulo VII. Conclusões e Recomendações. _________________________________________________________________________ De modo conclusivo, a proposta de sala de aula foi validada acusticamente a partir de um modelo desenvolvido para análise no programa comercial RAYNOISE, que através da simulação pelo método da acústica de raios estimou valores de Tempo de Reverberação dentro da faixa de valores recomendados para este tipo de ambiente, ou seja, de 0,4 a 0,6 s, havendo um desvio para mais (0,76 s) apenas na banda de 500 Hz. Finalmente, a partir da metodologia apresentada no Capítulo V deste trabalho, um teste foi realizado para verificar a adequação do uso do modelo analítico de campo difuso para a sala proposta, tendo por base a Curva de Propagação Sonora. As curvas quando sobrepostas, ou seja, as CPS numérica e analítica, mostram que há uma boa concordância entre os dois modelos apenas para os pontos que estão posicionados aproximadamente no centro da sala, sendo que a maior concordância se deu na banda de oitava de 125 Hz, o que mostra a adequação do modelo analítico para reproduzir os resultados do RAYNOISE na baixa freqüência. 7.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Uma continuidade natural desta pesquisa é a possibilidade de realizar simulações de outros ambientes através dos métodos aqui utilizados, onde a calibração experimental dos modelos deve assumir papel de relevo. Assim, a obtenção de expressões analíticas pode ser feita, para cada um tipo de ambiente estudado, ou seja, salas de escritório, galpões industriais, etc, tal que seja possível, a partir delas conceber a análise dos ambientes com segurança e sem a necessidade de simulações computacionais complexas, facilitando o desenvolvimento destes ambientes de forma a que eles apresentem um comportamento acústico adequado. Finalmente, realizar um trabalho experimental de levantamento de parâmetros acústico, principalmente, tempo de reverberação e inteligibilidade da fala, de forma mais precisa e, posteriormente, comparar com os resultados apresentados neste trabalho. 171 Referência Bibliográfica ____________________________________________________________ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS-ABNT. NBR 10.151/2000. 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