2012 - Maio

Transcrição

2012 - Maio
Ano 2 — No 17 | Maio 2012
R$ 8,60*
* Nas livrarias CELD de R$ 8,60 por R$ 6,00
Sumário
Ano II — No 17 | Maio 2012
Revista de Estudos Espíritas
4
Editorial: Pratiqueis a Caridade sem Ostentação!
5
Comentários dos Leitores
6
Palavras da Direção: União de Todos (trabalho em equipe)
7
André Luiz: Liberte a Você
9
Especial: Sem a Caridade...
10
Espíritos do Senhor: Blaise Pascal
12
Palavra dos Espíritos: Loucura e Estado Depressivo
14
Promoção Social: Você Conhece a Obra Social Antonio de Aquino?
15
Conversando sobre Educação Espírita: Sou Evangelizador e Agora?
Estou entusiasmado?
17
Entrevista: Conversando com Balthazar – 2a parte
20
Fala, Jovem!: As Obras de Deus Ressoam
21
Capa: Quando nos Aproximamos de Deus
25
Espiritismo e Ciência: Corpo Espiritual e Religiões
26
Inspirações
28
Espaço dos Encontros: Eurípedes Barsanulfo: o vanguardeiro das
ideias espíritas a céu aberto
30
Kardec Pergunta: A Influência do Espiritismo no Progresso
32
Evangelho em Ação: O Médium e a Evangelização
33
Léon Denis: A Democrática Imposição
36
Mediunidade: Instituições Espíritas
38
Grupo Leopoldo Machado: O Envolvimento do Plano Espiritual
nas Viagens
40
Revista Espírita em Foco: Somos Filhos de DEUS
41
Tema Livre: A Psicologia da Gratidão
Editorial
Editorial
ISSN: 1415-4269
Fundador
Altivo Carissimi Pamphiro
(1938-2006)
Pratiqueis a Caridade
sem Ostentação!
Presidente
Hélio Washington de M. Costa
Divisão de Divulgação Doutrinária
Paulo Nagae
Saulo Monteiro
Administração
Silvio Almeida
Conselho Editorial
Alan de Souza
Mônica Soares
Ana Beatriz Sanabio
Elton Rodrigues
Maíra Arruda
Roberto Lota
Saulo Monteiro
Vanessa R. de Oliveira
Vitor Nogueira
Wagner Rodrigues
Jornalistas Colaboradores
Alan de Souza
Mônica Soares
Diagramação e Arte
Marcelo Domingues
Capa
Marcelo Domingues
Revisão
Teresa Cunha
Arte-final
Roberto Ratti e Márcio Almeida
Produção Gráfica
Celd
Distribuição e Comercialização
Deise Coelho
Luzia Soares
Marcelo Alves
Atendimento ao Leitor
Endereço eletrônico: [email protected]
Telefones: 2452-7700 / 2452-7801
Aos Articulistas
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“(...) Qualquer classe social a que pertençais, sempre
tereis alguma coisa que possa ser compartilhada.” (Allan
Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ed.CELD.
Cap.XIII, item 16.)
Em nossas reuniões aos sábados para as pautas e decisões da Revista de Estudos Espíritas (REE), debatemos
diversos assuntos e num dia conversamos sobre a Caridade.
Foi discutido se a Caridade efetuada com vasta divulgação
tem o mesmo efeito que aquela que é feita discretamente.
Sabemos que é de grande valia a Caridade feita por ONG´s,
Fundações e Casas, que têm bastante importância no cunho
social, mas também sabemos que diversas delas só fazem
para serem “abatidos”, os gastos, pelo famoso Imposto de
Renda. Daí, lhes pergunto, prezado leitor, será que nós ainda não estamos no estágio de sermos observados ou vistos
na hora em que damos qualquer benefício a alguém?
Nestes momentos recorro aos exemplos de Jesus, representante máximo de Deus na Terra. Ele nos ensinou o sublime da caridade, ou seja, a caridade anônima, que ajuda
sempre que pode e vê onde existe a necessidade para socorrer. Mesmo assim, o Mestre não critica ou julga quem faz a
caridade com ostentação, porque ele compreende as falhas
humanas, e afirmou: “Aqueles que fazem o bem com ostentação já receberam sua recompensa.” Cito outro trecho de
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 1, intitulado “Fazer o Bem sem Ostentação”: “Guardai-vos de
fazer as boas obras diante dos homens, com fim de serdes
vistos por eles, de outra forma não recebereis a recompensa de vosso Pai que estás nos céus. Quando pois, derdes
esmola, não façais tocar a trombeta diante de vós, como
fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas para serem
louvados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já
receberam a recompensa. Mas, quando derdes esmola, que
a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa direita;
para que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o
que se passa em segredo, vos dê a recompensa”. (Mateus,
VI: 1 a 4.)
Pensem nisso. Que Jesus abençoe a todos!
Alan Rodrigo de Souza
Comentários dos Leitores
Amigos leitores,
Este espaço é aberto à comunicação entre leitores e editores!
Enviem-nos seus comentários, sugestões e críticas através do e-mail
[email protected]. Ajudem-nos a manter e melhorar este projeto que é a nossa Revista de Estudos Espíritas!
Leitor faz aplicação do conteúdo da REE em
sua prática de meditação.
A matéria de que eu mais gostei foi Disciplina
da Alma, uma entrevista com o espírito Balthazar
(janeiro 2012).
“A disciplina do pensamento é o resultado de
seu esforço contínuo em direcioná-lo para um
objetivo”, diz Balthazar, na primeira pergunta. E de
que forma se alcança esse objetivo? Acredito que
todos nós podemos consegui-lo através da meditação e da disciplina, porque a partir da reflexão,
conseguimos controlar as nossas emoções e então
nos desapegar de tudo, até da própria dor.
Será pelo esforço, força de vontade, conquista no bem, religiosidade, trabalho, honestidade,
harmonia com todos à sua volta que se conseguirá a disciplina. É preciso lembrar, no entanto,
que se deve conquistar a disciplina interna, não a
externa.
Enfim, é isto que eu entendo como disciplina.
É difícil sim, mas de forma alguma é impossível.
Abraços,
Marcelo Diniz
REE: Amigo Marcelo,
obrigado pelo comentário e por suas palavras
que relembram o texto de Balthazar, pois todos
nós, em nossas atividades diárias, deparamo-nos
com obstáculos impostos à nossa evolução moral.
E, realmente, se faz necessário ter muita disciplina para superar esses obstáculos e cumprir nossos planos de trabalho no bem.
Além disso, destacamos que essa informação
sobre os benefícios da prática da meditação na
busca pelo equilíbrio espiritual é bastante valiosa. Esperamos que nossos leitores possam fazer
bom uso de mais essa ferramenta posta à nossa
disposição.
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Palavras da Direção
União de Todos (trabalho em equipe)
Estamos, ao longo desses meses, todos, desde o lançamento da Revista de Estudos Espíritas, do Celd, mostrando que com união poderemos superar as enormes dificuldades para
mantermos, mês a mês, o compromisso de ter uma revista interessante e atraente.
Foram entrevistas com alguns dos fundadores da Casa, evidenciando as imensas dificuldades vencidas por Altivo e os colaboradores iniciais, para fundar o Celd e, principalmente,
mantê-lo de portas abertas divulgando a Doutrina Espírita.
Aumentamos o número de páginas, criamos um espaço para as crianças, o visual ficou
mais bonito, tudo com um único objetivo: Divulgar a Doutrina de Jesus. Empreendimento
que depende da união de todos para que seja um sucesso. Que começa naquele que escreve o
artigo, seguindo para a Editora, indo para aqueles que digitam, continuando na diagramação
das páginas e na seleção das imagens, posteriormente para a revisão e aos que confeccionam
a revista, etc, etc. Só com a união e o trabalho de todos é que o Celd está conseguindo manter
o compromisso de divulgação do Espiritismo.
Mas se o sucesso decorre, muito, do esforço daqueles que a confeccionam, também
depende do público que a lê.
Assim, leitor amigo, você que lê e que gosta dos artigos publicados na nossa revista, ajude a manter mais essa empreitada.
Ao ler e gostar de um determinado artigo; ao ler e gostar de um exemplar da revista,
ofereça-a de presente a um amigo, a um parente, você também estará contribuindo para
manter esse tão belo trabalho de nossa Instituição.
Assim com a união de todos — Editor e Leitor — que possamos manter a Revista de
Estudos Espíritas cumprindo com seu dever: “Divulgar a Doutrina Espírita”.
Hélio Washington
Presidente do Celd
[email protected]
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André Luiz
Liberte a Você
por Paula Lopes
[email protected]
Ainda nos dias de hoje, busca-se, de maneira
equivocada, a liberdade em diferentes expressões.
A história da Humanidade revela milhares de episódios em que o homem matou, se matou, escravizou e roubou, inacreditavelmente para ser livre.
Parece-nos que estes embates ainda perduram em
nossas vidas, e o homem continua não alcançando os seus objetivos. Já nos comunicamos com o
mundo inteiro através de alguns clicks em nossos
computadores, mas agimos e reagimos ao cotidiano como escravos. Depositamos nossa liberdade
num conceito que não é permanente, e se assim o
é, talvez seja pela sua natureza material. E o que é
material se transforma — necessariamente.
A resposta a estas inquietações pode vir de
muito longe, através da história de Moisés. Ele
trabalhou pela liberdade do povo hebreu em
duas fases bem distintas. Na primeira, os liberta da escravidão do Egito, conquistada com
a travessia do Mar Vermelho. Imaginamos o
quanto não representou para aquele povo tal
gesto. Contudo, somente na segunda fase é que
Moisés alcançou o seu momento mais importante, apresentando-lhes os 10 mandamentos.
O povo hebreu era escravo dos seus próprios
“pecados”. Era a escravidão moral, verdadeira
causa de nossas aflições. Isso nos faz pensar na
verdadeira liberdade.
Quando nos deparamos com a palavra “liberdade”, de imediato pensamos em poder fazer o
que quiser, sem que alguém nos limite, nos controle, nos vigie. Talvez em alguma fase de nossas
vidas — seja ela na adolescência, ou até mesmo no
início da fase madura — já vinculamos a noção
de liberdade ao desejo de poder fazer o que “der
na telha”. Sabemos que a liberdade é um dos direitos e anseios mais importantes do homem. Mas a
vida segue o seu curso, e com isso amadurecemos
e começamos a compreender o que de fato venha
ser a tão almejada liberdade.
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André Luiz
Somos seres eternos, espíritos indestrutíveis, e
o conceito de liberdade se amplia muito mais do
que a ideia que a própria palavra já nos traz.
Como espíritos encarnados e observadores da
Lei, temos ciência de que não gozamos de uma
liberdade absoluta, pois necessitamos uns dos
outros e não vivemos sozinhos. Segundo Palhano Júnior,1 e baseado em O Livro dos Espíritos,2
(q. 826), “O homem só gozaria de uma liberdade
absoluta se se isolasse dos outros homens”, e essa
não é a liberdade que Deus nos oferece através da
Lei Natural. O crescimento do indivíduo e o seu
burilamento acontecem vivendo coletivamente. E
é justamente essa convivência — que estabelecemos uns com os outros — que nos faz ter a obrigação de entender e respeitar os direitos alheios e
repensar as aquisições pessoais a partir da liberdade. A minha liberdade não pode, sob qualquer
circunstância, ferir o direito do outro.
Falou-se em escravidão moral, e André Luiz,
na lição “Liberte a você” contida no livro Estude e
Viva, da FEB,3 nos auxilia neste entendimento. Ele
nos chama a atenção para tudo o que nos limita,
nos aprisiona, como: a maledicência, a leviandade,
a indiscrição, a ociosidade, o mal que nos desvia do
bem, a incapacidade de sentir e agir na fraternidade,
ou seja, de todas essas enfermidades morais que nos
colocam num caminho oposto aos ensinamentos
do nosso Mestre Jesus. As obrigações que a vida nos
impõe são os nossos deveres como cooperadores na
obra de Deus e de forma alguma elas contrariam o
movimento de nossa libertação pela prática do bem.
Segundo as palavras de Emmanuel,4 capítulo 53, “O
serviço de Jesus se destina a todo lugar.”
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Observamos o quanto estamos próximos das
amarras e da prisão, e não dessa liberdade que
tentamos conhecer, pois ainda nos prendemos às
situações, pessoas ou “coisas”, não nos permitindo
buscar a luz interior, a porção Divina que habita
em nosso ser. E quando saímos do campo das coisas para o campo dos seres, tudo fica muito mais
complicado. A liberdade pode parecer a concretização de um plano afetivo para uns; e para outros,
de maneira completamente oposta, a desvinculação de compromissos anteriores.
Ir ao encontro da verdadeira liberdade, aquela que construirá um futuro melhor, significa a
quebra das pesadas correntes que nos escravizam
aos valores equivocados. Apenas no esforço íntimo do autoconhecimento e na busca pela nossa
verdadeira renovação é que seremos capazes de
enxergar a Justiça desse Pai amoroso, que tanto
nos convida à liberdade e à felicidade.
Sigamos a Deus para abandonar tudo o que nos
impede de ser livres. Façamos o bem, nos aproximando cada vez mais do dia em que bradaremos
em louvor aos Céus: “Agora eu sou livre”! Referências:
1
JUNIOR, Palhano. Dicionário de Filosofia Espírita. 3 ed.
