2012 - Maio
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2012 - Maio
Ano 2 — No 17 | Maio 2012 R$ 8,60* * Nas livrarias CELD de R$ 8,60 por R$ 6,00 Sumário Ano II — No 17 | Maio 2012 Revista de Estudos Espíritas 4 Editorial: Pratiqueis a Caridade sem Ostentação! 5 Comentários dos Leitores 6 Palavras da Direção: União de Todos (trabalho em equipe) 7 André Luiz: Liberte a Você 9 Especial: Sem a Caridade... 10 Espíritos do Senhor: Blaise Pascal 12 Palavra dos Espíritos: Loucura e Estado Depressivo 14 Promoção Social: Você Conhece a Obra Social Antonio de Aquino? 15 Conversando sobre Educação Espírita: Sou Evangelizador e Agora? Estou entusiasmado? 17 Entrevista: Conversando com Balthazar – 2a parte 20 Fala, Jovem!: As Obras de Deus Ressoam 21 Capa: Quando nos Aproximamos de Deus 25 Espiritismo e Ciência: Corpo Espiritual e Religiões 26 Inspirações 28 Espaço dos Encontros: Eurípedes Barsanulfo: o vanguardeiro das ideias espíritas a céu aberto 30 Kardec Pergunta: A Influência do Espiritismo no Progresso 32 Evangelho em Ação: O Médium e a Evangelização 33 Léon Denis: A Democrática Imposição 36 Mediunidade: Instituições Espíritas 38 Grupo Leopoldo Machado: O Envolvimento do Plano Espiritual nas Viagens 40 Revista Espírita em Foco: Somos Filhos de DEUS 41 Tema Livre: A Psicologia da Gratidão Editorial Editorial ISSN: 1415-4269 Fundador Altivo Carissimi Pamphiro (1938-2006) Pratiqueis a Caridade sem Ostentação! Presidente Hélio Washington de M. Costa Divisão de Divulgação Doutrinária Paulo Nagae Saulo Monteiro Administração Silvio Almeida Conselho Editorial Alan de Souza Mônica Soares Ana Beatriz Sanabio Elton Rodrigues Maíra Arruda Roberto Lota Saulo Monteiro Vanessa R. de Oliveira Vitor Nogueira Wagner Rodrigues Jornalistas Colaboradores Alan de Souza Mônica Soares Diagramação e Arte Marcelo Domingues Capa Marcelo Domingues Revisão Teresa Cunha Arte-final Roberto Ratti e Márcio Almeida Produção Gráfica Celd Distribuição e Comercialização Deise Coelho Luzia Soares Marcelo Alves Atendimento ao Leitor Endereço eletrônico: [email protected] Telefones: 2452-7700 / 2452-7801 Aos Articulistas Endereço eletrônico: [email protected] CELD (Gráfica) Rua João Vicente, 1445 — Bento Ribeiro Rio de Janeiro — RJ — CEP 21610-210 www.edicoesleondenis.com.br Tel. 2452-7700 | 2452-7801 Propriedade do Centro Espírita Léon Denis Rua Abílio dos Santos, 137 — Bento Ribeiro Rio de Janeiro — RJ — CEP 21331-290 www.celd.org.br |Tel. 2452-1846 CNPJ: 27.921.931/0001-89 IE:82.209.980 www.celd.org.br 4 4www.celd.org.br “(...) Qualquer classe social a que pertençais, sempre tereis alguma coisa que possa ser compartilhada.” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ed.CELD. Cap.XIII, item 16.) Em nossas reuniões aos sábados para as pautas e decisões da Revista de Estudos Espíritas (REE), debatemos diversos assuntos e num dia conversamos sobre a Caridade. Foi discutido se a Caridade efetuada com vasta divulgação tem o mesmo efeito que aquela que é feita discretamente. Sabemos que é de grande valia a Caridade feita por ONG´s, Fundações e Casas, que têm bastante importância no cunho social, mas também sabemos que diversas delas só fazem para serem “abatidos”, os gastos, pelo famoso Imposto de Renda. Daí, lhes pergunto, prezado leitor, será que nós ainda não estamos no estágio de sermos observados ou vistos na hora em que damos qualquer benefício a alguém? Nestes momentos recorro aos exemplos de Jesus, representante máximo de Deus na Terra. Ele nos ensinou o sublime da caridade, ou seja, a caridade anônima, que ajuda sempre que pode e vê onde existe a necessidade para socorrer. Mesmo assim, o Mestre não critica ou julga quem faz a caridade com ostentação, porque ele compreende as falhas humanas, e afirmou: “Aqueles que fazem o bem com ostentação já receberam sua recompensa.” Cito outro trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 1, intitulado “Fazer o Bem sem Ostentação”: “Guardai-vos de fazer as boas obras diante dos homens, com fim de serdes vistos por eles, de outra forma não recebereis a recompensa de vosso Pai que estás nos céus. Quando pois, derdes esmola, não façais tocar a trombeta diante de vós, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Mas, quando derdes esmola, que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa direita; para que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos dê a recompensa”. (Mateus, VI: 1 a 4.) Pensem nisso. Que Jesus abençoe a todos! Alan Rodrigo de Souza Comentários dos Leitores Amigos leitores, Este espaço é aberto à comunicação entre leitores e editores! Enviem-nos seus comentários, sugestões e críticas através do e-mail [email protected]. Ajudem-nos a manter e melhorar este projeto que é a nossa Revista de Estudos Espíritas! Leitor faz aplicação do conteúdo da REE em sua prática de meditação. A matéria de que eu mais gostei foi Disciplina da Alma, uma entrevista com o espírito Balthazar (janeiro 2012). “A disciplina do pensamento é o resultado de seu esforço contínuo em direcioná-lo para um objetivo”, diz Balthazar, na primeira pergunta. E de que forma se alcança esse objetivo? Acredito que todos nós podemos consegui-lo através da meditação e da disciplina, porque a partir da reflexão, conseguimos controlar as nossas emoções e então nos desapegar de tudo, até da própria dor. Será pelo esforço, força de vontade, conquista no bem, religiosidade, trabalho, honestidade, harmonia com todos à sua volta que se conseguirá a disciplina. É preciso lembrar, no entanto, que se deve conquistar a disciplina interna, não a externa. Enfim, é isto que eu entendo como disciplina. É difícil sim, mas de forma alguma é impossível. Abraços, Marcelo Diniz REE: Amigo Marcelo, obrigado pelo comentário e por suas palavras que relembram o texto de Balthazar, pois todos nós, em nossas atividades diárias, deparamo-nos com obstáculos impostos à nossa evolução moral. E, realmente, se faz necessário ter muita disciplina para superar esses obstáculos e cumprir nossos planos de trabalho no bem. Além disso, destacamos que essa informação sobre os benefícios da prática da meditação na busca pelo equilíbrio espiritual é bastante valiosa. Esperamos que nossos leitores possam fazer bom uso de mais essa ferramenta posta à nossa disposição. www.celd.org.br 5 Palavras da Direção União de Todos (trabalho em equipe) Estamos, ao longo desses meses, todos, desde o lançamento da Revista de Estudos Espíritas, do Celd, mostrando que com união poderemos superar as enormes dificuldades para mantermos, mês a mês, o compromisso de ter uma revista interessante e atraente. Foram entrevistas com alguns dos fundadores da Casa, evidenciando as imensas dificuldades vencidas por Altivo e os colaboradores iniciais, para fundar o Celd e, principalmente, mantê-lo de portas abertas divulgando a Doutrina Espírita. Aumentamos o número de páginas, criamos um espaço para as crianças, o visual ficou mais bonito, tudo com um único objetivo: Divulgar a Doutrina de Jesus. Empreendimento que depende da união de todos para que seja um sucesso. Que começa naquele que escreve o artigo, seguindo para a Editora, indo para aqueles que digitam, continuando na diagramação das páginas e na seleção das imagens, posteriormente para a revisão e aos que confeccionam a revista, etc, etc. Só com a união e o trabalho de todos é que o Celd está conseguindo manter o compromisso de divulgação do Espiritismo. Mas se o sucesso decorre, muito, do esforço daqueles que a confeccionam, também depende do público que a lê. Assim, leitor amigo, você que lê e que gosta dos artigos publicados na nossa revista, ajude a manter mais essa empreitada. Ao ler e gostar de um determinado artigo; ao ler e gostar de um exemplar da revista, ofereça-a de presente a um amigo, a um parente, você também estará contribuindo para manter esse tão belo trabalho de nossa Instituição. Assim com a união de todos — Editor e Leitor — que possamos manter a Revista de Estudos Espíritas cumprindo com seu dever: “Divulgar a Doutrina Espírita”. Hélio Washington Presidente do Celd [email protected] 6 www.celd.org.br André Luiz Liberte a Você por Paula Lopes [email protected] Ainda nos dias de hoje, busca-se, de maneira equivocada, a liberdade em diferentes expressões. A história da Humanidade revela milhares de episódios em que o homem matou, se matou, escravizou e roubou, inacreditavelmente para ser livre. Parece-nos que estes embates ainda perduram em nossas vidas, e o homem continua não alcançando os seus objetivos. Já nos comunicamos com o mundo inteiro através de alguns clicks em nossos computadores, mas agimos e reagimos ao cotidiano como escravos. Depositamos nossa liberdade num conceito que não é permanente, e se assim o é, talvez seja pela sua natureza material. E o que é material se transforma — necessariamente. A resposta a estas inquietações pode vir de muito longe, através da história de Moisés. Ele trabalhou pela liberdade do povo hebreu em duas fases bem distintas. Na primeira, os liberta da escravidão do Egito, conquistada com a travessia do Mar Vermelho. Imaginamos o quanto não representou para aquele povo tal gesto. Contudo, somente na segunda fase é que Moisés alcançou o seu momento mais importante, apresentando-lhes os 10 mandamentos. O povo hebreu era escravo dos seus próprios “pecados”. Era a escravidão moral, verdadeira causa de nossas aflições. Isso nos faz pensar na verdadeira liberdade. Quando nos deparamos com a palavra “liberdade”, de imediato pensamos em poder fazer o que quiser, sem que alguém nos limite, nos controle, nos vigie. Talvez em alguma fase de nossas vidas — seja ela na adolescência, ou até mesmo no início da fase madura — já vinculamos a noção de liberdade ao desejo de poder fazer o que “der na telha”. Sabemos que a liberdade é um dos direitos e anseios mais importantes do homem. Mas a vida segue o seu curso, e com isso amadurecemos e começamos a compreender o que de fato venha ser a tão almejada liberdade. www.celd.org.br 7 André Luiz Somos seres eternos, espíritos indestrutíveis, e o conceito de liberdade se amplia muito mais do que a ideia que a própria palavra já nos traz. Como espíritos encarnados e observadores da Lei, temos ciência de que não gozamos de uma liberdade absoluta, pois necessitamos uns dos outros e não vivemos sozinhos. Segundo Palhano Júnior,1 e baseado em O Livro dos Espíritos,2 (q. 826), “O homem só gozaria de uma liberdade absoluta se se isolasse dos outros homens”, e essa não é a liberdade que Deus nos oferece através da Lei Natural. O crescimento do indivíduo e o seu burilamento acontecem vivendo coletivamente. E é justamente essa convivência — que estabelecemos uns com os outros — que nos faz ter a obrigação de entender e respeitar os direitos alheios e repensar as aquisições pessoais a partir da liberdade. A minha liberdade não pode, sob qualquer circunstância, ferir o direito do outro. Falou-se em escravidão moral, e André Luiz, na lição “Liberte a você” contida no livro Estude e Viva, da FEB,3 nos auxilia neste entendimento. Ele nos chama a atenção para tudo o que nos limita, nos aprisiona, como: a maledicência, a leviandade, a indiscrição, a ociosidade, o mal que nos desvia do bem, a incapacidade de sentir e agir na fraternidade, ou seja, de todas essas enfermidades morais que nos colocam num caminho oposto aos ensinamentos do nosso Mestre Jesus. As obrigações que a vida nos impõe são os nossos deveres como cooperadores na obra de Deus e de forma alguma elas contrariam o movimento de nossa libertação pela prática do bem. Segundo as palavras de Emmanuel,4 capítulo 53, “O serviço de Jesus se destina a todo lugar.” 8 www.celd.org.br Observamos o quanto estamos próximos das amarras e da prisão, e não dessa liberdade que tentamos conhecer, pois ainda nos prendemos às situações, pessoas ou “coisas”, não nos permitindo buscar a luz interior, a porção Divina que habita em nosso ser. E quando saímos do campo das coisas para o campo dos seres, tudo fica muito mais complicado. A liberdade pode parecer a concretização de um plano afetivo para uns; e para outros, de maneira completamente oposta, a desvinculação de compromissos anteriores. Ir ao encontro da verdadeira liberdade, aquela que construirá um futuro melhor, significa a quebra das pesadas correntes que nos escravizam aos valores equivocados. Apenas no esforço íntimo do autoconhecimento e na busca pela nossa verdadeira renovação é que seremos capazes de enxergar a Justiça desse Pai amoroso, que tanto nos convida à liberdade e à felicidade. Sigamos a Deus para abandonar tudo o que nos impede de ser livres. Façamos o bem, nos aproximando cada vez mais do dia em que bradaremos em louvor aos Céus: “Agora eu sou livre”! Referências: 1 JUNIOR, Palhano. Dicionário de Filosofia Espírita. 