Rio de Janeiro: CELD. 2008.
2
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1. ed. Rio de
Janeiro: CELD. 2010.
3
XAVIER, Francisco C., VIEIRA, Waldo. Estude e Viva.
Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 11. ed. Rio de
Janeiro: FEB. 2005.
4
XAVIER, Francisco C. Pão Nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB. 1986.
Especial
Sem a Caridade...
por Joseane Belizário de Souza
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Os ensinamentos que me embebem, florescem minha inteligência
Mas, sem a caridade, seria eu uma máquina inútil;
O sofrimento que padeço me traz afagos momentâneos
Mas, sem a caridade, minhas lágrimas se multiplicarão;
Meu trabalho árduo é reconhecido pelos prêmios terrenos
Mas, sem a caridade, meus prêmios aí terminarão;
Minha alegria contagia meus amigos
Mas, sem a caridade, perderia minha essência sã;
O amor envolve e alimenta sonhos
Mas, sem a caridade, seria só mais um sentimento sem proveito moral;
O conselho pode despertar o ser humano
Mas, sem a caridade, a natureza desse despertar pode tomar caminhos opostos aos que desejavas;
A sabedoria é um bálsamo sagrado ao que a recebe
Mas, sem a caridade, ao mesmo modo que foi recebida, há de ser retirada;
Ainda fazemos da vida um terreno de infrutíferas lamentações em torno das cargas que nos são
impelidas a sustentar. Esse terreno tende a manter-se improdutivo, quando passamos pela existência
sem o proveito moral que as dores nos oferecem.
Quando em meio às sombras, lembrai-vos de que a escuridão desaparece com o menor facho de luz,
que pode ser aceso através da boa vontade, do sorriso fraterno, do conselho amigo, bem como do
trabalho enobrecedor.
Não olvidemos que existem conjuntos de tarefas morais que nos cabe exercitar diariamente, silenciosamente, no íntimo de nossa vontade. Mas, meus queridos, se não houver caridade no leme de nossas embarcações morais, o mar será, de certo, tumultuoso.
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Espíritos do Senhor
Blaise Pascal
por Henrique de Oliveira
[email protected]
“Que dentre vós, o médium que não se
sinta com forças para perseverar no ensino
espírita, se abstenha; pois, não aproveitando
a luz que o ilumina, será menos desculpável
do que um outro qualquer, que deverá expiar sua cegueira.”
Pascal - O Livro dos Médiuns , Allan Kardec, cap. XXXI - Dissertação no 13.
Blaise Pascal era filho de
Étienne Pascal e Antoniette
Bejon. Perdeu a sua mãe com
três anos de idade. Seu pai tratou da sua educação, por ele
ser o único filho do sexo masculino. A educação que lhe foi
dada por seu pai tinha em vista o desenvolvimento correto
da sua razão e do seu juízo. O
recurso aos jogos didáticos era
parte integrante do seu ensino em disciplinas tão variadas
como a História, a Geografia e
a Filosofia.
Certo dia, Pascal, um menino de apenas 10 anos, bateu com
uma colher num prato e escutou
atentamente o som, que continuou a vibrar por algum tempo,
parando, no entanto, quando
o pequeno pôs a mão sobre o
prato. Com certeza, em muitos
lugares do mundo, outros tantos
garotos observaram o mesmo
fenômeno. Mas, só um gênio
como Blaise Pascal resolveu
investigar o mistério e escreveu
um tratado sobre o som: Traité des sons. Nascido aos 19 de
junho de 1623, em Clermont
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(Auvergue), cedo demonstrou a
sua genialidade.
Numa ocasião, o pai o encontrou riscando, com um pedaço
de giz, “rodas e barras” no assoalho do seu quarto. Rodas e barras eram na verdade os círculos
e as linhas retas da Geometria,
traduzidos na linguagem infantil. Logo mais provaria que a
soma dos ângulos de um triângulo perfaz dois retos, resolvendo num passatempo, o 32o
teorema de Euclides, cujo nome
ignorava.
Na adolescência, aos 16 anos,
escreveu um tratado sobre as
secções dos cones “Traité des
sections coniques”, um problema
de alta Geometria, que assombrou o mundo profissional da
época. O próprio Descartes,
ao lê-lo, se recusou a acreditar
que tivesse sido escrito por um
jovem dessa idade. Dois anos
mais tarde, construiu o jovem
matemático uma máquina de
contar, com o principal objetivo
de aliviar seu pai dos complicados cálculos que necessitava
fazer na sua lida com as finanças
do município. Numa época em
que não estavam aperfeiçoadas
as tábuas logarítmicas, este engenho prestou grandes serviços aos que se ocupavam com
a aritmética e mereceu numerosas reproduções. Oportunamente, Pascal presenteou com
uma dessas máquinas ao célebre Condé e a Rainha Cristina
da Suécia, quando ela esteve na
França.
Mais tarde, entre seus 23 e
25 anos, interessou-se pelos
estudos da Física, escrevendo
sobre o “espaço vazio”: Nouvelles experiences touchant le vide.
Foi também nesta época que o
pai de Blaise sofreu um acidente
e, por permanecer longo período na cama, teve, a lhe servir
de enfermeiros, dois fervorosos
discípulos de Cornélio Jansênio que, ao se despedirem, deixando Etienne Pascal curado,
deixaram toda a família Pascal
profundamente impressionada
com o ideal religioso.
Em outubro de 1654, estando Blaise Pascal a passear de
carruagem por uma ponte,
Espíritos do Senhor
assustaram-se os cavalos, tendo dois deles se precipitado
da ponte, após rompidos os
arreios. Os outros ficaram suspensos com a carruagem sobre
o abismo, salvando a vida do
cientista. Dizem alguns de seus
biógrafos que este fato lhe teria
produzido um violento abalo,
fazendo-o se dedicar às questões religiosas. Contudo, depois
de sua morte foi encontrado,
cosido no forro de sua vestimenta, um bilhete datado de
23 a 24 de novembro de 1654,
em que ele relata uma espécie
de êxtase que teria experimentado, e demonstra um desejo
ardente de se consagrar às coisas espirituais.
Escrevendo suas Cartas Provinciais”, Pascal apresenta a
verdadeira Igreja do Cristo não
circunscrita a uma determinada organização eclesiástica,
menos ainda a determinados
homens de um certo período,
representando casualmente a
Igreja, mesmo porque, falíveis
os homens, insegura seria a fé.
Em 1657, suas Cartas, dezoito
ao todo, foram relacionadas no
Index, da Igreja. São consideradas um dos maiores monumentos da literatura francesa e
o atestado de uma grande sinceridade cristã. A respeito, pronunciou-se Pascal: “Roma condenou as minhas Cartas; mas o
que nelas condenei está condenado no céu. Apelo para o teu
tribunal, Senhor Jesus!” Relata
que pediu a Deus 10 anos de
saúde para poder escrever sua
apologia do Cristianismo, que
o mundo viria a conhecer com
o nome de Pensées, contudo,
confessa, Deus lhe deu quatro
anos de enfermidade. Nessa
Apologia, ele apresenta Cristo
não como o “Senhor morto” de
tantos cristãos, mas o Cristo
vivo, sempre-vivo, aquele Cristo que segue com os homens,
todos os dias. Amar era para
ele a melhor forma de crer, a
“razão do coração que a razão
ignora”. Deus é, antes de tudo
o Sumo Bem, o alvo do amor,
e ele afirmava não poder crer
senão num Deus que pudesse
amar sinceramente.
A mensagem para a humanidade de sua época, para os
melhores homens do século,
foi uma mensagem de vasta,
profunda e panorâmica espiritualidade cristã. Uma espiritualidade que brilha em todas
as páginas de O Evangelho, a
espiritualidade do Cristo. Tal
espiritualidade transcende das
suas mensagens, inseridas pelo
codificador em O Evangelho
Segundo o Espiritismo: a primeira, datada de 1860, recebida em Genebra, que alude
à verdadeira propriedade e a
segunda, do ano 1862, de Sens,
da qual destacamos especialmente: “(...) Se os homens se
amassem com mútuo amor,
mais bem praticada seria a
caridade; (...)” e , logo adiante, “(...) esforçai-vos por não
atentar nos que vos olham
com desdém e deixai a Deus
o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias
separa, no seu reino, o joio do
trigo”. Não menos oportunas as
observações em sua mensagem
“Sobre os médiuns” (O Livro
dos Médiuns, cap. XXXI, item
XIII) de excelente atualidade
para os dias que estamos vivendo, onde a mediunidade tem
sido levada, muita vez, à conta
de exclusiva projeção pessoal e
destaque social: “Que, dentre
vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar
no ensino espírita, se abstenha;
porquanto, não fazendo proveitosa a luz que ilumina, será
menos escusável do que outro
qualquer e terá que expiar a
sua cegueira”.
Sua morte se deu a 19 de
agosto de 1662, aos 39 anos,
sendo que os dois últimos anos
de sua vida foram de intenso
sofrimento. A enfermidade que
o tomou lhe furtou qualquer
possibilidade de esforços físicos
e intelectuais. www.celd.org.br
11
Palavra dos Espíritos
Loucura e Estado
Depressivo
[email protected]
Que o Mestre e Senhor Jesus esteja hoje
e sempre no coração dos amados irmãos da
Casa de Léon Denis. Que ele possa permitir,
como certamente o fará, um início de estudos
espirituais importante para a formação do
caráter de auxiliares do bem a que todos estão
se propondo de maneira direta ou indireta.
Este capítulo do nosso abençoado livro
Memórias é dos mais importantes para a formação do entendimento de todos aqueles que
militares no campo da assistência espiritual;
e que ninguém se iluda com a aparente simplicidade das expressões aí ou ali colocadas.
Seus termos simples trazem em si, a semente
de ideias alevantadas, superiores, que devem
servir de lema para a condução de trabalhos
de desobsessão, de atendimento fraternal
àqueles que sofrem e igualmente devem servir
de lema para todos os que, se reconhecendo
sofredores espirituais, intentem corrigir-se,
moderar os efeitos funestos das falhas tidas,
cometidas nas últimas encarnações.
Na realidade, o que se propõe neste capítulo, é analisar a alma humana através dos
servidores socorristas: o que se propõe é
mostrar, de maneira mais singela, como o
homem pode atingir o equilíbrio através da
paz e, principalmente, por analogia, fornecer a todos aqueles que sofrem, que padecem
males espirituais, que são identificados como
males mentais, se precatarem e se orientarem
segundo o Evangelho de Jesus, para que
novos males não sejam acrescentados à sua existência.
12
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Meus amigos, meus irmãos, o que veio a ser
até agora o estudo do capítulo de hoje senão
uma tentativa de mostrar ao homem encarnado que a loucura tanto quanto os estados
depressivos são — apenas, e nada mais do que
isso — o desvio da alma humana das linhas do
equilíbrio?
O que vem a ser o equilíbrio de uma alma?
Tome-se alguém em paz com sua consciência, alguém que opere no bem, alguém que
ostente a alegria de viver e de servir, alguém
que não meça sacrifícios nem estampe máscara de angústia, que desenvolva sempre o
trabalho do bem, alguém capaz de renunciar,
alguém capaz de amar, alguém capaz de estender as mãos quantas vezes forem necessárias,
tal como ensinou Jesus.
Tome-se esta figura, este homem, este ser,
o olhe-se, ao contrário, a todos aqueles que
serão ou são incapazes de servir, de ajudar, de
não opor obstáculos à realização do bem e,
se saberá, então, exatamente, quem está louco, quem está diante de uma anormalidade
espiritual, quem está com as suas, segundo a
nomenclatura da medicina terrena, suas psicoses depressivas.
Ora, meus irmãos, o desequilíbrio do
homem nada mais é do que a sua
inconformidade na aceitação de fatos
Palavra dos Espíritos
normais, de fatos que já fazem parte do domínio da sociedade em que ele vive. Quase sempre, a alma desarmonizada é aquela que não
soube renunciar, que não soube servir ou não
soube compreender as linhas mestras de um
trabalho que lhe foi proposto. Este desequilíbrio, esta desarmonia se reflete no comportamento do homem e, se refletindo no comportamento do homem, extrapolando os limites
do equilíbrio mental, torna-se uma loucura,
torna-se um fato de loucura, melhor dizendo.
Entretanto, ao contrário, o homem apresenta a condição específica, de equilíbrio
externo, apresenta a condição específica de
harmonização de gestos, mas por dentro é
o vulcão, é a força que, desarmonizada, está
prestes a explodir, jogando para fora toda a
lava da sua incompreensão ou inconformação;
mas ele se contém. A sua contenção, entretanto, não é suficiente para lhe educar porque, na
realidade, ele, pela sua contenção, não buscou
a área da compreensão. E temos, então, um
psicótico, um depressivo, um maníaco.
Oh, irmãos!, como é importante estudar
a alma, como é importante falar do psiquismo, como é importante a criatura que busca
se analisar pelos meios modernos que a ciência humana oferece; mas, como é importante,
também, o homem seguir o conselho de Jesus
— renúncia, amor ao próximo, renúncia à sua
própria personalidade, se assim for necessário, para que outro sobressaia; amar ao inimigo, compreender a dificuldade do semelhante, ser o ser alegre e jovial para que o bem se
estabeleça em torno de si, ter a moderação tão
própria dos seres de escol, confiai em Jesus e,
acima de tudo, conservar em si a noção de que
deve ser um pacificador, tal como o
Cristo o foi.