3 ed. Rio de Janeiro: CELD. 2008. 2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1. ed. Rio de Janeiro: CELD. 2010. 3 XAVIER, Francisco C., VIEIRA, Waldo. Estude e Viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. 4 XAVIER, Francisco C. Pão Nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB. 1986. Especial Sem a Caridade... por Joseane Belizário de Souza [email protected] Os ensinamentos que me embebem, florescem minha inteligência Mas, sem a caridade, seria eu uma máquina inútil; O sofrimento que padeço me traz afagos momentâneos Mas, sem a caridade, minhas lágrimas se multiplicarão; Meu trabalho árduo é reconhecido pelos prêmios terrenos Mas, sem a caridade, meus prêmios aí terminarão; Minha alegria contagia meus amigos Mas, sem a caridade, perderia minha essência sã; O amor envolve e alimenta sonhos Mas, sem a caridade, seria só mais um sentimento sem proveito moral; O conselho pode despertar o ser humano Mas, sem a caridade, a natureza desse despertar pode tomar caminhos opostos aos que desejavas; A sabedoria é um bálsamo sagrado ao que a recebe Mas, sem a caridade, ao mesmo modo que foi recebida, há de ser retirada; Ainda fazemos da vida um terreno de infrutíferas lamentações em torno das cargas que nos são impelidas a sustentar. Esse terreno tende a manter-se improdutivo, quando passamos pela existência sem o proveito moral que as dores nos oferecem. Quando em meio às sombras, lembrai-vos de que a escuridão desaparece com o menor facho de luz, que pode ser aceso através da boa vontade, do sorriso fraterno, do conselho amigo, bem como do trabalho enobrecedor. Não olvidemos que existem conjuntos de tarefas morais que nos cabe exercitar diariamente, silenciosamente, no íntimo de nossa vontade. Mas, meus queridos, se não houver caridade no leme de nossas embarcações morais, o mar será, de certo, tumultuoso. www.celd.org.br 9 Espíritos do Senhor Blaise Pascal por Henrique de Oliveira [email protected] “Que dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino espírita, se abstenha; pois, não aproveitando a luz que o ilumina, será menos desculpável do que um outro qualquer, que deverá expiar sua cegueira.” Pascal - O Livro dos Médiuns , Allan Kardec, cap. XXXI - Dissertação no 13. Blaise Pascal era filho de Étienne Pascal e Antoniette Bejon. Perdeu a sua mãe com três anos de idade. Seu pai tratou da sua educação, por ele ser o único filho do sexo masculino. A educação que lhe foi dada por seu pai tinha em vista o desenvolvimento correto da sua razão e do seu juízo. O recurso aos jogos didáticos era parte integrante do seu ensino em disciplinas tão variadas como a História, a Geografia e a Filosofia. Certo dia, Pascal, um menino de apenas 10 anos, bateu com uma colher num prato e escutou atentamente o som, que continuou a vibrar por algum tempo, parando, no entanto, quando o pequeno pôs a mão sobre o prato. Com certeza, em muitos lugares do mundo, outros tantos garotos observaram o mesmo fenômeno. Mas, só um gênio como Blaise Pascal resolveu investigar o mistério e escreveu um tratado sobre o som: Traité des sons. Nascido aos 19 de junho de 1623, em Clermont 10 www.celd.org.br (Auvergue), cedo demonstrou a sua genialidade. Numa ocasião, o pai o encontrou riscando, com um pedaço de giz, “rodas e barras” no assoalho do seu quarto. Rodas e barras eram na verdade os círculos e as linhas retas da Geometria, traduzidos na linguagem infantil. Logo mais provaria que a soma dos ângulos de um triângulo perfaz dois retos, resolvendo num passatempo, o 32o teorema de Euclides, cujo nome ignorava. Na adolescência, aos 16 anos, escreveu um tratado sobre as secções dos cones “Traité des sections coniques”, um problema de alta Geometria, que assombrou o mundo profissional da época. O próprio Descartes, ao lê-lo, se recusou a acreditar que tivesse sido escrito por um jovem dessa idade. Dois anos mais tarde, construiu o jovem matemático uma máquina de contar, com o principal objetivo de aliviar seu pai dos complicados cálculos que necessitava fazer na sua lida com as finanças do município. Numa época em que não estavam aperfeiçoadas as tábuas logarítmicas, este engenho prestou grandes serviços aos que se ocupavam com a aritmética e mereceu numerosas reproduções. Oportunamente, Pascal presenteou com uma dessas máquinas ao célebre Condé e a Rainha Cristina da Suécia, quando ela esteve na França. Mais tarde, entre seus 23 e 25 anos, interessou-se pelos estudos da Física, escrevendo sobre o “espaço vazio”: Nouvelles experiences touchant le vide. Foi também nesta época que o pai de Blaise sofreu um acidente e, por permanecer longo período na cama, teve, a lhe servir de enfermeiros, dois fervorosos discípulos de Cornélio Jansênio que, ao se despedirem, deixando Etienne Pascal curado, deixaram toda a família Pascal profundamente impressionada com o ideal religioso. Em outubro de 1654, estando Blaise Pascal a passear de carruagem por uma ponte, Espíritos do Senhor assustaram-se os cavalos, tendo dois deles se precipitado da ponte, após rompidos os arreios. Os outros ficaram suspensos com a carruagem sobre o abismo, salvando a vida do cientista. Dizem alguns de seus biógrafos que este fato lhe teria produzido um violento abalo, fazendo-o se dedicar às questões religiosas. Contudo, depois de sua morte foi encontrado, cosido no forro de sua vestimenta, um bilhete datado de 23 a 24 de novembro de 1654, em que ele relata uma espécie de êxtase que teria experimentado, e demonstra um desejo ardente de se consagrar às coisas espirituais. Escrevendo suas Cartas Provinciais”, Pascal apresenta a verdadeira Igreja do Cristo não circunscrita a uma determinada organização eclesiástica, menos ainda a determinados homens de um certo período, representando casualmente a Igreja, mesmo porque, falíveis os homens, insegura seria a fé. Em 1657, suas Cartas, dezoito ao todo, foram relacionadas no Index, da Igreja. São consideradas um dos maiores monumentos da literatura francesa e o atestado de uma grande sinceridade cristã. A respeito, pronunciou-se Pascal: “Roma condenou as minhas Cartas; mas o que nelas condenei está condenado no céu. Apelo para o teu tribunal, Senhor Jesus!” Relata que pediu a Deus 10 anos de saúde para poder escrever sua apologia do Cristianismo, que o mundo viria a conhecer com o nome de Pensées, contudo, confessa, Deus lhe deu quatro anos de enfermidade. Nessa Apologia, ele apresenta Cristo não como o “Senhor morto” de tantos cristãos, mas o Cristo vivo, sempre-vivo, aquele Cristo que segue com os homens, todos os dias. Amar era para ele a melhor forma de crer, a “razão do coração que a razão ignora”. Deus é, antes de tudo o Sumo Bem, o alvo do amor, e ele afirmava não poder crer senão num Deus que pudesse amar sinceramente. A mensagem para a humanidade de sua época, para os melhores homens do século, foi uma mensagem de vasta, profunda e panorâmica espiritualidade cristã. Uma espiritualidade que brilha em todas as páginas de O Evangelho, a espiritualidade do Cristo. Tal espiritualidade transcende das suas mensagens, inseridas pelo codificador em O Evangelho Segundo o Espiritismo: a primeira, datada de 1860, recebida em Genebra, que alude à verdadeira propriedade e a segunda, do ano 1862, de Sens, da qual destacamos especialmente: “(...) Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; (...)” e , logo adiante, “(...) esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo”. Não menos oportunas as observações em sua mensagem “Sobre os médiuns” (O Livro dos Médiuns, cap. XXXI, item XIII) de excelente atualidade para os dias que estamos vivendo, onde a mediunidade tem sido levada, muita vez, à conta de exclusiva projeção pessoal e destaque social: “Que, dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino espírita, se abstenha; porquanto, não fazendo proveitosa a luz que ilumina, será menos escusável do que outro qualquer e terá que expiar a sua cegueira”. Sua morte se deu a 19 de agosto de 1662, aos 39 anos, sendo que os dois últimos anos de sua vida foram de intenso sofrimento. A enfermidade que o tomou lhe furtou qualquer possibilidade de esforços físicos e intelectuais. www.celd.org.br 11 Palavra dos Espíritos Loucura e Estado Depressivo [email protected] Que o Mestre e Senhor Jesus esteja hoje e sempre no coração dos amados irmãos da Casa de Léon Denis. Que ele possa permitir, como certamente o fará, um início de estudos espirituais importante para a formação do caráter de auxiliares do bem a que todos estão se propondo de maneira direta ou indireta. Este capítulo do nosso abençoado livro Memórias é dos mais importantes para a formação do entendimento de todos aqueles que militares no campo da assistência espiritual; e que ninguém se iluda com a aparente simplicidade das expressões aí ou ali colocadas. Seus termos simples trazem em si, a semente de ideias alevantadas, superiores, que devem servir de lema para a condução de trabalhos de desobsessão, de atendimento fraternal àqueles que sofrem e igualmente devem servir de lema para todos os que, se reconhecendo sofredores espirituais, intentem corrigir-se, moderar os efeitos funestos das falhas tidas, cometidas nas últimas encarnações. Na realidade, o que se propõe neste capítulo, é analisar a alma humana através dos servidores socorristas: o que se propõe é mostrar, de maneira mais singela, como o homem pode atingir o equilíbrio através da paz e, principalmente, por analogia, fornecer a todos aqueles que sofrem, que padecem males espirituais, que são identificados como males mentais, se precatarem e se orientarem segundo o Evangelho de Jesus, para que novos males não sejam acrescentados à sua existência. 12 www.celd.org.br Meus amigos, meus irmãos, o que veio a ser até agora o estudo do capítulo de hoje senão uma tentativa de mostrar ao homem encarnado que a loucura tanto quanto os estados depressivos são — apenas, e nada mais do que isso — o desvio da alma humana das linhas do equilíbrio? O que vem a ser o equilíbrio de uma alma? Tome-se alguém em paz com sua consciência, alguém que opere no bem, alguém que ostente a alegria de viver e de servir, alguém que não meça sacrifícios nem estampe máscara de angústia, que desenvolva sempre o trabalho do bem, alguém capaz de renunciar, alguém capaz de amar, alguém capaz de estender as mãos quantas vezes forem necessárias, tal como ensinou Jesus. Tome-se esta figura, este homem, este ser, o olhe-se, ao contrário, a todos aqueles que serão ou são incapazes de servir, de ajudar, de não opor obstáculos à realização do bem e, se saberá, então, exatamente, quem está louco, quem está diante de uma anormalidade espiritual, quem está com as suas, segundo a nomenclatura da medicina terrena, suas psicoses depressivas. Ora, meus irmãos, o desequilíbrio do homem nada mais é do que a sua inconformidade na aceitação de fatos Palavra dos Espíritos normais, de fatos que já fazem parte do domínio da sociedade em que ele vive. Quase sempre, a alma desarmonizada é aquela que não soube renunciar, que não soube servir ou não soube compreender as linhas mestras de um trabalho que lhe foi proposto. Este desequilíbrio, esta desarmonia se reflete no comportamento do homem e, se refletindo no comportamento do homem, extrapolando os limites do equilíbrio mental, torna-se uma loucura, torna-se um fato de loucura, melhor dizendo. Entretanto, ao contrário, o homem apresenta a condição específica, de equilíbrio externo, apresenta a condição específica de harmonização de gestos, mas por dentro é o vulcão, é a força que, desarmonizada, está prestes a explodir, jogando para fora toda a lava da sua incompreensão ou inconformação; mas ele se contém. A sua contenção, entretanto, não é suficiente para lhe educar porque, na realidade, ele, pela sua contenção, não buscou a área da compreensão. E temos, então, um psicótico, um depressivo, um maníaco. Oh, irmãos!, como é importante estudar a alma, como é importante falar do psiquismo, como é importante a criatura que busca se analisar pelos meios modernos que a ciência humana oferece; mas, como é importante, também, o homem seguir o conselho de Jesus — renúncia, amor ao próximo, renúncia à sua própria personalidade, se assim for necessário, para que outro sobressaia; amar ao inimigo, compreender a dificuldade do semelhante, ser o ser alegre e jovial para que o bem se estabeleça em torno de si, ter a moderação tão própria dos seres de escol, confiai em Jesus e, acima de tudo, conservar em si a noção de que deve ser um pacificador, tal como o Cristo o foi. O que é que mais caracterizou Jesus senão o