O que é que mais caracterizou Jesus senão
o amor? No meio de uma sociedade hostil,
escravocrata, no meio de uma sociedade
maledicente, de uma sociedade voltada para
a estupidez, numa sociedade guerreira, egoísta, orgulhosa; em meio a tantas tempestades magnéticas provocadas pelo ódio, pela
angústia das criaturas que com ele conviviam, soube ele manter-se incólume, amando. Assim será com todos aqueles que souberem caminhar na direção do bem.
Vamos estudar a instituição “O Manicômio” e façamos um propósito se quisermos
estudar adequadamente o capítulo como deve
ser. E podemos definir de maneira singela esta
questão, fazendo a seguinte proposta: — que
cada um se identifique com uma exposição
da necessidade da criatura presente e quando
se tratar da necessidade apresentada, melhor
dizendo e quando se tratar de analisar a entidade condutora ou entidades condutoras de
serviços, que tentemos espelhar nossas realizações nestas mesmas entidades. Ao final do
capítulo, façamos a comparação do que entendemos, aprendemos, do que ficamos sabendo
do magno assunto.
E agora, ao me despedir de todos vocês,
rogo a Jesus que inicie a todos, não só na prática do bem e da verdade, mas no conhecimento também.
Já tivemos ocasião, na outra reunião, de
asseverar, com outros companheiros, que
cada início e cada término de capítulo, para
nós, é motivo de grande alegria espiritual.
Que todos compartilhem desta alegria,
vivenciando o aprendizado com Jesus.
Que ele nos abençoe a todos! (Mensagem do espírito português em 12/10/1982, em Aula
extra de Memórias de um Suicida.)
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P
Pr
Promoção
ro
om
moçção
ã S
Social
ociial
oc
ial
Você Conhece a Obra
Social Antonio de Aquino?
por Rosângela Borin
[email protected]
Todos os companheiros que
frequentam o CELD percebem
que sempre falamos a respeito
da OSAA (Obra Social Antonio
de Aquino), que muitos conhecem carinhosamente como
“Mallet”.
De acordo com as orientações recebidas dos espíritos
guias de nossa casa, “... a OSAA
é o laboratório onde podemos
colocar em prática os conceitos doutrinários estudados no
Centro...” Apenas quem é voluntário daquele trabalho e consegue entender que todos estamos debaixo de uma direção
espiritual em qualquer trabalho ou estudo realizados (tanto no Centro como na OSAA)
pode compreender e avaliar o
que os espíritos querem nos
dizer.
Nos primeiros números da
nossa Revista fizemos algumas
reportagens que apresentaram
as diversas Divisões de Serviços
atuantes na Obra Social. Mas,
conforme as palavras de nosso
amado Altivo em reunião com
a MEAL, “nenhuma obra social
14
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deve viver sem um centro espírita toda obra social precisa de
um centro espírita porque ele
dá uma sustentação através dos
espíritos; pelo desejo que as
pessoas têm de estudar, além de
irem à obra social assistencialmente e dar sustentação, pois
todos acabam ficando envolvidos no desejo do centro espírita,
que tem uma obra social”.
Assim, ressaltamos a importante atuação do Centro Espírita Antonio de Aquino — CEAA,
em apoio vibracional e fluídico à
OSAA. O CEAA responde por
todos os serviços de Evangelização, estudos e reuniões públicas
que ocorrem na OSAA.
Todo este conjunto permite,
a nós trabalhadores, uma enorme “oportunidade de servir no
bem e a consolidação no íntimo de vocês — do ensinamento maior: ‘— amai-vos uns aos
outros como eu vos amei’,” conforme nos diz o Espírito Victor
na mensagem de abertura para
o 15o Encontro Espírita da Obra
Social Antonio de Aquino, cujo
tema será “o trabalhador da
obra social e a oportunidade de trabalho”; oportunidade essa que em não sendo
bem avaliada, corre sempre o
enorme risco de ser, quem sabe,
novamente perdida.
Assim, estaremos reiniciando uma série de reportagens
que abordarão assuntos diretamente ligados ao aproveitamento da oportunidade de trabalho
numa obra social espírita, que
tem como diferencial a grande preocupação de “levar aos
beneficiários os mesmos conceitos doutrinários que recebemos, “tornando-os assim capazes de também estes espíritos
“terem condições de reverem
as escolhas que fizeram para as
suas próprias vidas”, conforme
nos esclarece o amigo espiritual
Balthazar.
Sintam-se, então, todos convidados a mergulharem conosco nestes estudos capazes de
nos ajudarem a não perdermos
nenhuma outra oportunidade
de trabalho no bem, não perdermos mais tempo na luta por
nosso progresso individual. Conversando sobre Educação Espírita
Sou Evangelizador e Agora?
Estou Entusiasmado?
por Claudia Galves
[email protected]
A evangelização com crianças e adolescentes
é um trabalho importantíssimo nas casas espíritas — na realidade, é imprescindível! Mas o que
é evangelizar? Evangelizar é ensinar o Evangelho
de Jesus! O evangelizador é aquele que se dispõe
a semear nos corações dos pequeninos as mensagens de fraternidade, luz, paz e amor que o Cristo,
o nosso Mestre, nos trouxe. Ele se dedica a promover o conhecimento e a aceitação das noções
de amor e elevação moral. O trabalho do evangelizador é facilitar a compreensão do evangelizando, apresentando Jesus e seus ensinamentos, de
acordo com o seu nível de entendimento, semeando luz em seu caminho, para um futuro mais
feliz! Como nos diz Amélia Rodrigues, “evangelizar é trazer Cristo de volta ao solo infantil como
bênção de alta magnitude, cujo resultado, ainda
não se pode, realmente, aquilatar”.
Para evangelizar é necessário entusiasmo!
A palavra entusiasmo vem do grego “en-theosasm”, que está relacionado com sentir Deus dentro de nós! É isso mesmo! O entusiasmo é essa
vontade de realizar o que é muito importante
para nós e dividir com o outro tudo aquilo que
acreditamos, o que nos dá alegria e nos faz bem!
É desejar contagiar o outro, também, com os sentimentos que transbordam em nossos corações,
aqueles que nos dão a alegria e a felicidade verdadeiras, a coragem e a certeza de nossa capacidade
de realização, de fazer dar certo, de transformar
as situações e a natureza das pessoas.
Quando o evangelizador compreende o significado da sua missão e a importância do seu trabalho, quando a emoção se expande em seu coração, ele fica entusiasmado e utiliza todos os seus
recursos para realizá-la com empenho, dedicação
e alegria! E, mesmo quando as condições que se
apresentam não são as melhores, amplia sua força
criativa e consegue atingir as reais necessidades
do evangelizando.
Com entusiasmo, enfrentamos dificuldades,
encaramos desafios e ultrapassamos barreiras
aparentemente intransponíveis, sem fraquejar,
sem perder o vigor, envolvendo os outros e transmitindo segurança ao nosso redor.
Ouvindo as palavras do Benfeitor Erasto, em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, é como se ouvíssemos Jesus a nos chamar: “Ó verdadeiros adeptos
do Espiritismo, vós sois os eleitos de Deus! ... Ide e
pregai a palavra divina.... Ide e pregai: os espíritos
elevados estão convosco.... Ide, homens, que sois
grandes diante de Deus... Que a vossa falange se
arme de decisão e coragem! Mãos à obra! O arado
está pronto e a terra preparada: arai! Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou ...”.
Portanto, o evangelizador entusiasmado acredita no espírito em processo de desenvolvimento moral, sabendo que sua participação pode
ser decisiva para a renovação daquele ser que se
apresenta como criança ou adolescente. Sabe que
a partir desse encontro, permitido por Deus e
amparado pelos bons espíritos, todas as sementes que plantar podem se tornar alicerces de uma
nova direção para o Bem para todo espírito em
sua jornada evolutiva.
E agora, você está entusiasmado?
Bibliografia:
Divaldo P. Franco. Terapêutica de Emergência. Amélia
Rodrigues.
Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Celd.
2008.
http://www.contabilidadeeficiencia.com.br/noticias2.
asp?pg=2&cdg=12
http://site.suamente.com.br/10-dicas-para-viver-comentusiasmo/
www.celd.org.br
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www.celd.org.br
Entrevista
Conversando
com Balthazar
— 2a parte
A Casa Espírita —
Entusiasmo e alegria!
Os Editores
[email protected]
Trazemos ao caro(a) leitor(a)
a segunda parte do pensamento firme e seguro de Balthazar,
extraído de arquivos que não
podemos deixar às traças, visto
que alicerça a base que precisamos constituir no coração de
quem chega, bem como fortalecer no daqueles que, como nós,
pelo dinamismo do trabalho em
sua face material, acabam por
deixar fenecer o ideal, a diretriz,
que provêm do mais alto.
Lembramo-nos de uma colocação de Kardec em Obras Póstumas, quando no início de suas
tarefas indagou aos espíritos
se aquilo seria uma missão?
Os espíritos responderam que
seria se ele chegasse ao final
do trabalho, e aí então ele teria
cumprido aquela missão, mas
se ele não fizesse não haveria
missão alguma.
Balthazar: Sim, porque algumas pessoas poderão vir para
ensinar, mas a maior parte vem
para aprender e dividir. Está claro
isso? O mais importante então,
não é o tamanho da missão, mas
fazer o que se gosta na Casa Espírita, trocar com os outros vendo
a oportunidade daquilo ser feito,
senão você terá apenas a imposição de uma ideia pessoal. Aquilo deverá ser uma oportunidade
de progresso, de conquista, de
amor.
Justiça de Deus, que está impondo a uma alma menos evoluída ou menos disciplinada o
progresso.
Progresso por imposição, nesse caso?
Balthazar: É o progresso por
imposição não de humanos,
mas da Lei. A pessoa está senO irmão falou uma palavra que do instrumento da Lei para deschama à atenção: imposição. pertar nas criaturas um sentido
Para muitos trabalhadores, mais elevado de agir.
a oportunidade chega sob a
forma de imposição; ele vem, E essas pessoas que chegam ensabe que precisa, mas não traz tusiasmadas e não conseguem
dentro de si aquela respon- ficar? Dá uma frustração para
sabilidade, o compromisso, o quem está à frente vê-las saísentimento; não quer se com- rem de repente...
prometer, mas alguém que
Balthazar: Vocês terão que
está mais a frente, mais acima, ver nesse caso dois aspectos
diz: “Você tem que fazer isso”. distintos: o primeiro é o entuComo é que fica essa pessoa siasmo em que brilha, mas não
em relação a isso que o irmão ilumina; não se pode valorizar
expôs da conquista e do amor? esse tipo de pessoa e nem espeBalthazar: Aí o caso é outro: rar nada dela. O segundo é que
ele está sendo instrumento da vocês verão nestas pessoas, as
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Entrevista
pessoas que não estão sintonizadas com o objetivo da obra,
e finalmente, vocês verão pessoas que, realmente, não estão
enquadradas na diretriz; querem, frequentemente, impor,
querem que o mundo à sua volta se transforme.
Então, quando as pessoas
chegarem e não ficarem, vocês
podem dizer: “não estão sintonizadas”, “não é o objetivo do
seu progresso”, “querem só se
impor e não conseguem”. Temos
que ver também a própria fraqueza da alma. Há pessoas
que são brilhosas, mas não são
iluminadoras.
Mudando um pouco o foco,
como definir os objetivos e
deveres de um diretor de sessão, seja na cura, desobsessão,
reunião pública, etc.?
Balthazar: Essa resposta daria
um tratado. Em realidade, o
diretor, o cooperador, o trabalhador de um modo geral é
alguém que atrai e capitaliza as
energias à sua volta, energia dos
seres humanos e energias que
existam no ambiente. Então, um
diretor é aquele que será capaz
de atrair pessoas, provocar nelas
o entusiasmo e distribuir tarefas
delas mesmas fazendo com que
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importante. O bom diretor é o que
capitaliza todo esse potencial para
a produção daqueles objetivos.
Então, quando você potencializa
todas aquelas energias, você faz
o quê? Você tem, como resultado imediato, mais matéria para
trabalhar, e tendo mais matéria
para trabalhar, você desenvolve
outras forças de trabalho.
Quando uma criatura não
é capaz de fazer isso, pode-se
perfeitamente dizer que ela está
elas expandam o próprio fluido trabalhando sem a noção de
conhecimento, sem uma diretriz
que existe em torno de si.
Um diretor introspectivo não superior.
dilata as energias, portanto ele
não é capaz de produzir recur- Talvez até sem a noção do seu
sos de importância. Quando devido papel como diretor,
você dirige qualquer tarefa que pelo visto de impulsionar...
Balthazar: É preciso pegar a
seja, você há de provocar um
entusiasmo pela tarefa, e provo- massa de trabalho e multiplicácando o entusiasmo pela tarefa, la em forma de nova energia.
há de provocar também o estí- Por esse critério, vocês poderão
mulo para as realizações. E pro- avaliar um diretor de qualquer
vocando esse estímulo para as sessão, seja o da cura, o diretor
realizações, você provoca tam- da desobsessão, você pode ver
bém, como decorrência, a reali- qualquer diretor.
zação de si mesmo, provocando
a realização em si mesmo, você Quando temos o papel da diretem a alegria de ver os resulta- ção, despertamos nas pessoas
dos, tendo a alegria dos resul- a potencialidade individual,
tados, você se propõe a fazer passando o entusiasmo, a connovas investidas e aí começa vicção, a alegria de servir. Isso
todo o ciclo novamente. É pre- desperta também a vontade
nessas pessoas de seguirem
ciso energia e atitude!
Então, o que acontece? Se pelo mesmo caminho, chevocê dá uma aula, você diz assim: gando muitas vezes a quere“Estudarei e darei a aula dentro rem, também, tornar-se novos
dos meus padrões, mas com entu- diretores.
siasmo e alegria”. É preciso estar
Balthazar: Sim. Esse é o
imbuído de um desejo; daquele caminho. Impulsionem!
desejo, você passa para a pessoa
o estímulo, o seu entusiasmo; Irmão Balthazar, voltando
passando o seu entusiasmo, o a um ponto em que noutras
seu estímulo para as pessoas, oportunidades pudemos
você desenvolve nelas o poten- ouvi-lo, gostaríamos de saber:
cial que elas possuem de servir Como funciona a mecânica da
— o servir é uma coisa muito integração de um trabalhador
Entrevista
a uma Casa e também a estruturação de uma Casa do ponto
de vista espiritual?
Balthazar: Alguns têm muita pressa. Em média, leva-se 20
anos, no tempo terreno, para
implantar-se um serviço com
um bom nível de relação entre
os dois planos. E o médium que
se aproxima, leva em média de 8
a 10 anos para se integrar com a
direção espiritual da Casa.
Aqueles que estão aqui há
menos tempo, podem ficar tristes à vontade, não é menos tempo que isto, porque isto é toda
uma tarefa. Por mais amor que
vocês digam que tenham. Isto é,
toda uma tarefa de integração
fluídica dificilmente se faz com
menos de 8 anos. É um ciclo que
tem que ser cumprido.
Os que perseveram ganharão
os louros das realizações; os que
não perseveram, ninguém os
acusará.
compromissos e se resolvem
mudar de cidade para atender
um determinado objetivo, e se
apresenta isto à espiritualidade,
você vai e volta ou vai e não volta. Há casos que se pode dizer
perfeitamente que houve um
adiamento temporário, ou definitivo; definitivo em termos de
reencarnação, claro que tudo
é sempre temporário porque
mesmo que você abandone o
serviço, se você resolver abandonar a tarefa mediúnica hoje e
desencarnar sem voltar à tarefa
mediúnica você vai ser considerado como abandono temporário, você retornará na próxima existência com a mesma
tarefa, por isso é sempre temporário, só que com maior ou
menor número de anos, você é
considerado apenas como uma
pessoa que adiou o compromisso, não há também nenhum
questionamento quanto a isso,
nós não julgamos.
Talvez também pela necessidade de demonstrar Esse afastamento voluntário
pode ser considerado queda?
determinação...
Balthazar: Não! Há queda
Balthazar: Entre outras coiquando
você abandona tudo
sas...
em função de paixão; quando
Mas irmão Balthazar, como você deixa que a paixão domiavaliar o caso de companheiros ne o seu compromisso; em
que com 15, às vezes mais anos função da riqueza; amor próde dedicação, deixam a tarefa, prio; qualquer compromisso
às vezes até a causa espírita?
que esteja no campo da paixão
Balthazar: Sobre esses mé- é considerado genericamendiuns, nós temos várias consi- te como falha quando você
derações a fazer. Se eles largam abandona ou por covardia. É
a casa, é porque eles não esta- muito simples, sob esse aspecvam realmente integrados ao to, a lei de Deus: você só tem
trabalho. Eles estavam aceitos queda por esses dois aspecna Casa, mas não pertenciam à tos — covardia (porque pura
e simplesmente você desistiu
Casa: este é um aspecto.
Há aspectos que são relevan- de lutar) ou então por uma
tes na vida da pessoa, elas então paixão, você larga o lar, larga
pedem um adiamento dos seus o Centro Espírita, larga tudo,
para ganhar dinheiro, por
exemplo — a lei considera isso
tudo paixão e queda.
Agora há paixão relevante, mais relevante, menos relevante, até a paixão que vocês
demonstram quando vocês se
consideram, feridos, irrealizados, maltratados, relegados isso
tudo para nós é considerado
como paixão, por isso que sempre procuramos encaminhar as
pessoas para outros núcleos e
elas terminam as tarefas aqui e
continuam em outro lugar e até
aplaudimos. A falta só se dá por
paixão ou por covardia; o medo
do enfrentamento das lutas, as
dificuldades...
Que fique em destaque, com
mais importância, a vigilância
que se prega, que não é só uma
vigilância material, é uma vigilância também de pensamentos.
Os estudos elevam vocês constantemente. Sugerindo elevação
evitam-se quedas. Então cuidado no falar, no se dirigir aos
outros... www.celd.org.br
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Fala, Jovem!
As Obras de Deus ressoam
Por Isabella Santos
[email protected]
E se você pudesse ir ao Universo sideral,
num piscar de olhos! Viajar sobre os berços de estrelas.
Ver do alto tudo o que aqui não vês direito...
e depois continuar em frente, com essa mesma velocidade para voar?
Você acha que poderia sempre, por toda a eternidade, enxergar a Obra de Deus? Ouça o que os sussurros dos Espíritos nos falam:
“Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos céus, como um imenso exército que se
move desde que dele recebeu a ordem, espalham-se sobre toda a superfície da Terra; semelhantes às estrelas resplandecentes, cadentes, eles vêm iluminar a estrada e abrir os olhos
dos cegos.”
As obras de Deus vão continuar. E Mundos e Vidas não cessarão; Melhoria e Progresso são Leis de um Círculo Eterno: Deus.
Não há fim à Matéria;
Não há fim para o Espaço; Não há fim para o Espírito;
Não há fim à Corrida.
Ouça o que os sussurros dos Espíritos nos falam:
“Homens, nós vos convidamos para o divino concerto; que vossas mãos peguem a lira;, que
vossas vozes se unam, e que, em um hino sagrado, elas se propaguem e vibrem em toda a
extensão do Universo.”
Não há fim para a Virtude;
Não há fim para o Poder; Não há fim para a Sabedoria;
Não há fim à Luz.
Ouça o que os sussurros dos Espíritos nos falam:
“Homens, irmãos que nós amamos, estamos próximos de vós; amai-vos também uns aos
outros e dizei, do fundo do vosso coração, fazendo a vontade do Pai que está no Céu:
“Senhor! Senhor!”
e podereis entrar no reino dos céus.”
Não há fim à União;
Não há fim com a Morte;
Não há fim à Verdade.
Não há fim para o Amor; Não há fim para o Ser...
1 - Inspiração no estudo do cap. III de O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, introdução e melodia da música If You
Could Hie To Kolob - Piano.)
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Matéria de Capa
Quando nos Aproximamos
de Deus
por Lawson Nascimento
[email protected]
No 25o EEVOLD 2012, estudou-se a 1a Parte do livro O Grande Enigma, que analisou o pensamento de Léon Denis em relação
a Deus e o Universo. Didaticamente, explicitou-se o método
utilizado por nosso patrono para
entrar em contato com o Pai
Criador. Assim, nos últimos 4
anos, O Mar, A Montanha, A Floresta e O Céu Estrelado serviram
de base para a construção de um
pensamento que sairia do campo meramente físico para atingir
patamares mais elevados; descrevendo, percebendo e se comunicando com a Natureza. A partir
dessa forma de interpretarmos o
mundo, nos sentimos mais capazes de enveredar pelo caminho
que nos levará ao Pai, a despeito
de nossas limitações.
A Doutrina Espírita, revelada pelos espíritos superiores e
apresentada em momento oportuno à sociedade por Kardec,
traz nitidamente a presença
de DEUS de forma científica,
filosófica e religiosa. E Léon
Denis, um verdadeiro consolidador do Espiritismo, mostra,
de forma clara e vibrante, esta
mesma presença em sua obra.
Palavras de Léon Denis
“A obra que a cada um de nós
cabe realizar resume-se em três
palavras: saber, crer, querer;
quer dizer: saber que temos em
nós recursos incalculáveis; crer
na eficácia de nossa ação sobre
os dois mundos, o da matéria
e o do espírito; querer o bem
dirigindo nossos pensamentos
para o que é belo e grande, conformando nossas ações às leis
eternas do trabalho, da justiça
e do amor”.
Nesse trecho retirado do
capítulo III de O Grande Enigma, encontram-se três palavras-chave que servirão como
aprofundamento, de forma a
entendermos o que Léon Denis
quer nos dizer: saber, crer e
querer, uma vez que sua complementariedade se constrói a
partir de uma tríade.
O homem, muitas vezes,
não acredita em sua capacidade de superação, esquecendose de que essa característica não
se encontra externa à sua condição, mas é inerente à sua própria natureza. Contudo, quando se tem o conhecimento
dessa força, que gerará incalculáveis recursos, o ser cria
em si uma resistência, quase
que indestrutível, a qual lhe
será o apoio ante os desafios da
existência.
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21
Matéria de Capa
Deve-se, portanto, acreditar
que as escolhas certas são aquelas que conduzem para a resignação, para o bem, para a fraternidade, para a beneficência,
para a caridade; tal qual ensinam os espíritos superiores, em
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIII, 11 a 16, “A beneficência, meus amigos, vos dará
neste mundo os mais puros e os
mais doces prazeres, as alegrias
do coração que não são perturbadas nem pelo remorso nem
pela indiferença”...
Essas ações, resistências ao
erro, terão sempre o apoio da
espiritualidade amiga que vibra
por cada movimento no bem
que venhamos a fazer, intensificando esse apoio, ficando, assim,
cada vez mais junto a cada um
de nós. Lembramos que é assim
que se aciona a vontade a nosso
favor. Ou nas palavras de Léon
Denis, em O Problema do Ser e
do Destino, “É pela vontade que
dirigimos nossos pensamentos
para um alvo determinado”...
Mas como aplicar esses
ensinamentos na nossa
vida?
Para elucidar o processo didático que propomos, busco dois
exemplos pessoais.
Após visitar e atender um
cliente amigo na minha área
profissional, chega a hora do
almoço. Geralmente almoçamos juntos, mas desta vez fui
sozinho. Bem próximo de onde
estava, existe uma pensão, um
local simples que serve comida
caseira.
Pacientemente aguardava, quando observei ao longe dois moradores de rua que catavam latinhas. Notei que ambos se apro22
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ximavam, embora a uma certa
distância ainda. Enquanto meu
almoço me era servido, observava que vinham em minha
direção.
Aproximaram-se e, educadamente, pediram-me um prato
de comida. Eu, já almoçando,
notei que um deles não tirava os
olhos do meu prato, comia com
os olhos. Fui tomado, confesso,
por um certo incômodo.
Estavam famintos. Mas não
só de comida. Estavam famintos
também de atenção, de poderem falar, de serem ouvidos;
enfim, famintos de tudo que a
vida poderia oferecer...
No intuito de me livrar da
situação o quanto antes (essa
que é a verdade), pedi ao dono
do estabelecimento que fizesse
duas “quentinhas”. Era cedo, e
o local ainda estava vazio, mas
notei que o comerciante não
estava gostando nem um pouco... virou-se pra mim e disse: —
OLHA, NÃO TENHO MAIS OS
PRATINHOS DE ALUMÍNIO!
O que é que o Sr. quer que eu
faça agora?
E agora? O que fazer meu
Deus? Pensei. Fiquei com os
meus olhos arregalados, fiquei
de certa forma assustado mesmo, sem ação, perdi até a vontade de comer... Como disse,
estavam famintos.
Frequento o Centro Espírita
Léon Denis há 17 anos e a 12
sou trabalhador, sou médium.
Reconheço que não tenho a
mediunidade tão ostensiva, mas,
no mínimo, a minha sensibilidade foi se expandindo de
acordo com o tempo, de acordo com o trabalho contínuo.
Naquela ocasião, porém, foi
suficiente para perceber que
estava sendo observado, testado, analisado. Na minha cabeça, naquele momento, veio-me
o pensamento: “FAÇA O QUE
DEVE SER FEITO, CONVIDE-OS A ALMOÇAR À SUA
MESA, VOCÊ NÃO DIZ QUE
É ESPÍRITA”?
Olhei para os dois moradores de rua, e, em seguida, olhei
para o comerciante e perguntei
se não se importaria de servir
no prato. Notei que não ficou
muito satisfeito. Os pedintes já
foram sentando. Eu, tentando
almoçar...
Enquanto o almoço deles
não chegava, veio outro pensamento: “NÃO VAI CONVERSAR COM ELES?” Conversar?
Eu? Estava doido pra correr
dali! Conversar como? Aqueles
homens não tomavam banho há
muito tempo, o cheiro era insuportável; as unhas, gigantescas.
Tive, (por que não dizer tudo?),
ânsia de vômito; mas, com muito esforço — mas muito esforço
mesmo — almoçamos e conversamos juntos. Chegaram a
me chamar de “anjo”. Essa foi
demais!
Foi quando percebi, no
segundo momento, a maravilhosa experiência por que estava passando. Fiz uma leitura
dos fatos e consegui registrar as
minhas dificuldades, mas percebi também um momento de
grande aprendizado.
No atual patamar evolutivo em que estamos, podemos
afirmar que vivemos de encontros e desencontros com DEUS.