amor? No meio de uma sociedade hostil, escravocrata, no meio de uma sociedade maledicente, de uma sociedade voltada para a estupidez, numa sociedade guerreira, egoísta, orgulhosa; em meio a tantas tempestades magnéticas provocadas pelo ódio, pela angústia das criaturas que com ele conviviam, soube ele manter-se incólume, amando. Assim será com todos aqueles que souberem caminhar na direção do bem. Vamos estudar a instituição “O Manicômio” e façamos um propósito se quisermos estudar adequadamente o capítulo como deve ser. E podemos definir de maneira singela esta questão, fazendo a seguinte proposta: — que cada um se identifique com uma exposição da necessidade da criatura presente e quando se tratar da necessidade apresentada, melhor dizendo e quando se tratar de analisar a entidade condutora ou entidades condutoras de serviços, que tentemos espelhar nossas realizações nestas mesmas entidades. Ao final do capítulo, façamos a comparação do que entendemos, aprendemos, do que ficamos sabendo do magno assunto. E agora, ao me despedir de todos vocês, rogo a Jesus que inicie a todos, não só na prática do bem e da verdade, mas no conhecimento também. Já tivemos ocasião, na outra reunião, de asseverar, com outros companheiros, que cada início e cada término de capítulo, para nós, é motivo de grande alegria espiritual. Que todos compartilhem desta alegria, vivenciando o aprendizado com Jesus. Que ele nos abençoe a todos! (Mensagem do espírito português em 12/10/1982, em Aula extra de Memórias de um Suicida.) www.celd.org.br 13 P Pr Promoção ro om moçção ã S Social ociial oc ial Você Conhece a Obra Social Antonio de Aquino? por Rosângela Borin [email protected] Todos os companheiros que frequentam o CELD percebem que sempre falamos a respeito da OSAA (Obra Social Antonio de Aquino), que muitos conhecem carinhosamente como “Mallet”. De acordo com as orientações recebidas dos espíritos guias de nossa casa, “... a OSAA é o laboratório onde podemos colocar em prática os conceitos doutrinários estudados no Centro...” Apenas quem é voluntário daquele trabalho e consegue entender que todos estamos debaixo de uma direção espiritual em qualquer trabalho ou estudo realizados (tanto no Centro como na OSAA) pode compreender e avaliar o que os espíritos querem nos dizer. Nos primeiros números da nossa Revista fizemos algumas reportagens que apresentaram as diversas Divisões de Serviços atuantes na Obra Social. Mas, conforme as palavras de nosso amado Altivo em reunião com a MEAL, “nenhuma obra social 14 www.celd.org.br deve viver sem um centro espírita toda obra social precisa de um centro espírita porque ele dá uma sustentação através dos espíritos; pelo desejo que as pessoas têm de estudar, além de irem à obra social assistencialmente e dar sustentação, pois todos acabam ficando envolvidos no desejo do centro espírita, que tem uma obra social”. Assim, ressaltamos a importante atuação do Centro Espírita Antonio de Aquino — CEAA, em apoio vibracional e fluídico à OSAA. O CEAA responde por todos os serviços de Evangelização, estudos e reuniões públicas que ocorrem na OSAA. Todo este conjunto permite, a nós trabalhadores, uma enorme “oportunidade de servir no bem e a consolidação no íntimo de vocês — do ensinamento maior: ‘— amai-vos uns aos outros como eu vos amei’,” conforme nos diz o Espírito Victor na mensagem de abertura para o 15o Encontro Espírita da Obra Social Antonio de Aquino, cujo tema será “o trabalhador da obra social e a oportunidade de trabalho”; oportunidade essa que em não sendo bem avaliada, corre sempre o enorme risco de ser, quem sabe, novamente perdida. Assim, estaremos reiniciando uma série de reportagens que abordarão assuntos diretamente ligados ao aproveitamento da oportunidade de trabalho numa obra social espírita, que tem como diferencial a grande preocupação de “levar aos beneficiários os mesmos conceitos doutrinários que recebemos, “tornando-os assim capazes de também estes espíritos “terem condições de reverem as escolhas que fizeram para as suas próprias vidas”, conforme nos esclarece o amigo espiritual Balthazar. Sintam-se, então, todos convidados a mergulharem conosco nestes estudos capazes de nos ajudarem a não perdermos nenhuma outra oportunidade de trabalho no bem, não perdermos mais tempo na luta por nosso progresso individual. Conversando sobre Educação Espírita Sou Evangelizador e Agora? Estou Entusiasmado? por Claudia Galves [email protected] A evangelização com crianças e adolescentes é um trabalho importantíssimo nas casas espíritas — na realidade, é imprescindível! Mas o que é evangelizar? Evangelizar é ensinar o Evangelho de Jesus! O evangelizador é aquele que se dispõe a semear nos corações dos pequeninos as mensagens de fraternidade, luz, paz e amor que o Cristo, o nosso Mestre, nos trouxe. Ele se dedica a promover o conhecimento e a aceitação das noções de amor e elevação moral. O trabalho do evangelizador é facilitar a compreensão do evangelizando, apresentando Jesus e seus ensinamentos, de acordo com o seu nível de entendimento, semeando luz em seu caminho, para um futuro mais feliz! Como nos diz Amélia Rodrigues, “evangelizar é trazer Cristo de volta ao solo infantil como bênção de alta magnitude, cujo resultado, ainda não se pode, realmente, aquilatar”. Para evangelizar é necessário entusiasmo! A palavra entusiasmo vem do grego “en-theosasm”, que está relacionado com sentir Deus dentro de nós! É isso mesmo! O entusiasmo é essa vontade de realizar o que é muito importante para nós e dividir com o outro tudo aquilo que acreditamos, o que nos dá alegria e nos faz bem! É desejar contagiar o outro, também, com os sentimentos que transbordam em nossos corações, aqueles que nos dão a alegria e a felicidade verdadeiras, a coragem e a certeza de nossa capacidade de realização, de fazer dar certo, de transformar as situações e a natureza das pessoas. Quando o evangelizador compreende o significado da sua missão e a importância do seu trabalho, quando a emoção se expande em seu coração, ele fica entusiasmado e utiliza todos os seus recursos para realizá-la com empenho, dedicação e alegria! E, mesmo quando as condições que se apresentam não são as melhores, amplia sua força criativa e consegue atingir as reais necessidades do evangelizando. Com entusiasmo, enfrentamos dificuldades, encaramos desafios e ultrapassamos barreiras aparentemente intransponíveis, sem fraquejar, sem perder o vigor, envolvendo os outros e transmitindo segurança ao nosso redor. Ouvindo as palavras do Benfeitor Erasto, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, é como se ouvíssemos Jesus a nos chamar: “Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo, vós sois os eleitos de Deus! ... Ide e pregai a palavra divina.... Ide e pregai: os espíritos elevados estão convosco.... Ide, homens, que sois grandes diante de Deus... Que a vossa falange se arme de decisão e coragem! Mãos à obra! O arado está pronto e a terra preparada: arai! Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou ...”. Portanto, o evangelizador entusiasmado acredita no espírito em processo de desenvolvimento moral, sabendo que sua participação pode ser decisiva para a renovação daquele ser que se apresenta como criança ou adolescente. Sabe que a partir desse encontro, permitido por Deus e amparado pelos bons espíritos, todas as sementes que plantar podem se tornar alicerces de uma nova direção para o Bem para todo espírito em sua jornada evolutiva. E agora, você está entusiasmado? Bibliografia: Divaldo P. Franco. Terapêutica de Emergência. Amélia Rodrigues. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Celd. 2008. http://www.contabilidadeeficiencia.com.br/noticias2. asp?pg=2&cdg=12 http://site.suamente.com.br/10-dicas-para-viver-comentusiasmo/ www.celd.org.br 15 16 www.celd.org.br Entrevista Conversando com Balthazar — 2a parte A Casa Espírita — Entusiasmo e alegria! Os Editores [email protected] Trazemos ao caro(a) leitor(a) a segunda parte do pensamento firme e seguro de Balthazar, extraído de arquivos que não podemos deixar às traças, visto que alicerça a base que precisamos constituir no coração de quem chega, bem como fortalecer no daqueles que, como nós, pelo dinamismo do trabalho em sua face material, acabam por deixar fenecer o ideal, a diretriz, que provêm do mais alto. Lembramo-nos de uma colocação de Kardec em Obras Póstumas, quando no início de suas tarefas indagou aos espíritos se aquilo seria uma missão? Os espíritos responderam que seria se ele chegasse ao final do trabalho, e aí então ele teria cumprido aquela missão, mas se ele não fizesse não haveria missão alguma. Balthazar: Sim, porque algumas pessoas poderão vir para ensinar, mas a maior parte vem para aprender e dividir. Está claro isso? O mais importante então, não é o tamanho da missão, mas fazer o que se gosta na Casa Espírita, trocar com os outros vendo a oportunidade daquilo ser feito, senão você terá apenas a imposição de uma ideia pessoal. Aquilo deverá ser uma oportunidade de progresso, de conquista, de amor. Justiça de Deus, que está impondo a uma alma menos evoluída ou menos disciplinada o progresso. Progresso por imposição, nesse caso? Balthazar: É o progresso por imposição não de humanos, mas da Lei. A pessoa está senO irmão falou uma palavra que do instrumento da Lei para deschama à atenção: imposição. pertar nas criaturas um sentido Para muitos trabalhadores, mais elevado de agir. a oportunidade chega sob a forma de imposição; ele vem, E essas pessoas que chegam ensabe que precisa, mas não traz tusiasmadas e não conseguem dentro de si aquela respon- ficar? Dá uma frustração para sabilidade, o compromisso, o quem está à frente vê-las saísentimento; não quer se com- rem de repente... prometer, mas alguém que Balthazar: Vocês terão que está mais a frente, mais acima, ver nesse caso dois aspectos diz: “Você tem que fazer isso”. distintos: o primeiro é o entuComo é que fica essa pessoa siasmo em que brilha, mas não em relação a isso que o irmão ilumina; não se pode valorizar expôs da conquista e do amor? esse tipo de pessoa e nem espeBalthazar: Aí o caso é outro: rar nada dela. O segundo é que ele está sendo instrumento da vocês verão nestas pessoas, as www.celd.org.br 17 Entrevista pessoas que não estão sintonizadas com o objetivo da obra, e finalmente, vocês verão pessoas que, realmente, não estão enquadradas na diretriz; querem, frequentemente, impor, querem que o mundo à sua volta se transforme. Então, quando as pessoas chegarem e não ficarem, vocês podem dizer: “não estão sintonizadas”, “não é o objetivo do seu progresso”, “querem só se impor e não conseguem”. Temos que ver também a própria fraqueza da alma. Há pessoas que são brilhosas, mas não são iluminadoras. Mudando um pouco o foco, como definir os objetivos e deveres de um diretor de sessão, seja na cura, desobsessão, reunião pública, etc.? Balthazar: Essa resposta daria um tratado. Em realidade, o diretor, o cooperador, o trabalhador de um modo geral é alguém que atrai e capitaliza as energias à sua volta, energia dos seres humanos e energias que existam no ambiente. Então, um diretor é aquele que será capaz de atrair pessoas, provocar nelas o entusiasmo e distribuir tarefas delas mesmas fazendo com que 18 www.celd.org.br importante. O bom diretor é o que capitaliza todo esse potencial para a produção daqueles objetivos. Então, quando você potencializa todas aquelas energias, você faz o quê? Você tem, como resultado imediato, mais matéria para trabalhar, e tendo mais matéria para trabalhar, você desenvolve outras forças de trabalho. Quando uma criatura não é capaz de fazer isso, pode-se perfeitamente dizer que ela está elas expandam o próprio fluido trabalhando sem a noção de conhecimento, sem uma diretriz que existe em torno de si. Um diretor introspectivo não superior. dilata as energias, portanto ele não é capaz de produzir recur- Talvez até sem a noção do seu sos de importância. Quando devido papel como diretor, você dirige qualquer tarefa que pelo visto de impulsionar... Balthazar: É preciso pegar a seja, você há de provocar um entusiasmo pela tarefa, e provo- massa de trabalho e multiplicácando o entusiasmo pela tarefa, la em forma de nova energia. há de provocar também o estí- Por esse critério, vocês poderão mulo para as realizações. E pro- avaliar um diretor de qualquer vocando esse estímulo para as sessão, seja o da cura, o diretor realizações, você provoca tam- da desobsessão, você pode ver bém, como decorrência, a reali- qualquer diretor. zação de si mesmo, provocando a realização em si mesmo, você Quando temos o papel da diretem a alegria de ver os resulta- ção, despertamos nas pessoas dos, tendo a alegria dos resul- a potencialidade individual, tados, você se propõe a fazer passando o entusiasmo, a connovas investidas e aí começa vicção, a alegria de servir. Isso todo o ciclo novamente. É pre- desperta também a vontade nessas pessoas de seguirem ciso energia e atitude! Então, o que acontece? Se pelo mesmo caminho, chevocê dá uma aula, você diz assim: gando muitas vezes a quere“Estudarei e darei a aula dentro rem, também, tornar-se novos dos meus padrões, mas com entu- diretores. siasmo e alegria”. É preciso estar Balthazar: Sim. Esse é o imbuído de um desejo; daquele caminho. Impulsionem! desejo, você passa para a pessoa o estímulo, o seu entusiasmo; Irmão Balthazar, voltando passando o seu entusiasmo, o a um ponto em que noutras seu estímulo para as pessoas, oportunidades pudemos você desenvolve nelas o poten- ouvi-lo, gostaríamos de saber: cial que elas possuem de servir Como funciona a mecânica da — o servir é uma coisa muito integração de um trabalhador Entrevista a uma Casa e também a estruturação de uma Casa do ponto de vista espiritual? Balthazar: Alguns têm muita pressa. Em média, leva-se 20 anos, no tempo terreno, para implantar-se um serviço com um bom nível de relação entre os dois planos. E o médium que se aproxima, leva em média de 8 a 10 anos para se integrar com a direção espiritual da Casa. Aqueles que estão aqui há menos tempo, podem ficar tristes à vontade, não é menos tempo que isto, porque isto é toda uma tarefa. Por mais amor que vocês digam que tenham. Isto é, toda uma tarefa de integração fluídica dificilmente se faz com menos de 8 anos. É um ciclo que tem que ser cumprido. Os que perseveram ganharão os louros das realizações; os que não perseveram, ninguém os acusará. compromissos e se resolvem mudar de cidade para atender um determinado objetivo, e se apresenta isto à espiritualidade, você vai e volta ou vai e não volta. Há casos que se pode dizer perfeitamente que houve um adiamento temporário, ou definitivo; definitivo em termos de reencarnação, claro que tudo é sempre temporário porque mesmo que você abandone o serviço, se você resolver abandonar a tarefa mediúnica hoje e desencarnar sem voltar à tarefa mediúnica você vai ser considerado como abandono temporário, você retornará na próxima existência com a mesma tarefa, por isso é sempre temporário, só que com maior ou menor número de anos, você é considerado apenas como uma pessoa que adiou o compromisso, não há também nenhum questionamento quanto a isso, nós não julgamos. Talvez também pela necessidade de demonstrar Esse afastamento voluntário pode ser considerado queda? determinação... Balthazar: Não! Há queda Balthazar: Entre outras coiquando você abandona tudo sas... em função de paixão; quando Mas irmão Balthazar, como você deixa que a paixão domiavaliar o caso de companheiros ne o seu compromisso; em que com 15, às vezes mais anos função da riqueza; amor próde dedicação, deixam a tarefa, prio; qualquer compromisso às vezes até a causa espírita? que esteja no campo da paixão Balthazar: Sobre esses mé- é considerado genericamendiuns, nós temos várias consi- te como falha quando você derações a fazer. Se eles largam abandona ou por covardia. É a casa, é porque eles não esta- muito simples, sob esse aspecvam realmente integrados ao to, a lei de Deus: você só tem trabalho. Eles estavam aceitos queda por esses dois aspecna Casa, mas não pertenciam à tos — covardia (porque pura e simplesmente você desistiu Casa: este é um aspecto. Há aspectos que são relevan- de lutar) ou então por uma tes na vida da pessoa, elas então paixão, você larga o lar, larga pedem um adiamento dos seus o Centro Espírita, larga tudo, para ganhar dinheiro, por exemplo — a lei considera isso tudo paixão e queda. Agora há paixão relevante, mais relevante, menos relevante, até a paixão que vocês demonstram quando vocês se consideram, feridos, irrealizados, maltratados, relegados isso tudo para nós é considerado como paixão, por isso que sempre procuramos encaminhar as pessoas para outros núcleos e elas terminam as tarefas aqui e continuam em outro lugar e até aplaudimos. A falta só se dá por paixão ou por covardia; o medo do enfrentamento das lutas, as dificuldades... Que fique em destaque, com mais importância, a vigilância que se prega, que não é só uma vigilância material, é uma vigilância também de pensamentos. Os estudos elevam vocês constantemente. Sugerindo elevação evitam-se quedas. Então cuidado no falar, no se dirigir aos outros... www.celd.org.br 19 Fala, Jovem! As Obras de Deus ressoam Por Isabella Santos [email protected] E se você pudesse ir ao Universo sideral, num piscar de olhos! Viajar sobre os berços de estrelas. Ver do alto tudo o que aqui não vês direito... e depois continuar em frente, com essa mesma velocidade para voar? Você acha que poderia sempre, por toda a eternidade, enxergar a Obra de Deus? Ouça o que os sussurros dos Espíritos nos falam: “Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos céus, como um imenso exército que se move desde que dele recebeu a ordem, espalham-se sobre toda a superfície da Terra; semelhantes às estrelas resplandecentes, cadentes, eles vêm iluminar a estrada e abrir os olhos dos cegos.” As obras de Deus vão continuar. E Mundos e Vidas não cessarão; Melhoria e Progresso são Leis de um Círculo Eterno: Deus. Não há fim à Matéria; Não há fim para o Espaço; Não há fim para o Espírito; Não há fim à Corrida. Ouça o que os sussurros dos Espíritos nos falam: “Homens, nós vos convidamos para o divino concerto; que vossas mãos peguem a lira;, que vossas vozes se unam, e que, em um hino sagrado, elas se propaguem e vibrem em toda a extensão do Universo.” Não há fim para a Virtude; Não há fim para o Poder; Não há fim para a Sabedoria; Não há fim à Luz. Ouça o que os sussurros dos Espíritos nos falam: “Homens, irmãos que nós amamos, estamos próximos de vós; amai-vos também uns aos outros e dizei, do fundo do vosso coração, fazendo a vontade do Pai que está no Céu: “Senhor! Senhor!” e podereis entrar no reino dos céus.” Não há fim à União; Não há fim com a Morte; Não há fim à Verdade. Não há fim para o Amor; Não há fim para o Ser... 1 - Inspiração no estudo do cap. III de O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, introdução e melodia da música If You Could Hie To Kolob - Piano.) 20 www.celd.org.br Matéria de Capa Quando nos Aproximamos de Deus por Lawson Nascimento [email protected] No 25o EEVOLD 2012, estudou-se a 1a Parte do livro O Grande Enigma, que analisou o pensamento de Léon Denis em relação a Deus e o Universo. Didaticamente, explicitou-se o método utilizado por nosso patrono para entrar em contato com o Pai Criador. Assim, nos últimos 4 anos, O Mar, A Montanha, A Floresta e O Céu Estrelado serviram de base para a construção de um pensamento que sairia do campo meramente físico para atingir patamares mais elevados; descrevendo, percebendo e se comunicando com a Natureza. A partir dessa forma de interpretarmos o mundo, nos sentimos mais capazes de enveredar pelo caminho que nos levará ao Pai, a despeito de nossas limitações. A Doutrina Espírita, revelada pelos espíritos superiores e apresentada em momento oportuno à sociedade por Kardec, traz nitidamente a presença de DEUS de forma científica, filosófica e religiosa. E Léon Denis, um verdadeiro consolidador do Espiritismo, mostra, de forma clara e vibrante, esta mesma presença em sua obra. Palavras de Léon Denis “A obra que a cada um de nós cabe realizar resume-se em três palavras: saber, crer, querer; quer dizer: saber que temos em nós recursos incalculáveis; crer na eficácia de nossa ação sobre os dois mundos, o da matéria e o do espírito; querer o bem dirigindo nossos pensamentos para o que é belo e grande, conformando nossas ações às leis eternas do trabalho, da justiça e do amor”. Nesse trecho retirado do capítulo III de O Grande Enigma, encontram-se três palavras-chave que servirão como aprofundamento, de forma a entendermos o que Léon Denis quer nos dizer: saber, crer e querer, uma vez que sua complementariedade se constrói a partir de uma tríade. O homem, muitas vezes, não acredita em sua capacidade de superação, esquecendose de que essa característica não se encontra externa à sua condição, mas é inerente à sua própria natureza. Contudo, quando se tem o conhecimento dessa força, que gerará incalculáveis recursos, o ser cria em si uma resistência, quase que indestrutível, a qual lhe será o apoio ante os desafios da existência. www.celd.org.br 21 Matéria de Capa Deve-se, portanto, acreditar que as escolhas certas são aquelas que conduzem para a resignação, para o bem, para a fraternidade, para a beneficência, para a caridade; tal qual ensinam os espíritos superiores, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIII, 11 a 16, “A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo os mais puros e os mais doces prazeres, as alegrias do coração que não são perturbadas nem pelo remorso nem pela indiferença”... Essas ações, resistências ao erro, terão sempre o apoio da espiritualidade amiga que vibra por cada movimento no bem que venhamos a fazer, intensificando esse apoio, ficando, assim, cada vez mais junto a cada um de nós. Lembramos que é assim que se aciona a vontade a nosso favor. Ou nas palavras de Léon Denis, em O Problema do Ser e do Destino, “É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado”... Mas como aplicar esses ensinamentos na nossa vida? Para elucidar o processo didático que propomos, busco dois exemplos pessoais. Após visitar e atender um cliente amigo na minha área profissional, chega a hora do almoço. Geralmente almoçamos juntos, mas desta vez fui sozinho. Bem próximo de onde estava, existe uma pensão, um local simples que serve comida caseira. Pacientemente aguardava, quando observei ao longe dois moradores de rua que catavam latinhas. Notei que ambos se apro22 www.celd.org.br ximavam, embora a uma certa distância ainda. Enquanto meu almoço me era servido, observava que vinham em minha direção. Aproximaram-se e, educadamente, pediram-me um prato de comida. Eu, já almoçando, notei que um deles não tirava os olhos do meu prato, comia com os olhos. Fui tomado, confesso, por um certo incômodo. Estavam famintos. Mas não só de comida. Estavam famintos também de atenção, de poderem falar, de serem ouvidos; enfim, famintos de tudo que a vida poderia oferecer... No intuito de me livrar da situação o quanto antes (essa que é a verdade), pedi ao dono do estabelecimento que fizesse duas “quentinhas”. Era cedo, e o local ainda estava vazio, mas notei que o comerciante não estava gostando nem um pouco... virou-se pra mim e disse: — OLHA, NÃO TENHO MAIS OS PRATINHOS DE ALUMÍNIO! O que é que o Sr. quer que eu faça agora? E agora? O que fazer meu Deus? Pensei. Fiquei com os meus olhos arregalados, fiquei de certa forma assustado mesmo, sem ação, perdi até a vontade de comer... Como disse, estavam famintos. Frequento o Centro Espírita Léon Denis há 17 anos e a 12 sou trabalhador, sou médium. Reconheço que não tenho a mediunidade tão ostensiva, mas, no mínimo, a minha sensibilidade foi se expandindo de acordo com o tempo, de acordo com o trabalho contínuo. Naquela ocasião, porém, foi suficiente para perceber que estava sendo observado, testado, analisado. Na minha cabeça, naquele momento, veio-me o pensamento: “FAÇA O QUE DEVE SER FEITO, CONVIDE-OS A ALMOÇAR À SUA MESA, VOCÊ NÃO DIZ QUE É ESPÍRITA”? Olhei para os dois moradores de rua, e, em seguida, olhei para o comerciante e perguntei se não se importaria de servir no prato. Notei que não ficou muito satisfeito. Os pedintes já foram sentando. Eu, tentando almoçar... Enquanto o almoço deles não chegava, veio outro pensamento: “NÃO VAI CONVERSAR COM ELES?” Conversar? Eu? Estava doido pra correr dali! Conversar como? Aqueles homens não tomavam banho há muito tempo, o cheiro era insuportável; as unhas, gigantescas. Tive, (por que não dizer tudo?), ânsia de vômito; mas, com muito esforço — mas muito esforço mesmo — almoçamos e conversamos juntos. Chegaram a me chamar de “anjo”. Essa foi demais! Foi quando percebi, no segundo momento, a maravilhosa experiência por que estava passando. Fiz uma leitura dos fatos e consegui registrar as minhas dificuldades, mas percebi também um momento de grande aprendizado. No atual patamar evolutivo em que estamos, podemos afirmar que vivemos de encontros e desencontros com DEUS. Teríamos como analisar diante desses fatos, à luz da Doutrina Espírita, o aspecto Científico, Filosófico e Religioso? Acreditamos que sim! Matéria de Capa O momento Científico é aquele em que se analisam e se observam os fatos. Momento em que