Teríamos como analisar diante
desses fatos, à luz da Doutrina
Espírita, o aspecto Científico,
Filosófico e Religioso? Acreditamos que sim!
Matéria de Capa
O momento Científico é
aquele em que se analisam e
se observam os fatos. Momento em que se recordam aqueles
momentos de estudos na Casa
Espírita, os trabalhos de pesquisa em torno dos temas que nos
fazem guardar dentro da nossa Alma. O objetivo, entretanto, é fazer com que esses temas
comecem a fazer parte do dia a
dia, quando somos chamados
à responsabilidade, com desejo
íntimo de melhorar em todos os
sentidos.
Em dado estudo, um instrutor afirmou que seria muito
importante se levássemos pelo
menos 10% de tudo que foi dito,
discutido em sala, porque seria
de grande valia para nossa vida
de relação. De 10% em 10%, paulatinamente, adquirem-se cada
vez mais informações que chegam do Alto e as escolhas certas
são feitas.
Léon Denis, no texto que
mencionamos acima, fala desses recursos incalculáveis que
se têm; recursos esses colocados
por DEUS, como gérmen, do
zero mesmo.
Há um tempo, tenho procurado colocar como regra a certeza que esse é o meu melhor
momento, de que sou melhor
do que ontem e que poderei, de
acordo com a minha vontade,
meu esforço, ser melhor amanhã, e pode ser o seu melhor
momento também, desde quando fomos criados por DEUS
simples e ignorantes, apesar de
todas as nossas dificuldades.
Podemos sim, ser uma grande e
linda árvore da vida, árvore essa
que já pode dar bons frutos. E é
sob essa ótica — podemos dizer
Filosófica de ver a vida —, que
saímos da parte teórica e cognitiva para a ação. É nesse momento que temos um lindo encontro
com DEUS, seja em si mesmo
como também, com o outro.
Quando relatei as minhas
dificuldades em lidar com a
situação acima, estava na verdade me afastando de DEUS,
olhando o outro como catador
de latinhas, morador de rua,
fazendo ali julgamentos, mas
quando passo a olhar cada um
deles como irmãos, tratandoos de igual para igual, é aí o
momento Religioso, momento esse que me aproximei de
DEUS. No texto de Léon Denis
indicado acima, ele nos afirma
que “Querer o bem dirigindo
nossos pensamentos para o
que é belo e grande, conformando nossas ações às Leis
eternas do trabalho, da justiça
e do amor.”
Querer o bem...
Não podemos ficar apenas
no querer, é preciso ação.
Quantas vezes ficamos apenas no querer?
Quantas vezes tivemos apenas o desejo de fazer alguma
coisa pelo outro?
Quantas vezes tivemos a
oportunidade de ajudar...
Mas pela nossa falta de iniciativa ficamos ali, parados,
imobilizados mesmo, e como
jovem “querendo” mudar o planeta. Os estudos que a nossa
Casa oferece me fizeram compreender que essa mudança não
começa pelo outro e sim por
mim. Temos, hoje, muita informação que nos ajuda a refletir
e fazer melhor as escolhas, dirigindo nossos pensamentos para
o que é belo e grande, como diz
Léon Denis, agindo no dia a
dia ao trabalho no bem, agindo
com justiça e com amor. Estaremos assim cumprindo as Leis
de Deus.
Ao lembrar- me desse cumprimento às leis de Deus, reporto-me a O Livro dos Espíritos na
q. 629, quando assim perguntou
Allan Kardec aos amigos espirituais superiores: “Que definição
se pode dar da moral? ‘A moral
é a regra de bem proceder, isto
é, de distinguir o bem do mal.
Funda-se na observância da
Lei de Deus. O homem procede
bem quando tudo faz pelo bem
de todos, porque então cumpre
a Lei de Deus’.”
Querido amigo leitor, é de se
admitir que no momento ainda
não estejamos trabalhando pelo
bem de todos como nos ensinam os amigos espirituais superiores, mas que valorizemos
cada movimento para o que é
belo, pois para se chegar ao verdadeiro cumprimento das Leis
de Deus passam-se pelas pequeninas ações que hoje já podemos fazer, seja aqueles que já
amamos ou não. Meus irmãos,
o bem contagia!
Querem uma prova disso?
Convidarei vocês a mais um
almoço...
Dessa vez não estava sozinho. Fui almoçar com um amigo de trabalho profissional. Ele
é protestante, e noto perfeitamente que há um respeito muito grande de ambas as partes,
principalmente no que se refere
às convicções religiosas. Pois
bem, pedimos o nosso almoço
e logo em seguida chega junto
a nós um jovem rapaz engraxate ou vendedor de balas (não
me recordo bem) oferecendo
seus serviços. Parecia-me não
www.celd.org.br
23
Matéria de Capa
muito satisfeito com seu dia,
até pela nossa recusa em aceitar os seus serviços e naquele
instante falou assim para nós:
“Tio, me paga um almoço aí”?
Naquele momento não pensei duas vezes, imediatamente
perguntei o que ele gostaria de
comer e a resposta foi imediata: “Tio, qualquer coisa”! Até aí
tudo bem, mas o melhor estava por acontecer. Percebi que
o companheiro ficou um tanto
surpreso com a minha iniciativa
e passou a me olhar de uma forma diferente, ficou, sim, muito
pensativo (lembro que naquele
instante estava almoçando com
um amigo protestante). Não sou
de ler o pensamento das pessoas, mas há momentos em que
conseguimos registrar alguma
coisa e tive a sensação de que o
irmão estava pensando e muito
no que fazer para dividir aquele
momento tão especial. O tempo
passou, acabamos de almoçar,
quando ele se levanta e diz que
vai ali e que volta já. Logo em
seguida, retorna à mesa. Peço
a conta. No mesmo instante ele
diz assim pra mim: “Lawson, já
está tudo pago”! Fiquei feliz da
vida! Não apenas porque pagou
o meu almoço e do rapaz, mas
por ter percebido, por ter sentido nele uma vontade muito
grande de também fazer alguma
coisa. Será que naquele momento foi realizado uma disputa de
quem faria mais? Será que a
minha Religião é melhor que a
dele?
De forma alguma. Tudo ocorreu com muita naturalidade. Foi
o momento de fazer alguma coisa, por mais simples que tenha
sido, foi contagiante. Saímos de
lá com o sentimento do dever
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cumprido e com a alegria no
coração de ter aproveitado uma
oportunidade. A vida é repleta
de lições, repleta de oportunidade e se em algum momento
não conseguirmos aproveitar.
O nosso sentimento, no entanto, deve ser de continuar; acertando ou não.
Em uma das mensagens
que recebi no CELD, foi lembrado uma passagem de João
I, 4:16 que nos ajuda a refletir
e nos aproximar cada vez mais
de Deus: “...Deus é caridade; e
quem está em caridade está em
Deus e Deus nele”.
Caridade, palavra doce! Virtude essa que nos conduzirá
para a verdadeira felicidade.
Allan Kardec em nenhum
momento ouviu por parte dos
amigos espirituais superiores
de que fora do Espiritismo não
há salvação, mas sim: Fora da
caridade não há salvação (O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV). E quando falamos
de salvação, estamos falando de
trabalho, estudo, o suor, não do
corpo, mas o suor da alma, seja
você espírita, você protestante,
você que se diz ateu. A humanidade caminha por força do próprio progresso, caminha pela
força das Leis que estão aí, em
torno de nós, para nos auxiliar,
nos ajudar a crescer. Observamos, também, muita miséria,
muitas guerras, violências de
todo tipo, ao ponto de, algumas
vezes, duvidarmos se realmente
o nosso querido e amado planeta está melhor ou não. Nesse
exato momento, muitos trabalhos estão sendo realizados em
toda parte do nosso planeta, e
não tomamos conhecimento
disso, trabalhos esses em nome
do Amor, da Justiça e da Caridade. O planeta avança, mas
para que esse avanço continue
firme é preciso que façamos
a nossa parte. Estamos sendo
convidados para esse divino
concerto como afirma O Espírito de Verdade no Prefácio de O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec, Léon Denis,
Bezerra, Chico, Gandhi, Madre
Tereza, tantos outros estiveram
aqui e aceitaram esse convite
através de sucessivas reencarnações e muitos outros virão para
nos auxiliar, para que a obra
possa ter continuidade. Meus
irmãos, nós também fazemos
parte desse lindo e maravilhoso
projeto Divino — e o melhor de
tudo: NÃO ESTAMOS SOZINHOS! AGRADEÇA A DEUS
O DOM DA VIDA!
Tantas lições que chegam do
Alto me fazem ter a certeza de
que estamos no caminho certo,
onde realmente devemos nos
esforçar cada vez mais e aproveitar cada oportunidade que
nos é dada. Sentir, dentro de
nós, o Amor que vem de Deus.
Acreditemos Nisso!
Muita paz a todos, e que as
vibrações de Jesus nosso Irmão
Maior, as vibrações do nosso Patrono Léon Denis e toda
equipe amiga de trabalhadores
incansáveis da nossa Casa estejam sempre em torno de nós. Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Allan Kardec, CELD.
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec,
CELD.
O Grande Enigma, Léon Denis,
CELD.
O Problema do Ser e do Destino, Léon
Denis, Ed. CELD.
O Novo Testamento, João I, 4:16.
Espiritismo e Ciência
Corpo Espiritual e Religiões
por Elton Rodrigues
[email protected]
À medida que a responsabilidade se lhe apossou do espírito, iluminou-se a consciência do
homem. Inicialmente, bruto e disforme. Agora,
após transformações profundas em seu aparelho
físico, o homem, envolto na luz da responsabilidade, possui o dever de conservar e aprimorar
o patrimônio recebido. Investindo na riqueza
do pensamento contínuo, entrega-se, também, à
obrigação de atender ao aperfeiçoamento de seu
corpo espiritual.
Estabelecido o princípio de justiça, o homem,
examina em si mesmo os efeitos de suas ações de
modo a crescer como herdeiro e colaborador de
Deus. Olhando para as estrelas no firmamento
procura algo maior do que ele próprio. Assim, suas
portas mentais ficam abertas para a influenciação mais sutil, e com propósitos mais complexos,
dos guias da Humanidade. Para isso, exigi-se uma
orientação educativa, de modo a despojar a espessa
sedimentação de animalidade que ainda possui.
E a atividade religiosa nasceu para a higienização da alma — limpando, educando e estruturando a atividade mental. Destarte, controlamos
as ondas eletromagnéticas que produzimos em
nossa mente e filtramos essa “nuvem” de informações que há em nosso planeta. Então, enquanto a ciência médica surgiu para corresponder às
necessidades do corpo físico, a religião objetivou
a orientação do corpo espiritual, em seu necessário refinamento.
Nesse sentido, a espiritualidade sublime jamais
menosprezou a sede de consolo e esclarecimento.
Quando os mais complicados problemas de dor e
as terríveis guerras íntimas apareciam diante da
população mundial, espíritos mais experimentados (mas decaídos de outros sistemas planetários) renasciam no tronco genealógico das tribos
terrestres, revitalizando-nos, embora isso representasse para eles amarga penitência expiatória.
Levantam-se organizações religiosas primordiais. Podemos citar as raças adâmica e egípcia.1
O Egito desempenha missão especial, organizando escolas de iniciação mais profunda.
Em obediência aos requisitos da crença popular,
mantém os diversos deuses nos templos descerrados ao povo. A unidade de Deus é o alicerce de
toda a religião egípcia. Para ela, os atributos divinos são a vontade sábia e poderosa, a liberdade, a
grandeza, a magnanimidade incansável, o amor
infinito e a imortalidade.
Os padres tebanos conheciam de modo preciso
o corpo espiritual. Cultivavam a mediunidade em
grau avançado, atendiam a complexas aplicações
do magnetismo e comunicavam-se com os desencarnados, consagrando-lhes reverência especial.
Nesse campo de conhecimento mais nobre, reencarna Moisés, como missionário da renovação,
para mostrar aquele povo a concepção do Deus
Único, transferindo essa ideia dos recintos iniciáticos para a praça pública. O desbravador enfrenta batalhas terríveis do pensamento acomodado.
Porém, Moisés não é esquecido pelo Mais Alto e
recebe os fundamentos da Lei, no Sinai. A religião
passa, desse modo, a atuar, em sentido direto, no
acrisolamento do corpo espiritual para a Vida
Maior, através da educação dos hábitos humanos,
preparando a chegada do Cristo, o Governador
Espiritual da Terra.
Com Jesus, a religião, como sistema educativo,
alcança eminência inimaginável. Nem templos de
pedra nem rituais; nem hierarquias efêmeras nem
avanço ao poder humano.
Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor,
a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora,
traçando-lhe a rota para Deus. E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no
Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida
íntima, para que nossa alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada,
para as culminâncias da Luz. 1– Ler A Caminho da Luz, Emannuel; Xavier, Francisco C.
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Inspirações
Ó espíritas! Compreendei agora o
“
grande papel da Humanidade. Compreendei
que, quando gerais um corpo, a alma que
nele encarna vem do espaço para progredir,
tomais conhecimento dos vossos deveres,
e usai todo o vosso amor na tarefa de
aproximar essa alma de Deus; essa é a missão
que vos foi confiada, e pela qual recebereis a
recompensa se ela for cumprida fielmente.