se recordam aqueles momentos de estudos na Casa Espírita, os trabalhos de pesquisa em torno dos temas que nos fazem guardar dentro da nossa Alma. O objetivo, entretanto, é fazer com que esses temas comecem a fazer parte do dia a dia, quando somos chamados à responsabilidade, com desejo íntimo de melhorar em todos os sentidos. Em dado estudo, um instrutor afirmou que seria muito importante se levássemos pelo menos 10% de tudo que foi dito, discutido em sala, porque seria de grande valia para nossa vida de relação. De 10% em 10%, paulatinamente, adquirem-se cada vez mais informações que chegam do Alto e as escolhas certas são feitas. Léon Denis, no texto que mencionamos acima, fala desses recursos incalculáveis que se têm; recursos esses colocados por DEUS, como gérmen, do zero mesmo. Há um tempo, tenho procurado colocar como regra a certeza que esse é o meu melhor momento, de que sou melhor do que ontem e que poderei, de acordo com a minha vontade, meu esforço, ser melhor amanhã, e pode ser o seu melhor momento também, desde quando fomos criados por DEUS simples e ignorantes, apesar de todas as nossas dificuldades. Podemos sim, ser uma grande e linda árvore da vida, árvore essa que já pode dar bons frutos. E é sob essa ótica — podemos dizer Filosófica de ver a vida —, que saímos da parte teórica e cognitiva para a ação. É nesse momento que temos um lindo encontro com DEUS, seja em si mesmo como também, com o outro. Quando relatei as minhas dificuldades em lidar com a situação acima, estava na verdade me afastando de DEUS, olhando o outro como catador de latinhas, morador de rua, fazendo ali julgamentos, mas quando passo a olhar cada um deles como irmãos, tratandoos de igual para igual, é aí o momento Religioso, momento esse que me aproximei de DEUS. No texto de Léon Denis indicado acima, ele nos afirma que “Querer o bem dirigindo nossos pensamentos para o que é belo e grande, conformando nossas ações às Leis eternas do trabalho, da justiça e do amor.” Querer o bem... Não podemos ficar apenas no querer, é preciso ação. Quantas vezes ficamos apenas no querer? Quantas vezes tivemos apenas o desejo de fazer alguma coisa pelo outro? Quantas vezes tivemos a oportunidade de ajudar... Mas pela nossa falta de iniciativa ficamos ali, parados, imobilizados mesmo, e como jovem “querendo” mudar o planeta. Os estudos que a nossa Casa oferece me fizeram compreender que essa mudança não começa pelo outro e sim por mim. Temos, hoje, muita informação que nos ajuda a refletir e fazer melhor as escolhas, dirigindo nossos pensamentos para o que é belo e grande, como diz Léon Denis, agindo no dia a dia ao trabalho no bem, agindo com justiça e com amor. Estaremos assim cumprindo as Leis de Deus. Ao lembrar- me desse cumprimento às leis de Deus, reporto-me a O Livro dos Espíritos na q. 629, quando assim perguntou Allan Kardec aos amigos espirituais superiores: “Que definição se pode dar da moral? ‘A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus’.” Querido amigo leitor, é de se admitir que no momento ainda não estejamos trabalhando pelo bem de todos como nos ensinam os amigos espirituais superiores, mas que valorizemos cada movimento para o que é belo, pois para se chegar ao verdadeiro cumprimento das Leis de Deus passam-se pelas pequeninas ações que hoje já podemos fazer, seja aqueles que já amamos ou não. Meus irmãos, o bem contagia! Querem uma prova disso? Convidarei vocês a mais um almoço... Dessa vez não estava sozinho. Fui almoçar com um amigo de trabalho profissional. Ele é protestante, e noto perfeitamente que há um respeito muito grande de ambas as partes, principalmente no que se refere às convicções religiosas. Pois bem, pedimos o nosso almoço e logo em seguida chega junto a nós um jovem rapaz engraxate ou vendedor de balas (não me recordo bem) oferecendo seus serviços. Parecia-me não www.celd.org.br 23 Matéria de Capa muito satisfeito com seu dia, até pela nossa recusa em aceitar os seus serviços e naquele instante falou assim para nós: “Tio, me paga um almoço aí”? Naquele momento não pensei duas vezes, imediatamente perguntei o que ele gostaria de comer e a resposta foi imediata: “Tio, qualquer coisa”! Até aí tudo bem, mas o melhor estava por acontecer. Percebi que o companheiro ficou um tanto surpreso com a minha iniciativa e passou a me olhar de uma forma diferente, ficou, sim, muito pensativo (lembro que naquele instante estava almoçando com um amigo protestante). Não sou de ler o pensamento das pessoas, mas há momentos em que conseguimos registrar alguma coisa e tive a sensação de que o irmão estava pensando e muito no que fazer para dividir aquele momento tão especial. O tempo passou, acabamos de almoçar, quando ele se levanta e diz que vai ali e que volta já. Logo em seguida, retorna à mesa. Peço a conta. No mesmo instante ele diz assim pra mim: “Lawson, já está tudo pago”! Fiquei feliz da vida! Não apenas porque pagou o meu almoço e do rapaz, mas por ter percebido, por ter sentido nele uma vontade muito grande de também fazer alguma coisa. Será que naquele momento foi realizado uma disputa de quem faria mais? Será que a minha Religião é melhor que a dele? De forma alguma. Tudo ocorreu com muita naturalidade. Foi o momento de fazer alguma coisa, por mais simples que tenha sido, foi contagiante. Saímos de lá com o sentimento do dever 24 www.celd.org.br cumprido e com a alegria no coração de ter aproveitado uma oportunidade. A vida é repleta de lições, repleta de oportunidade e se em algum momento não conseguirmos aproveitar. O nosso sentimento, no entanto, deve ser de continuar; acertando ou não. Em uma das mensagens que recebi no CELD, foi lembrado uma passagem de João I, 4:16 que nos ajuda a refletir e nos aproximar cada vez mais de Deus: “...Deus é caridade; e quem está em caridade está em Deus e Deus nele”. Caridade, palavra doce! Virtude essa que nos conduzirá para a verdadeira felicidade. Allan Kardec em nenhum momento ouviu por parte dos amigos espirituais superiores de que fora do Espiritismo não há salvação, mas sim: Fora da caridade não há salvação (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV). E quando falamos de salvação, estamos falando de trabalho, estudo, o suor, não do corpo, mas o suor da alma, seja você espírita, você protestante, você que se diz ateu. A humanidade caminha por força do próprio progresso, caminha pela força das Leis que estão aí, em torno de nós, para nos auxiliar, nos ajudar a crescer. Observamos, também, muita miséria, muitas guerras, violências de todo tipo, ao ponto de, algumas vezes, duvidarmos se realmente o nosso querido e amado planeta está melhor ou não. Nesse exato momento, muitos trabalhos estão sendo realizados em toda parte do nosso planeta, e não tomamos conhecimento disso, trabalhos esses em nome do Amor, da Justiça e da Caridade. O planeta avança, mas para que esse avanço continue firme é preciso que façamos a nossa parte. Estamos sendo convidados para esse divino concerto como afirma O Espírito de Verdade no Prefácio de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra, Chico, Gandhi, Madre Tereza, tantos outros estiveram aqui e aceitaram esse convite através de sucessivas reencarnações e muitos outros virão para nos auxiliar, para que a obra possa ter continuidade. Meus irmãos, nós também fazemos parte desse lindo e maravilhoso projeto Divino — e o melhor de tudo: NÃO ESTAMOS SOZINHOS! AGRADEÇA A DEUS O DOM DA VIDA! Tantas lições que chegam do Alto me fazem ter a certeza de que estamos no caminho certo, onde realmente devemos nos esforçar cada vez mais e aproveitar cada oportunidade que nos é dada. Sentir, dentro de nós, o Amor que vem de Deus. Acreditemos Nisso! Muita paz a todos, e que as vibrações de Jesus nosso Irmão Maior, as vibrações do nosso Patrono Léon Denis e toda equipe amiga de trabalhadores incansáveis da nossa Casa estejam sempre em torno de nós. Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, CELD. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, CELD. O Grande Enigma, Léon Denis, CELD. O Problema do Ser e do Destino, Léon Denis, Ed. CELD. O Novo Testamento, João I, 4:16. Espiritismo e Ciência Corpo Espiritual e Religiões por Elton Rodrigues [email protected] À medida que a responsabilidade se lhe apossou do espírito, iluminou-se a consciência do homem. Inicialmente, bruto e disforme. Agora, após transformações profundas em seu aparelho físico, o homem, envolto na luz da responsabilidade, possui o dever de conservar e aprimorar o patrimônio recebido. Investindo na riqueza do pensamento contínuo, entrega-se, também, à obrigação de atender ao aperfeiçoamento de seu corpo espiritual. Estabelecido o princípio de justiça, o homem, examina em si mesmo os efeitos de suas ações de modo a crescer como herdeiro e colaborador de Deus. Olhando para as estrelas no firmamento procura algo maior do que ele próprio. Assim, suas portas mentais ficam abertas para a influenciação mais sutil, e com propósitos mais complexos, dos guias da Humanidade. Para isso, exigi-se uma orientação educativa, de modo a despojar a espessa sedimentação de animalidade que ainda possui. E a atividade religiosa nasceu para a higienização da alma — limpando, educando e estruturando a atividade mental. Destarte, controlamos as ondas eletromagnéticas que produzimos em nossa mente e filtramos essa “nuvem” de informações que há em nosso planeta. Então, enquanto a ciência médica surgiu para corresponder às necessidades do corpo físico, a religião objetivou a orientação do corpo espiritual, em seu necessário refinamento. Nesse sentido, a espiritualidade sublime jamais menosprezou a sede de consolo e esclarecimento. Quando os mais complicados problemas de dor e as terríveis guerras íntimas apareciam diante da população mundial, espíritos mais experimentados (mas decaídos de outros sistemas planetários) renasciam no tronco genealógico das tribos terrestres, revitalizando-nos, embora isso representasse para eles amarga penitência expiatória. Levantam-se organizações religiosas primordiais. Podemos citar as raças adâmica e egípcia.1 O Egito desempenha missão especial, organizando escolas de iniciação mais profunda. Em obediência aos requisitos da crença popular, mantém os diversos deuses nos templos descerrados ao povo. A unidade de Deus é o alicerce de toda a religião egípcia. Para ela, os atributos divinos são a vontade sábia e poderosa, a liberdade, a grandeza, a magnanimidade incansável, o amor infinito e a imortalidade. Os padres tebanos conheciam de modo preciso o corpo espiritual. Cultivavam a mediunidade em grau avançado, atendiam a complexas aplicações do magnetismo e comunicavam-se com os desencarnados, consagrando-lhes reverência especial. Nesse campo de conhecimento mais nobre, reencarna Moisés, como missionário da renovação, para mostrar aquele povo a concepção do Deus Único, transferindo essa ideia dos recintos iniciáticos para a praça pública. O desbravador enfrenta batalhas terríveis do pensamento acomodado. Porém, Moisés não é esquecido pelo Mais Alto e recebe os fundamentos da Lei, no Sinai. A religião passa, desse modo, a atuar, em sentido direto, no acrisolamento do corpo espiritual para a Vida Maior, através da educação dos hábitos humanos, preparando a chegada do Cristo, o Governador Espiritual da Terra. Com Jesus, a religião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável. Nem templos de pedra nem rituais; nem hierarquias efêmeras nem avanço ao poder humano. Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus. E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida íntima, para que nossa alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as culminâncias da Luz. 1– Ler A Caminho da Luz, Emannuel; Xavier, Francisco C. www.celd.org.br 25 Inspirações Ó espíritas! Compreendei agora o “ grande papel da Humanidade. Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir, tomais conhecimento dos vossos deveres, e usai todo o vosso amor na tarefa de aproximar essa alma de Deus; essa é a missão que vos foi confiada, e pela qual recebereis a recompensa se ela for cumprida fielmente. ” Santo Agostinho O lar é, antes de tudo, a escola do “ caráter e, somente quando os responsáveis por ele se entregarem, felizes, ao sacrifício próprio, para a vitória do amor, é que a vida na Terra será realmente de paz e trabalho, crescimento e progresso porque o homem encontrará na criança as bases justas do programa da redenção. ” Emmanuel Mãe, que te recolhes no lar, “ atendendo à Divina Vontade, não fujas à renúncia que o mundo te reclama ao coração. ” Meimei 26 26 www.celd.org.br w ww www ww.ce w ceeld. lld d d..o org.br org or b I spir In Inspirações i ações Ser mãe é poder desdobrar “ do coração afetuoso todas as fibras com que envolve os filhos que agasalha no seio generoso e rico de ternura. ” Amália Rodrigues Não basta alimentar minúsculas “ bocas famintas ou agasalhar corpinhos enregelados. É imprescindível o abrigo moral que assegure ao espírito renascente o clima de trabalho necessário à própria sublimação. ” Chico Xavier Honrar o pai e a mãe não é somente “ respeitá-los, mas também assisti-los nas suas necessidades; proporcionar-lhes o repouso na velhice; cercá-los de solicitude, como eles fizeram por nós na infância. ” Allan Kardec www.ce ww www.celd.org.br ww.ce ceeld d.org rg.br .b b 27 27 Espaço dos Encontros Eurípedes Barsanulfo: o vanguardeiro das ideias espíritas a céu aberto Coordenação do Encontro Espírita sobre a Vida e a Obra de Eurípedes Barsanulfo [email protected] “Certos espíritos têm, por natureza própria, a característica de atrair e agregar trabalhadores e fazer, por si só, no ambiente pequeno ou no ambiente maior, trabalhos que se comparam a muitos Centros Espíritas atuais”. 1 Com esta afirmativa do Espírito Hermann, convidamos a todos para o 22o Encontro Espírita sobre a Vida e a Obra de Eurípedes Barsanulfo, onde meditaremos sobre o tema “Eurípedes: o Divulgador da Doutrina Espírita”. Debruçando-nos sobre a vida de Eurípedes Barsanulfo, vanguardeiro das ideias espíritas, vamos encontrá-lo num 28 www.celd.org.br ambiente inóspito, de ideias contrárias à Doutrina Espírita, numa pequena cidade eminentemente católica, rodeado por espíritos que desencarnaram traumatizados pela violência, pela amargura decorrente da escravatura e de muitas brigas selvagens, em situações de dor, e que reagiam de duas formas: contrários ou sedentos de luz. Apesar desta condição espiritual da região, Eurípedes permaneceu focado em sua missão, ligado continuamente aos guias protetores e, com a bagagem já adquirida em outras experiências reencarnatórias, conseguiu sobrepujar as dificuldades, o abandono da família, as reações contrárias da sociedade — que o chamava de “louco” —, os amigos que ridicularizavam sua atitude, pois não podiam compreender sua mudança da religião católica para a espírita. Eurípedes tomou conhecimento do Espiritismo através das conversas com o tio Sinhô e pelo convite da madrinha Sana para assistir a uma reunião. Foi esclarecido pela leitura do livro Depois da Morte, de Léon Denis, que o incitou a buscar a comprovação prática em Santa Maria. Lá, através da psicofonia de Aristides, homem sincero, bom, mas semianalfabeto, Espaço dos Encontros ouviu “uma linguagem sublime, onde o magnetismo de poderosa eloquência que empolgava até as lágrimas,”2 belíssima mensagem de João Evangelista, que elucidou as dúvidas que ficaram após a leitura do Sermão do Monte, na Bíblia: causas e efeitos, vida alémtúmulo, as múltiplas existências no progresso espiritual e a comunicabilidade dos espíritos. Com a lógica do Espiritismo, Eurípedes não teve mais dúvida, interiorizou facilmente os conhecimentos da Doutrina Espírita porque já era o “verdadeiro homem de bem”, já praticava a caridade e o amor que Jesus ensinou, fazendo luz dentro do próprio coração, tornando-se um farol aos navegantes deste mar revolto de sentimentos desalinhados. Ao receber de Vicente de Paulo, seu guia espiritual, a seguinte orientação: “Abandone, sem pesar e sem mágoas o seu cargo na congregação. Convido-o a criar outra instituição, cuja base será Cristo e cujo diretor espiritual serei eu e você o comandante material... Quando você ouvir o espocar dos fogos, o repicar dos sinos ou o som das músicas sacras não se sinta magoado nem saudoso, porque o Senhor nos oferece um campo mais amplo de serviço e nos conclama à ação dinamizadora do amor”.3 Barsanulfo sentiu-se com o coração banhado de claridades novas e sublimes, pois a Doutrina Espírita lhe deu algo mais. Através da sua grandiosa mediunidade, Eurípedes tornou-se um Centro Espírita a “céu aberto”. Atuando nos estudos doutrinários, na prática mediúnica, no apoio à saúde e ao espírito, estimulou a ascensão espiritual de todos aqueles que foram atraídos pelo seu amor. Como verdadeiro farol, Eurípedes espargiu sua luz por todo o Brasil, incentivando-nos a seguir suas pegadas. “Não que tenhamos a mesma ação grandiosa que ele teve, mas, como trabalhadores da divulgação doutrinária, devemos ter a mesma seriedade baseada numa certeza robusta de tudo que a Doutrina Espírita nos ensina.”4 No dia 27 de maio de 2012, das 8h às 13h, teremos a oportunidade de juntos mergulharmos na trajetória deste grande vanguardeiro das ideias espíritas e com ele refletirmos sobre os nossos sentimentos, nossas atitudes, muitas vezes insignificantes, mas que alcançam o próximo, gerando resoluções. Fica a pergunta para todos nós: Qual é o caminho que nossos gestos estão indicando? Eurípedes Barsanulfo aguarda a todos para estas reflexões. Bibliografia: 1 Mensagem psicofônica recebida pelo médium Luiz Carlos Dallarosa, em 1/7/2011. 2 Eurípedes: O Homem e a Missão. Corina Novelino. Editora IDE, Capítulo 10. 3 Idem. 4 Pelo Espírito Victor — Mensagem psicografada pelo médium Mário Coelho, em 21/1/2012, no CELD. www.celd.org.br 29 Kardec Pergunta A Influência do Espiritismo no Progresso por Suzana Alves [email protected] 798. O Espiritismo se tornará uma crença comum ou permanecerá sendo partilhado por algumas pessoas? “Certamente ele se tornará uma crença comum e marcará uma nova era na História da Humanidade, porque está na Natureza e chegou o tempo em que deverá ocupar seu lugar entre os conhecimentos humanos; todavia, terá que sustentar grandes lutas, muito mais contra o interesse, do que contra a convicção, pois não há como dissimular que existem pessoas interessadas em combatê-lo, umas, por amor-próprio, outras, por causas inteiramente materiais; mas os contraditores, encontrando-se cada vez mais isolados, serão forçados a pensar como todo mundo, sob pena de se tornarem ridículos.” Pergunta 789 de O Livro dos Espíritos, Celd. O Espiritismo surge na sociedade como grande contribuição para o progresso nos mostrando os conceitos necessários para destruir o materialismo, uma das chagas da sociedade, que a Humanidade carrega, decorrente de um vazio existencial; com o conhecimento da vida futura, passamos a pensar em nossas ações do presente e as possíveis consequências. Ele ainda é capaz de destruir preconceitos de qualquer espécie, mostrando-nos todos os homens ao nosso redor como irmãos que devem estar unidos por um sentimento de solidariedade. Porém, o Espiritismo não age sozinho, é preciso a atuação do homem inteligente, sendo assim, cabe-nos perguntar: E nós? Em que estamos contribuindo para o progresso da 30 30 www.celd.org.br www ww w ww w w.ce .ccceelld ld. d.org orrrgg.br o .b br br Humanidade? O que estamos fazendo com os conceitos que temos? Quais são os preconceitos que temos e o quanto estamos nos esforçando para erradicá-los de nossos corações? Quais são nossas ações no meio em que vivemos? Para que a Doutrina Espírita se torne uma crença comum, é necessário o empenho de todos nós, espíritas, no estudo, acerca das verdades que a Doutrina nos trouxe, para levarmos à frente a divulgação doutrinária que o nosso querido Kardec iniciou. Sabemos que a caminhada é de lutas, pois há pessoas contrárias às ideias espíritas, porém com o passar do tempo, estes se tornam a minoria e, cada vez mais isolados, serão naturalmente forçados a renovarem suas ideias e ideais. Sabemos que “a Natureza não dá saltos”, toda transformação é Kardec Pergunta gradual, as ideias se renovam de geração em geração. Kardec nos confirma isso em sua nota, desta questão estudada, dizendo que “As ideias só se transformam com o tempo e nunca subitamente; elas se enfraquecem, de geração em geração, e terminam por desaparecer, pouco a pouco, com aqueles que as professavam e que são substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos princípios, como acontece com as ideias políticas”. A caminhada é longa e precisamos estar atentos ao caminho, apreciar a paisagem, mas não nos distrair com as flores do caminho, fixemo-nos no objetivo a alcançar para que consigamos deixar para trás os hábitos do homem velho e dedicarmo-nos à construção do homem novo, rasgando o véu dos vícios e más paixões que nos atrapalham a visão. Não era possível, portanto, ter o mesmo esclarecimento de agora em todos os tempos. Assim como não podemos ensinar às crianças do mesmo modo que é ensinado aos adultos, o Cristo e os grandes homens que estiveram na Terra instruindo a Humanidade, não puderam expor toda a verdade, foi necessária a preparação do terreno para que as sementes frutificassem no futuro. Kardec pergunta (q. 802 de O Livro dos Espíritos) se não seria possível acelerar o progresso por parte dos espíritos e eles claramente dizem: “Quereis ver milagres; mas Deus espalha milagres a mãos cheias diante dos vossos olhos e, ainda assim, há homens que o renegam”. Não é por milagres que Deus quer ver o progresso dos homens, ele deseja o progresso de cada um de acordo com seus esforços, para que haja mérito em todas as conquistas morais. Léon Denis vem complementar o assunto, em O Mundo Invisível e a Guerra, com a seguinte afir- mativa: “A educação do povo precisa ser totalmente modificada, para que todos possam ter a noção dos deveres sociais, o sentimento das responsabilidades individuais e coletivas e, principalmente, o conhecimento do objetivo real da vida, que é o progresso, o aperfeiçoamento da alma, o aumento de suas riquezas íntimas e ocultas”. Precisamos, portanto nos utilizar do progresso material para nos auxiliarmos na educação moral das criaturas sob a nossa tutela. Que deixemos de lado as facilidades das babás televisivas e conversemos com nossas crianças dentro do lar, para que se formem verdadeiros cidadãos universais, que se preocupam com a Humanidade e com o que podem fazer para melhorá-la. Somente assim poderemos, um dia, ter um planeta mais solidário. Sejamos servos fiéis de Jesus, que amou a Humanidade inteira sem nenhuma distinção e pregou a caridade como o único caminho para a salvação, para o progresso. Comecemos desde já a agir! Preocupemo-nos não apenas com os nossos amigos mais próximos e familiares, mas também com o seu estado, seu país, outros países, com o mundo! Pequenos gestos, mas de grande utilidade para com o próximo, como presentear alguém com um bom livro, ter uma boa conversa, discutir esse assunto com amigos, dentre outros, é também exemplificar a caridade e contribuir para que a Humanidade progrida. “(...) Porquanto não existe ninguém que, no pleno uso das suas faculdades, não possa prestar um favor qualquer, confortar, suavizar um sofrimento físico ou moral, tomar uma atitude útil.” (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIII, 3.) www.celd.org.br ww www w ww w w.ce celd ce eld lld. d.org orrgg.b or .br brr b 3311 Evangelho em Ação O Médium e a Evangelização por Joseilda Tavares Fernandes [email protected] Como diz o mestre Léon Denis no livro No Invisível,1 “tudo vibra e irradia no Universo, pois tudo é vida, força, luz” (...) E, como não podia ser diferente, o ser humano também gera vibrações, através dos seus pensamentos, que segundo condições intrínsecas, transportamse em todo o espaço, atingindo o infinito desse Universo ainda tão desconhecido de nós, habitantes da Terra. Essas vibrações estabelecem troca entre os seres 32 www.celd.org.br humanos por um mecanismo de similaridade daquilo em que se traduz o pensamento, num sentido bastante natural, amplo e dinâmico. Segundo sabemos pela literatura espírita, os espíritos nos conhecem, conhecem nossas intenções pela natureza dos nossos pensamentos; se esses espíritos são bons e os pensamentos são ruins, ficam tristes conosco e tentam nos auxiliar. Se são espíritos inferiores, ficam felizes por perceber em nós a oportunidade de potencializar essas vibrações. Daí a assertiva do “vigiai e orai”. Vigiar os nossos pensamentos, a natureza deles e orar porque através da oração sincera, vamos sintonizando com espíritos bons, que vêm em nosso auxílio, aumentando em cada um a vontade de caminhar no bem. Caminhar no bem, sob os eflúvios amorosos destes bons espíritos, é tarefa primordial do médium, do trabalhador sincero, que vem para a casa espírita com o forte desejo de ajudar ao próximo, sabendo que ele (médium) é o canal de ligação do mundo espiritual com o mundo Evangelho em Ação material. Para tanto, precisa se esclarecer, estudar a Doutrina Espírita, o Evangelho de Jesus, começar a desenvolver a disciplina do pensamento, do sentimento, fazendo germinar em seu coração a semente do amor. E a evangelização