”
Santo Agostinho
O lar é, antes de tudo, a escola do
“
caráter e, somente quando os responsáveis
por ele se entregarem, felizes, ao sacrifício
próprio, para a vitória do amor, é que a vida
na Terra será realmente de paz e trabalho,
crescimento e progresso porque o homem
encontrará na criança as bases justas do
programa da redenção.
”
Emmanuel
Mãe, que te recolhes no lar,
“
atendendo à Divina Vontade, não fujas
à renúncia que o mundo te reclama ao
coração.
”
Meimei
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Inspirações
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Ser mãe é poder desdobrar
“
do coração afetuoso todas as
fibras com que envolve os filhos
que agasalha no seio generoso e
rico de ternura.
”
Amália Rodrigues
Não basta alimentar minúsculas
“
bocas famintas ou agasalhar corpinhos
enregelados. É imprescindível o abrigo
moral que assegure ao espírito renascente
o clima de trabalho necessário à própria
sublimação.
”
Chico Xavier
Honrar o pai e a mãe não é somente
“
respeitá-los, mas também assisti-los nas suas
necessidades; proporcionar-lhes o repouso
na velhice; cercá-los de solicitude, como eles
fizeram por nós na infância.
”
Allan Kardec
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Espaço dos Encontros
Eurípedes Barsanulfo:
o vanguardeiro das ideias
espíritas a céu aberto
Coordenação do Encontro Espírita sobre a Vida e a Obra de Eurípedes Barsanulfo
[email protected]
“Certos espíritos têm, por
natureza própria, a característica de atrair e agregar trabalhadores e fazer, por si só,
no ambiente pequeno ou no
ambiente maior, trabalhos que
se comparam a muitos Centros
Espíritas atuais”. 1
Com esta afirmativa do Espírito Hermann, convidamos a todos
para o 22o Encontro Espírita sobre
a Vida e a Obra de Eurípedes Barsanulfo, onde meditaremos sobre
o tema “Eurípedes: o Divulgador
da Doutrina Espírita”.
Debruçando-nos sobre a
vida de Eurípedes Barsanulfo,
vanguardeiro das ideias espíritas, vamos encontrá-lo num
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ambiente inóspito, de ideias
contrárias à Doutrina Espírita,
numa pequena cidade eminentemente católica, rodeado por
espíritos que desencarnaram
traumatizados pela violência,
pela amargura decorrente da
escravatura e de muitas brigas
selvagens, em situações de dor,
e que reagiam de duas formas:
contrários ou sedentos de luz.
Apesar desta condição espiritual da região, Eurípedes permaneceu focado em sua missão,
ligado continuamente aos guias
protetores e, com a bagagem já
adquirida em outras experiências reencarnatórias, conseguiu
sobrepujar as dificuldades, o
abandono da família, as reações
contrárias da sociedade — que o
chamava de “louco” —, os amigos que ridicularizavam sua atitude, pois não podiam compreender sua mudança da religião
católica para a espírita.
Eurípedes tomou conhecimento do Espiritismo através
das conversas com o tio Sinhô e
pelo convite da madrinha Sana
para assistir a uma reunião.
Foi esclarecido pela leitura do
livro Depois da Morte, de Léon
Denis, que o incitou a buscar a
comprovação prática em Santa
Maria. Lá, através da psicofonia de Aristides, homem sincero, bom, mas semianalfabeto,
Espaço dos Encontros
ouviu “uma linguagem sublime,
onde o magnetismo de poderosa
eloquência que empolgava até as
lágrimas,”2 belíssima mensagem
de João Evangelista, que elucidou as dúvidas que ficaram após
a leitura do Sermão do Monte, na
Bíblia: causas e efeitos, vida alémtúmulo, as múltiplas existências
no progresso espiritual e a comunicabilidade dos espíritos. Com a
lógica do Espiritismo, Eurípedes
não teve mais dúvida, interiorizou facilmente os conhecimentos
da Doutrina Espírita porque já
era o “verdadeiro homem de bem”,
já praticava a caridade e o amor
que Jesus ensinou, fazendo luz
dentro do próprio coração, tornando-se um farol aos navegantes
deste mar revolto de sentimentos
desalinhados.
Ao receber de Vicente de Paulo, seu guia espiritual, a seguinte
orientação: “Abandone, sem pesar
e sem mágoas o seu cargo na congregação. Convido-o a criar outra
instituição, cuja base será Cristo
e cujo diretor espiritual serei eu e
você o comandante material...
Quando você ouvir o espocar
dos fogos, o repicar dos sinos ou
o som das músicas sacras não
se sinta magoado nem saudoso,
porque o Senhor nos oferece um
campo mais amplo de serviço e
nos conclama à ação dinamizadora do amor”.3
Barsanulfo sentiu-se com o
coração banhado de claridades
novas e sublimes, pois a Doutrina Espírita lhe deu algo mais.
Através da sua grandiosa mediunidade, Eurípedes tornou-se
um Centro Espírita a “céu aberto”. Atuando nos estudos doutrinários, na prática mediúnica, no
apoio à saúde e ao espírito, estimulou a ascensão espiritual de
todos aqueles que foram atraídos pelo seu amor.
Como verdadeiro farol, Eurípedes espargiu sua luz por todo
o Brasil, incentivando-nos a
seguir suas pegadas. “Não que
tenhamos a mesma ação grandiosa que ele teve, mas, como trabalhadores da divulgação doutrinária, devemos ter a mesma
seriedade baseada numa certeza
robusta de tudo que a Doutrina
Espírita nos ensina.”4
No dia 27 de maio de 2012,
das 8h às 13h, teremos a oportunidade de juntos mergulharmos na trajetória deste grande
vanguardeiro das ideias espíritas e com ele refletirmos sobre
os nossos sentimentos, nossas
atitudes, muitas vezes insignificantes, mas que alcançam o
próximo, gerando resoluções.
Fica a pergunta para todos
nós: Qual é o caminho que nossos gestos estão indicando?
Eurípedes Barsanulfo aguarda
a todos para estas reflexões. Bibliografia:
1 Mensagem psicofônica recebida pelo
médium Luiz Carlos Dallarosa, em
1/7/2011.
2 Eurípedes: O Homem e a Missão.
Corina Novelino. Editora IDE, Capítulo 10.
3 Idem.
4 Pelo Espírito Victor — Mensagem
psicografada pelo médium Mário
Coelho, em 21/1/2012, no CELD.
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Kardec Pergunta
A Influência do
Espiritismo no Progresso
por Suzana Alves
[email protected]
798. O Espiritismo se tornará uma crença comum ou permanecerá sendo partilhado
por algumas pessoas?
“Certamente ele se tornará uma crença comum e marcará uma nova era na História
da Humanidade, porque está na Natureza e chegou o tempo em que deverá ocupar seu
lugar entre os conhecimentos humanos; todavia, terá que sustentar grandes lutas, muito
mais contra o interesse, do que contra a convicção, pois não há como dissimular que existem pessoas interessadas em combatê-lo, umas, por amor-próprio, outras, por causas inteiramente materiais; mas os contraditores, encontrando-se cada vez mais isolados, serão
forçados a pensar como todo mundo, sob pena de se tornarem ridículos.”
Pergunta 789 de O Livro dos Espíritos, Celd.
O Espiritismo surge na sociedade como grande
contribuição para o progresso nos mostrando os
conceitos necessários para destruir o materialismo, uma das chagas da sociedade, que a Humanidade carrega, decorrente de um vazio existencial;
com o conhecimento da vida futura, passamos a
pensar em nossas ações do presente e as possíveis
consequências. Ele ainda é capaz de destruir preconceitos de qualquer espécie, mostrando-nos
todos os homens ao nosso redor como irmãos
que devem estar unidos por um sentimento de
solidariedade.
Porém, o Espiritismo não
age sozinho, é preciso a atuação do homem inteligente, sendo assim, cabe-nos
perguntar: E nós? Em
que estamos contribuindo para o progresso da
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Humanidade? O que estamos fazendo com os
conceitos que temos? Quais são os preconceitos
que temos e o quanto estamos nos esforçando
para erradicá-los de nossos corações? Quais são
nossas ações no meio em que vivemos?
Para que a Doutrina Espírita se torne uma
crença comum, é necessário o empenho de todos
nós, espíritas, no estudo, acerca das verdades que
a Doutrina nos trouxe, para levarmos à frente
a divulgação doutrinária que o nosso querido
Kardec iniciou. Sabemos que a caminhada é de
lutas, pois há pessoas contrárias às ideias espíritas, porém com o passar do tempo, estes
se tornam a minoria e, cada vez mais
isolados, serão naturalmente forçados
a renovarem suas ideias e ideais.
Sabemos que “a Natureza não dá
saltos”, toda transformação é
Kardec Pergunta
gradual, as ideias se renovam de geração em geração. Kardec nos confirma isso em sua nota, desta questão estudada, dizendo que “As ideias só se
transformam com o tempo e nunca subitamente;
elas se enfraquecem, de geração em geração, e terminam por desaparecer, pouco a pouco, com aqueles que as professavam e que são substituídos por
outros indivíduos imbuídos de novos princípios,
como acontece com as ideias políticas”. A caminhada é longa e precisamos estar atentos ao caminho,
apreciar a paisagem, mas não nos distrair com as
flores do caminho, fixemo-nos no objetivo a alcançar para que consigamos deixar para trás os hábitos
do homem velho e dedicarmo-nos à construção do
homem novo, rasgando o véu dos vícios e más paixões que nos atrapalham a visão.
Não era possível, portanto, ter o mesmo esclarecimento de agora em todos os tempos. Assim
como não podemos ensinar às crianças do mesmo modo que é ensinado aos adultos, o Cristo e
os grandes homens que estiveram na Terra instruindo a Humanidade, não puderam expor toda
a verdade, foi necessária a preparação do terreno
para que as sementes frutificassem no futuro.
Kardec pergunta (q. 802 de O Livro dos Espíritos) se não seria possível acelerar o progresso
por parte dos espíritos e eles claramente dizem:
“Quereis ver milagres; mas Deus espalha milagres a mãos cheias diante dos vossos olhos e,
ainda assim, há homens que o renegam”. Não é
por milagres que Deus quer ver o progresso dos
homens, ele deseja o progresso de cada um de
acordo com seus esforços, para que haja mérito
em todas as conquistas morais.
Léon Denis vem complementar o assunto, em
O Mundo Invisível e a Guerra, com a seguinte afir-
mativa: “A educação do povo precisa ser totalmente modificada, para que todos possam ter a noção
dos deveres sociais, o sentimento das responsabilidades individuais e coletivas e, principalmente,
o conhecimento do objetivo real da vida, que é o
progresso, o aperfeiçoamento da alma, o aumento de suas riquezas íntimas e ocultas”. Precisamos,
portanto nos utilizar do progresso material para
nos auxiliarmos na educação moral das criaturas
sob a nossa tutela. Que deixemos de lado as facilidades das babás televisivas e conversemos com
nossas crianças dentro do lar, para que se formem
verdadeiros cidadãos universais, que se preocupam com a Humanidade e com o que podem fazer
para melhorá-la. Somente assim poderemos, um
dia, ter um planeta mais solidário.
Sejamos servos fiéis de Jesus, que amou a
Humanidade inteira sem nenhuma distinção e
pregou a caridade como o único caminho para
a salvação, para o progresso. Comecemos desde
já a agir! Preocupemo-nos não apenas com os
nossos amigos mais próximos e familiares, mas
também com o seu estado, seu país, outros países,
com o mundo! Pequenos gestos, mas de grande
utilidade para com o próximo, como presentear
alguém com um bom livro, ter uma boa conversa,
discutir esse assunto com amigos, dentre outros,
é também exemplificar a caridade e contribuir
para que a Humanidade progrida. “(...) Porquanto não existe ninguém que, no pleno uso das suas
faculdades, não possa prestar um favor qualquer, confortar, suavizar um sofrimento físico ou
moral, tomar uma atitude útil.” (Allan Kardec, O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIII, 3.) www.celd.org.br
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Evangelho em Ação
O Médium e a Evangelização
por Joseilda Tavares Fernandes
[email protected]
Como diz o mestre Léon
Denis no livro No Invisível,1
“tudo vibra e irradia no Universo, pois tudo é vida, força, luz”
(...) E, como não podia ser diferente, o ser humano também
gera vibrações, através dos seus
pensamentos, que segundo condições intrínsecas, transportamse em todo o espaço, atingindo
o infinito desse Universo ainda
tão desconhecido de nós, habitantes da Terra. Essas vibrações
estabelecem troca entre os seres
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humanos por um mecanismo de
similaridade daquilo em que se
traduz o pensamento, num sentido bastante natural, amplo e
dinâmico.
Segundo sabemos pela literatura espírita, os espíritos nos
conhecem, conhecem nossas
intenções pela natureza dos
nossos pensamentos; se esses
espíritos são bons e os pensamentos são ruins, ficam tristes
conosco e tentam nos auxiliar.
Se são espíritos inferiores,
ficam felizes por perceber
em nós a oportunidade de
potencializar essas vibrações. Daí a assertiva do
“vigiai e orai”. Vigiar os
nossos pensamentos,
a natureza deles e
orar porque através da oração
sincera, vamos sintonizando
com espíritos bons, que vêm em
nosso auxílio, aumentando em
cada um a vontade de caminhar
no bem.