infantojuvenil é uma porta de trabalho que se abre, não somente para aquele que contribui com a divulgação doutrinária (evangelizador), como também para o médium espírita. Mas como isto se dá? Quando essas crianças e jovens chegam à casa espírita, trazem consigo as suas realidades espirituais, que naturalmente nos chocam quando olhamos naqueles indivíduos a pouca idade. Somos espíritos sem a lembrança do passado, sob a influência de um novo corpo, mas mergulhados em compromissos afetivos. Dessa forma, podem-se apresentar crianças em dificuldades espirituais das mais variadas, que em alguns casos chegam à obsessão. Ao entrar no centro espírita, muitas das vezes sem a sua aceitação, a criança ou jovem impõe um movimento contrário ao da evangelização, que vai além do campo comportamental, estendendo-se para o ambiente espiritual, seja por conta de suas vibrações, ou por conta de outras inteligências espirituais que são ligadas a ela. O médium que é chamado à tarefa em nosso “Celdinho”, posicionando-se em sua sala no decorrer das atividades da evangelização, atua não somente nos passes, mas principalmente na construção do equilíbrio vibratório de todo aquele ambiente espiritual, sustentando não apenas aos evangelizadores, às crianças e jovens, como também a todos os trabalhadores espirituais envolvidos. O “Celdinho” é uma escola de almas, e como tal, preparam-se todos para a divulgação da Doutrina Espírita aos pequeninos, mas com clareza, com embasamento doutrinário, com um mínimo de entendimento diante dos problemas humanos, passando as verdades de Jesus, tornando-as verdades, também, em nossos corações. Os tarefeiros da evangelização infantojuvenil, evangelizadores e médiuns, têm a responsabilidade de auxiliar esses pequenos em suas trajetórias de reencarnação, fazendo-os compreender a moral de Jesus através do Evangelho, com bastante dedicação. Dedicação para com essas almas, tal como para nós outros, quando outrora chegamos: desequilibrados, precisando de ajuda, indisciplinados, precisando nos disciplinar moralmente e mediunicamente. Que Deus, Jesus e os bons espíritos amparem a todos os trabalhadores sinceros, de boa vontade, de nosso amado Centro Espírita Léon Denis. Bibliografia: 1– DENIS, Léon. No Invisível. 1. ed. Rio de Janeiro: CELD. 2010. www.celd.org.br 33 Léon Denis A Democrática Imposição Necessidade da ideia de Deus – O Grande Enigma por Saulo Monteiro [email protected] Se hoje, no nível em que estamos de desvendamento das leis universais, ainda somos levados (enquanto sociedade terrena) à ideia de autossuficiência — que é a base do ateísmo —, isso já não será possível num outro nível em que, mais consciente de si mesmo, o indivíduo é levado a perceber a necessidade de Deus. Ou seja, para alguns indivíduos, Deus já é necessário; para outros, ora vencidos pelo orgulho milenar, ora pela sombra da rebeldia, ainda é possível fugir à realidade. E isso só é assim, porque, segundo Léon Denis, tal busca não interrogou a consciência, a razão, preferindo os preconceitos da época, tomando partido de ideias preconcebidas. 344 www.celd.org.br w ww www .celd.org orrgg.br org . A ideia de Deus, diz-nos Denis, é bem mais do que uma teoria suficientemente explicativa da gênese planetária e humana; é uma necessidade, é essencial. Não é possível separar, afirma ainda o mestre de Foug, Deus, o mundo e a vida, sobretudo a vida humana, que transcende, potencialmente, a tudo o que a poderia restringir do ponto de vista material. O homem pensa, e é por sistematizar a natureza exterior que se pergunta: qual a fonte, a causa, a Lei da Vida? Para aqueles que afirmam (sem se aprofundar no estudo, é claro) que Denis não leu Kardec, temos, em O Grande Enigma, no seu capítulo 5, a boa retórica kardequiana, expressamente grifada pelo continuador do codificador: “(...)todo efeito inteligente tem forçosamente uma causa inteligente”, que em verdade é a pedra angular do entendimento espírita de Deus, deflagrado pela observância da harmonia universal, da manutenção das leis universais em detrimento da suspensão que a ideia de milagre traz consigo. Vencida esta primeira etapa em que percebemos no próprio mundo que nos cerca a necessidade de Deus, como motor primário, conforme afirma a escola aristotélica, passamos efetivamente ao estudo da meditação que Denis nos leva a realizar: conforme elevamo-nos acima do terra a terra, desmaterializando-nos, penetramos em níveis cada vez mais acentuados de entendimento do Pai, que nos inspira e dirige, mesmo à nossa revelia. Para contextualizar, trazemos Kardec, que em A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo, propõe uma imagem: Deus como um fluido, em que todo o Universo está mergulhado, quer queira o indivíduo, quer não. Ou seja, Deus age, influenciando cada uma de suas criações e criaturas, mesmo que a despeito do nosso reconhecimento deste processo, que vai se aprimorando conforme nos abrimos para a realidade espiritual em que estamos mergulhados, fugindo necessariamente aos véus que nos encobrem a visão dos degraus que devemos transpor na realidade espiritual. Ainda somos como a criança, a quem o professor precisa dirigir imagens para intermediar o conhecimento germinal da Ciência, complexa e inatingível naquela circunstância, cheia de limitações. Ainda entendemos Deus como uma causa necessária porque precisamos do mundo exterior como analogia para tal intermediação (vide “O Livro da Natureza”, segunda parte de O Grande Enigma). Dia chegará (e por ele devemos lutar diariamente), em que conseguiremos mergulhar em nós mesmos e encontrar a partícula divina, centelha sagrada a apontar-nos através das potências da alma, a Luz que há em nós, que afinal é Deus! Em O Problema do Ser e do Destino, livro posterior ao que estamos estudando, aqui, o apóstolo do Espiritismo demonstra o sentido íntimo, busca na qual a consciência precisa participar, na tentativa de encontrar em nós as respostas que em última análise a boa penetração no pensamento divino produz. Deus está em nós e não fora! A ideia de Deus se impõe! Seja pela observação do “Livro da Natureza”, seja pela atenção que vamos aprendendo a dispensar a nós mesmos, a nosso mundo íntimo e quanto mais interessados estivermos neste processo, mais cantaremos hosanas, louvando ao Senhor, que do alto de sua infinita bondade, por força de seu sopro criador quis que nós fôssemos! Sê tu também um filho de Deus, consciente Dele e certo de sua destinação superior! Deixamo-lo, neste ritmo, com alguns arranhados poéticos acerca desse imperdível O Grande Enigma, em torno deste capítulo “Necessidade da ideia de Deus”: Necessidade, essencial... Quanto mais elevado, Mergulhado no amor Vou melhor percebendo O poder criador. É meu Deus, o teu Deus, Condutor sideral Muito mais que ideia Necessidade, essencial. Sempre em boa lógica Silencie, dê uma pausa, Observe um pouco mais Não há efeito sem causa. Não há sistema maior, Não é só teoria. Rasga teu denso véu E percebe a harmonia. Sobe mais um degrau, Olha de cima do monte. Tudo tem seu lugar E a vida rasga o horizonte. Busca também em ti mesmo, Sonda consciência e razão E acharás tuas respostas Na Divina inspiração. Estudando assim o hoje Adquirirás compreensão. Da Divina providência, Reencarnação a reencarnação. Mediunidade Instituições Espíritas 1 Levem a Casa e as obras para adiante... por Altivo Pamphiro [email protected] Um dia desses, numa terça-feira, no Curso das Obras de Kardec, comentei com um companheiro nosso: “Meu irmão, há muito tempo que não o vejo aqui na Casa, nos grupos de estudos” (de vez em quando eu passo pelas salas e olho). E ele me contou o porquê: “É que a diretora do grupo (e citou o nome do grupo) cismou que eu tenho que falar”. E eu lhe disse: “Então ela cismou de um lado, você de outro, e quem saiu perdendo”? Ele parou e respondeu: “Quem saiu perdendo fui eu. Além do mais, eu sou tímido”. Não há lógica nesse companheiro permanecer ausente do Centro. Além do mais, timidez, quase sempre, é sinal de orgulho ferido por errar, por não falar as palavras certas, orgulho ao pensar: “O que vão dizer de mim”? Vergonha das pessoas rirem, vergonha de dizer que errou a pronúncia de uma palavra, vergonha de se 3366 www.celd.org.br w ww ww w w.ceeld. d org d. o g.b brr b expor. Se a pessoa errar, errou e pronto! Aqui, não estamos falando para nenhuma assembleia que está tomando prova de nós, nos testando. Estamos falando numa assembleia de irmãos, então não temos que ter medo. Um distinto amigo meu e de alguns companheiros desta Casa, já falecido, dizia sempre para nós, e eu nunca me esqueci disso: “Quando se pronuncia uma palavra estrangeira, não se deve ficar preocupado, pois não estamos obrigados a saber falar nenhuma língua estrangeira. Então, vocês devem pronunciar da maneira como está escrito. Se vocês leem Freud, vocês dizem “freudi”. Ninguém está obrigado a saber a pronúncia correta. Ninguém poderá rir de mim se eu disser “freudi”, pois eu não conheço a língua”. Nós temos medo é do ridículo. Mas por quê? É porque ainda não aprende- Mediunidade mos a viver com os problemas e as pressões. A casa espírita vai para a frente, quando nós não temos medo de sofrer pressões, quando nós não temos medo de discutir. Ninguém vai colocar a faca no peito do outro; ninguém vai brigar, ficar sem falar, porque o outro não concordou consigo. Isto seria “criancice”. Nós temos que aprender a discutir e continuar. Eu fui voto vencido? Paciência... Algumas vezes, no Centro, eu fui “voto vencido”, e em coisas que hoje eu penso: “ainda bem que fui voto vencido”. Se não tivesse sido, continuaria “amarrado”, e porque fui vencido, as coisas estão indo muito bem. E há muita coisa no Centro, como a cantina, por exemplo, que todo mundo adora (alguns até demais): eu fui contra; não queria jamais aquela cantina ali; achava que não tinha nada ver com Centro Espírita, mas era uma necessidade da Casa; eu tive que me render à necessidade. Seria tolice de minha parte insistir contra. E isso foi uma coisa singela, mas muitas outras coisas, ali, nós tivemos que ceder, porque as coisas são assim mesmo e nem por isso me aborreci, nem saí da Casa. E quantas vezes eu “brigo” com o Argeu, com a Neuza, com a Cidinha, e vou “brigar” muitas vezes com vocês. E tenham certeza de que terão de ficar porque se não ficarem, desculpem a expressão: “O azar é de vocês”! Porque vocês é que vão perder a oportunidade de progredir. E se saem do CELD, irão para outra casa em que vão sofrer os mesmos tipos de pressão, as mesmas “guerras”. Muito mais importante do que qualquer pressão, é o desejo que precisamos ter de crescer, porque a Casa Espírita que frequentamos, é, principalmente, um lugar de crescimento; saímos daqui aprimorados, fortalecidos, cheios de energia para progredir em outras frentes de trabalho. Quando nós lhes dizemos que é preciso aprender a “sofrer pressão”, não significa que alguém aqui esteja com função de criar obstáculos para ninguém. Vocês são adultos e sabem que “sofrer pressão” é aquela luta natural por que todos passamos na própria existência, porque viver é lutar. Uma casa espírita não é pressionada apenas por espíritos inferiores, que não estão interessados em ver a Instituição crescer, mas principalmente por aqueles espíritos bons, que nos querem ver caminhar. Esses guias espirituais, os verdadeiros condutores de uma Instituição, esses precisam ser lembrados constantemente, precisam ser analisados, vistos, para que possamos aprender com eles a como agir nos momentos exatos. Irmãos, observai o comportamento de um Bezerra: diante dos problemas, como ele se comportou? Nós temos que agir da mesma forma ou pelo menos tentar. Quando vocês lerem, por exemplo, o livro Léon Denis, o apóstolo do Espiritismo – sua vida e sua obra verão por quantas lutas Denis passou e como ele se comportou diante delas. Isso tudo é inspiração para nós. Esses benfeitores espirituais nos trazem inúmeras inspirações. É preciso aprendermos com esses guias a agir na vida, tentando imitá-los, ouvindo-os. Só para ilustrar, vou dizer-lhes como eles nos veem socorrer: há seguramente 20 anos, não tínhamos ainda nem a metade, um terço talvez, da divulgação que o Léon Denis tem hoje em dia, pois já possui até uma gráfica. O Espírito Cairbar Schutel deu uma mensagem no CELD, falando sobre o papel do Centro Léon Denis, no terreno da divulgação. Ele deu a mensagem, eu mostrei à nossa irmã Aparecida (acho até que a mensagem ficou com ela), e eu me esqueci do ocorrido. Há pouco tempo, conversando com a Apparecida sobre o trabalho da gráfica, as lutas comuns, ela me disse que eu estava esquecendo que Cairbar já tinha falado sobre tudo isso há 20 anos, prevendo tudo o que aconteceu e está acontecendo. E olha que, se esse Espírito está ligado a nós, é de maneira imperceptível, pois eu nem me lembrava da comunicação, mas ele estava, ali, nos orientando, socorrendo, sem que percebêssemos. Se somos pressionados por espíritos inferiores, também o somos por espíritos bons, que nos querem ver vencer. Deus nos ajude, nos abençoe, nos conduza sempre, e que, juntamente com os antigos companheiros aqui da Casa nós consigamos levá-la adiante; não, meus queridos? Levem a Casa e a Obra para diante, a fim de que ela cresça, também, nesse objetivo tão importante de ser mais uma célula do Espiritismo no Brasil. 