Caminhar no bem, sob os
eflúvios amorosos destes bons
espíritos, é tarefa primordial
do médium, do trabalhador
sincero, que vem para a casa
espírita com o forte desejo de
ajudar ao próximo, sabendo
que ele (médium) é
o canal de ligação do mundo
espiritual com
o mundo
Evangelho em Ação
material. Para tanto, precisa se
esclarecer, estudar a Doutrina
Espírita, o Evangelho de Jesus,
começar a desenvolver a disciplina do pensamento, do sentimento, fazendo germinar em
seu coração a semente do amor.
E a evangelização infantojuvenil
é uma porta de trabalho que se
abre, não somente para aquele
que contribui com a divulgação doutrinária (evangelizador),
como também para o médium
espírita. Mas como isto se dá?
Quando essas crianças e
jovens chegam à casa espírita,
trazem consigo as suas realidades espirituais, que naturalmente nos chocam quando olhamos
naqueles indivíduos a pouca
idade. Somos espíritos sem a
lembrança do passado, sob a
influência de um novo corpo,
mas mergulhados em compromissos afetivos. Dessa forma,
podem-se apresentar crianças
em dificuldades espirituais das
mais variadas, que em alguns
casos chegam à obsessão.
Ao entrar no centro espírita,
muitas das vezes sem a sua aceitação, a criança ou jovem impõe
um movimento contrário ao
da evangelização, que vai além
do campo comportamental,
estendendo-se para o ambiente espiritual, seja por conta de
suas vibrações, ou por conta de
outras inteligências espirituais
que são ligadas a ela.
O médium que é chamado
à tarefa em nosso “Celdinho”,
posicionando-se em sua sala no
decorrer das atividades da evangelização, atua não somente nos
passes, mas principalmente na
construção do equilíbrio vibratório de todo aquele ambiente espiritual, sustentando não
apenas aos evangelizadores, às
crianças e jovens, como também
a todos os trabalhadores espirituais envolvidos. O “Celdinho” é
uma escola de almas, e como tal,
preparam-se todos para a divulgação da Doutrina Espírita aos
pequeninos, mas com clareza,
com embasamento doutrinário,
com um mínimo de entendimento diante dos problemas
humanos, passando as verdades
de Jesus, tornando-as verdades,
também, em nossos corações.
Os tarefeiros da evangelização infantojuvenil, evangelizadores e médiuns, têm a responsabilidade de auxiliar esses
pequenos em suas trajetórias de
reencarnação, fazendo-os compreender a moral de Jesus através do Evangelho, com bastante
dedicação. Dedicação para com
essas almas, tal como para nós
outros, quando outrora chegamos: desequilibrados, precisando de ajuda, indisciplinados, precisando nos disciplinar
moralmente e mediunicamente.
Que Deus, Jesus e os bons
espíritos amparem a todos os
trabalhadores sinceros, de boa
vontade, de nosso amado Centro Espírita Léon Denis. Bibliografia:
1– DENIS, Léon. No Invisível. 1. ed.
Rio de Janeiro: CELD. 2010.
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Léon Denis
A Democrática Imposição
Necessidade da ideia de Deus – O Grande Enigma
por Saulo Monteiro
[email protected]
Se hoje, no nível em que estamos de desvendamento das leis universais, ainda somos levados
(enquanto sociedade terrena) à ideia de autossuficiência — que é a base do ateísmo —, isso já não
será possível num outro nível em que, mais consciente de si mesmo, o indivíduo é levado a perceber a necessidade de Deus. Ou seja, para alguns
indivíduos, Deus já é necessário; para outros, ora
vencidos pelo orgulho milenar, ora pela sombra
da rebeldia, ainda é possível fugir à realidade. E
isso só é assim, porque, segundo Léon Denis, tal
busca não interrogou a consciência, a razão, preferindo os preconceitos da época, tomando partido de ideias preconcebidas.
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A ideia de Deus, diz-nos Denis, é bem mais
do que uma teoria suficientemente explicativa da
gênese planetária e humana; é uma necessidade,
é essencial. Não é possível separar, afirma ainda
o mestre de Foug, Deus, o mundo e a vida, sobretudo a vida humana, que transcende, potencialmente, a tudo o que a poderia restringir do ponto
de vista material. O homem pensa, e é por sistematizar a natureza exterior que se pergunta: qual
a fonte, a causa, a Lei da Vida?
Para aqueles que afirmam (sem se aprofundar no estudo, é claro) que Denis não leu Kardec,
temos, em O Grande Enigma, no seu capítulo 5,
a boa retórica kardequiana, expressamente grifada
pelo continuador do codificador: “(...)todo efeito
inteligente tem forçosamente uma causa inteligente”, que em verdade é a pedra angular do entendimento espírita de Deus, deflagrado pela observância da harmonia universal, da manutenção
das leis universais em detrimento da suspensão
que a ideia de milagre traz consigo.
Vencida esta primeira etapa em que percebemos no próprio mundo que nos cerca a necessidade de Deus, como motor primário, conforme afirma a escola aristotélica, passamos efetivamente ao
estudo da meditação que Denis nos leva a realizar:
conforme elevamo-nos acima do terra a terra, desmaterializando-nos, penetramos em níveis cada
vez mais acentuados de entendimento do Pai, que
nos inspira e dirige, mesmo à nossa revelia. Para
contextualizar, trazemos Kardec, que em A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo,
propõe uma imagem: Deus como um fluido, em
que todo o Universo está mergulhado, quer queira
o indivíduo, quer não. Ou seja, Deus age, influenciando cada uma de suas criações e criaturas, mesmo que a despeito do nosso reconhecimento deste
processo, que vai se aprimorando conforme nos
abrimos para a realidade espiritual em que estamos mergulhados, fugindo necessariamente aos
véus que nos encobrem a visão dos degraus que
devemos transpor na realidade espiritual.
Ainda somos como a criança, a quem o professor precisa dirigir imagens para intermediar
o conhecimento germinal da Ciência, complexa e inatingível naquela circunstância, cheia de
limitações. Ainda entendemos Deus como uma
causa necessária porque precisamos do mundo
exterior como analogia para tal intermediação
(vide “O Livro da Natureza”, segunda parte de O
Grande Enigma). Dia chegará (e por ele devemos
lutar diariamente), em que conseguiremos mergulhar em nós mesmos e encontrar a partícula
divina, centelha sagrada a apontar-nos através
das potências da alma, a Luz que há em nós, que
afinal é Deus! Em O Problema do Ser e do Destino, livro posterior ao que estamos estudando,
aqui, o apóstolo do Espiritismo demonstra o sentido íntimo, busca na qual a consciência precisa
participar, na tentativa de encontrar em nós as
respostas que em última análise a boa penetração
no pensamento divino produz. Deus está em nós
e não fora!
A ideia de Deus se impõe! Seja pela observação
do “Livro da Natureza”, seja pela atenção que vamos
aprendendo a dispensar a nós mesmos, a nosso mundo íntimo e quanto mais interessados estivermos
neste processo, mais cantaremos hosanas, louvando
ao Senhor, que do alto de sua infinita bondade, por
força de seu sopro criador quis que nós fôssemos!
Sê tu também um filho de Deus, consciente Dele e
certo de sua destinação superior! Deixamo-lo, neste
ritmo, com alguns arranhados poéticos acerca desse
imperdível O Grande Enigma, em torno deste capítulo “Necessidade da ideia de Deus”:
Necessidade, essencial...
Quanto mais elevado,
Mergulhado no amor
Vou melhor percebendo
O poder criador.
É meu Deus, o teu Deus,
Condutor sideral
Muito mais que ideia
Necessidade, essencial.
Sempre em boa lógica
Silencie, dê uma pausa,
Observe um pouco mais
Não há efeito sem causa.
Não há sistema maior,
Não é só teoria.
Rasga teu denso véu
E percebe a harmonia.
Sobe mais um degrau,
Olha de cima do monte.
Tudo tem seu lugar
E a vida rasga o horizonte.
Busca também em ti mesmo,
Sonda consciência e razão
E acharás tuas respostas
Na Divina inspiração.
Estudando assim o hoje
Adquirirás compreensão.
Da Divina providência,
Reencarnação a reencarnação. Mediunidade
Instituições Espíritas
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Levem a Casa e as obras para adiante...
por Altivo Pamphiro
[email protected]
Um dia desses, numa terça-feira, no Curso das
Obras de Kardec, comentei com um companheiro nosso: “Meu irmão, há muito tempo que não
o vejo aqui na Casa, nos grupos de estudos” (de
vez em quando eu passo pelas salas e olho). E ele
me contou o porquê: “É que a diretora do grupo
(e citou o nome do grupo) cismou que eu tenho
que falar”. E eu lhe disse: “Então ela cismou de
um lado, você de outro, e quem saiu perdendo”?
Ele parou e respondeu: “Quem saiu perdendo fui
eu. Além do mais, eu sou tímido”.
Não há lógica nesse companheiro permanecer
ausente do Centro. Além do mais, timidez, quase sempre, é sinal de orgulho ferido por
errar, por não falar as palavras certas,
orgulho ao pensar: “O que vão dizer
de mim”? Vergonha das pessoas
rirem, vergonha de dizer que
errou a pronúncia de uma
palavra, vergonha de se
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expor. Se a pessoa errar, errou e pronto! Aqui,
não estamos falando para nenhuma assembleia
que está tomando prova de nós, nos testando.
Estamos falando numa assembleia de irmãos,
então não temos que ter medo.
Um distinto amigo meu e de alguns companheiros desta Casa, já falecido, dizia sempre para
nós, e eu nunca me esqueci disso: “Quando se
pronuncia uma palavra estrangeira, não se deve
ficar preocupado, pois não estamos obrigados a
saber falar nenhuma língua estrangeira. Então,
vocês devem pronunciar da maneira como está
escrito. Se vocês leem Freud, vocês dizem “freudi”. Ninguém está obrigado a saber a pronúncia
correta. Ninguém poderá rir de mim se eu
disser “freudi”, pois eu não conheço a
língua”.
Nós temos medo é do ridículo. Mas por quê? É porque ainda não aprende-
Mediunidade
mos a viver com os problemas e as pressões. A
casa espírita vai para a frente, quando nós não
temos medo de sofrer pressões, quando nós não
temos medo de discutir. Ninguém vai colocar a
faca no peito do outro; ninguém vai brigar, ficar
sem falar, porque o outro não concordou consigo. Isto seria “criancice”. Nós temos que aprender a discutir e continuar. Eu fui voto vencido?
Paciência...
Algumas vezes, no Centro, eu fui “voto vencido”, e em coisas que hoje eu penso: “ainda bem
que fui voto vencido”. Se não tivesse sido, continuaria “amarrado”, e porque fui vencido, as coisas estão indo muito bem. E há muita coisa no
Centro, como a cantina, por exemplo, que todo
mundo adora (alguns até demais): eu fui contra;
não queria jamais aquela cantina ali; achava que
não tinha nada ver com Centro Espírita, mas era
uma necessidade da Casa; eu tive que me render
à necessidade. Seria tolice de minha parte insistir contra.
E isso foi uma coisa singela, mas muitas outras
coisas, ali, nós tivemos que ceder, porque as coisas são assim mesmo e nem por isso me aborreci,
nem saí da Casa. E quantas vezes eu “brigo” com
o Argeu, com a Neuza, com a Cidinha, e vou “brigar” muitas vezes com vocês. E tenham certeza
de que terão de ficar porque se não ficarem, desculpem a expressão: “O azar é de vocês”! Porque
vocês é que vão perder a oportunidade de progredir. E se saem do CELD, irão para outra casa
em que vão sofrer os mesmos tipos de pressão, as
mesmas “guerras”. Muito mais importante do que
qualquer pressão, é o desejo que precisamos ter
de crescer, porque a Casa Espírita que frequentamos, é, principalmente, um lugar de crescimento;
saímos daqui aprimorados, fortalecidos, cheios
de energia para progredir em outras frentes de
trabalho.
Quando nós lhes dizemos que é preciso aprender a “sofrer pressão”, não significa que alguém
aqui esteja com função de criar obstáculos para
ninguém. Vocês são adultos e sabem que “sofrer
pressão” é aquela luta natural por que todos passamos na própria existência, porque viver é lutar.
Uma casa espírita não é pressionada apenas
por espíritos inferiores, que não estão interessados em ver a Instituição crescer, mas principalmente por aqueles espíritos bons, que nos querem
ver caminhar. Esses guias espirituais, os verdadeiros condutores de uma Instituição, esses precisam
ser lembrados constantemente, precisam ser analisados, vistos, para que possamos aprender com
eles a como agir nos momentos exatos.
Irmãos, observai o comportamento de um
Bezerra: diante dos problemas, como ele se
comportou? Nós temos que agir da mesma forma ou pelo menos tentar. Quando vocês lerem,
por exemplo, o livro Léon Denis, o apóstolo do
Espiritismo – sua vida e sua obra verão por quantas lutas Denis passou e como ele se comportou
diante delas. Isso tudo é inspiração para nós.
Esses benfeitores espirituais nos trazem inúmeras inspirações. É preciso aprendermos com
esses guias a agir na vida, tentando imitá-los,
ouvindo-os.
Só para ilustrar, vou dizer-lhes como eles nos
veem socorrer: há seguramente 20 anos, não
tínhamos ainda nem a metade, um terço talvez,
da divulgação que o Léon Denis tem hoje em dia,
pois já possui até uma gráfica. O Espírito Cairbar
Schutel deu uma mensagem no CELD, falando
sobre o papel do Centro Léon Denis, no terreno
da divulgação. Ele deu a mensagem, eu mostrei à
nossa irmã Aparecida (acho até que a mensagem
ficou com ela), e eu me esqueci do ocorrido.
Há pouco tempo, conversando com a Apparecida sobre o trabalho da gráfica, as lutas comuns,
ela me disse que eu estava esquecendo que
Cairbar já tinha falado sobre tudo isso há 20
anos, prevendo tudo o que aconteceu e está acontecendo. E olha que, se esse Espírito está ligado a
nós, é de maneira imperceptível, pois eu nem me
lembrava da comunicação, mas ele estava, ali, nos
orientando, socorrendo, sem que percebêssemos.
Se somos pressionados por espíritos inferiores,
também o somos por espíritos bons, que nos querem ver vencer.
Deus nos ajude, nos abençoe, nos conduza
sempre, e que, juntamente com os antigos companheiros aqui da Casa nós consigamos levá-la
adiante; não, meus queridos? Levem a Casa e a
Obra para diante, a fim de que ela cresça, também, nesse objetivo tão importante de ser mais
uma célula do Espiritismo no Brasil. 1 – Artigo extraído do Boletim Informativo do CELD, número 65,
de maio de 1992, antiga publicação que precedeu à organização
final desta Revista de Estudo Espíritas.
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Grupo Leopoldo Machado
O Envolvimento do Plano
Espiritual nas Viagens
por Paulo Nagae
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Muitas vezes não temos ideia do planejamento
e da movimentação do plano espiritual nos trabalhos que são realizados por uma instituição espírita. Essa informação é muito importante para
sabermos o quanto nossas atitudes influenciam
no trabalho realizado. Nos trabalhos que são feitos na região de Minas Gerais — onde ficamos
hospedados em Pains, na casa dos nossos queridos companheiros Guilherme e dona Ângela —,
criamos o hábito de fazer um culto no lar estudando o livro O Grande Enigma, do nosso patrono
Léon Denis. Após os estudos, o plano espiritual
se comunica e nos passa orientações sobre o texto analisado e também sobre o trabalho em geral.
As particularidades das orientações demonstram
o quanto os espíritos estão próximos ao grupo
durante vários momentos da viagem.
nicos de qualquer espécie, mas há situações que
antecedem e sucedem os trabalhos que requerem uma participação dos dirigentes espirituais,
as quais são desconhecidas pela maioria de nós.
Vamos dar alguns exemplos:
Já recebemos algumas orientações sobre a
maneira de como o grupo deveria se movimentar
nas estradas, sempre em grupo, saindo com bastante antecedência para evitar correria e também
sobre a conservação dos carros. Citavam fatos que
demonstravam claramente que havia um grupo
de espíritos nos protegendo nas estradas.
Numa das viagens, houve uma troca de palestrantes em relação ao que estava programado, e o
plano espiritual nos orientou que só fizéssemos
alterações na programação em último caso, porque a partir do momento em que é feita a escala
dos estudos, o plano espiritual já começa a traAlguns exemplos da presença dos
balhar junto aos médiuns para a execução dos
espíritos
trabalhos de cada um e qualquer alteração sem
Ninguém duvida que os espíritos estejam pró- justificativa implica retrabalho desnecessário por
ximos durante os trabalhos doutrinários e mediú- parte da equipe espiritual.
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Grupo Leopoldo Machado
Havia mais ou menos dois anos que o nosso
querido Altivo tinha desencarnado e dois companheiros do nosso grupo estavam numa oficina resolvendo um problema no carro de um
deles. Enquanto esperavam, relembraram vários
momentos agradáveis que passaram ao lado do
Altivo num tom de alegre saudosismo. Para a
nossa surpresa, na mensagem ao final do culto
do lar em Pains, o nosso Altivo comunicou-se e,
antes de comentar a página em estudo, referiuse ao diálogo que presenciou na oficina, agradecendo pela demonstração de carinho. Esse fato
nos mostra que, nessas viagens, todo o período
é considerado parte do trabalho, e a equipe espiritual nos acompanha em todos os momentos, o
que aumenta a nossa responsabilidade no que diz
respeito à nossa postura.
Numa reunião de orientação no C.E. Allan
Kardec em Pimenta, o Espírito Padre Victor Preto disse estar muito feliz com a chegada do nosso
grupo e que eles já estavam nos esperando há bastante tempo. Essa informação nos mostra que há
um planejamento de trabalho mesmo para essas
regiões distantes do Rio, em que o Grupo Leopoldo Machado chega aparentemente de modo
casual. Sabemos que o acaso não existe, mas é
muito bom saber que fazemos parte de um trabalho que foi organizado com antecedência no
plano espiritual.
Essas informações aumentam e, muito, a nossa segurança em relação à estrutura espiritual do
trabalho, mas, em contrapartida, aumenta também a nossa responsabilidade por fazer parte dessa estrutura. Vários espíritos já se identificaram
como participantes da caravana espiritual nessas
viagens, como, por exemplo: Altivo, Professor
José Jorge, Professor Newton de Barros, Gildo, o
próprio Leopoldo Machado entre outros. É um
grande incentivo sabermos que há uma estrutura
espiritual dando suporte a esse trabalho. www.celd.org.br
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R evista Espírita em Foco
Somos Filhos de DEUS
O despertar do período psicológico
por Luiza Martins
[email protected]
São chegados os tempos em que a população
da Terra desperta para a verdadeira vida, a espiritual. “Há um momento para tudo e um tempo
para todo propósito debaixo do céu” (Eclesiastes,
3:1). Na condição de espíritos mais amadurecidos
e esclarecidos nos foi concedida a oportunidade
de recebermos o Consolador Prometido (João,
16:13), que aguardou pacientemente o desenvolvimento das ciências, para que compreendêssemos de forma clara e inquestionável as ações do
mundo espiritual no orbe terreno.
A Doutrina Espírita chega-nos de maneira bemestruturada no século das Luzes para iluminar os
corações e consciências revelando com “(...) provas
irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo
espiritual e as suas relações com o mundo corporal”.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap: 1-5.) O que
antes somente era possível aos iniciados das grandes
seitas, torna-se conhecimento acessível a todas as
almas cansadas e aflitas das escolhas equivocadas e
desejosas de alcançar a felicidade inalterável.
Após a instauração da Ciência que nos revelou
os infinitamente pequenos e as esferas longínquas do Universo, surge o momento e o tempo
de desbravarmos nossa alma e caminharmos por
estradas nunca antes percorridas de forma consciencial por nós, espíritos imortais. “Desperta, tu
que dormes!” (Efésios, 5:14). É o grande alerta do
Apóstolo do Cristianismo a nos lembrar de que o
hoje constrói e reconstrói nossa existência imortal
em direção a Deus, Pai infinitamente justo, bom e
misericordioso.
Nunca houve tantas possibilidades de respondermos os grandes questionamentos da Humanidade. Quem somos? De onde viemos? Para onde
iremos após a morte?
Grandes filósofos dedicaram suas encarnações
na tentativa de solucionar essas dúvidas que, na
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atualidade, nos são esclarecidas pela Doutrina
Espírita de forma inquestionável, tal a universalidade dos ensinos dos espíritos. Não há mais
dúvidas: somos “filhos de DEUS” com o pensar
criador para trabalharmos na cocriação do bem e
do belo no mundo.
Nossas humanidades são reveladas em nossa capacidade de sermos divinos. Somos ainda almas imperfeitas a caminho do encontro de
toda a perfeição. E esta certeza está na capacidade
racional de compreendermos que toda a Natureza apresenta harmonia e perfeição. Sendo assim,
uma obra tão perfeita só poderia ter uma causa
mais perfeita ainda.
E somos nós, espíritos, os mais grandiosos
castelos de Deus. Em nossa construção íntima
vamos encontrando nossa essência primeira e
sendo reconhecidos por muito nos amarmos.
A cada passo que a Ciência realiza solidificamos em nós o “eu sei” sobre quem somos. E,
então, percebemos que presenciamos o período psicológico de forma dinâmica e progressiva
com as mentes que se inspiram na compreensão e
explicação científica do mundo.
Toda a Humanidade desperta para o amor,
mesmo que tenha que se fazer presente a “(...)
perversidade dos homens e a inclemência da
Natureza” (O Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. 3-15), porque sabemos que somos almas
imortais, que somente existe um caminho, verdade e vida para nossa felicidade, o amor, que está
sempre a nos inspirar a vivência do bem.
A moral que nos guia é aquela que nos permite compreender o mandamento maior do
Cristo “Amar a DEUS acima de todas as coisas
e ao próximo como a si mesmo” sendo esta a
estação final do período psicológico do Espírito
Imortal. Tema Livre
A Psicologia da Gratidão
por Mônica Soares
[email protected]
Título de uma obra de Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo Franco, o estudo da gratidão como roteiro para a conquista de uma vida
plena de paz na existência corporal e espiritual é
muito mais do que isso. É valoroso guia apontado também por outros autores da literatura espírita, para o progresso moral e, mais do que isso,
pode-se dizer também que está na base dos ensinamentos de Jesus. É fé inabalável; amor integral
e desenvolvimento do verdadeiro perdão.
“Agradecer o bem que se frui da mesma forma
que se agradece ao mal que não aconteceu ainda, ou que se sucede, mas tendo em vista que ele
é mais necessário para o crescimento espiritual,
conforme programado pela lei de causa e efeito”,
como lembra Divaldo, o eminente educador de
almas, inspirado por sua mentora espiritual. A
gratidão é tocha a iluminar os caminhos, quase
sempre tortuosos, daqueles que buscam o progresso agasalhados na seara espírita.
Quem não tropeça não avança, porque todo
caminho é feito de dificuldades e só tropeça aquele que está de pé. O significado e a consciência da
gratidão são como terapias que são promovidas no
homem, quando ele aprende a ter um sentimento
de louvor à vida, a todo instante, até mesmo nos
tropeços. “Quando se é grato nunca se experimenta
nenhum tipo de decepção ou queixa porque nada
se espera em resposta do que se realiza”, diz Joanna,
que encontra eco na questão 937 de O Livro dos
Espíritos, quando Kardec questiona os espíritos
sobre a ingratidão. “Seja o bem que houverdes feito
a vossa recompensa na Terra, e não atenteis no que
dizem os que hão recebido os vossos benefícios. A
ingratidão é uma prova para a vossa perseverança
na prática do bem; ser-vos-á levada em conta, e os
ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior
lhes tenha sido a ingratidão”.
As constantes lutas do self em contrapartida
ao ego (egoísmo-sombra), que vão formatando o
pensamento do homem de bem, vão produzindo
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Tema Livre
pequenas conquistas, que se tornam maiores, e
assim atraem novas forças benéficas a esse “estado
interior” da alma, que se agiganta com alegria e paz.
“A gratidão torna o mundo e as pessoas mais belas e
mais queridas”, diz Joanna. E Hammed exemplifica:
“Não peças amor e afeto; antes de tudo dá a ti mesmo e em seguida aos outros, sem mesmo cobrar
taxas de gratidão e reconhecimento. Importante é
a doação de amor abundante, sem jamais esquecer
que és responsável pelos teus sentimentos”.
Nestes tempos de endurecimento e violência,
religião e ciência são confluentes em relação aos
benefícios da gratidão. O psiquiatra e cientista
Augusto Cury, fundador da Academia da Inteligência e autor do livro Análise da Inteligência de
Cristo”, definiu: “Ser feliz é deixar de ser vítima
dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz
de encontrar um oásis no recôndito da alma. É
agradecer a Deus, a cada manhã, o milagre da
vida”. A própria Joanna de Ângelis, ao desnudar
as funções do sofrimento na obra Jesus é vida, cita
Buda, que em suas Quatro Nobres Verdades, disse
que “Tudo na vida é sofrimento”. Explica Joanna:
“Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para
lapidar as arestas morais, modificando a conduta
para melhor e trabalhando os metais do sentimento para servir e conquistar o infinito das emoções,
constitui o desafio que todos devem conquistar”.
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Na coletânea Coragem, encontra-se magnânima prece de Emmanuel: “Senhor Jesus! Nós te
agradecemos pela coragem de facear as dificuldades criadas por nós mesmos; pelas provas que
nos aperfeiçoam o raciocínio e nos abrandam
o coração; pela fé na imortalidade; pelo privilégio de servir; pela dor de saber que somos
responsáveis pelas nossas próprias ações; pelos
recursos nutrientes que trazemos em nós; pelo
reconforto de reconhecer que a nossa felicidade
tem o tamanho da felicidade que fazemos aos
outros; por saber diferenciar aquilo que nos é
útil daquilo que não nos serve; pelo amparo da
afeição no qual nossas vidas se alimentam em
permuta constante; pela bênção da oração, que
nos faculta apoio interior para a solução de nossos problemas; pela tranquilidade de consciência que ninguém nos pode subtrair; e por todos
os demais tesouros de esperança e amor, alegria
e paz de que nos enriquece a existência. Sê bendito Senhor, ao mesmo tempo que te louvamos
a Infinita Misericórdia, hoje e para sempre.” Bibliografia:
Franco, Divaldo.Psicologia da Gratidão, Ed. Leal.
Franco, Divaldo. Jesus é Vida, Ed. Leal.
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Pergunta 937.Celd.
Hammed, Renovando Atitudes. Ed. Boa Nova.
Xavier, Chico. Coragem, CEC.

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