1 – Artigo extraído do Boletim Informativo do CELD, número 65, de maio de 1992, antiga publicação que precedeu à organização final desta Revista de Estudo Espíritas. www.celd.org.br 37 Grupo Leopoldo Machado O Envolvimento do Plano Espiritual nas Viagens por Paulo Nagae [email protected] Muitas vezes não temos ideia do planejamento e da movimentação do plano espiritual nos trabalhos que são realizados por uma instituição espírita. Essa informação é muito importante para sabermos o quanto nossas atitudes influenciam no trabalho realizado. Nos trabalhos que são feitos na região de Minas Gerais — onde ficamos hospedados em Pains, na casa dos nossos queridos companheiros Guilherme e dona Ângela —, criamos o hábito de fazer um culto no lar estudando o livro O Grande Enigma, do nosso patrono Léon Denis. Após os estudos, o plano espiritual se comunica e nos passa orientações sobre o texto analisado e também sobre o trabalho em geral. As particularidades das orientações demonstram o quanto os espíritos estão próximos ao grupo durante vários momentos da viagem. nicos de qualquer espécie, mas há situações que antecedem e sucedem os trabalhos que requerem uma participação dos dirigentes espirituais, as quais são desconhecidas pela maioria de nós. Vamos dar alguns exemplos: Já recebemos algumas orientações sobre a maneira de como o grupo deveria se movimentar nas estradas, sempre em grupo, saindo com bastante antecedência para evitar correria e também sobre a conservação dos carros. Citavam fatos que demonstravam claramente que havia um grupo de espíritos nos protegendo nas estradas. Numa das viagens, houve uma troca de palestrantes em relação ao que estava programado, e o plano espiritual nos orientou que só fizéssemos alterações na programação em último caso, porque a partir do momento em que é feita a escala dos estudos, o plano espiritual já começa a traAlguns exemplos da presença dos balhar junto aos médiuns para a execução dos espíritos trabalhos de cada um e qualquer alteração sem Ninguém duvida que os espíritos estejam pró- justificativa implica retrabalho desnecessário por ximos durante os trabalhos doutrinários e mediú- parte da equipe espiritual. 38 www.celd.org.br Grupo Leopoldo Machado Havia mais ou menos dois anos que o nosso querido Altivo tinha desencarnado e dois companheiros do nosso grupo estavam numa oficina resolvendo um problema no carro de um deles. Enquanto esperavam, relembraram vários momentos agradáveis que passaram ao lado do Altivo num tom de alegre saudosismo. Para a nossa surpresa, na mensagem ao final do culto do lar em Pains, o nosso Altivo comunicou-se e, antes de comentar a página em estudo, referiuse ao diálogo que presenciou na oficina, agradecendo pela demonstração de carinho. Esse fato nos mostra que, nessas viagens, todo o período é considerado parte do trabalho, e a equipe espiritual nos acompanha em todos os momentos, o que aumenta a nossa responsabilidade no que diz respeito à nossa postura. Numa reunião de orientação no C.E. Allan Kardec em Pimenta, o Espírito Padre Victor Preto disse estar muito feliz com a chegada do nosso grupo e que eles já estavam nos esperando há bastante tempo. Essa informação nos mostra que há um planejamento de trabalho mesmo para essas regiões distantes do Rio, em que o Grupo Leopoldo Machado chega aparentemente de modo casual. Sabemos que o acaso não existe, mas é muito bom saber que fazemos parte de um trabalho que foi organizado com antecedência no plano espiritual. Essas informações aumentam e, muito, a nossa segurança em relação à estrutura espiritual do trabalho, mas, em contrapartida, aumenta também a nossa responsabilidade por fazer parte dessa estrutura. Vários espíritos já se identificaram como participantes da caravana espiritual nessas viagens, como, por exemplo: Altivo, Professor José Jorge, Professor Newton de Barros, Gildo, o próprio Leopoldo Machado entre outros. É um grande incentivo sabermos que há uma estrutura espiritual dando suporte a esse trabalho. www.celd.org.br 39 R evista Espírita em Foco Somos Filhos de DEUS O despertar do período psicológico por Luiza Martins [email protected] São chegados os tempos em que a população da Terra desperta para a verdadeira vida, a espiritual. “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu” (Eclesiastes, 3:1). Na condição de espíritos mais amadurecidos e esclarecidos nos foi concedida a oportunidade de recebermos o Consolador Prometido (João, 16:13), que aguardou pacientemente o desenvolvimento das ciências, para que compreendêssemos de forma clara e inquestionável as ações do mundo espiritual no orbe terreno. A Doutrina Espírita chega-nos de maneira bemestruturada no século das Luzes para iluminar os corações e consciências revelando com “(...) provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corporal”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap: 1-5.) O que antes somente era possível aos iniciados das grandes seitas, torna-se conhecimento acessível a todas as almas cansadas e aflitas das escolhas equivocadas e desejosas de alcançar a felicidade inalterável. Após a instauração da Ciência que nos revelou os infinitamente pequenos e as esferas longínquas do Universo, surge o momento e o tempo de desbravarmos nossa alma e caminharmos por estradas nunca antes percorridas de forma consciencial por nós, espíritos imortais. “Desperta, tu que dormes!” (Efésios, 5:14). É o grande alerta do Apóstolo do Cristianismo a nos lembrar de que o hoje constrói e reconstrói nossa existência imortal em direção a Deus, Pai infinitamente justo, bom e misericordioso. Nunca houve tantas possibilidades de respondermos os grandes questionamentos da Humanidade. Quem somos? De onde viemos? Para onde iremos após a morte? Grandes filósofos dedicaram suas encarnações na tentativa de solucionar essas dúvidas que, na 40 www.celd.org.br atualidade, nos são esclarecidas pela Doutrina Espírita de forma inquestionável, tal a universalidade dos ensinos dos espíritos. Não há mais dúvidas: somos “filhos de DEUS” com o pensar criador para trabalharmos na cocriação do bem e do belo no mundo. Nossas humanidades são reveladas em nossa capacidade de sermos divinos. Somos ainda almas imperfeitas a caminho do encontro de toda a perfeição. E esta certeza está na capacidade racional de compreendermos que toda a Natureza apresenta harmonia e perfeição. Sendo assim, uma obra tão perfeita só poderia ter uma causa mais perfeita ainda. E somos nós, espíritos, os mais grandiosos castelos de Deus. Em nossa construção íntima vamos encontrando nossa essência primeira e sendo reconhecidos por muito nos amarmos. A cada passo que a Ciência realiza solidificamos em nós o “eu sei” sobre quem somos. E, então, percebemos que presenciamos o período psicológico de forma dinâmica e progressiva com as mentes que se inspiram na compreensão e explicação científica do mundo. Toda a Humanidade desperta para o amor, mesmo que tenha que se fazer presente a “(...) perversidade dos homens e a inclemência da Natureza” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 3-15), porque sabemos que somos almas imortais, que somente existe um caminho, verdade e vida para nossa felicidade, o amor, que está sempre a nos inspirar a vivência do bem. A moral que nos guia é aquela que nos permite compreender o mandamento maior do Cristo “Amar a DEUS acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” sendo esta a estação final do período psicológico do Espírito Imortal. Tema Livre A Psicologia da Gratidão por Mônica Soares [email protected] Título de uma obra de Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo Franco, o estudo da gratidão como roteiro para a conquista de uma vida plena de paz na existência corporal e espiritual é muito mais do que isso. É valoroso guia apontado também por outros autores da literatura espírita, para o progresso moral e, mais do que isso, pode-se dizer também que está na base dos ensinamentos de Jesus. É fé inabalável; amor integral e desenvolvimento do verdadeiro perdão. “Agradecer o bem que se frui da mesma forma que se agradece ao mal que não aconteceu ainda, ou que se sucede, mas tendo em vista que ele é mais necessário para o crescimento espiritual, conforme programado pela lei de causa e efeito”, como lembra Divaldo, o eminente educador de almas, inspirado por sua mentora espiritual. A gratidão é tocha a iluminar os caminhos, quase sempre tortuosos, daqueles que buscam o progresso agasalhados na seara espírita. Quem não tropeça não avança, porque todo caminho é feito de dificuldades e só tropeça aquele que está de pé. O significado e a consciência da gratidão são como terapias que são promovidas no homem, quando ele aprende a ter um sentimento de louvor à vida, a todo instante, até mesmo nos tropeços. “Quando se é grato nunca se experimenta nenhum tipo de decepção ou queixa porque nada se espera em resposta do que se realiza”, diz Joanna, que encontra eco na questão 937 de O Livro dos Espíritos, quando Kardec questiona os espíritos sobre a ingratidão. “Seja o bem que houverdes feito a vossa recompensa na Terra, e não atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta, e os ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão”. As constantes lutas do self em contrapartida ao ego (egoísmo-sombra), que vão formatando o pensamento do homem de bem, vão produzindo www.celd.org.br www.ce ww www .ce ceeld. ld org orrg.br .brr 4411 Tema Livre pequenas conquistas, que se tornam maiores, e assim atraem novas forças benéficas a esse “estado interior” da alma, que se agiganta com alegria e paz. “A gratidão torna o mundo e as pessoas mais belas e mais queridas”, diz Joanna. E Hammed exemplifica: “Não peças amor e afeto; antes de tudo dá a ti mesmo e em seguida aos outros, sem mesmo cobrar taxas de gratidão e reconhecimento. Importante é a doação de amor abundante, sem jamais esquecer que és responsável pelos teus sentimentos”. Nestes tempos de endurecimento e violência, religião e ciência são confluentes em relação aos benefícios da gratidão. O psiquiatra e cientista Augusto Cury, fundador da Academia da Inteligência e autor do livro Análise da Inteligência de Cristo”, definiu: “Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da alma. É agradecer a Deus, a cada manhã, o milagre da vida”. A própria Joanna de Ângelis, ao desnudar as funções do sofrimento na obra Jesus é vida, cita Buda, que em suas Quatro Nobres Verdades, disse que “Tudo na vida é sofrimento”. Explica Joanna: “Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para lapidar as arestas morais, modificando a conduta para melhor e trabalhando os metais do sentimento para servir e conquistar o infinito das emoções, constitui o desafio que todos devem conquistar”. 42 www.celd.org.br Na coletânea Coragem, encontra-se magnânima prece de Emmanuel: “Senhor Jesus! Nós te agradecemos pela coragem de facear as dificuldades criadas por nós mesmos; pelas provas que nos aperfeiçoam o raciocínio e nos abrandam o coração; pela fé na imortalidade; pelo privilégio de servir; pela dor de saber que somos responsáveis pelas nossas próprias ações; pelos recursos nutrientes que trazemos em nós; pelo reconforto de reconhecer que a nossa felicidade tem o tamanho da felicidade que fazemos aos outros; por saber diferenciar aquilo que nos é útil daquilo que não nos serve; pelo amparo da afeição no qual nossas vidas se alimentam em permuta constante; pela bênção da oração, que nos faculta apoio interior para a solução de nossos problemas; pela tranquilidade de consciência que ninguém nos pode subtrair; e por todos os demais tesouros de esperança e amor, alegria e paz de que nos enriquece a existência. Sê bendito Senhor, ao mesmo tempo que te louvamos a Infinita Misericórdia, hoje e para sempre.” Bibliografia: Franco, Divaldo.Psicologia da Gratidão, Ed. Leal. Franco, Divaldo. Jesus é Vida, Ed. Leal. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Pergunta 937.Celd. Hammed, Renovando Atitudes. Ed. Boa Nova. Xavier, Chico. Coragem, CEC.